aplicações da nanotecnologia na construção civil: análise
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APLICAÇÕES DA NANOTECNOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL: ANÁLISE EXPERIMENTAL EM ARGAMASSA EXPANSIVA COM NANOTUBOS DE CARBONO APPLICATIONS OF NANOTECHNOLOGY IN CIVIL CONSTRUCTION: EXPERIMENTAL ANALYSIS ON EXPANSIVE MORTAR WITH CARBON NANOTUBES 1 Francisco Alexandre de Paulo (FACULDADES KENNEDY) [email protected] 2 Philippe José Maciel Caetano (FACULDADES KENNEDY) [email protected]> 3 Viviany Geraldo (UNIFEI-Universidade Federal de Itajubá) [email protected] RESUMO A nanotecnologia tem propiciado inúmeras inovações na Ciência e na Engenharia em razãodas utilizações de nanomateriais na indústria da construção. Quando materiais são reduzidos a dimensões nanométricas (10-9m), eles tendem a apresentar propriedades químicas e físicas inteiramente novas e interessantes. A perspectiva de se explorar estas propriedades tem levado universidades, governos e empresas no mundo inteiro a investir intensamente em pesquisas nas chamadas áreas de nanociência e nanotecnologia. Os principais segmentos investigados são: revestimento, impermeabilizantes, argamassas poliméricas, adesivos e selantes, lubrificante atóxicos, solventes biodegradáveis e concreto. Um dos nanomateriais em evidência na área da construção civil é o nanotubo de carbono.O trabalho em questãotem por objetivo apresentar o resultado da análise da adição de nanotubosde carbono de paredes múltiplas em concentrações de argamassa expansiva, assim como a comparação das suas propriedades com as da argamassa convencional, sem nanotubos. A experiência foi realizada em laboratórios do campus da Faculdade Kennedy, usando ARGAMASSA EXPANSIVA DEMOX branca (pura) e com adição de nanotubos. Através de análises de tempo de expansão da argamassa entre os dois materiais de estudo, em corpos de prova de concreto com tubos de PVC-DN40, pode-se analisar a influência dos nanotubos. Nossos resultados de adição de nanotubos de carbono para melhorar suas propriedades mecânicas da argamassa mostram uma melhora de 20% no tempo de expansão da argamassa com a introdução de menos de 0,1% (cerca de 0,075%) de nanotubos de carbono. Palavras chaves:Construção Civil; Nanotubo de Carbono; Argamassa Expansiva. 1 Graduando do curso de Engenharia Civil. Faculdades Kennedy-BH 2 Graduando do curso de Engenharia Civil. Faculdades Kennedy-BH 3 Professora UNFEI –Campus Avançado de Itabira. Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 ABSTRACT Nanotechnology has provided numerous innovations in science and engineering due to the use of nanomaterials in the construction industry. When materials are reduced to nanoscale dimensions (10-9m), they tend to be completely new and to present interesting chemical and physical properties. The prospect of exploiting these properties has led universities, governments and companies worldwide to invest heavily in research in areas known asnanoscience and nanotechnology.The main segments investigated are: flooring, waterproofing , polymer mortars , adhesives and sealants , lubricating nontoxic, biodegradable solvents and concrete. One of nanomaterials in evidence in the area of construction is carbon nanotube. The work in question aims to present the analysis result of the addition of multi-wall carbon nanotubes in expansive mortar concentrations, as well as comparison of its properties with those of conventional mortar without nanotubes. The experiment was performed at the laboratories of college Kennedy using EXPANSIVE MORTAR DEMOX white (pure) and with addition of nanotubes.By expansion time analysis of the mortar between the two study materials in specimens of concrete with PVC pipes, DN40 ,we verified the influence of carbon nanotubes. Our results of adding carbon nanotubes to improve the mechanical properties of mortar show an improvement of 20% in the mortar expansion time with the introduction of less than 0.1% (about 0.075%) of carbon nanotubes. Keywords: Civil construction; Carbon nanotube; Expansive mortar. 1. INTRODUÇÃO Frente a um cenário com perspectivas de mercado cada vez mais competitivo e exigente, torna-se fundamental aos empreendedores adequarem-se, buscando a racionalização de suas operações mediante valorização de ferramentas mais eficazes ou tecnologicamente mais desenvolvidas, bem como da qualificação da mão de obra, sob pena de perda de competitividade ou mesmo inviabilização do empreendimento em função de crescentes exigências por parte de órgãos ambientais, estimulados por uma conscientização cada vez mais arraigada na sociedade no tocante a preservação do meio ambiente. Apesar de alguns Engenheiros ainda não conhecerem a argamassa expansiva, o uso desse produto tem se popularizado. As cidades brasileiras têm crescido rapidamente com a melhoria da economia do País, tornando menos variável a utilização de explosivos em áreas urbanas; esse panorama pode ir se tornando mais frequente, onde o uso de produtos menos perigosos à sociedade, podem ser mais eficazes. A argamassa expansiva é um agente demolidor não explosivo, em pó, cujo componente majoritário é a cal virgem. Em contato com água, iniciam-se reações de hidratação, com aumento de volume durante o progresso dessas reações, promovendo, quando em confinamento, grandes pressões sobre as paredes confinantes, as quais chegam aproximadamente a 78 MPa. Essas tensões geram fissuras (no meio demolir), cuja magnitude e direção dependem do balanço de esforços atuantes no referido meio. Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 O campo de ação da argamassa é praticamente ilimitado, servindo para romper, cortar e demolir rochas, concreto, e concreto armado. É um produto altamente ecológico, pois além de não ser explosivo, não produz gases nem resíduos nocivos. Apesar de todas essas vantagens e possíveis aplicações na construção civil, a ênfase em novas tecnologias estão diariamente sendo inseridas à construção civil, é o caso da nanotecnologia, cuja ciência está oferecendonotáveisrevoluções na estrutura dos materiais, sendo então chamados de nanomateriais. Os nanotubos de carbono (NTC) apresentam-se atualmente como um material propício, conhecido por suasexcelentes propriedades mecânicas e maior condutividade elétrica. Diversas pesquisas estão sendo realizadas a fim de determinar as melhorias que,provavelmente, esse material conseguirá trazer à construção civil. Os maiores obstáculos encontrados até o momento para a viabilidade deste material dentro da engenharia são seu alto custo e baixa oferta do produto. O pressuposto que levou a esta pesquisa foi a de verificar se a adição de nanotubos de carbono provocaria consequênciasfavoráveis à argamassa expansiva. Como a argamassa expansiva é de valor elevado em comparaçãoàs argamassas comuns em razão de sua utilização, as argamassas com adição de nanotubos de carbono não sofreria tanto com o aumento de preço. Diante do contexto apresentado e sua importância para a evolução e divulgação de novos materiais no uso da engenharia civil este trabalho tem como objetivo analisar e avaliar a adição de nanotubos de carbono (NTC) em argamassas expansivas. Os nanotubos de carbono foram adicionados às argamassas, os quais foram dosados em laboratório, na quantidade de 0,075% em relação à massa de argamassa. Os resultados foram comparados à argamassa expansiva sem NTC (branca) com a mesma consistência em relação água/cimento. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Argamassa Expansiva Dentre as principais técnicas de desmonte em maciço rochoso têm-se o corte de fio helicoidal, por fio diamantado, corte a fogo e argamassa expansiva, sendo este, um dos mais procurados pelas indústrias extrativas (SOUSA, 2007) A argamassa expansiva é um agente demolidor não explosivo, em pó, cujo componente majoritário é a cal virgem. Em contato com água, iniciam-se reações de hidratação, com aumento de volume durante o progresso dessas reações, promovendo, quando em confinamento, grandes pressões sobre as paredes confinantes, as quais chegam Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 aproximadamente a 78 MPa. Essas tensões geram fissuras no meio confinante (rocha), cuja magnitude e direção dependem do balanço de esforços atuantes no referido meio. (PINHEIRO, 1999) A demolição nesses casos é resultante da força expansiva que provem da adição da água e do confinamento atribuído à mistura pelas paredes do buraco. Há dois tipos de expansores o lento e o rápido, e para qualquer dos dois casos, após a primeira fissuração, a aspersão de mais água sobre o concreto vai acelerar o processo, abrindo cada vez mais as fendas. O agente a escolher depende diretamente da temperatura ambiente e do diâmetro do buraco a executar. (PINHEIRO, 1999) Durante a produção de blocos, avaliando-se as perdas, percebe-se que alguns métodos de lavras e de desmonte geram mais rejeitos que outros. Normalmente, a não utilização de explosivos são mais aconselhadas para se evitar a produção de rejeitos. (DA MATTA, 2003) O emprego de argamassa expansiva para demolição e corte de rochas, vem sendo um dos mais adquiridos pelas indústrias extrativas, destacando suas inúmeras vantagens, tais como a obtenção no ganho de recuperação, devido à minimização de microfissuras no interior do maciço. (SOUSA, 2009) Os cimentos expansivos podem ser conceituados, geralmente, como cimentos Portland alterados, pois seus constituintes são, basicamente, os mesmos. A composição do cimento Portland pode ser modificada por intermédio de variações na composição do clínquer ou através de adições de cimento. As argamassas expansivas atuais no mercado são produtos estudados e patenteados, obtidos de formulações especificas, sendo, dessa forma, de fundamental importância à caracterização de algumas delas. De acordo com Kawanoet al., (1982) essas argamassas são confeccionadas pela pulverização de um clínquer obtido sobretudo pela mistura de óxidos de cálcio (CaO), óxidos de silício (SiO2) e sulfato de cálcio (CaSO4). No entanto, Mikiet al., (1970) substitui o silício (SiO2) pelo óxido de alumínio (Al2O3). Também estão presentes outros tipos de óxidos, como o de ferro e magnésio em menores quantidades. A calcinação do clínquer deve ser a alta temperatura, entre 1350oC e 1550oC. Para Moyeret al., (1980) o clínquer também é formado de uma mistura, onde ele destaca o uso de óxido de cálcio (80 – 95%), cimento Portland, hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) e carbonato de cálcio (CaCO3). Já conforme a patente de Rice et al.,(1983) o clínquer consiste em óxidos de cálcio (CaO), óxido de alumínio (Al 2O3) e sulfato de cálcio (CaSO4), que depois de pulverizado é acrescido de cimento Portland e gesso novamente. Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 Segundo Suzukawaet al., (1984) o clínquer é obtido da temperatura de 1000 a 1400ºC e contém hidróxido de cálcio (CaO) (60%), fluoreto de cálcio (CaF2) (30%) e óxido de alumínio (Al2O3) que depois de pulverizado é acrescido de óxido de alumínio novamente e gesso (CaSO4) (1,0 - 3,5%). Aconselha-se atenção especial para evitar impureza no gesso, especialmente de P2O5, devido à diminuição da pressão de expansão. A tecnologia que utiliza argamassa expansiva é baseada no processo de hidratação do óxido de cálcio, com retardadores, que promove o aumento volumétrico devido à reação química, promovendo uma pressão expansiva dentro dos furos lineares na rocha, o suficiente para o seu desmonte. Além do mais, essas argamassas são usadas largamente na construção civil em áreas urbanas (onde o uso de explosivos é proibitivo) para rompimento de concreto, corte de pilares, vigas, etc. (CAIMEX apud SOUZA, 2007. Pág210). A argamassa expansiva pode ser utilizada em qualquer formação rochosa, concreto armado, estruturas de tijolos e também para a execução dos seguintes trabalhos típicos: • Acepilhar rochas para construção de estradas; • Escavações de trincheiras para o posicionamento de dutos; • Escavações subterrâneas; • Escavações marítimas, mesmo submarinas; • Eliminação de blocos de pedra; • Demolição de pilares, torres e paredes (de concreto armado ou não); • Demolição de fundações; • Demolição de quebra-mares; • Escavação ou demolição de formação rochosa, ou concreta, onde o uso de explosivos mostra-se antieconômico e proibido por questões de segurança; • Pré-fissuramento de formações rochosas com a criação de blocos isolados que, assim, podem ser demolidos com maior facilidade Qualquer um, em quaisquer situações, pode fazer o uso da argamassa expansiva, pois o mesmo não é um produto perigoso. Não é necessário o uso de permissão ou licença de órgãos governamentais, como no caso dos explosivos. A conservação da argamassa, não propicia problemas desde que os recipientes não sejam transgredidos e estejam conservados em locais secos. Quanto a descargas elétricas ou correntes elétricas (em rochas sulfetadas), não há problemas em seu uso. O uso de argamassas expansivas expõe diversas vantagens na lavra, pois é necessário o mínimo de perfurações linear na rocha, além de não acarretar impacto ambiental e ser de fácil aplicação não sendo necessária mão-de-obra qualificada. Não há poluição acústica. Outra primazia é a resposta no corte, resultando em cortes lineares colaborando no Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 melhor aproveitamento e acabamento dos blocos de rochas ornamentais. O uso de explosivos muitas vezes não se obtém tal definição, portanto, irregularidades são comuns nos blocos (ROGERTEC, 2006) A aplicação da argamassa tem como desvantagem o tempo de execução, pois seu tempo de reação dura em torno de 20 horas (dependendo do material), já, com o explosivo, a reação é instantânea. O preço da argamassa por m³ é um pouco mais elevado comparando-se ao explosivo, mas com aplicação final dos métodos o custo da argamassa ainda continua sendo mais vantajoso. 2.2 Nanotubos de Carbono A nanotecnologia está associada à manipulação da matéria em escala nanométrica, isto é, uma escala da ordem do bilionésimo do metro (10-9m).Na escala nanométrica, os átomos demonstramaspectosespecíficos, apresentam tolerância à temperatura, cores, reatividade química, condutividade elétrica, etc. (SILVA G., 2004). “[...] nano é um termo técnico usado em qualquer unidade de medida, significando um bilionésimo dessa unidade, por exemplo, um nanômetro equivale a um bilionésimo de um metro (1nm = 1/1.000.000.000m) ou aproximadamente a distância ocupada por cerca de 5 a 10 átomos, empilhados de maneira a formar uma linha [...].” (DURAN et al. 2006. pág 19) O preparo dos elementos possibilita observar os átomos, bem comosituá-los onde almejamos e criar novos materiais com peculiaridadesdistintas dos seus componentes. A nanotecnologia é inovadora pois controla tais fenômenos para ter novas propriedades e funções que já fazem parte do nosso dia a dia. Uma vantagem da nanotecnologia que se destaca é o aumento da área superficial dos materiais na escala nano, o que torna estes materiais muito mais reativos. Consequentemente, os materiais com dimensões na escala nanométrica, absorvem calor facilmente e a temperatura de fusão diminui em caso de sólidos. A finalidade da nanotecnologia é fazer uso destas novas propriedades, como o aumento da área superficial, para conceber novos materiais intitulados nanomateriais. Estes materiais não possuem impreterivelmente tamanho nanométrico, porém possuem em sua composição estruturas nanométricas que originarão novas propriedades e aplicações [DURAN et al., 2011]. As manipulações na escala nanométrica (menor que 100 nanômetros) lidam com mudanças surpreendentes das propriedades da matéria, devido aos "efeitos quânticos". Observados em nanoescala os materiais podem exibir características diferentes das substâncias em escala micro ou macro, tais como: novas propriedades mecânicas, materiais que se tornam mais resistentes, mais fortes, mais leves, mais elásticos; novas propriedades óticas que possibilitam o controle da cor da luz pela Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 escolha seletiva do tamanho do nano objeto (lasers, diodos com freqüências diferentes e apropriadas a diversos usos); novas propriedades magnéticas que aperfeiçoam os usos na eletrônica, em computadores e nas telecomunicações. (DURAN et al, 2006, p.21) Para Balaguru e Chong (2008) o desenvolvimento da nanociência em concretos é essencial, já que propriedades com baixa retração, resistência a temperaturas acima de 600ºC, compatíveis com tipos diferentes de fibras e capacidade de reação com nanomateriais, como a nano sílica e sem características tóxicas, podem ser usadas para a criação de novos produtos com boa performance. Li et al. (2004) averiguaramque nas propriedades mecânicas em argamassas de cimento com nanomateriais a resistência à compressão dessas argamassas alterou com a incorporação denanopartículas. Conforme Li et al.(2005) “os nanotubos de carbono foram descobertos no início da década de 90 por SumioIijima, são cilindros de tamanho manométrico, com espessura de 30nm de diâmetro e 1000nm de comprimento, e são formados por átomos de carbono em um arranjo hexagonal”. Os nanotubos de carbono se diferempor serem de parede simples ou paredes múltiplas. O de parede simples é um tubo cilíndrico produzido por uma única folha de grafeno enrolada, enquanto que a de paredes múltiplas é formado por um conjunto de folhas de grafeno enroladas. (HERBST et al. 2004) As aplicações dos nanotubossão delimitadas devido ao seu preço. Atualmente, esse valor ainda é alto, o que impede a incorporação dos NTC, em grandes proporções, nos materiais de construção civil.Dessa forma, as maiores aplicações de materiais contendo nanotubos de carbono são em projetos de alto valor, como pontes e outras estruturas em que a resistência é o fator chave (MAKAR et al.,2005). No Brasil,no que se refere à construção civil, ainda há poucas pesquisas em razão do alto custo na produção dos nanotubos. De acordo com MARCONDES (2012) o grama do material é obtido na Universidade Federal de Minas Gerais por R$ 5,00. Em compensação, os efeitos da adição de nanotubos no concreto, foram significantes na resistência à compressão, à tração e à porosidade com o uso de aproximadamente 4% de nanotubos de carbono em relação à massa do concreto. Na construção civil, segundo Martins (2006), os nanotubos de carbonos podem ser utilizados de modo bem sucedidos como é o caso do cimento. Frente ao custo de reparação de pontes e de outras obras, atrai, agora, consideravelmente a atenção dos cientistas. Ainda de acordo com Martins (2006) “um concreto mais durável faria com que fossem economizados milhões de dólares. A nanotecnologia forneceu uma chave para prevenir as Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 rachaduras resultantes do envelhecimento do material”, evoluçãomuito esperada no Brasil,pois, o calor, o frio e o sal danificam o concreto. Conforme Capaz e Chacham (2003), os nanotubos de paredes múltiplas (NTCPM) atribuem a um composto com polímero duas propriedades importantes: a dureza e a condutividade elétrica. A dureza é em razão à grande resistência à tração dos nanotubos, já que estes são considerados, hoje, como o material mais resistente à tração que existe. A condutividade de materiais plásticos contendo nanotubosdecorremdo fato destes agirem como metais ao conduzirem eletricidade (CAPAZ e CHACHAM, 2003). De acordo com Chaves (2002), “uma das utilizações dos nanotubos, que será posta em prática é a sua aglomeração texturizada para a composição de materiais cinco vezes mais leves e vinte vezes mais resistentes que o aço, e sua capacidade de operar sob temperaturas três vezes mais elevadas”. Conceituado como uma das plenas conquistas da Nanotecnologia, o nanotubo de carbono é contemplado, recentemente, como o material de maior resistência mecânica descoberto, particularmente pela sua resistência à deformação e à quebra (BELISÁRIO, 2002). Em relação às propriedades mecânicas, Couto (2006) cita que os NTC podem ser empregados para expandir a resistência de vários materiais. A dispersão uniforme dos nanotubos em uma matriz polimérica faz com que haja um reforço mecânico no polímero. Segundo Li et al. (2005), outra vantagem dos NTC é a sua capacidade de deformação elástica de 12%, aproximadamente 60 vezes maior que a do aço. Também, menciona-se que a adição de nanotubos de carbono pode ocasionarbenefícios no comportamento mecânico de compósitos à base de polímeros. Estudos mencionaram que tensões acima de 500 MPa podem ser transportados através da interface entre polímero e nanotubo, tensão essa 10 vezes maior do que aquela entre polímero e fibra de carbono [WAGNER et al., 1998]. As partículas nano, ainda que sejam do mesmo elemento químico, reagemdiferentemente – em relação às partículas maiores - em termos de cores, propriedades termodinâmicas, condutividade elétrica, etc. Dessa forma, o tamanho da partícula importantíssimo pois altera a natureza das interações das forças entre as moléculas do material e por conseguinte, altera os impactos que estes processos ou produtos nanotecnológicos tem junto ao meio ambiente, a saúde humana e a sociedade como um todo (RIBOLDI, 2009). 3.OBJETIVO Este trabalho tem como propósito investigar o efeito da adição de nanotubos de carbono em determinadas propriedades mecânicas e características relacionadas à eficiência Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 da argamassa expansiva. Os nanotubos de carbono foram adicionados às argamassas expansivas, os quais foram dosados em laboratório do campus da Faculdade Kennedy, na quantidade de 0,075% em relação à massa de argamassa. 4.METODOLOGIA Inicialmente, foi utilizadoneste trabalho, o método de pesquisa bibliográficacomo fonte de consulta, onde se evidenciaram livros, teses e artigos especializados na área de nanotecnologia, argamassa expansiva e construção civil, bem como a busca virtual em sites da internet e informações gerais, que agregassem valor aos objetivos do trabalho. Para atingir o objetivo fundamental desse trabalho, a parte experimental do estudo foi realizada em laboratórios do campus da Faculdade Kennedy, feito desde a preparação dos corpos de prova de concreto-PVC, a mistura de argamassa com NTC até análises de qualitativa do tempo de expansão dos materiais preparados. Os corpos de provas foram preparados usando: TUBO PVCDN 40 (diâmetro nominal de 40mm) Resistencia fornecida pelo fabricante MGM 7500 Pa = 0,076478 Kgf/cm² Área de contato com argamassa com tubo628,318 cm² Espessura do tubo 1,2mm Volume útil do tubo = 628 ml ou 0,000628m³ BLOCO DE CONCRETO Concreto usinado Lafarge 25Mpa, moldado em 29/10/14 as 15:00 hs Formato Cilíndrico: diâmetro de 15 cm e altura h=30 cm Furo interno com tubo diâmetro de 4,2cm Volume de concreto= 8143.008 cm³ ou 0,00814 m³ Resistencia do concreto = 254,929 kgf/cm² Peso do bloco = 20,350 kg Figura 1: Corpos de prova moldados com tubo de PVC Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 Os nanotubos de carbono foramfuncionalizados através de ligação de grupos funcionais; para possibilitar uma boa distribuição ao longo do material,foram adicionados às argamassas, os quais foram dosados, na quantidade de 0,075% em relação à argamassa. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO No desenvolvimento da pesquisa, foram comparados a argamassa expansiva sem NTC e com 0,075% de NTC em massa, com a mesma consistência em relação água/cimento. Como resultado, figuras 2 e 3, mostrou que a adição de NTC proporcionou um tempo de expansão da argamassa muito parecido com a argamassa branca. Isto pode ter acontecido devido ao fato da pouca quantidade de nanomateriais colocados (0,075% em massa), uma vez que já foi feito pesquisas prévias relacionadas ao uso de nanotubos em concreto e os resultados obtidos na prática de laboratório comprovam que o uso da quantidade ideal de nanotubos de carbono (0,3% em massa) num traço de concreto previamente definido, realmente pode tornar viável o aumento da tração neste concreto (Melo, Valquíria Silva, 2009), melhorando em cerca de 30% a resistência a tração. Figura 2:Fotos dos corpos de provas com argamassa branca (a) e argamassa com adição de NTC (b) Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 a - Argamassa expansiva brancab- Argamassa expansiva com NTC Como demonstrado na figura 2, foram utilizados 4 corpos de provas, identificados e separados, sendo que os corpos de prova números 1 e 2 foram preenchidos com argamassa expansiva adicionada de NTC e os corpos de prova números 3 e 4 foram preenchidos apenas pela argamassa pura, “branca”. No gráfico da figura 3, é demonstrada o tempo em minutos de expansão até o rompimento de cada corpo de prova. O que percebe-se é os corpos de prova preenchidos com o uso de argamassa expansiva adicionada ao NTC apresentaram um tempo de rompimento mais longo (cerca de 32 minutos em média) que os corpo de provas preenchidos apenas com a argamassa pura (cerca de 25,5 minutos). Esta diferença de tempo (6,5 minutos) a mais pela argamassa com nanomateriais indica que a introdução de menos de 0,1% em massa de NTC aumentou em 20% o tempo de expansão da argamassa. Confirmando resultados similares na tração do concreto visto por pesquisadores (Melo, Valquíria Silva, 2009). Figura 3: Gráfico de Tempo de Expansão (minutos) Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 (minutos) Figura 4: Corpos de prova rompidos 6. CONCLUSÃO A pesquisa feita até aqui mostrou que a nanotecnologia está presente no cotidiano dos seres humanos em diversas áreas. E na área da Construção Civil, principalmente, relacionado ao cimento, argamassa e polímero, há uma grande possibilidade de melhora em suas propriedades com o uso de nanometariais. A nanotecnologia nestas áreas surgiu da necessidade de aprimorar os materiais de construção civil existentes atualmente. Neste trabalho,foi investigado, experimentalmente como os nanomateriais podem alterar as propriedades da argamassa expansiva, tornando-as superiores em eficiência às tradicionais no mercado. Os resultados obtidos mostraram que a aplicação do nanotubo de carbono adicionado a argamassa expansiva altera a sua mecânica de expansão, aumentando o tempo de reação Revista Pensar Engenharia, v.3, n. 1, Jan./2015 a expansão da argamassa nos processos de desmontes de materiais. Essa alteração pode ser de suma importância em processos de desmontes onde o controle de expansão deva ser mais preciso e lento.Em nossa pesquisa, obteve-se um aumento de 20% no tempo de expansão com a introdução de 0,075% em massa de Nanotubos de Carbono. Acreditamos ainda, que se aumentarmos a quantidade de NTC, este retardo na expansão da argamassa poderá ser ainda maior. O trabalho feito aqui é pioneiro, e se mostrou promissor no uso da nanotecnologia na Engenharia Civil, especificamente, na argamassa expansiva, abrindo perspectivas para aplicações futuras de nanomateriais nesta área, com melhoras em suas propriedades mecânicas. 7. REFERÊNCIAS BALAGURU, P.; CHONG, K. Nanotechnology and concrete: research opportunities.In: SOBOLEV, K. e SHAH, S. P. (Ed.). Nanotechnology of concrete: recentdevelopments and future perspectives.United StatesofAmerica: American ConcreteInstitute, 2008. SP-254-2, p. 15-28. BARROS, M. M. B. Implantação de novas tecnologias em canteiros de obras: um desafio a ser vencido. Congresso Latino-americano: Tecnologia e gestão na produção de edifícios; Soluções para o terceiro milênio. Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. BELISÁRIO, Roberto. A fabricação de nanoestruturas. 2002. Disponível em: <http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia>. Acesso em: 20 out. 2014. CAIMEX. 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