Rendas aumentam 0,5% no próximo ano
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Rendas aumentam 0,5% no próximo ano
#OS MAIS PODEROSOS 2016 #21 #22 Um poder mediático e político que chega à mesa do Bilderberg. Uma influência perene que toca a política, a economia e até a cultura. PRIMEIRA LINHA 4 a 11 Quinta-feira, 11 de Agosto de 2016 | Diário | Ano XV | N.º 3312 | € 1.90 Director Raul Vaz | Subdirectores André Veríssimo | Celso Filipe | Tiago Freire Publicidade Rendas aumentam 0,5% no próximo ano Os números da inflação ditam maior subida em três anos. ECONOMIA 19 CGD perdeu 1,4 mil milhões em depósitos Arranque da Liga Sporting tem o plantel mais valioso ENTREVISTA ARTUR SOARES DIAS Acumulação de cargos de Domingues revista em 2017 Jornal A Bola à venda PRIMEIRA LINHA 12 a 15 e ÚLTIMA Filipe Farinha/Correio da Manhã “Os árbitros são mais competentes que os jogadores” António Domingues vai pegar no banco com 205 milhões de prejuízos no primeiro semestre. EMPRESAS 22 e 23 2 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | HOME PAGE EDITORIAL ACÇÃO DO DIA SDC afunda após protecção contra credores da Soares da Costa TIAGO FREIRE Subdirector [email protected] ACÇÕES CHEGAM A CAIR 14% Evolução das acções em euros A culpa é nossa O s últimos dias têm sido particularmente violentosnoquetocaaonossoritualanualdeincêndios florestais. Àcomoção natural da população juntam-sepromessasde“agoraéqueé”dopoderpolítico e a tentativa de perceber se isto é mesmo inevitável(saliente-seobomtrabalhoanalíticofeitopelacomunicação social). Para, quando as condições atmosféricas voltaremaprepararo seucocktail mortífero, voltartudo ao início. O problema dos incêndios está estudado, cá como em muitos outros países, pelo que é difícil aceitar asuainevitabilidade. Averdadeéque,tendonóscondiçõesnaturaispropensasaestas calamidades,asautoridadestêmaobrigaçãodefazermuitomais emelhordoqueatéaqui.Hálegislaçãoquenãoéaplicada;háuma desproporçãodosmeiosatribuídosàrespostaaosfogosfaceaos meios de prevenção; há planos de acção feitos sem uma avaliaçãoactualizadaepublicitada;háumPortugalquearde,homens emulheresnoterrenoarriscandoeperdendoasuavidapelosoutros e pelasuapropriedade. Nãovouengrossarasfileirasdaquelesque,derepente,setornaramespecialistasemfogos.Mashácoisasquesãodomaiselementarbomsenso.Emprimeirolugar,estãototalmenteidentificadasaszonasmaispropensasagrandesfogos;aomesmotempo,aprevisãometeorológicaajuda-nosaprever,comantecedência suficiente, os períodos mais perigosos em termos de condiçõesdevento,humidade,etc.Nãoseriademobilizar,nessascircunstâncias, meios de patrulha substancialmente reforçados, papel que os militares já chegaram a desempenhar, aparentemente comsucesso? Depoisháavelhaquestãodalimpezadasmatas.Éóbvioque o Estado não tem moral para mandar ninguém fazer o que ele também devia fazer e não faz. Mas isto resolve-se com uma fiscalizaçãoimplacáveleindependente,quepresenteietambémas entidades públicas com a coima devida. Passado pouco tempo, creio que veríamos diferenças. Porúltimo,éprecisocruzaroplanodedefesadaflorestacom umaverdadeirapolíticade gestão territorial, tirando partido da atençãoqueoGovernoanunciouqueiriadaràquestãodadesertificação do interior. E, acima de tudo, é preciso nós, os cidadãos, sermos consequentes com o estado de comoção em que, nestes dias, nos encontramos.Porquenós,tambémnós,passamos10mesesdoano sem pensar nos incêndios, sem procurar ou sem exigir saber o que está a ser feito. Basta pensar: quando foi a última vez que, numa campanha eleitoral, vimos algum partido avançar medidasconcretassobreestaquestão?Quandoéqueumcompromisso político nestamatériapesou no sentido de voto? Idas as chamas, esfriadaaemoção, esquecemos. O que é humano, mas tem custos. O Estado tem responsabilidades, sim. Mas a exigência, consequente, temde sernossa. Ouentão aceitemos aculpa. I Fonte: Bloomberg. As acções da SDC Investimentos, dona de 33,3% da Soares da Costa, completaram a segunda sessão de fortes quedas. Fecharam a descer 10,71% para os 0,025 euros, depois de terem chegado a afundar 14,29%. A queda das acções da SDC surge depois de ter sido revelado que a Soares da Costa apresentou, na terça-feira, um pedido para entrar em Processo Especial de Revitalização (PER). I -10,7% Variação este ano: -21,88% Valor em bolsa: Quatro milhões de euros LINHAS CRUZADAS Donald Trump brinca com o fogo. Ou com as armas “As pessoas estão a brincar com o fogo e não há maior lança-chamas do que Donald Trump. Esqueçam a política; ele é um ser humano nojento.” “Trump disse que procura pagar o mínimo de impostos possíveis dentro da lei. É o seu direito, claro.” JEFFREY TOOBIN THOMAS L. FRIEDMAN D onaldTrumpgostadechocar.Porquefrasesincendiáriasdãominutosnastelevisõesejornais. EeleprecisadissoparaseafirmarfaceaHillary Clinton. Asuaúltimadeclaração pirómanafoi dizer que Hillary quer acabar com a Segunda Emenda(quepermiteousodearmasnosEUA) e nadase pode fazer contraisso, porque os juízesestarãocomela.Mas,depois,deixouasugestão sibilina: “Mas talvez as pessoas daSegunda Emendapossamfazer.”Nasentrelinhasmuitos leram uma sugestão para que os apoiantes do uso de armas as usassem. Os apoiantes de Trump negam. Mas Thomas L. Friedman, no NewYorkTimes,nãocontémaindignação:“E, senhoras e senhores, foi assim que o primeiroministro israelitaYitzakRabinfoiassassinado. Os seus opositores de extrema-direitadeslegitimaram-no como ‘traidor’ e ‘nazi’ por querer fazerapazcomospalestinianosedar-lhespartedaterradeIsrael.Claro,valetudonapolítica, certo?(…)Aspessoasestãoabrincarcomofogo “Os principais partidos da esquerda e da direita falharam a forma de dizer a verdade sobre o que podem fazer, o que querem fazer e o que devem fazer.” STEVE RICHARDS e não há maior lança-chamas do que Donald Trump.Esqueçamapolítica;eleéumserhumano nojento.” NaNewYorker,JeffreyToobinfaladeoutra coisa:Trumpcontinuasemdeclararosseusrendimentos. E escreve: “Trump disse que procura pagaro mínimo de impostos possível dentro da lei.Éoseudireito,claro.(…)Aquestãonãoéoque oquealeirequer,masoqueapolíticaexige.Nesteenoutroscampos,Trumptemdesafiadoatradição eleitoral paraPresidente guardando o valordosseusrendimentosparaele.”Acríticanão poderiasermais clara. Isso atira-nos parauma outrareflexão,comofazSteveRichards,noGuardian:quepolíticaéestaemquevivemos?Eleresponde:“Nonovoetraumatizadoeconstritocontexto daeconomiaglobal, os principais partidos daesquerdaedadireitafalharamcalamitosamenteaformadedizeraverdadesobreoquepodem fazer,oquequeremfazereoquedevemfazer.” I FERNANDO SOBRAL QUINTA-FEIRA G | HOME PAGE | 3 André Veríssimo [email protected] “Different Levels” osto de voltar a falar da União Europeia (UE) quando atravessa uma crise que é conhecidade todos. Sabemos que hárazões próprias ligadas com a história dos conflitos nos Balcãs e comahistóriados diferentes povos que estão na base de cadaumdosEstadosparajustificardiferenças. Mas, quem circule pela Bósnia-Herzegovina,pelaEslovénia,pelaCroácia e pelo Montenegro distingue logo quais são os países que pertencem à União Europeia. Para já, os que pertencem à UE ostentam, por vários lados e logonassuasfronteiras,abandeiradoseu paíseadaprópriaUnião.Eaquiloquese senteàpartidaémuitomaiorsegurança, o sentimento de fazerparte de umespaçocomum,protegidoaomaisaltonívele que se preocupa com os direitos fundamentais. Todo o ambiente que se respira é muito diferente. E é logo diferente nesse pequeno grande pormenor das fronteiras. Estar parado horas em fron- 11 AGO 2016 ELEVADOR RATING DA REPÚBLICA PEDRO SANTANA LOPES Advogado | teiras,paranós,cidadãosdaUniãoEuropeia, é algo que pertence a outro tempo de memórias jámuito distantes. Repito: éumpequenograndedetalhe,maséuma sensação muito forte daperdade umdireito e de umaliberdade. Mas, alémdas fronteiras, como aqui existem para a Bósnia-Herzegovina ou para o Montenegro, salta à vista de todos, principalmente, a questão do desenvolvimento.Porqueopontoémuito simples:sítioscominteresseturísticohá muitos e variados, o Montenegro tem-nos e aBósniatambémos tem, só que a diferença é que não têm dinheiro que chegueparafazerasinfraestruturaseos equipamentosquepotenciemascaraterísticas naturais de cadaregião. Podemosfazermuitascríticasaoque se tem passado nos últimos anos com o projeto político da UE e até às consequências das orientações económicas e financeiras vigentes naZonaEuro. Não falo aqui na questão económica, embora ela seja muito importante, mas pertenceràUEédefactoumluxofaceaoutras regiões do mundo e até a algumas regiões daprópriaEuropa. Nestesmilharesdequilómetrosque tenho feito, nestas semanas, tenho encontrado gente de todo o lado, de todas as idades e principalmente juventude, parasaberemexatamenteemquemundovivem.Conhecerestasdiferenças,podercomparar, é muito importante para decidirbem. Só um aspeto concreto para exemplificaraquilo que pode sercomparado. ACroácia tem cidades com magníficos centros históricos e comforte apelo turístico, mas o modo como estão organizados esses mesmos centros e o respetivo aproveitamento paraos tempos de hoje,comparadocomoquesepassanos centros oubairros históricos das nossas cidades, merece análise e ponderação. É porisso também, só atítulo de exemplo, que as opções que foram feitas em 2002,2003e2004defecharbairroshistóricosdeLisboaaotrânsitonãopodem serafrouxadascomo,porvezes,vejonas minhas caminhadas. Porque só assim esses mesmos centros e bairros podem serverdadeiramentepotenciadosaonível das expetativas de quemnos visitae detodosnós,portugueses.Eistofez-me lembrar um quadro que tenho em minha casa, que comprei precisamente nessa altura durante uma viagem à Estónia. É de um pintor chamado Navitrolla e o quadro chama-se “Different Levels”, que retrata girafas de diferentes alturas acomerem as suas refeições nas folhas das árvores. Avida é mesmo assim, porque como o povo costumadizer, colhe-se aquilo que se semeia. I CRISTINA CASALINHO São 3,8 mil milhões até Agosto. Nunca os portugueses tinhamconfiadotantaspoupanças ao Estado em apenas oito meses.MéritodoTesouroeda AgênciadeGestãodaTesourariae daDívidaPública, lideradaporCristinaCasalinho,que têmsabidoaproveitarosjuros muito baixos dos depósitos parareforçaropesodosinvestidoresdomésticos,oqueésalutar. O maiorcontributo tem sido dado pelas OTRV, uma ideia lançada ainda no tempo do anteriorGoverno. I Coluna semanal à quinta-feira Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico SA LUÍS AFONSO CONSTANÇA URBANO DE SOUSA A ministra da Administração Interna continua a desafinar. Jáopaísardiadelésalésquando decidiu interromper as férias e aparecer. E quando o fez ficou, em silêncio, ao lado do primeiro-ministro.Constança UrbanodeSousajátinhafalhadoanotanocasodosargelinos que invadiram apistado aeroporto de Lisboa, ao negar uma falhadesegurançaflagrante.As relaçõescomasforçaspoliciais têm sido pautadas por várias polémicas.Jáétempodeacertaro passo. I 4 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | #OS MAIS PODEROSOS 2016 PORQUE SOBE Artur Santos Silva continua a ter poder. É ouvido ao mais alto nível, em particular em São Bento, sobre todo o sistema financeiro. O BPI é apenas um dos temas, ainda que também no caso do banco a que preside seja uma pedra fundamental no desenho futuro accionista da instituição. O seu poder é vasto, acumulando também com o papel na Fundação Calouste Gulbenkian. A sua rede empresarial e política é grande. #22 Artur Santos Silva Artur Santos Silva, como presidente da Gulbenkian, trabalha num mundo onde a contemplação, a reflexão e a interrogação são a essência da vida. Como presidente do conselho de administração do BPI tem de concentrar-se em equações mais materiais como a relação de forças entre os accionistas e o destino da grande fonte de rendimentos, Angola. E, nesse aspecto, o último ano não foi fácil. E, por isso, Artur Santos Silva foi ficando. TABELA DE CRITÉRIOS Poder da fortuna Rede empresarial Influência política Influência mediática Perenidade BILHETE DE IDENTIDADE Cargo: Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian e presidente do conselho de administração do BPI G Naturalidade: Nasceu no Porto em 1941 G Formação: Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra G FERNANDO SOBRAL [email protected] RAUL VAZ [email protected] rturSantosSilvadesdobra-seentredoismundosque se cruzam, mas que parecemestranhamente paralelos. A Fundação Gulbenkiané umoásis culturalque temde preocupar-secomoseufinanciamento. JáoBPIéumterritóriodeescaramuças edeconflitosporsanar. No BPI, a guerrilha entre o CaixaBank(apostado em controlarde vez o banco português) e Isabel dos Santos (detentora de um poder vasto de bloqueioaessainiciativa)aindanãoterminou, apesarde muitas reuniões parase fumaro cachimbo onde surgisse apaz. ArturSantos Silvateve de intervir, face àcadavez maiorcisão entre Fernando Ulrich e Isabel dos Santos. E porque, a meninados olhos de ouro do banco (a operação emAngola) estáemrisco devido às pressões das autoridades europeiasquedesejamqueosbancosportuguesesabdiquemdelas.Angola,nofundo,éofactordedivisãoenemareconhecidacapacidade diplomáticade Santos A Silvatemsido capaz de dirimiros interesses dos contendores de formaaque se chegue aumacordo. EmMarço desteanoatéafirmou,sobreaquestãodareduçãodaexposiçãoaAngola,anecessidadede“umamelhorclarificação”daposiçãodasautoridadeseuropeias.Porque, acrescentava,“obalançoeadimensão” do CaixaBank, no caso de sucesso da OPA(ofertapúblicade aquisição), permitiriamacomodarosriscosdeAngola. SantosSilvajádissequepretendeficarnoBPIaté“passaromautempo”.De restoasuaopiniãosobreosreguladores nãoéamaispositiva,passadosestesanos apósacriseiniciadaem2008.AoNegócioschegouadizerque“osproblemasvisíveis apartirdacrise do ‘subprime’ de 2007sãooresultadodaincapacidadedo reguladordeidentificarmágestãoegestãodolosa”,referindo-se,éclaro,aoBanco de Portugal. Sobre o Banifchegou a dizerque:“Quandohábancosemsituação muito difícil, nacionalizam-se, fazem-seaumentosdecapital,limpa-seo bancoe,logoqueéoportuno,vende-se.” JásobreoNovoBanco,SantosSilvasempresemostroumaisreservado. MasofocodasuapresençanoBPIé hoje a resolução do diferendo CaixaBank/Isabel dos Santos. Enquanto vai dirigindoaGulbenkian,umdoscentros nevrálgicosdaofertaculturalemPortugal.QuandochegouàpresidênciadaGulbenkianmuitosconsideraramqueerao homem certo no lugar certo. Porque, apesardaligaçãodeoutroraaosectorfinanceiro, sempre revelaraumapaixão profunda pela cultura. Percebendo e mostrando que elas são compatíveis. Tudotemquevercomamemória:Artur SantosSilvaéoactualherdeirodavisão deumhomemdenegóciosarménioque seapaixonouporPortugal,CalousteGulbenkian.Esucedeaoutronomequecruzouintermitentementeosuniversosda finançaedacultura,RuiVilar. Ao mesmo tempo não renegoualigaçãopreferencialaouniversofinanceiro:continuaaseropresidentedoconselhodeadministraçãodoBPI,bancoque, depois dareformulação accionistae do Continua na página 6 QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 5 Miguel Baltazar 6 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | Miguel Baltazar #OS MAIS PODEROSOS 2016 #22 Artur Santos Silva Continuação da página 4 ajustamento económico e financeiro, poderáestarmotivadoparaoutrosvoos. NatomadadepossecomopresidentedaGulbenkianjátinhasidomuitoclaro:“Devidoaoperíododifícilparaosistemafinanceiro e parao país”, amanutenção do seu cargo no BPI tinhasido umacondição essencial paraaceitaro convite paradirigiraGulbenkian que, duranteanos,foioverdadeiroMinistériodaCulturaemPortugal.Edepoisporqueétotalmenteprivada,comumorçamento anualque rondaos 100 milhões de euros. O que mostrao seupoderem Portugaleaimportânciaqueoseupresidentetem.Especialmenteseestátambém ligado a um dos maiores bancos portugueses e aumaempresacom conhecidosactivosnaáreadopetróleo.Por isso ArturSantos Silvanão deixa, ciclicamente,dedarasuaopiniãosobreasociedade,omundopolíticoeeconómico. Artur Santos Silva sempre esteve com um pé na política. Homem livre, preferiuosbastidores,depoisdetersaído do PPD, que ajudou a fundar. Um pouco desiludido com apolítica, dedicou-seaomundodabanca.Noiníciodos anos80,quandoapoeirarevolucionária aindanãocaíracompletamente,eraimpossívelfazerumbancoprivadoemPortugal.Sóhaviaumahipótese:criaruma sociedadedeinvestimentos.Foiissoque, aos 40 anos, Santos Silvaconcretizou: em1981torna-sepresidentedaSociedade Portuguesade Investimentos. QuatroanosdepoisaSPItransforma-seem BPI,oprimeirobancoprivadoasercriado depois do 25 de Abril. Torna-se um pilardo novo sistemafinanceiro e económico português. O desafio da Gulbenkiansurgiuquando aestabilização pareciagarantida.Masagoraháumfogo queénecessáriocombater.ESantosSilvaláestá,nalinhadafrente,paraajudar oseuamigoFernandoUlrich. I INIMIGOS Isabel dos Santos A OPA do CaixaBank afastou-os. E o chumbo da continuidade de Ulrich à frente do BPI colocou-os em campos opostos. Mário Leite da Silva O braço-direito de Isabel dos Santos em Portugal tem-se revelado um adversário muito difícil e assertivo. Edgar Alves Ferreira O presidente do BPI não gostou da divulgação do que considera ser informação privilegiada do conselho para fora do órgão. “Os administradores devem guardar sigilo”, declarou Santos Silva. Ricardo Salgado A queda do antigo presidente do BES não os voltou a aproximar. Francisco Sá Carneiro O advogado é outro dos que sempre esteve ligado às actividades profissionais de Santos Silva. António Costa Ao contrário de Passos Coelho, o primeiro-ministro é alguém com quem tem fácil trato. Viu-se na felicitação de Costa a Santos Silva por causa da OPA. Marcelo Rebelo de Sousa É também um interlocutor para Santos Silva. Embora mais distante que Cavaco Silva. Diogo Lacerda Machado O amigo de António Costa foi chamado para ajudar na intermediação entre accionistas do BPI. Francisco Pinto Balsemão Uma amizade que cresceu no mundo da política e que se transferiu também para os negócios. Rui Vilar Substituiu-o à frente da Gulbenkian, mas a sua relação de amizade já vinha de antes. João Vieira de Castro O advogado portuense é um dos leais conselheiros de Santos Silva. Carlos da Câmara Pestana O líder do Itaú, hoje afastado do BPI, foi uma amizade que ficou para sempre. ALIADOS António Lobo Xavier A ligação do advogado a Santos Silva vem de há muitos anos. Teresa Patrício Gouveia Administradora da Gulbenkian sempre teve uma ligação muito forte ao banqueiro. AMIGOS Fernando Ulrich A lealdade entre ele e Santos Silva é total. Como se viu na guerra à volta da OPA do CaixaBank. Mário Soares Uma das ligações mais fortes e antigas de Santos Silva no mundo da política e da cultura. Belmiro de Azevedo Outra das grandes ligações empresariais que evoluíram para uma amizade pessoal. QUINTA-FEIRA “ # É bastante inadequado que o banco seja forçado, pelas condições em que o é, a alienar ou a reduzir esta participação de forma significativa num banco que é exemplar em Angola e que é o Banco Fomento de Angola. ARTUR SANTOS SILVA Em Março de 2016 Eu sou um grande defensor do fim dos ‘offshore’, porque escondem muita coisa que não deve ser escondida. Em Abril de 2016 Era preferível que o problema do Banif tivesse sido resolvido com tempo. “ Em Março de 2016 O Negócios faz todos os anos, desde 2010, o retrato do poder económico em Portugal. Em 2016, será já a sétima edição. A lista elaborada pelo Negócios obedece a cinco critérios que são contabilizados todos os anos. CRITÉRIOS São cinco os critérios usados para ir do menos para o mais poderoso. O “poder da fortuna” avalia a riqueza levando em conta também as dívidas. “O poder financeiro e empresarial” olha para a força que tem nas empresas como accionista ou como gestor. “A influência política” mede o poder de construir ou destruir negócios ou influenciar políticas. “A influência mediática” que olha para o poder de condicionar a agenda mediática. Finalmente o quinto critério, “perenidade” pondera a estabilidade desse poder, se é conjuntural ou não. Para cada um dos critérios é atribuída uma classificação de 1 a 5, apurando-se pela sua soma ponderada o lugar no “ranking”. CALENDÁRIO O Negócios tem estado a revelar a lista dos Poderosos 2016 por ordem decrescente. Começou a contagem no passado dia 22 de Julho. E vai revelando até ao “top 10” os nomes dos poderosos da lista do Negócios. Serão conhecidos dois poderosos por dia. Quando chegarmos ao “top 10”, os poderosos serão conhecidos um a um até chegarmos ao mais poderoso no início de Setembro. | 11 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 7 O ELEVADOR DO PODER A banca continua a ser lugar de poderes e ex-poderes. É também em alguns casos lugar de falsos poderosos. Muitos dos falsos poderosos que passaram ao longo dos anos neste elevador tinham um elo comum – estavam de alguma forma ligados à Caixa Geral de Depósitos. PRÓXIMO PODEROSO TEIXEIRA DOS SANTOS Já foi poderoso, quando ocupava o gabinete das Finanças. Deixou a lista, mas poderá voltar a ela, em função do papel que desempenhe no sistema financeiro. Fernando Teixeira dos Santos é o novo presidente do Banco BIC, sucedendo a Mira Amaral, um banco com ligações angolanas. Através dele pode garantir um lugar neste “ranking”. EX-PODEROSO MIRA AMARAL Nunca esteve, verdadeiramente, na lista dos Mais Poderosos. Mas acaba por espalhar, parcialmente, o seu poder enquanto presidente do BIC, com ligações ao poder angolano. O facto de não se calar e dizer o que pensa qualquer que seja o governo em funções dá-lhe o poder mediático, mas perdeu influência política e até rede empresarial. FALSO PODEROSO LEONOR BELEZA É a presidente da Fundação Champalimaud e vai ser administradora não executiva da Caixa Geral de Depósitos. Mas o seu poder é limitado, apesar de parecer maior do que na realidade é, não obstante o peso que a Fundação que resultou da herança do empresário Champalimaud ganhou nos últimos anos. 8 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | #OS MAIS PODEROSOS 2016 PORQUE DESCE É umadescidaligeira, motivadapelasubidade outros Poderosos. Francisco Pinto Balsemão deixou há alguns anos de terfunções executivas na sua Impresa, mas agora é o filho Francisco Pedro que garante a liderança. Este ano, Pinto Balsemão, essencialmente, manteve o seu poder, quer de influência política, quer de influência mediática. É ouvido em todos os meandros, e isso mostra poder. Mas este ano optou por ceder a representação nacional no elitista clube Bilderberg. #21 Francisco Pinto Balsemão Em 2012 anunciou que iria meter os papéis para receber a reforma da Segurança Social. Mas não ia “desistir” da Impresa. “Não pensem que deixarei de exercer, diariamente e com a mesma paixão, as minhas funções de presidente do Grupo Impresa.” Disse-o em 2012. E até hoje mantém o cargo e a paixão diária. Todos os dias vai trabalhar, ou na sede, ou em Carnaxide, onde está a SIC, ou mesmo em Oeiras, onde está o resto do grupo. Mas foi ao filho Francisco Pedro que entregou, este ano, a gestão corrente. TABELA DE CRITÉRIOS Poder da fortuna Rede empresarial Influência política Influência mediática Perenidade BILHETE DE IDENTIDADE Cargo: Presidente do conselho de administração da Impresa Naturalidade: Nasceu em Lisboa em 1937 G Formação: Licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa G G ALEXANDRA MACHADO [email protected] RAUL VAZ [email protected] ãotemperdidomuitasbatalhas.Emesmosemfunções executivas de qualquer ordem continua a ser um poderoso deste país. Até agora conseguiu que o sinal abertodetelevisãonãotivessemaiscanais. Mais recentemente, e perante a inevitabilidade e apressão políticade haver mais ofertanatelevisão digital terrestre,garantiuqueoscanaisdaRTP quevãoparaaplataformagratuitanão tenhampublicidade. Mesmosemsernotado,Francisco Pinto Balsemão aindavai fazendo valerasuaposiçãoeoseupoder. Eé,porisso,umavozouvidasobre acomunicação social. Não olhando a meios na defesa da liberdade de imprensa. Não se coibiu, este ano, de escrevernumarevistadaconcorrência– Sábado – sobre adeterminação de um tribunaldeimpedirosórgãosdecomunicação social daCofina(que detém o Correio daManhã, aSábado, o Jornal de Negócios) de escreverem sobre a N OperaçãoMarquês,quetemnocentro dainvestigação o ex-primeiro-ministroJoséSócrates. “Uma democracia não sobrevive semliberdadedeexpressãoesemliberdade de imprensa”, escreveu narevistaSábado,numtextonoqualcitaThomas Jefferson: “Se tivesse de escolher entreumGovernosemimprensaeimprensasemGoverno,nãohesitariaem escolheroúltimo.” Balsemãojáestevenosdois.Foiprimeiro-ministro e fundador do PPD e fundouo Expresso e aSIC, órgãos que integram a Impresa, a “holding” que tem defendido com unhas e dentes e onde, este ano, optou por colocar aliderá-laofilhoFranciscoPedro,substituindo Pedro Norton, que não é dafamília.Foi,aliás,essasucessãoquelevou um antigo aliado – João Rendeiro – a voltaràcríticaaBalsemão.Nãofoiaprimeiravez, desde que o BPP – no qual Balsemão chegou asersócio – se desfez e o ex-banqueiro foi acusado. RendeirofalaemmonarquianaImpresa. JáFrancisco Pedro, um dos filhos de Balsemão, que estavajánaáreade recursoshumanosdaImpresa,falou– quandoassumiualiderança–dodesafio, dizendo que “esta nova etapa basear-se-ánocódigogenéticoquesempreguiouaImpresa:liberdade,liderançaeautonomia”. São os predicados que Francisco PintoBalsemãogostadedizerquepautaramasuavida.Primeironalutapolíticapelaliberdade,lutandoantesdo25 deAbrilcontraacensura.“Nalgunsaspectos fulcrais da minha vida, tenho conseguidoumapercentagemelevada decoerência.Umdeleséodadefesada liberdadeemtodasassuasvertentese, emespecial,adaliberdadedeinformar e de ser informado.” É essaliberdade queolevouaescrevernaSábado.Éessa liberdadequeotemlevado,nosúltimos tempos, a criticar os agregadores de conteúdos que, diz, aproveitam-se do queoutrosproduzemparafazeremdinheiro.ÉnestalutaqueBalsemãotem depositadoumapartedoseutempode Continua na página 10 QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 9 Pedro Elias 10 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | Bruno Simão #OS MAIS PODEROSOS 2016 #21 Francisco Pinto Balsemão Continuação da página 8 “reformado”. Uma luta contra alguns novos poderes de comunicação, com quem, no entanto, não se coíbe de fazeracordos comerciais. Dissoexemploéoacordofeitopela SIC como Netflix. Balsemão é, ele próprio, um adeptodasnovastecnologias.Continuaaleros jornais empapel, mas também consome informação no tabletepartilha-aquandoconsiderarelevante.Continuaatentoàstendênciasdojornalismoevai-seinformando, sempre, do que se passalá porfora. Aestratégiadigital daImpresateve o seu empenho. Mas é a televisão e o papel que lhe dão poder. E às quais é associado. “Continuo, aliás, aos sábados, prudentemente, atentarnão atendero telefone…”,confessounumdiscursono qualfaloudeliberdade. Francisco Pinto Balsemão fará a1 de Setembro 79 anos. Tem sido um lutador. Também com luta manteveoseugruponafamília,derrotandoatentativade“golpedeEstado” porparte daOngoing. Os resultados são outralutapelaqual a Impresatempassado.Noprimeiro semestre apresentou um lucro de 1,2milhões...masomercado,vai-se alertando, não estáfácil. Balsemão chegou asinalizar umasanhapersecutóriasobre os meios de comunicação. E lutacontraela. Afinal, a independênciaeconómicagarante independênciajornalística. “Para sobreviver e se revigorar, ademocracianecessitademeiosdecomunicaçãosocialforteselivres,comredacções profissionalizadas. Daminha parte não sei estar de outro modonacomunicaçãosocialelutarei até ao fim pelaliberdade de informareserinformado.” I INIMIGOS Rafael Mora Um dos rostos da Ongoing que não é indiferente a Balsemão. O presidente da Impresa lutou contra a tentativa da Ongoing de tomar o poder na Impresa. Nuno Vasconcellos Afilhado de Balsemão, o “patrão” da Impresa não lhe perdoa o que considerou ser uma traição, quando tentou tomar o controlo da Impresa. Jorge Silva Carvalho O processo em tribunal está perto do fim. Balsemão espera uma condenação do ex-espião que, quando esteve em funções no serviço de informações nacional, fez um relatório secreto sobre a sua vida privada. João Rendeiro Desde o fim do BPP, no qual Balsemão foi accionista, o ex-banqueiro não tem poupado a Impresa. E recentemente disse que a Impresa é uma monarquia, criticando a escolha de Francisco Pedro para líder. Álvaro Sobrinho O empresário angolano foi para tribunal pedir uma indemnização à Impresa por considerar que o Expresso o tinha difamado. Pediu 500 mil euros. Sobrinho perdeu o caso. Luís Nazaré É o presidente da plataforma dos media que faz a defesa da comunicação social a uma só voz, como Pinto Balsemão defendeu. António Parente Através da sociedade Madre tem quase 5% da Impresa. Está ligado ao grupo há muitos anos. Além de ser detentor da SP Televisão, produtora que tem garantido audiência à SIC com as suas novelas. Ricardo Costa Já este ano, e depois de o filho de Balsemão ter ascendido à liderança da Impresa, Ricardo Costa assumiu o cargo de director-geral de informação da Impresa, uma função de peso. Joaquim Emídio O jornal ribatejano O Mirante escolheu Balsemão para a primeira atribuição de Personalidade do Ano. Balsemão elogia este órgão regional, O Mirante, fundado em 1987. Pedro Passos Coelho Foi ao “patrão” da Impresa que cedeu o lugar (a que tinha direito como líder da oposição) no Conselho de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa, um Presidente que se tem aproximado de Balsemão. Miguel Veiga Partilham na história a fundação do PPD. Nem sempre estiveram de acordo, mas estiveram sempre ligados. Miguel Veiga faz parte do júri do Prémio Pessoa, atribuído pelo Expresso. Artur Santos Silva É uma ligação de anos de Pinto Balsemão. O BPI apoiou muito a Impresa e os negócios de Balsemão. E a Impresa até lhe deu o actual presidente executivo. Ulrich foi jornalista do Expresso. Vasco de Mello São amigos. Até escreveu o editorial da revista da José de Mello Saúde, em 2015, quando fez 70 anos da CUF. E disse de Vasco de Mello que “soube dar continuidade em tempos muito difíceis à obra do seu pai”. Mário Soares “Um grande e bom amigo” Foi assim que Balsemão se dirigiu a Mário Soares na recente homenagem feita ao ex-Presidente. Nem sempre concordando politicamente, mantêm encontros frequentes. Miguel Albuquerque O presidente do Governo regional da Madeira, do PSD, é amigo de Balsemão, partilham até acontecimentos sociais e são visita de casa. ALIADOS Durão Barroso Passou ao ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia a representação nacional de Bilderberg. Luís Filipe Castro Mendes O ministro da Cultura, que tem a tutela dos media, já garantiu que os dois canais da RTP que vão entrar na televisão digital terrestre não terão publicidade. Música para os ouvidos de Balsemão. AMIGOS José Manuel Galvão Teles Já é um habitual na galeria de amigos de Balsemão. É também neste advogado que confia os casos jurídicos que se vê envolvido, como o que o opôs à Ongoing. André Gonçalves Pereira Balsemão continua a ser um grande amigo daquele que foi seu ministro dos Negócios Estrangeiros. “Foi sempre uma relação entre iguais”, disse em tempos. Moram perto na Quinta da Marinha. QUINTA-FEIRA “ São também tempos de grande ruído e confusão, na net e nas redes sociais, que não pode, nunca, deixar-se confundir com a informação propriamente dita, produzida por jornalistas. CLASSIFICAÇÃO 2015 1.º 2.º Mário Draghi 2.º 3.º 4.º Alex. Soares dos Santos 5.º Pedro Queiroz Pereira 4.º 5.º 6.º Maria Luís Albuquerque 6.º 7.º José Eduardo dos Santos 7.º 8.º 8.º António Horta Osório 9.º Isabel dos Santos 10.º Patrick Drahi 9.º 10.º 11.º José Luís Arnaut 11.º 12.º António Vitorino 12.º 13º 13.º Carlos Alexandre 14.º Xi Jinping 15.º Américo Amorim 16.º Armando Pereira As empresas ditas clássicas ou tradicionais de comunicação social estão enfraquecidas (...) pela queda abissal do investimento publicitário (...) e pelo uso e abuso que os agregadores fazem dos nossos conteúdos. 16.º 17.º 18.º António Lobo Xavier 18.º 19.º Pinto Balsemão 19.º 20.º 20.º Paulo Fernandes 21.º Luís Marques Mendes DESCE 2 POSIÇÕES 22.º Miguel Relvas 21.º Francisco Pinto Balsemão 22.º Artur Santos Silva 23.º Artur Santos Silva 23.º António Lobo Xavier DESCE 5 POSIÇÕES 24.º Proença de Carvalho 24.º Daniel Proença de Carvalho 25.º José Eduardo dos Santos 25.º Carlos Costa 26.º Jorge Rosário Teixeira 27.º João Vieira de Almeida 28.º José Miguel Júdice 26.º Paulo Portas 27.º Lu Chun SOBE 1 POSIÇÃO MANTÉM DESCE 18 POSIÇÕES DESCE 9 POSIÇÕES NOVA ENTRADA 29.º Nuno Amado 28.º Diogo Lacerda Machado 29.º Carlos Costa 30.º Guo Guangchang 30.º Pedro Passos Coelho 31.º Manuel Vicente 31.º João Vieira de Almeida 32.º José Miguel Júdice DESCE 4 POSIÇÕES SOBE 14 POSIÇÕES DESCE 5 POSIÇÕES 32.º António Mexia 33.º Cavaco Silva NOVA ENTRADA DESCE 4 POSIÇÕES DESCE 27 POSIÇÕES DESCE 4 POSIÇÕES Dificultar ou enfraquecer as empresas é abrir caminho à perda da liberdade de imprensa. Mais do que isso: é um rude golpe na democracia. 34.ºVasco de Mello 33.º Fernando Ulrich 34.º Nuno Amado 35.º António Costa 35.º Paulo Azevedo SOBE 10 POSIÇÕES 36.º Carlos Silva 36.º Pedro Soares dos Santos 37.º António Vieira Monteiro SOBE 10 POSIÇÕES 38.º Carlos Silva 39.º Catarina Martins DESCE 2 POSIÇÕES FRANCISCO PINTO BALSEMÃO Presidente não executivo da Impresa 45.º Paulo Azevedo 37.º Álvaro Sobrinho 38.º Dionísio Pestana 39.º António Pires de Lima 40.º Humberto Pedrosa SOBE 7 POSIÇÕES NOVA ENTRADA 40.º António Domingues 41.º Francisco Louçã NOVA ENTRADA 41.º Sérgio Monteiro 42.º Belmiro de Azevedo 42.º Jerónimo de Sousa NOVA ENTRADA 43.º Luís Filipe Vieira 43.º António Mota 44.º Vasco de Mello 44.º António Vieira Monteiro 46.º Pedro Soares dos Santos 47.º Fernando Ulrich 48.º Isabel Vaz 45.º Dionísio Pestana 46.º Octávio Ribeiro 47.º | PRIMEIRA LINHA | 11 VEJA AMANHà 14.º 15.º 17.º Paulo Portas 11 AGO 2016 # CLASSIFICAÇÃO 2016 1.º Angela Merkel 3.º Pedro Passos Coelho | Jorge Mendes 49.º António Melo Pires 48.º Ricardo Costa 49.º Luís Filipe Vieira 50.º Miguel Almeida 50.º Joana Marques Vidal REENTRADA REENTRADA DESCE 10 POSIÇÕES DESCE 7 POSIÇÕES NOVA ENTRADA NOVA ENTRADA NOVA ENTRADA DESCE 6 POSIÇÕES NOVA ENTRADA A lista dos Poderosos segue amanhã com dois empresários. Um estrangeiro, outro português. Em comum pouco têm e até pouco se têm cruzado nas suas vidas empresariais. Um é um poderoso industrial e empresário dos media. O outro poderoso tem também interesse no sector das telecomunicações e na banca. Mas a sua principal atenção, agora, são os petróleos. Serão amanhã conhecidos os 20.º e o 19.º Mais Poderosos, depois de Artur Santos Silva e Francisco Pinto Balsemão terem assumido, respectivamente, a 22.ª e a 21.ª posições. “ 12 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | PRIMEIRA LINHA ARRANQUE DA LIGA DE FUTEBOL FUTEBOL Sporting tem o plantel mais valioso da liga O 11 mais valioso da liga portuguesa O Sporting é o clube que coloca mais elementos no 11 mais valioso da liga portuguesa, segundo os dados do site especializado Transfermarkt. Tem cinco jogadores. Benfica e FC Porto têm três futebolistas representados nesta selecção. A valorização de jogadores que conquistaram o Euro ajuda o Sporting a ter o plantel com maior valor de mercado em Portugal. A liga nacional é a sexta mais valiosa da Europa. RUI BARROSO [email protected] Slimani(22milhões),eoextremo portistaBrahimi(20milhões). Benfica e Porto longe de máximos liga está perto do apito inicial. E em valor de mercado do plantel o Sporting leva vantagemparaestatemporada. Vale 209,65 milhões de euros, segundo dados do Transfermarkt, que divulga estimativas sobre os valores dos jogadores. Desdefinalde2010,dataemque ositeespecializadodisponibiliza os primeiros dados, que o plantel do Sporting não tinha umaavaliação tão elevada. Uma das explicações para a liderançado Sportingnestalista é a valorização de alguns dos jogadores que conquistaram o Euro 2016. O trio do meio campodaequipadeJorgeJesus,está na lista dos cinco mais valiosos daligaportuguesa. WilliamCarvalhoeJoãoMário,quetêmsido cobiçadosneste defeso, são os que têm umamelhoravaliação, de 30 milhões de euros. JáAdrienSilvatemumvalordemercadode20milhões.No top cinco aindaestáoutro atleta daformaçãoverdeebranca,Islam A Aformação verde e brancaé aúnicadaligaemque o valorde mercado estimado supera actualmente afasquiade 200 milhões de euros. Os plantéis do Benficae do Porto estão equilibradosemtermosdevalor,com uma ligeira vantagem para a equipa da Luz. Os encarnados valem 193,15 milhões e os azuis ebrancos191,9milhõesdeeuros. O plantel do Benfica já chegou a estar avaliado em mais de 230milhõesdeeurosnoinícioda temporadade2013/2014,segundoosdadoshistóricosdoTransfermarkt,alturaemqueaindatinha craques como Nico Gaitán, Rodrigo, Garaye Markovic. Actualmenteajóiadacoroadaequi- O Benfica e o FC Porto têm plantéis avaliados em cerca de 190 milhões de euros. pa é Salvio, avaliado em 15 milhõesdeeuros.Mastemdesvalorizado,jáquechegouaseravaliado em22 milhões de euros. Jáoplanteldosazuisebrancos chegou a estar avaliado em maisde250milhõesdeeurosno início da temporada de 2012/2013, altura em que tinha nas suas fileiras estrelas como JamesRodríguez,JacksonMartínez e Fernando. Foradostrêsgrandesoplantel mais valioso é o do Sporting de Braga: 62,65 milhões de euros. Grande parte desse montante é alcançado à custa de apenas um jogador. Rafa Silva,extremoquetemsidodisputado por Benfica e Porto, estáavaliado em 15 milhões de euros. De referirque estes valores são apenas estimativas, sendo que o realvalor dos jogadores é feito pelo mercado. Algumas das estimativasdaTransfermarkt podem diferir do valorpeloqualospasses dos jogadores são vendidos. As estimativas sãofeitascombaseem dados sobre o desempenho , a experiência internacional e o potencial dos futebolistas e em opiniões de especialistas do mundo do futebol. I Sport Lisboa e Benfica Sporting Clube de Portugal Futebol Clube do Porto QUINTA-FEIRA Liga portuguesa é a sexta mais valiosa A liga portuguesa tem sido ao longo dos últimos anos um mercado abastecedorde talentos dos maiores campeonatos do Velho Continente. Apesar da ausência de músculo financeiro dos clubes portugueses e das sucessivas saídas de jogadores de qualidade, o valor de mercado da liga portuguesa é o sexto mais elevado da Europa. No total, os futebolistas dos 18 clubes da competição estão avaliados em 897,55 milhões de euros. Sem grande surpresa os mais valiosos estão em Inglaterra, com os plantéis que integram a Premier League a estarem avaliados num total de 4,84 mil milhões de euros, segundo o Transfermarkt. Segue-se Espanha (3,5 mil milhões de euros), Itália (2,62 mil milhões), Alemanha (2,43 mil milhões) e França (1,54 mil milhões). Portugal vem logo a seguir, tendo como principal concorrente a liga turca, em que os plantéis estão avaliados em 842,23 milhões de euros. Seguem-se Rússia, Holanda e Bélgica. As pérolas fora dos três grandes Os plantéis dos três grandes têm as maiores jóias da coroa da liga portuguesa e há apenas um “outsider” no top dez dos mais valiosos. Rafa, o extremo do Sporting de Braga, é o nono mais valioso do futebol português, com uma estimativa de 15 milhões de euros, segundo os dados do TransferMarkt. Além deste internacional português, há apenas mais um jogador fora dos três grandes a integrar o lote dos 50 mais valiosos. Trata-se de Hassan, o artilheiro dos bracarenses, que tem um valor de mercado de 4,5 milhões de euros, o 49º mais valioso do campeonato português. Excluindo futebolistas de Sporting, Benfica, FC Porto e Sporting de Braga, os mais valiosos são Salvador Agra, do Nacional da Madeira e que está actualmente a representar a selecção olímpica, e Miguel Rosa, do Belenenses. Estão avaliados, respectivamente, em três milhões e 2,75 milhões de euros. | 11 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 13 Altice “exporta” jogos das equipas portuguesas A dona da Meo comprou os direitos de transmissão do campeonato português para vários mercados. E vai ser a distribuidora exclusiva dos jogos do Benfica em França, Bélgica, Suíça, Luxemburgo e África Subsariana. A Alticecomprouosdireitosde transmissão dos jogos da liga portuguesa de futebol para alguns dos mercados onde está presente. Incluindo os jogos do Benficaem casa. AdonadaMeovaiemitirem directo entre duas a seis partidas porjornadadaLigaNos em directo nos canais franceses de desporto SFR Sport1 e SFR Sport2, estações que estão incluídasnospacotesdaoperadoraem França. EsteacordocomaSportTV, que detém os direitos de transmissão da Liga Nos à excepção dosjogosemcasadoBenfica,garante àAltice atransmissão exclusivados jogos do campeonato português em França, Bélgica, Suíçae Luxemburgo. O primeiro jogo que a dona daMeovai“exportar”seráoRio Ave-FCPorto,jánasexta-feira, data do pontapé de saída da nova época. O jogo Sporting – Marítimo, no sábado, também terátransmissão em directo na SFRSport2, canal que também vaitransmitirosjogosdaligainglesaem França. Mas as compras da Altice nestecamponãoficamporaqui. O grupo fundado por Patrick Drahi vai ser o distribuidor exclusivo da BTV em vários mercados onde está presente, nomeadamenteemFrança,Bélgica, Suíça, Luxemburgo e também naÁfricaSubsariana. Naprática, este acordo com a BTV, que agora é distribuída pelaNos,vaipermitirqueogrupotransmitaosjogosemcasado Benfica nos canais de desporto SFRnos referidos mercados. Osvaloresdosacordosentre a SFR, a Sport TV e a BTV não são conhecidos. O primeiro jogo dos ‘encarnados’ no estádio da Luz que a Altice vai transmitir será o embate contra o Setúbal, no dia 21 de Setembro, naSFRSport 1. Ointeressedogrupofrancês pelo futebol nacional começou nofinaldoanopassado,quando a dona do Meo começou a sondar vários clubes para comprar os direitos de transmissão dos jogos.Oprimeiroclubeafechar acordo com a Altice foi o FC Porto, seguindo-se depois o Boavista, Vitóriade Guimarães e o Rio Ave. Estes direitos terão de ser partilhados com as rivais, no âmbito do acordo assinado entre aMeo, aNos, aVodafone e a Cabovisão para a partilha de conteúdos desportivos. I SARA RIBEIRO O acordo prevê a transmissão de um máximo de seis jogos por jornada em directo. TOME NOTA Onde vão ser transmitidos os jogos? SPORT TV GARANTE MAIORIA DOS JOGOS JOGOS EM CASA DO BENFICA NA BTV LIGAS INTERNACIONAIS NA SPORT TV Apesar da guerra pelos conteúdos desportivos entre as operadoras de telecomunicações, este ano a Sport TV vai continuar a emitir quase a totalidade dos jogos do campeonato nacional. Como o canal anunciou recentemente, vai transmitir 289 partidas em directo, mais 84 do que na época anterior. De fora da lista da Sport TV ficam os jogos em casa do Benfica. A compra dos direitos televisivos dos jogos em casa do Benfica e da distribuição da BTV pela Nos gerou algumas incertezas em relação à transmissão das partidas na Luz. Só no final de Maio é que a operadora, que também é accionista da Sport TV, anunciou que ia manter a transmissão dos jogos em casa dos encarnados na BTV durante esta época. Ao contrário dos jogos em casa do Benfica, a Nos optou por encerrar a BTV2 e passar os jogos das ligas italianas e francesa para a Sport TV. Aliás, o canal de desporto “premium” aproveitou para lançar um novo pacote para a transmissão de jogos de ligas internacionais que vai incluir conteúdos das ligas inglesa, espanhola e ainda jogos da Champions e Liga Europa. 14 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | PRIMEIRA LINHA ARRANQUE DA LIGA DE FUTEBOL ARTUR SOARES DIAS ÁRBITRO DE FUTEBOL “Os árbitros são mais competentes que os jogadores” O melhor árbitro da época passada encara os erros “com naturalidade”, opõe-se à divulgação da avaliação de desempenho e avisa que a gestão das carreiras tem de ser “mais eficaz” para a arbitragem portuguesa voltar aos grandes palcos. ANTÓNIO LARGUESA [email protected] A rturSoares Dias acabouaLiga2015/2016 no topo daclassificação, após apitar quatro“clássicos”efinaldaTaça.Oexgestor admite que se apercebe de erros durante o jogo, valorizando aflexibilidadeparavoltaradecidir comamesmacapacidadeemocional com que entrou no relvado. Foi o melhor árbitro na última época. Onde esteve o segredo? Em qualquer função, quando atingimos o topo de uma classificação tem de ser forçosamente pelo trabalho. E, como é lógico, [depende] sempre [de] uma boa oportunidade parao mostrarmos e termos um bom desempenho. Antes do último Porto-Sporting avisou: “somos humanos, vamos errar”. Porque têm de fazer tanta prova dos erros? O erro faz parte do homem e encarocomnaturalidadealgumas decisõesmenosbemconseguidas. Os árbitros não têmpossibilidade de adiar uma decisão e têm de estar constantemente disponíveis para se adaptarem a circunstânciasdiferentes:sejaàchuva,aorelvado que ficamolhado, aumjogador que entra ou sai. Quando há umadecisãomenosbemconseguida,temosdenosremontarparatomar outras num curto espaço de tempoecomamesmacapacidade emocional com que entrámos no jogo.Estaflexibilidadeéessencial. Não há condicionamento para o resto do jogo? É um dos aspectos que trabalhamosnaperspectivaemocional. Osgestorespodemtomarumadecisão e depois fazer o “follow-up” para ajustá-la às realidades que surgem. Eunão tenho capacidade de ajustar nada. Tomo a decisão e estátomada.Mesmoquemeaperceba que não foi a melhor, tenho decontinuaraexercerafunçãona plenitudedasminhascapacidades epensar:“OK,nãovoufalharmais nenhuma”.Algumasvezesdápara nos apercebermos [do erro] pelas reacções naturais, quesãoas mais verdadeiras,doselementosdaminhaequipae até dos jogadores. Como avalia a qualidade dos árbitros portugueses? Não esteve nenhum no Euro 2016... Éumfacto,masfoiumconjunto de circunstâncias que não voltarãoaocorrer.Nãotemavercom a qualidade dos recursos humanos,seguramente.Osnossosárbitros são bons e estarão nas próximas grandes competições, como [estiveram]PedroProença,Olegário Benquerença, até Vítor PereiraouLucílioBaptista.Somosbons, já temos escola – embora possamosmaximizá-la–massouambicioso. Hásempre algo amelhorar. E que papel tem aía avaliação do desempenho? É levadaasério, é daí que sai o ranking dos árbitros. As carreiras deviam ser trabalhadas de forma maiseficazparatermosportugueses em todos os Europeus e Mundiais. Aavaliação de desempenho deviasertratadacommaiorcuidadoedetalheporquevaidarorigem aumagestãodecarreirase,porsua vez, o acesso aos grandes palcos. Não vê vantagens em torná-la pública, como defende a FPF? A arbitragem está envolvida num espectáculo que é público e envolve milhões de pessoas. Não obstante, o mais relevante é que a avaliação de desempenho diz respeito ao avaliador e avaliado. Não vejorazãoparapublicitar[anota]. Por que carga de água querem saber se fui ou não bem avaliado? O processo tem o objectivo claro da melhoriadodesempenhonumfuturoexercício.Orestoécuriosidade mórbidade saber se foi penalizado ou se foi bem analisado. Mas os clubes também estiverem envolvidos nesse desempenho que está a ser avaliado. Acomunicação deve ser aberta–envolvendojogadores,treina- “Erro do árbitro é maximizado. Esta indústria seria melhor se cada um se preocupasse em melhorar a taxa de eficiência.” “Por que carga de água querem saber se fui bem avaliado?” dores, árbitros, comunicação social –, mas até ao ponto em que é relevanteparaoprocesso.Osjogadores tambémtêmumaavaliação que não é pública, mas acaba por sernotadaaoseremounãoconvocados [para o jogo seguinte]. Neste caso, o facto de terapitado quatro clássicos significaque, àpartida, as actuações foram boas porque deram origem às seguintes. Em 2015, na final da Taça, esteve um árbitro, Marco Ferreira, que desceu de divisão… Pois. [pausa] Aí é umaquestão pura e dura de recursos humanos e umagestão de desempenho que teráde seravaliada. A arbitragem não ajuda à turbulência nesta indústria? É turbulenta por causa de todosos“players”.Étudoumaquestão de mensurar. Há estudos que comparam a taxa de eficiência de jogadores e árbitros natomadade decisão. As pessoas ficariam admiradas por [verem que] os árbitros são mais competentes do que osprópriosjogadores.Odeixarjogar, assinalar lançamento ou falta, exibircartão amarelo, são tudo decisões num jogo. Contabilizadasemrelaçãoàsduasoutrêsmenos boas, apercentagem[de erro] é reduzida. Se uma equipa chuta seis vezes à baliza e não marca golo,aeficiêncianãodevesermuito boa. É sempre mais maximizado o erro [do árbitro] para esconder outros. … Nãosevêemárbitrosaalimentar polémicas, a apontar defeitos ouerrosoufalhasdasequipas,mas o inverso vê-se muito. Se cadaum sepreocupasseemmelhorarasua taxa de eficiência, seguramente iríamosterumaindústriamelhor. Por que resistem à tecnologia? Detodo.Osárbitrostêmadoptadoalgumas.Hábandeiras“bip”, equipamento áudio, agorao sistemaparasaberseabolaentranabaliza, relógios comlocalização GPS parasaberseéomelhorlocalpara decidirfaceàsuacapacidadeanaeróbicae aeróbica. Não vejo outros “players”comtantaaberturapara melhorar,defacto,adecisão.Ovídeo-árbitro?Podeajudar,masnão está ali a solução para os problemastodos.Sefalharmosumpénaltiporjogojáémuitíssimo.Maspor quesefocanesselance,muitasvezesatédiscutível,enãonovolume degolosfalhadospelasequipas? I QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | PRIMEIRA LINHA | 15 Paulo Duarte “Dá para nos apercebermos de erros pelas reacções naturais dos jogadores, que são as mais verdadeiras.” “Sou acompanhado por um psicólogo para trabalhar toda a área emocional.” Liderar e decidir: as lições da arbitragem à gestão de empresas PERFIL Gestor apaixonou-se na Luz Artur Soares Dias, 37 anos, é natural de Massarelos, no Porto. Licenciado em Gestão de Recursos Humanos no ISLA e com MBA na Lusíada, iniciou a carreira na fábrica da Faurecia, em São João da Madeira, tendo depois chefiado os RH da antiga Portucel (actual Europac), em Viana do Castelo. Antes de se tornar profissional da arbitragem, em 2012, trabalhava na multinacional de telecomunicações Transcom. Filho do antigo árbitro Manuel Soares Dias, decidiu seguir-lhe as pisadas quando, aos 16 anos, o acompanhou num jogo que apitou naLuz e ficou cativado com “a moldura humana e emoções que existem num estádio”. No ano seguinte ignorou os conselhos do pai, que se retirou nesse ano (1996), e começou a arbitrar. Aproveita os tempos livres para estar com a família – tem dois filhos – e viajar. O último destino de férias foi Tailândia. Artur Soares Dias considera que a arbitragem pode “ensinarmuito” àgestão de empresas,apontandoaliderançados recursos humanos – sobretudo a mediação de conflitos – e acapacidade de tomadade decisão como as áreas mais relevantesnocampodefutebolou no gabinete daadministração. “Emborasejambonstecnicamenteetenhampreparação académica, alguns gestores têm uma fraca componente pessoal,nagestãodaspessoas. Enós,duranteojogo,temosde gerir a nossa equipa mas também outros 22, para que cheguem ao final dos 90 minutos ajogaràbolade formacorrecta– e de preferênciasem [cartões] amarelos e expulsões”, apontao árbitro portuense. Acapacidade de decisão (e o “timing” em que é tomada) é outro aspecto frisado porSoaresDias,quequestiona“quantasvezesalgumasdecisõespecamportardiasporquenãohá coragem nem capacidade de decisão”. E se numa empresa, por regra, o executivo dispõe dealgumatranquilidade,num estádio decide-se quase sempresobpressão.“Fazemostrabalhoespecíficoparaestarmos concentrados, atentos e nive- lados paratomaramelhordecisão, independentemente do ruído àvolta”, acrescenta. Profissionaldaarbitragem desde2012,SoaresDiasfezantes carreiranadirecção de Recursos Humanos, com passagenspelaFaurecia,pelaactual Europac Viana – onde liderou 310 trabalhadores e tinha um orçamento de 11,6 milhões de euros – e pelaTranscom. Trocou o fato e agravatapelaroupa mais desportiva, mas mantiveram-se os desafios daliderançadeequipas(sóasuapode chegar às seis pessoas), da delegaçãoderesponsabilidadese dagestãodeconflitos,ansiedades, tensões e pressões. Acomponentefísica,ainstrução técnica e a preparação mental são “as bases” de um bomárbitrodefutebol.Etodos têmváriosprofissionaisqueos acompanham. Desde o preparadorfísicoetécnico,aonutricionistaeatéaumpsicólogo.O de Soares Dias segue-o desde quesubiuàprimeiracategoria e é com ele que “trabalha toda a área emocional e comportamental”. “Somos medidos por detalheseessesdetalheséque vãofazeradiferençaduranteo jogo”, adverte. I ANTÓNIO LARGUESA ARBITRAGEM Falta de mística e prestação de contas Emborao respeito sejaigual portodos os jogadores, os jogos “grandes” exigem preparação distinta. Forade campo, o árbitro aponta o muito caminho para fazer ao nível da comunicação e da uniformização dos critérios. “PREPARAÇÃO DIFERENTE” NOS GRANDES JOGOS Embora diga que “os jogos são todos iguais”, Artur Soares Dias não esconde que “os factores externos que rodeiam um clássico não são os mesmos de um jogo da segunda liga”. O árbitro que na última época apitou quatros jogos entre os grandes – “quero o quinto, quero o sexto”, ambiciona –, diz que estas partidas obrigam a “uma preparação diferente”, dada a envolvente mediática e a pressão. E como é voltar na semana seguinte a um estádio mais pequeno? “Se tivemos a responsabilidade de actuar num clássico, a seguir temos a responsabilidade de fazer um trabalho igual ou melhor, pois esses jogadores também são importantes para nós”. COMUNICAÇÃO MAIS ABERTA E TRANSPARENTE O melhor árbitro português da actualidade defende que o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF “deve abrir a arbitragem de modo a que seja mais transparente”, o que pode significar uma comunicação mais aberta e periódica sobre a prestação dos árbitros. Soares Dias diz que “é tudo possível de ser equacionado” e que José Fontelas Gomes, que sucedeu a Vítor Pereira, “já mostrou que faz bons trabalhos nesta matéria”, estando “seguro que vai continuar a fazer”. MELHORAR A CULTURA E ESCOLA DE ARBITRAGEM A cultura corporativa na arbitragem portuguesa “devia ser mais trabalhada” e a chamada mística, que envolve os comportamentos que identificam determinado grupo, “fica aquém do que devia”. “Devíamos desenvolveruma escola de arbitragem, no sentido do modo de actuação, para que não fosse tão díspar. E para que os adeptos e a própria comunicação social conseguissem saber com o que podem contar”, acrescentou Artur Soares Dias. 16 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | ECONOMIA INCÊNDIOS Terrenos por limpar foram fatais no Funchal Não foram só as altas temperaturas associadas aos ventos fortes as responsáveis pela chegada das chamas ao centro do Funchal. A existência de muitos terrenos e edifícios abandonados e por limpar foram o combustível para o fogo que destruiu dezenas de casas. As chamas da Madeira vistas do espaço As densas colunas de fumo eram já um bom indicador da dimensão dos incêndios que assolam a Madeira. Mas as imagens captadas pelos satélites da NASA impressionam. São visíveis pelo menos quatro focos de incêndio diferentes: dois sobre o Funchal, outros dois na Calheta e na Ponta do Sol. As imagens foram captadas esta quarta-feira de manhã e também mostram a enorme quantidade de fumo que o vento levou para o oceano. Fotografia: NASA Worldview BRUNO SIMÕES [email protected] incêndio que destruiu vários imóveis no centro do Funchal,provocou trêsmortosedesalojou mais de mil pessoas surpreendeu toda a gente pela sua magnitude,masnosanosmaisrecentes não é a primeira vez que a cidade é assolada pelas chamas. Destavez, houve umaconjugação de factores climatéricos – temperaturas historicamente altas, bai- O xahumidade e ventos fortes – que provocaramapropagaçãodaschamas. Porém, o fogo só chegou ao centro do Funchal porque se foi alimentando de vários terrenos abandonados e de zonas de mato junto àcidade. É essa a convicção de Elísio Sousa, presidente da Associação Insular de Geografia. “Quase até ao centro do Funchal existem pequenas bolsas de terreno em que não existe construção”, explicaao Negócios. Nessas bolsas existem “terrenos agrícolas, encostas com mato, que até aos anos 1970 eram cultivadas, mas entretanto foram abandonadas”. Como o vento estava muito forte houve “faúlhas quecaíramnessazonaeaumenta- ram de formadramáticaadimensão do incêndio”. A magnitude do incêndio “é inédita, mas o fenómeno não é novo”efoipotenciadoporummodelo de “organização do território que é bastante disperso”, em que “terrenos agrícolas, zonas de florestaehabitaçõesexistememconjunto”. OgeógrafoRaimundoQuintal também responsabiliza o que designade“zonaspromíscuas”,onde existe “muitadensidade de populaçãoemuitomatoeárvorescomo eucaliptos e acácias”, nas zonas mais altas do Funchal. O incêndio começou às 15:30 de segunda-feira, na freguesia de São Roque, numa dessas zonas altas da cida- de.Naterça-feiraaofinaldodia,as chamas foram descendo e chegaram àcidade. “O fogo surgiu à cota de 500/600metrosdealtitude,onde há imensa vegetação seca e que já é muito perto dazonaemque vive imensa gente. Depois desenvolveu-sedevidoaosventosviolentos e àhumidade baixíssima. Pelo caminho,encontroumato”deterrenosabandonadosquenãosãolimpos pelas mais diversas razões, algumasdelasrisíveis.“Ouporqueo primo estáemigrado, ouporque o vizinho não quer limpar”, lamentaRaimundo Quintal. As faúlhas também encontraram “edifícios devolutos, alguns delespropriedadedoGovernoRe- gional, que estavam cheios de combustível” e que arderam. Jaime MartaSoares, presidentedaLigadosBombeirosPortugueses,dizquenaMadeira“existeuma faltadeplaneamentourbanísticoe de ordenamento florestal”, o que levaaqueexistam“pequenosespaços de terreno que não são limpos, que estão cheios de feno e de outra vegetação”queajudamauma“propagação louca” das chamas. Ao final do dia, persistiam no Funchal dois incêndios consideradoscomplicados,naszonasdasCarreiras e do Parque Ecológico, que mobilizavam170efectivosdediversas corporações. O incêndio naCalhetatambémlavrava,mobilizando meiacentenadebombeiros. I QUINTA-FEIRA Horas tensas na Ilha Foram horas aflitivas as que os habitantes do Funchal viveram na noite de terça e madrugada de quarta-feira. Segue um curto resumo. 08.08 - 15H30 TUDO COMEÇA EM SÃO ROQUE O incêndio deflagra na segunda-feira na freguesia de São Roque. 09.08 - 19H COSTA ANUNCIA FORÇA ESPECIAL Terça, ao final do dia, o primeiro-ministro anuncia, na sede da Autoridade Nacional da Proteção Civil, o envio de uma força de especial para combater os fogos na Madeira. A força especial junta bombeiros, GNR e INEM. 09.08 - 21H36 FOGO CHEGA À CIDADE O vento forte e as elevadas temperaturas fizeram com que o fogo que lavrava nas zonas altas do concelho do Funchal descesse até ao centro da cidade. Pouco depois há edifícios devolutos a arder. 09.08 - 22H45 PRESIDENTE DA MADEIRA ADMITE DIFICULDADES O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, admite que a situação é “complicada” devido às “múltiplas e variadas” frentes de fogo, que chegou à baixa da cidade. 09.08 - 23H30 NOVOS REFORÇOS ENVIADOS PARA FUNCHAL O gabinete de António Costa anuncia que mais duas equipas de combate aos incêndios partirão durante a madrugada para o Funchal, totalizando 110 elementos. 10.08 - 08H30 TRÊS MORTOS CONFIRMADOS Governo Regional da Madeira confirma a morte de três pessoas na sequência dos incêndios que deflagraram no concelho do Funchal. Uma pessoa estava desaparecida. 11 AGO 2016 | ECONOMIA | 17 Uma normalidade aparente para que o motor da ilha não pare Cinco mil bombeiros a combater as chamas O turismo é o motor económico. É preciso levar ao mundo a mensagem de que Madeira está a regressar ao habitual. Há esforço colectivo. Mas também turistas que não querem voltar. Ao final desta quarta-feira, eram quase cinco mil os bombeiros que estavamnoterrenoacombater172 incêndios em território continental, de acordo com dados daAutoridadeNacionaldeProtecçãoCivil (ANPC). Aestes juntavam-se aindamais de 200 bombeiros acombaterosincêndiosqueaindalavravam na ilha da Madeira, em especialno Funchale naCalheta. Namesmaaltura, e apenas no continente, eram 13 os incêndios queaANPCconsideravamaisgraves(caracterizadosdeocorrências importantes), que mobilizavam cerca de dois mil bombeiros, segundo a Lusa, nos distritos de Aveiro,Porto,Viseu,Leiria,Viana do Castelo e Braga. O incêndio no concelho de Águeda, no distrito de Aveiro, tinhaquatro frentes activas. No local, numazonaflorestal, estavam 332 operacionais, apoiados por 108meiosterrestresetrêsaéreos. DeacordocomaANPC,ofogo, que teve início na madrugada de segunda-feira,jáchegouaserconsiderado dominado. NoconcelhodeGondomar,no distrito do Porto, reacendeu-se um incêndio numa zona de mato queteveinícionasegunda-feiraàs 14:55. No combate às chamas estavam223elementos,64veículos e um meio aéreo. Em Viseu, contabilizava-se a reactivação de umfogo que deflagrou na segunda-feira, cerca das 11:15, num povoamento florestal, que tinha já mobilizado 125 operacionais, 33 viaturas e um meio aéreo. OincêndioemCastanheirade Pêra, no distrito de Leiria, contavacom216operacionais,69meios terrestresedoisaéreosnocombate às chamas, que lavravamnuma áreaflorestal. Jáo incêndio ruralque decorrianoconcelhodeArouca,nodistrito de Aveiro, estava a ser combatidopor180elementose57veículos. As chamas consumiam um povoamento florestal desde segunda-feira. I BS/LUSA JeanPalkaapanhouestaquarta-feira,10deAgosto,oaviãoda Transavia das 17:05 no Funchal. Regressou acasa. Menos de24horasantes,ofrancêsde 27 anos lidavacom as chamas quedevastaramohoteldecincoestrelasChoupanaHills. “Sembombeiros,sempolícia, sem ajuda, sem plano de evacuação. Tivemos de fugir daschamasporcontaprópria”, contaao Negócios pelo Twitter. O turistadiz terpassado a noitenosbancosdoaeroporto do Funchal e criticaafaltade meiosaéreosnocombateaoincêndio. “Não vamos voltar à Madeira.Vimoschamasdotamanho de edifícios. Achávamosqueíamosmorrer,asfixiadospelofumo”,recorda. É um relato que destoada posiçãotomadapelosectorturísticomadeirense.“Normalidade”(ouumregressogradual a isso) é a palavra que todos usamagora. O Governo regional asseguraque os turistas já voltaram às unidades de onde tinhamsido evacuados, sendo exemplooCastanheiroBoutique Hotel. Foram desaconselhadasasactividadesnaserrae encerrados, por precaução, o JardimBotânicoeoteleférico. “ÉseguroviajarparaaMadeira. Apesardas dificuldades tende para a normalização”, apontaBernardoTrindade,administrador do grupo Porto Bay.Oaindarepresentanteda AssociaçãodaHotelariaPortuguesanaregião deixaum apelo para que se divulgue uma imagemdaMadeiraavoltarao seuhabitual.Trindadelembra que os hotéis – mesmo com ocupaçõesacimados90%neste mês – se mostraram disponíveis parareceber hóspedes de unidades evacuadas e para “ Estamos a tomar todas as providências para garantir que estes incidentes não irão afectar a imagem da Madeira como destino turístico. LUÍS ARAÚJO “ CRONOLOGIA | Presidente do Turismo de Portugal disponibilizarlençóis,colchões eatéespaçosàpopulação.“TivemosdealojarpessoasemsalasdereuniõesdoPestanaCasino Park durante a noite de terça, jáque os hotéis Pestana estavam cheios e não havia qualquer outraalternativa. A situaçãoestánormalizada,porqueoaeroportoreabriuemuitos clientes jásaíram”, exemplificafonteoficialdestegrupo. A APAVT, que representa as agências de viagem, deixou oapeloparaqueosoperadores continuem “avender o destino” e descarta um cenário de cancelamento massivo de reservas. “AMadeiracontinuaa serumdestino que merece vi- sita”, posiciona a associação. Tambémo aeroporto do Funchal informou que aoperação está“normalizada”,depoisdos ventos fortes. ATAP retomou o tráfego para a ilha com três voos adicionais. AEasyjet diz quenãotersidoafectada. JuliaMorneweg,violinista, regressariaaoChoupanaHills esta quinta-feira. Na semana passadaesteve láalojada. “Estávamos no porto do Funchal. Asituaçãopioroudepoisdas18 horas,comumanuvemespessaaenvolveraárea”, contaao NegóciospeloTwitter,onderelataasua viagem.“Custaacreditarque muitos sítios que fotografei estão reduzidos acinzas”,lamenta.Abritânicaresolveu, porsi, o problemado alojamento.“Estouàesperaderetornoda[plataformadereservas] Expedia”, diz. Agestão do ChoupanaHillspedeaosclientesparacontactarosseusagentes de viagens, rumo ao reembolsadosdasreservascanceladas.Aindanãofoipossívelcalcularosprejuízos,masossegurosdohoteljáforamactivados. O Turismo de Portugal criou uma linha de apoio (211140200) para“melhorara informação aos turistas” – em complementoàajudadadanos hotéis–eprocurarum“regressoànormalidade”naMadeira. O presidente Luís Araújo promete que estão aser tomadas “todasasprovidênciasparagarantirqueestesincidentesnão irão afectar aimagem daMadeiracomo destino turístico”. Certoéqueasimagensdantescas correram o mundo, com destaque na BBC, The GuardianouAljazeera. No Twitter, o tópico #prayforportugal (criado devido aos incêndios) lideraos“tops”. I WILSON LEDO 18 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | ECONOMIA MERCADO DE TRABALHO Emprego dispara à boleia do turismo e da agricultura O número de postos de trabalho gerados na agricultura e na hotelaria e restauração representa mais de dois terços da criação de emprego. A taxa de desemprego caiu para o valor mais baixo desde 2011 e está abaixo da meta anual do Governo. Bruno Simão DESEMPREGO CONTINUA A DESCER NUNO AGUIAR [email protected] Taxa de desemprego trimestral A taxa de desemprego nacional manteve a trajectória descendente no segundo trimestre do ano, registando uma quebra de 1,6 pontos percentuais face aos primeiros três meses do ano. O s números do emprego trouxeram boasnotíciassobrea economiaportuguesa. Segundo o Instituto Nacional deEstatística(INE),ataxadedesempregocaiu1,6pontospercentuais entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano – para os 10,8%–,aomesmotempoqueforam criados 89 mil postos de trabalho líquidos. Dois sectores decisivos para esta melhoria foram o turismo e aagricultura. Nestestrêsmeses,foramcriadosmaisde33milempregosagrícolas,osegundovalormaiselevado dasérie do INE (que recuaaté 2011).Aomesmotempo,seisolarmos a hotelaria e a restauração verifica-seumreforçotrimestral de 29 mil (também o segundo maiordasérie).Esteimpactopositivo do turismo é também observado na queda abrupta do desemprego no Algarve (vercaixa). Somadososdoissectores,chegamos a 62 mil postos de trabalho, um valor que representamais de doisterçosdacriaçãototaldeemprego no segundo trimestre. Opesograndedestesdoissectores é um dos motivos para ter cautela ao analisar estes dados. Por exemplo, nos últimos anos o segundo trimestre tem sido praticamente o único em que o empregodaagriculturaaumenta,devido à sua natureza sazonal. Em relação aos sectores “turísticos”, também é expectável que alguns dos empregos de Verão sejam destruídos ao longo do ano. O secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, argu- Há mais 29 mil empregos na hotelaria e na restauração do que havia no primeiro trimestre do ano. menta que “este ano não é diferente dos outros” no que diz respeitoaoefeitopositivodasazonalidade. “Todos os anos há períodos mais ou menos propícios à criação de algum emprego”, acrescentaao Negócios. Se fizer- “ É muito positivo o desemprego descer para este valor. Estamos confiantes que será possível cumprir o cenário. MIGUEL CABRITA Secretário de Estado do Emprego mos umacomparação homóloga – isto é, com o mesmo trimestre doanoanterior–esseefeitosazonalpodeserexpurgado.Essaanálisetambémmostraodesempregoadescer(1,1pontos)eoemprego a crescer, embora numa dimensãoinferior:mais22milpostos de trabalho. Dereferiraindaqueestacriação homóloga de emprego desacelerou nos últimos dois trimestres. Quanto mais o emprego for crescendo e o desemprego diminuindo, mais difícil será a continuararecuperação. Desemprego abaixo da meta do Governo Apesar da cautela que se exige, os dados publicados pelo INE sãopositivos,colocandoodesempregoabaixodametadoGoverno paraatotalidadedoano(10,8%vs. 11,4%). “É naturalmente muito positivo o desemprego descer paraestevalor.Estamosconfiantesqueserápossívelcumprirocenário”, refere Miguel Cabrita. Aindaassim, hápontos amelhorar,comoadmiteoprópriosecretáriodeEstado.“Odesemprego aindaé alto” – em2008 estava abaixode8%–e“hámuitotrabalho a fazer em relação ao desemprego de longa duração e ao desemprego jovem”. Por último, o Governo tambémnãoestácontentecomaquilo a que chama a “qualidade do emprego”. Embora os contratos semtermotenhamcrescidomais em termos absolutos do que os contratos a prazo (23 mil vs. 16 mil), os “outros contratos” tiveram um aumento igual (23 mil), com um crescimento trimestral de quase 20%. É nesta categoria que estão muitos trabalhadores precários com recibos verdes. I Fonte: INE EMPREGO NO TURISMO JÁ FOI MAIOR Emprego total e na hotelaria e restauração A hotelaria e a restauração são dois ramos de actividade habitualmente referidos como “turísticos”. No gráfico em baixo, verificamos que já tiveram mais pessoas empregadas. Fonte: INE QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | ECONOMIA | 19 HABITAÇÃO Rendas sobem 0,5% no próximo ano Depois de dois anos de quase estagnação, as rendas de habitação vão ser actualizadas em torno de 0,5% em 2017. Valores definitivos só são conhecidos no próximo mês. Quem tenha alugado a sua casa em 2004 viu a renda subir 23% à custa dos coeficientes de actualização anual. Isto apesar da quase estagnação da renda registada nos dois últimos anos, que agora 2017 interrompe com uma subida de 0,5%. 3 0,16 0,5* 0,99 2 1 MANUEL ESTEVES Bruno Simão 3,19 3,36 4 0 0,3 Este será o maior aumento desde 2014 dado que as rendas estiveram congeladas em 2015 (porque o IPC registouumavariação negativa) e quase estagnadas em 2016. Mas é também o quinto aumento mais baixo desdepelomenos1992,oquese explica pelo actual contexto de reduzidavariação dos preços. A título de exemplo, para uma renda de 700 euros, uma variaçãode0,5%correspondea um aumento de 3,5 euros. I Taxas de actualização anual das rendas 0 O quinto menor aumento desde 1992 INFLAÇÃO BAIXA TRAVA AUMENTOS 3,1 2,5 2,8 Enquanto as chamadas rendas antigas (que não tenham sido objectodeactualizaçãoextraordinária)sãoaumentadasapenas a 1 de Janeiro, as rendas posterioresa1990sãoactualizadasno mês em que foi assinado o contrato. 2,5 coeficiente de actualização aplicávelàsrendascorrespondeàvariaçãomédiadoIPC,semhabitação, nos últimos 12 meses e para os quais existam dados disponíveisnofinaldeAgosto.Ossenhorios não são obrigados aaplicar estaactualização, mas se quiseremaumentararendanãopoderão ir além deste valor. E mais: têmdenotificaroinquilinoatravés de cartaregistada, comaviso derecepção,ondeindicamonovo valordarendadevido. O coeficiente aplica-se atodas as rendas do país cujos contratosnãotenhamcláusulasem sentido contrário. Com uma únicaexcepção:oscontratosanterioresa1990,quetenhamsido objectodomecanismodeactualização extraordinária previsto no Novo Regime de Arrendamento Urbano, ficam isentos desta subida anual. Existe porém uma nuance importante. 2,1 É claramente a região em destaque no Inquérito ao Emprego do INE: a taxa de desemprego do Algarve afundou 4,1 pontos percentuais entre o primeiro e o segundo trimestre de 2016 e está agora nos 8,1%. Pela primeira vez desde 1998 – quando o INE começou a compilar estes dados – o Algarve tem a taxa de desemprego trimestral mais baixa entre todas as regiões do país. Durante a década passada, esse lugar era ocupado quase sempre pela Madeira ou pelos Açores, com os últimos anos a fazerem do Centro a região menos afectada pela crise no mercado de trabalho. Agora, o Algarve reclama essa posição. A região acompanha assim a tendência de descida observada no resto do país, mas a um ritmo mais forte. O pico do desemprego algarvio foi registado no primeiro trimestre de 2013 nos 20,1%, estando agora em menos de metade desse valor. Até 2009, a região sempre teve taxas de desemprego abaixo dos 8%, tendo iniciado uma escalada depois da crise financeira do final de 2008. As rendas vão ser actualizadas em torno de 0,5% no próximo ano, naquele que será o maior aumento desde 2014. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o Índice de Preços do Consumidor (IPC), excluindo habitação, registou, em Julho, uma variação média nos últimos 12 meses de 0,53%. Éesteindicador,masrelativoao mêsdeAgosto,quedeterminao coeficiente de actualização automática das rendas em Portugal. A variação entre um mês e outronãocostumasersuperior aumadécima, pelo que é possível antecipar, com razoável fiabilidade,oaumentoquepoderá será cobrado aos arrendatários em 2017. Os valores das rendas estão geralmente sujeitos aactualizaçõesanuaisque,nostermosdalei geral, se aplicam de formaautomáticaem função dainflação. O 20 0 20 5 06 20 0 20 7 08 20 0 20 9 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 Algarve com menos desempregados Fonte: IHRU; *Dado provisório. 23% AUMENTO DESDE 2004 Este foi o aumento acumulado das rendas desde 2004. No próximo ano, a subida não andará longe de 0,5%. 8,1% 0 ALGARVE Pela primeira vez, o Algarve tem a taxa de desemprego mais baixa do país, tendo-se fixado nos 8,1% no segundo trimestre. CONGELAMENTO As rendas sobem de acordo com a inflação. Mas se esta for negativa, as rendas não caem. Ficam inalteradas. Isso sucedeu em 2010 e 2015. Não existem dados sobre o número actual de inquilinos mas este não deverá andar longe de um milhão. 20 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | ECONOMIA “ Decidi usar a nova credibilidade de Itália num esforço para persuadir a UE e a Alemanha a não concederem ajuda financeira a Itália, algo que nos teria colocado numa posição de inferioridade. MÁRIO MONTI Ex-primeiro-ministro italiano sobre a resistência em 2012 a um resgate europeu ao sistema financeiro do país. PP vota condições de Rivera e eleva pressão sobre socialistas A direcção do Partido Popular vai votar as seis condições impostas por Alberto Rivera para que o Cidadãos apoie a investidura de Mariano Rajoy. Mas apesar de considerar as negociações entre PP e Cidadãos “um passo em frente”, Rajoy mantém que sem o PSOE não haverá governo. A principal conclusão do mais recente encontro entre Mariano Rajoy e Albert Rivera é que nesta altura os presidentes do PP e do Cidadãos, respectivamente, colocam o ónus da formação de governo sobre os ombros de Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE. Fotografia: Susana Vera/Reuters negócios digital negocios.pt e apps VIDEO O que dizem os serviços públicos da redução para as 35 horas? BREVES EUA 20% DOS REPUBLICANOS CONTRA TRUMP Para19%dosmembrosdoPartido Republicanoinquiridosnasondagem da Ipsos para a agência Reuters,ocandidatodopartidoàspresidenciais norte-americanas, Donald Trump deveria desistir da corrida à Casa Branca. Para 70% dos inquiridos o magnata novaiorquinodoimobiliáriodevelevar a candidatura até ao fim e 10% “nãosabem”oqueresponder.Este estudo,levadoacaboentreosdias 5 e 8 de Agosto, junto de 396 militantes republicanos, parece confirmaratendênciaparaaperdade ímpeto dacandidaturado controverso multimilionário. Estes números confirmam ainda a divisão no seio do Partido Republicano, depoisdeváriasfigurasrelevantes do partido terem recusado apoiar Trump. Os números são conhecidos numa altura em que Trump estáenvolvido em novapolémica, apósterapeladoaosportadoresde armas contraClinton. I PREÇOS INFLAÇÃO ACELERA EM JUNHO Avariação homóloga do índice de preços ao consumidor (IPC, que mede a inflação) passou de 0,5% emJunhopara0,6%emJulho,em termoshomólogos,avançouoINE na quarta-feira. Na origem deste crescimento destacam-se os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas e os restaurantes e hotéis.Apesarnegativamentenoíndice estiveram sobretudo os pre- ços dos transportes. Já quando comparado com os preços em Junho, o IPC registou um recuo. SegundooINE,deummêsparaooutroospreçosencolheram0,7%,sobretudo devido aos produtos de vestuárioecalçado(caíram12,2%) que entraram em saldos. A pesar positivamente nos preços, estiveram,porseuturno,ostransportes (cresceram 1,4%). I BRASIL SENADO APROVA JULGAMENTO DE DILMA O Senado do Brasil votou favoravelmente para indiciar Dilma Rousseffpelos crimes de responsabilidadenagestãodascontaspúblicas, seja por acção directa ou omissão. As irregularidades denunciadassão,emparticular,atra- sosnastransferênciasdoTesouro federal para bancos públicos (as chamadaspedaladasfiscais)eapublicaçãodedecretospelapresidentequeaumentaramadespesasem a necessária autorização parlamentarequandoametaorçamental já não estava a ser cumprida. Foram 59 votos a favor contra 21, depois de 20 horas de sessão no Parlamento, revelou a Reuters. Esta votação foi mais pesada esta terça-feira, face à verificada em Maio, altura em que houve 55 votos afavore 22 contra. I CONTAS PÚBLICAS ANGOLA A CAMINHO DE DÉFICE DE 6,8% DO PIB O governo angolano reviu em alta a previsão de défice orçamental para este ano de 5,5% do PIB no Orçamentoemvigorpara6,8%do PIB. “O novo défice fundamentase pelo impulso de reanimação de que precisaaeconomia, viainvestimento público, que tem sido o motordocrescimentopeloladoda procura”,justificaodocumentodo Governo, com a revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016, com votação na generalidade, na Assembleia Nacional, já agendadapara15deagosto.Aprevisãodedéficepara2016,nestarevisão, é ainda superior aos 6% avançados a 11 de Julho pelo MinistériodasFinanças,numcomunicado emitido então sobre os novosindicadoresmacroeconómicos do país, decorrente da execução orçamentalnoprimeirosemestre, fortementeinfluenciadapelaquebranas receitas petrolíferas. I Publicidade 22 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | EMPRESAS BANCA CGD perde 1.393 milhões de depósitos em três meses A CGD perdeu 1.393 milhões de euros em depósitos entre o início de Abril e final de Junho, período em que se soube que o Estado vai capitalizar o banco num máximo de 5.000 milhões. Banco teve prejuízos de 205,2 milhões no primeiro semestre. MARIA JOÃO GAGO [email protected] o segundo trimestre do ano, a Caixa GeraldeDepósitos perdeu 1.393 milhões de euros em depósitos,deacordocomosdados disponibilizados pela instituição. Obancopúblicochegouaofinalde Junho com 72.065 milhões de poupanças de clientes, contra os 73.458 milhões registados a 31 de Março. Esta quebra aconteceu num períodoemquesesoubequeoEstado estáanegociarcomBruxelas um plano de capitalização para a CGD no valorentre 4.000 e 5.000 milhões de euros, operação que deveráserfeitaemcondiçõesequivalentesàsqueuminvestidorprivado aceitaria para que não seja consideradaajudapública. Além disso, foi neste período que o PSD avançou com a criação de uma comissão de inquérito à gestão da Caixa desde o ano 2000 e que aconstituição danovaequipa de gestão, que vai ser liderada por António Domingues, gerou polémica. Apesarde aredução dos depósitosdaCGDseterverificadoapenas entre o início de Abril e o final de Junho, a evolução é negativa faceaofinalde2015(menos1,3%), altura em que o banco ainda liderado por José de Matos acumulava72.996 milhões em poupanças. JárelativamenteaofinaldeJunho doanopassado,osdepósitoscresceram3,2%,períodoemqueobanco do Estado beneficiou da desconfiançaresultantedaresolução do Banif. Em termos de actividade, o As últimas contas de José de Matos Os prejuízos da CGD nos primeiros seis meses do ano são as últimas contas da equipa de José de Matos. O banqueiro e os restantes gestores aguardam apenas que a equipa de António Domingues receba o aval do BCE para passar o testemunho. A actual administração devia ter saído no final de Julho, depois de ter renunciado a 21 de Junho. Mas perante o pedido formal do ministro das Finanças, aceitou ficar, no máximo, até final deste mês. N Fotografia: Bruno Simão crédito aclientes recuou1,6%, em termoshomólogos,fixando-seem 70.674milhões. O ritmo de queda foi menor face ao final de 2015. Considerando apenas os últimos seis meses, a carteira de financiamento recuou 1%. Prejuízo de 205 milhões com dívida pública Aquedadosdepósitosnãoterá sido alheia à redução das taxas de juro que a Caixa paga pelas poupanças dos seus clientes, decisão que permitiu uma redução dos custos de financiamento e ajudou ao aumento da margem financeira.Osresultadosdaintermediação aumentaram 5,5%, totalizando 568,7 milhões, apesar dos custos com a remuneração dos instrumentos de capital contingente (“CoCos”)subscritospeloEstado. Ainda assim, o banco do Estadoteveprejuízosde205,2milhões nosemestre,umadegradaçãoface aoslucrosde47milhõesapurados no final de Junho de 2015. Esta evolução reflecte, sobretudo, os custoscomacoberturadoriscode taxa de juro da carteira de dívida pública,aocontráriodoqueaconteceu há um ano, altura em que a CGD teve ganhos extraordinários de302milhõescomasobrigações do Tesouro. Outro dos factores que pesou negativamentenaevoluçãodosresultadosdaCaixafoiocrescimento das imparidades, desempenho quecontrariouatendênciadosúltimos trimestres. No primeiro semestre, a CGD fez um esforço de provisionamento de 328,4 milhões,mais2,1%doquenofinalde Junho de 2015. I BARÓMETRO DÍVIDA PÚBLICA E IMPARIDADES DITAM PERDAS Resultados da Caixa no primeiro semestre do ano A CGD registou prejuízos de 205,2 milhões no primeiro semestre, contra lucros de 47 milhões no final de Junho de 2015, reflectindo os resultados financeiros negativos e o aumento das imparidades para crédito. Estes efeitos mais do que anularam a redução dos custos operacionais. Jun 2015 Jun 2016 Var (%) Margem financeira 538,9 568,7 5,5 Produto bancário 1.154 754,6 -35,6 Custos operacionais 652,5 639,3 -2 Imparidades do crédito 235,7 302,5 28,3 47 -205,2 - Resultado líquido Valores em milhões de euros, excepto indicado. Fonte: CGD QUINTA-FEIRA FORTE | FRACO Radiografia das contas da Caixa A CGD teve prejuízos de 205,2 milhões nos primeiros seis meses do ano. Apesar do número negativo, os resultados apresentam dados positivos. Mas os factores negativos pesaram mais forte. CUSTOS EM QUEDA Os custos operacionais caíram, graças à diminuição dos gastos de fornecimentos e com pessoal. Neste último caso, já se sentiu o efeito do plano de redução de quadros. MARGEM A SUBIR A margem financeira, principal fonte de proveitos do banco, subiu 5,5%, para 568,9 milhões, graças à redução das taxas de juro pagas pelos depósitos. MAIS RESULTADOS CORE A subida da margem financeira e a redução dos custos operacionais permitiu um aumento dos resultados “core”. Isto apesar da queda das comissões líquidas. PERDAS FINANCEIRAS O principal motivo para os prejuízos da CGD foram as perdas em operações financeiras, relacionadas com o aumento dos custos da cobertura do risco de taxa de juro da carteira de dívida pública. MAIS IMPARIDADES Contrariando a tendência dos últimos trimestres, a CGD aumentou as imparidades para malparado. Este foi outro dos factores que penalizou os resultados. MENOS DEPÓSITOS A CGD terminou o semestre com menos depósitos do que no final do primeiro trimestre. Saíram 1.393 milhões de euros. | 11 AGO 2016 | EMPRESAS | 23 Acumulação de cargos de Domingues revista em 2017 Imparidades ditam perdas de 765 milhões na CGD, BCP e NB Os bancos que quiserem combinar as funções de “chairman” e CEO têm de impor medidas correctivas. E têm limites temporais. Entre os cinco grandes, só o Santander Totta e o BPI tiveram lucros. Primeiro ganhou com Banif, segundo com recuperação doméstica. A acumulação da presidência da administração e da comissãoexecutivadaCaixaGeralde Depósitos,comopretende António Domingues, terá de ser revistaem2017.E,atélá,obanco tem de aplicar “medidas correctivas” que garantam o bom funcionamento de cada um dos cargos. Estas são duas novas regras da supervisão bancária europeia publicadas estaquarta-feira. “Aautorizaçãoparacombinar as duas funções deve (...) serconcedidaapenasemcasos excepcionais e somente se tiveremsidoadoptadasmedidas correctivasparagarantirqueo facto de estarem combinadas nãocomprometeasresponsabilidades e as obrigações de prestação de contas de ambas as funções”, diz a adenda ao guiadoBCEqueharmonizaregras dasupervisão bancária. À luz das normas europeias,“devehaverumaseparação clara das funções executivas e não executivas” a ponto deopresidentedaadministraçãonãoseropresidenteexecutivo. António Domingues foi proposto tanto para “chairman”,olíderdaadministração, como para CEO, o executivo. Até ao final de Agosto, Álvaro Nascimento é “chairman” enquanto José de Matos ocupa funções de CEO. A excepção a esta separação temde serautorizadapelo BCE, que pretende cumprir orientações da Autoridade Bancária Europeia que “recomendaque, no caso de combinação das duas funções, a instituição tomará medidas para minimizar eventuais efeitos negativos sobre os seus mecanismos de controlo e equilíbrio”, apontao documento. Os primeiros seis meses do ano voltaram a marcar uma linha que separa os três maiores bancosportugueses,todoscomprejuízos,dasrestantesgrandesinstituições financeiras. Se a CGD, o BCPe o Novo Banco acumularam perdas de 765 milhões de euros,oSantanderTottaeoBPI somaram 302,1 milhões de lucros. Osmaioresdosgrandesbancos foram penalizados por um aumentodasimparidadesdestinadas a reconhecer perdas com créditomalparadoouadesvalorizaçãodeoutrosactivosemcarteira,deimóveisaparticipações emempresasoufundosdereestruturação.O aumentodoesforço de provisionamento foi comum àCaixa, ao BCP e ao Novo Banco. Se nas duas primeiras instituições surpreendeu por contrariar a tendência dos últimos trimestres, no caso do banco de transição resultou dacontinuação dalimpezadaherança do BES, processo que ainda deverá continuar a penalizar as contas.NaCGDenoBCPnotou-se ainda a falta dos ganhos extraordinárioscomavendadedívida pública que inflacionou as contas de Junho de 2015. Nestes três bancos houve ainda uma redução de custos operacionais, o que não foi suficiente paratravaros prejuízos. Jáo SantanderTottae o BPI aumentaramlucros,emresultado do aumento dos proveitos e da redução do esforço de provisionamento – que mais do que compensouasubidados custos. No banco liderado por Vieira Monteiro, acomprado Baniffoi aprincipalalavancaparao crescimento de 89% dos resultados. Já no BPI, a recuperação da actividadedomésticaajudouaoaumento dos lucros. I MJG ANTÓNIO DOMINGUES Futuro presidente da CGD Na concessão da autorização, o BCE olha para aspectos comoadiversidadeaccionista: “Um controlo a 100% da entidadeporumainstituição-mãe que cumpra integralmente a separação de funções entre o presidente e o administrador executivo, e monitorize atentamenteafilial,podefavorecer aconcessão daautorização.” Dequalquerforma,havendo autorização, terá de haver uma revisão semestral. “Decorridoumperíododeseismeses acontar daadopção dadecisão do BCE que autoriza a combinaçãodasduasfunções, a instituição de crédito deve avaliarseascircunstânciasjustificativas efectivamente subsistem e informar o BCE em conformidade.”Aautorização só se mantém “unicamente para o período em que persistamascircunstânciasjustificativas”. Entrando em Agosto, a revisão acontece já em Fevereiro de 2017. O Negócios questionou o BCE se as normas se aplicam jáàCGD,masnãorecebeuresposta. I DIOGO CAVALEIRO Na CGD e no BCP, o reforço de imparidades contrariou a evolução do trimestre anterior. No NB, continuou a limpeza da herança BES. 1.296 IMPARIDADES Os cinco maiores bancos portugueses registaram 1.296 milhões de euros de imparidades no primeiro semestre. 765 PERDA DE 3 GRANDES Os três maiores bancos portugueses tiveram prejuízos de 765 milhões nos primeiros seis meses do ano. Já o Totta e o BPI lucraram 302 milhões. 24 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | EMPRESAS Miguel Baltazar Finanças estendem prazo para empresa reembolsar o Estado Moratória concedida à Infraestruturas de Portugal até Novembro visa encontrar solução que permita o eventual reembolso antecipado dos empréstimos do Estado. A IP, que em Maio ainda era liderada por António Ramalho, registava um desvio de 13% nas receitas “core” face ao orçamentado. ESTRADAS Restrições orçamentais travam investimento da IP A Infraestruturas de Portugal investiu menos 37 milhões de euros na rede própria do que tinha orçamentado nos primeiros cinco meses do ano. A empresa só conta receber indemnizações compensatórias em Setembro. MARIA JOÃO BABO [email protected] A Infraestruturas de Portugal (IP) reduziu os investimentosnaredeprópria,designadamenteosprevistos nosplanosdeproximidade(rodoviaeferrovia), em37,2milhõesde euros até Maio. Ao Negócios, fonteoficialdaempresa,quepassoua serlideradaeste mês porAntónio Laranjo,justificaaexecuçãoabaixo do previsto com“restrições orçamentais”. De acordo com o relatório de controlo de performance da IP, a redução dos investimentos, a par da diminuição dos pagamentos operacionaisedosencargosfinanceiros,influencioupositivamente o“cashflow”totaldaempresanos primeiroscincomeses. Nomêsde Maio, o “cash flow” total daIP foi positivoem33,8milhõesdeeuros. Emtermosacumulados,éde438,9 milhõesdeeurosnegativos,“oque corresponde aum desvio positivo de 174,1 milhões de euros face à meta prevista para o período, de 613 milhões de euros negativos”, diz aempresa. Poroutrolado,refereomesmo documento que analisao cumprimento de objectivos de gestão até Maio, verificou-se nesse mês um desviode17,2milhõesdeeurosnas parcerias rodoviárias (mais 2,7%) e uma diminuição de rendimentos. Segundo explicaaIP, o desvio nas PPP ficou adever-se “àretençãode21,6milhõesdeeurosdereceitas de portagem no mês de Maio”,oqueseriaacertadoemJunho.Aempresaviuaindadiminuir os recebimentos operacionais em 64,1 milhões de euros, os fundos comunitários em 6,6 milhões de euroseoutrosrendimentos,como aalienação de activos, emseis milhões. O documento revela também queototaldereceitas“core”daIP até Maio atingiu os 384,3 milhões de euros, ou seja, menos 57,5 milhões (13%) do que o objectivo de gestão para este período, de 441,8 milhões.Aempresajustificaodesvionegativopeloatrasodeummês emreceberaContribuiçãodoServiçoRodoviário(CSR),novalorde 58,2 milhões, e pelo facto de não terem sido entregues quaisquer montantes relativosaindemnizações compensatórias, de 15 milhões neste período. AoNegóciosfonteoficialdaIP garantiuque“oatrasojáseencontrarecuperado e teve que vercom procedimentos administrativos”. Quanto às indemnizações compensatórias,adiantouqueoseurecebimento deverá ocorrer até ao finaldeSetembro.Amesmafonte garantiu ainda que “o não recebimento destas receitas não comprometeu a actividade da empresa”. As receitas de portagem estavam em Maio 11,3 milhões acima do previsto em orçamento. I AInfraestruturas de Portugal (IP)nãopagouemMaio,como estava previsto no seu orçamento, 151,8 milhões de euros de juros de empréstimos do Estado, tendo-lhe sido concedidaumamoratóriaatéaopróximo mês de Novembro. Ao Negócios, fonte oficial da empresa explicou que “a moratória concedida pela tutela financeira pretende que, em conjunto com a IP, possa ser encontrada uma solução que permita o eventual reembolso antecipado dos empréstimosdoEstado,reduzindosignificativamenteostockdedívidadaempresa”. Aconcessãodestamoratória, referida no relatório de controlodeperformance,permitiuàempresaquegereasinfra-estruturasrodoeferroviáriasumareduçãodosencargos financeirosnosprimeiroscinco meses do ano em 152,9 milhões de euros. De acordo com o relatório e contas de 2015, o stockde dívida do grupo sofreu no ano passado um desagravamento de 715 milhões de euros, diminuindo, em termos nominais, de8.981,6milhõesdeeurosem 2014 para 8.266,3 milhões de eurosem2015,representando os empréstimos do Estado à empresa4,7milmilhões (57% do total). Paraareduçãodadívidano anopassadocontribuíram,essencialmente,asoperaçõesde aumento de capital realizadas pelo Estado, que totalizaram 1,6 mil milhões de euros. No relatório e contas de 2015aIPassinalaque,“apesar de estar prevista a conversão de créditos em capital relativa aoserviçodadívidadoanodos empréstimos contraídos junto do Estado português no montante de 1.725 milhões de euros, a mesma não se veio a concretizar”. O vencimento daquele serviço da dívida foi então diferido até 31 de Maio de2016.Esteanoenopróximo há empréstimos concedidos pelo Estado desde 2011 à empresaque se vencem. I MJB 15 152,9 MILHÕES DE EUROS Valor, em milhões de euros, que a IP devia ter recebido de indemnizações compensatórias até Maio. MILHÕES DE EUROS Montante, em milhões de euros, da redução de custos financeiros por não ter pago juros de empréstimos do Estado em Maio. QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | EMPRESAS | 25 “ Mais de 500 empresas portuguesas já exportam para a Colômbia, o terceiro país mais populoso e com a maior subida de posição no “ranking” Doing Business de 2007-2016. ROSÁRIO MARQUES Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Colombiana negócios digital Lloyd’s garante que Horta Osório pagou despesas privadas do seu bolso O banco liderado por António Horta Osório reagiu esta quarta-feira às notícias sobre a viagem que o CEO fezaSingapura, garantindo que todasasdespesaspessoaisincorridasno hotel foram pagas do seu bolso. Areacção oficial do Lloyd’s surge nasequênciade umahistória veiculada pelo The Sun, que sugeriu que o português pagou despesas de natureza pessoal com dinheiro dos contribuintes durante uma viagem de negócios há dois meses. Através de um comunicado, citado pela Bloomberg, o banco garante: “Não houve qualquer violação da nossa política e as despesas pessoais são pagas pelo António.” negocios.pt e apps ESPECIAL Incêndios levam Governo a accionar mecanismo de protecção civil. Fotografia: Luke MacGregor/Bloomberg Publicidade BREVES TURISMO CRUZEIROS EM LISBOA CRESCEM 60% EM JULHO O porto de Lisboarecebeuno passado mês de Julho um total de 24 escalas de navios de cruzeiros, o quecorrespondeaumcrescimentode60%faceàs15doperíodohomólogo de 2015. De acordo com o porto de Lisboa, o número de passageiros ultrapassou no mesmo mês os 45.800, mais 5.500 (14%) do que em Julho do ano passado. Desta forma, foi possível ao porto da capital inverter a tendência de quebra no acumulado do ano, registando-se, no conjunto dos sete meses, um acréscimo de 2% nas escalaseaproximando-seonúmero de passageiros dos que se registavam háum ano. I 17a20milhõesdeeuros.Oespaço foiadquiridoestaquarta-feirapela Mystic,empresadouniversoDouro Azul, e de acordo com o vice-presidente do grupo, Manuel Marques, será construído um hotelde“quatroacincoestrelas”com 110e120quartos,salasdereuniões erestaurantes.Oprojectotambém inclui um parque de estacionamentoparamaisde200carrosque deveráabriratéOutubro,enquanto a unidade hoteleira e parte comercial deverão estar concluídas em2017. O preço base de licitação paraoimóvelerade3,6milhõesde euros e a empresa arrematou-o oferecendocincomileurosacima, tendo sido a única proposta apresentadaparao espaço. I BANCA TURISMO DOURO AZUL COMPRA ESPAÇO DA REAL COMPANHIA VELHA A antiga Real Companhia Velha, em Gaia, vai acolher um hotel de “gamaalta”,numinvestimentode BTG DESISTE DE COMPRAR BANIF BRASIL O BTG Pactual jánão vaicomprar o BanifBrasil e outros activos da Oitante,entidadequeficoucomalguns activos do banco que foi alvo de uma resolução no final do ano passado. O anúncio foi efectuado pelo banco brasileiro, que citou a não verificação de diversas condiçõesqueestavamprevistasnaproposta não vinculativa. De acordo com um comunicado do banco brasileiro,citadopelaBloomberg, adecisãofoitomada“diantedanão verificação de condições precedentes contidas naproposta”. I ENERGIA LUCROS DA GAZPROM CAEM 5% NO TRIMESTRE O grupo russo de gás Gazprom anunciou esta quarta-feira uma quedade5%noslucrosregistados no primeiro trimestre em relação aigual período de 2015. De Janeiro aMarço, o grupo público registou um lucro de 362 mil milhões de rublos (cerca de 5 mil milhões de euros). Amaiorempresade gás do mundo, que cobre cercade um terço do consumo na Europa, foi afectada pela queda do preço do gás, num contexto de descida do preço do petróleo e de aumento dos custos operacionais. I AVISO 1. Nos termos e para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 47.º da Lei n.º 19/2012, de 8 de maio, torna-se público que a Autoridade da Concorrência recebeu, em 05.08.2016, abrigo do disposto no artigo 37.º do referido diploma. 2. !"#$%"#$% 3.!!!$& – sociedade holding de um grupo de empresas que se dedica, '( )$ ! ! (( ' *+ ' :"$;<$:"$= >?$??"$? ?@';B DE='+( )$ $ ! F !$ !;<$"#$% = > )$ $ ! %%<$ grupo a que pertence. 4.G(!>( ! !* H ' ' ( E ! !' ()( 5.(!>!IJK%MO )'KJHPPQROMSD:"$Q"#$% !'*$& Autoridade da Concorrência !MT 1050-037 Lisboa ;*&U @'&PVMRMWTOROOO*X&PVMRMWTOROTV Y+&TPOIMRPOMZPOIMWPOE [\\JJ> <:! 26 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | MERCADOS SESSÃO DE ABERTURA A parede que trava o Banco de Inglaterra O Brexit saiu vitorioso do referendo e, desde então, domina as atenções. Principalmente dos investidores que, do outro lado do Canal da Mancha, assistem às reacções internas. O grande foco recai no Banco de Inglaterra e nas soluções para travar o efeito do Brexit na economia. Por isso, quando Mark Carney anunciou um corte na taxa de juro de referência para 0,25%, acompanhado do relançamento das compras de dívida, a reacção imediata foi de ânimo. E não é para menos. O objectivo da liquidez extra que já começou a inundar os mercados é impulsionar os activos e fomentar a maior concessão de crédito às empresas e famílias. No entanto, há uma parede que está a travar o Banco de Inglaterra: a falta de vontade das instituições em vender os activos. Logo ao segundo dia do programa, o banco central apenas recebeu propostas para comprar 1,12 mil milhões de libras em activos, abaixo da meta de 1,17 mil milhões. Isto apesar de estar disposto a comprar a um preço superior ao do mercado. O problema? Os fundos de pensões e as seguradoras, um dos principais grupos de investidores em dívida soberana. É que, num mundo dominado por taxas de juro baixas, escasseiam os activos seguros e com retorno. Essenciais para as instituições cumprirem as suas obrigações para com os reformados, por exemplo. Por outras palavras, a pressão nos juros causada pelo próprio Banco de Inglaterra está a ser a parede que o impede de impulsionar a economia. I ANDRÉ TANQUE JESUS OBRIGAÇÕES OTRV seduzem mais 26 mil investidores As Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável aparentam ser um investimento cada vez mais popular. Na segunda emissão deste tipo de instrumentos, o número de investidores aumentou de 38.630 para 65.179. RUI BARROSO [email protected] á cada vez mais i n ve s t i d o r e s atraídos pelo maisrecenteinstrumento de financiamento do Estado. Na segundavez que aagênciaque gere o crédito público avançou para umaofertade Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), a procura disparou e permitiu ao Estado financiar-se em1,2milmilhõesdeeurosacinco anos. Senaprimeiraoperação,realizada em Maio, estes títulos atraíram38.630 investidores, na ofertadestemêsessenúmerosubiu para 65.179, segundo dados divulgadosestaquarta-feirapela Euronext. Também os valores dasordensdesubscriçãosuperaram os registados em Maio. Passaram de 1,22 mil milhões para 1,86 mil milhões de euros. Apesar de o número de subscritores ter aumentado, o valor médio subscrito porcadaumdos investidoresdiminuiu,emAgosto.Foi de 28,2 mil euros, abaixo da médiade 31,5 mil euros, em Maio. Nas duas emissões de OTRV que já foram realizadas, o novo instrumentodefinanciamentojá obteve1,95milmilhõesdeeuros, lutando com os certificados de aforroeosCertificadosdoTesouro Poupança Mais pelo papel de instrumento preferido pelos aforradores para financiar o Estado. Estes dois instrumentos atraíram subscrições líquidas de 1,86 mil milhões de euros até ao final de Junho, data dos últimos dados disponíveis. H O IGCP, liderado por Cristina Casalinho, concluiu a segunda oferta de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável. A banca e a rendibilidade Mas não foram apenas os investidores a renderem-se às OTRV. Os próprios bancos mostraram interesse neste tipo de operação. Numa altura em que têm a rentabilidade pressionada pelas baixas taxas de juro, apostamnestetipodeoperaçõespara aumentarem a receita com comissões bancárias. Aquando do lançamento da ofertadesubscrição,CristinaCasalinho, presidente do IGCP, revelou que foram os bancos que abordaramaentidade que gere o crédito público para se avançar com esta nova operação. Em re- lação à primeira emissão, houve maisumbancoajuntar-seaogrupodeentidadescoordenadorase o número de bancos colocadores subiude seis para12. E os bancos estiveramactivosno“marketing” deste produto, colocando-o em destaque nos seus sites e, em alguns casos, a enviarem e-mails a clientes a propor esse investimento. Alémdointeressedosbancos em colocar este tipo de produto, as OTRV têm também uma taxa atractiva relativamente a outras aplicações.Numcenáriodejuros baixos,ataxabrutadestesinstrumentos, de 2,05% ao ano a que pode ser acrescido um prémio caso a Euribor a seis meses regresse a valores positivos, também contribuiu para o interesse dos aforradores. A título de exemplo, porque setratadeaplicaçõescomprazos e riscos diferentes, a taxa oferecidanesteprodutocomparacom a taxa média de 0,41% oferecida nos novos depósitos, segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo BCE, referentes aJunho. No entanto, apesar da taxa atractivadasOTRV,ascomissões da banca contribuem para diminuiroretorno,sendoquequanto maiorovalordasubscrição,mais essescustossãodiluídos.A Deco QUINTA-FEIRA TOME NOTA Os números da oferta de OTRV A procura por OTRV superou os 1,8 mil milhões de euros e foi superior à da emissão realizada em Maio. PATAMAR MÍNIMO Mais de 54 mil investidores (82,96% do total) fizeram subscrições entre mil e vinte mil euros. Na oferta de Maio, essa proporção tinha sido de 72,2%. 0 PATAMAR MÁXIMO Na oferta recente, não houve investidores que tenham subscrito mais de 500 mil euros. Na operação de Maio, houve 46 investidores que subscreveram acima daquele valor. Protestereferiu,duranteaoperação, que “os CTPM são mais apelativosparamontantesmais reduzidos devido àausênciade custos” com comissões bancárias. Estes instrumentos têm uma taxa efectiva ilíquida de 2,23% ao ano para quem os detenhaporcinco anos. Outradas chaves paraaelevadaprocuraporOTRVfoio“timing”escolhido.Aofertadecorreu num período em que tradicionalmente tende a haver um aumentodorendimentodisponível,devidoaospagamentosde subsídios de férias, e a potenciais investimentos por parte dos emigrantes. I 12 LIQUIDAÇÃO A liquidação das OTRV e a admissão à negociação destes títulos na Euronext irá ocorrer esta sexta-feira, 12 de Agosto. 11 AGO 2016 | MERCADOS | 27 Aposta na dívida do Estado bate recordes Juros da dívida caem e recuam sete meses O instrumento de poupança do Estado mais recente ajudou a bater recordes na colocação de dívida junto do retalho. Apóstrêsanosdequedas,osjuros dadívidaportuguesaestão aterum2016turbulento.Aincerteza face ao novo Governo marcou o arranque do ano e, depois,asnegociaçõessobreos Orçamento puseramos investidorescomosnervosemfranja. Mas os bancos centrais avançaramcommais medidas deestímuloeosreceiosdesvaneceram-se.Agora,osjurosrecuaram sete meses. Ataxaadezanosrecuou5,3 pontos base para 2,748%. E chegouanegociarnos2,735%, ovalormaisbaixodesdeJaneiro. Este representa um alívio acentuado,atéporquea“yield” chegouatocarnos4,5%emFevereiro. Mas a recuperação chegoutambémaorestodaperiferia. Já a Alemanha, apesar dosjurosnegativos,continuaa registar reduções do custo de financiamento. A taxa a dez anos estáagoranos -0,109%. AdescidadosjurosnaZona Euro está a ser justificada pelosanalistascomaexpectativa demaisestímulospelosbancos centrais, através de cortes nas taxasdereferência,oudemais compras de activos. Isso mesmoanunciouoBancodeInglaterra na semana passada, quando cortou a sua taxa para o mínimo histórico de 0,25%. Já o BCE manteve a política inalterada em Julho, mas garantiu que vai seguir o impacto do Brexit naregião. I ATJ Pedro Elias 82,96 | O investimento do retalho nosprodutosdepoupançado Estado bate recordes em 2016.Ejáultrapassouoinvestimentoobtidoemtodooano passado. Aaposta da agência que gere o crédito público num novo instrumento de poupança aparenta estar a darfrutos. Comos1,2milmilhõesde euroscolocados,estaquarta-feira, em Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), o valor captado pelo Estado junto deste segmento é já de 3.809 milhões de euros, desde o início do ano. De referir, no entanto, queestevaloraindanãoinclui omontantedesubscriçõesde certificados de aforro e de CertificadosdoTesouroPoupança Mais (CTPM) em Julho, já que esses dados ainda não foram divulgados. O Estado aindanão tinha conseguidoobter,atéAgosto, umvalortãoelevadojuntodo retalhocomoem2016,segundo cálculos do Negócios baseados em dados do IGCP. O recorde anterior tinha sido em2014, anoemqueosaforradores aplicaram 2.996 milhões de euros até ao final de Agosto.Nesseano,seriaminvestidoscincomilmilhõesde euros pelo retalho. O montante obtido pelo Estado junto do retalho, este ano, bate já o total angariado emtodooanode2015,queascendeu a3,53 mil milhões de euros. Além da maior oferta de produtos por parte do IGCP,asfamíliastêmaumentado o investimento em produtos do Estado que oferecemrentabilidadesuperiores àquelasquepodemserconseguidasnostradicionaisdepó- RETALHO REFORÇA APOSTA Aplicações, em milhões de euros Os investidores de retalho nunca tinham colocado tanto dinheiro em produtos do Estado até Agosto como em 2016. Entre OTRV, certificados do Tesouro e CTPM já investiram 3,8 mil milhões de euros. As OTRV são responsáveis por mais de metade do investimento. Fonte: IGCP e Negócios sitos aprazo, porexemplo. Esta corrida aos instrumentosdepoupançadoEstado tem permitido que os investidoresderetalhorecuperem peso no financiamento. Tendo em conta os dados da dívidadirectadoEstadomais recentes,referentesaJunho, eovalorangariadoestaquarta-feira em OTRV, o retalho ficará a deter mais de 10% da dívidadirectadoEstado.Essa proporção atingiu um mínimo de 5,39%, em meados de 2013. E chegou a ser de mais de 20% no início dos anos 2000. I RUI BARROSO 4,5% FINANCIAMENTO Com as divergências entre o Governo e Bruxelas por causa do Orçamento, a taxa de Portugal a dez anos chegou aos 4,5%. 28 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | MERCADOS Bruno Simão MATÉRIAS-PRIMAS OPEP antevê petróleo em baixa até ao final do ano Há 12.610 famílias com mais de 250 mil euros em incumprimento, valores que estarão relacionados com o crédito à habitação. CRÉDITO 12 mil famílias têm mais de 250 mil euros por pagar O número de famílias com prestações em atraso diminuiu no segundo trimestre, de acordo com os dados da Central de Responsabilidade de Crédito. A maioria das famílias tem até 25 mil euros em incumprimento. RAQUEL GODINHO [email protected] D epois do aumento registado no início do ano, o número de famílias com prestações em atraso voltou a diminuir no segundo trimestre, segundoosdadosdaCentraldeResponsabilidade de Crédito. Ainda assim, os dados do Banco de Portugalrevelamtambémquemaisde 12milfamíliastêmmaisde250mil euros em incumprimento junto das instituições financeiras. 622 mil famílias tinham pelo menosumamensalidadeematraso, no final de Junho. Em relação aoprimeirotrimestre,passarama estar registados menos nove mil incumpridores junto do Banco de Portugal, isto depois de no arranque do ano terem sido interrompidos três trimestres de alívio. Mais de metade destas famílias (63,3%) têm até 25 mil euros em incumprimento,revelamaindaos dados do regulador. Quase 35% têm entre 25 mil e 250 mil euros de crédito vencido. A menor percentagem de incumpridores situa-se no patamar acima de 250 mil euros. São pouco mais de 2% nestasituação, mas ainda assim são 12.610 famílias com dívidas acima deste valor. E este número é, contudo, o mais baixodesdequeoBancodePortu- 12.610 INCUMPRIMENTO Mais de 12 mil famílias têm mais de 250 mil euros em incumprimento. galcomeçouarecolherestesdados no primeiro trimestre de 2009. Nessa altura, havia mais de 17 mil famíliascomdívidasacimade250 mil euros. Estelimiardeincumprimento estarárelacionadocomocréditoà habitação, segmento onde o malparado das famílias é mais elevado.NofinaldeJunho,osbancostinham2,63milmilhõesdeeurosde empréstimos para a compra de casadadoscomodedifícilrecuperação, o valor mais elevado desde que o Banco de Portugalcomeçou arecolherestesdados,emDezembrode1997.Estemontanterepresenta 2,73% do total emprestado paraeste fim. Aindade acordo com os dados do Banco de Portugal no final do segundotrimestreonúmerodefamílias com prestações em atraso era de 146.054. Menos 5.066 portuguesesdoquenofinaldoprimeiro trimestre deste ano e que anularam o aumento registado nesse período. I Amudança de ano não tirou o petróleodasquedas.EmJaneiro,oBrent,negociadoemLondres, atingiu o valor mais baixo desde 2004, ao descer até aos 26 dólares por barril. Depois veio a recuperação, mas nunca mais o “ouro negro” foi omesmo.Longevãoos100dólares e, agora, a Organização dosPaísesExportadoresdePetróleo (OPEP) diz que a tendência deverá continuar fraca até ao final do ano. “Comofinaldatemporada deviagensdecarronoterceiro trimestre, a procura por gasolinapoderáverumacorrecção daépoca”,apontouaOPEPno seu relatório mensal, divulgado esta quarta-feira, 10 de Agosto. Além disso, explica a instituição sediada em Viena, as grandes reservas em todo o mundo significam que “o lado da oferta continuará a causar pressão”nopreçodopetróleo. Mas a procura actual não está a ser melhor. A OPEP diz que “as margens de refinação têmcaído no último mês devido aos maiores inventários, quetiveramorigemnoaumento da procura menor do que o previsto”. Já para o final do ano, a instituição antevê que estáguardadaarecuperação,a beneficiardamaiorprocuratípica do Inverno. Por agora, o petróleo mantém-se longe da fasquia dos 100 dólares a que habitouosinvestidoresdurante vários anos. I ANDRÉ TANQUE JESUS BREVES FUNDOS CÂMBIOS BREXIT ACELERA FUGA DOS INVESTIDORES DOS ETF EUROPEUS DÓLAR NAS RUAS DE LUANDA É O TRIPLO DA COTAÇÃO OFICIAL Os ETF europeus têmregistado umaacentuadasaídade dinheiro. Segundo os dados da S&PGlobalMarketIntelligence,citadospeloTheWallStreet Journal, saíram 6,4 mil milhões de dólares dos dez maioresETF europeuscotadosnos EUA. Isto apenas entre Junho e Julho e, depois disso, os ETF ficaram reduzidos a 41,9 mil milhões. “Os receios em relação ao Brexit motivaram uma continuação de dinheiro asair da Europa”, disse Todd Rosenbluthaojornalnorte-americano.OdirectordeinvestigaçãodeETFdaS&Pexplicaque afugaaconteceu, “no início do ano, com os investidores a favorecerem as acções dos EUA devido aos receios com a economiaeuropeia,sendoquedepois acelerou”. I O preço médio de um dólar norte-americano nas ruas de Luanda manteve-se praticamenteinalteradonaúltimasemana nos 570 kwanzas (3,10 euros). Este valor é três vezes maisos166kwanzas(90cêntimos de euro) dataxaoficial de câmbio. Há alguns meses que o preço no mercado informal continuaentre os 570 e os 600 kwanzas, apesar de algumas pontuaisflutuaçõessemanais. A Lusa encontrou na quarta-feiraquemvendesseanotade dólar,nobairrodoSãoPaulo,a 580kwanzas,enquantoas‘kinguilas’ – mulheres que trocam dinheiro – do bairro dos MártiresdeKifangondocobravam 575 kwanzas. Já no bairro do Maculusso,nocentrodeLuanda, haviaquem vendesse o dólara550 kwanzas. I QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | MERCADOS | 29 MERCADOS ACÇÕES PREÇO-ALVO PSI-20 Portugal 0,32% Este ano: -9,90% GALP E JERÓNIMO PUXAM POR LISBOA Ibex-35 Espanha -0,08% Este ano: -9,28% Dax Alemanha -0,39% Este ano: -0,86% FTSE R. Unido 0,22% Este ano: 10,00% S&P500 EUA -0,42% Este ano: 6,29% COTAÇÃO DO ÍNDICE PSI-20 EM PONTOS Pela quinta sessão consecutiva, a bolsa de Lisboa fechou em alta. Num dia misto para as praças europeias, o PSI-20 subiu 0,32% para 4.787,45 pontos. Lisboa foi animada, sobretudo, pela Jerónimo Martins, que somou 1,30% para 15,20 euros. Isto depois de ter tocado nos 15,23 euros, o valor mais alto desde Dezembro de 2013. Em alta esteve também a Galp Energia, depois de ter tocado num máximo de Setembro de 2014. Fechou a ganhar 0,23% para 13,02 euros. Com uma subida superior a 1% estiveram também os CTT, ao valorizar 1,09% para 7,06 euros. I Fonte: Bloomberg DIVISAS MERCADORIAS Dólar Índice -0,46% Este ano: -4,52% DÓLAR CAI PARA MÍNIMOS DE JUNHO COTAÇÃO DA DIVISA EM PONTOS WTI EUA -2,49% Este ano: 17,65% MAIS RESERVAS LEVAM PETRÓLEO ÀS QUEDAS COTAÇÃO EM DÓLARES POR BARRIL Fonte: Bloomberg O dólar norte-americano contabilizou a segunda queda consecutiva. O índice, que mede o desempenho da moeda face às dez principais congéneres, recuou 0,46% para 1.176,84 pontos, o valor mais baixo desde 23 de Junho. A pressionar esteve o aliviar das expectativas de que a Fed venha a subir a taxa de juro de referência ainda este ano. I O petróleo desvalorizou, na quarta-feira. O Brent, negociado em Londres, perdeu 2,49% para 43,86 dólares por barril. A pressionar estiveram as reservas da matéria-prima nos EUA, que aumentaram em 1,06 milhões de barris na semana passada. Ao mesmo tempo, os dados apontam para uma queda da procura em 255 mil barris. I TAXAS DE JURO DE CURTO PRAZO TAXAS DE JURO DE LONGO PRAZO EURIBOR DESCEM A SEIS E 12 MESES EURIBOR A TRÊS MESES EM PERCENTAGEM JUROS DA DÍVIDA CAEM PELA TERCEIRA SESSÃO 1,35€ SONAE Entidade Haitong Analistas Equipa de “research” Última cotação 0,695€ Comprar. A Sonae vai publicar os resultados do segundo trimestre a 18 de Agosto. O Haitong antevê “um fraco conjunto de dados no retalho”, particularmente no alimentar. Contudo, “as vendas terão subido 2%”, acrescenta o banco, a beneficiar do aumento de 6,5% da área de vendas. 0,02€ BCP Entidade Haitong Analista Carlos Cobo Última cotação 0,019€ Neutral. A Soares da Costa pediu protecção contra credores. “Uma notícia negativa para o BCP”, aponta o Haitong, já que é um dos maiores credores. O banco considera que isto “poderá implicar novas provisões no segundo semestre de 2016”, embora não seja conhecida a exposição total à construtora. Fonte: Bloomberg Euribor Z. Euro -0,297% Este ano: -126,72% Esta agenda não dispensa a consulta na íntegra das recomendações e opiniões dos analistas. Ver mais em www.negocios.pt 10 Anos Portugal 2,748% Este ano: 23,2 p.b. “YIELDS” A DEZ ANOS EM PERCENTAGEM 3,00€ NAVIGATOR Entidade Haitong Analista Nuno Estácio Última cotação 2,962€ Comprar. Os preços da pasta de papel estão a recuar esta semana, sendo que a queda ascende a 3% este trimestre. “Ligeiramente pior do que antecipámos”, diz o Haitong. Mas reitera a “preferência pela Navigator, devido à menor exposição do EBITDA ao segmento da pasta de papel”. 17,50€ ALTICE Entidade Goldman Sachs Analistas Equipa de “research” Última cotação 15,025€ Fonte: Bloomberg Fonte: Bloomberg As taxas Euribor desceram na maior parte dos prazos. A excepção foi a taxa a três meses que subiu para -0,297%, acima do mínimo histórico de -0,299%. Já a Euribor a seis meses, referência em mais de metade dos créditos à habitação em Portugal, caiu para -0,188%. Já no prazo a 12 meses, a Euribor cedeu para -0,048%. I Os juros da dívida portuguesa voltaram a recuar na quarta-feira. A taxa a dez anos caiu 5,3 pontos base para 2,748%, tendo negociado nos 2,735%, um mínimo de Janeiro. Em queda fecharam também os juros da Alemanha. E apesar de a “yield” a dez anos ter recuado 3,2 pontos para -0,109%, o “spread” de Portugal caiu para 285,7 pontos. I Comprar. A Altice divulgou os resultados do segundo trimestre. Um período no qual o Goldman Sachs destaca “a tendência acima do previsto na margem do EBITDA em França, receitas robustas e o corte de custos em Portugal”. Por isso, mantém a avaliação à empresa. 30 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | ACÇÕES NACIONAIS MERCADOS ACÇÕES INTERNACIONAIS MERCADOS PSI-20 EURO STOXX 50 Empresa Altri BPI BCP Montepio Corticeira Amorim CTT EDP EDP Renováveis Galp Energia Jerónimo Martins Mota-Engil Nos Pharol Navigator REN Semapa Sonae Capital Sonae Data cot. Última cot. Var.% 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 3,524 1,120 0,019 0,474 8,240 7,060 3,105 7,100 13,020 15,200 1,800 5,999 0,172 2,962 2,694 11,760 0,630 0,695 -0,31 -0,18 0,00 -0,21 1,88 1,09 -0,10 -0,67 0,23 1,30 -0,50 0,81 -3,91 0,47 -0,22 1,51 0,32 0,29 MELHORES DESEMPENHOS Valor neg. Var.% a 12M 1.260.029 640.646 3.023.349 57.963 356.114 3.980.765 23.110.430 2.172.971 15.593.480 14.652.760 380.112 2.694.199 376.718 1.970.479 1.329.358 644.903 36.995 1.801.751 -3,48 14,40 -70,23 -39,62 80,04 -25,51 -8,08 9,84 27,71 12,34 -22,41 -20,92 -22,95 -15,44 -3,44 -9,19 61,54 -44,71 PIORES DESEMPENHOS Variação % Corticeira Amorim Semapa Jerónimo Martins CTT Nos Variação % Pharol EDP Renováveis Mota-Engil Altri REN 1,88 1,51 1,30 1,09 0,81 Corticeira Amorim em máximos históricos A empresa avançou quase 2% na sessão em que tocou no valor mais elevado de sempre a beneficiar dos resultados semestrais. MAIS NEGOCIADAS -3,91 -0,67 -0,50 -0,31 -0,22 EDP Renováveis trava subida da bolsa A cotada de energias verdes perdeu 0,67% e impediu a praça portuguesa de registar uma subida mais expressiva. RESUMO DA SESSÃO Variação EDP Galp Energia Jerónimo Martins CTT BCP Cotação de fecho Máximo diário Mínimo diário Acções negociadas Valor negociado Últ Cot. Var.% Var.%12M 93,49 50,34 130,25 110,9 98,82 11,96 18,115 5,123 3,769 70,26 96 77,63 44,39 21,935 38,34 61,17 68,15 12,16 27,73 15,51 9,305 4,074 14,635 13,57 114 66,8 6,024 31,625 10,45 1,924 24,235 171,1 152 152,6 4,94 13,75 60,92 72,25 77,43 59,3 103,8 31,31 8,857 42,995 245,05 2,012 40,805 67,27 17,66 123,15 0,30 0,20 1,57 -0,36 -1,06 0,08 1,26 1,01 0,34 0,24 -1,42 -0,12 -0,41 0,43 -0,67 -0,30 -0,10 3,07 -0,25 -0,67 -7,79 -0,20 -0,61 -0,30 -0,26 -0,82 -0,33 -0,93 -0,80 0,88 1,50 -0,63 -0,36 -1,02 0,20 -0,72 0,11 -2,52 -0,24 0,70 -0,75 0,06 -0,01 -0,80 0,10 0,79 -0,88 0,04 0,08 -0,12 -21,16 -22,58 -13,60 -0,54 8,82 -33,02 -26,57 -43,68 -39,38 -11,96 -27,65 -14,14 -26,17 -29,58 -12,21 -25,62 9,51 -58,67 4,24 -8,98 -27,62 -7,78 -18,84 -16,66 -2,04 6,50 -6,88 -1,61 -29,35 -44,06 -2,88 -2,84 -12,19 -8,38 -17,33 -9,31 -12,56 -28,61 18,48 -6,77 4,51 -34,04 -36,16 -6,19 -1,08 -67,87 -2,74 12,23 -25,83 -33,77 MELHORES DESEMPENHOS 4.787,45 4.792,53 4.760,48 229,7 milhões 50,43 milhões Variação % Deutsche Bank Allianz Philips Axa BBVA Bolsa completa cinco sessões de ganhos O PSI-20 avançou 0,32% e completou a quinta sessão de ganhos, num dia em que os índices europeus fecharam sem tendência. OUTRAS EMPRESAS DO PSI GERAL Cofina Compta Cimpor Estoril Sol F. C. Porto Glintt Grão-Pará Ibersol Inapa Impresa Lisgráfica Luz Saúde Martifer Media Capital Novabase Orey Antunes F. Ramada Reditus Sporting C. P. Toyota Caetano SDC Investimentos S. L. Benfica Sonaecom Sonae Indústria Sumol+Compal SAG Teixeira Duarte Vista Alegre Air Liquide Sa Airbus Group Se Allianz Se-Vink Anheuser-Busch I Asml Holding Nv Generali Assic Axa Bbva Banco Santander Basf Se Bayer Ag-Reg Bayer Motoren Wk Bnp Paribas Carrefour Sa Saint Gobain Daimler Ag Danone Deutsche Bank-Rg Deutsche Post-Rg Deutsche Telekom E.On Se Enel Spa Engie Eni Spa Essilor Intl Fresenius Se & C Iberdrola Sa Inditex Ing Groep Nv Intesa Sanpaolo Koninklijke Phil L’Oreal Lvmh Moet Henne Muenchener Rue-R Nokia Oyj Orange Safran Sa Sanofi Sap Se Schneider Electr Siemens Ag-Reg Soc Generale Sa Telefonica Total Sa Unibail-Rodamco Unicredit Spa Unilever Nv-Cva Vinci Sa Vivendi Volkswagen-Pref Variação 23.110.430 15.593.480 14.652.760 3.980.765 3.023.349 Liquidez fica acima dos 50 milhões Foram negociados mais de 50 milhões de euros, o que ficou ligeiramente acima dos 49 milhões transaccionados na véspera. Empresa Empresa FUNDOS 3,07 1,57 1,50 1,26 1,01 Banca lidera ganhos nas bolsas europeias Entre as maiores subidas da sessão estiveram cotadas do sector financeiro. O Deutsche Bank valorizou mais de 3%. PIORES DESEMPENHOS Data cot. Última cot. Var.% 10-08-2016 14-07-2016 10-08-2016 09-08-2016 10-08-2016 09-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 08-08-2016 09-08-2016 10-08-2016 02-05-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 01-08-2016 08-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 09-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 10-08-2016 0,275 0,110 0,325 2,250 0,610 0,227 0,100 12,000 0,130 0,210 0,020 2,160 0,219 2,040 1,180 5,250 0,260 0,660 1,260 0,025 0,960 2,650 0,005 1,500 0,081 0,201 0,080 2,23 0,00 -3,85 0,00 0,00 0,00 -50,00 -2,56 4,00 1,45 0,00 0,00 0,00 0,00 -1,67 0,19 0,00 0,00 0,00 -10,71 0,84 6,85 0,00 0,00 6,58 -0,50 14,29 Valor neg. Var.% a 12M 25.427 165 20.870 3.920 6 1.079 2 55.087 68.579 96.193 20 648 1.667 1.849 590 50.317 676 152 6.300 30.580 2.050 136.012 1.233 1.824 8.125 1.389 48 -48,69 -26,67 -65,79 136,84 -3,17 1,79 -74,36 38,74 -10,34 -73,08 -33,33 -43,90 -25,76 -18,04 -41,00 49,15 -49,02 -37,74 11,50 -62,69 6,55 15,22 -28,07 -18,96 -61,79 -62,57 -11,11 E.On Sanofi Bayer AG ASML Munich RE Variação % -7,79 -2,52 -1,42 -1,06 -1,02 Prejuízos do semestre penalizam E.On A cotada alemã afundou quase 8% e registou a maior queda do EuroStoxx 50 depois de ter fechado o semestre com perdas. Euro Stoxx 50 Cinco sessões FUNDOS Tel. +34 91 538 25 00 www.pictetfunds.pt Fundo Últ. valor Ethna-AKTIV A Ethna-AKTIV T Ethna-DEFENSIV A Ethna-DEFENSIV T Ethna-DYNAMISCH A Ethna-DYNAMISCH T 126,82 131,57 139,88 162,23 75,53 77,08 Moeda EUR EUR EUR EUR EUR EUR S&P 100 Empresa 3M Co Abbott Labs Abbvie Inc Accenture Plc-A Allergan Plc Allstate Corp Alphabet Inc-C Alphabet Inc-A Altria Group Inc Amazon.Com Inc American Express American Interna Amgen Inc Apple Inc At&T Inc Bank Of America Bank Ny Mellon Berkshire Hath-B Biogen Inc Blackrock Inc Boeing Co/The Bristol-Myer Sqb Capital One Fina Caterpillar Inc Celgene Corp Chevron Corp Cisco Systems Citigroup Inc Coca-Cola Co/The Colgate-Palmoliv Comcast Corp-A Conocophillips Costco Wholesale Cvs Health Corp Danaher Corp Dow Chemical Co Duke Energy Corp Du Pont (Ei) Eli Lilly & Co Emc Corp/Ma Emerson Elec Co Exelon Corp Exxon Mobil Corp Facebook Inc-A Fedex Corp Ford Motor Co General Dynamics General Electric General Motors C Gilead Sciences Goldman Sachs Gp Halliburton Co Home Depot Inc Honeywell Intl Intel Corp Ibm Johnson&Johnson Jpmorgan Chase Kinder Morgan In Lockheed Martin Lowe’S Cos Inc Mastercard Inc-A Mcdonalds Corp Medtronic Plc Merck & Co Metlife Inc Microsoft Corp Mondelez Inter-A Monsanto Co Morgan Stanley Nextera Energy Nike Inc -Cl B Occidental Pete Oracle Corp Paypal Holdings Pepsico Inc Pfizer Inc Philip Morris In Priceline Group Procter & Gamble Qualcomm Inc Raytheon Co Schlumberger Ltd Simon Property Southern Co Starbucks Corp Target Corp Texas Instrument Time Warner Inc Twenty-First - B Twenty-First C-A Union Pac Corp United Parcel-B United Tech Corp Unitedhealth Grp Us Bancorp Verizon Communic Visa Inc-Class A Wal-Mart Stores Walgreens Boots Walt Disney Co Wells Fargo & Co Últ Cot. 178,16 44,71 66,3 112,86 251,24 69,35 783,52 807,22 66,675 767,54 64,74 58,96 171,195 107,84 43,16 14,801 39,855 146,33 308,14 365,83 131,77 60,67 66,68 82,59 112,37 100,03 30,865 45,43 43,545 74,7 67,08 40,61 167,84 97 81,05 53,31 83,58 68,85 80,24 28,33 53,33 35,31 86,2 124,68 164,49 12,25 150,57 31,21 31,2 78,825 162,15 43,87 135,6 115,68 34,55 162,09 123,26 65,21 20,51 259,85 80,84 96,29 118,65 87,1 62,4 39,98 57,88 43,42 105,82 29,14 126,1 55,29 73,29 40,95 38,05 108,67 34,96 99,08 1406,94 86,11 61,6 140,4 81,02 218,62 52,84 55,41 72,84 69,96 79,8 26,085 25,53 92,46 109,64 107,89 142 42,47 53,74 79,54 74,011 82,62 98,01 48,13 Var.% Var.%12M -0,13 -0,82 -0,69 -0,02 0,06 -0,03 -0,09 -0,03 0,08 -0,10 -0,99 -0,52 -0,51 -0,89 0,19 -2,56 -1,06 -0,60 -2,00 -0,76 -0,64 -1,53 -1,62 -0,29 -1,26 -1,27 -0,24 -1,02 0,17 -0,11 0,27 -1,53 -0,01 -0,46 -0,18 -0,15 -1,36 0,07 -1,55 -0,87 -1,84 -1,51 -2,82 -0,30 0,10 -0,49 1,35 -0,29 0,42 -0,64 -0,79 -0,41 -0,37 -0,50 -1,06 0,20 -0,14 -1,00 0,29 -0,31 -0,61 -0,42 0,29 -0,73 -0,14 -3,15 -0,55 -0,23 -0,64 -0,68 0,02 -0,86 -0,53 -0,36 -0,13 0,36 -0,34 0,69 0,00 0,14 -0,63 0,20 -0,99 -0,91 0,00 0,38 0,32 -0,41 0,81 -0,36 0,20 -0,66 -0,01 -0,42 0,13 -0,84 0,15 -0,65 0,64 2,14 1,39 -1,63 17,80 -11,74 -4,20 7,28 -21,95 9,90 23,64 21,73 19,68 46,48 -20,33 -7,86 0,35 -9,92 24,09 -17,95 -11,94 2,03 -2,16 9,01 -9,66 -5,04 -19,17 3,03 -14,37 16,46 7,96 -22,66 4,47 8,67 12,83 -19,10 14,76 -10,70 16,30 14,30 11,72 26,59 -3,92 3,70 6,62 9,73 9,46 32,43 -2,90 -16,56 -0,91 18,94 -2,32 -32,39 -21,27 5,41 15,31 7,81 16,57 3,41 23,52 -5,34 -36,89 23,28 16,20 -1,83 19,38 12,21 6,83 -29,06 22,29 -6,44 2,55 -25,44 18,37 -4,14 2,86 2,66 -2,56 9,67 -1,13 15,38 6,28 12,74 -2,45 28,30 -4,05 15,57 16,23 -1,53 -7,76 34,33 -2,87 -13,45 -16,73 -1,09 6,00 8,38 15,94 -7,71 13,78 6,94 3,54 -12,06 -11,70 -16,93 Fundo Últ. valor Pictet-EUR Sovereign ShT Liq-R Pictet-AbsRtn Fixed Inc-HR EUR Pictet-Agriculture-R EUR Pictet-AsnEq xJpn-HR EUR Pictet-AsnEq xJpn-R USD Pictet-Asn LclCcyDbt-R USD Pictet-Biotech-HR EUR Pictet-Biotech-R USD Pictet-CHF Bonds-R Pictet-Clean Energy-R USD Pictet-Digital Comm-R USD Pictet-EmEurope-R EUR Pictet-EmLclCcyDbt-R USD Pictet-EmLclCurrDbt HR EUR Pictet-Em Mkts Idx-R USD Pictet-Em Mkts-HR EUR Pictet-Em Mkts-R USD Pictet-Eu Equities Sel-R Pictet-Europe Index-R EUR Pictet-Eu Sust Eq-R EUR Pictet-EUR Bonds-R Pictet-EUR Corp Bds-R Pictet-EUR Gvt Bds-R Pictet-EUR High Yield-R Pictet-EUR SMT Bonds-R Pictet-Euroland Idx-R EUR Pictet-Glo Bonds-R EUR Pictet-Glo Em Ccy-HR EUR Pictet-Glo Em Ccy-R USD Pictet-Glo Em Dbt-HR EUR Pictet-Glo Em Dbt-R USD Pictet-Glo Megat Sel-R EUR Pictet-Glo Megat Sel-R USD Pictet-Greater China-R USD Pictet-Health-HR EUR Pictet-Health-R USD Pictet-Indian Eq-R USD Pictet-Jpn Eq Sel-HR EUR Pictet-Jpn Eq Opp-R JPY Pictet-Jpn Eq Sel-R JPY Pictet-JpnEq Opp-R EUR Pictet-Japan Index-R JPY Pictet-LATAMLclCcyDt-R USD Pictet-Mul.Ass. Glo Opp-R EUR Pictet-Pac xJpn Idx-R USD Pictet-Premium Brds-R EUR Pictet-Russian Eq-R USD Pictet-Security-R USD Pictet-Small Cap Eu-R EUR Pictet-Sov.-ST Mon.MktUSD-R Pictet-ST Mon.MktCHF-R Pictet-ST Mon.MktEUR-R Pictet-ST Mon.MktUSD-R Pictet-Timber-R USD Pictet-Timber-R EUR Pictet-US Eq Sel-HR EUR Pictet-US Eq Sel-R USD Pictet-USA Index-R USD Pictet-USD Gvt Bds-R Pictet-USD SMT Bds-R Pictet-Water-R EUR 100,8248 101,59 170,13 133,95 181,13 147,3 422,37 575,42 474,38 69,57 231,58 254,75 154,32 98,89 222,35 302,45 455,24 527,91 156,4 217,19 537 189,92 161,06 219,46 131,48 123,09 166,8 57,84 94,25 258,67 346,69 182,14 202,38 385,2 175,82 227,92 398,84 69,52 7289,11 10600,66 64,4 13378,78 116,52 114,77 347,75 114,82 47,94 181,08 902,98 101,7664 121,6961 133,0697 129,5919 132,96 119,65 126,48 173,67 184,88 616,24 125,92 240,98 Moeda EUR EUR EUR EUR USD USD EUR USD CHF USD USD EUR USD EUR USD EUR USD EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR EUR USD EUR USD EUR USD USD EUR USD USD EUR JPY JPY EUR JPY USD EUR USD EUR USD USD EUR USD CHF EUR USD USD EUR EUR USD USD USD USD EUR VEJA AS COTAÇÕES EM WWW.NEGOCIOS.PT Utilize o seu leitor de códigos QR para aceder directamente à página de cotações do Negócios. Publicidade Inscreve-te já! Para mais informações, liga 21 318 58 58 (dias úteis das 10h às 18h) / facebbok.com/ligarecord A nova temporada está a chegar. NOVO SITE PRÉMIO FINAL: 1 AUTOMÓVEL PRÉMIOS SEMANAIS www.record.xl.pt Na tua luta pela glória e pelo título de melhor treinador é na batalha da Liga Record que tudo se vai decidir. Escolhe já o plantel e a estratégia que te vão levar ao trono. Inscreve-te em liga.record.xl.pt e enfrenta a temporada que aí vem e todos os adversários rumo às vitórias semanais e ao grande prémio final. 32 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | OPINIÃO A COR DO DINHEIRO A MÃO VISÍVEL Observações sobre o impacto das políticas para toda a sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às de efeitos imediatos e dirigidas apenas a certos grupos da sociedade. CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia [email protected] Marcelo e Costa fazem jus à “silly season” P ronto! Agoraque os políticos foram apanhados em contrapé nos incêndios, começou o “nonsense”. AntónioCosta,numaintervençãotardia,disparou banalidades que contrariam o que fez enquanto ministro. Marcelo Rebelo de Sousa nãoficouatrás;repetiubanalidadescopiadas apapel químico de anos anteriores. Falaremordenamentodoterritório,conjugaçãodeesforçosnalimpezademataserepensar a floresta são coisas que se discutem háanos.Eondeháconsenso.Tãograndeque se tornou vetor fundamental do plano que o próprio Costa patrocinou na Administração Interna. Presidente e primeiro-ministro sabem queoproblemanãoéafaltade“reflexãoprofunda” sobre os incêndios (como diziaDuarte Caldeira à CMTV); é não se atuar na prevenção. Porque não dá votos. Imaginem autarquias (ououtras autoridades), sobretudo aquelas onde a dimensão agrária tem peso, impondo limpeza de matas ou penalizando quemnãocumpre(verartigodesegunda-feira). É mais fácil confiar numa meteorologia favorável e esperar que a loucura de alguns pirómanos dê tréguas... SePresidenteeprimeiro-ministroquerem contribuir para resolver o problema, têm de questionar porque não se atua na prevenção (limpezadematas,criaçãodeespaçoentreflorestaehabitações/malhaurbana…).Equestionarporque não se aplicao plano de 2006. É difícil mudar comportamentos? É. Só quearesoluçãodoproblemaimplicaaçõesimpopulares. EmEspanha, os incêndios caíram apique nos últimos dez anos. Não foi seguramentecomcomportamentoseleitoralistas. I Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico Em Espanha, os incêndios caíram a pique nos últimos dez anos. JORGE MARRÃO MIGUEL BELEZA JOAQUIM AGUIAR CAMILO LOURENÇO [email protected] Conveniências e realidades C JOAQUIM AGUIAR ada um pode comentar uma crise, ou as análises de uma crise, escolhendo a perspectiva que lhe parecermaisconveniente.Quandosetrataderesolver umacrise, não háconveniências, só conta arealidade efectivadas coisas. Osqueescolheramignorarossinaisdeformaçãodacrise,apesardeseremvisíveisduranteum prazo muito longo (desde o fim da escala imperial e adestruição dos centros de acumulação de capital com a sua integração no Estado pela via das nacionalizações, até à contracção do crescimentopotencialdaeconomiaportuguesaeaacumulação de imparidades no sistema bancário), aparecem agora a citar a análise crítica (num relatório com qualidade e utilidade) que foi feita peloFMIaoprogramadeajustamentoemqueos seus técnicos participaram. Servem-se do FMI porquelhesconvémagora,masessanãofoi,enão é, arealidade efectivadas coisas. Ioiôs e outros brinquedos de política económica A JOSÉ M. BRANDÃO DE BRITO incapacidade do BCE emcontinuaraenfraquecero euro através de taxas de juro cadavez mais negativas tem estado a ser interpretada como indício de impotênciadapolíticamonetária. Estranhamente, tal circunstância não tem diminuído a fé da maioria dos economistas na utilidade dapolíticaeconómica: se avertente monetáriadeixou de funcionar, passa-se paraaorçamental. Estasolução – supostamente o melhor que a“intelligentsia” globaltemparaoferecer– em nada difere da estratégia de alternância entre estímulos orçamentais e monetários aplicadadesde o finaldaII GuerraMundial. Como tão bemsabemos,oioiôentreumeoutrotipodepolítica económica levou à acumulação de elevadíssimos níveis de endividamento, os quais acabaram por desencadear a crise financeira de 2008. Como desde então o endividamento do setorpúblico de quase todos os países não desa- “É este o balanço arrasador (e aterrador) do programa de ajustamento português elaborado pela troika e conduzido com zelo e dedicação pelo Governo PSD/CDS.” “A política monetária parece ser impotente nesta situação. Um suporte orçamental direcionado às empresas faria mais sentido, na nossa opinião.” NICOLAU SANTOS EXPRESSO 6 DE AGOSTO DE 2016 EUROPEAN ECONOMIC WEEKLY, BANK OF AMERICA MERRILL LYNCH 10 DE AGOSTO DE 2016 Em 2011, o programaparaaconcessão de um empréstimodeemergênciafoinegociadopeloGoverno português com técnicos de instituições europeias,depoisapoiadosportécnicosdoFMI.Não foiatroikaqueelaborouoprogramadeajustamento português, foi o Governo português em exercício que forneceu os dados, identificou os problemas e negociou os termos do memorando de entendimento. Se depois esse informador, negociador e primeiro signatário do programade ajustamento,seafastoudoscompromissosquetinhanegociado,invocandoqueconheciaumaalternativa, éumfactoquepertenceaodomíniodasconveniências, mas não é arealidade efectivadas coisas. Cinco anos depois, os mesmos que negociaramoanteriorprogramadeajustamentoedepois orepudiaramestãoemcondiçõesderevelaroque eraaalternativaque diziam conhecer. O FMI vai agradecer este teste em tempo real com uma sociedade real, o que é raro serautorizado. I JOSÉ M. BRANDÃO DE BRITO pareceu, iniciativas que aumentem a despesa públicatornamasituação aindamais insustentável. Como é que estarealidade pode escapara analistas reputados é, paramim, ummistério. A não ser que… esses tais especialistas estejam a contemplarjuntaraosioiôs(entreestímulosorçamentais e monetários) uma esquadrilha de helicópteros (de distribuição de moeda). Porque, com este alargamento do arsenal de política económica, o estímulo orçamental poderia passar a ser diretamente financiado pelo BCE, através de “helicoptermoney”, ouseja, de liquidez fornecida pelo banco central aos estados sem contrapartida. Como nota final, relembro que foi com essa estratégia que Mugabe e Chavez/Maduro geraram gigantescos fenómenos de hiperinflação. I Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 ISCTE BUSINESS SCHOOL E INDEG-IUL BUZZ A esperança do desporto Motivar com objetivos impossíveis PEDRO DIONÍSIO Professor de Marketing do ISCTE-IUL [email protected] N asequênciadoinquestionável(ealgo surpreendente) êxito do nosso país no Euro 2016, em Paris, agosto iniciou-sedesportivamentecomaVolta a Portugal em Bicicleta e com os Jogos Olímpicos, evento onde os portugueses–embaladospeladinâmicade vitóriade julho – aguardam com expectativa o momento de se orgulharemcommaiseboasperformances desportivas. E a coisa promete, até mesmo pelanovelaque antecedeuaparticipação portuguesa de futebol. Como ésabidoefoiamplamentecomentado,paraoselecionadornacional,Rui Jorge, não foi propriamente fácil constituir uma equipa olímpica. E, no entanto, este grupo de “miúdos” razoavelmente pouco conhecidos soube atuar como uma verdadeira equipa, dando uma lição de espírito degrupoeassegurando,desdecedo, a passagem aos quartos de final. Nada mal, para uma equipa de segundas escolhas... Os Jogos Olímpicos assumem também uma importância que transcende a vertente desportiva porque,aopreencheremnoticiários e programas televisivos, poupam o paísagrandepartedasnão-notícias, próprias da “silly season”, e que, a parcom o alarmante número de incêndios de verão, ocupam a nossa atençãonestetempoemqueamaioria da classe política, fonte habitual de notícias, se encontraabanhos no Algarve. Gostaria de destacar aquele que consideroserumexcelenteexemplo dedesempenhoolímpicoportuguês, não apenas em termos desportivos mastambémeconómicos;éocasoda canoagem. Nestamodalidade desportivaas medalhas de vários atletas emcampeonatos europeus, mundiais e Jogos Olímpicos são já habituais. A esta boa performance não terá sido alheia a articulação de vários fatores: – um bem arquitetado plano de longo prazo, gizado pelaFederação; – o trabalho diário, persistente e duro, por parte de atletas, treinadores e dirigentes; – a existência de um centro de treinos de alto rendimento, onde se treinamatletasnacionais,masonde também vêm estagiar e competir equipas estrangeiras, aproveitando as boas condições climáticas; –umaexemplarindústrianacional, protagonizada pela Nelo Caiaques, fundadaem1978 e sediadaem ViladoConde,queforneceosbarcos decompetiçãoparamuitasdasequipas olímpicas. Agora,comumPresidentedaRepúblicaquefazquestãodeatribuiro devido relevo às performances desportivas dos portugueses, será tambémumexcelentemomentoparaos portuguesesouviremeaplicaremas ilaçõesqueestePresidente,também eleumamantedodesporto,temprocurado retirar dos êxitos desportivos. A fórmula do sucesso é sobejamenteconhecida–umavisãodelongoprazo,umplanoestratégico,uma liderançaforte,vontadedecooperação em torno de um desígnio nacional,umapaixãoporvencereotrabalho árduo e determinado daqueles que implementam no diaadia. É este o espírito que tem permitido a setores tradicionais da nossa economia,comoéocasodocalçado, afirmarem-senacionaleinternacionalmente. Cabe, agora, a todos nós seguirmos estes exemplos, acreditandoque,emcadaumadasatividadesemqueestamosenvolvidos,osucesso estánas nossas mãos. I Coluna quinzenal à quinta-feira Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico | OPINIÃO | 33 MIGUEL PINA E CUNHA Professor na Nova School of Business and Economics E screveu Camões que: “Coisas impossíveis,émelhoresquecê-lasquedesejá-las.”Fazsentido.E,noentanto,no mundo dos negócios, vários executivos de elevado perfil começaram a apregoar o contrário: que a melhor maneirade escaparao normalé através da definição de objetivos impossíveis, extraordinários. Um desses executivos foi Jack Welch, o mítico CEO da GE. Que Welch foi, ele próprio, um extraordinário gestor, parece fora de questão. Que as coisas, em geral, provaram as suasrazões,também.CharlesDuhigg, do The NewYorkTimes, contaahistória da adoção de objetivos “stretching”noseunovolivro“Smarter, Faster, Better”. Ainspiração terá vindo do desenvolvimento do “shinkansen”, o comboio-bala japonês, inicialmente um projeto impossível. Welch aplicou amesmareceita naGEcomresultadosparticularmente interessantes e inovadores na GE Aviation. Na Southwest Airlines, a mesma lógica foi adotada num momento de vidaoude morte paraaentão pequena companhia aérea. De novo com resultados impressionantes. Mais recentemente, Steve Jobs fez daApple um terreno de concretizaçãodeimpossibilidades:oseucampo de distorção da realidade ajudava atornaro impossível possível. Adefinição de objetivos impossíveis, todavia, colide com décadas de investigação sobre definição de objetivos: porque haveriam as pessoas de seesforçarparaalcançaralgoquenão éalcançável?Trata-sedeumboapergunta. Quando recorrer a objetivos impossíveis? O trabalho de Sitkin e seus colegas mostra que este tipo de objetivos tem tipicamente aplicação numa gama muito estreita de casos: quando a organização dispõe de recursos para gastar com inovação e quando tem um passado recente de sucesso.Nemtodososcasosdesucesso, todavia, se compaginam com esta explicaçãoteórica,mascompreende- -se o argumento: pôras pessoas atrás doimpossívelexigeboasdosesdeautoconfiança e recursos para experimentar formas muito diferentes de fazeras coisas. Em muitas ocasiões, a busca do impossível,porém,nãoconduzalado nenhum: a Nokia, já acossada pelos seus rivais, ter-se-á entregue às promessasdasmissõesimpossíveis–que nesse caso fizeram jus ao nome. Ou seja, emvezde querermudartudo de umavez, parece mais avisado mudar sempre, mas pouco de cada vez. Camões não foi um guru dagestão, mas defende um bom ponto. I Paracontinuaraexploraro tema: Duhigg, C. (2016). “Smarter, Faster, Better”. London: Penguin. Sitkin, S.B., See, K.E., Miller, C.C., Lawless, M.W. & Carton, A.M. (2011). “The paradox of stretch goals: Organizations in pursuit ofthe seemingly impossible.” Academy ofManagement Review, 36(3), 544-566. Coluna mensal à quinta-feira Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico 34 QUINTA-FEIRA 11 AGO 2016 | | MARKETING, MEDIA E PUBLICIDADE RTP pede estudo à KPMG sobre práticas salariais A estação pública encomendou um estudo à consultora para analisar várias práticas fiscais e parafiscais ligadas à gestão dos recursos humanos. A RTP garante que é “uma análise regular de procedimentos” e que “não há previsões” de programas de rescisões adicionais. SARA RIBEIRO [email protected] DIOGO CAVALEIRO [email protected] RTP contratou a KPMG para realizarumestudopara a revisão de algumas práticas salariais do grupo. Segundo o acordo publicado no portal Base (contratos públicos online), os serviços contratados consistem“no levan- A tamento e revisão das práticas adoptadas em matéria fiscal e parafiscal[...]noâmbitodoprocessamento salarial efectuado pela RTP”. Aanálise inclui questões ligadas ao regime geraldaSegurançaSocial e ao regime daCaixaGeral de Aposentações (CGA). Oobjectivopassaporpermitir “identificarequantificareventuais contingências na área das remunerações[...],bemcomoeventuais oportunidades de melhorias de procedimentos e de eficiênciafiscal/parafiscal”,lê-senodocumento, assinado em Maio. O contrato assinado entre a RTP e a KPMG tem honorários no valor de 12.500 euros mais IVA. ContactadapeloNegócios,fonte oficial da empresa liderada por GonçaloReisexplicouquese“tratadeumaanáliseregulardeprocedimentos”. E que o pedido desta análise não está relacionado com eventuaissaídasdetrabalhadores do grupo: “Não há previsões adicionais de um programa de rescisões, para além das ocorrências com um ritmo normal que se têm verificado”, acrescentou. Deacordocomocontratoassinadocomaconsultora,ondeCristinaVazTomé,administradorafinanceira da RTP, trabalhou, um dosmotivosqueespoletouopedidodaRTPfoi“acrescentecomplexidadedaactividadedasempresas eafrequênciadasalteraçõeslegislativas em matéria fiscal”. Esta questão, aliada “a uma postura cadavezmaisdeterminadadaAutoridade Tributária, impõem um criteriosoeadequadoacompanhamento das questões fiscais”. Nestecontexto,aRTP“pretendendo acautelar o cumprimento dasobrigaçõesdenaturezafiscale parafiscal emtodas as matérias ligadasàgestãodosrecursoshumanos, solicitou à KPMG a apresen- QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 | MMP | 35 O MANTO DIÁFANO Marcos Freitas seguido por 594 mil telespectadores A prova de ténis entre Gastão Elias e Steve Johnson, transmitida terça-feira pela RTP1, foi acompanhada por um total de 654 mil telespectadores, segundo os dados da Initiative/IPG Mediabrands. Já perto da meia-noite, o mesa-tenista Marcos Freitas reuniu um total de 594 mil telespectadores. Ainda assim, o pico máximo de audiência registou-se com a transmissão com a prova feminina de Ginástica Artística, a partir das 22h40. A RTP2 transmitiu a final de Canoagem Slalom, que contou com a presença de José Carvalho, tendo captado perto de 432 mil telespectadores. Fotografia: José Moreira/Reuters tação da presente “Engagement Letter”, detalha o documento. Arevisãovaiincluirpraticamente todos os grupos de trabalhadores da RTP: no activo, em situação de pré-reforma, com licença sem vencimento, estagiários e requisitados. A metodologia vai incidir “naidentificaçãodasdiferentes formasderemuneração(emdinheiro e em espécie) adoptadas”, para depois avançar com uma análise dos procedimentos fiscais “adoptados relativamente àcomponente pecuniária da remuneração”, do pagamento de ajudas de custo e reembolso de despesas dos colaboradores da RTP ou “das obrigações acessórias da RTP em sede de IRS”. Em relação à escolha da KPMGparaaelaboraçãodesta análise, que terá um custo de 12,5 mil euros mais IVA, aRTP esclareceu que “o trabalho foi adjudicado a uma empresa especializada, no seguimento de uma consulta ao mercado, como é apráticadaRTP”. I [672.] NOS UMA, parte dois N a campanha do pacote NOS UMA, o narrador Nuno Lopes trata o observador por tu: o público-alvo são os mais jovens, abertos ànovidade e conhecedores das séries onde tudo se mistura, como as personagens de séries do passado e gente de hoje passeando pelo cenário. O tratamento portu avançarapidamente em Portugal, em resultado da “democratização” nas relações sociais, no trabalho ou no lazer, e pelo maior peso que assumiram na comunicação os grupos sociais mais informais nas formas de tratamento. Os media como a televisão contribuíram muito, dado que o “tu cá, Pareceu-me faltar-lhe um grão na asa para vender o mundo maravilhoso que criou. tu lá” é conforme à identidade, que pretendem assumir, de familiaridade com os seus receptores. Sinal deste avanço do “tu” é apublicidade, que responde de imediato às novas realidades sociais, a começar pelas comunicativas. Mas os publicitários são geralmente cautelosos, pois aformade tratamento depende do público-alvo. Neste caso, o investimento da NOS e o carácter universal do produto, aUMA, apontariam para um tratamento na terceira pessoa do singular, mas os publicitários optaram pelo tu. E, de facto, é possível que muitos espectadores mais velhos e com menos literaciamediática, mesmo com cabo, não saibam do que é que os anúncios estão a falar. Deste modo, a opção visou alvejar directamente os mais jovens e dinâmicos com as “novas tecnologias”, que eles também tratam por tu. O público-alvo é simbolizado nos anúncios da campanha através das personagens de jovens adultos que povoam as casas, escritórios e lojas do cenário. Não aparece nenhuma “pessoa de idade” manipulando a UMA. Deste modo, compreende-se a ficção pós-modernacriadapelos reclames: um cenário não-realista, que não é nem deixa de ser; com jovens para quem o trabalho é entretenimento e os conteúdos de ficção são um assunto sério; o anúncio mostrando-se a si mesmo em construção; o protagonismo de Nuno Lopes, um actor que vai para os 40 anos, mas que é por isso um “jovem” nos padrões contemporâneos; apresença de câmaras de filmar como parte do quotidiano; a mistura de épocas históricas através da indumentária dos figurantes, como acontece em séries da moda. As séries e os actores são, aliás, um dos temas destacados na campanha, pois são os conteúdos preferidos do público-alvo. Está, portanto, tudo certinho, ex- EDUARDO CINTRA TORRES [email protected] cepto a habitual insistência dos publicitários em pôr a música aos berros, dificultando uma correcta apreensão das falas do narrador. Mas estar tudo certinho não é o mesmo que estar tudo certo. Tudo está conforme à ideia-base, ao conceito: os cenários, os acessórios e o vestuário, arealização, anarrativa, a escolhade Nuno Lopes, aadequação ao público-alvo. Mas fico na dúvida sobre a eficácia da campanha. Não estarão os espectadores cansados ou pelo menos demasiado habituados a este género? Seráque aficcionalização da“cidade” e atécnicateatral do à-parte do narrador para o espectadorfuncionam? Seráeficaz acampanha na capacidade de suspender a incredulidade do espectador? Seria ela necessária? Ou acharam os publicitários que não, que é precisamente por não haver suspensão da incredulidade que a campanha é atraente? Não tenho respostas. O anunciante tem: mede aeficáciapelo número de adesões ao serviço depois de começar a campanha. Mas isso é assunto para o anunciante. A mim sobrou-se um amargo de boca: pareceu-me que a campanha “não chega lá”, é pouco convincente. Pareceu-me faltar-lhe um grão na asa para vender o mundo maravilhoso que criou. I Coluna semanal à quinta-feira Conselho de Administração Paulo Fernandes (Presidente), João Borges de Oliveira, Luís Santana, Alda Delgado e António Simões Silva • Accionista Cofina, SGPS, S.A. (100%) • Sede: Redacção, Administração e Publicidade Rua Luciana Stegagno Picchio n.0 3 – 1549-023 Lisboa • Redacção: tel. 21 318 52 00 fax 210493145 e-mail [email protected] Publicidade: tel. 21 049 41 04 e-mail [email protected]• Assinaturas: tel. 21 049 49 99 (das 9h às 18h) ou através do e-mail [email protected] •DelegaçãoPortoRuaManuelPintodeAzevedo,80,1.o –4100-320Portotel.225322342fax225322397 •[email protected]•Internet www.negocios.pt•Propriedade/Editora Cofina Media, S.A. Capital Social 22 523 420,40€ • Contribuinte 502 801 034 •C.R.C de Lisboa 502 801 034 • Impressão Grafedisport SA – Casal de S.ta Leopoldina – 2745 Queluz de Baixo. ISSN: 0874-1360 • Estatuto editorial está disponível no site em www.negocios.pt QUINTA-FEIRA | 11 AGO 2016 O PULO DO GATO Nº ERC: 121571 • Depósito Legal: 120966/98 Tiragem média de Abril: 14.968 exemplares COFINA MEDIA, S.A. negocios.pt twitter.com/jnegocios www.facebook.com/jornalnegocios FERNANDO SOBRAL Grande repórter A ministra inexistente H áministrostímidosquesedissolvemnessasuafragilidade.Alguns sóexistemporque,quandoseolha parao organogramado Governo, reparamosqueforamempossados.Outrostentamserinvisíveis.Mas,nesteExecutivo,háum casoquenãoseconsegueentender,odeConstançaUrbano de Sousa, que ostentao benévolo epíteto de ministradaAdministração Interna.Nãosepercebebemseéumaministratímida,invisívelou,simplesmente,umaprimaafastadadeGasparzinho,ofantasminha.Nadacontraumqualquerministroacharquesedeveprecaverde aparições. Mas ConstançaUrbano de Sousaé,olhandoparaapertináciacomqueconsegueserinvisível,umcasopeculiar. Reparou-se que ela existia porque quando quatro argelinos se passearam pelo aeroportodeLisboadisse,acusto,queeraumcaso de “tentativa desesperada de imigração ilegal”. A insustentável leveza da ministra faz-nos crer que não brotará uma palavra dos seuslábiossobreadecisãodeMárioCenteno riscar 500 dos 800 novos polícias previstos, porque o OE de 2017 vai ser inclemente. Só que isso, agora, é irrelevante. Porque, com o país a arder e uma das principais cidades do país, o Funchal, mergulhada no caos absoluto, a ministra continua sem se ouvir e sem se ver.Falso:háquemdigaquevinhaatrásdeAntónio Costa quando este foi às instalações da ProtecçãoCivil.Equefoiaumareunião.Épouco. Ou melhor, é a confirmação da inexistênciadeConstançacomoministradeumapasta estratégica deste Governo. Ninguém pede à ministra que esteja a combater os incêndios. Masjápoderiaterfaladoaosportugueses.Ejá poderia ter ido aos locais críticos. Aministra pode serumaproletáriastakhanovistano gabinete, mas isso é, neste momento, um valor falido.Opaísprecisa,porestesdias,deumministropolítico,queváaoslocaiseprometaacçãodecisiva.Agoraenofuturo.ConstançaUrbanodeSousateve,nestemomentodoloroso, aoportunidadededemonstrarqueeraministra. Não o fez. Deixoude serministra. I Constança Urbano de Sousa teve a oportunidade de demonstrar que era ministra. Não o fez. NEGÓCIOS NUM MINUTO FOTOGALERIA O IMPACTO NOS SERVIÇOS DA REDUÇÃO PARA AS 35 HORAS O HOTEL QUE FOI DESTRUÍDO PELOS INCÊNDIOS NA MADEIRA 1. O hotel que foi destruído pelos incêndios na Madeira 2. Trabalhadores da construção vivem pesadelo no deserto... 3. Lloyd’s garante que Horta Osório pagou despesas privadas 4. Três mortos e mil deslocados na Madeira 5. Timor doa dois milhões a Portugal para ajudar... CONTAS PÚBLICAS MEDIA Dívida pública acima de meta anual Jornal A Bola posto à venda Miguel Baltazar O ministro das Finanças, Mário Centeno, recebeu notícias menos boas da UTAO. O peso dadívidapúblicano PIB no finaldoprimeirosemestreteráficadoentre131%e132%,estimaaUnidade Técnicade Apoio Orçamental (UTAO)atrabalharnoParlamento. Ovalorestáacimadametaanual. “Adívidapúblicanofinaldoprimeirosemestreatingiuos240,1mil milhões de euros, umacréscimo de 2,4milmilhõesemtermosmensais e de 8,7 mil milhões face ao final de 2015”, quantifica a UTAO na nota mensaldeanáliseàdívidapública,estimando que “a dívida pública em percentagemdoPIBnofinaldoprimeirosemestrede2016setenhasituadoentre130,9%e132,3%doPIB”, lê-senodocumento. “Aconfirmar-se, regista-se um acréscimofaceaovalorprovisórioda dívidapúblicano final do primeiro trimestre (128,9% do PIB), sendo este valorsuperiorao previsto para ofinaldoanopeloFMIepelaOCDE (128,3%doPIB),pelaComissãoEu- ropeia(126%doPIB)epeloMinistério das Finanças (124,8% do PIB)”, analisamostécnicos,queacrescentamde seguidavários factores relevantes que irão condicionaras contasdosegundosemestre. Pela positiva, referem um aumento no volume de depósitos do Estado nos primeiros seis meses – cercade5milmilhõesparaos18mil milhões de euros – que poderá ser usadoparaamortizardívidaaoFMI ouparaamortizaros4,1milmilhões deeurosdaobrigaçãoquevenceem Outubro. Já pela negativa, os técnicos apontamquatropressões:umarevisão emaltado défice face àmetade 2,2% do PIB , umarevisão embaixa do crescimento económico face aos 1,8%previstosnoOrçamento,eainda a recapitalização da CGD ou o adiamentodavendaouumaalienaçãodoNovoBancoaumpreçoinferioraoprevistopeloGoverno. I RPJ OjornaldesportivodiárioABolaestánomercado para uma possível venda, apurou o Negóciosjuntodefontesdosector.Apublicação, que tem ainda o canal de televisão Bola TV, tem sido apresentada a vários grupos de comunicaçãosocialpresentesemPortugal,eque poderão virafazerpropostas em breve. De acordo comfontes do sectorcontactadas pelo Negócios, um dos interessados será a Sport TV, que tem como accionistas a Olivedesportos e a NOS, e em breve a Vodafone e aMEO. Caso este negócio se concretize, um dos grupos contactados admite como provável a apresentação de uma exposição à AutoridadedaConcorrência,devidoàeventualposição dominante que o grupo poderiavirater no segmento desportivo. De destacar ainda que, caso este cenário se concretize, seria a primeirainvestida– aindaque indirecta– da Altice(donadaMEO/PT)nosjornaisemPortugal. A Bola é controlada pela sociedade VicontrolSGPS,quetemcomoaccionistamaioritário Mário Arga e Lima. Apublicação não constavoluntariamente dos dados de vendas da APCT. Já em termos de online, o site d’A Bola fechou o mês de Julho no segundo lugar, com 34,8 milhões de visitas, apenas superado pelo portal Sapo. Em 2012, o grupo avançou para a televisão, com a Bola TV. I A Bola, que está também na televisão e na internet, foi fundada em 1945.