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Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. p.443-451. DISPONIBILIZAÇÃO DE INFORMAÇÕES ESPACIAIS EM COMPUTADORES PORTÁTEIS M ÔNICA SANTOS PIRES CLAUDIA ROBBI SLUTER LUIS A UGUSTO KOENIG VEIGA Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências da Terra, Departamento de Geomática Curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas, Curitiba -PR ([email protected], [email protected], [email protected]) RESUMO - A utilização de dados espaciais em computadores de mão / bolso é uma tendência recente que surgiu para facilitar a vida do usuário, entretanto, os produtos existentes no mercado devem ser implementados sob a ótica da teoria cartográfica quanto à determinação da informação a ser utilizada e a sua generalização. Verifica-se uma enorme preocupação dos desenvolvedores de hardware e software em garantir aos usuários, o acesso a “informação georreferenciada”, principalmente através de grandes investimentos no setor de telefonia móvel e sistemas que integram pocket PC, telefones celulares e receptores GPS. Este trabalho fornece uma visão geral da apresentação de dados espaciais na internet e em computadores de mão / bolso. O teste realizado utiliza um pocket PC HP jornada série 560 com sistema operacional Microsoft Windows Pocket PC 2002. ABSTRACT – Using spatial data in palmtop computers is a recent tendency which arouse to make user’s life easer, however, products offered must be implemented under the cartographic theory view for determining information to be used, as well as its generalization. One can see the concern of hardware and software developers in order to assure the users have access to georeferenced information, mainly through huge investments in mobile telephony and GPS receptors, cellphones and pocket PC integrating systems. The purpose of this work is to provide a broad view of spatial data presenting in the internet and pocket PC. An experiment was conducted using a pocket PC HP Jornada 560 series, with Microsoft Windows Pocket PC 2002 operational system. 1 INTRODUÇÃO Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) evoluíram ao longo dos anos e o perfil dos seus usuários passou por várias etapas, englobando desde a fase de aprendizado de como trabalhar com dados georreferenciados, até a descoberta da ferramenta SIG para os segmentos sociais, econômicos, políticos e culturais. CÂMARA e DAVIS (1995, p.27-40) categoriza m o SIG em três gerações: a primeira geração é denominada de CAD cartográfico e é formado por sistemas com operações gráficas e de análise espacial sobre arquivos. A segunda geração é concebida para o operar como um banco de dados geográfico não convencional e a terceira geração é constituída de bibliotecas digitais, contendo um banco de dados geográfico, compartilhado por um conjunto de instituições através do acesso via ambiente WWW (World Wide Web). Os SIGs estão em transição para uma nova geração tecnológica e precisam ser adaptados a ela. Houve uma fase onde os dados matriciais e a pouca capacidade de armazenamento e processamento eram M. Pires; C. Sluter;L. Veiga fatores limitantes para os usuários. Logo depois surgiram máquinas cada vez mais eficientes e a utilização maciça de dados vetoriais. Pode-se dizer que a Geoinformática associada à Tecnologia da Informação (TI) está possibilitando o dinamismo do usuário com o uso de celulares digitais, computadores de mão e outros acessórios. Este usuário tem a necessidade de acesso à informação georreferenciada utilizando qualquer um destes dispositivos, seja para informações turísticas, de tráfego, acesso a bancos, coleta de dados em campo ou mesmo emergenciais. A área de geotecnologias vem apresentando um crescente desenvolvimento de produtos destinados ao geoprocessamento com a disponibilização de mapas na internet e mais recentemente em computadores portáteis como atividades de campo, desenho, atualização ou cadastro para SIG, uso como coletor e ou controlador de receptores GPS. De acordo com PEARSON e KEATS apud HARA (1997, p.17-19), os antigos mapas confeccionados manualmente e contendo alto nível de qualidade deram origem aos conceitos utilizados Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. atualmente sobre elaboração e visualização de mapas por computador, portanto, as técnicas atuais para a confecção de produtos cartográficos em meio digital devem manter a mesma qualidade dos mapas confeccionados de forma manual. Este trabalho mostra a visualização de dados espaciais utilizando computadores de mão que operam em plataforma Windows CE. O equipamento empregado é um pocket PC HP jornada série 560 com sistema operacional Microsoft Windows Pocket PC 2002. Inicialmente serão apresentados os históricos sobre as plataformas Palm OS e pocket PC e sobre a internet, mencionado alguns dos produtos existentes no mercado para os mesmos. Em seguida serão apresentados o uso da linguagem cartográfica e da generalização para visualização no meio digital. O software PROCAD será utilizado para ilustrar a visualização de mapas no pocket PC. executando os mesmos programas para diferentes soluções. Entretanto, a capacidade de memória continua inferior ao de um pocket PC. As figuras 1, 2, 3 e 4 mostram alguns modelos de palmtops existentes para as duas plataformas descritas acima: Palm M515 Palm M130 Figura 1 – Palmtops com sistema operacional Palm OS 4.1. Fonte: HP BRASIL (2002, internet) 2 METODOLOGIA 2.1 Plataformas OS e pocket PC Segundo BENEVENTO (2001, p.66-67) as empresas pioneiras no mercado de microcomputadores de mão foram a USRobotics que em 1992 fundou a subsidiária PalmComputing e em abril de 1996 lançou um organizador pessoal denominado PalmPilot 5000; e a Apple que em 1994 lançou o palm Newton. O palmtop é um aparelho de mão cuja função é armazenar dados que são utilizados no dia-a-dia. Usa o sistema operacional Palm OS (gerencia todas as funções do equipamento) e até aproximadamente um ano atrás possuía as funções de um Personal Information Manager (PIM). Era um gerenciador de informações pessoais, contendo aplicativos como: calculadora, calendário, agenda de números e endereços, contatos, bloco de notas, gravador de som, alto falante e e-mail. Em 1997 a Microsoft lançou um sistema operacional em uma versão reduzida do sistema operacional Windows, denominado de Windows CE, desenvolvido especialmente para palmt ops. Empresas como HP, Philips, Psion entre outras investiram na plataforma Windows e lançaram os HandHeldPC (HPC) ou Personal Digital Assistant (PDA), contendo a nova plataforma. Ele é um palmtop com teclado externo e a primeira empresa a apresentar um mo delo com tela colorida foi a Hewlett-Packard. Como o sistema não atingiu a funcionalidade desejada, em 19 de abril de 2000 a Microsoft lançou a versão Windows CE 3.0, denominada de Pocket PC (PPC), para ser utilizado nos palmtops da HP, Casio e Compaq. Atualmente os palmtops são classificados em equipamentos baseados em sistemas operacionais Palm Os (Palm Inc) e Windows CE/Pocket PC (Microsoft) e possuem acessórios como fax/modem, acesso à internet, placas de rede a cabo ou wireless, porta infra vermelha, teclados, câmeras, memória, GPS entre outros e uma variedade de softwares compatíveis. De acordo com KRYM (2000) a plataforma Palm é utilizada nos modelos fabricados pelas empresas Handspring, Sony, IBM, TRG, Kyocera e Symbol, utilizando o sistema Palm OS 4.1 e M. Pires; C. Sluter;L. Veiga hp jornada 525 cassiopeia E 200 Figura 2 – Palmtops com sistema operacional pocket PC 2002. Fonte: HP BRASIL (2002, internet) hp jornada 680/690 LG phenom ultra Figura 3 – Handhelds com sistema operacional pocket PC 2002. Fonte: HP BRASIL (2002, internet) A concorrência entre as duas plataformas tem gerado uma variedade de produtos como programas para áreas diversificadas e novos acessórios. O mais recente é a integração de celulares com os palmtops, possibilitando o uso da tecnologia WAP (Wireless Aplication Protocol). A empresa Sansung desenvolveu um modelo com tela colorida, contendo todos os programas padrões do Palm OS. Possui 8MB de memória e processador de 33MHz e permite a utilização do telefone e anotações ao mesmo tempo. Figura 4 – Palmtop plataforma OS modelo Sansung SPH-1300 com telefone celular integrado. Fonte: HP BRASIL (2002, internet) Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. A Cartografia tem apresentado um crescente desenvolvimento de produtos destinados ao geoprocessamento com a disponibilização de mapas na internet e mais recentemente em computadores portáteis. Segundo CÂMARA (2001 p.3) os SIGs existentes no mercado possuem uma variedade de arquiteturas internas : SIG Tradicional, Arquitetura Dual, SIG baseado em CAD, SIG Relacional e SIG Orientado a Objeto, Desktop mapping, SIG Baseado em Imagens e SIG Integrado (imagens e vetores). Ao analisar essas diferentes arquiteturas, podemos detectar pontos fortes ou fracos em cada sistema como o desempenho, a capacidade de gerenciamento de grandes bases de dados, a capacidade de utilização simultânea por múltiplos usuários e a capacidade de integração com outros sistemas. Segundo BENEVENTO (2002, p 70) “Hoje se tem diversos produtos para a área de geotecnologias, totalmente voltados para o uso de computadores de bolso. Este tipo de computador possui uma sinergia com as diversas atividades de campo que são desempenhadas nesta área. Seja na atualização ou no cadastro para GIS, nas etapas de apoio de campo e reambulação de um vôo aerofogramétrico, atividades de campo e de desenho como croqui, rascunhos e esquemas, navegação apoiada por uma base cartográfica e um receptor GPS, uso como coletor e ou controlador de receptores GPS”. A Tabela 1 mostra alguns dos produtos desenvolvidos para as plataformas de computadores de mão descritas anteriormente: Tabela 1: Exemplo de produtos para plataformas OS e Windows CE Software Empresa Funcionalidades ArcPad ESRI Ferramenta para pocket PC e Handheld que permite a coleta de dados geográficos e alfanuméricos em campo com conectividade ao Global Positioning System (GPS). Utiliza dados matriciais e vetoriais. topoGRAHP Santiago e Utilizado em pocket PC GIS Cintra iPAQ na coleta de dados. Carrega imagens de fundo matricial georeferenciada ou vetorizada. Spring Spring Desenvolvido para Wireless monitoramento de transporte de carga através de handhelds com modem para conexão via celular. Pocket TravRout Desenvolvido para CoPilot roteamento e navegação com apoio de GPS e mapas vetoriais em pocket PC. M. Pires; C. Sluter;L. Veiga Terrasync Trimble Navigation Orbt Soft Plus Orbsystem MTColeta Micron IMap Sokkia OnSite View Entripise 2 Autodesk Coleta dados de forma estruturada com até três subníveis de informação, possibilitando ler e gravar dados diretamente no formato SHP/ESRI. Carrega imagens de fundo matricial georeferenciada ou vetorizada. Utiliza mapas digitalizados para segurança e rastreamento de transporte de carga. Desenvolvido para a plataforma palm OS. Usa handhelds para a coleta de dados cadastrais de imóveis e atividades econômicas, contendo a localização geográfica e a infraestrutura disponível. Utiliza dados vetoriais. Coletor de dados configurado a um receptor GPS da Sokkia e utilizado com pocket PC iPAQ. Permite a coleta de dados brutos para pósprocessamento, coleta de dados em tempo real com envio de correção diferencial de qualquer fonte ou de uma base própria. Solução de mapeamento e design móvel para o uso de desenhos digitais e dados de mapeamento em pocket PC. Os desenhos são salvos em formatos DWG ou DXF e podem ser utilizados no microcomputador do escritório. 2.2 Especificação do pocket PC Para este trabalho será utilizado o pocket PC HP jornada 568 (Figura 4) para a visualização de dados espaciais , devido à capacidade de memória e velocidade de processador para trabalhar com aplicativos destinados ao SIG e visualização cartográfica. O trabalho será desenvolvido tanto para bases vetoriais como matriciais. As informações espaciais devem ser adequadas aos computadores de mão através da linguagem cartográfica e das operações de generalização (seleção, classificação, simplificação e simbolização). Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. Figura 4: pocket PC HP Jornada 568 Fonte: HP BRASIL (2002, internet) A Tabela 2 contem equipamento pocket PC. as especificações Tabela 2: Especificação do pocket PC Processador - 206 MHz 32-bit StrongARM - 32MBRAM (jornada565) - 64MBRAM (jornada568) Memória - 32MBFlashROM - memória data bus 103 MHz - TFT Refletiva colorida com 240x320 pixels Tela - Mais de 16 bits (65,536 cores) - Removível, recarregável de Li-Polymer - 14 horas de vida de bateria (com luz de fundo desligada) Bateria - Uma bateria de backup tipo moeda de 3V - Adaptador de corrente multivoltagem - Uma porta Infravermelha - Uma USB/serial RS232C - Entrada do adaptador de Input/output corrente - Entrada de fone de ouvido - Um slot de expansão Compact Flash Tipo I - 132x76.5x17.2mm Tamanho - 173g com bateria Standard 1) Microsoft® Pocket PC software 2002 (Edição Premium) inclui: - Microsoft® Windows® for Pocket PC - Pocket Outlook® - Pocket “internet” Explorer - Pocket Word - Pocket Excel Software - Microsoft Reader 2.0 for incluso na Pocket PC ROM - Windows Media™ Player 8 for Pocket PC - MSN Messenger - Microsoft® Transcriber - Terminal Services Client - Note Taker - Voice Recorder - ActiveSync™ 3.5 - Calculator Solitaire M. Pires; C. Sluter;L. Veiga do 2) Software de produtividade da hp jornada: - hp jornada backup, hp jornada emergency backup, hp Microchai (hp's smallest Java™ application environment), hp jornada home menu, hp jornada settings, hp jornada image viewer (for image viewing and slideshow) and camera application, hp jornada task switcher. - LandWare Omnisolve™ Business Calculator (business and financial calculator) - Developer One CodeWallet Pro v3 - Developer One Access Panel Platinum - Drivers: CF memory cards, Socket CF LAN cards, CF modem and IrDA Modem, and Targus stowaway keyboard 2.3 A Internet como meio de utilização de dados espaciais De acordo com (MENDES, 2002) antes da popularização da internet, a comunicação entre usuários era feita através do BBS (Bulletin Board System): cada usuário cadastrado discava para o BBS em que era cadastrado, conectando o seu computador ao do BBS e em seguida enviava as mensagens ou arquivos para outros usuários desse BBS. Nos anos 60 os bancos e as companhias aéreas fizeram as primeiras comunicações de dados entre computadores através de linhas telefônicas comuns. Um computador central controlava o acesso às informações armazenadas em seus sistemas, evitando que qualquer informação fosse alterada simultaneamente por dois acessos diferentes, utilizando um controle de prioridade de acesso. Foram criadas arquiteturas de rede, contendo dois ou mais computadores em paralelo, evitando que toda a rede saísse do ar, caso houvesse algum problema no computador central. Segundo MENDES (2002) em 1969 a rede da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada nos Estados Unidos (ARPAnet) substituiu o computador central por computadores ligados à rede, tendo como diferencial a condição de que se algum computador da rede fosse desligado os outros permaneceriam ligados. Foi estabelecido o protocolo de comunicações TCP/IP, permitindo que qualquer computador (PC, Macintosh/Apple, Unix) que possuísse um programa de conversão dos dados para esse protocolo pudesse se comunicar com os outros computadores. A rede (internet) passou a domínio público e nos anos 90 surgiu a World Wide Web (WWW) , contendo recursos de multimídia e com fácil acesso e envio de a imagens, vídeos, sons e animações. Na WWW u m arquivo é transformado em blocos marcados no computador de Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. origem e enviado com um código único, que identifica o computador de destino. Sistemas de roteamento localizam o melhor caminho para os blocos chegarem ao destino. A internet tornou-se um dos meios mais eficazes de comunicação devido à capacidade de distribuição de informações em portais destinados as mais diferentes áreas do conhecimento, com a disponibilização de produtos como livros, apostilas, artigos, trabalhos científicos, bibliografias, cursos à distância e produtos que podem ser adquiridor através de downloads. Empresas da área de geotecnologias têm oferecido uma diversidade de serviços e produtos voltados aos Sistemas de Informações Geográficas. Grandes portais como o UOL e Terra investiram na disponibilização de mapas e serviços de localização e roteirização na internet. De acordo com ROSA (2000, p.38-43), em julho de 2000 a UOL fechou parceria com a Ericsson para o desenvolvimento de prestação de serviços a quem acessa a internet via celular WAP (Wireless Aplication Protocol). Eles pretendem oferecer serviço de localização, onde o cliente consiga visualizar o mapa da região onde se encontra, e o caminho de destino na tela do celular. Os celulares que possuírem um receptor GPS acoplado poderão utilizar um serviço de roteamento, consultando o melhor caminho para o destino. Atualmente, entre os serviços oferecidos em sites da WEB para a área de geotecnologias, destacam-se o monitoramento de veículos, a localização de endereços, rotas rodoviárias e a correção diferencial de dados GPS. 2.4 Uso da linguagem cartográfica A simbolização é a forma de representação de uma imagem reduzida do mundo real através dos símbolos. A definição da simbolização é um processo complexo, envolve o estudo de convenções e padrões que mais se adequem a necessidade do mapa. Os mapas são considerados meios de comunicação, pois tem como objetivo fornecer informação. Se a informação representada é facilmente entendida pelo usuário então, o propósito do mapa foi alcançado. Em um projeto cartográfico deve-se inicialmente definir o propósito do mapa e conseqüentemente quais as características do fenômeno geográfico serão representadas por meio de uma simbologia. No desenvolvimento da linguagem cartográfica devem-se considerar três aspectos inter-relacionados dos símbolos cartográficos: a dimensão das feições mapeadas, o nível (ou escala) de medida e as primitivas gráficas e suas variações (variáveis visuais). De acordo com suas dimensões espaciais os dados ou fenômenos representados são classificados em fenômenos pontuais, lineares, de área ou volumétricos. DENT (1997, p. 74) explica que os níveis (ou escalas) de medidas são tentativas de estruturar as observações sobre a realidade. Para mapear as informações geográficas é necessário conhecer os níveis de medida envolvidos nas informações a serem mapeadas, e esses níveis são classificados como: 1) Nominal: neste nível os dados são identificados baseando-se em igualdades e desigualdades e os grupos M. Pires; C. Sluter;L. Veiga de informação são denominados. Exemplos de mapas que retratam informações nominais são: mapa dos tipos de solos, ou mapa dos tipos de culturas agrícolas; 2) Ordinal: os dados são identificados e ordenados, permitindo uma classificação hierárquica do fenômeno. Exemplo de mapeamento usando o nível de medida ordinal é um mapa de fertilidade do solo mostrando regiões de baixa, média e alta fertilidade; 3) Intervalar: além da identificação e ordenação, a distância numérica entre as classes é conhecida. As magnitudes não são absolutas, ou seja, qualquer ponto inicial pode ser usado, sendo comum exemplificá-lo através das escalas de temperatura Celsius ou Fahrenheit. Com a escala Celsius, por exemplo, não se pode afirmar que 50 ºC é duas vezes mais quente do que 25 ºC; 4) De razão: semelhante ao nível de medida intervalar, no nível de medida de razão os eventos são ordenados e as distâncias entre as classes são conhecidas. As medidas são absolutas, pois possuem o ponto inicial absoluto, permitindo a representação de razões, como a densidade demográfica. Nos mapas bidimensionais as variáveis visuais são variações gráficas das primitivas gráficas ponto, linhas ou área. Segundo ROBBI (2000, p. 32), “a simbologia para um mapa temático deve ser estabelecida de forma que as propriedades perceptivas visuais, dos símbolos pontuais, lineares ou de área, representem as características do nível de medida com o qual o fenômeno geográfico está definido”. BERTIN (1986) identificou as variáveis visuais como: localização no plano, tamanho, cor, valor, textura, orientação e forma e montou um guia com a utilização para as mesmas em mapas temáticos denominado de “Semiologia Gráfica” ou ”Semiologia dos Gráficos”. Baseado na tipologia proposta por BERTIN (1986) alguns cartógrafos como MACEACHREN (1994) propuseram modificações e ampliações do conjunto de variáveis visuais com a adequação das variáveis visuais aos níveis de medida apresentados nas Figuras 6 e 7. Figura 6: Variáveis visuais disponíveis representações pontuais, lineares e de área. Fonte: Adaptada de MacEachren (1994a, p.17) para Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. Figura 7: Variáveis gráficas adequadas aos níveis de medida. Fonte: Adaptada de MacEachren (1994a, p.17) A tabela 3 a seguir descreve a utilização das variáveis gráficas em relação aos níveis de medida mostrados na figura 7 Tabela 3: Especificação do pocket PC a Os tons devem ser cuidadosamente selecionados para que uma ordem ou hierarquia seja percebida (p.ex. a seqüência espectral do amarelo, passando pelo laranja, ao vermelho). b As texturas são boas para diferenciar somente duas, ou talvez três, categorias. c A orientação fornece capacidade limitada para comunicar informações numéricas e ordinais, quando são usadas marcas padronizadas, tais como um símbolo do relógio para comunicar informações sobre períodos de tempo da ocorrência do fenômeno, uma bandeirola para indicar as direções do vento, ou flechas para indicar direções das declividades do terreno. d A variável arranjo é melhor utilizada como uma variável redundante, para representar a diferença visual entre as categorias mais óbvias. Fonte: Adaptada de MacEachren (1994a, p.17) Segundo MACEACHREN et al (1994, p. 11), ”o passo chave para projetar e construir um mapa legível é equiparar o tipo de contraste entre os símbolos, com o tipo de contrastes dos objetos ou conceitos representados”. O processo de comunicação cartográfica é o passo inicial para a determinação da simbologia adequada ao uso na tela do pocket PC. 2.5 Generalização Cartográfica “A generalização cartográfica requer um profundo conhecimento da essência e função do mapa. Como conseqüência, primeiramente temos que nos questionar sobre o propósito do mapa, a extensão do conteúdo de suas informações e também sobre as necessidades do M. Pires; C. Sluter;L. Veiga usuário, considerando o poder de expressão de um tipo desejado de mapa para um propósito específico” SSC (1979, p.5). Segundo KEATES (1989, p. 22), a classificação das feições a serem mostradas dentro de uma área do mapa é afetada pela generalização cartográfica manual que envolve as operações de seleção, simplificação, combinação, exagero e deslocamento sobre os produtos cartográficos. Na classificação os objetos são separados em grupos de feições idênticas ou similares, reduzindo a complexidade da imagem cartográfica e organizando a informação mapeada. A seleção é a determinação dos objetos do mundo real que deverão ser representados nos mapas. A simplificação consiste na redução de detalhe de feições individuais ou de grupos de feições similares. A combinação é aplicada em áreas muito próximas em função da redução da escala, e o exagero usa a simbolização para mostrar a importância de uma determinada feição ou objeto mesmo que ocorra a perda da relação espacial entre o símbolo, e a feição real definida pela escala. O deslocamento é utilizado quando o espaço destinado a um determinado conjunto de feições ou objetos a serem representados não os comporta, sendo necessário adequá-los alterando suas posições relativas para efetuar a representação. O professor Imhof descreve que “o objetivo da generalização é a obtenção da maior acuracidade possível de acordo com a escala do mapa, bom poder informativo geométrico, boa caracterização dos elementos e formas, a maior semelhança possível com a natureza das formas e cores, clareza e boa legibilidade, simplicidade e clara expressão gráfica e organização de diferentes elementos” SSC(1979, p.5). De acordo com a Sociedade Suíça de Cartografia (1979, p.14-15) os fatores que influenciam a generalização cartográfica são: - A escala através da determinação do tamanho do objeto sobre o mapa e conseqüentemente do seu grau de generalização; - A origem do material fonte, cuja generalização deve ser feita de forma homogênea ou não ter sido ainda generalizado; - As condições especiais de legibilidade, que estão diretamente relacionadas à fácil leitura do mapa, sob condições inadequadas como ao dirigir um carro sob uma luz ofuscante ou com mau tempo; - A especificação de símbolos, definida no início do desenvolvimento do mapa e influenciada pelo grau de generalização; - A escolha das cores adequadas em relação ao tamanho dos símbolos e do meio de visualização (impresso ou digital); - A capacidade técnica de reprodução que deve ser considerada durante o processo de generalização original, evitando problemas na qualidade do produto final, independente de como este será apresentado; - A revisão posterior de forma cautelosa, evitando a exclusão de elementos importantes ao propósito do mapa, durante o processo de generalização. A cartografia convencional e a cartografia digital possuem como objetivo a geração de produtos em escalas diferentes atendendo as necessidades do usuário, Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. entretanto a generalização cartográfica ocorre de forma distinta. “A generalização digital pode ser definida como os processos de derivar um conjunto de dados cartográficos simbolicamente ou digitalmente codificados pela aplicação de transformações espaciais e de atributos a uma fonte de dados” (MCMASTER e SHEA, 1992, p.3). De acordo com (FIRKOWISKI 2001, p.8), a generalização cartográfica digital é diferente quanto ao processo de seleção e classificação dos dados do mundo real para representação num mapa ou numa base de dados original. Os dados digitais são organizados em um ambiente computacional e não estão disponíveis ao usuário, portanto, a abstração é maior do que na generalização manual, e este é um dos aspectos que a torna uma tarefa ainda mais complexa. Na generalização cartográfica convencional é feita a manipulação de imagens gráficas (ponto, linha e área) e na generalização cartografia digital a manipulação ocorre computacionalmente a partir operações de transformação estatísticas e geométricas. A generalização cartográfica no meio digital passou do desenvolvimento de algoritmo s para a formalização e representação do conhecimento cartográfico, com o uso de modelos conceituais abrangentes e atualmente em sistemas especialistas para o auxilio em diversas etapas do projeto cartográfico. A adequação das informações espaciais para exibição na tela do pocket PC será feita através do processo de generalização convencional. 2.6 Uso do software PROCAD Com a finalidade de ilustrar a utilização do pocket PC para a visualização e manipulação de dados espaciais, será apresentado um exemplo utilizando o software PROCAD versão 1.5. O PROCAD é um sistema CAD para pocket PC com distribuição gratuita através da internet, e com interface a Sistemas de Informações Geográficas. É o resultado do trabalho de engenheiros e analistas espanhóis, e contribuidores de todo o mundo através de fóruns de discussões. O programa não possui ainda módulo para acesso a base de dados através de internet móvel, porém, puderam ser avaliados: - Desempenho computacional em relação ao tamanho da base de dados; - Interface para importação e exportação de dados; - Funcionalidade; - Legibilidade em tela. A Figura 8 mostra um zoom na base digital de Madrid armazenada em RAM do pocket PC. Verifica-se a possibilidade do uso de cores, camadas gráficas (layer) e de objetos gráficos como linhas (com diferentes espessuras), polígonos (com e sem preenchimento) e pontos (com simbologia própria). O sistema é compatível com arquivos no formato DXF usado para interface de arquivos gráficos em CAD e aplicações SIG, e representa potencial ferramenta para visualizar, editar e consultar dados em campo, no entanto, ainda sem aplicações via internet. As janelas de visualização usam camadas gráficas (layers) e palheta com 256 cores compatível com os sistemas CAD, especialmente o AutoCAD da Autodesk . A Figura 9 mostra a janelas de configuração de cores e de configuração das camadas gráficas com relação às cores. Figura 9: Janela para configuração de camadas gráficas e cores. Fonte:Manual do PROCAD 1.5 O PROCAD possui ferramentas para referenciamento de objetos gráficos e atribuição de ponteiros de dados a eles, o que garante a interface Cadastro / SIG. Existe ainda a possibilidade de inclusão de imagens configuradas em relação a posição, rotação e escala, no formato BMP, provendo ações como digitalização sobre a imagem. A Figura 10 mostra três janelas com ferramentas respectivamente para edições precisas, georreferenciamento de objetos gráficos e visualização parcial de mapas. Figura 10: Janelas para edições precisas, referenciamento de objetos e detalhes do mapa. Fonte:Manual do PROCAD 1.5 Figura 8: Tela para visualização de mapas do PROCAD 1.5 Fonte:Manual do PROCAD 1.5 M. Pires; C. Sluter;L. Veiga O programa oferece ferramentas para edição de propriedades de todas as entidades gráficas, além de funções de controle de tela como zoom, zoom dinâmico, pan, e outras. Sua potencialidade está na Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. interoperabilidade, devido a grande semelhança com sistemas para computadores de mesa, o que o torna eficiente em operações de campo. No entanto, seus arquivos de projeto são grandes, tornando-o deficiente para operações via comunicação móvel. Neste caso, haveria a necessidade de estabelecer um novo modelo de armazenamento e compactação de dados, ou a capacidade de operação através de ambiente cliente / servidor, com base de dados em um computador conectado a internet e a manipulação ou atualização dos dados através de acesso remoto. BENEVENTO, A. Computadores de Bolso e Geotecnologia. Revista InfoGeo, n. 22, p. 66-72, jan./fev. 2002. 3 CONCLUSÕES BUTTENFIELD, B.P. Sharing Vector Geoespatial Data on the Internet. Ottawa, Canadá. 1999, vol. 2 p. 572581. Partindo-se da premissa de que os Sistemas de Informações Geográficas encontram-se em fase de transição para uma nova geração aportada pela evolução tecnológica de hardware, mudança no perfil dos usuários e crescente necessidade de informações espaciais, a preocupação com a adequação da linguagem dos mapas, se tornou um aspecto de grande importância. A capacidade de distribuição de informações em portais na internet destinadas às mais diferentes áreas do conhecimento e o desenvolvimento de produtos voltados aos Sistemas de Informações Geográficas em computadores de mão / bolso tendem a facilitar a vida do usuário e viabilizam o estudo da adequação da visualização das informações espaciais para o uso no pocket PC. A apresentação de mapas em telas pequenas exige diferentes soluções das encontradas para computadores PC’s, envolvendo a aplicação da generalização cartográfica para a obtenção de uma imagem legível e o estudo do projeto de símbolos com a determinação das variáveis visuais apropriadas para representações pontuais , lineares e de área, viabilizando a consulta e atendendo as necessidades do usuário. AGRADECIMENTOS Para a realização deste trabalho conta-se com a orientação da Profª Drª Cláudia Robbi Sluter e do Prof. Dr. Luis Augusto Koenig Veiga, além do suporte e cooperação das seguintes instituições: A Universidade Federal do Paraná (UFPR) através do curso de Pós-Graduação em Ciências Geodésicas (CPGCG) colocar á disposição seus equipamentos, laboratórios e instalações; Ao conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – Brasil pela disponibilização de uma bolsa de estudos para auxílio financeiro. BERT IN, Jacques. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Curitiba: UFPR, 1986. 273 p. BURROUGH, P. A.; MCDONNELL, R A. Principles of Geographic Information Systems: Spatial Information Systems and Geostatistics. New York: Oxford University Press, 1998. CABRAL, J. L. M. e LEITE, M. L. Disponível em: <http:\\www.wapform.com.br>. Acesso: agosto de 2001. CÂMARA, G; DAVIS, C. Arquitetura dos Sistemas de Informação Geográfica. São José dos Campos: INPE. 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