revista la paz
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CONFERÊNCIAS Cidades de todo o estado realizam seus eventos com o LaPaz TESTE DE COMPORTAMENTO 100 maneiras de saber se o uso e abuso afetam o seu cotidiano FOTOS NA CRACOLÁNDIA Italiano vive a realidade do centro de São Paulo e expõe “Visão do Abismo” CONSCIENTIZAÇÃO PREVENÇÃO, TRATAMENTO RECUPERAÇÃO, BEM ESTAR QUALIDADE DE VIDA SETEMBRO DE 2015 1ª EDIÇÃO Descriminalização Um debate necessário na sociedade brasileira LAN ÇAM EN TO A psicóloga Maria Heloisa Bernardo criou uma coleção de e-books com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o tema, além de conscientizar e mobilizar todos aqueles que, mesmo não enfrentando o problema dentro de seu lar, desejam conhecer melhor a síndrome da dependência química. Neste volume, o primeiro da coleção, você vai entender mais sobre a síndrome em si. Este e-book é gratuito, porque você, sua família e seus amigos merecem esta segurança! Faça parte deste movimento pela qualidade de vida! 2 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 EDITORIAL Momento histórico e primeira edição: caminhos que se cruzam Q uando os historiadores tratam da história de revistas e jornais no país, o primeiro número de cada publicação tem um destaque especial. É nele que está contido e assentado um momento histórico específico da nação: o que foi notícia na época, como era o comportamento da população, como se organizavam as leis brasileiras e por aí vai. Com a revista LaPaz não é diferente. Ao longo do trabalho de produção desse exemplar de estreia, nossa equipe se mobilizou para criar uma “foto histórica” do momento pelo qual passa o Brasil, nesses primeiros meses de 2015. Quando se fala da nação, o noticiário está sempre às voltas dos escândalos de corrupção, do aumento do preço dos combustíveis e da inflação iminente e ameaçadora. Uma época, diríamos, pouco animadora para se dar o pontapé inicial em algo que se pretende grande. Mas a vontade de fazer a revista LaPaz decolar é avassaladora—e estamos imbuídos de um tal sentimento de missão que torna implacáveis nossos passos em direção ao êxito e à vitória. E como está o nosso setor específico, que é o universo da dependência química e as ciências médicas correlatas, com seus conhecimentos e técnicas? O que estamos vendo hoje que pode se tornar história amanhã? A descriminalização do porte e uso de drogas, assunto que é matéria no Supremo Tribunal Federal, é um exemplo. Como desdobramentos dessa história, temos o uso do canabidiol na medicina e as questões legais, que variam em diferentes pontos do mundo. Temos também o crack, que volta a avançar a passos largos pelos grandes centros urbanos, causando grandes estragos nas famílias, nos grupos sociais e, principalmente, um rombo nos sistemas de saúde pelo país afora. Nesse sentido, o que mais nos chama a atenção é a visibilidade que atualmente a mídia dedica ao tema “drogas, prevenção, tratamento e recuperação”. Até em virtude da demanda e da enormidade que se transformou o assunto. É por isso que estamos aqui. Para ser uma voz de referência para a sociedade que precisa de informação, de debate, de soluções. É por isso que estamos nos desdobrando para, a cada dia, consolidar um trabalho sério e abrangente de cobertura dessa área. Agradecemos aos que nos apoiam e incentivam nesse projeto e convidamos aqueles que militam pela causa: vamos caminhar juntos. Muito obrigado e boa leitura! Os editores R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 3 SUMÁRIO COLUNAS E REPORTAGENS EXPEDIENTE Revista LaPaz Número 1 Setembro de 2015 Tiragem: 3 mil exemplares Distribuição: Gratuita Circulação: dirigida para todo o Brasil CONFERÊNCIAS Cidades de todo o estado realizam seus eventos com o LaPaz TESTE DE COMPORTAMENTO 100 maneiras de saber se o uso e abuso afetam o seu cotidiano FOTOS NA CRACOLÁNDIA Italiano vive a realidade do centro de São Paulo e expõe “Visão do Abismo” CONSCIENTIZAÇÃO PREVENÇÃO, TRATAMENTO RECUPERAÇÃO, BEM ESTAR QUALIDADE DE VIDA SETEMBRO DE 2015 1ª EDIÇÃO Teste de comportamento A Revista LaPaz na Internet.................5 Notas.....................................................6 Condeq acontece novamente em outubro..........................................9 Até onde as drogas afetam meu dia-a-dia.......................16 InterLaPaz leva para a Internet a Prevenção........................20 Infográfico Matéria de Capa Uma proposta para os pequenos delitos relacionados ao tráfico de drogas..........................10 Descriminalização das drogas....22 5 para reflexão Nesta edição, livros clássicos, de autores consagrados, que contam experiências e a vida de quem já usou muita coisa maluca..........................34 Jornada LaPaz Um dos programas de prevenção mais inovadores do país é realizado em cinco cidades...........12 A Revista LaPaz é uma publicação do Sistema LaPaz de Desenvolvimento Humano e da Sarahy Editora Ltda. Editor Rogério Menani (Mtb 28.012) [email protected] Redação Ana Rita Mazza, Isabele Zavatti Vidoto [email protected] Arte-final Paulo Cesar Damasceno Junior Raphael Bertolli [email protected] Fotos Beatriz Ravagnani, Carlos Navarine, Alessio Ortu, Marlon Pupim Conselho Editorial Ana Paula Veroneze Gonçalves, Carlos Augusto Artioli, Iza Marques, Hélio Navarro, Maria do Carmo Irochi Coelho, Regina Marques, Sérgio Marangoni, Vanessa Terra Pereira, Wagner Damião Cabral de Oliveira Impressão e acabamento: Ativa Gráfica Editora (16) 3242-2466 Revista LaPaz Rua José Renato Menani, 35 Parque Industrial África Monte Alto – SP | CEP: 15.910-000 Tel.: (16) 3241-4137 E-mail: [email protected] www.revistalapaz.com.br 4 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 ALESSIO ORTU A exemplo da edição Nº 0 da revista LaPaz, quem assina o ensaio fotográfico é um estrangeiro. Dessa vez é um italiano radicado no Brasil, que passou praticamente um ano visitando, fotografando e filmando o dia-a-dia da cracolândia, no centro de São Paulo. O seu trabalho virou livro, que originou um filme e uma exposição. Confira mais esse excelente trabalho sobre a dependência química no Brasil. Foto: Divulgação Um debate necessário na sociedade brasileira 24 Foto: Revista LaPaz Descriminalização ENSAIO FOTOGRÁFICO 30 LAPAZ ASSISTÊNCIA A nova área do Sistema LaPaz realizou inúmeras conferências pelo estado de São Paulo. A experiência dos realizadoresa aliada a uma equipe coesa e multidisciplinar gerou a excelência nos resultados finais. NA INTERNET www.revistalapaz.com.br Acesse nosso site e confira as últimas notícias sobre o setor Na página da revista LaPaz você acompanha notícias atualizadas sobre a área de prevenção e dependência química. Os principais assuntos estão reunidos para oferecer uma visão ampla e reflexiva sobre diversos pontos de vista. Ideal para quem trabalha no setor e para quem quer aprender para prevenir. Acesse! Outros conteúdos disponíveis: - Download Edição Nº 0 (completa) - Download Edição Nº 1 (completa) - Programação de Eventos - Artigos científicos Cartas e manifestações de leitores Mensagens inspiradoras que recebemos pelo lançamento da revista e do site LaPaz ‘‘ ‘‘ ‘‘ ‘‘ Quero agradecer à revista LaPaz pois este primeiro número que eu vi no meu e-mail foi uma confirmação de Deus para o projeto que eu quero iniciar na minha cidade. Há duas semanas atrás recebi o convite de um dos dirigentes de um dos grupos de AA para dar o meu testemunho, foi quando me veio no coração o desejo de começar um trabalho de discipulado com estas pessoas. Hoje, há uma hora atrás, eu orava e pedia uma confirmação do Senhor para com este projeto, e quando abri meu e-mail como é de costume, tive conhecimento deste trabalho. Obrigado! Edécio Augusto da Silva Santos (SP) Uma revista interessante e útil para as famílias e co-dependentes. Força no trabalho e na divulgação.. Estamos juntos. Jorge Castro Mello Vitória (ES) Parabéns pela iniciativa de formular uma revista com foco na dependência química.. Mas não esqueçam que nós dependentes químicos é que somos os protagonistas desta questão. A revista está ótima, só senti a falta da voz de uma dependente químico. Forte abraço! Marcelo da Rocha Nota da Redação: pedido anotado, Marcelo! Um trabalho como este é fundamental para a união e ânimo dos trabalhadores que atuam nas comunidades terapêuticas. Parabéns por essa iniciativa! Carlos Alberto Berchielli Ipiranga, São Paulo A redação da Revista LaPaz agradece a todos os que colaboraram e se manifestaram em favor de nossa publicação. O nosso mais profundo muito obrigado! R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 5 NOTAS Foto: Divulgação Equipe da Rede LaPaz participa do Congresso Freemind com estande O maior congresso brasileiro sobre drogas, álcool e dependência química. Assim se intitula o 3º Congresso Internacional Freemind, que acontece entre os dias 10 e 13 de setembro, no Expo Dom Pedro, em Campinas (SP). A equipe da Rede LaPaz e de cada um de seus projetos estará participando do evento com um estande na área de Melhores Práticas, que vai apresentar os principais movimentos de prevenção, tratamento e recuperação do País. “Estamos motivados em divulgar os nossos projetos para um público tão diversificado e influente”, considera o gestor da Rede LaPaz, jornalista Rogério Menani. “Estamos levando o que de melhor estamos fazendo e produzindo em 2015”, acrescenta. Entre os projetos apresentados estão a Jornada LaPaz de Prevenção e Qualidade de Vida, que é um programa realizado em escolas, o InterLaPaz, uma versão on line deste programa e o LaPaz Assistência, que realiza eventos em diversas áreas. Diversos materiais didáticos e de trabalho também serão disponibilizados no estande da Rede LaPaz. Meta de arrecadação do Funad para 2015 será de R$ 6 milhões O Fundo Nacional Antidrogas (Funad) deverá arrecadar R$ 6 milhões de leilões para uso na política nacional sobre drogas. O Fundo é constituído, entre outros, de recursos oriundos da alienação de bens apreendidos de pessoas condenadas por tráfico ou envolvidas em atividades ilícitas de produção ou venda de drogas. Os recursos auferidos, conforme determina a legislação em vigor e a Constituição Federal, serão aplicados em ações voltadas à redução da demanda e da oferta (repressão) de drogas, sendo 80% destinados aos Estados Federados cooperantes. A alienação só é realizada após decisão judicial tomada em caráter definitivo. Os recursos dos leilões 6 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 são destinados ao desenvolvimento, à implementação e à execução de ações, programas de prevenção, tratamento, recuperação e reinserção social de dependentes de drogas. Desde 1999 já foram realizados quase cem leilões. A arrecadação para o Funad chegou a mais de R$ 36 milhões. Somente em 2014 já foram realizados 13 leilões. Em 2015 já foram realizados dois leilões, ambos no Mato Grosso do Sul. O primeiro, em janeiro, arrecadou R$ 189.095,00, com a alienação de 35 veículos automotores. Já o segundo, arrecadou R$ 864.492,00 em 114 lotes, 100% arrematados. Fonte: Senad, Ministério da Justiça NOTAS Ativistas lançam a Liga da Prevenção Uma ação não governa- Grupo quer difundir as mental promovida por ati- melhores práticas da vistas. Essa é a ideia da “Liga área, disseminando da Prevenção”, um moviconhecimento e mento que está sendo laninformação. çado neste mês de setembro em São Paulo por especialistas e líderes do setor de prevenção e dependência química. O objetivo principal do movimento é unir todas as pessoas interessadas que participam ou que promovem a prevenção às drogas e álcool no Estado de São Paulo. “Precisamos dar início a um processo de organização do conhecimento de todos os projetos e programas realizados em nossa região, em outras partes do país e também no Exterior”, diz um dos idealizadores da “Liga da Prevenção”, José Florentino dos Santos, que é especialista em dependência química. “A partir daí, vamos difundir essas melhores práticas e contribuir para dar escala a esse conhecimento reunido”, acrescenta. Ainda segundo Florentino, modelos de prevenção de baixo custo e com altos índices de efetividade são essenciais nessa área. A gestão dos projetos também deve ser estudada, bem como a criação de indicadores de acompanhamento e de avaliação. As plataformas digitais são o grande trunfo dos idealizadores do movimento. Aplicativos de celular, como o Whattsapp, ou páginas do Facebook, são os meios que estão sendo utilizados para o contato entre os participantes. “Ainda estamos na gestação da Liga, mas esperamos uma participação maciça de todos os envolvidos com a prevenção”, considera Sérgio Castilho, que também é um dos idealizadores. A Liga da Prevenção disponibilizará aos seus integrantes cursos e capacitações, além de uma agenda atualizada com os eventos importantes na área da prevenção e dependência química. Além disso, a própria Liga vai realizar encontros, que vão servir para atualização das informações e novidades que estão acontecendo no Brasil e no mundo. “Convocamos todos a participarem desse movimento!”, conclamam os idealizadores. Maiores informações diretamente com Florentino (11-98472-2262), Sérgio Castilho (11-99231-3765) e Rogério Menani (16-99743-0912). No facebook: Liga da Prevenção. Crianças no Reino Unido reconhecem melhor as marcas de cerveja do que as de doces e biscoitos Mais familiarizados com as famosas marcas de cerveja europeias do que com doces e biscoitos. Essa é a alarmante conclusão de um novo relatório divulgado pelo instituto inglês Alcohol Concern. De acordo com os dados, 93% de indivíduos pesquisados entre 10 e 11 anos reconheceram melhor a cerveja Foster’s Lager mais do que os biscoitos McVitie’s, McCoy’s ou Ben & Jerry’s. No estudo, intitulado “Percepção Infantil do marketing de produtos alcoólicos” (Children’s recognition of alcohol marketing), metade das crianças também associaram a cerveja Carlsberg como patrocinadora oficial do campeonato inglês de futebol, curtindo e compartilhando posts da marca no Facebook, Twitter e Instagram. Apesar de não ter foco nesses públicos, o marketing massivo de produtos alcoólicos causam forte impressão nas crianças, diz o relatório. O alto índice de reconhecimento e de envolvimento das marcas com as novas gerações de crianças deixa claro que os marcos regulatórios do setor não estão sendo suficientes para protegê-las dessas mensagens. Segundo Tom Smith, do instituto responsável pela pesquisa, as marcas “pegam carona” no crescente interesse das crianças pelos esportes, especialmente aqueles que têm divulgação nas TVs pagas. “As assistir essas transmissões, as crianças são bombardeadas com mensagem pró-bebida, sem distinção”. Os governos da Grã-Bretanha já estão estudando formas de conter esse processo, com medidas legais e de restrição de anúncios. Além disso, estão sendo propostas a inclusão de mensagens de saúde e de alerta em toda a publicidade de bebidas alcoólicas ligadas a eventos esportivos. Fonte: www.drinkanddrugsnews.com R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 7 Rafael Ilha lança livro e afirma: “fumava 70 pedras por dia” O músico Rafael Ilha, ex-polegar, relatou que usava grandes quantidades de drogas em períodos críticos de sua dependência química. “Eu fumava 60, 70 pedras de crack por dia”, falou o ex-Polegar à imprensa em agosto. A confissão faz parte do trabalho de divulgação da biografia “Rafael Ilha - As Pedras do Meu Caminho”, escrito pela jornalista e apresentadora Sonia Abrão. “As pedras simbolizam os problemas da vida e as pedras de crack. O título foi ideia do Rafa”, explicou Sonia. “O meu problema com a droga não tem nada a ver com o meio artístico. O sucesso me ajudou a sustentar o vício, mas não a me levar. Comecei a usar Foto: Divulgação NOTAS com 12 ou 13 anos”, disse ao citar ter usado maconha, benzina com goma de mascar e cola de sapateiro em matinês. “Com 15 anos eu namorava uma menina mais velha e experimentei cocaína. Na hora virei dependente”, disse o artista, hoje com 42 anos. Os problemas com drogas levaram Rafael Ilha a tentar suicídio em algumas ocasiões. “Às vezes eu tinha três ou quatro convulsões dentro de casa, roubava as coisas. Chega a um ponto que você precisa, sim, de uma internação compulsória”, defendeu ao citar ações humanizadas e com legalidade. O livro já está disponível nas livrarias, com preço médio de R$ 35,00. Cardiologistas alertam para perigo da mistura de ÁLCOOL com ENERGÉTICO Uma nova categoria de substância vem ganhando espaço a cada dia entre jovens e adultos consumidores de álcool. São os energéticos, cujo consumo tem alertado especialistas e chama a atenção de órgãos públicos. Quando se consome energético, uma doença cardíaca preexistente pode ser agravada e, se o usuário tem uma doença ainda não manifestada, pode ser potencializada, afirma Ricardo Mourilhe, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro. Segundo ele, esses produtos são ri- 8 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 cos em cafeína e taurina, que são “potentes estimulantes e podem induzir ao aumento da pressão arterial e à arritmia cardíaca”. Pessoas de qualquer idade estão sujeitas a esses perigos mas, nos jovens, o risco da combinação álcool e energético é maior, explica. “O jovem, em geral, faz uso dessas substâncias em quantidade muito maior. Se ele tem, por exemplo, a doença não diagnosticada, não conhecida, o risco acaba sendo iminente. Especialistas indicam que, se a pessoa resolver beber, é importante que se mantenha hidratada, porque isso ajuda a minimizar o problema. A combinação álcool e energético, segundo ele, leva a uma rápida desidratação, o que agrava ainda mais os riscos, e isso dá mais arritmia, mais hipertensão arterial, completou. Fonte: Agência Brasil TEXTO Foto: Divulgação Condeq acontece novamente em outubro Primeiro congresso online sobre dependência química levou informação e conscientização para mais de 12 mil pessoas em sua primeira edição Por Eliana Haddad Uma iniciativa inédita, realizada de 10 a 16 de novembro de 2014, marcou com grande sucesso a importância da participação social na prevenção ao uso de drogas no Brasil e no mundo. Totalmente gratuito e realizado pela internet, o CONDEQ – Congresso de Dependência Química – foi acompanhado por mais de 12 mil participantes, que assistiram a 36 palestras com especialistas de diversos setores. Foram mais de 26 horas de conteúdo útil, ágil e necessário, com palestras e depoimentos emocionantes, que permitiram ainda a participação dos internautas por meio das redes sociais e do próprio portal do congresso. Todos os palestrantes participaram gratuitamente do evento. Diversos e-books, de autores como Padre Haroldo Rahm, a psicóloga Maria Heloisa Bernardo e os psiquiatras Içami Tiba e Augusto Cury, foram também distribuídos gratuitamente. Conhecendo o potencial da internet, cada vez mais acessível à população, o especialista Cristian Fernandes e Letícia Camargo, idealizadores do Instituto Independa, que realizou o evento, explicam que a ideia surgiu quando perceberam que os problemas relacionados ao uso e abuso de álcool e outras drogas são hoje um dos mais sérios em todo o mundo, com informações ainda muito desencontradas. “As pessoas sofrem com esses problemas e os profissionais e a academia, apesar de conseguirem grandes avanços, ainda enfrentam muitos desafios para auxiliar e tratar. As iniciativas de prevenção existem aos montes, mas muito pulverizadas e as que mais produzem efeito não são conhecidas de forma ampla”, explica Cristian. Ele considera também que os principais eventos da área acabam atingindo muito mais os acadêmicos e os profissionais, ficando o grande público sem informações consistentes e de qualida- de sobre uma doença “primária, progressiva, incurável, fatal e contagiante”. A segunda edição do CONDEQ vai acontecer de 20 a 26 de outubro de 2015, totalmente online, e vai contar com a presença de 35 palestrantes, dentre eles Arthur Guerra de Andrade, Carlos Barcelos, João Lotufo, Juliana Bilachi, Laura Fracasso, Luiz Fernando Cauduro, Maria de Fátima Padin, Maria Heloisa Bernardo, Marilda Sene, Michael Ribeiro, Padre Haroldo Rahm, Padre Renato Chiera, Paulo Campos Dias, Ricardo Galhardo Blanco, Romina Miranda, Vitore Maximiano e o grupo musical O Som da Mensagem. www.condeq.com.br R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 9 Este é um debate fundamental para a justiça criminal, precisamos desconstruir a noção de que o aumento das penas e a privação de liberdade são respostas quase exclusivas para responsabilização. As prisões e os microtraficantes As polícias brasileiras continuam a prender os peixes pequenos. A estratégia só serve para lotar as penitenciárias. Cortar o fluxo financeiro do tráfico, nem pensar. PUNIÇÃO EDUCATIVA PARA O MICROTRAFICANTE QUEM É O MICROTRAFICANTE? apreendido com pouca droga, sem antecedentes criminai não integra facção criminosa não porta armas. Wálter Maierovitch publicado 13/02/2014 revista Carta Capital Tráfico de drogas é crime que mais condena no Brasil "Não posso falar pelos demais colegas, mas acredito que há necessidade de se buscar uma mudança de paradigma. Isso não é fácil. Mas não podemos continuar alimentando o imaginário popular de que segurança pública é sinônimo de prisão. Nunca se prendeu tanto na história. Os presídios estão abarrotados, tanto de presos provisórios como definitivos. No entanto, se o objetivo era identificar o problema social e buscar alternativas, particulares e gerais, não há como não reconhecer que a política é completamente ineficaz”. O que é punição educativa? C o Conjunto de penas aplicadas no lugar da prisão. Como realização de trabalho junto à entidades públicas , entidades comunitárias, etc. A pessoa paga com trabalho o crime que cometeu. t n s D Bruno André Ribeiro Juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal Por que investir em alternativas à prisão? “O envolvimento com o tráfico é o crime que mais leva ao encarceramento no país. E isso é lamentável”... O Brasil nunca prendeu tanto por tráfico. Temos hoje 140 mil presos por tráfico de drogas no país. Até 2006, o número de presos por tráfico representava 10% do total. Hoje, são 30%. O fato é: o aumento é tão grande que nos obriga a pensar em alternativas, porque o custo social é grande... precisamos pensar em alternativas". O novo secretário defendeu que haja uma "distinção entre o tráfico vinculado a organizações criminosas e o pequeno traficante", "São condutas diferentes que requerem penas proporcionais"... É um sistema prisional com custo social e financeiro alto e os resultados não são positivos, não está havendo reeducação. Não é da minha área, mas merece reflexões a respeito. Investir em penas alternativas é uma obrigação de um país como o Brasil. Isso não significa arrefecer o combate à criminalidade organizada. Mas são políticas distintas. Vitore André Zílio Maximiano Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas. Em quais casos podem ser aplicadas? Para réus não reincidentes (art. 44 , II do Código Penal)que tenham cometido: • Em crimes culposos (ex. Acidente de trânsito com vítima); • Em crimes intencionais, porém sem violência ou ameaça em que as penas não sejam superiores a 4 anos (art 44, I do Código Penal). Ex: furto, receptação, pequeno tráfico, posse de droga (usuário), estelionato. p Que fique claro: a punição educativa só pode beneficiar quem não cometeu crime anteriormente (primário). Não • Reincidente Roubo (assalto) serve •• Homicídio para: • Sequestro Escola do Crime Quando as pessoas vão para a cadeia, se elas não têm ligação com o crime organizado, passam a ter. Isso devolve para a sociedade pessoas ainda mais violentas. Pedro Abramovay Ex-Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas. REVISTA 10 R E V I S TA L A PA Z INSPIRAÇÃO PARA VIVER. SETEMBRO 2015 Criação, Desenvolvimento e Arte Final: Instituto ‘‘SoudaPaz’’ - Reproduzido sob autorização. INFOGRÁFICO PRESOS POR TRÁFICO NO BRASIL , is, a, 2006 32.000 milhões POPULAÇÃO (IBGE) POPULAÇÃO CARCERÁRIA 2002 47.472 milhões aumento de 15% jovens de 18 a 29 anos aumento de 140% 574.027 não deixa de ser traficante. Deixa de ser pequeno. 59% dos presos são negros e pardos Fonte: Ministério da Justiça – DEPEN – Infopen (2013) 57% não tinham antecedentes criminais 94% não portavam armas Na prisão o microtraficante passa a conviver com traficantes e chefes de organizações criminosas, presos armados, com antecedentes em homicídio, assalto, estupro. 239.340 2013 2002 25% da população na prisão cumpre pena por tráfico de entorpecentes. Núcleo de Estudos de Violência da USP (NEV-USP) e Instituto Sou da Paz De cada 10 presos por tráfico, 8 são microtraficantes (presos com pouca droga). traficante e 25% do total de presos) 75% 2013 Com a prisão o pequeno a 138.366 14% do total de presos 201 174 2013 Fonte: MJ - DEPEN-Infopen ? 2005 Vantagens: • Mantém o vínculo da pessoa com sua família (facilitando a recuperação) • Não mistura com criminosos violentos • Menor custo social (ao invés de dar gasto a pessoa paga seu deslize com trabalho) A Punição é obrigatória, não é opcional. serviços Em hospitais públicos, em construção de escolas públicas, manutenção e revitalização de áreas e abrigos públicos. O Juiz pode aliar a prestação de serviços a outras punições: limitação de im de semana, proibição de sair a noite, suspensão da carteira de habilitação, etc. Se a pessoa faltar ou se recusar a cumprir tem a medida revogada e é mandado para a prisão! O Brasil tem estrutura para aplicar a Eu sou pelaprestação de para o microtraficante reparar seu dano à sociedade. punição educativa para o microtraficante 20 Varas especializadas em penas alternativas em funcionamento em todo o País. 389 12 mil Colaboração de rede de cerca de centrais e núcleos de monitoramento, coordenados pelo Departamento Penitenciário Nacional, controlam o cumprimento das penas. Fonte: Ministério da Justiça - http://bit.ly/1jyuPoV escolas, hospitais, organizações não-governamentais (ONGs), movimentos sociais, entidades comunitárias e institutos por centros universitários e até por empresas particulares. R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 11 Fotos: Revista LaPaz ESPECIAL LAPAZ Jornada LaPaz é ampliada e atinge mais cidades com sua prevenção Proposta inicial de inovação está mantida e continua atraindo os jovens para as mensagens positivas do programa Texto: Redação LaPaz 12 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 Jovens vibram em Taquaritinga (SP), na escola “9 de Julho”: sucesso renovado O ano de 2014 foi marcante para todos os envolvidos com o Sistema LaPaz. Durante os primeiros meses do ano, foram criados os materiais didáticos e o modo de operação de um novo projeto de prevenção às drogas e álcool. Esse projeto foi desenvolvido, analisado e preparado para ser implantado nas escolas da cidade de Monte Alto, a 365 km da capital São Paulo. Na segunda metade do ano, a ideia foi para a realidade e mais de três mil jovens participaram da então chamada Semana LaPaz. No final do ano, depois do sucesso indiscutível de todo o trabalho, muitos desafios vieram à tona. O que fazer agora com todo esse conhecimento? Quais os caminhos a tomar, depois dos incríveis resultados de atratividade e adesão dos jovens apresentados nas salas de aulas, nas quadras e nos teatros de cada escola? Daí começaram a surgir respostas para essas indagações. Algumas delas: o programa com 1. Incrementar novas etapas o projeto para outras 2. Criar faixas etárias, com suas abordagens específicas o número de alunos 3. Aumentar atingidos para novas cidades, 4. Oferecer novas realidades, novos ambientes (instituições, clubes de serviço e clubes esportivos) Nas reuniões que se seguiram, a decisão foi unânime: abraçar todas essas respostas e partir para a construção de um programa ampliado, para atender mais alunos, em novas cidades e com novas etapas de atividades. E assim foi feito. O nome mudou de “Semana” para “Jornada LaPaz de Prevenção e Qualidade de Vida”, pois agora pode-se realizar o trabalho em diferentes períodos de tempo. Agregou-se ao trabalho atividades esportivas, as Olimpíadas LaPaz—jogos entre as equipes azul e verde, que já disputam espaço nas redes sociais através do Desafio Web LaPaz. Além disso, e como um elemento extremamente importante, foi o lançamento do aplicativo de celular R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 13 applapaz, que é uma espécie de diário da Jornada, informando e atualizando os alunos participantes sobre tudo o que acontece na Jornada. “A expectativa que criamos com o applapaz foi excelente. E os alunos estão prestes a entrar para a história da prevenção no Brasil”, declara o responsável pela área de TI do Sistema LaPaz, Sérgio Marangoni. “Já estamos em fase de testes e, em poucas semanas, o app já estará disponível para as plataformas IOS, da Apple, e Android, do Google”, finaliza. Parceiros A nova Jornada LaPaz também está consolidando novas parcerias com instituições de renome em todo o estado. Uma delas é o Instituto Mascote, fundado em Ribeirão Preto há mais de 10 anos pelo empresário Valter Costa. A partir de sua experiência de vida e conhecimento da importância dos esportes e da cultura para a prevenção e orientação dos jovens, Valter montou uma estrutura de serviços à comunidade que inclui aulas de capoeira e escolinhas de futebol, todas para alunos de regiões de alta vulnerabilidade social. Outra entidade que está se tornan- Cidades em 2015 Com o projeto pronto e com entidades parceiras alinhadas, a Jornada LaPaz está com diversos projetos em andamento, nas cidades de Monte Alto, Nova Europa, Pitangueiras e Taquaritinga. Todos esses projetos estavam preparados para início em abril e maio, mas foram adiados para o segundo semestre devido a dificuldades com patrocínios e apoios em geral. Mas, de acordo com os gestores do Sistema LaPaz, a escala dos projetos foi reformulada e, assim, se conseguiu viabilizar cada etapa da Jornada LaPaz. Em Monte Alto, espera-se atingir cerca de três mil alunos na rede escolar municipal, estadual e particular—mesmo número de 2014. Com uma rede de patrocínios que passou a crescer a partir de junho, principalmente na área pública, com o apoio da Prefeitura e da Câmara Municipal, os organizadores já estão com tudo pronto para o início do projeto. O mesmo se dá com Pitangueiras, Nova Europa e Taquaritinga. Nesses três municípios, o apoio do governo municipal foi determinante para o início e desenvolvimento da Jornada. Segundo a Secretária de Assistência Social de Pitangueiras, Aline Borges Lopes, toda a rede protetiva da cidade está aguardando o início do projeto, que pretende ser o início de um grande movimento de prevenção entre os jovens. “Estamos planejando esse projeto há meses, muitas vezes com dificuldades devido à situação do País. Mas com as datas de capacitação dos professores agendadas, vamos começar em breve a conscientização e atividades nas escolas”, afirma Aline. Abaixo: momento da Gincana Educativa “Passa e Repassa”, dentro do programa “Chegou Chegando” Fotos: Revista LaPaz 14 do parceira do Sistema LaPaz é a Organização Cidadania Ativa-OCA, também em Ribeirão Preto. Fundada em 1990, atualmente conta com duas unidades (Favela da Mangueiras e Lagoinha) e atende cerca de 125 crianças ao ano. O Instituto para o Desenvolvimento Nacional-Indena, da cidade de Monte Alto, é mais uma parceira LaPaz para serviços à comunidade. Fundada em 2014 pelo empresário Fábio Madeu, também está se credenciando para oferecer serviços à comunidade local em forma de atividades esportivas e culturais. R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 A Jornada em Taquaritinga Um dos eventos na cidade foi a apresentação do programa Chegou Chegando na Escola Estadual “9 de Julho”, onde mais de 350 jovens participaram das atividades e gincanas educativas Robér Ortiz” Alunos estudando a cartilha “Diário de Fotos: Revista LaPaz Da mesma forma se coloca a Secretária de Assistência de Nova Europa, Lidiane Rodrigues. Segundo ela, os alunos já estão acompanhando as aulas no Facebook e com a cartilha educativa “Diário de Robér Ortiz”. “Já estamos fazendo aqui o que vimos e acompanhamos em outras cidades. É um grande acontecimento para a nossa comunidade”, acrescenta Lidiane. Em Taquaritinga, o projeto já teve diversas etapas concluídas, inclusive com o programa “Chegou Chegando”, que reuniu cerca de 350 jovens na escola estadual “9 de Julho”. Ao todo, já foram 1125 alunos, em 5 escolas, que já concluíram a Jornada na cidade. “Fizemos um trabalho em conjunto com a Diretoria de Ensino, que nos apoiou e forneceu o agendamento de aulas necessário para darmos andamento ao programa”, explica Adonis Guateli, que participou da etapa na cidade de Taquaritinga. De acordo com os gestores do LaPaz, agora outras escolas da mesma cidade vão receber o projeto, que já tem credibilidade e alcance para aumentar o número de alunos beneficiados. Em poucas semanas, mais uma etapa da prevenção vai começar e conscientizar mais de mil alunos em Taquaritinga. Mais uma prova de que a Jornada LaPaz de Prevenção é um programa de sucesso e que realmente tem a vocação de atrair o jovem para campanhas de prevenção. Apresentação de Dança de Rua, com o Pro f. Gibão e com oiadores do evento, inclusiv Ensino ap e ra do za ni ga or pe ui Eq rticipantes e da Diretoria de representantes das escolas pa R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 15 TESTE DE COMPORTAMENTO Até onde as drogas me afetam Uma forma diferente de promover a reflexão sobre como o uso cotidiano pode mudar a vida do usuário Por Terry Bulych, de Vancouver, Canadá Uma pergunta comum entre os jovens é: “Como eu sei se o uso que faço das drogas poderá a vir se tornar realmente um problema?” Nós fomos atrás para descobrir a resposta consultando os especialistas (jovens como vocês!) O que se segue é o produto de nossos esforços: uma lista de mais de 100 experiências com drogas que os jovens podem identificar como um impacto negativo sobre suas vidas. Mas apenas VOCÊ pode determinar o quanto isso pode afetar sua relação com a família, com os amigos, a(o) namorada(o) e o seu modo de vida em geral. Depois de completar o questionário, você pode discutir os resultados com alguém mais experiente, um conselheiro na escola, ou uma pessoa em que pode confiar — pode até mesmo ser seus pais. 16 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 Sobre a autora Terry Bulych fo em Crianças e Jo i Chefe do Grupo de Saúde Mental ve e Costeiro de Saúde ns do Vancouver Coastal Health Adições últimos sete anos. de Vancouver, na costa norte do Can (Ser viço adá) nos Trabalhou com ce nt mente reconhecida enas de adolescentes e seus pais e Durante 12 anos como uma referência no campo da é amplaT da West Coast A erry foi Conselheira de Juventude adicção. lternatives Society, e Família mentos para obte r o diploma de M onde aplicou seus conheciestrado em Acons Psicológico pela Si elhamento mon A especialista ced Fraser University. eu os direitos terial com exclus ividade para a revi de reprodução de seu mapublicada na revi sta canadense “D sta LaPaz. Essa matéria foi rugs and Adiction janeiro de 2015. Facts”, em Nota do Conselho Editorial: Esse qu estionário se aplica apenas a uma tom ada de consciência a respeito das drog sua repercussão na as e vida do jovem. Não te e não foi adaptado integralmente às co m caráter científico nd brasileiras. Portan to não deve ser utili ições culturais zado como ferramen em diagnósticos ou ta pa dependência, em qu ra comprovar qualquer tipo de alquer grau. TESTE DE COMPORTAMENTO Marque com um X as situações que você já viveu, sentiu ou experimentou Escola-Trabalho Não completei as tarefas e deveres de casa ou mesmo os estudos regulares das matérias Mato aulas para usar qualquer tipo de droga (inclusive álcool), sem ser pego Queda geral nas notas Falta constante às aulas Suspensão da escola Expulsão da escola Abandono da escola Frequento ou curso salas alternativas Dificuldade de concentração, distração Fraca capacidade de memória Sentimento de “não entender nada” da matéria Dificuldade de aprendizado Parei de frequentar as atividades extra-classe na escola, como times de futebol, de grupos de interesse, grêmios estudantis etc. Fico sempre na defensiva ou tenho uma atitude agressiva em relação aos professores Tenho uma atitude desinteressada em relação à escola e seus assuntos Pouca energia para participação em projetos da escola Pouca motivação para arrumar pequenos bicos ou para ajudar em casa Tenho dificuldade de arrumar um emprego formal Fui demitido de um emprego Total dessa área: Família Aumento da tensão e de conflitos com os irmãos, pais ou responsáveis Fuga da presença de membros da família (não gosto de estar com eles) Quebrei as regras ou os costumes da família Costumo mentir para os membros da família Tenho muitos segredos que não conto à família, tipo esconderijo de drogas, dinheiro etc. Faço ligações telefônicas ou mando mensagens sem ninguém saber, em segredo Sinto-me culpado por magoar ou desapontar membros da família Minha família perdeu a confiança em mim Sinto medo de ser pego por alguém da família Não ajudo nas tarefas de casa Fujo dos passeios feitos pela família Exponho sua família à pessoas negativas por usar minha casa para uso, compra ou venda de drogas Sinto-me diferente dos outros membros da família Fico muito tempo longe de casa Fui expulso da casa por aprontar confusão Total dessa área: R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 17 TESTE DE COMPORTAMENTO Dinheiro e leis Gasto grande quantidade de dinheiro com drogas Estou sempre “quebrado”, sem dinheiro e sem condições para fazer as coisas que gosto Costumo dar “tombo” no dinheiro de amigos ou de outras pessoas Estou sempre preocupado em pagar contas Roubo dinheiro da família Roubo dinheiro de amigos ou de outras pessoas Cometo crimes para arrumar dinheiro, como pequenos golpes, roubos, assaltos De vez em quando vendo bagulho Assusto os mais jovens e peço dinheiro a eles Envolvimento com a Polícia É acusado de crime pela polícia Fica em liberdade vigiada ou provisória Sempre tenho medo de ser pego pela polícia Tenho paranóia da polícia ou de outras figuras de autoridade Não gosto e me rebelo contra qualquer tipo de autoridade, como professores, diretores de escolas, técnicos de esportes etc. Total dessa área: Troco favores sexuais por dinheiro ou drogas Roubo coisas de casa para vender, tipo jóias, celulares etc Referência de amizades (colegas?) Meus amigos de infância me rejeitaram Minha (meu) namorada (o) me deixou pelo meu comportamento Os colegas sempre me dizem: “Você mudou!” Destrato ou faço bullying em outros jovens Meu grupo de amigos é formado por gente que usa drogas Perdi o interesse nos esportes e hobbies porque você me enjôo fácil dessas coisas Já discuti ou briguei com amigos por dinheiro ou drogas Tenho “tretas” cada vez mais freqüentes com os amigos Total dessa área: 18 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 Consciência íntima Sempre acho que não sou bom em nada Não gosto de mim Não vivo nem luto por meus sonhos Tenho uma fama que eu não gosto, como mau elemento, nóia, “queimado” Não sou capaz de atingir as pequenas metas que faço para mim Sinto-me perdido Sinto-me alienado ou diferente de todo mundo Sinto medo de tentar novas coisas, de conhecer novas pessoas, novos lugares Tenho preguiça de aprender qualquer coisa Fico de “saco cheio” da vida, toda hora Sinto como se minha vida não tivesse saída Sinto-me mal comigo mesmo, nervoso com qualquer coisa Total dessa área: TESTE DE COMPORTAMENTO Saúde Humor Pouca energia Fico irritado quando não uso minha droga de preferência Cansaço fácil Durmo muito durante a semana Durmo durante o dia (sonecas depois da escola) Dificuldade de ir dormir à noite sem usar a droga de preferência Tenho rápida mudança de humor Sentimento de ansiedade ou nervosismo Sentimentos de depressão ou desesperança Sentimentos de confusão Uso meu bagulho para ir dormir Sentimentos de solidão ou isolamento Tosse com freqüência Sentimentos de culpa Estou sempre com gripe, resfriado, com bronquite Sentimentos de vergonha (“eu não sou bom”, “eu sou uma má pessoa”) Perco a respiração ou fico ofegante quando subo escadas ou corro pequenas distâncias Sente-se de “saco cheio” com sua vida Tenho dores de cabeça freqüentes Perda de peso Ganho excessivo de peso Atividade sexual de alto risco (sexo sem segurança) Ressentimentos de opções sexuais Machucados freqüentes resultantes de acidentes de quando estava em uso ou sob influencia de drogas Sentimento de vazio interior Pensamentos suicidas Já tentei me matar Tenho fissura quando não estou usando Tem uma atitude com a vida de “não estou nem aí” Total dessa área: Incidentes com o carro (multas, amassados, acidentes, atropelamentos) Total dessa área: Resultados Some todos os totais de cada seção. A partir desses números, faça uma soma geral. Coloque esse número no retângulo branco abaixo. A droga tem afetado negativamente minha vida em diferentes maneiras. Como você se sente sobre esses números? A sua média é baixa ou alta, é do tamanho que você pensou inicialmente? Você está preparado para continuar pagando esse preço para ter a droga em sua vida? Qual a média que você gostaria de ter? Como você pode começar a trabalhar para realizar mudanças que afetem essa média de pontos? Copyrithg 1999 Terry Bulych, Youth and Family Counsellor, Vancouver, Canadá. R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 19 DIGITAL www.interlapaz.com.br ONLINE E GRATUITO PRIMEIRA JORNADA NACIONAL DE PREVENÇÃO VAI CONSCIENTIZAR PAIS E EDUCADORES PELA INTERNET Da Redação LaPaz Em muitos dos lugares onde a Jornada LaPaz foi implantada, uma pergunta pairava no ar: vocês tem esse programa on line, para que um conhecido meu, ou uma família, pudesse acessar? Diante dessa necessidade que a cada dia se torna mais evidente, a equipe da Rede LaPaz resolveu preparar e lançar um programa completo de prevenção às drogas e álcool pela Internet. Dessa ideia surgiu o InterLaPaz-Jornada Nacional de Prevenção, que utiliza o conteúdo programático que é oferecido às escolas, com adaptações próprias do ensino à distância. “Depois de dois anos trabalhando 20 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 com aulas presenciais, tivemos que aperfeiçoar nosso sistema e colocá-lo no ar, para que o Brasil inteiro possa ter acesso às informações”, considera o gestor da Rede LaPaz, jornalista Rogério Menani. “E o melhor disso tudo é que muitos conteúdos são gratuitos”, complementa. Organização O InterLaPaz-Jornada Nacional de Prevenção está organizado em três fases: conscientização, capacitação para pais e capacitação para jovens. A primeira fase já está sendo preparada e conta com inúmeros profissionais e líderes do setor de prevenção no Brasil (veja palestrantes confirmados na página ao lado). “Essa é uma grande chance para que os pais, cuidadores e educadores entrem definitivamente para o grande movimento de prevenção que se forma no Pais”, afirma Menani. Para ter acesso imediato a todas as informações e atualizações do InterLaPaz, basta entrar na página de apresentação do programa, deixar o e-mail e, em seguida, confirmar o interesse de receber novas mensagens. Feito isso, o internauta já estará cadastrado para receber materiais de prevenção e ganhar o acesso gratuito ao conteúdo da primeira fase do programa. ___ Mais informações na sede do Sistema LaPaz, pelo tel.: (16) 3241-4137 ou pelo e-mail [email protected]. DIGITAL As fases do InterLaPaz A Jornada Nacional de Prevenção está dividida em três fases: 1 Palestrantes confirmados para a primeira fase do InterLaPaz PE. HAROLDO RAHM Fundador do Instituto Padre Haroldo e do Amor Exigente CONSCIENTIZAÇÃO PARA PAIS, CUIDADORES E EDUCADORES Em formato de congresso, são palestras para que esse público entenda a necessidade da prevenção, reorganize os hábitos familiares e crie vínculos para que a família se fortaleça. Foco no comportamento da família, dos pais e dos jovens. 2 CAPACITAÇÃO PARA PAIS, CUIDADORES E EDUCADORES Em formato de vídeo-aulas, oferece o conhecimento necessário sobre drogas e dependência química para lidar com as mais diversas situações no papel de pai, responsável, cuidador ou educador. Foco em informações técnicas e detalhadas que os pais podem utilizar para proteger seus filhos. CRISTIAN FERNANDES Editor, gestor público, idealizador do Condeq Congresso Nacional de Dependência Química PROF. SERGIO OLIVA CASTILHO Pós Guaduado e Especialista em dependência química, diretor-clínico da Clínica Grand House ARMANDO TOFANELO Terapeuta, líder de NA há mais de 25 anos, trabalha com tratamento e recuperação em Campinas DR. LUIZ CARLOS GONDIM Médico, deputado estadual, militante há mais de 30 anos na área de prevenção e dependência química VALTER COSTA Escritor, capoeirista e empresário, exemplo de vida e de doação ao próximo JOSÉ FLORENTINO DOS SANTOS Gestor público, palestrante, especialista e mestrando em prevenção e dependência química 3 Aguarde... Novos palestrantes a confirmar presença em nosso evento... CAPACITAÇÃO PARA JOVENS Em formato de vídeo-aulas, com apoio de redes sociais e aplicativos de celular. É o conhecimento necessário para não ficar vulnerável às situações de contato com o álcool ou drogas. Acesse agora! R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 21 ESPECIAL Descriminalização das drogas UM DEBATE NECESSÁRIO NA SOCIEDADE BRASILEIRA TEXTO: REDAÇÃO LAPAZ 22 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 ESPECIAL Três gramas de maconha. Essa porção, equivalente a dois cigarros da droga, está sendo o motivo de um processo criminal que chegou à mais alta corte do país e desperta dúvidas, controvérsia e temores entre promotores de Justiça, familiares de usuários e dirigentes de comunidades terapêuticas que lidam diretamente com dependentes químicos no dia a dia. O ponto central da discussão é a possibilidade de descriminalização das drogas para consumo pessoal no Brasil, uma questão a ser decidida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O relator da ação, ministro Gilmar Mendes, votou pela inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), que tipifica como crime o porte de drogas para consumo próprio. Ou seja, favorável à descriminalização. O tribunal discutirá o tema com base em um recurso de um ex-presidiário que foi pego com 3 gramas de maconha em sua cela. Ele alegou ser usuário e foi condenado à prestação de serviços à comunidade. No entanto, seu defensor público, Leandro de Castro Gomes, apresentou recurso extraordinário ao tribunal afirmando que impedir alguém de portar droga para o uso próprio fere a intimidade e a liberdade individual, contradizendo assim a Constituição Federal. Atualmente, usar drogas não é crime, mas portar, sim — mesmo que em pouca quantidade, para consumo próprio. Caso o STF considere que não é possível punir alguém por ser usuário, já que para isso é necessário portar a droga, a decisão pode alterar outros 96 casos que esperam por essa decisão. Há os que defendem a manutenção do crime de porte de drogas para uso pessoal. “Não há como descriminalizar as drogas no Brasil, pois não temos estrutura de médicos, psiquiatras e hospitais públicos para tratar dos dependentes químicos que estão atualmente nas ruas”, afirmou Ana Godoy, presidente da Pastoral da Sobriedade, ao portal de notícias G1. Seu movimento congrega 1,6 mil grupos de autoajuda e 60 comunidades terapêuticas. Já no entendimento de especialistas em adicção de substâncias químicas, a Saiba mais O que diz a Lei de Drogas? A lei sancionada em 2006 afirma no artigo 28 que é crime “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal”. Não está prevista prisão, no entanto; uma eventual condenação por esse crime também tira da pessoa a condição de réu primário. Art. 28 - Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: tendência é o Brasil se ajustar ao modelo dos países desenvolvidos que, aos poucos, estão deixando de enquadrar como traficantes os pequenos usuários de drogas como a maconha. O coordenador do Centro de Referência em Drogas da Universidade Federal de Minas Gerais (CRR-UFMG), Frederico Garcia, afirmou ao jornal Estado de Minas que, com a descriminalização, a tendência é, num primeiro momento, de aumentar o número de usuários abusivos de drogas. “Consigo ver isso na prática”, afirma o especialista. Com a decisão do STF, também pode sair das mãos da polícia e do próprio Judiciário a diferenciação entre quem é traficante e quem é usuário, que tem levantado críticas de discriminação e violação de direitos humanos nas prisões. A questão suscita muitas opiniões e debates acalorados. Principalmente pelo setor que será mais afetado pelo assunto, que envolve toda a cadeia de prevenção, tratamento e recuperação de dependentes químicos. E a história das três gramas de maconha ainda podem mudar e o comportamento de milhares, talvez milhões de pessoas e famílias no Brasil. I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. § 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Como se determina a quantidade para uso próprio? Atualmente cabe à polícia decidir se uma pessoa encontrada com drogas deve ser enquadrada como usuária ou traficante com base em critérios subjetivos. Segundo o mesmo artigo, “para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”. R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 23 ENSAIO CRACOLÂNDIA Ensaio do fotógrafo italiano Alessio Ortu revela o cotidiano dos usuários de drogas no centro de São Paulo. FOTOS DE 24 ALESSIO ORTU R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 “As mãos, surradas, estragadas, tristes, provas da degradação da vida pelas drogas” R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 25 ENSAIO 26 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 Um trabalho que chama para a reflexão A vergonha é um traço comum dos usuários de crack no centro de São Paulo Por um quase um ano, entre setembro de 2011 e julho de 2012, o italiano Alessio Ortu, de 35 anos, visitou quinzenalmente a região da Cracolândia, no centro de São Paulo, para fotografar os usuários que perambulavam pela região. Enquanto puxava conversa, ia tentando traduzir em imagens a situação de degradação física, mental e moral em que viviam. O trabalho resultou no livro Simulacrum Praecipitii – A visão do abismo e em um documentário dirigido por Humberto Bassanelli e apresentado festival “É Tudo Verdade”. Posteriormente, 18 fotos integraram uma exposição sobre o tema no Palácio da Justiça, em São Paulo, promovida pelo Superior Tribunal de Justica. “Quero que estas imagens sejam como um soco no estômago de quem vê”, diz o artista, que vive no Brasil desde 2009. Em contato com a revista LaPaz, Ortu autorizou a publicação das fotos para mostrar a realidade de uma época que ainda paira como um fantasma diante das políticas públicas de controle das drogas. R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 27 O vício, por outro lado, acaba com qualquer tipo de medo ou vergonha. Exige coragem, exige ação, exige a alma do usuário 28 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 ENSAIO A face da adicção fica clara fisionomia de cada um. A degração física também. Sinal dos tempos? R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 29 EVENTOS LAPAZ ASSISTÊNCIA REALIZA CONFERÊNCIAS EM TODO O ESTADO DE SÃO PAULO Eventos contaram com recursos inovadores e métodos que facilitaram a discussão e aprovação de propostas Palestra na Conferência Lúdica do CMDCA em Guaíra: motivação e prevenção 30 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 EVENTOS gramas de prevenção Adonis Guateli. Entre essas inovações está a discussão das propostas através do sistema de painéis interativos. Nesse formato, muitas conferências não precisaram dividir o público em grupos, o que sempre gerava descontentamento nos conferencistas. Maior aprovação Evitando essa divisão, pudemos discutir os temas e eixos de forma mais interativa. Isso tornou as conferências mais leves e gerou maior índice de aprovação por parte dos cidadãos que participaram, lembra Guateli. Ainda segundo o educador, a divisão em grupos ocorreu apenas nas conferências do CMAS, que em sua maioria teve uma platéia formada por técnicos da área e com todas as condições de debater e formular novas propostas para o município, para o estado e para o país. As apresentações de teatro também foram um dos destaques das conferências realizadas pela LaPaz Assistência. Nelas, a equipe dos atores Adriano Correia e Vagner Cotrim interpretaram diversos personagens, como pais, crianças, jovens, idosos e usuários do sistema de assistência social. “Esses personagens retratam o dia-a-dia das pessoas que estavam assistindo às conferências”, aponta o ator Adriano Correia. E daí saíram muitas situações cômicas, que conquistaram o público. Entre as técnicas usadas pelos atores estão o clown (palhaços) e números de circo. “Uma personagem que vai deixar saudades é a da assistente social que vive um episódio de crise diante dos pedidos insistentes por cestas básicas”, lembra Vagner Cotrim, que interpreta um senhor que não se cansa de exigir seus direitos. “E o pior é que isso ainda acontece em muitas cidades!”, brinca. Fotos: Revista LaPaz Depois de realizar inúmeras campanhas de prevenção e conscientização a respeito de saúde e qualidade de vida, a equipe LaPaz se lançou a um novo desafio: realizar as conferências obrigatórias de diversos Conselhos Municipais, como o da Criança (CMDCA), do idoso (CMI) e da Assistência Social (CMAS). Foi assim que surgiu a parceria entre a LaPaz Assistência, da Sarahy Editora, e a ADG Assessoria, que acabaram se especializando nos detalhes de cada tipo de conferência. O resultado se traduziu em eventos extremamente organizados e inovadores, na forma e no conteúdo de cada apresentação. “Formamos uma equipe com múltiplas especialidades, desde políticas públicas até teatro e música, o que propiciou criarmos novas metodologias para vencer o grande desafio que é realizar uma conferência municipal”, destaca um dos gestores do projeto e diretor da ADG, o especialista em educação e pro- Evento em Itápolis: atrações lúdicas animam os participantes e geram envolvimento na discussão das propostas R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 31 EVENTOS O projeto As conferências realizadas pela LaPaz Assistência foram pensadas como um sistema completo de compreensão do tema proposto. Cada etapa tem um significado, para que o todo seja entendido. Dessa forma, ao final o público pode ter uma visão mais profunda e consciente dos seus direitos e deveres—objetivos das conferências. “Tivemos o diferencial de levar o evento pronto, desde os impressos gráficos, como cartazes e convites, passando pelos impressos técnicos, como fichas de credenciamento e fichas de delegados, até apresentadores e equipe de teatro”, explica o jornalista Rogério Menani, que também participou do projeto. Além disso, a LaPaz Assistência ofereceu, na maioria das vezes, o equipamento de som para o evento, assim com o sistema de projeção, com computador e data show. Para completar, a prestação de serviço ainda realizou a orientação e montagem do relatório final de cada evento. “Estamos vivendo um momento de grandes oportunidades para todas as faixas socioculturais poderem se expressar, mas o que vemos é o desinteresse da população para com esses assuntos”, afirma a consultora Alda Pádua, que também integrou a equipe da LaPaz Assistência. “Precisamos encontrar maneiras de mobilizar o cidadão de forma mais efetiva”, acrescenta. O LaPaz Assistência realizou mais de vinte conferências de conselhos, como as duas etapas do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), a do Conselho Municipal do Idoso (CMI) e do Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS). Como uma continuação do projeto das conferências, a equipe já trabalha em consultorias para a área da Assistência Social de prefeituras, órgãos públicos e empresas. Projetos como o de fortalecimento de vínculos, oficinas, cursos de capacitação e palestras de motivação da equipe estão entre os serviços da LaPaz Assistência e pela ADG Assessoria. A EQUIPE Parceiros em conhecimento e expertise que integraram os eventos do LaPaz Assistência Adonis Guateli TRABALHO DE EXCELÊNCIA GERA RESULTADOS EFICAZES O LaPaz Assistência inovou na metodologia de realizar conferências. Nas fotos, alguns diferenciais do trabalho realizado pela equipe de profissionais Conferência dos Direitos do Idoso, em Barretos Adonis Guateli Conferência do CMAS, em Vista Alegre do Alto 32 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 Painéis interativos: inovação com eficácia EVENTOS Vanderlei Rodrigues (Peu) Adriano Correia e Vagner Cotrim Dra. Maria do Carmos I. Coelho Aline Borges Lopes Fotos da página: LaPaz Alda Pádua Dra. Regina Marques Peças teatrais foram um recurso importante nos eventos Rogério Menani e suas dinâmicas de prevenção Conferência do CMAS em Taquaral Conferência dos direitos do Idoso em Ibitinga R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 33 5 CULTURA PARA REFLEXÃO Umareflexãonecessáriasobre otemaLiteraturaeouniverso dasdrogasedependênciaquímica Texto final: Redação Revista LaPaz; Referências: Rodrigo Levino; blog “Doce Escrita” (www.doceescrita.blogspot.com.br); www.wikipedia.com; Revista Rolling Stone Brasil; www.livrariacultura.com.br; www.livrariasaraiva.com.br Confissões de um comedor de ópio Thomas de Quincey Editora L&PM, Edição de 2001, 152 páginas Fotos: Divulgação Tido por muitos como o fundador da literatura tóxica, Thomas de Quincey foi o primeiro escritor a narrar episódios de alteração de consciência. Isso foi há muito tempo, o livro foi publicado em 1821, mas seus relatos se perpetuaram e são—ainda hoje—referência no assunto. Inglês de carteirinha, nascido em Manchester, conta como foi um menino prodígio, que decidiu sair da escola mais cedo e ir para a faculdade. Problema é que, menino ingênuo que era, muito dado aos livros, calculou errado seus gastos, seu orgulho e suas direções, e foi parar em Londres, onde quase morreu de fome, vivendo de favores e, de uma forma geral, não fazendo nada de útil. Nesses anos de privações, ele arranjou uma doença estomacal terrível, que mais tarde lhe causava momentos de tortura. A saída foi tomar ópio com fins medicinais. Depois de algum tempo, o vício já estava instalado e a história se desenvolve sobre o cotidiano que alterna momentos de loucura e lucidez. Thomas de Quincey foi um erudito. Além de The Confessions of an English Opium-Eater (Confissões de um comedor de ópio), sua principal obra, escreveu tratados e monografias, estudos e pesquisas sobre filosofia e lendas alemãs, artigos sobre economia, política, história e crítica literária. Uma boa introdução à literatura sobre drogas. 34 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 RETRATO DE UM VICIADO QUANDO JOVEM Bill Clegg, Tradução de Julia Romeu Editora Editora Companhia das Letras, 2010, 216 páginas Para quem está acostumado à crônica de pobres e mendigos viciados em crack vagando como zumbis, o relato do editor norte-americano Bill Clegg é uma surpresa. Intelectual, jovem, bem nascido, habitué de restaurantes e festas disputadas em Manhattan, Clegg experimentou a droga com frequência ao longo de três anos. Os dois meses finais do vício foram devastadores, somados à sede por vodca – em alguns dias, bebia cinco garrafas do destilado. O crack varreu a sua conta bancária (ele gastou US$ 80 mil em pedras), a sua reputação (perdeu todos os escritores que agenciava), a sua dignidade (passou a viver em hotéis e na rua) e as suas relações (perdeu o namorado). O relato dessa descida ao inferno é sóbrio e de incontestável valor literário. Com muita habilidade, ele alterna descrições das piores crises com fatos da infância e da adolescência, quando já havia sinais de algo que mais tarde o levaria ao vício incontrolável: a impulsividade. Medo e Delírio em Las Vegas Hunter S. Thompson Editora L&PM, 2010, 220 páginas Enquanto Timothy Leary liderava um grupo de hippies entusiastas das drogas como meio de expansão da consciência, o jornalista Hunter S. Thompson pertencia ao time dos que queria usar o máximo de drogas ao mesmo tempo, apenas pelo barato. Nessa reportagem transformada em livro Thompson experimenta diversas drogas (mescalina, cocaína, álcool, pílulas…) enquanto vai cobrir uma conferência da polícia anti-narcóticos. É a marca do final do sonho hippie e o começo dos anos 70, já que o livro foi publicado como reportagem pela revista Rolling Stone, em 1971. Uma época marcada pela entrada da heroína e cocaína, quando as drogas mais leves (maconha e ácido) foram proibidas pelo governo e passaram a ser vendidas por traficantes inescrupulosos interessados em viciar seus clientes o mais rápido possível. O romance ficou tão famoso que ganhou em 2008 uma versão para o cinema, no filme “Medo e Delírio”, do diretor Terry Gillian. No elenco, Johnny Depp, Benicio del Toro e Tobey Maguire. R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 35 CULTURA A Erva do Diabo Carlos Castañeda Editora Best Seller, 2013, 279 páginas Um dos livros clássicos sobre a relação do homem com as substâncias psicotrópicas, publicado no lendário ano de 1968. O livro trata inicialmente dos primeiros encontros com Don Juan Matus, um índio de Sonora, do México, um mestre no que era denominado “Caminho do Conhecimento”. Relata também o quanto foi difícil para ele, um representante da sociedade branca e dominadora dos Estados Unidos, compreender os valores de Don Juan, que se comportava de acordo com a cultura milenar dos chamados “Videntes” da América Central. Por parte de Carlos Castaneda, a assimilação dos conhecimentos dos índios e particularmente de seu personagem – informante, Don Juan Matus, tinha por objetivo a realização de um estudo antropológico para sua tese de mestrado, sobre a cultura indígena da América Central, com o fim de publicar livros e outros trabalhos acadêmicos. Os eventos que chamam a atenção da maioria dos leitores – mas não o objetivo principal do livro – são os relatos de Castaneda sobre os rituais dos povos de Sonora, nos quais utilizavam alucinógenos preparados a partir de plantas em suas formas originais, maceradas, ou mesmo in natura como mastigação de botões de cactos. Essas plantas têm marcantes propriedades psicoativas de expansão da percepção habitual, e por isso os índios as chamam de “Plantas de Poder”. Flashbacks: surfando no caos Timothy Leary Editora: BECA, 1999, 528 páginas Leary era um psicólogo, ativista e escritor influente nos Estados Unidos entre os anos 50 e 70, famoso por defender o uso terapêutico das drogas psicodélicas. Em seu instigante livro de memórias “Flashbacks”, relata como conheceu essa categoria de substâncias (na época legais nos EUA e estudadas como remédio) e como elas salvaram sua vida num período de grande depressão. Leary achava que o LSD poderia expandir a mente das pessoas e ajudá-las no combate de algumas doenças mentais. Ele não defendia o uso indiscriminado da droga pela droga, mas experiências controladas que deixariam as pessoas longe de riscos. Por sua campanha foi perseguido nos EUA, preso (por porte de uma pequena quantidade de maconha) e teve que se exilar. Seu livro revela que as conspirações contra o LSD chegaram a envolver o presidente Kennedy e a CIA. Muito interessante para entender os anos 60, descobrir como as drogas se tornaram ilegais e rever seus preconceitos. 36 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 37 OPINIÃO ALÉM DA RUA Q uando fazia parte da Univesidade de Princeton, Albert Einstein, uma das maiores mentes da história, entre suas inúmeras histórias e pesquisas, dedicava-se regularmente a uma adolescente em especial que causava grande estranheza a seus colegas. Duas vezes por semana ele dava aulas de matemática para uma garotinha da escola primária. Seus colegas de Universidade com frequência lhe perguntavam como ele podia perder parte do seu precioso tempo dando aulas para a garotinha. Einstein lhes respondeu: - Vocês não imaginam as perguntas maravilhosas que ela faz! A humildade de Einstein lhe permitiu ver o mundo, o Universo e a física com olhos de criança, e foi assim que revolucionou a ciência, exercitando a ingenuidade do olhar e aprendendo a fazer perguntas tal qual uma criança faz, sem preconceitos, sem prender-se a paradigmas, deixando voar a imaginação e o pensamento. Nossa obra “Além da Rua”, uma extensão da Instituição Padre Haroldo, imita Dr. Einstein no seu apostolado para crianças e adolescentes em situação de rua. O acesso à “moradia digna” é um direito universal reconhecido. A existência de moradia torna as interações humanas possíveis e oferece abrigo, ao passo que sua ausência ou precariedade encontra-se associada às doenças e à violência. Uma estrutura de moradia permanente é capaz de diminuir o consumo de substâncias psicoativas e o cometimento de muitos crimes. Usuários de drogas em situação de rua melhoram quando têm moradia associada à programas formais de tratamento para dependência química. Os números da atual população em situação de rua são bastante significativos. Em uma das matérias do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos (FENDH) constava que até 1,8 milhão de pessoas vive nas ruas no Brasil. Este número veio de um levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social feito em 76 municípios. O estudo mostra que de 0,6% a 1% da população brasileira vive de modo provisório ou permanente nas ruas. Crianças e adolescentes em situação de rua, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), atingiram 100 milhões de pessoas no mundo todo. Contudo, como o número de crianças e adolescentes em situação de rua é um dado impactante, é importante ter um olhar mais cuidadoso para buscar subsídios para essa população. Se eles não romperem este ciclo de exclusão social numa moradia ou abrigo, esse fenômeno poderá se perpetuar na idade adulta, podendo se estender a outras gerações. Dra. Lucia Sdoia é Presidente do Programa “Além da Rua” em Campinas/SP, que oferece moradia para crianças e adolescentes em situação de rua e está salvando os que potencialmente poderiam entrar na vida criminal. Vamos juntos neste amor! HAROLDO J. RAHM, SJ Presidente de Honra da Instituição Padre Haroldo e do Amor-Exigente 38 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 Associação Sementes da Liberdade - ASL “...semeando AMOR, colhendo LIBERDADE” “É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.” (Artº 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA - Lei 8.069/1990) Missão da ASL Trabalhar para ser conhecida e reconhecida como organização social que promove ações de assistência social, educação, esportes e cultura à adolescentes e jovens que vivem ou viveram em ambientes familiares afetados pela adicção às drogas, inclusive o álcool, auxiliando no desenvolvimento integral do indivíduo em vulnerabilidade social. Filosofia da ASL Nossa crença é baseada no valor humano, que através do conhecimento norteado por princípios éticos e espirituais, é capaz de despertar a consciência do indivíduo para ser um propagador de amor, verdade e justiça. Contribua com nossa entidade e receba um certificado de “Empresa Socialmente Responsável”, uma menção em nosso site e a autorização do uso de nossa logomarca. Entre em contato conosco: Armando Tofanelo - (19) 99741 5181 [email protected] Maurício C. Paris - (19) 99113 9154 [email protected] Faça sua doação: Banco Itaú Ag. 2964 C/C: 36801-9 CNPJ: 12.039.605/0001-75 www.sementesdaliberdade.org.br R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015 39 40 R E V I S TA L A PA Z SETEMBRO 2015