Pulador Uma História em Três Partes

Transcrição

Pulador Uma História em Três Partes
Pulador
Uma História em Três Partes
Eu tenho que escrever uma coluna para cada edição de Dave’s Rag de agora em diante, e
nesta semana tenho que escrever a introdução. Eu espero, quando você estiver preparado
para ler a coluna, que você lembrará uma palavra: Variedade. Nesta semana, e nas
próximas duas edições, estou preparando uma história em três partes chamada “Pulador”.
Talvez em alguma semana você leia um editorial, talvez um relatório. O que for, espero que
você fique ansioso pela Coluna do Steve.
Obrigado,
Steve
Parte Um
Meu nome é Jeff Davis. Eu moro e trabalho na cidade de Nova Iorque. Eu sou um
orientador psicológico da polícia ou, em termos mais simples, tento determinar o que há
de errado com pessoas que tentam fazer algo com alguém – ou com elas mesmas.
Robert Steppes era um pulador compulsivo. Ele tentou pular de um prédio seis vezes.
Foi condenado, mas demonstrou habilidades engenhosas para fugir. Gênio desorientado.
Ele tinha novamente escapado, e estava no beiral acima da rua. Quinze andares no
Chrysler Building, para ser exato. Desde que eu o comecei a tratá-lo, eles me levaram até
o local para coagí-lo a descer.
Enquanto eu me inclinava pela janela que ele pulou para ir até o beiral, ele se mexeu e
olhou para baixo, para baixo, baixo. Uma multidão excitada estava se formando, mas eles
pareciam alfinetes para mim.
Steppes recuperou o equilíbrio, e então ele me viu. Ele cacarejou.
- Olá, Dr. Castle. Vejo que você veio me ver pular. Por quê? – Robert disse. – Por que você
veio?
- Por que você quer pular? – Eu perguntei. Embora já tivéssemos passado por esse ponto
diversas vezes, eu tentava desesperadamente desviar sua atenção. Das tantas vezes que
perguntei, ele confessou que não sabia. Poderia ser frustação – qualquer coisa.
Um olhar perplexo veio aos meus olhos. Ele fechou a cara. Mas ele decidiu ignorar a
questão. Mais uma vez uma luz demente dançou em seus olhos.
- Você não vai me pegar dessa vez. – Ele gritou, e por um instante eterno, ele flutuou na
beirada do prédio.
Ele se reergueu.
- Ainda não. – Ele disse. – Ainda não, Dr. Castle. Mas logo.
Então um policial me chamou para dentro do quarto e murmurou:
- Estamos baixando um cabo com um gancho de ferro pesado preso nele. Esperamos
captura-lo. Mas você terá que mantê-lo ocupado. – Ele disse.
- Certo.
Eu não consigo lembrar sobre o que conversei com ele, mas foi um trabalho tenso e
cansativo. Eu consigo lembrar que disse repetitivamente para ele não pular. Eu estava
mental e fisicamente exausto, quando vi o cabo e seu gancho de metal balançando de
uma janela um andar acima.
Eu comecei a falar mais rápido.
- Vamos, Robert. Você realmente não quer pular, quer?
Estava quase lá, e eu tinha certeza de que logo tudo estaria terminado.
Mais baixo -- mais baixo -Então alguma coisa deu de errado!
Steppes virou-se em direção à parede, no mesmo instante em que o cabo balançou fora
de controle. Ele gritou quando o cabo, agora completamente fora de controle, caiu em
sua direção, e o derrubou do peitoril.
Parte Dois
Com um grito selvagem ele caiu do beiral—e agarrou desenfreadamente o peitoril. De
alguma forma, de algum jeito, ele conseguiu se segurar. Ele se lançou para cima, mas os
dedos nervosos escorregaram, e ele teve que se agarrar loucamente. Ele conseguiu, e
subiu. O gancho já tinha voltado. Ele sorriu ferozmente em minha direção.
- Ainda não é a hora, Doutor—ainda não—mas logo. Logo.
- Robert. - Eu disse quietamente. – Você não quer pular. Você não quer. Você sabe disso.
Agora venha para dentro, e vamos todos embora para casa.
Ele riu selvagemente.
- Você gostaria disso, não é, Doutor? Você gostaria dessa satisfação. – Ele olhou para
baixo—como as pessoas olhando a gente. – Não, Doutor. Eu vou pular. Logo.
Uma ideia estava se formando no meu cérebro, mas ainda era muito cedo para ter
certeza. Suor vazava, mas eu não podia enxugar. Antes de eu tentar minha ideia, eu
deveria tentar convencê-lo mais uma vez. Eu me inclinei para fora da janela.
Desta vez eu decidi ir em outra direção. Eu fiz a minha voz ficar a mais calejada possível.
- O.K, Cara. Você se divertiu. Agora entre aqui seu *#%//-*#. Você é um idiota. Entre
aqui antes que eu te empurre. Quem você acha que se importa caso você pule? Eu ficarei
feliz em me livrar de você. Pular? Vá em frente! – Ele me olhou indecisamente. – Do que
você tem medo, Stack? Pule! Vai pular? Você não se atreve. Então entre aqui! Estou
cansado de te olhar.
- Eu vou fazer isso. – Ele resmungou. – Em exatos quinze segundos.
Ele olhou para seu relógio.
15. . . 14. . . 13. . . 12. . . 11. . . 10. . . 9. . . 8. . . 7. . . 6. . .
Parte Três
5. . . 4. . . 3. . . 2. . . 1! Robert se inclinou para frente, e por um momento, pairou sob a
eternidade. Ele voltou para dentro.
- Eu esperarei. Só dez minutos, Doutor. Dez minutos para ver você se contorcer.
Era o momento para eu usar o meu plano! Eu pulei para o peitoril, e comecei a andar em
sua direção.
Pela primeira vez ele pareceu assustado.
- V-vai embora, eu te digo! S-se você chegar três passos mais perto, eu pularei e minha
morte estará em suas mãos! E-eu estou falando sério, Doutor.
Eu continuei avançando, não me atrevendo olhar para baixo.
Ele começou a se afastar de mim, e eu tinha certeza de que estava certo. Embora
teoricamente qualquer homem possa tirar sua própria vida, poucos realmente
cometeriam suicídio, e Robert não era um desses homens. Então ele alcançou o beiral, e
o beiral acabara. Ele me olhou com resistência por um minuto, e então começou a
soluçar incontrolavelmente. Eu o conduzi para dentro. Fora um dos casos mais
angustiantes de um pulador que eu já tive de lidar - “O Caso do Pulador que não
Conseguia Pular“.
Tradução por http://baudostephenking.wordpress.com/

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