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Aline Aparecida Correa Leal .................................................................................................. 1 Aline Cardoso Pereira .............................................................................................................. 3 Aline Cardoso Pereira .............................................................................................................. 5 Anelise Maria Bosco ................................................................................................................. 7 Beatriz Perez Floriano ............................................................................................................. 9 Breno Fernando Martins de Almeida................................................................................... 11 Bruna Yukie Nakaguma Sato................................................................................................ 13 Bruno César Miranda Oliveira ............................................................................................. 15 Carlos Eduardo de Siqueira .................................................................................................. 17 Cleber Costa de Martini ........................................................................................................ 19 Daniela Matono ...................................................................................................................... 21 Danilo Gualberto de Sandre .................................................................................................. 23 Fabiana Álvares ...................................................................................................................... 25 Fabiana Álvares ...................................................................................................................... 27 Fernanda Beatriz Pereira Cavalcanti ................................................................................... 29 Fernanda Beatriz Pereira Cavalcanti ................................................................................... 31 Fernando Peretti Guimarães ................................................................................................. 33 Gabriela Lovizutto Venturin ................................................................................................. 35 Gabriela Quideroli Issa .......................................................................................................... 37 Giovanna Giuffrida Rodrigues ............................................................................................. 39 Gisele Moraes dos Santos ...................................................................................................... 41 Guilherme Henrique Poli de Oliveira................................................................................... 43 Guilherme Lopes da Silva...................................................................................................... 46 Guilherme Stelczyk ................................................................................................................ 48 Jaqueline dos Santos Azevedo ............................................................................................... 50 Jaqueline dos Santos Azevedo ............................................................................................... 53 Jessica Thomé de Andrade .................................................................................................... 55 José Eduardo dos Santos Silva .............................................................................................. 57 Juliana Pampana Nicolau ...................................................................................................... 59 Kathlenn Liezbeth Oliveira Silva.......................................................................................... 61 LaiseMichiYamashiro ............................................................................................................ 63 Lillian Baptistiolli ................................................................................................................... 65 Luciana de Moraes ................................................................................................................. 67 Marcel Gambin Marques ...................................................................................................... 69 Mariana Malavazi Destro ...................................................................................................... 71 Mayara Maia Rodrigues ........................................................................................................ 73 Miriam Yumi Makatu ............................................................................................................ 74 Natiélle Rodrigues Wajima ................................................................................................... 76 Pamela Suelen Forini Sacco .................................................................................................. 78 Renata Haddad Pinho ............................................................................................................ 80 Roberta Picciuto Duarte ........................................................................................................ 82 Roberto Carvalhal .................................................................................................................. 84 Roberto Gamero Carvalho .................................................................................................... 86 Sandra Valéria Inácio ............................................................................................................ 88 Stéfani Karin Martiniano de Almeida .................................................................................. 90 Tábata Larissa Dalmagro ...................................................................................................... 92 Tássia de Paula Giroto ........................................................................................................... 94 Thamiris Naiasha Minari Ramos.......................................................................................... 96 Thiago Luís Magnani Grassi ................................................................................................. 98 Thomas Alexander Trein ..................................................................................................... 100 Thomas Alexander Trein ..................................................................................................... 102 Vanessa Marim Chiku ......................................................................................................... 105 Walter Bertequini Nagata ................................................................................................... 107 1 INDUÇÃO DA APOPTOSE PELO OXIDO NÍTRICO EM CÉLULAS MONONUCLEARES SANGUÍNEAS EM CÃES ACOMETIDOS POR LEISHMANIOSE VISCERAL INDUCTION OF APOPTOSIS BY NITRIC OXIDE IN BLOOD MONONUCLEAR CELLS OF DOGS AFFECTED BY VISCERAL LEISHMANIASIS Aline Aparecida Correa Leal Breno Fernando Martins de Almeida KathlennLiezbeth Oliveira Silva Vanessa Marim Chiku Valéria Marçal Félix de Lima RESUMO A leishmaniose visceral é uma zoonose causada por protozoários flagelados do gênero Leishmania e pode ser fatal quando não tratada adequadamente. Após a inoculação pelo vetor, os parasitas seguem para os linfonodos e baço causando lesões e sintomas característicos em cães, principal reservatório da doença. Por ser um parasita intracelular obrigatório, a Leishmania spp. depende do balanço de duas enzimas induzíveis para sua sobrevivência nos macrófagos: a óxido nítrico sintase 2 e a arginase. O óxido nítrico (NO) é o principal responsável pela morte do parasita, porém sua produção excessiva está associada à imunopatologia em diversas doenças, inibindo a resposta linfoproliferativa ou levando à apoptose celular. O objetivo deste trabalho foi avaliar se os níveis de NO estão aumentados em células mononucleares do sangue de cães acometidos e se o NO pode estar envolvido no apoptose, previamente relatada na leishmaniose visceral canina (LVC). Foram selecionados 08 cães negativos e 06 positivos para LVC, confirmado por exame sorológico e PBA, sendo que os positivos apresentavam, no mínimo, três sinais clínicos, de ambos os sexos, de dois a cinco anos de idade e de diferentes raças. Os cães controle e infectados foram submetidos à colheita de 20mL de sangue para isolamento de células mononucleares do sangue periférico; as células foram cultivadas em placas de 24 poços contendo meio de cultura RPMI 1640 (Gibco) suplementado com 10% de soro fetal bovino inativado pelo calor, 0,03% de Lglutamina, e 100 UI/mL de penicilina e 100 g/mL de estreptomicina, por 24h, em estufa a 37°C contendo 5% CO2. Após esse período as células foram recuperadas para a marcação intracelular do NO e determinação das taxas de apoptose celular, determinada utilizando-se o Kit GuavaNexin® Assay (Guava, Hayward, CA) de acordo com as instruções do fabricante. Os dados foram adquiridos utilizando-se citômetro de fluxo (BD Accuri C5, Becton Dickinson, CA) e a análise foi realizada utilizando-se o CellQuestsoftware Pro (BD 2 Biosciences, CA). Os resultados entre os grupos controle e infectado foram analisados utilizando-se o teste de Mann-Whitney. Nas células mononucleares dos cães infectados foi observado maior produção de NO (p<0,05) e de células NO positivas em apoptose (p<0,05). Os dados sugerem que o óxido nítrico pode estar envolvido no processo apoptótico observado nos cães infectados. Palavras-chave: apoptose, Leishmania spp., oxido nítrico. Agradecimentos: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (2014/08931-6) 3 ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PÓSOPERATÓRIAS DE CERATOPLASTIA COM ENXERTO CONJUNTIVAL LIVRE OU PEDICULADO EM CÃES COMPARATIVE STUDYON THE MAIN POSTOPERATIVE COMPLICATIONS OF THE KERATOPLASTY WITH FREE OR CONJUNCTIVAL PEDICLE GRAFT IN DOGS Aline Cardoso Pereira Giovanna Giuffrida Rodrigues Joana Zafalon Ferreira Juliana Tessália Wagatsuma Alexandre Lima de Andrade RESUMO As ceratites ulcerativas compreendem lesões em que há perda do epitélio corneal, com exposição de porções variáveis do estroma. São consideradas emergências oftálmicas, já que podem progredir para exposição da membrana de Descemet (descemetocele) e para perfuração da córnea. Nos casos de úlceras corneais profundas, procedimentos cirúrgicos que envolvem as técnicas de suporte trófico e mecânico são os mais requeridos (GALERA et al., 2009).O presente estudo tem como objetivo comparar as principais complicações pósoperatórias advindas do tratamento cirúrgico de úlceras profundas, descemetoceles e perfuradas, empregando-se a ceratoplastia lamelar e penetrante, utilizando-se enxerto conjuntival autógeno, livre e pediculado. Foram utilizados 17 cães, de diferentes raças e idades, apresentando úlcera profunda (9/17; 52,9%), descemetocele (4/17; 23,5%) ou úlcera perfurada (4/17; 23,5%), atendidos no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, FMVA-UNESP, no período de março de 2014 a maio de 2015. Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos, onde 6 foram submetidos à ceratoplastia com enxerto conjuntival livre (grupo 1 - G1) e 11 ao pediculado (grupo 2 – G2). Todos os pacientes foram submetidos a exame físico geral e oftálmico completos prévios à terapia cirúrgica e foram realizados exames complementares pré-anestésicos e cirúrgicos. O tratamento clínico instituído desde o primeiro dia de atendimento foi o mesmo para todos os animais. Todos os procedimentos foram realizados por um único cirurgião. Após preparação rotineira para cirurgia oftálmica segundo Slatter (2005), foi realizada a divulsão de um flap conjuntival livre (G1) ou pediculado (G2) com tamanho similar ao defeito corneal, e o mesmo foi suturado aos bordos da lesão, utilizando padrão simples interrompido não penetrante total, a uma equidistância aproximada de 1,0 mm com mononylon8-0. Todos os pacientes foram 4 acompanhados por 60 dias e, neste período foi avaliado a ocorrência de deiscência de pontos e deiscência do enxerto. Para comparação destas duas variáveis entre os grupos, foi utilizado o teste exato de Fisher. Não houve diferença significativa entre os grupos para a ocorrência de deiscência dos pontos (p=1,000) e houve diferença significativa para deiscência do enxerto (p=0,0063). Quanto à última, houve um maior número da ocorrência no G1.Visto os resultados obtidos, o enxerto conjuntival pediculado teve maior vantagem quando comparado ao livre, devido ao seu suporte trófico autônomo, o que deve ser considerado pelo cirurgião quanto à escolha da técnica para tratamento de úlceras profundas, descemetoceles e perfurações corneais. Salienta-se que os leucomas cicatriciais gerados por ambas as técnicas são similares. Palavras-chave: ceratoplastia, cães, deiscência. Referências GALERA P. D.; LAUS J. L.; ORIÁ A. P. Afecções da Túnica Fibrosa. In: Oftalmologia Clínica e Cirúrgica em Cães e em Gatos. 1a ed. São Paulo: Roca, 2009. p. 69-96. SLATTER D. Córnea e esclera. In: Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. 3a ed. São Paulo: Roca, 2005. p. 283-338. 5 CÃES GLAUCOMATOSOS SUBMETIDOS A ABLAÇÃO QUÍMICA DO CORPO CILIAR: ESTUDO RETROSPECTIVO (JANEIRO/2014 A ABRIL/2015) CHEMICAL ABLATION CILIARY BODY IN GLAUCOMATOUS DOGS: RETROSPECTIVE STUDY (JANUARY/2014 TO APRIL/2015) Aline Cardoso Pereira Giovanna Giuffrida Rodrigues Fernando Peretti Guimarães Alessandra Muniz dos Santos Pâmela Bongiovanni Catandi Alexandre Lima de Andrade RESUMO A ablação química do corpo ciliar é um procedimento alternativo para resolução do glaucoma crônico em olhos não funcionais. Indicado para cães, consiste na destruição química do corpo ciliar, responsável pela produção do humor aquoso, utilizando drogas tais como gentamicina e dexametasona por via intravítrea. A necrose tóxica induzida no corpo ciliar cessa a produção do humor aquoso, estabilizando a pressão ocular e promovendo conforto à maioria dos pacientes (MARTINS et al., 2009). O presente estudo teve por objetivo avaliar a resposta clínica dos animais glaucomatosos crônicos submetidos a injeção intravítrea de betametasona e gentamicina no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, FMVA-UNESP, no período de janeiro de 2014 a abril de 2015. Neste período, quinze cães de diferentes raças e idades com glaucoma refratário ao tratamento clínico, foram submetidos ao procedimento. As etiologias destes glaucomas foram divididas em: sinéquia (4/15; 26,7%), uveíte facogênica (3/15; 20%), uveíte secundária à hemoparasitose (3/15; 20%), uveíte traumática (2/15; 13,3%), uveíte secundária à piometra (1/15; 6,7%), luxação posterior da lente (1/15; 6,7%), e congênito (1/15; 6,7%). Após aspiração de 1,2 mL de conteúdo vítreo, 25 mg de gentamicina e 1 mg de betametasona (1,2 mL totais) foram injetados na câmara vítrea, em todos os pacientes. Os parâmetros considerados para avaliação clínica foram: pressão ocular em mmHg por tonometria de aplanação (Tonopen®), hiperemia conjuntival e blefaroespasmo (escores: ausente, leve, moderado e intenso), antes e depois do procedimento. Para a variável numérica (pressão ocular) utilizou-se o teste Shapiro-Wilk para a avaliação da normalidade dos dados, seguido do teste t pareado para comparação do efeito do tempo no grupo estudado. Para as variáveis categóricas (hiperemia conjuntival e blefaroespasmo) foi utilizado o teste qui-quadrado. Houve diferença significativa nos valores de pressão ocular antes (média=38,5 mmHg) e após o procedimento (média=10,3 mmHg) de ablação química do corpo ciliar 6 (p<0,0001). Quanto à intensidade da hiperemia conjuntival e do blefaroespasmo antes e após o procedimento, não houve diferença significativa (p=0,2175 e p=0,1568, respectivamente). Nenhum dos pacientes avaliados desenvolveu Phthisis bulbi. De acordo com os resultados obtidos, a ablação química do corpo ciliar beneficiou os pacientes avaliados, mostrando ser uma técnica aceitável para o tratamento de olhos não funcionais em cães glaucomatosos, preservando o conforto e a estética. Ressalta-se que, além dos benefícios descritos, trata-se de manobra de fácil execução e baixos custos, o que proporciona um alívio monetário aos proprietários, visto o custo elevado dos fármacos utilizados na terapia da doença. Palavras-chave: glaucoma, cães, corpo ciliar. Referências MARTINS B. C.; RIBEIRO A. P.; LAUS J. L.; ORTIZ J. P. D. Glaucoma. In: Oftalmologia Clínica e Cirúrgica em Cães e em Gatos. 1a ed. São Paulo: Roca, 2009. p. 151-168. 7 A METILGUANIDINA AUMENTA IN VITRO O METABOLISMO OXIDATIVO DOS NEUTRÓFILOS DE CÃES METHYLGUANIDINE INCREASES IN VITRO THE OXIDATIVE METABOLISM OF DOG NEUTROPHILS Anelise Maria Bosco Priscila Preve Pereira Breno Fernando Martins de Almeida Luis Gustavo Narciso Paulo César Ciarlini RESUMO Recentemente foi relatado que o estresse oxidativo em cães com insuficiência renal crônica (IRC) está associado à maior produção neutrofílica de superóxido. A metilguanidina é uma toxina que se acumula na IRC, em humanos o aumento dessa toxina no sangue promove inibição do metabolismo oxidativo dos neutrófilos, diminuindo a produção de espécies reativas de oxigênio. Tendo em vista que esse efeito ainda não foi testado na espécie canina, o presente trabalho objetivou mensurar as concentrações plasmáticas de metilguanidina em cães hígidos e com IRC e testar a hipótese de que a metilguanidina causa alteração do metabolismo oxidativo de neutrófilos caninos in vitro. Para tal, foi quantificada a concentração plasmática de metilguanidina por cromatografia de fase líquida (HPLC) em cães hígidos (n=20) e com IRC no estágio IV da doença (n=20) segundo a Sociedade de Interesse Renal Internacional. Para avaliar o efeito da metilguanidina sobre o metabolismo oxidativo de neutrófilos de cães hígidos in vitro, foi utilizada a maior concentração plasmática obtida nos cães com IRC (0,005 g/L). Neutrófilos isolados de 20 cães saudáveis foram incubados a 37°C em meio de RPMI puro ou enriquecido com metilguanidina. O metabolismo oxidativo dos neutrófilos foi avaliado pela mensuração de peróxido de hidrogênio com a sonda 2′,7′-diacetato de diclorofluoresceína (5 mol/L) com ou sem estímulos de acetato miristato de forbol 0,55 µM (PMA) e n-formil-metionil-leucil-fenilalanina 100 nM (fMLP). Utilizando-se citômetro de fluxo capilar, os resultados de 10.000 eventos foram analisados através do programa computacional BD Accuri C6 software. As variáveis foram testadas quanto à normalidade (teste de Shapiro-Wilk) e a diferença entre os grupos foi determinada pelos testes de T pareado ou Wilcoxon. Os cães controles apresentaram concentrações de metilguanidina abaixo da capacidade de detecção do método (<0,000 1 g/L), enquanto que as concentrações dos cães urêmicos variaram de 0,00020 a 0,005 g/L, com média de 0,0013g/L. A 8 metilguanidina causou aumento da produção de peróxido de hidrogênio basal (5,21±2,7 vs. 7,08±2,97, p=0,001) e na presença dos estímulos com PMA (10,45±7,41 vs. 15,74±8,21, p<0.0001) e do fMLP (4,44±1,82 vs. 6,41±3,48, p=0,0342). A ativação do metabolismo oxidativo reforça o estudo feito por Almeida et al. (2013) que observaram tal efeito em cães com uremia e verificou também a presença de estresse oxidativo. Portanto a ativação neutrofílica induzida pela toxina urêmica metilguanidina pode contribuir para o estabelecimento do estresse oxidativo já observado em cães com IRC, predispondo tais células à apoptose com posterior alteração na resposta imune. Palavras-chave: peróxido de hidrogênio, explosão respiratória, toxina urêmica. Referências ALMEIDA, B.F.M.; NARCISO, L.G.; MELO, L.M.; PREVE, P.P.; BOSCO, A.M.; LIMA, V.M.F.; CIARLINI, P.C. Leishmaniasis causes oxidative stress and alteration of oxidative metabolism and viability of neutrophils in dogs. The Veterinary Journal, v.198, n.3, p.599605, 2013. Agradecimentos: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento (Processo 2011/18746-3) e Laine Margareth Gabas pelo auxílio na pesquisa. 9 EFEITOS RESPIRATÓRIOS DA VENTILAÇÃO MONOPULMONAR EM CÃES ANESTESIADOS COM PROPOFOL OU ISOFLUORANO RESPIRATORY EFFECTS OF ONE-LUNG VENTILATION IN DOGS ANESTHETIZED WITH PROPOFOL OR ISOFLURANE Beatriz Perez Floriano Thomas Alexander Trein Juliana Tessália Wagatsuma Joana Zafalon Ferreira Renata Haddad Pinho Paulo Sérgio Patto dos Santos Valéria Nobre Leal de Souza Oliva RESUMO A ventilação monopulmonar é uma técnicapouco explorada em Medicina Veterinária que visa à separação do protocolo de ventilação mecânica aos dois lados do tórax permitindo, inclusive, a manutenção de um pulmão acinético com intuito de se obter maior visualização da cavidade durante intervenções cirúrgicas. Objetivou-se, com este estudo, avaliar asimplicações respiratórias dessa modalidade ventilatória em cães sob diferentes protocolos de anestesia geral. Seis cães Beagle adultos jovens, machos e fêmeas,com peso de 11,5 ± 2,38 kg foram anestesiados por três vezes, compondo três grupos experimentais: infusão contínua de propofol na taxa ajustada conforme plano anestésico entre 0,4 e 1,0 mg/kg/min (GP); anestesia inalatória com isofluorano em múltiplo de concentração alveolar mínima individual (CAM) igual a 1,0 (GI1,0); isofluorano em múltiplo de 1,5 CAM (GI1,5). A ventilação mecânica foi instituída com pressão de pico de 15 cmH2O, pressão positiva ao final da expiração igual a 5 cmH2O e frequência ajustada entre 20 e 30 movimentos por minuto. Iniciou-se com a ventilação bipulmonar (VBP)por 30 minutos, seguida de ventilação monopulmonar (VMP) por uma hora e retorno à VBP por mais 30 minutos, totalizando duas horas de anestesia. Durante esse período, foram colhidas as variáveis fração de shunt arteriovenoso (Qs/Qt em %) e gradiente de pressão alvéolo-arterial de oxigênio (P(A-a)O2em mmHg) por meio de cálculo matemático, além da pressão parcial de dióxido de carbono arterial (PaCO2 em mmHg) e o volume corrente (VT em mL/kg).As variáveis foram colhidas em cinco momentos: após 30 minutos de VBP iniciais (VBP30i), em intervalos de 20 minutos durante o a VMP (VMP20, VMP40 e VMP60, respectivamente) e após 30 minutos de VBP finais (VBP30f). Os resultados foram comparados entre grupos e entre momentos por meio de ANOVA seguida de teste de Tukey (p<0,05). Observou-se diferença significativa entre GI1,0 e 10 GI1,5 no VMP60 da variável Qs/Qte no VMP40 do VT. A PaCO2 esteve significativamente mais alta e VT significativamente mais baixo durante a VMP em comparação ao VBP30i nos três grupos. Houve aumento significativo na P(A-a)O2 e Qs/Qt durante a VMP em comparação ao VBP30f apenas no GI1,5. Concluiu-se que a VMP contribui para o acúmulo de CO2 de maneira similar durante anestesia com propofol ou isofluorano em cães. Contudo, o shunt arteriovenoso e o gradiente alvéolo-arterial de oxigênio se elevam de maneira mais acentuada com o emprego de VMP associada a uma anestesia com maior concentração de isofluorano (1,5 CAM). Palavras-chave: ventilação pulmonar independente, respiração, cão. Auxílio Financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo no. 2013/05062-4. 11 A INDUÇÃO FARMACOLÓGICA DA HEME OXIGENASE-1 AUMENTA A INFECÇÃO DE MACRÓFAGOS CANINOS POR Leishmania chagasi THE PHARMACOLOGICAL INDUCTION OF HEME OXYGENASE-1 INCREASES THE INFECTION OF CANINE MACROPHAGES BY Leishmania chagasi Breno Fernando Martins de Almeida Kathlenn Liezbeth Oliveira Silva Luis Gustavo Narciso Vanessa Marim Chiku Gabriela Lovizutto Venturin Aline Aparecida Correa Leal Paulo César Ciarlini Valéria Marçal Felix de Lima RESUMO A heme oxigenase-1 (HO-1) é a enzima responsável pelo catabolismo do heme proveniente da hemoglobina, gerando ferro, biliverdina (precursor da bilirrubina) e monóxido de carbono nas células do sistema monocítico-fagocitário. Estudos recentes têm demonstrado que a indução farmacológica da HO-1 por cloreto de cobalto protoporfirina IX (CoPP) resulta no aumento do número de macrófagos humanos e murinos infectados por L. chagasi e também no aumento da carga parasitária dessas células. O possível mecanismo responsável pelo aumento da taxa de infecção em camundongos seria que a HO-1 ao metabolizar o heme, torna-o indisponível para a completa ativação da NADPH-oxidase, prejudicando o metabolismo oxidativo da célula e predispondo-a à infecção. Considerando que o envolvimento da HO-1 ainda não foi investigado na leishmaniose visceral canina, o presente trabalho objetivou verificar se a indução da HO-1 aumentaria a taxa de infecção de macrófagos caninos in vitro. Quinze cães saudáveis sem alterações clínicas, hematológicas e bioquímicas foram doadores de células mononucleares (CM) isoladas a partir do sangue utilizando gradiente de separação (densidade 1,077 g/mL). A concentração celular foi estimada em hemocitômetro e a porcentagem de monócitos foi avaliada em microscopia óptica em lâmina corada após citocentrifugação a 900 rpm por 5 minutos. Em placas de cultura estéreis de 24 poços com lamínulas de vidro circulares (15 mm de diâmetro) no fundo, foram plaqueados 2x106 monócitos por poço em um mililitro de meio RPMI 1640 a 37ºC e 5% de CO2, que foram cultivados por 7 dias até a diferenciação em macrófagos. As células foram então infectadas com 10x106 promastigotas de L. chagasi (MHOM/BR00/MER02) em fase exponencial de crescimento na ausência (controle) e presença de CoPP (50 µM), sendo retiradas as formas 12 não fagocitadas quatro horas após a infecção e reposição do meio com o mesmo tratamento. Após três dias de cultura, as lamínulas de vidro foram raspadas, as células resultantes citocentrifugadas e coradas para avaliação da porcentagem de células infectadas e do número de parasitas por macrófago, em pelo menos 200 células. Foi observado que a indução da HO1 com CoPP aumentou a taxa de macrófagos infectados (52,7 ± 13,0 vs. 38,0 ± 9,1%, teste de t pareado, p<0,0001) e a carga parasitária dessas células (3,92 ± 1,0 vs. 3,0 ± 0,93 amastigota/macrófago, teste de t pareado, p=0,0050). Conclui-se que a HO-1 exerce papel fundamental na perpetuação da leishmaniose visceral canina, em que o aumento da atividade da enzima predispõe os macrófagos caninos à infecção. Palavras-chave: Hmox1, leishmaniose visceral, cão. Auxílio Financeiro: FAPESP Processos 2013/06068-6 e 2013/07496-1. Agradecimentos: À assistente de suporte acadêmico Flávia Mari Yamamoto. 13 CORRELAÇÃO ENTRE A CARGA PARASITÁRIA ESPLÊNICA E EXPRESSÃO DE PD1 EM CÉLULAS T DE CÃES NATURALMENTE INFECTADOS POR LEISHMANIA SPP. CORRELATION BETWEEN PARASITE LOAD AND SPLENIC PD1 EXPRESSION IN T CELLS OF DOGS NATURALLY INFECTED WITH LEISHMANIA SPP. Bruna Yukie Nakaguma Sato Jessica Thomé de Andrade KathlennLiezbeth Oliveira Silva Paulo Sérgio Patto dos Santos Flávia de Rezende Eugênio Valéria Marçal Felix de Lima RESUMO Leishmanioses são doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania, da ordem Kinetoplastida e família Trypanosomatidae. A transmissão entre hospedeiros vertebrados no Novo Mundo é feita pela picada do flebotomíneo hematófago Lutzomyia longipalpis.Os cães são considerados os principais reservatórios domésticos de Leishmania.chagasi. A supressão da imunidade celular é o aspecto mais importante na patogênese e progressão da doença canina. Mais recentemente foi descrita uma nova molécula co-estimulatória com função negativa, a molécula PD-1(programmedcelldeath 1). Recentes estudos sugerem que a via PD1/PDL1 tem papel importante na interação hospedeiro e patógeno. Este trabalho teve como objetivo correlacionar os níveis de expressão de PD-1em células T do baço à carga parasitária de cães sintomáticos enaturalmente infectados por Leishmaniaspp.Foram coletadas amostras de baçode 13 cães naturalmente infectados, com no mínimo três sinais clínicos de leishmaniose visceral, e com diagnóstico confirmado por ELISA indireto com antígeno total de Leishmaniachagasi e detecção de DNA do parasita por PCR em tempo real. A avaliação da expressão de PD-1 foi feita após a marcação dos leucócitos do baço com anticorpos monoclonais conjugados a fluorocromos, seguida da leitura em citômetro de fluxo (BD Accuri C5, Becton Dickinson, CA) e análise com o programa CellQuestsoftware Pro (BD Biosciences, CA). A extração de DNA foi realizada com o Kit DNeasy®(Qiagen, USA), seguindo o protocolo do fabricante. A quantificação da carga parasitária foi desenvolvida partir de PCR em Tempo Real utilizando SYBR Green I e iniciadores para ITS1 (Invitrogen). Não foi observada correlação entre a carga parasitária esplênica e a expressão de PD-1 em células T CD3 do baço. A partir dos dados obtidos a molécula PD-1 nos linfócitos T não está 14 diretamente envolvida na atividade microbicida que controla a carga parasitária de cães infectados. Palavras-chave: leishmaniose visceral, cão, PD1, linfócitos T, baço. Auxílio Financeiro: Este trabalho teve suporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), número do processo: 2014/26403-7. 15 DETECÇÃO MOLECULAR DE Ehrlichia canis EM CÃES E EM ÓRGÃOS DE SEUS RESPECTIVOS CARRAPATOS MOLECULAR DETECTION OF Ehrlichia canis IN DOGS AND THEIR RESPECTIVE TICKS Bruno César Miranda Oliveira Milena Araúz Viol Walter Bertequini Nagata Sandra Valéria Inácio Monally Conceição Costa de Aquino Silvia Helena Venturoli Perri Marcos Rogério André Katia Denise Saraiva Bresciani RESUMO A erliquiose canina apresenta elevada ocorrência na rotina da clínica médica de pequenos animais. Esta enfermidade bacteriana apresenta acentuada patogenicidade e seu agente etiológico, a Ehrlichia canis, infecta os leucócitos mononucleares (ISOLA et al.,2012). Por ser transmitida pelo Rhipicephalus sanguineus, essa enfermidade é mais prevalente em regiões tropicais devido à ampla distribuição geográficado referido vetor, sendo considerada uma das mais importantes doenças infecciosas em cães no Brasil (ANDEREG, PASSOS,1999; VIEIRA etal., 2011). Multiplica-se nos enterócitos, hemócitos e em células das glândulas salivares desta espécie de carrapatos, com posterior disseminação transestadial para o cão, principal reservatório desta infecção. Entretanto, provavelmente não ocorre transmissão transovariana no R. sanguineus (MONTEIRO, 2014). O objetivo do nosso trabalho foi detectar molecularmente a ocorrência de Ehrlichia sp. em cães e em órgãos de seus respectivos carrapatos em duas regiões endêmicas. Assim, 720 carrapatos (dez de cada animal) foram removidos dos 72 cães selecionados aleatoriamente no Centro de Controle de Zoonoses dos Municípios de Araçatuba (SP) e Campo Grande (MS). Em seguida, foi efetuada punção aspirativa do linfonodo submandibular e da medula óssea na região da crista ilíaca dos cães. Após a dissecação dos carrapatos, seus órgãos (intestino, ovário e glândula salivar), bem como as amostras puncionadas de linfonodo e medula óssea dos animais foram testadas por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) para amplificação do gene16S do ácido ribonucleico ribossomal (rRNA) (MURPHY et al., 1998). Por meio do teste de McNemar, observamos que na PCR de linfonodo detectamos positividade de 80,5% (58/72) e 44,4% (32/72) para medula óssea, havendo diferença significativa entre estes órgãos (p <0,05). Na 16 comparação da ocorrência de E. canis em linfonodo e medula óssea, foi observado respectivamente, 55,5% (5/9) e 0% (0/9), de animais positivos por esta mesma técnica,corroborando com o trabalho (GAL et al. 2008). Para os órgãos dos carrapatos observamos positividade de 22% (16/72) nos intestinos, 11% (8/72) nos ovários e 7% (5/72) nas glândulas salivares. Concluímos que a detecção de E. canis por meio da técnica de PCR, foi mais frequente em amostras do linfonodo submandibular que em medula óssea e em intestinos de carrapatos. A presença da referida bactéria nos ovários dos carrapatos nos leva a considerar uma possível transmissão transovariana da E. canis. Palavras-chave: Ehrlichia sp., carrapatos, dissecados. Referências ANDEREG, P. I.; PASSOS, L. M. F. Erliquiose canina – Revisão. Clinica Veterinária, v. 4, n. 19, p. 31-38, 1999. GAL, A.; LOEB, E.;YISASCHAR-MEKUZAS, Y.;BANETH, G.; Detection of Ehrlichia canis by PCR in different tissues obtained during necropsy from dogs surveyed for naturally occurring canine monocytic ehrlichiosis. The Veterinary Journal, 175, 212–217. 2008. ISOLA, J.G.M.P.; CADIOLI, F.A.; NAKAGE, A.P.; Erliquiose canina – Revisão de literatura. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária. Ano IX – Número 18 – Janeiro de 2012. MONTEIRO, S.G; Parasitologia na Medicina Veterinária. Cap. 17; Rickéttsias; 1ª ed., Roca, p. 173 – 175, 2014. MURPHY, G. L.; EWING, S. A.; WHITWORTH, L. C.; FOX, J. C.; KOCAN, A. A. A molecular and serological survey of Ehrlichia canis, E. chaffeensis, and E. ewingii in dogs and ticks from Oklahoma. Veterinary Parasitology, v. 79, p. 325-339, 1998. VIEIRA, R.F.C.; BIONDO, A.W.; GUIMARÃES, A.M.S.; SANTOS, A.P.; SANTOS, R.P.; DUTRA, L.H.; DINIZ, P.P.V.P.; MORAIS, H.A.; MESSICK, J.B.; LABRUNA, M.B.; VIDOTTO, O., Ehrlichiosis in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária 20, 1–12, 2011. Agradecimentos: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (processo: 2014/26461-7) 17 ÍNDICE BISPECTRAL E EFEITOS HEMODINÂMICOS EM BEZERROS SUBMETIDOS À NEUROLEPTOANALGESIA COM ACEPROMAZINA ASSOCIADA À MEPERIDINA OU METADONA BISPECTRAL INDEX AND HEMODYNAMIC EFFECTS IN CALVES SUBMITTED TO NEUROLEPTANALGESIA WITH ACEPROMAZINE ASSOCIATED TO MEPERIDINE OR METHADONE Carlos Eduardo de Siqueira Joana Zafalon Ferreira Thomas Alexander Trein Juliana Tessália Wagatsuma Guilherme Lopes da Silva Bruna de Moraes Martins Games Cynthia Yumi Oshiro Okamura Paulo Sergio Patto dos Santos RESUMO A contenção física de animais de grande porte nem sempre é suficiente para a execução de alguns procedimentos, sendo necessário muitas vezes o emprego de técnicas anestésicas para possibilitar a imobilização do paciente e proporcionar maior segurança ao médico veterinário. As técnicas anestésicas empregadas em bovinos são na maioria das vezes as locais, associadas ou não a sedação como a neuroleptoanalgesia, técnica onde ocorre o sinergismo dos fármacos promovendo sedação com analgesia. Assim, com o estudo objetivou-se avaliar os efeitos hemodinâmicos e índice bispectral da neuroleptoanalgesia promovida com acepromazina associada à meperidina ou metadona. Foram utilizados sete animais, machos, de seis a doze meses de idade, holandeses, pesando em média 155 kg. Após o preparo e instrumentação, os animais permaneceram contidos em repouso por 10 minutos, reduzindo o efeito do estresse decorrente da manipulação dos mesmos sobre os valores basais das variáveis estudadas (MB). Na sequência, foi aplicado acepromazina (0,05 mg/kg), administrado pela via intravenosa, e após 10 minutos foi administrado metadona (0,1 mg/kg) (GMet) ou meperidina (2 mg/kg) (GMep), ambos administrados via intramuscular. As mensurações das variáveis: frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), pressão arterial média (PAM), débito cardíaco (DC), índice sistólico (IS), índice cardíaco (IC), resistência vascular sistêmica (RVS), pressão sistólica da artéria pulmonar (PAPS), pressão diastólica da artéria pulmonar (PAPD), pressão média da artéria pulmonar (PAPM), frequência respiratória (f), temperatura central (TC) e variáveis do índice bispectral: índice bispectral (BIS), índice de qualidade de sinal (IQS), eletromiografia (EMG), tiveram início 10 minutos 18 antes da aplicação da acepromazina (MB), 10 minutos após administração da acepromazina (MAcp) e em intervalos de 20 minutos após aplicação da metadona ou meperidina, (M20, M40, M60, M80, M100 e M120, respectivamente). Os dados foram submetidos ao teste de Tukey no nível de significância de 5% e testados quanto à normalidade pelo teste Shapiro-Wilk. A FC foi significativamente menor no MB em relação aos momentos MACP até o M100 no GMEP. As variáveis PAS, PAD, PAM e RVS tiveram valores maiores no MB em relação aos demais momentos em ambos os grupos. A TC foi maior no MB e relação aos demais momentos no GMEP. O índice bispectral e as demais variáveis hemodinâmicas não sofreram alterações significativas. O uso de neuroleptoanalgesia com acepromazina associada à meperidina ou metadona não causou alterações clinicamente importantes nos parâmetros avaliados e, portanto, nessas doses, podem ser utilizados em bezerros hígidos. Palavras-chave: bovinos, sedação, hemodinâmica, índice bispectral. Referências MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária – Farmacologia e Técnica, 6 ed. Brasil: Guanabara Koogan, 2011. 19 O EFEITO DO ÓXIDO NÍTRICO PRODUZIDO PORMACRÓFAGOSNA APOPTOSE CELULAR NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA. THE EFFECT OF NITRIC OXIDE PRODUCED BY MACROPHAGES IN CELL APOPTOSIS IN CANINE VISCERAL LEISHMANIASIS Cleber Costa de Martini Jessica Thomé de Andrade Stéfani Karin Martiniano de Almeida Flávia de Rezende Eugênio Paulo Sérgio Patto dos Santos Valéria Marçal Felix de Lima RESUMO A Leishmaniose Visceral é uma doença de caráter crônico e frequentemente fatal se não tratada. O cão exerce importância epidemiológica em áreas endêmicas por ser o reservatório doméstico da Leishmania spp., e transmissor do parasito para humanos pelo vetor flebotomíneo (Lutzomyia longipalpis). A progressão da infecção canina é acompanhada por falha na imunidade celular com apoptose de linfócitos T que suprimem a função microbicida dos macrófagos. O óxido nítrico pode estar envolvido na imunopatologia da doença, pois em diferentes parasitoses sua produção excessiva está associada com ausência de resposta linfocitária, e apoptose em diferentes tipos celulares. Para avaliar se a concentração de óxido nítrico produzido por macrófagos tem relação coma apoptose relacionada à supressão celular no baço e no sangue periférico, esses parâmetros foram avaliados em cães naturalmente infectados e controles. Foram coletadas amostras de baço e sangue periférico de 20 cães naturalmente infectados com Leishmania spp., apresentando no mínimo três sinais clínicos da leishmaniose visceral e com diagnóstico confirmado por método sorológico e molecular, e de 10 cães saudáveis sorologicamente negativos utilizados como controle. A apoptose foi determinada utilizando o Kit GuavaNexin® Assay (Guava, Hayward, CA) de acordo com as instruções do fabricante. O óxido nítrico foi quantificado com4,5-diacetato de diamino fluoresceína (DAF-2DA, Sigma) (2µM), ea marcação de células CD14+ foi realizada com anticorpo monoclonal anti CD14 humano conjugado a PE (AbDSerotec).Os dados foram adquiridos utilizando citômetro de fluxo (BD Accuri C5, Becton Dickinson, CA)e a análise foi realizada utilizando o CellQuest software Pro (BD Biosciences, CA). Os resultados entre os grupos controle e infectado foram analisados utilizando o teste de Mann-Whitney e a associação entre a produção de NO e os níveis de apoptose foi realizada pela correlação de Spearman, os resultados foram considerados significantes apresentando (p<0,05).A 20 porcentagem de células CD14,células CD14/NO positivas e apoptose celular total do sangue e baço no grupo infectado foi maior em relação ao controle (p<0.05).Foi observada correlação positiva no sangue e no baço entre apoptose celular e a presença de células CD14+ produtoras de NO. Os altos níveis de óxido nítrico observado no sangue periférico e baço de cães infectados sugerem a sua participação na supressão imunológica observada nos cães naturalmente infectados. Palavras chave: linfócitos T CD3, CD4, cães, imunidade celular. 21 ESTRESSE OXIDATIVO EM CÃES COM DOENÇA PERIODONTAL ANTES E APÓS O TRATAMENTO PERIODONTAL OXIDATIVE STRESS IN DOGS WITH PERIODONTAL DISEASE BEFORE AND AFTER TREATMENT PERIODONTAL Daniela Matono Mirtes Rosa da Silva Thomas Alexander Trein Anelise Maria Bosco Lillian Baptistiolli Rafaela Beatriz Pintor Torrecilha Fiamma Tizuka Fian Luciano Tamares Angelo Cintra Paulo César Ciarlini RESUMO A doença periodontal é a enfermidade mais comum da cavidade oral de cães, sendo uma inflamação crônica infecciosa. É causada pelo acúmulo de placa bacteriana nas superfícies dentárias, suas toxinas e pela resposta imune do hospedeiro à infecção. A placa bacteriana é considerada o agente etiológico primário que promove reação inflamatória na gengiva, tendo os neutrófilos o papel central nessa resposta inflamatória. Na periodontite humana o aumento do metabolismo oxidativo dos neutrófilos na área da infecção gera espécies reativas de oxigênio capazes de destruir os patógenos, porém podem danificar o tecido periodontal e causar estresse oxidativo. Não há estudos similares em cães relacionando o grau de lesão periodontal, o metabolismo oxidativo dos neutrófilos e o estresse oxidativo. Foi testada a hipótese de que cães portadores de doença periodontal apresentam maior estresse oxidativo e que este está associado ao aumento do metabolismo oxidativo dos neutrófilos e ao grau da doença. Também foi investigado o efeito do tratamento da doença periodontal sobre o estresse oxidativo. Foi utilizado um odontograma para classificar a doença periodontal e quantificar o grau de lesão periodontal (gengivite, periodontites leve e avançada) em 22 cães adultos de diferentes raças e sexos, antes e 30 dias após o tratamento. Na avaliação do metabolismo oxidativo dos neutrófilos circulantes foi mensurado a produção de superóxido pelo teste citoquímico de redução do tetrazólio nitroazul (NBT). O estresse oxidativo foi quantificado a concentração total de oxidante plasmático (TOC), capacidade antioxidante total do sangue total (TAC), índice de estresse oxidativo (TOC/TAC). Os neutrófilos redutores de NBT apresentaram uma redução na periodontite leve (p<0,05). As periodontites leves e avançadas foram acompanhadas com aumento significativo (p<0,05) de TAC, e observou-se uma 22 redução não significativa (p>0,05) de TOC em 30 dias após o tratamento. Esta é uma das primeiras evidências de que o estresse oxidativo sistêmico ocorre independente do grau da lesão periodontal em cães e que os neutrófilos podem contribuir para o desequilíbrio entre antioxidante e oxidante nesta doença. Além de que o tratamento periodontal contribuiu positivivamente para o controle do estresse oxidativo na doença periodontal canina. Palavras-chave: antioxidante, oxidante, periodontite, terapia periodontal. Agradecimentos: Coordenação de aperfeiçoamento de nível superior – CAPES pela bolsa auxílio de mestrado e Laine Margareth Gabas pelo auxílio na pesquisa. 23 MINIMIZANDO A MORTALIDADE DE FRANGOS DE CORTE COM A FORMULAÇÃO NÃO LINEAR MINIMIZING THE BROILER MORTALITY WITH NONLINEAR FORMULATION Danilo Gualberto de Sandre Lidiane Fancelli Livero Mayara Maia Rodrigues Guilherme de Paula Nogueira Manoel Garcia Neto RESUMO Um dos principais limitantes à produção de frangos de corte é a alta mortalidade devido ao calor, principalmente na fase de terminação. O equilíbrio eletrolítico (EE) é uma técnica utilizada para minimizar os efeitos de um ambiente térmico adverso para as aves e se resume na adição equilibrada dos principais íons (sódio, potássio e cloro) na dieta. Sabe-se que esses são os responsáveis por manter o equilíbrio ácido-básico, balanço osmótico e transporte por meio das membranas celulares (JUDICE et al., 2002). Este estudo teve como objeto avaliar a técnica do equilíbrio eletrolítico na dieta quanto ao consumo de ração (kg), peso vivo (kg), conversão alimentar, umidade de fezes (%), análise econômica e mortalidade em frangos de corte em condições de estresse térmico crônico no período de terminação. Para o cálculo do equilíbrio eletrolítico foi necessário o uso da planilha PPFR formulação não linear(GARCIA NETO, 2005). O balanço eletrolítico (BE = K+Na-Cl) foi ajustado em 300 mEq/kg e a relação eletrolítica (RE = [(K+Cl)/Na]) em 3:1. Utilizou-se 640 pintos machos de um dia de idade, metade do lote recebeu dietas com EE e a outra metade recebeu dieta tradicional. Do 35º ao 39º dia de vida, todas as aves receberam estresse térmico crônico (6 horas a 32°C). Os resultados indicaram que dietas com EE resultaram no aumento de preço da ração devido a adição dos íons na dieta, e eleva a umidade das fezes, principalmente pelo excesso de potássio na dieta, porém observou-se menor mortalidade. A mortalidade no período final de criação gera perdas econômicas, tanto pelo consumo de ração até o período como a perda de massa (kg) a ser vendida ao frigorífico. Assim, conclui-se que novas pesquisas devem ser feitas para avaliar se o encarecer da ração é compensado pelo menor índice de mortalidade quando se usa a técnica do EE na dieta para minimizar os efeitos negativos do estresse térmico em frangos de corte. 24 Palavras-chave: análise econômica, balanço eletrolítico, formulação não linear, relação eletrolítica. Referências JUDICE, J. P. M.; BERTECHINI, A. G.; MUNIZ, J. A. et al. Balanço cátio-aniônico das rações e manejo alimentar para poedeiras de segundo ciclo. Lavras. Ciência Agrotécnica, v. 26, n. 3, p. 598-609, 2002. GARCIA NETO, M. Programa Prático para Formulação de Rações / Frangos de Corte PPFR / Tabelas brasileiras 2005. Disponível em: http://www.foa.unesp.br. Acesso em: 05 de dezembro de 2014. 25 ENCEFALITE DO PUG - RELATO DE CASO PUG DOG ENCEPHALITIS - CASE REPORT Fabiana Álvares Tawane Agda Lopes de Melo Jaqueline dos Santos Azevedo Pamela Suelen Forini Sacco Maria Cecilia Rui Luvizotto Wagner Luis Ferreira RESUMO A encefalite do Pug é uma doença inflamatória idiopática rara, de caráter racial que ocorre em cães adultos. É caracterizada por extensa necrose e inflamação não supurativa da substância cinzenta cerebral e da substância branca subcortical. Trata-se, invariavelmente, de uma enfermidade fatal, causando uma encealite inexoravelmente progressiva. Os sinais clínicos incluem: letargia, ataxia, andar em círculos, déficits propioceptivos e convulsões. O diagnóstico é, geralmente, necroscópico, ainda que alterações no líquido cefalorraquidiano (quadro inflamatório misto) possam ser sugestivos da doença. Até o presente momento, existem somente três casos da doença relatados no Brasil. Desta forma, o presente relato tem como objetivo descrever um caso de encefalite do Pug como forma de alertar os médicos veterinários para a existencia da doença nesta raça cada vez mais popular. Um canino, fêmea, Pug, 1 ano e 5 meses, imunizado, foi atendido no Hospital Veterinário da FMVA - UNESP apresentando convulsão. O quadro teve inicio naquela manhã, quando o animal apresentou 2 episódios convulsivos semelhantes caracterizados por perda de consciência, tremores, sialorréia, defecação e espasticidade dos membros. Na ocasião do atendimento, o animal apresentava uma crise convulsiva generalizada tônico-clonica e vocalização. Foi administrado diazepan intrarretal e fenobarbital intramuscular. A proprietária relatou possuir um canil comercial, mas não observou alterações semelhantes nos outros animais. O animal foi internado e voltou a apresentar episódios convulsivos recorrentes que eram controlados com a administração intravenosa de diazepan. Não foram observadas alterações dignas de nota no hemograma e bioquímica sérica. A administração de fenobarbital foi repetida e o paciente se mostrou refratário à terapia, portanto, foi estabelecida a infusão contínua de tiopental durante 2 horas. Após a infusão, o comportamento do paciente se tornou mais agitado, apresentando parada respiratória e perda da consciência. Foi colocado em ventilação mecânica controlada. A proprietária optou pela eutanásia que foi realizada no mesmo dia. No exame necroscópico, a macroscopia revelou edema associado à congestão vascular nos lobos temporal, piriforme e 26 occiptal. A cortical apresentava-se de coloração amarelada e de consistência amolecida sugerindo malácia. Na microscopia foi observado infiltrado linfoplasmocitário acentuado focalmente extenso na meninge, ao redor de vasos da meninge e adentrando o parênquima cortical, sendo evidente a formação de manguitos perivasculares. Nos neurônios corticais observou-se cromatólise, satelitólise e neuroniofagia discreta a moderada. Os achados necroscópicos foram semelhantes aos descritos na literatura, que, associados aos exames laboratoriais, sinais clínicos, exame físico e resenha permitem concluir tratar-se o presente caso de encefalite do Pug. Palavras-chave: sistema nervoso central, convulsão, malácea. Referências CAMPELO, A. O.; LOBO, C. Relato de encefalite do cão Pug no Rio Grande do Sul: aspectos clínicos. Anais do 35° Congresso Brasileiro de Veterinária, Gramado, Universidade Federal de Pelotas, 2008. CORDY, D. R.; HOLLIDAY, T. A. A necrotizing meningoencephalitis of Pug dogs. Veterinary Pathology, v. 26, p. 191-194, 1989. DINIZ, S. A.; ANDRADE-NETO, J. P.; HOSOMI, F. Y. M.; VIOLIN, K. B.; RAMOS, A. T.; MACHADO, G. F. et al. Encefalite do cão Pug: primeiro diagnóstico no Brasil. Clínica Veterinária, v. 11, p. 76-78, 2006. FENNER, W. R. Doenças do cérebro. In: ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária: doenças do cão e do gato. 5o ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 634, 2004. GREER, K. A.; SCHATZBERG, S. J.; PORTER, B. F.; JONES K. A.; FAMULA T. R.; MURPHY, K. E. Heritability and transmission analysis of necrotizing meningoencephalitis in the Pug. Research in Veterinary Science, v. 86, p. 438-442, 2009. ROMÃO, F. G.; ANTUNES, M. I. P. P.; HECKLER, M. C. T.; CAGNINI, D. Q. et al. Encefalite do cão Pug: relato de caso. Veterinária e Zootecnia, v. 17, n. 1, p. 37-42, 2010. TAYLOR, S. M.; Meningoencefalite do Pug. In: NELSON, R. W.; COUTO, G. C. Medicina interna de pequenos animais. 3ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 978-979, 2006. 27 PLASMOCITOMA ORAL COM METÁSTASE EM MEMBRO TORÁCICO DE CÃO - RELATO DE CASO ORAL PLASMOCYTOMA METASTASIS IN THE THORACIC LIMB OF A DOG CASE REPORT Fabiana Álvares Tawane Agda Lopes de Melo Fernando Vissani Fernandes Jaqueline dos Santos Azevedo Pamela Suelen Forini Sacco Fernando Peretti Guimarães Carla Rodriguez Paes Daniela Bernadete Rozza Wagner Luis Ferreira RESUMO O plasmocitoma é uma neoplasia de plasmócitos, responsáveis por diferentes apresentações neoplásicas. Os plasmocitomas extra-medulares tem ocorrência frequente em tecidos moles e se apresentam na forma de nódulos isolados em regiões cutâneas ou mucocutâneas, exibindo alto potencial metastático quando localizados na cavidade oral. O presente relato tem como objetivo descrever a ocorrência de metástase no membro torácico direito de um animal que apresentou recidiva de plasmocitoma oral, chamando atenção para esta manifestação metastática incomum e sua condução diagnóstica. Um canino, macho, Fox Paulistinha, nove anos, foi atendido no Hospital Veterinário da FMVA - UNESP com queixa de aumento de volume e lesões exsudativas no membro torácico direito com progressão de 15 dias. Não foram relatadas alterações sistêmicas como emagrecimento ou perda de apetite. O animal havia sido atendido há cerca de um ano para a realização de nodulectomia de uma neoformação sublingual, diagnosticado no exame histopatológico como plasmocitoma. O hemograma e a bioquímica sérica não apresentaram alterações. Ao exame físico notou-se linfoadenomegalia de linfonodo pré-escapular direito e neoformação sublingual (provável recidiva de plasmocitoma extra-medular). O membro torácico estava edemaciado, hiperêmico, com lesões supurativas e aumento de temperatura da articulação escapulo - umeral até as falanges distais. Foi realizada a punção biópsia aspirativa do linfonodo regional e enviada para exame citopatológico, onde foi observada hiperplasia de corpúsculo linfoglandular, acentuada quantidade de plasmócitos em meio a células linfóides, estes por vezes binucleados, sugestivo de metástase de neoplasia plasmocitária. Frente ao resultado, optou-se pela punção da neoplasia sublingual e biópsia cutânea. No exame citológico da neoplasia 28 foram observadas células redondas neoplásicas associadas á acentuada quantidade de hemácias e neutrófilos, sugerindo recidiva de plasmocitoma extra-medular. O exame histopatológico revelou na derme superficial e profunda células redondas neoplásicas de citoplasma basofílico, núcleo hipercromático, por vezes binucleadas e múltiplos nucléolos, estas arranjadas em grupos e ao redor de vasos associadas a edema intersticial, compatível com metástase de plasmocitoma. Devido ao comprometimento neoplásico avançado do membro torácico a amputação deste foi recomendada, além da nodulectomia da neoplasia oral e posterior quimioterapia. No dia da cirurgia, foi realizada a biópsia do membro contralateral que estava edemaciado há dois dias. A nodulectomia não foi realizada devido ao comprometimento extenso do tecido sublingual que impossibilitaria a retirada de margem cirúrgica. O animal se recuperou bem do procedimento e iniciará quimioterapia com prednisona, melfalano e ciclofosfamida nos próximos dias com o intuito de reduzir a neoplasia sublingual e prevenir novas metástases. Palavras-chave: plasmocitoma extra-medular, neoplasia cutânea, edema. Referências BAER, K. E.; PATNAIK, A. K.; GILBERTSON, S. R.; HURVITZ, A. I. Cutaneous plasmacytomas in dogs: a morphologic and immunohistochemical study. Veterinary Pathology, v. 26, p. 216-221, 1989. CANGUL, I. T.; WIJNEN, M.; VAN GARDEREN, E.; VAN DEN INGH, T. S. G. A. M. Clinico-pathological aspects of canine cutaneous and mucocutaneous plasmacytomas, Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 49, p. 307-312, 2002. GOOKIN, J. L.; SELLON, R. K.; MCDORMAN, K. S.; GEOLY, F. J. Systemic plasmocytosis and polyclonal gammopathy in a dog. Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 12, n. 471-474, 1998. GROSS, T. L.; IHRKE, P. J.; WALDER, E. J.; AFFOLTER, V. K. Tumores linfocíticos. In: GROSS, T. L.; IHRKE, P. J.; WALDER, E. J.; AFFOLTER, V. K. Doenças de pele do cão e do gato: diagnóstico clínico e histopatológico, 2ª ed. Roca, p. 850-856, 2009. GUPTA, A.; FRY, J. L.; MEINDEL, M.; GUMBER, S. Cutaneous extramedullary solitary digital plasmocytoma in a dog. Vet Med today: Pathology in Practice, v. 244, n. 2, p. 163165, 2014. ROWLAND, P. H.; VALENTINE, B. A.; STEBBINS, K. E.; SMITH, C. A. Cutaneous Plasmacytomas with amyloid in six dogs. Veterinary Pathology, v. 28, p. 125-130, 1991. 29 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DA ARCADA DENTÁRIA DE GATOS RADIOGRAPHIC EVALUATION OF THE DENTAL ARCH OF CATS Fernanda Beatriz Pereira Cavalcanti Adelina Maria da Silva RESUMO Informações essenciais para o diagnóstico e tratamento de doenças estomatognáticas em gatos podem ser obtidos com radiografias odontológicas. A utilização de técnicas específicas de posicionamento em radiografias intraorais permite eliminar a sobreposição e distorção da imagem e alcançar melhor contraste e detalhe. As duas técnicas mais utilizadas em animais são a do paralelismo e da bissetriz (DeFORGE e COLMERY III, 2000; BELLOWS, 2004; NIEMIEC, 2015). O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a anatomia radiográfica normal da arcada dentária de gatos bem como a ocorrência de casos de anomalias de desenvolvimento ou possíveis afecções como periodontite, lesão reabsortiva odontoclástica dos felinos, gengivoestomatite crônica felina e fratura dentária. Este estudo foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da UNESP campus de Araçatuba. Foram utilizados 17 gatos, atendidos por projeto de extensão universitária que oferece esterilização cirúrgica gratuita, mediante autorização prévia de seus proprietários. Este grupo de animais era constituído de 7 gatos impúberes (com até 6 meses de idade), 4 adultos jovens (com idade variando de 7 a 18 meses) e 6 gatos adultos com mais de um ano e meio de idade. Os animais foram anestesiados com xilazina (2mg/kg/sc), atropina (0,05mg/kg) e quetamina (20mg/kg/sc) e logo após o término do procedimento cirúrgico (orquiectomia em machos e ovario-salpingo-histerectomia em fêmeas), foram feitos exames radiográficos da arcada dentária dos gatos com radiografias intraorais com filme periapical. As radiografias foram feitas com um aparelho de rx odontológico e reveladas manualmente em câmara para revelação. Os gatos impúberes apresentavam o segundo pré-molar maxilar permanente erupcionado e os incisivos maxilares e mandibulares permanentes; cinco deles apresentavam caninos maxilares decíduos, mas nas radiografias de 4 animais, os botões dentários eram visíveis. Já no quinto, observou-se a presença concomitante dos caninos maxilares decíduos e permanentes. Estes achados correspondem aos descritos na literatura (DeFORGE e COLMERY III, 2000). Os gatos jovens apresentavam todos os dentes permanentes erupcionados, sendo que um dos gatos deste grupo apresentou como variação anatômica a ausência dos segundos pré-molares maxilares. Nos 6 gatos adultos os dentes permanentes 30 possuíam cavidade pulpar mais estreita e curta, devido à contínua deposição de dentina pelos odontoblastos ao longo dos anos, conforme descrito por DeFORGE e COLMERY III (2000). As informações obtididas nas radiografias intraorais são importantes para o clínico para melhor avaliação das estruturas da cavidade oral felina, levando ao diagnóstico e tratamento mais adequado de doenças estomatognáticas. Palavras-chave: felinos, odontologia, radiografias dentárias. Referências BELLOWS, J. Small animal dental equipment, materials and techniques. Ames: Blackwell, 2004. 417p. DeFORGE, D. H.; COLMERY III, B. H. An atlas of veterinary dental radiology. Ames: Iowa State University Press, 2000. 294p. NIEMIEC, B. A. Feline dental radiography and radiology. Journal of Feline and Medicine Surgery, v. 16, p. 887-899, 2015. 31 PERFIL BIOQUÍMICO PLASMÁTICO DE CÃES MACHOS E FÊMEAS NA REGIÃO DE ARAÇATUBA, SÃO PAULO, BRASIL PLASMATIC BIOCHEMICAL PROFILE OF MALE AND FEMALE DOGS IN THE REGION OF ARAÇATUBA, SÃO PAULO, BRAZIL Fernanda Beatriz Pereira Cavalcanti Maria Cecilia Clarindo Pellissari RESUMO O perfil bioquímico plasmático sanguíneo de cães é um dos exames complementares fundamentais e mais utilizados na medicina canina (PAYNE E PAYNE, 1987) pelo valor no diagnóstico e prognóstico de doenças, principalmente as de caráter metabólico (SOUZA, 1986). A ampla informação do estado de saúde do animal relaciona à diversos analíticos bioquímicos essenciais para do fluido extracelular plasmático (KERR, 2003). Visando à eficiência e eficácia dos diagnósticos e tratamento terapêutico de doenças na região da cidade de Araçatuba, o presente estudo realizou a análise da influência sexual dos valores de referência do perfil bioquímico plasmático canino e a comparação com os valores de referência da literatura com os dos cães do estudo (de ambos os sexos).Foram utilizados 28 cães na região de Araçatuba, 12 fêmeas e 16 machos, com faixa etária variando de um ano a onze anos de idade, de diferentes raças. Todas as análises bioquímicas foram realizadas em analisador bioquímico automatizado1, previamente calibrado com calibrador comercial2 e controles níveis I3 e II4. Utilizando um conjunto de reativos comerciais, cada variável foi mensurada através de métodos específicos, com reações processadas a 37°C conforme orientação dos fabricantes. Analisou-se os parâmetros albumina, ALT, AST, ALP, colesterol, creatinina, CK, Fósforo, GGT, Ureia, PT e Ca. Foi feito o teste T de Student para comparação de duas médias, com o intuito de estabelecer uma relação entre os metabólitos de machos e fêmeas, com nível de significância 5% e foram apurados os mesmos analíticos bioquímicos de cinco trabalhos analisados. Observou-se algumas diferenças entre médias e desvio padrão dos metabólitos nas amostras de sangue de cães deste estudo e de outras regiões do Brasil, e não houve diferença estatística significante no perfil plasmático de machos e fêmeas. Tal estudo comprovou que mesmo não havendo influencia sexual, os valores de referência do perfil bioquímico possuem influência regional, servindo de precursor a estudos relacionados à determinação de valores de referência, com um número e controle amostral desejado satisfatório, para os cães na região de Araçatuba. 32 Palavras-chave: perfil bioquímico, cães, sexo, analítico, parâmetros. Referências PAYNE, J.M., PAYNE, S. 1987.The Metabolic Profile Test.New York: Oxford University Press, 179p. SOUZA, J. C. R. P. de. Patologia clínica veterinária. Rio de janeiro: Guanabara, 1986. 1ª ed. 81p. KERR, Morag G. Exames laboratoriais em medicina Veterinária: bioquímica clínica e hematologia. São Paulo: Roca, 2000, 2ª ed, 83 p. 1 BS-200 ChemistryAnalyzer. MindrayBio-MedicalEletronicsCo, Germany. 2 Calibrator serum, Cód.18011, BioSystems, Barcelona, Spain. 3 Assayed controlserumlevel I, Cód. 18005, BioSystems, Barcelona, Spain. 4 Assayed controlserumlevel II, Cód. 18007, BioSystems, Barcelona, Spain. 33 METÁSTASE ORBITÁRIA DE CARCINOMA MAMÁRIO EM CADELA - RELATO DE CASO ORBITAL METASTASIS OF BREAST CARCINOMA IN DOG - CASE REPORT Fernando Peretti Guimarães Pâmela Bongiovanni Catandi Alessandra Muniz dos Santos LaiseMichi Yamashiro Carla Rodrigues Paes Aline Cardoso Pereira Giovanna Giuffrida Rodrigues TawaneAgda Lopes de Melo Beatriz Piva Vicentini Alexandre Lima de Andrade RESUMO Os tumores mamários representam cerca de 50% das neoplasias de cães e gatos, e 80% dos tumores em cães. Destes, 50% são neoplasias malignas. (NELSON & COUTO, 2006). Carcinomas mamários frequentemente causam metástase para outros órgãos, sendo os linfonodos regionais e os pulmões, os mais frequentemente afetados (QUEIROGA & LOPES, 2002; FIDLER & BRODEY, 1967). O objeto do presente relato é descrever um caso de metástase ocular/orbitária em uma cadela portadora de neoplasia mamária. Foi atendido no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, um cão, fêmea, sem raça definida, de 8 anos de idade, apresentando neoformação na mama inguinal direita, com aproximadamente 4 cm de diâmetro, firme e não ulcerado. O nódulo existia há 2 anos, com aumento significativo nos últimos 4 meses. A citologia aspirativa por agulha fina da neoformação mamária firmou o diagnóstico presuntivo de carcinoma em tumor misto. Não havia evidência de metástase à distância pela avaliação radiográfica pulmonar e ultrassonográfica abdominal. Após exame clínico e laboratorial, a paciente foi submetida à mastectomia radical bilateral. O diagnóstico anatomopatológico foi de carcinoma complexo. Após 9 meses, o animal retornou ao atendimento hospitalar, apresentando um nódulo perivulvar diagnosticado como recidiva do carcinoma mamário pela citologia e histopatologia. O referido nódulo foi excisado, considerando–se os princípios técnicos de cirurgia oncológica. No segundo dia pós-cirúrgico, foi evidenciado um aumento de volume dorsal ao osso zigomático e ao exame ultrassonográfico foi visualizado imagem compatível com neoformação orbital. No exame oftálmico foi constatado déficit visual ao teste de ameaça, com aumento da pressão ocular e exoftalmia. Novo exame citológico revelou tratar-se de carcinoma, que acreditava-se ser 34 metástase do carcinoma mamário. O paciente segue em tratamento, e será instituída quimioterapia metronômica com ciclofosfamida (15 mg/kg SID), associada ao piroxicam (0,3 mg/kg SID) por, no mínimo, 28 dias. Metástases orbitárias representam aproximadamente 1 a 13% de todos os tumores orbitários, sendo as neoplasias mamárias responsáveis por 28,5 a 58,8% delas. Geralmente acometem a musculatura extrínseca e gordura orbitária, comprometendo a mobilidade ocular ou, ainda, causando proptose, edema palpebral, neoformação visível e dor (VLACHOSTERGIOS, 2009). A importância do presente relato se deve à pouca frequência de metástase orbitária de carcinoma mamário, sem acometimento dos órgãos de eleição na infiltração tumoral da neoplasia aqui descrita. Ressalta-se a necessidade de tratamento imediato e multimodal (quimioterapia, terapia hormonal e/ou radioterapia), destinado a promover o controle da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. Palavras-chave: carcinoma mamário, metástase orbitária, cadela. Referências FIDLER, J. J; BRODEY, R. S. A necropsy study of canine malignant mammary neoplasms. J. Am. Vet. Assoc, v. 151, p. 710-15, 1967. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais, 3ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 1324 p., 2006. QUEIROGA, F.; LOPES, C. Tumores mamários caninos, pesquisa de novos factores de prognóstico. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 97, p. 119 – 27, 2002. VLACHOSTERGIOS, P. J.; VOUTSADAKIS, I. A.; PAPANDREOU, C. N. Orbital metastasisofbreast carcinoma. Breastcancer: basicandclinicalresearch, v. 3, p. 91, 2009. 35 PROSTAGLANDINA E2 REGULA A PRODUÇÃO DE IL-10 NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA PROSTAGLANDIN E2 REGULATES PRODUCTION OF IL-10 IN CANINE VISCERAL LEISHMANIASIS Gabriela Lovizutto Venturin Breno Fernando Martins de Almeida KathlennLiezbeth Oliveira Silva Vanessa MarimChiku Valéria Marçal Félix de Lima RESUMO A leishmaniose visceral canina é uma doença sistêmica causada por protozoários do gênero Leishmania, da ordem Kinetoplastida e família Trypanosomatidae, transmitida de um cão infectado para outro por meio da picada de flebotomíneos. Estudos têm demonstrado que cães sintomáticos apresentam falha na resposta celular com predomínio de resposta humoral. A prostaglandina-E2 (PGE-2) tem potentes propriedades imunossupressoras, incluindo a inibição da ativação dos macrófagos, quimiotaxia de leucócitos, e modulação de quimiocinas, resultando assim na regulação negativa de inflamação e funcionamento do sistema imunológico. O objetivo do presente estudo foi avaliar se a PGE-2 modula a produção de IL10 nos linfonodos de cães naturalmente infectados. Foram selecionados seis cães de ambos os sexos de dois a cinco anos de idade, de diferentes raças e pesos com diagnóstico de leishmaniose visceral confirmado por meio de sorologia e apresentando pelo menos três sinais clínicos da doença. Após a eutanásia, células de linfonodo poplíteo foram obtidas após maceração (106/poço) e cultivadas(106/poço) em meio RPMI - 1640 por seis dias a 37°C e 5% de CO2,na ausência de estimulo (controle), ou na presençados mitógenos Concavalina A (5μg/ml) e Fitohemaglutinina (5μl/ml), antígeno solúvel de Leishmania chagasi (20μg/ml) em associação ou não com o inibidor de PGE-2 Indometacina(5μg/ml), após esse período o sobrenadante foi retirado para avaliação da concentração de IL-10.Para medir os níveis de IL10 foi utilizado o kit ELISA de captura seguindo as recomendações do fabricante (R&D System, Minneapolis, USA).Os dados foram analisados utilizando o teste não paramétrico. Foi observada uma diminuição na concentração de IL-10 na presença de indometacina (5µg/ml) p<0.005. Os dados sugerem que a PGE-2 está regulando a produção da IL-10 no linfonodo de cães naturalmente infectados. Palavras-chave: prostaglandina-E2, Leishmania spp. 36 Agradecimentos: CAPES. 37 ESTRESSE OXIDATIVO NA OBESIDADE CANINA OXIDATIVE STRESSINOBESITYDOG Gabriela Quideroli Issa AneliseMaria Bosco Rafaela Beatriz Pintor Torrecilha Daniela Matono Luciana de Morais Paulo César Ciarlini RESUMO A obesidade é uma doença nutricional cada vez mais comum em animais de companhia, cuja prevalência já atinge proporções epidêmicas. Este distúrbio tem sido associado com o estresse oxidativo e diversas outras enfermidades, afetando a qualidade de vida e reduzindo a média de vida dos animais. Em humanos já se sabe que a obesidade está fortemente associada ao aumento do estresse oxidativo. Neste sentido o objetivo desse trabalho foi investigar se o estresse oxidativo ocorre na obesidade canina. Para tal, foram utilizados grupo controle (n=20) constituído de cães saudáveis, com escore corporal entre 4-5 e um grupo obeso (n=25) com escore corporal de 8-9 (escore corporal 1-9). Foram mensurados os marcadores de estresse oxidativo: índice de estresse oxidativo (IEO), capacidade oxidante total (TOC), capacidade antioxidante total (TAC), peroxidação lipídica-TBARS, ácido úrico, albumina e gamaglutamiltranferase (GGT). Nos cães do grupo obeso ocorreu aumento significativo do IEO (9,93±7,17 vs 27,08±17,08 / p=0.003). O aumento do IEO em cães obesos foi resultante do aumento do TOC plasmático (51,10±25,61 vs 128,53±101,03 / p=0.006). Os antioxidantes endógenos albumina (31,61±3,16 vs 30,67±4,78 / p= 0,4634) e GGT (4,76±1,31 vs 4,09±2,05 / p= 0,2317) não diferiram do grupo controle. O ácido úrico foi o único antioxidante endógeno mensurado que aumentou significativamente nos cães com obesidade (0,30±0,90 vs 0,77±1,00 / p=0.0003), porém tal alteração não promoveu aumento significativo TAC (0,48±0,17 vs 0,51±14,76 / p=0.63). A elevação de TOC coincidiu com o aumento significativo da peroxidação lipídica plasmática (10,33±5,60 vs 14,21±5,38 / p=0.01). Obesidade proporciona um desequilíbrio entre gordura, peso corporal, lipoproteínas e lipídios, propiciando o organismo a lesões oxidativas. O estresse oxidativo já vem sendo considerado como uma das características principais na obesidade em humanos. Nosso estudo fortalece a hipótese da presença do quadro de estresse oxidativo na espécie canina. Portanto, é fundamental entender os mecanismos do estresse oxidativo para orientar novas estratégias de tratamentos para controle dos efeitos deletérios associados à obesidade. 38 Palavras-chave: escore corporal, antioxidante, oxidante, cães. Referências BELTOWSKI, J.; WOJCICKA, G.; GORNY, D.; MARCINIAK, A. The effect of dietaryinduced obesity on lipid peroxidation, antioxidant enzymes and total plasma antioxidant capacity. Journal of Physiology and Pharmacology, v. 51, p. 883–896, 2000. FURUKAWA, S.; FUJITA, T.; SHIMABUKURO, M.; IWAKI, M.; YAMADA, Y.; NAKAJIMA, Y.; NAKAYAMA, O.; MAKISHIMA, M.; MATSUDA, M.; SHIMOMURA, I. Increased oxidative stress in obesity and its impact on metabolic syndrome. Journal of Clinical Investigation, v. 114, p. 1752–1761, 2004. Agradecimentos: Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES) e Laine Margareth Gabas pelo auxílio na pesquisa. 39 DESCRIÇÃO DE UM CASO INCOMUM DE ENTRÓPIO EM GATO DOMÉSTICO DESCRIPTION OF AN UNUSUAL CASE OF ENTROPION IN DOMESTIC CAT Giovanna Giuffrida Rodrigues Aline Cardoso Pereira Fernando Peretti Guimarães Alexandre Lima de Andrade RESUMO Alterações nos anexos oculares dos felinos são incomuns. Relata-se o ectrópio cicatricial raramente e relacionado, em sua maioria, a lacerações traumáticas após brigas. O entrópio primário é o defeito mais comum, e observado com maior frequência em raças braquicefálicas. Pode ocorrer secundariamente a doenças que cursam com blefaroespasmo crônico e, inicialmente, pode ser espástico. Eventualmente, cicatrizes perioculares podem torná-lo permanente (GELATT, 2003). Foi atendido, no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”- Unesp Araçatuba, um felino, fêmea, aproximadamente cinco meses de idade, sem raça definida, recentemente recolhido da rua, apresentando Phithisis bulbi do olho direito, com anexos oculares preservados e funcionais, acumulando secreção mucóide aderida ao tarso palpebral. Na avaliação do bulbo do olho esquerdo (teste lacrimal de Schirmer, teste de fluoresceína, tonometria de aplanação, oftalmoscopia indireta, biomicroscopia com auxílio da lâmpada de fenda) a única alteração observada foi a presença de “vasos fantasmas” dispersos sobre a superfície corneal temporal superior e inferior. Quatro dias após a primeira avaliação o animal apresentou conjuntivite e uveíte moderadas e suspeita de doença infecciosa. Instituiu-se terapia com terramicina pomada oftálmica (a cada 8 horas) e colírio à base de diclofenaco sódico (a cada 12 horas). Em oito dias o paciente desenvolveu entrópio em canto lateral da pálpebra inferior esquerda, manifestação de sinais oftálmicos como: blefaroespasmo, fotofobia e lacrimejamento excessivo e pôde ser observada a progressão da lesão corneal (aparecimento de novos vasos e positividade ao teste de tingimento da fluoresceína). A inversão palpebral não foi responsiva à instilação de colírio a base de cloridrato de proximetacaína (Anestalcon®). Em sete dias o entrópio tornou-se mais grave, e foi optado pela correção cirúrgica utilizando-se a técnica de Hotz-Celsus. O entrópio em gatos é incomum e, quando secundário, costuma estar relacionado à quadros de inflamações crônicas ou retrações cicatriciais. Diante do histórico de conjuntivite observada, há a suspeita de que o entrópio tenha se originado secundariamente a esta afecção, pois não 40 foi manifestado na avaliação inicial. A causa da atrofia do bulbo do olho direito não pôde ser esclarecida e, os remanescentes oculares foram removidos cirurgicamente, mantendo-se a cavidade anoftálmica ocluída por tarsorrafia. Ressalta-se que o referido relato, descreve uma anormalidade ocular pouco frequente e que, pode estar associada à uma doença comum em felinos, como é o complexo respiratório. Salienta-se a importância em diagnosticá-la precocemente, bem como, acompanhá-la, pois o entropio é causa potencial de úlceras corneais profundas, que podem evoluir para perfuração e perda ocular. Palavras chave: entrópio, conjuntivite, pálpebras. Referências GELLAT, K. N. Oftalmologia Felina. In: Manual de Oftalmologia Veterinária. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2003. P. 295-336. 41 PNEUMONIA NECRÓTICA SUPURATIVA POR Pseudomonas ssp. – RELATO DE CASO NECROTIC PENUMONIA SUPPURATIVE BY Pseudomonas ssp. – CASE REPORT Gisele Moraes dos Santos Ana Elisa Gregui Watanabe Jaqueline dos Santos Azevedo Wagner Luis Ferreira Maria Cecília Rui Luvizotto FernandoVissani Fernandes Bruno Ribas Vieira Beatriz Piva Vicentini Luciana Del Rio Pinoti Ciarllini Barbara Claudina Rodrigues da Silveira Márcia Marinho RESUMO As pneumonias ocorrem pela inflamação do parênquima pulmonar decorrente de infecções virais, bacterianas, fúngicas ou parasitarias, assim como por infiltrados neoplásicos ou eosinofilico. O vírus da Influenza canina também são importantes patógenos causadores de pneumonia. Dentre as bactérias mais encontradas estão Bordetella bronchiseptica, Streptococcus spp, Escherichia coli, Klebsiella e Pseudomonas spp. O Cryptococcu ssp. e o Aspergillus fumigatus são os principais agentes encontrados nas pneumonias fúngicas. Alguns parasitas também podem apresentar parte do seu desenvolvimento no trato respiratório dentre eles o Dirofilaria immitis, Capillaria aerophilae o Aelurostrongylus abstrusus. Dentre as neoplasias as de origem secundária ocorrem com maior frequência. O presente relato tem como objetivo descrever um caso de pneumonia bacteriana dando ênfase aos diagnósticos diferenciais. Um canino macho, 2 anos, Rottweiler, foi atendido no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, apresentando tosse, secreção nasal mucopurulenta, apatia e emagrecimento. Era tratado há 10 meses com antibioticoterapia, porém sem remissão completa do quadro clínico. Ao exame físico observaram-se mucosas pálidas, dispnéia, hipertemia, linfonodos superficiais reativos, secreção ocular serosa bilateral e reflexo de tosse positivo. No exame hematológico havia anemia normocítica normocrômica, leucocitose por neutrofilia e eosinofilia moderadas associadas à trombocitopenia severa. A radiografia torácica evidenciou aumento de radiopacidade pulmonar de padrão misto, alveolar, intersticial e bronquial generalizada, melhor observado em antímero esquerdo com presença de áreas heterogêneas, de aumento de radiopacidade mesclada com áreas de hepatização pulmonar em 42 lobo diafragmático esquerdo. Foi instituído antibioticoterapia com amoxicilina e clavulanato, acetilcisteína e nebulização. Houve melhora clínica, porém o padrão radiográfico de opacificação pulmonar tornou-se mais acentuado, instituindo assim terapia antifúngica. Realizou-se o lavado broncoalveolar como método diagnóstico. A amostra foi submetida a exame microbiológico, no qual houve crescimento de Pseudomonas spp. Devido à evolução clínica crônica o animal veio a óbito. Na necropsia observou-se empiema pleural fibrinossupurativo, pleurite fibrinosa crônica e necrose multifocal difusa associado à exsudato amarelo-amarronzado de aspecto seco presente na árvore brônquica, permeado por áreas de consolidação. No exame histopatológico observou-se exsudato necrosupurativo focalmente extenso preenchendo brônquio, bronquíolos e parênquima pulmonar predominando neutrófilos, eosinófilos e macrófagos mostrando atividade fagocítica (elementos bacterianos e restos celulares), caracterizando uma broncopneumonia necrótico-supurativa crônica. Conclui-se que a raça é predisposta a pneumonia eosinofílica e o diagnóstico diferencial deve ser feito nos casos de pneumonias crônicas. Por fim, o lavado broncoalveolar é de importante auxílio no diagnóstico. Palavras-chave: eosinofílica, supurativa, necrótica. Referências NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. McGAVIN, M. D.;ZACHARY, J. F. Sistema Respiratório, Mediastino e Pleuras. In: McGAVIN, M. D.;ZACHARY, J. F. Bases da Patologia em Veterinária, 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, p.461-541. 43 QUAIS OS VALORES DE REFERÊNCIA DE HEMOGRAMA DE CÃES ORIUNDOS DA REGIÃO DE ARAÇATUBA? WHAT ARE THE REFERENCE VALUES OF COMPLETE BLOOD COUNT OF DOGS FROM ARAÇATUBA REGION? Guilherme Henrique Poli de Oliveira Laís Rigon Larissa Sasaki Yamaguchi Giovana Corbucci Danti Rezende Felipe Yoshio Fukumori Anelise Maria Bosco Paulo César Ciarlini RESUMO O hemograma é um procedimento laboratorial amplamente utilizado na medicina veterinária e proporciona uma visão rápida do sistema hematopoiético, além de oferecer uma visão geral sobre o estado de saúde do paciente. Sabe-se que muitos estudos a respeito de parâmetros hematológicos são realizados em países temperados como Europa e Estados Unidos. Entretanto, a temperatura pode alterar parâmetros e dessa forma, existem diferenças entre os valores desses exames em países temperados em relação aos países tropicais. O objetivo do presente trabalho foi comparar os resultados obtidos do perfil hematológico dos cães de Araçatuba com aqueles existentes na literatura. Para estabelecer o perfil hematológico dos cães de Araçatuba, foram selecionados 28 cães clinicamente saudáveis de diferentes raças, sendo 13 fêmeas e 15 machos, com idade variando de 1 a 11 anos, provenientes da cidade de Araçatuba-SP. Após jejum alimentar de 8 a 12 horas, 1 mililitro de sangue total foi colhida de cada animal por punção da veia jugular armazenado em tubos com o anticoagulante EDTA. As taxas totais de eritrócitos, hemoglobina, índices hematimétricos (VCM e CHCM), leucócitos e plaquetas foram realizados em contador automatizado de células veterinário (BC2800Vet) e o volume globular foi obtido pelo método microcapilar de Strumia (centrifugação 12700G por 5 minutos). A proteína total plasmática foi estimada por refratometria e a contagem diferencial de leucócitos foi realizada em esfregaços sanguíneos tingidos com corante hematológico panótico rápido comercial (Instant-Prov) segundo as recomendações e critérios de Jain (1986). Os valores hematológicos obtidos foram: Volume Globular (51,75±4,96%), Proteína Plasmática Total (7,06±0,9d/dL), Hemácias (7,08±0,63x106/µL), Hemoglobina (18,06±1,87g/dL), Volume Corpuscular Médio (72,81±3,27fL), Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (35,01±1,12g/dL), Leucócitos (10,43±4,39x103/µL), 44 Neutrófilos (5,88±3,31x103/µL), Linfócitos (3,31±1,78x103/µL), Eosinófilos (0,61±0,56x103/µL), Basófilos (0x103/µL), Monócitos (0,47±0,29x103/µL) e Plaquetas (0,27±0,14µL). Alguns parâmetros encontrados em nosso estudo foram divergentes com a literatura. Shiel (2007) encontrou valores superiores de hemácias (8,2 x106/µL), enquanto Mello (1945) relatou valores inferiores desde parâmetro aos observados neste trabalho (5,7±1,0x106/µL). Poucas variações foram encontradas na série branca, quando se compara este trabalho aos dados encontrados na literatura, porém quando se trata de monócitos Fujino (2013) encontrou valores bastante significativos em relação ao cães de Araçatuba (1,14±0,86 x103/µL). Este estudo foi elaborado para que pudéssemos comparar os dados da literatura com os dados da cidade de Araçatuba. Porém, torna-se necessário que cada laboratório estabeleça seus valores de referência com estudos que individualizem as raças, idade e o clima, para aprimorar cada vez mais o diagnóstico laboratorial desses animais. Palavras-chave: hematologia, parâmetros sanguíneos, canina. Referências ARIYIBI; O.; AJADI. A comparative study of some hematology and biochemical parameters of clinically healthy Alsatian and local dogs. African Journal of Biomedical Research, v. 5, n. 1, p. 145-147, 2002. CRUZ, W.; DA SILVA, E.; MELLO, R. Dados hematológicos do cão adulto normal. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 42, n. 3, p. 609-628, 1945. DASH, S.K. et al. A Comparative Study of Some Hematological and Serum Biochemical Parameters of Clinically Healthy Labrador and Spitz. International Journal of Advanced Veterinary Science and Technology, v. 2, n. 1, p. 52-58, 2013. FUJINO, W. et al. Development and Evaluation of a Novel In-Clinic Automated Hematology Analyzer, ProCyteDx, for Canine Erythrocyte Indices, Leukogram, Platelet Counts and Reticulocyte Counts. The Journal of Veterinary Medical Science. v. 75, n. 11, p. 15191524, 2013. KRUPAKARAN, R. P. Serum biochemical and haematological analysis of rajapalayam breed of dog in Tamil Nadu. International Journal of Food, Agriculture and Veterinary Sciences, v. 3, n. 1, p. 12-14, 2013. SHIEL, R. E. et al. Hematologic values in young pretraining healthy Greyhounds. Veterinary Clinical Pathology, v. 36, n. 3, p. 274-277, 2007. 45 UHRÍKOVÁ, I. et al. Haematological and biochemical variations among eight sighthound breeds. Australian Veterinary Journal, v. 91, n. 11, p. 452-459, 2013. 46 EFEITOS DA INFUSÃO CONTÍNUA DE PROPOFOL ASSOCIADO OU NÃO AO FENTANIL NA MOTILIDADE RUMINAL EM BEZERROS EFFECTS OF A CONSTANT RATE INFUSION OF PROPOFOL WITH OR WITHOUT FENTANYL ON RUMEN MOTILITY IN CALVES Guilherme Lopes da Silva Maurício Deschk Thomas Alexander Trein Carlos Eduardo de Siqueira Paulo Sérgio Patto dos Santos RESUMO A motilidade ruminal auxilia no movimento da digesta alimentar constantemente, favorece a absorção de produtos da fermentação e evita a compactação. Devido a esse fenômeno, o animal é capaz de realizar a ruminação e eructação (CONSTABLE, P.D et al., 1990). Ofentanil exerce uma potente ação analgésica e hipnótica (MASSONE, F.,2011), além de ser 100 vezes mais potente que a morfina.Porém são poucas as informações na literatura sobre sua ação em bezerros e este estudo objetiva avaliar a motilidade ruminal antes, durante e após a infusão contínua de propofol associado ou não ao fentanil em bezerros holandeses mantidos sob ventilação espontânea.Oito animais sadios, com idade média de nove meses e pesando em média 130,0kg foram submetidos aos dois tratamentos com no mínimo uma semana de intervalo. No grupo GP, os animais foram induzidos à anestesia com propofol na dose de 5,0mg/kg IV e no grupo GF, os mesmos foram induzidos com propofol na dose de 4,0mg/kg associado ao fentanil 0,001mg/kg IV. Após a indução, em ambos os grupos, os bezerros foram intubados com sondas traqueais de tamanho compatível e posicionados em decúbito lateral direito, respirando espontaneamente ar ambiente. Por meio de sorteio, quatro animais foram colocados nos grupos GP e GF, nesta ordem; ao restante foi atribuída a ordem inversa, de maneira em que todos participassem dos dois tratamentos. A manutenção anestésica foi realizada pela infusão contínua de propofol 0,6mg/kg/min IV, associado ou não ao fentanil 0,001mg/kg/hora. A auscultação ruminal ocorreu no início (IJ) e final do jejum (FJ); imediatamente antes da indução anestésica (MB); 15, 30, 45 e 60 minutos após a indução (M15,M30,M45 e M60, respectivamente) e na recuperação anestésica a cada dez minutos até que a variável retornasse ao valor obtido no IJ (tempo de normalização ruminal). Aos movimentos ruminais foram atribuídos os valores: 0,5(movimento incompleto) e 1,0(movimento completo) ponto. Os resultados foram submetidos ao teste de Wilcoxon.As medianas (mínimo/máximo) do tempo decorrido, em minutos, desde o término da infusão até a 47 normalização ruminal foram de 35 (10/50; GP) e 45 (20/120; GF) e não diferiram significativamente entre si (p>0,05). Não houve variação significativa na motilidade ruminal entre os grupos em nenhum momento e, durante a anestesia, houve supressão total do movimento. A associação dos fármacos não promoveu efeitos supressores nos movimentos ruminais ou tempo de normalização e, dessa forma,seu emprego pode ser realizado, nessa dose, em bezerros. Palavras-chave:bovinos, ruminantes, rúmen, anestesia, opioide. Referências CONSTABLE, P.D.; HOFFSIS G.F; RINGS, D.M. The reticulorumen: Normal and abnormal motor function. Part I. Primary Contraction Cycles. Vl 12:7 p.1009-1014, 1990; MASSONE, F. Anestesiologia Veterinária – Farmacologia e Técnica, 6. ed. Brasil: Guanabara Koogan, 2011. Auxílio Financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) – Processo 2014/03034-6. 48 AVALIAÇÂO HEMOGASOMETRICA DE CÃO SUBMETIDO À CIRURGIA DE CORREÇÃO DE PERSISTENCIA DO DUCTO ARTERIOSO SOB VENTILAÇÃO EM CIRCUITO SEMI-ABERTO – RELATO DE CASO HEMOGASOMETRIC EVALUATION IN A DOG UNDERGOING CORRECTION SURGERY OF PERSISTENT DUCTUS ARTESIOSUS UNDER VENTILATION IN A SEMI OPEN CIRCUIT – CASE REPORT Guilherme Stelczyk Bárbara Claudina Rodrigues da Silveira Tábata Larissa Dalmagro Viviane Canada Barroso Caio José Xavier Abimussi Thomas Alexander Trein Cythia Yumi Oshiro Okamura Flávia de Rezende Eugenio Paulo Sérgio Patto do Santos Valéria Nobre Leal de Souza Oliva RESUMO A persistência do ducto arterioso (PDA) é uma das anormalidades congênitas cardíacas mais comuns em cães e resulta na passagem do fluxo do sangue aórtico pelo ducto arterioso para artéria pulmonar, causando aumento de fluxo sanguíneo pulmonar e retorno venoso para o lado esquerdo do coração. Caso não seja corrigida, a PDA leva à insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão pulmonar (DAS et al., 2012; SEIBERT et al., 2010). Sabe-se que para procedimentos com cavidade torácica aberta o paciente necessita de suporte ventilatório adequado para manter perfusão tecidual ideal. Este relato tem a finalidade de demonstrar as alterações hemogasométricas observadas durante o procedimento anestésico em um canino, poodle de um ano de idade, pesando 2,9 Kg submetido à correção da PDA no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira” da Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – FMVA. O animal foi pré-medicado com acepromazina (0,05 mg/kg) e metadona (0,3 mg/Kg) pela via intramuscular, induzido à anestesia com propofol (3 mg/kg) e midazolan (1 mg/kg) pela via intravenosa, mantido com isofluorano diluído em oxigênio a 100% (1L/min) em circuito anestésico Baraka sob ventilação assistida entre 8-10 mpm. Realizou-se bloqueio infiltrativo intercostal entre T2 e T6 com lidocaína 2% com vasoconstritor (7 mg/kg) e levobupivacaína 0,75% sem vasoconstritor (2 mg/kg). As amostras sanguíneas arteriais foram adquiridas em 4 momentos através da cateterização da artéria femoral: no momento da punção arterial (M1), na abertura do tórax (M2), 30 minutos após abertura do tórax (M3) e, após sutura da cavidade torácica e recrutamento alveolar (M4). As 49 variações de M1 a M4 foram de pH sanguíneo: 7,22-7,32-7,38-7,50, pO2: 514-334-572-538 mmHg, pCO2-: 52-38-15-18 mmHg, bicarbonato de sódio: 21,3-17,8-14,1-14,8 mmol/L. Foi possível detectar que o paciente apresentou quadro de alcalose respiratória com acidose metabólica compensatória demonstrada pela diminuição nos valores de pCO2 e bicarbonato de sódio e aumento progressivo de pH sanguíneo. Essas alterações podem ser justificadas pelo procedimento cirúrgico intratorácico, que leva a uma maior remoção de CO2 do que a sua produção tecidual (TEIXEIRA NETO & CAMPAGNOL, 2010) e pelo fato da ventilação assistida ter sido realizada pelo circuito Baraka, que não permite uma ventilação precisa como à de um ventilador mecânico, apesar de ser o circuito mais indicado para animais de pequeno porte (TORRES, 2010). Assim, frente a utilização de um circuito semi-aberto, deve-se atentar às alterações que esse tipo de ventilação pode causar em casos de procedimentos intratorácicos, corrigindo-as caso necessário. Palavras-chave: hemogasometria, cirurgia torácica, pequenos animais. Referências DAS, S.; YOOL, A.; FRENCH, I. A.; DEL POZO, J. An unusual morphology of patent ductus arteriosus in a dog. Journal of Small Animal Practice. v. 53, p. 353-356, 2012 TEIXEIRA NETO, F. J.; CAMPAGNOL, D. Desequilíbrios hidroeletrolíticos e anestesia. In: FANTONI, D. T.; CORTOPASSI, S. R. G. Anestesia em Cães e Gatos. 2 ed. São Paulo: Roca, 2010. p.157-172 SEIBERT, R. L.; MAISENBACHER, H. W.; PROSEK, R.; ADIN, D. B. A.; ARSENAULT, W. G.; ESTRADA, A; H. Successful closure of left-to-right patent ductus arteriosus in three dogs with concurrent pulmonary hypertension. Journal of Veterinary Cardiology. v.12, p. 67-73, 2010. TORRES, M. L. A.; Equipamentos de anesthesia. In: FANTONI, D. T.; CORTOPASSI, S. R. G. Anestesia em Cães e Gatos. 2 ed. São Paulo: Roca, 2010. p. 102-115 50 LEISHMANIOSE COMO UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL PARA LESÕES FÚNGICAS OU NEOPLÁSICAS EM GATOS – RELATO DE CASO LEISHMANIASIS AS A DIFFERENTIAL DIAGNOSIS FOR INJURY OR FUNGAL NEOPLASTIC IN CATS - CASE REPORT Jaqueline dos Santos Azevedo Gisele Moraes dos Santos Alexandre Arenales Tawane Agda Lopes de Melo Wagner Luis Ferreira Daniela Bernadete Rozza RESUMO Leishmaniose é uma enfermidade zoonótica causada por protozoário do gênero Leishmania, transmitida pela picada do mosquito Lutzomya. O cão é sabidamente o principal reservatório, apontado por difundir a doença entre os humanos. Sabe-se que o gato expressa resposta imune celular predominante, diminuindo a carga parasitária e conferindo maior resistência natural à infecção. Entretanto, o crescente número de gatos infectados por L. infantum chagasi em áreas endêmicas tem demonstrado a necessidade de pesquisa sobre o papel desta espécie animal no ciclo epidemiológico da doença, uma vez que já foi comprovado que gatos com leishmaniose visceral possuem capacidade de infectar flebotomíneos. O presente relado tem como objetivo apontar o diagnóstico de Leishmaniose felina como um diferencial para lesões cutâneas, suspeitas de fungos ou neoplasias. Um felino, fêmea, de 2 anos, sem raça definida, foi examinada no Hospital Veterinário da FMVA - UNESP com queixa de dificuldade respiratória, ruídos respiratórios, hiporexia e apatia. Ao exame físico, observou-se estenose em narina direita, dispneia inspiratória e rarefação pilosa nas pontas das pinas. Exames complementares de hemograma e radiografia torácica demonstraram respectivamente, leucocitose por neutrofilia e padrão alveolar sugestivo de pneumonia, iniciou-se então antibioticoterapia, mucolítico e estimulante de imunidade (interferon). No retorno após 20 dias o felino ainda apresentava dispnéia inspiratória e hiporexia, dessa forma optou-se pela realização da citologia de cavidade nasal e cultura fúngica, devido a suspeita clínica de neoplasia e/ou infecção fúngica respectivamente. No exame citopatológico, observou-se grande quantidade de formas amastigotas de Leishmania sp no citoplasma de macrófagos e uma densa população de linfócitos e macrófagos. A cultura fúngica foi negativa para Sporothrix schenckii e Cryptococcus sp. Com o diagnóstico animal foi submetido a eutanásia humanitária. A necropsia mostrou aumento de volume ocluindo a narina direita, que ao corte 51 evidenciou uma massa rósea de superfície lisa, macia, focalmente extensa de 1,5 x 1 centímetros do início da narina até o seio nasal e linfoadenomegalia generalizada . Microscopicamente os órgãos linfóides (linfonodos e baço) apresentaram hiperplasia linfohistiocitária difusa e acentuada, com grande quantidade de formas amastigotas compatíveis com Leishmania sp. contidas em macrófagos. Portanto, conclui-se que deve ser incluída como diagnóstico diferencial de lesões cutâneas e mucocutâneas, a leishmaniose visceral em felinos, ressaltando que a importância desta espécie na cadeia epidemiológica ainda não foi completamente elucidada. Palavras-chave: Leishmania, gatos, zoonose. Referências BANETH, G.; SOLANO-GALLEGO, L. Leishmaniases. In: GREENE, C. E. Infectious diseases of the dog and cat. 4. Ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2012. cap. 73, p. 735748. MAROLI, M.; PENNISI, M. G.; Di MUCCIO, T.; KHOURY, C.; GRADONI, L.; GRAMICCIA, M. Infection of sandflies by a cat naturally infected with Leishmania infantum. Veterinary Parasitology, v. 145, n. 3-4, p. 357-360, 2007. SOLANO-GALLEGO, L.; RODRÍGUEZ-CORTÉS, A.; INIESTA, L.; QUINTANA, J.; PASTOR, J.; ESPADA, Y.; PORTÚS, M.; ALBEROLA, J. Cross-sectional serosurvey of feline leishmaniasis in ecoregions around the North Western Mediterranean. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 76, n. 4, p. 676-680, 2007. SOLANO-GALLEGO, L.; KOUTINAS, A.; MIRO, G.;CARDOSO, L.; M.G. PENNISI, M.G.; FERRER L.; BOURDEAU P.; OLIVA, G.; BANETH, G. Directions for the diagnosis, clinical staging, treatment and prevention of canine leishmaniasis. Veterinary Parasitology, v. 165 n. 28, p. 1-18, 2009. WHO. World Heath Organization. Magnitude of the problem. Disponível em: http://www.who.int/leishmaniasis/burden/magnitude/burden_magnitude/en/index.html>. Acesso em 20 de maio de 2015. CARDOSO, L.; M.G. PENNISI, M.G.; FERRER L.; BOURDEAU P.; OLIVA, G.; BANETH, G. Directions for the diagnosis, clinical staging, treatment and prevention of canine leishmaniasis. Veterinary Parasitology, v. 165 n. 28, p. 1-18, 2009. 52 WHO. World Heath Organization. Magnitude of the problem. Disponível em: http://www.who.int/leishmaniasis/burden/magnitude/burden_magnitude/en/index.html>. Acesso em 20 de maio de 2015. 53 LINFOMA CUTÂNEO EPITELIOTRÓPICO - RELATO DE CASO LYMPHOMA CUTANEOUS EPITHELIOTROPIC - CASE REPORT Jaqueline dos Santos Azevedo Pamela Suelen Forini Sacco Fabiana Alvares Tawane Agda Lopes de Melo Wagner Luis Ferreira Maria Cecília Rui Luvizotto RESUMO Linfoma é uma neoplasia maligna de células linfoides podendo se originar em qualquer órgão linfoide (linfonodo, baço fígado, medula óssea e timo). O linfoma cutâneo primário é classificado histologicamente em duas formas: epiteliotrópico e não epiteliotrópico, com base na presença ou ausência de linfócitos neoplásicos na epiderme e anexos. A etiologia em cães é considerada multifatorial, porém sugere-se um componente genético evidente, já que a neoplasia é prevalente em certas raças como Boxer, Basset Hound, Rottweiler, Cocker Spaniel, São Bernardo, Golden Retriever, além de exposição a agentes químicos, exposição a campos eletromagnéticos e imunossupressão. Os sinais clínicos do linfoma cutâneo incluem alopecia, descamação, eritema, prurido variável, formações de placas e nódulos, alguns sinais sistêmicos como emagrecimento, anorexia, apatia e letargia, devido a síndrome paraneoplásica. Este relato de caso objetivou discorrer sobre um caso de linfoma cutâneo, , uma das apresentações de maior malignidade dos linfomas na clínica de pequenos animais. Um cão, fêmea, sem raça definida, 11 anos, foi atendida no Hospital Veterinário da FMVA – UNESP, apresentando lesões generalizadas alopécicas arredondadas eritematosas com presença de crostas e evolução de dois meses. Tais lesões apresentavam-se exsudativas. Os demais parâmetros de exame físico encontravam-se normais. A proprietária relatava ainda que novas lesões estavam surgindo. Os exames de cultura fúngica e lâmpada de Wood para dermatofitose e raspado cutâneo para avaliação de ácaros foram negativos. Dessa forma, optou-se pela tentativa de descontaminação da pele com o uso de antibiótico – cefalexina, também foi introduzido o óleo de peixe e terapia tópica com xampu a base de clorexidine e ureia. O animal retornou após 15 dias, sem apresentar melhora significativa, além de surgirem novas lesões. Então, optou-se por outro raspado cutâneo e punção biopsia aspirativa das lesões. O exame citológico foi considerado inconclusivo e o raspado cutâneo negativo. Desta forma optou-se realização de biópsia que resultou no diagnóstico de linfoma epiteliotrópico. 54 Assim, exposto o quadro clínico, protocolo terapêutico e prognóstico, a proprietária optou por eutanásia. Ressalte-se que lesões crônicas, não pruriginosa, com presença de eritema e com formações de placas devem ser consideradas para o diagnóstico diferencial de linfoma cutâneo. Destaca-se também a importância da biopsia como método de escolha para tal. Palavras-chave: dermatopatias, neoplasias cutâneas. Referências GROSS, T. L., IHRKE, P. J., Walder, E. J., Affolter, V. K. Skin diseases of the dor and cat: clinical and histopathologic diagnosis 2 ª Ed Iowa: Blackwell Publishing, chap 37, p.876-882, 2005. LAUREL, E. W.; L. E.; RASSNICK K. M.; POWER, H. T.; LANA, S. E.; MORRISONCOLLISTER, K. E. HANSEN, K. AND JOHNSON, J. L. Ccnu in the treatment of canine epitheliotropic lymphoma. Journal veterinary internal medicine,v. 20, p. 136–143, 2006. NELSON, R.W., COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 1468, 2010. SCOTT, D. W.; MILLER, W. H.; GRIFFIN, C. E. Dermatologia de Pequenos Animais. São Paulo: Interlivros. p. 1130, 1995. 55 CORRELAÇÃO ENTRE O ÓXIDO NÍTRICO E A CARGA PARASITÁRIA ESPLÊNICA NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA. CORRELATION BETWEENNITRIC OXIDEANDTHE PARASITICLOAD IN SPLENICCANINE VISCERAL LEISHMANIASIS. Jessica Thomé de Andrade Stéfani Karin Martiniano de Almeida Cleber Costa de Martini Paulo Sérgio Patto dos Santos Flávia de Rezende Eugênio Valéria Marçal Felix de Lima RESUMO A Leishmaniose Visceral (LV) é uma das mais importantes zoonoses parasitárias em expansão por todo o mundo. O cão é considerado na América Latina o principal reservatório doméstico para a leishmaniose visceral humana causada pela infecção da Leishmaniachagasi. O óxido nítrico (NO) tem função microbicida e é produzido por macrófagos, porém em altas concentrações pode ter atividade imunossupressora.A LV está associada com a imunossupressão que ocorre devido às altas taxas de apoptose das células T. O objetivo do estudo foi avaliar o nível de NO em macrófagos do baço de cães infectados por L. chagasi e correlacionar com a carga parasitária. Foram coletadas amostras de baço de 20 cães naturalmente infectados, com no mínimo três sinais clínicos de leishmaniose visceral, com diagnóstico confirmado por método sorológico e molecular. 10 cães saudáveis foram utilizados como controle. O óxido nítrico foi quantificado com 4,5-diacetato de diaminofluoresceína (DAF-2DA, Sigma) (2µM) por citometria de fluxo. As amostras de baço foram pesadas e o DNA foi extraído utilizando-se kit comercial, DNeasy (Qiagen, USA). A quantificação da carga parasitária foi realizada pelo método de PCR em Tempo Real com amplificação do seguimento intergênico ITS1 do gene de rRNA do parasita, utilizando SYBR (invitrogen). Os dados foram adquiridos utilizando citômetro de fluxo (BD Accuri C5, Becton Dickinson, CA) e a análise foi realizada com auxílio do CellQuest software Pro (BD Biosciences, CA). A significância das diferenças entre as concentrações de NO entre os grupos controle e infectado foram analisados utilizando o testede Mann-Whitney e a associação entre a produção de NO e a carga parasitária foi quantificada pelo cálculo do coeficiente de Spearman.Os resultados foram considerados significantes quando o p-value foi menor que 0,05. A porcentagem de células NO positivas no grupo infectado foi maior (p<0.05). Foi observada correlação positiva r= 0,5218entre a carga parasitária e a produção de 56 NO no baço nos cães infectados por Leishamania spp.Os altos níveis de óxido nítrico no baço de cães infectados sugerem a sua participação no aumento da carga parasitária. Palavras chave: LV, Baço, NO, cães, imunossupressão. Auxílio Financeiro: Este trabalho teve suporte financeiro do Conselho Nacional Científico e Tecnológico (CNPq). 57 CITOCINAS INFLAMATÓRIAS SÃO EXPRESSAS NO ENCÉFALO E NÃO NO PLEXO COROIDE DE CÃES COM LEISHMANIOSE VISCERAL INFLAMMATORY CYTOKINES ARE EXPRESSED IN THE BRAIN AND NOT IN CHOROID PLEXUS OF DOGS WITH VISCERAL LEISHMANIASIS José Eduardo dos Santos Silva Fernanda Grecco Grano Guilherme Dias de Melo Gisele Fabrino Machado RESUMO Cães infectados cronicamente pelo parasita Leishmania infantum podem apresentar sinais clínicos generalizados sistêmicos, como febre, anemia, perda de peso progressiva, hepatoesplenomegalia, linfadenopatia generalizada e lesões cutâneas. Há poucos relatos na literatura de cães apresentando lesões neurológicas; sendo assim, a patogenia da forma cerebral da leishmaniose visceral (LV) ainda requer ser elucidada. Existem algumas evidências de disfunções nas barreiras encefálicas e lesões no sistema nervoso central (SNC), caracterizadas principalmente por meningite e coroidite, mas também pela deposição de antígenos e imunoglobulinas, ativação das células da glia e presença de enzimas metaloproteinases da matriz. O objetivo deste estudo foi avaliar a expressão gênica de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6, TNF-α) no encéfalo e comparar com o plexo coroide em cães infectados naturalmente por L. infantum. Para isso, 12 cães com LV sem alterações neurológicas, diagnosticados por punção biópsia aspirativa de linfonodo (PBA) e ELISA, e quatro não infectados (saudáveis) foram incluídos nesse estudo. Amostras do plexo coroide e um pool do encéfalo foram colhidos em tubos contendo RNAlater. Foi então feita a extração de RNA e transcrição reversa para obtenção de cDNA. Em seguida, a técnica de qPCR foi realizada para avaliar a expressão gênica de IL-1β, IL-6 e TNF-α, por meio de primers específicos e sondas Taqman. O G3PDH foi usado como gene de referência. Verificamos um aumento significativo da expressão gênica de IL-1β, IL-6 e TNF-α no encéfalo de cães infectados, ao contrário do plexo coroide, que não apresentou diferença entre o grupo de cães infectados e controles para nenhuma das citocinas. As alterações encefálicas descritas em cães com LV podem estar relacionadas à síntese dessas citocinas localmente, principalmente de IL1β e TNF-α, que são consideradas importantes mediadores da manutenção e persistência da inflamação no SNC. Por outro lado, o plexo coroide parece não ser um local de síntese dessas 58 citocinas pró-inflamatórias. Portanto, outros mediadores inflamatórios podem estar contribuindo para o desenvolvimento e persistência da coroidite observada previamente. Palavras-chave:inflamação, interleucinas, Leishmania, sistema nervoso central. Referências DE VRIES, H.E.; KUIPER, J.; BOER, A.G.D.; BERKEL, T.J.C.V.; BREIMER, D.D.The blood-brain barrier in neuroinflammatory diseases. Pharmacology Review, v.49, n.2, p.143156, 1997. GARCIA-ALONSO, M.; NIETO, A.G.; BLANCO, A.; REQUENA, J.M.; ALONSO, C.; NAVARRETE, I. Presence of antibodies in the aqueous humour and cerebrospinal fluid during Leishmaniainfections in dogs. Pathological features at the central nervous system. Parasite Immunology, v.18, p.539-546, 1996. MELO, G.D.; MACHADO, G.F. Choroid plexus involvement in dogs with spontaneous visceral leishmaniasis: a histopathological investigation.Brazilian Journal of Veterinary Pathology, v.2, n. 2, p. 69-74, 2009. MELO, G.D.; MARCONDES, M.; VASCONCELOS, R.O.; MACHADO, G.F. Leukocyte entry into the CNS of Leishmaniachagasi naturally infected dogs.Veterinary Parasitology, v.162, n.3-4, p.248-256, 2009. MELO, G.D.; SERAGUCI, T.F.; SCHWEIGERT, A.; SILVA, J.E.S.; GRANO, F.G.; PEIRÓ, J.R.; LIMA, V.M.F.; MACHADO, G.F. Pro-inflammatory cytokines predominate in the brains of dogs with visceral leishmaniasis: A natural model of neuroinflammation during systemic parasitic infection.Veterinary Parasitology, v.192, p.57– 66, 2013. Agradecimentos: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (processo: 2014/01202-9). 59 ANÁLISE SENSORIAL DE CARNE DE FRANGO TRATADA COM DESCONTAMINANTES QUÍMICOS SENSORY EVALUATION OF BROILER MEAT TREATED WITH DECONTAMINANT CHEMICALS Juliana Pampana Nicolau Thiago Luís Magnani Grassi Priscila Dalmagro Lígia Mara Sandeski Iderlipes Luís Carvalho Bossolani Helenice Aparecida Pires Thainá Landin de Barros Ana Carolina Martinez Albuquerque Wellington Tonon da Silva Marcos Franke Pinto Elisa Helena Giglio Ponsano RESUMO O Brasil é o terceiro maior produtor e o primeiro exportador de carne de frango no mercado mundial (U.S.A., 2015a). Uma das grandes preocupações, no entanto, é produzir e fornecer carne com boa qualidade microbiológica, o que leva países produtores e exportadores a buscar novas formas de alcançar este propósito. Uma delas é o uso de descontaminantes químicos, como o ácido láctico e o ozônio, aprovados nos Estados Unidos (U.S.A., 2015b) e o hipoclorito de sódio, aprovado no Brasil (BRASIL, 1998). O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do uso desses descontaminantes, nas máximas concentrações permitidas pelas legislações nacional (BRASIL, 1998) e internacional (U.S.A., 2015b), sobre o sabor da carne de frango. Durante o abate, as carcaças dos frangos foram submetidas aos seguintes tratamentos: 1) 5 ppm de hipoclorito de sódio, zero ozônio e zero ácido láctico; 2) 5 ppm de hipoclorito, zero ozônio e 5% de ácido láctico; 3) 5 ppm de hipoclorito, 1,2 ppm de ozônio e zero ácido láctico; 4) 5 ppm de hipoclorito, 1,2 ppm de ozônio e 5% de ácido láctico; 5) zero hipoclorito, zero ozônio e zero ácido láctico; 6) zero hipoclorito, zero ozônio e 5% de ácido láctico; 7) zero hipoclorito, 1,2 ppm de ozônio e zero ácido láctico; 8) zero hipoclorito, 1,2 ppm de ozônio e 5% de ácido láctico. Cada tratamento teve três repetições, sendo cada carcaça uma repetição, e as carcaças foram divididas ao meio (metade refrigerada a 5°C por 10 dias e metade congelada a -20°C por 60 dias). Foram realizadas três análises sensoriais, com quatro amostras de peito de frango assado, cada uma proveniente de um tratamento: a) tratamentos 1 a 4, refrigeradas por 10 dias; b) tratamentos 1 a 4, congeladas por 60 dias; c) tratamentos 5 a 8, congeladas por 60 dias. As análises foram realizadas com a participação de 60 36 provadores não treinados que indicaram sua preferência por uma das quatro amostras degustadas, seguida da preferência pelas outras amostras, em ordem decrescente, em relação ao atributo sabor, utilizando o método de ranking (IFT, 1981). Os resultados foram analisados pelo Teste de Friedman, apresentando os seguintes valores de p: 0,6232, 0,2644 e 0,3820, respectivamente, para as análises a, b e c, demonstrando que os provadores não mostraram preferência por uma amostra específica. Dessa forma, concluímos que os tratamentos não influenciaram o sabor da carne de frango ao ponto de causar rejeição ou predileção pelos provadores. Palavras-chave: ácido láctico, ozônio, hipoclorito de sódio, preferência. Referências BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 210 de 10 de novembro de 1998. Regulamento técnico da inspeção tecnológica e higiênico-sanitária de carne de aves. Brasília, 40 f, 1998. IFT. Institute of Food Technologists. Sensory evaluation guide for testing food and beverages products. Food Technology, 35(11):50-59, 1981. U.S.A. United States Department of Agriculture – USDA. Livestock and Poultry: World Markets and Trade. April 2015. 2015a. Disponível em: < http://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/livestock_poultry.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2015. U.S.A. United States Department of Agriculture – USDA. Food Safety and Inspection Service – FSIS. FSIS Directive 7120.1 Revision 26. Safe and suitable ingredients used in the production of meat, poultry, and egg products. Washington, DC, p. 1-72, 2015b. 61 EXPRESSÃO DE PD-1 EMCÉLULAS T CD3+NA LEISMANIOSE VISCERAL CANINA EXPRESSION OF PD-1 ON CD3+ T CELLSIN CANINE VISCERAL LEISHMANIASIS Kathlenn Liezbeth Oliveira Silva Breno Fernandes De Almeida Vanessa Marin Chiku Aline Aparecida Correa Leal Gabriela LovizuttoVenturin Profa. AdjuntoFlávia de Rezende Eugênio Prof. Ass. Doutor Paulo Sérgio Patto dos Santos Profa. Adjunto Valéria Marçal Felix De Lima RESUMO As leishmanioses ocorrem em 88 países, dos quais 65 apresentam a forma visceral. A maioria dos casos de leishmaniose visceral (LV) em humanos ocorrem em áreas rurais ou suburbanas de cinco países, incluindo o Brasil, sendo a mais severa, podendo ainda ser fatal. Os cães são considerados os principais reservatórios domésticos de L. (L.) chagasi, por possuírem alta taxa de parasitas na pele, o que facilita a contaminação dos vetores.A imunossupressão é o aspecto mais importante na patogênese e progressão da doença canina. A imunidade protetoratem sido associada a uma resposta imunológica celular, manifestada por uma resposta linfoproliferativa positiva aos antígenos daLeishmania spp., e a produção de citocinas para ativação de macrófagos parasitados com Leishmania spp.Recentemente foi descrita uma nova molécula co-estimulatória comfunção negativa, a molécula PD1(programmed cell death 1), tambémchamadaCD279 ou B7-H1, sua função é adesativação das células T ou a indução de apoptose.A expressão dessa molécula em células T (CD3) na leishmaniose visceral canina ainda não foi estudada e pode estar envolvida na supressão imunológica dos cães infectados. A expressão de PD-1 foi avaliada em mononucleares de amostras de sangue periférico de 18 cães naturalmente infectados, com no mínimo três sinais clínicos de leishmaniose visceral canina, com diagnóstico da doença confirmado por método sorológico e molecular, e 6 cães saudáveis. As células mononucleares do sangue periférico foram isoladas, e duplamente coradas com CD3 anti-canino conjugado ao isotiocianato de fluoresceína -FITC (AbD Serotec) e CD279 (PD-1) anti-humano conjugado ao isotiocianato a ficoeritrina (BD Pharmingen™) e seus respectivos isotipos controles conjugados a fluorocromos. Aaquisisão dos dados foi realizadaem citômetro de fluxo(BDAccuri™C5) e 62 aanáliserealizada utilizando o CellQuestsoftware Pro (BD Biosciences, CA). Nos cães naturalmente infectados com Leishmania chagasifoi observado um aumento da expressão de moléculas PD-1+, nos linfócitos T CD3+ (p<0.05, teste) comparado ao linfócitos dos cães saudáveis. O aumento da expressão de PD-1 em linfócitos T CD3+ dos cães infectados sugerem o envolvimento dessa molécula no mecanismo de imunossupressãoda célula T CD3+ envolvido na patogenia dessa zoonose. Palavras-chave: PD-1, Leishmaniose visceral canina, Linfócitos Referência Diaz S, Da Fonseca IP, Rodrigues A, Martins C, Cartaxeiro C, Silva MJ, De Brito TV, Alexandre-Pires G, Santos-Gomes GM. Canine leishmaniosis. Modulation of macrophage/lymphocyte interactions by L. Infantum. Veterinary Parasitology, v. 26, p. 137144, 2012. Auxílio Financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (processo: 2013/06684-9 e 2013/04209-1). 63 CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM GATA SPHYNX – RELATO DE CASO SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN SPHYNX CAT - CASE REPORT LaiseMichiYamashiro Carla Rodrigues Paes Alessandra Muniz Dos Santos Fernando Peretti Guimarães Pâmela BongiovanniCatandi Tábata Larissa Dalmagro Aline Cardoso Pereira Giovanna GiuffridaRodrigues Carlos Henrique Berlatto Cancelli Alexandre Lima De Andrade RESUMO O carcinoma de células escamosas (CCE) representa uma neoplasia cutânea maligna, de crescimento lento e infiltrativo, não obrigatoriamente dando origem a metástases. Animais de pele/pelos despigmentados possuem maior predisposição quando expostos por longos períodos a radiação solar. As lesões possuem aspectos proliferativos ou ulcerados,acometendo principalmente o plano nasal, orelhas e pálpebras. A avaliação histopatológica da neoformaçãoé fundamental na determinação do diagnóstico definitivo. Adota-se como tratamento remoção cirúrgica, crioterapia, quimioterapia, radioterapia ou terapia fotodinâmica. Este trabalho relata metástase do CCE em tecido ósseo em felino da raça Sphynx, fêmea, 10 anos, atendido pelo setor de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”. O animal apresentava nódulos ulcerados e difusos na pele há um ano nas regiões: dorsal, abdominal, membros torácicos e pélvico direito. Ao exame citológico diagnosticou-se CCE, sendo o tratamento primário excisão cirúrgica das neoformações de maiores dimensões. As lesões de menor diâmetro foram tratadas com quimioterapia tópica com 5-fluorouracil a cada 12 horas até resolução. A ferida cirúrgica do membro torácico direito (MTD), localizada na região metacarpiana foi removida cirurgicamente e cicatrizou por segunda intenção, devido sua extensão, impossibilitando a realização de anaplastia. A lesão cicatrizou-se em três semanas e após sete dias do recobrimento cutâneo, o felino exibiu impotência funcional e aumento de volume do MTD. Foi observado à inspeção e palpação uma nova neoformação de consistência firme, edema e aumento de sensibilidade. Ao exame radiográfico observou-se áreas de lise óssea em diáfise de rádio e ulna direita, sugerindo destruição óssea. O exame citológico revelou metástase 64 óssea do CCE, a amputação alta do membro foi adotada como terapia. Duas semanas após a amputação do MTD não havia indícios de outras metástases. As feridas cutâneas tratadas através da quimioterapia tópica involuíram no prazo de 4 semanas, sem sinais de recidiva local aparente. O paciente permanece em monitoramento. Em casos de lesões profundas e invasivas de CCS, a ressecção tumoral é recomendada, desde que se obedeça os princípios da cirurgia oncológica. O exame físico geral e estadiamento clínico dos pacientes devem ser realizados regularmente para avaliar a ocorrência precoce de metástases. No entanto, devido à raridade de metástases intramusculares e ósseas o tratamento multimodal favorece o prognóstico. Gatos domésticos despigmentados ou desprovidos de pêlo, como os da raça Sphynx, devem receber protetoresolare continuamente, com finalidade de promover proteção contra incidência de raios UVA/UVB, principalmente em regiões de elevada incidência de luz solar. Palavras-chave: Carcinoma de Célula Escamosa, metástase, gato. Referências GOLDSCHIMIDT, M. H; HENDRICK, M. J. Tumors of the skin and soft tissues. In: MEUTEN, D.J. Tumors in Domestic Animals. 4.ed. Iowa: Iowa State Press, 2002. cap. 2, p. 45-117. NORSWORTHY, G. D. O paciente felino – Tópicos essenciais de diagnóstico e tratamento. 2ª ed. Editora Manole. p.533-36, 2004. TILLEY, L. P.; SMITH Jr, F. W. K. Consulta Veterinária em 5 minutos: Espécies Canina e Felina. 2ª ed. Editora Manole. p.1215, 2003. SCOTT, D. W.; MILLER Jr, W. H.; GRIFFIN, C. E. MULLER & KIRK: Dermatologia de Pequenos Animais. 5ª ed. Rio de Janeiro: Interlivros. p.935-37, 1996. YANG, Yu-Li et al. Intramuscular metastasis of cutaneous squamous cell carcinoma: a case report. The Kaohsiung journal of medical sciences, v. 19, n. 4, p. 188-191, 2003. 65 AÇÃO DA ALBUMINA COMO MARCADOR ENDÓGENO DE ESTRESSE OXIDATIVO EM INFECÇÃO EXPERIMENTAL DE OVINOS COM HAEMONCHUS CONTORTUS ALBUMIN ACTION AS ENDOGENOUS MARKER OF OXIDATIVE STRESS IN EXPERIMENTAL INFECTION OF SHEEP WITH HAEMONCHUS CONTORTUS Lillian Baptistiolli Luis Gustavo Narciso Renata Nogueira Figueiredo Breno Fernando Martins de Almeida Anelise Maria Bosco Rafaela Beatriz Pintor Torecilha Priscila Preve Pereira Jucilene Conceição de Souza Carlos Noriyuki Kaneto Paulo César Ciarlini RESUMO Na infecção experimental (IE) por Haemonchuscontortuspode-se observar queda de antioxidantes, porém a relação entre antioxidantes endógenos (albumina), a capacidade de antioxidante total (TAC), a concentração de oxidante total (TOC) e a contagem de ovos por grama de fezes (OPG) até o momento não foi estudada. Foi investigada a hipótese de que após a IE ocorre estresse oxidativo (EO)devidoàredução de albumina e TAC e elevação de TOC. Também, foi verificadose a albumina correlaciona-se com estes parâmetrosde EO e com oOPG.Cordeiros(n=37) inoculadospor via oral com 5000 larvas infectantes de H.contortus,tiveram as variáveis comparados antes e após a infecção. Foi quantificado albumina (mg/dL), TAC (mmol/L)e o TOC (µmol/L) plasmático; para análise estatística aplicou-se o teste de Friedman eo coeficiente de Pearson ou Sperman. No 28ºdia, ocorreu aumento de OPG (3,65±0,59; p<0,0001), TAC(0,57±0,16;p<0,0001) e TOC (38,21±6,27;p<0,0001). Com 34 dias a albumina (29,22±3,26;p<0,0001) e TAC (0,31±0,05;p<0,0001) diminuíram.Já, OPG (2,96±0,56;p<0,0001) diminui e TAC aumentou(0,56±0,17; p<0,0001) com 42 dias. Antes da infecção, TOC e albumina apresentaram correlação positiva (r=0,5243;p=0,0009) e negativa (28 dias) entre albumina e OPG (r=-0,3884;p=0,0175). Enquanto que a correlação entre albumina e TAC foinegativa com 34 dias(r=-0,2953;p=0,0760) e positiva com42 (r=0,4450;p=0,0058). A IEpode causar EOpelo consumo de antioxidante compensado os elevados valores de TOC e OPG. Aalbumina correlaciona-se com outros marcadores de EO e com o OPG, contribuindo para o desenvolvimento de EO. 66 Palavras-chave: cordeiros, estresse oxidativo, infecção, nematóides, parasitoses gastrintestinais. Agradecimentos: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela bolsa auxílio e Laine Margareth Gabas pelo auxílio na pesquisa. 67 AUMENTO DA PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA E DIMINUIÇÃO DO COLESTEROL E TRIGLICERÍDEOS NO PLASMA DE OVINOS INFECTADOS NATURALMENTE POR NEMATOIDES GASTRINTESTINAIS LIPID PEROXIDATION INCREASE AND DECREASE OF PLASMA CHOLESTEROL AND TRIGLYCERIDES IN NATURALLY INFECTED SHEEP WITH GASTROINTESTINAL NEMATODE Luciana de Moraes Lillian Baptistiolli Luis Gustavo Narciso Rafaela Beatriz Pintor Torrecilha Breno Fernando Martins de Almeida Anelise Maria Bosco Priscila Preve Pereira Jucilene Conceição de Souza Carlos Noriyuki Kaneto Paulo César Ciarlini RESUMO A destruição da superfície lipídica plasmática na infecção natural (IN) por nematóides gastrintestinais pode estar relacionada com a carga parasitária (CP) e com o aumento da concentração de substâncias que integram a composição lipídica da membrana, como a concentração de colesterol e triglicerídeos. Pouco se sabe sobre a relação entre estas substâncias e como agem durante processos infecciosos, e até o momento a relação entre o colesterol, triglicerídeos, peroxidação lipídica (PL) e a CP não foi profundamente estudada. No presente estudo foi investigada a hipótese de que durante a IN por nematóides gastrintestinais ocorre a PL concomitante ao aumento de colesterol e triglicerídeos e que estes se correlacionem entre si. Para tal, 37 ovinos, com aproximadamente quatro meses de idade, infectados naturalmente com parasitas gastrintestinais foram comparados antes e após a administração de Monepantel. No plasma, a PL foi avaliada quantificando-se as substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), o colesterol pelo método enzimático oxidase/peroxidase e triglicerídeos segundo o método do glicerol fosfato oxidase/peroxidase e a CP estimada pela contagem de ovos por grama de fezes (OPG). Aplicou-se o teste de Wilcoxon para comparações antes e depois da desverminação quanto aos níveis de TBARS e triglicerídeos e o teste t pareado para colesterol. Utilizou-se o para as correlações entre OPG, TBARS, colesterol e triglicerídeos o coeficiente de Pearson e de Sperman. Animais infectados apresentam maior peroxidação lipídica TBARS µmol/L (41,45 ± 29,13 vs. 21,20 ± 10,64; p= 0,0003) e menores níveis de colesterol mg/dL (52,08 ± 19,52 vs. 58,84 ± 14,67; p< 0,0001) e triglicerídeos mmol/L (18,41 ± 6,29 vs. 24,05 ± 68 10,75; p=0,0083) do que quando desverminados. As correlações foram negativas, antes da desverminação, para TBARS e OPG (r= -0,1729; p<0,0001) e após, para TBARS e colesterol (r= -0,04743; p<0,0001). Já, correlações positivas foram observadas na IN entre TBARS e triglicerídeos (r=0,2200; p<0,0001), e entre triglicerídeos e colesterol antes (r= 0,3259; p<0,0001) e após a desverminação (r= 0,1225; p<0,0001). Conclui-se que na IN há PL concomitante a queda de colesterol e triglicerídeos enquanto que estes parâmetros correlacionam-se entre si. Esta é uma das primeiras evidências que avalia colesterol e triglicerídeos como possíveis marcadores de oxidação da superfície da membrana celular. Por se tratar de um método barato, simples e rápido, são necessários mais estudos para melhor compreensão deste mecanismo durante processos infecciosos e como estas variáveis podem se tornar eficientes marcadores da oxidação. Palavras-chave: cordeiro, lipídeos, lipoproteínas, oxidação, parasitoses gastrintestinais. Agradecimentos: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES pela bolsa auxílio e Laine Margareth Gabas pelo auxílio na pesquisa. 69 TETRALOGIA DE FALLOT – RELATO DE CASO TETRALOGY OF FALLOT – CASE REPORT Marcel Gambin Marques Fernando Azadinho Rosa Ana Elisa Gregui Watanabe Wagner Luis Ferreira RESUMO A combinação de estenose pulmonar, hipertrofia do ventrículo direito, dextraposição da aorta e defeito do septo interventricular, formam a cardiopatia congênita denominada Tetralogia de Fallot (TF). Diversas raças de cães são predispostas, destacando-se o Keeshonds e os Bulldogs. Todavia, outras já foram descritas com esta enfermidade. Este relato objetivou descrever um caso de TF dando suma importância nas alterações clínicas e ecocardiográficas encontradas. Um canino macho, 2 anos, Labrador, foi atendido no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira” com queixa de apatia, hiporexia, perda de peso e cansaço fácil desde o nascimento. As principais alterações de exame físico foram: score corporal magro, taquicardia (160 bpm), mucosas cianóticas, discreta dispneia e sopro ejetivo (grau V/VI) em foco pulmonar. Devido ao histórico, aspectos clínicos e achados de exame físico, suspeitou-se de uma cardiopatia congênita. O exame eletrocardiográfico (ECG) mostrou ritmo juncional com bloqueio de ramo de direito, indicando possível distúrbio de condução ventricular. Ao ecocardiograma observou-se estenose pulmonar severa (GP 110 mmHg), intensa hipertrofia do ventrículo direito, dextraposicionamento aórtico e comunicação interventricular significativa com desvio de sangue do ventrículo direito diretamente para a aorta. Ainda, no hemograma havia policitemia (volume globular 67%), além de trombocitopenia, sendo consequência da hipóxia ocasionada pela mistura de sangue arterial e venoso. A estenose pulmonar severa culmina no aumento da pressão ventricular direita, acarretando em desvio do fluxo sanguíneo da direta para esquerda, através do defeito septal ventricular. Nestes casos, haverá mistura da sangue venoso e arterial, levando ao sinal clínico característico de cianose generalizada. Devido a hipóxia, mecanismos compensatórios serão ativados levando a policitemia severa e sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva. Na maioria das vezes as alterações hemodinâmicas são drásticas e acabam levando o animal à óbito, independentemente do tratamento clínico estabelecido. É importante ressaltar que nem todos os animais com TF são sintomáticos ou possuem implicações clínicas, isso será diretamente proporcional ao grau de estenose pulmonar e consequente desvio de sangue. O diagnóstico 70 definitivo é fundamentado nos quatro achados ecocardiográficos que compõem a TF. Assim, o histórico, exame físico e exames complementares são característicos da cardiopatia congênita denominada TF, considera de baixa ocorrência na rotina clínica. Devido a impossibilidade da correção cirúrgica, o tratamento objetivou o controle da policitemia e a administração de um β bloqueador (Atenolol). Palavras-chave: cardiopatias congênitas, cianose, policitemia. Referências BOON, JUNE A. Stenotic Lesions. In: BOON, JUNE A. Veterinary Echocardiography. Oxford, UK, 2011, p. 477. 71 ISOLAMENTO AMBIENTAL E CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DE Cryptococcus EM AMBIENTE URBANO NO MUNICÍPIO DE BAURU-SP/BRASIL ENVIRONMENTAL ISOLATION AND BIOCHEMICAL CHARACTERIZATION OF Cryptococcus IN THE URBAN ENVIRONMENT IN THE CITY OF BauruSP/BRAZIL Mariana Malavazi Destro Cilene Vidovix Táparo Cyndi Yuri Uchida Haruê Carolina Freire Tamura Reinaldo Augusto Ferreira Victor Márcia Marinho RESUMO A criptococose é uma infecção fúngica sistêmica causada por leveduras do gênero Cryptococcus, e está associada com a imunocompetência do hospedeiro. A exposição de propágulos dispersos no ambiente, relacionados com vários substratos orgânicos, principalmente decomposição madeira, inicia o processo de infecção. De mortalidade e morbidade significativa, a criptococose manifesta-se principalmente como meningoencefalite devido à predileção do agente pela dopamina do sistema nervoso central. As espécies de importância clínica são Cryptococcus neoformans e Cryptococcus gatti, que se diferem em aspectos bioquímicos, biológicos, ecológicos, antigênicos e genéticos. C. neoformans é cosmopolita, afetando principalmente indivíduos imunocomprometidos, especialmente pacientes com AIDS. Por outro lado, C. gattii causa predominantemente uma infecção primária em indivíduos imunocompetentes, sendo encontrado em regiões com climas tropicais, subtropicais e em regiões temperadas da América do Norte. O presente trabalho teve por objetivo verificar a existência de Cryptococcus spp. a partir de amostras ambientais no município de Bauru, São Paulo, com a finalidade de depreender a ecoepidemiologia do microrganismo. Foram coletadas cinquenta amostras ambientais, oriundas de ocos e troncos de árvores de diferentes espécies de dez locais representativos do perímetro urbano, e encaminhadas ao Laboratório de Bacteriologia e Micologia da Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba-Unesp, onde foram processadas e semeadas em placas de Petri contendo ágar semente de Níger (NSA) e Sabouraud dextrose com clorafenicol e incubadas a temperatura de 30°C por um período não inferior a 5 dias. As colônias com características macro e micromorfológicas compatíveis com Cryptococcus foram repicadas em NSA, cultivadas em tempo e temperatura supracitadas e submetidas às provas de produção de urease, termotolerância a 37ºC e quimiotipagem em ágar CGB (L-Canavanina, Glinica e Azul 72 de Bromotimol). Os resultados revelaram que 12/50 (24%) das amostras foram positivas para o gênero Cryptococcus, sendo que 6/50 (12%) para C. neoformans e 6/50 (12%) foram de C. gattii. Outras leveduras como Rhodotorula sp. e Candida sp. e fungos filamentosos como Fusarium sp. também foram isolados. Foram encontradas as duas espécies causadoras de criptococose em ambiente urbano no município de Bauru, concluindo que Cryptococcus é encontrado disperso na natureza constituindo microfocos ambientais, não estando vinculado necessariamente a um único hospedeiro. Palavras-chave: Cryptococcus spp, Cryptococcus neoformans, Cryptococcus gattii. 73 USO DO EQUILÍBRIO ELETROLÍTICO E DO CONDICIONAMENTO TÉRMICO PRECOCE PARA MINIMIZAR OS EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO CRÔNICO EM FRANGOS DE CORTE USE OF ELECTROLYTIC BALANCE AND EARLY THERMAL CONDITIONING TO MINIMIZE THE EFFECTS OF CHRONIC HEAT STRESS IN BROILER CHICKENS Mayara Maia Rodrigues Lidiane Fancelli Livero Danilo Gualberto de Sandre Manoel Garcia Neto Sílvia Helena Venturoli Perri RESUMO O calor é um limitante à produção de frangos de corte, podendo induzir a uma elevada mortalidade. O equilíbrio eletrolítico e o condicionamento térmico precoce são técnicas que visam aliviar os efeitos negativos do estresse térmico nas aves. Assim, avaliaram-se as possíveis interações e os efeitos do equilíbrio eletrolítico e do condicionamento térmico precoce sobre o consumo de ração (kg), peso vivo (kg), conversão alimentar (kg), mortalidade (%), análise econômica (Mcal/kg), umidade de fezes (%), peso de carcaça (kg), gordura cavitária (g) e coloração de peito (L*a*b*) em frangos de cortes em condições de estresse térmico crônico. O balanço eletrolítico (BE = K+Na-Cl) foi ajustado em 300 mEq/kg e a relação eletrolítica (RE = [(K+Cl)/Na]) em 3:1 pelo programa PPFR não linear. Utilizaram 640 pintos machos de um dia de idade, distribuídos em arranjo fatorial 2x2 (com e sem CTP e com e sem o EE), com 8 repetições por tratamento. O condicionamento térmico foi realizado no quinto dia de idade, por 24 horas a 36 °C, apenas na metade do lote (320 aves). O estresse térmico crônico (6 horas a 32°C) foi aplicado em todas as aves do 35º ao 39º dias de idade. Os resultados indicaram que: a) não houve interação entre as duas técnicas; b) dietas com EE resultaram em encarecimento da ração, além de aumentarem a umidade das fezes, porém observou-se menor mortalidade; c) o CTP resultou em coloração pálida nas amostras de peito. Desta forma, conclui-se que tanto o EE como o CTP não são eficazes para minimizar os efeitos negativos do estresse térmico crônico em frangos de corte. Palavras-chave: balanço eletrolítico, formulação não linear, índice de conversão bioeconômica, relação eletrolítica, tolerância térmica. Auxílio Financeiro: FAPESP 2013/09537-7 74 PERFIL ETIOLÓGICO DA MASTITE BOVINA E A CONSCIENTIZAÇÃO DOS PRODUTORES DE LEITE DOS ASSENTAMENTOS RURAIS SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS DE ORDENHA ETIOLOGICAL PROFILE OF BOVIINE MASTITIS AND AWARENESS OF DAIRY FARMERS IN THE RURAL SETTLEMENTS OF THE IMPORTANCE GOOD PRATICE IN MILKING Miriam Yumi Makatu Jefferson Filgueira Alcino Cilene Vidovix Táparo Marcia Marinho RESUMO A bovinocultura leiteira está presente em várias propriedades dos assentamentos rurais, sendo geralmente a principal fonte de renda desses pequenos produtores rurais. Um dos principais entraves para a cadeia produtiva do leite é a alta prevalência de animais acometidos com mastite, pois ocasionam severos prejuízos econômicos com a redução da produção de leite e a alteração na composição do leite, além disso, causam sérios problemas ao bem-estar do animal. O objetivo desse trabalho foi orientar os produtores dos assentamentos rurais sobre a importância a adoção das boas práticas de ordenha para o controle da mastite e identificar os principais agentes etiológicos da mastite nas propriedades avaliadas. Inicialmente foram entregue folder explicativo sobre o trabalho a ser realizado, e os proprietários que demostraram interesse em aderir ao projeto foram orientados e informados de como efetuar as práticas boas de ordenha. Foram avaliadas 20 vacas de quatro propriedades, totalizando 79 quartos mamários, pois um dos tetos era afuncional. Apesar da ordenha do leite ser realizado em condições precárias de higiene, com pouca tecnologia e deficiência no controle da mastite, não foram observados casos de mastite clínica.Nos resultados do CMT observou-se que na propriedade P3 houve maior frequência de quartos com reação positiva 60% (12/20), com o predomínio do escore ++, e na P4 a menor frequência de resultado positivo, com 25% (4/16) dos quartos sendo verificada apenas reação levemente positiva (+).Os maiores valores de células somáticas foram observados na propriedade P3, que apresentou uma mediana de 1.243.000 células somáticas/mL e na propriedade P4 foi observada a menor mediana de 100.500 células somáticas/mL, no entanto, não foi verificada diferença significativa da CCS entre vacas das propriedades avaliadas (p=0,3216). Quanto ao exame microbiológico,nas propriedades P1, P2 e P3 houve maior prevalência dos patógenos contagiosos, sendo frequentemente isoladosStaphylococcussp. eCorynebacteriumspp., com diferente percentual de isolamentos entre as propriedades. E na propriedade P4, das culturas positivas ao exame 75 microbiológico houve o predomínio de 50% (4/8) Bacillusspp. Conclui-se que as boas práticas sugeridas são de fácil introdução na rotina de ordenha e podem diminuir os casos de animais com mastite assintomática, reduzir a CCS e consequentemente melhorar a qualidade do leite produzido. Palavras-chave: inflamação intramamária, mastite contagiosa, mastite ambiental, exame microbiológico. 76 ASTROCITOMA EM CÃO - RELATO DE CASO ASTROCYTOMA IN DOG - CASE REPORT Natiélle Rodrigues Wajima Jéssica Kiill Lemes Rossi Gisele Moraes do Santos Jaqueline dos Santos Azevedo Tawane Agda Lopes de Melo Fernando Vissani Fernandes Maria Cecília Rui Luvizotto Wagner Luís Ferreira RESUMO Os astrocitomas são neoplasias infiltrativas primárias do sistema nervoso central relatadas mais comumente em cães. Geralmente, acometem os hemisférios cerebrais predominantemente na região temporal piriforme e diencéfalo. Gliomas são os tipos mais comuns de tumor de origem neuroendodermal, tanto em humanos como em cães. O termo glioma inclui: ependioma, oligodendroglioma, glioblastoma, astrocitoma e mistos. O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de astrocitoma diagnosticado em um cão macho de 15 anos, da raça pinscher no Hospital Veterinário da FMVA - UNESP. O animal não era vacinado, vermifugado e não tinha histórico de neoplasias anteriores, porém apresentava ceratoconjuntivite (KCS) seca diagnosticada no ano de 2010. A proprietária relatou que há alguns meses o animal começou a perder peso, e há um mês apresentou ataxia leve e quedas repentinas. Na madrugada do dia 18 de abril de 2015 desenvolveu episódio de convulsão generalizada tônico clônica. Ao exame físico, o paciente apresentou ataxia, desorientação, mioclonia em região cervical, secreção nasal mucopurulenta e olhos opacificados. Os exames complementares mostraram leucocitose por neutrofilia, monocitose e uréia de 17,88 mmol/dl. O paciente evoluiu para um quadro comatoso, com pupilas em miose irresponsivas. Foi realizada eutanásia humanitária e o exame necroscópico revelou congestão vascular encéfalica, áreas multifocais de calcificação na meninge e ao corte, neoformação irregular, avermelhada localizada na região de hipocampo do hemisfério cerebral esquerdo. Ao exame histopatológico, foi identificado neoformação constituída por astrócitos com padrões distintos, perda da relação núcleo/citoplasma, prolongamentos fibrilares acidófilos com formação de pseudopaliçadas, raras figuras de mitose, áreas de necrose, mesmo na presença de proliferação vascular acentuada. Os sinais clínicos associados aos achados macro e microscópicos são sugestivos de neoplasia encefálica cujo padrão microscópico coincide ao descrito para astrocitoma. 77 Palavras-chave: astrocitoma, cão, glioma. Referências JUBB, K. V. F., et al. Pathology of domestic animals, 5ª ed. London: Academic Press. p. 281457, 2007. MAXIE MG. EDS. JUBB, KENNEDY, AND PALMER’S- Pathology of Domestic Animals. 5.ed. Philadelphia: Elsevier Saunders, 2007, 1, 281-457. S. SISO´, V. LORENZO, I. FERRER. et al. An Anaplastic Astrocytoma (Optic ChiasmaticHypothalamic Glioma) in a Dog. Veterinary Pathology, v.40, p. 567- 569, 2003. McKEEVER PE., BOYER PJ. The brain, spinal cord, and meninges. MILLS SE. Eds. STEENBERG’S Diagnostic Surgical Pathology. 4.ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2004, 1, 399-503. 78 CARCINOMA BRONCOALVEOLAR PRIMÁRIO EM FELINO - RELATO DE CASO BRONCHOALVEOLAR CARCINOMA PRIMARY IN FELINE - CASE REPORT Pamela Suelen Forini Sacco Jaqueline dos Santos Azevedo Fabiana Álvares Wagner Luis Ferreira Thiago Luis Santos Gonçalves Gisele Fabrino Machado Maria Cecília Rui Luvizotto Beatriz Piva Vicentini Luciana Del Rio Pinoti Ciarlini RESUMO Grande parte dos tumores pulmonares primários é maligna, sendo o adenocarcinoma, o carcinoma broncoalveolar e o carcinoma de células escamosas predominantes. A maioria dos sinais clínicos reflete o envolvimento do trato respiratório, já que a infiltração no pulmão pode interferir na oxigenação, levando ao aumento do esforço respiratório e intolerância ao exercício. Manifestações inespecíficas incluem perda de peso, anorexia, depressão e febre. O diagnóstico é realizado através de citologia ou histopatologia. As radiografias torácicas podem sugerir o diagnóstico de neoplasia. Em felinos, os tumores pulmonares primários frequentemente têm uma distribuição difusa e o padrão radiográfico pode ser sugestivo de bronquite, edema ou pneumonia. Doenças não neoplásicas, incluindo infecção fúngica, parasitas pulmonares e infecções bacterianas, produzem anormalidades radiográficas similares. Caso as lesões não possam ser removidas cirurgicamente, pode-se optar pela quimioterapia, porém não há protocolo eficaz para estes tumores. O prognóstico depende da característica histológica do tumor, envolvimento do linfonodo regional e presença de manifestações clínicas. Este relato de caso objetivou descrever um carcinoma pulmonar primário, sendo estes tipos de tumores menos frequentes em felinos do que os metastáticos. Foi atendido no Hospital Veterinário da FMVA - UNESP, um felino, fêmea, sem raça definida, 5 anos de idade, com queixa de dispnéia, cansaço fácil, anorexia e emagrecimento há 7 dias. O animal havia sido levado em um médico veterinário, que diagnosticou pneumonia através de exame radiográfico. O animal estava em tratamento com ceftriaxona há 6 dias, porém sem resposta à terapia. No exame físico foi constatada crepitação à auscultação pulmonar. Os demais parâmetros estavam normais. Foi solicitado hemograma, que evidenciou linfopenia e radiografia torácica, sendo esta sugestiva de pneumonia fúngica ou neoplasia 79 pulmonar, devido ao padrão nodular miliar. Foi realizada oxigenioterapia e foi instituído tratamento com itraconazol. Após 5 dias a proprietária retornou com o animal e relatou que o mesmo apresentou piora do quadro clínico optando, assim, pela eutanásia. Ao exame necroscópico foi observado a presença de nodulações difusas em pulmões, linfonodos, baço e rins, sendo realizada citologia e histopatologia concluindo o diagnóstico de carcinoma broncoalveolar primário. Observou-se que a distribuição da neoplasia impossibilitaria o procedimento cirúrgico. Além disso, levando em consideração a malignidade do tumor, grau de acometimento radiográfico, quadro clínico e prognóstico desfavorável associado à baixa resposta à quimioterapia, conclui-se que o animal dificilmente responderia ao tratamento. Palavras-chave: neoplasia pulmonar, histopatologia. Referência CORREA, C.; BOGDANOV, G.; SANTOS, F. L.; OLIVEIRA, K. D.; BALDA, A. C. Carcinoma broncoalveolar em gato jovem – relato de caso. 2011. São Paulo. Anais do 9º Congresso Paulista de Medicina Veterinária. São Paulo: SPMV, 2011. p. 85. CD ROM. FRAGATA, F. S.; KRUMENERL, J. L.; SILVA, P. T. D.; MARCONDES SANTOS, M.; UBUKATA, R. I.; MERLO, A. Carcinoma broncogênico primário em felino. Relato de caso. Braz. J. Vet. Res. anim. Sci., São Paulo, v.40, suplemento, 2003. JONES, T. C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia Veterinária. São Paulo: Manole, 6ª ed., 2000. 1415 p. HAWKINS, E. C. Distúrbios do sistema respiratório: Doenças do parênquima e vasculatura pulmonar. In: NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 301-326. 80 RELATO DE CASO: TRATAMENTO DA HIPOTENSÃO TRANSANESTÉSICA EM PANTHERA ONCA SUBMETIDA À LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA CASE REPORT: TREATMENT OF HYPOTENSION DURING ANAESTHESIA IN PANTHERA ONCA SUBMITTED TO EXPLORATORY LAPAROTOMY Renata Haddad Pinho Guilherme Stelczyk Viviane Canada Barroso Tábata Larissa Dalmagro Bárbara C. Rodrigues da Silveira Carlos Henrique Berlatto Cancelli Clara Guimarães Lupatini Vanessa Carbajal Barrionuevo Gabriela Cortellini Ferreira Pamela Bongiovanni Catandi Marion Burkhardt de Koivisto Paulo Sérgio Patto dos Santos RESUMO A hipotensão transanestésica é uma alteração cardiocirculatória importante que pode ser desencadeada pelo estado clínico do paciente e pela anestesia, cuja terapêutica envolve o uso de agentes vasoativos. Uma onça pintada de quinze anos de idade foi submetida à laparotomia exploratória para esclarecimento sobre possível piometra. A contenção química foi realizada com associação de tiletamina e zolazepam (4mg/kg) e, morfina (0,3mg/kg) intramuscular. A mensuração de pressão arterial média (PAM) foi realizada pela cateterização da artéria podal do membro direito, apresentando valor de 60mmHg antes da indução anestésica. A indução foi feita com propofol 1mg/kg por via intravenosa e ato contínuo a anestesia peridural com 0,25mL/kg de lidocaína a 2% com vasoconstritor e fentanil 2µg/kg. A anestesia foi mantida com isofluorano, diluído em 100% de O2 e a fluidoterapia com Ringer Lactato na taxa de 25mL/kg. Vinte minutos após a indução a PAM aferida foi de 22mmHg. Imediatamente foi realizada administração de solução hipertônica de NaCl 7,5% (5mL/kg) e aos 45 minutos, a PAM registrada oscilava entre 30 e 35mmHg. Administrou-se uma dose de efedrina (0,2mg/kg), a qual manteve a PAM nos 10 minutos seguintes entre 65-70mmHg. Aos 65 minutos a PAM diminuiu para 50-55 mmHg, quando deu-se início a infusão contínua (IC) de dobutamina (5ug/kg/min), entretanto aos 65 e 95 minutos, a PAM diminuiu para 3040mmHg. Na sequência, teve início a IC de norepinefrina (0,05mg/kg/min). Durante os 60 minutos seguintes (de 95 a 155 minutos de anestesia) a PAM se manteve entre 45 e 55mmHg e entre 155 a 205 minutos se elevou para 60 e 65 mmHg. Foi descontinuada a IC de 81 norepinefrina, mantendo-se a PAM nos mesmos valores durante os 40 minutos finais. Possíveis justificativas para esta intercorrência anestésica são: hipovolemia, vasodilatação e baixa contratilidade cardíaca. A estabilização da pressão arterial só foi possível mediante associação de tratamentos para as diferentes causas, abrangendo o débito cardíaco e a resistência vascular sistêmica. A hipovolemia foi tratada pela reposição de fluidos enquanto a contratilidade cardíaca foi aumentada com o uso de dobutamina. A vasodilatação, não responsiva à efedrina, foi atenuada pela IC de norepinefrina, um fármaco simpatomimético de ação direta que leva à vasoconstricção. A hipotensão relatada foi de difícil controle, uma vez que sua origem fora decorrente de diversos fatores. A reposição hídrica, o aumento do inotropismo e a vasoconstrição obtidas pelas técnicas e fármacos descritos anteriormente foram eficazes no controle da pressão arterial. Palavras-chave: onça-pintada, anestesia, pressão arterial. Referências FANTONI, D. T.; MASTROCINQUE, S. Agentes vasoativos e inotrópicos em anestesia e no paciente crítico. Rev. Educ. contin. CRMV-SP/ Continnuous Education Journal CRMVSP, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 139-149, 2002. 82 OCORRÊNCIA DE Tritrichomonas foetus EM GATOS THE OCCURRENCE OF Tritrichomonas foetus IN CATS Roberta Picciuto Duarte Alex Akira Nakamura José Eduardo dos Santos Silva Milena Arauz Viol Marcelo Vasconcelos Meireles Gisele Fabrino Machado RESUMO A infecção por Tritrichomonas foetus em gatos tem sido negligenciada no Brasil. Está em andamento um estudo sobre a ocorrência do parasito na região de Araçatuba - SP através do exame direto e PCR de fezes. Foram colhidas amostras fecais de gatos por meio da infusão retal de solução fisiológica 0,9%. Uma gota de cada amostra foi analisada em microscópio de luz. A extração de DNA foi feita utilizando o ZR Fecal DNA kit (Zymo Research, Orange, CA). O DNA extraído foi armazenado à -20°C para a realização da PCR. A presença de DNA de T. foetus foi verificada através da amplificação de 347 pares de bases a partir dos primers TFR3 e TFR4. O controle positivo foi obtido comercialmente (VetMAX™ T. foetus ControlsINVITROGEN) e como controle negativo foi utilizado água ultrapura. Também foi colhido sangue para exame hematológico. Até o momento, foram avaliadas amostras de 97 gatos, sendo 94 sem raça definida e três de raça pura; 65 adultos, com mais de um ano de idade, e 32 jovens. 15 gatos apresentavam diarreia no momento da colheita das fezes. Foi possível obter o histórico clínico de 12 gatos, dos quais três já tinham sido tratados para Giardia sp. 55 gatos viviam em locais fechados, 28 tinham acesso à rua e um era de zona rural. 55 conviviam em ambientes multigatos e seis viviam sozinhos. Ao exame direto das fezes, em uma amostra foi identificado T. foetus. Em 17 gatos foram observadas infecções por Giardia sp., Ancylostoma sp., Isospora sp., Aelurostrongylus abstrusus e Dipylidium caninum, sendo que em três destes gatos foi observado coinfecção. Cinco (5,15%) gatos foram positivos para T. foetus na PCR, sendo dois machos adultos, duas fêmeas adultas e uma jovem. Uma fêmea adulta apresentava diarreia no momento da colheita das fezes e um macho adulto tinha histórico de diarreia crônica. A PCR confirmou a presença do parasito visualizado ao microscópio em uma fêmea adulta sem diarreia. Quatro dos positivos conviviam em ambientes multigatos, sendo que dois conviviam com gatos que não apresentaram positividade para T. foetus na PCR. Em nenhum foi detectada coinfecção por outros enteroparasitos. Dois gatos infectados não apresentaram alteração no perfil hematológico, enquanto os outros apresentaram alterações diversas. Como 83 constatado em outros estudos, a sensibilidade do exame direto das fezes é inferior quando comparado à PCR. Este é o primeiro estudo da ocorrência desse parasito em uma determinada população de gatos no Brasil. Palavras-chave: felino, diarreia, trichomonose felina, PCR. Auxílio Financeiro: Processo FAPESP nº 2014/00243-3 84 ESTUDOS ANATÔMICOS DO COMPORTAMENTO DA DRENAGEM VENOSA DOS TESTÍCULOS DE GALO (Gallus gallus) ANATOMICAL STUDIES OF THE VENOUS DRAINAGE BEHAVIOR OF Gallus Gallus TESTICLES Roberto Carvalhal Luiz Eduardo Corrêa Fonseca Maria Margareth Theodoro Caminhas Ana Margarida Theodoro Caminhas RESUMO Dando prosseguimento as análises do comportamento vascular para o estudo do Mecanismo de Termorregulação Testicular em gallus gallus, pesquisamos a drenagem venosa utilizando 20 galos (Gallus gallus), que foram fornecidos pela Empresa Globo Aves do município de Trabiju, SP. Os animais foram injetados com solução de látex, pela veia ilíaca externa direita, posteriormente formolizados e dissecados. Verificamos que as drenagens venosas dos testículos confluem para a veia cava caudal e para a veia ilíaca comum. Os vasos que chegam na veia cava caudal normalmente drenam a porção proximal e média do testículo, e os vasos que chegam na veia ilíaca comum, normalmente drenam a porção caudal do testículo, e também o ducto deferente. Os vasos sanguíneos venosos drenam o sangue do parênquima testicular em direção a albugínea testicular das faces: dorsal e ventral do testículo. A disposição do trajeto venoso na albugínea ocorre no sentido da margem lateral para a margem medial do testículo. A drenagem venosa do testículo conflui para veia cava caudal e para a veia ilíaca comum direita e esquerda. Nos testículos direitos a drenagem conflui para a veia cava caudal e para a veia ilíaca comum direita. Nos testículos esquerdos a drenagem conflui para a veia cava caudal e veia ilíaca comum esquerda. As análises permitiram concluir que as veias que drenam os testículos não apresentam características diferenciais como ocorre com os mamíferos. Nas aves os vasos venosos que drenam o parênquima testicular não apresentam arranjos que contribuam para a termorregulação testicular, entretanto o contato da veia cava caudal e veias ilíacas: direita e esquerda, com a face dorsal dos testículos podem representar fator importante para o mecanismo, porque as veias que drenam os membros pélvicos direito e esquerdo, desembocam nas veias ilíacas direita e esquerda, respectivamente, por um trajeto muito curto, determinando que a esse nível a temperatura do sangue circulante apresente temperatura inferior a corpórea. Análises fisiológicas deverão ser realizadas para comprovar esse mecanismo. 85 Palavras-chave: anatomia, testículo, veias. 86 EVOLUÇÃO DO PRÉ-ESTÔMAGO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE (BOS TAURUS INDICUS) NO PERÍODO PRÉ-NATAL FETAL DEVELOPMENTAL OF FORESTOMACH IN THE BOVINE (BOS TAURUS INDICUS) Roberto Gamero Carvalho Cristina Maria Rodrigues monteiro Silvia Helena Venturoli Perri RESUMO O desenvolvimento do estômago de mamíferos domésticos é processo complexo, especialmente em ruminantes. O objetivo dessa pesquisa foi analisar as estruturas microscópicas desse órgão durante o período pré-natal. Foram utilizadas 30 amostras de rúmen, 30 de retículo e 30 de omaso de fetos da raça Nelore (Bos taurus indicus) divididos em 5 grupos com 6 amostras cada um: 1º – fetos com 9 a 15 semanas (8 a 21cm) de gestação, 2º – fetos com 16 a 22 semanas (23 a 37cm), 3º – fetos com 23 a 29 semanas (40 a 58cm), 4º – fetos com 30 a 36 semanas (61 a 77cm) e 5º– fetos com 37 a 43 semanas (79 a 88cm). Os cortes histológicos foram corados com hematoxilina e eosina, tricrômico de Mallory e picrossirius e examinados ao microscópio de luz (objetiva de 4x). Após essas observações conclui-se que: as principais variações quanto à espessura das túnicas e pregueamento no rúmen ocorreram nos fetos dos grupos 1 e 2, e após essa fase, houve aumento em espessura de todas as túnicas até a finalização do período gestacional. A formação de cristas primárias no retículo teve início no terço inicial da gestação (com 11 cm), evidenciada pelas irregularidades na mucosa e o desenvolvimento da espessura das demais túnicas ocorreram crescentemente com o avanço do desenvolvimento fetal, os valores de espessura da camada muscular e parede total do omaso foram crescentes para todos os grupos em função da idade; não houve padrão contínuo de crescimento para as demais túnicas e as lâminas e papilas foram as estruturas que sofreram maiores variações de espessura das túnicas primariamente em abomaso, posteriormente para o retículo durante o desenvolvimento fetal. Palavras-chave: morfologia, pré-estômago, fetos, bovino. Referências Amasaki H. & DAIGO M. 2007. Morphogenesis of the epithelium and the lamina propria of the rumen in bovine fetuses and neonates. Anatomia, Histologia, Embryologia.17(1):1-6. 87 Franco A.J., Masot A. J., Aguado M.C., Gómez L.& Redondo E. 2004a. Morphometric and immunohistochemical study of the rumen of red deer during prenatal development. Journal of Anatomy. 204:501-513. Franco A.J., Redondo E. & Masot A.J. 2004b. Morphometric and immunohistochemical study of the reticulum of red deer during prenatal development. Journal of Anatomy. 205:277-289. Garcia A., Masot J., Franco A., Gásquez A & Redondo E. 2012. Histomorphometric and immunohistochemical study of the goat rumen during prenatal development. Anatomical Record. 295:776-785. Scala G., Corona M. & Maruccio L. 2011. Structural, histochemical and immunocytochemical study of the fore stomach mucosa in domestic ruminants. Anatomia, Histologia, Embryologia.40: 47-54. Totzauer I. & Sinowatz F. 1990. Fetal development of the omasum of cattle (Bos taurus), Tierarztl Prax. 18(6)577-583. 88 DETECÇÃO DA INFECÇÃO POR Cryptosporidium spp. PELA COLORAÇÃO NEGATIVA DE VERDE MALAQUITA E TF-TEST Conventional COM CONFIRMAÇÃO PELA REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE DETECTION OF INFECTION BY Cryptosporidium spp. BY THE COLORATION NEGATIVE MALACHITE GREEN AND TF-TEST Conventional WITH CONFIRMATION BY POLYMERASE CHAIN REACTION Sandra Valéria Inácio Jancarlo Ferreira Gomes Roberta Lomonte Lemos Brito Bruno César Miranda de Oliveira Alex Akira Nakamura Luiz da Silveira Neto Alexandre Xavier Falcão Rafaela Silva de Paula Ribeiro Marcelo Vasconcelos Meireles Katia Denise Saraiva Bresciani RESUMO Cryptosporidium apresenta distribuição cosmopolita e pode infectar seres humanos e animais (O’DONOGHUE, 1995). O diagnóstico parasitológico desta protozoose exige a utilização de técnicas específicas de concentração e de coloração, dificultando, muitas vezes, a utilização das mesmas em rotina de laboratório de análises clínicas, por serem trabalhosas e onerosas (GOMES et al., 2004; GARCIA, 2007; GARCIA, 2009). Este estudo tem como objetivo detectar Cryptosporidium spp. pela coloração negativa de verde malaquita e TF-Test Conventional assim como realizar a confirmação molecular da presença deste protozoário. Na primeira etapa da pesquisa foram colhidas 59 amostras fecais de bezerros, diretamente da ampola retal. Estas foram processadas pela coloração negativa de verde malaquita e pelo TFTest Conventional. Para a confirmação deste resultado foi utilizada uma quantidade de 200 mg de fezes que foi distribuída em tubo tipo “eppendorf®” e congelada in natura a -20°C, até o momento da extração do DNA genômico do parasito com auxílio do QIAmp DNA Stool Mini Kit (QIAGEN®), para amplificação de fragmentos da subunidade 18S do RNA ribossômico (rRNA) na “Nested”- PCR. Três amostras foram consideradas positivas para o protozoário em questão pela coloração negativa verde malaquita e pela técnica TF-Test Conventional e esse resultado foi confirmado pela Nested PCR. Segundo Meireles (2010), as técnicas parasitológicas usadas na rotina em laboratório podem gerar resultados falsopositivos, devido à reação cruzada com leveduras, esporos de fungos e outras estruturas presentes em amostras fecais e a nova técnica de TF-Test Conventional, é um teste eficiente, 89 prático, simples em seu manuseio e de baixo custo. A partir destes resultados, pode-se concluir que foi confirmado a visualização do Crypstosporidium pela técnica TF-Test Conventional como também pela coloração negativa de verde malaquita sendo confirmado pela Nested PCR. Palavras-chaves: parasito, protozoário, fezes. Referências GARCIA, L. C. Diagnosis Medical Parasitology. 5 th edition, A.S.M. Press, Washington, D.C. (USA), p 562-563, 2007. GARCIA, L. C. Practical Guide to Diagnostic Parasitology. 2 th edition, A.S.M. Press, Washington, D.C. (USA), p 288-289, 2009. GOMES, J. F.; HOSHINO-SHIMIZU, S.; DIAS, L. C. S., et al. Evaluation of a Novel Kit (TF-Test) for the Diagnosis of Intestinal Parasitic Infections. Journal of Clinical Laboratory Analysis, USA, v. 18 n. 2, p. 132- 8, 2004. MEIRELES, M. V. Cryptosporidium infection in Brazil: implications for veterinary medicine and public health. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 19, n. 4, p. 197-204, 2010. O’DONOGHUE, P. J. Cryptosporidium and cryptosporidiosis in man and animals. International Journal of Parasitology, v. 25, n. 2, p. 139-195, 1995. 90 O OXIDO NÍTRICO E SEU PAPEL REGULADOR DE APOPTOSE NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA NITRIC OXIDE IS A REGULATOR OF APOPTOSIS IN CANINE VISCERAL LEISHMANIASIS Stéfani Karin Martiniano de Almeida Jessica Thomé de Andrade Cleber Costa de Martini Paulo Sérgio Patto dos Santos Flávia de Rezende Eugênio Valéria Marçal Felix de Lima RESUMO A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose primariamente de canídeos silvestres e domésticos, causada por parasitas do gênero Leishmania, sua transmissão ocorre entre hospedeiros vertebrados através da picada do flebotomíneo hematófago Lutzomyia longipalpis. A LV está associada com a imunossupressão que ocorre devido as altas taxas de apoptose das células T, com isso o óxido nítrico (NO) pode ser envolvido na imunopatologia da doença, pois em diferentes parasitas sua produção está associada com a ausência da resposta linfocitária e também pode induzir apoptose em diferentes tipos celulares. Esse trabalho teve como objetivo avaliar a concentração de óxido nítrico e as taxas de apoptose no baço e sangue periférico de cães saudáveis e naturalmente infectados, e se há correlação desses parâmetros. Foram coletadas amostras de baço e sangue periférico de 20 cães naturalmente infectados, com no mínimo três sinais clínicos de leishmaniose visceral, e com diagnóstico da doença confirmado por ELISA indireto com antígeno total de Leishmania chagasi e detecção de DNA do parasita por PCR em tempo real, e 10 cães saudáveis soronegativos pelo teste ELISA indireto foram utilizados como controle. A separação de células mononucleares de sangue periférico foi realizada com Ficoll - Paque (Amersham Biosciences) e a determinação da apoptose foi realizada usando o Kit Guava Nexin® Assay (Guava, Hayward, CA) de acordo coma as instruções do fabricante. O Óxido nítrico foi quantificado com 4,5-diacetato de diaminofluoresceína (DAF-2DA, Sigma) (2μM). ONO e a apoptose foram avaliados utilizando citômetro de fluxo (BD Accuri C5, Becton Dickinson, CA) e a análise foi realizada utilizando o Cell Quest software Pro (BD Biosciences, CA). Os resultados entre os grupos controle e infectado foram analisados utilizando o teste de MannWhitney, e a relação entre a produção de NO e os níveis de apoptose foi realizada pela 91 correlação de Spearman. Os resultados foram considerados significativos apresentando p<0,05. A porcentagem de células de NO positivas e apoptose celular total do sangue e baço no grupo infectado foi maior em relação ao controle (p<0,05). O óxido nítrico mostrou correlação positiva com a apoptose no sangue periférico e baço. Os dados sugerem que o óxido nítrico pode ter um papel supressor na resposta imunológica observado em cães naturalmente infectados. Palavras-chave: leishmaniose visceral, apoptose, cão, óxido nítrico, imunossupressão. Auxílio Financeiro: Este trabalho teve suporte financeiro do Conselho Nacional Cientifico e Tecnológico (CNPq). 92 DESENVOLVIMENTO DE PNEUMOTÓRAX FRENTE À ACIDOSE METABÓLICA EM CÃO: RELATO DE CASO DEVELOPMENT OF PNEUMOTHORAX ASSOCIATED WITHMETABOLIC ACIDOSIS IN DOG: CASE REPORT Tábata Larissa Dalmagro Guilherme Stelczyk Viviane Canada Barroso Bárbara C. Rodrigues da Silveira Carla Rodriguez Paes Fernando Peretti Guimarães Laise Michi Yamashiro Renata Haddad Pinho Paulo Sérgio Patto dos Santos Flávia Rezende Eugênio RESUMO O termo pneumotórax é utilizado para definir a presença de ar livre na cavidade torácica e geralmente está associado a lesões traumáticas de pulmões ou traqueia. As doenças do trato respiratório inferior também podem predispor esta condição, porém o esforço respiratório não tem sido associado à ruptura de alvéolos (FOSSUM, 2008). Entretanto, neste relato, o desenvolvimento do pneumotórax foi associado ao aumento da frequência respiratória para compensação da acidose metabólica. Foi atendido no Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira” da UNESP, Araçatuba, um cão, sem raça definida, fêmea, cinco anos, submetida à laparotomia exploratória para avaliação de granuloma de coto uterino. Durante a cirurgia foi observada aderência ao ureter e rim direitos, sendo necessária a nefrectomia, que cursou com intensa hemorragia. Embora o suporte volêmico pós-operatório tenha sido oferecido, após quatro dias a paciente retornou, apresentando grave taquipneia, mucosas pálidas, sensibilidade abdominal, tempo de preenchimento capilar de 2,5 segundos, desidratação estimada de 3% e frequência cardíaca de 70 batimentos por minuto. O exame radiográfico foi realizado para confirmar a suspeita de pneumotórax e na hemogasometria venosa identificou-se a acidose metabólica pelos valores de pH 6,98; PCO2 16mmHg; PO2 28 mmHg; bicarbonato 3,8mmol/L e hematócrito de 12%. De acordo com Di Fillipo (2008), a hipovolemia causada pela hemorragia, leva a má perfusão e hipóxia tecidual, que associadas ocasionam a biossíntese de ácido lático, pelo metabolismo anaeróbio, enquanto a diminuição da perfusão é responsável pela limitada excreção de íons hidrogênio, que tem importante papel acidificante. Os íons hidrogênio, por sua vez, reagem no organismo com o bicarbonato (HCO 3), dando origem a moléculas de água (H2O) e gás carbônico (CO2). Desse modo, a eliminação do CO2 pelo 93 aumento da frequência respiratória, torna-se importante mecanismo compensatório para a acidose metabólica (DIBARTOLA, 2012).Sendo assim, o tratamento deste desequilíbrio ácido-base e a retirada da causa, são fundamentais para a estabilização do quadro clínico do paciente, pois, o desenvolvimento do pneumotórax, além de levar a uma piora no quadro geral pela deficiência na oxigenação do sangue, dos tecidos e eliminação do CO2, torna-se uma forma ineficaz na compensação da acidose metabólica. O tratamento para a acidose metabólica a partir da reposição de bicarbonato foi instituído, como também foi realizada a toracocentese para drenagem do pneumotórax. Porém o quadro geral da paciente era grave, e mesmo com a terapia de suporte a vida o animal veio a óbito. Palavras-chave: alcalose respiratória, compensatório, taquipneia. Referências DIBARTOLA, S. P. Fluid, Electrolyte, and Acid-base Disorders in Small Animal Practice. 4ed, Missouri: Elsevier Saunders. 2012. 749p. DI FILLIPO P. A.; SANTANA A. E.; PEREIRA G. T. Equilíbrio ácido base e eletrolítico em equinos com cólica. Ciência Rural. v. 38, n. 4, p. 1003-1009, 2008. FOSSUM T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. 3ed, Rio de Janeiro: Elsevier. 2008. 1606p. 94 DISTRIBUIÇÃO GENÔMICA E ANTIGÊNICA DO BoHV-5 EM ENCÉFALOS BOVINOS COM MENINGOENCEFALITE NÃO SUPURATIVA: CASOS CLÍNICOS GENOMICS AND DISTRIBUTION OF ANTIGENIC BoHV-5 MENINGOENCEPHALITIS WITH CATTLE IN BRAINS NONSUPPURATIVE: CLINICAL CASES Tássia de Paula Giroto Tereza Cristina Cardoso Silva Bruna Rezende Silva Martins de Oliveira RESUMO O Herpesvírus bovino tipo-5 (BoHV-5) membro da família Herpesviridae, conhecido como responsável pela meningoencefalite necrótica em animais jovens, foi descrito em várias regiões do mundo. A enfermidade afeta principalmente bovinos jovens, embora possa afetar animais adultos. A doença ocorre na forma de surtos ou de casos isolados. Os principais sintomas clínicos são comprometimento encefálico, caracterizado por tremores, nistagmo, convulsão, bruxismo, andar em círculos, ataxia, pitialismo, movimentos de pedalagem, paralisia e morte (PEREZ et al., 2002). No Brasil, encefalites causadas pelo BoHV-5 têm sido confirmadas de forma crescente nos rebanhos, sendo considerada a segunda maior causa de encefalite o que leva a significantes perdas econômicas na bovinocultura de corte (ROIZMAN, 1992). Por isso, é necessário ressaltar a importância deste vírus no diagnostico diferencial das doenças encefálicas de importância econômica como encefalite espongiforme (BSE) e a raiva. O presente trabalho objetivou realizar um estudo geral em 11 diferentes regiões do SNC na tentativa de correlacionar a região com maior presença antigênica e genômica do BoHV-5, na tentativa de estabelecer uma rotina laboratorial para o diagnóstico. Foi realizado um estudo retrospectivo em amostras parafinizadas (86°C) de SNC bovinos provenientes de necropsias de 10 casos de BoHV-5, coletados junto ao serviço de Patologia Animal nos anos de 2008-2010. A metodologia baseou-se em coloração histológica de Hematoxilina-eosina (HE), Imunoistoquímica e Reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR). Os resultados até a presente data revelaram que em 75% dos materiais a região frontal, correspondendo ao bulbo olfatório, lobo frontal e parte do telencéfalo a correlação foi significativa entre: infiltrado inflamatório, expressão do mRNA viral e detecção de antígenos virais pela imunistoquímica (r = 0,96). Diante do exposto, conclui-se que a incidência do BoHV-5 encontra-se principalmente na região frontal, visto que a contaminação pelo vírus ocorre de forma nasal, tendo como primeiro contato a região frontal do cérebro com o BoHV. 95 Palavras-chave: herpes vírus bovino tipo-5, distribuição genômica e antigênica, meningoencefalite. Referências PEREZ, S. E., BRETSCHNEIDER, G., LEUNDA, M. R., et al. Primary infection, latency and reactivation of bovine herpesvirus type 5 in the bovine nervous system. Veterinary Pathology, v. 39, p. 437-444, 2002. ROIZMAN, B.; PELLET, P.E. The family Herpesviridae: a brief introduction. In: Fields, B.S., Knipe, D.M., Howley, P.M., Chanock, R.M., Monath, T.P., Meinick, J.L., Roizman, B., Straus, S.E. (Eds). Fields Virology, 4th edition, Lippincott Williams and Wilkins, Philadelphia, pp. 2480-2499, 2007. 96 GENOTIPAGEM DE ESPÉCIES DO GÊNERO TREPONEMA SPP. ASSOCIADAS À PERIODONTITE OVINA SPECIES GENOTYPING GENDER TREPONEMA SPP. ASSOCIATED WITH SHEEP PERIODONTITIS Thamiris Naiasha Minari Ramos Ana Carolina Borsanelli Robson Varlei Ranieri Elerson Gaetti-Jardim Júnior Iveraldo dos Santos Dutra RESUMO A periodontite ovina é uma doença infecciosa que acomete animais adultos e caracteriza-se por afrouxamento e perda dos dentes, incisivos, pré-molares e molares. Em diversas formas de apresentação clínica da doença periodontal em humanos, a presença de espiroquetas na microbiota está associada a risco elevado de determinado sítio desenvolver lesão. De uma maneira geral, as espécies do gênero Treponema spp. são de cultivo e identificação complexos e a verificação da sua presença na microbiota oral associada às periodontites encontra limitações quando empregados meios de cultivo e métodos clássicos de isolamento. Considerado um importante patógeno periodontal e componente do complexo vermelho de Socransky, o Treponema denticola é mais comum em sítios com doença periodontal do que em sítios sadios, e na placa subgengival do que na supragengival. No presente estudo, materiais para detecção do microrganismo foram coletados da bolsa periodontal de ovinos com lesões (n=14) e do biofilme subgengival de animais considerados sadios (n=20). Os procedimentos para a coleta foram descritos por Gaetti-Jardim Jr et al (2012). A presença de Treponema amylovorum, T. denticola, T. maltophilum, T. medium, T. socranskii e T. vincentii foi avaliada pelo emprego de iniciadores específicos através da reação em cadeia da polimerase (PCR). Na bolsa periodontal de 78,6% (11/14) dos ovinos foi possível detectar diretamente pela PCR a presença de Treponema amylovorum,de 78,6% (11/14) T. denticola, de 21,4% (3/14) T. medium e de 7,1% (1/14) T. maltophilum. T. vincentii e T. socranskii não foram identificados em nenhum animal com periodontite. Nenhum microrganismo foi identificado nos 20 ovinos sem lesões periodontais. A periodontite ovina ocorre em condições epidemiológicas específicas e associada predominantemente à presença de microbiota bacteriana anaeróbia no biolfime subgengival, em especial pelos Bacteroides pigmentados de negro, Fusobacterium e outros microrganismos. No presente estudo, o emprego da reação em cadeia da polimerase, com o uso de iniciadores de algumas espécies de Treponema 97 conhecidas da microbiota oral de humanos e animais, possibilitou identificar espiroquetas diretamente do material colhido das lesões periodontais. Espécies específicas de espiroquetas têm sido relacionadas com a destruição periodontal, evidenciada quando se emprega técnicas moleculares ou baseadas na detecção de anticorpos. A presença de Treponema amylovorum, T. maltophilum, T. medium na microbiota subgengival, e em especial do amplamente reconhecido periodontopatógeno T. denticola, traz uma contribuição original de importância na complementação dos estudos da etiopatogenia da periodontite ovina. Palavras-chave: periodontite ovina, doença periodontal, microbiota subgengival, Treponema denticola. Referências GAETTI-JARDIM JR, E.; MONTI, L. M.; CIESIELSKI, F. I. N.; GAETTI-JARDIM, E. C.; OKAMOTO, A. C.; SCHWEITZER, C. M.; AVILA-CAMPOS, M. J. Subgingival microbiota from Cebus paella (Capuchin monkey) with different periodontal conditions. Anaerobe, v. 18, p. 263-269, 2012. RIVIERE, G. R.; SMITH, K. S.; CARRANZA JR, N.; TZAGAROULAKI, E.; KAY, S. L.; DOCK, M. Subgingival distribution of Treponema denticola, Treponema socranskii and pathogen-related oral spirochetes: prevalence and relationship to periodontal status of sampled sites. Journal of Periodontology, v. 66, n. 10, p. 829-837, 1995. SOCRANSKY, S. S.; HAFFAJEE, A. D. Infecções periodontais. In: LINDHE, J.; LANG, N.P.; KARRING, T. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. 5ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2010. p. 197-254. SOCRANSKY, S. S.; HAFFAJEE, A. D; CUGINI, M. A.; SMITH, C.; KENT JR, R. L. Microbial complexes in subgingival plaque. Journal of Clinical Periodontology, v. 25, p. 134-144, 1998. Auxílio Financeiro: Processo FAPESP 2014/13979-8 Agradecimentos: À FAPESP pelo auxílio financeiro 98 OXIDAÇÃO LIPÍDICA EM RAÇÕES DE PESCADO CONTENDO CAROTENOIDES LIPID OXIDATION IN FISH FEED CONTAINING CAROTENOIDS Thiago Luís Magnani Grassi Edson Francisco do Espírito Santo Iderlipes Luiz Carvalho Bossolani Jefferson Felipe Cavazzana Marcelo Tacconi de Siqueira Marcos Elisa Helena Giglio Ponsano RESUMO A formulação de dietas completas que atendam às exigências nutricionais dos peixes é de extrema importância para o progresso da atividade. Além de seu papel como corantes naturais, a alguns carotenoides podem ser atribuídas propriedades antioxidantes, importantes para diminuir a deterioração causada pela oxidação lipídica. Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de diferentes fontes de carotenoides sobre a rancidez de rações de pescado armazenadas por 6 e 12 meses. O delineamento experimental foi realizado com seis dietas e três repetições. Os tratamentos foram constituídos de um grupo controle, correspondente à ração sem aditivos pigmentantes, um grupo contendo o pigmentante comercial sintético Carophyll Pink (375 mg/kg) e de quatro grupos contendo diferentes concentrações da biomassa de Rubrivivax gelatinosus (175, 350, 700 e 1400 mg/kg) como aditivo pigmentante. Para o preparo dos tratamentos contendo pigmentantes, a biomassa bacteriana e o Carophyll Pink foram dissolvidos no óleo de soja e incorporados à ração base em misturador em Y. As rações foram armazenadas em sacos plásticos e mantidas em temperatura ambiente durante 6 e 12 meses. A rancidez oxidativa foi determinada pelo valor das substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS, expressos em mg de malonaldeído/kg de ração) utilizando-se a metodologia descrita por Tarladgis et al. (1960) modificada por Maia (1992). Os resultados experimentais foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey. O nível de significância adotado foi de 5%. Após 6 meses de armazenamento, com exceção do tratamento contendo Carophyll Pink, todos os grupos apresentaram valores de TBARS inferiores ao grupo controle (p=0,0058), porém não diferiram significativamente entre si. Com 12 meses de estocagem, todas as rações contendo fontes de carotenoides se mostraram mais estáveis ao processo de rancidez oxidativa quando comparados ao tratamento controle, sendo que os menores valores de TBARS foram encontrados quando maiores 99 concentrações de biomassa de R. gelatinosus foram incorporadas a ração (700 e 1400mg/kg). Os resultados demonstraram que o uso de carotenoides se mostrou benéfico para preservação dos lipídeos e, em consequência, tornou a ração mais estável durante o armazenamento e com menor possibilidade de rejeição pelos animais, devido às alterações sensoriais causadas pela rancidez oxidativa. Pode se concluir que as diferentes fontes de carotenoides diminuíram a rancidez de rações de pescado armazenadas por 6 e 12 meses. Palavras-chave: armazenamento, astaxantina, R. gelatinosus, rancidez. Referências BHOSALE, P.; BERNSTEIN, P. S. Microbial xanthophylls. Applied Microbiology and Biotechnology, v. 68, n. 4, p. 445–455, 2005. MAIA, E. L. Composição, conservação e utilização do curimbatá, Prochilodus scrofa, Steindachner, 1881. 1980. 129p. Dissertação (Mestrado em Tecnologia de Alimentos) – Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade de Campinas, Campinas. TARLADGIS, B. G.; WATTS, B. M.; YOUNATHAN, M. T. A distillation method for the quantitative determination of malonaldehyde in rancid foods. Journal of the American Oil Chemists' Society, v.37, p.44-48, 1960. Agradecimento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). 100 EFEITOS CARDIORRESPIRATÓRIOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRADÉRMICA OU SUBCUTÂNEA DE METADONA EM CADELAS SUBMETIDAS À OVARIOHISTERECTOMIA CARDIORESPIRATORY EFFECTS OF INTRADERMAL OR SUBCUTANEOUS ADMINISTRATION OF METHADONE IN BITCHES SUBMITTED TO OVARIOHYSTERECTOMY Thomas Alexander Trein Beatriz Perez Floriano Juliana Tessália Wagatsuma Maurício Deschk Carlos Henrique Berlatto Cancelli Joana Zafalon Ferreira Juliane Teramachi Trevizan Suely Regina Mogami Bomfim Paulo Sérgio Patto dos Santos Valéria Nobre Leal de Souza Oliva RESUMO A metadona é um analgésico opioide sintético com alta afinidade para receptores µ e efeito analgésico semelhante à morfina, promovendo discretas alterações cardiorrespiratórias (PEREIRA et al., 2013). A administração por diferentes vias pode alterar o perfil farmacocinético, potencialmente influenciando sua biodisponibilidade e eficácia clínica (BARNHART et al., 2000; INGVAST-LARSSON et al., 2010). Objetivou-se avaliar os efeitos cardiorrespiratórios da administração de metadona pela via intradérmica ou subcutânea em cadelas submetidas à ovariohisterectomia (OH). Dezesseis cadelas hígidas, adultas, foram pré-medicadas com acepromazina (0,05 mg/kg) intramuscular e metadona (0,3 mg/kg)intradérmica (GMID, n=8) ou subcutânea (GMSC, n=8). Após 20 minutos, os animais foram induzidos com propofolintravenoso, entubados e mantidos sob anestesia inalatória com isoflurano e ventilação mecânica. Realizou-se anestesia epidural lombossacra com lidocaína 2% sem vasoconstritor (0,3 mL/kg) e após 15 minutos iniciou-se a OH. Avaliaram-se frequências cardíaca (FC) e respiratória (f),pressão arterial média (PAM) invasiva, SpO2, ETCO2, concentração de isoflurano (ETISO) e temperatura esofágica (TE) imediatamente antes do início da cirurgia (TB) e um minutos após: incisão de pele (T1), pinçamento do primeiro (T2a) e segundo (T2b) pedículo ovariano, início da síntese da parede abdominal (T3) e última sutura (T4).Empregou-se o teste de Mann-Whitney ou teste t para comparar tempos entre grupos, teste t pareado para comparar tempos com TB dentro dos grupos e teste exato de Fisher para avaliarincidências de bradicardia (FC<60 bpm) e hipotensão (PAM<60 mmHg). 101 Diferenças foram significativas quando p<0,05.Não houve diferença significativa entre grupos em relação à FC, f, PAM, SpO2, ETISOou TE, porém, ETCO2foi maior no GMIDcomparada ao GMSC em T3 (36,8±3,1vs 40,6±2,4 mmHg; p=0,0149).Valores de FC, PAM, ETCO2,ETISO, e TE apresentaram diferenças nos tempos comparados à TB, dos quais as médias se mantiveram dentro dos valores fisiológicos, exceto PAM em TB[56,0±8,8 (GMSC) e59,0±6,0 mmHg(GMID)] e T1[59,1±1,11 mmHg (GMSC)], e TE em todos os momentos em ambos os grupos (TE<37,5oC).Observou-se bradicardia em uma cadela em cada grupo, e hipotensão em cinco e seis cadelas em GMSC e GMID, respectivamente.A hipotensão e hipotermia observadas provavelmente devem-seaos efeitos vasodilatatórios do isoflurano e acepromazina(SINCLAIR; DYSON, 2012). Já a bradicardia pode ser devido aos efeitos cronotrópicos negativos dose-dependentes da metadona (STANLEY et al., 1980), corroborando sua baixa incidência. A administração intradérmica de metadona apresenta efeitoscardiorrespiratórios clínicos semelhantes à administração subcutânea durante OH. Entretanto, deve-se atentar às complicações trans-anestésicas com este protocolo. Palavras-chaves: Analgesia, Cães, Metadona, Opioides. Referências BARNHART, M.D.; HUBBELL, J.A.; MUIR, W.W. et al. Pharmacokinetics, pharmacodynamics, and analgesic effects of morphine after rectal, intramuscular, and intravenous administration in dogs.Am J Vet Res, v. 61, p. 24-28, 2000. INGVAST-LARSSON, C.; HOLGERSSON, A.; BONDESSON, U. et al. Clinical pharmacology of methadone in dogs.VetAnaesthAnalg, v. 37, p. 48-56, 2010. PEREIRA, D.A.; MARQUES, J.A.; BORGES, P.A. et al.. Efeitos cardiorrespiratórios da metadona, pelas vias intramuscular e intravenosa, em cadelas submetidas à ovariossalpingohisterectomia. Arq Bras Med Vet Zootec, v. 65, p. 967-974, 2013. SINCLAIR, M.D.; DYSON, D.H. The impact of acepromazine on the efficacy of crystalloid, dextran or ephedrine treatment in hypotensive dogs under isoflurane anesthesia. Vet Anaesth Anal, v. 39, p. 563-573, 2012. STANLEY, T.H.; LIU, W.S.; WEBSTER, L.R. et al. Haemodynamic effects of intravenous methadone anaesthesia in dogs.CanAnaesthSoc J, v. 27, p. 52-57, 1980. Auxílio Financeiro: FAPESP, processo num. 2014/10449-8. 102 QUALIDADE E TEMPO DE RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA EM EQUINOS SUBMETIDOS À ANESTESIA GERAL INALATÓRIA E ADMININTRAÇÃO PÓSANESTÉSICA DE XILAZINA QUALITY AND DURATION OF ANESTHETIC RECOVERY IN HORSES SUBMITTED TO GENERAL INHALATION ANESTHESIA AND POSTANESTHETIC ADMINISTRATION OF XILAZINE Thomas Alexander Trein Guilherme Stelczyk Bárbara Claudina Rodrigues da Silveira Tábata Larissa Dalmagro Viviane Canada Barroso Guilherme Lopes da Silva Paulo Sérgio Patto dos Santos Valéria Nobre Leal de Souza Oliva RESUMO A fatalidade perioperatória em equinos ocorre em 0,24-0,9% dos animais não portadores de doenças sistêmicas submetidos à anestesia inalatória, das quais aproximadamente 30% são resultantes de lesões ocorridas durante a recuperação anestésica (JOHNSTON et al., 2002; BIDWELL et al., 2007). Complicações podem ser diminuídas com o uso de técnicas para proporcionar recuperações mais suaves, como o uso de sedativos (VALVERDE et al., 2013). Objetivou-se avaliar os efeitos da administração de xilazina pela via intravenosa (IV) ao término da anestesia inalatória sobre a qualidade e tempo para recuperação anestésica em equinos. Avaliaram-se fichas anestésicas de equinos encaminhados ao serviço de Anestesiologia Veterinária do Hospital Veterinário “Luiz Quintiliano de Oliveira”, FMVAUNESP, do período de fevereiro de 2012 até março de 2015. Incluíram-se equinos submetidos a procedimentos terapêuticos com medicação pré-anestésica de xilazina ou detomidina IV, indução anestésica com cetamina e midazolam IV, manutenção anestésica geral inalatória com isoflurano e administração (GX) ou não (GC) de xilazina (0,13±0,07 mg/kg IV) ao término da anestesia inalatória. Avaliaram-se a incidência de hipotensão (pressão arterial média <60 mmHg) durante o período anestésico, tempo para posição quadrupedal e qualidade de recuperação por meio de atribuição de escore de 1 a 5 (péssima a excelente, respectivamente) (YOUNG e TAYLOR, 1993), a qual foi assistida por cordas. As diferenças foram consideradas significativas quando p<0,05. Trinta e quatro fichas foram incluídas no estudo, das quais 29 (85,3%) pertenceram ao GC e 5 (14,7%) ao GX. Não houve diferença significativa quanto ao gênero, idade ou emprego de infusões contínuas de cetamina ou lidocaína (p=0,5226) entre os grupos. Oito animais (27,6%) do GC apresentaram 103 hipotensão durante a anestesia inalatória e foram tratados com dobutamina IV, enquanto que todos os animais do grupo GX mantiveram-se normotensos. Comparado ao GC, o GX apresentou tempo de anestesia [mediana(mínima-máxima)] de 90(38-360) vs 80(50-170) minutos, tempo para recuperação de 32(10-85) vs 25(20-50) minutos e qualidade de recuperação de 4(2-5) vs 4(2-5), respectivamente, não havendo diferença significativa entre grupos. Os efeitos sedativos pós-anestésicos podem diminuir o número de tentativas para se levantar e prolongar a duração da recuperação, prevenindo que o animal tente se levantar precocemente (BIENERT et al., 2003; SANTOS et al., 2003). Entretanto, tendo em vista que não houve prolongamento do tempo para recuperação no GX, é provável que a dose pósanestésica de xilazina empregada foi insuficiente. Nas doses empregadas, a administração de xilazina pós-anestésica não influenciou a qualidade ou tempo de recuperação anestésica em equinos. Palavras-chaves: complicações anestésicas, cavalos, alfa dois agonistas. Referências BIDWELL, L.A.; BRAMLAGE, L.R.; ROOD, W.A. Equine perioperative fatalities associated with general anaesthesia at a private practice – a retrospective case series. Veterinary Anaesthesia Analgesia, v. 34, p. 23-30, 2007. BIENERT, A.; BARTMANN, C.P.; VON OPPEN, T. et al. Standing behavior in horses after inhalation anesthesia with isoflurane (Isoflo) and postanesthetic sedation with romifidine (Sedivet) or xylazine (Rompun). Dtsch Tierarztl Wochenshr, v. 110, p. 244-248, 2003. JOHNSTON, G.M.; EASTMENT, J.K.; WOOD, J.L.N. et al. The confidential enquiry into perioperative equine fatalities (CEPEF): mortality results of Phases 1 and 2. Veterinary Anaesthesia Analgesia, v. 19, p. 159-170, 2002. SANTOS, M.; FUENTE, M.; GARCIA-ITURRALDE, P. et al. Effects of alpha-2 adrenoceptor agonists during recovery from isoflurane anaesthesia in horses. Equine Veterinary Journal, v. 35, p. 170-175, 2003. . VALVERDE, A.; BLACK, B.; CRIBB, N.C. et al. Assessment of unassisted recovery from repeated general isoflurane in horses following post-anesthetic administration of xylazine or acepromazine or a combination of xylazine and ketamine. Veterinary Anaesthesia Analgesia, v. 40, p. 3-12, 2013. YOUNG, S.S.; TAYLOR, P.M. Factors influencing the outcome of equine anaesthesia: a review of 1.314 cases. Equine Veterinary Journal, v. 25, p. 147-151, 1993. 104 Auxílio Financeiro: FAPESP, processo num. 2014/10449-8. 105 PD1 E SEUS LIGANTES REGULAM A PRODUÇÃO DE TNF-ALFA NA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA PD1 AND ITS LIGANDS REGULATES THE TNF-ALPHA PRODUCTION IN CANINE VISCERAL LEISHMANIASIS Vanessa Marim Chiku Gabriela Lovizutto Venturin Breno Fernando Martins de Almeida Kathlenn Liezbeth Oliveira Silva Aline Aparecida Correa Leal Valéria Marçal Félix de Lima RESUMO Leishmania spp. é um parasita intracelular obrigatório de células do sistema fagocitário mononuclear. Na leishmaniose visceral, os cães são considerados os principais reservatórios fora do ambiente silvestre, e importantes na manutenção do ciclo epidemiológico da doença porque: a) leishmaniose visceral é mais prevalente na população canina que na humana; b) a infecção no homem normalmente é precedida por casos caninos; c) cães apresentam maior quantidade de parasitos na pele do que o homem, fato que favorece a infecção dos vetores Recentes estudos sugerem que a via PD-1/PDL1 tem papel importante na interação hospedeiro e patógeno que envolve a resposta imunológica e pode regular a produção de citocinas. O objetivo do presente estudo foi quantificar a produção das citocinas TNF-alfa, no sobrenadante de cultura das células mononucleares do sangue e leucócitos de baço de cães naturalmente infectados após o bloqueio in vitro dos receptores PD1 e seus ligantes. Foram selecionados 15 cães de ambos os sexos de dois a cinco anos de idade, de diferentes raças e pesos com diagnóstico de leishmaniose visceral confirmado por meio de sorologia e apresentando pelo menos três sinais clínicos da doença. As células mononucleares do sangue periférico e os leucócitos do baço foram isoladas e cerca de 5 x 106 células foram suspensas em meio RPMI 1640 (Gibco) suplementado com 10% de soro fetal bovino inativado pelo calor, 0,03% de L-glutamina, e 100 UI/mL de penicilina e 100 g/mL de estreptomicina foram dispensadas em poços de placas 24 poços (Costar) na presença de 5μg/ml de anticorpos bloqueadores de PD1, PD-L1 e PD-L2. Após 72 horas, os níveis de TNF-alfa foram quantificados no sobrenadante de cultura por ELISA de captura (R&D System, Minneapolis, USA). Os níveis de TNF-alfa no sobrenadante de cultura de células mononucleares do sangue foram comparados na ausência e presença de bloqueadores utilizando o teste não paramétrico de Wilcoxon, para essa mesma análise no sobrenadante do baço foi utilizado teste t 106 paramétrico. O sobrenadante de cultura do sangue e do baço mostrou aumento na concentração de TNF-alfa na presença de anticorpos bloqueadores de PD1, PD-L1 e PD-L2 (5µg/ml) p<0.005. Os dados sugerem que receptor PD1 e seus ligantes regulam a produção de TNF-alfa em relação ao grupo controle em células mononucleares do sangue e leucócitos do baço em cães naturalmente infectados, o que pode estimular a resposta de inflamação e outras citocinas e combater infecções. Palavras-chave: TNF-alfa, Leishmania spp., citocinas. Agradecimentos: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (processo: 2013/19399-0) (processo: 2013/06684-9) 107 DETECÇÃO DE COINFECÇÃO POR Leishmania spp. e Ehrlichia spp. EM CÃES NATURALMENTE INFECTADOS DETECTION OF COINFECTION WITH Leishmania spp. and Ehrlichia spp. IN DOGS NATURALLY INFECTED Walter Bertequini Nagata Milena Araúz Viol Mariele Fernanda da Cruz Panegossi Bruno César Miranda Oliveira Katia Denise Saraiva Bresciani Silvia Helena Venturoli Perri RESUMO Entre as diversas enfermidades existentes na clínica médica veterinária de pequenos animais, particularmente nos cães, a leishmaniose e a erliquiose têm sido motivo de preocupação, não só de melhorias na sanidade, como também na prevenção e diagnóstico. A erliquiose, doença emergente zoonótica transmitida por carrapatos Rhipicephalus sanguineus (DANTASTORRES, 2008), é uma hemoparasitose muito encontrada na clínica de cães e gatos, provocando graves sintomas que podem levar o animal à morte (MUNHOZ et al. 2012). Por sua vez, a leishmaniose é uma enfermidade de grande importância e impacto na Saúde Pública e os cães desempenham papel importante na epidemiologia desta antropozoonose como reservatórios de tripanossomatídeos (LAURENTI et al., 2013). O objetivo deste estudo foi investigar a ocorrência de coinfecção por Leishmania spp. E Ehrlichia spp. em cães naturalmente infectados de uma região endêmica para as duas doenças. Um total de 121 cães positivos para Leishmania spp. pela reação em cadeia da polimerase (PCR) compôs o banco de dados, que foi elaborado com o Microsoft Office Excel 2010, sendo realizada análise estatística descritiva. Observou-se que, do total de animais, 28,9% (35/121) eram de raça definida, enquanto 71,1% (86/121) não apresentavam determinação racial; 44,6% (54/121) de fêmeas e 55,4% (67/121) de machos; 4,1% (5/121) eram jovens, 81,8% (99/121) adultos e 14,1% (17/121) idosos. Até o presente momento, 36 animais foram avaliados pela PCR para detectar Ehrlichia spp. e 36,1% (13/36) apresentaram coinfecção por Leishmania spp. e Ehrlichia spp. Nota-se que a existência de coinfecção por esses dois parasitos são resultados também encontrados em outros trabalhos (OLIVEIRA et al., 2008; SOUSA E ALMEIDA, 2008). Isso demonstra a importância da adequada e precisa avaliação clínica e diagnóstico dos animais, a fim de não permitir a ocorrência de negligências nas condutas empregadas nessas doenças zoonóticas. O conhecimento da enfermidade que o cão apresenta permite não só a 108 implementação de iniciativas necessárias para amenizar seu sofrimento, como também a adoção de medidas profiláticas para controlar e prevenir a sua reinfecção ou até mesmo a disseminação dessas doenças de impacto na saúde pública. Palavras-chave: zoonose, caninos, coinfecção. Referências DANTAS-TORRES, F. Canine vector-borne diseases in Brazil. Parasites & Vectors, v. 1, n. 25, 2008. LAURENTI, M. D.; ROSSI, C. N.; MATTA, V. L. R.; TOMOKANE, T. Y.; CORBETT, C. E. P.; SECUNDINO, N. F. C.; PIMENTA, P. F. P.; MARCONDES, M. Asymptomatic dogs are highly competente to transmit Leishmania (Leishmania) infantum chagasi to the natural vector. Veterinary Parasitology, v. 196, p. 296–300, 2013. MUNHOZ, T. D.; FARIA, J. L. M.; VARGAS-HÉRNANDEZ, G.; FAGLIARI, J. J.; SANTANA, A. E.; MACHADO, R. Z.; TINUCCI-COSTA, M. Experimental Ehrlichia canis infection changes acute-phase proteins. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 21, n. 3, p. 206-212, 2012. OLIVEIRA, T. F. S.; FURUTA, P. I.; CARVALHO, D. MACHADO, R. Z. A study of crossreactivity in serum samples from dogs positive for Leishmania sp., Babesia canis and Ehrlichia canis in enzyme-linked immune sorbent assay and indirect fluorescent antibody test. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 17, n. 1, p. 7-11, 2008. SOUSA, V. R. F.; ALMEIDA, A. B. P. F. Co-infection between visceral leishmaniasis and monociticehrlichiosis in dogs from Cuiabá, Mato Grosso. Acta Scientiae Veterinarie. v. 36, n. 2, p. 113-117, 2008.