parte3 - programa de pós

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parte3 - programa de pós
Universidade Federal do ABC
Curso de Pós-Graduação em Energia
SEMINÁRIOS DE ENERGIA
Metodologia da Pesquisa: parte 3
Justificativa e marco teórico
Prof. Dr. Federico Bernardino Morante Trigoso
Prof. Dr. Luis Alberto Martínez Riascos
PRINCIPAIS TÓPICOS
 Justificativa









Classes de justificativa
Marco teórico conceitual
Conteúdo do marco teórico
Marco teórico e formulações doutrinarias
Ideologia
Positivismo e neopositivismo
Correntes e tendências filosóficas
A ciência na URSS de Stalin
O caso Lysenko
JUSTIFICATIVA
• A justificativa consiste em assinalar a importância da
pesquisa a ser realizada, indicando as motivações e as
causas que levam a efetuar o trabalho.
• Através da justificativa
perguntas fundamentais:
se
responde
as
seguintes
Para que se pesquisa?
Que importância tem esse tema de pesquisa?
• Ao justificar o pesquisador oferece uma prova
convincente da razão que o leva a realizar o trabalho que
vai consumir recursos, esforço, tempo, dedicação e
sacrifício.
JUSTIFICATIVA
• As motivações da pesquisa podem ser de caráter legal,
teórico, metodológico ou prático, daí a importância de
pensar detidamente a relevância futura do trabalho a
ser realizado.
• Se uma pesquisa não oferece alguma novidade, mesmo
que seja elementar, simples ou modesta, não haverá
criado a condição básica de sua aceitação e
implementação, neste caso não vale a pena realizá-la.
”Se uma pesquisa não é importante, senão serve para
algo, é melhor que não seja realizada”.
JUSTIFICATIVA
• A
justificativa se inicia a partir do problema
formulado, além disso, devem ser tomados em conta os
objetivos, mas o fundamental é o problema a ser
estudado.
• Com a justificativa tenta-se responder interrogantes
como:
 Para que vai servir resolver o problema de pesquisa?
 O que vai ser conseguido ao responder a pergunta que
delimita o problema?
 Quem se beneficiará do trabalho de pesquisa?
JUSTIFICATIVA
• A justificativa respalda o projeto e o problema a ser
pesquisado, por tal motivo é recomendável se apoiar em
gráficos,
tabelas,
dados
estatísticos,
magnitudes
comparativas, etc.
• O pesquisador justifica o seu
subscrevendo todas as razões
importantes.
trabalho expondo e
que ele considera
• Em muitos casos é suficiente uma breve porém, excelente
justificativa para implementar o trabalho de pesquisa.
CLASSES DE JUSTIFICATIVAS
SEGUNDO A SUA ORIGEM
• Justificativas realistas: São aquelas baseadas em
problemas surgidos da realidade.
• Justificativas racionais ou lógicas: Surgem do
conflito entre os fatos e uma determinada teoria
trazendo problemas de caráter lógico.
CLASSES DE JUSTIFICATIVAS
SEGUNDO A NATUREZA DAS MOTIVAÇÕES
• Justificativas teóricas: São aquelas que pretendem
contribuir ao conhecimento de uma área de estudo
descrevendo fatos, fenômenos ou objetos que antes não
foram descritos → ORIGINALIDADE E NOVIDADE.
• Justificativas metodológicas: Quando a pesquisa é realizada
para propor um novo método, técnica ou procedimento que
viabiliza um novo acesso à realidade.
• Justificativas práticas: Quando assinalam a aplicação do
novo conhecimento e a resolução de problemas práticos.
• Justificativa de caráter legal: Quando o pesquisador
ressalta que seu trabalho se faz para cumprir as leis
existentes em seu meio social.
MARCO TEÓRICO CONCEITUAL
“Uma boa pesquisa sempre está sustentada em uma boa teoria”
“Uma boa pesquisa requer de uma boa revisão bibliográfica”
• O marco teórico é a fundamentação da pesquisa e está
constituído por um conjunto de conhecimentos de base que
apóiam o estudo a ser realizado.
• Quem realiza uma pesquisa tem que elaborar de forma
obrigatória um marco teórico porque seu trabalho
necessariamente tem que se respaldar no conhecimento
existente.
MARCO TEÓRICO CONCEITUAL
• Se o tema é completamente novo, obviamente não haverá
teoria vigente que suporte o estudo, neste caso, o
pesquisador devera modelar uma construção teórica que
respalde seu estudo.
• O marco teórico permite uma compreensão mais ampla do
problema.
• Uma maior compreensão é conseguida integrando os
conhecimentos teóricos com a pesquisa e com os aspectos e
fenômenos relacionados: → INTERDISCIPLINARIDADE.
MARCO TEÓRICO CONCEITUAL
•
A descrição da realidade permite compreender o
problema em seu contexto real, MAS AO ELABORAR UM
MARCO TEÓRICO O PROBLEMA COMPREENDE-SE NO
CONTEXTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO E DO
CONHECIMENTO EM GERAL.
•
O marco teórico é a referencia, o contexto maior do
problema de pesquisa.
•
Somente com a elaboração do marco teórico o
pesquisador cria as condições de delimitação do problema
em estudo.
MARCO TEÓRICO CONCEITUAL
•
As funções específicas do marco teórico são:
a) Estabelecer o limite da pesquisa.
b) Permitir a proposta de soluções para o problema
formulado.
c) Condensar os conhecimentos relacionados com o
problema que se tenta resolver.
d) Sustentar o trabalho de pesquisa criando as
condições para formular hipóteses, procedimentos ou
desenhos específicos de prova de hipóteses.
CONTEÚDO DO MARCO TEÓRICO
a) ANTECEDENTES DA PESQUISA
• São os estudos anteriores que podem oferecer subsídios
para esclarecer o problema formulado.
• A importância dos antecedentes radica no fato de
permitirem criar critérios para discutir e interpretar o
entorno da pesquisa.
• Os antecedentes fornecem as condições para localizar o
lugar da pesquisa que se pretende fazer.
CONTEÚDO DO MARCO TEÓRICO
• É um imperativo averiguar os antecedentes da pesquisa
com a finalidade de evitar a repetição dos descobrimentos.
• A revisão e exposição dos antecedentes não é somente
uma atividade científica a ser realizada, senão que
constitui um mandato ético dado que não se pode
desconhecer as contribuições anteriores e avaliá-las á luz
dos novos conhecimentos.
CONTEÚDO DO MARCO TEÓRICO
b) O MARCO CONCEITUAL (Definição de termos)
• É o conjunto de conceitos que o pesquisador expõe para
dar o sustento teórico ao problema ou tema a ser
estudado.
• A forma como um pesquisador apresenta seu marco
conceitual segue o procedimento lógico de DEFINIR OS
TERMOS BÁSICOS, ou seja, aqueles que permitem
enfocar e estabelecer os alicerces que sustentam o
problema a ser pesquisado.
CONTEÚDO DO MARCO TEÓRICO
• Definir os termos básicos iniciais da pesquisa é
importante, pois constitui uma atividade de precisão que
permite organizar as idéias com a finalidade de
identificar as relações existentes no entorno da pesquisa
a ser realizada.
• É necessário definir os termos básicos para eliminar as
ambigüidades e significados que podem alterar o sentido
da pesquisa.
• Outra razão é permitir a compreensão da teoria que
sustenta o tema e o problema de pesquisa.
COMO ELABORAR O MARCO CONCEITUAL?
a) A definição deve ser sempre afirmativa já que
se fosse negativa não poderia cumprir em
enunciar as características dos fenômenos.
b) Os conceitos são abstrações que expressam
rasgos comuns, as características não comuns
não devem ser tomadas em conta.
c) As definições devem ser claras sendo que a
claridade se relaciona com a brevidade.
COMO ELABORAR O MARCO CONCEITUAL?
d) A precisão é uma característica relacionada
com a claridade e a brevidade.
e) O definido não deve entrar na definição com o
qual evita-se as tautologias: “A economia é a
ciência que estuda os fenômenos econômicos...”
→ ERRADO
f) Os conceitos limite (tempo, infinito, Deus...)
por serem muito extensos de serem explicados
não devem ser definidos.
CONTEÚDO DO MARCO TEÓRICO
c) O MARCO HISTÓRICO
• É o contexto histórico no qual se insere o conjunto de fatos que
se pesquisa.
• A necessidade de cumprir com a exigência da compreensão conduz
o pesquisador a elaborar o marco histórico.
• O marco histórico não somente é importante nas pesquisas de
caráter social, pois também existem fatos históricos no campo das
ciências naturais.
• O pesquisador não é um historiador, porém precisa da História e
de outras disciplinas para situar-se e entender o problema em
estudo → INTERDISCIPLINARIDADE.
“É necessário frisar que o cientista deveria utilizar a
História como um poderoso instrumento de conhecimento”.
MARCO TEÓRICO E FORMULAÇÕES DOUTRINARIAS
As formulações do marco teórico são provisórias e refutáveis
enquanto as formulações doutrinarias são irrefutáveis ou pretendem
sê-lo.
• “No campo das ciências naturais quase não acontecem maiores
problemas no que se refere à distinção entre formulações do marco
teórico que incluem aspectos doutrinários, porém, nas áreas das
ciências sociais esse problema se apresenta com maior freqüência.”
• “Os pesquisadores podem assumir livremente suas formulações
doutrinarias, mas sua liberdade não deve necessariamente levar a
incluí-las na pesquisa científica.”
• “Na pesquisa científica as formulações teológicas e filosóficas
devem ficar de lado.”
• “Grandes personalidades da pesquisa científica não conseguiram
fazer essa distinção e ocasionaram constrangimentos ao avanço da
ciência.”
IDEOLOGIA
• Definir ideologia é uma tarefa muito complexa e difícil de
levar a bom termo.
• Eagleton em seu livro “Ideologia” (1997) consigna diversas
definições:
 “Um corpo de ideias característico de um determinado grupo ou
classe social”
 “Ideias que ajudam a legitimar um poder político dominante”
 “Comunicação sistematicamente distorcida”
 “O veiculo pelo qual atores sociais conscientes entendem o seu
mundo”
 “O meio pelo qual os indivíduos vivenciam suas relações com uma
estrutura social”
 “Ocultamento da realidade sem apelar à violência”
IDEOLOGIA
Marilena Chauí (“O Que é Ideologia”, 1980/2012):
“Ideologia
realidade,
manter a
dominação
é um ideário histórico, social e político que oculta a
e que esse ocultamento é uma forma de assegurar e
exploração econômica, a desigualdade social e a
política”
Federico Morante (Tese de Doutorado, 2004, p. 74):
“Pode-se dizer que ideologia é o conjunto de ideias enraizadas
no mais profundo do espírito humano e aceitas como verdades
absolutas, a ponto de dirigir a ação de uma pessoa ou grupo
social. Uma vez assimiladas essas supostas verdades,
dificilmente haverá espaço para outras e, muito pelo
contrario, se tentará convencer as demais pessoas de que a
percepção da realidade enunciada é a única e a melhor”.
IDEOLOGIA: exemplo
Guido Boggiani “Os Caduveo”, 1945 apud Oliveira et al.
“Introdução ao Pensamento Filosófico”, São Paulo, 2005, p. 2325:
• Os Mbayá, grupo de guerreiros nômades, habitavam a região
entre os rios Apa e Miranda, no atual estado do Mato Grosso do
Sul e eram o terror das populações vizinhas.
• Os índios mais prejudicados com as correrias desses nômades
eram os Guaná, uma população muito numerosa, sedentária e
dedicada especialmente a agricultura.
• Para subtrair-se a estes males os Guaná pediram paz,
submetendo-se aos Mbayá, dos quais eram considerados
escravos.
IDEOLOGIA: exemplo
• Os Guaná,
dominadores.
embora
escravos,
não
abandonavam
os
• Em outras palavras, os Mbayá manipulavam a “opinião” dos
dominados sobre sua condição de escravo: era bom ser
escravo.
• Como justificativa os Mbayá contavam um mito no qual eles
eram filhos de um Deus que determinara que andassem
sempre errantes sobre territórios alheios, fizessem sem
cessar a guerra a todas as nações, matassem todos os
machos adultos e conservassem as mulheres e as crianças
para aumentar o numero da própria gente.
IDEOLOGIA: exemplo
“A Captura do Inca Atahuallpa”
IDEOLOGIA: exemplo
Juan José Vega “La Guerra de los Viracochas”, Lima, 1974
• “O enorme Império Incaico desintegrou-se com relativa rapidez
diante o ataque espanhol porque houve muitíssimas ´pátrias` sob a
aristocracia guerreira incaica”.
• “Aparecendo como deuses e oferecendo restabelecer autonomia e
privilégios enganaram a numerosos caciques e conseguiram a adesão de
régulos indígenas com freqüência inimigos de Cuzco”.
• “Foi um estranho cortejo no qual se misturaram cavaleiros hispânicos
e negros africanos, centos de auxiliares nicaraguas e milhares dos
novos amigos das terras Tallanas e Chimús. Todos tiveram um papel
decisivo na primeira fase da conquista do Peru”.
• “A conquista espanhola foi, na realidade, fruto de varias guerras e
foi conseguida em um dilatado tempo, muito sangrento, durante o qual
brilhou o valor de um povo que se resistia à dominação estrangeira”.
IDEOLOGIA: exemplo
“O Grito da Independência” – Pedro Américo
IDEOLOGIA: exemplo
Raimundo de Menezes “Aconteceu no Velho São Paulo”, 1954,
p.142-148:
“...Foi nessa altura, no lugar denominado Moinhos, em que dois
correios da Corte se aproximaram açodadamente. Entregaram
importantes papeis ao príncipe. O padre Belchior testemunhou
assim o episódio histórico”:
“O príncipe mandou-me ler alto as cartas trazidas por Paulo
Bregaro e Antonio Cordeiro. Eram elas: uma instrução das
Côrtes, uma carta de d. João, outra da princesa, outra de José
Bonifácio e ainda outra de Chamberlain.
“D. Pedro tremendo de raiva, arrancou de minhas mãos os papeis
e, amarrotando-os, pisou-os, deixou-os na relva. Eu os apanhei
e guardei. Depois, virou-se para mim e disse:
- “E agora, padre Belchior?!”
IDEOLOGIA: exemplo
E eu respondi prontamente:
“Se V. Alteza não se faz rei do Brasil será prisioneiro das
Côrtes e, talvez, deserdado por elas. Não há outro caminho
senão a independência e a separação”.
“D. Pedro caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado
por mim, Cordeiro, Bregaro, Carlota e outros, em direção aos
animais que se achavam à beira do caminho. De repente,
estacou já no meio da estrada, dizendo-me”:
-“Padre Belchior, eles o querem, eles terão a
Côrtes me perseguem, chamam-me com desprezo
e de ´brasileiro`. Pois verão agora quanto vale
De hoje em diante, estão quebradas as nossas
mais quero do governo português e proclamo
sempre, separado de Portugal”.
sua conta. As
de ´rapazinho`
o ´rapazinho`.
relações; nada
o Brasil, para
IDEOLOGIA: exemplo
“Respondemos imediatamente com entusiasmo:
- “Viva a Liberdade, Viva o Brasil separado! Viva D. Pedro!”
“O príncipe virou-se para seu ajudante de ordens, e falou:
- “Diga a minha guarda, que eu acabo de fazer a independência
do Brasil. Estamos separados de Portugal”
- “O tenente Canto e Melo cavalgou em direção a uma venda,
onde se achavam quase todos os dragões da guarda”.
“Isto foi tudo quanto aconteceu de extraordinário nas margens do
Ipiranga. Nada de épico, nada de grandioso, comenta Paulo
Setúbal. No entanto, depois, os historiadores se encarregaram
de, a seu modo, enfeitar o resto...”
IDEOLOGIA: influência do Positivismo
• O Positivismo nasceu como reação ao Idealismo de Hegel e foi
formulado por Augusto Comte (1798-1857) em seu livro “Curso de
Filosofia Positiva”.
• Seus principais lemas são:
 “Nada de pura especulação, e sim sistematização e metodologia
das ciências”.
 “Saber para prever, prever para prover”
 “Ordem e Progresso”
• O Positivismo declara que uma sociedade ordenada e progressista deve
ser dirigida pelos que possuem o espírito científico, de sorte que a
política é um direito dos sábios, e sua aplicação, uma tarefa de técnicos
ou administradores competentes.
EM UMA PALAVRA, O POSITIVISMO ANUNCIA, NO SÉCULO XIX, O
ADVENTO DA TECNOCRACIA, QUE SE EFETIVA NO SÉCULO XX.
IDEOLOGIA: influência do Positivismo
Marilena Chauí (“O Que é Ideologia”, 1980/2012)
• A concepção positivista da ideologia como conjunto de conhecimentos
teóricos possui três conseqüências principais:
1. Define a teoria de tal modo que a reduz à simples organização
sistemática e hierárquica de ideias, sem jamais fazer da teoria a
tentativa de explicação e de interpretação dos fenômenos naturais e
humanos a partir de sua origem real.
2. Estabelece entre a teoria e a pratica uma relação autoritária de
mando e de obediência, isto é, a teoria manda porque possui as
ideias, e a pratica obedece porque é ignorante. OS TEÓRICOS
COMANDAM E OS DEMAIS SE SUBMETEM.
3. Concebe a prática como simples instrumento ou como mera técnica
que aplica automaticamente regras, normas e princípios vindos da
teoria. A prática não é ação propriamente dita, pois não inventa,
não cria, não introduz situações novas que suscitem o esforço do
pensamento para compreende-las.
O NEOPOSITIVISMO
• Na década de 1930, em Viena, na Áustria, um grupo de professores
fundaram uma sociedade (chamada “Círculo de Viena”) cuja finalidade
era o estudo e o conhecimento científico e seus métodos. Assim surgiu
uma nova doutrina denominada de neopositivismo, cujos princípios são
os seguintes:
1. É verdadeiro somente aquilo que pode ser verificado pela
experiência, pelos sentidos, pela pesquisa. Tudo o mais é um
enunciado filosófico.
2. Os princípios lógicos e matemáticos, embora
imediatamente por intuição, sem necessidade de
científica, são aceitos pelos neopositivistas.
alcançados
verificação
3. A ciência começa pela avaliação dos fenômenos e só poderá ser
chamado de científico aquilo que for deles deduzido. Logo, a lógica
da pesquisa científica é a indutiva, ou seja, aquela que parte do
particular para o universal.
O NEOPOSITIVISMO
4. A filosofia tradicional não tem sentido, pois suas conclusões são
abstratas, e portanto desligadas dos fenômenos particulares da
realidade.
5. A nova filosofia, isto é, a filosofia neopositivista, deverá somente
examinar e esclarecer a linguagem científica para eliminar os falsos
problemas e dizer o que é exprimível ou não na ciência.
• Para alcançar o conhecimento científico total, os neopositivistas
afirmam e se propõem:
1. Uma declarada atitude antifilosófica e antimetafísica.
2. Uma investigação empírica absoluta.
3. A expressão das verdades científicas pela linguagem da lógica e
da logística.
4. A matematização de todas as ciências.
PERGUNTA: O NEOPOSITIVISMO AINDA ESTÁ VIGENTE E PODE
SER IDENTIFICADO NA PESQUISA CIENTÍFICA ATUAL?
CORRENTES E TENDÊNCIAS FILOSÓFICAS
• Todos os projetos, pesquisas e propostas refletem os valores sóciopolítico-culturais de uma época e são influenciados pelas varias
ideologias políticas e diversas correntes e tendências filosóficas
predominantes nas diferentes sociedades que buscam, ao mesmo tempo,
responder “o que é o homem”.
Idealismo
Estruturalismo
Realismo
Reconstrutivismo
Materialismo
Essencialismo
Neotomismo
Existencialismo
Marxismo
Fenomenologia
Positivismo
Experimentalismo
Neopositivismo
Pragmatismo
...
A CIÊNCIA NA URSS DE STALIN
Zhores A. Medvedev & Roy A. Medvedev, 2006, p. 253-276
• As teorias e tendências científicas ainda eram divididas em
“materialistas” e “idealistas”.
• A “ciência soviética” passou a significar “ciência da pátria”,
para frisar a continuidade entre o período soviético e a Rússia
pré-revolucionária.
• Os cientistas soviéticos eram estritamente proibidos de
publicar no exterior os resultados de suas pesquisas.
• Com base no que havia acontecido na conferencia da
VASKhNIL, conceitos pseudocientíficos também adquiriram
preeminência em outras esferas da ciência.
A CIÊNCIA NA URSS DE STALIN
• Os efeitos negativos desse império da pseudociência na
URSS prosseguiram por período ainda longo.
• Na URSS, a ciência nunca chegou a ser a força propulsora
principal por trás do avanço tecnológico e econômico.
• Embora
tenha
havido
um
constante
processo
de
“revivescência” e recuperação do atraso na ciência, os
avanços tecnológicos e econômicos tem sido resultado
sobretudo da imitação, adotando-se o que já foi testado e
aprovado em outros países.
Por volta do fim da Segunda Guerra Mundial, Stalin se havia
dado conta de que o progresso na ciência e na tecnologia
era menos uma questão de ideologia que de substancial apoio
material aos cientistas.
O CASO LYSSENKO
• Pela
altura de 1940, as teorias de Trofim Lyssenko
dominavam a genética soviética, mas somente porque o ativo
apoio de Stalin incluía medidas repressivas contra grande
número de biólogos.
• Em suas teorias Lyssenko negava a existência de genes e
tentava provar que as características adquiridas podiam ser
herdadas, conceito conhecido como “neolamarckismo”.
• Lyssenko começara a promover uma teoria que contradizia as
ideias de Darwin sobre a origem das espécies.
• Lyssenko tentava agradar aos líderes, inventando provas
pseudocientíficas (não raro mediante falsificação de seus
próprios resultados experimentais) para confirmar ideias
absurdas por ele mesmo expressas.
O CASO LYSSENKO
• A teoria lamarckiana exercia uma atração perfeitamente
compressível sobre os bolcheviques, que consideravam que em
circunstancias apropriadas tudo pode ser modificado.
• Lyssenko e seus amigos puseram a culpa de seus fracassos
na falta de cooperação dos adeptos da genética “burguesa”.
• Muitos dos importantes cientistas que se manifestaram e
criticaram Lyssenko na década de 1930 foram detidos entre
1937 e 1939, morrendo nos campos e prisões.
• Resultado: a pesquisa genética fora destruída em todo o
país, com a demissão de todos os críticos de Lyssenko.
RECOMENDAÇÃO
• Os
pesquisadores podem assumir livremente suas
formulações doutrinarias mas sua liberdade não deve atingir
necessariamente a investigação científica.
• Na pesquisa científica as formulações
filosóficas devem ficar de lado.
teológicas
e
• No entanto, sem interferir na pesquisa científica, o
pesquisador pode cultivar a filosofia ou a teologia sem
nenhuma restrição.
BIBLIOGRAFIA
• CHAUÍ, Marilena. “O Que é Ideologia”. São Paulo: Editora
Brasiliense, Coleção Primeiros Passos, 2º edição, 15ª reimpressão,
2012, 123 p.
• EAGLETON, Terry. “Ideologia”. São Paulo: Editempo Editorial –
Editora UNESP, 1997, 204 p.
• FILHO, Ciro Marcondes. “Ideologia”. São Paulo: Global Editora, 8º
edição, Coleção Para Entender No 1, 1985, 95 p.
• MEDVEDEV, Zhores A. & MEDVEDEV, Roy A. “Um Stalin
Desconhecido”. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006, 443 p.
• OLIVEIRA, Edmardo Serafim de; et al. “Introdução ao
Pensamento Filosófico”. São Paulo: Edições Loyola, 8º edição, 2005,
231 p.
• TAFUR PORTILLA, Raul. “La Tesis Universitaria”. Lima: Editorial
Mantaro, 1º edição, 1995, 429 p.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO
INSTITUIÇÃO: Curso de Pós-Graduação em Energia – Universidade Federal do ABC
CANDIDATO:
ORIENTADOR:
NÍVEL: Mestrado
DATA: 18/08/2009
SALA:
TÍTULO: Projeto e avaliação sustentável de um sistema de diagnóstico em geração isolada baseada
em SEIG
PRINCIPAIS ASPECTOS
COMENTÁRIOS
PROJETO DE PESQUISA
1. Título
Melhorar o título complementando a sigla SEIG por Gerador
de Indução Auto-Exitado.
2. Relevância do tema
O tema é relevante e atual.
3. Aderência do tema ao curso de O tema está fortemente relacionado com a área de
pós-graduação
concentração Tecnologia, Engenharia e Modelagem. No
entanto, o risco é que fique como um tema muito mais
relacionado com a engenharia elétrica. A pergunta chave é:
será que este tema seria muito melhor desenvolvido em uma
pós-graduação de engenharia elétrica?
4. Interdisciplinaridade
Esta questão está tentando ser considerada por meio da
análise do projeto sustentável e o levantamento dos
indicadores. No entanto, na redação final deve ficar
claramente estabelecido o entrelaçamento desta questão com
o tema central. Não pode ficar uma coisa forçada para
tentar que o tema da dissertação seja interdisciplinar.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO
PRINCIPAIS ASPECTOS
COMENTÁRIOS
PROJETO DE PESQUISA
5. Aderência do candidato(a) ao O candidato por sua formação de engenheiro eletricista
tema (formação, motivação)
tem forte aderência, porém, tem que focar muito mais na
área da energia.
6. Problematização
Esta questão não ficou muito clara, faltou discutir o
problema, o objeto de pesquisa, a pergunta ou perguntas a
serem respondidas, etc.
7. Marco teórico
Dentro de contexto do projeto não ficou muito clara esta
questão. No entanto, já no desenvolvimento dos capítulos
ficou mais clara a utilização de bibliografia específica.
8. Clareza da hipótese e objetivo Não ficou claro qual o objetivo geral e quais os
específicos. Também não foi mencionada nenhuma hipótese
de trabalho, embora não seja obrigatório isso.
9. Consistência da metodologia e Apesar de ser mencionada alguns aspectos da metodologia,
forma de obtenção dos dados
isto não ficou muito claro.
10.
Proposta
de
estrutura Esta proposta pode ser extraída do sumário, no entanto,
capitular
não é discutida no projeto.
11. Viabilidade e cronograma de Este importante aspecto somente é mostrado quase ao
trabalho
final do texto mas não dentro da proposta do projeto de
pesquisa.
12. Possível contribuição
Foi mencionado no item 1.2
EXAME DE QUALIFICAÇÃO
PRINCIPAIS ASPECTOS
COMENTÁRIOS
RESULTADOS PARCIAIS
1. Coerência com a proposta Embora não seja obrigatório para um exame de
inicial
qualificação, no texto apresentado existem capítulos
ainda
em
desenvolvimento
relacionados
com
a
dissertação. Existe certa coerência, no entanto, isto só
será possível observar no texto final da dissertação.
2. Redação e organização
A redação está razoavelmente bem desenvolvida
faltando trabalhar na organização. Porém isso só será
possível observar no documento final.
3. Análise de resultados
Falta, ainda não está finalizado.
4.
Utilização
de
figuras, Em alguns gráficos falta colocar unidades, no entanto,
gráficos e fotos
este aspecto está sendo bem levado.
5. Bibliografia parcial utilizada O aluno até o momento realizou uma boa pesquisa
bibliográfica. Grande parte dos artigos são redigidos em
idioma inglês e outros em português e espanhol.
6. Conclusões parciais
As conclusões ainda não refletem a pesquisa final.
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
1. Disciplinas cursadas
Todas as disciplinas foram concluídas
2. Produção de publicações Nenhuma publicação
relacionadas com o tema
3. Participação em eventos e Nenhuma participação
outras atividades

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