Rede de Controlo da Qualidade da Água de Rega

Transcrição

Rede de Controlo da Qualidade da Água de Rega
Rede de Controlo da Qualidade da Água de Rega
– RECOQUAR Projecto n.º 2004.64.001978.4
Relatório Final
I. T. 11/16/2007
Beja, 2008
ÍNDICE
1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 8
2 - IDENTIFICAÇÃO DO PROJECTO .................................................................................................. 9
3 - DURAÇÃO DO PROJECTO ............................................................................................................. 10
4 - EQUIPA DE PROJECTO .................................................................................................................. 10
5 - OBJECTIVOS ..................................................................................................................................... 11
6 - MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................ 11
6.1 - BACIA A ......................................................................................................................................... 12
6.1.1 - Considerações gerais ............................................................................................................ 12
6.1.1.1 - Culturas .......................................................................................................................................... 12
6.1.1.2 - Parcelas experimentais ................................................................................................................... 13
6.2 - BACIA B ......................................................................................................................................... 14
6.2.1 - Considerações gerais ............................................................................................................ 14
6.2.1.1 - Culturas .......................................................................................................................................... 15
6.2.1.2 - Parcelas experimentais ................................................................................................................... 16
6.3 – MONITORIZAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................................. 16
6.3.1 – Qualidade da água ................................................................................................................ 17
6.3.2 – Qualidade da solução do solo ............................................................................................... 19
6.3.3 – Caracterização do solo ......................................................................................................... 19
6.3.4 – Monitorização dos volumes de água de rega aplicados ....................................................... 20
6.3.5 – Consumo de água das culturas ............................................................................................. 20
6.3.6 – Monitorização da água no solo ............................................................................................ 20
7 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................ 20
7.1 - QUALIDADE DA ÁGUA DE REGA E DE DRENAGEM............................................................................ 20
7.1.1 – Bacia A.................................................................................................................................. 20
7.1.1.1 - Salinidade da Água ........................................................................................................................ 20
7.1.1.2 - Influência da qualidade da água de rega e de drenagem, na taxa de infiltração da água no solo .... 21
7.1.1.3 - Riscos de salinização e sodicização ............................................................................................... 22
7.1.1.4 - Toxicidade de alguns iões específicos e outros efeitos que afectam a susceptibilidade das culturas
..................................................................................................................................................................... 24
7.1.1.4.1 - Toxicidade específica dos iões Sódio e Cloreto ..................................................................... 24
7.1.1.4.2 - Azoto Nítrico ......................................................................................................................... 25
7.1.1.4.3 - Azoto Amoniacal ................................................................................................................... 25
7.1.1.4.4 - pH .......................................................................................................................................... 26
7.1.2 – Bacia B.................................................................................................................................. 27
7.2 - QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ....................................................................................... 29
7.2.1 – Qualidade das Águas Subsuperficiais ................................................................................... 29
7.2.1.1 - Salinidade da Água ........................................................................................................................ 29
7.2.1.2 - Azoto (Nitratos) ............................................................................................................................. 29
7.2.1.3 - Azoto Amoniacal ........................................................................................................................... 30
7.2.1.4 – Cloretos ......................................................................................................................................... 30
7.2.1.5 – Razão de Adsorção do Sódio – SAR ............................................................................................. 31
7.2.1.6 – pH .................................................................................................................................................. 32
7.2.2 - Qualidade das Águas Subterrâneas ....................................................................................... 32
7.2.2.1 - Salinidade da Água ........................................................................................................................ 33
7.2.2.2 - Azoto (Nitratos) ............................................................................................................................. 34
7.2.2.3 - Azoto Amoniacal ........................................................................................................................... 35
7.2.2.4 - Cloretos .......................................................................................................................................... 35
7.2.2.5 – Razão de Adsorção do Sódio – SAR ............................................................................................. 36
7.2.2.6 - pH .................................................................................................................................................. 36
7.3 – QUALIDADE DA SOLUÇÃO DO SOLO................................................................................................ 37
7.3.1 - Bacia A .................................................................................................................................. 37
7.3.2 - Bacia B .................................................................................................................................. 49
7.4 - CARACTERIZAÇÃO DO SOLO ........................................................................................................... 51
7.4.1 - Bacia A .................................................................................................................................. 52
7.4.2 - Bacia B .................................................................................................................................. 61
2
7.5 – ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE REGA............................................................................................. 63
7.5.1 – Volumes de água aplicados pela rega .................................................................................. 63
7.5.1.1 - Bacia A .......................................................................................................................................... 63
7.5.1.2 – Bacia B .......................................................................................................................................... 64
7.5.2 – Balanço do consumo de água das culturas nas Bacias Hidrográficas A e B ....................... 65
7.5.3 - Volumes escoados na secção jusante da bacia ...................................................................... 66
7.5.4 – “Volumes perdidos” por infiltração profunda...................................................................... 70
7.6 – INFLUÊNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE REGA NA QUALIDADE DA ÁGUA E DO SOLO AO NÍVEL DA BACIA
HIDROGRÁFICA ....................................................................................................................................... 79
8 - CONCLUSÕES ................................................................................................................................... 83
9 – “MAIS-VALIAS DO PROJECTO” .................................................................................................. 84
10 – RECOMENDAÇÕES....................................................................................................................... 84
11 - DIVULGAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJECTO .............................................................. 84
12 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................ 86
ANEXO I - PARÂMETROS QUÍMICOS RELATIVOS ÀS ÁGUAS DE REGA E DE
DRENAGEM ............................................................................................................................................ 88
ANEXO II - PARÂMETROS QUÍMICOS RELATIVOS À SOLUÇÃO DO SOLO ........................ 99
ANEXO III – OS SOLOS DAS PARCELAS EXPERIMENTAIS. DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
DE PERFIS DE SOLO E CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DE AMOSTRAS DE
TERRA COLHIDAS ENTRE 2005 E 2007.......................................................................................... 116
ANEXO IV - CARACTERIZAÇÃO HIDRODINÂMICA E FÍSICA DAS AMOSTRAS NO
ESTADO NATURAL DOS PERFIS NAS PARCELAS EXPERIMENTAIS ................................... 174
ANEXO V - PARÂMETROS DE AJUSTAMENTO DAS CURVAS DE RETENÇÃO DE ÁGUA E
DA CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA .............................................................................................. 176
ANEXO VI - CURVAS DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO E DA CONDUTIVIDADE
HIDRÁULICA. ....................................................................................................................................... 178
3
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 – Entidades/equipas executoras. ..................................................................... 10
Quadro 2 - Caracterização das parcelas experimentais. ................................................. 13
Quadro 3 – Caracterização das parcelas experimentais.................................................. 16
Quadro 4 – Intervalo de valores considerados para o pH ............................................... 26
Quadro 5 – Características dos PT3. .............................................................................. 33
Quadro 6 – Classificação dos solos das parcelas experimentais, segundo Cardoso (1974)
e FAO (2001). ................................................................................................................. 51
Quadro 7 – Comparação da CE (dS.m-1) nas zonas de depressão e encosta. ................. 54
Quadro 8 – Balanço hídrico das culturas monitorizadas. ............................................... 66
Quadro 9 – Precipitação, Rega, Escoamentos e Coeficiente de Escoamento/Eficiência na
bacia. ............................................................................................................................... 68
Quadro 10 – Graus de riscos quanto à qualidade da água e do solo............................... 80
Quadro 11 - Avaliação dos riscos de salinização, sodicização e de contaminação por
nitratos, das águas e do solo. .......................................................................................... 82
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Localização das duas bacias hidrográficas na Carta Militar ......................... 11
Figura 2 – Aspecto parcial da Bacia A. .......................................................................... 12
Figura 3 - Percentagem e tipo de ocupação do solo. ...................................................... 12
Figura 4 – Área cultivada na bacia hidrográfica............................................................. 13
Figura 5 – Parcelas experimentais acompanhadas entre 2005 e 2008. ........................... 14
Figura 6 - Aspecto parcial da Bacia B. ........................................................................... 14
Figura 7 - Percentagem e tipo de ocupação do solo. ...................................................... 15
Figura 8 - Área cultivada na bacia hidrográfica. ............................................................ 15
Figura 9 – Parcelas experimentais acompanhadas entre 2006 e 2007. ........................... 16
Figura 10 - Localização dos pontos de amostragem da qualidade da água, na Bacia
Hidrográfica A. ............................................................................................................... 17
Figura 11 - Localização dos pontos de amostragem da qualidade da água, na Bacia
Hidrográfica B. ............................................................................................................... 18
Figura 12 - Grau de restrição do uso da água dos vários pontos de amostragem quanto à
salinidade. ....................................................................................................................... 21
Figura 13 - Influência da relação entre a salinidade da água de rega e a razão de
adsorção de sódio (SAR) na taxa de infiltração da água no solo (Ayers & Westcot,
1994). .............................................................................................................................. 22
Figura 14 - Classificação da qualidade da água de rega no que se refere à sua
potencialidade para criar situações de salinização e sodicização do solo (United States
Salinity Laboratory (USSL)). ......................................................................................... 23
Figura 15 - Graus de restrição no uso da água de rega e de drenagem quanto à
toxicidade específica do ião sódio. ................................................................................. 24
Figura 16 - Grau de restrição no uso da água de rega e de drenagem quanto à toxicidade
específica do ião cloreto. ................................................................................................ 24
Figura 17 - Grau de restrição do uso das águas referente ao seu teor em nitratos. ........ 25
Figura 18 - VMA para o azoto amoniacal, no que respeita aos objectivos ambientais. . 26
Figura 19 - pH dos vários pontos de amostragem. ......................................................... 26
Figura 20 – Fugas de água de rega em válvulas e canal secundário. ............................. 27
4
Figura 21 - Grau de restrição do uso da água dos vários pontos de amostragem quanto à
salinidade. ....................................................................................................................... 28
Figura 22 - Grau de restrição do uso das águas referente ao seu teor em nitratos. ........ 28
Figura 23 - Evolução do pH. .......................................................................................... 28
Figura 24 - Condutividade Eléctrica das águas subsuperficiais. .................................... 29
Figura 25 - Azoto Nítrico das águas subsuperficiais. ..................................................... 30
Figura 26 - Azoto Amoniacal das águas subsuperficiais................................................ 30
Figura 27 - Concentração de Cloretos nas águas subsuperficiais. .................................. 31
Figura 28 - Razão de Adsorção do Sódio nas águas subsuperficiais. ............................ 31
Figura 29 - Valores de pH das águas subsuperficiais. .................................................... 32
Figura 30 – Distribuição no terreno dos PT1 e PT3. ...................................................... 32
Figura 31 - Condutividade Eléctrica das águas subterrâneas. ........................................ 33
Figura 32 - Azoto Nítrico das águas subterrâneas. ......................................................... 34
Figura 33: Azoto Amoniacal das águas subterrâneas. .................................................... 35
Figura 34 - Concentração de Cloretos nas águas subterrâneas. ...................................... 35
Figura 35 - Razão de Adsorção do Sódio nas águas subterrâneas. ................................ 36
Figura 36 - pH das águas subterrâneas. .......................................................................... 36
Figura 37 - Evolução da CE, Zona I. ……………. ........................................................... 38
Figura 38 - Evolução CE, Zona II.
......................................................................... 38
Figura 39 - Evolução do SAR, Zona I.
.................................................................... 38
Figura 40 - Evolução do SAR, Zona II. ...................................................................... 38
Figura 41 - Evolução N-NO3-, Zona I. ...................................................................... 38
Figura 42 - Evolução N-NO3-, Zona II. ....................................................................... 38
Figura 43 - Evolução N-NH4+, Zona I
...................................................................... 39
+
Figura 44 - Evolução N-NH4 , Zona II ....................................................................... 39
Figura 45 - Evolução pH, Zona I.
........................................................................... 39
Figura 46 - Evolução pH, Zona II. .............................................................................. 39
Figura 47 - Aspecto geral da parcela 9135 - Local P2. .................................................. 39
Figura 48 - Evolução da CE.
................................................................................ 40
Figura 49 - Evolução SAR.
...................................................................................... 40
Figura 50 - Evolução N-NO3-.
.............................................................................. 40
+
Figura 51 - Evolução N-NH4 . ................................................................................... 40
Figura 52 - Evolução pH. ............................................................................................... 41
Figura 53 - Evolução da CE.
................................................................................... 41
Figura 54 - Evolução SAR.
..................................................................................... 41
Figura 55 - Evolução do N-NO3.
........................................................ 41
Figura 56 - Evolução N-NH4+. ....................................................................................... 41
Figura 57 - Evolução do pH. .......................................................................................... 42
Figura 58 - Evolução da CE
.............................................................................. 43
Figura 59 - Evolução SAR
....................................................................................... 43
Figura 60 - Evolução N-NO3-.
................................................................................ 43
Figura 61 - Evolução N-NH4+. ................................................................................... 43
Figura 62: Evolução pH.................................................................................................. 44
Figura 63 - Evolução da CE
................................................................... 44
Figura 64 - Evolução SAR
....................................................................................... 44
Figura 65 - Evolução N-NO3-.
........................................................................... 45
+
Figura 66 - Evolução N-NH4 . ................................................................................... 45
Figura 67 - Evolução do pH. .......................................................................................... 45
Figura 68 - Evolução da CE
............................................................................... 46
Figura 69 - Evolução SAR
....................................................................................... 46
5
Figura 70 - Evolução N-NO3-.
................................................................................. 46
Figura 71 - Evolução N-NH4+. ................................................................................... 46
Figura 72 – Evolução do pH. .......................................................................................... 46
Figura 73 - Evolução da CE.
............................................................................ 47
Figura 74 - Evolução SAR.
...................................................................................... 47
Figura 75 - Evolução N-NO3-.
..................................................................... 47
+
Figura 76 - Evolução N-NH4 . ................................................................................... 47
Figura 77 – Evolução do pH. .......................................................................................... 48
Figura 78 - Evolução da CE.
.................................................................... 48
Figura 79 - Evolução SAR.
...................................................................................... 48
Figura 80 - Evolução N-NO3-.
.............................................................................. 48
+
Figura 81 - Evolução N-NH4 . ................................................................................... 48
Figura 82 - Evolução do pH. .......................................................................................... 49
Figura 83 - Evolução da CE.
................................................................................ 49
Figura 84 - Evolução SAR.
...................................................................................... 49
Figura 85 - Evolução N-NO3-.
...................................................................... 50
Figura 86 - Evolução N-NH4+. ................................................................................... 50
Figura 87 - Evolução do pH. .......................................................................................... 50
Figura 88 - Evolução da CE.
................................................................................. 50
Figura 89 - Evolução SAR.
...................................................................................... 50
Figura 90 - Evolução N-NO3-.
............................................................................... 51
Figura 91 - Evolução N-NH4+. ................................................................................... 51
Figura 92 – Bacia Hidrográfica com a localização dos perfis abertos e descritos. ........ 52
Figura 93 - Evolução da CE do solo, Zona I.
..................................................... 53
Figura 94 - Evolução da CE do solo, Zona II. ........................................................... 53
Figura 95 - Evolução da ESP do solo, Zona I
.................................................. 53
Figura 96: Evolução da ESP do solo, Zona II ................................................................ 53
Figura 97 - Evolução do N-NO3 do solo, Zona I ........................................................ 54
Figura 98 - Evolução do N-NO3 do solo, Zona II .......................................................... 54
Figura 99 - Evolução da CE do solo
........................................................................ 54
Figura 100 - Evolução da ESP do solo ......................................................................... 54
Figura 101 - Evolução do N-NO3- do solo ao longo do tempo....................................... 55
Figura 102 - Evolução da CE do solo
...................................................................... 55
Figura 103 - Evolução da ESP do solo ....................................................................... 55
Figura 104 - Evolução do N-NO3- do solo ao longo do tempo....................................... 56
Figura 105 - Evolução da CE do solo
...................................................................... 57
Figura 106 - Evolução da ESP do solo ....................................................................... 57
Figura 107 - Evolução do N-NO3- do solo ao longo do tempo....................................... 57
Figura 108 - Evolução da CE do solo
............................................................. 57
Figura 109 - Evolução da ESP do solo ....................................................................... 57
Figura 110 - Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo. ...................................... 58
Figura 111 - Evolução da CE do solo
...................................................................... 58
Figura 112 - Evolução da ESP do solo ....................................................................... 58
Figura 113 - Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo ....................................... 59
Figura 114 - Evolução da CE do solo
...................................................................... 59
Figura 115 - Evolução da ESP do solo ....................................................................... 59
Figura 116 - Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo ....................................... 60
Figura 117 - Evolução da CE do solo
...................................................................... 60
Figura 118 - Evolução da ESP do solo ....................................................................... 60
Figura 119 - Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo. ...................................... 60
6
Figura 120 – Bacia Hidrográfica com a localização dos perfis abertos e descritos. ...... 61
Figura 121 - Valores de CE do perfil de solo.
...................................................... 62
Figura 122 - Valores da ESP do perfil de solo. .......................................................... 62
Figura 123 - Valores de N-NO3 no perfil de solo. .......................................................... 62
Figura 124 - Valores de CE do perfil de solo.
.......................................................... 63
Figura 125 - Valores da ESP do perfil de solo. ........................................................... 63
Figura 126 - Valores de N-NO3 no perfil de solo. .......................................................... 63
Figura 127 – Volumes de água registados por área e por cultura, ao longo dos anos
2005, 2006 e 2007, nas diferentes parcelas. ................................................................... 64
Figura 128 – Volumes de água aplicados por área e por cultura, ao longo dos anos 2005,
2006 e 2007, nas diferentes parcelas. ............................................................................. 65
Figura 129 – Precipitação, Rega e Escoamento ocorridos na bacia hidrográfica A. ...... 70
Figura 130 – Evolução do perfil de humidade na cultura do algodão (Parcela 9094 –
local P1, 2005). ............................................................................................................... 71
Figura 131 – Evolução do teor de humidade na cultura do milho (Parcela 9094 – local
P1, 2006)......................................................................................................................... 72
Figura 132 – Evolução do teor de humidade na cultura do milho (Parcela 9094 – local
P1, 2007)......................................................................................................................... 72
Figura 133 – Evolução do teor de humidade na cultura do tomate (Parcela 9135 – local
P2, 2005)......................................................................................................................... 73
Figura 134 – Evolução do teor de humidade na cultura do tomate (Parcela 9133 – local
P3b, 2007)....................................................................................................................... 74
Figura 135 – Evolução do teor de humidade na cultura do trigo (Parcela 9135 – local
P2, 2006)......................................................................................................................... 74
Figura 136 – Evolução do teor de humidade na cultura do trigo (Parcela 9133 – local
P3a, 2006). ...................................................................................................................... 75
Figura 137 – Evolução do teor de humidade na cultura do trigo (Parcela 3027 – local
P6, 2006)......................................................................................................................... 75
Figura 138 – Evolução do teor de humidade na cultura da beterraba (Parcela 9134 –
local P4a, 2006). ............................................................................................................. 76
Figura 139 – Evolução do teor de humidade na cultura da beterraba (Parcela 9134 –
local P4b, 2007). ............................................................................................................. 77
Figura 140 – Evolução do teor de humidade na cultura do melão (Parcela 9133 – local
P3a, 2005). ...................................................................................................................... 77
Figura 141 – Evolução do teor de humidade na cultura do melão (Parcela 9112 – local
P5a, 2007). ...................................................................................................................... 78
Figura 142 – Evolução do teor de humidade na cultura da melancia (Parcela 9112 –
local P5b, 2007). ............................................................................................................. 78
Figura 143 – Evolução do teor de humidade na cultura da oliveira (Parcela 3034 – local
P7, 2007. ......................................................................................................................... 79
Figura 144 – Relação, entre a variação do nível freático do PT1, e a CE do PT1 e da
água da vala de drenagem............................................................................................... 81
7
1 - Introdução
As disposições da Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 23 de Outubro
apontam para o estabelecimento de um quadro comunitário de actuação no âmbito da política de
águas, a necessidade de implementação do Código de Boas Práticas Agrícolas e a prossecução de
programas de acção a aplicar às zonas qualificadas como vulneráveis com o objectivo de prevenir e
reduzir a poluição das águas causada ou induzida por nitratos de origem agrícola.
A qualidade da água de rega é um problema que afecta hoje em dia todos os países do mundo, em
especial os que se situam nas zonas áridas a semi-áridas. Numa zona regável que dispõe de um
recurso hídrico de duvidosa qualidade, é necessário proceder-se à avaliação da aptidão da água para a
rega.
Antes da implementação de um regadio, é também imprescindível a análise dos riscos de salinização
dos solos, já que é possível regar com águas de certa salinidade em certas condições de uso da terra e
de manejo da água. Para evitar um processo de salinização secundária dos solos, os sais aportados
pela água de rega têm que ser lixiviados, pelo menos da fracção da zona radicular mais activa do
ponto de vista de absorção de humidade e nutrientes.
Os sais transportados pela água de percolação podem acumular-se em parte no subsolo e ser
descarregados através do sistema de drenagem natural ou então artificial, quando o natural não é
suficiente.
Os sais transportados pela água de rega podem contribuir para a alimentação das plantas, e assim,
diminuir as necessidades de fertilizantes a aplicar.
A deterioração da qualidade da água de drenagem e o seu efeito negativo sobre a qualidade dos
recursos hídricos à escala da bacia, obriga a considerar o problema num âmbito mais amplo que o
controlo da salinidade nas parcelas de rega e na própria zona regável.
A diminuição do volume da água de drenagem e a avaliação dos retornos de forma que se evite a
contaminação dos recursos hídricos são elementos a considerar em toda a estratégia de rega com
águas de certa salinidade.
O aparecimento de condições de salinidade está dependente, entre outros factores: da quantidade de
sais solúveis presentes no solo e na água de rega, da composição química da água de rega, do tipo de
cultura, das condições climáticas e das práticas culturais.
A quantidade de sais solúveis no solo é normalmente superior à da água de rega, devido ao processo
de transpiração das plantas e evaporação directa do solo, pelo que os sais tendem a acumular-se no
perfil de solo explorado pelas raízes.
Este fenómeno tem extrema acuidade nas zonas de clima mais árido, em que os valores da
evaporação e da transpiração das plantas são bastante elevados e raramente acompanhados pela
aplicação de água de boa ou razoável qualidade, em quantidade adequada.
Nestas condições, o controlo da qualidade da água de rega situa-se como um dos principais
objectivos da gestão da rega, tendo em vista, por um lado, permitir manter a água no solo a um
potencial que favoreça o desenvolvimento das culturas e a obtenção de produções elevadas, por outro
garantir que a qualidade da água de drenagem proveniente das áreas regadas se mantenha dentro dos
8
limites previstos nas normas, e por outro ainda, em função dessa mesma qualidade, assegurar os
meios e as medidas necessárias a garantir a filtração adequada e a protecção dos equipamentos de
rega contra a corrosão.
Com a finalidade de poder dar resposta aos problemas atrás mencionados, foi concebido e executado
o projecto - “Rede para o Controlo da Qualidade da Água” - RECOQUAR.
Para a concretização do projecto, previa-se inicialmente a sua implantação em duas bacias
hidrográficas, englobadas no Perímetro Hidroagrícola de Odivelas, na freguesia de Figueira de
Cavaleiros, concelho de Ferreira do Alentejo.
Aquando da candidatura do projecto, as condições e as informações existentes acerca das bacias
hidrográficas em que se baseou o delineamento do projecto, eram, à partida, as mais indicadas. No
entanto, com o início do projecto, surgiram várias dificuldades, nomeadamente:
• Baixa taxa de ocupação agrícola das bacias hidrográficas;
• Ausência de regadio nessas bacias, associada à introdução do sistema de Pagamento
Único por exploração com o desligamento das ajudas à produção, por parte da
Comunidade Europeia, tendo como consequência o recebimento pelo agricultor da ajuda
correspondente, sem ser necessário semear, bastando para tal levar a cabo uma série de
normas condicionantes num determinado número de hectares associados.
Ponderada esta situação, optou-se por procurar outras possíveis bacias hidrográficas que se
enquadrassem nas características pretendidas. A escolha recaiu numa bacia, junto à povoação de
Olhas (Bacia A) situada no bloco de rega da designada Infra-estrutura 12 do Sistema Global de Rega
de Alqueva, junto a Ferreira do Alentejo.
Com base no que foi dito anteriormente, em 2005 só foi possível actuar na Bacia A. Em 2006, após
reunidas algumas das condições inicialmente pretendidas, foi seleccionada uma das bacias
inicialmente previstas, junto a Figueira de Cavaleiros (Bacia B) – situada no perímetro de rega de
Odivelas – FASE I.
2 - Identificação do Projecto
O projecto proposto – “Rede de Controlo da Qualidade da Água de Rega” – RECOQUAR – foi
coordenado pelo Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio – COTR – e realizado em parceria
com a Estação Agronómica Nacional – EAN – e a Associação de Beneficiários da Obra de Rega de
Odivelas – ABORO.
Este projecto foi realizado e financiado no âmbito do programa - PEDIZA II – Eixo IV, Medida 4,
Acção 2 e Subacção 2.2.
Este projecto tem o número de candidatura – 2004.64.001978.4-, foi aprovado na Unidade de Gestão
a 18 de Novembro de 2004 e homologado pelo Sr. Ministro da Agricultura Desenvolvimento Rural e
Pescas a 26 de Novembro de 2004.
9
3 - Duração do Projecto
O projecto, sendo inicialmente previsto para o período de 2005 a 2007, acabou por ser prolongado
até Junho de 2008.
4 - Equipa de Projecto
O projecto foi desenvolvido em parceria entre as seguintes entidades/equipas executoras (Quadro 1).
Quadro 1 – Entidades/equipas executoras.
Técnicos
Eng.º Isaurindo Oliveira
Eng.º Fernando Nunes
Eng.ª Rita Gomes Passanha Sobral
Eng.º Jorge Maia
Eng.ª Marta Bastos Semedo Seabra Fabião
Eng.ª Paula Manuel Hilário Brás
Categoria
Engenheiro
Engenheiro
Engenheiro
Engenheiro
Engenheiro
Engenheiro
Organismo
COTR
COTR
COTR
COTR
COTR
COTR
Eng.º José Casimiro Araújo Eusébio Martins
Eng.ª Maria da Conceição P. Baptista Gonçalves
Eng.º Fernando Luís Pereira Pires
Eng.º Abílio Augusto Machado Guerreiro
Eng.ª Maria João de Araújo Neves
Eng.º Arménio Vaz de Oliveira
Eng.ª Adélia Maria Rocha G. V. Macara e Castro
Eng.º Paulo Filipe de Almeida Brito da Luz
Eng.º José António Sequeira Brito Ramos
Investigador Auxiliar
Investigador Auxiliar
Téc. Sup. Principal
Téc. Sup. Assessor
Téc. Sup. 2.ª Classe
Téc. Esp. Principal
Téc. Sup. 2.ª Classe
Investigador Auxiliar
Investigador Auxiliar
EAN
EAN
EAN
EAN
EAN
EAN
EAN
EAN
EAN
Eng.º Carlos Alberto Penetra Chibeles
Engenheiro
ABORO
A Eng.ª Rita Gomes Passanha Sobral inicialmente englobada na equipa técnica do COTR foi
substituída pela Eng.ª Marta Sanches Bento Varela.
O Eng.º Hilário Catronga, foi contratado pela entidade coordenadora do projecto - Centro Operativo
e de Tecnologia de Regadio para realizar actividades no âmbito do projecto. Em 2007 foi substituído
pela técnica Eng.ª Vera Ferreira.
O Dr. Sílvio Fonte, foi contratado pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e das Pescas –
Estação Agronómica Nacional, no âmbito do projecto. Em 2007 foi substituído pela Eng.ª Andrea
Alves Araújo.
Prestaram ainda colaboração ao Projecto, a Doutora Ângela Prazeres, bolseira da EAN, na realização
de análises de azoto nítrico e amoniacal nas águas de rega, de drenagem e subterrânea, nas soluções
do solo extraídas por cápsulas porosas e no solo de todos os perfis e amostras de terra das diferentes
parcelas estudadas. Também prestou colaboração o Eng. Tiago Brito Ramos, nas amostragens de
terra e de solução do solo, no exame e descrição de perfis de solo e na determinação das curvas
hidrodinâmicas do solo.
10
5 - Objectivos
Os objectivos principais do projecto RECOQUAR foram os seguintes:
1. Caracterizar, avaliar, controlar e demonstrar a influência que as diferentes estratégias de
rega usadas pelos agricultores ao nível de uma bacia hidrográfica podem ter na potencial
degradação das águas de superfície e subterrâneas a jusante.
2. Analisar a influência que o balanço da qualidade da água de rega tem na potencial
salinização secundária do solo.
6 - Material e Métodos
As actividades do projecto foram desenvolvidas em duas bacias hidrográficas:
• De 2005 a 2008, na Bacia A, localizada junto à povoação de Olhas situada no bloco
de rega da designada Infra-estrutura 12 do Sistema Global de Rega de Alqueva, junto
a Ferreira do Alentejo (Figura 1);
• De 2006 a 2008, na Bacia B, junto a Figueira de Cavaleiros, situada no perímetro de
rega de Odivelas – FASE I (Figura 1).
Figura 1 – Localização das duas bacias hidrográficas na Carta Militar
11
6.1 - Bacia A
6.1.1 - Considerações gerais
Trata-se de uma bacia hidrográfica (Figura 2), com cerca de 330 ha, uma linha principal de drenagem
com uma extensão de 4 km e várias linhas de água transversais à própria bacia. A bacia apresenta
uma variação de cotas entre os 98 os 83 m.
A caracterização da bacia hidrográfica e dos solos consta do Relatório Anual de 2005.
Figura 2 – Aspecto parcial da Bacia A.
6.1.1.1 - Culturas
Na Figura 3 apresentam-se a percentagem e o tipo de ocupação do solo dentro da bacia hidrográfica
A, para os anos de 2005, 2006 e 2007.
45
40
35
30
25
%
20
15
10
5
0
Algo dão Beterraba Cevada Giras so l Melancia Melão
Melo a
Milho
Olival P imento To mate
Trigo s/ cultura
Culturas
2005
2006
2007
Figura 3 - Percentagem e tipo de ocupação do solo.
Estando a instalação das culturas condicionada desde logo pelo esquema de rotações que cada
agricultor impõe nas suas parcelas, é de referir que:
• A cultura do algodão apenas foi instalada no ano de 2005 (a partir deste ano a cultura
deixou de ser praticada);
12
• A cultura da beterraba apresentou-se quase como uma cultura residual ao longo dos três
anos;
• A cultura do girassol sofreu um aumento de cerca de 13% de 2005 para 2007;
• O aumento da área de trigo de 2005 para 2006 foi de cerca de 20%, não fazendo no
entanto parte da lista de culturas de 2007;
• A cultura que mais área ocupou, no período de vida do projecto, foi o melão;
• Ao longo dos 3 anos de projecto foram instaladas 12 culturas na bacia hidrográfica.
Relativamente à área cultivada dentro da bacia, verifica-se que aumentou de 2005 para 2007 cerca de
9%, predominando sempre as culturas de regadio sobre as de sequeiro (Figura 4).
250
200
Área (ha)
150
100
50
0
Sequeiro
Regadio
Total
Sistema de cultivo
2005
2006
2007
Figura 4 – Área cultivada na bacia hidrográfica.
6.1.1.2 - Parcelas experimentais
Durante o período do projecto foram acompanhadas 5 parcelas, de um total de 17, e 8 das 12 culturas
num total de 8 locais (Quadro 2 e Figura 5).
Quadro 2 - Caracterização das parcelas experimentais.
N.º da parcela/local de ensaio
9094 (Local P1)
9135 (Local P2)
9133 (Local P3a)
9133 (Local P3b)
9134 (Local P4a)
9134 (Local P4b)
9112 (Local P5a)
9112 (Local P5b)
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
2005
2006
2007
2008
Algodão
34
Center-pivot
Tomate
18
Gota-a-gota
Melão
5
Gota-a-gota
-
Milho
34
Center-pivot
Trigo
18
Trigo
5
Beterraba
4
Aspersão fixa
-
Milho
34
Center-pivot
Tomate
2,7
Gota-a-gota
Milho
34
Center-pivot
Milho
2.7
Gota-a-gota
Beterraba
2,7
Aspersão fixa
Melão
47
Gota-a-gota
Melancia
1
Gota-a-gota
* Área da cultura monitorizada dentro da bacia hidrográfica
13
A escolha das parcelas experimentais na bacia (Figura 5) foi feita com o objectivo de:
•
•
•
•
incluir diversas culturas;
monitorização de práticas/técnicas culturais (rega e fertilização);
distribuição ao longo da bacia;
análise da influência dos aspectos anteriores no binómio solo/água.
Figura 5 – Parcelas experimentais acompanhadas entre 2005 e 2008.
6.2 - Bacia B
6.2.1 - Considerações gerais
Trata-se de uma bacia hidrográfica, com cerca de 420 ha, tendo duas linhas principais de drenagem
com uma extensão média aproximada de 2,6 km e várias linhas de água transversais à própria bacia.
A bacia caracteriza-se ainda por uma variação de cotas entre os 92 e 71 m (Figura 6).
Figura 6 - Aspecto parcial da Bacia B.
14
A caracterização da bacia hidrográfica e dos respectivos solos consta dos Relatórios Anuais de 2005
e 2006, respectivamente.
6.2.1.1 - Culturas
Na Figura 7 apresentam-se a percentagem e o tipo de ocupação do solo dentro da bacia hidrográfica
B, para os anos de 2005, 2006 e 2007.
80.0
70.0
60.0
50.0
% 40.0
30.0
20.0
10.0
0.0
Cevada
Dística
Girassol
Melão
Olival
Trigo
Grão de
bico
s/ cultura
Culturas
2005
2006
2007
Figura 7 - Percentagem e tipo de ocupação do solo.
Da análise da Figura 7, constata-se que:
• ao longo dos três anos de projecto, a área cultivada passou de 20%, em 2005, para 50%
em 2007;
• houve um aumento significativo da área de olival.
60
50
40
Área (ha) 30
20
10
0
Sequeiro
Regadio
Total
Sistema de cultivo
2005
2006
2007
Figura 8 - Área cultivada na bacia hidrográfica.
Analisando a Figura 8, verifica-se que a área cultivada em regime de regadio, sofreu um acréscimo
significativo de 2005 para 2007, principalmente devido à implantação de olival (Figura 7).
15
6.2.1.2 - Parcelas experimentais
Devido à baixa ocupação dos solos, nomeadamente com regadio, apenas foi escolhida, em 2006, uma
parcela experimental com trigo, e outra de olival, em 2007. No Quadro 3, encontra-se a informação
mais relevante das parcelas experimentais.
Quadro 3 – Caracterização das parcelas experimentais.
N.º da parcela/local de ensaio
3028 (Local P6)
3034 (Local P7)
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
Cultura
Área da cultura monitorizada (ha) *
Sistema de rega
2005
2006
2007
-
Trigo
18
-
Olival
50
Gota-a-gota
* Área da cultura monitorizada dentro da bacia hidrográfica
Na Figura 9 é possível observar a localização das parcelas experimentais monitorizadas durante o
período do projecto.
Figura 9 – Parcelas experimentais acompanhadas entre 2006 e 2007.
6.3 – Monitorização das bacias hidrográficas
Tendo em vista alcançar os objectivos traçados, a metodologia seguida permitiu, através do ponto
6.3.1, no que respeita à água de rega, concretizar o objectivo 1, e dos pontos 6.3.2 a 6.3.6 o segundo
objectivo.
Pelas razões expostas no Ponto 1., enquanto a estratégia de monitorização da Bacia B foi bastante
aligeirada, a da Bacia A foi feita utilizando técnicas e critérios que a seguir se descriminam.
16
6.3.1 – Qualidade da água
1. Localização dos pontos de amostragem da qualidade da água
• Canal de Abastecimento de Odivelas (serve as duas bacias);
• Boca de rega (hidrante na Bacia A (Figura 10) e tomada de água no Canal de Odivelas,
na Bacia B);
• Poço Tipo 1 (PT1) - poço tradicional já existente, com três metros de boca e seis de
profundidade (Figura 10 e 11), de 2005 a 2008;
• Poços Tipo 2 (PT2) - furo com diâmetro de 50 mm e três metros de profundidade, junto à
principal vala de drenagem da bacia A (Figura 10), de 2006 a 2008;
• Valas de Drenagem (junto à estrutura de medição de volumes escoados) (Figura 10 e 11);
• Poços Tipo 3 (PT3) - furo com diâmetro 90 mm entre dez e vinte metros de
profundidade, instalados perpendicularmente à principal vala de drenagem da bacia A
(Figura 10), em 2007.
O desfasamento da utilização dos Poços Tipo 2 e Tipo 3 derivou da necessidade de completar a
informação obtida a partir do Poço Tipo 1 (único existente no início do projecto).
Figura 10 - Localização dos pontos de amostragem da qualidade da água, na Bacia Hidrográfica A.
17
Figura 11 - Localização dos pontos de amostragem da qualidade da água, na Bacia Hidrográfica B.
2. Parâmetros analisados
Tendo em vista a análise da qualidade da água no que se refere a:
•
•
•
•
Salinidade;
Influência da qualidade da água de rega na infiltração da água no solo;
Riscos de salinização e de sodicização ou alcalização;
Toxicidade de alguns iões específicos e outros efeitos que afectam a susceptibilidade das
culturas.
foram analisados os seguintes parâmetros, de acordo as metodologias indicadas:
• pH - potenciometria (Hissink, 1930);
• Condutividade eléctrica - electrometria, com recurso a um condutivímetro (Silva et al.,
1975);
• Cloretos - potenciometria directa, utilizando um eléctrodo selectivo (Adriano & Doner,
1982);
• Azoto Nítrico (N-NO3-) - método de redução de nitratos a nitritos por coluna de cádmio
(Hendrilsen & Selmer-Olsen, 1970), implementado no aparelho automático de fluxo
segmentado (Skalar);
• Azoto Amoniacal (N-NH4+) - método modificado de Bertholot (Searle, 1984),
implementado no aparelho automático de fluxo segmentado (Skalar);
18
• Catiões solúveis - espectrofotometria de absorção atómica, a partir dos quais se calculou
a razão de adsorção de sódio (SAR):
SAR =
onde, Na+, Ca2+, Mg2+
Na + solúvel
(Ca 2 + solúvel + Mg 2 + solúvel )
2
são as concentrações dos catiões solúveis (mmol(c) L-1).
3. Classificação da qualidade da água de rega, de drenagem e subterrâneas
Utilizaram-se as seguintes classificações:
• Do United States Salinity Laboratory (Richards, 1954 e Kanwar, 1961);
• Da FAO: Normas Gerais para a Interpretação da Qualidade da Água de Rega (Ayers &
Westcot, 1985).
6.3.2 – Qualidade da solução do solo
A monitorização da qualidade da solução do solo foi feita com recurso a lisímetros de sucção,
colocados entre 20 e 60 cm de profundidade, num total de 6 a 9 lisímetros por local, dependente do
tipo de solo, em 10 locais diferentes.
Os parâmetros analisados foram idênticos aos utilizados para caracterizar a qualidade da água de
rega, de drenagem e subterrânea.
6.3.3 – Caracterização do solo
O estudo de solos foi realizado utilizando duas metodologias:
• Através da abertura de covas para o exame e descrição de 8 perfis na Bacia A e 2 na
Bacia B. Estes perfis foram examinados no início do acompanhamento de cada parcela
experimental e procedeu-se à recolha de amostras de terra (perturbadas e não
perturbadas) para uma caracterização física, química e hidrológica do solo, em função da
estratificação dos horizontes. A identificação dos perfis (Px) foi efectuada segundo os
critérios da EAN, correspondendo a primeira letra (P) à abreviatura de perfil, e o
respectivo número (x), à ordem seguida pela instituição.
• Através de sondagens nas parcelas experimentais das Bacias Hidrográficas. Estas
sondagens foram feitas semestralmente (antes e depois da campanha de rega), de 20 em
20 cm, até 80 cm de profundidade, com o objectivo de avaliar, ao longo do projecto, a
evolução de algumas características químicas do solo, nomeadamente a salinidade e
sodicidade.
As metodologias utilizadas na caracterização física, química e hidrológica do solo encontram-se
descritas no Relatório do Projecto referente a 2005.
19
6.3.4 – Monitorização dos volumes de água de rega aplicados
O fornecimento de água a cada uma das parcelas foi monitorizado pela ABORO, através do sistema
de telegestão, que permitiu o registo em contínuo dos volumes aplicados a partir das bocas de rega.
6.3.5 – Consumo de água das culturas
O consumo de água das culturas foi determinado utilizando o Modelo de Gestão da Rega para o
Alentejo – MOGRA (COTR).
6.3.6 – Monitorização da água no solo
A monitorização da água no solo foi feita utilizando o método capacitivo com recurso a Sondas
“Diviner”, em 42 locais.
7 - Resultados e Discussão
7.1 - Qualidade da água de rega e de drenagem
De acordo com parâmetros estudados e a metodologia descrita, avaliou-se a qualidade da água,
quanto a:
•
•
•
•
Salinidade (condutividade eléctrica);
Influência da qualidade da água de rega na infiltração da água no solo;
Riscos de salinização e de sodicização ou alcalização (SAR);
Toxicidade de alguns iões específicos e outros efeitos que afectam a susceptibilidade das
culturas;
Os resultados analíticos encontram-se no Anexo I.
7.1.1 – Bacia A
7.1.1.1 - Salinidade da Água
Na Figura 12, apresenta-se o Grau de Restrição do Uso da Água para Rega e de Drenagem, dos
vários pontos de amostragem, no que se refere à salinidade.
20
Figura 12 - Grau de restrição do uso da água dos vários pontos de amostragem quanto à salinidade.
Da análise da Figura 12 e considerando os limites 0,7 dS/m (Limite inferior - LI- abaixo do qual não
há qualquer restrição de uso) e 3,0 dS/m (Limite superior - LS - acima do qual o grau de restrição é
severo), limites do intervalo das normas de classificação apresentadas no Ponto 6.3.1, verifica-se
que:
• No canal de abastecimento e na boca de rega, não existem alterações do valor da CE ao
longo do tempo, sendo o intervalo de variação entre 0,4 e 0,7 dS/m, não havendo nenhum
grau de restrição no uso da água. Isto significa que o facto da água do canal ser misturada
com a água da albufeira da barragem do Monte Branco, não conduz a alteração da
qualidade da água de rega.
• A água da vala de drenagem, enquadra-se nos níveis de restrição ligeiro a moderado e
severo. Esta alternância da qualidade da água de drenagem parece estar associada à
variação dos níveis piezométricos dos lençóis freáticos (que, como se verá
posteriormente, apresenta uma salinidade elevada). Em dois anos seguidos (2006 e
2007), durante os meses de maiores precipitações (Janeiro a Abril), em que a rega é
residual, o grau de restrição da qualidade da água é severo, enquanto nos restantes meses
do ano, em que a rega é significativa, é ligeiro a moderado.
• Será de referir que, como se verá posteriormente, o volume de água escoado pela vala de
drenagem é bastante reduzido durante a época de rega, sendo, contudo, elevado durante o
Inverno devido à precipitação, e consequentemente, à subida do lençol freático.
7.1.1.2 - Influência da qualidade da água de rega e de drenagem, na taxa de infiltração da água no
solo
As características da água de rega, nomeadamente a taxa de adsorção de sódio podem influenciar
negativamente a taxa de infiltração da água no solo. Assim sendo, torna-se útil definir um indicador
que, de algum modo permita alertar para esta situação.
Na Figura 13, extraída de Ayers & Westcot, 1994, apresenta-se um gráfico que, através da relação
entre a salinidade da água de rega e a razão de adsorção de sódio – SAR, caracteriza a redução
potencial da taxa de infiltração do solo, provocada pelo uso da água com estas características.
21
Na Figura 13, encontram-se não só os parâmetros relativos à água de rega, mas também os referentes
à água de drenagem, considerando que esta pode vir a ser utilizada como água de rega a jusante.
Figura 13 - Influência da relação entre a salinidade da água de rega e a razão de adsorção de sódio (SAR) na taxa de
infiltração da água no solo (Ayers & Westcot, 1994).
Da análise da Figura 13, constata-se que:
• A água de rega pode reduzir a taxa de infiltração de água no solo num nível ligeiro a
moderado, não se evidenciando diferenças significativas de 2005 a 2007.
• A água proveniente da vala de drenagem não apresenta características para
potencialmente modificar as condições de infiltração da água no solo a jusante. Apesar
da salinidade da água revelar alguns valores mais elevados correspondentes aos meses de
precipitação registados em 2006 e 2007 (valores à direita na figura), a sua influência
negativa na taxa de infiltração da água no solo é reduzida devido ao relativo baixo valor
do SAR. À medida que a precipitação baixa, verifica-se uma recuperação dos valores da
salinidade para valores similares aos registados em 2005 (valores mais à esquerda).
7.1.1.3 - Riscos de salinização e sodicização
A Figura 14 resume a classificação da qualidade das águas dos vários pontos de amostragem, no que
se refere à sua potencialidade para criar situações de salinização e sodicização do solo, segundo o
United States Salinity Laboratory (Richards,1954) e (Kanwar,1961).
22
Figura 14 - Classificação da qualidade da água de rega no que se refere à sua potencialidade para criar situações de
salinização e sodicização do solo (United States Salinity Laboratory (USSL)).
De acordo com a Figura 14, verifica-se que a água de rega, não supera a classificação C2S1, ou seja,
apresenta um perigo de salinização médio, podendo ser usada, desde que se verifique uma lavagem
moderada. Por outro lado, mostra um baixo risco de sodicização do solo (S1) pelo que pode ser usada
para rega em quase todos os solos.
Quanto à água proveniente da vala de drenagem, verifica-se que esta se enquadra principalmente nos
níveis C3S1 e C4S2, surgindo ocasionalmente alguns pontos nos níveis C3S2, C4S1 e C5S2, o que
significa que é uma água com um risco de salinização do solo alto a muito alto e em raras situações
apresenta um risco elevado. Por isso, é indicada apenas para uso em solos bastante permeáveis e bem
drenados, o que não se verifica na área em estudo, já que a maioria dos solos apresenta camadas
impermeáveis com fortes problemas de drenagem interna. Em relação ao perigo de sodicização, a
água da vala apresenta um perigo baixo a médio, pelo que poderá vir a causar, se for usada
isoladamente, alguns riscos de sodicização do solo a jusante.
Refira-se que os pontos situados nos níveis C3S2, C4S1 e C5S2, correspondem a amostragens
realizadas nos períodos de maiores precipitações, tal como foi constatado no ponto 7.1.1.1, pelo que
os problemas que possam vir a causar nessa altura são diminutos.
23
7.1.1.4 - Toxicidade de alguns iões específicos e outros efeitos que afectam a susceptibilidade das
culturas
Neste ponto apresentam-se os dados referentes à toxicidade específica do catião sódio (Na+) e do
anião cloreto (Cl-), por serem aqueles que podem provocar um maior número de problemas nas
plantas, quando regadas por aspersão, e por serem aqueles que mais aparecem nas águas de rega, de
drenagem e subterrâneas, na área do projecto. Avaliaram-se também outros parâmetros, tais como: a
concentração de nitratos na água e a acidez ou basicidade da água (pH).
7.1.1.4.1 - Toxicidade específica dos iões Sódio e Cloreto
Nas Figuras 15 e 16 pode-se observar o grau de restrição no uso da água de rega de cada ponto de
amostragem, quanto à toxicidade dos iões sódio e cloreto, respectivamente.
Figura 15 - Graus de restrição no uso da água de rega e de drenagem quanto à toxicidade específica do ião sódio.
Figura 16 - Grau de restrição no uso da água de rega e de drenagem quanto à toxicidade específica do ião cloreto.
No que diz respeito aos teores de sódio e de cloretos na água de rega, sempre inferiores a 3 mmol(c)/L
(LI-Limite Inferior), pode concluir-se não existir nenhum grau de restrição neste tipo de água.
24
No que respeita à água da vala de drenagem, verifica-se que as concentrações de sódio e cloretos são
muito elevadas em relação à água de rega, sendo pois o grau de restrição no seu uso ligeiro a
moderado. Volta a observar-se que os valores mais elevados surgem nos meses de precipitação
frequente, onde o grau de restrição se eleva para moderado.
Tendo em conta os objectivos ambientais de qualidade mínima para as águas superficiais, verifica-se
que os valores dos cloretos da vala são bastante superiores ao VMA (Valor Máximo Admissível) de
250 mg L-1 ou 7 mmol(c)L-1, estipulado pelo Dec.-Lei nº236/98, Anexo XXI.
7.1.1.4.2 - Azoto Nítrico
Na Figura 17, apresentam-se valores relativos aos teores de azoto nítrico dos vários pontos de
amostragem.
Figura 17 - Grau de restrição do uso das águas referente ao seu teor em nitratos.
A água de rega pode, quanto a este parâmetro, ser utilizada sem qualquer restrição.
Quanto à água da vala de drenagem, constata-se que ao longo dos três anos de recolha de amostras,
não existem quantidades de azoto nítrico suficientes para restringir o uso da água. No entanto,
registaram-se pontualmente, alguns valores que restringem o uso desta água num nível ligeiro a
moderado. Estes valores mais elevados poderão estar associados às perdas por escoamento
superficial que se verificam essencialmente devido aos sistemas de rega por “pivot”.
É de referir que o valor registado mais elevado, é da ordem dos 17 mg L-1. Este valor, contudo, não
se pode considerar preocupante, tendo em conta que, nos restantes pontos monitorizados da bacia
(furos, poços, solos), não existem níveis elevados de azoto na forma nítrica.
7.1.1.4.3 - Azoto Amoniacal
Relativamente ao azoto amoniacal (Figura 18), e considerando objectivos ambientais de qualidade
mínima para as águas superficiais, verifica-se que em todos os pontos de amostragem de águas
superficiais, os valores são praticamente sempre inferiores ao VMA de 1 mg/L estipulado pelo Dec.Lei nº236/98, Anexo XXI.
25
Figura 18 - VMA para o azoto amoniacal, no que respeita aos objectivos ambientais.
7.1.1.4.4 - pH
O pH é um indicador da acidez ou da basicidade de uma água, mas é raramente um problema por si
só, desde que o intervalo normal da variação do pH para as águas de rega se situe entre 6,5 e 8,4. Um
valor fora daquele intervalo pode causar um desequilíbrio nutritivo, ou pode conter um ião tóxico.
Na Figura 19 pode-se observar o pH dos vários pontos de amostragem. Os intervalos de valores
considerados foram os seguintes (Quadro 4):
pH (Escala Sorensen)
Quadro 4 – Intervalo de valores considerados para o pH
Designação
Intervalo
Intervalo de valores dentro da gama normal
LI
6,5 – 8,4
Intervalo de valores fora da gama normal
LS
4,5 – 6,5; 8,4 – 9
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Fev-05
Jul-05
Dez-05
Mai-06
Out-06
Mar-07
Ago-07
Jan-08
Jun-08
Out-08
Data Colheita
Canal
Boca
Vala
LI
LS
Figura 19 - pH dos vários pontos de amostragem.
A Figura 19 mostra que a maioria dos valores de pH dos pontos de amostragem se enquadra dentro
da gama normal, embora se verifiquem alguns valores referentes à água de rega muito próximos do
limite superior - LS - de 8,4.
26
Os valores de pH acima de 7 são potenciadores de eventuais perigos de entupimentos de sistemas de
rega gota-a-gota. Para o uso deste tipo de sistemas de rega será aconselhável o tratamento da água
tendo em vista a redução do pH para valores ligeiramente abaixo de 7, o que implicaria o tratamento
da maior parte das águas utilizadas para rega.
7.1.2 – Bacia B
Embora a metodologia seguida na Bacia B tivesse sido inicialmente a mesma da Bacia A, ela teve de
ser alterada e simplificada pelas razões apresentadas na Introdução.
Da observação das Figuras 21 a 23, constata-se que, praticamente todos os parâmetros relativos à
qualidade da água da vala de drenagem, são idênticos aos do canal, contrastando com o que se
verificou na Bacia A.
Com o decorrer do tempo, verificou-se que, apesar da dimensão da área de regadio e do tipo de
cultura instalada (olival) não serem indiciadores da ocorrência de escoamentos, estes iam sendo
registados.
Perante estes resultados, fez-se um levantamento da bacia para verificar a origem da água da vala de
drenagem. Observou-se que havia várias descargas do canal de rega que abastece a bacia (fugas,
rupturas, mau funcionamento de comportas) para a vala de drenagem (Figura 20), ou seja, que a
maioria dos escoamentos verificados tinham origem nesta causa, razão pela qual a qualidade da água
dos dois sistemas é similar.
Figura 20 – Fugas de água de rega em válvulas e canal secundário.
Da análise das Figuras 21 a 23, pode concluir-se que os valores registados são, na generalidade,
inferiores ao limite inferior – LI -, e que não há variações significativas entre os diversos parâmetros
ao longo dos diferentes pontos de amostragem.
27
4
Severo
CE (dS/m)
3
Ligeiro a
Moderado
2
1
Nenhum
0
Fev-05
Jul-05
Dez-05
Mai-06
Out-06
Mar-07
Ago-07
Jan-08
Jun-08
Out-08
Data Colheita
Canal
Vala
Poço
LI
LS
Figura 21 - Grau de restrição do uso da água dos vários pontos de amostragem quanto à salinidade.
Severo
35
N-NO 3 (mg/L)
30
25
Ligeiro a
Moderado
20
15
10
5
Nenhum
0
Fev-05
Jul-05
Dez-05
Mai-06
Out-06
Mar-07
Ago-07
Jan-08
Jun-08
Out-08
Data Colhe ita
Canal
Vala
Poço
LI
LS
Figura 22 - Grau de restrição do uso das águas referente ao seu teor em nitratos.
pH (Escala Sorensen)
14
12
10
Gama
normal
8
6
4
2
0
Fev-05
Jul-05
Dez-05
M ai-06
Out-06
M ar-07
Ago-07
Jan-08
Jun-08
Out-08
Data Colheita
Canal
Vala
Poço
LI
LS
Figura 23 - Evolução do pH.
Apesar dos condicionalismos referidos anteriormente, e à semelhança do que se disse para a Bacia A,
também aqui se verifica que alguns dos valores mais elevados surgem na época das chuvas, ou seja,
que a salinidade da água da vala de drenagem pode também estar a ser influenciada pela qualidade
dos lençóis freáticos.
28
7.2 - Qualidade das águas subterrâneas
Para tentar avaliar e perceber, de que forma as práticas agrícolas e o regadio podem interferir na
migração de poluentes para zonas mais profundas, e na poluição difusa por nitratos, monitorizou-se a
qualidade das águas subterrâneas.
Face à ausência de acesso a este tipo de águas, uma vez que em qualquer uma das bacias só existia
um Poço Tipo 1 (Figura 10), foram abertos poços de pequena profundidade (3 metros) junto à vala
de drenagem – Poços Tipo 2, com a finalidade de analisar as águas subsuperficiais, e outros, com
profundidades até aos 20 m - Poços Tipo 3, com a finalidade de analisar as águas mais profundas.
7.2.1 – Qualidade das Águas Subsuperficiais
7.2.1.1 - Salinidade da Água
Na Figura 24 apresenta-se a Condutividade Eléctrica dos pontos de amostragem das águas
subsuperficiais.
Figura 24 - Condutividade Eléctrica das águas subsuperficiais.
A análise da Figura 24, mostra que a CE dos Poços Tipo 2 varia entre o grau de restrição ligeiro a
moderado e severo ao longo do tempo. Mostra ainda que parece não existir degradação da qualidade
da água subsuperficial de montante para jusante da bacia, já que estando o PT2-1 localizado a
montante da bacia, o PT2-2 sensivelmente a meio e o PT2-3 a jusante a bacia, não se verificaram
diferenças expressivas entre eles.
Comparando as Figuras 24 e 12 parece poder concluir-se que a qualidade da água da vala de
drenagem é similar à dos Poços Tipo 2, dado que ambas apresentam valores da CE da mesma ordem
de grandeza e com tendências similares. A qualidade destas águas enquadra-se num nível de
restrição ligeiro a moderado e severo.
7.2.1.2 - Azoto (Nitratos)
Quanto à presença de azoto na forma nítrica nas águas subsuperficiais, verifica-se que os valores são
inferiores os LS (Limite Superior) em todos os pontos de amostragem (Figura 25).
29
Figura 25
- Azoto Nítrico das águas subsuperficiais.
É de salientar que os níveis de azoto nítrico no PT2-2, embora com valores relativamente baixos, são
superiores aos dos outros pontos de amostragem. Esta constatação, que eventualmente poderia estar
relacionada com a proximidade de um pivot de milho, cai por terra, atendendo a que a vala de
drenagem que recebe os escoamentos directos do referido pivot não reflecte esta situação.
Os resultados na generalidade parecem mostrar que, apesar da agricultura de regadio existente, a
contaminação dos lençóis subsuperficiais em nitratos pelo regadio, não é significativa, ou seja, os
teores actualmente existentes poderão ter origem noutra fonte.
7.2.1.3 - Azoto Amoniacal
Quanto à presença de azoto amoniacal nas águas subsuperficiais (Figura 26), verifica-se que o seu
valor é baixo, variando quase sempre entre 0 e 4 mg L-1.
14
10
8
+
-1
N-NH4 (mgL )
12
6
4
2
0
14-Dez-05
13-Mai-06
10-Out-06
9-M ar-07
6-Ago-07
3-Jan-08
1-Jun-08
29-Out-08
Data Colheita
PT21
Figura 26
PT22
PT23
- Azoto Amoniacal das águas subsuperficiais.
7.2.1.4 – Cloretos
Tal como se observou na vala de drenagem, também nos PT2, os níveis de cloretos são bastante
elevados, oscilando de forma significativa ao longo do tempo (Figura 27).
30
Figura 27 - Concentração de Cloretos nas águas subsuperficiais.
Face a esta constatação, e dado que a água de rega tem baixos teores de cloretos, parece poder
concluir-se que a origem dos mesmos não derivará das práticas agrícolas, mas sim da qualidade das
águas subterrâneas.
7.2.1.5 – Razão de Adsorção do Sódio – SAR
Relativamente à SAR (Figura 28), verifica-se que, apesar de o PT2-2 apresentar valores mais
elevados de SAR, as oscilações de valores, ao longo do tempo, são idênticas às verificadas no PT2-1
e no PT2-3. Os valores destes dois Poços são sempre inferiores ao Valor Máximo Recomendado de 8
(mmol(c)L-1)0,5 estipulado no Dec.-Lei nº 236/98.
Os valores de PT2-2 relativamente diferentes aos de PT2-1 e PT2-3, poderão ser causados pelo facto
de estar localizado numa zona de depressão, e consequentemente, relacionados com a falta de
drenagem.
Figura 28 - Razão de Adsorção do Sódio nas águas subsuperficiais.
31
7.2.1.6 – pH
Da observação da Figura 29, constata-se que o pH do PT2-1 e do PT2-2 enquadra-se dentro da gama
normal de pH em todas as datas de amostragem, enquanto no PT2-3, de Maio a Outubro de 2006,
existem valores de pH bastante elevados e fora da gama normal de pH.
Dada a anormalidade destes valores de pH, retiraram-se posteriormente, até uma profundidade de 3
metros, amostras de solo junto do PT2-3 para, de alguma maneira, tentar perceber a sua causa e/ou
origem.
As análises do solo não evidenciaram nenhum valor anormal e a água da vala de drenagem também
apresentou sempre valores dentro da gama normal de pH (Figura 19), pelo que não foi atribuída, nem
encontrada, nenhuma razão para a ocorrência daqueles valores. Contudo, é de salientar que a gama
alta destes valores se foi diluindo com o tempo, já que a partir de Outubro de 2006 os valores de pH
enquadraram-se todos dentro da gama normal.
pH (Escala Sorensen)
14
12
10
8
6
4
2
0
5-Set-05
24-Mar-06
10-Out-06
28-Abr-07
14-Nov-07
1-Jun-08
18-Dez-08
Data Colheita
PT21
PT22
PT23
VMR
VMA
Figura 29 - Valores de pH das águas subsuperficiais.
7.2.2 - Qualidade das Águas Subterrâneas
A qualidade das águas subterrâneas foi analisada recorrendo aos Poços Tipo 1 e Tipo 3. Na Figura 30
pode observar-se a distribuição no terreno destes Poços.
Figura 30 – Distribuição no terreno dos PT1 e PT3.
32
No que aos Poços Tipo 3 diz respeito, é de referir que a cota e a profundidade dos mesmos são
características que podem influenciar na qualidade das águas subterrâneas através da passagem da
água por diferentes estratos de solo e/ou rocha.
No Quadro 5, apresenta-se uma breve descrição dos PT3 (profundidade das camadas e composição).
Quadro 5 – Características dos PT3.
Local
Camada (m)
Descrição do material
0-10
Material pardacento de natureza franco-argilosa
10-12
Material acinzentado, muito compacto, muito húmido, de natureza argilosa (com muito saibro e cascalho rolado)
PT3-1
0-7
Material pardacento de natureza franco-argilosa
7-10
Material acinzentado, muito compacto, muito húmido, de natureza argilosa (com muito saibro e cascalho rolado)
0-7
Material pardacento de natureza franco-argilosa
7-20
Material acinzentado, muito compacto, muito húmido, de natureza argilosa (com muito saibro e cascalho rolado)
0-5
Material pardacento de natureza franco-argilosa
5-20
Material acinzentado, muito compacto, muito húmido, de natureza argilosa (com muito saibro e cascalho rolado)
PT3-2
PT3-3
PT3-4
7.2.2.1 - Salinidade da Água
Na Figura 31 apresenta-se a Condutividade Eléctrica dos pontos de amostragem das águas
subterrâneas.
Figura 31
- Condutividade Eléctrica das águas subterrâneas.
Apesar dos PT3-1 e PT3-4 estarem à mesma cota, os valores de condutividade são bastante distintos.
Assim, o PT3-4 apresenta valores de condutividade eléctrica bastante elevados e semelhantes aos
registados no Poço Tipo 1, enquanto o PT3-1 regista valores de condutividade relativamente baixos,
e até mais baixos que os verificados nos Poços Tipo 2.
Esta diferença acentuada de condutividades pode ser explicada pelas diferentes camadas de material
que os PT3-1 e PT3-4 atravessam e, nomeadamente porque o PT3-4 atingiu uma maior
profundidade, ou seja, camadas mais profundas do subsolo.
Comparando os valores dos PT3-2 e PT3-3, constata-se que além de serem elevados são também
semelhantes, tal como a similaridade do material encontrado.
33
No geral, é de referir que as águas subterrâneas da bacia têm valores de condutividade eléctrica
bastante elevados, não sendo, conclusiva a sua origem (litologia, práticas agrícolas, estratificação do
solo, etc.).
Devido aos problemas de drenagem dos solos da bacia, estas águas não são indicadas para rega,
devido ao elevado risco de salinização dos solos.
7.2.2.2 - Azoto (Nitratos)
Na Figura 32 apresenta-se o teor em Azoto Nítrico dos pontos de amostragem das águas
subterrâneas.
Figura 32 - Azoto Nítrico das águas subterrâneas.
Quanto à presença de azoto na forma nítrica nas águas subterrâneas, verifica-se que os valores são
inferiores ao Limite Superior (LS) em todos os pontos de amostragem.
Da Figura 32, destaca-se a concentração de nitratos na água do PT3-1 e do PT3-2 que enquadra esta
água no nível de restrição ligeiro a moderado, embora no PT3-2 em meados de Outubro de 2007, se
tenha verificado uma diminuição do teor de nitratos nesta água, não existindo nenhum grau de
restrição a partir desta data.
Os valores dos furos PT3-1 e PT3-2 indicam a presença de azoto nítrico numa concentração superior
ao LI, mas inferior ao LS. Tendo em conta que no PT3-3 e no PT3-4 a concentração de nitratos é
inferior ao LI, e a profundidade dos mesmos, pode-se afirmar que existem formas azotadas nas águas
subterrâneas até a uma profundidade de 12 m e não existem as mesmas formas em profundidades
superiores, até pelo menos 20 m, ou seja, esta presença localizada de nitratos aponta para que não
existam fenómenos de poluição difusa de nitratos na bacia.
34
7.2.2.3 - Azoto Amoniacal
Relativamente à presença de azoto amoniacal nas águas subterrâneas, verifica-se que, tanto nos
Poços Tipo 3, como no Poço Tipo 1, as concentrações são muito baixas, embora se tenham registado
alguns valores um pouco mais elevados no PT1, em Setembro de 2005 (Figura 33).
12
N-NH 4 + (mgL -1 )
10
8
6
4
2
0
17-Fev-05
5-Set-05
24-Mar-06 10-Out-06
28-Abr-07 14-Nov-07
1-Jun-08
18-Dez-08
Data Colhe ita
PT 1
PT 3-1
PT 3-2
PT 3-3
PT 3-4
Figura 33: Azoto Amoniacal das águas subterrâneas.
7.2.2.4 - Cloretos
Na Figura 34 apresentam-se os dados relativos à concentração de cloretos nas águas subterrâneas.
Figura 34 - Concentração de Cloretos nas águas subterrâneas.
Da análise da Figura 34, constata-se que o nível de cloretos é elevado tanto no PT1, como nos PT3,
com excepção do PT3-1 que apresenta valores bastante inferiores, valores estes esperados tendo em
atenção os resultados da condutividade eléctrica apresentados no ponto 7.2.2.1.
A presença de quantidades apreciáveis de cloretos nas águas superficiais e subterrâneas é frequente,
pois os cloretos são muito solúveis e atingem facilmente as águas naturais de vários modos:
•
•
•
•
por dissolução dos cloretos da superfície do solo ou de formações mais profundas;
por transporte e aspersão da água do mar, sob a forma de gotas, sobre os terrenos;
por invasão das águas dos oceanos e mares em rios que a eles afluem;
por intrusão de água do mar em aquíferos subterrâneos em resultado do desequilíbrio da
pressão hidrostática;
35
• por descarga de águas residuais domésticas.
Entre as várias origens citadas, a mais provável será a dissolução dos cloretos da superfície do solo
e/ou de formações mais profundas, já que no solo existem níveis relativamente elevados de cloretos,
quer à superfície, quer em profundidade (Anexo III).
7.2.2.5 – Razão de Adsorção do Sódio – SAR
A análise da Figura 35, mostra que os valores da SAR são relativamente elevados e variam muito ao
longo do tempo, em todos os pontos de amostragem.
Salienta-se o PT1, onde se verificam valores mais elevados em 2005 (ano de seca), mas que
decrescem significativamente para valores abaixo do VMR, em 2007.
Figura 35 - Razão de Adsorção do Sódio nas águas subterrâneas.
7.2.2.6 - pH
No que respeita ao pH (Figura 36), constata-se que o pH das águas subterrâneas enquadra-se dentro
da gama normal.
10
pH (Escala Sorensen)
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
17-Fev-05
5-Set-05
24-Mar-06
10-Out-06
28-Abr-07
14-Nov-07
1-Jun-08
18-Dez-08
Data Colhe ita
PT 1
PT 3-1
PT 3-2
PT 3-3
PT 3-4
VMR
VMA
Figura 36 - pH das águas subterrâneas.
36
7.3 – Qualidade da solução do solo
A análise da qualidade da solução do solo permitiu verificar, nos primeiros 60 cm de profundidade,
como se verificou a migração de alguns elementos químicos nos solos das parcelas experimentais, ou
seja, a sua deslocação, quer em profundidade, quer o seu arrastamento superficial e subsuperficial.
Os resultados que se apresentam neste ponto referem-se aos parâmetros estudados nas várias parcelas
experimentais, ao longo dos três anos de projecto, e seguindo a ordem da rotação implementada pelo
agricultor.
Os pontos que são possíveis observar em todos os gráficos onde é analisada a solução do solo
recolhida nas várias parcelas experimentais, diz respeito apenas ao período em que a cultura se
encontrava instalada na parcela.
Todos os dados dos estudos efectuados são apresentados no Anexo II.
7.3.1 - Bacia A
Parcela experimental P1
Nesta parcela verificou-se a seguinte sequência de culturas: algodão em 2005 e milho em 2006 e
2007.
Nesta parcela identificaram-se duas zonas de solo distintas, denominadas por Zona I e por Zona II,
atravessadas pela linha de drenagem principal, estando a primeira na margem esquerda e a segunda
na margem direita.
A Zona I, apresenta um solo mais profundo e textura grosseira até cerca de 50 cm de profundidade.
A Zona II, apresenta um solo de textura mediana até aos 40 cm de profundidade.
Tendo em conta que todos os factores que condicionam o desenvolvimento da cultura (água,
mobilizações de solo, fertilizantes e tratamentos fitossanitários) são similares, e onde apenas o
“único” factor que iria variar seria o solo, achou-se que seria interessante controlar ambas as zonas.
Assim, apresentam-se os resultados para cada zona, com o objectivo de identificar possíveis
alterações de salinidade, sodicidade, formas azotadas, pH, entre outros, resultantes dos diferentes
tipos de solo.
Por se tratar de solos onde a recolha de solução de solução se tornou muito difícil, apenas foi
possível recolher, com frequência regular, amostras durante o período de rega de 2007, mas apenas
às profundidades de 40 e 60 cm.
As Figuras 37 e 38 dizem respeito à evolução da CE, nas Zonas I e II, respectivamente.
37
6
6
40 cm
60 cm
4
3
2
40 cm
5
CE (dS/m)
CE (dS/m)
5
1
60 cm
4
3
2
1
0
8-Mai-07
7-Jun-07
7-Jul-07
6-Ago-07
0
8-Mai-07
5-Set-07
7-Jun-07
Data
Figura 37
7-Jul-07
6-Ago-07
5-Set-07
Data
- Evolução da CE, Zona I.
Figura 38
- Evolução CE, Zona II.
Da análise da evolução dos valores da CE, verifica-se que não existem diferenças significativas de
salinidade quer entre os 40 e 60 cm de profundidade, quer entre as duas zonas monitorizadas, não
excedendo os 2 dS m-1 em ambos os casos.
6
4
60 cm
2
0
8-Mai-07
7-Jun-07
7-Jul-07
6-Ago-07
L -1 ) 0 ,5 )
8
40 cm
12
10
(c)
(c)
10
8
SAR ((mmo l
12
SAR ((mmol
L -1 ) 0 ,5 )
Para o SAR, Figuras 39 e 40, os valores são sempre inferiores a 3 (mmol(c)L-1)0,5), nas duas zonas.
6
5-Set-07
40 cm
4
2
0
8-Mai-07
7-Jun-07
Data
Figura 39
60 cm
7-Jul-07
6-Ago-07
5-Set-07
Data
- Evolução do SAR, Zona I.
Figura 40
- Evolução do SAR, Zona II.
Nas Figuras 41 e 42, apresenta-se a concentração de azoto nítrico na solução do solo das Zonas I e II,
respectivamente.
25
40 cm
20
60 cm
15
10
5
0
28-Abr-07
7-Jun-07
17-Jul-07 26-Ago-07 5-Out-07
N-NO 3 (mg /L)
N-NO 3 (mg/L)
25
40 cm
20
15
10
5
0
28-Abr-07
7-Jun-07
- Evolução N-NO3-, Zona I.
17-Jul-07
26-Ago-07 5-Out-07
Data
Data
Figura 41
60 cm
Figura 42
- Evolução N-NO3-, Zona II.
Verifica-se, para ambas as zonas, baixas concentrações de azoto nítrico na solução do solo, embora
na Zona II os valores sejam um pouco mais elevados no início da campanha de rega, decrescendo
significativamente para valores residuais no final da campanha.
Relacionando estes valores com os do solo (Figuras 97 e 98) verifica-se que, por serem igualmente
baixos, não são limitantes para a aplicação de adubos azotados.
Em relação ao azoto amoniacal (Figuras 43 e 44), as concentrações são bastante baixas, durante toda
a campanha de rega e nas duas zonas monitorizadas.
38
40 cm
60 cm
4
3
2
1
0
8-Mai-07
6
N-NH 4 (mg/L)
N-NH 4 (mg/L)
6
5
7-Jun-07
7-Jul-07
6-Ago-07
40 cm
4
3
2
1
0
8-Mai-07
5-Set-07
7-Jun-07
7-Jul-07
Data
Figura 43
60 cm
5
6-Ago-07
5-Set-07
Data
+
- Evolução N-NH4 , Zona I
Figura 44
- Evolução N-NH4+, Zona II
14
12
10
8
6
4
2
0
8-Mai-07
40 cm
7-Jun-07
7-Jul-07
6-Ago-07
60 cm
5-Set-07
pH (Escala Sorensen)
pH (Escala Sorensen)
Relativamente ao pH (Figuras 45 e 46), verifica-se que varia entre 7 e 8, não havendo diferenças
significativas entre as profundidades de 40 cm e 60 cm, nas duas zonas.
14
12
10
8
6
4
2
0
8-Mai-07
40 cm
7-Jun-07
- Evolução pH, Zona I.
6-Ago-07
5-Set-07
Data
Data
Figura 45
7-Jul-07
60 cm
Figura 46
- Evolução pH, Zona II.
Parcela experimental P2
Nesta parcela verificou-se a seguinte sequência de culturas: tomate em 2005 e trigo em 2006.
No que respeita a esta parcela, verifica-se pelas Figuras 48 e 49, que os valores dos parâmetros
monitorizados baixaram significativamente de um ano para o outro. Isto deve-se ao facto de, em
2005 e nesta parcela, os lisímetros de sucção destinados a recolher a solução do solo terem sido
instalados apenas numa zona de cota mais baixa, com drenagem externa deficiente, próximo da vala
de drenagem, à qual afluíam as águas de escorrência (rega da cultura do tomate) da zona de encosta,
o que provocava uma detenção de água à superfície do solo com carácter temporário. Em 2006, para
corrigir esta situação, instalaram-se lisímetros de sucção não só na zona de cota mais baixa, mas
também na zona de encosta (Figura 47, círculos vermelhos).
Figura 47 - Aspecto geral da parcela 9135 - Local P2.
39
40 cm
Z. baixa
CE (dS/m)
6
(c)/L)
20 cm
8
20,0
20 cm
40 cm
Z. baixa
15,0
28
SAR (mmo l
-M
ai
-0
5
17
-J
ul
-0
5
5Se
t- 0
5
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
1 3 -06
-M
ai
-0
6
2Ju
l- 0
6
10
0 ,5
Nas Figuras 48 a 52, mostram-se os resultados dos parâmetros correspondentes às amostras
recolhidas em 2005, apenas na zona de cota mais baixa, e às amostras recolhidas em 2006, segundo a
disposição observada na Figura 47. Os valores relativos às amostras recolhidas em 2006, na zona de
cota mais baixa (representados a azul), correspondem à média dos resultados obtidos a 20 e a 40 cm.
10,0
4
5,0
2
0,0
28
-M
ai
-0
5
17
-J
ul
-0
5
5Se
t05
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
-0
6
13
-M
ai
-0
6
2Ju
l-0
6
0
Data Colheita
Data Colhe ita
Figura 48
- Evolução da CE.
Figura 49
- Evolução SAR.
Verificou-se assim que, para a zona de cota mais baixa, a CE baixou de valores de 6 a 10 dS/m, em
2005, para 4 a 6 dS/m em 2006 (Figura 48), o que reflecte o efeito da lavagem do solo pelas chuvas
ocorridas antes de Fevereiro-Março de 2006. Os valores de SAR, para esta zona mostraram a mesma
tendência, decrescendo significativamente (Figura 49).
Na zona de encosta, os valores da CE e do SAR, em 2006, são muito baixos e expectáveis para solos
não salinos, o que é confirmado pela análise química do solo, que mostra valores de CE < 4 dS/m
(Figura 99), na zona de encosta.
Z. baixa
10
40 cm
Z. baixa
5
0
Data Colheita
Data C olheita
Figura 50 - Evolução N-NO3-.
20 cm
ai
1 7 -0 5
-J
ul
-0
5- 5
Se
2 5 t -05
-O
u
1 4 t -05
-D
ez
-0
2- 5
Fe
2 4 v- 0
-M 6
a
1 3 r- 0
-M 6
ai
-0
2- 6
Ju
l- 0
6
40 cm
N-NH 4 +(mg/L)
20 cm
28
-M
30
25
20
15
10
5
0
28
-M
ai
-0
5
17
-J
ul
-0
5
5Se
t05
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
-0
6
13
-M
ai
-0
6
2Ju
l-0
6
N-NO3- (mg/L)
Nas Figuras 50, 51 e 52, onde é analisada a evolução do azoto nítrico, do azoto amoniacal e do pH,
respectivamente, não é possível distinguir os efeitos da zona de cota mais baixa e de uma zona de
encosta, apresentando em cada caso, a mesma tendência e ordem de valores.
Figura 51
- Evolução N-NH4+.
A análise da Figura 50 mostra que a presença de azoto na forma nítrica na solução do solo é baixa,
ao longo do ciclo das duas culturas, pelo que neste caso e com os dados da análise ao solo (Figura
101), a eventual contaminação do solo provocada pela agricultura de regadio e de sequeiro é baixa. O
azoto amoniacal apresenta uns picos mais elevados em 2005 (Figura 51), que correspondem à zona
de acumulação, com má drenagem, enquanto em 2006 os valores decrescem significativamente.
A evolução do pH ao longo da campanha de rega é apresentada na Figura 52.
40
14
12
10
8
6
4
2
0
40 cm
Z. baixa
pH (escala Sorensen)
28
-M
ai
17 05
-J
ul
-0
5- 5
Se
t
2 5 -05
-O
ut
1 4 -05
-D
ez
-0
2- 5
Fe
2 4 v-0
-M 6
ar
-0
13
-M 6
ai
-0
6
2Ju
l-0
6
20 cm
Data Colheita
Figura 52 - Evolução pH.
De acordo com a Figura 52, verifica-se que não existem grandes oscilações no pH da solução do
solo, quer ao longo do ciclo das culturas, quer nas diferentes zonas monitorizadas, nem diferenças
significativas entre o pH a 20 cm e a 40 cm de profundidade.
Parcela experimental P3a
Nesta parcela verificou-se a seguinte sequência de culturas: melão em 2005 e trigo em 2006.
Nas Figuras 53 a 57 apresenta-se a evolução da CE, SAR, N-NO3-, N-NH4+ e pH, para as
profundidades de 20 e 40 cm.
SAR (mmol
28
-M
ai
17 0 5
-J
ul
-0
5
5Se
t
2 5 - 05
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
13 -06
-M
ai
-0
6
Data Colheita
Data Colheita
Figura 55 - Evolução do N-NO3.
2
20 cm
40 cm
1,5
1
0,5
0
28
-M
ai
-0
5
17
-J
ul
-0
5
5Se
t- 0
5
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
-0
13
6
-M
ai
-0
6
t- 0
5
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
-0
6
13
-M
ai
-0
6
40 cm
5Se
-0
5
20 cm
17
-J
ul
-0
5
N -NO 3 - (mg /L)
25
20
15
10
5
0
Figura 54 - Evolução SAR.
N-NH 4 + (mg/L)
Figura 53 - Evolução da CE.
ai
40 cm
4,0
2,0
Data Colheita
28
-M
20 cm
6,0
0,0
-0
5
17
-J
ul
-0
5
5Se
t-0
5
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
-0
6
13
-M
ai
-0
6
28
-M
8,0
0 ,5
40 cm
(c)/L)
20 cm
ai
CE (dS/m)
10
8
6
4
2
0
Data Colhe ita
Figura 56 - Evolução N-NH4+.
41
14
12
10
8
6
4
2
0
40 cm
2 8 pH (Escala Sorensen)
-M
ai
-0
5
17
-J
ul
-0
5
5Se
t05
25
-O
ut
-0
5
14
-D
ez
-0
5
2Fe
v06
24
-M
ar
-0
13
6
-M
ai
-0
6
20 cm
Data Colheita
Figura 57 - Evolução do pH.
Da análise das Figuras 53 a 57, constata-se que:
• Os valores da condutividade eléctrica - CE (Figura 53), da razão de adsorção do sódio SAR (Figura 54) e do azoto nítrico – N-NO3 são, em geral, ligeiramente superiores à
profundidade de 40 cm relativamente à de 20 cm, o que indica uma certa tendência para a
lixiviação de sais e nutrientes para as camadas mais profundas. No entanto, no que diz
respeito ao azoto amoniacal, esta tendência não é verificada, pois aos 20 cm os valores
são sempre mais elevados do que aos 40 cm. Este facto dever-se-á à menor mobilidade
da forma amoniacal relativamente ao ião nitrato e por ter carga positiva e portanto uma
maior probabilidade de ficar retida no solo.
• Em relação às formas azotadas, observa-se que, para o azoto nítrico, existem dois picos
de valores bastante elevados, um em meados de Fevereiro e outro em meados de Março
(Figura 55). Estes valores correspondem à data das adubações de cobertura do trigo.
Estes teores, contudo, desceram para perto de zero em ambas as profundidades, o que
indicia ter havido remoção pela cultura e portanto a não contaminação do solo e dos
lençóis freáticos, já que para além dos teores de azoto serem praticamente nulos na
solução do solo, também são ao nível do solo até à profundidade de 1,65 m (Figura 104)
e nas águas da vala de drenagem e do Poço Tipo 1 e dos PT3-3 e PT3-4.
• Quanto ao azoto amoniacal existe um pico bastante pronunciado (Figura 56) em meados
de Março, que corresponderá à altura da segunda adubação de cobertura, mas que
posteriormente também decresce significativamente para valores praticamente nulos.
• Quanto ao pH (Figura 57), constata-se que tanto para a profundidade de 20 cm como para
a de 40 cm, os valores registados durante os dois anos, enquadram-se dentro da gama
normal de pH.
Parcela experimental P3b
Nesta parcela apenas foi controlada a cultura do tomate no ano de 2007.
As Figuras 58 e 59 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR, para a cultura do tomate.
42
-
0
17-Jun-07
6-Ago-07
25-Set-07
14-Nov-07
) )
(c)L
2
1 0 ,5
4
SAR ((mmol
CE (dS/m)
6
8
6
4
2
0
17-Jun-07
6-Ago-07
25-Set-07 14-Nov-07
Data
Data
20 cm
Figura 58
40 cm
20 cm
60 cm
- Evolução da CE
Figura 59
40 cm
60 cm
- Evolução SAR
A análise da Figura 58, mostra que a condutividade eléctrica não variou muito ao longo do período
de rega, bem como nas três profundidades, sendo os valores sempre inferiores a 2 dS/m, ou seja, o
solo não apresentou sinais de salinidade.
Relativamente à SAR (Figura 59), verifica-se que assume valores baixos em todas as profundidades,
oscilando entre 0,5 e 2 (mmol(c)L-1)0,5 entre Julho e Setembro.
25
20
15
10
5
0
17-Jun-07
6-Ago-07
25-Set-07
14-Nov-07
N -NH 4 (mg L -1 )
N-NO 3 (mg L -1 )
Nas Figuras 60 e 61 são apresentadas as evoluções do azoto nítrico e amoniacal, respectivamente.
4
3
2
1
0
7-Jun-07
17-Jul-07 26-Ago-07 5-Out-07 14-Nov-07
Data
Data
20 cm
40 cm
60 cm
Figura 60 - Evolução N-NO3-.
20 cm
40 cm
60 cm
Figura 61 - Evolução N-NH4+.
Em relação ao azoto nítrico na solução do solo, verifica-se uma grande variação, não só em
profundidade, como ao longo do ciclo da cultura. Assim, na profundidade de 20 cm, os valores
oscilaram entre 7 e 14 mg/L, a 40 cm variaram entre 0 e 17 mg/L e a 60 cm entre 4 e 17 mg/L.
Apesar de estes valores ainda não se considerarem preocupantes, esta gama de variação poderá estar
associada às adubações efectuadas em Julho e Agosto.
No que diz respeito ao azoto amoniacal, constata-se que os valores são praticamente nulos em todas
as profundidades, com excepção do obtido em 14 de Agosto, onde à profundidade de 40 cm se
registou um valor de 3,5 mg/L. A ocorrência deste valor não tem justificação, tanto mais que a última
adubação azotada foi realizada a 18 de Julho e em quantidades similares às anteriores.
O pH da solução do solo, Figura 62, oscila entre 7 e 8,5 em todas as profundidades monitorizadas.
43
pH (Escala Sorensen)
14
12
10
8
6
4
2
0
7-Jun-07
17-Jul-07
26-Ago-07
5-Out-07
14-Nov-07
Data
20 cm
40 cm
60 cm
Figura 62: Evolução pH
Parcela experimental P4a
Nesta parcela apenas foi controlada a cultura da beterraba no ano de 2006.
6
4
2
0
24-Mar-06
13-Mai-06
2-Jul-06
21-Ago-06
)
(c)L
20 cm
40 cm
8
12
10
8
6
4
2
0
20 cm
Data Colheita
Data Colheita
Figura 63
- Evolução da CE
40 cm
3 - SA R ((mm ol
M
1 3 ai- 0
-M 6
2 3 a i-0
-M 6
ai
2 - -0 6
Ju
1 2 n- 0
-J 6
un
2 2 -0 6
-J
un
2- 0 6
Ju
1 2 l- 06
-J
ul
2 2 -0 6
-J
ul
1- -0 6
Ag
1 1 o- 0
-A 6
go
-0
6
CE (dS/m)
10
-1 0 ,5
As Figuras 63 e 64 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR no solo com a cultura da
beterraba.
Figura 64
- Evolução SAR
Da observação das Figuras 63 e 64, constata-se que aos 40 cm, tanto os valores de CE, como os
valores de SAR, são superiores em relação à profundidade de 20 cm.
Esta tendência, pode ser confirmada pela CE (Figura 108) e ESP (Figura 109) do solo, onde se
verifica, principalmente para este último parâmetro, um aumento significativo com a profundidade.
Tendo em conta as características especiais do perfil do solo (Antrossolo Térrico – ver Anexo III),
este aumento de salinidade pode estar relacionado com a drenagem deficiente do perfil.
Verifica-se ainda que os valores da CE são relativamente elevados, registando-se um valor máximo
de 5 dS/m a 40 cm, em meados de Maio. Será de realçar que, com estes valores, as culturas sensíveis
podem ter uma quebra de produção da ordem de 40 a 60% (FAO 1985).
Os valores de SAR também são elevados e aumentam ao longo do ciclo da cultura, principalmente
aos 40 cm de profundidade.
Será de referir que o ponto de monitorização foi instalado numa zona de declive relativamente baixo,
e próximo da vala de drenagem principal, pelo que esta zona será sempre uma zona de acumulação
de água, nutrientes e sais.
44
Nas Figuras 65 e 66, observa-se a evolução do azoto nítrico e amoniacal, respectivamente.
N-NH 4 + (mg/L)
2
20 cm
40 cm
1,5
1
0,5
ai
23
-M
3M
-0
6
12
-J
un
-0
6
2Ju
l-0
6
22
-J
ul
-0
6
11
-A
go
-0
6
31
-A
go
-0
6
0
ai06
40 cm
2Ju
l-0
6
22
-J
ul
-0
6
11
-A
go
-0
6
31
-A
go
-0
6
-0
6
12
-J
un
-0
6
20 cm
23
-M
ai
3M
ai
-0
6
N-NO3 (mg/L)
25
20
15
10
5
0
Data Colhe ita
Data Colheita
Figura 65
- Evolução N-NO3-.
Figura 66
- Evolução N-NH4+.
Relativamente ao azoto nítrico, Figura 65, verifica-se que apenas a 8 de Maio se registaram valores
elevados (derivados da segunda adubação de cobertura a 6 de Maio), mas que, posteriormente,
decresceram significativamente para valores residuais, que se mantiveram ao longo de todo o ciclo
da cultura.
No que diz respeito ao azoto amoniacal (Figura 66), constata-se que, apesar de se observar algumas
oscilações nos valores, estes foram relativamente baixos ao longo do ciclo cultural.
11
-A
go
-0
6
6
22
-J
ul
-0
2Ju
l-0
6
20 cm
40 cm
23
-M
ai
-0
6
12
-J
un
-0
6
ai
-0
6
14
12
10
8
6
4
2
0
3M
pH (escala Sorensen)
A evolução do pH ao longo da campanha de rega é apresentada na Figura 67.
Data Colheita
Figura 67
- Evolução do pH.
Da observação da Figura 67, constata-se que os valores de pH variaram entre 7 e 8, pelo que se
enquadram dentro da gama normal, não havendo diferenças significativas entre os 20 e os 40 cm de
profundidade.
Parcela experimental P4b
Esta parcela apenas foi controlada no ano de 2007, em que o solo foi ocupado pela cultura da
beterraba.
As Figuras 68 e 69 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR da solução do solo.
45
2
0
9-Mar-07
28-Abr-07
17-Jun-07
6-Ago-07
) )
4
1 0,5
SAR ((mmol (c)L-
CE (dS/m)
6
8
6
4
2
0
9-Mar-07
28-Abr-07
17-Jun-07
6-Ago-07
Data
Data
20 cm
Figura 68
40 cm
20 cm
60 cm
- Evolução da CE
Figura 69
40 cm
60 cm
- Evolução SAR
No que à condutividade eléctrica diz respeito, verifica-se que ao longo da campanha de rega esta vai
aumentando significativamente, principalmente nas profundidades de 20 e 40 cm, registando-se, nas
últimas datas, valores superiores a 2 dS/m mas não excedendo 4 dS/m.
Relativamente ao SAR, observa-se que os valores são sempre baixos até à profundidade máxima
monitorizada (60 cm).
25
20
15
10
5
0
9-Mar-07
28-Abr-07
17-Jun-07
N - N H 4 (m g L -1 )
N-NO 3 (mg L -1 )
Da análise das Figuras 70 e 71, constata-se que tanto o azoto nítrico como o azoto amoniacal
apresentam concentrações muito baixas na solução do solo, não se evidenciando o uso de
fertilizantes azotados em excesso.
6-Ago-07
30
20
10
0
8-Abr-07
8-Mai-07
7-Jun-07
7-Jul-07
6-Ago-07
Data
Data
20 cm
Figura 70
40 cm
60 cm
20 cm
- Evolução N-NO3-.
Figura 71
40 cm
60 cm
- Evolução N-NH4+.
pH (Escala Sorensen)
O pH da solução do solo situa-se dentro da gama normal em todas as profundidades monitorizadas
(Figura 72).
14
12
10
8
6
4
2
0
19-Mar-07
28-Abr-07
7-Jun-07
17-Jul-07
26-Ago-07
Data
20 cm
Figura 72
40 cm
60 cm
– Evolução do pH.
46
Parcela experimental P5a
Nesta parcela apenas foi controlada a cultura do melão no ano de 2007.
As Figuras 73 e 74 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR, para a cultura do melão.
SAR ((mmol (c)L-1 ) 0,5 )
10
CE (dS/m)
8
6
4
2
0
27-Jun-07 17-Jul-07
6-Ago-07 26-Ago-07 15-Set-07
5-Out-07
8
6
4
2
0
12-Jul-07
6-Ago-07
Data Colheita
20 cm
Figura 73
40 cm
31-Ago-07
25-Set-07
20-Out-07
Data Colheita
20 cm
60 cm
- Evolução da CE.
Figura 74
40 cm
60 cm
- Evolução SAR.
Relativamente a esta parcela, constata-se que a CE foi sempre superior nas camadas mais profundas,
onde se manteve relativamente constante ao longo da campanha (2/3 dS/m) excepto no final da
mesma que diminuiu para cerca de 1 dS/m.
Quanto à SAR, verifica-se a mesma tendência, ou seja, valores mais elevados na profundidade de 60
cm, mas que no final da campanha de rega igualmente diminuíram.
Embora se registem valores mais elevados de CE e SAR, na solução do solo (durante a campanha de
rega), principalmente aos 60 cm de profundidade, no solo, antes e depois da campanha, não se
registam esta gama de valores, sendo os valores inferiores a 2 dS/m e a 2 (mmol(c)L-1)0,5),
respectivamente.
As formas azotadas, Figuras 75 e 76, apresentam valores baixos ao longo de toda a campanha,
destacando-se apenas um ponto mais elevado, relativo ao azoto nítrico, em meados de Julho, mas que
diminui substancialmente nas datas seguintes.
N-NH 4 (mg L -1 )
N-NO 3 (mg L -1 )
25
20
15
10
5
0
12-Jul-07
6-Ago-07
31-Ago-07
25-Set-07
10
8
6
4
2
0
12-Jul-07
6-Ago-07
Data Colheita
20 cm
Figura 75
40 cm
60 cm
- Evolução N-NO3-.
31-Ago-07
25-Set-07
Data Colheita
20 cm
Figura 76
40 cm
60 cm
- Evolução N-NH4+.
Quanto ao pH da solução do solo, Figura 77, verifica-se que os valores variam entre 7 e 8,5, não se
distinguindo diferenças significativas entre profundidades.
47
pH (Escala Sorensen)
14
12
10
8
6
4
2
0
27-Jun-07 17-Jul-07
6-Ago-07 26-Ago-07 15-Set-07
5-Out-07
Data Colheita
20 cm
Figura 77
40 cm
60 cm
– Evolução do pH.
Parcela experimental P5b
Nesta parcela apenas foi controlada a cultura da melancia no ano de 2007.
) )
6
SAR ((mmol
3
CE (dS/m)
8
-1 0 ,5
4
(c)L
As Figuras 78 e 79 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR, para a cultura da melancia.
2
1
0
17-Jul-07
6-Ago-07
26-Ago-07
15-Set-07
5-Out-07
4
2
0
17-Jul-07
6-Ago-07
Data Colheita
20 cm
Figura 78
40 cm
26-Ago-07
15-Set-07
Data Colhe ita
60 cm
20 cm
- Evolução da CE.
Figura 79
40 cm
60 cm
- Evolução SAR.
A Figura 78 mostra que a CE não excede os 2 dS/m em todas as profundidades ao longo de toda a
campanha. Também, nesta parcela, a salinidade é superior nas camadas mais profundas.
No que ao SAR diz respeito (Figura 79), constata-se que os valores vão subindo ligeiramente ao
longo da campanha, e em especial nas profundidades de 40 cm e 60 cm, registando-se na última data
de amostragem os valores de 4,3 e de 4,5 (mmol(c)L-1)0,5), respectivamente.
10
20
N -N H 4 ( m g L -1 )
N - N O 3 ( m g L -1 )
A análise das Figuras 80 e 81, mostra que as formas azotadas encontram-se em baixas concentrações
na solução do solo, quer antes, quer após o período de rega.
15
10
5
0
13-Jul-07
31-Jul-07
18-Ago-07
5-Set-07
23-Set-07
8
6
4
2
0
13-Jul-07
31-Jul-07
Data Colheita
20 cm
Figura 80
40 cm
5-Set-07
23-Set-07
Data Colheita
60 cm
- Evolução N-NO3-.
18-Ago-07
20 cm
Figura 81
40 cm
60 cm
- Evolução N-NH4+.
48
pH (Escala Sorensen)
O pH da solução do solo (Figura 82) não apresenta variações significativas ao longo do tempo, com
valores da mesma ordem de grandeza, para as diferentes profundidades.
14
12
10
8
6
4
2
0
17-Jul-07
6-Ago-07
26-Ago-07
15-Set-07
5-Out-07
Data Colhe ita
20 cm
Figura 82
40 cm
60 cm
- Evolução do pH.
7.3.2 - Bacia B
Parcela experimental P6
Nesta parcela apenas foi controlada a cultura do trigo no ano de 2006.
40 cm
2
1
23
-J
an
-0
6
12
-F
ev
-0
6
4M
ar
-0
6
24
-M
ar
-0
6
13
-A
br
-0
6
3M
ai
-0
6
23
-M
ai
-0
6
0
8
20 cm
4
2
0
Data
Figura 83
- Evolução da CE.
40 cm
6
v
12 -06
-F
ev
2 2 -06
-F
ev
-0
46
M
ar
-0
14
-M 6
ar
-0
24
-M 6
ar
3- 06
A
br
1 3 -06
-A
br
2 3 -0 6
-A
br
3- 06
M
a
1 3 i-06
-M
ai
-0
6
20 cm
2Fe
CE (dS/m)
3
SAR (mmol (c)L-1 )0,5 )
As Figuras 83 e 84 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR, para a cultura do trigo.
Data
Figura 84
- Evolução SAR.
Nesta parcela, a condutividade eléctrica e o SAR, apresentam valores baixos ao longo de todo o
ciclo, sendo ligeiramente superiores aos 40 cm de profundidade, em ambos os casos. A evolução dos
dois parâmetros é praticamente nula, não se evidenciando aqui sinais de salinização do solo pela
agricultura praticada.
Quanto ao azoto nítrico (Figura 85), registam-se, aos 40 cm de profundidade, valores mais elevados
do que a 20 cm. Esta situação não era esperada, já que, além da cultura não ter sido sujeita a qualquer
plano de fertilização, há que referir o facto de a parcela ter estado de pousio no ano anterior.
No que ao azoto amoniacal diz respeito (Figura 86), verifica-se que os valores são praticamente
nulos, exceptuando a data de 8 de Abril, para a qual, igualmente, não se encontra explicação.
49
4
3
2
1
0
23
N-NH 4 + (mg/L)
-J
an
-0
6
12
-F
ev
-0
6
4M
ar
-0
6
24
-M
ar
-0
6
13
-A
br
-0
6
3M
ai06
23
-M
ai
-0
6
20 cm
40 cm
23
-J
an
-0
6
12
-F
ev
-0
6
4M
ar
-0
6
24
-M
ar
-0
6
13
-A
br
-0
6
3M
ai
-0
6
23
-M
ai
-0
6
N-NO 3 (mg/L)
30
25
20
15
10
5
0
20 cm
40 cm
Data
Data
Figura 85
- Evolução N-NO3-.
Figura 86
- Evolução N-NH4+.
14
12
10
8
6
4
2
0
40 cm
-0
6
12
-F
ev
-0
6
27
-F
ev
-0
6
14
-M
ar
-0
6
29
-M
ar
-0
6
13
-A
br
-0
6
28
-A
br
-0
6
13
-M
ai
-0
6
20 cm
28
-J
an
pH (escala sorensen)
Quanto ao pH, Figura 87, observa-se que os valores registados aos 20 cm são próximos dos
registados aos 40 cm, sendo a gama de variação entre pH 7 e 8.
Data
Figura 87
- Evolução do pH.
Parcela experimental P7
Esta parcela apenas foi controlada no ano de 2007, com a cultura do olival, que fora plantado em
2005.
As Figuras 88 e 89 referem-se respectivamente, à evolução da CE e SAR, para a cultura do olival.
) )
-1 0 ,5
(c)L
6
5
4
3
2
1
0
19-Mar-07 28-Abr-07
SAR ((mmol
CE (dS/m)
Tanto a CE como o SAR, apresentam valores relativamente baixos em todas as profundidades, não
excedendo 1,5 dS m-1 e 2 (mmol(c)L-1)0,5, respectivamente.
7-Jun-07
17-Jul-07
26-Ago-07
12
10
8
6
4
2
0
3-Abr-07 28-Abr-07 23-Mai-07 17-Jun-07 12-Jul-07 6-Ago-07
Data
Data
20 cm
Figura 88
40 cm
60 cm
- Evolução da CE.
20 cm
Figura 89
40 cm
60 cm
- Evolução SAR.
Relativamente às formas azotadas, verifica-se que o azoto nítrico (Figura 90) se apresenta em
concentrações bastante elevadas na solução do solo até meados de Junho. Estes valores são
anormalmente elevados, quando comparados com outras culturas, tanto mais que se trata de uma
50
cultura recentemente plantada e aparentemente menos exigente. Por falta de acesso à calendarização
das adubações realizadas, não é possível fundamentar os resultados obtidos.
O azoto amoniacal, também se encontra em concentrações apreciáveis na solução do solo, até
meados de Maio (Figura 91).
N-NH 4 (mg/L)
N-NO 3 (mg/L)
80
60
40
20
0
8-Abr-07
23-Mai-07
7-Jul-07
21-Ago-07
6
4
2
0
8-Abr-07 8-Mai-07 7-Jun-07 7-Jul-07 6-Ago-07
Data
Data
20 cm
Figura 90
40 cm
60 cm
- Evolução N-NO3-.
20 cm
Figura 91
40 cm
60 cm
- Evolução N-NH4+.
7.4 - Caracterização do solo
No Quadro 6, apresentam-se as referências e classificações dos solos, segundo Cardoso (1974) e
FAO (2001), correspondentes às parcelas experimentais estudadas das duas bacias. No Anexo III
apresentam-se as descrições dos perfis, ilustradas com fotografias.
Quadro 6 – Classificação dos solos das parcelas experimentais, segundo Cardoso (1974) e FAO (2001).
N.º da parcela/local de ensaio
Perfil
9094 (Local P1 – zona 1)
102
9094 (Local P1 – zona 2)
106
9135 (Local P2)
107
9133 (Local P3a)
100
9133 (Local P3b)
130
9134 (Local P4a)
108
9134 (Local P4b)
131
9112 (Local P5a)
126
9112 (Local P5b)
127
3028 (Local P6)
110
3034 (Local P7)
132
Cardoso, 1974
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Calcários ParaHidromórfico de arenitos finos– Pagc
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Calcários ParaHidromórfico – Pagc
Coluviossolo Não Calcário de textura
mediana – Sb
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Não Calcários ParaHidromórfico de arenitos– Pag
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Calcários Para-Barro – Pac
Mistura de terras (Barro Pardo
Calcário –Bca- e Solo Mediterrâneo
Pardo de Materiais Não Calcários
Para-Hidromórfico– Pag)*
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Não Calcários ParaHidromórfico – Pag
Barro Preto Calcário Muito
Descarbonatado – Bpc
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Calcários ParaHidromórfico – Pagc
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Não Calcários ParaHidromórfico de arenitos – Pag
Solo Mediterrâneo Pardo de
Materiais Calcários ParaHidromórfico de arenitos– Pagc
FAO, 2001
Luvissolo Gleizado
Luvissolo Gleizado
Fluvissolo Êutrico
Luvissolo Gleizado
Calcic Vertic Luvisol
(Hypereutric)
Antrossolo Térrico
Gleyic Luvisol
(Manganiferric, Chromic)
Calcic Vertisol (Eutric, Pellic)
Calcic Gleyic Luvisol
(Manganiferric, Abruptic)
Luvissolo Gleizado
Gleyic Luvisol (Endoskeletic)
* - Baseado em Cardoso, 1974
51
No Anexo III, IV, V e VI, apresentam-se as características químicas, físicas e hidrodinâmicas dos
solos das várias parcelas.
Neste subcapítulo faz-se a análise dos seguintes parâmetros: Condutividade Eléctrica – CE;
Percentagem de Sódio de Troca – ESP, e Azoto Nítrico – N-NO3-, de acordo com a metodologia
descrita. Apesar de a análise recair sobre estes parâmetros, foram também analisados os restantes
parâmetros que se encontram no Anexo III, com o fim de clarificar algumas dúvidas surgidas.
7.4.1 - Bacia A
Na Figura 92 apresenta-se a localização dos vários perfis abertos e descritos na Bacia Hidrográfica
A.
Figura 92 – Bacia Hidrográfica com a localização dos perfis abertos e descritos.
Parcela experimental P1
Parcela com a cultura do algodão em 2005 e do milho em 2006 e 2007.
Nesta parcela – Solo Pag, durante a vigência do projecto não existiram sinais de salinidade do solo,
uma vez que a CE nas Zonas I e II não superou os 2 dS/m (Figuras 93 e 94), embora em Maio de
2006 se tenha registado, na Zona I, aos 80 cm, um valor superior a 2 dS/m.
52
Tendo em consideração este tipo de solos, que apresentam uma camada muito compacta, pouco
porosa e com teores de argila elevados, criando dificuldades à percolação de água, o facto de se ter
registado um valor superior, e ainda a generalidade dos valores se encontrar sistematicamente
próximos dos 2 dS/m, aconselha-se o uso criterioso deste tipo de solos.
Figura 93 - Evolução da CE do solo, Zona I.
Figura 94 - Evolução da CE do solo, Zona II.
Relativamente à ESP (Figuras 95 e 96), constata-se que existem diferenças significativas entre as
duas Zonas.
Assim, a Zona I, apresenta valores de ESP superiores aos da Zona II, embora inferiores a 15%, valor
a partir do qual um solo é classificado como sódico. Da Figura 95, verifica-se que os valores
correspondentes à profundidade de 80 cm (profundidade que corresponde à camada compacta), para
além de se mostrarem superiores aos das outras profundidades, registaram a mesma tendência que os
valores da CE.
Após a sequência de Algodão-Milho-Milho em três anos consecutivos, os valores mantêm-se dentro
da mesma ordem de grandeza em praticamente todas as profundidades e nas duas zonas.
Figura 95 - Evolução da ESP do solo, Zona I
Figura 96: Evolução da ESP do solo, Zona II
Quanto ao azoto nítrico verifica-se que, no final de 2005 e após a colheita do algodão, a generalidade
dos valores foram mais elevados nas duas zonas. Contudo, estes valores não são preocupantes, já
que, com a cultura do milho, em dois anos consecutivos (2006 e 2007), os valores decresceram
significativamente para cerca de 4/7 mg kg-1 no final das três campanhas de rega (Figuras 97 e 98).
Estes resultados mostram que as adubações azotadas não foram excessivas, não estando a contribuir
para a contaminação dos solos e dos aquíferos, pois não se registaram valores significativamente
elevados nem nos solos nem nas águas subterrâneas.
53
Figura 97
- Evolução do N-NO3 do solo, Zona I Figura 98 - Evolução do N-NO3 do solo, Zona II
Parcela experimental P2
Nesta parcela verificou-se a seguinte sequência de culturas: tomate em 2005 e trigo em 2006.
As Figuras 99, 100 e 101, mostram a evolução da salinidade do solo (CE), da percentagem de sódio
de troca (ESP) e do teor de azoto nítrico no solo (N-NO3), respectivamente.
15
10
ESP (%)
CE (dS m -1 )
15
5
0
30-Set-05
02-Fev-06 07-Jun-06
10-Out-06 12-Fev-07
10
5
0
30-Set-05
2-Fev-06
Data amostrage m
20 cm
40 cm
7-Jun-06
10-Out-06 12-Fev-07
Data amostrage m
60 cm
80 cm
20 cm
Figura 99 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo.
40 cm
60 cm
80 cm
Figura 100 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo.
Nesta parcela, em Outubro de 2005, após o ciclo de rega da cultura do tomate, o solo revelou valores
de condutividade bastante elevados, entre 13 e 5 dS m-1, decrescendo da camada superficial até à
profundidade de 80 cm. Estes valores elevados podem dever-se, tal como foi focado anteriormente,
ao facto do local de amostragem coincidir com uma ligeira depressão do terreno, sujeita a
acumulação de água (Figura 47). Esta constatação sai reforçada com o facto de na campanha
seguinte e, após o período Outono-Invernal (cultura do trigo), se ter verificado uma redução
significativa da salinidade do solo, para valores de CE da ordem dos 1,5 dS m-1 a 2 dS m-1 (Maio de
2006), os quais se mantiveram na mesma ordem de grandeza em Setembro de 2006.
Para tentar perceber se a salinidade elevada se ficava a dever às características do solo e/ou à falta de
drenagem, foi recolhida, em Maio de 2006, uma amostra na mesma parcela, a uma cota ligeiramente
mais elevada. Da análise dos dados conclui-se que a CE, neste ponto de amostragem, era bastante
inferior (Quadro 7), o que reforça a ideia expressa no parágrafo anterior.
Quadro 7 – Comparação da CE (dS.m-1) nas zonas de depressão e encosta.
Profundidade (cm)
CE
(dS.m-1)
Zona
0-20
20-40
40-60
60-80
depressão
2,6
2,4
2,4
3,9
encosta
0,5
0,7
0,5
0,4
54
Relativamente ao ESP, registaram-se também valores bastante elevados em Outubro de 2005, e
crescentes em profundidade. Em Maio de 2006 existe uma recuperação destes valores nas camadas
superiores, mas após a colheita do trigo, os valores surgem novamente elevados, entre 5% na camada
superficial e 8 a 11% nas restantes camadas.
A mesma análise foi seguida no que se refere aos locais de amostragem, podendo concluir-se tal
como para a CE, que a variação dos valores de ESP, entre as duas zonas é da mesma ordem de
grandeza ou mesmo superior.
Por estas razões poder-se-á concluir que estes solos manifestam riscos de sodicização, em condições
de drenagem superficial deficiente.
Quanto à presença de azoto nítrico no solo, constata-se que os valores são baixos em todas as datas
de amostragem, sendo sempre inferiores a 5 mg kg -1 (Figura 101).
N-NO 3 (mg Kg -1 )
25
20
15
10
5
0
30-Set-05
2-Fev-06
7-Jun-06
10-Out-06
12-Fev-07
Data amostragem
20 cm
40 cm
60 cm
80 cm
-
Figura 101 - Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo.
Parcela experimental P3a
Nesta parcela verificou-se a seguinte rotação de culturas: melão em 2005 e trigo em 2006.
4
3
2
1
0
05-Set-05
ESP (%)
CE (dS m -1 )
As Figuras 102, 103 e 104, mostram a evolução da salinidade do solo (CE), da percentagem de sódio
de troca (ESP) e do teor de azoto nítrico no solo (N-NO3-), respectivamente.
14-Dez-05
24-Mar-06
02-Jul-06
20
15
10
5
0
30-Set-05 14-Dez-05 27-Fev-06 13-Mai-06 27-Jul-06
Data amostrage m
25 cm
65 cm
105 cm
Data amostrage m
165 cm
Figura 102 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo.
25 cm
65 cm
105 cm
165 cm
Figura 103 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo.
Verifica-se que, após a campanha de rega da cultura do melão em 2005, tanto a CE do solo, como a
ESP apresentaram valores bastante elevados para as profundidades de 105 cm e 165 cm, da ordem
dos 3,5 dS m-1 para a CE e de 14,5% para a ESP.
55
Estes valores altos da CE e de ESP, nas camadas mais profundas, parece dever-se à existência de
uma camada relativamente compacta a estas profundidades e ao facto das camadas sobrejacentes
apresentarem uma textura franco-arenosa. Esta situação, aliada à aplicação de dotações de rega
relativamente elevadas, pode levar à lixiviação dos sais para as camadas mais profundas, já que a
monitorização da humidade do solo indicou durante a campanha de rega, teores de humidade sempre
elevados (Figura 140). Durante o Inverno, a CE do solo baixou para valores normais, situando-se em
Maio de 2006 a níveis próximos de 0,6 dS m-1.
Nas camadas até aos 65 cm de profundidade os valores da CE e do ESP são relativamente baixos,
não evidenciando qualquer tipo de problema de salinidade do solo, ou de potencial degradação da
estrutura do solo.
N-NO 3 (mg Kg -1 )
Os teores de azoto nítrico são, em regra, relativamente baixos em todas as profundidades (Figura
104), embora em Outubro de 2005 se verifiquem valores um pouco superiores, à profundidade de 25
cm, da ordem dos 6 mg kg-1 a 7 mg kg-1, sendo que estes valores baixam para cerca de 1,5 mg kg-1
em 2006, valor este que não deve ser alheio ao facto do trigo ter sido a cultura seguinte na rotação.
25
20
15
10
5
0
05-Set-05
14-Dez-05
24-Mar-06
02-Jul-06
Data amostragem
25 cm
Figura 104
65 cm
105 cm
165 cm
- Evolução do N-NO3- do solo ao longo do tempo.
Parcela experimental 3b
Esta parcela, com a cultura do tomate, foi monitorizada apenas em 2007.
Relativamente a esta parcela, apenas se realizaram amostragens de solos após a colheita da cultura,
uma em Outubro e outra em Dezembro, já que, no início da campanha, o solo se encontrava bastante
húmido, não possibilitando a abertura do perfil de solo. Por outro lado, será de realçar que é difícil
planear atempadamente as parcelas a seguir, pelo facto das mesmas serem muitas das vezes
cultivadas por arrendamento, e como tal, é necessário conhecer o arrendatário e quais os seus
objectivos de exploração da terra.
De acordo com as limitações apresentadas pode concluir-se, pela análise das Figuras 105 e 106, que
não existem perigos de salinização e de sodicização do solo, pois a CE e a ESP, no final da
campanha (Outubro de 2007) apresentaram valores inferiores a 2 dS/m e a 2 %, respectivamente.
56
Figura 105 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo.
Figura 106 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo.
A observação da Figura 107 mostra que os teores de azoto nítrico no solo, até finais de 2007, são
baixos em todas as profundidades. Na amostragem realizada em Junho de 2008 os teores de nitratos
sobem significativamente nas camadas mais superficiais (20 e 40 cm), por ser esta a zona de
deposição dos fertilizantes após a sua incorporação ao solo, correspondente à cultura praticada em
2008 (milho). Aos 60 e 80 cm, os valores são baixos não variando em relação à segunda amostragem
de 2007.
Figura 107
- Evolução do N-NO3- do solo ao longo do tempo.
Apesar de o projecto ter terminado em Junho de 2008, no final da campanha será analisada a
evolução dos parâmetros em causa.
Parcela experimental P4a
Parcela com a cultura da beterraba, monitorizada em 2006.
6
15
ESP (%)
CE (dS m- 1 )
As Figuras 108, 109 e 110, mostram a evolução da salinidade do solo (CE), da percentagem de sódio
de troca (ESP) e do teor de azoto nítrico no solo (N-NO3), respectivamente.
4
2
0
27-Fev-06
13-Mai-06
27-Jul-06
10-Out-06
10
5
0
27-Fev-06
40 cm
60 cm
27-Jul-06
10-Out-06
Data amostrage m
Data amostrage m
20 cm
13-Mai-06
80 cm
Figura 108 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo
20 cm
40 cm
60 cm
80 cm
Figura 109 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo
57
Nesta parcela, em Maio de 2006, a CE do solo até aos 40 cm de profundidade, apresentou valores
baixos, verificando-se valores mais elevados em profundidade (da ordem dos 2 dS m-1). Comparando
os resultados de Maio com os de Setembro, verifica-se que a CE aumenta de cerca de 1 dS m-1 para
cerca de 2,5 dS m-1, nas camadas superficiais (0-40 cm), enquanto nas camadas inferiores a CE
diminui.
Esta situação poderá estar relacionada com as características do perfil de solo que, como se pode ver
no Anexo III, é um perfil parcialmente aterrado, com uma camada de cerca de 40 cm, de barro,
assente sobre um solo com características dos Pag.
N-NO 3 (mg Kg -1 )
Quanto à ESP, verifica-se que, quer antes, quer após o período de rega, os valores são baixos
praticamente em todas as camadas, existindo no entanto uma tendência para aumentar com a
profundidade.
25
20
15
10
5
0
24-Mar-06
13-Mai-06
02-Jul-06
21-Ago-06
10-Out-06
Data amostragem
20 cm
Figura 110
40 cm
60 cm
80 cm
- Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo.
Relativamente ao azoto nítrico, Figura 110, constata-se que, embora os valores registados no início
da campanha de rega, aos 20 cm, sejam ligeiramente superiores aos registados nas outras camadas,
eles são, em geral, baixos. Após o período de rega, em Setembro, verifica-se que não existe alteração
significativa nos valores, os quais permaneceram relativamente baixos.
Parcela experimental P4b
Parcela com a cultura da beterraba, monitorizada em 2007.
As Figuras 111, 112 e 113, mostram a evolução da salinidade do solo (CE), da percentagem de sódio
de troca (ESP) e do teor de azoto nítrico no solo (N-NO3), respectivamente.
Assim, analisando as Figuras 111 e 112, verifica-se que não existem perigos de salinização e de
sodicização do solo, pois a CE e a ESP mostram valores inferiores a 2 dS/m e a 2%, respectivamente.
Figura 111 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo
Figura 112 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo
58
Figura 113
- Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo
Os valores mais elevados de azoto nítrico, em Março de 2007 ficaram a dever-se às fertilizações
realizadas nessa altura. Da análise da Figura 113, pode ainda concluir-se que os teores de azoto
nítrico desceram para valores relativamente baixos no final da campanha, tudo levando a indicar que
o mesmo foi extraído pela cultura.
Parcela experimental P5a
Parcela com a cultura do melão, monitorizada em 2007.
Neste local, a CE do solo (Figura 114), mostra valores baixos dos 40 cm aos 145 cm, antes e após o
período de regas. No entanto, na camada superficial (0-20 cm), a CE aumenta de Março para
Outubro de 0,6 dS/m para 2,5 dS/m.
Esta situação poderá ser comparada com a da parcela P3a, ou seja, poderá representar a continuação
da cultura na campanha seguinte. Assim sendo, poder-se-á concluir que a salinidade do solo sobe
durante a campanha de rega, descendo para valores da mesma ordem de grandeza durante o Inverno.
6
ESP (%)
CE (dS m- 1 )
A ESP (Figura 115) mostra valores baixos nas duas datas de amostragem, embora ligeiramente
superiores após o período de regas, em todas as profundidades.
4
2
0
18-Jan-07
28-Abr-07
06-Ago-07
14-Nov-07
10
8
6
4
2
0
18-Jan-07
28-Abr-07
Data amostragem
20 cm
80 cm
40 cm
112 cm
06-Ago-07
14-Nov-07
Data amostragem
60 cm
145 cm
Figura 114 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo
20 cm
80 cm
40 cm
112 cm
60 cm
145 cm
Figura 115 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo
O azoto nítrico, apresenta valores baixos ao longo de todo o perfil de solo, quer antes quer após o
período de rega, embora aumente ligeiramente na última data de amostragem, não excedendo, no
entanto, os 6,1 mg kg-1 (Figura 116).
59
N-NO 3 (mg Kg -1 )
25
20
15
10
5
0
18-Jan-07
28-Abr-07
06-Ago-07
14-Nov-07
Data amostragem
20 cm
80 cm
Figura 116
40 cm
112 cm
60 cm
145 cm
- Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo
Parcela experimental P5b
Parcela com a cultura da melancia, monitorizada em 2007.
O solo nesta parcela apresentou valores muito baixos de CE, em todas as profundidades, onde o valor
mais elevado foi de 1,1 dS/m na camada superficial (20 cm), na última data de amostragem em
Outubro (Figura 117).
10
8
6
4
2
0
18-Jan-07
6
4
ESP (%)
CE (dS m- 1 )
Os valores da ESP (Figura 118) são baixos nas camadas superficiais, em qualquer das amostragens,
mas aumentam em profundidade, embora não atingindo valores preocupantes (valor máximo de
7,5% em Março). Com o fim do período de rega, existe uma ligeira tendência para o aumento da ESP
nas primeiras camadas e uma diminuição nas camadas mais profundas.
2
0
18-Jan-07
28-Abr-07
06-Ago-07
14-Nov-07
Data amostragem
28-Abr-07
06-Ago-07
14-Nov-07
Data amostragem
30 cm
80 cm
42 cm
100 cm
60 cm
155 cm
Figura 117 - Evolução da CE do solo
ao longo do tempo.
30 cm
42 cm
60 cm
80 cm
100 cm
155 cm
Figura 118 - Evolução da ESP do solo
ao longo do tempo.
N-NO 3 (mg Kg -1 )
No que respeita ao azoto nítrico (Figura 119), verifica-se que os valores são baixos, nas duas datas de
amostragem, aumentando ligeiramente nas camadas superficiais para valores da ordem dos 8 mg kg1
, na última data.
25
20
15
10
5
0
18-Jan-07
28-Abr-07
06-Ago-07
14-Nov-07
Data amostragem
Figura 119
30 cm
42 cm
60 cm
80 cm
100 cm
155 cm
- Evolução do N-NO3 do solo ao longo do tempo.
60
7.4.2 - Bacia B
Na Figura 120 apresenta-se a localização dos vários perfis abertos e descritos na Bacia Hidrográfica
B.
Figura 120 – Bacia Hidrográfica com a localização dos perfis abertos e descritos.
Parcela experimental P6
Parcela com a cultura do trigo, monitorizada em 2006.
Embora o solo desta parcela só tenha sido possível ser caracterizado em Setembro de 2006, a cultura
foi acompanhada durante toda a campanha tal como foi analisado em pontos anteriores.
No que respeita aos riscos de salinização do solo, verifica-se que nesta parcela, não existem sinais de
salinização do solo, já que após a colheita do trigo, em Setembro de 2006, os valores da CE são
inferiores a 1 dS m-1, até à profundidade de 165 cm (Figura 121).
Quanto aos riscos de sodicidade, avaliada pela ESP (Figura 122), constata-se que este parâmetro
aumenta com a profundidade, mostrando valores relativamente baixos até à profundidade de 95 cm, e
valores mais elevados, da ordem dos 7 a 9%, nas camadas inferiores.
61
Estes resultados mostram que os perigos de sodicização do solo, pouco ou nada estão relacionados
com as estratégias de rega, já que para além de nesta parcela não se ter aplicado água de rega, os
valores elevados surgem apenas em profundidade, indicando que a origem dos problemas de
sodicização e por vezes de salinização do solo, estão associados à qualidade da água dos lençóis
freáticos, à origem do próprio solo e/ou ao facto de, no passado, ter sido utilizada a cultura do arroz.
15
3
ESP (%)
CE (dS/m)
4
2
1
0
20-Ago-06
9-Set-06
29-Set-06
10
5
0
20-Ago-06
19-Out-06
9-Set-06
Data
30 cm
Figura 121
95 cm
29-Set-06
19-Out-06
Data
135 cm
30 cm
165 cm
- Valores de CE do perfil de solo.
Figura 122
95 cm
135 cm
165 cm
- Valores da ESP do perfil de solo.
N-NO 3 (mg kg -1 )
Em relação aos efeitos das adubações azotadas no solo, verifica-se que não existem perigos de
contaminação do solo por nitratos, já que os valores registados no final da cultura são baixos
(inferiores a 3,7 mg kg-1), como mostra a Figura 123.
20
15
10
5
0
20-Ago-06
9-Set-06
29-Set-06
19-Out-06
135 cm
165 cm
Data
30 cm
Figura 123
95 cm
- Valores de N-NO3 no perfil de solo.
Parcela experimental P7
Parcela com a cultura do olival, monitorizada em 2007.
Nesta parcela a condutividade eléctrica é baixa, inferior a 1 dS/m, nas duas datas de amostragem
(Março e Dezembro de 2007), e em todas as profundidades (Figura 124).
A Figura 125, apresenta valores da ESP que não excedem os 4 % até aos 35 cm de profundidade, o
que significa não haver potenciais riscos de degradação da estrutura do solo nas camadas
superficiais.
A amostragem de Dezembro de 2007 mostra valores da ESP superiores nas camadas mais profundas.
Estes valores mais elevados, provavelmente resultam da natureza do material, tal como é referido na
descrição do perfil.
62
ESP (%)
CE (dS m- 1 )
15
6
4
2
0
10-Out-06
28-Abr-07
14-Nov-07
10
5
0
11-Ago-06
01-Jun-08
19-Mar-07
Data amostrage m
25-Out-07
01-Jun-08
Data amostrage m
15 cm
35 cm
70 cm
15 cm
35 cm
70 cm
100 cm
125 cm
170 cm
100 cm
125 cm
170 cm
Figura 124
- Valores de CE do perfil de solo.
Figura 125
- Valores da ESP do perfil de solo.
N-NO 3 (mg Kg -1 )
Relativamente ao azoto nítrico (Figura 126), e apesar de terem sido efectuadas várias aplicações de
adubos azotados ao olival, verifica-se que, em Março de 2007, a concentração no solo não excedeu 6
mg kg-1, e, em Dezembro de 2007, baixou para valores residuais, até 170 cm de profundidade.
25
20
15
10
5
0
18-Jan-07
28-Abr-07
06-Ago-07
14-Nov-07
22-Fev-08
Data amostrage m
15 cm
35 cm
125 cm
170 cm
Figura 126
70 cm
100 cm
- Valores de N-NO3 no perfil de solo.
7.5 – Análise das estratégias de rega
Considerando que um dos objectivos do projecto consistia na análise da influência que a qualidade
da água de rega poderá ter na salinização do solo, pretendeu-se avaliar o efeito que as estratégias de
rega, usadas pelos diferentes agricultores, tiveram na qualidade da água “perdida”, ao nível da bacia
hidrográfica.
Para isto foram analisados os volumes de água introduzidos nas Bacias Hidrográficas A e B através
da rega, os volumes de água perdidos por escoamento superficial e a infiltração profunda.
7.5.1 – Volumes de água aplicados pela rega
7.5.1.1 - Bacia A
A aplicação de água às culturas através da rega, na Bacia Experimental foi registada de forma
automática, através do Sistema de Telegestão, da entidade que gere o perímetro de rega.
O volume de água aplicado na Bacia A apresenta-se na Figura 127.
63
Figura 127 – Volumes de água registados por área e por cultura, ao longo dos anos 2005, 2006 e 2007, nas diferentes
parcelas.
De um modo geral, pode-se dizer que o ano de 2005, por ter sido um ano com um regime pluvioso
bastante baixo, foi aquele em que houve uma maior necessidade de regar.
Pela observação da Figura 127, verifica-se que durante os 3 anos, a cultura com menor volume
aplicado de rega por área foi o olival, o que não é de estranhar por ser uma cultura regada
deficitariamente, e por no caso presente se tratar de uma plantação com cerca de 3 anos. Já a
beterraba, milho, pimentão e o tomate, foram as culturas que consumiram mais água por unidade de
área.
7.5.1.2 – Bacia B
Devido às razões apontadas no Relatório Anual de 2005, a implementação das actividades previstas
no âmbito do Projecto, apenas teve início em 2006. Assim a informação relativa ao fornecimento de
água às culturas apenas se refere a 2006 e 2007 (Figura 128).
64
Figura 128 – Volumes de água aplicados por área e por cultura, ao longo dos anos 2005, 2006 e 2007, nas diferentes
parcelas.
Da análise da figura anterior, verifica-se que os volumes de água aplicados por hectare na cultura do
olival, são bastante diferentes, quer devido às estratégias de rega utilizadas por diferentes
empresários, quer devido ao ano e/ou período de plantação.
Em 2007, e no que ao olival diz respeito, o volume aplicado na parcela 3034 é semelhante ao de
2006. Contudo, face à idade do olival (2 anos), este volume parece exagerado, apesar de
aparentemente, não se ter verificado qualquer tipo de escoamento superficial. Esta conclusão é
suportada pelo Quadro 8 e pela Figura 143, a qual facilmente demonstra que ao longo da campanha,
os teores de humidade das camadas mais profundas estiveram sempre bastante elevados, indiciadores
de, neste caso, potenciais perdas por infiltração profunda, ou seja, a adopção de estratégia de rega
inadequada.
Na parcela 3016+4005, igualmente com olival, os volumes de água aplicados em 2007 diminuíram
em relação aos de 2006. Esta mudança de estratégia ficou a dever-se aos problemas de
encharcamento verificados em 2006 nas zonas de cota mais baixa.
A diferença de volume aplicado entre as parcelas 3016+4005 e 4009, ficou essencialmente a dever-se
à diferença de idades dos olivais.
Quanto à cultura do melão, à excepção da parcela 3006, no ano de 2006, onde o volume aplicado por
hectare é o que mais se ajusta às necessidades desta cultura, para as outras parcelas, e no ano de
2007, o volume registado nas tomadas de água do perímetro de rega foi bastante baixo. Este facto
poderá não significar que o volume realmente aplicado seja o registado, já que, nestas parcelas,
existiam pequenas charcas, que recolhiam água do sistema de drenagem do canal, cujo volume não é
possível contabilizar, a qual era utilizada simultaneamente com a das tomadas.
7.5.2 – Balanço do consumo de água das culturas nas Bacias Hidrográficas A e B
No Quadro 8, apresentam-se os valores dos balanços hídricos estabelecidos pela diferença entre a
Evapotranspiração cultural óptima – ETcopt – (necessidades em água da cultura de forma a obter a
65
máxima produção económica de acordo com a estratégia de rega previamente definida) e a
Evapotranspiração cultural ajustada – ETcaj – (necessidades em água da cultura de acordo com a
estratégia de rega aplicada, calculada tendo por base a precipitação efectiva e os volumes úteis
aplicados a partir das bocas de rega), para as culturas monitorizadas nas Bacias A e B.
Quadro 8 – Balanço hídrico das culturas monitorizadas.
Bacia
A
B
N.º da Parcela/Local P1
Cultura
Ano
Ciclo (Meses)
9094 (Local P1)
9112 (Local P5b)
9133 (Local P3a)
9112 (Local P5a)
9135 (Local P2)
9133 (Local P3b)
9094 (Local P1)
9094 (Local P1)
9134 (Local P4a)
9133 (Local P4b)
9135 (Local P2)
9133 (Local P3a)
3027 (Local P6)
3034 (Local P7)
Algodão
Melancia
Melão
Melão
Tomate
Tomate
Milho
Milho
Beterraba
Beterraba
Trigo
Trigo
Trigo
Olival
2005
2007
2005
2007
2005
2007
2006
2007
2006
2007
2006
2006
2006
2007
Mar - Out
Jul - Set
Abr - Ag
Jun - Set
Abr - Ag
Mai - Set
Abr - Set
Abr - Set
Fev - Ag
Jan - Ag
Nov - Mai
Dez - Jun
Nov - Mai
Mar - Nov
Balanço
(mm)
-190
-200
-210
-259
-136
-173
-196
-156
-237
-155
-112
-264
-110
287
Da análise do Quadro 8, e de um modo geral, pode-se dizer que, à excepção do olival, os volumes
aplicados ficaram aquém das necessidades calculadas, ou seja, comparando os valores de ETcopt com
os valores de ETcaj, o balanço teórico é negativo. Assim, em princípio, e tendo por base este
raciocínio, é expectável a ausência de perdas por escoamento superficial e/ou subsuperficial, com
excepção dos casos em que, eventualmente, a taxa de aplicação de água seja superior à taxa de
infiltração da água no solo.
Será de referir, que estes balanços negativos foram, em termos práticos, atenuados tendo em conta a
capacidade facilmente utilizável dos solos.
7.5.3 - Volumes escoados na secção jusante da bacia
Devido às razões apontadas no Ponto 7.1.2, apenas se apresenta a informação relativa à Bacia A.
Atendendo às conclusões do ponto anterior, e em termos globais, seria de esperar que o escoamento
superficial na secção de jusante da Bacia, durante a campanha de rega, fosse nulo, considerando que
a contribuição da precipitação na mesma época fosse desprezável. Contudo, devido a tecnologias e
gestão de rega menos correctas e/ou outras operações (sistemas de retrolavagem de filtros) poderá,
eventualmente, em alguns eventos (rega) surgirem escoamentos superficiais.
Tendo em conta as considerações anteriores, apresenta-se no Quadro 9 e na Figura 129, a informação
mensal e acumulada respeitante aos escoamentos registados na estrutura de medição (Bacia A) (de 1
de Agosto de 2005 a 31 de Dezembro de 2007). No mesmo quadro, apresentam-se ainda os valores
da precipitação mensal ocorrida na EMA do Outeiro – Ferreira do Alentejo, bem como os volumes
de água aplicados na bacia hidrográfica, a partir das bocas de rega aí instaladas, às culturas citadas
anteriormente.
66
Embora o projecto tenha começado a 1 de Janeiro de 2005, com o objectivo de poder ter em
consideração algumas culturas cuja campanha começou antes desta data, foram registados os valores
de rega e precipitação, ocorridos em Novembro e Dezembro de 2004. Os escoamentos só começaram
a ser registados a partir de Agosto de 2005, altura em que a estação de medição ficou concluída.
No sentido de tentar diferenciar a influência da rega e da precipitação nos escoamentos, os valores do
Quadro 9 são apresentados por diferentes blocos de meses, ou seja, um correspondente aos meses de
Outubro a Março (predominantemente precipitação) e um outro de Abril a Setembro (essencialmente
rega).
Atendendo a que os escoamentos correspondentes aos meses de Outubro a Março são essencialmente
devidos aos excessos de precipitação, e como tal, pouco influenciados pelas estratégias de rega, a sua
análise teve, como objectivo essencial, o conhecimento do coeficiente de escoamento, ou seja, a
percentagem da precipitação ocorrida sobre a bacia que se escoa, enquanto, para o segundo bloco,
correspondente aos meses de Abril a Setembro, o objectivo foi a determinação da eficiência de rega
na bacia (razão entre o volume de água retido na bacia e o aplicado na mesma, a partir dos hidrantes
de rega), ou seja, as “perdas” por escoamento superficial.
67
Total
803
1555
2358
11096
15441
20447
46984
81990
87230
169171
264415
186579
30581
819966
737
0
0
737
0
0
0
0
5601
62392
72364
137860
97826
17558
393601
2575
0
0
2575
0
141
3436
3577
4586
31532
63525
155946
137629
16808
410027
788
788
0
1576
84068
141981
226049
15722
103662
104042
223426
103136
199901
171815
265736
186579
42476
969644
381044
282835
188997
852877
142409
155625
271931
569966
91178
63053
264995
141164
123268
100492
784151
562959
380307
187676
1130942
87890
170966
28878
287734
138074
189801
194369
157929
163071
113620
956864
29204
95617
103420
228241
387
22
409
13315
6766
49721
69802
10350
6434
10450
27235
1564
209
1901
6055
5856
1303
16887
46496
90656
36353
173505
2724
21389
1229
25342
3590
6163
660
3231
6022
1462
21128
0
5
275
280
1377
4548491
1681401
6229892
334588
Eficiência na bacia
83265
140426
223691
4626
88221
83595
176442
21147
112671
2643
1322
0
11895
149678
380307
282835
188997
852140
142409
155625
271931
569966
85577
661
192632
3304
25442
82934
390550
560384
380307
187676
1128367
87890
170824
25442
284157
133488
158269
130844
1982
25442
96812
546837
28416
94829
103420
226665
Coef. Escoamento
25.2
42.5
67.7
1.4
26.7
25.3
53.4
6.4
34.1
0.8
0.4
0.0
3.6
45.3
115.1
85.6
57.2
257.9
43.1
47.1
82.6
172.8
25.9
0.2
58.3
1.0
7.7
25.1
118.2
169.6
115.1
56.8
341.5
26.6
51.7
7.7
86.0
40.4
47.9
39.6
0.6
7.7
29.3
166
9
29
31
69
Eficiência na bacia
Escoamentos
m3
Coef. Escm
Novembro
Dezembro
Total
Janeiro
Fevereiro
Março
Total
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Total
Outubro
Novembro
Dezembro
Total
Janeiro
Fevereiro
Março
Total
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Total
Outubro
Novembro
Dezembro
Total
Janeiro
Fevereiro
Março
Total
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Total
Outubro
Novembro
Dezembro
Total
Total
m3
Eficiência na bacia
2007
2006
2005
2004
mm
Entradas de água
Rega
m3
m3
Coef. Escm
Precipitação
Coef. Escoamento
Quadro 9 – Precipitação, Rega, Escoamentos e Coeficiente de Escoamento/Eficiência na bacia.
99.8
99.9
100.0
0.035
0.024
0.263
0.082
0.073
0.041
0.038
0.048
98.3
99.7
99.3
95.7
95.2
98.7
97.8
0.083
0.238
0.194
0.153
0.031
0.125
0.043
0.088
97.4
96.8
99.7
98.0
96.3
98.7
97.8
0.000
0.000
0.003
0.001
Da análise do Quadro 9, pode concluir-se que:
• entre Outubro e Março de 2005/2006 ocorreu uma precipitação total de 430,7 mm a que
correspondeu um escoamento total de 29 mm, ou seja, um coeficiente de escoamento
médio para o período considerado de 0,068;
• entre Outubro e Março 2006/2007, a precipitação total ocorrida foi de 427,5 mm a que
correspondeu um escoamento total de 60 mm, ou seja um coeficiente de escoamento
médio para o período considerado de 0,141;
68
• entre Outubro e Dezembro de 2007, a precipitação total ocorrida foi de 69 mm, a que
correspondeu um escoamento total de 0,1 mm, ou seja, um coeficiente de escoamento
médio para o período considerado de 0,001.
Comparando o coeficiente de escoamento médio do período de Outubro a Março de 2005/2006, com
o do mesmo período de 2006/2007, verifica-se que este é cerca de 1,5 vezes superior ao anterior.
Sendo a precipitação muito semelhante para ambos os períodos, poderá justificar-se tal diferença
pelo estado de humidade do solo, pois, entre Abril e Setembro de 2005, apenas se registaram 45,3
mm de precipitação.
Relativamente ao período da rega (Abril a Setembro):
• em 2005, o volume de água aplicado na bacia (precipitação + rega) foi de 969644 m3, a
que correspondeu um escoamento total de 409 m3 (apenas Agosto e Setembro), ou seja,
uma eficiência global na bacia da ordem de 100 %;
• em 2006, o volume de água aplicado na bacia (precipitação + rega) foi de 784151 m3, a
que correspondeu um escoamento de 16887 m3, ou seja, uma eficiência global na bacia
de 97,8 %.
• em 2007, o volume de água aplicado na bacia (precipitação + rega) foi de 956864 m3, a
que correspondeu um escoamento de 21128 m3, ou seja, uma eficiência global na bacia
de 97,8 %.
Apesar de se verificar uma eficiência global elevada na bacia hidrográfica, não significa,
necessariamente, que a eficiência ao nível da parcela seja da mesma ordem de grandeza, já que,
poderá, em alguns casos, como nas parcelas regadas com center-pivot, ser inferior, embora esta
situação possa ficar diluída ao nível da bacia.
Esta conclusão, que aponta para “perdas” por escoamento superficial bastante baixas, reforça o facto
das estratégias de rega seguidas pela generalidade dos agricultores, como se viu no Ponto 7.5.2, ser
deficitária.
Os valores apresentados no Quadro 9 são apresentados sob a forma gráfica na Figura 129.
69
Figura 129 – Precipitação, Rega e Escoamento ocorridos na bacia hidrográfica A.
A análise da Figura 129, evidencia o facto dos escoamentos registados ficarem a dever-se
essencialmente à precipitação ocorrida no período de Outono-Inverno, já que, a curva de escoamento
acumulado tende para a horizontal a partir do início da campanha de rega.
7.5.4 – “Volumes perdidos” por infiltração profunda
Dada a impossibilidade da equipa de projecto quantificar os eventuais volumes de água infiltrados
para além da espessura de solo explorada pelas raízes, e o seu eventual impacte negativo ao nível das
águas subterrâneas, optou-se pela análise de evidências que permitissem verificar a sua ocorrência.
Esta análise foi feita recorrendo ao estudo da evolução da humidade do perfil do solo em
profundidade e ao longo do tempo, com especial ênfase na camada abaixo da zona radicular e com a
interpretação da tendência ascendente/descendente do armazenamento total de água no perfil.
Este estudo foi realizado, tal como se referiu na metodologia, recorrendo ao método capacitivo. Dado
o tipo de estudo em causa, os valores da humidade que se apresentam de seguida são apenas valores
relativos, ou seja, permitem apenas determinar tendências.
Nas Figuras 130 a 143, apresenta-se, para cada parcela/cultura, a evolução do perfil de humidade do
solo ao longo da campanha de rega - Figuras 130a) a 143a) - e a evolução do armazenamento total de
água no perfil - Figuras 130b) a 143b). Para uma melhor percepção, construiu-se um terceiro gráfico
com a evolução do perfil de humidade do solo apenas com três datas: início, meio e fim da campanha
de rega – Figuras 130c) a 143c).
70
a)
b)
c)
Figura 130 – Evolução do perfil de humidade na cultura do algodão (Parcela 9094 – local P1, 2005).
No caso do algodão, verifica-se que a humidade do solo apresentou uma tendência decrescente em
profundidade ao longo da campanha de rega (Figura 130 a) e c)), sinal de que houve consumo pelas
raízes da água existente no início da campanha e de que não houve entradas, proveniente da rega
durante o mesmo período, ou seja, indiciando ausência de infiltração profunda. Esta afirmação é
reforçada pela tendência decrescente do armazenamento de água no solo (Figura 130 b)). O facto de
se verificar entre os 40 e os 50 cm de profundidade (Figura 130 a)) uma tendência para valores de
humidade da mesma ordem de grandeza pode dever-se à presença de uma camada limitativa,
confirmada pela descrição do perfil de solo (Anexo III), que dificulta a passagem da água para as
camadas mais profundas.
a)
b)
71
c)
Figura 131 – Evolução do teor de humidade na cultura do milho (Parcela 9094 – local P1, 2006).
As constatações retiradas na situação anterior, também são válidas para este caso, pois, mais uma
vez, se verificam indícios da ausência de infiltração profunda. Embora se trate da mesma parcela, a
evidência da camada limitativa aos 40/50 cm não é tão evidente como no caso anterior, o que
demonstra a elevada variabilidade do solo.
Esta conclusão reforça o que foi dito no Ponto 7.3.1.
a)
b)
c)
Figura 132 – Evolução do teor de humidade na cultura do milho (Parcela 9094 – local P1, 2007).
Apesar de, nesta parcela, até determinado momento a humidade do solo mostrar uma tendência
decrescente em profundidade (Figura 132 c)), verifica-se que entre 21 de Agosto e 11 de Setembro, a
humidade do solo aumentou em todo o perfil do solo. Esta situação deve-se à tentativa de recuperar a
humidade do solo, após uma paragem da rega provocada pelo atascamento do center-pivot (Figura
132 b)). Devido ao adiantado estado de desenvolvimento da cultura (grão pastoso), esta não
72
conseguiu extrair toda a água disponível, resultando na passagem de alguma água para camadas mais
profundas, embora sem nunca atingir o estado de humidade no início da campanha.
a)
b)
c)
Figura 133 – Evolução do teor de humidade na cultura do tomate (Parcela 9135 – local P2, 2005).
Neste caso, devido ao tipo de solo (solos de baixa), não se evidenciam alterações significativas da
humidade em profundidade e ao longo do tempo (Figuras 133 a) e c)). Esta situação pode ser
indicativa de um perfil saturado, o qual permitiu a passagem de água para camadas mais profundas.
Esta afirmação é validada pelas conclusões retiradas no Ponto 7.3.1, o que indicia uma estratégia de
rega inapropriada, principalmente nas zonas de baixas, já que, nas restantes áreas esta situação não
foi tão evidente.
a)
b)
73
c)
Figura 134 – Evolução do teor de humidade na cultura do tomate (Parcela 9133 – local P3b, 2007).
Devido às características do perfil de solo (Anexo III), a humidade do solo não apresentou grandes
oscilações a partir dos 40 cm e ao longo do tempo (Figura 134 a) e c)), devido à ausência de raízes,
de camadas mais argilosas e com baixa porosidade, podendo levar a considerar que não ocorreram
perdas de água em profundidade, se se admitir que, não havendo raízes e havendo uma camada
limitativa o teor de humidade constante pode indiciar que não houve nem entradas nem saídas de
água, e consequentemente, o teor de humidade permaneceu constante.
Nas Figuras 135 a 137, apresenta-se a evolução do teor de humidade na cultura do trigo em três
parcelas.
As variações de humidade registadas nas parcelas com trigo, não são devidas a qualquer estratégia de
rega, já que as parcelas em questão foram conduzidas sob o regime de sequeiro.
b)
a)
c)
Figura 135 – Evolução do teor de humidade na cultura do trigo (Parcela 9135 – local P2, 2006).
74
a)
b)
c)
Figura 136 – Evolução do teor de humidade na cultura do trigo (Parcela 9133 – local P3a, 2006).
b)
a)
c)
Figura 137 – Evolução do teor de humidade na cultura do trigo (Parcela 3027 – local P6, 2006).
75
a)
b)
c)
Figura 138 – Evolução do teor de humidade na cultura da beterraba (Parcela 9134 – local P4a, 2006).
Devido às características do perfil de solo (Anexo III), o qual se situa numa zona que foi aterrada,
pelo que a primeira camada (0-40 cm) corresponde a material (Barro calcário) transportado de uma
área situada a cerca de 500 m e de cota mais elevada, apresentando características morfológicas
diferentes das camadas subjacentes, as quais, apresentam compacidade média e raras raízes muito
finas, a humidade do solo não apresentou grandes oscilações a partir dos 40 cm e ao longo do tempo
(Figura 138 a) e c)), o que pode indiciar que não houve nem entradas nem saídas de água, e
consequentemente, o teor de humidade permaneceu constante.
a)
b)
76
c)
Figura 139 – Evolução do teor de humidade na cultura da beterraba (Parcela 9134 – local P4b, 2007).
As constatações retiradas para a Parcela 9094 – local P1 (ano de 2005 - algodão), também são
válidas para este caso, pois, mais uma vez, se verificam indícios da ausência de infiltração profunda.
a)
b)
c)
Figura 140 – Evolução do teor de humidade na cultura do melão (Parcela 9133 – local P3a, 2005).
As constatações retiradas para a Parcela 9094 – local P1 (ano de 2005 - algodão), também são
válidas para este caso, pois, mais uma vez, se verificam indícios da ausência de infiltração profunda.
77
a)
b)
c)
Figura 141 – Evolução do teor de humidade na cultura do melão (Parcela 9112 – local P5a, 2007).
As constatações retiradas para a Parcela 9094 – local P1 (ano de 2005 - algodão), também são
válidas para este caso, pois, mais uma vez, se verificam indícios da ausência de infiltração profunda.
a)
b)
c)
Figura 142 – Evolução do teor de humidade na cultura da melancia (Parcela 9112 – local P5b, 2007).
78
As constatações retiradas para a Parcela 9094 – local P1 (ano de 2005 - algodão), também são
válidas para este caso, pois, mais uma vez, se verificam indícios da ausência de infiltração profunda.
a)
b)
c)
Figura 143 – Evolução do teor de humidade na cultura da oliveira (Parcela 3034 – local P7, 2007.
As constatações retiradas para a Parcela 9094 – local P1 (ano de 2005), parecem também ser válidas
para este caso. Contudo, e como se disse no Ponto 7.5.2, o facto da cultura da oliveira ter sido regada
por excesso, e a mesma não ter sido “perdida” por escoamento superficial, nem haver indícios de
infiltração profunda, pode levar a indiciar a sua “perda” por escoamento subsuperficial para a vala de
drenagem, não sendo, pelas razões anteriormente apresentadas, possível a sua detecção, já que a
mesma, dava escoamento às perdas de água provenientes do canal de distribuição da obra de rega.
Face a estas constatações poder-se-á concluir que a estratégia de rega adoptada para esta parcela de
olival é inadequada.
7.6 – Influência das estratégias de rega na qualidade da água e do solo ao nível da
bacia hidrográfica
Um dos objectivos propostos neste projecto consistia na avaliação do impacte que a agricultura de
regadio exerce ao nível do solo e das águas de drenagem e subterrâneas, ao nível da bacia
hidrográfica. Assim, procedeu-se a uma avaliação de riscos potenciais de salinização, sodicização e
de contaminação por nitratos, quer dos solos quer das águas das duas bacias, em função das
estratégias de rega usadas nas diferentes parcelas e dos respectivos solos.
79
Relativamente à evolução da qualidade da água, a avaliação foi realizada através da análise dos
diversos parâmetros correspondentes à água de rega (entrada na bacia) e à água de drenagem (saída
por escoamento superficial) e ainda da água subterrânea, ao longo da campanha de rega e no decurso
da época das chuvas.
Relativamente à evolução da qualidade do solo, a avaliação foi efectuada recorrendo-se ao exame
dos diversos parâmetros do solo relativos ao início (extracto de saturação do solo/abertura de
perfil/amostragem), durante (solução do solo) e no fim (extracto de saturação do solo/abertura de
perfil/amostragem) das campanhas de rega de cada parcela, permitindo assim, avaliar-se a situação
de referência do solo (início do projecto) e a sua evolução ao longo e no final de cada cultura, bem
assim como a sua eventual recuperação no final da época das chuvas.
Os resultados analíticos foram classificados tendo em conta a metodologia apresentada no Capítulo 6
e a discussão anteriormente realizada.
De acordo com a classificação dos diversos parâmetros foram calculados os riscos. Os graus de
riscos considerados, para a água e o solo, estão indicados no Quadro 10.
Quadro 10 – Graus de riscos quanto à qualidade da água e do solo.
Riscos
Salinidade
CE
(dS/m)
Risco Baixo
RB ≤ 0,7
Risco Médio 0,7 < RM < 3
Risco Alto
RA ≥ 3
Água/Solução do solo
Sodicidade
SAR
-1 0,5
(mmol(c)L )
RB < 8
Nitratos
N-NO3
(mg/L)
RB ≤ 5
Salinidade
CEe
(dS/m)
RM ≥ 8
RA ≥ 8
5 < RM < 30
RA ≥ 30
2 < RM < 8
RA ≥ 8
RB ≤ 2
Solo
Sodicidade
ESP (%)
RB ≤ 10
Nitratos
N-NO3
(mg/kg)
RB ≤ 15
10 < RM < 15 15 < RM < 30
RA ≥ 15
RA ≥ 30
CE= condutividade eléctrica; SAR= razão de adsorção de sódio; CEe= condutividade eléctrica do extracto de saturação do solo; ESP= percentagem de
sódio de troca; N-NO3= azoto na forma nítrica
Tendo por base a tabela de riscos apresentada no Quadro 10, foram considerados ainda os riscos
Baixo a Médio e Médio a Alto, considerando ao longo do tempo, a alternância de riscos para cada
parâmetro entre Baixo a Médio e Médio a Alto, respectivamente.
No Quadro 11 apresentam-se, para todas as parcelas monitorizadas nas 2 bacias, os riscos potenciais
de salinização, sodicização e de contaminação por nitratos, dos solos e das águas. A análise do
Quadro 11, permite concluir que:
• A água de rega, não apresenta qualquer risco em relação ao seu uso;
• A água de drenagem apresenta:
Salinidade – Risco médio durante o período de rega. Contudo passa a alto
durante o período Outono/Inverno. Esta situação, parece ficar a dever-se, por um
lado, à subida do nível freático, e por outro, à salinidade das águas
subterrâneas (Figura 144), tanto mais que a salinidade do solo no final da
campanha de rega apresenta um risco nulo;
80
Figura 144 – Relação, entre a variação do nível freático do PT1, e a CE do PT1 e da água da vala de drenagem.
Sodicidade - Risco baixo;
Nitratos - Risco baixo.
• Relativamente ao solo, o Quadro 11 mostra em relação à:
Salinidade:
• De uma forma geral e durante a campanha de rega o risco depende dos
fertilizantes aplicados e do índice salino relativo dos adubos. Este índice
permite avaliar a salinização secundária induzida pelos adubos. Contudo,
o seu risco, no final da campanha, pode ser considerado como baixo;
• Em alguns casos particulares, o risco de salinização no final da
campanha, não recupera totalmente, mantendo-se num nível baixo a
médio. Estes casos estiveram normalmente associados às culturas do
tomate, beterraba e melão, quando praticadas em solos de barro e de
baixa.
Sodicidade:
• De uma forma geral o risco de sodicização dos solos pode considerar-se
como baixo;
• Em alguns casos particulares, o risco de sodicização no final da
campanha, é superior, variando entre baixo a médio e médio a alto, o que
parece estar associado à composição mineralógica e química de alguns
solos.
Nitratos:
• De uma forma geral e durante a campanha de rega, o risco de
contaminação por nitratos depende das fertilizações efectuadas, mas o
seu risco, no final da campanha, pode ser considerado como baixo.
81
Quadro 11 - Avaliação dos riscos de salinização, sodicização e de contaminação por nitratos, das águas e do solo.
Legenda:
82
8 - Conclusões
• A qualidade das águas subterrâneas, na zona do projecto, não parece ser
influenciada pelas estratégias de rega usadas, tanto mais que a sua qualidade já era
relativamente baixa no início do projecto, que coincidiu com a introdução do
regadio na zona.
• A qualidade das águas de drenagem, parece ser essencialmente influenciada pela
qualidade do lençol freático, durante a época das chuvas.
• A eficiência de rega global ao nível da bacia foi da ordem dos 98%, ou seja, as
estratégias de rega não contribuíram para as “perdas” de água.
• As “perdas” de água ao nível da parcela parecem estar essencialmente associadas
a algumas técnicas de rega, nomeadamente pelos “Pivots” ou rampas pivotantes.
• A falta de projecto/planeamento dos sistemas de rega e a não consideração das
características do perfil e do declive do solo, podem conduzir à salinização e
eventual degradação do solo em manchas localizadas, mesmo no caso da rega
gota-a-gota.
• A tendência generalizada para considerar que a agricultura de regadio, exigente
em água, e por conseguinte, em fertilizantes, pode levar a um aumento gradual do
teor em nitratos no solo, deverá ser analisada caso a caso, pois, ao contrário do
que seria de esperar, após o período de projecto, as análises efectuadas nas
diversas parcelas, assim não o demonstraram, uma vez que os valores de azoto
nítrico obtidos se apresentaram sempre residuais.
• A salinização e sodicização do solo, embora apresente alguma variação ao longo
da campanha de rega, parece apresentar um balanço nulo em termos globais, isto
é, se se levar em linha de conta também o período chuvoso durante o qual ocorre a
lixiviação dos sais acumulados no solo.
Da execução deste projecto, parece poder concluir-se que a gestão adequada do uso dos
factores “solo-água-planta-técnicas culturais” permite a prática de uma agricultura de regadio
sustentável para o agricultor e para o ambiente.
83
9 – “Mais-valias do projecto”
Sendo o objectivo principal do projecto a análise da influência das estratégias de rega na
qualidade do solo e da água, o desenvolvimento das metodologias inerentes ao seu
desenvolvimento permitiu que as mesmas pudessem vir a ser usadas no projecto financiado
no âmbito do Programa Interreg IIIA - Pequenos Regadios Individuais do Alentejo – PRIA,
através dos quais foi iniciado o embrião de uma rede de controlo da qualidade da água de rega
com a finalidade de caracterizar a água disponível para a rega, e avaliar a sua qualidade, tendo
em conta os seguintes potenciais perigos na:
•
•
•
•
•
• Salinização e alcalização ou sodicização do solo
• Taxa de infiltração do solo
• Toxicidade de alguns iões
• Entupimento de emissores
• Corrosão de materiais
A metodologia definida para este projecto permite dar resposta às solicitações veiculadas
pelas Declarações de Impacte Ambiental (DIA), relativas aos blocos de rega do Sistema
Global de Rega de Alqueva, nomeadamente no que se refere, entre outras, à Monitorização
do solo para a avaliação da salinização e alcalização.
10 – Recomendações
O contraste entre os valores/tendências encontrados ao longo do projecto e afirmações mais
ou menos convictas que foram efectuadas, aponta para a necessidade da continuação de
estudos deste tipo, de forma a poderem ser tomadas decisões imparciais, com base em dados
experimentais e locais.
11 - Divulgação dos resultados do Projecto
No decurso da execução do projecto procedeu-se, sempre que possível, à divulgação das
actividades desenvolvidas e também dos resultados conseguidos. Das actividades de
divulgação efectuadas ressaltam-se as seguintes:
• Artigo técnico intitulado “A influência das estratégias de rega na afectação do
meio ambiente” publicado pela revista “Vida Rural” e “Frutas e Legumes” em
2006.
http://www.cotr.pt/documentos/VR_2006_EXP.pdf
• Boletins Informativos – RECOQUAR, publicados pelo COTR.
http://www.cotr.pt/documentos/recoquar_1.pdf
http://www.cotr.pt/documentos/recoquar_2.pdf
• Relatórios Anuais de Progresso de 2005 e 2006
http://www.cotr.pt/documentos/RELATÓRIO%20%20RECOQUAR_1.pdf
http://www.cotr.pt/documentos/Relatorio_Recoquar2%20pdf.pdf
• Participação no Seminário Sobre Águas Subterrâneas. Março de 2007. Lisboa.
• Criação de uma página na internet no site do COTR, para disponibilização da
informação sobre a evolução do Projecto.
http://www.cotr.pt/projecto.asp?id=50
84
• Reunião com técnicos convidados para apreciação dos resultados, análise das
conclusões e discussão e melhoria das estratégias. Março de 2007. Beja.
Catronga, H. D., Varela, M. B., Boteta, L. I., Guerreiro, C. S., Ferreira, V. O., Oliveira, I. B., Martins, J. C.,
Pires, F. P., Araújo, A. A., Ramos, T. B., Prazeres, A. O., Castro, A. M., Chibeles, C. A., 2008. Rede de
controlo da qualidade da água de rega – RECOQUAR. 9º Congresso da Água, CD-ROM, 2-4 de Abril,
Cascais, Portugal.
Catronga, H., Boteta, L., Guerreiro, C., Varela, M., Oliveira, I., Martins, J., Pires, F., Fonte, S., Ramos, T. B.,
Prazeres, A., Castro, A., Chibeles, C., 2007. Rede de controlo da qualidade de água de rega –
RECOQUAR. II Congresso Nacional de Rega e Drenagem, CD-ROM, (Publicado em separata), 26 a
28 de Junho, Fundão.
Catronga, H. D., Varela, M. B., Boteta, L. I., Guerreiro, C. S., Ferreira, V. O., Oliveira, I. B., Martins, J. C.,
Pires, F. P., Araújo, A. A., Ramos, T. B., Prazeres, A. O., Castro, A. M., Chibeles, C. A., 2008. Rede de
controlo da qualidade da água de rega – RECOQUAR. Tecnologia da Água, 56:40-47.
Catronga, H. D., Varela, M. B., Boteta, L. I., Guerreiro, C. S., Ferreira, V. O., Oliveira, I. B., Martins, J. C.,
Pires, F. P., Araújo, A. A., Ramos, T. B., Prazeres, A. O., Castro, A. M., Chibeles, C. A., 2008. Rede de
controlo da qualidade da água de rega – RECOQUAR. Resumo das Comunicações do 9º Congresso da
Água, p.87-88, 2-4 de Abril, Cascais, Portugal.
Catronga, H., Boteta, L., Guerreiro, C., Varela, M., Oliveira, I., Martins, J., Pires, F., Fonte, S., Ramos, T. B.,
Prazeres, A., Castro, A., Chibeles, C., 2007. Rede de controlo da qualidade de água de rega –
RECOQUAR. Livro de Resumos do II Congresso Nacional de Rega e Drenagem (Publicado numa
separata), 26 a 28 de Junho, Fundão, Portugal.
Martins, J. C., Oliveira, I., Pires, F. P., Catronga, H., Araújo, A. S., Varela, M., Ramos, T. B., Prazeres, A.,
Castro, A., Gonçalves, M. C., Guerreiro, C., Boteta, L., 2008. Monitorização da qualidade do solo e das
águas de drenagem em duas bacias regadas com água da Albufeira de Odivelas (Alentejo) no período
de 2005-2007. Programa e Livro de Resumos do III Congresso Ibérico de Ciência do Solo, p. 95, 1 a 4
de Julho, Évora, Portugal.
Martins, J. C., Oliveira, I., Pires, F. P., Catronga, H., Fonte, S., Varela, M., Ramos, T. B., Prazeres, A.,
Gonçalves, M. C., Guerreiro, C., Castro, A., Boteta, L., 2007. Qualidade das águas de rega e de
drenagem e do solo numa bacia integrada na Infra-estrutura 12 do Sistema Global de Rega do Alqueva.
Programa e Resumos do Encontro Anual da SPCS “O Solo, a Paisagem e o Uso da Terra”, p. 70-71, 4
a 6 de Julho, Vila Real, Portugal.
Ramos, T. B., Vilar, M.T., Martins, J. C., Luz, P.B., Pires, F. P., Prazeres, A., Catronga, H., Guerreiro, C.,
Boteta, L., 2007. Avaliação de práticas agrícolas em áreas regadas por rampa rotativa nos perímetros do
Roxo e Odivelas. Programa e Resumos do Encontro Anual da SPCS “O Solo, a Paisagem e o Uso da
Terra”, p. 82-83, 4 a 6 de Julho, Vila Real, Portugal.
Martins, J. C., Vilar, M. T., Neves, M. J., Pires, F. P., Ramos, T. B., Prazeres, A. O., Gonçalves, M. C., 2005.
Monitorização da salinidade e sodicidade de solos regados por rampas rotativas nos perímetros do Roxo
e de Odivelas. Livro de Resumos do I Congresso Nacional de Rega e Drenagem. p. 61-62, 5 a 8 de
Dezembro, Beja, Portugal.
85
12 - Referências bibliográficas
Adriano, D. C. & Doner, H. E., 1982, Bromine, chlorine and fluorine, In: Page, A. L.; Miler,
R. H. & Keeney, D. R. (Eds,), Methods of Soil Analysis, Part 2, Chemical and
Microbiological Properties, 2nd ed: 449-483, Agronomy (9), Am. Soc. Agron. Inc.,
Madison, Wisconsin, USA.
Alarcón, C. T., 1965, Utilizacion de las aguas saladas para riego, Instituto Nacional de
Investigaciones Agronomicas, Madrid, España.
Allen, R. G., Pereira, L. S., Raes, D., Smith, M., 1998, Crop evapotranspiration - Guidelines
for computing crop water requirements, FAO Irrigation and drainage paper 56, Rome,
Italy.
Arya, L. M., D. A. Farrel & G, R, Blake, 1975, A field study of soil water depletion patterns
in presence of growing soybean roots, I, Determination of hydraulic properties of the
soil, Soil Sci, Soc, Am, J., 45:1023-1030.
Ayers, R. & Westcot, D. 1994, Water quality for agriculture, FAO Irrigation and Drainage
Paper 29, Rev,1, Rome, Italy.
Bremmer, J. M. & C. S. Mulvaney, 1982, Total Nitrogen, In: A. L. Page et al, (Eds), Methods
of Soil Analysis 2, Chemical and Microbiological Properties: 595-624, American
Society of Agronomy Inc., Madison.
Cardoso, J. C., 1974, A classificação de solos de Portugal, Boletim de Solos do S.R.O.A.,
17:14-46, Lisboa.
FAO, 2001, Lecture notes on the major soils of the world, World Soil Resources Report 94,
Rome.
Hendrilsen, A. & Selmer-Olsen, A. R., 1970, Automatic methods for determination of nitrate
and nitrite in water and soil extracts, The Analyst, 95, 514-518.
Hissink, D. J., 1930, Report of the committee on soil reaction measurements of the international
society of soil science, Soil Res., 2:141-144.
Melich, A., 1948, Determination of cations and anions exchange properties of soils, Soil
Science 66, 429-445.
Mesquita, M. E. & Alvim, A. 1981, Testagem de um método de determinação da capacidade
de troca catiónica em solos salinos, Pedologia, Oeiras 16(1): 165-176.
Richards, L. A. (ed.) 1954, Diagnosis and Improvement of Sa1ine and A1ka1i Soi1s, US Dep,
Agric, Handb, 60,Washington, USA.
Riehm, H., 1958, Die ammoniumlaktatessigsaure-Method zur bestimmung der leichtloslichen
phosphorsaure in karbonathaltigen boden, Agrochimica, 3: 49-65.
86
Searle, P. L., 1984, The Berthlot or Indophenol reaction and its use in the analysis chemistry
for nitrogen, The Analyst, 109, 549-565.
Silva, A. A., A, J. S. Alvim & M. J. Santos, 1975, Métodos de análise de solos, plantas e
água, Pedologia, Oeiras, 10 (3).
Stakman, W. P., 1974, Measuring soil moisture, In: Drainage Pinciples and Aplications, Int,
Inst, Ld, Reclam., Publication 16 (3): 221-251, Wageningen.
Stolte, J., 1997, Determination of the saturated hydraulic conductivity using the constant head
method, In J. Stolte (ed.), Manual for soil physical measurements, Technical document
37, DLO Winand Staring Centre, Wageningen.
Van Genuchten, M. Th., 1980, A closed form equation for predicting the hydraulic
conductivity of unsaturated soils, Soil Sci, Soc, Am, J, 44: 892-898.
Van Genuchten, M. Th., F, J, Leij & S, R, Yates, 1991, The RETC code for quantifying the
hydraulic functions of unsaturated soils, Environmental Protection Agency, United
States.
Walkley, A., 1947, A critical examination of rapid method for determining organic carbon in
soil: effect of variations in digest conditions and of inorganic soil constituents, Soil Sci,,
63: 251-263.
Wind, G. P., 1968, Capillary conductivity data estimated by a simple method, In: P, E,
Rijtema & H, Wassink (eds,), Water in the unsaturaded zone, Procced, Wagningen,
Symposium, IASH/AIHS – UNESCO, vol, I: 181 – 191.
87

Documentos relacionados