Super Bock ou Sagres?
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Super Bock ou Sagres?
Estudos Cision/Cervejas Super Bock ou Sagres? Análise à comunicação das cervejas em Portugal Estudo da empresa de análise e monitorização Cision com coordenação e comentários de Uriel Oliveira 102 \ Marketeer n.º 239, Junho de 2016 Super Bock e Sagres são as marcas de cerveja líderes em Portugal. Juntas têm quase 90% do mercado, que disputam ano após ano, litro após litro. A arma que decide esta batalha é a comunicação - publicidade, patrocínios, eventos e relações públicas. Apesar de garantirem presença continuada nos principais espaços de comunicação durante o ano, o Verão é o ponto alto em que tudo acontece. Grande parte das vendas dos milhões de litros de cerveja vai ter que pagar as campanhas mais exuberantes, os melhores eventos e os melhores espaços de comunicação. Faz parte do negócio, não se vende cerveja sem comunicação. O storytelling das marcas de cerveja tem vários pontos comuns: festa, amizade, convívio, que se materializam sobretudo em activações em duas áreas distintas, como a música e o futebol. Apesar de Super Bock e Sagres disputarem afincadamente estes dois territórios, garantindo activações nos eventos musicais e no futebol, a história, a tradição e a cultura das próprias marcas revela de forma omnipresente que a música é o espaço da Super Bock e o futebol o espaço da Sagres. O festival Super Bock Super Rock (SBSR) é o principal impulsionador das histórias da Super Bock e garante-lhe a liderança do share of voice. O impacto deste evento é decisivo para a marca, quer a nível de media tradicional, quer nas interacções espontâneas nas redes sociais, ou até mesmo no reach orgânico que consegue gerar através da página de Facebook criada propositadamente para o evento – sem dúvida um caso de referência em naming sponsor, quer pela sua eficácia em termos de valor da marca, quer pela longevidade e carácter pioneiro. A presença no Rock in Rio, substituindo a Heineken, é outra das apostas de peso da marca este ano, para garantir a hegemonia. No futebol, a marca tem visibilidade constante, sobretudo através da presença nas camisolas do FCP e SCP. A ligação histórica à Selecção Nacional e a presença nas camisolas do SLB são os cartões de visita da Sagres. A perda de activos importantes na música, por cedência à outra marca da Central, a Heineken, penaliza bastante a Sagres neste domínio, retirando-lhe por completo toda a vocação musical. A presença da Sagres em eventos musicais tem sido muito discreta nos últimos anos, feita muitas vezes apenas em pequenas festas. Um dos mais fortes momentos mediáticos da música, o festival Nos Alive, é hoje um dos principais dinamizadores de histórias da Heineken, em detrimento da Sagres. Existe uma estratégia clara da Central, de reforço da imagem da Heineken no mercado nacional, com prejuízo da própria Sagres – naturalmente o facto da estrutura accionista da Central pertencer actualmente 100% à marca holandesa estará com certeza no cerne desta decisão. Assim se justifica que os resultados de comunicação no último ano, que estiveram na base do estudo que aqui publicamos, terem sido marcados por um domínio total da Super Bock em relação à Sagres. No segmento das marcas de cerveja premium, a disputa faz-se entre a Carlsberg, comercializada pela Unicer (empresa que detém também a Super Bock) e a Heineken. A Carlsberg comunica através dos eventos e sunsets de música electrónica, “Carlsberg Where’s The Party?”, e através do palco Carlsberg no SBSR, que ajuda também a sustentar o posicionamento na música. O facto de ser patrocinador do Euro 2016 é também uma oportunidade crucial de comunicação para a Carlsberg. Através do passatempo Carlsberg Experience, para além de oferecer bilhetes para a meia-final no Stade de Lyon, dá a oportunidade única de subir ao relvado e jogar futebol com antigas estrelas. A Heineken, para além do palco no Nos Alive, usa os créditos de ser patrocinador da UEFA Champions League, para activar a sua comunicação. No Twitter a marca faz o acompanhamento directo dos jogos e oferece prémios a quem interage. É importante reforçar que a presença nos eventos, para além de sustentar a notoriedade e imagem de marca, representa vendas significativas para as marcas. O consumo de cerveja nestes eventos é uma grande fonte de receitas, o que faz com que sejam cobiçados por todas as marcas do mercado. A criação de espaços que proporcionem momentos de interacção, que permitam gerar recordações intimistas e duradouras aos consumidores, é uma grande aposta das grandes marcas europeias de cerveja. Os museus, da Guinness em Dublin, da Carlsberg, em Copenhaga, da Heineken, em Amesterdão, ou mesmo outros espaços mais casuais, como, por exemplo, os espaços itinerantes da Mahou, em Madrid, que ensinam a “Arte de tirar una caña”, permitem níveis de engagement duradouros e emocionais, através da experimentação e partilha de valores, história e cultura. Em Portugal, neste capítulo, destaque para a Super Bock, que inaugurou, na sua fábrica em Leça do Balio, a Casa da Cerveja. Como parte integrante da cultura portuguesa, a cerveja pode e deve partilhar a sua história com os consumidores. As marcas Sagres e Super Bock fazem parte desta história, pelo que só falta partilharem-na em momentos mais próximos e interactivos com os respectivos consumidores. Marca Facebook Twitter Instagram YouTube Notícias 974 1910 2396 1270 Sagres 265 625 Super Bock 636 660 5682 10 144 5848 4895 - 235 1552 - 1900 1 623 226 735 Heineken Carlsberg Fonte: Cision Nota: Facebook, Twitter, Instagram, YouTube. Número de seguidores das páginas oficiais em Maio de 2016. Número de notícias monitorizadas pela Cision entre 1 de Maio de 2015 e 30 de Abril de 2016. Evolução da quota editorial em número de notícias - Maio 2015/Abril 2016 1500 Super Bock Heineken Sagres Carlsberg 1000 500 0 Maio 15 Setembro 15 Janeiro 16 Comentário e coordenação: Uriel Oliveira, director de Operações e Negócio da Cision Portugal; análise de resultados: José Miguel Girão 103 \ Marketeer n.º 239, Junho de 2016 Maio 16