Livro 2

Transcrição

Livro 2
Breaking Dawn
Stephenie Meyer
“A infância não é do nascimento até uma certa idade e há uma certa idade
A criança cresce e coloca de lado as coisas infantis
A infância é um reino onde ninguém morre”
Edna St. Vincent Millay
PREFÁCIO
Eu já tive muito mais experiências de quase morte do que era necessário, isso não é
exatamente uma coisa a qual você se acostuma.
No entanto, enfrentar a morte novamente parecia estranhamente inevitável. Como se eu
realmente estivesse marcada pelo desastre. Eu escapei vez após outra, mas ela
continuava vindo atrás de mim.
Ainda assim, essa vez era tão diferente das outras.
Você pode correr de alguém que você teme, você pode tentar lutar com alguém que
você odeia. Todas as minhas reações eram direcionadas a esses tipos de assassinos - os
monstros, os inimigos.
Quando você ama a pessoa que está te matando, não te restam opções. Como você
poderia correr, como você poderia lutar, quando fazer isso machucaria o seu amado? Se
sua vida fosse tudo o que você tem a dar ao seu amado, como você seria capaz de não
dá-la?
Se fosse alguém a quem você realmente ama?
Livro 1 - BELLA
1. NOIVOS
Ninguém está te encarando, eu prometi a mim mesma. Ninguém está te encarando.
Ninguém está te encarando.
Mas, como eu não conseguia mentir convincentemente nem para mim mesma, eu
precisei dar uma checada.
Sentada esperando que os três semáforos da cidade ficassem verdes, eu olhei para a
direita - em sua minivan, a Sra. Weber tinha virado o tórax inteiro em minha direção. Os
olhos dela penetraram nos meus, e eu me inclinei pra trás, me perguntando porque ela
não desviou o olhar ou pareceu envergonhada. Ainda era considerado rude encarar as
pessoas, não era? Será que essa regra não era mais usada?
Foi ai que eu me lembrei que essas janelas eram tão escuras que ela provavelmente nem
tinha idéia de que eu estava aqui, muito menos de que eu tinha pego ela olhando. Eu
tentei encontrar algum conforto no fato de que ela não estava realmente olhando pra
mim, apenas para o carro.
Meu carro. Suspiro.
Eu olhei para a esquerda e gemi. Dois pedestres estavam congelados na calçada,
perdendo a chance de atravessar a rua enquanto olhavam. Atrás deles, o Sr. Marshall
estava espiando através da janela de vidro de sua pequena loja de souvenirs. Pelo menos
o nariz dele não estava pressionado contra o vidro. Ainda.
O semáforo ficou verde e, na minha pressa de escapar, eu pisei no acelerador sem
pensar - a forma normal que eu teria pisado pra fazer a minha velha caminhonete Chevy
sair do lugar.
Com o motor urrando como uma pantera, o carro saltou rapidamente pra frente que o
meu corpo bateu no banco de couro preto, e meu estômago se comprimiu contra a
minha espinha.
―Arg!‖ Eu resfoleguei enquanto procurava pelo freio. Usando a cabeça, eu apenas
toquei no pedal. O carro parou completamente mesmo assim.
Eu não agüentei olhar ao redor pra ver as reações. Se antes havia alguma duvida sobre
quem estava dirigindo este carro, agora já não existia. Com a ponta do meu sapato, eu
gentilmente baixei um centímetro do acelerador, e o carro seguiu em frente novamente.
Eu consegui chegar onde queria: o posto de gasolina. Se eu não estivesse
enlouquecendo, eu não precisaria ter que vir á cidade. Eu estava me virando sem um
monte de coisas ultimamente, como… (?) e cadarços, pra evitar ficar em público.
Me movendo como se eu estivesse numa corrida, eu abri o tanque, tirei a capa, passei o
cartão, e coloquei a mangueira no tanque em questão de segundos. É claro, não havia
nada que eu pudesse fazer para que os números na bomba de gasolina andassem mais
rápido. Eles… (?) fazendo barulhos, quase como se estivessem fazendo aquilo pra me
aborrecer.
O dia não estava bonito - um típico dia chuvoso em Forks, Washington - mas eu ainda
sentia como se um ponto se luz estivesse focado em mim, atraindo atenção para o
delicado anel na minha mão esquerda. Em vezes como essa, sentindo os olhos nas
minhas costas, eu me sentia como se o anel estivesse piscando feito um anúncio em
néon: Olhe para mim, olhe para mim.
Era estúpido me sentir envergonhada, e eu sabia disso. Além do meu pai e da minha
mãe, será que realmente importava o que as pessoas estavam dizendo sobre o meu
noivado? Sobre o meu carro novo? Sobre a minha misteriosa entrada para a Ivy League?
Sobre o meu cartão de crédito preto e brilhante que parecia tingido de vermelho no meu
bolso de trás nesse exato momento?
―É, quem se importa com o que eles pensam?‖ Eu murmurei em voz baixa.
―Um, senhorita?‖ a voz de um homem chamou.
Eu me virei, e então desejei não ter feito isso.
Dois homens estavam parados ao lado de um jipe chique com caiaques novinhos
amarrados no topo. Nenhum deles estava olhando para mim; os dois estavam olhando
para o carro.
Pessoalmente, eu não entendi. Mas eles, eu estava orgulhosa de saber distinguir os
símbolos entre Toyota, Ford e Chevy. Esse carro preto escuro, brilhante, e bonito, mas
para mim era só um carro.
‖ Eu lamento incomodar, mas será que você pode me dizer que carro é esse que você
está dirigindo?‖ o mais alto me perguntou.
―Um, Mercedes, não é?‖
―Sim‖, o homem disse educadamente enquanto seu amigo mais baixinho rolava os olhos
com a minha resposta. ―Eu sei. Mas eu estava me perguntando, essa é… Você está
dirigindo uma Mercedes Guardian?‖ O homem disse o nome com reverência. Eu tive a
sensação de que esse homem se daria bem com Edward, meu… meu noivo (realmente
não havia como fugir dessa verdade com o casamento a apenas alguns dias de
distância). ―Eles ainda nem estão disponíveis na Europa‖ o homem continuou. ―Muito
menos aqui‖.
Enquanto os olhos dele traçavam os contornos do meu carro - pra mim ele não parecia
diferente dos outros sedas Mercedes, mas o que eu sabia? - eu pensei brevemente nos
meus problemas com palavras como noivo, casamento, marido, etc.
Eu simplesmente não conseguia coloca-las juntas na minha cabeça.
Por outro lado, eu fui criada pra me contorcer só de pensar nos vestidos brancos e
volumosos e nos buquês. Mas mais do que isso, eu simplesmente não conseguia
conciliar um conceito estável, respeitável, e chato de marido com o meu conceito de
Edward. Era como comparar um arcanjo com um contador; eu não conseguia imaginalo no papel de uma pessoa normal.
Como sempre, assim que eu comecei a pensar em Edward eu fiquei presa em um
vendaval de fantasias delirantes. O estranho precisou limpar a garganta para chamar a
minha atenção; ele ainda estava esperando uma resposta sobre o modelo e fabricação do
meu carro.
―Eu não sei‖, eu o disse honestamente.
―Você se importa se eu tirar uma foto com ele?‖
Eu levei alguns segundos para processar isso. ―Sério? Você quer tirar uma foto com o
carro?‖
―Claro - ninguém vai acreditar em mim se eu não tiver uma prova.‖
―Um. Okay. Tudo bem.‖
Eu rapidamente me desfiz da mangueira e me enfiei no banco da frente para me
esconder enquanto o entusiasta tirava uma câmera grande, de aparência profissional da
bolsa. Ele e seus amigos fizeram pose no capô, e então foram tirar fotos na traseira.
―Eu sinto falta da minha caminhonete‖, eu sussurrei para mim mesma.
Muito, muito conveniente - conveniente demais - que minha caminhonete fizesse seus
últimos barulhos apenas algumas semanas depois de Edward e eu termos firmado um
compromisso, um detalhe que significava que ele podia repor a minha caminhonete
quando ela passasse dessa para uma melhor. Edward jurou que isso já era de se esperar,
pois minha caminhonete viveu uma vida longa e cheia e então morreu de causas
naturais. Isso é o que ele diz. E, é claro, eu não tive como verificar a história que ele
contou nem tentar trazer minha caminhonete de volta á vida por conta própria. Meu
mecânico favorito - eu parei aquele pensamento imediatamente, me recusando a deixar
que ele chegasse ao fim. Ao invés disso, eu ouvi as vozes dos homens do lado de fora,
abafadas pelas paredes do meu carro.
―… ele foi em frente com uma chama na descarga naquele vídeo online. A tintura nem
ficou queimada.‖
―É claro que não. Você pode passar com um tanque em cima desse bebê. Isso não é
muito negócio pra ninguém daqui. Ele foi designado em maioria pra diplomatas do
Oriente Médio, traficantes de armas e de drogas.‖
―Você acha que ela é alguém importante?‖ o baixinho perguntou com uma voz mais
suave. Eu abaixei minha cabeça.
―Huh‖, o alto disse. ―Talvez. Não posso imaginar porque você precisaria de vidros á
prova de mísseis e quatro mil quilos de proteção corporal num lugar como esse. Ela
deve estar indo para algum lugar mais perigoso.‖
Proteção corporal. Quatro mil quilos de proteção corporal. E vidros com blindagem á
prova de mísseis? Legal. O que aconteceu com as velhas blindagens á prova de tiros?
Bom, pelo menos isso fazia sentido - se você tinha um senso de humor bastante doentio.
Não era como se eu não esperasse que Edward tirasse vantagem do nosso acordo, só pra
balancear as coisas a seu favor pra que ele tivesse que dar muito mais do que ele
receberia. Eu concordei que ele trocasse a minha caminhonete quando ela precisasse de
reparos, sem esperar que isso acontecesse tão em breve, é claro. Quando eu fui forçada a
admitir que a minha caminhonete havia se transformado num tributo de metal aos
Chevys clássicos, eu sabia que a idéia dele de troca ia me envergonhar. Me tornaria foco
de olhares e sussurros. Mas nem nas minhas imaginações mais obscuras eu previ que ele
me compraria dois carros.
O carro ―de antes‖. Ele me disse que era um empréstimo e me prometeu que o
devolveria depois do casamento. Isso tudo não fazia nenhum sentido pra mim.
Até agora.
Ha ha. Como eu era uma humana tão frágil, tão propensa a acidentes, tão vítima da
minha própria perigosa falta de sorte, aparentemente eu precisava de um carro que fosse
resistente a um tanque pra me manter segura. Hilário. Eu tinha certeza de que ele e seus
irmãos gostaram bastante da piada pelas minhas costas.
Ou talvez, apenas talvez, uma pequena voz sussurrou na minha cabeça, não seja uma
piada, bobinha. Talvez ele realmente esteja muito preocupado com você. Essa não seria
a primeira vez que ele passou um pouco dos limites tentando me proteger.
Eu suspirei.
Eu ainda não vi o carro ―de depois‖. Ele o escondeu embaixo de uma capa no canto
mais distante da garagem dos Cullen. Eu sei que a maioria das pessoas já teria espiado a
essa altura, mas eu realmente não queria saber.
Provavelmente não havia proteção corporal naquele carro - porque eu não precisaria de
proteção depois da lua de mel. Indestrutibilidade quase literal era uma das coisas pelas
quais eu estava esperando. A melhor parte de ser um Cullen não era ter carros caros e
cartões de créditos impressionantes.
―Hey‖, o homem alto chamou, colocando as mãos no vidro no esforço de espiar do lado
de dentro. ―Nós já acabamos. Muito obrigado!‖
―De nada‖ eu respondi, e então fiquei tensa enquanto ligava o motor e apertava o
acelerador - muito delicadamente - pra baixo…
Não importava quantas vezes eu dirigisse na estrada familiar no caminho pra casa, eu
ainda não conseguia fingir que os posters molhados da chuva não estavam lá. Cada um
deles, pregado em postes telefônicos e colados em placas de rua, era como um tapa de
luz no rosto. Um tapa bem merecido.
Minha mente era sugada de volta ao pensamento. Eu o havia interrompido tão
rapidamente antes. Eu não consegui evitar isso nessa rua. Agora, com as fotos do meu
mecânico favorito passando rapidamente por mim em intervalos regulares.
Meu melhor amigo. Meu Jacob.
Os posters de VOCÊ VIU ESSE GAROTO? não foram idéia do pai de Jacob. Foi o meu
pai, Charlie, quem imprimiu os panfletos e os espalhou por toda a cidade. E não apenas
em Forks, mas em Port Angeles e Sequim e Hoquiam e Aberdeem e em todas as cidades
da Península Olímpica… Ele cuidou para que todas as delegacias em todo o estado de
Washington tivessem o mesmo panfleto em suas paredes também. Sua própria delegacia
tinha um quadro inteiro dedicado a encontrar Jacob também. Um quadro que estava
quase inteiramente vazio, pra sua decepção e frustração.
Meu pai estava decepcionado com muito mais do que a falta de resposta. Sua maior
decepção era com Billy, o pai de Jacob - e o amigo mais próximo de Charlie.
Por causa da falta de envolvimento de Billy no desaparecimento do seu ―fugitivo‖ de
dezesseis anos. Porque Billy se recusou a colocar os panfletos em La Push, a reserva na
costa que era a casa de Jacob. Porque ele parecia estar resignado com o
desaparecimento de Jacob, como se não houvesse nada que ele pudesse fazer. Por ele
dizer ―Jacob é crescido agora. Ele voltará pra casa quando ele quiser.‖
E ele estava frustrado comigo por ficar do lado de Billy.
Eu também não pendurei panfletos. Porque tanto eu quanto Billy sabíamos onde Jacob
estava, figuradamente falando, e nós também sabíamos que ninguém tinha visto esse
garoto.
Os panfletos colocaram aquele caroço de costume na minha garganta, as lágrimas de
costume nos meus olhos, e eu fiquei feliz por Edward estar viajando em caça nesse
Sábado. Se Edward visse a minha reação, isso o faria se sentir terrível também.
É claro, haviam pontos ruins em ser Sábado. Enquanto eu virava lentamente em minha
rua, eu podia ver a viatura policial do meu pai na entrada de casa. Ele deixou a pescaria
de lado hoje de novo. Ainda fazendo beicinho pelo casamento.
Então eu não seria capaz de usar o telefone lá dentro. Mas eu precisava ligar…
Eu estacionei na curva, atrás da escultura de Chevy e peguei o telefone que Edward me
deu para emergências no porta luvas. Eu disquei, mantendo o meu dedo no botão ―end‖.
Só pela dúvida. ―Alô?‘ Seth Clearwater atendeu, e eu suspirei aliviada. Eu era covarde
demais pra falar com sua irmã mais velha, Leah. A frase ―me morda‖ não era
exatamente uma figura de expressão quando se tratava de Leah.
―Hey, Seth, é Bella‖.
―Oh diz aê, Bella! Como você está?‖
Chocada. Desesperada por notícias. ―Bem.‖
―Ligando por notícias?‖
―Você é um vidente.‖
―Dificilmente. Eu não sou nenhuma Alice - só que você é previsível‖, ele brincou. Entre
o bando Quileute de La Push, Seth era o único que se sentia confortável de sequer
mencionar o nome dos Cullen, quanto mais fazer piada sobre a minha futura cunhada
que sabia praticamente tudo.
―Eu sei que sou‖ Eu hesitei por um minuto. ―Como ele está?‖
Seth suspirou. ―Como sempre. Ele não fala, apesar de sabermos que ele nos ouve. Ele
está tentando não pensar como humano, sabe. Apenas com os instintos‖.
―Você sabe onde ele está agora?‖
―Algum lugar ao norte do Canadá. Eu não sei te dizer em que província. Ele não presta
muita atenção em limites estaduais.‖
―Alguma dica de que ele possa…‖
―Ele não vai voltar pra casa, Bella. Desculpa.‖
―Eu engoli. ―Tudo bem, Seth. Eu já sabia antes de ter perguntado. Eu não posso evitar
esperar.‖
―É. Nós nos sentimos do mesmo jeito. ‖
―Obrigada por me informar, Seth. Eu sei que os outros devem dificultar as coisas pra
você.‖
―Eles não são os seus maiores fãs‖ ele concordou alegremente. ―Meio bobo, eu acho.
Jacob fez as escolhas dele, você fez as suas. Jake não está gostando das atitudes deles. É
claro que ele também não está super feliz por você estar recebendo notícias dele.
Eu resfoleguei. ―Eu pensei que ele não estivesse falando com vocês.‖
―Ele não consegue esconder tudo de nós, mesmo estando tentando muito.‖
Então Jacob sabia que eu estava preocupada. Eu não tinha certeza de como me sentia
em relação a isso. Bom, pelo menos ele sabia que eu não havia caminhado em direção
ao pôr do sol e esquecido dele completamente. Ele podia ter me imaginado capaz de
fazer isso.
―Eu acho que te vejo no… casamento.‖ Eu disse, forçando a palavra entre os meus
dentes.
―É, eu e minha mãe estaremos lá. Foi legal da sua parte nos convidar.‖
Eu sorri pelo entusiasmo na voz dele. Apesar de que convidar os Clearwater tenha sido
idéia de Edward, eu estava feliz por ele ter pensado nisso. Ter Seth lá seria legal - uma
conexão, mesmo que tenaz, ao meu padrinho desaparecido. ―Não seria o mesmo sem
você‖.
―Diga a Edward que eu mandei um oi, ok?‖
―Com certeza‖.
Eu balancei minha cabeça. A amizade que surgiu entre Edward e Seth era uma coisa que
ainda confundia a minha mente. Era uma prova, no entanto, de que as coisas não
precisavam ser daquele jeito. Que lobisomens e vampiros podiam se dar muito bem,
muito obrigada, se eles quisessem isso.
Nem todo mundo gostava dessa idéia.
―Ah‖, Seth disse, sua voz aumentando uma oitava. ―Leah está em casa.‖
―Oh! Tchau!‖
O fone ficou mudo. Eu o deixei no assento e me preparei psicologicamente para entrar
em casa, onde Charlie estaria esperando.
Meu pobre pai tinha que lidar com muitas coisas agora.
O sumiço de Jacob era apenas um doas fardos que ele tinha que levar em suas costas
sobrecarregadas. Ele estava quase tão preocupado quanto eu sobre a minha
transformação em uma Senhora. em apenas alguns dias.
Eu caminhei lentamente através da chuva fraca, lembrando da noite em que contamos a
ele…
Enquanto o som da viatura de Charlie anunciava a sua chegada, o anel de repente pesou
cem quilos na minha mão. Eu queria enfiar a minha mão esquerda no bolso, ou talvez
sentar nela, mas o aperto calmo e firme de Edward a manteve á frente e ao centro.
―Não fique nervosa, Bella. Por favor, tente lembrar que você não está confessando um
assassinato‖.
―Fácil pra você dizer‖
Eu ouvi o conhecido som das botas do meu pai batendo na calçada. A chave girou na
porta já aberta. A porta bateu contra a parede e eu enrijeci como se tivesse levado um
choque.
―Hey, Charlie‖, Edward falou inteiramente relaxado.
―Não!‖ Eu assoviei baixinho.
―O que foi?‖ Edward sussurrou de volta.
―Espere até ele levantar a arma!‖
Edward gargalhou e passou sua mão livre pelo seu cabelo cor de bronze bagunçado.
Charlie apareceu na curva, ainda usando seu uniforme, ainda armado, e tentando não
fazer uma careta quando viu nós dois sentados juntos no sofá. Ultimamente ele estava se
esforçando bastante pra gostar mais de Edward. É claro, aquela revelação certamente
iria acabar com esses esforços.
―Oi, garotos. Que está havendo?‖
―Nós gostaríamos de conversar com você‖ Edward disse. ―Nós temos boas notícias‖.
A expressão de Charlie foi de forçadamente amigável á suspeitas obscuras em um
segundo.
―Boas notícias?‖ Charlie urrou, olhando diretamente pra mim.
―Sente-se pai‖
Ele ergueu uma sobrancelha, me encarou por cinco segundos, e aí foi até a cadeira
reclinável e se sentou bem na pontinha, suas costas estavam retas como um pedaço de
pau.
―Não fique nervoso, pai‖ Eu disse depois de um momento de silêncio forçado. ―Está
tudo bem.‖
Edward fez uma careta, e eu sabia que isso era uma objeção a palavra ―bem‖. Ele
provavelmente teria usado algo parecido com ―maravilhoso‖ ou ―perfeito‖ ou
―glorioso‖.
―Claro que sim, Bella. Claro que sim. Se está tudo bem porque você está suando como
um porco?‖
―Eu não estou suando‖, eu menti.
Eu me desviei de sua careta penetrante, me apertando contra Edward, e instintivamente
passei a mão direita pela minha testa para apagar as evidências.
―Você está grávida!‖ Charlie explodiu. ―Você está grávida, não está?‖
Apesar da pergunta provavelmente ser pra mim, agora ele estava olhando pra Edward, e
eu podia jurar que vi a mão dele se fechando na arma.
―Não! É claro que eu não estou!‖ Eu queria dar uma cotovelada nas costelas de Edward,
mas eu sabia que isso ia me deixar com um hematoma. Eu disse a Edward que as
pessoas iam imediatamente chegar a essa conclusão! Que outra razão possível pessoas
sãs se casariam aos dezoito anos? (A resposta dele a isso me fez revirar os olhos. Amor.
Certo.) O olhar de Charlie limpou um pouco. Geralmente ficava muito claro no meu
rosto quando eu estava falando a verdade, e agora ele acreditava em mim. ―Oh,
desculpe.‖
―Desculpas aceitas.‖
Houve uma longa pausa. Depois de um momento eu percebi que todos estavam
esperando que eu dissesse alguma coisa. Eu olhei pra Edward, paralisada de pânico.
Não tinha jeito de me fazer botar as palavras pra fora. Ele sorriu pra mim e enquadrou
os ombros e então se virou para meu pai.
―Charlie, eu sei que as coisas estão fora de ordem. Tradicionalmente, eu devia ter te
pedido antes. Eu não tenho a intenção de te desrespeitar, mas já que Bella já disse sim e
eu não quero menosprezar a escolha dela nesse assunto, ao invés de te pedir a mão dela,
eu te peço sua benção. Nós vamos nos casar, Charlie. Eu a amo mais do que tudo no
mundo, mais do que a minha própria vida e - graças a algum milagre - ela me ama da
mesma forma. Você nos dará a sua benção?‖
Ele soou tão seguro, tão calmo. Por apenas um instante, escutando àquela absoluta
certeza na voz dele, eu experimentei um raro momento de insight. Eu pude ver,
rapidamente a forma que todos olhavam pra ele. Durante um bater de coração, esta
noticia fez total sentido.
E ai eu vi o rosto inexpressivo de Charlie, os olhos dele agora estavam grudados no
anel.
Eu prendi a respiração enquanto a pele dele mudava de cor - de normal a vermelha, de
vermelha a roxa, de roxa a azul, eu comecei a me levantar - eu não sei o que eu estava
planejando fazer; talvez fazer a manobra Heimlich pra ter certeza de que ele não estava
engasgando - mas Edward apertou minha mão e murmurou ―Dê um minuto a ele‖ tão
baixinho que só eu pude ouvir.
Dessa vez o silêncio foi muito mais longo. Então, gradualmente, tom por tom, a cor de
Charlie voltou ao normal. Os lábios dele se comprimiram, e suas sobrancelhas se
uniram; eu reconheci sua expressão ―pensando profundamente‖. Ele nos estudou dois
por um longo momento, e eu senti Edward relaxar ao meu lado.
―Acho que não estou tão surpreso‖, Charlie murmurou. ―Eu sabia que teria eu lidar com
isso em algum momento em breve‖.
Eu soltei o ar.
―Você está certa disso?‖ Charlie quis saber, me encarando.
―Eu tenho cem por cento de certeza de Edward‖ eu o assegurei sem perder tempo.
―Mesmo assim, se casar? Pra que a pressa?‖ Ele me olhou com suspeitas novamente.
A pressa era porque eu estava me aproximando dos dezenove anos a cada dia que se
passava, enquanto Edward ficava congelado em sua perfeição dos dezessete anos. Não
que esse fato se associasse a casamento no meu livro, mas o casamento era necessário
devido a um delicado e complicado compromisso que Edward e eu temos pra chegar a
esse ponto, o tijolo que leva a qualquer transformação de mortal a imortal.
Essas eram coisas que eu não podia explicar a Charlie.
―Nós estamos indo para Dartomouth juntos no outono, Charlie‖, Edward lembrou ele.
―Eu gostaria de fazer isso, bem, da forma correta. Foi assim que eu fui criado‖. Ele
encolheu os ombros.
Ele não estava exatamente exagerando; eles tinham moral antiquada durante a primeira
guerra mundial.
A boca de Charlie torceu para um lado. Procurando por alguma coisa com a qual
discutir. Mas o que ele podia dizer? Eu preferiria que você vivesse pecaminosamente
primeiro? Ele era um pai; suas mãos estavam atadas.
―Eu sabia que isso aconteceria‖, ele murmurou pra si mesmo, fazendo uma careta.
Então, de repente, seu rosto ficou perfeitamente suave e desanuviado.
―Papai?‖ Eu perguntei ansiosamente. Eu olhei pra Edward, mas eu também não
consegui ler seu rosto, enquanto ele olhava pra Charlie.
―Ha!‖ Charlie explodiu. Eu pulei no meu assento. ―Ha, ha, ha!‖
Eu o encarei incredulamente enquanto Charlie de dobrava de tanto rir, seu corpo todo de
balançando.
Eu olhei pra Edward para ter uma tradução, mas os lábios de Edward estavam fechados
com força, como se ele mesmo estivesse tentando segurar o riso.
―Okay, está certo.‖ Charlie tossiu. ―Se casem‖ Outra onda de risos o balançou. ―Mas…‖
―Mas o quê?‖ Eu quis saber.
―Mas você precisa contar a sua mãe! Eu não vou dizer uma palavra a Renée! Isso é por
sua conta!‖ Ele explodiu em risadas escandalosas.
Eu parei com a mão na maçaneta, sorrindo. Claro, naquele tempo, as palavras dele me
aterrorizaram. O destino final; contar a Renée. Casamento durante a juventude estava na
lista negra dela acima de matar filhotes de cãezinhos.
Quem podia ter adivinhado a reação dela? Eu não. Certamente não Charlie. Talvez
Alice, mas eu não pensei em perguntá-la.
―Bem, Bella‖, Renée disse depois que eu tossi e gaguejei as palavras impossíveis:
Mamãe, eu vou casar com Edward. ―Eu estou um pouco aborrecida por você ter
demorado tanto pra me contar. Passagens de avião estão ficando mais caras. Ohhhh‖,
ela temeu. ―Você acha que Phil já vai ter tirado o gesso até lá? Se ele não estiver usando
terno isso vão arruinar as fotos‖.
―Espera um segundo, mãe‖, eu resfoleguei. ―O que você quer dizer com esperar tanto
tempo? Eu acabei de no-no…‖ - eu não fui capaz de botar a palavra noivar pra fora ―acertar as coisas, sabe, hoje.‖
―Hoje? Mesmo? Isso é uma surpresa. Eu achei…‖
―O que você achou? Quando você achou?‖
―Bem, quando você veio me visitar em Abril, parecia que as coisas já estavam
arranjadas, se é que você sabe o que eu quero dizer. Você não é muito difícil de ler,
queridinha. Mas eu não quis dizer nada, porque eu sabia que não tinha utilidade
nenhuma. Você é exatamente como Charlie.‖ Ela suspirou, resignada. ―Quando você
resolve uma coisa, não tem como tentar ser razoável com você. É claro, assim como
Charlie, você mantém a sua decisão também.
―Você não está repetindo os meus erros, Bella. Você parece estar assustada bobinha, e
eu acho que seja porque você estava com medo de mim‖. Ela gargalhou. ―Ou do que eu
vou pensar. E eu sei que eu disse um monte de coisas sobre o meu casamento e a minha
estupidez - e eu não vou morder minha língua - mas você precisa entender que aquelas
coisas se aplicavam especificamente a mim. Você é uma pessoa completamente
diferente de mim. Você comete os seus próprios tipos de erros, e eu tenho certeza que
você terá a sua parcela de arrependimentos na vida. Mas compromisso nunca foi o seu
problema, queridinha. Você tem uma chance melhor de fazer isso funcionar do que
muitas quarentonas que eu conheço‖. Renée sorriu de novo. ―Minha pequena criança de
meia idade. Por sorte, parece que você encontrou outra alma de meia idade -‖
―Você não está… com raiva? Você não acha que eu estou cometendo um erro
gigantesco?‖
―Bem, eu com certeza gostaria que você esperasse mais alguns anos. Quer dizer, você
acha que eu pareço velha o suficiente pra ser uma sogra? Não responda. Mas isso não se
trata de mim. Você está feliz?‖
―Eu não sei. Eu estou tendo uma experiência fora do meu corpo nesse momento‖.
Renée gargalhou. ―Ele te faz feliz, Bella?‖
―Sim, mas -‖
―Você vai querer outra pessoa algum dia?‖
―Não, mas -‖
―Mas o quê?‖
―Mas você não vai dizer que eu pareço uma adolescente apaixonada como qualquer
outra desde o início dos tempos?‖
―Você nunca foi uma adolescente, queridinha. Você sabe o que é melhor pra você‖.
Pelas últimas semanas, Renée mergulhou inadvertidamente em planos de casamento.
Ela passava horas todos os dias no telefone com a mãe de Edward, Esme - não havia
problemas em parentes se darem bem. Renée adorou Esme, mas também, eu duvidava
que alguém pudesse reagir de outra forma á minha adorável quase sogra.
Isso me deixou por fora. A família de Edward e a minha estavam cuidando juntas das
núpcias sem que eu tivesse que fazer nada ou saber e nem pensar demais nisso.
Charlie estava furioso, é claro, mas o lado bom era que ele não estava furioso comigo. A
traidora era Renée. Ele estava contando com ela pra ser tirana. O que ele podia fazer
agora, quando a sua última ameaça - contar a mamãe - acabou dando em nada? Ele não
tinha nada, e sabia disso. Então ele ficava vagando em casa, murmurando coisas sobre
não se poder mais confiar em ninguém nesse mundo…
―Pai?‖ Eu chamei enquanto abria a porta da frente. ―Estou em casa‖.
―Espere, Bella, fique bem ai‖.
―Huh?‖ Eu parei automaticamente.
―Me dê um segundo. Ouch, você conseguiu, Alice‖.
Alice?
―Desculpa, Charlie‖, a voz alegre de Alice respondeu. ―Como está?‖
―Eu estou sangrando‖.
―Você está bem. A pele não foi ferida - confie em mim‖.
―O que está acontecendo?‖ Eu quis saber, hesitando na entrada.
―Trinta segundos, por favor, Bella‖ Alice me disse. ―Sua paciência será recompensada‖.
―Humph‖, Charlie adicionou.
Eu bati o pé, contando cada batida. Antes de ir até a nossa sala de estar.
―Oh‖, eu perdi o fôlego. ―Aw, pai. Você está -‖
―Boboca?‖ Charlie interrompeu.
―Eu estava pensando em algo mais parecido com „elegante‟.‖
Charlie ruborizou. Alice pegou o cotovelo dele e o rodou lentamente pra que ele
mostrasse o terno cinza pálido.
―Pára com isso, Alice. Eu pareço um idiota‖.
―Ninguém vestido por mim fica parecendo um idiota‖.
―Ela está certa, pai. Você está fabuloso! Qual é a ocasião?‖
Alice revirou os olhos. ―É a última prova de roupa. Pra vocês dois.‖
Eu tirei meus olhos da elegância não habitual de Charlie e pela primeira vez vi a bolsa
branca estufada deitada cuidadosamente no sofá.
―Ahhh‖.
―Vá pro seu cantinho feliz, Bella. Não vai demorar‖.
Eu respirei fundo e fechei os olhos. Mantendo-os fechados, eu procurei o meu caminho
subindo as escadas até o meu quarto. Eu fiquei de lingerie e estiquei os braços.
―Parece até que eu estou enfiando farpas de bambu embaixo das suas unhas.‖ Alice
murmurou pra si mesma enquanto me seguia.
Eu não prestei atenção nela. Eu estava no meu cantinho feliz.
No meu cantinho feliz, toda a bagunça do casamento estava acabada e pronta. Atrás de
mim. Já reprimida e esquecida. Nós estávamos sozinhos, só Edward e eu. A paisagem
era confusa e estava frequentemente em fluxo - ela passava de uma floresta nebulosa pra
uma cidade coberta de nuvens pra uma noite ártica - porque Edward estava mantendo o
local da nossa lua de mel em segredo pra mim. Mas eu não estava particularmente
preocupada com essa parte.
Edward e eu estávamos juntos, e eu tinha cumprido a minha parte do compromisso
perfeitamente. Eu casei com ele. Essa era a parte maior. Mas eu também aceitei todos os
seus presentes ultrajantes e me registrei, mesmo que futilmente, pra comparecer na
Universidade de Dartmouth no outono. Agora era a vez dele.
Antes de me transformar em vampira - a grande promessa dele - ele tinha estipulado
mais uma condição pra mim.
Edward tinha uma preocupação obsessiva com as coisas humanas que eu estaria
deixando pra trás, as experiências que ele não queria que eu perdesse. Mas havia apenas
uma experiência na qual eu estava insistindo. É claro que essa era a que ele queria que
eu tivesse esquecido.
No entanto, aqui estava o problema. Eu sabia no que eu me transformaria quando
estivesse tudo acabado. Eu vi vampiros recém-nascidos em primeira mão, e eu tinha
ouvido todas as histórias da minha futura família sobre a selvageria dos primeiros dias.
Por vários anos, minha primeira personalidade ia ser ―sedenta‖. Ia levar algum tempo
até que eu fosse eu mesma novamente. E mesmo quando eu estivesse sob controle de
mim mesma, eu jamais me sentiria exatamente da forma que me sinto agora.
Humana… e apaixonadamente apaixonada.
Eu queria a experiência completa antes de trocar meu corpo quente, quebrável e guiado
por hormônios por algo lindo, forte… e desconhecido. Eu queria uma lua de mel de
verdade com Edward. E a despeito do perigo ao qual ele achava que ia me submeter, ele
concordou em tentar.
Eu estava apenas vagamente cônscia da presença de Alice e do cetim passando pelo
meu corpo. Durante aquele momento, eu não me importei com o que a cidade inteira
estava pensando de mim. Eu não pensava no espetáculo que teria que estrelar em breve.
Eu não me importei em tropeçar na minha grinalda e rir na hora errada ou em ser jovem
demais ou a multidão me encarando e nem sequer no assento vazio onde o meu melhor
amigo estaria.
Eu estava com Edward no meu cantinho feliz.
2. Uma longa noite
―Eu já sinto a sua falta‖
―Eu não preciso ir. Posso ficar‖
―Mmm…‖
Houve silêncio por um longo tempo, somente o som de meu coração batendo acelerado
e o sussurro de nossos lábios se movendo sincronizados.
As vezes era tão fácil esquecer que eu estava beijando um vampiro. Não porque ele
parecesse comum e humano - eu nunca poderia esquecer que estava segurando mais do
que um anjo em meus braços - mas porque ele me fazia sentir que não havia nada igual
a sensação de ter seus lábios em meus lábios, em meu rosto, minha garganta… Ele dizia
que já era passado a tentação que meu sangue lhe causava, que a idéia de me perder era
mais forte que isso. Mas eu sabia que o cheiro de meu sangue ainda lhe causava dorqueimava em sua garganta como se ele estivesse inalando fogo.
Eu abri meus olhos e encontrei os dele abertos também, fixados em meu rosto. Não
fazia sentido ele me olhar daquele jeito. Como se eu fosse o prêmio ao invéz da
ganhadora sortuda.
Nós nos encaramos por um momento, seus olhos dourados estavam tão profundos que
era quase como se eu pudesse ver sua alma. Parecia bobo que justamente isso- a
existência se sua alma- seja uma duvida, mesmo ele sendo um vampiro. Ele tinha a alma
mais bonita, mas do que sua mente brilhante ou seu rosto incomparável e seu glorioso
corpo.
Ele olhou de volta para mim, como se ele também pudesse ver minha alma, e estivesse
gostando do que via.
Ele não podia ver dentro de minha mente, pensando bem, não da maneira que ele via a
dos outros. Quem saberia o por que - algum defeito em meu cérebro que me tornava
imune a todos os extraordinários e assustadores poderes que alguns imortais possuem.
(somente minha mente era imune, meu corpo ainda era uma vitima das habilidades dos
vampiros com poderes diferentes dos de edward). Mas eu era seriamente grata a esse
―defeito‖ que mantinham meus pensamentos em segredo. Era muito constrangedor
sequer pensar na possibilidade.
Puxei seu rosto mais uma vez para perto do meu.
―Definitivamente vou ficar!‖- ele murmurou um tempo depois.
―Não, não! É sua despedida de solteiro, você tem que ir.‖
Eu disse as palavras, mas meus dedos se enroscaram em seus cabelos cor de bronze,
minha mão esquerda apertando suas costas. Seus dedos frios acariciaram meu rosto.
―Despedidas de solteiros são para aqueles que estão tristes com o fim de seus dias de
solteiro. Eu não vejo a hora que eles acabem. Então não há razão para que eu vá.‖
―Verdade‖-Eu disse respirando na pele gelada de sua garganta.
Isso era muito perto do que seria meu cantinho feliz. Charlie dormia profundamente em
seu quarto, o que era quase o mesmo que estar sozinha. Nõs estavámos encolhidos em
minha pequena cama, nossos corpos o mais juntos possível, apesar do grosso cobertor
em que eu estava enrolada como um casulo. Eu odiava a necessidade do cobertor, mas o
romance acabava quando meus dentes começavam a bater. Charlie iria perceber se eu
ligasse o aquecedor em Agosto…
Pelo menos, se houvesse algo ruim, a camisa de edward estava no chão. Eu nunca
superei o choque de como seu corpo era perfeito- pálido e gelado como mármore. Eu
corri minha mão por seu peito nu, passando por sua barriga perfeitamente rígida,
passeando. Ele tremeu levemente, e seus lábios encontraram os meus novamente.
Cuidadosamente a ponta de minha língua traçou seus lábios encerados, e ele suspirou.
Seu hálito me invadiu - frio e delicioso- por todo o meu rosto.
Ele começou a recuar- esta era sua reação automática toda vez que achava que tinha ido
longe demais, seu reflexo toda vez que ele queria mais. Edward passou toda sua vida
rejeitando qualquer tipo de contato físico. Eu sei que para ele era assustador tentar
mudar seus hábitos agora.
―Espere‖, eu disse agarrando seus ombros e o abraçando mais perto. Eu passei minha
perna que estava livre ao redor de seu quadril. ―A prática leva a perfeição‖.
Ele riu. ―Bem, devemos estar bem perto da perfeição nesse ponto, não acha? Você
dormiu alguma noite no ultimo mês?‖
―Mas esse é o ensaio do vestido‖, Eu relembrei a ele. ―E nós só praticamos algumas
cenas. Não temos tempo a perder.‖
Eu pensei que ele fosse rir, mas ele não respondeu, e seu corpo endureceu de um
nervoso repentino. O dourado em seus olhos pareceu endurecer de liquido para sólido.
Eu pensei no que havia dito e tentei entender o que ele havia pensado.
―Bella…‖, ele sussurrou.
―Não comece com isso de novo‖, eu disse, ―Trato é trato.‖
―Eu não sei. É muito difícil me concentrar quando você está comigo desse jeito. Eu - Eu
não consigo pensar direito. Eu não vou conseguir me controlar. Você vai se machucar.‖
―Eu vou ficar bem.‖
―Bella…‖
―Shh…‖ eu pressionei meus lábios nos dele para parar com o ataque de pânico. Eu já
havia ouvido aquilo antes. Ele não ia desistir do acordo. Não depois de insistir que eu
casasse com ele primeiro.
Ele me beijou de volta por um momento, mas eu pude perceber que ele não estava com
tanto entusiasmo como antes. Preocupado, sempre preocupado. Como seria diferente
quando ele não tivesse que se preocupar mais comigo. O que ele fará em seu tempo
livre? Terá que arrumar um hobby novo!
―Como estão seus pés?‖ ele perguntou
Sabendo que ele não falava no sentido literal eu respondi ―Torrando de tão quentes‖.
―Mesmo? Não está mudando de idéia? Ainda não é tarde pra desistir‖
―Você está tentando me fazer desisitir?‖
Ele riu silenciosamente. ―Só para ter certeza. Não quero que você faça nada de que não
tenha certeza.‖
―Tenho certeza sobre você. Com o resto eu posso viver.‖
Ele hesitou e eu imaginei se devia fechar a minha boca.
―Você consegue?‖ ele disse quieto. ―Eu não me refiro ao casamento - eu sei que você
vai sobreviver apesar de não concordar- mas e depois… E Rennée? E Charlie?‖
―Eu vou sentir falta deles.‖ Mais do que eles de mim, mas eu não quis dar a ele esse tipo
de detalhe.
―Angela e Ben, Jéssica e Mike‖
―Vou sentir falta dos meus amigos também‖. Eu sorri para a escuridão. ―Especialmente
Mike! Oh Mike! Como vou sobreviver?‖
Ele grunhiu.
Eu ri, mas logo fiquei séria novamente. ―Edward nós já falamos sobre isso. Eu sei que
vai ser difícil, mas é o que eu quero. Eu quero você, e quero para sempre. Uma vida não
é suficiente para mim.‖
―Congelada para sempre aos dezoito‖ - ele sussurrou
―Todo sonho de mulher se torna realidade‖ eu provoquei
―Nunca mudando, nunca indo para frente‖.
―O que isso significa?‖
Ele respondeu devagar. ―Você se lembra quando contamos para Charlie a respeito do
casamento? Ele pensou que você estava… grávida?‖
―E ele pensou em atirar em você‖. Eu disse com uma risada- ―Admita, por um momento
ele considerou isso‖.
Ele não respondeu.
―O que é Edward‖?!
―Eu só queria… bem, queria que ele estivesse certo.‖
―Uhh‖ eu estremeci.
―Que houvesse alguma maneira que isso pudesse acontecer. De que corrêssemos esse
risco. Eu odeio tirar isso de você também‖.
Eu precisei de um momento para responder. ―Eu sei o que estou fazendo‖
―Como você pode saber Bella? Olhe para minha mãe e minha irmã. Não é um sacrifício
tão fácil quanto você imagina.‖
―Esme e Rosalie conseguiram superar isso. Se isso se tornar um problema podemos
fazer o que Esme fez - nós vamos adotar!‖
Ele suspirou e, em seguida, sua voz era feroz. ―Isso não é certo! Não quero que você
tenha que fazer sacrifícios por mim. Eu quero dar-lhe coisas, não tirar coisas de você.
Eu não quero roubar o seu futuro. Se eu fosse humano-‖
Eu coloquei minha mão sobre seus lábios. ―Você é o meu futuro. Parar agora. Não se
deprima, ou eu irei chamar seus irmãos para virem e pegar você. Talvez você precise de
uma festa de despedida.‖
―Desculpe-me. Estou deprimido, não é? Devem ser os nervos.‖
―Seus pés estão frios (OBS. Pés frios = Estar amarelando)?‖
―Não é nesse sentido. Eu tenho esperado um século para casar com você, Senhorita
Swan. A cerimônia de casamento é a única coisa que eu mal posso esperar-‖ Ele
suspendeu o pensamento. ―Oh, por tudo que é mais sagrado!‖
―O que houve?‖
Ele rangeu os dentes. ―Você não precisa ligar para os meus irmãos. Aparentemente eles
não vão me deixar escapar essa noite.
Eu o abracei mais forte, mas depois soltei. Eu não tinha a menor pretenssão de ganhar
uma guerra contra Emmet. ―Divirta-se‖.
Houve um ruído através da janela. Alguém estava passando suas unhas de propósito no
vidro para fazer um barulho horroroso de cobrir os ouvidos e arrepiar os cabelos. Eu dei
de ombros.
―Se você não botar o Edward para fora‖ - Emmet - ainda invisível na noite - ameaçou―nós vamos entrar pra pegar ele‖.
―Vá‖ Eu ri - ―Antes que eles quebrem a minha casa‖.
Edward rolou seus olhos e em um único movimento se colocou de pé e com outro
recolocou sua camisa. Ele se abaixou e beijou minha testa.
―Vá dormir. Você vai ter um grande dia amanhã‖
―Obrigada! Isso realmente vai me acalmar!‖
―Te vejo no altar‖.
―Eu vou ser a que vai estar de branco!‖ Eu sorri pensando em como isso soava irônico.
Ele riu. ―Muito convincente‖. E então ele foi. Passando pela minha janela mais rápido
do que eu podia ver.
Lá fora houve um barulho abafado e eu ouvi Emmet xingar.
―É melhor vocês não trazerem ele de volta muito tarde‖ eu murmurei sabendo que eles
ouviriam.
E então o rosto de Jasper apareceu em minha janela, seus cabelos loiros cor de mel
reluzindo a luz da lua que passava pelas nuvens.
―Não se preocupe Bella. Vamos trazer ele de volta com tempo de sobra!‖
Eu estava subitamente muito calma, e todas as minhas hesitações pareciam sem
importância. Jasper era, na sua própria maneira, tão talentoso como Alice com suas
previsões sobrenaturalmente exatas. Os poderes mediúnicos de Jasper era uma atituda
maior do que o futuro, e era impossível resistir à sensação da maneira como ele queria
que você se sentisse.
Eu sentei rapidamente, ainda enrolada nos cobertores. ―Jasper? O que vampiros fazem
em despedidas de solteiro? Vocês não vão leva-lo a um clube de strip , vão?‖
―Não lhe diga nada!‖ Emmett grunhiu para cima. Havia um outro som, e Edward riu
discretamente.
―Relaxe‖, Jasper disse-me - e foi o que fiz. ―Nós Cullens temos a nossa própria versão.
Apenas alguns leões da montanha, um casal de ursos cinzentos. Geralmente uma
noitada ordinária.‖
Eu me pergunto se alguma vez serei capaz de ouvir de forma cavalheiresca sobre as
dietas dos vampiros ―vegetarianos‖.
―Obrigada, Jasper‖
Ele piscou e saiu de vista.
Estava completamente silencioso lá fora. Os roncos abafados de Charlie vibravam
através das paredes.
Eu deitei de volta no meu travesseiro, adormecendo agora. Eu observei as paredes do
meu pequeno quarto, branqueada palidamente pelo luar, sobre as pálpebras pesadas.
A minha última noite no meu quarto. A minha última noite como Isabella Swan.
Amanhã à noite, eu seria Bella Cullen. Apesar de todo o calvário do casamento ser um
espinho ao meu lado, eu tinha de admitir que eu gostei de como soava.
Eu deixei a minha mente vaguear impassível por um momento, esperando cair no sono.
Mas, depois de alguns minutos, encontrava-me mais alerta, a ansiedade crescente de
volta para o meu estômago, embrulhando-se em posições desconfortáveis. A cama
parecia muito suave, muito quente sem Edward. Jasper estava longe, e toda a paz, e
sentimentos relaxantes foram com ele.
Ela iria ter um longo dia amanhã.
Eu estava ciente de que a maioria dos meus medos eram estúpidos - eu só tinha que tirálos de mim. Atenção era uma parte inevitável da vida. Eu não podia estar sempre
misturada com a paisagem. No entanto, eu tenho algumas preocupações específicas que
eram completamente válidas.
Primeiro, havia a cauda de vestidos de casamento. Alice claramente tinha deixado seu
sentido artístico dominar sobre aspectos práticos disso. Manobrar nas escadas dos
Cullens com salto e uma cauda pareceu impossível. Eu deveria ter praticado.
Depois, tinha a lista de convidados.
A família de Tanya, o clã Denali, estaria chegando antes da cerimônia.
Seria delicado ter a família de Tanya no mesmo quarto com os nossos convidados da
reserva Quileute, o pai de Jacob e os Clearwaters. O Denalis não eram fãs do
lobisomens. Na verdade, a irmã de Tanya, Irina, não ia vir para o casamento por nada.
Ela ainda carregava uma vingança contra os lobisomens por matarem seu amigo Laurent
(exatamente como ele estava prestes a me matar). Graças a esse ressentimento, os
Denali tinham abandonado a família de Edward na sua pior hora de necessidade. Foi a
desagradável aliança com os lobos Quileute que salvou as nossas vidas, quando a horda
de vampiros recém-nascidos atacaram. . . .
Edward tinha me prometido que não seria perigoso ter os Denalis perto dos Quileutes.
Tanya e toda sua família - exceto Irina - sentiam-se horrívelmente culpados por esse
abandono. Uma trégua com os lobisomens era um pequeno preço para compensar um
pouco desta dívida, um preço que estavam dispostos a pagar.
Este era um grande problema, mashavia um pequeno problema também: minha frágil
auto-estima.
Eu nunca tinha visto Tanya antes, mas eu tinha certeza que conhecê-la não seria uma
experiência prazeirosa para o meu ego. Uma vez, provavelmente antes de eu ter nascido,
ela tinha feito seu jogo para Edward - não que eu culpe a ela ou alguém por tê-lo
desejado. Mesmo assim, ela deveria ser extremamente linda e magnifíca. Mesmo que
Edward claramente - se inconcebivelmente - tenha preferido a mim, eu não seria capaz
de ajudar fazendo comparações.
Eu tinha rosnado um pouco até que Edward, que sabia a minha fraqueza, me fez sentir
culpada.
―Nós comos a coisa mais próxima que eles têm de uma família, Bella,‖ ele me lembrou.
―Eles ainda se sentem como orfãos, você sabe, mesmo depois de todo esse tempo.‖
Então eu aceitei, escondendo a minha careta.
Tanya tinha uma grande família agora, quase tão grande quanto os Cullens. Eles eram
em cinco; Tanya, Kate e Irina haviam entrado através de Carmen e Eleazor de uma
forma bem parecida como Alice e Jasper entraram para os Cullens, todos eles levados
pelo desejo de viver com mais compaixão do que os vampiros normais fizeram.
Mesmo com toda a companhia, entretanto, Tanya e suas irmãs ainda eram sozinhas.
Ainda estavam de luto. Porque há muito tempo atrás, elas também tiveram uma mãe.
Eu conseguia imaginar o vazio que a perda devia ter deixado, mesmo depois de
milhares de anos. Eu tentei imaginar a família Cullen sem o seu criador, seu centro e seu
guia - seu pai, Carlisle. Eu não consegui.
Carlisle havia explicado a história de Tanya durante uma das muitas noites em que eu
passei na casa dos Cullen, aprendendo tanto quanto eu podia, me preparando o máximo
possível para o futuro que eu havia escolhido. A história da mãe de Tanya foi um dentre
tantos, um conto de aviso ilustrando uma das regras que eu nunca poderia esquecer
quando eu adentrasse o mundo dos imortais. Uma única regra, de fato - uma leia com
milhares de facetas: Guarde o segredo.
Guardar o segredo significava muitas coisas - viver imperceptivelmente como o
Cullens, se mudar antes que os humanos descofiassem de que eles não estavam
envelhecendo. Ou mantendo-se completamente longe de seres humanos - exceto na hora
da refeição - como a vida nômade como James e Victoria tinham vivido; como os
amigos de Jasper, Peter e Charlotte, tinham vivido. Isso significa manter controle de
quaisquer novos vampiros que você tenha criado, como Jasper fez quando viveu com
Maria. Como Victoria havia falhado com os recém-nascidos.
Isso significa não criar algumas coisas, acima de tudo, porque algumas criações são
incontroláveis.
―Eu não sei o nome da mãe de Tanya‖, Carlisle admitiu, seus olhos dourados, quase
uma exata sombra de seu cabelo preso, triste com as lembranças da dor de Tanya. ―Eles
nunca falam sobre ela se puderem evitar, nunca pensam nela carinhosamente. A mulher
que criou Tanya, Kate e Irina - que as amou, eu acredito, - viveu muitos anos antes que
eu tivesse nascido, durante uma época de peste em nosso mundo, a peste das crianças
imortais.
―O que eles estavam pensando, os anciões, eu não consigo entender. Eles criaram
vampiros sob humanos que mal eram alguma coisa além de crianças.‖
Eu tive que engolir a bile que estava em minha garganta quando imaginei o que ele
havia descrito.
―Eles eram muito lindos,‖ Carlisle explicou rapidamente, vendo minha reação. ―Tão
amáveis, tão encantadores, você não consegue imaginar. Mas era preciso estar perto
deles para amá-los; isto era algo automático.‖
―Contudo, eles não podiam ser ensinados. Eles foram congelados em qualquer nível do
desenvolvimento em que eles estavam antes de ser mordidos. Adoráveis crianças de
dois anos de idade, com covinhas e ceceios que podiam destuir metade de uma vila com
seu furor. Se eles estavam com fome, eles se alimentavam, e não havia palavras de aviso
que os parassem. Humanos os viam, histórias começaram a circular, o medo se alastrava
como fogo na palha seca…‖
―A mãe de Tânia criou uma dessas crianças. E assim como os outros anciões, não
consigo imaginar as suas razões.‖ Ele deu um profundo suspiro. ―Os Volturi se
envolveram, é claro.‖
Eu estremi como sempre com aquele nome, mas é claro, que a legião de vampiros da
Itália - a realeza de sua espécie - era o centro da história. Não podia existir uma lei se
não houvesse uma punição; não podia havia uma punição se não houvesse ninguém para
aplicá-la. Os anciões Aro, Caius e Marcus governavam as forças dos Volturi. Eu
somente os vi uma vez, mas naquele breve encontro, pareceu para mim que Aro, com
seu poderoso poder de ler-mentes - um toque e ele sabia cada pensamento que aquela
mente já havia tido - era o líder verdadeiro.
―Os Volturi estudaram as crianças imortais, em sua casa em Volterra e ao redor do
mundo. Caius decidiu que os jovens eram incapazes de proteger nosso segredo. Então
eles deveriam ser destruídos.
―Eu te disse que eles eram adoráveis. Bem, grupos de bruxas lutaram até o último
homem - que foram completamente dizimados - para protegê-los.
A carnificina não foi generalizada em guerras como a do continente do Sul, mas mais
devastador de sua própria maneira.
Grupos de bruxas enraizados, velhas tradições, amigos… Muita perda. No final, a
prática foi completamente eliminada. As crianças imortais se tornaram não
mencionáveis, um tabu.
―Quando eu vivi com os Volturi, encontrei duas crianças imortais, por isso sabia em
primeira mão o poder que tinham. Aro estudou os pequeninos por muitos anos após a
catástrofe que eles provocaram. Você sabe curiosamente sua disposição; ele estava
esperançoso de que poderia amansá-las. Mas, no fim, a decisão foi unânime: as crianças
imortais não poderiam existir
Todos haviam esquecido a mãe das irmãs Denally quando a história retornou.
―Não está totalmente claro o que aconteceu com a mãe de Tanya,‖ Carlisle disse.
―Tanya, Kate e Irina foram inteiramente óbvias até o dia em que os Voltury chegaram,
sua mãe e suas criações ilegais feitos priosioneiros. Foi a ignorância que salvou Tanya e
suas irmãs. Aro lhes tocou e viu a sua total inocência, para que não fossem punidas
como sua mãe.
―Nenhuma delas tinha visto o garoto antes, ou tinham sonhando com sua existência, até
o dia que elas o viram queimar nos braços de sua mãe. Eu posso apenas imaginar que
sua mãe teve que guardar seu segredo para protegê-las desse exato resultado. Mas em
primeiro lugar, por que ela o criou? Quem foi ele, e o que ele pretendia para ela que fez
com que ela atravessasse esse inimaginável limite? Tanya e os outros nunca receberam
uma resposta para nenhuma dessas perguntas. Mas não duvidavam da culpa de sua mãe,
e não penso que eles lhe perdoaram de verdade.
―Elas foram sortudas que Aro estava se sentindo compassivo aquele dia. Tanya e suas
irmãs foram perdoadas, mas as deixaram com os corações feridos e um grande respeito
pela lei…‖
Eu não sei exatamente em qual momento a memória se transformou em sonho. Um
momento parecia que eu estava ouvindo Carlisle em minha memória, olhando para o
seu rosto e então, no outro momento eu estava olhando para um cinza, árido campo e
sentindo o cheiro de um denso incenso no ar. Eu não estava sozinha ali.
A mistura de figuras no centro do campo, todos cobertos com uma capa escura, devia
ter me aterrorizado - eles só podiam ser os Volturi e eu, ao contrário do decretado em
nossa última reunião, ainda humana. Mas eu sabia, como algumas vezes acontecia nos
sonhos, que eu era invisível para eles.
Espalhados ao meu redor estavam montes de fumaça. Reconheci a doçura no ar e não
examinei o esfumaçado muito profundamente. Não tive nenhum desejo de ver as caras
dos vampiros que eles tinham executado, com um pouco de medo que eu pudesse
reconhecer alguém por dentre as chamas.
Os soldados Volturi pararam em um círculo ao redor de alguma coisa ou alguém e eu
pude ouvir suas vozes em suspiro sobrepondo-se à agitação. Eu me debrucei sobre as
capas, levada pelo sonho para ver que coisas ou pessoas que eles estavam examinando
com tanta intensidade. Me arrastando cuidadosamente por entre dois encapuzados altos,
eu finalmente vi o objeto do debate, subindo em um pequeno morro atrás deles.
Ele era bonito, adorável, como Carlisle tinha descrito. O garoto era ainda uma criança, e
talvez tivesse até dois anos de idade. Cabelos cacheados em tom castanho claro
enquadravam sua face de querubim com bochechas redondas e lábios cheios. E ele
estava tremendo, seus olhos fechados como se ele estivesse receoso por assistir a sua
morte se aproximar cada segundo.
Fiquei chocada com essa poderosa necessidade de salvar o adorável, apavorada criança
que os Volturi, apesar de toda sua devastadora ameaça, não mais me importavam. Eu
passei entre eles sem me importar se eles notariam. Soltando-me deles completamente,
eu corri em direção ao menino.
Combaleando eu parei e pude ter uma visão clara do morro que ele se sentou. Aquilo
não era terra e rocha, mas a uma pilha de corpos humanos, drenados e inanimados.
Muito tarde para não ver seus rostos. Eu conhecia todos eles Angela-, Ben, Jessica,
Mike…. E diretamente abaixo do menino adorável estavam os corpos do meu pai e
minha mãe.
A criança abriu os seus olhos brilhantes, cor de sangue.
3. GRANDE DIA
Meus olhos se abriram num átimo.
Me inclinei respirando com dificuldade e tremendo em minha cama quente por alguns
minutos, tentando me esqueçer daquele sonho. O céu na minha janela estava cinzento e
foi se tornando rosa pálido enquanto eu esperava meu coração se acalmar.
Quando eu voltei completamente a realidade de meu desarrumado e familiar quarto, eu
estava um pouco aborrecida comigo mesma. Que sonho para se ter na noite antes de
meu casamento! Era isto que eu ganhava por pensar em histórias perturbadoras no meio
da noite.
Anciosa em me esqueçer daquele pesadelo, eu me me vesti e desci até a cozinha bem
antes do que eu realmente precisava. Primeiro eu limpei as panelas sujas e
quando Charlie acordou, eu lhe fiz panquecas. Eu estava muito preocupada para ter
qualquer interesse em comer o café da manhã - Eu sentei aguardando enquanto ele
comia.
―Você tem de buscar o Sr. Weber as três horas.‖ Eu o lembrei.
―Eu não tenho nada mais a fazer hoje além de buscar o ministro, Bells. Eu não vou
esqueçer meu único trabalho.‖ Charlie tinha tirado o dia inteiro de folga para o
casamento, e ele estava definitivamente sem entusiasmo. De vez em quando seus olhos
passavam discretamente no closet embaixo da escada, onde ele guardava seu material de
pesca.
―Este não é seu único dever. Você tambem tem de estar vestido e apresentável.‖
Ele se abaixou para comer sua tigela de cereais e sussurou ―roupa de macaco‖ enquanto
comia.
Ouvi uma leve batida na porta da frente.
―Você acha que está em maus lençois,‖ eu disse, fazendo uma careta. ―Alice vai
trabalhar em mim o dia todo.‖
Charlie fez um movimento com a cabeça, perdido em pensamentos, admitindo que ele
teria que lidar com menos problemas. Eu me abaixei para beijar o topo de sua cabeça
me movendo para sair -ele ficou vermelho e pigarreou- e eu continuei em direção à
porta para receber minha melhor amiga e em breve, irmã.
O cabelo preto e curto de Alice não estava no seu estilo de sempre pontudo - ele estava
alisado em mechas onduladas ao redor de seu rosto, que estava com uma expressão de
negócios. Ela me arrastou de casa com um breve ―Olá, Charlie‖ dito por cima de seus
ombros.
Alice me avaliou enquanto eu entrava na porsche.
―Ah, diabos, olhe como estão seus olhos!‖ Ela bufou em desaprovamento. ―O que você
fez? Ficou acordada durante toda a noite?‖
―Quase.‖
Ela pareçeu irritada ―Eu vou precisar de muito tempo para fazer você divina Bella voce deveria ter cuidado melhor de meus ingredientes.‖
―Ninguém espera que eu esteja divina. Eu acho que o maior problema é que eu fique
sonolenta durante a cerimônia e não seja capaz de dizer ‗Eu Aceito‘ na parte certa, e
então Edward terá escapado.‖
Ela riu.‖ Eu vou atirar minhas flores em você quando nos aproximarmos do momento.‖
―Obrigada.‖
―Ao menos você terá muito tempo para dormir no avião amanhã.‖
Eu levantei uma sombrancelha. Amanhã, eu meditei. Se nós vamos sair hoje a noite
após a recepção e ainda estaremos em um avião amanhã… bem, nós não estamos indo
para Boise, em Idaho. Edward não deu nem ao menos uma dica. Eu não estava
particularmente estressada sobre o mistério, mas era estranho não saber onde eu estaria
dormindo amanhã a noite. Ou com esperanças não estar dormindo…
Alice percebeu que tinha dito algo e fez uma careta.
―Você está com as malas prontas,‖ ela disse para me distrair.
Funcionou. ―Alice, eu gostaria que você me deixasse fazer minhas próprias malas!‖
―Isso levaria muito tempo.‖
―E teria te tirado uma boa oportunidade de fazer compras.‖
―Você irá ser oficialmente minha imã em dez horas.. já é hora de superar essa aversão a
roupas novas.‖
Olhei séria através do para-brisa até nós estarmos quase na casa.
―Ele já voltou?‖ Eu perguntei.
―Não se preocupe, ele estará aqui antes da musica começar. Mas você não poderá vê-lo
não importa quando ele chegar. Nós estamos fazendo isto da maneira tradicional.‖
Eu suspirei. ―Tradicional!‖
―Sim, mantendo distância entre a noiva e o noivo.‖
―Você sabe que ele já está a espreita.‖
―Ah não - por isso eu serei a única a ver você no vestido. Eu serei bem cuidadosa em
não pensar nisso quando ele estiver por perto.‖
―Bem,‖ Eu disse enquanto nós estravamos no caminho da sua casa, ―Vejo que você
reutilizou parte das decorações da formatura.‖ Todo caminho estava cheia de luzes
piscantes. Desta vez ela adicionou arcos de cetim branco.
―Sem desperdício para quem não quer. Aprecie isto, porque você não vai ver a
decoração interna até a hora chegar.‖ Ela entrou na garagem em forma de caverna ao
norte da casa; o jipe de Emmett não estava ali ainda.
―Desde quando a noiva é proibida de ver as decorações?‖ - Eu Protestei.
―Desde quando ela me colocou à cargo disso. Eu quero que você veja as surpresas na
hora de descer as escadas.‖
Ela botou suas mãos sobre meus olhos antes de me deixar entrar na cozinha. Eu fui
imediatamente tomada pelo cheiro de comida.
―O que é isso?‖ Eu perguntei enquanto ela me guiava pela casa.
―Será que é demais?‖ A voz de Alice estava preocupada. ―Você é a primeira humana a
entrar aqui; eu espero que tenha feito isto certo.‖
―Cheira maravilhosamente bem!‖ Eu à garanti - quase intoxicante mas não muito forte,
o balanço de diferentes fragrâncias era sutil e alternado. ―Flor de laranjeira… Lavanda..
e algo mais - estou certa?‖
―Muito bem, Bella. Você só se esqueceu da frésia e das rosas.‖
Ela não tirou suas mãos de meus olhos até alcançarmos o seu grande banheiro. Eu olhei
para a longa pia, coberta de todo tipo de coisas de um salão de beleza, e começei a sentir
os efeitos de minhas poucas horas de sono.
―É realmente necessário?‖ Eu vou parecer simples perto dele de qualquer jeito.
Ela me sentou em uma pequena cadeira rosa. ―Ninguêm irá lhe chamar de simples
quando eu terminar com você.‖
―Somente porque eles têm medo de que você sugue seu sangue,‖ eu disse. Apoiei
minhas costas na cadeira e fechei meus olhos, esperando poder tirar um cochilo
enquanto isso. Eu acordava e cochilava continuadamente enquanto Alice maquiava cada
superfície de meu corpo.
Já passava da hora do almoço quando Rosalie deslizou pela porta do banheiro em um
longo vestido prata, com seus cabelos presos em um coque no topo de sua cabeça. Ela
estava tão bonita que me fazia querer chorar. Qual era mesmo a razão de se arrumar
com Rosalie por perto?
―Eles voltaram,‖ disse Rosalie, e imadiatamente meu infantil senso de desespero se foi.
Edward estava em casa.
―Mantenha-o longe daqui!‖
―Ele não vai te ver hoje,‖ Rosalie assegurou Alice. ―Ele valoriza sua vida o suficiente.
Esme está com ele ajudando nos preparativos. Você precisa de alguma ajuda? Eu
poderia fazer o cabelo dela.‖
Minha boca se abriu de espanto. Eu mergulhei em pensamentos na minha cabeça.
Tentando lembrar como fechá-la.
Eu nunca fui a pessoa favorita de Rosalie no mundo. Em adição, para fazer as coisas
ainda mais difíceis entre nós ela estava pessoalmente ofendida pela escolha que eu
estava fazendo agora. E pensar que tendo sua beleza magnífica, sua família amável e
Emmett, ela trocaria isto tudo para ser humana. E aqui estava eu, jogando tudo que ela
sempre desejou fora como se fosse lixo. Isso não a deixava exatamente de bem comigo.
―Claro,‖ Alice disse. ―Você pode começar a fazer as tranças. Eu as quero embaraçadas.
O véu irá aqui, por baixo.‖ As mãos de Alice começaram a trabalhar em meu cabelo, o
separando, alisando, falando com detalhes exatamente o que ela queria. Quando ela
terminou de explicar, Rosalie tomou seu lugar, dando forma a meu cabelo. Alice voltou
a se concentrar em meu rosto.
Quando Rosalie recebeu a aprovação de Alice sobre meu cabelo ela foi enviada para
buscar meu vestido e procurar por Jasper, que estava responsável por buscar minha mãe
e Phil em seu hotel. Eu podia ouvir as portas da casa abrindo e fechando
continuadamente no andar de baixo. Vozes estavam vindo lá de baixo.
Alice me fez levantar para poder passar o vestido por cima de meu cabelo e maquiagem.
Meus joelhos tremeram enquanto ela fechava rapidamente os botões de peróla nas
minhas costas.
―Respire profundamente Bella,‖ disse Alice. ―E tente diminuir seu ritmo cardíaco. Você
irá suar seu rosto.‖
Eu fiz a melhor expressão sarcástica que pude. ―Vou fazer meu melhor.‖
―Eu tenho de me vestir agora. Você pode se manter sozinha por 2 minutos?‖
―Um.. talvez?‖
Ela virou os olhos e saiu pela porta.
Eu me concentrei na minha respiração, contando cada movimento de meus pulmões e
me distraindo observando as cores que as luzes do banheiro faziam em contato com meu
vestido. Eu estava com medo de olhar no espelho - com medo de que me ver em um
vestido de noiva me fizesse entrar em um total ataque de pânico.
Alice estava de volta antes de eu contar 200 respirações, em um vestido que lhe caia no
corpo como uma caichoeira prateada.
―Alice - wow!‖
―Não é nada. Ninguem estará olhando para min hoje. Não enquanto você estiver na
sala.‖
―Ha, Ha.‖
―Então, você está sobre controle, ou eu devo trazer Jasper aqui?‖
―Eles estão de volta? Minha mãe está aqui?‖
―Ela acabou de passar pela porta. Está subindo‖
Renée tinha chegado há 2 dias e eu tinha ficado cada minuto que eu pude com ela - cada
minuto que eu pude tirar ela de perto de Esme e das decorações, em outras palavras.
Pelo que eu podia notar, ela parecia estar se divertindo com isso tanto quanto uma
criança trancada na Disneyland à noite. De certa maneira eu me senti tão ultrajada
quanto Charlie. Todo aquele terror sobre como seria sua reação…
―Ah,Bella!‖ ela disse em voz alta agora, antes de passar pela porta. ―Ah, querida, você
está linda!‖ Ah, eu vou chorar! Alice, você é simplesmente demais! Você e Esme
deveriam entrar nos negócios sobre planejamento de casamentos. Onde você encontrou
esse vestido? É demais! Tão gracioso, tão elegante.‖ ―Bella, você parece ter saído de um
filme.‖ Ouvi a voz da minha mãe um pouco distante, e tudo na sala estava um pouco
mais borrado. ―Que idéia criativa, o tema foi todo centrado no anel da Bella. Tão
romântico! E pensar que está na familia do Edward desdo século 18!″
Alice e eu já estavamos com as roupas do casamento. Minha mãe estava fora da moda
de vestidos por algumas centenas de anos.
O casamento na verdade não era centrado no anel, mas sim, em Edward.
Logo depois, veio um som brusco, um limpar de garganta fora da sala.
―Renée, a Esme disse que é a hora de você se acomodar aqui em baixo‖ disse Charlie.
―Bem, Charlie, não seja tão apressado‖ Renée disse em um tom que ficamos chocadas.
Aquilo deve ter explicado a frieza na resposta de Charlie.
―Alice fica comigo‖
―Esta mesmo na hora?‖ Renée disse para si, parecendo mais nervosa do que eu. ―Isso
está acontecendo tão rápido. Estou me sentindo tonta.‖
Então somos duas.
―Me dê um abraço antes que eu desça‖ Renée insistiu ―Cuidado agora, não chore‖
Minha mãe me apertou gentilmente em torno da cintura, e foi girando a maçaneta da
porta,apenas quando completou o giro, olhou para mim de novo. ―Oh Deus, eu quase
me esqueci! Charlie, onde está a caixa?
Meu pai vasculhou seus bolsos por um minuto e pegou uma pequena caixa branca, e a
deu para Renée.
Renée levantou a tampa, e a passou para mim.
―Uma coisa azul,‖ ela disse.
―Alguma coisa antiga também. Elas foram da vovó Swan.‖ Charlie acrescentou. ―Nós
pedimoa a um joalheiro para substituir as pedras antigas por safiras‖
Dentro da caixa havia dois pesados arranjos de cabelo prata. Safiras azuis marinho
estavam agrupadas em formas florais no topo do arranjo. Minha voz falhou ‗‘ Mãe,
pai… vocês não precisavam‖
―Alice não nos deixou fazer mais nada‖ Renée disse. ‖ Toda vez que tentávamos ela
quase nos rasgava a garganta.‖
Um risinho histérico escapou dos meus lábios.
Alice passou rapidamente ambos sobre as pontas de minhas tranças. ―Isso é algo antigo
e azul‖, ‗‘ Alice sussurrou, se afastando alguns passos para me admirar. ―E o seu vestido
é novo… Então aqui - ‖
Ela jogou algo em mim, eu estendi as mãos automaticamente e uma fina liga branca
caiu em minhas mãos.
―Isso é meu e eu quero de volta‖ Alice me disse.
Eu corei de vergonha.
―Aqui‖ Alice disse com satisfação ―Um pouco de cor - é tudo que você precisa. Você
esta oficialmente perfeita‖ Com um sorriso se dando os parabéns pelo seu trabalho, ela
me deixou com meus pais.
―Renée você precisa ir ‖
―Sim senhora‖ Renée me deu um beijo e se apressou para fora da porta.
―Charlie você poderia pegar as flores por favor?‖
Enquanto Charlie sai da sala, Alice pegou a liga das minhas mãos e as colocou por
debaixo da minha saia. Eu respirei fundo e cambaleei quando a mão fria dela tocou
meu tornozelo; ela colocou a liga no lugar.
Ela voltou a sua posição quando Charlie retornou com dois ramos de flores brancas. O
perfume das rosas e de azahar me envolviam em uma suave névoa.
Rosalie - a melhor músicista na família, depois de Edward - começou a tocar piano
baixo. Pachelbel‘s Canon, a canção. Eu comecei a hiperventilar.
―Fácil Bells,‖ Charlie disse. Ele virou-se para Alice, nervoso. ―Ela parece um pouco
doente. Você acha que ela consegue fazer isso?‖
Sua voz soou muito longe. Eu não podia sentir minhas pernas.
―Ela vai ficar melhor‖.
Alice ficou na minha frente, na ponta dos pés, para poder me encarar nos olhos, e
agarrou meus braços.
―Foque-se, Bella! Edward está esperando você lá embaixo!‖
Eu respirei profundamente, disposta a manter a compostura.
A música lenta começou com um novo som, Charlie me deu uma cotovelada. ―Bells,
nós estamos prontos para bater‖.
―Bella?‖ Alice perguntou-me, ainda encarando ao meu olhar.
―Sim‖, Eu rangi. ―Edward‖. Ok‖ Eu deixei ele me conduzir do quarto com o braço de
Charlie em meu cotovelo. A música falou mais alto na sala. Eu fui puxada pela escada
junto com a fragancia de milhões de flores. Eu concentrei-me na idéia de que Edward
estaria me esperando para me fazer arranhar o chão. A música me era familiar, a
tradicional marcha dos Wagner‘s, rodeado por uma avalanche de enfeites.
―É a minha vez‖, Alice chiou. ―Conte até cinco e me siga. Ela começou a descer as
escadas lenta e graciosamente. Eu devia ter me dado conta que ter Alice como minha
única dama de honra era um erro. Eu ia parecer muito mais descoordenada andando
atrás dela.
Um súbito ruído de juntou à música. Eu reconheci a minha deixa.
―Não me deixe cair, pai‖, eu sussurrei. Charlie pôs a minha mão em meu braço e o
apertou com força.
Um passo de cada vez, eu disse a mim mesma enquanto começava a descer ao lento
som da marcha. Eu não ergui meus olhos até que os meus pés estavam seguros no chão,
apesar de conseguir ouvir os murmúrios e ruídos da platéia enquanto eu aparecia. O
sangue subiu pro meu rosto por causa do som; é claro que já se esperava que eu fosse
uma noiva corada.
Assim que os meus pés tinham vencido as escadas traiçoeiras, eu estava procurando por
ele. Por um breve segundo, eu fiquei distraída com a profusão de botões de flores
brancas que pendiam de guirlandas em qualquer parte da sala que não estivesse viva,
caindo em longas filas de leves laços brancos. Mas eu separei meus olhos dos arcos das
portas e procurei pelas fileiras de cadeiras cobertas de cetim - ficando ainda mais
vermelha quando vi a multidão de rostos olhando pra mim - até que eu finalmente o
encontrei, de pé perto de um vaso com mais flores ainda, e mais laços.
Eu mal tinha consciência de Carlisle de pé ao lado dele, e do pai de Angela atrás dos
dois. Eu não vi minha mãe de onde ela devia estar sentada na primeira fileira, nem a
minha família nova, ou nenhum dos meus convidados - eles teriam que esperar até mais
tarde.
Tudo o que eu realmente via era o rosto de Edward; ele encheu minha visão e dominou
minha mente. Os olhos dele estavam claros, ouro em chamas; seu rosto perfeito estava
quase parecendo severo com a profundidade de suas emoções. E aí, quando ele
encontrou meu olhar abismado, ele se quebrou em um sorriso feliz de tirar o fôlego.
De repente, a única coisa me impedindo de correr pelo corredor era a mão de Charlie
apertando a minha.
A marcha era lenta demais enquanto eu tentava fazer meus pés acompanharem o ritmo.
Por sorte, o corredor era bem curto. E finalmente, finalmente, eu estava lá. Edward
estendeu sua mão. Charlie pegou minha mão e, num símbolo tão velho quanto o mundo,
colocou-a sobre a mão de Edward. Eu toquei o frio milagre de sua pele, e eu estava em
casa.
Nossos votos foram simples, palavras tradicionais que já foram ditas milhões de vezes,
apesar de nunca por um casal como nós. Nós só pedimos ao Sr. Weber pra fazer uma
pequena mudança. Ele concordou em trocar a frase ―até que a morte nos separe‖ por
uma mais apropriada ―enquanto nós dois vivermos‖.
Naquele momento, enquanto o juiz de paz dizia sua parte, meu mundo, que tinha estado
de cabeça pra baixo por tanto tempo, agora parecia ficar na posição correta. Eu me dei
conta do quanto eu estava sendo ao sentir medo disso - como se isso fosse um presente
de aniversário que eu não queria ou uma exibição vergonhosa, como um baile. Eu olhei
para os olhos brilhantes, triunfantes de Edward, e eu soube que eu também estava
vencendo. Porque nada mais importava além do fato de que eu poderia ficar com ele.
Eu não me dei conta de que estava chorando até a hora de dizer as palavras tão
esperadas.
―Eu aceito‖, eu consegui botar pra fora num sussurro quase inaudível, piscando pra
conseguir ver o rosto dele.
Quando foi a vez dele de falar, as palavras soaram claras e vitoriosas.
―Eu aceito‖, ele jurou.
O Sr. Weber nos declarou marido e mulher, e aí as mãos de Edward de ergueram pra
segurar o meu rosto, cuidadosamente, como se ele fosse delicado como as pétalas
brancas balançando sobre nossas cabeças. Eu tentei compreender, apesar da quantidade
de lágrimas me cegando, o fato surreal de que essa pessoa incrível era minha. Seus
olhos dourados estavam como se pudessem estar cheios de lágrimas também, se isso
não fosse uma coisa tão impossível. Ele abaixou sua cabeça em direção à minha, e eu
fiquei na ponta dos pés, jogando meus braços - com buquê e tudo - ao redor do pescoço
dele.
Ele me beijou ternamente, me adorando; eu esqueci a multidão, o lugar, o tempo, a
razão… lembrando apenas que ele me amava, que ele me queria, que eu era dele.
Ele começou o beijo e eu tive que termina-lo; eu me agarrei a ele, ignorando as
risadinhas e os convidados limpando as gargantas. Finalmente, as mãos dele detiveram
meu rosto e ele se afastou - cedo demais - pra me olhar. Na superfície seu sorriso
repentino estava divertido, era quase um sorriso pretensioso. Mas por baixo desse
espetáculo momentâneo da minha exibição pública estava uma profunda alegria que
ecoava a minha própria.
A multidão aplaudiu, e ele virou os nossos corpos para ficar de frente para as nossas
famílias e amigos. Eu não pude tirar o olho do rosto dele, para vê-los.
Os braços da minha mãe foram os primeiros a me encontrar, seu rosto coberto de
lágrimas foi a primeira coisa que eu encontrei quando eu desviei meus olhos de Edward
sem querer. E aí eu fui passada para a multidão, passada de abraço para abraço, apenas
meio consciente de quem me abraçava, minha atenção concentrada na mão de Edward
que segurava a minha própria mão com força. Eu reconheci a diferença entre os abraços
suaves e quentes dos meus amigos humanos, e os abraços gentis e frios da minha nova
família.
Um abraço severo se destacou entre os outros - Seth Clearwater teve a coragem de ficar
em meio a todos os vampiros para representar meu amigo lobisomem perdido.
4. Gestos
A recepção do casamento fluiu bem. - prova do impecável trabalho de Alice. Havia
apenas o crepúsculo sobre o rio; A cerimônia durou exatamente o esperado, o tempo do
sol se escondendo atrás das árvores. A luz que se estendia por trás das árvores, dando-as
um tom avermelhado, enquanto Edward me carregava sobre seu colo, através de uma
porta de vidro, fazendo as flores brancas brilhar sob o chão. Havia mais de dez mil
flores fora daqui, servindo com sua fragancia, até fora da pista de dança, criada na
grama ao abrigo dos dois antigos cedros.
As coisas foram ficando calmas, relaxadas, como a tarde de Agosto que nos rodeava. A
pequena multidão se espalhava pelo fraco brilho da luz, enquanto voltavámos para a
presença dos amigos, onde receberiámos mais abraços. Não havia nada a dizer, apenas
sorriámos.
―Parabéns,‖ Seth Clearwater nos disse, mergulhando a sua cabeça embaixo da borda de
uma guirlanda de flor. Sua mãe, Sue, estava agarrada ao seu lado, olhando os hóspedes
com a intensidade cuidadosa. A sua cara foi fina e feroz, uma expressão que foi
acentuada pelo seu penteado curto, severo; tão curto como-de sua filha Leah, fiquei me
perguntando se ela tinha cortado igual em uma demonstração da solidariedade. Bily
Black, do outro lado de Seth, não parecia estar tão tenso quanto Sue.
Quando eu olhava o pai de Jacob, sempre me sentia como se estivesse vendo duas
pessoas ao invés de uma. Havia um velho homem em sua cadeira de rodas alinhada,
com um sorriso que todos viam. E também havia o descendente direto de uma longa
linha de poderosos, mágicos chefes, emanando a autoridade que nasceu com ele.
Embora a magia tenha - na falta de uma motivação - pulado sua geração, Billy era ainda
uma parte do poder e da lenda. E através dele que fluiu a descendência. Ela fluiu para o
seu filho, o herdeiro da magia, que tinha virado as costas a ele. Sam Uley que age como
o chefe das lendas e magia agora …
Billy parecia curioso com a facilidade de seus companheiros considerarem o evento seus olhos pretos brilharam como se ele tivesse acabado de receber boas notícias, eu
estava impressionada pela sua tranquilidade. O casamento deve ter parecido uma coisa
muito ruim, a pior coisa que poderia acontecer com a filha de seu melhor amigo, nos
olhos de Billy.
Eu sabia que não era fácil para ele restringir seus sentimentos, considerando o desafio
desse evento que apontava para o antigo tratado entre os Cullens e os Quileutes - o
tratado que proibiu os Cullens de criarem outro vampiro. Os lobos sabiam que uma
violação estava chegando, mas os Cullens não tinham idéia de iriam como reagir. Antes
da aliança, isso teria significado um ataque imediato. Uma guerra. Mas dessa vez que
eles conheciam melhor um ao outro, haveria perdão?
(A partir daqui, a tradução foi feita pela comunidade traduções de livros!)
Como que em resposta a esse pensamento, Seth se inclinou na direção de Edward, com
os braços estendidos. Edward retornou o abraço com seu braço livre.
Eu vi Sue estremecer delicadamente.
―É bom ver as coisas dando certo pra você, cara‖, Seth disse. ―Eu estou feliz por você.‖
―Obrigado, Seth. Isso significa muito pra mim.‖ Edward se afastou de Seth e olhou para
Sue e Billy. ―Obrigado a vocês também. Por ter deixado o Seth vir. Por dar apoio a
Bella hoje.‖
―De nada‖ Billy disse com sua voz profunda, gutural, e eu me surpreendi com o
otimismo na voz dele. Talvez uma trégua mais forte estivesse no horizonte.
Uma pequena fila estava se formando, então Seth acenou dando adeus e Billy empurrou
sua cadeira em direção à comida. Sue manteve uma mão em cada um deles.
Angela e Bem eram os próximos querendo nossa atenção, seguidos pelos pais de
Angela e então Mike e Jéssica, que estavam - para minha surpresa - de mãos dadas. Eu
não sabia que eles estavam juntos de novo. Isso era bom.
Atrás dos meus amigos humanos estavam os meus novos primos, os vampiros do clã
Denali. Eu me dei conta de que estava prendendo a respiração enquanto a vampira da
frente - Tanya, eu presumi pelo tom dos seus cabelos loiros - se aproximava para
abraçar Edward. Perto dela, os outros três vampiros de olhos dourados me olharam com
franca curiosidade.
Uma das mulheres tinha um cabelo longo, loiro pálido, liso como seda. A outra mulher
e o homem ao seu lado tinham cabelos escuros, com a pele meio escurecida sobre sua
compleição pálida.
Eles eram todos tão lindos que faziam meu estômago doer.
―Ah, Edward‖, Tanya disse. ―Eu senti sua falta.‖
Edward gargalhou e inteligentemente conseguiu se livrar do abraço, colocando a mão
levemente sobre o ombro dela e dando um passo pra trás. ―Já faz bastante tempo, Tanya.
Você parece bem.‖
―E você também.‖
―Deixe-me apresenta-los minha esposa.‖ Era a primeira vez que Edward dizia essa
palavra desde que isso virou oficialmente verdade; parecia que ele ia explodir de
satisfação dizendo isso agora. Todos os Denali sorriram levemente em resposta. ―Tanya,
esta é minha Bella.‖
Tanya era exatamente tão amável quanto nos meus piores pesadelos haviam predito. Ela
me lançou um olhar que era mais especulativo do que resignado, e então pegou minha
mão.
―Bem vinda à família, Bella‖, ela sorriu um pouco descontente. ―Nós nos consideramos
uma extensão da família de Carlisle, e eu lamento por, er, aquele incidente recente
quando não nos comportamos como tal. Nós devíamos ter te conhecido mais cedo. Você
pode nos perdoar?‖
―É claro‖, eu disse sem fôlego. ―É muito bom conhecer vocês.‖
―Agora todos os Cullen tem um par. Talvez agora seja a nossa vez, hein, Kate?‖ Ela
sorriu para a loira.
―Continue sonhando‖, Kate disse, rolando seus olhos. Ela tomou minha mão de Tanya e
apertou-a gentilmente. ―Bem vinda, Bella.‖
A mulher de cabelos escuros pôs a mão sobre a de Kate. ―Eu sou Carmem, esse é
Eleazar. Estamos muito felizes por finalmente conhecer você.‖
―E-eu também‖, eu gaguejei.
Tanya olhou para as pessoas esperando atrás dela - o companheiro de trabalho de
Charlie, Mark, e sua esposa. Seus olhos eram enormes enquanto eles olhavam para os
Denali.
―Vamos nos conhecer depois. Nós temos muito tempo para fazer isso!‖ Tanya riu
enquanto ela e sua família seguiam em frente.
Todos os padrões tradicionais foram mantidos. Eu fiquei cega pelos flashes de luz
enquanto segurávamos a faca sobre o bolo espetacular - grande demais, eu pensei, para
o nosso grupo relativamente íntimo de amigos e familiares. Nós começamos a enfiar
bolo nos rostos um do outro; Edward engoliu corajosamente e parte que cabia a ele
enquanto eu olhava sem acreditar. Eu joguei meu buquê com estranha destreza,
diretamente nas mãos da surpresa Angela.
Emmett e Jasper rugiram de tanto rir quanto Edward arrancou a minha liga emprestada que eu havia feito deslizar quase até o meu calcanhar - muito cuidadosamente com os
dentes. Com uma piscadela pra mim, ele atirou-a bem na cara de Mike Newton.
E quando a música começou, Edward me puxou pros seus braços para a costumeira
primeira dança; eu fui por vontade própria, apesar do meu medo de dançar especialmente dançar na frente de uma platéia - feliz por ele simplesmente me abraçar.
Ele fez todo o trabalho, e eu girei sem esforço algum sob as luzes e flashes brilhantes
das câmeras.
―Aproveitando a festa, Sra. Cullen?‖ Ele sussurrou no meu ouvido.
Eu ri. ―Eu vou levar um tempo pra me acostumar com isso.‖
―Nós temos muito tempo‖, ele me lembrou, sua voz exultante, e se inclinou pra me
beijar enquanto a gente dançava. Câmeras disparavam sem parar.
A música trocou, e Charlie cutucou o ombro de Edward.
Dançar com Charlie nem de perto foi tão fácil. Ele não era melhor do que eu, então nós
nos mexíamos cuidadosamente de um lado pro outro no pequeno formato de um
quadrado. Edward e Esme giravam ao nosso redor como Fred Astaire e Ginger Rogers.
―Eu vou sentir sua falta lá em casa, Bella. Eu já me sinto sozinho.‖
Eu falei através da minha garganta apertada, tentando fazer piada sobre isso. ―Eu me
sinto simplesmente horrível, tendo que fazer você cozinhar pra si mesmo - é
praticamente um crime de negligência. Você podia me prender.‖
Ele deu um sorriso. ―Eu acho que vou sobreviver à comida. Só me ligue quando puder.‖
―Eu prometo.‖
Parecia que eu tinha dançado com todo mundo. Era bom ver todos os meus amigos, mas
eu queria mesmo era estar com Edward acima de qualquer coisa. Eu fiquei feliz quando
ele finalmente interrompeu, meio minuto depois que uma nova dança começou.
―Ainda não gosta muito de Mike, hein?‖ Eu comentei enquanto Edward me puxava pra
longe dele.
―Não quando eu preciso ouvir os pensamentos dele. Ele tem sorte que eu não o botei pra
fora. Ou pior.‖
―Tá, certo.‖
―Você teve uma chance de olhar para si mesma?‖
―Um, não, eu acho que não. Por quê?‖
―Então eu acho que você não se dá conta que está absolutamente linda e de tirar o
fôlego esta noite. Não me surpreende que Mike tenha dificuldade com seus
pensamentos impróprios com uma mulher casada. Eu estou desapontado por Alice não
ter te forçado a se olhar no espelho.‖
―Você é louco, sabia?‖
Ele suspirou e então parou e me virou em direção à casa. A parede de vidro refletia a
festa lá atrás como um longo espelho. Edward apontou para o casal no espelho
diretamente à nossa frente.
―Sou louco, não é?‖
Eu vi apenas um pouco do reflexo de Edward - uma duplicata perfeita de seu rosto
perfeito - com uma bonitona de cabelos escuros ao seu lado. A pele dela era como rosas
e creme, seus olhos estavam enormes e excitados e margeados por enormes cílios
grossos. A estrutura estreita do vestido branco cintilante ficava subitamente cheio na
cauda quase como um lírio invertido, cortado com tanta destreza que seu corpo parecia
elegante e gracioso - quando estava parada, pelo menos.
Antes de conseguir piscar e fazer a beleza se voltar para mim, Edward enrijeceu
repentinamente e se virou automaticamente na outra direção, como se alguém tivesse
chamado seu nome.
―Oh‖, ele disse. A testa dele enrugou por um instante e depois ficou suave de novo
rapidamente.
De repente, ele estava sorrindo brilhantemente.
―O que é?‖ Eu perguntei.
―Um presente de casamento surpresa‖
―Huh?‖
Ele não respondeu; ele simplesmente começou a dançar de novo, girando comigo para o
lado oposto ao que estávamos indo antes, nos distanciando das luzes e entrando nas
profundezas da noite que cercava a luminosa pista de dança.
Ele não parou até que alcançamos o lado escuro de uma das enormes cidreiras. Então
Edward seguiu diretamente para a sombra mais escura.
―Obrigado‖, Edward disse para a escuridão. ―Isso é muito… gentil da sua parte.‖
―Gentil é o meu nome do meio‖ uma voz rouca familiar se ergueu da noite escura.
―Posso invadir?‖
Minha mão voou para a minha garganta, e se Edward não estivesse me segurando eu ia
sofrer um colapso.
―Jacob!‖ Eu botei pra fora assim que consegui respirar. ―Jacob!‖
―E aí, Bells.‖
Eu cambaleei na direção da voz dele. Edward continuou segurando meu cotovelo até
que outro forte par de mãos me pegou na escuridão. O calor da pele de Jacob queimou o
cetim do vestido enquanto ele me puxou pra perto. Ele não se esforçou pra dançar; ele
apenas me abraçou enquanto eu enterrava meu rosto em seu peito. Ele se inclinou para
encostar seu queixo no topo de minha cabeça.
―Rosalie não vai me perdoar se ela não tiver sua valsa oficial na pista de dança‖,
Edward murmurou, e eu sabia que ele estava nos deixando, me dando um presente esse momento com Jacob.
―Oh, Jacob‖, eu estava chorando agora; eu não conseguia botar as palavras pra fora com
clareza. ―Obrigada.‖
―Para de se derreter, Bella. Você vai estragar seu vestido. Sou só eu.‖
―Só? Oh, Jake! Tudo está perfeito agora.‖
Ele rosnou. ―É - a festa já pode começar o padrinho finalmente chegou.‖
―Agora todos que eu amo estão aqui.‖
Eu senti os lábios dele passando pelos meus cabelos. ―Eu lamento ter me atrasado,
querida.‖
―Eu estou tão feliz por você ter vindo!‖
―Essa era a idéia.‖
Eu olhei na direção dos convidados, mas não consegui ver através dos dançarinos o
lugar onde eu tinha visto o pai de Jacob pela última vez. Eu não sabia se ele tinha
ficado. ―Billy sabe que você está aqui?‖
Assim que eu perguntei, eu soube que ele devia saber - era a única maneira de explicar a
sua expressão feliz de antes.
―Eu tenho certeza que Sam contou a ele. eu vou vê-lo quando… quando a festa acabar.‖
―Ele vai ficar tão feliz por você estar em casa.‖
Jacob se afastou um pouco e se ergueu de novo. Ele deixou uma mão na parte de baixo
das minhas costas e segurou minha mão direita com a outra. Ele segurou nossas mãos
no peito dele; eu podia sentir o coração dele batendo sob minha palma, e eu supus que
ele não havia colocado a minha mão lá por acidente.
―Eu não sei se vou ganhar mais do que essa dança‖ ele disse, e começou a me puxar em
círculos que não combinavam com o ritmo da música vindo de trás de nós. ―É melhor
que eu tire o melhor que puder disso.‖
Nós nos movíamos seguindo o ritmo do coração dele embaixo da minha mão.
―Eu estou feliz por ter vindo‖, ele disse baixinho depois de um momento. ―Eu não achei
que ficaria feliz. Mas é bom ver você… uma vez mais. Não é tão triste quanto eu
imaginei que seria.‖
―Eu não quero que você se sinta triste.‖
―Eu sei disso. E eu não vim essa noite pra te fazer sentir culpada.‖
―Não - eu fico muito feliz por você ter vindo. É o melhor presente que você podia ter
me dado.‖
Meus olhos estavam se ajustando, e agora eu conseguia ver o rosto dele, mais alto do
que eu esperava. Será que era possível que ele ainda estivesse crescendo? Ele devia
estar se aproximando de dois metros e meio de altura. Era um alívio ver o rosto familiar
novamente depois de todo esse tempo - seus olhos escuros embaixo das sobrancelhas
pretas bagunçadas, as maçãs altas de seu rosto, seus lábios cheios esticados sobre os
dentes brilhantes num sorriso sarcástico que combinava com a voz dele. Seus olhos
estavam apertados nos cantos - cuidadoso; eu podia ver que ele estava sendo muito
cuidadoso essa noite. Ele estava fazendo todo o possível pra me deixar feliz, pra não dar
uma escapulida e deixar claro o quanto isso era difícil pra ele.
Eu nunca fiz nada bom o suficiente pra merecer um amigo como Jacob.
―Quando você decidiu voltar?‖
―Conscientemente ou inconscientemente?‖ Ele respirou profundamente antes de
responder sua própria pergunta. ―Eu realmente não sei. Eu acho que já faz algum tempo
que eu estou rondando essa área, e talvez isso seja porque eu vinha para cá. Mas não foi
até essa manhã que eu comecei a correr. Eu não sabia se ia conseguir chegar a tempo.‖
Ele riu. ―Você não acreditaria no quanto isso parece estranho - caminhar sobre duas
pernas de novo. E roupas! E é mais bizarro ainda porque isso parece estranho. Eu não
esperava isso. Eu estou sem prática nessa coisa toda de humano.‖ Ele girou firmemente
sem sair do lugar.
―Seria uma pena perder de vê-la assim, no entanto. Isso já valeu a viagem até aqui.
Você está inacreditável, Bella. Tão linda.‖
―Alice investiu muito tempo em mim hoje. O escuro também está ajudando.‖
―Não está tão escuro pra mim, sabe.‖
―Certo.‖ Sentidos de lobisomem. Era fácil esquecer-se de todas as coisas que ele podia
fazer, ele parecia tão humano. Especialmente agora.
―Você cortou seu cabelo‖, eu notei.
―É. É mais fácil, sabe. Eu achei melhor usar bem as minhas mãos.‖
―Está bonito‖, eu menti.
Ele rosnou. ―Certo. Eu mesmo cortei, com facas de cozinha enferrujadas.‖ Ele deu um
sorriso largo por um momento, e aí seu sorriso sumiu. A expressão dele ficou séria.
―Você está feliz, Bella?‖
―Sim.‖
―Okay‖. Eu senti ele erguer os ombros. ―Isso é o mais importante, eu acho.‖
―Como você está Jacob? Sério?‖
―Eu estou bem, Bella, de verdade. Você não precisa mais se preocupar comigo. Pode
para de encher o saco do Seth.‖
―Eu não estou enchendo o saco dele só por sua causa. Eu gosto do Seth.‖
―Ele é um bom garoto. Melhor companhia do que alguns. Eu te digo, se eu pudesse me
ver livre das vozes na minha cabeça, ser um lobisomem seria perfeito.‖
Eu sorri pela forma que isso soou. ―É. Eu também não consigo fazer as minhas vozes
pararem.‖
―No seu caso isso ia significar que você está louca. É claro, eu já sabia que você é
louca‖, ele zombou.
―Obrigada.‖
―Insanidade provavelmente é mais fácil do que dividir os pensamentos com um bando.
As vozes das pessoas loucas não mandam babás atrás deles.‖
―Huh?‖
―Sam está por aí. E alguns dos outros. Só por via das dúvidas, sabe.‖
―Que dúvidas?‖
―No caso de eu não conseguir me controlar, alguma coisa assim. No caso de eu tentar
destruir a festa.‖ Ele abriu um sorriso rápido pelo que pareceu ser uma boa idéia para
ele. ―Mas eu não estou aqui para estragar seu casamento, Bella. Eu estou aqui para…‖
Ele parou.
―Pra deixar tudo perfeito.‖
―Isso é um pouco grandioso demais.‖
―Que bom que você é tão alto.‖
Ele rosnou com a minha piada ruim e então suspirou. ―Eu estou aqui só pra ser seu
amigo. Seu melhor amigo, uma última vez.‖
―Sam devia te dar mais crédito.‖
―Bem, talvez eu esteja sendo sensível demais. Talvez eles já devessem estar aqui de
qualquer jeito, pra ficar de olho no Seth. Tem um monte de vampiros por aqui. Seth não
leva isso tão a sério quanto devia.‖
―Seth sabe que não está em perigo. Ele compreende os Cullen melhor que Sam.‖
―Claro, claro‖, Jacob disse, fazendo paz antes que isso se transformasse numa briga.
Era estranho vê-lo sendo tão diplomata.
―Eu lamento por essas vozes‖, eu disse. ―Eu queria poder melhorar as coisas.‖ De várias
maneiras.
―Não é tão ruim. Eu só to choramingando um pouco.‖
―Você está… feliz?‖
―Estou bem perto. Mas já chega de falar de mim. Você é a estrela hoje‖. Ele gargalhou.
―Eu aposto que você está adorando isso. Ser o centro das atenções.‖
―É. Eu nunca me canso da atenção.‖
Ele riu e olhou para a minha mão. Com os lábios torcidos, ele estudou o brilho cintilante
da festa de recepção, os graciosos giros dos dançarinos, as pétalas flutuantes caindo das
guirlandas; eu olhei junto com ele. Tudo parecia muito distante desse espaço escuro,
silencioso. Era quase como observar os pequenos pedacinhos brancos caindo em
círculos num globo de neve.
―Eu admito isso pra eles‖, ele disse. ―Eles sabem como dar uma festa.‖
―Alice é uma força da natureza impossível de ser detida.‖
Ele suspirou. ―A música acabou. Você acha que eu posso dançar outra? Ou isso é pedir
demais de você?‖
Eu apertei a mão dele com a minha. ―Você pode ter quantas danças quiser.‖
Ele riu. ―Isso seria interessante. Mas eu acho que é melhor parar nas duas. Não quero
dar motivo pra fofoca.‖
Nós viramos em outro círculo.
―É de se imaginar que a essa altura eu já estivesse acostumado a ter dizer adeus‖, ele
murmurou.
Eu tentei engolir o caroço na minha garganta, mas não consegui forçá-lo a descer.
Jacob olhou pra mim e fez uma careta. Ele passou os dedos na minha bochecha,
pegando as lágrimas que escorriam ali.
―Não é você quem devia estar chorando, Bella‖.
―Todo mundo chora em casamentos‖, eu disse com a voz grossa.
―É isso que você quer, não é?‖
―É.‖
―Então sorria.‖
Eu tentei. Ele sorriu com a minha careta.
―Eu vou tentar lembrar de você assim. Fingir que…‖
―Que o quê? Que eu morri?‖
Ele apertou os dentes. Ele estava lutando consigo mesmo - com a sua decisão de fazer
de sua presença aqui um presente e não um julgamento. Eu podia adivinhar o que ele
queria dizer.
―Não‖, ele respondeu finalmente. ―Mas eu vou te ver desse jeito em minha cabeça.
Bochechas rosadas. Coração batendo. Dois pés esquerdos. Tudo isso.‖
Eu deliberadamente pisei no pé dele o mais forte que pude.
Ele sorriu. ―Essa é a minha garota.‖
Ele começou a dizer outra coisa mas fechou a boca. Lutando de novo, ele fechou os
dentes sobre as palavras que ele não queria dizer.
Meu relacionamento com Jacob costumava ser tão fácil. Natural como respirar. Mas
desde que Edward voltou para a minha vida, era uma dificuldade constante. Porque nos olhos de Jacob - escolhendo Edward, eu estava escolhendo um futuro que era pior
que a morte, ou pelo menos equivalente a isso.
―O que foi, Jake? É só me dizer. Você pode me dizer qualquer coisa.‖
―Eu - eu… não tenho nada pra te dizer.‖
―Oh, por favor. Bota logo pra fora.‖
―É verdade. Não é… é - é uma pergunta. É uma coisa que eu quero que você diga pra
mim.‖
―Pergunte.‖
Ele resistiu por um minuto e então exalou. ―Eu não devia. Não importa. É simplesmente
curiosidade mórbida.‖
Como eu o conhecia tão bem, eu entendi.
―Não é essa noite, Jacob‖, eu sussurrei.
Jacob estava ainda mais obcecado com a minha humanidade que Edward. Cada uma das
batidas do meu coração era como um tesouro, já que elas agora estavam com os dias
contados.
―Quando?‖ Ele murmurou.
―Eu não tenho certeza. Uma semana ou duas, talvez.‖
A voz dele mudou, criou um tom defensivo, de zombaria. ―O que está te impedindo?‖
―Eu simplesmente não queria passar a minha lua de mel esperneando de dor.‖
―Você prefere passa-la como? Jogando cartas? Ha Ha.‖
―Muito engraçado.‖
―Brincadeira, Bells. Mas honestamente, eu não vejo qual a necessidade. Você não pode
ter uma lua de mel de verdade com o seu vampiro, então porque atrasar isso? Vamos ser
sinceros. Não é a primeira vez que você adia. Isso, no entanto, é uma coisa boa―, ele
disse, repentinamente, mostrando sinceridade. ―Não fique com vergonha disso.‖
―Eu não estou adiando‖, eu atirei. ―E sim, eu posso ter uma lua de mel de verdade! Eu
posso fazer o que eu quiser! Se liga!‖
Ele parou o lento círculo da dança abruptamente. Por um momento, eu me perguntei se
ele finalmente havia reparado que a música tinha mudado, e eu procurei na minha mente
alguma forma de contornar o nosso pequeno desentendimento antes que ele dissesse
adeus. Nós não devíamos nos despedir dessa forma.
E aí os olhos dele ficaram muito arregalados com um tipo estranho de horror confuso.
―O quê?‖ Ele resfolegou. ―O que você disse?‖
―Sobre o quê… Jake? Qual é o problema?‖
―O que você quis dizer? Ter uma lua de mel de verdade? Enquanto você ainda é
humana? Você tá brincando? Essa é uma piada doentia, Bella!‖
Eu o encarei. ―Eu disse pra você se ligar, Jake. Isso simplesmente não é assunto seu. Eu
não devia ter… nós não devíamos estar conversando sobre isso. É particular -‖
As mãos enormes dele agarraram a parte de cima dos meus braços, se fechando neles,
seus dedos se tocando.
―Ow, Jake! Me solta!‖
Ele me sacudiu.
―Bella! Você perdeu a cabeça? Você não pode ser tão estúpida assim! Me diga que você
está brincando!‖
Ele me sacudiu de novo. As mãos dele apertadas como torniquetes, estavam tremendo,
mandando vibrações profundas pelos meus ossos.
―Jake - pare!‖
De repente a escuridão foi tomada por uma multidão.
―Tire as suas mãos dela!‖ A voz de Edward era fria como gelo, afiada como navalhas.
Atrás de Jacob, houve um rosnado que saiu da escuridão da noite, e depois outro, mais
alto que o primeiro.
―Jake, mano, se afasta.‖ Eu ouvi Seth Clearwater pedir. ―Você está perdendo o
controle.‖
Jacob pareceu ficar congelado como estava, seus olhos horrorizados estava arregalados
e vidrados.
―Você vai machucá-la‖, Seth sussurrou. ―Solte-a.‖
―Agora!‖ Edward rosnou.
As mãos de Jacob caíram dos lados do seu corpo, e o fluxo de sangue que começou a
correr repentinamente em minhas veias era quase doloroso. Antes que eu pudesse me
dar conta de mais coisas além disso, mãos frias tomaram o lugar das mãos quentes , e de
repente o ar ao meu redor começou a correr.
Eu pisquei, e estava de pé a doze metros de distância do lugar onde eu havia estado
antes. Edward estava tenso na minha frente. Haviam dois enormes lobos entre ele Jacob,
mas eles não pareciam agressivos comigo. Era mais como se eles estivessem tentando
prevenir a briga.
E Seth - o grande Seth, de apenas quinze anos - passou seus braços longos ao redor do
corpo trêmulo de Jacob, e estava puxando-o para longe. Se Jacob se transformasse com
Seth tão perto dele…
―Anda, Jake. Vamos.‖
―Eu vou matar você‖, Jacob disse, a voz dele estava tão esganiçada de raiva que era
apenas um sussurro baixo. Seus olhos, focados em Edward, queimavam de fúria. ―Eu
vou matar você com minhas próprias mãos! Eu vou fazer isso agora!‖ Ele tremeu
convulsivamente.
O maior lobo, o preto, rosnou alto.
―Seth, saia do caminho.‖ Edward assobiou.
Seth puxou Jacob novamente. Jacob estava tão acometido de raiva que Seth conseguiu
arranca-lo mais uns metros pra longe. ―Não faça isso, Jake. Vamos embora. Anda.‖
Sam - o maior lobo, o preto - se juntou a Seth nessa hora. Ele colocou sua cabeça
enorme contra o peito de Jacob e empurrou.
Eles três - Seth puxando, Jacob tremendo, e Sam empurrando - desapareceram
rapidamente na escuridão.
O outro lobo ficou olhando eles irem. Eu não tinha certeza, na luz fraca, de qual era a
cor do pêlo dele - marrom chocolate, talvez? Era Quil, então?
―Eu lamento‖, eu sussurrei para o lobo.
―Está tudo bem agora, Bella‖, Edward murmurou.
O lobo olhou para Edward. O olhar dele não era amigável. Edward deu a ele um frio
aceno de cabeça. O lobo fez um som e então se virou para acompanhar os outros,
sumindo assim como eles.
―Tudo bem‖, Edward disse pra si mesmo, e então olhou pra mim. ―Vamos voltar.‖
―Mas Jake -‖
―Ele está nas mãos de Sam. Ele se foi.‖
―Edward, eu lamento. Eu fui estúpida -‖
―Você não fez nada errado -‖
―Eu tenho uma boca tão grande! Por que eu… Eu não devia ter deixado ele me tirar do
sério assim. O que eu estava pensando?‖
―Não se preocupe.‖ Ele tocou meu rosto. ―Precisamos voltar para a recepção antes que
alguém perceba a nossa ausência.‖
Eu balancei a cabeça, tentando me reorientar. Antes que alguém percebesse? Será que
alguém não tinha visto isso?
Então, enquanto eu pensava nisso, eu me dei conta de que o confronto que me pareceu
tão catastrófico, na realidade, tinha sido bem silencioso e curto aqui nas sombras.
―Me dê dois segundos‖, eu implorei.
Eu estava um caos por dentro com pânico e pesar, mas isso não importava - apenas o
exterior importava nesse momento. Fazer uma boa atuação era uma coisa que eu sabia
que precisava dominar.
―Meu vestido?‖
―Você está bem. Nem um fio de cabelo está fora do lugar.‖
Eu respirei profundamente duas vezes. ―Certo. Vamos lá.‖
Ele colocou o braço ao meu redor e me guiou de volta para a luz. Quando nós passamos
por baixo das luzes piscando, ele me virou gentilmente até a pista de dança. Nós nos
misturamos com os outros dançarinos como se a nossa dança nunca tivesse sido
interrompida.
Eu olhei para os convidados ao redor, mas ninguém parecia chocado ou amedrontado.
Apenas os rostos mais pálidos dali demonstravam algum sinal de estresse, e eles
estavam escondendo bem. Jasper e Emmett estavam na beira da pista de dança, juntos
um do outro, e eu adivinhei que eles tinham estado lá quando o confronto aconteceu.
―Você está -‖
―Eu estou bem‖, eu prometi. ―Eu não consigo acreditar que fiz aquilo. O que há de
errado comigo?‖
―Não há nada de errado com você.‖
Eu tinha estado tão feliz por Jacob estar lá. Eu sabia o sacrifício que ele estava fazendo.
E então eu arruinei tudo, transformei seu presente em um desastre. Eu devia estar
isolada do mundo.
Mas a minha idiotice não ia arruinar nada mais essa noite. Eu ia deixar tudo de lado, e
trancar numa gaveta pra lidar com isso mais tarde. Haveria tempo suficiente pra me
auto-flagelar com isso mais tarde, e nada do que eu fizesse nesse momento ajudaria.
―Está acabado‖, eu disse. ―Não vamos pensar nisso de novo essa noite.‖
Eu esperei que Edward concordasse rapidamente, mas ele ficou em silêncio.
―Edward?‖
Ele fechou os olhos e pôs a testa sobre a minha. ―Jacob está certo‖, ele sussurrou. ―O
que eu estou pensando?‖
―Ele não está certo.‖ Eu tentei manter meu rosto tranqüilo por causa da multidão de
amigos observando. ―Jacob é preconceituoso demais pra ver alguma coisa claramente.‖
Ele murmurou alguma coisa que quase soou como: ―Devia deixá-lo me matar só por eu
ter pensado…‖
―Pare com isso‖, eu disse ferozmente. Eu agarrei o rosto dele com as minhas mãos e
esperei até que ele abrisse os olhos. ―Você e eu. Isso é só o que importa. A única coisa
na qual você tem permissão para pensar agora. Você me ouviu?‖
―Sim‖, ele suspirou.
―Esqueça que Jacob apareceu.‖ Eu podia fazer isso. Eu ia fazer isso. ―Por mim. Prometa
que você vai deixar isso pra lá.‖
Ele me olhou nos olhos por um momento antes de responder. ―Eu prometo.‖
―Obrigada, Edward. Eu não estou com medo.‖
―Eu estou‖, ele sussurrou.
―Não fique.‖ Eu respirei profundamente e sorri. ―Por sinal, eu te amo.‖
Ele sorriu só um pouco como resposta. ―É por isso que estamos aqui.‖
―Você está monopolizando a noiva‖, Emmett disse, vindo por trás do ombro de Edward.
―Me deixe dançar com a minha irmãzinha. Ela pode ser a minha última chance de fazêla corar.‖
Ele riu alto, tão tranqüilo quanto ele sempre era não importando a atmosfera.
Acabou que havia muitas pessoas com as quais eu não tinha dançado ainda, e isso me
deu uma chance de realmente me compor e me decidir. Quando Edward me tirou pra
dançar de novo, eu decidi que a gaveta de Jacob estava bem fechada com força. Quando
ele colocou os braços ao meu redor, eu consegui recuperar a minha sensação de alegria
de anteriormente, a minha certeza de que tudo na minha vida estava no lugar certo essa
noite. Eu sorri e coloquei minha cabeça no peito dele. Os braços dele me apertaram
mais.
―Eu posso me acostumar a isso‖, eu disse.
―Não me diga que você superou os seus problemas com dança?‖
―Dançar não é tão ruim - com você. Mas eu estava pensando mais nisso,‖ - e eu me
pressionei a ele ainda mais - ―em nunca te soltar.‖
―Nunca‖, ele prometeu e se inclinou para me beijar. Esse foi um beijo sério - intenso,
lento mais aumentando o ritmo…
Eu quase tinha esquecido de onde eu estava quando ouvi Alice chamar, ―Bella, está na
hora!‖
Eu senti uma leve pontada de irritação com minha nova irmã pela interrupção.
Edward a ignorou; seus lábios estavam pousados com força nos meus, mais urgentes
que antes. Meu coração começou a correr e minhas palmas estavam escorregadias na
nuca dele.
―Vocês querem perder o avião?‖ Alice quis saber, bem ao meu lado agora. ―Eu tenho
certeza que vocês terão uma bela lua de mel acampados no aeroporto esperando pelo
próximo vôo.‖
Edward virou um pouco o rosto para murmurar ―Vai embora, Alice‖, e então pressionou
seus lábios nos meus de novo.
―Bella, você quer usar esse vestido no avião?‖ Ela quis saber.
Eu realmente não estava prestando muita atenção. Naquele momento, eu simplesmente
não ligava.
Alice rosnou baixinho. ―Eu vou contar onde você está levando ela, Edward. Deus me
ajude, mas eu vou.‖
Ele congelou. Então ele levantou o rosto do meu e encarou sua irmã favorita. ―Você é
terrivelmente pequena pra ser tão enormemente irritante.‖
―Eu não escolhi o vestido de viagem perfeito pra vê-lo sem uso‖, ela respondeu,
pegando minha mão. ―Venha comigo, Bella.‖
Eu lutei com a mão dela para ficar na ponta dos pés e dar mais um beijo nele. Ela puxou
meu braço impacientemente, me levando pra longe dele. Houveram algumas
gargalhadas dos convidados que estavam olhando. Ai eu desisti e a deixei me guiar para
a casa vazia.
Ela parecia chateada.
―Desculpa, Alice‖, eu me desculpei.
―Eu não te culpo, Bella.‖ Ela suspirou. ―Você não parece ser capaz de se controlar.‖
Eu ri da expressão martirizada dela, e ela fez uma careta.
―Obrigada, Alice. É o casamento mais lindo que alguém já teve‖, eu disse sinceramente
a ela. ―Tudo estava exatamente certo. Você é a melhor irmã, mais esperta e talentosa do
mundo inteiro.‖
Isso ganhou ela; ela deu um sorriso enorme. ―Eu estou feliz que você tenha gostado.‖
Renée e Esme estavam esperando no andar de cima. Elas três me tiraram rapidamente
do meu vestido e me puseram no vestido azul escuro para viagem de Alice. Eu fiquei
agradecida por alguém ter tirado as presilhas do meu cabelo e o deixaram cair pelas
minhas costas, ondulado por causa das minhas tranças, me salvando de uma dor de
cabeça por causa delas mais tarde. As lágrimas de minha mãe rolaram o tempo inteiro
sem parar.
―Eu vou ligar pra você quando souber pra onde estou indo‖, eu prometi enquanto eu
dava um abraço de despedida nela. Eu sabia que o segredo sobre a lua de mel estava
provavelmente deixando-a louca; mães odeiam segredos, a não ser que elas estivessem
envolvidas neles.
―Eu vou te contar assim que ela estiver seguramente longe‖, Alice ganhou de mim,
sorrindo maliciosamente pela minha expressão magoada. Que injusto, eu ser a última a
saber.
―Você vai ter que visitar a mim e ao Phil, muito, muito em breve. É a sua vez de ir para
o sul - ver o sol pra variar‖, Renée disse.
―Hoje não choveu‖, eu lembrei ela, evitando o seu pedido.
―Um milagre.‖
―Está tudo pronto‖, Alice disse. ―Suas malas estão no carro - Jasper vai traze-lo.‖ Ela
me puxou de volta em direção às escadas com Renée seguindo, ainda meio abraçada
comigo.
―Eu te amo, mãe‖, eu sussurrei enquanto descíamos. ―Eu estou muito feliz que você
tenha o Phil. Cuidem um do outro.‖
―Eu te amo também, Bella, querida.‖
―Adeus, mãe. Eu amo você‖, eu disse de novo, minha garganta grossa.
Edward estava esperando no fim das escadas. Eu segurei a mão que ele ergueu pra mim
mas me distanciei, procurando por entre a pequena multidão que esperava pra nos ver
sair.
―Pai?‖ Eu perguntei, meus olhos procurando.
―Aqui‖, Edward murmurou. Ele me puxou entre os convidados; eles abriram caminho
pra nós. Nós encontramos Charlie encostado de forma estranha na parede atrás de todo
mundo, parecendo que ele estava se escondendo. Os anéis vermelhos ao redor dos olhos
dele me explicaram porquê.
―Oh, pai!‖
Eu o abracei pela cintura, lágrimas surgindo de novo - eu estava chorando demais essa
noite. Ele deu uns tapinhas nas minhas costas.
―Tudo bem. Você não quer perder seu avião.‖
Era difícil falar de amor com Charlie - nós éramos parecidos demais, sempre revertendo
as coisas triviais para evitar demonstrações embaraçosas de carinho. Mas isso não era
hora pra ter vergonha.
―Eu amo você, pai‖, eu disse a ele. ―Não esqueça isso.‖
―Você também, Bells. Sempre amei, sempre amarei.‖
Eu beijei a bochecha dele ao mesmo tempo que ele beijou a minha.
―Me ligue‖, ele disse.
―Logo‖, eu prometi, sabendo que isso era tudo o que eu podia prometer. Apenas uma
ligação. Meu pai e minha mãe não poderiam me ver novamente; eu estaria diferente
demais, e muito, muito perigosa.
―Vá lá, então‖, ele disse com a voz grogue. ―Vocês não querem se atrasar.‖
Os convidados fizeram outro espaço pra nós. Edward me puxou para o seu lado e nós
escapamos.
―Você está pronta?‖ Ele perguntou.
―Estou‖, eu disse, e eu sabia que era verdade.
Todo mundo aplaudiu quando Edward me beijou no batente da porta. Então ele correu
para o carro enquanto a chuva de arroz começava. A maioria passou longe, mas alguém,
provavelmente Emmett, jogou com tremenda precisão, e um monte deles ricocheteou
nas costas de Edward.
O carro estava decorado com mais flores que o decoravam por toda parte, e longos laços
de fita que estavam amarrados a uma dúzia de sapatos - sapatos de estilistas famosos
que pareciam novos em folha - presos ao fundo do carro.
Edward me protegeu do arroz enquanto eu entrava, e então ele entrou e começou a
acelerar o carro enquanto eu acenava pela janela e gritava ―eu amo vocês‖ para a
varanda, onde minhas famílias acenavam de volta.
A última imagem que eu registrei foi dos meus pais. Phil tinha os dois braços rodeando
Renée ternamente. Ela tinha um braço agarrado à cintura dele e a mão livre dela
alcançou a de Charlie. Tantos tipos diferentes de amor, em harmonia nesse momento.
Me parecia uma imagem promissora.
Edward apertou minha mão.
―Eu te amo‖, ele disse.
Eu me inclinei pros braços dele. ―É por isso que estamos aqui‖, eu citei o que ele disse.
Ele beijou meu cabelo.
Enquanto nós entrávamos na estrada escurecida e Edward pisava no acelerador, eu ouvi
um barulho sobre o ronco do motor, vindo da floresta atrás de nós. Se eu podia ouvir,
ele certamente também podia. Mas ele não disse nada enquanto o som desaparecia na
distância. Eu também não disse nada.
O uivo penetrante, de partir o coração, ficou fraco e então desapareceu inteiramente.
5. Ilha Esme.
―Houston?‖ Eu perguntei, erguendo uma das sobrancelhas quando chegamos ao portão
em Seattle.
―Só uma parada ao longo do caminho,‖ Edward garantiu-me com um sorriso.
Eu senti como se quase não tivesse dormido, quando ele me acordou. Eu estava grogue
quando ele me puxou pelos terminais, lutando para me lembrar que deveria manter os
olhos abertos. Me custou alguns minutos para entender o que estava acontecendo
quando nós paramos no balcão internacional para o check in do nosso próximo vôo.
―Rio de Janeiro?‖ Perguntei com um pouco mais de ansiedade.
―Outra parada.‖ Ele me disse.
O vôo para a América do Sul foi longo, mas confortável no largo assento de primeira
classe, com os braços de Edward a minha volta. Eu dormi e acordei estranhamente
alerta enquanto nós virávamos em direção ao aeroporto com o pôr-do-sol se inclinando
através da janela do avião.
Nós não ficamos no aeroporto para estabelecer uma ligação para outro vôo, como eu
esperava. Em vez disso, pegamos um taxi através da escuridão, cheia de vida, das ruas
do Rio de Janeiro. Incapaz de entender as instruções em português que Edward dava ao
motorista, eu imaginei que íamos encontrar um hotel antes de seguir para a próxima
parte da nossa jornada. Uma forte pontada de alguma coisa muito parecida com medo
de palcos fez meu estômago revirar enquanto eu considerava isso. O táxi continuou
passando pelas multidões até que elas foram diminuindo, de alguma forma, e nós
parecíamos estar nos aproximando do lado oeste da cidade, indo em direção ao oceano.
Nós paramos nas docas.
Edward mostrou o caminho pela longa linha de iates brancos atracados na água
escurecida pela noite. O barco em que ele parou era menor que os ouros, mais suave,
obviamente construído para velocidade ao invés de espaço. No entanto ainda era
luxurioso, e mais gracioso que o resto. Ele saltou para dentro suavemente, apesar das
pesadas malas que carregava. Ele as soltou no convés e se virou para me ajudar
cuidadosamente a passar pela beira.
Eu assisti em silêncio enquanto ele preparava o barco para partir, surpresa com o quão
hábil e confortável ele parecia, já que ele nunca tinha mencionado interesse em navegar
antes. Mas de novo, ele era bom em simplesmente tudo.
Enquanto nós íamos em direção ao leste dentro do oceano aberto, eu examinei a
geografia básica na minha cabeça. Até onde eu podia me lembrar, não tinha muito ao
leste do Brasil… até que você chegasse à África.
Mas Edward acelerou a frente enquanto as luzes do Rio sumiam e no fim das contas
desapareciam atrás de nós. Em seu rosto estava um familiar sorriso alegre, aquele
produzido por qualquer forma de velocidade. O barco se precipitava através das ondas e
eu estava umedecida com o salpico do mar.
No fim a curiosidade que eu suprimi por tanto tempo tomou a maior parte de mim.
―Nós estamos indo muito longe?‖, eu perguntei.
Não era como se ele tivesse esquecido que eu era humana, mas eu me perguntei se ele
tinha planejado para nós vivermos nessa pequena embarcação por qualquer período de
tempo.
―Mais uma meia hora‖. Seus olhos seguiram por minhas mãos, e ele sorriu.
Oh bem, eu pensei comigo mesma. Ele era um vampiro, depois de tudo. Talvez
fossemos para Atlantis.
Vinte minutos depois, ele chamou pelo meu nome acima do ronco do motor.
―Bella, olhe lá.‖ Ele apontou para a frente.
Primeiro eu só vi escuridão, e a trilha branca que refletia da lua para a água. Mas eu me
concentrei no ponto para o qual ele apontava até achar uma forma escurecida e baixa
quebrando a luz da lua nas ondas. Enquanto eu olhava para a escuridão, a silhueta ficou
mais detalhada. Era a forma de um triangulo irregular, com um lado mais longo do que
o outro antes de afundar nas ondas. Nós nos aproximamos e eu pude ver que os
contornos eram leves, balançando à leve brisa.
E então os meus olhos entraram em foco e todos os pedaços fizeram sentido: uma
pequena ilha surgiu na água na nossa frente, com as palmeiras ondulando com o vento,
uma praia pálida na luz da lua.
―Onde estamos?‖ eu murmurei maravilhada enquanto ele mudava o curso, rumando
para o lado norte da ilha.
Ele me escutou, apesar do barulho das máquinas, e sorriu um largo sorriso que brilhou
na luz da lua.
―Essa é a Ilha Esme.‖
O barco diminuiu dramaticamente, entrando com perfeição até uma posição contra um
pequeno cais construído com tábuas de madeira, branqueado pela lua. A máquina parou,
e o silencio que se seguiu foi profundo. Não existia nada além das ondas, batendo
calmamente contra o barco, e o sussurrar da brisa nas palmeiras. O ar era quente, úmido
e perfumado - como o vapor deixado para trás depois de um banho quente.
―Ilha Esme?‖ minha voz era baixa, mas ainda assim bem alta enquanto quebrava a
quietude da noite.
―Um presente de Carlisle - Esme ofereceu emprestada.‖
Um presente. Quem dá uma ilha de presente? Eu pensei. Eu nunca tinha pensado que a
extrema generosidade de Edward era algo que foi ensinado a ele.
Ele colocou as malas no cais e então voltou, sorrindo seu sorriso perfeito enquanto ele
me alcançava. Ao contrário de pegar as minhas mãos, ele me puxou direto para os seus
braços.
―Você não devia esperar a porta?‖ eu perguntei, sem fôlego, enquanto ele saia do barco.
Ele deu uma risada. ―Não sou nada a não ser perfeito.‖
Segurando as alças das duas grandes malas em uma mão e me segurando no outro
braço, ele me carregou para fora do cais e para um caminho de areia através da
vegetação escura.
Por um pequeno período tudo estava escuro na vegetação que crescia como uma selva,
mas então eu pude ver uma luz à frente. Foi no ponto que eu descobri que a luz era uma
casa - as duas claras e quadradas eram janelas ao redor de uma porta de entrada - que o
estado de medo atacou de novo, mais forte que nunca, pior ainda que quando pensei que
estávamos indo para um hotel.
O meu coração bateu forte e a minha respiração parecia estar presa na minha garganta.
Eu senti os olhos de Edward no meu rosto, mas eu me recusei a encontrar o seu olhar.
Encarei a frente, sem ver nada.
Ele não perguntou o que eu estava pensando, o que não era comum para ele. Eu
suspeitei que isso significasse que ele estava tão nervoso quanto eu estava.
Ele colocou as malas num largo alpendre para abrir as portas - elas não estavam
trancadas.
Edward olhou para mim, esperando que eu encontrasse o seu olhar antes que ele
entrasse pela porta.
Ele me carregou pela casa, nós dois quietos, acendendo as luzes enquanto passávamos.
Minha vaga impressão da casa era que ela era bem grande para uma ilha pequena, e
estranhamente familiar. Eu tinha me acostumado com o esquema de cor pálido preferido
pelos Cullen; me sentia como em casa. Apesar disso, eu não consegui focar coisas
específicas. O violento pulso batendo atrás das minhas orelhas fez tudo um pouco
esfumaçado.
Então Edward parou e acendeu a ultima luz.
O quarto era grande e branco, e a parede mais longe era praticamente vidro - decoração
comum para os meus vampiros. Lá fora, a lua era luminosa na areia branca e, algumas
jardas distantes da casa, as ondas brilhavam. Mas eu quase não notei aquela parte.
Estava mais focada na gigantesca cama branca no centro do quarto, com um gigantesco
mosquiteiro.
Edward me colocou em pé.
―Vou… buscas as malas‖
O quarto era muito quente, mais asfixiante que a noite tropical lá fora. Uma gota de suor
desceu pelas minhas costas. Eu andei devagar até conseguir tocar o mosquiteiro. Por
alguma razão eu tinha que garantir que tudo era real.
Eu não escutei o retorno do Edward. De repente, o seu dedo frio tocou a parte de trás do
meu pescoço, secando o meu suor.
―Está um pouquinho quente aqui‖ ele disse pedindo desculpas. ―Eu pensei… que seria
melhor.‖
―Concordo,‖ eu murmurei debaixo da minha respiração, e ele riu contido. Um som
nervoso, raro para Edward.
―Eu tentei pensar em tudo que faria isso… mais fácil.‖ ele admitiu.
Eu engoli seco, ainda olhando para longe dele. Já teve alguma vez uma lua de mel assim
antes?
Eu sabia a resposta para isso. Não. Não teve.
―Eu estava pensando,‖ Edward disse devagar, ―se… antes… talvez você gostaria de dar
um mergulho a meia noite comigo?‖ Ele respirou fundo, e a sua voz estava mais calma
quando ele continuou. ―A água vai estar bem quente. Esse é o tipo de praia que você
aprovaria.‖
―Parece bom‖ Minha voz desafinou.
―Eu vou precisar de um minuto humano, ou dois … Foi uma vigem longa.‖
Eu concordei com a cabeça. Eu me sentia abertamente humana. Alguns minutos sozinha
poderiam ajudar.
Os lábios dele começaram a beijar minha garganta, subindo até minha orelha. Ele riu, e
sua respiração gelada fez cócegas na minha pele quente. ―Não demore muito Sra.
Cullen.‖
Eu estremeci um pouco ao som do meu novo nome.
Os lábios dele beijaram debaixo do meu pescoço até a ponta dos meus ombros. ―Eu vou
esperar por você na água.‖
Ele foi se afastando de mim, indo até a porta, que tinha um estilo francês e abrindo dava
diretamente para a praia. No caminho ele tirou a camisa, deixando a cair no chão, e
deslizou pela porta na noite iluminada pela luz da lua. Sua frangancia encheu o quarto
enquanto ele saia.
A minha pele começou a queimar? Eu tive que ver para conferir. Não, nada estava
queimando. Ao menos não visivelmente.
Eu me recordei que tinha que respirar, e tropecei em direção a gigante mala que Edward
tinha aberto em cima de uma penteadeira branca. Só podia ser minha, por que minha
familiar nécessaire estava bem em cima, e tinha muito rosa lá, mas eu não reconheci
nem mesmo uma peça de roupa. Eu vasculhei as pilhas bem dobradas - procurando
alguma coisa familiar e confortável, um par de meias talvez - até que eu vi um terrível
monte de laços de cetim nas minhas mãos. Lingerie. Muita lingerie com etiquetas
francesas.
Eu não sabia como ou onde, mas algum dia, Alice ia pagar por isso.
Desistindo eu fui até o banheiro espiando pelas grandes janelas abertas para a mesma
praia, como as portas em estilo francês mostravam. Eu não podia vê-lo; eu acho que ele
estava lá na água, não se incomodando em levantar e respirar. No céu a lua estava
inclinada, quase cheia, e a areia era branca e brilhante, sob a luz da lua. Um pequeno
movimento capturou meu olhar - sobre um dos galhos das finas árvores que cresciam na
praia, o resto de suas roupas balançava na brisa leve.
Uma onda de calor percorreu a minha pele de novo.
Eu respirei fundo algumas vezes e então me virei para os espelhos suspensos na longa
fileira de balcões. Eu estava exatamente como eu devia parecer, tendo dormido o dia
todo no avião. Eu achei minha escova e a passei com força através do emaranhado de
cabelos atrás da minha cabeça até que eles estivessem lisos e a escova cheia de cabelo.
Eu escovei meus dentes meticulosamente, duas vezes. Então eu lavei meu rosto e
espirrei um pouco de água na minha nuca., que estava queimando. Me senti tão bem
quando eu lavei também meus braços, e finalmente eu decide tomar um banho. Eu sabia
que era ridículo tomar banho antes de nadar, mas eu precisava me acalmar, e o clima
quente era uma boa desculpa para fazer isso.
Depilar minha pernas de novo me pareceu uma boa idéia.
Quando eu tinha acabado, peguei uma enorme toalha branca do balcão e a enrolei
embaixo dos meus braços.
Então eu me deparei com um dilema que eu não tinha pensado antes. O que eu deveria
usar? Não um maiô, claro. Mas também parecia bobo me vestir de novo. Eu não queria
nem ao menos pensar nas coisas que Alice tinha colocado na mala pra mim.
Minha respiração começou a ficar acelerada e mãos começaram a tremer - demais para
os efeitos calmantes do banho. Eu comecei a sentir um pouco de vertigem
aparentemente um ataque de pânico estava a caminho. Eu me sentei no piso fresco em
cima da minha toalha e coloquei minha cabeça entre meus joelhos. Eu rezei para que ele
não decidisse vir me checar antes que eu fosse me juntar a ele. Posso apenas imaginar o
que ele pensaria se me visse aos pedaços indo de encontro a ele. Não seria difícil pra ele
se convencer de que estava cometendo um erro.
E eu não estava enlouquecendo por pensar que estava cometendo um erro. Não mesmo.
Eu estava enlouquecendo por que eu não tinha idéia de como fazer isso, e eu estava com
medo de sair daquele quarto e encarar o desconhecido. Especialmente com lingerie
francesa. Eu sabia que não estava pronta para ―aquilo‖ ainda.
Era exatamente como ir enfrentar um teatro cheio de pessoas sem ter idéia das minhas
falas.
Como a gente faz isto - engole todos os medos e confia em alguém tão implicitamente
com cada imperfeição e temor que eles tivessem - com menos do que o compromisso
absoluto que Edward me tinha dado? Se não fosse o Edward lá fora, se eu não soubesse
com cada célula do meu corpo que ele me amou tanto como o amei incondicionalmente e irrevogavelmente e para falar a verdade, irracionalmente - eu
nunca seria capaz de me levantar dali.
Mas era Edward lá fora, portanto sussurrei que as palavras ―Não seja covarde‖ embaixo
da minha respiração perto dos meus pés; enrolei a toalha mais apertada embaixo dos
meus braços e marchei determinadamente pra fora do banheiro. Passei correndo pela
mala cheia dos finos cordões de cetim e pela cama grande sem olhar nenhum deles. Lá
fora a porta de vidro estava aberta para a areia perfeita e fina.
Tudo estava preto - e - branco, sem cor por causa da luz da lua. Eu andei lentamente
através da areia quente, parando ao lado da árvore curvada onde ele tinha deixado a sua
roupa. Apoiei minhas mãos contra a áspera casca da arvore e verifiquei a minha
respiração para assegurar-me se estava tranqüila. Ou tranqüila o bastante.
Eu olhei através das ondas baixas, negras na escuridão, procurando por ele.
Ele não era difícil de achar. Ele estava, de costas para mim, imerso até a cintura na água
de meia-noite, que começa na lua oval. A luz pálida da lua tornava a sua pele num
perfeito tom de branco, como o da areia, como a própia lua, e fazia seu cabelo molhado
parecer negro como o oceano. Ele estava imóvel, as palmas para baixo estavam na
superfície da água; as ondas baixas quebravam em volta dele como se ele fosse uma
rocha. Eu comecei nas linhas suaves das suas costas, seus ombros, seus braços, seu
pescoço, sua forma sem defeitos…
O fogo não era mais um relâmpago queimando através da minha pele - estava lento e
profundo agora; ele me queimou sem chama tirando toda a minha estupidez, a minha
incerteza tímida. Eu tirei a toalha sem hesitar, deixando-a na árvore junto com as roupas
dele, e andei através da luz branca; isso me fez pálida como a areia branca, também.
Eu não podia ouvir o som dos meus passos enquanto eu andava na margem da água,
mas eu imaginei que ele podia. Edward não se virou. Eu deixei as ondas suaves
quebrarem sobre meus pés, e descobri que ele estava certo sobre a temperatura - estava
bem morna, como a água do banho. Eu dei alguns passos, andando com cuidado através
do chão invisível do oceano, mas meu cuidado era desnecessário; a areia continuava
perfeitamente macia, inclinado suavemente em direção a Edward. Eu passei com
dificuldade através da leve corrente até eu estar do seu lado, e então eu coloquei minha
mão levemente sobre a mão gelada dele que estava descansando sobre a água.
―Linda‖, eu disse, olhando pára a lua também.
―É bonita‖, ele respondeu, não impressionado. Ele se virou lentamente para me olhar,
pequenas ondas se formaram com seu movimento e quebraram em minha pele.Seus
olhos pareciam prata em seu rosto cor de gelo. Ele virou a palma da mão para cima para
que pudessemos entrelaçar nossos dedos abaixo da superficie da água. Ela estava morna
o suficiente para que a sua pele gelada não causasse calafrios na minha.
―Mas eu não usaria a palavra linda , ‖ ele continuou. ―Não com você estando aqui em
comparação.‖
Eu dei um meio sorrisso, então levantei minha mão livre - ela não tremeu agora - e
coloquei-a em seu peito. Branco no branco; nós combinamos, pelo menos uma vez. Ele
estremeceu um pouquinho com o meu toque morno. A sua respiração veio mais áspera
agora.
―Eu prometi que tentaríamos,‖ sussurrou, de repente tenso. ―Se… se eu fizer algo
errado, se eu te machucar, você tem que me dizer de uma vez.‖
Eu assenti solenemente, mantendo meus olhos nos dele. Eu dei outro passo atraves das
ondas e deitei minha cabeça em seu peito.
―Não se preocupe,‖ Eu murmurei. ―Nós ficaremos juntos.‖
Eu estava abruptamente devastada pela verdade em minhas próprias palavras. Aquele
momento era tão perfeito, tão certo, que não havia como duvidar disso.
Seus braços me envolveram, me segurando contra ele, verão e inverno. Isto me fez
sentir como se cada terminação nervosa do meu corpo fosse um fio eletrico.
―Para sempre,‖ ele concordou, e então nos puxou para a água profunda.
O sol, quente em minha pele nua das costas, me acordou durante a manhã. No final da
manhã, talvez à tarde, eu não tinha certeza. Apesar disso tudo além da hora estava claro;
eu sabia exatamente onde estava - o quarto claro, com a grande cama, a luz brilhante do
sol entrando pelas portas abertas. As nuvens do mosquiteiro suavizavam o brilho.
Eu não abri meus olhos. Eu estava feliz demais para mudar qualquer coisa, não importa
o quão pequena ela fosse. Os únicos sons eram as ondas lá fora, nossa respiração, as
batidas do meu coração…
Eu estava confortável, mesmo sob o sol forte. A pele fria dele era um antídoto perfeito
para o calor. Deitada em seu peito gelado, com os braços dele ao meu redor, parecia
simples e natural. Eu me perguntei vagamente porque eu estava tão amedrontada por
causa de ontem à noite. Meus medos agora pareciam bobos.
Os dedos dele percorriam o contorno da minha espinha, e eu soube que ele sabia que eu
estava acordada. Eu mantive os olhos fechados e apertei o meu braço no pescoço dele,
me aproximando dele ainda mais.
Ele não falou; seus dedos se moviam pra cima e pra baixo nas minhas costas, quase sem
me tocar enquanto ele traçava contornos na minha pele.
Eu teria ficado feliz apenas e ficar deitada para sempre, sem nunca perturbar esse
momento, mas o meu corpo tinha outras idéias. Eu ri com o meu estômago impaciente.
Parecia meio prosaico sentir fome depois de tudo o que aconteceu na noite passada.
Como cair de volta na Terra depois de subir alto demais.
―O que é tão engraçado?‖ Ele murmurou, ainda alisando as minhas costas. O som da
voz dele, séria e rouca, trouxe pra mim uma maré de memórias da noite passada, e eu
senti meu rosto e meu pescoço ficando vermelhos.
Para responder a pergunta dele, meu estômago rosnou. Eu ri de novo. ―Eu não posso
escapar da minha humanidade por muito tempo.‖
Eu esperei, mas ele não riu comigo. Lentamente, afundando por dentre as muitas
camadades de felicidade que cobriam a minha cabeça, veio a percepção de uma
atmosfera diferente por fora da minha própria esfera radiante de felicidade.
Eu abri meus olhos; a primeira coisa que eu vi foi a pálida, quase prateada pele de sua
gargante, a curvatura de seu queixo sob o meu rosto. Sua mandíbula estava tensa. Eu me
apoiei sobre meus cotovelos, então pude ver seu rosto.
Ele encarava o emaranhado de lençóis sob nós e não me viu enquanto eu estudava suas
expressões graves. Sua expressão estava chocada - isso fez com que uma onda
atravessasse meu corpo.
―Edward,‖ Eu disse, com um pequeno e estranho nó em minha garganta, ―o que é? O
que há de errado?‖
―Você ainda pergunta?‖ Sua voz foi forte, cínica.
Meu primeiro impulso, produto de uma vida de insegurança, foi perguntar o que eu
havia feito de errado. Eu pensei em tudo que havia acontecido, mas eu não consegui
achar nada de amargo na memória. Tudo tinha sido mais simples do que eu esperava.
Nós nos encaixávamos como peças correspondentes, feitas uma para outra. Isso me
satisfez secretamente - nós éramos compatíveis tanto fisicamente quando de outras
maneiras. Fogo e gelo, de alguma forma coexistindo sem destruir um ao outro. A maior
prova de que eu pertencia a ele.
Eu não conseguia entender porque então ele estava dessa maneira - tão severo e frio. O
que eu tinha perdido?
Seu dedo passou pelas minhas linhas de preocupação em minha testa.
―O que você está pensando?‖ ele sussurrou.
―Você está chateado. Eu não entendo. Eu…?‖ Eu não consegui terminar.
Seus olhos se estreitaram. ―O quanto você está machucada, Bella? A verdade - não tente
amenizar.‖
―Machucada?‖ eu repeti, minha voz saiu mais alta que o normal porque a palavra tinha
me pego de surpresa.
Ele ergueu uma sobrancelha, seus lábios se apertaram em uma linha.
Eu fiz uma rápida avaliação, esticando meu corpo automaticamente, tensionando e
flexionando meus músculos. Houve uma rigidez, e muita dor, também, isso é verdade,
mas na maior parte houve a sensação única de que todos os meus ossos tinham ficado
desengonçados nas articulação, e metade de mim havia adquirido a consistência de uma
medusa. Isso não foi uma sensação desagradável.
E então eu fiquei um pouco brava, porque ele estava escurecendo a mais perfeita de
todas as manhãs com suas suposições pessimistas.
―Por que você não pula para aquela conclusão? Eu nunca estive melhor do que estou
agora.‖
Seus olhos se fecharam. ―Pare com isso.‖
―Parar o que?‖
―Pare de agir como se eu não fosse um monstro por ter concordado com isso.‖
―Edward!‖ Eu suspirei, realmente chateada agora. Ele estava empurrando minha doce
memória através da escuridão, sujando-a. ―Nunca mais diga isso.‖
Ele não abriu seus olhos; era como se ele não quisesse me olhar.
―Olhe para você, Bella. Então me dizer que eu não sou um monstro.‖
Machucada, chocada, eu segui suas instruções sem pensar e então engasguei.
O que havia acontecido comigo? Eu não conseguia entender a fofa e branca neve que
grudava em minha pele. Sacudi a minha cabeça e uma cascata branca saiu de meu
cabelo.
Eu peguei um delicado pedaço branco entre meus dedos. Era penugem.
―Por que eu estou coberta de penas?‖ Eu perguntei, confusa.
Ele exalou impacientemente. ―Eu mordi um travesseiro. Ou dois. Não é disso que eu
estou falando.‖
―Você… mordeu um travesseiro? Por quê?‖
―Olhe, Bella!‖ ele quase rosnou. Ele pegou minha mão - muito cuidadosamente - e
esticou o meu braço. ―Olhe para isso.‖
Dessa vez, eu entendi o que ele quis mostrar.
Debaixo da camada de penas, largas manchas escuras começavam a surgir por toda pele
pálida de meu braço. Meus olhos seguiram o rastro que elas fizeram até o ombro e logo
abaixo das minhas costelas. Puxei a minha mão para pressionar uma mancha em
antebraço esquerdo, vendo-a subir onde eu toquei e depois re-aparecer. Isso pulsou um
pouco.
Tão suave que ele mal me tocou, Edward levou sua mão até as manchas em meu braço,
um por um, comparando seus longos dedos com as formas.
―Oh,‖ eu disse.
Eu tentei me lembrar - me lembrar da dor - mas eu não conseguia. Eu não me lembrava
de nenhum momento em que ele estivesse me apertando muito, em que suas mãos
estivessem fortemente contra mim. Eu somente me lembrava de querê-lo me abraçando
mais apertado, e ficando feliz quando ele o fazia…
―Me… desculpe, Bella.‖ ele suspirou enquanto encarava as manchas. ―Eu sou melhor
que isso. Eu não devia…‖ Ele fez um baixo, revoltado som no fundo de sua garganta.
―Eu sinto mais do que posso dizer a você.‖
Ele passou seu braço pelo seu rosto e ficou perfeitamente parado.
Permaneci por um longo momento em total assombro, tentando compreender - agora
que havia entendido - a sua miséria. Era tão contrário ao que eu sentia que foi difícil de
processar.
O choque passou lentamente, deixando um nada em mim. Um vazio. Minha mente
estava em branco. Eu não conseguia pensar no que dizer. Como eu poderia explicar a
ele da forma correta? Como eu poderia fazê-lo feliz como eu estava - ou como tinha
estado há um momento atrás?
Eu toquei o seu braço, e ele não respondeu. Eu agarrei seu pulso e tentei afastar seu
braço de sua face, mas era como provocar uma escultura, apesar de todo o bem que isso
me fez.
―Edward‖
Ele não se moveu.
―Edward?‖
Nada. Portanto, isso seria um monologo, então.
―Eu não sinto, Edward. Eu… Eu nem consigo lhe dizer. Eu estou tão feliz. Não fique
com raiva. Eu estou realmente ót…‖
―Não diga a palavra „ótima‟. Sua voz estava fria como o gelo. Se você preza minha
sanidade, não diga que você está ótima.‖
―Mas eu estou―, eu sussurrei.
―Bella‖, ele quase gemeu. ―Não.‖
―Não, um não para você Edward‖.
Ele moveu seu braço; seus olhos dourados me fitavam com cuidado.
―Não estrague isso‖, eu disse a ele. ―Eu. Estou. Feliz.‖
―Eu já estraguei‖, ele murmurou.
―Pare com isso‖, eu disse, interrompendo-o.
Pude ouvir seus dentes rangendo.
―Ugh!‖, resmunguei. ―Por que você não pode simplesmente ler minha mente? É tão
inconveniente ser uma muda mental!‖
Seus olhos se arregalaram ligeiramente, estranhamente distraídos.
―Essa é nova. Você adorava o fato de eu não pode ler sua mente.‖
―Não hoje.‖
Ele me encarou. ―Por que?‖
Eu joguei meus braços para o ar, em frustração, sentindo uma dor em meu ombro que
ignorei. As palmas de minhas mãos caíram sobre seu peito fazendo um estalo. ―Porque
toda essa angústia seria desnecessária se você soubesse o que estou sentindo nesse
momento. Ou há cinco minutos atrás, tanto faz. Eu estava perfeitamente feliz. em Total
e completo estado de felicidade. Agora - bem, estou um tanto chateada, na verdade.‖
―Você deveria estar com raiva de mim.‖
―Bem, eu estou, isso faz você se sentir melhor?‖
Ele suspirou. ―Não, acho que nada pode me fazer sentir melhor agora.‖
―Esse,‖ disse interrompendo, ―Esse é o motivo pelo qual estou zangada. Você está
tirando meu ânimo, Edward.‖
Ele virou os olhos e balançou a cabeça.
Respirei fundo. Eu estava me sentindo mais cansada e irritada agora, mas isso não era
tão ruim. Algo como o dia depois do levantamento de pesos. Eu fiz isso com Renée
numa das manifestações de sua mania por malhação. 65 repetições com 10 libras em
cada mão. Eu não conseguia andar no dia seguinte. O que eu sentia agora não era nem a
metade do que senti naquela vez.
Engoli minha irritação e tentei manter minha voz calma. ―Nós sabiamos que isso seria
arriscado. Eu achei que estava claro. E então - bem, foi muito mais fácil do que eu achei
que seria. Não foi absolutamente nada demais.‖ Esfreguei meus dedos ao longo do meu
braço. ―Eu acho que para uma primeira vez, sem saber o que esperar, nós fomos muito
bem. Com um pouco mais de prática-‖.
Sua expressão estava tão lívida que eu parei no meio da frase.
―Estava claro? Você estava esperando por isso Bella? Você estava imaginando que eu a
machucaria? Você estava pensando que isso seria pior? Você considera a experiência
um sucesso porque você pode sair andando depois dele? Sem ossos quebrados, significa
vitória?‖
Eu aguardei, deixando-o colocar tudo para fora. Então eu esperei mais um pouco
enquanto sua respiração voltava ao normal. Quando seu olhar estava tranquilo, eu
respondi, falando calma e precisamente.
―Eu não sabia o que esperar - mas eu definitivamente não esperava o quão… quão
perfeito e maravilhoso, como foi.‖ Minha voz se tornou-se um sussurro, meus olhos
fugiram de sua face para as minhas mãos. ―Eu quero dizer, eu não sei como foi para
você, mas para mim foi assim.‖
Um dedo gelado tocou meu queixo trazendo minha cabeça para cima.
―É isso que te preocupa?‖ Ele disse entredentes, ―Que eu não tenha gostado?‖
Meus olhos continuaram baixos. ―Eu sei que não é a mesma coisa, você não é humano.
Eu só estava tentando explicar que, para um humano, bem… eu simplesmente não
posso imaginar que haja algo melhor que isso na vida.‖
Ele ficou em silêncio por tanto tempo que, finalmente, eu tive que olhar para cima.
Sua face estava mais suave agora, pensativo.
―Parece que eu tenho mais pelo que me desculpar.‖ Ele franziu as sobrancelhas. ―Não
imaginei que você poderia interpretar a forma como me sinto pelo que fiz a você de
outro modo que não significasse que a última noite foi… bem, a melhor noite de toda a
minha existência. Mas eu não quero pensar nisso dessa forma, não enquanto você…‖
Meus lábios se curvaram um pouquinho pra cima. ―Verdade? A melhor de todas?‖
Perguntei baixinho.
Ele tomou meu rosto entre suas mãos, ainda introspectivo. ―Eu falei com Carlisle depois
que você e eu fizemos nosso trato, esperando que ele pudesse me ajudar. Obviamente
ele me advertiu que isso poderia ser muito perigoso para você.‖ Uma sombra cruzou sua
expressão. ―Ele tinha fé em mim, mesmo eu não merecendo tal crédito.‖
Eu comecei a protestar e ele colocou dois dedos sobre meus lábios antes que eu pudesse
comentar.
―Eu também perguntei a ele o que eu deveria esperar. Ele não sabia como seria para
mim… por eu ser um vampiro.‖ Ele riu indiferentemente. ―Carlisle me disse que isso é
algo muito poderoso, como nada mais. Ele me disse que o amor físico é algo que eu não
deveria tratar superficialmente. Com o nosso temperamento quase imutável, emoções
fortes podem nos alterar de modo permanente. Mas ele me disse que eu não deveria me
preocupar com essa parte, pois você já me alterou completamente.‖ Agora o seu sorriso
era mais sincero.
―Eu conversei com meus irmãos também. Eles me disseram que seria um imenso prazer,
suplantado apenas por beber sangue humano.‖ Uma linha se formou em sua testa. ―Mas
eu provei seu sangue, e não pode haver sangue mais poderoso que aquele… Eu não
acho que eles estivessem errados, realmente. Apenas que foi diferente para nós dois.
Algo a mais.‖
―Foi algo a mais. Foi tudo.‖
―Isso não muda o fato de que foi errado. Mesmo que fosse possível você se sentir como
disse.‖
―O que você quer dizer com isso? Você acha que eu inventei tudo? Por quê?‖
―Para aliviar minha culpa. Eu não posso ignorar a evidência, Bella. Ou seu histórico de
tentar me confortar quando cometo erros.‖
Eu peguei seu queixo e puxei para frente para que nossos rostos ficassem mais
próximos. ―Você tem que me ouvir, Edward Cullen. Eu não estou fingindo nada para
você, está bem? Eu não sabia que existia uma razão para fazer você se sentir melhor até
você começar a ser tão miserável? Eu nunca me senti tão feliz em toda minha vida. Eu
não fiquei feliz assim nem na primeira manhã que eu acordei, e você estava lá
esperando por mim… Nem quando eu escutei sua voz no estudio de ballet.‖ Ele
retrocedeu ao lembrar do meu encontro próximo com um vampiro caçador, mas eu não
parei - ―Ou quando você disse ‗Eu aceito‘ e eu descobri que, de alguma forma, eu vou te
ter para sempre. Essas são as memórias mais felizes que tenho, e isso é melhor que
todas elas. Então apenas lide com isso.‖
Ele tocou a linha franzida entre minhas sobrancelhas. ―Eu estou te deixando infeliz. Eu
não quero fazer isso.‖
―Então não fique infeliz. Essa é a única coisa errada aqui.
Seus olhos tornaram-se apertados, e em seguida ele tomou-se em uma respiração
profunda e balançou a cabeça. ―Tem razão, o passado é passado, e eu não posso fazer
nada para mudar isso. Não há sentido para que eu fique de mal humor com você. Eu vou
fazer todo o possível para fazer você feliz agora.‖
Eu analisei seu rosto, surpresa. Ele me sorriu serenamente.
―Qualquer coisa que me deixe feliz?‖
O meu estomago grunhiu, quando eu perguntei.
―Você está com fome‖ ele disse rapidamente. Ele foi rapidamente para fora da cama,
mexendo-se sob a nuvem de penas. Que fez-me lembrar.
―Então, porque exatamente você resolveu arruinar os travesseiros de Esme?‖ Eu
perguntei, me ajeitando no lugar e balançando os meus cabelos.
Ele já tinha vestido um par de calças caqui folgadas, e estava perto da porta,
bagunçando o cabelo, fazendo algumas penas voarem também.
―Eu não sei se decidi fazer algo na noite passada‖ ele resmungou. ―Nós temos sorte que
foram os travesseiros e não você‖. Ele respirou profundamente e então balançou a sua
cabeça, como se isso fizesse desaparecer o pensamento terrível. Um sorriso apareceu no
seu rosto, mas eu acho que ele precisou de bastante trabalho para colocar-lo ali.
E deslizei cuidadosamente pela cama, mais consciente, agora, das dores e dos locais
doloridos. Eu o ouvi resfolegar. Ele deu as costas pra mim, e suas mãos se fecharam nos
punhos, os nós dos dedos ficando brancos.
―Minha aparência é tão odiosa assim?‖ Eu perguntei, trabalhando para manter meu tom
leve. Ele prendeu a respiração, mas não se virou, provavelmente para esconder sua
expressão de mim. Eu caminhei até o banheiro para checar a mim mesma.
Eu olhei para o meu corpo nu no grande espelho que ficava atrás da porta.
Definitivamente eu já tive dias piores. Havia uma leve sombra em uma das minhas
bochechas, e meus lábios estavam um pouco inchados, mas além disso, meu rosto
estava bem. O resto do meu corpo estava coberto por manchas azuis e roxas. Eu me
concentrei nos machucados que seriam mais difíceis de esconder - nos meus braços e
nos meus ombros. Eles não estavam tão ruins. Minha pele se refazia facilmente. Quando
um machucado vinha a aparecer, eu geralmente já tinha esquecido como ele foi feito. É
claro que estes estavam apenas em desenvolvimento. Eu estaria muito pior amanhã. Isso
não ia facilitar as coisas.
Foi então que eu olhei para o meu cabelo e gemi.
―Bella?‖ Ele estava bem ali ao meu lado assim que eu emiti o som.
―Eu nunca vou conseguir tirar isso tudo dos meus cabelos!‖ Eu apontei para a minha
cabeça, que parecia mais com um ninho de emaranhado. Eu comecei a recolher as
penas.
―Você tinha que estar preocupada com o seu cabelo‖, ele murmurou, mas veio parar
atrás de mim e começou a retirar as penas muito mais rapidamente.
―Como você consegue não rir disso? Eu estou ridícula.‖
Ele não respondeu; ele simplesmente continuou tirando. E aí eu soube a resposta
imediatamente - nada poderia ser engraçado enquanto ele estivesse com mal humor.
―Isso não vai funcionar‖, eu suspirei depois de um minuto.‖Está tudo colado aí. Eu vou
tentar lavar.‖ Eu me virei, passando os braços pela cintura fria dele. ―Você quer me
ajudar?‖
―É melhor eu ir procurar comida pra você‖, ele disse com uma voz baixa, e gentilmente
afastou meus braços. Eu suspirei enquanto ele se afastava, se movendo muito rápido.
Parecia que a minha lua de mel havia acabado. Esse pensamento trouxe um grande nó
na minha garganta.
Quando eu estava quase sem penas e usando um vestido de algodão desconhecido que
escondia a maior parte das manchas cor de violeta, eu caminhei com os pés descalços
até o lugar de onde o cheiro dos ovos com bacon e queijo cheddar estava vindo.
Edward estava de frente pra um fogão de aço inoxidável, colocando uma omelete num
prato azul claro que estava sob o balcão. O cheiro de comida me deixou mais faminta
ainda. Foi como se eu pudesse comer o prato e a frigideira também; meu estômago
roncou.
―Aqui‖, ele disse. Ele se virou com um sorriso nos lábios e colocou o prato sobre uma
mesa de azulejos.
Eu sentei em uma das cadeiras de metal e comecei a comer os ovos quentes com gula.
Eles queimaram minha garganta, mas eu não me importei.
Ele sentou à minha frente. ―Eu não estou de alimentando com freqüência suficiente.‖
Eu engoli e então lembrei ele, ―Eu estava dormindo. Isso está muito bom, por sinal.
Impressionante pra uma pessoa que não come.‖
―Canal de receitas‖, ele disse, dando meu sorriso torto favorito.
Eu fiquei feliz ao vê-lo, feliz de ver que ele parecia mais com o seu ‗eu‘ de sempre.
―De onde vieram os ovos?‖
―Eu pedi à equipe de limpeza que estocasse a cozinha. Isso é inédito nessa casa. Eu vou
ter que pedir a eles para cuidarem das penas…‖ Ele parou de falar, seus olhos fixaramse no espaço acima da minha cabeça. Eu não respondi, tentando não deixá-lo chateado
novamente.
Eu comi tudo, apesar dele ter cozinhado suficiente para duas pessoas.
―Obrigada‖, e disse a ele. Eu me inclinei sobre a mesa para beijá-lo. Ele correspondeu
meu beijo automaticamente, então de repente enrijeceu e se afastou.
Eu apertei meus dentes, e a pergunta soou como uma acusação, ―Você não vai me tocar
de novo enquanto estivermos aqui, não é?‖
Ele hesitou, então deu um meio sorriso e ergueu a mão para alisar minha bochecha.
Seus dedos pousaram suavemente na minha pele, e eu não consegui não repousar meu
rosto em sua palma.
―Você sabe que não é isso o que eu quis dizer.‖
Ele suspirou enquanto abaixava as mãos. ―Eu sei. Você está certa.‖ Ele parou por algum
curto tempo, erguendo um pouco o queixo. E então ele falou novamente com convicção.
―Eu não farei amor com você novamente até que você seja transformada. Eu nunca vou
te machucar novamente.‖
6. Distrações.
A minha diversão se tornou a prioridade número um na Ilha Esme. Nós fazíamos
mergulhos com aqueles tubos, (bom, eu fazia isso enquanto ele exibia sua habilidade de
ficar sem ar infinitivamente). Nós exploramos a pequena floresta que circundava o pico
de rocha. Visitamos os papagaios que viviam ao sul da ilha. Assistimos o nascer do sol
das rochas na enseada ao leste da ilha. Nadamos com os golfinhos que brincavam nas
mornas, rasas águas. Pelo menos eu brinquei, quando Edward estava na água, os
golfinhos desapareciam como se um tubarão estivesse perto.
Eu sabia o que estava rolando. Ele estava tentando me manter ocupada, distraída, para
eu parar de insistir sobre o negócio do sexo. Sempre que eu tentava o convencer a pegar
leve e assistir um dos milhares de DVDs sob a grande TV de plasma, ele me arrastava
para fora de casa com palavras mágicas como „recife de corais‟ e „cavernas submersas‟
ou „tartarugas marinhas‟. E então passeávamos, passeávamos e passeávamos o dia todo
e no final do dia eu estava absolutamente exausta.
Eu babava sobre o prato após o jantar toda noite, uma vez, eu de fato dormi em cima da
mesa e ele teve que me carregar até a cama. Edward sempre fazia muita comida para
uma só pessoa, mas eu tinha tanta fome depois de nadar e escalar o dia todo que eu
comia quase tudo. Então, cheia e cansada, eu mal conseguia manter meus olhos abertos.
Tudo parte do plano dele, sem dúvida.
Exaustão não ajudava muito nas minhas tentativas de persuasão. Mas eu não desistia.
Eu tentei racionalizar, implorar e brigar, tudo em vão. Eu estava normalmente quase
inconsciente antes de conseguir defender minha causa. E então, meus sonhos eram tão
reais, - pesadelos na maior parte, e muito reais talvez devido às vividas cores da ilha que eu acordava cansada, não importasse o quanto eu dormia.
Mais ou menos uma semana depois que havíamos chegado na ilha, eu decidi tentar o
lance do ‗compromisso‘. Já havia funcionado conosco no passado.
Eu estava dormindo no quarto azul agora. A equipe de limpeza só apareceria amanhã,
então no quarto branco ainda parecia que havia nevado. O quarto azul era menor, a
cama mais proporcional. As paredes eram cobertas por uma luxauosa seda azul escura.
Eu aceitei usar algumas das peças da coleção de lingerie de Alice - que não eram tão
reveladoras quanto os biquínis mínimos que ela comprou para mim. Eu imaginava se
ela tinha tido alguma visão do por que eu precisaria desse tipo de coisa, e então me
encolhi envergonhada com essa possibilidade.
Eu comecei sútil, com cetim inocente, preocupada se mostrar muita pele ia fazer o
oposto de ajudar, mas disposta a tentar tudo. Edward pareceu não perceber nada, como
se eu estivesse usando os suéteres velhos que usava em casa.
Os hematomas estavam bem melhor agora - amarelando em algumas partes e
desaparecendo na maioria- então essa noite eu usei uma das mais assustadoras peças e
me arrumei no banheiro. Era preta com um laço e era embaraçoso olhar para ele mesmo
quando não estava no corpo. Tive o cuidado de não olhar no espelho antes de voltar
para o quarto. Eu não queria perder a calma.
Eu tive a satisfação de ver seus olhos se arregalarem por um segundo antes que ele
controlasse a expressão.
―O que você acha?‖ Perguntei, dando uma volta para que ele pudesse ver por todos os
ângulos.
Ele limpou a garganta. ―Você está linda. Você sempre está linda.‖
―Obrigada‖ Eu disse um pouco decepcionada.
Eu estava muito cansada para resistir subir rapidamente na cama macia. Ele me abraçou
e me segurou firme contra o seu peito, mas isso era rotina - era muito quente para eu
conseguir dormir sem o seu corpo frio próximo.
―Eu faço um acordo com você.‖ Disse sonolenta.
―Eu não farei nenhum tipo de acordo com você.‖ Ele respondeu.
―Você nem ao menos ouviu o que eu estou oferecendo.‖
―Não importa.‖
Eu suspirei. ―Que pena. E eu queria tanto… Fazer o que, né?
Ele rolou os olhos.
Eu fechei os meus e deixei ele morder a isca. Bocejei.
Demorou só um minuto - não o suficiente para eu cochilar.
―Ok. O que você quer?‖
Eu apertei os dentes, suprimindo um sorriso. Se havia uma coisa que ele não resistia era
uma oportunidade de me dar alguma coisa.
―Bem, eu estava pensando… Eu sei que essa coisa sobre Dartmouth era só para
disfarçar, mas sinceramente, um semestre de faculdade provavelmente não vai me
matar‖ eu disse, repetindo as palavras dele quando ele tentou me persuadir a adiar
minha transformação em vampira. ―Charlie teria a emoção de ouvir algumas histórias
sobre Dartmouth. Claro que seria meio embaraçoso tentar acompanhar aqueles nerds.
Mas, ainda assim… dezoito, dezenove, a diferença não é tão grande, não é como se eu
fosse ter joanetes ano que vem.‖
Ele ficou em silêncio por alguns minutos. Então, em uma voz baixa, disse. ―Você
esperaria. Você ficaria humana.‖
Eu segurei a língua. Deixando a oferta tomar forma.
―Porque você está fazendo isso comigo?‖ ele disse por entre os dentes, num tom
raivoso. ―Já não é difícil o suficiente sem todas essas coisas?‖ e agarrou os laçinhos da
camisola que batiam nas minhas coxas. Por um instante eu pensei que ele fosse as
arrancar, mas então suas mãos relaxaram. ―Não importa. Eu não fazer nenhum acordo
com você.‖
―Eu quero ir para a faculdade.‖
―Não, não quer. E não há nada que valha arriscar a sua vida novamente. Não vale o
risco de te machucar.‖
―Mas eu realmente quero ir. Bem, não é a faculdade que eu quero - eu quero continuar
humana por mais um tempinho.‖
Ele fechou os olhos e exalou. ―Você está me deixando louco Bella. Nós já não tivemos
essa discussão um milhão de vezes e você sempre insistindo para ser uma vampira sem
demora?‖
―Sim, mas… bem, eu tenho um motivo para querer ser humana que eu não tinha antes.‖
―E qual é esse motivo?‖
―Adivinha?‖ Eu disse, e me ergui do travesseiro para beijá-lo.
Ele correspondeu, mas não de um jeito que me fizesse pensar que eu estava vencendo,
era mais como se ele estivesse sendo cuidadoso para não magoar meus sentimentos, ele
estava completamente, irritantemente no controle de si mesmo. Gentilmente ele me
afastou após um momento e me acomodou em seu peito.
―Você é tão humana Bella. Controlada por seus hormônios.‖ Ele ironizou.
―A questão é essa, Edward. Eu gosto dessa parte de ser humana, eu ainda não quero
desistir disso. Eu não quero esperar por anos sendo uma recém nascida louca por sangue
até que um pouco disso volte.‖
Eu bocejei e ele sorriu.
―Você está cansada. Durma amor.‖ Ele começou a cantarolar a minha canção de ninar.
―Eu me pergunto por que estou tão cansada,‖ Eu resmunguei sarcasticamente. ―Não
seria parte do seu plano nem nada, né?‖
Ele só sorriu e continuou a cantarolar.
―Cansada desse jeito seria de esperar que eu dormisse melhor.‖
A música parou. ―Vc tem dormido como uma morta Bella. Não tem dito uma palavra
desde que chegamos. Se não fosse pelos roncos eu pensaria que você estivesse em
coma.‖
Eu ignorei a parte do ronco. Eu não roncava. ―Eu não tenho revirado? Estranho.
Normalmente quando eu tenho pesadelos eu rolo a cama toda. E grito.‖
―Você tem tido pesadelos?‖
―E bem reais. Eles me cansam tanto.‖ Bocejei, ―Eu não posso acreditar que eu não fico
falando a noite toda.‖
―Sobre o que são os pesadelos?‖
―Diferentes coisas - mas o mesmo sabe, por causa das cores.‖
―Cores?‖
―É tão colorido e real. Normalmente quando eu estou sonhando eu sei que estou. Com
esses eu não sei que estou dormindo. É muito mais assustador.‖
Ele parecia perturbado quando falou novamente ―O que a está assustando?‖
Eu estremeci um pouco. ―Na maior parte das vezes….‖ hesitei.
―Na maior parte das vezes…‖ ele pressionou.
Eu naum tinha muita certeza do por que, mas eu naum queria dizer a ele sobre a criança
do meu pesadelo recorrente, havia algo de muito privado sobre esse horror. Então, ao
invés de dar uma descrição completa eu só dei um elemento. Certamente o suficiente
para assustar qualquer um.
―Os Volturi.‖ Eu sussurrei.
Ele me abraçou mais apertado ―Eles não irão nos incomodar mais. Você será imortal
logo e não haverá motivo.‖
Eu deixei que ele me confortasse me sentindo ligeiramente culpada por ele ter entendido
errado. Os pesadelos não eram bem assim, eu naum ficava com medo por mim, eu tinha
medo pelo garoto.
Não era o mesmo garoto do primeiro sonho - a criança vampira com os olhos vermelhosangue sentado numa pilha de corpos das pessoas que eu amava. Esse garoto com o qual
eu sonhei quatro vezes semana passada era, definitivamente, humano; suas bochechas
eram rosadas e seus olhos eram de um verde suave. Mas assim como a outra criança, ele
tremia de medo e desespero conforme os Volturi se aproximavam de nós.
Nesse sonho, eu simplesmente precisava proteger essa criança desconhecida. Não havia
outra opção. E ao mesmo tempo eu sabia que eu falharia.
Ele viu a desolação em meu rosto. ―O que eu posso fazer para ajudar?‖
―São só sonhos, Edward.‖
―Você quer que eu cante para você? Eu cantarei a noite toda se isso mantiver os
pesadelos longe.‖
―Eles não são tão maus. Alguns são legais. Tão… coloridos. Em baixo da água com os
peixes e os corais. Parece que realmente está acontecendo - eu não sei que estou
sonhando. Talvez a ilha seja o problema, é muito iluminado aqui.‖
―Você quer ir para casa?‖
―Não. Não. Ainda não. Não podemos esperar mais um pouco?‖
―Nós podemos esperar o quanto você quiser, Bella.‖ Ele me prometeu.
―Quando o semestre começa? Eu não estava prestando atenção antes.‖
Ele suspirou. Pode ser que ele tenha começado a cantarolar novamente, mas eu apaguei
antes de ter certeza.
Mais tarde quando eu acordei foi em choque. O sonho havia sido tão real… tão vivido,
tão sensorial… Eu gemi alto agora, desorientada pelo quarto escuro. Somente um
segundo atrás, ou assim parecia, eu estava sob o sol brilhante.
―Bella?‖ Edward suspirou, seus braços firmes ao redor de mim me balançando
suavemente. ―Você está bem querida?
―Oh‖. Eu gemi denovo. Só um sonho. Não era real. Para a minha surpresa lágrimas
caíam dos meus olhos sem aviso.
―Bella‖ ele disse - mais alto, assustado agora - ―O que está errado?‖ Ele enxugou as
lágrimas das minhas bochechas mas outras seguiram as que ele enxugou.
―Foi só um sonho.‖ Eu não consegui conter o soluço, o choro sem sentido era
perturbador, mas eu não conseguia conter a desolação que eu sentia. Eu queria tanto que
o sonho fosse real.
―Tá tudo bem amor, você tá bem. Eu estou aqui.‖ Ele me balançava para frente e para
trás. ―Você teve outro pesadelo? Não era real, não foi real.‖
―Não era um pesadelo‖ eu balancei a cabeça, passando a mão nos olhos. ―Era um sonho
bom‖ minha voz falhou.
―Então por que você está chorando?‖ ele perguntou surpreso.
―Por que eu acordei.‖ Eu gemi, envolvendo o pescoço dele em um abraço apertado
soluçando em sua garganta.
Ele riu da minha lógica, mas o som era tenso com preocupação.
―Tá tudo bem Bella. Respira fundo.‖
―Era tão real‖ Eu disse ―Eu queria que fosse real.‖
―Me conta,‖ Ele me encorajou, ―Talvez ajude.‖
―Nós estávamos na praia….‖ eu parei, me ergui para olhar sua face angelical através das
lágrimas, sua face precupada.
―E…?‖ Ele insistiu.
Eu pisquei as lágrimas. ―Oh Edward…‖
―Me diz Bella‖ ele implorou, os olhos abertos e cheios de preocupação devido a dor em
minha voz.
Mas eu não consegui. Ao invés disso eu agarrei seu pescoço de novo e pressionei maus
lábios nos dele febrilmente. Não era desejo - era necessidade. Forte ao ponto de doer.
Sua resposta foi imediata, mas rapidamente seguida pela racionalização.
Ele me afastou gentilmente, segurando-me pelos ombros.
―Não, Bella‖ ele insistiu, me olhando como se eu tivesse perdido a sanidade.
Deixei meus braços caírem em derrota, as lágrimas bizarras correndo em uma nova e
intensa corrente, mais soluços. Ele devia estar certo, eu estava ficando louca.
Ele me olhou confuso e angustiado.
―Me des-des-culpa.‖ Eu murmurei.
Mas ele me puxou para ele, me abraçando forte contra o peito de mármore.
―Eu não posso Bella, eu não posso.‖ Murmurava agonizado.
―Por favor‖ Eu disse, meu apelo abafado contra sua pele. ―Por favor, Edward?‖‗
Eu não sei dizer se ele se comoveu com as lágrimas tremendo em minha voz, ou se ele
estava despreparado para o meu súbito ataque, ou se a necessidade dele era
simplesmente tão insuportável quanto a minha. Mas qual tenha sido a razão, ele me
puxou e seus lábios estavam nos meus novamente, se rendendo com um grunhido.
E continuamos de onde meu sonho tinha parado.
Eu fiquei imóvel quando acordei na manhã seguinte e tentei manter minha respiração
calma. Eu estava com medo de abrir os olhos.
Eu estava deitada sobre o peito de Edward. Mas ele estava muito quieto e seus braços
não estavam ao redor de mim. Mau sinal. Eu estava com medo de admitir que estava
acordada e encarar sua raiva - não importando para quem ela estava dirigida esta manhã.
Cuidadosamente, eu dei uma espiada através dos cílios. Ele estava encarando o teto,
seus braços atrás da cabeça. Eu me ergui nos cotovelos para ver sua face melhor. Estava
macia, sem expressão.
―Eu estou encrencada?‖ perguntei timidamente.
―MUITO‖ ele disse virando a cabeça e sorrindo travessamente para mim.
Eu suspirei em alivio. ―Me desculpe, não era minha intenção…. Bem, eu não sei o que
aconteceu noite passada‖ Eu balancei a cabeça arrumando as memórias do choro
irracional e do sofrimento.
―Você acabou não me dizendo sobre o que o sonho era.‖ Ele perguntou calmamente.
―Acho que não - mas eu meio que mostrei para você.‖ E ri nervosamente.
―Oh.‖ Seus olhos se abriram mais e ele piscou ―Interessante‖
―Foi um sonho muito bom.‖ Murmurei, ele não comentou, então alguns segundos
depois eu perguntei. ―Estou perdoada?‖
―Eu estou pensando nisso.‖
Eu sentei para me examinar - pelo menos não tinha nenhuma pena. Mas conforme eu
me movi uma estranha sensação de vertigem me atingiu. Eu girei e me joguei de volta
aos travesseiros.
―Uou… levantei muito rápido.‖
Seus braços me rodearam ―Você dormiu por muito tempo. Doze horas.‖
―Doze horas?‖ Que estranho.
Eu dei uma conferida rápida em mim mesma, tentando não demonstrar. Tudo parecia
bem, sem hematomas, me espreguicei experimentando… me sentia bem. Na verdade,
melhor que bem.
―O inventário está completo?‖
Eu confirmei com a cabeça. ―Os travesseiros parecem ter sobrevivido.‖
―Infelizmente eu não posso dizer o mesmo sobre a sua… hã.. camisola.‖ Ele apontou
para o pé da cama, onde vários pedaços de laços estavam jogados.
―Que pena‖ eu disse ―Gostava dela.‖
―Eu Também.‖
―Alguma outra casualidade?‖ eu perguntei.
―Eu vou ter que comprar para a Esme outra cabeceira‖ ele confessou olhando por sobre
o ombro. Eu segui seu olhar e me choquei ao ver os grandes pedaços de madeira que
aparentemente haviam sido arrancados do lado esquerdo da cabeceira.
―Hmmm, como eu não ouvi isso?‖
―Você parece não muito observadora quando sua atenção está focalizada em outra
direção.‖
―Eu estava mesmo um pouco distraída‖ Admiti, corando forte.
Ele tocou minha bochecha e suspirou. ―Eu realmente vou sentir falta disso.‖
Eu olhei em sua face procurando por algum sinal de raiva ou remorso. Ele me encarou
de volta, sua expressão calma, mas impossível de ler.
―Como você está se sentindo?‖
Ele riu.
―O quê?‖ Eu exigi.
―Você parece tão culpada - como se tivesse cometido um crime‖
―Eu me sinto culpada.‖ Murmurei.
―Então você seduziu seu marido completamente disposto. Esta não é uma infração
capital.‖
Ele pareceu estar implicando comigo.
Minhas bochechas ficaram mais quentes. ―A palavra seduziu implica certo valor de
premeditação.‖
―Talvez essa seja a palavra errada.‖ ele disse.
―Você não está com raiva?‖
Ele sorriu arrependido. ―Eu não estou com raiva.‖
―Por que não?‖
―Bem…‖ Ele pausou. ―Eu não te machuquei, em primeiro lugar. Era mais fácil dessa
vez, me controlar, canalizar os excessos.‖ Os olhos dele cintilaram para a moldura
danificada novamente. ―Talvez porque eu tinha uma melhor idéia do que esperar.‖
Um sorriso esperançoso começou a se espalhar pelo meu rosto. ―Eu te disse que era
tudo uma questão de prática.‖
Ele revirou os olhos.
Meu estômago roncou e ele gargalhou. ―Hora do café da manhã para a humana?‖ ele
perguntou.
―Por favor.‖ Eu disse, saltando da cama. Eu me movi muito depressa, por isso, depois,
continuei a cambalear até recuperar meu equilíbrio.
Ele me pegou antes que eu pudesse tropeçar no vestido.
―Você está bem?‖
―Se eu não tiver um senso de equilíbrio melhor na próxima vida, exigirei um
reembolso.‖
Eu cozinhei esta manhã, fritando alguns ovos - faminta demais para fazer qualquer outra
coisa mais elaborada. Impaciente, eu os joguei dentro de um prato dentro de poucos
minutos.
―Desde quando você come ovos com a gema mole?‖ ele perguntou.
―Desde agora.‖
―Você sabe quantos ovos comeu na última semana?‖ ele puxou a lixeira que estava
debaixo da pia - ela estava cheia de caixas de papelão azuis vazias.
―Estranho.‖ Eu disse depois de engolir um pedaço chamuscado. ―Esse lugar está
mexendo com meu apetite.‖ E meus sonhos e meu já duvidoso equilíbrio. ―Mas eu
gosto daqui. Nós provavelmente teremos que partir logo, não vamos, para fazermos
Dartmouth em tempo? Wow, acho que precisamos achar um lugar para morar e encher,
também.‖
Ele sentou perto de mim. ―Você pode desistir do fingimento da faculdade agora - você
vai ter o que quiser. E nós não temos nenhum contrato, então não há amarras.‖
Eu bufei. ―Não era um fingimento, Edward. Eu não gasto meu tempo livre tramando
como algumas pessoas fazem. O que nós podemos fazer para cansar Bella hoje?” Eu
disse numa pobre imitação da voz dele. Ele riu, sem vergonha. ―Eu realmente quero um
pouco mais de tempo como humana.‖ Eu me apoiei para acariciar o peito nu dele com a
minha mão. ―Eu ainda não tive o bastante.‖
Ele me deu um olhar incerto. ―Para isso?‖ ele perguntou, segurando a minha mão
enquanto ela se movia para seu estômago. ―Sexo era a chave o tempo todo?‖ Ele rolou
os olhos. ―Por que eu não pensei nisso?‖ ele murmurou sarcásticamente. ―Eu poderia ter
salvado a mim mesmo de muitos argumentos.‖
Eu ri. ―Sim, provavelmente.‖
―Você é tão humana.‖ Ele disse de novo.
―Eu sei.‖
Um quê de sorriso apareceu nos seus lábios. ―Nós vamos para Darthmouth? Sério?‖
―Eu provavelmente vou falhar em um semestre.‖
―Eu te ensinarei.‖ O sorriso era amplo agora. ―Você vai amar a faculdade.‖
―Você acha que podemos achar um apartamento a esta altura?‖
Ele fez uma careta, parecendo culpado. ―Bem, nós por sorte já temos uma casa lá. Você
sabe, só se necessário.‖
―Você comprou uma casa?‖
―Propriedades são um bom investimento.‖
Eu levantei uma sobrancelha e então deixei pra lá. ―Então nós estamos prontos.‖
―Eu terei de ver se nós podemos manter seu carro de ‗antes‘ por mais um pouco…‖
―Sim, paraíso proibido se eu não estiver protegida de tanques.‖
Ele deu um largo sorriso.
―Por quanto tempo mais nós podemos ficar?‖ Eu perguntei.
―Nós estamos com tempo. Mais umas poucas semanas se você quiser. E nós podemos
visitar Charlie antes de irmos para New Hampshire. Nós poderíamos passar o natal com
Renée…‖
As palavras dele pintaram um futuro imediato muito feliz, um livre de dor para todos os
envolvidos. A Gaveta-Jacob, quase esquecida, chacoalhou e eu emendei o pensamento para quase todos.
Isso não estava ficando mais fácil. Agora que eu havia descoberto exatamente quão bom
ser humana podia ser, era tentador deixar meus planos a deriva. Dezoito ou dezenove,
dezenove ou vinte… Isso realmente importava? Eu não mudaria tanto em um ano. E ser
uma humana com Edward… A escolha complicava ainda mais a cada dia.
―Mais umas semanas,‖ eu concordei. E então, porque não parecia haver tempo
suficiente, eu adicionei, ―Então eu estava pensando - você sabe o que eu estava dizendo
sobre prática anteriormente?‖
Ele gargalhou. ―Nós podemos segurar esse pensamento? Eu ouvi um barco. A equipe de
limpeza deve estar aqui.‖
Ele queria que eu segurasse o pensamento. Então isso queria dizer que ele não me daria
mais problemas sobre prática? Eu sorri.
―Deixe-me explicar a bagunça no quarto branco para Gustavo e então nós podemos sair.
Tem um lugar na floresta, ao sul -‖
―Eu não quero sair. Não estou numa excursão por toda a ilha hoje. Quero ficar aqui e
assistir a um filme.‖
Ele pressionou os lábios, tentando não rir do meu tom descontente. ―Tudo bem,
qualquer coisa que você queira. Por que você não escolhe um enquanto eu atendo a
porta?‖
―Eu não ouvi uma batida.‖
Ele posicionou a cabeça de lado, ouvindo. Um nada de segundo depois, uma fraca,
cronometrada batida se fez ouvir na porta. Ele sorriu e se virou em direção à entrada.
Eu divagava com as prateleiras embaixo da grande TV e comecei a pegar alguns títulos.
Era mais difícil decidir por onde começar. Eles tinham mais DVDs do que uma
locadora.
Eu podia escutar a voz baixa de Edward, como veludo, enquanto ele voltava da entrada,
conversando fluentemente no que eu assumia ser português perfeito. Outra, penosa, voz
humana respondeu na mesma língua.
Edward os conduziu para o cômodo, apontando rumo à cozinha em sua passagem. Os
dois brasileiros pareciam incrivelmente baixos e escuros ao lado dele. Um era um
homem redondo, a outra uma mulher ligeira, seus rostos marcados com rugas. Edward
fez um gesto para mim com um sorriso orgulhoso e eu ouvi meu nome misturado a uma
enxurrada de palavras desconhecidas. Eu corei um pouco assim que pensei em toda a
bagunça do quarto, a qual eles encontrariam logo. E o pequeno homem sorriu para mim
educadamente.
Mas a pequena mulher com pele de café não sorriu. Ela me encarava com um misto de
choque, horror e, pior de tudo, medo visível. Antes que eu pudesse reagir, Edward
mencionou a eles para o seguirem até a copa, e eles se foram.
Quando ele reapareceu, estava sozinho. Ele andou rapidamente até o meu lado e passou
seus braços em volta de mim.
―O que há com ela?‖ eu sussurrei urgentemente, lembrando da sua expressão de pânico.
Ele encolheu os ombros, imperturbado. ―Kaure é de tribo Ticuna. Ela foi educada para
ser mais supersticiosa - ou você poderia chamar de mais cuidadosa - do que aqueles que
vivem no mundo moderno. Ela suspeita do que eu sou, ou perto o bastante.‖ Ele ainda
não soava preocupado. ―Eles têm suas próprias lendas aqui. O Libishomen - um
demônio bebedor de sangue que ataca exclusivamente mulheres bonitas.‖ Ele olhou
maliciosamente para mim.
Somente mulheres bonitas? Bem, isso era um tipo de bajulação.
―Ela parecia aterrorizada.‖ Eu disse.
―Ela está - mas é mais por preocupação por sua causa.‖
―Minha causa?‖
―Ela tem medo do por que eu estou aqui com você, sozinho.‖ Ele riu sombriamente
consigo mesmo e olhou na direção dos filmes. ―Oh, então, por que você não escolheu
alguma coisa para assistirmos? Essa é uma aceitável coisa humana para se fazer.‖
―Claro, tenho certeza de que um filme a convenceria de que você é humano.‖ Eu ri e
fechei meus braços em volta do pescoço dele, ficando na ponta dos meus pés. Ele
abaixou a cabeça e então eu pude beijá-lo, seus braços me apertando, me levantando do
chão para que ele não precisasse se curvar.
―Filme… Bom, esqueça o filme.‖ eu murmurei enquanto os lábios dele desciam pela
minha garganta, entrelaçando meus dedos no cabelo de bronze dele.
Então eu ouvi um arquejo e ele me colocou no chão abruptamente. Kaure continuou
parada na entrada, penas em seus cabelos pretos, um grande saco com mais penas nos
seus braços, uma expressão de horror em seu rosto. Ela me encarou, seus olhos saltados,
enquanto eu corava e encarava o chão. Edward sorriu e perguntou num tom amigável.
Ela virou seus olhos negros e continuou pela sala.
―Ela estava pensando no que eu estava pensando que ela estava pensando, não estava?‖
Eu murmurei.
Ele riu da minha enrolada sentença. ―Sim.‖
―Aqui.‖ Eu disse me prendendo a sorte ao pegar um filme aleatório. ―Coloque isso e nós
podemos fingir que estamos assistindo.‖
Era um velho musical com rostos sorridentes e vestidos felpudos na frente.
―Muito romântico.‖ Edward aprovou.
Enquanto os atores na tela dançavam ao jeito deles durante a alegre música de
introdução, eu me deitei preguiçosamente no sofá, aninhando-me nos braços de Edward.
―Nós voltaremos para o quarto branco agora?‖ Eu perguntei impassível.
―Eu não sei… Eu já estraçalhei a cabeceira do outro quarto sem chance de conserto talvez se nós limitássemos a destruição apenas a uma área da casa, Esme poderia nos
convidar de volta algum dia.‖
Eu sorri abertamente. ―Então haverá mais destruição?‖
Ele riu da minha expressão. ―Eu acho que será mais seguro se for premeditado, ainda
mais se eu for esperar pelo seu ataque novamente.‖
―Isso seria apenas uma questão de tempo.‖ Eu concordei casualmente, mas minha
pulsação estava correndo em minhas veias.
―Tem alguma coisa errada com seu coração?‖
―Nope. Saudável como um cavalo.‖ Eu pausei. ―Você quer fazer uma pesquisa sobre a
zona de demolição agora?‖
―Talvez fosse mais educado até que nós estivéssemos sozinhos. Você parece não me
notar arrancando pedaços dos móveis, mas isso provavelmente os assustaria.‖
Na verdade, eu já havia me esquecido das pessoas no outro quarto. ―Certo. Saco.‖
Gustavo e Kaure se moveram silenciosamente pela casa enquanto eu esperava
impacientemente que eles terminassem, tentando prestar atenção no Felizes para
Sempre na tela. Eu estava começando a sentir sono - embora, de acordo com Edward, eu
já tivesse dormido metade do dia - quando uma voz áspera me assustou. Edward sentouse, me mantendo como num berço contra ele e respondeu Gustavo num português
fluente. Gustavo acenou com a cabeça e andou em silêncio até a porta da frente.
―Eles terminaram.‖ Edward me contou.
―Então isso significaria que estamos sozinhos agora?‖
―Que tal almoçar primeiro?‖ ele sugeriu.
Eu mordi meu lábio, rasgada por um dilema. Eu estava faminta.
Com um sorriso ele pegou minha mão e me conduziu até a cozinha. Ele conhecia meu
rosto tão bem, não importava que ele não pudesse ler minha mente.
―Isso está saindo dos eixos.‖ Eu me queixei quando finalmente me senti cheia.
―Você quer nadar com os golfinhos esta tarde - queimas as calorias?‖ ele perguntou.
―Talvez mais tarde. Eu tive outra idéia para queimar calorias.‖
―E essa seria?‖
―Bem, existe um monte de cabeceiras esquecidas -‖
Mas eu não terminei. Ele já tinha me levantado com seus braços e seus lábios
silenciaram os meus enquanto ele me carregava numa velocidade nada humana para o
quarto azul.
7. INESPERADO.
A linha negra avançava em minha direção através da névoa espessa. Eu podia ver seus
olhos vermelhos brilhando com desejo e sede de matar.Seus lábios se retraiam por sobre
seus dentes afiados e salivantes, alguns rosnando, outros sorrindo.
Ouvi a criança atrás de mim começar a chorar mas não consegui me virar para olhá-lo.
Apesar de estar desesperada para ter certeza de que ela estaria segura, eu não poderia
perder nada do foco agora.
Fantasmagoricamente eles flutuaram mais perto, seus robes negros elevando-se
ligeiramente com o movimento. Eu vi suas mãos se dobrarem como garras cor-de-osso.
Eles começaram a se afastar procurando nos cercar por todos os lados. Nós estávamos
cercados. Nós estávamos prestes a morrer.
E então, como um estouro de luz em um flash, toda a cena estava diferente. Ainda
assim, nada havia mudado - Os Volturi ainda vinham em nossa direção, preparados para
matar. O que realmente havia mudado era como essa cena parecia a mim. De repente eu
estava ansiosa por isto. Eu queria que eles atacassem. O pânico mudou para um desejo
por sangue enquanto me inclinei para frente, com um sorriso no rosto e um rosnado
estridente através dos meus dentes.
Acordei num salto, despertando do sonho.
O quarto estava escuro. Estava também muito quente. O suor descia pelos meus cabelos
nas têmporas e escorria pelo meu pescoço.
Tateei os lençóis quentes e encontrei o vazio.
―Edward?‖
Só então meus dedos encontraram algo liso, rijo e fino. Uma folha de papel, dobrada na
metade. Peguei a nota e atravessei o quarto em direção ao interruptor de luz.
A parte de fora da nota estava endereçada à Sra. Cullen.
Eu espero que você nao acorde e note minha ausência, mas, se isso acontecer, saiba
que voltarei muito em breve. Eu apenas fui para a terra firme, caçar. Volte a dormir e
eu estarei de volta quando você acordar novamente. Eu te amo.
Eu suspirei. Nós estávamos aqui por duas semanas, portanto eu deveria esperar que ele
tivesse que partir, mas eu não estava pensando no tempo. Nós parecíamos existir além
do tempo aqui, apenas existindo, em um estado perfeito.
Eu limpei o suor da minha testa. Sentia-me absolutamente desperta, apesar do relógio na
cômoda mostrar que passava da uma. Eu sabia que não conseguiria dormir enquanto me
sentisse tão quente e suada. Para não dizer que, se eu apagasse as luzes e fechasse os
olhos, com certeza eu teria aquelas criaturas negras rondando na minha mente.
Levantei-me e perambulei pela casa escura acendendo as luzes. Ela parecia tão grande e
vazia sem Edward lá. Diferente.
Acabei na cozinha e decidi que talvez o conforto de uma boa comida era o que eu
precisava.
Mexi na geladeira até encontrar todos os ingredientes para fazer um frango frito. O
chiado do frango na panela era um delicioso som caseiro; me senti menos nervosa
enquanto aquele som preenchia o silêncio.
Cheirava tão bem que eu comecei a comer direto da panela, queimando minha língua no
processo. Lá pela décima quinta ou décima sexta mordida, eu acho, o frango esfriou e
pude então saboreá-lo. Minha mastigação ficou mais lenta. Havia algo estranho no
sabor? Eu verifiquei a carne e ela estava toda branca, mas ainda assim imaginei se
estaria totalmente cozida. Dei outra mordida; masquei duas vezes. Ugh definitivamente ruim. Saltei da cadeira para cuspir na pia. De repente o cheiro da
galinha e do óleo eram insuportáveis. Peguei o prato todo e joguei-o no lixo, então abri
as janelas para dispersar o cheiro. Uma brisa refrescante veio de fora. Senti-a suave
sobre minha pele.
Eu estava abruptamente exausta, mas não queria voltar ao quarto quente. Então eu abri
mais janelas na sala de TV e deitei no sofá bem abaixo delas. Liguei no mesmo filme
que nós havíamos assistido no dia anterior e caí no sono imediatamente após o tema de
abertura. Quando abri meus olhos novamente, o sol estava alto no céu, mas não foi a luz
que me acordou. Braços quentes me envolviam, puxando-me ao seu encontro. Ao
mesmo tempo uma dor súbita atingiu-me no estômago, quase como o pós-trauma de
levar um soco nas vísceras.
―Desculpe-me‖, Edward murmurava enquanto passava sua mão invernal na minha testa
suada. ―Pelo desleixo. Eu não imaginei o quão quente você ficaria sem mim por perto.
Eu instalarei um ar condicionado antes de partir novamente.‖
Eu não pude me concentrar no que ele dizia. ―Com licença!‖ Engasguei, lutando para
me livrar de seus braços.
Ele me soltou automaticamente. ―Bella?‖
Rumei para o banheiro com minha mão tapando minha boca. Eu me sentia tão mal que
nem notei - num primeiro momento - que ele estava comigo enquanto eu me debruçava
sobre a privada e vomitava violentamente.
―Bella? O que há de errado?‖
Eu ainda não podia responder. Ele me segurava ansiosamente mantendo meu cabelo
longe do meu rosto, esperando até que eu pudesse respirar novamente.
―Madito frango estragado‖ eu murmurei.
―Você está bem?‖ Sua voz estava preocupada.
―Ótima.‖ Eu arquejei. ―É apenas uma intoxicação alimentar. Você não precisa ver isso.
Saia daqui.‖
―De maneira alguma, Bella.‖
―Saia daqui‖, eu murmurei novamente, lutando para me levantar para que eu pudesse
enxaguar minha boca. Ele me ajudou gentilmente, ignorando os fracos empurrões que
eu lhe dava.
Depois que minha boca estava limpa, ele me carregou para a cama e me sentou
cuidadosamente, me apoiando em seus braços.
―Intoxicação alimentar? ‖
―Sim‖, eu disse quase coachando. ―Eu preparei um frango na noite passada. Estava
ruim, então joguei-o fora. Mas dei uma ou duas mordidas antes.‖
Ele colocou uma mão fria em minha testa. Eu me sentia bem. ―Como se sente agora? ‖
Eu pensei sobre aquilo por um instante. A náusea havia passado tão rapidamente como
havia chegado, e me sentia como em qualquer outra manhã. ―Bastante normal. Um tanto
faminta, na verdade.‖
Ele me fez esperar uma hora e tomar um grande copo de água antes que me fritasse
alguns ovos. Eu me sentia perfeitamente normal, apenas um pouco cansada por ter
levantado no meio da noite. Ele ligou a TV na CNN - nós estávamos tão fora de alcance
que a terceira guerra poderia ter estourado e nós jamais saberíamos - e eu me aninhei
sonolentamente no seu colo.
Fiquei cansada das notícias e me virei para beijá-lo. Da mesma forma como na manhã,
uma dor aguda me atingiu no estômago quando me movi. Eu sabia que dessa vez não
chegaria a tempo no banheiro, então corri para a pia da cozinha.
Ele segurou meu cabelo novamente.
―Talvez nós devêssemos voltar ao Rio e ver um médico‖, ele sugeriu ansiosamente
enquanto eu lavava minha boca novamente.
Eu balancei a cabeça e me dirigi para o corredor. Médicos significam agulhas. ―Estarei
ótima assim que eu escovar meus dentes.‖
Quando minha boca tinha um gosto melhor, eu procurei em minha maleta pelo kit de
primeiros socorros que Alice havia guardado para mim, cheio de coisas humanas como
bandagens e analgésicos e meu objetivo agora - pepto-bismol. Talvez eu pudesse
acalmar meu estômago e tranqüilizar Edward.
Mas antes de achar o Pepto, eu esbarrei em algo mais que Alice havia empacotado.
Peguei a pequena caixa azul em minhas mãos e fitei-a por um bom momento,
esquecendo todo o resto.
Então eu comecei a contar de cabeça. Onze. Doze. Mais uma vez.
O baque assustou-me; a pequena caixa azul caiu de volta na maleta.
―Você está bem?‖ Edward perguntou através da porta. ―Você vomitou novamente?‖
―Sim e não‖, Eu disse, mas minha voz soava sufocada.
―Bella? Posso, por favor, entrar?‖ Ele parecia preocupado agora.
―O…kay?‖
Ele entrou e avaliou minha posição, sentada no chão, de pernas cruzadas diante da
maleta, e minha expressão atônita. Ele se sentou próximo a mim, sua mão alcançando
minha testa em um movimento.
―O que há de errado?‖
―Quantos dias faz desde o casamento?‖ Eu sussurrei.
―Dezessete‖ ele respondeu automaticamente. ―Bella, o que é isto?‖
Eu contei novamente. Eu levantei um dedo, dizendo a ele para esperar e balbuciei os
números para mim mesma. Eu estava errada sobre os dias. Nós estávamos aqui por mais
tempo do que eu pensava. Comecei a contar novamente.
―Bella!‖ ele sussurrou nervosamente. ―Eu estou perdendo a paciência aqui.‖
Eu tentei engolir. Não funcionou. Então eu enfiei a mão na maleta e tateei até encontrar
a pequena caixa azul de absorventes novamente. Eu segurei-a silenciosamente.
Ele me fitava confuso. ―O que? Você quer me fazer crer que esse mal estar é TPM?‖
―Não‖, Eu desabafei. ―Não, Edward. Eu estou tentando dizer que minha menstruação
está 5 dias atrasada.‖
A expressão facial dele não mudou. Foi como se eu não tivesse dito nada.
―Eu não acho que eu tenho intoxicação alimentar,‖ Eu acrescentei.
Ele não respondeu. Ele tinha se tornado uma escultura.
―Os sonhos‖ Eu murmurei para mim mesma, com uma voz flácida. ―Dormindo tanto. O
choro. Toda aquela comida. Oh. Oh. Oh.‖
O observar de Edward parecia sem expressão, como se ele não pudesse mais me ver.
Reflexivamente, quase involuntariamente, minha mão pousou na minha barriga.
―Oh!‖ Eu chiei novamente.
Eu andei para frente, escapando das mãos imóveis de Edward. Eu não havia trocado os
pequenos shorts de seda e a camisola que usei para dormir. Eu removi o tecido azul para
fora do caminho e encarei o meu estômago.
―Impossível,‖ Eu sussurrei.
Eu absolutamente não tinha experiência com gravidez ou bebês ou qualquer outra parte
daquele mundo, mas eu não era uma idiota. Eu vi o suficiente de filmes e programas de
TV para saber que não era assim que funcionava. Eu apenas estava cinco dias atrasada.
Se eu estivesse grávida, meu corpo não teria nem registrado este fato. Eu não teria enjôo
matutino. Eu não teria mudado meus hábitos de como dormir ou comer.
E eu definitivamente não teria um pequeno aumento aparecendo pelos meus quadris.
Eu me inclinei para frente e para trás, analisando de todos os ângulos como se fosse
desaparecer em um certo tipo de iluminação. Eu percorri meus dedos sobre a repentina
saliência, surpresa de como eu a sentia dura sob a minha pele.
―Impossível,‖ Eu disse novamente, porque, com ou sem saliência, com ou sem
menstruação (e definitivamente sem menstruação, se bem que eu nunca estive um dia
atrasada em toda a minha vida), não havia chance que eu poderia estar grávida. A única
pessoa com quem eu transei fora um vampiro, é pra chorar a valer.
O mesmo vampiro que estava ainda congelado no chão, sem mais sinal de se mover.
Então tinha de haver algum outro tipo de explicação. Algo de errado comigo. Alguma
doença sul-americana com todos os sinais de gravidez, só que mais acelerados…
Então eu me lembrei de uma coisa - uma manhã de busca na internet que parecia ter
acontecido há uma vida atrás. Sentada na velha escrivaninha do meu quarto na casa do
Charlie com uma luz acinzentada surgindo pela janela, encarando o meu antigo
computador ofegante, lendo atentamente um site chamado ―Vampiros A-Z.‖ Havia
passado menos de vinte e quatro horas desde que Jacob Black, tentando me entreter com
algumas lendas Quileute que ele ainda não acreditava, me disse que Edward era um
vampiro. Eu scaneei ansiosamente pelos primeiros links do site, que era dedicado à
mitos vampirescos espalhados pelo mundo. O Filipino Danag, o Hebreu Eurie, o
Romano Varacolaci, o Italiano Stregoni benefici (uma lenda na verdade baseada em
meu novo pai adotivo, anos passados com os Volturi, não que eu soubesse disso naquele
momento)… Eu prestava menos atenção à medida que as histórias cresciam e se
tornavam mais implausíveis… Eu só me lembrei de vagos pedaços dos últimos links…
As histórias pareciam no geral apenas desculpas para grandes níveis de mortalidade
infantil - e infidelidade. Não querida, eu não estou tendo um caso! Aquela mulher sexy
que você viu saindo da casa era um mal sucúbo! Eu tive sorte de escapar com a minha
vida! (É claro que com o que eu sei não sobre Tanya e sua família, eu suspeitei de que
algumas daquelas desculpas não passavam de fatos.) Havia uma para as mulheres,
também. Como você pode me acusar de te trair - só porque você veio de uma viagem
marítima de dois anos e eu estou grávida? Foi o incúbo. Ele me hipnotizou com seus
poderes de vampiro místicos…
Aquela fora parte da definição do Incúbo - a habilidade de ter crianças com a sua preza
infeliz.
Eu balancei minha cabeça, chocada. Mas…
Eu pensei na Esme e especialmente na Rosalie. Vampiros não podiam ter crianças. Se
fosse possível, Rosalie já teria achado uma maneira até agora. O mito do incúbus não
era nada a não ser uma fábula.
Exceto que… Bom, existia uma diferença. É claro que Rosalie não poderia conceber um
filho, porque ela estada congelada no estado que passou de humana para inumana.
Totalmente imutável. Um corpo de uma mulher teria de mudar para conceber um filho.
As mudanças constantes de ciclos mensais para começo, e então maiores mudanças
eram precisas para acomodar uma criança crescendo. O corpo de Rosalie não poderia
mudar.
Mas o meu pode. O meu mudou. Eu toquei a saliência da minha barriga que não havia
estado ali ontem.
E homem humano - bem, eles permaneciam os mesmo da puberdade até a morte. Eu me
lembrei de uma pequena parte qualquer trivial, ensinamentos de quem o conhecia:
Charlie Chaplin estava nos setenta quando ele teve seu primeiro filho. Homens não
tinham problemas como tempo portador de criança ou ciclos de fertilidade.
Claro, como alguém poderia saber se vampiros homens poderiam ter um filho, quando
suas parceiras não podiam? Que vampiro no mundo teria a restrita necessidade de testar
sua teoria em uma humana? Ou a inclinação?
Eu só conseguia pensar em um.
Parte da minha mente estava devaneando entre fato, memória e especulação, enquanto a
outra parte - a parte que controlava a habilidade de mover um único músculo - estava
atordoada com a capacidade de operações normais. Eu não podia mover os meus
músculos para falar, mesmo que eu queria perguntar para Edward, por favor, explicar o
que estava acontecendo. Eu precisava voltar para aonde ele estava sentado, tocar ele,
mas o meu corpo não seguia as instruções. Eu só conseguia olhar para os meus olhos
chocados no espelho, meus dedos praticamente pressionando o inchaço do meu tronco.
E então, como no meu vívido pesadelo da noite passada, a cena de repente se
transformou. Tudo o que eu vi no espelho se tornou completamente diferente, mesmo
que nada realmente estava diferente.
O que aconteceu de diferente fora um suave e pequeno movimento se formou em minha
mão - de dentro do meu corpo.
No mesmo momento, o celular de Edward tocou, alto exigente. Nenhum de nós se
moveu. Tocou de novo e de novo. Eu tentei o sintonizar, enquanto eu pressionava meus
dedos no meu estômago, esperando. No espelho minha expressão não era mais perplexa
- estava refletindo agora. Eu mal notei quando as estranhas, silenciosas lágrimas
começaram a rolar pelas minhas bochechas. O celular continuou tocando. Eu desejava
que Edward pudesse respondê-lo - eu estava tendo um momento. Possivelmente o maior
da minha vida.
Ring! Ring! Ring!
Finalmente o incômodo quebrou tudo. Eu desci de joelhos ao lado de Edward - Eu me
encontrei me movendo cuidadosamente, mil vezes mais alerta do jeito de como cada
movimento se sentia - e tateei seus bolsos até que pude achar o telefone. Eu meio que
esperei que ele se movesse e respondesse o telefone ele mesmo, mas ele continuou
perfeitamente parado.
Eu reconheci o número e adivinhei facilmente porque ela estava ligando.
―Oi, Alice‖ Eu disse. Minha voz não estava muito melhor do que antes. Limpei minha
garganta.
―Bella? Bella, você está bem?‖
―Sim, uhm. Carlisle está aí?‖
―Ele está. Qual o problema?‖
―Eu não estou… cem por cento… certa…‖
―Edward está bem?‖ Ela perguntou friamente. Fora do telefone ela chamou pelo nome
de Carlisle e então questionou, ―Por que ele não pega o telefone?‖ antes que eu pudesse
responder a sua primeira pergunta.
―Eu não estou certa.‖
―Bella, o que está acontecendo? Eu acabei de ver-‖
―O que você viu?‖
Fez-se um silêncio. ―Aqui está Carlisle‖ ela finalmente anunciou.
Parecia como se água gelada tivesse sido injetada em minhas veias. Se Alice tivesse
uma visão sobre mim com uma criança de rosto angelical e olhos verdes em meus
braços, ela me responderia, não?
Enquanto eu esperava pela fração de segundo que Carlisle levou para falar, a visão que
imaginei para Alice dançou por trás das minhas pálpebras. Um pequeno e lindo bebê,
ainda mais lindo que o garotinho em meus sonhos - um pequeno Edward em meus
braços. Uma injeção de calor em minhas veias espantando o gelo.
―Bella, é Carlisle. O que está acontecendo?‖
―Eu-‖ Eu não sabia como responder. Será que ele iria rir das minhas conclusões e me
chamar de louca? Estaria eu apenas tendo mais um sonho colorido? ―Eu estou um pouco
preocupada com Edward… Vampiros podem entrar em estado de choque?‖
―Ele foi ferido?‖ A voz de Carlisle repentinamente soou nervosa.
―Não, não‖ Eu lhe garanti. ―Apenas… pego de surpresa.‖
―Eu não entendo, Bella.‖
―Eu acho que… bem, eu acho que… talvez… eu possa…‖ Eu respirei fundo. ―estar
grávida.‖
Como se fosse uma resposta, houve outro pequeno cutucão em meu abdôme. Minha
mão voou para a minha barriga.
Depois de uma longa pausa, o treinamento médico de Carlisle tomou lugar.
Quando foi o último dia do seu último ciclo menstrual?
―Dezesseis dias antes do casamento.‖ Eu havia feito anteriormente as contas por vezes
suficientes para responder com certeza.
―Como você se sente?‖
―Estranha‖. Eu contei a ele e minha voz estremeceu. Mais lágrimas escorreram pelas
minhas bochechas. ―Isso vai parecer loucura- veja, eu sei que isso é uito cedo para
qualquer coisa como isso. Talvez eu esteja louca. Mas eu tenho sonhado coisas bizarras
e tenho comido o tempo todo e chorado e me desesperado e … e… Eu juro que algo se
moveu dentro de mim exatamente agora.‖
A cabeça de Edward se levantou.
Eu suspirei em alívio.
Edward esticou sua mão para o telefone, seu rosto pálido e sério.
―Uhm, eu acho que Edward quer falar com você.‖
―Coloque-o na linha‖, Carlisle disse com uma voz sufocada.
Mesmo sem ter total certeza de que Edward poderia falar, eu coloquei o telefone em sua
mão espalmada.
―Eu…‖ eu não sabia como responder. Ele riria das minhas conclusões? Diria que estou
louca? Eu estava só tendo mais um daqueles horríveis sonhos vividos? ―Eu estou um
pouco preocupada com o Edward…. Vampiros entram em choque?‖
―Ele está machucado?‖ A voz de Carlisle demonstrava urgência.
―Não, não‖ eu o afirmei ―Só… surpreendido;‖
‗Não estou entendendo Bella‖.
―Eu acho… bem, eu acho que … talvez…. eu possa estar‖ respirei fundo. ―grávida.‖
Como se para me confirmar, mais uma mexida. Minha mão voou ao meu estomago.
Após uma longa pausa o treinamento médico de Carlisle entrou em cena.
―Quando foi o primeiro dia do seu último período?
―Dezesseis dias antes do casamento‘ eu havia feito essa conta tantas vezes agorinha
mesmo que respondi essa com firmeza.
―Como você se sente?‖
‗Esquisita‖ eu o disse e perdi minha voz, mais uma torrente de lágrimas rolaram pelas
minhas bochechas ―Isso vai soar loucura. Mas eu tenho tido esses sonhos bizarros e
comendo o tempo todo e chorando e vomitando… e…. eu juro que alguma coisa se
moveu dentro de mim agorinha.‖
A cabeça do Edward se ergueu.
Eu suspirei de alivio.
Edward ergueu a mão pedindo o telefone, seu rosto branco e rígido.
―Hm, eu acho que Edward quer falar com você.‖
―Bota ele na linha.‖ Carlisle disse em uma voz contida.
Não completamente certa que Edward conseguiria falar eu coloquei o telefone em sua
mão esticada.
Ele pressionou na orelha ―É possível?‖ ele sussurrou.
Ele escutou por um longo tempo, encarando o nada.
―E Bella?‖ ele perguntou. Seus braços me circundaram, puxando-me para ele. Ele
escutou pelo que pareceu um longo tempo e então disse. ―Sim, eu irei.‖
Ele afastou o telefone da orelha e desligou. Imediatamente começou a discar outro
número.
―O que Carlisle disse?‖ eu perguntei impacientemente.
Edward respondeu em uma voz sem vida. ―Ele acha que você está grávida.‖
As palavras enviaram um arrepio morno pela minha espinha. O pequeno cutucador
palpitou dentro de mim.
―Para quem você está ligando agora?‖ eu perguntei quando o telefone voltou a seu
ouvido.
―Ao aeroporto. Nós estamos indo para casa.‖
Edward ficou ao telefone por mais de uma hora sem pausa. Eu imagino que ele estivesse
organizando nosso vôo de volta para casa, mas não tinha certeza porque ele não estava
falando inglês. Parecia que ele estava discutindo, ele falou muito pelos dentes.
Enquanto ele discutia, ele arrumava as malas. Ele andava pelo quarto como um tornado
raivoso deixando organização ao invés de destruição em seu caminho. Ele jogou
algumas roupas minhas na cama sem nem olhar para elas, então eu deduzi que era hora
de me vestir. Ele continuou com a discussão enquanto eu me vestia, gesticulando com
movimentos bruscos e agitados.
Quando eu não pude mais agüentar a energia violenta que radiava dele eu
silenciosamente saí do quarto. Sua concentração obsessiva me deixou doente do
estomago - não como o enjôo matinal, só desconfortável. Eu esperaria em algum outro
lugar para o seu mau humor passar. Eu não conseguia falar com esse Edward, frio e
concentrado, que honestamente me assustava um pouco.
Mais uma vez eu acabei na cozinha. Havia um saco de pretzels no armário, eu comecei
a mastigar sem pensar, olhando pela janela a areia e as rochas e árvores e o oceano, tudo
brilhando ao sol.
Alguém me cutucou.
―Eu sei.‖ Eu disse ―Eu também não quero partir.‖
Eu olhei para janela mais um pouco mais o cutucador naum respondeu.
―Eu não entendo‖ suspirei ―O que está errado?‖
Surpreendente, absolutamente. Incrível, também. Mas errado?
Não.
Então porque Edward estava tão furioso? Foi ele quem quis esse negócio de casamento.
Eu tentei raciocinar.
Talvez não fosse tão confuso que o Edward queria que fossemos para casa
imediatamente, ele quereria que Carlisle me desse um olhada, certificar-se que minha
dedução estivesse correta - apesar de eu não ter nenhuma duvida mais. Provavelmente
eles iriam querer entender porque eu estava tão grávida já, com a barriguinha e as
cutucadas e tudo o mais. Isso não era normal.
Tendo pensado nisso eu tive certeza que entendi. Ele devia estar tão preocupado com o
bebê. Eu não tinha tido tempo de entrar em pânico ainda. Meu cérebro trabalhava mais
lentamente do que o dele - ainda estava maravilhado com a imagem que eu havia visto
antes: a criancinha com os olhos do Edward - verdes, como quando ele era humano deitado calmo e lindo em meus braços. Eu gostaria que tivesse o rosto do Edward,
exatamente, sem interferência do meu.
Era engraçado como imediata e completamente essa imagem se tornou necessária.
Desde aquele pequeno toque todo o mundo mudou. Onde antes só havia uma coisa que
eu não podia viver sem, agora havia duas. Sem divisões - meu amor não se dividiu em
dois, não era assim. Era mais como se o meu coração tivesse ficado maior, inchado duas
vezes o seu tamanho. Todo o espaço extra preenchido. Esse preenchimento me fazia
sentir quase tonta.
Eu nunca realmente entendi a dor e ressentimento de Rosalie antes. Eu nunca me
imaginei como uma mãe. Foi fácil prometer a Edward que eu não me importava em
desistir da maternidade por que eu realmente não ligava. Crianças, de forma abstrata,
nunca me atraíram. Eles me pareciam criaturas barulhentas, sempre pingando algum
tipo de gosma. Nunca tive muito a ver com elas. Quando eu sonhava que Reneé me
desse um irmão eu sempre imaginei um irmão mais velho. Alguém para tomar conta de
mim e não o oposto.
Essa criança, a criança do Edward, era uma história completamente diferente.
Eu a queria como queria ar para respirar. Não uma escolha - uma necessidade.
Talvez eu simplesmente tivesse uma imaginação muito ruim, talvez seja por isso que eu
nunca imaginei que eu gostaria de estar casada, ate que eu estivesse - incapaz de ver
que eu queria um bebê até que já estivesse no caminho…
Enquanto colocava a mão na barriga, esperando outra cutucada, lágrimas rolaram por
meu rosto novamente.
―Bella?‖
Eu me virei, alerta pelo tom da voz dele. Era muito frio, muito cuidadoso. O rosto dele
combinava com sua voz, vazio e duro.
E então ele viu que eu estava chorando.
―Bella!‖ Ele atravessou o aposento rapidamente e pôs suas mãos em meu rosto. ―Você
está sentindo dor?‖
―Não, não-‖
Ele me puxou contra seu peito. ―Não tenha medo. Estaremos em casa em dezesseis
horas. Você ficará bem. Carlisle estará pronto quando chegarmos lá. Vamos cuidar
disso e você ficará bem, você ficará bem.‖
―Cuidar disso? O que você quer dizer?‖
Ele se afastou e me olhou nos olhos. ―Nós vamos tirar essa coisa antes que ela possa
machucar qualquer parte sua. Não tenha medo. Eu não vou deixar isso te machucar.‖
―Essa coisa?‖ Arfei.
Ele olhou intensamente para longe de mim, em direção à porta da frente. ―Droga!
Esqueci que o Gustavo trabalhava hoje. Vou dar um jeito nele e já volto.‖ Ele saiu
abruptamente da sala.
Agarrei-me à bancada, procurando apoio. Meus joelhos estavam tremendo.
Edward acabara de chamar meu pequeno cutucão de coisa. Ele disse que Carlisle o
tiraria de dentro mim.
―Não,‖ sussurrei.
Eu tinha entendido errado. Ele não se importava nem um pouco com o bebê. Ele queria
machucá-lo. A bela imagem em minha cabeça mudou de repente, transformando-se em
algo obscuro. Meu bebê lindo chorando, meus braços fracos insuficientes para protegêlo…
O que eu poderia fazer? Eu seria capaz de me entender com eles? E se eu não
conseguisse? Isso explicaria o estranho silêncio de Alice no telefone? Era isso que ela
tinha visto? Edward e Carlisle matando aquela criança pálida, perfeita, antes que ela
pudesse viver?
―Não,‖ sussurrei novamente, minha voz mais forte. Isso não podia. Eu não iria permitir.
Ouvi Edward falando Português outra vez. Discutindo novamente. A voz dele ficou
mais próxima e escutei ele grunhir, exasperado. Então escutei outra voz, baixa e tímida.
A voz de uma mulher.
Ele entrou na cozinha, na frente dela, e foi direto a mim. Ele enxugou as lágrimas de
minhas bochechas e murmurou em meu ouvido através da linha fina, dura, de seus
lábios.
―Ela insiste em deixar a comida que trouxe - ela nos fez o jantar.‖ Se ele estivesse
menos tenso, menos furioso, eu sabia que ele teria revirado os olhos. ―É uma desculpa ela quer ter certeza de que eu ainda não te matei.‖ A voz dele se tornou fria como gelo
no final.
Kaure contornou nervosamente um canto com um prato coberto em suas mãos. Eu
queria poder falar Português, ou que meu Espanhol não fosse tão rudimentar, para que
eu pudesse agradecer à mulher que ousara enraivecer um vampiro apenas para ver se eu
estava bem.
Seus olhos moveram-se rapidamente entre nós dois. Eu a vi checar a cor de meu rosto, a
umidade de meus olhos. Resmungando algo que não entendi, ela colocou o prato na
bancada.
Edward rebateu bruscamente; eu nunca o vira ser tão mal educado antes. Ela se virou
para ir e o rodopio de sua saia enviou o cheiro de comida ao meu rosto. Era forte cebola e peixe. Eu engasguei e girei para a pia. Senti as mãos de Edward em minha testa
e ouvi seu sussurro suave através do rugido em meus ouvidos. As mãos dele
desapareceram por um segundo e eu ouvi o refrigerador se fechar. Misericordiosamente,
o cheiro desapareceu com o som, e as mãos de Edward estavam esfriando meu rosto
suado. Acabou rapidamente.
Passei água da torneira em minha boca enquanto ele acariciava um lado de meu
semblante.
Houve uma tentativa de cutucão em meu útero.
Está tudo bem. Nós estamos bem, pensei para a saliência.
Edward me virou, puxando-me para seus braços. Descansei minha cabeça sobre seus
ombros. Minhas mãos repousaram sobre minha marriga instintivamente.
Eu ouvi um pequeno arfar e olhei para cima.
A mulher ainda estava lá, hesitando na entrada com as mãos semi-estendidas, como se
ela estivesse procurando um modo de ajudar. Os olhos dela estavam presos em minhas
mãos, abrindo-se cada vez mais com o choque. Sua boca permaneceu aberta.
Então Edward também arfou e virou o rosto para ela abruptamente, empurrando-me
levemente para detrás de seu corpo. Seu braço contornava meu torso, como se ele
estivesse me impedindo de avançar.
De repente, Kaure estava gritando com ele - alto, furiosamente, as palavras
ininteligíveis dela voando pelo aposento como facas. Ela ergueu seu pulso minúsculo no
ar e avançou dois passos, sacudindo-o. Apesar de sua ferocidade, era fácil ver o terror
nos olhos dela.
Edward também avançou para ela e eu segurei seu braço, temendo pela mulher. Mas
quando ele interrompeu seu discurso, a voz dele me pegou de surpresa, especialmente
considerando o quão severa esta estivera quando a mulher não estava guinchando com
ele. Estava baixa, agora; argumentativa. Não só aquilo, mas o som também estava
diferente, mais gutural, a cadência era outra. Não achei que ele estivesse falando mais o
Português.
Por um momento, a mulher o olhou, meditativa, e seus olhos se semicerraram, enquanto
ela vociferava uma longa pergunta na mesma língua alienígena.
Eu observei enquanto o rosto dele se tornava cada vez mais triste e sério, e ele acenou
afirmativamente uma vez. Ela deu um passo rápido para trás e se cruzou.
Ele a alcançou, gesticulando em direção a mim e então encostando sua mão em minha
bochecha. Ela respondeu novamente brava, acenando suas mãos acusativamente para
ele, e então gesticulando. Quando ela terminou, ele se declarou novamente,
argumentando com a mesma voz baixa, urgente.
A expressão dela mudou-ela o olhou com evidente dúvida em seu rosto enquanto ele
falava, seus olhos correndo repetidamente para meu rosto. Ele parou de falar e ela
pareceu estar deliberando algo. Ela olhou novamente para nós dois, e então,
aparentemente inconsciente, deu um passo para frente.
Ela fez um movimento com as mãos, fazendo a mímica de um balão sobressaindo-se de
sua barriga. Eu comecei - as lendas dela de predadores bebedores de sangue incluíam
isso? Ela podia saber alguma coisa sobre o que estava crescendo dentro de mim?
Ela deu alguns passos para frente, deliberadamente desta vez, e fez algumas perguntas
rápidas, as quais ele respondeu tensamente. Então ele começou a perguntar - uma rápida
interrogação. Ela hesitou e então balançou a cabeça lentamente. Quando ele voltou a
falar, sua voz estava tão agoniada que olhei para cima, em choque. O rosto dele estava
imerso em dor.
Em resposta, ela andou lentamente para frente, até estar perto o suficiente para colocar
sua pequena mão sobre a minha. Ela disse uma palavra em Português.
―Morte,‖ ela suspirou quietamente. Então se virou, seus ombros se curvando como se a
conversa a tivesse envelhecido, e deixou o aposento.
Eu sabia Espanhol o suficiente para entender aquela.
Edward congelara novamente, procurando por ela com uma expressão torturada. Alguns
instantes depois ouvi o motor de um barco tomar vida e então desaparecer na distância.
Edward não se moveu até que eu me virei para o banheiro. Então sua mão segurou meu
ombro.
―Aonde você vai?‖ sua voz era um sussurro de dor.
―Escovar meus dentes de novo.‖
―Não se preocupe com o que ela disse. Não são nada além de lendas, velhas mentiras
contadas para entreter.‖
―Eu não entendi nada,‖ disse a ele, embora não fosse completamente verdade. Como se
eu pudesse dar um desconto por ser uma lenda. Toda minha vida estava circulada por
lendas em todos os lados. Todas eram verdadeiras.
―Eu guardei sua escova de dente. Vou pegá-la para você.‖
Ele entrou no quarto a frente de mim.
―Vamos embora logo?‖ perguntei a ele.
―Assim que você acabar.‖
Ele esperou pela minha escova para guardar na mala, andando lenta e silenciosamente
pelo quarto. Eu a entreguei para ele assim que terminei.
―Vou colocar as malas no barco.‖
―Edward-‖
Ele se virou. ―Sim?‖
Eu hesitei, tentando pensar em um modo de conseguir alguns segundos sozinha. ―Você
poderia… embalar um pouco de comida? Você sabe, caso eu fique com fome de novo.‖
―Claro,‖ ele disse, seus olhos suaves de repente. ―Não se preocupe com nada.
Chegaremos a Carlisle em poucas horas, é sério. Isso logo vai acabar.‖
Eu afirmei, sem confiar em minha voz.
Ele se virou e deixou o quarto com uma mala grande em cada mão.
Eu girei e peguei o telefone que ele deixara sobre a bancada. Era incomum dele
esquecer as coisas - esquecer que Gustavo estava vindo, deixar o telefone dele jogado
ali. Ele estava tão estressado que mal era ele mesmo.
Eu o abri e procurei entre os números gravados. Fiquei feliz em ver que o som estava
desligado, com medo de que ele fosse me pegar. Estaria ele no barco, agora? Ou já
estaria de volta? Ele me ouviria da cozinha, se eu sussurrasse?
Encontrei o número que eu queria, um para o qual eu nunca antes tinha ligado. Apertei o
botão de ―ligar‖ e cruzei os dedos.
―Alô?‖ a voz como sinos dourados tilintando ao vento atendeu.
―Rosalie?‖ eu murmurei. ―É a Bella. Por favor. Você precisa me ajudar.‖
Livro 2 – JACOB
Prefácio
A vida é uma merda, e aí você morre.
Sim, eu deveria ser tão sortudo.
8. Já esperando pela droga da grande luta.
―Jesus, Paul, você não tem uma casa própria?‖
Paul, ocupando todo o meu sofá enquanto descansava, assistindo a algum jogo estúpido
de baseball, na minha merda de televisão, sorrindo maliciosamente para mim e aí - bem
devagar - ele pega um Dorito da sacola em seu colo e coloca inteiro em sua boca.
―É melhor que isso tenha vindo com você.‖
Crunch. (mordida) ―Não‖ ele disse enquanto mastigava. ―Sua irmã me disse para ir em
frente e pegar o que eu quisesse.‖
Eu tentei fazer com que a minha voz soasse como se eu não estivesse prestes a socá-lo.
―A Rachel está aqui agora?‖
Isto não funcionou. Ele ouviu aonde eu ia e empurrou o pacote para suas costas.
Ele crepitou enquanto Paul a esmagava contra a almofada.
O chips desmanchou em pedaços. As mãos de Paul se ergueram em punhos, perto de
seu rosto como um boxeador.
―Venha, criança. Eu não preciso da Raquel para me proteger.‖
Eu bufei. ―Certo. Como se você não fosse chorar para ela na primeira chance.‖
Ele gargalhou e relaxou no sofá, deixando as mãos caírem. ―Eu não vou tagarelar com
uma garota. Se você tiver sorte, isto ficará somente entre nós. E vice-versa, certo?‖
Legal da parte dele me dar um convite. Eu relaxei meu corpo como se eu tivesse me
rendido. ―Certo.‖
Os olhos deles se voltaram para a TV.
Eu me lancei.
O nariz dele fez um satisfatório som de algo quebrando, no meu primeiro golpe.
Ele tentou me agarrar, mas eu saí fora de seu caminho, antes que ele pudesse me
segurar, o pacote de Doritos em minha mão esquerda.
―Você quebrou meu nariz, seu idiota.‖
―Apenas entre nós, certo, Paul?‖
Eu fui guardar o chips. Quando eu voltei, Paul estava reposicionando seu nariz antes
que este pusesse sarar torto.
O sangue já tinha estancado; parecia que não tinha origem, enquanto escorria pelos seus
lábios e queixo.
Ele amaldiçoou, estremecendo enquanto ele puxava a cartilagem.
―Você é tão chato Jacob. Eu juro, eu prefiro ficar com a Leah.‖
―Ouch. Wow, eu aposto que Leah realmente vai gostar de ouvir que você quer passar
um tempo com ela. Isto irá aquecer o fundo de seu coração.‖
―Você irá esquecer que eu falei isso.‖
―Claro. Eu tenho certeza que isso não vai escapar.‖
―Ugh,‖ ele grunhiu, e então voltou para o sofá, esfregando o que sobrou do sangue no
colarinho da sua camisa. ―Você é rápido, criança. Eu admito.‖ Ele voltou sua atenção ao
indistinto jogo.
Eu fiquei lá por um segundo, e aí eu fui a passos largos para meu quarto, murmurando
sobre abduções alienígenas.
Antigamente, você sempre podia contar com Paul para uma luta. Você não tinha que
acertar ele - qualquer insulto mínimo faria. Não precisava de muito pra tirar ele do sério.
Agora, claro, quando eu realmente queria uma boa luta confusa, rasgante, de derrubar
árvores, ele tinha de estar todo meloso.
Já não é ruim o bastante que outro membro do bando tivesse tido uma impressão porque, realmente, isto faz quatro em dez agora! Quando isso irá parar? Esse mito
estúpido supostamente era para ser raro, para gritar em voz alta! Todo esse obrigatório
amor a primeira vista é completamente doentio!
Isto tinha que ser em minha irmã? Isso tinha que ser com Paul?
Quando Rachel chegou de Washington no final do semestre de verão - graduada mais
cedo, a nerd - minha principal preocupação tinha sido manter o segredo, ia ser difícil
com ela aqui. Não estava acostumado a esconder coisas na minha própria casa. Isso me
fez verdadeiramente compreensivo com as crianças, como Embry e Collin, cujos pais
não sabiam que eles eram lobisomens. A mãe de Embry pensou que ele estava passando
por algum estágio de rebeldia. Ele estava sempre de castigo por constantes fugas, mas,
claro, não havia muito o que ele podia fazer sobre isso. Ela checava seu quarto todas as
noites e, todas as noites, ele estava vazio de novo. Ela tinha gritado e ele escutado em
silêncio, e então passava por isso novamente no outro dia.
Nós tentamos convencer Sam a dar uma trégua a Embry e deixar sua mãe saber, mas
Embry disse que ele não importava. O segredo era muito importante.
Portanto eu estava sendo totalmente adequado em manter o segredo. E então, dois dias
depois de Rachel chegar em casa, Paul gamou nela na praia. Bada bing, bada boom amor verdadeiro! Nenhum segredo é necessário quando você encontra a sua outra
metade, e todo aquele lixo de impressão de lobisomem.
Rachel ficou sabendo de toda a história e eu ganharei Paul como cunhado algum dia. Eu
sabia que Billy não estava muito emocionado com isso, também. Mas ele lidou com isso
melhor do que eu. Claro, ele tinha escapado pra a casa dos Clearwaters com mais
freqüência que o normal nesses dias. Não vi onde isso foi tanto melhor. Nenhum Paul,
mais abundância de Leah.
Eu me perguntei - uma bala pela minha têmpora de fato me mataria ou somente iria
deixar uma grande sujeira para eu limpar?
Eu me joguei na cama. Estava cansado - não tinha dormido desde minha última patrulha
- mas eu sabia que não iria dormir. Minha cabeça estava muito cheia de bobagens. Os
pensamentos balançavam no interior do meu crânio como um enxame desorientado de
abelhas. Barulhento.
De vez em quando elas ferroavam. Deviam ser vespas, não abelhas. Abelhas morrem
depois de uma ferroada. E os mesmos pensamentos estavam me ferroando de novo e de
novo.
Essa espera estava me deixando louco. Já se haviam se passado quase quatro semanas.
Eu tenho esperado, de um jeito ou outro, as notícias teriam de chegar agora.
Eu passei noites em claro imaginando qual forma elas tomariam.
Charlie soluçando ao telefone - Bella e seu marido perdidos em um acidente. Uma
queda de avião? Essa seria difícil de fingir. A menos que os sanguessugas não se
importassem de matar um bando de espectadores curiosos para autenticá-lo, e por que
eles iriam? Talvez um pequeno avião. Provavelmente eles teriam um de reserva.
Ou o assassino voltaria para casa sozinho, depois do fracasso de tentar fazer dela um
deles? Ou nem ido tão longe. Talvez ele a tenha esmagado como um saco de batata frita
na sua tentativa de conseguir algo? Porque sua vida era menos importante para ele que
seu próprio prazer.
A estória seria trágica - Bella perdida em um terrível acidente. Vítima de um assalto que
deu errado. No jantar sufocando até a morte. Um acidente de carro, igual ao da mamãe.
Tão comum. Acontece o tempo todo.
Será que ele a traria pra casa? Enterrá-la em consideração a Charlie? Cerimônia com o
caixão fechado, é claro. O caixão da minha mãe tinha sido pregado.
Eu poderia apenas esperar que ele voltasse aqui, dentro do meu alcance.
Talvez não fosse existir nenhuma estória. Talvez Charlie ligasse para perguntar ao meu
pai que ele tinha ouvido alguma coisa do Dr. Cullen, que não apareceu pra trabalhar
apenas um dia. A casa abandonada. Nenhuma resposta de nenhuma ligação nos
telefones dos Cullen. O mistério pego por algum programa de segunda categoria,
suspeita de jogo sujo…
Talvez a grande casa branca queimasse por completo com todos dentro. Claro, eles
precisariam de corpos pra isso aí. Oito humanos de tamanhos aproximadamente iguais.
Queimados além do reconhecimento - além do reconhecimento da arcada dentária.
Qualquer coisa dessas seria difícil - pra mim, isso mesmo. Seria difícil encontrá-los caso
eles não quisessem ser encontrados. Claro, eu teria de procurar pra sempre. Se você
tivesse todo o tempo do mundo, você poderia checar cada pedacinho de palha no
palheiro, um por um, pra ver se encontrava a agulha.
Agora mesmo, eu não me importaria de desmantelar o palheiro. Pelo menos isso seria
algo pra fazer. Eu odiava saber que eu podia estar perdendo minha chance. Dando aos
sugadores de sangue o tempo pra fugir, se esse fosse o plano.
Nós poderíamos ir à noite. Nós poderíamos matar cada um deles que pudéssemos
encontrar.
Eu gostava dessa idéia do plano por que eu conhecia Edward bem o suficiente pra saber
que, se eu matasse qualquer da sua corja, eu teria a minha chance de pegá-lo também.
Ele viria por revanche. E eu daria isso a ele - eu não deixaria meus irmãos matá-lo no
pacote. Seria apenas eu e ele. Que o melhor homem vença.
Mas Sam não escutaria isso. Nós não vamos quebrar o acordo. Deixe que eles o façam.
Apenas porque nos não tínhamos a prova que os Cullen não fizeram nada de errado.
Ainda. Você tinha que adicionar o ainda, porque todos nos sabíamos que seria
inevitável. Bella voltaria como uma deles ou não voltando. De qualquer jeito seria uma
vida que tinha se perdido. E isso significava fim do jogo.
Na outra sala, Paul urrava como uma mula. Talvez ele tivesse mudado pra um canal de
comédia. Talvez o comercial fosse engraçado. Isso atacou meus nervos.
Eu pensei em quebrar o seu nariz de novo. Mas não era com Paul que eu queria brigar.
Realmente não.
Eu tentei ouvir os outros sons, o vento nas árvores. Não era o mesmo, nem através de
ouvidos humanos. Tinha milhões de vozes no vento que eu não conseguia ouvir nesse
corpo.
Mas essas orelhas eram sensíveis o suficiente. Eu podia ouvir das árvores até a estrada,
os sons dos carros vindo através da última curva onde você poderia finalmente ver a
praia - a vista das ilhas e das pedras e do grande oceano azul que cobria o horizonte. Os
policiais de La Push costumavam ser bem rigorosos naquela parte. Turistas nunca
percebiam o sinal para reduzir a velocidade no outro lado da pista.
Eu podia ouvir as vozes fora da loja de souvenires na praia. Eu podia ouvir o sino
ressoando enquanto a porta era aberta e fechada. Eu podia ouvir a mãe de Embry no
caixa, imprimindo um recibo.
Eu podia ouvir a maré batendo contra as pedras da praia. Eu podia ouvir os gritos das
crianças enquanto a água gelada vinha rápido demais para que elas pudessem sair do
caminho. Eu podia ouvir as mães reclamando das roupas encharcadas. E eu podia ouvir
uma voz familiar…
Eu estava tão concentrado ouvindo que a repentina explosão da risada de asno de Paul
me fez pular pra fora da cama.
―Saia da minha casa!‖, eu resmunguei. Sabendo que ele não iria prestar nenhuma
atenção, eu segui o meu próprio conselho. Eu abri minha janela com violência e pulei
pela parte de trás da casa, assim eu não veria Paul de novo. Seria tentador demais. Eu
sabia que eu o socaria de novo, e Rachel já estaria irritada o bastante. Ela veria o sangue
na blusa dele, e ela me culparia na mesma hora sem esperar por provas. Com certeza,
ela estaria certa, mas, ainda assim…
Eu marchei para a costa, meus punhos em meus bolsos. Ninguém olhava pra mim duas
vezes quando eu entrei no estacionamento sujo da Primeira Praia. Essa era uma das
vantagens do verão - ninguém se importava se você não estivesse vestindo nada mais
além de shorts.
Eu segui a voz familiar que ouvi e encontrei Quil facilmente. Ele estava na parte sul da
praia, evitando a maior parte da multidão de turistas. Ele soltava um constante rio de
avisos.
―Fique fora da água, Claire. Vamos. Não, não. Oh! Ótimo, criança. Sério, você quer que
Emily grite comigo? Eu não vou te trazer de volta pra praia de novo se você não - Ah é?
Não - ugh. Você acha engraçado, é? Hah! Quem está rindo agora, huh?‖
Ela tinha um balde em uma mão, e seus jeans estavam encharcados. Ele tinha uma
mancha gigante causada pela água na parte da frente de sua camisa.
―Cinco dólares na garotinha‖, eu disse.
―Hey, Jake.‖
Claire gritou e jogou seu balde nos joelhos de Quil. ―Desce, desce!‖
Ele a colocou cuidadosamente de pé e ela correu na minha direção. Envolvendo minha
perna com seus braços.
―Tio Jay!‖
―O que ‗tá acontecendo, Claire?‖
Ela riu. ―Qwil tooodo molhado agora.‖
―Eu posso ver isso. Onde está sua mãe?‖
―Foi, foi, foi‖, Claire cantou. ―Claire brincou com Qwil tooodo dia. Claire nunca voltar
pra casa.‖
―Parece que alguém está dando pares de golpes terríveis.‖
―Três, na verdade‖ Quil corrigiu. ―Você perdeu a festa. Tema de princesa. Ela fez com
que eu usasse uma coroa e então Emily sugeriu que todos eles testassem a maquiagem
nova dela em mim.‖
―Wow, eu realmente lamento não ter estado perto para ver isso.‖
―Não se preocupe, Emily tem as fotos. Na realidade, eu pareço um gostosão.‖
―Você é tão babaca.‖
Quil encolheu os ombros. ―Claire se divertiu. Esse era o objetivo.‖
Eu revirei os meus olhos. Era difícil estar perto de gente que já havia tido sua
impressão. Não importava em que estágio eles estavam - já apertando o laço como Sam
ou apenas uma babá excessivamente abusada como Quil - a paz e a certeza que eles
sempre irradiavam estavam me dando ânsias de vômito.
Claire se pendurou em nos ombros deles e apontou pra o terreno. ―Pega a peda, Qwil!
Pa mim, pa mim!‖
―Qual das pedras, pequena? A vermelha?‖
―Vemelha não.‖
Quil dobrou os seus joelhos - Claire gritava e puxava seus cabelos como uma rédea de
cavalo.
―Essa azul?‖
―No, no, no…‖ a garotinha cantava entusiasmada com seu novo jogo.
A parte estranha era: Quil estava se divertindo tanto quando ela. Ele não tinha aquela
expressão tão presente que os pais e mães relaxados tinham - aquela cara de quando-é-ahora-da-soneca?. Você nunca veria um pai de verdade tão animado ao brincar de
qualquer estúpida brincadeira infantil que seu filho pudesse pensar. Eu tinha visto Quil
brincar de pique - esconde por uma hora inteira sem sinais de chateação.
E eu nem poderia tirar um sarro dele - eu o invejava tanto.
Apesar de eu achar que seria péssimo o fato dele ter uns bons 14 anos de atitudes
inconvenientes pela frente até que Clair tivesse idade - para Quil, pelo menos, era bom
lobisomens não envelhecerem. Mas mesmo todo esse tempo não parecia deixá-lo muito
preocupado.
―Quil, você já pensou em namorar?‖ Eu perguntei.
―Huh?‖
―No, no amaelo!‖ Claire exultou.
―Você sabe. Uma garota real. Quero dizer, só por enquanto, sabe? Em suas noites de
folga como babá.‖
Quil fitou-me coma boca aberta.
―Pega a peda! Pega a peda!‖ Claire gritava quando ele não ofereceu a ela outra chance.
―Desculpe Clair - ursinho. E essa linda pedra roxa?‖
―Não.‖ ela deu risinhos ―Não, oxo.‖
―Me dá uma pista. Estou implorando, garota.‖
Claire pensou. ―Veide.‖ ela finalmente disse.
Quil fitou as rochas, estudando-as. Ele pegou 4 pedras em diferentes tons de verde
ofereceu a ela.
―Eu a peguei?‖
―Sim.‖
―Qual delas?‖
―Todas essas pedas.‖
Ela fez uma concha com suas mãos e Quil colocou as pequenas rochas dentro dela. Ela
sorriu e imediatamente fez sons metálicos sobre a cabeça com eles. Ele estremeceu
teatralmente e depois começou a caminhar em direção ao estacionamento do lote.
Provavelmente preocupado com ela pegar um resfriado com suas roupas molhadas.
Ele era pior do que qualquer paranóica e superprotetora mãe.
―Desculpe se eu estive insistindo, cara, sobre a coisa sobre garotas.‖ Eu disse.
―Fica frio.‖ Quil disse. ―Isso meio que me pegou de surpresa. Eu não tinha pensado
nisso.‖
―Eu aposto que ela compreenderia. Você sabe, quando ela crescer. Ela não iria ficar
brava que você tivesse uma vida enquanto ela estava nas fraldas.‖
―Não, eu sei. Eu tenho certeza que ela entenderia isso.‖
Ele não disse nada alem disso.
―Mas você não fará isso, fará‖? Eu adivinhei.
―Eu não consigo ver isso.‖ ele disse em uma voz baixa. ―Eu não consigo imaginar. Eu
só não… vejo ninguém desse jeito. Eu não noto mais as garotas, sabe. Eu não vejo seus
rostos.‖
―Coloque isso junto com uma tiara e maquiagem, e talvez Claire tenha um diferente tipo
de competição para se preocupar.‖
Quil riu e mando um beijo ruidoso pra mim. ―Você esta disponível para essa sexta,
Jacob?‖
―Nos seus sonhos.‖ Eu disse, e depois fiz uma cara. ―Yeah, eu acho que estou‖.
Ele hesitou por um segundo e depois disse ―Você já pensou em namorar?‖.
Eu suspirei. Eu acho que me abri para essa pergunta.
―Você sabe, Jake, talvez você pudesse pensar em ter uma vida.‖
Ele não disse isso como uma piada. Sua voz era simpática. Isto fez a frase piorar.
―Eu também não as vejo, Quil. Eu não vejo os seus rostos.‖
Quil também suspirou.
Longe, muito baixo para qualquer um, exceto nós, ouvir sobre o som das ondas, um
uivo passou pela da floresta.
―Droga, é o Sam,‖ Quil disse. Suas mãos voaram para tocar Claire, como se fosse para
ter certeza que ela continuava ali. ―Eu não sei onde a mãe dela está.‖
―Eu irei ver o que é isso. Se eu precisar de você, eu o deixarei saber.‖ Eu corri pensando
nas palavras. Elas vieram para fora ligadas. ―Hey, Porque você não a leva ela para os
Clearwaters? Sue e Billy conseguem manter o olho nelas se eles precisarem. Eles
podem saber o que esta acontecendo, de qualquer jeito.‖
―Ok - saia logo daqui, Jake!‖
Eu fui correndo, não pelo caminho sujo pela sebe cheia de ervas daninhas, mas pelo
caminho mais curto em direção à floresta. Eu passei primeiro pelo caminho da madeira
flutuante e logo cortei o meu caminho pelas roseiras bravas, ainda correndo. Eu senti
pequenas lágrimas como espinhos cortarem minha pele, mas eu as ignorei. A dor
causada por elas seria curada assim que eu contornasse as árvores. Cortei caminho por
trás da loja e me lancei através da estrada. Alguém buzinou atrás de mim. Uma vez na
segurança das árvores, corri mais rápido, tomando passos largos. As pessoas não me
olhariam se eu ficasse longe do espaço aberto. Pessoas normais não podiam correr
assim. Algumas vezes eu pensei que seria divertido participar de corridas - você sabe.
Como nas Olimpíadas ou coisa assim. Seria legal ver as expressões nas caras daqueles
atletas super stars quando eu passasse voando por eles. Eu tinha certeza que a prova que
eles fazem para assegurar-se que você não toma anabolizantes revelaria provavelmente
alguma merda realmente peculiar no meu sangue.
Logo que vi que estava dentro de uma verdadeira floresta, sem estradas ou casas por
perto, eu derrapei para parar e chutei meus shorts fora. Com rápidos, práticos
movimentos, eu os enrolei e amarrei a corda de couro em volta do meu tornozelo. Eu
ainda estava amarrando a corda apertada quando eu comecei a tremer. O fogo passou
por debaixo da minha espinha, arremessando os espasmos ao longo dos meus braços e
pernas. Levou apenas um segundo. Vislumbrei o que me fez algo mais. Lancei minhas
patas pesadas contra a terra coberta de folhas e estiquei em um longo giro. A
transformação era muito fácil quando eu estava concentrado como estava. Não tinha
mais dúvidas quanto ao meu temperamento. Exceto quando eu perdia o controle.
Durante uma metade de segundo eu me lembrei do momento terrível daquela piada
ainda mais terrível e inexprimível do casamento. Eu tinha sido tão insano com a fúria
que eu não podia fazer meu corpo funcionar direito. Eu tinha sido pego em uma
armadilha, tremendo e queimando, incapaz de mudar e matar o monstro que estava a
apenas alguns passos de mim. Eu estava tão confuso. Morrendo para matá-lo. Com
medo de machucá-la. Meus amigos no caminho. E quando eu finalmente fui capaz de
tomar a forma que desejava, a ordem do meu líder. O comando do Alpha. Se tivesse
sido somente Embry e Quil lá naquela noite, sem Sam… Eu teria sido capaz de matar o
assassino, então?
Eu odiava quando Sam estabelecia a lei assim. Eu odiava o sentimento de não ter
escolha. De ter de obedecer.
Então eu percebi que tinha público. Eu não estava sozinho nos meus pensamentos.
Tão absorvido todo o tempo , Leah pensou.
É, sem nenhuma hipocrisia, Leah, Eu pensei de volta.
Isso acontece garotos , Sam nos disse.
Nós sentimos o silencio, e eu senti Leah estremecer com a palavra garotos.
Sentimental, como sempre.
Sam não quis notar. Onde estão Quil e Jared?
Quil está com Claire. Ele esta a levando para os Clearwater.
Bom. Sue vai tomar conta dela.
Jared está indo até Kim.
Embry pensou. Boa oportunidade de não te escutar.
Houve um rosnado baixo através do bando. Gemi junto com eles.
Quando Jared finalmente apareceu, não havia dúvidas de que ele ainda pensava em
Kim.
E ninguém queria um replay do que eles tinham feito agora mesmo.
Sam se sentou de novo deixando outro uivo rasgar no ar. Isso era um sinal e uma ordem.
O bando foi reunido a algumas milhas ao leste de onde eu estava. Passei pela floresta
grossa em direção a eles. Leah, Embry e Paul estavam todos trabalhando, um pouco
mais a frente Leah estava próxima - eu logo poderia ouvir seus pés pisando não muito
forte entre a floresta. Nós continuamos numa linha paralela, escolhendo não correr
juntos.
Bem, não esperaremos por ele o dia todo. Ele vai ter que saber depois.
O que foi, chefe? Paul queria saber.
Precisamos conversar. Alguma coisa aconteceu.
Eu senti os pensamentos de Sam voltados pra mim - e não apenas os de Sam, mas os de
Seth, Collin e Brady também. Collin e Brady - os garotos novos - estavam rondando
com Sam hoje, então eles deviam saber tudo o que Sam sabia. Eu não sabia por que
Seth já estava aqui, e consciente. Não era a vez dele hoje.
Seth, diga a eles o que você ouviu.
Eu acelerei, querendo estar lá. Eu ouvi Leah se mover mais rápido, também. Ela odiava
ficar pra trás. Ser a mais veloz era a única coisa que ela era melhor.
Reclame disso, estúpido , ela assobiou, e então ela realmente acelerou. Eu afundei
minhas garras no chão e apressei o passo.
Sam não parecia disposto a tolerar nossa competição. Jake, Leah, dêem um tempo.
Nenhum de nós desacelerou.
Sam grunhiu, mas deixou pra lá. Seth?
Charlie ligou pra todo mundo até que encontrou Billy na minha casa.
É, eu falei com ele , Paul completou.
Eu senti um solavanco quando Seth pensou no nome de Charlie. Era isso. A espera tinha
acabado. Eu corri mais rápido, me forçando a respirar, embora meus pulmões
parecessem paralisados.
Qual história seria?
Assim, ele é todo enlouquecido. Adivinhem, Edward e Bella voltaram semana passada,
e…
Meu peito aliviou-se.
Ela estava viva. Ou ela não estava morta morta pelo menos.
Eu não tinha percebido que ela ia fazer muita diferença pra mim. Eu estive pensando
nela como morta todo esse tempo, e eu só vi agora. Vi que nunca acreditaria que ele a
traria viva de volta. Realmente não importava muito, porque eu sabia o que estava
próximo.
Sim, cara, e aqui está a má notícia. Eu falei com Charlie, e ele disse que ela está mal,
que está doente. Carlisle disse a Charlie que ela pegou uma grave doença quando
estava na América do Sul. Charlie está enlouquecendo! Porque ele ainda não está
autorizado a vê-la, ele diz que não se importa se também ficar doente, mas seriam
cuidados dobrados para Carlisle. Nada de visitas. Charlie disse que é muito grave, mas
que Carlisle está fazendo o possível. Charlie estava se remoendo sozinho todos os dias,
mas só agora resolveu ligar pra Billy. Ele disse que ela piorou hoje.
O silêncio mental de Seth quando terminou de contar, foi profundo. Então todos
compreenderam.
Então ela iria morrer desta doença, era o que Charlie sabia. Será que eles deixariam que
ele visse o cadáver? O pálido, perfeitamente não-respirante corpo? Eles não poderiam
deixá-lo tocar a pele fria - ele poderia notar o quão duro era. Eles teriam que esperar até
que ela pudesse ficar parada, pudesse se privar de matar Charlie e os outros convidados
do funeral. Quanto tempo isso levaria?
Será que ela iria ser enterrada? E depois iria cavar para sair, ou seus amiguinhos
sugadores de sangue a tirariam de lá?
Os outros ouviram a minha especulação em silêncio. Eu estava com este pensamento
muito mais presente do que eles.
Leah e eu entramos na clareira praticamente ao mesmo tempo. Ela tinha certeza que seu
faro tinha nos conduzido. Ela largou seu quadril ao lado de seu irmão enquanto eu
trotava para ficar ao lado direito de Sam. Paul me deu espaço.
De novo Leah pensou, mas eu mal a escutei.
Eu me perguntava porque eu era o único que estava em pé. Meus pêlos estavam de pé
nos meus ombros, eriçando-se com minha impaciência.
Bem, pelo que nós estamos esperando? Eu perguntei.
Ninguém disse nada, mas eu pude ouvir o sentimento de hesitação deles.
Ah, qual é! O trato foi quebrado!
Nós não temos provas - talvez ela esteja doente…
OH, POR FAVOR!
Ok, então a circunstancias são realmente fortes. Mas…
Jacob . Sam pensou vindo devagar, hesitante. Você tem certeza de que é isso o que
você quer?Realmente isso é a coisa certa? Todos nós sabemos o que ela queria.
O tratado não menciona nada sobre a preferência das vitimas, Sam!
Ela é realmente uma vitima? Você a rotula desse jeito?
Sim!
Jake , Seth pensou, Eles não são nossos inimigos.
Cale a boca, garoto! Só porque você teve algum tipo de trabalho doentio de herói com
aquele sugador de sangue, isso não muda a lei. Eles são nossos inimigos. Eles estão em
nosso território. Nós o colomanos pra fora. Eu não ligo se você teve um briga divertida
ao lado de Edward Cullen uma vez.
Então o que você irá fazer quando Bella lutar ao lado deles, Jacob? Huh? Seth exigiu.
Ela não é mais a Bella.
Você vai ser aquele que vai acabar com ela?
Eu não pude me controlar ao recuar.
Não, você não pode. Então o quê? Você vai fazer um de nós fazer isso?
E em seguida ficar se lamentando com quem quer que seja para sempre?
Eu não faria…
É claro que não.Você não está pronto para essa luta, Jacob.
Meu instinto assumiu, e eu sigui em frente, resmungando para um lobo magro cor de
areia no círculo.
Jacob! Sam questionou. Seth, cale a boca por um instante!
Seth balançou sua grande cabeça.
Droga, o que eu perdi? Quil disse em pensamento, e foi correndo para o lado de fora.
Ouvi algo sobre um telefonema do Charlie…
Estamos prontos para ir , eu lhe disse. Por que você não arrasta o Kim e o Jared para
fora com os dentes? Nós vamos precisar de todos!
Venha até aqui, Quil . Sam ordenou. Não decidimos nada ainda.
Eu rosnei.
Jacob, eu tenho que pensar no melhor para o grupo. Tenho que escolher a decisão que
melhor nos protege. Os tempos mudaram desde que nossos antepassados fizeram o
acordo. Eu…. bem, eu não acredito que os Cullen sejam um problema para nós. E nós
sabemos que eles não ficarão aqui por muito mais tempo. Certamente quando eles
resolverem sua história, eles venham a desaparecer, e assim, poderemos voltar ao
normal.
Normal?
Se nós desafiarmos eles, Jacob, eles vão se defender também.
Você está com medo?
Você está disposto a perder um irmão? Ele parou. Ou uma irmã? Ele mudou a direção
por um segundo.
Eu não tenho medo de morrer.
Eu sei disso, Jacob. É uma razão de eu questionar seus pensamentos sobre isso…
Eu encarei seus olhos negros. Você irá honrar o pai do tratado, ou não?
Eu honro o meu grupo, e faço o que é melhor para ele.
Covarde.
Seu fucinho ficou tenso, colocando para fora seus longos dentes.
Chega, Jacob! Isto está anulado. A voz mental de Sam mudou, aquele timbre que eu
não podia desobedecer. A voz do Alpha. Ele encontrou o olhar de cada lobo no círculo.
O grupo não irá atacar os Cullen se eles não provocarem. O espírito do tratado
continua. Eles não são um perigo para o nosso povo, nem são um perigo para a
população de Forks. Bella Swan fez sua escolha, não vamos punir nossos aliados pela
escolha dela.
Escute, escute.
Seth pensou entusiasmado.
Eu pensei que tivesse dito para você se calar, Seth.
Oops Sam, desculpa!
Jacob, onde você acha que você está indo?
Eu saí do círculo, indo para o oeste, para que eu pudesse me transformar de volta. Eu
vou dizer adeus para o meu pai. Aparentemente não há propósito algum para que eu
fique aqui parado.
Aw, Jake - não faça isso novamente!
Cala a boca, Seth , a vozes severas disseram juntas.
Não queremos que você vá,
que antes.
Sam disse para mim em seu pensamento, mais suave do
Então me force a ficar, Sam. Tire de mim minha escolha. Faça de mim um escravo.
Você sabe, eu não farei isso.
Então não há nada mais a dizer.
Eu fugi deles, tentando seriamente não pensar no que viria depois. Em vez disso, me
concentrei nas minhas memórias de lobo nos últimos meses, de deixar a minha
humanidade sangrar para fora de mim, até que eu fosse mais lobo que humano. Vivendo
o momento, comendo quando sentia fome, dormindo quando sentia sono, e correndo correndo só por correr.
Desejos simples, respostas simples para esses desejos. A dor veio em níveis fáceis de
separação. A dor da fome. A dor do frio sobre as patas. A dor das garras cortantes que
me deixava com mal humor enquanto jantava. Cada dor tinha uma resposta simples,
uma ação clara que terminaria com a dor.
Não era assim com humanos.
Porém, logo quando eu estava perto de casa, eu voltei a minha forma humana. Eu
precisava ser capaz de pensar na minha vida, em particular. Desamarrei minhas calças e
as puxei com força, já voltando para casa. Eu não fiz nada. Eu estava escondido para
pensar, e era bastante tarde para o Sam mandar em mim. Ele não podia me ouvir agora.
Sam havia feito uma decisão muito clara. O grupo não iria atacar os Cullen. Tudo bem.
Ele não tinha mencionando ‗um indivíduo agindo isoladamente‘.
Não, o grupo não iria atacar ninguém hoje.
Mas eu iria.
9. Como raios eu não vi que isso estava chegando.
Eu realmente não planejei dizer tchau para o meu pai.
Afinal de contas, uma ligação rápida para o Sam e o jogo teria terminado. Eles iriam me
cortar e me fazer voltar. Provavelmente tentar me fazer ficar com raiva, ou até me
machucar - de alguma forma me acalmar para Sam fazer uma nova lei.
Mas Billy estava me esperando, sabendo que eu estaria em algum tipo de estado. Ele
estava no jardim, apenas sentado ali na cadeira de rodas com seus olhos justamente no
ponto que eu surgi entre as árvores. Eu o vi julgando a minha direção - indo direto pela
casa em direção a garagem.
―Você tem um minuto, Jake?‖
Eu derrapei quando parei. Olhei para ele e então para a garagem.
―Venha, garoto. Pelo menos me ajude a entrar‖
Eu bati os meus dentes, mas decidi que era possível que ele causasse mais problemas
com o Sam se eu não mentisse para ele por alguns minutos.
―Desde quando você precisa de ajuda, meu velho?‖
Ele riu a sua risada escandalosa. ―Meus braços estão cansados. Eu vim sozinho todo o
caminho da casa da Sue.‖
―É uma descida. Você desceu todo o caminho‖
Eu empurrei a sua cadeira para cima da rampa que eu fiz para ele em direção a sala de
estar.
―Você me pegou. Acho que eu cheguei a trinta milhas por hora. Foi ótimo‖
―Você vai acabar com aquela cadeira, você sabe. E então você vai ter que se arrastar
pelos cotovelos.‖
―Sem chances. Seu trabalho vai ser me carregar.‖
―Você não vai para muitos lugares.‖
Billy colocou as suas mãos na roda e foi até a geladeira. ―Sobrou alguma comida?‖
―Você me pegou. Paul ficou aqui o dia inteiro, então, provavelmente não.‖
Bill assentiu. ―Tenho que começar a esconder as compras se a gente quiser evitar a
fome.‖
―Diga a Rachel para ir para a casa dele.‖
O seu tom de brincadeira acabou, e seus olhos ficaram mais suaves. ―A gente só tem ela
aqui em casa algumas semanas. Primeira vez que ela veio em um longo temo. É difícil as meninas eram mais velhas que você quando sua mãe morreu. Elas têm problemas em
ficar nessa casa.‖
―Eu sei‖
Rebecca não voltou aqui desde que se casou, apesar de que ela tinha uma boa desculpa.
As passagens do Havaí eram bem caras. O estado de Washington era perto o suficiente
para Rachel não ter a mesma desculpa. Ela vinha fazendo aulas direto através dos
semestres de verão, trabalhando em dois turnos em uma cafeteria no campus. Se não
fosse por Paul, ela provavelmente teria ido embora de novo bem rápido. Talvez fosse
por isso que Billy não o expulsava de casa.
―Bom, eu vou ir trabalhar em alguma coisa…‖ Eu comecei da porta da frente.
―Espere um pouco, Jake. Você não vai me dizer o que aconteceu? Terei que ligar para o
Sam para saber?‖
Eu parei com as minhas costas para ele, escondendo o meu rosto.
―Nada aconteceu. Sam vai dar as costas para eles. Aparentemente somos um bando de
adorados dos sanguessugas agora.‖
―Jake…‖
―Eu não quero conversar sobre isso.‖
―Você está saindo, filho?‖
O aposento estava quieto por um longo instante enquanto eu decidia como dizer isso.
―Rachel pode ter o quarto dela de volta. Eu sei que ela odeia aquele deslocamento de
ar.‖
―Ela preferiria dormir no chão a perder você. Eu também‖
Eu bufei.
―Jacob, por favor. Se você precisa de… um tempo. Bom, tire-o. Mas não tão longo de
novo. Volte.‖
―Talvez. Talvez eu apareça nos casamentos. Uma aparição no do Sam, então no de
Rachel. Apesar de que Jared e Kim devem vir primeiro. Provavelmente deveria
conseguir um terno ou algo parecido.‖
―Jake, olhe para mim.‖
Eu virei para trás devagar. ―O que?‖
Ele olhou para os meus olhos por alguns minutos. ―Onde você está indo?‖
―Eu não tenho nenhum lugar especifico na minha cabeça.‖
Ele balançou a cabeça para o lado e seus olhos diminuíram. ―Não sabe?‖
Nós olhamos um para o outro. Os segundos passaram.
―Jacob‖ ele disse. A sua voz estava tensa. ―Jacob, não. Não vale a pena.‖
―Eu não sei sobre o que você está falando.‖
―Deixe Bella e os Cullens. Sam está certo.‖
Eu olhei para ele durante um segundo, e então atravessei o quarto em dois longos
passos. Peguei o telefone e desconectei o cabo da caixa e da tomada. Eu apertei a corda
cinza na palma da minha mão.
―Tchau, pai.‖
―Jake, espere-,‖ ele me chamou, mas eu estava fora da porta, correndo.
A motocicleta não era tão rápida quanto correr, mas era mais discreta. Eu pensei em
quanto tempo iria demorar para Billy ir com a cadeira até a loja e então conseguir
alguém no telefone que poderia levar a mensagem para Sam. Eu aposto que Sam ainda
estava na sua forma de lobo. O problema era se Paul voltasse para nossa casa rápido.
Ele poderia se tornar um lobo em um segundo e deixar Sam saber o que eu estava
fazendo.
Eu não ia me preocupar com isso. Eu iria o mais rápido que conseguisse, e se eles me
pegassem, eu lidaria com isso quando acontecesse.
Eu liguei a moto e então estava correndo através da rua suja de lama. Eu nem olhei para
trás quando passei pela casa.
A rodovia estava cheia com o tráfego de turistas. Eu passei por eles e pelos carros,
levando alguns xingamentos e dedos. Eu virei na 101 a setenta, nem me preocupando
em olhar. Eu tive que prestar atenção por um minuto para evitar bater em uma minivan.
Não que isso iria me matar, mas provavelmente iria me atrasar. Ossos quebrados - os
grandes pelo menos - demoravam dias para sarar completamente, como eu já sabia.
O trânsito melhorou um pouco e eu acelerei a moto para oitenta. Eu ainda não havia
tocado no freio até que estivesse na pista de acesso; eu imaginei que estivesse seguro
agora. Sam não viria tão longe para me impedir. Era tarde demais.
Não era até aquele momento - quando eu tive certeza do que tinha feito - que eu
comecei a pensar sobre o que exatamente eu estaria fazendo agora. Eu diminuí para
vinte, fazendo as manobras por entre as árvores mais cuidadosamente do que eu
precisava.
Eu sabia que eles me escutariam chegando, com moto ou não, não haveria surpresa. Não
tinha como disfarçar minhas intenções. Edward poderia ouvir meus planos assim que eu
estivesse perto o bastante. Talvez ele já estivesse escutando. Mas eu pensei que isso
ainda poderia funcionar, porque eu tinha todo o seu ego do meu lado. Ele queria me
enfrentar sozinho.
Então eu apenas caminhei, me lembrando do que Sam havia dito mais cedo, e então
desafiaria Edward para um duelo.
Eu urrei. Provavelmente o parasita deixaria todo o drama de lado, indo direto ao
assunto.
Quando eu terminasse com ele, eu pegaria o máximo do resto que pudesse antes que
eles me pegassem. Huh - eu me perguntava se Sam consideraria minha morte uma
provocação. Provavelmente diria que eu tive o que mereci. Não deveria querer ofender
os seus BFFs chupadores de sangue.
Já tinha percorrido metade da pista e o cheiro me acertou como um tomate podre na
cara. Ugh. Vampiros fedorentos. Meu estômago começou a embolar. O cheiro forte ia
dificultar as coisas - sem estar misturado ao cheiro dos humanos como da última vez
que eu vim aqui - embora não fosse tão ruim como sentir esse cheiro pelo meu nariz de
lobo.
Eu não tinha certeza do que esperar, mas não havia nenhum sinal de vida em volta da
grande cripta branca. É claro que eles sabiam que eu estava aqui.
Eu desliguei o motor e ouvi o silêncio. Agora eu podia escutar a tensão, murmúrios
raivosos que vinham do outro lado das enormes portas duplas. Alguém estava em casa.
Eu ouvi meu nome e sorri, feliz por pensar que estava causando um pouco de stress a
eles.
Eu inspirei profundamente - só seria pior lá dentro - e subi pelas escadas da varanda
num salto.
A porta abriu antes que eu desse meu primeiro toque nela, e o médico permaneceu
parado na entrada, seus olhos sérios.
―Olá, Jacob.‖ ele disse mais calmo do que eu esperava. ―Como você está?‖
Eu respirei profundamente pela minha boca. O fedor emanando através da porta era
predominante.
Eu estava desapontado por ter sido Carlisle a ter atendido. Eu preferia que Edward
viesse até a porta, seus dentes venenosos a mostra. Carlisle era tão… Só humano ou
qualquer outra coisa. Talvez tivessem sido os atendimentos a domicílio na última
primavera, quando eu estava todo quebrado. Mas isso fez com que eu me sentisse
desconfortável ao olhar para seu rosto e saber que eu planejava matá-lo se pudesse.
―Eu ouvi que Bella foi trazida de volta a vida.‖ eu disse.
―Er, Jacob, essa não é mesmo a melhor hora.‖ O médico pareceu desconfortável
também, mas não da maneira que eu esperava. ―Podemos fazer isso depois?‖
Eu o encarei sem palavras. Por um acaso ele estava pedindo para adiar o encontro
mortal para uma hora mais conveniente?
Então eu ouvi a voz de Bella, rachada e áspera e eu não consegui pensar em mais nada.
―Porque não?‖ ela perguntou a alguém. ―Temos que esconder segredos de Jacob
também? Com que razão?‖
Sua voz não era o que eu estava esperando. Eu tentei lembrar das vozes dos jovens
vampiros com quem lutamos na primavera, mas tudo que eu lembrava era dos rosnados.
Talvez os recém nascidos não tivessem o tom de voz cortante como os mais velhos.
Talvez todos os novos vampiros soassem roucos.
―Entre, por favor, Jacob‖ Bella rouquejou mais alto.
Os olhos de Carlisle aumentam.
Eu me perguntei se Bella estava com sede. Meus olhos se espreitaram também.
―Com licença‖ Eu disse para o médico enquanto eu o contornava. Foi difícil - foi contra
todos os meus instintos dar as costas pra qualquer um deles. Embora não sendo
impossível. Se existisse algo como vampiro confiável, seria o estranho gentil líder.
Eu ficaria longe de Carlisle quando a luta começasse. Teria o suficiente deles para matar
sem contar com ele.
Eu na ponta do pé entrei na casa, mantendo minhas costas na parede. Meus olhos
varreram a sala - estava diferente. A última vez que eu tinha estado aqui estava tudo
organizado para uma festa. Tudo estava claro e pálido agora. Inclusive os seis vampiros
em grupo em pé perto do sofá branco.
Eles estavam todos aqui, todos juntos, mas não foi isso que me fez congelar onde eu
estava com meu queixo caído.
Foi o Edward. A expressão no seu rosto.
Eu já o vi com raiva, eu já o vi arrogante e uma vez eu o vi com dor. Mas isso - era além
da agonia. Seus olhos estavam meio dementes. Ele não se ergueu para me olhar
furiosamente. Ele ficou olhando pra baixo ao lado do sofá com uma expressão de como
alguém o tivesse jogado no fogo. Suas mãos eram garras rígidas ao lado seu corpo.
Eu nem consegui me diverti com sua angústia. Eu apenas pude pensar em uma coisa
que o deixaria ficar daquela maneira e meus olhos seguiram os seus.
Eu a vi no mesmo instante que eu senti a seu perfume.
Estava quente, limpo, perfume humano.
Bela estava meio escondida atrás do braço do sofá, curvada em posição fetal, seus
braços abraçando ao redor de seus joelhos. Por um longo segundo eu não puder ver
nada além de que ela continuava a ser a Bella que eu amava, sua pele continuava macia,
pálida como um pêssego, seus olhos ainda eram do mesmo marrom chocolate. Meu
coração pulsou diferente, um medidor quebrado, e eu me perguntei se isso era apenas
um sonho mentiroso que eu estava pra acordar.
Então eu a vi de verdade.
Tinha círculos profundos ao redor de seus olhos, círculos escuros que pulavam pra fora
porque seu rosto estava todo abatido. Ela estava mais magra? Sua pele pareceu esticado
- como se a maça do rosto fosse se rasgar. A maior parte do seu cabelo escuro estava
preso pra trás em um bagunçado nó, alguns fios de cabelos caiam na sua testa e pescoço
e estavam molhados pelo suor que escorria na sua pele. Tinha algo nos seus dedos e
pulso que pareciam muito frágeis, era assustador.
Ela estava doente. Muito doente.
Não era mentira. A estória que Charlie contou para Billy não era estória.
Enquanto eu a encarava, olhos incômodos, sua pele ficou meio esverdeada.
A loira sugadora se sangue - a esplendorosa Rosalie - curvou-se sobre ela, tirando-a da
minha visão, rondando-a de uma maneira estranhamente protetora.
Isso estava errado. Eu sabia como Bella se sentia sobre Rosalie - os pensamentos eram
tão evidentes, às vezes era como se eles fossem impressos sobre sua testa.
Então ela não teve que me dizer todos os acontecimentos da situação para que eu
pudesse entender. Eu sabia que Bella não gostava de Rosalie. Eu via no conjunto dos
lábios dela quando ela falava sobre ela. E não era só isso, ela também sentia medo dela.
Ou ela havia tido. Mas não estava assim quando Bella deu uma olhada para ela. Sua
expressão era defensora ou coisa parecida. Então Rosalie agarrou uma bacia do chão e
segurou-a embaixo de Bella bem a tempo para que ela vomitasse sonoramente dentro
dela.
Edward ficou de joelho ao lado de Bella, encarando seus olhos - encarando seus olhos
torturados - enquanto Rosalie se mantinha alerta para voltar.
Nada daquilo fez sentido.
Quando ela pode levantar a cabeça, ficou um pouco envergonhada, e sorriu fracamente
para mim. ―Desculpe-me por isso, Jacob,‖ ela sussurrou.
Edward estava realmente quieto. Sua cabeça caiu sobre os joelhos de Bella. Ela colocou
uma das mãos sobre sua bochecha, para que assim o confortasse. Eu não me toquei que
minhas pernas haviam me carregado adiante até que Rosalie assobiou para mim,
rapidamente aparecendo entre eu e a poltrona. Ela parecia uma daquelas pessoas da TV.
Eu não me importei que ela estivesse lá. Ela não parecia real.
―Rose… não,‖ Bella sussurrou. ―Está tudo bem…‖
A loira se deslocou para fora do meu caminho, apesar de que eu pudesse notar que ela
estava odiando fazer isso, ela olhou para mim com raiva. Bella encolheu sua cabeça, ela
cambaleou. Ela era mais fácil de ignorar do que eu tinha imaginado.
―Bella, qual o problema?‖ Eu sussurrei. Sem pensar nisso, eu me agachei, ficando de
joelhos também, inclinado sobre o braço do sofá em frente do seu… Marido.
Ele não me parece notar, e eu quase não notei a ele. Eu fui atingido pela mão livre da
Bella, tomando-a sobre a minha. Sua pele era glacial. ―Está tudo certo?‖
Tratava-se de uma questão estúpida, ela não precisava responder.
―Eu estou tão feliz por você ter vindo me ver hoje, Jacob‖ Ela disse.
Ainda que eu soubesse que Edward não podia ouvir seus pensamentos, ele ainda parecia
estar ouvindo alguma coisa que eu não estava. Ele lamentou novamente, arrumando o
cobertor que a cobria, e ela acariciou a bochecha dele.
―O que é isso, Bella?‖ Eu insisti, envolvendo minhas mãos apertadas ao redor de seus
frágeis dedos frios.
Em vez de me responder, ela passou os olhos ao redor da sala como estivesse
procurando alguma coisa, como um apelo e um aviso em seu olhar. Seis pares de olhos
ansiosos voltaram para ela. Por último, ela virou-se para Rosalie.
―Me ajuda aqui, Rose?‖ Ela perguntou.
Os lábios de Rosalie estavam puxados para trás ao longo de seus dentes, e ela se
aproximou de mim como se quisesse rasgar minha garganta. Eu estava certo de que era
exatamente isso.
―Por favor, Rose.‖
A loira fez uma cara, mas curvou-se sobre ela novamente, ao lado de Edward, que não
se movia uma só polegada. Ela colocou seu braço cuidadosamente por trás dos ombros
de Bella.
―Não‖, eu sussurrei. ―Não se levante…‖ Ela estava tão fraca.
―Eu irei responder à sua pergunta,‖ ela rangeu os dentes, soando um pouco mais da
maneira com que ela geralmente falava comigo.
Rosalie puxou Bella do sofá. Edward permaneceu onde estava, empurrando-se para
frente até que sua face estivesse enterrada nas almofadas.
O corpo de Bella estava inchado, seu tronco se projetando em forma de balão de um
jeito estranho, doentio. Esticava-se contra o cinza claro da blusa que era grande demais
para seus ombros e braços. O resto parecia mais magro, como se a grande saliência que
crescia tivesse sugado todo seu peso. Levei um segundo para perceber que aquela parte
havia sido deformada - eu não tinha entendido até ela dobrar suas mãos ternamente ao
redor do seu estomago, uma acima, e a outra abaixo. Como se isso pudesse protegê-lo.
Então eu vi, mas eu ainda não podia acreditar. Eu a vi apenas há um mês. Não havia
nenhuma maneira que ela pudesse estar grávida. Não tão grávida.
Eu não acreditava que ela estava.
Eu não queria ver isso, não queria pensar sobre isso. Eu não queria imaginar ele dentro
dela. Eu não queria saber que alguma coisa que eu odiava tanto tinha tomado raiz no
corpo que eu amava. O meu estômago revirou, e eu tive que voltar engolir o vômito.
Mas estava pior do que isso, muito pior. Seu corpo distorcido, os ossos contra a pele do
seu rosto, magro. Eu só pude adivinhar que ela parecia assim - tão grávida, tão doente porque, o que quer que estivesse dentro dela, estava tirando sua vida, para alimentar-se.
Porque era um monstro. Assim como seu pai.
Eu sempre soube que ele iria matá-la.
Ele quebrava a cabeça enquanto ouvia as palavras dentro da minha. Em um segundo,
nós dois estávamos sobre os joelhos e então ele estava de pé, erguendo-se sobre mim.
Seus olhos estavam negros, os círculos que estavam por sua volta, estavam roxos.
―Lá fora, Jacob,‖ ele rosnou.
Eu estava de pé, também. Olhando pra ele com desprezo agora. É por isso que eu estava
aqui.
―Vamos fazer isso,‖ eu concordei.
O grande Emmet avançou para o outro lado de Edward, com a aparência faminta, Jasper
logo atrás dele. Eu realmente não me importei. Talvez meu bando pudesse limpar os
pedaços quando eles me matassem. Talvez não. Isso não importava.
Pelo momento mais cuidadoso de um segundo meus olhos tocaram nos dois levantando
ao fundo. Esme. Alice. Pequena e distraidamente feminina. Bem, eu tinha certeza que os
outros me matariam antes que eu tivesse que fazer qualquer coisa contra elas. Eu não
queria matar garotas… Mesmo garotas vampiras.
Embora eu devesse fazer uma exceção para aquela loira.
―Não,‖ Bella disparou, e ela tropeçou adiante, sem equilíbrio, para parar nos braços de
Edward. Rosalie se moveu com ela, como se houvesse uma corrente prendendo-as uma
a outra.
―Eu apenas preciso falar com ele, Bella,‖ Edward disse numa voz baixa, falando apenas
pra ela. Ele estendeu a mão para tocar o rosto dela, para riscá-lo. Isso fez a sala ficar em
vermelho, me fez ver fogo - aquilo, depois de tudo que ele tinha feito com ela, ele ainda
tinha permissão pra tocá-la daquela forma. ―Não se estresse,‖ Ele se foi, ordenando.
―Por favor, descanse. Nós dois estaremos de volta em apenas alguns minutos.‖
Ela fitou a face dele, lendo-a cuidadosamente. Então ela acenou e caiu no sofá. Rosalie
a ajudou a apoiar suas costas no assento. Bella fitou-me, tentando segurar meu olhar.
―Comporte-se,‖ ela insistiu. ―E depois volte.‖
Eu não respondi. Eu não estava fazendo nenhuma promessa hoje. Eu olhei pra o outro
lado e então segui Edward saindo pela porta da frente.
Uma indefinida e incoerente voz em minha cabeça notou que separá-lo da convenção
não tinha sido tão difícil, tinha?
Ele continuou andando, nunca checando para ver se eu estava a ponto de saltar em suas
costas desprotegidas. Eu supus que ele não precisava checar. De qualquer forma eu teria
que tomar essa decisão muito rapidamente.
―Eu ainda não estou pronto para você me matar, Jacob Black,‖ Ele sussurrou quando
andava rapidamente pra fora da casa. ―Você terá que ter um pouco de paciência.‖
Como se eu me importasse com seu horário. Eu rosnei por entre um suspiro. ―Paciência
não é minha especialidade.‖
Ele continuou andando, talvez cem pares de cercados longe da casa, comigo logo atrás
dele. Eu estava totalmente quente, meus dedos tremendo. Na vantagem, pronto e
esperando.
Ele parou sem sinal de advertência e se virou para me encarar. Sua expressão me
congelou novamente.
Por um segundo eu era apenas uma criança - uma criança que tinha vivido toda sua vida
na mesma pequenina cidade. Apenas uma criança. Por que eu sabia que eu teria que
viver muito mais, sofrer muito mais, para finalmente entender a agonia chamuscando
nos olhos de Edward.
Ele ergueu uma mão como que para limpar o suor de sua testa, mas seus dedos
arranharam sua face como se eles fossem dilacerar sua pele de granito imediatamente.
Seus olhos pretos queimando sua energia, fora de foco, ou vendo coisas que não
estavam lá. Sua boca se abriu como se ele fosse gritar, mas nada saiu.
Essa era a face que um homem teria se ele estivesse queimando no poste.
Por um momento eu não pude falar. Aquilo era muito real, esse rosto - eu tinha visto
uma sombra dele na casa, visto isso nos olhos deles dois, mas isso fez isso definitivo. A
última fincada no caixão dela.
―Isso a está matando, certo? Ela está morrendo.‖ E eu soube quando disse isso que
minha expressão era uma versão em pêlos da dele. Mais fraco, diferente, porque eu
ainda estava em choque. Eu não tinha organizado meus pensamentos sobre isso ainda isso estava acontecendo muito rápido. Ele havia tido tempo para absorver essa idéia. E
isso era diferente porque eu já a tinha perdido muitas vezes, de muitas formas, em
minha cabeça. E diferente porque ela nunca foi realmente minha para que eu pudesse
perdê-la.
E diferente porque esse erro não foi meu.
―Meu erro,‖ Edward sussurrou, e seus joelhos cederam. Ele se dobrou em minha frente,
vulnerável, o alvo mais fácil que você pode imaginar.
Mas eu me senti frio como gelo - não havia fogo em mim.
―Sim,‖ ele gemeu na lama, como se ele estivesse confessando para o chão. ―Sim, a está
matando.‖
Seu desamparo me irritou. Eu queria uma luta, não uma execução. Onde estava sua
complacente superioridade agora?
―Então porque Carlisle não fez nada?‖ Eu rosnei. ―Ele é médico, certo? Tire isso de
dentro dela.‖
Então ele olhou pra cima e me respondeu com uma voz cansada. Como se ele estivesse
explicando para uma criança da pré-escola pela décima vez. ―Ela não nos permitirá.‖
Levou um minuto para que as palavras fossem absorvidas. Jesus, ela estava correndo
fiel desta forma. Claro, morrer pelo feto de mostro. É tão Bella .
―Você a conhece bem,‖ ele sussurrou. ―Quão rapidamente você vê… Eu não vi. Não a
tempo. Ela não falaria comigo no caminho de volta pra casa, não realmente. Eu pensei
que ela estava assustada - aquilo seria natural. Eu pensei que ela estivesse com raiva de
mim por colocá-la nisso, por comprometer sua vida. Novamente. Eu nunca imaginei o
que ela realmente estava pensando o que ela estava resolvendo. Não até que minha
família nos encontrou no aeroporto e ela correu para os braços de Rosalie. De Rosalie!
E então eu ouvi o que Rosalie estava pensando. Eu não entendi até que ouvi aquilo. Já
você entendeu depois de um segundo…‖ Ele deu um meio suspiro, meio gemido.
―Apenas repense um momento. Ela não deixará você.‖ O sarcasmo foi ácido em minha
língua. ―Você já notou que ela é exatamente tão forte quanto uma humana normal de 50
- 52 kg? Quão estúpido um vampiro pode ser? Segurá-la e dopá-la.‖
―Eu queria que,‖ ele sussurrou, ―Carlisle tivesse…‖.
O que, eles também eram nobres?
―Não. Não nobre. A estrutura corporal dela complicou as coisas.‖
Oh. A história dele não tinha feito muito sentido antes, mas se adequou agora. Então é
pra isso que a loira estava apta. O que havia nisso para ela, todavia? A rainha da beleza
queria que Bella morresse tão mal?
―Talvez,‖ ele disse. ―Rosalie não vê isso exatamente dessa forma.‖
―Então ponha a loira pra fora primeiro. Sua espécie pode ser recomposta, certo? A
transforme em um quebra-cabeças e tome conta de Bella.‖
―Emmett e Esme a estão apoiando. Emmett não nos permitiria… E Carlisle não me
ajudará com Esme contra isso…‖ Ele desabafou. Sua voz desaparecendo.
―Você deveria ter deixado Bella comigo.‖
―Sim.‖
Era um pouco tarde para isso, todavia. Talvez ele devesse ter pensando sobre tudo isso
antes de presenteá-la com o monstro sanguessuga.
Ele me fitou de dentro de seu próprio inferno pessoal, e eu pude ver que ele concordou
comigo.
―Nós não sabíamos,‖ ele disse as palavras tão silenciosas como uma respiração. ―Eu
nunca sonhei. Nunca houve nada como Bella e eu antes. Como nós poderíamos saber
que uma humana poderia conceber uma criança de um de nós -‖.
―Quando a humana deveria ficar dilacerada em pedaços no processo?‖
―Sim,‖ ele concordou num sussurro tenso. ―Eles estão lá fora, os sádicos, os incubus, os
succubus. Eles existem. Mas a sedução é apenas uma introdução ao banquete. Ninguém
sobrevive.‖ Ele abanou sua cabeça como se a idéia o tivesse revoltado. Como se ele
fosse diferente.
―Eu não sabia que eles tinham um nome especial para o que você é.‖ eu cuspi.
Ele me fitou com uma face que parecia ter cem anos de idade.
―Mesmo você, Jacob Black, não pode me odiar tanto quanto eu me odeio.‖
Errado, eu pensei muito enfurecido para falar.
―Matar-me agora não a salvará.‖ ele disse tranquilamente.
―Então o que salvará?‖
―Jacob, você tem que fazer algo por mim.‖
―O inferno que eu faço, parasita!‖
Ele se manteve me fitando com aqueles olhos meio cansados, meio loucos. ―Por ela?‖
Eu apertei meus dentes com força. ―Eu fiz tudo que estava ao meu alcance para mantêla longe de você. Tudo. Agora é tarde.‖
―Você a conhece, Jacob. Você está conectado a ela de um jeito que eu nem mesmo
entendo. Você é parte dela, e ela é parte de você. Ela não irá me ouvir, por que acha que
eu estou a subestimando. Ela pensa que é forte o bastante para isso…‖ Ele vacilou e
depois continuou devagar. ―Ela talvez te ouça‖
―Porque ela iria?‖
Ele olhou para seus pés, seus olhos ainda mais brilhantes do que antes, de um jeito
selvagem. Eu me perguntei se ele estava realmente enlouquecendo. Vampiros podem
perder a cabeça?
―Talvez‖ Ele respondeu meu pensamento. ―Eu não sei. Parece que sim.‖ Ele balançou a
cabeça. ―Eu tenho que tentar esconder isso dela, pois isso a deixa pior. Ela não pode
controlar as coisas como estão. Eu tenho que parecer composto; Não posso fazer tudo
mais difícil. Mas isso não importa agora. Ela tem que te ouvir!‖
―Eu não posso dizer nada a ela que você já não disse. O que você quer que eu faça?
Dizer que ela é estúpida? Ela provavelmente já sabe disso. Dizer que ela vai morrer? Eu
aposto que ela também já sabe disso.‖
―Você pode oferecer o que ela quer.‖
Ele não estava falando coisas com sentido. Fazia parte da loucura?
―Eu não ligo para nada, só mantê-la viva,‖ ele disse de repente decidido. ―Se ela quer
filhos, ela pode os ter. Ela pode ter meia dúzia de filhos. Tudo que ela quiser.‖ Ele
parou por um momento, ―Ela pode ter cachorros, se tiver vontade.‖
Ele encontrou o meu olhar por um momento e sua face congelou debaixo de todo o
controle. Todo meu orgulho se esmigalhou com suas palavras, e eu senti minha boca
abrindo com o choque.
―Mas não desse jeito!‖ Ele assobiou antes que eu pudesse me recuperar. ―Não essa coisa
que suga a vida dela enquanto eu fico parado apenas olhando! Olhando o mal estar dela
piorar. Vendo a coisa machucando ela.‖ Ele disse em um rápido suspiro, como se
alguém o tivesse socado nas tripas. ―Você tem que fazê-la ver a razão, Jacob. Ela não
vai ouvir mais a mim. Rosalie sempre está lá, alimentando essa maluquice - a
encorajando. Protegendo-a. Não, protegendo a coisa. A vida de Bella não significa nada
para ela.‖
O barulho vindo da minha respiração soou como se eu estivesse chocado.
O que ele estava dizendo? Que a Bella deveria o quê? Ter um filho? Comigo? O que?
Como? Ele estava desistindo dela? Ou ele achava que ela se importaria em ser dividida?
―Tanto faz. Qualquer coisa que a mantenha viva.‖
―Essa é a coisa mais maluca que você já disse,‖ Eu murmurei.
―Ela te ama.‖
―Não o bastante.‖
―Ela está pronta pra morrer para ter uma criança. Talvez ela aceite algo menos
extremo.‖
―Você não a conhece?‖
―Eu sei, eu sei. Vai nos custar muito convencê-la. Por isso eu preciso de você. Você
sabe como ela pensa. Faça-a ver o sentido.‖
Eu não podia pensar sobre o que ele estava sugerindo. Era muito. Impossível. Errado.
Doentio. Alugar Bella pelo fim de semana e depois devolvê-la como um filme de
locadora? Que bagunça.
Tão tentador.
Eu não queria considerar, não queria imaginar, mas as imagens vieram de qualquer
forma. Eu teria fantasiado sobre a Bella daquele jeito muitas vezes, quando ainda havia
uma possibilidade de nós darmos certo, e então um tempo depois as fantasias deixaram
apenas feridas; Porque não havia nenhuma possibilidade, nenhuma possibilidade
mesmo. Eu não poderia me controlar antes. Eu não poderia me controlar agora. Bella
nos meus braços, Bella suspirando o meu nome…
Ainda pior, essa nova imagem que eu nunca teria imaginado antes, uma que por todos
os direitos não deveria ter existido para mim. Não ainda. Uma imagem que eu sabia que
não sofreria por anos se não tivesse aparecido na minha cabeça agora. Mas esta
continuou lá, criando raízes pelo meu cérebro como uma erva - venenosa e imortal.
Bella, saudável e radiante, tão diferente de agora, mas algo permanecia o mesmo: seu
corpo, não distorcido, mas sim mudado numa maneira mais natural. Carregando o meu
filho.
Eu tentei escapar da erva venenosa na minha mente. ―Fazer Bella ver o sentido? Em que
universo você vive?‖
―Ao menos tente.‖
Eu balancei a minha cabeça rapidamente. Ele esperou, ignorando a resposta negativa
porque ele poderia ouvir o conflito nos meus pensamentos.
―De onde essa porcaria psicopata está vindo? Você está inventando tudo isso?‖
―Eu estive pensando sobre nada além de maneiras de salvá-la desde que descobri o que
ela estava planejando fazer. O que ela morreria para fazer. Mas eu não sabia como te
contatar. Eu sabia que você não me ouviria se eu ligasse. Eu iria atrás de você em breve,
se você não tivesse vindo hoje. Mas é difícil de deixá-la, mesmo que por alguns
minutos. Sua condição… muda tão rápido. A coisa está… crescendo. Rapidamente. Não
posso estar longe dela agora.‖
―O que é?‖
―Nenhum de nós tem a menor idéia. Mas é mais forte do que ela. Já.‖
Então eu poderia repentinamente vê-lo - ver o monstro na minha cabeça, quebrando-a
de dentro para fora.
―Ajude-me a parar,‖ ele sussurrou. ―Ajude-me a parar isso, não deixar acontecer.‖
‖ Como ? Oferecendo meus serviços?‖ Ele nem ao menos hesitou quando eu disse
aquilo, mas eu sim. ―Você é doente. Ela nunca vai ouvir a isso.‖
―Tente. Não há nada a perder agora. Como isso machucaria?‖
Iria me machucar. Eu já não fui rejeitado por Bella o suficiente sem isso?
―Um pouco de dor para salvá-la? É um preço tão alto?‖
―Mas não vai funcionar.‖
―Talvez não. Talvez isso a confunda. Talvez ela volte atrás em sua decisão. Um
momento de dúvida é tudo que eu preciso.‖
―E aí você puxa o tapete debaixo da oferta? ‗Brincadeirinha, Bella‘?‖
―Se ela quer uma criança, é isso que ela vai ter. Eu não vou reconsiderar.‖
Eu não poderia acreditar que eu estava ao menos pensando nisso. Bella iria me socar não que eu ligasse, mas ela provavelmente iria quebrar sua própria mão novamente. Eu
não deveria ter deixado-o falar comigo, mexer com a minha cabeça. Eu deveria apenas
matá-lo agora.
―Não agora,‖ ele sussurrou. ―Ainda não. Certo ou errado, isso a destruiria, e você sabe
disso. Não precisa agir assim. Se ela não te ouvir, você terá outra chance. No momento
que o coração de Bella parar de bater, eu estarei te implorando para me matar.‖
―Você não vai ter que implorar por muito tempo.‖
O esboço de um sorriso apareceu no canto de sua boca. ―Eu estou contando com isso.‖
―Então estamos combinados.‖
Ele balançou a cabeça afirmativamente e me estendeu sua mão fria.
Engolindo o meu nojo, eu peguei sua mão - meus dedos fechados ao redor da pedra - e
eu a balancei uma vez.
―Nós estamos combinados,‖ ele concordou.
10. Por que eu simplesmente não fui embora? Ah, é, porque eu sou um idiota.
Eu me senti como - como sei lá o quê. Como se isso não fosse real. Eu estava em
alguma versão gótica de uma comédia ruim. Ao invés de eu ser o garoto que ia convidar
a líder de torcida para o baile, eu era o lobisomem que chegou em segundo lugar prestes
a perguntar à esposa do vampiro sobre dormirem juntos e procriarem. Maravilhoso.
Não, eu não ia fazer isso. Isso estava perturbado e errado. Eu ia esquecer tudo o que ele
disse.
Mas eu tinha que falar com ela. Eu tinha que tentar fazê-la me ouvir.
E ela não ia. Como sempre.
Edward não respondeu ou comentou sobre os meus pensamentos enquanto ele voltava
para a casa. Eu imaginava sobre o lugar que ele escolheria para parar. Eu me admirei
com o lugar que ele escolheu para parar. Era longe o suficiente da casa para que os
outros não ouvissem seus sussurros? Era esse o ponto?
Talvez. Quando ele caminhou através da porta, os olhares dos demais Cullen eram
suspeitos e confusos. Nenhum deles pareceu enojado ou ultrajado. Então nenhum deles
deve ter ouvido outro favor que Edward pediu para mim.
Eu hesitei no caminho perto da porta aberta, sem certeza do que fazer. Eu estava melhor
ali, com um pouco de ar mais respirável vindo do lado de fora.
Edward passou entre a desordem, com os ombros rígidos. Bella olhou ansiosamente
para ele, então seus olhos vacilaram para mim por um segundo. Então ela estava
olhando para ele novamente.
Seu rosto se tornou um cinza pálido, e eu pude ver o que ele quis dizer quanto ao stress
está fazendo-a se sentir pior.
―Nós vamos deixar Jacob e Bella conversar a sós,‖ Edward disse. Não houve nenhuma
indecisão em sua voz. Robô.
―Só por cima da minha pilha de cinzas.‖ Rosalie assobiou para ele. Ela estava perto da
cabeça de Bella, uma de suas mãos geladas estavam possessivamente na face pálida de
Bella.
Edward não olhou para ela. ―Bella‖, ele disse no mesmo tom vazio. ―Jacob quer falar
com você. Você tem medo de ficar sozinha com ele?‖
Bella olhou para mim, confusa. Então ela olhou para Rosalie.
―Rose, está tudo bem. Jake não vai nos machucar. Vá com Edward.‖
―Isso pode ser um truque,‖ a loira avisou.
―Eu não vejo como‖ Bella disse.
―Carlisle e eu estaremos sempre ao seu alcance, Rosalie‖ Edward disse. A voz sem
emoção estava cedendo, mostrando a raiva através dela. ―Nós somos os únicos dos
quais ela tem medo.‖
―Não,‖ Bella sussurrou. Seus olhos brilharam seus cílios úmidos ―Não Edward, eu
não…‖
Ele balançou sua cabeça, sorrindo um pouco. O sorriso era doloroso de se olhar. ―Eu
não quis dizer isso, Bella. Eu estou bem. Não se preocupe comigo.‖
Repugnante. Ele estava certo - ela sofria ao ferir os sentimentos dele. Aquela garota era
uma clássica mártir. Ela nasceu totalmente no século errado. Ela devia ter vivido na
época em que podia se jogar aos leões para alimentá-los por uma boa causa.
―Todo mundo,‖ Edward disse, sua mão friamente apontou para a porta ―Por favor.‖
A postura que ele estava tentando manter pela Bella estava abalada. Eu pude ver o quão
perto ele estava de virar aquele homem possesso que ele foi lá fora. Os outros viram,
também. Silenciosamente, eles caminharam porta afora enquanto eu saí do caminho.
Eles se moveram rapidamente; meu coração bateu duas vezes mais rápido, e o quarto
estava vazio exceto por Rosalie, hesitando no meio do caminho, e Edward, ainda
esperando ao lado da porta.
―Rose,‖ Bella disse calmamente. ―Eu quero que você vá.‖
A loira olhou furiosamente para Edward e gesticulou para ele ir à frente. Ele
desapareceu porta afora. Ela me deu um olhar de aviso com raiva e então desapareceu,
também.
Uma vez que estávamos sozinhos, eu atravessei a sala e me sentei no chão perto de bela.
Eu peguei suas mãos frias nas minhas, esfregando-as cuidadosamente.
―Obrigada, Jake. Isso é bom.‖
―Eu não vou mentir, Bells. Você está horrível.‖
―Eu sei,‖ ela suspirou. ―Eu estou com uma aparência assustadora.‖
―Uma coisa assustadora saindo do pântano,‖ Eu concordei.
Ela riu. ―É bom ter você aqui. É bom sorrir. Eu não sei quanto mais drama eu posso
agüentar.‖
Eu girei os olhos.
―Ok, ok,‖ ela concordou ―eu que causei isso a mim mesma.‖
―Sim, você causou. O que você está pensando Bells? Sério!‖
―Ele pediu para você gritar comigo?‖
―Mais ou menos. Não consigo imaginar por que ele acha que você vai me ouvir. Você
nunca me ouviu antes.‖
Ela suspirou.
―Eu te disse -‖ Eu comecei a falar.
―Você sabia que „Eu te disse‟ tem um irmão, Jacob?‖ ela perguntou, me cortando. ―E o
seu nome é „Cale essa boca.‘‖
―Boa.‖
Ela forçou um sorriso. Sua pele esticou até os ossos. ―Eu não posso receber os créditos Eu peguei isso de uma reprise de Os Simpsons.‖
―Eu perdi esse.‖
―Foi engraçado.‖
Nós não conversamos por um minuto. Suas mãos começaram a se aquecer um pouco.
―Ele realmente pediu para que você conversasse comigo?‖
Eu acenei com a cabeça. ―Para colocar algum sentido em você. Há uma batalha que já
está perdida antes de começar.‖
―Então você concorda?‖
Eu não respondi. Eu não tinha certeza do que eu sabia.
Eu sabia disso - cada segundo que eu passava com ela era um acréscimo à dor que eu
sofreria depois. Como um viciado em heroína com uma dose limitada, o dia do ajustes
de conta estava chegando para mim. Quanto mais doses eu tomava agora, mais difícil
seria quando as minhas doses acabassem.
―Isso vai dar certo, você sabe,‖ ela me disse após um minuto de silêncio. ―Eu acredito
nisso.‖
Isso me fez ficar vermelho de novo. ―Demência é um dos seus sintomas?‖ Eu repreendi.
Ela riu, embora minha raiva fosse tão real que as minhas mãos começaram a tremer ao
redor das dela.
―Talvez,‖ ela disse. ―Eu não estou dizendo que as coisas vão ser fáceis, Jake. Mas como
eu teria passado por tudo que eu passei e não acreditar em mágica até agora?‖
―Mágica?‖
―Especialmente por você.‖ ela disse. Ela estava sorrindo. Ela puxou um de suas mãos
das minhas e pressionou contra o meu rosto. Mais quente do que antes, mas parecia fria
contra o meu rosto, como a maioria das coisas parecia. ―Mais do que qualquer outra
pessoa, você tem alguma mágica esperando para fazerem as coisas certas para você‖
―O que você está tagarelando?‖
Ainda sorrindo. ―Edward me disse uma vez como que tudo isso parecia - aquilo sobre
impressão. Ele me disse que era como Sonho De Noite de Verão, como mágica. Você
vai achar quem você está realmente procurando, Jacob, e talvez tudo isso faça sentido.‖
Se ela não estivesse parecendo tão frágil eu teria começado a gritar.
Mas como ela parecia, eu rosnei para ela.
―Se você está pensando que a impressão pode trazer sentido a toda essa insanidade…‖
eu lutei por palavras. ―Você realmente pensa que só porque eu talvez tenha uma
impressão em uma estranha, faça tudo isso ser certo?‖ Eu apontei um dedo em direção
ao seu corpo inchado. ―Diga-me qual é o ponto, Bella! Qual foi o ponto de eu te amar?
Qual foi o ponto de você amar ele? Quando você morrer‖ - as palavras saíram em um
rosnado - ―como isso pode ser certo? Qual o sentido de toda essa dor? Minha, sua, dele!
Você vai matá-lo, não que eu ligue para isso.‖ Ela estremeceu, mas eu continuei. ―Então
qual é o ponto de sua louca história de amor, no final? Se tem algum sentido, por favor,
me mostre Bella, porque eu não consigo ver.‖
Ela suspirou. ―Eu não sei ainda, Jake. Mas eu simplesmente… sinto… que tudo isso vai
acabar bem, mas é difícil ver agora. Eu acho que você pode chamar isso de fé.‖
―Você está morrendo por nada, Bella! Nada!‖
A sua mão saiu do meu rosto para a sua barriga inchada, acariciando-a.
―Eu não vou morrer,‖ ela disse por dentre os dentes, e eu posso dizer que ela estava
repetindo coisas que ela já disse antes. ―Eu vou manter meu coração batendo. Eu sou o
forte o suficiente para isso.‖
―Isso é um monte de besteira, Bella. Você está tentando acompanhar o sobrenatural por
muito tempo. Nenhuma pessoa normal consegue fazer isso. Você não é forte o
suficiente.‖ Eu peguei seu rosto em minhas mãos. Eu não tive que me lembrar de ser
gentil. Tudo nela estava gritando „quebrável‟.
―Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso,‖ ela murmurou, parecendo muito com aqueles
livros de criança sobre uma pequena locomotiva que podia.
―Não parece para mim. Então, qual é o seu plano? Espero que você tenha um.‖
Ela balançou sua cabeça, não olhando para os meus olhos. ―Você sabia que a Esme
pulou de um precipício? Quando ela era humana, quero dizer.‖
―E…?‖
―E ela estava tão perto da morte que eles nem se importaram em levá-la para a sala de
emergência - eles a levaram direto para o necrotério. O coração dela ainda estava
batendo, então Carlisle a encontrou…‖.
Era isso que ela quis dizer antes, sobre deixar o seu coração batendo.
―Você não está pensando em sobreviver sendo humana,‖ eu declarei estupidamente.
―Não, eu não sou idiota.‖ ela encarou meu olhar então. ―Eu acho que você
provavelmente tem sua própria opinião sobre isso, embora‖
―Vampirização de emergência,‖ eu resmunguei.
―Isso funcionou para a Esme. E Emmet, e Rosalie e mesmo para o Edward. Nenhum
deles estava em sua melhor forma. Carlisle somente os transformou porque eles estavam
quase morrendo. Ele não acaba com vidas, ele as salva.‖
Eu senti uma pontada de dor de culpa sobre o bom doutor vampiro, como antes. Eu
expulsei meus pensamentos para longe e comecei a implorar.
―Ouça-me, Bells. Não faça isso dessa maneira.‖ Como antes, quando a ligação de
Charlie chegou a mim, eu pude ver quanta diferença isso fazia para mim. Eu percebi
que eu precisava dela viva. De qualquer forma. Eu respirei profundamente. ―Não espere
até que seja tarde demais, Bella. Não desse jeito. Viva. Ok? Somente viva. Não faça isso
por mim. Não faça isso por ele.‖ Minha voz se tornou forte, mais alta. ―Você sabe o que
ele vai fazer quando você morrer. Você já viu isso antes. Você quer que ele volte para
aqueles italianos assassinos?‖ Ela se encolheu no sofá.
Eu deixei de lado essa parte, não seria necessário dessa vez.
Forçando minha voz para parecer suave, eu perguntei. ―Lembra quando eu fui
machucado por aqueles recém nascidos? O que foi que você me disse?‖
Esperei, mas ela não respondeu. Pressionou seus lábios em uma linha.
―Você me disse pra ser bom e escutar Carlisle,‖ eu lembrei. ―E o que eu fiz? Escutei o
vampiro. Por você.‖
―Você escutou porque era a coisa certa a fazer.‖
―Certo - escolha qualquer motivo.‖
Ela respirou fundo. ―Não é a mesma coisa agora.‖ Seu olhar baixou para seu estômago
grande e arredondado e sussurrou num tom baixo, ―Não vou matá-lo.‖
Minhas mãos tremeram novamente. ―Oh, eu não sabia da grande novidade. Um alegre
menino, huh? Devia ter trazido alguns balões azuis.‖
Seu rosto ficou rosado. O tom era tão lindo - fez meu estômago torcer como uma faca.
Uma faca serrilhada, velha e sem corte.
Eu ia perder a discussão. De novo.
―Eu não sei se é menino,‖ ela admitiu, um pouco sem graça. ―O ultra-som não
funcionou. A membrana em volta do bebê é muito forte - como sua pele. Então é um
pequeno mistério. Mas eu sempre vi um menino na minha mente.‖
―Não é um bebê bonito aí dentro, Bella.‖
―Veremos,‖ ela disse. Quase orgulhosa.
―Você não vai,‖ resmunguei.
―Você é muito pessimista, Jacob. Definitivamente existe uma chance de que eu escape
viva disso.‖
Eu não consegui responder. Baixei meus olhos e respirei fundo e vagarosamente,
tentando conter minha fúria.
―Jake,‖ ela disse, tocando meu cabelo, acariciando minha bochecha. ―Vai ficar tudo
bem. Shh. Está tudo bem.‖
Não olhei pra cima. ―Não. Não vai ficar tudo bem.‖
Ela limpou algo úmido da minha bochecha
―Qual é o problema Bella?‖ Eu olhei para o carpete pálido. Meus pés descalços estavam
sujos, deixando manchas. Ótimo. ―Pensei que o motivo disso tudo era você querer seu
vampiro mais do que tudo. E agora você apenas desiste dele? Isso não faz o menor
sentido. Desde quando você é tão desesperada pra ser mãe? Se queria tanto assim,
porque se casou com um vampiro?‖
Eu estava perigosamente perto da oferta que ele me fez. Podia ver as palavras me
levando para aquilo, mas eu não conseguia mudar a direção.
Ela suspirou. ―Não é assim, Eu nunca me importei realmente em ter um bebê. Nunca
pensei nisso. Não é apenas ter um filho. É… bem… este bebê.‖
―É um assassino, Bella. Olhe para você.‖
―Não, ele não é. Sou eu. Apenas fraca e humana. Mas eu consigo, Jake, eu posso -‖
―Ah, qual é! Cale a boca, Bella. Você pode jogar esse discurso imbecil pro seu sugador
de sangue, mas você não me engana. Você sabe que não vai conseguir‖.
Ela me olhou torto. ―Eu não sei isso. Estou preocupada sobre, claro.‖
―Preocupada sobre.‖ repeti entre meus dentes.
Ela respirou fundo e segurou o estômago. Minha fúria se esvaiu como uma lâmpada
sendo desligada.
―Estou bem,‖ ela disse respirando pesado. ―Não é nada.‖
Mas eu não escutei; suas mãos haviam puxado a blusa pro lado, e eu observei,
horrorizado, a pele exposta. Seu estômago parecia manchado em porções enormes de
tinta preto-arroxeada.
Ela seguiu meu olhar, e colocou a blusa de volta no lugar.
―Ele é forte, só isso,‖ ela disse em defesa.
Os pontos escuros eram machucados.
Eu quase engasguei, e entendi o que ele quis dizer, sobre assistir enquanto aquilo a
machucava. De repente, me senti um pouco louco.
―Bella,‖ eu disse.
Ela ouviu a mudança em minha voz. Olhou pra cima ainda respirando pesadamente,
seus olhos confusos.
―Bella, não faça isso.‖
―Jake -‖
―Me escuta. Não decida nada precipitado. Certo? Apenas escute. E se…?‖
―E se…?‖
―E se isso não fosse a única opção? E se não fosse tudo ou nada? E se você escutasse
Carlisle como uma boa menina, e ficasse viva?‖
―Eu não -‖
―Não terminei ainda. Então você fica viva. E pode começar de novo. Isso não deu certo.
Tente novamente.‖
Ela franziu a testa. Levantou uma das mãos e tocou a parte em que minhas sobrancelhas
estavam unidas. Seus dedos alisaram minha testa por um momento enquanto ela tentava
entender a situação.
―Não entendo… o que você quer dizer com tentar de novo? Você não acha que Edward
me deixaria…? E qual seria a diferença? Tenho certeza de que qualquer bebê-‖
―Sim,‖ respondi depressa. ―Qualquer bebê dele faria o mesmo.‖
Seu rosto cansado ficou ainda mais confuso. ―O que?‖
Mas eu não conseguia dizer mais nada. Não havia motivo. Eu nunca seria capaz de
salvá-la dela mesma. Nunca fui capaz disso.
Então ela piscou, e pude ver que ela havia entendido.
―Oh. Ugh. Por favor, Jacob. Você acha que eu deveria matar meu filho e o substituiria
por algum outro genérico? Inseminação artificial?‖ Ela estava brava agora. ―Por que eu
teria o bebê de um estranho? Suponho que não faça diferença? Qualquer bebê serve?‖
―Não foi isso que eu quis dizer,‖ murmurei. ―Não um estranho.‖
Ela se inclinou pra frente. ―Então o que você quer dizer?‖
―Nada. Não estou dizendo nada. O mesmo de sempre.‖
―De onde surgiu isso?‖
―Esqueça, Bella.‖
Ela franziu a testa, desconfiada. ―Por acaso ele pediu pra que você sugerisse isso?‖
Hesitei surpreso por ela ter feito essa conexão tão rápido. ―Não.‖
―Ele pediu, não foi?‖
―Não, sério. Ele não disse nada sobre qualquer coisa artificial‖.
Seu rosto se acalmou um pouco, e ela deitou nos travesseiros, parecendo exausta. Ela
olhou para o lado quando falou, no entanto não se direcionando a mim. ―Ele faria
qualquer coisa por mim. E eu o estou machucando tanto… Mas o que ele está
pensando? Que eu trocaria isto‖ - suas mãos correram sobre sua barriga - ―por algum
estranho…‖ Ela murmurou a última parte, e então sua voz falhou. Seus olhos estavam
úmidos.
―Você não precisa machucá-lo,‖ sussurrei. Minha boca queimou como veneno ao
implorar por ele, mas eu sabia que por esse ângulo era minha melhor chance de mantêla viva. Ainda uma chance em mil. ―Você poderia fazê-lo feliz novamente, Bella. E
acho que ele está enlouquecendo. Juro, eu acho,‖
Ela não parecia estar escutando; sua mão traçava pequenos círculos em seu estômago
enquanto ela mordia os lábios.
O silêncio durou um longo tempo. Imaginei se os Cullen estavam muito longe. Estariam
ouvindo minha tentativa patética de dialogar com ela?
―Não um estranho?‖ ela murmurou para si mesma. Eu vacilei. ―O que exatamente
Edward disse?‖ ela perguntou com a voz baixa.
―Nada. Ele apenas achou que você me escutaria.‖
―Não isso. Sobre tentar de novo.‖
Seus olhos grudaram nos meus, e eu podia ver que já havia falado demais.
―Nada.‖
Sua boca abriu um pouco. ―Wow.‖
Tudo ficou silencioso pela duração de algumas batidas do coração. Olhei para meus pés
novamente, incapaz de olhá-la nos olhos.
―Ele realmente faria qualquer coisa, não é?‖ ela sussurrou.
―Eu disse que ele está enlouquecendo. Literalmente, Bells.‖
―Estou surpresa que você não o dedurou logo. O colocado em apuros.‖
Quando a encarei, ela estava sorrindo.
―Pensei nisso.‖ Tentei sorrir de volta, mas podia sentir o sorriso deformado em meu
rosto.
Ela sabia o que eu estava oferecendo, e não pensaria duas vezes sobre isso. Eu sabia que
ela não iria. Mas ainda machucava.
―Não há muito que você não faria por mim também, não é?‖ ela sussurrou. ―Realmente
não sei por que você se dá ao trabalho. Não mereço nenhum de vocês.‖
―Não faz diferença, no entanto, faz?‖
―Não dessa vez.‖ Ela sussurrou. ―Gostaria de poder explicar isso da forma correta pra
que você entenda. Não posso machucá-lo‖- ela apontou para seu estômago - ―mais do
que pegar uma arma e atirar em você. Eu amo esse bebê.‖
―Por que você tem sempre que amar as coisas erradas, Bella?‖
―Não acho que eu ame as coisas erradas.‖
Tentei acabar com o aperto na minha garganta pra que pudesse fazer com que minha
voz soasse dura como eu queria. ―Acredite em mim.‖
Comecei a me levantar.
―Aonde você vai?‖
―Não estou fazendo nada de bom ficando aqui.‖
Ela estendeu sua mão magra, pedindo. ―Não vá.‖
Eu podia sentir o vício me tentando, para que ficasse perto dela.
―Eu não pertenço a este lugar. Preciso voltar.‖
―Por que veio hoje?‖ ela perguntou, ainda com a mão estendida.
―Apenas para ver se você estava realmente viva. Não acreditei que você estava doente
como Charlie disse.‖
Eu não podia dizer pelo olhar se ela havia acreditado ou não.
―Você vai voltar? Antes…‖
―Não vou ficar por perto pra vê-la morrer, Bella.‖
Ela vacilou. ―Você está certo, está certo. Você deve ir.‖
Fui até a porta.
―Adeus,‖ ela suspirou atrás de mim, ―Te amo, Jake.‖.
Eu quase voltei. Quase me virei e caí de joelhos e comecei a implorar novamente. Mas
eu sabia que precisava deixar Bella, seu fracasso, antes que ela me matasse como estava
matando a ele.
―Claro, claro,‖ murmurei ao sair.
Eu não vi nenhum dos vampiros. Eu ignorei minha moto, ficando completamente
sozinho no meio da campina. Ela não era rápida o suficiente para mim agora. Meu pai
iria pirar - Sam também. O que a matilha iria fazer com o fato de que eles não tinham
ouvido a minha frase? Iriam pensar que os Cullen me pegaram antes que eu tivesse uma
chance? Eu me despi, não ligando para quem poderia estar assistindo, e comecei a
correr. Eu estava deslocado dentro de um lobo meio de frente.
Eles estavam me esperando. Claro que estavam.
Jacob, Jake, oito vozes em coro aliviadas.
Venha para casa agora, a voz Alpha ordenou. Sam estava furioso.
Eu senti Paul esmaecer, e eu sabia que Billy e Rachel estavam esperando para ouvir o
que havia acontecido comigo. Paul estava também ansioso para dar a eles a boa notícia
que eu não era comida de vampiro para ouvir toda a historia.
Eu não tive que contar para a matilha que eu estava no caminho - eles podiam ver a
floresta embaçada passando por mim enquanto eu chegava em casa. Eu também não tive
que dizer a eles que eu era mais do que louco. A doença em minha cabeça era óbvia.
Eles viram todo o horror - o estômago mosqueado de Bella; sua fraca voz,: ele é forte,
isso é tudo; o homem queimado na cara de Edward: vendo ela doente e definhando…
Ver isso machucando ela; Rosalie abaixando sobre o corpo mole de Bella: A vida de
Bella não significa nada a ela - e pela primeira vez, ninguém tinha nada a dizer.
O choque deles era apenas um silencio em minha cabeça.
Sem palavras
!!!!
Eu estava a uma hora de casa antes de alguém me encontrar. Daí todos eles começaram
a correr para me encontrar.
Estava quase escuro - as nuvens cobriram o pôr-do-sol completamente. Arrisquei partir
pela estrada sem ser visto.
Nos encontramos cerca de 10 milhas longe de La Push, numa clareira deixada pelos
hóspedes. Era fora do caminho, entre as montanhas, onde ninguém podia nos ver. Paul
os encontrou ao mesmo tempo em que eu, e o bando estava completo.
As falas em minha mente estavam um caos total. Todos gritavam ao mesmo tempo.
Os pêlos do pescoço de Sam estavam totalmente eriçados, e ele estava rosnando num
ritmo contínuo enquanto andava pros lados em torno do círculo. Paul e Jared se
moveram como sombras atrás dele, suas orelhas rentes à suas cabeças. O círculo todo
estava agitado, em pé e rosnando baixo.
Inicialmente sua raiva era indefinida, e eu pensei que fosse por mim. Estava cansado
demais pra me importar. Eles podiam fazer o que quisessem comigo por desobedecer a
ordens.
Então a discussão de pensamentos sem foco começou a tomar um rumo único.
Como isso pôde acontecer? O que significa? O que será?
Não é seguro. Não é certo. Perigoso.
Não é natural. Monstruoso. Uma abominação.
Não podemos permitir.
O bando andava em sincronia, pensava em sincronia, menos eu e outro. Sentei ao lado
do irmão que fosse, embasbacado demais para olhar com meus olhos ou mente e ver
quem estava ao meu lado, enquanto o bando andava em círculo a nosso redor.
O trato não cobre isso.
Isso coloca a todos em perigo.
Tentei entender a espiral de vozes, tentei acompanhar curva que os pensamentos faziam
para ver onde ela levava, mas não fazia sentido. As imagens no centro de suas mentes
eram minhas imagens - a pior delas. Os machucados de Bella, o rosto de Edward
enquanto ele sofria.
Eles o temem também.
Mas não nos deixarão fazer nada a respeito.
Protegendo Bella Swan.
Não podemos deixar que isso nos influencie.
A segurança de nossas famílias, de todos aqui, é mais importante que um humano.
Se eles não o matarem, nós o faremos.
Proteger a tribo.
Proteger nossas famílias.
Temos que matá-lo antes que seja tarde demais.
Outra de minhas memórias, as palavras de Edward: A coisa está crescendo. Rápido.
Tentei me concentrar, identificar as vozes.
Sem tempo a perder, Jared pensou.
Isso vai significar uma luta, Embry apontou. Bem feia.
Estamos prontos, insistiu Paul.
Temos o elemento surpresa a nosso lado, Sam pensou.
Se os pegarmos divididos, podemos dar conta deles em separado. Vai aumentar nossas
chances de vitória, Jared pensou, começando a traçar uma estratégia.
Balancei minha cabeça, me levantando aos poucos. Me senti instável - como se o
circular dos lobos me deixasse tonto. O lobo ao meu lado se levantou também. Seu
ombro empurrou o meu, me ajudando a ficar em pé.
Esperem, pensei.
O círculo parou por um momento, e começou a andar novamente.
Temos pouco tempo, disse Sam.
Mas - o que você está pensando? Você não os atacaria por quebrarem o acordo esta
tarde. Agora planeja uma emboscada, quando o tratado continua intacto?
Isso não é algo que nosso tratado antecipava, disse Sam. Isso é um perigo para cada
humano na área. Não sabemos que tipo de criatura os Cullen criaram, mas sabemos
que é forte e cresce rápido. E será jovem demais para seguir o tratado. Lembra o recém
nascido que lutamos? Selvagem, violento, fora do controle da razão ou de alguma
forma de restrição. Imagine um desses, mas protegido pelos Cullen.
Nós não sabemos - tentei interromper.
Nós não sabemos, ele concordou. E não podemos arriscar a chance com o
desconhecido nesse caso. Podemos permitir que os Cullen existam enquanto temos
absoluta certeza de que podemos confiar que eles não causarão nenhum mal. Essa…
Coisa não pode ser confiável.
Eles não sabem muito mais do que nós.
Sam pegou a imagem do rosto de Rosalie, sua posição protetora, de minha mente, e
mostrou aos outros.
Alguns estão prontos para lutar por isso, não importa o quê.
É apenas um bebê, meu Deus!
Não por muito tempo, Leah sussurrou.
Jake, meu amigo, isso é um problema, disse Quil. Não podemos apenas ignorá-lo.
Você está tornando a situação maior do que ela realmente é, argumentei. O único que
corre real perigo é Bella.
Novamente por sua própria escolha, disse Sam. Mas dessa vez, a escolha dela afeta a
todos nós.
Eu não acho.
Nós não podemos nos arriscar assim. Não vamos permitir um bebedor de sangue caçar
nas nossas terras.
Então os mande embora, o lobo que ainda me defendia disse. Era Seth. É claro.
E provocar desgosto nos outros? Quando bebedores de sangue entram nas nossas
terras, nós os destruímos, não importa onde eles pretendem caçar. Nós protegemos
todos que podemos.
Isso é loucura, eu disse. Essa tarde você estava com medo de colocar o pacote em
perigo.
Essa tarde eu não sabia que nossas famílias estavam em risco.
Não acredito nisso! Como você vai matar essa criatura sem matar a Bella?
Não houve palavras, mas sim um silêncio cheio de significado.
Eu uivei. Ela também é humana! Nossa proteção não se aplica a ela?
Ela vai morrer de qualquer forma, Leah pensou. Nós só vamos encurtar o processo.
Foi a gota d‘água. Eu me esquivei de Seth na direção da sua irmã, meus dentes a
mostra. Eu estava quase alcançando sua perna esquerda quando senti os dentes de Sam
na minha cintura, me arrastando de volta.
Eu rosnei em dor e fúria e me virei para ele.
Pare! Ele ordenou no timbre que era o dobro do Alpha.
Minhas pernas pareceram desaparecer debaixo de mim. Eu me joguei até uma parada,
apenas conseguindo me manter de pé por força de vontade.
Ele tirou o seu olhar de mim. Você não vai ser cruel com a Bella, Leah, ele a
comandou. O sacrifício de Bella é um preço muito grande e nós vamos todos
reconhecer isso. É contra tudo que nós acreditamos tirar a vida de um humano. Fazer
uma exceção nesse código é algo para se sentir pesar. Nós todos nos arrependeremos
do que faremos esta noite.
Esta noite? Seth repetiu, chocado. Sam - Eu acho que deveríamos falar um pouco mais
sobre isso. Consultar com os Anciões, pelo menos. Você não pode estar realmente
querendo que nós Nós não podemos arcar com a sua tolerância com os Cullens agora. Não há tempo
para debates. Você fará o que for mandado, Seth.
Os joelhos de Seth tremeram e sua cabeça caiu ao peso do comando do Alpha.
Sam caminhou num círculo apertado ao nosso redor.
Nós precisaremos do grupo completo para isso. Jacob, você é o nosso lutador mais
forte. Você vai lutar conosco esta noite. Eu entendo que é difícil para você, então você
vai se concentrar nos lutadores deles - Emmett e Jasper Cullen. Você não precisa se
envolver com a… Outra parte. Quil e Embry lutarão contigo.
Meus joelhos tremeram; Eu lutei para me manter de pé enquanto a voz do Alpha
chicoteava no meu ser.
Paul, Jared e eu cuidaremos de Edward e Rosalie. Eu acho, pela informação que Jacob
nos trouxe, que eles estarão guardando a Bella. Carlisle e Alice também estarão
próximos, possivelmente Esme. Brady, Collin, Seth e Leah vão se concentrar neles.
Quem quer que tenha o caminho livre para alcançar - nós todos ouvimos ele
mentalmente hesitar ao nome da Bella - a criatura, vai cuidar dela. Destruí-la é nossa
prioridade.
O grupo murmurou em uma concordância nervosa. A tensão conseguiu deixar todos de
pêlos em pé. Os passos estavam mais rápidos e o som das patas contra o assoalho estava
mais agudo, suas unhas entrando no solo.
Apenas Seth e eu estávamos parados, os olhos mantidos no centro de uma tempestade
de dentes a mostra e orelhas atentas. O nariz de Seth estava quase tocando o chão,
submisso aos comandos de Sam. Eu senti sua dor com a deslealdade por vir. Para ele
isso era uma traição - durante aquele único dia de aliança, lutando ao lado de Edward
Cullen, Seth havia verdadeiramente se tornado o amigo do vampiro.
Não tinha resistência nele, de qualquer forma. Ele iria obedecer não importasse quanto
isso o machucasse. Ele não tinha outra escolha.
E que outra escolha eu tinha? Quando o Alpha fala, o bando segue.
Sam nunca tinha levado sua liderança tão longe antes; eu sabia que ele honestamente
odiava ver Steh ajoelhado perante ele como um escravo aos pés do mestre. Ele não o
obrigaria se ele não tivesse outra escolha. Ele não podia mentir para nós, já que nossas
mentes estavam ligadas uma a outra. Ele realmente achava que era nosso dever destruir
Bella e o monstro que ela estava carregando. Ele realmente acreditava que nós não
tínhamos tempo a perder. Ele acreditava tanto nisso que morreria para isso.
Eu vi que ele enfrentaria Edward ele mesmo; A habilidade de Edward de ler
pensamentos fez dele a maior ameaça na mente de Sam. Sam não nos deixaria enfrentar
tamanho perigo.
Ele via Jasper como o segundo maior oponente, e esse era o porquê ele me encarregou
de enfrentá-lo. Ele sabia que eu tinha a maior chance, dentre todos do bando, de ganhar
esta luta. Ele deixaria os alvos mais fáceis para os mais jovens do bando e Leah. A
pequena Alice não era perigo sem a sua habilidade de prever o futuro para guiá-la, e ele
sabia, a partir da nossa antiga aliança, que Esme não era uma lutadora. Carlisle poderia
ser mais um desafio, mas seu desgosto por violência poderia atrapalhá-lo.
Eu me senti pior do que o Seth quando eu vi os planos de Sam, tentando trabalhar nos
ângulos para dar para cada membro do bando uma melhor chance de sobrevivência.
Tudo foi ao avesso. Esta tarde, eu estava ansioso por atacá-los. Mas Seth estava certo não era para uma luta que eu estava me preparando. Eu tinha me cegado pelo ódio. Eu
não me permiti ver com mais cuidado, porque eu sabia o que eu veria se eu o fizesse.
Carlisle Cullen. Olhando para ele sem aquele ódio me cegando, eu não podia negar que
matá-lo seria assassinato. Ele era bom. Bom como qualquer humano que protegíamos.
Talvez melhor. Os outros também, eu supus, mas eu não conseguia sentir isso tão forte
vindo deles. Eu não os conhecia tão bem. Era Carlisle quem odiava lutar, mesmo que
fosse para salvar sua própria vida. Era por isso que nós éramos capazes de matá-lo porque ele não queria que nós, seus inimigos, morrêssemos.
Isso era errado.
E não era somente porque matando Bella seria como matar a mim mesmo, como um
suicídio.
Recomponha-se, Jacob. Sam ordenou. A tribo vem em primeiro lugar.
Eu estava errado hoje, Sam.
Suas razões estavam erradas, então. Mas agora nós temos um dever a cumprir.
Eu o confrontei. Não.
Sam rosnou e parou na minha frente. Ele olhou fixamente dentro dos meus olhos e um
rosnado passou por dentre seus dentes.
Sim, o Alfa decretou, sua voz dupla ressoou com o calor de sua autoridade. Não há
escapatória essa noite. Você, Jacob, vai lutar contra os Cullen conosco. Você, com Quil
e Embry irão se encarregar de Jasper e Emmer. Você é obrigado a proteger a tribo. É
por isso que você existe. Você vai cumprir com essa obrigação.
Meus ombros se arquearam quando o decreto me bateu. Minhas pernas caíram e eu
estava sob a minha barriga.
Nenhum membro do bando podia se negar ao Alfa.
11. As duas primordiais coisas no topo da minha lista coisas-que-eu-nunca-queroter-que-fazer
Sam começou a mover os outros para a formação enquanto eu ainda estava no chão.
Embry e Quil estavam ao meu lado, esperando eu me recuperar e assumir a minha
posição.
Eu conseguia sentir o impulso, a necessidade de me colocar em pé e liderá-los. A
compulsão crescia, e eu lutava inutilmente, contraindo meus músculos no chão onde eu
estava.
Embry choramingou calmamente em minha orelha. Ele não queria ter que pensar nas
palavras, com medo que isso atraísse a atenção de Sam novamente. Eu senti seu lamento
silencioso para eu me levantar, para esquecer disso e fazer o que eu tinha que fazer.
Havia medo no bando, não tanto por si mesmo, mas no geral. Nós não conseguíamos
imaginar que todos nós sairíamos vivos essa noite. Qual de nossos irmãos nós
perderíamos?
Qual mente iria nos deixar para sempre? Por qual familiar nós iríamos nos lamentar e
nos consolar na manhã seguinte?
Minha mente começou a trabalhar com as deles, a pensar em acordo, assim poderíamos
dividir nossos medos. Automaticamente, eu me levantei do chão e sacudi o meu pêlo.
Embry e Quil bufaram aliviados. Quil tocou seu focinho no meu lado uma vez.
Suas mentes estavam lotadas com o nosso desafio, nossa tarefa. Nós nos lembrávamos
da noite em que nós assistimos os Cullen praticamente para a luta com os recémnascidos. Emmet cullen era o mais forte, mas Jasper seria provavelmente nosso maior
problema. Ele se movia como um raio - força e rapidez unidas em um só. Quantos
séculos de experiência ele teria tido? O suficiente para que todos os demais Cullen o
procurassem para a liderança.
Eu vou pelo meio, se você quiser ir pelos flancos. Quil ofereceu. Havia mais excitação
em sua mente do que na dos outros. Quando Quil assistiu as instruções de Jasper
naquelas noites, ele estava morrendo para testar suas habilidades contra as dos
vampiros. Para ele, isso seria uma competição. Mesmo sabendo que a vida dele estava
em perigo, ele via isso dessa maneira. Paul também estava assim, e aquelas crianças que
nunca estiveram em uma batalha, Collin e Brady. Seth provavelmente também estaria
assim - se os oponentes não fossem seus amigos.
Jake? Quil me cutucou. Como você quer agir?
Eu balancei a minha cabeça. Eu não conseguia me concentrar - o impulso de seguir as
ordens pareciam cordas, como em um teatro de bonecos, amarradas em meus músculos.
Um passo à frente, depois outro.
Seth estava se arrastando atrás de Collin e Brady - Leah assumiu a liderança ali. Ela
ignorou Seth enquanto planejava com os outros, e eu pude ver que ela preferia deixá-lo
de fora da luta. Havia um lado maternal em seus sentimentos pelo seu irmão menor. Ela
desejava que Sam o mandasse para casa. Seth não captou os pensamentos de Leah. Ele
estava se ajustando às cordas de bonecos, também.
Talvez se você parasse de resistir… Embry sussurrou.
Apenas se foque em nossa parte. Os maiores. Nós conseguiremos vencê-los. Nós somos
melhores que eles! Quil estava trabalhando consigo mesmo - como um animador antes
de um grande jogo.
Eu conseguia ver como isso seria fácil - não pensar em nada mais do que a minha parte.
Não era difícil me imaginar atacando Jasper e Emmet. Nós já estivemos perto disso
antes. Eu não os via como inimigos há muito tempo. Eu podia fazer isso de volta.
Eu apenas precisava esquecer que eles estavam protegendo a mesma coisa que eu. Eu
tinha que esquecer a razão do por que eu talvez quisesse que eles ganhassem…
Jake, Embry avisou. Mantenha a sua cabeça no jogo.
Meus pés se moveram preguiçosamente, sendo puxados pelas cordas.
Não há nenhum sentido nessa luta. Embry sussurrou novamente.
Ele estava certo. Eu iria acabar fazendo o que Sam queria, se era essa a sua vontade. E
era. Óbvio.
Havia uma boa razão para a autoridade do Alfa. Mesmo um bando forte como o nosso
não teria tanta força sem um líder. Nós tínhamos que nos movimentar juntos, pensar
juntos, tudo para sermos eficazes. E isso necessitava que o corpo tivesse uma cabeça.
Então e se Sam estivesse errado agora? Não havia nada que pudéssemos fazer. Ninguém
poderia ir contra a sua decisão.
Exceto.
Então aí estava - um pensamento que eu nunca tinha tido, nunca quis ter tido. Mas
agora, com minhas pernas todas presas por cordas, eu reconheci essa exceção com
alívio - mais do que alívio, com uma alegria feroz.
Nenhum podia ir contra a decisão do Alfa - exceto eu.
Eu nunca tinha adquirido nada. Mas haviam coisas que haviam nascido comigo, coisas
que eu havia renunciado.
Eu nunca quis liderar o bando. Eu nunca quis fazer isso. Eu não queria a
responsabilidade de nossos destinos sob os meus ombros. Sam era melhor do que eu
jamais seria.
Mas ele estava errado essa noite.
E eu não havia nascido para me ajoelhar a ele.
Os laços se foram de meu corpo no momento em que eu abracei o meu direito de
nascença.
Eu podia sentir isso se reunindo em mim, ambos, uma liberdade e também um estranho
e vazio poder. Vazio porque o poder de um Alfa vinha de seu bando, e eu não tinha um
bando. Por um segundo, uma solidão avassaladora caiu sobre mim.
Eu não tinha um bando.
Mas eu fui direto e forte quando eu andei até onde Sam estava, planejando com Paul e
Jared. Ele se virou para o som de meu avanço, e seus olhos negros se estreitaram.
Não, eu disse para ele novamente.
Ele ouviu isso ao longe, ouviu a escolha que eu havia feito no som da voz Alfa em meus
pensamentos.
Ele pulou meio passo para trás com um uivo chocado.
Jacob? O que você vez?
Eu não vou seguir você, Sam. Não para algo tão errado.
Ele me encarou, atordoado. Você… Você escolheria seus inimigos ao invés de sua
família?
Eles não são - eu chacoalhei a minha cabeça, esclarecendo isso - eles não são nossos
inimigos. Eles nunca foram nossos inimigos. Até que eu realmente pensei em destruílos, mas era apenas um pensamento, eu não previa isso.
Isto não é sobre eles, ele rosnou para mim. Isto é sobre Bella.
Ela nunca foi a certa para você, ela nunca o escolheu, mas você continua destruindo sua
vida para ela!
Estas eram palavras duras, mas palavras verdadeiras. Eu traguei uma quantidade grande
de ar, inspirando.
Talvez você tenha razão. Mas você vai destruir o bando além dela, Sam. Não importa
quantos deles sobrevivam hoje à noite, eles sempre terão o assassinato em suas mãos.
Nós temos que proteger nossas famílias!
Eu sei o que você decidiu Sam. Mas você não decide para mim, não mais.
Jacob - você não pode dar as costas ao bando.
Eu ouvi o duplo eco do comando de Alfa dele, mas estava leve agora. Já não aplicava a
mim. Ele apertou a mandíbula dele, enquanto tentava me forçar a escutar suas palavras.
Eu fitei os olhos furiosos dele. O filho de Ephraim Black não nasceu para seguir o filho
de Levi Uley.
E é isto, então, Jacob Black? O pêlo de seu pescoço eriçou e seu focinho se enrugou
mostrando os dentes. Paul e o Jared rosnaram e eriçaram ao lado dele. Até mesmo se
você puder me derrotar, o bando nunca o seguirá!
Agora eu arredei para trás, um ganido surpreso escapando da minha garganta.
O derrote? Eu não vou lutar com você, Sam.
Então qual é seu plano? Eu não estou saindo de forma que você possa proteger a ova
de vampiros à custa da tribo.
Eu não estou dizendo para você sair fora.
Se você ordena que eles o sigam Eu nunca levarei qualquer um para longe dele.
O rabo dele chicoteou de um lado para outro enquanto ele recebia o julgamento das
minhas palavras. Então ele deu um passo adiante de forma que estávamos com as patas
juntas, os dentes deles a centímetros de distância do meu. Eu não tinha notado até este
momento que eu tinha crescido e ficado mais alto que ele.
Não pode haver mais de um Alfa. O bando me escolheu. Você nos separará hoje à
noite? Você abandonará os seus irmãos? Ou você terminará esta loucura e nos unirá
novamente? Toda palavra foi dita com comando, mas não me pôde tocar. Sangue de
Alfa corria não diluído em minhas veias.
Eu podia ver por que nunca havia mais que um macho de Alfa em um bando. Meu
corpo estava respondendo ao desafio.
Eu poderia sentir o instinto para defender minha reivindicação crescendo em mim. O
caroço primitivo de meu ego de lobo enrijeceu para a batalha de supremacia.
Eu focalizei toda minha energia para controlar aquela reação. Eu não entraria em uma
briga insensata, destrutiva com Sam. Ele ainda era meu irmão, embora eu estivesse o
rejeitando.
Há só um Alfa para este bando. Eu não estou contestando isso. Eu só estou escolhendo
seguir meu próprio caminho.
Você agora pertence a um bando de vampiros, Jacob?
Eu vacilei.
Eu não sei Sam. Mas eu sei isto. Ele se encolheu enquanto sentia o peso Alfa em meu tom. Eu o afetei mais do que
quando ele me tocou. Porque nasci para liderar sobre ele.
Eu me colocarei entre você e os Cullens. E não apenas assistirei enquanto o bando
mata inocentes - era difícil de aplicar aquela palavra a vampiros, mas era verdade - O
bando é melhor que isso. Os conduza na direção certa, Sam.
Eu dei as costas para ele, e um coro de uivos rasgou no ar ao redor de mim.
Cavando minhas unhas na terra, eu corri para longe do alvoroço que eu tinha causado.
Eu não tive muito tempo. Pelo menos Leah era a única que poderia me alcançar, e eu
estava um pouco mais à frente.
O uivo enfraqueceu com a distância, e eu me confortei com o som que continuou
rasgando a noite quieta. Eles não estavam atrás de mim, ainda.
Eu tinha que advertir os Cullen antes que o bando ficasse sabendo e tentasse me
impedir. Se os Cullen estivessem preparados, poderiam dar para Sam uma razão para
repensar nisso antes que fosse muito tarde.
Eu corri para a casa branca que eu ainda odiava, enquanto deixava meu lar para trás.
Meu lar não pertencia mais a mim. Eu dei as costas a isso.
Hoje tinha começado como qualquer outro dia. Cheguei em casa com o amanhecer
chuvoso, tomei café da manhã com Billy e Rachel, a TV ruim, brigando com Paul…
Como tudo mudou tão completamente, ficou surrealista? Como tudo ficou confuso e
distorcido de forma que eu estava agora aqui, sozinho, um Alfa pouco disposto, longe
de meus irmãos, escolhendo vampiros ao invés deles?
O som que eu estava temendo suspendeu meus pensamentos sombrios - era o impacto
macio de patas grandes contra o chão, enquanto me perseguiam. Eu me lancei adiante,
entrando na floresta negra.
Eu apenas tinha que chegar perto o bastante de forma que Edward pudesse ouvir a
advertência em meus pensamentos. Leah vai não poder me deter sozinha.
E então eu percebi o humor dos pensamentos atrás de mim. Não raiva, mas entusiasmo.
Não perseguindo… Mas seguindo.
Meu passo largo vacilou. Eu cambaleei dois passos antes que se igualassem novamente.
Espere. Minhas pernas não tão longas quanto as suas.
SETH! O que você pensa que está FAZENDO? VÁ PARA CASA!
Ele não respondeu, mas eu pude sentir a excitação dele enquanto ele estava atrás de
mim. Eu pude ver nos olhos dele como ele pôde ver nos meus. A cena noturna estava
deserta para mim - cheio de desespero. Para ele, estava esperançosa.
Eu não tinha percebido que estava reduzindo a velocidade, mas de repente ele estava em
meu encalço, correndo ao meu lado.
Eu não estou brincando, Seth! Este não é lugar para você. Cai fora daqui.
O lobo magrelo bronzeado bufou. Eu te dou cobertura, Jacob. Eu acho que você tem
razão. E eu não vou ficar junto de Sam quando Oh sim, o inferno que vai não ficar junto de Sam! Volte com sua bunda peluda a La
Push e faça o que Sam lhe disser para fazer.
Não.
Vá, Seth!
Isso é uma ordem, Jacob?
A pergunta dele me pegou desprevenido. Eu parei de uma vez, deslizando, minhas
unhas fazendo sulcos na lama.
Eu não estou ordenando ninguém para fazer coisa alguma. Eu estou apenas lhe contando
o que você já sabe.
Ele parou abruptamente ao meu lado. Eu lhe contarei o que eu sei - eu sei que está
terrivelmente quieto. Você não notou?
Eu pisquei. Meu rabo assobiou nervosamente enquanto eu percebia o que ele que ele
quis dizer. Não estava quieto em um sentido. Uivos ainda enchiam o ar, longe no oeste.
Eles não planejaram isso, Seth disse.
Eu sabia disso. O bando estaria em alerta vermelho agora. Usariam a ligação de mentes
para ver dos os lados igualmente. Mas eu não podia ouvir o que eles pensavam. Eu
podia ouvir apenas Seth. E mais ninguém.
Parece-me que bandos diferentes não têm a ligação. Huh. Acho que nunca houve razão
para nossos pais saberem disso antes. Porque nunca houve razão para bandos
diferentes antes. Nunca houve lobos suficientes para dois. Nossa. É realmente muito
quieto. Meio estranho. Mas também é bom, não acha? Aposto que era mais fácil, assim,
para Ephraim e Quil e Levi. Sem tanto falatório, só os três. Ou dois.
Cale a boca, Seth.
Sim, senhor.
Pare com isso! Não existem dois bandos. Existe O bando, e existe eu. E só. Então você
pode ir pra casa.
Se não houvesse dois bandos, então por que podemos nos ouvir, mas não ao resto?
Acho que quando você virou suas costas para Sam, aquilo foi um gesto significativo.
Uma mudança. E quando eu te segui, isso foi significativo também.
Você tem razão, acabei concedendo. Mas o que pode mudar, pode vir a mudar
novamente.
Ele se levantou e começou a trotar para o leste. Sem tempo para discutir sobre isso.
Devíamos ir agora mesmo antes que Sam…
Ele estava certo nessa parte. Não havia tempo para essa discussão. Comecei a correr
novamente, não me forçando tanto. Seth estava logo atrás, na posição tradicional de
Segundo no meu flanco direito.
Eu posso correr em algum outro lugar, ele pensou. Seu nariz baixando um pouco. Não
segui você porque estava atrás de alguma promoção.
Corra onde quiser. Não faz diferença pra mim.
Não havia som de perseguição, mas nós dois aceleramos um pouco ao mesmo tempo.
Eu estava preocupado agora. Se eu não conseguia observar a mente do bando, isso
tornaria tudo mais difícil. Não saberia mais sobre a hora do ataque do que os Cullen.
Vamos fazer patrulhas, Seth sugeriu.
E o que faremos se o bando nos desafiar? Meus olhos se estreitaram. Atacar nossos
irmãos? Sua irmã?
Não - soamos um alarme e vamos embora.
Boa resposta. Mas e depois? Não acho…
Eu sei, Ele concordou. Menos confiante agora. Não acho que eu possa lutar contra eles
também. Mas eles não estarão felizes com a idéia de nos atacar tanto quanto nós não
estamos felizes com a idéia de atacá-los. Isso pode ser o suficiente para pará-los. Além
do mais, só tem oito deles agora.
Pare de ser tão… Levei um minuto para decidir a palavra certa. Otimista. Está me
dando nos nervos.
Sem problemas. Quer que eu fique trágico e lamuriento, ou apenas quieto?
Apenas fique quieto.
Isso eu posso fazer.
Sério? Não parece.
Ele finalmente se calou.
E então estávamos cruzando a estrada e nos movendo para a floresta que circundava a
casa dos Cullen. Poderia Edward nos ouvir?
Talvez nós devêssemos pensar algo como “viemos em paz”.
Vá em frente.
Edward? Ele chamou, numa tentativa. Edward está aí? Tá, agora me sinto meio
estúpido.
Você soa estúpido também.
Acha que ele poderia nos ouvir?
Nós estávamos a menos de uma milha de distancia. Eu acho que sim. Ei, Edward. Se
você pode me ouvir - está vagando em círculos, Sugador de sangue. Você está com
problemas.
Nós temos um problema, Seth corrigiu.
Então nós passamos pelas árvores em direção ao grande gramado. A casa estava escura,
mas não vazia. Edward estava parado na sacada acompanhado de Emmet e Jasper. Eles
estavam brancos como a neve na pálida luz.
―Jacob? Seth? O que está havendo?‖
Eu diminui o ritmo, e voltei alguns passos. O cheiro era tão forte, que entortei o nariz,
para não queimar tanto. Seth continuou quieto, hesitando, e então ele sentiu depois.
Para responder a pergunta de Edward, eu deixei minha mente voltar ao confronto com
Sam, lembrando da briga. Seth pensou comigo, com intervalos, mostrando a cena por
outro ângulo. Nós paramos quando chegamos na parte sobre ―abominação‖, por que
Edward sibilou furiosamente e saltou da sacada.
―Eles querem matar a Bella?‖ sem rodeios ele rosnou.
Emmet e Jasper, decididamente não ouviram a primeira parte da conversa, tomando sua
inofensiva pergunta como uma afirmação.
Eles estavam exatamente ao lado dele em um piscar, com os dentes expostos, e se
movendo em nossa direção.
Olá, agora, Seth pensou, voltando para si.
―Jazz-não eles! Os outros. O bando está vindo!‖
Emmet e Jasper voltaram como foguetes tropeçando em seus calcanhares; Emmet se
voltou para Edward, enquanto Jasper ficou nos encarando.
―Qual é o problema deles?‖ Emmet exigiu.
―O mesmo que o meu‖ Edward rosnou. ―Mas eles se encarregaram de fazer seu próprio
plano. Com os outros. Diga a Carlisle! Ele e Esme têm que voltar agora.‖
Eu senti um mal estar. Eles estavam separados.
―Eles não estão longe,‖ Edward disse na mesma voz morta de antes.
Eu estou indo dar uma olhada Seth disse. Também correrei pelo perímetro.
―Você vai correr perigo, Seth?‖ Edward perguntou.
Seth e eu trocamos um olhar.
Achamos que não, nós vamos ficar juntos. E depois eu adicionei, Mas talvez eu deva ir.
Só por precaução…
Eles acham que isso é menos provável que um desafio para mim. Seth disse
sarcasticamente. Eu sou apenas uma criança para eles…
Você é apenas uma criança para mim, criança.
Eu já estou saindo. Você precisa passar as coordenadas para os Cullen.
Ele disparou para a escuridão. Eu não queria dar ordens a Seth, então eu o deixei ir.
Edward e eu ficamos nos olhando na escuridão. Eu pude ouvir Emmet murmurando em
seu telefone. Jasper estava vendo o lugar onde Seth estava antes de desaparecer. Alice
apareceu na varanda, depois começou a me olhar por um longo momento, depois ela se
virou para Jasper. Eu achava que Rosalie poderia estar lá dentro com a Bella. Ainda
guardando-a - de grandes perigos.
―Essa não é a primeira vez, que eu te agradeço Jacob,‖ Edward murmurou. ―Eu nunca
deveria ter perguntado aquilo para você.‖
Eu pensei no que ele me perguntou hoje cedo. Quando ele pensou em Bella, não havia
nada que ele não fizesse. .Yeah, você não deveria.
Ele pensou sobre isso e depois inclinou a cabeça. ―Eu suponho que você esteja certo
sobre isso.‖
Eu suspirei pesadamente. Bem, essa não é a primeira vez que eu não fiz isso por você.
―Certo‖ ele murmurou.
Desculpe por não ter feito bem nenhum hoje. Eu lhe disse que ela não iria me ouvir.
―Eu sei. Eu nunca realmente acreditei que ela fosse. Mas…‖
Você tinha que tentar. Eu entendi isso. Ela esta melhor?
A voz dele e seus olhos ficaram vazios. ―Pior‖ ele respirou.
Eu não queria deixar essa palavra ser absorvida. Eu fiquei grato quando Alice falou.
―Jacob você se importaria de mudar de forma?‖ Alice perguntou. ―Eu quero saber o que
esta acontecendo.‖
Eu pensei no mesmo tempo que Edward respondeu.
―Ele precisa estar em contato com Seth.‖
―Bem, então você poderia ser tão gentil e me dizer o que esta acontecendo?‖
Ele explicou cortando as sentenças dramáticas. ―A matilha pensa que Bella se tornou
um problema. Eles previram o potencial perigo vindo do… do que ela esta carregando.
Eles sentiram que precisam remover esse perigo. Jacob e Seth debandaram da matilha
para nos avisar. O resto deles esta planejando um ataque hoje à noite.‖
Alice vaiou, inclinando longe de mim. Emmet e Jasper trocaram um piscar de olhos, e
então os olhos deles variaram sobre as árvores.
Ninguém esta por aqui, Seth relatou. Tudo esta quieto na fronteira oeste.
Eles podem ter dado a volta.
Eu vou fazer uma curva.
―Carlisle e Esme estão a caminho,‖ Emmett disse. ―Vinte minutos, no máximo.‖
―Nós deveríamos tomar uma posição defensiva,‖ Jasper disse.
Edward acenou. ―Vamos entrar.‖
Eu vou correr pelo perímetro com Seth. Se eu ficar muito longe para que você ouça
meus pensamentos, ouça meu uivo.
―Eu irei.‖
Eles entraram na casa, olhos cintilando em todo lugar. Depois que eles estavam dentro,
eu girei e corri em direção ao ocidente.
Eu ainda não estou encontrando muito, Seth disse-me.
Eu cuidarei de metade do círculo. Se mova rápido - nós não queremos que eles tenham
uma chance de fugir passando por nós.
Seth desamparado seguiu adiante num rápido ímpeto de velocidade.
Nós corremos em silêncio, e os minutos passaram. Eu ouvi os barulhos ao redor dele,
checando duplamente sua cabeça.
Hey - algo está vindo rápido! Ele me alertou depois de quinze minutos de silêncio.
Em minha direção!
Mantenha sua posição - Eu não acho que seja o bando. É um som diferente.
Seth Mas ele apanhava o cheiro que se aproximava na brisa, e eu li isso em sua mente.
Vampiro. Aposto que é Carlisle.
Seth volte. Pode ser alguma outra pessoa.
Não, é deles. Eu reconheço o cheiro. Espere, eu vou me aproximar para explicar isso.
Seth, eu não acho Mas ele tinha ido.
Ansiosamente, eu corri pela borda ocidental. Isso não seria tão fácil se eu não pudesse
cuidar de Seth uma caprichosa noite? E se algo acontecesse a ele sob meus cuidados?
Leah me rasgaria em pedaços.
Pelo menos a criança manteve isso curto. Não foram nem dois minutos mais tarde
quando eu o senti em minha cabeça novamente.
Sim, Carlisle e Esme. Cara, eles ficaram surpresos em me ver! Eles estão
provavelmente lá dentro agora. Carlisle agradeceu.
Ele é um cara legal.
Sim. Essa é uma das razões de estarmos certos sobre isso
Eu espero.
Por que você está tão pra baixo, Jake? Eu apostarei que Sam não trará o bando esta
noite. Ele não vai enviá-los n uma missão suicida.
Eu suspirei. Isso não pareceu importar, de qualquer forma.
Oh. Isso não é muito sobre Sam, é?
Eu fiz a volta no fim de minha ronda. Eu apanhei o cheiro de Seth onde ele tinha girado
por fim. Nós não estávamos deixando nenhuma brecha.
Você acha que Bella vai morrer de qualquer forma, Seth sussurrou.
Sim, ela vai.
Pobre Edward. Ele deve estar louco.
Literalmente.
O nome de Edward trouxe outras memórias ferventes à superfície. Seth as leu
perplexamente.
E então ele estava uivando. Oh, cara! De jeito algum! Você não fez isso! Isso é assunto
passado! E você também sabe disso! Eu não posso acreditar que você disse que o
mataria. O que é isso? Você tem de dizer a ele que não.
Cale a boca, seu idiota! Eles vão pensar que o bando está vindo!
Oops! Ele cortou um meio berro.
Eu girei e comecei a dar passos longos para a casa. Apenas se mantenha fora disso,
Seth. Tome conta de todo o círculo agora.
Seth se agitou e me ignrou.
Alarme falso, alarme falso, eu pensei enquanto corria mais rápido.
Desculpe, Seth é jovem. Ele se esquece das coisas. Nenhum ataque, alarme falso!
Quando eu fui para o campo, eu pude ver Edward, que encarou meus olhos do lado de
fora de uma janela escura. Eu continuei a correr, querendo ter certeza de que ele havia
entendido a mensagem.
Não há nada lá fora - você entendeu?
Ele balançou a cabeça uma vez.
Isso seria muito fácil se a comunicação não fosse apenas ‗mão única‘. Mas então, eu
estava meio que satisfeito por não estar em sua mente.
Ele olhou por cima do seu ombro, de volta pra casa, e eu vi um ombro través de toda a
janela escura.
O que está acontecendo?
Como se eu fosse obter uma resposta.
Eu fiquei bastante tempo no campo, escutando. Com essas orelhas eu quase podia ouvir
os pequenos passos de Seth milhas fora da floresta. Era fácil ouvir cada som dentro da
casa escura.
―Foi um alarme falso‖, Edward explicou com uma voz morta, bastando repetir o que eu
disse a ele. ―Seth estava preocupado com alguma outra coisa, e se esqueceu de que nós
ouvimos um sinal. Ele é muito jovem.‖
―Que bom ter um menino de dois anos guardando o lugar…‖
―Eles fez um grande serviço esta noite, Emmett,‖ Carlisle disse. ―Um grande sacrifício
pessoal.‖
―Sim, eu sei. Eu estou apenas com inveja. Eu desejava estar lá fora.‖
―Seth não acha que Sam vai atacar agora,‖ Edward disse mecanicamente. ―Não quando
nós estamos avisados, e faltando dois membros do bando‖.
―O que Jacob acha?‖ Carlisle perguntou.
―Ele não está otimista.‖
Ninguém falou. Havia um som de algo muito distante e difuso que eu não conseguia
distinguir. Eu podia ouvir suas respirações baixas - e eu podia separar Bella do resto.
Estava áspera, forçada. Aumentava e diminuía em ritmos estranhos. Eu podia ouvir seu
coração. Parecia… muito rápido. Tentei comparar com meu próprio ritmo cardíaco, mas
não tive certeza de que teria como comparar. Não é como se eu fosse normal.
―Não toque nela! Vai acordá-la,‖ Rosalie sussurrou.
Alguém suspirou.
―Rosalie,‖ Carlisle murmurou.
―Não comece, Carlisle. Deixamos que fosse do seu jeito mais cedo, mas é tudo o que
permitiremos.‖
Parece que Rosalie e Bella agora falavam em plural. Como se fossem de um bando só
delas.
Andei quieto ao redor da casa. Cada passo me levava mais perto. As janelas escuras
eram como um set de TV de alguma sala de espera - era impossível manter meus olhos
longe dela muito tempo.
Alguns minutos, mais alguns passos e meu pêlo estava esbarrando ao lado da entrada
enquanto eu caminhava.
Eu podia ver através das janelas - ver o topo das paredes e o teto, o lustre desligado que
pendia dele. Eu era alto o suficiente para ver, tudo o que eu precisava fazer era esticar
meu pescoço um pouco… e talvez uma pata na ponta da varanda…
Espiei dentro do quarto grande e aberto, esperando ver algo parecido com a cena desta
tarde. Mas havia mudado tanto que fiquei confuso. Por um segundo, achei que estava
vendo o quarto errado.
A parede de vidro havia desaparecido - parecia metal agora. E os móveis estavam
espalhados fora do caminho, com Bella curvada de um jeito estranho numa cama no
centro do espaço vazio. Não uma cama normal - uma com apoios como de hospital.
Também parecidos com os de um hospital eram os monitores em volta de seu corpo,
com tubos em sua pele. As luzes dos monitores piscavam, mas nem som algum. O som,
como de algo pingando, era de um IV colocado em seu braço - um fluído que era grosso
e branco, opaco.
Ela engasgou um pouco em seu sono agitado, e Edward e Rosalie correram para seu
lado. Seu corpo arqueou, e ela gemeu. Rosalie passou suas mãos pela testa de Bella. O
corpo de Edward endureceu - ele estava de costas para mim, mas sua expressão devia
ser algo sério, pois Emmett se colocou entre os dois antes mesmo que alguém pudesse
piscar. Ele estendeu suas mãos na frente de Edward.
―Não esta noite, Edward. Temos outras coisas para nos preocuparmos.‖
Edward virou-se para longe deles, e ele parecia aquele homem sofrido novamente. Seus
olhos encontraram os meus por um momento, e eu voltei a ficar com as quatro patas no
chão.
Corri de volta para a floresta escura, correndo ao encontro de Seth, correndo para longe
do que estava atrás de mim.
Pior. É ela estava pior.
12. Algumas pessoas simplesmente não entendem o conceito de „Nada Bem-vindo‟
Eu estava quase dormido.
O sol havia surgido por dentre as nuvens há uma hora atrás - a floresta estava cinza ao
invés de negra. Seth se agachou e passou ao meu lado, e eu o acordei de madrugada
para trocar de lugar. Mesmo depois de ter corrido a noite toda, eu estava tendo
dificuldades para fazer com que a minha mente calasse a boca o suficiente para eu
conseguir dormir, mas o ritmo de corrida do Seth estava ajudando. Um, dois-três,
quatro, um, dois-três, quadro -dum dum- dum dum- a pata dura soava contra a terra
úmida, de novo e de novo como o grande circuito de som da casa dos Cullen. Nós já
tínhamos deixado um rastro no chão. Os pensamentos de Seth estavam vazios, eram só
um borrão de verde e cinza assim como as árvores passando por ele.
Isso era tranqüilizador. Isso ajudava a encher a minha mente com o que ele via ao invés
de deixar minhas próprias imagens assumirem seu lugar.
Então o uivo agudo de Seth quebrou cedo a quieta manhã.
Eu me movi rápido do chão, minhas pernas da frente se lançaram em uma rápida corrida
antes mesmo que as minhas patas traseiras se levantassem do chão. Eu corri até o lugar
onde Seth estava congelado, ouvindo com ele os passos de patas vindo em nossa
direção.
Dia, garotos.
Um chocado lamento passou por dentre os dentes de Seth. Então nós dóis rosnamos
como se nós lêssemos mais profundamente os novos pensamentos.
Oh, cara! Vá embora, Leah! Seth rosnou
Parei quando cheguei a Seth, cabeça repelida, pronta para uivar novamente - desta vez
para reclamar.
Corte o barulho, Seth.
Certo. Ugh! Ugh! Ugh! Ele choramingou e arranhou o chão, cavando buracos na terra.
Leah correu lentamente na vista, o seu pequeno corpo se teceu por dentre a vegetação
rasteira.
Pare de choramingar, Seth. Você é tão infantil.
Eu rosnei para ela, minhas orelhas se achataram contra o meu crânio. Ela voltou um
passo automaticamente.
O que você pensa que está fazendo, Leah?
Ela bufou um pesado suspiro. É um tanto quanto óbvio, não é? Eu estou entrando na
sua droga de pequeno grupo renegado. Os cães-guardas dos vampiros. Ela latiu baixo,
uma risada sarcástica.
Não, você não está. Dê a volta agora antes que eu rasgue os seus tendões.
Como se você pudesse me pegar. Ela riu e preparou seu corpo para se lançar em uma
corrida. Quer correr, ó líder destemido?
Eu inspirei profundamente, enchendo os meus pulmões até que os lados de meu corpo
crescessem. Então, quando eu tive certeza de que eu não ia gritar, eu exalei em uma
rajada.
Seth, vá fazer com que os Cullen saibam que é apenas a idiota da sua irmã - eu pensei
nessas palavras o mais áspero possível. Eu lido com isso.
To indo! - Seth estava feliz em ir embora. Ele desapareceu em direção à casa.
Leah resmungou e se inclinou em direção a Seth, o pêlo de suas costas arrepiado. Você
vai deixar que ele corra em direção aos vampiros sozinho?
Eu tenho certeza de que ele prefere eles a passar outro minuto com você.
Cale a boca, Jacob. Oops, me desculpe - Quero dizer, cale a boca, Alpha mais alto.
Por que raios você está aqui?
Você pensa que eu vou ficar sentada em casa enquanto o meu irmãozinho serve de
voluntário para ser um brinquedo de mastigar de vampiros?
Ele não precisa da sua proteção. Na verdade, ninguém quer você aqui.
Ui, aaai, isso vai deixar uma grande marca. Ha, ela latiu, me diga quem me quer por
perto e eu caio fora daqui.
Isso não é sobre o Seth, é?
É claro que é. Eu estou somente apontando que não ser bem-vinda não é uma coisa
nova para mim. Não é de fato um fator que me motiva, se você entende o que eu quero
dizer.
Eu cerrei meus dentes e tentei manter a minha cabeça no lugar.
Sam te mandou?
Se eu estivesse aqui como uma mensageira do Sam, você não seria capaz de me ouvir.
Minha aliança não é mais com ele.
E escutei cuidadosamente aos pensamentos misturados com as palavras.
Se isso era uma distração ou um truque, eu deveria estar alerta o suficiente para
perceber. Mas não havia nada. A declaração não continha nada além da verdade.
Relutante, quase desesperadora verdade.
Você é leal a mim agora? Perguntei com sarcasmo. Uh-huh. Certo.
Minhas escolhas são limitadas. Estou trabalhando com as opções que eu tenho.
Acredite em mim, não estou gostando disso mais do que você não está.
Aquilo não era verdade. Havia uma ponta de excitação em sua mente. Ela estava infeliz
com isso, mas também estava numa espécie de êxtase. Vasculhei sua mente, tentando
entender.
Ela se enfureceu, ressentindo a intrusão. Normalmente eu tentava manter Leah fora nunca tentei entendê-la antes.
Fomos interrompidos por Seth, pensando em sua explicação para Edward. Leah
lamentou ansiosa. O rosto de Edward, emoldurado na mesma janela da noite passada,
não mostrava nenhuma reação às novidades. Era uma face vazia, morta.
Wow, ele parece péssimo, Seth murmurou para si mesmo. O vampiro não mostrou
reação a esse pensamento também. Ele desapareceu para dentro da casa. Seth virou-se e
voltou a nosso encontro. Leah relaxou um pouco.
O que está acontecendo? Leah perguntou. Me explique para que eu possa acompanhar.
Não há motivo. Você não vai ficar.
Na verdade, Sr Alpha, eu vou. Porque, aparentemente, eu preciso pertencer a alguém e não pense que eu não tentei sair sozinha, você mesmo sabe o quão bem isso não
funciona - eu escolhi você.
Leah, você não gosta de mim. Eu não gosto de você.
Obrigada, Capitão Óbvio. Isso não me importa. Fico com Seth.
Você não gosta de vampiros. Não acha que há um conflito de interesses aqui?
Você também não gosta de vampiros.
Mas eu estou comprometido com essa aliança. Você não.
Manterei distância deles. Posso fazer patrulhas longe, como Seth.
E eu devo acreditar em você nisso?
Ela esticou o pescoço, ficando na ponta dos pés, tentando ficar tão alta quanto eu para
me encarar nos olhos. Não vou trair meu bando.
Eu queria jogar minha cabeça pra trás e rosnar, como Seth havia feito antes. Este não é
seu bando! Isso não é nem mesmo um bando. Isso é apenas eu, indo sozinho! O que
acontece com vocês, Clearwaters? Por que não podem me deixar em paz?
Seth, vindo logo atrás de nós agora, resmungou; eu o havia ofendido. Legal.
Eu tenho sido de grande ajuda, não tenho, Jake?
Você não tem sido muito insuportável, menino, mas se você e Leah forem um pacote só
- se a única maneira de me livrar dela é você indo para casa… Bom, pode me culpar
por querer que você vá embora?
Ugh, Leah, você estragou tudo!
É, eu sei, ela lhe disse, e o pensamento estava cheio de seu desespero.
Senti a dor naquelas três pequenas palavras, e era maior do que eu havia imaginado. Eu
não queria sentir aquilo. Não queria me sentir mal por ela. Claro, o bando era duro para
ela, mas ela trouxe isso para si mesmo com a amargura que manchava cada um de seus
pensamentos e tornou-se um pesadelo ficar em sua mente.
Seth se sentia culpado também. Jake… você não vai realmente me mandar embora, vai?
Leah não é tão ruim. Sério. Quer dizer, com ela, podemos alcançar um perímetro
maior. E isso deixa Seth com apenas sete. Não tem como ele pensar num ataque
estando tão em baixa no número de membros. Provavelmente é uma coisa boa…
Você sabe que não quero liderar um bando, Seth.
Então não nos lidere, Leah ofereceu.
Bufei. Parece perfeito para mim. Corram para casa então.
Jake, Seth pensou. Eu pertenço aqui. Eu gosto de vampiros. Os Cullen, pelo menos. São
pessoas para mim, e vou protegê-los, porque é isso que devemos fazer.
Talvez você pertença, menino, mas sua irmã não. E ela vai estar em qualquer lugar que
vocêParei de repente, porque vi algo quando disse aquilo. Algo que Leah vinha tentando não
pensar.
Leah não ia a lugar algum.
Pensei que isso fosse pelo Seth, pensei de mau humor.
Ela hesitou. É óbvio que estou aqui pelo Seth.
E para ficar longe de Sam.
Ela trincou o queixo. Não tenho que me explicar pra você. Só preciso fazer o que me
dizem. Pertenço ao seu bando, Jacob. Fim.
Caminhei pra longe dela, rosnando.
Droga. Eu nunca ia me livrar dela. Por mais que ela não gostasse de mim, que ela
desprezasse os Cullen, que adorasse a idéia de poder matar todos os vampiros agora
mesmo, por mais que ficasse irritadíssima por ter que protegê-los - nenhuma dessas
coisas era nada comparado ao que ela sentia ao se ver livre de Sam.
Leah não gostava de mim, então não me era nenhum fardo desejar que ela
desaparecesse.
Ela amava Sam. Ainda. E saber que ele queria que ela desaparecesse era a maior dor
com a qual ela podia viver, agora que tinha uma escolha. Ela teria escolhido qualquer
outra opção. Mesmo se isso significasse se mudar com os Cullen como o cachorrinho
deles.
Eu não sei se eu iria tão longe, ela pensou. Sua intenção era fazer as palavras soarem
agressivas, mas haviam grandes fendas em sua dramatização.Eu tenho certeza que eu
tentaria me matar algumas boas vezes antes.
Olha, Leah …
Não, olha você, Jacob. Pare de discutir comigo, isso não vai adiantar em nada. Eu
ficarei fora por uns dias, ok? Farei tudo que você quiser. Excerto voltar para o bando
do Sam e ser sua patética ex, a qual ele não pode se livrar. Se você quiser que eu vá
embora - ela sentou em suas patas traseiras e olhou diretamente nos meus olhos - você
vai ter que me forçar.
Eu rosnei por um longo minuto de raiva. Eu estava começando a sentir certa simpatia
pelo Sam, mesmo depois do que ele fez comigo e com Seth. Não era de se admirar que
ele estava sempre nos dando ordens. Como mais ele conseguiria fazer com que alguma
coisa feita?
Seth, você ficaria bravo comigo se eu matasse sua irmã?
Ele fingiu pensar por um minuto. Bom … sim, provavelmente.
Eu suspirei.
Tudo bem, então, Srta. Faz-Tudo-Que-Eu-Quiser . Por que você não faz alguma coisa
útil e nos diz o que você sabe? O que aconteceu depois de irmos embora ontem à noite?
Muitos uivos. Mas você provavelmente ouviu essa parte. Foi tão auto que nos levou
algum tempo até percebermos que não podíamos mais ouvir vocês. Sam estava… As
palavras dela falharam, mas eu podia ver em sua cabeça. Eu e Seth nos encolhemos.
Depois disso, ficou muito claro que nós teríamos que repensar em algumas coisas. Sam
estava planejando falar com os mais velhos primeiro, essa manhã. Nós deveríamos nos
encontrar e descobrir um plano de jogo. Eu posso dizer que ele não ia montar outro
ataque logo de cara, é claro. Suicida a esse ponto, com você e Seth de abstinência sem
licença e os sugadores-de-sangue prevenidos. Eu não sei ao certo o que eles vão fazer,
mas eu não andaria pela floresta sozinha se eu fosse um dos sanguessugas. É
temporada aberta para vampiros agora.
Você decidiu faltar à reunião essa manhã? Eu perguntei.
Quando nos repartimos para patrulhas ontem à noite, eu pedi permissão para ir pra
casa, contar à mamãe o que tinha acontecido Merda! Você contou a mamãe? Seth rugiu.
Seth, segura as pontas com a coisa de irmãos por um segundo. Continue Leah.
Então, quando eu voltei a ser humana, eu tirei alguns minutos para pensar… Bem, na
verdade, eu tirei a noite inteira. Aposto que os outros pensaram que eu tinha
adormecido. Mas toda essa coisa dos dois grupos separados, dois grupos de mentes
separadas me ajudaram a peneirar meus pensamentos. No fim, eu pesei a segurança do
Seth e, er, outros benefícios da idéia de se tornar um traidor e feder a vampiros por
quem sabe quanto tempo. Você sabe o que eu decidi. Eu deixei um recado para minha
mãe. Eu espero que ouçamos quando Sam descobrir…
Leah levantou uma orelha para o oeste.
Sim, eu espero que ouçamos, Eu concordei.
Então isso é tudo. O que nós fazemos agora? Ela perguntou.
Ela e Seth olharam para mim com expectativa mente.
Isso era exatamente o tipo de coisa que eu não queria ter de fazer.
Eu acho que nos só devemos manter os olhos abertos lá pra fora. Isso é tudo que
podemos fazer. Você devia dormir um pouco Leah.
Você dormiu tanto quanto eu.
Não era para você obedecer ao que lhe fosse mandado?
Certo. Isso vai ficar ultrapassado, ela murmurou e depois bocejou. Bom, tanto faz. Eu
não ligo.
Eu vou correr pelas bordas, Jake. Eu não estou cansado. Seth estava tão feliz por eu
não ter os forçado a ir para casa que ele estava cheio de entusiasmo.
Claro, claro. Eu vou checar as coisas com os Cullen.
Seth decolou ao longo do novo caminho indo pela terra úmida. Leah olhou para ele
pensativamente.
Talvez um round ou dois antes que eu caia… Ei, Seth, quer ver quantas vezes eu posso
ganhar de você?
NÃO!
Após uma baixa risadinha, Leah se enfiou nas árvores, logo depois de Seth.
Eu protestei inutilmente. Pedir paz e quietude era muito.
Leah estava sendo ela mesma. Ela mantinha as zombarias no mínimo enquanto corria ao
redor da pista, mas era impossível não notar sua presunção. Eu pensei no ditado de ‗um
é pouco, dois é bom…‘ Definitivamente ele não se aplicaria aqui, porque na minha
mente ‗um‘ já era demais. Mas se tivesse que haver 3 de nós, seria difícil pensar em
alguém que eu não trocaria por ela.
Paul? Ela sugeriu
Talvez, Eu permiti.
Ela riu para si mesma, muito elétrica e nervosa para se sentir ofendida. Eu me perguntei
por quanto tempo mais aquela coisa toda de evitar Sam duraria.
A partir de agora, esse será meu objetivo - ser menos irritante que Paul.
Yeah, trabalhe nisso.
Eu me transformei em minha outra forma quando eu estava a alguns metros do
gramado. Eu não havia planejado ficar muito tempo humano aqui. Mas eu também não
havia planejando ter Leah em minha cabeça.Eu vesti meu short irregular e comecei a
atravessar o gramado.
A porta abriu antes que eu chegasse aos degraus, e eu fiquei surpreso por ver Carlisle
não Edward sair pra me encontrar- sua expressão me parecia exausta e derrotada. Por
um segundo, meu coração congelou. Eu parei, incapaz de falar.
―Você está bem, Jacob?‖ Carlisle perguntou.
―É a Bella?‖ Eu deixei escapar.
―Ela está…. do mesmo jeito que estava noite passada. Eu o assustei? Me perdoe.
Edward disse que você viria em sua forma humana, e eu sai pra cumprimentá-lo, já que
ele não queria deixá-la. Ela está acordada.‖
E Edward não queria perder tempo algum que pudesse passar com ela, porque ele não
tinha muito tempo restante. Carlisle não disse as palavras em voz alta, mas, talvez ele
tivesse de fazê-lo.
Já fazia algum tempo desde que adormeci - muito antes da minha última patrulha. Eu
realmente podia sentir aquilo agora. Eu dei um passo a frente, me sentei nos degraus da
entrada, e cai contra o corrimão.
Movendo-se sorrateiramente como somente um vampiro é capaz, Carlisle se sentou no
mesmo degrau, contra o outro corrimão.
―Eu não tive a chance de agradecê-lo noite passada, Jacob. Você não imagina como eu
aprecio sua… compaixão.
Eu sei que seu objetivo é proteger a Bella, mas, eu devo a você a segurança do resto da
família também. Edward me disse o que eu deveria fazer…‖
―Não mencione isto,‖ eu murmurei.
―Se você preferir.‖
Nós sentamos em silêncio. Eu podia ouvir os outros na casa. Emmett, Alice e Jasper,
falando em voz baixa, vozes sérias lá em cima. Esme cantarolava sem ritmo certo em
outro quarto.
Rosalie a Edward respiravam bem perto - Eu não podia definir quem era quem, mas, eu
podia ouvir a diferença na respiração de Bella, que era cansada. Eu podia ouvir o
coração dela também. Ele parecia… desigual.
Era como se o destino tivesse aparecido pra me obrigar a fazer tudo que eu jurei não
fazer em um período de vinte quatro horas. Ali estava eu, dando uma volta, esperando
ela morrer.
Eu não queria mais ouvir. Falar era melhor do que ouvir.
―Ela é como família pra você?‖, eu perguntei a Carlisle. Esse detalhe me chamou
atenção antes, quando ele disse que eu tinha ajudado o resto da família dele também.
―Sim. Bella já é como uma filha pra mim. Uma filha querida.‖
―Mas você vai deixar que ela morra.‖
Ele ficou em silêncio tempo suficiente pra me fazer olhar pra cima. Seu rosto estava
muito, muito cansado. Eu sabia como ele se sentia.
―Eu posso imaginar o que você pensa de mim por isso‖, ele disse por fim. ―Mas eu não
posso ignorar a vontade dela. Não seria certo tomar esse tipo de decisão por ela, forçála.‖
Eu queria ficar com raiva dele, mas ele estava fazendo isso ser difícil. Era como se ele
estivesse jogando minhas próprias palavras pra cima de mim de volta, só de uma forma
diferente. Elas soavam certas antes, mas não poderiam estar certas agora. Não com
Bella morrendo. Ainda assim… Eu me lembrei da sensação de me curvar no chão
perante Sam - de ter não ter nenhuma escolha além de me envolver no assassinato de
alguém que eu amava. Porém não era a mesma coisa. Sam estava errado. E Bella amava
coisas que não deveria amar.
―Você acha que tem alguma chance dela conseguir? Digo, como uma vampira e tudo
mais. Ela me contou… sobre Esme.‖
―Eu disse que existe uma chance remota nesse ponto‖, ele respondeu baixo. ―Eu já vi o
veneno dos vampiros fazer milagres, mas existem condições em que até mesmo o
veneno não pode superar. O coração dela está se esforçando demais agora; se ele
falhar… não vai haver nada que eu possa fazer.‖
O coração de Bella pulsou e vacilou, dando uma agonizante ênfase para as suas
palavras.
Talvez o planeta tenha começado a girar ao contrário. Talvez isto explicasse como tudo
estava o contrário do que tinha sido ontem - como eu podia estar à espera por aquilo que
um dia me pareceu ser a pior coisa do mundo.
―O que aquela coisa está fazendo com ela?‖ Eu suspirei. ―Ela estava tão pior ontem à
noite. Eu vi… os tubos e tudo mais. Através da janela.‖
―O feto não é compatível com o corpo dela. Muito forte, para uma coisa, mas ela pode
provavelmente durar por algum tempo. O maior problema é que isso não permite que
ela tenha o alimento que ela precisa. O seu corpo está rejeitando qualquer forma de
nutrição. Eu estou tentando alimentá-la através de forma intravenosa, mas ela
simplesmente não absorve. Tudo sobre a sua condição está acelerada. Eu estou
assistindo a ela - e não só ela, mas o feto também - morrer de fome a cada hora. Eu não
consigo parar e eu não consigo diminuir o ritmo disso. Eu não consigo entender o que o
feto quer.‖ A sua voz cansada vacilou no final.
Eu me senti da mesma forma ontem, quando eu vi as manchas negras pelo seu estômago
- furioso, e um pouco louco.
Eu fechei minhas mãos em forma de punho para controlar a tremedeira. Eu odiava a
coisa que a estava machucando. Não era suficiente que aquela coisa estivesse batendo
nela de dentro pra fora. Não, ele tinha que matá-la de fome também. Provavelmente
apenas procurando por alguma coisa para pode enfiar seus dentes - uma garganta para
sugar. Já que isso não era grande o suficiente para matar ninguém ainda, isso estava
sugando a vida de Bella.
Eu podia dizer exatamente o que essa coisa querida: morte e sangue, sangue e morte.
Minha pele estava quente e formigando. Eu respirei lentamente para dentro e para fora,
me concentrando em manter a calma.
―Eu queria poder ter uma idéia melhor do que é isso,‖ Carlisle murmurou. ―O feto é
bem protegido. Eu não sou capaz de produzir uma imagem por ultrassom. Eu duvido
que tenha alguma maneira de uma agulha ultrapassar o saco amniótico, mas Rosalie não
iria concordar em me deixar tentar, de qualquer forma.‖
―Uma agulha?‖ eu resmunguei. ―O que isso poderia fazer de bom?‖
―Quando mais informação eu tivesse sobre o feto, mais eu poderia saber do que ele é
capaz. O que eu não daria por um pouco do líquido amniótico. Se eu ao menos soubesse
a contagem de cromossomos…‖
―Você está me deixando perdido aqui, Doutor. Tem como passar para linguagem de
burros?‖
Ele riu - mesmo que sua risada tenha soado exausta.
―Ok. Quanto de biologia você sabe? Você estudou os pares de cromossomos?‖
―Acho que sim. Nós temos 23, certo?‖
―Humanos tem.‖
Eu pisquei. ―Quantos vocês têm?‖
―Vinte e cinco.‖
Eu franzi minhas sobrancelhas por um segundo. ―O que isso significa?‖
―Eu acho que isso significa que nossas espécies são quase que completamente
diferentes. Menos do que o relatado entre um leão e um gato doméstico. Mas essa nova
vida - bem, isso sugere que nós somos mais compatíveis do que eu havia imaginado‖
Ele suspirou tristemente. ―Eu não sabia que eu tinha que alertá-los.‖
Eu suspirei, também. Tinha sido fácil odiar Edward com ignorância. Eu ainda o odiava
por isso. Era difícil eu sentir o mesmo por Carlisle. Talvez porque eu não morria de
inveja de Carlisle.
―Isso poderia ajudar a saber a contagem - se o feto é mais próximo a nós ou a ela. Para
saber o que nós estamos esperando.‖ Então ele se encolheu. ―Talvez isso não ajude em
nada. Eu acho que eu só quero ter alguma coisa para estudar, alguma coisa para fazer.‖
―Imagino como meus cromossomos são,‖ eu murmurei à toa. Eu pensei em um daqueles
testes das Olimpíadas para detectar esteróides. Eles fugiam de testes de DNA?
Carlisle tossiu, mais ou menos consciente ―Você tem vinte-e-quatro pares, Jacob.‖
Eu me virei lentamente para encará-lo, levantando uma das sobrancelhas.
Ele pareceu embaraçado. ―Eu estava… curioso. Eu tomei a liberdade enquanto eu
tratava de você junho passado.‖
Eu pensei nisso por um segundo. ―Eu acho que isso devia me deixar bravo. Mas eu
realmente não ligo.‖
―Me desculpe. Eu devia ter pedido.‖
―Tá ok, Doutor. Você não causou nenhum dano.‖
―Não, eu juro a que eu não quis causar nenhum dano. É que… eu acho a espécie de
vocês fascinante. Eu suponho que os elementos da natureza vampírica vieram de algum
lugar-comum através dos séculos. A divergência da sua família da humanidade é muito
interessante. Mágica, quase.‖
―Bibbidi-Bobbidi-Boo,‖ eu resmuguei. Ele estava parecendo com a Bella com toda
aquela bobagem sobre mágica.
Carlisle riu outra risada cansada.
Então nós ouvimos a voz de Edward dentro da casa e nós dois paramos para escutá-lo.
―Eu já volto, Bella. Eu quero falar com Carlisle por um momento. Na verdade, Rosalie,
você se incomodaria em me acompanhar?‖ Edward soara diferente. Havia um pouco de
vida em sua voz morta. Uma faísca de algo. Não exatamente esperança, mas talvez o
desejo de esperança.
―O que é isso, Edward?‖ Bella disse rouca.
―Nada do que você precisa se preocupar, amor. Só vai levar um segundo. Por favor,
Rose?‖
―Esme?‖ Rosalie chamou. ―Você pode tomar conta de Bella para mim?‖
Eu ouvi o sussurro do vento quando Esme esvoaçava escada a baixo.
―Claro‖ ela disse.
Carlisle deslocado, torcendo-se ao olhar esperando na porta. Edward a atravessou
primeiro, com Rosalie bem atrás dele. Sua cara, como sua voz, deixara de ser morta. Ele
parecia intensamente focado. Rosalie o olhou suspeita.
Edward fechou a porta atrás dela.
―Carlisle‖ ele murmurou.
―O que é isso, Edward?‖
―Talvez nós tenhamos lidado com isso de uma maneira errada. Eu estava ouvindo você
e Jacob agora, e quando você estava falando sobre o que o… feto quer, Jacob teve um
pensamento interessante.‖
Eu? O que eu pensei? Alem do meu óbvio ódio pela coisa? Pelo menos eu não estava
sozinho nisso. Eu posso dizer que Edward teve uma dificuldade em usar um termo tão
leve com feto.
―Nós não tínhamos realmente pensado por esse ângulo,‖ Edward falou. ―Nós viemos
tentando dar a Bella o que ela necessita. E seu corpo vem aceitando isso tão bem quanto
um de nos aceitaria. Talvez nós devêssemos abordar as necessidades do… feto primeiro.
Talvez se nos conseguirmos satisfazer isso, nós poderíamos ser capazes de ajudá-la
mais efetivamente.‖
―Eu não estou te acompanhando, Edward,‖ Carlisle disse.
―Pense sobre isso, Carlisle. Se a criatura é mais vampiro que humano, você pode
adivinhar o que ela anseia - o que ela não está conseguindo? Jacob adivinhou.‖
Eu consegui? Eu corri por toda a conversa, tentando lembrar quais pensamentos eu tive,
que eu mantive para mim mesmo. Eu lembrei ao mesmo tempo em que Carlisle
entendeu.
―Oh,‖ disse ele em um tom surpreso. ―Você pensa que isso é… sede?‖
Rosalie assobiou sobre seu fôlego. Ela não estava mais suspeitando. Sua perfeita cara
revoltava foi toda iluminada, seus olhos cheios com excitação. ―Claro‖ ela resmungou.
―Carlisle, nós temos todo aquele tipo O negativo esperando para Bella. Essa é uma boa
idéia,‖ ela adicionou, não olhando para mim.
―Hmm.‖ Carlisle colocou a mão em seu queixo, perdido em pensamentos. ―Eu me
pergunto… E depois, qual será o melhor jeito de administrar…‖
Rosalie balançou sua cabeça. ―Nós não temos tempo para ser criativos. Eu digo que
deveríamos começar com o jeito tradicional.‖
―Esperem um momento,‖ Eu sussurrei. ―Só espere um pouco. Você esta - você esta
falando em fazer Bella beber sangue?‖
―Foi sua idéia, cachorro,‖ disse Rosalie, me encarando de cara feia, mas sem realmente
me olhar.
Eu a ignorei e observei Carlisle. Aquele mesmo fantasma de esperança que esteve no
rosto de Edward, estava agora nos olhos do doutor. Ele franziu seus lábios, especulando.
―Isso é…‖ Eu não pude achar a palavra certa.
―Monstruoso?‖ Edward sugeriu. ―Repulsivo?‖
―Bastante.‖
―Mas e se isso ajudá-la?‖ Ele suspirou.
Eu sacudi a minha cabeça raivosamente. ―O que você vai fazer? Enfiar um tubo pela
garganta dela?‖
―Eu planejava perguntar a ela o que ela pensa. Eu apenas quis passar primeiro a
Carlisle.‖
Rosalie acenou com a cabeça. ―Se você disser a ela que isso pode ajudar o bebê, ela vai
estar disposta a fazer qualquer coisa. Mesmo que nós tenhamos que alimentá-los por um
tubo.‖
Eu percebi então - quando eu ouvi como a voz dela se tornou apaixonada quando ela
disse bebê - que aquela loira estaria de acordo com qualquer coisa que ajudasse aquele
pequeno monstro sugador-de-vida.
Era isso que estava acontecendo, o misterioso fator que a vinculava aos dois? Rosalie
estava atrás da criança?
Pelo canto do olho, eu vi Edward acenar a cabeça uma vez, distraidamente, não olhando
em minha direção. Mas eu sabia que ele estava respondendo minhas perguntas.
Hum. Eu não tinha pensando que aquela Barbie fria como o gelo poderia ter um lado
maternal. Tanto para proteger Bella - Rosalie provavelmente enfiaria um tubo por sua
goela abaixo.
A boca de Edward se espremeu em uma linha, e eu soube que eu estava certo de novo.
―Bem, nós não temos tempo para sentar e discutir sobre isso,‖ Rosalie disse
impacientemente. ―O que você acha, Carlisle? Nós podemos tentar?‖
Carlisle inspirou profundamente, e então ele se pôs em pé. ―Nós vamos perguntar para
Bella.‖
A loira sorriu de forma convencida - é claro que se dependesse da Bella isso ia ser da
sua maneira.
Eu me arrastei pelos degraus e os segui depois que eles desapareceram na casa. Eu não
tinha certeza do porquê. Talvez só uma mórbida curiosidade. Isso era como um filme de
terror. Monstros e sangue por todo o lugar.
Talvez eu simplesmente não pudesse resistir a outra dose de minha droga que estava
acabando.
Bella estava deitada na cama de hospital, sua barriga era uma montanha debaixo do
lençol.
Ela parecia com cera - sem cor e meio transparente. Você pensaria que ela já estava
morta, exceto por um pequeno movimento em seu peito, sua respiração rasa. Então seus
olhos, seguindo nós quatro com uma suspeita exausta.
Os outros já estavam ao seu lado, passando rapidamente pelo quadro, com um
movimento impetuoso. Isso era assustador de se ver. Eu caminhei vagarosamente como
um pedestre vagaroso.
―O que está acontecendo?‖ Bella perguntou em um sussurro estridente. Suas mãos cor
de cera se contraíram - como se ela estivesse tentando proteger seu estômago em forma
de balão.
―Jacob teve uma idéia que talvez possa te ajudar,‖ Carlisle disse. Eu gostaria que ele
tivesse me deixado fora disso. Eu não sugeri não. Dê o crédito ao marido sugador de
sangue dela, a quem pertencia. ―Isso não vai ser… prazeroso, mas -‖
―Mas isso vai ajudar o bebê,‖ Rosalie interrompeu ansiosamente. ―Nós pensamos em
um melhor de alimentá-lo. Talvez.‖
As pálpebras de Bella se estremeceram. Então ela tossiu uma fraca risada. ―Não
prazeroso?‖ Ela sussurrou. ―Deus, que grande mudança.‖ Ela olhou para o tubo preso ao
seu braço e tossiu de novo.
A loira riu com ela.
A garota parecia que tinha apenas algumas horas de vida, e ela estava sentindo dor, mas
estava fazendo piadas. Tão Bella. Tentando amenizar a tensão, fazer isso melhor para
todos.
Edward andou ao redor de Rosalie, sem humor algum tocando sua expressão intensa. Eu
estava feliz por isso. Isso ajudava, ao menos um pouco, que ele estava sofrendo mais do
que eu. Ele pegou a sua mão, a que não estava protegendo sua barriga inchada.
―Bella, amor, nós vamos te pedir para fazer algo monstruoso,‖ ele disse, usando os
mesmos adjetivos que ele havia oferecido para mim. ―Repulsivo.‖
Bem, pelo menos ele estava mostrando isso de forma clara a ela.
Ela deu uma superficial e agitada inspiração. ―O quão ruim?‖
Carlisle respondeu. ―Nós achamos que o feto pode ter um apetite mais perto do nosso
do que do seu. Achamos que é sede.‖
Ela piscou. ―Oh. OH.‖
―Sua condição - a sua e a dele - estão definhando rapidamente. Nós não temos tempo a
perder. A forma mais rápida de testar a teoria -‖
―Eu terei que beber isso,‖ ela sussurrou. Ela balançou a cabeça suavemente - apenas
com energia o suficiente para incliná-la um pouco. ―Eu posso fazer isso. Praticando para
o futuro, certo?‖ Seus lábios sem cor se erguerem em um fraco sorriso para Edward. Ele
não sorriu de volta.
Rosalie começou a bater a ponta do pé impacientemente. O som era realmente irritante.
Eu imaginei o que ela faria se eu a lançasse contra uma parede agora mesmo.
―Então, quem vai pegar um urso cinzento para mim?‖ Bella sussurrou.
Carlisle e Edward se olharam por um relance. Rosalie parou de bater o pé.
―O quê?‖ Bella perguntou.
―Vai ser um teste mais eficaz se nós não pegarmos atalhos, Bella,‖ Carlisle disse.
―O feto pode desejar sangue,‖ Edward explicou, ―Não é desejo de sangue animal. ‖
―Não irá fazer a diferença para você, Bella. Não pense nisso‖, Rosalie incentivou.
Bella arregalou os olhos. ―Quem?‖ ela respirava fundo, e seu olhar flutuou para mim.
―Eu não estou aqui como um doador, Bells,‖ Eu resmunguei.
―Ele tem um laço de parentesco humano, mas precisa de sangue mais que qualquer
outra coisa, e isso não se aplica a uma resolução minha -‖
―Nós temos sangue em mão,‖ Rosalie disse a ela, falando sobre o que eu havia dito
antes. Era como se eu não estivesse lá. ―Para você - apenas se necessário. Não precisa se
preocupar com nada. Tudo vai ficar bem. Eu tenho bons pressentimentos sobre isso,
Bella. Acho que o bebê vai ficar muito melhor.‖
Bella passou a mão por sua barriga.
―Bem,‖ sua voz arranhou, quase inaudível. ―Estou com fome, então aposto que ele
também.‖ Ela tentou fazer outra piada. ―Vamos já com isso! Meu primeiro vampiro em
ação!‖
13. Que Bom Que Tenho Um Estômago Forte
Carlisle e Rosalie subiram instantaneamente. Eu podia ouví-los debatendo se eles
deviam esquentá-lo para ela. Ugh. Me perguntei que coisas de todas as das Casa-dos-
Horrores eles mantinham por aqui. Geladeira cheia de sangue, positivo. O que mais?
Câmara de tortura? Sala de caixões?
Edward ficou segurando a mão de Bella. Seu rosto estava morto novamente. Ele não
pareceu ter energia de manter nem mesmo um pouco da esperança que ele tinha antes.
Eles se olharam, mas não de um modo doce. Parecia que estavam conversando. De certa
forma eles me lembravam Sam e Emily.
Não, não foi doce, mas isso só fez com que fosse mais difícil de ver.
Eu soube como isso era para Leah, tendo que ver isso todo o tempo. Tendo que ouvir
isto da cabeça de Sam. Claro que nós todos nos sentimos mal por ela, nós não éramos os
monstros - não naquele sentido, de qualquer maneira. Mas eu acho que nós a culpamos
pelo jeito que ela lidou com isto. Revoltando-se contra todo o mundo, tentando fazer
com que nos sentíssemos infelizes como ela estava.
Eu nunca a culparia novamente. Como alguém não conseguiria espalhar este tipo de
infelicidade? Como alguém poderia não tentar aliviar um pouco do fardo empurrando
um pequeno pedaço disto para outra pessoa?
E se significasse que eu tinha de ter um bando, como eu poderia culpá-la por tomar
minha liberdade? Eu faria o mesmo. Se houvesse um modo de aliviar esta dor, eu faria
isto também.
Rosalie voou escada abaixo depois de um segundo, flutuando rapidamente pelo quarto
como uma brisa afiada, incitando o cheiro ardente.
Ela parou dentro da cozinha, e eu ouvi o rangido de uma porta de armário.
―Não está limpo, Rosalie,‖ Edward murmurou. Ele revirou os olhos.
Bella parecia curiosa, mas Edward apenas sacudiu a cabeça para ela.
Rosalie passeou pelo cômodo e desapareceu novamente.
―Isso foi idéia sua?‖ Bella sussurrou a voz dela áspera enquanto ela fazia soar alto
bastante para eu ouvir. Esquecendo de que eu podia ouvir perfeitamente. Eu tipo gostei
de como, muitas vezes, ela parecia esquecer que eu não era totalmente humano.
Eu cheguei mais perto, de forma que ela não teria que se esforçar.
―Não me culpe por isto. Seu vampiro estava apenas lendo comentários maliciosos em
minha cabeça.‖
Ela sorriu um pouco. ―Eu não esperava te ver novamente‖.
―Sim, nem eu,‖ eu disse. Há pouco me sentia estranho parado aqui, mas os vampiros
tinham tirado todos móveis do caminho para a organização médica. Eu imaginei que
isso não os aborrecesse - sentar ou ficar em pé não fazia muita diferença quando você
era uma pedra. Não me aborreceria muito, tampouco, tirando o fato de que eu estava tão
exausto.
―Edward me contou o que você teve que fazer. Eu sinto muito‖.
―Tudo bem, era provavelmente só uma questão de tempo até que eu ‗pirasse‘ por algo
que Sam queria que eu fizesse,‖ eu menti.
―E Seth,‖ ela sussurrou.
―Ele está realmente contente por ajudar‖.
―Eu odeio causar problemas para você‖.
Eu ri uma vez - mais um latido que um riso.
Ela suspirou lentamente. ―Eu suponho que nada disso é novo, é?‖
―Não, não é.‖
―Você não tem de ficar e assistir a isto,‖ ela disse, exprimindo com dificuldade as
palavras.
Eu poderia partir. Provavelmente era uma boa idéia. Mas se eu fizesse isso do jeito que
ela estava agora, eu poderia perder os últimos quinze minutos da vida dela.
―Eu realmente não tenho outro lugar para ir,‖ eu lhe falei, enquanto tentava manter
minha voz sem emoção. ―A coisa de lobo está muito menos atrativa desde que Leah se
uniu a nós‖.
―Leah?‖ ela ofegou.
―Você não lhe contou?‖ Eu perguntei para Edward.
Ele apenas encolheu os ombros sem deixar de encarar ela. Eu pude ver que não eram
notícias muito excitantes para ele, não era algo de valor comparado com os eventos que
estavam acontecendo.
Bella não tomou de forma simplista. Ela encarou como se fosse uma má notícia.
―Por quê?‖ ela respirou fundo.
Eu não queria entrar em todo o romance longo de novela. ―Para manter os olhos em
Seth‖.
―Mas Leah nos odeia‖, ela sussurrou.
Nós. Agradável. Embora eu pudesse ver que ela tinha medo.
―Leah não vai estar com ninguém.‖ Exceto eu. ―Ela vai estar em meu grupo.‖ Eu fiz
uma careta dizendo as palavras. ―Então ela segue a minha liderança.‖ Ugh.
Bella não parecia convencida.
―Você está assustada com Leah, mas você está melhor com a psicopata loira?‖
Bella olhou com desdém para mim. ―Não. Rose… compreende.‖
―Sim.‖ Eu rosnei. ―Ela entende que você vai morrer e ela não se importa desde que seu
mutante sobreviva.‖
―Pare de ser um estúpido, Jacob,‖ ela sussurrou.
Ela parecia muito frágil pra sentir raiva de mim. Eu tentei sorrir um pouco. ―Você diz
como se isso fosse possível.‖
Bella tentou não sorrir de volta por um segundo, mas acabou não adiantando; seus
lábios brancos como giz se repuxaram nos cantos. E, em seguida, Carlisle e a psicopata
em questão estavam aqui. Carlisle tinha um plástico branco sobre sua mão - com uma
tampa e uma espécie de palheta curvada. Oh - não deixou claro, agora eu tinha
conseguido. Edward não queria deixar Bella pensar sobre o que ela estava fazendo mais
do que qualquer coisa necessária. Você não podia ver o que estava na taça. Mas eu
podia sentir o cheiro daquilo.
Carlisle hesitou, a mão estava com o copo meio estendido, Bella olhou novamente.
―Poderíamos tentar outro método‖, disse Carlisle calmamente.
―Não,‖ Bella sussurrou. ―Não, eu vou tentar primeiro. Não temos tempo…‖.
De primeira eu pensei que ela só estivesse preocupada com ela mesma, mas depois ela
colocou a mão um tanto trêmula com delicadeza sobre seu estômago.
Bella aproximou-se e tomou o copo dele. Sua mão tremeu um pouco, eu podia ouvir sua
ânsia por dentro. Ela tentou se sustentar sobre um cotovelo, mas ela mal podia levantar
a cabeça. Um sussurro de calor passou pela minha espinha quando vi como ela tinha se
tornado frágil em menos de um dia.
Rosalie passou o ombro sobre a barriga da Bella, apoiando sua cabeça, também, como
fez com o bebê. A loira era uma sabe-tudo quando se tratava de crianças.
―Obrigado,‖ Bella sussurrou. Seus olhos flutuaram de volta para nós. Ainda bem o
suficiente para se sentir consciente. Se ela não estivesse tão sem sangue, eu apostaria
que ela estava ruborizada.
―Não se importe com eles‖, Rosalie murmurou.
Ela fez com que eu me sentisse estranho. Eu deveria ter deixado Bella quando tive a
oportunidade. Eu não pertencia a eles, nem fazia parte deles. Eu pensei em pular fora,
mas então eu percebi um movimento como este só fariam as coisas piorarem para Bella
- fazer tudo ainda mais difícil para ela continuar com isso. Ela imaginava que eu estava
muito triste para ficar. O que era quase verdade.
Ainda. Enquanto eu não estivesse indo para reivindicar responsabilidade por essa idéia,
eu não queria trazer má sorte, tampouco.
Ela levantou a taça até seu rosto inalando, e sugou até o fim do conteúdo, com o canudo.
Ao acabar ela fez uma careta.
―Bella, querida, nós podemos achar um modo mais fácil,‖ Edward disse, segurando sua
mão para fora do copo.
―Tampe seu nariz,‖ Rosalie sugeriu. Ela num piscar de olhos tirou a mão de Edward
como se pudesse arrancá-la. Eu queria que ela pudesse. Eu aposto como o Edward não
levaria isso numa boa, e eu adoraria ver a Loira perder a cabeça.
―Não, não é necessário. É apenas isso -‖ Bella respirou fundo. ―E está cheirando bem,‖
ela admitiu com uma voz baixinha.
Eu engoli forte, lutando para me manter com cara de desgosto.
―Essa é uma coisa boa,‖ Rosalie contou a Bella ansiosamente. ―Isso sugnifica que nós
estamos na direção certa. Experimente.‖ A Loira ficou com uma nova expressão, eu
fiquei surpreso de que ela não fizesse alguma dança pelo ponto.
Bella enfiou o canudo em seus lábios, apertando seus olhos e entortando seu nariz. Eu
pude ouvir o sangue espalhado ao redor do copo de novo, e sua mão tremeu. Ela engoliu
devagar, apenas por um segundo, e depois por um momento ficou quieta com o seus
olhos fechados.
Edward e eu ficamos parados como se fossemos do mesmo time. Ele tocou sua face. Eu
coloquei as minhas mãos para traz.
―Bella, amor-‖
―Eu estou bem,‖ ela cochichou. Ela abriu os olhos e olhou para ele. Sua expressão era…
de pedir perdão. Suplica. Assustada. ―Isso tem gosto bom, também.‖
Fiquei com azia, estava quase vomitando. Eu manti meus dentes juntos.
―Isso é bom,‖ a Loira repetiu, informalmente. ―Um bom sinal.‖
Edward pressionou suas mãos na bochecha dela, passando seus dedos em volto do
formato dos seus frágeis ossos.
Bella suspirou e colocou seus lábios no canudo de novo. Ela deu um grande gole desta
vez. A ação não foi frágil como todo o resto dela. Como se algum tipo de instinto
tivesse assumido o comando.
―Como está o seu estômago? Você se sente nauseada?‖ Carlisle perguntou.
Bella balançou a cabeça. ―Não, eu não me sinto mal,‖ ela falou em um suspiro. ―Isso é
bom, não é?‖
―Excelente‖ Rosalie falou.
―Acho que é um pouco cedo para isso, Rose,‖ Carlisle murmurou.
Bella bebeu outro gole de sangue. Depois ela olhou rapidamente para Edward. ―Isso vai
sujar a minha ficha?‖ ela disse com a voz fraca, ‖ Ou nós só começamos a contar depois
que eu virar uma vampira?‖
―Ninguém está contando, Bella. Em todo caso, ninguém nunca morreu disso‖ ele sorriu
de forma quase sem vida. ―Sua ficha ainda está limpa.‖
Eles me perderam.
―Eu explico mais tarde,‖ Edward respondeu tão baixo, que parecia apenas sua
respiração.
―O que?‖ Bella sussurrou.
―Só falando comigo mesmo,‖ ele mentiu.
Se ele tiver sucesso com isso, se Bella sobreviver, Edward não vai conseguir limpar a
própria barra tão facilmente quando ela tiver os sentidos tão afiados quanto os dele.
Edward teria que trabalhar o seu lado honesto.
Os lábios de Edward se juntaram, esboçando um sorriso.
Bella deu mais alguns goles, olhando distraidamente para janela. Provavelmente
fingindo que nós não estávamos aqui. Ou talvez só eu. Ninguém mais no grupo achava
o que ela estava fazendo repugnante. Pelo contrário - eles provavelmente estavam
fazendo um grande esforço tentando não arrancar o copo de perto dela.
Edward rolou os olhos.
Deeus, como alguém suportava viver com ele? Era realmente uma droga ele não poder
ler os pensamentos de Bella. Se não, ele também estaria criticando as bobagens que ela
pensa, e ela iria se cansar.
Edward gargalhou uma vez. O olhar de Bella o acompanhou, e ela sorriu levemente ao
ver o humor em sua cara. Eu estava certo de que já havia algum tempo que ela não via
aquilo.
―Alguma coisa engraçada?‖ ela perguntou em um suspiro fraco.
―Jacob,‖ ele respondeu.
Ela olhou para mim sorrindo. ―Jake é um palhação,‖ ela concordou.
Ótimo, agora eu era o bobo da corte. ―Bada bing,‖ Eu resmunguei debilmente.
Ela sorriu de novo, e depois tomou outro gole do copo. Eu estremeci quando o canudo
sugou apenar ar, fazendo um alto barulho de sucção.
―Eu o fiz,‖ ela disse, parecendo satisfeita. Sua voz estava mais clara - era a primeira vez
no dia que não era um sussurro.
―Se eu continuar fazendo isso, Carlisle, você vai tirar as agulhas de mim?‖
―O mais cedo possível,‖ ele prometeu. ―Honestamente, elas não estão fazendo muita
diferença onde estão.‖
Rosalie acariciou a testa de Bella, e elas trocaram um olhar esperançoso.
E todos podiam ver - o copo cheio de sangue humano tinha feito uma diferença
imediata. A cor de sua pele estava voltando - suas bochechas de cera já estavam
levemente rosadas. Ela nem parecia precisar tanto mais da ajuda de Rosalie.
A respiração dela estava mais fácil, e eu podia jurar que os batimentos cardíacos
estavam mais fortes, mais regulares.
Tudo acelerou.
O fantasma de esperança nos olhos de Edward retornou para a coisa real.
- O que você gostaria de mais? - Rosalie pressionou.
Os ombros de Bella caíram.
Edward lampejou um olhar à Rosalie antes de falar com Bella. ―Você não tem que beber
mais agora.‖
―É, eu sei. Mas… Eu quero.‖ ela admitiu mal-humorada.
Rosalie passou seus dedos finos pelo cabelo comprido de Bella. ―Você não precisa ficar
com vergonha sobre isso, Bella. Seu corpo tem necessidades. Todos nós entendemos
isso.‖ O tom dela era tranqüilizador no começo, mas então ela acrescentou rispidamente
―Qualquer um que não entenda isso não deveria estar aqui.‖
Isso foi para mim, obviamente, mas eu não ia deixar a Loira me pegar. Eu estava feliz
que a Bella se sentisse melhor. E daí se isso significasse que eu não deveria estar aqui?
Isso não era como se eu tivesse dito alguma coisa.
Carlisle pegou o copo da mão de Bella. ―Eu já volto.‖
Bella me encarou enquanto ele desaparecia.
―Jake, você está horrível.‖ ela resmungou.
―Olha quem fala.‖
―É sério - quando foi a ultima vez que você dormiu?‖
Eu pensei nisso por um segundo ―Hm. Não tenho certeza.‖
―Ah, Jake. Agora estou bagunçando com a sua saúde também. Não seja estúpido.‖
Eu cerrei meus dentes. Ela podia se matar por um monstro, mas eu não podia perder
algumas poucas noites de sono para vê-la fazer isso?
―Descanse, por favor,‖ ela continuou. ―Tem algumas camas lá em cima - você é bemvindo em qualquer uma delas‖.
O rosto de Rosalie deixava claro que eu não era tão bem vindo. Admirei-me pelo sono
de beleza precisar de uma cama de qualquer maneira. Por que ela era tão possessiva
com isso?
―Obrigada, Bells, mas eu prefiro dormir no chão. Longe do fedor, você sabe.‖
Ela fez uma careta. ―Está bem‖
Carlisle estava de volta, e Bella estendeu a mão para pegar o sangue, distraída, como se
ela pensasse em outra coisa. Com a mesma expressão distraída ela sugou tudo aquilo.
Ela realmente parecia melhor, ela se direcionou para frente, tomando cuidado com os
tubos, e logo estava sentada.
Rosalie esperou, com as mãos prontas para pegar Bella se ela viesse a tombar. Mas
Bella não precisou da ajuda dela. Respirando fundo, e, em longos intervalos, Bella
terminou o segundo copo.
―Como você se sente agora?‖ Carlisle perguntou.
―Nada doente. Meio com fome‖… Eu só não estou muito certa se eu estou com fome ou
sede, entende?
―Carlisle, só olhe pra ela,‖ Rosalie murmurou tão presunçosa ela devia ter uma pena de
canário nos lábios. ―Obviamente é o que o corpo dela quer. Ela deveria tomar mais.‖
―Ela ainda é humana, Rosalie. Ela precisa de comida também. Vamos dar a ela um
tempo para ver como isso a afeta, e então talvez nós possamos tentar um pouco de
comida de novo. Alguma coisa em particular Bella?‖
―Ovos,‖ ela disse imediatamente, então ela trocou um olhar e um sorriso com Edward.
Seu sorriso era frágil, mas havia mais vida em seu rosto do que antes.
Eu pisquei uma vez, e quase esqueci de como abrir meus olhos novamente.
―Jacob,‖ Edward murmurou. ―Você realmente devia ir dormir. Como Bella disse, você é
certamente bem vindo nas acomodações aqui, apesar de que você provavelmente se
sinta mais confortável lá fora. Não se preocupe com nada - eu prometo que vou te
procurar caso necessite.‖
―Claro, claro‖, eu resmunguei. Agora que aparentemente Bella tinha mais algumas
horas, eu podia escapar. Enrolar-me debaixo de alguma árvore em algum lugar… Longe
o suficiente para que esse cheiro não me seguisse. O sugador de sangue me acordaria se
tivesse alguma coisa errada. Ele me devia.
―Eu devo,‖ Edward concordou.
Eu balancei a cabeça e coloquei a minha mão sobre a de Bella. Estava fria como gelo.
―Melhore,‖ eu disse.
―Obrigada, Jacob.‖ ela virou a sua mão e apertou a minha. Eu senti o contorno de sua
aliança de casamento solto em seu dedo fino.
―Pegue um cobertor para ela ou algo assim‖, eu murmurei enquanto me virava para a
porta.
Antes que eu fizesse isso, dois uivos perfuraram o ar matutino. Não havia nenhum erro
na urgência do tom. Nenhum erro dessa vez.
―Droga,‖ eu rosnei, e me lancei através da porta. Atirei meu corpo pela varanda,
deixando com que o fogo me transformasse no ar. Houve um som rasgante enquanto
meus shorts se fragmentavam. Merda. Essas eram as únicas roupas que eu tinha. Não
importava agora. Eu caí sob minhas patas e rumei em direção ao leste.
O que foi? Eu gritei na minha cabeça.
Estão se aproximando, Seth respondeu, na última árvore.
Eles se dividiram?
Eu estou correndo em direção ao Seth na velocidade da luz, Leah prometeu. Eu pude
sentir o ar bufando de seus pulmões enquanto ela se jogava em uma velocidade incrível.
A floresta a chicoteava ao redor. Por enquanto, nenhum outro ponto de ataque.
Seth, não os desafie. Espere por mim.
Eles estão lentos. Ugh - é tão ruim não ser capaz de ouvi-los. Eu acho…
O que?
Eu acho que eles pararam.
Esperando pelo resto do bando?
Shh. Sentiu isso?
Eu absorvi suas sensações. O vislumbre lânguido, sem som no ar.
Alguém está planejando?
Parece que sim, Seth concordou.
Leah voou no pequeno pedaço onde Seth esperava. Ela fincou suas garras no chão,
virando-se como um carro de corrida.
Cuido de sua retaguarda, mano.
Eles estão vindo, Seth. Disse nervosamente. Devagar. Andando.
Quase aí, eu disse a eles. Eu tentei voar que nem a Leah. Era horrível estar longe de
Seth e Leah com um perigo em potencial mais perto deles do que de mim. Errado. Eu
devia estar com eles, entre eles e o que quer que esteja vindo.
Olha só quem está ficando paternal, Leah pensou de forma irônica.
Cabeça no jogo, Leah.
Quatro. Seth decidiu. O garoto tinha bons ouvidos. Três lobos, um homem.
Eu cheguei à pequena clareira então, movendo-me imediatamente ao ponto. Seth
suspirou com alívio e então se restabeleceu imediatamente ao lado de meu ombro
direito. Leah se colocou ao meu lado esquerdo com menos entusiasmo.
Agora eu estou em uma posição abaixo de Seth, ela reclamou com ela mesma.
Primeiro a chegar, primeiro a servir. Seth pensou de maneira convencida. E mesmo
assim, você nunca esteve acima do terceiro lugar perto do Alfa. Ainda é uma promoção.
Embaixo do meu irmão bebê não é uma promoção.
Shh! Eu reclamei. Eu não ligo para onde você está. Cale a boca e fique preparada.
Eles apareceram em nossas vistas segundos depois, caminhando, como Seth havia
pensado. Jared na frente, humano, mãos levantadas. Paul e Quil em quatro patas atrás
dele. Sua postura não era agressiva. Eles vacilaram atrás de Jared, orelhas levantadas,
alertas, mas calmos.
Mas… Era estranho que Sam tenha preferido mandar Collin ao invés de Embry. Não
seria isso que eu faria se eu fosse mandar um tratado diplomático em território inimigo.
Eu não mandaria uma criança. Eu mandaria um lutador experiente.
Uma distração? Leah pensou.
Estariam Sam, Embry e Brandy fazendo um movimento individual? Não parecia com
isso.
Quer que eu vá conferir? Eu posso correr até a divisa e voltar em dois minutos.
Devo avisar aos Cullen? Seth imaginou.
E se eles quiserem nos dividir? Eu perguntei. Os Cullen sabem que tem alguma coisa
acontecendo. Eles estão preparados.
Sam não seria tão estúpido… Leah suspirou medo fragmentado em sua mente. Ela
estava imaginando Sam atacando os Cullen com os dois restantes ao seu lado.
Não, ele não seria, eu assegurei a ela, me sentindo mal com a imagem em sua cabeça,
também.
Nesse instante, Jared e os três lobos olharam para nós, esperando. Era estranho não
escutar o que Quil, Paul e Collin estavam dizendo uns para os outros. As expressões
deles estavam vazias - ilegíveis.
Jared pigarreou e acenou para mim.
- Bandeira branca da paz, Jake. Estamos aqui para conversar.
Acha que isso é verdade? Seth perguntou.
Faz sentido, mas…
Sim, Leah concordou. Mas.
Nós não relaxamos.
Jared franziu as sobrancelhas.
―Seria mais fácil conversar se eu pudesse ouvir você também.‖
Olhei para ele. Eu não iria me transformava de volta até que me sentisse bem com essa
situação. Até que fizesse sentido. Por que Collin? Essa era a parte que me deixava mais
preocupado.
―Certo. Acho que vou só falar, então.‖ Jared disse. ―Jake, nós queremos que você
volte.‖
Quil deixou escapar um leve lamento atrás dele. Apoiando a opinião.
―Você separou nossa família. Não é para ser desse jeito.‖
Eu não discordava disso totalmente, mas esse não era o caso. Havia algumas diferenças
de opinião mal resolvidas entre Sam e eu no momento.
―Nós sabemos que você se sente… forte com a situação com os Cullen. Nós sabemos
que isso é um problema. Mas você esta exagerando.‖
Seth rosnou. Exagerando? E atacar nossos aliados sem aviso não é?
Seth, nunca ouviu falar de cara de pôquer? Se acalme.
Desculpe.
Os olhos de Jared se viraram para Seth e voltaram para mim. ―Sam está disposto a levar
isso com calma, Jacob. Ele se acalmou, conversou com os outros anciões. Eles
decidiram que uma ação imediata não é a melhor coisa no momento.‖
Tradução: Eles já perderam o elemento surpresa, pensou Leah.
Era esquisito como os pensamentos da reunião eram. O bando já era o ―bando do Sam‖,
já eram ―eles‖ para nós. Alguma outra coisa, de fora. Era especialmente esquisito que
Leah pensasse desse jeito - ela sendo uma parte sólida do ―nós‖.
―Billy e Sue concordam com você, Jacob, que nós podemos esperar por Bella… Estar
separada do problema. Matá-la não é algo que qualquer um de nós de sente bem em
fazer.‖
Embora eu tivesse acabado de reclamar com Seth sobre isso, não pude conter um
resmungo próprio. Então eles não se sentiam bem com assassinatos, é?
Jared levantou as mãos novamente. ―Calma Jake. Você sabe o que eu quis dizer. A
questão é, nós vamos esperar e avaliar a situação. Decidir depois se há alguns problemas
com… a coisa.‖
Ha, Leah pensou. Que ônus.
Você não acredita?
Eu sei o que eles estão pensando, Jake. O que o Sam está pensando. Eles estão
apostando que a Bella morra de qualquer jeito. E eles acham que você ficará tão
bravo…
Que eu mesmo vou liderar o ataque. Meus ouvidos se pressionaram contra meu crânio.
O que Leah estava presumindo parecia bem provável. E bem possível também.
Quando… Se aquela coisa matasse Bella, ia ser fácil esquecer como eu me sentia com
relação a família de Carlisle agora. Provavelmente eles iriam parecer inimigos - nada
mais que parasitas sugadores de sangue - para mim outra vez.
Eu irei te lembrar, Seth sussurrou.
Sei que vai, garoto. A questão é se eu vou escutar você.
―Jake?‖ Jared perguntou.
Eu bufei de raiva.
Leah vá fazer uma ronda - só para ter certeza. Eu vou ter que falar com ele, e quero ter
certeza de que nada aconteça enquanto estiver transformado.
Dá um tempo, Jacob. Você pode se transformar na minha frente. A pesar de meus
melhores esforços, eu já vi você pelado - não acontece nada comigo, então não se
preocupe.
Eu não estou tentando proteger a inocência dos seus olhos, estou tentando proteger
nossas vidas. Saia daqui.
Leah fungou uma vez e disparou para a floresta. Eu podia ouvir as garras dela cortando
o chão, empurrando-a para frente.
Nudez era uma parte inconveniente, mas inevitável da vida em bando. Nenhum de nós
tinha qualquer problema antes de Leah aparecer. Então ficou estranho. Leah tinha um
bom controle quando se tratava de seu temperamento - sempre tomava o mesmo tempo
para que ela parasse e não se explodisse em suas roupas sempre que ficava irritada. E
não era como se não valesse a pena olhar para ela; só não valia nada a pena quando ela
pegava você pensando sobre isso depois.
Jared e os outros estavam olhando para o lugar onde ela tinha desaparecido com
expressões desconfiadas.
―Onde ela está indo?‖ Jared perguntou.
Eu o ignorei, fechando meus olhos e me controlando de novo. Parecia que o ar estava
tremendo ao meu redor, estremecendo em pequenas ondas. Eu me apoiei nas patas
traseiras, no exato momento em que estava totalmente em pé enquanto mudei para meu
―eu‖ humano.
―Oh‖ Jared disse. ―Oi, Jake.‖
―Oi, Jared.‖
―Obrigado por falar comigo.‖
―É.‖
―Queremos que você volte, cara.‖
Quil lamentou de novo.
- Não se é assim tão fácil Jared.
―Venha para casa‖ Ele disse, se inclinando. Suplicando. ―Nós podemos arrumar isso.
Você não pertence a esse lugar. Deixe Seth e Leah voltarem para casa também.‖
Eu ri. ―Certo. Como se eu não estivesse implorando para que eles fizessem isso desde o
começo.‖
Seth bufou atrás de mim.
Jared avaliou isso, seus olhos cautelosos de novo. ―E agora, então?‖
Eu pensei sobre isso por um minuto enquanto ele esperava.
―Eu não sei. Mas não tenho certeza se as coisas podem voltar ao normal, de qualquer
jeito, Jared. Não sei como funciona - não parece que eu possa simplesmente ligar e
desligar essa coisa de Alpha de acordo com meu humor. Parece que é permanente.‖
―Seu lugar ainda é conosco.‖
Levantei uma sobrancelha. ―Dois Alphas não podem ficar no mesmo lugar, Jared.
Lembra-se como chegou perto na noite passada? O instinto é muito competitivo.‖
―Então vocês vão ficar com os parasitas pelo resto de suas vidas?‖ ele reclamou. ―Você
não tem casa aqui. Já está sem roupas.‖ ele lembrou. ―Vai ficar como lobo o tempo
todo? Você sabe que a Leah não gosta de comer desse jeito.‖
―Leah pode fazer o que ela quiser quando ficar com fome. Ela está aqui por escolha
própria. Eu não estou falando a ninguém o que fazer.‖
Jared suspirou. ―Sam sente muito pelo que fez a você.‖
Eu acenei. ―Eu não estou mais nervoso.‖
―Mas?‖
―Mas não vou voltar, não agora. Nós vamos esperar e ver como as coisas acontecem
também. E vamos prestar atenção nos Cullen pelo tempo que for necessário. Porque, ao
contrário do que você pensa, isso não é só sobre a Bella. Nós estamos protegendo
aqueles que devem ser protegidos. E isso vale para os Cullen, também.‖ Pelo menos um
número pequeno deles, de qualquer modo.
Seth uivou levemente em acordo.
Jared franziu as sobrancelhas. ―Acho que não há nada que eu possa dizer para você,
então.‖
―Não agora. Vamos ver como as coisas caminham.‖
Jared se virou para Seth, se concentrando nele agora, separado de mim. ―Sue me pediu
para lhe dizer - não, para lhe implorar, para vir para casa. Ela está com o coração
partido, Seth. Toda sozinha. Não se como você e Leah conseguem fazer isso com ela.
Abandoná-la desse jeito, quando seu pai acabou de morrer-‖
Seth choramingou.
―Devagar, Jared.‖ eu avisei.
―Só o deixando ver como é.‖
Eu bufei. ―Certo.‖ Sue era mais durona do que qualquer outra pessoa que eu conhecia.
Mais durona que meu pai, mais durona que eu. Durona o suficiente para brincar com as
emoções dos filhos se isso os fizesse voltar para casa. Mas não era justo culpar Seth
desse jeito. ―Sue já sabe sobre isso há quantas horas? E a maior parte do tempo que ela
passou com Billy, o velho Quil Ateara e Sam? É, tenho certeza de que ela está só se
acabando na solidão. Claro que você está livre para ir se quiser, Seth. Você sabe disso.‖
Seth fungou.
Então, um segundo depois, ele ergueu uma orelha para o norte. Leah deveria estar perto.
Nossa, ela era rápida. Duas batidas, e Leah derrapou para uma parada leve a alguns
metros de distância. Ela trotou, ficando na frente de Seth. Ela manteve o nariz no ar,
obviamente não olhando em minha direção.
Eu gostei disso.
―Leah?‖ Jared perguntou.
Ela encontrou o olhar dele, seu focinho virando um pouco sobre os dentes.
Jared não pareceu surpreso pela hostilidade dela. ―Leah, você sabe que não quer ficar
aqui.‖
Ela rangeu os dentes para ele. Joguei a ela um olhar de aviso que ela não viu. Seth
lamentou e a cutucou com o cotovelo na altura dos ombros.
―Desculpe.‖ Jared disse. ―Acho que não devia presumir. Mas você não tem nenhuma
ligação com os sugadores de sangue.‖
Leah deliberadamente olhou para seu irmão e depois para mim.
―Então você quer tomar conta de Seth, eu entendo isso.‖ Jared disse. Os olhos dele se
viraram para mim e então para ela. Provavelmente se perguntando sobre aquele segundo
olhar - assim como eu estava. ―Mas Jake não vai deixar nada acontecer com ele, e ele
não está com medo de ficar aqui.‖ Jared fez uma careta. ―De qualquer modo, por favor,
Leah. Queremos você de volta. Sam quer você de volta.‖
A cauda de Leah se debateu.
―Sam me disse para implorar. Ele me disse literalmente para me ajoelhar e implorar. Ele
quer você em casa, Lee-Lee, onde é o seu lugar.‖
Eu vi Leah encolher-se quando Jared usou o antigo apelido que Sam dera para ela. E
então, quando ele adicionou aquelas três últimas palavras, os pêlos do pescoço dela se
eriçaram e ela estava uivando uma longa corrente de reclamações através de seus
dentes. Eu não precisei estar na cabeça dela para ouvir as maldições que ela estava
lançando, e nem ele.
Eu esperei ela acabar. ―Eu vou tirar conclusões e dizer que o lugar de Leah é onde ela
quiser que seja.‖
Leah rosnou, mas, como ela estava olhando para Jared, imaginei que ela estava
concordando.
―Olha, Jared, nós ainda somos da família, certo? Nós vamos superar essa rixa, mas, até
que o façamos você provavelmente deva ficar em sua terra. Só para que não haja
desentendimentos. Ninguém quer briga entre família, certo? Sam também não quer isso,
quer?‖
―Claro que não,‖ rebateu Jared. ―Nós ficaremos em nossas terras. Mas onde é a sua
terra, Jacob? É a dos vampiros?‖
―Não, Jared. Estou sem casa, no momento. Mas não se preocupe - isso não vai durar
para sempre.‖ Eu tive de pegar fôlego. ―Não há tanto tempo assim… sobrando. Está
bem? Então os Cullen provavelmente vão partir e Seth e Leah vão voltar para casa.‖
Leah e Seth protestaram juntos, seus narizes se virando para mim em sincronia.
―Mas e você, Jake?‖
―Voltarei à floresta, eu acho. Eu não posso ficar por La Push. Dois Alphas significam
muita tensão. Além disso, era o que eu pretendia mesmo. Antes dessa confusão.‖
―E se precisarmos conversar?‖ Jared perguntou.
―Uive-mas fique de olho na linha, ‗tá bem? Nós iremos até você. E Sam não precisa
mandar tantos. Não estamos procurando por uma briga.‖
Jared olhou feio, mas acenou em afirmação. Ele não gostava que eu estivesse colocando
condições para Sam. ―Vejo você por aí, Jake. Ou não.‖ Ele acenou indiferentemente.
―Espere Jared. Embry está bem?‖
Surpresa passou por seu rosto. ―Embry? Claro, ele está ótimo. Por quê?‖
―Só pensando no porquê de Sam enviar Collin.‖
Eu observei a reação dele, ainda suspeitando de que algo estava acontecendo. Eu vi o
conhecimento passar rapidamente nos olhos dele, mas não era do tipo que eu estava
esperando.
―Isso não é mais da sua conta, Jake.‖
―Acho que não. Só estava curioso.‖
Eu vi um movimento com o canto de meus olhos, mas fingi não tê-lo porque não
entregar Quil. Ele estava reagindo ao assunto.
―Vou falar com Sam sobre suas… instruções. Adeus, Jacob.‖
Suspirei. ―É. Tchau, Jared. Ei, diz ao meu pai que eu estou bem, certo? E que eu sinto
muito, e que eu o amo.‖
―Vou passar isso à frente.‖
―Obrigado.‖
―Vamos caras.‖ Jared disse. Ele nos deu as costas, saindo de nossa vista porque Leah
estava aqui. Paul e Collin estavam logo atrás dele, mas Quil hesitou. Ele latiu
suavemente e eu dei um passo em direção a ele.
―É, eu também sinto sua falta, irmão.‖
Quil me cutucou, sua cabeça pendendo morosamente. Eu bati levemente em seu ombro.
―Vai ficar tudo bem.‖
Ele reclamou.
―Diga a Embry que sinto falta de vocês dois nos meus lados.‖
Ele afirmou e então empurrou seu nariz contra minha testa. Leah bufou. Quil olhou para
cima, mas não para ela. Ele olhou por sobre os ombros, para onde os outros tinham ido.
―É, vai pra casa.‖ Eu disse a ele.
Ele ganiu novamente e então saiu atrás dos outros. Jared não estava esperando
pacientemente. Assim que ele tinha ido, eu empurrei o calor do centro do meu corpo e
deixei-o fluir para todos os membros. Em um rápido momento de calor, eu estava em
quatro patas novamente.
Achei que você ia dar uns amassos nele, Leah zombou.
Eu a ignorei.
Foi tudo bem? Perguntei a eles. Preocupava-me, falar por eles daquele jeito, quando eu
não podia ouvir exatamente o que estavam pensando. Eu não queria presumir nada. Não
queria fazer como Jared. Eu disse alguma coisa que vocês não queriam que eu tivesse
dito? Eu não disse algo que deveria?
Você foi ótimo, Jake! Encorajou Seth.
Você poderia ter batido no Jared, pensou Leah. Eu não teria me importado.
Acho que nós sabemos o porquê de Embry não ter sido autorizado a vir, pensou Seth.
Eu não entendi. Não ter sido autorizado?
Jake, você viu Quil? Ele está bem dividido, certo? Apostaria dez contra um que Embry
está ainda mais chateado. E Embry não tem Claire. Não tem jeito do Quil simplesmente
escolher e se afastar de La Push. Embry poderia. Então Sam não vai arriscar a deixá-lo
ser convencido a abandonar o navio. Ele não quer nossa matilha maior do que já está.
Sério? Você acha? Eu duvido que Embry se importe em triturar alguns Cullen.
Mas ele é seu melhor amigo, Jake. Ele e Quil prefeririam ficar ao seu lado a te
confrontar em uma luta.
Bem, eu estou feliz por Sam mantê-lo em casa, então. Esse bando é grande o suficiente.
Eu suspirei. Ok, então. Nós estamos bem, por hora. Seth, você se importa em ficar de
olho nas coisas por um instante? Leah e eu, ambos precisamos ir. Isso parecia ser
certo, mas quem sabe? Talvez isso seja uma distração.
Eu nem sempre fui tão paranóico, mas eu me lembrei da sensação do comprometimento
de Sam. O foco totalmente via-única em destruir o perigo que ele viu. Ele tiraria
vantagem do fato de que agora ele pode mentir para nós?
Sem problema! Seth estava ansioso para fazer qualquer coisa que ele pudesse. Você
quer que eu explique para os Cullen? Eles provavelmente ainda devem estar tensos.
Eu entendi. Eu quero checar as coisas de qualquer forma.
Eles pegaram o zumbido de imagem de meu cérebro frito.
Seth choramingou surpreso. Eca.
Leah sacudiu a sua cabeça para frente e para trás como se ela quisesse expulsar as
imagens de sua mente. Essa foi facilmente a coisa mais estranhamente grotesca que eu
já ouvi em toda a minha vida. Ui. Se tivesse alguma coisa em meu estômago, isso
estaria voltando.
Eles são vampiros, eu acho. Seth se permitiu após um minuto, compensando a reação de
Leah. Isso faz sentido, eu quero dizer. E isso vai ajudar Bella, é uma coisa boa, certo?
Eu e Leah olhamos para ele.
O que?
A mamãe o derrubou um monte de vezes enquanto ele era bebê, Leah me disse. De
cabeça, aparentemente.
Ele costumava roer as barras do berço, também.
Tinta com chumbo?
É o que parece, ela pensou.
Seth bufou. Engraçado. Por que vocês dois não calam a boca e dormem?
14. Você sabe que as coisas estão ruins quando você se sente culpado por ter sido
rude com vampiros.
Quando eu comecei a voltar para a casa, não havia ninguém esperando por mim do lado
de fora. Ainda em alerta?
Tudo legal, eu pensei de modo cansado.
Meus olhos rapidamente pegaram uma pequena mudança no cenário, que agora eu
notava. Havia uma pilha de tecidos coloridos quando eu passei pelo alpendre. Eu me
movimentei em passos longos, durante a investigação.
Segurava minha respiração, pois o cheiro de vampiros estava colado no meu nariz, que
não dava para acreditar. Eu cutuquei a pilha com o meu nariz.
Alguém tinha vestido as roupas. Huh, Edward deve ter capturado meu momento de
irritação, como eu passei pela porta. Bem. Isso era… Agradável. E estranho.
Peguei as roupas cuidadosamente, entre dentes - Ugh - e então voltei para as árvores. Se
dependesse isto era como uma piada para a loira psicopata e eu teria um monte de coisas
de garotas aqui. Aposto que ela gostaria de ver meu rosto humano, enquanto eu
permanecia nu segurando um vestido de verão.
Debaixo das árvores, eu larguei uma pilha de roupas fedorentas e voltei a minha forma
humana.. Eu as balancei, e bati contra as árvores, para tirar o cheiro de algumas roupas
deles. Podia-se notar que aquelas eram definitivamente roupas de homens - calças
amareladas e uma camisa de botão branca.
Nada estava muito grande, mas parecia que elas tinham servido. Deviam ser de Emmett.
Eu enrolei as bainhas da manga da camisa para cima, mas não tinha muito a se fazer
sobre as calças. Oh, bem.
Eu tive de admitir, sentia-me melhor com algumas roupas, mesmo que fossem umas
fedidas que não serviam completamente. Foi difícil não ser capaz de voltar para casa e
agarrar um par de calças velhas suadas quando se precisa delas. O assunto do sem
abrigo novamente. Não tendo nenhum lugar para voltar. Sem posses, também, as quais
não me incomodavam tanto agora, mas que provavelmente ficariam perturbadoras logo
logo.
Esgotado, eu andava lentamente até o alpendre dos Cullen caminhando com a minha
nova fantasia de roupas, mas hesitei quando vi a porta. Será que eu devia bater?
Estúpido, quando eles sabiam que eu estava aqui. Eu me perguntei por que ninguém
tomou conhecimento disso - me dizendo para entre ou vá embora. Que seja. Eu dei de
ombros e entrei.
Mais mudanças. A sala tinha voltado de volta ao normal - quase - nos últimos vinte
minutos. A grande tela plana estava com o volume baixo, mostrando algumas bofetadas
que ninguém parecia estar assistindo. Esme e Carlisle e estavam na parte de trás
janelas, novamente, que dava para o rio. Alice, Jasper e Emmett não estavam as minhas
vistas, mas eu podia ouví-los murmurar no andar de cima. Bella estava no sofá, como
antes, apenas com um tubo sobre ela, e uma IV pendurada por trás do sofá. Ela estava
amarrada como um burrito no meio de uma coberta de casal, então pelo menos eles me
escutaram antes. Rosalie estava sentada de pernas cruzadas perto da cabeça dela.
Edward sentou-se em outra ponta do sofá com os ―pés de burritos‖ de Bella no seu colo.
Ela olhou para mim quando cheguei, e sua boca se curvou um pouco - como se estivesse
satisfeita por algo. Bella não me ouviu. Ela só olhou para mim, quando ele olhou
também, e aí então, sorriu. Com uma verdadeira energia, todo seu rosto se acendeu. Eu
não podia me lembrar da última vez que ela ficou tão animada em me ver.
Qual era a dela? Pra começo de conversa, ela era casada! E feliz pelo casamento,
também - não havia nenhuma dúvida de que ela era apaixonada por aquele vampiro que
havia passado dos limites da sanidade. E ainda por cima, imensamente grávida. Então
por que ela tinha de ficar imensamente feliz em me ver? Como se eu tivesse melhorado
todo dia dela, ao passar pela porta.
Se ela simplesmente não ligasse… ou mais que isso, seria muito mais fácil manter-me
afastado.
Edward parecia estar em acordo com os meus pensamentos - ultimamente nós
estávamos tanto em sintonia que era uma loucura.
Ele estava fazendo uma careta agora, lendo o rosto dela enquanto ela olhava boba para
mim.
―Eles só querem conversar‖, eu murmurei com a minha voz se arrastando de exaustão.
―Nada de ataques no horizonte‖.
―Sim‖, Edward concordou. ―Eu ouvi a maior parte.‖
Aquilo me acordou um pouco. Nós tínhamos estado boas 3 milhas de distância.
―Como?‖
―Eu estou ouvindo você mais claramente - é uma questão de familiarização e
concentração. Além disso, seus pensamentos são ligeiramente mais fáceis de levantar
quando você está em sua forma humana. Então eu apanhei a maioria das coisas que
aconteceram lá fora.‖
―Oh.‖ Isso me desconsertou um pouco, mas não por uma boa razão, então eu dei de
ombros. ―Bom. Eu odeio me repetir.‖
―Eu diria para você dormir um pouco,‖ Bella disse, ―mas eu imagino que você vá sair
do chão em seis segundos, então não há razão provavelmente.‖
Foi surpreendente o quão melhor ela soou, quão mais forte ela parecia. Eu senti o cheiro
de sangue fresco e vi que a xícara estava em suas mãos novamente. Quanto sangue
seria necessário para mantê-la viva? Em determinado ponto, eles começariam a caçar
nas redondezas?
Eu ouvi a porta, contando os segundos para ela enquanto eu andava. ―Um mississipi…
Dois mississipis…‖
―Onde está a inundação, resmungão?‖ Rosalie resmungou.
―Você sabe como afogar uma loira, Rosalie?‖ Eu perguntei sem parar ou virar para
olhá-la. ―Cole um espelho no topo de uma piscina.‖
Eu ouvi Edward gargalhar enquanto eu fechava a porta. Seu humor parecia melhorar em
exata ligação com a saúde de Bella.
―Eu já tinha ouvido essa,‖ Rosalie disse depois de mim.
Eu desci com dificuldade os degraus, meu único objetivo era ir pra longe o suficiente
dentro das árvores onde o ar seria puro novamente. Eu planejei esconder as roupas a
uma distância conveniente da casa para futuro uso ao invés de amarrá-las a minha
perna, então eu não ficaria cheirando-as também. Assim que eu tateei os botões da nova
camisa, eu pensei aleatoriamente sobre como botões nunca estariam na moda para
lobisomens.
Eu ouvi as vozes enquanto eu avançava pelo gramado.
―Aonde você vai?‖ Bella perguntou.
―Tem uma coisa que eu esqueci de dizer a ele.‖
―Deixe o Jacob ir dormir - isso pode esperar.‖
Sim, por favor, deixe o Jacob dormir.
―Só vai levar um minuto.‖
Eu andei mais devagar. Edward já estava do lado de fora da casa. Ele tinha uma
expressão de quem se arrepende no rosto enquanto se aproximava de mim.
―Jeesus, o que é agora?‖
―Me desculpe.‖ Ele disse, e então hesitou, como se não soubesse colocar em palavras o
que ele estava pensando.
O que está na sua mente, Leitor de Mentes?
―Quando você estava falando com os representantes de Sam mais cedo,‖ ele murmurou,
―Eu estava dando uma representação passo a passo para Carlisle e Esme e o resto. Eles
estavam preocupados -‖
―Olha, nós não estamos abandonando nossa guarda. Você não precisa acreditar em Sam
como nós acreditamos. Nós estamos mantendo nossos olhos abertos
despreocupadamente.‖
―Não, não, Jacob. Não sobre isso. Nós confiamos no seu julgamento. No entanto, Esme
estava preocupada sobre as dificuldades que isso faz com que seu bando tenha que
passar. Ela me pediu para conversar particularmente com você sobre isso.‖
Aquilo me pegou com a guarda baixa. ―Dificuldades?‖
―A parte do sem-teto, particularmente. Ela estava bastante perturbada que você estava
tão… desprovido.‖
Eu bufei. A mãe vampira - bizarra. ―Nós somos duros. Diga a ela para não se
preocupar.‖
―Ela ainda gostaria de fazer o que puder. Eu tive a impressão que a Leah prefere não
comer em sua forma de lobo.‖
―E?‖ eu reclamei.
―Bem, nós temos comida normal para humanos aqui, Jacob. Mantendo as aparências e,
é claro, para Bella. Leah é bem vinda para qualquer coisa que quiser. Todos vocês são.‖
―Eu passarei isso adiante.‖
―Leah nos odeia.‖
―E?‖
―Então tente passar o recado de uma forma que a faça considerar, se você não se
importa.‖
―Eu vou fazer o que puder.‖
―E então tem a questão das roupas.‖
Eu baixei o olhar para as que eu estava vestindo. ―Ah é. Obrigado.‖ Provavelmente não
seria considerado boas maneiras mencionar o quanto elas fediam.
Ele sorriu, só um pouco. ―Bem, nós somos facilmente capazes de ajudar com qualquer
necessidade. Alice raramente nos deixa vestir a mesma coisa duas vezes. Nós temos
pilhas de roupas praticamente novas que são destinadas a doação, e eu imagino que
Leah é bem próxima do tamanho de Esme…‖
―Não tenho certeza de como ela vai se sentir sobre restos de sugadores de sangue. Ela
não é tão prática como eu sou.‖
―Eu acredito que você possa apresentar a oferta na forma mais leve possível. Tanto
quanto a oferta de qualquer outro objeto que vocês possam precisar, ou transporte, ou
qualquer outra coisa mesmo. E banhos também, desde que você preferiu dormir do lado
de fora. Por favor… não se considerem sem os benefícios de uma casa.‖
Ele disse a última frase mais baixo - não tentando manter segredo dessa vez, mas com
algum tipo de real emoção.
Eu olhei para ele por um segundo, piscando os olhos de sono. ―Isso, er, é legal da sua
parte. Diga a Esme que nós apreciamos o, uh, pensamento. Mas o perímetro corta
através de lugares com água, então nós estamos bem limpos, obrigado.‖
―Se você puder passar a oferta adiante, mesmo assim.
- Claro, claro.
- Obrigado.
Eu deu as costas a ele, só para congelar quando escutei um choro baixo de dor vindo de
dentro da casa. Quando eu me virei, ele já tinha desaparecido.
E agora?
Eu o segui, arrastando os pés como um zumbi. Usando provavelmente o mesmo numero
de células cerebrais, também. Não parecia que eu tinha escolha. Alguma coisa estava
errada. Eu iria ver o que era. Não haveria nada que eu pudesse fazer. E me sentiria pior.
Parecia inevitável.
Entrei na casa de novo. Bella estava ofegando, curvada sobre o inchaço no centro de seu
corpo. Rosalie a segurava enquanto Edward, Carlisle e Esme a rodeavam. Um rápido
movimento passou por meus olhos. Alice estava no topo das escadas, olhando para a
sala com as mãos nas têmporas. Era esquisito - como se ela estivesse sendo barrada de
entrar na sala.
―Me dê um segundo, Carlisle‖ Bella arquejou.
―Bella‖ o médico disse ansiosamente. ―Eu ouvi algo se partindo. Preciso dar uma
olhada.‖
―Tenho certeza‖ - gemido - ―de que foi uma costela. Ai. É. Bem aqui.‖ Ela apontou para
o lado esquerdo, cuidando para não tocar o lugar.
Agora estava quebrando os ossos dela.
―Preciso tirar um raio-X. Pode haver algum estilhaço. Não queremos que fure nada.‖
Bella respirou fundo. ―Tudo bem.‖
Rosalie levantou Bella cuidadosamente. Edward parecia que ia discutir, mas Rosalie
mostrou os dentes para ele rosnou. ―Eu já a peguei.‖
Então Bella estava mais forte agora, mas a coisa também estava. Não tinha como fazer
um passar fome sem deixar o outro faminto também. Não tinha como ganhar.
A Loira carregou Bella rapidamente pelas escadas, com Carlisle e Edward em seus
calcanhares, nenhum deles notando que eu estava parado, chocado, na porta.
Então eles tinham um banco de sangue e uma máquina de raio-X? Parece que o médico
trouxe o trabalho dele para casa.
Eu estava muito cansado para segui-los, muito cansado para me mexer. Eu me apoiei na
parede e escorreguei para o chão. A porta ainda estava aberta, e apontei meu nariz na
direção dela, grato pela brisa leve estar soprando para dentro da casa. Eu coloquei
minha cabeça contra o batente e escutei.
Podia escutar o som da maquina de raio-X lá em cima. Ou talvez só achasse que fosse
ela. Então os passos mais leves foram descendo as escadas. Não olhei para saber que
vampiro era.
―Você quer um travesseiro?‖ Alice me perguntou.
―Não,‖ resmunguei. O que era essa hospitalidade insistente? Estava me assustando.
―Isso não parece confortável,‖ ela observou.
―Não é.‖
―Então por que você não se mexe?‖
―Cansado. Por que não está lá em cima com o resto deles?‖ eu atirei de volta.
―Dor de cabeça.‖ ela respondeu.
Eu virei minha cabeça para olhar para ela.
Alice era uma coisa extremamente pequena. Mais ou menos do tamanho de um dos
meus braços. Ela parecia até menor agora, uma espécie de pressentimentos sobre ela
mesma.
―Vampiros têm dores de cabeça?‖
―Não os normais.‖
Eu bufei. Vampiros normais.
―Então como é nunca estar com Bella agora?‖ Eu perguntei, fazendo da pergunta uma
acusação. Isso não tinha me ocorrido antes, porque minha cabeça tinha estado cheia de
outras merdas, mas era esquisito que Alice nunca estivesse por perto de Bella, não desde
que eu tenho estado aqui. Talvez se Alice estivesse a seu lado, Rosalie não estivesse.
―Pensei que vocês duas fosse assim.‖ Eu enlacei dois de meus dedos juntos.
―Como eu disse‖ - ela ficou confusa a alguns pés de mim, embrulhando seus magros
braços a redor de seus magros joelhos - ―dor de cabeça.‖.
―Bella está te dando dor de cabeça?‖
―Sim.‖
Eu fiz uma carranca. Absolutamente certo de que eu estava muito cansado para
enigmas. Eu respirei fundo e fechei os olhos.
―Não Bella, na verdade,‖ ela emendou ―o feto‖.
Ah, mais alguém que se sentia como eu. Foi bastante fácil de conhecer. Ela falou a
palavra rancorosamente, da mesma forma que Edward.
―Eu não posso vê-lo,‖ ela me falou, apesar de que ela devia estar falando para si mesma.
Para tudo que ela sabia, eu já tinha ido. ―Eu não posso ver nada sobre ele. Assim como
você.‖
Eu me retirei, e depois trinquei meus dentes. Eu não gostava de ser comparado à
criatura.
―Bella está da mesma forma. Ela está embrulhada a redor dele, então ela está… borrada.
Como uma má recepção na TV - como tentar focar seus olhos naquelas pessoas
embaralhadas sacudindo na tela. Está quebrando minha cabeça assisti-la. E eu não posso
ver mais que alguns minutos à frente, de qualquer forma. O… feto é demasiadamente
parte do futuro dela. Quando ela tomou sua primeira decisão… quando ela soube que o
queria, ela ficou desfocada em meu sinal. Me amedrontou com a morte.‖
Ela ficou quieta por um segundo, e então ela adicionou, ―Eu tenho que admitir, é um
alívio te ter tão perto - apesar do cheiro de cão molhado. Tudo vai embora. Como se
meus olhos estivessem fechados. Anestesia das dores de cabeça.‖
―Feliz por servir, madame.‖ Eu resmunguei.
―Eu imagino o que isso tem em comum com você… Porque você é da mesma forma
nesse sentido.‖
Rapidamente fez brotar o calor nos meus ossos. Eu serrei meus punhos para controlar o
tremor.
―Eu não tenho nada em comum com aquele sanguessuga,‖ eu disse entre os dentes.
―Bem, há algo aqui.‖
Eu não respondi. O calor já parara de queimar. Eu estava mortalmente cansado para
ficar furioso.
―Você não se importa se eu sentar aqui com você, sim?‖ ela perguntou.
―Eu acho que não. Fede de qualquer forma.‖
―Obrigada,‖ ela disse. ―Essa é a melhor coisa para isso, eu imagino, já que não posso
tomar aspirina.‖
―Você poderia manter-se sem ela? Dormindo, aqui.‖
Ela não respondeu imediatamente caindo no silêncio. Eu estava fora em segundos.
Eu estava sonhando que eu estava realmente sedento. E havia um grande copo de água
em minha frente - tudo frio, você podia ver a neblina correndo a redor.
Eu agarrava o copo com força e tomava um grande gole, só pra descobrir bem rápido
que aquilo não era água - era água sanitária pura. Eu colocava tudo pra fora, tossindo
em cima de tudo, e um pouco saiu pelo meu nariz. Queimava. Meu nariz estava pegando
fogo…
A dor no meu nariz me despertou o suficiente pra me lembrar de onde eu tinha pegado
no sono. O cheiro era bem feroz, considerando que meu nariz não estava de verdade
dentro da casa. Ugh. E estava barulhento. Alguém estava rindo muito alto. Um riso
familiar, mas de alguém que não tinha o mesmo cheiro. Não pertencia a esse lugar.
Eu gemi e abri os olhos. O céu era um cinza sombrio - ainda dia, mas sem nenhum sinal
de que horas. Talvez perto do pôr do sol - estava bem escuro.
―Já era hora‖, a loira resmungou não muito longe. ―A personificação da serra elétrica
estava ficando um pouco cansada.‖
Eu rolei para o lado e me forcei a ficar sentado. No processo, eu me dei conta de onde o
cheiro estava vindo. Alguém tinha colocado um enorme travesseiro de penas debaixo da
minha cabeça. Provavelmente tentando ser legal, eu acho. A menos que tenha sido
Rosalie.
Uma vez que meu rosto estava fora das penas fedorentas, eu percebi outros cheiros.
Como bacon e canela, tudo misturado com o cheiro de vampiros.
Eu vacilei, entrando no cômodo.
As coisas não tinham mudado muito, exceto que agora Bella estava sentada no meio do
sofá, e o aparelho preso a ela tinha sumido. A loira estava sentada nos pés dela, sua
cabeça descansando contra os joelhos de Bella. Continuava me dando arrepios ver quão
casualmente eles a tocavam, no entanto eu acho que já era um caso perdido,
considerando todas as coisas. Edward estava ao seu lado, segurando sua mão. Alice
estava no chão também, como Rosalie. Seu rosto não estava torturado agora. E foi fácil
perceber porque - ela tinha achado outro analgésico.
―Hey, Jake está chegando!‖ Seth vociferou.
Ele estava sentado no outro lado de Bella, seu braço pendurado sem cuidado sobre seus
ombros, um prato transbordando de comida em seu colo.
O que diabos?
―Ele veio procurar você‖, Edward disse enquanto eu me aproximava. ―E Esme o
convenceu de ficar pro café da manhã.‖
Seth viu minha expressão, e se apressou em explicar. ―É, Jake - eu estava só checando
se você estava bem, porque você nem ao menos se transformou de volta. Leah ficou
preocupada. Eu disse a ela que você provavelmente só queria ficar humano, mas você
sabe como ela é. Tanto faz, eles tem toda essa comida aqui, e, maldição‖ - ele virou para
encarar Edward - ―cara, você sabe cozinhar !‖
―Obrigado‖, Edward murmurou.
Eu inalei devagar, tentando parar de apertar os dentes. Eu não conseguia tirar meus
olhos do braço de Seth.
―Bella ficou com frio‖, Edward disse baixo.
Certo. Não é da minha conta, de qualquer forma. Ela não me pertencia.
Seth ouviu o comentário de Edward, olhou para o meu rosto, e de repente ele precisou
das duas mãos para comer. Ele tirou o braço de cima da Bella e começou a cavar no
prato. Eu andei para frente pra ficar apenas alguns passos longe do sofá, ainda tentando
agir normalmente.
―Leah está correndo em patrulha?‖, eu perguntei a Seth. Minha voz ainda estava grossa
por causa do sono.
―Sim‖, ele disse enquanto mastigava. Seth estava com roupas novas também. Elas
ficavam melhores nele do que ficavam em mim. ―Ele está prestando atenção‖. Não se
preocupe. Ela vai uivar se acontecer alguma coisa.
Nós trocamos por volta da meia noite. ―Eu corri doze horas‖. Ele estava orgulhoso
daquilo, e era mostrado no seu tom de voz.
―Meia noite? Peraí - que horas é agora?‖
―Perto do amanhecer.‖ Ele olhou pela janela, checando.
Droga! Eu tinha dormido pelo resto do dia e a noite inteira - pisei na bola. ―Bosta.
Desculpe por isso, Seth. Você deveria ter me acordado.‖
―Não, que isso, você precisava dormir bem. Você não tirou uma pausa desde quando?
Da noite antes da sua última patrulha para Sam? Tipo quarenta horas? Cinqüenta? Você
não é uma máquina, Jake. Além disso, você não perdeu nada.‖
Nada? Eu dei uma olhada rápido para Bella. A sua cor estava de volta ao normal do
jeito que eu lembrava. Pálida, mas com o tom rosado. Os seus lábios estavam rosa de
novo. Até o seu cabelo parecia melhor - mais brilhante. Ela me viu avaliando e me deu
um sorriso.
―Como está a costela?‖ Eu perguntei.
―Amarrada bem apertada. Eu nem sinto.‖
Eu rolei meus olhos. Escutei Edward bater os dentes e eu adivinhei que a atitude dela de
fazer as coisas parece melhor que são o incomodava tanto quanto me incomodava.
―O que tem para o café?‖ eu perguntei um pouco sarcástico ―O negativo ou AB
positivo?‖.
Ela mostrou a sua língua para mim. Totalmente ela de novo. ―Omeletes‖ ela disse, mas
seus olhos olharam para baixo e eu vi o copo de sangue estava entre a sua perna e a de
Edward.
―Vá pegar um pouco de café da manhã, Jake‖ Seth disse ―Tem muito na cozinha. Você
deve estar vazio.‖
Eu examinei a comida que ele comia. Parecia meia omelete de queijo e um quarto de
um rolo de canela do tamanho de um frisbee. Meu estômago roncou, mas eu ignorei.
―O que Leah está comendo de café-da-manhã?‖ Eu pensei a Seth criticamente.
―Ei, eu levei comida para ela antes de comer qualquer coisa‖ ele defendeu a si mesmo.
―Ela disse que para comer prefere animais mortos, mas acho prefere matá-los. Esses
rolinhos de canela…‖ Ele parecer ter perdido as palavras.
―Eu vou caçar com ela, então.‖
Seth assentiu quando eu me virei para sair.
―Um momento, Jacob?‖
Era Carlisle perguntando, então eu me virei de novo, minha cara estava menos
desrespeitosa que estaria se fosse qualquer outro que tivesse me parado.
―Sim?‖
Carlisle aproximou de mim enquanto Esme seguia para o outro quarto. Ele parou alguns
pés longe, apenas um pouco mais longe que o espaço normal entre dois homens
conversando. Eu o apreciei por ter me dado espaço.
―Falando em caça‖ ele começou em um tom sombrio. ―Esse vai ser um problema para a
minha família. Eu entendo que a nossa preciosa trégua está inoperante no momento,
então eu quero o seu conselho. Sam vai nos caçar se nós sairmos do perímetro que você
criou? Nós não queremos ter uma chance para machucar ninguém da sua família - ou
perder algum de nós. Se você estivesse no nosso lugar, como faria?‖
Eu me inclinei um pouco surpreso, quando ele jogou aquilo para mim daquele jeito. O
que eu saberia sobre estar nos lugares dos sugadores de sangue? Mas, aí de novo, eu
conhecia Sam.
―É um risco,‖ eu disse, tentando ignorar os outros olhares que sentia em mim e apenas
conversar com ele. ―Sam acalmou por enquanto, mas estou bem certo que na sua cabeça
o acordo está sem validade. Enquanto ele pensar que a tribo, ou qualquer outro humano,
está em perigo real, ele não vai fazer perguntas primeiro, se você entende o que digo.
Mas, apesar de tudo, a sua prioridade vai ser La Push. Realmente não tem suficiente
deles para manter uma patrulha decente nas pessoas e também atrapalhar as nossas
caças sem muito dano. Eu aposto que ele vai manter perto de casa.‖
Carlisle concordou pensando.
―Então eu acho que eu diria para vocês irem juntos, como precaução. E provavelmente
irem durante o dia, porque ele estaria esperando a noite. Coisa tradicional de vampiro.
Vocês são rápidos - vão além das montanhas e cacem longe o suficiente para não ter
chance de ele mandar alguém tão longe de casa.‖
―E deixar Bella para trás, desprotegida?‖
Eu bufei. ―O que nós somos, fígado cortado?‖
Carlisle riu, mas depois a sua cara estava séria de novo. ―Jacob, você não pode lutar
contra os seus irmãos.‖
Meus olhos apertaram. ―Eu não disse que isso não seria difícil, mas se eles realmente
vierem para matá-la - eu seria capaz de pará-los.‖
Carlisle balançou sua cabeça, angustiado. ―Não, eu não disse que você não seria capaz.
Mas que seria errado. Eu não posso ter isso na minha consciência.‖
―Não seria na sua, doutor. Seria na minha. E eu consigo agüentar.‖
―Não, Jacob. Nós vamos ter certeza que as nossas ações não farão disso uma
necessidade.‖ Ele franziu a sobrancelha. ―Nós iremos três de cada vez,‖ ele decidiu
depois de um segundo. ―Essa é provavelmente a melhor coisa para se fazer.‖
―Eu não sei, doutor. Dividir no meio não é a melhor estratégia.‖
―Nós temos algumas habilidades extras que vai fazer isso ficar igual. Se Edward for um
dos três, ele vai ser capaz de nos dar algumas milhas de segurança.‖
Nós dois olhamos para Edward. A sua expressão fez Carlisle mudar de idéia rápido.
―Tenho certeza que existem outras maneiras, também.‖ Carlisle disse. Claramente, não
tinha necessidade real forte o suficiente para tirar Edward de longe da Bella agora.
―Alice, eu imagino que você consiga imaginar quais rotas vão ser um erro?‖
―Aquelas que desaparecerem,‖ Alice disse, concordando. ―Fácil.‖
Edward, que tinha ficado todo tenso com o primeiro plano de Carlisle, relaxou. Bella
estava olhando triste para Alice, aquela pequena ruga entre os seus olhos que ela tinha
quando ficava estressada.
―Ok‖ eu disse ―está combinado. Eu vou indo então. Seth, eu te espero de volta no pôrdo-sol, então tire um cochilo em algum lugar, ok?‖
―Claro, Jake. Eu vou me transformar assim que acabar. A não ser…‖ ele hesitou,
olhando para Bella. ―Você precisa de mim?‖
―Ela tem cobertores‖, eu o repreendi.
―Eu estou bem, Seth, obrigada,‖ Bella disse rapidamente.
E então Esme voltou para a sala, com um prato cheio em suas mãos. Ela parou
hesitantemente atrás de Carlisle, seus grandes olhos dourado escuros no meu rosto. Ela
segurou o prato e deu um passo tímido para perto.
―Jacob,‖ ela disse calmamente. A sua voz não era tão irritante quanto dos outros. ―Eu
sei que… não é apetitosa para você a idéia de comer aqui, quanto tudo cheira tão
desagradável. Mas eu me sentiria bem melhor se você levasse alguma comida com você
quando você fosse. Eu sei que você não pode voltar para casa e é por causa de nós. Por
favor - diminua um pouco do meu remorso. Pegue um pouco para comer.‖ Ela me
entregou a comida, o seu rosto suave e pedinte. Eu não sei como ela fez quilo, porque
ela não parecia mais velha que seus vinte e poucos anos e ela era pálida também, mas
algo nela subitamente me lembra da minha mãe.
Jeesus.
―Hum, claro, claro,‖ eu resmunguei. ―Eu acho. Talvez Leah ainda esteja com fome ou
algo do tipo.‖
Eu fui e peguei a comida com a minha mão, segurando aquilo com um braço de
distância. Eu iria jogar debaixo de uma árvore ou por ai. Eu não queria que ela se
sentisse bem.
E então me lembrei de Edward.
Não diga nada para ela! Deixe-a pensar que eu comi.
Eu não olhei para ele para ver se ele tinha concordado. Era melhor ele ter concordado.
―Obrigada, Jacob,‖ Esme disse, sorrindo para mim. Como um rosto de pedra tinha
covinhas, pelo amor de Deus?
―Hum, obrigado a você,‖ eu disse. Meu rosto estava quente, mais quente que o normal.
Este era o problema de ficar com vampiros - você fica acostumado com eles. Eles
começam a bagunçar a forma que você vê o mundo. Eles começaram a parecer amigos.
―Você vai voltar mais tarde, Jake?‖ Bella perguntou enquanto eu tentava sair.
―Uh, eu não sei.‖
Ela pressionou os seus lábios, como se estivesse tentando não sorrir. ―Por favor? Eu
posso sentir frio.‖
Eu respirei profundamente, e então percebi, meio tarde, que esta talvez não fosse uma
boa idéia. Recuei. ―Talvez.‖
―Jacob?‖ Esme perguntou. Eu fui para a porta enquanto ela continuava; ela me seguiu
durante alguns passos. ―Eu deixei uma cesta com algumas roupas perto da porta. Elas
são para Leah. Acabei de lavá-las - e tentei tocar nelas o menos possível.‖ Ela franziu as
sobrancelhas. ―Você se importaria de levá-las para ela?‖
―Pode deixar‖ eu murmurei, e então sai pela porta, antes que alguém pudesse me fazer
sentir mais culpado por algo.
15 - TICK TOCK TICK TOCK TICK TOCK
Ei, Jake, pensei que você disse que precisaria de mim ao amanhecer. Por que você não
fez Leah me acordar antes?
Porque eu ainda não precisava de você. Eu ainda estou bem.
Ele ainda estava na metade norte do círculo. Nada?
Não. Nada, mas nada.
Você fez a patrulha?
Ele tinha pegado o meu lado da floresta para patrulhar. Ele prestou atenção na nova
trilha.
Sim, eu corri um pouco. Você sabe, só para checar. Se os Cullens vão fazer uma viagem
de caça.
Boa idéia.
Seth olhou para o perímetro principal.
Era mais fácil correr com ele do que com Leah. Embora ela tentasse - tentasse muito havia sempre algo em seus pensamentos. Ela não queria estar aqui. Ela não queria sentir
a suavidade a respeito dos vampiros que se passava em minha mente. Ela não queria
lidar com a amizade que Seth tinha com eles, uma amizade que a cada dia ficava mais
forte.
Engraçado, porém, eu achei que seu único problema seria eu. Nós nunca nos demos
muito bem no bando de Sam. Mas não havia nenhuma inimizade contra mim agora,
apenas contra os Cullens e Bella. Eu me perguntava o por que. Talvez fosse apenas
gratidão por eu não forçá-la a partir. Talvez fosse porque eu entendesse melhor sua
hostilidade agora. Afinal, correr com Leah não era tão ruim quanto esperei que fosse.
É claro que ela não tinha facilitado tanto as coisas. A comida e as roupas que Esme
mandara para ela corriam pela correnteza do rio neste momento. Mesmo depois de eu
ter comido minha parte - não porque o cheiro fosse irresistível longe dos vampiros, mas
para dar um bom exemplo de tolerância para Leah - ela recusou. O pequeno alce que ela
pegou mais ou menos ao meio-dia não satisfez totalmente seu apetite. Isso fez seu
humor piorar. Leah detestava comer coisas cruas.
Talvez nós devêssemos fazer uma varredura pelo leste. Seth sugeriu. Ir mais adiante,
ver se eles estão lá esperando.
Eu estava pensando nisso. Eu concordei. Mas vamos fazer isso quando estivermos todos
acordados. Eu não quero abaixar nossa guarda. Porém nós devemos fazer isso antes
dos Cullens tentarem. Logo.
Certo.
Isso me fez ficar pensativo.
Se os Cullens eram capazes de sair da área de modo seguro, eles realmente deviam
continuar tentando. Eles provavelmente deveriam ter partido no momento em que nós
viemos avisá-los. Eles deviam ser capazes de permitir outras escavações. E eles tinham
amigos no norte, certo? Pegar Bella e correr. Isso parecia ser uma solução óbvia para os
problemas.
Eu devia ter sugerido isso, mas eu tinha medo que eles seguissem minha sugestão. E eu
não queria que Bella desaparecesse - e nunca saber se ela tinha conseguido ou não.
Não, isso era estupidez. Eu teria dito a eles para partirem. Não fazia sentido algum para
eles ficar, e seria melhor - não sem dor, mas mais saudável - para mim que Bella fosse
embora.
É fácil dizer isso agora, quando Bella não estava lá, parecendo ansiosa para me ver e
também se agarrando à vida com unhas e dentes ao mesmo tempo.
Oh, eu já perguntei ao Edward sobre isso. Seth pensou.
O que?
Eu perguntei a ele por que eles ainda não haviam partido. Ido para a casa de Tanya ou
algo assim. Algum lugar muito longe onde Sam não os seguisse.
Eu tive que me fazer lembrar que eu havia decidido dar aos Cullen esse mesmo aviso.
Isso era o melhor. Então eu não deveria ficar bravo com Seth por tirar essa obrigação
das minhas mãos. Não tão bravo.
E então, o que ele disse? Eles estão esperando uma brecha?
Não, eles não vão partir.
E isso não era uma boa noticia.
Por que não? Isso é burrice.
Não exatamente, Seth disse agora defensivo. Leva muito tempo para construir o acervo
medico que Carlisle tem aqui. Ele tem tudo que precisa para tomar conta de Bella e
meios para conseguir mais. Esse é um dos motivos para eles quererem uma caçada.
Carlisle acha que eles precisarão de mais sangue para Bella daqui a pouco tempo. Ela
está usando todo o negativo que eles guardaram para ela. Ele não gosta de esgotar a
matéria-prima. Ela vai comprar mais. Você sabia que pode comprar sangue? Se você
for um médico.
Eu ainda não estava pronto para ser lógico. Ainda é estúpido. Eles podiam trazer a
maior parte com eles, não? E roubar qualquer coisa que eles precisem. Quem liga para
essa porcaria legal quando você é imortal?
Edward não quer se arriscar em movê-la.
Ela está melhor do que estava.
Realemente, Seth concordou. Na cabeça dele, ele estava comparando a memória de
Bella ligada aos tubos com a última vez que ele a viu quando ele deixou a casa. Ela
tinha dado um sorrido e acenado para ele. Mas ela não pode se mexer muito, sabe. A
coisa está chutando muito.
Eu engoli o ácido estomacal em minha garganta. É, eu sei.
Quebrou outra costela dela, ele me contou sombriamente.
Minha caminhada vacilou e eu tremi com um passo atrás antes de recuperar o ritmo.
Carlisle a deixou inteira de novo. Só outra fratura, ele disse. Então Rosalie disse algo
sobre como os bebês humanos normais são capazes de quebrar costelas. Edward
parecia que ia arrancar a cabeça dela.
Pena que ele não arrancou.
Seth estava com o modo ―passar informações‖ ligado - sabendo que era tudo vitalmente
interessante para mim, embora eu nunca tivesse pedido para escutar nada. Bella tem tido
uma febre q vai e volta o dia todo. Poucos graus acima do normal, só suor e calafrios.
Carlisle não tem certeza do que pode ser - ela pode só estar doente. O sistema
imunológico dela está chegando ao limite.
É, tenho certeza que é só uma coincidência.
Ela está de bom humor, apesar de tudo. Ela estava conversando com Charlie, rindo e
tudo…
Charlie! O quê?! O que você quer dizer, ela estava falando com Charlie?
Agora o passo de Seth vacilou; minha fúria o surpreendeu. Acho que ele liga todo o dia
para falar com ela. Às vezes a mãe dela liga também. Bella parece tão melhor agora;
então ela estava o tranqüilizando que ela estava melhorando.
Melhorando? Que diabos eles estão pensando? Deixar o Charlie todo esperançoso
para depois magoá-lo ainda mais quando ela morrer? Achei que eles o estavam
preparando para isso! Tentando prepara-lo! Por que ela o animaria desse jeito?
Talvez ela não morra, Seth pensou calmamente.
Respirei fundo, tentando me acalmar. Seth. Mesmo que ela passe por isso, ela não vai
fazer como humana. Ela sabe disso, e o resto deles também sabe. Se ela não morrer, ela
vai ter que fazer uma imitação bem convincente de um cadáver, garoto. Ou isso, ou vai
ter que desaparecer. Achei que eles estivessem tentando deixar isso mais fácil para o
Charlie. Por quê…?
Acho que é idéia da Bella. Ninguém disse nada, mas o rosto de Edward meio que
combinou com o que você está pensando.
No mesmo termo que o sugador de sangue, mais uma vez.
Nós corremos em silencio por alguns minutos. Eu comecei por uma nova linha, me
dirigindo ao sul.
Não vá muito longe.
Por quê?
Bella me pediu para falar para você passar por lá.
Meus dentes se fecharam.
Alice quer você também. Ela diz que está cansada de ficar escondida como um morcego
no sótão. Seth escondeu uma risada. Eu estava revezando com Edward antes. Tentando
manter a temperatura de Bella estável. Fria para quente, o que era preciso. Acho que
se você não quiser fazer isso, eu posso voltar lá…
Não, eu vou - repreendi.
Certo. Seth não fez mais nenhum comentário. Ele se concentrou muito na floresta vazia.
Eu mantive meu curso para o sul, procurando alguma coisa nova. Virei quando tive
algum sinal das primeiras habitações. Não estávamos perto da cidade ainda, mas eu não
queria criar o rumor dos lobos novamente. Nós estávamos bem e invisíveis há bastante
tempo agora.
Eu passei pelo perímetro no caminho de volta, indo para a casa. Mesmo sabendo que era
uma coisa burra a se fazer, não podia evitar. Devo ser algum tipo de masoquista.
Não há nada de errado com você, Jake. Essa não é a situação mais normal que existe.
Cale a boca, por favor, Seth.
Calando.
Eu não hesitei na porta dessa vez; só entrei como se fosse dono do lugar. Achei que isso
iria irritar a Rosalie, mas foi um esforço desperdiçado. Nem Rosalie ou Bella estavam à
vista. Olhei ao redor rapidamente, esperando que alguém tivesse passado despercebido,
meu coração se espremendo contra minhas costelas de um jeito estranho,
desconfortável.
- Ela está bem - Edward sussurrou. - Ou na mesma, devo dizer.
Edward estava no sofá com o rosto nas mãos; ele não olhou para cima para falar. Esme
estava perto dele, suas mãos envolvendo fortemente os ombros dele.
- Olá, Jacob. - ela disse. - Estou feliz que tenha voltado.
―Eu também,‖ Alice disse com um suspiro profundo. Ela veio descendo as escadas de
nariz empinado, fazendo careta. Como se eu estivesse atrasado para um encontro
marcado.
―Uh, ei,‖. Eu disse. Pareceu estranho tentar ser educado.
―Onde está a Bella?‖
―Banheiro,‖ Alice me informou. ―Uma dieta composta predominantemente de líquidos,
você sabe. Mais a coisa da gravidez também faz isso com você, eu ouvi.‖
―Ah.‖
Eu estava de pé, sem jeito, andando de um lado para o outro.
―Oh, maravilhoso,‖ Rosalie murmurou. Eu virei minha cabeça ao redor e a vi vindo de
um corredor meio-escondido atrás da escada. Ela tinha Bella embalada suavemente nos
braços dela, fazendo uma careta severa para mim. ―Eu sabia que senti um fedor‖.
E, como anteriormente, a face de Bella se iluminou como de uma criança em manhã de
Natal. Como eu tivesse trazido o maior presente para ela.
Era tão injusto.
―Jacob,‖ ela respirou. ―Você veio‖.
―Oi, Bells‖.
Esme e Edward ambos levantaram. Eu assisti como cuidadosamente Rosalie deitou
Bella no sofá. Eu assisti como, apesar disso, Bella ficou branca e prendeu o fôlego como ela se concentrasse em não fazer qualquer barulho, não importa o quanto doía.
Edward passou a mão dele pela testa dela e então ao longo do pescoço. Ele tentou fazer
isto parecer como se ele apenas estivesse colocando para trás o cabelo dela, mas se
parecia com o exame de um médico para mim.
―Você está com frio?‖ ele murmurou.
―Eu estou bem‖.
―Bella, você sabe o que Carlisle lhe falou,‖ Rosalie disse. ―Não subestime nada. Isto
não nos ajuda a tomar todo o cuidado necessário com você‖.
―Certo, estou com um pouco de frio. Edward, você pode me dar aquele cobertor?‖
Eu revirei meus olhos. ―Não tem alguma razão para eu estar aqui?‖
―Você entrou há pouco,‖ Bella disse. ―Depois de correr todo o dia, eu aposto. Ponha
seus pés para cima durante um minuto. Eu provavelmente me esquentarei novamente
num instante‖.
Eu a ignorei indo sentar no chão próximo ao sofá enquanto ela ainda estava me dizendo
o que fazer. Àquele ponto, entretanto, eu não estava seguro como… Ela parecia bem
frágil, e eu tinha medo de movê-la, até mesmo pôr meus braços ao redor dela. Assim eu
apenas me apoiei cuidadosamente ao lado dela, deixando meu braço descansar ao longo
do comprimento do dela, e segurei sua mão. Então eu pus minha outra mão contra a face
dela. Era difícil contar se ela estava com mais frio que habitualmente.
―Obrigado, Jake,‖ ela disse, e eu senti ela tendo um calafrio.
―Sim,‖ eu disse.
Edward sentou no braço do sofá aos pés de Bella, os olhos dele sempre encarando ela.
Era esperar muito, com toda a super-audição no quarto, que ninguém notaria meu
estômago roncando.
―Rosalie, por que você não pega algo para o Jacob comer?‖ Alice disse. Ela estava
invisível, enquanto estava sentada quietamente atrás do encosto do sofá.
Rosalie encarou o lugar de onde a voz de Alice tinha saído com descrença.
―De qualquer maneira, obrigado Alice, mas acho que eu não iria querer comer algo em
que a Loira cuspiu. Eu apostaria que meu organismo não aceitaria muito amavelmente o
veneno‖.
―Rosalie nunca envergonharia Esme exibindo tal falta de hospitalidade‖.
―Claro que não,‖ A Loira disse em uma voz melosa, da qual eu desconfiei
imediatamente. Ela se levantou e voou para fora do cômodo.
Edward suspirou.
―Você me falaria se ela envenenasse, certo?‖ Eu perguntei.
―Sim,‖ Edward prometeu.
E por alguma razão eu acreditei nele.
Havia muito barulho na cozinha, e - estranhamente - o som de metal que protesta como
se fosse maltratado. Edward suspirou novamente, mas sorriu um pouco, também. Então
Rosalie estava de volta antes que eu pudesse pensar mais nisto. Com um sorriso
contente, ela colocou uma tigela prateada no chão próximo a mim.
―Aproveite, mestiço‖.
Tinha sido provavelmente uma tigela de misturar grande, mas ela tinha dobrado a tigela
para dentro até que tomou a forma quase precisamente de um prato de cachorro. Eu tive
que ficar impressionado com a habilidade e rápidez dela. E a atenção dela para detalhes.
Ela tinha arranhado a palavra Fido no lado. Caligrafia excelente.
Porque a comida parecia muito boa - bife, nada mais, e uma batata assada grande com
todo os adornos - eu lhe falei, ―Obrigado, Loira‖.
Ela resmungou.
―Ei, você sabe como se chama uma loira com um cérebro?‖
Eu perguntei, e então continuei com o mesmo folêgo, ―um Golden Retriever.‖
―Já ouvi esta também‖ ela disse, já não sorrindo.
―Eu continuarei tentando,‖ eu prometi, e então eu comecei a comer.
Ela fez uma cara de nojo e rolou seus olhos. Então ela sentou-se em um dos braços da
cadeira e começou a passar pelos canais da grande TV tão rápido que não tinha jeito de
ela realmente estar procurando por algo para assistir.
A comida era boa, mesmo com o fedor de vampiros no ar. Eu estava me acostumando
com aquilo. Huh. Não era algo com o que eu realmente quisesse me acostumar, na
verdade…
Quando eu terminei - apesar de começar a considerar lamber a tigela, só para dar
alguma coisa para Rosalie reclamar - eu senti os dedos gelados de Bella passando
delicadamente pelos meus cabelos. Ela acariciou a parte de trás de minha nuca.
―Hora de um corte de cabelo, hm?‖
―Você está ficando um pouco despenteado,‖ ela disse. ―Talvez–‖.
―Deixe-me adivinhar, alguém por aqui costuma cortar o cabelo em algum salão de
Paris?‖
Ela riu. ―Provavelmente.‖
―Não, obrigado,‖ eu disse antes que ela realmente oferecesse. ―Eu estou de boa por mais
umas semanas.‖
O que me fez imaginar quanto tempo ela ainda estaria de boa. Eu tentei pensar em um
jeito educado de perguntar.
―Então… hm… qual é, er, a data? Você sabe, a data certa para o monstrinho.‖
Ela bateu na parte de trás da minha cabeça com tanta força quanto uma pena, mas não
respondeu.
―É sério,‖ eu disse a ela. ―Eu quero saber por quanto tempo eu vou ter que ficar aqui.‖
Quanto tempo você vai ficar aqui, eu acrescentei na minha cabeça. Eu me virei para
olhar para ela. Seus olhos estavam pensativos; as rugas de stress apareceram entre as
suas sobrancelhas de novo.
―Eu não sei,‖ ela murmurou. ―Não exatamente. Óbvio que nós não estamos seguindo o
modelo de nove meses aqui, e nós não conseguimos fazer um ultra-som, então Carlisle
está montando uma estimativa a partir de quão grande eu estou. Pessoas normais
supostamente atingem 45 centímetros aqui ―- ela apontou um dedo para o meio da
protuberância no seu estômago-‖quando o bebê está totalmente crescido. Um centímetro
por semana. Eu estava com 30 hoje de manhã, e eu estou ganhando dois centímetros por
dia, às vezes mais…‖
Duas semanas para um dia, os dias voavam. Sua vida passava em alta velocidade.
Quantos dias faltavam para ela, se ela estava esperando os 40? Quatro? Levei um
minuto para acreditar.
―Você está bem?‖ Ela perguntou.
Eu balancei a cabeça, sem ter certeza de como a minha voz sairia.
O rosto de Edward estava voltado para longe de nós como se ele tivesse ouvido meus
pensamentos, mas eu pude ver o reflexo de seu rosto na parede de vidro. Ele era aquele
homem em chamas novamente.
Engraçado como ter uma data para a morte tornava mais difícil pensar em ir, ou ter que
deixá-la. Eu estava feliz que Seth trouxe aquilo consigo, então eu sabia que eles
ficariam aqui. Isso seria insuportável, ficar imaginando se eles estavam prestes a partir,
levando um, ou dois, ou três, ou os quatro dias. Meus quatro dias.
E era também engraçado que, mesmo sabendo que isso estava quase no fim, a influência
que ela tinha sobre mim ficava cada vez mais difícil de quebrar. Quase como se fosse
ligado à expansão do tamanho da sua barriga - quando maior ela ficava, mais força
gravitacional ela tinha.
Por um minuto eu tentei olhar para ela de longe, para me separar da atração. Eu sabia
que não era minha imaginação que a minha necessidade por ela estava maior do que
nunca. Por que isso? Porque ela estava morrendo? Ou sabendo que mesmo que ela não
morresse ainda - o melhor cenário de caso - ela se transformaria em alguma outra coisa
que eu não conheceria ou entenderia?
Ela passou seu dedo pelo osso de minha face, e minha pele ficou úmida onde ela tocou.
―Tudo vai ficar bem,‖ ela sussurrou. Não importava que essas palavras não
significassem nada. Ela dizia isso de uma maneira como as pessoas cantavam aqueles
ritmos sem noção para as crianças. Rock-a-bye,baby (referência a uma música)
―Ok,‖ eu murmurei.
Ela se enroscou ao redor do meu braço, descansando a sua cabeça no meu ombro. ―Eu
não achava que você viria. Seth disse que você viria, assim como Edward, mas eu não
acreditei neles.‖
―Por que não?‖ eu perguntei bruscamente.
―Você não é feliz aqui. Mas você veio de qualquer forma.‖
―Você me queria aqui.‖
―Eu sei. Mas você não tinha que vir, porque não é justo que eu queira você aqui. Eu
teria que entender.‖
Eu fiquei quieto por um minuto. Edward recompôs a sua expressão. Ele olhava para a
TV enquanto Rosalie ficava passando os canais. Ela estava passando do 600. Eu fiquei
imaginando quanto tempo levaria para recomeçar.
―Obrigada por vir,‖ Bella sussurrou.
―Posso te perguntar uma coisa?‖ Eu perguntei.
―Claro.‖
Edward não parecia que estava prestando atenção em nós, no fim das contas, mas ele
sabia o que eu ia perguntar, então ele não me enganou.
―Por que você me quer aqui? Seth pode te deixar quente e provavelmente é mais fácil
para ele ficar por aqui, pequeno punk alegre. Mas quando eu entro pela porta, você sorri
como se eu fosse a sua pessoa favorita no mundo todo.
―Você é uma delas.‖
―Isso é uma droga, você sabe.‖
―É.‖ Ela suspirou. ‖ Desculpe.‖
―Por que, então? Você não respondeu minha pergunta.‖.
Edward estava olhando para longe de novo, como se estivesse encarando para fora das
janelas. O rosto dele estava vazio no reflexo.
―Fica… Completo quando você está aqui, Jacob. Como se toda minha família estivesse
unida. Quer dizer, acho que é assim - nunca tive uma família grande antes. É bom.‖ Ela
sorriu for meio segundo.‖Mas não é inteira quando você não está aqui.‖
―Eu nunca serei parte da sua família, Bella.‖
Eu poderia ter sido. Eu ficaria bem lá. Mas isso era um futuro que havia desaparecido
muito antes de ter uma chance para acontecer.
‖
―Você sempre foi parte da minha família.‖ Ela discordou.
Meus dentes rangeram. ―Que porcaria de resposta.‖
―E qual resposta é boa?‖
―Que tal, ‗Jacob, vou mandar sua dor para longe‘?‖
Eu a senti encolher.
―Você gostaria mais dessa?‖ Ela sussurrou.
―É mais fácil, pelo menos. Minha cabeça poderia se acostumar com isso. Eu poderia
lidar com isso.‖
Eu olhei para o rosto dela então, tão perto do meu. Seus olhos estavam fechados e ela
estava franzindo a testa. ―Nós saímos do trilho, Jake. Fora do balanço. Você devia ser
parte da minha vida - eu sinto isso, e você também.‖ Ela fez uma pausa por um segundo
sem abrir os olhos - como se estivesse esperando que eu negasse. Quando eu não disse
nada, ela continuou. ―Mas não desse jeito. Nós fizemos algo errado. Não. Eu fiz. Eu fiz
alguma coisa errada, então nós saímos do trilho…‖
A voz dela sumiu, e seu rosto relaxou até que só ficassem rugas no canto de seus lábios.
Eu esperei ela colocar mais suco de limão nas minhas feridas e então um leve ronco
veio da garganta dela.
―Ela está exausta.‖ Edward murmurou. ―Foi um dia longo. Eu acho que ela teria
dormido antes, mas ela estava esperando você.‖
Eu não olhei para ele.
―Seth disse que a coisa quebrou outra costela.‖
―Sim, está ficando difícil para ela respirar.‖
―Que ótimo.‖
―Deixe-me saber quando ela ficar com calor de novo.‖
―Está certo.‖
Ela ainda tinha arrepios no braço que não estava tocando o meu. Eu mal tinha levantado
minha cabeça para procurar um cobertor quando Edward pegou um do braço do sofá e o
jogou para o alto, para que a cobrisse.
Ocasionalmente, a coisa de ler mentes poupava tempo. Por exemplo, eu não teria que
fazer um escândalo de acusação sobre o que estava acontecendo quanto a Charlie. Que
bagunça. Edward iria escutar exatamente quão furioso―Sim.‖ Ele concordou. ―Isso não é uma boa idéia.‖
―Então por quê?‖ Por que Bella estava dizendo a seu pai que estava melhorando
quando isso só o deixaria mais chateado?
―Ela não agüenta a ansiedade dele.‖
―É muito melhor…‖
―Não. Não é melhor. Mas eu não vou forçá-la a fazer qualquer coisa que a deixe infeliz
agora. O que quer que aconteça, isso a deixa feliz. Eu vou cuidar do resto depois.‖
Isso não pareceu certo. Bella não iria aditar a dor de Charlie para depois, para alguma
outra pessoa lidar com ela. Mesmo morrendo. Essa não era ela. Se eu conhecia Bella,
ela tinha que ter outro plano.
―Ela tem bastante certeza de que vai sobreviver.‖ Edward disse.
―Não, não como humana. Mas ela espera ver o Charlie novamente, de qualquer jeito.‖
Ah, isso ficava cada vez melhor.
―Ver. Charlie.‖ Eu finalmente olhei para ele, meus olhos saltando. ―Depois de tudo. Ver
o Charlie quando ela está toda brilhante, pálida e com os olhos vermelhos. Eu não sou
um sugador de sangue, então talvez esteja deixando algo escapar, mas Charlie não
parece a escolha certa para a primeira refeição dela.‖
Edward suspirou. ―Ela sabe que não será capaz de ficar perto dele por pelo menos um
ano. Ela acha que consegue adiar as coisas com Charlie. Dizer a ele que tem que ir a um
hospital do outro lado do mundo. Manter contato pelo telefone…‖
―Isso é maluquice.‖
―Sim.‖
―Charlie não é burro. Mesmo se ela não o matar, ele vai notar alguma diferença.‖
―Ela meio que está contando com isso.‖
Eu continuei a encarar, esperando que ele explicasse.
―Ela não vai envelhecer claro, então isso vai dar um limite de tempo, mesmo que
Charlie aceite qualquer desculpa que ela invente para as mudanças.‖ Ele sorriu
fracamente. ―Você lembra quando tentou contar a ela sobre a sua transformação? Como
você a fez adivinhar?‖
Minha mão livre se fechou em punho. ―Ela lhe contou sobre isso?‖
―Sim. Ela estava explicando a… Idéia. Você vê, ela não pode falar para Charlie a
verdade - seria muito perigoso para ele. Mas ele é um homem esperto, prático. Ela acha
que ele vai inventar sua própria explicação. Ela pensa que ele vai entender errado.‖
Edward rosnou. ―Depois de tudo, nós não demos pistas de vampiros. Ele vai presumir
alguma coisa equivocada, como ela fez no começo, e nós vamos conviver com isso. Ela
acha que será capaz de vê-lo… de tempos em tempos.‖
―Maluquice‖ Eu repeti.
―Sim.‖ Ele concordou outra vez.
Era fraco da parte dele deixar que ela fizesse as coisas do jeito dela nisso, só para deixala feliz. Não terminaria bem.
O que me fez pensar que ele provavelmente não estava esperando que ela vivesse para
tentar seu plano louco. Tranqüilizando-a para que ela pudesse ser feliz mais um pouco.
Por mais quatro dias.
―Vou lidar com o que quer que venha.‖ Ele sussurrou e virou o rosto para baixo e para
longe para que eu não nem pudesse ler o reflexo. ―Não vou causar dor a ela agora.‖
―Quatro dias?‖ Eu perguntei.
Ele não olhou para cima. ―Aproximadamente.‖
―E então o quê?‖
―O que você quer dizer exatamente?‖
Eu pensei no que Bella tinha dito. Sobre a coisa estar bem, fortemente envolvida em
algo forte, como pele de vampiro. Então como isso funcionava? Como sairia?
―Pela pouca pesquisa que pudemos fazer, parece que a criatura usa os próprios dentes
para escapar do útero.‖ Ele sussurrou.
Tive que parar para engolir a saliva.
―Pesquisa?‖ Perguntei fracamente.
―É por isso que você não tem visto Jasper e Emmett por aí. É o que Carlisle está
fazendo agora. Tentando decifrar histórias e mitos antigos, o máximo que podemos com
o que temos aqui, procurando por qualquer coisa que nos ajude a prever o
comportamento da criatura.‖
Histórias? Se existissem mitos, então…
―Então essa coisa não é a primeira da espécie?‖ Edward perguntou, prevendo minha
questão. ―Talvez. Tudo é muito vago. Os mitos podem muito bem ser produto do medo
e da imaginação. Embora…‖ Ele hesitou ‖Os seus mitos são verdadeiros, não são?
Talvez esses sejam também. Eles parecem estar localizados, ligados…‖
―Como você achou…?‖
―Tinha uma mulher que encontramos na América do Sul. Ela foi criada de acordo com
as tradições de seu povo. Ela já ouviu avisos sobre essas criaturas, velhas histórias que
foram passadas…‖
―Quais eram os avisos?‖ Eu murmurei.
―Que a criatura deve ser morta imediatamente. Antes que possa ganhar muita força.‖
A mesma coisa que Sam pensou. Ele estava certo?
―Claro, as lendas deles dizem o mesmo sobre nós. Que devemos ser destruídos. Que
somos assassinos desalmados.‖
Dois a dois.
Edward deu uma risada dura.
―O que as histórias deles diziam sobre as… Mães?‖
Agonia tomou conta do rosto dele, e, enquanto eu me desviava de sua dor, eu soube que
ele não ia me responder. Eu duvidei que ele pudesse.
Foi Rosalie - que estivera tão parada e silenciosa desde que Bella havia dormido que eu
quase a esqueci - que respondeu.
Ela fez um som de deboche no fundo de sua garganta. ―Claro que não houve
sobreviventes‖ Ela disse. Sem sobreviventes, grossa e despreocupada. ―Dar à luz em um
pântano infestado de doenças enquanto um médico preguiçoso cuspia na sua cara nunca
foi um método seguro. Mesmo os partos normais davam errado na metade das vezes.
Nenhum deles tinha o que esse bebê tem - carregam uma idéia do que o bebê precisa,
que tente satisfazer essas necessidades. Um médico com um conhecimento único da
natureza vampírica. Um plano para fazer o parto de o bebê ser o mais seguro possível.
Veneno que repara qualquer coisa que dê errado. O bebê ficará bem. E aquelas outras
mães provavelmente teriam sobrevivido se elas tivessem tido isso - se elas existissem,
num primeiro momento. Isso é algo de que não estou convencida.‖ Ela fungou
desdenhosamente.
O bebê, o bebê. Como se fosse isso que importasse. A vida de Bella era um pequeno
detalhe para ela - fácil de se livrar.
O rosto de Edward ficou branco como a neve. As mãos dele viraram garras. Totalmente
egoísta e indiferente, Rosalie se virou na cadeira para que ficasse de costas para ele. Ele
se inclinou, se agachando.
―Permita-me―, eu sugeri.
Ele parou, levantando uma sobrancelha.
Silenciosamente, eu levantei minha tigela de cachorro do chão. Então, com um
movimento rápido da minha cintura, eu a atirei na parte de trás da cabeça da Loira, tão
forte, que com um barulho ensurdecedor se chocou rápido antes de ricochetear para o
outro lado da sala e cair ao pé da escada.
Bella se virou, mas não acordou.
―Loira burra.‖ Eu murmurei.
Rosalie virou a cabeça lentamente, e seus olhos estavam em chamas.
―Você. Jogou. Comida. No. Meu. Cabelo.‖
Foi isso.
Eu levantei instantaneamente. Afastei-me de Bella para que não a sacudisse, e ri tanto
que lágrimas correram pelo meu rosto. Atrás do sofá, eu ouvi a risada fina de Alice se
juntar à minha.
Perguntei-me porque Rosalie não revidou. Eu meio que esperava. Mas então eu percebi
que minha risada tinha acordado Bella, embora ela tivesse dormido durante o barulho
propriamente dito.
―O que é tão engraçado?‖ Ela resmungou.
―Joguei comida no cabelo dela.‖ Eu disse a ela, gargalhando outra vez.
―Não vou esquecer isso, cachorro.‖ Rosalie sibilou.
―Não é tão difícil apagar a memória de uma loira.‖ Eu reagi. ―Só sopre em seu ouvido.‖
―Arrume algumas piadas novas.‖ Ela revidou.
―Vamos, Jake, deixe a Rosalie em p…‖ Bella parou no meio da frase e respirou com
dificuldade. No mesmo segundo, Edward estava inclinado por cima de mim, tirando o
cobertor do caminho. Ela pareceu ter uma convulsão, suas costas arqueando no sofá.
―Ele só está,‖ ela ofegou, ―se esticando.‖
Os lábios dela estavam brancos, e seus dentes cerrados, como se ela estivesse tentando
conter um grito.
Edward colocou as duas mãos no rosto dela.
―Carlisle?‖ Ele chamou em uma voz baixa e tensa.
―Aqui.‖ O médico disse. Eu não o tinha escutado se aproximar.
―Certo‖ Bella disse, ainda respirando com dificuldade e superficialmente. ―Acho que
acabou. A pobre criança não tem espaço suficiente, é isso. Ele está ficando tão grande.‖
Era muito difícil engolir aquele tom carinhoso que ela usava para descrever a coisa que
a estava destruindo. Especialmente depois da frieza de Rosalie. Deu-me vontade de
jogar algo em Bella também.
Ela não desconfiou do meu humor. ―Sabe, ele me lembra você, Jake.‖ Ela disse naquele tom amoroso - ainda sufocando.
“Não me compare com essa coisa.‖ Eu atirei por meus dentes.
―Eu só quis dizer seu crescimento acelerado.‖ Ela disse, como se eu a tivesse magoado.
Ótimo. ―Você cresceu muito depressa. Dava para ver você ficando mais alto a cada
minuto. Ele também é assim. Crescendo tão rápido.‖
Eu mordi a língua para não dizer o que eu queria dizer - forte o suficiente que eu senti
gosto de sangue na boca. Claro que cicatrizaria antes que eu pudesse engolir. Era disso
que a Bella precisava. Ser forte como eu, ser capaz de se curar…
Ela respirou mais calmamente e relaxou no sofá, seu corpo ficando mole.
―Hmm‖ Carlisle murmurou. Eu olhei para cima e os olhos dele estavam em mim.
―O quê?‖ perguntei.
A cabeça de Edward virou para o lado enquanto ele refletia o que quer que estivesse na
cabeça de Carlisle.
―Sabe que eu estava me perguntando sobre a composição genética do feto, Jacob. Sobre
os cromossomos dele.‖
―O que tem?‖
―Boom, levando as suas similaridades em consideração…
―Similaridades?” rosnei, não apreciando o plural.
―O crescimento acelerado, e o fato de que Alice não pode ver nenhum de vocês.‖
Eu senti meu rosto ficar vazio. Eu tinha esquecido dessa outra coisa.
―Bem, eu me pergunto se isso significa que temos uma resposta. Se as similaridades
estão no gene.‖
―Vinte e quarto pares‖ Edward resmungou baixo.
―Você não sabe disso.‖
―Não. Mas é interessante investigar.‖ Carlisle disse numa voz suave.
―É, realmente fascinante.‖
O ronco leve de Bella começou de novo, dando ênfase ao meu sarcasmo.
Então eles começaram a discutir, com as palavras da conversa genética, tão rápidos que
as únicas palavras que eu consegui distinguir foram os “as” e os “e”. E meu próprio
nome, claro. Alice se juntou a eles, comentando uma vez ou outra em sua voz fina de
passarinho.
Mesmo que eles estivessem falando sobre mim, eu não tentei entender as conclusões a
que eles estavam chegando. Eu tinha outras coisas em mentes, alguns fatos que estava
tentando compor.
Fato um, Bella tinha dito que a criatura estava protegida por alguma coisa tão forte
quanto pele de vampiro, alguma coisa que era impenetrável para os ultra-sons, dura
demais para agulhas. Fato dois, Rosalie tinha dito que eles tinham um plano para fazer o
parto de modo seguro. Fato três, Edward tinha dito que - em mitos - outros monstros
como esse iriam mastigar para poder sair das próprias mães.
Eu tremi.
E isso deu uma noção doentia, porque, fato quatro, não havia muitas coisas capazes de
cortar uma pele de vampiro. Os dentes da coisa - de acordo com o mito - eram fortes o
suficiente. Meus dentes eram fortes o suficiente.
E dentes de vampiros eram fortes o suficiente.
Era difícil deixar escapar o óbvio, mas com certeza eu queria ter deixado. Porque eu
tinha uma boa idéia de como a Rosalie planejava tirar aquela coisa de modo seguro.
16. ALERTA VERMELHO: MUITA INFORMAÇÃO
Eu sai cedo, logo depois do nascer do sol. Só foi um pouco difícil dormir no sofá.
Edward me acordou quando o rosto de Bella estava excitado, e ele tomou o meu lugar
para esfriar as costas dela. Eu me espreguicei e decidi que estava descansado o bastante
para realizar algum trabalho.
―Obrigado,‖ Edward disse calmamente, vendo meus planos. ―Se a área estiver limpa
eles vão essa noite.‖
―Eu te deixarei saber.‖
Eu me senti bem em voltar para meu lado animal. Eu estava já estava cansado de ter
ficado parado por tanto tempo. Eu apressei o passo.
Dia, Jacob, Leah me cumprimentou.
Que bom que está acordada. Há quanto tempo Seth está por fora?
Ainda não estou Seth disse sonolentamente. Quase lá. Do que você precisa?
Você agüenta mais uma hora?
Claro, sem problemas. Seth levantou-se sobre seus pés, e espreguiçou-se.
Vamos correr rápido, eu disse para Leah. Seth marque o perímetro.
Combinado. Seth pegou a parte fácil.
Vá, oh mensageiro dos vampiros, Leah criticou.
Algum problema com isso?
É claro que não. Eu simplesmente adoro mimar aquelas queridas sanguessugas.
Ótimo. Vamos ver o quão rápido podemos correr.
Ok, eu definitivamente estou disposta a isso!
Leah correu na borda ocidental distante do perímetro. Antes que cortar perto da casa do
Cullen, ela deu uma espécie de volta para encontrar comigo. Corri do Leste direto,
sabendo que até no meu máximo, ela me passaria se eu abaixasse a guardo por um
segundo sequer.
Menos, Leah, Isso não é uma corrida, é uma missão de reconhecimento.
Eu posso fazer os dois e ainda chutar a sua bunda.
Eu a deixei ganhar essa. Eu sei.
Ela riu.
Tomamos um caminho sinuoso pelas montanhas do Leste. Era uma via familiar.
Tínhamos corrido por essas montanhas quando os vampiros tinham partido a um ano,
nos fazendo mudar da nossa rota de patrulha para proteger melhor a gente daqui. Mas
paramos quando os Cullens voltaram. Aquela terra era deles pelo tratado.
Não que isso significasse alguma coisa pro Sam agora.
O acordo estava morto. A questão hoje era o quão disposto ele estava para espalhar sua
força. Ele estava esperando que algum Cullen descuidado entrasse nas terras deles
clandestinamente ou não? Jared tinha falado a verdade ou tirado proveito do silencio
entre nós?
Nós entrando mais e mais nas montanhas sem achar nenhum sinal do bando. Rastros de
vampiros desapareciam por todos os lados, mas os cheiros eram familiares agora. Eu os
estava respirando pelo dia todo.
Eu achei uma concentração grande e recente de um rastro em particular - todos indo e
voltando daqui exceto por Edward. Alguma razão pelo acúmulo do cheiro deve ter sido
esquecido quando Edward trouxe sua esposa grávida que estava morrendo para casa.
Bati os dentes. O que quer que fosse não tinha nada a ver comigo.
Leah não quis me ultrapassar, embora ela pudesse agora. Eu estava prestando muito
mais atenção nos novos cheiros do que à competição de velocidade. Ela continuou do
meu lado direito, correndo comigo em vez de contra mim.
Estamos ficando bem longe - ela comentou.
É. Se Sam estava caçando alguém perdido, deveríamos ter cruzado com sua trilha a
essa altura.
Agora faz, mas sentido para ele se abrigar em La Push - Leah pensou. Ele sabe que nós
estamos dando aos sugadores de sangue três pares e olhos e pernas extras. Ele não vai
ser capaz de pegar de surpresa.
Isso foi só uma precaução, sério.
Não iríamos querer nossos parasitas preciosos tendo riscos desnecessários.
Não - eu concordei, ignorando o sarcasmo.
Você mudou muito, Jacob. Coisa de 8-80.
Você não é exatamente a Leah que eu conhecia e amava, também.
Verdade. Eu sou menos irritante que Paul agora?
Por incrível que pareça… Sim.
Ah, como o sucesso é doce.
Parabéns.
Então corremos em silêncio de novo. Provavelmente era hora de voltar, mas nenhum de
nós queria. Era bom correr assim. Nós estivemos olhando para o mesmo círculo
pequeno de um rastro por tempo demais. Era bom esticar nossos músculos e correr pelo
terreno duro. Não estamos com muita pressa, então eu pensei que talvez devêssemos
comer na viagem de volta. Leah estava com bastante fome.
Mmm, mmm - ela pensou azeda.
É tudo coisa da sua cabeça - eu disse a ela. Esse é jeito que os lobos comem. É natural.
É gosto é bom. Se você não pensasse da perspectiva humana…
Esqueça a conversa animadora, Jacob. Eu vou caçar. Não tenho que gostar.
Claro, claro - concordei facilmente. Não era da minha conta se ela queria deixar as
coisas mais difíceis para si mesma.
Ela não acrescentou mais nada por alguns minutos. Eu comecei a pensar em virar.
Obrigada - Leah inesperadamente me disse em um tom muito diferente.
Por?
Por me deixar ser. Por me deixar ficar. Você tem sido mais legal do que eu tenho
direito de merecer, Jacob.
Er, sem problemas. Na verdade, o que eu falo é sério. Não me importo em ter você por
perto do jeito que achei que me importaria.
Ela fungou, mas era um som brincalhão. - Que admiração brilhante!
Não deixe isso entrar na sua cabeça.
Certo - se você não deixar entrar na sua. - Ela fez uma pausa por um segundo.
Acho que você é um bom Alfa, não do mesmo modo que Sam é, mas de sua própria
maneira. Você está no seguinte valor, Jacob.
Minha mente passou escureceu com surpresa. Levei um segundo para me recuperar o
suficiente para responder.
Er, obrigado. Não é absolutamente certo que eu compre essa idéia, apesar de que. De
onde ela veio?
Ela não respondeu de imediato, e eu não tinha seguido as palavras, e sim a direção de
seus pensamentos.
Ela estava pensando no futuro - sobre o que eu diria para o Jared de manhã. Sobre a
forma como o tempo seria em breve, e que então, eu voltaria para a floresta. Sobre a
forma como eu prometi que ela e Seth iriam retornar ao grupo quando o Cullens tiverem
partido…
Eu quero ficar com você, ela me disse.
O choque foi como um tiro através das minhas pernas, travando as minhas articulações.
Ela passou por mim como um sopro, e depois freou. Lentamente, ela caminhou de volta
para onde eu estava congelado.
Não vou ser uma dor, eu juro, não vou seguir você de volta. Você pode ir onde você
quiser, e eu vou chegar onde eu quero você só tem que se colocar a mim quando
estivermos ambos com os lobos. Ela passeava para frente e para trás na minha frente,
movendo a sua longa cauda cinza nervosa. E, como eu estou planejando em deixar o
trabalho logo que eu possa manejar isto… Talvez não seja frequentemente
Eu não sei o que dizer.
Eu sou mais feliz agora, é uma parte do seu pacote, do que eu tenho sido em anos.
Eu quero ficar também. Seth disse em pensamento, calmamente. Eu não tinha percebido
que ele estava prestando atenção em nós, ele percorreu a pouca distância. Eu gosto do
grupo, também.
Hey! Seth, este não vai ser um grupo por mais muito tempo. Eu tentei colocar meus
pensamentos em conjunto, de forma com que pudesse o convencer.
Nós temos um objetivo agora, mas quando… Quando isso terminar, eu estarei sendo
apenas „um lobo‟. Seth, você precisa de um propósito. Você é um bom aprendiz. Você é
o tipo de pessoa que está sempre em uma cruzada. E não há nenhuma maneira que você
venha a deixar La Push agora. Você vai se formar da escola secundária e vai fazer
alguma coisa de sua vida. Você vai cuidar de Sue. Meus problemas não vão interferir
no seu futuro.
Mas —-.
Jacob é justo, Leah destacou.
Você está de comigo?
É claro. Mas nada disso se aplica a mim. Eu estava no meu caminho para sair de
qualquer maneira. Eu vou arrumar um emprego em algum lugar fora de La Push.
Talvez fazer alguns cursos em algum colégio da comunidade. Fazer yoga e meditação
para mudar meu trabalho com o temperamento em algumas questões…. E manter uma
parte deste grupo para o bem do meu bem-estar mental. Jacob — você pode ver a base
que faz sentido, certo? Não vou incomodar você, você não vai me incomodar, todo
mundo fica feliz.
Eu me movimentei para trás, e comecei a me mover em passos longos em direção oeste.
Isto é um pouco demais para lidar com Leah. Permita-me pensar nisso um pouco mais?
Certo. Leve o tempo que quiser.
Levou-nos mais tempo para voltarmos a correr. Eu não estava concentrado na
velocidade. Eu estava apenas tentando concentrar o suficiente para que eu não bater em
uma árvore. Seth foi resmungando um pouco na parte de trás da minha cabeça, mas eu
era capaz de ignorá-lo. Ele sabia que eu tinha razão. Ele não era doido para abandonar a
sua mãe. Ele iria voltar a La Push e proteger a tribo como ele deveria.
Mas eu não podia ver Leah fazer isso. E isso era simplesmente assustador.
Um grupo de dois de nós? Não importava a distância física, eu não pude imaginar… A
intimidade daquela situação. Eu desejei saber se ela realmente refletiu sobre isso, ou se
ela apenas estava desesperada para ficar livre.
Leah não disse nada enquanto eu processava isso. Era como se ela estivesse tentando
provar como seria fácil se fôssemos apenas nós.
Nós colidimos com um rebanho de cervo de rabo preto quando o sol estava surgindo,
clareando as nuvens logo atrás de nós. Leah suspirou interiormente, mas não hesitou. A
estocada dela foi limpa e eficiente - gracioso, até mesmo. Ela pegou o maior, o corço,
antes do animal assustado entendesse completamente o perigo.
Para não exceder, eu abati o próximo maior cervo, quebrando depressa o pescoço dele
entre minhas mandíbulas, assim ele não sentiria dor desnecessária. Eu poderia sentir
desgosto de Leah em guerra com a fome dela, e eu tentei fazer isto mais fácil para ela
deixando que o lobo em mim tomasse conta de minha ação. Eu tinha vivido totalmente
como lobo bastante tempo para saber ser completamente o animal, ver do modo dele e
pensar do modo dele. Eu deixei os instintos práticos assumirem, a deixando sentir isso,
também. Ela hesitou durante um segundo, entretanto, temporariamente, ela parecia
desligar-se de sua mente e tentar ver meu modo. Isso foi muito estranho - nossas mentes
se uniram mais do alguma vez já tinham se unido, porque ambos estávamos tentando
pensar junto.
Estranho, mas a ajudou. Os dentes dela cortaram o pêlo e pele do ombro de sua presa,
rasgando um pedaço grosso de carne fora. Em lugar de recuar como os pensamentos
humanos dela queriam, ela deixou seu lado lobo reagir instintivamente. Era uma coisa
sem sentimento, uma coisa irrefletida. Isto a deixou comer em paz.
Era fácil eu fazer o mesmo. E eu estava alegre porque não tinha esquecido isto. Esta
logo seria novamente minha vida.
Leah ia ser uma parte dessa vida? Uma semana atrás, eu teria achado essa idéia
horripilante. Eu não estaria pronto para suportar isso. Mas eu a conheci melhor agora.
E, aliviada da dor constante, ela não era a mesma loba. Não era a mesma garota.
Nós ficamos juntos até que ambos estivéssemos cheios.
Obrigado, ela me falou depois enquanto estava limpando o focinho patas na grama
molhada. Eu não importei, há pouco tinha começado a chuviscar e nós teremos que
nadar pelo rio novamente em nosso caminho de volta. Eu ficaria limpo o bastante.
Isso não foi tão ruim, pensando do seu modo.
De nada.
Seth estava se arrastando quando nós alcançamos o perímetro. Eu lhe disse para dormir
um pouco; Leah e eu assumiríamos a patrulha. A mente de Seth tornou-se silenciosa
apenas um segundo depois.
Você foi atrás dos sugadores de sangue? Leah perguntou.
Talvez.
É duro você estar lá, mas duro se afastar, também. Eu sei como é isso.
Sabe Leah, você poderia querer pensar um pouco sobre futuro, sobre o que você
realmente quer fazer. Minha cabeça não vai ser o lugar mais feliz na terra. E você terá
que sofrer sem parar comigo.
Ela pensou em como me responderia. Wow, isto vai soar ruim. Mas, honestamente, será
mais fácil de lidar com sua dor do que enfrentar a minha.
Justo o bastante.
Eu sei que vai ser ruim para você, Jacob. Eu entendo isso - talvez melhor que você
pensa. Eu não gosto dela, mas… Ela é seu Sam. Ela é tudo você quer e tudo o que você
não pode ter.
Eu não pude responder.
Eu sei que isso é pior para você. Pelo menos, Sam está feliz. Pelo menos, ele está vivo e
bem. Eu o amo o suficiente que eu quero isso. Eu quero que ele tenha o que é melhor
pra ele. - ela suspirou - Eu só não quero ficar por perto para assistir.
Nós precisamos conversar sobre isso?
Eu acho que sim. Porque eu quero que você saiba que eu não farei isso pior pra você.
Bem, talvez eu até ajude. Eu não nasci uma megera sem compaixão. Eu costumava ser
bondosa, você sabe.
Minha memória não vai tão longe assim.
Nós dois rimos uma vez.
Sinto muito sobre isso, Jacob. Sinto muito que esteja sofrendo. Sinto muito que esteja
pior e não melhor.
Obrigado, Leah.
Ela pensou nas coisas que estavam piores, nas cenas negras na minha cabeça, enquanto
eu tentava a afastar, sem muito sucesso. Ela era capaz de olhá-las com alguma distância,
alguma perspectiva, e eu tinha que admitir que isso era útil. Eu podia imaginar que
talvez fosse capaz de ver dessa forma também, em alguns anos.
Ela viu o lado engraçado das irritações diárias que vinham por andar por aí com
vampiros. Ela gostou da minha provocação com Rosalie, rindo internamente e até
passando algumas piadas de loiras em sua mente, que eu poderia ser capaz de usar. Mas
então seus pensamentos tornaram-se sérios, hesitando no rosto de Rosalie de uma forma
que me confundiu.
Você sabe o que é louco? - ela perguntou.
Bem, quase tudo é louco agora. Mas o que você quer dizer?
Aquela vampira loira que você odeia tanto - eu entendi totalmente a perspectiva dela.
Por um segundo, eu pensei que ela estava fazendo uma piada de mau gosto. E então,
quando eu percebi que ela estava falando sério, a fúria que passou por mim foi difícil de
controlar. Foi bom que nós estivéssemos separados correndo na nossa vigília.
Espere! Deixe-me explicar.
Não quero ouvir. Estou fora daqui.
Espere! Espere! - ela implorou enquanto eu tentava me acalmar o suficiente para me
transformar de volta - Vamos, Jake!
Leah, esse não é o melhor jeito de me convencer que eu que quero passar mais tempo
com você no futuro.
Nossa! Que reação exagerada. Você nem sabe sobre o que estou falando.
Então sobre o que você está falando?
E então, de repente, ela era a Leah amargurada de antes. - Eu estou falando sobre ser
um beco sem saída genético, Jacob.
A crueldade na beira de suas palavras me deixou atrapalhado. Eu não esperava ter
minha raiva vencida.
Eu não entendo.
Você entenderia se não fosse exatamente como o resto deles. Se minhas “coisas
femininas” - ela pensou nas palavras com um tom sarcástico, duro - não mandassem
você correndo se esconder como qualquer homem estúpido, então você poderia
realmente prestar atenção ao que isso tudo significa.
Oh.
Sim, então nenhum de nós gostava de pensar nessas coisas com ela. Quem gostaria?
Claro que me lembrei do pânico de Leah, naquele primeiro mês após ela ter se juntado
ao bando - e de ter me encolhido disso como todo mundo. Porque ela não poderia estar
grávida - a não ser que alguma esquisita imaculada besteira religiosa acontecesse. Ela
não tinha estado com ninguém desde o Sam. E então, quando as semanas se arrastaram
e nada mais aconteceu, ela percebeu que o corpo dela não estava mais seguindo os
padrões normais. O horror - o que era ela agora? Teria o corpo dela mudado por que ela
havia se tornado um lobisomem? Ou ela teria se tornado um lobisomem porque seu
corpo não estava normal? A única lobisomem fêmea desde sempre. Seria aquilo por ela
não ser tão feminina como deveria ser?
Nenhum de nós queria lidar com aquele colapso. Obviamente, não poderíamos ter a
menor empatia com aquilo.
Você sabe por que Sam pensa que nós tivemos uma impressão, ela pensou mais calma
agora.
Claro. Para manter a linhagem.
Exato. Para fazer um bando de novos lobisomenzinhos. A sobrevivência da espécie,
garantia genética. Você está designado para a pessoa que lhe dá as melhores chances
de continuar os genes lupinos.
Esperei até que ela me dissesse aonde ela queria chegar com tudo isso.
Se eu fosse boa nisso, Sam teria sido designado para mim.
Sua dor era tanta que me deixou imóvel.
Mas eu não sou. Há algo errado comigo. Aparentemente eu não tenho a habilidade
para continuar o gene, apesar da minha alta linhagem de sangue. Então eu me tornei
uma aberração - a lobinha - que não serve para nada. Eu sou o fim de uma linha
genética e nós dois sabemos disso.
Nós não sabemos, Eu retruquei com ela. Esta é apenas a teoria de Sam. Impressões
acontecem, mas não sabemos o motivo. Billy acha que pode ser algo mais.
Eu sei, eu sei. Ele acha que você tem impressões para criar lobisomens mais fortes.
Porque você e Sam são dois monstros enormes - maiores que nossos pais. Mas, de
qualquer forma, Eu ainda não sou uma candidata. Eu… Eu estou na menopausa. Tenho
vinte anos de idade e estou na menopausa.
Ugh. Eu não queria ter essa conversa de jeito nenhum. Você não sabe nada sobre isso
Leah. Provavelmente é algo com essa coisa de estar parada no tempo.
Quando você deixar de ser lobisomem e voltar a envelhecer eu tenho certeza que as
coisas irão.. Er… Voltar ao normal.
Eu poderia pensar assim-exceto pelo fato de ninguém ter impressões comigo, apesar do
meu excelente pedigree. Você sabe, ela complementou atenciosamente, se você não
estivesse por perto, Seth provavelmente teria o maior apelo para ser Alfa - pelo do seu
sangue, pelo menos. Claro que ninguém jamais me levaria em consideração…
Você realmente quer ter uma impressão, ou sofrer uma impressão, ou qualquer um dos
dois.
Eu exigi uma resposta. O que há de errado em sair e se apaixonar como uma pessoa
normal, Leah? Ter impressões é apenas mais um meio de ter suas decisões tiradas de
suas mãos.
Sam, Jared, Paul, Quil… Ele não parecem se importar.
Nenhum deles tem mente própria.
Você não quer ter uma impressão?
Que inferno, não!
Isso é simplesmente porque você já está apaixonado por ela. Isso passa você sabe, se
você tiver uma impressão. Você não teria que sofrer por ela nunca mais.
Você quer esquecer o que sente pelo Sam?
Ela pensou por um instante. Eu acho que sim.
Eu suspirei. Ela estava em uma situação mais saudável que a minha.
Mas, voltando ao ponto inicial, Jacob. Eu sei por que a sua vampira loira é tão fria falando em um modo figurativo. Ela está concentrada. Ela mantém os olhos na
recompensa, certo? Por que você sempre quer o que você jamais pode ter.
Você faria como Rosalie? Você assassinaria alguém - porque é isso o que ela está
fazendo, tendo certeza de que ninguém irá interferir na morte de Bella - você faria isso
para ter um bebê? Desde quando você é uma reprodutora?
Eu apenas quero as opiniões que eu não tenho Jacob. Talvez, se não tivesse nada de
errado comigo, eu jamais pensaria nisso.
Você mataria por isso? Eu exigi uma resposta, não deixando ela escapar de minha
indagação.
Ela não está fazendo isto. Eu penso que é mais como se ela estivesse vivendo através de
Bella uma experiência que não pode ter. E… Se Bella me pedisse para ajudá-la com
isto… Ela parou por um momento, pensativa. Mesmo apesar de eu não pensar muito
nela, eu provavelmente faria o mesmo que o chupador-de-sangue.
Um rosnar intenso escapou por entre meus dentes.
Porque, se fosse o contrário, eu gostaria que Bella fizesse o mesmo por mim. E Rosalie
também. Nós duas faríamos dessa maneira.
Ugh. Você é má como elas!
Essa é a graça de saber que você não pode ter algo… Isso o deixa desesperado.
E… Este é o meu limite. Bem aqui. A conversa acabou.
Ótimo.
Não era o bastante ela ter acordado em parar. Eu queria terminar de uma maneira mais
forte.
Eu estava cerca de uma milha longe de onde havia deixado minhas roupas, então eu me
transformei de volta em humano e fui andando. Eu não pensei sobre a nossa conversa.
Não porque não havia nada a se pensar, mas porque eu não podia suportar.
Eu não veria as coisas daquela maneira - mas foi difícil de evitar quando Leah colocou
os pensamentos e emoções dentro da minha cabeça.
Sim, eu não estava correndo com ela quando isso tinha acabado.
Ela podia ser miserável em La Push. Uma ordenzinha Alfa antes de partir não mataria
ninguém.
Era bem cedo quando eu cheguei a casa. Bella provavelmente ainda dormia. Eu pensei
em dar uma olhada, ver o que estava acontecendo, dar-lhes o sinal verde para caçarem e,
então achar um gramado suave o bastante para dormir enquanto estava em forma
humana. Eu não havia me transformado até Leah adormecer.
Mas havia um burburinho do lado de dentro da casa, então talvez Bella não estivesse
dormindo. E então eu ouvi o som das maquinas no segundo andar novamente - o raio-x?
Ótimo. Parecia que o quarto dia da contagem regressiva estava começando com tudo.
Alice abriu a porta para mim antes que eu mesmo entrasse.
Ela acenou. ―Hey, Lobo‖
―Hey, baixinha. O que está acontecendo lá em cima?‖ O salão estava vazio, todos os
murmúrios vinham do segundo andar.
Ela encolheu seus ombrinhos miúdos. ―Talvez outra pausa‖ Ela tentou dizer as palavras
naturalmente, mas eu pude ver as faíscas bem atrás dos seus olhos. Edward e eu não
éramos os únicos esquentando com isso. Alice amava Bella, também.
―Outra costela?‖ Perguntei roucamente.
―Não, a pélvis desta vez.‖
Engraçado como isso continuava a me atingir, como se cada novidade fosse uma
surpresa. Quando eu deixaria de me surpreender? Cada novo desastre parecia um tanto
óbvio, momentos depois.
Alice fitava minhas mãos, observando-as tremer.
Então nós estávamos ouvindo a voz de Rosalie no andar de cima.
―Viu, eu te disse que não ouvi um crack. Você precisa examinar seus ouvidos Edward.‖
Não houve resposta.
Alice fez uma cara. ―Edward vai acabar fazendo picadinho de Rose, eu acho. Eu estou
surpresa que ela não perceba isso. Ou talvez ela pense que Emmett seja capaz de
impedi-lo.‖
―Eu seguro o Emmett,‖ me ofereci. ―Você pode ajudar Edward com a parte do
picadinho.‖
Alice deu um meio sorriso.
A procissão desceu as escadas - Edward estava carregando a Bella dessa vez.
Ela estava segurando o copo de sangue com as duas mãos agora, o rosto branco. Eu
podia ver que, embora ele virasse o corpo para cada movimento que ela fizesse,
tentando não movê-la demais, ela ainda estava com dor.
- Jake - ela sussurrou, e sorriu apesar da dor.
Eu a encarei sem dizer nada.
Edward colocou Bella cuidadosamente no sofá e sentou no chão perto de sua cabeça. Eu
me perguntei por que eles não a deixaram lá em cima, e então decidi que deve ter sido
idéia da Bella. Ela gostaria de agir como se as coisas estivessem normais, evitar um
hospital. E ele a estava distraindo. Naturalmente.
Carlisle desceu lentamente, por último, seu rosto enrugado de preocupação. Isso o fez
parecer velho o suficiente para ser um médico, pelo menos uma vez.
- Carlisle - eu disse. - Nós fomos quase até Seattle. Não há sinal do bando. Vocês estão
prontos para ir.
- Obrigado, Jacob. A hora é boa. Precisamos de muita coisa. - Seus olhos escuros se
viraram para o copo que Bella estava segurando com força.
- Honestamente, eu acho que é seguro levar mais do que três. Tenho certeza de que Sam
está se concentrando em La Push.
Carlisle assentiu. Surpreendeu-me a boa vontade com que ele aceitou meu conselho. Se você acha. Alice, Esme, Jasper e eu iremos. Então Alice pode levar Emmett e
Rosa…
- Sem chance. - Rosalie sibilou. - Emmett pode ir com você agora.
- Você devia caçar. - Carlisle disse numa voz gentil.
O tom que ele usou não abrandou o dela. - Eu irei caçar quando ele for. - ela virando a
cabeça na direção de Edward e então jogando o cabelo para trás.
Carlisle suspirou.
Jasper e Emmett desceram as escadas em um lampejo e Alice se juntou a eles na porta
de vidro dos fundos no mesmo segundo. Esme voou rapidamente para o lado de Alice.
Carlisle colocou a mão no meu braço. O toque gelado não foi bom, mas eu não me
afastei. Fiquei parado metade surpreso e metade por não querer magoá-lo.
- Obrigado - ele disse de novo e então se lançou porta a fora com os outros quatro. Meus
olhos os seguiram enquanto eles atravessavam o quintal e desapareceram antes que eu
pudesse respirar outra vez. A necessidade deles devia ser mais urgente do que eu tinha
imaginado.
Não houve barulho algum por um minuto. Eu podia sentir alguém me encarando, e eu
sabia que devia ser. Eu estava planejando ir embora e comer algo, mas a chance de
estragar a manhã de Rosalie era boa demais para ser desperdiçada.
Então eu vaguei até a poltrona perto da que Rosalie estava sentada, me esparramando de
modo que a minha cabeça estivesse na direção de Bella e meus pés perto do rosto de
Rosalie.
- Credo. Alguém soltou o cachorro. - ela murmurou, retorcendo o nariz.
- Já escutou essa, sua psicopata? Como que as células cerebrais de uma loira morrem?
Ela não disse nada.
- Então? - eu perguntei. - Sabe o final da piada ou não?
Ela olhou concentrada na televisão e me ignorou.
- Ela já ouviu? - eu perguntei a Edward.
Não havia humor no rosto tenso dele - ele não moveu os olhos de Bella. Mas respondeu.
- Não.
- Maravilha. Então você vai gostar dessa, sugadora de sangue. Uma célula cerebral de
uma loira morre sozinha.
Rosalie ainda não olhou para mim. - Eu já matei cem vezes mais que você, sua besta
nojenta. Não se esqueça disso.
- Algum dia, Rainha da Beleza, você vai cansar de só me ameaçar. Mal posso esperar
por esse dia.
- Chega Jacob. - Bella disse.
Eu olhei para baixo, e ela estava me olhando com uma cara feia. Parecia que o bom
humor de ontem tinha ido pra muito longe.
Bem, eu não queria incomodá-la. - Quer que eu vá embora? - eu ofereci.
Antes que eu pudesse ficar esperançoso - ou com medo - que ela finalmente tivesse
cansado de mim, ela piscou, e a cara feia desapareceu. Ela parecia completamente
chocada que eu tinha chegado àquela conclusão. - Não! Claro que não.
Eu suspirei, e escutei Edward suspirar muito baixo também. Eu sabia que ele queria que
ela tivesse ficado cansada de mim também. Que pena que ele nunca pediu a ela que
fizesse nada que a deixasse infeliz.
- Você parece cansado. - Bella comentou.
- Morto, como se tivesse apanhado. - eu admiti.
- Eu gostaria de te bater até a morte. - Rosalie murmurou baixo demais para Bella
escutar.
Eu afundei mais na cadeira, ficando confortável. Meus pés descalços balançaram para
mais perto de Rosalie, e ela fungou. Alguns minutos depois, Bella pediu a Rosalie um
refil. Eu senti o vento quando Rosalie subiu as escadas para pegar mais sangue. Ficou
muito quieto. Melhor tirar um cochilo, eu imaginei.
E então Edward disse: - Você falou alguma coisa? - em um tom perturbado. Estranho.
Porque ninguém tinha dito nada, e porque a audição de Edward era tão boa quanto a
minha, e ele devia saber disso.
Ele estava olhando para Bella, e ela estava olhando de volta. Os dois pareciam confusos.
- ―Eu?‖ ela perguntou depois de um segundo ―Eu não disse nada‖.
Ele se ajoelhou, se inclinando sob ela, a expressão inesperadamente intensa de um jeito
diferente. Seus olhos escuros se concentraram no rosto dela.
- Sobre o que você está pensando agora?
Ela o olhou inexpressivamente. - Nada. O que está havendo?
- Sobre o que você estava pensando um minuto atrás? - ele perguntou.
- Só… A ilha de Esme. E penas.
Parecia só tagarelice para mim, mas então ela corou, e eu achei que era melhor ficar sem
saber.
- Diga mais alguma coisa. - ele sussurrou.
- Como quê? Edward, o que está acontecendo?
O rosto dele mudou novamente e ele fez algo que fez minha boca se abrir com um
estalo. Eu escutei uma arfada atrás de mim e soube que Rosalie tinha voltado, e estava
tão pasma quanto eu.
Edward, muito levemente, colocou as duas mãos do estômago enorme e dura dela.
- Essa c… - ele engoliu. - Isso… O bebê gosta do som de sua voz.
Houve um curto momento de silencio total. Eu não podia mover um músculo, nem
piscar. Então…
- Caramba, você consegue escutá-lo! - Bella gritou. No segundo seguinte, ela recuou.
A mão de Edward se moveu até o topo de sua barriga e gentilmente acariciou a mancha
aquilo devia tê-la chutado.
―Shhh‖, ele murmurou. ―Você assustou isso… ele‖.
Seus olhos se tornaram totalmente arregalados e cheios de dúvida. Ela deu um tapinha
no lado de seu estômago. ―Desculpe bebê‖
Edward ouvia com dificuldade, sua cabeça inclinada na direção da protuberância.
―O que ele está pensando agora?‖, ela demandou ansiosa.
―Isso… ele ou ela está…‖ ele parou e olhou nos olhos dela. Seus olhos estavam cheios
de algo como admiração - só que mais receosos e de má vontade. ―Ele está feliz”.
Edward disse, em uma voz incrédula.
Ela prendeu o fôlego, e era impossível não perceber o vislumbre em seus olhos. A
adoração e a devoção. Grandes e gordas lágrimas escorreram de seus olhos e
silenciosamente desceram por sua face até seus lábios sorridentes.
Quando ele a olhou, sua expressão não estava aterrorizada, ou zangada ou em chamas,
ou nenhuma das outras expressões que ele adquirira desde seu retorno. Ele estava se
maravilhando com ela.
―Claro que você está feliz, bebê lindinho, claro que você está‖, ela cantarolou, enquanto
lágrimas lavavam suas bochechas. ―Como você poderia não estar, estando a salvo,
quentinho e amado? Eu te amo tanto, pequeno E.J., claro que você está feliz‖.
―Do que você o chamou?‖, Edward perguntou curioso.
Ela corou novamente. ―Eu meio que dei um nome a ele. Eu não achei que você ia
querer… bem, você sabe.‖
―E.J.?‖
―O nome do seu pai era Edward também.‖
―Sim, era. O que-?‖. Ele parou e então disse ―Hmmm‖.
―O que?‖
―Ele gosta da minha voz também‖.
―Claro que ele gosta‖. Seu tom era quase regozijante agora. ―Você tem a voz mais linda
do universo. Quem não gostaria dela?‖.
―Vocês tem um plano B?‖, Rosalie perguntou, se levantando de trás do sofá com o
mesmo olhar duvidoso, de regozijo de Bella em seu rosto. ―E se ele for ela?‖
Bella passou as costas das mãos pelos olhos úmidos. ―Eu pensei em algumas coisas
aleatórias. Brincando com Renée e Esme. Estive pensando… Ruh-nez-may (como se
pronuncia)―.
―Ruh-nez-may?‖
―R-e-e-n-e-e-s-m-e. Muito estranho?‖
―Não, eu gostei‖, Rosalie assegurou. Suas cabeças estavam juntas, dourado e mogno. ―É
lindo, e de criança, então isso serve.‖
―Ainda acho que ele é um Edward.‖
Edward estava encarando o nada, sua face branca enquanto ele escutava.
―O que?‖, Bela perguntou, seu rosto simplesmente brilhando. ―O que ele está pensando
agora?‖.
De inicio, ele não respondeu e então - chocando todo o resto de nós mais uma vez, três
diferentes e separados sobressaltos - ele deitou sua orelha carinhosamente contra a
barriga dela.
―Ele te ama‖, Edward suspirou, soando pasmo. ―Ele absolutamente adora você.‖
Nesse momento, eu sabia que estava sozinho. Completamente sozinho.
Eu queria me chutar quando percebi o quanto eu estive contando com aquele vampiro
repugnante. Que estupidez - como se pudéssemos confiar em uma sanguessuga! Claro
que ele ia me trair no final.
Eu tinha contado com ele ao meu lado. Eu tinha contado com ele para sofrer mais do
que sofri. E, acima de tudo, eu tinha contado com ele para odiar aquela revoltante coisa
que estava matando a Bella mais do que eu odiava aquilo.
Eu tinha confiado isso a ele.
Agora eles estavam juntos, os dois inclinados para o mostro invisível que crescia, com
seus olhos brilhantes como uma família feliz.
E eu estava sozinho com meu ódio e dor que era tão ruim que era como se eu estivesse
me torturando. Como se eu estivesse sendo arrastado lentamente por uma cama feita de
navalhas. Doía tanto que você aceitaria a morte com um sorriso só para se ver longe
disso.
O calor destravou os meus músculos congelados, e me pus em pé.
Todos as três as cabeças viraram para cima, e eu vi a minha onda de dor passar pelo
rosto de Edward assim que ele entrou em minha cabeça de novo.
―Ahh,‖ ele engasgou.
Eu não sabia o que eu estava fazendo; parado ali, tremendo, pronto para fugir na
primeira maneira que eu conseguisse pensar.
Se movendo como um golpe de cobra, Edward lançou-se a uma pequena mesa e pegou
algo da gaveta. Ele lançou-o em mim, e peguei o objeto em um reflexo.
―Vá, Jacob. Dê o fora daqui.‖ Ele não me disse isso de forma áspera. - ele lançou as
palavras para mim como se fosse para preservar minha vida. Ele estava me ajudando a
achar a saída que eu estava morrendo para achar.
O objeto em minha mão eram as chaves de um carro.
17. Com o que eu pareço? O Mágico de OZ? Você precisa de um cérebro? Você
precisa de um coração? Vá em frente. Pegue o meu. Pegue tudo que eu tenho.
Eu meio que tinha um plano enquanto eu corria para a garagem dos Cullen. A segunda
parte disso era a adição do carro do sugador de sangue no meu caminho de volta.
Então eu estava em ruínas quando eu esmaguei o botão do controle remoto, e não foi o
volvo que bipou e jogou suas luzes em mim. Foi outro carro - um carro proeminente,
mesmo junto daqueles carros que eram todos praticamente ―de se babar‖ em seu próprio
modo.
Ele realmente quis me dar as chaves de um Aston Martin Vanquish ou isso foi um
acidente?
Eu não parei para pensar sobre isso, ou se isso mudaria a segunda parte do meu plano.
Eu simplesmente me joguei dentro do banco de couro macio e liguei o motor enquanto
meus joelhos ainda estavam amassados embaixo do volante. O rugido do motor talvez
me fizesse lamentar em algum outro dia, mas agora tudo o que eu podia fazer era me
concentrar o suficiente para poder dirigir.
Eu achei o lugar do cinto e encostei-me ao banco enquanto meu pé forçava o pedal para
baixo. Pareceu que o carro voou enquanto avançava.
Levou só alguns segundos para passar pela curva fechada. O carro respondia a mim
como se meus pensamentos estivessem dirigindo e não minhas mãos. Quando eu passei
do túnel verde para a rodovia, eu peguei um reflexo curto do rosto cinza de Leah,
espiando pelas samambaias.
Por meio segundo, eu e perguntei o que ela tinha pensando, e então eu percebi que não
me importava.
Virei para o sul, porque hoje não tinha paciência para cruzamentos, transito ou qualquer
outra coisa que me fizesse tirar o pé do acelerador.
De um jeito doentio, esse era meu dia de sorte. Isso se por sorte você entende dirigir em
uma rodovia a 200 km/h mais ou menos e não ver nenhum policial, mesmo no limite de
50 km/h que seguravam os carros dessa cidade. Que decepção. Uma perseguiçãozinha
teria sido legal, sem falar que a informação da placa iria multar o parasita. Claro, ele
subornaria o policial para se livrar da situação, mas podia ter sido um pouco
inconveniente para ele.
O único sinal de vigilância pelo qual passei foi só um lampejo de pêlos marrons
passando pelas árvores, correndo paralelamente a mim por alguns quilômetros no lado
sul de Forks. Quil, me pareceu. Ele deve ter me visto também, porque desapareceu
depois de um minuto sem dar um aviso.
Novamente, eu estava me indagando qual seria a história dele antes de me lembrar que
eu não me importava.
Eu corri em uma rodovia em forma de U, indo para a maior cidade que eu poderia
achar. Essa era a primeira parte do meu plano.
Pareceu que ia durar para sempre, provavelmente porque eu ainda estava me apoiando
nos escudos da razão, mas na realidade não levou mais que duas horas até que eu
estivesse dirigindo para o norte, rumo à expansão indefinida que era parte Tacoma e
parte Seattle. Eu diminuí a velocidade então, porque eu realmente não estava tentando
matar algum pedestre inocente.
Este era um plano estúpido. Não iria funcionar. Mas, assim que eu vasculhei minha
mente atrás de qualquer maneira de fugir da dor, o que Leah disse hoje ressurgiu.
Deveria ir embora, você sabe, se você teve a impressão. Você não deveria ter que
machucá-la nunca mais.
Pareceu-me que, talvez, alguém pegando suas escolhas e jogando-as longe de você não
era a pior coisa no mundo. Talvez esse sentimento deste jeito fosse a pior coisa no
mundo.
Mas, eu vi todas as garotas de La Push e até mesmo Makah e de Forks. Eu precisava de
um maior raio de caça.
Então, como você procura sua aleatória alma-gêmea no meio da multidão? Bem,
primeiro, eu precisava de uma multidão. Então no meio de uma, procurando por um
provável reconhecimento. Eu passei por uns shoppings, os quais seriam ótimos para
encontrar garotas da minha idade, mas eu não consegui me fazer parar. Eu queria ter a
impressão com alguma garota que ficava o dia inteiro em um shopping?
Eu continuei indo para o norte, e foi ficando cada vez mais cheio. Eventualmente, achei
um grande parque lotado de crianças e família e skates e bicicletas e pipas e piqueniques
e mais de tudo um pouco. Eu não havia percebido até agora - era um dia lindo. Sol e
tudo mais. Pessoas ao ar livre celebrando o céu azul.
Eu estacionei do outro lado de duas vagas para deficientes - apenas implorando por um
bilhete - e me juntei à multidão.
Andei em círculos pelo que pareceram horas. Tanto que o sol havia mudado de lado no
céu. Comecei a lembrar o rosto de cada menina que havia passado em qualquer lugar
próximo a mim, forçando a mim mesmo a olhar realmente, reparando em quem era
bonita e que tinha os olhos azuis, e que ficava bem de braceletes, e quem se maquiou de
mais. Tentei achar alguma coisa interessante em cada rosto, e então eu poderia ter
certeza de que realmente tentei. Coisas como: esta aqui tem realmente um nariz reto;
aquela deveria tirar os cabelos da frente dos olhos; esta aqui deveria fazer anúncios de
batom e se o resto da face fosse perfeito como os lábios…
Ás vezes, algumas retribuíram meu olhar. Ás vezes pareciam assustadas - como se
estivessem pensando, Quem é este maluco grande que fica me encarando? Algumas
vezes pensei que elas olhavam com algum interesse, mas talvez fosse apenas meu ego
correndo selvagem.
De qualquer maneira, nada. Mesmo quando eu encontrei os olhos da garota que era sem competição - a garota mais gostosa no parque e provavelmente na cidade, e ela
encarou-me de volta com ares de quem parecia interessada, não senti nada. Apenas o
mesmo desespero em dirigir e achar uma rota para fugir da dor.
Conforme o tempo foi passando, eu percebi todas as coisas erradas. Coisas da Bella.
Esta tinha o cabelo da mesma cor. Os olhos moldados do mesmo jeito. Os ossos da
bochecha atrás da face exatamente do mesmo jeito. A mesma ruga entre os olhos - que
me fazia imaginar sobre o que ela estava preocupada…
Foi quando resolvi desistir. Porque era além da estupidez pensar que eu estava
exatamente no lugar e na hora certa e eu iria apenas caminhar ao encontro da minha
alma-gêmea só porque eu estava desesperado para fazê-lo.
Não teria sentido achar ela aqui, de qualquer maneira. Se Sam tivesse razão, o melhor
lugar para achar meu par genético seria em La Push. E, claramente, ninguém lá servia.
Se Billy tivesse razão, então quem sabe? O que foi feito para um lobo mais forte?
Eu vaguei de volta ao carro e então tombei contra o capô e brinquei com as chaves.
Talvez eu fosse o que Leah pensou que ela era. Alguma espécie de beco sem saída em
que minha vida era uma grande, cruel piada, e não havia como escapar disso.
―Ei, você está bem? Oi? Você aí, com o carro roubado.‖
Levou-me um segundo perceber que a voz estava falando comigo, e então outro
segundo para decidir levantar minha cabeça.
Uma menina parecendo familiar estava me encarando, com a expressão meio ansiosa.
Eu soube porque eu reconheci a face dela - eu já tinha catalogado esta aqui. Cabelo
vermelho-ouro claro, pele clara, algumas sardas ouro-coloridas espalhadas pelas
bochechas e nariz, e olhos cor de canela.
―Se você está sentindo remorso por roubar o carro,‖ ela disse, sorrindo de forma que
uma covinha aparecia no queixo dela, ―você sempre poderá se entregar.‖
―É emprestado, não roubado,‖ eu repreendi.
Minha voz soou horrível - como se eu estivesse chorando ou algo. Embaraçoso.
―Certo, isso te salvará no tribunal.‖
Eu fiz uma carranca. ―Você precisa de algo?‖
―Não realmente. Eu estava brincando sobre o carro, você sabe. É só que… Você
realmente parece aborrecido com algo. Oh, ei, eu sou Lizzie‖. Ela ofereceu a mão dela.
Eu olhei para a mão estendida até que ela a deixou cair.
―De qualquer maneira…‖ ela disse sem jeito, ―eu apenas desejava saber… se eu podia
ajudar. Pareceu que você estava procurando por alguém antes.‖ - Ela gesticulou em
direção ao parque e encolheu os ombros.
―Sim.‖
Ela esperou.
Eu suspirei. ―Eu não preciso de ajuda. Ela não está aqui.‖
―Oh. Sinto muito.‖
―Eu também.‖ eu murmurei.
Eu olhei para a garota novamente. Lizzie. Ela era bonita. Bastante gentil para tentar
ajudar um estranho resmungão que devia parecer doido. Por que ela não poderia ser a
escolhida? Por que tudo tinha que ser tão estranhamente complicado? Uma garota
agradável, bonita e meio engraçada. Por que não?
―Esse é um carro bonito,‖ ela disse. ―É realmente uma pena que não façam mais dele.
Eu quero dizer, a modelagem da estrutura de Vantage é linda também, mas tem alguma
coisa sobre o Vanquish…‖.
Garota legal que conhece carros. Wow. Eu a encarei mais duramente, desejando que eu
soubesse como fazer isso funcionar. Vamos, Jake! - impressão agora.
―Como é dirigir?‖ ela perguntou.
―Como você não imaginaria.‖ eu disse a ela.
Ela deu aquele seu sorriso, claramente satisfeita de ter arrancado uma meia resposta
gentil de mim, e eu dei a ela um relutante sorriso de volta.
Mas o sorriso dela não ajudou quanto à dor, lâminas cortantes que raspavam meu corpo
para cima e para baixo. Não importava quanto eu queria, minha vida não iria se arrumar
assim.
Eu não estava naquele lugar saudável ao que Leah se conduzia. Eu não estava sendo
capaz de me apaixonar como uma pessoa normal. Não enquanto eu estava sangrando
por outra pessoa. Talvez - se isso fosse em dez anos e o coração de Bella estivesse
morto e eu tivesse passado por todo o processo de me afligir e sair inteiro de novo então, talvez, eu pudesse oferecer para a Lizzie uma carona em um carro rápido e fazer
planos, e conhecê-la um pouco e ver se eu gostaria dela como pessoa. Mas isso não ia
acontecer agora.
Magia não ia me salvar. Eu teria que agüentar a tortura como um homem. Engolir isso.
Lizzie esperou, talvez esperando que eu oferecesse aquela carona. Ou talvez não.
―Acho melhor eu devolver esse carro de quem eu peguei emprestado‖, eu murmurei.
Ela sorriu de novo. ―É bom saber que você está indo no caminho certo.‖
―Sim, você me convenceu.‖
Ela me olhou entrar no carro, ainda meio que preocupada. Eu provavelmente parecia
com alguém que estava prestes a se jogar de um precipício. Algo que eu provavelmente
faria, se esse tipo de coisa funcionasse com um lobisomem. Ela acenou uma vez,
seguindo o carro com os olhos.
No início, eu dirigi um pouco mais são no caminho de volta. Não estava com pressa. Eu
não queria ir onde estava indo. De volta para aquela casa, de volta para aquela floresta.
De volta a dor da qual eu tinha fugido. De volta a estar totalmente sozinho com aquilo.
Certo, isso foi melodramático. Eu não estaria totalmente sozinho, mas isso era ruim.
Seth e Leah teriam que sofrer comigo. Eu estava feliz que Seth não teria que sofrer por
muito tempo. A criança não merecia ter a paz de sua mente arruinada. A Leah também
não merecia, mas pelo menos isso era algo que ela entendia. Nenhuma dor nova para a
Leah.
Eu suspirei profundamente quando pensei no que a Leah queria de mim, porque agora
eu sabia que ela ia conseguir. Eu ainda estava bravo com ela, mas não podia ignorar o
fato que eu podia fazer sua vida mais fácil. E - agora que eu a conhecia melhor - eu
achei que ela provavelmente faria isso por mim, se as posições estivessem trocadas.
Isso seria interessante, no mínimo, e estranho também, ter Leah como companhia como amiga. Nós com certeza nos sentiríamos um no lugar do outro com muita
freqüência. Ela não seria alguém que me deixaria socar, mas pensei que isso era uma
coisa boa. Acho que na verdade, ela era realmente a única amiga com quaisquer chances
de entender pelo que eu estava passando.
Pensei sobre a caçada dessa manhã, e como nossas mentes estavam próximas naquele
único momento no tempo. Não foi algo ruim. Diferente. Um pouco estranho um pouco
assustador. Mas também bom, de um jeito esquisito.
Eu não tinha que estar completamente sozinho.
E eu sabia que a Leah era forte o suficiente pra encarar comigo os meses que viriam.
Meses e anos. Fiquei cansado só de pensar sobre isso. Senti-me como se estivesse
parado em um oceano que eu teria que nadar de cais a cais antes de poder descansar
novamente.
Tanto tempo por vir, e então, tão pouco tempo antes que isso começasse. Antes que eu
fosse arremessado naquele oceano. Três dias e meio a mais, e aqui estava eu,
desperdiçando esse restinho de tempo que eu tinha.
Eu comecei a dirigir rápido demais de novo.
Eu vi Sam e Jared, um de cada lado da estrada como sentinelas, enquanto eu acelerava
na estrada em direção a Forks. Eles estavam bem escondidos na vegetação cerrada, mas
eu estava esperando e eu sabia o que procurar. Eu acenei conforme os passei, sem me
incomodar em perguntar no que eles tinham achado do meu passeio diurno.
Eu acenei para Leah e Seth, também, quando cruzei a estrada dos Cullen. Começava a
escurecer e as nuvens estavam densas, mas eu vi os olhos deles reluzirem ao brilho dos
faróis. Eu explicaria pra eles depois. Haveria muito tempo para isso.
Foi uma surpresa encontrar Edward me esperando na garagem. Eu não o tinha visto
longe da Bella por dias. Podia dizer pela face dele que nada de mal acontecera a ela. Na
verdade, ele parecia mais pacífico que antes. Meu estômago se apertou quando eu
lembrei de onde essa paz veio. Era uma pena que - depois de tanto considerar - eu tinha
me esquecido de destruir o carro. Oh, bem. Eu provavelmente não conseguiria quebrar
esse carro, de qualquer modo. Talvez ele tenha percebido isso, e por isso o emprestou a
mim, em primeiro lugar.
―Algumas coisas, Jacob‖, ele disse, assim que eu desliguei o motor.
Eu respirei profundamente e segurei o fôlego por um minuto. Então, lentamente, eu saí
do carro e joguei a chaves pra ele.
―Obriga pelo empréstimo‖, eu disse azedo. Aparentemente, aquilo teria que ser
consertado. ―O que você quer agora?”.
―Primeiro… eu sei o quanto você tem aversão de a usar sua autoridade com seu bando,
mas…‖.
Eu pisquei, surpreso que ele iria sequer sonhar em começar por esse ponto. ―O que?‖.
―Se você não pode, ou não vai controlar a Leah, eu…‖.
―Leah?‖ eu interrompi, falando entre dentes. ―O que houve?‖.
A face de Edward estava difícil. ―Ela apareceu para ver porque você saiu tão
abruptamente. Eu tentei explicar. Suponho que não saiu certo.‖
―O que ela fez?‖
―Ela mudou para sua forma humana e…‖
―Sério?‖, interrompi de novo, chocado dessa vez, eu não conseguia processar isso. Leah
baixando a guarda bem na boca da toca dos inimigos?
―Ela queria… falar com a Bella‖.
―Com a Bella?”.
Então Edward ficou cheio dos silvos. ―Eu não deixarei Bella se chatear desse jeito de
novo. Eu não me importo o quão Leah acha que está justificada! Eu não a machuquei claro que não - mas eu vou arremessá-la pra fora da casa se acontecer de novo. Eu vou
lançá-la direto no rio…‖
―Espera aí. O que ela disse?―. Nada disso fazia sentido.
Edward respirou fundo, se recompondo. ―Leah foi desnecessariamente áspera. Eu não
vou fingir que entendo porque Bella não pode largar de você, mas eu sei que ela não age
desse jeito para te machucar. Ela sofre bastante por causa da dor que está infligindo a
você, e a mim, pedindo que você fique. O que Leah disse foi sem propósito. A Bella
tem chorado -‖
―Espera - Leah estava gritando com a Bella por minha causa?‖.
Ele acenou com a cabeça. ―Você foi veementemente defendido‖.
Nossa. ―Eu não pedi pra ela fazer isso.‖
―Eu sei.‖
Eu revirei meus olhos. Claro que ele sabia. Ele sabia tudo. Mas isso realmente era algo
sobre a Leah. Quem teria acreditado? Leah andando até a casa dos sugadores de sangue,
humana, para reclamar sobre como eu estava sendo tratado.
―Eu não posso prometer controlar a Leah‖, eu disse para ele. ―Eu não farei isso. Mas
falarei com ela, certo? E não acho que vai se repetir. Leah não é de ficar guardando as
coisas, então acho que ela botou tudo para fora hoje‖.
―Eu diria que sim‖.
―De qualquer modo, vou falar com a Bella também. Ela não precisa se sentir culpada.
Dessa vez, foi culpa minha.‖
―Eu já disse isso pra ela.‖
―Claro que disse. Ela está bem?‖
―Ela está dormindo agora. Rose está com ela.‖
Então a psicopata era ―Rose‖, agora. Ele tinha se mudado de vez para o lado negro.
Ele ignorou esse pensamento e continuou com uma resposta mais completa para a
minha pergunta. ―Ela está… melhor de alguns jeitos. Excluindo-se a tirada da Leah e a
culpa resultante.‖
Melhor. Porque agora Edward podia ouvir o monstro e tudo era ―pombinhos
apaixonados‖. Fantástico.
―É um pouco mais que isso.‖, ele murmurou. ―Agora que eu posso ouvir os
pensamentos da criança, é aparente que ele ou ela está desenvolvendo faculdades
mentais consideravelmente. Ele pode nos entender, até certo ponto.‖
Meu queixo caiu. ―É sério?”.
―Sim. Ele parece ter um senso vago do que a machuca agora. Ele está tentando evitar
isso, tanto quando possível. Ele… já a ama.”
Eu encarei Edward, sentindo meio que como meus olhos podiam saltar fora das órbitas.
Debaixo dessa descrença, eu podia ver que esse era o fator crítico. Era isso que tinha
mudado Edward - que o monstro o tinha convencido desse amor. Ele não podia odiar o
que amava Bella. Provavelmente era por isso que ele também não podia me odiar. Havia
uma grande diferença, porém. Eu não a estava matando.
Edward saiu, agindo como se não tivesse escutado de modo algum.
―O progresso, eu acho, é mais do que tínhamos presumido. Quando Carslile voltar…‖.
―Eles não voltaram?‖, eu cortei afiado. Pensei em Sam e Jared, vigiando a estrada. Eles
ficariam curiosos sobre o que estava rolando?
―Alice e Jasper voltaram. Carlisle mandou todo o sangue que pôde adquirir, mas não era
tanto quanto ele esperava - Bella vai gastar esse estoque em um dia, do jeito que seu
apetite cresceu. Carlisle ficou para tentar outra fonte. Não acho que seja necessário
agora, mas ele quer estar preparado pra qualquer eventualidade.‖
―Porque não é necessário? E se ela precisar de mais?‖
Eu pude ver que ele estava assistindo e ouvindo minha reação enquanto explicava.
―Estou tentando convencer Carlisle a induzir o parto assim que ele chegar.‖
―O que?”
―A criança parece estar evitando movimentos bruscos, mas é difícil. Ele ficou muito
grande. É crueldade esperar quando ele claramente se desenvolveu além do que Carlisle
esperava. Bella está muito frágil pra esperar.‖
Eu continuava perdendo o chão. Primeiro, contando com o ódio de Edward pela coisa.
Agora, eu tinha percebido que eu pensava naqueles quatro dias como algo certo. Eu
confiei neles.
O oceano sem fim de aflição que esperou estirado a minha frente.
Eu tentei segurar meu fôlego.
Edward esperou. Eu o encarei enquanto eu me recompunha, reconhecendo outra
mudança em seu rosto.
―Você acha que ela conseguirá,‖ eu sussurrei.
―Sim, essa era a outra coisa que eu gostaria de falar com você.‖
Eu não consegui dizer nada. Depois de um minuto, ele voltou a falar.
―Sim,‖ ele repetiu. ―Esperar, como nós estamos fazendo, a criança estar pronta é
insanamente perigoso. A qualquer momento pode ser tarde demais. Mas se nós formos
pró-ativos sobre isso, se agirmos rapidamente, eu não vejo razão para que tudo não
corra bem. Conhecer a mente da criança é inacreditavelmente útil. Felizmente, Bella e
Rose concordam comigo. Agora que eu as convenci de que é seguro para a criança se
nós agirmos, não há nada que impeça tudo de sair bem.‖
―Quando Carlisle voltará?‖ eu perguntei, ainda sussurrando. Eu ainda não tinha voltado
a respirar.
―Amanhã no começo da tarde.‖
Meus joelhos cederam. Eu tive que me apoiar no carro para não cair. Edward estendeu
as mãos como que para oferecer suporte, mas depois ele pensou melhor sobre isso e
abaixou suas mãos.
―Desculpe-me,‖ ele sussurrou. ―Eu sinceramente sinto muito pela dor que isso causa a
você, Jacob. Embora você me odeie, eu devo admitir que não sinto o mesmo por você.
Eu penso em você como um… um… irmão de várias maneiras. Um companheiro de
luta, pelo menos. Eu lamento seu sofrimento mais do que você pensa. Mas a Bella vai
sobreviver‖ - quando ele disse isso seu tom de voz era feroz, até mesmo violento - ―E eu
sei que isso é o que realmente importa para você.‖
Ele provavelmente estava certo. Era difícil dizer. Minha cabeça estava rodando.
―Então, eu odeio fazer isso agora, enquanto você está pensando tanto sobre isso,
claramente ainda temos algum tempo. Eu preciso pedir uma coisa a você - implorar, se
for preciso.‖
―Eu não tenho mais nada,‖ eu respondi chocado.
Ele levantou de novo sua mão, como se fosse colocá-la sobre meu ombro, mas depois a
abaixou como antes e suspirou.
―Eu sei o quanto você tem se esforçado,‖ ele falou tranqüilamente. ―Mas isso é algo que
você tem. E só você tem. Eu estou pedindo isso para o verdadeiro Alfa, Jacob. Eu estou
pedindo isso para o herdeiro de Ephraim.‖
Eu não consegui responder.
―Eu quero sua permissão para desviar do acordo que fizemos com Ephraim. Eu quero
que você nos dê uma exceção. Eu quero sua permissão para salvar a vida dela. Você
sabe que eu farei isso de qualquer forma, mas eu não quero quebrar o acordo com você
se tiver um meio de evitar isso. Nós nunca pretendemos voltar ao nosso mundo e nós
não queremos fazer isso ilegalmente agora. Eu quero que você entenda Jacob, porque
você sabe exatamente o porquê fazemos isso. Eu quero que o acordo entre nossas
famílias sobreviva quando tudo isso acabar.‖
Eu tentei engolir. Sam, eu pensei. É o Sam que você quer.
―Não. A autoridade de Sam foi revogada. Ela pertence a você. Você nunca a tirará dele,
mas ninguém pode concordar com o que estou pedindo a não ser você.”
Essa decisão não é minha.
―É sim, Jacob, e você sabe disso. Sua palavra sobre isso nos condenará ou nos
absolverá. Só você pode me dar permissão.‖
Eu não consigo pensar. Eu não sei.
―Nós não temos muito tempo.‖ Ele espiou a casa.
Não. Não havia mais tempo. Meus poucos dias tinham se tornado poucas horas.
Eu não sei. Deixe-me pensar. Dê-me apenas um minuto aqui, tudo bem?
―Claro.‖
Eu comecei a andar em direção a casa e ele me seguiu. Louco como isso parecia ser,
andar pelo escuro com um vampiro bem atrás de mim. Eu realmente não me senti em
perigo, ou mesmo desconfortável. Era como se eu estivesse caminhando perto de
ninguém. Bem, um ninguém que cheirava mal.
Houve um movimento no arbusto na margem do grande gramado, e depois um alto
lamurio. Seth deu de ombros pela samambaia veio rapidamente em nossa direção.
―Oi, criança,‖ eu murmurei. Ele acenou com a cabeça e eu dei um tapinha em seu
ombro.
―Está tudo bem,‖ eu menti. ―Depois conto tudo a você. Desculpe por te assustar desse
jeito.‖
Ele forçou um sorriso para mim.
―Ei, diga a sua irmã para se afastar, ok? Já chega.‖
Seth acenou com a cabeça uma vez.
Eu o empurrei pelos ombros dessa vez. ―Volte ao trabalho. Meu turno é logo depois do
seu.‖
Seth se inclinou sobre mim, me empurrando de volta e então ele correu em direção às
árvores.
―Ele tem uma das mais puras, sinceras e gentis mentes que eu já ouvi,‖ Edward
murmurou quando ele estava fora de vista. ―Você tem sorte de ter os pensamentos dele
para compartilhar.‖
―Eu sei disso,‖ eu rosnei.
Nós fomos em direção a casa e nossas cabeças se viraram quando ouvimos o som de
alguém sugando o ar.
Edward estava com pressa então. Ele voltou para as escadas e desapareceu.
―Bella, amor, pensei que estivesse dormindo‖. O ouvi dizendo ―Me desculpe, eu não
deveria ter ido‖.
―Não se preocupe. Eu apenas estou com tanta sede - que me acordou. É uma coisa boa
que Carlisle esteja trazendo mais. Esta criança irá precisar quando não estiver mais
dentro de mim.‖
―Verdade. Este é um ponto positivo‖
―Eu imagino se ele irá querer outra coisa.‖ Ela questionou.
―Eu suponho que teremos que descobrir‖
Eu passei pela porta.
Alice disse ―Finalmente‖ e os olhos da Bella piscaram para mim. Aquele sorriso
exasperante, sorriso irresistível passou por seu rosto por um segundo. Então, morreu e
sua face caiu. Seus lábios enrugaram-se como se estivesse tentando não chorar.
Eu queria calar Leah e sua estúpida boca.
―Oi, Bells,‖ eu disse ―Como está?‖
―Estou bem‖ ela disse
―Grande dia hoje, huh? Muitas coisas novas.‖
―Você não precisa fazer isso, Jacob‖
―Não sei sobre o que está falando‖ Eu disse indo sentar no braço do sofá onde estava a
cabeça dela. Edward já tinha o chão.
Ela me deu um olhar reprovador ―Estou tão…-‖ ela começou a dizer.
Belisquei seus lábios juntos entre meu polegar e indicador.
―Jake‖ ela sussurrou tentando por minha mão longe. Sua tentativa foi tão fraca que foi
difícil acreditar que ela realmente estava tentando.
Eu balancei a cabeça. - Você pode falar quando não está sendo estúpida.
―Ótimo, não vou falar.‖ pareceu que ela resmungou.
Coloquei minha mãe pra longe.
―Desculpe!‖ ela terminou rapidamente, então sorriu.
Revirei os olhos e sorri para ela também.
Quando eu encarei os olhos dela, vi tudo que estive procurando no parque.
Amanhã, ela seria outra pessoa. Com esperança, viva, e isso era o que contava, certo?
Ela me olharia com os mesmo olhos, mais ou menos. Iria sorrir com os mesmos lábios,
quase. Ela ainda me conheceria melhor que qualquer um que não tivesse acesso
completo à minha mente.
Leah talvez fosse uma companhia interessante, talvez até amiga verdadeira - alguém
que se levantaria e me defenderia. Mas ela não era minha melhor amiga do jeito que a
Bella era. À parte do amor impossível que eu sentia por Bella, havia também essa outra
ligação, que ia até os ossos.
Amanhã, ela seria minha inimiga. Ou ela seria minha aliada. E, aparentemente, essa
distinção estava de pé para mim.
Eu suspirei.
Ótimo! Eu pensei, desistindo da ultima coisa que eu tinha para desistir. Fez-me sentir
superficial. Vá em frente. Salve-a. Como herdeiro de Ephraim, você tem minha
permissão, minha palavra, que isso não violará o trato. E os outros só vão ter de me
culpar. Você estava certo - eles não podem negar que é meu direito concordar com
isso.
―Obrigado.‖ O sussurro de Edward era tão baixo que Bella não escutou nada. Mas as
palavras eram tão intensas que, pelo canto de meus olhos, eu vi os outros vampiros se
virando para ver.
―Então‖, perguntou Bella, trabalhando seu sentido para ser casual. ―Como foi o seu
dia?‖
―Ótimo. Dei um passeio. Aproveitei no parque.‖
―Parece legal.‖
―Claro, claro.‖
De repente ela mudou a expressão. ―Rose?‖ perguntou ela.
Ouvi a loira rir. ―De novo?‖
―Acho que eu bebi dois galões na última hora‖, Bella explicou.
Edward e eu saímos do caminho, enquanto Rosalie se levantou do sofá, para levar Bella
até o banheiro.
―Posso andar?‖ Bella perguntou. ―Minhas pernas estão adormecidas.‖
―Você está bem?‖ Edward perguntou.
―Rose me pegará se eu cair nos meus próprios pés. O que poderia acontecer com
facilidade, já que eu não posso vê-los.‖
Rosalie ajudou Bella cuidadosamente com seus pés, mantendo a mão direita abaixo de
seu ombro. Bella estava com seus braços esticados para frente, recuando um pouco.
―Eu me sinto bem…‖ ela suspirou. ―Ugh, mas eu estou enorme.‖
Ela realmente estava mesmo. O seu estômago era o próprio continente.
Eu não poderia ajudar em nada, e a dor só aumentou subitamente, apunhalando-me, mas
eu tentei manter isso fora do meu rosto. Eu podia me esconder por mais um dia, né?
―Tudo bem, então. Ooops - Oh, não!‖
A taça que Bella havia deixado no sofá tombou para o lado, o sangue vermelho escuro
vazando sobre o tecido branco.
Automaticamente, apesar de três outras mãos tocarem sua barriga, Bella parou outra
vez, chegando a capturar algo.
Era esquisito, um som abafado que chegava a partir do centro de sua barriga.
―Ah!‖ ela engasgou.
Então ela ficou completamente mole, escorregando para o chão. Rosalie a pegou no
mesmo instante, antes que ela pudesse cair. Edward estava ali também, com as mãos
para o alto, a sujeira no sofá esquecida.
―Bella?‖ ele perguntou. Então seus olhos ficaram sem foco, e pânico atingiu suas
feições.
Meio segundo depois, Bella gritou.
Não era só um grito, era um berro de agonia de congelar o sangue. O som terrível parou
com uma golfada de ar, e seus olhos se reviraram. O corpo dela virou seguro nos braços
de Rosalie, e então Bella vomitou uma fonte de sangue.
18 - Não há palavras para isso.
O corpo de Bella começou a se contrair, sacudindo-se sob os braços de Rosalie como se
ela estivesse sendo eletrocutada. Além disso, seu rosto estava branco - inconsciente. Era
a selvagem agitação de dentro do centro do seu corpo que a movia. Enquanto ela tinha
convulsões, estalos agudos e definidos eram mantidos de tempo em tempo durante os
espasmos.
Rosalie e Edward congelaram-se por um instante e então eles quebraram. Rosalie
movimentou-se com o corpo de Bella em seus braços e gritava tão rápido que era difícil
separar as palavras individualmente, ela e Edward jogaram-se pelas escadas para o
segundo andar.
Eu corri a toda velocidade depois deles.
―Morfina!‖ Edward gritou para Rosalie.
―Alice - chame Carlise no telefone! ‖ Rosalie berrou.
O quarto em que eu os segui parecia uma ala de emergência localizada no meio de uma
biblioteca. As luzes eram brancas e brilhantes. Bella estava em uma mesa sob a
claridade, a pele fantasmagórica em meio a luz. Seu corpo tremia como um peixe na
areia. Rosalie prendeu o corpo de Bella para baixo e foi arrancando e tirando as roupas
do caminho, enquanto Edward enfiava uma seringa em seu braço.
Quantas vezes eu a imaginei nua? Agora eu não conseguia olhar. Eu estava com medo
de ficar com essas memórias em minha cabeça.
‖ O que está acontecendo, Edward?‖
‖ Ele está sufocando!‖
‖ A placenta deve ser retirada.‖
Em meio a isso, Bella voltou. Ela respondeu as palavras deles com um grito que ecoou
nos meus tímpanos.
‖ Tirem-o daí!‖ Ela gritava. ‖ Ele não consegue respirar! Faça agora!‖
Eu vi manchas vermelhas aparecendo quando ela gritou e vasos sanguíneos rompendo
em seus olhos.
‖ A morfina.‖ Edward rosnou.
‖ Não! Agora - ‖ Outro jorro de sangue sufocou o que ela estava tentando dizer. Ele
segurou a cabeça dela, tentando desesperadamente limpar a sua boca para que ela
pudesse respirar novamente.
Alice entrou no quarto e colocou uma pequena presilha azul no cabelo de Rosalie. Então
ela afastou-se novamente, seus olhos dourados totalmente queimando, enquanto Rosalie
sibilava freneticamente no telefone.
Na luz, a pele de Bella ficava mais roxa e preta do que branca. A pele vermelha escura
ao longo do corpo, muito mais no estomago dela. A mão de Rosalie veio com um
bisturi.
―Deixe a morfina se espalhar!‖ Edward gritou para ela.
―Não há tempo‖ Rosalie disse ―Ele está morrendo!‖
A mão dela desceu sobre o estomago de Bella, e o vermelho vivo jorrou por onde a pele
foi cortada. Era como uma caçamba sendo esvaziada, de vazio para cheio. Bella olhava
abismada, mas não gritou. Ela ainda estava em choque.
E então Rosalie perdeu seu foco. Eu vi a expressão na sua face deslocada, vi seus lábios
repuxados mostrando os dentes e os olhos negros por causa da sede.
―Não, Rose!‖ Edward rosnou, mas as mãos dele estavam ocupadas, tentando levantar
Bella para que ela pudesse respirar.
Eu me joguei contra Rosalie, pulando sobre a mesa, sem esbarrar em nada. Assim que
me choquei contra o corpo de pedra dela, batendo-a contra a porta, senti que a lamina
que ela segurava estava cravada no meu braço esquerdo. A palma da minha mão direita
esmagou a face dela, prendendo-a e impedindo-a de fugir.
Usei esse meu agarramento no rosto de Rosalie para tirá-la dali, eu poderia dar-lhe um
chute forte em suas tripas; seria como chutar concreto. Ela voou pela moldura da porta,
quebrando um pedaço da mesma. O pequeno fone em seu ouvido quebrou em pedaços.
Então Alice estava lá, segurando-a pela garganta, levando-a para o hall.
E eu tive que admirar a ação da Loira - ela não se preparou para uma luta. Ela quis que
vencêssemos. Ela me deixou esmagá-la daquele jeito, para salvar Bella. Bem, para
salvar a coisa.
Eu rasguei meu braço com a lâmina ao retirá-la.
―Alice, tire-a daqui!‖ Edward ordenou ―Leve-a para Jasper e mantenha-a lá! Jacob, eu
preciso de você!‖
Eu não olhei a Alice terminar o trabalho. Eu virei de volta para a mesa de operações,
aonde Bella estava ficando azul, seus olhos grandes e fixos.
―Reanimação Cardiorespiratória?‖ - Edward rosnou para mim, rápido e exigindo.
―Sim!‖
Eu julguei o rosto dele prontamente, procurando qualquer sinal de que ele reagiria como
Rosalie. Não tinha nada, exceto simples ferocidade.
―Faça-a respirar! Eu tenho que tirá-lo antes -‖.
Outro som de fragmentação dentro do corpo dela, o mais barulhento até o momento, tão
alto que nós dois congelamos em choque esperando pelo seu grito de resposta. Nada. As
pernas dela, que estavam se enroscando em agonia, agora ficaram moles, esparramandose de forma não natural.
―A espinha dela‖ Ele sufocou em horror.
―Tire isso dela!‖ Eu rangi entre os dentes, atirando o bisturi para ele. - ―Ela não sentirá
nada agora.‖
E então, eu me curvei sobre a cabeça dela. Sua boca parecia limpa, então pressionei a
minha na dela e soprei uma rajada de ar. Eu senti o seu contraído corpo expandir, então
não havia nada bloqueando sua garganta.
Seus lábios tinham gosto de sangue.
Eu podia escutar seu coração, batendo desigualmente. Continue assim. Pensei
ferozmente, assoprando outra rajada de ar para dentro de seu corpo. Você prometeu.
Mantenha seu coração batendo.
Eu escutei o som suave, úmido do bisturi através de seu estômago. Mais sangue
gotejando para o chão.
O próximo som sacudiu através de mim, inesperado, apavorante. Como metal sendo
retalhado em pedaços. O som trouxe de volta a luta na clareira há muitos meses atrás, o
som dilacerante dos recém-nascidos sendo rasgados em partes. Eu dei uma rápida
olhada para ver a face de Edward pressionada contra a saliência. Dentes de vampiro um modo infalível de cortar pele de vampiro.
Eu estremeci enquanto bombeava mais ar para a Bella.
Ela tossiu de volta, seus olhos cintilando, rolando cegos.
―Fique comigo agora, Bella!‖, eu gritei. ―Escutou-me? Fique! Você não vai me deixar!
Mantenha seu coração batendo!‖.
Seus olhos giraram, procurando por mim, ou por ele, mas não vendo nada.
Eu os encarei mesmo assim, mantendo minha visão periférica parada lá.
E então, seu corpo de repente ainda estava debaixo das minhas mãos, uma vez que sua
respiração continuava mais ou menos e seu coração ainda batia. Eu percebi que essa
continuidade significava que tinha acabado. O batimento interno tinha acabado. Aquilo
devia estar fora dela.
Estava.
Edward suspirou. ―Reneesme‖.
Então a Bella estava errada. Não era o garoto que ela tinha imaginado. Nada
surpreendente nisso. No que ela não estava errada?
Eu não desviei de seus olhos manchados de vermelho, mas senti suas mãos se mexeram
sem força.
―Deixe-me…‖, resmungou ela em um suspiro quebrado. ―Dê ela pra mim.‖
Eu acho que devia saber que ele sempre daria a ela o que ela queria, não importando o
quão estúpido o pedido pudesse ser. Mas eu não sonhei que ele a escutaria agora. Então,
não pensei em pará-lo.
Algo quente tocou meu braço. Só isso já devia ter me chamado a atenção. Nada parecia
quente pra mim.
Mas eu não podia desviar do rosto de Bella. Ela ficou cega e então começou,
finalmente, a ver algo. Ela soltou um estranho, fraco lamento musical.
―Renes… mee. Tão… linda.‖
Então ela arfou. Arfou dolorosamente.
No momento em que eu olhei, já era tarde demais. Edward já tinha arrebatado a coisa
quente, sangrentinha, dos seus braços flácidos. Meus olhos passearam pela pele dela.
Estava vermelha de sangue - o sangue que fluiu pela sua boca, o sangue lambuzado por
toda a criatura, e sangue fresco brotando de uma marquinha em forma de meia lua de
mordida no seio direito dela.
―Não, Renesmee.‖ Edward murmurou, como se estivesse ensinando maneiras ao
monstro.
Eu não olhei pra ele ou pra aquilo. Eu apenas olhei pra Bella enquanto seus olhos
reviravam. Com um ultimo e curto “ga-lump”, seu coração titubeou e ficou silencioso.
Ela perdeu talvez metade de uma batida e minhas mãos já estavam em seu peito,
fazendo compressões. Eu contei na minha cabeça, tentando manter meu ritmo continuo.
Um. Dois. Três. Quatro.
Respirando fundo por um segundo, eu injetei ar dentro dela.
Eu não podia ver mais nada. Meus olhos estavam úmidos e embaçados. Mas eu estava
super consciente dos sons na sala. O ―glug glug‖ sem entusiasmo de seu coração
debaixo de minhas mãos, as batidas do meu próprio coração e outro - um vibrar que era
muito rápido, muito leve. Eu não conseguia identificar.
Eu forcei mais ar pela garganta da Bella.
―O que você está esperando?‖, eu sufoquei sem ar, estimulando seu coração de novo.
Um. Dois. Três. Quatro.
―Segure o bebê.‖ Edward falou urgentemente.
―Jogue isso pela janela!.‖ Um. Dois. Três. Quatro.
―Dê ela pra mim‖, replicou uma voz baixa da porta.
Edward e eu rosnado ao mesmo tempo.
Um. Dois. Três. Quatro.
―Eu estou sob controle.‖ Rosalie prometeu. ―Dê-me o bebê, Edward, eu cuido dela até a
Bella…‖
Eu respirei pela Bella de novo enquanto a troca ocorria. O trêmulo thumpa-thumpathumpa desapareceu na distância.
―Tire suas mãos, Jacob‖.
Eu olhei para os olhos brancos da Bella, ainda estimulando seu coração por ela. Edward
tinha uma seringa na mão - toda prateada, como se fosse feita de aço.
―O que é isso?‖.
Sua mãe de pedra tirou a minha do caminho. Houve um pequeno ―crunch‖ quando seu
esbarrão quebrou meu dedo mindinho. No mesmo segundo, ele espetou a agulha direto
em seu coração.
―Meu veneno‖, ele respondeu enquanto pressionava o liquido dentro da seringa.
Eu escutei a arrancada de seu coração, como se ele tivesse eletrocutado ela.
―Mantenha se movendo‖, ele ordenou. Sua voz era gelo, estava morta. Feroz e
impensada. Como se ele fosse uma máquina.
Eu ignorei a dor da cura no meu dedo e comecei a estimular seu coração de novo. Era
mais difícil, como se seu sangue estivesse congelando - coagulando e mais lento.
Enquanto eu empurrava o novo-viscoso sangue pela suas artérias, eu vi o que ele estava
fazendo.
Era como se ele estivesse beijando ela, esfregando seus lábios contra a garganta dela,
nos seus pulsos, em uma ruga na parte de dentro do braço.
Mas eu podia ouvir a vida desaparecendo de sua pele enquanto seus dentes mordiam, de
novo e de novo, forçando veneno em seu sistema em quantos pontos fosse possível. Eu
podia ver sua pálida língua limpando os rasgões sangrentos, mas antes que isso pudesse
me deixar bravo ou enojado, percebi o que ele estava fazendo. Onde a língua dele
lavava o veneno de sua pele, os machucados se fechavam, mantendo o veneno e o
sangue dentro dela.
Eu bombeei mais ar dentro de sua boca, mas não havia nada lá. Só a elevação sem vida
de seu peito em resposta. Continuei a estimular seu coração, contando, enquanto ele
trabalhava mecanicamente nela, tentando a fazer ficar inteira de novo. Todos os cavalos
do rei e todos os serviçais do rei…
Mas não havia nada lá, só eu, só ele.
Trabalhando com um cadáver.
Porque era tudo que restava da garota que nós dois amamos. Esse cadáver quebrado,
sangrento e estropiado. Não podíamos fazer ela ficar inteira.
Eu sabia que era muito tarde. Eu sabia que ela estava morta. Eu sabia disso com certeza,
porque a atração por ela havia parado. Eu não sentia nenhuma razão pra estar aqui ao
lado dela. Ela não estava mais aqui. Então esse corpo não significava mais nada pra
mim. Esse vazio tinha que estar ligado ao fato dela ter ido.
Ou talvez mudado fosse a palavra certa. Parecia que eu sentia aquela atração do sentido
oposto agora. Escada abaixo, do lado de fora. O desejo de sair daqui e nunca, jamais
voltar.
―Vá, então‖ Ele retrucou, e chutou minha mão pra fora do caminho de novo, tomando
meu lugar dessa vez. Três dedos quebrados, eu senti.
Eu me endireitei entorpecido, sem ligar pro problema da dor.
Ele empurrou o coração morto dela mais rápido do que eu.
―Ela não está morta,‖ ele rosnou. ―Ela ficará bem.‖
Eu não estava certo se ele falava comigo mais.
Virando-me, o deixando com sua morta, eu andei calmamente até a porta. Tão devagar.
Eu não conseguia fazer meus pés se moverem mais rápido.
Era isso, então. O oceano de dor. A outra costa tão longe através da fervente água que
eu não conseguia imaginá-la, muito menos vê-la.
Eu senti vazio de novo, agora que tinha perdido meu propósito. Salvar Bella tinha sido
minha batalha por tanto tempo. E ela não seria salva. Ela se sacrificou de bom grado,
para ser rasgada por aquele jovem monstro, e então a batalha estava perdida. Estava
tudo acabado.
Eu estremeci com o som vindo atrás de mim, enquanto eu me arrastava escada abaixo o som de um coração morto sendo forçado a bater.
Eu queria que, de alguma forma, derramar água sanitária dentro da minha cabeça e
deixá-la fritar meu cérebro. Para queimar as imagens deixadas pelos minutos finais de
Bella. Eu aceitaria os danos cerebrais, se pudesse fugir disso - o grito, o sangramento, o
insuportável triturar e morder, enquanto o monstro recém-nascido rasgava através dela
de dentro para fora…
Eu queria correr e ir embora, descer as escadas dez degraus de cada vez e correr através
da porta, mas meus pés estavam pesados como ferro e meu corpo estava mais cansado
do que jamais esteve. Eu me arrastei pela escada abaixo como um inválido homem
velho.
Eu descansei no último degrau, reunindo minha força para passar pela porta.
Rosalie estava no fim do limpo sofá branco, suas costas para mim, acalentando e
murmurando para a coisa coberta em seus braços. Ela deve ter me ouvindo hesitando,
mas me ignorou apanhada em seu momento de maternidade roubada. Talvez ela ficasse
feliz agora. Rosalie tinha o que queria e Bella nunca viria para tirar a criatura dela. Eu
me perguntei se isso era o que a loira venenosa esperava o tempo todo.
Ela segurou algo negro entre suas mãos, e então houve o som de uma gananciosa sucção
vinda do pequeno assassino que ela segurava.
O cheiro de sangue no ar. Sangue humano. Rosalie estava alimentando aquilo. É claro
que iria querer sangue. Com o que mais você alimentaria o tipo de monstro que
mutilaria brutalmente sua própria mãe? Ele poderia até estar bebendo o sangue de Bella.
Talvez estivesse.
Minha força voltou quando eu ouvi o som do pequeno carrasco se alimentando.
Força e ódio e calor - calor vermelho lavando através da minha cabeça, queimando, mas
sem apagar nada. As imagens em minha cabeça eram combustíveis, construindo o
inferno, mas se recusando a ser consumido. Eu senti os tremores me chacoalhando da
cabeça aos pés, e eu não tentei pará-los.
Rosalie estava totalmente absorvida na criatura, não prestado nenhuma atenção a mim.
Ela não seria rápida o suficiente para me parar, distraída como estava.
Sam estava certo. A coisa era uma aberração - sua existência ia contra a natureza. Um
negro demônio sem alma. Algo que não tinha o direito de ser.
Algo que deveria ser destruído.
Parecia que o puxão não tinha sido em direção à porta, afinal.
Eu podia sentir agora, me encorajando, me puxando pra frente. Empurrando-me pra
fazer isso, pra purificar o mundo dessa abominação.
Rosalie tentaria me matar quando a criatura estivesse morta, e eu iria lutar com ela. Não
tinha certeza se podia acabar com ela antes que os outros viessem ajudar. Talvez sim,
talvez não. Eu não me importava muito de qualquer jeito.
Eu não ligava se os lobos, ou o Seth, me vingassem ou achassem que foi justo. Nada
disso importava. Tudo que eu me importava era com a minha justiça. Minha vingança.
A coisa que tinha matado a Bella não ia viver nem um minuto mais.
Se Bella tivesse sobrevivido, ela ia me odiar por isso. Ela iria querer me matar
pessoalmente.
Mas eu não me importava. Ela não se importou sobre o que fez comigo - se deixando
ser abatida como um animal. Porque eu devia ligar para os seus sentimentos?
E então, havia Edward. Ele devia estar muito ocupado - tão envolvido com sua insana
negação, tentando reanimar um cadáver - para ouvir meus planos.
Então eu não teria a chance de manter minha promessa a ele, a menos - e eu não
apostaria nisso - que eu conseguisse vencer Rosalie, Jasper e Alice, três contra um. Mas
mesmo se eu vencesse, eu não acho que eu ia querer matar Edward.
Porque eu não tinha compaixão o suficiente pra isso. Porque eu devia deixá-lo fugir do
que ele tinha feito? Não seria mais justo - e me satisfazeria mais - deixa-lo apenas viver
com nada, absolutamente nada?
Isso quase me fez sorrir, tão cheio de ódio como eu estava, imaginar isso. Sem Bella.
Sem cria assassina. E sem tantos membros da família quanto eu pudesse derrotar.
Claro, ele podia colá-los de volta, já que eu não estaria por perto pra queimá-los,
diferente de Bella, que nunca estaria inteira de novo.
Perguntei-me se a criatura podia ser remontada. Eu duvidava. Isso era parte Bella
também - então isso devia ter herdado um pouco de sua vulnerabilidade. Eu podia ouvir
isso no pequeno, arranhado bater de seu coração.
O coração disso estava batendo. O dela não.
Só um segundo se passou enquanto eu fazia essas fáceis decisões.
A tremedeira estava ficando mais forte e mais rápida. Eu reuni minha força, me
preparando para atacar a vampira loira e arrancar a coisa assassina de seus braços com
meus dentes.
Rosalie arrulhou para a criatura de novo, colocando a mamadeira de metal de lado e
levantando a criatura no ar para encostar seu rosto contra sua bochecha.
Perfeito. A nova posição era perfeita para o meu golpe. Eu me inclinei pra frente e senti
o calor começar a me mudar conforme a atração ao redor da assassina crescia - era mais
forte do que eu jamais tinha sentido, tão forte que me lembrava do comando do Alpha,
como se fosse me esmagar se eu não obedecesse.
Dessa vez eu queria obedecer.
A assassina me encarou por cima dos ombros da Rosalie, seu olhar mais focado do que
qualquer olhar de um recém nascido devia ser.
Olhos castanhos quentes, cor de chocolate com leite - exatamente a mesma cor que a
Bella tinha.
Minha tremedeira deu um solavanco e parou. O calor fluiu por mim, mais forte que
antes, mas era um calor novo - não queimava.
Era abrasador.
Tudo dentro de mim estava arruinado assim que encarei a face de porcelana fina do
bebê meio vampiro, meio humano. Todas as linhas que me seguravam na minha vida
cortadas ao meio em pequenos pedaços como se tivessem recortado as cordas de um
punhado de balões. Tudo que havia me tornado aquilo que eu era - o amor pela garota
morta lá no andar de cima, meu amor pelo meu pai, minha lealdade para o meu novo
bando, o amor pelos meus outros irmãos, meu ódio pelos meus inimigos, meu lar, meu
nome, eu mesmo - desconectado de mim naquele segundo - afundando, afundando,
afundando - e flutuando pelo espaço.
Não apenas uma corda, mas um milhão. Não apenas cordas, mas vários cabos. Um
milhão de cabos roubados, todos tentando me levar para uma coisa - para o centro do
universo.
Eu podia ver agora - como o universo conspirava para este único ponto. Eu nunca havia
visto a simetria do universo antes, mas agora era um plano.
A gravidade da Terra não me prendia ao lugar aonde eu estava.
Era a menina bebê nos braços da vampira loira que me seguravam aqui agora.
Renesmee.
No andar de cima, havia um novo som. O único som que poderia me atingir nesse
instante sem fim.
Um choro frenético, um batimento regular…
Um coração mudando.
Livro 3 – BELLA
Afeição pessoal é um luxo que você só pode ter depois que todos seus inimigos forem
eliminados. Até então, todos que você ama são reféns, enfraquecendo sua coragem e
corrompendo sua opinião.
Orson Scott Card
Império
Prefácio
Já não é apenas um pesadelo, a linha negra avançou em nossa direção através da neblina
gelada excitada sob os pés deles.
Nós vamos morrer, eu pensei em pânico. Eu estava desesperada pela preciosidade que
eu guardava, até mesmo para pensar que era um descuido que eu não podia permitir.
Eles apareceram mais perto, seus roupões vagando levemente com o movimento. Eu vi
suas mãos enroladas em unhas com ossos pintados. Eles se afastaram como uma
correnteza, nos enganando para então nos atacar de todos os lados. Nós éramos
incontáveis. Era superior.
E então, como a explosão de luz de uma fagulha, a cena era totalmente diferente. Ainda
nada alterado - os Volturi ainda andavam em nossa direção, destinados a matar. Tudo
que realmente mudou, foi como a cena parecia para mim. Repentinamente, eu estava
faminta por isso. Eu queria que eles avançassem. O pânico se transformou em
necessidade de sangue, enquanto eu agachava para frente, um sorriso em meu rosto, e
eu rosnei dilaceradamente através de meus dentes a mostra.
19. Queimando
A dor era extremamente forte.
Exatamente isso - eu estava desnorteada. Eu não podia entender, não podia fazer idéia
do que estava acontecendo.
Meu corpo tentava rejeitar a dor, e eu era puxada continuamente para dentro de uma
escuridão que cortava segundos ou até mesmo minutos inteiros da agonia, tornando
muito mais difícil acompanhar a realidade.
Eu tentei separá-las.
A ilusão era negra, e não machucava muito. A realidade era vermelha, e me fazia sentir
como se estivesse sendo serrada ao meio, acertada por um ônibus, esmurrada por um
lutador premiado, atropelada por vacas, e submergida em ácido, tudo ao mesmo tempo.
Realidade era sentir o meu corpo curvado, quando eu não podia ao menos me mexer por
culpa da dor.
Realidade era saber que havia algo muito mais importante do que toda aquela tortura, e
não ser capaz de se lembrar o que é.
A realidade chegou tão rapidamente.
Um momento, tudo estava como deveria ser. Rodeada por pessoas que eu amo. Sorrisos.
De algum jeito, que eu não gostava muito, parecia que eu estava prestes a conseguir
tudo pelo qual eu estava lutando.
E uma pequenininha coisa inconseqüente havia dado errado.
Eu assistia ao que minha xícara inclinou-se, sangue escuro derramando e manchando o
que era até então perfeitamente branco, e eu me movi bruscamente em direção ao
acidente por reflexo.
Dentro de mim alguma coisa estava sendo empurrada na direção oposta.
Rasgando. Quebrando.Agonia.
A escuridão havia tomado conta e lavou uma onda de tortura. Eu não podia respirar - Eu
já me afoguei uma vez, mas isso era diferente; Era muito quente em minha garganta.
Pedaços de mim se despedaçando, quebrando, fatiando-se.
Mais escuridão.
Vozes, agora gritando. Como a dor voltou.
―A placenta deve ser retirada.‖
Alguma coisa afiada como uma faca rasgou-me - as palavras fazendo sentido apesar de
todas as outras dores. Placenta retirada - Eu sabia o que isso significava. Significava
que o meu bebê estava morrendo dentro de mim.
―Tirem-no daí!‖ Eu gritava para Edward. Ele não havia feito isso ainda? ―Ele não
consegue respirar! Faça agora!‖
―A morfina.- ..‖
Ele queria esperar, me dar anestesia enquanto o nosso bebê estava morrendo?!
―Não! Agora -‖ Eu gritei, sem poder terminar.
Machas escuras apareciam sobre a luz do aposento enquanto uma dor fria penetrava
meu estômago. Isso parecia errado - Eu lutei automaticamente para proteger o meu
ventre, o meu bebê, o meu pequeno Edward Jacob, mas eu estava fraca. Meus pulmões
doeram, e o oxigênio se foi.
A dor havia desaparecido, embora eu tenha me segurado à ela. Meu bebê, meu bebê,
morrendo….
Quanto tempo havia passado? Segundos ou minutos? A dor não existia mais.Confusão.
Eu não conseguia sentir. Eu ainda não conseguia enxergar, também, mas podia ouvir.
Havia ar nos meus pulmões novamente, esfregando bolhas ásperas pela minha garganta,
pra cima e pra baixo.
―Você vai ficar comigo agora, Bella! Você escutou? Ficar! Você não vai me deixar!
Mantenha seu coração batendo!‖
Jacob? Jacob ainda estava aqui tentando me salvar.
Claro, eu tentei lhe falar. Claro que eu manteria o meu coração batendo. Eu não havia
prometido a eles?
Eu tentei sentir o meu coração, achá-lo, mas estava tão perdido dentro do meu próprio
corpo. Eu não conseguia sentir as coisas que devia, e nada parecia estar no lugar certo.
Eu pisquei e achei os meus olhos. Eu conseguia ver a luz. Não para o que eu estava
olhando, mas melhor do que nada.
Enquanto meus olhos lutavam tentando se ajustar, Edward sussurrou. ―Renesmee‖
Renesmee?
Não o pálido e perfeito filho da minha imaginação? Eu senti um momento de choque. E
então a inundação de calor.
Renesme.
Eu forcei meus lábios a se mexerem, forçando bolhas de ar a se transformarem em
sussurros na minha língua. Eu forcei minhas mãos débeis para alcançar.
―Deixe-me…Dê ela para mim‖
A luz dançou, rompendo as mãos de cristal de Edward. Seus músculos estavam tingidos
de vermelho, com sangue que cobria sua pele. E mais vermelho em suas mãos.Alguma
coisa pequena e relutante, molhada em sangue. Ele passou o corpo quente para meus
braços fracos, quase como se eu estivesse segurando-a. A pele dela era quente - tão
quente quanto a de Jacob.
Meus olhos se focaram; de repente absolutamente tudo ficou claro.
Renesme não chorou, mas respirava rápido, como se sentisse dor. Seus olhos estavam
abertos, e sua expressão era tão chocada que chegava a ser engraçada. A pequena,
perfeita redonda cabeça era coberta por espessa camada de fios, cachos de sangue. Suas
íris eram familiares - mas espantosamente - cor de chocolate. Por baixo do sangue, a
pele dela parecia pálida, como marfim cremoso. Tudo além das bochechas dela ,
possuíam alguma cor.
A pequena face era absolutamente tão perfeita que me chocou. Ela era ainda mais linda
que o pai. Inacreditável. Impossível.
―Renesme‖ Sussurrei ―Tão…linda‖
A face impossível de repente sorriu - um vasto e deliberado sorriso. Atrás dos lábios
róseos havia uma dentição de leite completa.
Ela abaixou a cabeça, contra meu peito, lutando contra o calor. A pele dela era quente e
sedosa, mas não da mesma forma que a minha.
Então havia dor de novo - apenas uma onda de calor. Engasguei.
E ela havia ido. Meu bebe com cara de anjo não estava mais por ali. Eu não podia vê-la
ou senti-la.
Não! Eu queria gritar. Devolva-me ela!
Mas a fraqueza era muito grande. Meus braços caíram como se fossem mangueiras de
borracha por um momento, e então, eles não sentiam nada. Eu não podia senti-los. Eu
não podia sentir a mim.
O escuro tomou conta de meus olhos mais forte do que antes. Assim como uma
cegueira espessa, firme e rápida. Cobrindo não apenas meus olhos, mas eu inteira com
um peso esmagador. Era exaustivo lutar contra isso. Eu sabia que era muito mais fácil
desistir. Deixar essa escuridão me puxar para baixo, baixo, baixo; para um lugar onde
não existia dor e medo, e nada para temer ou se preocupar.
Se eu estivesse apenas por mim mesma, eu não seria capaz de lutar por muito mais
tempo. Eu era apenas uma humana, que agora já não possuía a força humana. Eu tentei
manter o sobrenatural por muito tempo, assim como Jacob disse.
Mas isso não era apenas sobre mim.
Se eu não fizesse a coisa certa agora, a escuridão do nada me apagaria, e eu o
machucaria.
Edward. Edward. Minha vida e a dele misturadas numa mesma estrada. Corte um, e
cortará ambos. Se ele fosse, eu não seria capaz de viver por muito tempo. Se eu for, ele
provavelmente não irá viverá muito mais. E um mundo sem Edward seria
completamente sem graça. Edward tem que existir.
Jacob - que disse adeus várias e várias vezes mas sempre voltava quando eu precisava
dele. Jacob, que eu feri tantas vezes de forma criminosa. Eu o estaria machucando
novamente, e ainda da pior maneira? Ele permaneceu comigo, apesar de tudo. Agora,
tudo que eu fiz, foi pedir para que ele ficasse.
Mas aqui estava tudo tão escuro que eu não podia ver qualquer um de seus rostos. Nada
parecia real. Isso tornava difícil não desistir.
Eu me mantinha empurrando contra a escuridão, no entanto, quase um reflexo, uma
reação involuntária. Eu estava apenas resistindo. Eu estava apenas resistindo, não me
permitindo ser esmagada completamente. Eu não estava no Atlas, e a escuridão parecia
tão pesada quanto um planeta; eu não podia ver o ombro dele. Tudo o que eu podia
fazer era não ficar completamente apagada.
Era uma espécie de padrão para a minha vida - eu nunca tinha sido forte o suficiente
para lidar com as coisas fora do meu controle, para atacar os inimigos ou impedi-los.
Para evitar o sofrimento humano e sempre fraca, a única coisa que eu nunca fui capaz
de fazer foi continuar. Resistir. Sobreviver.
Eu tinha sido suficiente até certo ponto. Teria de ser suficiente hoje. Gostaria de
suportar isto até chegar ajuda.
Eu sabia que Edward ia fazer tudo que pudesse, que não desistiria. Nem eu.
Eu me prendi à escuridão da não existência - presa a uma borda por apenas alguns
centímetros.
Não era suficiente - porem eu tinha determinação. À medida que o tempo sobre a terra e
a escuridão passava, ganhavam por poucos oitavos e dezesseis dos meus centímetros.
Eu não podia chamar Edward mesmo pelo meu ponto de vista. Nem Jacob, nem Alice
ou Rosalie ou Charlie ou Renné ou Carlisle ou Esme …. ninguém. Isso me aterrorizava,
e me fazia perguntar se era tarde demais.
Senti-me eu próprio escorregamento - não havia nada para deter aquilo… Não! Eu tinha
que sobreviver a isto.
Edward precisava de mim! Jacob. Charlie, Alice, Rosálie, Carlisle, Renée Esme…
Renesmee.
E depois, mesmo ainda não podendo ver, de repente eu podia sentir algo. Como
membros fantasmas, eu imaginei que podia mexer meus braços de novo. E neles,
alguma coisa pequena, pesada e muito, muito quente.
Meu bebê. Meu pequeno encorajador.
Eu tinha conseguido. Mesmo contra as probabilidades, eu tinha sido forte o suficiente
para sobreviver a Renesmee, para agüenta-la dentro de mim enquanto ela não era forte o
suficiente para viver sem meu apoio.
Aquele pequeno coração em meus braços fantasmas parecia tão real. Eu segurei mais
perto. Era exatamente onde meu coração devia estar. Segurando fortemente a quente
memória de minha filha, eu sabia que eu seria capaz de afastar a escuridão por tanto
tempo quanto fosse necessário.
O calor perto do meu coração ficou mais e mais real, cada vez mais caloroso. Fervendo.
O coração era tão real que era difícil acreditar que eu o estava imaginando.
Fervendo.
Desconfortavelmente agora. Muito quente. Muito, muito mais quente.
Como se tivesse segurado ferro fervente - minha resposta automática foi largar a coisa
chamuscante dos meus braços. Mas não havia nada em meus braços. Meus braços não
estavam ligados ao meu pescoço. Meus braços eram coisas mortas, largadas em algum
lugar ao meu lado. O coração estava dentro de mim.
A queimação aumentou - aumentou e chegou ao ponto máximo e então aumentou até
certo ponto que ultrapassava a tudo que eu já havia sentido.
Eu senti a pulsação atrás do fogo em meu pescoço, e percebi que eu havia achado meu
coração novamente, desejando nunca ter o encontrado. Desejando que a escuridão me
abraçasse enquanto eu ainda tinha a chance. Eu queria erguer meus braços e arrancar
meu coração de dentro do peito - qualquer coisa que causasse tal tortura. Mas eu não
podia sentir meus braços, não podia mover nem um dedo sequer.
James quebrando minha perna em baixo de seu pé. Aquilo não era nada. Aquilo era um
lugar confortável em uma cama feita de penas. Eu preferia aquilo agora cem vezes mais.
Cem vezes ser quebrada. Eu preferiria e seria grata.
O bebê, quebrando minhas costelas, me quebrando pedaço por pedaço para abrir
caminho. Aquilo não era nada. Aquilo era flutuar em uma piscina de água gelada. Eu
preferiria mil vezes. E seria muito grata.
O fogo ficou mais quente e eu queria gritar. Implorar para alguém me matar agora, antes
que eu vivesse mais um momento com essa dor. Mas eu não podia mover meus lábios.
O peso ainda estava lá, me pressionando.
Eu percebi que não era a escuridão me segurando; era o meu corpo. Tão pesado.
Mantendo-me nas chamas que estavam mastigando o seu caminho para fora do meu
coração, espalhando uma dor inacreditável em meus ombros e estomago, subindo
queimando pela minha garganta, surrando o meu rosto.
Por que eu não podia me mover? Por que eu não podia gritar? Isso não fazia parte das
histórias.
Minha mente estava insuportavelmente limpa - afiada pela dor - e eu vi a resposta tão
rapidamente quanto eu pude formar as perguntas.
A morfina.
Parecia ter sido a milhões de décadas atrás que nós havíamos discutido aquilo - Edward,
Carlisle, e eu. Edward e Carlisle esperavam que muitos analgésicos ajudariam a afastar
a dor do veneno. Carlisle havia tentado isso com Esme, mas o veneno havia queimado
na frente do medicamento, fechando suas veias. Não houve tempo para que se
espalhasse.
Eu mantive meu rosto suave e acenei com a cabeça, e agradeci minhas raras estrelas da
sorte que o Edward não podia ler a minha mente.
Porque eu tinha morfina e veneno juntos nos meu sistema antes, e eu sabia a verdade.
Eu conhecia que a dormência do medicamento era completamente irrelevante enquanto
o veneno queimava através das minhas veias. Mas não tinha como eu mencionar esse
fato. Nada que o fizesse mais relutante em me mudar.
Eu não havia adivinhado que a morfina teria esse efeito - que me prenderia pra baixo e
me amordaçaria. Manteria meu corpo paralisado enquanto eu queimava.
Eu conhecia todas as histórias. Eu sabia que Carlisle se manteve quieto o suficiente para
evitar ser descoberto enquanto ele queimava. Eu sabia que, de acordo com Rosalie, não
adiantava gritar. E eu esperava que eu pudesse ser como o Carlisle. Que acreditaria nas
palavras de Rosalie e manteria minha boca fechada. Porque eu sabia que cada grito que
escapasse dos meus lábios atormentaria Edward.
Agora isso parecia uma piada hedionda que eu teria o meu desejo realizado.
Se eu não poderia gritar, como poderia dizer a eles para me matar?
Tudo que eu queria era morrer. Nunca ter nascido. O conjunto da minha existência não
valia essa dor. Não valia passar por isso para mais uma batida de coração.
Deixe-me morrer, deixe-me morrer, deixe-me morrer.
E, por um tempo sem fim, isso era tudo. Somente a tortura inflamável, e meus gritos
inaudíveis, implorando para a morte vir. Nada mais, nem mesmo tempo. Então isso foi
infinito, sem começo nem fim. Um momento infinito de dor.
A única mudança veio quando, de repente, impossivelmente, minha dor dobrou. A
metade inferior do meu corpo, amortecida desde antes da morfina, repentinamente
estava em fogo também. Alguma conexão quebrada havia sido curada - ligada pelos
dedos ferventes da chama.
A queimação sem fim se encolerizou.
Poderiam ter sido segundos ou dias, semanas ou anos, mas, eventualmente, o tempo
veio a significar algo novamente.
Três coisas aconteceram juntas, crescendo uns dos outros, então eu não sabia qual veio
antes: o tempo recomeçando, o peso da morfina desapareceu, e eu fiquei mais forte.
Eu podia sentir o controle do meu corpo voltar para mim com acréscimos, e esses
acréscimos foram as minhas primeiras marcas do tempo passando. Eu sabia disso
quando era capaz de movimentar meus pés e minhas mãos em punhos. Eu sabia disso,
mas eu não o fiz.
Apesar do fogo não ter diminuído nenhum grau - na verdade, eu comecei a desenvolver
uma nova capacidade para experimentar isso, uma nova sensibilidade para apreciar,
separadamente, cada língua empolada da chama que lambia através das minhas veias eu descobri que conseguia pensar através disso.
Eu conseguia lembrar o porquê que eu não deveria gritar. Eu conseguia lembrar a razão
pela qual eu agüentei essa agonia insuportável. Eu conseguia lembrar que, apesar de
parecer impossível agora, havia algo pelo qual talvez valesse à pena essa tortura.
Isso aconteceu bem a tempo de que eu agüentasse, enquanto os pesos deixavam meu
corpo. Para qualquer um me assistindo, não haveria mudança. Mas para mim, enquanto
eu lutava para manter os gritos e a dor trancados dentro do meu corpo, onde eles não
pudessem machucar mais ninguém, era como se eu tivesse passado de ser amarrada a
uma estaca enquanto queimava, a me agarrar àquela estaca para me manter no fogo.
Eu tinha só a força necessária de ficar deitada ali sem me mover enquanto carbonizava
viva.
Minha audição ficava cada vez mais nítida, e eu conseguia contar a batida esmagada e
frenética do meu coração para marcar o tempo.
Eu podia contar os suspiros superficiais que arfavam através dos meus dentes.
Eu podia contar os suspiros baixos que vinham de algum lugar próximo a mim. Esses se
moviam mais lentos, então me concentrei neles. Significam mais tempo passando. Mais
até que o pêndulo de um relógio, aquela respiração me puxou daqueles segundos
queimando até o final.
Eu continuava a ficar mais forte, meus pensamentos mais claros. Quando novos sons
vinham, eu podia ouvi-los.
Tinha passos leves, o sussurro do vento passando por uma porta aberta. Os passos
ficaram mais próximos, e eu senti uma pressão na parte de dentro do meu pulso. Eu não
podia sentir o gelado dos dedos. O fogo mandou embora cada memória do frio.
―Ainda sem mudança?‖
―Nenhuma.‖
A pressão mais leve, respiração na minha pele queimada.
―Não há sinal de que a morfina passou.‖
―Eu sei.‖
―Bella? Você pode me ouvir?‖
Eu sabia, sem nenhuma dúvida, que se eu destrancasse meus dentes eu perderia - eu
gritaria e guincharia e me debateria e espancaria. Se eu abrisse meus olhos, se eu se quer
contraísse meu dedo - seria a chance de eu perder o controle.
―Bella? Bella, amor? Você pode abrir seus olhos? Você pode apertar minha mão?
Pressionaram meus dedos. Foi difícil não responder aquela voz, mas eu fiquei
paralisada. Eu sabia que a dor naquela voz agora não era nada comparada ao que
poderia ser. No momento, ele só temia que eu estava sofrendo.
―Talvez….Carlisle, talvez eu estava muito atrasado.‖ A voz dele estava despedaçada, se
quebrando na palavra atrasado.
Minha respiração parou por um segundo.
―Escute o coração dela, Edward. Está mais forte do que o de Emmett estava. Eu nunca
ouvi nada tão vital. Ela vai ficar perfeita.‖
Sim, eu estava certa em continuar quieta. Carlisle irá tranqüilizar ele. Ele não precisa
sofrer comigo.
―E sua - sua coluna?‖
―Seus ferimentos não estão tão pior que os de Esme estavam. O veneno vai cura-la
como fez com Esme.‖
―Mas ela está tão imóvel. Eu devo ter feito alguma coisa errada.‖
―Ou alguma coisa certa, Edward. Filho, você fez tudo o que eu poderia fazer e mais. Eu
não tenho certeza se eu teria tido a persistência, a fé que você teve para salva-la. Pare de
se culpar. Bela vai ficar bem.‖
Um suspiro. ―Ela deve estar em agonia.‖
―Nós não sabemos disso. Ela teve muita morfina em seu sistema. Nós não sabemos o
efeito que isso vai causar.‖
Pressão leve na área interna do meu cotovelo. Outro suspiro. ―Bella, eu amo você.
Bella, eu sinto muito.‖
Eu queria muito responder a ele, mas eu não faria sua dor ficar pior. Não enquanto eu
tinha força para me segurar.
Apesar de tudo isso, o intenso fogo estava me queimando. Mas tinha muito espaço na
minha cabeça agora. Espaço para considerar a conversa deles, espaço para lembrar do
que aconteceu, espaço para olhar para o futuro. E ainda espaço sem fim havia sobrado
para sofrer. E também para se preocupar.
Onde estava meu bebê? Porque ela não estava aqui? Porque eles não estavam falando
sobre ela?
―Não, eu vou ficar aqui.‖ Edward sussurrou, respondendo um pensamento não falado.
―Eles vão resolver isso.‖
―Uma situação interessante.‖ Carlisle respondeu. ―E eu pensava que eu já tinha visto de
tudo.‖
―Eu vou lidar com isso mais tarde. Nós vamos lidar com isso.‖ Alguma coisa
pressionou a palma da minha mão.
―Eu tenho certeza, entre os cinco de nós, que nós podemos cuidar disso sem ter um
derramamento de sangue.‖
Edward suspirou. ―Eu não sei que lado tomar. Eu amaria tomar os dois lados. Bom,
mais tarde.‖
―Eu imagino o que a Bella vai pensar. Que lado que ela vai tomar.‖ Carlisle pensou.
Uma baixa risada. ―Eu tenho certeza que ela vai me surpreender. Ela sempre faz isso.‖
Os passos de Carlisle foram embora e eu estava frustrada por não ter nenhuma
explicação. Porque eles estavam falando tão misteriosamente só para me perturbar? Eu
comecei a contar as respirações do Edward para contar o tempo.
Dez mil, nove mil e quatrocentos e três respirações depois, um diferente som de passos
entrou no quarto. Um pouco mais leve….rítmico.
Estranho que eu podia distinguir os minutos de diferença entre os passos como eu nunca
pude ouvir antes de hoje.
―Quanto tempo mais?‖ Edward perguntou.
―Não vai demorar agora.‖ Alice disse a ele. ―Está vendo como ela está se tornando
clara? Eu posso ver ela muito melhor.‖ Ela suspirou.
―Ainda sentindo um pouco amarga?‖
―Sim, muito obrigada por trazer isso à tona.‖ Ela resmungou. ―Você ficaria humilhado
também, se você percebesse que você estava algemado pela sua própria natureza. Eu
vejo melhor os vampiros, porque eu sou um deles. Eu vejo humanos, porque eu era um
deles. Mas eu não posso ver essa estranha meia-raça porque eles não são nada que eu já
tenha vivido. Bah!‖
―Se concentre, Alice‖
―Certo. Bella está quase fácil de ser vista agora.‖
Houve um grande momento de silêncio, e depois Edward suspirou. Foi um novo som,
feliz.
―Ela realmente vai ficar bem.‖ Ele suspirou.
―É claro que ela vai.‖
―Você não estava tão confiante dois dias atrás.‖
―Eu não podia ver a dois dias atrás. Mas agora que ela está livre de todos os pedaços
escuros, é muito fácil.‖
―Você pode se concentrar por mim? No relógio - me dê uma estimativa.‖
Alice suspirou. ―Tão impaciente. Certo. Me dê um segundo.‖
Nenhuma respiração.
―Obrigado, Alice.‖ Sua voz estava brilhante.
Por quanto tempo? Eles pelo menos poderiam dizer para mim? Seria muito perguntar
isso? Por quanto tempo ainda eu queimaria? Dez mil? Vinte mil? Outro dia - oitenta e
seis mil, quatrocentos? Mais que isso?
- Ela vai ser estonteante.
Edward resmungou baixinho. - Ela sempre foi.
Alice fungou. - Você me entendeu. Olhe para ela.
Edward não respondeu, mas as palavras de Alice me deram esperança de que talvez eu
não estivesse lembrando o monte de carvão que eu me sentia. Era como se eu devesse
ser uma pilha de ossos quebrados a essa altura. Cada célula do meu corpo tinha sido
queimada até virar pó.
Escutei Alice se movimentando fora do quarto. Escutei o ruído baixo do tecido da roupa
que ela usava raspando em seu corpo. Escutei o zumbido fraco da luz pendurada no teto.
Escutei o vento leve tocando o lado de fora da casa. Eu podia escutar tudo.
Lá embaixo, alguém estava assistindo um jogo de beisebol. Os Marines estavam
ganhando por dois pontos.
- É minha vez - eu escutei Rosalie falar brusca para alguém, e houve um pequeno
resmungo em resposta.
- Ei, calma - Emmett avisou.
Alguém sibilou.
Eu tentei escutar mais, mas não havia nada além do jogo. Beisebol não era interessante
o suficiente para me distrair da dor, então eu escutei a respiração de Edward de novo,
contando os segundos.
Vinte e um mil novecentos e dezessete e alguns segundos depois, a dor mudou.
Do lado bom da coisa, começou a desaparecer das pontas dos dedos das minhas mãos e
dos pés. Desaparecer lentamente, mas pelo menos era alguma coisa diferente. Tinha que
ser. A dor estava sumindo…
E então, o lado ruim. O fogo em minha garganta era o mesmo que antes. E não era só
fogo, mas agora estava seca também. Seca como ossos. Muita sede. Fogo queimando, e
queimando de sede…
E também o lado pior: o fogo dentro do meu coração ficou mais quente.
Como isso era possível?
Meus batimentos, que já estavam rápidos, aumentaram - o fogo deixou o ritmo ainda
mais frenético.
- Carlisle - Edward chamou. A voz dele era baixa mas clara. Eu sabia que Carlisle iria
escutar, se ele estivesse dentro ou próximo a casa.
O fogo saiu de minhas mãos, deixando-as felizmente sem dor e frias. Mas foi para o
meu coração, que ardeu quente como o sol e começou a bater a uma velocidade furiosa.
Carlisle entrou no quarto, com Alice ao seu lado. Seus passos eram tão distintos, eu
podia até dizer que Carlisle estava na direita e um passo à frente de Alice.
- Escutem - Edward disse a eles.
O som mais alto no quarto era o do meu coração elétrico, batendo no ritmo do fogo.
- Ah - Carlisle disse - está quase acabando.
Meu alívio a suas palavras foi ofuscado pela dor excruciante no meu coração.
Meus pulsos estavam livres, e meus tornozelos também. O fogo tinha sumido
totalmente dali.
- Logo. - Alice concordou ansiosa. - Vou chamar os outros. Deve pedir para Rosalie…?
- Sim, mantenha o bebê longe.
O quê? Não. Não! O que lê quis dizer, manter meu bebê longe? O que ele estava
pensando?
Meus dedos se debateram - a irritação transparecendo pela fachada perfeita. O quarto
ficou silencioso a não ser pelo martelar de meu coração enquanto, em reposta, todos
pararam de respirar por um segundo.
Uma mão apertou meus dedos instáveis. - Bella? Bella, amor?
Eu poderia respondê-lo sem gritar? Eu considerei isso por um momento, e então o fogo
passou ainda mais quente por meu peito, drenando de meus cotovelos e joelhos. Melhor
não arriscar.
- Eu vou trazê-los para cima. - Alice disse em um tom urgente, e eu escutei o assobio do
vento quando ela foi embora.
E então - ah!
Meu coração disparou, batendo como asas de um helicóptero, o som era quase uma nota
aguda solitária; parecia que ia escapar pelas minhas costelas. O fogo incendiou o centro
do meu peito, sugando os últimos indícios das chamas do resto do meu corpo para dar
combustível à brasa mais quente até então. A dor era suficiente para me derrubar, para
quebrar meu aperto de ferro que eu sustentava. Minhas costas doeram, curvadas como
se o fogo estivesse me levantando pelo meu coração.
Eu não deixei nenhuma outra parte do meu corpo se levantar quando meu tronco
desmoronou na mesa.
Aquilo virou uma batalha dentro de mim - meu coração disparado contra o ataque do
fogo. Os dois estavam perdendo. O fogo estava condenado, tendo consumido tudo que
era inflamável; meu coração galopava em direção a seu ultimo batimento.
O fogo reduziu, concentrando-se dentro do único órgão humano que restava, com uma
explosão final, insuportável. A explosão foi respondida com uma pancada de som
profundo e oco. Meu coração vacilou duas vezes, e então bateu calmamente só mais
uma vez.
Não houve som algum. Nem respiração. Nem mesmo a minha.
Por um momento, a ausência da dor foi tudo que eu pude compreender.
E então eu abri meus olhos e observei acima de mim, assombrada.
20. Novo
Tudo estava tão claro.
Exato. Definido.
A luz brilhante que passava por minha cabeça, ainda cegava-me e, no entanto, ainda
podia ver claramente os fios brilhantes dos filamentos dentro da lâmpada. Eu podia ver
cada cor do arco-íris na luz branca, e na ponta do espectro, uma oitava cor que eu não
encontrava um nome para dar.
Por detrás da luz, eu podia distinguir acima os diferentes grãos da madeira escura em
seu limite máximo. Em frente a ela, eu podia ver os montes de poeira no ar, a luz
tocando os lados, e os lados escuros distintos e separados. Eles estavam separados como
pequenos planetas, ao movimentarem-se uns aos outros, em uma dança celeste.
A poeira estava tão bonita que eu inalava-a em estado de choque; o ar assobiava de
maneira comum sobre minha garganta, agitando como um turbilhão em pequenas
partículas. Eu me sentia mal pela ação. Eu consideravelmente percebi que não houve
alívio ligado à ação. Eu não precisava de ar. Meus pulmões não estavam esperando por
ele. Eles reagiram indiferentes ao afluxo.
Eu não precisava do ar, mas eu gostava dele. Nele, eu podia sentir a sala em torno de
mim - saboreando as adoráveis partículas de pó, a mistura de ar a estagnação da mistura
com o fluxo de ar mudou um pouco, se tornando mais frio, quando a porta se abriu.
Eu experimentava um exuberante sopro de seda. Uma pitada de sabor fraco algo quente
e desejável, algo que devia ser úmido, mas não foi… Esse cheiro deixou minha garganta
queimando secamente, um fraco eco de queimar o veneno, embora o perfume fosse
contaminado pela picada de cloro e amoníaco. E, acima de tudo, eu sentia uma quasemel-lilás-e-sol que eram as características do perfume que eram a coisa mais forte, a
coisa mais próxima para mim.
Ouvi o som dos outros, respirando novamente, agora eu pude sentir. As suas respirações
misturavam-se com o aroma que era apenas algo como mel e lilás e sol, trazendo novos
sabores.
Canela, Jacinto, Pêra, Água do Mar, Pão Mal Passado, Pinho, Baunilha, Couro, Maçã,
Musgo, Lavanda, Chocolate… Eu fazia uma dúzia de diferentes comparações na minha
mente, mas nenhum deles se enquadrava exatamente. Portanto, doce e agradável.
A TV lá embaixo silenciou, e eu ouvi alguém - Rosalie? - movimentando o seu peso
para o primeiro andar.
Eu também ouvi um desmaio, com um ritmo declarado em voz alta, com uma voz
gritando irritada com uma batida. Música de Rap? Eu estava mistificada por um
momento, e em seguida o som murcho a distância como o de um carro passando com as
janelas abaixadas.
Com um estalo, eu percebi que podia ser exatamente isso. Eu poderia ouvir todo o
caminho pela estrada?
Eu não tinha percebido que tinha alguém segurando a minha mão até que, seja quem
fosse, começou a apertá-la suavemente. Esse não era um toque que eu esperava. A pele
estava perfeitamente macia, mas estava na temperatura errada. Não estava fria.
Depois desse primeiro momento pega de surpresa, meu corpo respondeu aquele toque
não conhecido de uma maneira que me chocou mais ainda.
O ar saiu como um assobio pela minha garganta, passando pelos meus dentes trincados
em um som baixo, ameaçador como um enxame de abelhas. Antes que o som saísse,
meus músculos se dobraram e se arquearam de uma maneira antes desconhecida. Eu
virei num giro tão rápido que deveria ter tornado o quarto em um borrão - mas não
tornou. Vi cada partícula de pó, cada lasca nas paredes de madeira, cada fio solto em
detalhes microscópicos assim que meus olhos passaram por eles.
Assim em que me encontrei agachada contra a parede de forma defensiva - mais ou
menos 1/16 de segundo depois - já tinha entendido o que me tinha assustado, ao que eu
tinha reagido.
Oh. É claro. Edward não aparentaria ser frio para mim. Nós éramos da mesma
temperatura agora.
Eu mantive a minha pose por mais 1/8 de segundo, ajustando a cena antes de mim.
Edward inclinava-se através da mesa de operação onde estava a minha (pyre = ?), a sua
mão estendida em direção a mim, a sua expressão ansiosa.
O rosto de Edward era a coisa mais importante, mas a minha visão periférica catalogava
tudo ao redor, por via das dúvidas. Algum instinto de defesa havia sido despertado, e eu
automaticamente procurava qualquer sinal de perigo.
Minha família vampira esperava cautelosamente contra a parede mais afastada ao lado
da porta, Emmett e Jasper na frente. Como se houvesse perigo. As minhas narinas
alargaram-se, procurando a ameaça. Eu não pude farejar nada fora dali. O odor fraco de
algo delicioso - mas estragado por produtos químicos ásperos - fez cócegas na minha
garganta novamente, ardendo e doendo.
Alice estava espiando perto do braço de Jasper com um sorriso enorme no rosto; a luz
reluzia nos dentes dela, outro arco-íris de oito cores.
Aquele sorriso me trouxe segurança e eu pude me restabelecer. Jasper e Emmett
estavam na frente para proteger os outros, eu supus. O que eu não entendi de imediato
era que eu era o perigo.
Tudo isso era secundário. A maior parte de meus sentidos e minha mente estava focada
no rosto de Edward.
Eu nunca tinha percebido isso antes desse segundo.
Quantas vezes eu não tinha encarado Edward e me maravilhado com a sua beleza?
Quantas horas - dias, semanas - da minha vida eu gastei, passei sonhando com o que
então eu considerava ser a perfeição? Eu achava que eu conhecia melhor a sua face do
que a minha própria. Eu achava que isso era a única coisa física de que eu tinha certeza
no mundo inteiro: a perfeição da face de Edward.
Eu devia estar cega.
Pela primeira vez, com as sombras escurecidas e a fraqueza restritiva da humanidade
tirada os meus olhos, viram o seu rosto. Eu engasguei e lutei com o meu vocabulário,
incapaz de achar as palavras certas. Eu precisava de palavras melhores.
Nesse ponto, a outra parte da minha atenção se certificou que não havia perigo perto de
mim, e eu automaticamente saí da minha posição agachada; quase um segundo inteiro
havia passado desde que eu tinha estado na mesa.
Eu estava momentaneamente preocupada pelo modo de como meu corpo havia se
movido. No momento em que eu considerei ficar de pé, eu já estava ereta. Não havia
nenhum breve fragmento de tempo no qual a ação ocorreu; a mudança foi instantânea,
quase como se não houvesse nenhum movimento em absoluto.
Eu continuei a encarar a face de Edward, sem movimento de novo.
Ele lentamente passou ao redor da mesa - cada passo levando cerca de meio segundo,
cada passo fluindo de maneira sinuosa como a água do rio passando pelas pedras - suas
mãos ainda esticadas.
Eu assisti a graça do seu avanço, absorvendo cada movimento com meus novos olhos.
―Bella?‖ ele perguntou em um baixo, calmo tom, mas a preocupação em sua voz
produziu meu nome com tensão.
Eu não podia perguntar imediatamente, perdida como eu estava nas pregas aveludadas
da sua voz. Isso era a mais perfeita sinfonia, sinfonia de um único instrumento, um
instrumento mais profundo do que qualquer um produzido pelo homem…
―Bella, amor? Desculpe-me, eu sei que é desorientador. Mas você está bem. Tudo está
bem.‖
Tudo? Minha mente se distanciou, voltando para minha última hora como humana.
Imediatamente, minha memória pareceu turva, como se eu estivesse vendo através de
um denso, escuro véu - porque meus olhos humanos tinham estado parcialmente cegos.
Tudo tinha estado tão nublado.
Quando ele disse que tudo estava bem, ele estava incluindo Renesmee? Onde ela
estava? Com Rosalie? Eu tentei me lembrar de sua face - eu sabia que ela era linda mas era irritante tentar ver através das memórias humanas. Sua face estava coberta por
trevas, tão pobremente clara…
E Jacob? Ele estava bem? Tinha o meu longo sofrimento feito com que meu melhor
amigo me odiasse? Tinha ele voltado para o bando de Sam? Seth e Leah, também?
Os Cullen estavam a salvo, ou a minha transformação iniciou a guerra com o bando? O
apoio de Edward cobria tudo isso? Ou ele só estava tentando me acalmar?
E Charlie? O que eu diria pra ele agora? Ele deve ter ligado enquanto eu estava
queimando. O que eles disseram a ele? O que ele acha que aconteceu comigo?
Enquanto eu deliberava por um pequeno pedaço de um segundo sobre qual pergunta
fazer primeiro, Edward estendeu sua mão e acariciou minha face com a ponta de seus
dedos. Liso como cetim, leve como uma pena, e agora combinava exatamente com a
temperatura da minha pele.
Seu toque pareceu varrer a superfície da minha pele, através dos ossos do meu rosto. A
sensação foi latejante, elétrica - sacudiu através de meus ossos, minha espinha abaixo, e
estremeceu em meu estômago.
Espere, eu pensei enquanto o estremecimento floresceu em um entusiasmo, uma
nostalgia. Não era suposto eu perder isso? Não estava desistindo desse sentimento na
barganha?
Eu era uma vampira recém-nascida. A dor seca e ardente em minha garganta provava
isso. E eu sabia o que ser uma recém-nascida implicava. Emoções e desejos humanos
voltariam para mim mais tarde, de alguma forma, mas eu aceitei que eu não os sentiria
no começo. Somente sede. Esse era o acordo, o preço. Eu concordei em pagar isso.
Mas enquanto a mão de Edward corria pelo formato do meu rosto como aço coberto de
cetim, desejo corria pelas minhas veias secas, cantando desde o meu couro cabeludo até
os meus dedos dos pés.
Ele arqueou uma sobrancelha perfeita, esperando que eu falasse.
Eu atirei meus braços em volta dele.
De novo, era como se não houvesse movimento. Num momento eu permaneci reta e
imóvel como uma estátua; no mesmo instante, ele estava em meus braços.
Quente - ou, pelo menos, essa foi a minha percepção. Com o doce, delicioso cheiro que
eu nunca fui capaz de realmente sentir com meus sensos humanos, mas era cem por
cento Edward. Eu pressionei meu rosto no seu peito liso.
E então, ele transferiu seu peso desconfortavelmente. Inclinando-se para longe do meu
abraço. Eu encarei seu rosto, confusa e assustada pela rejeição.
―Hum… cuidadosamente, Bella. Ai.‖
Eu retirei meus braços, entrelaçando-os atrás das minhas costas assim que eu entendi.
Eu era muito forte.
―Oops,‖ - eu murmurei.
Ele sorriu aquele tipo de sorriso que teria parado o meu coração se esse ainda estivesse
batendo.
―Não entre em pânico, amor,‖ - ele disse, levantando sua mão para tocar meus lábios,
separados em terror. - ―Você só é um pouco mais forte do que eu, no momento.‖
Minhas sobrancelhas se juntaram. Eu sabia disso também, mas parecia mais surreal do
que qualquer outra parte desse momento surreal. Eu era mais forte do que Edward. Eu o
fiz dizer Ai.
Sua mão acariciou minha bochecha novamente, e eu esqueci minha aflição enquanto
outra onda de desejo passou pelo meu corpo sem movimento.
Essas emoções eram muito mais fortes do que eu estava acostumada, que foi difícil
seguir uma linha de pensamento apesar do espaço extra na minha cabeça. Cada nova
sensação me oprimia. Eu lembrei de Edward dizendo uma vez - sua voz na minha
cabeça era uma fraca sombra em comparação com o cristal, claramente musical que eu
escutava agora - de que a sua natureza, a nossa espécie, era facilmente distraída. Eu
podia perceber porquê.
Eu fiz um esforço para me concentrar num foco. Havia algo que eu precisava dizer.
Uma coisa mais importante.
Com muito cuidado, de modo que o movimento fosse cuidadosamente discernível, na
verdade, eu tirei meu braço direito de trás das minhas costas, e levantei minha mão para
tocar sua bochecha.. Eu me recusei a me distrair pela cor perolada da minha mão cor ou
pela boa seda da sua pele ou pelo movimento da ponta dos meus dedos.
Eu encarei seus olhos, e ouvi a minha voz pela primeira vez.
―Eu te amo‖, eu disse, mas soou como cantando. A minha voz tocou e cintilou como um
sino.
Seu sorriso deslumbrante respondeu-me mais do que nunca tinha visto quando era
humana; realmente eu podia vê-lo agora.
―Como eu te amo‖, ele disse para mim.
Ele tomou meu rosto entre suas mãos e inclinou seu rosto sobre o meu - lento o
suficiente para lembrar a mim de ser cuidadosa. Ele me beijou, suave como um
murmúrio de início, e então de repente mais forte, feroz. Eu lutei para ser gentil como
ele, mas era um trabalho árduo para me lembrar de alguma coisa, no ataque duro para
manter a sensação de qualquer pensamento coerente.
Foi como se ele nunca tivesse me beijado - como se esse fosse o primeiro beijo. E, na
verdade, ele nunca havia me beijado desta forma antes.
Ele quase fez com que eu me sentisse culpada. Certamente eu estava violando o acordo.
Não era permitido ter isso, também.
Apesar de eu não precisar de oxigênio, minha respiração estava rápida, passando tão
rápido como quando eu estava queimando. Esse era um tipo diferente de fogo. Alguém
limpou sua garganta. Emmett. Eu reconheci o som profundo, divertido e perturbado ao
mesmo tempo.
Eu esqueci que nós não estávamos sozinhos. E então eu percebi que o jeito que eu
estava curvada perto de Edward não era exatamente educado para companhia.
Envergonhada, eu me afastei em um movimento instantâneo.
Edward riu e foi para perto de mim, mantendo seus braços apertados na minha cintura.
Seu rosto estava brilhando - como uma chama branca queimada através de sua pele de
diamante.
Eu respirei desnecessariamente pra me acalmar.
Como esse beijo era diferente! Eu li sua expressão como a comparação das memórias
indistintas de humana para essa clara, intensa sensação. Ele pareceu… um pouco
orgulhoso.
―Você tem me evitado.‖ Eu acusei em minha voz cantante, meus olhos se estreitando
um pouco.
Ele riu, radiante com o alívio que havia a nossa volta - o medo, as incertezas, a espera,
tudo isso agora estava deixado para trás. ―Foi meio que necessário na época.‖ Ele me
lembrou. ―Agora é sua vez de não me quebrar‖ ele riu de novo.
Eu fiz uma careta, quando eu me dei conta que Edward não era o único rindo.
Carlisle caminhou em torno de Emmett e andou em direção à mim rapidamente; seus
olhos só estavam ligeiramente desconfiados, mas Jasper acompanhou seus passos. Eu
nunca havia visto o rosto de Carlisle antes também, não exatamente. Eu senti um
estranho impulso de piscar - como se eu estivesse encarando o sol.
―Como você se sente, Bella?‖, Carlisle perguntou.
Eu considerei isso por um segundo.
―Sobrecarregada. Tem tanta coisa…“, eu parei, escutando ao tom de sinos da minha
voz de novo.
―Sim, isso pode ser bem confuso‖.
Eu balancei a cabeça de modo bobo, ―Mas eu me sinto eu mesma. Eu meio que não
esperava isso‖.
Os braços de Edward me apertaram despreocupadamente minha cintura. ―Eu te disse‖,
ele suspirou.
―Você está bem controlada‖, Carlisle meditou. ―Mais do que eu esperava, mesmo com o
tempo que você teve pra se preparar mentalmente pra isso.‖
Eu pensei sobre as mudanças selvagens de humor, a dificuldade de concentração e
suspirei, ―Não estou certa disso‖.
Ele acenou seriamente, e então seus olhos de pedras preciosas brilharam de interesse,
―Parece que fizemos algo certo com a morfina dessa vez. Diga-me, o que você lembra
sobre o processo de transformação?‖.
Eu hesitei intensamente ciente da respiração de Edward na minha bochecha, enviando
suspiros de eletricidade pela minha pele.
―Tudo era… muito escuro, antes. Eu me lembro que o bebê não podia respirar…‖
Eu olhei pra Edward, momentaneamente horrorizada com a memória.
―Reneesme está saudável e bem‖, ele prometeu, um brilho que eu nunca vira em seus
olhos. Ele disse seu nome com um fervor abrandado. Reverência. Do jeito que pessoas
devotas falam sobre seus deuses. ―O que você lembra depois disso?‖.
Eu me concentrei na minha cara-de-pau. Nunca fui uma grande mentirosa.
―Difícil me lembrar. Era tudo tão escuro. E aí… eu abri meus olhos e podia ver tudo―.
―Impressionante‖, Carlisle suspirou, seus olhos brilhantes.
Fui tomada pelo desgosto, e eu esperei o calor queimar nas minhas bochechas e me
denunciar. E aí eu lembrei que eu nunca coraria de novo. Talvez isso protegesse Edward
da verdade.
Eu teria que dar um jeito de avisar Carlisle, porém. Algum dia. Se ele tivesse que criar
outro vampiro. Essa possibilidade não me parecia razoável, o que me fez sentir melhor
sobre mentir.
―Eu quero que você pense - que me conte tudo o que lembra‖, Carlisle apressou
excitado, e eu não pude evitar a careta que apareceu rapidamente no meu rosto. Eu não
queria ter que continuar mentindo, porque eu podia me atrapalhar. E eu não queria
pensar na queimação. Diferente das memórias humanas, essa parte estava perfeitamente
clara e eu descobri que conseguia me lembrar com precisão demais.
―Oh, eu sinto tanto Bella‖, Carlisle se desculpou imediatamente. ―Claro que a sua sede
deve ser muito desconfortável - essa conversa pode esperar.‖
Até que ele mencionou isso, a sede não era tão abrasadora. Havia tanto se alojando em
minha cabeça. Uma parte separada do meu cérebro estava se mantendo atenta a
queimação na minha garganta, como um reflexo. Do jeito que meu antigo cérebro lidava
com respirar e piscar.
Mas a suposição de Carlisle havia trazido a queimação pra primeiro plano. De repente, a
dor seca era tudo em que eu podia pensar, e quanto mais eu pensava nisso, mas doía.
Minha mão se moveu pra tocar minha garganta como se eu pudesse sufocar as chamas
pelo lado de fora. A pele do meu pescoço estava estranha sob meus dedos. Tanto que
estava de alguma forma macia, pensei que seria duro feito pedra.
Edward deixou seus braços caírem e pegou minha outra mão, puxando-a gentilmente.
―Vamos caçar, Bella.‖
Meus olhos se abriram completamente e a dor que eu tinha de sede sumiu, do choque de
estar falando nisso aqui.
Eu? Caçar? Com Edward? Mas… como? Eu não tinha certeza do que fazer.
Ele leu o medo na minha expressão e sorriu tentando me encorajar. ―É fácil, amor. É
apenas o instinto. Não se preocupe, eu vou lhe mostrar.‖ Quando eu não me movi, ele
deu um sorriso torto e levantou seus olhos dourados. ―Eu estava com a impressão que
você sempre quis me ver caçar.‖
Eu ri sem muito humor (ouvi os tocar dos sinos dentro da minha cabeça) as suas
palavras me lembraram nebulosamente das nossas conversas humanas. E eu pensei por
um segundo, em voltar rapidamente para meus primeiros dias com Edward - a verdade
era que eu queria voltar para a minha vida antiga - na minha cabeça eu nunca poderia
esquecer aquilo. Eu pensei que isso não fosse algo ruim de lembrar, mas era como se
tivesse tentando ver através da água lamacenta. Eu sabia pela experiência de Rosalie
que se eu pensasse em minhas memórias humanas o bastante, eu poderia não perdê-las
pelo tempo. Eu não queria esquecer um minuto que eu gastei com Edward,
principalmente agora que a eternidade estendia-se bem em nossa frente. Eu desejei ter
certeza que minhas memórias humanas estariam plantadas dentro da minha infalível
mente de vampira.
―Vamos?‖ Edward perguntou. Ele chegava para pegar a mão que estava no meu
pescoço. Com seus dedos, alisou a minha coluna e depois minha garganta. ―Eu não
quero que você se machuque,‖ ele adicionou com um murmuro baixo. Coisa que eu não
era capaz de ouvir antes.
―Estou bem,‖ Eu disse com o persistente hábito humano. ―Espere. Primeiro.‖
Havia tanta coisa. Que eu nunca obtive respostas às minhas perguntas. Havia coisas
mais importantes do que a dor da sede.
Foi Carlisle que falou agora. ―Sim?‖
―Eu quero vê-la. Renesmee.‖
Foi curiosamente difícil de dizer o nome dela. Minha filha, estas palavras eram ainda
mais difíceis para pensar. Tudo parecia tão distante. Eu tentei lembrar como me senti à
três dias atrás, e automaticamente, minhas mãos soltaram-se das de Edward, e caíram
sobre meu estômago.
Plano. Vazio. Eu agarrava a seda que cobria a minha pálida pele, entrando em pânico
novamente, enquanto uma parte insignificante da minha mente notava que Alice tinha
me vestido.
Eu sabia que não havia mais nada dentro de mim, e eu tinha a perceptível recordação da
remoção, aquela cena sangrenta, mas a prova física ainda era um difícil processo. Tudo
o que eu sabia era amar aquela empurradorazinha dentro de mim. Fora, ela parecia ser
algo que eu devia ter imaginado. Um sonho desbotado - um sonho que era meio
pesadelo.
Enquanto eu enfrentava a minha confusão, eu vi Edward e Carlisle trocando palavras
rápidas.
―O que?‖ Eu exigi.
―Bella‖, Edward disse tranqüilizado. ―Isso não é realmente uma boa idéia. Ela é meio
humana, amor. Seu coração bate, o sangue corre em suas veias. Enquanto sua sede não
estiver sob controle… Você não vai querer colocar sua filha em perigo, não é mesmo?‖
Eu franzi uma das sobrancelhas. É claro que eu não queria.
Eu estava fora de controle? Confusa sim. Facilmente não focada, sim. Mas perigosa?
Para ela? Para a minha filha?
Eu não estava certa se aquela resposta seria não. Então eu teria de ser paciente. Isso
parecia difícil. Porque, até que eu a visse de novo, ela não seria real. Só um sonho
evaporando… de um estranho…
―Onde ela está?‖ eu me concentrei em escutar, e então pude ouvir o coração batendo no
andar debaixo. Eu podia ouvir mais que uma pessoa respirando - silenciosamente, como
se estivessem escutando também. Havia também um som agitado, um barulho que eu
não sabia o que era…
E o som do coração era tão úmido e atraente que minha boca começou a se encher de
água.
Então eu definitivamente teria que aprender a caçar antes de vê-la. Meu bebê esquisito.
―Rosalie está com ela?‖
―Sim.‖ Edward respondeu em um tom cortante, e eu podia ver que algo que ele havia
pensado o deixou chateado. Pensei que ele e Rose tinham superado as diferenças. A
hostilidade tinha voltado? Antes que eu pudesse perguntar, ele afastou as mãos do meu
estômago, puxando-as gentilmente para longe.
―Espere,‖ eu protestei outra vez, tentando me concentrar. ―E o Jacob? Charlie? Diga-me
tudo o que eu perdi. Por quanto tempo eu fiquei… Inconsciente?‖
Edward não pareceu notar minha hesitação na ultima palavra. Ao invés disso, ele estava
trocando outro olhar cauteloso com Carlisle.
―O que há de errado?‖ eu sussurrei.
―Nada está errado.‖ Carlisle me disse, enfatizando a ultima palavra de um jeito
estranho. ―Na verdade, nada mudou muito - você ficou ausente só por pouco mais de
dois dias. Foi muito rápido, considerando como essas coisas funcionam. Edward fez um
trabalho excelente. Bem inovador - a injeção de veneno direto no seu coração foi idéia
dele.‖ Ele parou para sorrir orgulhoso para seu filho. E então suspirou. ―Jacob ainda está
aqui, e Charlie ainda pensa que você está doente. Ele acha que você está em Atlanta
agora, fazendo exames no CCD - Centro de Controle de Doenças. Nós demos a ele o
número errado, e ele está frustrado. Ele tem falado com Esme.‖
―Eu devia ligar para ele…‖ eu murmurei para mim mesma, mas escutando a minha
própria voz, eu entendi as novas dificuldades. Ele não reconheceria essa voz. Não o
deixaria mais tranqüilo. E então a surpresa anterior me invadiu. ―Espera aí - Jacob ainda
está aqui?‖
Outro olhar rápido entre os dois.
―Bella‖ Edward disse rapidamente. ―Há muito que discutir, mas devíamos cuidar de
você primeiro. Você deve estar com dor…‖
Quando ele apontou isso, eu me lembrei da queimação em minha garganta e engoli
convulsivamente. ―Mas, Jacob-‖
―Nós temos todo o tempo do mundo para explicações, amor.‖ ele me lembrou
gentilmente.
Claro. Eu podia esperar um pouco mais pela resposta; seria mais fácil escutar quando a
dor feroz da sede ardente não estivesse mais tirando a minha concentração. ―Certo.‖
―Espera, espera, espera,‖ Alice cantou da porta. Ela dançou pelo quarto, graciosa como
em um sonho. Assim como Edward e Carlisle, eu fiquei chocada quando realmente
olhei para o rosto dela pela primeira vez. Tão lindo. ―Você prometeu que eu podia estar
presente na primeira vez! E se vocês dois passarem por alguma coisa que reflita?‖
―Alice -‖ Edward protestou.
―Só vai levar um minuto!‖ E dito isso, Alice saltou para fora do quarto.
Edward suspirou.
―Do que ela está falando?‖
Mas Alice já estava de volta, carregando o espelho chapeado de outro do quarto de
Rosalie, que tinha quase duas vezes a altura dela, e várias vezes a largura.
Jasper tinha estado tão imóvel e silencioso que eu não o havia notado desde que ele
seguiu Carlisle. Agora ele se mexeu novamente, indo até Alice, seus olhos absortos na
minha expressão. Porque eu vi o perigo aqui.
Eu sabia que ele estaria sentindo a atmosfera ao meu redor também, então ele deve ter
sentido o baque de choque quando eu estudei o rosto dele, olhando de perto pela
primeira vez.
Pelos meus fracos olhos humanos, as cicatrizes deixadas por sua vida anterior com os
exércitos de recém-nascidos no sul eram quase invisíveis. Só com uma luz forte para
deixar suas formas definidas para eu poder saber da existência delas.
Agora que eu podia ver, as cicatrizes eram as características dominantes de Jasper. Era
difícil tirar meus olhos de seu pescoço e queixo destruídos - difícil de acreditar que
mesmo um vampiro poderia ter sobrevivido a tantos ataques de dentes rasgando sua
garganta.
Instintivamente, eu me afastei para me proteger. Qualquer vampiro que visse Jasper
teria a mesma reação. As cicatrizes eram como um quadro de avisos. Perigoso, elas
gritavam. Quantos vampiros haviam tentado matar Jasper? Centenas? Milhares? O
mesmo número que tinha morrido na tentativa.
Jasper viu e sentiu minha avaliação, minha cautela, e sorriu ironicamente.
―Edward me passou um sermão por não ter feito você se olhar no espelho antes do
casamento.‖ Alice disse, tirando minha atenção de seu amor ameaçador. ―E eu não vou
agüentar isso outra vez.‖
―Sermão?‖ Edward perguntou a ela levantando levemente sua sobrancelha.
-‖Talvez eu esteja exagerando as coisas…‖ Ela murmurou baixinho enquanto virava o
espelho à minha mira.
―E talvez isto tenha unicamente a ver com sua gratificação voyeur‖. Ele reagiu.
Alice piscou para ele.
Eu estava somente ciente dessa troca de olhares com uma parte pouca de concentração.
A maior parte estava direcionada ao espelho.
Minha primeira reação foi de um prazer impensável. A criatura alienígena no vidro era
incrivelmente linda, tão bela quanto Alice ou Esme. Fluía beleza mesmo na calmaria. E
sua face sem falhas era pálida como a lua contra as sombras negras de seus cabelos.
Seus membros eram fortes, sua pele cintilava e iluminava como uma pérola.
Minha segunda reação era de horror.
Quem era ela? A primeira vista, eu não achava meu rosto de tão perplexo diante das
características que ela possuía.
E seus olhos! Mesmo sabendo o que me esperava. Seus olhos ainda me causavam terror.
Mesmo enquanto eu a estudava e reagia, o formato do seu rosto era perfeito. Uma obra
divina. Mostrando nada da agitação que acontecia dentro de mim. E então seus lábios
se moveram.
―Os olhos?‖ Eu sussurrei incapaz de dizer meus olhos. ―Quanto tempo?‖
―Eles vão se escurecer em alguns meses‖ Disse Edward, com uma voz reconfortante.
―Sangue animal se dilui mais rápido que uma dieta de sangue humano. Vão se tornar
primeiramente cor de âmbar e depois dourados.‖
Meus olhos arderiam como chamas viciosas em meses?
―Meses?‖ Minha voz estava mais alta. No espelho, as sobrancelhas perfeitas se
levantaram incrivelmente sobre seus olhos brilhantes - mais brilhantes que qualquer
coisa já vista por mim.
Jasper deu um passo para trás, alerta diante de minha intensa e súbita ansiedade. Ele
sabia de jovens vampiros muito bem, esse passo para trás foi um presságio que ele teve
diante de minha situação?
Ninguém respondeu minha pergunta. Eu olhei em volta, para Edward e Alice. Ambos
seus olhos estavam desfocados - reagidos pelo desconforto de Jasper. Prestando atenção
e tentando prever o futuro imediato.
Eu respirei fundo outra vez, desnecessariamente.
―Não, estou bem‖. Eu prometi a eles. Meus olhos se fitaram no estranho do espelho. ―É
apenas… apenas… muito para acreditar…‖
A testa de Jasper brilhou mostrando suas duas cicatrizes sobre seu olho esquerdo.
―Eu não sei‖ Edward murmurou.
A mulher do espelho com sobrancelhas erguidas. ―Que pergunta eu perdi?‖
Edward sorrindo. ―Jasper se pergunta como você faz isso‖
―Faz o que?‖
―Controla suas emoções, Bella‖ Jasper respondeu.
―Eu nunca vi um recém-nascido fazer isso, parar uma emoção daquele jeito. Você
estava chateada, mas quando se concentrou, você se dominou, controlou-se a si mesmo.
Eu estava preparado para ajudar, mas você não precisou.‖
―Isso é errado?‖ Eu perguntei. Meu corpo automaticamente congelou enquanto eu
esperava por seu veredicto.
―Não‖ ele respondeu-me, mas sua voz era insegura.
Edward afagou sua mão sobre meu braço como se tivesse me incentivando a ficar
calma. ―É muito impressionante Bella, nós não podemos entender. Nós não sabemos até
onde se pode ir.‖
Eu considerei por um fragmento momentâneo. Em que eu me tornaria um monstro?
Eu não sentia a coisa vindo… Talvez não tivesse jeito de antecipar tal coisa.
―Mas o que você acha?‖ Alice perguntou impacientemente apontando para o espelho.
―Eu não tenho certeza‖ Eu consenti, não querendo admitir o quão assustada eu
realmente estava. Eu fiquei diante da linda mulher com olhos que me causavam terror
procurando por pedaços de mim. Tinha alguma coisa ali nos lábios dela - se você
olhasse além da beleza estonteante, era verdade que seu lábio superior era diferente
demais do lábio inferior. Encontrar essa pequena falha me fez me sentir um pouco
melhor. Talvez o resto de mim estivesse lá, também.
Eu levantei minha mão para testar e a mulher do espelho levantou copiando meu
movimento, tocando seu rosto também, seus olhos me observavam atentamente.
Edward Suspirou.
Eu virei desviando o olhar dela para olhá-lo, levantando uma sobrancelha.
―Desapontado?‖ Eu perguntei, com uma voz impassiva.
Ele sorriu ―Sim.‖ E admitiu.
Eu senti o choque contra a máscara que eu vestira, seguindo direto para a ferida.
Alice reclamou. Jasper se inclinou novamente, esperando-me para agarrar.
Mas Edward ignorou-os e segurou seus braços fortemente em torno da minha forma
gélida recente, pressionando seus lábios em minha bochecha. - ―Eu esperava que fosse
capaz de ler a sua mente, agora que é mais parecida com a minha,‖ ele murmurou. ―E
aqui estou eu, tão frustrado quanto sempre, imaginando o que possivelmente estaria se
passando dentro de sua cabeça‖.
Eu me senti melhor dessa vez.
―Oh, bem,‖ eu disse levemente, aliviada que meus pensamentos ainda eram meus.
―Acho que meu cérebro nunca trabalhará direito. Pelo menos, eu sou bonita.‖
Ficava mais fácil brincar com ele quando eu me ajustei, pensar em linhas retas. Ser eu
mesma.
Edward rosnou em meu ouvido. ―Bella, você nunca foi meramente bonita.‖
Então, seu rosto virou do meu, e ele acenou com a cabeça. - ―Tudo bem, tudo bem.‖ ele
disse para alguém.
―O quê?‖ eu perguntei.
―Você está deixando o Jasper mais nervoso a cada segundo. Ele talvez relaxe um pouco
quando você caçar.‖
Eu olhei para a expressão preocupada de Jasper e concordei. Eu não queria estourar
aqui, se isso estava vindo. Melhor rodeada de árvores do que de família.
―Tudo bem, vamos caçar.‖ eu concordei, uma vibração de nervos e antecipação fez meu
estômago tremer. Eu tirei os braços de Edward do meu redor, mantendo uma de suas
mãos, e virei as minhas costas para a estranha e linda mulher no espelho.
21. A PRIMEIRA CAÇA
―A janela?‖ Eu perguntei, olhando dois andares para baixo.
Eu realmente nunca havia tido medo de altura, mas poder ver todos os detalhes tão
claramente fizeram a idéia de pular menos atraente. Os ângulos das rochas em baixo
eram mais agudos do que eu os teria imaginado.
Edward sorriu. ―É a saída mais conveniente. Se você está assustada, eu posso te
carregar.‖
―Nós temos toda a eternidade, e você está preocupado com o tempo que eu levaria para
caminhar até a porta?‖
Ele fez uma careta. ―Renesmee e Jacob estão lá embaixo…‖
―Oh‖
Certo. Eu era o monstro agora. Eu tinha que ficar longe de cheiros que poderiam
acordar o meu lado selvagem. Das pessoas que eu amava principalmente. Mesmo
daqueles que eu ainda não conhecia.
―E Renesmee… ok… com Jacob lá?‖ Eu sussurrei. Eu percebi atrasada que tinha que
ser o coração de Jacob que eu estava ouvindo lá em baixo. Eu ouvi com atenção de
novo, mas tudo que eu podia ouvir era um pulso constante. ―Ele não gosta muito dela.‖
Os lábios de Edward se apertaram em uma linha fina. ―Acredite, ela está perfeitamente a
salvo. Eu sei exatamente o que Jacob está pensando.‖
―É claro,‖ Eu murmurei, e olhei pra baixo de novo.
―Com medo?‖ ele desafiou.
―Um pouco. Eu não sei como…‖.
Eu estava bem consciente da minha família atrás de mim, observando silenciosamente.
Muito silenciosamente. Emmet já tinha rido por baixo da respiração uma vez. Um erro,
e ele estariam rolando no chão. E então as piadas sobre o único vampiro desgracioso no
mundo começariam…
E também, esse vestido - que Alice só podia ter vestido em mim enquanto eu estava
muito ocupada com a queimação para perceber - não era o que eu escolheria nem para
pular, e nem para caçar. Seda apertada azul clara? Para que ela pensou que eu
precisaria? Haveria uma festa de coquetel mais tarde?
―Observe-me,‖ Edward disse. E depois, bem casualmente, ele pisou para fora da alta
janela que estava aberta, e caiu.
Eu olhei cuidadosamente, analisando o ângulo em que seus joelhos haviam se dobrado
para amortecer o impacto. O som dele pousando foi muito baixo - um golpe silenciado
que poderia ter sido uma porta quietamente fechada, ou um livro suavemente colocado
em uma mesa.
Não parecia difícil.
Cerrando meu punho e me concentrando, eu tentei copiar seu passo casual no ar.
Ha! Pareceu que o chão começou a se mover em minha direção tão devagar que parecia
que não tinha nada sob meus pés - que sapatos a Alice colocou em mim? Stilettos? Ela
deve ter perdido a cabeça - os meus sapatos bobos estavam no lugar tanto que no pouso
não estava nada diferente, quando dei uma passada o movimento foi parando.
Eu estava absorvendo o impacto com as bolas que estavam em meus pés, nem esperei
para ir direto aos meus finos calcanhares. Meu pouso pareceu apenas quieto para ele. Eu
sorri de orelha a orelha.
―Certo. Fácil.‖
Ele sorriu de volta. ―Bella?‖
―Sim?‖
―Isso foi muito gracioso - mesmo para uma vampira‖
Eu considerei por um momento, e depois sorri. Só foi ele dizer aquilo, que Emmet deu
uma gargalhada. Ninguém achou seu comentário engraçado, então quer dizer que era
verdade. Era a primeira vez que alguém se referiu a mim com uma palavra como
graciosa, em toda a minha vida..hum,bem, existência.
―Obrigada,‖ Eu disse para ele.
E depois eu tirei os sapatos prateados dos meus pés, e me voltei para eles até abrir a
porta. Pequena mas forte, talvez, eu tenha ouvido alguém pegar antes de nós podermos
causar danos na porta.
Alice resmungou, ―O senso de moda dela não está melhorando muito o seu equilíbrio‖
Edward pegou minha mão - Eu não consegui parar de me maravilhar com o contorno, a
temperatura confortável de seu corpo - e se jogou entre o quintal até a margem do rio.
Eu queria facilmente ficar com ele.
Tudo parecia muito simples, fisicamente.
―Será que teremos de nadar?‖ Perguntei a ele, quando paramos ao lado da água.
―E molhar seu lindo vestido? Não. Nós iremos pulando.‖
Eu franzi meus lábios, considerando. Daqui o rio tinha uns 50 km de largura.
―Você primeiro,‖ Eu disse.
Ele tocou minha bochecha, tomou dois passos para trás rápido e, em seguida, correu de
volta por essas duas partes, lançando-se de uma pedra plana firmemente inserida nas
margens. Eu estudei o flash do movimento tal como ele se movia em formato de um
arco sobre a água, finalmente ele deu um salto mortal pouco antes dele desaparecer na
espessura das árvores no outro lado do rio.
―Apareça!‖ Eu resmunguei, e o ouvi fora do alcance dos meus olhos, rir.
Eu dei cinco passos para trás só por precaução, e respirei fundo.
De repente, eu estava ansiosa novamente. Não por conta da queda ou por ficar
machucada - eu estava mais preocupada com a floresta ficar machucada.
Ela tinha chegado devagar, mas eu podia a sentir agora - rude, a força maciça
emocionante em meus braços. Eu estava segura que se eu quisesse passar por um túnel
embaixo do rio, arranhar ou bater meu caminho diretamente pelo leito de rocha, isso não
me tomaria muito tempo. Os objetos à minha volta - as árvores, os arbustos, as rochas…
A casa - tudo tinha começado a ser analisado como muito frágil.
Esperando muito que Esme não tivesse gostado de nenhuma arvore especifica do outro
lado do rio, dei o meu primeiro passo largo. E logo parei quando o cetim apertado
rasgou seis polegadas em cima da minha coxa. Alice!
Pois bem, Alice sempre pareceu que, ao se tratar de roupa, era como se fossem
descartáveis e que significava apenas para um tempo de uso, de modo que ela não se
importaria. Eu me curvei para cuidadosamente segurar a bainha da costura sem danos
entre meus dedos e, exercendo a menor pressão possível, eu rasguei o vestido o abrindo
até o topo de minha coxa. E então eu ajustei o outro lado para combinar.
Muito melhor.
Eu conseguia ouvir a risada abafada na casa, e até o som de alguém rangendo seus
dentes. A risada veio do andar superior e debaixo, e eu facilmente reconheci a grande
diferença, áspero, da risada gutural do andar de baixo.
Então, Jacob também estava observando? Eu não conseguia imaginar o que ele estava
pensando agora, ou o que ele ainda estava fazendo aqui. Eu previra nossa reunião - se
ele pudesse algum dia me perdoar - tendo lugar longe no futuro, quando eu estivesse
mais estável, e o tempo tivesse curado os ferimentos que eu infligi em seu coração.
Eu não me virei para olhar para ele agora, alerta do meu humor oscilando. Não seria
bom deixar nenhuma emoção tomar posse muito forte da minha mente. Os receios do
Jasper me deixavam à margem também. Eu tinha que caçar antes que eu tratasse de
qualquer outra coisa. Eu tentei esquecer todo o resto para que pudesse me concentrar.
―Bella?‖ - Edward chamou da floresta, sua voz se movendo mais perto. - ―Você quer
assistir de novo?‖
Mas eu me lembrava de tudo perfeitamente, é claro, e eu não queria dar a Emmet mais
motivo para achar mais humor na minha educação. Isso era físico - deveria ser
instintivo. Então eu dei uma longa respirada e corri para o rio.
Desimpedida pela minha saia, levou somente um largo salto para alcançar a margem do
rio. Somente um octagésimo-quarto de um segundo, e ainda isso era tempo suficiente meus olhos e minha mente se moveram tão rápido que apenas um passo era suficiente.
Era simplesmente posicionar meu pé direito contra a pedra plana e exercer a pressão
adequada para enviar meu corpo girando através do ar. Eu estava prestando mais
atenção à pontaria do que à força, e eu errei na quantidade de força necessária - mas,
pelo menos, eu não errei para o lado que me deixaria molhada. As cinqüenta jardas de
largura era uma distância demasiado fácil…
Eu era uma coisa estranha, inconstante, entusiasmada, mas uma coisa pequena. Um
segundo inteiro ainda tinha que passar e eu estava a caminho.
Eu esperava que as árvores próximas fossem um problema, mas elas eram
surpreendentemente um auxílio. Era apenas uma questão de ir mais longe com uma mão
certa, enquanto eu ia em direção a terra de novo, no interior da floresta e pegava num
conveniente galho; eu balancei suavemente nas pernas e pousei em meus pés, ainda a
quinze pés do solo, no galho largo de um abeto de Sitka.
Isso foi fabuloso.
Acima do barulho de minha risada deliciada, eu podia ouvir Edward correndo para me
encontrar. Meu pulo havia sido duas vezes mais longo que o dele. Quando ele alcançou
minha árvore, seus olhos estavam largos. Eu saltei agilmente do galho para o lado dele,
o pouso sem som de novo, na esfera de meus pés.
―Isso foi bom?‖ - eu perguntei, minha respiração acelerada com excitação.
―Muito bom.‖ - ele sorriu aprovando, mas seu tom casual não combinou com a
expressão surpresa em seus olhos.
―Podemos fazer isso de novo?‖
―Foco, Bella - estamos numa viagem de caça.‖
―Oh, certo.‖ - eu concordei. - ―Caça.‖
―Siga-me… se você conseguir.‖ - ele riu, sua expressão de repente provocando, e
começou a correr.
Ele era mais rápido do que eu. Eu não conseguia imaginar como ele movia suas pernas
com tanta velocidade cega, mas estava além de mim. No entanto, eu era mais forte, e
cada passo largo meu combinou com o comprimento de três do seu. Então eu voei com
ele pela teia verde viva, do seu lado, não seguindo de forma alguma. Enquanto eu
corria, eu não podia deixar de rir calmamente daquela emoção; o riso não me atrasou ou
atrapalhou meu foco.
Eu pude finalmente entender porque Edward nunca bateu nas arvores quando corria uma questão que sempre havia sido um mistério pra mim. Era uma sensação peculiar, o
balanço entre a velocidade e a claridade. Enquanto eu avançava para cima, para baixo e
através do grosso labirinto de jade em um ritmo que reduzia tudo ao meu redor a um
borrão verde, eu podia ver plenamente cada pequena folha em cada pequeno galho de
cada insignificante arbusto que eu passava.
O vento da minha velocidade misturava meu cabelo e meu vestido rasgado atrás de
mim, e, embora eu soubesse que eu não podia, eu sentia calor contra a minha pele.
Assim como o chão áspero da floresta não podia ser sentido como veludo nas solas dos
meus pés descalços, e os calombos que raspavam contra a minha pele não deviam
parecer como penas que me acariciavam.
A floresta estava muito mais viva que eu algum dia soube - pequenas criaturas cuja
existência eu nunca havia adivinhado encontravam-se em abundancia nas folhas ao meu
redor. Todos eles cresceram silenciosamente depois que nós passamos, sua respiração
rápida devido ao medo. Os animais tinham uma reação muito mais sábia ao nosso
cheiro do que os humanos pareciam ter. Certamente, tinha o efeito oposto em mim.
Eu continuava esperando me sentir sem fôlego, mas o fôlego veio sem esforço. Eu
esperei pela queimação começar nos meus músculos, mas minha força apenas parecia
crescer enquanto eu me acostumava com meu passo largo. Os meus limites se
estenderam, e logo ele estava tentando me acompanhar. Eu ri novamente, exultante,
quando eu o ouvir ficar para trás. Meus pés nus tocavam o chão tão pouco agora que eu
sentia que estava voando ao invés de correndo.
―Bella‖ ele chamou secamente, sua voz igual, preguiçosa. Eu não podia ouvir mais
nada; ele havia parado.
Eu considerei brevemente continuar.
Mas, com um suspiro, eu girei e pulei ligeiramente para o seu lado, algumas jardas
atrás. Eu olhei pra ele com expectativa. Ele estava sorrindo, com uma sobrancelha
erguida. Ele era tão bonito que eu só podia olhar.
―Você quer ficar no país?‖ ele perguntou, se divertindo. ―Ou você está planejando
continuar até o Canadá esta tarde?‖
―Aqui está ótimo‖, eu concordei, me concentrando menos no que ele estava dizendo e
mais no jeito maravilhoso que seus lábios se mexiam quando ele falava. Era difícil não
ficar distraído com tudo novo em meus novos olhos. ―O que nós estamos caçando?‖
―Alces. Eu pensei em algo mais fácil para a primeira vez…‖. Ele baixou a voz quando
meus olhos se estreitaram na palavra fácil.
Mas eu não ia discutir; eu estava com muita sede. Assim que eu comecei a pensar sobre
a queimação seca na minha garganta, foi tudo em que eu consegui pensar.
Definitivamente ficando pior. Minha boca parecia como ás quatro da tarde no mês de
Junho no Vale da Morte.
―Onde?‖ eu perguntei, procurando nas árvores impacientemente. Agora que eu tinha
dado atenção a minha sede, ela pareceu manchar cada outro pensamento na minha
cabeça, fugindo para pensamentos mais agradáveis como correr e os lábios do Edward
beijando os meus e a… Sede que queimava. Eu não podia fugir daquilo.
―Pare quieta por um minuto,‖ ele disse, colocando suas mãos devagar no meu ombro. A
urgência da minha sede diminuiu momentaneamente com seu toque.
―Agora feixe os olhos,‖ ele murmurou. Quando eu obedeci, ele ergueu as mãos e
acariciou minha maçã do rosto. Eu senti minha respiração ficando mais rápida e por um
breve momento eu esperei inutilmente corar.
―Ouça,‖ Edward instruiu. ―O que você está ouvindo?‖
Tudo, eu poderia ter dito; sua voz perfeita, sua respiração, seus lábios se tocando
enquanto ele falava o sussurro de pássaros que alisam os pais com o bico no topo das
árvores, as suas batidas do coração tremulando, o vento soprando nas folhas, o clique
fraco de formigas marchando enfileiradamente ao lado da árvore mais próxima. Mas eu
sabia que ele estava se referindo o algo específico, então ignorei toda a variedade
externa que eu ouvia, buscando algo diferente do que o pequeno zumbido de vida que
me cercava. Havia um espaço aberto perto de nós - o vento tinha um som diferente
quando cruzava a grama - e um pequeno córrego, com uma cama rochosa. E lá, perto do
barulho da água, eu pude ouvir línguas dentro da água, junto ao barulhento estrondear
de corações pesados, bombeando as correntes grossas de sangue…
Eu senti como se minha garganta tivesse fechado bruscamente
―Pelos meus sentidos, ao noroeste?‖ Perguntei os meus olhos ainda fechados.
―Sim.‖ O seu tom era aprovador. ―Agora… espere pela brisa novamente e… o que você
cheira?‖
Quase só ele - o seu estranho perfume lilás-com-mel-ao-sol. Mas também o rico cheiro
de terra quente e musgo, a resina em todo o verde, o aroma quente, quase abundante,
dos pequenos roedores que se enfiavam embaixo das raízes das árvores. E depois,
procurando novamente, o cheiro da água, que foi surpreendentemente desagradável
apesar da minha sede. Foquei meu olfato em direção à água e encontrei o cheiro que
deveria ter ido embora com o marulhar da água as batidas do coração. Outro cheiro
quente rico e especial, mais forte que os outros. E ainda tão repugnante quando o do
riacho. Enruguei o nariz.
Ele riu. ―Eu sei - demora um tempo para se acostumar.‖
―Três?‖ eu perguntei.
―Cinco. Tem mais dois nas árvores atrás deles.‖
―O que eu faço agora?‖
A voz dele fez com que parecesse que estava sorrindo. ―O que você quer fazer?‖
Eu pensei nisso, meus olhos ainda fechados enquanto eu escutava e respirava o cheiro.
Outro acesso quente me invadiu, e de repente, o odor quente e especial não era mais tão
desagradável. Pelo menos haveria alguma coisa quente e molhada na minha boca
ressecada. Meus olhos se abriram.
―Não pense.‖ ele sugeriu, enquanto tirava as mãos do meu rosto de dava um passo para
trás. ―Apenas siga seus instintos.‖
Eu me deixei ser levada pelo cheiro, pouco consciente de meus movimentos enquanto
passava feito um fantasma para a clareira pequena onde a correnteza escorria. Meu
corpo se virou para frente automaticamente, curvando-se quando eu hesitei na orla de
árvores, perto das samambaias. Eu consegui ver um macho grande, duas dúzias de
chifres pontudos como uma coroa em sua cabeça, na beira do riacho, e as sombras dos
outros quatro, indo na direção leste para a floresta num ritmo despreocupado.
Eu me concentrei no cheiro do macho, o ponto quente em seu pescoço felpudo onde a
pulsação era mais forte. Só uns 27 metros - dois ou três pulos - entre nós. Eu me
preparei para o primeiro ataque.
Mas quando meus músculos se flexionaram, o vento mudou, soprando mais forte agora,
e vindo do sul. Eu não parei pra pensar, saindo rapidamente das árvores em um caminho
perpendicular ao meu plano original, assustando o alce para dentro da floresta, correndo
atrás de uma nova fragrância tão atrativa que não havia uma escolha. Era compulsivo.
O cheio me dominou completamente. Eu estava certa enquanto eu o seguia, ciente
apenas da sede e do cheiro que prometia aquietá-la. Então a sede ficou pior, tão
dolorosa agora que confundiu todos os meus outros sentidos e começou a me lembrar
do veneno queimando em minhas veias.
Só havia uma coisa que tinha uma chance de penetrar minha concentração agora, um
instinto mais poderoso, mais básico do que a necessidade de extinguir o fogo - era o
instinto de me proteger do perigo. Auto-preservação.
De repente eu estava alerta de que estava sendo seguida. O puxão do odor irresistível se
encontrou em conflito com o impulso de voltar e defender minha presa. Um som de
bolha cresceu no meu peito, meus lábios puxados para trás expondo meus dentes em
aviso. Meus pés perderam velocidade, a necessidade de proteger as minhas costas
lutando contra o desejo de extinguir minha sede.
E então eu pude ouvir meu perseguidor novamente, e o extinto de me defender ganhou.
Quando eu girei, o som crescente rasgou seu caminho para fora da minha garganta.
O rosnado feroz, vindo da minha própria boca, foi tão inesperado que me trouxe de
volta. Libertou-me, e eu clareei minha cabeça por um minuto - a neblina trazida pela
sede retrocedeu embora ela ainda queimasse.
O vento mudou, soprando o cheiro de terra molhada e chuva próxima no meu rosto. um cheiro tão delicioso que só poderia ser humano.
Edward hesitou alguns metros atrás, seus braços levantados como se ele fosse me
abraçar - ou me segurar. Seu rosto era atento e cauteloso enquanto eu congelei,
horrorizada.
Eu percebi que estava prestes a atacá-lo. Com um forte empurrão, eu sai da minha
posição de defesa. Eu segurei meu fôlego e me foquei, temendo o poder da fragrância
vinda do sul.
Ele podia ver a razão retornando para a minha face, e ele deu um passo na minha
direção, abaixando seus braços.
―Eu tenho que sair daqui,‖ eu falei através dos meus dentes, usando o fôlego que eu
tinha.
O choque atingiu seu rosto. ―Você consegue ir embora?‖
Eu não tinha tempo para perguntar a ele o que ele queria dizer com aquilo. Eu sabia que
a habilidade de pensar claramente iria durar apenas enquanto eu não me permitisse
pensar Eu sai numa corrida novamente, uma corrida de curta distancia em direção ao norte, me
concentrando apenas no sentimento desconfortável de privação sensorial que parecia ser
a única resposta do meu corpo a falta de oxigênio. Meu único objetivo era de correr para
longe o bastante para que o cheiro atrás de mim estivesse completamente perdido.
Impossível de ser encontrado, mesmo se eu mudasse de idéia…
Mais uma vez, eu estava ciente que estava sendo seguida, mas eu estava sã dessa vez.
Eu lutei contra o extinto de respirar - de usar os cheiros no ar pra ter certeza que era o
Edward. Eu não precisei lutar por muito tempo; embora estivesse correndo mais rápido
do que antes, rápida como um cometa através do caminho reto. Eu poderia encontrá-lo
nas arvores; Edward me alcançou apenas um minuto depois.
Um novo pensamento me ocorreu, e eu parei morta, meus pés plantados. Eu tinha
certeza que eu estava segura aqui, mas eu seguirei minha respiração só por precaução.
Edward me passou, surpreso com a minha parada repentina. Ele rodeou em volta e
estava no meu lado em um segundo. Ele colocou suas mãos no meu ombro e encarou
meus olhos, choque ainda era a emoção dominante em sua face.
―Como você fez isso?‖ ele exigiu.
―Você me deixou vencer antes, não foi?‖ eu exigi de volta, ignorando sua pergunta. E
eu pensei que estava indo tão bem!
Quando eu abri minha boca, eu podia sentir o gosto do ar - não estava mais poluído
agora, com os rastros do perfume que atormentava minha sede. Eu respirei
cautelosamente.
Ele encolheu e balançou sua cabeça, recusando a se desviar. ―Bella, como você fez?‖
―Sair correndo? Eu segurei minha respiração.‖
―Mas como você parou de caçar?‖
―Quando você veio atrás de mim… eu sinto muito sobre aquilo.‖
―Porque você está se desculpando comigo? Fui eu que fui horrivelmente descuidado. Eu
achei que ninguém iria estar tão longe das trilhas, mas eu deveria ter checado primeiro.
Um erro tão estúpido! Você não tem nada pelo que se desculpar.‖
―Mas eu rugi pra você!‖ Eu ainda estava horrorizada de ter sido psicologicamente capaz
de tal blasfêmia.
―É claro que você rugiu pra mim. Aquilo foi apenas natural. Mas eu não consigo
entender como você fugiu.‖
―O que mais eu podia fazer?‖ eu perguntei. Sua atitude me confundiu - o que ele queria
que tivesse acontecido? ―Podia ter sido alguém!‖
Ele me encarou, de repente explodindo em uma alta risada, jogando sua cabeça pra trás
e deixando o som do ecoar pelas arvores.
“Porque você está rindo de mim?”
Ele parou de uma vez, e eu podia ver que ele estava cuidadoso de novo.
Mantenha o controle, eu pensei comigo mesma. Eu tenho que cuidar do meu
temperamento. Como se eu fosse um lobisomem jovem ao invés de um vampiro.
―Eu não estou rindo de você, Bella. Eu estou rindo porque estou chocado. E eu estou
chocado porque estou completamente espantado.‖
―Por quê?‖
―Você não deveria ser capaz de nada disso. Você não deveria ser tão… racional. Você
não deveria ser capaz de ficar aqui discutindo calma e friamente comigo. E, muito mais
do que isso, você não deveria ter sido capaz de parar no meio de uma caça com o cheiro
de sangue humano no ar. Mesmo vampiros maduros têm dificuldade em fazer isso sempre fomos muito cuidadosos sobre onde caçamos pra não nos colocarmos no
caminho da tentação. Bella, você está se comportando como se você tivesse décadas ao
invés de dias de idade.‖
―Oh.‖ Mas eu sabia que ia ser difícil. É por isso que não baixei a guarda. Eu estava
esperando dificuldades.
Ele colocou suas mãos no meu rosto novamente, e seus olhos estavam maravilhados. ―O
que eu não daria pra ser capaz de ver dentro da sua mente por apenas esse momento.‖
Emoções tão poderosas. Eu havia estado me preparando para a parte da sede, mas não
pra isso. Eu estava certa de que não seria capaz de ser a mesma quando ele me tocasse.
Bom, na verdade, eu não era a mesma coisa.
Era mais forte.
Eu estendi minhas mãos passando pelos traços de seu rosto; meus dedos demorando em
seus lábios.
―Eu pensei que não seria capaz de me sentir assim por um longo tempo?‖ Minha
incerteza fez das palavras uma pergunta. ―Mas eu ainda quero você.‖
Ele piscou em choque. ―Como você consegue se concentrar nisso? Você não está
incrivelmente sedenta?‖
Claro que eu estava agora, quando ele trouxe o assunto de volta!
Eu tentei me suprimir e suspirei, fechando meus olhos como antes, pra me ajudar a me
concentrar. Eu deixei meus sentidos se espalharem ao redor de mim, tensa dessa vez em
caso de outro ataque do delicioso sentido proibido.
Edward soltou as mãos, sequer respirando enquanto eu escutava mais e mais longe na
teia de vida verde, procurando por algo entre as presenças e sons que não fosse
completamente repugnante pra minha sede. Havia uma pista de algo, uma fraca
impressão para o leste…
Meus olhos se abriram muito rápido, mas o meu foco ainda estava afiado quando eu me
virei e me lancei na direção do leste. O chão se inclinou mais de uma vez conforme eu
corria em uma caçada, agachada, rente ao chão, arrancando as arvores do caminho
quando era mais fácil. Eu sentia mais que ouvia Edward correndo do meu lado,
correndo silenciosamente através dos bosques, me deixando guiar.
A vegetação rareou e nós subimos mais ainda, e o som ficava mais alto, crescendo
poderoso, assim como a trilha que eu seguia - era um sentido quente, mais afiado que o
cheiro do alce e mais apelativo. Mais uns segundos e eu podia ouvir o bater acolchoado
de pés imensos, tão mais sutil que o triturar de cascos. O som estava mais alto - mais
nos galhos do que no chão. Automaticamente eu disparei nos ramos também, ganhando
a estratégica posição mais alta, metade da altura de um alto e prateado abeto.
As batidas macias de patas continuavam furtivamente debaixo de mim agora; a rica
sensação estava muito perto. Meus olhos localizaram o movimento ligado ao som e eu
vi a pele marrom-amarelada do grande gato, escapando pela longa ramificação de um
abeto, um pouco mais abaixo e a esquerda do meu posto. Ele era grande - quatro vezes a
minha massa facilmente. Seus olhos estavam fixos no chão embaixo; o gato caçava
também. Eu captei o cheiro de algo menor, brando perto do aroma da minha presa,
acovardada debaixo da árvore. A cauda do leão se balançava espasmodicamente
enquanto ele se preparava pra saltar.
Com uma leve hesitação, eu planei pelo ar e aterrissei no galho dele. Ele sentiu a
madeira estremecer e se virou, rugindo surpreso e desafiador. Ele acabou com o espaço
entre nós, seus olhos brilhantes de fúria. Meio-louca de sede como estava, eu ignorei as
presas expostas e as unhas afiadas e me lancei nele, jogando nós dois no chão da
floresta.
Não foi bem uma luta.
Suas unhas arranhando podiam ter sido dedos carinhosos pelo impacto que deixaram na
minha pele. Seus dentes não tinham utilidade no meu ombro ou na minha garganta. Seu
peso não era nada. Meus dentes procuraram sem erro sua garganta, e a resistência
instintiva dele era quase pateticamente fraca contra minha força. Minhas mandíbulas se
fecharam precisamente sobre o ponto onde o calor era maior.
Era fácil como morder manteiga. Meus dentes eram navalhas de aço, eles cortaram a
pele e a gordura e tendões como se eles não estivessem lá.
O sabor estava errado, mas o sangue era quente e úmido, e acabou com a áspera, ardente
sede enquanto eu bebia ávida. A luta do gato se tornou mais e mais fraca e seus gritos
sufocaram com um gorgolejo. O calor do sangue irradiou em todas as partes do meu
corpo, atingindo até mesmo a ponta dos meus dedos das mãos e dos pés.
O leão estava acabado antes de eu estar. A sede cresceu de novo quando ele ficou seco,
e eu empurrei sua carcaça pra longe do meu corpo com repugnância. Como eu ainda
poderia estar com sede depois disso?
Fiquei ereta em um movimento rápido. De pé, eu me dei conta que eu estava meio
bagunçada. Eu limpei o meu rosto com as costas do meu braço e tentei arrumar o
vestido. As garras que haviam sido tão ineficientes contra a minha pele tinham tido mais
sucesso com o cetim.
―Hmm,‖ Edward disse. Eu olhei pra cima e o vi apoiado casualmente contra o tronco de
uma árvore, me olhando de forma pensativa.
―Eu acho que eu podia ter feito isso melhor.‖ Eu estava coberta de sujeira, meu cabelo
com nós, meu vestido manchado de sangue e pendurado em farrapos. Edward não vinha
pra casa de viagens de caça parecendo desse jeito.
―Você foi perfeitamente bem,‖ ele me assegurou. ―É só que… foi muito mais difícil de
assistir do que deveria ter sido.‖
Eu levantei minhas sobrancelhas confusas.
―Vai contra o meu extinto‖, ele explicou, ―deixar você lutar com leões. Eu estava tendo
um ataque de ansiedade o tempo todo.‖
―Bobo.‖
―Eu sei. Velhos hábitos não morrem fácil. Eu gostei das melhorias do seu vestido, no
entanto.‖
Se eu pudesse corar, eu teria. Eu mudei de assunto. ―Porque eu ainda estou com sede?‖
―Porque você ainda é jovem.‖
Eu suspirei. ―E eu não suponha que tenha outro leão da montanha por perto.‖
―Muitos veados, no entanto.‖
Eu fiz uma cara. ―Eles não cheiram tão bem.‖
―Herbívoros. Os que comem carne cheiram mais como os humanos,‖ ele explicou.
―Não tanto quanto os humanos,‖ eu discordei, tentando não me lembrar.
―Nós poderíamos voltar,‖ ele disse solenemente, mas havia um olhar provocador.
―No entanto quem quer que esteja lá fora, se forem homens, eles provavelmente não se
importariam se for você que estiver matando eles.‖ O olhar passando por meu vestido
rasgado novamente. ―Na verdade, eles iriam pensar que eles já haviam morrido e ido
pro céu no momento que eles vissem você.‖
Eu revirei meus olhos e inalei. ―Vamos caçar uns herbívoros fedidos.‖
Nós encontramos um grande rebanho de cervos quando corríamos de volta pra casa. Ele
caçou comigo dessa vez, agora que eu tinha pegado o jeito da coisa. Eu abati uma
grande quantidade fazendo quase tanta sujeira quanto tinha feito com o leão. Ele tinha
acabado com dois antes deu acabar com o primeiro, sem nenhum cabelo franzido, nem
uma mancha na sua camisa branca. Ele perseguiu o assustado e espalhado rebanho, mas
ao invés de se alimentar de novo, dessa vez eu assisti cuidadosamente para ver como ele
era capaz de caçar tão limpo.
Todas as vezes que eu havia desejado que Edward não tivesse que me deixar pra trás
quando ele caçava, eu havia estado secretamente um pouco aliviada. Porque eu estava
certa que ver isso iria me assustar. Horrorizar. Que vê-lo caçar iria finalmente fazer com
que ele parecesse um vampiro pra mim.
É claro, isso era muito diferente dessa perspectiva, com eu sendo uma vampira. Mas eu
duvidei que mesmo meus olhos humanos perdessem a beleza aqui.
Era uma experiência surpreendentemente sensual ver Edward caçando. Seu salto suave
era sinuoso como o ataque de uma cobra; suas mãos eram tão certeiras, tão fortes, tão
completamente incapazes de deixar escapar; seus lábios cheios eram perfeitos enquanto
eles se abriam sob seus dentes resplandecentes. Ele era glorioso. Eu senti um súbito
choque de orgulho e desejo. Ele era meu. Nada poderia me separar dele agora. Eu era
forte o suficiente para ser arrastada do seu lado.
Ele era muito rápido. Ele se virou para mim e encarou curiosamente a minha expressão
de desejo.
―Não está mais com sede?‖ ele perguntou.
Eu dei de ombros. ―Você me distraiu. Você é tão melhor que eu.‖
―Séculos de prática.‖ Ele sorriu. Seus olhos eram uma desconcertante sombra amorosa
com cor de mel agora.
―Só um‖ eu o corrigi.
Ele riu. ―Você acabou por hoje? Ou quer continuar?‖
―Acabei eu acho.‖ Eu me senti cheia, e meio enlameada, também. Eu não tinha certeza
de quanto mais líquido era necessário para me encher. Mas a queimação de minha
garganta estava sossegada, Então, de novo, eu tive certeza de que a sede era uma parte
sem saída dessa vida.
E de muita importância.
Eu me senti no controle. Talvez meu sentido de segurança fosse falso, mas eu me senti
bem em não matar ninguém hoje. Se eu podia resistir totalmente aos humanos
estranhos, eu não seria capaz de lidar com o lobisomem e com uma criança meiohumana que eu amava?
―Eu quero ver Renesmee,‖ eu disse. Agora que a minha sede estava domada (mas não
perto de estar apagada), as minhas preocupações de mais cedo foram dificilmente
esquecidas. Eu quis conciliar que a estranha que era a minha filha com a criatura que eu
amava há três dias atrás. Isso era tão estranho, tão errado não a tê-la em meus braços.
Abruptamente, eu me senti vazia e preocupada.
Ele ofereceu sua mão para mim. Eu a peguei, e sua pele pareceu mais quente do que
antes. Seu rosto estava levemente corado, as sombras debaixo de seus olhos tinham
sumido completamente.
Eu era incapaz de resistir a acariciar seu rosto de novo. E de novo.
Eu meio que tinha esquecido de que eu estava esperando uma resposta ao meu pedido
enquanto eu encarava seus olhos dourados cor-de-whisky.
Isso era quase tão difícil quanto tinha sido manter distância da essência de sangue
humano, mas eu de alguma forma mantinha firmemente em minha cabeça que eu
necessitava ser gentil enquanto eu me colocava na ponta dos pés, esticava meus braços e
os enrolava ao redor dele. Gentilmente.
Ele não hesitou em seus movimentos; seus braços se prenderam ao redor de minha
cintura e me puxou perto de seu corpo. Seus lábios se encontraram com os meus, mas
eles pareciam suaves. Meus lábios não mais se moldaram aos seus; eles estavam se
segurando.
Como antes, era como o toque de sua pele, seus lábios, suas mãos, se afundavam
diretamente pela minha superfície, pela minha pele dura e iam direto para os meus
novos ossos. Bem para o centro do meu corpo. Eu não conseguia imaginar que eu seria
capaz de amá-lo mais do que eu amava.
Minha antiga mente não era capaz de suportar todo esse amor. Meu coração antigo não
era forte o suficiente para agüentar isso.
Talvez essa era a parte de mim que se intensificou com a minha nova vida. Como a
compaixão de Carlisle e a devoção de Esme. Eu provavelmente nunca seria capaz de
fazer nada de interessante ou especial como Edward, Alice e Jasper conseguiam fazer.
Talvez eu somente iria amar Edward mais do que qualquer pessoa na história do mundo
tenha amado outra pessoa.
Eu podia viver com isso.
Eu me lembrava de partes como essa - entrelaçando meus dedos em seu cabelo,
traçando a superfície de seu peito - mas as outras partes eram novas. Ele era novo. Era
uma experiência completamente nova com Edward me beijando sem medo, tão
fortemente. Eu respondia a sua intensidade, e então subitamente nós estávamos caindo.
―Oops,‖ eu disse, e ele riu debaixo de mim. ―Eu não queria te atacar assim. Você está
bem?‖
Ele acariciou o meu rosto; ―Um pouco melhor do que bem.‖ E então uma expressão
perplexa através seu rosto. ―Reneesme?‖ ele perguntou de maneira incerta, tentando se
certificar do que eu mais queria naquele momento. Uma pergunta difícil de ser
respondida, porque eu queria tantas coisas ao mesmo tempo.
Eu podia dizer que ele não estava exatamente averso a adiar nosso retorno da viagem, e
era difícil de pensar muito sobre isso com a sua pele debaixo da minha - não havia
sobrado quase nada da minha roupa. Mas a minha memória da Renesmee, antes e depois
do nascimento, estava virando mais e mais como um sonho. E isso não era bom. Todas
as minhas memórias dela eram memórias humanas, uma aura artificial sobre elas. Nada
parecia real se eu não tivesse visto com esses olhos, tocado com essas mãos.
Cada minuto, a realidade sobre aquela pequena estranha estava cada vez mais distante.
―Renesmee,‖ eu concordei, lamentando, e me coloquei novamente em pé, puxando ele
comigo.
22. Prometido
Pensando em Renesmee me coloquei numa estranha posição, de novo, e espaçosa, com
a mente mais distraída. Tantas perguntas.
―Conte-me sobre ela,‖ eu insisti quando ele tomou a minha mão. Estar ligados apenas
nos abrandou.
―Ela é como nada mais no mundo,‖ ele me disse, e o som de uma devoção quase
religiosa estava lá mais uma vez em sua voz.
Eu senti certa inveja, ao logo dessa estranha conversa. Ele sabia dela, e eu não. Não era
justo.
―O quando ela é igual a você? O quanto igual a mim? Ou como eu era? Assim mesmo.‖
―Parece mesmo uma divisão justa.‖
―Ela tem o sangue quente‖, eu lembrei.
―Sim. Ela tem um batimento cardíaco, embora ele possa ser executado um pouco mais
rápido do que o de um homem. Sua temperatura é um pouco mais quente do que é
habitual, também. Ela dorme‖.
―Sério?‖
―Muito bem para um bebê. Os únicos pais no mundo que não precisam dormir, e a
nossa filha já dorme durante a noite.‖ Ele riu.
Gostei da forma como ele disse nossa filha. As palavras soaram mais reais.
―Ela tem exatamente a cor dos seus olhos - então isso não se perdeu, depois de tudo.‖
Ele sorriu para mim. ―Eles são tão bonitos.‖
―E as partes de vampiro?‖ Eu perguntei.
―Sua pele parece impenetrável como as nossas. Não que alguém tenha sonhado testar.‖
Eu pisquei para ele, um pouco chocada.
―Claro que ninguém iria‖, ele garantiu-me novamente. ―Sua dieta… bem, ela prefere
beber sangue. Carlisle continua a tentar convencê-la a beber alguma coisa para bebês,
também, mas ela não tem muita paciência com ele. Não posso pedir que ela ache que
fedem as coisas que cheira, mesmo para a alimentação humana.‖
Eu fiquei boquiaberta com ele agora. Ele fez soar como eles estivessem tendo
conversas.
―Persuadi-la?‖
―Ela é inteligente, tão chocante, e avançou a um ritmo imenso. Embora ela não fale ainda - sua comunicação é bastante eficaz.‖
―Embora. Não. Fala. Ainda‖.
Ele diminuiu o ritmo, deixando q eu absorvesse isso.
―O que você quer dizer com ‘se comunica de maneira eficaz‘?‖ Eu exigi.
―Eu acho que será mais fácil para você… ver por si só. Isto é algo peculiarmente difícil
de descrever‖.
Eu considerei aquilo. Eu sabia que havia muito para ver por si só antes de tudo se
realizasse. Eu não tinha certeza do quanto mais eu ainda agüentaria, então mudei o
assunto.
―Por que Jacob ainda está aqui?‖ Eu perguntei. ―Como ele pode agüentar isto? Porque
ele deveria?‖ Minha voz tremulou um pouco. ―Por que ele quer sofrer mais?‖
―Jacob não está sofrendo,‖ ele disse num novo e estranho tom de voz. ―Apesar de eu
querer mudar esta condição.‖ Disse Edward entre dentes.
―Edward!‖ Eu disse sibilando, forçando-o a parar (e sentindo, com uma ponta de
presunção, que eu era capaz de fazê-lo). ―Como você pode dizer isto? Jacob desistiu de
tudo para nos proteger! De tudo o que eu o fiz passar!‖ Eu recuei diante das escuras
memórias que me causavam culpa e vergonha. Isto parecia estranho agora, que eu havia
precisado tanto dele, desde então. Aquele sentimento de ausência sem ele por perto
havia desaparecido; provavelmente fora uma fraqueza humana.
―Você vai ver exatamente como eu posso dizer isso,‖ Edward resmungou. ―Eu prometi
a ele que o deixaria explicar, mas eu duvido que você veja de uma forma muito
diferente de como eu vejo. É claro, eu quase sempre estou errado sobre o que você
pensa, não é mesmo?‖ Ele apertou os lábios e me fitou.
―Explicar o que?‖
Edward balançou a cabeça. ―Eu prometi. Apesar de não saber se eu realmente ainda
devo qualquer coisa a ele…‖ Seus dentes se cerraram.
―Edward, eu não entendo.‖ Minha mente foi tomada pela indignação e pela frustração.
Ele acariciou minha face e então sorriu gentilmente quando minha pele se enrubesceu
em resposta, o desejo momentaneamente sobrepujando a irritação. ―É mais difícil do
que você faz parecer, eu sei. Eu me lembro.‖
―Eu não gosto de me sentir confusa.‖
―Eu sei. Então vamos para casa, para que você possa ver tudo por si mesma.‖ Seus
olhos percorreram o que sobrou do meu vestido enquanto ele falava sobre ir para casa,
então fez uma carranca. ―Hmm.‖ Depois de pensar por menos de meio segundo, ele
desabotoou sua camisa branca e a segurou para que eu colocasse meus braços através
das mangas.
―Muito ruim?‖
Ele sorriu.
Eu deslizei meus braços nas suas mangas e então abotoei a camisa rapidamente por
cima do corpete esfarrapado. É claro que ele ficou sem camisa e foi impossível não me
distrair com aquilo.
―Vou ganhar de você na corrida,‖ eu disse e então adverti ―sem desistir do jogo desta
vez!‖.
Ele largou minha mão e sorriu. ―Prepare-se…‖
Achar o caminho para a minha nova casa foi mais simples do que descer a rua de
Charlie até o meu antigo lar. Nosso cheiro deixava uma trilha limpa e fácil de seguir,
mesmo correndo o mais rápido que eu podia.
Edward me perseguiu até chegarmos ao rio. Eu aproveitei a chance e abri distância,
tentando usar minha força extra para ganhar.
―Ha!‖ Eu disse exultante, quando ouvi meus pés tocarem a grama antes dele.
Esperando pela sua chegada eu ouvi algo que eu não esperava. Um som alto e perto
demais. Um coração disparado.
Edward estava ao meu lado no mesmo segundo, suas mãos bateram dos lados dos meus
braços.
―Não respire,‖ ele me alertou urgentemente.
Eu tentei não entrar em pânico enquanto eu congelei minha respiração pela metade.
Meus olhos eram as únicas coisas que se moviam, girando instintivamente para
encontrar a origem do som.
Jacob ficou na linha onde a floresta tocava o gramado dos Cullens, seus braços cruzados
sobre seu peito, sua mandíbula trincou fortemente. Invisível na floresta atrás dele, eu
ouvi agora dois corações maiores, o fraco barulho de gigantes patas.
―Com cuidado, Jacob,‖ Edward disse. Uma briga na floresta ecoou a preocupação em
sua voz. ―Talvez essa não seja a melhor forma-‖
―Você acha que seria melhor deixar ela perto do bebê primeiro?‖ Jacob interrompeu. ―É
mais seguro ver como Bella fará comigo. Eu me curo mais rapidamente.‖ Isso era um
teste? Para ver se eu não mataria Jacob antes de eu tentar não matar Renesmee? Eu me
senti mal da maneira mais estranha - não tinha nada a ver com meu estômago, era
apenas na minha cabeça. Essa idéia era de Edward?
Eu fitei seu rosto ansiosamente; Edward pareceu deliberar por um momento, e então sua
expressão mudou de preocupação para alguma coisa a mais. Ele encolheu os ombros e
depois havia uma hostilidade oculta em sua voz quando ele disse, ―É o seu pescoço, eu
acho‖.
O rosnado que vinha da floresta estava furioso agora; Leah, eu não tinha duvidas.
O que havia com Edward? Depois de tudo que passamos, ele não deveria sentir algum
carinho pelo meu melhor amigo? Eu pensei - talvez fosse tolice - que Edward era algum
tipo de amigo de Jacob agora, também. Eu devo ter me enganado.
Mas o que Jacob estava fazendo? Por que ele se ofereceria de teste para proteger
Renesmee?
Isso não fazia sentido algum para mim. Mesmo se nossa amizade tivesse sobrevivido…
E quando meus olhos encontraram os de Jacob, eu pensei que talvez ela tivesse
sobrevivido. Ele ainda parecia meu melhor amigo. Mas não era ele quem tinha mudado.
Como ele me via agora?
Então ele sorriu seu sorriso tão familiar, o sorriso de um parente, e eu tive certeza de
que nossa amizade estava intacta. Foi simplesmente como tudo foi antes, quando nós
ficávamos em sua pequena garagem, apenas dois amigos matando tempo. Fácil e
normal. Novamente, eu notei que a estranha necessidade que eu sentia dele antes de eu
mudar se fora. Ele era apenas meu amigo, como isso deveria ser.
Embora ainda não fizesse sentido o que ele estava fazendo agora. Ele era realmente tão
privado de egoísmo que tentaria me proteger - com sua própria vida - de fazer algo em
um incontrolável segundo que eu me arrependeria para sempre? Isso ia além de
simplesmente tolerar o que eu havia me tornado ou, milagrosamente, tentando continuar
a ser meu amigo. Jacob era uma das melhores pessoas que eu conhecia, mas isso era
difícil de aceitar para qualquer um.
Seu sorriso se abriu, e ele encolheu os ombros devagar. ―Eu preciso dizer isso, Bells.
Você está esquisita.‖
Eu sorri de volta, caindo facilmente na antiga familiaridade. Esse era um lado dele que
eu entendia.
Edward rosnou. ―Preste atenção, mestiço.‖
O vento soprou de trás de mim e eu rapidamente enchi meus pulmões com o ar seguro,
e aí eu podia falar. ―Não, ele está certo. Os olhos são realmente alguma coisa, não?‖.
―Muito sinistro. Mas não tão ruim quanto eu achei que seria.‖
―Nossa - obrigada por esse incrível elogio!‖
Ele revirou os olhos. ―Você sabe o que eu quero dizer. Você ainda parece você - mais
ou menos. Acho que não é tanto como você se parece… você é a Bella. Eu não achei
que me sentiria como se você ainda estivesse aqui.‖ Ele sorriu pra mim de novo, sem
um traço de amargura ou ressentimento em lugar nenhum de sua face. Então ele riu e
disse, ―de qualquer modo, acho que logo me acostumarei com esses olhos.‖
―Você vai?‖, perguntei confusa. Era maravilhoso que ainda fossemos amigos, mas não
estávamos exatamente passando muito tempo juntos.
O olhar mais estranho possível passou pela sua face, apagando o sorriso. Era quase…
Culpado? Então seus olhos se moveram para Edward.
―Obrigado‖, ele disse. ―Eu não tinha muita certeza se você ia conseguir esconder isso
dela, prometendo ou não. Usualmente, você só da a ela o que ela quer.‖
―Talvez eu esteja esperando que ela se irrite e arranque seu coração‖, Edward sugeriu.
Jacob bufou.
―O que está havendo? Vocês dois estão mantendo segredos de mim?‖, demandei
incrédula.
―Eu explico depois.‖ Jacob disse meio conscientemente - como se ele não estivesse
realmente planejando explicar. Então ele mudou de assunto. ―Primeiro, vamos tirar esse
show da estrada‖. Rir era um desafio agora, enquanto ele lentamente começava a se
mover.
Houve um lamento de protesto atrás dele e então o corpo cinza de Leah saiu das árvores
atrás dele, Seth, mais alto e cor de areia estava bem atrás dela
―Tá legal, garotos!‖ Jacob disse ―Fique fora disso‖
Eu fique feliz que os outros não deram ouvidos a ele, mas apenas o seguiram um pouco
mais devagar.
O vento estava parado agora; não ia mandar o cheiro dele pra longe de mim.
Ele chegou perto o bastante pra que eu pudesse sentir o calor do seu corpo no ar entre
nós. Minha garganta queimou em resposta.
―Vamos lá, Bella. Faça o seu pior.‖
Leah assobiou.
Eu não queria respirar. Não era certo tirar uma vantagem tão perigosa de Jacob, não
importava se era ele quem estava oferecendo. Mas eu não podia escapar da lógica. De
que outro modo eu poderia garantir que não ia machucar a Reneesme?
―Eu estou ficando velho aqui, Bella‖, Jacob zombou. ―Certo, tecnicamente não estou,
mas você pegou a idéia. Vamos lá, respire.‖
―Segure-me‖, eu falei para Edward, me contraindo involuntariamente contra seu peito.
Suas mãos envolveram meus braços.
Eu travei os meus músculos, esperando poder mantê-los parados. Eu resolvi que me
sairia tão bem quanto me saíra na caçada, ao menos. No pior caso, eu pararia de respirar
e correria. Nervosa, eu puxei um pouco de ar pelo meu nariz, segura por alguma coisa.
Doeu um pouquinho, mas minha garganta já estava queimando de qualquer modo.
Jacob não cheirava muito mais como humano do que aquele leão da montanha. Havia
uma margem de algo animal em seu sangue que instantaneamente repelia. Apesar do
alto, úmido som de seu coração.Apesar do barulho, o som molhado do seu coração era
atraente, o cheiro que vinha com ele fez meu nariz enrugar. Era realmente mais fácil
com o cheiro para induzir minha reação com o som e o calor do seu sangue pulsante.
Eu respirei novamente e relaxei. ―Huh, eu posso ver sobre o que todos falavam. Você
fede, Jacob.‖
Edward riu; suas mãos saíram dos meus ombros para se embrulhar em torno de minha
cintura. Seth ladrou uma baixa gargalhada em harmonia com Edward; ele se aproximou
um pouco enquanto Leah retrocedeu vários passos. E então eu estava consciente de
outra audiência quando eu ouvi a baixa, distinta gargalhada de Emmett, um pouco
abafada pela parede de vidro entre nós.
―Olha quem está falando,‖ Jacob disse, teatralmente tampando seu nariz. Sua face não
se contraiu em nada enquanto Edward me abraçava, nem mesmo quando Edward se
compôs e cochichou ―Eu te amo‖ em meu ouvido. Jacob apenas continuava sorrindo.
Aquilo me fez ficar esperançosa de que as coisas iriam ficar bem entre nós agora, da
forma que elas não tinham sido por um bom tempo. Talvez agora eu pudesse ser
verdadeiramente sua amiga, já que eu o tinha desgastado muito fisicamente a ponto dele
não poder me amar da mesma forma que antes. Talvez isso fosse tudo o que era
necessário.
―Ok, então eu fui aprovada, certo?‖ Eu disse. ―Agora você vai me contar o que é esse
grande segredo?‖
A expressão de Jacob se tornou bastante nervosa. ―Não é nada com que você precise se
preocupar nesse instante…‖.
Eu ouvi a risada de Emmett novamente - um som de antecipação.
Eu poderia insistir em minha questão, mas assim como eu ouvi Emmett, eu ouvi outros
sons, também. Sete pessoas respirando. Um grupo de pulmões se movendo mais
rapidamente que os outros. Apenas um coração vibrando como as asas de um pássaro,
leve e rápido.
Eu estava totalmente divertida. Minha filha estava apenas do outro lado daquela fina
parede de vidro. Eu não podia vê-la - a luz saltava pelas janelas reflexivas como um
espelho. Eu só podia ver a mim mesma, parecendo muito estranha - muito branca e
imóvel - comparada a Jacob. Ou, comparada a Edward, olhando com exatidão.
―Renesmee,‖ eu sussurrei. O estresse me fez uma estátua novamente. Renesmee não ia
cheirar como um animal. Eu a colocaria em perigo?
―Venha e veja,‖ Edward murmurou. ―Eu sei que você pode lidar com isso.‖
―Você me ajudará?‖ eu sussurrei através dos meus lábios parados.
―Claro que irei.‖
―E Emmett e Jasper - apenas pro caso?‖
―Nós vamos cuidar de você, Bella. Não se preocupe, nós estaremos prontos. Nenhum de
nós colocaria Renesmee em risco. Eu acho que você se surpreenderá com a forma como
ela já nos embrulha totalmente em volta de seus pequenos dedos. Ela estará em perfeita
segurança, não há problema.‖
Minha vontade de vê-la, de entender a adoração na voz dele, quebrou minha postura
congelada. Eu dei um passo adiante.
E então Jacob estava em meu caminho, sua expressão mesclada com preocupação.
―Você tem certeza, bebedor de sangue?‖ Ele reivindicou a Edward, sua voz quase
ordenando. Eu nunca tinha o ouvido falar com Edward daquela forma. ―Eu não gosto
disso, talvez ela devesse esperar -‖
―Você teve seu teste, Jacob.‖
O teste era de Jacob?
―Mas -‖ Jacob começou.
―Mas nada,‖ Edward disse repentinamente exaltado. ―Bella precisa ver nossa filha. Saia
de seu caminho.‖
Jacob disparou em mim um estranho, frenético olhar e então se virou e quase entrou na
casa em nossa frente.
Edward rosnou.
Eu não conseguia ver sentido no confronto deles, e não conseguia me concentrar nisso
também. Eu só consegui pensar na criança embaçada na minha memória e lutar contra a
nebulosidade, tentando lembra exatamente de seu rosto.
―Podemos?‖ - Edward disse, sua voz gentil de novo.
Eu acenei nervosamente.
Ele pegou minha mão com força na dele e conduziu o caminho através da casa.
Eles esperavam por mim numa linha sorridente que era tanto saudosa quanto defensiva.
Rosalie estava vários passos atrás do resto deles, perto da porta da frente. Ela estava
sozinha até que Jacob se juntou a ela e então parou em sua frente, mais perto do que era
normal. Não havia nenhum sentido de conforto nessa proximidade; ambos pareceram
contrair os músculos pela proximidade.
Alguém bem pequeno estava se inclinando para fora dos braços de Rosalie, espreitando
por Jacob. Imediatamente, ela teve minha atenção absoluta, cada pensamento meu, de
um jeito que nada mais teve desde o momento que eu abri meus olhos.
―Eu estive fora apenas por dois dias?‖ - eu arfei, sem acreditar.
A estranha criança nos braços de Rosalie deveria ter semanas, não meses, de idade. Ela
talvez estivesse o dobro do tamanho do bebê em minhas turvas memórias, e ela parecia
suportar seu próprio torso facilmente enquanto ela se esticava na minha direção. Seu
reluzente cabelo bronze caia em cachos pelos seus ombros. Seus olhos cor de chocolate
me examinaram com um interesse que não parecia como o de outras crianças; era
adulto, ciente e inteligente. Ela esticou uma mão, na minha direção por um momento, e
então se voltou para tocar a garganta de Rosalie.
Em seu rosto não havia surpresa em sua beleza e perfeição. Eu não acreditava que era a
mesma criança. A minha criança.
Mas Edward estava lá em seus traços, e eu estava lá na cor de seus olhos e bochechas.
Até Charlie tinha lugar em seus densos cachos, apesar da cor combinar com a de
Edward. Ela deveria ser nossa. Impossível, mas ainda verdade.
Ver esta pequena pessoa imprevista não a fazia mais real, de qualquer forma. Apenas a
fazia mais fantástica.
Rosalie pressionou sua mão no pescoço dela e murmurou. - ―Sim, é ela.‖.
Os olhos de Reenesme permaneceram fixos em mim. Então, como havia feito apenas
alguns segundos após seu nascimento violento, ela sorriu para mim. Um brilhante
relampejo de pequenos, perfeitos dentes brancos.
Vacilando por dentro, eu dei um passo hesitante em direção a ela.
Todos se moveram rápido demais.
Emmet e Jasper estavam exatamente na minha frente, ombro a ombro, mãos prontas.
Edward me segurou por trás, dedos apertados de novo no topo dos meus braços. Até
Carlisle e Esme se moveram ladeando Emmet e Jasper, enquanto Rosalie se apoiava na
porta, seus braços agarrando com força Reenesme. Jacob se moveu também, mantendo
sua postura protetora na frente delas.
Alice foi a única que se manteve no lugar.
―Oh, dêem a ela algum crédito,‖ - ela os reprovou. - ―Ela não irá fazer nada. Você
também gostaria de uma olhada melhor.‖
Alice estava certa. Eu estava sob meu controle. Eu havia sido rodeada por nada - por um
perfume impossivelmente insistente como o cheiro humano na floresta. A tentação aqui
não era nada comparada. A fragrância de Renesmee era perfeitamente balançada entre o
mais belo dos perfumes e a essência da comida mais deliciosa. Havia fragrância doce de
vampiros suficiente para impedir que a do humano tomasse conta de mim.
Eu podia lidar com isso. Tinha certeza.
―Estou bem.‖ eu prometi, dando uma tapinha na mão de Edward que estava no meu
braço. Então eu hesitei e acrescentei ―Fique perto, só para garantir.‖
Os olhos de Jasper estavam apertados, concentrados. Eu sabia que ele estava
absorvendo minhas emoções, e trabalhei para ficar calma. Eu senti Edward liberar meus
braços quando ele leu a avaliação de Jasper. Mas, embora Jasper quem estivesse
percebendo primeiro a coisa toda, ele não parecia tão certo.
Quando ela escutou minha voz, a criança que era muito perceptiva se mexeu nos braços
de Rosalie, tentando me alcançar. De algum jeito, a expressão dela conseguiu ser
impaciente.
―Jazz, Em, deixem-nos passar. A Bella consegue se controlar.‖
―Edward, o risco…‖ Jasper disse.
―É mínimo. Escute, Jasper - na caçada ela sentiu o cheiro de alguns andarilhos que
estavam no lugar errado e na hora errada…‖
Eu escutei Carlisle sugar o ar em choque. O rosto de Esme repentinamente cheio de
preocupação misturada com compaixão. Os olhos de Jasper se arregalaram, mas ele
acenou ligeiramente, como se as palavras de Edward tivessem respondido alguma
pergunta em sua cabeça. Emmett sacudiu os ombros. Rosalie pareceu ainda menos
preocupada que Emmett enquanto ela tentava segurar a criança que se debatia em seus
braços.
A expressão de Alice me disse que ela não foi enganada. Seus olhos se estreitaram,
focalizados com uma intensidade ardente em minha camiseta emprestada, mais
preocupada com o que eu tinha feito com a roupa do que com qualquer outra coisa.
―Edward!‖ Carlisle censurou. ―Como pôde ser tão irresponsável?‖
―Eu sei, Carlisle, eu sei. Fui muito burro. Devia ter esperado para me certificar que
estávamos em uma zona segura antes que a libertasse.‖
―Edward‖ eu murmurei, envergonhada pelo jeito que eles me encararam. Era como se
estivessem tentando ver um vermelho vívido em meus olhos.
―Ele está absolutamente certo em me repreender, Bella.‖ Edward disse com um riso de
escárnio. ―Eu cometi um grande erro. O fato de que você é mais forte do que qualquer
outra pessoa que eu já conheci não muda isso.‖
Alice revirou os olhos. ―Piada de bom gosto, Edward.‖
―Não estava fazendo piada. Eu estava explicando para o Jasper porque eu sei que a
Bella pode lidar com isso. Não é culpa minha se todos tiraram conclusões precipitadas.‖
―Espere‖ Jasper arquejou. ―Ela não caçou os humanos?‖
―Ela começou‖ Edward disse claramente se divertindo. Cerrei os dentes. ―Ela estava
completamente centrada na caçada.‖
―O que aconteceu?‖ Carlisle interrompeu. Seus olhos ficaram brilhantes de repente, um
sorriso impressionado começando a se formar em seu rosto. Lembrou-me de antes,
quando ele quis saber detalhes da experiência de minha transformação. A agitação por
informação nova.
Edward se inclinou na direção dele, animado. ―Ela me escutou atrás dela e reagiu
defensivamente. Assim que minha perseguição quebrou a concentração dela, ela saiu do
transe. Nunca vi nada se igualar à ela. Ela percebeu na hora o que estava acontecendo, e
então… Ela prendeu a respiração e correu para longe.”
―Nossa‖ Emmett murmurou. ―Isso é sério?‖
―Ele não está contando direito,‖ eu murmurei mais envergonhada do que antes. ―Ele
omitiu a parte em que eu rosnei para ele‖.
Você deu uma boa sova nele?‖ Emmett perguntou avidamente.
―Não! Claro que não‖.
―Não, não mesmo? Você realmente não o atacou?‖
―Emmett!‖ Eu protestei.
―Aw, que desperdício,‖ Emmett gemeu. ―E você provavelmente é a única pessoa aqui
que poderia pegar ele - visto que ele não pode ler sua mente para trapacear - e você teve
uma desculpa perfeita, também‖. Ele suspirou. ―Eu tenho ―morrido‖ para ver o ele faria
sem essa vantagem‖.
Lancei friamente um olhar furioso para ele. ―Eu nunca vou.‖
A carranca de Jasper chamou minha atenção; ele parecia mais perturbado do que antes.
Edward encostou ligeiramente o punho dele no ombro de Jasper em um falso soco.
―Você vê o que eu quero dizer?‖
―Não é natural,‖ Jasper murmurou.
―Ela poderia ter se virado contra você - ela é só horas mais velha!‖ Esme ralhou, pondo
a mão dela contra o seu coração. ―Oh, nós deveríamos ter ido com você.‖
Eu não estava prestando tanta atenção, agora que a piada de Edward perdeu a graça. Eu
estava olhando a criança deslumbrante que estava perto da porta, que ainda me
encarava. As pequenas mãos dela estendidas para mim como se ela soubesse
exatamente quem eu era.
―Edward,‖ eu disse, andando em volta de Jasper para a ver melhor. ―Por favor?‖
Os dentes de Jasper estavam travados; ele não se moveu.
―Jazz, isto não é nada que você já não viu antes.‖ Alice disse quietamente. ―Confie em
mim‖.
Os olhos deles se encontraram durante um segundo, e então Jasper acenou com a
cabeça. Ele se moveu comigo enquanto eu caminhava lentamente.
Eu pensei em cada passo antes de continuar, analisando meu humor, a queimadura em
minha garganta, a posição dos outros ao redor de mim. Quão forte eu me sentia contra
como eles poderiam me conter. Era uma procissão lenta.
E então a criança nos braços de Rosalie, lutando e estendendo a mão esse tempo todo, a
expressão dela ficando mais e mais irritada, deixou sair um alto, tocante choro. Todo o
mundo reagiu como se - como eu - eles nunca tivessem ouvido o a voz antes.
Eles chegaram ao redor dela em um segundo, me deixando só, congelada no mesmo
lugar.
O som do choro de Renesmee me perfurou direitamente, me lançando ao chão. Meus
olhos arderam do modo mais estranho, como se eles quisessem se romper.
Parecia que todo o mundo tinha uma mão nela, batendo levemente e confortando. Todo
mundo menos eu.
Qual é o problema? Ela está ferida? O que aconteceu?‖
Era a voz de Jacob que estava mais alta, que se elevou ansiosamente sobre as dos
outros. Eu assisti em choque quando ele alcançava Renesmee, e então em horror
absoluto quando Rosalie a entregou para ele sem uma briga.
―Nenhum, ela está bem,‖ Rosalie o tranqüilizou.
Rosalie estava tranqüilizando Jacob?
Renesmee foi para Jacob com bastante boa vontade, empurrando a mão minúscula
contra a bochecha dele, então se retorcendo para se estirar novamente para mim.
―Viu?‖ Rosalie lhe falou. ―Ela apenas quer Bella‖.
―Ela me quer?‖ Eu sussurrei.
Os olhos de Renesmee - meus olhos - me fitaram impacientemente.
Edward lançou-se de volta para o meu lado. Ele colocou suas mãos levemente nos meus
braços e me encorajou a continuar.
―Ela tem te esperado por quase três dias,‖ ele me disse.
Nós estávamos a apenas alguns passos de distancia dela agora. Uma explosão de paixão
parecia sair de dentro dela para me tocar.
Ou talvez fosse Jacob que estivesse tremendo. Eu vi suas mãos tremendo quando
cheguei mais perto. E, além de sua óbvia ansiedade, sua expressão estava mais serena
do que eu tinha visto em muito tempo.
―Jake, eu estou bem,‖ eu disse a ele. Ver Renesmee em suas mãos trementes me fez
entrar em pânico, mas eu me esforcei para manter o controle.
Suas sobrancelhas se juntaram, os olhos duros, como se ele estive com tanto pânico
quanto o pensamento de Renesmee em meus braços.
Renesmee choramingou avidamente e se esticou, suas pequenas mãos se fechando em
punhos de novo e de novo.
Algo se passou pela minha cabeça naquele momento. O som de seu choro, a
familiaridade de seus olhos, o jeito como ela parecia ainda mais impaciente que eu para
esse encontro - tudo isso se entrelaçou e se transformou na coisa mais natural enquanto
ela agarrava com força o ar entre nós. De repente, ela pareceu absolutamente real e, é
claro, que eu a conhecia. Era perfeitamente simples que eu deveria dar aquele último e
fácil passo para alcançá-la, colocando minhas mãos exatamente onde elas se
encaixassem melhor enquanto eu a puxava gentilmente em minha direção.
Jacob deixou seus longos braços se esticarem para que eu pudesse pegá-la, mas ele não
a soltou. Ele deu de ombros quando nossas peles se tocaram. A pele dele, sempre tão
agradavelmente quente para mim antes, parecia chama para mim agora. Ela era quase da
mesma temperatura de Renesmee. Talvez um ou dois graus de diferença.
Renesmee pareceu não perceber a frieza de minha pele, ou ao menos estava acostumada
a ela.
Ela olhou para cima e sorriu para mim de novo, mostrando seus dentes pequenos e
quadrados e duas covinhas. Então, deliberadamente, ela alcançou meu rosto.
No momento em que ela fez isso, todas as mãos em mim me apertaram, antecipando
minha reação. Eu mal percebi.
Eu estava arfando, abalada e amedrontada pela estranha imagem que preencheu minha
mente. Ela parecia com uma memória muito forte - eu ainda podia ver através de meus
olhos enquanto eu a assistia em minha cabeça - mas ela era completamente
desconhecida. Eu fitei a esperançosa expressão de Renesmee através dessa memória,
tentando entender o que estava acontecendo, lutando desesperadamente para manter a
calma.
Além de ser chocante de desconhecida, a imagem era também errada de alguma forma eu quase reconheci meu próprio rosto nela, meu antigo rosto, mas ele estava embaçado,
retrógrado. Eu percebi rapidamente que eu estava vendo meu rosto como os outros o
viam, de preferência visto em um reflexo.
Meu rosto na memória estava torto, destruído e coberto de suor e sangue. Apesar disso,
minha expressão na visão se tornou um adorável sorriso; meus olhos castanhos se
animaram atrás de seus profundos círculos. A imagem ampliou-se, meu rosto chegou
mais perto do invisível ponto de vantagem, e depois, abruptamente se desvaneceu.
A mão de Renesmee caiu de meu rosto. Ela sorriu mais abertamente e suas covinhas
apareceram novamente.
O quarto estava totalmente silencioso, a não ser pelas batidas de coração.
Ninguém além de Jacob e Reneesme estava tanto quanto respirando. O silêncio se
esticou; parecia que eles estavam esperando para que eu dissesse alguma coisa.
―O que… foi… isso?‖ - eu consegui colocar pra fora.
―O que você viu?‖ - Rosalie perguntou curiosamente, inclinada em torno de Jacob, que
parecia muito no caminho e fora de lugar no momento. - ―O que ela te mostrou?‖
―Ela me mostrou aquilo?‖ - eu sussurrei.
―Eu te disse que era difícil de explicar,‖ - Edward murmurou em meu ouvido. - ―Mas
eficaz como meio de comunicação‖.
―O que foi isso?‖ - Jacob perguntou.
Eu pisquei rapidamente várias vezes. - ―Hum. Eu. Eu acho. Mas eu parecia horrível.‖
―Essa é a única memória que ela tem de você,‖ - Edward explicou. Era óbvio que ele
tinha visto o que ela estava me mostrando enquanto ela pensava nisso. Ele ainda estava
contraído, sua voz áspera por reviver a memória. - ―Ela está deixando você saber que
ela fez a conexão, que ela sabe quem você é‖.
―Mas como ela fez isso?‖
Reneesme parecia indiferente com meus olhos injetados. Ela estava sorrindo levemente
e puxando um pedaço de meu cabelo.
―Como eu ouço pensamentos? Como Alice prevê o futuro?‖ - Edward perguntou
retoricamente, e então encolheu os ombros. - ―Ela é talentosa‖.
―É uma volta interessante,‖ - Carlisle disse a Edward. - ―Como se ela fizesse exatamente
o oposto do que você pode fazer.‖
―Interessante,‖ - Edward concordou. - ―Eu imagino…‖
Eu sabia que eles estavam especulando, mas eu não ligava. Eu estava olhando para o
rosto mais bonito do mundo. Ela estava quente em meus braços, me lembrando do
momento em que a escuridão quase ganhou, quando não havia sobrado nada no mundo
para se segurar. Nada forte o suficiente pra me puxar da escuridão esmagadora. O
momento em que eu pensei na Reneesme e encontrei algo que eu nunca deixaria ir.
―Eu me lembro de você também.‖ - eu disse a ela calmamente.
Pareceu bem natural me inclinar e pressionar os meus lábios em sua testa. Ela cheirava
maravilhosamente. O cheiro de sua pele deixou minha garganta queimando, mas era
fácil ignorar. Isso não tirou a alegria do momento. Reneesme era real e eu a conhecia.
Ela era a mesma pela qual eu lutei desde o começo. Minha pequena cutucadora, aquela
que me amava de dentro também. Metade Edward, perfeita e amável. E metade eu que, surpreendentemente, a fez melhor ao invés de pior.
Eu estava certa o tempo todo. Ela valia a luta.
―Ela está bem,‖ - Alice murmurou, provavelmente para Jasper. Eu podia senti-los
duvidando, não confiando em mim.
―Nós não experimentamos o suficiente por um dia?‖ - Jacob perguntou. Sua voz
levemente um volume mais alto com tensão. - ―Tudo bem, Bella está indo muito bem,
mas não vamos forçar‖.
Eu o encarei com real irritação. Jasper arrastou os pés nervosamente perto de mim.
Estávamos todos amontoados tão perto que qualquer pequeno movimento parecia muito
grande.
―Qual é o seu problema, Jacob?‖ - eu reclamei. Eu puxei Reneesme facilmente contra
sua posse e ele apenas deu um passo para mais perto de mim, Reneesme tocando a
bochecha de nós dois.
Edward assobio para ele. - ―Somente porque eu entendo, não quer dizer que eu não boto
você para fora, Jacob. Bella está extraordinariamente bem. Não arruíne o momento para
ela‖.
―Eu o ajudarei a arremessar você, cachorro,‖ - Rosalie prometeu. Sua voz tempestuosa.
- ―Eu te devo um belo chute na bunda.‖ - Obviamente, não houve nenhuma mudança
nesse relacionamento, a não ser que tenha sido pra pior.
Eu olhei de canto pra expressão ansiosa meio-zangada de Jacob. Seus olhos estavam
cravados na face de Reneesme. Com todo mundo prensado junto, ele tinha que estar
tocando ao menos seis vampiros diferentes, e isso nem parecia incomodá-lo.
Ele realmente passaria por tudo isso apenas para me proteger de mim mesma? O que
podia ter acontecido durante a minha transformação - minha mudança para algo que ele
odiava - o que o teria amaciado tanto, tirando a necessidade disso?
Eu estava estarrecida com isso, vendo-o encarar minha filha. Encarando-a como…
Como se ele fosse um homem cego vendo o sol pela primeira vez.
“Não!”, eu engasguei.
Jasper trincou os dentes e os braços de Edward envolveram meu peito como cobras.
Jacob tirou Reneesme de meu colo no mesmo segundo, e eu não tentei puxa-la de volta.
Porque eu senti isso - o golpe que todos eles estavam esperando.
―Rose‖, eu disse entre meus dentes, devagar e precisamente. ―Pegue Reneesme‖.
Rosalie estendeu as mãos e Jacob deu minha filha a ela de uma vez. Os dois recuaram
para longe de mim.
―Edward, eu não quero te machucar, então, por favor, me solte‖.
Ele hesitou.
―Pode ficar na frente da Reneesme‖.
Ele deliberou e então me soltou.
Eu me inclinei na minha posição de caça e avancei dois passos lentos em direção a
Jacob.
―Você não fez‖, eu rosnei pra ele.
Ele recuou com as mãos pra cima, tentando raciocinar comigo. ―Você sabe que eu não
posso controlar‖.
―Seu vira-lata estúpido! Como você pode? Meu bebe!”.
Ele recuou pela porta da frente, enquanto eu andava na ponta dos pés até ele, meio
correndo escadas abaixo. ―Não foi idéia minha, Bella!‖.
―Eu a tive inteirinha uma vez e você já acha que tem um chamado lobo imbecil por ela?
Ela é minha”.
―Eu posso dividir‖, ele disse implorando enquanto recuava pelo quintal.
―Pagando‖, escutei Emmet dizer atrás de mim. Uma pequena parte do meu cérebro se
perguntou quem tinha apostado nesse resultado. Eu não desperdicei muita atenção nisso.
Eu estava muito furiosa.
―Como você se atreve a ter uma impressão com o meu bebe? Você perdeu a cabeça?‖
―Foi involuntário!‖, ele insistiu, ainda recuando em direção as arvores.
Então ele não estava sozinho. Os outros dois enormes bolos reapareceram, flanqueandoo dos dois lados. Leah bateu os dentes pra mim.
Um rosnado de certo modo assustador rasgou pelos meus dentes de volta pra ela. O som
me perturbou, mas não o suficiente pra deter meu avanço.
―Bella, você podia ouvir por um segundo? Por favor?‖, Jacob implorou. ―Leah, pra
trás‖, ele adicionou.
Leah levantou os lábios pra mim e não recuou.
―Porque eu devia escutar?‖, assobiei. A fúria dominava minha cabeça. E bloqueava todo
o resto.
―Porque você é a pessoa que me disse isso. Você lembra? Você disse que nós
pertencíamos um ao outro, certo? Que nós éramos uma família. Você disse que era
como você e eu supostamente éramos. Assim… agora nós somos. É o que você queria.‖
Eu olhei-o fixamente. Eu lembrei daquelas palavras. Mas meu novo cérebro era duas
vezes mais rápido que seu absurdo.
―Você pensa que você será parte de minha família como meu genro!‖ Eu gritei. Minha
voz de sino perfeita dois oitavos mais alta e ainda soou como música.
Emmett riu.
―Pare-a, Edward,‖ Esme murmurou. ―Será infeliz se o ferir.‖
Mas eu não senti nenhuma perseguição atrás de mim.
―Não!‖ Jacob estava insistindo ao mesmo tempo. ―Como pode você mesmo vê-la dessa
maneira? É apenas um bebê, para chorar!‖
―Esse é o meu ponto!‖ Eu gritei.
Renesmee estava complacente nos meus braços, uma mão ainda descansando na minha
face. Uma vez que a viagem de caça tinha sido abortada, ela teria que se virar com
sangue doado. Seus pensamentos estavam um pouco convencidos.
Além das palavras, eu guinchei um rosnado para ele.
―Incrível, não é?‖ Eu ouvi Edward murmurar.
―Ela não foi para sua garganta nem mesmo uma vez,‖ Carlisle concordou, soando
chocado.
―Muito bem, você ganhou esta.‖ disse Emmett rancoroso.
.
―Você vai ficar longe dela,‖ Eu assobiei para Jacob.
―Eu não posso fazer isso!‖
E disse através dos meus dentes: ―Experimente. A partir de agora. ‖
―Não é possível. Você lembra quanto você me queria há três dias? Como era duro se
distanciar de mim? Isso acabou para você agora, não é?‖
Meu olhar era penetrante, não era certo o que isso implicava.
―Essa foi ela,‖ ele me disse. ―Desde o início. Tivemos que estar juntos, mesmo assim.‖
Lembrei-me, e depois eu compreendi; uma pequena parte de mim ficou aliviada de ter
explicado a loucura. Mas isso só me trouxe um alívio cômodo. Ele espera que isso seja
suficiente para mim? Seria um pouco esclarecimento me familiarizar com a idéia?
―Fuja enquanto você ainda pode‖, eu ameacei.
―Ah, Bells! Nessie gosta de mim, também‖, insistiu ele.
Eu congelei. Minha respiração parou. Por trás de mim, eu ouvi o silêncio que ansiava
por sua reação.
―Do que você a… chamou?‖
Jacob deu mais um passo para trás, com o olhar envergonhado. ―Bem‖, ele resmungou,
―é que o nome que você sugeriu soa como uma espécie de…‖
―Depois você apelidou minha filha de Monstro do Lago Ness?‖ Eu gritei.
E então eu dei um bote em sua garganta.
23. Memórias
―Desculpe-me, Seth. Eu devia estar mais perto.‖
Edward ainda estava se desculpando, e eu não achava isso justo ou apropriado. Afinal,
Edward não tinha completamente e imperdoavelmente perdido o controle de seu
temperamento. Edward não tinha tentando cortar a cabeça de Jacob fora - Jacob, que
nem sequer tinha planejado se proteger - e então acidentalmente quebrou o ombro e a
clavícula de Seth quando pulou no meio dos dois. Edward não tinha quase matado seu
melhor amigo.
Não que o melhor amigo não tivesse algumas coisas para responder, mas, óbvio, nada
que Jacob tivesse feito poderia acalmar meu comportamento.
Então era eu quem devia estar me desculpando? Eu tentei de novo.
―Seth, eu–‖
―Não se preocupe com isso, Bella, eu estou totalmente bem,‖ Seth disse ao mesmo
tempo em que Edward disse, ―Bella, amor, ninguém está te julgando. Você está indo
bem.‖
Eles nem se quer me deixaram terminar a frase.
Isso somente deixou as coisas piores para Edward, que estava tentando manter um
sorriso em seu rosto. Eu sabia que Jacob não merecia minha reação exagerada, mas
Edward parecia achar algo satisfatório nisso. Talvez ele estivesse somente desejando ter
a desculpa de ser um recém-nascido então ele podia fazer alguma coisa física com a
irritação por Jacob, também.
Eu tentei apagar a raiva de todo o meu sistema, mas era difícil, sabendo que Jacob
estava lá fora com Renesmee agora mesmo. Mantendo-a salva de mim, a recém-nascida
ensandecida.
Carlisle juntou outro pedaço do braço de Seth, e Seth recuou.
―Desculpe, desculpe!‖ eu reclamei, sabendo que nunca me deixariam articular uma
desculpa completa.
―Não seja maluca, Bella,‖ Seth disse, dando uma tapinha no meu joelho com a mão boa
enquanto Edward esfregava o meu braço do outro lado.
Seth parecia não sentir nenhuma aversão me tendo sentada ao seu lado no sofá enquanto
Carlisle cuidava dele. ―Eu voltarei ao normal em meia hora,‖ ele continuou, ainda
batendo no meu joelho, sentindo o óbvio frio e textura grossa dele. ―Qualquer um teria
feito o mesmo, com Jake e Ness–‖ Ele parou no meio da palavra e mudou rapidamente
de assunto. ―Quero dizer, pelo menos você não me mordeu ou coisa assim. Isso sim
seria péssimo.‖
Eu enterrei o rosto em minhas mãos e tremi com o pensamento, sobre essa possibilidade
real. Poderia ter acontecido facilmente. E lobisomens não respondiam ao veneno de
vampiros do jeito que os humanos respondiam, eles só tinham me contado isso agora.
Era como veneno pra eles.
―Sou uma pessoa ruim.‖
―Claro que não é. Eu devia…‖ Edward começou.
―Pare com isso‖ eu suspirei. Eu não queria que ele assumisse a culpa nisso do jeito que
ele sempre assumia com tudo.
―Sorte que Ness.. Renesmee não é venenosa.‖ Seth disse depois de um segundo de um
silencio desconfortável. ―Porque ela morde o Jake toda hora.‖
Minhas mãos caíram. ―Ela morde?‖
―Claro. Sempre que ele e Rose não colocam comida na boca dela rápido o suficiente.
Rose acha que é muito engraçado.‖
Eu o encarei, chocada, e também me sentido culpada, porque eu tinha que admitir que
isso me deixava um pouco feliz de um jeito insolente.
Claro, eu já sabia que Renesmee não era venenosa. Eu fui a primeira pessoa que ela
tinha mordido. Não fiz essa observação em voz alta, já que estava fingindo perda de
memória nesses eventos recentes.
―Bom, Seth‖ Carlisle disse se levantando e se afastando de nós. ―Acho que isso é tudo
que eu posso fazer. Tente não se mexer por, hm, algumas horas, eu acho.‖ Carlisle riu.
―Gostaria que cuidar de humanos fosse assim tão instantaneamente gratificante.‖ Ele
pousou a mão no cabelo escuro de Seth por um instante. ―Fique parado.‖ ele ordenou, e
então desapareceu escada acima. Eu ouvi a porta de seu escritório se fechar, e me
perguntei se eles já tinham removido a evidência da minha estadia lá.
―Acho que consigo ficar parado por um tempo.‖ Seth concordou depois que Carlisle já
tinha saído, então deu um grande bocejo. Cuidadosamente, se certificando de que não
puxasse seu braço, Seth encostou a cabeça nas costas no sofá e fechou os olhos.
Segundos depois, sua boca se abriu, relaxada.
Eu franzi as sobrancelhas para seu rosto tranqüilo por outro minuto. Assim como Jacob,
Seth parecia ter o dom de dormir imediatamente. Sabendo que eu não poderia me
desculpar de novo por um tempo, levantei; o movimento não empurrou o sofá nem um
centímetro. Tudo que era física era tão fácil. Mas o resto…
Edward me seguiu até as janelas do fundo e pegou minha mão.
Leah estava andando pela margem do rio, parando de vez em quando para olhar a casa.
Era fácil dizer quando ela estava procurando seus irmãos e quando estava procurando
por mim. Ela alternava entre olhares ansiosos e encaradas assassinas.
Eu conseguia ouvir Jacob e Rosalie lá fora nos degraus da frente disputando
silenciosamente para ver de quem era a vez de alimentar Renesmee. A relação dos dois
era hostil como sempre; agora a única coisa em que eles concordavam era que eu devia
ser mantida longe de meu bebê até que estivesse 100% recuperada de minha explosão
de raiva. Edward tinha contestado o veredicto deles, mas eu deixei para lá. Eu queria ter
certeza também. Mas estava preocupada que o meu 100% de certeza e o 100% de
certeza deles fossem coisas muito diferentes.
Fora a briga deles, a respiração lenta de Seth e os ofegos irritados de Leah, estava muito
quieto. Emmett, Alice e Esme estavam caçando. Jasper tinha ficado para trás para me
vigiar. Ele ficou parado despercebidamente atrás do corrimão da escada agora, tentando
não ser ofensivo.
Eu tirei proveito da calma para pensar em todas as coisas que Edward e Seth me
contaram enquanto Carlise imobilizava os braços de Seth o que eu perdi durante o
tempo em que estive queimando e essa era minha primeira chance para me situar.
O principal era o fim da disputa com o bando de Sam - que era o porquê dos outros se
sentirem seguros para ir e vir como eles quisessem, novamente. A trégua era mais
necessária que nunca. Ou mais obrigatória, dependendo do ponto de vista, suponho.
Obrigatória, pois a lei mais importante para o bando é que nenhum lobo poderia
matar o objeto de impressão de outro lobo. A dor de tal ato seria insuportável para o
bando todo. A culpa, sendo intencional ou acidental, não podia ser retirada; os lobos
envolvidos lutariam até a morte - não havia outra opção. Isso já havia acontecido há
algum tempo atrás, Seth me contou, mas apenas acidentalmente. Nenhum lobo nunca
havia destruído um irmão intencionalmente.
Então Renesmee era intocável, por conta do jeito que Jacob se sentia em relação a ela.
Eu tentei me concentrar em relaxar sobre o fato, não na ansiedade, mas não era nada
fácil.
Em minha mente havia espaço suficiente para eu sentir ambas as emoções intensamente
ao mesmo tempo.
E Sam não poderia ficar bravo com a minha transformação, também, porque Jacob falando como o ―verdadeiro‖ Alpha - havia permitido isso. Doía lembrar todo o tempo o
quanto eu devia a Jacob, quando eu só queria me enfurecer com ele.
Eu reorganizei a ordem dos meus pensamentos para tentar controlar as minhas emoções.
Considerei outro fenômeno interessante; embora o silêncio entre os bandos continuasse,
Jacob e Sam descobriram que Alphas podem comunicar-se uns com os outros enquanto
estão transformados em lobos. Não era o mesmo que antes, pois eles não podem escutar
o pensamento dos outros do jeito que eles gostariam para melhorar a divisão. Era mais
como falar sem emitir sons, Seth disse. Sam poderia apenas ouvir os pensamentos que
Jacob estava interessado em dividir, e vice-versa. Eles também podiam comunicar-se a
distância, agora que eles estavam se falando novamente.
Eles não haviam descoberto isso antes de Jacob ir sozinho para explicar a Sam sobre
Renesmee; Era a primeira vez que ele havia deixado Renesmee desde que ele tinha a
visto.
Uma vez que Sam houvesse compreendido que tudo havia mudado, ele voltaria com
Jacob para falar com Carlise. Eles estavam na forma humana enquanto conversavam
(Edward havia se recusado a sair do meu lado para poder traduzir), e renovaram o
contrato. Mas o sentimento de amizade de antes nunca mais seria o mesmo.
Uma grande preocupação a menos.
Mas havia outra, embora não fosse fisicamente perigosa como um bando de lobos
enfurecidos, era bem mais urgente para mim.
Charlie.
Ele havia falado com Esme mais cedo naquela manhã, duas vezes, apenas alguns
minutos antes de Carlise ter ido cuidar de Seth. Carlise e Edward haviam deixado o
telefone tocar.
Qual seria a coisa certa a contar para ele? Os Cullen estariam certos? Contar para ele
que eu havia morrido seria o jeito mais gentil? Eu conseguiria mentir sobre a minha
vida enquanto eles choravam por mim?
Isso não parecia certo. Mas colocar Charlie ou Renée em perigo por culpa da obsessão
dos Volturi pelo segredo estava fora de questão.
Ainda era a minha idéia - Deixar Charlie me ver, enquanto eu estava pronta para isso, e
deixá-lo fazer suas próprias suposições equivocadas. Técnicamente, as regras de
vampiro permaneceriam intactas. Não seria melhor para Charlie se ele soubesse que eu
estava viva - tipo isso - e feliz? Até mesmo se eu fosse estranha e diferente e
provavelmente amedrontaria a ele?
Meus olhos, em particular, agora mesmo, estavam muito amedrontadores. Quanto
tempo antes de meu autocontrole e minha cor dos olhos estarem prontos para Charlie?
―Qual é o problema, Bella?‖ Jasper perguntou tranquilamente, percebendo minha tensão
crescente. ―Ninguém está bravo com você‖- um baixo rosnado na margem do rio o
contradisse, mas ele ignorou isto - ―ou até mesmo surpreso, realmente. Bem, eu
suponho que nós estamos surpresos. Surpresos que você pode escapar disso tão
rapidamente. Você fez bem. Melhor do que qualquer um espera de você‖.
Enquanto ele estava falando, o quarto se tornou muito calmo. A respiração de Seth
passou para um ronco baixo. Eu me sentia mais calma, mas não esqueci de minhas
ansiedades.
―Eu estava pensando em Charlie, na verdade‖.
Lá na frente, a briga cessou.
―Ah,‖ Jasper murmurou.
―Nós realmente temos que partir, não temos?‖ eu perguntei. ―Durante algum tempo, ao
menos. Fingir que nós estamos em Atlanta ou algo do tipo‖.
Eu pude sentir o olhar de Edward cravado em minha face, mas eu olhei para Jasper. Foi
ele que me respondeu em um tom sério.
―Sim. é o único modo de proteger seu pai‖.
Eu pensei durante um momento. ―Eu vou sentir tanta falta dele. Eu perderei todo mundo
aqui‖.
Jacob, eu pensei, apesar de mim. Embora aquele anseio estivesse desaparecido e
definido - e eu estava imensamente aliviada que isto estava - ele ainda era meu amigo.
Alguém que conheceu o meu eu verdadeiro e o aceitou. Até mesmo como um monstro.
Eu pensei em o que o Jacob tinha dito implorando para mim antes que eu tivesse o
atacado. Você disse que nós pertencemos um ao outro em outras vidas, certo? Que nós
éramos familiares. Você disse que isso era como eu e você deveríamos ser. Assim…
agora nós somos. É o que você quis.
Mas isso não era parecido com o que eu queria. Não exatamente. Eu me lembrei do
passado distante, para as recordações confusas, fracas de minha vida humana. Para a
parte muito mais dura se lembrar - o tempo sem Edward, um tempo tão escuro que eu
tinha tentado enterrar em minha cabeça. Eu não pude encontrar as palavras exatas; Eu
só me lembrei de desejar que o Jacob fosse meu irmão de forma que nós poderíamos
amar um ao outro sem qualquer confusão ou dor. Família. Mas eu nunca tinha
adicionado uma filha na equação.
Eu me lembrei um pouco depois - uma das muitas vezes que eu tinha dito adeus para o
Jacob - desejando saber com quem ele ficaria, quem faria a vida dele feliz depois do que
eu fizesse isto. Eu tinha dito algo como quem quer que fosse ela, ela não seria boa
bastante para ele.
Eu bufei, e Edward elevou uma sobrancelha questionando. Eu apenas balancei minha
cabeça para ele.
Mas até eu poderia sentir falta de meu amigo, eu sabia que havia um problema maior.
Sam ou Jared ou Quil alguma vez tinham ficado um dia inteiro sem ver o objeto da
fixação deles, Emily, Kim, e Claire? Eles puderam? O que faria a separação de
Renesmee a Jacob? Causaria dor para ele?
Ainda havia bastante raiva insignificante em meu sistema para me fazer contente, não
pela dor dele, mas pela idéia de ter Renesmee longe dele. Como eu deveria lidar com têla pertencente ao Jacob quando ela mal parecia pertencer a mim?
O som de movimento na entrada interrompeu meus pensamentos. Eu os ouvi se
levantarem, e depois eles passaram pela porta. Exatamente ao mesmo tempo, Carlisle
desceu as escadas com suas mãos cheias de coisas estranhas - uma fita métrica, uma
balança. Jasper arremessou-se para o meu lado. Como se houvesse algum sinal que eu
havia perdido, até Leah sentou-se do lado de fora e ficou olhando pela janela com uma
expressão como se ela estivesse esperando algo que ela já havia presenciado e que era
totalmente desinteressante.
―Deve ser seis,‖ Edward disse.
―Então?‖ eu perguntei. Meus olhos presos em Rosalie, Jacob e Renesmee. Eles estavam
na entrada, Renesmee no colo de Rosalie. Rose parecia desconfiada. Jacob parecia
perturbado. Renesmee parecia linda e impaciente.
―Hora de medir Ness-er, Renesmee,‖ Carlisle explicou.
―Oh, você faz isso todos os dias?‖
―Quatro vezes por dia,‖ Carlisle corrigiu distraído enquanto ele fazia sinal para os
outros em direção ao sofá. Eu pensei ter visto o suspiro de Renesmee.
―Quatro vezes? Por dia? Por quê?‖
―Ela ainda está crescendo rapidamente,‖ Edward murmurou para mim, sua voz baixa e
tensa. Ele apertou minha mão, e seu outro braço envolveu seguramente minha cintura,
como se ele precisasse do apoio.
Eu não consegui tirar meus olhos de Renesmee e checar sua expressão.
Ela parecia perfeita, absolutamente saudável. Sua pele refletia a luz, clara como
alabastro; a cor de suas bochechas eram pétalas de rosa em contraste com o branco. Não
podia haver nada errado frente a tanta beleza. Com certeza não poderia haver nada mais
perigoso em sua vida do que sua mãe. Poderia?
A diferença entre a criança que eu dei à luz e a que eu encontrei novamente há uma hora
seria obvia a qualquer um. A diferença de Renesmee há uma hora e agora era sutil.
Olhos humanos nunca poderiam ter detectado essa diferença. Mas ela existia.
Seu corpo estava um pouco mais comprido. Apenas um pouco mais magro. Seu rosto
não estava mais tão redondo; ele estava mais oval a cada segundo. Os cachos de seus
cabelos desciam quarenta centímetros pelos seus ombros. Ela se esticou ajudando nos
braços de Rosalie enquanto Carlisle correu a fita métrica por seu comprimento e depois
a usou para circundar sua cabeça. Ele não fez anotações; memória perfeita.
Eu estava ciente de que os braços de Jacob estavam cruzados sobre seu peito, tão
apertados quanto os de Edward à minha volta. Suas pesadas sobrancelhas estavam
juntas em uma linha sobre seus olhos profundos.
Ela tinha crescido de uma célula para um bebê de tamanho normal em apenas algumas
semanas. Ela aparentava ter entre um e três anos apenas alguns dias depois de seu
nascimento. Se essa velocidade de crescimento continuasse…
Minha mente de vampira não tinha problemas com matemática.
―O que nós faremos?‖ eu murmurei, horrorizada.
Os braços de Edward me apertaram. Ele entendeu perfeitamente o que eu estava
perguntando. ―Eu não sei.‖
―Está diminuindo a velocidade,‖ Jacob murmurou entre seus dentes.
―Nós precisaremos de mais alguns dias de medidas para verificar a tendência, Jacob. Eu
não posso fazer nenhuma promessa.‖
―Ontem ela cresceu cinco centímetros. Hoje ela cresceu menos.‖
―3 centímetros, se a minha medida estiver correta,‖ Carlisle disse calmamente.
―Seja perfeito, Doutor,‖ Jacob disse, fazendo as palavras parecerem quase uma ameaça.
Rosalie se endureceu.
―Você sabe que eu vou fazer o meu melhor,‖ Carlisle assegurou.
Eu me senti irritada de novo, como se Jacob estivesse roubando as minhas falas - e as
soltando completamente erradas.
Renesmee pareceu irritada, também. Ela começou a se contorcer e lançou suas mãos
compulsoriamente em direção a Rosalie. Rosalie inclinou-se em sua direção então
Renesmee pode tocar seu rosto. Depois de um segundo, Rose suspirou.
―O que ela quer?‖ Jacob quis saber, roubando minha fala novamente.
―Bella, é claro,‖ Rosalie disse a ele, e suas palavras me fizeram sentir um pouco mais
quente. Então ela olhou para mim. ―Como você está?‖
―Preocupada,‖ eu admiti e Edward me apertou.
―Todos nós estamos. Mas não é isso que eu quis dizer.‖
―Eu estou sob controle.‖ eu prometi. A sede estava abaixo do nível de perigo agora.
Além do mais, Renesmee tinha um cheiro ótimo de um modo não-comestível.
Jacob mordeu seus lábios, mas não fez movimento algum para parar Rosalie assim que
ela ofereceu Renesmee para mim. Jasper e Edward se remexeram, mas permitiram. Eu
pude ver a tensão em que Rosalie estava, enquanto eu imaginava como o quarto sentia
para o Jasper agora. Ou ele estava se focando tanto em mim que não podia sentir os
outros?
Renesmee me procurou enquanto eu procurava por ela, um sorriso iluminou seu rosto.
Ela cabia tão fácil em meus braços, como se eles fossem feitos exatamente para ela.
Imediatamente, ela colocou sua pequena e quente mão contra a minha bochecha.
Apesar de eu estar preparada, eu ainda me engasguei ao ver a memória como uma visão
na minha cabeça. Tão brilhante e tão colorida, mas completamente transparente.
Ela me lembrava as acusações que eu fiz a Jacob através do gramado dianteiro, me
lembrava Seth se jogando entre nós. Ela tinha visto e ouvido tudo isso com clara
perfeição. Isso não parecia eu, esse gracioso predador saltando sobre sua presa como
uma flecha sendo lançada de um arco. Isso tinha que ser outra pessoa. Aquilo me fez
sentir um pouco de culpa com Jacob parado ali, de forma defensiva com suas mãos
cruzadas na sua frente. Suas mãos não tremiam.
Edward riu, vendo os pensamentos de Esme comigo. E nós dois recuamos assim que
ouvimos o quebrar dos ossos do Seth.
Renesmee sorriu seu sorriso brilhante, e a memória de seus olhos não deixaram Jacob
apesar de toda a confusão que se seguiu. Eu senti um novo gosto dessa memória - não
exatamente protetor mais possessivo - enquanto eu olhava para Jacob. Eu tive a distinta
impressão de que ela estava feliz que Seth tivesse se posto na frente do meu ataque. Ela
não queria que Jacob tivesse se ferido. Ele era dela
.
―Oh, maravilhoso‖, eu rosnei. ―Perfeito.‖
―É só porque ela tem um gosto melhor que o nosso‖ Edward assegurou-me, a voz dura
com seu próprio enjôo.
―Eu te disse que ela gosta de mim, também.‖ Jacob provocou do outro lado da sala, seus
olhos em Renesmee. Sua brincadeira foi indiferente; o ângulo tenso de suas
sobrancelhas ainda não havia relaxado.
Renesmee deu algumas tapinhas no meu rosto impacientemente, exigindo minha
atenção. Outra memória: Rosalie passando uma escova gentilmente pelos seus cachos.
Isso foi bom.
Carlisle e sua fita métrica, sabendo que ela tinha crescido mais ainda. Isso não era
interessante para ela.
―Parece que ela está prestes a lhe dar um resumo de tudo que você perdeu.‖ Edward
comentou em meu ouvido.
Meu nariz se retorceu depois que ela me deu o próximo. O cheiro vindo de uma
estranha xícara de metal - dura o bastante para não ser mordida facilmente - foi como
um raio queimando minha garganta. Ouch.
E então Renesmee não estava em meus braços, que foram presos atrás das minhas
costas. Eu não lutei com Jasper, apenas olhei para a cara espantada de Edward.
―O que eu faço?‖
Edward olhou para Jasper atrás de mim, e então para mim novamente.
―Mas ela estava se lembrando de ter tido sede‖. Edward ficou calado, sua testa
formando linhas de preocupação. ―Ela estava se lembrando do gosto do sangue
humano.‖
Os braços de Jasper apertaram os meus bem juntos. Parte da minha mente notou que
isto não era tão desconfortável, apesar de ser doloroso, como seria para um humano. Era
apenas irritante. Eu tinha certeza que poderia me livrar dele, mas não resisti.
―Sim, eu entendo. E…?‖
Edward franziu a testa para mim por mais um segundo e então sua expressão se
acalmou. Ele riu por uma vez. ―E parece que não é nada, afinal. A reação exagerada foi
minha desta vez. Jazz solte-a.‖
As mãos que me atavam desapareceram. Eu estendi as mãos para pegar Renesmee tão
logo quanto fui solta. Edward a entregou a mim, sem hesitação.
―Eu não entendo,‖ disse Jasper. ―Eu não posso suportar isto.‖
Eu olhei com espanto enquanto Jasper saía a passos largos pela porta dos fundos. Leah
se moveu para dar a ele uma grande margem de espaço enquanto ele se dirigia
rapidamente para o rio e então saltou sobre ele de uma só vez.
Renesmee tocou meu pescoço, repetindo a cena da partida de momentos anteriores,
como se fosse um replay instantâneo. Eu pude sentir a dúvida em sua mente como um
eco dos meus pensamentos.
Eu já estava recuperada do choque que me causou esse seu pequeno dom. Era algo que
parecia uma parte absolutamente natural dela, algo que praticamente já devia ser
esperado.
Talvez agora que eu mesma era parte do sobrenatural, jamais seria cética novamente.
Mas o que havia de errado com Jasper?
―Ele voltará,‖ disse Edward, se ele se dirigiu a mim ou a Renesmee, eu não tenho
certeza. ―Ele só precisa de um momento sozinho para repensar o modo como vê a vida‖.
Havia um esboço de sorriso nos cantos de sua boca.
Outra memória humana - Edward me dizia que Jasper se sentiria melhor consigo
próprio se eu ―tivesse uma adaptação mais problemática‖ a ser um vampiro. Isso veio à
pauta no contexto de uma discussão sobre quantas pessoas eu mataria no meu primeiro
ano de recém-nascida.
―Ele está bravo comigo?‖ Eu perguntei calmamente.
Os olhos de Edward se arregalaram. ―Não. Por que ele estaria?‖
―Qual o problema com ele, então?‖
―Ele está chateado consigo mesmo, Bella, não com você. Ele está preocupado com… a
profecia da auto-realização, suponho que se possa dizer.‖
―Como assim?‖ Carlisle perguntou antes que eu pudesse.
―Ele está se perguntando se a loucura dos recém-nascidos é realmente tão difícil de lidar
como nós sempre imaginamos que seria, ou se, com a concentração e atitude adequadas,
qualquer um poderia se sair tão bem quanto Bella. Mesmo agora - talvez ele ainda tenha
essa dificuldade apenas porque ele acredita que isto seja natural e inevitável. Talvez se
ele exigisse mais de si mesmo, ele pudesse atingir essas expectativas maiores. Você está
fazendo com que ele questione um monte de pressupostos absolutos, Bella.‖
―Mas isso não é justo,‖ disse Carlisle. ―Cada qual é de um jeito; todos temos nossos
próprios desafios. Talvez o que Bella esteja fazendo vá além do normal. Talvez esse
seja o dom dela, por assim dizer.‖
Fiquei pasma. Renesmee sentiu a mudança e me tocou. Ela se lembrou do últmo
segundo de tempo e se perguntou o motivo.
―Esta é uma teoria interessante e muito plausível,‖ disse Edward.
Por um instante eu fiquei desapontada. Como assim, sem visões mágicas, sem
habilidades de ataque formidáveis, como, oh, soltar relâmpagos pelos meus olhos ou
algo assim? Nada útil ou legal?
E então eu entendi o que aquilo significava que meu ―super-poder‖ pudesse ser nada
mais que um excepcional autocontrole.
Para alguma coisa, pelo menos, eu tinha um dom. Não podia ser em vão.
Mas, muito, além disso, se Edward estivesse certo, então eu poderia passar pela parte
que eu mais temia.
E se eu não tivesse que ser uma recém-nascida? Não no sentido da insana máquina de
matar. E se eu pudesse ficar com os Cullen desde o meu primeiro dia? E se nós não
tivéssemos que nos esconder em algum lugar remoto durante um ano enquanto eu
―crescia‖? E se, como Carlisle, eu nunca tivesse matado uma única pessoa? E se eu
pudesse ser um vampiro do bem, de verdade?
Eu pude ver Charlie.
Eu suspirei tão logo a realidade filtrou a esperança. Eu não pude ver Charlie, realmente.
Os olhos, a voz, o rosto perfeito. O que eu possivelmente poderia dizer a ele; como eu
poderia sequer começar? Eu estava discretamente feliz por ter desculpas para deixar as
coisas de lado por um tempo; por mais que eu quisesse achar um jeito de manter Charlie
na minha vida, eu ainda estava aterrorizada com o nosso primeiro encontro. Ver seus
olhos saltarem ao ver minha nova face, minha nova pele. Saber que ele estava
amedrontado. Imaginar que estranha e obscura explicação iria se formar em sua cabeça.
Eu era covarde o bastante para esperar durante um ano enquanto meus olhos se
acalmassem. E eu que pensei que seria mais destemida quando me tornasse
indestrutível.
―Você já viu algum talento equivalente ao autocontrole?‖ Edward perguntou a Carlisle.
―Você acha que isso é um dom, ou só um produto do preparo dela?‖
Carlisle encolheu os ombros. ―É ligeiramente similar ao que Siobhan sempre pôde fazer,
apesar de ela não chamar isso de dom.‖
―Siobhan, sua amiga daquele encontro de bruxas irlandês?‖ Rosalie perguntou.
―Eu não sabia que ela tinha nada especial. Eu pensava que Maggie era a talentosa
daquele grupo.‖
―Sim, Siobahn pensa o mesmo. Mas ela tem essa maneira de definir suas metas e então
quase sempre… materializa seus desejos em realidade. Ela considera como bom
planejamento, mas eu sempre imaginei se era algo mais. Quando ela incluiu Maggie, a
princípio Liam foi muito territorialista, mas Siobhan quis que isso se resolvesse, e então
tudo se resolveu.‖
Edward, Carlisle e Rosalie se acomodaram em poltronas enquanto eles continuaram a
discussão. Jacob sentou-se próximo a Seth, protetoramente, aparentando estar
entediado.
Pela maneira que suas pálpebras caíram, eu estava certa que ele estava
momentaneamente inconsciente.
Eu ouvia, mas minha atenção estava dividida, Renesmee ainda estava me contando
sobre o seu dia. Eu a segurei perto da parede da janela, meus braços a ninando
automaticamente enquanto olhávamos nos olhos uma da outra.
Eu percebi que os outros não tinham motivo para se sentar. Eu estava perfeitamente
confortável de pé. Era tão relaxante quanto se espreguiçar numa cama poderia ser. Eu
sabia que poderia permanecer assim por uma semana sem me mover e eu me sentiria tão
relaxada no final de sete dias quanto estava no início.
Eles devem se sentar por hábito. Humanos notariam alguém que ficasse de pé por horas
sem sequer trocar o peso do corpo para outra perna. Mesmo agora eu vi Rosalie esfregar
seus dedos contra seu cabelo e Carlisle cruzar suas pernas. Pequenos movimentos para
não ficar tão parado que pudesse parecer um vampiro. Eu teria que prestar atenção ao
que eles faziam e começar a praticar.
Eu troquei meu peso para a minha perna esquerda. Isto pareceu meio bobo.
Talvez eles apenas me quisessem dar um tempo a sós com meu bebê - tão sozinha
quanto fosse seguro.
Renesmee me disse sobre cada minuto do seu dia, e eu tive o sentido de que, pelo teor
de suas historinhas, ela quisesse que eu conhecesse cada detalhe seu, tanto quanto eu
queria o mesmo. Preocupava-a o fato de eu ter perdido algumas coisas - como os
pardais que chegavam cada vez mais perto enquanto Jacob a segurava, os dois parados
lado a lado com uma das grandes cicutas; os pássaros não se aproximaram de Rosalie.
Ou a ultrajante e nojenta coisa branca - fórmula para bebês que Carlisle colocara em sua
xícara; aquilo cheirava a sujeira azeda. Ou a canção que Edward havia cantado para ela
e que era tão perfeita que Renesmee tocou para mim duas vezes; eu estava surpresa por
estar nos bastidores daquela memória, perfeitamente imóvel mas ainda parecendo
relativamente maltrapilha. Eu me arrepiei, lembrando daquele momento a partir de
minha própria perspectiva. O fogo horrendo…
Depois de quase uma hora - os outros ainda estavam profundamente concentrados em
sua discussão, Seth e Jacob roncando em harmonia no sofá - as histórias da memória de
Renesmee começaram a ficar lentas. Eu estava a ponto de interromper Edward em
pânico - havia algo errado com ela? - quando as pálpebras dela tremularam e fecharam.
Ela bocejou, seus repolhudos lábios rosa extensos num redondo O, e seus olhos nunca
reabriam.
Suas mãos caíram de meu rosto enquanto ela tendia a dormir - o fundo de suas
pálpebras eram da cor de lavanda esbranquiçada das nuvens finas antes do nascer do
sol. Cuidadosamente para não perturbá-la, eu levantei aquela mão de volta a minha pele
e a mantive lá curiosamente. Primeiramente não havia nada, e então, depois de alguns
minutos, um piscar de cores como se um punhado de borboletas estivessem sido
difundidas de seus pensamentos.
Hipnotizada, eu assisti os sonhos dela. Eles não tinham sentido. Apenas cores e
formatos e rostos. Eu estava contente pela freqüência com que meu rosto - meus dois
rostos, horrendo humano e glorioso imortal - aparecia em seus pensamentos
inconscientes. Mais que Edward ou Rosalie. Eu estava lado a lado com Jacob; eu tentei
não me deixar atingir.
Pela primeira vez, eu entendi como tinha sido capaz de me assistir dormir toda tediosa
noite, apenas para me ouvir falar em meu sono. Eu poderia ver Renesmee sonhar para
sempre.
A mudança no tom de Edward prendeu minha atenção quando ele disse, ―Finalmente,‖ e
se virou para olhar pela janela. Era profunda, púrpura, a noite lá fora, mas eu pude ver
tão longe quanto antes. Nada estava escondido na escuridão; tudo tinha apenas cores
mudadas.
Leah, ainda enfurecida, levantou e se lançou no mato assim que Alice pôde ser vista do
outro lado do rio. Alice se balançou para frente e para trás em um galho como uma
trapezista, seus dedos dos pés tocando suas mãos antes que de se atirar em um giro
gracioso na direção do rio. Esme fez um pulo mais tradicional, enquanto Emmett
explodiu bem no meio da água, espirrando tão longe que respingou nas janelas dos
fundos. Para a minha surpresa, Jasper o seguiu, seu próprio pulo parecendo suave e até
sutil perto do dos outros.
O sorriso enorme espalhado pelo rosto de Alice era familiar de um jeito terno, estranho.
De repente todos estavam sorrindo pra mim - Esme doce, Emmett animado, Rosalie um
pouco superior, Carlisle indulgente e Edward esperançoso.
Alice saltou até a sala à frente de todos, sua mão esticada na sua frente, a impaciência
quase criando uma aura visível ao seu redor. Em sua palma estava a chave de metal de
sempre com um laço rosa gigante enrolado envolta.
Ela segurou a chave para mim, e eu automaticamente apertei Renesmee seguramente em
meu braço direito para que pudesse abrir meu esquerdo. Alice jogou a chave nele.
- Feliz Aniversário! - ela gritou com sua voz aguda.
Eu revirei os olhos. - Ninguém começa a contar do dia do nascimento - eu a lembrei. O primeiro aniversário é depois de um ano, Alice.
O sorriso dela se tornou presunçoso. - Não estamos comemorando seu aniversário como
vampira. Ainda. Hoje é 13 de setembro, Bella. Feliz Aniversário de dezenove anos!
24. Surpresa
―Não. De jeito nenhum!‖ Eu balancei furiosamente minha cabeça e então olhei de
relance para o sorriso presunçoso estampado na face de dezessete anos de meu marido.
―Não, isto não conta. Eu deixei de envelhecer três dias atrás. Eu terei dezoito anos para
sempre.‖
―Que seja‖ Alice disse, ignorando meu protesto com um rápido encolher de ombros.
―De qualquer maneira nós estamos celebrando, então engula‖.
Eu suspirei. Era raro ter razão para discutir com Alice.
O sorriso dela se pôs impossivelmente mais largo quando ela leu a aquiescência em
meus olhos.
―Você está pronta para abrir seu presente?‖ Alice cantou.
―Presentes,‖ Edward corrigiu, e ele puxou outra chave - esta mais longa e prateada com
um enfeite azul - do bolso dele.
Eu lutei para não revirar os olhos. Eu soube imediatamente de onde era esta chave - o ‖
carro para depois ―.
Eu pensei se eu deveria me sentir entusiasmada. Parecia que a transformação para
vampiro não tinha me dado interesse súbito algum para carros esporte.
―O meu primeiro,‖ Alice disse, e então colocou a língua para fora, prevendo a resposta
dele.
―O meu está mais perto.‖
―Mas olha a como ela está vestida‖. As palavras de Alice eram quase um gemido. ―Isso
tem me perturbando o dia inteiro. Essa é claramente a prioridade ―.
Minhas sobrancelhas se uniram enquanto eu pensava em como uma chave poderia me
fazer entrar em roupas novas. Ela tinha comprado para mim um guarda-roupa inteiro?
―Já sei - eu apostarei com você por isto‖ Alice sugeriu. ―Pedra, papel, tesoura‖.
Jasper riu e Edward suspirou.
―Por que você apenas não me fala quem ganha?‖ Edward disse ironicamente.
Alice ficou radiante. ―Eu. Excelente‖.
―É provavelmente melhor que eu espere pela manhã, de qualquer maneira‖. Edward
deu o sorriso torto para mim e então acenou com a cabeça para o Jacob e Seth que
pareciam que estavam acabados por causa da noite; Eu pensei em quanto tempo eles
tinham ficado acordados desta vez. ―Eu penso que poderia ser mais divertido se o Jacob
estivesse acordado para a grande revelação, você não concorda? De forma que alguém
possa expressar o nível certo de entusiasmo?‖
Eu dei uma risada. Ele me conhecia bem.
―Yay,‖ Alice cantou. ―Bella dê Ness - Renesmee para Rosalie‖.
―Onde ela normalmente dorme?‖
Alice deu de ombros. ―Nos braços de Rose. Ou nos de Jacob. Ou nos de Esme. Imagine
a cena. Ela nunca foi deixada em sua vida inteira. Ela vai ser a meio-vampira mais
mimada do mundo.‖
Edward riu enquanto Rosalie pegava Renesmee habilmente em seus braços. ―Ela
também é a mais não-mimada meio-vampira do mundo,‖ Rosalie disse ―É a beleza de
ser a única de seu tipo.‖
Rosalie riu para mim, e eu estava feliz que a nova camaradagem entre nós ainda estava
lá, em seu sorriso. Eu não estava totalmente certa se isso ia durar depois que a vida de
Renesmee não estivesse mais ligada a mim. Mas talvez nós tenhamos lutado do mesmo
lado por tanto tempo que nós podíamos ser amigas agora. Eu finalmente fiz a mesma
escolha que ela faria se estivesse no meu lugar. Parecia que isso tinha lavado qualquer
ressentimento que ela tivesse pelas minhas outras escolhas.
Alice enfiou a chave enfeitada com fitas na minha mão e agarrou meu braço e me
dirigiu em direção à porta de trás.‖Vamos, vamos,‖ ela vibrou.
―Isso está lá fora?‖
―Mais ou menos,‖ Alice disse, me empurrando em direção.
―Aproveite o seu presente,‖ Rosalie disse. ―É de todos nós. Especialmente de Esme.‖
―Você não vem, também?‖ Eu percebi que ninguém estava se movendo.
―Nós vamos te dar a chance de apreciar isso sozinha,‖ Rosalie disse. ―Você pode nos
contar sobre isso… depois.‖
Emmet gargalhou. Alguma coisa em sua risada me fez sentir corar, embora eu não
tivesse certeza do porquê.
Eu percebi que aquele monte de coisas sobre mim - como realmente odiar surpresas e
não gostar de presentes no geral e muito mais - não tinha mudado nem um pouco. Eu
estava aliviada quanto à revelação de descobrir que a essência do meu ser tinha vindo
junto com esse meu novo corpo.
Eu não esperava ser eu mesma. Eu sorri largamente.
Alice puxou o meu ombro, e eu não pude parar de sorrir enquanto eu a seguia na noite
púrpura. Somente Edward veio conosco.
―Aí está o entusiasmo que eu estava procurando,‖ Alice murmurou, aprovando. Então
ela soltou o meu braço, deu dois pequenos saltos e pulou através do rio.
―Vem, Bella,‖ ela me chamou do outro lado.
Edward pulou no mesmo tempo que eu; isso era um pouco engraçado como tinha sido à
tarde. Talvez um pouco mais porque à noite tudo tinha se transformado em algo novo,
com cores ricas.
Alice disparou conosco em seus calcanhares se conduzindo para o norte. Era mais fácil
seguir o som de seus pés contra o chão e o fresco odor de seu caminho do que manter
meus olhos nela passando através da vegetação.
Sem sinal que eu pudesse ver, ela girou e voltou para onde eu tinha parado.
―Não me ataque,‖ ela me avisou e saltou em mim.
―O que você está fazendo?‖ eu exigi, me contorcendo enquanto ela subia nas minhas
costas e colocava o as mãos em meus olhos. Senti o ímpeto de jogá-la longe, mas me
controlei.
―Tendo certeza de que você não pode ver.‖
―Eu posso cuidar disso sem o seu teatro,‖ Edward ofereceu.
―Você pode a deixar roubar. Pegue a mão dela e a guie adiante.‖
- Alice, eu…
- Não se preocupe Bella. Vamos fazer isso do meu jeito.
Eu senti os dedos de Edward se entrelaçar pelos meus. - Só mais alguns segundos,
Bella. Então ela vai irritar outra pessoa. - Ele me empurrou para frente. Eu prossegui
facilmente. Não estava com medo de atingir uma árvore; a árvore seria a única
machucada nesse caso.
- Você podia ser um pouco mais agradecido. - Alice o reprovou. - Isso é tanto para ela
como para você.
- Verdade. Obrigado de novo, Alice.
- Sim, sim. Certo. - Alice de repente ficou animada. - Para ali. Vire-a só um pouco para
a direita. Isso, assim. Muito bem. Você está pronta? - ela disse com uma voz fina.
- Estou pronta. - Havia novos cheiros aqui, chamando minha atenção. Cheiros que não
pertenciam ao fundo da floresta. Madressilva. Fumaça. Rosas. Poeira? Alguma coisa
metálica também. A riqueza da terra profunda, à tona e exposta. Eu me inclinei para o
mistério.
Alice desceu das minhas costas, soltando o aperto de meus olhos.
Encarei a escuridão violeta. Ali, aninhada na pequena clareira na floresta, havia uma
pequena cabana, cinza lavanda na luz das estrelas.
Combinava tanto com o lugar que parecia ter crescido das pedras, uma formação
natural. Madressilvas cresciam por uma parede como uma rede, cobrindo todo o lado
até em cima e parte das grossas telhas. Rosas do verão passado floresciam em um
jardim do tamanho de um lenço embaixo de janelas. Havia um pequeno caminho de
pedras lisas, ametistas na noite, que conduzia para uma curiosa porta de madeira.
Eu enrolei minha mão em volta da chave que segurava, chocada.
- O que você acha? - A voz de Alice estava gentil agora; combinou perfeitamente com a
quietude da cena de livro.
Eu abri minha boca, mas não disse nada.
- Esme pensou que nós talvez gostássemos de nossa própria casa por um tempo, mas ela
não queria que ficássemos muito longe. - Edward murmurou. - Ela adora qualquer
desculpa para reformar. Esse lugarzinho tem estado desmoronando aqui por pelo menos
cem anos.
Eu continuei encarando, boquiaberta como um peixe fora da água.
- Você não gostou? - O rosto de Alice desabou. - Quer dizer, tenho certeza que podemos
conversar de outro jeito, se você quiser. Emmett queria acrescentar mais espaço, um
segundo andar, colunas e uma torre, mas Esme achou que você gostaria mais se
parecesse natural. - A voz dela começou a aumentar, ficar mais rápida. - Se ela estava
errada, nós podemos voltar ao trabalho. Não vai demorar muito…
- Shh! - eu consegui falar.
Ela juntou os lábios e esperou. Levou alguns segundos para me recuperar.
- Vocês estão me dando uma casa de aniversário? - eu sussurrei.
- A nós - Edward corrigiu. - E não é mais que uma bacana. Acho que para usar a palavra
casa precisaria ter mais espaço para esticar as pernas.
- Sem criticar minha casa. - eu sussurrei para ele.
Alice ficou radiante. - Você gostou.
Eu acenei com a cabeça.
- Amou?
Eu assenti.
- Mal posso esperar para contar a Esme!
―Por que ela não veio?‖
O sorriso de Alice esmaeceu um pouco, tornou-se um arremedo do que fora, pois minha
pergunta era de dificil resposta. ―Oh, você sabe… eles todos se lembram de como você
é quando o assunto é presentes. Eles não queriam colocar você sob muita pressão a
ponto de gostar disto.‖
―Mas é claro que eu adoro isto. Como poderia ser diferente?‖
―Eles vão gostar disto.‖ Ela me deu uma tapinha no braço. ―De qualquer forma, seu
closet está lotado. Use-o com sabedoria. E… eu acho que isso é tudo.‖
―Você não vai entrar?‖
Ela deu alguns passos para trás, casualmente. ―Edward conhece o caminho. Eu faço uma
visita… mais tarde. Ligue-me se não conseguir combinar suas roupas direito.‖
Ela me lançou um olhar duvidoso e então sorriu. ―Jazz quer caçar. Vejo-te mais tarde.‖
Ela se atirou por entre as árvores como o mais gracioso dos projeteis.
―Que estranho‖ eu disse quando o som de seu vôo havia desaparecido por completo.
―Eu sou tão ruim assim? Eles não precisam ficar longe. Agora me sinto culpada, eu nem
mesmo a agradeci. Nós devemos voltar, diga Esme-‖.
―Bella, não seja boba. Ninguém acha que você seja tão pouco razoável.‖
―Então o que-‖
―Tempo a sós é o outro dom deles. Alice está tentando ser sutil sobre isto.‖
―Oh‖
Isso foi tudo o que levou para fazer a casa desaparecer. Nós poderíamos estar em
qualquer lugar. Eu não via as arvores, as pedras ou as estrelas. Apenas Edward.
―Deixe-me mostrar o que eles fizeram,‖ ele disse, puxando-me pela mão. Ele estava
cego ao fato de uma corrente elétrica estar pulsando através do meu corpo como sangue
aditivado com adrenalina?
Mais uma vez eu me senti estranhamente desequilibrada, esperando por reações que
meu corpo não mais era capaz. Meu coração deveria estar batendo como uma máquina a
vapor prestes a nos atingir. Ensurdecedor. Minhas bochechas deveriam estar brilhando
de vermelhas.
Nesse caso, eu deveria estar exausta. Este havia sido o dia mais longo de minha vida.
Eu gargalhei - na verdade apenas um riso nervoso - quando percebi que este dia jamais
terminaria.
―Posso ouvir a piada?‖
―Não é uma das boas.‖ Eu contei a ele, enquanto ele conduzia o caminho até a pequena
porta arredondada. ―Eu estava apenas pensando - hoje é o primeiro e último dia do para
sempre. É meio difícil de colocar isto na minha cabeça. Mesmo com todo o espaço extra
que tenho nela agora.‖
Então gargalhei novamente.
Ele riu a bessa comigo. Ele apontou sua mão para a maçaneta, esperando que eu fizesse
as honras. Eu enfiei a chave na fechadura e então a girei.
―Você reage tão naturalmente a tudo isso, Bella; eu esqueci o quão estranho isso tudo
deve ser para você. Eu gostaria de ouvir isto.‖ Ele se abaixou e me suspendeu em seus
braços tão rapidamente que eu sequer vi - e isso realmente significa algo.
―Hey!‖
―Ombrais são parte da minha rotina de trabalho,‖ ele me lembrou. ―Mas estou curioso.
Diga-me o que você acha disso agora.‖
Ele abriu a porta - ela fechou-se sozinha com um ruído estridente - e entrou na pequena
sala de pedra.
―Tudo,‖ eu disse a ele. ―Tudo ao mesmo tempo, você sabe.‖ Coisas boas e coisas para
se preocupar e coisas novas. Como eu continuava usando tantos superlativos na minha
cabeça. Agora mesmo, eu estou achando que Esme é um artista. ―É tão perfeito!‖
A sala da casa de campo era qualquer coisa saída de um conto de fadas. O chão era uma
como colcha maluca de pedras lisas e finas. O teto baixo tinha arestas longas e expostas
onde alguém alto como Jacob certamente bateria com a cabeça. As paredes eram em
madeira quente em alguns lugares, mosaicos de pedra em outros. A lareira em forma de
colméia, no canto, mantinha os restos de um fogo baixo e cintilante. Era madeira de
praia queimando - as chamas baixas eram verdes e azuis devido ao sal.
Era mobiliada com peças variadas, nenhuma combinando com a outra, mas mesmo
assim harmoniosas. Uma cadeira parecia vagamente medieval, enquanto um divã baixo,
perto da lareira, era mais contemporâneo e a prateleira na parede do outro canto me
fazia lembrar filmes feitos na Itália. De alguma forma uma peça se encaixava com as
outras como um grande quebra-cabeças tridimensional. Havia uns poucos quadros nas
paredes que eu reconheci - alguns dos meus favoritos da casa grande. Originais de
preços incalculáveis, sem dúvida, mas eles pareciam pertencer a este lugar, assim como
todo o resto.
Era um lugar onde qualquer pessoa poderia acreditar que a magia era real.
Um lugar onde você poderia esperar que a Branca de Neve pudesse entrar a qualquer
momento com sua maçã nas mãos, ou que um unicórnio parasse e mordiscasse as
roseiras.
Edward sempre pensara que ele pertencia a um mundo de histórias de terror. Claro que
eu sabia que ele estava totalmente errado. Era óbvio que ele pertencia a este lugar. Em
um conto de fadas.
E agora, eu estava no conto com ele.
Eu estava para conseguir uma vantagem sobre o fato de que ele não estava perto para
fazer com que eu voltasse aos eixos e que ele estava a apenas dois centímetros de
distância quando disse, ―Nós demos sorte por Esme ter pensado em adicionar um quarto
extra. Ninguém estava planejando por Ness-Renesmee.‖
Eu o encarei, meus pensamentos seguindo para um nível menos agradável.
―Nem você, também,‖ eu me queixei.
―Desculpe amor. Eu ouvi isso nos pensamentos deles o tempo inteiro, você sabe. Isso
estava me incomodando.‖
Eu suspirei. Meu bebê, a serpente do mar. Talvez não houvesse ajuda. Bem, eu não
estava desistindo.
―Eu tenho certeza de que você está morrendo para ver o closet. Ou, pelo menos, eu direi
a Alice que você estava, para que ela se sinta bem.‖
―Eu deveria estar com medo?‖
―Apavorada.‖
Ele me conduziu por um por um estreito corredor de pedras de teto abobadado, como se
fosse nossa própria miniatura de castelo.
―Esse vai ser o quarto de Renesmee,‖ ele disse, apontando para um quarto vazio com o
chão de claro madeira. ―Eles não tiveram muito tempo com ele, quanto mais com
lobisomens bravos…‖
Eu ri silenciosamente, surpresa de como tudo se tornou rapidamente certo quando isso
tudo parecia um pesadelo apenas uma semana atrás.
Maldito seja Jacob por fazer tudo perfeito desse jeito.
―Aqui está nosso quarto. Esme tentou trazer um pouco de sua ilha até aqui para nós. Ela
achou que nós nos apegaríamos.‖
A cama era branca e enorme, com cortinas em volta que iam do teto até o chão. O chão
combinava com o do outro quarto, e agora eu via que era precisamente a cor de uma
praia primitiva. As paredes daquele branco-quase-azul de um dia brilhante de sol, e a
parede do fundo tinha grandes portas de vidro que davam para um pequeno jardim
escondido. Rosas que pareciam escalar o lugar e um pequeno lago arredondado. Um
oceano calmo e tranqüilo para nós.
―Oh‖ Era tudo que eu podia dizer.
―Eu sei,‖ ele murmurou.
Nós ficamos parados lá por um minuto, relembrando. Embora as memórias fossem
humanas e nubladas, elas tomaram conta da minha mente.
Ele sorriu abertamente, um sorriso brilhante e então gargalhou.
―O closet é através dessas portas duplas. Eu deveria te alertar - é maior que esse quarto.‖
Eu nem ao menos olhei para as portas, não havia nada no mundo além dele novamente seus braços me envolveram, sua respiração suave no meu rosto, seu lábios a apenas
centímetros do meu - e não havia nada que poderia me distrair agora, vampira recém
nascida ou não.
―Nós vamos dizer a Alice que eu corri direto para as roupas,‖ eu murmurei,
entrelaçando meus dedos pelo seu cabelo e puxando meu rosto para mais perto do dele.
―Vamos dizer a ela que eu passei horas lá dentro brincando de me trocar. Nós vamos
mentir.‖
Ele entendeu o que eu quis dizer num instante, ou talvez já tivesse entendido e só
estivesse tentando fazer com que eu aproveitasse completamente meu presente de
aniversário, como um cavalheiro. Ele puxou meu rosto para mais perto com uma
ferocidade repentina, um gemido baixo em sua garganta. O som mandou uma corrente
elétrica pelo meu corpo beirando a loucura, como se eu não pudesse estar rápido o
suficiente perto dele.
Eu ouvi o som de panos sendo rasgados embaixo de nossas mãos e eu estava feliz que
minhas roupas, pelo menos, já estivessem destruídas. Também já era tarde demais para
ele. Era quase rude ignorar a linda cama branca, mas nós não faríamos isso durar muito.
Aquilo era tarde para ele. Isso parecia tão rude: ignorar a bonita cama branca, mas nós
apenas não iríamos muito longe.
Esta segunda lua de mel não foi parecida com a nossa primeira.
O tempo que passamos na ilha foi o resto da minha vida como humana. A melhor parte.
Eu estava pronta para esticar o meu tempo como humana, apenas para me agarrar ao
que nós tínhamos por um pouco mais de tempo. Por causa da parte física não ia ser
nunca mais a mesma.
Eu deveria ter achado, depois de um dia como hoje, que poderia ser melhor.
Eu poderia apreciá-lo agora - poderia ver bem a beleza no seu rosto perfeito, em seu
longo, impecável corpo com meus novos olhos fortes, cada angulo e cada plano dele. Eu
poderia provar-lo para ver se era puro, o vívido aroma em minha língua e sentir a
inacreditável pele sedosa pele de mármore de baixo das pontas dos dedos sensíveis.
Meu corpo também estava sensível debaixo de suas mãos.
Ele agora era uma pessoa diferente, com nossos corpos emaranhados graciosamente no
chão de areia branca. Sem perigo, sem restrição. Sem medo - especialmente esse. Nós
podíamos fazer amor juntos - nós dois participando agora. Finalmente como iguais.
Já gostava de seus beijos antes, agora cada toque era mais do que eu estava acostumada.
De tanto que ele se retinha. Necessariamente naquela hora, mas eu não podia acreditar
no que eu tinha perdido.
Eu estava cansada de manter minha mente sã, eu estava tão forte quanto ele, mas era
difícil manter o foco com qualquer coisa,mas com sensações tão intensas, puxando
minha atenção a milhares de lugares diferentes no meu corpo a cada segundo; se eu o
machucasse ele não iria reclamar.
Uma parte bem pequena na minha cabeça considerou o interesse em desvendar esse
enigma nesse problema.
Eu nunca ia ficar cansada, e nem ele. Nós não precisávamos respirar ou descansar ou
comer ou mesmo usar o banheiro; nós não tínhamos mais necessidades humanas
mundanas. Nós tínhamos o mais lindo e perfeito corpo do mundo e eu o tinha inteiro
para mim, e eu não conseguia sentir como se um dia eu fosse chegar ao ponto em que eu
fosse pensar ‗agora eu tive o bastante por hoje‘. Eu ia querer mais. E o dia nunca ia
acabar. Então, nessa situação, como nós pararíamos?
E isso não me incomodada nem um pouco por eu não ter a resposta.
Eu meio que percebi quando o céu começou a clarear. A pequena parte de fora do
oceano passou do preto para o cinza e um pássaro começou a cantar em algum lugar
perto - talvez ela tivesse um ninho nas rosas.
―Você sente falta disso?‖ Eu perguntei quando o canto terminou.
Não era a primeira vez que falávamos, mas nós não estávamos exatamente mantendo
uma conversa, também.
―Sinto falta do que?‖ ele murmurou.
―Tudo isso - o calor, a pele suave, o cheiro tentador… Eu não estou perdendo nada, e eu
estava apenas imaginando se não era um pouco triste que você estivesse.‖
Ele riu, baixo e gentilmente. ―Seria difícil encontrar alguém ‗menos‘ triste do que eu
estou agora. Impossível. Eu me arrisquei. Não são muitas pessoas que conseguem tudo
que elas querem, mais todas as coisas que eles não pensaram em pedir, no mesmo dia.‖
―Você está evitando a pergunta?‖
Ele pressionou sua mão contra meu rosto. ―Você ESTÁ quente,‖ ele me disse.
Isso era verdade, em um sentido. Para mim, sua mão era quente. Não era a mesma coisa
que tocar a pele-de-fogo do Jacob, mas era mais confortável. Mais natural.
Então ele passou seus dedos lentamente para baixo em meu rosto, levemente traçando
do meu queixo para a minha garganta e então por todo o caminho até o meu peito. Meus
olhos rolaram pela minha cabeça pouco.
―Você É suave.‖
Seus dedos pareciam cetim, então eu pude entender o que ele quis dizer.
―E quanto ao cheiro, bem, eu não posso dizer que eu sinto falta daquilo. Você lembra do
cheiro daqueles nômades te caçando?‖
―Eu estou tentando não lembrar.‖
―Imagine beijar aquilo.‖
Minha garganta se rasgou em chamas como se tivesse puxando o ar de um balão de ar
quente.
―Oh.‖
―Precisamente. Então a resposta é não. Eu estou puramente cheio de alegria, porque eu
não estou perdendo NADA. Ninguém tem mais do que eu agora.‖
Eu ia informar a ele da exceção do seu status, mas meus lábios estavam subitamente
ocupados.
―Quando tempo isso vai levar? Eu digo Carlisle e Esme, Em e Rose, Alice e Jasper eles não gastam o dia inteiro trancado em seus quartos. Eles saem em público,
completamente vestidos, todo o tempo. Esse… desejo vai diminui?‖ Eu me virei e me
aproximei bem perto dele- totalmente realizada, de fato - para deixar bem claro sobre o
que eu estava falando.
―Isso é difícil de dizer. Todo mundo é diferente e, bem, você é de longe a mais diferente
de todos. O jovem vampiro é obsessivo pela sede para notar qualquer outra coisa. Isso
não se aplica a você. Com o passar dos anos, entretanto, outras necessidades começam a
aparecer‖.
Como a média vampira, pensei, depois do primeiro ano, teriam outras necessidades.
Também não tenho sede por nenhum outro desejo realmente sumindo. É simplesmente
uma questão de aprendizado para equilibrar aquilo, aprender a priorizar e
administrar…‖
―Quanto tempo?‖
Ele sorriu, enrugando um pouco o nariz ―Rosalie e Emmet eram os piores. Eu levei uma
boa década para conseguir ficar num raio de cinco milhas com eles. Até Carliste e Esme
tiveram dificuldade com isso. Eles deixaram de ser um casal feliz eventualmente. Esme
construiu a casa deles também. Era maior que essa, mas então, Esme sabe do que Rose
gosta, e ela sabe do que você gosta.‖
―Então, depois de dez anos?‖ Eu tinha certeza que Rosalie e Emmet não tinham nada a
ver conosco, mas isso soaria como insegurança se eu levasse mais de uma década.
―Todo mundo é normal de novo? Como nós somos agora?‖
Edward sorriu denovo. ―Bem, eu não tenho certeza sobre o que você acha que é normal.
Você tem visto bastante minha família vivendo ao modo de viver humano, mas você
tem dormido por noites‖ Ele piscou para mim. ―Essa é uma tremenda quantia de tempo
para passar, quando você não tem de dormir. Isso faz o seu equilíbrio… interesses ficam
fáceis. Aqui está uma razão por que eu sou o melhor músico da minha familia, pois tirando Carlisle - eu li muitos livros, estudei muitas ciências, fiquei fluente em várias
línguas… Emmett queria que você acreditasse que eu sei tudo sobre tudo por causa do
meu poder, mas a verdade é que eu tenho muito tempo livre.‖
Nós rimos juntos, e o momento da nossa risada foi algo interresante para o modo como
nossos corpos estavam conectados, efetivamente encerrando nossa conversa.
25. FAVOR
Foi só um pouquinho mais tarde que Edward me lembrou das minhas prioridades.
Levou apenas uma palavra.
―Renesmee…‖
Eu suspirei. Ela estaria acordada logo. Devia ser aproximadamente sete da manhã.
Estaria ela me procurando? Abruptamente, algo perto do pânico fez meu corpo
congelar. Como ela estaria hoje?
Edward sentiu a distração total do meu estresse. ―Está tudo bem, amor. Se vista, e
estaremos de volta a casa em dois segundos.‖
Eu provavelmente parecia um desenho, o jeito como eu saltei, e então olhei de volta
para ele - seu corpo de diamante brilhando fracamente na luz difusa - então em direção a
oeste, onde Renesmee esperava então para ele de novo, então de volta em direção a ela,
minha cabeça virando de um lado para o outro uma meia dúzia de vezes por segundo.
Edward sorriu, mas não riu; ele era um homem forte.
―É tudo uma questão de equilíbrio, amor. Você é tão boa em tudo isso, eu não imaginei
que levaria tanto para botar as coisas em perspectiva.‖
―E nós temos a noite toda, certo?‖
Ele sorriu mais largo. ―Você acha que eu toleraria deixá-la se vestir agora se não fosse o
caso?‖
Isso teria que ser o suficiente para me fazer passar pelas horas de luz do dia. Eu
balancearia esse desejo impressionante, devastador para que eu pudesse ser uma boa era difícil pensar na palavra. Embora Renesmee fosse muito real e vital na minha vida,
ainda era difícil pensar em mim mesma como uma mãe. Eu supus que qualquer um
sentiria o mesmo, de qualquer forma, sem nove meses para se acostumar à idéia. E com
uma criança que muda por hora.
O pensamento na vida acelerada de Renesmee me pressionou de novo em um instante.
Eu nem sequer pausei nas portas duplas esculpidas com adornos para prender a
respiração antes de descobrir o que Alice tinha feito. Eu simplesmente rompi pra dentro,
com a intenção de vestir as primeiras coisas que tocasse. Eu deveria saber que não seria
tão fácil.
―Quais são minhas?‖ Eu assobie. Como prometido, a sala era maior que o nosso quarto.
Poderia ter sido maior que o resto da casa colocado junto, mas eu tinha que compassar
para ser positiva. Eu tive um breve flash mental de Alice tentando persuadir a Esme
para ignorar as proporções clássicas e permitir essa monstruosidade. Eu me pergunto
como Alice ganhou essa.
Tudo estava embalado em um saco, intacto e branco, linha por linha por linha.
―Para o melhor do meu conhecimento, mas tudo isto aqui contesta.‖ - ele tocou um bar
que estava esticado ao longo da meia-parede à esquerda da porta - ―É seu‖.
―Tudo isso?‖
Ele deu de ombros.
―Alice‖, nós dizemos juntos. Dizendo seu nome como uma explicação, mas eu disse-o
de maneira expletiva.
―Muito bem,‖ Eu resmunguei, e ele me puxou para baixo o mais próximo do zipper
sobre o saco, eu rosnei sob a minha respiração quando vi no chão - a seda - rosa bebê.
Tentando encontrar algo comum que pudesse usar no dia a dia.
―Deixe-me ajudar‖, Edward ofereceu. Ele inalou cuidadosamente o ar e depois seguiu
algum aroma ao longo da parte de trás do quarto. Havia uma penteadeira lá. Ele
novamente inalou e, em seguida, abriu uma gaveta. Com um sorriso triunfante,
ocupando astuciosamente em suas mãos um par de jeans azul desbotado.
Eu voei rapidamente para seu lado. ―Como você fez isso?‖
―Este tecido grosso tem seu próprio perfume luxuoso como qualquer outra coisa…
Agora vamos esticar o algodão?‖
Ele seguiu seu nariz a um meio cabide, descobrindo longas mangas brancas de uma
camiseta. Ele andou até mim.
―Obrigado‖, eu disse fervorosamente. Eu inalei cada tecido, memorizando o perfume
para futuras pesquisas através desta casa de loucos. Eu lembrei da seda e do cetim;
querendo evitar esses.
Ele levou apenas alguns segundos para encontrar o seu próprio vestuário - se eu não
tinha visto ele tirar a roupa, eu teria jurado que não havia nada mais bonito do que
Edward em seu caqui e bege pálido pulôver - e, em seguida, ele tomou a minha mão.
Nós nos lançamos através do jardim escondido, saltando com ligeireza sobre a parede
pedra, e atingimos a floresta morta em uma alta velocidade. Ele puxou minha mão livre
para que pudéssemos voltar a correr. E neste tempo, ele esbarrou em mim.
Renesmee foi acordada; ela estava sentada no chão até que Rose e Emmett pairaram
sobre ela, brincando com uma pequena pilha de artigos de prataria retorcida. Ela tinha
uma colher distorcida na mão direita. Logo, ela me espiava através do vidro, ela jogou a
colher no chão - quando eu deixei a parte sem grama da floresta - e apontou na minha
direção compulsoriamente. Sua platéia riu; Alice, Jasper, Esme e Carlisle estavam
sentados sobre o sofá, assistindo-la como se ela fosse um filme que mais chamasse a
atenção.
Eu estava atrás da porta antes que seu riso malvado tivesse começado, saldando por
todo o seu quarto e levantando a colher a partir do piso no mesmo segundo. Nós, em si,
sorrimos largamente.
Ela estava diferente, mas nem tanto. Um pouco mais longa, suas proporções derivavam
a partir de uma infantil inocência. Seu cabelo já estava com cerca de um quarto de
polegada, seus cachos se mostravam fortes como molas em cada instante. Eu não
deixava que a minha imaginação arruniada pelo selvagem passeio voltasse, e eu
imaginei que isso fosse o pior. Graças a minha overdose de medo, estas poucas
alterações foram quase um alívio. Mesmo sem as medições de Carlisle, eu estava certo
de que a evolução estava mais lenta do que ontem.
Renesmee apertou minha bochecha. Eu recuei. Ela estava com fome novamente.
―A quanto tempo ela está acordada?‖ Eu perguntei para Edward que desapareceu
através da porta da cozinha. Eu estava certo de que ele estava à caminho para obter o
pequeno almoço dela, depois de ter visto o que ela deseja tão claramente apenas em
pensamentos, como eu estava. Gostaria de saber se ele teria alguma vez ter notado o seu
pequeno truque, se ele era o único a perceber.
Para ele, isso provavelmente pareceria como ouvir qualquer outra pessoa.
―Só alguns minutos,‖ Rose disse, ―Nós gostaríamos de ter te chamado mais cedo. Ela
tem te chamado - exigido, é uma melhor descrição. Esme sacrificou seu tempo precioso
com sua prataria para manter o pequeno monstrinho entretido.‖ Rose sorriu para
Renesmee com uma afeição tão grande que a crítica se perdeu completamente. ―Nós não
queríamos… er, te incomodar.‖
Rosalie mordeu seu lábio e olhou para longe, tentando não rir. Eu pude sentir a risada
silenciosa de Emmet atrás de mim, mandando vibrações através das fundações da casa.
Eu mantive meu queixo levantado. ―Nós já vamos para o seu quarto,‖ eu disse para
Renesmee. ―Você vai gostar do quarto. É mágico.‖ eu olhei para Esme. ―Obrigada,
Esme. Muito obrigada. É absolutamente perfeito.‖
Antes que Esme pudesse responder, Emmet estava rindo novamente - não
silenciosamente dessa vez.
―Então ainda está em pé?‖ Ele conseguiu soltar por dentre as suas risadas. ―Eu achei que
vocês dois já tinham transformado-o em entulho agora. O que vocês estavam fazendo na
noite passada? Discutindo a dívida nacional?‖ ele uivou com a risada.
Eu trinquei meus dentes e lembrei a mim mesma das negativas conseqüências de
quando eu deixei que meu temperamento explodisse como ontem.
É claro, Emmet não era tão quebrável como Seth…
Pensando em Seth me fez imaginar. ―Onde estão os lobos hoje?‖ eu me virei para a
janela da parede, mas não tinha nenhum sinal de Leah no caminho.
―Jacob saiu hoje de manhã mais cedo,‖ Rosalie me disse, franzindo um pouco a sua
testa. ―Seth o seguiu.‖
―Com o que ele está tão chateado?‖ Edward perguntou enquanto ele voltava para a sala
com a caneca de Renesmee. Devia ter mais coisa na memória de Rosalie do que eu
podia ver em sua expressão. Sem respirar, eu entreguei Renesmee para Rosalie. Supercontrole-de-mim, mas, de nenhuma maneira eu era capaz de alimentá-la. Não ainda.
―Eu não sei - ou ligo,‖ Rosalie resmungou, mas ela respondeu a Edward de forma
completa. ―Ele estava olhando Nessie dormir, com a boca aberta como o idiota que ele
é, então ele simplesmente pulou em pé como se tivesse acordado - isso eu percebi, aliás
- e se irritou. Eu estava feliz por me livrar dele. Quanto mais tempo ele passar aqui,
mais tempo demorará em nos livrarmos do cheiro‖.
―Rose,‖ Esme reprovou gentilmente.
Rosalie balançou seu cabelo. ―Eu suponho que não importe. Não ficaremos aqui por
muito mais tempo.‖
―Eu ainda digo que nós devemos ir para Nova Hampshire e nos arrumarmos lá‖ Emmet
disse, obviamente continuando a discussão de mais cedo. ―Bella já se registrou em
Dartmouth. Não parece que ela vai demorar muito para poder agüentar a faculdade.‖ Ele
se virou e me olhou com um riso provocador. ―Eu tenho certeza de que você vai
dominar suas aulas… aparentemente nada mais interessa para você do que passar a
noite estudando.‖
Rosalie sorriu.
Não perca seu temperamento, não perca seu temperamento. Eu repeti para mim mesma.
E então eu estava orgulhosa de mim mesma por manter a cabeça no lugar.
Então, eu estava surpresa que Edward não estivesse.
Ele rosnou - um som abrupto, áspero e chocante - e uma fúria negra tomou conta do seu
rosto como as nuvens de uma tempestade.
Antes que qualquer um de nós pudesse falar, Alice se recompôs.
―O que ele está fazendo? O que esse cachorro está fazendo para que eu apagasse minha
agenda do dia inteiro? Eu não consigo ver NADA! Não!‖ Ela relanceou um olhar
torturado na minha direção ―Olhe para você! Você precisa que eu lhe mostre como usar
seu closet.‖
Por um segundo, eu fiquei grata a Jacob, seja lá qual fosse sua intenção.
E então, as mãos de Edward se contraíram sobre os punhos, e ele rosnou entre dentes
―Ele chamou Charlie . Charlie está seguindo-o. Vindo para cá. Hoje‖.
Alice proferiu uma palavra que pareceu muito esquisita na sua voz trinada, feminina, e
então, suas emoções a ofuscaram, e ela disparou feito raio pela porta de trás.
―Ele contou a Charlie‖?‖ - eu ofeguei - ‖ Mas… ele não entende? Como ele pôde fazer
isso!‖ Charlie não podia descobrir sobre mim! Sobre vampiros! Aquilo o colocaria
numa lista de caçada que nem os Cullens poderiam salvá-lo. ―Não!‖.
―Jacob está a caminho agora‖ - Edward sibilou.
Deve ter chovido ao leste. Jacob surgiu pela porta sacudindo seus cabelos molhados
como um cachorro faria, salpicando o carpete e o colchão com gotículas de água, onde
se formaram pequenos pontos luminosos. Seus dentes faiscaram atrás dos lábios
escuros, seus olhos estavam brilhantes e excitados. Ele caminhava com movimentos
tolos, descuidados, como se estivesse alucinado com a perspectiva de destruir a vida do
meu pai.
―E ai, galera‖, ele nos saudou com um largo sorriso.
Um silêncio absoluto se abateu.
Leah e Seth, em suas formas humanas - por enquanto, deslizaram para dentro, as mãos
dos dois tremiam pela tensão do momento.
―Rose‖, pedi, estendendo meus braços. Sem dizer nada, Rosalie passou Renesmee para
mim. Eu a pressionei contra meu coração vazio, abraçando-a como um talismã para
afastar o surto de raiva. Eu a manteria em meus braços até ter certeza absoluta que a
decisão de matar Jacob era produto de um pensamento racional e não da fúria que eu
sentia.
Ela estava muito quieta, observando e escutando. O quanto ela entenderia daquilo?
―Charlie vai chegar em breve‖, disse Jacob casualmente. ―Apenas alguns instantes. Eu
presumo que Alice descolou óculos escuros para você ou algo do gênero?‖
―Você presume demais‖, eu cuspia as palavras entre os dentes. ―O QUE. VOCÊ.
FEZ?!‖
Um sorriso oscilou nos lábios de Jacob, mas ele ainda estava ferido demais para
responder seriamente ‖ A Loirinha e Emmett acordaram essa manhã falando como
vocês estariam se mudando através do país. Como se eu pudesse deixar você partir.
Charlie era o maior problema aqui, certo? Bom, problema resolvido‖
―Será que você sequer se dá conta do que fez? Do perigo em que o colocou?‖
Jacob resfolegou ―Eu não coloquei Charlie em perigo. Exceto de você. Mas você tem
um tipo de controle sobrenatural, certo?. Não tão bom quanto ler pensamentos, se você
quer saber a minha opinião. Bem menos excitante‖.
Então, Edward se moveu através da sala pra ficar frente a frente com Jacob. Apesar de
ele ser quase uma cabeça menor que Jacob, Jacob desviou de sua raiva vacilante como
se Edward tivesse direcionado a ele.
―Era só uma teoria, mestiço.‖ Ele rangeu os dentes. ―Você acha que deveríamos testar
isso no Charlie? Você considerou a dor física que você estará fazendo a Bella passar,
mesmo que ela consiga resistir? Ou a dor emocional se ela não conseguir? Suponho que
o acontece com a Bella não te interessa mais.‖ Ele cuspiu as últimas palavras.
Renesmee pressionou seus dedos ansiosamente em minha bochecha, a ansiedade
colorindo o replay em sua cabeça.
As palavras de Edward finalmente cortaram através do humor estranhamente elétrico de
Jacob. Sua boca caiu franzida. ―Bella estaria sofrendo?‖
―Como se você enfiasse uma marca de ferro quente em sua garganta abaixo.‖
Eu hesitei, lembrando do cheiro de puro sangue humano.
―Eu não sabia disso.‖ Jacob sussurrou.
―Então talvez você devesse perguntar antes,‖ Edward rosnou de volta através de seus
dentes.
―Você teria me parado.‖
―Você deveria ter sido parado -‖
―Isso não é sobre mim.‖ Eu interrompi. Eu permaneci bem imóvel, mantendo meu
abraço em Renesmee e sanidade. ―Isso é sobre o Charlie, Jacob. Como você pode
colocá-lo em perigo desse jeito? Você percebeu que é morte ou vida vampira pra ele
também agora?‖ Minha voz tremeu com as lágrimas que meus olhos não podiam mais
derramar.
Jacob ainda estava preocupado pelas acusações de Edward, mas as minhas não
pareceram aborrecê-lo. ―Relaxa Bella. Eu não disse a ele nada que você não estivesse
planejando dizer.‖
―Mas ele está vindo para cá.‖
―Sim, essa é a idéia. A coisa toda ‗Deixe-o fazer suas próprias suposições‘ não era seu
plano? Acho que eu providenciei um arenque vermelho muito bom, se é que posso
dizer.‖
Meus dedos se flexionaram para longe de Renesmee. Eu os enrolei de volta
seguramente. ―Diga logo, Jacob. Eu não tenho a paciência para isso.‖
―Eu não contei a ele nada sobre você, Bella. Não de verdade. Eu contei a ele sobre mim.
Bem, mostrei é provavelmente uma palavra melhor.‖
―Ele se transformou na frente do Charlie.‖ Edward assobiou.
Eu suspirei. ―Você o que?‖
―Ele é corajoso. Corajoso como você. Não desmaiou nem vomitou nem nada. Eu devo
dizer, eu fiquei impressionado. Você devia ter visto seu rosto quando eu comecei a tirar
as minhas roupas, de qualquer forma. Impagável.‖ Jacob gargalhou.
―Seu idiota. Você poderia ter dado a ele um ataque cardíaco.‖
―Charlie está bem. Ele é durão. Se você der um minuto, verá que eu fiz um favor para
você aqui.‖
―Você tem metade disso, Jacob.‖ Minha voz estava lisa e dura. ―Você tem trinta
segundos para me contar cada palavra antes que eu entregue Renesmee a Rosalie e
arranque sua miserável cabeça fora. Seth não será capaz de me parar dessa vez.‖
―Jesus, Bella. Você não costuma ser tão melodramática. Isso é uma coisa vampira?‖
―Vinte e seis segundos.‖
Jacob rolou os olhos e caiu pesadamente na cadeira mais próxima. Seu pequeno bando
se moveu para flanqueá-lo, não tão relaxados do jeito que ele parecia estar; os olhos de
Leah estavam em mim, seus dentes ligeiramente expostos.
―Então, eu bati na porta de Charlie essa manhã e perguntei se ele queria caminhar
comigo. Ele estava confuso, mas quando eu lhe falei isto sobre você e que você estava
na cidade, ele me seguiu fora para os bosques. Eu lhe falei que você não estava mais
doente, e que coisas eram um pouco estranhas, mas boas. Ele estava a ponto de ir para te
ver, mas eu lhe falei eu tinha que lhe mostrar primeiro para algo. E então eu parei‖. o
Jacob encolheu os ombros.
Senti meus dentes como sendo um vício empurrá-los juntos. ―Eu quero cada palavra,
seu monstro.‖
―Bem, você disse eu só tinha trinta segundos - ok, ok ―. Minha expressão o deve ter
convencido que eu não estava disposta a escárnio. ―Deixe-me ver… Eu parei atrás e
peguei as roupas, vestido, e então depois que ele começou a respirar novamente, eu
disse algo como, ‗Charlie, você não vive no mundo que você pensa que vive. As
notícias são boas, nada mudou - a não ser que agora você sabe. A vida será do jeito que
sempre foi. Você pode voltar pra casa e fingir que não acredita em nada disto‘.‖
―Demorou um pouco para entrar na cabeça dele, e então ele quis saber o que realmente
estava acontecendo com você, a coisa de rara-doença inteira. Eu lhe falei que você tinha
estado doente, mas você estava bem agora - só que você tinha mudado um pouco no
processo de melhorar. Ele quis saiber o que eu quis dizer através de ‗mudança‘, e eu lhe
falei que você parece muito mais como Esme do que você se parecia com Renée.‖
Edward assobiou enquanto eu o fitei em horror; isto virou em uma direção perigosa.
―Depois de alguns minutos, ele perguntou, realmente quieto, se você se transformou em
um animal, também. E eu disse, ‗Ela queria, ela é um daqueles frios‘.‖ Jacob riu.
Rosalie fez um barulho de desgosto.
―Eu comecei a contar-lhe mais sobre lobisomens, mas eu nem fiz a propaganda inteira Charlie me cortou e disse ‗não precisa contar os detalhes.” Então ele perguntou se você
sabia no que você estava entrando quando você se casou com Edward, e eu disse,
―Claro, ela soube disto por anos, desde que ela veio morar em Forks.‖ Ele não gostou
muito disso. Eu o deixei censurar até que ele tirasse isto do sistema dele. Depois que ele
foi se tranqüilizando, ele só quis duas coisas. Ele quis te ver, e eu disse que seria melhor
se ele me desse uma chance para explicar ―.
Eu respirei profundamente. ―Qual era a outra coisa que ele queria?‖
Jacob sorriu. ―Você gostará disso. O pedido principal dele é que lhe seja falado o menos
possível sobre tudo isso. Se não é absolutamente essencial para ele saber algo, o
mantenha pra você. Ele precisa saber, só.‖
Eu sentia alívio pela primeira vez desde que o Jacob tinha entrado. ―Eu posso controlar
essa parte.‖
―O caso é que ele só gosta de fingir que a coisa é normal ―. O sorriso de Jacob virou
presumido; ele suspeitava que eu estava começando a sentir o primeiro lânguido de
gratidão, praticamente saiba.
―O que você contou-lhe sobre Renesmee?‖ Eu lutei para manter a extremidade de
navalha em minha voz, lutando contra a relutante apreciação. . Era cedo de mais. Essa
situação estava muito errada. Até mesmo se intervenção de Jacob esperasse para…
―Oh yeah. Eu lhe falei que você e Edward tinham herdado mais uma pequena boca para
alimentar.‖ Ele deu uma espiada em Edward.
―Ela é sua cria órfã - como Bruce Wayne e Dick Grayson.‖ Jacob bufou. ―Eu não acho
que você se importe que eu minta. É tudo parte do jogo, certo?‖ Edward não esboçou
nenhuma resposta, então Jacob entrou. ―Charlie estava longe de ficar chocado neste
ponto, mas ele perguntou se você a estava adotando. ―Como uma filha? Como seu eu
fosse um tipo de avô?‖ foram exatamente as suas palavras. Eu disse a ele que sim.
‗Parabéns, vovô‘ e todo o resto. Ele nem sequer esboçou um sorriso.‖
Meus olhos voltaram a arder, mas não por medo nem aflição, desta vez. Charlie estava
gostando da idéia de ser um avô? Charlie encontraria Renesmee?
―Mas ela está mudando tão rápido,‖ sussurrei.
―Eu disse a ele que ela é mais especial do que todos nós juntos‖ disse Jacob com uma
voz suave. Ele se levantou e andou em minha direção, dispensando com a mão Leah e
Seth quando estes esboçaram segui-lo.
Renesmee estendeu os braços para ele, mas eu a apertei contra meu peito. Eu disse a ele,
―Confie em mim, você não vai querer saber sobre isto. Mas se você puder ignorar todas
as partes estranhas, você vai ficar maravilhado. Ela é a pessoa mais maravilhosa no
mundo todo.‖ E então eu disse a ele que se ele pudesse lidar com aquilo, vocês todos
iriam ficar por um tempo e ele teria a chance de conhecê-la. Mas se aquilo fosse demais
para ele, vocês iriam partir. Ele disse que enquanto ninguém forçasse informações
demais nele, ele concordaria.
Jacob fitou-me com um meio sorriso, aguardando.
―Eu não vou lhe agradecer,‖ eu lhe disse. ―Você ainda está colocando Charlie em
grande risco.‖
―Eu sinto se isto a magoa. Eu não sabia que seria assim. Bella, as coisas são diferentes
conosco agora, mas você sempre será minha melhor amiga, e eu sempre amarei você.
Mas eu a amarei da maneira correta agora. Finalmente há um equilíbrio. Nós dois temos
pessoas sem as quais não podemos viver.‖
Ele sorriu da sua maneira mais peculiar. ―Ainda amigos?‖
Tentei resistir o quanto pude, mas eu tive que sorrir de volta. Apenas um sorriso tímido.
Ele me ofereceu sua mão.
Eu dei um longo suspiro e troquei o peso de Renesmee para o outro braço. Coloquei
então minha mão esquerda na dele - ele nem mesmo recuou diante do toque gelado da
minha pele. ―Se eu não matar Charlie esta noite, eu vou pensar em perdoar você por
isto.‖
―Quando você não matar Charlie esta noite, você vai estar me devendo bastante.‖
Eu virei meus olhos.
Ele estendeu sua outra mão para Renesmee, desta vez pedindo. ―Eu posso?‖
―Na verdade, estou segurando ela, então minhas mãos não estão livres para matá-lo,
Jacob. Talvez mais tarde.‖
Ele suspirou, mas não insistiu. Sábio da parte dele.
Alice voltou até a porta, então, suas mãos fechadas e sua expressão prometendo
violência.
―Você, você e você,‖ ela vociferou, dirigindo-se aos lobisomens. ―Se vocês vão ficar,
vão para o canto e fiquem lá por um tempo. Eu preciso ver. Bella, é melhor você passarlhe o bebê também, você vai precisar dos seus braços livres,de qualquer forma.‖
Jacob sorriu em triunfo.
Um medo não diluído me rasgou pelo estômago quando a grandiosidade do que eu
estava prestes a fazer me atingiu. Eu iria apostar no meu super autocontrole contra meu
pai 100% humano. As palavras ditas por Edward mais cedo explodiram em meus
ouvidos novamente.
Você considerou a dor física que você estará fazendo a Bella passar, mesmo que ela
consiga resistir? Ou a dor emocional se ela não conseguir?
Eu não conseguia imaginar a dor da falha. Minha respiração tornou-se arfadas.
―Pegue-a,‖ Eu suspirei, deslizando Renesmee para os braços de Jacob.
Ele assentiu a preocupação enrugando sua testa. Ele gesticulou para os outros, e todos
eles foram para o canto mais longe da sala. Seth e Jake relaxaram no chão de uma só
vez, mas Leah sacudiu sua cabeça e franziu seus lábios.
―Posso ir embora?‖ Ela reclamou. Ela parecia desconfortável em seu corpo humano,
usando a mesma camiseta suja e short de algodão que ela usava quando gritou comigo
no outro dia, seu cabelo curto aderido em tufos irregulares. Suas mãos ainda estavam
tremendo.
―Claro.‖ Jacob disse.
―Permaneça a leste que você não cruzará o caminho de Charlie.‖ Alice acrescentou.
Leah não olhou para Alice; ela mergulhou para fora pela porta de trás e entrou nos
arbustos para se transformar.
Edward estava de volta ao meu lado, acariciando meu rosto. ―Você pode fazer isso. Eu
sei que pode. Eu te ajudarei; todos nós ajudaremos.‖
Eu encontrei os olhos de Edward com pânico gritando no meu rosto. Ele seria forte o
suficiente para me parar se eu fizesse um movimento errado?
―Se eu não acreditasse que você pode lidar com isso, nós desapareceríamos hoje. Nesse
mesmo minuto. Mas você pode. E você ficará feliz se puder ter Charlie na sua vida.‖
Eu tentei diminuir a minha respiração.
Alice estendeu sua mão. Havia uma pequena caixa branca em sua palma. ―Eles irritarão
seus olhos - eles não machucarão, mas nublarão sua visão. É irritante. Eles também não
combinarão com sua cor antiga, mas ainda é melhor do que vermelho claro, certo?‖
Ela atirou a caixa de lentes de contato no ar e eu a peguei.
―Quando você…‖
―Antes de você sair em lua-de-mel. Eu estava preparada para diversos futuros
possíveis.‖
Eu acenei e abri o recipiente. Eu nunca tinha usado lentes de contato antes, mas não
poderia ser tão difícil. Eu peguei a pequena esfera castanha e pressionei-a, o lado
côncavo para dentro, no meu olho.
Eu pisquei, e uma película perturbou a minha visão. Eu podia ver através disso, é claro,
mas também podia ver a textura da fina tela. Meu olho permaneceu focando nos
arranhões microscópicos e nas seções distorcidas.
―Vejo o que quer dizer.‖ Eu murmurei enquanto colocava a outra. Eu tentei não piscar
dessa vez. Meu olho automaticamente queria desalojar a obstrução.
―Como eu estou?‖
Edward sorriu. ―Linda. É claro…‖.
―Sim, sim, ela sempre está linda.‖ Alice terminou os pensamentos dele
impacientemente. ―É melhor do que vermelho, mas é o melhor que posso dar. Marrom
cor de lama. Seu castanho era muito mais bonito. Mantenha em mente que esses não
durarão para sempre - o veneno em seus olhos os dissolverá em poucas horas. Então se
Charlie ficar mais tempo do que isso, você terá que se desculpar e ir trocá-los. Que é
uma boa idéia de qualquer forma, porque humanos precisam de pausas para ir ao
banheiro.‖ Ela sacudiu sua cabeça. ―Esme dê a ela algumas dicas para agir como
humana enquanto eu estoco o banheiro com lentes de contato.‖
―Quanto tempo eu tenho?‖
―Charlie estará aqui em cinco minutos. Mantenha simples.‖
Esme acenou uma vez e se aproximou pegando a minha mão. ―O principal é não ficar
tão imóvel, ou mover-se muito depressa‖, disse-me.
―Sente-se, se ele o fizer‖, interpôs Emmett, ―Humanos não gostam de simplesmente
ficar parados‖
―Cruze as pernas por cinco minutos, e depois troque, cruzando os tornozelos pelos
próximos cinco‖, disse Rosalie.
Eu acenei positivamente para cada sugestão. Eu não havia notado que eles faziam
aquelas coisas ontem. Imaginei que poderiam imitá-los.
―E pisque, ao menos três vezes por minuto‖. Instruiu Emmett. Ele franziu as
sobrancelhas e moveu-se subitamente na direção da ponta da mesa, onde estava o
controle remoto da televisão. Ele mudou os canais descuidadamente até achar uma
transmissão de futebol e acenou satisfeito.
―Mova suas mãos também, jogue o cabelo ou finja estar se coçando‖. Entoou Jasper.
―Eu disse, Esme”, reclamou Alice quando ela voltou, ‖ Vocês vão sobrecarregá-la‖.
―Não, eu acho que peguei tudo‖, eu disse, ―Sente, olha em volta, pisque, mexa-se‖.
―Certo‖, aprovou Esme, abraçando-me pelos ombros.
Jasper franziu o cenho ―Você vai segurar seu fôlego o máximo possível, mas você
precisa mover seus ombros um pouquinho para fingir que está respirando‖.
Eu inalei uma vez e então, concordei.
Edward me abraçou pelo outro lado ―Você vai conseguir‖, ele repetiu, encorajando-me
com um murmúrio junto ao meu ouvido.
―Dois minutos‖, disse Alice, ―Talvez você devesse tentar o sofá. Afinal, você esteve
doente. Assim, ele não vai reparar nos seus movimentos logo de cara‖.
Alice me conduziu até o sofá. Eu tentei me deslocar devagar, para fazer minhas pernas
parecerem desajeitadas. Ela revirou os olhos, então, eu não deveria estar fazendo um
bom trabalho.
―Jacob, eu quero a Renesmee‖, pedi.
Jacob arqueou as sobrancelhas, imóvel.
Alice maneou a cabeça. ―Bella, isso não me ajuda a ver‖.
―Mas eu preciso dela. Ela me acalma‖. O pânico na minha voz era inquestionável.
―Tudo bem‖, Alice gemeu, ―Abrace-a o quanto puder e eu vou tentar ver ao redor
dela‖. Ela suspirou pesadamente, como se estivesse fazendo horas extras num feriado.
Jacob também suspirou, mas trouxe Renesmee para mim e retraiu-se rapidamente,
saindo do olhar penetrante de Alice.
Edward sentou ao meu lado, abraçando Renesmee e a mim. Ele se inclinou, olhando
com seriedade para Renesmee.
―Renesmee, alguém muito especial está vindo visitar você e sua mãe‖. Disse com uma
voz solene, como se ele esperasse que ela entendesse o que dizia. Será que ela entendia?
Ela o encarou de volta, com um olhar grave e límpido. ―Mas ele não é como nós, nem
mesmo como Jacob. Temos que ser muito cuidadosos com ele. Você não deve falar com
ele, como faz conosco‖.
Renesmee acariciou a face dele.
―Exatamente‖, ele disse, ―E ele vai fazer que você sinta sede, mas você não pode
mordê-lo. Ele não vai se curar como Jacob‖.
―Ela pode entender você?‖, eu murmurei.
―Ela entende. Você será cuidadosa, não será, Renesmee? Você vai nos ajudar?‖
Renesmee o tocou novamente.
―Não, eu não me importo se você tenha mordido, Jacob. Tudo bem.‖
Jacob riu.
―Talvez você devesse deixar, Jacob,‖ Edward disse friamente, flagrando-o em sua
direção. Edward não tinha perdoado Jacob, porque ele sabia que não importava o que
acontecesse agora, eu iria sentir dor. Mas eu me tomei a queimar de felicidade se isso
fosse a pior coisa que eu fosse enfrentar esta noite.
―Eu disse a Charlie que eu estaria aqui,‖ Jacob disse. ―Ele precisa do apoio moral.‖
―Apoio moral‖, Edward zombou. ―Na medida do que Charlie sabe você é o mais
repugnante monstro de todos nós.‖
―Repugnante?‖ Jake protestou e, em seguida, riu discretamente para si mesmo.
Ouvi os pneus saindo da estrada para a tranqüila e úmida terra dos Cullens, e minha
respiração perfurantes novamente. Meu coração já devia ter sido martelado. Isso me
deixou ansiosa, meu corpo não estava tendo as reações certas.
Eu me concentrei nos constantes batimentos de Renesmee do coração para me acalmar.
Funcionou bonito e rapidamente.
―Bem lhe fez, Bella‖, Jasper sussurrou em aprovação.
Edward reforçou o seu braço sobre meus ombros.
―Você está certo?‖
―Positivo. Você não pode fazer nada.‖ Ele sorriu e me beijou. Não era precisamente
uma bicada sobre os lábios, e as minhas selvagens reações vampiristicas ainda me
pegaram fora da guarda de novo. Os lábios de Edward eram como uma dependência
química de alguns tiros em linha reta ao meu sistema nervoso. Eu era mais desejada
instantaneamente. Levando toda a minha concentração para lembrar o bebê nos braços.
Jasper mudou meu humor no momento. ―Er, Edward, talvez você não deseje se afastar
dela assim neste momento. Mas ela precisa ser capaz de se concentrar.‖
Edward foi puxado para trás. ―Oops‖, ele disse.
Eu ri. Essa tinha sido a minha linha desde o início, desde o primeiro beijo.
―Mais tarde,‖ eu disse, e meu estômago se antecipou rolando como uma bola.
―Foque-se, Bella‖, instou Jasper.
―Direito‖, me forçaram a mover meus sentimentos involuntários a distância. Charlie,
que era a principal coisa agora. Manter Charlie seguro hoje. Teríamos toda a noite…
―Bella‖.
―Desculpe Jasper.‖
Emmett riu.
O som de Charlie andando começava a ficar mais perto e mais perto. O segundo de
leveza passou, e todo mundo ainda se mantinha. Eu cruzei minhas pernas e exercitei
meus olhos.
O carro parou na frente da casa e perdeu tempo por alguns segundos. Gostaria de saber
se Charlie estava tão nervoso como eu estava. Em seguida, o motor se cortou, e uma
porta bateu.
Três passos em todo o gramado e, em seguida, oito pancadas ecoando contra a escada
de madeira. Quatro passos mais ecoando por todo o alpendre. Depois silêncio. Charlie
respirou fundo por duas vezes.
Knock, knock, knock.
Eu inalei tudo aquilo como se pudesse ser a última vez. Renesmee aninhado mais em
meus braços, escondendo seu rosto no meu cabelo.
Carlisle responde à porta. Sua expressão saliente mudou para uma de boas-vindas, como
mudar o canal na TV.
―Olá! Charlie‖, ele disse olhando adequadamente embaraçado.
Afinal de contas, era suposto que nós estávamos em Atlanta no Centro para Controle de
Doenças. Charlie soube que ele tinha sido enganado.
―Carlisle,‖ Charlie o cumprimentou com rigor. ―Onde Bella está?‖
―Aqui mesmo, pai.‖
Ugh! Minha voz estava tão errada. Mais, eu tinha gastado algum do meu abastecimento
de ar. Eu traguei em um refil rápido, contente que o cheiro de Charlie não tinha saturado
o quarto, contudo.
As expressões de Charlie se apagaram e ele me falou como era minha voz antes. Os
olhos dele me liquidaram por dentro e me abriram.
Eu li as emoções como se elas se enrolassem pela face dele.
Choque. Descrença. Dor. Perda. Medo. Raiva. Suspeita. Mais dor.
Eu mordi meu lábio. Era engraçado. Meus dentes novos eram mais afiados contra minha
pele de granito do que meus dentes humanos tinham estado contra meus lábios humanos
macios.
―Essa é você, Bella?‖ ele suspirou.
―Yep‖ Eu estremeci a minha voz de vento-carrilhão ―Oi, pai.‖
Ele deu uma fungada funda para se firmar.
―Ei, Charlie,‖ Jacob o cumprimentou do canto ―Como coisas estão?‖
Charlie carranqueou uma vez a Jacob, estremeceu a uma memória, e então me encarou
novamente.
Lentamente, Charlie caminhou para o outro lado do quarto até que ele estava a alguns
pés longe de mim. Ele arremessou um clarão acusador a Edward, e então os olhos dele
chamejaram atrás de mim. O calor desta batida de calor de corpo contra mim, com cada
pulso do coração dele.
―Bella?‖ ele perguntou novamente.
Eu falei em uma voz mais baixa, enquanto tentava manter o toque dele distante. ―Essa
sou eu de verdade.‖
A mandíbula dele fechou.
―Desculpe-me, pai‖ eu disse.
―Você está bem?‖ ele exigiu.
―Realmente e verdadeiramente bem‖ eu prometi ―Saudável como um cavalo.‖
―Jake me falou isto era… necessário. Que você estava morrendo.‖. Ele disse as palavras
como ele não acreditasse nem um pouco.
Eu me agucei, focalizei em Renesmee, peso morno, apoiado em Edward para apoio, e
respirei fundo.
O cheiro de Charlie era um punhado de chamas, enquanto perfurando diretamente
abaixo minha garganta. Mas era tanto mais que dor. Era um apunhalando quente de
desejo, também. Charlie cheirou mais delicioso qualquer coisa que eu sempre imaginei.
Atraindo-me, como os andarilhos anônimos que tinham estado na caça, Charlie era
duplamente tentador. E ele estava apenas há alguns metros de distância, exalando saliva
quente e úmida no ar seco. Mas eu não estava caçando agora. E este era meu pai.
Edward apertou meus ombros carinhosamente, e Jacob atirou um olhar apologético a
mim pelo quarto.
Eu tentei me concentrar e ignorar a dor e o desejo da sede. Charlie estava esperando por
minha resposta.
―Jacob estava lhe contando a verdade.‖
―Isso faz de você um.‖ Charlie rosnou.
Eu esperei que Charlie pudesse ver além das mudanças em minha nova face, ler o
remorso lá.
Debaixo de meu cabelo, Renesmee cheirou Charlie, registrando seu odor com ela,
também. Eu apertei meus braços nela.
Charlie viu meu olhar ansioso abaixo e seguiu isto. ―Oh,‖ ele disse, e toda a raiva
deixou seu rosto, restando apenas o choque. ―Esta é ela. A órfã que o Jacob disse que
você adotou.‖
―Minha sobrinha,‖ Edward mentiu suavemente. Ele deve ter percebido que a
semelhança entre Renesmee, eu e Edward era acentuada demais para ser ignorada. Era
melhor alegar que eram aparentados desde o princípio.
―Eu pensei que você tinha perdido sua família‖, disse Charlie, o tom de acusação
voltando a sua voz.
―Eu perdi meus pais. Meu irmão mais velho foi adotado, como eu. Eu nunca mais o vi
desde então. Mas o juizado me encontrou, quando ele e a esposa dele morreram num
acidente de carro, deixando seu único filho órfão‖.
Edward era tão bom naquilo. Sua voz era uniforme com o tom preciso de inocência.
Para conseguir aquele efeito, eu precisava praticar.
Renesmee estava espiando através do meu cabelo, fungando de novo. Ela olhou
timidamente para Charlie através de seus longos cílios, depois, se escondeu mais uma
vez.
―Ela é… ela é, bem, ela é uma beleza‖.
―Sim‖, Edward concordou.
―É também uma tremenda responsabilidade, eu acho. Vocês estão apenas começando‖.
―O que mais deveriamos fazer?‖ Edward acariciou suavemente a bochecha dela com a
ponta dos dedos. Eu percebi que ele tocou em seus lábios por um instante - um
lembrete. ―Você a recusaria?‖
―Hum…Bem‖, ele sacudiu a cabeça, distraído. ―Jake disse que vão chamá-la de
Nessie?‖
―Não, não vamos‖, eu disse, minha voz soou aguda e penetrante. ―Seu nome é
Renesmee‖
Charlie voltou a atenção para mim. ―O que você pensa a respeito? Talvez Carlisle e
Esme poderiam…‖
―Ela é minha‖, eu o interrompi. ―Eu a quero‖.
Charlie franziu o cenho ―Você vai me transformar em vovô tão cedo?‖
Edward sorriu. ―Carlisle já é avô também‖.
Charlie lançou um olhar incrédulo para Carlisle, ainda parado na porta da frente. Ele
parecia um irmão mais jovem e belo de Zeus.
Charlie resfolegou e acabou gargalhando ―Eu suponho que isso me faça sentir um
pouquinho melhor‖. Seus olhos voltaram para Renesmee. ―Ela é com certeza algo que
vale a pena olhar‖. Seu hálito quente percorreu o espaço até nós.
Renesmee se voltou na direção daquele cheiro, sacudindo meu cabelo e olhando, pela
primeira vez, com total atenção para Charlie. Ele ofegou.
Eu sabia o que ele estava vendo. Meus olhos - os olhos dele - uma copia exata no seu
rosto perfeito.
Charlie começou a hiperventilar. Seus lábios tremeram, e eu podia contar os números
que ele murmurava. Ele estava contando o tempo, tentando encaixar nove meses em um.
Tentando reunir as peças, sem conseguir forçar as evidências que estavam bem na sua
frente, de forma que fizessem sentido.
Jacob se aproximou para dar um tapinha nas costas de Charlie. Ele se inclinou para
sussurrar algo no ouvido de Charlie, só que Charlie não sabia que nós podiamos ouvi-lo.
―Precisava saber, Charlie. Está tudo bem. Eu prometo‖.
Charlie absorveu aquilo e acenou. Seus olhos chamuscaram quando ele se aproximou de
Edward com os punhos fechados.
―Eu não quero saber de tudo, mas estou farto de mentiras!‖
―Eu sinto muito‖, disse Edward, calmamente. ‖ mas você precisa conhecer a versão da
história, muito mais do que precisa conhecer a verdade. Se você vai fazer parte deste
segredo, a versão da história é a que importa‖. É para a proteção de Bella e Renesmee
tanto quanto o resto de nós. Você pode continuar com as mentiras por eles?‖
A sala estava cheia de estátuas. Eu cruzei meus tornozelos.
Charlie bufou uma vez e então voltou seu olhar penetrante para mim. ―Você poderia ter
me dado alguns avisos, criança.‖
―Você realmente teria feito isso mais fácil?‖
Ele franziu as sobrancelhas, e então se ajoelhou no chão à minha frente. Eu podia ver o
movimento do sangue em seu pescoço por baixo de sua pele. Eu conseguia sentir a
vibração quente disso.
Renesmee também. Ela sorriu e esticou uma palma rosada para ele. Eu segurei as costas
dela. Ela empurrou sua outra mão no meu pescoço, com sede, curiosa, e o rosto de
Charlie em seus pensamentos. Havia uma súbita margem da mensagem que me fez
pensar que ela entendeu perfeitamente as palavras do Edward; ela reconheceu a sede,
mas repeliu no mesmo pensamento.
―Nossa.‖ Charlie arfou seus olhos nos dentes perfeitos dela. ―Quantos anos ela tem?‖
―Hum…‖
―Três meses.‖ Edward disse, e então acrescentou calmamente, ―Bom, ela é do tamanho
de uma criança de três meses, mais ou menos. Ela é mais nova em algumas coisas, e
mais madura em outras.‖
Muito deliberadamente, Renesmee acenou para ele.
Charlie piscou convulsivamente.
Jacob o acotovelou. ―Eu te disse que ela era especial, não disse?‖
Charlie se contraiu pelo contato.
―Ah, qual é, Charlie,‖ Jacob suspirou. ―Eu sou a mesma pessoa que sempre fui. Apenas
finja que essa tarde não aconteceu.‖
A lembrança fez os lábios de Charlie ficarem brancos, mas ele acenou com a cabeça
uma vez. ―Exatamente qual é a sua parte nisso tudo, Jake?‖ ele perguntou. ―Exatamente
quanto o Billy sabe? Por que você está aqui?‖ Ele olhou para o rosto de Jacob, que
incandescia enquanto ele olhava para Renesmee.
―Bem, eu poderia te contar tudo sobre isso - Billy sabe absolutamente tudo - mas isso
envolve muita coisa sobre lobiso…‖
―Ugh!‖ Charlie protestou, cobrindo suas orelhas. ―Esquece.‖
Jacob riu. ―Tudo ficará bem, Charlie. Só tente não acreditar em tudo que vê.‖
Meu pai resmungou alguma coisa incompreensível.
―Woo.‖ Emmet rugiu de repente em sua voz grave profunda. ―Vai, Gators!‖
Jacob e Charlie pularam. O resto de nós congelou.
Charlie se recuperou, então olhou para Emmet por cima de seu ombro. ―Florida
ganhando?‖
―Somente marcou seu primeiro touchdown,‖ Emmet confirmou. Ele atirou um olhar na
minha direção mexendo suas sobrancelhas como um vilão em vaudeville.** ―Já era hora
de alguém marcar por aqui.‖
De volta eu soltei um assobio. Na frente do Charlie? Isso ultrapassava a linha.
Mas Charlie estava além de perceber indiretas. Ele deu uma longa respirada, apesar
disso, sugando o ar como se estivesse tentando puxá-lo até seus dedos dos pés. Eu o
invejei. Ele se inclinou em seus pés, dando passos ao redor de Jacob, e abaixou-se numa
cadeira livre.
―Bem,‖ ele suspirou, ―Acredito que devemos ver se eles conseguem segurar a
liderança.‖
** é um gênero de entretenimento dos EUA.
26. BRILHANTE
―Eu não sei o quanto devíamos falar. Renée já sabe sobre isto‖, Charlie disse, com um
pé hesitado em nossa porta. Ele esticou os pés e, em seguida, seu estômago rosnou.
Eu balancei a cabeça. ―Eu sei. Eu não quero deixa-la louca. Melhor para protegê-la. Isto
não é coisa para medrosos.‖
Seus lábios se torceram até o lado tristemente. ―Eu teria tentado me proteger, também,
se eu soubesse como. Mas eu acho que você nunca se enquadra na categoria medrosa,
não é?‖
Eu sorri para trás, puxando um brilho através da respiração, em meus dentes.
Charlie deu um tapinha em seu estômago com distração. ―Eu vou pensar em alguma
coisa. Nós temos tempo para discutir isso, certo?‖
―Certo,‖ Eu prometi a ele.
Tinha sido um longo dia de certa forma, e assim classificado em outros. Estava tarde
para Charlie jantar - Sue Clearwater cozinhou para ele e Billy. Isso iria ser uma noite
estranha, mas pelo menos ele estava comendo comida de verdade; Eu fiquei feliz
porque alguém estava tentando mantendo-o sem fome, devido a sua falta de habilidade
culinária.
A tensão tinha feito que todos os dias, os minutos passassem devagar; Charlie nunca
havia relaxado os rígidos conjuntos de seus ombros. Mas ele não estava com pressa para
sair, também. Os dois assistiam aos jogos - felizmente ele estava tão absorvido em seus
pensamentos que ele estava totalmente desatento às piadas sugestivas de Emmett, que
foram ficando mais aguçadas e menos a ver com futebol com o tempo - e depois os
comentários do jogo, e, depois, as notícias, e sem se movimentar, Seth tinha até se
lembrado do tempo.
―Você vai agüentar Billy e minha mãe, Charlie… Anda. Nessie, Bella e eu vamos estar
aqui amanhã. Vai ter alguma comida, é?‖
Ele tinha sido claro com Charlie, mas seus olhos não tinham confiança na avaliação de
Seth, mas ele deixou Seth liderar o caminho para fora. A duvida continuava lá mesmo
ele dando uma pausa agora. As nuvens haviam desaparecido, e a chuva passou. O sol
pode até se definir mesmo em tão pouco tempo.
―Jake disse que seus rapazes estavam me procurando,‖ Charlie juntou-se a mim agora.
―Eu não quero fazer isso se houver alguma forma de revermos isso. É por isso que nós
ainda estamos aqui‖.
―Ele disse que você poderia permanecer por um tempo, mas só se eu manter minha boca
fechada.‖
―Sim …. mas não posso prometer que nunca iremos embora, pai. É muito complicado
…‖
―Preciso saber‖ Ele me lembrou.
―Certo‖
―Você vai ir me visitar de vez em quando,certo?‖
―Eu prometo, pai. Agora que você já sabe o suficiente, isso pode funcionar. Eu vou ficar
por perto como você quer‖
Ele mordeu o seu lábio por um instante, então lentamente se inclinou sobre mim e
estendeu os braços. Eu desloquei Renesmee - agora dormindo - para o meu braço
esquerdo, tranquei os dentes, segurei a respiração e embrulhei a sua cintura quente e
mole com o meu braço direito.
―Fique bem perto, Bells.‖ Ele resmungou. ―Bem perto‖
―Eu te amo, pai.‖ Eu sussurrei entre os meus dentes.
Ele tremeu e se afastou. Meu braço caiu.
―Eu também te amo, criança. Tudo pode ter mudado, mas nada pode alterar isto.‖ Ele
tocou um dedo na bochecha rosada de Renesmee. ―Ela lembra muito você‖
Eu deixei a minha expressão casual, embora não sentisse nada.
―Muito mais o Edward, eu acho.‖ Eu hesitei, e então adicionei. ―Ela tem os seus
cachos‖.
Ele começou e depois soltou um grunhido. ―Huh! Acho que tem. Huh. Avô‖. Ele
balançou a sua cabeça. ―Alguma vez eu vou segurá-la?‖
Eu pisquei em choque e depois me recompus. Depois de considerar por meio segundo e
julgar a aparência de Renesmee - que parecia estar completamente apagada - Eu decidi
apostar na minha sorte até o limite, as coisas estavam indo tão bem hoje..
―Aqui‖ Eu disse, segurando-a em direção a ele. Ele automaticamente fez um estranho
berço com os braços e eu depositei Renesmee dentro. Sua pele não era tão quente
quanto à dela, mas fazia cócegas em minha garganta sentir o calor humano atrás da fina
membrana.
Onde a minha pele branca havia tocado nele, tinha se arrepiado. Eu não estava certa se
aquilo era uma reação à temperatura do meu corpo ou psicológico.
Charlie grunhiu silenciosamente assim que ele sentiu o seu peso. ―Ela é.. robusta‖
Eu franzi as sobrancelhas. Ela parecia ter o peso de uma pena para mim.Talvez a minha
medida não valesse.
―Robusta é bom‖ Charlie disse ao ver a minha expressão. Então ele murmurou para si
mesmo. ―Ela precisa ser resistente, rodeada por toda essa loucura‖ Ele retirou a sua
mão, oscilando. ―O bebê mais lindo que eu já vi, incluindo você, criança. Desculpe, mas
é a verdade.‖
―Eu sei disso‖.
―Bebê lindo‖ Ele disse novamente soando mais suave dessa vez.
Eu conseguia ver isso em seu rosto - Eu podia ver isso crescendo ali. Charlie era como
um desajeitado contra a magia dela e do resto de nós. Dois segundos em seus braços e
ele já a pertencia.
―Posso voltar amanhã?‖
―Claro, pai. Com certeza. Nós estaremos aqui.‖
―É bom mesmo.‖ Sua voz era severa, mas o seu rosto estava calmo, ainda fitando
Renesmee. ―Te vejo amanhã, Nessie.‖
―Não! Você também!‖
―Huh?‖
―Seu nome é Renesmee, a junção de Renée e Esme. Sem variação.‖ Eu lutei para me
acalmar sem respirar profundamente, dessa vez. ―Você quer ouvir o seu nome do
meio?‖
―Claro‖.
―Carlie. Com C. Como a junção de Carlisle e Charlie.‖
Os olhos de Charlie se enrugaram com a risada no seu rosto, me pegando desprevenida.
―Obrigado, Bells.‖
―Obrigada, pai. Tanta coisa mudou tão rápido. Minha cabeça não parou de rodar. Se eu
não tivesse você agora, eu não sei como eu manteria minha compreensão na - na
realidade.‖ Eu estava pra dizer minha compreensão em quem eu era. Isso era
provavelmente mais do que ele precisava.
O estômago de Charlie roncou.
―Vá comer, pai. Nós estaremos aqui.‖ Eu me lembrei como era, aquela primeira imersão
desconfortável na fantasia - a sensação de que tudo desapareceria na luz do sol
nascendo.
Charlie acenou e então devolveu relutantemente Renesmee para mim, ele deu uma
olhada pra mim passando pela casa; seus olhos estavam um pouco selvagens por um
minuto enquanto ele olhava pela grande sala clara. Todos ainda estavam ali, com
exceção de Jacob, que eu podia ouvir assaltando a geladeira na cozinha; Alice estava se
descansando no degrau inferior das escadas com a cabeça de Jasper em seu colo;
Carlisle tinha sua cabeça curvada sob um grande livro em seu colo; Esme estava
sussurrando para si mesma, desenhando em seu bloco de notas, enquanto Rosalie e
Emmet ordenavam a fundação para uma monumental casa de cartas embaixo das
escadas; Edward tinha se dirigido para o piano e estava tocando calmamente para ele
mesmo. Não havia evidência de que o dia estivesse chegando a um fim, que poderia ser
a hora de comer ou transferir as atividades em preparação para a noite. Algo intangível
tinha mudado na atmosfera. Os Cullens não estavam tentando tanto quanto eles
costumavam fazer - a charada humana havia escorregado tão levemente, o suficiente
para o Charlie perceber a diferença.
Ele estremeceu, balançou sua cabeça, e acenou. ―Vejo você amanhã, Bella.‖ Ele franziu
a sobrancelha e então acrescentou,‖Quer dizer, não é como se você não
parecesse…bem. Eu me acostumarei a isso.‖
―Obrigada, pai.‖
Charlie assentiu e andou pesadamente até seu carro. Eu o assisti dirigindo embora; não
foi até que eu ouvi seus pneus batendo na auto-estrada que eu percebi que tinha
conseguido. Eu realmente sobrevivi ao dia inteiro sem ferir o Charlie. Sozinha. Eu devo
ter um super poder!
Parecia bom demais para ser verdade. Eu poderia realmente ter minha nova família e
alguns da minha antiga também? E eu pensei que ontem tinha sido perfeito.
―Wow,‖ Eu suspirei. Eu pisquei e senti o terceiro par de lentes de contato se desintegrar.
O som do piano parou, e os braços de Edward estavam em volta da minha cintura, seu
queixo descansando em meus ombros.
―Você tirou as palavras de minha boca.‖
―Edward, eu consegui!‖
―Você conseguiu. Você é inacreditável. Toda essa preocupação acerca de ser uma
recém-nascida, e então você pulou isso tudo.‖ Ele riu quietamente.
―Eu não estou nem certo de que ela é uma vampira, muito menos uma recém-nascida.‖
Emmet disse de debaixo das escadas. ―Ela é muito adestrada.‖
Todos os comentários embaraçosos que ele fez na frente do meu pai soaram em meus
ouvidos agora, e provavelmente era uma coisa boa que eu estava segurando Renesmee.
Incapaz de segurar totalmente a minha reação, eu rosnei debaixo de minha respiração.
―Ooooo, assustador.‖ Emmet gargalhou.
Eu assobiei, e Renesmee se agitou em meus braços. Ela piscou algumas vezes, então
olhou em volta, sua expressão confusa. Ela inalou, então se esticou para meu rosto.
―Charlie, nós voltaremos amanhã.‖ Eu garanti a ele.
―Excelente,‖ Emmett disse. Rosalie riu com ele dessa vez.
―Nada brilhante, Emmett,‖ Edward disse com desprezo, virando suas mãos para pegar
Renesmee de mim. Ele piscou quando eu hesitei e, então, um pouco confusa, eu a dei
para ele.
―O que você quer dizer?‖ Emmett exigiu.
―É um pouco estúpido, você não acha, contrariar o vampiro mais forte da casa?‖
Emmett jogou sua cabeça para trás e bufou. ―Por favor!‖
―Bella,‖ Edward murmurou para mim enquanto Emmett ouvia de perto, ―você se lembra
que alguns meses atrás eu te perguntei se você poderia me fazer um favor já que você
imortal?‖
Aquilo tocou como uma campainha turva. Eu peneirei as conversas humanas tremidas.
Depois de um momento, eu lembrei e arfei, ―Oh!‖
Alice deu uma sonora risada. Jacob virou sua cabeça, sua boca cheia de comida.
―O que?‖ Emmett murmurou.
―Sério?‖ eu perguntei a Edward.
―Confie em mim.‖ Ele disse.
Eu respirei fundo. ―Emmett, o que você acha de sente com uma pequena aposta?‖
Ele estava de pé logo. ―Ótimo. Pode mandar.‖
Eu mordi meu lábio por um segundo. Ele era simplesmente enorme.
―A não ser que você esteja com medo…?‖ Emmett sugeriu.
Eu alinhei meus ombros. ―Você. Eu. Queda de Braço. Mesa da sala de jantar. Agora.‖
Um riso forçado se desenvolveu no rosto de Emmett.
―Er, Bella,‖ Alice disse rapidamente, ―Eu acho que Esme é uma grande fã daquela
mesa. É uma antiguidade.‖
―Obrigada,‖ Esme se expressou para ela.
―Sem problema,‖ Emmett disse com um brilhante sorriso. ―Por aqui, Bella.‖
Eu o segui em direção a garagem; eu podia ouvir todos se arrastando atrás. Havia uma
larga rocha de granito em cima de um desabamento de pedra perto do rio, obviamente o
objetivo de Emmett.
Embora a grande pedra fosse um pouco arredondada e irregular, ela faria o trabalho.
Emmett posicionou seu cotovelo na pedra e acenou para que eu o imitasse.
Eu estava nervosa de novo enquanto via os grossos músculos no braço inteiro de
Emmett, mas mantive meu rosto estável. Edward havia me prometido que eu seria mais
forte que qualquer um durante um tempo. Ele parecia bem seguro sobre isso, e eu me
sentia forte. Quão forte? Eu me perguntei, olhando para os bíceps de Emmett. Eu não
tinha nem dois anos de idade e isso devia servir para alguma coisa. Tirando que nada
estava normal em mim. Talvez eu não fosse tão forte como um recém nascido normal.
Talvez era por isso que controle era uma coisa fácil para mim.
Eu tentei parecer indiferente enquanto colocava meu cotovelo na pedra.
―Ok, Emmett. Eu ganho, e você não pode dizer uma única palavra sobre minha vida
sexual para ninguém, nem mesmo Rosalie. Sem alusões, sem insinuações - sem nada.‖
Seus olhos se estreitaram. ―Fechado. Eu ganho, e isso vai se tornar muito pior.‖
Ele ouviu minha respiração parar e deu uma risada maléfica. Não havia sinal de blefe
em seus olhos.
―Vai desistir tão facilmente, irmãzinha?‖ Emmett provocou. ―Sem muita violência com
você, não é? Eu aposto que aquela cabana não tem nenhum arranhão.‖ Ele riu. ―Edward
te contou quantas casas Rose e eu destruímos?‖
Eu cerrei meus dentes e segurei sua grande mão. ―Um, dois - ‖
―Três‖, ele rosnou e empurrou minha mão.
Não aconteceu nada.
Ah, eu podia sentir a força que ele estava exercendo. Minha mente nova parecia muito
boa em todo o tipo de cálculos, e então eu podia dizer que se não houvesse nenhuma
resistência, a mão dele teria atravessado a rocha sem dificuldade. A pressão aumentou e
eu me perguntei ao acaso se um caminhão de cimento a quarenta milhas por hora em um
declive bem inclinado teria um poder similar. Cinqüenta milhas por hora? Sessenta?
Provavelmente mais.
Não era o suficiente pra me mover. A mão dele empurrou a minha com força
esmagadora, mas não era impossível de segurar. Era meio que bom de um jeito
estranho. Eu estive sendo tão cuidadosa desde que acordei, tentando tanto não quebrar
nada. Era estranho poder usar os músculos. Deixa a força fluir em vez de estrangular
para controlá-la.
Emett grunhiu, a testa enrugada e todo o seu corpo rígido em uma única linha rígida
contra o obstáculo da minha mão que não se movia. Eu facilitei - no sentido figurado por um momento enquanto desfrutava a sensação da força insana correndo pelo meu
braço.
Uns poucos segundos, porém, e eu estava entediada com isso. Eu flexionei meu braço;
Emett cedeu uma polegada.
Eu ri. Emett resmungou entre os dentes com dificuldade.
―Só mantenha a boca fechada‖, eu o lembrei, e então esmaguei sua mão contra a rocha.
Um crack ensurdecedor ecoou nas arvores. A pedra rachou, e uma parte - mais ou
menos um oitavo dela - quebrou em uma linha inconstante desabando no chão. Caiu no
pé de Emett e eu segurei o riso. Eu podia ouvir a risada encoberta de Jacob e Edward.
Emett chutou o fragmento da rocha pelo rio, que rasgou um jovem broto na metade
antes de cair na base de um grande abeto, que oscilou e então caiu sobre outra arvore.
―Revanche. Amanha.‖
―Não vou ficar mais fraca tão rápido‖, eu o avisei. ―Talvez você devesse esperar um
mês.‖
Emett rosnou, travando os dentes. ―Amanha.‖
―Hey, se isso o fizer feliz, irmãozão.‖
Quando ele se virou pra se afastar, Emett acertou o granito, quebrando-o em uma
avalanche de pó e cacos. Era meio que organizado, de uma maneira infantil.
Fascinada pela prova inegável que eu era mais forte que o vampiro mais forte que eu
jamais conhecera, eu apoiei minha mão, os dedos bem separados, contra a rocha.
Então eu afundei meus dedos devagar contra a pedra, mas amassando que cavando, a
consistência me lembrava de queijo um pouco duro. Acabei com uma marca perfeita de
uma mão.
―Legal‖, murmurei.
Com um sorrisinho arranhando minha face, eu girei em um circo súbito (?), e quebrei a
pedra com um golpe de caratê com o lado da minha mão. A pedra gritou e gemeu e com uma grande nuvem de pó - se dividiu em duas.
Eu comecei a rir.
Eu não prestei muita atenção nos risos atrás de mim enquanto eu socava e chutava o
resto da rocha em pedacinhos. Eu estava me divertindo muito, abafando as gargalhadas
o tempo todo. Não foi até que eu escutei uma nova e pequena risadinha, um alto barulho
de sinos, que eu me virei do meu tolo jogo.
―Ela gargalhou?‖
Todos encaravam Renesmee com a mesma expressão abismada que deveria estar na
minha cara.
―Sim.‖ Edward disse.
―Quem não estava rindo?‖ Jacob murmurou, rolando os olhos.
―Não me diga que você exagerou um pouquinho na sua primeira corrida, cachorro.‖
Edward provocou, sem nenhum antagonismo em sua voz.
―Isso é diferente.‖ Jacob disse, e eu olhei surpresa enquanto ele dava um murro no
ombro de Edward. ―É suposto a Bella ser uma adulta. Casada e mãe e tudo isso. Não
deveria ter mais dignidade?‖
Renesmee franziu as sobrancelhas, e tocou o rosto de Edward.
―O que ela quer?‖ Eu perguntei.
―Menos dignidade.‖ Edward disse com um gracejo. ―Ela estava achando quase tanta
graça assistindo você se divertindo quanto eu.‖
―Eu sou engraçada?‖ Eu perguntei a Renesmee, me lançando de volta e me esticando
para ela no mesmo momento que ela se esticava para mim. Eu a peguei dos braços de
Edward e ofereci a ela o pedaço de rocha na minha mão. ―Você quer tentar?‖
Ela sorriu seu sorriso deslumbrante e pegou a pedra com as duas mãos. Ela comprimiu,
uma pequena ruga se formando entre suas sobrancelhas enquanto ela se concentrava.
Houve um pequeno som de triturar e um pouco de pó. Ela franziu as sobrancelhas e me
entregou o pedaço.
―Eu mostro.‖ Eu disse, transformando a pedra em areia.
Ela bateu palmas e gargalhou; o som delicioso disso fez todos nós nos juntarmos.
O sol, de repente, brotou através das nuvens, atirando longos raios de luz rubis e
dourados por nós dez, e eu estava imediatamente perdida na beleza da minha pele na luz
do pôr-do-sol. Deslumbrada por isso.
Renesmee acariciou as macias faces de diamante brilhante, então deitou seu braço perto
do meu. Sua pele tinha apenas uma fraca luminosidade, sutil e misteriosa. Nada que a
mantivesse dentro em um dia ensolarado como o meu brilho incandescente. Ela tocou
minha face, pensando na diferença e se sentindo decepcionada.
―Você é a mais bonita.‖ Eu assegurei a ela.
―Eu não estou certo se posso concordar com isso.‖ Edward disse, e quando eu me virei
para respondê-lo, a luz do sol em seu rosto me impressionou no silêncio.
Jacob tinha sua mão na frente de seu rosto, fingindo proteger seus olhos do brilho.
―Estranha Bella.‖ Ele comentou.
―Que criatura incrível ela é.‖ Edward murmurou, quase em concordância, como se o
comentário de Jacob fosse um elogio. Ele estava tanto deslumbrando quanto
deslumbrado.
Era um sentimento estranho - não surpreendente, eu suponho, já que tudo parecia
estranho agora - ser natural em alguma coisa. Como humana, eu nunca fui melhor em
nada. Eu era boa ao lidar com Renée, mas provavelmente monte de gente poderia ter
sido melhor; Phil parecia estar conseguindo. Eu era uma boa estudante, mas nunca a
melhor da classe. Obviamente, eu não poderia levar em conta nada atlético. Nada
artístico ou musical, sem talentos em particular para me gabar. Ninguém havia dado um
troféu para ler livros. Após dezoito anos de mediocridade, eu estava bem acostumada
por estar na média. Eu percebi agora que há muito tempo atrás eu tinha desistido de
qualquer aspiração a brilhar em alguma coisa. Eu apenas fazia o melhor com o que eu
tinha, nunca exatamente me ajustando ao meu mundo.
Então isso era realmente diferente. Eu era maravilhosa agora - para eles e para mim
mesma. É como se eu tivesse nascido para ser uma vampira. A idéia me fez querer rir,
mas também me fez querer cantar. Eu havia encontrado meu verdadeiro lugar no
mundo, o lugar onde eu encaixava, o lugar em que eu brilhava.
27. PLANOS DE VIAGEM
Eu levei a mitologia muito mais a sério depois que me transformei em vampira.
Freqüentemente, quando eu olhava para trás nos meus primeiros três meses como
imortal, eu imaginei como a linha de minha vida pôde olhar nos destinos, mas isso
existiu realmente? Certamente minha linha da vida havia mudado de cor; pensei que
provavelmente tinha começado com um bege agradável, algo concreto e não inseguro
algo que seria bom, no fundo. Agora senti como ele deveria ser carmim brilhante, ou
ouro talvez.
A tapeçaria dos familiares e amigos que imaginei juntos em torno de mim foi uma linda
e brilhante imagem, cheia de cores complementares.
Fiquei surpresa por algumas das linhas que eu consegui incluir em minha vida. Os
lobisomens, com suas cores profundas das florestas, não eram algo que eu tinha
esperado; Jacob, naturalmente, e Seth, também. Mas meus velhos amigos Quil e Embry
transformaram-se parte da tela quando se juntaram ao bando de Jacob, e mesmo Sam e
Emily faziam parte. As tensões entre nossas famílias relaxaram, na maior parte devido a
Renesmee. Era fácil amar.
Sue e Leah Clearwater foram entrelaçadas a nossa vida, eu não havia previsto que isso
fosse acontecer com as duas.
Sue parecia ter ela mesma decidido apoiar a mudança de Charlie do mundo do faz-deconta. Veio com ele a maioria dos dias nos Cullens, embora nunca parecesse
verdadeiramente confortável aqui, da maneira que seu filho e a maioria do bando de
Jake fizeram. Não falava muito; apenas ficou perto de Charlie, como se estivesse
protegendo-o. Era sempre a primeira pessoa que olhava quando Renesmee fazia algo
incomodo como avançar, o que era freqüente. Em resposta, Sue olhava
significativamente para Seth como se fosse dizer: Yeah, me diga sobre ela.
Leah ficava bem menos confortável do que Sue e era a única parte de nossa recente
família que era abertamente hostil à fusão. Entretanto, ela e Jacob tiveram um
companheirismo novo que a manteve perto de todos nós. Eu perguntei-lhe sobre ele
uma vez que ela estava hesitante; Eu não quis levantar, mas o relacionamento era tão
diferente da maneira que se usava que me deixou curiosa. Deu ombros e me disse que
era uma coisa do bando. Ela era seu número dois agora, seu ―beta,‖ de como ele era
chamado, há muito tempo atrás.
―Eu imaginei contanto que eu fosse fazer realmente esta coisa alfa,‖ Jacob explicou, ―eu
devo extinguir as formalidades.‖
A responsabilidade nova fez Leah sentir a necessidade de sempre verificar com ele, e
desde que isso sempre envolvia Renesmee…
Leah não estava feliz de ficar perto de nós, mas ela era a exceção. Felicidade era o
componente principal da minha vida agora, o padrão dominante da tapeçaria. Tanto que
minha relação com Jasper estava muito mais estreita do que eu nunca pensei que seria.
No começo isso realmente me incomodava, entretanto.
―Argh!‖, eu reclamei com Edward uma noite depois que tínhamos colocado Renesmee
no seu berço de aço. ―Se eu não matei Charlie ou Sue ainda, provavelmente não vai
acontecer. Eu queria que Jasper não ficasse em volta o tempo todo!‖
―Ninguém duvida de você Bella, nem um pouco‖, Edward me assegurou. ―Você sabe
como o Jasper é - ele não pode resistir a um clima emocional bom. Você está tão feliz o
tempo todo, amor, que ele gravita na sua direção sem perceber.‖
E então Edward me abraçou forte, porque nada o deixava mais feliz que esse meu
incrível êxtase sobre essa vida nova.
E eu estava eufórica na grande maioria do tempo. Os dias não eram grandes o suficiente
pra satisfazer minha vontade de adorar a minha filha; as noites não tinham horas
suficientes pra satisfazer minha necessidade por Edward.
Havia um lado ruim na felicidade, porém. Se você virasse a fabrica (tecido) das nossas
vidas, eu imaginava que o design seria um entrelaçado exposto e cinza de medo e
duvida.
Renesmee falou sua primeira palavra quando tinha exatamente uma semana de idade. A
palavra foi mamãe, o que teria feito meu dia, exceto que eu estava tão aterrorizada pelo
seu progresso que mal podia forçar meu rosto congelado a sorrir de volta pra ela. Não
ajudou quando ela continuou da sua primeira palavra pra primeira sentença no mesmo
fôlego. ―Mamãe, cadê o vovô?‖, ela perguntou num alto e claro soprano só se
incomodando em perguntar alto porque eu estava do outro lado da sala. Ela já tinha
perguntado para Rosalie com seu jeito normal (ou absolutamente anormal, de outro
ponto de vista) de comunicação. Rosalie não sabia a resposta, então Renesmee se virou
pra mim.
Quando ela andou pela primeira vez, estourando três semanas depois, foi parecido. Ela
simplesmente encarou Alice por um longo período, assistindo intensamente enquanto
sua tia arrumava buquês nos vasos espalhados pela sala, dançando pra frente e pra trás
com os braços cheios de flores. Renesmee se apoiou nos pés, não do jeito antigo e
tremulo, e cruzou o lugar quase graciosamente.
Jacob explodiu em aplausos, porque era isso era claramente o que ela estava esperando.
O jeito como ele estava atado a ela fazia suas próprias reações secundarias; seu primeiro
reflexo era sempre dar a Renesmee o que ela queria. Mas nossos olhos se encontraram e
pude ver todo o pânico dos meus ecoando nos dele. Forcei minhas mãos a baterem
também, tentando esconder meu medo dela. Edward aplaudiu silenciosamente ao meu
lado, e não precisávamos botar nossos pensamentos em palavras pra saber que eles eram
iguais.
Edward e Carlisle mergulharam em pesquisas, procurando por qualquer resposta,
qualquer coisa pra esperar. Havia muito pouco pra se achar, e nada verificável.
Alice e Rosalie normalmente começavam nosso dia com um desfile de moda. Renesmee
nunca usava a mesma roupa duas vezes, em parte porque ela ficava maior que as roupas
imediatamente e em parte porque Alice e Rosalie tentavam criar um álbum de bebe que
parecesse mostrar meses em vez de semanas.
Eles pegaram milhares de fotos que documentavam a aceleração de sua infância.
Há três meses poderia se passar por uma grande menina de um ano, ou uma pequena de
dois. Ela não se encaixava exatamente na forma de uma criança que começara a andar;
Ela era mais leve e graciosa. Suas proporções eram mais suaves e regulares, como as de
um adulto. Seus caracóis cor de bronze chegavam em sua cintura; Eu não podia deixar
que os cortassem, mesmo se Alice tivesse permitido. Renesmee conseguia falar com
uma gramática impecável e articulação, mas ela raramente o fazia, preferia mostrar o
que ela queria para as pessoas.Não conseguia apenas andar, como correr e dançar,
também. Podia até mesmo ler.
Eu estava lendo Tennyson para ela uma noite, por causa do fluxo e ritmo da poesia que
parecia tranqüila e repousante. (Eu tinha que procurar por novo material
constantemente; Renesmee não gostava de repetição em suas histórias de dormir como
as outras crianças supostamente fazem, e não tinha a menor paciência para livros com
figuras). Ela levantou um pouco para tocar a minha bochecha, a imagem em sua cabeça
era dela mesma segurando o livro. Eu o entreguei, sorrindo.
―Há uma doce música aqui.. ‖ Ela leu sem nenhuma hesitação, ‖ que caem mais
suavemente que pétalas assopradas de rosas no gramado, ou orvalho noturno sobre a
água tranqüila entre paredes de sombrio granito, em um movimento iluminado -‖
Minha mão estava rígida quando eu peguei o livro de volta.
―Se você ler como ficará com sono?‖ Eu perguntei em uma voz trêmula,
acidentalmente.
Pelos cálculos de Carlisle o crescimento de seu corpo estava diminuindo, porém sua
mente continuava a avançar adiante. Mesmo se a diminuição ficasse constante, ela
estaria adulta em menos de quatro anos.
Quatro anos. E uma mulher velha com quinze anos.
Apenas quinze anos de vida.
Mas ela era tão saudável. Cheia de vida, esperta, estonteante e feliz. Seu bem-estar
chamava atenção e fazia fácil para mim ser feliz com ela no momento e deixar o futuro
para depois.
Carlisle e Edward discutiram nossas opiniões para futuro em todos os ângulos possíveis
em vozes baixais que eu tentei não ouvir. Eles nunca tinham essas discussões quando
Jake estava perto, porque só havia uma maneira ao certo de interromper o
envelhecimento, e isso não era uma coisa a qual Jacob gostaria de estar animado. Eu
não estava. Tão perigoso! meus instintos gritavam para mim mas Jacob e Renesmee
pareciam ser tão parecidos em tantas coisas, ambos os seres metade-metade, duas coisas
ao mesmo tempo. E todos os mitos dos lobos insistiam que o veneno dos vampiros era
mais sentença de morte do que uma maldição à imortalidade.
Carlisle e Edward se cansaram da pesquisa que eles podiam fazer à distância, e agora
eles estavam se preparando para seguir antigas lendas direto de suas fontes. Nós iríamos
voltar para o Brasil, começando por lá. Os Ticunas tinham lendas sobre crianças como
Renesmee… Se outra criança como ela tivesse existido, talvez algum conto sobre a vida
de uma criança metade humana ainda permaneceu…
A única questão real a ser resolvida era quando iríamos partir.
Eu era o atraso. Uma parte era porque eu queria ficar perto de Forks até o final dos
feriados, por consideração a Charlie. Mas além disso, havia uma diferente missão que
eu sabia que teria que vir primeiro - essa era claramente prioridade. Também, seria uma
viagem solitária.
Essa era a única discussão que Edward e eu tínhamos desde que eu me tornei vampira.
A maior parte dela era pela parte ―solitária‖. Mas os fatos eram o que eram, e meu plano
foi o único que teve senso racional. Eu tinha que ir ver os Volturi, e eu teria que ir
absolutamente sozinha.
Mesmo liberta dos antigos pesadelos, de qualquer de tipo sonho era impossível esquecer
os Volturi. Não que eles nos deixassem esquecer.
Antes que o presente de Aro tivesse chegado, eu não sabia que Alice mandou o anúncio
do casamento para os lideres Volturi, nós estávamos longe na ilha Esme quando ela teve
a visão dos guardas Volturi - Jane e Alec, os gêmeos poderosamente devastadores,
vindo com eles. Caius estava planejando mandar uma caçada entusiasmada para ver se
eu ainda era humana, contra o seu veredicto (porque eu sabia sobre o mundo secreto dos
vampiros, eu teria de ser transformada ou silenciada… para sempre)
Então Alice mandou o anúncio do casamento, vendo que isso iria atrasa-los enquanto
eles decifravam o significado por trás disso. Mas eles viriam algum dia. Isso era certo.
O presente em si não era ameaçador. Extravagante sim, quase assustador de tão
extravagante. A ameaça estava numa parte do bilhete de congratulações de Aro, escrita
em tinta preta em um pesado, plano e branco pedaço de papel em letra de mão do
próprio Aro:
Estou muito ansioso para ver a nova Sra. Cullen em pessoa.
O presente estava em uma antiga ornamentada e esculpida caixa de madeira envolta de
ouro e madre-pérola e um arco-íris de pedras preciosas. Alice disse que a caixa em si
era um tesouro sem preço. Que teria ofuscado qualquer jóia que estivesse dentro.
―Eu sempre me perguntei onde as jóias da realeza desapareceram depois que John da
Inglaterra penhorou tudo no século XIII,‖ Carlisle disse. ―Eu suponho que não estou
surpreso que os Volturi tenham compartilhado‖.
O colar era simples - o ouro entrelaçado em uma espessa corda de uma corrente, quase
em outra redimensionado, como uma mansa cobra se curvando envolta da garganta.
Uma jóia estava pendurada suspendida da corda: um diamante branco do tamanho de
uma bola de golfe.
O súbito lembrete no bilhete de Aro me interessou mais do que a jóia. Os Volturi
precisavam ver que eu era imortal, que os Cullen tinham sido obedientes às ordens
deles, e eles precisavam ver isso logo. Eles não podiam ser permitidos de chegar perto
de Forks. Só havia uma maneira de manter nossa vida aqui segura.
―Você não vai sozinha,‖ Edward falou pelos seus dentes, cerrando suas mãos em seus
punhos.
―Eles não me machucarão,‖ Eu disse da maneira mais tranqüilizadora que pude,
forçando uma certeza em minha voz. ―Eles não tem motivo pra isso. Eu sou uma
vampira. Caso encerrado.‖
―Não. Absolutamente não.‖
―Edward, é o único jeito de protegê-la.‖
E ele não era capaz de argumentar com isso. Minha lógica era incontestável.
Mesmo no curto tempo que tive pra conhecer Aro, eu fui capaz de ver que ele era um
colecionador - e seus mais belos tesouros eram suas peças vivas. Ele cobiçou beleza,
talento, e raridade mais em seus seguidores imortais do que qualquer uma jóia em seu
cofre. Era infeliz demais que ele começasse a cobiçar os talentos de Alice e Edward
também. Eu não daria a ele mas motivos pra sentir ciúmes da família de Carlisle.
Renesmee era linda e abençoada e única - ela era a única que existia. Ele não podia vêla, nem pelos pensamentos de outros.
E eu era a única que ele não podia ler os pensamentos. Logo, claro que eu iria sozinha.
Alice não viu nada de errado com a minha viagem, mas ela estava preocupada sobre a
qualidade indistinta de suas visões. Ela disse que elas ficavam familiarmente brumosas
quando haviam decisões de fora que poderiam conflitar, mas que não tinham sido
solidamente resolvidas. Essa incerteza fez Edward, já hesitante, extremamente oposto a
idéia. Ele queria ir comigo até a minha conexão em Londres, mas eu não ia deixar
Renesmme sem os dois pais. Carlisle ia comigo, ao invés disso. Isso relaxou tanto
Edward quanto eu, sabendo que Carlisle ia estar a apenas poucas horas de mim.
Alice continuou procurando no futuro, mas as coisas que ela achou não tinham relação
com o que ela procurava. Uma nova possibilidade; uma possível visita de reconciliação
de Irina, apesar de sua decisão não estar firme; uma tempestade de neve que não
chegaria pelas próximas seis semanas; um telefonema de Renée (eu estava praticando
minha voz ―áspera‖ e ficando melhor a cada doa - ao que a Renée sabia, eu ainda estava
doente, mas melhorando).
Compramos as passagens pra Itália no dia antes de Renesmee completar três meses. Eu
planejava que fosse uma viagem bem curta, então não contei ao Charlie. Jacob sabia, e
concordava com o ponto de vista de Edward. Entretanto, hoje a discussão era sobre o
Brasil. Jacob estava determinado a nos acompanhar.
Nós três, Jacob, Renesmee e eu, estávamos caçando juntos. A dieta de sangue animal
não era a coisa favorita de Renesmee - e por isso Jacob podia vir junto.
Jacob organizou uma competição entre eles, que a fazia mais ansiosa que qualquer
coisa.
Renesmee estava bem ciente de toda essa coisa bem versus mal quanto se tratava de
caçar humanos; ela só acha que sangue doado era difícil de desistir. Comida humana a
satisfazia, e parecia combinar com seu organismo, mas ela reagia a todas as variedades
de comida sólida com a mesma tolerância de mártir com a qual uma vez eu tratei couveflor e feijões de lima. Sangue animal era melhor que isso, pelo menos. Ela era
competitiva por natureza, e o desafio de vencer Jacob a fazia excitada em caçar.
―Jacob‖, eu disse, tentando racionalizar com ele de novo enquanto Renesmee dançava
na nossa frente na grande clareira, procurando por um cheiro que ela gostasse. ―Você
tem obrigações aqui. Seth, Lea - ―.
Ele bufou. ―Eu não sou a babá da alcatéia. Todos eles têm responsabilidades em La
Push, de qualquer modo‖.
―Que nem você? Você está oficialmente largando o ensino médio, então? Se você está
planejando ficar firme com a Renesmee, você vai ter que estudar muito duro.‖
―É só um tempo. Eu vou voltar pra escola quando as coisas… esfriarem.‖
Eu perdi minha concentração nos meus argumentos quando ele disse isso, e
automaticamente nós dois olhamos pra Renesmee. Ela estava encarando os flocos de
neve flutuando bem em cima de sua cabeça, derretendo antes de poder se ficar na grama
amarelada da campina em forma de ponta de flecha que estávamos. Seu vestido
desarrumado de marfim era só um pouco mais escuro que a neve, e seus cachos
castanhos avermelhados começaram a brilhar, mesmo que o sol estivesse enterrado
profundamente atrás das nuvens.
Enquanto olhávamos, ela armou o bote e então pulou um metro e meio no ar. Suas
mãozinhas fecharam-se em volta de um floco e ela pousou suavemente em pé.
Ele virou-se para nós com o seu sorriso chocante - sério, era algo que não dava para se
acostumar - e abriu as mãos para mostrar uma estrela de gelo de oito pontas perfeita em
sua palma antes de derreter.
―Bonito,‖ Jacob disso para ela com admiração. ―Mas eu acho que você está enrolando,
Nessie.‖
Ela se virou em direção a ele, e ele abriu os braços no exato momento em que ela pulou
neles. O movimento perfeitamente sincronizado. Ela fazia isso quando tinha algo para
dizer. Ela ainda preferia não falar em voz alta.
Renesmee tocou sua face, franzindo a testa de um modo adorável enquanto todos nós
ouvíamos o som de uma pequena manada de alces movendo-se mais adentro da floresta.
―Claaaaro que você não está com sede, Nessie.‖ Jacob respondeu sarcasticamente, mas
mais indulgente do que qualquer outra coisa ―Você só está com medo de que eu pegue o
maior de novo.!‖
Ela se soltou dos braços dele e virou os olhos - ela parecia tanto com o Edward quando
fazia isso. Então ela disparou em direção às arvores.
―Pode deixar‖ Jacob disse quando eu me inclinei para segui-la. Ele arrancou a camiseta
enquanto corria para dentro da floresta já tremendo. ―Não vale se você trapacear.‖ Ele
gritou para Renesmee.
Eu sorri para as folhas que eles deixaram balançando atrás deles sacudindo minha
cabeça. Jacob era mais criança que Renesmee às vezes.
Eu pausei, dando aos caçadores alguns minutos de vantagem, seria mais do que fácil os
alcançar e Renesmee amaria me surpreender com o tamanho da sua presa. Eu sorri
novamente.
A clareira estreita estava muito parada, muito vazia. A neve estava diminuindo acima de
mim, quase no fim. Alice havia previsto que não ficaria por muitas semanas.
Normalmente Edward e eu vínhamos juntos nessas caçadas. Mas Edward estava com
Carlisle hoje, planejando a viagem ao Rio, falando pelas costas de Jacob….eu franzi a
testa. Quando eu voltasse eu tomaria o lado do Jacob. Ele devia vir conosco. Ele tinha
tanto direito quanto qualquer um de nós - toda a sua vida estava em jogo, assim como a
minha.
Enquanto minha mente estava perdida no futuro próxima, meus olhos passaram pelas
montanhas, rotineiramente, procurando por uma presa, procurando por perigo. Eu nem
pensava nisso, era automático.
Ou talvez, havia uma razão para a minha procura, algum pequeno alarme que meus
sentidos super afiados sentiu antes mesmo de eu sentir conscientemente.
Conforme meus olhos passavam pelo todo de um monte distante, um brilho prateado ou seria dourado - chamou minha atenção.
Meu olhar focalizou-se na cor que não devia estar lá, tão distante na paisagem que uma
águia não teria visto. Eu encarei.
Ela encarou de volta.
Que ela era uma vampira era óbvio. Sua pele era branca como o mármore, a textura, um
milhão de vezes mais macia do que a pele humana. Mesmo por baixo das nuvens ela
brilhava levemente. Se sua pele não a tivesse entregado, a forma como esta
completamente parada teria.
Teria. Somente vampiros e estátuas poderiam estar perfeitamente imóveis. Seu cabelo
era pálido, loiro claro, quase prata. Foi esse o brilho que meus olhos captaram.Ele
pendia reto como uma régua e atenuava a ponta do queixo, partido igualmente no meio.
Era uma estranha para mim. Eu tinha absoluta certeza de que nunca a tinha visto antes,
mesmo como humana. Nenhum dos rostos em minha memória lamacenta era como este
rosto. Mas eu a conhecia pelos olhos de bronze.
Irina resolveu vir no final das contas.
Eu a encarei por um momento, ela encarou de volta. Eu me perguntei se ela poderia
saber imediatamente quem eu era. Eu levantei um pouco a minha mão, para acenar, mas
seu lábio se torceu um pouco, fazendo de repente sua face hostil.
Eu ouvi o choro de vitória de Renesmee da floresta, ouvi o uivo de Jacob ecoando, e vi
Irina virar o rosto refletidamente para o som quando ecoou para ela alguns segundos
depois. Seu olhar cortou para a direita, e eu sabia o que ela estava vendo. Um enorme
lobo vermelho, talvez o que tinha matado o seu Laurent. Há quanto tempo ela estaria
nos vigiando? Tempo suficiente para ver nosso afeto antes, eu tinha certeza.
Seu rosto se contraiu na dor .
Instintivamente, eu abri minhas mãos na minha frente num jeito de fazer um gesto de
desculpas. Ele se virou para mim, e seus lábios se curvaram nos seus dentes. Seu
maxilar se destravou quando ela rosnou.
Quando o som de desmaio chegou a mim, ela já havia se virado e desaparecido na
floresta.
―Droga!‖ Eu resmunguei.
Eu corri para a floresta atrás de Renesmee e Jacob, sem vontade de mantê-los fora de
vista. Eu não sabia que direção Irina tinha tomado, ou quão exatamente furiosa ela
estaria agora. Vingança era uma obsessão comum entre os vampiros, uma não tão fácil
de suprimir.
Correndo a toda velocidade, só levaria dois segundos para alcança-los.
―O meu é maior‖ eu ouvi Renesmee insistir quando eu estourei pelos espinhos grossos
no pequeno espaço aberto onde eles estavam.
As orelhas de Jacob aplainaram quando ele viu minha expressão;ele agachou-se pra
frente mostrando os dentes - o focinho estava manchado com o sangue de sua presa.
Seus olhos passaram pela floresta. Eu pude ouvir um rosnado crescer em sua
garganta.Renesmee dava cada mordida alerta como Jacob. Abandonando o veado adulto
morto aos seus pés, ela pulou em meus braços que a esperavam, colocando suas mãos
curiosas nas minhas bochechas.
―Estou reagindo emocionalmente‖ eu os assegurei rapidamente. ―Está tudo bem, eu
acho. Esperem um pouco.‖
Eu peguei meu celular e coloquei na discagem rápida. Edward respondeu ao primeiro
toque. Jacob e Renesmee ouviram atentamente ao meu lado enquanto eu colocava
Edward a par das coisas.
―Venha, traga Carlisle,‖ Eu falei tão rápido que me admirei de Jacob poder se manter.
―Eu vi Irina, e ela me viu, mas ai ela viu o Jacob e então ela ficou furiosa e correu pra
longe, eu acho. Ela não apareceu - ainda, de qualquer jeito - mas ela parecia bem
chateada então talvez ela apareça. Se ela não aparecer, você e Carlisle tem que ir atrás
dela e falar com ela. Eu me sinto tão mal.‖
Jacob rosnou.
―Nós estaremos ai em menos de um minuto,‖ Edward me assegurou, e eu pude ouvir o
sopro forte do vento enquanto ele corria. Nos lançamos pra trás da campina e esperamos
silenciosamente enquanto Jacob e eu escutávamos cuidadosamente o som de algo se
aproximando que não reconhecemos.
Quando o som aumentou, porém, era muito familiar. E então Edward estava do meu
lado, Carlisle alguns segundos atrás. Eu fiquei surpresa de ouvir o bater pesado de
grandes patas seguindo atrás de Carlisle. Suponho que eu não devia estar chocada. Com
Renesmee em um perigo mínimo, claro que Jacob chamaria reforços.
―Ela estava no topo daquela montanha‖, eu falei de vez, apontando o lugar especifico.
Se Irina estava fugindo, ela já tinha uma boa vantagem. Ela pararia pra escutar Carlisle?
Sua expressão de antes me fez pensar que não. ―Talvez você devesse chamar Emett e
Jasper e leva-los com você. Ela parecia… realmente chateada. Ela rosnou pra mim.‖
―Que?‖, Edward disse com raiva.
Carlisle pôs uma mão sobre seu braço. ―Ela está pesarosa. Eu irei atrás dela‖.
―Eu vou com você‖, Edward insistiu.
Eles trocaram um longo olhar - além do fato de Carlisle estava medindo a irritação de
Edward com Irina contra sua habilidade como leitor de mentes. Finalmente Carlisle
assentiu, e eles saíram para achar a trilha sem chamar Jasper ou Emett.
Jacob bufou impaciente e cutucou minhas costas com o nariz. Ele devia querer que
Renesmee voltasse para a segurança de casa, só como garantia. Eu concordei com ele e
nos apressamos pra voltar pra casa com Seth e Leah correndo nos nossos flancos.
―Você sabe que eu não penso nela dessa maneira! Você acha que Edward teria me
deixado viver todo este tempo se eu fizesse? Tudo que eu quero para ela é que esteja
segura e feliz o que há de tão ruim nisto? É muito diferente do que você quer?‖ Ele
estava gritando de volta para mim.
28. O FUTURO
Carlisle e Edward não conseguiram alcançar Irina antes de sua trilha desaparecer nas
águas. Eles nadaram até o outro lado para ver se a trilha continuava, mas não havia traço
dela por quilômetros em nenhuma direção.
Foi tudo minha culpa. Ela tinha vindo, como Alice havia visto, para fazer as pazes com
os Cullen, só para se irritar com a minha camaradagem com Jacob. Eu queria a ter
percebido mais cedo, antes de Jacob se transformar. Eu queria que tivéssemos ido caçar
em algum outro lugar.
Não havia muito o que fazer. Tanya e Kate não viam Irina desde que eles decidiram vir
ao meu casamento, e elas estavam desgostosas de Irina ter estado tão perto de casa e não
ter voltado; não era fácil para elas perderem um irmão, por mais que a separação fosse
temporária. Eu me perguntava se isso não trazia lembranças difíceis de quando elas
perderam a mãe há muitos séculos atrás.
Alice foi capaz de pegar algumas cenas do futuro imediato de irina, nada muito
concreto. Ela não ia voltar para Denali, pelo que ela via. As imagens estavam nebulosas.
Tudo o que Alice podia ver era que Irina estava chateada; ela vagava em locais
selvagens com muita neve - ao norte? Ao Leste? Com uma expressão devastada. Ela
não tomava nenhuma decisão sobre o que fazer ou aonde ir.
Dias se passaram e, apesar de eu não ter esquecido, Irina e sua dor foram deixadas de
lado em minha mente. Haviam coisas mais importantes para pensar. Eu iria para a Itália
em alguns dias. Quando eu voltasse, nós todos iríamos para a América do Sul.
Cada detalhezinho já havia sido repassado mil vezes. Nós iríamos começar com os
Ticunas, buscando suas lendas até a origem. Agora que estava determinado que Jacob ia
conosco, ele se encaixava perfeitamente nos planos - era improvável que as pessoas que
acreditavam em vampiros falariam conosco sobre suas histórias. Se não desse em nada
com os Ticuna havia muitas tribos próximas na área para pesquisa. Carlisle tinha alguns
amigos na Amazônia, se pudéssemos encontrá-las talvez elas tivessem mais
informações para nós. Era improvável que as três vampiras do Amazonas tivessem
alguma coisa a ver com as lendas de próprias vampiras híbridas, uma vez que eram
todas mulheres. Não tinha como saber quanto tempo nossa procura levaria.
Eu ainda não havia contado ao Charlie sobre a viagem mais longa, e eu pensava sobre o
que dizer a ele enquanto Edward e Carlisle discutiam. Como quebrar as notícias para ele
agora?
Eu encarei Renesmee enquanto eu debatia internamente. Ela estava enroscada no sofá
agora, sua respiração lenta no seu sono pesado, seus cachos estendidos
desordenadamente pelo seu rosto. Normalmente, Edward e eu a levamos para a nossa
cabana para colocá-la para dormir, mas esta noite nós nos demoramos com a família, ele
e Carlisle em sua seção de planejamento.
Enquanto isso, Emmet e Jasper estavam mais excitados planejando as possibilidades de
caçar. A Amazônia oferecia uma mudança na nossa caça habitual. Jaguares e panteras,
por exemplo. Emmet tinha um capricho por lutar com uma anaconda. Esme e Rosalie
planejavam o que elas iriam colocar nas malas. Jacob estava fora com o bando de Sam,
arrumando as coisas para sua própria ausência.
Alice se moveu devagar - para ela - pela grande sala, arrumando desnecessariamente o
espaço já imaculado, arrumando os perfeitos buquês enforcados de Esme. Ela estava
colocando os vasos de Esme no centro da cômoda no momento. Eu podia ver pelo jeito
que sua face flutuava - ciente, então vazia, depois ciente de novo - que ela estava
procurando o futuro. Eu assumi que ela tentava ver, através dos pontos cegos que Jacob
e Renesmee faziam em suas visões, o que esperava por nós na América do Sul até que
Jasper disse, ―Deixe pra lá, Alice; ela não é preocupação nossa.‖ E uma nuvem de
serenidade infiltrou-se silenciosamente e invisível pela sala. Alice deveria estar
preocupada com Irina de novo.
Ela deu a língua para Jasper e então levantou um vaso de cristal que estava cheio com
rosas brancas e vermelhas e foi em direção à cozinha. Havia apenas um simples toque
de definhamento em uma das flores brancas, mas Alice parecia aplicada na total
perfeição como distração da sua carência de visões hoje à noite.
Encarando Renesmee de novo, eu não vi quando o vaso escorregou dos dedos de Alice.
Eu apenas ouvi o som do ar assobiando pelo cristal, e meus olhos adejaram a tempo de
ver o vaso quebrar-se em dez mil cacos de diamante contra a beira do chão de mármore
da cozinha.
Nós estávamos perfeitamente parados enquanto o cristal fragmentado sacudia e se
arremetia em todas as direções com um tinido nada musical, todos os olhos nas costas
de Alice.
Meu primeiro pensamento ilógico foi que Alice estava fazendo alguma piada com a
gente. Porque não tinha como a Alice derrubar um vaso por acidente. Eu poderia ter me
lançado pela sala para eu mesma pegar o vaso a tempo, se eu presumisse que ela não
pegaria. E como isso escapuliria de seus dedos em primeiro lugar? Seus perfeitos dedos
certeiros…
Eu nunca havia visto um vampiro derrubar nada por acidente. Nunca.
E então Alice estava nos encarando, se girando num movimento tão rápido que não
existiu.
Seus olhos estavam metade aqui, metade aprisionados no futuro, longe, fitando,
preenchendo seu fino rosto até que eles pareceram transbordar. Olhar nos seus olhos era
como olhar de dentro para fora de uma sepultura; eu estava enterrada no terror e
desespero e agonia de seu semblante.
Eu ouvi Edward arfar; era um som quebrado, estrangulado.
“O que?”, Jasper rosnou, adiantando-se para o lado dela em um movimento apressado e
indefinido, esmagando o cristal quebrado debaixo de seus pés. Ele agarrou seus ombros
e a sacudiu sem delicadeza. Ela apenas se deixou sacudir silenciosamente nas mãos
dele. “O que, Alice?”
Emett se moveu para dentro da minha visão periférica, seus dentes trincados enquanto
seus olhos dispararam para a janela, antecipando um ataque.
Só Esme, Carlisle e Rose mantinha silencio, congelados do jeito que eu estava.
Jasper balançou Alice de novo. ―O que é?”
―Eles estão vindo atrás de nós‖, Alice e Edward suspiraram juntos, perfeitamente
sincronizados. ―Todos eles.‖
Silêncio.
Primeiramente, eu fui a mais rápida para entender - porque algo em suas palavras
despertou minha antiga visão. Era só a memória distante de um sonho - desaparecendo,
transparente, indistinta, como se eu estivesse olhando através de uma grossa faze…
Na minha cabeça, eu vi uma linha negra avançando pra mim, os fantasmas do meu
pesadelo meio-esquecido. Eu não podia ver o brilho de seus olhos de rubi na imagem
borrada, ou o reluzir de seus dentes afiados, mas eu sabia para onde eles deviam
brilhar…
Maior que a memória da visão, veio à memória do sentimento - a necessidade apelativa
de proteger a coisa preciosa atrás de mim.
Eu queria puxar Renesmee para os meus braços, esconde-la debaixo da minha pele e do
meu cabelo, faze-la invisível. Mas eu não podia nem virar meu olhar para ela. Eu não
me sentia como uma pedra, mas como gelo. Pela primeira vez desde que eu renasci
vampira, eu senti frio.
Eu quase não precisei ouvir a confirmação de meus receios.Eu não precisei dele. Eu já
conhecia.
―Os Volturi‖. Alice murmurou.
―Todos eles‖.Edward rosnou ao mesmo tempo.
―Porque?‖ Alice sussurrou para ela mesma, ―Como?‖
―Quando?‖.Edward sussurrou.
―Porque?‖ Esme ecoou.
―Quando?‖ Jasper repetiu em uma voz gélida.
Os olhos de Alice não piscaram, era como se um véu tivesse coberto eles;eles se
tornaram completamente brancos.
Então sua boca expressou horror.
- ―Não muito longe‖. Ela e Edward falaram juntos.
Então só ela falou.
- ―Há neve nas florestas, neve na cidade. Pouco mais de um mês‖
- ―Porque‖ Carlisle era o único a falar agora.
Esme respondeu: ―Eles têm muitas razões. Talvez para ver..‖
―Isso não é sobre Bella‖. Alice falou ―Eles estão todos próximos- Aros, Caius, Marcus,
todos membros da guarda, até mesmo suas esposas‖
―Suas esposas nunca deixam a torre‖ Jasper a contradisse ―Nunca. Nem durante a
rebelião do meridional. Nem mesmo quando os romanos tentaram derruba-los.Nem
mesmo quando eles caçaram as crianças imortais. Nunca‖
―Eles estão vindo agora‖ Edward falou.
―Mas porque?” Carlisle disse de novo. ―Nós não fizemos nada! Mesmo se tivéssemos
feito, o que poderíamos fazer para trazer isso a nós?
―A tantos de nós‖ Edward respondeu devidamente ―Eles devem ter certeza do que
desejam…‖ ele não terminou.
―Isso não responde a pergunta Crucial! Por quê?!‖
Eu senti que sabia a resposta pra pergunta de Carlisle, e ao mesmo tempo não sabia.
Renesmee era a razão do porque, eu tinha certeza. De algum jeito eu sempre soube que
eles viriam atrás dela. Meu subconsciente me avisou antes que eu a estivesse esperando.
Eu me senti estranhamente esperando agora. Como se de algum jeito eu sempre soube
que os Volturi viriam e levariam minha felicidade de mim.
Mas ainda assim não respondia a pergunta.
―Volte, Alice,‖ Jasper implorou. ―Procure pelo gatilho. Procure.‖
Alice balançou sua cabeça devagar, seus ombros tremendo. ―Veio do nada, Jazz. Eu não
estava procurando por eles, ou até por nós. Eu só estava procurando por Irina. Ela não
estava onde eu esperava que ela estivesse…‖ Alice parou, seus olhos embaçando de
novo. Ela encarou o nada por muito tempo.
Então sua cabeça levantou, seus olhos duros. Eu ouvi Edward tomar fôlego.
―Ela decidiu ir a eles,‖ Alice disse. ―Irina decidiu ir até os Volturi. E então eles vão
decidir… É como se eles estivessem esperando por ela. Como se a decisão deles já
estivesse feita, só estão esperando ela…‖
Ficou tudo silencioso de novo enquanto nós digeríamos. O que Irina contou aos Volturi,
que teria o resultado da visão de Alice?
―Nós podemos pará-la?‖ Jasper perguntou.
―Não há jeito. Ela está quase lá.‖
―O que ela está fazendo?‖ Carlisle estava perguntando, mas eu não estava prestando
atenção na discussão agora. Toda a minha atenção estava na figura que vinha cheia de
dor na minha cabeça.
Eu imaginei Irina equilibrada em um rochedo, observando O que ela tinha visto? Um
vampiro e um lobisomem que eram melhores amigos. Eu fiquei focado na imagem,
esperando por aquilo que explicaria a sua reação. Mas aquilo não era tudo que ela havia
visto.
Ela também havia visto uma criança. Uma estranhamente bela criança, se exibindo na
neve que caia, claramente mais do que humana…
Irina… As irmãs órfãs… Carlisle tinha dito que ter perdido a mãe para a justiça dos
Volturi havia feito Tanya, Kate e Irina puras em relação à lei.
Há meio minuto a trás, Jasper repediu aquelas palavras:
Nem mesmo quando eles estavam caçando as crianças imortais… A criança imortal - o
inominável veneno, o apavorante tabu…
Com o passado de Irina, como ela poderia se lembrar de qualquer outro ―conto‖ ao ver o
que ela havia visto aquele dia no estreito campo? Ela não chegou perto o bastante para
ouvir o coração de Renesmee, para sentir o coração radiando de seu corpo. As
bochechas rosadas de Renesmee só poderiam ser um truque, considerando tudo que ela
sabia.
Depois de tudo, os Cullens estavam em uma parceria com os lobisomens. Pelo ponto de
vista de Irina, talvez isso signifique que não havia além de nós (nada mais para se
ver)…
Irina, apertando suas mãos contra selva nervosa - não lamentando por Laurent, mesmo
depois de tudo, mas sabendo que era o seu dever de dar uma lição nos Cullens, sabendo
o que lhes aconteceria se ela o fizesse. Aparentemente, sua consciência havia superado
os séculos de amizade.
E a reação dos Volturi para esse tipo de infração era tão automática, que já estava
praticamente tomada.
Eu me virei e me coloquei em cima do corpo adormecido de Renesmee, cobrindo-a com
o meu cabelo, enterrando meu rosto em seus cachos.
―Pense no que ela viu essa tarde,‖ eu disse em voz baixa, interrompendo qualquer coisa
que Emmett estava começando a falar. ―Para alguém que perdeu a mãe por causa de
uma criança imortal, o que Renesmee pareceria?‖
Tudo estava silencioso de novo à medida que os outros vinham para onde eu estava.
―Uma criança imortal,‖ Carlisle sussurrou.
Eu senti Edward se ajoelhar ao meu lado, passando seus braços em volta de nós.
―Mas ela está errada,‖ eu continuei. ―Renesmee não é como essas outras crianças. Elas
tinham sua idade e corpos congelados, e ela cresce muito a cada dia. Elas estavam fora
do controle, mas ela nunca machuca Charlie, ou Sue, e nem mesmo os mostra coisas
que podem ser incomodas a eles. Ela pode se controlar. Ela já é mais inteligente do que
muitos adultos. Não haveria nenhuma razão para…‖
Eu balbuciei, esperando alguém para exalar com alívio, esperando a quebra da tensão
fria que se instalara na sala, ao perceberam que eu estava certa. A sala somente pareceu
ficar ainda mais fria. Conseqüentemente a minha pequena voz manteve-se em silêncio.
Ninguém falou nada por um longo tempo.
Então, Edward sussurrou no meu cabelo. ―Não é o tipo de crime pelo qual eles
procuram pistas, amor,‖ ele disse calmamente. ―Aro viu a prova de Irina em seus
pensamentos. Eles vêm para destruir, não para raciocinar.‖
―Mas eles estão errados,‖ eu disse obstinadamente.
―Eles não vão esperar para que os provemos isso.‖
A voz dele continuava baixa, gentil, aveludada… Mas ainda, a dor e a desolação no som
eram indiscutíveis. Sua voz estava como os olhos de Alice antes - como o interior de um
túmulo.
―O que nós podemos fazer?‖ Eu exigi.
Renesmee estava tão quente e perfeita em meus braços, sonhando pesadamente. Eu
estava tão preocupada sobre a aceleração de idade de Renesmee - preocupada que ela
podia ter apenas uma década de vida.. O terror parecia irônico agora.
Ela tinha pouco mais de um mês…
Qual era o limite, então? Eu havia tido a maior felicidade que poucas pessoas já
experimentaram. Havia alguma lei natural que exigia partes iguais de felicidade e
miséria no mundo? Minha alegria estava pesando na balança? Será que quatro meses era
tudo o que eu podia ter?
Foi Emmett que respondeu a minha pergunta retórica.
―Vamos lutar‖ Ele disse calmamente.
―Nós não podemos ganhar.‖ Jasper rosnou. Eu podia imaginar qual era sua expressão e
o quanto seu corpo estava curvado sobre Alice protetoramente.
―Bom, não podemos fugir. Não com Demetri por perto‖ Emmett fez um som de
desgosto e eu sabia instintivamente que ele não estava chateado com a idéia do
perseguidor dos Volturi e sim com a idéia de correr do perigo.‖E eu não sei se agente
não consegue ganhar‖, ele disse. ―Há poucas opções para considerar. Não precisamos
lutar sozinhos‖.
Quebrei a cabeça com aquilo ―Nós não devemos sentenciar a morte dos Quileutes,
também, Emmett.‖
―Relaxe, Bella‖ Sua expressão estava diferente de quando ele estava contemplado lutar
com as anacondas. Nem mesmo a ameaça de aniquilação podia mudar a perspectiva de
Emmett, sua habilidade de emoção em frente a um desafio. ―Eu não quis dizer o bando
todo. Seja realista, pense - você acha que Jacob ou Sam vão ignorar a invasão? Mesmo
que não fosse sobre Nessie? Para não mencionar isso, agradeça a Irina, Aro sabe demais
sobre nossa aliança com o bando agora. Mas eu estava pensando em nossos outros
amigos.‖
Carlisle ecoou como um sussurro. ―Os outros amigos nós não temos que sentenciar à
morte.‖
―Hey, nós vamos deixá-los decidir,‖ Emmett disse em um tom para tranqüilizar. ―Eu
não estou dizendo que eles têm que lutar conosco‖. Eu podia ver o plano refinando-se
em sua mente enquanto ele falava. ―Se apenas estivessem ao nosso lado, para fazer o
suficiente para os Volturi hesitarem. Bella está certa, apesar de tudo. Se nós pudéssemos
os forçar a parar e escutar. Embora isso possa levar embora toda a razão para uma
luta…‖
Havia uma insinuação de um sorriso na cara de Emmett agora. Eu fiquei surpresa que
ninguém tivesse batido nele ainda. Eu quis.
―Sim,‖ Esme disse ansiosamente. ―Isso faz sentido, Emmett. Tudo que nós precisamos
é que os Volturi parem por um momento. Apenas o suficiente para escutar.‖
―Nós precisaríamos completamente de uma exibição das testemunhas,‖ (?) Rosalie disse
áspera, sua voz frágil como o vidro.
Esme inclinou-se concordando, como se não tivesse ouvido o sarcasmo no tom de
Rosalie. ―Nós podemos pedir isso a muito de nossos amigos. Somente à testemunha.‖
―Nós faríamos isso para eles‖ Emmett disse.
―Pediríamos a eles apenas nossos direitos,‖ Alice murmurou. Eu olhei para ver que seus
olhos eram um vácuo escuro outra vez. ―Teremos que demonstrar ter muito cuidado.‖
―Demonstrar?‖ Jasper questionou.
Alice e Edward, ambos olharam para baixo, para Renesmee. Então os olhos dela se
petrificaram.
―A família de Tanya,‖ ela disse ―O bando de Siobhan. Amun‘s. Alguns Nômades Garrett e Maria certamente. Talvez Alistair.‖
―E Peter e Charlotte?‖ Jasper perguntou um pouco timidamente, como se ele esperasse
que a resposta fosse não, e seu irmão mais velho pudesse poupá-lo da carnificina.
―Talvez.‖
―As Amazonas?‖ Carlisle perguntou. ―Kachiri, Zafrina e Senna?‖
Alice pareceu muito concentrada em sua visão para responder primeiro; finalmente ela
estremeceu, seus olhos piscaram de volta ao presente. Ela observou a contemplação de
Carlisle pela menor parte de um segundo, e então olhou para baixo.
―Eu não posso ver.‖
―O que era?‖ Edward perguntou, murmurando com exigência. ―A parte na selva. Nós
iremos procurar por eles?‖
―Eu não posso ver.‖ Alice repetiu, sem olhar em seus olhos. Um flash de confusão
passou pelo rosto de Edward. ―Nós teremos que partir logo - antes que a neve grude no
chão. Nós temos de procurar por eles, quem quer que eles sejam, trazê-los aqui e
mostrar a eles.‖ Ela avaliou de novo. ―Pergunte a Eleazar. Tem mais nisso do que
simplesmente uma criança imortal.‖
O silêncio era sinistro por outro longo período de tempo enquanto Alice estava em seu
transe. Ela piscou lentamente quando esse acabou, seus olhos peculiarmente opacos
apontando para o fato de que ela estava claramente no presente.
―Tem tanta coisa. Nós temos de nos apressar,‖ ela sussurrou.
―Alice?‖ Edward perguntou. ―Isso foi muito rápido - eu não entendi. O que era -?‖
―Eu não posso ver!‖ ela explodiu com ele. ―Jacob já está quase aqui.‖
Rosalie deu um passo em direção a porta da frente. ―Eu me encarrego disso -‖
―Não, deixe que ele venha,‖ Alice disse rapidamente, sua voz causando mais tensão em
cada palavra. Ela agarrou a mão de Jasper e começou a puxá-lo em direção a porta de
trás. ―Eu verei melhor se estiver longe de Nessie, também. Eu preciso ir. Vamos Jasper,
não há tempo para desperdiçar!‖
Nós todos podíamos ouvir Jacob nas escadas. Alice puxou com força, impaciente, a
mão de Jasper. Ele a seguiu rapidamente, confusão em seus olhos assim como nos olhos
de Edward. Eles lançaram-se de fora da porta para a noite prateada.
―Depressa!‖ ela gritou para nós. ―Vocês têm de encontrar todos eles!‖
―Encontrar o quê?‖ Jacob perguntou, fechando a porta da frente atrás dele. ―Onde Alice
foi?‖
Ninguém respondeu; todos nós só encarando.
Jacob sacudiu o molhado de seus cabelos e arregaçou as mangas da blusa, seus olhos
em Renesmee. ―Oi, Bells! Eu pensei que vocês já teriam ido para casa essa hora…‖
Ele me olhou finalmente, piscou e então me encarou. Eu vi sua expressão quando a
atmosfera do quarto finalmente o tocou. Ele olhou para baixo, seus olhos bem abertos,
para a mancha úmida no chão, as rosas espalhadas, os cacos de cristal. Seus dedos
tremeram.
―O quê?‖ ele perguntou de maneira direta. ―O que aconteceu?‖
Eu não podia pensar por onde começar. Ninguém encontrou as palavras, também.
Jacob atravessou o quarto em três longos passos e caiu de joelhos ao meu lado e de
Renesmee. Eu podia sentir o calor emanando de seu corpo enquanto os tremores
passavam por seus braços, por suas mãos trêmulas.
―Ela ‗tá bem?‖ ele exigiu, tocando a testa dela, inclinando sua cabeça enquanto escutava
seu coração. ―Não brinque comigo, Bella, por favor!‖
―Não há nada errado com Renesmee,‖ eu sufoquei, as palavras quebrando em lugares
estranhos.
―Quem então?‖
―Todos nós, Jacob.‖ Eu suspirei. E isso estava na minha voz, também - o som de dentro
de um túmulo. ―Está acabado. Todos nós fomos sentenciados a morte.‖
29. TRAIÇÃO
Nós ficamos sentados lá a noite toda, estátuas de horror e aflição, e a Alice nunca
voltou.
Nós todos estávamos no nosso limite-frenético em quietude absoluta. Carlisle
dificilmente conseguiu mover os lábios para explicar tudo a Jacob. Redizer parecia fazer
isto pior; até mesmo Emmett estava calado e quieto.
Não foi até o sol nascer que eu pensei pela primeira vez o que poderia estar levando
Alice a demorar tanto e eu soube que Renesmee logo estaria mexendo debaixo de
minhas mãos. Eu desejei saber mais antes de encarar a curiosidade de minha filha. Ter
algumas respostas. Alguma minúscula, minúscula porção de esperança de forma que eu
poderia sorrir e impedir que a verdade a aterrorizasse, também.
Minha face parecia permanentemente fixada na máscara que tinha usado a noite toda.
Eu não estava segura se eu teria habilidade para voltar a sorrir.
Jacob estava roncando no canto, uma montanha de pele no chão, se contraindo
ansiosamente no sono dele. Sam soube de tudo - os lobos estavam se preparando para o
que estava vindo. Não que esta preparação ajudaria em qualquer coisa mas os levaria a
morte junto com o resto de minha família.
A luz solar entrou pelas janelas de trás, fazendo brilhar a pele de Edward. Meus olhos
não tinham deixado os dele desde a partida de Alice. Nós tínhamos olhado um para o
outro a noite toda, encarando o que nenhum de nós poderia viver se perder: o outro. Eu
vi meu reflexo brilhar nos olhos agonizados dele quando o sol tocou minha pele.
As sobrancelhas dele se moveram um pouquinho, e então os lábios dele.
―Alice,‖ ele disse.
O som da voz dele parecia gelo rachando quando derrete. Todos nós quebramos um
pouco, amolecendo um pouco. Movendo novamente.
―Ela desapareceu por um bom tempo,‖ Rosalie murmurou surpresa.
―Onde ela poderia estar?‖ Emmett quis saber, dando um passo para a porta.
Esme pôs uma mão no braço dela. ―Nós não queremos perturbar…‖.
―Ela nunca demorou tanto antes,‖ Edward disse. Uma nova preocupação desfez a
máscara que a face dele tinha se tornado. As feições dele estavam vivas novamente,
seus olhos repentinamente abertos com medo fresco, pânico extra. ―Carlisle, você não
pensa - algo premonitório? A Alice teria tido tempo de ver se eles enviassem alguém
para ela?‖
A face de pele translúcida de Aro encheu minha cabeça. Aro, que tinha visto em todos
os cantos da mente de Alice e conheceu tudo que ela era capaz de - Emmett amaldiçoou
alto o bastante que Jacob se jogou aos pés dele com um resmungo. No quintal, o
resmungo foi ecoado pelo bando dele. Minha família já era uma mancha em ação.
―Fique com Renesmee!‖ eu gritei para Jacob enquanto eu corri pela porta.
Eu ainda era mais forte que o restante deles, e usei esta força para ir adiante. Eu alcancei
Esme em alguns saltos, e Rosalie em só mais alguns passos largos. Eu corri pela floresta
densa até que eu estava logo atrás de Edward e Carlisle.
―Eles teriam podido pegar ela de surpresa?‖ Carlisle perguntou, a voz dele estava
inalterada como se ele estivesse em pé imóvel ao invés de correr em velocidade
máxima.
―Eu não vejo como,‖ Edward respondeu. ―Mas Aro a conhece melhor que qualquer
outro. Melhor do que eu a conheço‖.
―Isto é uma armadilha ―? Emmett nos chamou logo atrás de nós.
‖ Talvez, ‖ Edward disse. ‖ Não há nenhum cheiro além de Alice e Jasper. Onde eles
iriam‖?
O rastro de Jasper e Alice estava marcado em um arco largo; espalhado ao leste da casa
primeiro, mas principalmente ao norte no outro lado do rio, e então para o oeste
novamente depois de algumas milhas. Nós reatravessamos o rio, todos os seis saltando
em um segundo apos o outro. Edward correu na dianteira, com concentração total.
―Você sentiu aquele cheiro?‖ Esme perguntou à frente alguns momentos depois que nós
saltamos o rio pela segunda vez.
Ela estava mais distante, na distante extremidade esquerda da nossa festa de caça. Ela
gesticulou para o sudeste.
―Mantenha no rastro principal - nós estamos quase à borda dos Quileute,‖ Edward
ordenou brevemente. ―Fique junto. Veja se eles viraram ao norte ou sul‖.
Eu não estava familiarizada com a linha de tratado como o resto deles, mas eu poderia
sentir o cheiro de lobo na brisa que sopra do leste. Edward e Carlisle reduziram a
velocidade um pouco abaixo do hábito, e eu pude ver as cabeças deles varrerem de lado
a lado, esperando pelo rastro para virar.
Então o cheiro de lobo estava repentinamente mais forte, e a cabeça de Edward virou
para cima. Ele deu uma parada súbita. O resto de nós congelou, também.
―Sam?‖ Edward perguntou em uma voz clara. ―O que é isto?‖
Sam veio pelas arvores há umas cem jardas de distância, vindo depressa para nós em
sua forma humana, flanqueado por dois lobos grandes - o Paul e Jared. Sam levou um
tempo até nos encontrar; o passo humano dele me deixou impaciente. Eu não quis
tempo para pensar em o que estava acontecendo. Eu quis estar em movimento, estar
fazendo algo. Eu quis ter meus braços ao redor de Alice, saber sem dúvida que ela
estava segura.
Eu assisti a face de Edward se tornar absolutamente branca quando ele leu o que Sam
estava pensando. Sam o ignorou, olhando diretamente para Carlisle deixando de
caminhar e começando a falar.
―Logo depois da meia-noite, Alice e Jasper vieram para este lugar e pediram permissão
para cruzar nossa terra para o oceano. Concedi e eu mesmo os escoltei até à costa . Eles
entraram imediatamente na água e não voltaram. Enquanto viajávamos, a Alice me
falou que era muito importante que eu não dissesse nada a Jacob sobre ver ela até que
eu falasse com você. Eu estava esperando por você vir aqui a procurando e então lhe dar
este recado. Ela me disse que a obedecesse como se todas nossas vidas dependessem
disto ―.
A face de Sam estava severa quando ele entregou uma folha dobrada de papel, toda
marcada com um pequeno texto preto. Estava fora uma página de um livro; meus olhos
afiados lendo as palavras impressas enquanto Carlisle desdobrava para ver o outro lado.
A parte voltada para mim era a página de direitos autorais de O Comerciante de Veneza.
Uma sugestão de meu próprio cheiro soprou da página quando Carlisle balançava o
papel para desdobrar. Eu percebi que era uma página rasgada de um de meus livros. Eu
tinha trazido algumas coisas da casa de Charlie para a cabana; alguns conjuntos de
roupas normais, todas as cartas de minha mãe, e meus livros favoritos. Minha coleção
esfarrapada de livros do Shakespeare de capa mole tinha estado ontem de manhã na
estante na pequena sala de estar da cabana….
―Alice decidiu nos deixar,‖ Carlisle sussurrou.
―O que?‖ Rosalie chorou.
Carlisle virou a página de forma que todos nós poderíamos ler.
Não nos procure. Não há tempo para desperdiçar. Lembre-se: Tanya, Siobhan, Amun,
Alistair, todos os nômades que vocês podem achar,. Nós procuraremos Peter e Charlotte
do nosso modo. Nós sentimos muito por termos que os deixar deste modo, sem adeuses
ou explicações. É o único jeito para nós. Nós o amamos.
Nós nos congelamos novamente, em silêncio total exceto com o som das batidas do
coração dos lobisomens, da respiração deles. Os pensamentos deles deveriam estar
altos, também. Edward foi o primeiro mover novamente, falando em resposta ao que
ele ouviu na cabeça de Sam.
―Sim, estas coisas são perigosas.‖
―Perigoso o bastante que você abandonaria sua família?‖
Sam perguntou em voz alta, censurando o tom dele. Estava claro que ele não tinha lido a
nota antes de entregar a Carlisle. Ele estava chateado agora, parecendo lamentar de ter
escutado a Alice.
A expressão de Edward era dura - Provavelmente parecia para Sam bravo ou arrogante,
mas eu pude ver a forma de dor em sua expressão dura.
―Nós não sabemos o que ela viu,‖ Edward disse. ―Alice não é insensível nem uma
covarde. Ela apenas tem mais informação do que nós temos‖.
―Nós não vamos -,‖ Sam começou.
―Vocês tem uma ligação diferente da que nós temos,‖ Edward repreendeu ―Cada um de
nós ainda temos nossa livre vontade‖.
O queixo de Sam se ergueu, e os olhos dele de repente pareceram totalmente pretos.
‖ Mas você deveria atender à advertência, ‖ Edward continuou ‖ Isto não é algo que
você queira envolver vocês. Você ainda pode evitar o que a Alice viu ―.
Sam sorriu severamente. ―Nós não fugimos‖. Atrás dele, Paul bufou.
―Não deixe sua família morrer por orgulho,‖ Carlisle interferiu calmamente.
Sam olhou para Carlisle com uma expressão mais suave. ―Como Edward mostrou, nós
não temos o mesmo tipo de liberdade que você tem. Renesmee é agora parte de nossa
família assim como ela é da sua. O Jacob não pode a abandonar, e nós não podemos o
abandonar.‖ Os olhos dele flamejaram para nota de Alice, e os lábios dele se apertaram
em uma linha fina.
―Você não a conhece,‖ Edward disse.
―Você conhece?‖ Sam perguntou abruptamente.
Carlisle pôs uma mão no ombro de Edward. ―Nós temos muito para fazer, filho.
Qualquer que seja a decisão de Alice, nós seríamos tolos de não seguir o conselho dela
agora. Vamos para casa e começar a trabalhar‖.
Edward acenou com a cabeça, a face dele ainda rígida com dor. Atrás de mim, poderia
ouvir os soluços quietos, sem lágrimas de Esme.
Eu não sabia como chorar neste corpo; Eu não pude fazer qualquer coisa além de olhar
fixamente. Ainda não havia nenhum sentimento. Tudo parecia irreal, como se eu
estivesse sonhando novamente após todos estes meses. Tendo um pesadelo.
―Obrigado, Sam,‖ Carlisle disse.
―Eu sinto muito,‖ Sam respondeu. ―Nós não deveríamos ter deixado ela passar‖.
―Você fez a coisa certa,‖ Carlisle lhe falou. ―Alice é livre para fazer o que ela quiser. Eu
não a negaria esta liberdade‖.
Eu sempre tinha pensado como um todo nos Cullens, uma unidade indivisível. De
repente, eu me lembrei que não tinha sido sempre assim. Carlisle tinha criado Edward,
Esme, Rosalie e Emmett; Edward tinha me criado. Nós fomos unidos fisicamente por
sangue e veneno. Eu nunca pensei em Alice e Jasper como parte separada - como
adotada na família. Mas na verdade, Alice tinha adotado os Cullens. Ela tinha
aparecido com o passado inconexo dela, trazendo Jasper com o seu, e se ajustou na
família que já estava lá. Ela e Jasper tinham conhecido outra vida fora da família dos
Cullens. Tinha ela realmente escolhido conduzir uma nova vida depois que ela tinha
visto que a vida com o Cullens terminou?
Nós estávamos condenados, então, não estávamos? Não havia nenhuma esperança.
Nenhum raio, uma luz fraca que poderia ter convencido Alice ela teria uma chance ao
nosso lado.
Nós estávamos condenados, então, não estávamos? Não havia nenhuma esperança.
Nenhum raio, uma luz fraca que poderia ter convencido Alice ela teria uma chance ao
nosso lado.
O luminoso ar matutino de repente parecia mais grosso , mais preto, como se
fisicamente tivesse escurecido pelo meu desespero.
―Eu não vou me render sem uma briga,‖ Emmett rosnou baixo debaixo da respiração
dele. ―Alice nos contou o que fazer. Vamos fazer isso‖.
Os outros acenaram com a cabeça com expressões determinadas, e eu percebi que eles
estavam contando com qualquer chance que a Alice tinha nos dado. Que eles não iam
ceder ante a desesperança e esperar morrer.
Sim, todos nós lutaríamos. O que mais estava lá? E aparentemente nós envolveríamos
outros, porque a Alice assim tinha dito antes de nos deixar. Como nós não poderíamos
seguir o último aviso de Alice? Os lobisomens também lutariam conosco por Renesmee.
Nós lutaríamos, eles lutariam, e todos nós morreríamos.
Eu não sentia a mesma resolução que os outros pareciam sentir. Alice soube as
vantagens. Ela estava nos dando a única chance que ela pode ver, mas a chance era
muito pequena para ela apostar nisto. Eu já me sentia vencida quando eu me virei contra
a face crítica de Sam e segui Carlisle em direção a casa.
Nós corremos automaticamente agora, não com mesma pressa apavorada de antes.
Quando nós nos aproximamos o rio, a cabeça de Esme se ergueu.
―Havia aquele outro rastro. Estava fresco‖.
Ela acenou com a cabeça para frente, para onde ela tinha chamado a atenção de Edward
aqui no caminho. Enquanto nós estávamos correndo para salvar a Alice…
―Isto foi mais cedo no dia. Era só Alice, sem Jasper‖ Edward disse sem empolgação.
A face de Esme se enrugou, e ela acenou com a cabeça.
Eu virei à direita, ficando um pouco para trás. Eu tinha certeza que Edward tinha razão,
mas ao mesmo tempo… afinal de contas, como a nota de Alice tinha aparecido em uma
página de meu livro?
―Bella?‖ Edward perguntou em uma voz sem emoção quando eu hesitei.
―Eu quero seguir o rastro,‖ eu lhe falei, sentindo o leve cheiro que Alice deixou mais
cedo no caminho de ―vôo‖ que fez. Eu era nova nisto, mas o cheiro era exatamente o
mesmo a mim, apenas menos que o cheiro do Jasper.
Os olhos dourados de Edward estavam vazios. ―Isto provavelmente só lhe levará de
volta para a casa‖.
―Então eu o encontrarei lá‖.
No princípio eu pensei que ele me deixaria ir só, entretanto, enquanto dei alguns passos,
os olhos vazios dele voltaram à vida.
―Eu irei com você,‖ ele disse tranquilamente. ―Nós nos encontraremos em casa,
Carlisle‖.
Carlisle assentiu com a cabeça, e os outros partiram. Eu esperei até que eles estivessem
fora de vista, e então eu olhei para Edward questionando.
―Eu não pude deixar você caminhar para longe de mim,‖ ele explicou em uma voz
baixa. ―Só de imaginar isso já dói‖.
Eu entendi sem mais explicação do que aquela. Eu pensei em ser separada dele agora e
percebi que eu teria sentido a mesma dor, não importa quão curta fosse a separação.
Havia tão pouco tempo restante para ficarmos junto.
Eu ofereci minha mão para ele, e ele a segurou.
―Vamos nos apressar‖ ele disse. ―Renesmee estará acordada‖.
Eu assenti com a cabeça, e nós estávamos correndo novamente.
Provavelmente era uma coisa tola, desperdiçar tempo longe de Renesmee só por a
causa de curiosidade. Mas o bilhete me aborreceu. Alice poderia ter esculpido a nota
em um pedregulho ou tronco de árvore se lhe faltasse utensílios para escrever. Ela
poderia ter roubado um bloco de Post-its de quaisquer das casas perto da rodovia. Por
que meu livro? Quando ela o pegou?
Com certeza, o rastro conduziu de volta para a cabana por uma rota circular que ficou
bem distante da casa de Cullens e dos lobos nos bosques pertos. As sobrancelhas de
Edward se apertaram em confusão quando ficou óbvio para onde o rastro conduziu.
Ele tentou dar razão para isso. ―Ela deixou Jasper esperando por ela e veio aqui?‖
Nós estávamos quase na cabana agora, e eu me sentia inquieta. Eu estava alegre de ter a
mão de Edward na minha, mas eu também sentia como se eu devesse estar aqui só.
Arrancar a página e levar de volta para Jasper era uma coisa estranha para Alice fazer.
Parecia que havia uma mensagem na ação dela - uma que eu não entendi de jeito
nenhum. Mas era meu livro, assim a mensagem deve ser para mim. Se isto era algo que
ela queria que Edward soubesse, ela não teria arrancado uma página de um dos livros
dele…?
―Dê-me só um minuto,‖ eu disse, puxando minha mão quando chegamos à porta.
A testa dele franziu. ―Bella?‖
―Por favor? Trinta segundos‖.
Eu não esperei ele responder. Eu me arremessei pela porta, puxando-a para se fechar
atrás de mim. Eu fui diretamente para a estante. O cheiro de Alice estava fresco menos que um dia. Um fogo que eu não tinha ateado queimava baixo, mas quente na
lareira. Eu arranquei O Comerciante de Veneza fora da estante e sacudi abrindo na
página de título.
Lá, próximo à extremidade inconsistente criada pela página rasgada, debaixo das
palavras O Comerciante de Veneza por William Shakespeare, estava uma nota.
Destrua isto.
Debaixo estava um nome e um endereço em Seattle.
Quando Edward entrou pela porta em apenas treze segundos em lugar de trinta, eu
estava assistindo o livro queimar.
―O que está acontecendo, Bella?‖
―Ela esteve aqui. Ela arrancou uma página de meu livro para escrever a nota dela ―.
―Por quê?‖
―Eu não sei por que‖.
―Por que você está queimando isto?‖
―Eu - eu -‖ eu fiz uma carranca, deixando toda minha frustração e dor aparecer em
minha face. Eu não sabia o que a Alice estava tentando me contar, só que ela tinha ido
para bem longe para manter isto longe de qualquer um menos de mim. A única pessoa
cuja a mente Edward não pode ler. Então ela queria o manter no escuro, e
provavelmente era por uma boa razão. ―Parecia apropriado‖.
―Nós não sabemos o que ela está fazendo,‖ ele disse tranquilamente.
Eu fitei as chamas. Eu era a única pessoa no mundo que poderia mentir para Edward. O
que a Alice queria de mim? O último pedido dela?
―‖Quando nós estávamos no avião para a Itália,‖ eu sussurrei - esta não era uma
mentira, talvez com exceção no contexto - ―em nosso caminho para o salvar… ela
mentiu para Jasper de forma que ele não viria atrás de nós. Ela sabia que se ele
enfrentasse os Volturi, ele morreria. Ela estava disposta para morrer em lugar dele do
que colocar ele em perigo. Preferindo que eu morresse, também. Preferindo que você
morresse ―.
Edward não respondeu.
―Ela tem as prioridades dela,‖ eu disse. Isto fez meu coração paralisado dor perceber
que minha explicação não parecia uma mentira de jeito nenhum.
―Eu não acredito nisto,‖ Edward disse. Ele não disse isto como se estivesse discutindo
comigo - ele disse isto como se estivesse discutindo com ele mesmo. ―Talvez era só
Jasper em perigo. O plano dela funcionaria para o resto de nós, mas ele morreria se
ficasse. Talvez. . .‖
―Ela poderia ter nos contado isso. Mandando-o ir embora.‖
―Mas Jasper teriam ido? Talvez ela está mentindo para ele novamente.‖
―Talvez,‖ eu fingi concordar. ―Nós deveríamos ir para casa. Não há tempo‖.
Edward segurou minha mão, e nós corremos.
O recado de Alice não me deixou esperançosa. Se havia qualquer modo para evitar a
matança que estava por vir, a Alice teria ficado. Eu não pude ver outra possibilidade.
Então isso era outra coisa que ela estava me dando. Não um modo para escapar. Mas o
que mais ela pensaria que eu queria? Talvez um modo para salvar algo? Havia qualquer
coisa que eu ainda poderia salvar?
Carlisle e os outros não tinham ficado inativos em nossa ausência. Nós tínhamos estado
separados deles por cinco minutos, e eles já estavam preparados para partir. No canto,
Jacob estava humano novamente, com Renesmee no colo dele, ambos nos olhando com
olhos arregalados.
Rosalie tinha trocado o vestido de seda dela para um robusto - par de calças jeans,
sapatos de corrida, e uma camisa de botão feita de pano grosso que mochileiros usam
para viagens longas. Esme estava vestida semelhantemente. Havia um globo na mesa de
centro, mas eles tinham parado de olhar para ele, estavam apenas esperando por nós.
A atmosfera agora estava mais positiva do que antes; fazia bem a eles estar em ação. As
esperanças deles foram fixadas nas instruções de Alice.
Eu olhei para o globo e desejei saber por onde começaríamos primeiro.
―Nós teremos que ficar aqui?‖ Edward perguntou, olhando para Carlisle. Ele não
pareceu feliz.
―Alice disse que nós teríamos que mostrar Renesmee para as pessoas, e nós teríamos
que ter cuidado sobre isto,‖ Carlisle disse. ―Nós enviaremos quem nós conseguirmos
achar para cá - Edward, você será o melhor no campo de batalha do que ajudando a
procurar‖.
Edward deu um aceno afiado, ainda não feliz. ―Há muito chão para cobrir‖.
―Nós nos separaremos,‖ Emmett respondeu. ―Rose e eu estaremos procurando
nômades‖.
―Você estará ocupado aqui,‖ Carlisle disse. ―A família de Tanya estará aqui pela manhã,
e eles não têm nenhuma idéia do por que. Primeiro, você tem que os persuadir a não
reagir do jeito que Irina reagiu. Segundo, você tem que descobrir o que a Alice quis
dizer sobre Eleazar. Então, depois disso tudo, eles ficarão para testemunhar por nós?
Começará novamente quando os outros for chegando - se nós conseguirmos persuadir
alguém para vir para cá em primeiro lugar ―. Carlisle suspirou. ―O seu trabalho pode ser
o mais difícil. Nós estaremos de volta para ajudar assim que pudermos‖.
Carlisle pôs a mão dele no ombro de Edward durante um segundo e então beijou minha
testa. Esme nos abraçou, e Emmett nos esmurrou no braço. Rosalie forçou um sorriso
difícil para Edward e eu, soprou um beijo para Renesmee, e então fez para Jacob uma
careta de partida.
―Boa Sorte,‖ Edward lhes disse.
―Para você também‖ Carlisle disse. ―Nós todos precisamos disso.‖
Eu os assisti partir, desejando que eu pudesse sentir qualquer esperança sustentando
eles, e desejando estar só com o computador por apenas alguns segundos. Eu tinha que
descobrir quem era J. Jenks e por que Alice tinha ido tão longe para dar o nome dele só
a mim.
Renesmee retorceu nos braços de Jacob para tocar a bochecha dele.
―Eu não sei se os amigos de Carlisle virão. Eu espero que sim. Parece que nos estamos
em número pequeno agora‖ Jacob murmurou para Renesmee.
Então ela sabia. Renesmee já entendeu muito claramente o que estava acontecendo. A
coisa toda de impressão de-lobisomem-dá-ao-objeto-da-impressão-dele-tudo o que-elaquer estava amadurecendo bem rapidamente. Proteger ela não era mais importante do
que responder todas as perguntas dela?
Eu olhei cuidadosamente para a face dela. Ela não parecia amedrontada, só ansiosa e
muito séria enquanto ela conversava com Jacob do jeito silencioso dela.
―Não, nós não podemos ajudar; nós temos que ficar aqui,‖ ele continuou. ―Pessoas estão
vindo para ver você, não a paisagem‖.
Renesmee fez uma carranca para ele.
―Não, eu não tenho que ir a lugar algum,‖ ele disse a ela. Então ele olhou para Edward,
a face dele aturdida pela percepção de que ele poderia estar errado. ―Eu tenho?‖
Edward hesitou.
―Diga logo‖ Jacob disse. A voz dele crua com tensão. Ele tinha razão sobre seu ponto de
rompimento, assim como o resto de nós.
―Os vampiros que estão vindo para nos ajudar não são igual a nós,‖ Edward disse. ―A
família de Tanya é a única além da nossa com uma reverência de vida humana, e
mesmo eles não pensam bem sobre lobisomens. Eu acho que poderia ser mais seguro -‖
―Eu posso cuidar de mim,‖ Jacob interrompeu.
―Mais seguro para Renesmee,‖ Edward continuou, ―Se a chance de acreditar na nossa
história sobre ela não é estragada por uma associação com lobisomens.‖
―Alguns amigos. Eles negariam apenas por causa de com quem você está andando
agora?‖
―Eu acho que eles seriam tolerantes sobre circunstâncias normais. Mas você precisa
entender - aceitar Nessie não seria uma coisa simples para qualquer deles. Por que
tornar a coisa mais difícil?‖
Carlisle tinha explicado ontem à noite as leis sobre crianças imortais para Jacob. ―As
crianças imortais realmente eram tão ruins?‖ ele perguntou.
―‗Você não pode imaginar a profundidade das cicatrizes que eles deixaram na psique
coletiva dos vampiro.‖
―Edward…‖. Ainda era estranho ouvir o Jacob usar o nome de Edward sem amargura.
―Eu sei, Jake. Eu sei como é difícil estar longe dela. Nós improvisaremos - ver como
eles reagem a ela. Em todo caso, Nessie vai ter que estar incógnita nas próximas
semanas. Ela precisará ficar na cabana até o momento certo para nós a apresentarmos.
Contanto que você mantenha uma distância segura da casa principal. . .‖
―Eu posso fazer isso. Companhia na manhã, huh‖?
―Sim. O mais íntimo de nossos amigos. Neste caso particular, é provavelmente melhor
se nós colocarmos as coisas para fora ao ar livre o mais cedo possível. Você pode ficar
aqui. Tanya sabe de você. Ela até mesmo conheceu Seth .‖
―Certo.‖
―Você deveria contar para Sam o que está acontecendo. Poderá haver estranhos nos
bosques logo.‖
―Bem pensado. Embora eu lhe deva um pouco de silêncio depois de ontem à noite.‖
―Escutar a Alice normalmente é a coisa certa.‖
Os dentes de Jacob travaram, e eu pude ver que ele compartilhou os sentimentos de Sam
sobre o que a Alice e Jasper tinham feito.
Enquanto eles estavam falando, eu vaguei para as janelas da parte de trás, tentando
parecer distraída e ansiosa. Não era uma coisa difícil de fazer. Eu apoiei minha cabeça
contra a parede que se curva para além da sala de estar e sala de jantar, bem próxima a
uma das escrivaninhas de computador. Eu corri meus dedos contra as teclas enquanto
fitava a floresta, tentando fazer isto parecer uma distração. Vampiros faziam coisas
para se distrair? Eu não acho que alguém estava prestando atenção particular a mim,
mas eu não me virei para ter certeza. O monitor ligou. Eu acariciei meus dedos
novamente pelas teclas. Então eu os tamborilei muito tranquilamente no topo da
escrivaninha de madeira, só para fazer isto parecer fortuito. Outro golpe pelas teclas.
Eu esquadrinhei a tela com minha visão periférica.
Nenhum J. Jenks, mas havia um Jason Jenks. Um advogado. Eu escovei o teclado,
tentando manter um ritmo, como um acariciar preocupado em um gato que você tenha
mas esqueceu que estava no seu colo. Jason Jenks tinha um website caprichado para a
empresa dele, mas o endereço na homepage estava errado. Em Seattle, mas em um cep
diferente. Eu anotei o número de telefone e então acariciei o teclado em ritmo. Desta
vez eu procurei o endereço, mas nada surgiu, como se o endereço não existisse. Eu quis
ver um mapa, mas eu decidi que eu estava testando minha sorte. Mais uma escovada,
para apagar o histórico…
Eu continuei fitando para fora da janela e escovei a madeira algumas vezes. Eu ouvi
passos leves cruzando o chão em direção a mim, eu me virei com a expressão que
espero que seja a mesma de antes.
Renesmee procurou por mim, e eu abri os braços. Ela se lançou neles, cheirando
fortemente a lobisomem, e aconchegou a cabeça contra meu pescoço.
Eu não sabia se podia agüentar isso. Assim como eu temia por minha vida, pela vida de
Edward, pela vida do resto de minha família, não se igualava ao terror que eu sentia
com a possibilidade de perder minha filha. Tinha que haver um jeito de salva-la,
mesmo se esta fosse a única coisa que eu poderia fazer.
De repente, eu soube que isto era tudo que eu mais quis. O resto que eu agüentaria se
eu tivesse que agüentar, mas não a vida dela acabando. Não isso.
Ela era a única coisa que eu tenho que salvar.
A Alice teria previsto como eu me sentiria?
A mão de Renesmee tocou minha bochecha ligeiramente.
Ela me mostrou minha própria face, a de Edward, de Jacob, de Rosalie, de Esme, de
Carlisle, de Alice, de Jasper, trocando cada vez mais rápido entre as faces de nossa
familia. Seth e Leah. Charlie, Sue, and Billy. Inúmeras vezes. Preocupada, como o
resto de nós estávamos. Ela só estava preocupada, ainda. Jake tinha mantido o pior
longe dela até onde eu posso contar. A parte sobre como nós não temos nenhuma
esperança, como todos nós íamos morrer dentro de um mês.
Ela concentrou na face de Alice, com saudade e confusa. Onde a Alice estava?
―Eu não sei,‖ eu sussurrei. ―Mas ela é a Alice. Ela está fazendo a coisa certa, como
sempre‖.
A coisa certa para Alice, de qualquer maneira. Eu odiei pensar nela desse jeito, mas de
que outra forma a situação pode ser entendida?
Renesmee suspirou, e a saudade intensificou.
―Eu sinto falta dela, também‖.
Eu sentia minha face funcionando, tentando achar a expressão que surgiu com a aflição.
Meus olhos pareciam estranhos e secos; eles piscaram contra o sentimento incômodo.
Eu mordi meu lábio. Quando eu respirei novamente, o ar escorregou em minha
garganta, como eu estivesse sufocando com isto.
Renesmee se virou para olhar para mim, e eu vi minha face refletida nos pensamentos
dela e nos olhos dela. Eu me parecia como Esme estava nesta manhã.
Então era assim que se sentia quando chorava.
Os olhos de Renesmee brilharam úmidos enquanto ela olhava minha face. Ela acariciou
minha face, não me mostrando nada, apenas tentando me acalmar.
Eu nunca tinha pensado ver o laço de mãe-filha invertido entre nós, do modo que
sempre tinha sido com Renée e eu. Mas eu não tinha tido uma visão muito clara do
futuro.
Uma lágrima escorreu da extremidade do olho de Renesmee. Eu limpei com um beijo.
Ela tocou o olho dela com assombro e então olhou para a umidade na ponta do dedo.
―Não chore,‖ eu lhe falei. ―Vai dar certo. Você ficará bem. Eu o acharei um jeito para
isto‖.
Se não havia mais nada que eu pudesse fazer, eu ainda salvaria minha Renesmee. Eu
estava mais positiva do que nunca que isto era o que a Alice me daria. Ela saberia. Ela
teria deixado um jeito para mim.
30. Irresistível
Tinha tanto para se pensar.
Como eu encontraria tempo a sós para caçar J. Jenks, e por que Alice queria que eu
soubesse sobre ele?
Se a pista de Alice não tinha nada a ver com a Renesmee, o que eu poderia fazer para
salvar a minha filha?
Como Edward e eu iríamos explicar coisas para a família de Tanya de manhã? E se eles
reagissem como a Irina? E se isso se tornasse uma luta?
Eu não sabia como lutar. Como eu iria aprender em apenas um mês? Havia alguma
chance de que eu pudesse ser ensinada rápido o suficiente para que eu fosse um perigo
para qualquer membro dos Volturi? Ou eu seria condenada a ser totalmente inútil?
Apenas outra recém-nascida facilmente despachada?
Tantas respostas de que eu precisava, mas eu não tive a chance de fazer as minhas
perguntas.
Querendo alguma normalidade de Renesmee, eu insisti em levá-la para nossa cabana na
hora de dormir. Jacob estava mais confortável em sua forma de lobo no momento; o
estresse se espalhava mais fácil quando ele estava pronto para uma briga. Eu desejei que
eu pudesse sentir o mesmo, pudesse me sentir preparada. Ele correu na floresta, de
guarda novamente.
Depois que ela estava profundamente adormecida, eu coloquei Renesmee em sua cama
e então fui para a sala da frente para fazer minhas perguntas a Edward. As que eu era
capaz de perguntar, pelo menos; uma das maiores dificuldades era a idéia de tentar
esconder algo dele, mesmo com a vantagem dos meus pensamentos silenciosos.
Ele permaneceu com suas costas para mim, encarando o fogo.
―Edward, eu…‖
Ele se virou e atravessou a sala no que pareceu não levar tempo nenhum, nem mesmo a
menor parte de um segundo. Eu só tive tempo de registrar a expressão feroz em seu
rosto antes de seus lábios estavam comprimidos contra os meus e seus braços estavam
presos ao meu redor como um suporte de aço.
Eu não pensei em minhas perguntas de novo pelo resto daquela noite. Não levou muito
tempo para eu entender a razão do seu humor, e até menos tempo para me sentir
exatamente do mesmo jeito.
Eu havia planejado em precisar de anos apenas para, de alguma forma, organizar a
paixão devastadora que eu sentia por ele fisicamente. E então séculos depois para
aproveitar isso. Se nós só tivéssemos um mês mais juntos… Bem, eu não via como eu
conseguiria agüentar ter esse fim. No momento eu não conseguia evitar ser egoísta.
Tudo que eu queria era amá-lo tanto quanto possível no tempo limitado que fosse me
dado.
Foi difícil me puxar para longe dele quando o sol surgiu, mas nós tínhamos nosso
trabalho a fazer, um trabalho que poderia ser mais difícil do que as procuras do resto de
nossa família colocadas juntas. Assim que eu me permiti pensar no que estava vindo, eu
era só tensão; parecia que os meus nervos estavam sendo estendidos em uma linha, cada
vez mais finos.
―Eu queria que houvesse um jeito de pegar a informação que precisamos de Eleazar
antes de contar a eles sobre Nessie.‖ Edward murmurou enquanto nós nos vestíamos
rapidamente no enorme armário que era mais um lembrete sobre Alice que eu não
queria no momento. ―Por via das dúvidas.‖
―Mas ele não entenderia a questão para respondê-la.‖ Eu concordei. ―Você acha que
eles nos deixarão explicar?‖
―Eu não sei.‖
Eu puxei Renesmee, ainda dormindo, de sua cama e a segurei mais perto, tanto que seus
cachos estavam pressionados contra minha face; seu cheiro doce, tão perto,
sobrepujando qualquer outro cheiro.
Eu não podia perder um segundo do tempo hoje. Havia respostas de que eu precisava, e
não estava certa de quanto tempo Edward e eu teríamos sozinhos hoje. Se tudo corresse
bem com a família de Tanya, esperançosamente nós teríamos companhia por um
período prolongado.
―Edward, você me ensinará como lutar?‖ Eu perguntei a ele, tensa pela sua reação,
enquanto ele segurava a porta para mim.
Foi como eu esperava. Ele congelou, e então seus olhos se arrastaram sobre mim com
um significado profundo, como se estivesse olhando para mim pela primeira ou última
vez. Seus olhos se demoraram em nossa filha dormindo em meus braços.
―Se vier uma luta, não haverá muito que qualquer um de nós possa fazer.‖ Ele se
limitou.
Eu mantive minha voz regular. ―Você me deixará incapaz de me defender?‖
Ele engoliu convulsivamente, e a porta estremeceu as dobradiças protestando, enquanto
suas mão apertavam. Então ele acenou. ―Quando você põe desse jeito… eu suponho que
nós devemos começar a trabalhar assim que possível.‖
Eu acenei também, então nós começamos em direção a grande casa. Nós não nos
apressamos.
Eu me perguntei o que eu poderia fazer que desse esperança de fazer a diferença. Eu era
um pouquinho especial, ao meu jeito - se ter um crânio espesso de forma sobrenatural
pudesse mesmo ser considerado especial. Havia algo em que isso pudesse ser usado?
―O que você diria que é a maior vantagem deles? Eles ao menos têm uma fraqueza?‖
Edward não precisou perguntar para saber que eu me referia aos Volturi.
―Alec e Jane são seus atacantes mais importantes.‖ Ele disse sem emoção, como se
estivéssemos falando sobre um time de basquete. ―Seus defensores raramente vêem a
verdadeira ação.‖
―Porque Jane pode incendiar você onde estiver - mentalmente, pelo menos. O que o
Alec faz? Você não disse uma vez que ele era ainda mais perigoso do que Jane?‖
―Sim. De uma forma, ele é o antídoto para Jane. Ela faz você sentir a pior dor
imaginável. Alec, por outro lado, faz você sentir nada. Absolutamente nada. Algumas
vezes, quando os Volturi estão se sentindo bondosos, eles têm Alec anestesiando
alguém antes de ser executado. Se ele tiver se rendido ou implorado a eles de alguma
forma.‖
―Anestésico? Mas como isso é mais perigoso do que Jane?‖
―Porque ele tira todos os seus sentidos no geral. Sem dor, mas também sem visão ou
som ou cheiro. Privação sensorial total. Você fica totalmente na escuridão. Você nem ao
menos sente quando eles te queimam.‖
Eu tremi. Era isso o melhor pelo que podíamos esperar? Não ver ou sentir a morte
quando ela vier?
―Isso faz dele somente igual à Jane em periculosidade,‖ Edward continuou na mesma
voz desligada. ―Nisso, ambos podem incapacitar você, te transformando em um alvo
incapacitado. A diferença entre eles é como a diferença entre Aro e eu. Aro ouve a
mente de apenas uma pessoa por vez. Jane pode apenas ferir o objeto de seu foco. Eu
consigo ouvir todos ao mesmo tempo.‖
Eu senti frio enquanto percebia onde ele estava indo. ―E Alec pode incapacitar todos
nós ao mesmo tempo?‖ Eu sussurrei.
―Sim,‖ Ele disse. ―Se ele usar seu dom contra nós, todos nós ficaremos cegos e surdos
até eles chegarem mais perto para nos matar - talvez eles simplesmente nos queimem
sem se incomodar de nos rasgar no meio antes. Ah, nós podemos tentar lutar, mas é
mais provável que feríssemos um de nós do que de ferir um deles.‖
Nós andamos em silêncio por alguns segundos.
Uma idéia estava se formando em minha cabeça. Não muito promissora, mas melhor do
que nada.
―Você acha que Alec é um bom lutador?‖ Eu perguntei. ―Além do que ele pode fazer,
quero dizer. Se ele tivesse que lutar sem o seu dom. Eu me pergunto se alguma vez ele
já tentou…‖.
Edward olhou pra mim severamente. ―O que você está pensando?‖
Eu olhei exatamente para frente. ―Bem, ele provavelmente não consegue fazer aquilo
comigo, certo? Se o que ele faz é como Aro e Jane e você. Talvez… se ele não tiver
realmente como se defender… e eu aprendesse alguns truques…‖.
―Ele está com os Volturi há séculos.‖ Edward me cortou, sua voz abruptamente em
pânico. Ele provavelmente estava vendo a mesma imagem na sua cabeça que eu estava:
os Cullens parados sem saída, pilastras sem sentidos no campo de matança - todos
exceto eu. Eu seria a única que poderia lutar. ―Sim, você com certeza é imune ao seu
poder, mas você ainda é uma recém-nascida, Bella. Eu não posso fazê-la uma forte
lutadora em poucas semanas. Eu tenho certeza que ele tem treinado.‖
―Talvez, talvez não. É a única coisa que eu posso fazer que mais ninguém possa.
Mesmo que eu só consiga distraí-lo por um tempo…‖ Eu conseguiria agüentar o
suficiente para dar uma chance aos outros?
―Por favor, Bella,‖ Edward disse através de seus dentes. ―Não vamos falar sobre isso.‖
―Seja razoável.‖
―Eu tentarei te ensinar o que eu puder, mas, por favor, não me faça pensar em você se
sacrificando como uma diversão…‖ Ele sufocou, e não terminou.
Eu acenei. Eu manteria meus planos para mim, então. Primeiro Alec e então, se eu fosse
milagrosamente sortuda o suficiente para vencer, Jane. Se eu pudesse apenas ajeitar as
coisas - remover a ofensiva vantagem devastadora dos Volturi. Talvez então houvesse
uma chance… Minha mente correndo à frente. E se eu fosse capaz de distraí-los ou até
mesmo removê-los? Honestamente, por que Jane ou Alec precisariam aprender
habilidades de luta? Eu não conseguia imaginar a pequena petulante Jane abrindo mão
de sua vantagem, mesmo para aprender.
Se eu fosse capaz de matá-los, que diferença isso faria?
―Eu tenho que aprender tudo. Tanto quanto você conseguir enfiar na minha cabeça no
próximo mês.‖ Eu murmurei.
Ele agiu como se eu não tivesse falado.
Depois quem, então? Eu deveria ter meus planos em ordem para que, se eu sobrevivesse
depois de atacar Alec, não haveria hesitação no meu ataque. Eu tentei pensar em outra
situação em que meu duro crânio me daria uma vantagem. Eu não sabia o suficiente
sobre o que os outros faziam. Obviamente, lutadores como o enorme Felix era além de
mim. Eu poderia apenas tentar dar a Emmet sua luta justa aqui. Eu não sabia muito mais
sobre o resto da guarda dos Volturi, além de Demetri…
Meu rosto estava perfeitamente polido enquanto eu considerava Demetri. Sem dúvida,
ele seria um lutador. Não havia outra forma dele ter sobrevivido por tanto tempo,
sempre na ponta da lança de qualquer ataque. E ele deveria sempre liderar, porque ele
era o rastreador deles - o melhor rastreador no mundo, sem dúvida. Se tivesse alguém
melhor, os Volturi o teriam trocado. Aro não se cercava com o segundo melhor.
Se Demetri não existisse, então nós poderíamos correr. Quem quer que restasse de nós,
em qualquer caso. Minha filha, quente em meus braços… Alguém poderia correr com
ela. Jacob ou Rosalie, quem quer que sobrasse.
E… Se Demetri não existisse, então Alice e Jasper poderiam estar a salvo para sempre.
Foi isso que Alice viu? Essa parte de nossa família continuaria? Eles dois, no mínimo.
Eu poderia invejá-la?
―Demetri…‖ Eu disse.
―Demetri é meu.‖ Edward disse numa curta, dura voz. Eu olhei para ele rapidamente e
vi que sua expressão tinha se tornado violenta.
―Por quê?‖ Eu suspirei.
Ele não respondeu a princípio. Nós estávamos no rio quando ele finalmente murmurou.
―Por Alice. É o único agradecimento que eu posso dar a ela pelos últimos cinqüenta
anos.‖
Então seus pensamentos estavam alinhados com os meus.
Eu ouvi os passos pesados de Jacob batendo contra o solo congelado. Em segundos, ele
marchava ao meu lado, seus olhos negros focados em Renesmee.
Eu acenei para ele uma vez, então voltei para as minhas perguntas. Havia tão pouco
tempo.
―Edward, por que você acha que Alice nos disse para perguntar a Eleazar sobre os
Volturi? Ele esteve na Itália recentemente ou algo assim? O que ele poderia saber?‖
―Eleazar sabe tudo quando é sobre os Volturi. Eu esqueci que você não sabia. Ele
costumava ser um deles.‖
Eu assobiei involuntariamente. Jacob rosnou ao meu lado.
―O que?‖ Eu ordenei, na minha cabeça desenhando o lindo homem de cabelos negros do
nosso casamento coberto em um longo manto cinzento.
O rosto de Edward estava mais suave agora - ele sorriu um pouco. ―Eleazar é uma
pessoa muito gentil. Ele não era completamente feliz com os Volturi, mas ele respeitava
a lei e a necessidade dela ser mantida. Ele achou que estava trabalhando para um bem
maior. Ele não se arrepende do tempo com eles. Mas quando ele encontrou Carmen, ele
achou seu lugar neste mundo. Eles são bastante similares, ambos muito compassivos
pelos vampiros.‖ Ele sorriu de novo. ―Eles encontraram Tanya e suas irmãs, e eles
nunca olharam para trás.Eles estão bem satisfeitos com seu estilo de vida. Se eles nunca
tivessem conhecido Tanya, eu acredito que teriam, eventualmente, encontrado uma
maneira de viver sem sangue humano por si próprios.‖
As imagens em minha cabeça estavam se chocando. Eu não conseguia fazer com que
combinassem. Um soldado dos Volturi compassivo?
Edward deu uma olhada para Jacob e respondeu uma pergunta silenciosa. ―Não, ele não
era um de seus guerreiros, por assim dizer. Ele tinha um dom que eles acharam
conveniente.‖
Jacob deve ter perguntado a óbvia questão seguinte.
―Ele tem um sentido instintivo para os dons dos outros - as habilidades extras que
alguns vampiros têm.‖ Edward disse a ele. ―Ele podia dar a Aro um idéia geral do que
qualquer vampiro talentoso era capaz de fazer apenas por estar próximo a ele ou ela.
Isso era útil quando os Volturi iam para uma batalha. Ele podia avisá-los se alguém no
grupo inimigo tivesse uma habilidade que poderia dar a eles algum problema. Isso era
raro; era necessária bastante habilidade para sequer incomodar os Volturi por um
momento. Mais freqüentemente, o aviso dava a Aro a chance de salvar alguém que
poderia ser útil para ele. O dom de Eleazar funcionava até com humanos, em extensão.
Ele realmente tinha que se concentrar com humanos, de qualquer forma, porque a
habilidade potencial era muito nebulosa. Aro o tinha testando as pessoas que queriam se
juntar, para ver se eles tinham algum potencial. Aro sentiu muito por vê-lo partir.‖
―Eles o deixaram ir?‖ Eu perguntei. ―Assim?‖
Seu sorriso era mais escuro agora, um pouco distorcido. ―Os Volturi não são supostos
ser os vilões, da forma que parecem para você. Eles são a fundação de nossa paz e
civilização. Cada membro da guarda escolheu servi-los. É um pouco prestigioso; todos
eles estão orgulhosos de estar ali, não forçados a estar ali.‖
Eu olhei com cara feia para o chão.
―Eles só são alegados como odiosos pelos criminosos, Bella.‖
―Nós não somos criminosos!‖
Jacob bufou de raiva em concordância.
―Eles não sabem disso.‖
―Você realmente acha que nós podemos fazê-los parar e escutar?‖
Edward hesitou pelo menor momento e então encolheu os ombros. ―Se nós
encontrarmos amigos suficientes para ficar do nosso lado. Talvez.‖
Se. Eu de repente senti a urgência do que nós tínhamos à nossa frente hoje. Edward e eu
começamos a nos mover mais rápido, rompendo numa corrida. Jacob nos alcançou
rapidamente.
―Tanya não deve estar muito longe.‖ Edward disse. ―Nós precisamos estar prontos.‖
Como estar pronto, de qualquer forma? Nós arrumamos e re-arrumamos, pensamos e
repensamos. Renesmee a plena vista? Ou escondida no começo? Jacob na sala? Ou do
lado de fora? Ele disse ao seu bando para ficar por perto, mas invisíveis. Ele deveria
fazer o mesmo?
No final, Renesmee, Jacob - em sua forma humana de novo - e eu esperamos perto do
canto da porta da frente na sala de jantar, sentando na grande mesa polida. Jacob me
deixou segurar a Renesmee; ele queria espaço caso precisasse se transformar rápido.
Apesar de estar contente por tê-la em meus braços, isso fez com que eu me sentisse
inútil. Isso me lembrou que em uma luta com vampiros maduros, eu não era nada mais
do que um alvo fácil; eu não precisava das minhas mãos livres.
Eu tentei me lembrar de Tanya, Kate, Carmen e Eleazar do casamento. Seus rostos
estavam turvos em minhas memórias mal iluminadas. Eu apenas sabia que eles eram
lindos, dois loiros e dois morenos. Eu não conseguia me lembrar se havia alguma
bondade em seus olhos.
Edward se inclinou de volta ficando imóvel na janela contra o muro, fitou em direção a
porta da frente. Ele não encarou como se estivesse vendo a sala a sua frente.
Tinhamos ouvido as viaturas passando mais alto sobre a auto-estrada, nenhuma delas
devagar.
Renesmee se aninhou em meu pescoço, e colocou sua mão sobre a minha bochecha mas
nenhuma imagem em minha mente. Ela não tinha imagens para seus sentimentos agora.
―O porque eles não gostam de mim?‖ ela sussurrou, e todos os nossos olhos queimaram
sobre sua face.
―É claro que eles gostam..‖, Jacob começou a dizer, mas eu silenciei-o com um olhar.
―Eles não compreendem, Renesmee, porque eles nunca conheceram alguém como
você,‖ eu disse a ela, não querendo mentir para ela com promessas que não poderiam
vir a verdadeiro. ―Para eles, entender é como um problema.‖
Ela suspirou, e na minha cabeça havia imagens de todos nós, em um rápido estouro.
Vampiro, humanos, lobisomens. Elas não se encaixam em nenhum lugar.
―Você é especial, isso não é uma coisa ruim.‖
Ela sacudiu a cabeça em desacordo. Ela pensou, seu rosto estava tenso, e disse, ―Isto é
minha culpa‖.
―Não‖, Jacob, Edward, e eu dissemos todos exatamente no mesmo tempo, mas antes
que pudéssemos argumentar ainda mais, tivemos de ouvir o som esperado vindo: o
abrandamento de um motor com a rua, os pneus se movendo sobre a suave sujeira.
Edward se lançou até o canto da porta, para ficar esperando. Renesmee se escondeu no
meu cabelo, Jacob e eu nos lançamos ambos, até o lado da mesa, o desespero estava
estampado em nossos rostos.
O carro avançou rapidamente através da floresta, mais rápido do que o Charlie ou a Sue
dirigiam. Ouvimos o carro andar até a várzea e parar em frente ao alpendre. Quatro
portas se abriram e fecharam. Eles não falaram até se aproximarem da porta. Edward
abriu-a antes que eles pudessem bater.
―Edward!‖ Disse uma entusiasmada voz feminina.
―Olá, Tanya. Kate, Eleazar, Carmen.‖
Três olás sussurados.
―Carlisle disse que precisava falar conosco imediatamente.‖ A primeira voz disse,
Tanya. Eu podia ouvir que ainda estavam do lado de fora. Eu imaginei Edward na porta,
bloqueando a entrada deles. ―Qual é o problema? Confusão com os lobisomens?‖
Jacob revirou os olhos.
―Não.‖ Edward disse. ―Nossa trato com os lobisomens está mais forte do que nunca.‖
Uma mulher deu risadas.
―Você não nos convidará a entrar?‖ Tanya perguntou. E então ela continuou sem
esperar por resposta. ―Onde está Carlisle?‖
―Carlisle teve que sair.‖
Teve um pequeno silêncio.
―O que está acontecendo, Edward?‖ Tanya exigiu.
―Se você puder me dar o benefício da dúvida por apenas alguns minutos,‖ ele
respondeu. ―Eu tenho algo difícil para explicar, e eu preciso que vocês sejam mente
aberta até que entendam.‖
―Carlisle está bem?‖ Uma voz masculina perguntou ansiosamente. Eleazar.
―Nenhum de nós está bem, Eleazar.‖ Edward disse, e então ele deu uma tapinha em
algo, talvez os ombros de Eleazar. ―Mas fisicamente, Carlisle está bem.‖
―Fisicamente?‖ Tanya perguntou severamente. ―O que você quer dizer?‖
―Eu quero dizer que minha família inteira está em perigo muito sério. Mas antes de eu
explicar, eu peço sua palavra. Escute tudo o que eu digo antes de reagir. Eu estou lhe
implorando que me ouça.‖
Um silêncio mais longo cumprimentou o pedido dele. Pelo cansado silencie, o Jacob e
eu encaramos um ao outro. Os lábios ruivos dele empalideceram.
―Nós estamos escutando,‖ Tanya disse finalmente. ―Nós ouviremos tudo antes de nós
julgarmos.‖
―Obrigado, Tanya,‖ Edward disse fervorosamente. ―Nós não os envolveríamos nisto se
nós tivemos qualquer outra escolha.‖
Edward moveu-se. Nós ouvimos quatro passos de pensativos, passeando a entrada.
Alguém cheirou ―Eu sabia que esses lobisomens estavam envolvidos,‖ Tanya
murmurou.
―Sim, e eles estão em nosso lado. Novamente.‖
A lembrança silenciou Tanya.
―Onde está Bella?‖ uma das outras vozes femininas perguntou. ―Como ela está?‖
―Ela se unirá a nós em breve. Ela está bem, obrigado. Ela está levando a imortalidade
com sutileza surpreendente.‖
―Fale-nos sobre o perigo, Edward,‖ Tanya disse quietamente. ―Nós escutaremos, e nós
estaremos ao seu lado, onde nós pertencemos.‖
Edward respirou fundo. ―Eu gostaria que vocês testemunhem primeiro para vocês
mesmos. Escute - no outro quarto. O que você ouve?‖
Estava quieto, e então havia movimento.
―Escute primeiro, por favor,‖ Edward disse.
―Um lobisomem, eu presumo. Eu posso ouvir o coração dele,‖ Tanya disse.
―Que mais?‖ Edward perguntou.
Houve uma pausa.
―O que é esse barulho?‖ Kate ou Carmen perguntou. ―Isso é… algum filhote de
passarinho?‖
―Não, mas você lembra do que está ouvindo. Agora, que cheiro você sente? Além do
lobisomem.‖
―Tem um humano aqui?‖ Eleazar sussurrou.
―Não,‖ Tanya contestou ―Isso não é humano… mas… mais perto de humano do que
qualquer outra coisa aqui. O que é Edward? Eu acho que nunca senti esse cheiro antes.‖
―Com certeza você não cheirou, Tanya. Por favor, lembre que isto é totalmente novo pra
você. Jogue fora suas noções preconceituosas.‖
―Eu prometi que iria te escutar, Edward.‖
―Certo, então. Bella? Traga Renesmee, por favor.‖
Minhas pernas ficaram estranhamente entorpecidas, mas eu sabia que esse sentimento
estava na minha cabeça. Eu forcei a mim mesma a não voltar, não mover devagar, como
eu consegui, eu caminhei um pouco até a porta. O calor de corpo de Jacob ardeu atrás
de mim, com ele sombreando meus passos.
Eu pus um pé dentro da grande sala e então gelei incapaz de ir mais adiante. Renesmee
respirou fundo e então piou em baixo de meu cabelo, seu pequeno escudo apertado,
enquanto esperava uma repulsa.
Eu pensei que estava preparada para a reação. Para as acusações, para um momento de
tensão profunda.
Tanya andou para trás quatro passos, seus cachos de morango tremendo, como uma
humana confrontando uma cobra venenosa. Kate pulou pra trás à porta da frente e se
suportou lá contra a parede. Um chocado assobie veio de entre seus dentes trincados.
Eleazar se jogou na frente de Carmen em um agachamento protetor.
―Oh, por favor.‖ Eu ouvi Jacob reclamando por baixo de sua respiração.
Edward colocou seus braços em volta de Renesmee e eu. ―Você prometeu escutar.‖ Ele
lembrou a eles.
―Algumas coisas não devem ser ouvidas.‖ Tanya exclamou. ―Como você pôde,
Edward? Você não sabe o que isso significa?‖
―Nós temos que sair daqui.‖ Kate disse ansiosamente, sua mão na maçaneta da porta.
―Edward…‖ Eleazar parecia não ter palavras.
―Aguardem,‖ Edward disse, sua voz mais dura agora. ―Lembre o que você ouviu, o que
cheirou. Renesmee não é o que você acha que ela é.‖
―Não há exceções para essa regra, Edward.‖ Tanya atirou de volta.
―Tanya,‖ Edward disse com severidade. ―Você pode ouvir as batidas do coração dela.
Pare e pense no que isso significa.‖
―Batidas de seu coração?‖ Carmem suspirou, espreitando pelos ombros de Eleazar.
―Ela não é uma criança completamente vampira.‖ Edward respondeu, direcionando sua
atenção para a expressão menos hostil de Carmen. ―Ela é metade humana.‖
Os quatro vampiros o encararam como se ele estivesse falando em uma língua que
nenhum deles conhecesse.
―Escute-me,‖ A voz de Edward mudou para um tom macio de veludo de persuasão.
―Renesmee é única. Eu sou seu pai. Não seu criador - seu pai biológico.‖
A cabeça de Tanya estava balançando, apenas um movimento cuidadoso. Ela não
parecia ciente disso.
―Edward, você não pode esperar que nós…‖ Eleazar começou a dizer.
―Diga-me outra explicação que encaixe, Eleazar. Você pode sentir o calor do seu corpo
no ar. Sangue corre nas veias dela, Eleazar. Você pode cheirar isso.‖
―Como?‖ Kate respirou.
―Bella é a mãe biológica dela.‖ Edward contou a ela. ―Ela concebeu, carregou, e deu a
luz a Renesmee enquanto ainda era humana. Isso quase a matou. Eu fui meio
pressionado a injetar veneno suficiente em seu coração para salvá-la.‖
―Eu nunca tinha ouvido falar de tal coisa.‖ Eleazar disse. Seus ombros ainda estavam
rígidos, sua expressão fria.
―Relações físicas entre vampiros e humanos não são comuns.‖ Edward respondeu um
pouco de humor negro em seu tom agora. ―Humanos sobreviventes de tais encontros é
ainda menos comum. Vocês não concordam, primas?‖
Kate e Tanya olharam com raiva para ele.
―Vamos, Eleazar. Certamente você consegue ver as semelhanças.‖
Foi Carmen quem respondeu às palavras de Edward. Ela deu passos em volta de
Eleazar, ignorando seu aviso semi-articulado, e andou cuidadosamente para ficar
exatamente à minha frente. Ela se inclinou levemente, olhando cuidadosamente para o
rosto de Renesmee.
―Você parece ter os olhos de sua mãe,‖ Ela disse numa voz baixa e calma. ―mas o rosto
de seu pai.‖ E então, como se ela não conseguisse evitar, ela sorriu para Renesmee.
O sorriso de resposta de Renesmee foi deslumbrante. Ela tocou meu rosto sem desviar
os olhos de Carmen. Ela se imaginou tocando o rosto de Carmen, se perguntando se não
teria problema.
―Você se importa se Renesmee te contar isso ela mesma?‖ Eu perguntei à Carmen. Eu
ainda estava muito estressada para falar acima de um suspiro. ―Ela tem um dom para
explicar coisas.‖
Carmen ainda estava sorrindo para Renesmee. ―Você fala, pequena?‖
―Sim‖. Renesmee respondeu no seu gorjeio mais agudo. Todas da família de Tanya
encolheram-se ao ouvir o som de sua voz, exceto Carmem. ―Mas eu posso mostrar a
você muito mais do que posso falar‖.
Ela tocou a bochecha de Carmem com as suas mãos delicadas.
Carmem sufocou como se uma corrente elétrica houvesse corrido através dela. Eleazar
estava em seu lado em um instante, suas mãos sobre nos ombros de Carmem como se
fosse puxá-la para longe.
―Espere‖, Carmem disse sem fôlego, seus olhos que não piscavam encarando
Renesmee.
Renesmee a mostrou sua explicação por um longo tempo. O rosto de Edward estava
absorto no que ele assistia com Carmem, e eu desejei muito também ouvir o que ele
ouvia. Jacob mexeu-se impacientemente atrás de mim e eu soube que ele desejava o
mesmo.
―O que Nessie está mostrando a ela?‖ Ele resmungou sob a sua respiração.
―Tudo‖ Edward murmurou.
Outro minuto passou e Renesmee removeu a sua mão do rosto de Carmem. Deu um
sorriso vitorioso para a vampira completamente pasma.
―Ela é realmente a sua filha, não é?‖ Ela respirou, encarando o rosto de Edward com os
seus olhos cor de topázio. ―Um dom tão vívido! Isso só poderia vir de um pai super
dotado‖.
―Você acredita no que ela lhe mostrou?‖ Edward perguntou, sua expressão estava
intensa.
―Sem dúvidas‖. Carmem disse simplesmente.
O rosto de Eleazar estava rígido de aflição. ―Carmem!‖.
Carmem pegou a sua mão e apertou-a. ―Impossível como aparenta, Edward lhe contou
nada além da verdade. Deixe a criança lhe mostrar‖.
Carmem cutucou Eleazar perto de mim e depois acenou para Renesmee com a cabeça.
―Mostre a ele, mi querida”.
Renesmee deu um sorriso largo, claramente orgulhosa e satisfeita com a aceitação de
Carmem. Tocou Eleazar em sua fronte iluminada.
―Ay caray!” Ele gritou, afastando-se dela.
―O que ela fez a você?‖ Tanya exigiu, aproximando-se cautelosamente. Kate também se
moveu.
―Ela só está tentando lhe mostrar o seu lado da história‖. Carmem disse em uma voz
calmante.
Renesmee amarrou a cara, impaciente. ―Veja, por favor‖.Ela comandou Eleazar. Esticou
sua mão em direção a ele, deixando apenas algumas polegadas entre seus dedos e o
rosto, apenas esperando.
Eleazar a olhou com dúvidas e depois se virou para Carmem pedindo ajuda. Ela acenou
o encorajando. Ele deu um longo suspiro e depois se inclinou aproximando, fazendo
assim sua fronte tocar os dedos de Renesmee, novamente.
Ele estremeceu quando começou, mas permaneceu-se parado com os olhos fechados em
concentração.
―Ahh‖, ele suspirou quando reabriu os olhos, um pouco depois. ―Eu entendo‖.
Renesmee sorriu para ele. Ele hesitou um pouco, mas lançou um sorriso fraco em
resposta.
―Eleazar?‖ Tanya perguntou.
―Tudo é verdade, Tanya. Essa não é uma criança imortal. Ela é uma meia-humana.
Venha, e veja você mesma‖.
Em silencio, ela saiu de sua posição e ficou em pé cautelosamente, perto de mim. Kate a
seguiu. Ambas mostraram choque quando a primeira imagem apareceu com o toque de
Renesmee. Mas então, assim como Carmem e Eleazar, elas pareciam completamente
vencidas antes mesmo de terminar.
Eu disparei uma olhada para a suave face de Edward, admirando se isso poderia ser
mesmo tão fácil. Seus olhos dourados estavam limpos, sem sombras. Não havia
nenhuma decepção neles, então.
―Obrigado por ouvir,‖ ele disse tranquilamente.
―Mas esse é o grave perigo do qual você nos alertou,‖ Tanya disse. ―Não diretamente da
parte dessa criança, eu vejo, mas certamente da parte dos Volturi, então. Como eles
encontraram algo sobre ela? Quando eles estão vindo?‖
Eu não estava surpresa por seu entendimento rápido. Depois de tudo, o que poderia
possivelmente representar uma ameaça para uma família tão forte quanto a minha?
Apenas os Volturi.
―Quando Bella viu Irina aquele dia nas montanhas,‖ Edward explicou, ―ela estava com
Renesmee‖.
Kate assobiou, seus olhos se estreitaram. ―Irina fez isso? Para você? Para Carlisle?
Irina?‖
―Não,‖ Tanya sussurrou. ―Algum outro…‖
―Alice a viu ir até eles,‖ Edward disse. Eu imaginei se os outros notaram a forma como
ele estremeceu levemente quando disse o nome de Alice.
―Como ela pôde fazer isso?‖ Eleazar perguntou a si mesmo.
―Imagine se você tivesse visto Renesmee apenas a distância. Se você não tivesse
esperado nossa explicação.‖
Os olhos de Tanya se apertaram. ―Não importa o que ela pensou… Vocês são nossa
família.‖
―Não há nada que possamos fazer sobre a escolha dela agora. É muito tarde. Alice nos
deu um mês.‖
Tanto a cabeça de Tanya como a de Eleazar se ergueram para um lado. As sobrancelhas
de Kate se enrugaram.
―Tanto tempo?‖ Eleazar perguntou.
―Todos eles estão vindo. Isso deve precisar de alguma preparação.‖
Eleazar arrancou. ―A guarda inteira?‖
―Não apenas a guarda,‖ Edward disse. Sua mandíbula apertada com força. ―Aro, Caius,
Marcus. Além das esposas.‖
O choque vidrou os olhos delas.
―Impossível,‖ Eleazar disse inexpressivamente.
―Eu diria o mesmo dois dias atrás,‖ Edward disse.
Eleazar fez uma carranca, e quando ele falou foi quase um rosnado. ―Mas isso não faz
nenhum sentido. Porque eles colocariam a eles e as esposas em perigo?‖
―Não faz sentido desse ângulo. Alice disse que havia mais para isso que apenas punição
para o que eles pensam que nós fizemos. Ela pensou que vocês pudessem nos ajudar.‖
―Mais que punição? Mas o que mais há?‖ Eleazar começou pacificamente, andando
silenciosamente para a porta e voltou novamente como se ele estivesse sozinho aqui,
suas sobrancelhas se enrugaram quando ele fitou o chão.
―Onde estão os outros, Edward? Carlisle e Alice e o resto?‖ Tanya perguntou.
A hesitação de Edward foi quase imperceptível. Ele respondeu apenas parte de sua
pergunta. ―Procurando por amigos que possam nos ajudar.‖
Tanya se inclinou na direção dele, com suas mãos cruzadas em sua frente. ―Edward, não
importa quantos amigos vocês acumulem, nós não podemos ajudá-los a vencer. Nós só
podemos morrer com vocês. Você deveria saber disso. Claro, talvez nós quatro
mereçamos que depois do que Irina fez agora, depois de como falhamos com vocês no
passado - para o bem dela naquele tempo.‖
Edward abanou sua cabeça rapidamente. ―Nós não estamos pedindo que vocês lutem e
morram conosco, Tanya. Você sabe que Carlisle nunca pediria isso.‖
―Então o que, Edward?‖
―Nós só estamos procurando testemunhas. Se nós conseguirmos fazê-los parar, apenas
por um momento. Se eles nos deixarem explicar…‖ Ele tocou a bochecha de Renesmee;
ela agarrou sua mão e a manteve pressionada contra sua pele. ―É difícil duvidar de nossa
história quando você a vê por si mesmo.‖
Tanya acenou lentamente. ―Você acha que o passado dela vai importar tanto para eles?‖
―Somente se isso prenunciar seu futuro. O ponto da restrição era nos proteger da
exposição, pelo excesso de crianças que não podiam ser domadas.‖
―Eu não sou perigosa.‖ Renesmee interrompeu. Eu ouvi a voz alta, clara dela com novos
ouvidos, imaginando como ela soava para os outros. ―Eu nunca machuquei o vovô ou
Sue ou Billy. Eu amo humanos. E pessoas-lobo como meu Jacob.‖ Ela deixou a mão de
Edward cair para alcançá-la de novo e dar uma tapinha no braço de Jacob.
Tanya e Kate trocaram um rápido olhar.
―Se Irina não tivesse vindo tão cedo,‖ Edward meditou. ―nós poderíamos ter evitado
isso tudo. Renesmee cresce a uma velocidade sem precedentes. Quando o mês for
passado, ela terá ganhado outro ano no desenvolvimento.‖
―Bem, isso é algo que certamente podemos testemunhar.‖ Carmen disse em um tom
decidido. ―Nós seremos capazes de prometer que vimos nós mesmos a sua maturidade.
Como os Volturi podem ignorar tal evidência?‖
Eleazar resmungou. ―Como, de fato?‖ Mas ele não olhou para cima, e continuou
marchando como se não prestasse atenção.
―Sim, nós podemos testemunhar por vocês.‖ Tanya disse. ―Certamente isso. Nós
consideraremos o que mais nós poderemos fazer.‖
―Tanya,‖ Edward protestou, ouvindo mais nos pensamentos dela do que em suas
palavras. ―Nós não esperamos que vocês lutem conosco.‖
―Se os Volturi não pararem para ouvir nosso testemunho, nós não podemos
simplesmente ficar parados.‖ Tanya insistiu. ―Claro, eu devo apenas falar por mim.‖
Kate bufou. ―Você realmente duvida tanto de mim, irmã?‖
Tanya sorriu largamente para ela. ―Isso é uma missão suicida, apesar de tudo.‖
Kate relampejou um sorriso de volta e então encolheu os ombros de forma relaxada.
―Estou dentro.‖
―Eu também farei o que puder para proteger a criança.‖ Carmen concordou. Então,
como se ela não pudesse resistir, ela esticou seus braços em direção a Renesmee. ―Posso
segurá-la, bebê linda?‖
Renesmee se esticou avidamente em direção a Carmen, deliciada com sua nova amiga.
Carmen a segurou mais perto, murmurando em espanhol para ela.
Era como foi com Charlie, e antes disso com todos os Cullens. Renesmee era
irresistível. O que era isso nela que atraia a todos, que os faziam dispostos até mesmo a
prometer suas vidas em sua defesa?
Por um momento eu pensei que talvez o que nós estávamos tentando poderia ser
possível. Talvez Renesmee pudesse fazer o impossível e conquistar os nossos inimigos
como conquistou nossos amigos
E então eu lembrei que Alice havia nos deixado, e minha esperança desapareceu tão
rápida quanto apareceu.
31. Talentosa
―Qual a parte dos lobisomens nisso?‖ Tanya os perguntou, olhando para Jacob.
Jacob falou antes que Edward pudesse responder. ―Se os Volturi não pararem para
ouvir sobre Nessie, quero dizer Renesmee,‖ ele se corrigiu, lembrando que Tanya não
entenderia seu estúpido apelido, ―nós os pararemos.‖
―Muito bravo, criança, mas isso seria impossível por mais experientes que vocês fossem
a lutas.‖
―Você não sabe o que nós podemos fazer.‖
Tanya encolheu os ombros. ―A vida é sua, sem dúvida, para usar como você escolher.‖
Os olhos de Jacob cintilaram para Renesmee - ainda nos braços de Carmen com Kate
pairando sobre elas - e era fácil ler o desejo neles.
―Ela é especial, essa pequena,‖ Tanya meditou. ―Difícil de resistir.‖
―Uma família muito talentosa,‖ Eleazar murmurou enquanto andava. Seu ritmo estava
ampliando; ele relampejava da porta para Carmen e voltava a cada segundo. ―Um leitor
de mentes como pai, um escudo como mãe, e depois qualquer que seja a mágica com
que essa criança nos enfeitiçou. Eu imagino se tem um nome para o que ela faz, ou se é
a norma de uma vampira híbrida. Se algo assim pudesse ser considerado normal! Uma
vampira híbrida, certamente!‖
―Desculpe,‖ Edward disse numa voz atordoada. Ele reagiu e apanhou os ombros de
Eleazar como se ele estivesse quase se virando novamente para a porta. ―De que você
chamou minha esposa?‖
Eleazar olhou para Edward curiosamente, seus passos maníacos esquecidos por um
momento. ―Um escudo, eu acho. Ela está me bloqueando agora, então eu não posso ter
certeza.‖
Eu fitei Eleazar, minha testa vincando confusa. Escudo? O que ele quis dizer sobre eu
estar bloqueando ele? Eu estava parada aqui perto dele, não estava defensiva de forma
alguma.
―Um escudo?‖ Edward repetiu confuso.
―Vamos lá, Edward! Se eu não posso lê-la, eu duvido que você possa, então. Você pode
ouvir os pensamentos dela agora?‖ Eleazar perguntou.
―Não,‖ Edward murmurou. ―Mas eu nunca estivesse apto a isso. Nem mesmo quando
ela era humana.‖
―Nunca?‖ Eleazar piscou. ―Interessante. Isso indicaria um particular poder latente, já
que se manifestava tão claramente até mesmo antes da transformação. Eu não posso
achar uma forma através do seu escudo para ter uma opinião sobre isso tudo. Apenas
que ela deve estar crua ainda - ela tem só alguns meses de idade.‖
O olhar que ele deu a Edward agora era quase exasperado. ―E, aparentemente,
completamente ignorante do que ela está fazendo. Totalmente inconsciente. Irônico.
Aro me enviou através do mundo procurando por tais anomalias, e você simplesmente
topou com isso por acidente e nem sequer tem idéia do que tem.‖ Eleazar balançou sua
cabeça em descrença.
Eu franzi as sobrancelhas. ―Do que vocês estão falando? Como eu posso ser um escudo?
O que isso sequer significa?‖ Tudo que eu podia imaginar em minha cabeça era um
ridículo traje de armadura medieval.
Eleazar inclinou sua cabeça para um lado enquanto me examinava. ―Suponho que
fomos excessivamente formais sobre o assunto na guarda. Na realidade, categorizando
talentos como subjetivo, trabalho casual; cada talento é único, nunca exatamente a
mesma coisa duas vezes. Mas você, Bella, é absolutamente fácil de classificar. Talentos
que são puramente defensivos, que protegem alguns aspectos do portador, são sempre
chamados de escudos. Você alguma vez testou suas habilidades? Bloqueando alguém
além de mim e do seu companheiro?‖
Levou alguns segundos, apesar de quão rápido o meu novo cérebro funcionava, para eu
organizar a minha resposta.
―Só funciona com certas coisas,‖ Eu disse a ele. ―Minha cabeça é meio… privada. Mas
não impede que Jasper seja capaz de mexer com meu humor ou Alice de ver o meu
futuro.‖
―Puramente uma defesa mental.‖ Eleazar acenou para si mesmo. ―Limitada, mas forte.‖
―Aro não podia ouvi-la,‖ Edward interrompeu. ―Ainda que ela fosse humana quando se
encontraram.‖
Os olhos de Eleazar se alargaram.
―Jane tentou me ferir, mas não conseguiu.‖ Eu disse. ―Edward acha que Demetri
consegue me encontrar, e que Alec não conseguiria me incomodar, também. Isso é
bom?‖
Eleazar, ainda boquiaberto, acenou. ―Um pouco.‖
―Um escudo.‖ Edward disse, profunda satisfação saturando seu tom. ―Eu nunca pensei
nisso dessa forma. A única que eu já havia encontrado era Renata, e o que ela fazia era
tão diferente.‖
Eleazar se recuperou calmamente. ―Sim, nenhum talento se manifesta precisamente do
mesmo jeito, porque ninguém pensa exatamente do mesmo jeito.‖
―Quem é Renata? O que ela faz?‖ Eu perguntei. Renesmee estava interessada também,
se inclinando de Carmen para que pudesse ver através de Kate.
―Renata é a guarda-costas pessoal de Aro.‖ Eleazor me disse. ―Um tipo bem prático de
escudo, e um bem forte.‖
Eu vagamente me lembrei de um pequeno grupo de vampiros pairando sobre Aro em
sua torre macabra, alguns homens, algumas mulheres. Eu não conseguia me lembrar dos
rostos das mulheres na desconfortável, aterrorizante memória. Uma deveria ser Renata.
―Eu me pergunto…‖ Eleazar refletiu. ―Veja bem, Renata é um escudo poderoso contra
um ataque físico. Se alguém se aproxima dela - ou de Aro, já que ela está sempre em
seu lado numa situação hostil - eles se encontram… desviando. Há uma força em volta
dela que repele, embora seja imperceptível. Você simplesmente se encontra indo a uma
direção diferente do que tinha planejado, com uma memória confusa do porquê você
queria ir nesse caminho em primeiro lugar. Ela consegue projetar o seu escudo a vários
metros dela mesma. Ela também protege Caius e Marcus, quando eles têm uma
necessidade mas Aro é sua prioridade.‖
―O que ela faz não é exatamente físico, de qualquer forma. Como a grande maioria de
nossos dons, tem lugar dentro da mente. Se ela tentou o conter, eu desejo saber o que
ganharia?‖
―Mãe, você é especial,‖ Renesmee me falou sem qualquer surpresa, como se estivesse
fazendo um comentário sobre a cor de minhas roupas.
Eu me sentia desorientada. Eu já não soube meu dom? Eu tenho meu super-alto-controle
que tinha me permitido saltar direito durante o ano recém-nascido horrorizante.
Vampiros só tiveram no máximo uma habilidade extra, direito?
Ou Edward tinha estado no princípio correto? Antes de Carlisle tivesse sugerido que
meu autocontrole pudesse ser algo além o natural, Edward tinha pensado que minha
restrição era um produto de boa preparação - foco e atitude que ele tinha declarado.
Quem estava certo? Havia algo mais que eu poderia fazer? Um nome e uma categoria
para o que era?
―Você pode projetar‖? Kate perguntou interessada.
―Projetar?‖Eu perguntei.
―Empurre fora de você,‖ Kate explicou. ―Proteja alguém além de você‖.
―Eu não sei. Eu nunca tentei. Eu não sabia que eu podia fazer isso‖.
―Oh, você pode não ser capaz,‖ Kate disse depressa. ―Céus sabem que eu tenho
trabalhado nisto durante séculos e o melhor eu posso fazer é dar choques elétricos em
quem toque minha pele.‖
Eu a encarei.
―Kate adquiriu uma habilidade ofensiva,‖ Edward disse. ―como Jane‖.
Eu fui automaticamente para longe de Kate, ela riu.
―Eu não sou sádica quanto a isto‖ Ela me assegurou. ―É apenas algo que se torna
acessível durante uma luta.‖
As palavras de Kate estavam entrando dentro de mim, começando a fazer conexões em
minha mente. Proteja alguém além de si mesma, ela tinha dito. Como se houvesse
alguma maneira para que eu incluísse uma outra pessoa em minha estranha, bizarra
cabeça silenciosa.
Eu me lembrei de Edward se contorcendo nas pedras antigas da torre do Castelo dos
Volturi. Embora esta fosse uma memória humana, era mais penetrante, mais dolorosa
que a maioria das outras memórias - Como se tivesse sido marcado a ferro nos tecidos
do meu cérebro.
Será que eu poderia evitar este acontecimento numa próxima vez? Será que eu poderia
protegê-lo? Proteger Renesmee? Será que havia um vislumbre, o mais fraco que fosse,
da possibilidade de que eu pudesse protegê-los também?
―Você tem que me ensinar o que fazer!‖ Eu insisti, agarrando o braço de Kate de modo
indiscreto. ―Você tem que me mostrar como!‖
Kate se soltou de meu aperto. ―Talvez se você parar de tentar esmagar o osso do meu
braço.‖
―Oops! Desculpa!‖
―Você está protegendo, tudo certo‖ Kate disse ―Este movimento deveria ter arrancado
seu braço. Você não sentiu nada agora?‖
―Isso não era realmente necessário, Kate. Não representou nenhum dano a ela.‖ Edward
murmurou sob sua respiração. Nenhum de nós prestou atenção nele.
―Não. Eu não senti nada. É você quem faz essa coisa da corrente elétrica?‖
―Era eu. Hmmm. Eu nunca encontrei ninguém que não pudesse sentir, imortal ou não.‖
―Você disse a projeção dele? Em sua pele?‖
Kate assentiu. ―Antes era só nas minhas palmas, meio que como o Aro.‖
―Ou Renesmee,‖ Edward acrescentou.
―Mas após muita prática, eu consigo radiar a corrente de todo o meu corpo. É uma boa
defesa. Qualquer um que tenta tocar-me, me larga como se eletrocutado. Só o
surpreende por segundos, mas é o suficiente.‖
Eu só estava meio que ouvindo Kate, meus pensamentos girando na idéia de que eu
podia proteger a minha família se eu pudesse aprender rápido o bastante. Eu desejava
fervorosamente ser boa nessa coisa de projetar tanto quanto nos outros aspectos de ser
vampira nos quais eu era misteriosamente muito boa. Minha vida humana não me
preparou para coisas que vinham ‗naturalmente‘ e eu não conseguia confiar em minhas
habilidades.
Eu nunca desejei nada tanto quanto isso: proteger os que eu amava.
Como eu estava muito preocupada, eu não percebi a conversa silenciosa rolando entre
Edward e Eleazar até que virou uma conversa propriamente dita.
―Você não consegue pensar em nenhuma exceção?‖ Edward perguntou.
Eu olhei e tentei entender o comentário e percebi que todo mundo já estava encarando
os dois homens. Eles se inclinavam em direção um ao outro intensamente, a expressão
de Edward cheia de suspeita a de Eleazar infeliz e relutante.
―Eu não quero penar neles dessa forma,‖ Eleazar disse entre dentes. Eu me surpreendi
pela mudança na atmosfera.
―Se você estiver certo…‖ Eleazar começou.
Edward o cortou. ‗O pensamento foi seu, não meu.
―Se eu estiver certo… eu não quero nem pensar no que isso significaria. Mudaria todo o
mundo que nos criamos. Mudaria o sentido da minha vida. Do que eu fiz parte.‖
―Suas intenções sempre foram as melhores, Eleazar.‖
―Isso importaria? O que eu fiz? Quantas vidas…‖
Tanya colocou as mãos nos ombros de Eleazar num gesto de conforto. ―O que nós
perdemos? Eu quero saber para poder discutir contra esses pensamentos. Você nunca
fez nada que mereça autopunição.‖
―Oh, não?‖ Eleazar rebateu. Então se libertou de suas mãos e voltou a andar em
círculos, mais rápido que antes.
Tanya o observou por alguns segundos e virou-se para Edward, ―Explique.‖
Edward assentiu, seus olhos tensos segundo Eleazar. ―Ele estava tentando entender por
que tantos Volturi estão vindo nos punir. Não é a forma como eles agem. Certamente,
nós somos o maior clã de vampiros adultos que eles já encararam, mas no passado
outros clãs se uniram para se proteger e nunca foram um desafio apesar dos números.
Nós somos mais unidos, pode ser um fator, mas não um fator forte.
―Ele foi lembrando outras vezes que clãs de bruxos foram punidos, por uma coisa ou
outra, e um padrão ocorreu a ele. Tratava-se de um padrão que o resto da guarda nunca
teria notado, desde que Eleazar foi a passagem a uma pertinente a inteligência privada
Aro. Um padrão que apenas repete todos os outros século, aproximadamente. ‖
―O que era esse padrão?‖ Carmen perguntou, assistindo Eleazar como Edward.
―Aro muitas vezes não comparece pessoalmente a uma expedição de punição‖, Edward
disse. ―Mas, no passado, quando Aro queria algo em particular, não existiam evidências
grandiosas, mas estas se transformaram em provas que este grupo ou congressos tinham
cometido algum crime imperdoável. Os anciãos decidiriam ir junto para assistir os
guardas realizarem a justiça. E então, depois de o grupo de bruxos foi destituído, Aro
iria conceder uma absolvição a um membro cujo pensamento, ele teria crédito, no
entanto ficou particularmente arrependido. Sempre, que nascesse um vampiro com o
dom admirado por Aro. Sempre, a essa pessoa era concedido um lugar com a guarda. O
vampiro foi ganhando mais talentosos rapidamente, sempre tão grato pela homenagem.
Não havia exceções em relação a isso.‖
―Deve ser emocionante a coisa de ser escolhido‖, Kate sugeriu.
―Ha!‖ Eleazar resmungou, ainda em movimento…
―Existe um entre os guardas,‖ Edward disse, explicando Eleazar com a reação irritada.
―O nome dela é Chelsea. Ela tem influência sobre o vínculo emocional entre as pessoas.
Ela tanto pode afrouxar esses laços em segurança. Ela poderia fazer alguém se sentir
ligado aos Volturi, a querer pertencer, a desejar isso. . . ―.
Eleazar interrompeu abruptamente. ―Estamos todos compreendendo que Chelsea era
importante por isso. Em um combate, se pudéssemos separar os leais dos aliados do clã,
temos muitos que poderiam derrotá-los mais facilmente. Se pudéssemos distanciar os
membros inocentes de um grupo dos culpados, a justiça poderia ser feita sem
brutalidade alguma, o culpado poderia ser punido sem interferência e os inocentes
poderiam ser poupados. Caso contrário era impossível manter os vampiros lutando
como um todo. Portanto Chelsea iria romper os laços de vínculos entre eles. Parecia
uma grande gentileza para mim, a evidência da misericórdia de Aro. Supondo que eu
ajudei Chelsea manti o nosso próprio grupo mais unido, mas que, também, foi uma
coisa boa. Ele nos fez mais eficaz. Ele nos ajudou a coexistir com mais facilidade.‖
Isso esclareceu minhas antigas memórias. Elas não tinham sentido para mim antes da
forma como os guardas obedeciam aos seus comandantes de bom grado, com quase
extrema devoção.
―Qual é o seu grande dom?‖ Tanya pediu uma fresta com a sua voz. O seu olhar
rapidamente tocou em cada um dos membros de sua família.
Eleazar deu ombros. ―Eu era capaz de sair com Carmen.‖ E então, ele balançou sua
cabeça. ―Mas nada é mais fraco do que a ligação entre os parceiros que estão em perigo.
Em um grupo normal, pelo menos. Esses títulos são mais fracos do que aqueles em
nossa família, no entanto. Abstenção de sangue humano nos torna mais civilizados e nos
permitem formar verdadeiros laços de amor. Duvido que ela possa ter tal fidelidade,
Tanya‖.
Tanya acenou com a cabeça, parecendo tranqüila, enquanto Eleazar continuou com a
sua análise.
―Eu só pude pensar que a razão de Aro ter decidido vir ele mesmo, é para trazer tantos
com ele, é porque seu objetivo não é castigo, mas aquisição‖, disse Eleazar. ―Ele tem
que estar lá para controlar a situação. Mas ele tem toda a grande guarda de proteção,
grupos dotados. Por outro lado, que deixa os outros primitivos desprotegidos em
Volterra. - Muito arriscado para alguém poder tentar tirar vantagem.‖
Então todos vieram juntos. De que outra forma ele se seguraria que os presentes que ele
quer estarão seguros? ―Ele os deve querer muito.‖ Eleazar concluiu.
A voz de Edward estava baixa como um suspiro. ―Pelo que eu vi na última primavera,
Aro nunca desejou nada como ele desejou a Alice.‖
Eu senti minha boca abrir de surpresa, lembrando-me das imagens-pesadelo que eu
havia viso em minha mente muito tempo atrás: Edward e Alice em capas pretas e olhos
vermelho sangue, suas faces frias e distantes, as mãos de Aro tocando-os. Será que
Alice viu isso? Será que ela viu Chelsea eliminando o nosso amor: cortando os elos que
nos uniam para uni-la a Aro, Caius e Marcus?
―É por isso que a Alice foi embora?‖ eu perguntei, minha voz falhando ao dizer seu
nome.
Edward colocou sua mão nas minhas bochechas ―Eu acho que deve ter sido por isso.
Para evitar que Aro consiga a coisa que ele mais quer. Para manter o poder dela longe
dele.‖
Eu ouvi Tanya e Kate murmurando em vozes perturbadas e lembrei que elas não sabiam
sobre a Alice.
―Ele quer você também.‖ Eu suspirei.
Edward se encolheu, sua expressão um pouco composta demais. ―Nem tanto assim. Eu
não posso dar a ele nada mais do que ele já tem. E, claro, isso dependeria dele encontrar
uma forma de me forçar a fazer as duas vontades. Ele me conhece, ele sabe que eu
dificilmente me dobraria a sua vontade.‖ Ele ergueu uma sobrancelha sarcasticamente.
Eleazar franziu a sobrancelha ao ver o descaso de Edward ―Ele também conhece a sua
fraqueza.‖ Eleazar o lembrou e olhou para mim.
―Não é nada que precisamos discutir agora,‖ Edward disse rapidamente.
Eleazar ignorou a dica e continuou, ―Ele provavelmente quer a sua parceira também.
Ele deve ter ficado intrigado por um talento que o desafiaria mesmo na forma humana.‖
Edward estava desconfortável com esse tópico de conversa. Eu também não gostava. Se
Aro quisesse que eu fizesse algo - qualquer coisa - tudo o que ele teria que fazer era
ameaçar Edward e eu faria. E vice versa.
A morte era nossa menos preocupação? Não seria a captura que devíamos ter medo?
Edward mudou de tópico. ―Eu acho que os Volturi estavam esperando por isso - algum
pretexto. Eles não podiam saber que o pretexto viria, mas o plano já estava formado
quando a desculpa chegou. É por isso que a Alice viu a decisão deles antes de Irina
acioná-los. A decisão já estava tomada só esperando para um desculpa para justificar.‖
―Se os Volturi estão abusando da confiança que todos os imortais depositam neles…‖
Carmem murmurou.
‗Importa? Eleazar perguntou. ―Quem acreditaria? E mesmo se outros forem
convencidos que os Volturi estão aumentando seus poderes, como isso faria diferença?
Ninguém pode ficar contra eles.‖
―Apesar de alguns serem aparentemente loucos o suficiente para tentarem.‖ Kate
resmungou.
Edward sacudiu a cabeça. ―Você só está aqui para testemunhar, Kate.‖ Qualquer que
seja o objetivo de Aro eu não acho que ele está pronto para manchar a reputação dos
Volturi por isso. Se nós repudiarmos seus argumentos ele será obrigado a nos deixar em
paz.
―Claro.‖ Tanya murmurou.
Ninguém pareceu se convencer. Por alguns longos minutos, ninguém disse nada.
Então eu ouvi o som de pneus saindo da estrada principal e entrando na trilha escura que
levava a casa dos Cullen.
―Ah, merda, Charlie,‖ eu resmunguei. ―Talvez os Denali pudessem sair pelas escadas
até -‖
―Não,‖ Edward disse numa voz distante. Os olhos dele estavam longe, encarando
inexpressivamente a porta. ―Não é o seu pai.‖ Seus olhos focaram-se em mim. ―Alice
mandou Peter e Charlotte, depois de tudo. É hora de nos prepararmos para o próximo
round.‖
32. Companhia
A enorme casa dos Cullen estava mais cheia com convidados do que qualquer um
assumiria possível ser confortável. Só funcionou porque nenhum dos visitantes dormia.
Embora a hora da refeição fosse complicada. Nossa companhia cooperou com o melhor
que pôde. Eles deram a Forks e a La Push uma folga, só caçando fora do estado;
Edward era um ótimo anfitrião, emprestando seus carros o quanto fosse necessário sem
ver nenhum problema nisso. O acordo me deixou muito desconfortável, tanto que eu
tentei dizer a mim mesma que todos eles estariam caçando em algum lugar no mundo,
sem se preocupar com nada.
Jacob estava ainda mais chateado. Os lobisomens existiam para prevenir a perda de vida
humana, e aqui estavam assassinos sendo perdoados por apenas estarem fora do
perímetro do bando.
Mas sobre essas circunstâncias, com Renesmee em perigo constante, ele manteve sua
boca fechada e olhou furiosamente para o chão ao invés de olhar para os vampiros.
Eu estava grata pela fácil aceitação dos visitantes vampiros por Jacob; os problemas que
Edward havia antecipado não haviam sido concretizados. Jacob parecia mais ou menos
invisível para ele, não era uma pessoa quieta, mas também não servia de comida. Eles o
trataram do jeito que pessoas que não são amantes de animais tratam os animais de
estimação de seus amigos.
Leah, Seth, Quil e Embry estavam designados a correr com Sam agora, e Jacob teria
felizmente se juntado a eles, exceto pelo fato de que ele não podia ficar longe de
Renesmee e ela estava ocupada fascinando a estranha coleção de amigos de Carlisle.
Nós havíamos repetido a cena de introdução de Renesmee ao Clã Denali meia dúzia de
vezes. Primeiro para Peter e Charlotte, os quais Alice e Jasper mandaram para nós sem
nenhuma explicação; como a maioria das pessoas que conhecia Alice, eles confiaram
em suas instruções apesar da falta de informação. Alice não contou nada a eles sobre
qual direção ela e Jasper estavam conduzindo. Ela não havia feito promessa nenhuma de
vê-los de novo no futuro.
Nem Peter nem Charlotte haviam visto uma criança imortal. Embora eles soubessem da
regra, a reação negativa deles não foi tão forte quanto a dos vampiros Denali havia sido
primeiro. A curiosidade havia permitido uma explicação de Renesmee. E era isso. Eles
agora estavam comprometidos a testemunhar como a família de Tanya.
Carlisle mandou amigos da Irlanda e do Egito.
O clã irlandês chegou primeiro, e eles foram surpreendentemente fáceis de se
convencer. Siobhan - uma mulher de grande presença cujo corpo era tanto bonito quanto
hipnótico quando se movia em suaves movimentos - era a líder, mas ela e seu rosto-demármore gêmea*, Liam, estavam muito acostumados a acreditar no julgamento dos
novos membros de seu clã. A pequena Maggie, com seus falsos cachos vermelhos, não
tinha a mesma imposição física que os outros dois, mas tinha o dom de saber quando
estavam mentindo para ela, e seus veredictos nunca eram contestados. Maggie declarou
que Edward falou a verdade, e então Siobhan e Liam aceitaram nossa história
completamente antes mesmo de tocar Renesmee.
Amun e os outros vampiros egípcios foram outra história. Mesmo depois de dois novos
membros de seu clã, Benjamin e Tia, estarem convencidos da explicação de Renesmee,
Amun se recusou a tocá-la e ordenou seu clã a ir embora. Benjamin - um vampiro
estranhamente animado que dificilmente era mais velho que um menino e parecia
absolutamente confiante e também descuidado ao mesmo tempo - persuadiu Amun a
ficar com uma sutil ameaça de se separar da aliança deles. Amun ficou, mas continuou
se recusando a tocar Renesmee, e não permitia sua parceira, Kebi, de tocá-la, tampouco.
Parecia um grupo improvável - embora os egípcios se parecessem tanto, com seu cabelo
meia-noite e sua palidez num tom de azeitona, que eles poderiam facilmente se passar
por uma família biológica. Amun era o membro mais velho e o líder verdadeiro. Kebi
nunca ficava mais afastada de Amun que a sombra dele, e eu nunca havia a escutado
dizer uma única palavra. Tia, parceira de Benjamin, era uma mulher quieta como Kebi,
embora quando falava, existia uma enorme percepção e gravidade para tudo que dizia.
Porém, era Benjamin a quem todos eles pareciam rodear, como se ele tivesse algum
magnetismo invisível que os outros dependiam para seu próprio equilíbrio. Eu vi
Eleazar encarando o garoto com grandes olhos e supondo que Benjamin tinha um
talento que atraia os outros para ele.
*alusão a alma-gêmea.
―Não é isso.‖ Edward me disse quando estávamos sozinhos naquela noite. ―Seu dom é
tão singular que Amun está aterrorizado de perdê-lo. Mais ou menos como nós
tínhamos planejado manter Renesmee fora do conhecimento de Aro.‖ Ele suspirou.
―Amun tem mantido Benjamin longe da atenção de Aro. Amun criou Benjamin,
sabendo que ele seria especial.‖
―O que ele pode fazer?‖
―Algo que Eleazar nunca tinha visto antes. Algo que eu nunca tinha ouvido falar. Algo
que até mesmo seu escudo não pode fazer nada contra.‖ Ele sorriu seu sorriso torto para
mim. ―Ele pode, na verdade, influenciar os elementos - terra, vento, água e fogo.
Verdadeira manipulação física, sem ilusão da mente. Benjamin ainda está
experimentando com isso, e Amun tenta moldá-lo como uma arma. Mas você vê como
o Benjamin é independente. Ele não será usado.‖
―Você gosta dele.‖ Eu suspeitei pelo tom de sua voz.
―Ele tem um senso muito claro do que é certo e errado. Eu gosto de sua atitude.‖
A atitude de Amun era outra coisa, e ele e Kebi mantiveram para eles mesmos, apesar
de Benjamin e Tia estarem em seu caminho para serem amigos rápidos dos Denali e dos
clãs irlandeses. Nós esperamos que o retorno de Carlisle amenizasse a tensão restante
com Amun.
Emmet e Rose enviaram pessoas - qualquer amigo nômade de Carlisle que eles
conseguissem rastrear.
Garret veio primeiro - um alto, magro, vampiro com ávidos olhos rubis e longos cabelos
cor de areia que ele mantinha amarrados atrás com uma tira de couro - e foi
imediatamente evidente que ele era um aventureiro. Eu imaginei que se nós
apresentássemos a ele qualquer desafio ele teria aceitado, apenas para testar a si mesmo.
Ele se encontrou rapidamente com as irmãs Denali, fazendo perguntas sem fim sobre o
seu estilo de vida incomum. Eu gostaria de saber se vegetarianismo seria outro desafio
que ele tentaria, só pra ver se ele era capaz.
Mary e Randall também vieram - já amigos, apesar de não terem viajado juntos. Eles
ouviram a história de Renesmee e ficaram para testemunhar como os outros. Como os
Denali, eles consideravam o que fariam se os Volturi não parassem para explicações.
Todos os três nômades se divertiram com a idéia de ficar conosco.
Naturalmente, Jacob ficava mais mau-humorado a cada nova adição. Ele mantinha
distância quando podia, e quando não conseguia, ele murmurava para Renesmee que
alguém teria que providenciar uma lista, caso esperassem que ele gravasse o nome de
todos os novos sugadores de sangue corretamente.
Carlisle e Esme retornaram uma semana depois que tinham ido, Emmet e Rosalie
apenas alguns dias depois, e todos nós nos sentimos melhor quando eles estavam em
casa. Carlisle trouxa para casa mais um amigo com ele, apesar de amigo ser o termo
errado. Alistair era um misantrópico vampiro inglês, que contava Carlisle como seu
conhecido mais próximo, apesar de que ele dificilmente suportaria visita mais do que
uma vez por século. Alistair preferia muito mais vagar sozinho, e Carlisle havia pedido
vários favores para trazê-lo aqui. Ele afastou qualquer companhia, e estava claro que ele
não tinha nenhum admirador nos clãs juntos.
A preocupação com o vampiro de cabelos negros pegou Carlisle na sua fala sobre a
origem de Renesmee, se recusando, como Amun,tocá-la. Edward disse Carlisle, Esme e
a mim que Alistair tinha medo de estar aqui, mas mais medo de não saber o resultado.
Ele foi aprofundando todas as suspeitas de autoridade, e, por isso, naturalmente suspeita
dos Volturi. O que estava acontecendo agora parecia confirmar a todos os seus medos.
―É claro, agora eu sei que eles estiveram aqui,‖ ouvimo-lo resmungar no sotão - seu
lugar preferido para ficar com mau humor.
―Não há nenhuma forma de manter Aro a partir deste momento. A séculos isso corre, é
o que isto significa. Ele falou para todos sobre Carlisle, ele quer que seja o ultimo de
sua lista. Eu não posso acreditar que me deixei ser sugado por esta bagunça. Que bela
maneira de tratar os amigos. ‖
Mas ele tinha razão em ter que correr atrás dos Volturi, pelo menos ele tinha mais
esperança de fazer isso do que o resto de nós. Alistair era um investigador, embora não
fosse preciso e eficiente como Demetri. Alistair sentiu um pouco de dificuldade para
puxar qualquer coisa que fosse e que ele estivesse procurando. Mas aquele puxão foi
suficiente para dizer-lhe que direção correr - a direção oposta de Demetri.
E depois, um outro par de amigos inesperados apareceu - inexperadamente, porque nem
Carlisle nem Rosalie tinham sido capaz de contatar aos Amazonas.
―Carlisle‖, o mais alto entre os dois amigos muito altos das mulheres o saudou quando
eles chegaram. Muito dele parecia como se estivesse sido esticado - braços e pernas
longas, longos dedos, uma longa trança preta, rosto longo, nariz longo.
Ele usava pele de animais que não escondiam nada, mas atribuiam-lhe montagens e a
calça apertada que era laçada em couro com laços dos lados. Não eram só suas roupas
excêntricas que o faziam parecer selvagem, mas tudo nele, seus agitados olhos e até os
seus súbitos movimentos precipitados. Eu nunca conheci nenhum vampiro menos
civilizado.
Mas Alice havia enviado ele, e isso era uma notícia interessante, para nossa surpresa.
Porque Alice estava na América do Sul? Só porque ela viu que mais ninguém seria
capaz de entrar em contato com os Amazonas?
―Zafrina e Senna! Mas onde está Kachiri?‖ Perguntou Carlisle ―Eu nunca vi vocês três
separados.‖
―Alice nos contou que deveríamos nos separar‖ Zafrina respondeu agitada, sua intensa
voz ligada com sua aparência selvagem. ―É inconfortável estar longe um do outro, mas
Alice nos afirmou que vocês precisavam de nós aqui, enquanto ela precisava muito de
Kachiri em algum outro lugar. Isso é tudo que ela nos disse, exceto que ela estava com
muita pressa…?‖ O rastro da declaração de Zafrina sumiu em um segundo, e - com um
tremor dos nervos que nunca foram longe do problema quando eu fiz isso - Eu trouxe
Renesmee para fora para conhecê-los.
Apesar da aparência feroz deles, eles ouviram com muita calma sua história, e depois
permitiram que Renesmee provasse isso. Eles eram tão inteiramente tomados de
Renesmee como qualquer outro vampiro, mas eu não pude ajudar preocupada como eu
assistia seus rápidos solavancos perto dela. Senna estava sempre perto de Zafrina, nunca
falando, mas isso não foi o mesmo de Amun e Kebi. O comportamento de Kebi parecia
obediente; Senna e Zafrina eram mais como dois braços de um só organismo - Zafrina
era apenas a porta-voz.
As novidades sobre Alice eram estranhamente confortantes. Claramente ela estava em
alguma missão obscura para evitar qualquer coisa que Aro havia planejado para ela.
Edward estava emocionado por ter os Amazonas conosco, pois Zafrina era muito
talentosa; seu dom poderia fazer uma arma muito perigosa. Não que Edward estivesse
pedindo a Zafrina para lutar ao nosso lado na batalha, mas se os Volturi não haviam
parado quando viram nossas testemunhas, talvez parassem de outro jeito.
―É uma ilusão muito franca,‖ Edward explicou quando aconteceu de eu não conseguir
ver nada, como usualmente. Zafrina estava intrigada e facinada por minha imunidade algo que ela nunca tinha encontrado antes - e ela pairou agitadamente (?) enquanto
Edward descrevia do que eu sentia falta. Seus olhos perderam o foco, a medida que ele
continuava. ―Ela consegue fazer a maioria das pessoas ver qualquer coisa que ela queira
- veja isso, e nada mais. Por exemplo, agora mesmo eu pareceria estar sozinho no meio
de uma floresta com chuva. É tão claro eu poderia possivelmente acreditar, exceto pelo
fato de que eu ainda posso te sentir em meus braços.
Os lábios de Zafrina se contraíram, em sua dura versão de um sorriso. Um segundo
depois, os olhos de Edward retomaram foco, e ele sorriu de volta.
―Impressionante,‖ ele disse.
Renesmee estava facinada com a conversa, e ela estendeu a mão corajosamente em
direção a Zafrina, querendo tocá-la.
―Posso ver?‖ ela perguntou.
―O que você gostaria de ver?‖ Zafrina perguntou.
―O que você mostrou para o papai.‖
Zafrina concordou, e eu assisti ansiosamente Renesmee olhar inexpressivamente para o
espaço. Um segundo depois, seu sorriso deslumbrante apareceu em seu rosto.
―Mais,‖ ela comandou.
Depois disso, era difícil manter Renesmee longe de Zafrina e suas imagens bonitas. Eu
me preocupei, pois eu estava bem certa de que ela era capaz de criar imagens que não
eram bonitas ao todo. Mas através do pensamento de Renesmee eu podia eu mesma ver
as visões de Zafrina - elas eram mais claras do que qual quer uma de suas memórias,
como se todas fossem reais - e assim eu julgava para mim mesma se eram adequadas ou
não.
Embora eu não fosse desistir dela fácil, eu tinha que admitir que era uma coisa boa
Zafrina estar mantendo Renesme entretida. Eu precisava de minhas mãos. Eu tinha tanto
para aprender, tanto física quanto psicologicamente, e o tempo era muito curto.
Minha primeira tentativa de aprender a lutar não tinha sido boa.
Edward me tinha presa em cerca de dois segundos. Mas em vez de me deixar lutar com
o caminho livre - o que eu absolutamente poderia ter feito - ele tinha se levantado e ido
para longe de mim em um pulo. Eu soube imediatamente que alguma coisa estava
errada; ele ainda estava como pedra, fitando através do ―campo‖ em que nós estávamos
praticando.
―Desculpe, Bella,‖ ele disse.
―Não, eu estou bem,‖ eu disse. ―Vamos tentar de novo.‖
―Eu não posso.‖
―Como assim não pode? Nós só começamos.‖
Ele não respondeu.
―Olha, eu sei que eu não sou boa nisso, mas eu não vou melhorar se você não me ajudar
com isso.‖
Ele não disse nada. Brincalhonamente, eu saltei nele. Ele não se defendeu, e nós dois
caímos no chão. Ele estava imóvel enquanto eu pressionava meus lábios em seu
pescoço.
―Eu venci,‖ eu anunciei.
Ele estreitou os olhos, mas não disse nada.
―Edward? O que está errado? Por que você não me ensina?‖
Um minuto inteiro se passou antes dele falar de novo.
―Eu só não posso… tolerar isso. Emmett e Rosalie sabem tanto quanto eu. Tanya e
Eleazar provavelmente saibam mais. Peça a algum outro.‖
―Isso não é justo! Você é bom nisso. Você ajudou Jasper antes - você lutou com ele e
todos os outros, também. Por que não eu? O que eu fiz errado?‖
Ele suspirou, zangado. Seus olhos estavam escuros, apenas algum dourado a lampejar o
negro.
―Olhando pra você dessa forma, analisando você como um alvo. Vendo todas as
maneiras pelas quais eu posso matar você…‖ Ele hesitou. ―Parece muito real para mim.
Nós não temos tanto tempo para que faça mesmo alguma diferença quem é seu
professor. Qualquer um pode ensinar a você o principal.‖
Eu fiz uma carranca.
Ele tocou meu emburrado lábio inferior e sorriu. ―Além do que, é desnecessário. Os
Volturi pararão. Eles estarão prontos para entender.‖
―Mas se eles não pararem! Eu preciso aprender isso.‖
―Encontre outro professor.‖
Essa não era nossa última conversa sobre o assunto, mas eu nunca o influenciei em
nada na sua decisão.
Emmett tinha muita força de vontade para ajudar, embora ele me ensinar me pareceu
muito uma revanche por todas as partidas de queda de braço perdidas. Se eu ainda
pudesse me machucar, eu estaria roxa da cabeça aos pés. Rose, Tanya, e Eleazar eram
pacientes e apoiadores. Suas lições me lembravam das instruções de luta de Jasper para
os outros no último mês de Junho, embora aquelas memórias fossem confusas e
indiferenciadas. Alguns dos visitantes acharam minha educação divertida, e alguns até
ofereceram assistência. O nômade Garrett teve algumas chances - ele era um professor
surpreendentemente bom; ele interagia tão facilmente com os outros em geral que eu
imaginei como ele nunca encontrou um grupo. Eu até lutei uma vez com Zafrina
enquanto Renesmee assistia dos braços de Jacob. Eu aprendi vários truques, mas eu
nunca pedi sua ajuda novamente. Na verdade, embora eu tenha gostado muito de
Zafrina e soubesse que ele nunca me machucaria de verdade, a mulher selvagem me fez
ter medo da morte.
Eu aprendi muitas coisas com meus professores, mas eu tinha a noção de que meu
conhecimento ainda era impossivelmente básico. Eu não tinha idéia de quantos
segundos eu perderia contra Alec e Jane. Eu apenas rezava para que fosse por tempo
suficiente para ajudar.
Todo o tempo do dia que eu não estava com Renesmee ou aprendendo a lutar, eu estava
no quintal trabalhando com Kate, tentando puxar meu escudo interno para fora de meu
próprio cérebro para proteger alguém mais. Edward me encorajou neste treinamento. Eu
sabia que ele esperava que eu encontrasse uma forma de contribuir já que me satisfazia
enquanto também me mantinha fora da linha de fogo.
Era extremamente difícil. Não havia nada a que se agarrar, nada sólido com que
trabalhar. Eu tinha apenas meu desejo latente de servir, de estar apta a manter Edward,
Renesmee, e quantos fossem possíveis de minha família salvos comigo. Várias vezes eu
tentei forçar o nebuloso escudo pra fora de mim, com apenas um mínimo, esporádico
sucesso. Eu estava lutando para estender um invisível elástico - um elástico que mudaria
da concreta tangibilidade para uma fumaça insubstancial em qualquer momento
aleatório.
Apenas Edward estava disposto a ser nossa cobaia - a receber choque após choque de
Kate enquanto eu lutava incompetentemente com o fundo da minha mente. Nós
trabalhamos horas por vez, eu deveria estar coberta de suor pelo empenho, , mas claro
que meu corpo perfeito não denunciou nada. Meu cansaço era todo mental.
Matava-me o fato de que era Edward quem tinha de sofrer, meus braços sem utilidade
em volta dele enquanto ele recuava mais e mais dos ―leves‖ ataques de Kate. Eu tentei o
máximo que pude estender meu escudo sobre nós dois; de vez em quando eu conseguia,
e então esse escorregava de novo.
Eu odiava esse treino, e eu desejei que Zafrina pudesse ajudar ao invés de Kate. Então
tudo que Edward teria de fazer seria olhar para as ilusões de Zafrina até que eu pudesse
impedi-lo de vê-las. Mas Kate insistia que eu precisava de uma motivação melhor - que
por acaso ela quis dizer meu ódio de ver a dor de Edward. Eu estava começando a
duvidar da sua declaração do primeiro dia que nos encontramos - de que ela não era
sádica por usar seu dom. Para mim ela parecia estar se entretendo.
―Hey,‖ Edward disse alegremente, tentando esconder qualquer evidência de sofrimento
em sua voz. Qualquer coisa para me manter longe dos treinos de luta. ―Essa quase doeu.
Bom trabalho, Bella.‖
Eu respirei fundo, tentando entender exatamente o que eu havia feito certo. Eu testei a
tira elástica, esforçando-me a forçá-lo ficar sólido enquanto eu esticava-o para longe de
mim.
―De novo, Kate,‖ eu rosnei entre meus dentes trincados.
Kate pressionou sua mão no ombro de Edward.
Ele suspirou com alívio. ―Nada dessa vez.‖
Ela levantou uma sobrancelha. ―Mas não foi ruim, tampouco.‖
―Bom,‖ eu bufei de raiva.
―Se prepare,‖ ela me disse, e alcançou Edward novamente.
Dessa vez ele tremeu, e uma leve respiração passou por entre seus dentes.
―Desculpa! Desculpa! Desculpa!‖ Eu entoei, mordendo meu lábio. Por que eu não
conseguia fazer isso certo?
―Você está fazendo um ótimo trabalho, Bella‖. Edward disse, me puxando firmemente
contra ele. ―Você realmente só está fazendo isso há poucos dias e já está se sobressaindo
esporadicamente. Kate, diga a ela o quanto ela está indo bem‖.
Kate franziu os lábios. ―Eu não sei. Ela obviamente tem uma tremenda habilidade e
estamos apenas começando para mexer nisso. Ela consegue fazer melhor, tenho certeza.
Ela apenas precisa de incentivo‖.
Eu a encarei com incredulidade, meus lábios automaticamente levantando sobre os
meus dentes. Como ela pode pensar que eu careço de incentivo com ela vendo Edward
bem aqui na minha frente?
Eu escutei murmúrios da platéia que havia crescido conforme eu praticava - apenas
Eleazar, Carmem e Tanya no começo, mas então Garrett apareceu, e depois Benjamin e
Tia, Siobhan e Maggie e agora até mesmo Alistair me fitavam através de uma janela. Os
expectadores concordavam com Edward; achavam que eu estava indo muito bem.
―Kate.. ,‖ Edward disse com a voz cautelosa como se um novo curso de ação tivesse
ocorrido a ela, mas Kate já estava em movimento. Ela correu pela curva do rio onde
Zafrina, Senna e Renesmee estavam caminhando lentamente, as mãos de Renesmee
sobre a de Zafrina como se elas trocassem imagens. Jacob as seguia poucos passos atrás.
―Nessie,‖ Kate disse, - os recém-chegados já haviam escolhido usar o apelido irritante,
―Você gostaria de vir ajudar a sua mãe?‖
―Não‖. Eu grunhi.
Edward me abraçou ressegurando. Sai do abraço dele quando Renesmee ia pelo jardim
até mim, com Kate, Zafrina e Senna logo atrás dela.
―Certamente não, Kate,‖ eu assobiei.
Renesmee me alcançou, e eu abri os meus braços automaticamente. Ela pulou em mim,
pressionando a sua cabeça no meu ombro.
―Mas mamãe, eu quero ajudar,‖ ela disse em uma voz determinada. A sua mão
descansava no meu pescoço, reforçando o seu desejo de nós duas juntas, um time.
―Não‖, eu disse, rapidamente andando para trás. Kate tinha dado um passo deliberado
na minha direção, sua mão esticada em nossa direção.
―Fique longe da gente, Kate,‖ eu a avise.
―Não.‖ Ela começou a andar para frente. Sorria como um caçador encurralando a sua
presa.
Eu troquei Renesmee para que ela ficasse nas minhas costas, ainda andando para trás
num passo igual ao de Kate. Agora que as minhas mãos estavam livres, e se Kate
gostaria que as suas mãos continuassem nos pulsos, era melhor ela manter distancia.
Kate provavelmente não entendeu, nunca sabendo por ela mesma a paixão que uma mãe
tinha pela sua criança. Ela deveria não ter entendido o quão longe já tinha ido. Eu estava
tão furiosa que minha visão ficou num estranho tom vermelho, e minha língua tinha o
gosto de metal que queimava. A força que eu normalmente gostaria de manter guardada
agora seguia para os meus músculos, e eu sabia que eu poderia esmagá-la se ela me
forçasse para isso.
A raiva afiou e trouxe todo aspecto do meu ser. Eu poderia até sentir a elasticidade do
meu escudo mais exatamente agora - sentir que não me atava como uma camada, um
pequeno filme que me cobria da cabeça até o pé. Com a raiva rasgando pelo meu corpo,
eu tinha melhor senso dela, uma forma maior de agarrar a ela. Eu a expandi entre mim,
fora de mim, rendendo Renesmee completamente dentro dela, só em caso que Kate
passasse pela minha guarda.
Kate deu outro passo calculado para frente e um rangido subiu pela minha garganta e
pelos meus dentes apertados.
―Tenha cuidado, Kate,‖ Edward a avisou.
Kate deu um novo passou, e então fez um erro que alguém tão inexperiente como eu
pude reconhecer. Apenas a uma pequena distancia de mim, ela olhou para fora, virando
a sua atenção de mim para Edward.
―Você pode ouvir alguma coisa de Nessie?‖ Kate perguntou a ele, sua voz calma e
tranqüila.
Edward foi para o espaço entre nós, bloqueando minha linha para Kate.
―Não, nada mesmo,‖ ele respondeu. ―Agora dê a Bella um espaço para acalmar, Kate.
Você não deveria irritá-la assim. Eu sei que ela não parece a idade que tem, mas ela só
tem alguns meses de idade.‖
―Nós não temos tempo para gentilezas, Edward. Nós temos que forçá-la. Só temos
algumas semanas e ela tem potencial para -‖
―Afaste-se por um minuto, Kate.‖
Kate olhou com desdém, mas prestou mais atenção ao aviso de Edward que ao meu.
A mão de Renesmee estava no meu pescoço; ela estava lembrando o ataque de Kate,
mostrando que nenhum mal tinha sido feito, que o Papai estava nisso…
Isto não me pacificou. O espectro de luz que eu vi ainda parecia manchado de vermelho.
Mas com melhor controle de mim mesma, e eu pude ver a sabedoria nas palavras de
Kate. A raiva tinha me ajudado. Eu iria aprender mais rápido sob pressão.
Aquilo não significava que eu gostava.
―Kate,‖ eu disse. Deixei a minha mão nas costas de Edward. Eu ainda podia sentir o
meu escuto como algo flexível em Renesmee e mim. Eu empurrei mais longe, forçando
até chegar a Edward. Não tinha nenhum sinal de falha no tecido que esticava nenhum
perigo de falha. Eu estava ofegante com o esforço, e as minhas palavras saíram mais
sem fôlego que furiosas. ―De novo,‖ eu disse para Kate. ―Só Edward.‖
Ela rolou os seus olhos, mas andou para frente e pressionou as suas mãos nos ombros de
Edward.
―Nada,‖ Edward disse. Eu escutei o sorrido na sua voz.
―E agora?‖ Kate perguntou.
―Ainda nada.‖
―E agora?‖ Desta vez, tinha o som de força na sua voz.
―Nada mesmo.‖
Kate rosnou e deu um passo para trás.
―Você pode ver isso?‖ Zafrina perguntou na sua voz profunda, selvagem, nos
encarando. O seu inglês tinha sotaque, a sua voz fugia para lugares inesperados.
―Eu não vejo nada que não deveria,‖ Edward disse.
―E você Renesmee?‖ Zafrina perguntou.
Renesmee sorriu para Zafrina e balançou a sua cabeça.
A minha fúria tinha quase desaparecido completamente e eu bati os meus dentes,
respirando o mais rápido possível enquanto voltava com o elástico; parecia que ficava
mais pesado quanto tempo mais eu segurava. Eu puxei de volta, arrastando para dentro.
―Ninguém entre em pânico,‖ Zafrina avisou o pequeno grupo que me assistia. ―Eu quero
ver o quão longe ela pode ir‖.
Houve uma arfada de todos ali - Eleazar, Carmen, Tanya, Garrett, Benjamin, Tia,
Siobhan, Maggie - todos menos Senna, que parecia preparado para tudo que Zafrina ia
fazer. Os olhos dos outros estavam brando, suas expressões ansiosas.
―Levantem a sua mão quando a sua visão voltar,‖ Zafrina instruiu. ―Agora, Bella. Veja
quantos você pode colocar no escudo.‖
Minha respiração saiu vulnerável. Kate era a pessoa mais próxima de mim além de
Edward e Renesmee, mas até ela estava a quase dez passos de distância. Eu travei
minha mandíbula e pressionei, tentado levar a resistente proteção mais longe de mim.
Polegada por polegada eu a dirigi até Kate, lutando contra a reação que lutava de volta
cada fração que eu ganhava. Eu apenas olhava a expressão ansiosa de Kate enquanto
trabalhava e suspirei aliviada quando os seus olhos piscavam e entravam em foco. Ela
levantou as suas mãos.
―Fascinante!‖ Edward murmurou sob a sua respiração. ―É como um espelho de um lado.
Eu posso ver tudo que todos estão pensando, mas eles não podem me alcançar. E eu
posso ouvir Renesmee, apesar de não poder quando estava fora. Eu posso apostar que
Kate pode me dar um choque agora, porque ela está sob a sombrinha. Eu ainda não
posso te escutar… hm. Como isso funciona? Eu me pergunto se…‖
Ele continuou a resmungar para si mesmo, mas eu não pude escutar as palavras. Eu
apertei os meus dentes, me esforçando para forçar o escuto para Garett, que estava mais
perto de Kate. A sua mão levantou.
―Muito bem‖ Zafrina me cumprimentou. ―Agora — ‖
Mas ela disse muito rápido; com uma arfada, eu senti o escudo recolher como uma
borracha que se esticava muito, voltando para a sua forma original. Renesmee,
experimentando pela primeira vez a cegueira que Zafrina havia conjurado para os
outros, estremecendo contra as minhas costas. Exaustivamente, eu resisti contra o puxão
elástico, forçando o escudo a protegê-la de novo.
―Posso ter um minuto‖ Eu ofeguei. Desde que eu me tornei vampira, eu não senti a
necessidade de descansar nem uma vez antes desse momento. Era desanimador se sentir
drenada e ainda tão forte ao mesmo tempo.
―Claro.‖ Zafrina disse, e os espectadores relaxaram quando ela os deixou enxergar de
novo.
―Kate,‖ Garret chamou enquanto os outros murmuravam e se deixavam ser levados
levemente para longe, perturbados pelo momento de cegueira; vampiros não estavam
acostumados a se sentir tão vulneráveis. O alto de cabelos cor de areia, Garret, era o
único imortal sem talento que parecia atraído para as minhas seções de prática. Eu me
perguntei o que a atração era para o aventureiro.
―Eu não, Garret.‖ Edward advertiu.
Garret continuou em direção a Kate. Apesar do aviso, seus lábios franzidos em
especulação. ―Eles disseram que você pode derrubar um vampiro facilmente?‖
―Sim.‖ Ela concordou. Então, com um sorriso malicioso, ela meneou seus dedos
divertidamente para ele. ―Curioso?‖
Garret encolheu os ombros. ―Isso é algo. Nunca tinha visto. Parece ser um pouco
exagerado…‖
―Talvez.‖ Kate disse. Sua face séria de repente. ―Talvez isso só funcione nos fracos ou
jovens. Não estou certa. Você parece forte, no entanto. Talvez você pudesse se opor ao
meu dom.‖ Ela esticou sua mão para ele, palma para cima - um claro convite. Seus
lábios se contraíram, e eu estava certa de que sua expressão grave era uma tentativa de
convencê-lo.
Garret sorriu ironicamente pelo desafio. Confiantemente, ele tocou a palma dela com
seu dedo indicador.
E então, com um ofego alto, os joelhos dele dobraram e ele tombou de costas. Sua
cabeça acertou um pedaço de granito com um som de estalo violento. Foi chocante
assistir. Meus instintos recuaram por ver um imortal incapacitado daquele jeito; isso era
profundamente errado.
―Eu te disse.‖ Edward murmurou.
As pálpebras de Garret tremeram por alguns segundos, e então seus olhos se abriram
largamente. Ele olhou para o sorriso malicioso de Kate, e um sorriso admirado clareou
seu rosto.
―Wow.‖ Ele disse.
―Você curtiu isso?‖ Ela perguntou ceticamente.
―Eu não sou louco,‖ Ele riu, balançando sua cabeça enquanto se colocava de joelhos.
―mas isso, com certeza, foi alguma coisa.‖
―É o que eu ouço.‖
Edward revirou seus olhos.
E então havia um pequeno tumulto no jardim da frente. Eu ouvi Carlisle falando acima
do murmúrio de vozes surpresas.
―A Alice te mandou?‖ Ele perguntou a alguém, sua voz insegura, levemente perturbada.
Outro convidado inesperado?
Edward se arremessou por dentro da casa e a maioria dos outros o seguiram. Eu segui
mais calmamente, Renesmee ainda em minhas costas. Eu daria um momento a Carlisle.
Deixá-lo preparar nosso novo convidado, preparando ele ou ela ou eles para a idéia do
que estava por vir.
Eu puxei Renesmee para os meus braços enquanto eu andava cuidadosamente ao redor
da casa para entrar através da porta da cozinha, ouvindo o que eu não podia ver.
―Ninguém nos mandou.‖ Uma sussurrante voz profunda respondeu a pergunta de
Carlisle. Eu imediatamente me lembrei das antigas vozes de Aro e Caius, e eu congelei
dentro da cozinha.
Eu sabia que a sala estava lotada - quase todos haviam ido ver os novos visitantes - mas
mal havia barulho. Respiração superficial, isso era tudo.
A voz de Carlisle era desconfiada quando ele respondia ―Bem, o que traz vocês aqui
agora?‖
―As notícias voam‖, uma voz diferente respondeu, tão emplumada quanto a primeira.
―Nós ouvimos boatos que os Volturi estavam se movendo contra vocês. Houve boatos
que vocês não estariam sozinhos. Obviamente, os boatos são verdadeiros. Essa é uma
reunião impressionante‖.
―Nós não estamos desafiando os Volturi‖, Carlisle respondeu em um tom forçado.
―Houve um mal-entendido, é só Um sério mal-entendido, pra ser preciso, mas nós
esperamos esclarecê-lo. O que vocês vêem são testemunhas. Nós só precisamos que os
Volturi escutem. Nós não…‖
―Nós não ligamos para o que eles dizem que vocês fizeram,‖ a primeira voz
interrompeu. ―E nós não ligamos se vocês quebraram as regras.‖
―Não importa o quão extraordinário‖, o segundo incluiu.
―Nós estivemos esperando durante um milênio e meio para a escória italiana ser
desafiada‖, disse o primeiro. ―Se houver ao menos uma chance deles falharem, nós
estaremos lá para ver.‖
―Ou até mesmo para ajudar a derrotá-los,‖ o segundo addicionou. Eles falaram
uniformes, um atrás do outro, suas vozes tão similares que os ouvidos menos sensíveis
assumiriam que era somente um falando. ―Se nós acharmos que vocês têm a chance do
sucesso.‖
―Bella?‖ Edward chamou-se numa voz dura. ―Traga Renesmee aqui, por favor. Talvez
nós devêssemos testar nossos visitantes romanos pretensiosos‖
Ajudaria saber que provavelmente, metade dos vampiros na outra sala viria defender
Renesmee se os romanos se chateassem com ela. Eu não gostava do som das suas vozes,
ou da ameaça em suas palavras. No tempo em que eu andava para a sala, pude ver que
eu não estava sozinha na avaliação. A maioria da falta de movimento vampiresca
brilhante com olhos hostis, e poucos - Carmen, Tanya, Zafrina, e Senna reposicionados com sutileza e defensivas poses entre os visitantes e Renesmee.
Os vampiros na porta eram todos franzinos e baixos, um de cabelo escuro e outro tão
louro acinzentado que mais parecia cinza desbotado. Eles tinham a mesma aparência
quebradiça na pele que os Volturi, sem bem que eu pensei que não era tão nítido. Eu
não consegui ter certeza sobre isso, já que eu jamais vi os Volturi exceto com olhos
humanos;
Eu não conseguia fazer uma comparação perfeita. Seus estreitos olhos afiados eram
escuros como vinhos, sem nenhum sinal de opacidade. Eles vestiam roupas pretas muito
simples que poderiam passar por modernas mas alusivas a designers antigos.
O escuro sorriu largamente quando eu fiquei à vista. ―Ora, ora, Carlisle. Você tem sido
travesso, não é?‖
―Ela não é o que você pensa, Stefan‖
―E nós ainda não ligamos‖, o loiro respondeu. ―Como falamos antes‖
―Então você está convidado a observar, Vladimir, mas isso definitivamente não é nosso
plano para desafiar os Volturi, como nós falamos antes.‖
―Então, nós simplesmente cruzaremos nossos dedos,‖ Stefan começou.
―E esperamos ter sorte,‖ terminou Vladimir.
No final, nós juntamos dezessete testemunhas - os irlandeses, Siobhan, Liam e Maggie;
Os Egipcios, Amun, Kebi, Benjamin e Ria; as Amazonas, Zafrina e Senna; os romanos,
Vladimir e Stefan; e os nômades, Charlotte e Petter, Garrett, Alistair, Mary e Randall para suplementar nossa família de onze. Tanya, Kate, Eleazar e Carmen insistiam em
ser contados como parte da nossa família.
Com exceção dos Volturi, essa era provavelmente a maior reunião amigável de
vampiros adultos na história imortal.
Todos nós estávamos começando a ser um pouco esperançosos. Mesmo que eu não
pudesse ajudar. Renesmee havia convencido a tantos em tão pouco tempo. Os Volturi só
tinham que escutar por apenas parte de segundo…
Os dois últimos sobreviventes romanos - concentrados apenas em seus amargos
ressentimentos sobre aqueles que causaram a queda de seu império mil e quinhentos
anos atrás - pegaram tudo. Eles não tocariam Renesmee, mas não mostravam nenhuma
aversão a ela. Eles me observaram praticar meu escudo com Zefrina e Kate, observaram
Edward responder perguntas não ditas, observaram Benjamin puxar gêiseres do rio ou
poderosas rajadas de vento do ar apenas com sua mente, e seus olhos brilhavam com
sua forte esperança de que os Volturi finalmente tivessem encontrado seus adversários.
Nós não esperávamos pelas mesmas coisas, mas todos nós tínhamos esperança.
33. Falsificação
―Charlie, nós ainda estamos naquela situação de só-saber-o-necessário aqui. Eu sei que
já faz mais de uma semana desde que você viu Renesmee, mas uma visita agora não é
uma boa idéia. Que tal eu levar Renesmee para te ver?‖
Charlie ficou quieto por tanto tempo que questionei se ele teria percebido a tensão por
trás da minha máscara de tranqüilidade.
Mas ele murmurou ―Só o necessário, ugh,‖ e percebi que era apenas sua apreensão com
o sobrenatural que o faz demorar na resposta.
―Tudo bem, menina,‖ disse Charlie. ―Você pode trazê-la aqui de manhã? Sue vai me
trazer o almoço. Ela se assusta com meus dotes culinários tanto quanto você quando
chegou aqui pela primeira vez.‖
Charlie riu e suspirou pelos velhos tempos.
―De manhã vai ser perfeito.‖ Quanto mais cedo melhor. Eu já havia adiado as coisas por
muito tempo.
―Jake vem com vocês?‖
Apesar de Charlie não saber nada sobre a impressão dos lobisomens, ninguém podia
negar o apego entre Jacob e Renesmee.
―Provavelmente.‖ Não havia a menor chance de Jacob voluntariamente perder uma
tarde com Renesmee sem sugadores de sangue por perto.
―Talvez eu devesse convidar Billy também,‖ Charlie considerou. ―Mas… hmm. Talvez
uma outra hora.‖
Eu estava apenas parcialmente prestando atenção em Charlie - o suficiente para notar a
estranha relutância em sua voz quando mencionou o nome de Billy, mas não o
suficiente para me preocupar com o que aquilo significava. Charlie e Billy era dois
adultos; se havia alguma coisa acontecendo com eles, saberiam resolver sozinhos. Eu
tinha muitas coisas mais importantes para me preocupar.
―Te vejo logo.‖ Eu disse a ele, e desliguei.
Essa viagem significava mais do que proteger meu pai de vinte e sete estranhos
vampiros - sendo que todos haviam jurado não matar ninguém num raio de trezentas
milhas, mas mesmo assim… obviamente, nenhum humano deveria chegar perto desse
grupo. Essa foi a desculpa que dei a Edward: eu levaria Renesmee para ver Charlie para
que ele não decidisse vir para cá. Era um bom motivo para deixar a casa, mas nem de
longe minha motivação única.
―Por que não podemos usar sua Ferrari?‖ Jacob reclamou quando me encontrou na
garagem. Eu já estava dentro do Volvo com Renesmee.
Edward havia me mostrado o meu ―carro do depois‖; como ele havia suspeitado, eu não
fui capaz de demonstrar o devido entusiasmo. Claro, era bonito e veloz, mas eu gostava
de correr a pé.
―Fica muito em evidência,‖ respondi. ―Poderíamos ir a pé, mas isso assustaria Charlie.‖
Jacob murmurou descontente, mas tomou seu lugar no banco da frente. Renesmee pulou
do meu colo para o dele.
―Como você está?‖ perguntei a ele assim que saímos da garagem.
―Como você acha?‖ Jacob respondeu azedo. ―Estou cheio de todos esses sugadores de
sangue fedidos.‖ Ele viu minha expressão e falou antes que eu pudesse responder. ―Ta,
eu sei, eu sei. Eles são os mocinhos, estão aqui para ajudar, vão salvar a todos. Etc, etc.
Diga o que quiser, ainda acho que Drácula I e Drácula II são muito esquisitos.‖
Renesmee balançou a cabeça mas não disse nada; diferentemente de nós, ela achou os
Romenos estranhamente fascinantes. Ela fazia o esforço de falar com eles em voz alta já
que eles não permitiam que ela os tocasse. Sua pergunta havia sido sobre a pele
incomum deles e, apesar do meu medo de que eles se ofendessem, estava feliz que ela
tenha perguntado. Eu estava curiosa também.
Eles não pareciam irritados com o interesse dela. Talvez um pouco magoados.
―Nós ficamos parados por muito tempo, criança,‖ Vladimir respondeu, com Stefan
concordando com a cabeça mas não continuando as frases de Vladimir como costumava
fazer. ―Contemplando nossa própria divindade. Era um sinal de nosso poder que tudo
viesse até nós. Presas, diplomatas, quem procurava nossos favores. Nós nos sentávamos
em nossos tronos e pensávamos em nós mesmos como deuses. Não percebemos por um
longo tempo que estávamos mudando - quase petrificando. Suponho que os Volturi nos
fizeram um favor quando queimaram nossos castelos. Stefan e eu, pelo menos, não
continuamos a nos petrificar. Agora os olhos dos Volturi estão cheios de poeira nojenta,
mas os nossos estão claros. Imagino que isso nos dê uma vantagem quando nós
arrancarmos seus olhos.‖
Tentei manter Renesmee longe deles depois disso.
―Quanto tempo temos para ficar com Charlie?‖ Jacob perguntou, interrompendo meus
pensamentos. Ele estava visivelmente mais relaxado conforme nos afastávamos da casa
e seus novos habitantes. Me fazia feliz saber que eu não contava como vampiro para ele.
Eu ainda era apenas Bella.
―Um bom tempo, na verdade.‖
O tom da minha voz chamou sua atenção.
―Está acontecendo alguma coisa aqui além de irmos visitar seu pai?‖
―Jake, sabe como você é muito bom em controlar seus pensamentos perto de Edward?‖
Ele elevou uma sobrancelha grossa. ―E?‖
Eu apenas acenei com a cabeça, olhando para Renesmee. Ela estava olhando pra fora da
janela, e eu não podia dizer o quão interessada ela estava em nossa conversa, mas decidi
não arriscar a continuar.
Jacob esperou que eu dissesse mais alguma coisa, e então seu lábio inferior se abriu um
pouco enquanto ele pensava sobre o que eu havia dito.
Enquanto dirigíamos em silêncio, remexi meus olhos por trás das irritantes lentes de
contato na chuva fria; ainda não estava frio o suficiente para nevar. Meus olhos não
estavam mais tão fantasmagóricos como no começo - definitivamente mais perto de um
vermelho alaranjado claro do que vermelho brilhante. Logo estariam âmbar o suficiente
para que eu pudesse me livrar das lentes. Eu esperava que a mudança não deixasse
Charlie muito irritado.
Jacob ainda estava digerindo nossa conversa omissa quando nos chegamos à casa de
Charlie. Nós não falamos enquanto andávamos na rapidez de passos humanos através da
chuva. Meu pai esperava por nós; ele tinha a porta aberta antes que eu pudesse bater.
―Hey gente! Parece que se passaram anos! Olhe para você Nessie, Venha pro vovô! Eu
juro que você cresceu uns cinco centímetros. E você parece magra, Ness‖ Ele me olhou
irritado ―Eles não a estão alimentando por lá?!‖
―É só o crescimento súbito‖ eu murmurei ―Hey Sue‖ eu chamei através de seus ombros.
O cheiro de frango, tomate, alho, e queijo emanavam da cozinha, provavelmente
cheiravam bem pra qualquer um. Eu pude também sentir o cheiro fresco de madeira e
embalagens cheias de pó.
Renesmee ―momento dela covinhas‖. Ela nunca falou na frente do Charlie.
―Bem, venham e saiam do frio, meninos. Onde está meu genro?‖
―Entretendo amigos‖, Jacob falou, e então bufou ―Nós temos tanta sorte de você estar
fora da espiral, Charlie. É tudo o que irei dizer‖
Eu soquei Jacob levemente no rim enquanto Charlie se encolhia.
―Ow‖, Jacob raclamou por entre sua respiração; bem, eu achava que havia socado
levemente.
―Na verdade, Charlie, eu tenho algumas missões.‖
Jacob atirou um olhar para mim, mas não falou nada.
―Atrás dos seus presentes de Natal, Bells? Você só tem poucos dias, você sabe.‖
―Sim, presentes de Natal‖ Eu disse nada convincente. Isso explicava as embalagens
empoeiradas. Charlie deve ter colocado a antiga decoração.
―Não se preocupe Nessie‖ ele sussurrou em seu ouvido ―Eu te protejo se sua mãe deixar
a bola cair‖
Eu rolei meus olhos até ele, mais na verdade, eu não tinha pensado a respeito do feriado
absolutamente
―A comida está na mesa‖ Sue chamou da cozinha ―vamos gente‖
―Vejo você depois, pai‖ Eu disse, e troquei um rápido olhar com Jacob. Mesmo que ele
não pudesse evitar de pensar nisso perto de Edward, pelo menos não haveria muito que
ele pudesse compartilhar. Ele não tinha a menor idéia do que eu planejava.
Claro, Eu pensei comigo mesma, quando eu cheguei dentro do carro, que não era como
se eu tivesse idéia também.
As estradas estavam escorregadias e escuras, mas dirigir não me intimidava mais. Meus
reflexos estavam ótimos para o trabalho, e eu mal prestei atenção na estrada. O
problema era manter minha velocidade de atenções atraentes quando tivesse
companhia. Eu queria ter feito a missão de hoje, ter o mistério revelado para que eu
pudesse voltar para a vital tarefa de aprender. Aprender a proteger alguns, Aprender a
matar outros.
Eu estava ficando cada vez melhor com minhas habilidades. Kate não sentia a
necessidade de me motivas mais - não era difícil de achar razões para me sentir raivosa,
agora que eu sabia que era a chave - e então, eu trabalhava mais com Zafrina. Ela
estava satisfeita com a minha extensão; eu era capaz de cobrir quase dez pés de área por
mais de um minuto, concentração me deixava exausta. Essa manhã, ela estava tentando
descobrir se eu conseguiria colocar o escudo longe da minha mente totalmente. Eu não
vi a utilidade que aquilo poderia ter, mas Zafrina pensou que isso ajudaria a me
fortalecer, como exercitar músculos na barriga e das costas preferencialmente do que
apenas os dos braços. Evidentemente, você pode levantar um peso maior se todos os
seus músculos são mais fortes.
Eu não era muito boa nisso. Eu tive apenas um relance do rio da selva que ela tentava
me mostrar.
Mais havia formas diferentes de se preparar para o que estava prestes a acontecer, e
faltando apenas duas semanas, eu estava preocupada de ter deixado escapar o mais
importante. Talvez hoje eu pudesse corrigir esse descuido.
Eu havia memorizado o mapa certo. Eu não tinha o menor problema de encontrar o
caminho do endereço inexistente, para J. Jenks. Meu próximo passo era para Jason
Jenks, no outro endereço, aquele que Alice não tinha me dado.
Dizer que aquele bairro não era agradável era um jeito de amenizar as coisas. O carro
mais insignificante dos Cullens ainda parecia um ultraje naquela rua. Meu antigo Chevy
pareceria saudável ali. Na minha época humana, eu teria travado as portas e acelerado o
máximo que podia naquele lugar. Agora, eu achava fascinante. Eu tentei imaginar Alice
naquele lugar e por algum motivo, falhei.
Os prédios - todas as três lojas, todas estreitas, todas levemente inclinadas como se
tivessem se curvado contra a chuva torrencial - eram basicamente velhas casas divididas
em múltiplos apartamentos. Era difícil de adivinhar qual seria a cor da pintura
descascada. Tudo era desbotado para o cinza. Todas possuíam um pequeno negócio na
porta da frente. Um bar sujo com a porta pintada de preto; uma loja de artigos esotéricos
com mãos de neon e cartas de tarô brilhando espasmodicamente; um clube de tatuagem;
uma creche com janelas quebradas, presas por fita adesiva. Não havia iluminação em
nenhum lugar. Eu concluí que já era horrível suficiente do lado de fora, para que os
humanos precisassem de alguma iluminação. Eu podia ouvir o balbuciar das vozes a
distância, igual a televisão.
Havia poucas pessoas na redondeza. Duas pessoas se arrastavam contra a chuva em
direções contrárias. Um estava parado na varanda de um escritório abandonado lendo o
jornal molhado e assoviando. O som era animado demais para o ambiente.
Eu estava tão surpresa pelo assovio descuidado que demorei a perceber o prédio que
estava situado exatamente no endereço que eu esperava que existisse. Não havia
número identificando o prédio abandonado, mas o clube de tatuagem ao lado eram dois
números depois.
Eu saltei para o meio-fio e perdi um tempo ali pensando. Eu entraria naquela espelunca
de um jeito ou de outro, mas como fazer aquilo sem que o assoviador me visse? Eu
podia estacionar na próxima rua e dar a volta… Poderia ter mais testemunhas no outro
lado. Talvez no telhado? Será que já estava escuro suficiente para esse tipo de coisa?
―Hei, moça‖, o assoviador me chamou.
Eu abaixei o vidro do passageiro como se não pudesse ouvi-lo direito.
O homem abaixou o jornal e seus trajes me surpreenderam, agora eu podia enxergá-lo
direito. Atrás da sua aparência poeirenta e esfarrapada, ele parecia bem vestido demais.
Não tinha nenhum brisa para que eu pudesse sentir seu cheiro. Mas o reflexo da camisa
dele parecia de seda. Seu cabelo preto e ondulado estava embaraçado, mas sua pele
escura era lisa e perfeita. Uma contradição.
―Talvez não seja boa idéia estacionar aí, moça‖, disse, ―pode não estar aqui quando
você voltar.‖
―Obrigada pelo aviso,‖ eu disse.
Eu desliguei o motor e saí. Talvez meu amigo barulhento pudesse me dar as respostas
que eu precisava mais rápido do que se eu invadisse. Eu abri meu grande guarda-chuva
cinza. Não que eu me importasse realmente sobre proteger a suéter que eu estava
vestindo. Isso é o que um humano faria.
O homem deu uma olhada no meu rosto através da chuva e então seus olhos se
arregalaram. Ele engoliu e eu ouvi o coração dele acelerar enquanto eu me aproximava.
―Eu estou procurando alguém,‖ eu comecei.
―Eu sou alguém,‖ ele ofereceu com um sorriso. ―O que eu posso fazer por você, linda?‖
―Você é J. Jenks?‖ eu perguntei.
―Oh,‖ ele disse, sua expressão mudando de expectativa a entendimento. Ele ficou de pé
e me examinou com os olhos apertados. ―Por que você está procurando o J.?‖
―Isso é problema meu.‖ Alem disso, eu não fazia a menor idéia. ―Você é o J?‖
―Não.‖
Nos encaramos por um longo momento enquanto seus olhos penetrantes correu de cima
para baixo, analisando o porta espada de pérolas cinzas que eu usava. Sua contemplação
finalmente apareceu. ―Você não se parece com um consumidor comum daqui.‖
―Eu provavelmente não sou comum,‖ eu admiti. ―Mas eu preciso muito encontra-lo o
mais rápido possível.‖
―Eu não sei o que fazer,‖ ele admitiu.
―Por que você não me diz seu nome?‖
Ele forçou um riso. ―Max.‖
―Prazer em conhece-lo, Max. Agora, por que você não me diz o que você costuma fazer
para os consumidores comuns?”
Seu riso se transformou em um olhar carrancudo. ―Bem, os clientes comuns de J não se
parecem nada com você. Seu tipo não se incomoda com o escritório do centro. Você
simplesmente vai direto ao seu escritório imaginário no arranha-céu.‖
Eu repeti os outros endereços que tinha, fazendo uma pergunta para a lista de números.
―Sim, esse é o lugar,‖ ele disse, suspeitando de novo. ―Como você não foi lá?‖
―Esse foi o endereço que me foi dado - por uma origem confiável.‖
―Se você fosse fazer algo bom, não estaria aqui.‖
Eu franzi meus lábios. Eu nunca fui muito boa em blefar, mas Alice não me deixou
muitas alternativas. ―Talvez eu não vá fazer algo bom.‖
O rosto de Max ficou na defensiva. ―Olha, senhora,‖
―Bella.‖
―Certo. Bella. Veja, eu preciso desse emprego. J me paga muito bem para praticamente
ficar sem fazer nada aqui o dia todo. Eu quero te ajudar, eu quero, mas - e é claro que
estou falando hipoteticamente, certo? Fora do registro, ou o que funcionar para você mas se eu passar alguém poderia coloca-lo em apuros, eu não posso fazer nada. Você
entende meu problema?‖
Eu pensei por um instante, mordendo meu lábio. ―Você nunca viu alguém como eu por
aqui antes? Bem, quase como eu. Minha irmã é muito mais baixa que eu e ela tem os
cabelos negros e cheios de pontas.‖
―O J conhece sua irmã?‖
―Acho que sim.‖
Mas refletiu por um segundo. Eu sorri para ele e ele gaguejou. ―Vou dizer a você o que
irei fazer. Ligarei para o J e descreverei você para ele. Deixe-o tomar a decisão.‖
O que J sabia? Será que minha descrição significaria algo para ele? Esse pensamento era
preocupante.
―Meu último nome é Cullen,‖ eu informei Max, me perguntando se isso era informação
demais. Eu tinha começado a ficar irritada com Alice. Eu tinha que estar tão cega? Ela
poderia ter me dado mais uma ou duas palavras.‖
―Cullen, entendi.‖
Eu o observei discar, facilmente vendo os números. Bem, eu poderia ligar para J. Jenks
eu mesma se isso não desse certo.
―Ei, J, é o Max. Eu sei que eu nunca poderia ligar para você nesse numero exceto em
uma emergência…‖
Isso era uma emergência? Eu ouvi fracamente do outro lado da linha.
―Bem, não exatamente. É essa garota que quer ver você.‖
Eu não consigo ver emergência nisso. Por que você não segue o procedimento normal?
―Eu não segui o procedimento normal porque ela não é normal-‖
Ela é policial?
―Não-‖
Você não pode ter certeza disso. Ela se parece com um dos Kubarevs?
―Não. Deixe-me falar, tudo bem? Ela disse que você conhece a irmã dela, ou algo
assim.‖
Provavelmente não. Como ela é?
―Ela é…‖ os olhos dele foram do meu rosto aos meus sapatos de uma maneira que
recebe valorização. ―Bem, ela parece com uma super modelo, é isso que ela parece‖ Eu
sorri, ele piscou para mim e depois voltou a falar. ―Corpo lindo, pálida feito uma folha
de papel, cabelos castanhos escuros quase na cintura, precisando de uma boa noite de
sono-‖ algo nisso soa familiar?‖
Não, nada. Eu não estou feliz que sua fraqueza frente a mulheres bonitas interrompeu―É, então eu sou um idiota frente a mulheres bonitas, o que há de errado nisso? Sinto
muito por ter incomodado você, cara. Esqueça tudo isso.‖
―Nome,‖ eu sussurrei.
―Claro. Espere,‖ Max disse. ―O nome dela é Bella Cullen. Isso ajuda?‖
Houve um silêncio mortal e depois a voz do outro lado da linha estava gritando
abruptamente, usando várias palavra que você raramente ouve fora de paradas de
caminhão. Toda a expressão de Max mudou; toda a piada desvaneceu e seus lábios
ficaram pálidos.
―Porque você não perguntou!‖ Max gritou de volta, em pânico.
Houve outra pausa enquanto J se recompunha.
Bonita e pálida? J perguntou, um pouco mais calma.
―Eu disse isso, não disse?‖
Bonita e pálida? O que esse homem sabe sobre vampiros? Era ele mesmo um de nós?
Eu não estava preparada para esse tipo de confronto. Eu cerrei os dentes. Em que Alice
tinha me metido?
Max esperou por um minuto outra rajada de insultos gritados e instruções e depois deu
uma espiada em mim com olhos que eram quase aterrorizados. ―Mas você só encontra
clientes do centro às terças-feiras - certo, certo. Entendi.‖ Ele desligou o telefone.
―Ele quer me ver?‖ eu perguntei claramente.
Max olhou com raiva. ―Você poderia ter me dito que era um cliente prioritário.‖
―Eu não sabia que era.‖
―Eu achei que você poderia ser policial,‖ ele admitiu. ―Quero dizer, você não se parece
com uma policial. Mas você age de um jeito diferente, linda.‖
Eu encolhi os ombros.
―Cartel de drogas?‖ ele tentou adivinhar.
―Quem, eu?‖ eu perguntei.
―É. Ou seu namorado, ou quem quer que seja.‖
―Não, desculpe. Não sou realmente fã de drogas e meu marido também não é. Apenas
diga não e todas aquelas coisas.‖
Eu sorri.
―Máfia?‖
―Não.‖
―Contrabando de diamantes?‖
―Por favor! É com esse tipo de gente que você costuma lidar, Max? Talvez você precise
de um novo emprego.‖
Eu precisava admitir, eu estava um pouco orgulhosa de mim. Eu não tinha interagido
com muitos humanos que não fossem Charlie e Sue. Era divertido assistir ele ter
dificuldades. Eu também estava satisfeita em achar tão fácil não mata-lo.
―Você deve estar envolvida em algo grande. E ruim,‖ ele meditou.
―Não é realmente assim.‖
―Isso é o que todos eles dizem. Mas quem mais precisa de papeis? Ou pode agüentar
pagar o preço que J pede por eles, eu deveria dizer. Nada disso é da minha conta de
qualquer forma,‖ ele disse e depois murmurou a palavra casada de novo.
Ele me deu um endereço completamente novo com direções básicas, e depois me
assistiu dirigir para longe com os olhos duvidosos e pesarosos.
Nesse momento, eu estava pronta para quase qualquer coisa - algum tipo de toca de alta
tecnologia de um vilão dos filmes de James Bond parecia apropriada. Então eu pensei
que Max poderia ter me dado o endereço errado como um teste. Ou talvez a toca fosse
subterrânea, debaixo desse lugar comum que ficava perto de uma colina coberta de
arvores em um vizinhança de famílias muito boas.
Eu entrei em um local aberto e olhei para um sinal sutil e de bom gosto em que se lia:
JASON SCOTT, PROCURADOR DA LEI.
Dentro, o escritório era bege com toques verde-aipo, inofensivo e indigno de reparo.
Não havia cheiro de vampiro aqui, e isso me ajudou a relaxar. Nada além de humano
desconhecido. Um aquário estava encostado na parede e uma recepcionista bonita e
loura sentava-se suavemente atrás da mesa.
―Olá,‖ ela me cumprimentou. ―Posso ajuda-la?‖
―Eu estou aqui para ver o Sr. Scott.‖
―Você tem hora marcada?‖
―Não exatamente.‖
Ela forçou um pouco o sorriso. ―Isso pode demorar um pouco, então. Por que você não
se senta enquanto eu - ‖
April! A voz exigente de um homem guinchou do telefone em sua mesa. Eu estou
esperando a Srta. Cullen em breve.
Eu sorri e apontei para mim mesma.
Deixe-a entrar imediatamente. Você entendeu? Eu não me importo com o quê esteja
sendo interrompido.
Eu podia ouvir algo mais em sua voz além da impaciência. Nervosismo. Stress.
―Ela acabou de chegar,‖ April disse assim que conseguiu falar.
O que? Mande-a entrar! O que você está esperando?
―Agora mesmo, Sr. Scott!‖ Ela ficou de pé, suas mãos tremendo quando ela mostrou o
caminho que descia pelo saguão, oferecendo-me café, chá ou qualquer outra coisa que
eu pudesse querer.
―Chegamos,‖ ela disse enquanto me conduzia pela porta dentro de um escritório
poderoso, completo com uma pesada mesa de madeira e uma parede cor de baunilha.
―Feche a porta atrás de você,‖ uma irritante voz de tenor ordenou.
Eu examinei o homem atrás da mesa enquanto April saía rapidamente. Ele era pequeno
e careca, provavelmente com seus cinqüenta e cinco anos, com uma pança. Ele usava
uma gravata de seda vermelha com uma camisa listrada de azul e branco, e seu blazer
estava pendurado na parte de trás de sua cadeira. Ele também estava tremendo, pálido
com uma doentia cor pastel, com o suor aparecendo em sua testa.
J se recuperou e corou instavelmente de sua cadeira. Ele alcançou sua mão na mesa.
―Sra. Cullen. É um prazer.‖
Eu estendi a mão e apertei sua mão rapidamente uma vez. Ele contraiu um pouco os
músculos frente a minha pele fria mas não pareceu surpreso com isso.
―Sr. Jenks. Ou você prefere Scott?‖
Ele recuou de novo. ―Do jeito que você preferir, é claro.‖
―Que tal se você me chamar de Bella e eu chamá-lo de J?‖
―Como velhos amigos,‖ ele concordou passando um lenço de seda por sua testa. Ele
gesticulou para que eu me sentasse e depois se sentou. ―Eu preciso perguntar. Eu estou
finalmente conhecendo a amável esposa do Sr. Jasper?‖
Eu pensei sobre isso um instante. Então este homem conhecia Jasper, não Alice. Ele o
conhecia, e parecia ter medo dele também. ―Cunhada dele, na verdade.‖
Ele franziu os lábios, como se ele estivesse se agarrando a significados tanto quanto eu
estava.
―Eu acredito que o Sr. Jasper está bem de saúde?‖ ele perguntou cuidadosamente.
―Eu creio que ele esteja excelente. Ele está em uma longa viagem de férias no
momento.‖
Isso pareceu esclarecer alguma confusão na cabeça de J. Ele acenou para si mesmo
contemplou os próprios dedos. ―Entendo. Você deveria ter vindo ao escritório principal.
Minhas assistentes lá a trariam diretamente a mim - sem a necessidade de ir a canais
hospitaleiros.‖
Eu apenas acenei. Eu não tinha certeza do por que Alice havia me dado o endereço
daquele gueto.
―Ah, bem, você está aqui agora. O que posso fazer por você?‖
―Papéis,‖ eu disse tentando fazer minha voz parecer que eu sabia do que estava falando.
―Certamente,‖ J concordou imediatamente. ―Nós estamos falando de certidões de
nascimento, atestado de óbito, carteira de motorista, passaporte, cartão de segurança
social…?‖
Eu dei um longo suspiro e sorri. Eu devia a Max um grande favor.
Então meu sorriso se esvaiu. Alice havia me mandado aqui por uma razão e eu tinha
certeza de que essa razão era proteger Renesmee. Seu último presente para mim. A
única coisa que ela sabia que eu precisava.
A única razão pela qual Renesmee precisaria de um falsificador, seria se ela estivesse
fugindo. E a única razão pela qual Renesmee fugiria seria se nós perdêssemos.
Se Edward e eu estivéssemos fugindo com ela, ela não precisaria desses documentos
imediatamente. Eu tinha certeza de que carteiras de identidade eram uma coisa que
Edward tinha como conseguir ou conseguiria fazer ele mesmo e eu sabia que ele sabia
de meios de fugir sem isso. Nós poderíamos correr com ela por milhões de milhas. Nós
poderíamos nadar com ela através de um oceano.
Se nós estivéssemos por perto para protege-la.
E toda a discrição era para deixar tudo isso fora da cabeça de Edward. Porque havia
uma grande chance de tudo que ele sabia, Aro poderia saber. Se nós perdêssemos, Aro
certamente iria pegar a informação que ele desejava antes de destruir Edward.
Isso era como eu suspeitava. Nós não poderíamos ganhar. Mas nós tínhamos que
conseguir matar Demetri antes de perdermos, dando a Renesmee a chance de fugir.
Meu silencioso coração parecia uma rocha dentro do meu peito - com um peso
esmagador. Toda minha esperança se esvaiu como neblina sob a luz do sol.
Quem eu deveria envolver nisso? Charlie? Mas ele era um humano muito sem defesas.
E como eu levaria Renesmee até ele? Ele não estaria em lugar algum perto daquela luta.
Então isso me deixou apenas uma pessoa. Nunca houve outra pessoa.
Eu pensei nisso tudo tão rapidamente que J não notou minha pausa.
―Dois registros de nascimento, dois passaportes, uma carteira de motorista,‖ eu disse em
um tom baixo e tenso.
Se ele notou a mudança de expressão em meu rosto, ele fingiu não notar.
―Os nomes?‖
―Jacob… Wolfe. E… Vanessa Wolfe.‖ Nessie parecia um bom apelido para o nome
Vanessa. Jacob não iria gostar da coisa de ―Wolfe‖.
Sua caneta arranhou rapidamente em um bloco de papéis legais. ―Nomes do meio?‖
―Coloque o que você quiser.‖
―Se é isso que você quer. Ages?‖
―Vinte e sete para o homem e cinco para a garota.‖ Era a idade que Jacob parecia ter.
Ele era um monstro. E do modo como Renesmee estava crescendo, eu devia estimar
alto. Ele poderia ser seu padrasto…
―Eu precisarei de fotos, se você prefere terminar os documentos‖ J disse, interrompendo
meus pensamentos. ―O sr. Jasper usualmente gostava de terminar sozinho.
Bom, isso explicava porque J não sabia como Alice era.
―Espera aí‖, eu disse.
Isso era uma sorte. Eu tinha um monte de fotos de família amassadas na minha maleta,
e a perfeita - Jacob segurando Remesmee na frente dos degraus de entrada - era só de
um mês atrás. Alice tinha me dado ela só uns poucos meses antes de… Oh. Talvez não
fosse tanta sorte envolvida no fim das contas. Alice sabia que eu precisaria dessa foto.
Talvez ela tivesse tido inclusive algum flash borrado de que eu precisaria disso antes
mesmo de dar pra mim.
―Aqui está.‖
J examinou a foto por um momento. ―Sua filha é muito parecida com você.‖
Eu fiquei tensa. ―Ela parece mais com o pai.‖
―Que não é esse homem.‖ Ele tocou o rosto de Jacob.
Meus olhos se estreitaram, e agora novas bolhas de suor escorreram pela cabeça
brilhante do J.
―Não. É um amigo próximo da família.‖
―Me perdoe,‖ ele murmurou, e então a caneta começou a arranhar de novo. ―Quando
você precisará dos documentos?‖
―Posso pega-los em uma semana?‖
―Esse é um pedido apressado. Isso vai custar o dobro - mas me perdoe. Eu esqueci com
quem falava.‖
Claramente, ele conhecia Jasper.
―Só me dê um numero.‖
Ele parecia hesitante de dizer isso em voz alta, mas eu estava certa, tendo lidado com
Jasper, que ele devia saber que preço não era realmente um problema.
Nem mesmo considerando as contas enormes que existiam ao redor do mundo com os
vários nomes que os Cullen usavam, ainda havia dinheiro suficiente escondido na casa
toda suficiente para manter um pequeno país com o saldo positivo por uma década; isso
me lembrava de como sempre havia uns cem ganchos de pesca na parte de trás de
qualquer armário da casa de Charlie. Eu duvidava que alguém notaria o pouco que eu
havia pego para me preparar para hoje.
J escreveu o preço no final do contrato.
Concordei calmamente. Eu tinha mais do que aquilo comigo. Abri minha mala
novamente e contei a quantia certa - eu tinha tudo preso com clipes de papel em montes
de cinco mil dólares, então não demorou muito.
―Aqui.‖
―Ah, Bella, você não precisa realmente me dar a soma toda agora. É costume que você
deixe metade com você para garantir a entrega.‖
Eu dei um sorriso cansado para aquele homem tenso. ―Mas eu confio em você J. Além
do mais, te darei um bônus - a mesma quantia quando receber os documentos.‖
―Isso não é necessário, eu garanto.‖
―Não se preocupe com isso,‖ Não era como se eu pudesse levar comigo. ―Então nós nos
encontramos aqui novamente na semana que vem mesmo horário?‖
Ele me deu um olhar aflitivo. ―Na verdade, eu prefiro fazer essas transações em lugares
sem relação com meus outros negócios.‖
―Claro. Tenho certeza de que não estou conduzindo as coisas do jeito que você espera.‖
―Estou acostumado a não ter expectativas quando se trata da família Cullen.‖ Ele fez
uma careta e rapidamente se recompôs. ―Podemos nos encontrar às oito horas daqui
uma cena no Pacifico? Fica na Union Lake, e a comida é maravilhosa.‖
―Perfeito.‖ Não que eu o acompanharia para o jantar. Ele não gostaria muito se eu o
fizesse.
―Me levantei e apertei sua mão novamente. Dessa vez ele não hesitou. Mas parecia ter
alguma nova preocupação em sua mente. Sua boca estava contraída, suas costas tensas.
―Terá algum problema com o prazo?‖ perguntei.
―Como?‖ Ele olhou para cima, pego de surpresa pela minha pergunta. ―O prazo? Oh,
não. Sem nenhum problema. Certamente terei os documentos prontos a tempo.‖
Teria sido ótimo ter Edward aqui, para que eu pudesse sabe quais eram realmente as
preocupações de J. Suspirei. Manter segredos de Edward já era ruim o suficiente; ter
que ficar longe dele era quase demais.
―Então te vejo em uma semana.‖
34. Declarado
Eu ouvi a música antes de sair do carro. Desde que Alice partiu Edward não havia mais
tocado piano. Agora, enquanto eu fechava a porta do carro, eu ouvia a música
melancólica se transformar na minha canção. Edward estava me dando boas vindas.
Eu me movi devagar enquanto tirava Renesmee - rapidamente adormecida; nós
tínhamos ficado fora o dia todo - do carro. Nós deixamos Jacob na casa do Charlie - ele
disse que ia pegar uma carona pra casa com a Sue. Eu me perguntei se ele estava
enchendo a cabeça com bastantes coisas triviais para tirar a imagem de quando eu entrei
na casa do Charlie.
Enquanto eu andava devagar pela casa dos Cullens agora, eu reconheci a elevada
esperança que parecia quase uma aura visível em torno da grande casa branca tinha sido
minha essa manhã também. Eu me senti estranha comigo agora.
Eu quis chorar agora novamente, ouvindo Edward tocar para mim. Mas eu me
recompus. Eu não queria que ele desconfiasse. Eu não iria deixar pistas na mente dele
para Aro se eu pudesse evitar.
Edward virou sua cabeça e sorriu quando entrei pela porta, mas continuou tocando.
―Seja bem-vinda,‖ ele disse, como se fosse um dia normal. Como se não tivesse outros
doze vampiros na sala envolvidos em várias perseguições, e mais doze dispersos em
algum lugar. ―Você se divertiu no Charlie hoje?‖
―Sim. Desculpa por ter estado tanto tempo fora. Eu dei uma saidinha para fazer umas
compras de Natal para Renesmee. Eu sei que não será um grande evento, mas…‖ eu dei
ombros.
Os lábios de Edward se curvaram. Ele parou de tocar e virou sobre a bancada para que
tivesse seu corpo todo virado para mim.
Ele colocou sua mão em minha cintura e me puxou para perto. ―Eu não pensei muito
sobre isso. Se você quiser fazer um grande evento disso-‖
―Não,‖ eu interrompi. Eu mexi internamente na idéia de fingir mais entusiasmo do que
o mínimo que havia. ―Eu não queria deixar passar sem dar nada pra ela.‖
―Eu vou poder ver?‖
―Se você quiser. É só uma lembrancinha.‖
Renesmee estava completamente inconsciente, roncando delicadamente no meu
pescoço. Eu a invejei. Seria bom escapar da realidade, mesmo que por poucas horas.
Cuidadosamente eu pesquei o pequeno saco de veludo da jóia e agarrei sem abrir minha
bolsa o suficiente para Edward ver o dinheiro que ainda estava carregando.
―Eu estava dirigindo hoje e isso chamou minha atenção na vitrine de uma loja de
antiquário‖.
Eu lancei o pequeno pingente dourado na palma da mão dele. Era redondo com uma
linha vermelho vinho gravado delicadamente ao longo da borda extrema do objeto.
Edward abriu o minúsculo pingente com um clique e olhou lá dentro. Havia espaço para
uma pequena foto e uma inscrição em francês no verso.
―Você sabe o que isso significa?‖ , ele perguntou em um tom de voz diferente, mais
suave do que nunca.
―O vendedor me disse que significava algo do tipo mais do que minha própria vida.
Está certo?‖
―Sim, ele está certo‖.
Ele me encarou, seus ollhos de topazio estavam penetrantes. Eu devolvi seu olhar por
um instante e depois fingi que estava entretida com a televisão.
―Eu espero que ela goste‖. Eu murmurei.
―Claro que vai‖. Ele disse suave e casualmente. E eu soube, naquele instante que
Edward sabia que eu estava ocultando algo. E também tinha certeza que ele não fazia a
menor idéia do que era.
―Vamos levá-la para casa‖, ele sugeriu e se ergueu, me envolvendo em seus braços.
Eu hesitei.
―O quê?‖ ele inquiriu, autoritário.
―Eu quero praticar um pouco mais com Emmett…‖ Eu havia perdido o dia inteiro
praticando minha deixa. E ela se fez sentir as minhas costas.
Emmett - no sofá com Rose e, claro, segurando o controle remoto - olhou para cima e
abriu um largo sorriso de expectativa. ―Excelente! A floresta precisa ser aparada‖.
Edward franziu o cenho encarando Emmett e depois a mim.
―Há tempo suficiente para fazer isso amanhã‖, disse.
―Não seja ridículo‖, protestei. ―Não existe mais isso de teremos tempo suficiente. O
conceito se perdeu. Eu tenho muito que aprender e….‖
Ele me interrompeu. ―Amanhã‖.
E sua expressão era tão intensa que, nem mesmo Emmett, foi capaz de argumentar.
Fiquei surpresa ao constatar como era difícil retomar uma rotina, acima de tudo, nova
para mim. Mas ser privada até daquela pequena parcela de esperança que eu cultivara
tornava tudo impossível.
Tentei me concentrar no lado positivo. Existia uma boa chance de a minha filha
sobreviver no que estava a caminho. E também Jacob. Se os dois tinham um futuro, era
uma espécie de vitória, não era? Nosso pequeno bando tinha que segurar a onda se
Jacob e Renesmee tinham a oportunidade de correrem juntos. Yeah, a estratégia de
Alice só daria certo se a gente organizasse uma tremenda briga. Bom, outro tipo de
vitória também, considerando que os Volturi não tinham sido desafiados há um século.
Não seria o fim do mundo. Só o final dos Cullens. O fim de Edward. O meu fim.
Eu preferia assim - ao menos, a última parte. Eu nunca mais viveria sem Edward. Se ele
ia deixar esse mundo, então, eu estaria bem atrás dele.
Em vão, eu imaginava se haveria algo para nós, do outro lado. Eu sabia que Edward
não acreditava naquilo, mas Carlisle acreditava. Eu não conseguia decidir isso sozinha.
Por outro lado, eu simplesmente não conseguia imaginar Edward deixando de existir.
De alguma forma, em algum lugar. Se pudéssemos estar juntos em qualquer lugar, seria
um final feliz.
E o padrão dos meus dias continuou, tão difíceis como esse e ainda pior.
Nós fomos ver Charlie no natal, Edward, Remesmee, Jacob e eu. Toda a matilha de
Jacob estava lá, mas Sam, Emily e Sue. Era uma grande ajuda tê-los ali nos aposentos
pequenos do Charlie, seus enormes, quentes corpos parados nos cantos em volta de sua
arvore esparsamente decorada - você podia ver exatamente onde ele ficou cansado e
desistiu - e pressionando os moveis. Você sempre podia contar com lobisomens para
estarem ocupados com um luta por vir, no importa quão suicida. A eletricidade de sua
ansiedade providenciava uma boa corrente que disfarçava meu obvio estado de espírito.
Edward era, como sempre, um ator melhor do que eu era.
Remesmee ostentava o medalhão que eu tinha lhe dado no amanhecer, e no bolso de sua
jaqueta estava o MP3 player. Edward tinha dado a ela - uma coisinha pequena que
agüentava quinhentas músicas, já cheio com os favoritos dele. No seu pulso estava um
intricado trançado que era a versão Quileute de um anel de noivado. Edward tinha
rangido os dentes em quanto a isso, mas não me incomodou.
Em breve, muito em breve, eu a daria a Jacob para que a protegesse. Como eu poderia
me incomodar com qualquer símbolo do comprometimento com o qual eu tanto
contava?
Edward salvou o dia encomendando um presente pra Charlie também. Tinha chegado
ontem - prioridade na navegação noturna - e Charlie passou a manha toda lendo o
grosso manual de instruções de seu novo sistema de sonda para pesca.
Do jeito que os lobos eram, o tamanho do lanche de Sue devia ter sido muito bom. Eu
me perguntei como a reunião teria parecido para alguém de fora. Nós planejamos nossa
parte direito? Um estranho pensaria que éramos um circulo feliz de amigos,
aproveitando o feriado com alegria usual?
Acho que Jacob e Edward estavam tão felizes quanto eu quando era hora de ir. Era
estranho gastar energia em tentar parecer humana, quando havia tantas coisas mais
importantes a se fazer. Foi difícil me concentrar. Ao mesmo tempo essa era
possivelmente a última vez que eu veria Charlie. Talvez fosse algo bom que eu fosse
muito devagar pra realmente registrar isso.
Eu não tinha visto minha mãe desde o casamento, mas eu descobri que podia só ficar
feliz com o distanciamento gradual que tinha começado dois anos atrás. Ela era muito
frágil pro meu mundo. Eu não queria que ela tomasse parte nisso. Charlie era mais forte.
Talvez forte o bastante para um adeus agora, mas eu não era.
Estava muito quieto no carro; lá fora, a chuva era só uma garoa, oscilando no limite
entre água e gelo. Remesmee sentou no meu colo, brincando com seu medalhão,
abrindo e fechando. Eu assisti e imaginei as coisas que eu teria que dizer a Jacob agora
se eu não tivesse que manter minhas palavras fora da cabeça de Edward.
Se nunca mais for seguro de novo, leve-a para Charlie. Conta a ele toda a história
algum dia. Diga quanto eu o amei, como eu não suportei ter que deixa-lo mesmo
quando minha vida humana estava terminada. Diga a ele que ele foi o melhor pai. Diga
a ele para dizer a Renée que amo, todas as minhas esperanças de que ela ficará bem e
feliz…
Eu teria que dar os documentos a Jacob antes que fosse muito tarde. Eu também daria e
ele uma nota para Charlie. E uma carta pra Remesmee. Algo para ela ler quando não
pudesse mais dizer a ela que a amava.
Não havia nada de diferente no lado de fora da casa dos Cullen quando chegamos na
campina, mas eu podia ouvir alguma agitação estranha dentro. Muitas vozes altas
murmurando e rosnando. Soava intenso, e soava como uma discussão. Eu podia
destacar as vozes de Carlisle e Amum mais do que a dos outros.
Edward estacionou na frente da casa em vez de ir até a garagem. Nós trocamos um olhar
cauteloso antes de sairmos do carro.
A postura de Jacob mudou; Sua expressão tornou-se séria e cuidadosa. Eu acho que ele
estava se portando como Alpha agora. Obviamente, alguma coisa havia acontecido, e
ele ia pegar a informação que ele e Sam deveriam precisar.
‖ Alistair se foi‖. Edward comunicou enquanto corriamos para os degraus.
Na frente do aposento frontal, o principal confronto estava fisicamente aparente.
Enfileirados na parede estavam um anel de expectadores, cada um dos vampiros que
havia se juntado a nós, exceto por Alistair e três envolvidos na discussão. Esme, Kebi e
Tia estavam mais próximas do trio no centro; No meio do aposento, Amum assobiava
para Carlisle e Benjamin.
Edward endureceu o maxilar e moveu-se rapidamente para o lado de Esme, levando-me
pela mão. Eu apertei Renesmee fortemente sobre meu peito.
―Amum, se você quiser ir, ninguém está te forçando a ficar‖, Carlisle falou calmamente.
―Você está roubando metade da minha família, Carlisle!‖ Amum gritou, apontando o
dedo para Benjamin. ―Foi por esse motivo que me chamou? Para me roubar?‖.
Carlisle suspirou e Benjamim rolou os olhos.
―Sim, Carlisle arranjou uma briga com os Volturi, arriscando a sua própria família,
apenas para me atrair pra cá, e morrer‖. Benjamin falou sarcasticamente. ―Seja razoável,
Amum. Eu me empenho para fazer a coisa certa aqui - E não estou entrando em
nenhuma outra família. Você pode fazer o que bem quiser, certamente, como Carlisle
disse a você‖.
―Isso não vai terminar bem‖ Amum rosnou. ―Alistair era o único são daqui. Todos nós
devíamos estar fugindo‖.
―Pense em quem você está chamando de são*‖ Tia murmurou.
―Nós vamos ser massacrados!‖.
―Isso não chegar a ser uma luta‖, Carlisle disse com a voz firme.
―Você diz‖.
―Se isso acontecer, você sempre pode trocar de lado, Amum. Estou certo de que o
Volturi vão apreciar a sua ajuda‖.
Amum riu com desdém para ele. ―Talvez essa seja a solução‖.
A resposta de Carlisle era calma e sincera. ―Eu não vou usar isso contra você, Amum.
Nós viemos sendo amigos há um bom tempo, mas eu não vou te pedir pra morrer por
mim‖
A voz de Amum estava mais controlada, também. ―Mas você está pegando o meu
Benjamim para você‖.
Carlisle colocou a mão sobre o ombro de Amum; Ele chocou-se com o ato.
―Eu vou ficar, Carlisle, mas isso deve ser prejuízo seu. Eu vou me juntar a eles se essa
for uma forma de sobreviver. Vocês são tolos de pensar que podem desafiar os
Volturi‖.Ele franziu a testa e depois suspirou, e olhando de relance para mim e
Renesmee ele adicionou em um tom exasperado.‖Eu vou testemunhar que a criança
cresce. Isso não é nada além da verdade. Todos podem ver‖.
―Isso é tudo que sempre pedimos‖.
Amum fez uma careta. ―Mas pelo que parece não é tudo o que estão conseguindo‖. Ele
se virou para Benjamin. ―Eu te dei a sua vida. Você está a desperdiçando‖.
_____________________________________
São* - Consciente, aquele que tem sanidade.
A face de Benjamin estava mais fria do que nunca; a expressão contrastou
estranhamente com suas características de garoto. “É uma pena que você não possa
substituir minhas vontades com as suas no processo; então talvez você estivesse
satisfeito comigo.”
Os olhos de Amun estreitaram-se. Subitamente gesticulou a Kebi, e passos largos nos
colocaram para fora a porta da rua.
“Não está saindo,” Edward disse discretamente para mim, “mas estará mantendo sua
distância mais a partir de agora. Não estava blefando quando falou de se juntar aos
Volturi.”
“Porque Alistair quer ir?” Eu sussurrei.
“Ninguém pode ser positivo; não deixou uma conclusão. A partir de suas palavras, ele
foi desimpedido a pensar que uma luta é inevitável. Apesar de sua atitude, realmente se
importa muito com Carlisle para estar com os Volturi. Ele supôs que o perigo era
demais para ele.” Edward deu ombros.
Embora nossa conversa estivesse clara apenas entre nós dois, naturalmente todos
poderiam ouvi-la. Eleazar respondeu que comentário de Edward tinha significado.
“O som de seus resmungos, era um pouco mais do que tudo aquilo. Nós não falamos
muito da agenda dos Volturi, mas Alistair estava preocupado que não importa como
nós podemos provar nossa inocência, os Volturi não escutarão. Pensa que encontrarão
uma desculpa para conseguir seus objetivos aqui.”
Os vampiros trocaram olhares inquietos um para o outro. A idéia que os Volturi
manipulariam sua própria lei santa para o ganho próprio não era uma idéia muito
popular. Somente os Romanians foram concordar, seus pequenos sorrisos irônicos
demonstravam isso. Pareceram divertidos com a idéia de que os outros queriam pensar
bem de seus antigos inimigos.
Muitas baixas discussões começaram ao mesmo tempo, mas eram os Romanians que eu
escutei. Talvez porque o Vladimir loiro se manteve a disparar olhares para mim.
“Eu concordo assim que a esperança de Alistair for certa sobre isso.” Stefan
murmurou a Vladimir. “Nada interfere no resultado, a palavra permanecerá. Faz
tempo que nosso mundo foi transformado a favor dos Volturi. Nunca cairão se todos
acreditarem neste absurdo sobre que eles protegem nossa maneira de viver.”
“Pelo menos quando nós governávamos, nós éramos honestos sobre o que nós
éramos.” Vladimir respondeu.
Stefan inclinou-se. “Nós nunca nos colocamos sobre os chapéus brancos e nos
denominamos santos.”
“Eu estou pensando que o com o devido tempo vamos lutar,” Vladimir disse. “como
pode você nos imaginar encontrando uma boa chance para estar lutando? Seria bom
outra oportunidade?”
“Não são impossíveis. Talvez algum dia…-”
“Nós esperamos cento e quinze anos, Stefan. E começamos a nos sentir somente mais
fortes com os anos.” Vladimir pausou e olhou-me outra vez. Não mostrou nenhuma
surpresa quando viu que eu prestava muita atenção no que ele falava. “Se a vitória for
dos Volturi este conflito, eles sairão com mais poder do que vieram. Com cada
conquista adicionadas as suas forças. Pense do que apenas esta recém-nascida poderia
lhe oferecer” - empurrou seu queixo para mim “e mal está descobrindo suas
peculiaridades. E o escavador.” Vladimir inclinou-se para Benjamin, que se endureceu.
Quase todos escutavam as escondidas dos Romanians agora, como eu. “Com seus
gêmeos de bruxa não têm nenhuma necessidade do ilusionismo ou do toque do fogo.”
Seus olhos se moveram para Zafrina, então Kate.
Stefan olhou Edward. “Nem o leitor de mente é exatamente necessário. Mas eu verei
seu ponto. Certamente, lucrarão muito se ganharem.”
“Mais do que nós podemos ter recursos para ganhar, você não concorda?” Stefan
suspirou. ―Eu acho que tenho que concordar. E isso significa…‖
―Que devemos enfrentá-los enquanto ainda houver esperança.‖
―Se pudéssemos só prejudicá-los, em vez disso, expô-los…‖
―Então, algum dia, outros terminarão o trabalho.‖
―E nossa longa vendeta será recompensada. Pelo menos.‖
Eles fecharão os olhos por um momento e então murmurarão em uníssono. ―Parece o
único jeito.‖
―Então, lutamos,‖ Stefan disse.
Embora eu pudesse ver que eles estavam divididos, auto-preservação lutando contra
vingança, o sorriso que eles trocaram era cheio de antecipação.
―Nós lutamos,‖ Vladimir concordou.
Eu supus que isso era bom; assim como Alistair, eu estava certa que a batalha era
impossível de se evitar. Nesse caso, outros dois vampiros lutando do nosso lado, podia
só ser ajuda. Mas a decisão dos Romanos ainda me fazia sentir calafrios.
―Nós lutaremos também,‖ Tia disse, sua voz usualmente grave mais séria que nunca.
―Nós acreditamos que os Volturi vão se aproveitar de sua autoridade. Não queremos nos
unir a eles.‖ Seus olhos se demoraram no companheiro.
Benjamin forçou um sorriso e lançou um olhar travesso na direção dos Romanos.
―Aparentemente, eu sou disputado. Aparentemente, eu tenho que vencer a pessoa certa
pra poder ser livre.‖
―Essa não vai ser a primeira vez que eu lutei pra me manter fora do controle de um rei.‖
Garrett disse, em um tom tenso. Ele andou e deu uma tapa nas costas de Benjamin.
―Aqui está a liberdade contra a opressão.‖
―Nós ficamos com Carlisle,‖ Tanya disse. ―E lutamos com ele.‖
Os outros pareceram despertar para a vontade de se declararem também após o
pronunciamento dos Romanos.
―Nós não decidimos ainda‖, disse Peter. Ele olhou para seu pequeno bando. Os lábios
de Charlotte estavam apertados de insatisfação. Parecia que ela tinha tomado sua
decisão. Perguntei-me qual seria.
―O mesmo vale para mim‖, anunciou Randall.
‖ E para mim‖, ajuntou Mary.
―A matilha vai se unir com os Cullens‖, anunciou Jacob subitamente, ―Não temos medo
de vampiros‖, finalizou com um sorriso pretensioso.
―Crianças‖, murmurou Peter.
―Infantes‖ concordou Randall.
O sorriso de Jacob se alargou faiscante.
―Bem, isso eu sou, também‖, disse Meggie dando de ombros sob as mãos de Siobhan
que a restringia. ‖ A verdade está ao lado de Carlisle e não vou ignorar isso‖.
Siobhan encarou o membro mais joven do seu grupo com um olhar preocupado.
―Carlisle‖,seu tom era íntimo, como se estivessem sozinhos, ignorando a sensação de
formalidade que pairava na reunião, a explosão inexplicável de declarações. ―Não quero
que isso se transforme em luta‖.
―Nem eu, Siobhan. Você sabe que é a última coisa que desejo‖, um meio sorriso
apareceu em seu rosto ‖ Talvez você possa se concentrar para manter a paz‖.
―Você sabe que não vai adiantar‖, ela disse.
Eu lembrei da discussão entre Rose e Carlisle sobre a líder irlandesa. Carlisle acreditava
que ela tinha um poder sutil, mas poderoso de conduzir os acontecimentos conforme o
que desejava - ainda assim, Siobhan não acreditava em si própria.
―Não vai matar‖, disse Carlisle.
Siobhan revirou os olhos ―Devo visualizar o destino que eu quero?‖, perguntou
sarcasticamente.
Carlisle estava sorrindo abertamente agora. ―Se você não se importar…‖
―Então não há necessidade de que meu clã se declare, há?‖ ela replicou. ―Já que não há
a possibilidade de uma luta.‖ Ela colocou sua mão de volta nos ombros de Maggie,
trazendo a garota para mais perto. O parceiro de Siobhan, Liam, continuou em silêncio e
sem expressão.
Quase todos os outros naquela sala pareciam assombrados com a conversa em forma de
piada entre Carlisle e Siobhan, mas eles não se explicaram.
Aquele foi o fim dos discursos dramáticos daquela noite. O grupo se dispersou aos
poucos, alguns foram caçar, outros foram se distrair com os livros de Carlisle, ou a
televisão ou os computadores.
Edward, Renesmee e eu fomos caçar. Jacob nos acompanhou. ―Sanguessugas imbecis,‖
ele murmurou para si mesmo quando saímos. ―Pensam que são tão superiores.‖ Ele
bufou.
―Eles ficarão chocados quando as crianças salvarem seus traseiros superiores, não
vão?‖ Edward disse.
Jake sorriu e bateu em seu ombro. ―Com certeza, eles vão.‖
Essa não era nossa última caçada. Todos caçaríamos novamente perto da época em que
esperávamos a chegada dos Volturi. Como o prazo não era exato, planejávamos ficar
por algumas noites na clareira do campo de baseball que Alice havia visto, apenas para
garantir. Todos nós sabíamos que eles chegariam no dia em que houvesse uma camada
de neve no chão. Não queríamos os Volturi muito perto da cidade, e Demetri os
lideraria até onde estivéssemos. Pensei em quem ele perseguiria, e achei que seria
Edward já que ele não conseguia me localizar.
Pensei em Demetri enquanto eu caçava, prestando pouca atenção à minha presa ou aos
flocos de neve que havia finalmente aparecido… Porque Demetri percebeu que ele não
podia me acompanhar? Porque ele teve de fazer isso? O que seria Aro? Ou foi Edward o
errado? Houve poucas exceções para aqueles que eu pudesse resistir essas formas em
torno do meu escudo. Tudo o que estava fora da minha mente era vulnerável - abertos às
coisas de Jasper, Alice, e Benjamim poderiam fazer.
Talvez o talento de Demetri tivesse trabalhado um pouco diferente, também. E então eu
pensei que ele me trouxe logo. A metade do alce caiu das minhas mãos pelo terreno
pedregoso. Os flocos de neve se vaporizavam com minúsculos sons de chiado. Eu
encarava inexpressivamente minhas mãos cheias de sangue.
Edward viu minha reação e se apressou à ficar ao meu lado, deixando sua própria caça
intacta. ―O que há de errado?‖ ele perguntou com a voz baixa, seus olhos varrendo a
floresta em torno de nós, olhando para o que tinha desencadeado o meu comportamento.
―Renesmee,‖ Eu sufoquei.
―Ela está apenas através dessas árvores,‖ ele me tranqüilizou. ―Eu posso ouvir seus
pensamentos e os de Jacob. Ela está bem.‖
―Isso não é o que eu pretendia dizer,‖ eu disse. ―Eu estava pensando sobre o meu escudo
- você realmente pensa que ele valha alguma coisa, que vai ajudar de alguma forma. Sei
que os outros estão esperando que eu possa usar o escudo em Zafrina e Benjamin, pelo
menos se eu pudesse manter isso por alguns segundos… E se isso for um erro? E se sua
confiança em mim for o motivo pelo qual falharemos?‖
A minha voz avançava lentamente para um tom de histeria, pensei que eu tivesse
controle suficiente para mantê-la baixa. Eu não queria perturbar Renesmee.
―Bella, o que te levou a pensar nisso? Claro que é maravilhoso que você possa se
proteger, mas você não está responsável por salvar ninguém. Não se aflija inutilmente.‖
―Mas que sentido faz isso, se eu não puder proteger alguma coisa?‖ Eu sussurrei em
suspiros profundos. ―Essa coisa que eu faço, é deficiente, é errática! Não há rima ou
razão para isso. Talvez ele não faça nada contra Alec em tudo.‖
―Shhh‖, ele me silenciou. ―Não entre em pânico. E não se preocupe com Alec. Que ele
não é diferente daquilo que Jane ou Zafrina são. Isso é apenas uma ilusão - ele não pode
entrar na sua cabeça mais do que eu possa.‖
―Mas Renesmee pode!‖ Eu disse freneticamente através dos meus dentes. ―Parece tão
natural, eu nunca questionei-o antes. E sempre foi apenas parte do que ela é. Porém, ela
coloca seus pensamentos em minha cabeça exatamente como ela faz com todos os
outros. Meu escudo tem buracos, Edward!‖
Eu encarei a ele desesperadamente, esperando que ele acusasse a minha terrível
revelação. Seus lábios foram se franzindo, como se ele estivesse tentando decidir a frase
como alguma coisa. Sua expressão era perfeitamente descontraída.
―Você pensou desta maneira por muito tempo, não é?‖ Eu exigi, me sentindo como um
idiota para os meus meses de vista sobre o que era óbvio.
Ele balançou a cabeça, um sorriso fraco foi puxado até o canto de sua boca. ―A primeira
vez que ela lhe tocou.‖
Eu suspirei por causa da minha idiotice, mas a sua calma me suavizou. ―E isto não
preocupa você? Você não vê isso como um problema?‖
―Eu tenho duas teorias, uma mais aceitável que a outra.‖
―Dê-me a menos aceitável primeiro.‖
―Bem, ela é sua filha‖, ele apontou. ―Geneticamente meio sua. Eu uso isso para
provocar você sobre como sua mente estava numa freqüência diferente da do resto de
nós. Talvez a dela seja o mesmo caso.‖
Isso não funcionava pra mim. ―Mas você lê a mente dela com clareza. Todos lêem a
mente dela. E se Alec funcionar numa freqüência diferente? E se–?‖
Ele colocou um dedo sobre meus lábios. ―Eu já considerei isso. O que me fez pensar
que a próxima teoria é a mais provável.‖
Cerrei meus dentes e esperei.
―Lembra-se o que Carlisle me disse sobre ela, logo após ela te mostrar aquela primeira
memória?‖
Lógico que eu me lembrava. ―Ele disse, ‗é uma mudança interessante. Quase como se
ela fizesse o exato oposto do que você pode.‘‖
―Sim. E então eu pensei. Talvez ela tenha pego seu talento e o transformado também.‖
Eu considerei aquilo.
―Você mantém todos do lado de fora,‖ ele começou.
―E ninguém a deixa de fora?‖ terminei hesitantemente.
―Essa é a minha teoria,‖ ele disse. ―E se ela pode penetrar em sua cabeça, eu duvido que
exista algum escudo no planeta que possa detê-la. Isso vai ajudar. Pelo que podemos
ver, ninguém pode duvidar da verdade dos pensamentos dela uma vez que eles
permitam que ela os mostre. E acho que ninguém pode impedi-la de mostrá-los, se ela
chegar perto o suficiente. Se Aro permitir que ela explique…‖
Tremi ao pensar em Renesmee tão perto dos olhos ávidos e opacos de Aro.
―Bem,‖ ele disse, esfregando meus ombros tensos. ―Pelo menos não há nada que possa
impedi-lo de ver a verdade.‖
―Mas a verdade vai ser o suficiente para pará-lo?‖ murmurei.
Para aquilo, Edward não tinha resposta.
35. Fim da linha
―Ouviu isso?‖ Edward perguntou, com um tom indiferente.
Sua expressão transmitiu uma compostura forçada.
Ele abraçou um pouco forte a Renesmee contra seu peito.
―Sim, agora a pouco…,‖ Eu respondi casualmente.
Ele sorriu meu sorriso favorito. ―Volte para mim.‖
―Sempre.‖
Eu olhei seu Volvo de novo, imaginando se ele leu o odometro depois da minha ultima
passagem. Quando mais ele precisava de pedaços? Eu tinha um segredo. E se ele tivesse
deduzido a razão por que eu não contei para ele? Ele adivinhara que Aro poderia saber
de tudo? Eu pensei que Edward podia ter chegado a essa conclusão, a explicação por
que ele exigiu nenhum motivo de mim. Eu achei que ele estava tentando não especular
muito, tentando guardar meu comportamento longe de sua mente. Ele tinha colocado
isso junto com minha performance pela manhã depois que Alice saiu queimando meu
livro no fogo? Eu não sabia o que ele poderia fazer para dar aquele salto.
Era uma tarde sombria, primeiro escura e depois o crepúsculo. Eu passei apressada pela
penumbra,e meus olhos estavam nebulosos. Poderia nevar esta noite? Suficiente para
ter uma camada de terra e criar a cena da visão da Alice? Edward estimou que nós
pudéssemos ter dois dias a mais. Nós poderíamos nos programar e ir limpando,
desenhando os Volturi escolhendo nossa casa..
Eu pensei na floresta escura, considerando minha ultima viagem a Seattle. Eu pensei
que eu sabia o propósito que Alice teve enviando-me para o ponto onde J. Jenks
encaminhou seus clientes mais sombrios. Se eu fosse para o seus, mais legítimos
escritórios, eu poderia sempre saber o que perguntar? E se eu o conhecesse como Jason
Jenks ou Jason Scott, advogado legitimo, eu poderia sempre descobrir J. Jenks,
fornecendo documentos ilegais? Eu podeira ir pela rota e fazer isso limpo, eu não estava
indo bem. Essa foi minha pista.
Estava escuro quando eu fui entrando no estacionamento cheio e fui ao restaurante em
alguns minutos, no início ignorando a ansiedade lutando na entrada. Eu fui posta de
repente com os meus contatos e eles estavam esperando por J. dentro do restaurante. Eu
fiquei pensando como correr para acabar com essa depressiva necessidade e voltar para
minha família, J pareceu cuidadoso para manter-se sem manchar suas associações de
base; Eu tinha a sensação que em meio ao escuro do estacionamento cheio poderia
ofender seus sentimentos.
Eu dei o nome Jenks no pódio, e o servil maître me levou para cima, para uma pequena
sala privada com fogo.
Ele pegou meu sobre-tudo marfim de pele de bezerro que eu vesti para disfarçar o fato
de eu estar vestindo a idéia de Alice sobre vestiário apropriado, e respirei
tranquilamente com meu vestido de cetim perolado. Eu não podia evitar ser um pouco
lisonjeira; eu ainda não estava acostumada a ser bonita para todos ao invés de apenas
Edward. O maitrê gaguejou um cumprimento meio formal enquanto ele saia
instavelmente da sala.
Eu levantei pelo fogo, mantendo meus dedos perto da chama para esquentá-los um
pouco antes do inevitável aperto de mãos. Não que J não estivesse obviamente ciente
que era algo comum com os Cullens, mas ainda era um bom hábito a praticar.
Por metade de um segundo, eu imaginei como seria por minha mão no fogo. O que eu
sentiria quando eu queimasse…
A entrada de J distraiu minha morbidez. O maitrê pegou seu casaco, também, e foi
evidente que eu não era a única que tinha se vestido bem para o encontro.
―Eu sinto muito pelo atraso,‖ J disse assim que ficamos a sós.
―Não, você foi pontual.‖
Ele estendeu sua mão, e enquanto nós apertávamos nossas mãos eu pude sentir que seus
dedos estavam ainda um pouco notavelmente mais quentes que os meus. Isso não
pareceu incomodá-lo.
―Você está estonteante, se eu posso ser tão atrevido, Srª Cullen.‖
―Obrigada, J. Por favor, me chame de Bella.‖
―Eu devo dizer, é uma experiência diferente trabalhar com você de como é com o Sr.
Jasper. Muito menos… preocupante.‖ Ele sorriu hesitante.
―Mesmo? Eu sempre achei Jasper tivesse uma presença tranqüilizadora.‖
Suas sobrancelhas se juntaram. ―Sério?‖ Ele murmurou educadamente enquanto
claramente ainda discordava. Que estranho. O que Jasper teria feito a esse homem?
―Você conhece Jasper a muito tempo?‖
Ele suspirou, parecendo desconfortável. ―Eu venho trabalhando com Sr. Jasper por mais
de 20 anos, e meu antigo sócio o conhecia há 15 anos antes ―Disso…Ele nunca muda.‖
Ele bajulou delicadamente.
―Sim, Jasper é divertido daquela forma.‖
J abanou sua cabeça como se ele pudesse sacudir para fora os pensamentos
perturbadores. ―Você não vai se sentar, Bella?‖
―Na verdade, eu estou um pouco apressada. Eu tenho um longo caminho pra casa.‖
Enquanto eu falava, eu peguei o grosso envelope branco com seu bônus de minha bolsa
e estendi para ele.
―Oh,‖ ele disse, um pequeno trinco de desapontamento em sua voz. Ele pôs o envelope
num bolso interno de sua jaqueta sem se incomodar em checar a quantia. ―Eu esperava
que pudéssemos conversar apenas um minuto.‖
―Sobre?‖ Eu perguntei curiosamente.
―Bem, me deixe entregar seus itens primeiro. Eu quero ter certeza que você está
satisfeita.‖
Ele se virou, pôs sua pasta de documentos na mesa, e abriu os ferrolhos. Ele tirou um
envelope de tamanha legal lacrado.
Embora eu não tivesse idéia do que deveria estar procurando, eu abri o envelope e dei
uma olhada superficial no conteúdo. J tinha virado a foto de Jacob e mudado o fundo
então não era tão evidente que era a mesma foto em ambos os seus passaporte e carteira
de motorista. Ambos pareceram perfeitos para mim, exceto pela sua intenção. Eu dei
uma espiada na foto do passaporte de Vanessa Wolfe por uma fração de segundo, e
depois olhei para longe rapidamente, um caroço subindo em minha garganta.
―Obrigada‖, disse a ele.
Seus olhos se estreitaram levemente e eu percebi que ele estava desapontado pelo meu
exame superficial. ―Posso assegurar que cada parte está intacta. Será avaliado com o
escrutínio rigoroso de especialistas‖.
―Tenho certeza que sim. Eu realmente sou grata por tudo que fez por mim, J‖.
―Foi um prazer, Bella. No futuro, sinta-se livre para me procurar se os Cullens
precisarem de qualquer coisa‖, ele não fez qualquer menção ao assunto, mas soou como
um convite para tomar o lugar de companheira de Jasper .
―Existe algo que você queira me dizer?‖
―Er…bem, sim… É um pouco delicado‖, ele indicou o centro de pedra com uma
expressão interrogativa. Eu sentei na borda da pedra e ele se sentou ao meu lado. O suor
estava brotando da sua testa de novo e ele apanhou um lenço de seda azul do seu bolso,
secando a pele.
―Você é irmã da esposa de Jasper? Ou casada com o irmão dele?‖, perguntou.
―Casada com o irmão dele‖, esclareci imaginando onde aquela conversa ia parar.
―Você é a esposa de Edward, então?‖
―Sim‖
Ele sorriu, desculpando-se. ―Eu revi todos os nomes inúmeras vezes, sabe. Meus
parabéns atrasado. É muito bom que o Sr. Edward tenha encontrado uma companheira
tão encantadora após todo esse tempo‖.
―Muito obrigada‖.
Ele hesitou, esfregando o suor. ‖ Após esses anos, você pode imaginar que eu me
afeiçoei ao Sr. Jasper e a toda sua família‖.
Eu concordei curiosa.
Ele inalou profundamente e exalou em silêncio.
―J, apenas desembuche logo‖.
Ele tomou fôlego e balbuciou rapidamente, embolando as palavras em uma coisa só.
―Se você pudesse apenas me garantir que não pretende seqüestrar a garotinha dos braços
do pai, eu poderia dormir bem melhor essa noite‖.
―Oh‖, eu ofeguei, atordoada. Levei um segundo para compreender a enorme confusão
na conclusão dele. ―Oh, não! Não é nada parecido de forma alguma!‖ Eu sorri
fracamente, tentando passar segurança para ele. ―Eu estou apenas preparando um lugar
seguro para ela, caso aconteça alguma coisa com o pai dela e comigo‖.
Ele revirou os olhos ―Você está esperando que aconteça algo?‖, corou, desculpando-se
―Nada disso é da minha conta‖.
Eu observei o sangue se espalhar sob a delicada membrana da pele dele e fiquei feliz como sempre acontecia - que eu não era um recém-nascido comum. J parecia um bom
homem, deixando de lado o comportamento criminoso. Seria uma pena matá-lo.
―Nunca se sabe‖, suspirei.
Ele franziu o cenho ―Bem, eu desejo a você toda a sorte do mundo. E, por favor, não
fique zangada comigo, minha querida, mas se o Sr. Jasper me chamar e perguntar que
nomes devo colocar nos documentos…‖
―Claro que deve contar a ele de imediato. Não há nada melhor do que o Sr. Jasper estar
completamente ciente de toda a nossa negociação‖.
Minha sinceridade transparente pareceu aliviar um pouco a tensão.
―Muito bem,‖ ele disse ―E eu não posso pedir pra você ficar pro jantar?‖
―Desculpe-me, J. eu estou sem tempo no momento.‖
―Então, te desejo saúde e felicidade. Qualquer coisa que a família Cullen precisar, por
favor, não hesite em me chamar Bella.‖
―Obrigada, J.‖
Eu parti com meu contrabando, e dei uma olhada para trás e vi que J estava me
encarando, sua expressão um misto de ansiedade e arrependimento.
O retorno me tomou menos tempo. A noite estava escura, então eu desliguei meus faróis
e acelerei. Quando eu voltei para casa, a maioria dos carros, incluindo o Porshe de Alice
e a minha Ferrari, não estavam lá. Os vampiros tradicionais estavam indo mais longe
que possível para saciarem sua sede. Eu tentei não pensar neles caçando na noite, me
encolhendo de medo da imagem das suas vítimas.
Somente Kate e Garret estavam no quarto da frente, discutindo divertidamente sobre o
valor nutritivo do sangue dos animais. Eu conclui que Garret tentou fazer uma caça no
estilo vegetariano e achou difícil.
Edward deveria ter levado Renesmee para dormir em casa. Jacob sem duvida, deveria
estar na mata perto do chalé. O resto da minha família deveria estar caçando também.
Talvez eles estivessem com os Denali.
O que me deixou basicamente sozinha, e eu fui rápida para tirar vantagem.
Eu pude sentir que eu era a única que entrava no quarto da Alice do Jasper por um bom
tempo, talvez a primeira desde da noite que eles nos deixaram. Eu me infiltrei
silenciosamente pelo closet até achar o tipo certo de bolsa. Deveria ter sido da Alice; era
uma mochila preta pequena de couro, o tipo que é usado como porta níquel, pequena
suficiente para Renesmee não chamar a atenção. E então eu peguei o dinheiro deles,
pegando o dobro de economias que um americano normal usaria por ano. Eu achei que
um roubo seria menos notável aqui que em qualquer parte da casa, já que esse quarto
deixava todo mundo triste. Coloquei o envelope com os passaportes e as identidades
falsas em cima do dinheiro na bolsa. Eu sentei na cama de Jasper e Alice, e olhei para a
lamentável e insignificante bagagem que eu poderia deixar para a minha filha e meu
melhor amigos para ajudá-los a salvarem suas vidas.
Eu me joguei contra a cabeceira, me sentido inútil.
Mas o que mais eu poderia fazer?
Eu fiquei sentada lá por vários minutos com minha cabeça curvada antes que uma boa
idéia pintasse.
Se…
Se eu estava supondo que Jacob e Renesmee iriam fugir, então incluía a suposição que
Demetri estaria morto. Que deu qualquer sobrevivente um pequeno quarto para respirar,
incluindo Jasper e Alice.
Então porque Jasper e Alice não poderiam ajudar Jacob e Renesmee? Se eles estivessem
unidos Renesmee teria a melhor proteção possível. Isso não tinha razão para não
acontecer, exceto por Jacob e Renesmme serem pontos cegos para Alice. Como ela iria
começar a procurar por eles?
Eu deliberei por um momento, e deixei o quarto, atravessando para a suíte de Carlisle e
Esme. Como sempre a mesa de Esme estava empilhada com planos de projetos, tudo
organizado em altas pilhas.
Em cima da superfície de trabalho; e uma estava uma caixa de papel de carta. Eu peguei
uma folha nova de papel e uma caneta.
Então eu encarei a página branca como marfim por uns cinco minutos inteiros,
concentrada na minha decisão. Alice podia não ser capaz de ver Jacob e Renesmee, mas
ela podia me ver. Eu a visualizei vendo esse momento, esperando desesperadamente que
ela não estivesse muito ocupada para prestar atenção.
Lentamente, de propósito, eu escrevi as palavras RIO DE JANEIRO em letras
maiúsculas transversalmente por toda a página.
Rio parecia o melhor lugar para mandá-los; era muito longe daqui, Alice e Jasper já
estavam na América do Sul pelo último relatório, e isso não era como se nossos antigos
problemas tivessem parado de existir só porque nós tínhamos problemas piores agora.
Ainda havia o mistério do futuro de Renesmee, o terror de sua idade acelerada. Nós
havíamos estado no sul de qualquer maneira. Agora era trabalho de Jacob, e com
esperanças de Alice, procurar pelas lendas.
Eu arqueei minha cabeça de novo contra o repentino desejo de chorar, trincando meus
dentes. Era melhor que Renesmee seguisse sem mim. Mas eu já sentia tanto a sua falta
que eu mal podia permanecer com essa idéia.
Eu respirei fundo e coloquei o papel no botão da bolsa de pano grosso, onde Jacob
acharia rápido o bastante.
Eu cruzei meus dedos com isso - uma vez que era improvável que a escola dele tivesse
dado Português - Jake pelo menos teria o espanhol como idioma eletivo.
Não havia nada a fazer a não ser esperar.
Por dois dias, Edward e Carlisle ficaram na clareira onde Alice havia visto os Volturi
chegarem. Era o mesmo campo de morte onde os recém nascidos de Victoria atacaram
no verão passado. Eu me perguntei se isso seria repetitivo para Carlisle, como um deja
vu. Para mim, seria tudo novo. Dessa vez eu e Edward ficaríamos com a nossa família.
Nós só podíamos imaginar que os Volturi seguiriam a pista de Edward e Carlisle. Eu me
perguntava se isso os surpreenderia, o fato da sua caça não fugir. Isso faria deles
cautelosos? Eu não podia imaginar os Volturi sentindo alguma vez a necessidade de
cuidado.
Embora eu fosse - com esperanças - invisível para Demetri, eu ficaria com Edward.
Claro. Nós só tínhamos algumas horas restantes para ficarmos juntos.
Edward e eu não teríamos uma grande e última cena de despedida, não que eu
planejasse uma. Falar a palavra seria fazer disso o final. Seria a mesma coisa que digitar
a palavra Fim na última página de um manuscrito. Então nós não diríamos nossos
adeus, e ficaríamos muito perto um do outro, sempre nos tocando. Qualquer que fosse o
fim que nos encontrasse, não nos encontraria separados.
Nós montamos uma tenda para Renesmee umas poucas jardas dentro da floresta
protetora, e lá estava mais deja vu como quando eu e Jacob estávamos acampando no
frio. Era quase impossível acreditar no quanto as coisas haviam mudado desde Junho.
Sete meses atrás, nossa relação a três parecia impossível, três diferentes tipos de
corações partidos que não poderiam ser evitados. Agora tudo estava num equilíbrio
perfeito. Parecia hediondamente irônico que as peças do quebra-cabeça haviam se
encaixado só a tempo de todas serem destruídas.
Começou a nevar de novo na véspera do Ano Novo. Dessa vez, os pequenos flocos não
dissolveriam no chão de pedra da clareira. Enquanto Renesmee e Jacob dormiam Jacob roncando tão alto que eu pensei em como Renesmee não acordava - a neve fez
primeiro uma pequena camada fina sobre a terra, e logo caíam camadas maiores.
Quando o sol nascesse, a cena da visão de Alice estaria completa. Edward e eu nos
demos as mãos enquanto olhávamos para o campo branco e brilhante, e nenhum de nós
falou.
Pela manhã cedo, os outros se reuniram, seus olhos carregando a evidência muda de
suas preparações - alguns ouro claro, outros vermelho vivo. Logo depois que nós
estávamos todos juntos, podíamos ouvir os lobos se movendo na floresta. Jacob emergiu
da tenda, deixando Renesmee ainda adormecida, para se juntar a eles.
Edward e Carlisle estavam dando ordens aos outros numa formação solta, nossas
testemunhas dos lados como galerias.
Observei a distância, esperando na tenda que Renesmee acordasse. Quando ela o fez,
ajudei-a a se vestir com as roupas que eu havia cuidadosamente escolhido dois dias
antes. Roupas que pareciam bonitas e femininas mas que na verdade eram grossas o
suficiente para que não se desgastassem - mesmo se a pessoa as usasse enquanto
cavalgava num lobisomem gigante por alguns estados. Por cima de sua jaqueta coloquei
a mochila de couro preta com os documentos, dinheiro, a pista e minhas cartas de amor
para ela e Jacob, Charlie e Renée. Ela era forte o suficiente para que a mochila não
pesasse.
Seus olhos estavam grandes enquanto ela lia a agonia em minha face. Mas ela havia
percebido o suficiente para que não perguntasse o que eu estava fazendo.
―Eu te amo,‖ eu disse a ela. ―Mais do que tudo.‖
―Eu também tem amo, mamãe,‖ ela respondeu. Tocou o pingente em seu pescoço, que
agora carregava uma pequena foto dela, Edward e eu. ―Sempre estaremos juntas.‖
―Em nossos corações sempre estaremos juntas,‖ eu a corrigi em um suspiro tão quieto
quanto a respiração. ―Mas quando a hora chegar hoje, você terá de me deixar.‖
Seus olhos se arregalaram, e ela levou sua mão até minha bochecha. O silencioso não
foi mais alto do que se ela o tivesse gritado.
Lutei para engolir; minha garganta parecia inchada. ―Você fará isso por mim? Por
favor?‖
Ela pressionou seus dedos mais fortemente na minha face. Por quê?
―Não posso te dizer,‖ eu suspirei. ―Mas você entenderá logo. Eu prometo.‖
Em minha mente, eu vi o rosto de Jacob.
Eu concordei com a cabeça, então afastei seus dedos. ―Não pense nisso,‖ respirei em
sua orelha. ―Não diga a Jacob até que eu te diga para correr, tudo bem?‖
Isso ela entendeu. Concordou com a cabeça também.
Tirei do meu bolso o último detalhe.
Enquanto empacotava as coisas de Renesmee, um brilho colorido inesperado chamou
minha atenção. Um raio de sol sem querer surgiu da janela e atingiu as jóias da caixa
preciosa e antiga que estava jogada numa pilha num canto esquecido. Considerei-a por
um momento e dei de ombros. Depois de ter solucionado as pistas de Alice, eu não
esperava que o confronto se resolvesse pacificamente. Mas por que não tentar começar
as coisas o mais amigáveis possível? Eu me perguntei. O que poderia acontecer? Então
pensei que deveria ter um pouco de esperança apesar de tudo - esperança cega e sem
sentido - porque vasculhei a pilha e peguei o presente de casamento que Aro me deu.
Fechei a grossa corrente de ouro em volta do meu pescoço e senti o peso do enorme
diamante que se aninhava no côncavo de minha garganta.
―Bonito,‖ Renesmee murmurou. Então ela enlaçou meu pescoço com seus braços como
se fosse uma hera. Eu a apertei contra meu peito. Unidas assim, a carreguei para fora da
tenda até a clareira.
Edward elevou uma sobrancelha enquanto eu me aproximava, mas não apontou meu
acessório nem o de Renesmee. Ele colocou os braços apertados em volta de nós duas
por um longo momento e, com um suspiro profundo, nos soltou, Eu não conseguia ver
um adeus em qualquer lugar de seus olhos. Talvez ele tivesse mais esperança de haver
algo depois dessa vida do que ele deixava transparecer.
Tomamos nossos lugares, Renesmee subindo agilmente em minhas costas para deixar
minhas mãos livres. Fiquei alguns pés atrás da linha de frente formada por Carlisle,
Edward, Emmett, Rosalie, Tanya, Kate, e Eleazar. Perto de mim estavam Benjamin e
Zafrina; era meu trabalho protegê-los enquanto eu pudesse. Eles eram nossas melhores
armas de ataque. Se os Volturi fossem os que não pudessem ver, mesmo que por alguns
momentos, aquilo podia mudar tudo.
Zafrina estava rígida e feroz, com Senna quase um reflexo seu lado. Benjamin estava
sentado no chão, suas palmas pressionadas na terra, e murmurava quieto sobre falhas de
formação. Na noite anterior, ele havia espalhado pilhas de pedras de forma que
parecessem naturais, que estavam agora cobertas de montanhas de neve ao longo da
parte de trás do campo. Não eram o suficiente para machucar um vampiro, mas
poderiam ser o suficiente para distrair um.
As testemunhas se juntaram a nossa esquerda e direita, alguns mais próximos que outros
- aqueles que haviam se declarado estavam mais próximos. Notei que Siobhan apertava
suas têmporas, seus olhos fechados em concentração; estaria fazendo a vontade de
Carlisle? Tentando visualizar uma resolução diplomática?
Na floresta atrás de nós, os lobos invisíveis estavam parados e prontos; podíamos
apenas ouvir suas respirações ofegantes, as batidas de seus corações.
As nuvens surgiram, espalhando a luz de modo que podia ser manhã ou tarde. Os olhos
de Edward se estreitaram enquanto ele examinava a vista, e eu tinha certeza de que ele
estava vendo essa exata cena pela segunda vez - a primeira sendo na visão de Alice.
Seria exatamente a mesma quando os Volturi chegassem. Só tínhamos mais alguns
segundos agora.
Toda nossa família e aliados se abraçaram.
Da Floresta, o enorme lobo Alpha avermelhado caminhou para frente para ficar a meu
lado; deve ser sido difícil para ele ficar distante de Renesmee quando ela estava em tão
imediato perigo.
Renesmee estendeu a mão para entrelaçar seus dedos nos pêlos de seu ombro sólido, e o
corpo dela relaxou um pouco. Ela estava mais calma com Jacob por perto. Eu também
me senti um pouquinho melhor. Enquanto Jacob ficasse com Renesmee, ela estaria bem.
Sem arriscar olhar para trás, Edward estendeu a mão para mim. Estiquei meu braço para
que pudesse agarra sua mão. Ele apertou meus dedos.
Mais um minuto se passou, e eu me peguei me esforçando para tentar ouvir algum som
de aproximação.
Então Edward endureceu e assobiou baixo entre seus dentes apertados. Seus olhos se
fixaram na floresta ao norte de onde estávamos.
Olhamos para onde ele olhou, e esperamos que os últimos segundos passassem.
36. DESEJO DE SANGUE
Eles vieram com esplendor, com uma certa beleza.
Eles vieram em uma formação rígida, formal. Eles moveram junto, mas não era uma
marcha; eles fluíram em sincronia perfeita vindo das árvores - uma escura, irrompível,
forma que parecia pairar algumas polegadas sobre a neve branca, de tão leve que era o
avanço.
O perímetro exterior era cinza; a cor escurecendo com cada linha de corpos até o
coração da formação onde era profundamente preta. Toda face era intimidadora,
sombreada. O som escovando lânguido dos pés deles era tão regular que parecia
música, uma batida complicada que nunca hesitou.
A algum sinal que eu não vi - ou talvez não havia nenhum sinal, só milênios de prática a configuração se dobrou visivelmente. O movimento era muito duro, muito quadrado
para se assemelhar à abertura de uma flor, entretanto a cor sugestionou isso; era a
abertura de um leque, gracioso mas muito angular. As figuras cinza-encapotadas se
esparramaram para os lados enquanto as formas mais escuras surgiram precisamente
adiante no centro, cada movimento próximo controlado.
O progresso deles estava lento mas deliberado, sem pressa, nenhuma tensão, nenhuma
ansiedade. Era o passo do invencível.
Este era quase meu velho pesadelo. A única coisa faltando era o desejo de
regozijamento que eu tinha visto nas faces em meu sonho - os sorrisos de alegria
vingativa. Portanto, os Volturis eram muito disciplinados para mostrar qualquer
emoção. Eles também não mostraram nenhuma surpresa ou espanto em relação à
coleção de vampiros que esperavam por eles aqui - uma coleção que parecia
repentinamente desorganizada e desprevenida em comparação. Eles não mostraram
nenhuma surpresa em relação ao lobo gigantesco que estava em nosso meio.
Eu não pude evitar de contar. Haviam trinta e dois deles. Até mesmo se você não
contasse os dois à deriva, figuras abandonadas encapotadas em preto, bem lá atrás, que
eu deduzi ser as esposas - a posição protegida delas sugeriu que elas não seriam
envolvidos no ataque - nós ainda estávamos em número menor. Havia apenas dezenove
de nós que lutaria, e então sete mais que assistiriam nós sermos destruídos. Até mesmo
contando os dez lobos , eles estão em vantagem.
‖ Os ―Casacos Vermelhos‖ estão vindo, os ―Casacos Vermelhos‖ estão vindo, ‖ Garrett
murmurou misteriosamente para ele mesmo e então riu uma vez. Ele deslizou um passo
mais para perto de Kate.
‖ Eles vieram,‖ o Vladimir sussurrou para Stefan.
‖ As esposas, ‖ Stefan assobiou atrás. ‖ A guarda inteira. Todos eles junto. Tudo bem
que nós não tentamos Volterra ―.
E então, como se os números deles não fossem bastante, os Volturis lentamente e
majestosamente avançado, mais vampiros começaram a entrar na formação atrás deles.
As faces na aparentemente afluência infinita de vampiros era a antítese da disciplina
inexpressiva dos Volturis - eles usaram um caleidoscópio de emoções. No princípio
havia o choque e até mesmo alguma ansiedade quando eles viram a força inesperada
que os espera. Mas aquela preocupação passou depressa; eles estavam seguros em seu
número de vantagem, seguros na posição deles atrás da inquebrável força dos Volturis.
As faces deles voltaram à expressão que estavam antes que nós os tivéssemos pego de
surpresa.
Era bastante fácil entender o pensamento deles - estava explicito em suas faces. Era
uma população brava, movida por frenesi e escravidão por justiça. Eu não percebi
completamente o sentimento comum dos vampiros para as crianças imortais antes de ler
estas faces.
Estava claro que esta variada, desorganizada horda - mais que quarenta vampiros
completamente - era o próprio tipo de testemunha dos Volturis . Quando nós estivermos
mortos, eles difundiriam a palavra que os criminosos tinham sido erradicados, que os
Volturis tinha agido com nada mais que imparcialidade. A maioria parecia que
esperava mais que apenas uma oportunidade de testemunhar - eles queriam ajudar
rasgar e queimar.
Nós não tinhamos uma saída. Até mesmo se nós pudéssemos neutralizar a vantagen dos
Volturis de alguma maneira, eles ainda poderiam nos enterrar em corpos. Até mesmo se
nós matássemos Demetri, o Jacob não poderia fugir disto.
Eu poderia sentir isto como a mesma compreensão penetrada ao redor de mim.O
desespero ―pesou‖ o ar, me empurrando para baixo com mais pressão que antes .
Um vampiro na força adversária não parecia pertencer a qualquer partido; Eu reconheci
Irina quando ela hesitou entre as duas companhias, a expressão dela sem igual entre os
outros. O olhar horrorizado de Irina foi prendido na posição de Tanya na linha dianteira.
Edward rosnou, um muito baixo mas fervente som.
‖ Alistair tinha razão, ‖ ele murmurou para Carlisle.
Eu assisti Carlisle olhar para Edward questionando.
‖ Alistair tinha razão ―? Tanya sussurrou.
‖ Eles -Caius e Aro - vieram destruir e adquirir, ‖ Edward tomou fôlego quase
silenciosamente atrás; só nosso lado poderia ouvir. ‖ Eles já têm muitas camadas de
estratégia em prática. Se a acusação de Irina fosse provada ser falsa de alguma maneira,
eles estavam cometidos a achar outra razão para levar ofensa. Mas eles podem ver
Renesmee agora, assim eles estão perfeitamente seguros sobre o curso deles. Nós ainda
poderíamos tentar defender contra os outros motivos inventados deles, mas primeiro
eles têm que parar, ouvir a verdade sobre Renesmee ―. Então, mais baixo. ‖ O que eles
têm nenhuma intenção de fazer ―.
Jacob teve um estranho pequeno acesso de ira .
E então, inesperadamente, dois segundos depois, a procissão parou. A baixa música de
movimentos perfeitamente sincronizados se silenciou. A disciplina sem defeito
permaneceu irrompível; os Volturis congelaram em quietude absoluta como um só. Eles
estavam parados a aproximadamente cem jardas longe de nós.
Atrás de mim, nos lados, eu ouvi a batida de corações grandes, mais pertos do que antes
de. Eu arrisquei olhadas pelos cantos de meus olhos à esquerda e a direita para ver o
que tinha parado o avanço dos Volturis.
Os lobos tinham se unido a nós.
Em qualquer uma das laterais de nossa linha desigual, os lobos se ramificaram para fora
em braços longos, fronteiriços. Eu só levei uma fração de segundo para notar que havia
mais de dez lobos, reconhecer os lobos que eu conhecia e os que eu nunca tinha visto
antes. Havia dezesseis deles espaçados uniformemente ao redor de nós - dezessete no
total, contando com o Jacob. Estava claro pelas alturas deles e patas enormes que todos
os recém-chegados eram muito, muito jovens. Eu supus que eu deveria ter previsto isto.
Com tantos vampirospor perto, uma explosão de população de lobisomem era
inevitável.
Mais crianças morrendo. Eu desejei saber por que Sam tinha permitido isto, e então eu
percebi ele não teve nenhuma outra escolha. Se quaisquer dos lobos estivesse conosco,
os Volturis iriam procurar o resto. Eles tinham colocado a espécie inteiradeles neste
posto.
E nós íamos perder.
Abruptamente, eu estava furiosa. Além de furiosa, eu estava mortalmente enfurecida.
Meu desanimado desespero desapareceu completamente. Um brilho avermelhado
lânguido realçou as figuras escuras em frente a mim, e tudo que eu quis naquele
momento eram a chance para afundar meus dentes neles, rasgar os membros dos corpos
deles e os empilhar para queimar. Eu estava tão enlouquecido que eu poderia dançar ao
redor da pira onde eles assavam vivos ; Eu teria rido enquanto as cinzas deles
queimassem sem chama. Meus lábios se encurvaram para trás automaticamente, e um
baixo, feroz rosnado rasgou minha garganta vinda do interior de meu estômago. Eu
percebi que os cantos de minha boca estavam virados para cima em um sorriso.
Ao meu lado, Zafrina e Sene ecoaram meu rosnado silenciado. Edward apertou a mão
que ele ainda segurava, me acautelando.
As faces sombreadas dos Volturis ainda eram a maior parte inexpressivas. Só dois pares
de olhos traíram alguma emoção ao todo. bem no centro, de mãos dadas, Aro e Caius
tinham pausado para avaliar, e a guarda inteira tinha pausado com eles, esperando pela
ordem para matar. Os dois não olharam para um ao outro, mas era óbvio que eles
estavam se comunicando. Marcus, segurando a outra mão de Aro, não parecia parte da
conversação. A expressão dele não era tão descuidada como as dos guardas, mas estava
quase como em branco. Como na outra vez que eu tinha o visto, ele parecia estar
totalmente enfadado .
Os corpos das testemunha dos Volturis se inclinaram para nós, os olhos deles fixados
furiosamente em Renesmee e em mim, mas eles ficaram próximos a beira da floresta,
deixando um larga entre eles e os soldados de Volturi.
Só Irina pairou perto atrás dos Volturis, apenas a alguns passos longe das duas fêmeas
anciãs de cabelos louros e pele pulverulenta e olhos novoentos - e de seus dois guardacostas volumosos.
Só havia uma mulher em um dos mantos cinzas mais escuros atrás de Aro. Eu não pude
ter certeza, mas pearecia que ela estava realmente tocando suas costas. Era esta a outra
proteção, Renata? Eu desejei saber, como o Eleazar, se ela podia me repelir.
Mas eu não desperdiçaria minha vida tentando pegar a Caius ou Aro. Eu tinha objetivos
mais vitais.
Eu procurei pela linha começando por eles não tive nenhuma dificuldade em encontrar
os dois delicados, cinza-escuro mantos, perto do coração da formação. Alec e Jane,
facilmente os menores membros da guarda, parados ao lado de Marcus, flanqueados por
Demetri do outro. As faces adoráveis deles estavam lisas, não mostrando nada; eles
usavam os mantos mais escuros ao lado do puro preto dos anciões. Os gêmeos bruxos,
como Vladimir tinha os chamado. Os poderes deles eram a base da ofensiva dos
Volturis. As jóias na coleção de Aro.
Meus músculos flexionaram, e o veneno transbordou em minha boca.
Os olhos vermelhos de Aro e Caius chamejaram por nossa linha. Eu li decepção na face
de Aro enquanto o olhar dele perambulava novamente e novamente em cima de nossas
faces, procurando por um que estava faltando. Apertando pesadamente os lábios dele.
Naquele momento, eu estava nada, além de grata por Alice ter fugido.
Enquanto a pausa aumentava, eu ouvi a velocidade da respiração de Edward.
―Edward? ‖ Carlisle perguntou, baixo e ansiosamente.
‖ Eles não tem certeza de como proceder. Eles estão pesando opções, escolhendo
objetivos fundamentais - eu, claro, você, Eleazar, Tanya. Marcus está lendo a força de
nossos laços um ao outro, procurando pontos fracos. A presença dos romenos os irrita.
Eles estão preocupados sobre as faces que eles não reconhecem - Zafrina e Senna em
particular - e os lobos, naturalmente. Eles nunca estiveram em desvantagem antes. Isso é
o que os parou.‖
‖ Em desvantagem?‖ Tanya sussurrou sem acreditar.
‖ Eles não contam as testemunhaa deles , ‖ Edward tomou fôlego. ‖ Elas são nulidades,
sem sentido a guarda. Aro apenas gosta de uma audiência ―.
―Eu deveria falar ?‖ Carlisle perguntou.
Edward hesitou, então assentiu com a cabeça. ‖ Esta é a única chance que você terá ―.
Carlisle endireitou os ombros e deu vários passos à frente de nossa linha defensiva. Eu
odiei o ver só, desprotegido.
Ele espalhou os braços dele, segurando as palmas dele para cima como estivesse
cumprimentando. ‖ Aro, meu velho amigo. Fazem séculos ―.
A formação branca ficou em silêncio mortal por um longo momento. Eu pude sentir a
tensão que saiu fora de Edward quando ele escutou a avaliação de Aro para as palavras
de Carlisle. A tensão amontoou enquanto os segundos passavam.
E então Aro saiu do centro da formação dos Volturis. O escudo, Renata, moveu com ele
como se as pontas dos dedos dela fossem costuradas ao ropão dele. Pela primeira vez, a
linha dos Volturis reagiram. Um murmurou rolou pela linha, sobrancelhas abaixaram
em carrancas, lábios enrolaram atrás dos dentes. Alguns dos guardas se agacharam
adiante.
Aro levantou uma mão para eles. ―Paz.‖
Ele caminhou apenas alguns passos mais, então levantou sua cabeça para um lado. Os
olhos lácteos dele cintilaram com curiosidade.
―Palavras justas, Carlisle, ‖ ele inspirou com sua voz magra, delgada. ‖ Elas parecem
fora de lugar, considerando o exército você juntou para me matar, e matar meus
queridos ―.
Carlisle balançou a cabeça e esticou a mão direita adiante como se ainda não houvessem
quase cem jardas entre eles. ‖ Você tem que tocar minha mão para saber que isso nunca
foi minha intenção ―.
Os olhos astutos de Aro estreitaram. ‖ Mas como sua imtenção pode importar, querido
Carlisle, em face ao que você fez ?‖ Ele fez uma carranca, e uma sombra de tristeza
cruzou as características dele - se era genuína ou não, eu não pude contar.
‖ Eu não cometi o crime para o qual você está aqui para me castigar.‖
‖ Então saia do caminho e nos deixe castigar esse responsável. Honestamente, Carlisle,
nada me agradaria mais que preservar sua vida hoje. ‖
‖ Ninguém quebrou a lei, Aro. Me deixe explicar ―. Novamente, Carlisle ofereceu a mão
dele.
Antes de Aro pudesse responder, Caius vagou rapidamente adiante para o lado de Aro.
‖ Tantos regras insensatas, tantas leis desnecessárias que você cria para você, Carlisle,
‖ o ancião de cabelo branco assobiou. ‖ Como será possível que você defende a quebra
de uma que realmente importa?‖
‖ A lei não foi quebrada. Se você escutasse -‖
‖ Nós vimos a criança, Carlisle, ‖ Caius rosnou. ―Não nos trate como bobos ―.
‖ Ela não é um imortal. Ela não é uma vampira. Eu posso facilmente provar isto em só
alguns momentos -‖
Caius o cortou. ‖ Se ela não é uma da proibidas, então por que você reuniu um batalhão
para a proteger?‖
‖ Testemunhas, Caius, da mesma maneira que você trouxe ―. Carlisle gesticulou para a
horda brava à beira dos bosques; alguns deles rosnaram em resposta. ‖ Qualquer um
destes amigos pode lhe contar a verdade sobre a criança. Ou você apenas poderia olhar
para ela, Caius. Veja o rubor de sangue humano nas bochechas dela.‖
―Artifício!‖ Caius estalou. ‖ Onde a informante está? A deixe avançar! Ele girou o
pescoço dele ao redor até que ele viu Irina logo atrás das espoas. ‖ Você! Venha ―!
Irina o encarou sem compreender, a face dela como de alguém que não despertou
completamente de um pesadelo horroroso. Impacientemente, Caius estalou os dedos.
Um dos guarda-costas enormes das esposas moveu ao lado de Irina e a cutucou
rudemente nas costas. Irina piscou duas vezes e então caminhou lentamente para Caius
em uma ofuscação . Ela parou várias jardas perto, os olhos dela ainda encarando suas
irmãs.
Caius fechou a distância entre eles e a esbofeteou na face.
Não poderia ter doído, mas havia algo terrivelmente degradante sobre a ação. Parecia
como assistir a alguém chutar um cachorro. Tanya e Kate assobiaram em sincronização.
O corpo de Irina ficou rígido e os olhos dela finalmente se focalizaram em Caius. Ele
apontou um dedo a Renesmee onde ela estava agarrada nas minhas costas, os dedos
dela ainda enroscados no pelo de Jacob. Caius ficou completamente vermelho em minha
visão furiosa. Um resmungo estrondeou pelo tórax de Jacob.
‖ Esta é a criança que você viu ―? Caius exigiu. ‖ A que era obviamente mais que
humana ?‖
Irina nos investigou , examinando Renesmee pela primeira vez desde de que entrou na
clareira. A cabeça dela inclinou para o lado, confusão cruzou as características dela.
―Bem?‖ Caius rosnou.
‖ Eu… eu não tenho certeza, ‖ ela disse, seu tom peplexo.
A mão de Caius se contraiu como se ele quisesse a esbofetear novamente. ‖ O que você
quer dizer?‖ ele disse em um sussurro de aço.
‖ Ela não é a mesma, mas eu acho que é a mesma criança. O que quis dizer é que ela
está mudada. Esta criança é maior que a que eu vi, mas -‖
O suspiro furioso de Caius crepitou pelos dentes de repente descobertos dele, e Irina
parou sem terminar. Aro voou para o lado de Caius e colocou uma mão em seu ombro.
―Fique composto, irmão. Nós temos tempo para ordenar isto. Nenhuma necessidade
para ser precipitado ―.
Com uma expressão mal-humorada, Caius deu as costas para Irina.
‖ Agora, querida, ‖ Aro disse em um murmúrio morno, açucarado. ―Me mostre o que
você está tentando dizer ―. Ele ofereceu a mão dele para a vampira confusa.
Duvidosamente, Irina segurou a mão dele. Ele a segurou por só cinco segundos.
‖ Você vê, Caius ―? ele disse. ‖ É uma questão simples adquirir o que nós precisamos ―.
Caius não lhe respondeu. Pelo canto de seus olhos, Aro olhou uma vez para audiência
dele, a turba dele, e então retrocedeu a Carlisle.
‖ E então nós temos um mistério em nossas mãos, ao que parece. Parece que a criança
cresceu. Mas ainda a primeira memória de Irina era claramente de uma criança imortal.
Curioso ―.
‖ Isso é exatamente o que eu estou tentando explicar, ‖ Carlisle disse, e pela mudança na
voz dele, eu pude adivinhar o alívio dele. Esta era a pausa em que nós tínhamos fixado
todas nossas esperanças nebulosas .
Eu não sentia nenhum alívio. Eu esperei, quase entorpeçida com raiva, para as camadas
de estratégia que tinha prometido Edward.
Carlisle ofereceu a mão dele novamente.
Aro hesitou por um momento. ‖ Eu preferiria ter a explicação de alguém mais central na
história, meu amigo. Eu estou errado ao assumir que esta infração não foi feita por você
?‖
―Não há nenhuma infração.‖
‖ Seja que como for, eu terei toda faceta da verdade ―. a voz emplumada de Aro
endureceu. ‖ E o melhor modo para adquirir isso é ter a evidência diretamente de seu
filho talentoso.‖ Ele inclinou a cabeça dele na direção de Edward. ‖ Como a criança
agarra a companheira recém-nascida dele, eu pressumo que Edward está envolvido ―.
Claro que ele quis Edward. Uma vez que ele pudesse ver na mente de Edward, ele
saberia todos nossos pensamentos. Exceto o meu.
Edward se virou para beijar minha testa e de Renesmee rapidamente, não encontrando
meus olhos. Então ele andou pelo campo nevado, batendo no ombro de Carlisle quando
passou por ele. Eu ouvi uma baixa choradeira vindo de trás de mim - o terror de Esme
se mostrando.
A neblina vermelha que eu vi ao redor do exército dos Volturis ardeu mais luminosa
que antes. Eu não pude agüentar assistir Edward cruzar o espaço branco vazio sozinho mas eu também não pude suportar ter Renesmee um passo mais perto dos nossos
adversários. As necessidades adversárias rasgaram a mim; Eu estava tão firmemente
congelada que sentia como se meus ossos pudessem quebrar com esta pressão.
Eu vi Jane sorrir quando Edward cruzou o ponto central na distância entre nós, quando
ele estava mais perto deles do que de nós.
Aquele pequeno sorriso presumido fez isto. Meu pico de fúria, mais alto até mesmo que
o desejo de sangue furioso eu tinha sentido no momento em que os lobos tinha se
juntado a esta briga condenada. Eu poderia provar loucura em minha língua - Eu sentia
isto fluir em mim como uma onda de puro poder. Meus músculos apertaram, e eu agi
automaticamente. Eu lancei minha proteção com toda a força em minha mente,
arremessei isto pela expansão impossível do campo - dez vezes minha melhor distância
- como uma lança. Minha respiração acelerou em um acesso de ira com o esforço.
A proteção saiu de mim em uma bolha de energia, uma nuvem em forma de cogumelo
de aço líquido. Pulsou como uma coisa viva - eu poderia sentir isto, do ápice para as
extremidades.
Não havia nenhum recuo ao tecido elástico agora; naquele momento de força crua, eu vi
que o recuo que eu senti antes era de minha própria autoria - eu tinha agarrado aquela
parte invisível de mim em autodefesa, subconscientemente pouco disposta a deixar isso
sair. Agora que deixei livre, a minha proteção explodiu sem esforço umas boas
cinqüenta jardas para fora de mim, levando só uma fração de minha concentração.Eu
pude sentir isto como outro musculo flexivel, obediente a minha vontade. Eu empurrei
isto, moldando em uma forma oval longa, pontuda. Tudo debaixo da proteção férrea
flexível de repente era uma parte de mim - eu pude sentir a força de vida de tudo que
cobri como pontos de calor luminoso, deslumbrantes faíscas de luz me cercando. Eu
empurrei a proteção adiante para o comprimento da clareira, e exalei em alívio quando
eu senti a luz brilhante de Edward dentro de minha proteção. Eu segurei lá, contraindo
este músculo novo de forma que isto cercava próximo a Edward, uma fcamada fina mas
irrompível entre o corpo dele e nossos inimigos.
Apenas um segundo tinha passado. Edward ainda estava caminhando em direção a Aro.
Tudo tinha mudado absolutamente, mas ninguém tinha notado a explosão com exceção
de mim. Um riso assustado estourou por meus lábios. Eu sentia os outros olhando a
mim e vi o revirar dos olhos pretos e grandes de Jacob até olhar fixar em mim como eu
tivesse perdido minha cabeça.
Edward parou alguns passos longe de Aro, e eu percebi entretanto com algum pesar que
certamente podia, mas eu não deveria impedir esta troca de acontecer. Este era o ponto
de todas nossas preparações: Aro ouvir o nosso lado da história. Era quase fisicamente
doloroso fazer isto, mas relutantemente eu retirei minha proteção e deixei Edward
exposto novemente. O humor risonho tinha desaparecido. Eu totalmente focalizei em
Edward, pronta para o proteger imediatamente se algo desse errado.
O queixo de Edward ergueu arrogantemente, e estendeu a mão dele para Aro como se
estivesse conferindo uma grande honra. Aro parecia apenas encantado com a atitude
dele, mas o deleite dele não era universal. Renata tremulou nervosamente na sombra de
Aro. A carranca de Caius estava tão funda que se parecia papiro, a pele translúcida
dobrada permanentemente. Pequena Jane mostrou os dentes dela, e ao lado dela os
olhos do Alec estreitados em concentração. Eu adivinhei que ele estava pronto, como
eu, para agir em um segundo.
Aro fechou a distância sem pausa -e realmente, o que tinha ele para temer? As sombras
grosseiras dos mantos cinzas mais claros - os lutadores musculosos como Felix - estava
apenas algumas jardas longe. Jane e o dom queimante dela poderiam lançar Edward no
chão, se contorcendo em agonia. Alec poderia encobrir e o ensurdecer antes que ele
pudesse dar um passo na direção de Aro. Ninguém sabia que eu tinha o poder para os
impedir, nem mesmo Edward.
Com um sorriso calmo, Aro segurou a mão de Edward. Os olhos dele se fecharam com
um estalo imediatamente, e então seus ombros se curvaram diante a quantidade de
informação.
Todo pensamento secreto, toda estratégia, toda perspicácia - tudo que Edward tinha
ouvido nas mentes ao redor dele durante o último mês - agora era de Aro. E mais
adiante em todas as visões de Alice, todo momento tranquilo com nossa família, todas
as figuras na cabeça de Renesmee, todo beijo, todo toque entre Edward e mim… Tudo
isso era de Aro agora, também.
Eu assobiei com frustração, e o escudo rolou com minha irritação, trocando sua forma e
contraindo ao nosso redor.
‖ Calma, Bella, ‖ Zafrina sussurrou a mim.
Eu apertei meus dentes.
Aro continuou concentrando nas recordações de Edward. A cabeça de Edward se
curvou, também, os musculos do pescoço se contraindo enquanto ele lia novamente
tudo o que Aro tirou da mente dele, e a resposta de Aro para tudo isso.
Estas duas-vias mas conversação desigual continuaram tempo bastante que até mesmo a
guarda se inquietou. Baixos murmúrios transpassaram a linha até que Caius latiu uma
ordem afiada para silêncio. Jane estava indo adiante como se ela não pudesse se conter,
e a face de Renata estava rígida com angústia. Por um momento, eu examinei esta
proteção poderosa que parecia tão apavorada e fraca; embora ela fosse útil a Aro, eu
poderia contar que ela não era nenhuma guerreira. Não era trabalho dela lutar, mas
proteger. Não havia nenhum ―desejo de sangue‖ nela. Crua como eu estava, eu soube
que se isto estivesse entre ela e mim, eu a obliteraria.
Eu me refoquei quando Aro se endireitou, os olhos dele flamejando abertos, a expressão
dele apavorada e cautelosa. Ele não libertou a mão de Edward.
Os músculos de Edward se soltaram muito ligeiramente.
‖ Você vê ―? Edward perguntou, a voz aveludada dele calma.
‖ Sim, eu vejo, realmente, ‖ Aro concordou, e incrivelmente, ele quase soou divertido. ‖
Eu duvido se qualquer um entre deuses ou mortais já viu isso tão claramente ―.
As faces disciplinadas da guarda mostraram a mesma descrença que eu sentia.
‖ Você me deu muito a ponderar, jovem amigo, ‖ Aro continuou. ‖ Muito mais que eu
esperei ―. Ele ainda não libertou a mão de Edward, e a posição tensa de Edward era
como de quem escuta.
Edward não respondeu.
―Eu posso a conhecer?‖ Aro perguntou - quase defensivo - com interesse ansioso súbito.
‖ Eu nunca sonhei com a existência de tal coisa por todos meus séculos. Isso que é uma
adição para nossas histórias ―!
―Sobre o que é isto, Aro ―? Caius estalou antes de Edward pudesse responder. Apenas a
pergunta me fez puxar Renesmee para os meus braços, embalando ela protetivamente
contra meu seio.
‖ Algo com o que você nunca sonhou, meu amigo prático. Leve um momento para
ponderar, a justiça que nós pretendemos entregar já não se aplica.‖
Caius assobiou em surpresa às palavras dele.
‖ Paz, irmão, ‖ Aro advertiu ternamente.
Estas deveriam ter sido notícias boas - estas eram as palavras que nós tínhamos
esperado, a suspensão que nós nunca haviamos pensado ser possivel. Aro tinha escutado
a verdade. Aro tinha admitido que a lei não tinha sido quebrada.
Mas meus olhos estavam presos em Edward, e eu vi os músculos das costas dele se
contrair. Eu joguei de novo em minha cabeça a instrução de Aro para Caius ponderar, e
ouvi o significado duplo.
―Você me apresentará a sua filha?‖ Aro perguntou novamente para Edward.
Caius não foi o único que assobiou perante esta nova revelação.
Edward assentiu com a cabeça relutantemente. E ainda, Renesmee tinha ganho em cima
de tantos outros. Aro sempre parecia o líder dos anciões. Se ele estivesse no lado dela,
os outros poderiam agir contra nós?
Aro ainda agarrou a mão de Edward, e agora ele respondeu uma pergunta que o resto de
nós não tinha ouvido.
‖ Eu penso que um acordo neste ponto é perfeitamente aceitável, dado a circunstância.
Nós nos encontraremos no meio ―.
Aro libertou a mão dele. Edward retrocedeu para nós, e Aro se uniu a ele, lançando um
braço casualmente em cima do ombro de Edward como se eles fossem os melhores
amigo de todo o tempo mantendo contato com a pele de Edward. Eles começaram a
cruzar o campo de volta para nosso lado.
A guarda inteira entrou em passo atrás deles. Aro elevou uma mão impedindo o avanço
sem olhar para eles.
‖ Espere, meus queridos. Honestamente, eles não pretende nos causar nenhum dano se
nós formos pacíficos ―.
A guarda reagiu a isto mais abertamente do que antes, com rosnados e assobios de
protesto, mas manteve posição. Renata, agarrando Aro mais perto, choramingou em
ansiedade.
‖ Mestre, ‖ ela sussurrou.
―Não se irrite, meu amor, ‖ ele respondeu. ‖ Está tudo bem ―.
‖ Talvez você deveria trazer alguns mambros de sua guarda conosco, ‖ Edward sugeriu.
‖ Os deixará mais confortável ―.
Aro assentiu com a cabeça como se esta fosse uma observação sábia que ele mesmo
deveria ter pensado . Ele estalou os dedos duas vezes. ‖ Felix, Demetri ―.
Os dois vampiros estavam instantaneamente ao lado dele, parecendo exatamente igual à
última vez que eu os tinha visto. Ambos eram altos e com cabelos escuros, Demetri
duro e magro como a lâmina de uma espada, Felix grosseiro e ameaçador como um
ferro-eriçado de espanque.
Os cinco pararam no meio do campo nevado.
‖ Bella, ‖ Edward chamou. ‖ Traga Renesmee… e alguns amigos ―.
Eu respirei profundamente. Meu corpo estava tenso com oposição. A idéia de levar
Renesmee no centro do conflito… Mas eu confiei em Edward. Ele saberia se Aro estava
planejando alguma deslealdade neste momento.
Aro tinha três protetores ao seu lado, assim eu traria dois comigo. Me levou só um
segundo decidir.
‖ Jacob? Emmett ―? eu perguntei tranquilamente. Emmett, porque ele estaria
―morrendo‖ para ir. Jacob, porque ele não poderia agüentar ser deixado para trás.
Ambos assentiram com a cabeça. Emmett sorriu.
Eu cruzei o campo com eles me flanqueando. Eu ouvi outro estrondo da guarda quando
eles viram minha escolha - claramente, eles não confiaram no lobisomem. Aro ergueu a
mão dele, renunciando novamente o protesto deles.
―Companhia interessante a que você mantém, ‖ Demetri murmurou a Edward.
Edward não respondeu, mas um baixo resmungo deslizou pelos dentes de Jacob.
Nós paramos algumas jardas de Aro. Edward saiu de debaixo do braço de Aro e
depressa se uniu a nós, pegando minha mão.
Por um momento nós enfrentamos um ao outro em silêncio. Então Felix me
cumprimentou com um leve aperto.
‖ Oi novamente, Bella ―. Ele sorriu ainda localizando cada tremor de Jacob com sua
visão periferica.
Eu sorri torto ao vampiro enorme. ―Hey, Felix.‖
Felix riu. ‖ Você parece bem. Imortalidade cai bem em você.‖
‖ Muito obrigada‖.
‖ De nada. É uma pena. . .‖
Ele deixou o comentário dele se arrastar no silêncio, mas eu não precisei do dom de
Edward para imaginar o fim. É uma pena que nós vamos te matar em um segundo.
‖ Sim, muito ruim, não é?‖ eu murmurei.
Felix piscou.
Aro não prestou nenhuma atenção a nossa troca. Ele virou a cabeça dele para o lado,
fascinado. ‖ Eu ouço seu coração estranho, ‖ ele murmurou com uma canção alegre
quase musical às palavras dele. ‖ Eu sinto o cheiro estranho dela.‖ Então os olhos
nebulosos dele se viraram para mim. ‖ Em verdade, jovem Bella, a imortalidade mudou
você de forma extraordinaria, ‖ ele disse. ‖ É como se você fosse projetada para esta
vida ―.
Eu assenti com a cabeça uma vez em reconhecimento da lisonja dele.
‖ Você gostou de meu presente ―? ele perguntou, olhando o pingente que eu usava.
―É lindo, e muito, muito generoso de sua parte. Obrigado. Eu provavelmente deveria ter
enviado uma nota ‖ .
Aro riu deliciado. ‖ Apenas é uma coisa que eu tinha escondida. Eu pensei que poderia
complementar sua face nova, e assim faz ―.
Eu ouvi um pequeno assobio do centro da linha dos Volturis. Eu olhei por cima do
ombro de Aro.
Hmm. Parecia que Jane não estava contente sobre o fato que Aro tinha me dado um
presente.
Aro limpou a garganta para retomar minha atenção. Eu possoconhecersua filha, ‖
adorável Bella?‖ ele perguntou docemente.
Isto era o para o qual nós tínhamos esperado, eu me lembrei. Lutando contra o desejo de
levar Renesmee e correr, eu dei dois passos lentos adiante. Minha proteção ondulada
ficou atrás de mim como uma capa, protegendo o resto de minha família enquanto
Renesmee era deixada exposta. Parecia errado, horrível.
Aro nos conheceu, sua face radiante.
‖ Mas ela é primorosa, ‖ ele murmurou. ‖ Assim como você e Edward ―. E então mais
alto, ‖ Oi, Renesmee ―.
Renesmee olhou depressa para mim. Eu assenti com a cabeça.
‖ Oi, Aro, ‖ ela respondeu formalmente com sua alta, tocante voz.
Os olhos de Aro estavam pensativos.
‖ O que é isto?‖ Caius assobiou por detrás. Ele parecia enfurecido pela necessidade de
perguntar.
‖ Meio mortal, meio imortal, ‖ Aro anunciou a ele e o resto da guarda sem virar o olhar
escravizado dele de Renesmee. ‖ Concebida assim, e carregada por esta recém-nascida
enquanto ela ainda era humana ―.
‖ Impossível, ‖ Caius ridicularizou.
―Você pensa que eles me inganaram, então, irmão?‖ a expressão de Aro estava
grandemente divertida, mas Caius vacilou.‖A batida do coração, você ouve como um
artificio também?‖
Caius fez carranca, parecendo desapontado como se as perguntas suaves de Aro
tivessem sido sopros.
‖ Calmamente e cuidadosamente, irmão, ‖ Aro acautelou, ainda sorrindo para
Renesmee. ‖ Eu sei bem como você ama sua justiça, mas não há nenhuma justiça para
agir contra esta pequena sem igual pela ascendência dela. E tanto a aprender, tanto a
aprender! Eu sei que você não compartilha de meu entusiasmo por colecionar histórias,
mas seja tolerante comigo, irmão, enquanto eu adiciono um capitulo com esta
improbabilidade. Nós viemos, esperando só justiça e a tristeza de falsos amigos, mas
olhe o que nós ganhamos ao invés! Um conhecimento novo, luminoso de nós mesmos,
nossas possibilidades ―.
Ele ofereceu a mão dele a Renesmee em convite. Mas isto não era o que ela queria. Ela
se apoiou para longe de mim, estirando para cima, para encostar as pontas dos dedos
dela na face de Aro.
Aro não reagiu com choque como quase todo mundo tinha reagido a este dom de
Renesmee; ele tinha usado o fluir de pensamentos e memorias dos outros como tinha
feito com Edward.
O sorriso dele alargou, e ele suspirou em satisfação. ‖ Brilhante, ‖ ele sussurrou.
Renesmee relaxou de volta em meus braços, a pequena face dela muita séria.
‖ Por favor ―? ela lhe perguntou.
O sorriso dele ficou suave. ‖ Claro que eu não tenho desejo nenhum de prejudicar seus
familiares, preciosa Renesmee.‖
A voz de Aro estava confortante e afetuosa, me pegou durante um segundo. E então eu
ouvi os dentes de Edward rangerem e, longe atrás de nós, Maggie assobiou
furiosamente à mentira.
‖ Eu me pergunto, ‖ Aro disse pensativamente, parecendo não notar a reação para as
palavras prévias dele. Os olhos dele se voltaram para Jacob inesperadamente, e em vez
do desgosto o outro Volturi viu o lobo gigantesco com, os olhos de Aro estavam cheios
com um desejo que eu não compreendi.
‖ Não funciona desse jeito, ‖ Edward disse, a neutralidade cuidadosa sumiu e o tom
repentinamente severo.
‖ Apenas um pensamento errado, ‖ Aro disse, avaliando o Jacob abertamente, e então
os olhos dele moveram lentamente pelas duas linhas de lobisomens atrás de nós.
Qualquer coisa que Renesmee tinha mostrado fez os lobos repentinamente interessantes
para ele.
‖ Eles não pertencem a nós, Aro. Eles não seguem nossos comandos desse jeito. Eles
estão aqui porque eles querem estar ―.
Jacob rosnou ameaçadoramente.
‖ Eles parecem bastante ligados a você, entretanto, ‖ Aro disse. ―A sua jovem
companheira e sua… família. Leal ―. a voz dele acariciou a palavra suavemente.
‖ Eles são comprometidos a proteger vida humana, Aro. Isso os faz capaz coexistir
conosco, mas não com você. A menos que você esteja repensando seu estilo de vida ―.
Aro riu divertido. ‖ Apenas um pensamento errado, ‖ ele repetiu. ‖ Você sabe bem
como isso é. Nenhum de nós pode controlar completamente nossos desejos
subconscientes ― .
Edward fez careta. ‖ Eu sei como isso é. E eu também sei a diferença entre este tipo de
pensamento e o tipo com um propósito por trás dele. Nunca poderia dar certo, Aro ―.
A vasta cabeça de Jacob virou na direção de Edward, e um ganido lânguido deslizou de
entre os dentes dele.
‖ Ele está intrigado com a idéia de… cachorros de guarda, ‖ Edward murmurou de
volta.
Houve um segundo de silêncio morto, e então o som dos rosnados furiosos que saiu
resgando do bando, encheu a clareira inteira.
Havia um latido afiado de comando - de Sam, eu supus, entretanto eu não me virei para
olhar -e a reclamação acabou em sábio silêncio.
‖ Eu suponho isso responda a aquela questão, ‖ Aro disse, rindo novamente. ‖ Este
bando escolheu seu lado ―.
Edward assobiou e inclinou para frente. Eu apertei ao braço dele, desejando saber o que
poderia estar nos pensamentos de Aro que o fariam reagirem tão violentamente,
enquanto Felix e Demetri agacharam em sincronia. Aro renunciou a eles novamente.
Todos eles voltaram à postura anterior , Edward inclusive.
‖ Tanto para discutir, ‖ disse Aro, o tom dele de repente o de um homem de negócios. ‖
Tanto a decidir. Se vocês e seus protetores peludos me dão licença, meus queridos
Cullens, eu tenho que conferir com meus irmãos ―.
37. PLANO
Aro não retornou para os seus guardas ansiosos que esperavam na parte norte da
clareira; ao contrário, os chamou para frente.
Edward começou a voltar imediatamente, pegando o meu braço e o de Emmett. Nós
voltamos correndo, mantendo os nossos olhos na ameaça que avançava. Jacob voltou
devagar, o pêlo nos seus ombros levantados enquanto ele mostrava as suas presas para
Aro. Renesmee pegou a ponta do seu rabo enquanto voltávamos; ela segurou como uma
corda, forçando-o a continuar conosco. Nós alcançamos a nossa família no mesmo
tempo que as capas escuras chegaram até Aro.
Agora tinha apenas cinqüenta jardas entre eles e nós - uma distância que qualquer um de
nós poderia cobrir em apenas uma fração de segundo.
Caius começou a discutir com Aro de uma vez.
―Como você pode permitir essa infâmia? Por que nós nos mantemos aqui impotentes
diante a um crime como esse, encoberto por essa ridícula decepção?‖ Ele segurou os
seus braços de lado, suas mãos como garras. Eu me perguntei por que ele simplesmente
não tocou Aro para dividir a sua opinião. Nós já estávamos vendo as suas divisões?
Poderíamos ser tão felizardos?
―Porque é tudo verdade,‖ Aro disse a ele calmamente. ―Toda palavra dita. Veja quantas
testemunhas estão prontas para dar a evidencia de que essa miraculosa criança cresce e
amadurece no tão pouco tempo em que eles a conhecem. Que eles sentiram o calor do
sangue que pulsa nas suas veias.‖ O gesto de Aro foi de Amun de um lado, para
Siobhan do outro.
Caius reagiu estranhamente às calmas palavras de Aro, mudando só na menção da
palavra testemunhas. A raiva saiu dos seus traços, trocadas por uma expressão de
cálculo frio. Ele deu olhada para as testemunhas dos Volturi com uma expressão que
parecia vagamente… nervosa.
Eu olhei para a multidão raivosa, também, e vi imediatamente que essa descrição não se
aplicava mais. O frenesi por ação se tornou confusão. Conversas baixas se espalharam
por eles enquanto tentavam trazer sentido para o que estava acontecendo.
Caius estava carrancudo, perdido em pensamentos. A sua expressão especulativa
adicionada a raiva que queimava me preocupou. E se a guarda atuasse de novo por
algum sinal invisível, como na sua marcha? Inquieta, eu inspecionei o meu escudo;
parecia tão impenetrável quanto antes. Eu a tinha transformado em um baixo, largo
domo que arqueava sobre o nosso grupo.
Eu podia sentir afiadas plumas de luz onde minha família e amigos estavam - cada um
dos cheiros individuais que eu poderia ser capaz de reconhecer com prática. Eu já
conhecia o de Edward - o seu era o mais claro de todos. O espaço extra entre os pontos
me incomodava; não existia nenhuma barreira física do escudo, e se algum dos Volturi
com poderes passasse por dentro, iria proteger ninguém além de mim. Eu senti a minha
testa enrugar enquanto arrumava o elástico para mais perto. Carlisle era o mais distante;
eu tentei voltar com o escudo polegada por polegada, tentando colocar o mais próximo
do seu corpo quanto possível.
Meu escudo parecia querer cooperar. Ele abraçou as suas formas; quando Carlisle
trocou de lugar para ficar mais perto de Tanya, o elástico esticou com ele, como uma
partícula.
Fascinada, eu puxei mais partes da trama, colocando ao redor de cada forma brilhante
que era um amigo ou aliado. O escuto aderiu a eles de bom grado, movendo-se como
eles moviam.
Apenas um segundo tinha passado; Caius ainda estava deliberando.
―Os lobisomens,‖ ele murmurou por fim.
Subitamente com pânico, eu percebi que a grande maioria dos lobos estava fora de
proteção. Eu estava quase os alcançando quando percebi que, estranhamente, podia
ainda sentir as suas faíscas. Curiosamente, eu fiz o escudo ir até Amun e Kebi - os mais
distantes do grupo - que estavam fora com os lobos. Quando eles estavam no outro lado,
as suas luzes sumiram. Eles não existiam no novo sentido. Mas os lobos ainda eram
chamas brilhantes - ou melhor, metade deles. Hm.. eu estiquei mais longe, e quando
apenas Sam estava debaixo, todos os lobos estavam brilhando de novo.
As suas mentes devem estar mais interconectadas que eu imaginava. Se o Alfa estivesse
no interior do meu escudo, o resto de suas mentes estavam tão protegidas quanto a sua.
―Ah, irmão …,‖ Aro respondeu a Caius com uma declaração de dor no olhar.
―Vai defender a aliança, também, Aro?‖ Caius exigiu. ―As crianças da Lua têm sido os
nossos inimigos amargamente desde o início dos tempos. Temos caçado-as até sua
extinção na Europa e na Ásia. Ora Carlisle incentiva uma relação familiar com esta
enorme infestação - sem dúvida, numa tentativa de derrubar-nos. O melhor para
proteger o seu deformado estilo de vida‖.
Edward apurou sua garganta ruidosamente e Caius olhou raivosamente para ele. Aro
colocou sua magra mão, delicadamente sobre sua face, entregando que estava
envergonhado pelos seus ancestrais.
―Caius, já é meio dia,‖ assinalou Edward. Ele gesticulou para Jacob. ―Estas não são
Crianças da Lua, de forma clara. Eles não têm relação a seus inimigos do outro lado do
mundo.‖
―Você tem uma raça de mutantes aqui,‖ Caius cuspiu, voltando a ele.
Edward apertou sua mandíbula e depois desapertou, em seguida, ele respondeu
uniformemente, ―Eles não são sequer lobisomens. Aro pode lhe dizer tudo sobre eles se
você não acreditar em mim.‖
Não eram lobisomens? Eu dei uma olhada mistificada em Jacob. Ele levantou os seus
enormes ombros e deixou-os cair - os encolhendo. Ele não sabia sobre o que Edward
estava falando, também.
―Querido Caius, eu teria avisado para que você não pressionasse este ponto se você me
tivesse dito a sua opinião,‖ Aro murmurou.
―Embora as criaturas pensem em si próprias como lobos, eles não são. O nome mais
preciso para eles seria transmorfos. A escolha de uma forma lobo foi puramente lhes
dada, assim como poderiam ter sido um urso, ou um falcão, ou uma pantera quando a
primeira mudança foi feita. Essas criaturas verdadeiramente nada têm a ver com as
Crianças da Lua. Eles têm apenas herdado essa habilidade de seus pais. É genético - eles
não perpetuam a espécie infectando, do jeito que verdadeiros lobisomens fazem.‖
Caius encarou Aro com uma irritação e mais alguma coisa - uma acusação de traição,
talvez.
―Eles sabem o nosso segredo‖, ele afirmou categoricamente.
Edward analisou a possibilidade de responder essa acusação, mas Aro falou mais
rápido. ―Eles são criaturas do nosso mundo sobrenatural, irmão. Talvez ainda mais
dependentes de sigilo do que nós estamos, mas dificilmente poderão expor-nos.
Cuidado, Caius. Especialmente, essas alegações não irão levar a lugar nenhum.‖
Caius tomou uma respiração profunda e balançou a cabeça. Eles trocaram um longo e
significativo olhar.
Eu achei que tinha entendido a instrução por trás do trabalho cuidadoso de Aro. Falsas
acusações não estavam ajudando a convencer as testemunhas assistindo de cada lado.
Aro estava advertindo Caius para passar para outra estratégia. Eu me perguntei se a
razão por trás da aparente tensão entre os dois anciões - indisposição de Caius para
dividir seus pensamentos com um toque - era que Caius não se preocupava em mostrar
tanto quanto Aro o fazia. Se o massacre a caminho era muito mais essencial para Caius
do que uma reputação imaculada.
―Eu quero conversar com o informante,‖ Caius anunciou abruptamente, e direcionou
seu olhar fuzilador para Irina.
Irina não estava prestando atenção na conversa de Caius e Aro; seu rosto estava com um
quê de agonia, seus olhos encaravam suas irmãs, prestes a morrer. Estava claro em seu
rosto que ela sabia agora que sua acusação havia sido totalmente falsa.
―Irina,‖ Caius gritou, infeliz por ter de se dirigir a ela.
Ela olhou pra cima, assustada e instantaneamente apreensiva.
Caius estalou os dedos.
Hesitantemente, ela se moveu na orla da formação dos Volturi para se posicionar na
frente de Caius de novo.
―Então, parece que você estava bem enganada sobre suas alegações,‖ Caius começou.
Tanya e Kate se inclinaram pra frente ansiosamente.
―Me desculpe,‖ Irina suspirou. ―Eu devia ter me certificado do que estava vendo. Mas
eu não tinha idéia…‖, ela gesticulou desamparada na nossa direção.
―Caro Caius, você não podia esperar que ela adivinhasse em um instante algo tão
estranho e impossível?‖ Aro perguntou. ―Qualquer um de nós faria a mesma
suposição‖.
Caius ergueu os dedos para Aro para silenciá-lo.
―Todos nós sabemos que você cometeu um erro,‖ ele falou bruscamente. ―Eu me refiro
as suas motivações.‖
Irina esperou nervosa ele continuar, e então repetiu. ―Minhas motivações?‖
―Sim, para vir espiá-los em primeiro lugar.‖
Irina se retesou ao ouvir a palavra espiar.
―Você estava insatisfeita com os Cullens, não estava?‖
Ela moveu os olhos miseráveis para a face de Carlisle. ―Estava‖ ela admitiu.
―Por que…?‖, Caius solicitou.
―Porque os lobisomens mataram meu amigo,‖ ela suspirou. ―E os Cullens não me
deixariam vingá-lo‖.
―Os transmorfos,‖ Aro corrigiu baixo.
―Então, os Cullens estão ao lado dos transmosfos contra nossa própria espécie - contra o
amigo de uma amiga, até,‖ Caius resumiu.
Eu escutei Edward assoprar enojado debaixo do fôlego. Caius estava passando sua lista,
atrás de uma acusação que serviria.
Os ombros de Irina se levantaram. ―É assim que eu vejo.‖
Caius esperou de novo e então solicitou, ―Se você quiser fazer uma queixa formal
contra os transmorfos - e os Cullens por apoiar suas ações - agora seria a hora.‖ Ele
sorriu um pequeno e cruel sorriso, esperando Irina lhe dar a próxima desculpa.
Talvez Caius não entendesse famílias de verdade - relacionamentos baseados em amor
em vez de simplesmente amor ao poder. Talvez ele supervalorizasse o potencial de
vingança.
O queixo de Irina se moveu, seus ombros se aprumaram.
―Não, eu não tenho nenhuma reclamação contra os lobos, ou contra os Cullens. Você
veio aqui hoje pra destruir uma criança imortal. Nenhuma criança imortal existe. Foi um
erro meu, e eu assumo total responsabilidade por isso. Mas os Cullens são inocentes, e
você não tem razão pra continuar aqui. Eu sinto muito,‖ ela disse para nós, e então virou
o rosto na direção das testemunhas dos Volturi. ―Não houve crime. Não há razão válida
para vocês continuarem aqui.‖
Caius ergueu a mão enquanto ela falava, e havia um objeto estranho de metal lá,
esculpido e ornamentado.
Era um sinal. A resposta foi tão rápida que nós todos encaramos em uma descrença
impressionada enquanto acontecia. Antes que pudéssemos reagir, estava acabado.
Três dos soldados dos Volturi pularam pra frente, e Irina estava completamente oculta
pelos seus casacos cinzas. No mesmo instante, um horrível som metálico de um guincho
dilacerou a clareira. Caius irrompeu no centro da aglomeração cinza, e o chiado
chocante explodiu em um estarrecedor jato de faíscas e línguas de fogo. Os soldados
saltaram para trás saindo do inferno súbito, retomando imediatamente seus lugares na
linha perfeitamente formada da guarda.
Caius estava só ao lado dos restos ardentes de Irina, o objeto de metal na mão dele ainda
lançando um jato grosso de chama na pira.
Com um pequeno clique, o jato de fogo saído da mão de Caius cessou. Um suspiro
ondulou através da massa de testemunhas atrás dos Volturi.
Nós estávamos muito espantados para fazer qualquer barulho mínimo. Era uma coisa
saber que a morte estava vindo com uma feroz, impossível de ser parada, velocidade;
era outra coisa assistir isto acontecer.
Caius sorriu friamente. ―Agora ela assumiu responsabilidade completa por suas ações.‖
Os olhos dele flamejaram em direção a nossa linha dianteira, tocando as formas
congeladas de Tanya e Kate rapidamente.
Naquele segundo eu entendi que Caius nunca tinha subestimado os laços de uma
verdadeira família. Esta era a estratégia. Ele não queria queixa por Irina; ele quis o
desafio por ela. A desculpa dele para destruí-la, acender a violência que encheu o ar
como uma névoa grossa, combustível. Ele tinha iniciado a partida.
A paz cansada deste ápice já balançou mais precariamente do que um elefante em uma
corda bamba. Uma vez que a briga começasse, não haveria jeito nenhum de para parála. Só haveria uma ecalada até que um dos lados fosse completamente extinto. Nosso
lado. Caius sabia disto.
Edward também.
―Pare elas.‖ Edward clamou, saltando para agarrar o braço de Tanya quando ela se
jogou para cima de um Caius sorridente com um grito enlouquecido de pura raiva. Ela
não pôde se livrar de Edward antes que Carlisle tivesse os braços dele fechados ao redor
da cintura dela.
―É muito tarde para salvá-la‖ ele argumentou urgentemente quando lutou com ela. ―Não
lhe dê o que ele quer!‖
Kate era mais difícil de conter. Gritando sem palavras como Tanya, ela deu o primeiro
passo largo de ataque que terminaria com a morte de todo o mundo. Rosalie estava mais
perto dela, mas antes que Rose pudesse a segurar em uma chave de braço, Kate deu um
choque tão violento, que a derrubou no chão. Emmett pegou o braço de Kate e a jogou
no chão, então cambaleou para trás, os joelhos dele falhando. Kate rolou aos pés dela, e
parecia que ninguém poderia a fazer parar.
Garrett se arremessou a ela, jogando-a novamente ao chão. Ele laçou seus braços ao
redor dos dela, travando suas mãos em seus punhos. Eu vi o espasmo do corpo dele
quando ela deu choque nele. Os olhos dele rolaram para trás da cabeça , mas o abraço
dele não quebrou.
―Zafrina,‖ Edward gritou.
Os olhos de Kate ficaram brancos e os gritos dela viraram gemidos. Tanya deixou de
lutar.
―Me devolva minha visão,‖ Tanya assobiou.
Desesperadamente, mas com toda a delicadeza que eu poderia administrar, eu puxei
minha proteção para mais perto contra as faíscas de meus amigos, colocando-a para trás
cuidadosamente de Kate tentando manter ao redor de Garrett, fazendo uma camada fina
entre eles.
E então Garrett estava novamente a cargo dele, segurando Kate na neve.
―Se eu te levantar, você me derrubará novamente, Katie?‖ ele sussurrou.
Ela rosnou em resposta, ainda se movendo cegamente.
―Me escute, Tanya, Kate,‖ Carlisle disse em um baixo mas intenso sussurro, ―Vingança
não a ajudará agora. Irina não iria querer que vocês desperdiçassem suas vidas deste
modo. Pense no que você está fazendo. Se você os ataca, nós todos morremos‖.
Os ombros de Tanya arquearam com aflição, e ela se segurou em Carlisle para ter apoio.
Kate estava finalmente imóvel. Carlisle e Garrett continuaram consolando as irmãs com
palavras muito urgentes para parecer conforto.
E minha atenção voltou ao peso dos olhares fixos que nos encaravam em nosso
momento de caos. Dos cantos de meus olhos, eu pude ver que Edward e todo mundo,
menos Carlisle e Garrett, estavam em guarda também.
O olhar penetrante mais pesado veio de Caius, encarando com descrença enfurecida,
Kate e Garrett na neve. Aro estava assistindo também, incredulidade era a emoção mais
forte na face dele. Ele sabia o que Kate poderia fazer. Ele tinha sentido a potência dela
pelas recordações de Edward.
Ele entendeu o que estava acontecendo agora - ele viu que minha proteção tinha
crescido em força e sutileza mais do que Edward tinha sido capaz de ver? Ou ele pensou
que Garrett tinha aprendido a própria forma dele de imunidade?
A guarda dos Volturi já não se manteve em atenção disciplinada - eles estavam
agachados, esperando para começar o contra-ataque no momento que nós atacássemos.
Atrás deles, quarenta e três testemunhas assistiam com expressões muito diferentes das
que eles entraram na clareira. Confusão tinha virado suspeita. A destruição rápida como
um raio de Irina tinha os balançado. Qual foi o crime dela?
Sem o ataque imediato que Caius tinha contado para distrair do ato apressado dele, as
testemunhas dos Volturi estavam se perguntando o que exatamente estava acontecendo
aqui. Aro olhou para trás rapidamente enquanto eu assistia, a face dele o traindo com
um flash de aflição. A necessidade dele por uma audiência, tinha saído mal.
Eu ouvi Stefan e Vladimir murmurarem entre si com alegria silenciosa ao desconforto
de Aro.
Aro estava obviamente preocupado em manter o chapéu branco dele (coroa), como os
romenos tinham colocado. Mas eu não acreditei que os Volturi nos deixariam em paz
para salvar a reputação deles. Depois que eles terminassem conosco, seguramente eles
matariam as testemunhas deles. Eu sentia uma piedade estranha, súbita, pela massa dos
estranhos que os Volturi tinham trazido para nos assistir morrer. Demetri os caçaria até
que eles estivessem extintos, também.
Por Jacob e Renesmee, por Alice e Jasper, por Alistair, e por estes estranhos que não
tinham conhecimento do que hoje lhes custaria, Demetri tinha que morrer.
Aro tocou o ombro de Caius ligeiramente. ―Irina foi castigada por trazer falso
testemunho contra esta criança.‖ Então esta era a desculpa deles. Ele continuou. ―Talvez
nós devêssemos voltar ao assunto?‖
Caius se endireitou, e a expressão dele endureceu de forma ilegível. Ele fitou adiante,
não vendo nada. A face dele, de forma esquisita, me lembrou a de uma pessoa que
acabou de perceber que tinha sido degradada.
Aro deslizou adiante, Renata, Felix, e Demetri se moveram automaticamente com ele.
―Só para complementar,‖ ele disse , ―eu gostaria de falar com algumas de suas
testemunhas. Procedimento, você sabe‖. Ele balançou uma mão com indiferença.
Duas coisas aconteceram imediatamente. Os olhos de Caius se focalizaram em Aro, e o
sorriso cruel minúsculo voltou. E Edward silvou, suas mãos se apertando em punhos tão
forte que parecia que os ossos de seus nós dos dedos iriam pular pra fora de sua pele
dura de diamante.
Eu estava desesperada pra perguntar o que estava havendo, mas Aro estava perto o
suficiente pra ouvir a mais curta respiração. Eu vi Carlisle encarar ansioso o rosto de
Edward, e o seu próprio rosto endureceu.
Enquanto Caius tinha fracassado com acusações inúteis e motivos insensatos pra forçar
a luta, Aro devia ter saído com alguma estratégia mais eficiente.
Aro caminho pela neve até o fim oeste da nossa linha, parando umas três jardas
distantes de Amun e Kebi. Os lobos próximos se eriçaram bravos, mas mantiveram as
posições.
―Ah, Amun meu vizinho sulista!‖ Aro falou calorosamente. ―Faz tanto tempo que você
não me visita.‖
Amun estava estático de ansiedade, Kebi uma estátua ao seu lado. ―Tempo pouco
significa; nunca o vejo passar,‖ Amun falou sem mover os lábios.
―Bem verdade,‖ Aro concordou. ―Mas talvez você tenha tido outra razão pra se
afastar?‖
Amun não disse nada.
―Pode demandar um tempo incrível organizar recém chegados em um grupo. Eu sei
muito bem disso! Eu sou agradecido por ter outros pra lidar com o tédio. Fico feliz que
suas novas adições tenham se ajustado tão bem. Eu teria adorado ser apresentado. Eu
tenho certeza que você planeja vir me ver logo.‖
―Claro,‖ 

Documentos relacionados

Crepúsculo - Stephenie Meyer

Crepúsculo - Stephenie Meyer Achar a escola não foi difícil, apesar de nunca ter estado lá antes. Ela ficava, assim como a maioria das coisas, bem perto da estrada. Não era obviamente uma escola, foi o painel, onde dizia "Esco...

Leia mais