“Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco)

Transcrição

“Cruzemos o limiar da misericórdia de Deus” (Papa Francisco)
Ano IX - Número 108 - Janeiro de 2016
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em ação
“Cruzemos o limiar da misericórdia
de Deus” (Papa Francisco)
Alegria
Jovem
Tchau Tchau
Reciprocidade
Uma pequena
travessa
Você pode ser
um EntreTantos
Nem a despedida
é para sempre
A Misericórdia
é para todos
3
13
14
16
EDITORIAL
CHUVA DE ROSAS
Está aberto
o Ano Novo
e também estão abertas as Portas Santas em todo
o mundo. Pudemos acompanhar pela grande
imprensa a abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro no Vaticano pelo Papa Francisco, que mais uma vez, quebrou o protocolo abrindo uma outra Porta Santa em outro local antes mesmo da do Vaticano.
Se você não sabia disso, vai ficar sabendo lendo nossas páginas centrais
que trazem a Porta Santa e o Jubileu Extraordinário da Misericórdia como
tema. E a Misericórdia está presente como tema em várias outras páginas desta nossa edição, como por exemplo, a excelente entrevista com
Ir. Mary de Calcutá, uma das fundadoras da Aliança da Misericórdia, que
você lê na última página e a citação de uma das obras de Misericórdia,
“Dar de comer aos famintos” lembrada por Renata Habiro em sua Experiência Vicentina, na página 10, e a relação entre o silêncio e a misericórdia,
tema da coluna de nosso mais antigo colunista, o Paulinho, na página 5.
Falando em colunista antigo, é com muita dor no coração que nos despedimos de Raquel Raimondo que fez uma coluna realmente “animal”
como dizem os jovens por quase 5 anos e agora nos deixa, despedindo-se
na página 14. A dor só não é maior porque ela mesma diz que a ausência
vai ser breve. Outra despedida também dolorida como todas são é de Ir.
Adair, responsável pela coluna sobre a Estreia do Reitor Mor Salesiano,
cuja última colaboração está na página 5. Ir. Adair, para a Estreia 2016 será
substituída pelo nosso grande amigo, recém ordenado sacerdote salesiano, Pe. Alexandro Santana, que entra para nosso time escrevendo a partir
da próxima edição. E você sabia que nossa querida padroeira também
já escrevia desde cedo? Conheça um trecho do teor de uma carta escrita
por Santa Teresinha e veja a reflexão que faz nosso pároco Pe. Camilo,
a respeito disso na página 3. Se fosse nos tempos de hoje, ela talvez enviasse um e-mail, ou um WhatsApp tomando muito cuidado com o que
escreveria, porque o anonimato do que se escreve na Internet não é tão
anônimo assim, como nos demonstra nosso advogado de plantão, o Aloísio, na página 12. Enfim, seja aqui no papel, ou na internet por download,
você aproveita cada linha deste nosso jornal e já fica imaginando o que
vem por aí nas próximas edições, porque já estamos em 2016, como nos
alerta o amigo Evanio na página 10, e este ano não vai acabar em pizza, se
bem que se for com uma pizza da Concy, descrita pela nossa “chef” Rosângela na página 12, sempre valerá a pena. Enfim, é muita coisa para ler
e todas elas valem a pena, como sempre vale a leitura deste nosso jornal.
Aproveite esta edição e até o mês que vem!
SC Carlos R. Minozzi
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EXPEDIENTE
em ação
Santa Teresinha Em Ação
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Capa: Dom Sérgio se ajoelha após abrir a Porta Santa em Santana
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assinados não refletem necessariamente a opinião do jornal, sendo de total responsabilidade de seus autores.
2 • Santa Teresinha em Ação
A família que
veio de longe
“O
Domingo”, a publicação distribuída
nas missas, se refere, na edição do
dia 27 de dezembro de 2015, à Sagrada Família:
“Celebramos a festa de hoje em comunhão
com todas as famílias.. contemplemos a Sagrada Família, modelo de amor e cuidado mútuos
e de obediência à vontade de Deus.. a formação e a orientação dos filhos já não ocorrerão à
base de sermões, preceitos e imposições, e sim
de exemplos e testemunho.”
Destacamos o testemunho de Magali Julia
Gomes, de amor pleno à família e aos filhos e
como recebeu a intercessão de Santa Teresinha.
“Sou funcionária do Colégio Salesiano Santa Teresinha para onde vim pelas mãos de Nossa Senhora.
Eu morava no bairro do Butantã na Zona
Oeste. Meus filhos estudam no Colégio Salesiano, então eu e eles saíamos do Butantã, utilizávamos dois ônibus e metrô para chegarmos em
Santana.
Minha filha menor não podia voltar para
casa com o meu outro filho por conta da idade.
Eu tinha muito medo de deixar os dois sozinhos
em casa, por isso ela ficava na casa de uma senhora no período da tarde.
Horários das Missas
Segundas-feiras, às 16h30 e 19h30
De terça a sexta, às 8h e 19h30
Aos sábados, às 8h e às 16h
Aos domingos, às 7h30, 9h30, 11h, 18h
e 19h30
Adoração: todas as quintas, 8h e 19h30 e,
nas primeiras sextas do mês, às 7h30
Foram quase dois anos de conduções lotadas, chuva, isso era muito cansativo para nós.
Meu marido não gostaria de sair do Butantã
pois não queria deixar nossa casa para morar
de aluguel aqui em Santana.
Já havia pedido para os amigos me ajudarem na procura de um imóvel próximo que
coubesse no meu bolso. Procurava via internet
e nada.. era um sonho muito distante da minha
realidade.
Mas em maio, mês mais que especial, houve
a queima das cartinhas no colégio tanto para os
alunos quanto para os funcionários. Então direcionei meu pedido à Santa Teresinha que me
ajudasse a encontrar um imóvel e além de tudo
que meu marido aceitasse a mudança.
E alcancei a graça!! Consegui uma casa e nós
mudamos em julho. As crianças estão muito
mais felizes pois almoçam em casa, conseguem
ver os amigos da escola nos finais de semana, eu
estou bem mais tranquila pois consigo participar mais da vida escolar e dos eventos da escola.
Meu marido está adorando o bairro e detalhe.. já
consegui alugar a minha casa do Butantã e o valor do aluguel de lá consigo pagar o daqui. Muito
obrigada, Santa Teresinha por interceder pelos
meus pedidos junto à Jesus. Amém!”
Horário da secretaria:
De segunda à sexta,
das 8h às 12h e das
13h às 19h30
Aos sábados, das 8h ao
12h e das 13h às 18h
Tel. (11) 2979-8161
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PALAVRA DO PASTOR
A bênção
‘O Senhor te abençoe e
te guarde! O Senhor faça
resplandecer o seu rosto sobre
ti e te seja benigno! O Senhor
mostre para ti a sua face e te
conceda a paz!’ (Nm 6,23-26)
É
muito bonito este texto do livro dos Números. Deus ensina
a Moisés que seu ministério é
um ministério de benção, ele e os sacerdotes deverão abençoar o povo.
Mas para o Pai eterno não foi suficiente ensinar a abençoar, Ele, movido pelo amor, nos enviou a sua maior
benção: seu Filho. ‘Ele é pessoalmente
a Bênção. Doando-nos Jesus, Deus ofereceu-nos tudo: o seu amor, a sua vida,
a luz da verdade, o perdão dos pecados; ofereceu-nos a paz. Sim, Jesus
Cristo é a nossa paz (cf. Ef 2, 14). Ele
trouxe ao mundo a semente do amor
e da paz, mais forte que a semente do
ódio e da violência; mais forte porque
o Nome de Jesus é superior a qualquer
outro nome, contém todo o senhorio
de Deus, como anunciara o profeta
Miquéias: Mas tu, Bet-Ephrata,... é de
ti que me há de sair aquele que governará... Ele permanecerá e apascentará
o seu rebanho com a força do Senhor, e
com a majestade do nome do Senhor,
seu Deus... Ele próprio será a paz!’ (cf.
5, 1-4). (Bento XVI. 01.01.2011).
A Igreja está no mundo a serviço
deste “mistério” de bênção em favor de
toda a humanidade: ‘sobre ti levantar-se-á o Senhor, a sua glória te iluminará’ (Is 60, 2). ‘Isto implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade;
quer dizer anunciar e levar a salvação
de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se sente perdido, necessitado
de ter respostas que encorajem, deem
esperança e novo vigor para o caminho.’ (Papa Francisco. Evangelii Gaudium, 114).
Com a Igreja somos abençoados
por Deus, mas Ele quer que partilhemos a benção; o Pai eterno, em Jesus,
envia-nos como uma benção para nossos familiares, amigos, pessoas com
quem convivemos e encontramos.
Vamos abençoar e jamais amaldiçoar.
Nossa palavra de benção é capaz de
mudar as coisas, de trazer esperança,
encorajar, fortalecer os mais frágeis,
se a fazemos portadora da benção de
Deus. Se assim abençoamos... assim
Deus abençoa.
Neste ano imitemos Jesus: sejamos
uma benção para nossos irmãos.
Dom Sergio de Deus Borges
Vigário Episcopal para a Região Santana
facebook.com/sergio.borges.56211
A Igreja está no
mundo a serviço
deste “mistério”
de bênção em
favor de toda a
humanidade:
‘sobre ti levantarse-á o Senhor,
a sua glória te
iluminará’
(Is 60, 2)
PALAVRA DO PÁROCO
Minha querida Luisinha
“M
Celina e Teresinha
inha querida Luisinha,
Eu não vos conheço, mas mesmo assim amo-vos muito. Paulina me disse para vos escrever.
Estou no seu colo, porque não sei sequer segurar uma caneta. Ela quer que eu vos diga que sou uma preguiçozinha,
mas isso não é verdade, pois trabalho o dia inteiro fazendo
artes às minhas pobres irmãzinhas. Enfim, sou uma pequena travessa que sempre ri”.
Este é o começo da primeira carta que temos de santa Teresinha. Nela já encontramos alguns traços da sua personalidade, como, por exemplo, a sua natureza afetuosa. Mais do que
força de expressão, dizer que ama muito a quem não conhece,
é uma característica toda sua, que aparecerá ao longo de seus
escritos e que manifesta igualmente o seu modo de agir.
É também obediente. Mesmo não sabendo ‘sequer segurar uma caneta’, obedece ao pedido de Celina, e escreve
este pequeno bilhete para a amiga da irmã. Obedece porque é capaz de ouvir e entender o que lhe é dito, obedece
porque está em sintonia com aqueles que convivem com
ela. Capacidade de ouvir, de entender, de corresponder –
obediência, enfim – que vai se manifestar plenamente na
escuta da vontade de Deus, à qual ela aderirá com cada vez
maior generosidade.
Junto com tudo isso, o bom humor da ‘pequena travessa
que sempre ri’. Uma disposição de criança que sabe tomar
o lado leve da vida, sem com isso tornar-se leviana. Embora seja séria na execução de suas tarefas, e as realize com
bastante precisão, nem por isso deixa de ter uma alegria
espontânea que a leva a apresentar coisas e pessoas de um
modo simpático e agradável.
Último, mas não menos importante, o sentido de família. ‘Estou no colo (de Paulina)’, ela escreve a Luísa; e assim
a vemos, sempre, em estreita ligação, primeiro com os seus
familiares, depois com o Carmelo, família que abraçou por
opção, e, muito mais, com a Igreja, que ela tem como Mãe
(‘no coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor’).
Santa Teresinha escreve uma carta para a amiga de sua
irmã Paulina, e, ao mesmo tempo, nos escreve. Abre o seu
coração de menina, e já deixa entrever o que será o futuro;
estão ali presentes, em germe, as características da mulher toda de Deus. Com a nossa querida padroeira, abramos o coração a Deus, e permitamos que Ele nos conduza
pelos caminhos do amor.
Um abraço carinhoso a todos
Pe. Camilo P. da Silva, sdb
Pároco
www.facebook.com/cpsdb
Santa Teresinha em Ação • 3
OS 10 MANDAMENTOS
Quinto Mandamento:
os escândalos, a saúde
O
quinto mandamento se opõe também aos escândalos. Trata-se de
uma falta de respeito à alma das
pessoas. O escândalo consiste em tentar o
próximo, opor-se à retidão da pessoa, arrastar o irmão à morte espiritual. O escândalo é pecado grave se, por ação ou omissão, conduzir deliberadamente alguém a
uma falta grave.
Como qualquer falta, também o escândalo tem suas graduações. É tanto
mais desastroso quanto maior for a autoridade de quem o pratica ou a fraqueza de alma dos que são envolvidos neles.
“Quem escandalizar um só destes pequenos que creem em mim, melhor seria que
lhe amarrassem ao pescoço uma pedra de
moinho e o lançassem no fundo do mar.
Ai do mundo por causa dos escândalos. É
inevitável, sem dúvida, que eles ocorram,
mas ai daquele que os provoca” (Mateus
18,6-7).
Há várias maneiras de escandalizar.
O escândalo é mais grave quando é dado
por pessoas que, por natureza ou função,
devem ensinar e educar os outros. O escândalo pode ser provocado também
por leis, instituições, pela moda, pela opinião... Tudo o que leva à degradação dos
costumes, corrompe a vida religiosa das
pessoas, prejudica o ambiente social de
tal modo que torna difícil cumprir os Dez
Mandamentos e viver segundo o Evangelho, tudo isso provoca escândalo.
Igualmente provocam escândalo chefes de empresas que em seus regulamentos incitam à fraude, professores que exasperam os alunos, os manipuladores da
opinião pública. Todas essas atitudes são
ocasiões de pecado para os mais fracos e,
portanto, são ocasiões de escândalo.
O quinto Mandamento engloba também o cuidado pela saúde. Sim, porque
a vida e a saúde são dons de Deus a fim
de podermos cumprir nossa missão neste
mundo. Precisamos cuidar delas equilibradamente, tendo em mente também as
necessidades dos outros e o bem comum.
Também faz parte da saúde o cuidado
com o corpo, não, porém, de forma exagerada a ponto de fazer dele um ídolo.
Em questões de saúde e de cuidado
com o corpo, é preciso evitar toda espécie
de excesso, na comida, na bebida e em
tudo o mais. Cabe à virtude da temperança manter sob controle tudo o que fazemos. Não falemos do uso da droga que
causa gravíssimos danos à saúde e leva
outras pessoas ao mal, com consequências enormes para as famílias, a sociedade
e a própria pessoa que as consome. Quem
as comercializa é responsável por gravíssimos danos morais.
A pesquisa científica também pode
resultar em dano para a pessoa. De fato,
trata-se de faca de dois gumes: experiências científicas, médicas ou psicológicas
podem prestar enorme ajuda à saúde das
pessoas. Lembre-se, porém, que experiências em seres humanos sempre exigem
o consentimento do interessado ou de
seus representantes legais. Por outro lado,
elas não podem legitimar atos em si mesmos contrários à dignidade das pessoas.
Nem o consentimento da pessoa envolvida no caso legitima tais tomadas de posição. Essas experiências não são lícitas, se
puserem em perigo a vida, a integridade
física e psíquica da pessoa ou as levarem
a correr riscos desproporcionais ou evitáveis por outras intervenções.
Quanto ao transplante de órgãos, é
moralmente legítimo na medida em que
os riscos a que se submete o doador não
representem para ele grave prejuízo e,
ao mesmo tempo, que haja probabilidade concreta de bom êxito em favor do
destinatário. Sempre, porém, se exige o
consentimento do doador ou de seus representantes legais. Doar órgãos após a
morte é louvável. Mutilar a si mesmo é
sempre moralmente inadmissível.
Dom Hilário Moser, SDB
Bispo Emérito de Tubarão - SC
[email protected]
Doar órgãos também é um ato de misericórdia
O Brasil é referência tanto em quantidade
de doadores, quanto em excelência
em procedimento. Para doar, nada é
burocrático, basta manifestar o desejo aos
familiares mais próximos
Não é mais apenas um jargão. Ser um doador de
órgãos é sim um ato de amor e de solidariedade, e
porque não dizer, um ato de misericórdia? E é bem
mais simples do que se imagina.
No Brasil, por exemplo, onde a doação de órgãos
da pessoa morta já é regulamentada, não existe burocracia. Basta manifestar o desejo de ser doador de órgãos, comunicar aos familiares responsáveis, e pedir
que esse seja o último ato de caridade. Não é preciso
deixar nada por escrito.
Para se ter uma ideia, o Brasil está na lista dos países mais conceituados quando o assunto é transplante. É o segundo maior em número de cirurgias, depois
dos Estados Unidos, e é também o primeiro na lista de
programas de transplante de órgãos subsidiados pelo
governo. Atualmente, 95% das cirurgias realizadas no
país são financiadas pelo governo, por meio do Siste-
4 • Santa Teresinha em Ação
ma Único de Saúde (SUS). Na maioria dos casos, as
técnicas utilizadas são de alta complexidade e estão
entre as melhores do mundo.
O que muita gente não sabe é que uma única pessoa pode beneficiar até 25 outras. No país, para se ter
uma ideia, cerca de 60 mil pessoas aguardam na fila
pelo transplante, desde adultos e crianças. Aliás, vale
ressaltar, que no caso das crianças a espera é ainda
mais demorada, já que a decorrência de morte infantil e, claro, o desejo de doar os órgãos por parte dos
familiares, não tem tanta adesão assim.
Os órgãos mais comuns doados são o coração, o
pulmão, os rins, pâncreas, o fígado. Mas também é
possível ser doador de ossos e cartilagens, córneas,
medula (ainda em vida!), pele e vasos sanguíneos.
O que os especialistas dizem que a falta de adesão
tanto da pessoa, quanto dos familiares em aceitar a
doação são os inúmeros mitos que existem ao redor
do assunto. Um clássico é que se os médicos da emergência souberem que a pessoa é doadora de órgãos
não vão se esforçar para salvá-lo. Outro, também
muito comum, é que a doação de órgãos desfigura o
corpo e altera sua aparência no caixão, por exemplo.
É importante esclarecer também que a pessoa só
pode ter seus órgãos doados quando for considerada
morte encefálica, ou seja, quando não mais houver
fluxo sanguíneo agindo no cérebro. E isso só pode ser
atestado por um médico, com o seu registro do Conselho Regional de Medicina (CRM).
Então, não perca tempo! Se o desejo for doar, comunique seus familiares mais próximos e insista para
que este seja seu último pedido atendido.
ESTREIA 2015
O valor da Estreia e a presença
de Maria na vida salesiana
C
aros leitores, neste ano refletimos
sobre a Estreia do Reitor-Mor Pe.
Ángel Fernández Artime, que tratou do tema “Como Dom Bosco, com os
Jovens, para os jovens”, o qual muito nos
informou e orientou sobre a vivência do
carisma salesiano.
A Estreia é uma carta pastoral que
apresenta um programa formativo e
evangelizador para o ano todo. Tem um
estilo aberto, democrático e dá autonomia para que cada “ramo” da família salesiana descubra o melhor modo de concretizá-lo na missão. Contudo, a intenção
principal dessa carta é a de promover e
cultivar a unidade e a comunhão ao interno da Família Salesiana.
Com essa compreensão, ao longo
desta coluna procuramos ressaltar os
elementos significativos da Estreia, contribuindo no aprofundando e sentido de
suas propostas e abordagens pedagógico-pastoral-carismática. A intenção que
estava subjacente era aquele de não deixar passar despercebido um instrumento
de formação, que ao mesmo tempo que é
simples é muito poderoso, por atingir todos os membros da família salesiana espelhados pelos quatro cantos do mundo.
Por isso, consideramos imprescindível manter sempre esta coluna no jornal,
que a cada ano tem um colunista diferente para dar visibilidade às palavras do
Reitor-Mor. Sendo ele o Pai da Família Salesiana, tem por direito interpretar aquilo
que considera necessário, importante e
atual para que seus “filhos e filhas” se empenhem no seguimento e fidelidade aos
princípios do Sistema Preventivo.
Finalizamos a abordagem da Estreia
de 2015, assim como a contribuição de
colunista, ressaltando a presença de Maria na vida salesiana. Ela, como afirma o
S. João Paulo II numa carta dirigida aos
salesianos, é a “mais insigne colaboradora do Espírito Santo” e completa: “A
Ela vos confio e, juntamente convosco,
confio todo o mundo dos jovens, a fim
de que eles, por ela atraídos, animados e
guiados, possam conseguir, com a mediação da vossa obra educativa, a estatura de
homens novos [mulheres novas] para um
mundo novo: o mundo de Cristo, Mestre
e Senhor”. Neste clima de amor filial, invoquemos, com confiança, a intercessão
de Nossa Senhora por tantos jovens e famílias que no mundo todo estão sofrendo
e sigamos os conselhos dados por Dom
Bosco:
“Eu vos recomendo quanto sei e peço
que mantenhais sempre firme na mente
e no coração, e que invoqueis sempre o
nome de Maria, deste modo: Maria Auxilium Christianorum, ora pro me. É uma
oração não tanto longa, mas que se sabe
ser muito eficaz. Portanto, quando quiserdes obter alguma graça espiritual, e
por graça espiritual podem-se entender
a libertação de tentações, de aflições do
espírito, de falta de fervor, etc., se alguém
dentre vós quiser ver-se livre de alguma
tentação ou quiser adquirir alguma grande virtude, não precisa fazer outra coisa
senão invocar Maria. Estas e outras graças são as que se obtêm em maior quantidade e são aquelas que não se conhecem
e que contribuem com maior bem para
as almas. A maior parte de vós que es-
tais aqui, sem que eu diga os nomes, me
confessaram que, se conseguiram livrar-se de alguma tentação, foi por graça de
Maria Auxiliadora. Muitos, a quem eu tinha recomendado esta jaculatória, Maria
Auxilium Christianorum, ora pro nobis,
me confessaram que tinham sentido os
bons efeitos. E daquelas centenas e milhares de pessoas que estão aqui ou que
aqui estiveram, às quais pedi que se não
fossem atendidos com essa oração, me
dissessem, até agora não houve alguém
que veio dizer-me que não foi atendido.
Na verdade, houve alguém que veio dizer-me que não foi atendido, mas depois,
tendo-lhe perguntado, me confessou que
tivera a intenção de rezar, mas que não o
tinha feito. Então não é a Santa Virgem
que não atende, mas é ele que não quer
ser atendido. Porque a oração deve ser
feita com insistência, com perseverança, com fé, com a intenção de ser de fato
atendido.”
Ir. Adair Aparecida Sberga - FMA
facebook.com/asberga
CAMINHO DE EMAÚS
O Silêncio e a Misericórdia
T
oda a Sagrada Escritura é um hino
à misericórdia de Deus e o salmista resume todo o louvor proclamando: “Louvai ao Senhor porque ele é
bom, porque eterna é sua misericórdia”
(Sl 136,1)
Um dia uma mulher flagrada em adultério foi apresentada diante de Jesus. A lei
mandava que a mulher pega em adultério
fosse apedrejada até a morte. Unindo a
sabedoria e a misericórdia Jesus começa
a escrever algo no chão e fica em silêncio.
Os que estão presentes também ficam em
silêncio, sem nenhuma reação.
O silêncio é um instrumento valioso
quando se quer ouvir o que o nosso coração esta desejando e o que o Espírito
está nos comunicando. Não é um silêncio
na escuridão, é um silêncio de atenção
de alerta. É um silêncio que por paradoxal que seja grita dentro de nós e nos traz
o arrependimento de nossos pecados.
Aquele silêncio provocado por Jesus fez
com que cada um dos presentes se voltasse para si mesmo. O que eles estavam fazendo? Condenando a morte uma pecadora, mas e quanto aos próprios pecados
como reagir? O espírito tocava o coração
de cada um como toca o nosso quando
pretendemos julgar e condenar. Jesus
sabe o momento exato em que deve quebrar o silêncio aos que já estavam sendo
atingidos pelo Espírito: ”Aquele que não
tiver pecado que seja o primeiro a atirar
uma pedra”. Um a um foram se retirando.
Jesus nos ensina a silenciar o coração
antes de um julgamento, de decidir sobre
uma ação e para um sincero exame de
consciência. Enquanto estivermos nesse
silêncio o Espírito age em nosso próprio
espírito e o julgamento ou arrependimento virá com sobriedade e sinceridade.
A graça do perdão de Deus, a graça da
misericórdia de Deus, perdoa qualquer
pecado por mais duro e por maior que
ele seja! Porque a Misericórdia de Deus é
superior ao nosso pecado e até mesmo a
nossa capacidade de pecar. A mesma graça da misericórdia de Deus nos chama a
não nos enveredarmos novamente pelos
caminhos do pecado e do erro para que
não nos aconteça coisa pior.
Àquela mulher Jesus perguntou:
“Onde estão os que te acusavam? Eu também não te condeno, vai em paz e não
peques mais!”
Como discípulos de Jesus nos devemos seguir o Seu exemplo e usar de misericórdia para com o irmão. Não devemos atirar pedras porque também somos
pecadores. Se não fizermos isso estamos
sendo falsos.
Paulo Henriques
[email protected]
www.facebook.com/paulo.henriques.3192
Santa Teresinha em Ação • 5
CF 2015
O Natal do Senhor Jesus nos aquece
Hoje, convido aos leitores a fazer
comigo a releitura da CF 2015 a
partir do Natal do Senhor. O tema
deste ano é Fraternidade, Igreja
e Sociedade na ótica do Eu Vim
para Servir (Mc 10,45).
O
Natal do Senhor é um grande momento de se encontrar com o próximo. Local de exercer o serviço.
Podemos ter como exemplo de encontro:
Maria e sua prima Isabel. Maria saiu de
seu comodismo, também grávida, mas
sendo jovem foi dar o seu apoio a sua
prima. Cedeu o seu trabalho e fez-se presença de Deus na vida de sua prima que
estava grávida na velhice. Outro encontro
significativo é de José e Jesus. Ele se faz
presente na vida de Jesus e lhe ensina sua
profissão. E do mesmo modo que se faz
presente, desaparece quando cumpre o
seu serviço como pedido pelo anjo.
A CF 2015 com base nestes encontros
leva-nos a mudar nossa conduta e nos
tornarmos pessoas totalmente responsáveis pelos outros. A exemplo de Maria
somos convocados a exercer nossa fraternidade de um modo livre na vida dos
irmãos. Não podemos nos enganar que
apenas cumprindo ritos iremos ganhar
nosso lugar no reino dos céus. Temos que
buscar o Cristo presente no próximo, seja
ele doente, mendigo, pobre, prisioneiro,
da alta sociedade, entre outros.
Logo, o Natal não é apenas o local de
nos emocionarmos de um modo saudosista, mas torna-se o local de serviço, por
excelência. De fazer o bem que resulta na
mudança da sociedade em que vivemos
e buscar a igualdade entre todos. De procurar realizar mais encontros frutuosos
que nos levam exercer a dignidade nas
pessoas. Que possamos todos nós tornar
responsáveis pelo cuidado da nossa casa
comum.
Não podemos nos
enganar que
apenas cumprindo
ritos iremos ganhar
nosso lugar no reino
dos céus
Pe. Vinicius Ricardo de Paula, SDB
[email protected]
EU VIM PARA SERVIR
Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo:
uma vida dedicada a misericórdia
S
e é para falarmos de misericórdia
e de servir não podemos ignorar
as Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Atuando no Brasil há
mais de 110 anos, elas são reconhecidas pelo trabalho caridoso que prestam para os mais pobres e necessitados. De fato, seguem exatamente os
preceitos que Papa Francisco pede em
relação a misericórdia e de como devemos ser perante aos mais necessitados.
Para quem não conhece, a Companhia das Filhas da Caridade é uma
Sociedade de Vida Apostólica em comunidade, que assume os Conselhos
Evangélicos de castidade, pobreza e
obediência, conforme suas constituições e estatutos, para servir corporal e
espiritualmente os pobres, vendo neles
a pessoa de Jesus Cristo Crucificado.
Também pudera, as Filhas da Caridade são um sonho e projeto de São
Vicente de Paulo, um visionário que
sempre pensou em ser rico e importante, mas quando entendeu e aceitou
a misericórdia, mudou de planos. Para
se ter uma ideia, após ser padre du-
6 • Santa Teresinha em Ação
rante 12 anos, Vicente empreende em
várias fundações, dentre elas, as Filhas
da Caridade, que teve início em 29 de
novembro de 1633.
O carisma das Filhas da Caridade
passa pelo serviço aos pobres. Sob o
lema “Doadas a Deus, em comunidade, para o Serviço dos Pobres. A regra
das Filhas da Caridade é Cristo”. Uma
vez “doadas a Cristo”, passam a viver
em comunidade e se doam 100% aos
trabalhos. Atuam em escolas, paróquias, comunidades carentes, oratórios, etc.
Luísa de Marillac fundou as Filhas
da Caridade junto com Vicente. Ela, que
o teve como diretor espiritual, também
encontrou na caridade a salvação para
uma depressão profunda que a assolava. Luísa é conhecida por ter grande
amor pelos pobres e ensina as Irmãs a
amá-los e tratá-los com ternura e compaixão. Faleceu em 15 de março de
1660. Foi canonizada em 1934. Proclamada pelo Papa João XXIII, patrona de
todas as Obras Sociais.
Na Paróquia Santa Teresinha há
uma grande atuação dos Vicentinos,
também fundados por São Vicente de
Paulo (veja página 10), com eventos
que promulgam a inclusão social.
Para saber mais do trabalho desenvolvido pelas Filhas da Caridade, visite
o site filhasdacaridade.com.br.
As Filhas da
Caridade têm
a misericórdia
na essência
E AGORA?
“Viajando” na viagem
A
no finalizando, conclusão de
curso e formatura se desenhando, e nesse pacote, vem o convite para a tão sonhada “viagem de formatura”!
Os filhos querem ir, curtir com os
amigos, mas os pais ficam com receio...
E ouvimos muitas estórias do tipo,
“Meu filho/a foi à viagem de formatura
e não gostei do resultado”...
S. 17 anos, planejou com seu grupo
animadamente sua viagem de formatura a Porto Seguro, tudo pago, tudo
pronto, muita festa, e lá foram os jovens aos “cuidados” dos monitores!
Uma semana depois, a volta! Cheia
de lágrimas de saudades e reencontros! Festa novamente!
E após dois meses, o resultado... S.
estava grávida! E quem seria o pai? Um
monitor da excursão, de 27 anos de
idade.
Essa estória real, subitamente desestruturou a dinâmica familiar, que
agora caminha na adaptação de sua
nova condição.
Bebidas oferecidas pelos monitores
aos jovens, falta de controle dos quartos, e outras coisinhas inapropriadas
ao momento de vida da garotada são
relatados.
Em toda viagem de formatura “rola”
esse tipo de coisa¿ Claro que não! Em
muitas há sim alegria e bagunça, mas
tudo dentro da proposta de alegria,
festa, confraternização e despedida da
garotada! Que não precisa da bebida
e outros estimulantes para acontecer!
Basta deixarem a alegria entrar, através dos abraços amigos, das conversas
e lembranças animadas, das estórias
divertidas da sala de aula, olharem a
beleza do lugar onde estão, e também
vale o espírito de gratidão aos pais por
terem lhes proporcionado esse momento, muitas vezes bem caro, porém
com o sentido de presente de formatura!
Que o jovem saiba retribuir aos pais
esse presente!
Aos que irão viajar, curtam tudo
com consciência e lembrem-se sempre
das orientações e valores familiares,
informações valiosas em todas as situações!
Boa viagem!
Rose Meire de Oliveira
Psicóloga
[email protected]
facebook.com/Rose.rsgo
E A FAMÍLIA, COMO VAI?
ADRIANA FRANZIN/PORTAL EBC
Abigail, Gabi, Margarita
Crianças com deficiência são fardos
muito pesados. Três mulheres são
exemplo de amor cristão, feito de
sacrifício, muito desgaste físico e
emocional, doação e entrega. Têm
a alegria como marca comum, uma
alegria contagiante, mesmo diante do
desafio a elas imposto.
Q
uando casamos, fomos morar em um
apartamento na Vila Santa Catarina. Vizinhos de porta, a família formada por
Gilson, Abigail e seus filhos, Hugo e Ricardo.
Ricardo era o mais velho, tinha doze anos e era
portador de uma paralisia cerebral grave, com
sequelas profundas na motricidade. Abigail era
franzina e sempre nos deixava espantados sua
agilidade ao carregar o filho pela casa e como o
atendia em suas necessidades, pois Ricardo era
incapaz de fazer qualquer coisa por si.
Na catequese familiar da Eugenia, nossa filha do meio, conhecemos Wilton e Gabi e seus
três filhos, William, Taís e Paty. Paty é portadora
de sequelas de paralisia cerebral, com severas
limitações motoras, mas teve sua capacidade
intelectual intacta. Hoje é advogada formada e
trabalha na Procuradoria Federal. Seu sonho é
ser promotora e estuda para isso. Gabi, sempre
alegre e bem disposta, até hoje acompanha a fi-
lha em seu trabalho, pois ela depende de ajuda
para muitas tarefas corriqueiras do dia a dia.
Não conhecemos Margarita, pois ela mora
no México. Ela é avó de Othon, que dela depende para tudo e foi abandonado pela mãe.
É emocionante ver os desafios que enfrenta e
inacreditável como uma senhora idosa pode
ter tanta força para carregar o neto incapacitado. Veja seu vídeo em http://bit.ly/avodefibra.
Estas três histórias mostram a importância social da família. Não fossem as mães e a
avó, a sociedade teria que arcar com os custos
de sustentar e atender as necessidades desses
deficientes. E eles não teriam a dedicação e o
amor com que foram criados, por melhor intencionados que fossem seus cuidadores. O relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a família ressalta, no parágrafo 21: “Merecem grande
admiração as famílias que aceitam com amor a
difícil provação de um filho deficiente. Elas dão
à Igreja e à sociedade um testemunho precioso
de fidelidade ao dom da vida. ”
Luiz Fernando e Ana Filomena
[email protected]
facebook.com/anafilomenag
facebook.com/lzgarcialz
Santa Teresinha em Ação • 7
DESTAQUE
Um ano para viver a
Misericórdia de Cristo
Se precisamos de esperança para encarar um novo ano, é na misericórdia que a
encontraremos. Vamos conhecer um pouco o que pede Papa Francisco em seu Jubileu
Extraordinário; veja também como foi a abertura da Porta Santa na Região Santana
U
m ano dedicado a Misericórdia. Um ano no
qual nos é pedido coragem para vivê-la com
grandeza e verdade. Se ainda não fizemos as
promessas comuns de ano novo, que tal colocarmos
essa na lista? Misericórdia para com tudo, esperança
para com tudo. Vida para com tudo. Papa Francisco,
ainda em novembro do ano passado, dedicou uma
reflexão para entender o que representa a Porta Santa e porque devemos cruzá-la.
“Diante de nós está a porta, mas não somente a
Porta Santa, outra: a grande porta da Misericórdia de
Deus – e essa é uma porta bela! –, que acolhe o nosso
arrependimento oferecendo a graça do seu perdão.
A porta é generosamente aberta, é preciso um pouco
de coragem da nossa parte para cruzar o limiar. Cada
um de nós tem dentro de si coisas que pesam. Todos
somos pecadores! Aproveitemos esse momento que
vem e cruzemos o limiar dessa misericórdia de Deus
que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de
nos esperar! Ele nos olha, está sempre próximo a
nós. Coragem! Entremos por essa porta!”
Então, a pergunta é: Estás disposto a cruzá-la?
Não é tão difícil quanto parece. Em entrevista ao
Jornal Santa Teresinha em Ação, Ir. Mary de Calcutá, fundadora da Aliança da Misericórdia, diz que
uma simples ação de ouvir já é um cruzar de portas
(veja mais na página 16). Francisco também diz que
“o imperativo de Jesus é dirigido a quantos ouvem
a sua voz. Portanto, para ser capazes de misericórdia, devemos primeiro por-nos à escuta da Palavra
de Deus. Isso significa recuperar o valor do silêncio,
para meditar a Palavra que nos é dirigida”.
Ainda em sua Bula de Proclamação, Papa Francisco justifica o lançamento extraordinário deste
Jubileu. “Há momentos em que somos chamados,
de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na
misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal
eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um
Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo
favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e
eficaz o testemunho dos crentes.”
Francisco diz ainda que “precisamos sempre
contemplar o mistério da misericórdia em nossas
8 • Santa Teresinha em Ação
Dom Sérgio abre
a Porta Santa
em Santana
vidas”. É fonte de alegria, serenidade e
paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério
da Santíssima Trindade. Misericórdia: é
o ato último e supremo pelo qual Deus
vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a
lei fundamental que mora no coração de
cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho
da vida. Misericórdia: é o caminho que
une Deus e o homem, porque nos abre
o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do
nosso pecado.”
Papa Francisco
abre a Porta Santa
em Bangui, África
Surpresa boa de Francisco
“Hoje, Bangui se transforma na capital espiritual do mundo. O ano da misericórdia fica proclamado antecipadamente
em Bangui. Está aqui para esta terra que
sofre com a falta de paz e para todos que,
em todo o mundo, sofrem com a guerra”.
Papa Francisco
Desde quando papa Francisco assumiu o trono de Pedro, ele não cansa de
surpreender os fiéis com atos de amor e
pura humildade. Dessa vez, o gesto mais
cheio de significado foi a abertura da Porta Santa na Catedral de Bangui, no Centro
da África, no dia 29 de novembro, nove
dias antes de sua abertura oficial, no dia
8 de dezembro, na Basílica de São Pedro,
em Roma.
“Abra-nos a porta da Tua misericórdia”, rezou Francisco, antes de abrir a porta ornada com flores. “Pedimos paz, mi-
sericórdia, reconciliação, perdão e amor”,
acrescentou, em tom solene, na entrada
da catedral da Imaculada Conceição.
“Pedimos paz para a República Centro-Africana e para todos os povos que sofrem
a guerra”, disse o papa, antes de realizar o
gesto excepcional, que permite aos fiéis e
penitentes passar pela porta para receber
o perdão de seus pecados.
Em sua linda homilia em Bangui,
Francisco fez vários apelos por misericórdia. “Mesmo quando se deflagram as forças do mal, os cristão devem responder
‘presente’, com a cabeça em riste, prontos
para receber os golpes nesta batalha onde
Deus terá a última palavra. E esta palavra
será o amor”, declarou, referindo-se à
onda de violência resultante dos confrontos inter-religiosos no país desde 2013.
“A todos aqueles que utilizam, injustamente, as armas no mundo, eu lhes
faço um apelo: deixem esses instrumen-
tos da morte”, insistiu. Para finalizar, papa
Francisco também recomendou “amor
aos inimigos, que protege contra a tentação da vingança e contra a espiral de represálias sem fim”.
Na Região Santana
A exemplo do mundo, a região Santana, no dia 13 de dezembro, também fez o
ato solene de abertura da Porta Santa, a
porta da misericórdia que papa Francisco
pede para todos. Mais de duas mil pessoas participaram da missa presidida por
Dom Sérgio de Deus, bispo auxiliar da
Arquidiocese de São Paulo para a região
Santana.
Sob forte sol, uma procissão se iniciou no Colégio Luísa de Marillac, onde
os fiéis cantavam o hino do Jubileu, proclamando o evangelho. A procissão se
iniciou, às 15h, pela rua Heróis da FEB,
passando pela avenida Braz Leme, pelas
Curiosidade
A primeira Porta Santa foi aberta em 1423, pelo então Papa Martinho V. Ele
marcava o Ano Santo com esse novo gesto, que vem sendo seguido até agora por
seus sucessores. Pela tradição, o tempo de um Ano Santo para o outro dura 25
anos, mas já foi de 100 anos, depois mudou para 33 (alusão a idade de Cristo)
e também aconteceu, tal como este que Francisco acaba de lançar, Jubileus extraordinários, ou seja, Anos Santos proclamados antes do tempo previsto. Isso
acontece devido ao desejo que o papa tem de firmar uma posição sobre determinada necessidade atual da sociedade. Neste, em especial, papa Francisco sente
que a sociedade, em geral, precisa exercitar a misericórdia.
ruas Salete e Padre Clemente Moussier,
chegando até à rua Voluntários da Pátria, 2060, onde está situada a igreja. Todas as paróquias da região participaram
da solenidade motivados por Pe. Jorge
da Silva, da paróquia de São Francisco
Xavier, que estava em cima de um “trio
elétrico”. Mesmo os que não estavam andando, participavam das varandas dos
apartamentos e casas.
Quando a procissão chegou na Igreja, o pátio já estava lotado e Dom Sérgio
abriu a porta fazendo a alusão ao mesmo gesto que Papa Francisco fez em
Bangui, na África, e na Basílica de São
Pedro, em Roma.
Dom Sérgio, em sua homilia, também
pediu um agir misericordioso, uma reflexão sobre a verdadeira compaixão. “Tal
como o Pai é, precisamos ser misericordiosos nas nossas ações, no nosso olhar
para os mais necessitados”.
“Diante de nós está
a porta, mas não
somente a Porta
Santa, outra:
a grande porta da
Misericórdia de Deus”
Santa Teresinha em Ação • 9
FAMÍLIA SALESIANA
Chegamos em 2016!
No final e início do ano muitos
costumam realizar planos e
estabelecer metas. Talvez você já
tenha feito isso, porém se ainda
não as realizou, convido você a
fazer um plano de vida para 2016
V
ocê pode iniciar refletindo onde e
como você está hoje e onde e como
você deseja estar em dezembro de
2016. Pense em todas as áreas da sua vida:
relação conjugal, relação com os filhos,
onde você investe o seu tempo, como está
a sua dedicação aos estudos e trabalho,
qualidade de vida, saúde física, mental, financeira e espiritual, sua vida emocional
e sua dedicação para amigos, familiares e
comunidade.
Defina onde e como você deseja estar
em dezembro de 2016, será muito importante você anotar o seu plano em um caderno ou agenda.
E para que você chegue em dezembro
de 2016 no estado desejado, é importan-
te que você estabeleça metas mensais
e transforme essas em metas semanais.
Uma ajuda no cumprimento do plano é
deixar a sua anotação em um local visível
(geladeira, espelho, porta do guarda-roupa, em sua agenda...), compartilhar com
um amigo ou familiar, isso ajudará você a
manter o foco em seus objetivos. Se você
compartilhou o seu “plano de vida” com
alguém, combine com ele encontros para
falar sobre a evolução do seu processo.
Revise mensalmente o seu plano e em
cada conquista e avanço, comemore!
E como parte do projeto de vida, a
família Salesiana anualmente recebe a
Estreia (um projeto iniciado por Dom
Bosco e nos dias atuais realizado pelo
Reitor-Mor sucessor de Dom Bosco) com
um tema que deve direcionar e motivar a
nossa vida e pastoral durante todo o ano.
Para 2016 o tema da estreia é “Com
Jesus, percorramos juntos a aventura do
Espírito! ”, nesta estreia a reflexão está na
ação do Espírito Santo que age com liber-
dade e bate à porta de todo o ser humano
e a experiência que todos nós temos do
“caminho”, do percurso que fazemos ano
após ano.
A Estreia 2016, nos faz um convite:
viva a aventura de cada dia, e a viva à nível interior na superação dos seus limites
e aumento à cada dia, da sua capacidade
de amar, doar e perdoar, pois quanto ao
futuro não há certezas, mas vamos avançar e tenha certeza que o Espírito Santo há
de nos surpreender, superando as nossas
próprias expectativas.
Nesta aventura de 2016, Jesus Cristo
será o nosso verdadeiro guia e nossos modelos são a Mãe de Jesus, “que viveu uma
aventura do Espírito confiando em Deus
sem saber qual seria o desfecho” e Dom
Bosco, que “viveu toda sua vida, aberto
ao Espírito, porque o seu desejo era responder a quanto Deus lhe pedia, a si e aos
seus meninos”.
Nesta aventura, vamos viver o caminho interior de nossa espiritualidade,
conduzidos pelo Espírito Santo que se exprime “numa profunda experiência de fé,
no cultivo da dimensão comunitária dessa mesma fé, crescendo na misericórdia e
na dimensão fraterna da vida”.
Finalizando a estreia, Padre Artime faz
um convite: “Desejamos pedir-vos a vós,
caros jovens, que nos permitais percorrer
juntos esse caminho! Percorramos juntos
esse caminho! Aprendamos juntos, façamos experiência juntos: porque isto fará
muito bem a todos”.
E como família salesiana em 2016, vamos caminhar juntos. Caminhe mais junto da sua pastoral, caminhe mais junto da
sua comunidade, caminhe mais junto da
sua família... e caminhando juntos, seremos felizes. Feliz 2016 !
SC Evanio Santinon
facebook.com/evaniosantinon
EXPERIÊNCIA VICENTINA
Uma das obras de misericórdia
“Meus irmãos, que adianta
alguém dizer que tem fé, quando
não tem as obras? (...) Se então
algum de vós disser a eles: ‘Ide
em paz, aquecei-vos’ e ‘Comei
à vontade’, sem lhes dar o
necessário para o corpo, que
adianta isso? Assim também a
fé: se não se traduz em ações,
por si só está morta” (Tg 2,
14.16-17)
A
nossa comunidade entendeu e
colocou em prática essas palavras. Na missa da véspera de Natal, 120 famílias carentes, assistidas pelos vicentinos e pelo SAS, retornaram às
suas casas com a ceia de Natal, refeição
partilhada pelos paroquianos. Todos os
anos recebemos muitas doações, mas
neste a comunidade se superou e abriu
ainda mais o coração. Obrigada pela generosidade, Deus lhe pague!
10 • Santa Teresinha em Ação
Cada um que ajudou realizou também uma obra de misericórdia proposta
pelo Papa Francisco para o Ano Santo
(bula Misericordiae Vultus). E quais são
as demais obras de misericórdia além de
dar de comer e de beber? Vestir os nus,
acolher os peregrinos, dar assistência
aos doentes, visitar os presos, enterrar
os mortos, aconselhar os indecisos, ensinar, admoestar os pecadores, consolar,
perdoar, ter paciência com as pessoas
chatas, rezar pelos vivos e mortos.
No nosso dia-a-dia temos que lembrar de praticá-las. Porém, fazer em
conjunto é mais fácil. Acredito que
o Ano da Misericórdia é uma grande
oportunidade para conhecer e participar de alguma pastoral da Igreja. Que
tal incluir na sua lista a Sociedade de
São Vicente de Paulo (os vicentinos)?
A reunião da nossa conferência,
Santa Margarida Maria Alacoque, é na
segunda-feira, às 20h. As visitas às famílias assistidas ocorrem aos sábados pela
manhã; e a entrega da cesta de alimentos no último sábado do mês, dia em
que preparamos um café, seguido de
um momento de oração e palestra.
Louvado seja nosso Senhor Jesus
Cristo. Para sempre seja louvado!
Renata Sayuri Habiro
Consócia Vicentina
facebook.com/renata.habiro
AMAR É...
Amar é orar cantando
A
mar é orar cantando. Mais que
simplesmente cantar ou tocar, a
música deve ser para glorificar a
Deus e colaborar na santificação de toda
comunidade. Seja na Missa, nos grupos
de oração, encontros e retiros. É a música que anima e nos faz chegar mais perto
de Deus. A música tem
a capacidade de abrir os
corações para celebrar,
agradecer e curar.
Na própria Bíblia, podemos acompanhar a
importância da música, e
vários exemplos em que o
canto era sinal de alegria e
júbilo pela vitória do povo
de Deus, sinal de oração
a Deus, sinal de cura como em 1 Samuel 16,23: “E sempre que o espírito
mau, permitido por Deus acometia
o rei Saul, Davi tomava a harpa e
tocava. Saul acalmava-se, sentia-se
aliviado e o espírito
mau o deixava”.
Como
estamos
numa paróquia salesiana é importante ressaltar que para
Dom Bosco a música é essencial ao seu
projeto pedagógico,
dizendo sempre que
Quais são os grupos da Música da
Paróquia Santa Teresinha?
Um grande número de músicos está sempre a
postos para animar as celebrações. Como são muitos,
citamos aqui apenas os “band-leaders”, ou seja, os coordenadores de cada grupo musical, a saber:
Sábado
16h – Jota, Carol e Kiu
Domingo
7h30 – Grupo Dom Bosco - Meridalva Spera
9h30 – Ricardo Balestra e Cristina
11h – Henrique Elias e Daniel Ferreira Zanchetta
18h – Jefferson Guabiraba
19h30 – Grupo Carisma – Wilson Roberto Rodrigues
Grupo de Oração: Washington Divino de Carvalho
Coral Santa Teresinha: Maestro Sandro Ribeiro
“uma casa salesiana sem música é
como um corpo sem alma” e certa
vez respondendo a uma crítica de
um abade disse: “a música dos jovens não se ouve com os ouvidos,
mas com o coração”.
O Ministério de
Música é importante
em todas as atividades
da Igreja, mas na Missa
tem específica função e
a Igreja nos orienta em
relação ao canto litúrgico: “O canto e a música
desempenham a sua função de sinais, dum modo
tanto mais significativo,
quanto «mais intimamente estiverem
unidos à ação litúrgica» (27), segundo
três critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da assembleia nos momentos
previstos e o carácter solene da celebração. Participam, assim, na finalidade das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus
e a santificação dos fiéis. ” (CIC, 1157) ou no Missal
Romano em que “ O Apóstolo aconselha os fiéis, que
se reúnem em assembleia para aguardar a vinda do
Senhor, a cantarem juntos salmos, hinos e cânticos
espirituais (cf. Cl 3, 16), pois o canto constitui um si-
nal de alegria do coração (cf. At 2, 46). Por isso,
dizia com razão Santo Agostinho: “Cantar é próprio
de quem ama”, e há um provérbio antigo que afirma:
“Quem canta bem, reza duas vezes”. Sendo importante
ressaltar que para os cantos do ordinário da Missa as
músicas devem ser com o texto que já vem proposto
no Missal, ficando a possibilidade de composição da
letra somente para os cantos de entrada, procissão das
ofertas e comunhão. Outro ponto fundamental a ser
ressaltado é que o canto litúrgico é generoso, pois ao
partilhar seu dom, o ministério de música, incentiva
toda comunidade a participar dos cantos.
Felizmente, na Paróquia Santa Teresinha, temos
vários grupos no ministério de música que não só animam as Missas, mas também, acompanham generosamente outras atividades da paróquia como: Festa e
Novena de Santa Teresinha, Semana Santa, Preparação de noivos, Grupo de Oração, Semana da Família,
Encontros para Casais, e tantas outras atividades. E
claro, não podemos deixar de lembrar do Coral Santa
Teresinha que também canta e encanta nossas celebrações festivas, em especial Missa da Semana da Família e as Missas de Primeira Eucaristia.
Como se preparam?
Os grupos de Missa estão intimamente ligados a liturgia, portanto seguem a orientação da coordenação geral
de liturgia. Portanto, veem qual é o tempo litúrgico e escolhem as músicas de acordo.
Todas os grupos têm ensaios em horários específicos. Por isto, quem se interessar deve procurar um dos músicos na Missa que frequenta para ver qual a afinidade e disponibilidade para ensaio, pois cada grupo tem cronograma próprio.
Quem pode participar?
Como diz o coordenador do Grupo Carisma, Wilson, qualquer paroquiano pode participar do grupo. Basta
ter boa vontade, dom para música, que toque algum instrumento ou que cante sem muitos “desafinos”. Procure
um dos coordenadores ou no caso do coral, procure Conceição.
Santa Teresinha em Ação • 11
QUE DELÍCIA!
E tudo acaba em pizza!
A
Concy trouxe esta preparação para nossa reunião
de final de ano dos MESAC (Ministros Extraordinários
da Sagrada Comunhão) e todos
amaram!
Logo fui pedindo a receita
para publicar aqui e ela me contou que é uma receita de Natal, de
Ano Novo, de aniversário, de visitas inesperadas, e por aí vai.
Pensei em fazer como um lanche prático agora nas férias.
E como dá para inventar as coberturas, sempre podemos usar
as tão famosas sobras: do chester da ceia, da carne assada de
panela, do frango assado...enfim, use a imaginação e faça a
festa em mais ou menos meia hora! A galera vai adorar.
Fiz para o lanche pós Natal e ficou super gostosa. Usei peito de peru, queijo prato, cebola fatiada e tomates para a cobertura. A receita serviu bem seis pessoas.
Ao retirar do forno, faça um charme na decoração usando
galhos verdes de alecrim e algumas cerejas, para dar um “ar
festivo”, se for o caso!
Gente, é rapidinho, fácil de fazer e é uma delícia!
Rosângela Melatto, chef de cozinha
[email protected]
facebook.com/rosangela.melatto
Pizza Especial
da Concy
Ingredientes secos:
2 xícaras( chá) de farinha de trigo
1 xícara (chá) de amido de milho
(“Maizena”)
1 xícara de queijo parmesão ralado
1 colher( sobremesa) de fermento
em pó Royal
1 colherinha (café) de sal
Misture-os bem, faça uma
covinha no meio e acrescente os
ingredientes úmidos:
3 ovos
1 xícara de azeite de oliva
1 xícara de leite
Misture tudo com uma colher grande ou
batedor. A massa ficará aerada, fofa, soltando
da tigela.
Espalhe em forma untada e enfarinhada. Asse
em forno (que já está pré-aquecido a 180°),
por uns dez (10) minutos, ou até que a massa
fique solta nas laterais da forma! Retire do
forno, espete a massa com um garfo, acrescente
espalhando bem, o molho de tomate( da
sua preferência); salpique orégano, ponha o
recheio.
Sugestão da Concy: 300 g de peito de peru
fatiado e bem picadinho, cubra com 500 g de
muçarela ralada (em ralo grosso), decore com
azeitonas recheadas e fatiadas. Leve de volta ao
forno, até que derreta o queijo. Enfeite como
preferir.
CIDADANIA
São Francisco e os crimes virtuais
S
enhor fazei-me instrumento da
vossa paz. Seja no mundo real ou
no mundo virtual.
Onde houver ódio, que eu leve o
amor, não fazendo nem repassando
manifestações de ódio racial, ou de género nas redes sociais.
Onde houver ofensa, que eu leve
o perdão, não usando as redes sociais
para denegrir ou ofender as pessoas;
Onde houver discórdia, que eu leve
a união, não fomentando as discussões
no ambiente virtual somente para acirrar os ânimos.
Onde houver dúvida, que eu leve a
fé, sobretudo na possibilidade do ser
humano se regenerar.
Onde houver erro, que eu leve a
verdade, não repassando informações
12 • Santa Teresinha em Ação
sem ter certeza quanto à veracidade
destas.
Onde houver desespero, que eu
leve a esperança, não alardeando ou
repassando informações que não contribuam para a melhoria da humanidade.
Onde houver tristeza, que eu leve a
alegria; em especial pela não propagação de informações alarmistas.
Onde houver trevas, que eu leve a
luz, sobretudo pelo exemplo de fazer o
que é certo.
Como podemos ver São Francisco
de Assis tem muito a nos ensinar sobre
como devemos atuar no ambiente virtual.
Muitas pessoas acham que a inter-
net é uma “terra sem lei”, onde podem
fazer tudo aquilo que não fariam no
ambiente social. Acham-se protegidas
pelo manto do anonimato, praticando
crimes das mais variadas espécies.
Na verdade toda e qualquer ação
efetuada no ambiente virtual pode ser
rastreada, sendo apenas uma questão
de quantos e quais os recursos utilizados no rastreamento do(s) autor (es)
de determinado ato.
Nos últimos anos os recursos à disposição das autoridades para rastrear
crimes perpetrados por meios virtuais
vêm se tornando cada vez maiores,
indo de pessoal especializado a legislação especifica.
Muitos Estados, por exemplo, possuem delegacias especializadas em
investigação de crimes praticados por
meio eletrônico, nas quais podem ser
feitas denúncias de crimes de cunho
patrimonial e contra a pessoa.
Além disso, foram aprovados na legislação brasileira alguns dispositivos
para coibir crimes específicos como a
“vingança virtual”.
Portanto se você tomar conhecimento, ou for vítima de um crime perpetrado pela internet, denuncie, procurando as autoridades.
Aloísio Oliveira
Advogado
facebook.com/aloisio.oliveira.54
JUVENTUDE
EntreTantos,
somos únicos!
O grupo de jovens, EntreTantos, vai à Basílica de
Nossa Senhora Aparecida e se prepara para 2016
Por Jéssica Guimarães
O
grupo de jovens da paróquia foi no
domingo, 06 de dezembro, até a Basílica de Nossa Senhora Aparecida.
O objetivo foi um só... agradecer.
Os motivos para gratidão são vários,
afinal estes jovens assumiram, em 2015,
uma missão de peso ao representar a paróquia perante a juventude católica. Isso
significa comprometer-se com muitas atividades, além da já conhecida equação:
estudo + trabalho + vida social.
Durante o segundo semestre de 2015,
o grupo desenvolveu diversos encontros
e ações, claro que o aprendizado foi constante, mas o recado já está claro: os jovens
vieram para somar.
Para eles, o ano que ficou para trás foi
muito produtivo, entre as ações, receberam um palestrante que falou sobre o jovem na igreja, participaram de encontros
com jovens de outras paróquias, ajudaram
em ações na igreja, como a Festa de Santa
Teresinha, em que foram eleitos os responsáveis pela barraca mais bonita. Sem
falar dos churrascos e jantares, afinal, ninguém vive apenas de trabalho.
Além disso, o grupo passou a ter uma
identificação, afinal, Deus nos chama pelo
nome. A partir de agora, eles passam a ser
conhecidos como EntreTantos. A ideia é
de que o jovem tem a missão de ser santo onde quer que esteja, independente de
sua companhia. A marca do EntreTantos é
justamente ser e fazer a diferença, viver no
mundo sem pertencer a ele.
Por fim, encerraram o ano indo à casa
de nossa padroeira, para agradecer o primeiro ano de uma história que vem já
sendo escrita, e que promete ser longa e
produtiva.
Ano novo, planos novos
Agora os objetivos são outros, além de
receber mais jovens que desejam ter participação ativa na paróquia, o grupo passará a desenvolver atividades sociais, pois
como o próprio Papa diz, é preciso que o
jovem vá às ruas e dê o seu melhor para
ajudar a construir uma sociedade mais
justa, e melhor de se viver.
Para aqueles que desejam integrar este
grupo, composto hoje por 20 jovens, com
idades que vão de 18 a 35 anos, é fácil, basta aparecer na igreja aos domingos, a partir
das 9hs. O primeiro encontro de 2016 será
no dia 14 de fevereiro, assim não tem desculpas de férias ou carnaval.
“Precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo”. A frase pode ser clichê,
mas ainda não é desenvolvida pela sociedade. Por isso, os jovens se unem e convidam novos integrantes, para que juntos
possam vencer as dificuldades do mundo,
compartilhando dúvidas e angústias, caminhando para um crescimento pessoal,
que terá reflexo em todos os meios e, consequentemente, na sociedade.
Se você acha que o grupo não é para
você, ou que você tem muitos compromissos, fica aí um segredo do EntreTantos:
todos têm diversos compromissos e atividades, porém eles compreenderam que é
vital ter tempo para Deus, e mais do que
isso, é imprescindível colocar em prática
Seus ensinamentos.
E aí, vai ficar fora dessa?
Conheça alguns integrantes do grupo
Daniel Zanchetta: formado em Sistemas de Informação,
pós-graduado em Tecnologia de Informação Bancária. Faz
parte do ministério da música, tocando com os jovens na
missa das 11hs. Seus hobbies são tocar violão e Crossfit.
Augusto César: estudante de
Química. Participa da paróquia há
15 anos. Além de sua atuação no
grupo de jovens é coordenador dos
coroinhas. Seus hobbies são sair
com amigos e ficar com a família.
Danielle Villas Boas: é professora, além de ser graduada
em Jornalismo. Cuida da página do grupo EntreTantos, no
facebook, e faz leitura na missa das 11hs. Seus hobbies são
viajar e cozinhar.
Débora Guimarães: graduada
em Nutrição, com pós-graduação
em Vigilância Sanitária. Frequenta
a paróquia desde 2007, quando fez
crisma. É leitora da missa das 11hs,
além de participar do grupo de
jovens. Tem como hobbies sair com
amigos e ouvir música.
Jéssica Guimarães: graduada em
Jornalismo, cursa Letras. Participa
da Santa Teresinha há 8 anos. Além
da atuação no grupo de jovens, é
Ministra da Sagrada Eucaristia e faz
leituras na missa das 11hs. Tem como
hobbies ler e sair com amigos.
Thais Forghieri:
formada em Química,
pós-graduada em
Análise Instrumental
Avançada. Atua, dentro
da paróquia, no grupo
EntreTantos, além de
ser leitora na missa
das 11hs. Seus hobbies
são sair com amigos,
praticar exercícios e ir
ao cinema.
Rafael Souza: formado em Artes
Visuais, é contrabaixista e dá aulas
de arte e musicalização infantil.
Participa do EntreTantos, e também
do ministério de música tocando na missa das
11hs. Seus hobbies são cozinhar e praticar judô.
Santa Teresinha em Ação • 13
ESPECIAL
Casos de microcefalia avançam no
Nordeste; entenda o que é a doença
O
assunto é microcefalia é não é
para menos. O país nunca registrou tantos casos e a maior incidência, no Nordeste, tem assustado
tanto as já grávidas, quanto aquelas que
estavam programadas para engravidar.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), a
ordem é não engravidar até que o número de casos diminua e a causa seja, de
fato, confirmada e controlada.
Os últimos dados divulgados pelo MS,
no dia 5 deste mês, mostram que o maior
número de casos de microcefalia continua a ser apresentado por Pernambuco:
1.185, o equivalente a 37,33% do total.
Ainda no nordeste, vem seguido pela
Paraíba (504), Bahia (312), Rio Grande do Norte (169), Sergipe (146), Ceará
(134), Alagoas (139). Em outras regiões
se espalham pelo Mato Grosso (123) e
Rio de Janeiro (118). Em SãoPaulo, segundo a Secretaria Estadual de Saúde,
há 8 casos sendo investigados. Nesta se-
mana, um caso suspeito de microcefalia
foi identificado também no Amazonas, o
primeiro desde que o acompanhamento
começou a ser feito por autoridades sanitárias.
Para tentar combater os casos, o governo federal formou uma força-tarefa,
integrada por 19 ministérios para combater o Aedes aegypti, vetor da doença. Em
dezembro, o Ministério da Saúde enviou
17,9 toneladas de larvicida para os Estados do Nordeste e Sudeste, totalizando
114,4 toneladas para todo o país.
Mas afinal, o que é microcefalia?
A microcefalia é uma doença em que a
cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade, influenciando o seu desenvolvimento mental.
Geralmente, a microcefalia está presente quando o tamanho da cabeça de
uma criança com um ano e três meses
é menor que 42 centímetros. Isto ocorre
porque os ossos da cabeça, que ao nascimento estão separados, se unem muito
cedo, impedindo que o cérebro cresça
normalmente.
A microcefalia é uma doença grave,
que não tem cura, e a criança que a possui
pode precisar de cuidados por toda a vida,
sendo dependente para comer, se mover
e fazer suas necessidades, dependendo
da gravidade da microcefalia que possui
e se ela possui outras síndromes além da
microcefalia.
A vida da criança que nasce com microcefalia em geral, apresenta atraso
mental, alterações físicas como dificuldade para andar, problemas de fala e hiperatividade ou convulsões, por exemplo.
Além disso, a criança tem uma cabeça
menor do que o normal, podendo precisar de ajuda para comer, tomar banho ou
andar, por exemplo.
Porém, estas consequências da doença não surgem em todos os casos e,
algumas crianças podem se desenvolver
normalmente e ter uma inteligência normal porque isso depende da gravidade da
sua microcefalia. Assim, as crianças que
foram diagnosticadas ainda na gestação
geralmente são as que tem mais limitações, enquanto que as crianças que foram
diagnosticadas com microcefalia após o
nascimento tem maiores possibilidades
de se desenvolverem melhor.
A microcefalia não tem cura e o tratamento inclui sessões de fonoaudiologia,
fisioterapia e terapia ocupacional pelo
menos 3 vezes por semana para estimular a criança, diminuir o retardo mental
e também o atraso do desenvolvimento
crescimento.
ANIMAL!
Até breve!
A
nimais de estimação dão muito
trabalho. Exigem cuidados, carinho, dedicação e tempo. Mas,
todo esse trabalho é recompensado pelo
amor envolvido. Exercer trabalho pastoral
escrevendo uma coluna para o Jornal paroquial também dá muito trabalho. Exige
dedicação e tempo e da mesma maneira
se é recompensado pelo amor envolvido.
Foram quase 5 anos e 58 colunas
escritas. Abordamos os principais cuidados que devemos ter com nossos animais, algumas doenças que os acometem. Falamos de pets não muito comuns
e de algumas curiosidades. Nesse ano
que terminou tive o prazer de escrever
a história de algumas famílias paroquianas e seus pets. E apesar da distância
física que me separava dessas famílias e
das diferentes características e histórias
de cada uma pude sentir o amor comum
que todas têm pelos seus pets e me di-
14 • Santa Teresinha em Ação
verti muito escrevendo. Cada coluna foi
muito trabalhosa, exigindo tempo e dedicação para responderem as exigências
do Conselho Editorial do STA afinal trata-se de um Jornal de excelente qualidade.
Todo esse trabalho foi recompensado a
cada edição pronta que chegava ao meu
e-mail e que me deixava orgulhosa de fazer parte de tudo isso.
A coluna fez parte de mudanças profissionais na minha carreira de Veterinária. Durante esses anos, por conta da carreira acadêmica que escolhi, mudei para o
Paraná e depois para o Rio Grande do Sul,
residência atual, e, mesmo de longe segui
escrevendo. A coluna me permitiu continuar perto da paróquia e seguir a serviço
da comunidade. Com o auxílio do Conselho Editorial aprendi a escrever nesse
formato, uma linguagem acessível em um
texto curto. As reuniões de pauta, ao vivo
ou online, e a troca de informações pelas
redes sociais com o conselho editorial foi
sempre um divertido aprendizado.
Hoje, escrevendo essa última coluna
(dessa temporada) tenho dois sentimentos: Gratidão a toda equipe do STA, pelo
aprendizado, paciência com alguns atrasos e principalmente pela confiança em
mim depositada. E de Missão cumprida,
por escrever com amor e carinho cada
uma das colunas.
Deixo o meu Até Breve!! (não quero
dizer um adeus definitivo) E quem sabe
desperto em algum leitor a vontade de fazer parte de tudo isso. Afinal, aprendi que
a vontade de servir à Deus e a comunidade ultrapassa à distância e a falta de tempo e principalmente que o resultado final
vale a pena.
Raquel Raimondo
Médica veterinária
facebook.com/raquel.raimondo
A Pascom Santa
Teresinha agradece
a Raquel Raimondo
toda a dedicação
ao jornal e ao
Facebook/pascomst
e deseja a ela um
2016 de muito
sucesso profissional.
Até breve e
volte logo!
ACONTECE
Confraternização dos Agentes de
Pastoral: http://bit.ly/imaculada2015
Dom Sérgio abre a Porta Santa:
http://bit.ly/portasantana
Misericórdia e oração:
http://bit.ly/grato2015
Um Natal de gratidão:
http://bit.ly/natalgrato
Abertas as inscrições para
Primeira Eucaristia
Para crianças de
9 a 12 anos ou que
já saibam ler e escrever
Retire sua Ficha de
Matrícula na secretaria ou
faça o download em
http://bit.ly/catequese2016
Catequese de adultos
Batismo, Primeira Eucaristia ou Crisma
Início dia 21 de janeiro
de 2016 às 20h
Chegar 15 minutos
antes e procurar
Ayrton, Reginaldo
ou Sérgio (Tio)
Santa Teresinha em Ação • 15
ENTREVISTA
Por Daya Lima
Uma misericórdia recíproca
Leiga consagrada, fundadora da Aliança da
Misericórdia, Ir. Mary de Calcutá nos convida
a viver o Ano da Misericórdia; não é preciso
muito, basta ser ouvinte
O
papa nos pede mais misericórdia. Nos pede um
olhar diferenciado e uma ação verdadeira para os
mais necessitados. Nos pede uma mudança de
postura. E é nessa linha que trabalha, há 16 anos, a Aliança da Misericórdia, uma comunidade que surgiu com o
intuito de ajudar, de estar perto, literalmente, de quem
mais precisa. Para entendermos um pouco mais sobre o
trabalho da Aliança, conversamos com a Ir. Mary de Calcutá, uma das fundadoras do movimento.
Santa Teresinha em Ação – Ir. Mary, o que faz a Aliança da
Misericórdia?
Ir. Mary de Calcutá – A Aliança tem várias frentes, mas
todas têm o trabalho voltado para os mais necessitados.
Trabalhamos com as famílias em situação de rua, nos
presídios, acolhemos crianças e idosos, temos uma casa
das mães solteiras (de rua), atuamos na Cracolândia,
evangelizamos, etc.
STA – O Ano da Misericórdia proposto por papa Francisco
muda alguma coisa no trabalho de vocês?
Ir. Mary – Francisco é um santo padre. É uma felicidade
poder contar com um aliado tão forte em prol dos necessitados. No nosso dia a dia não muda nada. Na verdade,
a gente fala aqui que o Ano da Misericórdia, para nós, é
todo ano. Mas é claro que muda o entender das pessoas.
Mais gente se propõe a ajudar. Mais gente se “converte”. É
muito bom mesmo tudo o que está acontecendo em relação aos pobres depois de Francisco. A Igreja vem reforçar
o olhar para a compaixão. Aquela compaixão verdadeira.
STA – E o que a senhora chama de compaixão verdadeira?
Ir. Mary – Muita gente diz ter compaixão. É normal sentirmos isso. Mas quando falo de compaixão verdadeira é
aquela que não fica apenas no âmbito do sentimento, é
preciso ter uma ação. Se eu me solidarizo com alguém,
de nada vale se eu não fizer nada para mudar aquele situação. Não adianta só olhar, preciso dar uma resposta.
STA – A senhora está há 16 anos na Aliança, aliás, é uma
das fundadoras, já deve ter visto e vivido situações bem
marcantes. Alguma que possa nos falar que ilustre bem a
misericórdia?
Ir. Mary – Eu morei na rua durante um ano, no Rio de Janeiro. Antes dessa experiência eu tinha dormido na rua
com algumas pessoas em situação de rua em São Paulo.
Também já tinha ido para Belo Horizonte (MG) e fiquei
10 dias “morando na rua” com outros. Todas foram marcantes. O que a gente acha é que eles ganharam muito
16 • Santa Teresinha em Ação
com nossa presença. Em BH, por exemplo, éramos em
três missionários e sempre nos apresentamos. Eles sabem o nosso trabalho e sabem que não somos “de rua”.
Mas vivemos como eles, participamos das mesmas dificuldades. Temos os mesmos problemas “de rua”. Quem
ganha somos nós. Toda vez que passo uma noite dormindo na rua agradeço a Deus pela oportunidade de viver
sua misericórdia literalmente.
STA – Imagino que viver um ano, no Rio de Janeiro, sendo
moradora de rua não deve ter sido fácil. Teve medo? E a
violência?
Ir. Mary – E seu eu te falar que eu tive mais medo da indiferença das pessoas, você acreditaria? A partir do primeiro momento que conversa com uma pessoa que está na
rua você já o reconhece como um irmão. É que nem você.
Tem sonhos, sentimentos, é caridoso, em nada é diferente. Agora, as pessoas, os transeuntes, são tão indiferentes
para com seu irmão que é algo que dá medo, de verdade.
Era o meu único medo. É uma indiferença que dói, de
verdade. Eu também sei que é mais do que normal sentir
medo. O país é violento e é fácil se sentir vulnerável quando uma pessoa mal vestida, muitas vezes suja, chega perto e pede algo. Mas basta olhar nos seus olhos, sentar com
uma para conversar que vai perceber que somos iguais. É
só a situação que é diferente, nada mais.
STA – Acredito que essa experiência tenha sido um divisor
de águas na vida da senhora, estou certa?
Ir. Mary – Muito certa! Com o trabalho na Aliança, já morei
em favelas, convivo com pessoas em estrema desordem
de vida, durmo na rua com as pessoas, mas essa experiência, tal como os 10 dias que passei em Belo Horizonte,
foram muito marcantes. Foi eu que ganhei com eles. Eles
têm tanta misericórdia para dar. Foi com os pobres que
aprendi a partilhar. É uma misericórdia recíproca.
STA – E como, irmã, mesmo com todos esses preconceitos,
é possível viver a misericórdia verdadeira?
Ir. Mary – É tão mais simples do que se imagina. A gente
pode pensar que precisa fazer várias coisas, comprar tantas outras, ter tempo de sobra. Não é nada disso. Como
disse no início, é só ter compaixão de verdade e ela não
significa dar coisas. Parar e conversar com uma pessoa
em situação de rua, por exemplo, já é tanto. Eles precisam ser ouvidos, precisam falar. Eles têm sonhos, desejos,
medos e gostam quando os escutam. Claro que gostam!
São que nem qualquer outra pessoa. Adoramos que nos
ouçam. Eles também. Isso já é um bom começo.
STA – E foi assim que a senhora começou?
Ir. Mary – Mais ou menos assim. Tenho 47 anos e aos 13
eu sabia que queria ser freira. Minha mãe achou uma
loucura e eu não, claro. Me engajei na Igreja e comecei a
trabalhar nas obras. Sou de Minas e aos 18 resolvi vir para
São Paulo para trabalhar. Foi quando me perdi. Bebia
muito e vivia uma vida inteira de pecado. Me reconciliei
com Deus e quis ajudar àqueles que, igual a mim, viviam
de uma forma devassa, se posso assim dizer. Foi assim
que comecei. Em 1999, um padre querido que me ajudou
muito na caminhada soube de poucas pessoas que queriam formar uma comunidade para ajudar os mais necessitados. Ele sabia que era para mim. E foi dessa reunião
que fizemos a Aliança de Misericórdia. Muita gratidão e
muito amor por tudo isso.
STA – Deixe uma mensagem para os paroquianos de Santa
Teresinha.
Ir. Mary – E se a gente se propor, mesmo, viver o Ano da
Misericórdia como pede nosso querido papa? É fácil, não
é difícil, e você só tem a ganhar. Sabe aquele lugar que
você passa sempre e se depara com várias pessoas morando nas ruas? Pare um dia. Converse com uma delas.
Ouça-as. O papa pede um olhar especial para os necessitados, mas os necessitados somos todos nós. É uma
misericórdia recíproca. Você dá o que ele precisa e ele te
dá muito mais. Todos ganham e vale muito a pena. Pense
que só com esse gesto você pode salvar uma vida. Fiquem
com Deus.

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