Folha Herpetológica 17
Transcrição
Folha Herpetológica 17
FOLHA HERPETOLÓGICA Assembleia Geral e eleição dos corpos gerentes Teve lugar no dia 27 de Março, em Coimbra, a Assembleia Geral da SPH. Nesta reunião foi apresentada uma lista única às eleições dos órgãos directivos, que foi aprovada por unanimidade. Assim, a composição dos corpos gerentes da SPH para o biénio 2003-2004 é a seguinte: DIRECÇÃO Presidente Eduardo G. Crespo Vice-Presidente José Carlos Brito Secretário-Geral Rui Rebelo Tesoureiro Paulo Sá Sousa Vogais José Teixeira Maria José Castro Humberto Rosa Suplentes Rafael Márquez Claudia Soares José Miguel Oliveira MESA DA ASSEMBLEIA GERAL Presidente Nuno Ferrand de Almeida Vice-Presidentes Maria Elisa Oliveira Thomas Dellinger Secretários Margarida Pinheiro Helena Gonçalves Suplente Miguel A. Carretero CONSELHO FISCAL Presidente Ana Paula Rito Araújo Relator João Pargana Secretário Fernando Sequeira Suplente Raquel Godinho Plano Nacional de Conservação da Herpetofauna e Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal Continental Com a aprovação do Projecto POA “Documentos Estruturantes em Conservação da Natureza” (POA 1.1/00021) ficaram criadas as condições para levar a cabo o projecto de elaboração do Atlas de Distribuição dos Anfíbios e Répteis de Portugal continental e editar uma proposta de Plano Nacional de Conservação da Herpetofauna, contribuindo assim para reforçar a importância destes grupos taxonómicos nas políticas nacionais de conservação da biodiversidade. O projecto envolve três entidades distintas, que realizarão um trabalho conjunto e integrado, criando sinergias entre as equipes, essenciais para um projecto desta envergadura: INSTITUTO DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA: Coordenação e financiamento e execução física do projecto. CENTRO DE BIOLOGIA AMBIENTAL – FAC. CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA: Parceiro para a execução física do projecto. CIBIO / ICETA – FAC. CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO: Parceiro para a execução física do projecto. Cada entidade organizar-se-á em equipes de trabalho que amostrarão o país durante os três anos de vigência do projecto (Setembro de 2002 – Setembro de 2005). Terminou recentemente em Espanha um projecto com dimensão e objectivos em tudo semelhantes, o que proporcionará, seguramente, a conjugação de metodologias e resultados. Os objectivos principais deste projecto são: 1. Elaboração do Atlas de Distribuição dos Anfíbios e Répteis de Portugal; 2. Elaboração de proposta de plano nacional de conservação da herpetofauna; 3. Recolha de dados populacionais que contribuam para apoiar a revisão dos estatutos de conservação das espécies atribuídos através do Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal. A execução da estratégia de amostragem será levada a cabo por todos os participantes com a utilização de diferentes técnicas durante os três anos de duração do projecto. A amostragem é intensa durante os dois primeiros anos, sendo o último para aferição e confirmação dos dados do terreno e continuação da aplicação das metodologias quantitativas. A produção de novos dados de terreno permitirá a constante actualização das bases de dados e do SIPNAT (http://www.icn.pt/sipnat/sipnat1.html). Quem desejar enviar dados de observações de espécies de Anfíbios e Répteis poderá faze-lo utilizando o formulário disponível na página http:// www.icn.pt/projectos_conservacao/atlas_anfibios.htm ou a ficha de observações que acompanha esta Folha Herpetológica. Após preenchido o formulário poderá ser enviado para qualquer uma das moradas abaixo indicadas ou via e-mail. ICN Armando Loureiro Parque Nacional da Peneda Gerês Av. António Macedo 4704-583 BRAGA Tel: +351 253 390 110 Fax: + 351 253 391 496 e-mail: [email protected] CBA/FFCUL Octávio S. Paulo Centro de Biologia Ambiental / Departamento de Biologia Animal Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa P – 1749-016 LISBOA Tel: +351 21 7500000 Fax: +351 217500028 e-mail: [email protected] ICETA/CIBIO Miguel A. Carretero Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) Campus Agrário de Vairão 4485-661 Vairão Tel.+351 252 660408 Fax. +351 252 661780 e-mail: [email protected] Biologia e Ecodemografia comparadas Salamandra salamandra (L., 1758) em Portugal de Rui Rebelo (Universidade de Lisboa) e-mail: [email protected] O tamanho corporal e outros parâmetros da história vital apresentam uma grande variabilidade populacional em vertebrados ectotérmicos. Os estudos desta variabilidade têm permitido a identificação das suas causas possíveis e a elaboração de hipóteses testáveis sobre a evolução dos parâmetros da história vital. Neste trabalho, foi feita uma abordagem à variabilidade no tamanho corporal de um anfíbio urodelo, Salamandra salamandra (L.), em Portugal. Foram comparadas várias populações situadas ao longo do eixo Norte-Sul de Portugal e estimados vários parâmetros da sua história vital. A idade individual, a taxa de crescimento para cada idade, a idade de maturação sexual e a longevidade foram estimadas pelo método esqueletocronológico aplicado a falanges de animais marcados individualmente e, em alguns casos, seguidos no seu habitat durante vários anos. A variabilidade no tamanho corporal de adultos de S. salamandra está relacionada com factores ambientais – animais de uma população com um período de actividade anual muito curto (<3 meses) apresentaram um crescimento reduzido e uma maturação sexual mais tardia (e menores tamanhos corporais). Por outro lado, a variabilidade no tamanho corporal de adultos, está também relacionada com respostas individuais – numa mesma população, os indivíduos com um fraco crescimento juvenil atingiram tamanhos adultos iguais aos dos outros animais, devido a um fenómeno de crescimento compensatório. Finalmente, poderão também existir diferenças genéticas entre as populações, com influência nas taxas de crescimento os animais de três populações a Sul do Tejo apresentaram taxas de crescimento juvenil superiores às de duas populações a Norte do Tejo, não explicáveis por diferenças regionais na disponibilidade alimentar, temperatura ou período de actividade. O tamanho dos adultos de S. salamandra apresentou uma variação clinal com a latitude, com a presença de indivíduos maiores nas regiões do sul. Esta variação resulta de diferenças na taxa de crescimento juvenil, e poderá estar relacionada com fenómenos de selecção para maiores fecundidades no sul (fêmeas destas regiões investiram uma maior proporção do peso corporal em cada gravidez), ou para uma maior capacidade de resistência a longos períodos de inactividade. Houve também uma variação latitudinal no dimorfismo sexual, que é a favor das fêmeas no norte e praticamente inexistente no sul, provavelmente devido a uma maior competição entre os machos no sul, onde as áreas de habitat favorável são mais pequenas e as fêmeas poderão não se reproduzir todos os anos. Teses de doutoramento em Herpetologia Apresentam-se de seguida os resumos de três Teses de Doutoramento, que versaram sobre o estudo da biologia e ecodemografia de Salamandra salamandra, a ecologia e conservação de Vipera latastei e sobre a filogeografia de algumas espécies de répteis da Península Ibérica, recentemente apresentadas por Rui Rebelo, José Carlos Brito e Octávio S. Paulo, respectivamente. Salamandra salamandra Ecologia da Víbora-cornuda (Vipera latastei, Boscá 1878) em Portugal e a Problemática da sua Conservação José Carlos Brito (Universidade de Lisboa) e-mail: [email protected] O conhecimento actualmente existente sobre a biologia e o estado de conservação das populações de Vipera latastei é muito escasso. Em Portugal foi-lhe atribuído por isso o estatuto de conservação de “Indeterminado”. Diversos indícios sugerem contudo que esta víbora é relativamente vulnerável a diversos tipos de ameaça susceptíveis de a colocar em risco de extinção a médio/longo prazo. A sua área de distribuição encontra-se bastante fragmentada e a sua densidade populacional é em geral muito reduzida. No Norte de Portugal é além disso vítima de captura intensa para comércio ilegal. Vipera latastei Com o objectivo de avaliar a vulnerabilidade de Vipera latastei a eventuais factores de ameaça e, consequentemente, propor medidas para a sua conservação, seleccionou-se uma área do Noroeste de Portugal, mais particularmente no Parque Nacional da Peneda-Gerês (P.N.P.G.) e serras envolventes. Sabiase previamente que esta área tinha efectivos populacionais consideráveis, apresentava habitats estruturalmente diversificados e era de razoável acessibilidade. Recolheram-se dados sobre a sua distribuição, habitats ocupados, efectivos populacionais, tipos e níveis de actividade, comportamento espacial, dieta, crescimento e longevidade. Os resultados obtidos permitiram identificar um conjunto de factores de ameaça que, face às características biológicas de Vipera latastei cujo conhecimento foi aprofundado neste estudo, a tornam particularmente vulnerável à alteração e/ou destruição dos seus habitats naturais, principalmente devido aos frequentes incêndios, e à intensa pressão turística, com reflexo na mortalidade por atropelamento, perseguição deliberada por simples aversão e comércio. Todas estas circunstâncias conduzem, naturalmente, à redução demográfica e da variabilidade genética das suas populações. Como esta víbora requer habitats estruturalmente diferentes durante o seu ciclo de actividade anual, tem áreas vitais e capacidade de dispersão reduzidas, baixa frequência de reprodução, crescimento lento, maturação sexual tardia e elevada especialização ecológica, apresenta dificuldades na rápida recuperação demográfica e na capacidade de colonização de novos ambientes, perante ameaças susceptíveis de alterar e/ou destruir os seus habitats naturais. De acordo com o exposto propõem-se diversas medidas que poderão contribuir para a gestão das populações e habitats de Vipera latastei, em particular na região do P.N.P.G.. De uma maneira genérica, envolvem várias intervenções no sentido de se conservarem os seus habitats, de controlar o seu comércio ilegal, da realização de campanhas de informação/sensibilização ambiental com diversas vertentes, da adopção de medidas tendentes a evitarem-se os atropelamentos e que culminam com a necessária monitorização periódica da evolução demográfica destas populações. The Phylogeography of Reptiles of the Iberian Península Octávio S. Paulo (Universidade de Londres) e-mail: [email protected] Esta Tese de Doutoramento foi realizada no Queen Mary and Westfield College da Universidade de Londres. O principal objectivo do projecto de tese era o estudo dos padrões filogeográficos dentro da Península Ibérica, e de como a geografia e história climática desta região afectaram estes padrões. Este estudo utilizou várias espécies de répteis nomeadamente: o Sardão, grupo do Lacerta lepida; o Lagarto-de-água, Lacerta schreiberi; o grupo de Lacerta monticola e o Camaleãocomum, Chamaeleo chamaeleon. Na persecução dos objectivos procurou-se avaliar o papel das oscilações climáticas Plio-Pleistocénicas na iniciação e manutenção dos padrões genéticos actuais. Para uma das espécies, o Lagarto-de-água, algumas das previsões de padrões genéticos baseadas nas hipóteses de contracção expansão de áreas de distribuição foram também avaliadas. Todas as análises foram realizadas com recurso a sequências de vários genes de ADN mitocondrial. Duas importantes generalizações podem ser feitas com base no conjunto de resultados obtidos. A primeira é que as glaciações do Quaternário parecem ter tido um papel importante na geração ou na amplificação dos padrões de divergência actualmente detectados dentro da Península Ibérica. A segunda é que a duração dos episódios de especiação parecem ter sido muito maiores nalguns destes lagartos do que a mediana dos valores estimados para mamíferos e aves. Para o grupo de espécies vulgarmente designado por Sardões, o estudo foi estendido para além da Península Ibérica, incluindo a região Mediterrânica ocidental. Esta extensão permitiu, testar a hipótese convencional de que a especiação neste grupo, entre as espécies Ibérica e Africanas, teria tido início por vicariância depois da crise salinica do Messiniano. Os resultados sugerem uma divergência mais antiga provavelmente produzida por acontecimentos de dispersão anteriores à própria crise. O problema da origem dos Camaleões ibéricos foi também abordado. Os resultados sugerem uma dupla origem espacial das populações ibéricas. Contudo os baixos valores de diferenciação encontrados não são consistentes com uma colonização Plio-Pleistocénica, o assumido “timing” para uma colonização natural, alternativamente sugere que os Camaleões foram provavelmente introduzidos duas vezes num passado recente. Este estudo tem implicações directas na sistemática destas espécies e na conservação das populações e suas áreas de distribuição. Planos de doutoramento Na continuação desta secção da Folha, iniciada no número anterior, apresentam-se os planos dos doutoramentos em curso, sobre o impacto do lagostimvermelho-americano nas comunidades de anfíbios, e sobre os padrões de ocorrência e persistência de tartarugas de água doce, em Portugal. semi-naturais. Os objectivos são: (1) determinar quais as espécies e as fases do ciclo de vida dos anfíbios mais vulneráveis ao lagostim e (2) avaliar os impactos do lagostim em corpos de água com outros macropredadores naturais – os peixes. Por fim, iremos avaliar a exequibilidade e a eficácia de medidas de gestão de baixo custo na eliminação das populações de P.clarkii ou dos seus impactos negativos em corpos de água isolados, onde a probabilidade de recolonização seja reduzida, e/ou em locais com especial interesse para a conservação de espécies prioritárias. Agradecimentos Apoio financeiro - FCT e FSE no âmbito do III Quadro de Comunitário de Apoio (Bolsa de Investigação SFRH/BD/6286/2001) Referências bibliográficas: Impacto de uma espécie exótica e invasora, o lagostim-vermelho-americano (Procambarus clarkii), nas comunidades de anfíbios em Portugal: avaliação dos efeitos e proposta de medidas de controlo Maria João Cruz (Universidade de Lisboa) e-mail: [email protected] Foram registados recentemente inúmeros declínios e extinções de populações de anfíbios, em alguns casos como consequência da introdução de espécies exóticas predadoras e competidoras (ex. Fisher & Shaffer, 1996). O lagostim-vermelho-americano, Procambarus clarkii, foi introduzido em Portugal no fim da década de 70 e expandiu-se rapidamente pelo Centro e Sul do país, onde não existem lagostins-de-rio nativos, alcançando densidades muito elevadas em algumas áreas (Correia, 1995). Como se trata de uma espécie omnívora oportunista capaz de uma rápida expansão populacional, é muito provável que afecte as comunidades de anfíbios, quer por predação sobre os ovos e as larvas, quer por alterações nos habitats e nas cadeias alimentares. Poucos anos após a chegada de P. clarkii à Reserva Natural do Paúl do Boquilobo houve um colapso nas populações dos anfíbios anteriormente mais comuns: Hyla arborea, Triturus marmoratus e Pleurodeles waltl (Cruz et al., 2001). Também segundo Silva (1998), este lagostim parece limitar a presença de alguns anfíbios em lagoas temporárias do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Para além destas observações pontuais, as interacções entre o lagostimvermelho-americano e os anfíbios autóctones continuam por avaliar. Para responder a estas questões está a decorrer um projecto co-financiado pelo I.C.N. e pela F.C.T. (PNAT/ C/ BIA/ 15 039/ 1999), e por uma bolsa de doutoramento atribuída pela F.C.T. que pretendem caracterizar os impactos resultantes da introdução do lagostim nas comunidades de anfíbios que com ele coexistem e avaliar a exequibilidade de algumas medidas de controlo. Para tal, foi seleccionada uma área de estudo no Noroeste alentejano onde se encontram todas as espécies de anfíbios cuja distribuição coincide maioritariamente com a do lagostim. Serão aí amostrados vários tipos de corpos de água, com o objectivo de avaliar os factores que afectam a distribuição natural de cada espécie de anfíbio, os factores que poderão limitar a distribuição e expansão do lagostim e, em última análise, inferir em que medida e para que espécies de anfíbios a presença do lagostim limita o uso dos vários tipos de corpo de água. Em paralelo serão realizadas experiências de predação em aquários, e, posteriormente, em charcos Correia, A. M. (1995). Population dynamics of Procambarus clarkii (Crustacea: Decapoda) in Portugal. Freshwater Crayfish 8: 276290. Cruz, M. J.; Segurado, P.; Sousa, M. & Rebelo, R. (2001). Impact of the introduction of the Louisiana crayfish (Procambarus clarkii) on the amphibian community of Reserva Natural do Paul do Boquilobo. 2º Congresso Nacional de Conservação da Natureza. ICN, Lisboa. Fisher, R. N. & Shaffer, H. B. (1996). The Decline of Amphibians in California’s Great Central Valley. Conservation Biology 5: 13871397. Silva, R. (1998). Impactos da agricultura nas lagoas temporárias do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Relatório de estágio para a obtenção da Licenciatura em Biologia, Departamento de Zoologia e Antropologia – FCUL, Lisboa, 47 pp. Padrões de ocorrência e persistência de tartarugas de água doce, Emys orbicularis e Mauremys leprosa, a diferentes escalas espaciais: implicações para a conservação das espécies em Portugal Pedro Segurado (Universidade de Évora e Universidade de Leeds) e-mail: [email protected] Emys orbicularis Na Península Ibérica, o limite Sudoeste da distribuição do Cágado-de-carapaça-estriada, Emys orbicularis, sobrepõe-se ao limite Noroeste da distribuição do Cágado-mediterrânico, Mauremys leprosa. Ao contrário do que seria de supor, a espécie com uma distribuição geográfica mais setentrional (E. orbicularis) não ocupa de modo evidente regiões da Península de maior latitude do que a espécie de distribuição mais meridional (M. leprosa). Apesar de E. orbicularis ocorrer em alopatria nalguns isolados populacionais no Noroeste da Península, as observações desta espécie têm sido essencialmente registadas no centro e sul, na maioria dos casos em situação de simpatria com M. leprosa. Estamos assim perante duas espécies morfologicamente semelhantes, com uma distribuição na Península Ibérica muito coincidente e, aparentemente, com uma forte sobreposição de nichos, nomeadamente ao nível do habitat. No entanto, apresentam uma diferença importante: a distribuição de E. orbicularis é muito mais fragmentada, e, na grande maioria dos casos, a sua abundância local é muito inferior à de M. leprosa. Com este trabalho de doutoramento pretende-se, em última análise, obter informações sobre alguns aspectos da ecologia e biogeografia que expliquem as diferenças entre as espécies nos parâmetros de raridade. É especialmente relevante averiguar se a raridade de E. orbicularis constitui uma estratégia demográfica comum para a sua espécie, ou se, pelo contrário, é um indício da sua regressão na Península Ibérica. Realizar-se-á uma abordagem a três escalas distintas: (1) à escala local, onde se procurará comparar os parâmetros demográficos e a utilização do microhabitat de populações onde as duas espécies coexistam; (2) à escala regional, onde serão estudados, ao nível de uma bacia hidrográfica, os factores que influenciam não só a ocorrência e abundância das espécies, como também o recrutamento das populações; (3) à escala peninsular, onde se pretende diferenciar os factores determinantes da ocorrência das duas espécies na Península Ibérica. Pretende-se, ainda, relacionar os padrões de ocorrência observados a diferentes escalas e resoluções espaciais, nomeadamente avaliar até que ponto um factor que actua a determinada escala afectará os padrões de ocorrência observados a outras escalas. Este último objectivo visa desenvolver e avaliar metodologias de inferência de padrões de ocorrência de espécies a escalas finas a partir dos padrões observados a macroescalas. Biotecnologia Investigações da Universidade de Cambridge revelam a possibilidade de induzir a conversão de células adultas especializadas em células imaturas indiferenciadas, através de substâncias existentes nos ovos de Xenopus sp.. Esta descoberta, publicada na revista Nature, poderá ter importantes repercussões na medicina, uma vez que permitiria a existência de células dadoras compatíveis para a reparação de tecidos em doentes de Parkinson ou com esclerose múltipla. Instituto Rã-bugio O Instituto Rã-bugio para a conservação da biodiversidade é uma ONG brasileira que tem como missão defender as áreas remanescentes de floresta atlântica, para salvar a biodiversidade que ainda sobrevive naquela área. Esta organização tem vindo a desenvolver programas de educação ambiental e diversas acções de sensibilização vocacionadas, sobretudo, para os anfíbios. Para mais informações sobre as suas actividades visitar o site: http://www.ra-bugio.org.br/ Rescensão do Atlas y Libro Rojo de los Anfibios y Reptiles de España Pleguezuelos, J.M., Márquez, R. & Lizana, M. (Eds.), 2002. Atlas y Libro Rojo de los Anfibios y Reptiles de España. Dirección General de Conservación de la Naturaleza - Asociación Herpetologica Española (2.ª impressão). Madrid. 587 pp. A segunda versão brochada do novo atlas e livro vermelho espanhol é, em minha opinião, o novo padrão pelo qual se deverão guiar (e almejar igualar) quaisquer publicações de âmbito semelhante. Eu comento a versão brochada e não a primeira, encadernada, pois esta última tem vários erros dos quais se salientam versões de qualidade inferior dos mapas de distribuição da herpetofauna. Este atlas e livro vermelho está subdividido em onze capítulos, cada um dos quais com a sua bibliografia. Para além de abordar os temas que lhe dão o título, aborda temas adicionais de relevância para herpetólogos, como por exemplo conservação de herpetofauna, uso de sistemas de informação geográfica e uso de métodos moleculares em estudos de filogenia e sistemática de anfíbios e répteis. Um dos pontos mais fortes do livro é a presença de mapas detalhados de ocorrência das espécies de répteis e anfíbios em Espanha (a herpetocartografia neste livro é o resultado de mais de 200.000 registos). Em adição aos mapas detalhados das ocorrências de espécies em Espanha e territórios espanhóis, o livro tem também mapas mais pequenos e muito menos detalhados da distribuição geral das espécies, o que aumenta o interesse do livro para herpetólogos de outros países. Este livro tem um sortido de fotografias de muito boa qualidade, quer como ilustrações de todos os organismos listados, quer como elementos decorativos. Em suma, recomendo este livro a quaisquer herpetólogos interessados em ter uma visão completa da herpetofauna Ibérica e um bom livro de consulta. José Pedro S. do Amaral e-mail: [email protected] Publicações recentes True Vipers: Natural History and Toxinology of Old World Vipers Mallow, D., Ludwig, D. & Nilson, G., 2003. Krieger, USA A mais recente revisão sobre a história natural e toxicologia da sub-família Viperinae. Contém informações actualizadas sobre taxonomia, distribuição, habitats e dieta deste grupo de répteis. Biology of the Vipers Gordon W. Schuett, Mats Hoggren, Michael E. Douglas & Harry W. Greene (Eds), 2002. Eagle Mountain Publishing, LC Esta obra compila 35 artigos sobre a biologia deste grupo de serpentes. Aborda aspectos de sistemática, morfologia, ecologia e conservação. http://www.eaglemountainpublishing.com/ The Biology of Sea Turtles, vol.2 Peter L. Lutz, John A. Musick & Jeanette Wyneken (Eds), 2003. CRC Press, USA Contém 15 capítulos que tratam os temas da história e evolução das tartarugas marinhas, a sua anatomia, reprodução, causas de stress ambiental, padrões de dispersão, migração, mortalidade, gestão das suas populações, e ainda aspectos de medicina veterinária. The New Encyclopedia of Reptiles and Amphibians Tim Halliday & Kraig Adler (Eds), 2002. Oxford University Press Amphibian Conservation Raymond Semlitsch (Ed), 2003. Smithsonian Books, USA Este livro, realizado por um conjunto de especialistas que estudam o problema do declínio das populações de anfíbios, levanta uma série de questões sobre este assunto. Questiona, entre outras, a utilidade e a necessidade do dispêndio de esforços e meios na descoberta das razões para as anomalias observadas neste grupo animal; e se a deplecção da camada de ozono será uma ameaça global para os anfibios ou se poderá o desaparecimento das populações ser explicado por outros factores. Nesta obra os autores exploram as possíveis causas ponto por ponto. Ecological Specificity of Amphibian Populations Advances in amphibian research in the former Soviet Union, vol. 7 Kuzmin, L.S., Altig, R. (Eds), 2003. Pensoft Publishers Contém informação relativa à anfibiofauna presente no território da antiga União Soviética. Compila artigos originais sobre diversos temas como sistemática, distribuição, ecologia, comportamento, paleontologia, metodologias de trabalho, conservação, entre outros. http://www.pensoft.net/notes/10664.stm Naturalised Reptiles and Amphibians of the World Lever, 2003. OUP Livro de referência sobre répteis e anfíbios “naturalizados”. Contém informação sobre 185 espécies de répteis e 83 de anfíbios, e aborda os perigos na introdução de espécies exóticas. http://www.nhbs.com Far from home – an RSPCA report on the reptiles that suffer and die in captivity RSPCA http://www.rspca.org.uk Medicine and Surgery of Tortoises and Turtles Stuart McArthur & Roger Wilkingson, 2003. Blackwell Science Livro de referência para medicina veterinária que inclui contribuições de especialistas mundiais em medicina e cirurgia de Quelónios. Apresenta uma abordagem userfriendly de dados clínicos, para além de um vasto leque de informações de ciência de ponta nesta área. Congressos / Encontros / Workshops 12TH Ordinary General Europaea Herpetologica 12 a 16 Agosto 2003 St.Petersburg, Russia e-mail: [email protected] Meeting 2003 Joint Meeting of Herpetologists ASIH, HL, SSAR, SBH 26 Junho a 1 Julho de 2003 Manaus, Brazil http://www.aiha.org.br of Societas Ichthyologists 7th International Symposium - Pathology Medicine of Reptiles and Amphibians 16 a 18 Abril de 2004 Berlim, Alemanha e-mail: [email protected] http://www.pmra.de/ and and SOCIEDADE PORTUGUESA DE HERPETOLOGIA Departamento de Biologia Animal Faculdade de Ciências de Lisboa Bloco C2, Piso 3 - Campo Grande 1749-016 Lisboa Portugal e-mail: [email protected] Editores/redactores: Claudia Soares, José Carlos Brito e Miguel A. Carretero. Campus Agrário de Vairão Rua Padre Armando Quintas- Crasto 4485-661 Vairão Portugal e-mail: [email protected] [email protected] [email protected] Colaboraram neste número: Armando Loureiro, José Pedro Amaral, Maria João Cruz, Octávio S. Paulo, Pedro Segurado, e Rui Rebelo.