Em ares pouco turbulentos e de aperto Fiscal, a economia ensaia
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Em ares pouco turbulentos e de aperto Fiscal, a economia ensaia
1 Em ares pouco turbulentos e de aperto Fiscal, a economia ensaia decolagem● Gabriel1 Thiago2 I. Introdução O Governo Lula vem advogando que o desequilíbrio fiscal é o principal problema para a política econômica brasileira desde a queda da inflação para níveis baixos (implantação do Plano Real). Nesta perspectiva liberal fiscalista, os problemas brasileiros se concentrariam nos “desequilíbrios orçamentários”, uma vez que a equalização do déficit fiscal levaria ao equilíbrio na balança de pagamentos. Para a equipe econômica atual, os problemas fiscais nada têm a ver com a vulnerabilidade externa, nem com as relações internacionais desiguais, mas sim com uma “boa” gestão das finanças públicas. Segundo o documento “Política Econômica e Reformas Estruturais”, do ministério da Fazenda, “o governo tem como primeiro compromisso da política econômica a resolução dos graves problemas fiscais que caracterizam nossa história econômica, ou seja, a promoção de um ajuste definitivo das contas públicas”. Não é à toa que a meta de superávit primário tornou-se questão de honra para este atual Governo. E isto representaria uma mudança estrutural em relação ao governo anterior. Essa visão fiscalista, da gestão da política macroeconômica, tem pairado sobre as auréolas do ministro da Fazenda e do Presidente Lula. Com a implementação dessa política, pelo governo atual, há uma ampliação da visão neoliberal, qual seja, o problema do Brasil não decorreria de uma ordem internacional desigual, nem de problemas estruturais internos, e sim de desequilíbrio orçamentário (CARVALHO, 2003). Esta visão fiscalista pode ser verificada pelo forte aperto fiscal feito pelo setor público desde o início do Governo. A cada novo mês ou semestre este aperto aumenta. ● Texto a ser discutido na reunião do Núcleo de Estudos Conjunturais (NEC), em 18/08/2004.O texto foi produzido sob orientação do Prof. Sepúlvida e do mestrando Eduardo Pinto 1 Graduando em economia da FCE/UFBA e membro do NEC 2 Graduando em economia da FCE/UFBA e membro do NEC 2 O primeiro semestre de 2004 não foge a regra. O superávit primário do setor público (União, Estados, municípios e estatais) bateu recorde totalizando R$ 46,183 bilhões, o que equivaleu a 5,76% do PIB no período. O valor superou em R$ 13,583 bilhões a meta acertada como o FMI. Por outro lado, este superávit primário cobriu aproximadamente 74, 6% dos gastos com juros do setor público (R4 61,829 bilhões). A ampliação do aperto fiscal, o crescimento do PIB no primeiro semestre de 2004, a queda dos juros em relação ao primeiro semestre de 2003, e a inflação (IGP-DI) de junho provocaram a redução da dívida pública em relação ao PIB entre os meses de maio e junho de 2004 (de 56,6% do PIB para 56,0% do PIB, respectivamente). Configura-se uma trajetória de queda da relação dívida/PIB desde o início do ano, entretanto, vale ressaltar que na comparação, entre junho de 2003 e 2004, ocorreu uma pequena elevação da relação dívida/PIB (de 55,6% para 56,0%, respectivamente). A partir desse ponto analisaremos os fatores que vêm provocando a redução da relação dívida pública em relação ao PIB, a saber: crescimento do PIB no1º semestre de 2004; a redução do IGP-DI; e redução dos juros em relação ao 1º semestre do ano passado. O primeiro semestre de 2004 foi marcado pela recuperação da economia, que parece iniciar o tão esperado “espetáculo do crescimento”. Nesse período geralmente a atividade econômica tende a desacelerar (meses de março a junho). No entanto, contraponto a tendência, verificou-se um aquecimento da atividade econômica nesses meses. A indústria ganhou fôlego e as exportações continuam crescendo, até mesmo o mercado interno começou a dar sinais de vida. É bom lembrar que esse crescimento se registrou numa base extremamente comprimida (primeiro semestre de 2003). Período este marcado por crise cambial, juros acima de 25% e superávit fiscal primário rodando os 6% do PIB, que geraram uma recessão técnica. Antes de desentocar os rojões os quais há algum tempo estivemos guardando, precisamos verificar a consistência desse crescimento numa dimensão mais estrutural. Uma das dificuldades de sustentabilidade do crescimento está associado ao o atual padrão de consumo brasileiro assentado nas faixas de rendas mais elevadas e apoiado. Este padrão 3 tende a gerar aumentos nas importações de bens e componentes vinculados a este tipo de consumo, o que poderia prejudicar a balança comercial e aumentar a vulnerabilidade externa, além de criar um vazamento dos efeitos dinâmicos do crescimento. Deste modo, o perfil da distribuição de renda e, por conseguinte, do consumo brasileiro faz com que o crescimento do mercado interno afete setores de alta elasticidade de importações. Outro fato que nos incita a cautela, principalmente na recuperação do mercado interno, é que a recuperação do emprego não significou recuperação dos rendimentos do trabalhador. O setor externo ainda é destaque, porém fiquemos atentos ao limite estrutural desse crescimento para fora, uma vez que há: grandes pressões sobre o escoamento da produção, especialmente agrícola, que esbarra nas questões logística e portuária; e sérios gargalos que impedem até mesmo o funcionamento corrente da economia. Ademais, a capacidade instalada começa a chegar no limite em alguns setores; isso aliado a desvalorização cambial e aos preços regulados (como a energia) tem pressionado a inflação, que não mais atingirá o centro da meta. A maior dinâmica da atividade econômica, no 1º semestre, refletiu numa maior arrecadação tributária, principalmente dos tributos mais sensíveis a movimentos dinâmicos da economia. Além de ter tido um impacto relevante na relação dívida pública/PIB. No entanto, o elevado superávit primário e a política monetária restritiva vêm dificultando uma maior alavancagem da demanda agregada e, por conseguinte, de um maior crescimento econômico. II. Inflação e Política Monetária “A autoridade monetária reitera que está pronta a adotar uma postura ativa [disposição a elevar a taxa de juros], caso venha a se consolidar um cenário de divergência entre inflação projetada e a trajetória das metas, com uma eventual exacerbação dos fatores que levaram ao aumento recente das projeções para 2004 e 2005”. Esta passagem da última ata do Copom demonstra que a gestão da política macroeconômica tem como principal variável o controle do nível de preços a qualquer custo. A seguir apresentaremos os principais índices de preços e suas variações. 4 O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,71% em junho, acumulando alta de 3,48% no primeiro semestre do ano. A aceleração na variação mensal do IPCA refletiu, principalmente, o impacto da elevação dos preços dos combustíveis, juntamente com a continuidade da alta dos preços dos alimentos. Os gastos com o grupo transportes subiram 1,58% no mês, contribuindo com 0,33 p.p. para a variação mensal do IPCA. A elevação dos gastos com transporte foi causada pelo aumento dos combustíveis. Só a gasolina contribuiu com 0,14 p.p., refletindo o repasse do reajuste de 10,8% ocorrido nas distribuidoras. O álcool subiu 11,35% para os consumidores. As despesas com alimentos subiram 0,72% em junho e responderam por 0,17 p.p. da variação do IPCA nesse mês. Problemas climáticos afetaram a oferta de produtos como cebola, tomate e hortaliças. A elevação de 1,03% nos preços monitorados respondeu por 0,29 p.p. para a variação mensal do IPCA em junho. A inflação de junho, medida pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), recuou para 1,29%, após ter atingido em maio alta de 1,46%, maior variação desde março de 2003. A redução da taxa de inflação ocorreu devido à diminuição na alta dos preços no atacado. O IPA (Índice de Preços por Atacado) tem o maior peso na composição do IGP-DI, o IPA tem peso de 60% seguido pelo IPC (30%) e INCC (10%). O IPA passou de 1,71% para 1,57% entre maio e junho. A desaceleração da inflação no atacado foi resultado, principalmente, de uma elevação menor nos preços agrícolas, que passaram de uma variação de 2,71% para 0,52% entre maio e junho. Já os preços no varejo, medidos pelo IPC (Índice de Preços ao Consumidor), subiram de 0,71% para 0,78% no período. Os destaques foram às acelerações de preços em vestuário, de 0,83% para 1,08%, e nos transportes (de 0,48% para 1,50%). A alta nos preços dos vestuários foi causa da pelo frio, o aumento dos preços no grupo transporte teve como causa o reajuste dos combustíveis. 5 O INCC (Índice Nacional da Construção Civil) retraiu em junho.Teve alta de 0,70% em junho, após registrar variação de 1,83% em maio. A causa da retração foi causada tanto pela desaceleração dos os preços dos materiais e serviços quanto da mão-de-obra. O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) fechou o mês de junho em 1,38%, maior taxa dos últimos 15 meses. O indicador ficou pouco acima do de maio (1,31%). O recuo do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), de 1,74% para 0,56% de maio para junho segurou o IGP-M. Já as principais pressões inflacionárias vieram de produtos de alimentação e combustíveis, tanto no atacado quanto no varejo. O Índice de Preços ao Atacado (IPA-M) avançou de 1,52% para 1,73% entre maio e junho. Produtos de alimentação avançaram de 0,46% para 1,34%, com destaque para hortaliças e legumes. No grupo "outros bens não-duráveis", onde entram o álcool e a gasolina, o avanço foi de 0,74% para 1,93% Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) saltou de 0,59% para 0,76%. As maiores contribuições no varejo foram dos grupos de alimentação e de transporte, responsáveis por dois terços da inflação no varejo. Apenas uma parte dos efeitos dos reajustes definidos pela Petrobrás para gasolina e disel foram computados pelo IGP-M junho, que teve coleta de preços apenas até o dia 20. A inflação do atacado capta mais fortemente as variações do câmbio. Cerca de um terço do IPA industrial é formado, por exemplo, por matérias-primas, afetadas diretamente pelo avanço da moeda americana. Outro índice de preços que apresentou alta em junho foi o IPC-Fipe que apresentou variação de 0,92% ante 0,57% em maio. Transporte e alimentação com variação de 2,09% e 1,39% respectivamente foram os grupos que mais influenciaram na variação do IPC-Fipe Em julho o IPCA de julho teve variação de 0,91% e ficou 0,20 ponto percentual acima do IPCA de junho (0,71%). Com o resultado de julho, o IPCA acumulou 4,42% no ano. Nos últimos doze meses o índice ficou em 6,81%. O motivo para a elevação do IPCA julho foram, principalmente, o reajuste de energia elétrica, da gasolina e das tarifas de telefone. O reajuste de 3,67% da energia elétrica impactou 0,17 p.p. na Variação do IPCA. O reajuste da telefonia de 4,88% teve impacto de 0,16 p.p. no IPCA. Os preços da gasolina tiveram alta de 2,46% nas bombas, refletindo parte do reajuste de 10,8% ocorrido nas distribuidoras 6 em junho. Os gastos com alimentos subiram 0,67%, com destaque para o leite pasteurizado, cuja alta de 4,24% é atribuída ao período de entressafra. Os reajustes da gasolina, energia elétrica e telefone aliado ao aumento com gastos com alimentos foram responsáveis por 66% da variação do IPCA julho. A inflação medida pelo IGP-DI de julho se desacelerou quando comparada ao mês de junho. A desaceleração dos preços de produtos agrícolas no atacado, dos alimentos no varejo e a menor pressão dos combustíveis compensaram o impacto de alta das tarifas de telefonia e luz na inflação de julho medida pelo IGP-DI, da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O índice recuou de 1,29% em junho para 1,14% em julho. A desaceleração dos preços dos alimentos foi causada pela melhora do clima e da safra de alguns produtos, os preços agrícolas passaram de 0,52% para 0,26% entre junho e julho. O IPA-DI variou de 1,57% para 1,35% no período. O IPC-DI que mostra a variação no varejo, desacelerou de 0,78% para 0,59% no período. A maior pressão no varejo veio do item habitação (de 0,32% para 1,31%) devido aos reajustes de telefonia e contas de luz, que responderam por mais da metade da inflação ao consumidor em julho. Energia elétrica teve alta de 4,43%, enquanto a assinatura e o pulso de telefone residencial subiram 4,89%. Em julho, o IGP-M recuou para 1,31%. No acumulado do ano o IGP-M está em 8,18%. A diminuição IGP-M em julho se deveu a retração do IPA-M quem caiu de 1,73% em junho para 1,58% em julho. O IPC-M também recuou variando 0,67% em julho contra 0,76% em junho. O IPC-M foi pressionado principalmente pelos grupos transporte (alta de 1,44%), habitação (0,92%) e alimentação (0,67%). O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) subiu de 0,56% em junho para 1,21% em julho. O IPC-Fipe de julho desacelerou de 0,92% para 0,59%. Menores preços de alimentos, combustíveis e vestuário ajudaram a desacelera a inflação ao consumidor em São Paulo. Entre os grupos do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Alimentação subiu 0,39 por cento, bem abaixo da alta de 1,39 por cento em junho. Os preços de Transportes avançaram 1,14 por cento no mês passado, contra 2,09 por cento no anterior. 7 A inflação verificada no primeiro semestre foi uma inflação de custo causada por choques de oferta. Nos dois primeiros meses do ano pressões sazonais (chuvas e reajustes de mensalidade escolares) pressionaram o nível de preços. Em abril tivemos uma queda dos índices de preços ao consumidor devido, justamente, ao esgotamento das pressões sazonais. O IPCA variou 0,37% em abril. Nos meses de maio e junho observou-se uma elevação dos índices de preços, causada pela expectativa de alta dos juros americanos, que provocou uma desvalorização do Real, e a elevação dos preços do petróleo. O IPCA variou 0,51% e 0,71% em maio e junho respectivamente. É importante ressaltar que no primeiro semestre deste ano houve um expressivo aumento dos preços das principais commodities no mercado mundial. O índice CRB (índice que tem como base às cotações das principais commodities negociadas no mundo, incluindo os agrícolas e os não-agrícolas) quebrou sucessivos recordes históricos. A explicação para esta alta nos preços das commodities é em grande parte devido a grande demanda da economia chinesa. A alta das commodities pressiona os índices de preços no atacado. O quadro que segue nos mostra a evolução dos principais índices de preços calculados no país neste primeiro semestre. A evolução dos índices de preços, como pode ser observado no gráfico abaixo, nos mostra um nível de preços maior no final do primeiro semestre de 2004 quando comparado ao fim do primeiro semestre de 2003, quando foi registrada deflação em alguns índices. Evolução dos índices de preços 2,00 INPC IPCA % 1,00 0,00 IGP-DI IGP-M IPC-Fipe Ju n -1,00 -2,00 mês Fonte: BC 8 2.1 Tendência para inflação Os preços do barril do petróleo atingiram, recentemente, um novo patamar, em torno de U$ 44,00 o barril. Quanto à elevação do preço do petróleo além da demanda chinesa, outros fatos têm contribuído para a disparada do petróleo como as turbulências políticas no Golfo e mais recentemente o bloqueio dos ativos da gigante russa de petróleo Yukos. Neste novo patamar de preços é muito provável que a Petrobrás promova um novo reajuste no preço da gasolina o que provocará pressão inflacionária. Destacam-se duas outras possíveis fontes de pressão na inflação além do novo patamar de preço atingido pelo barril de petróleo, a saber: i) pressão de demanda, causada pelo próprio crescimento econômico, dado a utilização da capacidade instalada que chega a 82,52%3 e ii) Devido ao centro de dinamismo da economia brasileira, atualmente, ser o setor exportador, tal setor pode ser privilegiado em relação ao mercado interno. A reorientação da produção para o setor externo também pode vim a pressionar os índices de preços (competição entre o mercado externo e o mercado interno). Quanto à tendência para a inflação as instituições financeiras e empresas consultadas semanalmente pelo Banco Central elevaram a estimativa média de alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para o ano de 2004. De acordo com os dados da pesquisa divulgada há pouco pelo BC, a inflação esperada para este ano subiu de 7,13% para 7,15%. As principais fontes de pressão são os preços administrados, que inclui as tarifas públicas, a expectativa é de uma alta de 8,26% este ano. A ata do Copom de julho considerou pela primeira vez inflação acima da meta em 2005. A inflação projetada pelo Banco Central para 2005 está acima do centro da meta de 4,5% fixada pelo governo. De acordo com ata da última reunião do Copom, a projeção está "ligeiramente" acima da meta para o próximo ano. Os membros do Copom atribuíram essa piora das projeções ao aumento das tarifas de telefonia fixa (incorporando o resíduo do ano passado), à deterioração das expectativas para este ano. A estimativa é de inflação de 5,5% 3 Segundo a CNI 9 no ano que vem. O quadro que segue mostra as estimativas para os principais índices de preços calculados no Brasil para este ano. Estimativas dos índices de preços Variações percentuais no ano Índice Ago. Set. Out. Nov. Dez. IGP-M 9,10 9,76 10,25 10,75 11,23 IGP-DI 8,94 9,59 10,14 10,69 11,25 IPC-Fipe 4,24 4,76 5,29 5,81 6,34 INPC 4,59 5,13 5,66 6,19 6,77 IPCA 5,02 5,54 5,98 6,54 7,06 Fonte: Gerin do Banco Central do Brasil A tendência de alta da inflação barra a queda dos juros que se situa em 16% ao ano. A Selic está neste patamar desde a reunião de abril, quando os juros foram reduzidos de 16,25% para 16% ao ano. Há quatro meses a taxa Selic é mantida. Quanto aos juros reais projetados para os próximos 12 meses, estes vêm apresentando queda desde fevereiro deste ano, passando de 10,2% para 9,2% ao ano em junho, segundo o relatório mensal de taxa de juros da Global Invest em junho. Isso ocorre mesmo com a manutenção dos juros nominais em 16% ao ano pelo COPOM, dada a deterioração das expectativas de inflação para os próximos 12 meses. Como as expectativas de inflação devem continuar se deteriorando nos próximos meses, o movimento de queda dos juros reais projetados para os próximos 12 meses deverá continuar a ocorrer. No entanto a queda dos juros reais devido ao aumento da inflação é considerada “maléfica”, pois com o a elevação da inflação há uma redução dos salários reais. 10 Segundo o relatório da Global Invest a taxa registrada no Brasil é cerca de sete vezes maior que a média dos demais países (11,9% contra 1,5%) que compõe o estudo4. Se comparadas às taxas de juros reais do Brasil (11,9% a.a.) com a média dos 18 países emergentes analisados, que ficou em 3,0% - forte queda em relação ao mês anterior (4,0%) -, percebese que a taxa local é três vezes maior. O quadro abaixo nos mostra as taxas reais de juros em alguns países, ainda segundo o mesmo relatório. Taxa de juros dos últimos 12 meses descontada a inflação dos últimos 12 meses (jul./03-jun./04) País Taxa ano (%) Turquia Brasil África do Sul Israel México India Chile Hong Kong Coréia do Sul China 15,1 11,9 11,1 5,7 3,7 3,0 1,2 0,6 0,5 -1,3 Fonte: Global Invest 2.2. Agregados Monetários A média dos saldos diários da base monetária atingiu R$70,8 bilhões no primeiro semestre, crescimento de 3,2% no mês de junho. No entanto neste primeiro semestre a base monetária ficou estagnada, resultado da própria política monetária do governo. O resultado no mês de junho decorreu das expansões de 2,7% no saldo do papel-moeda emitido e de 4,2% nas reservas bancárias. Quando comparamos a base monetária do final do primeiro semestre desse ano com a base do fim do primeiro semestre do ano passado notamos que houve uma elevação de 7,71% da mesma, causada, principalmente, pela elevação de 20,21% do papel moeda emitido quando comparado os dois semestres. A programação monetária para o terceiro trimestre de 2004 é que a base monetária varie entre R$ 63,2 bilhões a R$ 85,4 bilhões. Base monetária e componentes Média nos dias úteis do mês Período Base Variação % monetária Papel-moeda Variação % Reservas Variação % bancárias1/ emitido 4 No No O relatório mensal de acompanhamento das taxas de juros, da GlobNo al Invest, analisa o compo rtamento das mês mês mês taxas de juros de 40 países 2003 2004 Jun 65 703 - 0,8 39 777 0,8 25 926 - 3,0 Jan 70 815 0,0 48 231 - 3,7 22 583 9,1 Fev 68 766 - 2,9 47 066 - 2,4 21 700 - 3,9 Mar 66 759 - 2,9 45 485 - 3,4 21 274 - 2,0 Abr 68 067 2,0 46 340 1,9 21 727 2,1 11 Os meios de pagamento (M1), considerado o critério de média dos saldos diários, totalizaram R$104 bilhões em junho, com crescimento de 1,4% no mês de junho. Os saldos do papel-moeda em poder do público e dos depósitos à vista expandiram 2,8% e 0,5% respectivamente no mês. Comparando com o mesmo período do ano anterior houve um aumento do volume dos meios de pagamentos de 21,75%. A programação monetária para o terceiro trimestre de 2004 quanto aos meios de pagamentos é que estes variem de R$ 9,4 bilhões e R$ 127,7 bilhões. Meios de pagamento e componentes Média nos dias úteis do mês R$ milhões Período Meios de Variação% pagamento Papel-moeda 2004 Variação % à vista do público 1/ mês Jun Depósitos 2/ em poder No 2003 Variação% No No mês mês 85 398 0,4 33 477 0,5 51 921 0,3 - 1,3 Jan 102 742 - 2,0 40 330 - 3,2 62 412 Fev 100 295 - 2,4 39 074 - 3,1 61 221 - 1,9 Mar 98 889 - 1,4 37 951 - 2,9 60 938 - 0,5 Abr 100 189 1,3 38 195 0,6 61 993 1,7 Mai* 102 586 2,4 38 726 1,4 63 860 3,0 Jun* 103 976 1,4 39 826 2,8 64 150 0,5 Fonte: BC * Dados preliminares. III. Política fiscal O Governo promoveu um aperto fiscal recorde no primeiro semestre de 2004. O superávit primário do setor público (União, Estados, municípios e estatais) foi de R$ 46,183 bilhões, o que equivaleu a 5,76% do PIB no período. O superávit alcançado ocorreu em virtude da elevação de receitas e da redução das despesas. A contenção de gastos se deu em grande 12 medida, pela não liberação de verbas para investimentos federais, já que o Governo usou até junho apenas 5,575 da dotação orçamentária para o ano. A execução orçamentária de 44 programas tidos como prioritários ficou abaixo de 1% no primeiro semestre. A contenção dos gastos associados ao crescimento econômico e a elevação das receitas foram responsáveis pela redução da dívida pública em relação ao PIB que chegou a 58,7%, em dezembro, recuando para 56,0% do PIB. Esse forte superávit primário ocorreu em virtude da contenção de investimentos do governo federal. Da dotação orçamentária destinada a investimento de R$ 12,544 bilhões para este ano, apenas 5,57% desde valor foi utilizada no 1º semestre de 2004. Outro fator importante para a redução da relação dívida pública/PIB, foi a redução com as despesas com juros, já que no primeiro semestre de 2003, o setor público gastou com juros 74,269 bilhões (10,27% do PIB), enquanto, neste ano, os gastos com esta conta foi de 61,829 bilhões (7,71% do PIB) O superávit primário do governo Central atingiu aproximadamente 4,26% do PIB no primeiro semestre de 2004 contra 4,05% do igual período de 2003. Esse resultado foi fortemente influenciado pelo aumento da arrecadação, constituído em parte pela antecipação de tributos, e, portanto, não deverá se refletir no resultado dos meses seguintes. Foram tomadas medidas para desonerar determinados setores e segmentos da sociedade com menor renda, que contribuirão, ainda nesse exercício, para a redução da arrecadação de tributos federais. Resultado do governo central Brasil, jan-jun (%PIB) DISCRIMINAÇÃO Receita total transferências Receita líquida Despesa total resultado primário 2003 2004 24,01% 25,12% 4,43% 4,10% 19,57% 21,01% 15,52% 16,75% 4,05% 4,26% Fonte: Bacen O resultado do Tesouro Nacional cresceu 0,36 p.p. do PIB, compensando o aumento do déficit do RGPS em 0,14 p.p., ocorrido não obstante o crescimento na arrecadação de contribuições ao longo deste ano. As receitas do Tesouro Nacional cresceram R$ 20,4 13 bilhões (14,8%) em termos nominais, atingindo o montante de R$ 158,3 bilhões no ano. Esse desempenho deve-se principalmente ao aumento da alíquota da Cofins incidente sobre entidades financeiras, da CSLL das prestadoras de serviços e do IPI-fumo (ao mesmo tempo em que houve redução das alíquotas do imposto de importação e do IPI sobre automóveis e bens de capital). Outros motivos foram a ampliação da base de arrecadação, com a incorporação da Cofins/PIS não cumulativa sobre importações e a ocorrência de cinco semanas de fatos geradores, contra quatro em maio. Em junho, o maior dividendo pago ao Tesouro foi o do BNDES, limitado a R$ 264,9 milhões, enquanto em maio a Petrobrás efetuou recolhimento de dividendos no valor de R$ 804,6 milhões. 14 R$ milhões TABELA A1 - RESULTADO PRIMÁRIO DO GOVERNO CENTRAL (*) Jun/2003 I. RECEITA TOTAL Set Dez Mar Jun/2004 25.220,9 28.203,6 37.143,2 33.132,1 33.622,6 I.1. Receitas do Tesouro 18.950,3 21.559,9 24.720,4 25.889,4 25.624,0 I.1.1 Receita Bruta 20.483,4 22.580,6 27.015,0 26.641,8 28.027,8 - Impostos 8.641,3 9.583,7 12.055,1 11.218,7 11.093,0 10.375,7 10.795,2 13.098,5 12.212,3 14.228,4 1.466,3 2.201,7 1.861,4 3.210,8 2.706,4 -1.533,0 -1.020,7 -2.104,6 -752,4 -2.403,9 - Contribuições - Demais I.1.2. (-) Restituições I.1.3. (-) Incentivos Fiscais I.2. Receitas da Previdência Social I.3. Receitas do Banco Central 0,0 0,0 -190,0 0,0 0,0 6.171,5 6.603,4 12.297,6 7.138,2 7.899,9 99,1 40,2 125,3 104,5 98,7 4.227,2 4.306,2 4.933,4 4.930,8 4.210,9 3.554,4 3.386,2 4.081,3 3.938,9 3.331,5 265,9 265,9 265,9 283,3 283,3 0,0 0,0 0,0 0,0 8,7 406,9 654,0 586,2 708,6 587,3 III. RECEITA LÍQUIDA TOTAL (I-II) 20.993,6 23.897,4 32.209,8 28.201,4 29.411,8 IV. DESPESA TOTAL 20.233,3 20.133,3 38.167,9 22.050,4 23.878,2 IV.1. Pessoal e Encargos Sociais 6.447,1 5.926,0 9.098,0 6.625,1 6.888,8 IV.2. Benefícios Previdenciários 8.063,0 8.906,1 16.552,8 8.628,4 9.485,6 IV.3. Custeio e Capital 5.563,1 5.195,3 12.359,3 6.646,6 7.327,2 420,1 447,7 719,0 660,0 648,3 399,3 412,1 649,5 620,3 621,4 20,7 35,7 69,4 39,6 26,9 352,3 313,5 2.598,2 454,6 149,9 279,1 214,4 2.485,1 335,5 67,5 73,2 99,1 113,1 119,2 82,4 397,9 405,7 389,6 531,0 803,8 5.725,1 II. TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E MUNICÍPIOS II.1. Transferências Constitucionais (IPI, IR e outras) II.2. Lei Complementar 87/ Fundo de Compensação de Exportações (1) II.3. Transferências da Cide II.4. Demais IV.3.1. Despesa do FAT - Abono e Seguro Desemprego - Demais Despesas do FAT IV.3.2. Subsídios e Subvenções Econômicas - Operações Oficiais de Crédito - Subvenções aos Fundos Regionais IV.3.3. LOAS/RMV (2) 4.392,8 4.028,3 8.652,5 5.001,0 IV.4. Transferência do Tesouro ao Banco Central IV.3.4. Outras Despesas de Custeio e Capital 63,4 7,4 56,9 49,6 50,9 IV.5. Despesas do Banco Central 96,6 98,4 100,9 100,6 125,7 5.533,6 V. RESULTADO PRIMÁRIO GOVERNO CENTRAL (III - IV+V) 760,4 3.764,1 -5.958,1 6.151,0 V.1. Tesouro Nacional 2.649,4 6.125,0 -1.727,3 7.637,3 7.146,2 V.2. Previdência Social (RGPS) (3) -1.891,5 -2.302,7 -4.255,2 -1.490,2 -1.585,6 2,5 -58,2 24,4 3,9 -27,0 0,0 0,0 0,0 354,4 307,3 V.3. Banco Central (4) VI. AJUSTE METODOLÓGICO (5) VII. DISCREPÂNCIA ESTATÍSTICA 143,1 317,4 -1.552,6 -543,4 nd VIII. RESULTADO PRIMÁRIO DO GOVERNO CENTRAL (6) 903,5 4.081,5 -7.510,7 5.961,9 nd IX. JUROS NOMINAIS (6) -5.626,4 -7.186,1 -4.019,7 -5.759,4 nd X. RESULTADO NOMINAL DO GOVERNO CENTRAL (6) -4.722,9 -3.104,6 -11.530,4 202,5 nd 155,0 151,1 146,8 142,0 151,1 Memo: RMV em R$ mi (*) Dados revistos, sujeitos a alteração. Não inclui receitas de contribuição do FGTS e despesas com o complemento da atualização monetária, conforme previsto na Lei Complementar nº 110/2001. (1) A partir de janeiro de 2004 as transferências a estados e municípios associadas à Lei Complementar 87/1996 passaram a ser denominadas Fundo de Compensação das Exportações. As transferências a estados e municípios somaram R$ 32,9 bilhões este ano (4,1% do PIB), R$ 792,3 milhões superior ao registrado no primeiro semestre do ano passado. Como proporção do PIB, porém, houve redução de cerca de 0,33 p.p. nos repasses. Os repasses de royalties foram relativamente menores em 2004 devido a queda do dólar vis à vis o início 15 de 2003 sobre a arrecadação, base para a distribuição aos estados. As transferências constitucionais, inclusive a CIDE, perfizeram 3,29% do PIB, queda de 0,09p.p. Transferências a estados e municípios Brasil, jan-jun (%PIB) Discriminação Constitucionais (IR,IPI, outros) Constitucionais (CIDE-combustíveis) Desoneração do ICMS Demais Total 2003 3,38 0 0,32 0,74 4,43 2004 3,24 0,05 0,21 0,6 4,1 Fonte: Bacen O RGPS apresentou déficit de R$ 11,8 bilhões este ano, contra R$ 9,6 bilhões no mesmo período de 2003. O ritmo de crescimento do déficit previdenciário (22,8% em relação ao primeiro semestre do ano anterior) é conseqüência do crescimento maior dos benefícios do que das contribuições, não obstante o efeito da reforma previdenciária sobre o teto da contribuição do segurado, e da ampliação do contingente de beneficiários. Resultado da Previdência Brasil, jan-jun (%PIB) Discriminação Contribuição Benefícios Resultado Primário 2003 4,89% 6,22% -1,33% 2004 5,30% 6,77% -1,47% Fonte: Bacen De janeiro a junho de 2004, as receitas brutas do Tesouro totalizaram 20,45% do PIB, contra 19,51% no mesmo período do ano anterior. Os tributos vinculados à atividade econômica (Cofins, PIS/Pasep) têm apresentado bom desempenho, refletindo o reaquecimento da economia nos últimos meses. Em contrapartida, houve queda na arrecadação do IRRF – Rendimento de capital em decorrência das taxas de juros terem estado abaixo daquelas apresentadas no primeiro semestre de 2003, com reflexo na arrecadação relativa às aplicações de renda fixa, e na redução na arrecadação referente ás operações de swap, em função da estabilidade cambial. Houve queda também na arrecadação de royalties referentes à extração de petróleo, devido à apreciação cambial e à 16 queda na produção nacional, contrapondo o aumento do preço internacional, em média US$ 4,65 o barril a mais na comparação entre o primeiro semestre dos dois períodos. As despesas do Tesouro totalizaram R$ 14,3 bilhões em junho, acumulando no semestre 9,9% do PIB (0,65p.p. a mais do que no igual período do ano passado). Esse aumento decorreu principalmente do incremento de 0,49p.p. do PIB nos dispêndios com custeio e capital. O percentual de execução do limite de pagamento, até junho, pelos ministérios da área social (Saúde, Educação, Previdência, Assistência social e Desenvolvimento Social) atingiram 96,7% frente os 93,2% verificados em período idêntico do ano anterior, permanecendo estável em relação a maio de 2004 (96,6%). Por sua vez, os demais ministérios atingiram 73,95 ante os 69,9% verificados no ano anterior (mesmo período) e 70,5% no mês anterior. A Previdência social registrou déficit primário de R$ 1,6 bilhão em junho, contra R$ 1,8 bilhão em maio. Esse comportamento é explicado pelo incremento de 4,4% nas despesas com benefícios previdenciários. Tal elevação já refletiu os reajustes do salário mínimo para R$ 260 e dos demais benefícios em 4,53% a partir de 1º de maio. A arrecadação em 2004 corresponde a 5,3% do PIB, acréscimo de 0,41p.p. em relação a 2003. Esse aumento reflete o aumento do teto do RGPS de R$ 1869,34 para R$ 2400 em janeiro, fruto da reforma previdenciária, e a recuperação do mercado de trabalho formal. 17 RESULTADO PRIMÁRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (em R$milhões) Discriminação mai/04 jun/04 Jan-jun 03 Jan-jun 04 ARRECADAÇÃO LÍQUIDA 7275,8 7899,9 35353,4 42475 Arrecadação bruta 7835,4 8483,9 38414,5 46246,1 Contribuição previdenciária 7309,3 7444,8 36058,6 42725,5 Simples 323,6 344 1514 1930,4 0 0 0 0,2 Depósitos Judiciais 81,1 70,3 142 435 CFT 64,5 576,2 491,4 900,8 Refis 32,5 33,1 177,4 171 Outras receitas 24,4 15,2 31,1 83 (-) Restituição/Devolução -17,6 -12,4 -143,9 -138,7 (-) Transferências a Terceiros -542 -571,5 -2917,3 -3632,4 BENEFÍCIOS TOTAIS 9086,2 9485,6 44972,7 54291,6 Benefícios Previdenciários 9086,2 9485,6 44433,3 54291,6 0 0 839,4 0 -1810,4 -1585,6 -9619,3 -11816,6 -1,33% 1,47% CDP Renda Mensal Vitalícia (RMV) RESULTADO PRIMÁRIO RESULTADO PRIMÁRIO/PIB Fonte: Bacen Façamos também o exercício de comparação entre o crescimento dos benefícios e o INPC, interessante para se ter uma idéia do poder real de compra dos beneficiários da previdência. Benefícios em azul. As despesas com benefícios previdenciários totalizaram R$ 54 bilhões até junho deste ano, superando em R$ 9,4 bilhões o montante observado no mesmo período de 2003. Tal acréscimo decorre do aumento de 16,3% no valor médio dos benefícios pagos, refletindo ainda o impacto da inflação em 2002 sobre o valor dos benefícios a partir de maio de 2003 (vide gráfico), e do aumento de 886,8 mil na quantidade média mensal dos benefícios pago no ano de 2004, equivalente a cerca de 4,2% do estoque. Fonte: Tesouro Nacional 18 Em junho, a dívida líquida do tesouro nacional em poder do público totalizou R$ 392,3 bilhões, equivalentes a 24,6% do PIB acumulado nos últimos doze meses. A dívida interna líquida cresceu três bilhões de reais no mês refletindo o aumento da dívida mobiliária em poder do público, no montante de R$ 11,5 milhões, dos quais R$ 2,1 bilhões decorrentes de emissão líquida, e o aumento de R$ 8,5 bilhões nos haveres contratuais do Tesouro e dos Fundos, Autarquias e Fundações, explicado pelo aumento dos IGPs, da TR e pela apreciação cambial. DÍVIDA LÍQUIDA DO TESOURO NACIONAL EM PODER DO PÚBLICO (em R$milhões) Brasil, 2003/2004 Discriminação DÍVIDA INTERNA LÍQUIDA Dívida Mobiliária em Poder do Público Dívida Contratual da STN Dívida Contratual de Fundos, Autarquias e Fundações DÍVIDA EXTERNA LÍQUIDA Dívida Mobiliária em Poder do Público Títulos Depositados em Garantia Dívida Contratual Disponibilidades DÍVIDA LÍQUIDA TOTAL DÍVIDA LÍQUIDA TOTAL/PIB jun/03 121724 633899 -392056 -120120 217124 167339 -5615 56406 -1006 338848 23,60% mai/04 162562 724948 -423001 -139386 228409 177249 -3920 55488 -407 390971 24,80% jun/04 165560 736415 -428634 -142221 226785 178383 -3935 52727 -390 392345 24,60% Fonte: Bacen Em junho, foram resgatados R$ 20,4 bilhões em títulos, sendo R$ 18,6 bilhões em pagamento de principal e juros e R$ 1,7 bilhão referentes a cancelamentos. As emissões diretas da DPMFi totalizaram R$ 337,3 milhões. Em relação à composição da DPMFi, o maior destaque foi a queda da participação dos títulos remunerados pela Selic em 0,54p.p., devido ao resgate líquido de LFT no valor de R$ 1,8 milhão. O custo médio da DPMFi em poder do público decresceu de 21,97% a.a. em maio para 16,6% em junho, devido, principalmente, à apreciação do câmbio, reduzindo o custo das NTN-D em 129,07p.p. Excluindo os cambiais, o custo médio passou de 17,13% a.a. em maio para 17,43 em junho, influenciado pelos índices de preços. 19 O prazo médio da DPMFi em poder do público em junho apresentou redução de 0,41p.p. em relação ao mês anterior. Isso é decorrente da emissão de LFT5 e LTN com prazos mais curtos refletindo expectativas de aumentos graduais na taxa de juro americana. Esse comportamento foi amenizado pela emissão de NTN-C com prazo de 152,69 meses, superior ao prazo médio de estoque desses títulos em maio (69,87 meses). O estoque da Dívida pública federal externa (DPFe), medido em moeda nacional, apresentou pequeno decréscimo de 0,7% no mês de junho. Os principais fatores que contribuíram para isso foram a valorização do real frente ao dólar (0,69 no mês), e a diminuição de 5% no estoque da dívida contratual, essa mantém relativa estabilidade no decorrer do semestre. Como vimos em relatório anterior isso é prejudicial visto que a dívida mobiliária ainda apresenta tendência crescente. O serviço da dívida externa referente a junho totalizou R$ 4,7 bilhões, dos quais R$ 3,8 bilhões referentes ao pagamento do principal e R$ 0,9 bilhão ao pagamento de juros e encargos. O prazo médio da dívida mobiliária externa sofreu um pequeno decréscimo passando de 6,28 anos em maio para 6,198 anos em junho. O custo médio tam bem teve pequeno decréscimo em relação a maio, para o qual houve alguma contribuição da emissão soberana do Global 2009, com cupom anual de juros flutuante, o que poderá ser de outro lado negativo no longo prazo visto que os juros futuros demonstram estarem maiores que os atuais. IV. Referências bibliográficas BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: http://www.bcb.gov.br. FARHI, Maryse. “As repercussões da volatilidade financeira”. Política econômica em foco, n 1. São Paulo.maio/agosto de 2003. FGV Disponível em: http://www.fgv.br 5 A título de esclarecimento as LFTs são títulos cujos rendimentos estão vinculados à Selic, as LTNs são títulos prefixados e as NTNs possuem rendimentos vinculados a índices de preço com a exceção da NTN-D que é vinculada ao câmbio. 20 Folha de São Paulo, várias edições, 2004 GLOBAL INVESTE. Disponível em: http://www.globalinvest.com.br.. IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. Valor Econômico, várias edições, 2004