Jornal CAB ed. 29 - Cultivando Água Boa

Transcrição

Jornal CAB ed. 29 - Cultivando Água Boa
J O R N A L D O P R O G R A M A S O C I O A M B I E N TA L D A I TA I P U B I N A C I O N A L
www.cultivandoaguaboa.com.br
Cultivando
FOZ DO IGUAÇU – março DE 2016 – Nº 29
Encontro em Foz cria rede mundial de
boas práticas de gestão da água
Páginas 4 a 9
COP 21 - Paris
Itaipu é exemplo de
cooperação pelo
desenvolvimento
sustentável
Páginas 10
E MAIS:
Nº 2 9
Expo Milão Carta Milão
Documento foi
firmado durante o
evento na Itália
Páginas 15 e 18
Caderno de Receitas Saudáveis da BP3 traz prato premiado nacionalmente págs. 28 e 29
Exposição
mostra obras feitas em papelão e material reciclado pág. 55
Ma rç o 2016
Jor na l Cul ti v ando
Á gua B oa
It aip u B inacio nal
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Índice
Referência
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Compartilhando iniciativas pioneiras e inovadoras na gestão da água
Encontro em Foz cria rede mundial de boas práticas de gestão da água
Rede deve impulsionar gestão participativa da água
Agência de Águas vê no CAB estratégia para recuperar Cantareira
Itaipu mostra consonância com as diretrizes da COP 21
Ações ambientais do Brasil e Paraguai são apresentadas em workshop
A convite da UNESCO, CAB é apresentado a dirigentes de 25 países
Lideranças mundiais debatem precificação do carbono
Contra a fome e a pobreza: em nome do Brasil, Itaipu assina Carta de Milão
Na Expo Milão, lições de sustentabilidade para o mundo
Parcerias são ferramentas para o desenvolvimento
Itaipu é exemplo de produção com sustentabilidade
Water Right Foundation assina acordo de cooperação
Em Turim, Ban Ki-Moon diz que não haverá paz sem engajamento e ações locais”
Samek faz apresentação inédita na OCDE
CAB tem potencial para novos acordos, avalia diretor da ABC
República Dominicana celebra um ano de implantação do CAB
Costa Rica também deve implantar programa
Preparação para o Encontro do CAB teve série de eventos
“Celebrando o Prêmio ONU-Água” é tema da 13ª edição do encontro
O adeus a Nonô Pereira, um dos pioneiros do plantio direto
Vitrine divulga conceitos de agroecologia
3º Caderno de Receitas Saudáveis da BP3 traz prato premiado nacionalmente
Oficinas do CAB chegam a Contagem e Igarapé
Chapada dos Guimarães e Sinop recebem workshop
Moradores da região recebem orientações sobre plantas medicinais
Acordo facilita comercialização da produção familiar no Ceasa
Nova tecnologia deve impulsionar produção de peixe no Brasil
Pescadores comprovam na prática a eficácia do Canal da Piracema
Inventário vai permitir estudos permanentes
Reportagem sobre o CAB vence Prêmio Amop
Fórum Social reúne experiências e traça desafios para as cidades
Santa Terezinha de Itaipu é premiada na Expocatadores 2015
Comunidade da Vila C faz mobilização para revitalizar Córrego Brasília
Jovens atletas têm lição de cuidados com a natureza
Cisternas são estratégia para gestão eficiente da água
Cooperativa agrofamiliar pretende triplicar produção de mel em três anos
Projetos da BP3 são reconhecidos no Prêmio Gestor Público 2015
Itaipu recebe Menção Honrosa da Assembleia Legislativa do PR
Congresso reúne experiências para solução da crise hídrica e energética
Jornalismo ambiental em um mundo em transição
Cidades Resilientes: Carta de Curitiba aponta metas
Herborização vai ajudar conservação do acervo botânico do Ecomuseu
Pesquisadores fazem estudo inédito sobre o gato-do-mato
Recinto coletivo de harpias é aberto para visitação
Símbolo do Refúgio Biológico, Juma ajudou na educação ambiental
Arte sustentável em obras coloridas
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Itaipu Binacional
Diretor-Geral Brasileiro:
Jorge Miguel Samek
Diretor de Coordenação e Meio Ambiente:
Nelton Miguel Friedrich
Superintendentes:
Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz
(Meio Ambiente) e Marcos Baumgartner
(Planejamento e Coordenação)
Assistente do diretor de Coordenação
e Meio Ambiente:
Pedro Irno Tonelli
Chefe da Assessoria de Comunicação Social:
Gilmar Piolla
Textos:
Robson Rodrigues, Romeu de Bruns, Stella
Guimarães, Lucio Horta, Fabiane Ariello,
Murilo Pereira, Patrícia Iunovich - Divisão
de Imprensa da Itaipu Binacional; Assessoria
de Imprensa Envolverde; Agência Brasil.
Compartilhando iniciativas pioneiras
e inovadoras na gestão da água
Coordenação:
Patrícia Iunovich/Itaipu
Ilustração e diagramação:
Cliptime Serviços integrados, Ella
Vieira e Robson Rodrigues
Representantes de mais de 20 países participaram em Foz do Iguaçu de um encontro inédito
Fotografia:
Adenésio Zanella, Alexandre Marchetti, Caio
Coronel, Nilton Rolin, Rubens Fraulini, ONU,
Gabriela Gontijo, Arnaud Bouissou MEDDE/
SG (COP 21), Bruno Chapiron (CC), F de La
Mure (CC), Andreas Habich (WikiCommons),
Mayke Toscano/Gcom-MT, July Portioli (CC),
Fernando Stankus (CC-Cantareira), Josiele Silva/
Câmara Municipal de Porto Alegre, Antonio
Cruz/Agência Brasil, Toni Capellão/Prefeitura
de Canoas e acervo da Itaipu Binacional.
Impresso em março de 2016
Tiragem: 10.000 exemplares
DIRETORIA DE COORDENAÇÃO
Av. Tancredo Neves, 6.731
Foz do Iguaçu – PR - CEP 85.866-900
Fone (45) 3520-5724 | Fax (45) 3520-6998
E-mail: [email protected]
O ano de 2015 registrou importantes acontecimentos em
escala mundial relacionadas
ao meio ambiente. Uma delas
ocorreu em solo iguaçuense:
a reunião inédita de experiências bem-sucedidas de
gestão dos recursos hídricos
e de mobilização para os cuidados com a água premiadas
pela Década da Água, da Organização das Nações Unidas
(ONU Água), com o prêmio
Water for Life (Água Fonte
de Vida). O Programa Cultivando Água Boa, da Itaipu, a
anfitriã do encontro, recebeu
o prêmio em 2015.
Durante três dias, representantes de 20 países, autoridades da ONU e de outros
organismos
internacionais
compartilharam ideias no
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“Encontro de experiências
pioneiras e inovadoras de iniciativas sociais na gestão da
água”. Ao final, ficou decidida
a criação de uma rede internacional de boas práticas da
gestão dos recursos hídricos
com participação social (leia
nas páginas 4 a 9).
Criado em 2010 para fomentar iniciativas alinhadas com
os objetivos estabelecidos em
documentos como as Metas
do Milênio e a Agenda 21, que
possam garantir a gestão sustentável e de longo prazo dos
recursos hídricos, e de forma
a apoiar as ações da Década da
Água (2005-2015) da ONU, o
prêmio Water for Life reconhece as melhores práticas na
gestão da água no planeta. A
cada ano, com um tema dife-
rente, o prêmio enfatiza um
determinado aspecto relacionado à questão da água.
Desde 2011, a ONU Água
premiou iniciativas da Índia,
Singapura, Japão, Bolívia,
África do Sul, Moldávia, Filipinas e Brasil, em duas categorias: melhores práticas
de gestão da água e melhores
práticas de participação pública, educativa, de comunicação e/ou sensibilização.
Em 2015, na categoria um, foi
premiado o programa Cultivando Água Boa (CAB).
O Programa Cultivando
Água Boa reúne um conjunto de diversas ações socioambientais. Em cada município, há um comitê gestor,
com forte participação po-
pular, uma das principais
características do CAB. O
programa se fundamenta na
gestão integrada de bacias
hidrográficas e atua por bacia, sub-bacia e microbacia,
visando garantir a quantidade e a qualidade das águas e,
também, a sustentabilidade
do território, com uma visão
holística da relação do ho-
mem com o meio onde vive.
Passada mais de uma década
após o início da sua implantação na BP3 (uma região
com aproximadamente um
milhão de habitantes e 800
mil hectares de área), o programa já está em estado avançado em aproximadamente
30% desse território.
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iniciativas premiadas
Encontro em Foz cria rede mundial de boas práticas de gestão da água
Organizações premiadas pela ONU-Água apresentam ações relacionadas à água e ao clima
Encontro reuniu ações bem-sucedidas que receberam o prêmio Water for Life
A Itaipu, por meio do Programa Cultivando Água Boa,
a Agência Nacional de Águas
(ANA) e o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) vão apoiar
a implantação de uma rede
internacional de boas práticas
da gestão dos recursos hídricos com participação social.
Esse é um dos encaminhamentos do “Encontro de experiências pioneiras e inovadoras
de iniciativas sociais na gestão
da água”, que reuniu, pela primeira vez, ações bem-sucedidas que receberam o prêmio
Water for Life (Água Fonte de
Vida), concedido pela iniciativa Década da Água, da Organização das Nações Unidas
(ONU Água) - mecanismo de
coordenação do tema água
dentro das 30 organizações
que compõem a ONU.
O encontro reuniu representantes da ONU e de 18
países, em Foz do Iguaçu,
em setembro do ano passado. Nos dois dias de evento,
organizações de todos os
continentes apresentaram
suas soluções para o enfrentamento de problemas relacionados à escassez de água e
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às mudanças climáticas.
“O papel da rede é muito
mais de articulação e de compartilhamento. Inicialmente, pretende-se identificar as
iniciativas que já existem e
potencializar o seu alcance.
Não queremos criar mais um
organismo que vai sobrepor
responsabilidades”, explicou
o diretor de Coordenação e
Meio Ambiente da Itaipu,
Nelton Friedrich.
“Com a rede, o prêmio [Water for Life], que é um retrato
momentâneo das melhores
práticas de cada ano, passa
a ter um legado duradouro,
uma vez que essas iniciativas
vão sendo fortalecidas”, conclui o diretor. A Itaipu integra
a rede com o programa Cultivando Água Boa, coordenado por Friedrich e executado
com parceiros em 29 municípios da Bacia do Rio Paraná 3.
O CAB foi o ganhador do prêmio Water for Life em 2015.
Para Blanca Jiménez, ONU
-Água e representante da
UNESCO, a rede que está sendo criada terá como princípio
facilitar a participação das pessoas de várias formas.
Ita i p u Bi na c i onal
“É importante que as pessoas
tenham conhecimento sobre a
problemática global da água,
mas é somente se elas assumirem responsabilidades e atuarem localmente é que esses
problemas serão tratados”,
disse Blanca. “Se tomarmos,
por exemplo, a questão das
mudanças climáticas, aqueles
que estão provocando os desequilíbrios não são os mesmos que estão sofrendo as
consequências. Então, é preciso identificar e envolver os
responsáveis”, completou.
Perguntada sobre como é
possível envolver as pessoas,
Blanca Jiménez respondeu
que os comunicadores e meios
de comunicação têm um papel fundamental nesse processo. “As pessoas que criam esses bons projetos de gestão da
água têm um enfoque técnico.
Os políticos, muitas vezes,
não têm credibilidade. Então,
muito do trabalho da rede
será focado na comunicação
das boas práticas.”
lidade é um caminho sem volta. Cada vez mais, temos que
o planeta é um só e não tem
back-up. E a água é um tema
transversal a quase todos os
temas ligados à sustentabilidade, pois é um elemento
básico de sustentação da vida
e está relacionado ao abastecimento das cidades, à produção de alimentos e à geração
de energia”, afirmou.
Para o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, a
união dessas iniciativas premiadas deverá fortalecê-las e
fomentar novos projetos em
todo o mundo. “A sustentabi-
Projetos fortalecidos
Josefina Maestu, diretora do
programa Década Internacional para a Ação: “Água,
fonte de vida” (2005-2015),
das Nações Unidas, conside-
Uma das mesas-redondas para apresentação das açoes premiadas pela ONU-Água
rou o evento uma oportunidade para fortalecer as iniciativas premiadas, que muitas
vezes se encontram isoladas.
“São projetos que têm em comum o fato de serem práticas
participativas, de engajamento social”, afirmou Josefina.
“Agora em rede, essas práticas fomentam novos projetos-piloto em outras localidades. É um projeto ambicioso,
mas absolutamente necessário”, concluiu.
O representante da África do
Sul, Mandla Malakoana, afirmou estar extremamente satisfeito com os resultados do
encontro. O Programa de Sensibilização e Participação Comunitária nos Temas de Água
e Saneamento em eThekwin,
na província de Durban, África do Sul, representado por
ele, venceu Water for Life em
2011, categoria dois.
“Levarei para meu país o entusiasmo renovado de trabalhar para que as questões da
água sejam de domínio público, e não uma commoditie. É
importante que cada pessoa,
cada família, saiba como pode
contribuir para uma gestão
mais sustentável dos recursos
hídricos”, disse.
Iniciativas premiadas com o Water for Life
2015 - 5ª Edição: Água e desenvolvimento sustentável
PRÊMIO ONU ÁGUA
Encontro inédito reúne, em Foz do Iguaçu,
ganhadores de prêmio da ONU
•Categoria 1: Cultivando Água Boa, Itaipu-Brasil
•Categoria 2: Artes sociais para a mobilização
comunitária e acesso seguro à água, Índia; e
Projeto Água, Ecoescolas, África do Sul
2014 - 4ª Edição: Água e energia
•Categoria 1: Programa de Políticas Hídricas
de IWMI-Tata, Índia
•Categoria 2: Programa NEWater (Água Nova), Singapura
O objetivo é fazer
uma intercâmbio
de experiências e
conhecimento sobre
os elementos-chave
dos processos sociais
na gestão da água
Pela primeira vez, experiências
bem sucedidas de gestão dos recursos hídricos e de mobilização
para os cuidados com a água premiadas pela Década da Água, da
Organização das Nações Unidas
(ONU Água) com o prêmio Water for Life (Água Fonte de Vida),
estarão reunidas para o compartilhamento de informações e resultados. O evento será em Foz do
Iguaçu, de 15 a 17 de setembro.
O “Encontro de experiências pioneiras e inovadoras de iniciativas
sociais na gestão da água - Criando
uma Rede Global”, contará com a
participação de representantes de 20
países, além de autoridades da ONU e
de outros organismos internacionais.
A expectativa é que o evento resulte
na criação de uma rede mundial de
boas práticas na gestão da água.
Criado em 2010 para fomentar
iniciativas alinhadas com os objetivos estabelecidos em documentos como as Metas do Milênio e a
Agenda 21, que possam garantir
a gestão sustentável e de longo
prazo dos recursos hídricos, e de
forma a apoiar as ações da Década
da Água (2005-2015) da ONU, o
prêmio Water for Life reconhece
as melhores práticas na gestão da
água no planeta. A cada ano, com
um tema diferente, o prêmio enfatiza um determinado aspecto relacionado à questão da água.
Desde 2011, a ONU Água premiou
iniciativas da Índia, Singapura, Japão, Bolívia, África do Sul, Moldávia, Filipinas e Brasil, em duas categorias: melhores práticas de gestão
da água e melhores práticas de
participação, comunicação, despertar da consciência e educação. Em
2015, na categoria um, foi premiado
o programa Cultivando Água Boa
(CAB), da Itaipu Binacional e parceiros dos 29 municípios da Bacia
Hidrográfica do Paraná 3 (BP3).
Nº 28
2015
5ª Edição: Água e desenvolvimento sustentável
2014
2013
4ª Edição: Água e energia
3ª Edição: Cooperação em matéria de água
2012
2011
2ª Edição: Água e segurança alimentar
Entre os participantes do encontro, estão a a vice-presidente da
ONU Água, Blanca Jiménez-Cinseros, a diretora do Programa Década
da Água, da ONU, Josefina Maestu,
a presidente honorária da Woman
for Water Partnership, Alice Bouman-Dentener, o diretor da Fundação Ecodes, Víctor Viñuales, os
diretores gerais da Itaipu, Jorge
Samek (Brasil) e James Spalding
1ªEdição: Gerenciamento de águas urbanas
(Paraguai), o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente
Andreu Guillo, além de representantes das iniciativas premiadas
com o Water for Life.
CAB
O Programa Cultivando Água
Boa reúne um conjunto de diversas ações socioambientais. Em cada
município, há um comitê gestor,
S e t e mbro 2015
com forte participação popular,
uma das principais características
do CAB. O programa se fundamenta na gestão integrada de bacias hidrográficas e atua por bacia,
sub-bacia e microbacia, visando
garantir a quantidade e a qualidade
das águas e, também, a sustentabilidade do território, com uma visão holística da relação do homem
com o meio onde vive.
Passada mais de uma década
após o início da sua implantação
na BP3 (uma região com aproximadamente um milhão de habitantes e 800 mil hectares de área),
o programa já está em estado
avançado em aproximadamente
30% desse território, resultando
em 206 microbacias hidrográficas
sendo recuperadas.
J ornal Cultivando Água Boa
It aipu Bin ac ion al
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2013 - 3ª Edição: Cooperação em matéria de água
•Categoria 1: Gestão das bacias subterrâneas utilizando o sistema da natureza na cidade de Kumamoto, Japão
•Categoria 2: Água e saneamento para todos na República de Moldávia
2012 - 2ª Edição: Água e segurança alimentar
•Categoria 1: Proteção dos Lagos de Bangalore para a posteridade: estabelecendo um precedente legal para a conservação dos lagos como bens comuns
•Categoria 2: Estratégia de comunicação para a mudança social e de comportamento para a promoção de três práticas chave e o uso adequado dos serviços dotados em 4 municípios do Departamento de Cochabamba, Bolívia
2011 - 1ª Edição: Gerenciamento de águas urbanas
Mandla Malakoana, África
do Sul: “questões da água em
domínio público”
Jorge Samek: “A
sustentabilidade é um
caminho sem volta”
Blanca Jiménez, UNESCO/ ONUÁgua: rede e divulgação para
facilitar a participação das pessoas
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Josefina Maestu, diretora da
Década da Água: inspiração
para novos projetos
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Nelton Friedrich: “Com a rede,
o prêmio [Water for Life] passa
a ter um legado duradouro”
•Categoria 1: Programa de restauração do sistema
fluvial As Pinas – Zapote, Filipinas
•Categoria 2: Um enfoque participativo na aprendizagem e a sensibilização
pública em temas de água e saneamento, Durban, Municipalidade de eThekwin
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Iniciativas premiadas
ENCONTRO EM FOZ
Momento de debates entre os participantes do “Encontro de experiências pioneiras e inovadoras de iniciativas sociais na gestão da água”
Rede deve impulsionar
gestão participativa da água
Vicente Andreu, diretor da Agência Nacional de Águas: “O CAB é uma experiência única em termos de resultados”
Agência de Águas vê no CAB
estratégia para recuperar Cantareira
Iniciativas vão ajudar a assegurar disponibilidade e gestão sustentável de água e saneamento para todos
Participantes do “Encontro
de experiências pioneiras e
inovadoras de iniciativas sociais na gestão da água” apontaram a necessidade de renovar e ampliar os esforços para
a preservação dos recursos
hídricos do planeta.
Embora tenha havido avanços
durante a Década Internacional
para a Ação “Água, Fonte de
Vida”, ou simplesmente Década
da Água (2005-2015), várias das
metas estabelecidas não foram
alcançadas. “Conseguimos, por
exemplo, reduzir pela metade o
número de pessoas que não têm
acesso à água potável (o contingente atual é de 750 milhões),
mas falhamos na meta de serviços sanitários (2,5 bilhões de
pessoas ainda não contam com
eles)”, afirmou o representante
do Ministério das Relações Exteriores do Tadjiquistão, Idibek
Kalandarov.
O Tadjiquistão é integrante
do G77 (formado pelas 77 nações mais pobres do planeta) e
foi o propositor da Década da
Água (2005-2015).
Para Kalandarov, entre as
principais dificuldades encontradas no período 2005-2015,
estão a pouca coordenação
entre os governos e a falta de
transferência tecnológica dos
países mais desenvolvidos
para os em desenvolvimento.
Segundo ele, a rede das melhores práticas globais de gestão
água será um instrumento de
“importância fundamental” para
colocar ênfase no cumprimento
As soluções que receberam o
prêmio [...] carregam profunda
sabedoria ecológica
Leo Saldanha, representante do Environment
Support Group, de Bangalore
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Ita i p u Bi na c i onal
do Objetivo 6, dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável:
assegurar a disponibilidade e
gestão sustentável da água e saneamento para todos.
A opinião é compartilhada
por Leo Saldanha, representante do Environment Support
Group, de Bangalore, Índia.
Ele representa uma das iniciativas premiadas pela ONU (são
11 no total), que vem viabilizando a proteção de lagos no
Sul da Índia. “As soluções que
receberam o prêmio Water for
Life podem parecer simples,
mas carregam profunda sabedoria ecológica”, diz Saldanha.
O Programa Cultivando
Água Boa (CAB) poderá ser
adotado pelo governo do Estado de São Paulo para proteger os reservatórios do Sistema Cantareira. “O CAB é uma
experiência única em termos
de resultados, que são muito
consistentes”, afirmou diretor
da Agência Nacional de Águas
(ANA), Vicente Andreu.
Andreu participou do
“Encontro de experiências pioneiras e inovadoras de iniciativas sociais na gestão da água”.
Segundo ele, a proposta foi
feita após uma conversa com
o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo e presidente
do Conselho Mundial da Água,
Benedito Braga. Na ocasião,
Braga afirmou acreditar que a
adoção do CAB é uma estratégia importante para combater
a escassez de água que acomete
aquele estado.
“O Benedito já conhece o CAB
e afirmou que irá acertar uma
cooperação com Itaipu para
levar a iniciativa para lá. Evidentemente, ainda há um caminho a ser percorrido para se
firmar essa cooperação e para
se criar uma articulação com
os programas e recursos que já
existem”, afirmou.
“O CAB é uma experiência
única em termos de resultados,
que são muito consistentes. É
claro que, para ser aplicado na
Cantareira, que tem as margens bastante devastadas, tem
que se ter em vista um horizonte de longo prazo. Não é porque hoje se plantam algumas
mudas para recuperar as matas
ciliares que se deve esperar um
aumento do nível dos reservatórios amanhã. Mas é um
trabalho complexo que, certamente, passará pela proteção
das nascentes”, disse Andreu.
Para ele, um dos pontos fortes
do programa está na gestão compartilhada e no envolvimento das
comunidades na condução das
ações. “Não adianta os órgãos reguladores dizerem o que a sociedade tem que fazer. É a sociedade,
como no CAB, que tem que dizer
o que precisa ser feito”, completou.
Visita a uma propriedade rural orgânica na região da BP3
O Prêmio
Criado em 2010 para fomentar iniciativas alinhadas com
os objetivos estabelecidos em
documentos como as Metas do
Milênio e a Agenda 21, o prêmio
Water for Life reconhece as melhores práticas na gestão da água
no planeta. A cada ano, com um
tema diferente, o prêmio enfatiza
um determinado aspecto relacionado à questão da água.
Sistema Cantareira: recuperação é trabalho complexo, de longo prazo e com envolvimento da comunidade
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7
EM QUESTÃO
É importante que as pessoas
tenham conhecimento
sobre a problemática
global da água, mas é
somente se elas assumirem
responsabilidades e atuarem
localmente é que esses
problemas serão tratados
Blanca Jiménez, Blanca Jiménez, secretária
do Programa Hidrológico
Internacional e diretora da Divisão
da Ciência da Água da UNESCO;
Vice-presidente da ONU-Água.
Blanca Jimenez em visita a uma comunidade indígena, no Paraná
C
Considerada uma das maiores autoridade sobre a gestão de recursos hídricos no mundo, Blanca Jimenez aponta o Programa Cultivando Água Boa, da
Itaipu Binacional e de outros 2 mil parceiros na Bacia do Paraná 3, na região
Oeste do Paraná, como iniciativa de exemplo internacional a ser seguido.
Blanca foi uma das apoiadoras da rede internacional de boas práticas da gestão dos recursos hídricos com participação social, que aconteceu em 2015, em
Foz do Iguaçu (PR) e acredita que só através de um plano de cooperação, o
Brasil irá superar de vez a crise hídrica.
A crise de abastecimento, segundo ela, decorre da mudança climática. Diversos lugares do Brasil, como a metrópole paulista, padecem de um mesmo equívoco de outras cidades do mundo: o aquecimento global e a poluição dos rios.
Se nada for feito, ela prevê queda de 20% no suprimento de água potável, em média,
a cada 1ºC de aumento na temperatura mundial. O IPCC alerta que esse acréscimo
O programa Cultivando
Água Boa foi reconhecido
como a melhor prática na
gestão da Água pela ONU
Água e da Oficina da Década
da Água em 2015. O que
a senhora destaca de mais
relevante nesse projeto?
O que é mais relevante sobre este programa é que
ele mostra como a água
se relaciona com outros
setores e é a chave para o
desenvolvimento econômico, social e cultural das
populações.
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J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
É também um exemplo de
que é possível replicar boas
práticas de governança para
o benefício da população.
O que impressiona no programa Cultivando Água
Boa, além de sua metodologia de trabalho sério, é a
escala de aplicação de impacto, afetando uma população igual à que se tem
em Portugal. O programa é
também um projeto de mudança de valores para integrar o conceito de sustentaIta i p u Bi na c i onal
pode chegar a 2°C em 2100. Em regiões críticas, o acesso pode reduzir em 90%.
“Se tomarmos, por exemplo, a questão das mudanças climáticas, aqueles que
estão provocando os desequilíbrios não são os mesmos que estão sofrendo as
consequências. Então, é preciso identificar e envolver os responsáveis”.
Para enfrentar esse desafio, Blanca acredita que a saída seja a replicação de
programas de sucesso - como o Cultivando Água Boa -, a gestão integrada
dos recursos hídricos, considerando a água superficial e subterrânea o
reúso da água e um exame de consciência sobre o uso racional da água.
“É importante que as pessoas tenham conhecimento sobre a problemática
global da água, mas é somente se elas assumirem responsabilidades e atuarem localmente é que esses problemas serão tratados”, disse Blanca.
Acompanhe os principais trechos da entrevista.
Infelizmente, em muitas
outras regiões da América Latina, a água não é o
principal fator de desenvolvimento embora seja necessário. A gestão da água
eficiente e produtiva pode
alcançar o desenvolvimento integral e sustentável de
uma localidade e uma bacia. Por isso é importante
para replicar o modelo do
CAB em outras regiões.
A senhora acompanha
exemplos no mundo inteiro
de países que também
estão enfrentando problemas em relação ao abastecimento da água. Pode
citar algumas soluções de
destaque que foram encontradas e implementadas
e que poderiam servir de
exemplo para o Brasil?
A partir das experiências de
outros países que podem
ser úteis para o Brasil talvez
enfatizar aqueles que têm
a ver com o uso eficiente,
reciclagem e reutilização
de água. Regiões brasileiras com a escassez de água
(e mesmo sem falta) poderiam ter um melhor manejo
dessas práticas de recursos
para a promoção de menor
consumo de água.
Por exemplo, uma descarga
regular de banheiro pode
gastar até 30 litros de água,
mas há modelos novos que
usam só 6 litros, além de
economizar água, energia
e transporte. A segunda
preocupação deve ser com
o reuso da água para outra
finalidade, como agricultura, também é uma forma de
gestão sustentável da água.
Por fim, a reciclagem da
água. As indústrias precisam reutilizar a água em
seus próprios processos e
estabelecer índices para a
geração de produtos industriais que envolvem menos
uso de água.
Conforme os cenários
registrados no relatório do
IPCC, qual será a disponibilidade de água potável no final do século?
Sem considerar a mudança climática, se continuarmos com os mesmos
padrões de uso de água,
teremos crise em poucas
décadas. Com a mudança
climática, isso será em três
ou quatro décadas, dependendo da região.
Nos cenários do IPCC, há
um exercício sobre a disponibilidade de água subterrânea. Cada 1ºC de aumento na temperatura faz
com que, em média, 7% da
população mundial percam 20% da água potável
disponível. São números
preocupantes.
Em zonas onde já há crise,
Município de Santa Terezinha recebe réplica do Prêmio das mãos de Josefina Maestu e Blanca Jimenez
a população afetada pode
chegar a 90%. São regiões
áridas e semiáridas tropicais, onde estão países em
desenvolvimento: partes da
África, do México, do Nordeste do Brasil.
Quais os riscos do aquecimento global para a água
potável?
O aumento da temperatura
provocará mais secas, inundações e poluição da água.
Soma-se a isso o fato de que
a maioria das cidades trata
parcialmente a água contaminada a ser despejada nos
rios, porque é muito custoso, e espera que a natureza finalize o tratamento. A
elevada demanda de água,
de um lado, e os padrões de
extração e de contaminação,
de outro, colocaram em risco o fornecimento de água
Devemos nos perguntar
se a quantidade de água
que estamos usando é a
que realmente necessitamos para a sobrevivência
e necessidades e se podemos exercer as mesmas
atividades com menor
quantidade.
potável em muitos lugares
do mundo. Nessa situação,
quem sofre mais são os
mais pobres. Se tomarmos,
por exemplo, a questão das
mudanças climáticas, aqueles que estão provocando
os desequilíbrios não são os
mesmos que estão sofrendo
as consequências. Então, é
preciso identificar e envolver os responsáveis.
O que é possível fazer no
curto prazo para mitigar
esses efeitos?
A gestão integrada dos
recursos hídricos, considerando a água superficial
e subterrânea, a demanda
e disponibilidade, a situação atual e do futuro e
todos os usos e usuários
de água, incluindo a utilização da água pelos ecossistemas.
É importante que as pessoas tenham conhecimento
sobre a problemática global
da água, mas é somente se
elas assumirem responsabilidades e atuarem localmente é que esses problemas serão tratados.
Qual o seu olhar sobre
o acordo da COP 21
na gestão da água?
O acordo principal é que
a água deve ser parte da
agenda da atenção da mudança climática.
bilidade ao modo de vida.
Qual a importância de o
programa ser replicado no
Brasil e em outros países da
América Latina?
Aprender com as boas práticas. O que funciona em
um país pode ser muito
bom em outro. Em particular, o programa Cultivando Água Boa pode ser
benéfico para os países
latino-americanos
com
as condições similares de
água e aspectos sociais.
O que impressiona no
programa Cultivando
Água Boa, além de
sua metodologia de
trabalho sério, é a
escala de aplicação do
impacto, afetando uma
população igual à que
se tem em Portugal
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Cada 1ºC de aumento
na temperatura
faz com que, em
média, 7% da
população mundial
perca 20% da água
potável disponível.
São números
preocupantes
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9
CONFERÊNCIA DO CLIMA
Itaipu mostra consonância
com as diretrizes da COP 21
Ações ambientais do Brasil e Paraguai
são apresentadas em oficina em Paris
Ações âncoras colocam usina na vanguarda das discussões para a redução da emissão de gases de efeito estufa
Representantes da Itaipu Binacional durante a apresentação em Paris, na COP 21
As ações âncoras de Itaipu
realizadas em favor do desenvolvimento sustentável foram
apresentadas durante a 21ª
Conferência do Clima (COP
21), promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU),
em Paris. Essas ações colocam a
usina na vanguarda das discussões para a redução da emissão
de gases de efeito estufa.
Itaipu é uma usina que gera
energia a partir da hidroeletricidade, de forma limpa e
renovável, sem poluir. Mas a
empresa vai além e tem trabalhado em várias frentes, entre
elas o premiado Programa
Cultivando Água Boa, considerado pela ONU-Água como
a melhor prática de gestão de
água do mundo, em 2015.
A apresentação foi feita pelos diretores-gerais de Itaipu,
Jorge Samek, do Brasil, e James Spalding, do Paraguai. A
mediadora foi a diretora da
Divisão de Ciência de Água
e Secretaria do Programa Hi10
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
drológico Internacional da
Unesco, Blanca Gimenez.
Participaram da apresentação o embaixador José Antonio Marcondes de Carvalho,
negociador-chefe da delegação brasileira na COP-21;
o embaixador do Paraguai
na França, Emilio Giménez
Franco; representantes dos
ministérios da Defesa e das
Cidades; e representantes de
outras organizações sociais e
internacionais, como o chefe
executivo da International
Hydropower Association, Richard Taylor, entre outros.
Blanca Gimenez ressaltou a
importante contribuição de
empresas como Itaipu não só
na geração de energia, mas
também para formar uma
grande consciência para a
mudança de mentalidade
diante do problema mundial
provocado pela alteração climática. Para Blanca, o CAB é
um programa socioambiental completo, uma experiênIta i p u Bi na c i onal
cia perfeita para mostrar a
sensibilidade de Itaipu com o
tema da COP. “O CAB convoca toda a sociedade a fazer
uma reflexão. É um exemplo
para o mundo”, afirmou.
A diretora financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff,
falou sobre vários assuntos de
sua pasta, como mobilidade
elétrica, compras sustentáveis
e equidade de gênero, temas
que também vêm colocando
Itaipu na agenda positiva tanto interna como externa. O
empoderamento da mulher
tornou Margaret Groff uma
das embaixadoras da luta pelo
equilíbrio nas relações entre
homens e mulheres, nas empresas e na sociedade em geral.
No final da apresentação, os
diretores de Coordenação do
Brasil e do Paraguai, Nelton
Friedrich e Pedro Domanizcky, sobre os programas de
Sustentabilidade da Itaipu Binacional, especialmente o programa Cultivando Água Boa.
Conceitos, metodologias e resultados
do CAB foram apresentados junto com
o programa Paraguay Biodiversidad
A Itaipu Binacional promoveu em Paris (França), o
workshop “Conservação da
Biodiversidade e o Cultivando Água Boa”, como parte
da programação da 21ª Conferência das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas
(COP 21).
sidade é financiado pelo Global Environment Facility, com
acompanhamento do Banco
Mundial, que a instituição
que gerencia o fundo. Itaipu
é a primeira central hidrelétrica que realiza a recomposição
de corredores biológicos com
apoio dessas instituições.
O workshop foi conduzido
pelos diretores de Coordenação da binacional, Pedro Domaniczky (Paraguai) e Nelton
Friedrich (Brasil). Na oportunidade, Domaniczky apresentou o programa Paraguay
Biodiversidad, que tem como
objetivo conservar, restaurar
e conectar os ecossistemas
para que sigam mantendo sua
diversidade biológica e capacidade de produção, assim
como ser fonte para o sequestro de carbono.
“É uma nova estratégia de
preservação e interconexão
de remanescentes florestais e
de produção sustentável, conjuntamente com órgãos do
governo paraguaio, destacando o trabalho da Secretaria de
Ambiente, como co-executores do projeto”, afirmou.
O projeto Paraguay Biodiver-
Já Friedrich apresentou a
essência do programa Cultivando Água Boa (CAB), enfocando valores, conceitos e
metodologias, os resultados
alcançados e as conexões com
os Objetivos do Desenvolvi-
mento Sustentável (ODS).
Na opinião do diretor, o resultado global que se pretende para o enfrentamento das
mudanças climáticas virá a
partir de ações locais e, para
isso, “é preciso sensibilizar
corações e mentes para agir”.
“Ações valem mais que palavras e precisam acontecer de
maneira articulada, integral,
integrada. Uma agenda de interesse comum, envolvendo
governos, empresas e sociedade”, acrescentou.
As ações de Itaipu tiveram
grande receptividade da audiência, que contou com a
presença de autoridades do
Programa Hidrológico Internacional, Unesco, Diálogos da
Humanidade, representações
diplomáticas e governos de
Santa Catarina, São Paulo e
Rio de Janeiro.
Ações valem mais que palavras e
precisam acontecer de maneira
articulada, integral, integrada.
Uma agenda de interesse
comum, envolvendo governos,
empresas e sociedade
Nelton Friedrich, diretor de
Coordenação e Meio Ambiente
Nelton Friedrich e Pedro Domanizcky falam sobre o CAB
Na plateia, autoridades da Unesco e Programa Hidrológico Internacional, entre outras instituições, assistiram as apresentações de Domaniczky
Jorge Samek em sua apresentação
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11
Goddard Space Flight Center
CONFERÊNCIA DO CLIMA
James Spalding e Nelton Friedrich em dois momentos do evento (acima e abaixo)
A convite da UNESCO,
CAB é apresentado a
dirigentes de 25 países
Fábrica de aço em
Benxi, na China: taxação do carbono é um
dos pontos-chaves das
discussões da COP 21
Conferência Internacional sobre a Água, Megacidades e
Mudança Global fez parte da programação da COP 21
Prefeito de Mariana
visitou estande da Itaipu
O diretor-geral paraguaio,
James Spalding, e o diretor de Coordenação e Meio
Ambiente, Nelton Friedrich, apresentaram o Programa Cultivando Água Boa
(CAB), na Conferência Internacional sobre a Água,
Megacidades e Mudança
Global, da Unesco.
O estande da
Itaipu na COP 21,
em Paris, recebeu
a visita do prefeito
da cidade mineira
de Mariana, Duarte Júnior. Ele demonstrou bastante
interesse nas ações
socioambientais
promovidas pela
Itaipu. Mariana está
entre os municípios mais atingidos
pelo rompimento
da barragem da
mineradora Samarco. O prefeito,
acompanhado de
assessores diretos e
O evento fez parte da programação paralela da 21ª
Conferência do Clima (COP
21), promovida pela ONU,
em Paris. O CAB foi eleito
pela ONU/Água como a melhor melhor prática de gestão
da água em 2015.
A COP reúne 150 chefes de
estado e representantes de governos de todo o planeta. O
objetivo é chegar a um acordo
global sobre redução de emissões para frear as mudanças
climáticas.
Durante o encontro, Giuseppe Arduino, especialista
do Programa de Ecohidrologia (PHI) da UNESCO, apresentou os trabalhos realizados
pelo programa relacionados
ao cuidado, ferramentas e metodologias para cuidar dos recursos hídricos do mundo. Ele
também falou sobre o programa da UNESCO para a avalia12
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
ção dos recursos hídrico, mudanças climáticas, qualidade
da água e a agenda 2030.
Friedrich falou sobre os princípios e objetivos da Rede
Global de Boas Práticas de
Gestão da Água, que a Unesco
pretende lançar em março de
2016, em Foz do Iguaçu.
Representantes de, pelo menos, 25 países de todo o mundo participaram da reunião.
O encontro foi presidido pela
Ita i p u Bi na c i onal
representantes do
governo de Minas
Gerais, participou
de uma reunião
com representantes
governamentais e
da iniciativa privada
da região de Nord
Pas-de-Calais. Essa
região francesa,
que também já teve
a mineração como
atividade econômica principal,
ofereceu à cidade
mineira apoio para
fornecer soluções
destinadas à diversificação das atividades econômicas.
Lideranças mundiais
debatem precificação
do carbono
A taxação do carbono, tida como prioritária para limitar o
aquecimento global, foi um dos pontos centrais da COP 21
A Itaipu Binacional esteve
presente em um dos mais importantes momentos da 21ª
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP 21), em Paris. A discussão sobre a precificação única
do carbono reuniu mais de 100
lideranças empresariais e governamentais de todo o mundo, entre elas o secretário de
estado norte-americano, John
Kerry, e o secretário-geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.
A diretoria financeira executiva de Itaipu, Margaret Groff, representou a binacional
no evento, repetindo a presença no Caring for Climate
Business Forum. Em 2014,
Margaret apresentou os projetos de mobilidade de Itaipu
e parceiros durante a COP 20,
em Lima, no Peru.
O Caring for Climate (Cuidando do Clima, em português) reúne esforços para evitar a crise da
mudança climática por meio da
mobilização de líderes empresariais e da implementação de soluções e políticas. Desde 2009,
Itaipu é signatária da iniciativa,
conduzida pelo Pacto Global.
Carbono em foco
A taxação do carbono, tida como
prioritária para limitar o aquecimento global, foi um dos pontos
centrais da COP 21. Para Kerry, o
setor privado é parte da mudança do clima, sem o qual não será
possível atingir a meta de reduzir
a temperatura em os dois graus
diretora da Divisão de Ciências da Água e secretária do
Programa Hidrológico Internacional, Blanca Jiménez.
Um dos focos do trabalho
da diretora é o Monitoramento Integrado de Água e
Saneamento relacionado à
Iniciativa Global de Gestão
Ambiental (Gemi), no cumprimento do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável
para a garantia de cidades e
comunidades sustentáveis.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, durante
reunião da Cúpula do Clima (COP21)
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Margaret Groff, diretora Financeira, representou Itaipu
Celsius até o final do século.
Segundo Margaret Groff, a
COP 21 somente guiará o planeta para essa meta se houver
convergência de ações entre
governos, empresas, organizações internacionais e a sociedade civil, alinhadas aos
objetivos do desenvolvimento sustentável.
“Os investimentos financeiros
e a definição de um preço global para o carbono foram importantes pontos de discussão,
mas chegar a um acordo exige
que os negócios e os governos
tenham objetivos claros e soluções práticas para os cuidados
do clima”, afirmou a diretora.
Cerca de 40 governos e mais
de 20 cidades, estados e regiões dispõem de mecanismos
de precificação de carbono,
cobrindo 89% do Produto
Interno Bruto do G20 (os 20
países mais ricos do mundo) e
75% do PIB mundial. O problema é que este valor sofre
variações de mais de 1.600%,
conforme a região. Na Suécia,
por exemplo, o preço da emissão por tonelada é fixado em
US$ 130. No Estado da Califórnia, o valor é de US$ 8/ton.
Mais de mil companhias informaram que promovem,
internamente, a taxação do
carbono, ou pretendem adotar
este mecanismo até 2017. No
mundo empresarial, os valores
são ainda mais discrepantes e
vão de US$ 1 a US$ 150/ton.
Para tentar um equilíbrio
nesta conta, o fórum reuniu
106 empresas. Além de Itaipu,
a lista integrou grandes corporações como Unilever, Michelin, Saint-Gobain, Google,
Mars, L’Oreal, PesiCo.
Para o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-Moon, agir contra a mudança climática oferece
uma porta de entrada para o
crescimento e inovação.
O painel teve, ainda, a participação das lideranças da
COP 21 como Laurence Tubiana, representante especial
da França; Laurent Fabius,
presidente da COP 21 e ministro Relações Exteriores e do
Desenvolvimento Internacional; do vice-presidente da Comissão Europeia e responsável
pela União da Energia, Maros
Šefčovič; do ministro de Meio
Ambiente do Peru, Manuel
Pulgar-Vidal; do ministro das
Relações Exteriores da Dinamarca, Kristian Jensen; do
membro do Parlamento Britânico, Sadiq Khan. Também
estiveram presentes representantes de organizações intergovernamentais como Banco Mundial, sociedade civil,
ONGs e universidades.
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
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13
IMPRESSÕES
CUIDADO GLOBAL
Desenvolvimento Sustentável,
Cultivando Água Boa e a Agenda 2030
Carta de Milão:
contra a fome, a
pobreza e pelo
desenvolvimento
sustentável
Foram concluídas em agosto de 2015 as negociações que culminaram na adoção, em setembro, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por ocasião da Cúpula das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.
Processo iniciado em 2013, após a Conferência
Rio+20, os ODS deverão orientar as políticas
nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos 15 anos, sucedendo e
atualizando os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODM).
novo modelo global para acabar com a pobreza,
promover a prosperidade e o bem-estar de todos, proteger o ambiente e combater as alterações climáticas.
Os ODS, embora de natureza global e universalmente aplicáveis, dialogam com as políticas e
ações nos âmbitos regional e local.
O Brasil participou de todas as sessões da
negociação intergovernamental. Chegou-se a
um acordo que contempla 17 Objetivos (veja
ao lado) e 169 metas, envolvendo temáticas
diversificadas.
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável definem uma nova fase da luta contra a
mudança do clima e construção de outro desenvolvimento. A histórica Conferência de
Paris - com a decisiva participação do Brasil
– estabelece, pela primeira vez, metas concretas para cada país na redução das emissões de
gases de efeito estufa.
Trata-se da nova agenda de ação até 2030. Esta
agenda é fruto do trabalho conjunto de governos e cidadãos de todo o mundo para criar um
Leia a seguir uma entrevista com o diretor de
Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu Binacional, Nelton Friedrich.
Qual a participação do
Brasil na construção da
Agenda 2030?
O Brasil estabeleceu metas ousadas. É importante lembrar que essa foi a
primeira vez que os países
estabeleceram metas. A
intenção brasileira é reduzir em 37% as emissões
de gases de efeito estufa
até 2015 e 43% até 2030.
Temos muito o que fazer.
E podemos fazê-lo com
14
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
responsabilidade compartilhada - governos, empresas públicas e privadas e
sociedade civil.
Como alcançar as metas
propostas?
A Agenda 2030 parece ser
a derradeira oportunidade
de grandes transformações
no modo de ser/sentir, viver, produzir e consumir
da sociedade planetária,
que não tem plano B, ou
Ita i p u Bi na c i onal
muda ou muda! Um exemplo concreto: para reduzir
em um terço as emissões o
Brasil vai ter de aumentar o
uso de energias renováveis
– aeólica, solar, biomassa
residual, biomassa plantada e hidrelétrica – e buscar
a eficiência energética.
Como é possível estabelecer
os ODS em nível local?
Essa ideia de fazer o global
com o local me anima mui-
to. Em Porto Alegre (PR),
no Fórum Social Mundial,
apresentei algumas ideias
para a implementação de
uma agenda microrregional e local como mobilidade urbana, construções
sustentáveis, lixões e aterros irregulares superados,
políticas municipais de
áreas verdes, qualificação
de pessoas para a ecotecnologia, bioarquitetura e
busca de novas tecnologias;
economia de baixo carbono
no currículo escolar, agenda de consumo consciente;
merenda escolar, eficiência energética; coleta, uso
e reuso da água; produção
local de energia. Mas só se
consegue isso com máximo
engajamento da sociedade
civil no processo de implementação, monitoramento,
transparência, construção
de consensos éticos mínimos (alianças) para mudanças e convergência de
políticas públicas, concretas e sincronizadas ações
locais, estaduais e nacionais. Temos de ter a ousadia e sair na frente.
uma grande importância...
As mudanças que o planeta
precisa passam, em muito, pelas cidades. Por isso,
cresce no mundo inteiro,
o significado e a premência
de alcançarmos cada vez
mais o patamar conceitual e
de ações práticas de cidades
sustentáveis. Nesse sentido,
já fiz uma reunião com os
prefeitos da região e integrantes da Plataforma Cidades Sustentáveis. A ideia
é olhar cada item das metas
brasileiras e dos ODS e começar a trabalhar nos municípios. E muito nós estamos fazendo há mais de 10
anos. O Cultivando Água
Boa dialoga com cada uma
das metas assumidas pelo
Brasil. Isso é fantástico.
O programa teve início em
2003 e deu certo porque os
fundamentos do programa
estão em valores, conceitos, metodologia e, evidentemente, em enfrentar as
causas do desequilíbrio planetário – poluição, contaminação, degradação ambiental e o trato com a água. Um
exemplo concreto: Itaipu já
está fazendo cursos de eficiência energética nos municípios. Daí, o acerto quando
há mais de três anos agregamos ao Cultivando Água
Boa e à região, a Plataforma
de Cidades Sustentáveis, é
como se estivéssemos tendo
uma antevisão de que isso se
transformaria num conceito, num programa planetário. O cuidar de nossa casa
comum clama por cidades/
municípios acolhedoras, de
vivência e convivência, ambientadas para o relacionar,
o conforto, o lazer, a cultura
de bem viver, de democracia de alta intensidade, de
vitalidade comunitária, de
territórios saudáveis, sustentáveis.
As cidades acabam tendo
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Documento foi firmado por Itaipu durante a
Expo Milão, que recebeu representantes de
mais de 140 países e 20 milhões de visitantes
A Itaipu Binacional assinou a
Carta de Milão, reafirmando
o compromisso contra a fome
e a pobreza. O documento
tem quatro pontos centrais:
desenvolvimento sustentável,
fomento à agricultura responsável, redução de desigualdades nas áreas urbanas e respeito à identidade sociocultural
que o alimento fornece. Várias ações desenvolvidas por
Itaipu já estão ligadas a esses
compromissos.
O documento firmado é resultado de debates realizados na
Expo Milão 2015, que foi aberta em 1º de maio e terminou
em 31 de outubro, recebendo
mais de 140 países e de 20 milhões de visitantes. Assinaram
a carta o diretor-geral brasileiro
da Itaipu, Jorge Samek; o diretor de Coordenação e Meio
Ambiente, Nelton Friedrich;
e o diretor executivo de Coordenação (Paraguai), Pedro
Domaniczky. Os dirigentes de
Itaipu comandaram várias atividades no Pavilhão do Brasil, a
principal delas foi o seminário
“Território, Água, Energia e
Alimento”, realizado nos dias
10 e 11 de outubro.
Para Samek, “o gover-
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no brasileiro já assumiu esse
compromisso, mas é também preciso que outras instituições, além dos governos,
como as empresas, enfim,
toda a sociedade civil organizada, trabalhem em conjunto
para desenvolver políticas
públicas que garantam os direitos básicos das pessoas”. E
acrescentou: “A Carta de Milão é um chamado para isso”.
Hoje, lembrou, o mundo
replica vários programas sociais desenvolvidos no Brasil,
como Fome Zero, Luz para
Todos e Merenda Escolar.
Muitas iniciativas de Itaipu
também vêm sendo replicadas mundo afora, entre elas,
o Programa Cultivando Água
Boa, adotado em seis países e
em três estados brasileiros. O
programa de uso do biometano, que reaproveita resíduos
orgânicos, é outro exemplo de
sucesso. A ação já está replicada no Uruguai.
Na
palestra
Samek, Domaniczky, Friedrich e Boff, junto ao equipamento que registra a assinatura à Carta de Milão
de abertura do seminário
“Território, Água, Energia e
Alimento”, Samek explicou,
para cerca de 100 convidados,
como a atuação de Itaipu, a
maior geradora de energia
limpa renovável do mundo,
está diretamente conectada
aos temas da Carta de Milão.
Itaipu é referência nas ações
de preservação ambiental, no
incentivo à produção de alimentos orgânicos e em geração de energia limpa e renovável, entre outros.
Samek também explicou
que a Itaipu é a principal
referência do governo brasileiro para os novos projetos
hidrelétricos. Embora seu
projeto seja de uma época em
que a preocupação ambiental
era praticamente nula, Itaipu
sempre deu atenção a
essa questão.
Desde 1979, quando o reservatório da usina foi formado,
foram plantados mais de 44
milhões de mudas nas margens brasileira e paraguaia da
usina. É o maior programa de
reflorestamento do mundo já
feito por uma hidrelétrica.
O principal programa socioambiental de Itaipu, o Cultivando Água Boa, criado em
2003, é referência não só para
o setor elétrico brasileiro,
como obteve da ONU o prêmio como a melhor prática
de gestão da água.
Jorge Samek lembrou que o
governo brasileiro vai aproveitar a experiência do Cultivando
Água Boa para a recuperação
dos reservatórios do Centro Sul
do País, a grande caixa d’água
do setor elétrico do Brasil.
O Ministério de Minas e
Energia já anunciou a criação de um programa federal específico, destinado à
recuperação ambiental das
áreas de reservatórios de hidrelétricas, com replantio,
proteção de nascentes e outras medidas que ampliem
a oferta de água, tanto para
geração de energia, quanto
para o uso humano.
O mundo replica vários programas
sociais desenvolvidos no Brasil,
como Fome Zero, Luz para Todos e
Merenda Escolar. Muitas iniciativas
de Itaipu também vêm sendo
replicadas mundo afora, entre elas,
o Programa Cultivando Água Boa
Jorge Samek, diretr-geral
brasileiro de Itaipu Binacional
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a
Pavilhão Brasil, onde foi realizado o seminário “Território,
Água, Energia e Alimento”
sob
Bo
a responsabilidade
I t a i pu B i n a c de
i o nItaipu
al
15
EXPO milão
Leonardo Boff apresenta
o CAB no seminário
“Território, Água, Energia e Alimento”
referência na produção de grãos
O Brasil produziu, na safra 2013/14,
196,7 milhões de toneladas de grãos
O Paraná, sozinho,
respondeu por
19%
dos grãos
produzidos no Brasil
Mário César Costenaro: programa comprova que o oeste do Paraná está preparado
Parcerias são ferramentas
para o desenvolvimento
O Oeste teve uma
participação de
27%
da produção
agrícola do Estado
A formação de parcerias, estimulada pelo Programa Oeste
em Desenvolvimento, foi apresentada na Expo Milão
como estratégia para o crescimento econômico
Na Expo Milão, lições de sustentabilidade para o mundo
Cultivando Água Boa foi apresentado como um exemplo de atenção ao meio ambiente e à dignidade humana
Em outubro, sete meses depois de receber a chancela
da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova
York, como “Melhor prática
em gestão da água”, o programa Cultivando Água Boa,
criado pela Itaipu Binacional,
chegou ao Pavilhão Brasil, da
Expo Milão, na Itália, dando lições de sustentabilidade
para o mundo.
O diretor de Coordenação
e Meio Ambiente de Itaipu,
Nelton Friedrich, apresentou
o programa Cultivando Água
Boa no seminário “Território, Água, Energia e Alimento, no Pavilhão Brasil”, na
Expo Milão.
O tema foi comentado por Leonardo Boff, teólogo, filósofo,
escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta
da Terra. Boff é um dos nomes
16
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
mais respeitados nas questões
de sustentabilidade e tem dado
seu aval ao programa.
A Itaipu foi convidada por
ter relação direta com as proposições da Carta de Milão. O
documento aborda quatro temas relacionadas ao direito à
alimentação.
Para Friedrich, “a participação de Itaipu na Expo Milão teve um significado especial porque essa foi uma
edição mundial histórica,
trazendo como eixos questões decisivas para a humanidade, com as quais Itaipu
já trabalha com consistência
e exemplaridade”.
Energia
Representando o governo
brasileiro, a Itaipu apresentou
também o setor elétrico do
País como o de matriz enerIta i p u Bi na c i onal
gética mais limpa do mundo
industrializado, graças principalmente à utilização dos recursos hídricos.
“É, sem dúvida, uma oportunidade ímpar para divulgar,
em escala global, a exemplar
matriz energética nacional,
considerada a mais renovável
do mundo industrializado,
neste momento em que outras
grandes nações firmam compromissos de longo prazo para
prescindir ao máximo dos
combustíveis fósseis em prol
de energias renováveis”, diz o
diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
Também participaram do
seminário o superintendente de Energias Renováveis
de Itaipu, Herlon Goelzer de
Almeida; e o presidente da
Cooperativa Lar, Irineu da
Costa Rodrigues.
Todo o potencial do Oeste do
Paraná, especialmente na produção de alimentos, e a forma
como a região vem se organizando para dar um salto na
economia local, por meio de
parcerias, foram mostrados
na Expo Milão. O tema foi
apresentado pelo presidente
do Programa Oeste em Desenvolvimento, Mário César
Costenaro. A região é uma das
que mais crescem no Paraná
e concentra uma das maiores
produções de grãos do País.
A região é formada por 50
municípios que, juntos, somam 1.291.492 habitantes.
O PIB deverá chegar aos R$
32 bilhões. O Oeste em Desenvolvimento reúne mais
de 30 instituições, entre elas
a Itaipu Binacional, o Sebrae,
a Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Oeste do Paraná, a
Associação dos Municípios
do Oeste do Paraná, o Parque Tecnológico Itaipu e a
Federação das Indústrias do
Paraná, além de cooperativas e instituições de ensino
superior.
Criado em agosto de 2014,
o Programa Oeste em Desenvolvimento tem por desafio, de acordo com Costenaro, alçar uma das regiões
que mais crescem no Brasil
a um novo estágio no seu
processo de desenvolvimento e de estruturação.
“O programa é uma das mais
recentes comprovações de
que o Oeste está suficientemente preparado para empregar, com eficiência, ferramentas modernas como
o planejamento, o conceito
de foco nas cadeias produti-
vas propulsivas, para dar um
passo além e, gradualmente,
multiplicar prosperidade.”
O Oeste é referência na produção de grãos, e de sua transformação em proteína. O Brasil produziu, na safra 2013/14,
196,7 milhões de toneladas de
grãos. O Paraná, sozinho, respondeu por 19,4% desse total,
ou seja, 38 milhões de toneladas. O Oeste, por sua vez, teve
uma participação de 27% da
produção agrícola do Estado.
Atualmente, mais de 85% da
soja e de 90% do milho que a
região produz são transformados em proteína animal, principalmente frango, o que faz
do Oeste o campeão brasileiro
em produção e em exportação
desse tipo de carne.
As cooperativas agropecuárias deram e ainda dão forte
impulso à economia regional.
Cinco figuram entre as maiores e melhores empresas do
agronegócio brasileiro, segundo publicações especializadas.
Juntas, faturaram R$ 13 bilhões em 2014.
Leonardo Boff comenta o CAB na Expo Milão: incentivador
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EXPO milão
Water Right Foundation assina
acordo de cooperação
O diretor-geral brasileiro da
Itaipu Binacional, Jorge Samek e o presidente da Water
Right Foundation, Mauro
Perini, assinaram, durante a
Expo Milão, um acordo de cooperação que prevê a promoção conjunta de ações culturais, educacionais e de apoio à
investigação e inovação.
melhor prática em todo o
mundo pela ONU-Água”,
disse. O CAB foi reconhecido pela ONU como uma das
melhores práticas mundiais
de gestão da água.
“Vamos desenvolver progressivamente uma rede internacional de boas práticas
sobre o nexo água-energia,
água-alimentos, com a participação decisiva dos ci-
dadãos e das comunidades
locais, que serão capazes de
fazer a transição, que mais
do que necessária, se tornou
urgente”, disse Friedrich.
Para ele, é preciso agir imediatamente a nível local “dando impulso mútuo a este movimento que o programa CAB
já começou na América Latina
e outros países o mundo.”
“Vamos dar o impulso
para a criação de redes internacionais de boa prática,
mesmo em pequena escala, inspirados pela tradução
concreta e operacional dos
princípios da Carta da Terra,
numa perspectiva de modelos locais participativos e integrados para um desenvolvimento
verdadeiramente
sustentável”, disse Perini.
“Estamos no final do fim
do mundo e se está estabelecendo uma nova consciência ambiental e planetária e a
encíclica do Papa Francisco é
um impulso formidável nessa
direção”, disse Samek durante sua apresentação. “Em 80
anos, quando a energia do
planeta vier inteiramente do
sol e outras fontes limpas, a
grande barragem de Itaipu sediará um museu que vai servir
para advertir as gerações vindouras, mostrando-lhes o impacto causado nestes tempos
tão remotos para a geração de
energia”, completou.
Nelton Friedrich, coordenador do programa Cultivando Água Boa, que tem
papel fundamental no acordo, também participou da
solenidade. “É um grande
prazer, uma grande satisfação e uma grande responsabilidade anunciar a assinatura deste acordo, que segue
muitos anos de amizade e de
associação com esta extraordinária experiência de CAB,
agora reconhecido como
18
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Momento da assinatura do acordo de cooperação
Participantes da organização Legambiente, da Lombardia, que colaboraram na organização do seminário “Energia Brasil”, na Expo Milão
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DESENVOLVIMENTO
Em Turim, Ban Ki-Moon diz que não haverá
paz sem engajamento e ações locais
Samek faz apresentação
inédita na OCDE
Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local, em Turim, discutiu a importância da governança
Cultivando Água Bao foi apresentado como ferramenta para
promover o desenvolvimento sustentável
O diretor-geral brasileiro da
Itaipu Binacional, Jorge Samek, apresentou o programa
Cultivando Água Boa (CAB) à
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em Paris.
É repetitivo, mas
é real e nunca foi
tão verdadeiro:
o local é a parte
importante para
um mundo global
verdadeiramente
próspero, humano
e de paz
Ban Ki-Moon,
secretário-geral da ONU
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-Moon, declarou no
3º Fórum Mundial de Desenvolvimento Econômico Local,
em Turim, na Itália, que não
haverá paz e prosperidade
sem políticas e engajamento
pleno de agentes públicos e
privados, sem os princípios
baseados em ações locais de
inclusão produtiva. “É repetitivo, mas é real e nunca foi tão
verdadeiro: o local é a parte
importante para um mundo
global verdadeiramente próspero, humano e de paz”, disse.
Ban Ki-Moon havia declarado que o Programa Cultivando Água Boa tem “potencial
para transformar a vida de
milhões de pessoas, porque
apresenta possibilidades extraordinárias”. Essa declara20
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
ção foi feita quando o CAB
havia sido recém-premiado
pela ONU como melhor prática de gestão da água do mundo. As ações do programa são
baseadas em iniciativas que
respeitam a territorialidade.
Segundo o secretário geral,
“não haverá paz sem inclusão
produtiva, daí a importância
desse trabalho”.
A Itaipu Binacional e representantes da região participaram do 3º Fórum Mundial de
Desenvolvimento Econômico Local com vários painéis
e debates. O superintendente de Energias Renováveis,
Herlon Goelzer de Almeida,
moderou um dos painéis. O
tema foi a importância da governança para o desenvolvimento local. Participaram do
Ita i p u Bi na c i onal
debate representantes da Prefeitura de Araras (SP), da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), do Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD),
entre outros. Almeida também apresentou o Programa
de Desenvolvimento do Oeste do Paraná com o presidente iniciativa, Mario César
Costenaro.
Uma das propostas do Programa Oeste em Desenvolvimento é promover o desenvolvimento local, assegurando
a riqueza na região e o bem
-estar das pessoas. A fórmula
não chega a ser novidade. Países de primeiro mundo descobriram há tempos que investir
no micro-território pode ser
um grande negócio.
A preocupação com o desenvolvimento da região é uma
questão que sempre esteve
na pauta da Itaipu Binacional e acabou ganhando uma
nova amplitude em 2014,
com a criação do programa.
O programa é uma ação de
governança regional, que tem
como objetivo promover o
desenvolvimento econômico do Oeste paranaense, por
meio da participação coletiva,
e fomentar a cooperação entre
empresas públicas e privadas.
Fórum 2013
Foz do Iguaçu sediou, em
2013, o 2º Fórum Mundial
de Desenvolvimento Econômico Local - o maior evento
já realizado pela Itaipu Binacional e parceiros, com um
público recorde de 4,2 mil
pessoas de 58 países.
A OCDE é uma organização, criada em 1961, que reúne 34 países, a maioria com
o PIB e Índice de Desenvolvimento Humano elevados também é chamada de “Grupo dos Ricos”.
O programa CAB foi apresentado à OCDE como instrumento de cooperação internacional do Brasil com os demais
estados-membros, no campo
do Desenvolvimento Sustentável, em seus aspectos social,
econômico e ambiental.
Nessa atividade, Samek esteve acompanhado do embaixador do Brasil na França, Paulo César de Oliveira
Campos, da embaixadora
da Suécia na OCDE, Annika
Markovic: Marcos Bonturi,
diretor de relações globais
-OCDE; Aziza Ackmouch,
chefe do programa de governança hídrica-OCDE; e Ivana
Capozza, chefe da unidade
de revisão de performance
ambiental-OCDE. Também
participaram a diretora Financeira Executiva da Itaipu,
Margaret Groff, e o diretor
de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich.
No evento, realizado em
dezembro, o CAB foi apresentado como um exemplo
de iniciativa para melhorar o
bem-estar econômico e social
das pessoas, o que coincide
com a missão da OCDE.
A organização reúne 34 países de todo o mundo (inclusive o Brasil), além dos países
da União Europeia, e, entre
suas funções, está a obrigação
de trabalhar conjuntamente
para compartilhar experiências e buscar soluções para
problemas comuns.
O Fórum discutiu caminhos
para que cidades do mundo
todo, incluindo as da região,
possam se desenvolver de forma sustentável, com base em
prática e projetos realizados
com sucesso em outras localidades, para ampliar as oportunidades de melhorar a vida
da população.
Durante o evento, o ex-presidente Lula afirmou que “o
Brasil acertou a mão quando
acreditou no povo”. “Se o poder público, ao invés de ficar
inventando a roda, tiver mais
humildade e ouvir a sua população e os anseios locais vai
saber implementar ações verdadeiras de desenvolvimento
econômico local.”
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CAB tem potencial para
novos acordos, avalia
diretor da Agência
Brasileira de Cooperação
Jair Kotz explicou a João Almino, diretor da ABC, o
funcionamento do CAB e seus resultados
O novo diretor da Agência Brasileira de Cooperação
(ABC), João Almino, esteve
na Itaipu para conhecer pessoalmente o programa Cultivando Água Boa (CAB).
Segundo ele, o Programa Cultivando Água Boa (CAB) é
um dos que mais lhe chamou
a atenção. A visita ocorreu no
início de setembro, duas semanas após sua posse.
“Outros países como Nicarágua e Honduras já nos
pediram para verificar a possibilidade de acordos de cooperação”, informou Almino.
“Se tivermos a capacidade de
atender a essas demandas,
acredito que o programa tem
um potencial enorme de expansão.”
Em 2014, o CAB se tornou
uma política de cooperação do
governo brasileiro através da
ABC e com o apoio da Agência Nacional de Águas (ANA).
Desde então, o programa foi
adotado pelos governos da
República Dominicana e da
Guatemala, além de outras
experiências de replicação no
âmbito do Mercosul.
Samek, Ivana Capozza, Margaret Groff e Nelton Friedrich: cooperação internacional
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Segundo Almino, o que mais
chama a atenção no CAB – e
que tem despertado o interesse
de outros países pela metodologia – é o envolvimento das
comunidades. “Além disso, o
Brasil é muito bem visto quanto à cooperação técnica, especialmente no âmbito Sul-Sul.
Temos (na África e na América Latina) problemas parecidos. Então, é natural que haja
um interesse em compartilhar
soluções”, afirmou.
Almino recebeu explicações
sobre o CAB do superintendente de Gestão Ambiental,
Jair Kotz, fez uma visita técnica e, em seguida, foi recebido
pelo diretor-geral brasileiro
Jorge Samek.
“O tema da sustentabilidade
não é modismo. Veio para
ficar”, disse Samek. “E apesar
de haver muitas experiências
interessantes e necessárias,
ainda são poucos os casos
concretos com dimensão territorial, com metodologia e
resultados, como é o caso do
CAB. Por isso, estamos totalmente abertos à cooperação
com outros países ou instituições que tenham interesse em
reproduzir essa experiência
bem sucedida”, completou.
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Iniciativas premiadas
Costa Rica também deve
implantar programa
Pacto das Águas com a presença de Leonardo Boff
Reunião com a equipe do governo dominicano
República Dominicana celebra
um ano de implantação do CAB
Com a presença de Leonardo Boff, padrinho do CAB, foram realizadas reuniões, visita à comunidade e palestras
As comemorações pelo primeiro ano de atividades do
Programa Cultivando Água
Boa na República Dominicana foram marcadas por várias atividades e a presença de
uma comitiva brasileira formada pelo superintendente
de Meio Ambiente de Itaipu,
Jair Kotz; Horácio Figueiredo
da Agencia Nacional de Águas
(ANA), Ana Elena, da Agência Brasileira de Cooperação
(ABC) e pelo filósofo, teólogo
e escritor Leonardo Boff.
A comitiva participou de
reuniões com o presidente
dominicano Danilo Medina,
ministros dominicanos, fez
visitas a microbacias onde o
CAB foi instalado, percorreu
os rios Ozama e Izabela e conduziu o Pacto das Águas, na
microbacia Arroio Gurabo.
cana, Gustavo Montalvo. “O
programa Cultivando Água
Boa mostra o caminho para
conduzir a uma mudança
profunda para os nossos ecossistemas e nossas comunidades”, disse o ministro.
Na reunião a comitiva brasileira destacou a importância
de sensibilizar e informar todos os cidadãos para estimular as mudanças alinhadas ao
conceito de sustentabilidade.
Na República Dominicana,
a comitiva de Itaipu também
percorreu os rios Ozama e
Isabela, onde estão localizadas as comunidades que
participam do CAB, com o
objetivo de compartilhar experiências sobre os progressos do programa.
Pacto
O CAB foi implantado em
três microbacias da República
Dominicana, envolvendo 150
organizações e mais de 4 mil
pessoas das comunidades. Na
próxima fase, o projeto deve
alcançar uma das maiores microbacias do país.
Mais de 30 organizações, incluindo órgãos do governo,
organizações comunitárias,
associações de bairro e instituições não-governamentais
Assinatura da Carta de Interesse pelas autoridades da Costa Rica e Itaipu
participaram do Pacto das
Águas na Microbacia Arroio
Gurabo, com a presença de
Leonardo Boff e o ministro
de Energia e Minas, Antonio
Isa Conde.
A atividade foi realizada no
Parque Mansão do Café, uma
zona ambientalmente preservada. O Pacto das Águas é
uma declaração de compromisso com o desenvolimento integral e sustentável das
comunidades situadas na microbacia.
Leonardo Boff é
condecorado pelo
presidente Danilo Medina
Jair Kotz, o presidente Danilo Medina e a vice-presidenta,
Margarita Cedeño de Fernández
Em sua fala, Boff lembrou a
dimensão ecológica dos participantes do programa e convidou a todos a ver a Terra
“como uma casa comum, que
se ama, se cuida e se venera”.
Conde disse que a presença de Boff no país permitiu
semear a consciência contra
a depredação, o ataque ao
meio ambiente e, particularmente, à água.
Oficina com uma das
comunidades (acima)
e percurso no Rio
Ozama (abaixo)
O filósofo, teólogo
e escritor Leonardo
Boff foi condecorado
pelo presidente da
República Dominicana,
Danilo Medina, com
a Ordem do Mérito
de Duarte, Sánchez e
Mella - a maior condecoração Concedida pelo governo da
República Dominicana;
por sua contribuição
ao desenvolvimento
sustentável na América Latina e Caribe.
“A condecoração
representa um desafio
para continuar a desenvolver, resistir e persistir na luta em nome da
Mãe Terra, de todos
os seus filhos e filhas,
especialmente os mais
vulneráveis”, disse. Ele
ressaltou a importância
do acordo de cooperação entre a República
A comitiva foi recebida pelo
ministro da Presidência da
República
Domini-
Dominicana e o Programa Cultivando Água
Boa, “uma relação de
amizade e de sinergia,
que é o que todos
nós necessitamos”.
Boff fala também que
o Presidente Medina
cumpre a missão de
governar e que leva o
povo dominicano em
seu coração. “Governar com justiça social
é um gesto de amor
pelo povo e, pelo que
ouvi, o presidente está
pleno dessa missão”.
O governo da Costa Rica
manifestou interesse em
implantar o Programa Cultivando Água Boa. O documento, preparatório para
um acordo de cooperação,
foi assinado em janeiro, após
um encontro que teve como
tema o programa.
A Carta de Interesse foi assinada pela ministra do Planejamento Nacional e Política
Econômica, Olga Sánchez;
pelo reitor da Universidade
Nacional (UMA), Alberto
Echeverría; o diretor de Coordenação e Meio Ambiente
de Itaipu, Nelton Friedrich; e
o teólogo, filósofo e escritor,
Leonardo Boff.
A ministra do Planejamento, Olga Marta Sánchez disse
que “é importante encontrar
novas fontes que nos diversifiquem e nos permitam busca
um equilíbrio de nossos recursos hídricos”. Ela lembrou
quae o presidente da Costa
Rica declarou duas bacias hidrográficas livres de represas
para atender à busca de um
equilíbrio adequado. “Outro
ponto importante é que temos de pensar que as decisões sobre os recursos hídricos não são somente decisões
do governo, do poder ou instituições públicas, mas são,
fundamentalmente, decisões
que devem ser tomadas com
os cidadãos.”
Nelton Friedrich destacou
que o programa tem por eixo
fazer com que os cidadãos
sintam e entendam o território em vivem. “Esse é o primeiro passo que devemos dar
para poder melhorar”, disse.
“Não se buscam culpados,
o que se busca é diminuir o
impacto das atividades dos
cidadãos. A responsabilidade
é de todos”, completou.
O documento elenca alguns
pontos CAB a serem adotados
como a inclusão social, com
conservação dos solos e da
biodiversidade; uso de metodologias inovadoras de gestão,
educação e ação ambiental; e
participação comunitária.
Após a homenagem
falando sobre “Os
desafios da América
Latina e do Caribe no
contexto dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, Boff
finalizou a cerimônia
de condecoração com
uma palestra magna.
Público na apresentação do CAB, na Costa Rica
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REFLEXÃO
“Celebrando o Prêmio ONU-Água” é
tema da 13ª edição do encontro
A programação inclui debates, assinatura de convênios e premiação de boas práticas do Cidades Sustentáveis
Preparação para o
Encontro do CAB reuniu
parceiros e atores sociais
A participação e o envolvimento da comunidade são
base do programa premiado pela ONU-Água
Para preparar o 13º Encontro
Cultivando Água Boa – programado para março de 2016
–, foram realizados três eventos em Toledo, Itaipulândia e
Marechal Cândido Rondon,
no mês de novembro, com o
objetivo de avaliar, de forma
coletiva, as principais ações
do Programa Cultivando
Água Boa (CAB) nos municípios, reunindo sugestões de
melhoria e de políticas públicas para a região.
As reuniões refletem uma
das principais características
do CAB, que é a governança inovadora, sustentada na
participação e envolvimento dos diversos parceiros e
atores sociais da região nos
processos de planejamento,
implementação e avaliação
dos programas – entre eles,
Educação Ambiental; Gestão por Bacias Hidrográficas; Desenvolvimento Rural
Sustentável; Coleta Solidária;
Plantas Medicinais; Sustentabilidade de Comunidades
Indígenas; Valorização do
Patrimônio Institucional; e
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J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
O Prêmio da ONU foi recebido no ano passado pelos diretores de Itaipu, em Nova York
Atividades em Toledo
e Itaipulândia
Regional Produção de Peixes
em Nossas Águas.
Tudo melhor
Durante os pré-encontros, o
diretor de Coordenação e Meio
Ambiente da Itaipu, Nelton
Friedrich, reforçou a importância das decisões coletivas e da
participação dos atores sociais
e parceiros no planejamento e
avaliação do CAB.
Segundo o prefeito de Itaipulândia, Miguel Bayerle, o CAB
vai muito além do cuidado
com a natureza. “O programa
inclui as pessoas, que, com ele,
têm um ambiente e uma vida
melhores.”
A 13ª edição do Encontro Cultivando Água Boa, que será realizada nos dias 17 e 18 de março, terá como tema a celebração
do Prêmio ONU-Água, recebido em 2015 pelo programa. O
evento será realizado no Hotel
Rafain Palace Expo Center.
Entre os convidados deste
ano estão o ministro de Minas
e Energia, Eduardo Braga, a
coordenadora do Programa
Década da Água das Nações
Unidas, Josefina Maestu; e o
filósofo, teólogo e escritor, Leonardo Boff.
O programa inclui
as pessoas, que,
com ele, têm um
ambiente e uma
vida melhores
Miguel Bayerle,
Itaipulândia
A celebração do prêmio está
especialmente reservada para
um debate, no dia 18, com Josefina Maestu, Boff e o diretor de
Coordenação e Meio Ambiente
da Itaipu, Nelton Friedrich.
A abertura oficial do evento
está marcada para as 15h30
do dia 17, mas as atividades
já começam pela manhã com
atores sociais da BP3 nas oficinas temáticas, que irão avaliar
as ações realizadas no decorrer de 2015.
Um outro destaque é a mesa
Josefina Maestu é uma das convidadas do evento
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-redonda “Cultivando Água
Boa: uma ferramenta para
os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”,
programada para a tarde de
quinta-feira. Os debatedores
serão o subsecretário-Geral
de Meio Ambiente, Energia e
Ciência e Tecnologia no Ministério das Relações Exteriores, José Antonio Marcondes
de Carvalho; o coordenador
regional do Programa Hidrológico Internacional da
Unesco, Miguel Doria; Nelton Friedrich; e a especialista
do Departamento de Florestas da FAO, Hivy Ortiz. A
mediação será feita pelo superintendente de Meio Ambiente da Itaipu, Jair Kotz.
Outro debate do primeiro
dia de encontro ficará a cargo
do diretor-geral brasileiro de
Itaipu, Jorge Samek, e do engenheiro agrícola da Embrapa, Eduardo Assad. Ambos
falarão sobre “Sustentabilidade territorial: água, solo, biodiversidade, produção agrícola e mudanças climáticas”.
Na quinta-feira também haverá assinatura de convênios
do Programa Cultivando Água
Boa com os municípios da BP3.
Sustentabilidade territorial: alimento e saúde é o tema de outra
mesa-redonda, com Roberto de
Almeida – clínico geral e professor da Universidade Federal
de Integração Latino-Americana (Unila), e Alessandra Luglio,
nutricionista clínica especialista
em gastronomia natural.
Na programação está prevista,
também, a apresentação de Leonardo Boff; Regina Fitipaldi,
da União Planetária; o também teólogo e escirtor, Afonso
Murad; e o diretor de Itaipu,
Nelton Friedrich. Eles irão falar
sobre “Sustentabilidade territorial: inclusão social produtiva e
cultura da sustentabilidade”.
A programação do encontro
prevê ainda a premiação das boas
práticas do Programa Cidades
Sustentáveis na Bacia do Paraná
3 e um preparativo para o Fórum
Mundial das Águas de 2018.
As apresentações culturais,
distribuídas no dois dias de
evento, ficarão a cargo de grupos da região da BP3 como
Maracatu Alvorada Nova;
Coral Juvenil de Marechal
Cândido Rondon; Circo de
Toledo; e do Programa de
Integração e Incentivo ao
Trabalho (PIIT) de Itaipu.
Também farão apresentações
Gelson Lautert (Itaipulândia),
Juliana Valiati (Nova Santa
Rosa) e Gladys Rosana (Puerto Iguazu, Argentina).
A celebração do prêmio está
especialmente reservada para um
debate, no dia 18, com Josefina
Maestu, Boff e o diretor de
Coordenação e Meio Ambiente da
Itaipu, Nelton Friedrich
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Referência
SHOW rural
O adeus a Nonô Pereira,
um dos pioneiros do
plantio direto
Técnica criada há 40 anos revolucionou a agricultura brasileira e
está presente em quase metade da área plantada no país
O agricultor Manoel Henrique
Pereira, Nonô Pereira, como
era mais conhecido, foi um dos
pioneiros da técnica do plantio
direto (SPD), criada há 40 anos.
“Éramos chamados de visionários, poetas, filósofos e até de
loucos. Mas as novas gerações
aceitaram [a nova tecnologia]
e o programa avançou”, contou ele no lançamento do livro
“Plantio Direto: A tecnologia
que revolucionou a agricultura
brasileira”, em fevereiro do ano
passado, em Cascavel. O visionário Nonô Pereira, que transformou a agricultura brasileira,
faleceu em setembro, vítima de
câncer, aos 76 anos.
O livro, uma homenagem de
Itaipu, narra a saga de Nonô e de
Herbert Bartz e Franke Dijkstra,
que compartilham a criação da
técnica, hoje presente em quase
metade da área plantada do Brasil.
Em artigo publicado pela revista A Granja, na edição de
agosto do ano passado, o diretor-geral brasileiro de Itaipu,
Jorge Samek, disse que “foi
emocionante reunir Herbert
Bartz, Franke Dijkstra e Nonô
Pereira no mesmo evento [em
Cascavel] para homenageá-los.
Os três ajudaram a transformar
a agricultura brasileira e orgulham o nosso Estado. Devemos,
portanto, uma enorme gratidão
a esses heróis paranaenses”.
O superintendente de Energias
Renováveis de Itaipu, Herlon
Goelzer de Almeida, que assinou a coordenação editorial do
livro, ao lado de Paulino Motter, destacou que os pioneiros
do plantio direto “mudaram a
cara da agricultura brasileira e
mundial, ao criarem um novo
sistema de produção agrícola,
que hoje ocupa entre 32 e 35
milhões de hectares no Brasil”.
“Acima de tudo, é um sistema que auxilia sobremaneira
a preservação do solo e das
águas”, disse Herlon. “Convenhamos que, 40 anos atrás,
os tempos eram outros, e a
persistência dos pioneiros em
buscar um sistema sustentável é admirável. Hoje temos
que agradecer e reconhecer os
benefícios conseguidos, frutos
de sua perspicácia e obstinação, tanto em criar como em
difundir o sistema.”
A Vitrine representa uma propriedade rural com diversos conceitos de agroecologia
Éramos chamados de
visionários, poetas,
filósofos e até de loucos.
Vitrine divulga conceitos de agroecologia
Espaço mostra que orgânicos são uma boa opção para a agricultura familiar e a diversificação da pequena propriedade
Nonô Pereira, agricultor
Os três ajudaram a transformar
a agricultura brasileira e
orgulham o nosso Estado.
Devemos, portanto, uma
enorme gratidão a esses
heróis paranaenses
Jorge Samek
Destaques da participação de
Itaipu no Show Rural Coopavel 2016, em Cascavel, a Vitrine Tecnológica de Agroecologia e o estande apresentando
as vantagens do uso do biometano receberam centenas
de visitantes.
A vitrine, um espaço de 2.600
metros quadrados, localizado
próximo ao mirante, é organizada por vários parceiros e
representa uma propriedade
rural com diversos conceitos
de agroecologia.
“O show rural é uma grande vitrine da diversidade de públicos,
de vários segmentos econômicos e sociais. Um componente
importante desta diversidade
é a agroecologia”, afirma o diretor de Coordenação e Meio
Ambienta da Itaipu, Nelton
Friedrich. “A vitrine mostra que
os orgânicos são uma boa opção
para a agricultura familiar e para
o pequeno produtor diversificar sua propriedade. Eles terão
mais ganhos e vão gerar menos
impacto ao meio ambiente e à
saúde humana”.
Nos primeiros dias da feira, a
vitrine foi o espaço mais disputado. “Muita gente vem visitar.
Eles têm várias perguntas”, diz a
gestora do Projeto Plantas Medicinais de Itaipu, Liziane Kadi-
Franke Dijkstra, Herbert Bartz e Nonô Pereira, os homens que revolucionaram a agricultura brasileira com o plantio direto
26
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
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Estande da Itaipu com veículo movido a biometano
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ne. “Eles querem saber como é
feito na prática, têm expectativa
de levar estas técnicas para as
lavouras deles”, completa.
do biometano. Os visitantes tiveram oportunidade de conhecer o Grand Siena Tetrafuel,
movido a biometano.
Entre os conceitos de agroecologia mostrados na Vitrine,
estão o formato de mandala e
o consórcio de hortaliças. “A
mandala tem a questão mística de concentração de energia,
mas também facilita o sistema
de irrigação. A variedade de
hortaliças confunde as pragas.
Nós também promovemos a
rotação de cultura para não estressar o solo”, explica Ronaldo
Juliano Pavlak, do Projeto de
Incentivo a Produção e Consumo de Orgânicos, da Itaipu.
“Há mais de dez anos participamos do Show Rural com
afinco e se você analisar nossa
primeira participação, a realidade era totalmente diferente.
Hoje, a produção de biogás é
uma realidade. Acreditamos
que daqui a dez anos será comum boa parte dos produtores
da região estarem familiarizados com esta tecnologia”, analisou o diretor-geral brasileiro de
Itaipu, Jorge Samek.
Na vitrine, os visitantes encontram inhame, cará, azedinha e
alface selvagem, entre outros
alimentos que hoje caíram no
gosto das pessoas.
Acima, laboratório de
biogás; equipe de Itaipu na
Vitrine Ecológica (ao lado);
Estufa feita de bambus com
várias culturas (abaixo)
O estande da Itaipu apresentou
entre outros destaques as ações
desenvolvidas pela empresa na
área de energias renováveis,
principalmente as vantagens do
uso do biometano. A iniciativa
é uma parceria com o Centro
Internacional de Energias Renováveis – Biogás (CIBiogás),
que também levou à feira um
laboratório de biogás que simula as combinações de diferentes
biomassas usadas na produção
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
27
CONCURSO
Leila Alberton entrega exemplares do caderno a Friedrich, Samek e Moacir Froehlich
Começou com uma receita para participar
de um concurso do município e, agora, já
somos reconhecidas nacionalmente
Maria de Lurdes Fidélis, merendeira
Todos reunidos, no estande da Itaipu, para a fotografia geral
3º Caderno de Receitas
Saudáveis da BP3 traz prato
premiado nacionalmente
Receita de torta nutritiva ganhou concurso
do MEC; caderno tem 54 receitas de
profissionais de 26 municípios
Marivani Frizzo, de
Medianeira, representante das merendeiras
O 3º Caderno de Receitas
Saudáveis das Cozinheiras da
Bacia do Rio Paraná 3, lançado no início de fevereiro, traz,
entre outros deliciosos pratos,
uma receita premiada em primeiro lugar no concurso nacional “Melhores Receitas da
Alimentação Escolar”, promovido pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado.
A torta de arroz nutritiva é de
duas merendeiras de Matelândia, no Oeste do Paraná.
O lançamento ocorreu no estande da Itaipu, no Show Rural
Coopavel, em Cascavel. A cerimônia reuniu autoridades da região, empregados de Itaipu, além
de merendeiras, nutricionistas e
outros parceiros da Ação de Educação Ambiental, do Programa
Cultivando
Água Boa
(CAB). O caderno é
uma iniciativa da Itaipu e
do Conselho dos Municípios
28
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Ita i p u Bi na c i onal
Lindeiros, por meio do convênio
Linha Ecológica, que integra as
secretarias municipais de Educação da região.
O caderno reúne 54 receitas,
duas de cada escola de 26 municípios, incluindo Palotina
que não pertence à BP3, mas
participou como convidada.
No total, 110 merendeiras assinam as receitas. Os critérios foram nutrição, sustentabilidade,
aceitação e promoção da agricultura orgânica e familiar, entre outros. A Itaipu patrocinou
a impressão de 2 mil cadernos.
Os livros serão distribuídos nas
secretarias de educação dos
municípios da BP3.
Reconhecimento
“É muito gratificante. Começou
com uma receita para participar
de um concurso do município
e, agora, já somos reconhecidas
nacionalmente”, disse Maria de
Lurdes Fidélis que, junto com a
colega Claudete Cassiano, assina
Sustentabilidade
a receita campeã.
A torta nutritiva, que leva frango, brócolis, repolho e outros
alimentos saudáveis, caiu no
gosto dos alunos da Escola Estadual Dom Pedro II, de Matelândia. “Quando a gente coloca no
cardápio, é aquela fila. Acaba rapidinho”, disse Maria de Lurdes.
Para o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da
Itaipu, Nelton Friedrich, o
reconhecimento do MEC e
a publicação do 3º caderno
de receitas agregam valor ao
trabalho das profissionais que
antes eram conhecidas como
a “tia da merenda”.
“Estas profissionais fazem um
resgate da alimentação saudável. Nossas crianças vão aprender desde cedo a importância
de se alimentar bem e de ter hábitos saudáveis”, ressaltou o diretor-geral brasileiro de Itaipu,
Jorge Samek. Cerca de 60% da
merenda das escolas na região
da BP3 é de produção local.
Além do lançamento do caderno, Itaipu entregou, durante a solenidade, a Cartilha de
Tecnologias, que difunde aos
agricultores as práticas de produção sustentável, e o Calendário Biondinâmico 2016, feito a
partir de observações dos astros
para mostrar como os ritmos
M arço 2 0 1 6
Formação contínua
O caderno é resultado de um
curso de formação contínua.
Ao longo de 2014 e 2015, as
cozinheiras e nutricionistas
passaram por uma capacitação sobre gestão da alimentação escolar, com ênfase em
alimentos orgânicos. O curso
foi promovido pelo Programa Cultivando Água Boa, por
meio do programa de Educação Ambiental. Os municípios, então, selecionaram as
receitas campeãs locais nas
escolas da rede pública – 480
merendeiras participaram.
Ações do projeto “Cultivando Saberes e Sabores
na Alimentação da Bacia do Paraná 3”
- Curso de Formação Continuada para Cozinheiras
- Oficina sobre Alimentação Saudável com Agentes Comunitários de
Saúde e da Pastoral da Criança
- 3º Concurso de Receitas Saudáveis
Primeiro módulo
- visitas a propriedades agroecológicas com diversas atividades e depoimentos
- Elaboração do regulamento do concurso
Segundo módulo
- Curso de reconhecimento de sementes
- Curso sobre elaboração
de massas integrais
- Diálogo com nutricionistas
Terceiro módulo
- Oficina com as chefs Regina
Tchelly, do projeto Favela Orgânica (RJ), e Amanda Marfil
- Reunião dos técnicos da rede Ater
com nutricionistas e coordenadoras de alimentação escolar
Quarto módulo
- Oficina com a chef Amanda Marfil
- Diálogo com nutricionistas e coordenadoras de alimentação escolar
As merendeiras Maria de Lurdes Fidélis (2ª à esq) e Claudete Cassiano
(2ª à dir) foram premiadas também
pelo MEC. Na foto, a nutricionista
Anna Crystina Rodrigues (à esq),
Jorge Samek, Ênio Alves de Oliveira
e Norma Hofstaetter
“Hoje, vocês podem dizer
que centenas de merendeiras saíram do anonimato,
têm nome e são autoras de
receitas publicadas neste caderno”, disse, se dirigindo às
cozinheiras que lotaram o estande de Itaipu.
N º 29
astronômicos influenciam na
prática agrícola. São 2 mil cartilhas e 1.500 calendários.
Jaqueline Piati, representante das Nutricionistas da
BP3: “O caderno melhora
a relação entre nutricionistas e merendeiras”
N º 29
M arço 2 0 1 6
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
29
expansão
Minas gerais
Foi muito gratificante ver dois municípios
importantes estarem tão motivados,
comprometidos e, principalmente,
com um grande número de instituições
participando ativamente do Programa
Gilmar Secco, gerente do Departamento
de Integração Regional de Itaipu
Oficinas do CAB chegam
a Contagem e Igarapé
Objetivo foi fortalecer os conceitos do programa e
esclarecer o papel do comitê gestor nas ações
O processo de implantação
da metodologia do programa
Cultivando Água Boa (CAB)
em Minas Gerais caminha
a passos largos. Em dezembro, foram realizadas oficinas
com os comitês gestores dos
municípios de Igarapé e de
Contagem para fortalecer os
conceitos do CAB e esclarecer
o papel do comitê nas ações.
A oficina foi ministrada pelo
gerente do Departamento
de Integração Regional, Gil-
mar Secco, com apoio de Luiz
Suzuke, e contou com a participação do diretor de Meio
Ambiente de Santa Helena,
Leandro Franzen. O município
é um dos principais destaques
do CAB e o diretor falou sobre
a importância do programa,
compartilhando as experiências bem-sucedidas.
De acordo com Suzuke, a capacitação sobre como trabalha
o comitê gestor é fundamental
para o próximo passo do pro-
grama que são as Oficinas do
Futuro, quando a comunidade é envolvida nas ações, antes
de firmar o Pacto pelas Águas.
“Estamos aqui para trocar experiências sobre como vivenciamos o Cultivando Água Boa
nesses 13 anos e os motivos pelos quais ele foi eleito pela ONU
como uma das melhores políticas de gestão de recursos hídricos do mundo”, disse aos participantes do encontro. Segundo
ele, as práticas terão resultados
somente com o respeito às ca-
racterísticas de Contagem e
costumes da população. “Podemos potencializar o programa,
mas cada núcleo terá uma resposta diferente e o que conta no
final é como melhorou a vida
das pessoas e o ambiente em
que elas vivem”, explicou.
Gilmar Secco destacou o grande número de participantes nos
encontros de Contagem e Igarapé. “Foi muito gratificante ver
dois municípios importantes
estarem tão motivados, comprometidos e, principalmente,
com um grande número de
instituições participando ativamente do Programa”, avaliou.
CAB em Minas
O CAB Minas Gerais foi lançado em 25 de março de 2015,
quando o governo de Minas
Gerais publicou o decreto Nº
46.730, constituindo um Grupo
de Trabalho formado por diversas instituições daquele estado,
como as companhias de energia
e saneamento (Cemig e Copasa),
Emater, várias secretarias, entre
elas Planejamento, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Educação,
além de institutos, fundações e
outros órgãos do estado.
Contagem foi a primeira cidade a aderir ao programa que é
uma parceria entre a prefeitura
e o governo estadual, por meio
da Copasa. O objetivo é desenvolver ações com foco na proteção e preservação dos recursos hídricos do município, em
especial à Vargem das Flores.
Estamos aqui para
trocar experiências
sobre como
vivenciamos o
Cultivando Água
Boa nesses 13 anos
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
O desafio é promover a sustentabilidade
e a inclusão social e produtiva de
agricultores familiares do Estado
Lideranças e moradores de
Sinop e de Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, conheceram a metodologia do
Programa Cultivando Água
Boa em oficinas realizadas
em janeiro deste ano, comandados pelo superintendente
de Meio Ambiente da Itaipu,
Jair Kotz.
Esses municípios, localizados
no entorno das hidrelétricas
de Manso e Sinop, foram escolhidos para serem os primeiros a receber as ações do
CAB. O termo de cooperação
técnica entre Itaipu e o governo daquele do Mato Grosso
foi assinado em outubro.
Jair Kotz ressaltou que Mato
Grosso precisa aprender a
planejar seus recursos hídricos que hoje são abundantes
para que não entre, nos próximos 20 a 30 anos, em situação
de crise, como acontece atualmente em São Paulo e em
outras regiões do Brasil e do
mundo, especialmente por se
tratar de um grande produtor
de alimentos. “Nossos relatórios apontam que não se exporta frango, carne bovina ou
suína, nós exportamos água,
por isso temos que cuidar dela
para que não falte.”
Com a atuação conjunta em
diversas frentes de trabalho,
é possível adotar esse novo
modelo de desenvolvimento
que tende a estabelecer maior
conservação dos recursos naturais, entre eles, água, solo e
biodiversidade. “Outro diferencial é a inclusão social que
Luiz Suzuke, na palestra
aos participantes da
oficina em Contagem
30
Cidades do
Mato Grosso
recebem
oficinas
Ita i p u Bi na c i onal
N º 29
M arço 2 0 1 6
N º 29
M arço 2 0 1 6
ele promove, por se estabelecer a partir da agricultura familiar”, diz a secretária de Estado de Meio Ambiente, Ana
Luiza Peterlini.
O secretário da Agricultura Familiar e Regularização
Fundiária, Suelme Fernandes, explica que Mato Grosso é um gigante do agronegócio, mas a meta é, a partir
desse programa e de outras
iniciativas, transformar o cenário das famílias que vivem
dessa atividade. Só na região
de Manso, um levantamento
da secretaria já identificou
que apenas 5% das pessoas estão efetivamente produzindo, os demais ou são
aposentados ou dependem
de programas sociais. “De
forma inédita, o governo do
Estado está tratando de conservação ambiental, inclusão
social, educação e economia
de forma transversal.”
O governador Pedro Taques assina o acordo de cooperação para implantação do CAB
Jair Kotz durante um dos workshops ministrados no Mato Grosso, em janeiro
Acordo
“Nenhum país no mundo vive
sem uma agricultura familiar
forte, porque nós nos alimentamos da produção desse setor da economia. Estou muito
convencido de que estamos
dando um importante passo e
na direção certa.”
Na solenidade de assinatura
do termo de cooperação técnica, o governador de Mato
Grosso, Pedro Taques, ressaltou que seu Estado, embora se
destaque pela produção agropecuária, tem o grande desafio
de promover a inclusão social
e produtiva de, pelo menos,
100 mil famílias de agricultores, que detêm em torno de 6
milhões de hectares com menos de 5% de aproveitamento
do seu potencial produtivo.
Dos 141 municípios do Estado, a maioria (126) apresenta
condições precárias de desenvolvimento socioeconômico.
Também durante a assinatura do termo de cooperação,
o diretor de Coordenação e
Meio Ambiente de Itaipu,
Nelton Friedrich, destacou a
importância dos governos trabalharem de forma articulada
e multidimensional para
enfrentar a problemática socioambiental. “O
CAB é uma estratégia
local de enfrentamento das mudanças climáticas, que propõe uma
nova governança, com participação de todos os atores de
um território”, afirmou.
Apresentação de dança
durante a cerimônia
no Mato Grosso: participação da comunidade é pilar do CAB
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
31
CULTIVANDO SAÚDE
CAMPO
Moradores da região recebem
orientações sobre plantas medicinais
Acordo facilita comercialização
da produção familiar no Ceasa
Ideia é promover a saúde a partir do resgate dos saberes populares
Agora, os alimentos chegam de forma direta para o consumidor na Central de Abastecimento
Moradores de municípios da
BP3 puderam conhecer melhor
os benefícios das plantas medicinais no uso cotidiano durante
os Encontros Cultivando Saúde.
A ação é da Itaipu, por meio
do Programa Cultivando Água
Boa, em parceria com prefeituras, universidades e Conselho de
Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu.
Foram realizado encontros
em Santa Terezinha de Itaipu, Quatro Pontes, Cascavel
e Marechal Cândido Rondon,
no segundo semestre de 2015.
Os temas tratados são resultado do diálogo com profissionais de diversas áreas,
principalmente da saúde, movimentos da sociedade civil
organizada – como ONGs de
proteção ao meio ambiente,
educação em saúde com plantas medicinais e afins –, pastorais da saúde e da criança.
A ideia é promover a saúde a
partir do resgate dos saberes
populares sobre plantas medicinais e valorizar os resultados
desta ciência na promoção da
melhoria da qualidade de vida.
“A proposta desta ação é compreender a saúde de forma integrativa, levando em consideração
todos os fatores determinantes
na condição de saúde plena de
cada ser humano”, disse Lucilei
Bonadeze Rossasi, da Divisão de
Educação Ambiental.
SAC CAIXA – 0800 726 0101
(Informações, reclamações, sugestões e elogios)
Para pessoas com deficiência auditiva ou de fala – 0800 726 2492
Ouvidoria – 0800 725 7474
DE SOL A SOL. DO PLANTIO
À COMERCIALIZAÇÃO.
CRÉDITO RURAL CAIXA.
O programa Desenvolvimento Rural Sustentável está entre
os dez casos selecionados pelo
Ministério da Agricultura para
a 3ª edição da Gestão Sustentável da Agricultura. Disponível
inicialmente apenas online, a
publicação reúne as melhores
práticas do país, escolhidas entre 45 casos pré-selecionados
de todas as regiões brasileiras.
O texto sobre o programa da
Itaipu está na página 121 do
documento que pode ser conferido no endereço http://migre.me/sHm0e.
A proposta desta ação é compreender
a saúde de forma integrativa,
levando em consideração todos os
fatores determinantes na condição
de saúde plena de cada ser humano
Lucilei Bonadeze Rossasi, Divisão de
Educação Ambiental
caixa.gov.br | facebook.com/caixa | twitter.com/caixa
Programa
está entre
os melhores
do Brasil
Agricultores familiares da região da Bacia Hidrográfica do
Paraná 3 (BP3) poderão comercializar diretamente seus
produtos (alimentos in natura e processados) na Ceasa de
Foz do Iguaçu. A iniciativa é
resultado uma parceria entre a
Ceasa, a Cooperativa da Agricultura Familiar e Solidária do
Oeste do Paraná (Coafaso) e a
Itaipu, por meio do programa
Cultivando Água Boa (CAB).
fortalecendo segmentos como
a agricultura familiar e a pesca
artesanal, é um dos principais
objetivos do CAB, através dos
projetos Desenvolvimento Rural Sustentável (DRS), Plantas
Medicinais e Mais Peixes em
Nossas Águas.
Para Jair Kotz, parcerias como
esta, com a Ceasa, só são possíveis porque a região voltou a
produzir alimentos em unida-
des agrícolas familiares. “Isso
demonstra a decisão acertada
do CAB e seus parceiros de incentivar a agricultura familiar
na BP3”, afirmou.
Esse incentivo tem levado a
mais adesões às cooperativas.
Bladimir Lazzarini informou
que a Coafaso recebe, diariamente, novas propostas de filiação. Até o momento, são 383
agricultores cooperados, em 5
municípios.
A maior parte da produção
agrícola familiar da BP3 é destinada à merenda escolar pelo
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Esses programas são,
em grande parte, responsáveis
pela permanência dessas famílias de agricultores no campo e
pela expansão de sua produção.
Antes, os agricultores dependiam de terceiros para vender
na Central, o que reduzia suas
margens. Agora, passam a fazer a venda direta em um box
da Coafaso.
O objetivo principal do programa é contribuir para a melhoria de renda e condições de
vida de agricultores familiares
na região da BP3. Boa parte
das ações se dá por meio da
assistência técnica gratuita,
buscando a diversificação e a
sustentabilidade da produção.
Entre os principais resultados
da iniciativa, estão a adoção
da agricultura orgânica por
cerca de 1.200 agricultores, a
participação de 59 instituições
na rede de assistência técnica
e extensão rural, e a implantação de 10 agroindústrias orgânicas e um laboratório de manejo biológico de pragas, além
de milhares de participantes
nas feiras Vida Orgânica.
O contrato foi assinado dia 16
de dezembro com a presença
do superintendente de Meio
Ambiente da Itaipu, Jair Kotz;
do diretor de Mercado da Ceasa-Foz, Valdinei Loise dos
Santos; do presidente da Coafaso, Bladimir Lazzarini; e do
representante do conselho de
administração da cooperativa,
Antonio Bortolotto.
A CAIXA oferece uma variedade de linhas de
crédito para todas as etapas do agronegócio, como
aquisição de insumos e vacinas, compra de máquinas e
equipamentos, preparação para o plantio, ampliação de lavouras
Ita i p u Bi na c i onal
32 J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
e pastagens, colheita e comercialização. Acesse caixa.gov.br e saiba mais.
CAIXA. A vida no campo pede mais que um banco.
Promover a produção sustentável de alimentos na BP3,
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M arço 2 0 1 6
TRABALHANDO JUNTOS PARA O BRASIL AVANÇAR
N º 29
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Jair Kotz, representando a Itaipu, assina termo de acordo com a Ceasa e a Coafaso
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
33
AQUATECNOLOGIA
Nova tecnologia deve
impulsionar produção
de peixe no Brasil
Oficina mostra produção
de tilápia em ferrocimento
Evento discute emprego de ferramentas que possam contribuir
para o desenvolvimento sustentável da cadeia aquícola
A utilização de galpões fechados na aquicultura poderá
representar um futuro mais
rentável para a produção de
peixe no Oeste do Paraná
e, por consequência, para o
restante do Brasil. A metodologia, já usada em países
como Chile e Estados Unidos
e também no Rio Grande do
Sul com eficiência e sustentabilidade, foi apresentada pelo
consultor Sergio Zimmermann, que proferiu a palestra
magna do Workshop Aquatecnologia 2015. O evento foi
realizado no final de agosto,
no Parque Tecnológico Itaipu, e reuniu produtores de
peixe da região.
No workshop foi discutido
o emprego de ferramentas
que possam contribuir para
o desenvolvimento sustentável da cadeia aquícola, especialmente na Bacia do Paraná 3 (BP3).
A aquicultura tem nas mãos
possibilidades muito melhores que a
avicultura. Acreditamos que esse [o
cultivo em galpões fechados] seja o
futuro da tilapicultura no mundo
Sergio Zimmermann, consultor
de toneladas deve ser a
produção anula de peixes
no Brasil em 2020
34
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Ita i p u Bi na c i onal
Como o próprio nome
sugere, um tanque de
ferrocimento é feito
com cimento sobre
estruturas de ferro,
envoltos de uma tela
de metal. Um tanque
foi construído especial-
O sistema de galpões fechados é o mesmo utilizado por
avicultores. Na aquicultura,
no entanto, os peixes não
necessitam de antibióticos,
nem de energia para aquecimento, tornando o processo mais acessível e com
baixo custo. “A aquicultura
tem nas mãos possibilidades muito melhores que a
avicultura. Acreditamos que
esse seja o futuro da tilapicultura no mundo”, disse o
consultor.
mente para o encontro.
A técnica é uma alternativa de baixo custo
para os produtores. Um
tanque para a criação
de peixes, de 15 mil
litros, de lona plástica,
custa R$ 5 mil, enquanto o de ferrocimento,
com a mesma capacidade, sai por R$ 2 mil.
O professor Carlos
Alberto da Cruz Junior,
do Centro Universitário
de Brasília, foi quem
ministrou a oficina. Ele
mostrou os materiais
utilizados e ensinou a
maneira de construir um
tanque de ferrocimento.
A oficina teve como
objetivo apresentar uma
alternativa para o uso
de tanques na produção de peixes, como a
tilápia, na agricultura
familiar. Além do baixo
custo de implantação,
a água do ferrocimento pode ser reutilizada
no cultivo de plantas.
O cultivo de peixes exóticos
em águas públicas é proibido no Rio Grande do Sul,
assim como era na Bacia do
Paraná 3. Porém, as fazendas
são licenciadas para cultivar
espécies como a tilápia em
galpões. “Ela [tilapicultura]
não provoca impactos ambientais, e também usa áreas
baratas, que na maioria das
vezes não são produtivas”.
De acordo com Zimmermann, a aplicação no Oeste
do Paraná é viável, com aumento da renda sem prejudicar o meio ambiente. Para
ele, a região conta com a infraestrutura necessária para
a implantação do sistema.
“Falta apenas a consciência
para os produtores locais
para saber que o investimento inicial é maior, mas os retornos são positivos.”
2 milhões
O Workshop Aquatecnologia 2015 também
discutiu o uso de tanques de ferrocimento
como alternativa estrutural de baixo custo para
a produção de tilápia
na agricultura familiar.
Outro beneficio do método é o baixo uso da mão de
obra. Enquanto na aquicultura em águas públicas
é preciso de, ao menos três
pessoas, para retirar os peixes dos tanques-rede, o novo
sistema necessita apenas de
uma pessoa, sem precisar tocar nos peixes.
Reutilização das águas
Nos Estados Unidos, os produtores começaram a utilizar
as águas dos tanques em outros processos. Na hidroponia, a água é reutilizada no
cultivo de verduras em estufas. Hoje, aquele país é referência mundial na produção
de maracujá orgânico, que usa
os nutrientes da água e não
utiliza produtos químicos nas
plantas. Atualmente, o produto é exportado para países
como a Turquia e Noruega.
Tilápia
Em abril de 2015, o então ministro da Pesca e Aquicultura,
Helder Barbalho, anunciou em
Itaipu a liberação do cultivo da
tilápia em tanques-rede nos
braços do reservatório, onde
só era permitido cultivar espécies nativas do Rio Paraná.
Com a liberação, a expectativa é que até 2020 a produção
pesqueira anual chegue a 2 milhões de toneladas. Atualmente, com uma produção de 475
mil toneladas, o Brasil ocupa a
12ª posição no ranking mundial de produção.
Evento reuniu pesquisadores e produtores na Itaipu
O Workshop Aquatecnologia 2015 reuniu 120 pessoas,
entre representantes de universidades, do setor industrial, de órgãos do governo,
pesquisadores e produtores,
durante os dias 26 e 28 de
agosto, na Itaipu.
Durante o workshop foram
abordados temas sobre potencial das microalgas, bioflocos,
piscicultura ornamental, produção de peixes e vegetais, gerenciamento hídrico e produção de tambaqui, além de duas
oficinas e outros assuntos.
A região Oeste do Paraná é
um dos principais polos de
produção de pescados do
Brasil e contribui com a produção anual de 51 mil toneladas de peixes no Estado.
Para André Watanabe, da
Divisão de Reservatório, área
da Itaipu responsável pelo
workshop, o evento foi um
sucesso. “A programação foi
elogiada pelos participantes,
principalmente pela diversificação dos assuntos, desde
aquicultura até o tratamento
do pescado”, disse.
O workshop Aquatecnologia
2015 foi promovido pela Itaipu Binacional, Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e Centro
Internacional de Hidroinformática (CIH).
A liberação do cultivo da tilápia vai trazer ganhos financeiros maiores. A produção de 60
tanques-rede de pacu representa ao pescador uma renda de,
aproximadamente, R$ 1.200
por mês. Com a tilápia, nesse
mesmo número de tanques-redes, a renda aumenta para R$ 4
mil a R$ 5 mil mensais.
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35
Vegetação
EXPERIÊNCIA
Pescadores comprovam na prática
a eficácia do Canal da Piracema
O primeiro
inventário foi
feito em 1976 e
agora temos os
primeiros dados
para comparar
como está o
desenvolvimento
de nossa área
protegida
Na visita, os pescadores observam espécies em risco de extinção
subindo o canal para reprodução no reservatório
Pescadores da colônia de
Itaipulândia, Santa Terezinha
de Itaipu, Pato Bragado, Foz
do Iguaçu e São Miguel do
Iguaçu puderam comprovar a
eficácia do Canal da Piracema
de Itaipu. Os visitantes foram
recebidos por profissionais
da Divisão de Reservatório e
observaram piaus, corimbas,
pintados e dourados - espécies consideradas nobres e em
risco de extinção - subindo
o canal até o Lago de Itaipu,
para desova.
Luis César Rodrigues da
Silva, engenheiro florestal
Áreas protegidas: inventário vai
permitir estudos permanentes
As visitas das colônias acontecem há dois anos, sempre
no período de Defeso – entre
novembro e fevereiro –, quando não é permitida a pesca devido à reprodução dos peixes
(Piracema). O objetivo é atender às dez colônias de pescadores parceiras de Itaipu.
“Fazemos as visitas sempre
nesta época do ano quando
os pescadores não podem
atuar em suas atividades e
têm tempo para viajar”, explica o engenheiro agrônomo
Irineu Motter.
“As visitam proporcionam
aos pescadores a certeza de
que a Itaipu cumpre o seu pa-
Levantamento das árvores vai possibilitar o acompanhamento e estudos acadêmicos das áreas demarcadas
Visitantes passaram pelo Canal da Piracema e comprovaram a eficácia do sistema de transposição de peixes
pel de focar na sustentabilidade e conservação ambiental”,
diz a gerente da Divisão de
Reservatório, Carla Canzi.
De acordo com Motter, as
visitam proporcionam aos
pescadores conhecer de perto
as atividades executadas pela
Divisão de Reservatório vol-
tadas para a preservação dos
recursos pesqueiros do reservatório, como reprodução de
peixes, pesquisas de criação
em tanques-rede, marcação
de peixes, povoamento, além
do funcionamento do Canal
da Piracema.
“Eles ficam impressionados
com a quantidade e a variedade de peixes que vêem subindo
o canal. Estes peixes chegarão
ao reservatório e, em pouco
tempo, poderão se reproduzir
e garantir a manutenção dos
estoques pesqueiros.”
reservatório soltando alevinos
de pacu, depois visitaram o
Parque Nacional do Iguaçu.
Cerca de 90% deles não conhecia as cataratas.
“Estas visitas complementam o trabalho que Itaipu
desenvolve em parceria com
as colônias de pescadores da
região, como limpeza das
margens do reservatório e
pontos de pesca, monitoramento da produção pesqueira e biologia pesqueira.
O envolvimento dos pescadores mostra que eles agora
fazem parte do trabalho coordenado por Itaipu”, conclui Motter.
Os técnicos da Divisão de
Áreas Protegidas estão fazendo um estudo inédito da vegetação no entorno do Canal da
Piracema, no Refúgio Biológico Bela Vista. O inventário
florestal fará o levantamento
das árvores existentes na área
protegida de Itaipu, permitirá
o seu acompanhamento permanente e vai possibilitar futuros estudos acadêmicos na
área demarcada.
“Para conservar é preciso
saber o que tem”, resume
o engenheiro florestal Luis
César Rodrigues da Silva, da
Divisão de Áreas Protegidas,
coordenador do inventário.
Segundo ele, vários levantamentos já foram feitos, mas
eram estudos de momento,
para observar uma situação
pontual. “Não havia continuidade, agora será um estudo permanente”, conclui.
inventários florestais a cada
cinco anos. “É apenas o início
de uma série de observações
que, inclusive, servirá de base
para outros estudos pelas universidades regionais”, afirma.
Como exemplo, ele sugere
estudos sobre a saúde das árvores, sequestro de carbono e
estudos da fauna, entre outros.
De acordo com o engenheiro, a demarcação da área onde
será feito o inventário cria a
oportunidade de várias pesquisas e publicações científicas
no futuro. A intenção é fazer
O inventário está sendo feito
em uma área de 21 hectares, dos
326,9 hectares que compreendem a vegetação do entorno do
Canal da Piracema, ou seja, 6%
do total. A literatura científica
sugere o levantamento de 1% a
2% da área para poder extrapolar para toda a região. “Trabalhamos por amostragem, como
nas pesquisas eleitorais”, compara Luis César. “A margem de
erro tolerável neste caso seria de
até 10%, para termos uma noção
da realidade do local.”
Soltura de alevinos
As visitas são realizadas durante o período do defeso
36
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Ita i p u Bi na c i onal
Depois de irem ao Canal da
Piracema, os pescadores fizeram uma visita panorâmica
à Itaipu e foram ao Refúgio
Biológico Bela Vista, para conhecer a trilha ecológica. Eles
terminaram a visita no Portinho, onde participaram do
processo de povoamento do
por exemplo, áreas de plantio,
remanescentes florestais e áreas
de banhado. As informações levantadas na parcela poderão ser
extrapoladas para todo o estrato.
Os estudos em campo começaram em dezembro. A previsão é de acabar todo o trabalho em campo até metade do
ano, para começar a análise
dos dados. O levantamento é
feito por quatro profissionais
da Trechos, empresa contratada, e coordenado por Itaipu.
As árvores com diâmetro
mínimo de oito centímetros
são numeradas com plaquinhas de alumínio. “As menores são ignoradas, mas nós
sabemos que elas ingressarão
nos próximos levantamentos”, diz Luis César.
A continuidade do levantamento vai gerar uma radiografia fiel da área. “O primeiro inventário foi feito em
1976 e agora temos os primeiros dados para comparar
como está o desenvolvimento de nossa área protegida”,
conclui Luis César.
Estratos e parcelas
Antes de percorrer o canal, pescadores recebem explicações
N º 29
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A área florestal é dividida em partes para facilitar a contagem
N º 29
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A primeira parte do inventário
começou a ser feita na metade do
ano passado, com o planejamento do que seria mapeado. A área
foi dividida em cinco estratos diferentes, que caracterizam as diferenças entre a vegetação, como,
Luis César mostra árvore sinalizada: trabalho deve durar um ano
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
37
Fórum social
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Reportagem sobre o CAB
vence Prêmio Amop
Reconhecer o trabalho dos jornalistas do Oeste do Paraná em favor
do desenvolvimento da região é um dos objetivos do prêmio
Edgar Bueno e Gilmar Piolla entregam prêmio a Carlos Silva
A reportagem “Boas práticas do Programa Cultivando
Água Boa serão copiadas na
Espanha” foi uma das vencedoras da 10ª edição do Prêmio Amop de Jornalismo,
promovido pela Associação
dos Municípios do Oeste do
Paraná (Amop), com apoio
de Itaipu. O prêmio é um re-
conhecimento do trabalho de
jornalistas da região Oeste.
A reportagem foi a ganhadora
na categoria rádio e deu ao seu
autor, Carlos Moreira da Silva,
da Rádio Jornal de São Miguel
do Iguaçu, troféu e prêmio em
dinheiro. Veja os demais ganhadores no quadro ao lado.
O tema do ano foi “Oeste em
Desenvolvimento”. A comissão julgadora foi composta
pelos jornalistas Patrícia Duarte de Brito, coordenadora
do curso de Jornalismo da
Univel; Ralph Williams, coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade Assis
Gurgacz (FAG); e Cristina
Schossler, assessora de Imprensa da Unipar.
Na cerimônia, também foi
entregue o título de Cidadão
Honorário do Oeste do Paraná
ao empresário Jacy Scanagatta,
ex-prefeito de Cascavel e exdeputado federal. Também
foram homenageadas ex-presidentes da Associação das
Rádio
“Boas práticas do Programa Cultivando Água Boa
serão copiadas na Espanha” - Carlos Moreira da Silva
(Rádio Jornal de São Miguel do Iguaçu)
“A obstinação de Géssica” - César Machado
(Revista Aldeia)
Televisão
“Oeste – a união que faz crescer e desenvolver
cidades” - Patrícia Sonsin e equipe (TV Tarobá)
Impresso
“O camarão chegou ao Oeste do Paraná” Pedro de Brito Sarolli (Revista SindiRural)
Primeiras-Damas do Oeste
do Paraná (Adamop).
A premiação ocorreu em novembro, em Cascavel. Autoridades regionais e estaduais
participaram da solenidade,
entre elas, o diretor-geral
brasileiro de Itaipu, Jorge
Samek; a vice-governadora
do Estado, Cida Borghetti; o
prefeito de Cascavel, Edgar
Bueno; o superintendente de
Comunicação Social de Itaipu, Gilmar Piolla; e o senador
Alvaro Dias.
38
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Ita i p u Bi na c i onal
twitter.com/anagovbr
Nelton Friedrich durante apresentação no Fórum Social Mundial, que teve a presença de Boaventura de Sousa Santos (abaixo)
Fórum Social reúne experiências e
traça desafios para as cidades
Além de aproveitar a água da chuva e garantir o suprimento em
épocas de escassez, as cisternas poupam as águas subterrâneas
A importância das cidades
e da gestão local pautada em
metas baseadas em indicadores, transparência, e na prestação de contas à sociedade foi
o principal ponto de convergência entre os debatedores
que participaram do seminário “Os desafios da implementação e municipalização dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil - A estratégia do Programa Cidades
Sustentáveis para as eleições
de 2016”. O evento fez parte
da programação do Fórum
Social Mundial Temático, que
comemorou 15 anos, e foi realizado em Porto Alegre, entre
19 e 23 de janeiro.
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A implementação de políticas públicas sobre o uso de
plantas medicinais e fitoterápicos na saúde pública foi
o tema que conduziu o debate “As Plantas Medicinais,
o Desenvolvimento, a Saúde
e a Soberania Nacional”. O
projeto Plantas Medicinais,
do Programa Cultivando
Água Boa, foi apresentado
por Liziane Kadine, da Divisão de Ação Ambiental.
Fotografia
Notícias da ANA a
um clique de distância
www.ana.gov.br
Debate e
participação
da BP3
Vencedores
youtube.com/anagovbr
N º 29
M arço 2 0 1 6
O encontro reuniu Oded
Grajew, idealizador do Fórum Social Mundial e coordenador do Programa Cidades Sustentáveis; Boaventura
de Sousa Santos, sociólogo e
professor; Jairo Jorge, prefeito de Canoas (RS) e representante da Frente Nacional de
Prefeitos (FNP); Eduardo Tadeu, presidente da AssociaN º 29
M arço 2 0 1 6
ção Brasileira de Municípios
(ABM); Ieva Lazareviciute,
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD); Nelton Friedrich,
diretor de Coordenação e
Meio Ambiente da Itaipu; e
Doroty Martos, coordenadora do Cineclube Socioambiental “Em prol da vida”.
Do local para o global
Nelton Friedrich falou sobre
a experiência do Programa
Cultivando Água Boa, que há
dez anos vem transformando
a região da Bacia do Paraná 3,
com ações baseadas na participação das comunidades.
Ele destacou a formação de
educadores ambientais pelos programas da Itaipu: hoje
eles são cerca de 5 mil. E falou
sobre o projeto de merenda
escolar com produtos vindos
de agricultura familiar. “Não
fazemos no global sem atuar
no local. Quando envolvemos
a comunidade próxima, como
no caso da merenda, o resultado é imediato. Hoje, 60% da
merenda é produzida no próprio município e 38% dela, de
forma orgânica”, disse.
Friedrich falou também sobre a parceria com o Programa Cidades Sustentáveis, que
teve início em 2012. “Dezenas de municípios da região
estão totalmente envolvidos
com o Programa Cidades
Sustentáveis. Nosso foco é,
sempre, máximo engajamento da sociedade no processo
de implementação, monitoramento, transparência e
construção de consenso éticos para as mudanças”.
Uma das grandes lideranças
na história do Fórum Social
Mundial, Boaventura de Sousa Santos iniciou sua apresentação falando sobre o foco
nas cidades.
A mesa também teve a
participação de Kátia Torres, consultora técnica do
Ministério da Saúde; Silvia Czermainski, Secretária
Estadual de Saúde do Rio
Grande do Sul; e Fernando
Ritter, secretário da Saúde
de Porto Alegre, além de lideranças locais.
Além dos representantes de
Itaipu, também estiveram
presentes ao Fórum Social
Mundial, em Porto Alegre,
moradores e lideranças de
municípios da BP3.
“Neste ano, conseguimos
reunir 40 representantes
de todas as comunidades
atendidas pelo CAB, como
pescadores,
agricultores,
indígenas e educadores ambientais”, disse Leila Alberton, gerente da Divisão de
Educação Ambiental.
O professor fez um alerta sobre o que chamou de “privatização do espaço urbano”: “As
cidades estão endividadas e
acabam nas mãos no capitalismo financeiro. Espaços públicos estão sendo dados como
garantia pelo endividamento
municipal. Essa capitalização
das cidades cria ainda mais
desigualdades, acentua a violência e provoca aumento das
migrações ambientais”.
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I t a i pu B i n a c i o n a l
39
Referência
compra de equipamentos.
Segundo o prefeito de Santa
Terezinha, Cláudio Eberhard,
depois que a prefeitura assumiu
a coleta da cidade, os catadores
ganharam uma nova função,
na separação, processamento e
beneficiamento do material e,
por isso, aumentaram a renda
e dignificaram o trabalho.
Cláudio Eberhard e
Antônio Luiz Correa
com o prêmio
e participantes
da solenidade
Santa Terezinha de Itaipu é
premiada na Expocatadores 2015
Município concorreu com 67 cidades; com um índice de 70% de reciclagem, a cidade é uma das que mais recicla no Brasil
O trabalho bem-sucedido de
reciclagem e o respeito aos
agentes ambientais garantiram
ao município de Santa Terezinha de Itaipu o Prêmio Cidade
Pró-Catador, do Movimento
Nacional dos Catadores de Reciclável (MNCR). A premiação
foi entregue no início de dezembro, durante solenidade na
6ª edição da Expocatadores, o
mais importante evento de catadores de reciclados do Brasil,
realizado no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São
Paulo (SP). A entrega foi feita
pelo diretor-geral brasileiro de
Itaipu, Jorge Samek.
Santa Terezinha de Itaipu
concorreu com outros 67 municípios. A iniciativa reuniu o
MNCR, Fundação Banco do
Brasil e Secretaria de Gover-
no. Também foram contempladas com a mesma premiação as cidades de Cachoeira
de Minas (MG), Campo Largo
(PR) e Canoas (RS).
Desde 2013, Santa Terezinha
vem implantando ações de re-
ciclagem e educação ambiental. Com um índice de 70%
de reciclagem, o município é,
atualmente, um dos que mais
recicla no Brasil. O prêmio
garantiu, além do reconhecimento, um aporte de R$ 120
mil, que será usado para a
“Temos 40 famílias trabalhando diretamente com reciclagem do lixo produzido
pelos 22 mil habitantes da cidade. Antes, eles trabalhavam
de forma independente e tiravam R$ 500 por mês, hoje eles
triplicaram a renda. Cada um
deles tira cerca de R$ 1.500,00
por mês”, contou.
Solenidade de entrega do prêmio na Expocatadores: catadores são agora vistos como empreendedores e prestadores de serviços ambientais
Para Samek, a premiação
mostra a importância desse
trabalho. “Somos reconhecidos internacionalmente pela
atuação voltada para mais de
2,4 mil catadores de materiais
recicláveis organizados em associações e cooperativas. Esse
prêmio mostra que o modelo
implantado pela prefeitura
com apoio de Itaipu está no
caminho certo.”
Essa foi uma oportunidade riquíssima, de poder
compartilhar a experiência de Itaipu e conhecer
também diversas experiências europeias
Nelton Friedrich, diretor de
Coordenação e Meio Ambiente
histórica do movimento, em
2003, quando implantou, nos
municípios da Bacia do Paraná 3, o Programa Coleta Solidária. Desde aquele ano, o
movimento vem se expandindo nacionalmente.
Presença
Samek lembrou que Itaipu
esteve presente na trajetória
“Lembro da primeira edição
da Expocatadores, quando
o movimento ainda galgava
espaço. Agora, eles são vistos
como empreendedores e prestadores de serviços ambientais
para os municípios. Hoje, a
sociedade civil, catadores, empresários e o poder público
estão dialogando no mesmo
espaço e a maior conquista foi
o protagonismo.”
Longo caminho
Cláudio Eberhard e Samek: prêmio mostra que o modelo está no caminho certo
40
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Ita i p u Bi na c i onal
A coordenadora do MNCR,
Marilza de Lima, conta que há
pouco mais de 10 anos percorria as ruas recolhendo reciclados. Atualmente, é militante
nacional do movimento e quer
ampliar sua luta para o Brasil.
“Temos cerca de 1 milhão de
pessoas que tiram seu sustento
Público presente ao Pavilhão de Exposições do Anhembi
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como catadores. Desse total,
apenas 100 mil estão organizados em cooperativas e associações. O restante ainda vive em
lixões. Precisamos mudar isso.
Queremos que os catadores fiquem fora dos lixões, que existam programas de coleta seletiva pagos pelas prefeituras e a
não incineração do material.”
O ministro do Trabalho, Miguel Roseto, que foi ao evento
representando a presidente
Dilma Rousseff, reafirmou o
compromisso do governo de
continuar construindo acordos positivos com movimentos sociais, como o de catadores. “Graças ao esforço das
lideranças, vocês trouxeram
dignidade ao trabalho, além
da mensagem da importância
da preservação ambiental.”
Roseto destacou ainda que o
setor de reciclagem gera R$
24 bilhões por ano no Brasil,
mas ainda apresenta um alto
potencial de crescimento para
os empresários que fabricam
soluções para o setor. “Como
uma ferramenta de inclusão
do catador, a Expocatadores
divulga ações de transformação social e ambiental, como
acontece no Paraná, incentivada por
Itaipu, e
novas tecnologias
na
área
de reciclagem, profissionalização
do
catador,
colocando fornecedores e compradores face a face
como proposição de
futuros negócios.”
abertura do evento o economista e professor Paul Singer; o secretário de Direitos
Humanos da Prefeitura de
São Paulo, Eduardo Suplicy; a
gerente do Departamento de
Proteção Ambiental da Itaipu,
Silvana Vitorassi, e a gerente
da Divisão de Ação Ambiental, Marlene Curtis; e outras
30 lideranças locais dos 29
municípios que compõem a
Bacia do Paraná 3.
Participaram da Expocatadores 6 mil catadores
e outros atores da cadeia
produtiva dos resíduos recicláveis, além de representantes de 14 países da América
Latina e Caribe.
Também participaram da
entrega da premiação e
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41
CUIDADO AMBIENTAL
SUSTENTABILIDADE
Comunidade da Vila C faz
mobilização para revitalizar
Córrego Brasília
Jovens atletas têm
lição de cuidados
com a natureza
Em dezembro, estudantes puderam ver de perto como estão os
trabalhos de recuperação da área: natureza em regeneração
Participantes dos projetos Meninos do
Lago e Velejar é Preciso receberam lições
de cidadania e discutiram estratégias
para proteger o meio ambiente
Encontro representou um momento de reflexão com a comunidade
As melhorias são significativas.
O pessoal da Rua Aracaju [de
acesso à área revitalizada] plantou
árvores e fez até placas indicando
para não jogarem lixo ali
padre Ademar Oliveira Lins, da
Paróquia Nossa Senhora da Luz
Lucilei apresentou os resultados do trabalho sobre concentração dos coliformes fecais
Estudantes de escolas públicas da Vila C e lideranças
do bairro se reuniram com a
equipe de educação ambiental
de Itaipu para ver de perto o
andamento da revitalização do
Córrego Brasília. O encontro
ocorreu no dia 10 de dezembro, na passarela entre a Vila
C velha e a Vila C nova, região
vizinha à usina de Itaipu.
As obras de recuperação, feitas
pela Itaipu com apoio da comunidade, foram iniciadas em
2015, mas as mudanças vão além
dos serviços executados pela binacional, como a instalação de
alambrado para proteção das
nascentes e da construção das
calçadas e da nova passarela.
No encontro, os participantes
puderam conferir a regeneração
da natureza: a vegetação mudou, está mais vistosa, e a área,
mais limpa. No início dos trabalhos, Itaipu extraiu o equivalente a 250 caminhões de lixo e
entulho do local. “Percebemos a
Uma das ações de sensibilização na Vila C: trabalho contínuo
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J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
Ita i p u Bi na c i onal
alteração no comportamento da
comunidade. Todos abraçaram
esta causa”, disse o diretor do
Conselho Comunitário da Vila
C, José Antônio Guimarães.
Na ação de dezembro, a educadora Lucilei Bodaneze Rossasi, da
Divisão de Educação Ambiental,
conversou com os estudantes e
explicou a eles o resultado de testes de coliformes fecais colhidos
a partir de amostras do córrego.
O trabalho, feito pela profes-
do córrego. Falta agora ampliar
essa conscientização para outras
regiões vizinhas e que a prefeitura execute a sua parte no projeto, com a limpeza das bocas de
lobo, por exemplo. “As melhorias são significativas. O pessoal
da Rua Aracaju [de acesso à área
revitalizada] plantou árvores e
fez até placas indicando para
não jogarem lixo ali”, disse Lins.
sora Regiane Castione, do Colégio Estadual Flávio Warken,
comprova a melhoria: há menos
concentração de coliformes fecais do que no passado. “Praticamente, todas as famílias que
moravam ali lançavam os dejetos no córrego”, explicou Lucilei. A maioria dessas famílias
já foi realocada. “Queremos que
eles percebam essa mudança e
como a preservação contribui
com a comunidade.”
Etapas
O trabalho de educação ambiental com a população do entorno começou em 2012. Desde
então, eles participaram das
Oficinas do Futuro, reuniões
de sensibilização e planejamento que marcam a implantação
do Cultivando Água Boa. Em
junho de 2014, os moradores
selaram o Pacto das Águas. Em
maio de 2015, foi oficializada a
criação do Parque Brasília.
Para o padre Ademar Oliveira
Lins, da Paróquia Nossa Senhora da Luz, a vizinhança já assimilou seu compromisso de cuidar
No início dos trabalhos, Itaipu extraiu 250 caminhões de lixo e entulho
A comunidade espera a conclusão do asfaltamento da Rua Aracaju e a limpeza dos bueiros. A
expectativa é que, ao final do processo de revitalização, seja criado
o Parque Brasília, um espaço de
lazer para as famílias, com pista
de caminhada, bancos, ciclovia,
praça e outras melhorias.
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Domar o vento e a força das
águas não foi o único desafio
que os participantes dos projetos Meninos do Lago e Velejar É Preciso tiveram em 2015.
Com o apoio da Divisão de
Educação Ambiental de Itaipu, eles também receberam
lições de cidadania e discutiram as melhores estratégias
para proteger a natureza e viver em um mundo melhor.
O trabalho envolveu os 160
participantes dos dois projetos e foi divido em quatro
módulos – incluindo uma
oficina de vídeo, com o tema
consumo consciente, coordenada por alunos de Cinema e
Audiovisual da Universidade
Federal da Integração Latino
-Americana (Unila).
O balanço das atividades
no ano e a apresentação dos
13 vídeos produzidos pelos
alunos foram feitos em novembro, no Ecomuseu de
Itaipu. Desafiados a definir
em uma palavra as principais
lições que tiraram do trabalho, os jovens citaram exemplos como responsabilidade,
união, conhecimento, comprometimento, superação e
criatividade.
“A gente achou que seria importante agregar às atividades
esportivas um processo de
formação relacionado à sustentabilidade, ao desenvolvimento humano e à cidadania”, explicou a coordenadora
do projeto, Lucilei Rossasi.
A gerente da Divisão de Educação Ambiental, Leila Alber-
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ton, agradeceu a participação
de todos e chamou a atenção
para as mudanças que a reflexão ambiental pode trazer para
as pessoas. “Temos um planeta
bem pertinho de nós, que é o
nosso corpo, a nossa vida. Por
isso, levem essas lições para a
vida de vocês”, disse.
É uma iniciativa
muito bonita
esta de Itaipu, de
educar os jovens
a ter cuidado com
o meio ambiente
De velejador a diretor
Há três anos no projeto Meninos do Lago, Jefferson André, de 15 anos, viu-se em
uma situação inusitada fora
da água: dirigir um pequeno
documentário, a partir da oficina ministrada pelos alunos
da Unila. “Foi o mais empolgante”, revelou, acrescentando outras lições aprendidas
no processo: não jogar lixo na
rua, reciclar de forma correta,
não maltratar animais e ajudar o próximo. “É uma iniciativa muito bonita esta de
Itaipu, de educar os jovens a
ter cuidado com o meio ambiente”, definiu.
Também com três anos de
projeto, mas no Velejar É
Preciso, Gislaine dos Santos
disse que em 2015, com o trabalho de educação ambiental,
aprendeu a olhar de forma diferente para a água, um bem
essencial para a vida e para
o esporte. “Na vela, não é só
o vento que é importante. A
água também. Temos que
cuidar muito deste bem.”
Um dos caçulas Velejar, Richard Gabriel Alves Stabeline, de 9 anos, relatou com orgulho
o dia em que
Jeferson André
Na vela, não é
só o vento que
é importante. A
água também.
Temos que cuidar
muito deste bem
Gislaine dos Santos
ficou com um papel no bolso
durante todo um treinamen-
to na água, até sair do barco
e encontrar uma lixeira. “O
professor sempre diz que não
pode jogar o lixo fora da lixeira. Nunca!”, acentuou.
Ação ampliada
Lucilei Rossasi explicou que a
primeira experiência com os jovens ocorreu em 2014, mas para
apenas 40 atletas. Em 2015, a
ação foi estendida para todos os
integrantes dos
dois projetos.
A primeira atividade foi em março,
com oficinas sobre prevenção
de acidentes e primeiros socorros – fundamentais para
quem pratica esporte; em
maio, começaram as oficinas
de cinema, dentro do projeto
Na Curva do Rio, com alunos
da Unila; em seguida, foi feito um estudo sobre consumo
consciente e sustentabilidade,
em parceria com o Conselho
dos Municípios Lindeiros;
por último, em agosto, foram
organizadas visitas técnicas
em cooperativas de catadores,
aterro sanitário e estação de
triagem de Itaipu.
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43
CUIDADOS
NOVOS MERCADOS
cisterna com
500 mil
litros de capacidade
abastece por
138 dias
uma propriedade com
consumo diário de
Nelton na inauguração da cisterna na propriedade de Délcia Osterkamp: abastecimento garantido
21 mil litros
Pedro da Silva, presidente da Coofamel: “Teremos condições de alcançar mercados completos”
Cisternas são estratégia para
gestão eficiente da água
Cooperativa agrofamiliar pretende
triplicar produção de mel em três anos
Com novos equipamentos, unidade de beneficiamento deve entrar em operação na primeira metade de 2016
Além de aproveitar a água da chuva e garantir o suprimento em
épocas de escassez, as cisternas poupam as águas subterrâneas
Três cisternas que fazem
parte do projeto piloto
“Aproveitamento de Água
da Chuva em Zonas Rurais:
Captação e Armazenamento”
foram inauguradas em dezembro em Marechal Cândido Rondon.
A instalação de cisternas é
uma parceria da Prefeitura de
Marechal; Programa Cultivando Água Boa; Itaipu Binacional, produtores e Copagril. O
projeto é uma das principais
estratégias defendidas pelo
CAB para uma gestão mais
eficiente da água.
Além de aproveitar a água da
chuva e garantir o suprimento
em épocas de escassez, as cisternas poupam as águas subterrâneas. E a agricultura é a
atividade humana que demanda mais água, respondendo
por cerca de 70% do consumo
(o uso doméstico corresponde
a 8% e o industrial, a 22%).
“Esta é uma iniciativa que
contribui de forma significa-
tiva para a preservação dos
recursos hídricos. Esses produtores terão água em abundância sem depender da rede
de distribuição, em boa parte
do ano”, afirmou o diretor de
Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich.
Além de Friedrich, estiveram
presentes à cerimônia o prefeito de Marechal Cândido
Rondon, Moacir Froehlich;
o presidente da Copagril, Ricardo Sílvio Chapla; e diversas
lideranças da região.
Jucerlei Sotoriva e Valoto, na máquina para produção de blister
Água da chuva é captada dos telhados de aviários e outras estruturas
Como funcionam
As cisternas captam a água da
chuva a partir dos telhados de
aviários, chiqueiros e outras
estruturas, através de calhas e
tubulação. A água é direcionada
a filtros de passagem, que fazem a limpeza antes de chegar
às cisternas, com capacidade
para armazenar 500 mil litros.
prietários da região, que vivem
principalmente da avicultura,
suinocultura e bovinocultura
de leite, a viabilidade técnica e
econômica das cisternas.
Na propriedade de Délcia Osterkamp, por exemplo, foram
investidos R$ 38.180,27. Ali,
há um plantel de 800 suínos
e 15 mil aves, com um consuAs três propriedades escolhidas
mo diário de 21 mil litros de
para participar do projeto- piloágua. A cisterna deve garantir
to contam com histórico de falta
o suprimento por um terço
do ano (138 dias). No caso
de água: a propriedade de Délcia
de Conrat, que
Osterkamp, na litrabalha só com
nha Ajuricaba; a
suinocultura
de Ademar Ho(atividade com
fstetter, na linha
menor consuEldorado, distrimo de água),
to de São Roque;
será
possível
e a de Heriberto
contar
com
Conrat, em Iguiabastecimento
porã. A ideia
é demonstrar do consumo de água da cisterna por
para outros pro- estão na agricultura 223 dias do ano.
A Cooperativa Agrofamiliar
Solidária dos Apicultores da
Costa Oeste do Paraná (Coofamel), de Santa Helena (PR),
pretende triplicar a produção
de mel nos próximos três anos
e abrir novos mercados para
a venda do produto, especialmente o Estado de São Paulo, o
maior do País.
de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES).
A estimativa foi feita, em dezembro, pelo presidente da Coofamel, Pedro da Silva, durante a
cerimônia de entrega à cooperativa de um veículo (furgão isotérmico) e 22 equipamentos, totalizando investimentos de quase R$
1 milhão. Os recursos foram viabilizados por meio de convênio
firmado entre Itaipu Binacional,
Fundação Parque Tecnológico
Itaipu (FPTI) e Banco Nacional
De acordo com Silva, a capacidade atual de produção é de até
50 toneladas/ano, mobilizando
162 produtores rurais de 21 municípios. A meta é chegar a 150
toneladas/ano em 2018. “Hoje
nós temos que respeitar o limite de produção da unidade e
não aceitar novos pedidos. Com
esses equipamentos, poderemos
aumentar a produção, abrir novos mercados e melhorar a ren-
O objetivo é implantar na cooperativa uma unidade de beneficiamento de mel, que deve
entrar em operação na primeira
metade de 2016, com certificação pelo Serviço de Inspeção
Federal (SIF).
da do produtor”, disse.
A cerimônia de entrega dos
equipamentos, na sede da
Coofamel, teve a presença do
diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek; do diretor de
Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich; do diretorsuperintendente da Fundação
PTI, Juan Carlos Sotuyo; do
prefeito de Santa Helena, Jucerlei Sotoriva; e do gerente-geral
do Projeto BNDES/PTI/Itaipu,
João José Passini.
Entre os novos equipamentos,
destaca-se uma máquina para
produção de blister (pequena embalagem em formato de
cartela), que pode levar de 4 a
6 gramas de mel e aumentar o
valor do produto em até 150%.
É o mesmo tipo de embalagem
utilizado em hotéis para acomodar manteiga e geleia.
tunidade de trabalho e, acima
de tudo, um profundo respeito
pela natureza”, disse.
As embalagens hoje utilizadas
pela cooperativa são de 1 quilo,
meio quilo e 250 gramas. “O
nosso produto já está em sete
Estados, mas com mercado limitado. Com esse equipamento
(o blister), teremos condições
de alcançar mercados completos”, disse Silva, citando como
exemplo a rede hoteleira de Foz
do Iguaçu.
Segundo ele, a recuperação de
1,6 mil quilômetros de matas ciliares no Lago Itaipu, entre Foz
do Iguaçu e Guaíra, por meio do
CAB, ajudou a trazer de volta as
abelhas à região. “A abelha é um
bioindicador importante. Onde
tem abelha, tem vida.”
Fator ambiental
Jorge Samek estima que em
menos de um ano a Coofamel
poderá dobrar o faturamento.
“A cooperativa vai aumentar
o número de associados, trazendo renda, emprego, opor-
70%
Água passa por filtros antes de ser armazenada na cisterna de 500 mil litros
44
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A recuperação das matas ciliares trouxe as abelhas de volta à região Cerimônia reuniu dezenas de produtores da região
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Nelton Friedrich chamou a
atenção para o fato de que a
Coofavel tem menos de dez
anos (surgiu em 2006) e, hoje,
mais de 60% de todo o mel comercializado pela cooperativa
vêm das abelhas que estão nas
matas ciliares recuperadas por
Itaipu. “É um ganha-ganha que
casa o fator ambiental, social,
econômico, cultural e, o mais
importante, com um produto
tão saudável.”
Associado à Coofamel há um
ano, o produtor Rafael Carvalho, de Diamante do Oeste, já
planeja aumentar a produção
para dar conta dos novos pedidos. “Estamos muito animados.
Hoje, trabalhamos com 160
caixas [para criação de abelhas]
e queremos aumentar para 250
ou 300. Vai melhorar para a cooperativa e para nós também.”
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
45
CONQUISTA
PRÊMIO WATER FOR LIFE
Marechal Cândido Rondon
Projetos da BP3 são
reconhecidos no Prêmio
Gestor Público 2015
Quatro Pontes
Itaipulândia
Santa Terezinha de Itaipu
A homenagem foi proposta pelo deputado Chico Brasileiro em reconhecimento às
ações de responsabilidade social e ambiental premiadas pela ONU-Água
Itaipulândia, Quatro Pontes, Marechal Cândido Rondon
e Santa Terezinha de Itaipu foram os premiados
138 projetos, dos quais 22 foram premiados.
Quatro projetos desenvolvidos na Bacia do Paraná 3
com o apoio do Programa
Cultivando Água Boa (CAB),
de Itaipu Binacional, foram
contemplados na terceira edição do Prêmio Gestor Público
(PGP-PR), promovido pelo
Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita do Estado do
Paraná (Sindafep).
A premiação ocorreu em
novembro, no plenário da
Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba. Os municípios da região contemplados
foram Itaipulândia, Quatro
Pontes, Marechal Cândido
Rondon e Santa Terezinha de
Itaipu. Ao todo, concorreram
Itaipu recebe Menção Honrosa
da Assembleia Legislativa do PR
O tema do prêmio em 2015
foi “Meio Ambiente: Não Temos Tempo. O Futuro é Agora”. “Ao escolhermos o meio
ambiente como tema destaque, várias considerações foram levadas em conta: 2015 foi
o ano da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança
Climática, e garantir a sustentabilidade ambiental é um dos
Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODMs), que deveria ser atingido em 2015”,
afirmou o coordenador-geral
do PGP-PR, Laerzio Chiesorin
Junior, em texto publicado no
site do prêmio.
Em entrevista publicada pelo
jornal Correio do Lago, o prefeito de Itaipulândia, Miguel
Bayerle, disse que este é um
prêmio importante. “Quereremos dividir essa conquista
com todos os envolvidos”,
afirmou. O município foi premiado com o projeto “Conservação de Solos e Água”.
O diretor-geral brasileiro da
Itaipu, Jorge Miguel Samek, e o
diretor de Coordenação e Meio
Ambiente, Nelton Friedrich,
receberam Menção Honrosa
concedida pela Assembleia
Legislativa do Estado do Paraná em reconhecimento pelo
prêmio
Water for
Life (Água Fonte de
Vida), concedido pela Organização das Nações Unidas
(ONU-Água) à Itaipu, pelo
Programa Cultivando Água
Boa (CAB). A proposição foi
do deputado Chico Brasileiro
(PSD) e a solenidade foi realizada em dezembro.
Samek explicou que o programa Cultivando Água Boa
reúne diversas ações socio-
ambientais focadas no binômio produzir e preservar.
“São 2.380 parceiros e mais
de 220 mil pessoas envolvidas
na gestão integrada de bacias
hidrográficas para garantir a
quantidade e a qualidade das
águas”, disse o diretor-geral
da Itaipu, lembrando que o
programa premiado beneficia
uma região com aproximadamente um milhão de habitantes e 800 mil hectares de
área, que engloba 29 municípios da Bacia Hidrográfica do
Rio Paraná.
Para o deputado Chico BrasiA proposição foi do deputado Chico Brasileiro,
ao centro, entre Jorge Samek e Nelton Friedrich
leiro é muito importante homenagear a Itaipu e sua iniciativa de responsabilidade social.
“É uma empresa pública que
mostra ser possível fazer ações
para preservar o futuro na humanidade”, afirmou.
Gestão compartilhada
O programa é um sucesso
porque conseguiu reunir diferentes segmentos sociais
em prol de um bem comum
– a água. Diversos parceiros, como dirigentes públicos
das esferas federal, estadual e
municipal, escolas de ensino
fundamental e médio, instituições de ensino superior, associações e organizações representativas da sociedade civil,
agricultores familiares, comunidades indígenas, pescadores,
catadores de materiais recicláveis, jovens em situação social
crítica e merendeiras das escolas públicas municipais participaram ativamente de todas
as etapas do projeto.
“Esta iniciativa pioneira resultou na criação da Rede Global
de Boas Práticas da Gestão da
Água, juntamente com outras
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iniciativas
premiadas pela
ONU-Água, e que servirá
de exemplo a outras comunidades de todo o mundo”, explicou Nelton Friedrich.
“São ações planejadas para
corrigir os passivos ambientais, alcançando mais de 1.300
km de cercas de proteção de
matas ciliares, 850 km de estradas adequadas, 23 mil hectares de solos conservados,
167
poços/abastecedouros
comunitários instalados, além
de unidades de demonstração de tratamento de dejetos
de animais para produção de
energia, entre outros resultados”, afirmou.
O CAB foi premiado pela
ONU-Água na sede da ONU,
em Nova York, em março do
ano passado, durante as comemorações do Dia Mundial da
Água (22). O programa recebeu o prêmio Water for Life na
categoria um: melhor prática
de gestão dos recursos hídricos.
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47
debates
Congresso reúne
experiências para
solução da crise
hídrica e energética
Estante
Documento foi entregue ao Ministério do Meio Ambiente
O Programa Cultivando Água Boa foi apresentado, em setembro, na sétima edição do
Congresso Ecogerma, um dos principais
eventos brasileiros na área de meio ambiente, energia e infraestrutura.
Jornalismo ambiental em um
mundo em transição
Organizado pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK-SP), o congresso foi realizado na sede da Federação das
Indústrias de São Paulo, com o tema “Impactos e Soluções da Crise Hídrica e Energética”.
Congresso reúne profissionais e lideranças para debater questões relacionadas ao meio ambiente
Viver em um “mundo em
transição”. Este foi o tema que
conduziu os debates do VI
Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental (VI CBJA)
realizado em São Paulo, entre
os dias 20 e 22 de outubro,
com organização da Rede
Brasileira de Jornalismo Ambiental e Instituto Envolverde.
Realizado a cada dois anos, o
congresso é um dos principais
eventos na área e reúne especialistas, pesquisadores e lideranças ligados a organizações
sociais, governos, organizações sociais, empresas e academia de todo o país para um
diálogo aberto sobre a cobertura ambiental realizada no
Brasil e debates sobre temas
ligados ao meio ambiente e
desenvolvimento sustentável.
Em 2015, um dos temas em
debate foi a cobertura jornalística sobre a complexa gestão dos recursos hídricos no
Brasil. O diálogo teve a par-
48
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
ticipação do diretor de Coordenação e Meio Ambiente de
Itaipu, Nelton Friedrich; Maria Zulmira, jornalista da Planetária Soluções Sustentáveis
e criadora do Repórter Eco;
e Cláudia Diani, assessora de
Comunicação Social da Agência Nacional de Águas (ANA).
Friedrich falou sobre a construção da hidrelétrica, seu
impacto na região e sua transformação numa empresa
cidadã a partir das ações socioambientais, desenvolvidas,
principalmente, por meio do
Programa Cultivando Água.
Ele lembrou que o mundo
mostra sinais de que é preciso mudar o paradigma de
trabalho e, no caso da Itaipu,
atuando na bacia do Rio Paraná e não apenas no reservatório da usina. “O ser humano consegue não olhar o que
a natureza propõe”, afirmou.
Friedrich lembrou que o CAB,
Ita i p u Bi na c i onal
hoje atuando em 297 microbacias, busca fazer conexões, não
apenas entre água e energia,
mas solo, cidades, produção e
consumo de alimentos. Para
isso, foi necessário estabelecer
uma governança inovadora, a
partir do trabalho local com a
visão global e responsabilidade
compartilhada.
“Educação transformadora se
faz com opinião pública e não
apenas com reprodução de conteúdo. É preciso virar a página
dos releases, retomar a conversação, deixar de trabalhar de
forma pontual. Tecnologia não
resolve tudo”, declarou.
Maria Zulmira se mostrou
preocupada com a abordagem do medo, adotada pela
mídia tradicional para tratar
de temas como mudanças
climáticas. “O jornalista não
tem que se preocupar muito
com o que a sociedade quer
ouvir. A partir do momento
em que produzirmos algo re-
Educação transformadora
se faz com opinião
pública e não apenas com
reprodução de conteúdo
ton Friedrich, integrou o painel “Crise Hídrica
– Boas Práticas e Novas Tecnologias”. Para um
público formado por empresários, representantes de órgãos públicos, especialistas, institutos
de pesquisas e ONGs, Friedrich apresentou as
ações desenvolvidas pelo CAB e a importância
do envolvimento da comunidade.
Para Cláudia Diani, a complexidade da governança da
água no Brasil e a cultura da
abundância são algumas das
causas da desmobilização
a respeito da gestão dos recursos hídricos na chamada
grande mídia.
O VI CBJA teve a participação
de nomes de peso do jornalismo
ambiental brasileiro como Paulina Chamorro, André Trigueiros
e Amélia Gonzalez, entre outros.
Título: Atividades em
Áreas Naturais
Autor: Caio Tozzi
Editora: Ecofuturo
Especialistas debatem os
Seminário
desafios da saúde ambiental Brasil-Japão
O evento teve coordenação do
jornalista Dal Marcondes, do
portal Envolverde. “A chave
para o desenvolvimento sustentável é a informação, o conhecimento, a inovação e o senso de
responsabilidade que emana do
conhecimento. O obscurantismo só interessa ao subdesenvolvimento e à opressão.”
A Itaipu sediou o 1º Seminário Latino-americano de Saúde
Ambiental, que trouxe como
tema: “Saúde Ambiental: novos desafios na busca pela
sustentabilidade”. O evento,
organizado pela Fundação Nacional de Saúde, reuniu participantes de vários países da
América Latina para a discussão de políticas públicas.
O evento tratou sobre
questões ambientais,
sociais, econômicas e
tecnológicas que implicam
nas práticas do exercício
do jornalismo ambiental
A palestra de abertura foi feita
pelo diretor de Coordenação e
Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, que defendeu a
sensibilização no uso da água.
O diretor apresentou o Programa Cultivando Água Boa.
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O livro infanto-juvenil conta a história de Hermentito,
um menino solitário e sem amigos apaixonado por expedições espaciais e por histórias em quadrinhos. A obra
mistura ficção científica e fantasia e conta com ilustrações do artista plástico Sanzio Marden, além do aval do
cartunista e jornalista Ziraldo, que escreveu o prefácio.
Na abertura, o cônsul geral da Alemanha
em São Paulo, Axel Zeidler, lembrou que
Brasil e Alemanha possuem uma importante e estreita cooperação técnica e científica,
possibilitando soluções tecnológicas para o
setor do meio ambiente local. “Este Congresso é de suma importância para se conhecer soluções, em especial para resolvermos
a questão da escassez de recursos naturais
como a água.”
A apresentação do CAB, feita pelo diretor de
Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nel-
levante, ela vai se interessar.
Quando a gente se importa
com o que faz, as coisas fazem mais sentido”, resumiu.
Título: Tito Bang!
Autor: Caio Tozzi
Editora: Sesi-SP Editora
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O programa, que apresenta várias vertentes, concentra parte
de suas atividades em escolas
na tentativa de tornar o cuidado com a água uma questão
cultural. “Escolas são verdadeiras plataformas de sensibilização”, ressaltou Nelton.
“Boas Práticas de Ações Socioambientais do Programa
Cultivando Água Boa/Itaipu
Binacional” também foi tema
de uma das mesas de discussão.
Os participantes abordaram a
educação ambiental, o monitoramento e avaliação ambiental,
mais peixes em nossas águas e
plantas medicinais.
O livro digital “Atividades em Áreas Naturais”, da ambientalista Rita Mendonça, oferece reflexões sobre os
motivos que nos levam a cuidar e conservar a natureza.
A publicação traz atividades vivenciais que estimulam
o desenvolvimento da sensibilidade e que podem ser
praticadas individualmente, em pequenos ou grandes
grupos, amadores e profissionais.
Itaipu foi sede do “3º Seminário
Brasil - Japão de Manejo Ambiental Sustentável e Inovação
Tecnológica”, promovido pela
Associação Paranaense de Ex
-Bolsistas Brasil Japão (Apaex),
em parceria com a Itaipu.
Além da apresentação do CAB,
houve palestras sobre recursos
pesqueiros; a conservação da
Biodiversidade Regional; corredores da biodiversidade como
estratégia de conservação.
Esta é a terceira vez que Itaipu sedia o seminário. A primeira delas foi em 2008 e a
segunda em 2009.
Título: Gestão
Sustentável na
Agricultura
Autor: Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento
A publicação reúne as melhores práticas
do país, escolhidas entre 45 casos pré-selecionados de todas as regiões brasileiras. O
texto sobre o programa da Itaipu está na página 121 do documento que pode ser conferido no endereço http://migre.me/sHm0e.
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
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49
MEIO AMBIENTE
eventos
Congresso de
Agroecologia
reúne mais de
3 mil pessoas
Um dos maiores eventos de
discussão a cerca da agroecologia da América Latina, o IX
Congresso Brasileiro de Agroecologia, foi realizado em Belém (PA) e teve a participação
de professores, estudantes,
agricultores representantes de
povos indígenas e de povos e
comunidades tradicionais de
todo o Brasil.
Visita tecnica de participantes do seminário sobre cidades resilientes ao Parque Guairacá, em Curitiba
Cidades Resilientes: Carta
de Curitiba aponta metas
Documento foi discutido por especialistas e entregue ao Ministério do Meio Ambiente
O cumprimento rigoroso das
metas de redução nas emissões de gases do efeito estufa
é um dos pontos de destaque
da “Carta de Curitiba para as
Cidades Resilientes”, resultado do 1º Seminário Cidades
Resilientes, Comunidade e
Clima, realizado em outubro.
O evento reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros e
foi organizado pela Secretaria
Municipal de Meio Ambiente
e pela Sociedade de Pesquisa
em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), com
apoio da Itaipu.
Os participantes do seminário discutiram, durante
três dias, políticas e medidas
relacionadas à resiliência
(capacidade de absorver e se
recuperar dos efeitos de um
desastre e prevenir perdas) a
50
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
partir do compartilhamento
de experiências, informações,
novas tecnologias, dados relativos ao clima, tendências
e estratégias de adaptação às
mudanças climáticas.
Experiências nacionais, com
as de Natal, Rio Branco e
Porto Alegre foram apresentadas, juntamente com cases
da Itaipu e Caixa.
A Carta de Curitiba para as
Cidades Resilientes foi entregue ao diretor do Departamento de Licenciamento e
Avaliação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e
coordenador do Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas, Pedro Christ.
A redução de 43% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 está prevista no
Ita i p u Bi na c i onal
INDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas
Pretendidas), que o governo brasileiro apresentou em
dezembro na Conferência da
ONU para a Mudança do Clima (COP-21), em Paris.
A carta também solicita a
expansão da energia solar
térmica, fotovoltaica distribuída, biomassa e eólica; a
conclusão do Plano Nacional
de Adaptação às Mudanças
do Clima até 2016, abrangendo a oferta de água durante
os períodos de seca e estiagem em todo o país; práticas
agrícolas que asseguram a
resiliência às secas em todo
o território nacional; conservação dos diferentes biomas;
restauração e conservação
das áreas de preservação.
O documento sugere, ainda,
o aprimoramento do mapeamento de risco associado
a desastres naturais e sistemas de alertas prévios, planejamento da infraestrutura
urbana e programas de habitação para a população de
baixa renda visando evitar a
ocupação irregular de áreas
de risco.
Pedro Christ disse que a
carta de Curitiba e os temas
debatidos durante o evento
contribuiriam para a construção do Plano Nacional de
Adaptação (PNA). O PNA é
um instrumento elaborado
pelo governo federal em colaboração com a sociedade civil, setor privado e governos
estaduais com o objetivo promover a redução da vulnerabilidade nacional à mudança
do clima e a gestão do risco
associado a esse fenômeno.
O congresso reuniu mais de 3
mil pessoas em 2 grandes conferências, 12 mesas-redondas,
10 rodas de conversas, 9 seminários e 22 oficinas, além
de debates das apresentações
orais ou escritas dos 165 relatos de experiências e outros
1.200 pôsteres de trabalhos
acadêmicos, divididos em 42
diferentes espaços.
Herborização vai ajudar conservação
do acervo botânico do Ecomuseu
A herborização é um instrumento
para a divulgação da flora regional e
serve de fonte para estudantes
O processo de preparação de
material vegetal coletado para
posterior preservação, conhecido como herborização, vai
auxiliar na conservação e recuperação do acervo botânico do
Ecomuseu de Itaipu. É o que
afirmou a conservadora do museu, Isabela da Costa Moreira, da
Divisão de Educação Ambiental,
durante o curso de herborização
promovido por Itaipu e Universidade Federal da Integração
Latino-Americana (Unila), em
dezembro, no Refúgio Biológico
Bela Vista (RBV).
Participaram do curso cerca de
30 pessoas. Pela Itaipu estiveram
profissionais que atuam na área
florestal do RBV, plantas medicinais e Ecomuseu. A iniciativa é
das equipes das divisões de Áreas Protegidas, Ação Ambiental e
Educação Ambiental da Itaipu,
em parceria com a Unila.
O Ecomuseu conta hoje com
um herbário - coleção de plantas com espécies da região
onde atualmente se encontra o
Lago de Itaipu, recolhidas na
década de 80, pelo engenheiro
agrônomo Evaldo Buttura. Os
materiais vegetais estão herborizados e acondicionados em
pastas. Eles estão sendo recuperados e poderão ser usados
para estudos em todo o País.
“O acervo biológico do Ecomu-
O Programa Cultivando
Água Boa foi apresentado em
uma oficina durante o evento, que teve como tema geral
“Diversidade e Soberania na
Construção do Bem Viver”.
O Congresso Brasileiro de
Agroecologia é realizado
desde 2003 com participação ativa de instituições de
ensino, pesquisa e extensão
e os movimentos sociais populares, com as demandas da
Agricultura Familiar, como
um espaço de diálogo entre
os conhecimentos científicos
e práticos.
Os participantes aprenderam diferentes técnicas: tudo anotado
Entre os ensinamentos, a maneira correta do corte das plantas
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No curso, foram coletadas diferentes espécies da flora regional para o processo de herborização
seu estava sendo perdido, mas
graças ao processo de herborização os materiais passam por
recuperação e serão difundidos
nacionalmente”, disse Isabela.
O curso, orientado por estudantes de Ciências Biológicas da Unila, foi baseado em
palestras sobre técnicas de
coletas de plantas, práticas de
montagem de exsicatas (nome
que se dá à planta herborizada
e acondicionada em uma pasta
ou folha de papel) e apresentação do banco de dados e do
herbário da universidade. Os
participantes viram na prática
todo o processo de herborização, iniciado com a coleta e
prensagem dos materiais.
maneira de realizar o corte e o
que pegar em campo”, explica.
Com os materiais selecionados, os participantes iniciaram a prensagem das plantas.
Os ramos, plantas e fungos
foram colocados em folhas de
papel absorvente. Em seguida,
as plantas herborizadas foram
expostas a uma fonte de calor,
para a eliminação da umidade.
Depois de passar por todo o
processo, os materiais foram
encaminhados para os herbários. O herbário é um im-
portante instrumento para a
divulgação da flora regional
e, também, para a disseminação deste conhecimento, tanto
nas estruturas educadoras da
Itaipu (Ecomuseu e RBV, por
exemplo) como nas da Unila.
“Já existem algumas espécies no nosso herbário. Com
o processo de herborização
queremos eternizar nossas
plantas medicinais e outras
espécies de arbóreas e herbáceas, para divulgar nossas
plantas da região”, disse Eduardo Ferraz Costa.
Isabela e Tamiris:
cuidados com o
acervo do
Ecomuseu
Em campo, os alunos começaram o processo com a coleta,
selecionando estruturas reprodutivas, com flores, frutos e
sementes. Para Patrícia Weisbach, orientadora do curso,
a coleta é um dos principais momentos do curso
de herborização. “Geralmente o pessoal já sabe
sobre o processo, mas há
detalhes importantes que exigem
atenção para não ter problemas
na coleta, como por exemplo, a
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
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51
BIODIVERSIDADE
Pesquisadores
fazem estudo
inédito sobre o
gato-do-mato
Uma pesquisa inédita sobre o
gato-do-mato (Leopardus tigrinus), realizada no Refúgio
Biológico Bela Vista (RBV)
vai levantar informações importantes sobre a espécie. Quatro professores e seis alunos do
Curso de Medicina Veterinária
da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), de Realeza
(PR), sob a coordenação de
profissionais de Itaipu, analisaram quatro aspectos: protocolo
anestésico, avaliação ocular,
auditiva e cardíaca. Esse é o
mais completo estudo feito sobre a espécie no mundo.
O trabalho foi concluído com
um check-up para verificar o
estado de saúde do animal.
Foi analisada a saúde bucal e foram
coletadas amostras de sangue
para verificar
o funcionamento de órgãos,
como
rins e fígado,
além de um radiograma do tórax.
Em dois dias, em agosto
de 2015, foram estudados 15
exemplares de gato-do-mato,
todos do plantel do refúgio. O
número de espécimes permite
aos pesquisadores extrapolar
2
Conhecimento
dados de
forma estatística para toda espécie e criar parâmetros nos
quatro temas estudados, que
possam servir de base para
futuros estudos.
Nasce mais um filhote de anta
A família de antas (Tapirus
terrestris) do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) ganhou
um novo integrante em outubro do ano passado. O pequeno mamífero, macho, com pelagem rajada que lembra uma
melancia, nasceu com cerca
de 8 quilos. Ele é filho do casal Nina e Antonello, formado
na unidade de preservação.
Com o filhote, o refúgio agora conta com um plantel de
52
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a Bo a
nove antas – cinco machos e
quatro fêmeas. “Esse trabalho
de reprodução é importante
porque fortalece o nosso banco de reserva genética e nos
dá a possibilidade, no futuro,
de repovoamento de algumas
áreas”, explica o médico veterinário Zalmir Cubas, da Divisão de Áreas Protegidas. No
Paraná, segundo o Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no
Estado do Paraná (2004), a
anta é considerada uma espéIta i p u Bi na c i onal
3
1
cie em perigo – embora exista
registro de sua presença em
áreas como o Parque Nacional
A pesquisa é inédita. Antes
dos estudos não existiam informações sobre as características
dos olhos do gato-do-mato. “Fizemos uma avaliação oftalmológica completa”, explica o professor de clínica cirúrgica da UFFS,
Gentil Ferreira Gonçalves.
Para o médico-veterinário Zal-
do Iguaçu, por exemplo.
O trabalho de reprodução ajuda também na conscientização,
no conhecimento da espécie
e no esforço de preservação
da biodiversidade na Bacia do
Paraná 3, um dos eixos do Programa Cultivando Água Boa
(CAB). Além disso, contribui com pesquisas científicas,
como um projeto de avaliação
seminal conduzido pelo professor Nei Moreira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
“Essa pesquisa, que é inédita
no mundo com a espécie, existe
graças à existência de uma população em cativeiro.”
Segundo a bióloga Rosana
mir Cubas, da Divisão de Áreas
Protegidas, que o coordenou o trabalho, a parceria com a academia
é fundamental para perpetuação
do conhecimento. “Nós temos o
plantel dos animais, mas não somos especialistas nestas áreas. Os
alunos vão produzir artigos e trabalhos, serão eles que continuarão
os estudos e o compartilhamento
do conhecimento”, disse.
Pinto de Almeida, desde que
começaram os trabalhos de
reprodução de anta, no final
da década de 80, já nasceram
no refúgio de Itaipu 12 animais, incluindo um caso raro
de gêmeos, em 2011.
Zalmir acrescenta que o período de gestação da anta é
longo – 13 meses –, com geralmente apenas uma cria. Por
isso, a espécie produz pouco.
Ao nascer, o filhote se alimenta apenas do leite da mãe.
Adulto, come frutas, folhas e
grama. “É uma espécie herbívora, da ordem perissodáctila,
como o rinoceronte e o cavalo, e todo ambiente arbustivo é
bom para ela”, pontua.
Local é considerado
único no mundo na
exposição de harpias
e permite às aves
voarem em seu interior
Recinto coletivo
de harpias é aberto
para visitação
O Refúgio Biológico Bela
Vista (RBV) abriu para visitação o recinto que abriga cinco
exemplares de harpias (Harpia
harpyja), feito inédito na apresentação desta ave de rapina
que, normalmente, é exibida
em casal. O novo recinto é
possível graças a uma inovação feita pelos profissionais do
Programa de Reprodução de
Harpias de Itaipu: a manuten-
4
ção de ninhos acompanhando
todo o desenvolvimento dos
filhotes e das aves jovens.
“Em nossos estudos, percebemos que, mesmo depois da
emancipação, a dependência
dos filhotes pelos pais continua grande. Eles voltam para a
casa de vez em quando e precisam de uma referência para
isso”, explica o médico veteri-
nário Wanderlei de Moraes, da
Divisão de Áreas Protegidas.
“A grande sacada do manejo
das harpias, então, foi manter
o ninho junto com a ave ao
longo de toda sua vida.”
As cinco harpias expostas são
filhotes com menos de três
anos de idade. Elas cresceram
juntas e ainda não são territorialistas, o que torna possível a
criação de todas em um mesmo recinto. “Esta convivência
será importante para a criação
das aves. Os filhotes mais jovens terão contato visual, auditivo e social com os irmãos
mais velhos e isso contribui
para seu crescimento”, afirma.
A convivência de animais de
diferentes idades só é possível graças ao grande plantel
de harpias do RBV, que hoje
conta com dez machos, dez
fêmeas e três de sexo ainda
não identificado. Desde 2007,
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1 Equipe: empregados de Itaipu e criadores terceirizados
2 25 aves nasceram no RBV: maior programa do mundo
3 Logo que chegaram, as aves já se adaptaram ao novo lar
4 Momento da soltura: cuidado na hora de liberar as aves
já nasceram 25 aves no local,
o que torna, atualmente, o
Programa de Reprodução de
Harpias da Itaipu o maior do
mundo. “Sempre vamos ter
animais em diferentes fases de
desenvolvimento para colocar
no novo recinto. No momento,
estamos com três ovos sendo
incubados por dois casais”,
acrescenta Moraes.
A harpia é uma das três maiores aves de rapina do planeta e
existe em praticamente toda a
América Latina. Ela é considerada em risco de extinção na
América do Sul.
Reprodução e
educação
De acordo com Wanderlei, o
recinto foi criado para atender
a duas demandas principais.
A primeira era a necessidade de ter um ambiente mais
espaçoso para os animais jovens poderem se exercitar.
Com 534 metros quadrados
de área plana e altura de centro de 10 metros, o chamado
recinto voadeira é considerado único no mundo na exposição de harpias e permite às
aves voarem em seu interior.
A estrutura é feita com alambrados metálicos e arames.
Anexa a ela, foi levantada uma
edificação de alvenaria de 14
metros quadrados de área,
usada como transição para as
aves. No interior, o paisagismo
recria o ambiente natural onde
a espécie vive. Os poleiros
guardam o ninho de cada animal. A construção foi feita em
seis meses sob a coordenação
do engenheiro Kléber da Silva
e da técnica Michele Fracaro
da Silva, ambos da Divisão de
Infraestrutura e Manutenção.
A segunda demanda era um
desejo antigo das pessoas que
visitam o refúgio biológico: o
de apreciar este animal tão fabuloso. O novo recinto integrase, então, à trilha ecológica do
RBV, espaço voltado para a
educação ambiental. O zoológico é dividido em quatro setores
didáticos que falam de cadeia
alimentar, hábitos dos animais,
tipos de ambientes e animais
em extinção – este último espaço é onde estão expostas a
onça-pintada e a harpia.
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FAUNA
Ecomuseu
Símbolo do Refúgio Biológico, Juma
ajudou na educação ambiental
Arte sustentável em obras coloridas
Obras de Luiz Carlos Nakasoni, feitas em papelão, reafirmam a necessidade de modificarmos nossa
relação com o meio ambiente além de reduzir, reciclar e reutilizar o que consideramos lixo
A onça-pintada morreu em janeiro, depois de 14 anos no
RBV; animal contribuiu para pesquisas sobre a espécie
O Refúgio Biológico Bela
Vista (RBV) de Itaipu perdeu,
no mês de janeiro, seu maior
símbolo: a onça-pintada Juma.
O animal foi fundamental para
o trabalho de educação ambiental e ao turismo de Itaipu,
e ainda contribuiu à pesquisa
sobre a espécie, ameaçada de
extinção no Paraná e em outros estados do País.
A morte foi provocada por
uma insuficiência renal severa, decorrente de infecção. O
problema é comum em felinos idosos como Juma. Sua
idade era estimada em 24
anos – idade equivalente a de
uma senhora centenária, se
comparada a um humano. Em
cativeiro, as onças-pintadas
podem chegar, no máximo, a
25 anos de idade.
“Ela era uma guerreira, lutou muito antes de chegar até
aqui”, disse Wanderlei de Moraes, veterinário da Divisão
de Áreas Protegidas de Itaipu,
que acompanhou toda a vida
da onça no RBV. “Foi a perda
de um ícone, de um animal emblemático para todo o trabalho
que fizemos aqui em termos de
fauna. Ela é o símbolo dessa
nossa luta pela conservação”,
disse o veterinário.
A sensação é compartilhada pelo biólogo Marcos
de Oliveira. “Ela foi a primeira onça-pintada que eu
vi na minha vida”, contou.
“Em qualquer documentário sobre a espécie, feito na
onipresença das cores, a temática da reciclagem. Um leão tem
como tela uma porta que seria
descartada. A juba do mesmo
leão é feita de crachás de eventos
antigos. “Depende do material
que tenho a mão e da ideia na
cabeça”, explica o artista.
região, ela era a representante”, afirmou
Oliveira.
Na Itaipu, nenhum
animal foi mais
fotografado
do
que Juma. Ela
foi a primeira onça
-pintada do RBV e
também a primeira
a ser exposta. Esta
visibilidade foi um
passo importante para
o trabalho de educação
ambiental e de conservação da
onça-pintada.
História
Juma foi trazida à Itaipu em
2002, quando tinha 10 anos,
desnutrida e muito debilitada.
Ela vivia na região do Parque
em papelão, as 16 obras reafirmam a necessidade de modificarmos nossa relação com o
meio ambiente, além de reduzir, reciclar e reutilizar o que
consideramos lixo.
“Ele utiliza materiais que
iriam para o aterro, mas que,
com um colorido magnífico, consegue nos encantar e
proteger o meio ambiente”,
destacou o diretor de Coordenação e Meio Ambiente,
Nelton Friedrich,
na abertura da exposição.
Nakasoni, além de Britto, se
orientou na proposta da arte
pop, moderna e cheia de cores.
Um leão com cabelo rastafári
ou um índio de óculos escuros
e fone de ouvido interagem
com uma onça e um peixe com
a anatomia à mostra. A santa
colorida tem destaque no meio
da sala. O que une esta miscelânea colorida é, além da própria
Para
Nelton,
outros artistas
deveriam seguir
a mesma linha de Nakasoni, ao cuidar da natureza
utilizando a beleza. “Se aumentarmos em dois graus a temperatura, será impossível viver
neste planeta. A reciclagem é
uma forma de prorrogar esse
aquecimento”.
Luiz Carlos Nakasoni suas obras: “Faço parte da equipe do
Cultivando Água Boa. Não poderia ter escolhido outro tema”
Nacional do
Iguaçu, mas estava sendo avistada
fora dos limites do parque em
busca de alimentação em propriedades vizinhas, o que causava um problema.
Para sua segurança, e dos
rebanhos das fazendas vizinhas, ela foi capturada e levada
ao Refúgio, onde recebeu assistência completa dos biólogos, veterinários e tratadores.
Quando começou a pintar,
há pouco mais de um ano, seguindo as linhas conhecidas
de Romero Britto, Luiz Carlos Nakasoni não imaginava
que em pouco tempo já estaria
em sua terceira exposição. Os
quadros coloridos e cheios de
camadas de Nakasoni formam
a exposição “Arte sustentável:
transformando o lixo”, em cartaz até setembro no Ecomuseu.
A exposição, que tem curadoria de Tamiris Amâncio,
lança um olhar sobre o que
descartamos e como vemos o
mundo em nossa volta. Feitas
Depois da cerimônia de abertura, os convidados visitaram
a exposição. Os estudantes se
encantaram com as obras e
participaram de uma roda de
conversa com o artista, em uma
sala do Ecomuseu. “Eles estavam muito interessados com
o material que eu uso, e as minhas influências. Foi muito gratificante”, conta Nakasoni.
Sonho
Os quadros coloridos, feitos em
papelões e cheios de camadas com
uma “pegada” ecológica refle-
tem a formação do artista. “Sou
técnico em meio ambiente e faço
parte da equipe do Cultivando
Água Boa. Não poderia ter escolhido outro tema”, disse.
Para Nakasoni, expor no Ecomuseu é a realização de um
sonho dele próprio e da neta
Giovanna, de cinco anos. “Um
dia, eu e Giovanna estávamos
pintando e eu perguntei: ‘onde
vamos expor?’ E ela me disse:
‘no Ecomuseu’. Hoje estamos aqui”, relatou
o artista.
Ipea e BNDES: Novos olhares para o desenvolvimento coeso e sustentável
tados nos anos 2000-2010, que
identifica dois padrões no funcionamento das instituições que
trabalharam com o desenvolvimento regional nesse período.
CAB é considerado referência para o BNDES e Ipea
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) realizaram o seminário Novos Olhares para o
Desenvolvimento Coeso e
Sustentável, em que lançaram
uma coleção de cinco livros sobre desenvolvimento em cinco
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regiões: Norte, Sul, Sudeste,
Centro-Oeste e Amazônia.
Entre os estudos apresentados
no livro sobre o Nordeste está
o artigo do técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Aristides Monteiro, Desigualdades
regionais no Brasil: notas sobre
o padrão de intervenção dos Es-
Primeiro, na década de 1990,
há restrição na atuação governamental em relação ao
desenvolvimento regional,
com o Estado brasileiro diminuindo seu papel nas regiões.
Já nos anos 2000 aconteceu o
contrário. As capacidades governamentais foram retomadas e o Estado ressurge como
grande investidor e promotor
das bases do crescimento regional. Professores universitários e servidores do BNDES
também contribuíram com
suas experiências sobre desenvolvimento territorial.
A série de estudos é resultado de debates realizados
desde 2013. “Os livros representam um esforço da atual
gestão do presidente Luciano Coutinho desde 2007
para que o banco ampliasse
seu raio de atuação no conjunto do território brasileiro e não apenas no Sudeste,
onde está o centro industrial
brasileiro, como sempre fez
preferencialmente”, explicou Aristides Monteiro.
As novas perspectivas para
o desenvolvimento brasileiro
foram abordadas pelo presi-
dente do Ipea, Jessé Souza, e
pelo presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, durante a
abertura do evento. As regiões
Sul e Sudeste foram analisadas
por Nelton Miguel Friedrich,
diretor de Coordenação e
Meio Ambiente da Itaipu Binacional, por Vanessa Petrelli,
professora da UFU, e por José
Eduardo Cassiolato, professor
do IE/UFRJ. Já o estudo sobre Amazônia, o Nordeste e o
Centro-Oeste foi apresentado
por Maria Lucia Falcón, presidente do Incra e professora
da UFSE, Sergio Duarte Castro, professor da PUC-GO e
diretor da Agência Goiás Fomento, e Raimunda Monteiro, reitora da Ufopa.
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