Engineering Research Technical Reports
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Engineering Research Technical Reports Volume 5 – Issue 6 – Article 7 (Special Issue on Aeronautics, Edited by Giorgio E. O. Giacaglia) ISSN 2179-7625 (online) AUTOMATION IN AIRCRAFTS SYSTEMS Elpidio Corrêa Vinhote Filho1 Giorgio E. O. Giacaglia2 NOVEMBRO / 2014 Taubaté, São Paulo, Brasil 1 Univ Taubate, Department of Mechanical Engineering, Graduate Specialization on Aeronautics Engineering. (E-mail: [email protected]). 2 Univ Taubate, Coordinator, Specialization on Aeronautics Engineering. (E-mail: [email protected]). Engineering Research: Technical Reports Technical Editor: Giorgio Eugenio Oscare Giacaglia Associate Technical Editors Eduardo Hidenori Enari, Universidade de Taubaté, Brazil Wendell de Queiróz Lamas, Universidade de Taubaté, Brazil Editorial Board Antonio Faria Neto, Universidade de Taubaté, Brazil Asfaw Beyene, San Diego State University, USA Bilal M. Ayyub, University of Maryland, USA Bob E. Schutz, University of Texas at Austin, USA Carlos Alberto de Almeida, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brazil Ciro Morlino, Università degli Studi di Pisa, Italy Eliane da Silveira Romagnolli Araujo, Universidade de Taubaté, Brazil Epaminondas Rosa Junior, Illinois State University, USA Evandro Luís Nohara, Universidade de Taubaté, Brazil Fernando Manuel Ferreira Lobo Pereira, Universidade do Porto, Portugal Gilberto Walter Arenas Miranda, Universidade de Taubaté, Brazil Hubertus F. von Bremen, California State Polytechnic University Pomona, USA João Bosco Gonçalves, Universidade de Taubaté, Brazil Jorge Muniz Júnior, Univ Estadual Paulista at Guaratinguetá, Brazil José Luz Silveira, Univ Estadual Paulista at Guaratinguetá, Brazil José Walter Parquet Bizarria, Universidade de Taubaté, Brazil María Isabel Sosa, Universidad Nacional de La Plata, Argentina Ogbonnaya Inya Okoro, University of Nigeria at Nsukka, Nigeria Paolo Laranci, Università degli Studi di Perugia, Italy Rolando A. Zanzi Vigouroux, Kungliga Tekniska högskolan, Sweden Sanaul Huq Chowdhury, Griffith University, Australia / Tomasz Kapitaniak, Politechnika Lódzka, Poland Zeki Tüfekçioğlu, Ankara Üniversitesi, Turkey The “Engineering Research” is a publication with purpose of technical and academic knowledge dissemination. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 143 BIOGRAPHIES Elpidio Corrêa Vinhote Filho graduado em Engenharia Militar pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), 1998 -Pós-graduado em Ciências Aeronáuticas pelo Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAvEx), 2001 = Pós-graduado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), 2006 Piloto de Helicóptero formado pelo Centro de Instrução de Aviação do Exército, 2001 Especialista em Engenharia Aeronáutica, Universidade de Taubaté, 2014 Giorgio Eugenio Oscare Giacaglia graduou-se em Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP em 1958 e em Engenharia Metalúrgica pela Escola Politécnica da USP em 1960. Completou Especialização em Física pela FFCLUSP em 1962 e obteve o título de Philosophy Doctor em Astronomia em 1965 pela Yale University, EUA. Obteve títulos de Especialista em Análise e Diagnóstico de Empresas (BNDES, ABDE, FINEP), de Administração de Centros de Pesquisa (Vanderbilt University) e de Telecomunicações Espaciais (CNES, Toulouse). Por concursos públicos de títulos e provas obteve o título de Livre Docente em Mecânica Geral em 1966 e de Catedrático de Mecânica Geral em 1967, fazendo jus, pela legislação em vigor, aos títulos de Doutor em Ciências Físicas e Matemáticas e de Doutor em Engenharia respectivamente.. Em 1970 recebeu o título de Membro Honorário da Sociedade Sigma, Gama, Tau de Aeronáutica e Astronáutica, Chapter de Austin, Texas, EUA e em 1972 obteve o registro de Professional Engineer pelo Texas State Board for Registration of Professional Engineers em Engenharia Aeroespacial. É coordenador do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Engenharia Aeronáutica, na Universidade de Taubaté, São Paulo. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 144 SUMÁRIO Section Page Conselho Editorial ii Biografia 3 Sumário 4 Lista de acronismos 5 Lista de figuras 5 Resumo 6 Abstract 6 Introdução 7 Considerações Iniciais 7 Finalidade da Automação 09 Aspectos positivos, negativos e desafios 09 Componentes do sistema 12 Conclusão 19 Referencias 20 Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 145 LISTA DE ACRONISMOS ACARS – Aircraft Communications, Adressing and Reporting System ADI - Attitude Director Indicator AFS – Automatic Flight System AFS - Auto Flight System ARINC - Navigation System Data Base Standard ATIS - Automatic Terminal Information Service CRM - Customer Relationship Management DME - Distance Measuring Encoders EFIS - Electronic Flight Instrument System EGPWS - Enhanced Ground Proximity Warning System EICAS - Engine Indicating and Crew Alerting System FMC - Flight Management Computer GPS – Global Positioning System HIS - Horizontal situation indicator INS – Inertial Navigation System) ILS - Instrument Landing System MFD - Multi – function display NDB - Nondirectional beacons PFD – Primary Flight Display PFD - Primary flight display SID - Standard Take-off Instrument Display STAR - Standard Landing Instrument Display TCAS - Traffic and Collision Avoidance System VHF – Very High Frequency VOR - VHF Omnidirectional Range LISTA DE FIGURAS 1 Tela PFD 15 2 Tela MFD 16 3 Tela EICAS 17 4 Tela FMC 19 5 Painel do piloto automático 20 6 Manetes de potência 21 Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 146 AUTOMAÇÃO DOS SISTEMAS DAS AERONAVES Resumo: O presente trabalho visa apresentar um estudo preliminar do que é a automação dos sistemas, apresentar aspectos positivos e negativos e dar uma visão geral dos desafios vindouros para esse ramo da área de aviação. É também apresentar alguns tipos de sistemas/equipamentos utilizados na aviação geral. Palavras-chave: Automação. Desafios. Aspectos positivos; Aspectos negativos Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 147 AUTOMATION IN AIRCRAFTS SYSTEMS Abstract: This paper presents a preliminary study of what is the automation of systems, present positive and negative aspects and give an overview of the challenges ahead for this aviation industry branch. It is also present some types of systems / equipment used in civil aviation. Keywords: Automation. Challenges. Positive and negative aspects Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 148 1. INTRODUÇÃO Há uma gama muito variada de tarefas no complexo trabalho do dia-a-dia de um piloto, o qual tem por principal missão conduzir uma aeronave de grande ou médio porte, que possui uma variada quantidade de sistemas e equipamentos complexos e que transcende a observação e imaginação leiga. Tudo começa com o planejamento do voo, a fim de que a básica prática de pilotar, comunicar e navegar seja sustentada e procedida com ordenação, disciplina, supervisão e controle. A partir daí, as etapas de gestão de equipes, de administração de recursos materiais e humanos, de processamento de informações, além da gerência do automatismo no cockpit (cabine de comando), passam a demandar dos pilotos uma grande porção de energia físicocognitiva, a qual é despendida visando a condução segura, confortável e econômica da aeronave. Este artigo tem seu foco direcionado dois aspecitos principais. O primeiro diz respeito aos aspectos positivos e negativos finalizando com o futuro do que a de vir nesse segmento da aviação geral. O segundo aspecto faz referência a alguns dos equipamentos atuais que as tripulações se depararam por ocasião da realização de diversos tipos de voos. 2. Considerações iniciais Os pilotos das aeronaves contemporâneas de transporte aéreo comercial têm um importante papel de gerência ao supervisionar a performance de sofisticados sistemas automatizados, os quais desempenham nos dias de hoje a maioria das tarefas concernentes às operações de voo. Nos dias de hoje, sob condições normais, os aviadores raramente são demandados a utilizar suas habilidades motofísicas, o que reduziu acentuadamente a carga física de trabalho na flight deck. A principal tarefa das tripulações de um modo geral passou a ser o processamento de informações e autorizações de tráfego aéreo, transferindo-as ao sistema automático de voo através do acionamento de switches, teclados de computador ou outros dispositivos similares. Entretanto, numa eventual falha sistêmica, ou na ausência de auxílios à navegação aérea baseados no solo (VOR, ILS, ATIS, Etc.), certamente os pilotos serão mais demandados, pois não há como substituí-los nestas horas no comando das ações operacionais que requeiram tanto habilidades físicas quanto cognitivas específicas. Atualmente, a evolução da automação nos cockpits está mais sujeita às análises econômicas e de engenharia do que as que levam ao sistemático desenvolvimento de políticas ergonômicas relacionadas com o papel do Homem frente aos sistemas Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 149 automatizados em atividades complexas. Contudo, o atual status quo da automação na Aviação Civil não é livre de problemas e uma substancial influência da Ergonomia, como ciência que estuda a influência dos Fatores Humanos no desempenho profissional, pode contribuir bastante para a aplicação e para a adequação à atividade aérea de novos dispositivos tecnológicos automatizados no futuro. É certo que há alguns anos, com a inserção da automação no cockpit dos aviões de carreira, inaugurou-se uma nova fase operacional na Aviação Civil mundial, com benefícios, com problemas e, também, com vários desafios a serem enfrentados. Ao longo desses anos, períodos de adaptação, de observações, de experiências, de ajustes e principalmente de correções vêm se fazendo necessários, tanto para os operadores como para o sistema como um todo, a fim de que se conquiste um novo patamar de equilíbrio cognitivo, técnico, administrativo e operacional, o qual, de tempos em tempos, é perdido com a chegada do inédito. Na atividade aérea, o ontem pode ficar bem distante do hoje, em pouco tempo. E isto pode ocorrer simplesmente pela ânsia de se trazer o amanhã para o dia-a-dia da aviação, consubstanciado pela introdução de novas tecnologias no cockpit dos aviões de carreira. E estas tecnologias, por causa do seu ineditismo, normalmente não trazem com elas experiências e ensinamentos de outras indústrias complexas, o que, muitas vezes, impede rápidas adaptações às novidades operacionais nelas embutidas. Com isto, as cabines dos aviões tornam-se grandes laboratórios científicos dos quais serão obtidas informações importantes que levarão ao aperfeiçoamento de procedimentos operacionais e de programas de treinamento simulado e gerencial (destacando-se o CRM) para adaptação, reeducação e padronização de antigos e novos pilotos, pagando-se o preço, às vezes alto, da inserção do novo, testado nas ações do diaa-dia operacional, numa atividade tão complexa como a aviação. Infelizmente, essa tecnologia de ponta não é capaz de fazer com que a sua utilização chegue ao nível operacional com um razoável grau de aprendizado que possibilite, especialmente, a minimização do percentual de erros dos pilotos e ameaças à operação aérea, no caso da aviação. E é aí que ainda reside uma boa parte dos problemas operacionais do cotidiano da atividade aérea contemporânea. Erros no uso e no gerenciamento dos sistemas automáticos de voo e a perda da consciência da relação lógica entre um comando dado pelo piloto e a execução dos modos automatizados de operação pelos computadores dos aviões perfazem mais de 20% dos fatores causais de acidentes durante as fases de aproximação e pouso, segundo a Flight Safety Foundation. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 150 E este é o cerne da questão: a automação é um precioso auxílio à operação aérea ou um fator de aumento da complexidade no ambiente profissional dos pilotos? 3. Finalidade da automação Na atividade aérea, o objetivo maior do AFS – Automatic Flight System – é prover assistência aos pilotos durante todo o vôo (dentro do envelope normal da aeronave). Tem por principal finalidade liberar o Piloto em Comando de algumas tarefas rotineiras, de forma a proporcionar-lhe mais tempo, dar-lhe oportunidade de uma melhor utilização dos recursos disponíveis para a gerência do voo e permitir-lhe aguçar o alerta situacional e aprimorar o seu processo decisório. Dessa maneira, como consequência, tem por finalidade secundária auxiliar os pilotos no encontro do equilíbrio da operação da aeronave, especialmente no que concerne à atitude e à trajetória de voo, sem perder a capacidade de operar manualmente o avião. 4. Aspectos positivos, negativos e desafios 4.1 Aspectos positivos É inegável que a chegada da automação à Aviação Civil trouxe benefícios. A drástica diminuição da carga física de trabalho (physical workload) na rotina dos pilotos a bordo, os alarmes audiovisuais que antecipam o mau funcionamento pela inserção de novos padrões operacionais nos computadores de bordo, os dispositivos de prevenção de acidentes como o TCAS (Traffic and Collision Avoidance System) e o EGPWS (Enhanced Ground Proximity Warning System), uma supervisão e um diagnóstico de panes mais acurado dos componentes do grupo motopropulsor da aeronave (com uso do ACARS – Aircraft Communications, Adressing and Reporting System), os equipamentos muito mais precisos e acurados de navegação aérea (GPS – Global Positioning System / INS – Inertial Navigation System) e os checklists eletrônicos modernos estão no leque desses benefícios. Também sob a ótica comercial, há inúmeras vantagens a se contabilizar, considerando que cada projeto novo traz consigo uma inovação tecnológica automatizada capaz de reduzir o custo da operação aérea, muitas vezes na expressiva ordem de 20% a 25%, se comparado ao modelo de aeronave anterior ao recém projetado. Como a gestão Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 151 das atuais empresas de aviação está basicamente focada no controle de custos, a indústria concentra-se em projetos de aeronaves cada vez mais automatizados, a fim de oferecer ao disputadíssimo mercado de compra e venda de aviões produtos de baixo custo operacional, comandados por poucos pilotos, com autonomia suficiente para cobrir grandes distâncias e transportando o maior número possível de passageiros para propiciar ganho de escala e o aumento da produtividade. 4.2 Aspectos negativos O centro dos problemas relacionados com a automação nos cockpits das aeronaves comerciais está na relação Homem/Máquina/Meio. A maioria das investigações de incidentes e acidentes tem tratado, nos seus relatórios finais, com destaque para as recomendações de segurança, de uma grande incidência de erros operacionais classificados como fatores contribuintes para esses eventos indesejáveis, muitos deles transformados em tragédias, sempre em função de um significativo desequilíbrio na relação Homem/Máquina/Meio. O ponto focal é a dificuldade que se apresenta, em algumas ocasiões, no exercício da interatividade do Homem com outros elementos e componentes do cenário operacional do cotidiano da atividade aérea, a qual pode fragilizar, ou até mesmo eliminar, as barreiras de proteção e as ferramentas de prevenção de incidentes e acidentes aeronáuticos instaladas nos cockpits das aeronaves mais modernas. Num artigo intitulado Avaliação da Carga de Trabalho dos Pilotos em função de Duração e Horário de Treinamento no Simulador de Vôo do Airbus 320 (Lacerda, Elizeth T.; Lopes, José R., 2006), os autores referem-se à necessidade do treinamento simulado para pilotos, a fim de vencer dificuldades com a automação. E, em determinado trecho, os autores dizem: “A necessidade de estimular esses modos de execução (reativo, retroativo e em alguns casos, antecipativo) se alia às informações proporcionadas por vários estudos realizados com pilotos os quais revelaram que esses profissionais têm dificuldades em usar sistemas de automação. Estes e outros estudos afirmam também que há necessidade de mais treinamentos que permitam ao piloto melhor conhecimento dos sistemas com os quais irão operar”. Verifica-se, então, cientificamente, a necessidade de dedicação à questão do automatismo nas flight decks, nunca de forma superficial, mas, notadamente, de modo a proporcionar aos pilotos a compreensão, intrínseca e profunda, da lógica e do Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 152 funcionamento dos sistemas automatizados, bem como a melhor maneira de se relacionar com eles. Os estudiosos em Fatores Humanos na aviação têm preferência pelo modelo SHELL para explicar como o Elemento Humano (Liveware) relaciona-se com seus pares, com o Equipamento (Hardware), com os Programas de Suporte Lógico (Software) e com o Ambiente (Environment), durante as operações aéreas (Snow, 2002) 4.3 Desafios O mais importante desafio da indústria aeronáutica é aperfeiçoar a maneira de utilização dos sistemas automatizados nos aviões modernos. A meta permanente dos fabricantes de aeronaves deve ser a de oferecer aos pilotos, e a outros atores da linha de frente da Aviação Comercial, sistemas automatizados de fácil compreensão e operação, de maneira tal que os erros operacionais sejam mantidos em níveis reduzidos e passíveis de gerenciamento. É senso comum que o correto nível de automação em uma cabine de comando está ligado à sensação de conforto operacional do piloto durante o cumprimento de suas tarefas no comando da aeronave. E responder algumas perguntas relacionadas ao tema auxilia na missão de descomplicá-lo e desmistificá-lo junto à Comunidade de Aviação Civil: • Como o sistema foi projetado? • Por que foi projetado da maneira que se apresenta? • Como o sistema interage e se comunica com o piloto? • Como melhor auxiliar-se do sistema em situações incomuns, anormais e/ou de emergência? As repostas a estes questionamentos certamente levarão à reflexão, a qual pode proporcionar o afloramento de idéias para a otimização da automação na aviação. E o aperfeiçoamento dos sistemas automatizados deve iniciar-se por uma Filosofia Operacional clara e de fácil adesão. Normas e procedimentos devem complementá-la, levando aos pilotos uma mensagem operacional educativa capaz de conquistar um alto nível de disciplina consciente e de aderência às melhores práticas de gerência dos sistemas de automatismo no cockpit e de auxílio na tomada de decisão dos pilotos que estiverem no comando das aeronaves. O acompanhamento e a supervisão do desempenho do sistema automatizado do avião é outra tarefa de extrema importância no leque de atribuições dos pilotos. Na Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 153 verdade, esta vigilância reveste-se de grande importância pelo fato do comandante ter que estar preparado para assumir manualmente os comandos da aeronave, a qualquer momento, sem levá-la a situações indesejáveis que podem fazê-lo perder, subitamente, o controle das ações operacionais. Ao piloto em comando cabe a retenção da autoridade sobre todos os sistemas da aeronave, com o objetivo de mantê-la dentro dos padrões de segurança propugnados pelos limites impostos pelo fabricante à máquina, por aqueles determinados pela Natureza ao Homem e por outros requeridos pelo dinâmico ambiente operacional do vôo, sempre com a responsabilidade de harmonizar e equilibrar a equação Homem/Máquina/Meio, evitando chegar às fronteiras de um incidente ou acidente aeronáutico. 5. Componentes do sistema Como já fora acima mencionado, diversos são os equipamentos/sistemas que são utilizados nas aeronaves modernas. Destaca-se também a maneira que cada fabricante tem de aboradar os aspectos de monitoramento de cada tipo de parâmetro. Serão listados abaixo alguns dos mais importantes sistemas que são utilizados na atualidade: 5.1. Eletronic Flight Instrumement System (EFIS) É um instrumento de voo que utiliza tecnologia eletrônica em vez da eletromecânica. É composto normalmente por um PFD (Primary flight display), MFD (Multi – function display) e EICAS (Engine Indicating and Crew Alerting System) (Parrish, 1994) No inicio, apenas o ADI (atitude director indicator) e o HSI (Horizontal situation indicator) haviam sido substituídos pelo EFIS, no entanto, hoje em dia são poucos os instrumentos que ainda não foram incorporados ao sistema digital (glass cockpit). 5.2 PRIMARY FLIGHT DISPLAY (PFD) Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 154 É o conjunto de telas digitais que dá o nome a tecnologia glass cockpit. A tela que está no lugar do ADI é chamada PFD. Se houver um display separado no lugar do HSI, esse é chamado de “display” de navegação. O PFD mostra as informações criticas do voo, tais como, velocidade calibrada, altitude, proa, atitude, razão de subida. O PFD foi projetado para melhorar a consciência situacional da tripulação, integrando várias informações em um único lugar, em vez de vários instrumentos analógicos. Também alerta a tripulação quanto a situações anormais, tais como baixa velocidade, ângulo de descida muito grande, etc. Esse alerta é feito através de alarmes sonoros e pela mudança de cor no display. (Figura 1: Tela PFD, Fonte: www.airliners.net) 5.3 MULTI-FUNCTION DISPLAY (MFD) A tela de múltiplas funções mostra informações de navegação e de condições meteorológicas captadas de múltiplos sistemas. Os MFD são, na maioria das vezes, desenhados como cartas onde o tripulante pode sobrepor diferentes informações incluindo a rota atual da aeronave, informações sobre a meteorologia (tanto do radar a bordo ou de sensores de detenção de luz ou sensores em terra), espaço aéreo restrito e trafego aéreo. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 155 Este equipamento pode ser usado para visualizar outro tipo de dado nãosobreposto (por exemplo, rota atual), e calcular dados sobrepostos (ex.: a razão de planeio da aeronave, localização atualizada sobre terreno, ventos, e velocidade da aeronave e altitude). O MFD pode ainda mostrar informação sobre os sistemas da aeronave, tais como combustível e sistema elétrico. Assim como o PFD, o MFD pode mudar a cor ou forma dos dados para alertar a tripulação de situações de perigo. (Figura 2:Tela MFD, Fonte: www.airliners.net) 5.4. ENGINE INDICATIONS AND CREW ALERTING SYSTEM (EICAS) Esta tela mostra as informações referentes aos sistemas da aeronave, incluindo sistemas de combustível, elétrico e dos motores. Este sistema melhora a consciência situacional no aspecto de permitir uma melhor visualização dos parâmetros mais complexos do voo na forma de gráfico e também alerta a tripulação em condições adversas como, por exemplo: caso um dos motores ficarem com baixa pressão de óleo, uma buzina irá soar e o EICAS irá mudar para a pagina com informações do sistema óleo e mostrar em uma linha vermelha onde existe alguma falha (Prevot, 2002; Greene, 1996). A vantagem do sistema EFIS, além de ele ser mais leve do que os antigos instrumentos analógicos, é que ele é muito versátil, pois ao mesmo tempo em que é Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 156 possível mostrar a rota computada, radares meteorológicos, indicação de vento, velocidade, é possível também acrescentar novas funções no decorrer de que novas tecnologias são criadas, com pacotes de atualização. (Figura 3: Tela EICAS, Fonte: www.airliners.net) 5.5 FLIGHT MANAGEMENT SYSTEM (FMS) O sistema de gerenciamento de vôo (FMS) foi um dos grandes avanços criados na tecnologia de navegação dos aviões modernos. É onde são inseridas as informações referentes ao plano de voo. Os principais componentes são: FMC (Flight Management Computer), AFS (Auto Flight System) e os sistemas de navegação Inercial (IRS – Inertial Reference System) e GPS (Global Positioning System). O FMC é o núcleo do FMS. Ele trabalha em conjunto com os outros sistemas e suas funções primarias são as de fornecer informações relacionadas a navegação em tempo real, mostrando a rota programada pelos pilotos, assim como informações contidas em um banco de dados, como cartas da saída padrão por instrumento (SID – Standard Instrument Departure) e cartas de chegada por instrumento (IAC – Intrumental Arrival Chart). Estas informações combinadas com a localização da aeronave criam um mapa no MFD. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 157 O FMC tem também por função calcular os dados de desempenho na subida, plotando as informações de peso da aeronave, altitude de cruzeiro, e vento na subida. Todo FMS (Starter, 1992; Rathinam , 2009) possui um banco de dados. Este banco de dados apresenta os seguintes dados: • Waypoints, • Aerovias; • Auxilios radios a navegação como o DME (Distance Measuring Encoders), VOR (VHF Omnidirectional Range) NDB (Nondirectional beacons); • Aeroportos; • Pistas; • Cartas de saída padrão por instrumentos (SID); • Cartas de chegada padrão por instrumentos (STAR); • Esperas padrões. É possível atualizar esse banco de dados através da ARINC (Navigation System Data Base Standard) que são normalmente atualizados a cada 28 dias. (Figura 4: FMC, Fonte: www.airliners.net) Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 158 5.6 AUTOPILOT (AP) O piloto automático foi criado com o intuito de diminuir a carga de trabalho dos pilotos, e voar o avião da mesma forma que um piloto altamente treinado. Deve proporcionar movimentos suaves dos comandos evitando comandos bruscos e comportamento errático. Interage com outros instrumentos como altímetro, velocímetro, aparelhos de navegação automática, entre outros, em perfeita sintonia (Le Gorrec, 1998; Stevens, 2003) Nem todas as aeronaves possuem piloto automático. Alguns aviões menores e antigos ainda são voados sem o uso desse aparelho. Existem três tipos de pilotos automáticos. O mais simples é aqule que possui um único eixo, que controla o eixo de rolamento, normalmente chamados de “Wing leveller” (asa nivelada). Pode ser usado em várias etapas do vôo tais como, decolagem, subida, cruzeiro, descida e pouso. O piloto automático de dois eixos controla os movimentos de arfagem e de rolamento, com limitada habilidade de correção de oscilações de ângulo (subida/descida). E o terceiro tipo, utilizado em aviões mais modernos, possui três eixos, os quais controlam os mesmos movimentos dos outros mais o movimento de guinada. Uma das vantagens é que o piloto automático voa com uma precisão muito grande, fazendo com que a máquina consuma menos combustível do que se fosse pilotada manualmente. (Figura 5: Painel do piloto automático, Fonte: www.airliners.net) 5.7 AUTOTHROTTLE Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 159 O autothrottle é um dos componentes do piloto automático, que tem por finalidade controlar o regime de potência dos motores. Com esse mecanismo é possível economizar mais combustível e aumentar a vida útil dos motores, pois ele dosa de uma maneira precisa a quantidade necessária de combustível a ser queimado para atingir determinada velocidade e regimes de voo. Existem dois parâmetros que o autothrotlle pode manter: velocidade ou potência. Se for selecionado para manter uma determinada velocidade, o autothrottle move as manetes de potência, aumentando – as ou diminuindo – as, de acordo com a velocidade selecionada. É de se salientar que se o piloto programa para uma velocidade menor que a velocidade de estol ou para uma velocidade acima do limite estrutural da aeronave, o autothrottle irá manter a velocidade o mais perto possível da selecionada, porém dentro dos limites de segurança da aeronave. Quando é ajustado para manter uma determinada potência, não importando a velocidade, uma potência é usada para diferentes fases do vôo. Por exemplo: durante a decolagem o autothrottle mantém uma potência constante até que está fase tenha terminado. Após prossegue para uma potência constante de subida. Por ocasião da descida, as manetes são reduzidas ao máximo permitido para um voo estabilizado. Quando o autothrottle funciona neste modo, a velocidade é controlada apenas pelo ângulo mantido pela aeronave. Na maioria dos casos, a seleção de qual tipo de parâmetro a ser usado no autothrottle é automática, a não ser que a tripulação interfira no processo e prossigam manualmente. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 160 (Figura 6: Manetes de potência, Fonte: www.airliners.net) 6. Conclusão As dificuldades ora existentes com relação à automação nas flight decks das aeronaves modernas podem ser amenizadas se forem criados padrões internacionais de modelos de displays e controles que levem a simplificar o processo de cognição, de compreensão e de operação dos componentes automatizados. Uma constante troca de informação entre fabricantes, operadores e autoridades de Aviação Civil, sobre problemas e experiências em aeronaves automatizadas, é de fundamental importância para que ações pró-ativas sejam implementadas em favor da Segurança Operacional. Igualmente, os projetos de flight decks automatizadas que ainda estejam em curso nas pranchetas dos fabricantes de aeronaves comerciais devem abrir espaço para a influência dos Pilotos de Linha Aérea, através de instituições internacionais legalmente reconhecidas, com a finalidade de uma melhor adequação ergonômica das posições de trabalho dos aviadores às novidades que estão sendo projetadas para inserção nas cabines dos aviões num futuro próximo. Por fim, cabe aos fabricantes de aeronaves manter no escopo de seus projetos os limites da capacidade humana no que se refere à compreensão da interface pilotos/automação nos cockpits. Da mesma forma, cabe aos aviadores e aos operadores Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 161 aéreos expressarem os problemas com a automação enfrentados no dia-a-dia da atividade, sempre no intuito de se achar soluções rápidas para situações que possam levar a erros operacionais passíveis de conduzir as aeronaves a condições indesejáveis e até mesmo a ocorrências trágicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Decks (Circular 234); ICAO – International Civil Aviation Organization, 2006 Greene, M. An EFIS EICAS for General Aviation, In: Emerging Technologies and Factory Automation, 1996, EFTA ´96 Proceedings, IEEE, Vol. 2, Kauai, HI Jensen, R. S. (ed.) (1989) Aviation Psychology. Brookfield, USA: Gower Technical; Le Gorrec, Y. et al. Modal Multimode Control Design Approach applied to Aircraft Autopilot Design. Journal of Guidance, Control and Dynamics, Vol. 21, No. 1, 1998 Parrish, R. V. et al. Spatial Awareness Comparison Between Large-Screen, Integrated Pictorial Displays and Conventional EFIS Displays During Simulated Landing Approaches, NASA Technical Paper 3467, Washington D. C., October 1994 Prevot, T. Exploring the Many Perspectives of Distributed Air Traffic Management; the Multy Aircaraft Control System MACS, HCI-Aero 2002 Proceedings, AAAI Rathinam S.R. Flight Management System, Patent US 7437225 B1, 2009 Snow, M. P. Effects of Primary Flight Symbology on Workload and Situation Awareness in a Head-up Synthetic Vision Display, In: Digital Avionics System Conference, 2002, Proceeding. The 21st (Volume 2) , IEEE, Digital Library Starter, N. and Woods, D.D. Pilot Interaction with Cockpit Automation: Operational Experience with the Flight Management System, International Journal of Aviation Psychology, Vol. 2, Issue 4, 1992 Stevens, B,L and Lewis F.L. Aircraft Control and Simulation, John Wiley & Sons, Inc. New Jersey, 2003 REFERÊNCIAS DE FONTES PARA AS FIGURAS AUTOPILOT: http://en.wikipedia.org/wiki/Autopilot, acessado em 06 de novembro de 2014; AUTOPILOT: http://en.wikipedia.org/wiki/Autopilot, acessado em 06 novembro de 2014. EFIS: http://www.answers.com/EFIS acessado em 02 de novembro de 2014. EICAS - http://en.wikipedia.org/wiki/Electronic_Flight_Instrument_System acessado em 04 de novembro de 2014; FMS:http://en.wikipedia.org/wiki/Flight_Management_System e http://www.answers.com/topic/flight-management-system, acessados em 05 de Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 162 novembro de 2014; MFD - http://en.wikipedia.org/wiki/Electronic_Flight_Instrument_System acessado 04 de novembro de 2014 PFD - Primary Flight Display: http://www.answers.com/topic/primary-flight-display acessado em 2 de novembro de 2014. Eng Res, v. 5, n. 6, p. 142-163, Novembro / 2014. 163