Livro de Resumos - Universidade de Aveiro

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Livro de Resumos - Universidade de Aveiro
LIVRO DE RESUMOS
Universidade de Aveiro
2 a 4 de Maio de 2011
Universidade de Aveiro
Comissão Organizadora
Adelaide Almeida
Cristina Bernardes
Eduarda Pereira
Fátima Alves
Henrique Queiroga
João Miguel Dias
João Serôdio
Newton C.M. Gomes
Nuno Vaz
Comissão Científica
Adelaide Almeida
Amadeu Soares
Ana Lillebø
Armando Duarte
Artur da Rosa Pires
Carlos Coelho
Carlos Costa
Carlos Vale
Casimiro Pio
Cristina Bernardes
Eduarda Pereira
Elisabete Figueiredo
Fátima Alves
Fernanda Alcântara
Filomena Martins
Henrique Queiroga
João Carlos Marques
João Miguel Dias
João Serôdio
Luís Arroja
Luis Menezes Pinheiro
Maria José Costa
Newton C.M. Gomes
Nuno Vaz
Pedro Pombo
Peter Roebeling
Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro
INFORMAÇÕES
Local de realização
As Jornadas decorrerão no Anfiteatro da Reitoria da Universidade de Aveiro
Recepção
A recepção, para levantamento da documentação das Jornadas e informações,
estará localizada no átrio do edifício da Reitoria da Universidade de Aveiro e
permanecerá aberta das 9:00 às 17:00 horas todos os dias, com excepção no
último dia em que encerrará às 16:00 horas.
Equipamento de Projecção
A sala das comunicações orais está equipada com computador e sistema de
projecção (DataShow). Cada orador deverá transferir o ficheiro da sua
apresentação para o computador da sala pelo menos na sessão anterior à da sua
apresentação.
Posters
Os posters ficarão expostos no edifício da Reitoria, nos locais indicados para o
efeito, devendo ser afixados no primeiro dia das Jornadas e onde ficarão
expostos durante todo o evento.
Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro
ÍNDICE
Comunicações Orais……………………………………………………………………..5
Tema: Ciência e Tecnologia…………………………………………………......7
Tema: Socioeconomia…………………………………………………………. 26
Tema: Ordenamento e Gestão…………………………………………………..32
Comunicações em poster...……………………………………………………………..39
Índice de autores………………………………………………………………………..59
Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro
COMUNICAÇÕES ORAIS
Resumos da Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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ACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO AO LONGO DA VIDA EM LIZA AURATA DE DOIS
SISTEMAS COSTEIROS COM DIFERENTE HISTORIAL DE CONTAMINAÇÃO
S. Tavaresa, H. Oliveiraa, J. P. Coelhob, E. Pereirab, M. Pardala
a
b
CEF, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra {mpardal}@ci.uc.pt}
Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro {jpcoelho, eduper}@ua.pt
O principal objectivo deste estudo foi avaliar a acumulação de mercúrio em quatro tecidos de Liza aurata
(músculo, brânquias, fígado e cérebro) em dois ecossistemas costeiros, ao longo da vida da espécie. Foram
capturados indivíduos de quatro classes de idade em dois locais de amostragem na Ria de Aveiro (Laranjo e
Mira), sistema historicamente contaminado por mercúrio de origem industrial, e no Estuário do Mondego,
que é considerado um sistema de referência em termos de contaminação por metais. Verificou-se que a
concentração de mercúrio em todos os tecidos foi significativamente maior no Laranjo que no Mondego, o
que está de acordo com os dados obtidos nas análises à água, sedimentos e SPM. Diferenças significativas
entre os dois locais de amostragem na Ria de Aveiro foram apenas detectadas no fígado, o tecido que
registou os níveis mais elevados de mercúrio (entre 0,11 e 4,2 µg g-1) em todos os locais de amostragem,
seguido pelo músculo, cérebro e brânquias. Estes resultados salientam o papel central do fígado no
metabolismo de metais, e indicam que este órgão pode ser considerado adequado para reflectir contaminação
ambiental por mercúrio. Em todos os tecidos e locais de amostragem foi denotado um padrão de diluição de
mercúrio ao longo da vida (com excepção do fígado no Mondego) seguindo uma tendência exponencial no
Laranjo e uma tendência linear em Mira e no Mondego. O conteúdo em mercúrio orgânico do músculo
representou na maior parte das vezes mais de 90% do conteúdo em mercúrio total, e seguiu o mesmo padrão
de diluição observado para o mercúrio total. Os resultados sugerem que o consumo de Liza aurata capturada
no Laranjo deve ser moderado, apesar de não ter sido ultrapassada a concentração limite permitida para
consumo humano.
ACUMULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MERCÚRIO EM PEIXES DA RIA DE AVEIRO
C.L. Mieiroa, J.P. Coelhoa, M. Pachecob, A.C. Duartea, E. Pereiraa
a
Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {cmieiro, jpcoelho, aduarte,
eduper}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
O principal objectivo deste trabalho foi estudar a acumulação de mercúrio em vários tecidos de peixes
marinhos que usam a Ria de Aveiro como viveiro. Para tal, foram escolhidos juvenis de duas espécies
ecologicamente diferentes e representativas da comunidade piscícola local, a tainha garrento (Liza aurata) e
o robalo (Dicentrarchus labrax). Neste estudo foram escolhidos dois locais de amostragem de acordo com o
grau de contaminação: um local muito contaminado (Largo do Laranjo - L) e outro local afastado da
principal fonte de contaminação, servindo como termo de comparação (Referência - R). As concentrações de
mercúrio total (T-Hg) e orgânico (O-Hg) foram quantificadas nas guelras, fígado, intestino, cérebro e
músculo das duas espécies e também nos respectivos conteúdos intestinais. A acumulação de T-Hg e O-Hg
foi tendencialmente maior para D. labrax e ambas as espécies demonstraram capacidade de reflectir o grau
de contaminação ambiental existente, indicando que a acumulação depende da concentração ambiental e é
específica para cada tecido. As guelras e o intestino revelaram níveis de T-Hg e de O-Hg idênticos entre
espécies, assim como os níveis de T-Hg no cérebro. O músculo e os conteúdos intestinais exibiram níveis de
T-Hg e de O-Hg diferentes entre as espécies, assim como os níveis de O-Hg no fígado. Com excepção das
guelras, as concentrações de O-Hg nos tecidos, variaram em função do valor observado nos conteúdos
intestinais, indicando que a alimentação é a via dominante da acumulação. As concentrações de O-Hg nos
conteúdos intestinais revelaram ser uma informação relevante para prever a acumulação de O-Hg nos
tecidos, uma vez que se verificou existir uma razão praticamente constante entre o teor de mercúrio no
fígado, no músculo e nos conteúdos intestinais. Ambas as espécies de peixes demonstraram ser boas
sentinelas da contaminação ambiental por mercúrio (T-Hg e O-Hg), sendo o cérebro e o músculo os tecidos
que melhor reflectiram o grau de acumulação do elemento.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
ALTERAÇÕES HIDRODINÂMICAS NA RIA DE AVEIRO – CENÁRIOS FUTUROS
A. Picadoa, C.L. Lopesa, J.M. Diasa
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {ana.picado, carinalopes,
joao.dias}@ua.pt.
Os sistemas costeiros dominados pela maré, como os estuários e as lagunas, estão frequentemente sujeitos a
alterações hidrodinâmicas de origem antropogénica e natural. Estas alterações podem aumentar os riscos de
inundação marginal, de salinização dos terrenos agrícolas adjacentes, de erosão das suas margens e fundos, e
ainda impossibilitar a navegação nos canais de profundidade reduzida. O aumento do nível médio do mar é
uma consequência muito importante das alterações climáticas devido ao seu impacto na sociedade e nos
ecossistemas. Análises de dados de marégrafos indicam um aumento do nível médio do mar global durante o
século XX, e vários estudos prevêem que continue a subir durante o século XXI. A análise de dados de
modelos climáticos para a costa portuguesa indica um aumento do nível médio do mar de 0.42 m para o final
do século XXI. A Ria de Aveiro, uma laguna mesotidal localizada no Noroeste da Costa Portuguesa, é
caracterizada por grandes áreas intermareais e por uma rede de canais muito estreitos. Tem uma área
significativa de marinhas de sal abandonadas, cuja rápida degradação é causada pela falta de manutenção e
pelas fortes correntes que provocam erosão dos seus muros protectores. É ainda apontada como sendo uma
das regiões portuguesas que será mais afectada com o aumento do nível médio do mar. Com o intuito de
avaliar as consequências do aumento da área alagável (devido ao colapso dos muros das marinhas de sal) e
da subida do nível médio do mar na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, foi aplicado o modelo hidrodinâmico
ELCIRC (já previamente implementado e calibrado). Avaliaram-se as alterações na amplitude e fase da
maré, e na sua assimetria, nas correntes de maré, e no prisma de maré para os cenários descritos. Em geral,
os resultados sugerem uma intensificação nos padrões actuais de corrente, do prisma e da assimetria de maré.
Verifica-se também um aumento da amplitude da maré (e diminuição da fase) com o aumento do nível
médio do mar e uma diminuição ligeira da amplitude da maré (e aumento da fase) com o aumento da área
alagável da laguna.
BIOACUMULAÇÃO DE MERCÚRIO EM DIVERSOS NÍVEIS TRÓFICOS DA RIA DE
AVEIRO
J.P. Coelhoa, A.C. Duartea, E. Pereiraa, M.A. Pardalb
a
Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jpcoelho, aduarte,
eduper}@ua.pt
b
CEF, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected]
Tirando partido do gradiente de concentrações de mercúrio existente na Ria de Aveiro, estudaram-se
produtores primários, invertebrados detritivoros e predadores para elucidar os mecanismos de bioacumulação
e de transferência trófica de mercúrio. Os resultados permitem estimar uma média de 60 µg de mercúrio por
m2 de área vegetada por macrófitas enraizadas que estará disponível para bioacumulação através da via
detritivora (plantas de sapal e ervas marinhas) ou por herbivoria (ervas marinhas), enquanto que
relativamente às macroalgas a quantidade aumenta para 280 µg, o que representa um aumento relevante (4X)
e implica um maior risco de contaminação para detritivoros e herbívoros. As diferenças de acumulação
observadas entre espécies de macroalgas dever-se-ão à diferente mobilidade, fisiologia e morfologia de cada
espécie. A ameijoa S. plana acumula mais mercúrio do que a poliqueta H. diversicolor, apesar de ambos
serem detritivoros, o que sugere características fisiológicas e ecológicas distintas. Devido à maior biomassa e
bioacumulação, a S. plana é responsável por 90% do mercúrio associado a estas duas espécies ( pode atingir
175 µgm-2 por ano), o que corresponde a um total de 74 g de Hg acumulado nesta espécie, só no Largo do
Laranjo. Comparando estes valores com os obtidos para os produtores primários (60 – 280 µg m-2), verificase que são semelhantes, mas tendo em conta a fracção do metal que está na forma orgânica, verifica-se um
incremento (3X) na quantidade de mercúrio disponível para elos tróficos superiores. Os resultados indicam
que a ameijoa acumula mercúrio ao longo da vida, estando a taxa de acumulação associada aos níveis de
contaminante na matéria particulada em suspensão, um reflexo da alimentação. No caso do predador
Carcinus maenas dois cenários distintos foram identificados: em locais com baixa contaminação a via de
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explosição parece ser a dieta, enquanto que em locais contaminados a exposição ambiental (dissolvida e
particulada) é predominante.
CONTROLO ESTRUTURAL DO ESCAPE (NATURAL) DE GÁS NA RIA DE AVEIRO:
RESULTADOS DE UM LEVANTAMENTO PSEUDO-3D DE REFLEXÃO SÍSMICA DE
ALTA RESOLUÇÃO
H. Duartea, L.M. Pinheirob
a
Unidade de Geologia Marinha, Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Alfragide, 2611-901 Amadora,
[email protected]
b
CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
Este trabalho apresenta os resultados de um levantamento pseudo-3D de reflexão sísmica de alta resolução
(sistema Chirp), levado a cabo em 2002 para investigar a ocorrência de gás nos sedimentos do canal de maré
junto ao Terminal Sul do Porto de Aveiro. O perfis de Chirp adquiridos cobriram densamente a área de
estudo, permitindo a distribuição dos traços sísmicos em células regulares (processo de 3D trace binning) de
modo a construir um cubo sísmico pseudo-3D. Este cubo foi interpretado conjuntamente com perfis de
reflexão sísmica de alta resolução (Chirp e Boomer) de outros levantamentos da área de estudo, de modo a
cartografar de forma rápida e detalhada horizontes sísmicos e estruturas. Os dados de descrição de
sondagens hidrogeologógicas e geotécnicas foram utilizados para calibrar e caracterizar a lito-estratigrafia
das unidades sísmicas principais onde ocorrem as evidências de gás. Estas evidências da presença de gás
incluem: turbidez acústica, reflexões reforçadas, branqueamento acústico, pockmarks e buried pockmarks, e
plumas acústicas na coluna de água (flares). A cartografia de detalhe mostra evidências de acumulações de
gás em sedimentos arenosos e lodosos do Holocénico, bem como no substrato Mesozóico, composto de
margas e argilas do Cretácico. A localização e geometria das estruturas de escape de fluidos acompanham o
padrão de fracturas que afectam o substrato Mesozóico. Esta associação espacial indica que estas fracturas
são condutas preferenciais para a migração de fluidos, e que exercem um controlo estrutural na ocorrência de
gás na Ria de Aveiro.
DINÂMICA DA MARÉ NA RIA DE AVEIRO
J.M. Diasa, A. Picadoa, I.B. Araújob
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {joao.dias, ana.picado}@ua.pt
b
CIMAR/CIIMAR, Universidade do Porto, Rua dos Bragas 289, 4050-123 Porto, [email protected]
A hidrodinâmica da Ria de Aveiro é determinada pelo efeito da acção do vento a actuar sobre a superfície
livre das suas águas, pela descarga fluvial dos vários cursos de água que nela desaguam, e principalmente
pela propagação da maré Atlântica através da sua única embocadura. O efeito conjunto destes forçamentos é
modificado pela geomorfologia da laguna, originando um complexo padrão hidrodinâmico. Considerando
que a maré domina a hidrodinâmica da Ria de Aveiro, é objectivo deste trabalho caracterizar a dinâmica
mareal da Ria de Aveiro. Neste âmbito são apresentados resultados da análise dos valores da elevação da
superfície livre da água medida no marégrafo da Barra de 1976 a 2005, de dois levantamentos gerais de maré
efectuados em 1987/88 e 2002/03, assim como da aplicação de modelos numéricos ao estudo da propagação
da maré nesta laguna. A partir destes dados é determinada a evolução da maré astronómica na embocadura
da laguna, a amplitude e fase dos principais constituintes de maré nos dois períodos referidos (quer através
de observações, quer de previsões numéricas), assim como o prisma de maré nos principais canais da Ria de
Aveiro e os padrões da velocidade da corrente de maré em situações extremas de maré viva e de maré morta.
São ainda comparados os resultados para os diferentes períodos em análise, de modo a determinar a evolução
temporal da maré ao longo da laguna e estudada a origem das variações identificadas. Os resultados
demonstram que a amplitude da maré e nível médio do mar aumentaram na embocadura da Ria de Aveiro
durante o período em análise. Verifica-se ainda que a amplitude da maré diminui e a fase aumenta para
montante, e que nas estações/locais (amostrados) a amplitude aumentou ao longo do tempo e a fase
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Universidade de Aveiro 2011
diminuiu. O aprofundamento gradual do canal da embocadura justifica a evolução identificada, sendo este
facto comprovado quer por modelação analítica, quer numérica.
DINÂMICA TERMOHALINA DO CANAL DO ESPINHEIRO (RIA DE AVEIRO)
N. Vaza, M. Sousaa, P.C. Leitãob, J.M. Diasa
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
{nuno.vaz, mcsousa, joao.dias}@ua.pt
b
Hidromod, Av. Manuel da Maia, nº36, 3ºEsq., 1000-201 Lisboa, [email protected]
A Ria de Aveiro é o sistema lagunar costeiro mais extenso e dinâmico de Portugal. A sua dinâmica e
geometria complexa fazem dela um desafio permanente para cientistas e gestores costeiros. A Ria é
composta por quatro canais principais, sendo que cada um tem características estuarinas únicas. Neste
trabalho são apresentados resultados da circulação termohalina no canal que faz a ligação entre a principal
fonte de água doce da Ria (Rio Vouga) e o Oceano Atlântico: o Canal do Espinheiro. A ênfase é dada no
estabelecimento de frentes estuarinas, processos de estratificação/mistura e transporte de sal devidos aos dois
forçamentos físicos principais da laguna: a maré e o caudal fluvial. Foi observada a formação de fortes
gradientes de salinidade (frentes estuarinas) numa região a cerca de 7-8 km da embocadura do canal,
observando-se a sua migração numa região de ~1 km, dependendo do regime de maré. O balanço entre o
transporte advectivo e difusivo de sal foi calculado, revelando que os processos físicos que contribuem para
o transporte de sal são a circulação residual, a descarga fluvial e a circulação gravitacional. A estrutura
horizontal e vertical de salinidade e de temperatura da água no canal mostra a divisão do canal em três
regiões distintas: uma influenciada pelo oceano, uma de mistura e outra em que a descarga fluvial é
dominante. O cálculo do transporte de sal na embocadura revela zonas de trocas específicas, que mudam
com o caudal fluvial do Vouga: observa-se um transporte advectivo de sal em duas camadas (caudal fluvial
intenso) ou homogéneo na vertical e de sinal oposto lateralmente (caudal fluvial fraco-a-médio). O estudo da
estrutura termohalina do Canal do Espinheiro revela-se um permanente desafio, que permite o aumento do
conhecimento sobre os processo físicos, bem como definir uma base segura para futuros estudos que
combinem uma abordagem física e biogeoquímica, uma vez que a salinidade e a temperatura podem ser
considerados “proxys” para a qualidade da água na laguna.
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E ESPESSURA DE SEDIMENTOS ENTRE A ENTRADA DA
BARRA E O TERMINAL NORTE DO PORTO DE AVEIRO
L. Azevedoa, L.M. Pinheiroa, T.D. Ribeiroa, H. Duarteb, D.S. Gonçalvesa, S. Sád, F.C. Teixeiraa
a
CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,{leonardo.azevedo, lmp,
tiago.ribeiro, danielamsg, fcurado}@ua.pt
b
LNEG, Unidade de Geologia Marinha, Estrada da Portela, Alfragide, 2611-901 Amadora, [email protected]
d
EUROCEAN, Avenida D. Carlos I, 1249-074 Lisboa, [email protected]
Nos últimos anos têm sido efectuados numerosos levantamentos com sísmica de reflexão de muito alta
resolução (Chirp-Sonar) na Ria de Aveiro, pelo Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do CESAM e
Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, com a colaboração da Administração do Porto de
Aveiro, S.A. (APA) e de elementos da Unidade de Geologia Marinha do INETI (agora LNEG). A realização
destas campanhas geofísicas permitiu a recolha de uma malha muito apertada de perfis de reflexão sísmica
de muito alta resolução na área entre a entrada da Barra e o Terminal Norte do Porto de Aveiro. A
interpretação da malha de perfis sísmicos em toda a área de estudo permitiu identificar as principais unidades
sedimentares, determinar a sua espessura e cartografá-las, com base no seu carácter sísmico, obtendo um
modelo tridimensional da sua distribuição nas primeiras dezenas de metros abaixo do fundo. A
caracterização das unidades sedimentares nesta área, realizada neste trabalho, para além de permitir
compreender melhor a dinâmica sedimentar da área de estudo e poder seguir a sua evolução e mudanças ao
longo do tempo, contribui para constranger os modelos hidrodinâmicos existentes e tem implicações
importantes para o planeamento e execução das operações de dragagens, recorrentes nesta zona, essenciais
para assegurar a boa navegabiliadade no interior da zona portuária. A interpretação destes dados permitiu
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Universidade de Aveiro 2011
ainda identificar algumas falhas geológicas e cartografar o topo das formações do Cretácico (Argilas de
Aveiro) nos dados de reflexão sísmica, o que tem igualmente implicações para um melhor conhecimento da
hidrogeologia da região de Aveiro.
EVOLUÇÃO MORFODINÂMICA DA EMBOCADURA DA RIA DE AVEIRO
S. Plechaa, C.L. Lopesa, P.A. Silvaa, A. Oliveirab, J.M. Diasa
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {sandraplecha, carinalopes,
psilva, joao.dias}@ua.pt
b
Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1700-066 Lisboa, [email protected]
A Ria de Aveiro é uma laguna geologicamente recente, originada por flutuações no nível médio do mar
causadas por oscilações climáticas e pelo transporte litoral de sedimentos no sentido Norte-Sul. Desde a sua
origem até meados de 1741, a ligação entre a laguna e o mar migrou desde a Torreira até Mira. Em 1802
iniciaram-se os trabalhos de abertura de uma embocadura artificial, concluídos em 1808 com a sua fixação
na posição actual. A realização de obras de dragagem e de alteração na configuração dos quebramares que
delimitam a embocadura prosseguiu ao longo do tempo, tendo como principal objectivo melhorar o acesso
de navios ao porto de Aveiro. Com este trabalho pretende-se analisar a morfodinâmica da embocadura da Ria
de Aveiro desde 1988 (três anos depois de concluídos os trabalhos de configuração dos quebramares) até ao
presente, assim como prever a sua variação morfológica num cenário futuro de subida do nível médio do
mar. Neste âmbito foram analisados dados batimétricos resultantes de levantamentos efectuados pela
Administração do Porto de Aveiro (APA) e efectuadas simulações numéricas através do desenvolvimento e
aplicação de um sistema de modelos morfodinâmico para o nível médio do mar actual e considerando um
cenário de subida do mesmo devido às alterações climáticas. Os resultados obtidos mostram um
aprofundamento do canal de navegação e da região que circunda o quebramar Norte, colocando a
estabilidade desta estrutura em perigo. Por sua vez, junto à cabeça do quebramar Sul e na região do triângulo
das marés, é observada acreção. Verifica-se ainda ao longo dos anos uma migração das formas de fundo em
direcção ao largo. O transporte residual de sedimentos no interior da laguna é maioritariamente devido à
acção do campo de correntes de maré e a acção do campo de agitação restringe-se à embocadura e costa
adjacente. As previsões mostram um aumento nos fluxos residuais e uma intensificação dos padrões de
sedimentação/acreção relativamente ao presente para o cenário de subida do nível médio do mar.
FORAMINÍFEROS BENTÓNICOS DA RIA DE AVEIRO, BIOINDICADORES DE
POLUIÇÃO
V. Martinsa, C. Ferreirab, E. Ferreira da Silvaa, F. Rochaa
a
GeoBioTec, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {virginia.martins,
eafsilva, tavares.rocha}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
[email protected]
Este trabalho baseia-se na análise de 218 amostras de sedimentos recolhidos em canais da Ria de Aveiro.
Pretende-se com este trabalho avaliar a qualidade dos sedimentos, com base em dados geoquímicos
(concentração total de metais pesados e sua disponibilidade no sedimento) e no seu efeito nas associações de
foraminíferos bentónicos (abundância de indivíduos, diversidade de espécies e percentagem de espécies, em
cada amostra). Os foraminíferos são organismos, constituídos por uma célula protegida por uma carapaça,
muito úteis em estudos de monitorização da qualidade ambiental.A abordagem proposta para identificar os
locais contaminados na Ria de Aveiro, baseou-se na determinação da concentração por digestão total do
sedimento, seguida de análise por ICP-MS, em laboratório internacional acreditado. A concentração de
metais pesados considerados tóxicos, tais como o As, Cd, Cr, Cu, Ni, Pb e Zn foi usada na determinação de
um índice de carga poluente (ICP). Esta informação foi complementada com a determinação, em alguns dos
locais mais contaminados, das fases-suporte (catiões de troca adsorvidos nos minerais argilosos, na matéria
orgânica ou retidos na fracção mineralógica resistente) dos metais pesados avaliada por extracção química
selectiva. Os valores do ICP permitiram verificar que as concentrações mais elevadas ocorrem no Largo do
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Laranjo, na zona Portuária e em canais da Cidade de Aveiro e que nestas zonas os metais se encontram
disponíveis (elevada % associada aos catiões de troca e matéria orgânica). O tratamento estatístico
multivariado de dados bióticos e abióticos permitiu verificar que nos locais mais contaminados a abundância
e diversidade das espécies é mais reduzida. Estes resultados demonstram que os foraminíferos podem ser
usados como bioindicadores de poluição, na Ria de Aveiro. Contudo, este sistema possui grandes diferenças
em termos de actividade de correntes, variação de salinidade, taxa de sedimentação e oxigenação do
sedimento, factores causadores de stresse ambiental para este grupo, que não poderão deixar ser levados em
consideração em estudos desta natureza.
FORÇAMENTO AMBIENTAL A DIFERENTES ESCALAS ESPACIO-TEMPORAIS:
EFEITO SOBRE POPULAÇÕES DE CRUSTÁCEOS ZOOPLANCTÓNICOS.
S.M. Leandroa, H. Queirogab
a
Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, Grupo de Investigação em Recursos Marinhos, Instituto Politécnico de Leiria,
[email protected]
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, [email protected]
Para a realização deste estudo, foram colhidas amostras de zooplâncton entre Agosto de 2000 e Junho de
2002, em 6 locais distribuídos ao longo do Canal de Mira (Ria de Aveiro, Portugal). Em cada momento de
amostragem, foram definidos perfis verticais de salinidade, temperatura e recolhidas amostras de água para
estimativa de clorofila a e matéria particulada em suspensão. A abundância média de copépodes (Acartia
clausi e Acartia tonsa e juvenis de Acartia spp.) para cada mês e local de amostragem foi estruturada numa
matriz triangular e posteriormente decomposta em 3 matrizes correspondentes aos modos tempo, espaço e
espécie. A análise de cluster aplicada a cada um dos modos, revelou a existência de 3 grupos biológicos e 3
zonas distintas ao longo do Canal de Mira. A aplicação de análise PCA a cada um dos modos revelou
igualmente a existência de fortes variações sazonais dos parâmetros ambientais na zona 1 e zona 2. As
populações congenéricas mostraram estar segregados no espaço: a população A.clausi restrita à zona 1
(estações a jusante), enquanto a população A.tonsa foi mais abundante na região compreendida entre a
estação 2 e estação 5 (estuário médio). Em consequência de diferentes regimes pluviosidade verificados ao
longo do estudo, foi registado um padrão distinto de distribuição longitudinal para os perídodos
compreendidos entre Novembro 2000 a Abril 2001 e Novembro 2001 a Abril 2002, com o respectivo
deslocamento dos níveis mais elevados de abundância do estuário médio para a embucadora, em resultado da
actuação de processo advectivos. A metodologia estatística aplicada no presente estudo provou ser uma
ferramenta importante para a discriminação de padrões de distribuição espacial e sazonal, assim como a
definição de secções estuarinas tendo por base a composição faunística.
IMPACTO DE TEMPORAIS E GRUPOS DE TEMPORAIS NA COMPONENTE
LONGILITORAL DA PRAIA SUB-AÉREA
P. Baptistaa, C. Bernardesa
a
CESAM, Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {renato.baganha, cbernardes}@ua.pt
A caracterização morfológica da componente longilitoral da praia emersa, em resposta a diversas condições
de agitação, é um aspecto importante no estudo de praias expostas como são os casos dos sectores litorais
que ocorrem no litoral de Aveiro, tendo em conta a conhecida vulnerabilidade a eventos de temporal. O
principal objectivo do presente trabalho consiste em apresentar os resultados da aplicação de um método
relativamente económico que permite a geração de modelos de elevação do terreno da praia sub-aérea para
posterior análise da variabilidade longilitoral da praia. Pretende-se analisar o impacto de diferentes condições
de agitação integrando nessa análise diversas variáveis físicas, tais como a variação de linha de costa, de
volume, de largura e de declive da praia. O método permite evidenciar mecanismos, naturais e antrópicos,
forcadores dessa variabilidade. A aquisição de dados de campo, efectuada actualmente com o sistema
INSHORE (INtegrated System for High Operational REsolution in shore monitoring), que integra vários
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
13
Universidade de Aveiro 2011
sensores adaptados a plataforma móvel, permite, com elevada precisão, obter o posicionamento dos
elementos físicos do terreno. O presente método foi aplicado ao sector litoral entre as praias do Poço da Cruz
e Mira (Sul de Aveiro), num total de 3.5 km de extensão de praias, limitadas por esporões nos extremos da
zona de estudo. Foram realizadas seis campanhas de monitorização no sentido de avaliar o impacto de
temporais individuais e grupos de temporais na componente longilitural da praia emersa. Os resultados
obtidos evidenciam uma reacção heterogénea da praia sub-aérea em resposta às diversas condições de
agitação testadas, no que diz respeito à localização das principais zonas de erosão e acreção sedimentar, nem
sempre controladas pelo efeito da presença de esporões, embora os principais locais de erosão sedimentar se
localizem a sotamar de esporões. A presença e migração de barras transversais rítmicas contribuem para este
resultado.
IMPACTO DO VIRIOPLÂNCTON SOBRE A COMUNIDADE BACTERIANA DA RIA DE
AVEIRO
A. Almeidaa, A. Cunhaa, N. Gomesa, L. Santosa, C. Mendesa, C. Pereiraa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {aalmeida, acunha,
gomesncm, lsantos, carlosmiguel, a33369}@ua.pt
Os vírus são a forma de vida mais abundante e geneticamente diversa do ambiente aquático. Causam
mortalidade significativa e selectiva na comunidade microbiana, tendo um papel importante nos ciclos de
nutrientes, fluxos de energia e estrutura das comunidades. No sistema estuarino da Ria de Aveiro foram
observados perfis longitudinais de abundância viral distintos (0.2-25.0 x 1010 partículas L-1), com máximos
no estuário médio e mínimos no estuário inferior. A abundância viral foi mais elevada à superfície que nas
camadas mais profundas da coluna de água. Foi observado um padrão tidal de variação bastante nítido,
caracterizado por aumentos de densidade perto da baixa-mar e decréscimos na preia-mar. A variação sazonal
do virioplâncton foi característica de um sistema temperado, com picos durante a estação quente e valores
mais baixos nos meses frios. Na Ria, grande parte do virioplâncton parece ser constituído por bacteriófagos.
Os perfis de variação geográfica, tidal, sazonal e vertical do virioplâncton seguiram a abundância bacteriana
e o número total de bactérias foi a variável que melhor explicou a sua variação (r2 = 0,40). A análise ao
microscópio electrónico mostrou que a maioria dos vírus da Ria apresenta tamanho característico dos
bacteriófagos (30-90 nm, média 45 nm). Os ensaios laboratoriais confirmaram que a infecção viral exerce
um controle forte sobre o bacterioplâncton da Ria. A contribuição da lise viral para a mortalidade bacteriana
é elevada (59% na zona salobra e 36% na zona marinha). A lisogenia provoca um decréscimo significativo
na densidade e produtividade bacteriana. Pode concluir-se, que na Ria, os vírus podem regular a comunidade
bacteriana, sendo as duas vias principais de interacção com os seus hospedeiros, ciclos lítico e lisogénico,
importantes neste ambiente.
INFLUÊNCIA DA CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO NA ESTRUTURA DA
COMUNIDADE MACROBENTÓNICA DA RIA DE AVEIRO
M. Nunesa, J.P. Coelhob, P.G. Cardosoc, M.E. Pereirab, A.C. Duarteb, M.A. Pardala
a
CFE, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, {mnc, mpardal}@ci.uc.pt
b
CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jpcoelho, eduper,
aduarte}@ua.pt
c
IMAR, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Largo Marquês de Pombal, 3004-517 Coimbra,
[email protected]
A Ria de Aveiro recebeu, durante cerca de quarenta anos, elevadas quantidades de mercúrio provenientes da
descarga de um efluente industrial de uma fábrica produtora de cloro e soda cáustica. É neste contexto que o
presente trabalho se insere com objectivo de avaliar a influência da contaminação por mercúrio, um elemento
tóxico para todos os organismos, na estrutura da comunidade macrobentónica na Ria de Aveiro.
Foram definidos cinco locais de amostragem na zona intertidal da Ria de Aveiro de forma a obter amostras
representativas do actual gradiente de concentrações de mercúrio, a partir do ponto de entrada do efluente
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
industrial no sistema. Nestes cinco locais foram realizadas duas campanhas de amostragem, uma no Inverno
de 2006 e outra no Verão do mesmo ano, para recolha de macroinvertebrados bentónicos, água e sedimento.
O estudo permitiu detectar diferenças significativas na estrutura da comunidade macrobentónica ao longo do
gradiente de concentrações de mercúrio. De modo geral, o aumento dos níveis de mercúrio no sistema
conduziu à diminuição da abundância total, a uma menor riqueza específica e à dominância de taxa
tolerantes ao metal. Os poliquetas Hediste diversicolor e Alkmaria romijni, e o isópode Cyathura carinata
apresentaram uma correlação positiva com os níveis de mercúrio no sedimento, enquanto os bivalves
Scrobicularia plana, Cerastoderma edule e Abra alba surgiram em maior densidade em locais pouco
contaminados. Os resultados obtidos também demonstraram que o mercúrio levou a alterações na estrutura
funcional da comunidade macrobentónica. Apesar do gradiente de mercúrio poder ser considerado o
principal responsável pela estrutura da comunidade macrobentónica na área de estudo, a salinidade
demonstrou ter também um papel importante nas variações sazonais da comunidade. Deste modo, os
resultados obtidos sugerem que a estrutura da comunidade macrobentónica é definida pela interacção entre
factores ambientais naturais e antropogénicos.
INTERPRETAÇÃO DE FORMAS DE FUNDO E MONITORIZAÇÃO DE ESTRUTURAS
PORTUÁRIAS COM SONAR DE VARRIMENTO LATERAL NA ÁREA DO PORTO DE
AVEIRO
D.S. Gonçalvesa, L.M. Pinheiroa, L. Azevedoa, C. Garridob, S. Diasb
a
CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {danielamsg, lmp,
leonardo.azevedo}@ua.pt
b
Administração do Porto de Aveiro, Aveiro, {carlagarrido, dias}@portodeaveiro.pt
A zona do Porto de Aveiro entre os 2 molhes de entrada da Barra e os canais mais próximos da embocadura,
tem sido intensamente investigada nos últimos anos com Sonar de Varrimento Lateral (SVL), em
levantamentos efectuados em estreita colaboração com a Adminstração do Porto de Aveiro, S.A. (APA).
Nestes levantamentos, foi usado um Sonar de Varrimento Lateral de dupla frequências (100 e 400 kHz)
recentemente adquirido pelo Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha do CESAM e Departamento de
Geociências da UA. O posicionamento dos dados foi efectuado sempre com GPS diferencial, com correcções
RTK. O processamento dos dados incluiu a eliminação da coluna de água, a correcção das distâncias
horizontais e a correcção de obliquidade do feixe. Os dados processados permitiram criar mosaicos
georeferenciados para a zona de estudo e obter imagens acústicas de muito alta resolução do fundo da Ria. A
interpretação em Sistema de Informação Geográfica (ArcGis) dos mosaicos de SVL e da batimetria de alta
resolução adquirida pela APA permitiu: a identificação de diversas formas de fundo (por exemplo áreas com
ondas de areia com diferentes comprimentos de onda); distinguir zonas de sedimentos de fundo com
diferentes granulometrias; avaliar a estabilidade das estruturas portuárias, em particular dos molhes de
protecção da entrada da Barra, com a identificação e cartografia de áreas de queda de blocos dos taludes dos
molhes; e identificar áreas onde foram efectuadas dragagens. A integração dos dados de SVL com a
batimetria permitiu esclarecer quais as áreas em que as altas reflectividades resultam de mudança de tipo de
sedimentos e aquelas em que as altas reflectividades derivam de efeitos da topografia de fundo. Estes dados
permitem não só efectuar a monitorização das áreas onde foram efectuadas dragagens e avaliar a sua
extensão espacial, como identificar áreas e estruturas portuárias que necessitem de eventual intervenção.
MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO – O QUE SABEMOS COM A INVESTIGAÇÃO
EFECTUADA NO LARGO DO LARANJO
E. Pereiraa, A.C. Duartea
a
CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {eduper, aduarte}@ua.pt
Um dos principais poluentes da Ria de Aveiro foi identificado como sendo o mercúrio. O Largo do Laranjo,
uma bacia de sedimentação situada a cerca de 4 km do local de descarga do metal, é a zona da Ria onde os
níveis de mercúrio podem ser considerados mais elevados nos diversos compartimentos ambientais. Esta
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
área constitui uma importante interface entre a fonte de mercúrio e a restante área da Ria e nos últimos anos
tem sido intensivamente estudada com o objectivo de avaliar a evolução temporal da quantidade de mercúrio
descarregado, de caracterizar a dinâmica do metal na área mais contaminada e de avaliar a influência da
contaminação com mercúrio na cadeia trófica da Ria. Desde 1993, diversas amostragens de água, matéria
particulada em suspensão, sedimentos e peixes tem sido realizadas na Ria, para determinação do conteúdo de
mercúrio. Os resultados obtidos indicam que a maior parte do mercúrio na coluna de água se encontra
associado com as partículas em suspensão e não na fracção dissolvida. Nos sedimentos superficiais do Largo
do Laranjo as concentrações de mercúrio variam entre 10 a 60 µg/g, enquanto que no resto da Ria são da
ordem de 0.6 µg/g. Os perfis verticais de mercúrio em sedimentos recolhidos no Largo do Laranjo,
evidenciam máximos de concentração em profundidade, indicando que ocorreram maiores descargas do
metal em anos anteriores. Trabalho realizado durante um ciclo de maré na área de comunicação do Largo do
Laranjo com o resto da Ria (Cais do Chegado), indica que a acção periódica das marés nesta área resulta
num transporte de mercúrio para o resto da Ria e que este transporte é efectuado predominantemente através
da matéria particulada em suspensão. A quantidade estimada de mercúrio que é exportado em cada ciclo de
maré associado à matéria particulada em suspensão é da ordem das 95 g. Os resultados obtidos apontam para
a necessidade de prevenir eventuais acções antropogénicas nas áreas mais contaminadas, que contribuam
para aumentar o processo de dispersão do metal na Ria.
METAIS E COMPOSTOS ORGÂNICOS EM SEDIMENTOS: 25 ANOS DE
MONITORIZAÇÃO NA RIA DE AVEIRO (1985 – 2009)
C. Palmaa, M. Valençaa, I. Cruz a
a
Instituto Hidrográfico, Divisão de Química e Poluição do Meio Marinho, Rua das Trinas,49 , Lisboa, {carla.palma,
manuela.valenca, isabel.cruz}@hidrografico.pt
O Instituto Hidrográfico realiza desde 1980 o programa “Vigilância da Qualidade do Meio Marinho” sendo a
ria de Aveiro uma das áreas abrangidas. Pretende-se conhecer o estado de poluição da área em estudo através
da execução de análises em amostras de água e sedimento. Apresentam-se neste trabalho os resultados de
metais e compostos orgânicos em amostras de sedimento de superfície colhidas anualmente (1985 – 2009) e
em amostras de sedimento de profundidade em determinados locais e períodos (Largos do Laranjo e da
Coroa), acompanhados duma análise que procurou investigar a evolução do estado ambiental dos locais
monitorizados. As análises físicas e químicas efectuadas aos sedimentos foram a composição granulométrica,
perda por ignição, carbono orgânico total, policlorobifenilos, pesticidas, hidrocarbonetos, hidrocarbonetos
aromáticos e metais. Os pontos de amostragem estão distribuídos tendo em conta os inputs de contaminantes.
Após colheita, as amostras foram fraccionadas, congeladas a -18ºC, secas por liofilização e homogeneizadas
num moinho de ágata. A granulometria foi efectuada por difracção laser, o carbono orgânico foi quantificado
num espectrofotómetro de infravermelhos, os metais foram quantificados após digestão com ácido
fluorídrico e água régia por espectrometria de absorção atómica. A extracção de pesticidas organoclorados e
policlorobifenilos foi efectuada com solventes orgânicos, seguida de purificação do extracto e
fraccionamento por cromatografia de adsorção em coluna e a quantificação efectuada por cromatografia
gasosa, com coluna capilar e detector de captura de electrões. A análise de hidrocarbonetos aromáticos em
sedimentos foi efectuada por espectrofluorimetria. A avaliação dos resultados obtidos na ria de Aveiro ao
longo dos anos permite concluir que há zonas da ria que sofrem uma maior influência industrial, urbana e
agrícola, conduzindo a valores mais elevados em alguns parâmetros químicos, mas também que se registam
evoluções positivas de diminuição de contaminação.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
MOBILIDADE, ACUMULAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DE MERCÚRIO EM SAPAIS
M. Válegaa, E. Pereiraa, M.A. Pardalb, A.C. Duartea
a
CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {mvalega, eduper,
aduarte}@ua.pt
b
CEF, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected]
Tendo em conta a importância ecológica que os sapais desempenham nos ecossistemas e o conhecimento do
elevado grau de contaminação da Ria de Aveiro com mercúrio (Hg), várias questões foram colocadas ao
nível da influência destes ecossistemas no ciclo biogeoquímico deste metal. Os aspectos abordados no
âmbito deste trabalho foram: a) impacto das descargas de Hg e o processo de recuperação do sapal; b)
mobilidade do Hg em sedimentos colonizados pela espécie H. portulacoides, incorporação na biomassa e
exportação para as áreas adjacentes; c) papel das plantas na forma química do Hg; d) processos responsáveis
pelo mecanismo de tolerância ao Hg da H. portulacoides; e) utilização da H. portulacoides como biomonitor
da contaminação de Hg em sedimentos de sapal. A análise dos resultados revelou que as descargas de Hg
induziram uma diminuição na diversidade florística, conduzindo-o a um estado com predominância de
apenas uma espécie, nos anos de maiores descargas. Após o fim das descargas, com base na actual
diversidade do sapal, verifica-se que o sistema demonstra histerese na sua recuperação e tem vindo a
recuperar lentamente a sua diversidade florística. Em relação à mobilidade do Hg nos sedimentos de sapal,
verificou-se que as taxas de turnover da biomassa subterrânea são mais elevadas do que as da biomassa
aérea, indicando uma maior mobilidade do Hg na rizosfera . Tendo em conta o pool de Hg encontrado na
biomassa aérea, pode considerar-se que a exportação de macro detritos da planta não é significativa para o
balanço de Hg na Ria. Os estudos de especiação de Hg realizados nos sedimentos sugerem que as plantas de
sapal contribuem para a metilação do metal (espécie mais tóxica). Em relação aos mecanismos de tolerância
da H. portulacoides ao Hg verificou-se que estes envolvem essencialmente a sua imobilização nas paredes
celulares, tendo sido contudo demonstrado, em menor escala, o sequestro de Hg intracelularmente por
fitoquelatinas. A H. portulacoides demonstrou ser um bom biomonitor da contaminação com Hg.
MODELAÇÃO ECOLÓGICA DO ECOSSISTEMA PLANCTÓNICO DA RIA DE AVEIRO
M. Rodriguesa, A. Oliveirab, H. Queirogac, A.B. Fortunatoa, Y.J. Zhangd
a
Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, {mfrodrigues, afortunato}@lnec.pt
b
Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida
do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected]
c
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
d
Center for Coastal Margin Observation and Prediction, Oregon Health and Science University, 20000 NWWalker Road, Beaverton,
OR 97006, [email protected]
A garantia da qualidade da água e do bom estado ecológico em estuários e zonas costeiras constituem uma
preocupação a nível mundial. A gestão destes sistemas, enquadrada na Directiva Quadro da Água, deve ser
integrada e incluir o conhecimento das características físicas, químicas e biológicas de cada sistema. No
entanto, nem sempre é possível implementar estratégias de monitorização suficientemente detalhadas
temporal e espacialmente, pelo que a utilização de modelos numéricos, devidamente validados com dados,
constitui uma ferramenta complementar atractiva. Com este propósito desenvolveu-se um modelo acoplado
hidrodinâmico-ecológico tridimensional (ECO-SELFE), que representa os processos físicos, químicos e
biológicos a escalas espacio-temporais adequadas, o qual foi aplicado e validado na Ria de Aveiro. O ECOSELFE acopla o modelo hidrodinâmico SELFE e um modelo ecológico, que resulta da extensão do modelo
EcoSim 2.0 para a simulação do zooplâncton e do ciclo do oxigénio. O modelo desenvolvido permite simular
para os ciclos do carbono, do azoto, do fósforo, da sílica, do ferro e do oxigénio um conjunto de variáveis de
estado ecológicas (vários grupos funcionais de zooplâncton e de fitoplâncton, bacterioplâncton, matéria
orgânica dissolvida e particulada, nutrientes inorgânicos, carbono inorgânico dissolvido, oxigénio dissolvido
e carência química de oxigénio), tendo em consideração a influência dos processos hidrodinâmicos. O
modelo foi validado na Ria de Aveiro por comparação com dados medidos em diferentes períodos, que
permitiram avaliar o seu desempenho para diferentes condições de maré e caudal fluvial. Os resultados
mostram a capacidade do modelo simular adequadamente a dinâmica ecológica na Ria de Aveiro (com
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
17
Universidade de Aveiro 2011
diferenças inferiores a 20-30%), evidenciando também a complexidade associada à dinâmica deste
ecossistema e a importância da especificação correcta das condições de fronteira e da parametrização dos
processos ecológicos.
MODELAÇÃO NUMÉRICA DA PLUMA ESTUARINA DA RIA DE AVEIRO: ESTUDO
PRELIMINAR
R. Mendesa, N. Vaza, J.M. Diasa
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rpsm, nuno.vaz,
joao.dias}@ua.pt
Apesar de a Ria de Aveiro ser um sistema muito estudado, até ao presente não são conhecidas as
características da sua pluma estuarina. Esta consiste num fluxo de água de menor densidade que penetra nas
águas oceânicas adjacentes mais salinas, produzindo uma circulação na camada superficial. Este estudo
consistiu na modelação numérica da pluma estuarina da Ria de Aveiro e na sua avaliação qualitativa.
Realizaram-se simulações para 3 caudais fluviais diferentes (para todas as fontes de água doce da Ria):
típico, extremos máximo e mínimo, para os meses de Janeiro e Maio. Deste modo simulam-se períodos com
diferentes gradientes térmicos entre a Ria de Aveiro e o oceano adjacente. Foi utilizado o modelo Mohid,
com uma abordagem baseada na utilização de modelos aninhados, tendo sido criados dois domínios: um 2D,
que compreende toda a região entre Marrocos e o Golfo da Biscaia, com uma resolução variável (0.02º0.04º) e forçado por um modelo global de maré; um 3D de maior resolução (0.01º), incluindo a região entre a
Figueira da Foz e Caminha. A descarga da Ria de Aveiro é imposta como condição de fronteira neste
segundo domínio. Esta é quantificada em termos de volume de água e de outras propriedades através de uma
aplicação 2D do Mohid à Ria de Aveiro, previamente calibrada e validada (hidrodinâmica e transporte). Os
resultados mostram padrões semelhantes comparativamente a imagens de satélite obtidas pelo sensor TMLandsat7 à superfície, para um cenário de intenso caudal fluvial. Nas simulações com caudais máximos a
pluma expande-se até cerca de 25 km da embocadura da laguna, apresentando uma forma côncava em frente
à mesma. A pluma é posteriormente advectada para a direita (efeito de Coriolis) e após o estabelecimento do
equilíbrio geostrófico é transportada para Norte. Para os caudais típicos os resultados têm padrões
semelhantes, mas menos acentuados. No caso das simulações para o caudal mínimo a pluma é inexistente.
Neste cenário, as diferenças de salinidade são mínimas e a temperatura tende a controlar o aparecimento da
pluma.
MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DAS ÁGUAS DA RIA DE AVEIRO
(1985 – 2009)
C. Borgesa, M. Valençaa, C. Palmaa, I. Cruza
a
Instituto Hidrográfico, Divisão de Química e Poluição do Meio Marinho, Rua das Trinas,49 , Lisboa,{ carlos.borges,
manuela.valenca, carla.palma, isabel.cruz}@hidrografico.pt
A monitorização da qualidade ambiental da ria de Aveiro é efectuada pelo Instituto Hidrográfico desde 1980,
inserida no programa “Vigilância da Qualidade do Meio Marinho”, com o objectivo de conhecer o estado
ambiental desta área através da execução de análises em amostras de água e sedimento. Nesta apresentação
são mostrados os resultados de diversos parâmetros em amostras de água colhidas em diferentes épocas do
ano no período 1985 a 2009. As análises efectuadas contemplam parâmetros físico-químicos (temperatura,
pH, sólidos suspensos totais, salinidade, oxigénio dissolvido e saturação em oxigénio), nutrientes (nitrato,
nitrito, azoto amoniacal, fosfato, sílica, sulfatos, azoto dissolvido e total e fósforo dissolvido e total),
pigmentos fotossintéticos (clorofilas a, b e c e feopigmentos), metais (arsénio, cádmio, cobre, ferro,
mercúrio, manganês, níquel, chumbo e zinco), óleos e gorduras e hidrocarbonetos (orgânicos extractáveis e
hidrocarbonetos não polares); lindano, pesticidas organoclorados (γ-HCH, op’-DDE, pp’-DDE, op’-DDD,
pp’-DDD, op’-DDT, pp’-DDT) e policlorobifenilos seleccionados (CB28, CB52, CB101, CB118, CB138,
CB153, CB180). Após colheita as amostras são conservadas de acordo com procedimentos adequados. As
principais técnicas analíticas utilizadas são a espectrometria de absorção molecular (nutrientes e pigmentos
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
fotossintéticos), a espectrofotometria de absorção atómica (metais, após extracção) e a cromatografia gasosa
(compostos orgânicos). A avaliação dos resultados obtidos no período em análise permite distinguir zonas da
ria em que a maior acção antropogénica é de um determinado tipo (industrial, urbana ou agrícola), bem
como, em menor escala, avaliar o efeito do assoreamento e desassoreamento que a ria tem sofrido. Numa
apreciação global, pode-se afirmar que se regista uma evolução positiva no estado da qualidade das águas da
ria de Aveiro com uma diminuição na concentração dos contaminantes estudados.
MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL NOS CANAIS DA CIDADE DE
AVEIRO
A.C. Linoa, V. Martinsb, E. Ferreira da Silvab, F. Rochab
a
Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Portugal, [email protected]
Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193
Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, tavares.rocha}@ua.pt
b
Este trabalho apresenta os resultados iniciais de um programa de monitorização iniciado em Outubro de 2009
nos canais da Cidade de Aveiro e nas salinas da Troncalhada e de Santiago. Tem como objectivo estudar a
dinâmica populacional de foraminíferos bentónicos sob a influência de vários factores, tais como,
hidrodinamismo, parâmetros ambientais e poluição por metais pesados. Durante as campanhas de
amostragem foram recolhidos sedimentos, em 8 locais, e medidos vários parâmetros ambientais tais como, a
temperatura e a salinidade, na água, e o pH e Eh, no sedimento. Foram realizadas análises granulométricas e
geoquímicas (por digestão total de sedimento, seguida de análise por ICP-MS) nas amostras de sedimentos e
o estudo das associações vivas e mortas de foraminíferos, neles encontrados, em três campanhas de
amostragem. Os foraminíferos bentónicos são microorganismos com fraca mobilidade, muito úteis em
estudos de avaliação da qualidade ambiental, em ambientes costeiros e estuarinos. Estes organismos têm a
sua célula protegida por uma carapaça. Quando morrem, a carapaça pode ficar preservada no sedimento ou
ser remobilizada pelas correntes e ser transportada para outras zonas pelas correntes. Os resultados obtidos
revelam a presença de concentrações mais elevadas de Cu, Pb, Zn e Cr, no canal do Cojo, nos Cais dos
Mercanteis e dos Moliceiros, sobretudo em zonas de deposição de sedimentos lodosos (mais confinadas).
Nestes locais ocorre em geral uma redução da dimensão das populações de foraminíferos e aumenta a
dominância das espécies. Ammonia tepida e Haynesina germanica, duas das espécies mais abundantes nos
canais da cidade, revelaram ser muito tolerantes à contaminação. Comparativamente, os foraminíferos
parecem sobreviver melhor em meios com concentrações elevadas de Cu, Pb, Zn e Cr e em sedimentos
pobres em oxigénio, devido ao elevado conteúdo em matéria orgânica e aos processos de degradação a ela
associados, do que em locais, como as salinas, em que as variações da salinidade são dramáticas.
MUROS DAS MARINHAS DE SAL DA RIA DE AVEIRO – SOLUÇÃO TRADICIONAL
VS NOVAS SOLUÇÕES
S. Costaa, D.M. Carlosa, M. Pereiraa, C. Coelhob, M. Pinho-Lopesa
a
Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {smcosta, dmc,
mafalda.pereira, mlopes}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
A salinicultura em Aveiro é uma actividade que remonta ao estabelecimento dos romanos na foz do Rio
Vouga. No entanto, a elevada rentabilidade da produção de sal verificada no passado, tem estado em declínio
desde meados do séc. XX. O número de marinhas activas decresceu de 500 no séc. XV para 270 há quinze
anos atrás, sendo apenas 8 as que se mantêm actualmente. O desaparecimento das marinhas deve-se a várias
razões, das quais se destaca a falta de manutenção devido à reduzida rentabilidade, e as alterações verificadas
na hidrodinâmica da laguna, nomeadamente a velocidade da corrente e amplitude de maré. As marinhas de
sal têm um papel fundamental na conservação do equilíbrio e biodiversidade da laguna. Tradicionalmente os
muros das marinhas de sal eram construídos com duas paredes de “torrão”, preenchidas com lama. O
“torrão” consiste num bloco de lama consolidada, cujos sedimentos se encontram ligados pelas raízes do
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
junco, permitindo a total integração no ambiente. O desenvolvimento de novas soluções para os muros
adequadas às novas condições hidrodinâmicas exige o estudo do comportamento da solução tradicional. Com
este objectivo foram recolhidas amostras do solo do talude de um muro e amostras de “torrão”, as quais
foram ensaiadas laboratorialmente, avaliando a variação das condições de escoamento. Os ensaios revelaram
que a solução tradicional apresenta uma baixa permeabilidade e elevada resistência, mesmo para elevadas
velocidades do escoamento. Os problemas verificam-se quando existem rombos na estrutura do muro, que
conduzem a velocidades de escoamento pontuais elevadas. Foram desenvolvidas e estudadas duas soluções
para construção ou reabilitação dos muros das marinhas, com recurso a geossintéticos e aos solos finos
locais. Apresentam-se os resultados de ambas as soluções.
O LEGADO DE MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO: UMA HERANÇA PESADA!
S.N. Abreua, A.M.V.M. Soaresa, A.J.A. Nogueiraa, F. Morgadoa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {siz, asoares,
antonio.nogueira, fmorgado}@ua.pt
A contaminação com mercúrio a uma escala local, regional ou global tem sido cada vez mais estudada nos
últimos anos pelo facto de o mercúrio e os diversos compostos de mercúrio serem persistentes, tóxicos,
apresentarem um potencial para bioacumularem e colocarem em risco o homem e os ecossistemas. Na Ria de
Aveiro, a indústria do cloro e da soda cáustica foi reconhecida como a principal fonte contaminante através
do efluente que descarga no Esteiro de Estarreja, tendo contribuído para a presença de dezenas de toneladas
de mercúrio nas bacias de sedimentação e margens intertidais dos sub-sistemas adjacentes (em particular o
Largo do Laranjo) tendo actuado simultaneamente como receptáculos e fonte adicional do elemento poluente
para a coluna de água, de forma alternada ou em paralelo. Actualmente, com a reconversão dessa
metodologia que utilizava células de mercúrio nessa indústria, os níveis de descarga diminuíram
drasticamente, todavia o legado de mercúrio presente nos sedimentos constitui actualmente ainda uma
herança pesada. O conhecimento do padrão histórico dos níveis de contaminação de mercúrio para um meio
aquático, proporcionam uma melhor compreensão das circunstâncias e dos níveis de contaminação históricos
e bioacumulação presentes, permitindo avaliar e perspectivar a evolução futura, contribuindo para o estudo
da complexa química do mercúrio nos ecossistemas naturais. Neste estudo é apresentada uma reconstituição
do padrão histórico da contaminação com mercúrio no meio aquático estuarino da Ria de Aveiro, através i)
da comparação do registo de mercúrio em anéis de crescimento em espécimes de choupo Populus nigra e em
cores de sedimentos e ii) da comparação dos perfis obtidos com os padrões de produtividade da unidade
industrial. Os perfis obtidos reflectem, não apenas a evolução histórica das descargas industriais para o
ecossistema, como salientam os momentos das alterações introduzidas no processo industrial visando
minimizar a descarga de mercúrio.
OCORRÊNCIA DE GÁS A PEQUENA PROFUNDIDADE NA RIA DE AVEIRO
L.M. Pinheiroa, L. Azevedoa, H. Duarteb, J. Coutinhoc, D.S. Gonçalvesc, V. Magalhãesa
a
CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lmp, leonardo.azevedo,
danielamsg, vhm}@ua.pt
b
LNEG, Unidade de Geologia Marinha, Estrada da Portela, Alfragide, 2611-901 Amadora, [email protected]
c
CICECO, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
Uma das primeiras referências documentadas da presença de gás a pequena profundidade na região de
Aveiro data de 1967, quando foi detectada a sua presença a cerca de 3.5m de profundidade, na Gafanha da
Boa Hora (Vagos), durante a execução de um furo com uma sonda manual. O gás foi analisado por uma
equipa da Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos, sendo fundamentalmente composto por metano e
azoto. A presença de Gás na Ria de Aveiro tem vindo a ser investigada pelo Laboratório de Geologia e
Geofísica Marinha do CESAM e Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, desde há vários
anos, com a colaboração da Administração do Porto de Aveiro e com a participação de elementos da
Unidade de Geologia Marinha do actual LNEG. Foram realizadas várias campanhas de aquisição de dados
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
20
Universidade de Aveiro 2011
geofísicos particularmente desde 2002 com este objectivo, utilizando reflexão sísmica de muito alta
resolução (Boomer e Chirp Sonar), e mais recentemente também com sonar que varrimento lateral. Estes
dados geofísicos revelaram a existência de várias ocorrências de gás em quase todos os canais da Ria
investigados, em particular no Terminar Norte, Terminal Sul e na Cale do Espinheiro. Observou-se também
a libertação de gás à superfície da Ria em algumas das zonas estudadas, e verificou-se uma forte influência
das marés nesta libertação de gás. Neste trabalho apresentam-se alguns dos resultados mais recentes, obtidos
com um novo sistema integrado Chirp Sonar/Sonar de Varrimento Lateral de muito alta resolução, que
permitem detectar e cartografar as ocorrências de gás com maior precisão.
OS PEIXES DA RIA DE AVEIRO: UM SÉCULO DE CONHECIMENTO SOBRE
DIVERSIDADE, ABUNDÂNCIA E RECURSOS DE PESCA.
C. Silvaa, J.E. Rebeloa
a
Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {catialsilva, rebelo}@ua.pt
A biodiversidade íctica da Ria de Aveiro tem sido analisada, ao longo do último século, como indicador de
coerência biológica do ecossistema. Durante o período observado registou-se a ocorrência de 92 espécies de
peixes, pertencentes a 38 famílias, de agnatos, condríctios e actinopterígeos. Ao longo do tempo, verificou-se
uma riqueza média de cerca de meia centena de espécies e de mais de 25 famílias. Num período mais
recente, deixaram de ocorrer na laguna 13 espécies, pertencentes às famílias Amoditidae, Blenidae,
Ciprinidae, Gadidae, Gasterosteidae, Labridae, Rajidae, Sciaenidae, Torpedinidae, e Triakidae. A
diversidade de espécies apresenta um padrão regular de variação espácio-temporal, com valores mais
elevados nos extremos lagunares e durante o Verão. Em termos de guildas ecológicas, as espécies marinhas
juvenis, as marinhas adventícias e as residentes evidenciam elevada riqueza específica (11 espécies) e
abundância baixa, enquanto as espécies marinhas sazonais são as mais abundantes, embora com baixa
riqueza específica (5 espécies). As famílias mais abundantes foram Mugilidae, Atherinidae e Clupeidae. As
espécies-alvo de actividade comercial mais intensa são o robalo, a dourada, a enguia, a lampreia, o linguado,
o rodovalho, a solha e a sardinha, que sustentam a actividade piscatória artesanal e lúdica e, as três iniciais, a
piscicultura semi-intensiva. A Ria de Aveiro, numa escala temporal alargada, registou dois períodos
sensíveis na riqueza específica, o primeiro, de estabilidade, nas primeiras oito décadas, e o segundo, de
acentuada variabilidade, nos últimos anos. A esta oscilação última não serão alheias as intervenções
antropogénicas na fisiografia e hidrodinâmica lagunar e a exploração não sustentada dos recursos de pesca.
Mesmo assim, as espécies residentes e as que utilizam a laguna como viveiro têm-se mostrando constantes
ao longo das décadas, evidenciando resistência às transformações ambientais do sistema lagunar.
PREVISÃO EM TEMPO REAL DA CIRCULAÇÃO NA RIA DE AVEIRO
A. Oliveiraa, M. Rodriguesb, A.B. Fortunatob, G. Jesusa, N.A. Ribeiroa, J.M. Diasc
a
Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida
do Brasil, 1700-066 Lisboa, {aoliveira,nribeiro, gjesus}@lnec.pt
b
Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, {mfrodrigues, afortunato}@lnec.pt
c
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
A previsão operacional da hidrodinâmica da Ria de Aveiro pode contribuir para melhorar a gestão desta
laguna, a operação portuária e o planeamento de trabalhos de campo para fins científicos ou de gestão. Em
caso de acidentes (e.g., derrames de produtos tóxicos, inundações, naufrágios), esta previsão pode também
contribuir para a antecipação dos problemas ou para a optimização de meios na resolução dos mesmos. Neste
contexto, implementou-se um sistema de previsão em tempo de real da circulação na Ria de Aveiro. O
modelo utilizado é tridimensional e calcula os níveis, velocidades, salinidades e temperaturas. A utilização
de malhas não-estruturadas permite uma resolução muito fina dos vários canais que constituem a Ria de
Aveiro. O modelo é forçado pela maré (a partir de resultados de um modelo regional), caudais fluviais (com
base em dados do SNIRH) e ventos (calculados por modelos atmosféricos). A plataforma computacional foi
inicialmente desenvolvida no Centre for Coastal Margin Observation and Prediction (E.U.A), e tem vindo a
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
ser adaptada no Laboratório Nacional de Engenharia Civil à costa Portuguesa. As previsões são produzidas e
publicadas na internet automaticamente através de um conjunto de scripts. Esta comunicação apresentará o
sistema, a sua validação e as suas potencialidades. Apresentar-se-ão ainda desenvolvimentos em curso
visando a melhoria do sistema.
PROLONGAMENTO DO MOLHE NORTE: MODELAÇÃO DE ALTERAÇÕES
HIDRODINÂMICAS INDUZIDAS NA RIA DE AVEIRO
S. Marianoa, J.M. Diasb,
a
Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
b
As alterações geomorfológicas são factores importantes na determinação da hidrodinâmica estuarina, entre
elas a execução de obras de engenharia pesada, muitas vezes impostas pelas necessidades de navegação
associadas ao crescimento de portos. O principal objectivo deste estudo consiste em avaliar a resposta
hidrodinâmica da Ria de Aveiro a uma alteração na geometria actual da sua embocadura. Afim de melhorar
as condições de navegação para acesso ao Porto de Aveiro, a respectiva administração (APA) projecta
prolongar em 200 m o actual molhe Norte. Para avaliar as alterações hidrodinâmicas na Ria de Aveiro em
consequência da implementação desta obra foi usado o modelo hidrodinâmico bidimensional SIMSYS2D,
anteriormente calibrado para a Ria de Aveiro. Foram efectuadas simulações considerando a actual
configuração da Ria de Aveiro (2009), e uma configuração projectada, que contempla o prolongamento do
molhe Norte em 200 m. Foram estudados cenários de forçamento extremo pela maré, considerando casos de
máxima maré viva e maré morta. Foram analisados resultados do prisma de maré nos principais canais da
Ria de Aveiro, assim como da altura de água e das componentes horizontais da velocidade em locais
seleccionados. Foi ainda efectuada análise harmónica das previsões de altura de água para ambas as
configurações estudadas. Os resultados mostram que os prismas de maré diminuem ligeiramente no cenário
que considera o prolongamento do molhe norte. Em máxima maré viva a amplitude da maré aumenta cerca
de 0.05 m e em máxima maré morta as variações não são significativas. As mudanças mais expressivas da
velocidade ocorrem nas zonas mais próximas da embocadura. As alterações na amplitude e na fase da
maioria dos constituintes harmónicos são diminutas. Em resumo, este estudo revela que apesar das alterações
induzidas na hidrodinâmica da Ria de Aveiro pelo prolongamento do molhe norte não serem significativas,
mais estudos deveriam de ser realizados para esclarecer o impacto desta obra a longo prazo.
REPRODUÇÃO E DIETA DA GARÇA-VERMELHA ARDEA PURPUREA EM SALREU,
AVEIRO
C. Carneiroa, R. Britob, A. Luísc, D. Gonçalvesa,d
a
Departamento de Biologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, s/n, 4169-007 Porto,
[email protected]
b
Departamento de CNeS da Ecoinside, Lda., Rua de Júlio Dinis, nº 561 – 7º andar – sala 702, 4050-325 Porto, [email protected]
c
Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
d
CIBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto, Campus Agrário de Vairão, 4485661 Vairão, [email protected]
A Ria de Aveiro é uma das mais importantes zonas húmidas portuguesas e alberga, tal como o estuário do
Tejo, um dos mais significativos núcleos reprodutores de Garça-vermelha Ardea purpurea do território
nacional. Nos locais de reprodução, esta espécie migradora estival depara-se com várias ameaças, que
compreendem desde a caça e destruição dos ninhos, até à contaminação dos recursos alimentares. O seu
estatuto de conservação no início da década de 1990 era o de "Vulnerável", sendo de "Em Perigo" na
actualidade. Para reverter esta situação é urgente definir e implementar medidas adequadas de gestão e
conservação destes núcleos reprodutores. Para tal, é também importante actualizar a informação sobre a
fenologia, o sucesso reprodutor e a dieta da espécie, visando melhorar o presente estatuto de conservação.
Assim, na época de reprodução de 2010, foram efectuadas visitas periódicas a colónias localizadas nos
caniçais de Salreu, recolhendo-se informação sobre os parâmetros referidos, de forma a actualizar os dados
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
22
Universidade de Aveiro 2011
existentes (referentes ao período 2002 - 2005) e permitir um melhor conhecimento das tendências que a
população local apresenta. A data de início das posturas dos casais de Garça-vermelha, na Ria de Aveiro,
parece ter vindo a atrasar-se, observando-se, em 2010, um atraso de cerca de 15 dias em relação a 2003. O
tamanho das posturas variou entre os 3,62 (em 2003) e 5,18 (em 2010) ovos. O sucesso de eclosão desceu
abaixo dos 75% em 2004, tendo sido o seu máximo registado em 2002 (90,5%). Em 2010, registou-se o
valor de 87,9%. No que respeita à dieta, os dados de 2010 parecem mostrar uma maior entrega de mamíferos
e aves às crias, por parte dos progenitores, do que no período 2002-2004, o que poderá estar relacionado com
os locais de alimentação.
TERAPIA FÁGICA COMO ALTERNATIVA DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL PARA
INACTIVAR BACTÉRIAS PATOGÉNICAS EM PISCICULTURAS
C. Pereiraa, Y. Silvaa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, A. Almeidaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {a33369, yolanda, gomesncm,
acunha, aalmeida}@ua.pt
As doenças bacterianas constituem um problema importante para a expansão da indústria da aquacultura, que
tem sido geralmente ultrapassado com recurso à utilização de antibióticos. O uso frequente destes e fármacos
levou, no entanto, ao desenvolvimento de resistências microbianas. Para reduzir o risco de aparecimento e
disseminação das resistências aos antibióticos, devem ser desenvolvidos métodos alternativos de controlo
bacteriano, com baixo impacto ambiental, para tratar as águas de cultura das pisciculturas. O objectivo deste
trabalho foi avaliar o uso da terapia fágica na inactivação de bactérias patogénicas de peixes numa
piscicultura semi-intensiva da Ria de Aveiro. Para tal, avaliou-se a densidade das principais bactérias
patogénicas; a dinâmica sazonal destas bactérias; a sobrevivência dos fagos específicos isolados a partir das
bactérias patogénicas; a especificidade destes fagos e o impacto ecológico da terapia fágica sobre a estrutura
das comunidades bacterianas naturais. Os resultados mostraram que 1) a estrutura da comunidade bacteriana
variou sazonalmente; 2) o espectro de infecção dos fagos testados variou desde especificidade apenas para a
bactéria usada para o seu isolamento até especificidade para bactérias de diferentes famílias; 3) a
sobrevivência destes fagos na água da aquacultura variou entre 15 dias e 3 meses; 4) a adição dos fagos à
comunidade bacteriana não provocou variação significativa na sua estrutura; 5) a terapia fágica foi eficaz na
inactivação das bactérias patogénicas isoladas da água da piscicultura. Em conclusão, a terapia fágica poderá
ser uma opção de baixo impacto ecológico no processo de desinfecção de águas piscícolas. Convém referir
que, como a estrutura da comunidade bacteriana varia sazonalmente, é necessário ter em conta este facto
aquando da selecção dos fagos a usar na terapia fágica.
TERAPIA FOTODINÂMICA ANTIMICROBIANA COMO ALTERNATIVA AOS
ANTIBIÓTICOS PARA INACTIVAR BACTÉRIAS PATOGÉNICAS EM
PISCICULTURAS
E. Alvesa, C. Arrojadoa, C. Pereiraa, C.M.B. Carvalhob, M.A.F. Faustinob, J.P.C. Toméb, M.G..P.M.S.
Nevesb, A.C. Toméb, J.A.S. Cavaleirob, A.Cunhaa, N.C.M. Gomesa, A. Almeidaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {elianaalves, a31696,
a33369, acunha, gomesncm, aalmeida}@ua.pt
b
QOPNA, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {ccarvalho, faustino, jtome,
gneves, actome, jcavaleiro}@ua.pt
A terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT) é um método de inactivação de microrganismos com largo
espectro de acção não induzindo resistências. Consiste no uso combinado de luz, oxigénio e um
fotossensibilizador (PS). Tem vindo a ser aplicada na clínica com excelentes resultados, mostrando-se a sua
aplicação promissora na área ambiental; desinfecção de águas de consumo, residuais e piscícolas. Neste
estudo avaliou-se o uso da aPDT para inactivar bactérias patogénicas em pisciculturas semi-intensivas,
analisando: 1) a influência de variações de temperatura, pH, salinidade, concentração de oxigénio e sólidos
suspensos na água; 2) a influência da composição da água da piscicultura; 3) a capacidade de destruição de
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
23
Universidade de Aveiro 2011
bactérias patogénicas isoladas a partir da água de uma piscicultura da Ria de Aveiro; 4) o seu impacto
ecológico no ambiente aquático. Como PS foi utilizada Tri-Py+Me-PF a diferentes concentrações, e duas
fontes de luz PAR (370-700 nm): lâmpadas fluorescentes e luz solar a 4 mW/cm2 e 40 mW/cm2,
respectivamente. Os resultados obtidos indicam que variações de temperatura, pH, salinidade, e concentração
de oxigénio não afectam a eficiência da inactivação microbiana. Contudo, esta é afectada pela existência de
partículas em suspensão na água, concentração de PS e potência aplicada. As espécies patogénicas testadas
foram eficazmente inactivadas com luz artificial. A fracção de bactérias cultiváveis foi afectada e as técnicas
moleculares independentes de cultivo [eletroforese em gel de gradiente desnaturante (DGGE)] mostraram
uma diminuição na diversidade da comunidade bacteriana na água da piscicultura após tratamento. A aPDT
poderá ser aplicada a sistemas de pisciculturas como uma alternativa para o controlo de infecções nos peixes.
Contudo, deverá ser feita previamente uma avaliação cuidadosa à matéria particulada da água em suspensão,
concentração de PS, tempo de irradiação; bem como o efeito do tratamento na comunidade microbiana nãopatogénica.
TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO DE MERCÚRIO ENTRE A RIA DE AVEIRO E O
OCEANO ATLÂNTICO
P. Patoa, M. E. Pereiraa, J. M. Diasb, A.C. Duartea
a
CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {pedro.pato, eduper,
aduarte}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
Como resultado de várias décadas de descargas de um efluente industrial contaminado com
mercúrio (Hg), estima-se que se tenham acumulado mais de 30 toneladas de Hg nos sedimentos da
Ria de Aveiro. O presente trabalho teve como objectivo obter mais conhecimento sobre a
variabilidade das trocas de Hg entre a Ria e o Oceano Atlântico. O transporte foi estudado no canal
(Barra) de interface entre a Ria de Aveiro e o Oceano, tendo-se caracterizado a fracção dissolvida e
os sólidos suspensos na coluna de água durante ciclos de maré, com amplitudes de maré e descargas
fluviais contrastantes. De um modo geral, e principalmente nas marés mortas, o Hg encontra-se associado
maioritariamente à matéria suspensa particulada. As maiores concentrações do metal foram observadas no
Inverno, devido a maior erosão de sedimentos superficiais das zonas contaminadas por conjugação com
maiores correntes e maior efeito de resuspensão induzida pelo vento e pela ondulação. A composição, quer
da matéria suspensa particulada, quer do seston, variaram ao longo dos ciclos de maré com a diferente
descarga fluvial e amplitude de maré, tendo influenciado os níveis de Hg das partículas e a partição entre as
fracções dissolvida e particuladas. As trocas de Hg entre a Ria e o Oceano foram estimadas através de
modelação numérica. O balanço de massa para as fracções de Hg revelou que a sua exportação para o
Oceano Atlântico varia com o regime sazonal e das marés, principalmente em termos da importância relativa
das fracções dissolvida e particuladas. As trocas mais elevadas de Hg foram observadas na maré viva de
Inverno como resultado de diversos factores que promoveram a remobilização de Hg na zona contaminada.
Uma estimativa da exportação anual de 42 a 77 kg de Hg demonstra que o transporte de Hg tem pouco
impacto na zona costeira Atlântica. Este reduzido impacto na zona costeira adjacente foi confirmado pelo
baixo grau de contaminação observado em vários compartimentos da zona costeira (coluna de água,
sedimentos e biota).
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
VARIAÇÃO DA ABUNDÂNCIA E PRODUTIVIDADE BACTERIANA NA RIA DE
AVEIRO DURANTE UM PERÍODO DE DEZ ANOS (1996-2007)
L. Santosa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, A. Almeidaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {luisasantos, gomesncm,
acunha, aalmeida}@ua.pt
Nos ecossistemas aquáticos, as bactérias desempenham um papel fundamental na reciclagem e na
transformação de energia e nutrientes. A sua distribuição, abundância e produtividade nos estuários
dependem não só da localização e da quantidade de matéria orgânica e nutrientes disponíveis, mas também
da variabilidade física e química inerente a este tipo de ecossistema. A componente microbiológica do
estuário Ria de Aveiro tem sido intensivamente estudada, nomeadamente os perfis de variação longitudinal e
vertical, e as alterações associadas aos ciclos de maré. Os dados de abundância e produtividade bacteriana
obtidos entre 1996 e 2007 foram analisados no sentido de detectar possíveis alterações temporais. Para este
estudo foram seleccionados dois locais com características distintas e representativos das condições marinhas
e salobras do estuário. A abundância média de bactérias na Ria não sofreu alterações significativas ao longo
dos últimos anos, variando entre 0.2 e 12.6x109 células L-1. No entanto, a produtividade de biomassa
bacteriana (PBB) sofreu alterações significativas. Na zona marinha, a PBB média aumentou de 1.1 para 7.9
µg C L-1 h-1 e na zona salobra de 3.8 para 10.7 µg C L-1 h-1. As variações da PBB não foram acompanhadas
por alterações nos perfis de variação espacial e temporal das propriedades físico-químicas. No entanto, a
matéria orgânica particulada e concentração de nutrientes inorgânicos duplicou em ambas as zonas do
estuário. Apesar de expectável, não se observou qualquer alteração da produtividade primária. O aumento da
actividade bacteriana no estuário, nos últimos dez anos, foi impulsionado por um aumento dos nutrientes e
da matéria orgânica proveniente de outras fontes que não o fitoplâncton. Os materiais transportados pelos
rios, as escorrências terrestres, as descargas de origem antropogénica e a ressuspensão dos sedimentos
exercem um papel cada vez mais importante no suporte da actividade heterotrófica do bacterioplâncton da
Ria.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
25
Universidade de Aveiro 2011
SOCIOECONOMIA
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
CENTRO EMPREENDEDOR DO CONHECIMENTO AQUÁTICO – A RIA DE AVEIRO,
DOS RIOS AO OCEANO: INVESTIGAÇÃO, MONITORIZAÇÃO, FORMAÇÃO E
DIVULGAÇÃO.
J.E. Rebeloa
a
Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
As condições ambientais da Ria de Aveiro propiciam a sua colonização por uma rica biodiversidade vegetal
e animal, a qual tem sido alvo, desde sempre, da intervenção antropogénica, por vezes perniciosa. O vasto
conhecimento científico adquirido n as últimas três décadas sobre os recursos naturais lagunares é um
garante da sua sustentabilidade e deve ser observado na execução de políticas de exploração das
potencialidades biológicas da Ria de Aveiro.O CECA – Centro Empreendedor do Conhecimento Aquático é
mais uma das componentes de interface da Universidade de Aveiro com a região, já em ensaio com
autarquias, que visa sustentar políticas ambientais integradas e duradouras. Vocacionado para dois vectores
centrais de acção, a intervenção sustentada na natureza e a formação de recursos humanos, o CECA prevê
intervir nas vertentes dulçaquícola, a montante, que se poderá estender à pateira de Fermentelos e à barrinha
de Mira, salobra e de influência oceânica, que se espalham pela laguna, das regiões intermédias dos canais à
embocadura, respectivamente. O primeiro vector engloba a investigação científica, a monitorização
ecológica, a divulgação e o usufruto ecoturístico e contempla quatro domínios: património natural, conhecer
para usufruir sem exaurir; turismo de natureza, observar, pescar, caçar e saborear; produção natural, a pesca
inesgotável e a aquicultura de preservação da biodiversidade; saúde pública, vigiar a qualidade do ambiente
e a produção natural. O segundo vector inclui, em articulação com o ensino profissional existente, formação
básica e avançada sobre: biodiversidade, pesca artesanal, industrial e desportiva, aquicultura, caça e
ecoturismo. A cooperação entre entidades do saber, da política, da economia e da sociedade, agilizada
através do CECA, permite implementar uma nova acção integrada de mediação entre a preservação natural e
o usufruto comercial e lúdico do espaço lagunar mais importante do país.
CULTURA E EXPLORAÇÃO DE SALICÓRNIA NA RIA DE AVEIRO
C. Vigárioa , E. Santosa, A. Lillebøb, H. Silvab
a
Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {carlapvigario, emanuel.santos}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lillebo, hsilva}@ua.pt
A exploração dos recursos vegetais da Ria de Aveiro teve particular relevância na recolha de moliço, sendo à
época utilizado como importantíssimo fertilizante agrícola. As macroalgas vermelhas do género Gracillaria
são produtoras de agar, polissacarídeo com múltiplas aplicações em microbiologia, biotecnologia, medicina,
cosmética e indústria alimentar, existindo já estudos para a caracterização do agar extraído a partir de algas
da Ria de Aveiro. Contudo, a utilização das plantas das zonas de sapal, nomeadamente na alimentação e
medicina, só recentemente tem vindo a ser explorado no nosso país, embora já seja uma realidade no
estrangeiro com mais de uma década de existência. Salicornia ramosissima J. Woods, conhecida
vulgarmente como salicórnia ou erva-salada, é uma planta anual de cerca de 3-40 cm de estatura, com caules
carnudos e de sabor salgado, com distribuição por todo o litoral de Portugal Continental, encontrando-se
habitualmente nas margens dos canais e salinas da Ria de Aveiro. Várias espécies de Salicornia têm vindo a
ser utilizadas na alimentação, não só em saladas, ou mesmo como “sal verde”, em substituição do sal de
cozinha. Por outro lado, vários estudos sugerem diversas propriedades medicinais para algumas das suas
espécies, tais como actividade anti-oxidante, anti-tumoral, diurética e repositora de electrólitos. É objectivo
deste projecto estudar a ecofisiologia de S. ramosissima no sentido de optimizar a sua produção e exploração
nas salinas da Ria de Aveiro. Decorre em parceria com a empresa Canal do Peixe Lda., na Marinha dos
Puxadoiros, onde estão a ser caracterizados aspectos ecológicos (luminosidade, encharcamento, salinidade) e
biológicos (banco de sementes) para a germinação e produção de biomassa, bem como o respectivo valor
nutricional. A salinicultura da erva-salada poderá ser mais um ponto de partida para a exploração sustentada
dos recursos vegetais da Ria de Aveiro numa parceria com as indústrias alimentares e farmacêuticas.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
27
Universidade de Aveiro 2011
DESEMPENHO AMBIENTAL DE ESTABELECIMENTOS PISCÍCOLAS: O CASO DA
RIA DE AVEIRO
A. Freirea
a
IGAOT, Rua de “O Século”, n.º 63, 1249-033 Lisboa, [email protected]
A piscicultura em zonas costeiras tem sofrido um grande desenvolvimento nos últimos anos em Portugal,
com um interesse económico assinalável, num país fortemente consumidor de pescado e num contexto em
que a escassez dos recursos haliêuticos, exige que sejam encontradas novas soluções. A piscicultura é
claramente parte importante dessa solução. Contudo, pelo facto de se instalar em zonas ambientalmente
sensíveis e cobiçadas igualmente para o desenvolvimento de outras actividades, como é o caso da Ria de
Aveiro, classificada como sítio da Rede Natura 2000, importa que seja praticada de modo ambientalmente
sustentável e num quadro de gestão integrada das zonas costeiras. Com o objectivo de avaliar o nível de
desempenho ambiental e de conformidade legal em matéria de ambiente desta actividade realizou-se em
2005 uma campanha de inspecções a estabelecimentos piscícolas marinhos, tendo sido inspeccionadas 46
unidades ao longo de toda a zona costeira continental (26% na Ria de Aveiro). Procede-se aqui a uma breve
caracterização do enquadramento legal da actividade e da amostra de estabelecimentos inspeccionados, nos
aspectos relativos ao seu funcionamento e ao licenciamento da actividade, bem como à avaliação dos seus
desempenho ambiental e conformidade legal, considerando os aspectos relativos ao licenciamento da
utilização do domínio hídrico, à gestão de resíduos e à aplicação dos regimes legais de AIA e da REN.
Identificam-se as principais inconformidades detectadas. Por último, esboça-se um conjunto de conclusões
que apontam no sentido da potencialidade e da sustentabilidade desta actividade na Ria de Aveiro, com
necessidade de se proceder a algumas alterações relativamente às práticas actualmente existentes, quer na
AIA dos projectos e na sua monitorização, quer no ordenamento da actividade e no seu licenciamento, quer
ainda na gestão de resíduos, matéria em que subsistem práticas desadequadas ao actual regime legal e às
boas práticas ambientais.
DIOPATRA NEAPOLITANA, IMPORTÂNCIA SOCIO ECONÓMICA E
SUSTENTABILIDADE DAS CAPTURAS, NA RIA DE AVEIRO
F. Freitasa, T. Cunhab, A. Hallc, H. Queirogad
a
CIIMAR , Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Rua dos Bragas, 284, 4050-123 Porto , [email protected]
European Maritime Safety Agency (EMSA), Cais do Sodré, 1249-206,,Lisboa, [email protected]
c
Departamento de Matemática, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
d
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
b
Os bancos de maré da Ria de Aveiro suportam importantes populações de invertebrados e peixes marinhos,
cuja exploração constitui uma apreciável fonte de rendimento para as populações locais. No que respeita aos
invertebrados, o poliqueta Diopatra neapolitana, vulgarmente conhecida por casulo, é intensivamente
explorado e utilizado como isco para a pesca recreativa. Com este trabalho, pretendemos reportar as
estimativas da produção da mariscagem de D. neapolitana capturada no Canal de Mira, em dois anos
distintos (2001/2002 e 2007/2008), estabelecendo uma correspondência entre o volume das capturas, as
condições sócio económicas e as medidas de fiscalização. O valor anual de capturas foi determinando através
do produto do esforço da apanha pelas capturas por unidade de esforço. O esforço foi estimado utilizando
uma adaptação do método de contagem progressiva de Hoening, com observações efectuadas ao longo de
uma rota. As capturas por unidades de esforço foram calculadas através das quantidades capturadas,
estimadas a partir de inquéritos. Os valores capturados foram sempre mais elevados nas marés vivas e
seguiram também o mesmo padrão nos dois anos analisados no que respeita às estações do ano, com valores
de capturas mais elevados no Verão. Registámos uma redução nos valores anuais das capturas totais de 45
000kg capturados em 2001/2002 para 29 000kg em 2007/2008, uma redução de cerca 15 000Kg. A diferença
nas capturas totais anuais reflectem uma grande diferença no valor comercial da primeira venda do produto
de 350 000€, no primeiro ano amostrado, para 224 000€ no ano posterior, reflectindo o pouco incremento do
valor comercial deste item. Actualmente esta actividade existe sem qualquer regulamentação e com impactos
que não estão devidamente conhecidos sobre a sustentabilidade da exploração deste recurso. A mariscagem
do casulo exerce um importante impacto sobre os bancos de maré, causado pela perturbação de importantes
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
28
Universidade de Aveiro 2011
volumes de sedimento, sendo desconhecida a influência desta actividade sobre a diversidade e produção dos
bancos de maré da Ria de Aveiro.
A DIVERSIDADE VEGETAL DA RIA DE AVEIRO NO SITE BIOREDE
H. Silvaa, L. Lopesa, P. Silveiraa R. Pinhoa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro
{[email protected], lisia, psilveira, rpinho}@ua.pt
O site Biorede é uma criação de uma equipa de investigadores do Departamento de Biologia da Universidade
de Aveiro, financiado pelos Programas Aveiro Digital 1999-2000 e 2003-2006, com o objectivo de divulgar
ciência às escolas mas também ao público em geral. O objecto de estudo centra-se, fundamentalmente, na
biodiversidade da região de Aveiro, com particular incidência nos vários ecossistemas da Ria de Aveiro.
Apesar de dois dos Módulos deste site incidirem especificamente sobre a Ria de Aveiro (Módulos Ria de
Aveiro e Roteiros Ecológicos), o Módulo Diversidade Vegetal é sem dúvida o que descreve de forma mais
completa e pormenorizada a flora desta importantíssima laguna. A diversidade vegetal da Ria de Aveiro,
com particular incidência na flora vascular, é apresentada no Sub-Módulo Flora da Região em vários temas:
Habitats Naturais, Diversidade Florística, Herbário (do Departamento de Biologia da Universidade de
Aveiro) e Chaves Dicotómicas. Aspectos como a descrição botânica, nomes vulgares, habitat e ecologia,
distribuição geográfica e usos das plantas, são alguns dos assuntos abordados para as várias centenas de taxa
referenciados. O tema Chaves Dicotómicas, dedicado inteiramente à flora de uma região específica da Ria de
Aveiro (Baixo-Vouga-Lagunar), aborda a identificação de plantas, importantíssima ferramenta para o
conhecimento, divulgação e preservação da diversidade vegetal. Para tal, foram criadas chaves dicotómicas
ilustradas e interactivas, colocando ao alcance de todos, ou quase todos, a identificação de plantas. O carácter
inovador destas chaves dicotómicas prende-se com o facto de possuírem inúmeros links que levam o
utilizador a poder consultar informação relacionada com a descrição de termos botânicos, fotos e esquemas,
o que permite a fácil utilização desta ferramenta por professores e alunos do ensino secundário e
universitário, bem como por botânicos amadores.
ESTUDO DA EVOLUÇÃO DO VALOR ECONÓMICO DOS ECOSSISTEMAS APLICADO
À RIA DE AVEIRO
J.V. Silvaa, Z.S. Mustricua, L. Sousaa , F.L. Alvesa
a
CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,{joão.vasco,
malves, lisa, z.mustricu}@ua.pt
Os estuários são locais de elevado valor ecológico, social e também económico. Nos últimos vinte anos o
património natural e cultural da Ria de Aveiro têm vindo a sofrer um crescente aumento de pressão por parte
das diversas actividades humanas que nela se desenvolvem. No entanto, também nos últimos anos, na zona
estuarina da Ria têm-se vindo a intensificar as acções/ intervenções no sentido da mitigação destas pressões
promovendo a preservação, requalificação e valorização de algumas das áreas mais sensíveis do ponto de
vista económico, social e ambiental.
O presente estudo constitui uma primeira abordagem nesta temática e analisa as transformações do uso do
solo que decorreram desde 1990 até 2006. Apresenta-se ainda os resultados obtidos num exercício
prospectivo com base num cenário de alterações climáticas e subida do nível médio do mar que iria
modificar radicalmente os usos do solo nas áreas adjacentes do sistema estuarino. Este estudo foi elaborado
no sentido de averiguar quais as perdas efectivas nos ecossistemas naturais da uma área da Ria de Aveiro e a
sua possível tradução em termos económicos, considerando o potencial que os valores dos serviços prestados
pelos ecossistemas podem ter no sentido de informar a decisão política destacando os benefícios de uma
gestão sustentável destes. O estudo da alteração dos usos do solo foi realizado com base na cartografia digital
dos levantamentos do projecto CORINE Land Cover, em ambiente SIG/ArcGIS. A atribuição de valores
económicos aos ecossistemas foi elaborada com base em metodologias desenvolvidas e amplamente
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
29
Universidade de Aveiro 2011
validadas, em sistemas estuarinos internacionais. Os resultados desta investigação mostram que as
transformações ocorridas na área de estudo têm aumentado o seu valor económico.
NUNCA MAIS VOLTAS AO CAIS? PERCEPÇÕES SOCIAIS E POLITICAS
SOBRE OS CANAIS DA RIA DE AVEIRO
F. Martinsa, E. Figueiredob, H. Albuquerquea, M. Robainac
a
CESAM, Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro
{filomena, helena.albuquerque}@ua.pt
b
GOVCOPP, S.A. Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
[email protected]
c
GOVCOPP, S.A. Economia, Gestão e Engenharia Industrial, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
[email protected]
As comunidades existentes em torno da Ria de Aveiro sempre mantiveram com esta uma forte afinidade.
Este ecossistema foi sempre utilizado como fonte de recursos, sendo que as populações mais ribeirinhas
viviam em função do que a “Ria” lhes concedia – o sal, o moliço, a pesca, o transporte lagunar e mesmo a
agricultura. Por esta razão, foram construídos vários cais de acostagem que serviam de suporte às diversas
actividades que aí se desenvolviam. Com o desaparecimento/desvalorização de determinadas actividades,
muitos destes cais foram perdendo a sua vitalidade, encontrando-se de momento em forte estado de
degradação e contribuindo para o continuado abandono destas áreas que, por sua vez, tem implicações quer
na estrutura socioeconómica das comunidades locais quer no próprio ecossistema. No sentido de recuperar e
revalorizar os cais de acostagem, o programa Polis Litoral Ria de Aveiro, promoveu o Estudo de
Caracterização para o Reordenamento e Valorização dos Núcleos Piscatórios Lagunares, focalizado sobre
22 cais dos municípios de Ovar, Estarreja, Murtosa, Aveiro, Ílhavo e Mira. Neste contexto foram analisados,
a área de influência de cada cais, as actividades económicas e sociais presentes, bem como as
potencialidades de desenvolvimento das actividades existentes. Tomando como referência os dados
recolhidos no âmbito do estudo mencionado, pretende-se em primeiro lugar caracterizar genericamente a
actividade piscatória na Ria e os cais de acostagem, para depois se proceder à discussão das percepções dos
utilizadores e das entidades políticas e administrativas relativamente à degradação, recuperação e valorização
dos cais, da Ria de Aveiro.
PERDAS NOS VALORES DOS ECOSSISTEMAS DEVIDO À EROSÃO COSTEIRA NA
REGIÃO DA RIA DE AVEIRO: UMA AVALIAÇÃO HISTÓRICA
P.C. Roebelinga, F.L. Alvesa, C.D. Coelhob, M. Gonçalvesc, J. Rochaa
a
CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
{peter.roebeling, malves, joaocrocha}@ua.pt
c
CESAM, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
d
Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
[email protected]
A região centro de Portugal é uma das zonas costeiras da Europa que mais sofre com os processos de erosão
costeira, devido à subida do nível do mar, ao aumento nas frequências de tempestades, à redução na entrega
de sedimentos à costa e às alterações de origem antropogénica. Estes problemas não são exclusivos do século
XXI, mas têm-se vindo intensificar nos últimos anos, resultando em inundações, destruição de infraestruturas, ruptura e galgamento de dunas, erosão costeira, destruição de habitats e perda de biodiversidade.
Por outro lado, os ecossistemas costeiros possuem diversas funções ambientais, contribuindo para regular a
composição química da atmosfera, o ciclo hidrológico, a formação do solo, mas também, como habitats para
inúmeras espécies. Aliado a estas funções, estes ecossistemas, apresentam um elevado valor ecológico,
económico e social os quais se encontram em perigo face aos intensos processos erosivos. A pesquisa
bibliográfica efectuada demonstra não existirem estudos que avaliem, de modo integrado e relacionado, as
perdas de território devido ao processo de erosão, as perdas nos usos do solo e as perdas nos valores dos
ecossistemas. O presente estudo visa avaliar as perdas económico-ambientais ocorridas na zona costeira da
Ria de Aveiro, devido ao fenómeno da erosão costeira nas últimas décadas (entre 1975 e 2006). Para tal é
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
aplicada uma abordagem económico-ambiental, que combina os padrões históricos da erosão costeira com
técnicas de transferência de benefícios para a valorização dos serviços dos ecossistemas. Os resultados
mostram que o território costeiro perdido entre 1975 e 2006 é aproximadamente de 2,350 ha, com destaque
para as áreas com pouca vegetação (incluindo praias e dunas), e algumas áreas agrícolas. Verifica-se ainda
que os valores dos ecossistemas diminuíram de, aproximadamente, €235 milhões em 1975 até €190 milhões
em 2006. Estes resultados significam perdas efectivas de valor em ecossistemas costeiros de cerca de 20%.
VARIABILIDADE ESPACIAL E TEMPORAL DA QUALIDADE DA ÁGUA E DE
ZOOPLÂNCTON NUMA SALINA ARTESANAL
N. Vieiraa,b, A. Biob
a
Departamento de Biologia da Faculdade de Ciências, Rua do Campo Alegre s/n, 4169-007 Porto, Portugal, [email protected]
CIMAR/CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto, Rua dos Bragas, 289,
4050-123 Porto, Portugal, [email protected]
b
As características limnológicas em salinas artesanais variam dependendo da sua estrutura física, de efeitos
sazonais e dos dois períodos do ciclo de produção, com fase de inundação e fase de produção, que ocorre
apenas durante o verão quando as condicões atmosféricas são propícias. Estas salinas constituem habitats
húmidos únicos, com comunidades bióticas particulares, mas na sua maioria pouco estudadas. Estudou-se a
qualidade da água e a comunidade zooplanctónica de uma salina artesanal para avaliar a variabilidade
espacial entre os compartimentos e temporal entre os períodos de produção e repouso, a relação entre
comunidades zooplanctónicas e condições ambientais. As amostras foram recolhidas duas vezes por mês,
durante dois anos, em seis estações fixas de colheita na Salina das Tanoeiras, na Ria de Aveiro: 1) início e 2)
centro do canal de abastecimento da salina, 3) tanque de alimentação, 4 e 5) em dois tanques de evaporação e
6) um de cristalização. Os resultados apresentaram diferenças significativas na temperatura, oxigénio
dissolvido (OD) e carência bioquímica de oxigénio (CBO5) entre os períodos de produção de sal e
inundação, i.e. estações de verão e primavera/inverno. A salinidade e a alcalinidade foram associadas à
produção de sal, com valores extremos nos tanques de cristalização. A comunidade zooplanctónica também
variou ao longo do ciclo de produção, entre as estações do ano e entre os compartimentos analisados. As
densidades e diversidade zooplanctónicas tenderam a ser baixas durante a produção de sal, particularmente
sob as condições extremas de vida observadas no tanque de cristalização. A variação destas comunidades
entre as amostras relacionou-se principalmente com a temperatura, ou seja estação do ano, a CBO5, o OD e a
concentração em nutrientes.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
ORDENAMENTO E GESTÃO
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS SEDIMENTOS NOS SECTORES NORTE E ESTE
DA RIA DE AVEIRO
R. Teodósioa, V. Martinsb, E. Ferreira da Silvab, F. Rochab
a
b
Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, Portugal
Universidade de Aveiro, Departamento de Geociências, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193
Aveiro, {virginia.martins; eafsilva; tavares.rocha}@ua.pt
Este trabalho tem como objectivo principal proceder à avaliação da qualidade dos sedimentos da Ria de
Aveiro e contribuir para o estudo da ecologia dos foraminíferos bentónicos deste sistema lagunar. Nele são
apresentados resultados obtidos em três campanhas de amostragem, integradas num programa de
monitorização, iniciado em Outubro de 2009, nos sectores Norte e Este da Ria de Aveiro. Durante as
campanhas de campo foram recolhidos sedimentos em 8 locais diferentes incluindo o Largo do Laranjo, o
Porto de Salreu, o Cais do Pardilhó, o Canal de Ovar. Foram também medidos vários parâmetros ambientais
tais como, a temperatura e a salinidade, na água, e o pH e Eh, no sedimento. Foram efectuadas análises
granulométricas e geoquímicas (por digestão total de sedimento, seguida de análise por ICP-MS) e das
associações vivas e mortas de foraminíferos presentes nos sedimentos. Na área estudada, os sedimentos são
heterogéneos em termos granulométricos e composicionais. A variabilidade dos parâmetros ambientais é
considerável. Foram por exemplo registadas salinidades entre 0.1-39.1psu. As associações de foraminíferos
bentónicos são dominadas por duas ou três das seguintes espécies: Ammonia tepida, Haynesina germanica,
Elphidium spp. (tais como E. excavatum, E. oceanensis, E. gunteri) Trochammina inflata, Jadammina
macrescens, Balticammina pseudomacrescens e Quinqueloculina seminulum. A densidade (n.º/gr<70) e a
diversidade de espécies avaliada pelo Índice de Shannon (0.9-2.3) são relativamente baixas. Foram
identificadas concentrações elevadas de metais pesados considerados tóxicos (tais como Cu, Pb, Zn, Ni, As e
Cr), no Largo do Laranjo, no Porto de Salreu, no Cais do Pardilhó e na Marina de Ovar. Nestas zonas a
abundância e a diversidade de foraminíferos decresce. As espécies de foraminíferos presentes mais tolerantes
a variações grandes de salinidade e a concentrações elevadas de metais pesados parecem ser T. inflata, J.
macrescens e B. pseudomacrescens.
DESAFIOS METODOLÓGICOS PARA O PLANEAMENTO E ORDENAMENTO NA RIA
DE AVEIRO
L. P. Sousaa, J. V. Silvaa, F. L. Alvesa
a
CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lisa,
joao.vasco, malves}@ua.pt
Na sequência da aprovação da Lei da Água e assumindo a importância e complementaridade entre a gestão
da água e o ordenamento do território, foram criados os Planos de Ordenamento dos Estuários, incorporados
no sistema de gestão territorial como planos especiais de ordenamento do território. Estes Planos têm por
objecto as águas de transição (respectivo leito e margens) e uma faixa terrestre de protecção com uma largura
máxima de 500 metros. Visam a protecção das suas águas, leitos e margens e dos ecossistemas associados,
assim como a valorização ambiental, social, económica e cultural da orla terrestre envolvente e de toda a área
de intervenção do plano. As excepcionais qualidades ambientais e paisagísticas de elevado valor científico,
cultural, social e económico, fazem do Estuário do Vouga um espaço singular no contexto nacional e
europeu. Embora seja uma área de especial interesse para a conservação da natureza, é um espaço onde se
desenvolvem inúmeras actividades (portuária, agricultura, aquicultura, pesca, recreio e lazer), às quais estão
associadas pressões e conflitos no uso do território, que deverão ser dirimidas no processo de planeamento e
ordenamento deste espaço. Este artigo pretende apresentar os actuais desafios metodológicos que se colocam
à elaboração de um plano desta natureza no estuário do Vouga. São eles: a articulação entre as actividades,
que ocorrem no plano de água e se gerem na orla; a complexidade jurídica e territorial da área de
intervenção; à definição da área de intervenção do Plano, que engloba áreas com diferentes características
ecológicas, morfológicas, demográficas, associadas a uma forte dinâmica territorial; à gestão integrada das
águas, ecossistemas aquáticos e terrestres associados; à gestão partilhada no ordenamento e gestão; a
coexistência de múltiplas dominialidades e um leque amplo de responsabilidades institucionais, que tornam a
concertação de interesses e a geração de consensos um objectivo difícil de alcançar.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
DIVERSIDADE E REPRODUÇÃO DE POLIQUETAS DO GÉNERO Diopatra, NA RIA DE
AVEIRO
A. Piresa, F. Gentilb, V. Quintinoa, A. Rodriguesa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro
{adilia, victor.quintino, anarod}@ua.pt
b
Station Biologique de Roscoff, Place Georges Teissier, BP74, 29682 Roscoff Cedex, France, [email protected]
O poliqueta Diopatra neapolitana, vulgarmente denominado “casulo” é um importante recurso natural na
Ria de Aveiro, sendo intensamente explorado como isco. Apesar disso pouco se sabia sobre o seu ciclo
biológico, o que motivou o seu estudo. Assim, indivíduos de D. neapolitana foram colhidos mensalmente de
Maio 2007 a Abril 2009 para observação da presença/ausência de gâmetas e medição do diâmetro dos
óocitos. Os resultados apontam como período principal de reprodução Maio a Agosto, altura em que
praticamente todos os indivíduos contêm gâmetas no celoma e as fêmeas contêm mais óocitos. A informação
sobre o ciclo biológico é fundamental para implementar regulamentação adequada para a gestão sustentável
da espécie. No decorrer deste estudo foram identificadas duas outras espécies do género Diopatra que
coexistem na Ria com D. neapolitana: D. marocensis, inicialmente descrita para a costa de Marrocos e cuja
distribuição actual se sabe extender-se a toda a costa Portuguesa e Norte de Espanha e, D. micrura, espécie
nova para a ciência, descrita com base em exemplares da Ria. Estas duas espécies facilmente se confundem
com juvenis de D. neapolitana, já que são de menores dimensões sendo por isso pouco interessantes
economicamente. No que respeita à reprodução, D. marocensis foi estudada entre Julho de 2008 e Junho
2010. Ao contrário de D. neapolitana, a espécie possui larvas sem fase pelágica e reproduz-se ao longo de
todo o ano. Atendendo aos locais onde D. marocensis e D. micrura foram encontradas é possível que sejam
habitantes recentes da Ria. A interacção entre estas 3 espécies está actualmente em estudo.
MACROINVERTEBRADOS BENTÓNICOS DA RIA DE AVEIRO: RELAÇÕES
AMBIENTAIS, BIOLÓGICAS E ESTADO DE QUALIDADE ECOLÓGICA
A.M. Rodriguesa, V. Quintinoa, L. Sampaioa, R. Freitasa, R. Nevesb
a
CESAM & Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, 2810-193, Aveiro {anarod, victor.quintino, lsampaio,
rosafreitas}@ua.pt
b
Instituto Superior Técnico, Departamento de Mecânica, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, [email protected]
O presente estudo identifica e caracteriza os principais gradientes de distribuição dos macroinvertebrados
bentónicos na Ria de Aveiro, referindo-se também ao estado de qualidade ecológica deste sistema. O estudo
baseou-se na análise dos macroinvertebrados e das características sedimentares e hidrodinâmicas de 248
locais, cobrindo todo o gradiente estuarino. Foram identificadas 120 espécies sendo as mais abundantes e
frequentes Alkmaria romijni, Streblospio shrubsolii, Tharyx sp., uma espécie de oligoqueta não identificada,
Tubificoides benedii, Nereis diversicolor, Capitella spp., Pygospio elegans e Polydora ligni. Os gradientes
de distribuição encontrados mostram grupos que se sucedem da embocadura para o interior e sobretudo
relacionados com factores hidrodinâmicos (tensão de corte, fluxo e velocidade das correntes) e a salinidade.
As dez espécies mais abundantes e frequentes são características de enriquecimento orgânico e estão
presentes em todos os grupos de afinidade identificados. As espécies Capitella spp. e Tubificoides benedii,
bem conhecidas como indicadores de perturbação, são duas das mais abundantes e largamente distribuídas.
A aplicação do índice de qualidade M-AMBI aos diferentes grupos indicam um estado de qualidade
ecológico moderado, pobre e mau o que, de acordo com a DQA, aponta para a necessidade de medidas de
recuperação. No entanto, esta classificação deve ser vista com algum cuidado já que não estão estabelecidas
até ao momento as condições de referência e os limites de cada uma das classes preconizadas na DQA para
os sistemas de transição.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
MODELIZAÇÃO DOS PADRÕES ECOLÓGICOS NA BAIXA CADEIA TRÓFICA NA
RIA DE AVEIRO
J.F. Lopesa, M.A. Almeidaa,, A. Cunhaa
a
CESAM, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal, {jflopes, aalmeida, acunha}@ua.pt
Os blooms de fitoplancton são eventos importantes que permitem uma melhor compreensão da dinâmica dos
eco-sistemas costeiros, nomeadamente em situações de enriquecimento das águas resultantes da ocorrência
de episódios esporádicos ou permanentes de inputs de nutrientes. Por outro lado, condições de elevado
consumo de oxigénio, denominadas de hipoxia ou anoxia, estão associadas a estados de eutrofização,
correspondendo a um desafio importante nos sistemas naturais e nos eco-sistemas costeiros e estuarinos.
Situação de eutrofização reflectem o estado de degradação dos sistemas aquáticos devido a contaminação de
natureza química e/ou biológica. O objective deste trabalho é ajudar a compreensão da dinâmica do
fitoplâncton na Ria de Aveiro ao longo dos seus principais canais, nomeadamente, simulando os padrões de
clorofila, a produção primária e oxigénio dissolvido em situações meteorológicas extremas. As ferramentas
usadas para este fim, são modelos ecológicos e de qualidade da água tri-dimensionais, incluindo modelos
físicos, biológicos e químicos acoplados, que descrevem a dinâmica do fitoplâncton e de macro-algas, a
influência da luz e de nutrientes, os processos associados à produção, à respiração e à mortalidade do
fitoplâncton na coluna de água, o ciclo de nutrientes, e a interacção com o zooplâncton, entre outros variados
processos. Esses modelos foram implementados para a Ria de Aveiro com o objectivo de realizar os
objectivos acima propostos. Foram caracterizados os padrões de nutrientes, de fitoplâncton, de clorofila, de
oxigénio dissolvido e de produção primária. Mostrou-se que a distribuição especial destas grandezas depende
essencialmente dos efeitos da maré e das condições locais. As áreas centrais e mais afastadas da laguna
apresentam elevados valores de clorofila, oxigénio dissolvido e produção primárias, quando comparadas com
a embocadura. Devido à normal interacção com as o oceano e relativa elevada produtividade no seu interior,
o sistema pode ser considerado bem oxigenado, pelo que condições de permanente hipoxia ou anoxia são
extremamente raras de ocorrer mesmo em situações que potenciam um elevado consumo de oxigénio, por
exemplo em ocorrência de fortes descarga de material inorgânica.
MODELO DE GOVERNAÇÃO PARA OS PLANOS DE ORDENAMENTO DOS
ESTUÁRIOS: CASO DE ESTUDO DA RIA DE AVEIRO
T. Carvalhoa, T. Fidelisa, b
a
Administração da Região Hidrográfica do Centro, IP, [email protected]
b
Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro, [email protected]
As mais recentes teorias sobre a governação dos recursos hídricos, incluindo dos estuários, apontam para a
necessidade de se adoptarem abordagens ao recurso água que considerem os problemas numa perspectiva
integrada, permitam a mediação do conflito entre os interesses privados e públicos, através da construção de
consensos, e que incluam a participação dos interessados e da sociedade civil na formulação e
implementação das políticas, garantindo a sua legitimidade. Os modelos de governação têm particular
relevância no contexto dos estuários, pela complexidade que lhes está associada. Os estuários são realidades
territoriais onde coexistem sistemas naturais de elevado valor e sensibilidade. São territórios onde se
concentram inúmeras actividades humanas, nem sempre compatíveis, e que têm ameaçado os seus valores e
funções e as utilizações que deles dependem. São territórios onde se sobrepõem multiplas entidades, com
jurisdições, competências e instrumentos de gestão próprios e onde coexiste uma grande diversidade de
utilizadores com distintos interesses. Num momento em que se dão os primeiros passos na elaboração dos
Planos de Ordenamento dos Estuários (POE), novo instrumento de ordenamento dos recursos hídricos,
discute-se nesta comunicação a importância da definição de um modelo de governação para a sua elaboração
e implementação. Identificam-se os principios de governação aplicáveis à gestão e ordenamento dos
estuários. Analisa-se criticamente o quadro jurídico que regula a elaboração e implementação dos POE à luz
dos principios de governação. Propõe-se um modelo de governação para a elaboração e implementação dos
POE, com aplicação prospectiva à Ria de Aveiro. Comclui-se que o modelo de governação proposto poderá
contribuir para o envolvimento de todos os actores, incluindo os utilizadores, na construção do plano,
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
35
Universidade de Aveiro 2011
possibilitando a concertação de interesses e a participação de todos os interessados na tomada de decisão,
num quadro de governação partilhada.
MONITORIZAÇÃO DA FLORA E VEGETAÇÃO DOS SISTEMAS HÚMIDOS DO BAIXO
VOUGA LAGUNAR (ZPE DA RIA DE AVEIRO)
R. Pinhoa, P. Maiab, L. Lopesc, F. Leãod, J. Keizere
a
Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rpinho; lisia @ua.pt
b
CESAM, DAO, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {paula.maia; jjkeizer}@ua.pt
d
IDAD, Instituto do Ambiente e Desenvolvimento, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
O Baixo Vouga Lagunar (BVL) está integrado num dos mais notáveis acidentes geográficos do litoral
português denominado Ria de Aveiro classificado como Zona de Protecção Especial ao abrigo da Directiva
Aves. No BVL observam-se duas grandes unidades de paisagem: o mosaico rural composto pelo “Bocage”,
arrozais e pastagens, e os sistemas húmidos, dos quais fazem parte os sapais, lodaçais a descoberto na maré
baixa, esteiros e valas, caniçais e juncais. Trata-se de uma área na qual a agricultura, em regime extensivo, é
uma peça fundamental para a diversidade paisagística e natural. No entanto, a progressão da cunha salina nas
últimas décadas traduziu-se no abandono de alguns terrenos. Para contrariar esta situação o Ministério da
Agricultura elaborou o Projecto de Desenvolvimento Agrícola do Baixo Vouga Lagunar. A implementação
deste projecto irá provocar alterações nas dinâmicas de encharcamento dos sistemas húmidos, factor que é
determinante para as espécies e Habitats da Directiva 92/43/CEE. Assim, no âmbito do procedimento de
pós-avaliação deste projecto, desenvolveu-se um programa de monitorização que teve como objectivos
mapear os habitats constantes da Directiva Habitats existentes nos sistemas húmidos e contribuir para um
melhor conhecimento da tipologia da vegetação local que sirva como base para desenvolver os padrões
espaço-temporais da vegetação dos sistemas húmidos. A área de estudo localiza-se na zona de influência do
dique e comportas existentes e previstos pelo projecto. Numa 1ª fase foi caracterizado o estado da vegetação
através de 520 inventários florísticos (2,5 x 2,5 m) distribuídos de forma contínua ao longo de 13 transectos,
com 100 m de comprimento. Para cada inventário foi feita uma lista exaustiva de espécies com índice de
abundância/dominância. Foram reconhecidos 22 tipos de vegetação, incluindo várias unidades de transição.
Numa 2ª fase foram identificados os tipos vegetacionais mais comuns e seleccionados ao acaso, dos
inventários florísticos por tipo de vegetação presente em cada transecto, os locais onde seriam instaladas as
parcelas permanentes de monitorização (1x1m). Estas parcelas foram monitorizadas em dois anos
consecutivos na Primavera e no Outono. Da análise dos resultados verifica-se que os habitats naturais da
Directiva 92/43/CEE presentes nos sistemas húmidos do BVL, estão a ser alterados podendo mesmo vir a
serem substituídos por outros, devido a modificações nas taxas de encharcamento, na salinidade e por
intervenções antrópicas.
O PLANEAMENTO DO LAZER CICLÁVEL NA RIA DE AVEIRO: PROJECTO
CICLORIA
J.C. Motaa, J. Carvalhoa, G.. Ribeiroa
a
SACSJP, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jcmota, jcarvalho, gil.ribeiro}@ua.pt
O lazer tem vindo a assumir uma importância crescente, com facetas diversas e efeitos cruzados:
promovendo a animação dos lugares, com consequências e exigências de organização espacial e de
intervenção política; gerando animação sociocultural e contribuindo para a qualidade de vida; originando
novas actividades, criação de emprego desenvolvimento económico. Num contexto mundial em que ganham
relevância a valorização ambiental, a problemática da energia e a saúde/ exercício físico, cresce o potencial
do turismo e do lazer associado a percursos pedonais e cicláveis. O lazer e turismo ciclável mobilizam
visitantes/turistas que se deslocam de bicicleta, em férias ou em lazer, de forma independente ou fazendo
parte de viagens organizadas, que pode incluir o uso de outros transportes e recorrer a alojamento formal ou
informal. Um estudo recente conclui que o peso do turismo ciclável já atinge, por ano, cerca de 2.8 biliões de
viagens, 26 milhões de viagens de turismo e um valor de cerca de 54 biliões de euros. Em Portugal, o tema
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
36
Universidade de Aveiro 2011
começa agora a suscitar a devida atenção, com a construção de pistas cicláveis de dimensão relevante, mas
numa perspectiva local e fragmentada. O projecto CicloRia procura responder a essas limitações e constituirse como um exemplo de promoção dos modos suaves de mobilidade ligada ao lazer, com aplicação na região
da Ria de Aveiro, articulando infra-estruturas cicláveis com estímulos à sua utilização pelas populações
locais e visitantes, através da valorização dos recursos naturais, patrimoniais e culturais (e conhecimento
científico disponível) e do empreendedorismo ligado ao ambiente e à bicicleta.
A PROBLEMÁTICA DAS BIOTOXINAS MARINHAS EM MOLUSCOS BIVALVES DA
RIA DE AVEIRO
M.J. Botelhoa, P. Valea, P.R. Costaa, S.M. Rodriguesa
a
Laboratório Biotoxinas Marinhas, Unidade Ambiente Aquático, Instituto Nacional dos Recursos Biológicos – INRB/IPIMAR, Av.
Brasília 1449-006 Lisboa, {mjoao, pvale, prcosta, susrodri}@ipimar.pt
Os blooms de microalgas tóxicas são fenómenos de previsão reduzida, que têm vindo a ser registados
recorrentemente em águas costeiras e de transição. As biotoxinas produzidas por estas microalgas são
acumuladas pelos moluscos bivalves podendo originar episódios de intoxicação no homem. Quando os
níveis de toxinas atingem os valores regulamentados, é necessária a interdição da apanha dos bivalves. Estes
períodos de interdição são função da duração e intensidade do bloom e das cinéticas de uptake e eliminação
das toxinas nas espécies de bivalves. A Ria de Aveiro é uma das principais zonas de produção de moluscos
bivalves da costa portuguesa. Este ecossistema tem vindo a ser anualmente afectado por blooms de
microalgas tóxicas, com longos períodos de interdição da apanha, originando perdas económicas para o
sector das pescas. As biotoxinas do grupo DSP (Diahrretic shellfish poisoning) e do grupo PSP (Paralytic
shellfish poisoning) têm sido os compostos com mais impacto na exploração dos bivalves da Ria de Aveiro.
O primeiro grupo de toxinas tem sido detectado anualmente, com incidência entre o final da Primavera e o
Outono, levando a longos períodos de contaminação. O grupo PSP tem causado contaminações mais
esporádicas, com incidência no final do Verão e no Inverno. Após ausência de uma década (1995-2004), as
toxinas PSP voltaram a ser detectadas anualmente entre 2005 e 2009. Estes dois grupos de biotoxinas
surgiram ocasionalmente em simultâneo, enquanto que noutros casos foram fenómenos consecutivos, tendo
levado à interdição da apanha por períodos superiores a 3 meses consecutivos. A monitorização de
biotoxinas realizada pelo INRB/IPIMAR nas zonas de apanha/cultivo de bivalves da Ria de Aveiro, tem
vindo a ser alterada contemplando a intensificação de amostragens, no que respeita a espécies monitorizadas
e a zonas de apanha/cultivo. Os resultados obtidos relativamente à acumulação/eliminação de toxinas nas
várias espécies de bivalves, tem permitido optimizar a gestão destes recursos durante a ocorrência destes
fenómenos.
O RISCO AMBIENTAL NAS FREGUESIAS DO MUNICÍPIO DE AVEIRO –
CARTOGRAFIA DE RISCO COMBINADO E DE ÍNDICES DE SENSIBILIDADE
AMBIENTAL
C.R. Lemosa, L.M.Pinheiroa, C.S. Oliveirab, A. Luisc, A.P. Lemosd
a
CESAM & Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {catarinalemos,
lmp}@ua.pt
b
Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Instituto Superior Técnico, Lisboa, [email protected]
c
Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
d
Câmara Municipal de Aveiro, Aveiro, [email protected]
Face à importância da temática actual da resiliência das cidades, apresenta-se uma ferramenta desenvolvida
em Sistema de Informação Geográfica, para análise integrada da vulnerabilidade ao Risco Ambiental no
Município de Aveiro e produção de cartografias de apoio à gestão do risco: mapas de Risco Combinado e
mapas de Índices de Sensibilidade Ambiental. Com o objectivo de produzir uma análise qualitativa multirisco para a região, com detalhe ao nível da freguesia, preparou-se, em colaboração com a Câmara Municipal
de Aveiro, uma Base de Dados Georeferenciada Geológica e Ambiental (ArcGIS). Efectuou-se o cruzamento
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
37
Universidade de Aveiro 2011
dos elementos individuais relativos a cada tipo de risco e a análise integrada do Risco Ambiental, da qual
resultou a definição de um Índice Combinado de Risco (ICR), que traduz a vulnerabilidade ao risco
ambiental de cada uma das freguesias da região. A cartografia produzida foi disponibilizada online para as
Autoridades Municipais de Aveiro. A produção da cartografia de Índices de Sensibilidade Ambiental, tem
por base a metodologia do National Oceanic and Atmospheric Administration, e classifica a região costeira
considerando o tipo de linha de costa, a sensibilidade e produtividade biológica, e as infraestruturas humanas
existentes. As informações reunidas, compiladas e integradas numa única cartografia, permitem não só
direccionar, como também aumentar a rapidez das acções de protecção e/ou emergência por parte das
entidades responsáveis. Da análise do ICR, concluiu-se que a freguesia da Glória apresenta a maior
vulnerabilidade combinada de todo o Município de Aveiro, sendo a freguesia de Eirol, a menos vulnerável.
A tendência decrescente da vulnerabilidade combinada no sentido SE, poderá ser justificada pelo
afastamento crescente à zona costeira, associada a grande parte dos riscos ambientais sentidos neste
município litoral, o que reforça a importância da cartografia ISA no planeamento e gestão do Risco
Ambiental costeiro.
SIMULAÇÃO DA EVOLUÇÃO DAS CONDIÇÕES HIDROMORFOLÓGICAS DA BARRA
DA RIA DE AVEIRO E RESPECTIVOS IMPACTES NOS PRISMAS DE MARÉ
A. Silvaa, P. Leitãoa
a
Hidromod, Lda, {adelio, paulo.chambel}@hiodromod.com
A análise dos elementos disponíveis sobre a evolução da zona da barra da Ria de Aveiro nos últimos 20 anos
mostra que a barra sofreu alterações de geometria relevantes que tiveram como consequência alterações nos
campos de correntes e no prisma de maré que têm contribuído para criar condições para o aprofundamento
do canal de navegação e que têm tido reflexos nos níveis atingidos no interior. De acordo com os
levantamentos hidrográficos disponíveis entre 1987 e 2007 a zona do banco a sul após um período inicial de
assoreamento perdeu cerca de 5 milhões de m3 de areia. Da análise destes levantamentos pode também
concluir-se que a zona do canal de navegação perdeu cerca do mesmo volume de areia por efeito do
respectivo aprofundamento. Embora não se disponha de um levantamento equivalente anterior à construção
dos molhes, pode presumir-se que uma parte significativa da areia que constituía o banco sul terá tido como
origem o canal de navegação. No mesmo período assistiu-se a um processo de assoreamento no trecho a
norte da barra que se reflecte no desalinhamento da linha de costa nos trechos a norte e a sul da barra Com
base em simulações efectuadas em modelo e em dados existentes foi efectuada uma análise da dinâmica do
sistema e proposto um modelo conceptual de funcionamento. O estabelecimento deste modelo é de
fundamental importância para uma tentativa de compreensão/explicação dos processos que conduziram ao
estado actual e, a partir daí, para uma tentativa de estabelecimento de um modelo de evolução futura. Nesta
comunicação, com base nos resultados do modelo, suportados por medidas quer de níveis e velocidades quer
da batimetria, será efectuada uma reflexão sobre a relação entre o aprofundamento do canal da barra e os
caudais trocados com o mar em cada ciclo de maré. Será igualmente efectuada uma avaliação das
perspectivas de evolução tendo em consideração uma análise das profundidades de equilíbrio teóricas do
canal e as taxas de aprofundamento que se verificaram entre 1987 e o presente.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
COMUNICAÇÕES EM POSTER
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
39
Universidade de Aveiro 2011
A IMPORTÂNCIA DA CONTAMINAÇÃO HISTÓRICA POR MERCÚRIO NA RIA DE
AVEIRO – POSSÍVEIS EFEITOS DO CONSUMO DE BIVALVES
a
C.L. Mieiroa, I. Ahmad I , I. Mohmooda, J.P. Coelhoa, M. Pachecob, M.A. Santosb, A.C. Duarte a, E. Pereiraa
Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {cmieiro, ahmadr, iram,
jpcoelho, aduarte, eduper} @ua.pt
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {mpacheco, monteiro}@ua.pt
a
Este estudo pretendeu dar resposta a duas questões relativas ao risco de contaminação por mercúrio
associado ao consumo de bivalves (lambujinha) da Ria: i) Será seguro o consumo de bivalves recolhidos na
área mais contaminada, mesmo após a cessação das descargas? ii) Quais as classes de tamanho que permitem
dar segurança dos consumidores? A área de estudo escolhida foi o Largo do Laranjo, onde existe um
gradiente de contaminação bem definido em consequência das descargas da indústria de Soda Cáustica,
efectuadas até à década de 90. Dois locais, um com elevada contaminação (H) e outro moderadamente
contaminado (M), foram comparados com um local de referência (R). Os resultados evidenciam a
persistência do mercúrio no ambiente, durante o período de estudo (5 anos). Apesar da redução significativa
da contaminação observada no sedimento do local H, o nível de contaminação mantém-se na classe 5 da
Directiva Quadro da Água, implicando restrições de dragagem e uso do mesmo. De um modo geral, os níveis
de mercúrio total nos bivalves reflectiram os níveis ambientais (sedimento e matéria particulada em
suspensão), mas os níveis de mercúrio orgânico aumentaram de 2003 para 2008, sugerindo uma maior
biodisponibilidade da forma mais tóxica de mercúrio. Enquanto que para o mercúrio total todas as classes de
tamanho reflectiram o gradiente de contaminação ambiental, para a forma orgânica apenas a classe maior
revelou essa capacidade. A acumulação de mercúrio total em função da idade dos indivíduos foi mais visível
em 2003, enquanto que para a forma orgânica do metal não existiu um padrão de distribuição uniforme,
apesar de em 2008 se ter verificado um aumento dos níveis de mercúrio com o tamanho dos indivíduos no
local de contaminação moderada e o oposto no local mais contaminado. Dado o nível de mercúrio
acumulado, nas várias classes de tamanho de lambujinha, o risco do seu consumo não pode ser ignorado,
fundamentalmente em relação às maiores classes de tamanho.
ABERTURA DE UM CANAL DE MARÉ A SUL DA VAGUEIRA INDUZIDO PELA
ACÇÃO DE TEMPORAIS: IMPACTOS FÍSICOS E GEOLÓGICOS
E. Capeloa, C. Bernardesb, J.M. Diasc
a
Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
c
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
b
A barreira arenosa que protege o sistema lagunar de Aveiro é um elemento morfológico recente e muito
vulnerável, cuja evolução tem sido fortemente condicionada por factores naturais e antropogénicos. A
dinâmica da laguna, a diferenciação dos subambientes e as suas características sedimentológicas são
determinadas, em grande parte, pelas marés, as quais fluem através de um canal de maré principal (também
designado barra), aberto e mantido de forma artificial. No passado recente, a localização deste eixo de
comunicação com o mar aberto variou espacial e temporalmente, a qual foi condicionada pela
disponibilidade de sedimentos e pelo regime de correntes litorais prevalecentes neste troço costeiro. A
diminuição do abastecimento sedimentar, os processos erosivos e as actividades antropogénicas têm
provocado uma diminuição assinalável da largura da barreira. Durante os invernos marítimos, a conjugação
de eventos de temporal com períodos de marés vivas induzem, com frequência, galgamentos oceânicos, os
quais podem provocar a abertura de canais de maré e, como consequência, a ligação temporária entre o mar e
a laguna, em particular com o canal de Mira; historicamente, estas rupturas da barreira ocorreram em locais
onde a barreira é mais estreita e as praias mais vulneráveis à erosão. No presente trabalho pretende-se avaliar
os impactos de natureza física e geológica, provocados pela hipotética abertura de um canal de maré
permanente, a sul da Vagueira, na sequência de um temporal. A metodologia utilizada baseia-se na análise
comparativa da cartografia dos ambientes sedimentares, utilizando a plataforma ARCGIS, após simulação
hidrodinâmica efectuada através do modelo numérico SIMSYS2D.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
40
Universidade de Aveiro 2011
A análise dos dados permite concluir que a eventual abertura de um novo canal de maré iria provocar
alterações hidrodinâmicas no canal de Mira (ex: variações do nível da superfície livre, padrões de correntes e
prisma de maré) e, consequentemente, uma modificação das áreas inundáveis e uma redefinição dos
subambientes que, na actualidade, caracterizam o canal de Mira.
ALTERAÇÕES NA HIDRODINÂMICA DA RIA DE AVEIRO INDUZIDAS PELA
CONSTRUÇÃO DE UMA MARINA NO CANAL DE MIRA
L.Vaza, J.M. Diasb
a
Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3880-193 Aveiro, [email protected]
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3880-193 Aveiro, [email protected]
b
A Ria de Aveiro é uma laguna costeira mesotidal verticalmente homogénea, localizada no Noroeste de
Portugal Continental. Tem uma morfologia complexa, caracterizada por vastas áreas que cobrem e
descobrem ao longo do ciclo de maré. As principais acções forçadoras da sua dinâmica são: a maré oceânica,
o caudal fluvial e o vento, sendo dominante a primeira acção em relação às restantes. O objectivo principal
deste trabalho consiste em analisar a influência que a hipotética construção de uma marina no Canal de Mira
(Marina da Barra, segundo um projecto proposto em 2003), poderia ter na hidrodinâmica da Ria de Aveiro,
mais concretamente no Canal de Mira. Este projecto representa uma obra de dimensão considerável e teria
como objectivo dotar a zona centro-norte da costa portuguesa e, em particular a Ria de Aveiro, de instalações
adequadas ao recreio náutico. Para a realização deste estudo considerou-se que um modelo bi-dimensional
verticalmente integrado é adequado para simular as alterações na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, tendo sido
aplicado neste trabalho um modelo desenvolvido a partir do sistema de modelação SYMSYS2D. A sua
implementação e calibração para a Ria de Aveiro foram realizadas no âmbito de estudos hidrodinâmicos
anteriores. O modelo foi utilizado para estudar a influência que a hipotética construção do ‘Complexo da
Marina da Barra’ poderia ter na hidrodinâmica da Ria de Aveiro, através da simulação de cenários distintos
(batimetria actual e projecção da batimetria resultante da construção da marina), em situações de maré
extremas. Os resultados revelam que as alterações morfológicas no Canal de Mira inerentes à construção da
Marina tornam a Ria de Aveiro, mais concretamente o Canal de Mira, mais dominado pela maré. Verificamse alterações na amplitude e fase da maré, na velocidade da corrente e prisma de maré. Estas modificações
poderão conduzir a um incremento da erosão das margens, e provável assoreamento da zona mais próxima
da marina.
APLICAÇÃO DE UM MÉTODO RÁPIDO DE DETECÇÃO BACTERIANA PARA
AVALIAR A EFICÁCIA DA TERAPIA FÁGICA COMO ALTERNATIVA PARA
INACTIVAR BACTÉRIAS PATOGÉNICAS EM PISCICULTURAS
Y. Silva, R. Calado, N. Gomes, A. Cunha, A. Almeida
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {yolanda, rjcalado,
gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt
A importância crescente da aquacultura mundial, para compensar a progressiva pressão sobre as populações
naturais de peixes, e o facto de várias pisciculturas sofrerem, frequentemente, grandes perdas económicas,
devido a infecções causadas por microrganismos patogénicos, incluindo bactérias multirresistentes, impõe a
procura de métodos alternativos, tal como a terapia fágica, para a inactivação de patogénicos bacterianos. A
terapia fágica consiste na utilização de bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) para inactivar bactérias
patogénicas e apresenta várias vantagens quando comparada com os métodos convencionais. O seu uso
requer, no entanto, a compreensão de novos fenómenos cinéticos desconhecidos nos tratamentos
convencionais. A teoria cinética indica que a concentração de bactérias e fagos aplicados, bem como a
estabilidade destes em relação aos factores ambientais, podem ser fundamentais. Para adquirir conhecimento
sobre estes aspectos são necessários métodos mais rápidos de análise microbiológica que métodos
convencionais de sementeira, incubação e detecção do crescimento. O objectivo deste trabalho foi aplicar um
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
41
Universidade de Aveiro 2011
método rápido de detecção bacteriana para desenvolver um protocolo de terapia fágica para inactivar
bactérias patogénicas de peixes. Para tal foi utilizada uma estirpe bioluminescente de Escherichia coli,
geneticamente modificada, e um sistema de detecção de emissão de luz. Os resultados mostraram que
quando a E. coli foi tratada com bacteriófagos, a diminuição de bioluminescência acompanhou a diminuição
da concentração de unidades formadoras de colónias. Com este método foi possível seleccionar a melhor
concentração de fagos a adicionar às culturas bacterianas para obter uma inactivação eficaz e foi também
possível monitorizar o processo da infecção fágica em tempo real, de uma forma mais rápida, barata e muito
menos trabalhosa que os métodos convencionais.
ÁREAS INUNDÁVEIS NO SECTOR TERMINAL DO RIO CÁSTER - CIDADE DE OVAR:
HISTÓRICO DE OCORRÊNCIAS E DEFINIÇÃO DE PERÍMETROS DE INUNDAÇÃO
P. Seixasa, A. Gomesa
a
Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Departamento de Geografia, [pedro.a.seixas, albgomes]@gmail.com
As cheias e inundações são episódios frequentes no sector terminal do rio Cáster, particularmente marcantes
na história da cidade de Ovar. Contudo, nos últimos anos a sua frequência e intensidade registam uma
tendência crescente, a que não é alheia a expansão urbana da cidade, a qual, se implanta em parte, no leito de
inundação deste curso de água. As diversas alterações induzidas nas condições naturais deste território pela
expansão do tecido urbano ao longo do tempo, reforçam a necessidade de avaliar se o desenvolvimento dessa
expansão incrementa a exposição dos elementos construídos, actividades económicas e da população, aos
processos naturais de origem hidrológica, i.e., à ocorrência de cheias e inundações. Na área em análise, para
além do escoamento fluvial irregular do rio Cáster também se faz sentir o efeito da maré oceânica que
penetra pela Ria de Aveiro, constituindo a foz do rio Cáster um dos sectores onde ela funciona, em regime de
maré cheia, como um tampão ao fluxo das águas do rio. Por outro lado, esporadicamente, são registadas
marés-vivas de elevada altura que inundam os campos agrícolas adjacentes, salinizando-os e inviabilizando
temporariamente a sua exploração normal. O presente estudo debruça-se sobre a análise das áreas
susceptíveis à ocorrência de cheias e inundações na área da cidade Ovar drenada pelo Rio Cáster e afluentes,
bem como, dos lugares da Marinha e Tijosa, estes, já localizados nas margens da Ria de Aveiro. Os
objectivos residem na criação de uma base de dados geográfica capaz de aglutinar o histórico das ocorrências
de cheias do rio Cáster, das inundações urbanas em Ovar e inundações motivadas pelas marés vivas da Ria,
assim como, na delimitação das áreas afectadas. Em paralelo, será também analisado o desenvolvimento
urbano da cidade de Ovar, com base nos instrumentos de ordenamento, de forma a indagar os impactos do
mesmo na ocorrência e intensidade do episódio hidrológico mais intenso registado em Março de 2001.
AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO METÁLICA EM DUAS ESPÉCIES DE
MACROINVERTEBRADOS DA RIA DE AVEIRO POR MARCADORES BIOQUÍMICOS
A. Limaa, R. Freitasb, D. Brancoa, A.M. Rodriguesb, V. Quintinob, E. Figueiraa
a
CBC, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected];
{diana.branco, efigueira}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rosafreitas, anarod,
victor.quintino}@ua.pt
A importância já reconhecida dos marcadores bioquímicos de stresse, torna necessária a comparação destes
marcadores entre espécies diferentes. Para ajudar a responder a esta questão foi conduzido um estudo que
teve como objectivo avaliar o uso de duas espécies de macroinvetebrados bentónicos (Diopatra neapolitana e
Cerastoderma edule) como organismos indicadores de contaminação, determinando a aplicabilidade de
marcadores bioquímicos em espécies bentónicas, expostas a um gradiente de metais. A acumulação e
partição intracelular destes elementos foi estudada e as alterações induzidas pelos metais avaliadas através da
análise de vários parâmetros bioquimicos em ambas as espécies. Estes parâmetros incluiram espécies
reactivas de oxigénio, peroxidação lipídica e proteínas solúveis, bem como actividade das enzimas
associadas ao stresse oxidativo, como a catalase, a superóxido dismutase e as glutationa transferases.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
42
Universidade de Aveiro 2011
Também foi determinada a quelação metálica através de metalotioninas. Os resultados obtidos mostraram
que as concentrações totais de elementos nos organismos não estavam correlacionadas com as concentrações
de elementos nos sedimentos, revelando que nenhuma das espécies é boa indicadora da contaminação dos
sedimentos. Por outro lado, as duas espécies apresentaram diferentes estratégias de reposta ao stresse
metálico. Em C. edule, a maioria do metal intracelular encontrava-se precipitado ou quelado por
metalotioninas, apresentando níveis baixos de danos oxidativos, enquanto D. neapolitana apresentou níveis
de metal solúvel mais elevados com maiores valores de danos oxidativos. De um modo geral, os resultados
monstraram que a maioria dos parâmetros analisados não mostrou relação com o stresse sofrido pelos
organismos. No entanto, em ambas as espécies, as MTs e a peroxidação lipídica foram, respectivamente,
bons bioindicadores de acumulação de metais e dos danos oxidativos por eles produzidos. O presente
trabalho permitiu-nos inferir sobre as diferenças de resposta de tolerância metálica das duas espécies
estudadas e apontou ainda para a importância de reavaliar a aplicabilidade de biomarcadores de stresse nas
comunidades de macrofauna bentónica.
AVALIAÇÃO DA HIDRODINÂMICA ESTUARINA NA ACTIVIDADE BACTERIANA NA
MICROCAMADA SUPERFICIAL
L. Santosa, A. L. Santosa, F. Coelhoa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, J.M. Diasb, A. Almeidaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {luisasantos, alsantos,
franciscorcoelho, gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
A microcamada superficial marinha (SML) representa um ambiente ímpar, onde os microrganismos são
sujeitos a uma combinação de factores ambientais e biológicos. As comunidades bacterianas que habitam
este ambiente particular na Ria de Aveiro foram alvo de investigação, durante dois anos, em dois locais do
estuário com características hidrodinâmicas distintas. A abundância e a actividade foram determinadas nas
camadas superficial e sub-superficial da coluna de água, comparadas e correlacionadas com as variáveis
ambientais. Um modelo computacional previamente calibrado para este sistema foi aplicado para simular as
condições hidrodinâmicas das duas zonas estuarinas. O número total de bactérias na SML foi ligeiramente
superior e correlacionou-se com o da camada subjacente, variando entre 0.5 e 7.6x109 células L-1 na zona
marinha e entre 1.6 e 20.5x109 células L-1 na zona salobra. Apesar da similaridade na abundância, o perfil de
variação da actividade bacteriana foi distinto nas duas zonas. Na zona marinha, a produtividade de biomassa
bacteriana foi significativamente mais elevada na camada sub-superficial (média-12x), variando entre 0.1 e
32.1 µg C L-1 h-1, enquanto na zona salobra foi significativamente mais elevada (média-3x) na SML,
variando entre 0.5 e 81.4 µg C L-1 h-1. A integração dos resultados microbiológicos, ambientais e
hidrodinâmicos permite concluir que as condições hidrodinâmicas do estuário influenciam as propriedades
da coluna de água e consequentemente as comunidades bacterianas. Na zona marinha, as correntes elevadas
impedem a formação e o estabelecimento de uma SML com características distintas da água sub-superficial,
que proporcione as condições necessárias para a proliferação de comunidades bacterianas mais activas.
Contrariamente, a zona salobra cria condições que estimulam a actividade das comunidades bacterianas. A
dinâmica estuarina exerce deste modo uma influência significativa na actividade dos microrganismos que
habitam a SML e consequentemente nos ciclos biogeoquímicos no estuário.
BIOLOGIA NO VERÃO NA RIA DE AVEIRO – PROGRAMA CIÊNCIA VIVA
L. Lopesa, J. Ezequielb, R. Pinhoa
a
Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lisia; rpinho}@ua.pt
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
b
Entre as muitas actividades de sensibilização e educação ambiental desenvolvidas e dinamizadas pelo
Herbário do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro destacam-se as realizadas na Ria de
Aveiro. Este local tem proporcionado numerosas destas iniciativas, direccionadas à população em geral e
público escolar em particular, que visam momentos de aprendizagem e reflexão sobre a flora e vegetação
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
43
Universidade de Aveiro 2011
deste ecossistema. Neste contexto são realizadas anualmente várias actividades, onde se destaca a Biologia
no Verão, no âmbito do Programa da Ciência Viva, que propõe uma viagem pela Ria de Aveiro, de barco
Moliceiro, durante a qual são abordados diversos aspectos, relacionados com os habitats naturais,
biodiversidade, importância da flora e vegetação, constituição do Moliço e formação da Ria. Esta viagem
tem como destino final a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto onde se realiza um percurso até ao mar, e
onde se destaca a importância da conservação das dunas, especialmente da sua flora singular e a
problemática das plantas invasoras, nesta área protegida. De modo a enaltecer o vasto património natural da
Ria de Aveiro, o Herbário do Departamento de Biologia, propõe uma pequena viagem ilustrada, pela
biodiversidade da Ria de Aveiro e Reserva Natural das Dunas de S. Jacinto (RNDSJ)!
CARACTERIZAÇÃO SINÓPTICA DOS GRADIENTES NOS CANAIS DA RIA DE
AVEIRO. PARTE I: GRADIENTES FÍSICOS
J.M. Diasa, M. Rodriguesb, S. Leandroc, F. Morgadod, A. Oliveirae, H. Queirogad
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected]
c
Escola Superior de Tecnologia do Mar, Instituto Politécnico de Leiria, Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, 2520–641
Peniche, [email protected]
d
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {henrique.queiroga,
fmorgado}@ua.pt
e
Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida
do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected]
b
A localização dos estuários, na transição entre o oceano e a terra, favorece a ocorrência de gradientes
temporais e espaciais, os quais são fortemente influenciados pela sazonalidade das condições ambientais.
Desta forma, a sazonalidade dos gradientes hidrológicos e ecológicos na Ria de Aveiro é analisada com base
nos dados de quatro campanhas de amostragem realizadas entre Outubro de 2000 e Julho de 2001. Estas
campanhas visaram a medição sinóptica em cada um dos canais principais da Ria de Aveiro (Mira, Ílhavo,
Espinheiro e São Jacinto) de parâmetros físicos (salinidade e temperatura) e bio-químicos (oxigénio
dissolvido, fosfatos, nitratos, silicatos, amónia e clorofila a). As medições foram realizadas ao longo de
perfis transversais e longitudinais em cada um dos canais, assim como a várias profundidades na coluna de
água. A análise é realizada em duas partes distintas: inicialmente é analisada a variação horizontal e sazonal
dos gradientes físicos, sendo posteriormente descritos os gradientes ecológicos. Assim, nesta primeira parte
do estudo são elaborados mapas de salinidade e temperatura que abrangem toda a área da Ria a diferentes
profundidades (superfície, meia água e fundo) para cada estação do ano por interpolação dos valores
medidos. Através da sua observação é efectuada a caracterização da variação sazonal dos gradientes salinos e
de temperatura em cada um dos canais principais da Ria de Aveiro, sendo a análise realizada considerando a
variação das condições ambientais, nomeadamente do caudal fluvial afluente à Ria e das condições de maré.
A zonação espacial dos limites físicos (estuário inferior, médio e superior) é também estabelecida com base
na distribuição da salinidade em cada um dos períodos analisados.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
44
Universidade de Aveiro 2011
CARACTERIZAÇÃO SINÓPTICA DOS GRADIENTES NOS CANAIS DA RIA DE
AVEIRO. PARTE II: GRADIENTES ECOLÓGICOS
M. Rodriguesa, J.M. Diasb, S. Leandroc, F. Morgadod, A. Cunhad, A. Almeidad, A. Oliveirae, H. Queirogad
a
Núcleo de Estuários e Zonas Costeiras, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Avenida do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected]
b
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
c
Escola Superior de Tecnologia do Mar, Instituto Politécnico de Leiria, Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, 2520–641
Peniche, [email protected]
d
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {henrique.queiroga,
fmorgado}@ua.pt
e
Núcleo de Tecnologias da Informação, Departamento de Hidráulica e Ambiente, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Avenida
do Brasil, 1700-066 Lisboa, [email protected]
Os gradientes ecológicos em estuários encontram-se muitas vezes associados a gradientes de salinidade e
temperatura, apresentando por isso variabilidade espacial e temporal. A análise realizada na primeira parte
do estudo permitiu a caracterização sazonal dos gradientes físicos (salinidade e temperatura) na Ria de
Aveiro com base em dados medidos sinopticamente nos canais principais da Ria, durante quatro campanhas
(entre Outubro de 2000 e Julho de 2001). No que se refere aos gradientes ecológicos (segunda parte do
estudo) a análise é realizada em duas fases. Inicialmente, a partir da interpolação dos valores amostrados são
estabelecidos mapas horizontais de oxigénio dissolvido, amónia, nitratos, fosfatos, silicatos e clorofila a para
todo o domínio da Ria de Aveiro para diferentes profundidades (superfície, meia água e fundo), para cada
estação do ano.A análise destes mapas permite a caracterização dos gradientes espaciais e da variabilidade
sazonal destes parâmetros. Posteriormente, é avaliada a influência dos gradientes espaciais e sazonais dos
parâmetros físicos na distribuição dos parâmetros bio-químicos, sendo também estabelecidos os principais
gradientes ecológicos em cada um dos canais da Ria de Aveiro. Os resultados evidenciam ainda azonação
sazonal dos parâmetros bio-químicos na Ria de Aveiro.
CARTOGRAFIA DE ZONAMENTO GEOTÉCNICO DIGITAL EM FORMATO SIG
PARA A ZONA DE AVEIRO
C.R. Lemosa, L.M.F. Gomesb, J. Hespanhac, L.M. Pinheiroa
a
CESAM & Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {catarinalemos,
lmp}@ua.pt
b
Departamento de Engenharia Civil e Arquitectura, Universidade da Beira Interior, 6201-001 Covilhã, [email protected]
c
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, 3750-127 Águeda, [email protected]
Com o objectivo de disponibilizar a cartografia temática de Zonamento Geotécnico e de completar a Base de
Dados Georeferenciada Geológica e Ambiental para apoio à gestão do Risco Ambiental em Aveiro, foi
convertida para formato digital e inserida no Sistema de Informação Geográfica, a cartografia de Zonamento
Geotécnico da área urbana e suburbana de Aveiro. Esta cartografia, realizada em 1992, integra 8 cartas
individuais 1/10000, onde se representam, sobre a base cartográfica de 1979, a amostragem de campo, as
unidades geotécnicas e as zonas geotécnicas. Toda a informação original foi convertida para formato digital
(SIG), em feature classes (polígonos, linhas, pontos e anotações). A gestão de atributos e da simbologia
adoptada, assim como a verificação de topologia foram feitas com base nos mapas originais. Ao facilitar o
acesso a esta informação contribui-se para a ocupação do território e espaço urbano com menor empirismo,
para uma maior consciência do risco das construções, através da definição das zonas com piores
características geotécnicas (associadas a inundações e instabilidade), assim como para a consciencialização
do risco à liquefacção, fenómeno consequente de sismos e responsável pela destruição de infraestruturas
suportadas essencialmente por solos equigranulares e saturados, como é o caso de algumas freguesias de
Aveiro. Esta cartografia está disponível para consulta ao público, no portal SMIGA. As vantagens da
digitalização desta cartografia, estão não só relacionadas com o formato SIG, que permite a visualização das
cartas individuais de forma integrada e torna mais fácil a pormenorização e actualização da informação
cartográfica existente, mas também por tornar possível a integração desta informação de detalhe na base de
dados para apoio à gestão do Risco Ambiental em Aveiro, sendo um exemplo da importância da
digitalização e disseminação da informação de base científica, face às exigências tecnológicas do século
XXI.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
45
Universidade de Aveiro 2011
CHELON LABROSUS COMO BIOINDICADOR DE CONTAMINAÇÃO POR MERCÚRIO:
RESULTADOS DA RIA DE AVEIRO E DO ESTUÁRIO DO MONDEGO
H. Oliveiraa , S. Tavaresa, J.P. Coelhob, M.E. Pereirab, M.A. Pardala
a
CEF (Centro de Ecologia Funcional), Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401
Coimbra, Portugal, [email protected]; [email protected]; [email protected]
b
CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, Portugal, {jpcoelho,
eduper}@ua.pt
Este trabalho incidiu na análise do contaminante mercúrio em Chelon labrosus, de forma a avaliar o estado
da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos, bem como o risco do consumo desta espécie,
pontualmente observada em zonas contaminadas, por parte dos humanos. Para tal, mediram-se concentrações
de mercúrio em amostras de fígado, músculo, guelras e cérebro de C. labrosus. Os peixes foram capturados
em dois locais de amostragem: no Laranjo (Ria de Aveiro) e no estuário do Mondego. O Laranjo apresentou
condições ambientais onde se pode encontrar contaminação de Hg proveniente de actividades
antropogénicas, já no estuário do Mondego as condições ambientais apresentavam baixa contaminação de
Hg, o que seria de esperar visto ser considerado um sistema não poluído. As escamas dos peixes foram
analisadas para determinar a idade dos indivíduos e verificar se houve bioacumulação de mercúrio ao longo
da vida. Detectou-se que os teores de mercúrio no fígado foram significativamente maiores na Ria de Aveiro
comparativamente ao estuário do Mondego. Nos restantes órgãos não foram encontradas diferenças
significativas entre os dois locais, o que poderá ser indicativo de que a alimentação será a principal via de
contaminação. Em ambos os locais de amostragem, o fígado foi o órgão que apresentou significativamente
níveis superiores de Hg, seguindo-se músculo, cérebro e guelras. Os valores de mercúrio nos tecidos dos
peixes variam de 0.0074 (guelras no Laranjo) a 0.8972 µg g -1 (fígado no Laranjo). A correlação entre a
concentração de mercúrio e o tamanho do peixe foi variável e dependeu do tecido analisado e do local de
amostragem, verificando-se apenas bioacumulação de mercúrio no fígado nos dois sistemas. Nos restantes
tecidos os níveis de Hg permaneceram quase constantes com o crescimento dos peixes. Determinações de
teores de mercúrio orgânico no músculo representaram geralmente valores superiores a 90% do mercúrio
total. As concentrações de mercúrio total obtidas para os músculos de C. labrosus nos diferentes sistemas são
inferiores ao limite estabelecido como seguro para o consumo humano equivalente a 0.5 µg g-1.
CIRCULAÇÃO RESIDUAL, TRANSPORTE LAGRANGIANO E DISTRIBUIÇÃO DE
SEDIMENTOS NA RIA DE AVEIRO
J.F. Lopesa, J.M. Diasa
a
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, 3810-193 Aveiro, Portugal, {jflopes, joao.dias}@ua.pt
Nos sistemas costeiros o transporte de sedimentos é um processo temporal de longo prazo. A circulação e o
transporte residual nesses sistemas é dominado pelas assimetrias da maré, mas a influência do vento e a
contribuição dos rios é também relevante. Com o objectivo de estudar a circulação residual e a dinâmica
sedimentar na Ria de Aveiro foram implementados e aplicados à Ria de Aveiro um sistema de modelos
incluindo um modelo hidrodinâmico, descrevendo a circulação geral e residual e o transporte lagrangiano,
assim como um modelo de transporte sedimentar. Os resultados evidenciam valores importantes para o
tempo de residência das partículas passivas em suspensão para as áreas mais afastadas da laguna, quando
comparado com os valores para as áreas próximas da embocadura. A concentração dos sedimentos suspensos
ao longo dos principais canais reflecte os padrões e as assimetrias da maré, ao passo que o padrão dos ventos
e o ‘runoff’ dos rios contribuem em geral para aumentar a exportação dos sedimentos. A circulação
lagrangiana e o cálculo dos tempos de residência de partículas passivas em suspensão na coluna de água
permitem prever o destino dos sedimentos em suspensão na Ria de Aveiro. As trajectórias lagrangianas
mostram que as partículas próximas da embocadura e situadas ao longo dos canais de S. Jacinto e Espinheiro
escapam mais facilmente da laguna; tendência oposta apresentam as partículas situadas nas extremidades dos
canais. O mapeamento obtido permitiu classificar a Ria de Aveiro em três principais domínios: (1) áreas
próximas da embocadura, incluindo os canais de S. Jacinto e Espinheiro onde se observam os mais baixos
valores de tempo de residência (aproximadamente 1 dia); (2) as áreas centrais da laguna com valores
variando entre 2 e 6 dias; (3) as cabeceiras dos canais com elevados valores, da ordem de duas semanas. O
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
46
Universidade de Aveiro 2011
balanço sedimentar erosão-deposição claramente indica uma tendência de acumulação dos sedimentos nas
áreas pouco profundas da laguna.
COMPOSIÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DISSOLVIDA NA ÁGUA DA RIA DE
AVEIRO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO SOLAR E SEU IMPACTO SOBRE A ACTIVIDADE
BACTERIANA
A.G.M. Pintoa, N.C.M. Gomesa, L. Santosa, A. Cunhaa, E.B.H. Santosb, A. Almeidaa
a
CESAM, Departamento Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {antónio.pinto, gomesncm,
luisasantos, acunha, aalmeida}@ua.pt
b
Departamento Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
No ambiente aquático, as bactérias heterotróficas assumem um papel fundamental na renovação da matéria
orgânica dissolvida (MOD), uma vez que são os únicos organismos suficientemente pequenos para utilizar
eficientemente esta fonte de carbono. A MOD é desta forma convertida em matéria orgânica particulada que
pode ser utilizada em níveis tróficos superiores. Em estuários, a composição da MOD é variável, em termos
de peso molecular, natureza e origem, e, consequentemente, a acessibilidade para as bactérias também varia.
A irradiação solar promove a fotodegradação da MOD podendo torná-la mais ou menos bioacessível. Os
resultados disponíveis na literatura são controversos quanto ao efeito da fotodegradação na bioacessibilidade
da MOD o que pode estar relacionado com diferenças na sua composição original. Este estudo teve como
objectivos caracterizar a MOD em duas zonas distintas da Ria de Aveiro (Zona Marinha e Zona Salobra) e
estudar a sua cinética de fotodegradação, usando um simulador do espectro solar, e avaliar o efeito da
composição da MOD sobre a actividade bacteriana (AB). A caracterização da MOD foi feita através de
métodos espectroscópicos, UV-Vis e fluorescência molecular, que permitem inferir do seu peso molecular,
aromaticidade e origem e a AB foi avaliada através da incorporação de 3H-leucina. A análise UV-Vis
mostrou que a MOD na ZS é constituída por substâncias de maior peso molecular e de maior aromaticidade
do que na ZM e que quando irradiada exibe maior degradação. A análise de fluorescência mostrou que na ZS
há maior predominância da matéria húmica terrestre e que na ZM a matéria húmica marinha e proteica
ganham maior representatividade quando comparadas com a ZS. Verificou-se ainda que quando irradiada, a
MOD da ZS torna-se semelhante à da ZM. A AB foi maior na ZS e aumentou após irradiação da MOD. Os
resultados sugerem que as diferenças observadas na actividade das comunidades bacterianas nas duas zonas
podem em parte ser explicadas pelas diferenças observadas na MOD e que a fotodegradação desta também
pode contribuir para as diferenças observadas nestas comunidades.
DIVERSIDADE DE AVIFAUNA NAS SALINAS DA RIA DE AVEIRO
T. Cruza, R. Nevesb, L. Cardosoc, R. Pinhoa, C. Pachecob, F. Martinsd, C. Fonsecaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {[email protected],
[email protected], cfonseca}@ua.pt
b
Mãe d’ água - Consultoria em Áreas de Interesse Natural, Lda., Travessa das Zebras nº 23, 1300-589 Lisboa, {renato.neves,
carlos.pacheco}@maedagua.pt
c
Associação para a Formação Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago,
3810-193 Aveiro, [email protected]
d
CESAM, Departamento de Ambiente e Ordenamento e CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
[email protected]
A Ria de Aveiro é um sistema lagunar complexo formado por vastas áreas de sapal e salinas, que são
importantes locais de alimentação e reprodução para diversas espécies de aves aquáticas, sobretudo as
limícolas. O Projecto ECOSAL ATLANTIS (INTERREG IIIB), pretende, entre outros aspectos, avaliar a
diversidade de avifauna de seis salinas nacionais, quatro das quais situadas na Ria de Aveiro. Paralelamente,
pretende-se avaliar o impacto da visitação deste ecossistema na avifauna e dar indicações para a gestão
destes espaços para o Turismo de Natureza. Tendo em linha de conta a distribuição geográfica e o
estabelecimento de comparações entre salinas, seleccionaram-se várias com diferentes tipos de gestão:
salinas costeiras activas, pisciculturas, salinas abandonadas e interiores activas. Procedeu-se ainda a uma
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Universidade de Aveiro 2011
divisão em subáreas (unidades) de acordo com as suas funções, já que a sua tipologia varia ao longo do ano.
Realizaram-se saídas duas vezes por mês, por local, de acordo com as marés (viva/morta). O uso de habitat
pelas aves e os factores de perturbação foram avaliados em cada unidade, bem como a análise da qualidade
de água. As populações de aves foram identificadas, quantificadas, mapeadas, registando-se também a sua
actividade, em períodos de 10 minutos. Os resultados preliminares demonstram uma preferência das aves
limícolas por determinadas unidades com menor profundidade. Nestas são frequentes espécies como
Maçarico-das-rochas Actitis hypoleucos, Pilrito-comum Calidris alpina, Borrelho-grande-de-coleira
Charadrius hiaticula, entre outras. A presença de espécies migradoras como Maçarico-de-bico-direito
Limosa limosa foi confirmada. Outras zonas de maior profundidade são frequentadas por Flamingo
Phoenicopterus roseus e Garça-branca-pequena Egretta garzetta. As passagens de grupos de aves para
dentro/fora das salinas, de acordo com a maré, foram observadas. A flora, a vegetação e os factores externos
(e.g. perturbação, condições climatéricas), poderão igualmente condicionar a área ocupada pela avifauna e a
própria qualidade da água e, consequentemente, o número e diversidade de aves observadas.
DOMINÂNCIA DE BACTEROIDETES E BETAPROTEOBACTERIA ASSOCIADA A
ELEVADOS NÍVEIS DE NUTRIENTES NOS RIOS SOUSA E ANTUÃ (NOROESTE DE
PORTUGAL)
D.R. de Figueiredoa, M.J. Pereiraa, B.B. Castroa, F. Gonçalvesa, A. Correiaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {dfigueiredo, mverde,
brunocastro, fmg, antonio.correia}@ua.pt
Os rios Sousa e Antuã (Noroeste de Portugal) são conhecidos pelos problemas de poluição associada a
elevados níveis de nutrientes. Apesar de serem sistemas aquáticos de pequena dimensão, a qualidade da água
destes rios pode ter um importante impacto nos estuários onde desaguam. No presente trabalho, estudou-se a
sazonalidade na composição da comunidade bacterioplanctónica no troço final destes dois rios, utilizando
metodologias moleculares independentes do cultivo, como 16S rDNA-DGGE (Denaturing Gradient Gel
Electrophoresis). As variações sazonais nos padrões de bandas de DGGE foram relacionadas com
parâmetros ambientais, através de análise multivariada, de forma a revelar potenciais moduladores para a
variação da diversidade de bacterioplâncton nos rios estudados. Os dados ambientais sugeriram
características eutróficas para os dois rios. Variáveis como a precipitação, pH, condutividade, temperatura,
ortofosfatos, nitratos e clorofila a mostraram ser os mais importantes para a distribuição sazonal das
amostras. A sazonalidade da composição da comunidade bacterioplanctónica mostrou estar correlacionada
essencialmente com a temperatura da água e a condutividade, no Rio Sousa, e os níveis de precipitação e de
amónia, no Rio Antuã. No entanto, a comunidade bacterioplanctónica em ambos rios mostrou ser dominada
por filótipos de Bacteroidetes e Betaproteobacteria, como tem sido observado para outros rios eutróficos.
ELEVADA RESOLUÇÃO GEOQUÍMICA NUM CORE RECOLHIDO NO LARGO DO
LARANJO COM O RECURSO AO ITRAX CORE SCANNER
T. Videiraa, V. Martinsb, E. Ferreira da Silvab, C. Bernardesc, B. Rubiod, D. Reyd, F. Rochab
a
Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Portugal, [email protected]
Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193
Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, tavares.rocha}@ua.pt
c
CESAM, Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
d
Universidade de Vigo, Espanha, {brubio, danirey}@uvigo.es)
b
Foram obtidos com o ITRAX “micro-X-ray fluorescence (XRF) core scanner”, no Departamento de
Geociências Marinhas, da Universidade de Vigo, perfis de elevada resolução de 23 elementos químicos de
um core, testemunho vertical de sedimentos, com 240 cm de comprimento (LB1), recolhido na zona
intertidal do Cais do Bico, no Largo do Laranjo (40°43'43.99"N; 8°39'2.48"W). O ITRAX é uma técnica não
destrutiva que possibilita obter simultaneamente imagens ópticas e de raios X e fornece perfis de elevada
resolução de elementos químicos (variações microcompositionais obtidos por XRF). Estes resultados são
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
48
Universidade de Aveiro 2011
valiosos pois permitem orientar a selecção das amostras (análise destrutiva) a aplicar em determinações
quantitativas. O equipamento pode fornecer variações na concentração relativa de elementos químicos de
metades de cores em secções até 1,5 m de comprimento, com uma resolução de 100 µm. Os resultados
obtidos pelo ITRAX foram complementados com a análise granulométrica, obtida através da aplicação de
técnicas de peneiramento do sedimento, em amostras recolhidas ao longo do core. Foi determinada por ICPMS (no ACME Analytical Laboratories, Canadá), após digestão total do sedimento com 4 ácidos, a
concentração de 41 elementos químicos na fracção fina de amostras sedimentares seleccionadas nos níveis
onde o ITRAX registou valores relativos mais elevados. Foi também efectuada a análise mineralógica por
difracção de Raios X, dos sedimentos nos níveis mais finos do core. A análise dos resultados obtidos permite
identificar mudanças temporais no fluxo sedimentar por influência do clima e da acção antrópica na área de
estudo, como sejam: fases erosivas mais ou menos intensas; maior/menor influência oceânica; mudanças no
hidrodinamismo das correntes e na amplitude das marés; períodos de seca favoráveis à precipitação química;
alterações diagenéticas iniciais; níveis mais elevados de elementos químicos considerados poluentes.
ESTUDO DA COMUNIDADE MACROBENTÓNICA INTERTIDAL DA RIA DE AVEIRO
M. Nunesa, J.P. Coelhob, P.G. Cardosoc, E. Pereirab, A.C. Duarteb, M.A. Pardald
a
CFE, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected]
Departamento de Química, CESAM, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {jpcoelho, eduper,
aduarte}@ua.pt
c
IMAR, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Largo Marquês de Pombal, 3004-517 Coimbra,
[email protected]
d
CFE, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra, Apartado 3046, 3001-401 Coimbra, [email protected]
b
O presente trabalho teve como objectivo analisar a estrutura da comunidade macrobentónica da zona
intertidal da Ria de Aveiro. Deste modo, foram definidos treze locais, onde se realizaram duas campanhas de
amostragem, uma no Inverno de 2006 e outra no Verão do mesmo ano, para recolha de macroinvertebrados
bentónicos, água e sedimento. Foram recolhidos 26718 indivíduos pertencentes a 47 taxa, dos quais o
gastrópode Hydrobia ulvae (75%), o poliqueta Hediste diversicolor (9%), o bivalve Scrobicularia plana
(4%), os crustáceos Ostracoda (3%), o bivalve Cerastoderma edule (3%), o poliqueta Alkmaria romijni (2%)
e o bivalve Abra alba (1%) foram os mais abundantes, representando 98% da densidade média total. A
análise multivariada permitiu identificar a composição do sedimento (granulometria e teor de matéria
orgânica) como o factor determinante da estrutura da comunidade macrobentónica. Os locais de amostragem
mais a jusante, caracterizados por um maior hidrodinamismo e menor sedimentação, apresentaram maior
diversidade e riqueza específica em comparação com os locais mais a montante. Os locais mais a jusamte
apresentaram maior abundância de bivalves, em oposição aos mais a montante, onde os gastrópodes e
poliquetas eram dominantes. A maior abundância de Ostracoda foi encontrada em locais caracterizados por
sedimento com alto teor de matéria orgânica.
EVOLUÇÃO RECENTE DA BARREIRA ARENOSA DE AVEIRO
C. Bernardesa, P. Baptistaa
a
CESAM, Geociências, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {cbernardes, renato.baganha}@ua.pt
A erosão das barreiras, devida à subida do nível médio do mar, à acção dos temporais e à ausência de
sedimentos fornecidos pelos rios, pode ser um processo permanente. O contínuo estreitamento e
rebaixamento topográfico podem atingir situações críticas, potenciando os galgamentos oceânicos, locais ou
generalizados, e a formação de novos canais de maré. Estes impactos, associados às alterações de origem
antropogénica contribuem para o predomínio dos processos transgressivos nestes sistemas. Apesar da erosão
ser um dos processos dominantes para o estreitamento das barreiras, este é muitas vezes sobrevalorizado nos
modelos conceptuais de evolução natural. O sistema barreira-laguna de Aveiro já fez parte de um sistema
costeiro regressivo, há pelo 3000 anos a.p., altura em que o nível médio do mar experimentou uma descida
acentuada (~5 mm a ~0.8 mm/ano). A transgressão e a erosão natural mais acentuada da mesma terão
começado durante o Pequeno Óptimo Climático, ocorrido há cerca de 1100 anos, até à actualidade. É
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
49
Universidade de Aveiro 2011
objectivo do presente trabalho, apresentar uma cartografia evolutiva da barreira nos últimos 50 anos com
especial ênfase, devido ao maior volume de dados, no sector a sul do actual canal de comunicação da laguna.
A metodologia utilizada apoiou-se na análise e estudo de fotografia aérea de diferentes anos, sondagens e
informações de campo, utilizando a plataforma ARCGIS, a partir da qual se efectuou a cartografia. A análise
dos dados permite quantificar a forte erosão que a barreira arenosa de Aveiro tem sofrido nas últimas
décadas. Por outro lado, a presença de canais de maré históricos, os quais fecharam de forma natural ou
devido à intervenção humana após a sua formação, indica que a barreira pode estar próxima da sua largura
crítica e, consequentemente, no limite da sua integridade física como elemento morfológico; uma possível
ruptura irá provocar uma modificação das áreas inundáveis e uma redefinição dos subambientes que, na
actualidade, caracterizam o sistema lagunar.
FLUXO DE SEDIMENTOS. PADRÕES DE ACREÇÃO E EROSÃO NA BARRA DE
AVEIRO
V. Martinsa, E. Ferreira da Silvaa, C. Granjeiaa, I. Abrantesb, C. Jesusa, J.M. Diasc, P.A. Silvad; F. Rochaa
a
Departamento de Geociências, Universidade de Aveiro, Unidade de Investigação GeoBioTec, Campus de Santiago, 3810-193
Aveiro, {virginia.martins, eafsilva, cgrangeia, tavares.rocha}@ua.pt
b
Escola Superior de Educação, Rua Maximiano Aragão 3504-540 Viseu, Portugal
c
Departamento de Física, Universidade de Aveiro, CESAM, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {joao.dias, psilva}@ua.pt
Este trabalho tem como principais objectivos estudar a variação temporal da concentração de sedimentos em
suspensão (CSS), e caracterizar a cobertura sedimentar em termos granulométricos, geoquímicos (digestão
total do sedimento seguida de análise por ICP-MS), mineralógicos (DRX) e microfaunais (foraminíferos
bentónicos) na área da embocadura da Ria de Aveiro. São também avaliadas as características
granulométricas e mineralógicas de sedimentos em suspensão. A variação temporal da CSS foi analisada em
amostras de água recolhidas em 2006 e 2007, em 8 ocasiões, incluindo os regimes oceanográficos de Inverno
e de Verão, ao longo de ciclos de marés vivas e de marés mortas, em fases de enchente, preia-mar, vazante e
baixa-mar. A CSS foi determinada sistematicamente à superfície, a meia água e a 1m do fundo do canal, em
10 locais diferentes. A caracterização do sedimento de fundo foi efectuada em 154 amostras recolhidas com
uma draga. Nas análises micrométricas do sedimento de fundo foi usado um Sedigraph 5100 e nos
sedimentos em suspensão, um Malvern. Os resultados da análise aos dados granulométricos, geoquímicos e
mineralógicos permitem identificar zonas de acreção de sedimentos situadas junto ao molhe sul e à povoação
da Barra, no canal de Mira. Nestas zonas é mais elevada a densidade de foraminíferos, sendo as associações
mortas constituídas sobretudo por carapaças de espécies importadas do oceano. Foram identificadas zonas de
carácter erosivo ao longo do canal da embocadura, próximo do molhe N, e no início do canal de S. Jacinto. A
CSS variou entre 117.65mgl-1 e 2.13mgl-1. O trânsito principal de sedimentos verificou-se em geral, durante
o regime de Inverno, em períodos de enchente e de marés vivas. Os SS exportados da laguna para o oceano
têm a dimensão do silte e da argila. A sua dimensão e mineralogia reflectem a composição dos sedimentos
depositados nas zonas intermareais e nos sapais da Ria de Aveiro. A contribuição da laguna, em areia, para o
sistema oceânico é reduzida.
ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE BACTÉRIAS HIDROCARBONOCLÁSTICAS
PRODUTORAS DE BIOSSURFACTANTES DA RIA DE AVEIRO
P.M. Dominguesa, A. Louvadob, F. Coelhob, A.L. Santosb, N.C. Gomesb, A. Almeidab, A. Cunhab
a
Departamento de Biologia e Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro,
[email protected]
b
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {antonio.louvado, alsantos,
gomesncm, aalmeida, acunha}@ua.pt, [email protected]
A biorremediação é tida como uma possível estratégia na recuperação de ecossistemas contaminados com
hidrocarbonetos. A aplicação eficaz desta tecnologia é, no entanto, muitas vezes limitada pela natureza
hidrofóbica dos contaminantes. O recurso a estirpes bacterianas simultaneamente degradadoras de
hidrocarbonetos e produtoras de biosurfactantes apresenta um enorme potencial na reciclagem de compostos
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
50
Universidade de Aveiro 2011
hidrofóbicos. Assim, tem sido objectivo do nosso grupo de trabalho, avaliar o potencial biotecnológico do
sistema estuarino da Ria de Aveiro quanto à presença de bactérias hidrocarbonoclásticas produtoras de
biossurfactantes. Estudos preliminares em isolados de culturas de enriquecimento da microcamada
superficial marinha (SML) com surfactantes sintéticos permitiram obter 5 isolados cuja produção de
biossurfactante foi demonstrada em cultura através do método “atomized oil”. A sequenciação do gene
codificante do 16S rRNA destes 5 isolados revelou a afiliação dos mesmos ao género Pseudomonas, que tem
sido documentado como produtor de biosurfactantes. No seguimento deste trabalho, estão em curso
experiências em meios selectivos (diesel, crude e parafina) a partir de inóculos de diferentes matrizes
ambientais: amostras de SML, sedimentos estuarinos e rizosedimentos de bancos de Halimione
portulacoides, uma planta halófita dos sapais da Ria de Aveiro. Desta forma, pretende-se optimizar as
condições experimentais para o isolamento selectivo de bactérias hidrocarbonoclásticas produtoras de
biossurfactantes e obter uma colecção de estirpes que, depois de caracterizadas do ponto de vista fisiológico
e genético, poderão revelar-se como promissoras no processo de biorremediação de regiões estuarinas e
costeiras após contaminação acidental com hidrocarbonetos de petróleo.
MERCÚRIO NA RIA DE AVEIRO: QUE FUTURO?
S.N. Abreua, A.C.M. Rodriguesa, R.M.A.L. Santosa, H.M.C.S. Vieiraa, J.R. Gadelhaa, A.J.A. Nogueiraa, F.
Morgadoa, A.M.V.M. Soaresa
a
CESAM, Dep. Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {siz, rodrigues.a, ruysantos, hugovieira,
gadelha, antonio.nogueira, fmorgado, asoares}@ua.pt
Diversos estudos têm abordado a problemática da acumulação de mercúrio na Ria de Aveiro durante as
últimas três décadas, incluindo a modelação matemática. Os estudos desenvolvidos permitiram avaliar os
níveis de mercúrio em diversos compartimentos (principalmente sedimentos, coluna de água e biota),
contribuindo para o mapeamento da distribuição deste elemento no ecossistema lagunar, identificando áreas
com maior contaminação, apresentando previsões para os períodos de recuperação do ecossistema e
estimativas da evolução temporal dos níveis de mercúrio, com ênfase em zonas na proximidade e sob
influência directa do efluente industrial. Neste trabalho são confrontadas previsões obtidas por modelação
com dados reais obtidos em trabalhos de campo publicados e desenvolvidos ao longo das últimas três
décadas contribuindo para um melhor conhecimento da contaminação com mercúrio do ecossistema da Ria
de Aveiro e potenciais períodos de recuperação.
MICROALGAS BÊNTICAS VS. HYDROBIA ULVAE – ACOPLAMENTO TRÓFICO EM
AMBIENTE ESTUARINO
H. Coelhoa, P. Cartaxanab, H. Queirogaa, J. Serôdioa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {helenacoelho,
henrique.queiroga, jserodio}@ua.pt
b
Centro de Oceanografia, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa, Campo Grande, 1749-016 Lisboa, [email protected]
As cadeias tróficas dos ecossistemas estuarinos bentónico são essencialmente herbívoras, regulando o fluxo
de energia desde o fundo sedimentar e através do ecossistema. A interacção trófica entre microalgas bênticas
e o gastrópode Hydrobia ulvae funciona como um modelo biológico determinante na investigação da
dinâmica trófica em ambientes estuarinos, representando um importante canal de transporte de energia para
os níveis tróficos superiores. O presente estudo teve como objectivos principais: i) estabelecer uma
metodologia não invasiva que permita estimar as taxas de ingestão de H. ulvae a partir de marcadores de
herbívoria, pelo estabelecimento de uma relação entre a clorofila a ingerida e feoforbide a excretado, e ii)
investigar a interacção trófica entre microalgas bênticas e H. ulvae, considerando os efeitos dos ciclos
sazonais, dia-noite e de maré, e considerando a variação espaço-temporal da densidade dos gastrópodes e a
fase lunar. Foi observada uma correlação significativa entre o feoforbide a, quantificado por HPLC nas
partículas fecais da fauna, e a clorofila a ingerida, quantificada através da marcação com carbono-14,
reforçando o uso de feopigmentos como marcadores de herbívoria e permitindo estimar, de forma não
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
51
Universidade de Aveiro 2011
invasiva, a quantidade de biomassa de microalgas bênticas incorporada pelos gastrópodes. A taxa de ingestão
média (TIm) de indivíduos de H. ulvae variou ao longo do dia, com máximos em torno dos períodos diurnos
de baixa-mar, sugerindo uma relação directa com a disponibilidade de microalgas à superfície do sedimento.
Variações significativas na taxa de ingestão dos gastrópodes ocorreram também em função da estação do ano
(TIm verão > TIm primavera) e da densidade de indivíduos (> densidade, < ingestão). A densidade de H.
ulvae parece ter um papel crucial na regulação da biomassa de microalgas bênticas dos sedimentos
intertidais, verificando-se um efeito negativo na concentração de clorofila à superfície.
MONITORIZAÇÃO DO ESTADO TRÓFICO DA RIA DE AVEIRO NO INTERVALO
TEMPORAL DE 2000 E 2004: IMPLICAÇÕES NA EVOLUÇÃO DA QUALIDADE DA
ÁGUA
E. Pereiraa, C.B. Lopesa, A.C. Duartea
a
CESAM, Departamento de Química, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {eduper, claudia.b.lopes,
aduarte}@ua.pt
A Ria de Aveiro tem estado sujeita à influência de factores naturais e antropogénicos e no passado recente
apresentava nalguns dos seus braços elevadas concentrações de nutrientes, devido aos efeitos combinados da
escorrência natural dos solos, da agricultura, de descargas de esgotos domésticos e de efluentes industriais. A
caracterização físico-química e a inventariação dos níveis de nutrientes na água de zonas estuarinas são
parâmetros importantes que elucidam sobre o estado da qualidade ambiental destes sistemas aquáticos. Nesta
comunicação, os autores pretendem mostrar a evolução da qualidade da água da Ria de Aveiro em
determinados pontos considerados sensíveis, por terem estado particularmente sujeitos a descargas
industriais e/ou domésticas ou por se situarem em locais onde os efeitos da entrada em funcionamento de
novas ETAR’s e do emissário submarino de S. Jacinto pudessem sentir-se de forma precoce. Deste modo,
serão apresentadas as variações espaciais e sazonais dos teores de azoto amoniacal, nitritos, nitratos, fosfatos
e sílica na coluna de água da Ria, em duas condições de maré (baixa-mar e preia-mar), determinadas em
campanhas de amostragem quinzenais (três locais entre 2000/2001), trimestrais (oito locais entre 2000/2001)
e mensais (oito locais entre 2003/2004). No período de 2000 a 2004, a Barra apresentou as concentrações de
nutrientes mais baixas e o Esteiro de S. Pedro as concentrações mais elevadas. Os níveis de nutrientes foram,
de um modo geral, superiores em baixa-mar do que em preia-mar, o que indica uma exportação de nutrientes
do interior da Ria para a zona costeira adjacente e o fósforo foi identificado como o nutriente limitante na
Ria de Aveiro. Assumindo que a qualidade da água na embocadura pode constituir uma indicação da
qualidade global na água dos diferentes canais do sistema estuarino, pode dizer-se que há sinais de
melhoramento da qualidade da água da ria, persistindo no entanto, pontos fortemente eutrofizados.
PADRÕES DE VARIAÇÃO DA ACTIVIDADE ENZIMÁTICA EXTRACELULAR
BACTERIANA NA RIA DE AVEIRO
F.J.R.C. Coelhoa, A.L. Santosa, V. Oliveiraa, L. Santosa, N.C.M. Gomesa, A. Almeidaa, A. Cunhaa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {franciscorcoelho,
luisasantos, v.oliveira, alsantos, gomesncm, aalmeida, acunha}@ua.pt
As bactérias heterotróficas são os únicos microrganismos capazes de alterar significativamente a matéria
orgânica disponível sob a forma dissolvida ou coloidal, contribuindo duplamente para a sua mineralização ou
recondução para níveis superiores das teias tróficas aquáticas. Como no meio aquático a matéria orgânica
encontra-se sobretudo sob a forma de polímeros de elevado peso molecular, tem de ser previamente
hidrolisada por acção de enzimas extracelulares bacterianas. A produção de enzimas extracelulares é assim,
uma etapa essencial na incorporação de matéria orgânica e constitui um passo limitante nos fluxos de
carbono orgânico em ambientes aquáticos. O espectro de enzimas expressas bem como as suas taxas de
actividade hidrolítica potencial são alvo de regulação ambiental que impõe padrões característicos de
variação em diferentes escalas temporais e espaciais. Este trabalho resume alguns resultados obtidos em
diferentes estudos que evidenciam os padrões de variação da actividade de diversas enzimas extracelulares
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
na Ria de Aveiro. Como tendências gerais, observam-se taxas elevadas nas zonas mais interiores do estuário.
Verticalmente, os padrões de variação são caracterizados por taxas mais elevadas na microcamada
superficial da coluna de água, reflectindo sobretudo o efeito da disponibilidade de matéria orgânica e da
salinidade. Os padrões temporais reflectem a sobreposição de ciclos solares (sazonais e diários) e lunares
(tidais). As taxas de hidrólise são mais elevadas durante a época quente e em baixa-mar e revelam relações
significativas com a produção primária. As diferenças diárias são parcialmente mascaradas pelo ciclo de
maré. No entanto, observa-se uma alteração do espectro de enzimas activas, com aumento da importância
relativa das lipases durante a noite. A análise gobal destes resultados contribui para a compreensão dos ciclos
de matéria orgânica na Ria de Aveiro bem como para a identificação de alguns dos principais factores de
regulação.
PARÂMETROS REPRODUTORES DA POPULAÇÃO DE CEGONHA-BRANCA CICONIA
CICONIA NA ZPE DA RIA DE AVEIRO (2001/2010)
L. Rocha, F. Leãoa
a
Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N.
A população nidificante de Cegonha-branca Ciconia ciconia no distrito de Aveiro é alvo de monitorização
(n.º de casais e parâmetros reprodutores) pelo Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. desde
1988. Neste trabalho apresentam-se os resultados relativos aos parâmetros reprodutores desta população,
obtidos a partir do ano de 2001, ano em que a população ultrapassou os 80 casais reprodutores, tendo a
monitorização tido um carácter anual. A selecção dos ninhos a monitorizar é efectuada em Abril
desenvolvendo-se o acompanhamento dos ninhos até finais de Junho. A selecção dos ninhos é realizada
tendo em conta a concentração da espécie em duas áreas geográficas distintas da ZPE: Vale do
Cértima/Águeda e Baixo Vouga Lagunar. Ao comparar os parâmetros reprodutores entre estes dois núcleos,
verifica-se que os do Baixo Vouga são, geralmente, substancialmente superiores aos do Vale do Cértima.
Provavelmente estas diferenças estarão relacionadas com o tipo/intensidade de uso do solo existente em cada
uma das áreas. No vale do Cértima pratica-se sobretudo orizicultura em regime intensivo com poucas áreas
naturais adjacentes e onde a aplicação de pesticidas será grande, ao passo que a orizicultura no Baixo Vouga
Lagunar é residual e praticada em regime extensivo, existindo extensas áreas naturais ou onde a agricultura é
sobretudo à base do pastoreio (sem aplicação, ou com aplicação residual de agroquímicos) pelo que,
provavelmente, existirá uma maior disponibilidade/qualidade alimentar. A excepção aqui é apenas a zona
mais a montante onde a cultura do milho é mais intensa mas cujos campos deixam de ser utilizados pela
espécie quando a cultura atinge determinada altura passando esta a deslocar-se para as zonas mais
naturalizadas e pastagens. Por outro lado, a proximidade deste Núcleo ao Aterro Sanitário de Taboeira (fonte
de alimento) poderá também contribuir para os resultados obtidos. O peso deste factor poderá no entanto ser
analisado na equação a curto prazo aquando do encerramento do Aterro, pelo que importa continuar a
monitorizar a população. Tratando-se de uma zona húmida na qual a agricultura é sobretudo em regime
extensivo e desenvolvida numa rede de habitats naturais e semi-naturais, importa gerir a área de forma a que
esta mantenha, tanto quanto possível estas características.
PASSADO E PRESENTE DA FLORA DO BAIXO VOUGA LAGUNAR (ZPE DA RIA DE
AVEIRO)
R. Pinhoa, L. Lopesa, J. Ezequielb, H. Silvab
a
Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {rpinho, lisia}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Biologia, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {joaoezequiel, hsilva}@ua.pt
O equilíbrio estabelecido entre a Ria de Aveiro, aliado ao engenho humano contribuiu para a formação e
manutenção do ecossistema semi-natural, que chamamos Baixo Vouga Lagunar (BVL). Apesar de moldados
pela acção humana, os biótopos do Baixo Vouga possuem grande importância do ponto de vista ecológico,
albergando importantes comunidades florísticas. Entre estes, destaca-se uma das maiores e mais genuína área
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
53
Universidade de Aveiro 2011
de Bocage do país. A equipa do Herbário do Departamento de Biologia da UA tem realizado ao longo dos
últimos 20 anos diversos estudos sobre a flora e vegetação do BVL. O inventário florístico mais antigo teve
como base um estudo exaustivo da vegetação, realizado entre 1988 e 1990, da vegetação em campos
marginais do Baixo Vouga, solicitado pela Portucel. Nesta listagem foi registado um total de 290 taxa
distribuídos por 69 famílias, sendo que alguns destes não constam nas listagens mais recentes. Uma das
possíveis explicações para este facto, poderá estar relacionada com alterações na qualidade da água,
nomeadamente no caso da família Marsileaceae. Noutros casos é possível que populações que já fossem
diminutas na altura estejam hoje confinadas a espaços ainda menores ou tenham mesmo desaparecido, como
é o caso da família Isoetaceae. Na listagem mais recente, realizada entre 2004 e 2008 no âmbito da
Monitorização Ambiental do BVL foram inventariados 349 taxa distribuídos por 83 famílias. O aumento do
número de taxa identificados poderá ser explicado, em parte, devido à introdução involuntária, de algumas
espécies/subespécies típicas de outros habitats, o que poderá ter acontecido com a construção do sistema de
defesa contra marés. Para a construção desta estrutura foram transportados materiais que certamente levaram
consigo um grande número de sementes, bolbos, esporos ou outras estruturas que se instalaram com maior
ou menor grau de sucesso. Por exemplo, algumas espécies exóticas, como as invasoras Acacia melanoxylon e
Cortaderia selloana, não aparecem listadas no primeiro estudo, mas em estudos recentes, é possível
encontrá-las com muita frequência.O Passado e presente da flora do Baixo Vouga Lagunar revela uma
comunidade florística muito dinâmica, que tem mudado significativamente nos últimos 20 anos, mas que
apesar de tudo continua a ser uma das maiores reservas de biodiversidade da Ria de Aveiro.
POPULAÇÃO INVERNANTE DE ÁGUIA-SAPEIRA (CIRCUS AERUGINOSUS) NO
BAIXO VOUGA LAGUNAR
Leão, F.
IDAD – Instituto do Ambiente e Desenvolvimento. Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected].
Em Dezembro de 1998 e Janeiro de 1999, a população nacional invernante de Águia-sapeira Circus
aeruginosus foi recenseada, respectivamente, em 316-326 aves e 347 aves. A maior parte desta população
encontrava-se em cinco zonas húmidas da costa ocidental portuguesa, entre as quais a Ria de Aveiro que
registou um efectivo de 47 a 50 aves. Entre 2004 e 2007, no âmbito do processo de Pós-Avaliação do
Projecto de Desenvolvimento Agrícola do Baixo Vouga Lagunar, com o objectivo de actualizar os dados
relativos à distribuição e abundância da espécie e permitir a compatibilização do projecto com a sua
conservação, monitorizou-se a população invernante numa parte da Ria de Aveiro, mais concretamente no
Baixo Vouga Lagunar, no qual ocorre o principal núcleo reprodutor da Ria. O trabalho de campo decorreu
em três anos consecutivos nos meses de Dezembro e Janeiro. No início do mês de Dezembro, visitaram-se
todos os locais de nidificação e locais favoráveis à observação de movimentos em direcção a potenciais
dormitórios. Estas visitas foram efectuadas cerca de 2 horas antes do pôr-do-sol. Foram realizadas duas
contagens em cada dormitório: um em meados de Dezembro e outro no início de Janeiro. Na sequência do
recenseamento foram detectados entre 3 (Inverno de 2004/2005) e 5 (Inverno de 2006/2007) dormitórios,
tendo o número de efectivos variado entre 47 (Inverno de 2004/2005) e 73 (Inverno de 2006/2007).
Comparando o último ano de dados obtidos com os censos efectuados em 1998/1999 o incremento da
população invernante nesta área foi de 66%. À semelhança do registado em 1998/1999, os dormitórios
localizam-se em locais cuja vegetação dominante é Phragmites australis (caniço). Na maior parte dos casos,
os dormitórios agora recenseados sobrepõem-se grosso modo aos dormitórios registados em 1998/1999. Nos
casos em que se verificam alterações à localização dos dormitórios estas acontecem na sequência de eventos
indutores de perturbação externa sobre o caniçal ou de degradação do habitat. A preservação de áreas
extensas de caniçal em boas condições é assim fundamental para a preservação desta espécie no ecossistema
lagunar.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
POPULAÇÃO NIDIFICANTE DE CEGONHA-BRANCA CICONIA CICONIA NA RIA DE
AVEIRO (1988/2009)
L. Rochaa, F. Leãoa
a
Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. Apartado 363, 3811-901 AVEIRO
A população nidificante de Cegonha-branca Ciconia ciconia no distrito de Aveiro é alvo de monitorização
pelo Núcleo Regional de Aveiro da Quercus – A.N.C.N. desde 1988, tendo-se como objectivo acompanhar a
evolução e distribuição da população na região. O trabalho de campo relacionado com o recenseamento da
população nidificante (n.º de casais) desenrola-se habitualmente entre Março e Maio. Duas décadas de
censos demonstram inequivocamente o crescimento populacional desta espécie na região, sobretudo nos
concelhos abrangidos pela Zona de Protecção Especial (ZPE) da Ria de Aveiro (o que reflecte a tendência
registada no resto do país). Se, em 1988 não foi recenseado qualquer ninho, em 2009, a população de
Cegonha-branca no distrito de Aveiro cifrava-se nos 236 casais.Com excepção de um ninho, localizado em
S. João da Madeira, esta população distribui-se apenas por concelhos que têm confluência com a ZPE da Ria
de Aveiro e não estando na totalidade no interior da ZPE encontram-se nas proximidades (geralmente a uma
distância inferior a 1 km) em áreas urbanas onde encontram suportes adequados à construção do ninho
(sobretudo postes de alta tensão). Mesmo nestes casos a área de alimentação é sobretudo a área inserida na
ZPE. Desde sempre que os concelhos com maior número de casais reprodutores são os concelhos de
Estarreja, Aveiro, Albergaria (Baixo Vouga Lagunar), Águeda e Oliveira do Bairro (vale do Cértima). A
zona do Baixo Vouga Lagunar alberga habitualmente cerca de 60 % da população reprodutora de todo o
distrito. Desta forma, a zona do Baixo Vouga Lagunar sendo uma zona húmida na qual a agricultura é
sobretudo em regime extensivo e desenvolvida em associação com uma rede de habitats naturais e seminaturais, assume primordial importância no que respeita à conservação da espécie na região.
PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DAS ZONAS INTERTIDAIS DA RIA DE AVEIRO:
FOTOSSÍNTESE, FOTOPROTECÇÃO E FOTOINIBIÇÃO DO MICROFITOBENTOS
J. Serôdioa, S. Vieiraa, S. Cruza
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
Na Ria de Aveiro, as zonas intertidais ocupam cerca de 17 km2, correspondendo a mais de 20% da área total
do estuário. Os sedimentos destas zonas são colonizados por comunidades de microalgas, o microfitobentos,
que formam biofilmes dominados por espécies do grupo das Diatomáceas. A actividade fotossintética destes
biofilmes sedimentares foi monitorizada in situ e continuamente ao longo de períodos de baixa-mar durante
ciclos semi-lunares de maré. Foram obtidas séries temporais de observações relativas a variáveis físicas
caracterizadoras do ambiente sedimentar (radiação solar, temperatura, salinidade), biomassa fotossintética e
diversos parâmetros fotofisiológicos, medidos utilizando fluorometria de pulso modulado, com os objectivos
de (1) caracterizar a variabilidade da actividade fotossintética, (2) relacioná-la com a variabilidade ambiental,
e (3) com a operação de processos fotoprotectores fisiológicos (ciclo das xantofilas) e comportamentais
(migração vertical), e (4) avaliar a ocorrência de fotoinibição. Foi observado que a actividade fotossintética é
fortemente afectada pela dose cumulativa de radiação solar. Também a biomassa superficial respondeu
rapidamente às variações de irradiância, denotando um claro comportamento fotofóbico sob níveis de
iluminação elevados, interpretado como tendo um papel fotoprotector. A resposta a iluminação elevada
incluiu também a activação do ciclo das xantofilas, de natureza fotoprotectora. Apesar da operação destes
processos, a resposta da actividade fotossintética à variação dos níveis de radiação solar mostrou padrões de
histerese consistentes com a ocorrência de fotoinibição. A informação detalhada obtida em estudos como
este pode permitir uma mais correcta parametrização das relações funcionais entre a produtividade
fotossintética e a variabilidade ambiental, contribuindo para uma melhor avaliação do papel das zonas
intertidais nos balanços de carbono da Ria de Aveiro.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
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Universidade de Aveiro 2011
RIA DE AVEIRO: UMA VISÃO DOS PROCESSOS AMBIENTAIS, ECOLÓGICOS E
SOCIOECONÓMICOS
A.I. Lillebøa, H. Queirogaa, J.M. Diasb, D. Clearya
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, {lillebo, henrique.queiroga,
cleary}@ua.pt
b
CESAM, Departamento de Física, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
O valor ecológico e socioeconómico dos ecossistemas estuarinos é reconhecido a nível global. Pela sua
singularidade, os estuários prestam serviços cruciais, possuindo, à escala global, uma elevada biodiversidade
e produtividade, onde se incluem espécies vegetais e animais de valor comercial acrescido. Sumariamente,
pode designar-se como serviços prestados pelos ecossistemas todos os benefícios que promovem o bem estar
humano. Esses serviços podem ser de carácter estrutural ou de suporte, de regulação, de aprovisionamento
ou cultural. Todos estes serviços têm como suporte processos do ecossistema que se podem tornar
vulneráveis mediante pressões externas, como acções antropogénicas e/ou alterações climáticas. Neste
contexto, os desafios para uma gestão integrada dos ecossistemas estuarinos passam pelo conhecimento da
sua vulnerabilidade ambiental, ecológica e socioeconómica A Ria de Aveiro será objecto de estudo das
temáticas acima indicadas. Em termos de habitats, a Ria contém a maior área de sapais e de marinhas de
Portugal e uma das maiores da Europa. Possui ainda outros habitats importantes onde se incluem as pradarias
marinhas, os bancos de vasa e de areia e os caniçais, constituindo uma área de grande importância para as
comunidades piscícolas, de crustáceos, de cefalópodes e bivalves e de avifauna. A Ria suporta também
importantes actividades características das zonas costeiras, i.e., urbanizações, indústrias, infra-estruturas
portuárias, aquaculturas, salinas, agricultura, turismo, actividades recreativas, mariscagem e pesca artesanal e
lúdica. Pela sua importância no contexto regional e nacional a Ria de Aveiro foi seleccionada, a nível
nacional, como sistema LTER, i.e., um sistema de monitorização a longo prazo. Com a aprovação do
projecto LTER-RAVE – LTER/BIA-BEC/0063/2009, será possível abordar os desafios para uma gestão
integrada do sistema Ria de Aveiro. Este projecto irá permitir uma visão integrada dos processos ambientais,
ecológicos e socioeconómicos da Ria de Aveiro, tendo em conta o cenário de alterações climáticas. São
objectivos do projecto: Monitorizar a produtividade primária e os processos que controlam o fluxo de
nutrientes; Desenvolver uma abordagem holística para compreender a interacção entre as comunidades
biológicas e estes processos; Reunir os dados disponíveis sobre a Ria de Aveiro e, juntamente com os dados
colhidos na investigação proposta, monitorizar as modificações das comunidades biológicas e serviços do
ecossistema; Desenvolver um modelo integrado para simular cenários de alterações climáticas a longo prazo
e os seus impactos na dinâmica do ecossistema; Quantificar os serviços ecológicos e económicos
providenciados pela Ria de Aveiro, bem como a forma como as actividades antropogénicas afectam estes
serviços. Mais, com esta classificação a Ria de Aveiro passou a integrar a rede Europeia de sistemas LTER e
deste modo poderá partilhar conhecimento útil aos desafios para uma gestão integrada do sistema.
SISTEMAS LAGUNARES ENQUANTO MODULADORES DE CARBONO ORGÂNICO –
O CASO DA RIA FORMOSA
M.J. Sacaduraa, T. Boskia
a
CIMA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Algarve, Campus de Gambelas, 8005-139 Faro,
{mjcarvalho, tboski}@uaalg.pt
A Ria Formosa é um sistema lagunar de ilhas barreira, localizado na costa Sul de Portugal. Tal como em
outros sistemas lagunares, este sistema actua como sumidouro de matéria orgânica e modulador das
transferências de carbono orgânico entre os reservatórios marinho, atmosférico e terrestre. O projecto em
curso, pretende responder à questão de saber como actuam estes sistemas enquanto moduladores de carbono
orgânico, durante a sua evolução. Nesse sentido, foram efectuadas 33 sondagens (3-4 m a ca. 20 m) e 67
amostragens superficiais na zona Oeste da Ria Formosa. Os sedimentos amostrados foram sujeitos a análise
granulométrica, análise da composição elementar (carbono orgânico total – COT, azoto total – NT e enxofre
total – ST), avaliação dos teores em biomarcadores lipídicos e observação à lupa das principais
características litológicas e da presença de foraminíferos indicadores ambientais. Da análise dos resultados, e
quanto à presença de COT, podemos salientar o seguinte: 1. As camadas lagunares de maior acumulação de
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
56
Universidade de Aveiro 2011
COT são vasas silto-arenosas correspondentes essencialmente a paleo-sapais e paleo-superficies vasosas
intertidais, com espessuras cuja média é de pelo menos, 1,2 m; 2. Os teores em COT nessas camadas siltoarenosas, variam entre 0,02% e 6,85%, com valor médio de 1,1%; 3. Considerando uma espessura média de
preenchimento lagunar de 1,2 m, os valores de carbono orgânico aprisionados no mesmo, ascendem pelo
menos a ca. 34.374 t/m2; 4. Noutros sistemas lagunares, os valores de carbono orgânico aprisionado não
deverão ser muito inferiores, com tendência para poderem mesmo ser superiores, na medida em que, as vasas
da Ria Formosa, têm em média, uma granulometria mais grosseira que a de outros sistemas mais confinados.
Aguardamos ainda pelos resultados da avaliação dos teores em biomarcadores lipídicos, mas os mesmos
permitirão destrinçar a proveniência e quantidades aprisionadas, da matéria orgânica original em cada paleoambiente.
USO DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS NO MANEJO DE
SALMOURAS EM SALINAS SOLARES - EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
D.F. Costaa, R.M. Rochab, M.N. Vieiraa,c, J.E. Barbosad, F.A. Santosa, D.H. Medeirosb, F.R. Costae
a
CIMAR/CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, Universidade do Porto, Rua dos Bragas, 289,
4050-123 Porto, Portugal, [email protected]
b
Departamento de Geografia, Universidade Fedaral do Rio Grande do Norte, Campus de Caicó, Rua Joaquim Gregório, s/n, Penedo,
59.300-000, Caicó-RN, Brasil, [email protected]
c
Departamento de Biologia, Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Rua do Campo Alegre, s/n, 4169-007, Porto,
[email protected]
d
Departamento de Biologia, Universidade Estadual da Paraíba, Av. das Baraúnas, 351, Bodocongó, 58100-001, Campina Grande-PB,
[email protected]
e
Departamento de Geografia, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, Campus Avançado "Profª Maria Elisa de Albuquerque
Maia”, Br 405, Km 153, Bairro Arizona, 59900-000, Pau dos Ferros/RN, [email protected]
Em salinas solares, as características limnológicas das salmouras variam consideravelmente ao longo dos
tanques de sal, onde mudanças drásticas nessas características podem prejudicar toda produção de sal.
Embora estes sistemas constituam zonas úmidas únicas, novas estratégias e ferramentas de manejo são pouco
estudadas. Nesse sentido, os Sistemas de Informações Geográficas – SIG surgem como uma tecnologia
alternativa para a análise dos processos ecológicos nos diferentes tanques das salinas e para verificar a
influência das transferências de salmoura nos parâmetros ecológicos. Nesta pesquisa, foram monitorados
diversos parâmetros limnológicos em sete estações de amostragem distribuídos ao longo do circuito da
Salina Unidos (Macau-RN), durante um ciclo completo de produção. O software Spring 5.1.6 foi utilizado
para analisar e modelar a distribuição dos parâmetros. Foi identificada uma estratificação dos gradientes de
salinidade e temperatura, onde das formas nitrogenadas analisadas (NH3, NO2- e NO3-2), o nitrato foi
predominante. Os valores destes parâmetros apresentaram um padrão de aumento a partir da zona de
evaporação para a de concentração. A profundidade e as concentrações de oxigênio dissolvido e fósforo total
apresentaram uma redução a partir da zona de evaporação para a de concentração. As concentrações de
feofitina foram mais elevadas que as de clorofila a. Todos os parâmetros apresentaram uma distribuição
heterogênea e diferenças significativas. Essa abordagem em SIG se mostrou uma ferramenta prática para
uma correta gestão da atividade econômica e do ecossistema por ela manejado.
VALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS AQUÍCOLAS DA RIA DE AVEIRO –
CONTRIBUIÇÃO DAS FERRAMENTAS MOLECULARES PARA UMA AQUACULTURA
SUSTENTÁVEL
N.C.M. Gomesa, R. Caladoa
a
CESAM, Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected]
Um dos principais constrangimentos à rentabilidade das empresas de aquacultura é a ausência de uma
metodologia eficaz para a detecção de surtos de doenças que afectam de forma negativa a produção. O
diagnóstico de doenças é, em grande parte, feito de forma empírica, tendo em conta a observação do
comportamento “anormal” dos organismos ou a sua mortalidade, em situações extremas. A partir desta
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
57
Universidade de Aveiro 2011
avaliação pouco precisa, são enviadas amostras para análises através de metodologias clássicas e apenas
posteriormente é implementado um plano de tratamento. É do interesse dos profissionais do sector ter a
possibilidade de antecipar, diagnosticar e reagir atempadamente a potenciais surtos de doença. Tendo em
consideração a rapidez de diagnóstico das metodologias moleculares (horas), comparativamente com às
metodologias clássicas (dias), o acesso das empresas de aquacultura a metodologias inovadoras permitirá
que estas minimizem as suas perdas de produção. No entanto, apesar de já existirem na medicina várias
ferramentas moleculares para a detecção de microrganismos patogénicos, o potencial destas ferramentas
ainda não foi totalmente explorado pelas empresas de aquacultura. Os autores deste trabalho são
responsáveis pelo projecto PROMAR intitulado “Aquasafe – Desenvolvimento de novas tecnologias para
antecipação de surtos e diagnóstico rápido de doenças em aquacultura” financiado pelo Fundo Europeu das
Pescas. Neste projecto pretende-se estudar e desenvolver metodologias baseadas em ferramentas
moleculares para a detecção rápida de doenças que afectam as empresas de piscicultura semi-intensiva e de
produção de bivalves na Ria de Aveiro. No final do projecto deverão ser fornecidos aos aquacultores
participantes alternativas inovadoras e economicamente acessíveis para a antecipação de surtos e diagnóstico
rápido de doenças.
VÍRUS ENTÉRICOS NA RIA DE AVEIRO
C. Prataa, N.C.M. Gomesa, A. Cunhaa, A. Almeidaa
a
CESAM, Departamento Biologia, Universidade de Aveiro, Campus de Santiago, 3810-193 Aveiro, [email protected],
{gomesncm, acunha, aalmeida}@ua.pt
Actualmente, alguns grupos de vírus importantes para a saúde pública são considerados como patogénicos
aquáticos emergentes, existindo uma crescente preocupação com as descargas de vírus entéricos humanos no
meio aquático, nomeadamente nos sistemas marinhos e estuarinos que são usados como zonas de recreio e
como zonas de cultura de bivalves para consumo humano. A presença destes vírus nos sistemas aquáticos
representa assim, um grande problema para a saúde pública. Apesar de se poder encontrar um grande número
de tipos de vírus diferentes no ambiente aquático, apenas um pequeno grupo é considerado
epidemiologicamente relevante. A maioria dos vírus patogénicos que se encontram no ambiente aquático
pertence aos grupos Norovírus, Rotavírus, Adenovírus, Enterovírus e Hepatovírus. Neste trabalho foram
colhidas amostras de água numa Zona Salobra (ZS) da Ria de Aveiro, em três datas para a pesquisa de
Rotavírus e Adenovírus. As amostras foram concentradas por ultracentrifugação e analizadas para a presença
de vírus entéricos através de qPCR, usando primers específicos para cada grupo de vírus. Verificou-se que os
vários grupos de vírus entéricos pesquisados nas três datas estiveram sempre presentes nas águas da Ria de
Aveiro, variando os seus teores entre 2,74x103 para Rotavírus a 7,99x1010 para Adenovírus. Os elevados
teores de vírus entéricos patogénicos nas águas da Ria de Aveiro indicam que estas podem apresentar risco
para a saúde pública quando utilizadas como águas de recreio ou como águas de cultura de bivalves. Por
outro lado, a ocorrência de elevados teores de vírus entéricos nas águas da Ria, associada ao facto dos
indicadores bacterianos usados para avaliar a qualidade microbiológica das águas não serem bons
indicadores da presença de vírus, indicam que para uma boa avaliação da qualidade microbiológica das
Águas da Ria de Aveiro, deve ser pesquisada também a presença de vírus entéricos.
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
58
Universidade de Aveiro 2011
ÍNDICE DE AUTORES
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
59
Universidade de Aveiro 2011
A
Abrantes, I.
Abreu, S.N.
Ahmad I, I.
Albuquerque, H.
Almeida, A.
Almeida, M.A.
Alves, E.
Alves, F. L.
Araújo, I.B.
Arrojado, C.
Azevedo, L.
50
20, 51
40
30
14, 23, 25, 41, 43, 45, 47, 50,
52, 58
35
23
29, 30, 33
10
23
11, 15, 20
B
Baptista, P.
Barbosa, J.E.
Bernardes, C.
Bio, A.
Borges, C.
Boski, T.
Botelho, M.J.
Branco, D.
Brito, R.
13, 49
57
13, 40, 48, 49
31
18
56
37
42
22
C
Calado, R.
Capelo, E.
Cardoso, L.
Cardoso, P.G.
Carlos, D.M.
Carneiro, C.
Cartaxana, P.
Carvalho, C.M.B.
Carvalho, J.
Carvalho, T.
Castro, B.B.
Cavaleiro, J.A.S.
Cleary, D.
Coelho, C.
Coelho, C.D.
Coelho, F.
Coelho, F.J.R.C.
Coelho, H.
Coelho, J. P.
Correia, A.
Costa, D.F.
Costa, F.R.
Costa, P.R.
Costa, S.
Coutinho, J.
Cruz, I.
Cruz, S.
Cruz, T.
Cunha, A.
Cunha, T.
D
Dias, J.M.
Dias, S.
Domingues, P.M.
Duarte, A.C.
Duarte, H.
41, 57
40
47
14, 49
19
22
51
23
36
35
48
23
56
19
30
43, 50
52
51
8, 9, 14, 40, 46, 49
48
57
57
37
19
20
16, 18
55
47
14, 23, 25, 34, 41, 43, 45, 47,
50, 52, 58
28
9, 10, 11, 12, 18, 21, 22, 24, 40,
41, 43, 44, 45, 46, 50, 56
15
50
8, 9, 14, 15, 17, 24, 40, 49, 52
10, 11, 20
E
Ezequiel, J.
43, 53
F
Faustino, M.A.F.
Ferreira da Silva, E.
Ferreira, C.
Fidelis, T.
Figueira, E.
Figueiredo, D.R. de
Figueiredo, E.
Fonseca, C.
Fortunato, A.B.
Freire, A.
Freitas, F.
Freitas, R.
23
12, 19, 33, 48, 50
12
35
42
48
30
47
17, 21
28
28
34, 42
G
Gadelha, J.R.
Garrido, C.
Gentil, F.
Gomes, A.
Gomes, L.M.F.
Gomes, N.C.M.
Gonçalves, D.
Gonçalves, D.S.
Gonçalves, F.
Gonçalves, M.
Granjeia, C.
51
15
34
42
45
14, 23, 25, 41, 50, 52, 57, 58
22
11, 15, 20
48
30
50
H
Hall, A.
Hespanha, J.
28
45
J
Jesus, C.
Jesus, G.
50
21
K
Keizer, J.
36
L
Leandro, S.
Leandro, S.M.
Leão, F.
Leitão, P.
Leitão, P.C.
Lemos, A.P.
Lemos, C.R.
Lillebø, A.
Lima, A.
Lino, A.C.
Lopes, C.B.
Lopes, C.L.
Lopes, J.F.
Lopes, L.
Louvado, A.
Luis, A.
44, 45
13
36, 53, 54, 55
38
11
37
37, 45
27, 56
42
19
52
9, 12
35, 46
29, 36, 43, 53
50
22, 37
M
Magalhães, V.
Maia, P.
Mariano, S.
Martins, F.
Martins, V.
Medeiros, D.H.
20
36
22
30, 47
12, 19, 33, 47, 48, 50
57
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
60
Universidade de Aveiro 2011
Mendes, C.
Mendes, R.
Mieiro, C.L.
Mohmood, I.
Morgado, F.
Mota, J.C.
Mustricu, Z.S.
14
18
8, 40
40
20, 44, 45, 51
36
29
N
Neves, M.G.P.M.S.
Neves, R.
Nogueira, A.J.A.
Nunes, M.
23
34, 47
20, 51
14, 49
O
Oliveira, A.
Oliveira, C.S.
Oliveira, H.
Oliveira, V.
12, 17, 21, 44, 45
37
8, 46
49
P
Pacheco, C.
Pacheco, M.
Palma, C.
Pardal, M.A.
Pato, P.
Pereira, C.
Pereira, E.
Pereira, M.
Pereira, M.J.
Picado, A.
Pinheiro, L.M.
Pinho-Lopes, M.
Pinho, R.
Pinto, A.G.M.
Pires, A.
Plecha
Prata, C.
47
8, 40
16, 18
8, 9, 14, 17, 46, 49
24
14, 23
8, 9. 14, 15, 17, 24, 40, 46, 49,
52
19
48
9, 10
10, 11, 15, 20, 37, 45
19
29, 36, 43, 47, 53
47
341
12
58
Q
Queiroga, H.
Quintino, V.
13, 17, 28, 44, 45, 51, 56
34, 42, 39
R
Rebelo, J.E.
Rey, D.
Ribeiro, T.D.
Ribeiro, G.
Ribeiro, N.A.
Robaina, M.
Rocha, F.
Rocha, J.
Rocha, L.
Rocha, R.M.
Rodrigues, A.
Rodrigues, A.C.M.
Rodrigues, M.
Rodrigues, S.M.
Roebeling, P.C.
Rubio, B.
21, 27
48
11
36
21
30
12, 19, 33, 48, 50
30
53, 55
57
34, 39, 42
51
17, 21, 44, 45
37
30
48
S
Sá, S.
Sacadura, M.J.
Sampaio, L.
Santos, A.L.
10
56
34
43, 50, 52
Santos, E.
Santos, E.B.H.
Santos, F.A.
Santos, L.
Santos, M.A.
Santos, R.M.A.L.
Seixas, P.
Serôdio, J.
Silva, A.
Silva, C.
Silva, H.
Silva, J. V.
Silva, P.A.
Silva, Y.
Silveira, P.
Soares, A.M.V.M .
Sousa, L.
Sousa, L. P.
Sousa, M.
27
47
57
14, 25, 43, 47, 52
40
51
42
51, 55
38
21
27, 29, 53
29, 33
12, 50
23, 41
29
20, 51
29,
33
11
T
Tavares, S.
Teixeira, F.C.
Teodósio, R.
Tomé, A.C.
Tomé, J.P.C.
8, 46
11
33
23
23
V
Vale, P.
Válega, M.
Valença, M.
Vaz, L.
Vaz, N.
Videira, T.
Vieira, H.M.C.S.
Vieira, M.N.
Vieira, N.
Vieira, S.
Vigário, C.
37
17
16, 18
41
11, 18
48
51
57
31
55
27
Z
Zhang, Y.J.
17
Resumos Jornadas da Ria de Aveiro 2011
58