subprojeto novos talentos furb

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subprojeto novos talentos furb
Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
SUBPROJETO NOVOS TALENTOS FURB – EDUCAÇÃO PARA O ECODESENVOLVIMENTO
COM ENFOQUE INTERDISCIPLINAR: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA DE PESQUISAAÇÃO-FORMAÇÃO
Cristiane Mansur de Moraes Souza
(Universidade Regional de Blumenau – FURB - [email protected])
Carlos Alberto Cioce Sampaio
(Universidade Regional de Blumenau - FURB e Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-PR –
[email protected])
Juarês José Aumond
(Universidade Regional de Blumenau - FURB - [email protected])
Luciano Felix Florit
(Universidade Regional de Blumenau - FURB - [email protected])
Anderson de Miranda Gomes
(Universidade Regional de Blumenau – FURB - [email protected])
Eixo temático: Institucionalização da interdisciplinaridade
Resumo: Com a aprovação no edital Novos Talentos (55/2012), o subprojeto Educação para o
Ecodesenvolvimento com enfoque interdisciplinar, conjuntamente a outros três subprojetos, passou a
compor o projeto institucional/FURB - Ecoformação e Literacia Informacional para a Educação Cientifica.
Este projeto considera o fortalecimento do ensino básico em Blumenau (SC), por meio de ações dos
programas de pós-graduação da FURB. O Município demanda atenção especial devido ao paradoxo entre os
temas desenvolvimento e meio ambiente: Neste contexto, tem-se um dos IDH mais altos registrados entre as
regiões metropolitanas brasileiras versus a alta vulnerabilidade aos desastres (68 enchentes num período de
150 anos). Assim, o Programa oportuniza o desenvolvimento de competências locais (para estudantes e
professores da rede pública de ensino básico) na elaboração de projetos de desenvolvimento por meio de
oficinas a partir dos temas: mudanças climáticas, associativismo e desenvolvimento territorial. Destarte,
operacionalizar a interdisciplinaridade no ensino, pesquisa e extensão possibilita que uma dada atividade se
valha simultaneamente de diferentes instrumentos de coleta e análise de dados, levando em conta
pluralidade de variáveis que cada disciplina melhor comporta. O referido subprojeto considera a
interdisciplinaridade como método para produção do conhecimento, o que pressupõe a integração entre
professores de diferentes formações e estudantes de graduação e pós-graduação com os da rede pública de
ensino básico. Neste artigo, apresentam-se traços gerais da experiência do subprojeto educação para o
ecodesenvolvimento do programa Novos talentos em fase de implantação. Portanto, neste momento os
resultados são apenas teóricos. O texto se justifica pela inovação institucional e por aliar educação, meio
ambiente e desenvolvimento.
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Palavras-chave: Educação para o ecodesenvolvimento; Interdisciplinaridade; Pós-graduação e graduação;
Ensino básico; Blumenau (SC).
1.
Introdução
Como resultado dos compromissos firmados durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro, em 1992, avolumam-se reformas institucionais e
regulamentações jurídicas, ao mesmo tempo em que se adensam redes transnacionais de movimentos
ambientalistas (SCHERER-WARREN, 1999, p. 67).
Neste sentido, ao se considerar o caso brasileiro, parece existir certo consenso entre especialistas
quanto à evolução progressiva da consciência ambiental de alguns setores da população, incluindo-se nisto a
percepção mais clara das transformações que vêm sendo processadas na estrutura e dinâmica do sistema
político (CRESPO, 2000, p. 38).
Contextualizado a essa prerrogativa, conceito de ecodesenvolvimento, termo cunhado no início da
década de 70 para designar modalidade política e ambiental simultaneamente preventiva e proativa, afirma
que é preciso considerar os problemas de recursos, ambiente, população e desenvolvimento de forma
unificada (SACHS, 1997). Esta política é baseada no questionamento ético dos padrões comportamentais
das sociedades no agravamento de uma crise multidimensional (AZKARRAGA et al,, 2011), sendo
necessárias a formulação de estratégias e ações coletivas de longo prazo.
O enfoque do ecodesenvolvimento pode ser considerado como um dos vários estilos de pensamento
e de intervenção que coexistem no debate contemporâneo sobre ambiente e desenvolvimento (GODARD,
1997; LARRÉRE, 1997). Este pode ser considerado como um estilo de desenvolvimento em que cada
ecorregião insiste na busca de soluções específicas para seus problemas localizados, o que originou o termo
zona de educação para o ecodesenvolvimento - ZEE, levando em conta não só a dimensão ecológica, mas
também a cultural, bem como as necessidades socioeconômicas imediatas e de longo prazo. Destarte, o
ecodesenvolvimento opera com critérios de progresso relativizados a cada caso específico, desempenhando
assim um papel importante a adaptação ao meio, tal como se vislumbra na ZEE.
Não obstante, não é negada a importância dos intercâmbios, mas sim tenta reagir à moda
predominante das soluções pretensamente universalistas e das fórmulas aplicáveis a qualquer situação. No
exercício de se atribuir uma importância excessiva à ajuda externa, confia-se na capacidade das
comunidades em identificar seus próprios problemas e apresentar soluções originais para os mesmos, ainda
que se inspirando em experiências alheias. Ou seja, reage contra as transferências passivas e o espírito de
imitação ao enaltecer a autoconfiança de um grupo e valorizar suas potencialidades e saberes locais.
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De mesma maneira, o ecodesenvolvimento, mesmo que o nome venha a induzir um pensamento
equivocado do termo, não vem resvalar um ecologismo exacerbado, sugerindo em oposição, a possibilidade
de canalizar um esforço criador visando aproveitar a margem de liberdade oferecida pelo meio ambiente, por
maiores que sejam as restrições climáticas e naturais.
Além disso, a diversidade de culturas e das
realizações humanas obtidas em meios naturais comparáveis são testemunhos eloquentes desta possibilidade
de convergir transformações no meio de maneira sustentável e geradora de oportunidades. Ou seja, o êxito
na aplicação do ecodesenvolvimento pressupõe o conhecimento do meio por parte dos atores que lhe
integram e a vontade de atingir um equilíbrio durável entre o homem e a natureza.
Uma forte e coerente reflexão sobre essa política ambiental e modelo de desenvolvimento está
pautada na verificação de que os fracassos e os desastres que algumas sociedades sofreram oferecem um
testemunho menos eloquente do preço elevado que se paga pela incapacidade de gerir as relações entre o
homem e a natureza (SACHS, 2007, p. 65).
Ao se pensar sobre modelos de desenvolvimento que incidem sobre as sociedades, observa-se que as
transformações ambientais no planeta correspondem à expressivas contribuintes na elaboração e execução
das mesmas. Neste contexto, a globalização e a consequente ampliação dos níveis de produção e consumo
também estão agregadas a outro fenômeno ainda mais complexo e que reflete diretamente no processo de
desenvolvimento das populações, as mudanças climáticas.
Segundo ao 4º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, 2007) a temperatura planetária aumentará de 1,8% a 4% até 2100, sendo que as emissões por
mudança do uso da terra e das florestas contribuem com 17% das emissões globais de gases de efeito estufa
(GEE). (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República – Brasil, 2011; JUVENAL, 2011).
A elevação da temperatura impacta diretamente os aspectos socioeconômicos, pois incide sobre o
regime das chuvas, ocasionando distorções como secas e inundações; desencadeiam epidemias e pragas,
ameaça à infraestrutura de abastecimento de água e energia; incide sobre o processo de eustasia, resultando
na elevação do nível dos oceanos e na consequente transgressão do mar sobre o continente, ocasionando o
processo erosivo costeiro; além dos impactos na produção de alimentos que ocasionaria um cenário de
fome e miséria (GOMES, et al., 2013).
As políticas públicas nacionais e subnacionais tem um papel muito importante na alteração do
território e das transformações socioeconômicas e ambientais. Nesse contexto, o amadurecimento de
políticas públicas nacionais sobre mudanças climáticas pode desempenhar um papel essencial para o
avanço da agenda internacional do clima, contribuindo para que tal agenda seja mais harmônica, uníssona
e, portanto, mais efetiva (ROMEIRO, 2011, p.43).
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Frente a essa situação, as medidas de mitigação reportam-se ao âmbito regional e local, o qual deve
ser tratado de maneira pragmática, considerando que uma abordagem que contemplem estes problemas de
maneira interdisciplinar. A multidisciplinaridade não é suficiente para abarcar as questões complexas da
atualidade, as questões dos problemas gerados na relação sociedade e meio ambiente (LEFF, 1994;
GARCIA, 1994; PAUL, 2011).
Assim, tem-se o meio ambiente como conceito relacional sistêmico, definido através de relações de
interdependência socioambientais (GARCIA, 1994). Neste contexto, uma abordagem que contemple todas
as nuanças sobre o meio ambiente, na sua visão mais contemporânea, deve estar baseada num estudo
interdisciplinar.
Atualmente, a interdisciplinaridade é proclamada não só como um método e uma prática para a
produção do conhecimento, mas também como instrumento de integração operativa na resolução dos
cada vez mais complexos problemas de desenvolvimento, além de aparecer com a pretensão de
promover intercâmbios teóricos entre as ciências e de fundar novos objetos científicos (LEFF, 1994,
p. 70).
Na abordagem dos problemas da relação sociedade e meio ambiente, alicerçam-se entre os
documentos brasileiros da Rio + 20 – Conferencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
especificamente o documento sobre desafios emergentes do desenvolvimento sustentável. Neste, o item
educação indica que “cabe ao Estado e à sociedade civil organizada desenvolver ações abrangentes e
colaborativas que visem ao fortalecimento da dimensão cultural do desenvolvimento, levando em
consideração a construção de sociedades mais justas e conscientes (UNESCO, 2010).
Ao lado de experiências brasileiras emblemáticas de educação para o desenvolvimento territorial,
como o caso da Universidade Camponesa (Unicampo), a qual formou trinta e cinco líderes camponeses em
um dos territórios mais pobres da região do Nordeste do país (COUDEL & TONNEAU, 2010), a Zona
Costeira Catarinense (VIEIRA, 2011), a ZEE do Rio Sagrado (DIAS, SAMPAIO, SKEWES, 2011;
MANSUR et al., 2012; MANSUR et al., 2013) e a ZEE de Blumenau podem ser apontadas como trajetórias
inovadoras de educação para o codesenvolvimento territorial1.
A educação nos casos citados é pensada a partir de experiências que dão respostas a problemas reais,
uma educação centrada em vivencias do cotidiano, e projetos de ação, superando a tradição de ensino e
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Termo utilizado pelo professor Paulo Freire Vieira, o qual considera o ecodesenvolvimento como um processo de mudança
gradual de estilos de vida. Ao mesmo tempo em que valoriza o ecodesenvolvimento surgido em Estocolmo em 1972, desvaloriza
o termo desenvolvimento sustentável, que se popularizou a partir do Rio-92. O termo ecodesenvolvimento territorial prioriza o
fundamento normativo do ecodesenvolvimento e agrega o conceito de desenvolvimento territorial, que considera princípios de
economia associados a recursos, serviços e atores de forma territorializada.
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aprendizagem que delimita a teoria em espaço abstrato, de cunho conteudista, distanciada da realidade
(MANSUR & SAMPAIO, 2011).
Na sociedade chamada da informação, muitas vezes, há excesso de conteúdo, a ponto que há um
transbordamento de dados que não necessariamente levam a informação e muito menos ao conhecimento.
Há que se desfazer o mal entendido de que o termo sociedade da informação funciona como sinônimo de
sociedade do conhecimento. Acredita-se, atualmente, que o processo de ensino e aprendizagem não é outra
coisa que adquirir e processar informação (BONDÍA, 2002). No entanto, parte-se como pressuposto que é
componente fundamental deste processo a experiência, a prática, o saber territorial, no qual conduz a
transformação, a autotransformação e, enfim, a emancipação do sujeito. Portanto, o enfoque de ensino e
aprendizagem relevando a experiência nestes termos desempenha papel central no que se está chamando de
educação para o ecodesenvolvimento territorial. Este artigo vai ao encontro desta demanda, relatando
aportes teóricos e metodológicos, e a institucionalização da interdisciplinaridade do subprojeto Educação
para o ecodesenvolvimento com enfoque interdisciplinar, pertencente ao Programa institucional FURB,
Ecoformação e Literacia informacional, edital Novos Talentos FURB edital 55/2002 - CAPES.
O programa faz parte da Zona de Educação para o Ecodesenvolvimento (ZEE) de Blumenau (SC),
e mais especificamente na Microbacia do Ribeirão Fidélis, Microbacia hidrográfica do Itoupava Central,
Microbacia hidrográfica do Ribeirão Fresco, e bairro Itoupavazinha, os quais contextualizam áreas rurais e
urbanas do município de Blumenau (SC).
A ZEE baseia-se em enfoque de pesquisa-ação participante que pode ser definida como processo
de questionamento sistêmico, no qual aqueles que estão experimentando uma situação problemática
participam, em colaboração com pesquisadores, na execução da pesquisa e nos rumos das decisões a serem
tomadas, diante das demandas comunitárias surgidas e não necessariamente das priorizadas pelo pesquisador
(SEIXAS, 2005, p. 80).
A primeira parte do texto apresenta breve introdução ao tema. A segunda parte aborda os desafios
colocados à construção da interdisciplinaridade e a problemática socioambiental, com uma subdivisão sobre
o referido subprojeto Novos Talentos - FUB e sua metodologia. Inclui-se na terceira parte algumas reflexões,
de escopo mais genérico sobre o papel da interdisciplinaridade na educação. Na quarta parte apresentam-se
as considerações finais.
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2.
Educação para o ecodesenvolvimento: O desafio da construção de competências a
partir da interdisciplinaridade e da problemática socioambiental
O significado de competência segundo o dicionário (BUENO, 1975) designa a qualidade de quem é
capaz de apreciar certo assunto, aptidão ou luta. Em relação ao termo em língua inglesa correspondente à
competência, “know-how” – “pratical knowleage” ou “skill” (HORNBY, 1984), tem-se a referência como
conhecimento prático e habilidade de saber fazer algo.
Se o processo de produção do conhecimento se dá por meio de experiências, é certo que o significado
de conhecimento seja ciência, experiência (BUENO, 1975). Assim, observa-se que o que diferencia os
termos competência e conhecimento é a capacidade de agir dos indivíduos ou das coletividades. Pode-se
entender que uma maneira de se aprender é por meio da atividade prática, ou seja, o do fazer.
Neste sentido, o que é fundamentalmente novo, nesta experiência, é que a mesma foi centrada no
desenvolvimento das competências, não só dos membros comunitários, mas nas competências dos
doutorandos, mestrandos e acadêmicos da graduação, que conduzem as oficinas e que vivenciam na prática
a teoria sobre a qual estavam estudando.
Diferente da maioria de programas de extensão que se dá por meio de cursos de capacitação à
comunidade e para seus próprios acadêmicos, o Novos Talentos privilegia o envolvimento da pós-graduação
com os problemas reais do educação básica, privilegiando o enfoque de pesquisa-ação participativa. O que
se pretende com este programa é enfatizar que essa nova abordagem na geração e gestão do conhecimento,
que cada vez mais afeta os modelos éticos, científicos, tecnológicos e educativos (VILLAVERDE, 1997),
requer um olhar interdisciplinar rumo a transdisciplinaridade, capaz de explicar a natureza sistêmica e
complexa do problema a ser abordado/pesquisado.
Um olhar interdisciplinar requer uma síntese integrativa dos elementos de análise a partir de três
fontes: (i) o objetivo de estudo, ou seja, o complexo sistema. A origem de um problema não se reduz à
mera justaposição de situações ou fenômenos que permanecem ao domínio exclusivo de uma
disciplina; (ii) o quadro conceitual a partir do qual aproxima-se do objeto de estudo, ou seja, o
teórico cuja perspectiva os pesquisadores identificam, selecionam e organizam dados para propor o
estudo.(iii) os estudos disciplinares que correspondem aos aspectos ou “cortes” de uma realidade
complexa, vistos de uma disciplina específica (GARCÍA, 1994, p. 6).
Não são mais tão raros os estudos que utilizam equipes multidisciplinares, no entanto privilegiam-se
apenas a chamada interdisciplinaridade teórica. A interdisciplinaridade teórica pode ser entendida como a
construção de um novo objeto científico, a partir da colaboração de diversas disciplinas e não somente como
o tratamento comum de uma temática (LEFF, 1994). A verdadeira interdisciplinaridade pressupõe uma
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cooperação intensa e coordenada sobre uma finalidade, porém, de uma problemática comum (JOLLIVET &
PAVÉ, 1998). Segundo Villaverde (1997), o enfoque ecossistêmico parte de um modelo mental, de uma
correlação metodológica, isto é, de um planejamento que permite trabalhar de maneira articulada e orientar
os processos para um conhecimento integrado entre diferentes disciplinas. Nas palavras do mesmo autor
traduzir esta ideia ao plano da ação supõe buscar aproximações metodológicas coerentes. Ao fazê-lo, a
metodologia interdisciplinar apresenta-se como a formula mais apropriada para se associar diversos
enfoques na interpretação de realidades complexas, como são os sistemas ambientais (VILLAVERDE,
1997, p. 41). Assim o sistema socioambiental complexo das Microbacias Hidrográficas do Rio Fidélis,
Ribeirão Fresco e Itoupava Central e bairro Itoupavazinha, está sendo abordado a partir de uma análise
ambiental participativa. Constitui-se no desenvolvimento de uma metodologia que pode prestar auxílio aos
atores que interagem no processo de planejamento e gestão para desenvolvimento de bacias hidrográficas.
Se o desenvolvimento, por definição, é sempre territorializado (JEAN, 2010), implica que o desafio
está no processo de participação, da territorialização do desenvolvimento, à medida que há ato de
determinação nas comunidades de promovê-lo (JEAN 2010; BRANDÃO, 2004). Esta noção é uma
necessidade imperiosa para que os processos de desenvolvimento aconteçam sem a necessidade de se ter em
tempo integral, uma equipe externa de acompanhamento. Neste momento, desenvolve-se o que se chama de
emancipação. Destarte, um desenvolvimento social emancipatório, tal como sugere Paulo Freire, ou seja,
um desenvolvimento humano, que é o objetivo fim e o grande desafio na construção de competências.
No desafio da construção de competências, o método de pesquisa-ação é recomendado a partir de um
visão interdisciplinar pelo fato de se permitir em princípio a realização de dinâmicas coletivas e um duplo
circuito de aprendizagem. Em outras palavras, os facilitados assim como os educandos desenvolvem suas
competências, a partir da experiência.
O programa prioriza a inserção de acadêmicos no processo de extensão, sendo que os alunos de pósgraduação realizam a parte empírica de suas dissertações e teses nas atividades junto a comunidade. Desta
forma se envolvem com a experiência, fomentando a formação de professores e alunos da educação básica
de ensino fundamental de Blumenau.
Durante as oficinas valoriza-se o resultado dos trabalhos em grupo dos professores do ensino
fundamental, criando espaço institucional para que estes apresentassem sua posição e projetos de ação,
perante a sociedade civil organizada de cada localidade, onde as escolas estão inseridas. Desta forma,
fortalece-se o pacto territorial rural no sentido de formação de competências para o ecodesenvolvimento.
Estes esforços se inscrevem na tentativa de reverter, ou pelo menos, minimizar os efeitos perversos
do padrão de desenvolvimento que se instala na localidade. Como mencionado anteriormente, a área de
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estudo está centrada no contexto de um projeto em andamento na Zona de Educação para o
Ecodesenvolvimento nas Microbacias hidrográficas do Ribeirão Fidélis, Ribeirão Itoupava Central, Ribeirão
Fresco, e bairro Itoupavazinha (todos pertencentes ao Município de Blumenau, SC). As referidas áreas
apresentam sensibilidade ambiental seja porque ocupam as planícies de inundação dos rios as quais
pertencem, ou ocupam áreas muito declivosas, suscetíveis a deslizamentos. Tem-se especial atenção a
Microbacia do Ribeirão Fresco, a qual está densamente ocupada em sua parte mais elevada (com
características de favelas), e na sua maioria situada em áreas de Área de Preservação Permanente -APP.
Nas encostas com declividade superior a 45º a ocupação ocorre de maneira irregular. Além disso, a
ocupação se deu principalmente no entorno e sobre o rio, o que torna a área extremamente vulnerável aos
desastres ambientais como deslizamentos e fortes enxurradas.
No trabalho de campo realizado é possível notar cicatrizes de escorregamentos antigos, evidenciando
o risco em que as famílias estão submetidas. Em eventos de deslizamentos várias famílias perderam bens
materiais, contudo, devido à falta de condições financeiras, acabaram permanecendo no local. A área mais
densamente ocupada é caracterizada por ser um vale em forma de “V” fechado, evidenciando a sua
vulnerabilidade aos desastres. Nesta localidade do Ribeirão Fresco percebe-se um forte impacto ambiental,
seja pelo desmatamento para a construção de casas irregulares, bem como da grande quantidade de lixo
encontrada no curso do rio e em suas margens.
Neste sentido, os trabalhos de campanha, do programa de extensão, mostram realidade local de
conflitos entre assentamentos, legislação ambiental e problemas sociais. Partiu-se então do princípio de que
o caminho para um novo modelo de desenvolvimento necessita abordar a problemática ambiental de forma
interdisciplinar, o que poderia corroborar no entendimento coletivo da região onde se vive (tomando-se
neste caso as microbacias hidrográficas como unidades de análise). Atualmente, em todas as áreas do
conhecimento, incluindo as ciências sociais, econômicas e ambientais, está se consolidando um ponto de
vista que propõe que toda ação científica tende a se organizar para uma prática que transcende o
conhecimento de uma disciplina isolada. Para Max-Neef (2007), a grande dificuldade na gestão do
conhecimento é que os problemas contemporâneos são enfrentados e resolvidos sob uma visão disciplinar.
Leff (2003) sugere que para se pensar uma racionalidade ambiental, deve-se valer também da lógica
instrumental, de maneira em que haja interlocução com o paradigma economicista, que sob tais argumentos
apresentados, não seria difícil de redenominá-lo como mau desenvolvimento (SACHS, 2003; 2004).
Diante deste quadro, apresenta-se a questão norteadora: Qual seria a abordagem para os conflitos
ambientais na tentativa de construção interdisciplinare em ensino, pesquisa e extensão? O programa “Novos
Talentos subprojeto Educação para o ecodesenvolvimento”, apresenta-se como um primeiro passo para a
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construção da interdisciplinaridade, no sentido de mediar conflitos ambientais, através da mobilização de
atores locais, professores de escolas públicas básicas das localidades em estudo.
2.1 Programa Novos Talentos subprojeto Educação para o ecodesenvolvimento com enfoque
interdisciplinar
Uma das missões da Universidade Regional de Blumenau – FURB é promover o ensino, pesquisa e
extensão, com intensa inserção social. Entre os objetivos estratégicos destacam-se a busca em atender
demandas locais e intervir proativamente no ambiente externo por meio da ampliação do relacionamento,
representatividade e inserção comunitária (FURB, 2008).
Neste sentido, a FURB vem realizando parcerias com outras instituições sociais no sentido de se
fazer cumprir esta missão. Dentre as muitas parcerias, destaca-se a estabelecida com a Universidade Federal
do Paraná (UFPR) e a Universidade Austral do Chile, que deu origem a Zona de Educação para o
Ecodesenvolvimento (ZEE), nas comunidades do sudoeste da Microbacia hidrográfica do Rio Sagrado, em
Morretes, Paraná.
O aprendizado adquirido nesta experiência e durante outros estudos e vivencias (2009-2012), serviu
de suporte para a criação do subprojeto Educação para o ecodesenvolvimento com enfoque interdisciplinar,
que se inscreve no programa institucional FURB Novos Talentos, edital 55/2012 – CAPES.
Considerando o binômio desenvolvimento e meio ambiente em toda sua complexidade, processos de
sensibilização ambiental são desenvolvidos, a partir da Zona de Educação para o Ecodesenvolvimento ZEE, que fazem parte da região laboratório de educação para o ecodesenvolvimento do Litoral de Santa
Catarina, Ibiraquera, (VIEIRA, 2011), a ZEE do Morretes - Rio Sagrado/PR (DIAS, SAMPAIO, SKEWES,
2011; MANSUR ET AL, 2012; MANSUR et al, 2013) de Blumenau. Entende-se como regiões laboratórios
os espaços de diálogo entre pesquisadores, gestores, coletivos de pesquisa no intuito de fomentar a pesquisa
explorando o potencial pedagógico e o diálogo entre os atores sociais múltiplos na formação para a
cidadania, dados confiáveis e projetos de rede (LÉVÊQUE, 2000).
Esta proposta é inovadora no sentido de que articula estratégias educacionais para fortalecer a
educação básica, a partir de temas da geografia e perspectivas econômicas. Na geografia estuda os temas
impactos ambientais da produção do espaço e na economia estimula a contextualização de arranjos
produtivos locais entendidos a partir do enfoque do cooperativismo. Abre para os alunos e professores da
rede pública uma forma inovadora e contextualizada de compreender a relação entre as características
econômicas das sociedades e a produção do espaço.
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Neste contexto, a ZEE, é uma experiência que procura compreender e propor alternativas para que se
fortaleçam os modos de vida tradicionais das populações a partir do conceito de ecodesenvolvimento. Neste
sentido, o programa de Novos Talentos da FURB (2013-2014) tem como desafio a criação de cenários
alternativos para experimentação de novas metodologias de ensino-aprendizagem frente ao papel da
universidade no desenvolvimento local. Neste programa de extensão considera-se a interdisciplinaridade
como método para a produção do conhecimento, integrando cientistas na reflexão sobre os problemas
complexos de desenvolvimento. O programa proposto envolve um grupo multidisciplinar de pesquisadores
que inclui: geólogo, arquiteta, geógrafo, ecossocioeconomista e sociólogo; estudantes dos Programas de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional/FURB e Meio Ambiente e Desenvolvimento/UFPR e;
acadêmicos da graduação dos cursos de Arquitetura e Biologia da FURB.
A participação comunitária é uma forma de tornar possível a articulação entre atividades acadêmicas
e anseios legítimos da comunidade. Neste contexto, a pesquisa sobre os fatores físicos naturais da mesma
localidade coordenada pelo grupo de pesquisa análise ambiental e geoprocessamento fornece conhecimento
sobre a geografia da área e o programa Novos Talentos da FURB, através deste subprojeto, valoriza o modo
de vida de populações tradicionais e indiretamente incentiva esta população a permarnecer na localidade e a
preservá-la. O objetivo central das oficinas do referido subprojeto do programa Novos Talentos FURB é
transpor a noção reativa de resolução de problemas para a proativa, a partir das noções de desenvolvimento
local à luz do ecodesenvolvimento. É neste contexto que se inscreve o subprojeto Educação para o
Ecodesenvolvimento com enfoque interdisciplinar.
2.1.1 Metodologia do Subprojeto Educação para o ecodesenvolvimento com enfoque
interdisciplinar
Em ambiente de pesquisa-ação-formação, a metodologia das oficinas implica elaboração
participativa de mapas temáticos sobre meio físico natural da área de localização das escolas municipais
parceiras do projeto, exposição de filmes, trabalhos de campo. Nos temas abordados considera-se a crise
socioambiental e seu contexto, ecodesenvolvimento, cooperativismo com enfoque de prioridade ao alcance
de finalidades sociais e valorização da participação e da autonomia. No final a oficina construção de
competências para projetos de ação territorial, elabora-se projetos que melhorem a qualidade do meio onde
os participantes vivem.
A metodologia do projeto se expressa com destaque na valorização de atitudes inerentes ao pleno
exercício da cidadania e responsabilidade ecológica na oficina e prevenção de desastres/monitoramento.
Esta contempla alternadamente as três esferas interrelacionadas que estão na base de um novo projeto de
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sociedade e de civilização (SAUVÉ, 2001), ou seja: (1) A esfera da relação da pessoa consigo mesma:
construindo o sentido de identidade pessoal, que se desenvolve quando o aluno se identifica como monitor
de indicadores ambientais (oficina de prevenção de desastres naturais e monitoramento); (2) A esfera da
relação da pessoa com outras pessoas: entende-se que estudar os efeitos das mudanças climáticas, não só
no caso da ocupação da serra do Mar (Blumenau), relaciona o entendimento sobre processos naturais do
litoral como todo, tema, aliás, recorrente nos vestibulares das universidades. Sugere-se que o diagnóstico
ambiental deve ser realizado durante a etapa 2; 3) A esfera da relação ecológica (do espaço da vida
compartilhada que leva em conta a rede formada por outros seres vivos). Neste caso, incluí-se o estado
do meio ambiente biofísico e social, as transformações na paisagem provocadas por diferentes modalidades
de apropriação do espaço territorial ao longo do tempo.
O projeto pedagógico das oficinas procura integrar a graduação e a pós-graduação e os professores e
alunos da rede pública através das oficinas (1), (2) e (3), o que conflui para valorização de atitudes e valores
de conservação da biodiversidade e para a autorrealização individual e comunitária.
A metodologia considera uma abordagem complexa de saberes locais, isto é, das compreensões
distintas sobre o mundo natural (TOLEDO & BARRERA-BASSOLS, 2010). Esta compreensão emerge do
contexto da crise paradigmática da ciência moderna e da necessidade de abertura ao diálogo com outros
saberes. Trata-se de uma construção de metodologia que propõe a aprendizagem e compartilhamento entre
conhecimentos tradicionais e científicos, estratégia particularmente apropriada na educação para o
ecodesenvolvimento (SAUVÉ, 1996: 89).
O processo de educação está em curso no contexto de uma Zona de Educação para o
Ecodesenvolvimento (ZEE) de Blumenau. A ZEE é um espaço de educação e práticas de projetos em torno
do conceito de ecodesenvolvimento, que prioriza o artigo 127 da constituição brasileira, que obedece ao
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. O conhecimento desenvolvido durante as
atividades práticas das oficinas objetiva identificar e caracterizar as unidades da paisagem da área de estudo,
pode ser definido como pesquisa servindo de base empírica para os trabalhos dos alunos da pós-graudação e
utilizado como base para dar exemplos práticos aos professores e alunos da rede pública, sendo desta forma
aplicado na extensão.
Na educação para o ecodesenvolvimento procura-se integrar saberes locais e conhecimento
científico, tomando por base o indivíduo em constante processo de maturidade, para torná-lo protagonista de
sua história. Neste processo o que o mais importa como resultado deste subprojeto Novos Talentos é o
desenvolvimento da autonomia dos professores e alunos da rede pública e dos monitores alunos da
graduação e pós-graduação da FURB.
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Na oficina de prevenção de desastres naturais, destacam-se os indicadores pluviométricos e
hidrológicos, no ensino do monitoramento dos indicadores socioambientais participativos. Desta forma, a
metodologia e os resultados esperados cumprem com o que se preconiza na Zona de Educação para o
Ecodesenvolvimento, aplicando o conceito de Freire (1983) que afirma: só aprende aquele que se apropria do
aprendido, [...], sendo capaz de aplicar o aprendido às situações existenciais e concretas.
Neste sentido a interdisciplinaridade é fundamental, pois a partir dela é que se pode observar os
problemas reais, particularmente na abordagem dos problemas ambientais (GARCÍA,
1994).
Sobretudo, prioriza-se o desenvolvimento humano, tanto do educando como do educador. Acredita-se que
durante o processo, os alunos e professores da rede pública, por participarem das atividades de
monitoramento de diagnóstico ambiental aprendem uma forma de redescobrir a realidade local, usando para
tanto a troca de saberes e o diálogo.
Para os monitores alunos da graduação e pós- graduação envolvidos neste subprojeto, destacam-se a
aprendizagem e vivencia como parte do processo mais amplo da educação e entende-se que esta não pode
ser unidirecional, no sentido educador-educando, pois como tal seria domesticadora e não libertadora
(FREIRE, 1976). Assim, deve transitar em ambos os sentidos, dialeticamente, de tal modo que o educador,
além de ensinar, passa a aprender e o educando, além de aprender, passa a ensinar. Surgirá assim: i) não
mais um educador do educando; ii) não mais um educando do educador; iii) mas um educador–educando
com um educando-educador (BECKER, 2010, p. 17).
Entre as ações previstas nas oficinas a interação entre os alunos e professores da educação básica
com os cursos de graduação e pós-graduação da FURB, se dá através do desenvolvimento das oficinas, que
incluem, por exemplo: trabalhos de campo com análise geológicas das área de estudos, visitas técnicas á
defesa civil, departamento de geologia da prefeitura municipal de Blumenau (PMB), secretaria de
desenvolvimento regional e viagem de estudos para o Ecomuseu Agobar Fagundes em Blumenau, como
forma de estimular a aprendizagem significativa e responsabilidade ecológica.
3.
Papel da educação e sua contribuição para a institucionalização da insterdisciplinaridade
A despeito da crise civilizatória, a qual foi enunciada de forma sucinta na primeira parte deste
trabalho, tem-se que se pensar as dimensões morais conjuntamente com um olhar crítico de análises
científicas e econômicas. Como proposto por Dansereau (VIEIRA, RIBEIRO, 1999) a grande parte dos
problemas até então vividos está na causa e consequência da crise de valores e moral presentes na visão
antropocentrista das sociedades ocidentais capitalistas, gerando assimetrias nas relações homem e natureza e
também homem e homem (FERNANDES & SAMPAIO, 2008). Sendo que a prescrição moral não advém da
prescrição ecológica, os riscos impostos à biosfera (de maneira irreversível), ainda não são percebidos na
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sua totalidade, gerando uma crise na consciência sobre os problemas gerados pela ação antrópica e suas
consequências na natureza (MORIN & KERN, 1995).
Diante de tal contexto, surge a oportunidade das experiências no subprojeto Educação para o
Ecodesenvolvimento do Projeto Novos Talentos. Este privilegia o conhecimento e a compreensão, a
proposição e o agir sobre o território por meio da difusão do conhecimento e do estreitamento dos laços
entre Universidade, ensino básico e comunidade.
O protagonismo do sujeito, sugerido por Freire (1996), no qual o indivíduo passa a ter consciência do
seu papel social, sendo parte indissociável e importante de sua comunidade, faz com que seja promovido o
ecodesenvolvimento territorial. Essa consciência é alcançada quando por meio das percepções pessoais do
grupo os problemas podem ser abarcados por visões interdisciplinares, levando a pensar questões de ordem
epistemológica, reinterando as ciências humanas às biológicas, nas ciências ambientais, pensando o
ecodesenvolvimento territorial e revelando que os custos ecológicos de nossa geração serão os custos sociais
das gerações futuras (PENA-VEGA, 2003).
Assim, a complexidade de um sistema não está determinada apenas na heterogeneidade dos
elementos (subsistemas) que compõe a natureza do que é normalmente situado dentro do domínio de vários
ramos da ciência e da tecnologia. Ha também a dependência mútua e a interdefinição das funções destes
elementos dentro do sistema integral, que exclui a possibilidade de uma análise de um sistema complexo,
simplesmente pelo estudo de cada setor dos elementos isoladamente (GARCIA, 1994).
Quando se diz que a pesquisa é interdisciplinar, não tem se por si só um tipo de estudo necessário
para que se entenda o sistema complexo, não excluído, mas quaisquer estudos parciais de seus elementos ou
funções e nem dispensar estudos especializados. Ao deixar de fragmentar o estudo diminui-se os riscos de
perder contato com o problema original, pois se tem visão geral dos problemas na interpretação de uma
realidade complexa.
O trabalho interdisciplinar exige equipe composta por especialistas de diferentes áreas, sendo
condição necessária, não obstante insuficiente para alcançar a compreensão do problema. Ainda, a
interdisciplinaridade não surge espontaneamente com a junção destes especialistas, mas requer uma
preocupação conjunta destes sobre determinadas questões que os afligem. O conhecimento científico
interdisciplinar deve ser empírico, interpretativo e também crítico. De mesma maneira, o trabalho científico
e as universidades tem se defrontado com um grau de complexidades que exige ir além das fronteiras
disciplinares (LEIS, 2011, p. 117).
Neste sentido, considerando o papel do sistema de ensino, ou seja, da educação na institucionalização
da interdisciplinaridade reveste-se de sentido quando observamos a natureza dos sistemas complexos.
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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,
na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
Somente com a interdisciplinaridade que o sistema de ensino e de inovação toma vida, no sentido de
que o conteúdo, as estruturas e os pontos de junção das disciplinas mudam constantemente sob a
influência das ligações de coordenação que estabelecemos ao perseguir o objetivo de um sistema
comum. A interdisciplinaridade torna-se assim uma noção chave para empreender o ensino e as
inovações na ótica dos sistemas (JANTSCH, 1972, p. 107).
Os sistemas complexos ambientais só podem ser vivenciados se tratados de forma interdisciplinar, eles
exemplificam a necessidade da interdisciplinaridade em abordagens ambientais.
[...] é mais fácil chegar a acordo sobre o que abandonar e vencer a velha prática de pesquisa, para
chegar ao acordo sobre uma proposta. Há certamente o consenso de que tratam os problemas
ambientais com a verdadeira articulação das várias disciplinas envolvidas, a fim de obter um estudo
integrado neste problema complexo. Os estudos interdisciplinares são uma preocupação fundamental
em muitas universidades e institutos de pesquisa. A busca de formas organizacionais que fazem
trabalhos interdisciplinares surge sem dúvidas como uma reação à excessiva especialização que
revalece no desenvolvimento da ciência moderna (GARCIA, 1994, p.4).
Pois se é na interdisciplinaridade que se aborda os problemas concretos, é na vivencia na experiência
que a educação precisa estar centrada. Para seguir por este caminho, “o problema não é tanto o de se abrir
as fronteiras entre as disciplinas, mas o de se transformar aquilo que gera essas fronteiras: os princípios
organizadores do conhecimento" (MORIN, 2000, p. 25)
No contexto brasileiro, sete anos após a realização da CNUMAD, continuamos a nos ressentir da
ausência de uma política educacional coerente com estes princípios (VIEIRA, 2002). No caso da educação
para o ecodesenvolvimente e a educação ambiental.
A educação ambiental é confundida - com a transmissão de resultados obtidos pela pesquisa científica
de orientação analítico-reducionista, exprimindo assim uma abertura ainda muito incipiente das
nossas escolas e universidades aos desafios epistemológicos e éticos suscitados pelo debate de
vanguarda sobre a complexidade sistêmica, sobre a estrutura e a dinâmica da cognição humana e
sobre o "fim das certezas" (Prigogine, 1996; Laszlo, 2001; Dansereau, 1999b; Aubin, 1973).
(VIEIRA, 2002, p. 7)
Neste sentido, na educação os educandos, professores da educação básica do Novos Talentos FURB,
precisam passar por experiências que:
confrontem visões tradicionais de ensino e aprendizagem, a fim de capacutá-los a construir uma
pedagogia que se posicione em contraste com visões mais antigas,... [....]. Além disso, as experiências
de campo precisam permitir investigação e experimentação nas áreas de desenvolvimento infantil,
aprendizagem e ensino; e as escolas precisam abordar o currículo de uma forma integrada, centrada
no aluno com ênfase nas investigações, reflexões e discurssos dos alunos (FOSNOT, 1998)
4. Considerações Finais
Os fundamentos normativos do conceito de ecodesenvolvimento, considerado como enfoque de
planejamento, apóia-se nos critérios interdependentes de (a) Prioridade ao alcance de finalidades sociais; (b)
Prudência ecológica; (c) Valorização da participação e da autonomia da populações e; (d) Viabilidade
econômica, sobretudo preservando as dinâmicas próprias da economia comunitária no contexto da economia
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de mercado, tal como sugere a economia solidária e de comunhão, fair trade, benefits company e tantos
outras práticas ecossocioeconômicas, como sugere Sampaio (2010). Seus princípios se pautam ainda em
abordagem de desenvolvimento à escala humana, que segundo Max-Neef (2012) baseiam-se em indicadores
de desenvolvimento sinérgicos que satisfazem multiplas necessidades, sem contudo gerar outras, alinhadas à
abordagem interdisciplinar com visão transdisciplinar do desenvolvimento, na qual releva especificidades da
realidade e anseios locais, sensível a complexidade dos problemas socioambientais contemporâneos, e à
"inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados,
compartimentados entre disciplinas, e as realidades ou problemas cada vez mais polidisciplinares,
transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetários" (MORIN, 2000, p. 13).
O projeto Novos Talentos se alinha também ao projeto político pedagógico do campus do litoral da
Universidade Federal do Paraná, no qual é preciso conhecer para compreender, compreender para propor e
propor para agir (UFPR Litoral, 2008). A aproximação da educação superior, não apenas da graduação, mas
sobretudo da pós-graduação, à educação básica se justifica pela experiência bem sucedida do sistema de
avaliação implantado na Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), mesmo
que ainda haja muito a avançar, que vem apontando que as políticas públicas devam ser alinhadas, inclusive
com o surgimento de mestrados profissionais que deem conta dos desafios de temáticas junto a rede pública
de educação básica brasileira.
A área de ciências ambientais da Capes, trata dos desafios da interdisciplinaridade na pós-graduação
brasileira, indicando a si mesma como não sendo o somatório entre ciências, como as humanas e as ciências da
vida, ou, ainda, com outras formas de saberes, ou seja, é intrínseca a ela, à sua concepção, à abordagem
interdisciplinar, isto é, trata-se mais de uma abordagem de construção de conhecimento partindo de uma
problemática/complexidade ambiental que se deseja compreender e, também, resolver (CACIAMB, 2013, p.1).
O papel da educação na construção da interdisciplinaridade recai na construção de competências, sendo que a
esta construção não pode ser feita pela simples transferência de informação. A construção de competências e o
conhecimento são construídos com vivências, experiências concretas e podemos assim dizer que a
interdisciplinaridade é uma forma de vivenciar questões concretas. Neste sentido, esta tem um papel central na
construção do conhecimento e na educação.
....os alunos aprendem não só por meio da transmissão de informação dos professores, mas também
como resultado das vivências que experimentam através das interações sociais que acontecem na
instituição e nas salas de aula (LUZZI, PHILIPPI JR, 2011, p.130).
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na Pesquisa e na Extensão – Região Sul
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