Apresentação - Associação Betel de Evangelismo e Missões

Transcrição

Apresentação - Associação Betel de Evangelismo e Missões
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Revista Betel
Apresentação
E
u, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos
o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de
linguagem, ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado. I Coríntios 2:1-2. O Evangelho de Deus é uma Pessoa.
Não é um ensino, não é uma doutrina, não é uma técnica,
não é uma fórmula. É uma Pessoa, o Filho de Deus, Jesus Cristo. Foi esta a decisão que o apóstolo Paulo tomou,
de pregar unicamente a Jesus Cristo, e este crucificado. O
único Evangelho, verdadeiramente Boa-Nova, é o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo para a cura de todas as
nações.
Assim sendo, somos gratos a Deus por mais esta edição,
e desejamos que na Sua infinita misericórdia e graça nos
propicie todos os recursos para que Cristo seja tudo em
todos. Que todos os leitores façam suas colheitas no maravilhoso campo das insondáveis riquezas de Cristo! Amém.
Os Editores
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Revista Betel
“Cristo é tudo em todos” • Ano 8 • Nº 2 • Verão 2013
Sumário
Apresentação, 1
Estudo Bíblico
A Pérola dos Salmos, 3
Avivamento, 8
Cuidado com a Mentira, 12
Gotas de Sangue na Prensa de Azeite, 16
Riqueza da Graça
Pentecostes, 20
O cristão e a proposta do mundo, 23
O Segredo de uma Vida de Oração, 26
A Porta e o Caminho, 29
Legado
Precisamos Novamente de Homens de Deus, 32
Um Vaso de Alabastro, 35
A Intolerância Bíblica, 43
Associação Betel, 47
Humberto X. Rodrigues
Glenio Fonseca Paranaguá
Sinval T. da Silva
Abel Emerich
Leonard Ravenhill
J. C. Metcalfe
E. M. Bounds
Watchman Nee
A. W. Tozer
C. H. Mackintosh
Martin Lloyd-Jones
Revista Betel
Estudo Bíblico
A Pérola dos Salmos
3
Humberto X. Rodrigues
Certamente que a bondade
e a misericórdia me seguirão
todos os dias da minha vida: e
habitarei na casa do Senhor por
longos dias.
O
Salmo 23 é considerado pelos estudiosos da
Bíblia como a pérola
dos Salmos, pela sua
simplicidade, beleza e doçura. Encontramos aqui um relacionamento
íntimo e intenso do Pastor com a
ovelha. O Pastor é o nosso Senhor
Jesus e as suas ovelhas são todos
aqueles que foram redimidos pelo
Seu sangue. Esta pérola está fundamentada em três grandes verdades: a
provisão, o andar e a comunhão.
A provisão está relacionada ao
que o Senhor é, e o que Ele fez por
nós. Numa palavra: a provisão nada
mais é do que a Sua suficiência.
Vemos isto nos versículos 1,2,3: O
SENHOR é o meu pastor; nada me
faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto
das águas de descanso; refrigera-me a
alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. O salmista
começa com uma grande afirmação:
O SENHOR é o meu pastor; nada me
faltará. Ele não faz nenhuma alusão à
necessidade, mas tomou a posição de
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Estudo Bíblico
um filho que, nada tendo, mas possui
tudo. Pobre, mas rico e abundante
Nele. Esta é a história de cada um de
nós: nossa pobreza O fez pobre para
que, Nele, fôssemos ricos.
Ele se fez faminto e sedento por
nós, para nos levar a um lugar de
refrigério. Estávamos cansados, fatigados, mas Ele nos deu repouso. No
evangelho de João capítulo 7:37, encontra-se um relato em conexão com
a festa do tabernáculo: No último dia,
o grande dia da festa, levantou-se Jesus
e exclamou: Se alguém tem sede, venha
a mim e beba. João disse, “levantou
e exclamou”. Qual é a força que está
por trás desta atitude de Jesus ao se
levantar e exclamar? Alguns estudiosos vêem aqui um momento único,
algo parecido com um intercessor
que se coloca no lugar de alguém e se
desespera pelo desesperado e sedento. E, ao mesmo tempo, Jesus se revela como a Fonte única e abundante
para dessedentar o sedento, venha a
mim e beba.
Venha a mim e beba, esta é a vida
transbordante. Em um dos nossos
hinos, encontramos uma frase que
diz: “Tu, oh Cristo, és tudo que eu
quero. Mais do que tudo, em ti, eu
encontro.” Esta é a linguagem daquele que ouviu e recebeu o chamado do
nosso Senhor, venha a mim e beba.O
apóstolo Paulo fala de uma riqueza
em glória. E o meu Deus, segundo a
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sua riqueza em glória, há de suprir, em
Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades. Filipenses 4:19. Esta palavra
“riqueza” sugere um suprimento infinito e inesgotável, pois as riquezas
de Deus, ao contrário das riquezas
do mundo, não têm absolutamente
limite. A palavra grega riqueza, Ploutos, é semelhante a Pleion, que significa muito, muito mais, tendo a mesma raiz que expressa a idéia de pleno,
cheio e abundante. Mas este conceito
não basta; é preciso acrescentar outra palavra em grego, Perisseuo, que
significa exceder, ser supérfluo. As
riquezas em Cristo são tão abundantes em nossa direção que chegam a
exceder qualquer tipo de demanda,
mesmo levando em conta nossa desmedida falta de merecimento. Nas
palavras de Guthrie: “A miséria do
homem e não o seu mérito é o ímã
que atrai dos céus o Salvador.”
Depois da provisão, começamos a
andar no caminho traçado pelo Pastor. Ele conhece o ponto de partida,
o caminho dos vales, dos montes e
montanhas. Ainda que eu ande pelo
vale da sombra da morte, não temerei
mal nenhum, porque tu estás comigo; o
teu bordão e o teu cajado me consolam.
O nosso Senhor conhece os perigos,
as dificuldades que poderiam ocorrer com as ovelhas. Nesta jornada,
o Pastor não se ausentará e jamais
abandonará o Seu rebanho.
Revista Betel
Estudo Bíblico
Andar com o Senhor é aceitar o
seu jugo, que não é pesado, pois Ele
disse: Vinde a mim, todos os que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e
aprendei de mim, porque sou manso e
humilde de coração; e achareis descanso
para a vossa alma. Porque o meu jugo
é suave, e o meu fardo é leve.Mateus
11:28-30. Neste texto, o Senhor nos
chama para Si, vinde a mim, e nos
fala da nossa união com Ele; em seguida, Ele nos pede para tomarmos o
seu jugo, mostrando-nos o princípio
diário do nosso morrer, e, finalmente,
Ele diz: aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração. Aqui é-nos revelado o propósito pelo qual
fomos chamados: para sermos parecidos com Ele. Se dissermos que
estamos andando com o Senhor e não
trouxermos estas duas marcas de Cristo, não é com Ele que estamos andando.
Unidos em Cristo, a cruz realizará a obra de desconstrução de tudo
aquilo que não agrada ao Senhor e
abrirá o caminho para um relacionamento íntimo com o nosso Senhor.
A caminhada é longa, e aqueles que
nasceram de novo precisam saber
que essa intimidade não é instantânea, mas sim um processo. Muitos tentam acelerar essa caminhada
criando métodos, mas infelizmente
esses métodos vão causar sérios problemas, porque o relacionamento ín-
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timo com o Senhor é uma conquista
diária.
Nosso Pastor já passou pelo vale
da morte. E, Nele, podemos dizer:
não temerei mal nenhum. Isso é verdadeiro em todos os aspectos. Da
vitoriosa experiência de Sansão, sai
o seu enigma: Do comedor saiu comida, e do forte saiu doçura.Juízes 14:14.
Aqui Sansão se refere ao leão que ele
matou e, dias depois, encontrou com
um enxame de abelhas com mel. Que
lição poderia tirar deste episódio?
O leão, neste contexto, tipifica um
problema ameaçador, pois nenhum
de nós está vacinado contra dificuldades. Então, como tirar comida e
doçura do comedor? Olhando todas
as coisas do ponto de vista de Deus.
Caso contrário, seremos comidos
pelo leão. Sede sóbrios e vigilantes. O
diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando
alguém para devorar. I Pedro 5:8.
Aqui está o segredo da vida cristã:
em vez de sermos devorados pelos
problemas, nós que os devoramos, e
é nisto que nos tornamos dóceis pela
doçura de Cristo. E passamos a ser
como um favo para uma humanidade mergulhada na amargura. Esse é
o verdadeiro significado do crescimento. Tomou o favo nas mãos e se foi
andando e comendo dele; e chegando a
seu pai e a sua mãe, deu-lhes do mel, e
comeram; porém não lhes deu a saber
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Estudo Bíblico
que do corpo do leão é que o tomara.
Juízes 14:9.
Quando passamos pelo vale da
sombra da morte, que são aqueles
momentos sombrios e humilhantes,
aprendemos o sentido da comunhão.
No sofrimento, ao invés de nos referirmos a Deus como “ele”, passamos
a chamá-Lo de “tu”. Assim, quando
nos encontramos no vale da sombra
da morte, dizemos: porque tu estás
comigo. Estamos face a face com o
nosso Deus. O caminho foi preparado para desfrutarmos da Sua mesa,
preparado por Ele mesmo. Preparas-me uma mesa na presença dos meus
adversários, unges-me a cabeça com
óleo; o meu cálice transborda.
A nossa caminhada prossegue.
Agora, nos encontramos na terceira
e grande verdade: a comunhão. Se
lermos cuidadosamente a Bíblia, vamos descobrir que, antes de qualquer
realização ou trabalho, Deus nos
chamou para vivermos diante Dele.
Antes do ide, temos o vinde. Antes
do fazer, temos o crer. O desejo expresso de Deus nas escrituras, antes
de qualquer realização externa, é nos
conduzir a uma vida mais profunda simbolizada pela “mesa”. Por que
preferimos o ide ao invés do vinde, o
desempenho ao invés do descanso, o
trabalho quando Ele nos pede para
esperar?
Adão, depois da queda, tentou se
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cobrir com folhas de figueira. Caim
ofereceu a Deus uma oferta, fruto do
seu trabalho. Os homens perguntavam a Jesus: Que faremos para realizar as obras de Deus? Tudo indica
que, por trás das realizações há uma
necessidade de aceitação. O homem
tenta ser aceito por Deus pelos seus
méritos. Então, mãos a obra!
Depois da queda, o homem perdeu a visão do verdadeiro motivo
pelo qual foi chamado. Fiel é Deus,
pelo qual fostes chamados à comunhão
de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.
I Coríntios 1:9. Isto não significa que
o homem não tenha que realizar algumas tarefas. Sim, o homem tem
algo para realizar, mas em cooperação e a partir de Deus. Ao criar o homem, o Senhor o colocou no jardim
do Éden para o cultivar e o guardar.
Na redenção Deus trabalha no homem para que este possa trabalhar
para Ele.
Deus, em Cristo, está nos atraindo dia após dia para a “mesa” que Ele
mesmo preparou para nós. Ele quer
que tenhamos um relacionamento
íntimo. Ele está nos conquistando
diariamente para nos levar à Sua
mesa, onde desfrutaremos das delícias por toda a eternidade.Esse é o
objetivo final do Pastor.Tudo o que
Ele planejou e espera e tem em vista
é nos conduzir à Sua presença. Tu
me farás ver os caminhos da vida; na
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Estudo Bíblico
tua presença há plenitude de alegria,
na tua destra, delícias perpetuamente.
Salmos 16:11.
O Espírito Santo, através do
apóstolo Paulo, usa uma palavra grega para falar dessa superabundante
graça de Deus: Enquanto oram eles a
vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus
que há em vós. A palavra Huperballo
significando aquilo que passa de um
certo limite, como uma flecha que
ultrapassa o alvo, ou uma vasilha
que ferve e derrama o seu conteúdo,
transmitindo a idéia daquilo que é
excessivo, exagerado, proeminente.
A provisão nos fala da riqueza de
Sua graça que Ele mesmo derramou
sobre nós. O nosso Deus é pródigo
em graça. Vários termos são usados
para expressar a riqueza que está disponível para os seus. A multiforme
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graça, a suprema riqueza da sua graça,
insondáveis riquezas, graça sobre graça, plenitude, graça transbordante. A
graça nos é apresentada como uma
benesse pura, generosa e transbordante, estendendo o seu favor para
os que não merecem: Cálice transbordante.
O nosso Pastor nos conduz pelo
vale da sombra da morte. Através dessas experiências, começamos pouco a
pouco a entender o coração de Deus
e a compreender que, para que Cristo seja formado em nós, é necessário
passarmos por dores de parto. E, em
Sua companhia, desfrutaremos do
Seu amor. Compremos, então, colírio para os nossos olhos para que
possamos vê-Lo! E, ao vê-Lo, seremos reduzidos à zero. Porque tu és pó
e ao pó tornarás.
“Qualquer que se incline a julgar o pecado pelas medidas superficiais de qualquer escola de
pensamento humano, deve voltar-se para a Cruz para receber a revelação sobre a sua verdadeira
natureza. E, todos aqueles que quiserem confinar o Rio da Graça dentro de pequenos canais
humanos, deve também ser levado para à Cruz para compreender o irresistível alcance deste Rio
de Vida que brota do Trono de Deus.”
-- George Campbell Morgan
“A escravidão do pecado é parte de sua pena. quando o homem se entregou ao pecado,
tornou-se servo do pecado. Por meio da Cruz o Rei fez a provisão necessária para que o homem
pudesse ser redimido de sua servidão. No ministério de Sua paixão o Rei conduziu ao EXODUS
todos aqueles que seguindo-O, deixam para trás, para sempre, as cargas e os efeitos do mal,
passando à gloriosa liberdade dos filhos de Deus”.
-- G.C.Morgan
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Estudo Bíblico
Avivamento
Revista Betel
Glenio Fonseca Paranaguá
Ouvi, Senhor, a tua palavra,
e temi. Aviva, ó Senhor, a
tua obra no meio dos anos,
e no meio dos anos faze-a
conhecida; na ira lembra-te da
misericórdia. Habacuque 3:2.
P
arrel Bridges disse que:
“Avivamento não é tampa
explodindo, mas fundo
caindo. Não é trovoada
nem terremoto, mas a Palavra santa
de Deus falada na suavidade da brisa, para produzir a verdadeira vida.”
E. Baker mostra que “um avivamento pode produzir barulho, mas não
é nisso que ele consiste. O fator essencial é a obediência de todo o coração”. Muitas pessoas se impressionam com os movimentos agitados e
pensam que aí está a vida de Deus.
Animação nunca significou que isto
representa a operação do Espírito
Santo. É verdade que as pessoas motivadas pelo Espírito de Deus são
entusiasmadas e vigorosas. Há um
estímulo encantador no progresso
da vida cristã genuína. Mas, não podemos misturar animação com avivamento.
No avivamento não é a alma que
está no comando. O velho homem
é motivado por sua alma, por isso,
ele fica animado ou mesmo desanimado, dependendo dos estímulos.
Revista Betel
Estudo Bíblico
Mas o novo homem é acionado pela
vida do Espírito de Deus no seu espírito vivificado. Deus, por meio de
Jesus Cristo, justifica os pecadores,
perdoando-lhes os seus pecados, e
pela graça os regenera, dando-lhes
vida em seu espírito. A nova criatura,
gerada pela graça de Deus, mediante
a ressurreição de Jesus Cristo, ganha
um espírito vivificado que passa a viver sob o comando do Espírito Santo. Ele vos vivificou, estando vós mortos
nos vossos delitos e pecados. E estando
nós ainda mortos em nossos delitos, nos
vivificou juntamente com Cristo (pela
graça sois salvos). Efésios 2:1e5. Deus
nos vivifica em Cristo para vivermos
a vida avivada pela graça. Avivamento é, pois, a vida de Cristo dada a nós,
depois de termos perdido a nossa
vida na cruz, juntamente com Ele. Se
um morreu por todos, logo todos morreram, e Ele morreu por todos, para
que os que vivem não vivam mais para
si mesmos, mas para aquele que por
eles morreu e ressuscitou. 2 Coríntios
5:14b-15. Mortos para o pecado em
Cristo, ganhamos a vida no espírito.
O avivamento bíblico é o esvaziamento da vida animada da alma
rebelde, na cruz com Cristo, e a doação da vida inspirada pela graça, na
ressurreição de Cristo. Neste ponto
todos os regenerados passam a viver
pela suficiência do poder vivificador
do Espírito Santo. E, se o Espírito
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daquele que dos mortos ressuscitou a
Jesus habita em vós, aquele que dos
mortos ressuscitou a Cristo Jesus há
de vivificar também os vossos corpos
mortais, pelo seu Espírito que em vós
habita. Romanos 8:11. A presença do
Espírito de Deus em nosso espírito
nos capacita a viver a vida de Filhos
de Deus. É nisto que consiste o avivamento da Bíblia. Pois todos os que
são guiados pelo Espírito de Deus, esses
são filhos de Deus. O mesmo Espírito
testifica com o nosso espírito que somos
filhos de Deus. Romanos 8:14e16. O
avivamento sustentado pelas Escrituras não é um mero movimento de
bonecos animados ou a energia das
almas ativadas, mas a vida santa de
Deus concedida pela graça de Cristo
no poder do Espírito Santo.
Edwin Orr disse que a melhor definição de avivamento é “tempos de
refrigério... na presença de Senhor.”
Muitos confundem tempos de refrigério com tempos de refrigerante.
Isto quer dizer: Tempos de boa vida.
É assim que alguns interpretam o
sentido do avivamento. É viver uma
vida isenta de tribulações e com o
maior progresso material. Mas avivamento no conceito bíblico não apela para esta ideia esquisita. Quando
Deus opera no seio do seu povo de
um modo real, este povo se levanta
para enfrentar as circunstâncias mais
adversas, pois, agora que ficou cheio
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Estudo Bíblico
da vida de Cristo está capacitado
para desenvolver a missão de Cristo
na terra. Assim, quando o Senhor
aviva a sua Igreja ela se torna operante sem ser ativista; vigorosa sem ser
meramente animada; sonora sem ser
barulhenta; piedosa sem ostentação,
vivendo os tempos de refrigério, sem
o menor comodismo. “Uma igreja
avivada pelo poder do Espírito Santo
de Deus, vive a suficiência da vida de
Cristo no temor do Senhor e na singeleza de coração, sem qualquer preocupação com o rufar dos tambores
ou o mover das águas.” Deste modo,
o avivamento não é uma invenção
terrena; é uma criação celestial.
O pecado separa Deus do homem
e gera a morte. No avivamento, Deus
salva o ser humano, para depois vir
habitar no seu ser. No pecado, temos
o homem tentando viver sob o regime da morte. No avivamento, Deus
liberta o homem do pecado e vem
viver a sua vida no coração humano.
Avivamento é tão somente Deus vivendo a sua vida santa em pessoas
que foram justificadas pelo sacrifício
de Cristo e que se encontram regeneradas pela vida de Cristo. Todo avivamento que já aconteceu no mundo
ou que ainda está acontecendo se baseia fundamentalmente no caráter da
santidade de uma vida perfeitamente
santa. A ênfase do real avivamento é
o caráter de Cristo na vida do cristão
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e não o carisma cristão tentando provar ser a vida de Cristo. Muita gente
confunde caráter de Cristo com carisma. Confunde o perfil moral com
os dons. O caráter fala daquilo que
o homem é no escuro, quando ninguém o vê. O carisma ou dom prefere
as luzes e a plateia. No avivamento
de Deus há caráter e carisma, mas o
caráter sempre precede o carisma. A
árvore antecede ao fruto. O carisma
sem caráter é o fruto sem a árvore. É
plástico e sem vida.
“Deus aviva dando a vida de Cristo, e esta vida santa produz frutos de
santidade e feitos santos no poder e
comando do Espírito Santo.” A vida
de Cristo é o caráter. A ação do Espírito é o carisma. Todo aquele que foi
salvo pela graça e goza da realidade
viva de Cristo, também pode ser instrumentalizado pelo Espírito Santo,
manifestando os dons da graça. Não
se deve misturar as virtudes e poderes da alma com os dons do Espírito
Santo. A alma consegue produzir
feitos notáveis por meio de seus poderes latentes. Os magos no Egito
faziam muitas coisas semelhantes ao
poder de Deus que operava em Moisés. Por isso não se deve identificar
os poderes da alma com os dons do
Espírito Santo. Assim, é preciso separar o falso do verdadeiro. E o caráter é ainda a mais eficiente prova.
Examinai-vos a vós mesmos, se perma-
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Estudo Bíblico
neceis na fé; provai-vos a vós mesmos.
Ou não sabeis quanto a vós mesmos,
que Jesus Cristo está em vós? Se não
é que já estais reprovados. 2 Coríntios
13:5.
Se Cristo habita em nossos corações, a sua vida em nós transparece
na qualidade moral que marca as impressões da santidade. Só uma vida
santa age nos padrões da verdadeira
e pura santidade. Não há máscaras
nem manipulações. “Todos os dons
de Cristo são como Ele mesmo: espirituais e celestiais.” Só quem experimentou o nascimento espiritual
pode ter os dons celestiais. Ninguém
pode ter os dons do Espírito sem ter
o próprio Espírito. Ninguém pode
ter o Espírito sem ter a vida de Cristo. Ninguém pode ter a vida de Cristo sem ter morrido com Cristo. Ninguém pode ter morrido com Cristo
sem ter sido atraído por Ele. Foi por
este motivo que Jesus Cristo nos
atraiu quando foi levantado na cruz,
a fim de nos fazer morrer juntamente
com Ele, e deste modo, ganhamos a
sua vida santa na ressurreição, para
que o Espírito Santo viesse habitar
em nossos corações.
Com toda certeza o Espírito Santo não habita numa pessoa que não
tenha sido regenerada. O Espírito da
verdade, o qual o mundo não pode re-
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ceber; porque não o vê nem o conhece;
mas vós o conheceis, porque Ele habita
convosco, e estará em vós. João 14:17.
O Espírito Santo habita nas pessoas que foram crucificadas com Cristo e que receberam a vida de Cristo
em seus corações. Ele é o Espírito
Santo que só habita nos santos que
foram santificados em Cristo Jesus.
Vós, porém, não estais na carne, mas
no Espírito, se é que o Espírito de Deus
habita em vós. Mas, se alguém não tem
o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Romanos 8:9.
Se alguém apresenta manifestações de poder e não demonstra
o caráter da santidade de Cristo,
podemos dizer com segurança que
não se trata dos dons do Espírito.
“O fruto do Espírito não é emocionalismo nem ortodoxia. É caráter.” E
os dons do Espírito nada têm a ver
com a projeção de ministérios ou a
confirmação do sucesso. O Espírito
Santo vem habitar nos corações regenerados a fim de realizar a missão
de Cristo delegada pelo Senhor. Antes de mandar a igreja para o mundo, Cristo mandou o Espírito para a
igreja com a finalidade de capacitá-la
com o seu poder, para o desempenho
de sua missão principal: Pregar o
Evangelho.
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Estudo Bíblico
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Cuidado com a Mentira
Sinval T. da Silva
Desviam-se os ímpios desde
a sua concepção; nascem e já
se desencaminham proferindo
mentiras. Salmos 58:3.
O
homem é mentiroso
por origem, por ascendência, por descendência, por essência, por
costume, por natureza, já nasce mentindo, Salmos 58:3. Desde quando o
diabo enganou a Eva lá no Éden por
meio da serpente, Gênesis 3:4, a descendência de Adão mente, trapaceia,
engana, tanto de maneira vulgar, corriqueira e habitual, como de modo
aprimorado, calculista e fraudulento
para levar algum proveito ou prejudicar o próximo. A inclinação para
a mentira faz parte do conjunto das
características mentais, psicológicas
e afetivas dos seres humanos desde o
nascimento. O pecado da mentira é
inerente à espécie humana, independente da influência da sociedade ou
cultura específica em que o indivíduo
nasce e se desenvolve.
Dizem os cientistas que os cérebros dos mentirosos têm vinte por
cento a mais de massa branca, e catorze por cento a menos de massa
cinzenta. Sem levar em conta a quantidade e a cor da massa cerebral do
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Estudo Bíblico
indivíduo, todas as pessoas mentem
de uma forma ou de outra. A maioria sofre de mitomania, a mania de
mentir. Muitos são mentirosos refinados, afeiçoados à mentira por conveniência, para levar vantagem, ou
até mesmo por motivos fúteis. Não
importa o perfil psicofisiológico que
determina os traços temperamentais
do indivíduo; tanto os sanguíneos,
os coléricos, os melancólicos, os fleumáticos, ou introvertidos e extrovertidos são afeiçoados à mentira: Seja
Deus verdadeiro, e mentiroso todo o
homem. Romanos 3:4. Nenhum ser
humano pode contestar o que Deus
diz nas Escrituras.
Estima-se que uma pessoa diz
pelo menos cento e vinte mentiras
por dia. As mentiras são proferidas
em casa, na rua, no trabalho, na igreja, na escola, no escritório, em todos
os lugares, a qualquer hora. Os pesquisadores afirmam que os maiores
mentirosos estão entre políticos,
advogados, jornalistas, cientistas,
psicólogos, médicos, comerciantes,
vendedores, publicitários e pregadores de religião. Todas as mentiras
são perigosas; mas, a mentira religiosa é a de maior gravidade, pelo
fato dela enganar milhares de pessoas inocentes e conduzi-las ao fogo
do inferno.
O homem em seu estado natural,
sem a vida de Cristo é um mentiroso
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em potencial; mente com a própria
aparência; mente parecendo ser o
que não é, e mente sendo o ser que
é; mente com palavras e ações; mente
para se defender e para acusar; mente para acariciar e para ferir; mente
para seduzir e para reprimir; mente
por medo e mente corajosamente;
mente para se desculpar e para justificar; mente ao sair e ao chegar;
mente nas transações comerciais e
nos relacionamentos sociais; mente por brincadeira e com seriedade;
mente para ganhar e para lesar; mente para não falar ao telefone e mente
falando ao telefone; mente para ficar
em paz com familiares e mente para
promover guerra entre familiares;
mente negando a verdade e mente
afirmando a mentira; mente particular e publicamente; mente religiosa e
socialmente; mente à esposa; mente
ao marido; mente aos filhos; mente
aos pais; mente aos amigos e inimigos, mente a si mesmo; mente por
vicio; mente por inclinação; mente
simplesmente por mentir; mente por
nada. Daí, a solene advertência das
Escrituras: Por isso deixai a mentira,
e falai a verdade cada um com o seu
próximo; porque somos membros uns
dos outros. Efésios 4:25.
A mentira está no caráter, na cabeça, no sangue, no coração, na língua,
nas palavras e nas ações das pessoas;
tanto nas crianças, como nos jovens e
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Estudo Bíblico
adultos. Isso não significa que todas
as pessoas mentem deliberadamente;
mas, de modo geral todos mentem
independente da vontade, até de maneira inconsciente, como se a mentira fizesse parte da musculosidade da
língua. Nos lugares em que a maioria
pensa que a verdade deveria prevalecer, é aí que as mentiras mais descaradas e absurdas correm soltas. As
pessoas em quem deveríamos confiar
são falsas, perigosas e mentirosas.
Por isso a Escritura diz: Maldito o
homem que confia no homem. Jeremias
17:5.
A mentira é um vicio da mente;
ela provém do campo das emoções
cerebrais. A ciência descobriu que
por meio da ressonância magnética
é possível identificar as áreas emocionais do cérebro que denunciam a
mentira. Apesar do avanço da ciência
nesta área, este método não é totalmente confiável. Existe também um
aparelho chamado polígrafo, utilizado nos meios policiais, que mede
a pressão sanguínea e as batidas do
coração quando o indivíduo dissimula a verdade. Mas, nem mesmo os
detectores de mentiras conseguem
impedir as pessoas de mentir; porque em alguns casos o equipamento
não registra as alterações de certos
fenômenos fisiológicos nas pessoas
verdadeiramente frias, que conseguem com facilidade omitir a ver-
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dade. O certo é que a ciência ainda
sabe pouca coisa sobre a mente dos
mentirosos em potencial.
O mentiroso é filho espiritual do
diabo, que é pai da mentira, João
8:44. O filho procura imitar o pai
em muitas coisas; ele tem o pai como
modelo; e como o pai da mentira é
especialista em mentir, daí a preferência do mentiroso é praticar o
que mais admira no pai da mentira:
Amas o mal antes que o bem; preferes
mentir a falar retamente. Salmos 52:3.
A mentira contraria tanto à lei
da verdade, como a lei do amor. Ela
é injusta, impiedosa e destruidora.
Muitas desgraças têm acontecido no
mundo por causa de mentiras. Todos concordam que as pessoas têm a
língua solta demais, e que precisam
de freios para controlar a fala. No
entanto, a sociedade moderna aceita
e pratica a mentira com tanta naturalidade, a ponto de ter escolhido
um dia do ano para ser dedicado a
ela. Desde quando Carlos IX, rei da
França ordenou que o ano começasse
no dia primeiro de janeiro, e não no
dia primeiro de abril como era antes,
o primeiro de abril ficou conhecido
como o dia da mentira. Neste dia,
de acordo com a lei dos mentirosos,
o indivíduo tem toda liberdade para
brincar com a mentira. Daí, o mentiroso aproveita a oportunidade para
passar mensagens enganadoras, sem
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Estudo Bíblico
se preocupar com suas consequências, e com a avaliação que poderão
fazer do seu caráter e da sua conduta moral. Daí, a oportuna recomendação das Escrituras no sentido de
tomarmos cuidado com aqueles que
procuram nos enganar: Isto que vos
acabo de escrever é acerca dos que vos
procuram enganar. I João 2:26.
O mundo celestial e seus valores
são ignorados quando o prazer de
mentir se torna o objeto dos desejos.
Duas espécies de paz devem ser mais
temidas: paz com a mentira e paz na
mentira. A mentira torna o coração
insensível, entorpece a mente, causa
conflitos e desavenças sociais, mata a
fé e seca as forças da vida. Mentir é
pecado, e o salário do pecado é a morte
- Romanos 6:23.
A sociedade moderna está tão familiarizada com a mentira, que até
mesmo nos ambientes familiares, e
nos recintos religiosos os enganos,
as fraudes, os disfarces e as tapeações ocupam os primeiros lugares, e
ninguém se importa. Em toda a Escritura temos advertências enérgicas
contra as atitudes ímpias daqueles
que não se preocupam com a qualidade e a sinceridade da fala: Pois não
têm eles sinceridade nos seus lábios; o
seu íntimo é cheio de crimes; a sua garganta é sepulcro aberto; com a língua
15
lisonjeiam. Salmos 5:9. A ilustração
do sepulcro aberto mostra os efeitos
maléficos do mau uso da língua. A
sepultura aberta exala o mau cheiro
devido à decomposição do cadáver,
como também representa um grande risco, para quem não sabendo do
perigo vir a cair na cova.
O mentiroso é inconstante, covarde, desleal, traiçoeiro e perigoso.
Não se pode confiar até mesmo em
suas lisonjas. Isso não significa que
todos os elogios são falsos. Existe
elogio sincero, verdadeiro; mas, devemos tomar cuidado com a bajulação simulada, difícil de ser percebida.
Os bajuladores apresentam palavras
suaves, delicadas e meigas, somente
para agradar; mas, por trás da fala
adocicada pode estar uma língua
afiada com intenções de ferir, destruir e matar.
Muitas pessoas são agraciadas
por Deus com o importante dom de
línguas. Não estou falando de línguas que muitas pessoas falam nas
igrejas. Estou referindo os poliglotas
privilegiados que conhecem e falam
diversos idiomas de muitas nações.
No entanto, o mais importante não é
saber falar e escrever em muitas outras línguas; mas, é falar a verdade;
porque Deus promete destruir os
que proferem mentiras, Salmos 5:6.
16
Estudo Bíblico
Gotas de Sangue
na Prensa de Azeite
Revista Betel
Abel Emerich
E aconteceu que o seu suor se
tornou como gotas de sangue
caindo sobre a terra.
Lucas 22.39-44.
E
, saindo, foi, como de costume, para o monte das
Oliveiras; e os discípulos o
acompanharam. Chegando ao lugar escolhido, Jesus lhes disse:
Orai, para que não entreis em tentação. Ele, por sua vez, se afastou, cerca
de um tiro de pedra, e, de joelhos,
orava, dizendo: Pai, se queres, passa
de mim este cálice; contudo, não se
faça a minha vontade, e sim a tua.
Então, lhe apareceu um anjo do céu
que o confortava. E, estando em ago-
nia orava mais intensamente.
“Cada um de nós caminha na crista estreita entre fidelidade e traição!”
“Nenhum de nós está imune à sedução de um discipulado falsificado.
Um evangelho diluído nos permite experimentar o melhor de dois
mundos, uma vida de mediocridade
dourada na qual nos dividimos de
forma cuidadosa entre carne e espírito, mantendo os olhos atentos em
ambos. O evangelho da graça barata
dilui a fé numa mistura morna de Bí-
Revista Betel
Estudo Bíblico
blia, nacionalismo e concessão - uma
espiritualidade que não traz nenhuma semelhança com o mistério pascal da morte e ressurreição de Jesus
Cristo.” Brennan Manning
Em lugar de Jesus, o que você faria?
Nos versículos sobreditos a Palavra de Deus relata a agonia do Cordeiro Bendito, nos momentos precedentes à cruz. As horas passavam e
o corredor da morte se estreitava; o
estarrecedor enfrentamento do Calvário ficava cada vez mais iminente.
Jesus entrou em agonia e orava mais
intensamente!
O lugar em que Ele e os discípulos
se encontravam, era sombrio; um jardim situado no sopé do Monte das
Oliveiras, em Jerusalém, conhecido
como “Getsêmani”.
Getsêmani, literalmente, quer
dizer “prensa de azeite”; com efeito,
Jesus se encontrava com a alma na
prensa!
A hora “h” era chegada e o convite
da agonia é o recuo. Nascera numa
estrebaria, porque não havia lugar,
para eles, na hospedaria (Lucas 2:7);
vivera vida humilde; censurado; xingado; desprezado pela casta religiosa
de seu tempo.Era amigo da ralé!
Nada do que então havia passado,
poderia ser comparado ao momento
presente!
A agonia era a sua inimiga íntima,
17
e acochava doído sua inocente alma.
Porém, logo haveria de ser proclamado, aos céus e a terra, aos principados
e as potestades; ao passado, ao presente e ao porvir, o objetivo precípuo
à que viera ao mundo.
Ele estava na prensa, suando
como gotas de sangue e havia grande torcida para o seu recuo. Então, o
que fazer? Ele, por sua vez, se afastou,
cerca de um tiro de pedra, e, de joelhos,
orava, dizendo: Pai, se queres, passa de
mim este cálice; contudo, não se faça
a minha vontade e sim a tua. Lucas
22:41,42.
A vontade do Pai restou cumprida, e, após a passagem estreita pela
prensa, no Getsêmani, o monte Calvário foi alcançado e vencido.
Não por acaso, a Palavra de Deus
informa que a ascensão do Senhor,
ao céu, se deu exatamente a partir
do mesmo ponto onde iniciou a sua
agonia, qual seja: o monte das Oliveiras. Atos 1:12.
Quanto a nós, também não podemos alcançar a vida que flui da
ressurreição do Senhor Jesus Cristo,
enquanto não tomarmos o caminho
da prensa, que leva ao Monte Calvário. Lá nos deparamos com a porta
estreita, o acesso via crucis.
As marcas da cruz marcavam a
quietude do apóstolo Paulo: Quanto
ao mais, ninguém me moleste; porque
eu trago no corpo as marcas de Jesus.
18
Estudo Bíblico
Gálatas 6:17.
Tal afirmação é indicativa de que
seremos inquietados pelas inquietações do nosso ego, até que recebamos
a bordoada certeira, que nos capacita
a estar na quietude da cruz. Somente
assim poderemos exclamar tal e qual
o apóstolo Paulo... ninguém me moleste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus!
A vida desse servo de Deus foi
marcada por sofrimentos: “A segunda Carta aos Coríntios é, acima
de tudo, um livro de sofrimento. Ali
vemos o servo de Deus, seu vaso escolhido, passando por terríveis provas de fogo e sofrendo como, talvez,
nenhum outro apóstolo ou servo do
Senhor jamais tenha experimentado.
O sofrimento está gravado no livro
todo: sofrimento físico, mental e espiritual; alguns foram passageiros e
outros permanentes. Mas ele mostra o motivo para esses sofrimentos
ao dizer: Levando sempre no corpo o
morrer de Jesus, para que também a
Sua vida se manifeste em nosso corpo
(4.10). Essa é a base de todo o ministério em vida. É preciso haver sofrimento e dor; é preciso haver cruz, se
a vida de Cristo tiver de ser manifestada. De modo que, em nós, opera a
morte, mas, em vós, a vida.
Sempre que houver um afastamento da cruz, uma fuga do Calvário, uma recusa do caminho da dor
Revista Betel
e do sofrimento, uma indisposição
para pagar o preço e sofrer dor e
perda, então haverá pobreza, morte, superficialidade e vazio que nada
nos dará para ministramos aos filhos
de Deus. Que a morte nunca cesse
de operar em mim, para que a vida
também nunca cesse de fluir para os
outros.
Qual é a explicação para a superficialidade e pobreza tão marcantes no
ministério nestes dias? É porque os
ministros mesmos experimentaram
muito pouco. Eles deram um jeito de
escapar da cruz sempre que Deus a
ofereceu ou designou a eles. Sempre
existe um meio de escape, outro caminho cujo preço não seja tão alto,
um caminho inferior e não o caminho da cruz. Quão raros e poucos
são os realmente ricos espiritualmente. E por quê? Porque seus sofrimentos não foram abundantes.
Os arranjos de Deus são perfeitos. Ele sabe que tipo de sofrimento
cada um precisa: se é físico, material,
mental ou espiritual. Quando Deus
em Sua sabedoria os faz chegar a
nós, porque vê que precisamos deles,
regozijemo-nos e procuremos ver o
Senhor neles. Vamos aceitá-los com
alegria, reconhecendo que somos totalmente fracos e incapacitados para
eles, mas que Ele é graciosamente
capaz. Ele realmente é, e, na circunstância, nós O encontramos em Sua
Revista Betel
Estudo Bíblico
plenitude e suficiência. Conhecemos
a Deus de forma real porque O encontramos fazendo em nós e por nós
o que não podemos fazer. Assim somos capacitados a ministrá-Lo em
vida aos outros, a edificar o Corpo,
a espalhar vida – Sua vida – aonde
quer que formos.Sempre que a mor-
19
te estiver realmente operando em
nós, então, e só então, é que a vida
pode verdadeiramente fluir para os
outros.” (Watchman Nee).
Sim! Eu sempre amarei essa cruz!
“Nos primórdios, muitos escribas e fariseus eram bem versados nos escritos do Antigo
Testamento, mas nenhum deles foi escolhido como ministro da Palavra.”
“O problema atual está exatamente aqui: muitos podem pregar sobre a Bíblia, mas Deus não
fala. Conhecer as palavras da Bíblia é algo bem diferente de se obter uma Palavra de Deus.”
“Se a Bíblia for divorciada da Pessoa de Cristo, ela se torna um livro morto. Quem é o ministro
da Palavra? É aquele que traduz Cristo na bíblia; quer dizer, ele fala às pessoas sobre o Cristo que
conheceu nas palavras da Bíblia.”
-- Extraído do livro: “O ministério da Palavra de Deus” de W. Nee.
“A verdade não poderia ser verdade neste mundo, se não estivesse em luta; e suspeitaríamos
da verdade, se o erro fosse seu amigo. A pureza imaculada da verdade sempre deve estar em
guerra contra as trevas da heresia e da mentira.”
-- C.H.Spurgeon
“A Igreja Emergente surgiu como um esforço deliberado para tornar o cristianismo mais
apropriado a uma cultura pós-moderna. Os cristãos emergentes estão determinados a adaptar a
fé cristã, a estrutura de Igreja, a linguagem da fé e até a mensagem do Evangelho à retórica e às
ideias pós-modernas.”
-- Extraido do livro “A guerra pela verdade” de John Macarthur
“Não creia em metade do que você ouve; não repita metade
do que crê; quando ouvir uma notícia negativa, divida-a por dois,
depois por quatro, e não diga nada acerca do restante dela”.
-- Charles H. Spurgeon
20
Riqueza
Pentecostes
da
Graça
Revista Betel
Leonard Ravenhill
Mas recebereis poder quando o
Espirito Santo descer sobre vós;
e sereis minhas testemunhas,
tanto em Jerusalém como em
toda a Judéia e Samaria, e até
os confins da terra. Atos 1:8
L
orde Montgomery, aquele
imprevisível Marshall Inglês, disse recentemente
que a Inglaterra entrou na
Segunda Guerra Mundial equipada
para lutar a Primeira Guerra Mundial. Isto foi um modo gentil de dizer
que na Segunda Guerra Mundial a
Inglaterra estava atrasada em equipamento e estratégia para batalha.
Quando o Sr. Christopher Wren
desenhou a grande catedral de São
Paulo em Londres, ele planejou uma
coisa de permanente beleza e imar-
cescível encanto, porém não a pediu
com ar condicionado. Quando George Stephenson construiu seu potente motor, ele não era silencioso e
a diesel, mas uma máquina pouco
motorizada que assobiava. Em outras palavras, tanto Wren como Stephenson subestimaram as necessidades de nossos dias, pois projetaram
unicamente para os seus dias.
Muitos têm hoje um patrocínio
benevolente da igreja de Jesus Cristo (ou do que eles equivocadamente
pensam ser a igreja de Jesus Cristo).
Revista Betel
Riqueza
Estes “sábios” pensam que estes santos que ainda cantam salmos estão
tão fora de lugar com a era atômica,
como uma bicicleta sem valor estaria
comparada com um motor comprimido numa rodovia de quatro vias.
Foi Jesus Cristo culpado, então, de
subestimar a necessidade deste século vinte? É a Igreja que Cristo fundou uma coisa enfadonha e de lenta
mudança, gravemente necessitando
de uma gigantesca revisão e de um
subsídio do governo para conseguir
ser atualizada e comovente? Não! A
igreja não necessita de auxílio do estado.
Admitimos, contudo, que a Igreja necessita de um poderoso recondicionamento pelas mãos Divinas,
isto é, ela necessita o batismo com o
Espírito Santo e com fogo. Quando
o Senhor Jesus Cristo ascendeu aos
céus no Monte das Oliveiras, Ele declarou aos seus discípulos que eles
deveriam “esperar a promessa do Pai”
- o “batismo do Espírito Santo” com
seu poder resultante.
A promessa foi exclusiva - Vós
recebereis poder. Quem recebeu esta
promessa? Somente os seguidores de
Cristo.
A promessa foi emocionante - Vós
recebereis poder. Em ávida antecipação desta benção, a espera podia ver
toda sua fraqueza evaporando no batismo de fogo.
da
Graça
21
A promessa foi explícita - Não
muito depois destes dias.
A promessa foi expansiva - Esta
coisa não era para ser feita em uma
esquina, nem sussurrada entre os
redimidos. Ela deveria estender-se
através deles à Judéia, Samaria, e até
aos confins da terra.
A promessa foi exaltante - No
mundo inteiro das coisas criadas não
há poder maior do que o do Espírito Santo de Deus. Eles foram cheios
com o Espírito do Deus vivo. A terra não poderia ter nenhuma honra
maior do que esta.
Anjos, contemplai e maravilhai-vos!
Cada coisa que há em cima nos
céus, ou em baixo na terra, ou nas
águas debaixo da terra - todas estas
são obras dos Seus dedos e Poderoso
é Aquele que condescendeu em vir e
habitar entre os mortais.
Mas apesar do Pentecostes significar poder aos discípulos - ele também significou prisão para eles. Pentecostes significava revestimento - ele
também significava exclusão. Pentecostes significava favor com Deus ele também trazia ódio da parte dos
homens. Pentecostes trouxe grandes
milagres - ele também trouxe poderosos obstáculos. Pentecostes trouxe
unção para os pregadores do cenáculo - ele também trouxe unção para
um mero diácono que virou Samaria
de cabeça para baixo.
22
Riqueza
Na Europa, o Domingo de Pentecostes é sempre chamado Domingo Branco, e as crianças usualmente
vestem-se de branco. Os discípulos
foram feitos brancos no primeiro Pentecoste - isto é, seus corações foram
purificados pela fé (Atos 15:8,9). Esta
purificação é uma ênfase perdida
atualmente na interpretação do Batismo com o Espírito. Sob o título
de igrejas cheias do Espírito, há algumas coisas estranhas e frívolas operando no presente.
Se muita ênfase não fosse dada
aos dons do Espírito, então não seria tão pouco falado sobre os frutos
do Espírito. Note quão poucos livros
disponíveis falam sobre os frutos do
Espírito; porém, quantos sobre os
dons do Espírito. Todavia o Filho de
Deus disse: Pelos seus frutos os conhecereis.
A primeira coisa essencial para a
vinda do Espírito Santo em um coração hoje é: que o coração esteja limpo
do pecado, porque o Espírito Santo
não enche um coração sujo. O que
da
Graça
Revista Betel
Deus limpou, Ele então enche. Finalmente, quem Deus enche, Ele usa.
Uma vida santa é o autêntico sinal de
ser cheio do Espírito.
Necessitamos hoje de um reavivamento de vida santa. Porque temos
que pendurar um letreiro do lado de
fora de nossas igrejas para anunciar
que somos Fundamentais e Bíblicos?
Porque sem um letreiro ninguém poderia nos identificar? Quando passei
por uma cidade que há poucos dias
tinha sido despedaçada por um tornado, lhes asseguro que não precisava que alguém me contasse que um
poderoso vento tinha despedaçado
o lugar. Um incêndio não necessita
de publicidade. Quando o fogo do
Espírito Santo cai novamente e o poderoso vento do Espírito vem (estou
certo de que Ele está vindo), então
nossa sarça queimará também, e um
Moisés tornará a ver uma grande visão. Assim pois, venha Espírito Santo! Venha rapidamente!
Traduzido por:
Felipe Sabino de Araújo Neto
“O cristão em união com Deus descansa dos argumentos. É difícil para a alma reprimir a
argumentação enquanto está alienada de Deus. Ela argumenta porque perdeu o Deus da razão.
O crente verdadeiramente restaurado cessa da argumentação viciosa e complicada da natureza.
A verdadeira sabedoria é desejar conhecer tudo aquilo que Deus deseja que conheçamos; é
empregar nossa faculdade de percepção e raciocínio sob a direção divina e não buscar nada além
deste limite. Você que busca a verdade: tendo exercitado sua razão até descobrir que não existe
paz nela, descanse no Deus da razão. O que você não sabe, Deus sabe. Ande com os olhos
vendados e Deus, com sua mão, guiará você.”
-- T.C. Uphan
Revista Betel
Riqueza
da
Graça
O Cristão e a
Proposta do Mundo
23
J. C. Metcalfe
Estou crucificado com Cristo;
logo, já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim...
Gálatas 2.19b-20
S
atanás, de forma obstinada,
sempre trabalha para impedir o testemunho do povo
de Deus. Transformou-os
em escravos de Faraó no Egito, que
tipifica a opressão do mundo e de seu
príncipe. Deu-lhes muitas ocupações
para que não tivessem tempo para
comunhão com Deus. Rugiu ferozmente quando Moisés anunciou o
resgate que Deus operaria e aumentou a opressão. Sabendo que não
podia lutar contra Deus, usou Janes
e Jambres para imitarem os sinais di-
vinos. Para que, através da confusão,
pudesse impedir o avanço da obra
do Senhor. Imitou por algumas vezes, mas falhou quando a essência da
autoridade divina era exigida. E seus
servos exclamaram: Isto é o dedo de
Deus (Êxodo 8: 16-19).
Obstinado, passou a permitir que
o povo adorasse a Deus, desde que
este ficasse no Egito (Êxodo 8:25).
Opondo-se a uma separação entre o
povo de Deus e o mundo. Uma tática eficaz para seus projetos. Depois
tentou conciliar, permitindo que o
24
Riqueza
povo saísse desde que não fosse longe (Êxodo 8:28). Ao ver-se acuado,
passou a exigir que os filhos ficassem
no Egito (Êxodo 10: 8-9). E, ainda
que o povo fosse, mas que seus bens
ficassem no Egito, a serviço de Faraó (Êxodo 10:24). Mas o chamado
de Deus foi claro: Um caminho de
três dias para longe do Egito (Êxodo
3:18). A travessia do Mar Vermelho,
num claro rompimento com tudo
que pertencesse ao Egito. O caminho pelo deserto, onde Deus seria
tudo em todos. E o destino? Além
do Jordão... Canaã.
Três mil anos se passaram, mas
Satanás usa as mesmas armas, agora
contra o Corpo de Cristo na terra.
Mas o propósito de Deus é o mesmo: Um povo seu, separado, santo.
(I Pedro 2: 9; II Coríntios 6:17)
Satanás usa o mundo para sufocar
o tempo e os valores de quem professa seguir a Cristo. Fazendo com
que muitos sejam cristãos de mente
e pagãos de comportamento. Aquele
que segue a Cristo está morto para
o mundo e o mundo morto para ele
(Gálatas 6:14). O mundo escolheu
a Barrabás e mandou Jesus à Cruz
e oferece o mesmo a quem, de fato,
segue a Cristo. O cristão mostra-se
infiel a Cristo na mesma proporção
que tem comunhão com o mundo.
A sensibilidade viva da natureza divina, presente em seus servos, recua
da
Graça
Revista Betel
perante a manifestação das trevas. O
mundo é tudo aquilo que não é do
Pai (I João 2: 15-17).
O recurso usado pelos magos do
Egito, a imitação, é, ainda hoje, uma
das armas mais eficazes de Satanás.
Formando um batalhão de pessoas professando fé, mas com práticas
traidoras ao Evangelho. Cheios de
doutrinas, tendo aparência de piedade,
mas negando sua eficácia. (II Timóteo
3:5). Que aprendem sempre, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade. (II Timóteo 3:7). E como Janes
e Jambres resistiram a Moisés, assim
também estes resistem à verdade. Sendo homens corruptos de entendimento
e réprobos quanto à fé (II Timóteo
3:8). Transitando no meio da igreja,
convencem a muitos que não é necessário irem muito longe do mundo. Tentando servir a dois reinos, são
mestres que encontram muitos para
lhes dar ouvidos (II Timoteo 4:3).
Normalmente seus filhos não escapam das garras do inferno e seus
bens servem para nutrir o reino inimigo. Se não estamos dispostos a
ir longe, é melhor não partirmos. A
saudade do Egito virá (Números 11:
4-5). E o maná do céu ( Jesus) nunca
nos satisfará plenamente (Números
11: 6). Satanás obteve forte êxito
em aliciar as multidões professas.
O cristianismo atual reflete a realidade do sentido da palavra Laodicéia,
Revista Betel
Riqueza
que é “a opinião da maioria” ou a de
Pérgamo, que é “casamento com o
mundo”. Mas o Senhor tem reservado um povo assentado nas regiões
celestiais em Cristo (Efésios 2:6).
Quem ama e busca as coisas do alto e
rejeitam as que são da terra (Colossenses 3: 1-2). Que está com suas
da
Graça
25
lâmpadas acesas aguardando a volta
do noivo. Aleluia!
Este texto foi inspirado no livro
“Notas sobre o pentateuco, Estudos
sobre o livro de Êxodo, C H Mackintosh, Edt. Depósito de Literatura
Cristã”.
Você está certo de que quer ser enchido com o Espírito Santo?
Depois de o indivíduo se convencer de que quer ser enchido com o Espírito Santo costumo
fazer estas perguntas:
Você está certo de que quer ser possuído por um Espírito que, sendo puro, gentil e sábio e
amorável, insistirá com você por ser o Senhor de sua vida?
Está certo de querer que sua personalidade, seja tomada por Um que
exigirá obediência à Palavra?
Está disposto a não tolerar em sua vida, nenhum dos pecados do ego:
egocentrismo, indulgência própria (ou comodismo)?
O Qual não lhe permitirá pavonear-se nem gabar-se nem exibir-se?
O Qual tomará de suas mãos o leme de sua vida, e reservará para Si o soberano direito
de pôr você à prova e discipliná-lo?
O Qual o privará de muitas das suas predileções, que secreta e sorrateiramente,
prejudicam a sua alma?
Se você não puder responder a estas perguntas com um sincero e nítido SIM, é claro que você
não está querendo ser enchido. Você pode estar querendo emoção ou a vitória, ou o poder, mas não
estará querendo realmente ser enchido com o Espírito. O seu desejo é talvez pouco mais do que
uma fraca vontade, e não é suficientemente puro para agradar a Deus, o Qual exige tudo ou nada.
E outra vez pergunto: Você está certo de que quer ser enchido com o Espírito Santo?
-- A W Tozer
“A humildade é o segredo da unidade e o orgulho é o segredo da divisão.”
-- Robert C. Chapmam
26
Riqueza
da
Graça
O Segredo de
uma Vida de Oração
Revista Betel
E. M. Bounds
Fiel é Deus, pelo qual fostes
chamados à comuhão do seu
filho Jesus Cristo,
nosso Senhor.
1 Corintios 1:9
“O
s grandes mestres
da doutrina cristã tem encontrado
sempre na oração
a fonte mais elevada de iluminação.
Para não passar dos limites da Igreja
Anglicana, diz-se do Bispo Andrews
que passava cinco horas diárias sobre
os joelhos. Tem-se chegado às maiores resoluções práticas que têm enriquecido e aformoseado a vida humana nos tempos cristãos por meio da
oração.” Cannon Liddon.
Ainda que muitas orações priva-
das, por sua própria natureza, têm
de ser curtas; ainda que a oração pública, como regra, deva ser condensada; ainda que tenha seu valor e lugar
à oração breve, contudo, em nossas
comunhões privadas com Deus o
tempo tem um valor essencial. Muito tempo passado com Deus é o
segredo da oração eficaz. A oração
que se converte em força poderosa é
o produto imediato de largas horas
passadas com Deus. Nossas orações
pequenas devem seu alcance e eficiência às orações extensas que as tem
Revista Betel
Riqueza
precedido. Uma oração curta não
pode ser eficaz se o que a faz não tem
tido uma luta contínua com Deus. A
vitória da fé de Jacó não se haveria
efetuado sem essa luta de toda a noite. Não se adquire o conhecimento
de Deus com pequenas e inopinadas
visitas. Deus não derrama Seus dons
sobre os que vem vê-Lo por casualidade ou às pressas.
A comunhão constante com Deus
é o segredo para conhecê-Lo e para
ter influência com Ele. O Senhor
cede ante a persistência de uma fé
que O conhece. Confere Suas bênçãos mais ricas aos que manifestam
desejo e estima por estes bens, tanto
pela constância como pelo fervor de
sua importunidade. Cristo, que nisto, como em tudo, é nosso Modelo,
passou noites inteiras em oração.
Seu costume era orar muito. Tinha
um lugar habitual de oração. Largos
períodos de tempo em oração formaram Sua história e Seu caráter. Paulo
orava dia e noite. Daniel, no meio de
importantes ocupações, orava três
vezes ao dia. As orações de Davi de
manhã, ao meio-dia e à noite eram
indubitavelmente mui prolongadas
em muitas ocasiões. Ainda que não
saibamos exatamente o tempo que
estes santos da Bíblia passaram em
oração, temos indicações de que lhe
dedicaram boa parte dele e, em algumas ocasiões, foi seu costume consa-
da
Graça
27
grar-lhe largos períodos da manhã.
Não queremos que se pense por
isto que o valor das orações tem de
ser medido com o relógio, senão que
desejamos recalcar a necessidade de
estar longo tempo a sós com Deus; se
nossa fé não tem produzido este distintivo, se deve ao fato de que é uma
fé débil e superficial. Os homens que,
em seu caráter se têm assemelhado
a Cristo e que têm impressionado o
mundo com ele, são os que têm passado tanto tempo com Deus, que
este hábito se tornou uma característica notável de sua vida. Charles
Simeon dedicava das quatro às oito
horas da manhã a Deus. O senhor
Wesley passava duas horas diárias
em oração. Começava às quatro horas da manhã. Uma pessoa que o
conheceu bem escreveu: “Tomava a
oração como sua ocupação mais importante, e se lhe via sair depois de
suas devoções com uma serenidade
no rosto que quase resplandecia”.
John Fletcher molhava as paredes
de seu quarto com o alento de suas
orações. Algumas vezes orava toda a
noite; sempre, freqüentemente, com
grande fervor. Toda sua vida foi uma
vida de oração. “Não me levantarei
de meu assento” – dizia – “sem elevar meu coração a Deus.” A experiência de Lutero era esta: “Se deixo
de passar duas horas em oração cada
manhã, o inimigo obtém a vitória
28
Riqueza
durante o dia; tenho muitos assuntos que não posso despachar sem
ocupar três horas diárias de oração”.
Seu lema era: “O que tem orado bem
tem estudado bem”.
O arcebispo Leighton acostumava
estar tanto tempo a sós com Deus
que sempre parecia encontrar-se em
uma meditação perpétua. “A oração
e adoração constituíam sua ocupação e prazer”, disse seu biógrafo. O
bispo Ken passava tanto tempo com
Deus que se dizia que sua alma estava enamorada do Senhor. Estava na
presença do Altíssimo antes que o
relógio desse três da manhã. O bispo
Asbury se expressava assim: “Procuro tão freqüentemente como me
é possível levantar-me às quatro da
manhã e passar duas horas em oração
e meditação”. Samuel Rutherford,
cuja piedade ainda deixa sentir sua
fragrância, se levantava de madrugada para comunicar-se com Deus em
oração. Joseph Alleine deixava o leito
às quatro da manhã para ocupar-se
na oração até às oito. Caso ouvisse
que alguns artesãos haviam começado a trabalhar antes que ele houvesse levantado, exclamava: “Quão
envergonhado estou! Não merece
meu Mestre mais do que o deles?”
O que conhece bem esta classe de
ações tem a sua disposição o banco
da
Graça
Revista Betel
inextinguível dos céus. Um pregador
escocês, dos mais piedosos e ilustres,
dizia: “Meu dever é passar as melhores horas em comunhão com Deus.
Não posso abandonar em um canto
o assunto mais nobre e proveitoso.
Emprego as primeiras horas da manhã, das seis às oito, porque durante
elas não há nenhuma interrupção.
O melhor tempo, a hora depois da
merenda, o dedico somente a Deus.
Não descuido o bom hábito de orar
antes de deitar, porém ponho cuidado para que o sonho não me venha.
Quando desperto na noite devo levantar-me e orar. Depois do café da
manhã, dedico alguns momentos à
intercessão”. Este era o plano de oração que seguia Robert M’Cheyne. A
famosa sociedade de oração metodista nos envergonha: “Das cinco às seis
da manhã e das cinco às seis da tarde,
oração privada”. John Wech, o santo
e maravilhoso pregador escocês, considerava mau empregado o dia se
não havia dedicado oito ou dez horas dele a orar. Tinha uma beca para
envolver-se na noite quando se levantava a orar. Lamentando-se sua esposa por encontrá-lo no solo chorando,
a contestava: “Oh, mulher, tenho de
responder por três mil almas e não
sei o que passa com muitas delas!”
Revista Betel
Riqueza
da
Graça
A Porta e o Caminho
29
Watchman Nee
Entrai pela porta estreita
(larga é a porta, e espaçoso,
o caminho que conduz para
a perdição, e são muitos os
que entram por ela), porque
estreita é a porta, e apertado,
o caminho que conduz para
a vida, e são poucos os que
acertam com ela. Mateus
7.13,14.
H
oje, nosso propósito
não é explicar a passagem mencionada,
mas demonstrar a trajetória da vida cristã, porque os versículos acima tratam de dois grandes
princípios: (1) entrar pela porta e (2)
percorrer o caminho. Enfatizar um
deles e excluir o outro resultará em
um extremo. Deus coloca, diante do
cristão, uma porta e um caminho, ou
um caminho e uma porta, a fim de
mantê-lo em equilíbrio.
O que significa entrar pela porta?
Entrar pela porta quer dizer passar
por uma crise. Assim como a passagem tem uma porta que bloqueia
o seu avanço, passar pela porta significa enfrentar algo que você nunca
experimentou antes. Não importa
quão espessa seja a porta, não se
leva cinco minutos para atravessá-la. Quando alguém passa, está de
imediato em um novo ambiente. Há
uma diferença enorme entre o cenário anterior à passagem pela porta e
a cena posterior. Cinco minutos antes, a pessoa estava em um mundo
30
Riqueza
particular, mas, agora, está em um
mundo diferente. Anteriormente, a
pessoa estava do lado de fora da porta e, agora, encontra-se do lado de
dentro. Por exemplo: do lado de fora
do parque Jessfield, é possível vermos
poeira e carros. Porém, ao entrar
pela porta do parque, sentimos, de
imediato, que estamos em uma área
completamente diferente. Portanto,
falando em termos espirituais, entrar
pela porta significa que, em um curto
período de tempo, surge uma diferença tremenda. Num período tão
breve, o cristão passa por uma crise,
e sua condição espiritual toma outro
rumo no mesmo instante.
O cristão não apenas tem de atravessar uma crise, mas deve percorrer
um caminho também. O caminho
é longo, e é necessário muito tempo
para percorrê-lo. Leva muito tempo
para atravessar a porta? É óbvio que
ela pode ser atravessada com rapidez. O que, então, requer mais tempo: entrar pela porta ou percorrer o
caminho? Naturalmente, percorrer
o caminho exige mais tempo. Surge
um grande desequilíbrio se alguém
entra pela porta sem dar um passo
no caminho em seguida. Depois que
o cristão atravessa a porta, ele deve
seguir adiante, passo a passo. Percorrer o caminho significa prosseguir
gradualmente – um passo depois
do outro. Para atravessar a porta,
da
Graça
Revista Betel
é necessário apenas um passo, mas
o ato de percorrer o caminho não
pode ser realizado em apenas um
passo. Assim, ao entrar pela porta,
o cristão imediatamente sente uma
mudança distinta. Ele segue adiante
(mais uns cem passos) e, então, pode
ter de atravessar outra porta. Talvez,
após dar mil passos, outra crise ainda o espere. O cristão deve, portanto, estar preparado para percorrer o
caminho sempre que decidir atravessar uma porta. Por isso, passar pela
porta significa enfrentar uma crise,
enquanto percorrer o caminho quer
dizer progredir.
Hoje em dia, há muitas controvérsias sobre esse assunto entre os cristãos. Alguns enfatizam a crise, enquanto outros, o progresso. Alguns
consideram que entrar pela porta
deve ser uma experiência suprema,
enquanto outros supõem que podem
prosseguir sem qualquer necessidade
de atravessá-la. Ambas as posições
são desequilibradas. Devemos saber
que, de um lado, precisamos passar
por uma crise e, por outro, prosseguir no caminho. Entrar pela porta e
percorrer o caminho são dois importantes princípios bíblicos; eles devem
ser igualmente enfatizados.
De acordo com a Palavra de Deus,
entrar pela porta, em nossa trajetória
espiritual, antecede o ato de percorrer o caminho. Em primeiro lugar, a
Revista Betel
Riqueza
crise; depois, o progresso. Contudo,
acontece o contrário para quase toda
jornada terrestre, pois esta requer
normalmente caminhar antes de entrar. Na jornada espiritual, porém, o
caso é outro, pois pode ser semelhante a uma viagem rumo a um palácio
ou mausoléu real cercado por uma
muralha gigantesca. Você precisa
passar pela entrada primeiro e, depois, andar por uma extensa trilha
da
Graça
31
antes de chegar ao destino. Uma vez
que a Bíblia sempre apresenta a porta e o caminho juntos, podemos vê-los em ação tanto na “fé” quanto na
“obediência” – dois princípios-chave
da vida cristã.
Extraído do livro:
Vida Cristã Equilibrada,
de Watchman Nee
Editora dos Clássicos
“Quando procuramos honras, desviamo-nos de Jesus.”
-- Hugh of St. Victor
“O orgulho não é grandeza, mas inchaço.
E o que está inchado parece grande, mas não é sadio.”
-- Santo Agostinho
SEM CERA
Segundo certos autores, o vocábulo “sincero” procede de duas palavras latinas: sine e cera.
Significam “sem cera”. Ao estudar a etimologia ou origem dessa palavra, somos transportados ao
tempo do Império romano, no qual certos escultores pouco escrupulosos disfarçavam os defeitos
de suas estátuas de mármore, ocultando-os com cera. Eles dificilmente eram visíveis a olho nu, a
menos que a estátua fosse exposta ao sol. Por isso os escultores honestos asseguravam aos seus
clientes que suas obras eram ”sinceras”, sem cera.
O apóstolo Paulo fala da fé “não fingida” de Timóteo (2 Timóteo 1:5), e que também se
interessava “sinceramente” pelos filipenses (2:20). Em 2 Coríntios 8:8 convoca os coríntios a dar
uma prova da “sinceridade” do amor deles ajudando os irmãos mais pobres.
É necessário que nossa fé e todas as suas manifestações possam suportar a prova da luz divina.
Deus é luz… se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros. 1 João
1:5-7. Contudo, se o pecado nos surpreender, não o escondamos “com cera”, ou seja, com outros
nomes mais delicados, subterfúgios, desculpas, justificativas. Cedo ou tarde, a cera irá derreter.
Por outro lado, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e
nos purificar de toda a injustiça. 1 João 1:9.
-- Extraído do Devocional Boa Semente 2011
32
Legado
Precisamos Novamente
de Homens de Deus
Revista Betel
A. W. Tozer
Porventura, procuro eu,
agora, o favor dos homens
ou de Deus? Ou procuro
eu agradar a homens? Se
agradasse ainda a homens,
não seria servo de Cristo.
Gálatas 1:10
A
igreja, neste momento,
precisa de homens, o
tipo certo de homens,
homens ousados. Afirma-se que necessitamos de avivamento e de um novo movimento do
Espírito; Deus sabe que precisamos
de ambas as coisas. Entretanto, Ele
não haverá de avivar ratinhos. Não
encherá coelhos com seu Espírito
Santo.
A igreja suspira por homens que
se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem
ser amedrontados pelas ameaças de
morte, porque já morreram para as
seduções deste mundo. Tais homens
estarão livres das compulsões que
controlam os homens mais fracos.
Não serão forçados a fazer as coisas
pelo constrangimento das circunstâncias; sua única compulsão virá do
íntimo e do alto.
Esse tipo de liberdade é necessária se queremos ter novamente, em
nossos púlpitos, pregadores cheios
de poder, ao invés de mascotes. Esses homens livres servirão a Deus e
Revista Betel
Legado
à humanidade através de motivações
elevadas demais, para serem compreendidas pelo grande número de
religiosos que hoje entram e saem
do santuário. Esses homens jamais
tomarão decisões motivados pelo
medo, não seguirão nenhum caminho impulsionados pelo desejo de
agradar, não ministrarão por causa
de condições financeiras, jamais realizarão qualquer ato religioso por
simples costume; nem permitirão a
si mesmos serem influenciados pelo
amor à publicidade ou pelo desejo
por boa reputação.
A igreja suspira por homens que
se consideram sacrificáveis na batalha da alma, homens que não podem
ser amedrontados pelas ameaças de
morte, porque já morreram para as
seduções deste mundo.
Muito do que a igreja faz em nossos dias, ela o faz porque tem medo
de não fazê-lo. Associações de pastores atiram-se em projetos motivados
apenas pelo temor de não se envolverem em tais projetos.
Precisamos novamente
de homens de Deus
Sempre que o seu reconhecimento motivado pelo medo (do tipo
que observa o que os outros dizem
e fazem) os conduz a crer no que o
mundo espera que eles façam, eles o
farão na próxima segunda-feira pela
33
manhã, com toda a espécie de zelo
ostentoso e demonstração de piedade. A influência constrangedora da
opinião pública é quem chama esses
profetas, não a voz de Jeová.
A verdadeira igreja jamais sondou
as expectativas públicas, antes de se
atirar em suas iniciativas. Seus líderes ouviram da parte de Deus e avançaram totalmente independentes
do apoio popular ou da falta deste
apoio. Eles sabiam que era vontade de Deus e o fizeram, e o povo os
seguiu (às vezes em triunfo, porém
mais frequentemente com insultos e
perseguição pública); e a recompensa
de tais líderes foi a satisfação de estarem certos em um mundo errado.
Outra característica do verdadeiro
homem de Deus tem sido o amor. O
homem livre, que aprendeu a ouvir a
voz de Deus e ousou obedecê-la, sentiu o mesmo fardo moral que partiu
os corações dos profetas do Antigo
Testamento, esmagou a alma de nosso Senhor Jesus Cristo e arrancou
abundantes lágrimas dos apóstolos.
O homem livre jamais foi um tirano religioso, nem procurou exercer
senhorio sobre a herança pertencente a Deus. O medo e a falta de segurança pessoal têm levado os homens
a esmagarem os seus semelhantes
debaixo de seus pés. Esse tipo de
homem tinha algum interesse a proteger, alguma posição a assegurar;
34
Legado
portanto, exigiu submissão de seus
seguidores como garantia de sua própria segurança. Mas o homem livre,
jamais; ele nada tem a proteger, nenhuma ambição a perseguir, nenhum
inimigo a temer. Por esse motivo, ele
é alguém completamente descuidado
a respeito de seu prestígio entre os
homens. Se o seguirem, muito bem;
caso não o sigam, ele nada perde que
seja querido ao seu coração; mas,
quer ele seja aceito, quer seja rejeitado, continuará amando seu povo
com sincera devoção. E somente a
morte pode silenciar sua terna intercessão por eles.
Sim, se o cristianismo evangélico
tem de permanecer vivo, precisa novamente de homens, o tipo certo de
homens. Deverá repudiar os fracotes
Revista Betel
que não ousam falar o que precisa ser
externado; precisa buscar, em oração
e muita humildade, o surgimento de
homens feitos da mesma qualidade
dos profetas e dos antigos mártires.
Deus ouvirá os clamores de seu povo,
assim como Ele ouviu os clamores de
Israel no Egito. Haverá de enviar libertação, ao enviar libertadores. É
assim que Ele age entre os homens.
E, quando vierem os libertadores… Serão homens de Deus, homens de coragem. Terão Deus ao seu
lado, porque serão cuidadosos em
permanecer ao lado dEle; serão cooperadores com Cristo e instrumentos nas mãos do Espírito Santo…
Tozer A.W.
Verdadeiras Profecias
Permanecer onde Deus nos colocou
Não podemos recuar da posição em que Deus tem nos colocado.
O abandono desta posição nunca é fruto da humildade, mas do egocentrismo.
Deus não nos chamou com base em nossa capacidade, mas na capacidade Dele.
É Ele que nos faz instrumentos de sua glória.
Deus não obrigará ninguém a permanecer no lugar onde nos colocou.
O caminho estará sempre aberto para descermos ao lugar em que a vil incredulidade nos lançar.
Se Deus nos honra para que andemos nas pisadas de Cristo...
Não murmuremos, pois poderemos perder rapidamente sua honra.
Que Ele encontre em nós um coração disposto a serví-lo...
Um coração paciente, consagrado e despido de si mesmo!
Um coração fiel que se regozija e permaneça na sua vontade!
Amém! Amém! Amém!
-- Texto adaptado de C H Mackintosh
Revista Betel
Legado
Um Vaso de Alabastro
35
C. H. Mackintosh
Temos, porém, este tesouro
em vasos de barro, para que
a excelência do poder seja de
Deus e não de nós.
2 Coríntios 4:7
“E
la praticou uma boa
ação para comigo”.
É indispensável
trazer na mente nestes dias altamente ocupados e de atividades sem descanso, que Deus olha
para tudo a partir de um único ponto
de vista, avalia tudo por uma única
regra, prova tudo por um único critério, e este critério, que governa Seu
ponto de vista é Cristo. Ele valoriza
as coisas segundo as mais próximas
elas podem estar conectadas com
o Filho do Seu Amor, e nada além.
Tudo é feito para Cristo, tudo que é
feito por Ele é precioso para Deus.
Tudo mais é sem valor. Muito serviço pode ser realizado e uma grande
porção de louvor pode ser oferecida através de lábios humanos, mas
quando Deus o analisa, Ele irá buscar somente uma coisa e é medindo
36
Legado
o quanto este serviço está conectado
à Cristo. Sua grande questão será:
este serviço foi realizado em e para o
Nome de Jesus? Se for, ele foi aprovado e recompensado; se não, será
rejeitado e queimado.
Não importa o que os homens
possam pensar sobre um trabalho
específico. Eles podem ser elogiados
sobejamente por algo que estejam
fazendo; eles podem ostentar seu
nome nos jornais; eles podem fazer
do seu nome o assunto no seu círculo de amigos; eles podem ter um
grande nome como pregador, mestre, escritor, filantrópico, reformador
moral, mas se não pode conectar seu
trabalho com o nome de Jesus – se
este não é feito para Ele e para a Sua
glória – se não é fruto do constrangimento do amor de Cristo, será todo
soprado fora como a palha do chão
da debulha de verão, e cair no esquecimento.
Um homem pode procurar um
silencioso, humilde, modesto serviço, desconhecido e não noticiado.
Seu nome pode nunca ser ouvido,
seu trabalho pode nunca ser reconhecido, mas o que foi feito, foi feito simplesmente por amor a Cristo.
Ele serviu na obscuridade com seus
olhos no seu Mestre. O sorriso do
seu Senhor é o suficiente para ele. Ele
não pensou em nenhum momento
em receber a aprovação dos homens;
Revista Betel
ele nunca procurou cativar o sorriso
do homem ou evitar a sua censura.
Ele tem procurado padronizar o sentido do seu caminho, simplesmente
olhando para Cristo e agindo para
Ele. Seu serviço irá permanecer. Este
será lembrado e recompensado, porém ele não faz o serviço pensando
na lembrança e na recompensa, mas
simplesmente por amor a Cristo.
Este é o serviço correto, a moeda genuína que irá subsistir ao fogo do dia
do Senhor.
O pensamento de tudo isto é muito solene, e também muito reconfortante. É solene para aqueles que servem segundo um padrão aos olhos
dos seus seguidores, mas reconfortante para todos aqueles que servem
sob os olhos do seu Senhor. Esta é
uma impronunciável misericórdia
ser salvo do tempo da servidão, do
espírito de agradar a homens presente hoje em dia e ser permitido andar
diante do Senhor – poder iniciar,
executar e concluir nossos serviços
Nele.
Vamos analisar a mais amável
e tocante ilustração sobre isto, nos
apresentada na “casa do Simão o leproso” e registrada em Mateus 26.
Jesus esta em Betânia, na casa de Simão o leproso, então veio até Ele uma
mulher possuindo um vaso de alabastro
contendo um unguento de grande valor,
e derramou sobre a sua cabeça quando
Revista Betel
Legado
Ele estava sentado à mesa.
Se nós perguntássemos para essa
mulher enquanto ela caminhava em
direção à casa de Simão, para que é
isto? É para ostentar a excelência do
perfume deste unguento ou o material e forma da caixa do alabastro? É
para obter o louvor dos homens pelo
seu ato? É para alcançar um grande
nome pela extraordinária devoção a
Cristo no meio do pequeno grupo de
amigos pessoais do Salvador? Não,
caro leitor, não é para nenhuma destas coisas. Como nós sabemos disto?
Por causa do Deus altíssimo, o Criador de todas as coisas, que conhece
os mais profundos segredos de todos
os corações e a verdadeira motivação
de cada ação é exposta, e Ele pesou a
ação dela com a balança do santuário
e colocou nela o selo de Sua aprovação. Ele estava lá na pessoa de Jesus
de Nazaré – Ele o Deus do conhecimento através de quem todas as
ações são pesadas. Ele enviou adiante
sua ação com uma moeda genuína do
reino. Ele não gostaria, não poderia
fazer isto se houvesse alguma mistura, qualquer falsa motivação, qualquer pretensão oculta. Seu santo e
penetrante olho penetrou as maiores
profundezas da alma da mulher. Ele
sabia, não somente o que ela havia
feito, mas como e porque ela havia
feito aquilo, e Ele declarou: ela praticou uma boa ação para comigo.
37
Em uma palavra, o próprio Cristo
tem o propósito imediato da alma da
mulher, e foi isso que valorizou o seu
ato e elevou o cheiro do unguento
com cheiro suave ao trono de Deus.
De modo nenhum ela sabia ou pensava que milhões leriam o registro de
sua profunda devoção pessoal. De
modo nenhum ela imaginou que seu
ato seria gravado pela mão do Mestre
nas páginas da eternidade, e nunca
ser esquecido. Ela não pensou nisto.
Nem tão pouco ela procurou ou sonhou com tamanha notoriedade; se
ela tivesse feito assim, teria roubado
a beleza do seu ato e desprovido toda
a fragrância de seu sacrifício.
Mas o abençoado Senhor para
quem o ato foi feito, cuidou para que
não fosse esquecido. Ele não somente o defendeu naquele momento,
mas o transmitiu para o futuro. Isto
foi suficiente para o coração daquela
mulher. Tendo a aprovação do seu
Senhor, ela teve condições de suportar a “indignação” até dos “discípulos”
e de ouvir que seu ato foi um “desperdício”. Foi suficiente para ela que
o Seu coração foi refrescado. Todo
o resto não foi nada por aquilo que
tem valor. Ela nunca se preocupou
em manter o louvor do homem ou
evitar o seu escárnio. Seu único indivisível objetivo do principio ao fim,
foi Cristo. Do momento em que ela
pegou o vaso de alabastro, até que ela
38
Legado
o quebrou e derramou o seu conteúdo sobre Sua sagrada Pessoa, ela
pensou somente Nele. Ela teve uma
intuição perspectiva do que poderia ser conveniente e agradável ao
seu Senhor na solene circunstância
em que Ele estava inserido naquele
momento, e com apurado tato ela
fez aquilo. Ela nunca considerou o
valor do unguento; ou, se ela considerou, ela sabia que Ele valia dez mil
vezes mais. Quanto aos pobres, eles
possuem o seu próprio lugar e suas
súplicas também, mas ela sentiu que
Jesus era mais para ela do que todos
os pobres do mundo.
Em resumo, o coração da mulher
estava cheio de Cristo, e foi isto que
caracterizou o seu ato. Outros poderiam pronunciar que era um “desperdício”, mas nós podemos descansar
seguros sabendo que nada que é gasto para Cristo é um desperdício. Então a mulher julgou, e ela estava certa. Para honrá-lo naquele momento
em que o mundo e o inferno estavam se levantando contra Ele, este
era o maior serviço que um homem
ou anjo poderia executar. Ele estava
indo para ser oferecido. As sombras
estavam se estendendo, as trevas estavam se intensificando, a escuridão
crescendo. A cruz com todos os seus
horrores estava mais próxima; esta
mulher se antecipou a todos e ungiu
o corpo do seu adorável Senhor.
Revista Betel
Marque o resultado. Veja como
imediatamente o abençoado Senhor
veio em sua defesa e a protegeu da indignação e do escárnio daqueles que
pensavam saber mais do que ela. Jesus, porém, conhecendo isto, disse-lhes:
Por que afligis esta mulher? Pois ela
praticou uma boa ação para comigo.
Porquanto sempre tendes convosco os
pobres, mas a mim não me haveis de
ter sempre. Ora, derramando ela este
unguento sobre o meu corpo, fê-lo preparando-me para o meu sepultamento.
Em verdade vos digo que, onde quer
que este evangelho seja pregado, em
todo o mundo, também será referido o
que ela fez, para memória sua. Mateus
26:10-13.
Aqui está uma gloriosa defesa na
presença de quem toda a indignação
humana, escárnios e falta de entendimento deve passar como a neblina da
manhã antes do calor do nascer do
sol. Por que afligis esta mulher? Pois
ela praticou uma boa ação para comigo. Isto terminou com todo o resto.
Tudo deve ser pesado de acordo com
sua conexão com Cristo. Um homem
pode andar o mundo inteiro levando
seus nobres atos de filantropia; ele
pode espalhar com nobreza os frutos
do seu grande coração benevolente;
ele pode dar todos os seus bens para
alimentar os pobres; ele pode ir às
últimas consequências no tocante a
religiosidade e moralidade e não fa-
Revista Betel
Legado
zer uma única coisa em que Cristo
possa dizer, “este foi um bom serviço
para Mim”.
Caro leitor, seja quem você for ou
o quanto você esteja engajado, pondere nisso. Veja que você mantenha
os seus olhos diretamente em Cristo
em tudo o que você faz. Faça de Jesus
o objetivo imediato de cada pequeno
serviço, não importa o quê. Procure
servir de forma que Ele possa dizer,
“este foi um bom serviço para Mim”.
Não esteja preocupado com os pensamentos dos homens sobre os seus
caminhos ou serviços. Não se importe com sua indignação ou sua falta
de entendimento, mas derrame o seu
vaso de alabastro sobre a pessoa do
seu Senhor. Certifique-se que todos
os seus atos sejam frutos da apreciação do seu coração a Ele. Então se
assegure que Ele irá apreciar o seu
serviço e te anunciar junto à assembleia dos anjos.
Deste modo é a mulher sobre a
qual estamos lendo. Ela pegou seu
vaso de alabastro e fez o seu caminho
até a casa de Simão o leproso com
um único objetivo no seu coração,
nomeadamente, Jesus e o que estava
a sua frente. Ela está absorvida por
Ele. Ela não pensou em mais nada,
a não ser o de derramar seu precioso unguento sobre a Sua cabeça. E
como resultado, seu ato chegou até
nós através dos registros do Evan-
39
gelho, unido ao Seu santo Nome.
Ninguém pode ler o Evangelho sem
ler o memorial desta pessoa devotada. Impérios surgiram, floresceram
e caíram no esquecimento. Monumentos foram erigidos para comemorar gênios, homens generosos e
filantrópicos, e estes monumentos se
tornaram um monte de pó, mas o ato
desta mulher ainda vive e viverá para
sempre. A mão do Mestre erigiu um
monumento para ela, que nunca irá
perecer. Que possamos ter a graça
para imitá-la; e nestes dias onde existe um grande esforço humano em favor da filantropia, que nosso servir,
sejam eles quais forem, seja o fruto
da apreciação de nossos corações a
um distante, rejeitado e crucificado
Senhor!
Não testa mais profundamente o
coração do que a doutrina da cruz –
o caminho do rejeitado, crucificado
Jesus de Nazaré. Ela prova o coração do homem no mais profundo do
seu interior. Se for meramente uma
questão religiosa, o homem pode ir
muito longe, mas Cristo não é religiosidade. Nós não precisamos ir
muito além das linhas reveladas de
nosso capítulo (Mateus 26) para ver
notável prova disto. Olhe para o palácio do sumo sacerdote e que você
vê? Uma reunião especial das cabeças
e lideres do povo. Depois os príncipes
dos sacerdotes, e os escribas, e os anci-
40
Legado
ãos do povo reuniram-se no palácio do
sumo sacerdote que se chamava Caifás.
Aqui vemos a religião em uma
forma muito imponente. Nós precisamos lembrar que estes sacerdotes,
escribas e anciãos foram estabelecidos pelo professo povo de Deus
como os depositários dos ensinos
sagrados, assim como a máxima autoridade em todos os assuntos relacionados com a religião e como os
assessores perante Deus no sistema
que foi estabelecido por Deus nos
dias de Moisés. Esta assembleia no
palácio de Caifás não era composta
por sacerdotes pagãos e profetas da
Grécia e Roma, mas pelos professos
líderes e guias da nação Judaica. O
que eles estavam fazendo nesta reunião solene? Eles consultaram-se mutuamente para prenderem Jesus com
dolo e O matarem.Mateus 26:4
Caro leitor, pondere nisso. Aqui
nós temos homens religiosos, homens que são mestres, homens de
peso e com grande influência entre o
povo; e também estes homens odiavam a Jesus, e eles se reuniram em
conselho para tramar a Sua morte
– para prendê-lo com dolo e o matarem. Agora estes homens podem
ter falado com você sobre Deus e
adoração a Ele, sobre Moisés e a lei,
sobre o Sábado e todas as grandes
ordenanças e solenidades da religião
Judaica. Mas eles odiaram a Jesus.
Revista Betel
Lembrem-se do fato mais solene.
Homens podem ser muito religiosos; eles podem ser guias religiosos
e professores de outros e ainda odiar
o Cristo de Deus. Esta é uma grande lição para se aprender no palácio
de Caifás, o sumo sacerdote. Cristo
não é religiosidade; ao contrário, os
religiosos mais zelosos normalmente
são tristes e veementemente odeiam
o Abençoado.
Mas, podem dizer, “os tempos
mudaram”. Religião está tão intimamente ligada ao Nome de Jesus, que
para ser um homem religioso, é necessário ser um servo de Jesus. “Você
não poderia mais encontrar ninguém
respondendo como no palácio de
Caifás.” Isto é mesmo uma realidade? Nós não podemos crer nisto por
um momento. O Nome de Jesus é
tão odiado hoje no meio dos cristãos
como Ele foi odiado no palácio de
Caifás. E aqueles que buscarem seguir a Jesus serão odiados da mesma
forma. Não precisamos ir muito longe para provar isto. Jesus continua a
ser rejeitado no mundo. Onde você
irá ouvir o Seu Nome? Onde Ele é
um tema bem vindo? Fale Dele onde
você for, nas salas de visita dos ricos
e elegantes, nos vagões dos trens,
nos salões dos cruzeiros, nos cafés
ou salões de jantar, em resumo, em
qualquer lugar onde os homens frequentam, eles dirão a você, na maio-
Revista Betel
Legado
ria das vezes, que este tema está fora
de propósito.
Você pode falar de qualquer outra
coisa – política, dinheiro, negócios,
prazer, besteiras. Estas coisas estão
sempre no propósito, em qualquer
lugar; Jesus não está em nenhum lugar. Nós vemos em nossas cidades,
com frequência, ruas sendo interrompidas para a passagem de desfiles, festivais e shows, e eles nunca são
molestados, reprovados e impelidos
a mudarem de lugar. Mas deixe um
homem nestes lugares falar de Jesus
e ele será insultado ou será levado a
mudar de lugar e não interferir no
tráfego. Em linguagem clara, existe
lugar para o diabo em qualquer lugar deste mundo, mas não existe lugar para o Cristo de Deus. O lema
do mundo para Cristo é: “Oh! Nem
sussurre Seu Nome”.
Mas, graças a Deus, se o que você
vê a sua volta são aquelas respostas
do palácio do sumo sacerdote, nós
também podemos ver aqui ou ali,
aquilo que é correspondente com
a casa de Simão o leproso. Lá estão, louvado seja Deus, aqueles que
amam a Jesus e o consideram digno
de receber o vaso de alabastro. Lá estão aqueles que não se envergonham
da Sua cruz – aqueles que encontram
Nele o seu objetivo mais cativante e
que consideram sua principal alegria
e maior honra o poder derramar e
41
ser derramado para Ele em qualquer situação. Não é para eles uma
questão de serviço, um mecanismo
religioso, de correr aqui e ali, ou fazer
isto ou aquilo: Não, é Cristo, é estar
perto Dele e estar ocupado com Ele;
é sentar aos Seus pés e derramar o
precioso unguento do coração verdadeiro sobre Ele.
Caro leitor, esteja bem seguro
de que este é o segredo do poder
em ambos, serviço e testemunho.
A correta apreciação do Cristo crucificado é um espargir vivo de tudo
que é aceitável para Deus, tanto na
vida e conduta individual do cristão
como em tudo que ocorre nas Igrejas. A genuína união com Cristo e
dedicação a Ele deve nos caracterizar
pessoalmente e coletivamente, senão
nossa vida e história irão provar um
pouco do peso do julgamento nos
céus, porém este ainda pode ser um
julgamento na terra. Nós sabemos
que nada pode conceder mais poder moral ao caminhar individual e
caráter do que uma intensa devoção
à Pessoa de Cristo. Este não é meramente um homem de grande fé, um
homem de oração, um estudante que
toca profundamente na Palavra, um
erudito, um pregador abençoado ou
um poderoso escritor. Não, é ser um
servo de Cristo.
Assim também deve ser a Igreja;
qual é o verdadeiro segredo do po-
42
Legado
der? É o talento, eloquência, música
refinada ou um cerimonial imponente? Não, é o gozo da presença
de Cristo. Onde Ele está tudo é luz,
vida e poder. Onde Ele não está tudo
são trevas, morte e desolação. Uma
Igreja onde Cristo não está é uma
tumba, ainda que aja uma oratória fascinante, todos os atrativos da
música refinada e toda a influência
de um ritual imponente. Todas estas
coisas podem ser perfeitas, e ainda
os devotos servos de Jesus podem
clamar: “Ai de mim! Eles levaram o
meu Senhor e não sei onde o colocaram.” Mas, em contrapartida, onde
a presença de Jesus é percebida, onde
Sua voz é ouvida e onde o Seu verda-
Revista Betel
deiro toque é sentido, ali há poder e
benção, ainda que do ponto de vista
humano, tudo possa parecer a mais
completa fraqueza.
Que os cristãos se lembrem destas
coisas, que ponderem sobre elas, os
deixem perceberem que eles estão na
presença do Senhor em suas Igrejas,
e se eles não puderem dizer isso, deixe eles se humilharem e esperar Nele,
pois deve haver um motivo para isto.
Ele disse, onde houverem dois ou três
reunidos em Meu Nome ali Eu estarei
no meio deles. Mateus 18:20. Que
nunca se esqueçam disso, para alcançar resultados divinos, deve-se encontrar a condição divina para isso.
"O Espírito Santo não é cético, e as coisas que Ele grava em nosso coração não são dúvidas ou
opiniões, mas afirmações - mais seguras e mais dignas de confiança do que o próprio sentido ou
a vida."
-- Martinho Lutero
Acredito que certamente qualquer homem que chegue ao Céu acabará descobrindo que o
que abandonou (mesmo tendo arrancado o seu olho direito) não foi perdido: que o âmago daquilo
que estava realmente buscando, mesmo em seus mais depravados desejos, estarão lá, além de
qualquer expectativa, nas “altas torres”. Nesse sentido, todos aqueles que tiverem completado
a jornada (e somente estes) poderão verdadeiramente dizer que o bem é tudo e que o Céu está
em toda parte. Mas nós, que estamos do lado de cá dessa estrada, não devemos tentar antecipar
essa visão retrospectiva. Se o fizermos, é prováve1 que abracemos o falso e desastroso conceito
de que tudo é bom e qualquer lugar é o Céu.
“Mas, e quanto à Terra?”, você pode perguntar. A Terra, penso. no final não será considerada
por ninguém como um lugar muito diferente. Acredito que, caso se escolha a Terra no lugar do
Céu, esta acabará se mostrando como tendo sido, o tempo todo, nada mais do que uma região
do Inferno: e a Terra, se colocada em segundo lugar em relação ao Céu, terá sido desde o inicio
uma parte do próprio Céu.
--C.S. Lewis
Revista Betel
Legado
A Intolerância Bíblica
43
Martin Lloyd-Jones
Pois haverá tempo em
que não suportarão a
sã doutrina;
2 Timoteo 4:3a
G
ostaria de enfatizar esta
verdade, asseverando
que existe, na fé cristã,
um lado de intolerância. Vou mais além e afirmo que, se
não temos visto este lado intolerante da fé, provavelmente nunca vimos verdadeiramente a fé. Existem
muitos mandamentos nas Escrituras
que substanciam a afirmativa de que
colocar mais alguém ao lado de Jesus,
ou falar de salvação a parte dEle, ou
sem que Ele seja o centro dela, é traição e negação da verdade. O apóstolo
Pedro, dirigindo-se ao sinédrio em
Jerusalém, disse: porque abaixo do céu
não existe nenhum outro nome dado,
entre os homens, pelo qual importa que
sejamos salvos. Atos 4:12.
Todo falso ensinamento deve ser
odiado e combatido. O Novo Testamento nos diz que assim fez nosso
44
Legado
Senhor e todos os apóstolos, e que
eles se opuseram e advertiram as
pessoas contra isso. Mas pergunto
novamente: isto é realizado hoje?
Qual sua atitude pessoal quanto a
isso? Acaso é você uma daquelas pessoas que diz que não há necessidade
dessas negativas, e que deveríamos
estar contentes com uma apresentação positiva da verdade? Subscrevemos o ensinamento prevalecente que
discorda de advertências e críticas ao
falso ensinamento? Você concorda
com aqueles que dizem que um espírito de amor é incompatível com a
denúncia crítica e negativa dos erros
gritantes, e que temos de ser sempre
positivos? A resposta mais simples a
tal atitude é que o Senhor Jesus Cristo denunciou o mal e os falsos mestres. Repito que Ele os denunciou
como “lobos vorazes” e como “sepulcros caiados” e como “guias cegos”. O
apóstolo Paulo disse de alguns deles:
“o deus deles é o ventre, e a glória
deles está na sua infâmia”. Esta é a
linguagem das Escrituras. Pode haver pouca dúvida, mas a Igreja está
como é hoje porque não seguimos o
ensinamento do Novo Testamento
e as suas exortações, e nos restringimos ao positivo e ao assim chamado
“Evangelho simples”, e fracassamos
em acentuar negativas e críticas. O
resultado é que as pessoas não reconhecem o erro, quando se defrontam
com ele.
Revista Betel
Aceitam aquilo que aparenta
ser bom, e se impressionam com
aqueles que vêm às suas portas
falando da Bíblia e oferecendo
livros sobre a Bíblia e profecias
e coisas deste tipo. E eles, na
condição de sua ignorância infantil, freqüentemente ajudam
a propagar o falso ensinamento,
porque não conseguem ver nada
de errado nele. Além disso, não
compreendem que o erro deve
ser odiado e denunciado. Eles
imaginam-se a si mesmos cheios
de um espírito de amor, são iludidos por satanás, a fera destruidora que estava no encalço delas, e
que, num bote súbito, os agarrou
com sua esperteza e sutileza.
Não é agradável ser negativo;
ter que denunciar e expor o erro
não dá alegria. Mas qualquer pastor que sinta, em pequena medida, e com humildade, a responsabilidade que o apóstolo Paulo
conhecia num grau infinitamente
maior pelas almas e o bem estar
espiritual de seu povo, é forçado
a fazer estas advertências. Isto
não é desejado nem apreciado
por esta moderna geração moralmente fraca. Muito amiúde a
bancada tem controlado o púlpito e grande dano tem sobrevindo à Igreja. O apóstolo adverte a
Revista Betel
Legado
Timóteo que virá um tempo em
que as pessoas não suportarão a sã
doutrina. Este é freqüentemente o
caso no tempo presente, e assim
tem sido durante este século. Por
isso é importante que cada membro deva ter uma concepção real
da Igreja e do oficio do ministro
em particular.
Hoje há no mundo igrejas que
na superfície parecem ser igrejas
florescentes. Multidões se agregam a elas e demonstram demasiado zelo e entusiasmo. Mas
num exame mais acurado descobre-se que a maior parte do tempo é tomado por música de vários
tipos, e com clubes e sociedades e
atividades sociais. O culto começa às 11:00h e tem que terminar
exatamente ao meio-dia, e haverá sérios problemas se isso não
ocorrer! Há apenas uma breve
“reflexão” de quinze minutos, vinte minutos no máximo. O infeliz
ministro, se não enxergar estas
coisas com clareza, teme ir contra
os desejos da maioria.
Sua sobrevivência depende dos
membros da igreja, e o resultado
é que tudo é feito para se conformar aos desejos e anseios da congregação.
Mas deixe-me acrescentar que
o ministro também não pode impor. É o próprio Senhor que de-
45
termina, Aquele que está assentado à mão direita de Deus e que
deu alguns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e
doutores. Efésios 4:11. Ele os deu
para a edificação dos membros da
Igreja, e é a mensagem dele que
deve ser pregada sem temor nem
favor. Precisamos recuperar algo
do espírito de John Knox cuja
pregação fazia tremer a Maria,
Rainha dos Escoceses.
O trabalho do ministro é edificar o corpo de Cristo. A ocupação
do ministro é edificar a Igreja, não
a si mesmo! Ai! Eles têm muito freqüentemente edificado a si mesmos,
e temos lido de príncipes da igreja vivendo em posições de grande
pompa e riqueza. Isto é uma gritante deturpação dos ensinamentos de
Paulo! Observemos que os ministros
são chamados para edificar, não para
agradar nem entreter. O modo pelo
qual deveriam fazer isso está resumido perfeitamente naquela passagem,
imensamente lírica, de Atos 20 . O
apóstolo Paulo está se despedindo
dos presbíteros da igreja de Éfeso, à
beira mar, e eis o que ele diz: Agora,
pois, encomendo-vos ao Senhor e palavra da sua graça, que tem poder para
vos edificar e dar herança entre todos
os que são santificados (v.32). “Palavra
da Sua graça, que tem poder para vos
46
Legado
edificar”! Não é surpresa que a igreja
seja o que é hoje, pois lhe têm sido
dados filosofia e entretenimento. Por
meio delas um ministro pode, por
enquanto, atrair e segurar uma multidão; mas não pode edificar; a tarefa
dos pregadores é edificar, não atrair
multidões. Nada edifica a não ser a
inadulterada Palavra de Deus. Não
há autoridade fora dela; e ela não
pode de modo algum ser modificada
ou nivelada para se adaptar à moda
da ciência moderna, ou a alguns supostos “resultados confirmados da
crítica” que está sempre em modificação.
Revista Betel
É o “eterno Evangelho” e é: a
“Eterna Palavra a mesma que Paulo
e os demais apóstolos pregaram, a
mesma Palavra que os Reformadores
protestantes pregaram, os Puritanos,
e os grandes pregadores de duzentos
anos atrás, como também Spurgeon no último século, sem qualquer
modificação que fosse. É pelo fato
de isso ter sido tão amplamente esquecido nos últimos cem anos que as
coisas hoje estão como estão.
Extraído do jornal
Os Puritanos,
ano III, n. 3
A luz tudo manifesta… portanto, vede prudentemente como andais.
-- Efésios 5:13,15
Diante de ti puseste as nossas iniquidades, os nossos pecados ocultos, à luz do teu rosto.
-- Salmos 90:8
Como a cera se derrete diante do fogo, assim pereçam os ímpios diante de Deus.
-- Salmos 68:2
Irmãos, aprendamos um fato: Deus é por nós. Oh, bendito pensamento! O Senhor, o Senhor
da aliança, é por nós. Ele está conosco e é por nós. Freqüentemente, no entanto, não é assim que
sentimos. É possível que, algumas vezes, sintamos que Deus não é por nós, mas contra nós. Somos
inclinados a crer que Deus está junto de alguma outra pessoa e não está a nosso favor – pensamos
às vezes que Deus não está ao nosso lado –, que Ele é muito duro conosco. No entanto, mesmo
que possa parecer assim, precisamos firmar-nos no fato de que Ele ainda é por nós. Pode não
parecer verdade, mas há uma explicação muito boa para isso. Você sabe qual é a razão? É porque
Deus quer trazer-nos para o lado Dele a fim de que Ele possa ser por nós.
-- S. Kaung (Extraído do livro: Cântico dos Degraus)
47
Revista Betel
Associação Betel
A
Associação Betel é uma entidade juridicamente
organizada, sem quaisquer vínculos denominacionais ou fins lucrativos, mantida por recursos
advindos de colaboração espontânea de pessoas
que apóiam seus objetivos, cujo fim é viabilizar a pregação do
Evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo.
Os objetivos da Associação Betel:
a) Apoiar missionários e pregadores (uma vez confirmados
em seus compromissos com a verdade do Novo Nascimento
pela nossa morte e ressurreição com Cristo) para a pregação
do Evangelho de Cristo;
b) Produzir e adquirir literatura e material evangelístico
para uso dos missionários e dos grupos por eles atendidos,
como: folhetos, livretos, estudos dirigidos, livros evangelísticos, Bíblias, fitas de áudio e afins;
c) Assistência Social, sempre vinculada ao Evangelismo,
pois “a fé sem obras é morta em si mesma”.
A Associação Betel é mantida por colaborações espontâneas de pessoas físicas ou jurídicas, que apóiam seus objetivos.
São basicamente pessoas regeneradas, contribuintes muitas vezes anônimos, mas que se fazem participantes da pregação, para que também outras pessoas, até mesmo por eles
desconhecidas, possam gozar da mesma graça e esperança.
São aqueles que compreendem com amor e dedicação as
Palavras do Senhor Jesus Cristo: “Indo por todo o mundo,
pregai o Evangelho a toda criatura”.
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Revista Betel
CNPJ 72219207/0001-62
Produção:
Associação Betel
Diagramação e
fotos dos artigos
André Henrique Santos
Impressão
Idealiza Gráfica
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na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Esta publicação é sustentada
por doações voluntárias de irmãos em Cristo e distribuída aos
leitores gratuitamente.
Cartas ou e-mails podem ser enviadas ao redator da Revista
Betel:
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