3História •••

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3História •••
Dep. Arte
OP 22817 / 22821 – História Ens. Médio F3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Montagem de Enio Scheffel Jr. sobre foto de Fergus Currie/SXC
OP 22817 / 22821 – História Ens. Médio F3
História •••
Edson Xavier • Ubirajara de F. Prestes Filho
Professor
3
Proj. Gráf.
Proj. Gráf.
Editor(a)
Editor(a)
Coor. Ped.
Coor. Ped.
C. Q.
C. Q.
Dep. Arte
SUMÁRIO
MÓDULO 11
MÓDULO 14
A Europa na Baixa Idade Média . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Sociedades africanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1. A crise do mundo feudal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1. A “África” dos colonizadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2. Expedições em nome da cruz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2. Diferentes formas de organização social
3. O comércio renasce em importância . . . . . . . . . . . . . 4
e política . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
4. As cidades renascem em importância . . . . . . . . . . . . 5
3. Principais reinos antigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4. Principais reinos e cidades-Estados a partir
MÓDULO 12
Origens da Europa Moderna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1. A burguesia promove mudanças . . . . . . . . . . . . . . . 11
2. Contexto e fatores da centralização política . . . . 11
do IV século . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5. Aspectos sociais dos povos da África Atlântica . . . 39
6. Aspectos religiosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3. Formação do Reino de Portugual . . . . . . . . . . . . . . . 12
MÓDULO 15
4. Formação do Reino da Espanha . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Renascimento cultural e Reforma Protestante . . . . . 43
5. Formação do Reino da França . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1. A Antiguidade Clássica revalorizada . . . . . . . . . . . . 43
6. Formação do Reino da Inglaterra . . . . . . . . . . . . . . . 14
2. Características do renascimento cultural . . . . . . . . 43
7. Expansão portuguesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3. O pioneirismo italiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
8. Reavaliando os “descobrimentos” . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. A difusão do Renascimento pela Europa . . . . . . . . 46
9. Navegações espanholas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
5. O renascimento científico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
10. Expansões inglesa, francesa e holandesa . . . . . . . 18
6. Contexto histórico da Reforma Protestante . . . . . 47
11. Principais consequências da expansão
7. A Igreja durante a Baixa Idade Média . . . . . . . . . . . 47
marítima europeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
8. Martinho Lutero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
9. João Calvino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
10. Henrique VIII. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
MÓDULO 13
11. A Igreja Católica reage . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Diversidade cultural na América indígena . . . . . . . . . . 25
Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
1. Definição de índio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
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De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2. Antigas culturas pré-colombianas . . . . . . . . . . . . . . . 25
3. Os maias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Proj. Gráf.
4. Os astecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
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5. Os incas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Agora é a sua vez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Coor. Ped.
De olho no vestibular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
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Nome: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1
módulo
O
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feudalismo fundamentou-se em quatro pilares
principais: política descentralizada, economia de
subsistência, sociedade estamental e cultura teocêntrica. Qualquer mudança em um desses quatro fundamentos afetaria os outros e, consequentemente, conduziria
o feudalismo a grandes transformações.
A partir da Baixa Idade Média (séculos XI a XV), mudanças estruturais atingiram a Europa Ocidental, provocando
uma irreversível desestabilização do feudalismo. A quantidade de terras disponíveis, fundamental à manutenção do
sistema feudal, não mais atendia às suas necessidades, pois
o crescimento demográfico exigia mais terras utilizáveis.
Entender as razões desse crescimento é o primeiro passo
para compreender a crise.
Em primeiro lugar, destacamos uma redução considerável das invasões ocorridas na Europa Ocidental até o
início do século XI, resultado provável do fortalecimento
das alianças senhoriais nas áreas fronteiriças do sistema
feudal. Um segundo fator a ser considerado é a melhoria
dos hábitos de higiene que, durante a Baixa Idade Média,
estavam muito distantes do que consideramos atualmente aceitável.
Ainda outro fator para o crescimento da população foi a
melhoria nas técnicas agrícolas, como a invenção do arado
de ferro. Esse novo equipamento, muito mais resistente do
que o anterior, que era de madeira, permitia um trabalho
contínuo com necessidade mínima de manutenção.
O início do uso da roda-d’água liberava para o campo
animais que até então eram usados nos moinhos como
força motriz, disponibilizando-os em maior número para a
preparação da terra.
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University of North Carolina at Pembroke
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A substituição do
arado de madeira
pelo de ferro foi
uma das inovações
que contribuíram
para a expansão
demográfica
europeia no fim
da Idade Média.
O crescimento demográfico gerou novas necessidades
alimentícias, de moradia, vestuário e defesa, entre outras.
Essas novas exigências provocaram crises menores que,
somadas, caracterizaram a grande crise do feudalismo.
Servos começaram a ser expulsos dos feudos pelos
motivos mais insignificantes. Filhos mais novos dos senhores feudais, não alcançando a vassalagem nem em
relação ao seu irmão mais velho, entravam para o clero
ou passavam a “vender” sua habilidade militar. De qualquer forma, uns e outros passavam a viver à margem da
sociedade feudal.
2. EXPEDIÇÕES EM NOME DA CRUZ
O movimento das cruzadas pode ser analisado sob dois
aspectos: o teórico e o prático. A análise teórica é feita a
partir da visão que a igreja medieval procurou atribuir à
iniciativa cruzadista. A análise prática, por sua vez, toma por
base a crise no feudalismo e as implicações práticas que as
cruzadas trouxeram. A descrição a seguir será feita levando
em consideração esses dois pontos de vista.
As cruzadas foram expedições de caráter militar, realizadas por europeus ocidentais, em nome
da cruz de Cristo, objetivando libertar a Terra Santa
das mãos dos infiéis. Para a cristandade europeia,
os muçulmanos eram vistos como “infiéis” que
estavam na região considerada sagrada desde a
expansão islâmica, ocorrida no VIII século. Portanto, seria uma “guerra santa” contra aqueles que, na
perspectiva cristã europeia, não serviam a Deus da
forma considerada correta.
Muito se pode discutir a respeito da ideia de “guerra
santa” e da visão do “outro” como sendo um “infiel”. A mesma ideia foi utilizada durante a expansão árabe, ocorrida a
partir do VIII século, quando se fez a “guerra santa” muçulmana, também em nome de Deus e contra aqueles que os
muçulmanos consideravam “infiéis”. Ainda hoje essas ideias
são utilizadas tanto por cristãos quanto por muçulmanos
para justificar as ações de uns contra os outros.
A expansão árabe ocorrida durante a Alta Idade Média
abalou fortemente o mundo cristão. Não só através do
domínio muçulmano exercido sobre terras consideradas
sagradas para os cristãos no Oriente Médio, mas também
sobre terras do mundo ocidental que passaram ao domínio árabe, como boa parte da Península Ibérica. Somava-se
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1. A CRISE DO MUNDO FEUDAL
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A Europa na Baixa Idade Média
módulo 11
Dentre o grupo das cruzadas menos importantes, destaca-se a cruzada das crianças, considerada uma lenda por alguns estudiosos. Teria
ocorrido entre 1217 e 1221. Segundo uma das
interpretações, reunia uma grande quantidade de
jovens que, de acordo com seus realizadores, tinha
o coração puro devido à pouca idade. Portanto, no
imaginário cristão medieval, seriam abençoados
por Deus na tarefa de atingir o grande objetivo.
De qualquer modo, não chegaram a Jerusalém e
acabaram sendo vendidos como escravos no Egito.
Um controverso movimento cruzadista foi a
chamada cruzada dos mendigos. Realizada antes mesmo da primeira cruzada e formada por
elementos das baixas classes sociais, partiu em
direção ao Oriente. Contudo, totalmente despreparada, desarmada, sem provisões e desorientada,
fracassou completamente sem alcançar seu objetivo e sem retornar ao local de origem.
A classe clerical analisava a grave situação na qual
a Europa se encontrava. A falta de terras no Ocidente
poderia ser suprida pelas terras do Oriente. Novos contatos
comerciais trariam uma alternativa econômica àqueles que
não mais podiam depender da terra. Com as necessidades
práticas em mente e com a justificativa teórica no discurso,
organizaram-se as oito principais expedições.
Ilustração medieval da captura de Jerusalém durante a primeira cruzada,
As expedições iniciaram-se a partir do Concílio de
1099. As cruzadas (oito ao todo) ocorreram entre os séculos XI e XIII, com
a justificativa de uma reconquista cristã do acesso à Terra Santa. Porém,
Clermont, ocorrido no ano de 1095, quando o papa
de fato, objetivavam não somente recuperar o acesso comercial ao
Urbano II convocou as cruzadas. A primeira delas ocorreu
Oriente pelo Mediterrâneo, mas também recuperar terras europeias sob
entre os anos de 1096 e 1099, sendo realizada por vários
domínio árabe.
nobres, que conseguiram reconquistar
a cidade de Jerusalém, estabelecendo
reinos cristãos na região. Entretanto,
As cruzadas
perderam novamente a grande maioria desses reinos para os árabes, incluindo a própria Jerusalém.
Oceano
A segunda cruzada foi realizada
Atlântico
entre
os anos de 1147 e 1149, dirigida
Paris Metz
Ratisbon
por nobres alemães e franceses, que se
Viena
desentenderam e, enfraquecendo-se,
Lion
Clermont
foram derrotados sem conseguir retoMarselha Gênova
Mar Negro
Toulouse
Zara
mar a cidade.
Pisa
Manzikert
Lisboa
A terceira cruzada se deu entre 1189
Roma
Constantinopla
Brindisi Durazzo
Niceia
e
1192,
como uma reação aos ataques
Cagliari Taranto
Otranto
Edessa
realizados pelo sultão Saladino. Chamada cruzada dos reis, foi organizada por
Palermo
Antioquia
Túnis
Limasol
Ricardo Coração de Leão, rei da InTrípoli
Candia
N
Mar
Damasco
glaterra, Filipe Augusto, rei da França,
Mediterrâneo
Acre
O
L
Jerusalém
e Frederico Barbarossa, rei do Sacro
S
Alexandria
Damietta
Império Romano-Germânico. A campaMansura
213
0
426 km
nha obteve algumas vitórias. Os cruzados conseguiram autorização para que
Primeira cruzada (1096-1099)
Cruzada de Frederico II (1228-1229)
os cristãos peregrinassem até a Terra
Segunda cruzada (1147-1149)
Cruzada de Luís IX (1248-1254 e 1270)
Santa, mas também não conseguiram
Terceira cruzada (1189-1192)
Reinos cruzados no Oriente
Quarta cruzada (1202-1204)
libertar Jerusalém.
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aos objetivos dos cruzados recuperar a liberdade da navegação cristã no Mediterrâneo, que sofria severas restrições
pelos árabes.
A justificativa da igreja medieval, no entanto, procurou
se sustentar na teoria de que era necessário um esforço
cristão que pudesse desobstruir o acesso à Terra Santa.
Para isso, a cristandade deveria se organizar empreendendo ações militares que seriam recompensadas, segundo a
Igreja, com o perdão de pecados e com a salvação.
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módulo 11
A quarta cruzada ocorreu entre 1202 e
1204, realizada com a participação de grande
número de comerciantes venezianos. Foi
chamada por alguns historiadores de cruzada
dos comerciantes. Promoveu o saque de
alguns portos a leste do Mediterrâneo e da
própria cidade de Constantinopla, mas não
chegou até Jerusalém. No entanto, satisfez a
maioria de seus patrocinadores.
A Rota de Champanhe
o
ean o
Oc ântic
Atl
Mar o
Báltic
Lisboa
Veneza
Gênova
Ceuta Túnis
N
O
Principais consequências das cruzadas
Mar
Negro
Mar
Mediterrâneo
Alexandria
Trípoli
Damasco
Bagdá
Pequim
ÁSIA
Cantão
ÁFRICA
L
S
EUROPA
o
ean
Oc cífico
Pa
Calicute
Aqueles que não mais encontravam espaço dentro do
feudalismo passaram a procurar um novo modo de vida
que não os mantivessem presos à terra. Muitos começaram
a fabricar, de forma artesanal, alguma coisa que pudesse
ser trocada por elementos necessários à subsistência,
deixando, assim, a atividade agrícola e voltando-se para as
atividades comerciais.
Essa nascente classe social foi denominada burguesia.
Podemos afirmar que quase todas as transformações
ocorridas durante a passagem do mundo medieval para o
moderno resultaram das ações burguesas.
Com relações baseadas inicialmente em simples trocas, promoveram o renascimento de atividades comerciais realizadas por meio do uso de moedas. Isso conduziu
ao fortalecimento do comércio, que lentamente se tornava o centro da economia europeia. De itinerantes, essas
atividades começaram a se centralizar em cruzamentos
de rotas de viagem, ao redor dos antigos castelos e em
antigas cidades que voltavam à sua importância original.
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Os cambistas se dedicavam não somente à
troca das várias moedas existentes, mas principalmente à sua proteção. O comerciante depositava
certa quantia em moedas sob a responsabilidade
de um cambista, recebendo dele um documento
que garantia o depósito. Com o documento-comprovante, o comerciante poderia sacar o dinheiro
com o próprio cambista ou com seu sócio em outras cidades. Esses papéis eram conhecidos como
letras de câmbio e tinham a função de manter o
dinheiro seguro.
A igreja medieval condenava a usura, ou seja, o lucro,
argumentando que o tempo era propriedade divina e não
poderia ser comercializado pelos homens. No entanto,
juros eram cobrados pelo período em que o dinheiro
era utilizado. Diante disso, a maioria dos cambistas (mais
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Oceano Índico
Militarmente, no sentido de libertar a Terra
993 0
1.986 km
Santa, ou ao menos a cidade de Jerusalém, o
movimento das cruzadas fracassou. O máxiRota das especiarias e produtos de luxo até o início do século XV
mo alcançado foi a momentânea libertação
de Jerusalém durante a primeira cruzada.
Com a cidade retomada pelo sultão Saladino, essa exNessa fase, surgiram as feiras medievais, nas quais
pedição se juntou a todas as outras, não alcançando seus
produtores e comerciantes se encontravam para realiobjetivos militares.
zar seus negócios. Duas áreas se destacaram como imEm relação ao sentido prático das cruzadas, ou seja,
portantes centros comerciais europeus no Ocidente:
superar a crise vivenciada pelo sistema feudal, o resultado
Flandres, localizada ao norte da Europa, e as cidades de
foi paradoxal. Novas relações comerciais foram estabeleciGênova e Veneza, no sul europeu, ao norte da Itália.
das e as existentes foram incrementadas. Terras foram toAs cidades italianas se tornaram pontos de ligação entre
madas, e feudos controlados por nobres ocidentais foram
a Europa Ocidental e o Oriente. Encontrava-se ali todo
estabelecidos no Oriente.
tipo de especiarias orientais, de onde se distribuíam
pela Europa.
A região de Flandres se destacou pela manufatura
A principal consequência das cruzadas foi a
de tecidos, que também eram vendidos por toda a
reabertura do Mar Mediterrâneo para a naveEuropa. Várias rotas se formaram ligando esses centros
gação comercial, cristã, europeia, ocidental. Docomerciais europeus. Por terra, destacava-se a Rota de
minadas pelos árabes desde o VIII século, as rotas
Champanhe. Pelo mar, o predomínio era das rotas do
marítimo-comerciais mediterrâneas recuperadas
Mar do Norte e do Mar Báltico. A Rota de Champanhe,
tornaram-se grande fator de estímulo ao desenao se notabilizar por sua grande utilização, acabou
volvimento comercial da Europa Ocidental.
atraindo bandidos que assaltavam os comerciantes que
por ela viajavam. Esse foi um dos fatores que facilitou o
surgimento de pessoas e organizações que ofereciam
proteção ao dinheiro dos comerciantes.
3. O COMÉRCIO RENASCE EM IMPORTÂNCIA
Bruges
Oceano
Atlântico
Lübeck
Antuérpia
FLANDRES
Mar
Báltico
174
0
Lagny Provins
Troyes Barsur-Aube
348 km
N
O
CHAMPANHE
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Mar do
Norte
L
S
Extensão da Liga Hanseática
4. AS CIDADES
RENASCEM EM IMPORTÂNCIA
Mar Mediterrâneo
Os locais escolhidos pelos burgueses para habitação
geralmente estavam localizados próximos aos castelos, às
vilas e aos entroncamentos de rotas de viagem. Tais lugares
passaram a ser chamados de burgos. O crescimento dos
burgos deu origem a várias cidades durante o período
da Baixa Idade Média. Podemos afirmar, portanto, que, na
maioria dos casos, o renascimento da cidade como centro
da vida europeia está intimamente relacionado às suas
atividades comerciais.
No entanto, não foi esse o único fator gerador da revalorização do ambiente urbano. Num grau de importância muito menor, porém ainda significativo, cidades que
já existiam durante a Idade Média, mas que não exerciam
grande influência na vida medieval, passaram a se tornar
centros de influência. Nobres com uma visão mais progressista mudaram-se para essas cidades sem se desfazer
de suas terras, vendo nelas a promessa de grande crescimento futuro.
Cada burgo que se transformava em cidade teria que
lidar com a questão da dependência em relação a um nobre. Então, os burgueses habitantes dessas cidades tinham
que negociar com o senhor feudal a liberdade da área urbana. A autonomia pretendida facilitaria a organização política e econômica desses nascentes centros urbanos.
módulo 11
Vista de uma das entradas da cidade de Toledo, na Espanha. Assim como
diversas cidades europeias, a arquitetura medieval é preservada.
A liberdade dessas cidades poderia ser adquirida de
algumas formas. Uma delas era por meio de uma carta
de franquia, negociada entre os burgueses e o senhor
feudal, em que este último recebia dinheiro dos primeiros,
ficando estabelecida a “compra negociada” da autonomia.
Os senhores que assim faziam eram considerados
progressistas e mantinham um relacionamento amigável
com os moradores da cidade.
Por outro lado, existiam aqueles senhores feudais que
mantinham a ideia de que a posse da terra era a base de
seu poder político e que, portanto, teriam sua influência
diminuída se perdessem qualquer parte de suas terras.
Eles não negociavam cartas de franquias, restando aos
burgueses o uso da força como meio de alcançarem a tão
almejada autonomia.
As cidades que alcançavam a sua liberdade por meio
do conflito armado eram chamadas de cidades comunas.
Aquelas que conseguiam sua autonomia por meio da
compra de uma carta de franquia ficaram conhecidas
como cidades francas.
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Flandres, Champanhe
e a Liga Hanseática
Sam Santoyo/SXC
tarde, banqueiros) não professava a fé cristã. Geralmente,
eram judeus ou árabes. Logo, estavam desobrigados das
restrições católicas.
Os comerciantes se organizavam em associações
conhecidas como guildas, que visavam à proteção dos
interesses de todos os seus membros. Portanto, a admissão
de mais associados deveria ser feita somente após a
verificação do aumento da demanda de produtos. Isso
evitava a concorrência, mantendo os ganhos distribuídos
equilibradamente entre os seus participantes.
Havia grandes associações comerciais, chamadas de
hansas, que chegavam a incluir várias cidades. A mais
importante de todas elas chegou a ter mais de 80 cidades
associadas, formando a Liga Hanseática. A cidade que
liderava era Lubeck, na região de Flandres.
Em cada cidade era característica a existência
de oficinas, onde se exerciam os mais variados
tipos de trabalho artesanal. Cada oficina estava organizada da seguinte forma: o mestre, que
ocupava a parte mais importante dentro de uma
oficina, era o dono do local e das ferramentas.
Abaixo do mestre, encontravam-se os oficiais ou
jornaleiros. Eram chamados de oficiais porque
conheciam o ofício ali desenvolvido mas, por não
serem proprietários, trabalhavam por jornada de
trabalho, daí a expressão “jornaleiros”.
Na base desse esquema estavam os aprendizes. Em geral, eram meninos aparentados do mestre, que passavam anos auxiliando nos trabalhos.
Em troca, recebiam o aprendizado do ofício, moradia e alimentação. Se houvesse aumento de demanda, era possível um aprendiz se tornar oficial
ou jornaleiro. Com a autorização da corporação
de ofício equivalente, o aprendiz poderia se tornar
um mestre.
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Texto complementar
O pequeno texto a seguir foi escrito pela historiadora Elaine Senise Barbosa e trata da forma como diferentes
tradições culturais e religiosas podem construir imagens preconceituosas sobre o outro, aquele que é diferente.
O argumento da autora é que, durante as cruzadas, cristãos formaram uma imagem extremamente negativa dos
muçulmanos. Após a leitura, discuta com seus colegas o problema do preconceito em nossos dias.
A invenção do outro
I
dentificar é discriminar! O processo mental que leva
os seres humanos ao conhecimento baseia-se num
procedimento de classificação: nomeamos as coisas
após definirmos suas características; agrupamo-las com
outras coisas que já conhecemos e que nos parecem
semelhantes, ou as discriminamos criando novos conceitos classificatórios. Quando afirmamos que determinado ente é uma coisa, estamos concluindo que ele não
é muitas coisas. É nesse sentido que a cultura cria entre
os homens laços de identidade ou de diferenciação.
A religião se constitui numa substância preciosa
para forjar a identidade entre sociedade e espaço geográfico. Por abranger uma área muito mais ampla que
a ocupada por um único povo, a religião tem sido o alicerce na formação das civilizações, que englobam inúmeros povos com características muito diversas entre si.
Esse processo de longuíssima duração não é facilmente
percebido pelas pessoas que o vivenciam, mas pode ser
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captado pelo observador exterior que, estudando eventos já concluídos, é capaz de fazer uma análise em perspectiva e destacar as constantes histórias, sem se perder
em detalhes conjunturais.
Essa visão em perspectiva nos mostra que, por partilharem de uma mesma base cristã, os europeus ocidentais e
orientais mantêm entre si, até hoje, uma relação oscilante
– ora são os “cismáticos”, os “heréticos”, como durante a
Guerra Fria; ora são os parceiros privilegiados, como na
Segunda Guerra. Do outro lado do Mediterrâneo, aqueles
que estão identificados ao Islã – árabes, iranianos, norteafricanos e turcos – continuam a ser vistos como “infiéis”,
inimigos potenciais com os quais se estabelecem períodos de convívio ditados por necessidades práticas, mais do
que pelo respeito às legítimas diferenças entre os povos.
BARBOSA, Elaine Senise. A encruzilhada das civilizações:
católicos, ortodoxos e muçulmanos no Velho Mundo.
São Paulo: Moderna, 1997. p. 69-71.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Carcassone, típica cidade medieval, localizada no sul da França.
Com o fim do período feudal, as cidades europeias tiveram um
desenvolvimento desorganizado além de seus muros.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O planejamento urbano era quase inexistente.
As cidades cresciam desordenadamente. Sistemas
de água e esgotos eram muito raros. Não havia um
sistema de limpeza público, atividade que era responsabilidade dos próprios moradores. Estudos específicos demonstram que, muitas vezes, a rua era
o local onde se despejavam as necessidades humanas, o que produzia um cheiro muito desagradável.
As ruas eram estreitas e sinuosas, seguindo as necessidades do momento em que eram traçadas.
Muito tempo decorreu até que os habitantes das
cidades percebessem a utilidade do planejamento
urbano. Porém, até que se atingissem as melhorias
com as quais estamos acostumados, muitas dificuldades, epidemias e vulnerabilidades assolaram os
centros urbanos enquanto cresciam.
Michael Zimmermann/SXC
módulo 11
Da mesma forma que existiam as associações que protegiam os interesses dos comerciantes, como as guildas ou as
hansas, existiam também aquelas que protegiam os produtores, ou seja, os artesãos. Eram chamadas de corporações
de ofício, as quais reuniam em uma mesma associação todos aqueles que exerciam um determinado ofício, independentemente de serem mestres, oficiais ou aprendizes.
Nas cidades, as diferenças socioeconômicas logo levaram
à divisão das classes que se formavam. Dentre os membros
da burguesia, os mais ricos formavam a alta burguesia,
que dava origem à aristocracia, detentora do poder político.
Em quase toda cidade da Baixa Idade Média era possível
encontrar um prefeito que, assessorado por uma assembleia
representada por magistrados, conduzia a “coisa pública”.
1. Descreva a seguir duas mudanças ocorridas durante a
Baixa Idade Média e explique como elas colaboraram
para a crise feudal.
O aluno poderá escolher entre a redução das invasões,
a melhoria entre os hábitos de higiene e a melhoria
b) Por que a maioria dos burgueses buscou a “quebra do
direito senhorial”?
módulo 11
| | | | Agora é a sua vez | | | |
Porque a vida daqueles que dependiam diretamente dos
senhores era, na maioria dos casos, muito difícil. De maneira
geral, essas pessoas – camponeses ou servos – estavam presas à
das técnicas agrícolas, entre outras. Cada uma dessas
terra do senhor, que lhes impunha as “obrigações feudais”, tais
mudanças colaborou para o crescimento demográfico
como a corveia, a talha e as banalidades. Soma-se a isso a
europeu durante a Baixa Idade Média, o que levou à falta
impossibilidade de os burgueses manterem suas atividades
de terras. Em um mundo onde a terra era a principal fonte
comerciais diante das obrigações feudais.
de poder e sustento, sua falta tornou o sistema inviável.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Dentre as principais consequências das cruzadas, a reabertura
do Mar Mediterrâneo à navegação comercial, cristã, europeia e
ocidental foi a mais significativa. A despeito de não terem
retomado o controle da cidade de Jerusalém, os cruzados
enfraqueceram o poder árabe, adquirindo o direito de estabelecer
rotas comerciais marítimas no Mediterrâneo. Essas novas
condições fortaleceram muito as relações comerciais entre
Ocidente e Oriente. Navios genoveses e venezianos, entre outros,
buscavam especiarias orientais em Constantinopla e distribuíam
suas mercadorias por toda a Europa. Desse modo, o comércio
europeu se desenvolveu significativamente, resultando no
fenômeno que veio a ser conhecido como renascimento comercial.
3. Segundo o pensador alemão Max Weber (1864-1920),
nas cidades medievais do centro e do norte da Europa,
teria surgido o seguinte ditado: “O ar da cidade liberta”.
Weber comenta ainda que a “quebra do direito senhorial”
foi a “inovação revolucionária” dessas cidades. De acordo
com o que foi estudado, responda às questões a seguir:
4. Em uma oficina medieval, era possível encontrar no
mínimo três tipos de trabalhadores: o mestre, dono
da oficina e das ferramentas, era o mais experiente de
todos, pois conhecia o ofício há mais tempo e dominava
a habilidade da produção; os oficiais ou jornaleiros,
trabalhadores assalariados, eram conhecedores do
ofício, porém, eram empregados; os aprendizes, que
eram os ajudantes, ainda tinham pouca experiência,
e seu trabalho era recompensado com o aprendizado
do ofício. Com o passar do tempo, a experiência
poderia conduzir o aprendiz a oficial. Como oficial,
esse trabalhador poderia guardar parte do seu salário
e, futuramente, comprar ferramentas e instalar uma
oficina, tornando-se, assim, mestre.
Quando comparamos as possibilidades econômicas
e sociais do texto acima com a economia e sociedade
feudal, percebemos que as diferenças são marcantes.
Destaque a seguir dois aspectos que exemplificam essas
diferenças.
Entre os aspectos mais marcantes que diferenciam
os dois modos de vida citados, destacamos: 1) o tipo
de trabalho exercido: o feudal, essencialmente ligado à
terra, e o da oficina medieval, primariamente urbano; 2) a
produção feudal é voltada à agricultura e à subsistência;
a) Quem o ar da cidade liberta? Do quê?
já nas oficinas eram produzidas manufaturas voltadas
De acordo com o que foi visto, quem se libertava era
ao comércio; 3) na sociedade feudal, a ascensão social
o habitante da cidade, geralmente um burguês, que não mais
era virtualmente inexistente, baseada nos laços de
estava ligado aos laços de dominação senhorial. Não era como
parentesco, e nas cidades medievais um trabalhador
os camponeses ou servos que permaneciam ligados ao seu
poderia ascender economicamente (Como vimos,
senhor, por estarem “presos” à terra.
era possível um aprendiz se tornar um mestre.
Nas cidades, o burguês era livre para, entre outras
OP 22817 / 22821 – História Ens. Médio F3
2. Estabeleça a ligação entre as consequências das cruzadas
e o renascimento comercial.
Proj. Gráf.
Editor(a)
Coor. Ped.
C. Q.
Dep. Arte
Na realidade, todo mestre primeiramente foi aprendiz.).
possibilidades, mudar de uma cidade para outra.
7
Adaptado de: TURA, Agnolo di. The plague in Siena: an italian
chronicle. In: BOWSKY, William M. The black death: a turning
point in history? New York: HRW, 1971.
O testemunho de Agnolo di Tura, um sobrevivente da
peste negra que assolou a Europa durante parte do
século XIV, sugere que
OP 22817 / 22821 – História Ens. Médio F3
a) o flagelo da peste negra foi associado ao fim dos
tempos.
b) a Igreja buscou conter o medo, disseminando o saber
médico.
c) a impressão causada pelo número de mortos não foi tão
forte, porque as vítimas eram poucas e identificáveis.
d) houve substancial queda demográfica na Europa no
período anterior à peste.
e) o drama vivido pelos sobreviventes era causado pelo
fato de os cadáveres não serem enterrados.
6. Responda às perguntas a seguir, de acordo com o texto
complementar “A invenção do outro”, p. 6.
Resposta pessoal
Perceba na resposta do aluno se ele compreendeu não
apenas os significados específicos de cada palavra, mas,
principalmente, o sentido que elas transmitem quando
inseridas no referido texto.
b) O texto também afirma que “aqueles que estão identificados ao Islã” ainda hoje são vistos como “infiéis”.
No entanto, no mundo islâmico, muitas vezes aqueles
que são identificados ao cristianismo ocidental também são chamados ou vistos dessa forma. Baseado
no que foi estudado a respeito das cruzadas e na discussão que o texto complementar propôs, explique o
significado da expressão “infiel”.
Nesse caso, “infiel” é aquele que não se identifica com a
crença de um grupo ou com o que tal grupo entende ser
correto, “fiel”. Portanto, para o cristão, o islâmico, que não
vive de acordo com os preceitos cristãos, é infiel.
Do mesmo modo, sob a ótica do islâmico, é caracterizado
o cristão, que não vive de acordo com os ensinamentos
de Maomé.
a) O texto se inicia com a seguinte afirmação: “Identificar é discriminar”. Uma leitura atenta do texto permite
| | | | De olho no vestibular | | | |
1. (UFC-CE) No século XIII, um teólogo
assim condenava a prática da usura:
Proj. Gráf.
O usurário quer adquirir um
lucro sem nenhum trabalho e
até dormindo, o que vai contra a
Palavra de Deus que diz: “Comerás teu pão com o suor do teu
rosto”. Assim, o usurário não vende a seu devedor nada que lhe
pertença, mas apenas o tempo,
que pertence a Deus. Disso não
deve tirar nenhum proveito.
Editor(a)
Coor. Ped.
C. Q.
Dep. Arte
Adaptado de: LE GOFF, J. A bolsa e
a vida. São Paulo: Brasiliense, 1989.
8
a) O que é usura?
Usura é a prática de emprestar
dinheiro com a cobrança de juros.
c) Relacione a prática da usura com
o desenvolvimento do capitalismo no fim da Idade Média.
Na Baixa Idade Média houve uma
crescente circulação da moeda, que
provocou a expansão das práticas
b) Por que a Igreja medieval condenava a usura?
Porque a Igreja considerava o tempo
usurárias, já que se tornou frequente
recorrer a empréstimos para realizar
alguma atividade lucrativa. Essas
como criação de Deus; consequentemente,
atividades foram fundamentais no
seu uso para obtenção de lucro era
desenvolvimento do capitalismo.
considerado imoral.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A peste negra dizimou boa parte da população europeia, com efeitos sobre o crescimento das cidades.
O conhecimento médico da época não foi suficiente
para conter a epidemia. Na cidade de Siena, Agnolo
di Tura escreveu: “As pessoas morriam às centenas, de
dia e de noite, e todas eram jogadas em fossas cobertas com terra e, assim que essas fossas ficavam cheias,
cavavam-se mais. E eu enterrei meus cinco filhos com
minhas próprias mãos [...] E morreram tantos que todos achavam que era o fim do mundo.”
compreender como a autora justifica essa afirmação.
Procure no dicionário algumas definições possíveis
para as palavras “identificar” e “discriminar” e, com a
ajuda do texto e do que foi encontrado, elabore uma
frase que explique porque identificar é discriminar.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
módulo 11
5. (Enem-MEC)
Caro, o pão faltava nas mesas dos
pobres. Na Inglaterra, após mais de
cem anos de estabilidade, seu valor
quintuplicou em 1315. Na França, aumentou 25 vezes em 1313
e multiplicou-se por 21 em 1316.
A carestia disseminou-se por toda
a Europa e perdurou por décadas.
[...]
Faltava comida não por ausência de braços ou de terras.
[...]
Afinal, se os camponeses – esteio do crescimento demográfico
verificado desde o ano 1000 – não
conseguiam produzir mais, era
porque já haviam cultivado toda
a terra a que tinham acesso legal.
Já os senhores não faziam pura
e simplesmente porque não queriam. Moeda sonante não era exatamente a base de seu poder e glória.
Manolo Florentino, Os sem-marmita,
Folha de S.Paulo, 7 set. 2008.
O texto traz alguns elementos da
chamada “crise do século XIV”, sobre
a qual é correto afirmar que:
a) resultou da discrepância entre o
aumento da produtividade nos domínios senhoriais desde o século XI
e o recuo da produção urbana de
manufaturas.
b) foi decorrência direta da peste
negra, que assolou o norte da Europa durante todo o século XIV,
e fez com que os salários fossem
fixados em níveis muito baixos.
c) resultou do recrudescimento das
obrigações feudais, que gerou a
concentração da produção de
trigo e cevada nas mãos de poucos senhores feudais da França.
d) foi deflagrada, após as inúmeras
revoltas operárias, no campo e na
cidade, que quebraram com a longa estabilidade do mundo feudal
europeu.
e) teve ligação com as estruturas feudais que impediam que a produção
crescesse no mesmo ritmo do crescimento da população em certas
regiões da Europa.
Rio
Muro
Rio
Planta da cidade de Bruges. Braun e
Hogemberg, 1572.
No século XVI, quando foi desenhada a planta de Bruges, a cidade
fortificada ainda preservava antigas
características medievais. A iconografia, portanto, revela uma cidade
medieval:
a) fortificada como um feudo,
estabelecido sob o comando
dos antigos suseranos belgas,
constituído pelo castelo central
e pelas residências dos servos
medievais.
b) murada e circundada por rios e
pontes que facilitavam o estabelecimento do comércio emergente no fim da Idade Média.
c) com muros demarcadores do território urbano – modo diferenciador do espaço rural ocupado por
camponeses pobres e também
por comerciantes rurais.
d) circundada pelos muros medievais, que dificultavam o crescimento populacional e social,
conforme modelo do capitalismo
emergente durante o período final da Idade Média.
e) fechada entre rios e muros altos,
que serviam para a proteção e segurança dos mercadores diante
das invasões mouras e daquelas
organizadas pelos escravos fugitivos do poder feudal
4. (PUC-SP)
Que Deus te dê coragem e
ousadia,
Força, vigor e grande bravura
E grande vitória sobre os infiéis.
DUBY, Georges. A Europa na
Idade Média. São Paulo:
Martins Fontes, 1988. p. 13.
Os três versos são do século XII e reproduzem a fala de um rei na sagração de um cavaleiro. Eles sugerem:
módulo 11
3. (UFPA)
a) o caráter religioso predominante nas relações de servidão, que
uniam os nobres medievais e
asseguravam a mão de obra nos
feudos.
b) a ausência de centralização política na Alta Idade Média, quando
todos podiam, por decisão real,
ser sagrados nobres e cavaleiros.
c) o reconhecimento do poder de
Deus como supremo e a crença de que a coragem dependia
apenas da ação e da capacidade
humanas.
d) a hierarquia nas relações de vassalagem e o significado político
e religioso, para os nobres, das
ações militares contra os muçulmanos.
e) o juramento que todos os nobres
deviam fazer diante do rei e do
papa e a exigência de valentia e força para participação nos torneios.
5. (Unifesp-SP)
OP 22817 / 22821 – História Ens. Médio F3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. (FGV-SP)
Por trás do ressurgimento da
indústria e do comércio, que se
verificou entre os séculos XI e XIII,
achava-se um fato de importância econômica mais fundamental: a imensa ampliação das terras
aráveis por toda a Europa e a aplicação à terra de métodos mais
adequados de cultivo, inclusive a
aplicação sistemática de esterco
urbano às plantações vizinhas.
MUMFORD, Lewis. A cidade na História.
São Paulo: Martins Fontes, 1982.
Proj. Gráf.
O texto trata da expansão agrícola
na Europa Ocidental e Central entre
os séculos XI e XIII. Dentre as razões
desse aumento de produtividade,
podemos citar:
Editor(a)
Coor. Ped.
C. Q.
a) o crescimento populacional, com
decorrente aumento do mercado
consumidor de alimentos.
b) a oportunidade de fornecer alimentos para os participantes das
cruzadas e para as áreas por eles
conquistadas.
Dep. Arte
9
OP 22817 / 22821 – História Ens. Médio F3
[...] O rei fora um aliado forte
das cidades na luta contra os senhores. Tudo o que reduzisse a
força dos barões fortalecia o poder real. Em recompensa pela sua
ajuda, os cidadãos estavam prontos a auxiliá-lo com empréstimos
em dinheiro. Isso era importante,
porque com o dinheiro o rei podia dispensar a ajuda militar de
seus vassalos. Podia contratar e
pagar um exército pronto, sempre a seu serviço, sem depender
da lealdade de um senhor. Seria
também um exército melhor,
porque tinha uma única ocupação: lutar. Os soldados feudais
não tinham preparo nem organização regular que lhes permitisse
atuar em conjunto, com harmonia. Por isso, um exército pago
para combater, bem treinado
e disciplinado, e sempre pronto quando dele se necessitava,
constituía um grande avanço.
HUBERMAN, L. História da riqueza
do homem. Rio de Janeiro: Zahar,
1977. p. 80-81.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar:
Proj. Gráf.
I. A organização de exércitos sob o
comando do rei contribui para
o processo de formação dos Estados Nacionais.
II. A decadência da burguesia possibilitou o fortalecimento do poder
real e a constituição dos Estados
Nacionais europeus.
III. A teoria política do período sacralizou a figura do monarca, já que
afirmava serem os reis escolhidos
por Deus para exercer o governo.
Editor(a)
Coor. Ped.
C. Q.
Dep. Arte
10
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são
corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são
corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são
corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV
são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV
são corretas.
7. (UFAL) Analise o texto a seguir.
A Guerra Santa assumiria um
estilo semelhante aos conflitos
que se desenrolavam no Ocidente. Uma guerra de cerco e assédio
posto sobre cidades amuralhadas e castelos, acompanhados de
saques e pilhagens. [...] Ocorrido
o rompimento das muralhas e da
porta, restava aos sitiados, famintos e sedentos, resistir numa luta
de espadas [...] que envolveria
homem a homem. [...] A guerra
intitulada “santa”, pelos dois lados
em luta, resultava em grande número de mortos e numa grande
destruição que exigia constantes
esforços de reconstrução.
FERNANDES, Fátima Regina. In: MAGNOLI,
Demétrio (Org.). História das guerras.
São Paulo: Contexto, 2006. p. 115-117.
O confronto armado descrito no texto foi um dos fatores fundamentais
na desestruturação do mundo medieval. Esse confronto colocou frente
a frente povos:
a) europeus e muçulmanos.
b) carolíngios e germânicos.
c) romanos e bárbaros.
d) bizantinos e francos.
e) árabes e islâmicos.
8. (UFMS) A respeito do trabalho na Idade Média, assinale a(s)
afirmativa(s) correta(s).
(01) A partir do século XI, o trabalho
no Ocidente Europeu caracterizou-se predominantemente pela
servidão, o que implicou várias
taxas e obrigações devidas pelo
camponês ao senhor, a exemplo
da corveia ou trabalho gratuito
nas terras senhoriais.
(02) O trabalho não era uma atividade
condizente com a formação sociocultural da nobreza, já que sua riqueza provinha principalmente da
exploração das terras herdadas e
da pilhagem resultante das guerras.
(04) O pensamento cristão, uma das
heranças culturais que formaram
a Idade Média, atribuía alto valor
positivo ao trabalho, uma vez
que o identificava com o resgate
do pecado original.
(08) A partir do século XVI, período
em que o feudalismo entrou em
sua fase de plenitude no Ocidente Europeu, o trabalho caracterizou-se predominantemente pela
escravidão, o que implicou várias
taxas e obrigações devidas pelo
camponês ao senhor, a exemplo
da banalidade ou trabalho gratuito nas terras senhoriais.
(16) A ascensão da burguesia, ao fim
da Idade Média, intensificou a
rejeição ao trabalho, o que se
evidencia no crescimento de
movimentos anarquistas nos
meios urbanos, como exemplo,
a Jacquerie.
3
1+2
9. (UFPB) Durante a chamada Baixa
Idade Média (séc. XI-XV), o desenvolvimento urbano dos burgos da
Europa Ocidental fundamentou-se
na especialização das atividades
comerciais e das artesanais, que se
organizavam, respectivamente, em:
a) ligas e guildas de comércio e corporações de ofícios artesanais.
b) guildas e corporações de comércio e ligas de ofícios artesanais.
c) associações comerciais e sindicatos de ofícios artesanais.
d) sindicatos comerciais e ligas e corporações de ofícios artesanais.
e) corporações de comércio e ligas e
guildas de ofícios artesanais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
6. (UEL-PR)
IV. Com os Estados Nacionais constituídos, a Igreja continuou a
ocupar um espaço importante
dentro dos reinados, baseada na
autoridade suprema do papa.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
módulo 11
c) o fim das guerras e o estabelecimento de novos padrões de
relacionamento entre servos e senhores de terras.
d) a formação de associações de profissionais, com decorrente aperfeiçoamento da mão de obra rural.
e) o aprimoramento das técnicas de
cultivo e uma relação mais intensa
entre cidade e campo.

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