Técnicas de inspeção visual (NDT) para avaliações na estrutura da

Transcrição

Técnicas de inspeção visual (NDT) para avaliações na estrutura da
IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 Manifestações patológicas na construção Técnicas de inspeção visual (NDT) para avaliações na estrutura da “Ponte Batalha” mista de madeira roliça e concreto armado, em Paracatu, Brasil Techniques of visual inspection (NDT)to assessments in the structure of the "Batalha Bridge" mixed roundwood and concrete, in Paracatu, Brazil Leandro Dussarrat Brito (1); Carlito Calil Junior (2) (1) MSc. Doutorando em Engenharia de Estruturas, LaMEM/SET/EESC/USP
(2) Professor Titular do Departamento de Engenharia de Estruturas, LaMEM/SET/EESC/USP
[email protected] - Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira, LaMEM/SET/EESC/USP
Avenida do Trabalhador Sãocarlense, 400 Caixa Postal 359 - Centro - 13566-590 - São Carlos - SP - Brasil
Resumo Esse artigo apresenta as metodologias utilizadas na inspeção para a avaliação dos elementos estruturais da ponte de classe TB‐45 de madeira mista de madeira roliça e concreto armado, situada na zona rural de Paracatu, no Brasil. O sistema estrutural da ponte composta por dois tramos (15,00 m + 5,45 m) é o sistema misto composto por longarinas de madeira roliça de “Eucalipto Citriodora” tratado com CCA, com diâmetro médio de 43 cm, dispostas paralelamente com aproximadamente 20,45 m de comprimento e com 4,00 m de largura, associadas ao sistema misto de concreto armado. Para a avaliação, foi utilizada a técnica não‐destrutiva (NDT) pela tecnica de inspeção visual. A metodologia utilizada visou identificar e avaliar as principais manifestações patológicas detectadas em cada elemento estrutural e conclui‐se que a ponte encontra‐se em bom estado de conservação, sem nescessidades de intervenções. No entanto, de maneira geral, observa‐se a constatação da ausência de manutenções preventivas em pontes no Brasil. As estruturas de pontes deveriam ter um acompanhamento mais rigoroso, pois os benefícios de tais ações seriam transmitidos aos proprietários, projetistas, executores e principalmente à sociedade. Diante do contexto, fica evidente que é fundamental, realizar inspeções periódicas e manutenções preventivas em estruturas de pontes de madeira, com acompanhamento de profissionais especialistas habilitados nesta área. Palavra‐Chave: estruturas, pontes, madeira, patologias, inspeção, avaliação Abstract This paper presents the methodologies used to assessment the inspection of the structural elements of the bridge class TB‐45 mixed roundwood and concrete, located in area rural Paracatu in Brazil. The structural system of the bridge consists of two sections (15.00 m + 5.45 m) is the mixed system composed of stringers roundwood "Corymbia Citriodora" treated with CCA, with an average diameter of 43 cm, arranged in parallel with approximately 20.45 m long and 4.00 m wide, associated with the mixed system of reinforced concrete. For evaluation, we used the non‐
destructive technique (NDT) technique by visual inspection. The methodology aimed to identify and assess the main pathological manifestations found in each structural element and concluded that the bridge is in good condition, with no need for intervention. However, in general, there is a finding of lack of preventive maintenance on bridges in Brazil. The bridge structures should have stricter monitoring because the benefits of such actions would be communicated to owners, designers, performers and especially to society. Given the context, it is evident that it is essential, conduct periodic inspections and preventive maintenance on structures of wooden bridges, with accompanying professional qualified experts in this area. Keywords: structures, bridges, timber, pathologies, inspection, assessment Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 1 Introdução Esse artigo tem o intuito de apresentar as principais metodologias utilizadas na inspeção para a avaliação da ponte de madeira, e identificar a principais manifestações patológicas observadas nos elementos estruturais da “Ponte Batalha” (Fig. 1), situada em Paracatu, Minas Gerais, Brasil. a)
b)
Fig. 1 – Visão geral da ponte “Ponte Batalha”, em Paracatu, Minas Gerais, Brasil. Foto: BRITO (2012). 1.1
Considerações iniciais Na atualidade se têm observado a inconstância, ou ainda constatação de ausências de gestões em manutenções preventivas e de controle de pontes, principalmente as de estruturas de madeira, em diversos estados do Brasil. Para a mudança desse quadro, torna‐se fundamental a elaboração de metodologias de técnicas para inspeções periódicas, e manutenções preventivas de estruturas de pontes. Como subsídio, diversas técnicas não destrutivas (NDT) para inspeções têm sido utilizadas em diversos países. Pois negligenciando‐se ou tornando‐se a manutenção irregular, predispõe‐se a estrutura ao desenvolvimento de deterioração ou desgaste dos elementos que implicarão a necessidade de reforços, recuperações da estrutura. Recuperar estruturas existentes para mantê‐las em uso adequadamente é uma grande tendência mundial na questão da sustentabilidade, [CÓIAS, 2011]. Com esta atitude é possível reduzir a geração de resíduos e o consumo de materiais, que certamente geraria durante o processo construtivo de uma nova estrutura no local da existente. Diante desse contexto, no Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira (LaMEM), na Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, tem sido pesquisado metodologias para técnicas de inspeção e reabilitação para estruturas de madeira. 1.1.1 Objetivo Esse trabalho teve como objetivo principal, a realização de visitas técnicas, para avaliar pelas técnicas não destrutivas (NDT) de inspeção visual, dentre outras, as condições atuais dos elementos estruturais da ponte tecnológica, “Ponte Batalha”, a fim de identificar e avaliar as possíveis manifestações patológicas presentes. 1.1.2 Justificativa Torna‐se fundamental realizar inspeções periódicas em estruturas de pontes, para avaliar e identificar indícios de possíveis manifestações patológicas, e indicar as possíveis soluções de manutenções preventivas e/ou corretivas, a fim de assegurar os requisitos de durabilidade para Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 prolongamento da vida útil e garantir a segurança destas estruturas diante das condições atuais de uso. 2 Fundamentação teórica Para as inspeções e avaliações foram utilizadas metodologias e técnicas baseadas em fundamentações teóricas e científicas. 2.1
Agentes de deterioração da madeira A degradação de elementos de madeira surge como resultado da ação de agentes físicos, químicos, mecânicos ou biológicos aos quais este material é sujeito ao longo da sua vida, [CRUZ, 2001]. A deterioração da madeira é um processo que altera desfavoravelmente as suas propriedades. De forma simplificada, pode ser atribuída por duas causas principais: agentes bióticos (vivos) e agentes abióticos (não vivos), [CALIL JR. et al, 2006; apud BRITO, 2010]. 2.1.1 Agentes bióticos Os agentes bióticos são seres vivos, tais como fungos, cupins, brocas e xilófagos marinhos. Estes organismos necessitam de certas condições para sobrevivência, tais como: temperatura, oxigênio, umidade e fonte adequada de alimento, geralmente a madeira. Embora o grau de dependência destes parâmetros seja variável, cada um precisa estar presente para ocorrer à deterioração, [CALIL JR. et al, 2006 / CALIL JR. & BRITO, 2010]. A gravidade do ataque por cupins de solo depende da perda de secção provocada, a qual pode ser pontualmente muito intensa, com consequências graves para a segurança da estrutura, [MACHADO et al, 2010]. 2.1.2 Agentes abióticos Os agentes abióticos são manifestações patológicas na madeira causada por agentes de não vivos, que incluem os condicionantes físicos, mecânicos, químicos e climáticos. Embora destrutivos, os agentes abióticos podem também danificar o tratamento preservativo, expondo a madeira não tratada ao ataque de agentes bióticos, [CALIL JR. et al, 2006 / CALIL JR. & BRITO, 2010]. 2.2
Mecanismos de envelhecimento e deterioração do concreto Conforme a NBR 6118:2007, devem ser considerados, ao menos, os mecanismos de envelhecimento e deterioração da estrutura de concreto, relacionados em: 2.2.1 Mecanismos preponderantes de deterioração relativos ao concreto  lixiviação: por ação de águas puras, carbônicas agressivas ou ácidas que dissolvem e carreiam os compostos hidratados da pasta de cimento;  expansão por ação de águas e solos que contenham ou estejam contaminados com sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de cimento hidratado;  expansão por ação das reações entre os álcalis do cimento e certos agregados reativos;  reações deletérias superficiais de certos agregados decorrentes de transformações de produtos ferruginosos presentes na sua constituição mineralógica. 2.2.2 Mecanismos preponderantes de deterioração relativos à armadura  despassivação por carbonatação, ou seja, por ação do gás carbônico da atmosfera; Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013  despassivação por elevado teor de íons cloro (cloreto). 2.2.3 Mecanismos de deterioração da estrutura propriamente dita 
2.3
São todos aqueles relacionados às ações mecânicas, movimentações de origem térmica, impactos, ações cíclicas, retração, fluência e relaxação. Técnicas não destrutivas para inspeções em estruturas de madeira Técnica não destrutiva (NDT) para inspeção e avaliação é a ciência aplicada para identificar as propriedades físicas e mecânicas dos materiais sem alterar suas capacidades de uso final e então usar essas informações para tomar decisões sobre aplicações apropriadas [PELLERIN & ROSS, 2002]. As técnicas não destrutivas (NDT) para inspeções em avaliações tecnológicas têm contribuído significativamente para detectar problemas em estruturas de madeira, [CALIL JR., 2011]. As técnicas utilizadas para estimar o dano na madeira causado por agentes bióticos, como brocas, cupins e fungos, são geralmente simples e exigem o mínimo de equipamentos. As técnicas baseiam‐se principalmente sobre a inspeção visual da superfície, e complementada com ferramentas pontiagudas, como formão e ou punção, para descobrir camadas em regiões não visíveis, para detectar a extensão do ataque e encontrar as galerias, a fim de determinar a gravidade do dano, [ARRIAGA, 2002]. Os principais métodos não destrutivos disponíveis para inspecionar estruturas de madeira, normalmente não necessitam de ferramentas sofisticadas, e incluem a técnica de inspeção visual com registros de fotos; teste sonoro com martelo, teste de sondagem superficial com formão; medição do teor de umidade com medidor de umidade; e podem ser utilizados isoladamente ou em combinação [HIGHLEY & SCHEFFER, 1989 / RITTER & MORRELL, 1990 / PELLERIN & ROSS, 2002 / ARRIAGA, 2002]. No entanto, inspetores de estruturas de pontes de madeira tem a difícil tarefa de avaliar com precisão a condição de uma estrutura existente. Pois para isso é fundamental ter conhecimentos técnicos e científicos dos fatores bióticos e abióticos associados com a deterioração da madeira, assim como a velocidade relativa a que esses processos ocorrem em um determinado ambiente [RITTER & MORRELL, 1990].
Portanto, o conhecimento do inspetor com os agentes de deterioração de madeira são é um dos aspectos mais importantes na inspeção de maneira eficaz. Com este conhecimento, a inspeção pode ser abordada com uma profunda compreensão dos processos envolvidos na deterioração e os fatores que favorecem ou inibem seu desenvolvimento, [RITTER & MORRELL 1990]. A técnica de inspeção visual consiste em levantamentos de anomalias visíveis a olho nu, através de inspeção detalhada, com o intuito de diagnosticar os sintomas de manifestações patológicas, tais como indícios de diferenças na coloração na madeira, como manchas causadas por fungos manchadores e ou apodrecedores, presenças de defeitos, perfurações causadas por cupins e ou brocas, dentre outros [PELLERIN & ROSS, 2002 / BRITO & CALIL JR., 2012]. 3 Metodologia empregada O Laboratório de Madeiras e de Estruturas de Madeira (LaMEM/EESC/USP) realizou uma avaliação das condições atuais da estrutura da “Ponte Batalha” (Fig. 1), em Paracatu, Minas Gerais, para identificar as possíveis manifestações patológicas presentes, e avaliar as condições atuais dessa ponte. Para esse trabalho, dentre outras, foi utilizada a técnica não destrutiva (NDT) de inspeção Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 visual para as avaliações das características visuais em função da presença de manifestações patológicas. 3.1
Visita Técnica Para as avaliações, foram realizadas visitas técnicas “in loco”, em maio de 2012, onde foram avaliados pela técnica de inspeção visual, e registrados em fotos os seguintes elementos da estrutura: peças roliças de madeira dispostas paralelamente que compõem a região tracionada do tabuleiro; o concreto armado do sistema misto que compõe a região comprimida do tabuleiro; condições dos apoios; muros de contenções de terra; guarda‐rodas. 3.2
Descrição da Estrutura O sistema tecnológico de ponte em placa mista madeira‐concreto tem sido utilizado com sucesso na construção e recuperação de pontes. O sistema constitui de uma laje de concreto armado moldada “in loco” sobre uma série de vigas roliças de madeira (longarinas), dispostas lado a lado. A solidarização parcial entre os materiais é garantida por uma série de conectores metálicos, que fazem a ligação entre o concreto e a madeira, de tal modo que as parte funcionem em conjunto, [CALIL JR. et al, 2006]. Nos tabuleiros mistos, a laje de concreto, além de proteger a madeira contra as intempéries e o desgaste superficial por abrasão, diminui as vibrações provocadas pelas cargas dinâmicas com o aumento do peso próprio, aumenta o isolamento acústico, a proteção contra fogo e proporciona maior rigidez e resistência, comparada ao sistema unicamente de madeira. Os materiais são usados na sua melhor condição, isto é, a madeira na tração e o concreto na compressão, [CALIL JR. et al, 2006]. A ponte em placa mista, de madeira roliça e concreto armado, é constituída pelos os seguintes elementos estruturais, (Fig. 2) [CALIL JR. et al, 2006]: ‐ Tabuleiro formado de vigas de madeira roliça (longarinas); ‐ Laje de concreto armado; ‐ Conectores metálicos inclinados, chumbados na madeira com adesivos metálicos; ‐ Guarda‐rodas de concreto armado; Os principais dados de projeto dessa ponte: [CALIL JR. et al, 2006]: Classe da ponte: TB 45 Sistema estrutural: misto madeira roliça e concreto Geometria: retangular Número de vigas: 9 longarinas roliças (diâmetro médio de 43 cm) Concreto: fck 18 MPa Conectores: aço CA50 (φ12,5 mm) colados com adesivo epóxi em “X”, espaçamento (25 cm nas extremidades e 50 cm no centro) Largura: 4,0 m Comprimento: 20,45 m (15,00 + 5,45) Madeira: Eucalipto Citriodora tratado com CCA Fundações: concreto armado Observação: A “Ponte Batalha”, possui guarda‐rodas de concreto armado, mas não possui defensas. Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 a) Seção transversal da ponte p/ uma faixa de tráfego. b) Prova de carga. Fig. 2 – Ponte em placa mista de madeira roliça e concreto armado. Fonte: [CALIL JR. et al, 2006]. 4 Análises e resultados 4.1
Avaliações pela Técnica de Inspeção Visual (NDT) Conforme já comentado, para a inspeção “in loco”, foi utilizado à técnica não destrutiva (NDT) de inspeção visual. A Fig. 3 apresenta uma visão geral da estrutura da Ponte. E nos subitens a seguir serão apresentadas as condições observadas nos diversos elementos estruturais que compõem a estrutura da ponte. a)
b)
Fig. 3 – Visão geral da estrutura da Ponte Batalha. Foto: BRITO (2012) 4.1.1 Peças roliças de madeira do tabuleiro Pela técnica de inspeção visual, não foram detectadas manifestações patológicas nas peças roliças de madeira de reflorestamento da espécie “eucalipto Citriodora”. No entanto em algumas peças pode‐se observar manchas superficiais de umidade, e manchas de fungos manchadores nas peças de extremidade, conforme pode ser observado na Fig. 4. Também observa‐se algumas peças com manchas superficiais de umidade nas regiões de apoio. Para prolongar a vida útil protegendo as peças de madeira, é recomendável a aplicação de pinturas com stain, impermeabilização e proteção do tabuleiro e das lajes de transições, com aplicação de pavimentação asfáltica e mantas geosintéticas. Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 a)
b)
Fig. 4 – Peças roliças de madeira do tabuleiro: manchas superficiais de umidade. Foto: BRITO (2012) 4.1.2 Muros de contenção de terra e parede de concreto armado Nas bases das fundações dos muros de contenções, pode‐se observar a germinação de algumas vegetações no concreto, Fig. 5. Diante disso, foi recomendado à retirada de dessas vegetações, pois com o tempo, essas regiões são propensas ao surgimento de manifestações patológicas com mecanismos de envelhecimento precoce, como o destacamento do cobrimento do concreto, por exemplo, deixando as armaduras expostas. Também foram observados lixiviações superficiais da pasta de concreto com agregados expostos, em função do fluxo da água do rio, Fig. 5. Para evitar essa lixiviação, é recomendado a impermeabilização do concreto, com mantas asfálticas, nas regiões submersas dos muros de concreto armado e de contenção de terras das cabeceiras. a)
b)
Fig. 5 – Muros de contenções: germinação de algumas vegetações no concreto; e lixiviações superficiais da pasta de concreto com agregados expostos. Foto: BRITO (2012) 4.1.3 Elementos de concreto armado Observa‐se que uma das pilastras de concreto armado está tombada. Essas pilastras têm a função de limitação de passagem de veículos extremamente pesados, como treminhões, conforme pode ser observado na Fig. 6. Existe uma curva acentuada antes da cabeceira do lado mais alto (Lado Leste) da ponte. E com as passagens de veículos, ao longo do tempo, tem‐se acumulado solo sobre o tabuleiro da ponte, conforme pode ser observado na Fig. 6. Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 a)
b)
Fig. 6 – Pilarete tombado; curva acentuada; acúmulo de solo sobre o tabuleiro. Foto: BRITO (2012) Esse acúmulo de solo têm obstruído os pontos de tubulações de drenagens para escoamento de água de chuva do tabuleiro da ponte (Fig. 7). a)
b)
Fig. 7 – Acúmulo de solo sobre o tabuleiro, com obstruções dos tubos de drenagens. Foto: BRITO (2012) Dessa maneira, em dias chuvosos, com esse solo encharcado, tende a infiltrar água pelo concreto, pois essa ponte não foi revestida com pavimentação asfáltica, e como pode ser observado, na Fig. 8 apresenta sinais de eflorescências de carbonato no concreto por lixiviação (manchas esbranquiçadas). Essas eflorescências de carbonato do concreto, podem ser observadas inclusive em fendas das peças roliças de madeira. Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 a)
b)
Fig. 8 – Sinais de eflorescências de carbonato no concreto por lixiviação. Foto: BRITO (2012) Observa‐se também, que os guarda‐rodas estão com vários pontos com destacamento do concreto, em função do impacto de pneus de caminhões (manchas de pneus), conforme apresentado na Fig. 9 e na Fig. 10. a)
b)
Fig. 9 ‐ Guarda‐rodas: pontos com destacamento do concreto, em função do impacto de pneus de caminhões (manchas de pneus). Foto: BRITO (2012) a)
b)
Fig. 10 ‐ Guarda‐rodas: pontos com destacamento do concreto, em função do impacto de pneus de caminhões (manchas de pneus). Foto: BRITO (2012) Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 A associação de fatores causados por agentes físicos, como acúmulo de solo nos tabuleiro, frenagens bruscas de veículos, e abrasão mecânica por atrito, têm causado manifestações patológicas produzido desgaste na superfície de concreto do tabuleiro, deixando os agregados expostos, conforme pode ser observado na Fig. 11. Obviamente exemplos deste dano ocorrem no tabuleiro, onde a abrasão produz degradação da superfície de revestimento e do guarda‐rodas. Este é mais um exemplo que o revestimento com manta geosintética e pavimentação asfáltica, reduziria significadamente essa manifestação patológica, além é claro associados com inspeções periódicas e manutenções preventivas. a)
b)
Fig. 11 ‐ Guarda‐rodas: pontos com destacamento do concreto, em função do impacto de pneus de caminhões (manchas de pneus). Foto: BRITO (2012) E na região sobre a parede de apoio intermediário da ponte, ocorreram trincas no concreto (Fig. 12), nas posições das extremidades das peças roliças de madeira, formando uma junta de dilatação natural, conforme era previsto. Fig. 12 ‐ Trincas no concreto nas posições das extremidades das peças roliças de madeira, formando uma junta de dilatação natural. Foto: BRITO (2012) Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 5 Conclusões A “Ponte Batalha” é um exemplo concretizado de sucesso de construções tecnológicas de pontes com sistemas mistos de madeira roliça e concreto armado. Diversas pontes com esse sistema foram construídas no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo. Esse sistema estrutural para pontes mistas de madeira e concreto armado está comprovado cientificamente de que é um sistema extremamente eficiente, e possível de ser construído não somente em vias rurais, como principalmente em ruas de perímetros urbanos e rodovias, atendendo os requisitos de normas de pontes de Classe TB45. Durante a inspeção visual da Ponte Batalha, que foi construída respeitando requisitos tecnológicos, não foram detectadas manifestações patológicas nas peças roliças de madeira que compõem o sistema misto madeira‐concreto do tabuleiro. No entanto em algumas peças puderam‐se observar manchas superficiais de umidade, e manchas de fungos manchadores. E recomenda‐se aplicações de pinturas com stain hidrofugante‐fungicida‐inseticida, tais como: Polisten (SAYERLACK), Osmocolor (MONTANA QUÍMICA), ou similar, a fim de proteger as peças de madeira e prolongar a vida útil da estrutura. Já nos elementos estruturais de concreto armado foram constatadas algumas manifestações patológicas, também não tão relevantes, mas que poderiam ser evitadas, com manutenções preventivas e periódicas, além da recomendação de impermeabilização e proteção do tabuleiro, e de lajes de transições, com pavimentação asfáltica e mantas geosintéticas. A aplicação de pavimentação asfáltica associada com a tecnologia de mantas geosintéticas sobre a camada de concreto, contribuiria com o aumento da vida útil tanto do concreto, quanto das peças roliças de madeira que compõem o tabuleiro, pois o revestimento asfáltico contribui como fator de impermeabilizante da superfície. Portanto, vale ressaltar a proposta de adoção de políticas de gestão, de maneira metódica, na defesa da hipótese de combinações de inspeções e manutenções periódicas preventivas, em pontes de estruturas de madeira, a fim de assegurar os requisitos de durabilidade para prolongamento da vida útil, e garantir a segurança destas estruturas diante das condições atuais de uso. Sugere‐se que essas inspeções e manutenções preventivas deveriam ter a periodicidade pelo menos anualmente. Conclui‐se que em inspeções para avaliações de elementos estruturais de madeira, a técnica de inspeção visual, realizada por inspetores especialistas em patologias de estruturas de madeira, tem demonstrado muito eficiente para a detecção de anomalias superficiais, visíveis a olho nu, a fim de diagnosticar manifestações de patológicas, para estimar o dano na madeira causado por agentes abióticos, como fendas, rachas, flechas, abrasão mecânica; e por agentes bióticos, como cupins e fungos, são geralmente simples e exigem o mínimo de equipamentos. Agradecimentos Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo apoio financeiro desse trabalho e pela bolsa de doutorado. Referências [1] CÓIAS, V.. Qualificação dos profissionais e das empresas para a qualidade na reabilitação de estruturas de madeira. CIMAD 11 – 1º Congresso Ibero – Latino Americano da Madeira na Construção. Coimbra, Portugal, 2011. Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 [2] CRUZ, H.. Patologia, avaliação e conservação de estruturas de madeira. II Curso Livre Internacional de Patrimônio. Associação Portuguesa dos Municípios com centro histórico: Fórum UNESCO Portugal. Santarém, Portugal, 2001. [3] CALIL JR., C. et al (2006). Manual de projeto e construção de pontes de madeira. ISBN: 85‐
98156‐19‐1. Suprema, São Carlos, 2006. Free download: <<<http://www.set.eesc.usp.br/ portal/pt/livros/361‐manual‐de‐projeto‐e‐construcao‐de‐pontes‐de‐madeira >>> [4] BRITO, Leandro Dussarrat. Recomendações para o Projeto e Construção de Estruturas com Peças Roliças de Madeira de Reflorestamento. Dissertação (Mestrado) – Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos, 2010. [5] CALIL JR., Carlito; BRITO, Leandro Dussarrat. Manual de Projeto e Construção de Estruturas com Peças Roliças de Madeira de Reflorestamento. Departamento de Engenharia de Estruturas, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. ISBN: 978‐85‐
8023‐000‐0. Editora EESC. São Carlos, 2010. Free download: <<<http://www.set.eesc.usp.br/ portal/pt/livros/371‐manual‐de‐projeto‐e‐construcao‐de‐estruturas‐com‐pecas‐rolicas‐de‐
madeira‐de‐reflorestamento >>> [6] MACHADO, J. S.; DIAS, A.; CRUZ, H.; CUSTÓDIO, J.. Avaliação, Conservação e Reforço de Estruturas de Madeira. ISBN: 9789896420659. Editora Verlag Dashöfer. Portugal, 2010. [7] NBR 6118: 2007. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento. ABNT ‐ Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, 2007. [8] PELLERIN, R. F.; ROSS, J.. Nondestructive Evaluation of Wood. Forest Products Society, Madison, WI, USA, 2002. [9] CALIL JR., C. Assessment of Historic Timber Structures in Brazil. SHATIS'11 International Conference on Structural Health Assessment of Timber Structures. Lisbon, Portugal, 2011. [10] ARRIAGA, F.; PERAZA, F.; ESTEBAN, M.; BOBADILLA, I.; GARCÍA, F.. Intervención en estructuras de madera. ISBN: 8487381243. Editora AITIM Asociación de Investigación Técnica de las Industrias de la Madera, Madrid, España, 2002. [11] HIGHLEY, T. L.; SCHEFFER, T. Controlling decay in waterfront structures. Evaluation, Prevention, and Remedial Treatments. Department of Agriculture, Forest Service, Forest Products Laboratory. FPL‐RP‐494. Madison, WI, U.S.A., 1989. [12] RITTER, M. A.; MORRELL, J. J.. Timber bridges. Department of Forest Products, Oregon State University, 1990. [13] BRITO; L. D.; CALIL JR., C.. Evaluation by visual inspection technique of the pedestrian suspension bridge at Piracicaba in Brasil. ICDS12 ‐ International Conference Durable structures: from construction to rehabilitation. Lisbon, Portugal, 2012. Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 

Documentos relacionados