Rio pede ajuda aos EUA para combater fuzis - Relazione

Transcrição

Rio pede ajuda aos EUA para combater fuzis - Relazione
Rio pede ajuda aos EUA para combater
fuzis
Estado teve, em média, uma arma recolhida por dia de janeiro a agosto de 2015,
aumento de 38% em relação a 2014
Armamento obtido pela polícia com traficantes em favela em agosto havia sido vendido
no Arizona em 2006
MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO
Com um fuzil apreendido por dia, em média, entre janeiro e agosto deste ano, o governo
do Rio de Janeiro pediu ajuda aos Estados Unidos para rastrear essas armas.
Desde 2011, já são 1.285 fuzis retirados de circulação pela polícia. As 244 apreensões
nos primeiros oito meses de 2015 representam um aumento de 38% em relação ao
mesmo período do ano anterior.
Uma relação de 5.000 armas estrangeiras apreendidas no Estado foi entregue ao DEA
(agência americana de combate às drogas). Entre elas há 113 fuzis, 131 pistolas
argentinas e 21 pistolas da Turquia.
VIAJADA
Interessados na segurança do Rio por causa da Olimpíada de 2016, os americanos
iniciaram a colaboração.
Agentes da ATF (agência americana de repressão a álcool, tabaco, armas de fogo e
explosivos) informaram que o fuzil Barrett apreendido pelo Bope (Batalhão de
Operações Especiais) em 11 de agosto veio de uma loja no Arizona.
Em 2006, um americano comprou a arma legalmente no condado de Maricopa.
Suspeita-se que tenha pago algo em torno de R$ 50 mil. A arma estava com traficantes
do Comando Vermelho na favela do Chapadão, zona norte do Rio.
Os fuzis têm sido encontradas também em áreas teoricamente sem conflito, como Ilha
Grande, no sul do Estado.
"Acredito que os fuzis que estavam em áreas ocupadas pela polícia pacificadora foram
para outras regiões. Além disso, essa arma continua entrando sim em áreas em conflito.
Não há controle", afirma o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Segundo ele, a polícia tem encontrado armas novas com traficantes, o que demonstraria
que as quadrilhas continuam sendo abastecidas.
No último dia 3, um casal entrou por engano em uma favela em Niterói, na região
metropolitana do Rio, e foi recebido a tiros de fuzil. A mulher, Regina Múrmura, 69,
morreu.
"Não posso dizer que há um senhor das armas no Rio. Não acredito. A gente apreende
um fuzil e duas pistolas. Sempre em pequenas quantidades", disse Beltrame, que
defende penas mais pesadas para quem porta uma arma dessas. Atualmente, são três a
seis anos de prisão.
"Essas células do crime no Rio utilizam o fuzil para se mostrar poderosos diante da
comunidade e dos rivais", afirma Lucía Consoli, especialista em armas da ONU para a
América Latina e Caribe.
O Ministério Público estadual também constatou o aumento na circulação de armas no
Estado. Promotores contam que, em algumas regiões da capital, as quadrilhas acirraram
os confrontos com as polícias. "Nunca se teve tanta notícia de armas", diz o promotor
Luiz Ayres.
Oposição amplia justificativa para
pedido de impeachment
Operação pode adiar a definição sobre um eventual início do processo
Ideia é incluir que o governo manteve em 2015 falhas que levaram à reprovação de
contas de 2014
MÁRCIO FALCÃO DE BRASÍLIA NATUZA NERY EDITORA DO PAINEL
A oposição acertou com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vai
ampliar nesta terça (13) as justificativas de um dos pedidos de impeachment contra a
presidente Dilma Rousseff.
A operação, comandada por deputados do PSDB, pode adiar uma definição sobre um
eventual início do processo de impedimento da petista, além de garantir a Cunha tempo
para avaliar o cenário após o agravamento das denúncias que o ligam ao esquema de
corrupção na Petrobras.
A ideia é incluir no pedido de impeachment a tese de que o governo manteve em 2015
irregularidades contábeis que levaram à reprovação das contas de 2014 pelo TCU
(Tribunal de Contas da União).
Conforme antecipou a coluna Painel, da Folha, os líderes oposicionistas definiram, em
uma reunião com Cunha, no sábado (10), que vão anexar ao pedido de impeachment
elaborado pelos advogados Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. um parecer do procurador
do Ministério Público no TCU, Júlio Marcelo, acusando o Planalto de manter neste ano
as pedaladas fiscais.
O objetivo da oposição é contemplar uma das exigências feitas pelo presidente da
Câmara para, eventualmente, abrir de imediato um processo contra Dilma. Cunha vinha
dizendo que os atos cometidos no primeiro mandato não poderiam contaminar o
segundo, iniciado em 2015, para fins de impeachment.
Diante do aditamento do pedido, o peemedebista deve encaminhar o parecer feito pela
oposição para técnicos e, só depois, tornará sua decisão pública. Essa análise poderá
durar dias.
Depois que vazaram informações de que Cunha e familiares teriam movimentado
milhões fruto de possível propina da Petrobras em contas secretas atribuídas a eles, há
expectativa tanto na oposição quanto no Planalto de que ele possa mudar o roteiro
acertado com a oposição inicialmente e aceitar sumariamente algum pedido de
impeachment. Esse seria o pior caminho para o governo. Se o peemedebista acolher o
pedido, o processo começa a tramitar.
Inicialmente, Cunha tinha sinalizado que arquivaria todos os pedidos de impeachment,
obrigando a oposição a entrar com recurso em plenário para reverter sua decisão. O
peemedebista quer o afastamento de Dilma, mas, assim, dividiria com o plenário o ônus
político de acatá-lo.
Cunha desconversa sobre sua estratégia. Questionado pela Folha sobre a possibilidade
de adiar a definição sobre o caso se o Planalto tentar se reaproximar, ele nega. "A minha
decisão será tomada de forma técnica, jurídica. Não será política nem pessoal."
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), nega qualquer acerto com Cunha.
"Não sei o que o presidente vai fazer, mas não se trata de estratégia. Ele tem o dever
regimental de receber nosso aditamento."
Apesar de agir em sintonia com Cunha sobre o impeachment, a oposição divulgou, no
sábado, nota defendendo que ele se afastasse do cargo de presidente da Câmara depois
das denúncias de envolvimento no caso Petrobras.
Nesta segunda (12), o deputado Paulinho da Força (SD-SP), um dos líderes do
movimento pró-impeachment, disse que a nota foi "um erro, uma besteira". "Não
acrescentou nada e só criou dificuldade para o nosso lado", diz. O texto foi assinado por
PSDB, DEM, PPS, PSB e até pelo Solidariedade, do próprio Paulinho.
As legendas já tinham combinado com Cunha uma forma de fazer o processo de
impeachment contra Dilma Rousseff andar na Câmara, mas a iniciativa estaria
colocando o plano em risco.
"O Eduardo ficou puto", diz Paulinho. "Agora temos que consertar a m. que fizemos",
disse, acrescentando: "Vamos fazer uma reunião, vamos ver como consertar isso".
Reunidos à noite, outros líderes da oposição também criticaram a nota.
Colaborou MÔNICA BERGAMO, colunista da Folha
Foco
Pilotos usam manche de aeronaves para
escrever insultos a chefes e colegas
Rabiscos são feitos do lado de dentro da peça, inscritos em caneta esferográfica ou
corretivo líquido; Azul afirma que 'investiga o caso'
RICARDO GALLO DE SÃO PAULO
Tal qual ocorre em banheiros de rodoviária, pilotos da Azul têm usado o manche de
aeronaves Embraer avaliadas em R$ 201 milhões para escrever ofensas contra chefes,
colegas e a própria empresa.
A prática –que os passageiros desconhecem– é conhecida entre os pilotos como "Face
do Manche", em alusão ao mural do Facebook.
"Azul empresa de merda" é uma das inscrições nos aviões. Pilotos relatam ainda ofensas
ao fundador da companhia, David Neeleman, e a colegas de voo rigorosos com regras.
"Corno", "Fulano [nome do profissional], comi sua mulher" e "vendido" estão entre os
dizeres comuns.
Para conseguir ver as ofensas é preciso remover uma parte do manche; as inscrições
ficam no verso, feitas com caneta esferográfica.
CORRETIVO
A Azul já tentou coibir a baixaria e trocou o material atrás do manche para a cor preta.
Mas os pilotos voltaram a escrever, desta vez com corretivo líquido branco.
"Um comandante recebe cerca de R$ 14 mil limpos; um copiloto, cerca de R$ 7.000.
Era de se esperar um nível maior", diz um piloto da Azul, sob anonimato.
"E se um dia um cara se mata com um avião porque, pela trigésima vez, viu seu nome
escrito na hora de ir voar?", questiona.
As vítimas se dizem humilhadas com as ofensas, e há quem critique a empresa por não
coibir a prática.
Já houve denúncias anônimas de tripulantes à chefia da companhia aérea.
GRAVE
Doutora em direito do trabalho, Adriana Calvo afirma que se configura assédio moral
horizontal a prática de um grupo de pessoas se voltar para humilhar outro.
"É muito grave", afirma Adriana, que estudou o tema para a tese de doutorado.
De acordo com ela, as vítimas podem procurar o Ministério Público do Trabalho para
fazer uma denúncia, até mesmo anônima, que pode resultar em ação judicial coletiva
contra a empresa.
Em paralelo, é possível ir a uma delegacia fazer boletim de ocorrência por injúria,
calúnia e difamação.
OUTRO LADO
Procurada, a Azul afirmou em nota que repudia "veementemente toda e qualquer prática
discriminatória".
Afirmou também que irá "investigar o caso com rigor para que medidas cabíveis sejam
tomadas".
Reprovação de contas no TCU complica
ministros
17 servidores respondem a ação por pedaladas
DIMMI AMORA DE BRASÍLIA
A decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) de rejeitar as contas da presidente
Dilma Rousseff de 2014 pode influenciar a situação de ministros e servidores que estão
sendo investigados no Ministério Público pelas pedaladas fiscais de 2013 e 2014.
Ao menos 17 servidores –entre eles o atual ministro do Planejamento, Nelson Barbosa,
o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega e o ex-secretário do Tesouro, Arno
Augustin– podem vir a responder por atos de improbidade e crime contra as finanças.
Os inquéritos no Ministério Público estão em andamento desde abril, quando o TCU
considerou que as pedaladas foram ilegais e pediu explicações aos 17 servidores. O
TCU deve ter uma decisão final do caso até o fim do ano.
Segundo o Procurador da República Ivan Marx, o Ministério Público abriu dois
procedimentos de investigação, um criminal e outro de improbidade. Como alguns dos
envolvidos são ministros, o procedimento criminal foi enviado para a PGR
(Procuradoria-Geral da República).
Nesse procedimento, a PGR investiga se os envolvidos cometeram crimes e ordenaram
despesas não autorizadas, por exemplo.
IMPROBIDADE
O procedimento sobre improbidade, que vai apurar se os servidores cometeram atos
contra a moralidade, já foi iniciado pelo procurador, que tomou o depoimento de um
dos envolvidos, o ex-secretário do Ministério da Fazenda Marcus Aucélio.
Segundo o procurador, a área técnica do TCU tem qualidade para fazer a avaliação
sobre atos irregulares que podem ser usadas pelo Ministério Público para subsidiar uma
possível ação judicial, que pode resultar em perda do cargo e inabilitação por oito anos
para exercício de função pública, em caso de condenação. "É difícil para nós tomarmos
uma atitude contrária ao que o TCU decide", afirmou o procurador.
Marx lembrou que, para haver a condenação judicial criminal, será necessário provar
que houve a intenção de burlar a lei, o que ainda precisa ser mais investigado. Já a ação
por improbidade necessita que seja comprovada que a atitude feriu a moralidade ou
causou prejuízo.
Ministros e ex-servidores negam irregularidades.

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