um estudo de caso da natura cosmético
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um estudo de caso da natura cosmético
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Centro Sócio-Econômico Departamento de Ciências Econômicas A SUSTENTABILIDADE COMO COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO EMPRESARIAL: UM ESTUDO DE CASO DA NATURA COSMÉTICOS. PAULA D’AVILA MA Florianópolis, novembro de 2013. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS DISCIPLINA: MONOGRAFIA – CNM 5420 A SUSTENTABILIDADE COMO COMPORTAMENTO ESTRATÉGICO EMPRESARIAL: Um Estudo de Caso da Natura Cosméticos. Monografia submetida ao Departamento de Economia e Relações Internacionais para obtenção da carga horária na disciplina CNM 5420 – Monografia, como requisito obrigatório para a aquisição do grau de Bacharelado. Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos de Carvalho Júnior Florianópolis, novembro de 2013. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS A Banca Examinadora resolveu atribuir a nota 9,0 ao acadêmico Paula d`Avila Ma na disciplina CNM 5420 – Monografia, pela apresentação deste trabalho. Banca Examinadora: ------------------------------------------------Prof. Dr. Luis Carlos de Carvalho Júnior Orientador -------------------------------------------------Prof. Dr. Louis Roberto Westphal -------------------------------------------------Prof. Douglas Eduardo Turatti RESUMO Esta pesquisa busca identificar e analisar de que maneira é possível uma empresa alcançar um satisfatório e crescente nível de rentabilidade e, ao mesmo tempo, colaborar para o estabelecimento do desenvolvimento sustentável. Para isso, são explorados os objetivos da firma, os conceitos de competitividade e os padrões de concorrência, assim como de inovação tecnológica e as diferentes possíveis estratégias a serem implementadas em um negócio, entre outros. Um estudo de caso é realizado tendo como centro a Natura Cosméticos, empresa que apresenta tal comportamento ambientalmente responsável. Este estudo será executado através de um método exploratório com revisão bibliográfica e análise de material publicado sobre o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos em geral, assim como sobre a empresa Natura Cosméticos, especificamente. A partir do caso bem sucedido da empresa escolhida, verificou-se que a estratégia ambiental permite uma diferenciação do produto e, ainda, uma redução de custos de produção, atribuindo à companhia um bom nível de competitividade e, logo, uma boa posição no mercado, de forma que a estratégia ambiental representa uma oportunidade ao invés de uma ameaça ao setor empresarial. Palavras-chave: estratégia; sustentabilidade; estratégia ambiental; diferenciação; setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; Natura Cosméticos. ABSTRACT This research seeks to identify and analyze how a company can achieve a satisfactory and growing level of profitability and at the same time contribute to the establishment of sustainable development. To achieve this, the objectives of the firm, the concepts of competitiveness and competition patterns, as well as technological innovation and the different possible strategies to be implemented in a business, among others, were explored. A case study is conducted having as center the company Natura Cosméticos, which presents an environmentally responsible behavior. This study will run through an exploratory method with literature review and analysis of published material on the sector Toiletry, Fragrance and Cosmetics in general, as well as on the company Natura Cosméticos, specifically. Based on the successful case of the selected company, it was found that the environmental strategy allows for product differentiation, and also a reduction in production costs, assigning the company a high level of competitiveness, and hence a good market position. Therefore the environmental strategy represents an opportunity rather than a threat to the business sector. Key words: strategy, sustainability, environmental strategy, differentiation, the toiletry, fragrance and cosmetics industry, Natura Cosméticos. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 7 1.1. Contextualização e Problema de Pesquisa ................................................................... 7 1.2. Objetivos .................................................................................................................... 11 1.2.1. Objetivo Geral .................................................................................................... 11 1.2.2. Objetivos Específicos ......................................................................................... 11 1.3. Justificativa ................................................................................................................ 11 2. METODOLOGIA ........................................................................................................... 13 3. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................... 14 4. 3.1. Os Objetivos da Firma ............................................................................................... 14 3.2. Competitividade e Padrões de Concorrência ............................................................. 18 3.3. As Estratégias Genéricas ........................................................................................... 21 3.4. A Inovação e as Estratégias Tecnológicas da Empresa ............................................. 25 3.5. Ecologia versus economia.......................................................................................... 28 3.6. Estratégia Ambiental .................................................................................................. 32 AS ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS DA EMPRESA NATURA COSMÉTICOS .... 35 4.1. A Indústria de Cosméticos no Brasil e no Mundo ..................................................... 35 4.2. A Natura Cosméticos ................................................................................................. 39 4.2.1. A Estratégia de Diferenciação ............................................................................ 41 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 46 6. REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 48 7 1. INTRODUÇÃO 1.1. Contextualização e Problema de Pesquisa A Pegada Ecológica é um conceito que, em termos de área, mede a demanda humana sobre os ecossistemas da Terra e contrasta essa demanda com a capacidade do planeta de se regenerar, portanto, representa a quantidade de terra e mar biologicamente produtivos necessários para manter o fornecimento dos recursos que população humana consome em determinada época. Estudos de 2010 da Global Footprint Network (2013) afirmam que, mantendo os níveis de consumo atuais estáveis, em 2050 serão necessários quase 3 planetas Terra para sustentar a vida humana e seus padrões de consumo. Nas quase quatro décadas que se passaram entre 1961 e 2009, a biocapacidade brasileira foi reduzida a menos da metade do que era no início do período, enquanto o tamanho da Pegada Ecológica variou muito sutilmente (Global Footprint Network, 2013). Isso significa que os recursos naturais que tem sido extraídos do território brasileiro não tem sido usados apenas para consumo nacional. Os brasileiros ainda consomem menos do que o país tem a oferecer em termos de recursos naturais (diferente da Índia e China, por exemplo), mas ainda assim estão mais de quatro vezes acima da média de consumo mundial (WWF, 2013), apesar de a população ter mais do que dobrado desde 1961. A questão de a existência humana depender inexoravelmente dos recursos fornecidos pelo ambiente natural frequentemente não é encarada com a preocupação que presumiria-se apropriada. Por esse motivo se faz necessária a busca por outra justificativa que motive a ação do setor empresarial, principalmente, em direção ao desenvolvimento sustentável e, uma alternativa realista, é a proposta de um aumento da eficiência nos negócios conduzida por uma estratégia ambientalmente responsável. Historicamente, não faz parte do sistema econômico assumir a responsabilidade pelos danos causados por este ao meio ambiente, desde a extração dos recursos até a devolução dos resíduos, sempre trabalhando com uma concepção de mundo bastante antropocêntrica (CORAL, 2002) e, até hoje, no segmento empresarial em sua maioria, a reação é defensiva quando a questão toma espaço. Contudo, novas práticas empresariais se fazem necessárias a 8 partir do momento em que o padrão de consumo da sociedade se altera. Diante de problemas relativamente novos, a sociedade do século XXI não poderia avançar vivendo sobre os mesmos pilares estabelecidos durante a Revolução Industrial no século XVIII, quando o meio ambiente era visto como fonte inesgotável de recursos. Ao constatar-se que, ao contrário do que se imaginava, estes recursos são finitos, finalmente abriu-se frente para o que é chamado de desenvolvimento sustentável, que visa desenvolver os aspectos ambientais, sociais e econômicos simultaneamente. Esse comportamento, de negligência para com o meio ambiente por parte do setor empresarial, passou despercebido por muitos anos devido à falta de informação e, portanto, ao desinteresse da população como um todo acerca de assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável. População esta que, pelas mesmas razões, também não desempenhava tais hábitos ambientalmente saudáveis, pois estes nunca fizeram parte de suas culturas em geral. Isso foi até meados do século XX, quando as catástrofes “naturais” foram em tão grande número que não seria possível deixar de notar a existência de algum problema. “... na década de 70, o número de pessoas atingidas por catástrofes ‘naturais’ a cada ano dobrou em relação à década de 60. As catástrofes mais diretamente ligadas à má administração do meio ambiente e do desenvolvimento- secas e inundações- foram as que afetaram o maior número de pessoas e as que se intensificaram mais drasticamente em termos de vítimas. Cerca 18,5 milhões de pessoas sofreram anualmente os efeitos da seca nos anos 60; 24,4 milhões, nos anos 70. Houve 5,2 milhões de vítimas de inundações por ano na década de 60; 15,4 milhões nos anos 70.” (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBEINTE E DESENVOLVIMENTO, 1991, pág. 33). Não é a primeira vez na história em que é necessário readaptar certos hábitos por alguma alteração natural no ambiente, a questão fundamental, desta vez, é que o próprio homem é o causador do problema com que ele mesmo virá a sofrer no futuro, isto é, de forma redundante, o homem é a causa e a consequência ao mesmo tempo. Este diagnóstico, apesar de trágico, não poderia ter solução mais exequível. As questões ambientais apresentam papel gradualmente mais abrangente nas sociedades desde que foram discutidas pela primeira vez em âmbito mundial na conferência de Estocolmo, em 9 1972. Esta conferência enfatizou a importância da preservação ambiental por meio de políticas públicas e a necessidade de conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, duas questões antes tratadas separadamente. Em 1987 foi lançada a primeira edição pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento, montada pela ONU, do Relatório Brundtland (ou “Nosso Futuro Comum”), que concebe o desenvolvimento sustentável como “O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. Na década de 90 o destaque foi a ECO 92, realizada no Rio de Janeiro, que gerou diversos documentos, sendo o mais importante deles a Agenda 21 que propunha um novo padrão de desenvolvimento envolvendo o tripé da sustentabilidade (sociedade, meio ambiente e economia). No âmbito econômico, o programa introduziu meios para as empresas colaborassem com a sustentabilidade dos outros dois aspectos, já que é no setor empresarial onde, após um planejamento, ocorreriam as concretas modificações. Durante a ECO 92 também foi reconhecida a necessidade de países desenvolvidos apoiarem financeira e tecnologicamente os em desenvolvimento a fim de que estes também atingissem as metas estabelicidas no encontro (ANTUNES, 2010). Este tópico evidentemente não foi posto em prática. Portanto, desde a década de 70, o “movimento ambientalista” vem ganhando força e mais visibilidade para os seus propósitos. Como consequêcia, a questão acabou atingindo diversas camadas da sociedade através dos diversos tipos de mídia e o problema do aquecimento global, especificamente, passou a ser comum, permitindo que as preocupações vinculadas a este problema se aprofundassem cada vez mais na cultura das sociedades em geral. As gerações mais recentes já levam cada vez mais em consideração a origem e o futuro dos produtos que consomem, deixando clara a existência novos valores. Indiscutivelmente, em países com maior nível de desenvolvimento, onde a maior parte da população não precisa lutar pela sobrevivência diariamente, esse tipo de conduta é mais trivial. No Brasil, observa-se mais essa evolução dos consumidores, quanto à responsabilidade ambiental, nas regiões sul e sudeste do país, mais especificamente nas camadas com maior poder econômico e mais elevado grau de instrução (RIBAS; MARX, 2006). Apesar de evidentes as transformações nos padrões de consumo, a resistência do setor empresarial quanto à adoção de processos de produção mais sustentáveis ainda é significante. 10 É comum o discurso de que a produção sustentável compromete a competitividade da empresa com o aumento de custos. Ver-se-á mais a frente que essa afirmação não necessariamente é verdade, muito pelo contrário. Um processo de produção sustentável pode reduzir os custos de fabricação, resultando em maior eficiência da produção e, ainda, agregando um valor intangível ao produto que, se percebido pelo cliente, pode ser acrescentado ao preço final. Segundo Porter (1991), são três as abordagens empresariais genéricas que tem como propósito assegurar a sobrevivência de uma empresa no mercado, estas estratégias podem ser utilizadas de forma isolada ou combinada, sendo elas (1) a liderança dos custos, que consiste em centralizar esforços na maior redução de custos possível, se tornando mais competitivo através de preços mais baixos; (2) a diferenciação, uma estratégia que tem como base a criação e implementação de alguma característica que faça com que determinado produto se destaque no mercado quando comparado a outros similares, justificando um preço mais elevado; e (3) o enfoque, quando a empresa define um público alvo, um segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico, ou seja, a empresa pontua seus esforços de alguma maneira. Uma empresa optando por produzir sustentavelmente, portanto, terá a possibilidade de refletir este diferencial no seu preço final, já que seu produto apresenta uma distinção quando comparado aos seus similares, isto é, a empresa adota uma estratégia de diferenciação. Além disso, como mencionado anteriormente, é possível reduzir os custos de produção com a introdução da responsabilidade ambiental na estratégia central da empresa. Portanto, existem opções que podem ser implementadas combinada ou isoladamente nos negócios a fim de que estes se moldem a essa nova realidade sem que sofram perdas econômicas. O que impede, portanto, muitas empresas de adotarem tais estratégias é o desconhecimento sobre suas vantagens e oportunidades por parte de decision makers que se atem às velhas práticas e, por isso, não percebem as mudanças ao redor (O’REILLY III; TUSHMAN, 2004). Neste trabalho será analisado o bem sucedido caso da Natura Cosméticos, que implementa uma estratégia ecologicamente responsável desde a sua fundação em 1969 e é hoje a 1ª maior companhia do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no Brasil e a 20ª maior do mundo, sendo a única companhia brasileira entre as 50 listadas pela Brandirectory em 2013. 11 1.2. Objetivos 1.2.1. Objetivo Geral Verificar de que forma é possível uma companhia privada obter lucro econômico adotando estratégias ambientais responsáveis. 1.2.2. Objetivos Específicos Identificar de que forma é possível obter eficiência econômica com a implementação da produção ambientalmente sustentável como estratégia empresarial; Identificar as estratégias ambientais da empresa brasileira Natura Cosméticos. 1.3. Justificativa A pretensão desta pesquisa é mostrar que o desenvolvimento sustentável, isto é, o desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto, pode ser alcançado sem que tudo o que é conhecido como sistema econômico seja alterado, ou seja, sem que a produção seja interrompida ou a intenção de obtenção de lucros sacrificada. Pelo contrário, anseio apresentar como todas as partes podem ser beneficiadas com a escolha de uma produção consciente, e como esta figura uma oportunidade e não ameaça para o setor empresarial. A ampla divulgação da questão do aquecimento global e assuntos relacionados tem muitos pontos positivos, mas também pode fazer com que o problema se torne banal e o fato de que precisaremos de três planetas Terra para sustentar nosso nível de consumo daqui poucos anos pode acabar não tendo o impacto supostamente pertinente. Portanto, é importante que o assunto seja trazido ao âmbito da economia, onde se econtram muitos que, provavelmente, 12 farão parte de corporações que poderão fazer uma diferença significativa no percurso entre o hoje e o futuro. 13 2. METODOLOGIA Para o desenvolvimento desta pesquisa serão utilizados estudos acadêmicos, nacionais e internacionais, e livros de autores clássicos que dissertam sobre tipos e implementação de estratégias, assim como os que dissertam especificamente sobre o desenvolvimento sustentável como estratégia empresarial. Esta primeira etapa tem como objetivo o embasamento da pesquisa. Segundo Gil (2002), a forma de trabalho a ser realizada caracteriza uma pesquisa exploratória, explicitando e analisando um tema-problema com o qual devo me familiarizar ao longo do processo. Num terceiro momento será realizado um estudo de caso que terá como base os dados disponibilizados pela empresa em questão – a Natura Cosméticos –, assim como também pesquisas e reportagens realizadas por outros autores em relação à estratégia da empresa, com o objetivo de destacar a eficácia desta estratégia nos dias atuais. 14 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. Os Objetivos da Firma Segundo Thompson Junior e Formby (1998), é necessário examinar os motivos que impulsionam o comportamento das empresas para prever como estas irão reagir ao se depararem com mudanças nos mercados e nas políticas econômicas. O foco principal estará, inevitavelmente, sobre o motivo lucro, mas outros objetivos, que também precisam ser considerados, podem influenciar as decisões finais. Para Thompson Junior e Formby (1998), qualquer lucro que ultrapasse o “lucro normal”, é considerado “lucro econômico”. Esse “lucro normal” é definido como o mínimo retorno que os acionistas demandam sobre seu investimento a fim de manter seu capital aplicado neste determinado negócio, induzindo a empresa a continuar operando. No caso de a firma apresentar lucratividade abaixo de suas similares, a tendência é ocorrer uma retirada de capital desta para realocação em investimentos de maior rendimento. Logo, esta lucratividade mínima é, na verdade, um custo, uma vez que é uma condição necessária para a sobrevivência da empresa. Este lucro mínimo varia de acordo com o decorrer de algumas situações, portanto, variáveis como risco, período de tempo e montante necessário para o investimento precisam ser levadas em consideração. Em firmas administradas pelos próprios empresários, o lucro normal é um pagamento a este pelos serviços prestados e pelos riscos assumidos no empreendimento. Dessa forma, o lucro é o que sobra após terem sido cobertos os custos de produção e sua existência sinaliza que a atividade empresarial foi bem sucedida. Já em grandes corporações, os lucros são distribuídos para os proprietários “absenteístas” (que não administram efetivamente o negócio), e a administração é feita por gerentes remunerados. Dessa forma, não é o desempenho do empresário que justifica o “lucro normal” e, sim, o risco assumido pelo acionista. Portanto, quanto maior o grau de incerteza, maior deve ser a perspectiva de lucro para justificar a continuidade no negócio. Outra explicação compensatória do lucro tem relação com a disposição dos consumidores em pagarem mais pelos produtos uma vez que estes atendem muito bem aos seus requisitos, como 15 economia de tempo, conveniência, status, ou qualquer outra razão relacionada à satisfação dos clientes. O lucro neste caso seria a compensação ao ofertante por possuir a habilidade de entender seus consumidores e aplicar nos seus produtos atributos que proporcionam a eles maior contentamento (THOMPSON JUNIOR; FORMBY, 1998). A tecnologia e capacidade de inovar definem as principais características de um outro grupo de teorias que explicaria uma lucratividade acima do “normal”. Novos métodos, novos produtos, novas práticas definem fatores que poderiam levar a um nível de lucratividade mais elevado. As várias formas de inovar constituem provavelmente o melhor meio de se obter e sustentar altos lucros econômicos. Contudo, os lucros obtidos com inovação estão sujeitos a ameaças no longo prazo. À medida que uma inovação é amplamente imitada, as firmas inovadoras perdem sua vantagem inicial e os lucros retornam a níveis normais. Portanto para que uma firma continue lucrando por motivo de inovação, ela deve ser capaz de continuar inovando em fase de lucratividade declinante. Na prática, o lucro, tanto normal como econômico, resulta de uma grande série de influências que variam de firma para firma e de período para período, ou seja, resultam das diferenças entre as posições de mercado e de vantagens competitivas entre as firmas. O lucro, além disso, tem a função de informar a empresa sobre o que está sendo bem recebido pelo mercado e do que não está, uma vez que as maiores recompensas são obtidas através de uma adequada prestação de serviço à sociedade. Segundo essa teoria, os lucros não beneficiam apenas os empresários, mas também a sociedade com o aumento da qualidade de vida e crescimento econômico proveniente das inovações (THOMPSON JUNIOR, FORMBY, 1998). Usualmente é aceito que as firmas apenas objetivam maximizar seus lucros e não que o lucro está entre os seus diversos objetivos. De acordo com Thompson Junior e Formby (1998), é um exagero visualizar a maximização dos lucros impondo cada uma das decisões. O lucro provavelmente será o objetivo predominante, no entanto, existe um espaço para que algumas firmas adotem uma estratégia mais voltada para a obtenção de lucros do que outras. As firmas que estão até certo ponto isoladas das forças de concorrência e que desfrutam de lucros acima da média estão em melhor posição para contornarem o elementar comportamento de maximização de lucros, isto é, uma vez que um nível mínimo de lucros tenha sido atingido, a gerência tem alguma liberdade para dar mais ênfase a outros objetivos. 16 George e Joll (1983) afirmam que a maximização de lucros não pode ser o objetivo primordial da firma, pois transmite uma ideia de realidade estática e, portanto, irreal. O contexto real é dinâmico e não existe certeza sobre os fluxos futuros. Esses fluxos podem ser afetados por reação dos concorrentes existentes e potenciais, pela taxa de crescimento da renda real, por mudanças de gostos e da tecnologia, e tantos outros mais que a firma não tem como prever. O caminho escolhido por uma firma, portanto, dependerá do seu grau de aversão ao risco. Contudo, parece razoável assumir que as empresas não perdem interesse pelo lucro em situações de incerteza, portanto a premissa de maximização dos lucros não é, em nenhuma situação, completamente abandonada. Nessas condições, o comportamento maximizador de lucros se manifestará de forma mais gradual e os objetivos e políticas terão que estar sob constante revisão, o que acarreta um maior custo se comparado ao modelo estático (GEORGE; JOLL, 1983). Existe a teoria da racionalidade limitada que afirma que a empresa deseja apenas obter uma taxa satisfatória de lucro ao invés de obter a taxa máxima de lucro, ou seja, buscam a satisfação e não a maximização dos lucros. Portanto, os tomadores de decisão não irão analisar exaustivamente cada possibilidade buscando a escolha mais lucrativa porque isso seria demasiadamente dispendioso devido às incertezas de mercado, informações imperfeitas, etc. (GEORGE; JOLL, 1983). No próprio grupo de gerentes existem pessoas em escalões intermediários, além dos tomadores de decisão, e muitas dessas pessoas tem interesse na obtenção de orçamentos maiores para seus próprios departamentos, o que mais uma vez afasta a empresa da trajetória de maximização dos lucros. Então, outra possível razão que motivaria o comportamento das firmas, é o desejo de melhorar o bem-estar dos stakeholders (gerentes, clientes, credores, fornecedores, etc.). Esta teoria pode ser associada à de maximização de receitas, que afirma que uma vez que os lucros tenham alcançado níveis razoáveis, as firmas estão inclinadas a valorizar mais cada dólar de vendas do que cada dólar de lucros como seu objetivo principal. O crescimento da receita reflete a aceitação pelo consumidor dos produtos da firma, sua posição competitiva no mercado e o seu próprio crescimento. Os lucros, no entanto, devem ser mantidos altos o suficiente para satisfazer os acionistas e facilitar o financiamento de novos investimentos, mas qualquer lucro que ultrapasse o nível definido como mínimo deve 17 ser destinado a expandir as vendas, ou seja, gastos com marketing e campanhas promocionais (GEORGE; JOLL, 1983). O desejo de sobrevivência de uma empresa é indicutivelmente mais forte do que o desejo do lucro, pois é uma condição prévia para o atendimento de qualquer outro objetivo. Sua relevância está limitada àquelas ocasiões em que a situação da firma é tão grave que qualquer esforço deve ser dirigido à obtenção da sobrevivência. As atividades de uma empresa podem perder a sustentação devido a mudanças nas preferências dos consumidores. Uma empresa que não cresce e/ou inova acaba com uma produção obsoleta. O crescimento por meio de maior penetração no mercado oferece à firma uma posição de mercado mais forte e segura, podendo ganhar ou controlar seus concorrentes e influenciar decisões importantes do setor. O crescimento pela diversificação, por exemplo, liberta a firma de uma grande dependência com relação a poucos produtos e serve como uma proteção. Inclusive, não existe outra medida de sucesso empresarial que tenha maior aceitação do que o crescimento a longo prazo. O crescimento e a diversificação fornecem os meios efetivos de se buscar os demais objetivos da empresa. Muito tem sido visto a respeito da necessidade das firmas, principalmente as grandes corporações, se comportarem de forma “socialmente responsável”. Em sua essência, essa responsabilidade social aponta para a criação de uma consciência da empresa, que pode se dar de diversas formas como possuir um certo número de representantes dos vários grupos na tomada de decisão, relacionar a empresa com mudanças na sociedade como um todo, equilibrar os interesses dos acionistas com os interesses maiores da sociedade, produzir de forma ecologicamente responsável, etc. De fato, a busca de lucros e objetivos sociais nesse tipo de firma são dois fatores tidos como complementares. Lucros podem ser obtidos ao se desempenhar funções que proporcionem benefícios sociais primários ou secundários. A adoção dos objetivos de responsabilidade social tem como efeito último a contenção do desejo de maximização de lucros a curto prazo. Uma firma que faz mais do que a lei exige para reduzir emissões de poluentes, por exemplo, poderia estar sacrificando parte de seus lucros. Nessa mesma linha, uma firma que mantém uma fábrica ineficiente aberta para salvar os empregos de uma comunidade, também irá fazê-lo às custas de uma redução de lucros. Isso não quer dizer que a lucratividade seja menos importante para a firma, já que, como visto, a 18 obtenção de um nível adequado de lucros é um pré requisito para dar a ela capacidade organizacional e financeira para responder aos objetivos sociais. Um número crescente que empresas parece estar levando em consideração as formas como suas estratégias afetam a sociedade e estão certamente preocupadas com a má publicidade que a sua “não-responsabilidade social” pode inferir. 3.2. Competitividade e Padrões de Concorrência De acordo com Ferraz, Kupfer e Haguenaeuer (1996, pg. 6), a competitividade é definida de forma dinâmica como “a capacidade da empresa de formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”. Portanto, o desempenho de uma empresa e sua eficiência produtiva são frutos da capacitação acumulada desta, e refletem as estratégias competitivas por ela adotadas. A competitividade apareceria como característica extrínseca, relacionada ao padrão de concorrência vigente nos diferentes mercados e, o padrão de concorrência corresponde ao conjunto de fatores críticos de sucesso em um mercado específico. Uma estratégia deve apresentar algumas características fundamentais para que possa ser implementada. Ela deve ser factível, dependendo basicamente da própria capacitação acumulada, do potencial financeiro, do tempo de preparação e maturação e das economias e deseconomias existentes; e também deve ser economicamente atrativa, apesar de normalmente não renderem frutos imediatamente, a avaliação depende da percepção do empresário quanto a um futuro influenciado pelas condutas dos concorrentes. As estratégias a serem implementadas dependem dos mercados em que as empresas em questão estão inseridas. Em geral, predomina um ou um conjunto de fatores críticos de sucesso competitivo em cada um desses mercados. Essas formas dominantes de competição constituem o padrão de concorrência setorial, que fornecem uma base estrutural e conducionam o processo decisório das estratégias competitivas das companhias. Os padrões de concorrência são influenciados pelas características estruturais e comportamentais do ambiente competitivo, em termos micro e macroeconômicos. Eles apresentam duas características que são decisivas para a avaliação da competitividade: (1) são específicos de 19 cada setor da estrutura produtiva e (2) são mutáveis no tempo (FERRAZ; KUPFER; HAGUENAUER, 1996). George e Joll (1983) classifcam os fatores determinantes da competitividade em três grupos: (1) o dos fatores empresariais, (2) dos fatores estruturais e (3) dos fatores sistêmicos que, do lado da oferta, afetam as condições de custos e qualidade em que estão disponíveis os insumos e, do lado da demanda, definem em que medida a sociedade demanda o desempenho competitivo de suas empresas, através de estímulos e exigências, portanto estes fatores independem das ações das empresas. Os fatores epresariais são aqueles sobre os quais a empresa detém poder de decisão e, dessa forma, podem ser controlados ou modificados. Eles dizem respeito basicamente ao estoque de recursos acumulados e às estratégias adotadas por estas empresas a fim de gerir estes recursos. Entre estes fatores está a gestão competitiva, em que gerentes se comprometem a investir nas capacitações correspondentes ao padrão de concorrência vigente, assegurando que o desempenho seja coerente. George e Joll (1983) apontam a tendência à diminuição do número de níveis hierárquicos nos processos decisórios, por exemplo, e maior delegação de poderes no interior das cadeias de comando, tendo como objetivo a minimização de perdas, principalmente de tempo, entre as instâncias de decisão e ação. É apontada também a importância das relações com fornecedores e clientes, envolvendo-os nas decisões. A capacidade de implementar estratégias inovativas também faz parte dos fatores empresariais e é o âmago do comportamento das empresas competitivas. O resultado econômico da empresa está intimamente ligado à sua capacidade de gerar progresso técnico. As formas de realização de atividades de P&D vem se sofisticando, alianças e outras formas de associação para inovação tem crescido em importância diante dos esforços clássicos de P&D internos. Outro paradigma produtivo é o da eficiência logística, onde qualidade do produto, flexibilidade e rapidez de entrega passaram a constituir alavancas básicas da competitividade. A microeletrônica é, em grande parte, responsável por esta eficiência, processando informações e controlando etapas dos processos produtivos visando atingir níveis de qualidade industrial dos mais elevados. As inovações organizacionais podem ser agrupadas em três conjuntos em função do objetivo perseguido: métodos de economia de tempo e de 20 materiais, métodos de organização do processo de trabalho e métodos de gestão de qualidade (GEORGE; JOLL, 1983). Com relação aos recursos humanos, ainda um fator empresarial, a tarefa central é a de definir e implementar princípios de organização e operação de processos e métodos de fabricação. O elemento chave do processo é o comprometimento da gestão empresarial com investimentos permanentes em treinamento de toda a força de trabalho, incluindo o pessoal de chão de fábrica e, além disso, induzir o envolvimento do trabalhador em decisões, projetos, etc. Diferentemente dos fatores empresariais, os fatores estruturais dizem respeito aos elementos sobre os quais a capacidade de intervenção da empresa é limitada. Estes fatores apresentam especificidades setoriais mais nítidas, relacionadas ao padrão de concorrência dominante em cada indústria. O dinamismo do mercado é um dos principais fatores da competitividade. Ao estimular investimentos, mercados dinâmicos asseguram uma taxa elevada de renovação de equipamentos e métodos de produção e propiciam crescimento sustentado da produtividade industrial. No entanto, o crescimento quantitativo do mercado não é condição suficiente para assegurar essa competitividade. Características estruturais que favorecem a competitividade indicam igualmente a presença de fatores de natureza qualitativa, que podem ser resumidos no grau de exigência dos consumidores. Consumidores bem informados e com alto poder aquisitivo definem padrões de qualidade e desempenho dos produtos que pressionam as empresas a relializarem melhorias contínuas. A intensificação no ritmo de lançamentos de novos produtos ou de incorporações de novos atributos visa dinamizar mercados já saturados e reforçar capacitação tecnológica como vantagem competitiva em substituição à disponibilidade de recursos naturais ou outras fontes tradicionais de competitividade. Como consequência, observa-se em todos os setores a difusão de padrões de consumo mais fortemente baseados em tecnologia e mais globalizados. No lado da oferta, de modo geral, nos setores de elevada intensidade de capital, as empresas se especializam em termos de base tecnológica ou da área de comercialização, reduzindo a diversidade de produtos, o que traz vantagens para as empresas líderes, pois permite que concentrem a capacitação tecnológica e financeira acumulada e, assim, explorarem mais intensamente as vantagens competitivas. Nos setores de menor intensidade de capital é 21 possível observar a constituição de pólos regionais de produção, que envolvem a melhor divisão do trabalho, alcançando uma maior eficiência empresarial, assim como o compartilhamento e a disponibilização de recursos produtivos essenciais para a operação em condições competitivas, aos quais as empresas isoladamente não poderiam ter acesso. A intensificação da cooperação vertical é outro traço marcante das configuraçõs industriais competitivas. Parcerias envolvendo produtores, fornecedores, clientes e entidades tecnólogicas incrementam a competitividade de todos os elos da cadeia, assim como incrementam os laços de confiabilidade das transações inter-empresas. Ademais, a competitividade demonstra depender de características comportamentais das empresas entre si. Ambientes de elevada rivalidade favorecem a competitividade, pois submetem as empresas a esforços contínuos de melhoria em todos os aspectos. A disposição das firmas para competirem nos mercados pode ainda ser fortalecida se o regime de incentivos e regulação for eficaz. Os incentivos visam aumentar a capacidade de resposta das empresas diante dos desafios impostos pela economia e as regulações, por sua vez, buscam condicionar as suas condutas em direções socialmente desejáveis. 3.3. As Estratégias Genéricas De acordo com Thompson Junior, Ii e Gamble (2008), uma empresa tem vantagem competitiva sempre que for capaz de atrair mais clientes que as rivais e defender-se contra forças competitivas. Para uma firma obter esta vantagem, ela deve proporcionar aos compradores o que eles percebem como valor superior – um bom produto a um menor preço ou um produto tão melhor que vale a pena pagar um pouco mais por ele. A primeira das cinco estratégias competitivas genéricas é a de baixo custo. Como a denominação sugere, esta estratégia tem base o estabelecimento de preços inferiores aos preços dos concorrentes, ganhando participação no mercado ou ainda obtendo maior margem de lucro ao vender a preço de mercado. Este método costuma ser eficiente em mercados em que os compradores são muito sensíveis aos preços e é mais comum em setores com produtos padronizados, que apresentam poucas opções de diferenciação, ou quando os compradores são de grande porte, de forma que qualquer redução no preço é bastante significativa (THOMPSON JUNIOR; II; GAMBLE, 2008). 22 A estratégia de baixo custo é implementada quando a firma executa as atividades de maneira mais eficiente, gerenciando melhor as atividades que impulsionam os custos da cadeia de valor, como um melhor layout, reprojeto das máquinas, informações sobre empresas rivais, melhor coordenação e/ou otimização conjunta, compartilhamento de experiências entre as unidades dentro da empresa, etc; ou desviando algumas atividades geradoras de custo como, por exemplo, não ser pioneiro na implementação de uma inovação, economizando em P&D, novas máquinas, publicidade, entre outros; ou ainda minimizando os altos e baixos da utilização sazonal da capacidade, fazendo escolhas estratégicas como sobre o aumento/diminuição do número de produtos e serviços oferecidos em determinadas épocas, por exemplo. O fato de ser um provedor de baixo custo oferece uma defesa atrativa contra as cinco forças competitivas. Para defender-se contra os concorrentes rivais a empresa está em melhor posição para competir ofensivamente na base de preço; quanto as poder de barganha dos compradores, a estratégia proporciona uma proteção parcial da margem de lucros; para enfrentar a alavancagem de barganha dos fornecedores, o produtor de baixo custo estará mais protegido se a fonte principal da sua vantagem for uma maior eficiência interna, pois a vantagem não depende do preço dos fornecedores; quanto à entrada potencial de novas empresas, pode-se usar cortes nos preços a fim de dificultar a entrada no setor; e, por último, na concorrência contra substitutos, o próprio preço baixo, mais uma vez, é a defesa (THOMPSON JUNIOR; II; GAMBLE, 2008). A segunda estratégia das cinco genéricas é a de diferenciação. Ao contrário da de baixo custo, é mais usual em mercados onde os consumidores tem necessidades e preferências muito diferenciadas para serem atendidas com um produto padronizado. A chave desta estratégia é a compreensão sobre o que é importante para o comprador, o que constitui valor e quanto eles estão dispostos a pagar. A empresa precisa fazer com que o seu produto ou serviço seja distinto dos produtos rivais. A vantagem competitiva surge quando os compradores, em número significativo, tornam-se interessados nos atributos e características que um diferenciador incorporou no produto oferecido. As empresas podem buscar a diferenciação de diversas formas, como um sabor diferente, serviços superiores, prestígio e distinção, liderança tecnológica, imagem e reputação, entre 23 outras. A diferenciação bem sucedida permite que a firma cobre um preço acima do preço de mercado, e/ou aumente suas vendas unitárias e/ou ganhe a lealdade do cliente. Dessa forma melhora sua lucratividade sempre que o preço extra supera os custos maiores para proporcionar a diferenciação. Onde é mais comum encontrar a implementação de uma estratégia de diferenciação dentro de um negócio é em atividades de P&D. Estas podem ser orientadas para a melhora do produto em si, aprimorando o projeto e as características de desempenho, a fim de evitar defeitos e aumentando o ciclo de vida do produto; ou inovando radicalmente, obtendo o status de “primeira no mercado”; ou melhorando a aparência do produto, por exemplo. A inovação também pode se dar com projetos de melhora de processo, permitindo a fabricação de acordo com o pedido do cliente ou a aplicação de métodos de produção seguros em relação ao meio ambiente (THOMPSON JUNIOR; II; GAMBLE, 2008). Um fator chave para obter sucesso com essa estratégia é criar valor para o cliente de maneira ainda não vislumbrada pelo adversário. Uma das formas de criação de valor para o cliente é a incorporação de atributos que reduzam os custos gerais do comprador com a utilização do produto da empresa, como reduzir o tempo gasto pelo comprador com pronta entrega, ou reduzir os custos de controle de poluição, reduzir custos de financiamento, etc. Uma segunda maneira é incorporar ao produto características que aumentam o desempenho que o cliente espera dele, propiciando maior durabilidade, conveniência, facilidade de uso ou excedendo os padrões de proteção ambiental exigidos por lei, por exemplo. Uma terceira opção é a incorporação de características que aumentam a satisfação do cliente de maneira nãoeconômica ou intangível. A busca por uma boa imagem, status, prestígio, acabamento superior. Marcas como Rolex, Jaguar e Cartier são exemplos de empresas que obtiveram vantagem competitiva com base nesta terceira abordagem da estratégia de diferenciação (THOMPSON JUNIOR; II; GAMBLE, 2008). Os compradores raramente pagam por um valor que não percebem, por isso o preço extra deve refletir o valor realmente oferecido ao comprador e o valor percebido pelo comprador. A diferenciação, como visto, pode se dar de diversas formas, no caso de a diferenciação implementada ser uma produção ecologicamente sustentável: 24 “[...] Se é verdade que de um lado não basta parecer sustentável, também é verdade que é preciso parecer sustentável, pois a percepção conta muito. Toda empresa lida com a realidade e com as percepções da realidade.” (ABRENEWS apud LIMA, 2011 p. 41) A percepção inicial do valor do produto pelo comprador é influenciada pela avaliação que o comprador faz do que será sua experiência com o produto. Um conhecimento incompleto do comprador sempre resulta em julgamento de valor baseado em evidências como o preço (onde o preço denota qualidade), embalagem atrativa, conteúdo e imagem da propaganda. A percepção do valor é também influenciada pelas instalações do vendedor, lista de clientes, participação no mercado, tempo no negócio, profissionalismo, etc. A evidência de valor pode ser tão importante quanto o próprio valor quando a natureza da diferenciação do produto ou serviço é subjetiva ou difícil de quantificar; quando os compradores estão fazendo a compra pela primeira vez; quando o retorno para novas compras não é frequente; ou ainda quando os compradores não são sofisticados. A diferenciação oferece uma proteção contra as estratégias rivais quando ela resulta em maior lealdade do comprador e maior disposição deste em pagar mais. Essa lealdade já implica em uma barreira de entrada para concorrentes potenciais. Esta estratégia bem sucedida também diminui o poder de barganha dos compradores porque os produtos dos concorrentes são menos atraentes e ajuda afastar as ameaças de substitutos. A diferenciação ainda permite que a empresa, por cobrar um preço mais alto, tenha uma margem de lucro maior, deixando-a em posição mais forte para enfrentar fornecedores poderosos. Desta forma, a diferenciação também cria linhas de defesa contra as cinco forças competitivas. Porém, como mencionado anteriormente, a chave para o sucesso desta estratégia é fazer com que o consumidor perceba o valor adicional do produto e, de preferência, que o que gere este valor adicional não seja algo simples de ser imitado por concorrentes (THOMPSON JUNIOR; II; GAMBLE, 2008). A estratégia de melhor custo é uma combinação da estratégia de baixo custo e da de diferenciação e tem como finalidade oferecer melhor valor pelo dinheiro, ou seja, um produto com preço baixo e com qualidade minimamente aceitável. A vantagem competitiva origina-se da equiparação com os rivais em relação a fatores chave como qualidade, características, ou serviços, mas vencendo nos custos. Tornar-se um provedor de melhor custo de produtos ou serviços com qualidade de boa a excelente, para depois usar a vantagem para vender esses 25 produtos ou serviços a um preço menor que as rivais é o caminho usual. Portanto, esta estratégia é atrativa em mercados em que a diversidade de compradores torna a diferenciação do produto uma norma e em que os compradores também são sensíveis aos preços. Quando uma empresa concentra-se num pequeno segmento do mercado total, ela está adotando a estratégia de nicho de mercado. Estes nichos podem ser definidos por singularidade geográfica ou características especiais do produto, por exemplo. O objetivo é fazer o trabalho de atendimento a estes compradores de forma superior aos rivais, sendo a base para a vantagem competitiva os custos mais baixos que os dos concorrentes para atender o determinado nicho ou a capacidade de oferecer aos membros do nicho algo diferente. Para que a estratégia seja bem sucedida é importante que tal segmento não seja crucial para o sucesso de grandes concorrentes e a firma deve ter capacidade para atender a clientela enfocada de forma que os segmentos múltiplos não seriam capazes. Finalmente, a quinta e última estratégia genérica, segundo Thompson Junior, Ii e Gamble (2008), é a de preempção, onde a mudança precoce é a base para assegurar uma posição vantajosa em relação aos rivais, que estão impedidos ou desencorajados de duplicar tal ação. Reforçar laços com fornecedores e clientes são fatores típicos de implementação nessa estratégia, de forma que a empresa ganha força por sua reputação de pioneirismo. 3.4. A Inovação e as Estratégias Tecnológicas da Empresa De acordo com Rogers e Shoemaker apud Tigre (2006), a inovação é “uma ideia, uma prática ou um objeto percebido como novo pelo indivíduo”. Esta é uma definição bastante abrangente e, por esse motivo, próxima do conceito de Schumpeter, que também não associa a inovação a conhecimento científico, já que, na prática, muitas das inovações são frutos de experimentação e combinação de tecnologias existentes. A definição schumpeteriana associa inovação a tudo que diferencia e cria valor a um negócio, ou seja, é um conceito mais focado na melhoria da competitividade das empresas (TIGRE, 2006). As inovações podem ser incrementais ou radicais. As primeiras refletem pequenas melhorias contínuas nos produtos ou nas linhas de produtos, são avanços percebidos pelos consumidores, mas que ainda não modificam expressivamente a maneira como o produto é 26 consumido ou o modelo de negócios. Já as inovações radicais representam uma mudança drástica na forma em que o produto é consumido, normalmente criando um novo paradigma no mercado, como a transição dos vinis para os CDs e depois para os MP3. As inovações ainda podem categorizadas em quatro tipos, como sugerido no Manual de Oslo (OCDE, 2005): 1) O primeiro deles é a inovação de produto. Esta representa a criação de algum produto ou serviço completamente novo ou que foi significativamente modificado em relação a suas características ou usos anteriores. Os microprocessadores, por exemplo, foram uma inovação radical de produto, assim como o uso de plástico ao invés de metal é um exemplo de inovação de gerou melhor desempenho a algo já existente. 2) O segundo tipo é a inovação de processo que, assim como na inovação de produto, pode representar um modelo de processo de produção ou de entrega completamente novo ou simplesmente melhorado. Os novos métodos podem ter como objetivo produzir algo novo ou aumentar a eficiência do processo existente. 3) O terceiro tipo é a inovação de marketing. Os novos métodos de marketing podem ter como fim uma alteração no design dos produtos, isto é, na sua aparência; um novo posicionamento do produto no mercado, que significa basicamente a introdução de novos canais de venda; ou um novo método de promoção dos produtos, com o uso de meios de comunicação não utilizados anteriormente. 4) E o quarto e último tipo de inovação é a organizacional, que representa mudanças na organização do local de trabalho ou das relações externas da empresa, isto é, na. Essa inovação pode se dar através de uma nova organização das rotinas e procedimentos para a condução do trabalho, através da redistribuição de responsabilidades, ou ainda através da implementação de novos meios de organização das relações com outras empresas, como novos tipos de colaborações, etc. Além disso, as inovações podem ser implementadas através de diferentes estratégias inovativas. Segundo Tigre (2006), uma delas é a estratégia ofensiva, na qual a empresa busca liderança tecnológica em termos de produto, processo, modelo de negócios, forma de 27 prestação de serviços, modo de relacinamento com clientes, na logística de distribuição ou no desenvolvimento de um design original. Uma empresa que adota esta estratégia se expõe aos riscos do pioneirismo e precisa estar preparada para investir em longo prazo, pois os retornos não são imediatos, uma vez que os consumidores precisam de tempo para familiarizarem-se com os produtos. Essa capacidade de capitalização também é importante para que concorrentes em melhores condições não acabem passando a frente utilizando a mesma inovação. A estratégia ofensiva requer uma boa capacidade criativa e técnica da empresa e é escolhida tipicamente em grandes companhias, com atividades consolidadas de P&D. A estratégia também requer altos investimentos em marketing, logística e adaptação de novas rotinas organizacionais. A partir desta estratégia é possível criar novos mercados, se a empresa for capaz de conhecer a fundo o perfil dos usuários ou as necessidades de um dado setor. Não é a maioria das empresas que está disposta a correr os riscos da estratégia ofensiva, mas estas também não desejam ser deixadas para trás e trabalham para criar um produto que supere o das empresas inovadoras ofensivas, ou seja, está associada a diferenciação de produto. Esta empresa precisa contar com um vigoroso processo de produção e distribuição para que possa responder rapidamente e superar os concorrentes (TIGRE, 2006). O terceiro tipo de estatrégia inovadora é a imitativa, comum entre as empresas que não aspiram ser líderes ou ter grandes lucros com a introdução da inovação e apresentam um produto semelhante aos existentes. Esta estratégia é usualmente adotada em países em desenvolvimento, onde as empresas inovadoras não atuam diretamente ou em países com políticas fortes de protecionismo, por exemplo (TIGRE, 2006). As últimas três estratégias inovadoras são a dependente, a tradicional e a oportunista. Na primeira, as empresas só promovem mudanças a partir de demanda explícita de clientes ou controladores. É o caso das franquias, por exemplo. Já a estratégia tradicional é adotada por empresas que praticamente não mudam seus produtos, seja porque o mercado não demanda ou porque a concorrência também não inova. É o caso de empresas que são conhecidas por seu caráter artesanal, por exemplo, onde qualquer mudança não será bem aceita pelo consumidor. E, por fim, a estratégia oportunista, que é associada à exploração de nichos de 28 mercado ou oportunidades temporárias, que requere da empresa bastante agilidade por parte da empresa (TIGRE, 2006). 3.5. Ecologia versus economia Segundo Porter e Kramer (2011), os negócios e os interesses da sociedade já foram colocados um contra o outro por tempo demais. Isso se deu porque, de acordo com a teoria neoclássica, a ideia de prover uma melhora social impõe uma limitação à companhia em termos de lucro, por aumentar os custos. Portanto, mesmo com a consciência de que a disponibilidade de recursos naturais é o elemento mais fundamental para mera existência de qualquer produção, o dilema ecologia versus economia sempre emerge quando a regulamentação ambiental “solapa” a competitividade. Muitas empresas ainda prestam apenas os serviços sociais e ambientais necessários para o cumprimento da lei e/ou para melhorar sua reputação, sendo qualquer esforço além deste legalmente necessário considerado um uso irresponsável do dinheiro dos investidores (PORTER; KRAMER, 2011). Essa visão é uma visão estática da regulamentação ambiental, na qual se consideram constantes todas as variáveis como a tecnologia, os produtos, os processos e as necessidades dos clientes, e o único fator “não constante” é a regulamentação. Esta concepção é incorreta, uma vez que, no mundo real, as empresas operam em um ambiente dinâmico, com competição dinâmica. As normas ambientais elaboradas de forma adequada são capazes de desencadear inovações que reduzem os custos totais de um produto ou aumentar seu valor, resolvendo o impasse. Dessa maneira, há um aumento da produtividade dos recursos que favorece, ao invés de comprometer, a competitividade das empresas. Porter e Van der Linde (1999) apresentam a poluição como exemplo simples e óbvio de ineficiência na produção, pois representa, geralmente, uma forma de desperdício econômico. Ela é um sinal de que os recursos foram utilizados de forma incompleta, ineficiente ou ineficaz. Quando este é o caso, as empresas precisam executar outras atividades que adicionam mais custos ao processo e, logo, ao produto, como custo de manuseio, de armazenamento e de descarte de efluentes, todos custos que não adicionam qualquer tipo de valor ao produto. 29 As ineficiências dos recursos são bastante evidentes quando a utilização dos materiais é incompleta e os controles dos processos deficientes, resultando em defeitos e no armazenamento de materiais desnecessários, mas também há muitos outros custos ocultos ao longo do ciclo de vida do produto, como as embalagens descartadas por distribuidores e por clientes, por exemplo, que desbaratam recursos sem acrescentar nada relevante ao produto final. Visando o fim dessa inefeciência “antiecológica”, as empresas e os reguladores mais avançados passam a adotar o conceito de prevenção da poluição, às vezes chamados de redução de fontes, que recorre a métodos como substituição de materiais ou processos de ciclo fechado, para reduzir os níveis de poluição antes da sua ocorrência, sendo menos dispendioso. A concepção da ineficiência como indício de deficiência no projeto do produto e do processo – e não como subproduto necessário da fabricação – representou um marco revolucionário. As empresas agora se esforçam para incorporar a qualidade na totalidade do processo, pois, assim como os próprios defeitos, a poluição frequentemente revela falhas no projeto do produto ou no processo de produção. Assim, os esforços para eliminá-la podem adotar os mesmos princípios básicos de ampla utilização dos programas de qualidade (PORTER; VAN DER LINDE, 1999). Ainda segundo Porter e Van der Linde (1999), a inovação é passível de enquadramento em duas grandes categorias. A primeira engloba abordagens que minimizam o custo do tratamento da poluição, quando existente. Isso se dá através da captação dos recursos incorporados na poluição e na sua conversão em algo de valor, que se resume basicamente no processo de reciclagem; e o segundo tipo de inovação, mais eficiente, ataca as causas básicas da poluição a partir da melhoria da produtividade dos recursos. A produtividade dos recursos aumenta quando se empregam materiais menos dispendiosos como substitutos ou quando os existentes são melhor utilizados. Um exemplo é a economia de materias resultante do processamento mais completo dos recursos, da substituição ou da reciclagem de insumos; a melhor utilização dos subprodutos; a conversão dos desperdícios em formas de valor; entre muitos outros. As inovações destinadas a atender às regulamentações ambientais também são capazes de reduzir os custos de produção e impulsionar a produtividade dos recursos através da renúncia 30 à utilização de embalagens desnecessárias ou da simplificação dos projetos. A regulamentação que exige a reciclagem dos produtos tem condições de reduzir os custos de descarte dos produtos pelos usuários e estimular projetos que permitam recuperação de materias valiosos. Embora muitas inovações tenham sido provocadas por pressão de reguladores e não por iniciativa das empresas devido à pressão de clientes, a demanda mundial está atribuindo maior valor aos produtos mais eficientes na utilização dos recursos. Muitas companhias estão recorrendo às inovações para impor adicionais de preços aos produtos “verdes” e para desbravar novos segmentos de mercado. Algumas empresas tem a iniciativa de perseguir essas inovações sem a necessidade de regulamentação ou a elas se antecipando, pois enxergam as vantagens e a existência de um novo mercado. Como visto, em princípios dos anos 90 percebeu-se uma crescente conscientização quanto aos problemas ambientais e, consequentemente, a criação de um mercado de nicho. As empresas dispunham de condições de cobrar significativos preços adicionais e de atender a um segmento de mercado em rápido crescimento, composto de clientes ambientalistas. Na Alemanha e na Escandinávia, onde as empresas e os consumidores são bastante conscientes das questões ambientais, inovações com essa finalidade não são incomuns. Infelizmente, ainda existem muitas barreiras à mudança. Os gerentes, por exemplo, frequentemente dispõem de informações muito incompletas sobre a produção e, por esse motivo, muitas vezes não estão nem cientes do desperdício que está sendo “produzido”. Além disso, ainda existem as limitações de tempo, a falta de atenção e a usual atitude mental das empresas que faz com que o custo do tratamento dos problemas ambientais pareçam muito maiores do que são na realidade. Portando, existe uma fase de transição, em que as empresas ainda são inexperientes no gerenciamento criativo das questões ambientais e os clientes também não estão cientes de que terão que arcar com os custos da ineficiência na utilização dos recursos, pagando por embalagens desnecessárias, por exemplo. É necessário que os gerentes percebam que promover benefícios ambientais através dos seus negócios é uma oportunidade econômica e competitiva, e não um custo embaraçoso ou uma ameaça inevitável. As empresas precurssoras certamente colherão os maiores benefícios competitivos. Muitas empresas delegam a análise e a solução dos problemas ambientais a 31 advogados e consultores externos. Tais profissionais são especialistas no processo regulamentário baseado na rivalidade e não dispõem de familiaridade com as operações e as tecnologias gerais da empresa, de maneira a, inevitavemente, concentrarem-se na conformidade, e não na inovação, sempre favorecendo as soluções de fim de processo. A fim de acelerar o progresso da empresa rumo a uma abordagem ambiental mais competitiva, os gerentes devem, primeiramente, mensurar os impactos ambientais diretos e indiretos. Uma das principais razões pelas quais as empresas não são muito inovadoras em relação aos problemas ambientais é a ignorância, o fato de não saberem o que realmente se produz em termos de poluição. Em segundo lugar, deve-se reconhecer o custo de oportunidade dos recursos não utilizados. Poucas empresas analisam o verdadeiro custo da toxidade, dos resíduos e do material descartado, assim como os impactos de segunda ordem dos resíduos e despejos sobre outras atividades. Poucas empresas vão além e analisam o custo de oportunidade do desperdício de recursos e do não aproveitamento de oportunidades, ao invés, elas avaliam os projetos ambientais como investimentos distintos e isolados. Em terceiro lugar, as empresas precisam criar um viés em favor das soluções inovadoras e promotoras da produtividade, esquadrinhando os despejos, as sucatas, as emissões e as atividades de descarte próprias e dos clientes, monitorando-as do seu interior de modo a facilitar os insights sobre mudanças. E, por fim, as empresas devem tornar-se mais proativas na definição de melhores relacionamentos com os reguladores e ambientalistas (PORTER; VANDER LINDE, 1999). Portanto, fica claro que, para que estas melhorias ambientais e sociais realmente aconteçam, aliado a incentivos e fiscalização do governo e mudanças de hábitos da sociedade, é necessário que as estratégias ambientais estejam no cerne da empresa, em sua cultura, e não sejam apenas ações secundárias. Hoje em dia dispor de recursos naturais abundantes não é mais suficiente para manter um bom nível de competitividade, ao invés disso, a competitividade depende da produtiva utilização destes recursos. Cada vez mais os países e as empresas que apresentam maior competitividade não são aqueles com acesso aos insumos de custo mais baixos ou localizados em áreas privilegiadas, e sim os que empregam a tecnologia e os métodos mais avançados na sua utilização. 32 3.6. Estratégia Ambiental Como mencionado anteriormente, os impactos ambientais causados pelo próprio homem por ações ecologicamente irresponsáveis tem afetado significativamentea qualidade de vida das sociedades. Portanto, não é de se espantar que estas sociedades passem a questionar os modelos de desenvolvimento social e econômico adotado pelas mesmas, que visa apenas o crescimento econômico. O resultado dessa maior preocupação com o aspecto ambiental por parte dos indivíduos é a formação de um novo e mais sofisticado nicho de mercado, que exige dos produtores produtos e processos que não venham a impactar negativamente as condições de vida no futuro. A pressão sobre o setor empresarial é grande e advém de diferentes níveis da sociedade: consumidores, órgãos reguladores e fiscalizadores do governo, organizações não governamentais, seguradoras, entre outras instituições, pois o papel do setor empresarial é imprescindível no que diz respeito ao alcance da sustentabilidade ambiental, já que este tem o poder de orientar os investimentos de acordo com escolhas que considerem o uso adequado do meio ambiente. O setor empresarial também tem fortes razões para ter interesse neste novo cenário, pois a demanda por produtos ecologicamente responsáveis é cada vez mais generalizada e as empresas que forem pioneiras certamente colherão os melhores benefícios. A estratégia embiental, portanto, é a forma de acesso a esta oportunidade. Segundo Backer (1995), não cabe ao empresário se defender e se colocar em posição contrária àqueles que trabalham em defesa do meio ambiente. A maneira eficiente de lidar com o “problema” do uso de recursos naturais é aprender a gerenciá-los, ao invés de defendê-los ou atacá-los, já que não é apenas uma tendência de curto prazo. A adoção de uma maior responsabilidade ecológica por parte da empresa substituiria a abordagem convencional, a qual recomenda que se assegure o lucro transferindo a ineficiência para o preço do produto; que se descarte de resíduos da maneira mais simples e econômica; que se procrastinem investimentos em melhoras ambientais; que se cumpram as leis ambientais de maneira forçosa e não além do extremamente necessário. Portanto, de acordo com esta abordagem convencional, o meio ambiente é visto como um problema. A transição para uma abordagem mais consciente alteraria todos estes conceitos fundamentais que dão base a filosofia da empresa: o lucro seria assegurado controlando ou eliminando ineficiências; 33 resíduos seriam valorizados, a reciclagem maximizada e o descarte de resíduos não recuperáveis feita de forma correta; investimentos seriam feitos pro-ativamente em melhorias no processo, acarretando melhor qualidade geral (incluindo do meio ambiente); a empresa se anteciparia às leis ambientais, criando uma boa imagem de si; e o meio ambiente, portanto, seria visto como oportunidade (VALLE, 2010). Denis Donaire (1995) expõe os benefícios estratégicos e econômicos que resultam dessa abordagem mais consciente da empresa em relação ao meio ambiente. Segundo o autor, entre os benefícos econômicos estão: economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos; economias devido à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de efluentes; redução de multas e penalidades por poluição. O incremento da receita também é uma consequência em virtude do aumento da contribuição marginal de ‘produtos verdes’ que podem ser vendidos a preços mais altos, do aumento da participação no mercado em razão da inovação dos produtos e menor concorrência, das linhas de novos produtos para novos mercados e do aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição. No que diz respeito aos benefícios estratégicos, Donaire (1995) lista a melhoria da imagem institucional, a renovação do ‘portfólio’ de produtos, o aumento da produtividade, o alto comprometimento do pessoal, a melhoria nas relações de trabalho e de criatividade para novos desafios, a melhor relação com órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas e o acesso assegurado ao mercado externo. Lovins, Lovins e Hawken (1999) também proprõem o intenso aumento da produtividade dos recursos naturais, e afirmam que já num primeiro momento os resultados econômicos seriam melhores do que os resultados provenientes de uma produção com pouca ou nenhuma economia de recursos naturais. O elemento que segue é o de total eliminação do desperdício, transformando os resíduos inevitáveis em produtos que podem ser absorvidos novamente pela natureza. Notavelmente, diversos autores que discutem o assunto sugerem uma estratégia com a mesma essência: o melhor uso dos recursos já disponíveis, através de mudanças no processo de produção, de forma a reduzir o desperdício que gera a poluição, isto é, evitar o problema ao invés de tentar consertá-lo depois de ocorrido. Além disso, uma melhor imagem da empresa e 34 o maior valor dos produtos “verdes” acarretam também maiores ganhos econômicos. Portanto, a transição do setor empresarial de uma estratégia que visa unicamente ganhos econômicos para uma estratégia mais ecologicamente sustentável é uma oportunidade de negócio e não um obstáculo para a empresa, unindo ganhos financeiros a ganhos ambientais que asseguram às futuras gerações os mesmos níveis de bem estar. No que diz respeito ao Brasil e às empresas brasileiras, a pressão não é menos intensa. Nos últimos anos a legislação brasileira tornou-se mais rigorosa quanto a crimes ambientais, apesar de estar longe do ideal. Quanto aos segmentos que se relacionam com o comércio internacional, estes sofrem pressões muito mais vigorosas, pois as exigências internacionais, em geral, são bastante severas. Além disso, em termos macroeconômicos, os benefícios da adoção da estratégia ambiental poderiam se alastrar, criando mercado para outros setores como o de reciclagem, já que os desperdícios seriam ativos das companhias; o de marketing; e o de empresas de despoluição, por exemplo. Sem o apoio do setor privado é possível afirmar que seria impossível alcançar um nível de desenvolvimento sustentável satisfatório. Portanto, a questão da proteção do meio ambiente através do setor empresarial com a adoção de estratégias ambientais é, além de uma evidente oportunidade para diferentes ramos da economia, uma necessidade global. 35 4. AS ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS DA EMPRESA NATURA COSMÉTICOS 4.1. A Indústria de Cosméticos no Brasil e no Mundo A indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC) movimentou no ano de 2011 aproximadamente US$426 bilhões ao redor do mundo. Em âmbito nacional, desde 1996, o setor apresentou um crescimento bem mais vigoroso que o resto da economia em geral, com um crescimento médio de 10% a.a. contra 3% do PIB nacional e 2,2% da indústria geral (ABIHPEC, 2013). A balança comercial do setor de HPPC apresenta um histórico recente de superávits, mas, em 2011 e 2012, passou a apresentar déficits comerciais. O principal motivo dessa reversão foi a valorização do real frente ao dólar. Todos os 10 principais destinos de exportação, entre os 150 totais, são na América Latina e, entre os principais países de origem, entre os 62 totais, está em primeiro lugar a Argentina, seguida dos Estados Unidos, França, China, México, Alemanha, Espanha, Canadá, Colômbia e Itália. Em 2011 eram 1.659 empresas atuando no setor no Brasil e, em 2012, já passaram para 2.392 o número de companhias, sendo que cerca de 60% do total de empresas existentes estão localizadas na região Sudeste do país e 73% do faturamento total (cerca de R$100 milhões líquidos de impostos) é gerado pelas 20 empresas de maior porte. (ABIHPEC, 2013). Entre 2007 e 2011, o Brasil apresentou um crescimento de 87% no setor de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos (VIEIRA, 2013) e hoje aponta como terceiro maior mercado consumidor de cosméticos do mundo, apresentando um faturamento líquido de impostos sobre vendas de US$34 bilhões no ano de 2012, que representou um crescimento de 15,62% em relação ao ano anterior, e atingiu 9,6% de market share mundial (ABIHPEC, 2013). Nesta colocação, o Brasil fica a frente de muitas economias desenvolvidas. As que seguem do ranking das 10 maiores no setor são: China, Alemanha, Reino Unido, França, Rússia, Itália e México. Em segundo lugar na indústria da Beleza mundial fica o Japão, com 10,9% de share, e os Estados Unidos, o maior mercado de cosméticos do mundo com receita total estimada em US$54.89 bilhões em 2012, representando 15,9% do mercado mundial (ABIHPEC, 2013). Neste último, a empresa líder do setor é a Procter & Gamble, com 14.2% do mercado 36 (SCHULTZ, 2013), no Japão é a Shiseido (marca premium) e, no Brasil, a Natura Cosméticos. Entre os fatores que explicam o bom desempenho do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no Brasil estão: a) o aumento do nível de renda disponível nas classes D e E, possibilitando o acesso aos produtos do setor, assim como também da classe C, possibilitando a aquisição de bens com maior valor agregado; b) a maior participação do público feminino no mercado de trabalho, somado a salários mais elevados e famílias menores; c) a maior produtividade, graças a novas tecnologias, que permitem que o setor tenha aumentos de preços menores que os índices de preços da economia em geral; d) os constantes lançamentos de novos produtos, atendendo a mais necessidades dos consumidores; e e) o aumento da expectativa de vida e crescente preocupação com a estética (ABIHPEC, 2013). Recentemente, o Brasil ocupou o primeiro lugar no ranking internacional de cirurgias plásticas por habitante, com um aumento de 120% entre 2009 e 2012, sendo 1,5 milhão de cirurgias executadas apenas no último ano. Segundo Peixoto (2013), as cirurgias reparadoras (que reparam danos causados por algum tipo de violência) já aparecem nas estatísticas oficiais, mas o que leva o país a essa posição são as cirurgias estéticas, que representam 70% do total. Sendo assim, a preocupação da população brasileira com a aparência é indiscutível e, evidentemente, abre frente para o setor de cosméticos, onde, segundo a consultora A. T. Kearney, os consumidores brasileiros gastam em média US$240 por ano em produtos, que fica em torno do que gastam, em média, os consumidores britânicos e americanos, e é mais do que 4 vezes a média mundial (EUROMONITOR INTERNATIONAL apud ABIHPEC, 2011). O setor de cosméticos é dividido em cinco segmentos: cuidados com a pele, cuidados com os cabelos, maquiagem, fragrâncias e produtos de higiene pessoal e as marcas presentes nesse mercado ainda podem ser classificadas como premium ou de “produção em massa” (LOPACIUK; LOBODA, 2013). Esta classificação depende do prestígio da marca, dos preços dos produtos e dos canais de distribuição utilizados. Segundo Lopaciuk e Loboda (2013), o segmento de produção em massa, em 2010, representou 72% do mercado de cosméticos global, contra 28% representado pelas marcas premium. No Brasil, as vendas de produtos de marcas mais luxuosas ainda não é muito significativo. Em 2008, marcas dessa categoria ocupavam 27% do mercado americano, 41% do mercado 37 japonês e menos de 2% do mercado nacional (EUROMONITOR INTERNATIONAL, 2010). Portanto, há bastante espaço no mercado brasileiro de cosméticos para produtos com preços mais acessíveis, fato que fez com que multinacionais como Unilever (segunda empresa mais forte do setor no Brasil), Procter & Gamble (a terceira empresa com maior market share no mercado nacional), Esteé Lauder e L’Oreal, por exemplo, investissem intensamente no país nos últimos anos, tanto em marketing como em lançamentos (ARAGÃO, 2013). Segundo Capanema et al. (2007), é possível observar uma correlação direta entre o consumo no setor de HPPC e a renda per capta, ou seja, este setor é sensivelmente dependente da renda, portanto, qualquer incremento na renda implica num aumento das vendas do setor. Com isso, mais uma vez, o Brasil oferece vantagens, com a sua primeira colocação no ranking do Índice Global de Desenvolvimento de Vendas no Varejo de 2013, segundo a consultora A. T. Kearney, à frente de países como Chile, Uruguai e China. Em geral, as barreiras de entrada desse setor não são muito rígidas, principalmente pela simplicidade da base técnica, por esse motivo é possível encontrar tantas companhias de pequeno porte no mercado. Entre os obstáculos que dificultam a entrada de marcas estrangeiras no mercado nacional especificamente, estão as altas taxas de impostos de importação cobradas sobre os produtos de luxo, que passam a custar de 2,5 a 3 vezes mais do que o preço original. A importância desse fator fica clara ao se notar que 40% das vendas da MAC nos aeroportos argentinos são feitas por consumidores brasileiros, assim como 30% das vendas da mesma marca nos aeroportos chilenos. A MAC é uma das marcas do grupo Esteé Lauder que tem 26 lojas instaladas no Brasil. O país gera em torno de 1% dos lucros da Esteé Lauder, mas, em compesação, 25% desses lucros advém das vendas em Duty Free (ERLICH, 2013). Outra característica marcante do mercado brasileiro é cultura das vendas diretas, que, apesar da forte tendência das compras online, continua forte e representou 31% do faturamento geral em 2010 contra as vendas no varejo, no atacado e nas franquias. Segundo Erlich (2013), o Brasil é o maior mercado da Avon, que trabalha com este modelo de vendas, gerando mais de 20% dos lucros da empresa, mesmo encontrando-se em 5º lugar quanto a participação no mercado nacional, em 2012 (ARAGÃO, 2013). 38 Essa indústria também é caracterizada pela necessidade de constante inovação, tanto para a diferenciação dos produtos já existentes, como também para a diversificação do portfólio, sempre se mantendo em dia com lançamentos, já que estes representam 35% do faturamento bianual do setor no país, isto é, a cada quatro anos as empresas precisam praticamente reformular por completo seus portfólios (VIEIRA, 2013). Além de oferecer oportunidades para empresas nacionais e estrangeiras, o setor também teve participação positiva na economia geral nacional. Entre 2001 e 2010, o PIB brasileiro cresceu 41%, enquanto a indústria de HPPC cresceu 70% no mesmo período e de 1994 a 2010 foram gerados cerca de 4,4 milhões de empregos pelo setor, com uma taxa de geração de oportunidade de trabalho 36% maior que a média brasileira em 2010, com destaque para as regiões Norte e Nordeste do país. Este mercado ainda teve parcipação efetiva no controle inflacionário, com índices de preços muito inferiores ao índice de preços ao consumidor, fato que pode ser explicado pelo nível de inovação aplicado nessa indústria, que gera aumentos constantes de produtividade. O setor também foi responsável por investimentos crescentes entre 2000 e 2010 em ativos, marca e P&D, com destaque para taxa de investimento neste último, três vezes maior que a média nacional, em 2010 (ABIHPEC, 2011). Outros setores também se beneficiam do sucesso do setor de HPPC. Em 2009, o mercado de embalagens plásticas, por exemplo, teve 6% do seu faturamento total (em torno de R$36 bilhões) advindo da indústria da Beleza, assim como 3% do faturamento da indústria química total também tiveram a mesma origem. Ademais, a arrecadação de tributos também foi relevante, chegando a R$25 bilhões em 2010 (ABIHPEC, 2011). O mercado de HPPC, segundo a ABIHPEC (2011), deve continuar crescendo na ordem dos 2 dígitos ao ano; os volumes de negócios devem aumentar significativamente até 2015, assim como os investimentos, e as oportunidades de trabalho devem aumentar. Isso tudo porque a renda da população em geral tem aumentado; porque o Brasil é uma fonte de princípios ativos naturais, uma forte tendência do setor; por existir intenso investimento em tecnologia; e pela contínua participação feminina no mercado de trabalho. Fica claro, portanto, que a indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos é uma indústria em expansão no mercado brasileiro e o Brasil é um mercado em expansão no contexto internacional geral. 39 4.2. A Natura Cosméticos Fundada em 1969, a Natura Cosméticos originou-se de uma parceria entre quatro empresas, sendo uma delas chamada Natura, que incorporou as outras três em 1989. Desde o início a empresa tinha como objetivos a transformação de cosméticos e cultivo das relações sociais, metas ambiciosas para um negócio que iniciou com um capital equivalente a um carro popular (GUIMARÃES, 2010). A Natura trabalha com o modelo de vendas diretas, admitindo cerca de 1,5 milhão de consultoras e foi eleita a quinta maior empresa do mundo em vendas diretas pela Direct Selling News, especializada em análises do modelo (JULIBONI, 2013). Segundo a Natura, esse modelo busca a constituição de valor sustentável através das relações de qualidade com a sociedade visto que proporciona um serviço personalizado e um melhor conhecimento do cliente, já servindo também como pesquisa de mercado para o desenvolvimento de novos produtos. Atualmente, a Natura Cosméticos é a maior empresa brasileira do ramo de cosméticos, fragrâncias e higiêne pessoal com cerca de 22% do mercado (2013). Ainda com a maior parte do seu mercado restrito ao Brasil e América Latina, a empresa já é a 20ª mais valiosa empresa de cosméticos no mundo, segundo a Brand Finance, consultora britânica, no ranking das 50 marcas mais valiosas do setor de cosméticos em 2013, sendo a única brasileira a constar na lista, com valor estimado de US$1,85 bilhão. A marca caiu da 17ª colocação no ano anterior dando lugar para outras empresas, como a francesa Chanel. A companhia está presente em sete países da América Latina: Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela, México e Bolívia, onde trabalha com distribuidor local e, em 2006, abriu uma loja conceito e um laboratório na França, em Paris, que teria como fim, principalmente, observar as tendências do setor na Europa e reforçar o poder da marca. Com o propósito de se inserir mais virtuosamente no mercado internacional, a Natura adquiriu 65% da Emeis Holdings no final de 2012, que detém a marca australiana Aesop, que por sua vez, possui 61 lojas em 11 países e compartilha os mesmos valores, segundo o presidente da Natura. A intenção da empresa com essa aquisição é obter o know-how necessário para essa inserção internacional, onde o modelo de vendas diretas não é tão difundido. Em 2004 a Natura abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo e desde então é listada no segmento Mercado Novo, que relaciona as empresas com o mais elevado nível de governança corporativa, onde transparência e responsabilidade social e ambiental tem peso 40 significativo. Portanto, a empresa é também bastante reconhecida por seu interesse e ação quanto ao desenvolvimento ecologicamente sustentável, já em 1983 produzia mercadorias com recargas e refis e em 1999 adquiriu uma empresa de produtos fitoterápicos a fim de obter tecnologia para produção a partir da diversidade da flora brasileira, redefinindo sua carteira de produtos. No ano de 2008, foi lançado o projeto Carbono Neutro, que reduziu as emissões de CO2 em 33% até 2011, em relação aos níveis de 2007. Associado a este projeto, outros cinco foram postos em prática com o objetivo de neutralizar as emissões, já que anulá-las ainda não é possível. Destes cinco projetos, dois cuidam do reflorestamento de áreas degradadas (compensação a longo prazo) e os outros três de ações de energias renováveis (compensação de curto prazo). Em 2013, a empresa foi eleita, entre as 4.000 cogitadas, a 2ª companhia mais sustentável do mundo pela Corporate Knights na lista Global 100, perdendo apenas para a Umicore, uma empresa belga da área de tecnologia de materiais que no ano anterior ficou em 8º lugar. Na lista Global 100, publicada pela revista Forbes, o vice presidente de pesquisa da companhia Corporate Knights define que sustentabilidade é reconhecer que os interesses de longo prazo de uma empresa são intelectual e financeiramente inerentes à eficiência dos recursos, práticas de saúde e segurança pró-ativa e de liderança responsável. O editor chefe da empresa ainda acrescenta que sustentabilidade acontece quando o que é bom para a empresa também é o bom para o planeta e vice-versa (SMITH, 2013). A Natura, portanto, se encaixa nessa definição e, apesar de prezar pelas relações profissionais, a Natura foi escolhida como 2ª mais sustentável do mundo em 2013 principalmente pela produtividade dos recursos em relação às empresas da mesma área no mercado internacional, que como visto nas sessões anteriores, é o fator mais relevante para o alcance da produção ecologicamente sustentável. A empresa ainda foi eleita pela Época NEGÓCIOS 360º em 2013 no quesito Inovação e, em 2012, como Empresa do Ano pela mesma premiação, que analisa todas as dimensões do negócio: resultados financeiros, governança corporativa, capacidade de inovação, políticas de recursos humanos, responsabilidade socioambiental e visão de futuro. Desde que abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo em 25 de maio de 2004, as ações da Natura valorizaram-se 848,2%, até 28 de junho de 2013, contra 136,8% de valorização do Ibovespa no mesmo período. À vista disso e de outros fatores a serem relatados, fica evidente que a estratégia social e ecologicamente responsável implementada 41 pela Natura tem trazido resultados financeiros bastante interessantes à empresa e, obviamente, resultados gratificantes ao meio ambiente. 4.2.1. A Estratégia de Diferenciação Quando a Natura começou a crescer, tanto no mercado nacional como no internacional, ficou claro que não poderia competir com marcas tão fortes, presentes em grande parte do mundo, como as do grupo francês L’Oreal (desde 1909) ou como a americana Avon (desde 1886) com seus preços mais acessíveis, usando uma estratégia de liderança de custos e, ao mesmo tempo, produzir da maneira sustentável que desejavam, pois estas concorrentes, por estarem presentes no mercado há muito mais tempo, já possuíam um know-how que não seria alcançado em um espaço de tempo viável. Portanto, a empresa optou por adotar a estratégia de diferenciação para gerir seu negócio, investindo vigorosamente em pesquisa e desenvolvimento a fim de elaborar produtos com nível de qualidade competitivo utilizando o diferencial do uso sustentável da biodiversidade brasileira e, dessa maneira, sendo capaz de competir em ambos os mercados nacional e internacional. A Natura depende de bons resultados em seus processos de inovação para assegurar sua competitividade no mercado. Em 2013, a empresa foi listada como a 10ª mais inovadora do mundo no ranking divulgado pela Forbes, ficando a frente do grupo Estée Lauder, por exemplo, que possui marcas consagradas no mercado, como MAC e Clinique. Em 2012, a Natura destinou R$ 158,9 milhões de sua receita líquida para inovação e lançou 104 novos itens. O índice de inovação da empresa com base em dezembro de 2012 foi de 67,2% (NATURA, 2012). Este índice mede a representatividade de vendas no último ano dos produtos lançados nos últimos dois anos, portanto, expressa a importância que a inovação em produtos tem para o desempenho comercial da Natura (GUIMARÃES, 2010). A Natura, com o objetivo de manter o nível de inovações em patamares satisfatórios, realiza parcerias com inúmeros centros de pesquisa, tanto nacionais quanto estrangeiros. Esses projetos de pesquisa trazem inovações não apenas de produtos, mas também de processos. O modelo utilizado para criação e avaliação de inovações tem duas fases: o Funil da Tecnologia, fase onde acontece a identificação, pesquisa e desenvolvimento de novos materiais e recursos naturais, principalmente provenientes da Amazônia, e o Funil de Inovação, que é responsável 42 pelo desenvolvimento de novos conceitos a partir de novas necessidades do mercado e é uma etapa de mais curto prazo (GUIMARÃES, 2010). São muitas as parcerias para desenvolver pesquisa científica, estas vão desde coloborações com instituições acadêmicas, como a Universidade Técnica Particular de Loja (Equador); a laboratórios, como o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio); a parcerias com outras empresas, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, em 2012; assim como ao campo aberto para crowdsourcing disponível na página da Natura Campus, onde é possível apresentar projetos independentes. Todas essas parcerias são resultado da implementação da técnica de “Open Innovation”, posto em prática em 2005, que tem como objetivo estimular a pesquisa de novas tecnologias fora dos laboratórios da Natura, gerando inovações radicais nos produtos e processos (NATURA CAMPUS, 2013). Desde que a técnica foi implantada, foram visitadas mais de 30 instituições e mais de 300 projetos foram propostos por colaboradores, dos quais 13 foram escolhidos para serem postos em prática em parceria com a Natura (JORGE, 2013). A partir dessas colaborações originam-se projetos como de pesquisa de métodos para a avaliação de segurança e eficácia de produtos cosméticos em pele e cabelos humanos, utilizando a tecnologia "High Throughput Screening" (HTS), já que não são realizados testes em animais; técnicas de extração de óleos vegetais mantendo as árvores, das quais estes provêm, em pé; e o desenvolvimento de sistemas agroflorestais para a produção sustentável de dendê, por exemplo. A utilização de materiais renováveis é evidentemente um fator relevante na produção da Natura. Em 2010, por exemplo, foi desenvolvida uma embalagem a base de polietileno verde da Braskem, feita 100% com materiais de fonte renovável como a cana de açucar, que reduz efetivamente a emissão de gases do efeito estufa (GEE) em 71% quando comparada ao plástico convencional. As embalagens dos sabonetes líquido da linha Erva Doce, por exemplo, são produzidas com este novo material. Quanto ao conhecimento de tecnologias para produção de embalagens sustentáveis, já existia a opção do material a base de milho, mas esta não oferece a oportunidade da reciclagem e, apesar de ser biodegradável, acaba emitindo gases de efeito estufa piores que o CO2 quando descartadas, já que, no Brasil, não existe uma indústria de compactação de resíduos bem desenvolvida para gerar o reaproveitamento destes materias (MATOS, 2010). 43 Em 2007, a Natura lançou o programa Carbono Neutro, no qual ela elabora um inventário e reduz e compensa as emissões de gases. O objetivo do inventário é medir todas as emissões geradas por todos os setores e atores que fazem parte da cadeia de produção para que a empresa esteja verdadeiramente ciente do que precisa ser feito a fim de neutralizar estas emissões. Alguns exemplos dos setores da cadeia de produção, dos quais as emissões serão medidas, são os fornecedores de matérias primas, a gráfica que imprime a Revista Natura, os fabricantes das caixas que são enviadas às consultoras e as empresas transportadoras, portanto, as emissões de todas as vertentes do negócio são contabilizadas. Após esse mapeamento é possível chegar num nível de emissões/Kg de produto vendido e, a partir dessa informação, novas tecnologias são implementadas para que esta razão seja reduzida. A meta, desde a implementação do programa, era de reduzir o nível de emissões em 33% em relação a 2006 e, em 2012, já haviam alcançado redução de 28,4% (FUNBIO, 2013). Apesar de todos os esforços para a redução dos lançamentos de gases na atmosfera, a total eliminação deles ainda não é possível e, por este motivo, a Natura implementa a fase de compensação. Isto acontece como a compra de créditos de carbono, através de projetos que retiram carbono da atmosfera como o de florestamento ou projetos que diminuam as emissões de um processo industrial ou de uma comunidade, por exemplo, implementando novas tecnologias ou combustíveis alternativos. Através destes projetos de compensação, a Natura neutraliza 100% de suas emissões, segundo a diretora de sustentabilidade da empresa. A partir de 2007, foi implementada a tabela ambiental (Anexo A) em todos os produtos da marca, que se assemelham às tabelas nutricionais encontradas em produtos alimentícios. Nelas, é possível encontrar informações sobre o produto em si, como a porcentagem deste que advem de fonte vegetal renovável; a porcentagem que é vegetal natural (não sofreu modificações químicas ao longo do processo); e a porcentagem que tem certificação de origem (certificação de algum órgão externo sobre a adequação do cultivo, etc). Ainda nesta tabela são disponibilizadas informações sobre a embalagem, como a porcentagem de material reciclado (que já foi utilizado antes em outros produtos); a porcentagem de material reciclável (quanto da embalagem poderá ser reciclada após o uso); e o número recomendado de refilagens, cálculo feito com base na durabilidade, resistência e outros aspectos da embalagem. Todos os cálculos são feitos em base seca, isto é, não incluiem o uso de água, que 44 melhoraria muito o índice, já que a maioria dos produtos cosméticos leva muita água (NATURA, 2013). A companhia trabalha, desde 1983, com o sistema de refis de produtos e, apenas em 2005, deixou de gerar 2,2 toneladas em embalagem com a venda de refis. As embalagens dos refis consomem, em média, 30% da quantidade de insumos que consomem as embalagens regulares, tem um impacto ambiental em torno de 70% abaixo destas últimas e custam, em média, 20% a menos ao consumidor (ORTEGA, 2008). Os refis da linha Tododia, por exemplo, levam 83% menos plástico e geram 97% menos lixo. A linha SOU, lançada no ano de 2013, inclui todos estes benefícios que caracterizam o diferencial da Natura, convidando mais uma vez seus clientes a consumirem de uma forma diferente desde o lançamento da linha Ekos, em 2000, com a utilização de ativos da Amazônia. Para a criação dos produtos, foram investidos R$100 milhões em pesquisa e desenvolvimento. A linha será lançada aos poucos e chegará a 27 produtos no total. As embalagens utilizam menos recursos e possibilitam que o consumidor utilize até a última gota do produto, pois são de plástico maleável, de forma a evitar desperdícios. Esse modelo utiliza 70% menos material que uma embalagem rígida com mesmo volume, assim como as embalagens de refis. Esses acondicionamentos são do tipo stand-up pouches, que são “bolsas” plásticas que ficam em pé. Esse material chega à empresa em rolos, dispensando a uso de caixas e frascos que ocupam muito espaço dentro da fábrica e geram mais lixo para ser descartado. O desenvolvimento desse material e design foi resultado de uma das parcerias de pesquisa da empresa (DE PAULA; FREDIANI, 2013). A fórmula do conteúdo em si também é minimalista. Utilizaram-se apenas ingredientes essenciais e, segundo a diretora de sustentabilidade da empresa, óleos animais e minerais foram substituídos em 80% por componentes vegetais (FERREIRA, 2013). Outra característica marcante da linha é a fragrância única. Esta fragrância é composta por 30 ingredientes, sendo que uma fragrância comum normalmente leva cerca de 100 ingredientes. Portanto, o aroma é o mesmo em todos os produtos, o que muda é apenas a intensidade dele nos determinados itens (DE PAULA; FREDIANI, 2013). Considerando todo o processo da fabricação da linha SOU, foi possível gerar uma redução de 60% das emissões de gás CO2 (FERREIRA, 2013). 45 Contabilizando todos estes aspectos, a empresa conseguiu disponibilizar os produtos a preços mais baixos, pois a necessidade de menos materiais, transporte, energia e descarte, geraram uma siginificativa economia no processo. Pelos mesmos motivos, foi possível uma redução significativa nos níveis de poluição. Ainda, como resultado dos preços mais econômicos, é possível observar uma maior democratização dos novos produtos e, como consequência, da ideia de sustentabilidade. Segundo o diretor de negócios da empresa, o preço mais acessível da linha SOU não foi a determinante da decisão de desenvolvimento do projeto e, ainda, afirma que o que norteou o desenvolvimento da linha foi justamente o propósito de provocar o público quanto à forma de consumir, tendo como slogan da linha a frase “porque eu preciso do que não preciso?” (DE PAULA; FREDIANI, 2013). Com isso, o preço mais baixo representa a consequência e não a causa da eficiência do processo de produção. A linha foi testada por consumidoras em alguns municípios do Estado de São Paulo antes de ser efetivamente lançada no país. Assim que a boa aceitação foi comprovada tanto pelas consumidoras quanto pelas consultoras – já que os preços diferenciados ampliam suas possibilidades de venda –, a linha foi lançada nacionalmente (DE PAULA; FREDIANI, 2013). 46 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com Porter e Kramer (2011), a realidade atual está repleta de problemas sociais e ambientais, mas, mais do que em qualquer outro momento das últimas décadas, parece existir uma conscientização generalizada acerca deles. Numa perspectiva tradicional, as empresas e os negócios em geral são vistos como os causadores destes problemas e, por conta disso, vistos como o próprio problema a ser resolvido. Para os autores, essa ideia é totalmente justificável, dado o histórico de muitos destes negócios. Portanto, conforme essa concepção, as empresas seriam as autoras dos danos ambientais e sociais que teriam que ser recuperados por instituições isoladas, como ONGs ou pelo próprio governo. O motivo pelo qual essa mediação não é eficiente é a impossibilidade de gerar, através dessas instituições, soluções em escala nos modelos de negócios atuais, e isso se deve à falta de recursos financeiros dessas instituições, que vivem de doações, e das receitas tributárias insuficientes. Os recursos financeiros da sociedade em geral só podem ser criados através dos negócios. Negócios estes que serão criados a partir da percepção de uma necessidade e que atenderão a estas visando, principalmente, a geração de lucro. Portanto, para que se possa atingir um nível eficaz de impacto ambiental positivo, ou seja, impacto em escala, é necessário que os esforços partam dessas empresas, e não de entidades isoladas. Como abordado em mais detalhes anteriormente, todos os problemas causados por empresas, ao ambiente e à sociedade, são resultado de algum tipo de ineficiência e, logo, não geram nenhuma vantagem competitiva para a empresa, pelo contrário, desbaratam o processo e encarecem os produtos. Portando, a concepção de que responsabilidade ambiental e obtenção lucro figuram um trade off para as empresas não faz sentido, ao invés disso representam aspectos em sinergia. As estratégias empresariais tem como objetivo traçar um caminho que faça com que a empresa alcance o sucesso no mercado, ou seja, que obtenha crescimento e rentabilidade para que seu negócio seja sustentável. Portanto, para que uma estratégia seja bem sucedida, é necessário que a empresa seja capaz de se adaptar à evolução do mercado nas suas diferentes dimensões, estando apta a inovar, gerando contínuamente novos processos, produtos e serviços para atender a estes mercados cada vez mais exigentes. Dessa maneira, a 47 implementação da estratégia ambiental também é uma tentativa de manter a competitividade no mercado atual. O caso da empresa Natura Cosméticos deixou claro que esta estratégia pode ser muito bem sucedida, sendo capaz de criar vantagem competitiva através da diferenciação do produto, com a utilização de embalagens recicláveis e refis e programas de compensação das emissões de gases de efeito estufa, por exemplo, aliada à clara sinalização dessa diferenciação (valor percebido), com a adição das tabelas ambientais e um marketing voltado para esta diferenciação, fazendo com que o público prefira os produtos de determinada empresa por motivos além da simples comparação de preços. Além disso, a empresa conseguiu reduzir seus custos através da constante inovação tecnológica, um fator chave desta estratégia, e assim obteve significativa diminuição de desperdício de recursos, por meio da melhor utilização destes ou da “menor” utilização destes. Esta pesquisa teve como objetivo estudar o caso de uma empresa específica, mas são várias as empresas adotando esse método e incorporando a responsabilidade ambiental ao âmago dos seus negócios, ao invés de tratá-la como secundária, criando soluções temporárias e ineficientes, a partir de departamentos isolados, que impossibilitam a harmonização dos objetivos de lucro e alcance da sustentabilidade ambiental. Não seria irreal dizer que existe a tendência de que esse comportamento se torne uma condição necessária para a simples existência de um negócio, não figurando mais uma característica diferenciada, ou seja, não mais representando uma estratégia para obtenção de lucro e, sim, apenas um pré requisito básico. Com o evoluir desses processos nos diferentes mercados, os custos só tendem a baixar, permitindo que empresas que tem como objetivo competir através de preços, possam também promover impactos ambientais positivos através dos seus negócios e, em larga escala, preservar o meio ambiente natural. 48 6. REFERÊNCIAS ABIHPEC. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Disponível em: http://www.abihpec.org.br/index.php AGUILHAR, Ligia. NATURA É A EMPRESA DE 2012 NO ANUÁRIO ÉPOCA NEGÓCIOS 360º. Época Negócios, 19 out. 2012. ALVES, Marcella Koeler. Abertura de capital no Brasil: O estudo de caso da Natura Cosméticos S.A.. 2006. 122 f. Puc-Rio, Rio De Janeiro, 2006. ANTUNES, Juliana. A importância da ECO-92 para a sustentabilidade corporativa. Um Olhar Sustentável Sobre O Mundo Empresarial, 9 ago. 2010 ARAGÃO, Mariana. Sob ataque de rivais, Natura sinaliza mudanças em seu modelo. Folha de São Paulo, São Paulo. 18 maio 2013. BACKER, Paul de. 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