Comunicampus 01popular!
Transcrição
Comunicampus 01popular!
Comunicampus Bagé, maio de 2014. 1ª edição Edição IBULAR IFProjetos Em 2013, depois de dois anos de funcionamento do IFSul, grupos formados por alunos começaram a se organizar. Com objetivo de expressar sua criatividade e autonomia, formaramse os mais distintos grupos, com temáticas variadas. Nessa edição, os destaques são IFPoetas, IFVozes, IFInterpretes e o grupo voluntariado Sem Olhar a Quem. IFVozes O IFVozes surge em 2013, através da ideia do estudante Matheus Salinas que em parceria com outros colegas, filmou e publicou uma interpretação de Feeling Good (Nina Simone), vídeo esse que obteve grande aceitação do público. Nasce então o grupo, que tem como principal objetivo divulgar cantores e músicos do IFSul câmpus Bagé. Segundo membros do grupo, eles têm recebido total apoio institucional, tendo se apresentado para a Pró-Reitoria e para os professores em 2013, e pela primeira vez para os alunos na volta às aulas, sendo aplaudidos de pé. O repertório do grupo é variado, afirmam eles. Desde MPB (como Roda Viva – Chico Buarque), até músicas mais atuais (como Royals – Lorde e Radio Active – Imagine Dragons). “O IFVozes tem feito “bonito” para as pessoas que têm se apresentado, e é da união das diversidades - de estilos ou de vozes - que o grupo é feito, afinal, o som não pode parar”, acrescentam eles. IFVozes se apresentando na volta às aulas do IFSul. Clique aqui para assistir o vídeo que deu início ao grupo IFIntérpretes Outro projeto que tem chamado atenção é o IFIntérpretes, grupo teatral. O objetivo desse grupo, segundo os participantes, é a diversão, bem como a reflexão. “Acima de tudo, que a gente se sinta feliz e faça quem assiste feliz também. Trazer algo elaborado, coisas originais, mensagens dos mais diversos temas, que as pessoas assistam e reflitam, saiam da peça com uma sensação boa”, eles afirmam. O grupo ainda está desenvolvendo ideias e projetos, e a expectativa é de que a comunidade do IFSul tenha surpresas para o segundo semestre de 2014. “Nosso grupo ainda é uma pequena estrela nascendo no meio do universo, mas estamos desenvolvendo ideias realmente boas”, dizem eles. IFPoetas O IFPoetas surgiu da iniciativa do aluno Cláudio D’Ornellas Pinto incentivado pelos professores da área de Literatura e Língua Portuguesa. Em agosto de 2013, já havia 10 membros no grupo que hoje tem como objetivo principal divulgar os poetas e poetizas do câmpus Bagé, através de exposições, parcerias e eventos vinculados a temática poesia. A primeira apresentação do grupo foi um mini recital para a Pró-reitoria e professores do IFSul. No começo do ano letivo, eles explicaram para os colegas como funcionava o projeto e expuseram suas poesias. Conforme os integrantes, “no início, o grupo apenas produzia poesias, mas, atualmente, estamos com pessoas que gostam de poesias de outros autores e elas estão trazendo estes escritos para apresentar ao resto do grupo.”. Grupo de voluntariado Sem olhar a quem! O grupo já fez recreações na casa da Menina, na pediatria da Santa Casa de Caridade de Bagé, promove visitas mensais à Vila Vicentina, participa de atividades de apoio ao Asilo José e Auta Gomes. Promoveu uma ação entre amigos onde o lucro foi destinado a compra de ração que foi entregue hoje, ao Núcleo Bageense de Proteção aos Animais (NBPA). Atualmente está também arrecadando agasalhos que serão doados à internas da vila vicentina e à crianças selecionadas dos bairros Habitar Brasil, Prado Velho, Balança e Tiaraju, que ficam próximos ao câmpus. Cláudio apresentando o IFPoetas na volta às aulas Sem olhar a quem! O grupo de voluntariado Sem Olhar A Quem, surgiu em dezembro de 2013, por iniciativa das alunas Larissa Ramos e Patrícia Godinho com intuito de reunir alunos do campus e ajudar pessoas carentes, entidades beneficientes e animais. O Sem olhar a quem! conta com 20 membros fixos atualmente, e com professores colaboradores mensais. Cerca de 18 famílias com vulnerabilidade social já receberam cestas básicas, roupas, calçados, fraldas, material escolar e brinquedos. Visita a Casa da Menina Retorno às origens Clique para adicionar texto Nos dias 29 e 30 de abril de 2014 aconteceu a terceira viagem trans-formadora à São Miguel das Missões, realizada pelo IFSul Câmpus Bagé, sob coordenação dos professores Lisandro Moura, de Sociologia, e Ana Lúcia Quadros, de Artes. Os alunos do IFSul visitaram a Aldeia Alvorecer (Tekoá Koenju), o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, denominado pelos Mbyá Guarani de Tava Miri (Espiritualizada Aldeia de Pedra), o Ponto de Memória Missioneira e a Fonte Missioneira. A atividade constitui-se como momento fundamental do Plano Curricular da disciplina de Sociologia para os alunos(as) do 2º semestre dos cursos de Informática e Agropecuária. Nesta etapa curricular, os alunos entram em contato com os estudos da diversidade cultural brasileira, tendo como um dos enfoques a cultura ameríndia no Brasil e, especificamente, no Rio Grande do Sul. Em sala de aula, são abordados assuntos e conceitos importantes para a formação dos jovens, no que diz respeito ao diálogo intercultural com os povos nativos: etnocentrismo, relativismo cultural, multiculturalismo, mitologia e cosmovisão indígenas. Sendo assim, as saídas de campo à Aldeia Koenju e às Ruínas de São Miguel Arcanjo são oportunidades únicas de vivenciarmos na prática a história das Missões Jesuíticas, bem como conhecer de perto o modo de vida das comunidades indígenas, da etnia Mbyá Guarani, cuja história está profundamente vinculada à formação do estado do Rio Grande do Sul. Por: Lisandro Moura¹ Este projeto vai ao encontro de um dos objetivos principais do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas do IFSul CâmpusBagéTIBULAR Bagé, o NEABI que é fazer cumprir a Lei nº 11.645, de 2008, que estabelece a obrigatoriedade da inserção da temática da história e cultura dos povos indígenas nos currículos oficiais das redes de ensino públicas e privadas. Deste modo, é papel das Ciências Humanas e áreas afins desconstruir a predominância da visão eurocêntrica e etnocêntrica sobre os povos nativos do sul do Brasil, produtora de preconceitos e discriminações, e trabalhar a cultura ameríndia na sua complexidade, valorizando a sabedoria popular destes povos e sua importância para a autoformação humana e para a formação da identidade cultural do Brasil. IFSul-Bagé na Aldeia Alvorecer (Tekoá Koenju). Foto do aluno Antonio Machado Mais do que um simples projeto curricular, a viagem foi uma forma de participamos do drama antigo que destruiu toda uma civilização inspirada na justiça, na solidariedade e na vida comunitária. Fomos em busca da Terra sem Mal (Yvy Mara ey), da reconexão com a nossa ancestralidade indígena. Fomos invocar a sabedoria daqueles homens, mulheres e crianças que continuam a pelear em nome da liberdade. Nos juntamos a eles, sentamos a beira do Rio Inhacapetum e ouvimos histórias da tradição, contadas por aqueles que nos ensinam amar e conviver com a natureza. A música cantada e dançada pelos(as) jovens, o artesanato esculpido por mãos obreiras, as histórias contadas pelo Karaí Mariano e a recepção carinhosa da Patricia Ferreira (Kerexu) ficarão pra sempre guardadas na nossa memória como verdadeiras lições de vida. Nela, os estudantes passaram por um ritual milenar com erva-mate (Caá), milho (Abaty), água e fogo, com o objetivo de renovar as energias e eliminar as impurezas. Ritual na Opy. Ponto de Memória. Foto: Lisandro Moura Índio da Nacirema Clique para adicionar texto Criança mbyá-guarani. Foto de Gabriela Avello Um dos grandes momentos que vivenciamos na aldeia Alvorecer foi a Dança do Guerreiro, “puxada” por um jovem mbyá que se sentiu a vontade de fazer uma demonstração da dança logo após da apresentação musical realizada pelos alunos do IFSul. Trata-se de ritual circular com intenção sagrada, bastante comum nas aldeias guaranis. Ao centro da roda, dois guerreiros se enfrentam sob o embalo da viola, do violino e do tambor. Os participantes giram como se estivessem imitando o movimento do Universo, o tempo cíclico, o tempo das estações e da colheita.. O tempo mítico dos Mbyá Guarani. A dança como impulso de vida, como busca da união completa com a divindade. Outro momento importante da nossa viagem foi a visita ao Ponto de Memória Missioneira, onde os estudantes participaram de um ritual de cura. No local, havia uma reprodução bem feita de uma Opy (casa de rezas dos mbyá guarani) em formato de Canbuchy. Índio do falso "Caminho das Índias" Bravo e resistente Índio que em meio a invasão guerriou Índio da miscigenação Da geração onde o padrão branco se quebrou Índio de diferentes aldeias Cada uma com suas "estranhezas" Índio de diferentes aldeias Cada uma com suas "estranhezas" Índio do herói missioneiro Sepe Tiaraju Guerrilheiro dos Guarani que na guerra os liderou Índio que declamou a Portugal Essa terra teu dono, não sou ser serviçal Índio que busca o Aguyge na perfeição de seu dizer Tendo uma vida virtuosa para a terra sem mal comparecer Índio onde o nome vale tudo Se errada sua escolha ele parte para outro mundo Cabe ao Karaí dizer E se ele errar esse índio vai padecer Índio que tem sempre algo pra contar Coisas de sua história que os livros não permitem negar Índio que faz o artesanato Para no outro dia poder ter comida no seu prato Índio que caça para comer Tendo como forma para sobreviver Índio que antes de o homem chegar Já habitava a terra e dela fazia o fruto brotar Sem que fosse necessária a presença do homem. Que chegaram para lhes desvirtuar. Fazendo com o que os índios fugissem para outro lugar. Douglas Medeiros Aluno do IFSul A cada viagem realizada pelo IFSul ao território missioneiro, trazemos na bagagem as histórias da tradição e a sabedoria popular dos povos originários. Ressignificamos o sentido da vida, deslocamos o nosso olhar e partilhamos momentos inesquecíveis que raramente acontecem no ambiente formal das salas de aula. O estarjunto coletivo transforma-se numa mística, marcada pelo acento ritualístico, presente praticamente em todo o cotidiano dos moradores da Tekoá Koenju. Trazer os rituais para a Educação, revestindo-os de um sentido pedagógico original, significa promover uma espécie de retorno ao tempo da unicidade primordial, um retorno às origens, quando os humanos e a natureza viviam em constante comunicação e interação. Uma avaliação mais atenta sobre o sentido autoformador da viagem às Missões nos ensina que a prática de ensino em Sociologia adquire mais valor se nos entregarmos ao espaço com a Clique para adicionar cordialidade dastexto experiências oníricas. Para que o(a) estudante experimente a atmosfera íntima de um determinado lugar, é necessário uma dose de distração e divertimento, uma entrega afetiva ao espaço. Pois viver a experiência, sem a mediação rigorosa dos conceitos, é também uma forma de construir conhecimento. Não há dúvidas: retornamos da viagem com a força daquelas pessoas e daquele chão. Agora, temos em nós a melodia arquitetônica da Tava Miri e o espírito guerreiro de Sepé Tiaraju, que sobrevive na memória dos vivos. Opinião dos alunos “Houve um tempo para a confraternização com os índios, e tempo para ver os artigos por eles fabricados. Tinha de tudo: colares, chaveiros, arco e flecha, pulseiras, passarinhos, tigres, araras, o mais variado da selva feito de madeira, CD da tribo onde haviam canções gravadas pelos próprios e anéis. Tudo isso à venda por preços em conta. O cenário era adorável: crianças da tribo brincando na pracinha, ao largo dela, os adultos tocando violão, chocalhos e tambores junto com os alunos, outros compravam os artigos, outros tiravam fotos, e assim foi. Depois desse tempo, a tribo se organizou em frente aos alunos, e fizeram uma fileira de jovens indígenas, ainda crianças, em ordem crescente, e ao final dela estavam os meninos que tocavam os instrumentos. Esses consistiam de violino, chocalho, violão e um pedaço de madeira que era usado para produzir um barulho parecido com o de um tambor, só que a batida se dava no chão. Todos descalços, as jovens índias de saias e com tiaras de flores na cabeça. Apresentaram 3 músicas ao todo do CD deles, todos aplaudiram. Aquela era uma das partes mais fantásticas da viagem.” Fernanda Borges de Carvalho – Aluna do IFSul ¹Professor de Sociologia do IFSul – Bagé. EXPEDIENTE 1ª edição – Maio 2014 Comunicampus é um informativo mensal do câmpus Bagé do Instituto Federal sul-rio-grandense, realizado pelo setor de Comunicação do câmpus. Coordenação e Pauta Mariane Rocha Santa Julia da Silva Projeto Editorial Mariane Rocha Redação Mariane Rocha Lisandro Moura Cláudio Ornellas Bruno Dias Feijó Larissa Ramos Patrícia Godinho Fale conosco! (53) 3247 32 37 (53) 91 16 43 46 [email protected] facebook.com/IFSulBage