09 Ivonne Betsabé Muniz

Transcrição

09 Ivonne Betsabé Muniz
Ivonne Betsabé Muniz
Presidente da Escola do Futuro
Perla Rosseli
F
ilantropia? Palavra em desuso? Ao contrário do que pensa a maioria, as
ações filantrópicas sempre fizeram parte da vida desta chilena que, indignada
com a miséria no Brasil, decidiu arregaçar as mangas e trabalhar, muito...
Apostando numa concepção de ensino inovadora, que já é sucesso em 132
países, ela conseguiu alguns parceiros e abriu há três anos, a primeira Escola do
Futuro no Brasil.
Ninguém acreditava que era possível implantar um sistema de ensino
pautado na ética cristã, com ensino individualizado e que pudesse atender
crianças de classe socioeconômica alta, média e baixa, todos no mesmo
ambiente. Mas ela conseguiu.
Em 1997 começou sua odisséia numa escola instalada no Rio Pequeno,
região modesta de São Paulo, com um nome singelo e conveniente à causa, e,
com apenas 60 alunos, repetiu a experiência de sucesso da School of Tomorrow,
criada há 29 anos por Donald e Esther Howard, um casal de professores
descontentes com o sistema de ensino da época.
Hoje, num prédio bem maior em Osasco, com 300 alunos, do maternal à 8ª
série, em horário integral – que cumprem dois currículos, o obrigatório do MEC e
a formação americana –, a escola também oferece uma formação trilingüe –
inglês, espanhol e português –, e atividades culturais e de expressão: balé,
pintura, fotografia etc.
Além do currículo e métodos pedagógicos, as diferenças da escola
começam pela arquitetura, principalmente na parte americana com o Learn
Center, o maior da América Latina, onde o ensino é individualizado, de acordo
com a capacidade e as necessidades de cada um, pois a principal meta é
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contribuir para elevar a auto-estima da criança, que deve crescer desenvolvendo
seu potencial.
Uma idéia nova, quebrando conceitos milenares. Como um bebê, que
merece muitos cuidados, mas que já está dando bons resultados. Valeu a pena?
“Sentir que estamos formando uma geração de crianças mais humanas,
sensíveis com a realidade do mundo, é muito gratificante. Recentemente a mãe
de um aluno rico ficou brava quando ele foi dormir na casa de um coleguinha
pobre e não telefonou para dizer se estava bem, e chocou-se ao descobrir que
além de não ter telefone, o menino pobre ainda cedeu sua cama e dormiu no
chão. A pobreza não faz parte da realidade desta mãe, mas sei que seu filho se
importa, e isso é ótimo, porque ele terá consciência e poderá contribuir para
melhorar este País”, comenta Ivonne.
Para oferecer 40% das vagas para os bolsistas, crianças mais pobres da
região, Ivonne reuniu um comitê de mulheres – senhoras influentes na sociedade
paulistana – que promovem eventos para arrecadar fundos.
Mas como definir esta escola? “Não queremos ganhar dinheiro aqui, mas
sim oferecer uma boa educação para quem pode ou não pagar, quebrando a
diferença social e ensinando aos pequenos a ter caráter com amor a Deus e ao
Brasil”, acrescenta.
“Não discutimos religião, ensinamos as crianças a amarem a Deus e a si
próprias, respeitando a individualidade de cada um. Apesar de tantos projetos
sociais, a educação, até hoje, sempre foi direcionada para a formação
acadêmica. E nós estamos recuperando um valor básico que se perdeu: o
caráter”, finaliza.
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