geografia - Escala Educacional

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geografia - Escala Educacional
Manual
do
Professor
Geografia
Ensino Médio
Volume 3
EE_G15GG3_MANUAL.indb 1
08/04/13 17:27
Sumário
1. Pressupostos teórico-metodológicos da coleção.............3
Orientações teóricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Procedimentos metodológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Sugestões de leitura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Sugestões de livros e sites. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2. Pressupostos geográficos da coleção.............................14
Objetivos da Geografia para o Ensino Médio. . . . . . . . . . . . . 14
Os conceitos geográficos na coleção . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
A Cartografia na coleção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. Organização didática da coleção.....................................19
Apresentação temática dos volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Estrutura interna dos volumes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Conteúdos dos volumes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
4. Fundamentos e objetivos do volume...............................37
5. Organização do volume...................................................38
6. Orientações específicas sobre os capítulos.....................39
Capítulo 1 – Do mundo bipolar ao fim da Guerra Fria. . . . . . . .
Capítulo 2 – A nova ordem mundial. . . . . . . . . . . . . . . . . .
Capítulo 3 – Globalização da economia. . . . . . . . . . . . . . . .
Capítulo 4 – Características do subdesenvolvimento. . . . . . . . .
Capítulo 5 – Conflitos e questões territoriais na África
e na América Latina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Capítulo 6 – Conflitos e questões territoriais na Ásia. . . . . . . .
Capítulo 7 – O desenvolvimento da atividade industrial. . . . . . .
Capítulo 8 – A produção industrial no Brasil. . . . . . . . . . . . .
Capítulo 9 – A atividade industrial nos Tigres Asiáticos
e no BRICS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Capítulo 10 – Atividade industrial no Grupo dos Sete (G7) . . . . . .
Capítulo 11 – Agropecuária no Mundo. . . . . . . . . . . . . . . . .
Capítulo 12 – Agropecuária no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . .
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7. Sugestões de leitura.......................................................105
Unidade 1 – Da ordem bipolar à nova ordem mundial. . . . . . . .
Unidade 2 – O mundo atual: desigualdades e conflitos . . . . . . .
Unidade 3 – A produção industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Unidade 4 – A produção agropecuária no mundo e no Brasil. . . .
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8. Referências bibliográficas............................................110
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1. Pressupostos
Orientações
teórico-metodológicos da coleção
teóricas
A Geografia estuda a interação entre a dinâmica da natureza e os mecanismos de organização e
sistemas produtivos desenvolvidos pelas sociedades humanas. A categoria de análise primordial para
identificar e interpretar os diferentes aspectos dessa interação é o espaço geográfico.
Desdobrado em conceitos como lugar, paisagem e território, o espaço geográfico não apenas revela, em suas formas e seus conteúdos, o resultado da atuação simultânea e interdependente dos elementos e fenômenos naturais e das formas de apropriação da sociedade, como também é um agente
ativo desse processo.
Assim, espera-se que o estudo da Geografia possa tornar o mundo passível de compreensão, por
meio da leitura do espaço geográfico e da análise das informações a partir dele, levantadas e representadas sob a luz das características sociais historicamente constituídas.
A condução crítica da produção do conhecimento geográfico, abrangendo sinteticamente o meio
físico, as forças produtivas e as representações simbólicas desse espaço, passa pela identificação, pela
descrição e pela organização, em diversas formas de registro, das múltiplas características que se
arranjam em cada porção da superfície terrestre.
Dessa forma, cabe ao livro didático de Geografia fornecer elementos e subsídios para a apreensão
dos processos que envolvem a produção do espaço, além de parâmetros para sua análise. Já ao professor compete incorporar o recurso representado pelo livro didático às demais ferramentas de ensino,
adaptando-o às especificidades regionais e ao projeto pedagógico da escola, tornando-o, desse modo,
acessível ao grupo de alunos com o qual trabalha. Também lhe cabe articular as temáticas, as necessidades e os anseios que forem identificados.
Esta coleção contempla, por meio de sua organização temática e de uma estrutura textual descomplicada, proposições consagradas no ensino de Geografia, além de possibilitar aos alunos, por intermédio
do professor, elaborar linhas de reflexão segundo tendências recentes da prática pedagógica. Ao longo
dos capítulos são apresentados boxes que facultam aos alunos estabelecer relações entre o conceito trabalhado e questões da atualidade ou situações comuns em seu cotidiano. As atividades, organizadas em
diferentes propostas, permitem desde a retomada do conteúdo e a preparação para os vestibulares até a
problematização e o desenvolvimento dos temas e das competências indicados na Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional (LDB) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCN) – como os
que se relacionam à leitura e à interpretação de registros gráficos e textuais; ao reconhecimento, à seleção
e à comparação de fenômenos espaciais; à investigação dos processos de transformação do espaço geográfico; de fenômenos relacionados à questão ambiental decorrentes da relação entre a sociedade e o meio
ambiente; à compreensão das questões referentes à educação ambiental.
Procedimentos
metodológicos
A importância do livro didático no planejamento das aulas e suas aplicações em sala
Este livro é uma ferramenta essencial para a estruturação do curso de Geografia, mas é importante
que não seja o único material de apoio didático. Ao articular seus capítulos de forma bastante didática,
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de maneira a apresentar-se como um recurso precioso na condução das aulas, este livro permite que o
professor valorize os conhecimentos prévios dos alunos para a análise criteriosa de suas abordagens,
aproveite seus textos e recursos visuais para estimular discussões e debates entre os alunos, e desenvolva atividades que permitam estabelecer relações entre seus diferentes conteúdos.
O livro didático deve ser empregado como ferramenta de promoção do desenvolvimento da autonomia de aprendizagem dos alunos, que precisam ser estimulados a recorrer ao material como fonte
de pesquisa e como referência dos temas estudados, para que possam realizar uma fundamentação
básica de seus posicionamentos críticos.
À figura do professor atribui-se a função de conferir sentido ao processo de aprendizagem dos
alunos, sem desconsiderar a condição destes como agentes ativos de produção do conhecimento. Por
isso, o professor tem um papel primordial nesse processo: desenvolver estratégias que potencializem
o desenvolvimento do conhecimento, entre as quais o livro didático deve figurar como material fundamental para o suporte das relações de ensino-aprendizagem. O trabalho de apropriação e reflexão dos
conteúdos do livro didático desvela oportunidades de concretização dos objetivos de formar alunos e
de avaliá-los, bem como de avaliar os resultados do trabalho como um todo.
A avaliação
Em se tratando das avaliações, faz-se necessário diferenciar, no mínimo, duas práticas de análise
dos trabalhos desenvolvidos ao longo do ano letivo. A primeira prática concerne à avaliação do desenvolvimento dos alunos diante de suas potencialidades, de acordo com parâmetros definidos. A segunda
relaciona-se ao desenvolvimento do curso como um todo, sendo fundamental que o professor atente-se ao cronograma de aulas, às atividades desenvolvidas em sala e às respostas dadas às propostas,
verificando assim se os objetivos estão sendo atingidos. Dessa forma, o professor poderá, se necessário, reorganizar esses objetivos e os instrumentos utilizados para atingi-los. Portanto, antes de aplicar
as práticas de avaliação, é importante que o professor domine com clareza os objetivos que direcionam
suas práticas de ensino e, nesse contexto, defina o que avaliar e como avaliar.
Um pressuposto importante no norteamento do processo de avaliação é o de que, no processo de
ensino-aprendizagem, a apropriação do conteúdo não se limita a uma finalidade em si mesma, mas
serve como meio para a formação ampla de uma consciência crítica, e os reflexos disso devem estar
representados nas respostas das avaliações produzidas pelos alunos.
A avaliação dos alunos não pode resumir-se a fórmulas prontas, devendo ser condizente com a
realidade da escola e da sociedade em que esta se insere, devendo ser estruturada sobre princípios
que, além de verificar os conhecimentos adquiridos e produzidos pelos alunos, permitam aprofundar o
conhecimento sobre todo o trabalho escolar. Concebida dessa maneira, e integrada a um planejamento
ao mesmo tempo consistente e flexível, a avaliação permite reconhecer dificuldades e ajustar as formas de intervenção no decorrer do processo letivo, readequando objetivos e repensando as práticas
pedagógicas.
Portanto, a avaliação não pode ser confundida com a simples aplicação de provas, que sobrevalorizam
notas ou conceitos. A avaliação incorporada ao processo de aprendizagem desprende-se de momentos ou procedimentos particularizados, tornando-se um princípio contínuo, indissociável dos objetivos
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estruturais do curso. Por meio desse princípio é possível conduzir todas as atividades de modo a revelar
apontamentos coletivos e individuais relacionados às propostas desenvolvidas, permitindo também, se
o professor preferir, valorizar cada atividade sem hierarquizá-las, estimulando os alunos a realizar um
estudo também contínuo, em vez de um estudo pontual às vésperas de avaliações formais.
Na avaliação contínua tanto do curso como dos alunos, tende-se a utilizar uma gama maior de
parâmetros, o que contribui para compreender qualitativamente a relação dos alunos com a aprendizagem, discernindo as dificuldades que provêm da apreensão do conteúdo em si e aquelas oriundas
da forma como o conteúdo é trabalhado. Por fim, conhecendo melhor os alunos, podem-se levar em
consideração suas especificidades, criando possibilidades de melhorias não apenas na apreensão dos
conteúdos, mas principalmente na reflexão acerca dos temas apresentados, cujos resultados podem
ser observados na avaliação (em relação ao que dela se puder deduzir) ou até mesmo em suas posturas e ações nos debates em sala de aula.
O texto a seguir, de Léa Depresbiteris, traz mais algumas contribuições para a reflexão sobre o tema
“avaliação”.
Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político
Como atribuir notas aos alunos? Como fazer para que essas notas representem o desempenho real do aluno? [...]
A ênfase à atribuição de notas (medida) na avaliação tem provocado alguns desvios significativos,
dentre os quais o de lhe dar um caráter meramente comercial, contabilístico, desconsiderando seu aspecto
educacional de orientação do aluno. Conforme diz Luckesi (1984), as notas são comumente usadas para
fundamentar necessidades de classificação de alunos, dentro de um continuum de posições, onde a maior
ênfase é dada à comparação de desempenhos e não aos objetivos instrucionais que se deseja atingir. O aluno
é classificado como inferior, médio ou superior quanto ao seu desempenho e muitas vezes fica preso a esse
estigma, não conseguindo desvelar seu potencial. [...]
A associação que limita o ato de avaliar ao de atribuir uma nota leva a um desvio bastante comum:
reduzir a avaliação à mera atividade de elaborar e aplicar instrumentos de medida. Nessa perspectiva, há
o grande perigo de direcionar a aprendizagem apenas para o domínio de conteúdos de uma prova final, de
uma unidade de ensino ou de um curso. Goldberg aponta, ainda, o problema de considerar a avaliação como
aplicação de uma prova final. Segundo a autora, muitos professores esquecem que é natural e espontâneo considerar, na avaliação, outros recursos, como trabalhos diários, observações e registros, enfim, todas as atividades
que permitem inferir desempenhos (Depresbiteris, 1989).
Assim, é importante, ao se falar em avaliação da aprendizagem, indicar suas funções, que segundo
Gronlund (1979), são as de informar e orientar para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. [...]
Que abordagem avaliativa devemos adotar para a melhoria do ensino?
A avaliação da aprendizagem está estreitamente relacionada à abordagem curricular. Segundo McNeil
(1981), podemos classificar o currículo em acadêmico, tecnológico, humanista e de reconstrução social.
No currículo acadêmico, a avaliação em sala de aula apresenta meios variados, de acordo com os
objetivos das diferentes disciplinas, sempre com ênfase ao conhecimento de fatos e temas. No currículo
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humanista, a avaliação enfatiza o processo e não o produto; a avaliação é de natureza mais subjetiva, valorizando a expressão do aluno em pinturas, poemas, discussões em grupo, dentre outros. Já no currículo
tecnológico, a avaliação se apoia no desempenho do aluno, definido pelo total de pontos obtidos em testes
padronizados ou, então, em testes específicos de programas que tratam de aspectos das disciplinas escolares
convencionais. Por fim, a avaliação no currículo de reconstrução social é feita por meio de exames abrangentes durante o último ano da escola, com o objetivo de sintetizar e avaliar a interpretação, pelo aluno,
de seu trabalho. Nesse caso, a avaliação vai além da aprendizagem, verificando efeitos da escolarização na
comunidade. [...]
Até que ponto vai o planejamento do ensino e onde começa a avaliação da aprendizagem?
A avaliação e o planejamento são atividades inseparáveis; formam um processo único, no qual devem
ser definidos os objetivos, os conteúdos, as estratégias de ensino, os critérios e as formas de avaliar.
O que acontece, porém, é que, em vez de serem valorizados em seus aspectos educacionais, o planejamento do ensino e a avaliação da aprendizagem são transformados em atividades burocráticas, formais.
O planejamento é o momento de refletir sobre os objetivos a serem atingidos, sobre como alcançá-los e sobre como avaliar o que se planejou. É frequentemente confundido com o plano de ensino, registro
formal do planejamento. A cobrança ao professor é feita quanto ao papel escrito e não quanto ao processo
de reflexão.
Como consequência, no lugar de guia, de orientador da ação docente, o plano, feito quase sempre sem
ter havido planejamento, passa a ser instrumento de gaveta, sem nenhuma função pedagógica. A avaliação,
por sua vez, é vista como o registro de uma nota, tornando-se uma atividade burocrática para o professor.
[...]
DEPRESBITERIS, Léa. Avaliação da aprendizagem do ponto de vista técnico-científico e filosófico-político.
São Paulo: FDE, 1998. n. 8. (Série Ideias).
Interdisciplinaridade
Apesar de a escola, no passado, ter agrupado os saberes em disciplinas para facilitar o processo de
aprendizagem, hoje há um esforço contrário, que tenta aproximar e relacionar conhecimentos.
Ao contrário do que muitas vezes se pensa, a interdisciplinaridade não dilui as disciplinas, mas, sim,
mantém a individualidade destas, integrando-as para uma compreensão mais ampla do conhecimento
e da realidade na qual o aluno está inserido. A sua prática procura estimular a pesquisa e a curiosidade,
a teoria e a prática, a construção de um conhecimento conjunto de professores e alunos. O professor
se torna
reconstrutor juntamente com seus alunos; o professor é, consequentemente, um pesquisador que possibilita aos alunos, também, a prática da pesquisa. A problematização como metodologia para a reconstrução de construtos dá condições ao aluno de mover-se no âmbito das teorias, das diferentes áreas do
saber, construindo a teia de relações que vai torná-lo autônomo diante da autoridade do saber. O professor
pesquisador constitui-se, portanto, em agente necessário de uma formação calçada na interdisciplinaridade.
(TOMAZETTI, 1998, p. 13.)
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Para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar, é importante a contextualização dos temas
tratados e, dessa forma, provocar a curiosidade dos alunos, através de questionamentos, bem como
acessar às ideias prévias dos alunos a respeito do tema a ser tratado.
O desenvolvimento de experiências interdisciplinares ainda é principiante e tem limitações, devido
às dificuldades enfrentadas na realidade da sala de aula. Porém, essa prática possibilita a interatividade entre diferentes áreas do conhecimento e procura aproximar os saberes adquiridos na escola de
uma realidade mais ampla e cotidiana do aluno.
O texto a seguir repensa a interdisciplinaridade e questiona como a Geografia pode contribuir com
o desafio de desenvolver esse tipo de experiência.
A interdisciplinaridade e o ensino de Geografia
A interdisciplinaridade como princípio e atitude interdisciplinar constitui foco de discussão para pesquisadores e educadores dos vários níveis de ensino, que, ao reconhecerem a complexidade do mundo
pós-industrial e o processo de globalização vivenciado pelos povos do mundo inteiro, estão cientes de que
os saberes parcelares não dão conta de resolver problemas que demandam conhecimentos específicos, relacionados a um objetivo comum e central.
Outro aspecto importante é saber que a interdisciplinaridade se revela necessária no mundo atual, mas
não constitui panaceia para todos os problemas da humanidade no planeta Terra. Portanto, há necessidade
de uma reflexão profunda e de uma interlocução permanente entre as pessoas e grupos envolvidos em um
projeto que pretende ser interdisciplinar. [...]
A preocupação maior é saber como a Geografia contribui para a formação do professor e dos alunos
do ensino básico, considerando a especificidade da ciência e da disciplina escolar, sem realizar uma “sopa”
teórico-prática, sem identidade. É preciso saber, por exemplo, como pode trabalhar como um arquiteto ou
um historiador, conhecer as propostas desses profissionais, sem confundir-se com eles nem pretender dar
aulas de Arquitetura ou de História.
No âmbito de cada ciência e também da Geografia, apesar de toda a discussão existente sobre a interdisciplinaridade, ainda se realiza um trabalho compartimentado e isolado com pouca interlocução entre os
responsáveis pelos vários ramos do conhecimento. Como avançar na direção de trabalhos mais aproximados, já
que há conhecimentos parcelares profundos e plurais, por exemplo, na Geografia urbana, na Geografia agrária,
na Geomorfologia, na Climatologia? Isso para não citar os vários outros ramos existentes há muito e os novos
ramos que surgem à medida que a sociedade, em sua dinâmica e movimento, também se transforma.
A interdisciplinaridade pode criar novos saberes e favorecer uma aproximação maior com a realidade
social mediante leituras diversificadas do espaço geográfico e de temas de grande interesse e necessidade
para o Brasil e para o mundo.
O professor de uma disciplina específica com uma atitude interdisciplinar abre a possibilidade de ser
um professor-pesquisador porque deve selecionar os conteúdos, métodos e técnicas trabalhados em sua
disciplina e disponibilizá-los para contribuir com um objeto de estudo em interação com os professores das
demais disciplinas. Isso não pode ser realizado sem uma pesquisa permanente.
A Geografia, no desenvolvimento de seus conceitos e na maneira de produzir, ensinar e relacionar-se
ou não com seus próprios ramos e com outras ciências ou disciplinas escolares, é um movimento histórico
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que se encontra em constante transformação. O professor necessita manter o diálogo permanente com o
passado, o presente e o futuro para conhecer melhor sua própria ciência e saber como constituir projetos
disciplinares e interdisciplinares na escola. [...]
A interdisciplinaridade e o ensino de Geografia. In: PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE,
Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 143-145.
Sugestões
de leitura
TEXTO 1: Antonio Nóvoa, doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra, é um
estudioso português que se dedica à História da Educação e Educação comparada. Na entrevista a
seguir, ele faz uma reflexão do papel do professor no passado, presente e futuro.
Professor, o que é ser professor hoje? Ser professor atualmente é mais complexo
do que foi no passado?
Antonio Nóvoa – É difícil dizer se ser professor, na atualidade, é mais complexo do que foi no passado,
porque a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm que lidar não só
com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social, o
que não existia no passado. Isto é, quando todos os alunos vão para a escola, de todos os grupos sociais, dos
mais pobres aos mais ricos, de todas as raças e todas as etnias, quando toda essa gente está dentro da escola e
quando se consegue cumprir, de algum modo, esse desígnio histórico da escola para todos, ao mesmo tempo,
também, a escola atinge uma enorme complexidade que não existia no passado. Hoje em dia é, certamente,
mais complexo e mais difícil ser professor do que era há 50 anos, do que era há 60 anos ou há 70 anos. Esta
complexidade acentua-se, ainda, pelo fato de a própria sociedade ter, por vezes, dificuldade em saber para
que ela quer a escola. A escola foi um fator de produção de uma cidadania nacional, foi um fator de promoção social durante muito tempo e agora deixou de ser. E a própria sociedade tem, por vezes, dificuldade
em ter uma clareza, uma coerência sobre quais devem ser os objetivos da escola. E essa incerteza, muitas
vezes, transforma o professor num profissional que vive numa situação amargurada, que vive numa situação
difícil e complicada pela complexidade do seu trabalho, que é maior do que no passado. Mas isso acontece,
também, por essa incerteza de fins e de objetivos que existe hoje em dia na sociedade.
Como o senhor entende a formação continuada de professores? Qual o papel da
escola nessa formação?
Antonio Nóvoa – Durante muito tempo, quando nós falávamos em formação de professores, falávamos essencialmente da formação inicial do professor. Essa era a referência principal: preparavam-se os professores que, depois, iam durante 30, 40 anos exercer essa profissão. Hoje em dia, é impensável
imaginar esta situação. Isto é, a formação de professores é algo, como eu costumo dizer, que se estabelece
num continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, que continua nos primeiros anos de exercício
profissional. Os primeiros anos do professor – que, a meu ver, são absolutamente decisivos para o futuro de
cada um dos professores e para a sua integração harmoniosa na profissão – continuam ao longo de toda a
vida profissional, através de práticas de formação continuada. Estas práticas de formação continuada devem
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ter como polo de referência as escolas. São as escolas e os professores organizados nas suas escolas que podem decidir quais são os melhores meios, os melhores métodos e as melhores formas de assegurar esta formação continuada. Com isso, eu não quero dizer que não seja muito importante o trabalho de especialistas,
o trabalho de universitários nessa colaboração. Mas a lógica da formação continuada deve ser centrada nas
escolas e deve estar centrada numa organização dos próprios professores.
Que competências são necessárias para a prática do professor?
Antonio Nóvoa – Provavelmente na literatura, nos textos, nas reflexões que têm sido feitas ao longo dos
últimos anos, essa tem sido a pergunta mais frequentemente posta e há uma imensa lista de competências.
Estou a me lembrar que ainda há 3 ou 4 dias estive a ver com um colega meu estrangeiro, justamente, uma
lista de 10 competências para uma profissão. Podíamos listar aqui um conjunto enorme de competências do
ponto de vista da ação profissional dos professores. Resumindo, eu tenderia a valorizar duas competências: a
primeira é uma competência de organização. Isto é, o professor não é, hoje em dia, um mero transmissor de
conhecimento, mas também não é apenas uma pessoa que trabalha no interior de uma sala de aula. O professor é um organizador de aprendizagens, de aprendizagens via os novos meios informáticos, por via dessas
novas realidades virtuais. Organizador do ponto de vista da organização da escola, do ponto de vista de uma
organização mais ampla, que é a organização da turma ou da sala de aula. Há aqui, portanto, uma dimensão
da organização das aprendizagens, do que eu designo, a organização do trabalho escolar e esta organização
do trabalho escolar é mais do que o simples trabalho pedagógico, é mais do que o simples trabalho do ensino,
é qualquer coisa que vai além destas dimensões, e estas competências de organização são absolutamente
essenciais para um professor. Há um segundo nível de competências que, a meu ver, são muito importantes também, que são as competências relacionadas com a compreensão do conhecimento. Há uma velha
brincadeira, que é uma brincadeira que já tem quase um século, que parece que terá sido dita, inicialmente,
por Bernard Shaw, mas há controvérsias sobre isso, que dizia que: “quem sabe faz, quem não sabe ensina”.
Hoje em dia esta brincadeira podia ser substituída por uma outra: “quem compreende o conhecimento”.
Não basta deter o conhecimento para o saber transmitir a alguém, é preciso compreender o conhecimento,
ser capaz de o reorganizar, ser capaz de o reelaborar e de transpô-lo em situação didática em sala de aula.
Esta compreensão do conhecimento é, absolutamente, essencial nas competências práticas dos professores.
Eu tenderia, portanto, a acentuar esses dois planos: o plano do professor como um organizador do trabalho
escolar, nas suas diversas dimensões, e o professor como alguém que compreende, que detém e compreende
um determinado conhecimento e é capaz de o reelaborar no sentido da sua transposição didática, como
agora se diz, no sentido da sua capacidade de ensinar a um grupo de alunos. [...]
A sociedade espera muito dos professores. Espera que eles gerenciem o seu percurso profissional,
tematizem a própria prática, além de exercer sua prática pedagógica em sala de aula. Qual a contrapartida que o sistema deve oferecer aos professores para que isso aconteça?
Antonio Nóvoa – Certamente, nas entrelinhas da sua pergunta, há essa dimensão. Há hoje um excesso de missões dos professores, pede-se demais aos professores, pede-se demais às escolas. As escolas,
talvez, resumindo numa frase [...], as escolas valem o que vale a sociedade. Não podemos imaginar escolas
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extraordinárias, espantosas, onde tudo funciona bem numa sociedade onde nada funciona. Acontece que,
por uma espécie de um paradoxo, as coisas que não podemos assegurar que existam na sociedade, nós temos
tendência a projetá-las para dentro da escola e a sobrecarregar os professores com um excesso de missões.
Os pais não são autoritários, ou não conseguem assegurar a autoridade, pois se pede ainda mais autoridade
para a escola. Os pais não conseguem assegurar a disciplina, pede-se ainda mais disciplina à escola. Os pais
não conseguem que os filhos leiam em casa, pede-se à escola que os filhos aprendam a ler. É legítimo eles
pedirem à escola, a escola está lá para cumprir uma determinada missão, mas não é legítimo que sejam uma
espécie de vasos comunicantes ao contrário. Que cada vez que a sociedade tem menos capacidade para
fazer certas coisas, mais sobem as exigências sobre a escola. E isto é um paradoxo absolutamente intolerável
e tem criado para os professores uma situação insustentável do ponto de vista profissional, submetendo-os a uma crítica pública, submetendo-os a uma violência simbólica nos jornais, na sociedade, etc. o que é
absolutamente intolerável. Eu creio que os professores podem e devem exigir duas coisas absolutamente
essenciais que são:
•
uma, é calma e tranquilidade para o exercício do seu trabalho, eles precisam estar num ambiente,
eles precisam estar rodeados de um ambiente social, precisam estar rodeados de um ambiente
comunitário que lhes permita essa calma e essa tranquilidade para o seu trabalho. Quer dizer, não
é possível trabalhar pedagogicamente no meio do ruído, no meio do barulho, no meio da crítica,
no meio da insinuação. É absolutamente impossível esse tipo de trabalho. As pessoas têm que assegurar essa calma e essa tranquilidade;
•
e, por outro lado, é essencial ter condições de dignidade profissional. E essa dignidade profissional
passa certamente por questões materiais, por questões do salário, passa também por boas questões
de formação, e passa por questões de boas carreiras profissionais. Quer dizer, não é possível imaginar que os professores tenham condições para responder a este aumento absolutamente imensurável de missões, de exigências no meio de uma crítica feroz, no meio de situações intoleráveis, de
acusação aos professores e às escolas.
Eu creio que há, para além dos aspectos sociais de que eu falei a pouco – e que são aspectos extremamente importantes, porque no passado os professores não tiveram, por exemplo, os professores nunca
tiveram situações materiais e econômicas muito boas, mas tinham prestígio e uma dignidade social que, em
grande parte completavam algumas dessas deficiências – para além desses aspectos sociais de que eu falei a
pouco e que são essenciais para o professor no novo milênio, neste milênio que estamos, eu creio que pensando internamente a profissão, há dois aspectos que me parecem essenciais. O primeiro é que os professores se organizem coletivamente – e esta organização coletiva não passa apenas, eu insisto bem, apenas pelas
tradicionais práticas associativas e sindicais – passa também por novos modelos de organização, como comunidade profissional, como coletivo docente, dentro das escolas, por grupos disciplinares e conseguirem deste
modo exercer um papel com profissão, que é mais ampla do que o papel que tem exercido até agora. As
questões do professorado enquanto coletivo parecem-me essenciais. Sem desvalorizar as questões sindicais
tradicionais, ou associativas, creio que é preciso ir mais longe nesta organização coletiva do professorado. O
segundo ponto – e que tem muito a ver também com formação de professores – passa pelo que eu designo
como conhecimento profissional. Isto é, há certamente um conhecimento disciplinar que pertence aos cientistas, que pertence às pessoas da história, das ciências etc., e que os professores devem ter. Há certamente
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um conhecimento pedagógico que pertence, às vezes, aos pedagogos, às pessoas da área da educação que os
professores devem ter também. Mas, além disso, há um conhecimento profissional que não é nem um conhecimento científico nem um conhecimento pedagógico, que é um conhecimento feito na prática, que é um
conhecimento feito na experiência, como dizia há pouco, e na reflexão sobre essa experiência. A valorização
desse conhecimento profissional, a meu ver, é essencial para os professores neste novo milênio. [...]
TV Escola. Salto para o futuro. Entrevistas: Antonio Nóvoa. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/saltoparaofuturo/
entrevista.asp?cod_Entrevista=59>. Acesso em: 5 fev. 2013.
TEXTO 2: o texto a seguir, retirado do livro Para ensinar e aprender Geografia, de autoria de Nídia
Nacib Pontuschka (professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo), Núria
Hanglei Cacete (professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) e Tomoko
Iyda Paganelli (professora adjunta da Universidade Federal Fluminense), comenta sobre a importância
do estreitamento de outras áreas do conhecimento e do saber cotidiano com a Geografia.
O ensino-aprendizagem da Geografia e as práticas disciplinares, interdisciplinares e transversais
[...] Temos a preocupação de pensar em como a aprendizagem e o ensino da Geografia se situam perante outras possibilidades, superando a disciplinaridade pela interação com as demais disciplinas. Assumimos
a compreensão de que, ao conhecer um objeto de estudo geográfico, ele será mais aprofundado quando se
aproveitam também os conhecimentos provenientes de outras disciplinas.
Essa é uma questão atualmente enfrentada pelos educadores brasileiros que desejam – ou são solicitados a – trabalhar com currículos baseados nos princípios mencionados, paralelamente ou em interação com
um tratamento disciplinar dispensado aos conteúdos escolares.
A disciplinaridade ou um currículo disciplinar podem restringir-se apenas ao caráter cognitivo dos fatos e
conceitos. No entanto, se a perspectiva da escola básica é a educação integral, a Geografia deve colaborar com
essa meta e pensar em outras dimensões do conteúdo, para estreitar as relações entre as disciplinas e promover
a ampliação desse conceito. Ao ampliar o conceito do conteúdo, devem ser considerados também os conteúdos
procedimentais e atitudinais, que precisam estar presentes nas intenções do professor de Geografia quando da
elaboração da programação da disciplina escolar.
Na Geografia, os conteúdos procedimentais relacionam-se ao modo pelo qual os alunos assimilam certas
práticas que passam a fazer parte de sua própria vida. Aqui lembramos alguns exemplos: fazer leituras de
imagens, habituar-se a ler várias modalidades de textos e integrá-los aos conhecimentos possuídos; ser capaz
de utilizá-los em situações externas à escola, portanto, em situações de vida; observar um fato isolado e poder
contextualizá-lo no tempo e no espaço. Na observação, não ficar satisfeito somente com os fatos visíveis, mas
ir à busca de explicações mais próximas da “verdade”; saber pesquisar e trabalhar com argumentações que
aumentem a compreensão de determinadas questões complexas.
As questões complexas, intrinsecamente relacionadas com o mundo contemporâneo, com a mundialização da economia, com a globalização das comunicações, com a formação de redes de circulação de mercadorias, de pessoas e ideias, exigem procedimentos metodológicos que permitam ao aluno compreender
melhor o mundo em que está inserido.
A observação informal e também a observação sistemática de fatos ou fenômenos do cotidiano, a
capacidade de registrá-los, usando diferentes recursos e linguagens, bem como de ouvir as pessoas sobre
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determinados objetos para conhecer as representações, ou seja, a concepção que o sujeito tem sobre algo
em dado momento, são procedimentos que alargam e aprofundam a reflexão, porque ensejam a passagem
de uma representação metafórica a uma representação cada vez mais conceitualizada, na qual as relações
resultantes permitem a produção de novos conhecimentos.
Dentre os aspectos antes propostos apenas como objetivos, mas considerados, nos dias atuais,
conteúdos atitudinais, destacam-se o respeito às diferenças de sexo, de etnia, de faixas etárias, com
responsabilidade sobre as crianças e os idosos, a valorização do patrimônio sociocultural, da diversidade
ambiental, dos direitos e deveres do cidadão...
Uma disciplina parcelar não consegue lidar com todos esses tipos de conteúdos, e disso decorre a necessidade de pensar em outros métodos e princípios que conjuguem esforços integrados para conseguir formar
o homem inteiro, propiciando uma educação integral. [...]
O ensino-aprendizagem da Geografia e as práticas disciplinares, interdisciplinares e transversais. In: PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI,
Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 107-109.
Sugestões
de livros e sites
Livros
AB’SÁBER, Aziz Nacib. A Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: Edusp, 1996.
______. Os domínios de natureza no Brasil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
ALMEIDA, Rosangela D. (Org.). Cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2002.
______. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001.
______.; PASSINI, Elza. O espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 1991.
ANDRADE, Manuel Correia. O Brasil e a América Latina. São Paulo: Contexto, 1996.
CARLOS, Ana Fani Alessandri (Org.). A Geografia na sala de aula. Campinas: Papirus, 1999.
______. Espaço-tempo na metrópole: a fragmentação da vida cotidiana. São Paulo: Contexto, 2001.
CASTELLAR, Sonia M. V. (Org.). Educação geográfica: teorias e práticas docentes. São Paulo:
Contexto, 2006.
CASTRO, Iná E. de; GOMES, Paulo César. da C. Explorações geográficas. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1997.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Org.). Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano.
Porto Alegre: Mediação, 2005.
CHOSSUDOVSKY, Michel. A globalização da pobreza. São Paulo: Moderna, 1999.
CHRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. São Paulo: Edgard Blücher, 2003.
CORREA, Roberto L. Logística do espaço brasileiro: as redes geográficas. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.
FIORI, José L. O poder americano. Petrópolis: Vozes, 2004.
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FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Nacional, 1977.
______. A economia latino-americana: formação histórica e problemas contemporâneos. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
GUERRA, Antônio J. T.; CUNHA, Sandra. B. da. Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 1996.
HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005.
IANNI, Octavio. A era do globalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
LACERDA, A. C. O impacto da globalização na economia brasileira. São Paulo: Contexto, 1999.
LEINS, Viktor; AMARAL, Sergio Estanislau do. Geologia geral. São Paulo: Nacional, 1998.
LIMA, M. G.; LOPES, C. S. (Org.). Geografia e ensino: conhecimento científico e sociedade. Maringá:
Massoni, 2007.
MARTINELLI, Marcello. Mapas da Geografia e cartografia temática. São Paulo: Contexto, 2003.
MORAES, Antônio Carlos Robert. A gênese da Geografia moderna. São Paulo: Hucitec/Annablume, 2002.
OLIVEIRA, Ariovaldo U. A Geografia das lutas no campo. São Paulo: Contexto, 1996.
PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para ensinar e aprender
Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
PONTUSCHKA, Nídia. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2007.
REGO, Nelson et al. (Orgs.). Geografia: práticas pedagógicas para o Ensino Médio. Porto Alegre: Artmed,
2007.
ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia: ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1997.
SANCHEZ, I. Para entender a internacionalização da economia. São Paulo: Editora Senac, 2001.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 2002.
SANTOS, Renato Emerson dos (Org.). Diversidade, espaço e relações étnico-raciais: o negro na geografia
do Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
______. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro:
Record, 2000.
SINGER, Paul. Economia política da urbanização. São Paulo: Contexto, 2002.
TEIXEIRA, Wilson et al. (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Nacional, 2008.
VENTURI, Luís Antônio B. (Org.). Praticando Geografia: técnicas de campo e laboratório. São Paulo:
Oficina de Textos, 2005.
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VITTE, Antônio C.; GUERRA, Antônio J. T. Reflexões sobre a Geografia física no Brasil. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2004.
Sites
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP): <http://www.anp.gov.br>.
Banco Mundial: <http://www.worldbank.org>.
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM): <http://www.dnpm.gov.br>.
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese): <http://www.dieese.org.br>.
Domínio Público: <http://www.dominiopublico.gov.br>.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa): <http://www.embrapa.gov.br>.
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp): <http://www.fiesp.com.br>.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): <http://www.ibge.gov.br>.
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama): <http://www.ibama.gov.br>.
Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC): <http://www.igc.sp.gov.br>.
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra): <http://www.incra.gov.br>.
Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet): <http://www.inmet.gov.br>.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): <http://www.inpe.br>.
Ministério da Agricultura: <http://www.agricultura.gov.br>.
Ministério da Educação: <http://www.mec.gov.br>.
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: <http://www.mdic.gov.br>.
Ministério de Minas e Energia: <http://www.mme.gov.br>.
Ministério dos Transportes: <http://www.transportes.gov.br>.
ONU Brasil: <http://www.onu.org.br>.
Petrobras: <http://www.petrobras.com.br>.
Portal Brasil: <http://www.brasil.gov.br>.
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud Brasil): <http://www.pnud.org.br>.
Revista ComCiência: <http://www.comciencia.br>.
Revista da Faculdade de Educação da USP: <http://www.educacaoepesquisa.fe.usp.br>.
Revista Estudos Avançados da USP: <http://www.iea.usp.br/revista>.
TV Escola: <http://tvescola.mec.gov.br>.
2. Pressupostos
Objetivos
De
acordo
da
geográficos da coleção
Geografia
com
as
para o
Diretrizes
Ensino Médio
Curriculares
Nacionais
(DCN),
as
práticas
pedagógi-
cas no Ensino Médio devem ser orientadas por competências a serem desenvolvidas pelos alunos: comunicação e representação; investigação, articulação e compreensão; contextualização social e histórica dos conhecimentos; desenvolvimento do espírito crítico. Já as
diretrizes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) são estruturadas em função das seguintes
competências: domínio de linguagens; compreensão de fenômenos; enfrentamento de situações-problema; construção de argumentação; e elaboração de propostas.
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Entendendo as proposições acima como premissas, o próximo passo é a identificação de como é
possível que a Geografia, com suas especificidades, contribua para a formação de alunos que dominem
sua essência, conscientizando-se do papel dessa disciplina no Ensino Básico e em suas vidas. Esse
papel pode ser sintetizado em: construção da autonomia na adoção de procedimentos de verificação e
análise de elementos que compõem a realidade; tomada de posição frente à realidade compreendida;
realização de intervenções balizadas nas ações anteriores.
O objetivo essencial da Geografia no Ensino Médio é propiciar aos alunos o desenvolvimento das
capacidades de:
•
definir critérios coerentes para descrever aspectos do espaço geográfico;
•
ler e interpretar diferentes formas de representação do espaço geográfico;
•
analisar criticamente materiais cartográficos e outros documentos de interesse geográfico;
•
coletar e sistematizar informações disponíveis em mapas, gráficos e tabelas, assim como utilizar esses recursos para expressar o conhecimento;
•
compreender e utilizar as escalas geográfica e cartográfica como formas de demonstrar a ocorrência e a distribuição espacial de fenômenos;
•
reconhecer, a partir da análise do espaço geográfico, as relações e interações de fenômenos
sociais e naturais;
•
reconhecer e estabelecer relações entre as diversas escalas dos fenômenos geográficos (local,
regional, global);
•
relacionar fatores históricos às estruturas da sociedade atual;
•
avaliar os impactos do trabalho humano no meio físico ao longo do tempo;
•
reconhecer a importância dos sistemas econômicos e políticos para a organização dos processos de produção do espaço;
•
selecionar, comparar e interpretar aspectos da realidade espacial, sem rupturas que comprometam a apreensão de seu contexto;
•
elaborar estratégias de pesquisa e investigação de informações que possam estimular reflexões e embasar a construção do conhecimento geográfico;
•
analisar criticamente a apropriação dos recursos naturais pelos seres humanos, considerando
as demandas sociais e a necessidade de preservação do meio ambiente;
•
identificar, no espaço vivido, subsídios para a compreensão de fenômenos de interesse
geográfico;
•
aplicar, no cotidiano, os conceitos e os conhecimentos adquiridos por meio do estudo da
Geografia;
•
reconhecer, no espaço vivido, as manifestações de processos de abrangência global;
•
conduzir com autonomia seu próprio processo de aprendizagem, buscando nas experiências
vividas e nos recursos teóricos os elementos para a aferição do mundo;
•
pautar-se em noções de cidadania para atuar nos ciclos sociais e interferir nas escalas espaciais em que está inserido;
•
relacionar os conteúdos do ensino de Geografia com outras disciplinas.
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Os
conceitos geográficos na coleção
Os conteúdos reunidos nesta coleção apoiam-se em conceitos que fundamentam o conhecimento
geográfico e atendem às DCN, constituindo parâmetros para o desenvolvimento de práticas de ensino-aprendizagem adequadas às demandas atuais.
O espaço geográfico, conceito elementar e ligado à própria unidade da Geografia como área do
conhecimento, permeia toda a obra, sustentando a abordagem dos diferentes recortes da superfície
terrestre e das diferentes feições que estes assumem, por meio da imbricação entre os fenômenos
naturais e as atividades de apropriação social do espaço.
Em consonância com o espaço geográfico, os conceitos de paisagem, lugar e território são também
categorias espaciais de fundamental importância para a interpretação do mundo sob a mediação do
pensamento geográfico.
A paisagem, entendida como produto dos sentidos, é um conceito tratado na obra como recurso visual (em fotografias e ilustrações) para a identificação ou contextualização de aspectos relevantes dos
locais ou fenômenos trabalhados. Como categoria de análise, é trabalhada principalmente nos boxes,
revelando como interagem os fenômenos naturais que competem para a disposição dos elementos
físicos na superfície terrestre e permitindo o reconhecimento das características sociais manifestadas
no espaço produzido.
A concepção de lugar é utilizada como referência principalmente nos boxes e nas atividades, tendo como principal objetivo aproximar os temas que estruturam os capítulos da realidade particular e
imediata dos alunos. Por meio de situações do cotidiano resgatadas em sala de aula, os alunos podem
encontrar elementos preciosos para compreender várias questões trazidas pela coleção, ampliando
assim sua consciência sobre sua identidade e seu pertencimento ao lugar, e estimulando sua inclinação para reflexões sobre relações de consenso e conflito, dominação e resistência.
O território é o conceito atrelado ao exercício do poder, é sua manifestação no espaço, e por essa
razão embasa os capítulos que priorizam as relações entre países, as estratégias de dominação econômica e as articulações políticas e geopolíticas. É por meio da noção de território que os alunos adquirem a capacidade de desvelar as relações de domínio e apropriação presentes no espaço geográfico.
Outro conceito importante é o de escala, que aparece na obra definido basicamente de duas maneiras: com um sentido mais restrito, como recurso de produção dos materiais cartográficos; e com um sentido mais amplo – o de escala geográfica –, como instrumento de análise dos fenômenos que interagem
nas diversas dimensões do espaço geográfico. O geógrafo Ailton Luchiari (2005, p. 56) e seus colaboradores, apoiados em Josué Montello, apresentam algumas definições para esse conceito, a saber:
•
escala cartográfica: indica a proporção entre o tamanho do objeto no terreno e as
suas dimensões no mapa. É expressa numericamente por uma fração (por exemplo:
1 : 50 000), ou graficamente, por uma barra graduada;
•
escala dos fenômenos: indica as dimensões da ocorrência de fenômenos sobre a superfície
terrestre. A região semiárida brasileira ocupa uma área total de 974 752 km2, e abrange a maior
parte dos estados da Região Nordeste (86,48%), a região setentrional do estado de Minas Gerais
(11,01%) e o norte do Espírito Santo (2,51%).
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Um conceito fortemente ligado ao de escala é o de globalização, que aparece articulado com os temas de diferentes capítulos. No artigo “A quem interessa a globalização” (cuja leitura é recomendada),
o geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Costa Ribeiro (1995, p. 18) define
globalização como “um estilo de vida em configuração, no qual os agentes centrais seriam os consumidores (de informação e produtos)”.
Conceitos utilizados em áreas mais específicas da ciência geográfica (mas não menos importantes)
foram apresentados e aprofundados em capítulos diretamente relacionados a seu campo de influência.
Entre eles, podemos citar: recursos naturais, meio ambiente e desenvolvimento sustentável, energia,
produção e fluxos.
A Cartografia
na coleção
A Cartografia, além de um conjunto de técnicas ligadas à representação do espaço e aos códigos
de linguagem pertinentes à Geografia, é um campo do conhecimento que complementa a análise espacial, viabilizando e legitimando a concretização dos estudos geográficos. Permite o registro
sintético dos elementos levantados pela investigação geográfica, convertendo-o em instrumento de
inferência da realidade. O domínio da Cartografia, portanto, não apenas viabiliza a documentação
dos elementos de organização do espaço, como também confere maior qualidade à investigação e à
interpretação dos objetos de pesquisa.
Reconhecendo sua importância para o ensino da Geografia, a abordagem teórica da Cartografia é
apresentada nesta coleção logo nos capítulos iniciais do volume 1. Isso garante que todo o conteúdo
a ser trabalhado ao longo do Ensino Médio possa ser mais bem aproveitado pelos alunos, que, ao dominarem os elementos básicos da Cartografia, estarão mais aptos a apropriar-se com mais facilidade
dos recursos cartográficos que dão suporte aos textos dos capítulos, além de selecionar, sistematizar
e registrar as informações (dispostas em mapas ou não).
Nos capítulos 1 e 2 do primeiro volume, estão: a fundamentação das noções de orientação e localização espacial; a definição do conhecimento cartográfico e sua construção histórica; a apresentação
das projeções cartográficas como possibilidades de representação do mundo; e a abordagem técnica
e conceitual da escala cartográfica. Como já foi exposto na parte final do texto introdutório, a leitura
cartográfica (ou, em outras palavras, o domínio instrumental dos materiais cartográficos) conquista-se
efetivamente por meio da produção de materiais.
Desse modo, os subsídios fornecidos pela coleção devem ser contextualizados em trabalhos
que utilizem diferentes exemplos de materiais cartográficos. Sempre que possível, os elementos da
Cartografia devem ser significados por meio de atividades práticas, nas quais os alunos possam aplicá-los, formando arranjos completos.
Os inúmeros mapas e gráficos distribuídos por todos os capítulos visam facilitar ou complementar a
compreensão de temas presentes nos textos, sintetizar fenômenos, localizar áreas e ocorrências pontuais, fomentar interpretações, verificar tendências e evoluções temporais, além de comparar eventos
que se manifestam de maneira desigual. Os materiais cartográficos que compõem as atividades propostas, principalmente as questões de vestibulares, são recursos reveladores de informações, considerados elementos de análise imprescindíveis.
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O texto a seguir, demonstrando a importância dos mapas, remete ao papel da Cartografia na construção do conhecimento geográfico e no emprego desse conhecimento na interpretação e contestação
do espaço geográfico.
A importância do mapa
O mapa, um modelo de comunicação visual, é utilizado cotidianamente por leigos em suas viagens,
consulta de roteiros, localização de imóveis, e por geógrafos, principalmente, de forma específica. O mapa já
era utilizado pelos homens das cavernas para expressar seus deslocamentos e registrar as informações quanto
às possibilidades de caça, problemas de terreno, matas, rios etc. Eram mapas em que se usavam símbolos iconográficos e que tinham por objetivo melhorar a sobrevivência. Eram mapas topológicos, sem preocupação
de projeção e de sistema de signos ordenados, mas os símbolos pictóricos eram de significação direta, sem
legenda, pois era a própria linguagem deles, a iconográfica.
Uma vez que a Geografia é uma ciência que se preocupa com a organização do espaço, para ela o mapa
é utilizado tanto para a investigação quanto para a constatação de seus dados. A Cartografia e a Geografia e
outras disciplinas, como a Geologia e a Biologia, caminham paralelamente para que as informações colhidas
sejam representadas de forma sistemática e, assim, se possa ter a compreensão “espacial” do fenômeno.
O mapa, portanto, é de suma importância para que todos que se interessem por deslocamentos mais
racionais, pela compreensão da distribuição e organização dos espaços, possam se informar e se utilizar deste
modelo e tenham uma visão de conjunto.
Os espaços são conhecidos dos cientistas que os palmilham em suas pesquisas de campo, mas é o mapa
que trará a leitura daquele espaço, mostrando a interligação com espaços mais amplos.
Assim, também os leigos, ao se preocuparem com a organização do seu espaço, ou de forma mais cotidiana com deslocamentos mais racionais, ou circulações alternativas (congestionamentos, impedimentos),
devem apelar para o mapa. [...]
Mapeador x leitor de mapas
Iniciando o aluno em sua tarefa de mapear, estamos, portanto, mostrando os caminhos para que se
torne um leitor consciente da linguagem cartográfica.
[...] A ação para que o aluno possa entender a linguagem cartográfica não está em pintar ou copiar
contornos, mas em “fazer o mapa” para que, acompanhando metodologicamente cada passo do processo – reduzir proporcionalmente, estabelecer um sistema de signos ordenados, obedecer a um sistema de
projeções para que haja coordenação de pontos de vista (descentralização espacial) –, familiarize-se com a
linguagem cartográfica.
PASSINI, Elza; ALMEIDA, Rosângela Doin. Espaço geográfico: ensino e representação. São Paulo: Contexto, 2002.
Ainda sobre a temática em pauta, podemos apresentar uma série de questionamentos formulados
por Ângela Katuta (2007, p. 147), que podem balizar a elaboração e o desenvolvimento de trabalhos em
sala de aula com os alunos:
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•
Que objetivos pedagógicos eu tenho ao ensinar Geografia, portanto, o que enfatizarei no processo de alfabetização geográfica-cartográfica?
•
Que tipos de Geografia e de Cartografia eu devo abordar em sala de aula? As que são fundadas na cisão entre o sujeito e o objeto? Ou as fundadas na polissemia do sujeito e, portanto, do
espaço?
•
É necessário que os discentes expressem cartograficamente as espacialidades por eles vivenciadas e percebidas, a fim de que construam a capacidade de entender a localização geográfica
dos lugares?
•
Devo, momentaneamente, romper com a “norma culta” da Cartografia no processo de ensino e
aprendizagem dos conhecimentos geográficos, a fim de que os alunos, em um momento inicial,
consigam expressar, por meio de suas representações, os elementos vivenciados e percebidos
no espaço cotidiano?
•
A fim de trazer geografias discentes para dentro da sala de aula, apenas a linguagem cartográfica basta? Outras linguagens se fazem necessárias para a compreensão dos lugares?
•
As linguagens escritas e cartográficas são excludentes ou complementares?
Sabemos que o trabalho com gráficos em sala de aula é indispensável para uma completa apreensão da linguagem cartográfica. Acerca da função desse tipo de linguagem, recomendamos a leitura
do texto “Aprendizagem significativa de gráficos no ensino de Geografia”, em que Elza Passini (2007, p.
174) afirma: “O gráfico possibilita a leitura imediata: ele é visual, mostra os dados organizados de forma
lógica, prendendo-se à essência. É uma linguagem universal que permite ver a informação”.
3. Organização
Apresentação
didática da coleção
temática dos volumes
Esta coleção divide-se em três volumes, sendo cada um dirigido a um ano do Ensino Médio. Todos
os volumes estão organizados em unidades compostas de capítulos cujos temas estabelecem relações
entre si. O conteúdo dos capítulos foi elaborado de modo que possibilite aos alunos compreenderem
as diversas relações existentes entre a sociedade e o meio, e, para isso, o recurso utilizado é a análise
de diferentes etapas de processo de ocupação do espaço natural pelos seres humanos. Nos volumes 1
e 2 são analisadas as relações existentes entre os elementos do espaço natural e as formas de apropriação do espaço pela sociedade, tanto no que se refere aos aspectos econômicos como à dinâmica de
ocupação humana. O volume 3 tem como objetivos aprofundar a análise acerca da dinâmica econômica
global e debater temas voltados para a geopolítica dos séculos XX e XXI.
A coleção está estruturada da seguinte forma:
Volume 1 – 1o ano
O volume 1 é composto de três temas principais: noções cartográficas e de orientação espacial;
aspectos físicos da superfície terrestre; e exploração dos recursos naturais. O elemento que confere
unidade a esses temas centrais é o conceito de superfície terrestre, pois, como esta é a base física da
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construção do espaço geográfico e fonte de recursos, é necessário que a sociedade tenha o domínio
sobre suas características. Nesse âmbito, a Cartografia emerge como parte do conhecimento técnico
que a sociedade desenvolve como instrumento para esse conhecimento e domínio.
UNIDADE 1 – DINÂMICA ESPACIAL
Focada no estudo da superfície terrestre (e por vezes apresentando exemplos específicos do Brasil),
essa unidade aborda conhecimentos e técnicas de orientação e localização espacial; as diversas formas de representação cartográfica dos recortes espaciais; e as principais características do planeta
Terra, destacando sua situação em relação aos demais astros do Sistema Solar e a estruturação de sua
superfície em continentes e oceanos.
Capítulo 1 – Orientação
O capítulo apresenta as noções básicas de orientação e localização, os principais instrumentos e
referenciais utilizados na orientação espacial, assim como o sistema de linhas imaginárias e coordenadas geográficas representadas nas cartas e nos mapas, além de sua relação com os fusos horários
no mundo.
Na página de abertura, o trecho extraído do livro Mar sem fim, de Amyr Klink, não apenas indica a
importância fundamental dos equipamentos de orientação geográfica, mas, por meio de uma narrativa
envolvente, abre possibilidades de sensibilização dos alunos em relação ao tema. Incentivar os alunos
a pesquisar outros textos que impliquem a localização e a orientação espacial e confrontá-los com situações análogas já vivenciadas são alternativas para tornar a aula mais consistente e dinâmica.
Capítulo 2 – Cartografia
Neste capítulo, a Cartografia é apresentada conceitualmente e sua importância é ilustrada por uma
perspectiva histórica. A evolução técnica e tecnológica também é destacada, assim como as projeções
cartográficas e os elementos que compõem os mapas.
O texto de abertura, um relato de uma experiência pessoal, indica que a Cartografia não se refere
apenas à simples representação de espaços e de seus elementos. Sugerimos que esse texto seja utilizado para estabelecer uma discussão sobre como um mapa pode servir de meio para expressar interpretações do mundo e que, assim como um texto, pode gerar diferentes leituras. Essa discussão pode
ser aproveitada para apontar o fato de que os próprios mapas são concebidos com base em objetivos
previamente definidos ou, em outras palavras, podem adquirir caráter político ou ideológico.
Capítulo 3 – O mapa do mundo
Este capítulo situa o planeta Terra em relação ao Sistema Solar, revelando suas dimensões, seu eixo
de inclinação e seu movimento de translação (e sua influência no meio ambiente e na sociedade), além
de caracterizar os oceanos e continentes que compõem a superfície terrestre.
O depoimento de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro a deixar o planeta Terra, traz à tona
o fascínio que as viagens extraplanetárias despertam no ser humano, desde os tempos anteriores à sua
viabilização. As palavras do astronauta revelam a necessidade de pensarmos nossa relação com o planeta, enxergando-o como um sistema vivo e vulnerável.
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Capítulo 4 – O Brasil no mapa do mundo
Neste capítulo, a localização geográfica do Brasil no planisfério, suas fronteiras e as divisões regionais são examinadas de modo mais minucioso. É neste momento que os aspectos regionais e contrastantes do país podem ser apresentados aos alunos, para que esse aprendizado seja uma referência
quando estudarem os demais capítulos da coleção que tratam dessa temática.
O trecho da entrevista com o jornalista Maurício Kubrusly pode ser utilizado como abordagem inicial,
revelando a riqueza cultural do enorme território do Brasil. Também pode servir de estímulo e referência para a busca por outros textos ou materiais que demonstrem os inúmeros contrastes regionais
brasileiros.
UNIDADE 2 – GEOLOGIA E RELEVO
A unidade trata dos elementos da Geologia e da Geomorfologia, ou seja, da estrutura interna da
Terra e da crosta terrestre, além da estrutura superficial da crosta e das diferentes formas de relevo
que compõem a superfície do planeta.
Capítulo 5 – Elementos da Geologia
Este capítulo traz a definição da Geologia como ciência e apresenta algumas de suas ramificações.
A origem do planeta Terra é explicada para embasar o entendimento da formação de suas camadas
internas, cujas características gerais também são descritas. A crosta terrestre e suas camadas recebem um tratamento privilegiado. Assim, a teoria das placas tectônicas é um dos temas abordados, bem
como as eras geológicas e o processo de formação das rochas.
Na abertura do capítulo há um poema de Mário Quintana, cuja leitura pode facilitar a introdução de
alguns aspectos da importância dos estudos da Geologia, como as transformações que o planeta ou
uma simples rocha passaram ao longo do tempo e a importância desses materiais para a compreensão
da formação do planeta Terra.
Capítulo 6 – Elementos da Geomorfologia
Este capítulo expõe a dinâmica de formação do relevo, demonstrando que suas formas resultam da
atuação complementar de dois tipos de processos: os internos e os externos. Nessa dinâmica destacam-se fenômenos (como sismicidade, vulcanismo e intemperismo) e agentes modeladores do relevo.
Resultantes da interação entre os processos internos e externos, as montanhas, os planaltos, as depressões e as planícies são caracterizadas como as principais formas de relevo.
Ao realizar uma narrativa que tenta reconstruir um fato histórico – a erupção do Vesúvio e o soterramento de Pompeia – o autor abordou uma manifestação da dinâmica tectônica, o vulcanismo. A situação
relatada no texto permite explorar questões referentes às características dos vulcões, suas ligações com
as demais camadas da crosta terrestre e as consequências dessa manifestação para a sociedade.
Capítulo 7 – Geologia e Geomorfologia do Brasil
Neste capítulo são apresentadas as estruturas geológicas e geomorfológicas do Brasil, referenciadas por reconhecidos geógrafos brasileiros, como Aziz Ab’Sáber e Jurandyr Ross.
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O texto de abertura, uma notícia sobre um terremoto em Itacarambi (MG), comenta a ocorrência
de terremotos no Brasil e permite introduzir o debate sobre esses fenômenos em território brasileiro,
uma vez que é comum a ideia de que o país, por estar na porção central da placa Sul-americana, não
passa por atividades sísmicas.
UNIDADE 3 – DINÂMICA DA PRODUÇÃO MINERAL E ENERGÉTICA
Após tratarmos dos processos de formação da crosta terrestre e dos tipos de rocha, apresentamos, neste módulo, o aproveitamento econômico dos recursos minerais provenientes dessa camada
da Terra. Esses recursos naturais são empregados basicamente como matérias-primas ou fontes de
energia.
Capítulo 8 – A produção de minérios no mundo
Este capítulo aborda os aspectos mais importantes relacionados à produção dos minérios, como
as principais aplicações industriais, a distribuição e as características dos minérios mais utilizados no
mundo, além das questões ambientais decorrentes da atividade mineradora.
Na página de abertura, há um texto de Júlio Verne, extraído do livro Viagem ao centro da Terra, que
ilustra o estudo dos recursos minerais. Apesar do caráter fictício de suas obras, Verne as escrevia
aproveitando conceitos científicos e conhecimentos de sua época e misturava ficção e realidade. Isso
confere um estilo envolvente às histórias, que podem ser utilizadas como um importante instrumento
de sensibilização dos alunos para a temática da exploração do subsolo terrestre.
Capítulo 9 – A produção de combustíveis fósseis no mundo
Este capítulo expõe importantes questões a respeito da produção de combustíveis fósseis, revelando sua importância e as implicações ambientais de seu uso. Entre os problemas ambientais mais
preocupantes, intensificados pelo consumo excessivo desses combustíveis, estão o aquecimento global
e a chuva ácida.
O texto jornalístico apresentado na abertura do capítulo introduz o debate a respeito dos subsídios oferecidos à produção de combustíveis fósseis em detrimento dos oferecidos para outras fontes energéticas, e
possibilita a análise da eficiência no consumo energético mundial.
Capítulo 10 – A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil
O tema tratado neste capítulo é a distribuição regional da produção mineral e de combustíveis fósseis no território brasileiro, sempre enfocando a questão da atuação de capitais estrangeiros em conjunto com investimentos estatais nos grandes projetos ligados a essas atividades.
A abertura apresenta o texto de Auguste de Saint-Hilaire, que descreve a sua visita à Real Fábrica
de Ferro de São João de Ipanema. As informações desse texto podem ser utilizadas para tratar da diversidade e da quantidade de minérios do Brasil, além de possibilitar o início da análise da importância
histórica da mineração para o país.
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Volume 2 – 2o ano
O volume 2, além de apresentar temas focados no território brasileiro e em aspectos e fenômenos
físicos, propõe um estudo voltado às questões sociais, principalmente as demográficas. Outra característica importante do volume é o trabalho paralelo de aspectos referentes ao mundo e ao Brasil.
UNIDADE 1 – DINÂMICA DA NATUREZA: CLIMA E VEGETAÇÃO
Esta unidade é dedicada aos elementos responsáveis pela definição de boa parte das características
das paisagens naturais do planeta: hidrografia, clima e vegetação. Juntamente com o relevo e outros
elementos naturais, eles interagem de modo diverso nas diferentes porções da superfície terrestre,
formando os grandes domínios climatobotânicos.
Capítulo 1 – Elementos do clima e da vegetação
O capítulo trabalha assuntos relacionados ao clima e à vegetação. O tratamento desses elementos
oferece muitas possibilidades de conexões, uma vez que eles influenciam-se mutuamente.
Sobre o clima, trata-se de sua definição conceitual, comparativamente à noção de tempo atmosférico; de algumas formas de manifestação climática; dos principais fatores que atuam na definição dos
tipos climáticos e na distribuição dos climas no mundo. O tema vegetação é inserido a partir da definição do conceito de biosfera, demonstrando sua relação com outros elementos da natureza, sobretudo
o clima. Consta ainda uma proposta de classificação da vegetação, sua distribuição pela superfície do
planeta e as possibilidades de seu aproveitamento econômico como recurso natural.
O poema de Paulo Leminski e a imagem de abertura remetem ao fenômeno da precipitação.
Utilizando exemplos da própria localidade da escola e da cidade, é possível iniciar um diálogo sobre
como esse fenômeno afeta a vida da população local e como ele é um elemento determinante na classificação dos climas.
Capítulo 2 – Domínios climáticos e formações vegetais no mundo
Os grandes domínios climatobotânicos são apresentados como classificação de extensas áreas da
superfície da Terra cujos aspectos naturais são relativamente homogêneos. Reconhecido como um dos
fatores mais importantes no condicionamento desses domínios, o clima permite situar suas características e sua ocorrência espacial. Pode-se, por exemplo, utilizando mapas disponíveis, perceber grande
correlação entre a ocorrência dos tipos climáticos e de vegetação.
O texto de Thaís Fernandes permite o debate a respeito das mudanças que a Floresta Amazônica
passou ao longo da evolução geológica do planeta, e há a possibilidade de demonstrar que os estudos
sobre as formações vegetais no mundo são realizadas por diferentes ramos da ciência, o que abre espaço para a elaboração de projetos interdisciplinares.
Capítulo 3 – Clima e vegetação do Brasil
Este capítulo parte do trabalho com clima e vegetação como elementos complementares, pois eles
interagem de maneira fundamental para a formação das paisagens naturais. Apresentam-se os fatores
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climáticos (latitude, altitude, massas de ar, maritimidade e continentalidade) e os tipos climáticos
brasileiros (sintetizados em climogramas), além da classificação das formações vegetais originais do
Brasil e de alguns problemas ambientais que as afetam.
Na abertura do capítulo, a narrativa de Graciliano Ramos, em um trecho do livro Vidas Secas, retrata uma paisagem que revela grande correspondência entre os elementos naturais, principalmente
a formação vegetal (caatinga) e as características climáticas (aridez). Tão importante quanto chegar a
essa constatação é perceber como o ambiente inóspito também corresponde à gravidade que marca as
possibilidades de vida das personagens, ficando claro que o estudo dos aspectos naturais não deve ser
feito à revelia das questões sociais.
UNIDADE 2 – DINÂMICAS DA NATUREZA: HIDROGRAFIA E HIDROGRAFIA DO BRASIL
Esta unidade trata dos elementos e das características da hidrografia e sua relação com a população das diferentes regiões do Brasil, além de sua importância e seu aproveitamento econômico.
Capítulo 4 – Elementos da hidrografia
Após ser apresentada a hidrografia, é abordada a importância dos rios para as sociedades humanas
e os elementos e fenômenos que regulam seus cursos e fluxos. Da dinâmica hídrica também são apontadas a formação das bacias hidrográficas e a interferência dos rios no perfil do terreno (e vice-versa),
por meio de processos erosivos e de sedimentação.
No poema de João Cabral de Melo Neto, a essência da vida (humana) da personagem é comparada
e confundida com a fluidez dos rios. O poema nos leva a pensar não apenas no que há em comum
entre ser humano e rio (o movimento rumo ao destino), mas sobretudo em como a vida daquele depende da vida deste. A carga de significantes que essa e outras obras literárias conferem aos rios é
uma maneira estimulante de introduzir o tema hidrografia.
Capítulo 5 – Hidrografia e recursos hídricos no Brasil
Sobre a hidrografia são tratados, neste capítulo, desde os elementos que compõem uma bacia hidrográfica até as características das maiores bacias e dos principais rios brasileiros. A importância
econômica e social da rede hidrográfica brasileira nas diferentes regiões do país é um dos aspectos
mais enfatizados.
O capítulo traz, na abertura, mais um trecho de obra literária. Trata-se de um excerto de Sagarana,
de Guimarães Rosa, livro em que o autor faz brilhantes ambientações dos lugares onde os enredos
se desenrolam. Ao construir essas ambientações, os rios aparecem como elemento significativo de
várias paisagens – no trecho em questão, eles delimitam o palco da trama, constituindo o espaço
chamado de “mesopotâmia”. Essa denominação remete, por analogia, à região do Oriente Médio
que corresponde ao atual Iraque e é cercada pelos rios Tigre e Eufrates, fundamentais para a sobrevivência e o desenvolvimento dos povos locais. Essas descrições fornecem o ensejo para abordar a
importância dos rios não apenas como fontes de recursos naturais, mas também como elementos
de composição territorial.
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UNIDADE 3 – DINÂMICA DA POPULAÇÃO
Esta unidade é composta de capítulos que abordam questões demográficas mundiais, indicando
tendências e fatores relativos à estrutura populacional dos países, além de tratar da discussão sobre
as consequências sociais relacionadas à demografia.
A demografia do Brasil também é trabalhada, fornecendo-se elementos para apreender o perfil da
população brasileira por meio de dados sobre sua distribuição pelo território, sua estrutura demográfica, os deslocamentos populacionais e o processo de urbanização.
Capítulo 6 – Distribuição e crescimento da população mundial
O capítulo aborda a dinâmica da população mundial, trazendo dados demográficos e os principais
fatores históricos do crescimento populacional no mundo. Nesse contexto são apresentadas as teorias
demográficas.
A população mundial hoje ultrapassa 7 bilhões de habitantes, e o crescimento populacional mundial
gera debates e preocupações em relação ao acesso dos habitantes do planeta aos recursos naturais e
serviços básicos, como o saneamento básico. Essas questões são analisadas no texto de André Julião.
Capítulo 7 – Estrutura e migrações da população mundial
Este capítulo, complementando o capítulo 6, mostra a composição da estrutura populacional e sua
representação em pirâmides etárias. As estruturas da população brasileira e de outros países são
tomadas como exemplos para abordar os fatores que condicionam a configuração de cada perfil demográfico. Outro importante tema contemplado no capítulo são os movimentos populacionais e sua
importância para a composição das populações.
A página de abertura deste capítulo traz um poema de Ribeiro Couto que descreve a situação dos
imigrantes no Brasil. O poema ilustra a diversidade étnica da população brasileira, revelando essa diversificação como uma das consequências dos fluxos migratórios, além de expor alguns aspectos da
inserção dos imigrantes no Brasil. A necessidade de os imigrantes buscarem uma vida melhor e suas
dificuldades de adaptação a novas realidades são alguns dos pontos a serem contemplados por meio
da leitura do poema.
Capítulo 8 – Distribuição, crescimento e estrutura da população do Brasil
Tratando da dinâmica demográfica brasileira, o capítulo trabalha conceitos e informações a respeito
da população absoluta e relativa das regiões do país, do crescimento populacional e da estrutura demográfica, identificando a tendência de envelhecimento dessa população.
A página de abertura traz um fragmento da célebre obra de Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, recompondo a formação da população do Brasil. O autor demonstra a formação do caráter miscigenado do
povo brasileiro e destaca a pluralidade cultural. O papel dos povos indígenas e dos africanos na composição da base da população brasileira também é destacado por ele.
Capítulo 9 – Migrações externas e internas da população do Brasil
O capítulo apresenta os movimentos populacionais brasileiros, destacando os fluxos históricos de
imigração e emigração entre o Brasil e outros países, e aqueles das migrações internas. Além da
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identificação e da tipificação dos deslocamentos populacionais, também são tratados os fatores de
atração e repulsão como motores do processo migratório.
A página de abertura do capítulo traz a letra da música “Encontros e despedidas”, de Milton
Nascimento e Fernando Brant. A letra retrata uma estação com constantes chegadas e saídas de trens,
remetendo à própria condição de mobilidade do ser humano, impelido a deslocar-se dependendo dos
rumos da vida, mas motivado, essencialmente, pelos objetivos de ter uma vida melhor. O título da canção também alude a situações corriqueiras no Brasil em função dos fluxos migratórios, como quando
famílias são obrigadas a fragmentar-se porque apenas parte dos membros consegue partir em busca
de meios de sobrevivência, criando a demanda por reencontros que nem sempre ocorrem.
Capítulo 10 – Urbanização no Brasil
Este capítulo aborda o processo de urbanização no Brasil, trazendo os conceitos de urbanização,
aglomerados urbanos e regiões metropolitanas. Além disso, são apresentadas as características da
urbanização das regiões e os problemas socioambientais das grandes cidades brasileiras.
O texto de Sérgio Junior discute o conceito de cidade e a importância que esta tem para a sociedade,
além de já iniciar a associação entre o processo de industrialização e o fenômeno da urbanização.
Volume 3 – 3o ano
O volume 3 desta coleção volta-se para as relações e questões internacionais, sem deixar de tocar
em pontos importantes para a compreensão da realidade brasileira. Nesse sentido, são propostos
temas ligados a disputas geopolíticas, relações econômicas no âmbito da globalização, dinâmicas
do desenvolvimento econômico e industrial, sistemas produtivos, questões e confrontos territoriais,
entre outros. A análise da atividade produtiva, tanto no âmbito industrial como no agropecuário,
também contribui para uma compreensão mais aprofundada das relações políticas e econômicas
no Brasil e no mundo. Assim, o volume possibilita o desenvolvimento de um olhar crítico sobre um
mundo cada vez mais complexo.
UNIDADE 1 – DA ORDEM BIPOLAR À NOVA ORDEM MUNDIAL
Esta unidade trabalha as articulações econômicas e políticas internacionais, destacando os jogos
de poder desdobrados em dois importantes momentos históricos: após a Segunda Guerra Mundial e
após o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que foi acompanhado pelo processo
de globalização e pela formação de blocos econômicos supranacionais.
Capítulo 1 – Do mundo bipolar ao fim da Guerra Fria
O capítulo revela como as decorrências geopolíticas da Segunda Guerra Mundial levam à configuração de um arranjo de poder estruturado em duas grandes potências, os Estados Unidos e a URSS.
Esse arranjo, chamado de ordem bipolar, duraria até o fim da década de 1980.
O texto de abertura de John Hersey, do seu livro Hiroshima, trata delicadamente das consequências do
lançamento da bomba atômica sobre a cidade japonesa de Hiroshima para a vida das pessoas, chamando
o leitor a refletir sobre a dimensão humana, e não somente política, da guerra. Por meio de sua leitura,
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é possível discutir com os alunos como decisões externas a um país podem afetar o modo de vida de sua
população – neste caso de modo muito evidente. Se possível, apresente exemplos de situações recentes
em que medidas ou imposições externas (como aquelas introduzidas pelo Fundo Monetário Internacional
– FMI –, ou por países influentes, como os Estados Unidos) vão alterando ao longo do tempo, mesmo que
de modo pouco perceptível, a situação econômica, política e social de alguns países.
Capítulo 2 – A nova ordem mundial
O capítulo expõe o processo de desarticulação da ordem bipolar, a partir da decomposição do bloco
socialista, para dar lugar a uma ordem que, de modo geral, pode ser entendida como politicamente unipolar e economicamente multipolar. Esse contexto passou a ser chamado de nova ordem mundial.
A música de Caetano Veloso permite sensibilizar e compreender inicialmente os processos de reorganização política mundial que têm ocorrido nas últimas décadas.
Capítulo 3 – Globalização da economia
O capítulo aborda as relações econômicas internacionais no contexto da globalização, enfatizando a
expansão da atuação das empresas transnacionais. São apresentadas também importantes informações sobre os principais blocos econômicos, demonstrando, sobretudo, a origem e a evolução da União
Europeia.
A letra de Arnaldo Antunes apresenta situações que revelam os intercâmbios possibilitados pelo
processo de globalização. Por meio do aumento exponencial do fluxo de mercadorias, finanças e pessoas, as relações culturais, econômicas e sociais estão se tornando cada vez mais intensas. Ao mesmo
tempo, a canção remete ao estabelecimento de barreiras reforçadas à entrada de determinados grupos
em determinados territórios, mostrando as contradições advindas do processo de globalização.
UNIDADE 2 – O MUNDO ATUAL: DESIGUALDADES E CONFLITOS
O subdesenvolvimento e os conflitos territoriais no mundo são as tônicas desta unidade. Além dos
condicionantes específicos de cada caso abordado, a unidade trata dos processos de colonização promovidos pelas potências industriais como motivadores essenciais dessas questões.
Capítulo 4 – Características do subdesenvolvimento
Neste capítulo são apresentadas as causas e consequências da situação de subdesenvolvimento de
muitos países da África, da Ásia e da América Latina. Indicadores socioeconômicos, como aqueles que
tratam das condições de moradia, saúde, renda etc. são trabalhados para oferecer parâmetros para a
análise da precariedade das condições de vida e de produção nesses países.
O poema de Ferreira Gullar apresenta elementos que caracterizam os principais problemas verificados em países subdesenvolvidos, como a fome, o desemprego, a desigualdade social, os preços
elevados e a corrupção.
Capítulo 5 – Conflitos e questões territoriais na África e na América Latina
Neste capítulo, as questões territoriais da África são reveladas a partir da ocupação colonialista
do continente pelos europeus – a chamada “partilha da África”. A herança desse processo é apontada
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como desastrosa, resultando em conflitos violentos e pobreza crônica. Sobre as questões territoriais
da América Latina, o capítulo expõe a formação do socialismo em Cuba e seu papel na Guerra Fria,
além de tratar dos conflitos envolvendo a guerrilha colombiana e da geopolítica amazônica.
A letra da banda de rock Legião Urbana demonstra como as guerras são um negócio lucrativo, o que
aponta para a dificuldade de reduzir o número de conflitos no mundo. Além disso, o recrutamento de
crianças para a guerra tem sido uma prática comum, ilegalmente estimulada por grandes potências em
territórios de países de frágil economia e fraca assistência social.
Capítulo 6 – Conflitos e questões territoriais na Ásia
O capítulo expõe vários conflitos envolvendo questões territoriais na Ásia. Entre eles, destacam-se: os conflitos no Oriente Médio (incluindo a questão palestina e a luta dos curdos pelo direito a um
Estado), os conflitos relacionados às questões territoriais da China, a Guerra da Coreia e a disputa
entre Índia e Paquistão pela Caxemira.
O texto de abertura do capítulo, Conselho de Segurança destaca diplomacia preventiva como solução
para conflitos na Ásia Central, fala sobre o papel da ONU na resolução de conflitos e mostra a importância de se pensar na diplomacia para a promoção de diálogos entre países.
UNIDADE 3 – A PRODUÇÃO INDUSTRIAL
A unidade é composta de temas ligados à industrialização, recompondo as fases da Revolução
Industrial, trazendo as especificidades da industrialização no Brasil e de outros países do mundo.
Capítulo 7 – O desenvolvimento da atividade industrial
Este capítulo aborda os aspectos mais importantes da industrialização. O principal destaque é dado
ao processo da Revolução Industrial, demonstrando suas etapas e apontando as transformações sociais e econômicas decorrentes dela. Discriminam-se os principais tipos de indústria e apresentam-se
os fatores da localização industrial.
O texto de abertura relata a experiência de um jornalista que visitou uma fábrica robotizada na Coreia
do Sul e fala dos avanços tecnológicos impressionantes que são usados na indústria.
Capítulo 8 – A produção industrial no Brasil
Este capítulo apresenta conteúdos referentes à industrialização brasileira, expondo as fases de
estruturação de seu parque fabril, o papel do Estado como provedor de infraestruturas e investimentos
diretos no processo de industrialização, a distribuição regional das indústrias e a recente tendência de
desconcentração industrial.
A música de Chico Buarque trata do trabalhador de linhas de montagem, cuja atividade é caracterizada
pela repetição e pela alienação do processo produtivo, devido à especificidade e à parcialidade de suas tarefas. Além disso, são apresentados alguns elementos característicos da industrialização brasileira.
Capítulo 9 – A atividade industrial nos Tigres Asiáticos e nos Brics
Neste capítulo são apresentadas as condições do desenvolvimento industrial e econômico dos
Tigres Asiáticos – grupo de países em desenvolvimento no Sudeste Asiático –, e dos Brics – grupo de
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países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os países dos dois grupos
estão ampliando cada vez mais sua participação no mercado mundial.
O texto de abertura, uma notícia de economia, trata dos Brics e da possibilidade de o Brasil perder
a posição no grupo, pois a economia do país não vem crescendo como previsto.
Capítulo 10 – Atividade industrial no Grupo dos Sete (G7)
Neste capítulo, trabalha-se a produção industrial nos países do G7, demonstrando sua importância
no contexto mundial, principalmente no que diz respeito ao poder econômico exercido pelos Estados
Unidos. Também são descritas as características dos parques industriais dos países do grupo, destacando-se os principais tipos de indústria e parte dos problemas ambientais gerados pela atividade
industrial dessas potências econômicas.
Na página de abertura, há uma notícia que aborda a crise na União Europeia e o seu reflexo no setor
industrial.
UNIDADE 4 – A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NO MUNDO E NO BRASIL
Esta unidade volta-se à atividade agropecuária no mundo e no Brasil, levantando aspectos das técnicas e tecnologias aplicadas no campo e sua importância econômica. No caso brasileiro, aborda-se
também a questão fundiária.
Capítulo 11 – Agropecuária no mundo
São destaques deste capítulo: a participação da agropecuária no comércio mundial, os sistemas
agropecuários de produção e as características da produção agropecuária em diversas regiões do
mundo, dividindo-o em países do Norte e países do Sul.
A composição de Arnaldo Antunes na abertura possibilita iniciar questionamentos sobre as diferentes formas de utilização do solo. Mesmo no âmbito apenas dos objetivos ligados à agricultura, o solo
pode ser cultivado por meio de diversos sistemas.
Capítulo 12 – Agropecuária no Brasil
O capítulo traz uma caracterização da agricultura e da pecuária no Brasil, retratando suas formas
de produção e aproveitamento, a estrutura fundiária e os problemas que dela decorrem, além do desenvolvimento agropecuário das regiões.
O texto trata do agronegócio e seu impacto para a economia, a sociedade e o meio ambiente no Brasil.
Para explicar esses impactos, a notícia cita uma pesquisa de um biólogo.
Estrutura
interna dos volumes
Abertura dos capítulos
As aberturas dos capítulos, de maneira geral, procuram abordar aspectos do conteúdo a ser tratado
por meio de diferentes gêneros literários (notícias de jornal, relatos, músicas, poemas, textos literários
etc.). Dessa forma, além de apresentar o tema de forma prazerosa, elas adquirem um caráter interdisciplinar com Língua Portuguesa, dando a possibilidade ao professor de trabalhar o texto em sala de
aula mais amplamente.
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Texto-base dos capítulos
A proposta didática da coleção está intrinsecamente relacionada à estrutura de textos-base, boxes e atividades propostas presentes em cada capítulo.
Os textos de cada capítulo procuram apresentar e resgatar para os alunos os conteúdos consagrados dentro da ciência geográfica e relevantes para o Ensino Básico, sob a égide dos documentos educacionais oficiais, oferecendo subsídios para uma discussão fundamentada das temáticas trabalhadas.
Esta seção, portanto, serve de referência e aporte inicial relativo aos conteúdos geográficos distribuídos tematicamente ao longo dos capítulos.
É importante buscar uma articulação entre esses textos e as demais seções dos capítulos em que
cada um deles se insere. Quando conveniente, deve-se articular também os textos de um capítulo
aos demais, buscando sempre um diálogo e uma continuidade entre eles. Dessa forma, o professor
criará melhores condições para que os estudantes não apenas absorvam as informações básicas,
mas também as associem à sua realidade e reflitam sobre os conteúdos, permitindo assim seu posicionamento e até mesmo engajamento e inserção nas problemáticas que despertem seu interesse
e estejam em seu campo de atuação.
Os boxes
O objetivo dos boxes é propiciar uma abordagem ao mesmo tempo alternativa e complementar
àquela apresentada no texto-base de cada capítulo. Por meio das orientações e atividades que eles
oferecem, é possível proporcionar referências aos alunos para que eles executem um trabalho de reflexão, articulação e aprofundamento dos conteúdos apresentados. É imprescindível compreender
que, apesar de as propostas de trabalho sugeridas (ou seja, o fazer Geografia dentro dos processos de
ensino-aprendizagem) nos textos de base e nas seções de boxes e atividades serem diferentes entre si,
elas não são, de modo algum, excludentes, mas complementares.
Esta seção também contribui para a contextualização de temas socioeconômicos, políticos, culturais e ambientais, trabalhando-se exemplos do cotidiano ou assuntos que, de modo geral, despertam
interesse nos jovens. Outra possibilidade contemplada pelos boxes é o estabelecimento de relações
entre conteúdos que, em determinadas ocasiões, aparecem como dissociados – é o caso, por exemplo,
daqueles relacionados ao meio físico e às atividades humanas, ou dos fenômenos de abrangência global que têm efeitos locais.
As atividades presentes nos boxes permitem aprofundar o conhecimento por meio da aplicação
de procedimentos e da proposição de reflexões e pesquisas, que levam ao reconhecimento dos temas
abordados em situações factuais.
As atividades
Assim como os boxes, as atividades da coleção foram elaboradas com base em propostas que permitem a ampliação da capacidade analítica dos alunos e o desenvolvimento de procedimentos de estudo e
pesquisa. Com objetivos específicos, as atividades encontram-se divididas nas seções descritas a seguir.
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RETOMANDO O CONTEÚDO
O objetivo fundamental desta seção é a revisão do conteúdo. Porém ela não propõe cumprir esse objetivo por meio de tarefas de simples memorização, mas de propostas que levem os alunos a aprimorar
habilidades, como selecionar informações, relacionar conceitos e sintetizar dados e informações.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
As atividades desta seção foram desenvolvidas para estimular procedimentos e habilidades, como
leitura, análise, reflexão, pesquisa, comparação e estabelecimento de relações. Para isso, variados
recursos de ensino são utilizados, como charges, quadrinhos, fotos, mapas, gráficos, tabelas, poemas,
canções e textos jornalísticos que tratam de questões atuais relativas ao tema trabalhado. Esses recursos e linguagens contribuem para ampliar o repertório geográfico e cultural dos alunos e podem,
quando for conveniente, ser utilizados como disparadores para trabalhos de caráter interdisciplinar.
As respostas e opiniões indicadas não necessariamente se vinculam de maneira integral ao
conteúdo do livro, o que exige dos alunos, guiados por uma adequada orientação, buscar e pesquisar outras informações para, de fato, ampliar seus conhecimentos.
ATIVIDADE FINAL
Esta seção apresenta uma proposta diversificada, com o objetivo de oferecer uma atividade de sistematização e fechamento do capítulo. Entre os exercícios que a compõem, podem ser citados:
•
debate;
•
pesquisa e trabalho de campo;
•
leitura e produção de texto;
•
pesquisa de dados;
•
pesquisa e produção de texto;
•
pesquisa e debate;
•
filme e debate;
•
análise de mapas;
•
produção de mapas.
Com essa proposta, busca-se aprofundar os conhecimentos dos estudantes por meio de atividades
que, de forma geral, exigem análise, reflexão, leitura e produção de textos (contribuindo para a interpretação e a construção da escrita), desenvolvimento da oralidade e capacidade de argumentação.
Desta seção também constam atividades voltadas para a alfabetização cartográfica e para a compreensão da realidade em contextos vivos, como estudos do meio. Por ter propostas amplas que exigem do
aluno conhecimentos de outras matérias, como Língua Portuguesa ao se propor a produção de texto,
essas atividades acabam por promover a interdisciplinaridade.
Projeto interdisciplinar
Nesta seção, por meio de projetos que estimulam a pesquisa, a curiosidade, a teoria e a prática,
e a construção de um conhecimento coletivo, procura-se explorar o interdisciplinar, ao unir áreas do
conhecimento distintas.
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Cada projeto tem propostas diferentes e a interação de matérias diversificadas, como Língua
Portuguesa, História, Química, Biologia, Matemática, Sociologia e Literatura.
Enem e vestibulares
O objetivo desta seção é possibilitar que os alunos se familiarizem com os formatos, os conteúdos e
as habilidades comumente apresentados e exigidos nas provas do Enem e dos principais vestibulares do
país, podendo desenvolver seu domínio sobre esse tipo de avaliação.
Selos
Ao longo do livro, os alunos e o professor poderão identificar dois selos diferentes: o de
“Interdisciplinaridade” e o de “Contextualização”.
INTERDISCIPLINARIDADE
Estes selos indicam que naquele trecho de conteúdo do livro há interdisciplinaridade com alguma
outra área do conhecimento, como História, Matemática, Física, Química, Biologia e Literatura.
O selo serve como referência ao aluno. Já para o professor, na parte “Orientações sobre os capítulos” deste manual, ele poderá encontrar uma nota, indicando como a Geografia e as áreas do conhecimento indicadas se relacionam.
CONTEXTUALIZAÇÃO
O selo “Contextualização” serve como indicação de uma atividade que procura aproximar, ao máximo, a realidade, a experiência e a vivência do aluno ao conteúdo estudado e, dessa forma, consolidar
sua aprendizagem.
A atividade com o selo pode aparecer nos boxes do livro, no “Retomando o conteúdo”, no “Ampliando
o conhecimento” ou na “Atividade final”, por meio de propostas como pesquisas, perguntas cuja resposta remeta à realidade do aluno, debates e leitura e análise de textos.
Conteúdos
dos volumes
Volume 1
UNIDADE 1 – DINÂMICA ESPACIAL
Capítulo
Conteúdo
1. Orientação
O que é orientação.
Pontos de orientação.
Instrumentos de orientação.
Coordenadas geográficas
Fusos horários
2. Cartografia
O que é Cartografia?
História da Cartografia.
Tecnologia e projeções cartográficas.
Escalas gráficas e numéricas.
Legendas e suas funções.
Cartografia e ideologia.
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3. O mapa do mundo
A Terra, movimento de translação e estações do ano.
Movimento aparente do Sol.
Zonas térmicas.
Dimensões terrestres.
Continentes, oceanos e mares.
4. O Brasil no mapa do mundo
O Brasil no mundo.
Fusos horários no Brasil.
Diferentes regionalizações do Brasil.
As fronteiras brasileiras.
UNIDADE 2 – GEOLOGIA E RELEVO
Capítulo
Conteúdo
5. Elementos da Geologia
O que a Geologia estuda?
A estrutura interna da Terra.
A teoria das placas tectônicas.
O equilíbrio isostático da crosta.
As eras geológicas.
Os minerais e as rochas.
6. Elementos da Geomorfologia
A dinâmica interna da Terra: epirogênese, orogênese,
fenômenos sísmicos e vulcânicos.
A dinâmica externa da Terra: intemperismo e erosão.
Formas de relevo.
7. Geologia e Geomorfologia do
Brasil
Estrutura geológica do Brasil.
Estrutura geomorfológica do Brasil.
Classificações do relevo brasileiro: Aroldo de Azevedo,
Aziz Ab’Sáber, Jurandyr Ross.
O relevo nas regiões brasileiras.
UNIDADE 3 – DINÂMICA DA PRODUÇÃO MINERAL E ENERGÉTICA
Capítulo
Conteúdo
8. A produção de minérios no mundo
A importância da atividade mineral.
Minério de ferro e produção do aço.
Os minérios de manganês, estanho, níquel e cromo e a
produção de aços especiais.
O minério de alumínio e a produção do alumínio metálico.
O ouro e a prata.
Importadores e exportadores de minérios no mundo.
A exploração mineral e a questão ambiental.
9. A produção de combustíveis fósseis no mundo
Fontes energéticas.
A produção e o consumo de carvão mineral.
Petróleo: origem, importância, produção e consumo.
A produção e o consumo do gás natural.
Consumo de combustíveis fósseis, o aquecimento global e
a chuva ácida.
10. A produção de minérios e combustíveis fósseis no Brasil
A produção mineral brasileira.
A distribuição regional da produção mineral no Brasil.
As fontes de energia primária.
O petróleo, o carvão mineral, o gás natural, a lenha e o
carvão vegetal no Brasil.
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Volume 2
UNIDADE 1 – DINÂMICAS DA NATUREZA: CLIMA E VEGETAÇÃO
Capítulo
Conteúdo
1. Elementos do clima e da
vegetação
O que é atmosfera?
Buraco na camada de ozônio.
Tempo e clima.
Temperatura e pressão atmosférica.
As massas de ar.
Fenômenos meteorológicos.
Distribuição dos climas.
Correntes marítimas.
A biosfera.
2. Domínios climáticos e formações
vegetais no mundo
Interações entre vegetação e clima.
O mundo frio, o mundo temperado e o mundo tropical.
3. Clima e vegetação do Brasil
O clima brasileiro e a classificação climática do Brasil.
A vegetação brasileira.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
UNIDADE 2 – DINÂMICAS DA NATUREZA: HIDROGRAFIA E HIDROGRAFIA DO BRASIL
Capítulo
Conteúdo
4. Elementos da Hidrografia
A distribuição das águas superficiais.
A distribuição de água doce no Brasil.
O consumo de água na Terra.
A importância dos rios e os regimes fluviais.
Erosão, transporte de sedimentos e sedimentação.
O uso econômico dos rios no mundo.
5. Hidrografia e recursos hídricos
no Brasil
A hidrografia brasileira.
As regiões hidrográficas do Brasil.
As bacias hidrográficas brasileiras.
O uso econômico dos rios brasileiros.
UNIDADE 3 – DINÂMICA DA POPULAÇÃO
Capítulo
Conteúdo
6. Distribuição e crescimento da
população mundial
População mundial.
O crescimento da população mundial.
As teorias demográficas.
7. Estrutura e migrações da
população mundial
As diferentes estruturas populacionais.
O que é migração?
Os grandes movimentos migratórios.
8. Distribuição, crescimento e estrutura da população do Brasil
A população absoluta e relativa do Brasil.
O crescimento da população brasileira.
A estrutura da população brasileira.
A estrutura étnica.
9. Migrações externas e internas da
população do Brasil
A imigração no Brasil.
As migrações internas.
As migrações pendulares.
A emigração de brasileiros.
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10. Urbanização no Brasil
O que é urbanização.
A urbanização no Brasil.
A hierarquia urbana e as regiões metropolitanas.
Os problemas urbanos.
Volume 3
UNIDADE 1 – DA ORDEM BIPOLAR À NOVA ORDEM MUNDIAL
Capítulo
Conteúdo
1. Do mundo bipolar ao fim da
Guerra Fria
A geopolítica após a Segunda Guerra Mundial.
A ordem mundial bipolar.
A Guerra Fria.
2. A nova ordem mundial
O fim da União Soviética.
As transformações no Leste Europeu.
A nova ordem política e econômica no mundo.
3. Globalização da economia
Intensificação do comércio internacional e globalização da
economia.
Os blocos econômicos.
UNIDADE 2 – O MUNDO ATUAL: DESIGUALDADES E CONFLITOS
Capítulo
Conteúdo
4. Características do
subdesenvolvimento
O subdesenvolvimento no mundo.
As diferentes formas de dividir o mundo.
Medindo o desenvolvimento.
As graves deficiências sociais.
As graves deficiências econômicas.
5. Conflitos e questões territoriais na
África e na América Latina
Grandes conflitos e questões territoriais na África.
Grandes conflitos e questões territoriais na
América Latina.
6. Conflitos e questões territoriais
na Ásia
Os conflitos e questões territoriais no Oriente Médio.
Os conflitos e questões territoriais no Extremo Oriente.
Os conflitos na Ásia Meridional.
UNIDADE 3 – A PRODUÇÃO INDUSTRIAL
Capítulo
Conteúdo
7. O desenvolvimento da atividade
industrial
A era da indústria.
Tipos de indústria.
A localização industrial.
Primeira, Segunda e Terceira Revoluções Industriais.
8. A produção industrial no Brasil
Economia industrial do Brasil.
A distribuição regional da indústria.
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9. A atividade industrial nos Tigres
Asiáticos e no Brics
A atividade industrial nos Tigres Asiáticos.
A atividade industrial no Brics.
10. Atividade industrial no Grupo dos
Sete (G7)
A distribuição mundial das indústrias.
A atividade industrial nos países do G7.
UNIDADE 4 – A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA NO MUNDO E NO BRASIL
Capítulo
Conteúdo
11. Agropecuária no mundo
A agricultura e a pecuária.
A agropecuária nos países do Norte.
A agropecuária nos países do Sul.
Agricultura de plantation.
12. Agropecuária no Brasil
A agricultura no Brasil.
A estrutura fundiária.
A questão da reforma agrária.
Principais áreas de produção agropecuária.
36 Manual do Professor
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4. Fundamentos
e objetivos do volume
O volume 3 desta coleção é composto por conteúdos referentes a questões econômicas e políticas internacionais. Os temas tratados abordam desde os conflitos territoriais mais localizados até as
transformações nas relações de poder mundiais. A temática também trata desde a questão fundiária
no Brasil até a configuração dos fluxos que viabilizam o processo de globalização, passando pela estruturação dos blocos econômicos.
Apesar de o volume enfocar mais a escala mundial, em vários capítulos os temas abordados também tangenciam o Brasil. Assim, é possível não apenas trabalhar o modo como o Brasil insere-se nas
questões internacionais, mas também compará-lo a outros países no que diz respeito aos aspectos
estudados, além de problematizar como essas questões interferem na vida dos brasileiros.
Os conteúdos propostos no volume contribuem para o desenvolvimento de atividades e estratégias
que podem proporcionar, aos alunos, aquisições referentes a estes objetivos:
•
entender como os desdobramentos da Segunda Guerra Mundial influenciaram decisivamente
as tramas do poder mundial;
•
reconhecer os fatores de origem e sustentação da Guerra Fria;
•
identificar os efeitos da Guerra Fria nos diversos aspectos da realidade mundial (principalmente
para a economia e para o desenvolvimento tecnológico);
•
relacionar as questões geopolíticas globais às ocorrências regionais e locais durante a Guerra
Fria;
•
compreender as causas do fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS);
•
reconhecer as transformações políticas, econômicas e territoriais que ocorreram no Leste
Europeu, ocasionadas pelo fim da URSS;
•
relacionar o desmantelamento do bloco soviético à supremacia dos Estados Unidos na configuração do poder mundial – estabelecendo-se uma ordem política unipolar.
•
compreender a emergência de outras potências capitalistas, além dos Estados Unidos, porém
com menor poder, como elementos de composição da ordem econômica multipolar;
•
analisar criticamente o papel da Organização das Nações Unidas (ONU) nas relações de poder
internacional;
•
reconhecer as infraestruturas e os mecanismos que viabilizam os fluxos do comércio
internacional;
•
apreender as especificidades dos principais blocos econômicos regionais;
•
compreender o papel dos blocos econômicos na dinâmica do mundo globalizado;
•
entender como os indicadores econômicos e sociais contribuem para averiguar o nível de desenvolvimento dos países;
•
reconhecer as condições de pobreza nos países subdesenvolvidos;
•
compreender os fatores responsáveis pela manutenção da dependência dos países subdesenvolvidos em relação aos países mais ricos.
•
entender as origens históricas dos conflitos territoriais na África após processos de independência de seus países.
•
identificar os principais conflitos e questões territoriais na América Latina e compreender suas
causas;
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Manual do Professor 37
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•
avaliar os elementos mais importantes das questões geopolíticas que envolvem a Amazônia
brasileira;
•
reconhecer os principais conflitos e suas razões nas diferentes regiões do continente asiático;
•
compreender os aspectos gerais relacionados à complexa questão palestina;
•
observar as dificuldades relacionadas à consolidação de acordos de paz entre israelenses e
palestinos;
•
relacionar os interesses internacionais sobre o petróleo do Oriente Médio e as questões político-religiosas locais às guerras do Golfo;
•
entender os fatores históricos e territoriais que têm inviabilizado a implantação de um Estado
curdo;
•
identificar as especificidades dos tipos de indústria e compreender a complementaridade entre
eles, na composição de cadeias produtivas;
•
dimensionar a extensão das transformações econômicas e sociais proporcionadas pelo advento
da Revolução Industrial;
•
compreender as especificidades do processo de industrialização no Brasil;
•
reconhecer a distribuição geográfica das indústrias no Brasil;
•
compreender os fatores responsáveis pelo destacado desenvolvimento industrial do grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, denominado BRICS;
•
reconhecer os países (e suas características industriais) que compõem o Grupo dos Sete (G7) e
o papel deste na dinâmica das relações econômicas mundiais;
•
reconhecer as principais questões relacionadas à agropecuária no mundo;
•
caracterizar a atividade agropecuária no Brasil;
•
avaliar criticamente a estrutura fundiária no Brasil e as reivindicações dos movimentos
sociais.
5. Organização
do volume
Este volume está organizado em capítulos que se agrupam em quatro unidades temáticas:
Unidade 1 – Da ordem bipolar à nova ordem mundial
CAPÍTULO 1 – DO MUNDO BIPOLAR AO FIM DA GUERRA FRIA; CAPÍTULO 2 – A NOVA ORDEM MUNDIAL; CAPÍTULO 3 – GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA
Os capítulos desta unidade expõem as composições da geopolítica global desde o fim da Segunda
Guerra Mundial até os dias atuais. Para isso, apresentam os fatos e os fatores que levaram, em um
primeiro momento, à contraposição entre duas superpotências (Estados Unidos e URSS) na disputa
pela influência no mundo e, em um segundo momento, à dissolução do bloco de poder controlado pelos
soviéticos. Este seria o marco do surgimento de uma ordem mundial mais complexa, tendo os Estados
Unidos como país hegemônico, mas agora acompanhado por outras potências econômicas também
influentes no mundo.
38 Manual do Professor
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Unidade 2 – O mundo atual: desigualdades e conflitos
CAPÍTULO 4 – CARACTERÍSTICAS DO SUBDESENVOLVIMENTO; CAPÍTULO 5 – CONFLITOS E QUESTÕES TERRITORIAIS NA ÁFRICA E NA AMÉRICA LATINA; CAPÍTULO 6 – CONFLITOS E QUESTÕES TERRITORIAIS NA ÁSIA
Esta unidade é composta por conteúdos que se referem às relações internacionais mediadas por
questões econômicas e territoriais. Nesse contexto, tratam-se aspectos das redes de comércio global
e a articulação econômica entre países na formação dos chamados blocos econômicos, no âmbito das
questões econômicas. Já na abordagem das questões territoriais, revelam-se as relações conflituosas
entre países ou mesmo entre grupos diferentes em um mesmo país, na disputa pelo controle de áreas
contestadas.
Unidade 3 – A produção industrial
CAPÍTULO 7 – O DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL; CAPÍTULO 8 – A PRODUÇÃO INDUSTRIAL NO BRASIL; CAPÍTULO 9 – A ATIVIDADE INDUSTRIAL NOS TIGRES ASIÁTICOS E NO BRICS;
CAPÍTULO 10 – A ATIVIDADE INDUSTRIAL NO GRUPO DOS SETE (G7)
A temática que confere unidade a esse conjunto de capítulos é a industrialização. Partindo da contextualização das profundas transformações decorrentes da Revolução Industrial, a unidade situa,
além de aspectos mais técnicos – como a classificação dos setores industriais –, o papel da indústria
na definição do desenvolvimento econômico dos países e das condições de vida de seus habitantes.
São apresentados também os níveis de desenvolvimento industrial em diversos grupos de países,
definidos por suas características em comum.
Unidade 4 – A produção agropecuária no mundo e no Brasil
CAPÍTULO 11 – AGROPECUÁRIA NO MUNDO; CAPÍTULO 12 – AGROPECUÁRIA NO BRASIL
Esta unidade apresenta diversos aspectos relacionados à agropecuária, focando duas escalas: a
mundial e a brasileira. Nessas duas escalas são apresentadas informações acerca dos sistemas produtivos e da participação dos produtos agropecuários no mercado. Especificamente sobre a realidade
brasileira, a unidade não trata apenas da produção, mas também da estrutura fundiária, expondo a desigualdade na distribuição das terras agrícolas no país, que alimenta a reivindicação dos movimentos
de trabalhadores sem-terra.
6. Orientações
específicas sobre os capítulos
Capítulo 1 – Do
mundo bipolar ao fim da
Guerra Fria
As questões geopolíticas pós-Segunda Guerra são muito complexas, o que se manifesta pela existência de grande quantidade de informações sobre o assunto. Desse modo, pode-se começar perguntando aos alunos sobre os conhecimentos que já têm a respeito dos desdobramentos da Segunda
Guerra Mundial, para constituir uma noção sobre o quanto é necessário aprofundar a abordagem dessa
temática.
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É importante destacar as principais informações ligadas às decorrências do conflito, auxiliando os
alunos a sistematizá-las. Esse trabalho lhes permitirá compreender os processos que fizeram que os
Estados Unidos e a URSS sobressaíssem como potências mundiais. Posteriormente, sugerimos ao professor que contextualize os aspectos que envolveram a disputa entre essas duas potências pelas áreas de
influência no mundo, caracterizando a ordem mundial que ficou conhecida como Guerra Fria.
O professor pode promover debates a respeito do uso de bombas atômicas como estratégia para a
imposição da vitória dos Estados Unidos no encerramento da Segunda Guerra Mundial e para o equilíbrio de forças entre esse país e a URSS durante a Guerra Fria. Esses debates permitirão também que
sejam discutidas as questões éticas e morais que envolvem a produção e o uso de armas de destruição
em massa. A realização das atividades complementares sugeridas a seguir, neste manual, pode contribuir para que os alunos reflitam sobre o tema e as questões que foram citados acima, enriquecendo
os debates.
O texto de aprofundamento a seguir também pode ser aproveitado para embasar as discussões
sobre a Guerra Fria:
Divisão bipolar do mundo
A divisão mundial de poderes, antes da Segunda Guerra Mundial, era multipolar, ou seja, as grandes
questões mundiais passavam pela órbita de várias potências. A imagem dos “Três Grandes” das conferências
da Segunda Guerra Mundial demonstrava essa multipolaridade de poderes. Mas o quadro mudaria.
No final da Segunda Guerra Mundial, os britânicos salvaram pouco da sua até então poderosa influência política mundial, a não ser a prerrogativa de manter seu império colonial, que, no decorrer dos anos,
seria perdido devido aos inúmeros movimentos de independência surgidos nas suas colônias. O reconhecimento formal da hegemonia norte-americana na Europa Ocidental, pela Grã-Bretanha, aconteceu em
dois momentos distintos. O primeiro ocorreu no discurso proferido pelo ex-chanceler britânico Winston
Churchill, em Fulton, no [estado do] Missouri [Estados Unidos], na presença do presidente [Harry S.]
Truman, no qual o Leste Europeu foi chamado de “cortina de ferro”.
Nesse famoso discurso, Churchill acusou a União Soviética de nação expansionista e pediu para que
os Estados Unidos assumissem seu papel de defensor da democracia, tendo a Grã-Bretanha apenas como
aliada, sem poder tomar maiores iniciativas. Dessa forma, Churchill acabou por demonstrar a submissão da
Grã-Bretanha perante os Estados Unidos.
Uma das consequências mais importantes do discurso de Churchill em Fulton foi que ele fez com
que a Guerra Fria começasse a ganhar uma linguagem própria – e a linguagem é a maneira básica de
se configurar um imaginário. Nesse sentido, o discurso de Fulton estabeleceu, através da linguagem, a
política de confronto entre o Ocidente e a União Soviética e, principalmente, estabeleceu que a União
Soviética era uma nação ditatorial e que impunha o comunismo aos seus vizinhos ou, em outras palavras,
o termo “cortina de ferro” transformou-se numa das maiores referências ao “império” soviético e às suas
pretensas políticas expansionistas e opressivas impostas aos seus vizinhos.
A imagem em si era simples, mas poderosa: a “cortina” que estava cobrindo a Europa Oriental era de
“ferro”, ou seja, algo “cobria” esses países de maneira “pesada”, tirando-lhes a liberdade. A partir dessa imagem foi construída uma ideia de que os países do Leste Europeu estavam totalmente presos e subjugados
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pelos soviéticos e pelo comunismo, ideia [...] que se estenderia para todo o mundo no decorrer dos anos
– o termo “cortina de ferro” ganharia popularidade, principalmente nos discursos proferidos por políticos
anticomunistas.
E a “cortina” parecia que estava se abrindo mais ainda. Como as guerras civis na Grécia e na Turquia,
que envolviam forças comunistas locais nas lutas, estavam ganhando aspectos mais dramáticos, Truman fez
o famoso pronunciamento ao Congresso, em 12 de março de 1947, pedindo verbas adicionais para ajudar
os dois países nos seus esforços de guerra contra as forças comunistas.
Seu discurso citava os dois países, mas enfatizava a existência de uma crise política mundial, na qual
as nações deveriam escolher entre duas formas de “vida alternativas”: uma livre e outra sob a opressão.
Truman afirmou que os Estados Unidos deveriam ajudar “os povos livres que estão resistindo à subjugação
por minorias armadas ou pressões externas”. Ele ressaltou a importância da ajuda econômica para impedir
o alastramento de regimes totalitários que “nutrem-se na miséria e na necessidade”.
Assim, os Estados Unidos deveriam dar a esperança para os povos desses países oprimidos ou em vias
de opressão.
Era um discurso cheio de imagens fortes – eis como o governo Truman trabalhava com o imaginário,
procurando adesões à sua causa, ou seja, a luta contra o comunismo. A utilização do imaginário nessas circunstâncias é essencial.
As guerras civis na Grécia e Turquia e o discurso agressivo de Truman dariam os argumentos definitivos para legitimar a presença “protetora e esperançosa” norte-americana na Europa, naquilo que ficou conhecido como a Doutrina Truman. A primeira ação da Doutrina Truman foi a criação do Plano Marshall,
que tinha como objetivo recuperar economicamente os países destruídos pela guerra.
O plano deveria beneficiar todas as nações que lutaram na Segunda Guerra Mundial, inclusive a União
Soviética. Os soviéticos montaram um grupo de estudos para analisar a viabilidade da ajuda norte-americana
na economia soviética e, como resultado desses estudos, o grupo chegou à conclusão de que esse plano nada
mais era do que uma iniciativa de dominação econômica e política por parte dos Estados Unidos, do que
propriamente uma simples ajuda econômica. Existia um medo, da parte soviética, de que o Plano Marshall
fosse uma iniciativa para se criar um bloco americano-europeu-ocidental dirigido contra a União Soviética
e os países da Europa Oriental. Logo, a União Soviética recusaria o auxílio econômico do Plano Marshall e
faria pressão para que nenhum outro país do Leste Europeu o aceitasse.
Após a retirada soviética das discussões sobre o Plano Marshall, [Joseph] Stalin, [líder soviético] criou o
Kominform (Comitê ou Agência de Informação dos Partidos Comunistas e Operários), que seria constituído
pelos partidos comunistas do Leste europeu, além dos partidos [comunistas] italiano e francês. Os soviéticos
também começaram a construir o seu discurso dentro da lógica da Guerra Fria, mas atribuindo aos Estados
Unidos o papel de “inimigo”. Era a “reação” soviética aos ataques norte-americanos – a Guerra Fria começou
a ganhar uma linguagem também no lado soviético.[...]
BIAGI, Orivaldo Leme. O imaginário da Guerra Fria. Revista NetHistória.
Disponível em: <http://www.nethistoria.com.br/secao/artigos/446/o_imaginario_da_guerra_fria/capitulo/4>. Acesso em: 25 mar. 2013.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 10)
1. Reúna-se com seus colegas: discutam as possíveis consequências sofridas por um país atingido
por uma bomba atômica. Com base nos apontamentos levantados pelo grupo, produzam um texto
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expondo as razões que justificariam a não proliferação de armas nucleares e o desarmamento dos
países que têm esse tipo de arsenal.
Resposta: os argumentos contra as armas nucleares são muitos. Entre eles estão: a gravidade
dos impactos gerados por essas armas; a não seletividade dos alvos quando uma bomba é lançada
(esta atinge não apenas alvos militares, mas toda a população civil em um raio enorme a partir
do ponto de impacto); a possibilidade de transformar as desigualdades entre os países em mecanismos de opressão por parte daquele que domina a tecnologia nuclear; a contaminação do meio
ambiente etc.
2. De que modo os lançamentos das bombas nucleares dos Estados Unidos sobre as cidades japonesas
de Hiroshima e Nagasaki indicavam a consolidação desse país como uma potência mundial?
Resposta: além da força dos Estados Unidos, simbolizada e manifestada pelo poder de destruição
de suas bombas, o lançamento destas demonstrava que esse país saía ainda mais fortalecido
da Segunda Guerra Mundial (pois os EUA já havia se tornado uma grande potência mundial na
Primeira Grande Guerra), conflito do qual quase todos os demais países envolvidos saíram arruinados. Esse poderio foi consolidado nos anos seguintes, quando os Estados Unidos financiaram a
reconstrução do Japão e dos países europeus arrasados pela guerra, o que determinou o estabelecimento de relações de dependência destes em relação àquele.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
DO MUNDO BIPOLAR AO FIM DA GUERRA FRIA – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 10)
O capítulo 1 trabalha com temas relacionados a conteúdos que são estudados também em História.
Isso abre a possibilidade de realização de atividades e projetos que envolvam a disciplina de Geografia
e a de História, permitindo aos alunos ampliar sua visão no tocante aos assuntos tratados no capítulo.
PARA LER E REFLETIR – O HOMEM NA LUA (P. 17)
Professor, é importante que os alunos compreendam que a chegada do homem à Lua trouxe notoriedade e reconhecimento ao governo norte-americano, e a ideologia do sucesso de seu sistema pode
ser verificada em diversos atos dos cidadãos e em propagandas da época.
Durante a Guerra Fria, a rivalidade entre Estados Unidos e URSS também ocorreu no âmbito tecnológico e envolveu o espaço sideral. A chegada do homem à Lua, em 1969, representou, entre outros
aspectos, uma resposta norte-americana ao feito do soviético Yuri Gagarin em 1961: ele foi o primeiro ser humano a orbitar a Terra. Diversos analistas afirmam que essa disputa ideológica contribuiu
para o avanço científico-tecnológico da humanidade, levando-a a um maior conhecimento acerca do
espaço sideral.
Destaque as contribuições e implicações tecnológicas desse período relacionadas, atualmente, ao
aumento da eficiência nos transportes, principalmente no setor aéreo, e ao desenvolvimento de satélites que permitem a comunicação mundial em tempo real, de computadores por meio dos quais é feito o
processamento simultâneo de dados e do GPS (que foi inventado e utilizado como orientador de mísseis
durante a Guerra Fria).
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RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 19)
1. A mais importante mudança foi o deslocamento do poder, até então exercido pelo Reino Unido, pela
França e pela Alemanha, para as duas novas superpotências militares, Estados Unidos e União
Soviética, que emergiram ao final do conflito da Segunda Guerra Mundial.
2. No regime capitalista: os meios de produção são controlados, em grande parte, por empresas privadas e destaca-se a atuação das empresas no sistema produtivo, no âmbito da livre iniciativa e do livre
mercado, cuja situação é de livre concorrência (a chamada lei da oferta e procura).
3. No regime socialista, as metas de produção das empresas estatais eram definidas no âmbito de
planos governamentais, que estabeleciam onde e o quanto estas deveriam produzir, e os preços relativos dos produtos ofertados aos consumidores (por empresas estatais) eram definidos por órgãos
de planejamento econômico do governo.
4. No processo de finalização da Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidos considerou
que fazer uso da bomba atômica, na ocasião, seria o único meio de encerrar o conflito com o Japão,
poupando a vida de inúmeros soldados norte-americanos. Entretanto, essa justificativa é ainda hoje
questionada, pois, segundo analistas, na época, a situação do Japão era de extrema fragilidade e
sua rendição era iminente. Para eles, o lançamento das bombas teria sido também uma forma de
os Estados Unidos demonstrarem seu poder bélico em relação à URSS. Além disso, com essa ação,
os Estados Unidos se firmaram como a única potência a ocupar o Japão, região estratégica para o
controle geopolítico do oceano Pacífico.
5. A Guerra Fria foi um confronto permanente, mas não direto, entre Estados Unidos e URSS, que desencadeou, no mundo todo, um clima de tensão gerado pela disputa ideológica, bélica e espacial
entre as duas superpotências da época, de 1945 a 1989. Esse período recebeu o nome de Guerra Fria
porque os Estados Unidos e a URSS não entravam em confronto direto. O Muro de Berlim, construído em 1961, e que dividia a cidade de Berlim em Berlim Ocidental e Berlim Oriental, foi o principal
símbolo dessa época.
6. Com a intenção de manter e expandir sua esfera de influência no mundo, os Estados Unidos e a
URSS apoiaram a criação e o fortalecimento de organizações que lhes davam forte apoio militar. São
elas: a Otan, liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, sob a liderança da URSS.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 19)
7.
a. A Rosa de Hiroshima é uma metáfora da bomba atômica. A música trata do lançamento de uma
bomba atômica, pelos Estados Unidos, na cidade de Hiroshima, no Japão, no fim da Segunda Guerra
Mundial.
b. O lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki deixou milhares de mortos e feridos. Os efeitos das emissões radioativas dessas bombas causaram muitos danos à população, como
infertilidade em mulheres e o nascimento de bebês com más-formações.
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8.
a. A volta que o astronauta soviético dera em volta da Terra.
b. Esse fato significaria a entrada da humanidade na Idade Cósmica.
c. O feito do astronauta foi fundamental para os soviéticos, pois era uma forma de estes demonstrarem
sua força e superioridade tecnológica em relação aos norte-americanos. No contexto da Guerra Fria,
isso significava “comprovar” a superioridade do regime socialista.
ATIVIDADE FINAL: PRODUÇÃO DE TEXTO (P. 20)
Procure discutir com os alunos os benefícios e as desvantagens de um país ter tecnologias nucleares, considerando, na discussão, a utilização da energia nuclear. Se possível, solicite-lhe que procurem
descobrir quais países têm armas nucleares e por quais motivos (o caso da Coreia do Norte pode ser
trabalhado nesse momento). É importante que os alunos estabeleçam relações entre o contexto histórico do período da Guerra Fria e o atual, para posicionar-se contra ou a favor da produção e do uso de
armas nucleares, considerando o emprego de tecnologias no desenvolvimento desses armamentos.
Caso necessite de textos de apoio para conduzir esta atividade, procure notícias no site, em inglês, da
Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA): <www.iaea.org>.
Capítulo 2 – A
nova ordem mundial
O título do capítulo indica o surgimento de uma nova situação – a nova ordem mundial. É importante,
antes de acenar com os fatores desencadeadores dessa nova ordem, demarcar bem a configuração das
relações de poder mundial que predominavam até então. Isso pode ser feito retomando-se aspectos
relevantes do capítulo anterior.
É importante fornecer subsídios para que os alunos consigam relacionar o desmantelamento da
União Soviética às transformações que alavancaram as dinâmicas da geopolítica global características
da nova ordem mundial.
Pode-se conduzir o reconhecimento das transformações territoriais e de alguns dos conflitos no
Leste Europeu como consequências do fim do Estado soviético e do controle que este exercia sobre os
países aliados. Também é interessante que os alunos sejam levados a reconhecer as profundas transformações econômicas impulsionadas pela dissolução do socialismo.
No cenário mundial contemporâneo, vale discutir o significado da estrutura unipolar no âmbito político, e multipolar no âmbito econômico, reforçando que as realidades dos países estão em constante
transformação e isso repercute nos arranjos de poder entre eles. Para isso, pode-se trabalhar com
notícias e artigos de jornal sobre as fragilidades dos Estados Unidos (principalmente no contexto da
recente crise econômica mundial, em 2009), a influência do G7 e da União Europeia nessas relações
de poder, e a evolução do poder econômico e político dos países emergentes, principalmente da China.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 22)
A modificação da ordem mundial que levou ao fim da estrutura bipolar foi tratada por Caetano
Veloso, em sua música “Fora da ordem”, como uma possibilidade de haver relações de paz, entre os
homens, mesmo que não haja consenso em suas ideias. Nesse sentido, resolva as questões a seguir.
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1. Transcreva o trecho da letra em que essa possibilidade é apontada.
Resposta: “Eu não espero pelo dia em que todos os homens concordem/Apenas sei de diversas/
Harmonias bonitas/Possíveis sem juízo final...”.
2. O fim da Guerra Fria confirma essa perspectiva? Justifique sua resposta conforme o seu ponto de
vista e baseando-se nos fatos estudados neste capítulo.
Resposta: resposta pessoal. Professor, contribua para as reflexões dos alunos citando alguns aspectos abordados neste capítulo, como o fim das tensões militares entre a União Soviética e os
Estados Unidos e a redução dos riscos de ocorrer uma guerra nuclear envolvendo este país e a
Rússia (base da antiga URSS). Para ressaltar a persistência dos problemas, mencione as várias
guerras e tensões que continuam a ocorrer independentemente do sistema político-econômico
estabelecido.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
O FIM DA UNIÃO SOVIÉTICA – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 23)
O colapso da União Soviética é um assunto que envolve conhecimentos da história recente e de
fatos da atualidade, e abre a possibilidade de relacionar os fatores que levaram ao fim da URSS como
as consequências econômicas e geopolíticas desse término, a formação de novos países, os impactos
econômicos nos países que adotavam o socialismo no planeta e o avanço da globalização econômica.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 32)
1. Gorbachev introduziu a glasnost (reforma de abertura e transparência política, com a libertação de
presos políticos e o estabelecimento da liberdade de imprensa) e a perestroika (abertura econômica
para o livre mercado e estímulo à participação de empresas privadas).
2.
a. A CEI reuniu a maioria das antigas repúblicas soviéticas. Entre elas, as que continuam a existir são:
Rússia, Casaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão, Armênia, Azerbaijão, Moldávia,
Ucrânia, Belarus e Quirguistão.
b. Esse acordo visava preservar certo grau de unidade política, econômica e militar entre as repúblicas que integravam a antiga União Soviética.
c. No plano militar: o arsenal atômico passou a ser controlado por três das antigas repúblicas da
CEI – Rússia, Ucrânia e Casaquistão. Atualmente, esse arsenal fica concentrado na Rússia. Nos
campos político e econômico, o resultado obtido com o estabelecimento da CEI não foi satisfatório,
pois cada uma das repúblicas que pertencia à ex-URSS se reestruturou de forma independente das
demais. Isso que determinou, de certa forma, o esvaziamento da CEI.
3. A Tchecoslováquia foi dividida, de forma pacífica (por meio da “Revolução de Veludo”), em 1993, em
República Tcheca e República da Eslováquia. Com relação à Iugoslávia, na década de 1980, após a
morte de Josip Tito, ressurgiram rivalidades entre os vários grupos étnicos e religiosos do território da antiga Iugoslávia. Isso levou a um clima de instabilidade política permanente, culminando
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na declaração de independência da Eslovênia, da Croácia e da Macedônia, em 1991; da Bósnia-Herzegovina, em 1992; da República de Montenegro (que se separou da República da Sérvia), em
2006; e da província do Kosovo, em 2008, encerrando o ciclo que deu fim à antiga Iugoslávia.
4. A Chechênia, de população majoritariamente muçulmana, declarou-se independente da Rússia em
1991. Entretanto, essa independência não foi aceita pela Rússia e, em 1994, as tropas militares russas invadiram a república autônoma, gerando um conflito armado contra as forças defensoras da
independência, que provocou a morte de milhares de pessoas. Em 1996, um acordo de paz foi assinado, mas não encerrou o impasse. Em 1999, após alguns atentados, o então presidente russo Vladimir
Putin autorizou a inva­são de tropas militares na Chechênia, alegando que era necessário combater o
terrorismo. Incentive os alunos a realizarem uma pesquisa sobre a atual situação da Chechênia.
5. Ordem mundial multipolar: ocorre no setor econômico e possibilita a existência de diversas potências (por exemplo, Japão e Alemanha), detentoras de um poder econômico tão expressivo quanto
o dos Estados Unidos. Ordem mundial unipolar: ocorre no âmbito político e militar, havendo uma
supremacia absoluta dos EUA, que, independentemente das decisões dos conselhos da ONU (especialmente o Conselho de Segurança), agem com liberdade e intervêm militarmente, em nome de sua
segurança interna. Até hoje, em muitas ocasiões, não houve nenhum país ou organização mundial
(até mesmo a ONU) que fosse capaz de barrar as decisões dos Estados Unidos, devido ao seu poderio
político.
6. Os principais órgãos deliberativos da ONU são: Assembleia Geral – fórum de debate das questões
internacionais; Conselho de Segurança – decide se a organização deve ou não intervir em determinado conflito; e Agência Internacional de Energia Atômica – procura evitar a proliferação de armas
nucleares.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 32)
7.
a. A charge trata da constante participação dos Estados Unidos em guerras fora de seu território. Já o
texto fala que os norte-americanos estão entre os maiores exportadores de armas. O governo e empresas bélicas dos EUA teriam interesse em, constantemente, participar ou promover de guerras em
outros países para gerar demandas por armas, tanto pelo próprio exército norte-americano como
por outros países e guerrilhas envolvidos em conflitos.
b. A charge é uma crítica aos Estados Unidos, país que participou de diversas guerras ao longo do
século XX e prossegue mantendo essa política de invasão e controle. As guerras em que os Estados
Unidos se envolvem dificilmente acontecem em seu território (inclusive as duas maiores do século XX, a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais), exceto o ataque a Pearl Harbor, na Segunda
Guerra Mundial e os Ataques de 11 de Setembro de 2001. Essas guerras levam a uma destruição
econômica e social nos países onde ocorrem, e estes muitas vezes aderem a empréstimos do próprio governo norte-americano para ser reconstruídos. Percebe-se também que, por meio dessas
guerras, além de preservar seu território, o governo norte-americano encontra mercado para sua
enorme produção de armas, seja em seu próprio exército, seja nos países aliados.
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c. Os Estados Unidos não se posicionaram em relação a esse tratado porque são grandes produtores
mundiais de armas. A regulamentação de um tratado internacional sobre o comércio de armas poderia limitar as exportações desse país, levando-o, consequentemente, a sofrer perdas econômicas.
O Brasil se posicionou contrariamente à “transparência absoluta” a respeito do assunto, pois tem
interesse em elevar sua participação no mercado bélico mundial. O país argumentou que adota essa
posição porque “o acesso livre a dados sobre compra e venda de armamentos ‘poderia expor os recursos e as capacidades de os países-membros (da ONU) de sustentar um conflito prolongado’”.
d. Os maiores fabricantes de armas do mundo são Estados Unidos, Rússia, Alemanha, França, China e
Grã-Bretanha. A maioria desses países, exceto a Alemanha, são membros permanentes do Conselho
de Segurança da ONU. Isso pode colocar em questão se o Conselho de Segurança da ONU atua realmente para manter a paz e a segurança internacionais ou com o propósito de atender aos interesses
econômicos de seus membros permanentes.
ATIVIDADE FINAL: ELABORAÇÃO DE DOSSIÊ E PRODUÇÃO DE TEXTO (P. 34)
Professor, aproveite essa atividade para, além de trabalhar o esfacelamento da Iugoslávia e o conflito nos Bálcãs, solicitar aos alunos que realizem pesquisas sobre conflitos étnico-nacionalistas e separatismo. Neste momento, podem ser tratados conflitos relacionados a separatismos, a nacionalismos
ou a etnias. A turma pode ser dividida em três grandes grupos e cada um ficar responsável por pesquisar alguns desses conflitos em um continente – Europa, África e Ásia. Entre esses conflitos estão:
•
na Europa: Guerra da Bósnia-Herzegovina, de 1992 a 1995; Guerra do Kosovo, em 1998 e 1999;
conflitos no Cáucaso; questão basca na Espanha; e conflito entre católicos e protestantes no
Reino Unido.
•
na África: genocídio em Ruanda e conflito entre tutsis e hutus.
•
na Ásia: disputa pela Caxemira, conflito árabe-israelense e questão curda.
Você pode pedir que os grupos localizem, em um mapa-múndi, a ocorrência e a extensão desses
conflitos. Em sala de aula, durante a exposição do dossiê feito pelos alunos, procure demonstrar as
diferenças e semelhanças entre os conflitos trabalhados.
Capítulo 3 – Globalização
da economia
A expansão da integração econômica mundial deve ser analisada com base nos fatores e processos
que a viabilizam. Para tratar da questão, podem ser destacadas a atuação das empresas multinacionais e as infraestruturas ligadas aos sistemas de transportes e comunicações.
Ao contextualizar o processo de globalização, é interessante promover uma ampla discussão para
situar como os alunos, e o município onde estão inseridos, são influenciados e participam desse
processo.
Demonstre algumas razões que levam os países a agrupar-se em blocos econômicos (o que está
relacionado à necessidade comum de se fortalecerem frente às relações econômicas internacionais),
e incentive os alunos a reconhecer os históricos de formação e as características dos principais blocos
econômicos regionais.
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ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 36)
Destaque, da música, trechos que trazem exemplos de intercâmbios entre países relacionados aos
processos:
a. políticos:
Resposta: “Crianças iraquianas fugidas da guerra/Não obtêm visto no consulado americano do
Egito/Para entrar na Disneylândia”.
b. econômicos:
Resposta: “Multinacionais japonesas/Instalam empresas em Hong Kong/E produzem com matéria-prima brasileira/Para competir no mercado americano”.
c. culturais:
Resposta: “Música hindu contrabandeada por ciganos poloneses faz sucesso/[...] Múmias egípcias
e artefatos incas no museu de Nova York”.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
INTENSIFICAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA –
INTERDISCIPLINARIDADE COM SOCIOLOGIA (P. 37)
A globalização, quando é trabalhada em Geografia, geralmente tem como foco questões relacionadas à economia e à geopolítica. Por outro lado, um trabalho realizado pela Geografia em conjunto
com a Sociologia possibilita a exploração das consequências da globalização para a sociedade, com
temas que avaliem o comportamento, o consumo e as mudanças relacionadas à evolução dos meios
de comunicação.
PARA OBSERVAR E PESQUISAR – FLUXO DE PESSOAS NO FIM DO SÉCULO XX E INÍCIO DO XXI (P. 40)
Professor, é importante explicar aos alunos que, nos países desenvolvidos, a evolução da tecnologia, especialmente no campo da informática, gerou uma demanda por mão de obra qualificada mais
barata para atender a necessidades específicas. É o caso de indianos que migram para trabalhar nos
Estados Unidos, na área de informática. A evolução tecnológica e do setor de transportes favoreceram,
nas últimas décadas, vários tipos de deslocamento e migração, que atingiram dimensões planetárias.
O mapa que está no boxe demonstra as principais origens e os principais destinos dos imigrantes.
Com base nele, pode-se comentar um quadro de deslocamentos com a seguinte configuração:
•
as pessoas qualificadas migram para os países desenvolvidos em busca de trabalhos mais bem
remunerados, valorização curricular e/ou por motivos educacionais;
•
as pessoas de países em desenvolvimento e com baixa qualificação profissional partem em busca
de empregos e de melhores condições de vida em países desenvolvidos ou em desenvolvimento,
como é o caso da migração de mexicanos para os Estados Unidos e de bolivianos para o Brasil.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 49)
1. A partir do início do século XX, as empresas expandiram significativamente sua ação, com a instalação de unidades fabris em vários países do mundo, possibilitando aumentar seus lucros e fabricar
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produtos mais competitivos. O avanço tecnológico que favoreceu esse processo, ocorrido especialmente a partir da década de 1970, pode ser observado em três setores: o setor de transportes (as
maiores velocidade e capacidade de carga de aviões e navios promoveram o “encurtamento das
distâncias”, além de tornar esses tipos de transporte menos onerosos); o de comunicações (houve
a universalização da informação, que possibilitou a divulgação instantânea de dados para o mundo
todo por meio de telefone, rádio, televisão, fax ou internet; e o de informática (que viabilizou a formação das redes de informação e de serviços em escala planetária).
2.
Bloco econômico
Associação LatinoAmericana da
Integração (Aladi)
Tratado NorteAmericano de Livre
Comércio (Nafta)
Mercado Comum do
Sul (Mercosul)
União Europeia (UE)
Países-membros
Características
Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Cuba,
Equador, México, Paraguai,
Peru, Uruguai, Venezuela e
Panamá
É classificada como zona de preferências
tarifárias.
O processo de integração econômica entre
os países-membros ainda é incipiente e
depende de acordos entre eles para definir
uma tarifa comum sobre produtos que comercializam entre si. A tarifa deve ser mais
baixa que aquelas que incidem sobre produtos importados de países de fora do bloco.
EUA, México e Canadá
Bloco restrito ao domínio comercial, portanto bastante limitado quanto à integração
econômica entre seus países- membros.
Nele, as empresas com sede nos países-membros têm liberdade de organização,
podendo implantar-se, de acordo com a sua
especialização, nos países que apresentarem menores custos de fatores produção.
Brasil, Argentina, Paraguai,
Uruguai e Venezuela
Criado com o objetivo de estabelecer a livre
circulação entre os países-membros, de
bens e serviços, de mão de obra e de capital, bem como eliminar barreiras alfandegárias e restrições tarifárias. Para isso, foi
proposta a Tarifa Externa Comum (TEC), e
a adoção de uma política comercial comum
aos quatro países-membros.
Alemanha, Áustria, Bélgica,
Bulgária, Chipre, Dinamarca,
Eslováquia, Eslovênia,
Espanha, Estônia, Finlândia,
França, Grécia, Hungria,
Irlanda, Itália, Letônia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta,
Holanda, Polônia, Portugal,
Reino Unido, República
Tcheca, Romênia e Suécia
Esse bloco apresenta um nível de integração entre seus países-membros superior
à verificada nos blocos de união aduaneira.
Isso porque na UE existem: livre circulação
de mercadorias, serviços, capitais e trabalhadores; uma moeda única (o euro); e uma
política monetária comum. Alguns países
preferiram não adotar o euro e outros não
aderiram à essa moeda porque não cumpriram todas as exigências definidas pelos
órgãos monetários da UE. A UE também
possibilita a livre circulação, entre os
países-membros, de pessoas que vivem em
seu espaço. O bloco define e controla suas
políticas por meio do Parlamento Europeu e
de organismos como a Comissão Europeia.
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Cooperação
Econômica da ÁsiaPacífico (Apec)
Austrália, Brunei, Canadá,
Chile, China, Hong Kong,
Indonésia, Japão, Coreia do
Sul, Malásia, México, Nova
Zelândia, Papua Nova Guiné,
Peru, Filipinas, Rússia,
Cingapura, Taiwan, Tailândia,
Estados Unidos e Vietnã
Organização intergovernamental criada
com o objetivo de promover a integração
econômica entre os países-membros, por
meio da adoção de medidas que estimulem:
o livre-comércio de bens e serviços, a livre
circulação de investimentos e a cooperação
econômica e tecnológica entre eles.
União Africana
Argélia, Angola, Benin,
Botsuana, Burkina-Faso
Burundi, Camarões, República
Centro- Africana, Cabo Verde,
Chade, Costa do Marfim,
Comores, Congo, Djibuti,
República Democrática
do Congo, Egito, Guiné
Equatorial, Eritreia, Etiópia,
Gabão, Gâmbia, Gana, GuinéBissau, Guiné, Quênia, Líbia,
Lesoto, Libéria, Madagascar,
Mali, Malauí, Moçambique,
Mauritânia, Maurício, Namíbia,
Nigéria, Níger, Ruanda, África
do Sul, Saara Ocidental,
Senegal, Seichelles, Serra
Leoa, Somália, São Tomé e
Príncipe, Sudão, Sudão do Sul,
Suazilândia, Tanzânia, Togo,
Tunísia, Uganda, Zâmbia e
Zimbábue
Organização intergovernamental que tem
o objetivo de aprofundar a cooperação e a
integração política, econômica e cultural
entre seus países-membros. Também faz
esforços para a eliminação do colonialismo
na África, empenha-se na defesa da luta
dos Estados africanos por sua soberania,
na promoção da democracia e do cumprimento dos direitos humanos no continente,
no apoio e na promoção de políticas que
contribuam para a erradicação da pobreza
e no estímulo ao desenvolvimento econômico na África.
3. Sim, pois, quanto maior for o número de nós (pontos de conexão), maior será a possibilidade de criar
ou ampliar os fluxos mundiais de mercadorias, de informações e capitais, e de serviços.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 49)
4.
a. Os maiores fluxos de comércio intrarregional são realizados majoritariamente na União Europeia,
seguida pela Ásia e pela América do Norte. Os principais fluxos de comércio inter-regional ocorrem
entre a Ásia e a Europa, e a Ásia e a América do Norte.
b. A Europa apresenta os maiores fluxos de comércio intrarregional devido à União Europeia, o que
facilita a transação comercial entre os países-membros devido à redução ou à ausência de tarifas
e taxas alfandegárias.
c. O Oriente Médio apresenta elevados fluxos de exportações para a Ásia e em menor escala para
a União Europeia, principalmente de combustíveis fósseis, com destaque para o petróleo. Já os
fluxos de importação do Oriente Médio com a Europa e com a Ásia são menores do que seus fluxos
de exportação.
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5.
a. O aumento das exportações para os mercados asiáticos ampliaria as vantagens comerciais do Brasil,
pois o país tem vantagens sobre seus concorrentes em alguns produtos, como carnes, minérios e
grãos. Contudo, a participação do Brasil no mercado asiático ainda é baixa, mas há a possibilidade
de aumentar nos próximos anos. Questões como as distâncias geográficas e a falta de promoção dos
produtos brasileiros nos países asiáticos dificultam uma maior participação do Brasil nesse mercado. Vale destacar que os principais produtos de exportação do Brasil envolvem baixo uso tecnológico
e têm menor valor de mercado nas transações comerciais internacionais.
b. O Brasil tem maior vantagem em setores primários e baseados em recursos naturais. Porém, o país
tem dificuldades para enfrentar o mercado asiático devido às distâncias geográficas entre o Brasil e
os países da Ásia, das diferenças culturais entre o Brasil e esses países, e da ausência de medidas
promocionais que visem aumentar a participação brasileira nos mercados asiáticos.
ATIVIDADE FINAL: DEBATE (P. 51)
Professor, você pode levantar diferentes aspectos e questões relacionadas ao fenômeno da globalização, para aprofundar o debate com os alunos, como:
•
Em sua opinião, o fenômeno da globalização permite o intercâmbio cultural entre países?
•
O desenvolvimento econômico possibilitou esse intercâmbio?
•
O acesso a tecnologias trouxe benefícios a alguns setores e atores da vida social?
•
Esse acesso contribuiu para a exploração dos trabalhadores ou a diminuiu?
•
E, com o acesso às tecnologias, as desigualdades econômicas e sociais diminuíram, aumentaram ou continuaram praticamente as mesmas?
Procure explorar como os Estados atuam de forma conjunta com as grandes empresas transnacionais no cenário econômico e de que forma ambos podem atuar a favor do bem-estar da sociedade.
PROJETO INTERDISCIPLINAR: INDÚSTRIA CULTURAL (P. 53)
Neste projeto, as matérias relacionadas com Geografia são: História, Filosofia e Sociologia.
Antes de iniciar a atividade, oriente os alunos acerca do processo de pesquisa, esclarecendo-os
sobre os procedimentos necessários a cada etapa desse processo. Esses procedimentos são levantamento de informações, análise e síntese. Utilize, para exemplificar com ocorre o processo de pesquisa,
um texto acadêmico, relatórios ou publicações de órgãos oficiais, ou um livro para demonstrar a diversidade de fontes que são utilizadas e o trabalho de seleção, análise e síntese de informações que é realizado pelos autores. Ressalte a diferença entre copiar trechos de um documento e elaborar um texto
próprio, baseado em informações retiradas de diversos documentos. Se for pertinente, escolha um dos
textos indicados na bibliografia e leia-o em sala de aula, com os alunos, para demonstrar esses elementos da pesquisa científica, aproveitando para discutir o tema do trabalho. Caso necessário, aborde
técnicas de redação tratadas na disciplina de Português, destacadamente a paráfrase. Sugerimos que,
após a realização dos relatórios, o professor organize um debate em sala de aula, para que cada dupla
tenha a oportunidade de expor oralmente suas reflexões.
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Sobre o conteúdo do projeto, preparamos algumas sugestões bibliográficas:
•
DUTRA, Fernanda. Cultura de massas e outras culturas: as concepções contemporâneas de
Edgard Morin e Néstor García Canclini sobre cultura de massas. Crátilo: Revista de Estudos
Linguísticos e Literários, Patos de Minas, ano 1, p. 79-86, 2008.
Disponível em: <http://unipam.edu.br/cratilo/images/stories/file/artigos/2008_1(revisto)/
CulturaDeMassaEOutrasCulturas.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
JORGE, Marina Soler. Cultura popular, cultura erudita e cultura de massas no cinema brasileiro. Cronos, Natal, v. 7, n. 1, p. 173-182, jan./jun. 2006. Disponível em: <http://www.periodicos.
ufrn.br/index.php/cronos/article/download/3196/2586>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
MAGRI, Ieda. Cultura e consumo. Educação Pública, Rio de Janeiro, 19 ed., 15 maio 2007.
Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/literatura/0019.html>.
Acesso em: 26 mar. 2013.
•
SOUZA, Arão de Azevêdo. Debates sobre cultura, cultura popular, cultura erudita e cultura de massa. In: Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação.
XII
Congresso
de
Ciências
da
Comunicação
na
Região
Nordeste,
Campina Grande, 2010. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/regionais/
nordeste2010/resumos/R23-1573-1.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Respostas:
1. Para diversos filósofos e sociólogos, a cultura popular é associada às manifestações artísticas
feitas pelo povo, aqui entendido como o conjunto de indivíduos que compõem uma sociedade. A
cultura popular seria caracterizada por crenças e superstições, e pela ignorância e pela desordem. Logo, a cultura do povo, numa ideia romântica, é primitiva, folclórica, é a cultura-patrimônio,
originada do cotidiano.
A cultura erudita é associada às elites econômicas e intelectuais, sendo caracterizada por certa racionalidade e intencionalidade, já que suas manifestações artísticas seriam produzidas em meio a altos
níveis de instrução e conhecimento técnico-científico. De certa forma, a cultura erudita tem a pretensão de indicar a condição de civilidade, já que seria uma arte pensada, elaborada de forma racional.
A cultura de massas seria produzida pela indústria cultural, sobretudo no pós-Segunda Guerra
Mundial. Nesse contexto, o povo, concebido como uma massa de consumidores, passa a ser dividido em diferentes grupos de públicos a serem conquistados pela publicidade e pela produção
cultural direcionada. A cultura de massas se apropria tanto da cultura erudita como da cultura
popular, transformando-as em mercadorias e promovendo certa homogeneização cultural.
2. Os resultados das entrevistas e da análise feita pelos alunos podem variar significativamente, mas é
provável que a maioria destes aponte que seus entrevistados consomem mais frequentemente, senão exclusivamente, a cultura tida como popular e a de massas, produzida pela indústria cultural.
3. O texto aponta que as principais marcas da indústria cultural são a serialização, a padronização e a divisão do trabalho, elementos fundamentais no processo produtivo industrial, inaugurado pela Primeira
Revolução Industrial (em meados do século XVIII) e intensificado nas Segunda e Terceira Revoluções
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Industriais (em meados do século XIX e XX, respectivamente). Essas características estão relacionadas
à produção em massa, à emergência da sociedade de consumo, ao intenso uso de técnicas no processo produtivo e à sua inserção cada vez maior na vida cotidiana dos consumidores (tecnificação).
4. O texto argumenta que a emergência da indústria cultura aponta que “a indústria cultural fixa de
maneira exemplar a derrocada da cultura, sua queda na mercadoria. A transformação do ato cultural
em valor suprime sua função crítica e nele dissolve os traços de uma experiência autêntica. A produção industrial sela a degradação do papel filosófico-existencial da cultura”. Outros textos também
apontam que Adorno e Horkheimer interpretavam a emergência da indústria cultural como maléfica
à cultura, sobretudo devido à padronização, à simplificação e à destituição de conteúdo intelectual e
reflexivo das manifestações culturais, causadas por essa indústria.
5. De acordo com muitos filósofos e sociólogos, a cultura é um elemento diferenciador das classes sociais: a cultura erudita seria produzida pelas classes sociais mais elevadas do ponto de vista econômico e intelectual/educacional, enquanto a cultura popular seria produzida por classes sociais mais
baixas, destituídas de formação culta e com renda inferior. O próprio gosto pela cultura erudita ou
pela cultura popular justificaria a classe social de cada indivíduo, sendo clara a valorização social da
cultura erudita, considerada erroneamente como superior. Por conseguinte, a cultura e outros bens
imateriais ou materiais são frequentemente utilizados como parâmetros de formação de grupos
sociais e de estratificação social.
6. Espera-se que os alunos apresentem uma visão crítica sobre o tema, e embora as respostas sejam
pessoais, é notável que, nas últimas décadas, houve relativa intensificação da cultura de massas,
decorrente, sobretudo, do processo de globalização. Dessa forma, as teorias e as críticas de Adorno
e Horkheimer acerca da indústria cultural são muito relevantes no contexto da atualidade.
7. A nova ordem mundial caracteriza-se pela primazia política, econômica, militar e cultural dos
Estados Unidos, que detém os maiores conglomerados empresariais da indústria cultural no panorama mundial, como gravadoras de música, produtoras de cinema, emissoras de televisão e diversas empresas ligadas ao ramo cinematográfico. O grande símbolo do poderio cultural dos Estados
Unidos é Hollywood, um distrito da cidade de Los Angeles, no estado da Califórnia, onde está localizada grande parte das empresas norte-americanas do ramo cinematográfico, que influenciam a cultura em nível mundial. Complementarmente, as inovações que ocorreram nos setores de transportes e telecomunicações, relacionadas ao processo de globalização, facilitaram as trocas comerciais.
Entre os produtos comercializados sobressaem os bens culturais, transformados em mercadorias
pela indústria cultural nas décadas precedentes.
ENEM E VESTIBULARES (P. 56)
1. Após a Segunda Guerra Mundial, estabeleceu-se uma ordem mundial bipolar, caracterizada por um
constante clima de confronto entre as superpotências que emergiram no período: Estados Unidos
e URSS. As instituições militares citadas, Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e Pacto
de Varsóvia, foram criadas em decorrência da ordem mundial bipolar que se estabeleceu no pós-guerra, ou seja, no contexto da Guerra Fria.
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2. Alternativa E.
3. Alternativa A.
4. Alternativa C.
5. Alternativa C.
Capítulo 4 – Características
do subdesenvolvimento
Um dos efeitos atrelados ao predomínio do capitalismo no mundo é a desigualdade entre as pessoas e os países. Na relação desigual entre países, uma das partes é formada por aqueles considerados
subdesenvolvidos – foco deste capítulo. Há muitas possibilidades de abordagem do tema, pois os alunos tendem a ter mais familiaridade com a realidade brasileira, que, apesar do crescimento econômico
vivenciado desde meados do século XX, se constitui em um contexto de subdesenvolvimento.
Você pode utilizar um mapa-múndi para promover o reconhecimento dos principais países
subdesenvolvidos em cada continente. O mapa com a classificação dos países por seu Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), na página 65, pode contribuir para isso e fornecer elementos para
estabelecer comparações.
Contudo, é necessário zelar para que a caracterização dos países subdesenvolvidos não ocorra de
maneira distorcida. Nesse sentido, é importante orientar os alunos a discernir entre o nível de desenvolvimento econômico de um país e as condições socioeconômicas de sua população, enfatizando que o
quadro social nos países subdesenvolvidos é muito desigual, de modo que não há apenas pobreza, mas
também setores da sociedade que auferem altos rendimentos. Os esclarecimentos sobre a utilização
do Produto Interno Bruto (PIB) e do IDH como indicadores sociais serão importantes para facilitar esse
discernimento.
Partindo da caracterização dos problemas sociais dos países subdesenvolvidos (que pode ser feita
com base na leitura dirigida dos textos e na análise dos gráficos), pode-se discutir com os alunos os
fatores que dificultam a superação da condição de subdesenvolvimento e da situação de pobreza das
populações dos países nessa condição.
O texto a seguir trabalha aspectos do subdesenvolvimento que se manifestam no contexto urbano:
Entre a cidade e a barbárie
Este é, portanto, o cenário das grandes cidades subdesenvolvidas, no início do século XXI: um alto
grau de pobreza, oriundo da natureza estruturalmente desequilibrada da industrialização e da urbanização
periféricas. A preocupação de Prado Jr. estava certa, e hoje é patente a impossibilidade de reintegrar o contingente excessivo de mão de obra nos grandes centros urbanos, o que agrava inexoravelmente o quadro
social. É nesse contexto que a globalização tenta imprimir suas características modernizadoras, exacerbando
o quadro de antagonismo explicitado anteriormente, pois, no contexto urbano, a contradição estrutural das
economias de desenvolvimento desigual e combinado se traduz pela incompatibilidade entre os bairros
globalizados da cidade formal e os assentamentos ditos subnormais, que configuram a tipologia majoritária
da cidade real, nas zonas periféricas abandonadas pelo capital e pelo poder público.
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[...] há hoje mais pobres do que ricos em muitas metrópoles do Terceiro Mundo. Isso provoca, obviamente, uma inversão no conceito do que é a verdadeira cidade, pois as elites estão na verdade cada vez mais
sitiadas em um mar de pobreza. Nunca as classes dominantes se sentiram tão ameaçadas. Não é à toa, portanto, que a grande imprensa brasileira, tradicionalmente representante dos interesses de nossas elites, use
repetidamente termos como “centro invadido” ou “cidade sitiada” [...] para expressar o sentimento de que a
verdadeira cidade, a que vale, é apenas a cidade formal que essas elites ocupam. Em vez de perceberem no
crescimento inexorável da pobreza a preocupante e inaceitável mudança do perfil socioeconômico geral dos
habitantes, as elites apenas se preocupam com uma invasão indesejada da sua cidade. A recusa em perceber
que essa cidade já não é mais representativa da cidade real verifica-se tanto na constante busca de segurança
e conforto em bairros-fortalezas de altíssimo padrão, como Alphaville, em São Paulo, Muang Thong Thani,
em Bangcoc, e Nordelta, em Buenos Aires, quanto na reação de indignação frente aos níveis insustentáveis
de violência urbana gerados pelo chamado “apartheid social urbano”.
Talvez se possa então tomar emprestado, para aplicá-lo ao contexto urbano, o raciocínio exposto por
Sampaio Jr. (1999) para a particular situação do capitalismo brasileiro no pós-guerra: enquanto as cidades
fordistas periféricas mantiveram-se, nas últimas décadas, sob o controle da burguesia, apesar do alto grau de
desigualdade e pobreza nas suas franjas periféricas, mantiveram sob um relativo controle a matriz espacial
e temporal do desenvolvimento urbano. As cidades eram o locus político privilegiado para o exercício da
onipotência das classes dominantes, independentemente da pobreza que se fazia crescente. A situação social
das cidades, no final da década de 1990, entretanto, transformou essa contradição em aberto antagonismo.
A burguesia parece ter perdido definitivamente o controle sobre o crescimento urbano desigual, e cada
vez mais se faz necessária uma opção mais radical entre a manutenção de um status quo urbano, em que as
estruturas das relações sociais, econômicas e políticas chegaram a níveis intoleráveis, e a adoção de medidas
que abalem radicalmente essas estruturas no sentido da construção de uma cidadania baseada em princípios
de equidade social. No caso das cidades brasileiras, assim como certamente em muitas metrópoles subdesenvolvidas, pode-se dizer que se vive, hoje em dia, uma situação limítrofe entre “a cidade e a barbárie”.
A cidade subdesenvolvida expressa a marginalidade social em países que combinam o atraso com o
moderno. Seu problema é, portanto, o mesmo da sociedade subdesenvolvida: a subordinação absoluta à lógica dos negócios, por meio das históricas superexploração do trabalho e superdepredação do meio ambiente,
que parecem ter chegado, na sociedade e nas cidades, a níveis intoleráveis.
Entretanto, as ações de imposição do capitalismo hegemônico, pelo novo paradigma da globalização, e
as novas matrizes de planejamento urbano que as acompanham, parecem apenas reforçar essa situação.
FERREIRA, João Sette Whitaker. Globalização e urbanização subdesenvolvida. São Paulo em perspectiva, São Paulo, v. 14, n. 4, out./dez. 2000.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/spp/v14n4/9748.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2013.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 60)
O desemprego está entre os problemas sociais que mais afligem a população dos países subdesenvolvidos e, ao mesmo tempo, é um fator que intensifica os quadros de pobreza. Reúna-se em grupo com seus
colegas e discutam sobre como o desemprego pode afetar a vida das pessoas e como os altos níveis de
desemprego podem afetar a situação de um país. Posteriormente, escreva um breve relatório individual
sobre as conclusões alcançadas conjuntamente.
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Resposta: entre outras consequências, o desemprego restringe o acesso das pessoas aos produtos
e serviços necessários à sua sobrevivência, impelindo-as a realizar atividades informais e impedindo-as de se inserir no sistema previdenciário. Nos países com elevados índices de desemprego, as consequências desses indicadores são: baixa arrecadação governamental e baixo crescimento econômico,
elevadas disparidades sociais, exploração do trabalho infantil em formas variadas de subemprego,
insegurança etc.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
O SUBDESENVOLVIMENTO NO MUNDO – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 61)
A introdução aos estudos do subdesenvolvimento no mundo envolve a análise histórica dos motivos que influenciaram a formação dos países subdesenvolvidos. Avalie a possibilidade de desenvolver um trabalho que relacione os temas trabalhados em Geografia com a análise realizada pelos
historiadores.
PARA PESQUISAR E REFLETIR – COLONIALISMO E SUBDESENVOLVIMENTO (P. 61)
Comente que a utilização do trabalho escravo e da mão de obra barata impossibilitou o desenvolvimento de um mercado interno expressivo, que favorecesse a introdução de atividades econômicas
diversificadas nas colônias. As restrições metropolitanas ao desenvolvimento de atividades produtivas
nas colônias também criaram entraves para gerar riquezas localmente. Dessa forma, após a independência, os países subdesenvolvidos precisaram obter empréstimos no mercado internacional, para
dinamizar suas atividades econômicas e promover investimentos no setor social e na geração de infraestrutura para atender às necessidades da população e da economia nacional.
É importante contextualizar as informações deste boxe para que os alunos compreendam a relação entre o passado colonial dos países subdesenvolvidos e a situação social e econômica em que se
encontram atualmente. Explique que, ao longo de todo o período colonial, havia uma relação de complementaridade entre a economia das colônias e a das metrópoles. Não era permitido aos domínios
coloniais desenvolver atividades econômicas que não tivessem a finalidade de atender aos interesses
das metrópoles.
Além disso, também vale comentar que os países subdesenvolvidos enquadram-se, na Divisão
Internacional do Trabalho (DIT), como exportadores de matérias-primas e importadores de produtos industrializados. Portanto as trocas comerciais desiguais dificultam o desenvolvimento econômico
desses países.
1. O papel dos países subdesenvolvidos na economia internacional consiste na produção de matérias-primas, como gêneros agrícolas e recursos minerais, para vendê-las a baixos preços no mercado
internacional, com o objetivo de suprir as necessidades produtivas e de consumo dos países desenvolvidos. Sim, embora haja países industrializados pode-se considerar que, em linhas gerais, o
papel desempenhado pelos países sub­desenvolvidos é o mesmo das colônias de exploração, já que
a economia das colônias destinava-se a abastecer o mercado metropolitano com matérias-primas,
possibilitando, assim, a geração de elevados lucros para as metrópoles.
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2. Apesar de obter a independência política, os países subdesenvolvidos continuam dependentes economicamente dos países desenvolvidos, pois, em grande parte dos casos, há empresas sediadas nos
países desenvolvidos que exploram as riquezas agropecuárias e minerais e a produção industrial
dos países subdesenvolvidos, transferindo grande parte do lucro obtido com essa exploração para as
nações ricas. Além disso, muitas indústrias multinacionais instalaram filiais em países subdesenvolvidos com o objetivo de explorar a mão de obra barata. Por um lado, isso revela um interesse das
corporações nesses territórios de economia periférica, e, por outro, reforça a dependência local dos
investimentos estrangeiros para a geração de empregos nas áreas urbanas.
PARA LER E REFLETIR – DEFINIÇÕES DE POBREZA (P. 66)
Antes de iniciar a leitura do boxe você pode comentar que o fato de um país apresentar baixo IDH
significa que parte considerável de sua população pode ser considerada pobre. Porém é importante
ressaltar que há vários critérios para nortear as definições de pobreza, tema tratado no boxe. Assim,
podem-se discutir as diferenças entre esses critérios. Depois, solicite aos alunos que comparem os
dados do IDH de cada região do globo, apresentados no mapa da página 65.
1. Nesta atividade, seria interessante que os alunos explorassem o conteúdo do site oficial do Banco
Mundial no Brasil e procurassem informações sobre as estratégias da organização para reduzir a
pobreza mundial, que é o principal objetivo do banco. Essa finalidade vem sendo alcançada por meio
de empréstimos, financiamentos e experiências técnicas destinadas à construção de infraestrutura
e à ampliação dos serviços sociais nos países pobres e em desenvolvimento. Se possível, explore os
dados estatísticos e as informações do site referentes à análise da pobreza mundial e aos projetos e
programas desenvolvidos pelo Banco Mundial, no Brasil e nos demais países pobres do mundo.
2. Você pode trabalhar a interpretação do poema em conjunto com o professor de Literatura, abordando
seu cunho social e sua estrutura literária.
a. O poema retrata a situação de pobreza de muitos seres humanos.
b. Resposta pessoal. Professor, espera-se que os alunos expliquem o título do poema comparando
a atitude dos seres humanos que reviram o lixo em busca de alimento à de certos animais, como
ratos, gatos e cães, que apresentam esse comportamento em sua luta diária pela sobrevivência.
c. A falta de alimentos que supram as necessidades de sobrevivência, levando-os a procurar comida
em meio ao lixo.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 75)
1. O termo “subdesenvolvimento” foi criado após a Segunda Guerra Mundial, caracterizando a situação
de atraso social e econômico de um país em relação aos padrões vigentes nas nações mais ricas.
Para essa classificação utilizam-se dados econômicos que, geralmente, retratam uma sociedade
majoritariamente composta de pessoas que recebem uma renda muito pequena e apresentam dificuldades para obter alimentos e outros bens necessários à sobrevivência.
2. Não, já que os indicadores econômicos, como renda per capita e produto nacional bruto, fornecem
uma análise limitada. Isso porque, às vezes, esses indicadores não retratam as desigualdades sociais
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vigentes em determinadas nações, como no caso dos países exportadores de petróleo que têm elevada
renda per capita, mas onde a riqueza está concentrada nas mãos de uma minoria, enquanto a maior
parte da população vive em condições precárias.
3. IDH significa Índice de Desenvolvimento Humano. Esse índice, que classifica os países em relação a
algumas das condições gerais da qualidade de vida da população, considera três variáveis: o nível socioeconômico, medido por meio do Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita; a saúde, calculada
com base na expectativa de vida ao nascer; e a educação, calculada considerando-se os anos médios
de estudo de cada habitante e a expectativa de escolaridade da população. O resultado do IDH varia
de 0 a 1, e, quanto mais próximo do número 1, maior é a qualidade de vida da população.
4. O índice de Gini é um dos coeficientes usados para medir a desigualdade na distribuição de renda da
população de um país. Esse índice varia de 0 a 1, e, quanto mais próximo de 0, mais igualitária é a
distribuição de renda no território.
5. A dependência de tecnologia externa é prejudicial à economia dos países subdesenvolvidos porque
estes têm de pagar royalties às empresas detentoras da propriedade dessa tecnologia. Uma das estratégias que podem ser adotadas para amenizar esse problema consiste na criação de centros de
pesquisa voltados ao desenvolvimento de produtos ou de tecnologia de produção.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 75)
6. Auxilie os alunos a interpretar a tabela, mencionando os dados existentes, o período a que estes se
referem, o tema retratado, as informações e as análises que podem ser efetuadas. É importante
atentar para a dis­crepância dos índices de mortalidade entre os países desenvolvidos e os subdesenvolvidos. Ressalte que a análise dos dados da mortalidade infantil evidenciam as disparidades
sociais entre esses países.
a. Países com IDH muito elevado – Noruega, Austrália e Holanda; com IDH elevado – Romênia, Cuba
e Brasil; com IDH médio – Jordânia, Argélia e Sri Lanka; com IDH baixo – Quênia, São Tomé e
Príncipe e Paquistão.
b. O Brasil tem índices mais elevados que os países com baixo IDH, o que significa uma maior expectativa de vida, um tempo maior de escolaridade e Rendimento Nacional Bruto per capita mais elevado. No entanto, comparado aos países de IDH muito elevado, o Brasil apresenta grandes disparidades, por exemplo, cerca de 5 anos de estudo a menos por pessoa, em média, do que a Noruega.
As taxas de mortalidade e de expectativa de vida também encontram diferenças consideráveis em
relação àqueles países, o que não inclui o Brasil no grupo dos países com IDH muito elevado.
c. Os países com baixo IDH apresentam altas taxas de mortalidade infantil por causa da falta de saneamento básico e de atendimento médico-hospitalar que garantam condições mínimas de saúde
para a população. Nos países com IDH elevado, as taxas de mortalidade infantil são baixas em
virtude da boa qualidade do sistema médico-hospitalar e do amplo acesso da população ao saneamento básico.
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ATIVIDADE FINAL: FILME, LEITURA DE TEXTO E DEBATE (P. 76)
O conteúdo do filme sugerido nesta seção pode ser muito complexo para os alunos do Ensino Médio,
mas, com o esclarecimento de conceitos e a orientação adequada, ele permite ampliar, de forma muito
rica, os conhecimentos relacionados ao capítulo e a compreensão sobre a questão do subdesenvolvimento. Se possível, antes da produção do texto, estimule um debate em sala de aula, de forma a fornecer, aos alunos, conteúdos, argumentos satisfatórios e embasamentos teóricos para serem explorados
em seus trabalhos.
O filme em questão é bastante representativo dos assuntos tratados no capítulo. De preferência, é
interessante exibir pequenos trechos do filme ao longo de várias aulas, para que ideias, dados e informações pertinentes à temática do capítulo possam ser esclarecidos e debatidos.
Durante o debate, é interessante que os alunos façam anotações sobre os assuntos abordados, para
que estas sirvam de base para a elaboração do texto.
As disparidades socioeconômicas e a relação de dependência econômica entre os países subdesenvolvidos e desenvolvidos são a temática central do filme. Portanto, é importante deter-se na análise dos
exemplos para esclarecer a teoria. Além da produção de texto, pode-se estimular a turma a elaborar
um cartaz que retrate as ideias centrais de Milton Santos sobre o mundo subdesenvolvido.
No momento da leitura e da produção de texto, leia o texto juntamente com os alunos e peça-lhes
para identificar a principal teoria desenvolvida pelo autor, referente às diferenças entre crescimento
econômico e desenvolvimento. Discuta a pertinência do tema para a análise da realidade brasileira,
mostrando exemplos de discursos políticos que ressaltam dados de crescimento econômico, mas
omitem, muitas vezes, os reais problemas sociais a serem enfrentados. Apresente as dificuldades
enfrentadas pelos países subdesenvolvidos para se livrarem de sua dependência econômica em relação aos países ricos, assim como as estratégias que podem ser introduzidas pelo poder público para
amenizar essa situação.
a. Crescimento econômico e desenvolvimento não são sinônimos. O crescimento econômico implica
no aumento da produção e do consumo em determinada época, elevando a oferta de empregos.
Já o desenvolvimento requer que haja ampliação da produção acompanhada por modernizações
tecnológicas que reduzam o grau de dependência do país diante da tecnologia estrangeira, além
de promover melhorias sociais que aumentem a qualidade de vida da população.
b. Infraestrutura insuficiente para atender às necessidades da população, grande desigualdade social entre ricos e pobres, e educação e saúde de difícil acesso pela população de baixa renda.
Em seu texto, é importante que os alunos destaquem que o principal entrave para conciliar os
dois fenômenos consiste no intenso grau de dependência econômica dos países subdesenvolvidos em relação aos desenvolvidos. Essa dependência se manifesta na necessidade de os países
subdesenvolvidos atraírem capital externo para que sejam realizados investimentos no setor
produtivo e na infraestrutura, na necessidade de importarem tecnologia dos países desenvolvidos e nas relações comerciais desfavoráveis que mantêm com estes, nas quais os países
subdesenvolvidos privilegiam a produção de bens para o mercado externo, em detrimento do
mercado interno.
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Capítulo 5 – Conflitos e questões
África e na América Latina
territoriais na
Para compreender a origem dos conflitos territoriais que assolaram a África – e ainda assolam
algumas de suas regiões –, é fundamental compreender como se desdobrou o processo de dominação
colonial imposto por países europeus ao continente. Esse processo, simplificadamente, promoveu a
“partilha da África”, por meio da definição artificial de fronteiras entre os países, forçando, por exemplo, a convivência entre grupos étnicos rivais. Sendo assim, torna-se uma alternativa recomendável
solicitar a realização de pesquisas complementares para recompor com mais detalhes o processo de
colonização da África. A organização dessas pesquisas pode ser realizada com base no desenvolvimento de um projeto interdisciplinar envolvendo o professor de História, que contribua com as orientações
referentes aos processos históricos, e o de Geografia, que se encarregue de orientar os alunos na análise dos desdobramentos territoriais.
Utilize o mapa da página 79 para auxiliar na compreensão do processo de colonização da África.
Posteriormente, ao trabalhar os movimentos de independência dos países africanos, o professor
pode retomar os processos ligados à Segunda Guerra Mundial, estudados no capítulo 1, para demonstrar que o enfraquecimento dos países europeus, arrasados pelos bombardeios, contribuiu para fortalecer as reivindicações de independência na África. Oriente os alunos a relacionar a perda do controle
colonial europeu sobre os países africanos ao desencadeamento dos conflitos entre os grupos étnicos
desses países, em função do poder administrativo dos Estados recém-formados.
Também é interessante promover a leitura coletiva das partes do texto que evidenciam a violência
dos conflitos na África e a consequente intensificação dos quadros de pobreza. Aproveite esses momentos para discutir questões relacionadas à ética e à valorização da vida humana.
Conduza o reconhecimento dos principais conflitos na América Latina, destacando seus fatores
geradores. Pode-se realizar uma comparação entre esses fatores e aqueles que estão por trás dos
conflitos africanos. Sobre as questões geopolíticas da Amazônia no Brasil, proponha aos alunos que
realizem, por meio de uma pesquisa na internet e/ou em livros, um levantamento das fragilidades fronteiriças brasileiras, problematizando os possíveis riscos relacionados a elas.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 78)
1. Além dos objetivos intrínsecos de uma guerra – vencer o inimigo e conquistar território e poder –, os
conflitos armados envolvem outros interesses nem sempre evidentes. A canção do Senhor da Guerra
expõe alguns deles. Cite-os.
Resposta: aumento da produtividade, evolução tecnológica e lucro com a venda de armas.
2. De acordo com o contexto da música, os benefícios trazidos pelas guerras serviriam para justificá-las? Explique.
Resposta: não. A música expressa uma crítica às guerras e à perda da vida de pessoas (sobretudo,
as jovens), o que nem mesmo a geração de empregos poderia compensar.
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Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
PARA LER E REFLETIR – FOME, AIDS E GUERRAS NA ÁFRICA (P. 82)
1. Durante o tempo de dominação colonial, o continente africano foi partilhado entre as potências colonizadoras, seus recursos naturais foram explorados e seus povos escravizados. Nesse período,
tribos foram divididas e etnias rivais, colocadas no mesmo território. Após a independência de boa
parte desses domínios coloniais, emergiram conflitos internos entre os diversos grupos locais. Por
causa da falta de investimentos e de políticas públicas e sociais ao longo de sua história, marcada
pela exploração, parte significativa da população do continente africano se encontra imersa em problemas como a fome, o desemprego e a violência.
2. Devido à falta de oportunidades de ascensão socioeconômica e à carência de direitos e serviços básicos para sua sobrevivência, uma parcela da população do continente africano migra rumo aos países
da Europa, com o intuito de melhorar suas condições de vida.
3. Em relação aos demais continentes, pode-se afirmar que o número de casos de Aids na África é
muito superior, principalmente na porção subsaariana. Entre as razões que contribuem para a configuração desse quadro, estão: a falta de acesso da população aos meios de prevenção da doença,
sua falta de informação sobre o assunto e a dificuldade de os governos conseguirem investimentos
para financiar o combate à Aids.
PARA LER E REFLETIR – BIODIVERSIDADE E BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA (P. 92)
Ressalte que a biopirataria na Amazônia é uma das principais questões geopolíticas presentes na
região. A fiscalização precária e a grande extensão e densidade da floresta dificultam uma ação mais
efetiva do poder público para conter o extravio de elementos da flora e da fauna locais para o exterior.
1. Por causa de sua biodiversidade composta de espécies da fauna e da flora, e do conhecimento das
comunidades tradicionais da floresta sobre animais e plantas. Essas espécies são exploradas, apropriadas e extraviadas ilegalmente da Amazônia para o exterior, onde servem como matéria-prima
e como meio para a produção de alimentos, cosméticos e remédios, patenteados por empresas e
laboratórios de pesquisa.
2. A biopirataria é comumente praticada na Amazônia por causa da falta de uma fiscalização eficiente
na região e de uma legislação que regulamente as atividades de exploração dos recursos naturais.
BIODIVERSIDADE E BIOPIRATARIA NA AMAZÔNIA – INTERDISCIPLINARIDADE COM BIOLOGIA (P. 92)
A questão da biopirataria na Amazônia é uma temática analisada não apenas na Geografia, mas
também na Biologia. Essas disciplinas analisam, em especial, temas relacionados ao mercado farmacêutico e à biotecnologia.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 93)
1. No século XIX, o continente africano sofreu intenso processo de ocupação colonialista, que se ampliou na segunda metade desse século. Isso se deve, sobretudo, a dois fatores:
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•
ao desenvolvimento industrial ocorrido na Europa, que exigiu, por parte dos países que se industrializavam nesse continente, a utilização de matérias-primas existentes na África;
•
à necessidade que os europeus sentiram de ampliar os mercados de consumo da sua produção
industrial, o que conduziu, no fim do século XIX, à denominada “partilha do continente africano”,
realizada entre as potências europeias que se industrializavam.
2. Com o fim da dominação colonial dos europeus na África, tiveram início outros conflitos no continente, em geral ligados à constituição do governo de cada um dos novos países africanos. Muitos
desses países abrigavam, por imposição colonial, nações de origem e características diferentes,
por vezes, até rivais. Com a independência, essas nações passaram a disputar o poder, conduzindo
a África a uma situação de permanente conflito. A eclosão desses conflitos no território africano foi
contemporânea à vigência da Guerra Fria, o que agravou a situação. Os Estados Unidos e a antiga
União Soviética, motivados pela ideia de expandir suas respectivas áreas de influência, ofereceram
apoio bélico e financeiro às nações que se posicionavam ideologicamente a seu favor.
3. Em 1961, no auge da Guerra Fria, o governo cubano declarou sua adesão ao bloco socialista. Como
retaliação, os Estados Unidos tomaram uma série de medidas para desestabilizar o governo de Fidel
Castro, entre elas o bloqueio econômico a Cuba, instituído em 1962. A partir dessa ação norte-americana, intensificou-se a aproximação diplomática entre Cuba e a antiga União Soviética. Isso rendeu
a Cuba certos privilégios, como o tratamento preferencial comercial deste por aquele país, o que
possibilitou a Cuba, por exemplo, a importação de petróleo soviético a preços mais baixos que os
praticados no mercado. No inicio dos anos 1990, com o fim da antiga União Soviética, a economia
cubana perdeu seus privilégios e entrou em crise. O governo de Cuba promoveu, ao longo dessa
década, a abertura de sua economia ao livre mercado, a fim de captar investimentos externos e
manter os setores produtivos do país. Uma das atividades econômicas que mais se beneficiou com
essas medidas foi o turismo, que se expandiu significativamente ao longo dos anos 1990, até o início
dos anos 2000. Entretanto, o crescimento econômico resultante da expansão do turismo e de outras
atividades não foi suficiente para reverter a crise pela qual o país continua passando.
4. Em agosto de 2000, o governo colombiano, com o apoio militar e financeiro dos Estados Unidos,
estabeleceu o Plano Colômbia, um plano de ação conjunta cujo objetivo era acabar com a produção
e a comercialização da cocaína na Colômbia. Segundo muitos analistas, a implantação do Plano
Colômbia tinha também a finalidade de enfraquecer o poder das Farc, embora esse objetivo não
fosse explicitado. Os objetivos do Plano Colômbia não foram alcançados em sua plenitude, pois a
produção e a comercialização da cocaína ainda hoje é muito expressiva na Colômbia. No entanto, o
poder das Farc nesse país diminuiu ao longo dos anos 2000.
5. Na geopolítica brasileira, o tema Amazônia sempre mereceu destaque especial, o que se justifica por
aspectos como: sua enorme extensão territorial; a existência de imensos vazios demográficos em
seu interior; a presença de uma das maiores reservas naturais da Terra, a Floresta Amazônica; a presença da maior biodiversidade planetária; a sua imensa riqueza mineral; e, hoje como um significado
cada vez mais expressivo, a existência da maior reserva de água doce do mundo. Associadas a tudo
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isso, existem as questões do narcotráfico e do contrabando de animais e de armas na Amazônia, que
justificam a existência de planos de ocupação militar de trechos do território, sobretudo na região de
fronteira. Preocupado com essas questões, o governo brasileiro elaborou uma estratégia de ocupação geopolítica do espaço amazônico por meio de dois projetos especiais: o Calha Norte e o Sivam.
6. Calha Norte – entre os principais objetivos desse plano estavam: assegurar a soberania e a integridade nacional; fiscalizar o tráfego aéreo e fluvial na região de fronteira; combater as atividades
ilegais vinculadas ao contrabando de ouro e de outras pedras preciosas e ao narco­tráfico; controlar
invasões de reservas indígenas; dar assistência a povos indígenas; e evitar conflitos entre grupos
nativos, posseiros e garimpeiros.
Sivam – entre os objetivos do Projeto Sivam estão: controlar o tráfego aéreo regional das empresas
comerciais; combater o contrabando de ouro e de outras pedras preciosas; detectar áreas de plantio ou industrialização vinculadas ao narcotráfico; controlar voos e aeroportos clandestinos; fazer o
mapeamento dos recursos naturais da região; e promover a proteção ambiental, com a verificação
de desmatamento e o combate a incêndios florestais.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 93)
7.
a. Os principais tipos de conflito retratados são os relacionados a problemas com demarcação de fronteiras e conflitos ambientais, energéticos e agrários.
b. O conflito localizado na área da usina de Itaipu está relacionado ao preço da energia utilizada pelo
Brasil, que é de direito do Paraguai; os conflitos entre fazendeiros e brasiguaios, brasileiros que têm
terras no Paraguai, contra os sem-terra estão relacionados às lutas pela posse e pela utilização de
terras nessas áreas; os problemas entre pecuaristas e agricultores estão associados ao desmatamento de terras e a desentendimentos com indígenas, habitantes das áreas de preservação.
8.
a. O mapa revela a questão da desnutrição e insegurança alimentar na África. Observa-se um quadro de
maior gravidade na porção subsaariana do continente.
b. No século XIX, o continente africano sofreu intenso processo de ocupação colonialista. Esse processo intensificou-se na segunda metade daquele século. Isso ocorreu por causa, sobretudo, de dois
fatores: do desenvolvimento industrial ocorrido na Europa, que exigiu a utilização de matérias-primas existentes na África; e da necessidade de os europeus ampliarem os mercados de consumo da
sua produção industrial, o que resultou, no fim do século XIX, à denominada “partilha do continente
africano”. Com o fim da dominação colonial dos europeus na África, tiveram início outros conflitos
no continente, em geral, ligados à constituição do governo de cada um dos novos países africanos.
Muitos desses países abrigavam, por imposição colonial, nações de origem étnica e características
diferentes, por vezes, até rivais. Com a independência, essas nações passaram a disputar o poder,
conduzindo a África a uma situação de permanente conflito. Surgiram conflitos no continente africano que alcançaram enormes proporções, repercutindo internacionalmente. Um dos conflitos mais
violentos ocorreu entre os grupos étnicos hutu e tutsi, em Ruanda e Burundi. Para muitos estudiosos,
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os conflitos no continente africano seriam um efeito da ocupação da África durante o período colonial.
Em meio ao caos geopolítico pelo qual o continente passou durante séculos, as condições sociais
foram agravando-se gradativamente, e, hoje, boa parte da população dos países africanos não tem
acesso a condições básicas de sobrevivência, como alimentação e saúde.
ATIVIDADE FINAL: LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO (P. 94)
Professor, depois de ler os três trechos com os alunos, você pode propor um debate sobre os temas
tratados. Para aprofundar o conhecimento deles sobre o assunto, peça-lhes que pesquisem em sites,
jornais e revistas: entrevistas concedidas por Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente; textos da
geógrafa Berta Becker, uma das maiores pesquisadoras do tema Amazônia; discursos sobre a preservação da floresta difundidos pelos movimentos ambientalistas; entre outros materiais que tratam da
geopolítica da Amazônia.
Capítulo 6 – Conflitos e questões territoriais na Ásia
Este capítulo, além de contemplar especificamente os diversos conflitos que ocorrem na Ásia, possibilita aos alunos uma visão de conjunto do continente, de modo que possam identificar, na diversidade étnica, religiosa, política e de desenvolvimento que o caracteriza, uma das principais causas da
existência dos vários focos de tensão. O histórico de interferências externas no continente também é
um fator muito importante para os desdobramentos dos conflitos territoriais atrelados a questões políticas ou étnico-religiosas.
Para abordar os múltiplos aspectos que envolvem os conflitos entre palestinos e israelenses, peça
aos alunos para que sistematizem no caderno os principais eventos históricos que, ao longo do tempo,
deram contorno às animosidades entre esses povos. Oriente-os a perceber como a rápida estruturação
bélico-militar israelense foi preponderante para vencer as ofensivas árabes, em uma série de guerras
travadas desde a fundação do Estado de Israel. Destaque como essas vitórias foram importantes para a
definição da organização territorial na Palestina e para a inviabilização de um Estado palestino – e, consequentemente, para a falta de autonomia plena dos palestinos em relação aos israelenses. Os mapas das
páginas 97, 98 e 99 ajudam a ilustrar esses aspectos, enfatizando as dificuldades para a manutenção da
coesão territorial pelos palestinos em função da fragmentação entre a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
É fundamental discutir com os alunos a importância das reservas de petróleo e as interferências
estrangeiras para a origem das guerras entre os países do golfo Pérsico. Ao abordar as lutas do povo
curdo para a conquista de um Estado, é importante levar os alunos a compreender que a distribuição
desse povo por vários Estados já constituídos e controlados por etnias diferentes é uma razão que dificulta a consolidação desse objetivo.
Ao tratar da China, é interessante promover o reconhecimento dos diferentes exemplos de conflitos
territoriais que o país enfrentou ao longo de sua história, conduzindo os alunos na interpretação das
especificidades que caracterizaram cada evento.
No que se refere à Coreia, é necessário discutir com os alunos sua fragmentação – que gerou um
país capitalista (Coreia do Sul) e outro socialista (Coreia do Norte) –, como um processo vinculado ao
acirramento das disputas entre Estados Unidos e URSS, durante a Guerra Fria. Ressalte que essas
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potências se enfrentavam indiretamente em batalhas regionais, apoiando lados contrários entre as
forças que efetivamente protagonizavam a guerra.
Assim como ocorrera na África, os conflitos e as tensões na península Indiana, sobretudo entre
Índia e Paquistão, têm raízes no processo de ocupação europeia e em sua posterior independência.
Retomando itens do capítulo anterior, oriente os alunos a estabelecer comparações entre os conflitos
nesses dois continentes.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 96)
De que trata o texto apresentado na abertura do capítulo? Em que sentido o Conselho de Segurança
da ONU tem agido para intervir nos problemas relatados no texto?
Resposta: o texto trata da preocupação internacional com a Ásia Central, região bastante conflituosa do planeta. O Conselho de Segurança da ONU busca alternativas para resolver os conflitos já
existentes ou para agir de maneira preventiva, evitando que novos conflitos surjam.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 97)
Professor, muitas vezes, a análise do conflito árabe-israelense em Geografia foca principalmente
questões atuais. Contudo, para que os alunos tenham uma compreensão mais aprofundada sobre o assunto, é necessário que retomem temas históricos, como a ocupação histórica da região, o surgimento
do Islamismo e a sua expansão. Avalie a integração dos temas analisados em Geografia aos de História,
de modo a aprofundar a análise de um conflito que persiste até os dias atuais.
PARA LER E REFLETIR – A VIDA DA POPULAÇÃO NOS TERRITÓRIOS PALESTINOS (P. 100)
O boxe permite destacar as consequências dos conflitos entre árabes e israelenses para os povos
palestinos e judeus, como o clima de insegurança entre judeus e palestinos e a situação de palestinos
que vivem em territórios ocupados por israelenses. Ressalte a situação de pobreza dos palestinos diante das sanções econômicas impostas por Israel, comentando que, quanto mais ela se agrava, maiores
são as chances de os movimentos fundamentalistas se fortalecerem. Essa situação é resultado de
décadas de conflitos, e ainda será necessário realizar muitas negociações na tentativa de que eles se
resolvam.
As ofertas de trabalho, além de insuficientes, estão extremamente concentradas nas áreas israelenses. Isso gera um problema grave para muitos palestinos: constantemente, eles precisam adquirir
autorizações de entrada em Israel para que possam trabalhar nessas áreas. Entretanto, o número de
autorizações para esse fim é bastante inferior à demanda, o que impede que a maior parte desses palestinos entre no território de Israel. Além disso, os palestinos que conseguem trabalho do outro lado
da fronteira gastam mais da metade de seus salários em transporte, e o tempo de seu deslocamento
costuma ser superior a 2 horas por trajeto. Como resultado disso, há piores condições de vida (falta
de alimentos, remédios e assistência médica) e de moradia (residências sem saneamento básico ou
mesmo divisórias internas) nas áreas ocupadas por palestinos.
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PARA LER E PESQUISAR – NOVO LÍDER COMANDARÁ A COREIA DO NORTE COM A AJUDA DE MILITARES E TIOS (P. 109)
Professor, você pode comentar as últimas notícias sobre ameaças e testes nucleares efetuados pela
Coreia do Norte, destacando a posição da comunidade internacional frente a isso. É importante orientar os alunos a buscar notícias recentes sobre o regime político norte-coreano e seu projeto nuclear. A
pesquisa pode resultar em um debate sobre as ameaças da Coreia do Norte à paz mundial.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 112)
1. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a Palestina ficou sob o controle do governo britânico – contrário, naquele momento, à formação de um Estado judeu em seus domínios coloniais. Mas,
terminada a guerra, em 1945, a Grã-Bretanha rapidamente perdeu o controle político sobre a região,
e a questão da formação de um Estado judeu na Palestina foi transferida para a ONU. Assim, em
1947, essa organização aprovou um plano de partilha do até então território palestino em dois territórios: um árabe e um judeu. A partir daí, teve início um processo de sucessivos conflitos regionais.
Os mais violentos foram as guerras de 1948, 1967 e 1973.
2. A grande concentração de reservas petrolíferas torna a região do golfo Pérsico estratégica para o
mundo inteiro. Qualquer conflito que ocorra nessa região é alvo de interesse de todo o planeta, em
especial das grandes potências.
3. A questão estratégica do petróleo e as profundas diferenças culturais entre o Ocidente e o Oriente
Médio fazem que essa região esteja em clima de constante instabilidade. Em agosto de 1990, o Iraque
promoveu a invasão do Kuwait, sob a alegação de que este não estava cumprindo o acordo firmado
entre os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que estabelecia uma cota de produção de petróleo. Liderado por Saddam Hussein, o ato iraquiano provocou forte
repúdio internacional, culminando com a interferência militar dos Estados Unidos – um dos maiores
compradores do petróleo produzido no Oriente Médio –, sob a autorização da ONU.
Assim começou a Guerra do Golfo, conflito que durou de 17 de janeiro a 28 de fevereiro de 1991,
resultan­do na expulsão das tropas iraquianas do Kuwait e na morte de algumas dezenas de milhares de pessoas, a maioria soldados e cidadãos iraquianos.
4. Os curdos descendem de povos antigos que habitaram o Oriente Médio desde o século VII a.C. No
passado, eles viviam em estruturas tribais semelhantes às organizações feudais da Idade Média europeia. Com a formação do Império Otomano, no século XV da Era Cristã, o povo curdo espalhou-se
por várias partes do Oriente Médio. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, as principais potências
vencedoras definiram novos tratados político-territoriais para essa região, incluindo um traçado para
as fronteiras do Curdistão, cuja localização foi definida entre Turquia, Iraque, Síria e Irã. Se o país
dos curdos fosse estabelecido concretamente, esses países perderiam grande parte de sua principal
fonte de renda, o petróleo, o que explica a enorme resistência à efetiva implantação do novo país.
5. A presença das potências capitalistas no território da China Imperial provocou a eclosão de uma série de rebeliões internas e a formação do Partido Nacionalista (Kuomintang). A importância política
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desse partido cresceu bastante na década de 1910 e, rapidamente, ele conquistou um poder parcial
no país. Em 1911, as lideranças do Kuomintang proclamam a República da China. No início da década
de 1920, um grupo de líderes populares na China, entre os quais Mao Tsé-tung, acreditando nos ideais
socialistas, fundou o Partido Comunista Chinês. Devido à situação caótica da China (especialmente no
campo, onde os senhores de terras impunham condições de trabalho sub-humanas aos camponeses),
os comunistas rapidamente se impuseram. Definiu-se, dessa forma, a presença de duas grandes forças
políticas na China: uma capitalista, representada pelas lideranças do Partido Nacionalista, outra socialista, representada pelas lideranças do Partido Comunista. Embora antagônicas em relação ao regime
econômico defendido, as duas forças eram unidas por um mesmo sentimento nacionalista, lutando
juntas contra a presença das potências imperialistas no território chinês.
6. Taiwan foi um dos territórios que a China perdeu no século XIX para as potências capitalistas que
adentraram suas fronteiras. A ilha, também chamada de Formosa – nome dado pelos portugueses a um entreposto comercial instalado nela por volta de 1600 –, passou para o domínio do Japão
no final do século, permanecendo sob o domínio das tropas japonesas até o término da Segunda
Guerra Mundial, quando foi reincorporada à China, então governada por Chiang Kai-shek, o líder do
Kuomintang.
Em 1949, com a vitória das forças comunistas na China, a ilha abrigou as lideranças derrotadas, que
nela fundaram a República da China ou China Nacionalista. Sob o comando de Chiang Kai-shek,
passaram a agir internacionalmente, como legítimos representantes da China no mundo. A postura
do governo Kuomintang de Taiwan foi influenciada pelos Estados Unidos, que acreditavam na possibilidade de crescimento dessa resistência e de reversão do quadro político na China, onde as forças
comunistas consolidavam seu poder.
Devido à postura norte-americana, o governo de Taiwan foi aceito como legítimo representante do
povo chinês em várias organizações internacionais, inclusive na ONU, até o início dos anos 1970.
Em 1971, ele se retirou da ONU, quando foi aprovada a entrada, nessa organização, da República
Popular da China, na condição de legítima representante do povo chinês.
7. Nas duas últimas décadas, o governo chinês vem promovendo uma série de mudanças econômicas
internas, entre elas, a abertura de parte de sua economia para o livre mercado. Esse processo ocorre
de forma gradual, obedecendo ao princípio “um país, dois sistemas”. Um exemplo dessa convivência
de sistemas (capitalista e socialista) na China é o acordo, firma­do entre o Reino Unido e Portugal, no
qual estes se comprometeram a devolver ao país seus domínios na região: Hong Kong e Macau, respectivamente. O primeiro foi devolvido à China no dia 1o de julho de 1997, mediante o compromisso
de os chineses assegurarem a autonomia administrativa desse território e o funcionamento de sua
economia nos moldes do livre mercado por, no mínimo, 50 anos. O mesmo foi definido no acordo de
devolução de Macau, em 20 de dezembro de 1999.
8. A Guerra da Coreia assumiu grandes proporções porque os coreanos do norte eram apoiados pela
URSS e os coreanos do sul, pelos Estados Unidos, que não aceitavam, em hipótese alguma, que toda
a Coreia se transformasse em um país comunista. Buscando rechaçar o avanço das tropas da Coreia
do Norte sobre o território da Coreia do Sul, os Estados Unidos, com o apoio da ONU, enviaram uma
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poderosa força militar para lutar ao lado das tropas sul-coreanas. A ação militar dos Estados Unidos
na península mudou o rumo do conflito, pois em pouco tempo suas tropas já lutavam contra as forças invasoras ao norte da linha que dividia os dois países: o paralelo 38° N.
Em 1951, uma nova força militar começou a participar do conflito, dessa vez ao lado das forças
norte-coreanas: a República Democrática da China ou China Comunista. Isso determinou que a
guerra alcançasse proporções ainda maiores.
O acordo de paz que selou o fim do conflito reafirmou o paralelo 38° N como divisor entre os dois
países, com a criação de uma zona desmilitarizada nas fronteiras entre eles. Esse acordo, no entanto, não solucionou definitivamente os problemas entre as partes, pois o desejo de unificação da
Coreia, dividida pelos interesses das superpotências durante a Guerra Fria, ainda existe entre os
habitantes da península.
9. A Caxemira é uma das regiões mais férteis da península Indiana. Dois terços de seu território estão sob o controle da Índia, e o restante pertence ao Paquistão. Há também uma pequena área da
Caxemira em território chinês. A população local é majoritariamente muçulmana. Até 1947, a Índia
era um dos territórios do grande Império Britânico. Logo após sua independência, intensificaram-se
as rivalidades entre hindus e muçulmanos. Formaram-se, então, três países: um predominantemente hindu, a Índia; e dois de maioria muçulmana, o Paquistão Ocidental (atual Paquistão) e o Paquistão
Oriental (atual Bangladesh). Os conflitos ainda não foram resolvidos, pois Índia e Paquistão disputam
a posse da região, em um clima de forte instabilidade político-militar. Essa questão é um dos focos
de preocupação internacional, principalmente porque Índia e Paquistão têm bombas nucleares em
seus arsenais bélicos.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 112)
10.
a. Espera-se que os alunos percebam que o Oriente Médio é o maior produtor de petróleo do mundo. A
América Latina, da qual o Brasil faz parte, é o quarto maior grupo produtor desse recurso. Destaque
que o petróleo é praticamente a única fonte de receita econômica para alguns países da região do
Oriente Médio.
b. (I). Enfatize que essa região é constituída basicamente de desertos com climas adversos, impróprios
para a atividade agrícola. A maior riqueza do Oriente Médio é o petróleo. Alguns estudiosos afirmam
que a dependência econômica do petróleo pode impedir que os países do Oriente Médio desenvolvam outras atividades econômicas produtivas, como a industrial. Outro aspecto que deve ser considerado é a possibilidade de esgotamento desse recurso mineral na região: quando as jazidas ficarem
escassas, as nações dependentes de petróleo poderão sofrer abalos econômicos.
(II) Os maiores produtores de petróleo do Oriente Médio são: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait,
Emirados Árabes Unidos, Catar e Barein.
11.
a. A região é disputada pela Índia e pelo Paquistão, países que têm de armamentos nucleares. Isso eleva a preocupação da comunidade internacional com a possibilidade de ocorrerem conflitos nucleares
entre os dois países.
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b. Essa disputa pela região entre Índia e Paquistão é um dos focos de preocupação internacional, principalmente porque os dois países têm bombas nucleares em seus arsenais bélicos. Os conflitos ainda não foram resolvidos e a disputa pela posse da região traz grande instabilidade político-militar.
Socialize as informações pesquisadas pelos alunos nesta atividade.
ATIVIDADE FINAL: LEITURA, PESQUISA E DEBATE (P. 113)
A atividade permite estimular a reflexão dos alunos sobre a produção de armamentos, testes nucleares e ameaças à paz mundial. Pode-se destacar o fato de países emergentes ou pobres, como Índia e
Paquistão, apresentarem grande arsenal bélico, retomando o assunto dos testes nucleares promovidos
pela Coreia do Norte. Nesta atividade, inserimos alguns pontos de vista sobre o tema armamentos
nucleares e suas implicações geopolíticas mundiais. Em um primeiro momento, é interessante utilizar
todos os textos, materiais e recursos disponíveis ou que possam ser pesquisados, como subsídio para
analisar as vantagens e desvantagens da produção de armas nucleares para os países. A turma pode
ser orientada a registrar suas principais impressões e opiniões, justificando-as. Essa estratégia servirá de apoio na organização das ideias para o debate final. Se achar necessário, promova a leitura dos
textos na íntegra.
a. Os principais objetivos do tratado são: o não desenvolvimento e a não aquisição de armamentos nucleares. No entanto, pesquisas envolvendo o uso de energia nuclear para fins pacíficos podem ser
realizadas sob a inspeção da Agência Internacional de Energia Atômica. O Brasil é signatário desse
tratado desde 1998.
b. Entre os principais países que não assinaram o tratado estão Índia e Paquistão. A Coreia do Norte
chegou a ser membro do TNP, mas, em 2003, retirou-se. Atualmente, esses países têm armamentos
nucleares.
c. O Irã é acusado pela AIEA de enriquecer urânio sem declarar à comunidade internacional que está
realizando esse procedimento. As autoridades internacionais o acusam de desenvolver armamentos
nucleares, enquanto o governo iraniano defende o seu direito de utilizar tecnologia nuclear para o
desenvolvimento de energia.
PROJETO INTERDISCIPLINAR: CONFLITOS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO (P. 117)
Nesse projeto, as matérias relacionadas com Geografia são História e Filosofia.
Sugerimos que essa atividade seja desenvolvida individualmente, ou, no máximo, em dupla.
Recomendamos ao professor: estabeleça que os alunos escrevam no mínimo duas folhas de redação,
para que consigam abordar todos os itens mencionados de maneira relativamente satisfatória.
Embora o tema possibilite abordagens bastante diferenciadas, com base nos conteúdos tratados
ao longo dos capítulos da unidade e da coletânea, espera-se que os alunos apresentem os seguintes
conteúdos em suas redações, mesmo que de forma aproximada:
•
Segundo os gráficos: o aumento significativo do número de conflitos de pequena intensidade no
período posterior à Segunda Guerra Mundial; o aumento de conflitos de média intensidade após
o término da Guerra Fria; e o grande aumento do número de conflitos internos em relação aos
conflitos externos, sobretudo após a década de 1970. Os alunos poderão relacionar esses dados
ao próprio contexto político da Guerra Fria, como foi mencionado ao longo da unidade.
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•
Segundo os dados apresentados nos gráficos: no ano de 2012, as principais motivações ligadas aos conflitos violentos foram as disputas pela predominância subnacional (quando grupos
armados desejam destituir a elite político-econômica no poder e controlar alguma subunidade político-administrativa ou obter autonomia em relação a esta), as disputas decorrentes de
divergências acerca do sistema político e/ou ideológico do Estado, e as disputas pelo controle
de recursos naturais; no caso dos conflitos de média intensidade, destacaram-se os conflitos
envolvendo o sistema político e/ou ideológico do Estado, as disputas pelo controle nacional (visando destituir a elite político-econômica no poder e controlar o Estado), os conflitos acerca
da predominância subnacional e por recursos; e no caso dos conflitos de pequena intensidade,
predominaram as divergências sobre o sistema político e/ou ideológico e as disputas territoriais
e pelo controle de recursos.
•
No tocante à distribuição dos conflitos, ocorrem mais conflitos de média e grande intensidade na
Ásia e na Oceania, na África Subsaariana e no Oriente Médio e Magreb. No tocante à distribuição
dos conflito, ocorrem mais conflitos de média e grande intensidade na Ásia, principalmente no
Oriente Médio; na Oceania; no norte e no noroeste da África, em especial no Magreb (região onde
se localizam os países Líbia, Tunísia, Argélia, Marrocos e Mauritânia); e na África Subsaariana.
•
Os alunos podem justificar a maior incidência de conflitos nessas regiões de acordo com o conteúdo apresentado ao longo da unidade.
•
Há grande diversidade de grupos envolvidos em conflitos violentos, mas, grosso modo, eles
podem ser classificados em: minorias étnicas que lutam pela autonomia administrativa ou pela
independência política; grupos que defendem algum sistema ideológico distinto daquele adotado pelo Estado; grupos que buscam ter o controle da exploração de recursos naturais como
meio de ascensão política e econômica no cenário nacional; e Estados que atuam reprimindo
divergências internas ou a favor de seus interesses no cenário internacional.
•
Muitos conflitos violam o direito à soberania do Estado, já que é frequente a ingerência/intervenção em locais de conflito por parte de outros países ou de organismos internacionais. Em
alguns casos, essa ingerência busca, entre seus objetivos, garantir a democracia, a liberdade
civil e o respeito aos direitos humanos. Retome a abordagem da Filosofia acerca dos conceitos
de soberania e democracia.
•
Como demonstra a tabela apresentada, os conflitos violentos, destacadamente as guerras civis,
os movimentos de independência, e as disputas territoriais e emancipatórias, causam grande
número de mortes, sobretudo na população civil. Além da perda de vidas humanas, os conflitos
tendem a prejudicar o desenvolvimento social e econômico dos países envolvidos, na maioria
dos casos agravando a pobreza e a condição de subdesenvolvimento. No âmbito da geopolítica,
os conflitos tendem a causar instabilidades políticas e econômicas no cenário internacional,
dificultando o crescimento e o desenvolvimento econômico de muitos países, não somente dos
envolvidos. Isso porque, devido à globalização econômica, praticamente todos os países da economia mundial são afetados por esses conflitos.
•
O Estado e a população civil têm poder bélico muito diferenciado: o Estado dispõe das Forças
Armadas (exército, marinha e aeronáutica), treinada e equipada para a guerra, ao passo que a
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população civil, por definição, não está preparada nem equipada para atuar em conflitos e guerras. Dessa forma, o número de perdas humanas tende a ser muito maior entre a população civil
do que entre os militares. Esse uso diferencial da força entre a população civil e o Estado é retratado nas fotos. Em uma foto, há um pelotão do exército, todo equipado, abordando um cidadão, e,
em outra, um cidadão está combatendo o exército munido apenas de pedras. Quando se trata de
conflitos entre Estados, também pode haver grande desigualdade de poder bélico, já que alguns
Estados têm Forças Armadas bem equipadas e treinadas, enquanto outros países não.
•
Inúmeros fatores estão relacionados às dificuldades para alcançar acordos de paz. De forma
geral, os grupos detentores do poder político e econômico não aceitam ser destituídos de sua
posição ou não aceitam compartilhar o poder com outros grupos ou com a sociedade como um
todo (no caso do modelo democrático). A existência de sistemas políticos e, sobretudo, ideológicos e religiosos extremistas também dificulta a resolução de conflitos.
ENEM E VESTIBULARES (P. 121)
1. Alternativa D.
2. Alternativa D.
3. Alternativa D.
4. Alternativa A.
5. Alternativa B.
6. Os seguintes territórios ainda não foram devolvidos por Israel: Cisjordânia, Faixa de Gaza e Colinas
de Golã. Embora os dois primeiros sejam considerados áreas autônomas, ainda são parcialmente
ligadas a Israel.
7. Alternativa B.
Capítulo 7 – O
desenvolvimento da atividade industrial
Inicie o capítulo solicitando aos alunos que relacionem o processo de industrialização ao desenvolvimento econômico de um país. Colocar-lhes desafios com esse, além de estimulá-los a participar das
aulas, permite que encontrem objetivos concretos no estudo do conteúdo.
O professor pode dirigir uma leitura coletiva e a interpretação do boxe “O que foi a Revolução
Industrial” (p. 128), como ponto de partida para identificar os elementos que contribuíram para a sofisticação da cadeia produtiva (o que ocorreu de modo concentrado em determinados países e em momentos diferentes da história) e discutir seus profundos reflexos na economia e na sociedade mundiais.
A leitura do texto referente à classificação das indústrias pode ser solicitada orientando os alunos a
identificar os principais produtos fabricados em cada setor. Posteriormente, é importante explicar que
a especialização da produção em setores industriais é um desdobramento da divisão do trabalho, que
se estende para além do âmbito das fábricas, o que implica a complementaridade entre os vários tipos
de indústria (além de outros setores da economia), formando-se, dessa forma, uma cadeia produtiva.
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Podem ser discutidos ainda os fatores que influenciam na localização das indústrias. Com esse objetivo, pode-se pensar a distribuição das indústrias pelo território brasileiro. É importante levantar os
fatores que levaram à concentração industrial nas grandes cidades da Região Sudeste, e os fatores que
atualmente são responsáveis por um relativo processo de desconcentração industrial em direção a outras cidades do Sudeste e a outras regiões do país.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 126)
Leia o texto e responda: o que retrata o jornalista sobre sua visita à fábrica sul-coreana?
Resposta: o jornalista retrata os rápidos avanços tecnológicos que têm ocorrido no mundo desde o século XX e que prosseguem no presente século, em especial durante a Terceira Revolução
Industrial. Novas tecnologias abrem horizontes para a produção industrial, como: a customização
da produção; a simulação de voo e outras simulações possíveis graças aos sistemas de informação;
as impressoras que permitem a visualização de produtos antes de serem fabricados em escala comercial; e a nanotecnologia, que permite a elaboração de produtos cada vez menores.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
PARA PESQUISAR E REFLETIR – CARTÉIS, TRUSTES E HOLDINGS (P. 132)
Ao abordar os tipos de indústria, o professor pode destacar que a concorrência entre as empresas
do setor industrial intensificou-se a partir do século XIX, quando esse setor ganhou expressividade
mundial. Diante do aumento da competitividade, várias empresas industriais e financeiras adotaram a
prática da formação de trustes, cartéis e holdings, com o objetivo de aumentar seus lucros, superar a
concorrência e conquistar um mercado consumidor mais expressivo. Isso levou setores importantes da
economia a serem controlados por grandes grupos financeiros, que influenciam as decisões estatais e
ditam os rumos da economia mundial.
1. Porque os países-membros dessa organização definem conjuntamente as estratégias de produção
e o preço final de venda do petróleo no mercado mundial, além de controlar o volume de produção
desse recurso.
2. Os países-membros da OPEP são: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait,
Catar, Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Equador e Venezuela.
3. Resposta pessoal.
PARA LER E REFLETIR – DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL (P. 134)
Ao tratar deste boxe, o professor pode comentar que os critérios de localização industrial mudam
ao longo do tempo, por conta de novas vantagens de locação que podem surgir e mesmo de ações do
poder público, como os incentivos fiscais, que visam estimular o crescimento econômico de determinados municípios, atraindo indústrias e investimentos. Pode-se enfatizar que certas localidades, como
as grandes cidades, acabam não sendo mais tão atrativas para sediar unidades produtivas, pois se
tornam custosas e apresentam diversos problemas urbanos (sociais e ambientais).
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1. Por causa do custo elevado de terrenos, impostos e mão de obra, além do trânsito e das rigorosas
exigências da legislação ambiental.
2. Essas cidades passaram a concorrer entre si para atrair empresas e investimentos por meio da
redução da carga tributária ou até mesmo da isenção fiscal concedida pelo poder público municipal.
Além disso, a rede de transportes foi desenvolvida e ampliada, favorecendo a logística de circulação
das mercadorias.
PRIMEIRA, SEGUNDA E TERCEIRA REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS – INTERDISCIPLINARIDADE COM
HISTÓRIA, FILOSOFIA E SOCIOLOGIA (P. 135)
A análise do início da produção industrial está relacionada à criação de instituições com o objetivo
de garantir a manutenção do processo de produção industrial e da ordem pública. Dessa forma, é
possível elaborar um projeto que tenha como objetivo analisar como o Estado adaptou-se às transformações originadas pela Revolução Industrial e a importância da criação de instituições, como a
polícia e os manicômios, para garantir essa nova função do Estado. Por meio de um projeto conjunto
dos professores de Geografia, História e Sociologia, podem ser trabalhados os contextos históricos
e as consequências das Revoluções Industriais, tanto no âmbito econômico como na configuração
espacial, e as mudanças acarretadas no modo de vida das sociedades industriais. Professor, em
Geografia há a possibilidade de serem analisados conceitos já trabalhados na disciplina, como os de
Estado, território, instituição e soberania.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 139)
1. Além de produzir itens de consumo para a população, o setor industrial estimula atividades complementares, como o fornecimento de matérias-primas e energia, a produção de capitais, o comércio, os
transportes e os serviços. Esse setor também gera trabalho, dinamizando a economia e a sociedade.
Os elementos responsáveis pela intensificação da industrialização mundial foram as máquinas e o
aproveitamento de energias mais produtivas.
2.
Fase
Característica
Artesanato
Processo de transformação realizado por uma só pessoa, o artesão, de forma
manual, com a utilização de ferramentas simples.
Manufatura
Era caracterizada pelo uso de máquinas simples e por certa divisão do trabalho, pois cada pessoa realizava uma atividade diferente no interior de um
mesmo processo produtivo.
Revolução
Industrial
Havia um ritmo acelerado de trabalho e de produção, com grande especialização da atividade de cada trabalhador.
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Fase atual
A indústria, na atualidade, caracteriza-se pela produção em grande escala,
com a padronização das mercadorias, com grande mecanização e automação
dos processos de fabricação. Em muitas indústrias, robôs fazem atividades
que antes eram realizadas por seres humanos. Essa substituição gerou desemprego, a extinção de algumas profissões e o surgimento de outras. Além
disso, principalmente nos países altamente industrializados, desenvolvem-se
indústrias de alta tecnologia, as chamadas indústrias high-tech, como as de
informática, aeroespaciais, farmacêuticas, de microbiologia, de telecomunicações e químicas.
3. As indústrias de bens de produção (ou indústrias de base) são as que elaboram matérias-primas
provenientes da natureza e cuja produção é voltada para abastecer outras indústrias, fornecendo-lhes máquinas e produtos beneficiados ou para desenvolver infraestrutura de transporte, energia,
habitação etc. Já as indústrias de bens de consumo são as que produzem diretamente para o mercado consumidor, utilizando matérias-primas provenientes da indústria de base ou recursos ligados
à agricultura e à pecuária.
4. As petroquímicas e as siderúrgicas estão ligadas às indústrias de equipamentos, fornecedoras de
matérias-primas e insumos, classificadas como indústrias de bens de produção.
5. As indústrias de bens duráveis são as que fabricam mercadorias de alta composição técnica, como a
automotiva, a de eletrodomésticos, a de material elétrico e a de comunicações. As indústrias de bens
não duráveis são as que produzem mercadorias de primeira necessidade e de consumo generalizado, como a indústria alimentícia, a farmacêutica, a têxtil e a de vestuário.
6. Os principais fatores são: a proximidade do mercado consumidor em relação às empresas que trabalham com produtos de baixo custo unitário e de consumo em massa; a proximidade das fontes de
matérias-primas; a proximidade das fontes de energia com alto consumo energético; transporte,
para o recebimento de matérias-primas e o escoamento da produção; e a proximidade da oferta de
mão de obra em relação às indústrias que utilizam grande número de trabalhadores e/ou às empresas que procuram profissionais altamente qualificados.
7. Na Primeira Revolução Industrial destaca-se o uso da máquina a vapor no campo da produção do
carvão, como fonte de energia. Na Segunda Revolução Industrial destaca-se o crescente uso do petróleo e da eletricidade, como fontes de energia, e o surgimento do rádio. Já na Terceira Revolução
Industrial destaca-se o grande avanço ocorrido nas áreas de robótica e de informática, levando à
crescente automação das atividades fabris.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 139)
8. Professor, as informações do texto problematizam a relação entre desenvolvimento tecnológico e
desemprego estrutural, um problema que atinge o setor industrial em grande escala. Ao ler o texto com os alunos, procure abordar criticamente as consequências da automação para a economia
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e para a sociedade contemporânea. As questões propostas estimulam a interpretação de texto,
procedimento fundamental a ser desenvolvido no Ensino Médio.
a. O desemprego estrutural ocorre em virtude do processo de automação, isto é, de substituição do
trabalho humano por máquinas e robôs. O desemprego estrutural leva ao aumento da massa dos
excluídos sociais.
b. A tendência apontada é que o desemprego estrutural atinge também os trabalhadores mais especializados em virtude da propagação não somente de maquinários, mas também de softwares, que
substituem esses trabalhadores, não havendo capacidade de o mercado absorver todos eles.
c. As empresas investem na tecnologia de ponta aplicada ao setor produtivo para reduzir seus custos,
melhorar a qualidade dos produtos fabricados e, assim, ampliar seu mercado consumidor.
9.
a. O texto trata do fenômeno da descentralização ou desconcentração industrial. Atualmente, devido
aos elevados custos de produção em grandes centros urbanos, como a Região Metropolitana de
São Paulo e a do Rio de Janeiro, diversas indústrias buscam novas áreas para implantarem suas
fábricas. Essas novas zonas industriais costumam oferecer custos menores de produção, devido ao
menor valor da mão de obra, redução ou isenção de impostos e taxas, terrenos menos valorizados
e diversos outros incentivos fiscais que são oferecidos por estados e municípios.
b. Professor, os principais fatores a serem analisados nesta atividade são os incentivos fiscais oferecidos por diferentes estados e municípios brasileiros e a redução do custo de produção industrial
devido aos incentivos governamentais e à mão de obra mais barata.
10.
a. Esta imagem representa a Terceira Revolução Industrial, caracterizada por um grande avanço nos
campos da robótica e da informática.
b. Esta imagem representa a Primeira Revolução Industrial, marcada pela introdução da máquina a
vapor na produção fabril.
c. Segunda Revolução Industrial, marcada pelo crescimento do uso do petróleo como fonte de energia
primária.
11.
a. A Terceira Revolução Industrial se caracteriza pelo aumento na velocidade da troca de informações, com o diferencial que, desta vez a tecnologia de comunicação está mais distribuída pelo mundo
(internet). No entanto, ainda falta encontrar uma fonte de energia mais eficaz que substitua a matriz
energética atual.
b. O autor revela que, apesar de ainda haver um grande número de pessoas sem acesso à internet em
todo o planeta, esse meio de comunicação alcançou proporções jamais imaginadas anteriormente,
possibilitando que bilhões de pessoas, em diferentes pontos do mundo, se comuniquem.
c. Professor, espera-se que os alunos citem as inovações tecnológicas trazidas com a introdução da robótica e da nanotecnologia nos processos produtivos industriais, como maior precisão nas operações
e o desenvolvimento das tecnologias chamadas de “inteligentes”. Pode-se extrapolar o âmbito da
indústria e explorar a possibilidade do uso da nanotecnologia na medicina, por exemplo.
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ATIVIDADE FINAL: PESQUISA E TRABALHO DE CAMPO (P. 144)
Professor, esta atividade é interessante para que os alunos reforcem o conteúdo desenvolvido em
sala de aula sobre os tipos, as características e a dinâmica da produção industrial. Eles conhecerão a
estrutura e o funcionamento da instalação industrial, podendo analisar as características do lugar onde
esta se situa, para compreender os critérios que levaram ao estabelecimento da unidade produtiva.
É importante estimular uma reflexão em sala de aula antes de iniciar a atividade de campo, de
modo a preparar os alunos para os questionamentos e as observações que serão realizados no dia da
visita. Caso eles apresentem dificuldades na definição do objeto de pesquisa, oriente-os e, se necessário, sugira-lhes alguns itens. Elabore um planejamento das etapas do trabalho com os alunos.
Sugerimos que a turma seja dividida em pequenos grupos para sistematizar melhor a atividade e a
divisão de tarefas.
Algumas empresas, principalmente as transnacionais, têm áreas de visitação que permitem
conhecer seu funcionamento, além de salas para palestras e exibição de vídeos sobre seu modo de
operação, seu papel social, seu mercado consumidor e suas preocupações ambientais. Se possível,
promova a atividade no início do ano ou do semestre letivo, já que as empresas que atendem grupos
de estudantes são muito requisitadas pelas escolas. Caso a empresa não disponha de um site, passe para a próxima etapa, que consiste na definição das questões a serem analisadas e verificadas
no dia da visita à unidade produtiva.
Durante a visitação, estimule os alunos a observar, atentamente, as máquinas que são utilizadas,
os tipos de mercadoria que são produzidos, as relações de trabalho, a infraestrutura e a localização
da unidade produtiva. Peça-lhes que registrem suas observações e as respostas da entrevista com o
funcionário, para depois produzirem um relatório analítico com base nesses dados.
Capítulo 8 – A
produção industrial no
Brasil
Neste capítulo, é importante orientar os alunos no reconhecimento dos fatores que viabilizaram o
desenvolvimento industrial no Brasil, caracterizando o próprio processo de industrialização. É fundamental que os alunos percebam que a industrialização no Brasil não surgiu por causa do amadurecimento da burguesia local em torno de um projeto de desenvolvimento interno, mas como uma tentativa
de atenuar, em momentos de crise, as fragilidades históricas relacionadas à dependência externa do
país – por meio de um modelo que ficou conhecido como “substituição de importações”.
Destaque ainda a dependência externa que persiste na atualidade. Isso porque o Brasil importa
tecnologia; há o domínio de grandes empresas multinacionais em setores estratégicos da economia
brasileira; existem desvantagens na DIT, quando o país exporta produtos com baixo valor agregado e,
em contrapartida, importa produtos com maior sofisticação; entre outros fatores.
Também se deve chamar a atenção dos alunos para a função do Estado como promotor da industrialização, seja como agente indutor direto, por meio da criação de empresas estatais, seja como realizador de obras de infraestrutura que beneficiam as indústrias. O governo (em suas instâncias federal,
estaduais e municipais) também atua em defesa do setor industrial, concedendo-lhe empréstimos e
manipulando o sistema de tributação.
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ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 146)
A atividade do operário em uma linha de montagem caracteriza-se por um trabalho repetitivo e restrito a uma função muito específica. Levando isso em consideração, faça o que se pede a seguir:
1. Explique a semelhança entre o estilo do texto de Chico Buarque e o ritmo característico das linhas
de produção.
Resposta: Chico Buarque simula, em seu texto, a cadência repetitiva das linhas de montagem,
usando sequências de palavras repetidas ou com sonoridades semelhantes.
2. O fato de o operário realizar uma função específica, com grande segmentação do conjunto produtivo, provoca um estado de alienação do trabalhador que dificulta sua capacidade de dimensionar o
produto final, que ele próprio ajuda a fabricar. Destaque do texto um trecho que faça alusão a essa
realidade.
Resposta: “Eu não sei bem o que seja/Mas sei que seja o que será/O que será que será que se veja/
Vai passar por lá”.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
AS FASES DA INDUSTRIALIZAÇÃO – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 147)
Professor, desenvolva um projeto em que a industrialização do Brasil possa ser analisada pela óptica
das disciplinas de Geografia e História. Muitas vezes, em Geografia, a produção industrial é estudada com
maior foco na produção regional, o que pode ser corrigido em um trabalho conjunto com História.
PARA LER E ANALISAR – A ECONOMIA CAFEEIRA E O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL NO ESTADO DE SÃO PAULO (P. 148)
Neste boxe, destaque a importância da atividade cafeeira para o desenvolvimento da atividade industrial no estado de São Paulo e discuta com os alunos sobre os fatores que tornaram esse estado o
mais industrializado e desenvolvido do país.
1. O lucro obtido pelo desenvolvimento da economia cafeeira no interior do estado de São Paulo possibilitou a criação de uma infraestrutura de transportes voltada à atividade cafeeira. Posteriormente,
foi possível também aplicar parte desse capital no desenvolvimento da industrialização, que utilizou
a infraestrutura de transportes já existente.
2. O desenvolvimento industrial gera a criação de empregos e de infraestrutura, atraindo pessoas de
outras regiões em busca de emprego e de melhores condições de vida. O crescimento populacional
contribui para a elevação das taxas de urbanização das localidades com maior concentração industrial. No caso da cafeicultura, a urbanização precedeu à industrialização.
PARA PESQUISAR E REFLETIR – AS LEIS TRABALHISTAS E O EMPREGO NA INDÚSTRIA BRASILEIRA
(P. 151)
Professor, para ilustrar o que é tratado no boxe, proponha aos alunos a elaboração de entrevistas com
pessoas conhecidas, para que possam entender melhor as relações de trabalho entre empregadores
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e empregados. Oriente-os a utilizar as questões oferecidas pelo boxe e, caso queiram explorar o tema
ou algum elemento com maior profundidade, a acrescentar outras perguntas. É enriquecedor avaliar
os resultados em conjunto, sistematizando os dados, para que a turma possa perceber a quantidade
de entrevistados que trabalha sem receber encargos, com registro em carteira, os principais pontos de
reivindicação e como eles são negociados ou atendidos.
PARA PESQUISAR E REFLETIR – DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL NO ABC PAULISTA (P. 155)
O boxe permite ressaltar a dinâmica econômica de um dos maiores e mais tradicionais polos industriais do Brasil, evidenciando os fatores que levaram à concentração industrial de empresas do setor
automobilístico na região e os motivos que alteraram seu perfil econômico nos últimos anos.
Caso queira ampliar os exemplos relacionados à distribuição espacial da indústria automobilística,
proponha aos alunos a realização de uma pesquisa sobre a localização das unidades produtivas de
algumas montadoras de veículos e os critérios que as levaram a instalar-se nesses lugares.
1. Entre as principais empresas do setor automobilístico, têm unidades produtivas no ABC paulista: a
Volkswagen e a Ford, em São Bernardo do Campo, e a GM, em São Caetano. A Volkswagen também
tem unidades produtivas em Resende (RJ), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (PR) e Taubaté
(SP); a Ford também tem unidades em Taubaté (SP) e Camaçari (BA); a GM tem outras fábricas em
São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS); e a Fiat está instalada em Betim (MG).
2. Os incentivos fiscais concedidos por outros municípios, o alto custo dos terrenos e dos tributos,
a saturação da infraestrutura de transportes e o custo elevado da mão de obra no ABC paulista,
região que, nas décadas anteriores, era a que mais atraía empresas do setor automobilístico no
Brasil.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 160)
1. Na década de 1930, o forte impulso ao desenvolvimento industrial está relacionado a fatores externos e internos. A depressão internacional provocada pela crise da bolsa de valores de Nova Iorque
gerou condições inéditas para o Brasil substituir as importações de bens não duráveis e de certos
semimanufaturados por bens produzidos no país. Além disso, o governo Vargas afastou do poder
as oligarquias tradicionais, formadas pelos grandes proprietários de terra, que emperravam a industrialização. Esse governo também foi responsável pela introdução de uma política de fomento à
industrialização, regulamentando o mercado de trabalho urbano, limitando determinadas importações e diri­gindo investimentos estatais para a indústria de base.
2. O governo passou a investir na indústria de base, em setores como os de: exploração de minérios,
geração e fornecimento de energia, petroquímica e siderurgia. Em 1942, a CSN foi oficialmente
criada, e um ano depois foi criada a Companhia Vale do Rio Doce, que faria explorações de minério
no Quadrilátero Ferrífero. Na década de 1950 foram criadas a Cosipa, em Cubatão, e a Usiminas,
em Ipatinga. Além disso, no setor energético foram criadas as companhias Chesf, Furnas, Cemig,
Cesp e Eletrobras. Em 1953 foi criada a Petrobras, que introduziu um amplo parque de refinarias
em diferentes lugares do país e obteve o monopólio do refino de petróleo.
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3. Para atingir esses objetivos, o governo lançou mão do Plano de Metas, abrindo a economia do país
à livre entrada de capitais estrangeiros, criando incentivos cambiais, tarifários, fiscais e creditícios
que atraíram investimentos tanto sob a forma de instalações industriais como de empréstimos
financeiros. Neste período, o slogan do Brasil era crescer “50 anos em 5”.
4.
Macrorregiões
Características da indústria
Sudeste
Industrialização desenvolvida partindo-se de São Paulo, principal polo industrial, em quatro eixos principais:
• Anchieta-Imigrantes (prolonga-se do ABC paulista até as cidades de Cubatão
e Santos, com destaque para as indústrias metalúrgicas, automobilísticas e
de autopeças, além de refinarias no setor químico e de fertilizantes);
• Dutra (concentração de indústrias modernas e de alta capitalização,
como montadoras de automóveis), apoiadas na produção da Companhia
Siderúrgica Nacional – CSN; proximidade em relação a grandes mercados
consumidores, como Grande São Paulo e Grande Rio);
• Anhanguera e rodovia dos Bandeirantes (centros poli-industriais de destaque, como Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto, e centros monoindustriais
de destaque, como o de calçados, em Franca, e o de cerâmica, em Itu, além
de importantes áreas agroindustriais, como as de cítricos, álcool e cana-de-açúcar;
• Castelo Branco (destaque para o centro têxtil de Sorocaba).
Polo do Rio de Janeiro, com três principais eixos:
• Baixada Fluminense (onde se situa a refinaria de Duque de Caxias);
• zona serrana (centro têxtil);
• Volta Redonda (onde se localiza a CSN);
Minas Gerais:
• Destaque para os distritos industriais de Contagem e Betim (onde está instalada a Fiat).
Sul
Segunda região mais industrializada do país: área poli-industrial no Rio Grande
do Sul e grandes indústrias de origem transnacional, por exemplo, automobilísticas, em Curitiba.
Modelo peculiar de produção, favorecido pela estrutura agrícola e pela imigração europeia (por exemplo, indústria têxtil do vale do Itajaí).
O aproveitamento dos recursos naturais foi fundamental para a proliferação de
indústrias, como a madeireira e a de móveis no Paraná, além da carbonífera em
Santa Catarina.
Nordeste
Tem indústrias modernas que são resultado do planejamento governamental
ou de subsídios e incentivos obtidos com a criação da Sudene. Os capitais da
Região Centro-Sul foram atraídos pelo setor hidrelétrico de porte na bacia do
rio São Francisco e pela presença de mão de obra extremamente barata.
Destaque para Salvador, no Recôncavo Baiano, com a exploração e o refino de
petróleo, além do polo petroquímico de Camaçari. Em Aratu e Recife destaca-se a produção de bens duráveis.
Norte
Destaque para as indústrias de extração mineral (próximo a Belém existem
os Projeto Albrás e Alunorte) e para os produtos da Zona Franca de Manaus
(apoiada em capitais internacionais e estruturada em unidades de montagem
de eletroeletrônicos para o mercado extrarregional), responsável pela modificação social e econômica da região.
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Centro-Oeste
A atividade industrial vem apresentando crescimento nas últimas décadas,
especialmente na produção agroindustrial e em setores como o têxtil e o
alimentício.
Parte das indústrias concentra-se nas principais áreas urbanas, como as cidades
de Cuiabá, Campo Grande, Goiânia e Anápolis (com seu Distrito Agroindustrial,
criado em 1976).
5. Na guerra fiscal são concedidos subsídios às empresas, cujas mercadorias competem no mercado
com maiores vantagens. Do ponto de vista nacional, isso representa prejuízo, pois significa a renúncia de arrecadações, aumentando a demanda por serviços públicos, além de instaurar um ambiente
de conflito permanente entre as unidades da Federação.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 160)
6.
a. Trata-se de uma concessão de incentivos fiscais pelo poder público às empresas que queiram se
instalar em determinado município.
b. A indústria brasileira está distribuída de forma bastante desigual pelo território, e a Região Sudeste,
em especial o estado de São Paulo, concentra boa parte da atividade industrial. Os demais estados
assumem essa política como forma de atrair investimentos, além de terem a expectativa de que aumente a oferta de empregos e ocorram melhorias em sua dinâmica econômica. O objetivo do Governo
Federal é acabar com a guerra fiscal, considerada ilegal, uma vez que podem ocorrer isenções excessivas, diminuindo a arrecadação de impostos.
c. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é compreender de que forma a região onde os alunos residem é influenciada pela Guerra Fiscal. Discuta com eles sobre quais são os prejuízos e benefícios
trazidos pelas indústrias instaladas com essa política na região onde moram, caso isto ocorra.
ATIVIDADE FINAL: PESQUISA E DEBATE (P. 161)
A desindustrialização no Brasil, apesar de não ser consenso entre diferentes autores e analistas, é
um processo que preocupa o setor industrial devido à redução da participação da atividade industrial
brasileira na economia do país, verificada nos últimos anos. Entre os motivos dessa desindustrialização, destacam-se: a elevada carga tributária, a dificuldade de modernização dos parques industriais
brasileiros, o déficit de mão de obra qualificada, a falta de infraestrutura e a complexa burocracia
brasileira. O Governo Federal tem criado medidas para tentar conter o avanço da desindustrialização,
como a diminuição de tarifas (por exemplo, a redução da tarifa de energia elétrica em 2012) e a criação
de programas protecionistas (como o aumento do IPI sobre os automóveis importados em 2011). As
medidas protecionistas têm gerado protestos de países como Argentina e China, e da União Europeia,
que enfrentam novas barreiras para entrar no mercado brasileiro.
A respeito das propostas de solução para a desindustrialização brasileira, um bom norteador do
debate é a solução dos problemas citados anteriormente, mas há espaço para novas ideias e medidas.
Vale ressaltar que a ocorrência desse fenômeno não é unanimidade entre os economistas. Muitos deles
alegam que a indústria não está perdendo valor. Em sua opinião, a indústria não está acompanhando o
crescimento de outros setores, como o agropecuário e o de comércio e serviços.
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Capítulo 9 – A
atividade industrial nos
Tigres Asiáticos
e no
BRICS
Neste capítulo, é importante promover a análise do modelo de industrialização adotado pelos chamados Tigres Asiáticos, levando os alunos a estabelecer comparações entre esse grupo e o modelo
adotado pelo Brasil, de acordo com o que foi estudado no capítulo anterior. O direcionamento da produção para o mercado externo é um dos principais pontos que diferencia a industrialização dos Tigres
Asiáticos da brasileira.
Antes de caracterizar a industrialização dos países do grupo conhecido por BRICS, realize um levantamento dos motivos que, hoje, colocam esses países em uma posição de destaque no cenário econômico mundial. Posteriormente, incentive os alunos a levantar os aspectos comuns e os que diferenciam
o desenvolvimento industrial dos países África do Sul, Rússia, Índia e, principalmente, China. Na abordagem da China, é relevante discutir as peculiaridades da convivência entre estruturas do socialismo
de Estado e da economia de mercado, além de sua agressiva expansão econômica no mercado global.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 162)
Com base na leitura do texto de abertura do capítulo 9, o que o autor retrata para justificar a ameaça
de o Brasil deixar de participar do BRICS?
Resposta: o texto de abertura do capítulo retrata a dificuldade do crescimento da economia brasileira após 2010 (ano em que o país atingiu um crescimento acima de 7%). Isso põe em dúvida, ao menos
momentaneamente, se o Brasil conseguirá manter o crescimento econômico observado nos últimos
anos. Caso isso não ocorra, o Brasil poderá perder o posto de país emergente com destaque na economia mundial.
Professor, este é um bom momento para relacionar as dificuldades de crescimento econômico do
país aos problemas econômicos mundiais decorrentes da crise econômica europeia e às medidas criadas pelo governo brasileiro para contornar o problema.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
PARA LER E REFLETIR – A FÓRMULA DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DOS TIGRES ASIÁTICOS
(P. 164)
O boxe pode ser aproveitado para aprofundar a análise das estratégias de desenvolvimento econômico nos Tigres Asiáticos nas últimas décadas, enfatizando a atuação do Estado e a participação das
empresas japonesas nesse processo. Discuta com os alunos os aspectos positivos e negativos decorrentes dessa estratégia desenvolvimentista.
Aproveite o momento para promover um debate sobre as formas de atuação do poder público nas
estratégias de desenvolvimento econômico de um país. Comente que vários regimes ditatoriais utilizaram um poderoso aparato repressivo para disciplinar a classe trabalhadora, com o objetivo de garantir
altas taxas de lucros para as empresas, por meio da manutenção de salários baixos e de legislações
trabalhistas que atendiam a poucos interesses efetivos da classe operária. Vale destacar que isso pode
ser identificado nos países do Sudeste Asiático, mas também na América Latina, durante os regimes
ditatoriais que vigoraram entre as décadas de 1960 e 1980.
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1. A designação “Tigres Asiáticos” decorre do dinamismo econômico desses países e da forte competitividade das empresas neles instaladas. Essa expressão é uma alusão à força e à agressividade que
caracterizam o tigre. A denominação “plataformas de exportação” se justifica pelo fato de as mercadorias produzidas nesses países serem, em sua maioria, exportadas para os mercados asiático,
americano e europeu.
2. O Estado forte e centralizado determinou que a maioria desses países contribuísse para obter maiores taxas de lucro para as empresas, pois investiu amplos recursos na educação e na qualificação
da mão de obra e promoveu a disciplina da classe operária e sua submissão aos interesses empresariais. Para isso foram usadas ações coercivas, como prisões, perseguições e assassinatos de
manifestantes e grevistas.
3. Resposta pessoal. Professor, espera-se que os alunos discutam as ações realizadas pelo Estado (capacitação da mão de obra, criação de infraestrutura, repressão de sindicalistas etc. com a finalidade
de incentivar a instalação de empresas no país, e reflitam sobre essas práticas, produzindo um pequeno texto com suas opiniões. Peça para que alguns dos alunos apresentem suas ideias à classe.
PARA LER E PESQUISAR – O POLO TECNOLÓGICO DE BANGALORE (P. 169)
1. As empresas de alta tecnologia são atraídas para Bangalore por causa de fatores como: incentivos
fiscais e mão de obra barata, qualificada e que domina a língua inglesa. Além disso, há universidades
e centros de pesquisa em ciências exatas que capacitam a mão de obra necessária para atuar nesse
ramo de atividade.
2. Retome o conteúdo de que, no Brasil, as primeiras empresas de alta tecnologia surgiram na década
de 1980, nas cidades paulistas de São Carlos, São José dos Campos e Campinas. Hoje há outros
polos tecnológicos brasileiros de destaque, como o Porto Digital, em Pernambuco, e o Tecnopuc, no
Rio Grande do Sul.
A CHINA – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA E SOCIOLOGIA (P. 170)
Professor, a análise do crescimento econômico chinês está relacionada diretamente ao sistema socioeconômico adotado pelo país, às medidas governamentais que foram criadas com o objetivo de absorver investimentos externos e à disponibilidade, na China, de mão de obra de baixo custo. Desenvolva
uma atividade que relacione os motivos históricos que levaram ao desenvolvimento econômico chinês e
às condições dos trabalhadores no país, tema que pode ser analisado pela História e pela Sociologia.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 174)
1. Cingapura, Indonésia, Malásia, Tailândia, Vietnã, Filipinas, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan. Cinco
desses países localizam-se no Sudeste Asiático (Cingapura, Indonésia, Malásia, Tailândia, Filipinas e
Vietnã), e os demais (Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan) situam-se no Extremo Oriente.
2. O crescimento industrial elevado tem por base fatores como mão de obra relativamente barata e
pouco protegida por leis trabalhistas, além de legislação fiscal favorável ao investidor estrangeiro.
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3. A Coreia do Sul destaca-se pela sua produção no campo dos bens de alta tecnologia, como os vinculados aos setores da computação e de telecomunicações. Os fatores que propiciaram esse quadro
são: entrada maciça de capital estrangeiro no país, condições estruturais favoráveis ao desenvolvimento da produção fabril e prioridade dada pelo governo aos campos educacional e de pesquisas.
4. BRICS é a sigla formada a partir dos nomes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Segundo
muitos analistas, esses países vão se transformar em gigantes econômicos até 2050, devido à sua
potencialidade produtiva e de mercado.
5.
Países
Características
Rússia
Abertura de sua economia para o livre mercado.
Grande concentração de indústrias siderúrgica e petroquímica nos montes Urais.
Além dos Urais existem as regiões industriais e urbanas de:
• Moscou: que apresenta um parque industrial bastante diversificado e favorecido pela proximidade dos depósitos de petróleo e carvão, além de abundante mão de obra e de elevado potencial hidráulico para a produção de energia
hidrelétrica.
• São Petersburgo: que tem intensa atividade portuária e é favorecida pela presença da madeira, fundamental para a produção de papel e celulose.
Índia
Existem dois setores industriais mais significativos no país, que são tradicionais e
relativamente ligados à presença de matérias-primas: o de siderurgia (favorecido
pelas grandes reservas de ferro, manganês e carvão) e o de indústria têxtil (que
aproveita a grande oferta de juta e algodão da agricultura indiana).
Além disso, é importante lembrar que a Índia é, hoje, o maior exportador de
softwares do mundo, por causa da difusão do ensino de ciências exatas (tradição
no país), da elevada quantidade de pessoas que falam a língua inglesa e da mão de
obra relativamente barata.
China
A partir de 1970, a organização produtiva interna da China começou a modificar-se,
visando a inserção desse país na economia de mercado: as fazendas coletivas foram sendo substituídas pela propriedade privada, as indústrias estatais passaram
a ser controladas coletivamente pelos funcionários (que obtiveram autonomia), e
começaram a ser concedidas permissões de instalação de empresas privadas no
país (com exceção dos ramos considerados estratégicos, como o espacial, o bélico
e o de telecomunicações). A ação de capitais estrangeiros ficou limitada, ao menos
inicialmente, às áreas restritas criadas especialmente para recebê-los.
Essas áreas são denominadas ZEEs (Zonas Econômicas Especiais). Por causa das
diversas reformas, da ocorrência de grandes reservas minerais (ferro, manganês,
tungstênio e estanho) e energéticas (carvão e petróleo), da mão de obra abundante e
barata e de um expressivo mercado interno, a China é o país que apresenta o maior
crescimento industrial do planeta, mantendo enormes taxas de crescimento.
África do Sul
A África do Sul passou por um processo de industrialização tardia (pós-Segunda
Guerra Mundial) e tem como base econômica a produção de recursos naturais,
como: ouro, platina, diamante e manganês. A atividade industrial está concentrada
próxima aos grandes centros urbanos, como Johanesburgo e Cidade do Cabo, nos
quais se destacam as produções siderúrgica, metalúrgica, automobilística, química, naval, alimentícia e têxtil.
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AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 174)
6. Resposta pessoal. Professor, é importante que os alunos percebam que os BRICS, apesar de hoje se
destacarem na economia mundial, apresentam significativas desigualdades sociais internas, como
elevados coeficientes de Gini, que demonstram deficiências na distribuição de renda dos países, e
baixos índices de IDH e de expectativa de vida, fatores indicativos de que esses países têm problemas
que os impedem de evoluir em importantes setores sociais internos, como o sistema de saúde.
7.
a. Em relação aos BRICS, os países que têm os maiores PIBs são: China, Índia, Rússia e Brasil. A única
exceção é a África do Sul. Entre os Tigres Asiáticos, os países com os maiores PIBs são a Coreia do
Sul e a Indonésia.
b. Muito possivelmente, as reportagens que serão encontradas pelos alunos demonstrarão que a crise econômica iniciada em 2008 pode prejudicar os países emergentes, entre eles os do BRICS e os
Tigres Asiáticos. De maneira geral, a instabilidade econômica reduz o comércio internacional, o que
limita o crescimento econômico em países que dependem de exportações, como a China e a Coreia do
Sul. Outras possibilidades de respostas podem surgir, dependendo da conjuntura econômica mundial
vigente no período em que as notícias forem pesquisadas.
8. Professor, nesta questão, destaque a relação entre a realidade social e econômica do Vietnã, à dos
outros países considerados Novos Tigres Asiáticos e à dos países do BRICS. É interessante ressaltar
que apesar do alto desempenho econômico, a renda ainda é mal distribuída, dificultando a redução
da pobreza e das disparidades socioeconômicas.
a. Após o período da guerra, o Vietnã passou por reformas significativas que têm resultado em uma taxa
elevada de crescimento econômico do país, que hoje é lembrado também pela sua economia.
b. O país tem uma grande população jovem, salários mais baixos que o dos trabalhadores chineses e
estabilidade política, já que é controlado por um regime de partido único.
c. Não, o país continua sendo subdesenvolvido porque apresenta uma economia baseada na exportação
de produtos primários, tem renda per capita baixa e altos índices de pobreza.
ATIVIDADE FINAL: PRODUÇÃO DE TEXTO (P. 176)
Ajude os alunos a interpretar os gráficos sobre a participação dos BRICS na economia mundial,
ressaltando os tipos de dados apresentados, para que elaborem um diagnóstico sobre a evolução da
economia desses países em relação aos demais. A análise comparativa contribuirá para a interpretação, pelos alunos, da situação desse grupo diante da economia internacional. É importante, mais uma
vez, reforçar que os dados econômicos não demonstram a realidade social desses países.
Capítulo 10 – Atividade
industrial no
Grupo
dos
Sete (G7)
Para a melhor compreensão do papel dos sete países mais ricos do mundo na dinâmica econômica
mundial e nas decisões políticas internacionais, o professor pode solicitar aos alunos que realizem
pesquisas de notícias em cadernos de economia, de jornais impressos ou on-line, sobre cada um dos
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países que compõem o G7. A tabela com os maiores PIBs do G8 (p. 179) pode ser utilizada para que os
alunos tenham uma ideia da importância que cada país do grupo exerce nas relações internacionais.
Posteriormente, você pode orientar os alunos a reconhecer as características dos parques industriais desses países e das etapas de seus processos de industrialização, por meio da leitura dos textos
e da análise dos mapas, das tabelas e das imagens. Destine momentos, no decorrer das aulas, para
que as impressões dos alunos possam ser compartilhadas e discutidas.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 178)
Professor, há a possibilidade de aprofundar a análise sobre as consequências da crise econômica
iniciada em 2008, nos Estados Unidos, e aprofundada no continente europeu a partir de 2010. Caso necessário, utilize reportagens, notícias e vídeos que possibilitem o aprofundamento do conteúdo analisado.
1. Qual é a situação da indústria na União Europeia, retratada no texto?
Resposta: o texto de abertura do capítulo retrata uma situação de recessão verificada em diversos
países industrializados, como a França e a Itália.
2. A situação da indústria europeia apresentada no texto é atribuída a quais fatores?
Resposta: essa situação está relacionada a fatores internos, entre eles a redução do consumo nesses países, e a fatores externos, por exemplo, as consequências diretas e indiretas da crise econômica europeia.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
OS ESTADOS UNIDOS E O PROTOCOLO DE KIOTO – INTERDISCIPLINARIDADE COM QUÍMICA E
BIOLOGIA (P. 182)
Professor, os temas relacionados à questão ambiental foram estudados ao longo de vários capítulos
da coleção, e há a possibilidade de revisar e explorar novamente alguns dos principais impactos ambientais causados pela atividade industrial e o papel do Protocolo de Kioto a respeito desse tema. Apesar de
não ter sido bem-sucedido, o protocolo levantou um intenso debate a respeito da questão ambiental no
mundo, o que abre a possibilidade de utilizar o tema para a elaboração de atividades, em conjunto com os
professores de Química e Biologia, a respeito dos impactos ambientais observados no mundo.
PARA LER E INTERPRETAR – A INDÚSTRIA BÉLICA NORTE-AMERICANA (P. 184)
É importante destacar que a indústria bélica é um dos setores mais lucrativos da economia dos
Estados Unidos. O governo norte-americano investe maciçamente na defesa do país e na compra de
um arsenal bélico militar de ponta para dar suporte às ações militares norte-americanas em diversos
países do mundo. A supremacia no setor armamentista torna os Estados Unidos uma superpotência
hegemônica no cenário geopolítico internacional, contribuindo para o desempenho econômico desse
setor industrial. É por isso que, para os Estados Unidos, a guerra é um excelente negócio.
Orientando os alunos na análise dos dados da tabela, com destaque para a participação dos países
do G8, principalmente dos Estados Unidos, nos gastos militares, é possível contribuir para que compreendam a importância da indústria bélica norte-americana para a economia do país.
1. Os gastos militares norte-americanos decorrem da participação do país na guerra do Iraque e do
Afeganistão, no começo do século XXI, e do combate ao terrorismo.
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2. O governo norte-americano é o maior comprador de armas e equipamentos militares das indústrias armamentistas sediadas no país. Essas indústrias têm clientes em diversos outros países.
Portanto, quanto maior forem os gastos militares, maior será o lucro obtido pelas indústrias armamentistas norte-americanas.
PARA LER E REFLETIR – O DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL NO JAPÃO (P. 189)
O professor pode comentar que o papel de destaque do Japão no desenvolvimento e na difusão
mundial de tecnologia de ponta deve-se, em grande parte, ao esforço conjunto do Estado, da iniciativa
privada e da sociedade civil japoneses. Esses setores organizaram-se para recuperar a economia do
país, destruída com a Segunda Guerra Mundial, da qual o Japão saiu derrotado.
1. Nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial, o Estado japonês criou um conjunto de medidas econômicas voltadas à desvalorização do iene, para vender os produtos no mercado mundial a preços mais
baixos. Além disso, houve investimentos estatais na educação e na qualificação da mão de obra, que resultaram no aumento da produtividade das indústrias japonesas e em seu desenvolvimento tecnológico.
2. A lealdade, a obediência, a disciplina e a dedicação dos empregados japoneses em relação às empresas, em troca de melhorias salariais e empregos vitalícios.
PARA OBSERVAR E REFLETIR – INFRAESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL EUROPEU
(P. 193)
O boxe permite destacar que o desenvolvimento industrial não depende apenas do setor produtivo,
mas também de uma rede de circulação que garanta as necessidades de escoamento de matérias-primas e de produtos industrializados das áreas produtoras até os centros consumidores. Dessa forma, pode-se relacionar o desenvolvimento industrial europeu à extensa rede de transportes em todo o
continente, que favorece a circulação de mercadorias com maior eficiência e contribui para dinamizar
as atividades das indústrias localizadas nos países do G8. Durante a discussão, você pode explorar,
juntamente com os alunos, o mapa da rede ferroviária europeia.
1. A infraestrutura de transportes contribui para o desenvolvimento industrial de um país ou de uma
região, ao possibilitar o escoamento de matérias-primas e produtos industrializados dos centros
produtores aos mercados consumidores.
2.
a. A rede ferroviária europeia é bastante densa e bem distribuída em todo o continente.
b. As ferrovias contribuem para o transporte de mercadorias dos centros produtores até os portos e os
mercados consumidores, com eficiência e baixo custo.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 195)
1. O Grupo dos Sete (G7) é um fórum de debates que acontece anualmente, no qual é discutido o posicionamento das sete maiores potências econômicas do planeta diante das grandes questões do
mundo. Integram o grupo: Canadá, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália. A
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Rússia atua no grupo como convidada porque é uma das maiores potências bélicas do mundo. Devido
a essa inclusão, o grupo passou a ser denominado Grupo dos Oito (G8).
2. Desde a colonização dos Estados Unidos, houve o predomínio das pequenas propriedades agrícolas
com trabalho familiar e a presença de manufaturas, condições que permitiram o desenvolvimento
de um importante mercado interno; a industrialização tornou-se pujante a partir de meados do
século XIX; houve a entrada maciça de imigrantes europeus que já tinham certa qualificação, pois
eram provenientes de áreas industriais dos seus países; houve a eclosão das duas guerras mundiais, o que culminou na expansão do mercado mundial para os produtos norte-americanos; e a
existência expressivas jazidas minerais e de combustíveis fósseis no país para atender à demanda
por energia e matéria-prima por parte do setor industrial.
3. O alto consumo energético dos Estados Unidos tem sido apontado como uma das principais causas
da intensificação do efeito estufa e do aquecimento global no planeta.
4. Esse protocolo foi elaborado em 1997, na cidade de Kioto, no Japão, com o objetivo de definir as
metas de redução, em pelo menos 5%, das emissões de gases nocivos ao planeta, até 2012, tendo
como base o nível de emissão desses gases em 1990.
5.
Manufacturing
belt
Área de maior concentração urbana e industrial dos Estados Unidos, onde se
situam as sedes de várias empresas norte-americanas. Essa concentração
industrial decorre da existência de um grande polo comercial, de um poderoso
sistema bancário, de uma notória rede de telecomunicações e da disponibilidade de mão de obra altamente qualificada.
Essa área representa 40% da produção industrial norte-americana e é dotada
de grande diversificação, englobando o ramo da siderurgia, de equipamentos
industriais e de transportes ferroviários, além dos setores automobilístico e de
alta tecnologia.
Sun belt
É considerada a segunda maior região industrial dos Estados Unidos e concentra uma parcela expressiva da produção industrial de alta tecnologia, como o
ramo da microeletrônica, o setor aeroespacial e o de informática.
6. A economia canadense é considerada, por muitos analistas, uma extensão da economia dos
Estados Unidos, por causa da intensa interação comercial que passou a ocorrer entre os dois países, principalmente após a criação do Nafta. Isso pode ser verificado considerando as exportações
canadenses, pois cerca de 74% desse volume é direcionado para os EUA.
7. Terceiro país mais industrializado do mundo, com a concentração industrial no litoral, o Japão caracteriza-se pelo uso de tecnologias avançadas relacionadas ao crescente processo de automação.
O Japão depende de matérias-primas do exterior, incluindo minérios, combustíveis fósseis e produtos agrícolas. O país se destaca como um dos maiores importadores mundiais de commodities.
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8.
•
Alemanha: é a maior potência industrial da Europa. Têm várias empresas transnacionais em
diversos setores, como siderúrgico, automobilístico, químico e eletrônico. A principal concentração industrial ocorre na região drenada pelos afluentes do rio Reno e nas cidades situadas
no vale do Ruhr (maior complexo industrial europeu).
•
França: apresenta grandes reservas minerais, principalmente na região de Lorena (minérios de
ferro) e Marselha (bauxita), o que facilita o desenvolvimento dos setores siderúrgico e metalúrgico.
Além destes, também se destacam os setores mecânico, petroquímico e a indústria aeronáutica.
•
Reino Unido: têm diversas empresas em diversos setores que se destacam mundialmente por
sua produção, como o petrolífero e o químico, além de grandes regiões com expressivas produções siderúrgicas (Midland) e nos setores de mecânica e aeronáutica (Londres).
•
Itália: a ação das grandes empresas italianas (como Fiat e Pirelli) excede os limites da região,
já que essas empresas têm filiais em vários países do mundo. O desenvolvimento industrial
italiano ocorreu após a Segunda Guerra Mundial em virtude de alguns fatores. Entre estes,
estão: a intervenção do Estado na produção industrial, a entrada maciça dos investimentos
estrangeiros no país e a circulação de dinheiro proveniente das atividades turísticas e da exploração de uma força de trabalho relativamente abundante e barata. A região industrial de destaque é a Planície do Pó, que corresponde a cerca de 70% da produção nacional, com ênfase
nos setores alimentício, automobilístico, químico e pneumático. Gênova tem o mais importante
porto da região, além de significativas produções siderúrgica e petroquímica.
9. Na Itália, a regionalização Norte e Sul é histórica e leva em conta as atividades econômicas desenvolvidas nessas regiões. A região norte é mais rica e caracterizada pela indústria, e a região sul, mais
pobre, é caracterizada pela agricultura.
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 195)
10.
a. A desconcentração industrial caracteriza-se pelo processo de transferência de empresas que buscam novas áreas para implantarem seu parque produtivo. Esse fenômeno justifica-se pela busca
das empresas por locais nos quais o custo de produção seja menor. Nesse contexto, a procura por
mão de obra mais barata e por menor carga tributária e a isenção no pagamento de taxas e tarifas
ajudam a compreender o fenômeno.
b. Sim. Nos Estados Unidos e alguns países europeus, como a França, a Itália e o Reino Unido, verifica-se o processo de desconcentração industrial por meio das empresas transnacionais.
c. Resposta pessoal. Professor, podem ser resgatadas as reflexões realizadas no capítulo 8 do livro,
quando foi discutida a questão da desconcentração industrial no Brasil.
11. Professor, o texto elaborado pelos alunos precisa conter a ideia de que a desconcentração industrial e a desindustrialização de países europeus contribuem para a elevação dos índices de desemprego, o que tende a agravar a situação socioeconômica da população e a originar protestos contra
o desemprego no continente.
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ATIVIDADE FINAL: LEITURA DE MAPA E PRODUÇÃO DE TEXTO (P. 197)
a. O mapa demonstra que as principais áreas industriais da Europa se localizam próximas às fontes
energéticas do continente, como podemos observar principalmente na Alemanha e no Reino Unido.
b. A Itália entrou tardiamente na era da industrialização devido à ausência de reservas carboníferas.
Isso foi superado a partir da Segunda Revolução Industrial, em que a energia elétrica passou a ter
importante papel na matriz energética de diversos países. Como a porção ao norte da Itália tem um
relevo montanhoso, há elevado potencial hidroelétrico na região, o que possibilitou a instalação de
um importante parque industrial nesse local.
c. Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os alunos a estabelecerem relações entre os
diferentes fatores locacionais para a indústria.
PROJETO INTERDISCIPLINAR: INDÚSTRIA E TECNOLOGIA (P. 199)
Nesse projeto, as matérias relacionadas com Geografia são História e Matemática.
Explore a linguagem matemática contida nos gráficos, e se necessário, oriente os alunos em sua
interpretação.
Sugerimos que essa atividade seja desenvolvida individualmente ou em dupla.
Respostas:
1. Podemos ver, na figura 1, que a participação da China no P&D mundial está aproximando a sua
participação em termos de PIB, ao contrário do Brasil e da Índia, que ainda contribuem muito mais
com o PIB mundial do que com o P&D mundial. É curioso notar que a situação se inverte no caso
da Tríade, ainda que a disparidade seja muito pequena entre esta e a União Europeia. A República
da Coreia é um caso interessante, na medida em que esse país segue o padrão da Tríade. A participação da República da Coreia no P&D mundial é o dobro da sua participação em termos de PIB.
2. A figura 2 permite observar que os Estados Unidos, o Japão, a China e a Alemanha são os países que apresentam a maior porcentagem de investimentos em P&D em relação ao PIB nacional.
Também mostra que o Japão, os Estados Unidos, a República da Coreia e Reino Unido são os países
que apresentam o maior número de pesquisadores em relação à sua população total. Além disso,
a figura faz a correlação da densidade de P&D e de pesquisadores de alguns países e regiões de
destaque. Com base nesses dados, pode-se ver que a Rússia ainda tem um número muito maior de
pesquisadores do que de recursos financeiros no seu sistema de P&D. Três países de força recém-chegados podem ser vistos emergindo no canto inferior esquerdo da figura – China, Brasil e Índia,
juntamente com o Irã e a Turquia. Hoje, a África, como continente, também contribui significativamente com o esforço global de P&D. A intensidade de P&D das economias africanas e o seu capital
humano ainda são pequenos, mas sua contribuição ao estoque do conhecimento mundial está
crescendo rapidamente. Por outro lado, o grupo de países menos desenvolvidos – o menor círculo
na figura – ainda desempenha um papel de importância marginal.
3. As desigualdades relativas ao nível de desenvolvimento econômico e tecnológico não ocorrem
somente entre países, mas também entre regiões dentro dos países. Segundo o documento, o
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investimento em P&D parece continuar concentrado em um número relativamente pequeno de
lugares dentro de um único país. No caso do Brasil, por exemplo, há enormes desigualdades entre
o Centro-Sul e o restante do país, já que nessa região há maior concentração de indústrias, sobretudo modernas e com maior capacidade de investimentos em P&D. A concentração de indústrias e
de investimentos em P&D é uma característica histórica, ou seja, desde os primórdios do processo
de industrialização de produtos verifica-se o fenômeno da concentração espacial dessa atividade
produtiva. Embora as indústrias tenham se espalhado por continentes, países e subunidades nacionais, essa desconcentração é bastante seletiva, tanto no que diz respeito às áreas novas que
recebem indústrias, como ao perfil dessas indústrias. A tendência é que as indústrias mais tecnológicas mantenham-se mais concentradas espacialmente.
4. Para as multinacionais, a estratégia de desconcentração industrial reduz custos trabalhistas e
proporciona às empresas acesso mais fácil aos mercados, ao capital humano local e ao conhecimento, bem como aos recursos naturais do país anfitrião. Os elementos do período histórico atual
associados a essa estratégia são a globalização econômica e a reconfiguração da geopolítica e da
economia mundial (multipolaridade), que, por sua vez, estão associadas aos avanços nos meios de
transporte e nas telecomunicações e à emergência de novos centros econômicos e industriais.
5. Segundo o documento, os destinos preferidos têm sido os chamados Tigres Asiáticos, os antigos
países recentemente industrializados na Ásia, e, em segundo lugar, o Brasil, a Índia e a China.
Porém, já não é mais uma via de mão única: as empresas das economias emergentes agora estão
comprando grandes empresas em países desenvolvidos e, com isso, adquirindo o capital de conhecimento das empresas da noite para o dia. Como consequência disso, a distribuição global do
esforço de P&D entre o Norte e o Sul está se transformando rapidamente. Em 1990, mais de 95%
da P&D estavam sendo conduzidos nos países desenvolvidos, e apenas sete economias da OCDE
eram responsáveis por mais de 92% da P&D mundial. Já em 2002, os países desenvolvidos eram
responsáveis por menos de 83% do total, e, em 2007, por 76%.
6. A migração de cérebros ocorre quando pessoas com alta qualificação profissional emigram de seu
país de origem em busca de melhores oportunidades de trabalho. Os países que sofrem a emigração desses profissionais têm perdas econômicas significativas, já que os investimentos realizados
na formação destes não se revertem em conhecimento e capital humano para a economia nacional,
fato que também prejudica a P&D doméstica. Por outro lado, os países que recebem esses profissionais aumentam seu capital humano com baixos investimentos prévios em formação acadêmica,
incrementando também a área de P&D e sua capacidade de concorrência e liderança no cenário
internacional. Ressalta-se que, atualmente, esse tipo de migração não ocorre somente de países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento para países desenvolvidos. Há também a migração de
indivíduos altamente qualificados entre países em desenvolvimento e entre países desenvolvidos.
7. Segundo a publicação da Unesco, no que se refere à relativa especialização dos países em disciplinas
científicas específicas, a tabela mostra fortes disparidades entre eles. Pelos números, é possível perceber que a União Europeia, Estados Unidos e Japão (a Tríade), comparados aos outros países selecionados
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(que juntos formam os BRICS), tem um número muito superior de produções em variadas áreas.
O Japão tem diversos pontos fortes: Física, Química, Engenharia e Tecnologia. Os Estados Unidos e a
União Europeia têm se especializado em Pesquisa biomédica, Medicina clínica, e Terra e Espaço.
A Rússia mostra forte especialização em Física, Matemática e ciências da Terra e do Espaço.
Tipicamente, a China tem uma forte especialização em Física, Química, Matemática e Engenharia
e Tecnologia. Por contraste, o Brasil é forte em Biologia, e a Índia, em Química. Essas diferenças
em especialização científica estão espelhadas nos diferentes perfis de países.
Os países parecem escolher áreas de criação de conhecimento científico com base em suas próprias necessidades (medicina clínica), nas oportunidades geográficas (ciências da Terra e do
Espaço, e Biologia), em afinidades culturais (Matemática e Física) e na experiência adquirida com
o crescimento industrial (Química).
8. Segundo o Itamaraty, a cooperação técnica Sul-Sul brasileira caracteriza-se pela transferência de
conhecimentos, pela ênfase na capacitação de recursos humanos, pelo emprego de mão de obra
local e pela concepção de projetos que reconheçam as peculiaridades de cada país. Fundamenta-se
no princípio constitucional da cooperação entre os povos para o progresso da humanidade, sendo
livre de condicionalidades e construída a partir da manifestação do interesse de parte dos parceiros.
O Brasil considera que a cooperação Sul-Sul não é uma ajuda, mas uma parceria na qual as partes
envolvidas se beneficiam, ou seja, adotam o princípio da horizontalidade na cooperação.
Atualmente, a Agência Brasileira de Cooperação interage com as mais de 70 instituições do Brasil
envolvidas com projetos, bem como com as embaixadas do país, que servem de canais de comunicação com os governos locais. Atualmente, projetos em 81 países estão em execução.
Embora o maior número de demandas por cooperação concentre-se em agricultura, saúde, educação e formação profissional, a carteira de projetos na África contempla muitas outras áreas, por
exemplo, governo eletrônico, administração pública, meio ambiente, tecnologia da informação,
artesanato, cooperativismo, empreendedorismo, prevenção de acidentes de trabalho, desenvolvimento urbano, saneamento básico, biocombustíveis, transporte aéreo, turismo, justiça, cultura,
comércio exterior, direitos humanos e esportes.
ENEM E VESTIBULARES (P. 203)
1.
a. Os dois modelos são o da substituição das importações e o das plataformas de exportações. O primeiro modelo é representado por alguns países sul-americanos, entre eles Brasil, Argentina, México
e Chile; e o segundo, pelos Tigres Asiáticos.
b. Nos países que adotaram o modelo de substituição das importações houve desenvolvimento industrial
após a Segunda Guerra Mundial devido à expansão das transnacionais e à participação do capital e da
tecnologia dessas empresas em determinados países. O fortalecimento de Estados também contribuiu para esse desenvolvimento, pois estes ficaram mais estruturados, passando a controlar certos
setores da produção, em geral voltados para o mercado interno. Já nos países em que foi adotada a
política de plataformas de exportação, o desenvolvimento industrial ocorreu após a década de 1970,
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impulsionado em parte pela abundância de mão de obra barata, que atraiu os investimentos de transnacionais. As produções desses países passaram a ser voltadas, sobretudo, ao mercado externo.
2. Alternativa B.
3. Alternativa E.
4. Alternativa C.
5. Alternativa E.
6.
a. Estados e municípios competem entre si praticando a guerra fiscal: oferecem às empresas incentivos e, muitas vezes, isenções de impostos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), ou municipais, por exemplo, o Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU).
b. O exemplo de guerra fiscal no Brasil envolvendo indústrias automobilísticas é o incidente que ocorreu entre o Rio Grande do Sul e a Bahia, na época da instalação da nova fábrica da Ford. Outro
exemplo é a disputa que ocorreu entre São Paulo e Rio de Janeiro para atrair a nova unidade da
Volkswagen.
c. Na “guerra global entre lugares” há ainda a doação de terrenos para as empresas transnacionais
que lideram a globalização, a implantação de infraestrutura (como o fornecimento subsidiado de
água e luz) e, em alguns casos, até mesmo o treinamento de pessoal.
7. Alternativa E.
8. Alternativa D.
9. Alternativa D.
Capítulo 11 – Agropecuária
no mundo
Por meio da leitura comentada do texto, o professor pode promover o reconhecimento, pelos alunos,
dos principais sistemas agrícolas adotados no mundo. Confronte esses sistemas com os que predominam no campo brasileiro, trabalhando com os alunos seus conhecimentos prévios sobre a economia
agropecuária do Brasil, visto que esse assunto só será estudado no capítulo seguinte.
A estrutura do capítulo propõe uma relação entre as práticas agropecuárias e a divisão Norte e Sul.
Essa divisão considera os países do Norte desenvolvidos e os do Sul subdesenvolvidos. No caso dos países
do Norte, são estudadas as principais economias agropecuárias. Já em relação aos países do Sul, optou-se
por uma regionalização mais generalizada, tratando as economias por grandes regiões, como a América
Latina, a África e a Ásia. Apenas na Ásia foram destacados dois países: a China e a Índia.
Como há muitos mapas disponíveis para contribuir no reconhecimento das principais áreas produtivas no mundo, é pertinente monitorar os alunos quanto à capacidade de interpretá-los, fornecendo-lhes, assim, as orientações e os suportes que, eventualmente, possam ser necessários.
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ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 208)
“Um campo tem terra e coisas plantadas nela...”. Que outras características podem ser encontradas em uma paisagem rural? Escreva um breve texto descrevendo com detalhes uma paisagem rural
com a qual você já teve contato pessoalmente ou por meio de imagens. Posteriormente, elabore uma
conclusão, analisando como essas características influenciam na produtividade da terra.
Resposta: o objetivo da atividade é levar os alunos a refletir sobre os elementos que influenciam a
produção agrícola. É interessante destacar as diferenças entre as propriedades voltadas para agropecuária comercial em grande escala (que dispõem de edificações para armazenagem de grãos, para o
confinamento de gado ou para abrigar funcionários, além de sistema de irrigação e o uso de máquinas, que se destinam à produção comercial, obtendo geralmente grande produtividade), e os pequenos
roçados (caracterizados pelo cultivo de produtos variados com técnicas rudimentares e pela ausência
de grandes estruturas, e que geralmente se relacionam com produções voltadas à subsistência, não
atingindo grande produtividade).
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
PARA LER E REFLETIR – OS PROBLEMAS DECORRENTES DA PECUÁRIA INTENSIVA (P. 211)
A criação de gado em confinamento pode ocasionar maior proliferação de doenças entre os rebanhos, além de aumentar o nível de estresse entre os animais. Isso prejudica a qualidade da carne consumida. A falta de fiscalização das substâncias existentes na ração animal pode promover sérios danos
à saúde dos seres humanos. O aumento da demanda por rações que utilizam grãos como matéria-prima provoca o desmatamento de áreas florestais.
Professor, aproveite a temática desenvolvida no boxe para estimular um debate com os alunos sobre a qualidade dos alimentos que consumimos. Para embasar a análise, procure desvendar a provável
procedência da carne, do leite e de seus derivados consumidos diariamente por grande parte da população. Você pode explicar que o aumento do consumo de alimentos contribuiu para as transformações
nas formas de criação dos animais, implicando sérios danos à saúde dos rebanhos e, consequentemente, à saúde humana. Para problematizar a questão, aborde as origens e os efeitos da doença da
vaca louca e da gripe aviária, que têm estreita relação com as formas de criação dos animais em confinamento. Também é possível ressaltar que parte da devastação da Floresta Amazônica decorre da expansão do cultivo de soja destinado à produção de ração que abastece os rebanhos bovinos europeus.
OS PROBLEMAS DECORRENTES DA PECUÁRIA INTENSIVA – INTERDISCIPLINARIDADE COM
BIOLOGIA (P. 211)
Os problemas relacionados à pecuária intensiva, como a questão da proliferação de doenças e os
riscos para a população, também podem ser abordados pela Biologia, aproveitando as aulas de patogenias para estudar como se desenvolve e se manifestam algumas doenças contraídas com carne
contaminada, como a gripe aviária.
PARA LER E REFLETIR – OS PÔLDERES E A ATIVIDADE AGROPECUÁRIA NA HOLANDA (P. 217)
Pode-se destacar que, apesar da pequena extensão territorial da maioria dos países europeus,
sua produtividade agrícola é muito elevada em decorrência de alta tecnologia e de grandes capitais
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aplicados no processo produtivo. Ressalte que a produção agropecuária da Holanda é um dos casos
mais emblemáticos desse processo, pois a pequena extensão territorial do país e a ocorrência de terras
situadas abaixo do nível do mar exigiram a construção de diques, moinhos e canais para viabilizar o aproveitamento de terras situadas em áreas submersas pelo mar para a atividade agropastoril. Essas áreas
correspondem aos chamados pôlderes, que caracterizam as típicas paisagens rurais da Holanda.
1. Atualmente, pode-se considerar que a extensão territorial não está diretamente relacionada à produtividade agrícola de determinada localidade. A utilização intensiva de capital e de tecnologia na
produção, a fertilidade do solo e as suas formas de uso são os fatores que contribuem decisivamente
para o aumento das taxas de produtividade na agricultura e na pecuária. A tecnologia e o capital
podem ser utilizados para aumentar a fertilidade do solo, para cultivar gêneros agrícolas diferenciados em áreas antes impróprias para determinada forma de produção e para acelerar o cultivo de
determinado gênero agrícola. Outro fator relevante está relacionado às trocas comerciais de produtos
agrícolas e agropecuários. Muitos países de pequena extensão territorial importam produtos agropecuários para o consumo interno, não precisando, portanto, dispor de uma grande extensão de terras.
2. Há séculos, os holandeses praticam a agricultura e a pecuária nos chamados pôlderes, que permitiram desenvolver essas atividades e a ocupação humana em terras antes encobertas pelas águas
do mar. A construção de diques impede o avanço da água do mar sobre os pôlderes, e os canais e as
bombas hidráulicas drenam o excesso de água, tornando o solo menos encharcado e mais propício
à atividade agrícola. Além disso, o emprego de alta tecnologia e capital contribui para o aumento da
produtividade agrícola no país.
AGRICULTURA DE PLANTATION – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 220)
As plantations são estudadas não apenas pela Geografia, fazendo parte também do conteúdo de
História, o que abre a possibilidade de as duas disciplinas interagirem.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 226)
1. A agropecuária é influenciada por fatores naturais (referentes aos elementos do quadro físico),
sociais (que tratam da mão de obra utilizada) e econômicos (que, além da questão da propriedade
da terra, abrangem o grau de investimento aplicado na produção).
2. Sistema extensivo: geralmente ocorre nas regiões subdesenvolvidas do globo, onde a produção
está relacionada com a extensão da área utilizada, pois não conta com investimentos de capital e
de tecnologia. Apresenta baixa produtividade e pode ser praticado de diversas maneiras, como a
agricultura itinerante ou roça tropical. A pecuária extensiva se caracteriza pela criação de rebanhos
numerosos, que vivem soltos, sem tratos especiais, requerendo pouca mão de obra. A qualidade
da carne é prejudicada pela falta de cuidados com a higiene e com a saúde do rebanho. Sistema
intensivo de mão de obra: normalmente é observado em regiões onde a grande densidade demográfica favorece a intensa utilização de mão de obra na agricultura. É comum no Sudeste Asiático
e no Extremo Oriente, onde recebe o nome de agricultura de jardinagem. Sistema intensivo de
capital: é observado em países desenvolvidos e em algumas regiões de países subdesenvolvidos.
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A produção agrícola é moderna, desenvolvida com larga aplicação de capital e recursos técnicos,
além de pouca mão de obra e em propriedades de qualquer tamanho. Nesse sistema são comuns
a mecanização, a seleção de sementes, o uso de fertilizantes, o combate à erosão e às pragas etc.
A pecuária intensiva abrange pequenos rebanhos, criados em pequenas áreas, e envolve grande
cuidado com a higiene e a saúde dos animais e pouca mão de obra.
3.
Países
Características
Canadá
Destacam-se as Pradarias, áreas de topografia basicamente plana, propícia à expansão da mecanização da lavoura, com solos férteis e clima ameno.
Além do trigo, o principal produto, cevada, aveia, centeio, milho e beterraba açucareira
também são produzidos em menor escala. Nas áreas próximas aos centros urbanos,
há uma produção considerável de hortifrutigranjeiros e a prática de pecuária leiteira.
Estados
Unidos
Destaque para a região das Planícies Centrais, favorecida pela topografia plana, por
solos férteis e por climas amenos.
Cinturões agrícolas: wheat belt (trigo plantado na primavera, mais ao norte, e trigo
de inverno, mais ao sul); corn belt (milho e criação de suínos associada à produção
de milho); cotton belt (algodão cultivado na faixa mais meridional das planícies, sob o
domínio do clima subtropical, mais quente que o temperado).
Áreas periféricas dos grandes cinturões: prática da pecuária extensiva de bovinos para
corte, voltada para o abastecimento dos grandes frigoríficos do país.
Área dos Grandes Lagos: existência do green belt (cinturão verde) e do dairy belt (cinturão leiteiro), que atendem às necessidades alimentícias da população concentrada
do nordeste do país.
Sistema dry farming na costa oeste: o solo é revolvido, trazendo umidade das áreas
mais fundas para a superfície, possibilitando seu aproveitamento agrícola.
França
País de maior destaque na produção agrícola da Europa.
Produtos: cereais na faixa temperada e vinhas (para a produção de vinhos) na faixa
mediterrânea.
Presença de expressivo rebanho suíno voltado para a indústria frigorífica, além da
criação intensiva de bovinos para a indústria de queijos e laticínios.
Portugal e
Espanha
Esses são os países do continente europeu que apresentam maior dependência
social e econômica da atividade agropecuária.
Apresentam uma agricultura menos capitalizada, com menos maquinários e mão de
obra mais numerosa, portanto, com menor produtividade.
O relevo acidentado prejudica a produção.
Em suas áreas montanhosas, destaca-se o cultivo de vinhas e olivas, além da
pecuária ovina.
Austrália
Apresenta diversidade climática (terras tropicais e temperadas) que permite uma
produção agrícola também diversificada. Seus principais produtos são: cana-de-açúcar, cultivada na porção nordeste do território, e trigo, cultivado na porção
sudeste.
Destaca-se a pecuária de ovinos, que torna o país o maior produtor e exportador
mundial de lã.
Nova
Zelândia
Economia agropecuária fortemente vinculada à criação de bovinos para corte e ovinos para a produção de lã, em um sistema predominantemente extensivo, apesar de
haver grande aplicação de capital e tecnologia.
Na agricultura, destaca-se o cultivo de cereais, como trigo e centeio, cuja produção
destina-se ao mercado consumidor interno.
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4. A agricultura moderna está relacionada à produção agrícola com elevada produtividade, devido ao
uso de técnicas modernas de cultivo e a novas tecnologias. A agricultura tradicional, típica de regiões
menos desenvolvidas economicamente, está relacionada ao baixo uso de técnicas modernas e tecnologias, e consequentemente tem produtividade menor do que a agricultura moderna.
5. Plantation: sistema antigo de exploração da terra, típico do período colonial, caracterizado pelo uso
extensivo do solo e pela produção monocultora voltada para a exportação. Atualmente, esse sistema
ainda é praticado, porém com algumas diferenças em relação ao período colonial, como a intensa
utilização de capital, investimentos em mecanização e insumos (produtos químicos e fertilizantes) e
contratação de mão de obra assalariada e de pessoal com conhecimento técnico.
6.
Continente
Características
América Latina
Nas principais áreas agrícolas das regiões tropicais da América Latina, na faixa
intertropical, observa-se em quase todos os países a presença das plantations, com
o cultivo do café, cacau, banana, algodão e da cana-de-açúcar. Há também áreas
onde predomina a agricultura tradicional, objetivando o consumo familiar e abastecendo o mercado interno.
A pecuária é de grande importância tanto para a economia quanto para a demanda de alimentos dos mercados internos, com predomínio de rebanhos de bovinos,
caprinos, suínos e ovinos. Brasil, Argentina e México são os que apresentam os
maiores rebanhos.
Ásia
Porção oeste do continente: o clima é desértico e a agricultura não se destaca.
Porção central (território indiano) e Sudeste Asiático: são regiões tipicamente tropicais. Encontram-se agricultura familiar de subsistência (cultivando arroz e trigo)
com o domínio das plantations (cultivando principalmente cana-de-açúcar, algodão,
chá e juta).
Porção centro-norte da China: é uma região com topografia plana e bom nível de
irrigação, utilizada para o cultivo de cereais e chá.
Bacia do Yangtze: clima subtropical chuvoso, com produção de arroz, algodão, soja
e cana-de-açúcar.
Planície da Manchúria: solos muito férteis (conhecidos como terras negras da
China), onde são cultivados gêneros como arroz, milho e trigo.
Com relação à pecuária, a China tem enormes rebanhos de ovinos, bovinos e suínos,
e a Índia, rebanhos de bufalinos, ovinos, caprinos e bovinos (estes são aproveitados
somente para a produção de leite e tração animal, devido a princípios religiosos.
África
Apresenta o sistema de plantations, produzindo café, cacau, cana-de-açúcar,
amendoim, algodão e tabaco, voltados para a exportação.
Na África Subsaariana predomina a lavoura tradicional, voltada para o mercado
interno, e a lavoura de subsistência, com o cultivo de mandioca, inhame e sorgo.
Nos dois casos, a mão de obra utilizada é o trabalho familiar, com técnicas primitivas, o que resulta em baixa produtividade.
A África do Norte tem duas regiões de destaque, o vale do Nilo (que favorece o cultivo de cereais e algodão) e o Magreb (onde são produzidos cítricos, vinha e oliva).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 226)
7.
a. Os continentes que apresentam maior quantidade de terras aráveis são: Ásia, Europa, África e
América do Norte.
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b. Professor, leve os alunos a perceber que a fome e a subnutrição no continente africano não decorrem apenas da pouca disponibilidade de terras aráveis. Esses problemas são bem mais complexos,
envolvendo o fato de essa região do continente, de forma geral, apresentar um sistema agrícola
antigo, herdado do período de colonização, e uma produção voltada para a exportação. Plantations
de café, cacau, cana-de-açúcar, amendoim, algodão e tabaco causaram o empobrecimento rápido
dos solos e a ocupação irracional de áreas frágeis. A África Subsaariana, além de apresentar um
passado colonial de imperialismo, caracteriza-se por apresentar índices socioeconômicos baixos,
instabilidade política, guerras civis e conflitos étnicos e uma economia basicamente agrícola e mineral que é destinada à exportação. Portanto, um conjunto de fatores históricos, políticos e socio­
econômicos explica a fome e a subnutrição na região.
8.
a. O governo chinês busca novas áreas de cultivo, com o objetivo de reduzir os custos com compras
de alimentos para alimentar a população do país, cujo crescimento econômico e a urbanização têm
elevado o consumo de alimentos.
b. A compra de terras pela China em outros países assusta o governo de diversos países. Esse fenômeno é relacionado, por alguns analistas, a uma nova forma de neocolonialismo. O governo chinês
tem elevado seus investimentos em recursos naturais de outros países, em especial de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, e nesse contexto o continente africano apresenta o quadro
mais grave, devido às dificuldades de crescimento econômico existentes no continente.
9.
a. O texto expõe a tentativa de os países do G20 controlarem os preços internacionais das commodities
(matérias-primas).
b. O Brasil é totalmente contra o controle de preços de commodites no mercado internacional. Essa
postura se deve à grande importância que as commodities exercem na economia do país, em especial na pauta de exportações. O controle dos preços das commodities reduziria os ganhos do país,
em especial nos momentos em que determinadas commodites são valorizadas no mercado internacional, como o ferro, que viu seu valor de mercado subir consideravelmente na última década.
ATIVIDADE FINAL: LEITURA, PESQUISA E PRODUÇÃO DE TEXTO (P. 229)
Professor, a atividade tem como objetivo mostrar aos alunos que os conflitos no campo brasileiro
atingem diversas regiões do país e, consequentemente, há o aumento de casos de violência, com assassinatos e ameaças de morte. Outro problema demonstrado pelo texto é a questão do trabalho escravo no Brasil, detectado em 19 dos 27 estados da federação. Estimule os alunos a pesquisar se esses
problemas ocorrem na região onde vivem.
Capítulo 12 – Agropecuária
no
Brasil
O capítulo pode ser introduzido aproveitando-se os conhecimentos prévios dos alunos. Partindo
desses conhecimentos, pode-se montar um quadro sobre a importância da agricultura para a economia do Brasil e para o abastecimento e a geração de renda para sua população.
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Uma das questões mais importantes do capítulo é a questão fundiária. Assim, é importante
pontuar os aspectos envolvidos nessa questão, destacando a concentração de terras nas mãos de
poucos, a função social da terra (de gerar renda, abrigo e subsistência), a necessidade de reduzir
a pobreza, a existência de terras ociosas, a atuação dos movimentos sociais, a participação, no PIB
do país, das exportações agrícolas relacionadas aos grandes produtores etc. Pode-se promover um
debate sobre o tema, contemplando a possibilidade de realização de uma reforma agrária. Para a
realização do debate, é importante definir critérios e distribuir igualitariamente os tempos de fala,
além de incentivar o respeito às opiniões divergentes. Dado o caráter polêmico do tema, é fundamental que haja uma preparação adequada da turma para a atividade.
Além de apresentar as características da atividade agropecuária no Brasil, é importante orientar
os alunos a detectar sua regionalização. A leitura das páginas 239 a 247, que apresentam as principais
áreas produtivas de cada região brasileira, fornece subsídios relevantes para comparar os vários perfis
regionais da produção agropecuária no país.
ABERTURA: ATIVIDADE COMPLEMENTAR (P. 232)
Utilizando as informações da abertura do capítulo 12 e seus conhecimentos sobre o desmatamento, responda: Por que o atual modelo de desenvolvimento agropecuário brasileiro pode tornar-se insustentável?
Resposta: o modelo agropecuário brasileiro é caracterizado por grande desmatamento de áreas para
a abertura de terras para cultivo. O desmatamento tem, como consequências graves, impactos ambientais, como a emissão de gases de efeito estufa, a erosão, o assoreamento de rios, a perda de biodiversidade, o aumento da poluição do solo e de cursos d’água e a poluição atmosférica. Esses impactos fazem
que, em longo prazo, a degradação seja imensa e esse modelo se torne ambientalmente insustentável.
Professor, utilize esse texto como forma de iniciar a análise da importância que a agricultura tem
para a economia brasileira e de quais são os danos ambientais decorrentes da expansão das áreas
utilizadas para a agricultura.
Sugestões interdisciplinares, boxes e atividades
PARA LER E REFLETIR – A CANA-DE-AÇÚCAR NO ESTADO DE SÃO PAULO (P. 241)
Resposta pessoal. Professor, o objetivo da atividade é demonstrar que o cultivo da cana, apesar de ser
importante para o complexo agroindustrial regional do Sudeste e para a produção de etanol e açúcar, tem
complexas consequências socioambientais, como o aumento do desmatamento e a redução das áreas de
produção de gêneros alimentícios, o que tende a elevar o custo dos alimentos em centros urbanos.
PARA LER E PESQUISAR – A AVICULTURA BRASILEIRA (P. 243)
A avicultura industrial brasileira integra tecnologias que permitem melhorar os índices de produtividade. Podemos citar como exemplo a redução da idade do abate, o aumento da produção de ovos,
o controle preventivo de enfermidades e a redução dos custos de produção como principais benefícios
para o produtor. Por outro lado, a indústria se beneficia desse fato pagando baixos preços pelas aves e
obtendo maiores lucros no mercado (por fornecer a tecnologia adotada na criação e por utilizar o produto final para a produção de alimentos).
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REGIÃO NORDESTE – INTERDISCIPLINARIDADE COM HISTÓRIA (P. 244)
Professor, a produção agropecuária da Região Nordeste está fortemente vinculada aos processos de
ocupação e formação econômica do Brasil desde o período colonial. Há a possibilidade de aprofundar a
análise a respeito da agropecuária regional partindo dessa ocupação histórica e as consequências para
os dias atuais, como por exemplo a elevada concentração de terras.
RETOMANDO O CONTEÚDO (P. 250)
1. A agricultura emprega mais de 20% da mão de obra ativa e gera empregos nas áreas de transporte, armazenagem e transformação de produtos, no comércio etc.; fornece alimentos à população e matérias-primas para os mais diversos setores industriais; e produz 25% da renda das exportações nacionais.
2. Esse setor vem apresentando um expressivo aumento de produção e produtividade em virtude de:
investimentos por parte de empresários rurais; adoção de políticas agrícolas que valorizam e beneficiam determinados produtos; relativa melhoria da qualificação profissional do trabalhador rural;
modernização dos equipamentos; desenvolvimento da tecnologia agrícola nacional.
3. O agronegócio pode ser definido como a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, processamentos e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir
deles. Em outras palavras, pode ser compreendido como um conceito que relaciona todos os elementos envolvidos no processo de produção, distribuição e consumo de produtos agropecuários.
4. A agricultura familiar é constituída por pequenos produtores, com predomínio de mão de obra dos
membros de sua família, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado. É importante
para a geração de empregos no campo (emprega 80% dos trabalhadores rurais) e por ser responsável por 60% da produção dos alimentos consumidos no país.
5. O principal problema da estrutura fundiária no Brasil é a concentração de terras. De acordo com os
dados apresentados neste capítulo, percebe-se que uma pequena parcela de pessoas detém grandes
porções de terra. Existem inúmeros latifúndios improdutivos no país, fato que passa a ser contestado
pelos trabalhadores do campo, geralmente organizados em grupos ou em movimentos sociais.
6.
•
posseiros: instalam-se em terras devolutas (do governo), ou de terceiros, isto é, terras que
não lhes pertencem;
•
parceiros: trabalham na terra de outra pessoa em troca de parte da produção obtida;
•
pequenos proprietários: cultivam a própria terra para abastecer a família e negociar no mercado local;
•
arrendatários: alugam a terra de alguém pagando em dinheiro; dispõem, em geral, de certo
capital e equipamentos;
•
assalariados permanentes: moram nas propriedades em que trabalham, mantendo vínculo
empregatício, com registro profissional e todos os direitos legais;
Manual do Professor 99
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•
assalariados temporários: contratados por dia para realizar a tarefa ou empreitada, sem direito a morar na terra;
•
não-remunerados: membros do grupo familiar do trabalhador que o ajudam sem receber
pagamento pela atividade.
7.
Macrorregião
Características e produtos
Sudeste
O planalto Ocidental Paulista é a principal área agrícola do Sudeste, favorecida
pelos seguintes fatores: condições naturais (topografia relativamente plana, predomínio do clima tropical e ocorrência de manchas significativas de terra roxa);
implicações do ciclo do café (imigração e introdução de infraestrutura de transportes); crescimento da indústria no estado de São Paulo (fornecendo insumos à
agricultura e consumindo matérias-primas agrícolas).
Destacam-se nessa região as produções de café, cana-de-açúcar e laranja. A
região produz também chá, milho, arroz, algodão e banana.
As demais áreas do Sudeste têm menor destaque, produzindo café, cereais,
cana-de-açúcar, banana, chá e arroz, além da pecuária de corte e leiteira.
Sul
A atividade agrícola iniciou-se na região da campanha, que contou com as
correntes imigratórias a partir do século XIX. Passou a ser caracterizada pelas
pequenas propriedades policultoras e por produções típicas de clima temperado,
como o trigo e a uva, visando, sobretudo ao abastecimento do mercado regional.
Destacam-se as produções de soja e trigo.
Também é de importância na região a pecuária, com rebanhos de suínos, aves,
ovinos e bovinos.
Nordeste
A atividade agrícola é a mais importante da região, apresentando produção diversa e com localizações variadas, em virtude de fatores climáticos e das condições
estruturais. A região divide-se nestas áreas produtoras:
• Zona da Mata: ali a cana-de-açúcar encontrou condições climáticas e de solo
muito favoráveis, tendo sua produção voltada para as exportações; no sul da
Bahia, há produção de cacau;
• Agreste: predominam pequenas propriedades policultoras, dedicadas à produção de gêneros alimentícios (milho, mandioca, feijão, batata, frutas, café,
fava), além de algodão e sisal;
• Sertão: o principal plantio é o algodão arbóreo; já nas áreas mais úmidas,
desenvolve-se uma policultura de subsistência (milho, feijão e mandioca). Ao
longo do rio São Francisco, a agricultura depende de irrigação. Em grande parte do Sertão, pratica-se uma pecuária de baixa qualidade (sistema
ultraextensivo);
• Meio Norte: caracteriza-se pela cultura comercial de arroz, desenvolvida,
sobretudo às margens dos rios Parnaíba, Mearim e Pindaré. Apresenta pecuária de bovinos extensiva e pobre.
Centro-Oeste
Região caracterizada pela expansão da fronteira agrícola. Destaque para as regiões de Campo Grande e Dourados (soja, milho, amendoim e trigo); Sudeste de
Goiás (soja, algodão, milho, feijão e arroz); vale do Paranaíba (algodão, amendoim
e arroz); área do Cerrado (bovinos e equinos); e Pantanal (pecuária ultraextensiva
de bovinos).
Norte
Região de menor participação na agricultura do país. Entre as áreas agropecuárias mais importantes estão: Zona Bragantina (pimenta-do-reino e malva); várzeas do rio Amazonas (juta); Rondônia (soja e milho); Roraima (bovinos e equinos);
e ilha de Marajó (bufalinos).
100 Manual do Professor
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AMPLIANDO O CONHECIMENTO (P. 250)
8. O Brasil apresenta uma grande quantidade de terras improdutivas. A reforma agrária traria benefícios não só para os habitantes do meio rural, com a geração de empregos e acesso à propriedade, mas para a população brasileira como um todo, pois diminuiria a migração para os grandes
centros urbanos, o que reduziria as pressões sociais e suas consequências, como a submoradia e
a violência urbana.
Professor, enfatize que a questão da reforma agrária no país é muito antiga, e os projetos de lei
que visam amenizar o problema da concentração fundiária ainda encontram barreiras em debates
políticos e ideológicos, além das questões econômicas.
9. A charge trata da questão fundiária no país e da necessidade da reforma agrária, visto que há grande quantidade de terras improdutivas nas mãos de poucas pessoas e famílias.
10.
a. A questão da reforma agrária traz consigo elementos que ultrapassam a simples ação de doar ou
redistribuir a terra às populações desalojadas. Como afirma o texto, ela desafia o direito de propriedade e chacoalha a estrutura de poder, carrega consigo o espírito de uma autêntica revolução
social. Mais de quarenta países experimentaram projetos de redistribuição da posse da terra neste
século – e nenhum deles permaneceu o mesmo depois disso.
Ressalte que, além do acesso a terra, a reforma agrária compreende também financiamentos e
assistência técnica aos novos proprietários, de modo que estes possam se tornar produ­tores independentes. Trata-se de um processo que visa realizar justiça social e distribuir a riqueza de forma
mais igualitária.
b. Atualmente, a reforma agrária não é mais compreendida como um fator fundamental para a modernização e o desenvolvimento de um país. Isso porque, com a revolução tecnológica, a produtividade no campo tem aumentado expressivamente e as grandes propriedades passaram a ser vistas como as que atendem às demandas dos mercados, principalmente internacionais. João Pedro
Stedile defende que o modelo produtivo agrícola brasileiro deve levar em consideração o pequeno
e médio produtor, priorizando a distribuição de renda e a geração de trabalho. Deve-se considerar
também que a questão ambiental deve ganhar força, com a promoção de técnicas que respeitem o
meio ambiente e utilizem quantidades menores de agrotóxicos prejudiciais à saúde da população.
ATIVIDADE FINAL: LEITURA, PESQUISA E DEBATE (P. 252)
A atividade traz um tema que sabemos ser polêmico e com forte viés ideológico. É importante
apresentar os principais elementos e agentes presentes na questão da reforma agrária no Brasil.
Se possível, procure outros textos ou reportagens para complementar a discussão. Solicite que os
alunos posicionem-se e argumentem sobre a questão da reforma agrária no Brasil, avaliando o grau
de articulação, coerência e fundamentação das reflexões feitas por eles.
Se achar conveniente, estabeleça uma divisão na lou­sa com argumentos favoráveis à reforma e
outros contrários. A turma pode ser dividida em grupos para pesquisar e trocar informações sobre as
possíveis formas de avanço desse processo.
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PROJETO INTERDISCIPLINAR: IMPACTOS AMBIENTAIS E SOCIAIS DAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS (P. 254)
Nesse projeto, as matérias relacionadas com Geografia são Química, Biologia, Física e
Matemática.
Sobre o conteúdo do projeto, preparamos algumas sugestões bibliográficas:
•
ASSIS, Renato Lara de. Compactação do Solo. Disponível em: <http://www.ifgoiano.
edu.br/ipora/images/stories/coordenacao/Renato/propriedades%20fisicas%20do%20
solo.2012.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
BATISTA, Marcelo A. Compactação do Solo. Disponível em: <http://www.dea.uem.br/disciplinas/
conservacao/compactsolo.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
FAO. Pisoteio Animal. Disponível em: <http://www.fao.org/ag/againfo/programmes/pt/lead/toolbox/Grazing/Animtram.htm>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
RIBAS, Priscila Pauly; MATSUMURA, Aida Terezinha Santos. A química dos agrotóxicos: impactos sobre a saúde e o meio ambiente. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v. 10, n. 14, p. 149-158,
jul./dez. 2009. Disponível em: <http://www.liberato.com.br/upload/arquivos/0120110910074119.
pdf>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
RIBEIRO, Deise Helena Baggio; VIEIRA, Eliane. Avaliação do potencial de impacto dos
agrotóxicos no meio ambiente.
Disponível
em:
<http://www.biologico.sp.gov.br/artigos
_ok.php?id_artigo=124>. Acesso em: 26 mar. 2013.
•
TRAPÉ, Ângelo Zanaga. Efeitos toxicológicos e registros de intoxicações por agrotóxicos. Disponível
em: <http://www.feagri.unicamp.br/tomates/pdfs/eftoxic.pdf>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Respostas:
1. Dentre os principais fatores causadores de “perda de biodiversidade”, relacionados à agropecuária, destacam-se o desmatamento e o uso de defensivos agrícolas (agrotóxicos). O desmatamento
de áreas para o cultivo e para pastagens promove a eliminação e/ou redução da fauna e flora
nativas, já que o ecossistema natural tende a ser substituído e/ou demasiadamente alterado para
dar lugar às atividades agropecuárias. Ainda assim, algumas espécies vegetais e animais podem
permanecer nesse ambiente, mas o uso de defensivos agrícolas, como herbicidas (eliminam plantas indesejáveis) e pesticidas (eliminam insetos, pássaros, moluscos, micróbios etc.), acabam por
reduzir drasticamente ou exterminar os seres vivos restantes que interferiam negativamente na
criação de animais ou cultivo de plantas.
2.
a. Agrotóxicos são produtos químicos usados na lavoura, na pecuária e mesmo no ambiente doméstico,
tais como inseticidas, fungicidas, acaricidas, herbicidas, bactericidas, vermífugos, além de solventes,
produtos para limpeza e desinfecção, etc. Uma vez introduzidos no ambiente, os agrotóxicos podem
se tornar poluentes em consequência da sua toxicidade ou de seus produtos de degradação. Além
disso, o uso irregular de agrotóxicos ao longo dos anos tem provocado o acúmulo de resíduos de
compostos químicos nocivos na água, no solo e no ar. No caso do solo, o transporte vertical dos pesticidas no perfil do solo por lixiviação tem sido apontado como sua principal forma de contaminação e
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também do lençol freático (águas subterrâneas), juntamente com a água das chuvas ou de irrigação
que desce pelo solo. A contaminação de rios e lagos ocorre, em grande parte, pelo escoamento superficial (água de enxurrada). Nesses processos de transporte (volatilização, lixiviação e escorrimento superficial), os compostos orgânicos sofrem muitas alterações na quantidade (concentração) que
pode diminuir (por meio de diluição, ex.: na água), aumentar (reconcentração através de evaporação
do meio em que ele foi solubilizado) ou ainda sofrer transferência de fase. No que se refere à quantidade dos compostos durante o transporte, os compostos podem ser molecularmente alterados em
função de processos como a degradação (bio e fotodegradação) e das múltiplas reações químicas de
que eles podem participar, aumentar, diminuir ou mesmo inativar seu poder tóxico.
b. Os efeitos sobre a saúde podem ser de dois tipos: 1) efeitos agudos, ou aqueles que resultam da
exposição a concentrações de um ou mais agentes tóxicos, capazes de causar dano efetivo aparente em um período de 24 horas; 2) efeitos crônicos, ou aqueles que resultam de uma exposição
continuada a doses relativamente baixas de um ou mais produtos. As intoxicações agudas nos
seres humanos podem causar vômito, tontura, dor de cabeça, dificuldade respiratória, espasmos
musculares etc.; as intoxicações crônicas podem causar abortos, má formação de fetos, câncer,
dermatose, alergias respiratórias, transtornos psiquiátricos e até a morte.
3. Segundo o texto, a erosão é o arrastamento das partes constituintes do solo, através da ação da água
ou do vento, colocando a terra transportada em locais onde não pode ser aproveitada pela agricultura. Pela erosão o solo perde não só elementos nutritivos que possui, como também os constituintes
do seu corpo, logo um terreno fértil em que a erosão atuar acentuadamente se tornará pobre e apresentará baixa produção agrícola.
O principal agente causador da erosão nas áreas agrícolas são as águas das chuvas, que somadas
a certos atributos do solo e a ação antrópica podem favorecer o processo erosivo, já que as atividades humanas se constituem como principais agentes catalisadores desses processos.
4.
a. Na agricultura, o principal elemento que causa a compactação dos solos é o uso de máquinas na
lavoura (tratores e caminhões), devido à atuação de seu peso sobre as partículas do solo.
Dentre as implicações da compactação do solo, as principais são: a velocidade de infiltração da
água no solo diminui e menos água é armazenada no perfil do solo e nos lençóis freáticos, podendo causar déficit de água em regiões com estações secas severas; o escoamento superficial
das águas pluviais aumenta, já que a água da chuva que não é absorvida escorre pelos terrenos
e é finalmente escoada pelos rios, aumentando os riscos de cheias e modificando os padrões
dos cursos de água; a erosão causada pelo escoamento superficial também aumenta, levando à
perda de solo agricultável, à perda de nutrientes, à poluição da água por sólidos em suspensão,
à deposição de sedimentos nos rios e nas planícies de cheia e à modificação da morfologia dos
cursos de água; dificuldades de fixação das raízes de novas plantas e déficit de crescimento de
outras plantas, pois as raízes dificilmente penetram no solo e encontram fracas condições de
abastecimento em água; a aeração do solo diminui, prejudicando a fauna do solo.
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b. O pisoteio animal corresponde ao efeito da pressão mecânica sobre o solo, as gramíneas e a cobertura herbácea, em consequência do pisoteio pelos animais. É particularmente notável em locais
onde o pisoteio é repetido. Grandes densidades animais e cargas animais distribuídas irregularmente são causas de pisoteio excessivo, que podem ocasionar na compactação dos solos, principalmente em regiões tropicais com solos argilosos. Dentre os efeitos negativos, destacam-se a
redução da porosidade de porções do solo, que por sua vez levam à diminuição da aeração do solo
e infiltração de água, perda de solo e de nutrientes pela erosão, dificuldades de desenvolvimento do
pasto. Dentre os efeitos positivos do pisoteio animal, é possível destacar: remoção da crosta formada
na superfície dos solos quando alternam-se estações úmidas e secas, pois esta crosta limita a infiltração da água e a penetração das raízes das plantas; o pisoteio animal pode ajudar os dejetos e as
sementes a misturarem-se com as partículas do solo; as patas dos animais sobre os tufos de erva
estimulam o abrolhamento e o enraizamento dos rebentos, melhorando a cobertura do solo.
c. A compactação refere-se à compressão do solo não saturado durante a qual existe um aumento de sua
densidade em consequência da redução de seu volume. Dessa forma, quanto maior o peso e menor a
área de contato entre uma máquina ou animal e a superfície do solo, maior será a compactação deste.
d. A massa de um corpo é obtida através da força peso sob ação da aceleração da gravidade. A força é
medida em quilograma-força (kgf), em newton (N) etc., e a massa, em quilograma (kg), grama (g) etc.
A pressão é uma grandeza física, não vetorial, que relaciona a força exercida sobre uma dada superfície e a área dessa superfície, de acordo com a fórmula:
P= F
S
Onde: P = pressão
F = força
S = área
Dessa forma, temos:
P = (F/4)
S
Onde o número 4 corresponde ao número de rodas do trator e ao número de
patas do animal
a. no caso do trator:
b. no caso do cavalo:
P = (6.000/4)/1123,2 = 1,3 kgf/cm
2
ꜜPressão ꜜnº de rodas do trator
P = (420/4)/10 = 10,5
ꜜ
ꜜ
Pressão nº de patas do animal
Podemos perceber pela equação, que para uma dada força, quanto menor a área, maior a pressão.
Assim sendo, o cavalo compacta o solo aproximadamente 8 vezes mais que o trator, pois embora o
cavalo apresente menor massa que o trator ele possui menor área de contato com o solo.
5. Espera-se que o aluno discorra sobre a concentração de terras e de riquezas no campo brasileiro,
apontando como uma de suas implicações as grandes desigualdades socioeconômicas entre os
grandes produtores rurais, de um lado, e os médios e pequenos produtores, de outro. Além das
desigualdades nos níveis de vida, a concentração de terras também é uma das causas de conflitos
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no campo, envolvendo a posse e/ou a propriedade dos imóveis rurais, que são, na verdade, o meio
de produção para a manutenção econômica das famílias rurais.
ENEM E VESTIBULARES (P. 257)
1. A afirmação é correta, pois a origem da estrutura fundiária brasileira está relacionada com a implantação no Brasil, durante o período colonial, do sistema de capitanias hereditárias.
2. Alternativa A.
3. Alternativa D.
4.
a. O desenvolvimento do setor frigorífico na área 1 decorre da forte presença da atividade pecuarista
voltada para a produção de carne, impulsionada por uma série de características geográficas favoráveis à criação de gado – tais como a topografia relativamente plana, a vegetação de cerrado, a riqueza
hidrográfica da bacia do Paraná e a proximidade dos grandes mercados consumidores.
b. Na área 2, o desenvolvimento do setor frigorífico deve-se à forte presença da atividade pecuarista
voltada para a produção de carne. O desenvolvimento dessa atividade foi favorecido do ponto de vista
natural pelo fato de a região apresentar topografia plana e vegetação herbácea. Do ponto de vista
histórico-geográfico, destaca-se o fato de a ocupação econômica dessas áreas ter se apoiado na
expansão da pecuária.
5. Alternativa E.
6. Alternativa C.
7. Alternativa A.
7. Sugestões
de leitura
Unidade 1 – Da
ordem bipolar à nova ordem mundial
TEXTO 1: no texto a seguir, os autores fazem uma relação da globalização com o imperialismo,
argumentando que, mesmo sem intervir de fato como ocorria na antiga ordem, os Estados ricos continuam impondo sua cultura, seus produtos, seus gostos, seus hábitos alimentares, além de ditar as
localidades onde as diversas atividades econômicas devem se realizar.
A globalização e suas marcas
O que diferencia a globalização do imperialismo dos séculos XVIII, XIX e parte do XX é o modus
operandi. Enquanto as nações imperialistas estavam presentes de maneira física, fazendo-se sentir enquanto
força opressora, exploradora e expropriadora, com seus exércitos, suas armas e sua política de protetorados;
na contramão, hoje a presença se dá de modo sutil, suave como uma brisa, invisível. O domínio não se dá
mais pelo controle das fronteiras e territórios e sim pelos fluxos.
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Sob a forma de organizações, o capitalismo global foi impulsionado no período pós-guerra e, principalmente na segunda metade do século XX [...].
Milton Santos (1996) afirma de que a universalização do mundo pode ser constatada nos fatos; universalização da produção, incluindo a produção agrícola, dos processos produtivos e do marketing. Conforme o autor, estamos na era da universalização das trocas, universalização do capital e de seu mercado, a universalização
da mercadoria, dos preços e do dinheiro como mercadoria-padrão, também a universalização das finanças e das
dívidas, do modelo de utilização dos recursos por meio de uma universalização do trabalho, isto é, do mercado
do trabalho e do trabalho improdutivo, ainda a universalização do ambiente das firmas e das economias, dos
gostos, do consumo e da alimentação. Paralelo a este paradigma, ocorre ainda a universalização da cultura e
dos modelos de vida social, de uma racionalidade a serviço do capital erigida em moralidade igualmente universalizada, a universalidade de uma ideologia mercantil concebida do exterior; além disso, a universalização
do espaço, da sociedade tornada mundial e do homem ameaçado por uma alienação total.
Desse modo, a globalização, sob o mote da “mútua dependência” (enquanto uns poluem outros não
podem, enquanto uns produzem os outros consomem, enquanto uns permanecem agroexportadores, outros
impõem seus bens tecnológicos) leva aos quatro cantos do globo as “benesses do desenvolvimento econômico”, em detrimento da “pobreza e do habitus retrógrado” das localidades. [...]
Destarte nada disso é novidade ao cidadão médio de qualquer parte do mundo. Porém, se é verdade
que a globalização e o que advém dela tende a homogeneizar o mundo, também é verdade que ela não se
dá de modo simultâneo e igual em todas as partes. Num plano puramente técnico, a economia de mercado
só pode ser introduzida na medida em que o sistema de transporte for suficientemente eficaz para garantir
o encaminhamento dos excedentes da produção a seus consumidores eventuais. [...]
SILVA, E.; EIDT, P. Globalização: as marcas da homogeneização do mundo no universo regional. Revista Geografares, n°13,
p.160-191, dez, 2012. Disponível em: <http://periodicos.ufes.br/geografares/article/view/2949/3343>. Acesso em: 22 mar. 2013.
Unidade 2 – O
mundo atual: desigualdades e conflitos
TEXTO 2: este texto aborda a relação entre a pobreza e os conflitos armados no interior de um país,
argumentando que as desigualdades podem gerar revoltas internas ocasionadas pela fome, falta de
perspectiva de melhora, corrupção, criação de milícias, governos fragilizados, incitação ao ódio entre
diferentes grupos, entre outras tensões que a pobreza e a desigualdade podem proporcionar.
A pobreza como raiz de conflitos
O conflito é geralmente definido como uma interação entre pessoas ou grupos interdependentes os
quais percebem objetivos incompatíveis e esperam a interferência da outra parte, se tentarem alcançar seu
objetivo. Para esclarecer melhor esse conceito, o conflito poderia ser visto como um triângulo cujos vértices
são representados por três palavras: “estrutura”, “atitude” e “comportamento”. Assim, por “estrutura”, procura-se ressaltar as partes em embate e o conflito de interesse entre eles. Dessa forma, o conflito surge quando
as partes passam a ter vontades, valores ou metas incompatíveis. Enquanto isso, o termo “atitude” refere-se à
tendência que as partes apresentam em ver o conflito do seu próprio ponto de vista, em identificar-se com
o próprio lado e em diminuir as preocupações dos outros. Por último, o “comportamento” inclui gestos e
comunicações, os quais podem transmitir uma intenção hostil ou conciliadora.
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A pobreza pode entrar como parte da estrutura do conflito. Nesse sentido, ao olhar atentamente para
alguns pontos problemáticos na África, é possível notar uma correlação muito grande entre a pobreza e o
surgimento de conflito. No Sudão, por exemplo, a pobreza aguda do Sul, em comparação com o Norte, assim
como a sensação de que o governo estava explorando os recursos da região, sem qualquer retorno, contribuíram para a eclosão de conflitos em 1983. [...]
[...] a pobreza também pode contribuir para a maior instabilidade política. O governo corrupto ou
fraco fomenta a pobreza. Dentro dessa perspectiva, a pobreza generalizada faz com que uma administração
eficaz e equitativa seja mais difícil de ser estruturada. Portanto, o conflito surge quando os governos fracos
não conseguem melhorar a vida do seu povo e a sua legitimidade é prejudicada. Além disso, Estados falidos
representam um grande risco de segurança, porque, geralmente, são incapazes de controlar adequadamente
seu território, deixando áreas sem lei. Por conseguinte, podem tornar a região propícia para a atividade criminal e para os terroristas.
Segundo alguns analistas, aqueles que participam de manifestações violentas e de guerras no continente
africano são movidos pelas más condições econômicas. Com isso, quando os guerrilheiros se juntam a um
grupo de rebeldes, eles podem obter alimento e vestuário, bem como oportunidades para o reconhecimento
e auto promoção. Concordante a essa situação, grupos insurgentes alegam sobre a vontade em substituir um
determinado governo para que, com o poder em mãos, possam defender segmentos marginalizados da sociedade em regimes não democráticos. Afirmam, ainda, que a intenção é conferir-lhes expressividade política e
promover seus interesses sociais e econômicos, a fim de reverter, dessa forma, injustiças. Como consequência,
essa motivação costuma atrair amplo apoio popular à iniciativa de travar uma guerra civil.
Os jovens Estados, herdeiros do domínio colonial europeu, apresentam uma fragilidade política que
se manifesta no caráter vulnerável às intervenções internacionais e na permissividade ao mercado informal.
Com isso, o Estado acaba permitindo que outras forças políticas, incluindo grupos armados, preencham o
vácuo do poder político, assim como a circulação de armas ilegais. Na África, por exemplo, o vácuo criado
pela fraqueza do Estado torna o continente uma área de refúgio e proteção para o terrorismo internacional.
Subjacente aos conflitos internos encontra-se a crise do subdesenvolvimento, a qual é caracterizada pela
destruição generalizada do ambiente, pelo aumento das pressões demográficas e pelo subemprego. Nesse
sentido, enraizado em processos sociais, econômicos e políticos, a guerras promovem um movimento de
refugiados. Dentro dessa questão, o Secretário Geral das Nações Unidas argumenta que “à medida que
aumentam o empenho para resolver estas graves crises, através de esforços de manutenção da paz, ajuda
humanitária e assistência aos refugiados, o mesmo deve acontecer com os ânimos para responder à crise
latente do subdesenvolvimento, através da promoção de um desenvolvimento duradouro”.
LIMA, Yan Carlo Pacheco de. A pobreza como raiz de conflitos. In: LIMA, Yan Carlo Pacheco de. Pobreza e subdesenvolvimento como
raízes de conflitos. Disponível em: <http://www.internationali.com.br/guiagalileu.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2013.
Unidade 3 – A
produção industrial
TEXTO 3: o texto destaca a automatização de seu processo produtivo em uma indústria, demonstrando que, muitas vezes, a robotização pode ser mais lucrativa, porém, deixa muitas pessoas fora de
seus postos de trabalho, uma vez que não há realocação dos funcionários.
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Automatizar ou não automatizar?
Automatizar ou não automatizar? Eis a questão do mundo moderno. A linha de produção de uma
indústria precisa cada vez menos de mão de obra humana. Máquinas, robôs, computadores resolvem problemas com rapidez e eficácia que muitas vezes seriam difíceis de solucionar pelo homem.
Em algumas fases do processo de fabricação a automação é essencial, é o caso da usinagem e injeção. Já
nas fases de montagem e inspeção esta se torna uma escolha da empresa, que pode optar pela mão de obra
humana. Algo que ajuda nesta decisão é saber que a produtividade de um setor automatizado é cerca de
98%, enquanto com a utilização de pessoas fica em torno de 85%. Claro que colocar máquinas no processo
também tem suas desvantagens, e as duas principais são o alto investimento inicial nos bens de capital e o
desemprego gerado pela não-necessidade de pessoas no processo.
No entanto, o que parece desfavorável para a política econômica também ajuda em seu desenvolvimento. Mesmo gerando o desemprego em um primeiro momento, a automação baixa o custo do produto final,
tornando-o mais competitivo e estimulando a expansão do mercado, reempregando os trabalhadores. O que
acontece no processo de automação, em relação a mão de obra, são dois fatores: a mudança da oportunidade
de emprego do setor industrial para o setor do comércio e a exigência de mão de obra cada vez mais especializada para a indústria. [...]
Segundo pesquisas, essas mudanças ocasionadas pela automação industrial ainda colaboram para a
melhoria da qualificação profissional, a realização de trabalhos menos repetitivos, diminuição da jornada de
trabalho, mais tempo livre para os funcionários, motivação para a qualificação e ainda desenvolvimento da
economia.
Já quando se trata do alto custo necessário para automatizar um setor é preciso lembrar que uma máquina pode trabalhar 24 horas diárias, enquanto a jornada de trabalho de um funcionário é de oito horas.
Além disso, ainda tem os gastos com salário, benefícios, férias, afastamentos e sindicatos, enquanto a máquina
tem o custo fixo de implantação, manutenção preventiva e manutenção corretiva.[...].
Centro de Informação Metal Mecânica. Inovação e Processos. Automatizar ou não automatizar? Disponível em: < http://www.cimm.com.br/
portal/noticia/exibir_noticia/6846-automatizar-ou-nao-automatizar>. Acesso em 22 mar. 2013.
Unidade 4 – A
produção agropecuária no mundo e no
Brasil
TEXTO 4: neste texto, os autores defendem a ideia de que a crise mundial se desencadeou devido a
uma crescente crise agrária, fruto do processo de modernização do campo e consequente empobrecimento de trabalhadores e êxodo rural, gerando assim um contingente de pobres nas regiões urbanas.
Partindo destes argumentos, os autores desenvolvem o texto defendendo que o aumento da população
sem poder de compra acarreta no impedimento do consumo, levando a uma crise econômica ocasionada pela diminuição da circulação de mercadorias.
Crise agrária e crise geral
Ora, a partir do fim do século XIX, com a revolução dos transportes, todos esses sistemas foram
confrontando-se de modo progressivo em um mesmo mercado, cada vez mais unificado, que revelou diariamente mais desigualdades de toda ordem herdadas pelos próprios sistemas, com o desequilíbrio de
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produtividade e de retorno resultantes. Em seguida, no século XX, os ganhos de produtividade provenientes da segunda revolução agrícola (motorização, mecanização, fertilização mineral, seleção, especialização)
foram tão grandes que levaram a uma redução muito importante dos preços reais (reduzindo a inflação) da
maior parte dos gêneros agrícolas. Assim, a relação de produtividade do trabalho entre a agricultura manual
menos produtiva do mundo e a agricultura motorizada e mecanizada mais produtiva quintuplicou, passando de 1 a 10 no princípio do século a 1 a 500 atualmente.
Confrontados com essa dura concorrência, atingidos pela queda dos preços, os agricultores menos
equipados e os menos produtivos viram sua renda desintegrar-se. Incapazes de investir e de se desenvolver,
foram condenados ao atraso e à consequente eliminação. Assim, dezenas de milhões de pequenas e médias
propriedades agrícolas dos países desenvolvidos desapareceram desde o princípio do século. Após algumas
décadas, as mesmas causas produziram os mesmos efeitos. Centenas de milhares de propriedades camponesas subequipadas dos países em desenvolvimento se viram, por sua vez, mergulhadas na crise e eliminadas,
alimentando a maré montante do êxodo agrícola, do desenvolvimento da pobreza rural e urbana.
Tal imensa onda de desemprego e de pobreza planetária limitou o crescimento da demanda salarial
mundial, já insuficiente para permitir, em escala mundial, um vigoroso desenvolvimento industrial e agrícola. Assim, o arquipélago de prosperidade constituído pelos grandes núcleos industrializados e por seus
satélites, mesmo que ainda hoje continuem a desenvolver-se e a ampliar-se, encontram-se a cada dia um
pouco mais asfixiado pela falta de vazão, e a cada dia um pouco mais invadidos e ameaçados pela submersão
e pela subversão em razão do crescimento da miséria.
Portanto, nosso diagnóstico é: a crise geral contemporânea está enraizada na crise geral e ampla das
agriculturas camponesas menos dotadas pela natureza e pela história, resultantes essencialmente da concorrência com as agriculturas mais produtivas. O maior perigo de nossa época é o fato de que a redução
dos empregos agrícolas continua a predominar sobre a criação de postos de trabalho em outros setores da
economia e, por essa razão, o desemprego e a pobreza estendem-se em escala planetária sempre mais rapidamente que a criação de emprego e de qualidade de vida.
Não há dúvida de que o rápido aumento da população mundial amplia de modo considerável as
consequências desse fenômeno. Mas, paradoxalmente, o crescimento da população é também, por sua vez,
encorajado pela baixa dos preços agrícolas que ocorre há décadas, pois essa queda contribui para reduzir o
custo da reprodução alimentar da vida humana.
Se o problema essencial da economia do mundo atual reside essencialmente na confrontação destrutiva
entre agriculturas tão diversas e tão desigualmente produtivas que constituem a herança agrária da humanidade, então a solução da crise geral contemporânea passa, necessariamente, por uma política coordenada em
escala mundial, capaz de permitir à agricultura pobre em vias de extinção se manter e se desenvolver. Uma
política que permita, enfim, conter o êxodo, o aumento do desemprego e da pobreza, e permita restituir aos
países pobres um poder aquisitivo abrangente, único capaz de impulsionar de modo amplo os investimentos
produtivos e a economia mundial.
Conceder ou recuperar em todos os tipos de agriculturas herdadas do passado a possibilidade de participar da construção de um futuro viável para a humanidade é, segundo nosso ponto de vista, o verdadeiro
caminho para resolver a crise geral da economia mundial contemporânea.
MAZOYER, M.; ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico a crise contemporânea. São Paulo: Editora Unesp, 2010.
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