Português Instrumental I

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Português Instrumental I
Curso de Farmácia Disciplina: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL – I Conteúdo programático semi­presencial a ser disponibilizado no site da FAPI. Professora: Odete Aléssio Pereira Conceito de texto Palavra(s) precisa(m) constituir um contexto significativo Alfredina Nery Para começar a conversa sobre o conceito de texto, pense na seguinte situação: você está dentro de um ônibus e lê, pela janela, num cartaz da rua a propaganda de uma calça jeans, com um casal jovem, namorando. Há uma frase escrita embaixo da marca da calça que diz: "A escolha de ser livre". Agora imagine que você está de carro no centro da cidade, procurando um lugar para estacionar. Em vários portões há placas dizendo "Não estacione". Finalmente, pense que, na escola, o professor dá um exercício para colocar frases no plural. Ele está preocupado com o fato de alguns alunos não fazerem a concordância do sujeito com o verbo. Da lista de frases que ele pôs no quadro­negro consta, por exemplo: "O carro estacionou em lugar proibido e foi multado." Muito bem, para cada uma das três situações, temos diferentes frases: "A escolha de ser livre" "Não estacione" "O carro estacionou em lugar proibido e foi multado." Considere que texto é uma seqüência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo cujos sentidos são constituídos numa determinada situação comunicativa por quem dela participa. Nestes termos, quais frases acima podem ser consideradas textos? Por quê? Se escolheu apenas as frases 1 e 2, você acertou em cheio, pois: "A escolha de ser livre" constitui um "slogan" da propaganda do jeans referido na situação 1. Ou seja, é uma frase curta, de impacto, que de tanto ser repetida, é facilmente memorizada pelo consumidor. Esse uso da frase como um "slogan" torna­a um texto. As placas nos portões das casas dizendo "Não estacione" também trazem uma frase que é um texto, porque há um contexto interativo no qual as pessoas se entendem devido às convenções sociais das regras do trânsito.
Na terceira situação, "O carro foi estacionado em lugar proibido e foi multado" é uma frase, mas não é um texto porque não há contexto de significação. Aí temos somente um professor usando frases soltas para os alunos aprenderem singular e plural, ou concordância. Contexto significativo Vamos procurar deixar isso mais claro usando outros exemplos: 1) Você foi visitar um amigo que está hospitalizado e, pelos corredores, você vê placas com a palavra "Silêncio". 2) Você está andando por uma rua, a pé, e vê um pedaço de papel, jogado no chão, onde está escrito "Ouro". Em qual das situações uma única palavra pode constituir um texto? Na situação 1, a palavra "Silêncio" está dentro de um contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, a palavra "Silêncio" também é um texto. Na situação 2, a palavra "Ouro" não é um texto. É apenas um pedaço de papel encontrado na rua por alguém. A palavra "Ouro", na circunstância em que está, quer dizer o quê? Não há como saber. Podemos, no máximo, ir atrás de sua definição, num dicionário: Ouro – substantivo masculino – 1. Rubrica: química. elemento químico de número atômico 79 (símb.: Au) [Us. em joalheria, próteses dentárias, refletores de luz infravermelha, vidros coloridos, medicamentos etc.] 2. m.q. dinheiro ('qualquer montante') Ex.: a felicidade vale todo o o. do mundo 3. Derivação: por extensão de sentido. qualquer moeda ou objeto valioso; riqueza, fortuna Ex.: amealhou muito o. (Dicionário Houaiss) Mas e se a palavra "Ouro" estiver escrita em um cartaz pendurado nas costas de um daqueles homens que ficam nas esquinas do centro das cidades grandes que anunciam a compra de ouro? Aí sim, nessa situação, a palavra "Ouro" constitui um texto, porque se encontra num contexto significativo em que alguém quer dizer algo para outra pessoa (no caso, vender/comprar ouro) e, então anuncia isso. Concluindo, o texto verbal pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto maior de enunciados, mas ele obrigatoriamente necessita de um contexto significativo para existir. Constituindo sentidos
Agora, Leia o texto a seguir de modo a aprofundar ainda mais o conceito de "texto". Circuito Fechado Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro­negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro. (Ricardo Ramos) Você considera que em "Circuito fechado" há apenas uma série de palavras soltas? Ou se trata de um texto? Por quê? Na verdade, trata­se de um texto. Apesar de haver palavras, aparentemente, sem relação, numa primeira leitura, é possível dizer, depois de outra leitura mais atenta, que há uma articulação entre elas. Vamos pensar mais sobre isso... Em "Circuito fechado" há, quase que exclusivamente, substantivos (nomes de entidades cognitivas e/ou culturais, como "homem", "livro", "inteligência" ou palavras que designam ou nomeiam os seres e as coisas).
Verifique que pela escolha dos substantivos e pela seqüência em que são usados, o leitor pode ir descobrindo um significado implícito, um elemento que as une e relaciona, formando o texto. Podemos dizer que este texto se refere a um dia na vida de um homem comum. Quais palavras e que seqüência nos indicam isso? Note que no início do texto, há substantivos relacionados a hábitos rotineiros, como levantar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar dentes, fazer barba (para os homens), tomar banho, vestir­se e tomar café da manhã. “Chinelos, vaso, descarga. Pia. Sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos.” Já no final do texto, há o voltar para casa, comer, ler livro, ver televisão, fumar, tirar a roupa, tomar banho/escovar dentes, colocar pijama e dormir. “Carro. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforos. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.” Descobrimos que a personagem é um homem também pela escolha dos substantivos. Parece que sua profissão pode estar relacionada à publicidade. “Creme de barbear, pincel, espuma, gilete [...] cueca, camisa, abotoadura, calça, meia, sapatos, gravata, paletó [...] Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída [...] Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes [...] Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro­negro, giz, papel.”
Também ficamos sabendo que na casa da personagem há quadros, pois o narrador usa a palavra duas vezes: no momento do café e na volta para casa. No escritório há "Relógio". Escolha intencional do autor, talvez para relacionar relógio e trabalho, trabalho e rotina. Depreendemos que o homem é um grande fumante, basicamente, pelo número de vezes em que o narrador fala desse hábito, em vários momentos do dia da personagem: 14 vezes. Além disso, é interessante notar como há sempre a referência à dupla "cigarro e fósforo". A palavra que explicita o início da ação do homem, ou da atuação da personagem, num dia de sua rotina é "chinelos", usada no início do texto para mostrar o momento do acordar/levantar e depois a hora de dormir. Há também uma marcação de mudança de espaço, por meio dos termos "carro", usado como que mostrando o horário de sair de manhã e a volta para casa, à noite. No meio do texto há também o uso de um "táxi", provavelmente uma saída do trabalho: um almoço? Um jantar? Uma visita a um cliente? Enfim, "Circuito fechado" é uma crônica ­ um texto narrativo curto, cujo tema é o cotidiano e que leva o leitor a refletir sobre a vida. Usando somente substantivos, o autor do texto produziu um texto que termina onde começou. Essa estrutura circular tem relação com o título ("Circuito fechado") e com os dias atuais? Sem dúvida nenhuma, podemos compreender suas relações, não é mesmo? O cotidiano repete­se, fecha­se em si mesmo a cada dia. Rotinas... Para você pensar Você sabia que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal (palavras)? O texto pode ter várias dimensões, como o texto cinematográfico, o teatral, o coreográfico (dança e música), o pictórico (pintura), etc. *Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua, linguagem e leitura. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA EM NOSSA VIDA Você vive num mundo de símbolos e precisa saber interpretá­los "Ler significa aproximar­se de algo que acaba de ganhar existência." (Italo Calvino) Leituras Um mapa aberto. A mão estendida para a cartomante. Os búzios na terra. Pegadas na areia. Um pescador olha para o céu e sabe se vai chover. Um biólogo segue os rastros de uma onça pela floresta. Muros escritos da cidade.
A linguagem das mãos dos surdos­mudos. O rosto do outro. Os sonhos estranhos. As placas na estrada. Livros abertos: uma menina deitada no chão vê imagens coloridas. Um homem, em sua cama, sob a tênue luz do abajur, lê um romance. Uma mulher, debruçada sobre uma escrivaninha, está atenta às notícias do dia, num jornal. Vivemos num mundo imerso em sinais que fatalmente vemos e precisamos olhar, ler, decifrar. Talvez tão naturalmente quanto respiramos, desenvolvamos sem perceber o ato de ler continuamente as coisas que nos cercam. Lemos para nos entender, para entender os outros e o universo de que fazemos parte. Desde bebês, já estamos atentos às linguagens que nos circundam: os cheiros, os barulhos, as vozes da mãe, do pai, os toques: carícias ou palmadas. Oralidade e escrita À medida que crescemos, lançamo­nos às aventuras dos sons articulados, do falar, da língua. Pela casa, encontramos tantos objetos atraentes que não conhecemos. Ao segurá­los com curiosidade, porém, já estamos tentando compreendê­los. Um universo maravilhoso se descortina na cozinha: o fogão, a geladeira, a louça, as vasilhas e panelas da mamãe. Estas são particularmente estranhas e fazem um grande barulho quando são jogadas no chão. Desenhar, começar a delinear formas na página branca do papel. Começar a reconhecer letras, sílabas, textos: a escrita abre novas possibilidades para a linguagem que, oralmente, já conquistamos. Depois de aprendermos a decifrar os textos, estaremos lendo o tempo todo ­ para sempre.Qualquer palavra que surja a nossa frente é imediatamente decodificada. Descobrir e decifrar O ato de ler implica descobrir e conhecer o mundo. Com ele, desenvolvemos o tempo todo um processo de atribuir sentido às coisas. Pense nos inúmeros textos que você encontra em seu dia­a­dia, enquanto está caminhando em uma avenida, por exemplo: pichações nos muros, outdoors, nomes de ruas nas placas das esquinas, anúncios de lojas, letreiros de edifícios, números das casas, sem falar na banca de jornal, repleta de imagens e manchetes. Na verdade, quase sem perceber, você caminhado por um universo de signos, ou
de símbolos, ou ainda de sinais. O sentido das coisas nos vem principalmente por meio do olhar, da leitura: da compreensão e da interpretação desses múltiplos signos que enxergamos, desde os mais corriqueiros, como os nomes de ruas, até os mais complexos, como uma poesia com metáforas e imagens ­ cujo sentido muitas vezes demoramos para decifrar. No poema que segue, de Paulo Leminski, percebe­se o quanto é essencial para o ser humano a atribuição de significados, tanto para os mistérios do nosso mundo interior, quanto para as coisas e fenômenos do mundo exterior a nós: Buscando o sentido O sentido, acho, é a entidade mais misteriosa do universo. Relação, não coisa, entre a consciência, a vivência e as coisas e os eventos. O sentido dos gestos. O sentido dos produtos. O sentido do ato de existir. Me recuso a viver num mundo sem sentido. Estes anseios/ensaios são incursões conceptuais em busca do sentido. Pois isso é próprio da natureza do sentido: ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa busca que é sua própria fundação. Só buscar o sentido faz, realmente, sentido. Tirando isso, não tem sentido. A importância da leitura "A leitura da palavra é sempre precedida da leitura do mundo." (Paulo Freire) Afinal por que se afirma que é tão importante ler?... Seria esta apenas mais uma afirmação sem maior sentido, que nos rodeia nesse universo de textos e mensagens, com os quais somos bombardeados diariamente? Decerto que não. Vamos lembrar que o texto ­ seja de que natureza for ­ está sempre pronto a ser compreendido, decifrado e interpretado pelo leitor. O processo da leitura exige um esforço com o qual garante uma compreensão ampliado do mundo,
de nós mesmos e da nossa relação com o mundo. Na Roma antiga, o verbo "ler" ­ do latim legere ­ além de ler, também podia significar "colher", "recolher", "espiar", "reconhecer traços", "tomar", "roubar". Portanto, ler, na verdade, é muito mais do que simplesmente reconhecer as palavras e frases dos outdoors de uma avenida, dos índices de desempregos noticiados nos jornais, do discurso político de um candidato à presidência da República, de um poema ou de um conto, de um romance ou de um filme. Ler é compreender os discursos, mas também é completá­los, descobrindo o que neles não está explicitamente dito. Talvez o "recolher" seja buscar as pistas que o texto tem, o "espiar" seja distanciar­se um pouco e não de imediato aquilo que está sendo proposto, "tomar" e "roubar" talvez queira dizer para os leitores estarem prontos a captar, capturar, se apropriar daquilo que está escondido nas entrelinhas de um texto. Um desfile de palavras vazias? É assim que a leitura se torna criativa e produtiva, pela descoberta dos sentidos do texto e a atribuição de outros. Do contrário, ela se torna apenas o mero assistir a um desfile de letras, palavras e frases vazias, diante de olhos tão passivos, quanto sonolentos. O mundo simbólico se amplia diariamente. A maior parte dos fenômenos, sejam de natureza política, econômica, social ou cultural, fazem parte de um registro contínuo do homem. Também a reinvenção da realidade por meio dos textos literários, que constroem uma nova linguagem, nos dá a dimensão das emoções, sentimentos, críticas e vivências do homem, na sua busca de sentido para a existência. Nos contos, crônicas, romances, poemas, nos mais variados textos criados, há sempre um universo interior e exterior de pessoas que vivem ou viveram num determinado tempo e espaço. Ler os textos escritos e as diversas linguagens inerentes ao ser humano é ampliar o nosso próprio mundo simbólico, é desenvolver nossa capacidade de comunicar e criticar, enfim, é um ato
contínuo de recriação e invenção. Para você pensar: Alguma vez, através da leitura, você já descobriu alguma coisa que fosse essencial para você? Você concorda com Paulo Leminski: o sentido é a entidade mais misteriosa do universo? Por quê? * Carla Caruso é escritora, pesquisadora e realiza projetos de capacitação de professores no Estado de São Paulo. Exemplo de leitura A difícil arte de simplificar e interpretar textos ”Muitos textos científicos são escritos numa linguagem de difícil compreensão para o grande público. Torna­se necessário simplificá­los, tornando­os mais acessíveis. Observem abaixo os estágios da simplificação.” – Assim escreveu Dad Squarisi no Correio Braziliense, 2 de fevereiro de 2003. Reproduzo a versão da colega que tem coluna congênere no jornal de Brasília. Texto original (versão Ph.) O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da ramínea Saccharus officinarum, Linneu, isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, configurando pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzindo nos órgãos especiais existentes na Apis mellifica, Linneu. No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico­químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena deformidade que lhe é peculiar. Primeira simplificação (mestre) A sacarose, extraída da cana­de­açúcar, que ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino, apresentando­se sob a forma de pequenos sólidos tronco­piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.
Segunda simplificação (graduação universitária) O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e, apresentando­se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco­piramidal, tem sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão. Terceira simplificação (ensino médio) Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado. Quarta simplificação (ensino fundamental) Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível. Simplificação final (linguagem popular) Rapadura é doce, mas não é mole, não! GRAMÁTICA ACENTUAÇÃO GRÁFICA 1­Sílaba tônica­ A sílaba proferida com mais intensidade que as outras é a sílaba tônica. Esta possui o acento tônico, também chamado acento de intensidade ou prosódico. Nem sempre a sílaba tônica recebe acento gráfico. Exemplos: cajá, caderno, lâmpada 2­Sílaba subtônica­ Algumas palavras geralmente derivadas e polissílabas, além do acento tônico, possuem um acento secundário.A sílaba com acento secundário é chamada de subtônica. Exemplos: terrinha, sozinho 3­Sílaba átona­ As sílabas que não são tônicas nem subtônicas chamam­se átonas. Podem ser pretônicas (antes da tônica) ou postônicas (depois da tônica),
Exemplos: barata (átona pretônica, tônica, átona postônica) máquina (tônica, átona postônica, átona postônica) Não confunda acento tônico com acento gráfico. O acento tônico está relacionado com intensidade de som e existe em todas as palavras com duas ou mais sílabas. O acento gráfico existirá em apenas algumas palavras e será usado de acordo com regras de acentuação. Quanto aos monossílabos, eles podem ser: a) átonos: não possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com pouca intensidade: o, lhe, e, se, a. b) tônicos: possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com muita intensidade: lá, pá, mim, pôs, tu, lã. Os monossílabos tônicos soam distintamente no interior da frase: já os monossílabos átonos, não possuindo acentuação própria, soam como uma sílaba da palavra anterior ou da palavra posterior. Quero encontrá­la lá. Dê o livro de Português. Tenho dó do menino. A distinção entre monossílabo tônico e monossílabo átono depende do contexto, ou seja, eles têm que ser analisados numa frase. Fora do contexto, todos os monossílabos são tônicos. Classificação das palavras quanto à sílaba tônica Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras classificam­se em: a) oxítonas: a sílaba tônica é a última sílaba da palavra. Exemplos: ma­ra­cu­já, ca­fé, re­com­por. b) paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima sílaba da palavra. Exemplos: ca­dei­ra, ca­rá­ter, me­sa. c) proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima sílaba da palavra. Exemplos: sí­la­ba, me­ta­fí­si­ca, lâm­pa­da. Nem sempre a sílaba tônica vem indicada com acento gráfico. Dessa forma, é fundamental distinguir o acento tônico do acento gráfico. O acento tônico é o acento da fala; marca a maior intensidade na pronúncia de uma sílaba.
O acento gráfico é o sinal utilizado, em algumas palavras, para indicar a sílaba tônica. Acentuação gráfica 1. Regras gerais: Para acentuar corretamente as palavras, convém observar as seguintes regras: 1.1. Proparoxítonas Todos os vocábulos proparoxítonos são acentuados. Exemplos: árvore, metafísica, lâmpada, pêssego, quiséssemos, África, Ângela. 1.2. Paroxítonas São acentuados os vocábulos paroxítonos terminados em: i(s): júri, júris, lápis, tênis. us: vírus, bônus. um/uns: álbum, álbuns. r: caráter, mártir, revólver. x: tórax, ônix, látex. n: hífen, pólen, mícron, próton. l: fácil, amável, indelével. ditongo: Itália, Áustria, memória, cárie, róseo, Ásia, Cássia, fáceis, imóveis, fósseis, jérsei. ão(s): órgão(s), sótão (s), ófão (s), bênção (s). ã (s): órfã(s), ímã (s). ps: bíceps, fórceps Não se acentuam os paroxítonos terminados em ens: hifens, polens, jovens, nuvens, homens. Não se acentuam os prefixos paroxítonos terminados em i ou r: super­homem, inter­helênico, semi­selvagem. 1.3. Oxítonas São acentuados os vocábulos terminados em: a(s ), e(s), o(s): maracujá, ananás, café, você, dominó, paletós, vovô, vovó, Paraná.
em/ens: armazém, vintém, armazéns, vinténs. . Acentuam­se também los monossílabos tônicos terminados em a, e, o (seguidos ou não de s): pá, pé, pó, pás, pés, pós, lê, dê, hás, crês. As formas verbais terminadas em a, e, o tônicos seguidos de lo, la, los, las também são acentuadas: amá­lo, dizê­lo, repô­lo, fá­lo, repô­la, fá­lo­á, pô­lo, comprá­la­á. O til vale como acento tônico se outro acento não figura no vocábulo: lã, fã, irmã, alemã 2. Regras especiais Além das anteriormente vistas, cumpre observar ainda as seguintes regras: Acentuam­se os ditongos de pronúncia aberta éu, éi, ói: chapéu, céu, anéis, pastéis, coronéis, herói. Hiatos ôo e êe: vôo, enjôo, vôos, crêem, lêem, dêem. Coloca­se acento nas vogais i e u que formam hiato com a vogal anterior: sa­í­da, sa­ís­te, sa­ú­de, ba­la­ús­tre, ba­ú, ra­í­zes, ju­í­zes, Lu­ís, pa­ís, He­ lo­í­sa, Ja­ú. Não se acentuam o i e o u que formam hiato quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z: Ra­ul, ru­im, sa­ir­des, ju­iz. Também não se acentua o hiato seguido do dígrafo nh: ra­i­nha, ven­to­i­nha, ba­i­nha. Coloca­se o trema na letra u dos encontros gue, gui, que, qui, quando a letra u for pronunciada atonamente (nesses casos, o û é semivogal: tranqüilo, freqüente, lingüiça, sagüi. Se a letra u de tais encontros for pronunciada tonicamente, levará acento agudo (nesses casos, o u é vogal): averigúe, apazigúe, argúi, argúis. Se a letra u de tais encontros não for pronunciada, evidentemente não levará acento algum (nesse caso, temos dígrafo): quilo, quente, guerra, guerreiro, queijo. Observações finais a) Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo: ele tem/ eles têm, ele vem/eles vêm. b) Os verbos derivados de ter e vir levam acento agudo na 3ª pessoa do singular e acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo: ele retém/ eles retêm, ele intervém /eles intervêm. c) Recebem acento diferencial as seguintes palavras: côa (verbo e substantivo), para diferenciar de coa (contração). pôr (verbo), para diferenciar de por (preposição). pára (verbo), para diferenciar de para (preposição).
pêlo (substantivo), para diferenciar de pelo (contração). pélo (do verbo pelar), para diferenciar de pelo (contração). pólo (substantivo), para diferenciar de polo (contração de por+o). pôlo (substantivo), para diferenciar de polo (contração de por+o). pêra (substantivo), para diferenciar de pera (preposição antiga). pôde(3ª pessoa do singular do pretérito perfeito), para diferenciar de pode (3ª pessoa do singular do presente o indicativo) ACENTUAÇÃO GRÁFICA EXERCÍCIOS 01 ­ (UFES) O acento gráfico de "três" justifica­se por ser o vocábulo: a) Monossílabo átono terminado em ES. b) Oxítono terminado em ES c) Monossílabo tônico terminado em S d) Oxítono terminado em S e) Monossílabo tônico terminado em ES 02 ­ (UFES) Coloca­se trema sobre o "U" átono (pronunciando), como no vocábulo UNGÜENTO, sempre que estiver. a) no grupo "gu" seguido de "E" nasal. b) No grupo "gu" ou "qu" seguido de E, I, A c) O grupo "gu" seguido de "E" ou "I". d) Precedido de "g "ou "q "seguido de "E" ou "I" e) Nos grupos de "gu" e "qu" 03 ­ (UFES) Se o vocábulo CONCLUIU não tem acento gráfico, tal não acontece com uma das seguinte formas do verbo CONCLUIR: a) concluia b) concluirmos c) concluem d) concluindo e) concluas 04 ­ (Med./Itajubá) Nenhum vocábulo deve receber acento gráfico, exceto: a) sururu b) peteca c) bainha d) mosaico e) beri­beri 05 ­ (Med./ Itajubá) Todos os vocábulos devem ser acentuados graficamente, exceto: a) xadrez b) faisca c) reporter
d) oasis e) proteina 06) (UFES) Assinale a opção em que o par de vocábulos não obedece à mesma regra de acentuação gráfica. a) sofismático/ insondáveis b) automóvel/fácil c) tá/já d) água/raciocínio e) alguém/comvém 07) (Med/Itajubá) Os dois vocábulos de cada item devem ser acentuado graficamente, exceto: a) herbivoro­ridiculo b) logaritmo­urubu c) miudo­sacrificio d) carnauba­germem e) Biblia­hieroglifo 08) (PUC­Campinas) Assinale a alternativa de vocábulo corretamente acentuado: a) hífen b) ítem c) ítens d) rítmo e) nidia 09 ­ (RJ) "Andavam devagar, olhando para trás... (J.A. de Almeida­Américo A. Bagaceira) Assinale o item em que nem todas as palavras são acentuadas pelo mesmo motivo da palavra grifada no texto. a) Más – vês b) Mês – pás c) Vós – Brás d) Pés – atrás e) Dês – pés 10) (RJ) Assinale o item em que há dois vocábulos acentuados inadequadamente. a) fôste – íris b) estrêla – lângüido c) íris – lângüido d) fôste – estrêla e) hifens – mágoa
11) (RJ) "Como ele não vem ao seu encontro, ela pára" (Autran Dourado) O vocábulo grifado leva acento agudo porque: a) Há necessidade de diferençá­lo de outro vocábulo, pela tonicidade. b) É um vocábulo paroxítono terminado em­a; c) É um vocábulo oxítono terminado em­a; d) Há necessidade de diferençá­lo de outro ; e) É um vocábulo erudito. 12 ­ (Mackenzie) Indique a única alternativa em que nenhuma palavra é acentuada graficamente: a) lapis, canoa, abacaxi, jovens, b) ruim, sozinho, aquele, traiu c) saudade, onix, grau, orquidea d) flores, açucar, album, virus, e) voo, legua, assim, tenis 13 ­ Nas alternativas que seguem escreva C (certo) ou E (errado) ao lado das palavras. a) hífens b) refens c) itens d) vôo e) látex f) íbero g) rubrica h) lêvedo i) aerolito j) avaro k) mosaico l) degrau m) ínterim n) aziago o) álacre p) batavo q) filantropo r) oblíque s) tranquilo t) sairam u) unguento v) pudico 14 ­ Assinale a alternativa em que ocorre erro na acentuação gráfica da forma verbal acompanhada de pronome. a) ferí­la­íamos b) cantá­la­íes.
c) compô­la d) vemdê­la e) retribuí­la 15 ­ Marque o item em que o "e " e o "u "em hiato devem ser acentuados em todas as palavras. a) Jesuita, juizo, juiz, faisca, juizes, b) Sairam, caires, cairam, caistes, sairdes c) Balaustre, reuno, reunem, saude, bau d) "a "e "b” todas as palavras são acentuadas e) "b" e "c" todas as palavras são acentuadas 16 ­ Em todas as alternativas, as palavras que seguem têm ditongo. Assinale aquela em que todas elesa devem ser acentuadas a) chapeu, ateia, ideia, mosaico, assembleia. b) reis, herois, ceu, heroica, pasteis c) papais, constrois, degraus, joia, anzois d) "a "e "b " todas devem ser acentuadas e) "b" e "c" todas devem ser acentuadas 17 ­ Nas alternativas, a acentuação gráfica está correta em todas as palavras, exceto: a) jesuíta, caráter b) viúvo, sótão c) baínha, raíz d) naúfrago, espádua e) gráfico, flúor 18 ­ Nas palavras que se seguem, escreva C (certo) ou E (errado) ao seu lado a) ama­lo b) júri c) parabens d) apôio (s) e) apóio (v) f) aliás g) ascensão h) núvem i) chuchú j) vêem k) caía l) paióis m) téns n) martir o) traír p) paúl q) traíra
r) urubú s) armazéns t) abençôa u) mausoléu v) corroi x) Eles vem 19 ­ Acentue, se necessário, as palavras: a) micron­neutrons­electrons b) esta (v)­cos (cinta)­po­lo (v) c) constroem (v)­povareu­tipoia d) gase­urubu­caracois e) heroismo­tainha­senço f) feitura­cordão­benção g) climax­voa (V)­vomer h) fe­re­sede i) ele vem­eles tem­has(v) j) coo(v)­enjoos­coroa k) abencoa­para (prep)­para (v) l) pera (s)­pelas (v) eles contem m) imãs­video­normandia n) super (prefixo)­varzea­ansia o) efemero­fortuito­desanimo p) ions­sotão­polens q) triceps­destroem (v)­lilas r) tunel­refens­parabens s) arcaico­apos­lem t) judaico­cairmos (v)­eden u) consul­visivel­arguição v) linguarudo­pinguim­arguem (v) x) questão­frequente­distinguir. Questões de 20 a 26. Coloque o acento gráfico nas formas verbais, quando necessário, pois os acentos foram omitidos. 20 ­ "Quem ve cara não ve coração". 21 ­ "Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lugar lhe vem" 22 ­ "O homem que le vale mais 23 ­ "Quem tem boca vai a Roma 24 ­ "Depois da tempestade, vem bonança " 25 ­ "Há males que vem para bem. 26 ­ "Ela para trabalhar... Questões de 27 a 40. Preencha a lacuna em branco de acordo com o modelo. Eu creio : eles crêem 27 ­ Eu dou; espero que Pedro e Paulo........... 28 ­ Eu releio; Maria e José.............................
29 ­ Eu revejo; papai e mamãe ........................ 30 ­ Eu provenho; os meninos.......................... 31 ­ Eu provejo; os alunos................................ 32 ­ Eu leio; os meninos e as meninas............. 33 ­ Eu vejo; eles e elas..................................... 34 ­ Eu creio; os alunos..................................... 35 ­ Eu creio; o menino....................................... 36 ­ Eu vejo; a menina....................................... 37 ­ Eu tenho; os meninos.................................. 38 ­ Eu venho; as meninas................................. 39 ­ Eu tenho; a aluna......................................... 40 ­ Eu venho; a menina..................................... Questões de 41 a 52. Alguns termos destacados sofrem alterações, de modo que ocorresse erro quanto á acentuação gráfica. Corrija­os quando necessário. 41 ­ "O indio. Sorrindo e modernamente encostado ao tronco..."(José de Alencar) 42 ­ "Uma simples tunica de algodão, a que os indigenas chamavam aimara, apertada..."(José de Alencar) 43 ­ "Sobre a alvura diafama do algodão, a sua pole..."(José de Alencar) 44 ­ "Em pé, no meio do espaço que formava a grande abobada de árvores..."(José de Alencar) 45 ­ "Acabado o fogo tudo se pos em andamento..."(Manuel Antonio de Almeida) 46 ­ "Conversaram por todo o caminho como se fossem dois conhecidos..."(Manuel Antonio de lmeida) 47 ­ "O Leonardo vendo isto sentiu um não sei que por dentro contra o menor..."(Manuel Antonio de Almeida) 48 ­ "Ou o senhor para com esse barulho ou eu faço um estrago louco."(Fernando Sabino) 49 ­ "Pula ca pra fora, perua choca se és capaz !"(Alvares Azevedo) 50 ­ "Alguém la embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali em pelo..." (Fernando Sabino) 51 ­ "Só a dona da casa não parecia economizar o sabado para usa­lo numa Quinta de noite..." (Clarice Lispector) 52 ­ "O patio estava quase cheio; ninguem mais se entendia..." (Alvez Azevedo) Questões 53 a 60. Acentue adequadamente as palavras que exigirem: 53 ­ dolmã, Normandia 54 ­ varzea, fortuito 55 ­ polens, hifen 56 ­ estencil, Venus 57 ­ judaica, visivel 58 ­ averigua (v.), cinquenta
59 ­ tipoia 60 ­ voa (v.), pera (s.) O uso do porquê: por que ­ grafa­se separadamente e sem acento: a) orações interrogativas diretas: Por que ele saiu? b) orações interrogativas indiretas: Não sei por que ele saiu. c) pronome relativo: O caminho por que (pelo qual) passei era difícil. por quê ­ grafa­se separadamene e com acento, quando ocorrer no final de frases interrogativas: Ele saiu cedo, por quê? Você não aceitou minha sugestão. Por quê? porque ­ grafa­se numa única palavra quando for empregado como conjunção, geralmente causal ou explicativa. Neste caso pode ser substituído pela conjuncão pois. É a resposta da pergunta. Saí cedo, porque tinha um sério compromisso. porquê ­ grafa­se numa única palavra e acentuado quando for substantivo. Não sei o porquê de sua revolta. Nesse caso pode ser reconhecido: a) pela anteposição do artigo; b) substituindo­o pelas palavras “motivo”, “causa”. PONTUAÇÃO Vírgula antes da conjunção E Saretta dominou o primeiro set com extrema facilidade, e ainda contou com uma série de erros do britânico para largar na frente. Não se emprega a vírgula antes da conjunção E quando esta une orações de mesmo sujeito, caso da construção acima. Se ligasse orações de sujeitos diferentes, a conjunção E poderia ser antecedida de vírgula. Assim: "Naquele ano, o presidente foi eleito (,) e o parlamentar proferiu o polêmico discurso". Para evitar uma ambigüidade, entretanto, a vírgula é necessária. Assim: "Levou apenas as crianças, e os adolescentes se sentiram preteridos". Veja, abaixo, o texto corrigido:
Saretta dominou o primeiro set com extrema facilidade e ainda contou com uma série de erros do britânico para largar na frente. Vírgula e ambigüidade "Acusada de levar cinco crianças de suas casas, após ganhar a confiança das famílias, Alexsandra Sardinha Cardoso, 25, foi presa na última sexta­feira (25) em Santa Bárbara (MG)." O fragmento reproduzido acima, extraído de notícia publicada na Folha Online, apresenta dois problemas, um dos quais decorrente do emprego indevido de uma vírgula. Observe que a expressão "após ganhar a confiança das famílias", um adjunto adverbial de tempo, está posta entre duas vírgulas, o que permite lê­la como modificador tanto do verbo "levar" (ela levava as crianças após ganhar a confiança das famílias) como da forma verbal "foi presa" (foi presa após ter ganhado a confiança das famílias). Claro que a intenção do redator foi afirmar que Alexsandra Sardinha Cardoso levava as crianças de suas casas depois de ganhar a confiança das famílias, mas essa compreensão advém de referências extratextuais. Em suma, o leitor entende o sentido pretendido em razão de certa obviedade do conteúdo. A questão, entretanto, é que, ao escrever, não devemos acreditar que o que dizemos seja óbvio nem contar com a "benevolência" do leitor ­ até porque haverá situações em que os dois sentidos serão, de fato, possíveis. A verdade é que a vírgula que está separando o adjunto adverbial não deveria ter sido posta. Afinal, o adjunto adverbial deve ser separado por vírgula quando está no início da frase ou intercalado entre termos de natureza complementar, mas não quando está no fim da oração (na chamada "ordem direta"). A retirada da primeira vírgula resolve esse problema. Passemos, agora, à segunda questão. O infinitivo é uma das chamadas "formas nominais" do verbo (é ele que nomeia as ações). Caracteriza­se, basicamente, por não poder exprimir por si nem o tempo nem o modo, tendo seu valor temporal e modal sempre em dependência do contexto em que aparece. Ocorre, entretanto, que o infinitivo possui, ao lado de sua forma simples ("levar", "ganhar", "andar", "pertencer" etc.), uma forma composta ("ter levado", "ter ganhado", "ter andado", "ter pertencido" etc.). A diferença entre as duas é que, enquanto a última exprime uma ação de aspecto concluído, a primeira exprime uma ação que não se concluiu. Assim, uma frase como "Alexsandra levava as crianças após ganhar a confiança das famílias" está correta, pois ambas as formas verbais ("levava" e "ganhar") exprimem ações inacabadas. A forma "levava", do pretérito imperfeito do indicativo, exprime uma ação que se repete no passado, não uma ação
terminada. Muito bem. Dito isso, resta­nos observar que, no texto em questão, o ideal era que se tivessem usado as formas do infinitivo composto, pois a quantidade de crianças levadas por Alexsandra indica tratar­se de uma ação terminada. De maneira mais simples, dizemos que alguém leva crianças (não se sabe a quantidade de crianças, pois a ação se repete indefinidamente) de suas casas após ganhar a confiança das famílias ou que alguém levou cinco crianças (número exato, que indica ter a ação sido concluída) de suas casas após ter ganhado a confiança de suas famílias. Veja, abaixo, o texto reformulado: Acusada de ter levado cinco crianças de suas casas após ter ganhado a confiança das famílias, Alexsandra Sardinha Cardoso, 25, foi presa na última sexta­feira (25) em Santa Bárbara (MG). Exercício de Pontuação 1­ Pontue adequadamente o texto a seguir. De férias em Miami meia retorna ao Brasil no dia 15 Da Reportagem Local O colombiano Freddy Rincon pivô da mais recente crise no Corinthians volta de Miami (Estados Unidos) onde passa férias no próximo dia 15 A informação foi dada pelo empresário do jogador Francisco Monteiro o Todé "Ele deve se apresentar a seu novo clube no dia 15 No mesmo dia dirá as razões que o fizeram sair do Corinthians" afirmou o empresário Todé disse que conversou com Rincón por telefone e que não poderia dar detalhes sobre as negociações com o Santos "Só posso dizer que um clube ofereceu mais dinheiro e ele resolveu sair" O diretor de futebol do Santos Paulo Ferreira negou que a viagem de Rincón que estava na Colômbia até a semana passada esteja sendo patrocinada pelo clube em uma tentativa de "abaixar a poeira" do caso"Não fizemos nada disso Nem sei onde o Rincón está agora" afirmou Ferreira que anteontem havia declarado não saber quando o colombiano seria apresentado oficialmente à torcida santista "Se eu te disser que já há uma data definida estou mentindo" disse o dirigente (Folha de S. Paulo. Caderno 4, pág. 4 esporte­ Quinta­feira, 3 de fevereiro de 2000) Concordância nominal 1. Na oração "Um sorriso lento iluminava o rosto moreno." (Graciliano Ramos) encontramos a seguinte estrutura: Um sorriso lento (sujeito)
iluminava o roso moreno (predicado) Nessa relação, o núcleo do predicado (verbo), elemento determinante, concorda com o núcleo do sujeito (substantivo), elemento determinado. A esse relacionamento sujeito­verbo denominamos concordância verbal. 2. Observemos apenas a estrutura do sujeito "Um sorriso lento" Há entre estas três palavras uma relação específica. A palavra mais importante é o substantivo sorriso e em torno dela giram outras classes gramaticais (artigo, numeral, adjetivo e pronome adjetivo). A essa relação chamamos de concordância nominal. Concordância nominal Regras gerais 1ª) Observemos os elementos em destaque na frase: "Pelos cimos da mata se escapavam aves espantadas, remontando às alturas num vôo desesperado." (Graça Aranha) AVES ESPANTADAS substantivo adjetivo feminino plural feminino plural VÔO DESESPERADO substantivo adjetivo masculino singular masculino singular Concluímos que: O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo a que se refere. 2ª) Observe agora os termos grifados: "Os troncos atacados com raiva." "Algumas árvores pareciam resistir."
"A dois quilômetros talvez não houvesse tanto fogo." "A duas léguas chegaria tanta fumaça?" Os artigos, os numerais e os pronomes adjetivos ­ "os"­ "algumas", "dois", "duas" e "tanta" concordam com o substantivo a que se referem. Nota: quanto aos numerais, variam em gênero um, dois e as centenas a partir de duzentos. Regras especiais 1ª) O adjetivo que se refere a mais de um substantivo de gênero e número diferentes, quanto posposto, poderá concordar no masculino plural ou com o substantivo mais próximo. "Tinha as espáduas e o colo feitos de encomenda para os vestidos decotados" "Acharia ele, porventura, a vida e o repouso íntimos."(A. Herculano) "Render o preito e a homenagem devida." (C. Ribeiro) 2ª) Anteposto aos substantivos, o adjetivo concorda, em geral, com o mais próximo. "Escolhestes mau lugar e hora..."(Herculano) "Creio que me houve com a necessária intrepidez e disciplina." (M. de Assis) "São de igual talhe e força."(Herculano) "Jorge, perdida a cor e o alento, caiu."(Manuel Bandeira) 3ª) As expressões UM E OUTRO e NEM UM NEM OUTRO pedem substantivo singular. "Um e outro vaga­lume riscando fósforos." (J. A. Almeida) "Uma e outra coisa lhe desagrada."(M.Bernardes) 4ª) Dois ou mais adjetivos que se referem ao mesmo substantivo determinado por artigo possibilitam dois tipos de concordância paralelos. Especializou­se nas literaturas brasileira e portuguesa; Especializou­se na literatura brasileira e na portuguesa.
5ª) Sendo sinônimos os substantivos, o adjetivo concorda com o mais próximo. "As maldições se cumpriam no povo e gente hebréia."(Vieira) "O amor e a amizade verdadeira não nas bonanças, mas na adversidade se conhece."(F. de Morais) 6ª) Quando dois ou mais numerais ordinais do singular modificam um mesmo substantivo, este, se posposto, pode ficar no singular ou ir para o plural. "Depois de bater repetidas vezes à porta do primeiro e segundo andar. (Camilo) "Os preços da segunda e terceira classe eram os mesmos de outras partes." (M. de Assis) "O terceiro e quarto volumes da Monarquia Lusitana." (Herculano) Nota: substantivo anteposto ficará no plural. "As cláusulas terceira, quarta e quinta..."(Rui Barbosa) 7ª) Os pronomes adjetivos MESMO, PRÓPRIO, e o adjetivo SÓ concordam, normalmente, com o respectivo substantivo. Vós mesmos sois os responsáveis. Elas mesmas fizeram os trabalhos. Ela própria comprou tudo. Eles próprios se interrogavam. Vocês permanecem sós. Nota: quando mesmo equivale a realmente, de fato; e só, a somente, não variam. "Ele veio mesmo,. Só as mulheres permaneceram caladas. 8ª) As palavras MEIO e BASTANTE, quando adjetivos, concordam com respectivos substantivos, ficando invariáveis quando advérbios. Bastantes pessoas ficaram bastante insatisfeitas. As meias palavras são sintomáticas das afirmações meio verdadeiras. Ao meio­dia e meia (hora), saíram.
As meias garrafas estão meio vazias. 9ª) O adjetivo ANEXO concorda, normalmente, com o respectivo substantivo, o que não ocorre quando, precedido da preposição em, constitui locução adverbial. Seguem anexas as minutas do processo. Todas provas estavam anexas. Os planos anexos ilustram e desenvolvem o croqui. Mas, seguem em anexo as declarações da testemunha. 10ª) Os adjetivos QUITE e CONFORME concordam com o respectivo substantivo, segundo a normal geral. Ele já está quite com o Serviço Militar. Todas estarão quites com suas famílias. As informações chegaram conformes com as expectativas. 11ª) A palavra ALERTA (advérbio) permanece invariável, segundo a tradição gramatical. Todos estavam alerta. Eles, alerta, dormiam em rodízio. 12ª) Os adjetivos regidos da preposição de, que se referem a pronomes neutros indefinidos (nada, muito, algo, tanto, que, etc), normalmente, ficam no masculino singular. Isto não tem nada de misterioso. "Ela tem algo de sedutor." "Vocês têm um quê de diferente." Nota: por atração, esses adjetivos podem concordar com o substantivo. Os edifícios da cidade nada tinha de gigantes. Concordância do predicativo com o sujeito 1ª) O predicativo concorda em gênero e número com o respectivo sujeito.
"A vida é uma longa espera."(Sartre) A família e a fortuna seriam concorrentes. 2ª) Quando o sujeito é composto e constituído por substantivos do mesmo gênero, o predicativo concordará no plural e no gênero deles. O rio e o deserto estavam sonolentos. A família e a fortuna seriam concorrentes. 3ª) Sendo o sujeito composto e constituído por substantivos de gêneros diversos, o predicativo concordará no masculino plural. O tempo e a vida passeiam discretos pelos ponteiros do relógio. A casa e o dono eram silenciosos e recolhidos. Nota: Embora mais rara, é possível a concordância com o núcleo mais próximo, o que só ocorre com o predicativo anteposto. Exemplo: "Era deserta a vida, a casa, o templo." (Gonçalves Dias) 4ª) Se o sujeito for representado por um pronome de tratamento, a concordância efetua­se com o sexo da pessoa a quem nos referimos. Vossa Excelência ficará satisfeito. (homem) Vossa Alteza foi bondosa. (mulher) Sua Senhoria mostrou­se muito generoso. (homem) 5ª) O predicativo aparece, às vezes, na forma de masculino singular nas expressões é bom, é necessário, é preciso, etc., embora o sujeito seja substantivo feminino ou plural, mas não determinado pelo artigo. É necessário muita cautela. Água é bom para a composição celular. Surpresa é preciso, de vem em quando. É proibido entrada de pessoas estranhas. Mas A cautela é necessária.
É proibida a entrada de pessoas estranhas. Concordância do predicativo com o objeto Normas 1ª) O predicativo concorda em gênero e número com o objeto quando este for simples. Encontramo­lo satisfeito. "Olhou para as suas terras e viu­as incultas e maninhas."(Clarice Lispector) 2ª) Quando o objeto é composto e constituído por elementos do mesmo gênero, o adjetivo flexiona­se no plural e no gênero dos objetos. Imaginaste eternas a vida e a fantasia. Achamos carinhosos o pai e o irmão dela. Encontrei confusos o turista e o velho cicerone. 3ª) Sendo o objeto composto e formado de elementos de gêneros diferentes, o adjetivo predicativo concordará no masculino plural. Achei muito simpático o sultão e suas esposas. Pensei encontrar mudados a professora Balbina e seu colégio. Concordância verbal 1. Na oração Concordância verbal – teoria Celso Cunha A solidariedade entre o verbo e o sujeito que ele faz viver no tempo, exterioriza­ se na CONCORDÂNCIA, isto é, na variabilidade do verbo para conformar­se ao número e à pessoa do sujeito. A CONCORDÂNCIA evita a repetição do sujeito, que pode ser indicado pela flexão verbal a ele ajustada: Eu trabalhei no duro, sei o que é cortar seringa. (PEREGRINO JÚNIOR) 1. Regras gerais 1.1. Com um só sujeito
O verbo concorda em número e pessoa com o seu sujeito, venha ele claro ou subentendido: Eu faço versos como quem morre. (M. BANDEIRA) Fiz tantos versos a Teresinha... (M. BANDEIRA) 1.2. Com mais de um sujeito O verbo que tem um SUJEITO COMPOSTO vai para o plural e, quanto à pessoa, irá: a) para a 1ª pessoa do plural, se entre os núcleos do sujeito figurar um da 1ª pessoa: O velho e eu vivíamos no plano do absoluto. (G. AMADO) b) para a 2ª pessoa do plural, se, não existindo sujeito da 1ª pessoa, houver um da 2ª: Tu e Túlia estais bons. (J. RIBEIRO) c) para a 3ª pessoa do plural, se os núcleos do sujeito forem da 3ª pessoa: Gemiam o vento e o mar. (J. L. DO REGO) Observação: Na linguagem corrente, evitam­se as formas do sujeito composto que levam o verbo à 2ª pessoa do plural em virtude do desuso do tratamento vós, e, também, da substituição do tratamento tu por você, na maior parte do país. Em lugar da 2ª pessoa do plural, encontramos o verbo na 3ª pessoa do plural. Assim: Em que língua tu e ele falavam? (R. FONSECA) 2. Casos particulares 2.1. Com sujeito simples 2.1.1. O sujeito é uma expressão partitiva Quando o sujeito é constituído por uma expressão partitiva (como: parte de, uma porção de, o grosso de, o resto de, metade de e equivalentes) e um substantivo ou pronome plural, o verbo pode ir para o singular ou para o plural: Para meu desapontamento, a maioria dos nomes adotados não dispunha de telefone, ou eram casas comerciais, que não queriam conversa. (C. D. DE ANDRADE) 2.1.2. O sujeito denota quantidade aproximada Quando o sujeito, indicador de quantidade aproximada, é formado de um
número plural precedido das expressões cerca de, mais de, menos de, perto de e sinônimos, o verbo vai normalmente para o plural: Cerca de quinhentas pessoas visitaram o maestro na casa do Engenho Velho. (M. BANDEIRA) Observação: Enquanto o sujeito de que participa a expressão menos de dois leva o verbo ao plural, o sujeito formado pelas expressões mais de um ou mais que um, seguidas de substantivo, deixa o verbo no singular, a menos que haja idéia de reciprocidade, ou as referidas expressões venham repetidas: Menos de dois convidados chegaram atrasados. Mais de um convidado chegou com atraso. Mais de um orador se criticaram mutuamente na ocasião. Mais de um velho, mais de uma criança não puderam fugir a tempo. 2.1.3. O sujeito é um pronome interrogativo, demonstrativo ou indefinido plural, seguido de DE (ou DENTRE ) NÓS (ou VÓS ) 1. Se o sujeito é formado por algum dos pronomes interrogativos quais? quantos?, dos demonstrativos estes, esses, aqueles ou dos indefinidos no plural alguns, muitos, poucos, quaisquer, vários), seguido de uma das expressões de nós, de vós, dentre nós ou dentre vós, o verbo pode ficar na 3ª pessoa do plural ou concordar com o pronome pessoal que designa o todo: Estou falando, portanto, com aqueles dentre vós que trabalham na construção em frente de minha janela. (R. BRAGA) Quantos dentre vós que me ouvis não tereis tomado parte em romagens a Aparecida? (A. ARINOS) Muitos de vós, que hoje freqüentais os cursos superiores, fostes meus discípulos e me honrastes com o título de mestre. (C. DE LAET) 2. Se o interrogativo ou o indefinido estiver no singular, também no singular deverá ficar o verbo: Qual de nós poderia gabar­se de conhecer espinafre? (C .D. DE ANDRADE) João da Silva ­­ Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. (R. BRAGA) 2.1.4. O sujeito é o pronome relativo QUE 1. O verbo que tem como sujeito o pronome relativo que concorda em número e pessoa com o antecedente deste pronome: Fui eu que te vesti do meu sudário... (C. ALVES) 2. Se o antecedente do relativo que é um demonstrativo que serve de predicativo ou aposto de um pronome pessoal sujeito, o verbo do relativo pode:
a) concordar com este pronome pessoal, principalmente quando o antecedente é expresso pelos pronomes demonstrativos o (a, os, as): Não somos nós os que vamos chamar esses leais companheiros de além­ mundo. (R. BARBOSA) b) ir para a 3ª pessoa, em concordância com o demonstrativo, se não há interesse em acentuar a íntima relação entre o predicativo e o sujeito: Eu sou aquele que veio do imenso rio. (M. DE ANDRADE) 3. Quando o relativo que vem antecedido das expressões um dos, uma das (+ SUBSTANTIVO), o verbo de que ele é sujeito vai para a 3ª pessoa do plural ou, mais raramente, para a 3ª pessoa do singular: A baronesa era uma das pessoas que mais desconfiavam de nós. (M. DE ASSIS) 4. Depois de um dos que (= um daqueles que) o verbo vai normalmente para a 3ª pessoa do plural: Naqueles dias a meninada do colégio interessava­se vivamente pelos concursos e eu era um dos que não perdiam o bate­boca das argüições. (M. BANDEIRA). 2.1.5. O sujeito é o pronome relativo QUEM 1. O pronome relativo quem constrói­se, de regra, com o verbo na 3ª pessoa do singular: Mas não sou eu quem está em jogo. (É. VERÍSSIMO) 2. Não faltam, porém, exemplos de bons autores em que o verbo concorda com o pronome pessoal, sujeito da oração anterior: És tu quem dás frescor à mansa brisa... (G. DIAS) 2.1.6. O sujeito é o plural aparente Os nomes de lugar, e também os títulos de obras, que têm forma de plural são tratados como singular, se não vierem acompanhados de artigo: Três Caminhos é um livro ótimo. (C. D. DE ANDRADE) Quando precedido de artigo, o verbo assume normalmente a forma plural:
As Memórias Póstumas de Brás Cubas lhe davam uma outra dimensão. (T. M. MOREIRA) 2.1.7. O sujeito é indeterminado Nas orações de sujeito indeterminado, já o dissemos, o verbo vai para a 3ª pessoa do plural: Anunciaram que você morreu. (M. BANDEIRA) Se, no entanto, a indeterminação do sujeito for indicada pelo pronome se, o verbo fica na 3ª pessoa do singular: Constrói­se, produz­se para o momento. (G. ARANHA) 2.1.8. Concordância do verbo Ser 2.1.8.1. Com o predicativo Em alguns casos o verbo ser concorda com o predicativo. Assim: 1º) Nas orações começadas pelos pronomes interrogativos substantivos que? e quem?: Que são religiões, sistemas filosóficos, escolas científicas, credos artísticos ou literários? (A. PEIXOTO) Pouco importa saber à nossa história quem eram os convidados. (M. DE ASSIS) 2º) Quando o sujeito do verbo ser é um dos pronomes isto, isso, aquilo, tudo ou o (= aquilo) e o predicativo vem expresso por um substantivo no plural: Tudo isso eram pensamentos, suposições, das quais não resultava a verdade. (L. JARDIM) O que tinha mais saída porém eram os artigos religiosos. (C. LISPECTOR) Mas, neste caso, também não é raro aparecer o verbo no singular, em concordância com o pronome demonstrativo ou com o indefinido: Tudo é flores no presente. (G. DIAS) 3º) Quando o sujeito é uma expressão de sentido coletivo como o resto, o mais: O resto eram bastiões em trevas. (C. LISPECTOR) O mais são casas esparsas. (C. D. DE ANDRADE) 4 º) Nas orações impessoais:
Eram quase duas horas e a praia estava completamente deserta. (V. DE MORAIS) Deviam ser oito horas e eu vim descendo a pé péla borda do cais. (L. BARRETO) Observação: Empregados com referência às horas do dia, os verbos dar, bater, soar e sinônimos concordam com o número que indica as horas: Seis horas, todos à mesa. (M. DE ASSIS) Quando há o sujeito relógio (ou sino, sineta, etc.), o verbo naturalmente concorda com ele: O relógio da Sé batia 2 longas, 9 lentas badaladas. (J. A. GUIMARAENS) 2.1.8.2. Quando o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal Se o sujeito for nome de pessoa ou pronome pessoal, o verbo normalmente concorda com ele, qualquer que seja o número do predicativo: Ovídio é muitos poetas ao mesmo tempo, e todos excelentes. (A. F. DE CASTILHO) 2.1.8.3. Quando o sujeito é uma expressão numérica considerada na totalidade Quando o sujeito é constituído de uma expressão numérica que se considera em sua totalidade, o verbo ser fica no singular: Oito anos sempre é alguma coisa. (C. D. DE ANDRADE) 2.1.8.4. Nas frases com a locução invariável é que Nas frases em que ocorre a locução invariável é que, o verbo concorda com o substantivo ou pronome que a precede pois são eles efetivamente o seu sujeito: Boi é que anda certo no seu silêncio, n sua ruminação. (A. DOURADO) Só os meus mortos é que ouvirão as palavras que não chego a articular. (A. F. SCHMIDT) 2.2. Com sujeito composto 2.2.1. Concordância com o núcleo do sujeito mais próximo Vimos que o adjetivo que modifica vários substantivos pode, em certos casos, concordar com o substantivo mais próximo. Também o verbo que tem um sujeito composto pode concordar com o núcleo do sujeito mais próximo:
a) quando o sujeito vem depois dele: Em tudo reina a desolação, a pobreza extrema, abandono. (A. F. SCHMIDT) b) quando os núcleos do sujeito são sinônimos ou quase sinônimos: A música e a sonoridade da sua arte sempre nos diz alguma cousa daquele mistério. (J. RIBEIRO) c) quando há uma enumeração gradativa: A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma palavra provocava ora risadas, ora castigos. (M. LOBATO) 2.2.2. Sujeito composto resumido por um pronome indefinido Quando os núcleos do sujeito são resumidos por um pronome indefinido (como tudo, nada, ninguém), o verbo fica no singular, em concordância com esse pronome: O pasto, as várzeas, a caatinga, o marmeleiral esquelético, era tudo de um cinzento de borralho. (R. DE QUEIRÓS) A mesma concordância se faz quando o pronome anuncia o sujeito composto: E não só dos homens se arreceava ­­ tudo temia: o sol do verão, o frio do inverno, os frutos que ela colhia, as flores com que se enfeitava. (C. NETTO) 2.2.3. Sujeito composto representante da mesma pessoa ou coisa 1. Quando os núcleos do sujeito, por palavras diferentes, representam uma só pessoa ou uma só coisa, o verbo fica naturalmente no singular: Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si própria, nunca mais me esqueceu. (M. DE ASSIS) 2.2.4. Sujeito composto ligado por OU e por NEM Quando o sujeito composto é formado de substantivos no singular ligados pelas conjunções ou ou nem, o verbo costuma ir: a) para o plural, se o fato expresso pelo verbo pode ser atribuído a todos os núcleos: O mal ou o bem dali teriam de vir. (D. S. DE QUEIRÓS) b) para o singular, se o fato expresso pelo verbo só pode ser atribuído a um dos núcleos do sujeito, isto é, se há idéia alternativa: Fui devagar, mas o pé ou o espelho traiu­me. (M. DE ASSIS) 2. Se os núcleos do sujeito ligados por ou ou por nem não são da mesma pessoa, isto é, se entre eles há algum expresso por pronomes da 1.ª ou da 2.ª pessoa, o verbo irá para o plural e para a pessoa que tiver precedência.
Ou ela ou eu houvemos de abandonar para sempre esta casa; e isto hoje mesmo. (B. GUIMARÃES) 3. As expressões um ou outro e nem um nem outro, empregadas como pronome substantivo ou como pronome adjetivo, exigem normalmente o verbo no singular: Só um ou outro menino usava sapatos; a maioria, de tamancos ou descalça. (G. AMADO) Nem um nem outro havia idealizado previamente este encontro. (T. DA SILVEIRA) 2.2.5. A expressão UM E OUTRO A expressão um e outro, no entanto, pode levar o verbo ao plural ou, com menos freqüência, ao singular: Um e outro tinham a sola rota. (M. DE ASSIS) Um e outro é sagaz e pressentido. (A. F. DE CASTILHO) 2.2.6. Sujeito composto ligado por COM Quando os núcleos do sujeito vêm unidos pela partícula com, o verbo pode usar­se no plural ou em concordância com o primeiro núcleo do sujeito. Assim, o verbo irá normalmente: a) para o plural, quando os núcleos do sujeito estão em pé de igualdade, e a partícula com os enlaça como se fosse a conjunção e: Garcilaso com Boscán e Petrarca são os poetas favoritos do grande épico. (J. RIBEIRO) b) para o número do primeiro núcleo do sujeito, quando pretendemos realçá­lo em detrimento do segundo, reduzido à condição de adjunto adverbial de companhia: A Princesa Sereníssima, com o augusto esposo, chegou pontual às duas horas, acedendo ao convite que recebeu primeiro que ninguém. (R. POMPÉIA) 2.2.7. Sujeito composto ligado por conjunção comparativa Quando os núcleos do sujeito estão unidos por uma das conjunções comparativas como, assim como, bem como e equivalentes, a concordância depende da interpretação que dermos ao conjunto: Assim, o verbo concordará: a) Com o primeiro núcleo do sujeito, se quisermos destacá­lo: O dólar, como a girafa, não existe. (C. D. DE ANDRADE)
Neste caso, a conjunção conserva pleno o seu valor comparativo; e o segundo termo vem enunciado entre pausas, que se marcam, na escrita, por vírgulas. b) Com os dois núcleos do sujeito englobadamente (isto é: o verbo irá para o plural), se os considerarmos termos que se adicionam, que se reforçam, interpretação que normalmente damos, por exemplo, a estruturas correlativas do tipo tanto... como: É um homem excelente, e tanto Emília como Francisquinha o estimam muito, a seu modo. (C. DOS ANJOS) Entre os núcleos do sujeito não há pausa; logo, não devem ser separados, na escrita, por vírgula. De modo semelhante se comportam os núcleos do sujeito ligados por uma série aditiva enfática (não só... mas [senão ou como] também): Não só cristãos como também infiéis circulam nas catacumbas dos "sub­ways". (É. VERÍSSIMO)

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