Venezuelano deve fechar compra de 5 submarinos

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Venezuelano deve fechar compra de 5 submarinos
Venezuelano deve fechar compra de 5 submarinos
Chávez prepara-se para gastar US$ 1,5 bilhão em Moscou
Roberto Godoy
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chega quinta-feira a Moscou com uma agenda repleta de
compromissos e uma definição importante na área de defesa - a compra de toda uma frota de cinco
poderosos submarinos de ataque e, eventualmente, a expansão da encomenda de supersônicos Su-30.
Dos 24 caças adquiridos em 2006, o pacote pode chegar agora a 60 aviões.
Chávez admitiu esta semana que pretende “acertar o contrato (dos submarinos), se as condições
forem favoráveis”. O valor estimado da operação é de US$ 1,5 bilhão, sem o armamento. A agência russa
para venda de equipamentos e sistemas militares, a Rosoboronexport, admite negociações sobre duas
diferentes embarcações, ambas com raio de ação de 13,5 mil quilômetros. A primeira envolve o tipo Amur,
um modelo leve desenvolvido pelos projetistas do bureau Rubin e construído nos Estaleiros do
Almirantado. Deslocando 1.675 toneladas (ou 2.800 quando submerso), é destinado exclusivamente ao
mercado externo. Muito veloz, com capacidade para fazer até 21 nós, leva 18 torpedos de 533 mm.
Também pode lançar até quatro mísseis de cruzeiro da linha Alfa ou Onik, com ogivas de 250 quilos e
alcance na faixa de 200 km. A configuração prevê ainda combinação com dez mísseis antiaéreos ou
táticos, mar-terra, com menor raio de ação.
O casco do Amur mede 67,7 metros e é totalmente recoberto com uma manta sintética destinada a
confundir os sinais dos sonares de detecção subaquática. O navio, de 67 tripulantes, é equipado com
avançados recursos para redução de ruído.
CLASSE KILO
A outra possibilidade em análise pela equipe técnica da Marinha venezuelana é uma plataforma
maior e mais forte, a terceira geração do submarino Kilo, uma herança da Guerra Fria.
As séries oferecidas para exportação, 877E e 877EKM, foram tão modernizadas que equivalem, na
prática, a um novo navio de combate. De acordo com o engenheiro Yuri Kormilitsin, chefe do bureau Rubin,
“toda a propulsão foi trocada e a eletrônica de bordo é de quinta geração - tudo isso, entretanto, sem
prejuízo das qualidades originais de manobrabilidade, facilidade para operar em condições adversas e em
águas de profundidades diversas”.
Há entre 17 e 20 novos submarinos Kilo em uso nas forças navais de seis países. É um navio maior
que o Amur, deslocando 2.350 toneladas (4.000 submerso), e mais veloz, na faixa de 25 nós. Não há o que
se compare na América Latina - nem mesmo o modelo IKL-124, de tecnologia alemã, que está sendo
adquirido pelo Comando da Marinha do Brasil com transferência de conhecimento e projeto.
O armamento é composto por 20 torpedos de 533 mm, 24 minas e 18 mísseis: 16 antiaéreos leves
Igla e Strela, para atingir alvos entre 4,2 km e 5,5 km; mais 2 Oniks, de cruzeiro.
O engenheiro Kormilitsin aponta como “avanços significativos” a modificação de duas das seis
câmaras disparadoras dianteiras, preparadas para receber o torpedo russo de alto desempenho Shkval-E.
Lançado dentro de uma espécie de bolha de ar comprimido, viaja por 13 km levando 210 quilos de
explosivos a 400 km/h.
Todas as armas de bordo são controladas eletronicamente. A recarga dos tubos exige apenas 15
segundos.
A expansão da frota de supersônicos Sukhoi-30, de 24 para 60 aeronaves, é considerada “mera
especulação” por um assessor de Hugo Chávez, o general Albertto Müller.
O próprio presidente venezuelano afirmou, durante uma visita ao esquadrão aéreo Simón Bolívar que serve de base para os oito primeiros Su-30 recebidos pela aviação militar -, que esse lote pode
crescer, desde que seja possível realizar a integração final, ou parte da montagem, na Venezuela. O Su-30
tem autonomia de 3 mil km. Transporta 9 toneladas de bombas inteligentes, mísseis e cargas diversas de
ataque.
Jornal O ESTADO DE SÃO PAULO – 26/06/2007