À ConQuista Do euro 2012

Transcrição

À ConQuista Do euro 2012
1
EDITORIAL
“Não nos iludamos: a dignidade da profissão de futebolista depende
de todos. De ti também. Não fiques de fora da nossa equipa”
Joaquim Evangelista
Presidente do SJPF
“O futebol sou eu”
É celebérrima a velha frase de Luís XIV “L`État c`est moi”.
A história demonstrou quão falível e irrealista foi – e é –
este caminho.
Joaquim Evangelista, Presidente da Direcção
Áreas de Intervenção
Assessoria Jurídica e Fiscal
Formação e Qualificação Profissional
Protecção Social e Seguros
Defesa da Saúde
Fundo de Solidariedade Social
Estágio do Jogador
Football Jobs - O Portal do Emprego
Futebol Feminino, Futsal e Futebol de Praia
Acordos e Benefícios
Há , no entanto, quem pretenda fazer
renascer estas ideias arrogando-se o direito
absoluto de tudo saber.
O presidente demissionário da União
Desportiva de Leiria, Futebol SAD, à boleia
do senhor presidente da Liga, regressou
às primeiras páginas do futebol nacional e
internacional pelas piores razões.
Confrontado, mais uma vez, com o
incumprimento salarial, em vez de assumir
as suas responsabilidades, quis vitimar-se
usando de todos os truques e envolvendo
toda a gente, criando um clima de suspeição
e intriga inaceitável.
A realidade da União de Leiria SAD é,
infelizmente, conhecida de todos. O que
agora sucedeu é o epílogo de uma gestão
danosa. De costas voltadas para a cidade,
perdeu o estádio, perdeu os adeptos,
perdeu os treinadores e, finalmente,
perdeu os jogadores.
FC Porto, Estoril
e 1.º Dezembro
Parabéns pela vitória
nos respectivos campeonatos.
2
João Bartolomeu é um homem só. João
Bartolomeu é a Leiria SAD e a Leiria SAD é João
Bartolomeu.
Em síntese conclusiva poder-se-á dizer que ao
contrário de João Bartolomeu, Leiria e o seu
clube/SAD merecem, salvo melhor opinião,
integrar o futebol no seu todo.
Salários em atraso
O incumprimento salarial é, infelizmente, um
flagelo que atinge recorrentemente o futebol
português.
Na verdade, sem esquecer as ocorridas
em anos anteriores, a situação vivida pelos
jogadores da União Desportiva de Leiria, Futebol
SAD - salários em atraso desde Novembro
e a consequente rescisão colectiva – afecta
irreparavelmente a credibilidade do futebol
português no plano nacional e internacional.
Ora, tudo isto não pode deixar ninguém
indiferente.
Portugal
no Euro 2012
O Europeu está à porta.
Portugal está com a sua Selecção.
03
O SJPF tem vindo, ano após ano, a tomar
posição inequívoca contra o drama do
incumprimento salarial em diversos clubes/
SAD’s, alertando para as consequências
que, em várias vertentes, daí resultam,
nomeadamente para o jogador – no plano
pessoal e familiar – para as competições –
integridade e verdade desportiva – e para
o futebol.
Face ao exposto, impõe-se mobilizar todos
os agentes.
Paralelamente, importa alertar as
entidades competentes no plano nacional
– Comissão Parlamentar da Educação,
Cultura, Ciência, Desporto e Juventude,
Conselho Nacional do Desporto, Federação
Portuguesa de Futebol, Liga Portuguesa
de Futebol Profissional - e internacional
– FIFA, FIFPro, UEFA, EPFL, ECA – para a
necessidade de conjugar esforços nesta
matéria.
João
Bartolomeu
Leira merece mais
e melhor.
memória
HUGO
VIANA
“
Era bom discutir por que é que os clubes grandes
em Portugal não contratam mais portugueses
ASF - Agência de Serviços Fotográficos - [email protected], Imagens que fazem história
”
Edição e propriedade
SJPF, Rua Nova do Almada, nº 11
3º Drt., 1200-288 Lisboa
www.sjpf.pt | [email protected]
T: 213 219 590 | f: 213 431 061
Dossier:
Incumprimento
salarial
P.16
Euro 2012:
À conquista
do campeonato da europa
P.34
Prémios SJPF
Março e Abril
P.37
Hernâni,
Miguel Arcanjo
e Barbosa
Director
Joaquim Evangelista
Director adjunto
Vitor Crisóstomo
Redacção
Tiago Abreu
Design
Bruno Teixeira,
M&M Design
Paginação
Bruno Teixeira
Fotografia
Bruno Teixeira,
ASF, Lusa
Colaboradores
Gustavo Pires,
José Neto e Manuel Sérgio
Especial 40.º aniversário:
Artur Jorge, Agostinho Oliveira,
José Eduardo e Pedro Gomes
P.48
As Nossas Internacionais:
Edite Fernandes
P.56
P.65
3 Editorial 4 Índice 5 Memória: Hernâni, Miguel Arcanjo e Barbosa
6 Zoom: FC Porto bicampeão nacional 10 Entrevista: Hugo Viana
16 Dossier: Incumprimento salarial 25 Gabinete Jurídico
26 Notícias 30 Opinião: Manuel Sérgio 30 Opinião: Gustavo Pires 32 Glórias: António Sousa
34 Euro 2012 36 Onze Remates: Nuno Santos (Sp. Covilhã) e Pacheco (St. Clara)
37 Prémios SJPF: Março e Abril 48 Especial 40.º aniversário: Artur Jorge, Agostinho Oliveira, José
Eduardo e Pedro Gomes 56 As Nossas Internacionais: Edite Fernandes 58 1.º Dezembro campeão
59 Clipping 60 Lazer 65 O Meu Estádio: Carlos Carneiro 66 Regresso à infância: Bock
Lazer:
Mercedes-Benz SL 65 AMG
membro
P.60
Impressão
Light Ideas, Lda.
Tiragem
2000 Exemplares
Dep. Legal 256825/07
O MEU ESTÁDIO: Carlos Carneiro
04
Faixas de campeão ostentadas
pelos jogadores do FC Porto na
sequência de campeonato ganho
pelos “dragões” na já muito
longínqua década de cinquenta.
Em 1955/56, após 15 anos de jejum, o FC Porto sagrou-se campeão nacional
(nessa época ganhou ainda a sua primeira Taça de Portugal). O brasileiro
Yustrich foi o timoneiro do sucesso. Duas temporadas depois, em 1958/59, já
com Bella Guttman como treinador, os portistas voltaram a celebrar a conquista
do título. Hernâni, Miguel Arcanjo e Barbosa, entre outros, contribuíram de forma
decisiva para esses triunfos.
05
zoom
FC Porto bicampeão nacional
Estavam as hostes portistas num tranquilo descanso quando foram “obrigadas” pelo Benfica – empatou com o Rio Ave, em Vila do Conde – a vir para
a rua celebrar a conquista do 26.º título de campeão nacional. De imediato, milhares de adeptos do FC Porto rumaram em direcção à Avenida dos
Aliados para dar vivas aos bicampeões mas a grande festa estava marcada para o exterior do Estádio do Dragão. A partir do varandim do recinto,
os jogadores celebraram o feito e agradeceram aos adeptos o seu incondicional apoio. A festa continuou no relvado uma semana depois...
Fotografia: Lusa
6
7
zoom
Do varandim para o relvado
Os jogadores e adeptos portistas não perderam a oportunidade de celebrarem a conquista do Campeonato no Estádio do Dragão.
Pintados a rigor, receberam aTaça antes do jogo com o Sporting (2-0) e rejubilaram após o final do desafio. Parabéns FC Porto!
8
9
ENTREVISTA
HUGO
VIANA
Gostava muito de ir ao Euro
“
”
Após uma passagem algo infeliz pela liga espanhola, Hugo Viana escolheu o Sporting de Braga
para relançar a sua carreira. E apostou bem. Aos 29 anos, é unanimemente considerado um dos
melhores jogadores do campeonato português. Presente nas fases finais dos mundiais de 2002
e 2006, o médio ambiciona regressar à Selecção e estar no Euro 2012.
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: Bruno Teixeira
Há 10 épocas, em 2001/02, sagrou-se
campeão nacional pelo Sporting. Que
balanço faz destes 10 anos?
Um balanço muito positivo. É certo que
durante estes 10 anos nem todas as coisas
foram boas mas no global o balanço é
positivo. Penso que no futebol, como em
quase tudo na vida, a última imagem é
que fica e acho que os últimos anos foram
bastante positivos para mim. Mas não esqueço
o passado. Tive duas pré-épocas no Valência
onde fui colocado à parte, a treinar sozinho, e
não contava para o clube. Foram anos difíceis.
Com o passar dos anos, alterou
a sua forma de jogar?
Com a experiência melhora-se e altera-se um
pouco a forma de jogar. Ao longo da carreira
trabalhamos com treinadores diferentes e
aprende-se um pouco com todos eles. Com o
passar dos anos a experiência e o saber ficam
mais refinados. Há alguns anos não pensava o
10
jogo tão tacticamente como o faço agora.
No Sporting, no Newcastle e agora no Sp. Braga
joga com o número 45. Por alguma razão em
especial?
Não, sempre tentei ter o mesmo número. No Valência
e no Osasuna não estava disponível. Comecei com o
45 e gostava de acabar com esse número.
Quando ingressou no Sp. Braga pediu o 45?
Sim, foi “uma exigência” que fiz.
011
ENTREVISTA
“
Com o passar dos anos a experiência e o saber
ficam mais refinados. Há alguns anos não pensava
o jogo tão tacticamente como o faço agora.
O Sp. Braga foi o clube ideal para relançar
a sua carreira após as épocas que jogou em
Espanha?
Neste momento posso dizer que sim mas também
foi um passo arriscado para mim, não por ser
o Sp. Braga clube, porque sabia que o próximo
clube, após ter estado duas épocas no Valência
com utilidade abaixo do normal, seria sempre um
risco. Foi o Sp. Braga e sabia que o clube tinha
todas as condições para eu relançar a minha
carreira.
Pode dizer-se que foi uma aposta ganha?
Sim, foi a escolha mais acertada e não tive
qualquer problema quando rescindi o contrato
com o Valência e assinei pelo Braga. Assinei por
três anos por saber também que o Braga é um
grande de Portugal.
Nota-se que o Sp. Braga está a crescer de
ano para ano. Os jogadores têm a noção
de que os adversários já olham para o Sp.
Braga de maneira diferente?
Nos últimos anos, o Braga tem feito coisas
importantes e o jogo que demonstra é de equipa
grande. Vai a qualquer campo sem receio e
sem olhar com tanto “respeito” como fazia
antigamente. Notamos ainda que as equipas
que defrontam o Braga já não o fazem tão
abertamente como no passado. Isso dificulta-nos
em campo mas também é sinal de que o clube
”
tem crescido e que já nos olham de maneira
diferente.
Independentemente da posição em que o
Sp. Braga terminar a Liga, pode considerarse a época positiva?
Sim, a época foi extremamente positiva.
No clube bracarense foi treinado por
Domingos Paciência e agora por Leonardo
Jardim. Quais as principais diferenças entre
os dois?
São dois excelentes treinadores. O Domingos teve
dois anos fabulosos – um segundo e um quarto
lugares no campeonato e uma presença na final
da Liga Europa – e ficará, juntamente com os
jogadores, na história do clube. Espero que o
mister Leonardo Jardim consiga ganhar algum
título com o Braga e assim fazer ainda melhor do
que o seu antecessor. Para mim, neste momento,
Leonardo Jardim é, como foi o Domingos no seu
tempo, o melhor treinador e os nossos jogadores
são também os melhores. Espero que a próxima
época seja importante para o treinador e para os
jogadores.
A derrota na final da Liga Europa frente ao
FC Porto foi um momento difícil de superar?
É um lugar-comum dizer-se que as finais não
se jogam, ganham-se. Perder foi duro mas foi
extremamente positivo termos lá chegado. Foi
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uma época muito desgastante fisicamente porque
tivemos que ganhar muitos pontos às outras
equipas no campeonato e tivemos uma segunda
volta brilhante, além de que ainda atingimos
uma final europeia. Para nós, para o clube e para
os adeptos foi excepcional. Perder a final não
manchou a campanha que realizámos.
Como é que digeriu a derrota?
Uma derrota é sempre difícil de digerir. Quando
perco custa-me a adormecer. Uma final é
um pouco diferente porque sabíamos que se
tivéssemos ganho iriamos ficar na história do
clube, embora tenhamos ficado na mesma na por
termos lá chegado. Se tivéssemos ganho a marca
seria ainda maior.
Volta a falar-se numa possível transferência
para o estrangeiro. Tem espírito de
emigrante?
Não sei… fui para o estrangeiro muito novo – 19
anos – e voltaria a fazer a mesma coisa. Neste
momento não me estou a ver a emigrar de novo
mas na vida nunca podemos dizer nunca digas
nunca. Tenho mais um ano de contrato com o
Braga e não penso nesse assunto.
Gostou mais da liga inglesa ou da
espanhola?
É difícil de escolher porque ambas são
espectaculares. São diferentes mas talvez pelo
“
Não vou ser hipócrita… o impacto do incumprimento num clube como o
Valência é diferente daquele que se verifica num clube mais pequeno.
respeito e pelo carinho que os adeptos têm pelos
jogadores, se tivesse de escolher seria a inglesa.
Em Portugal, todos os anos se fala de
salários em atraso. Acontece o mesmo em
Espanha e Inglaterra?
No Valência cheguei a ter dois, três meses de
salários em atraso. Mas embora isso por vezes
aconteça e seja complicado, em clubes dessa
dimensão, não sentimos tanto. Se olharmos para
os clubes mais pequenos é muito mais difícil para
estes do que para os clubes grandes. Se então me
”
tivessem perguntado se acreditava que o Valência
chegaria a essa situação eu diria que não. Mas
chegou. É uma situação mais complicada para o
clube do que para nós porque até aquele momento
os salários estiveram sempre em dia. Não vou ser
hipócrita… o impacto do incumprimento num
clube como o Valência é diferente daquele que se
verifica num clube mais pequeno.
Nesses campeonatos é exigido mais aos
jogadores estrangeiros do que em Portugal?
Em Portugal é o contrário. O jogador estrangeiro
13
tem mais tempo para tudo e o português não
tem tempo para nada. Acho ridículo o que
muitos clubes portugueses fazem ao jogador
português. Por exemplo, não compreendo que
jogadores titulares da Selecção Nacional
como o Carlos Martins ou o Hélder Postiga
tenham de emigrar. Hélder Postiga foi
titular em 70 ou 80 por cento dos jogos da
fase de qualificação para o Euro e, apesar
disso, para a maioria das pessoas a sua
transferência era mais bem-vista do que a
sua permanência. Tanto o Carlos Martins
ENTREVISTA
“
Uma derrota é sempre difícil de digerir.
Quando perco custa-me a adormecer.
como o Hélder Postiga foram para clubes
espanhóis que lutam para não descer
de divisão. Estamos a falar de jogadores
titulares da Selecção, “obrigados” pelos
adeptos a atingir uma final europeia, mas
que ao mesmo tempo são “escorraçados”
de clubes grandes. Não vejo o porquê, nem
compreendo o facto de isso acontecer. Mas
está à vista de todos. O Benfica não tem
portugueses na equipa titular, o Sporting tem
dois no onze base e o FC Porto é igual. Lá
fora é diferente. O Real Madrid tem quatro/
cinco espanhóis na equipa base, o Barcelona
está cheio de espanhóis. Era bom discutir
por que é que os clubes grandes em Portugal
não contratam mais portugueses.
Marcou sempre mais golos em Portugal
do que em Inglaterra ou em Espanha. É
mais fácil jogar em Portugal?
Não, claro que não, essencialmente penso
que a principal razão se deve ao tempo
de utilização que tive em Portugal e no
estrangeiro.
É considerado um dos melhores
jogadores da Primeira Liga. Não acha
que merecia ser convocado para o Euro
2012?
Gostava muito de ir ao Euro. Se eu fosse
responsável pela convocatória eu estaria
na lista mas sempre respeitarei as opções,
neste caso específico do seleccionador Paulo
Bento.
Se não for convocado sentir-se-á
14
”
injustiçado?
Não. Só podem ser 23 convocados. Resta-me
esperar pela convocatória.
Foi colega de Paulo Bento no Sporting.
Sempre tiveram uma boa relação?
Sim, há pouco tempo cruzámo-nos num evento
desportivo e estivemos a falar. Nunca tivemos,
ou haverá, qualquer tipo de problema entre
nós. Uma coisa é certa, nunca serei treinador
porque imagino que o papel do treinador seja
muito difícil e na hora de escolher seja muito
complicado. Por isso, para Paulo Bento não será
diferente.
Está convicto de que nunca será treinador?
Não me sinto com vontade para vir a ser
treinador. Neste momento não vejo o meu futuro
ligado ao futebol mas daqui a uns anos não se
sabe.
Já esteve presente em fases finais de
mundiais. No Euro 2012, Portugal ficou
num grupo com Alemanha, Dinamarca e
Holanda. Esse grau de dificuldade motiva
ou amedronta um jogador?
O estar presente no Europeu já é uma motivação
enorme. Portugal ficou num grupo complicado
mas as outras equipas estarão a pensar o
mesmo de Portugal. Nos últimos anos, a
Selecção Nacional tem estado quase sempre
bem em fases finais de europeus e mundiais
e acho que neste momento, com a equipa e
o treinador que Portugal tem, há razões para
estarmos ao lado da Selecção. Devemos estar
optimistas.
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No Euro, Portugal precisa de um grupo
de guerreiros?
Sim, esses jogos não se decidem só pela
técnica ou pela qualidade dos jogadores.
São jogos que se definem em lances de bola
parada e em pormenores importantes como
a questão física. Portugal tem uma equipa
tão bem preparada em qualidade técnica
como ao nível do confronto físico se isso for
necessário.
“
Em Portugal, o
jogador estrangeiro tem
mais tempo para tudo
e o português não tem
tempo para nada.
”
Hugo Miguel Ferreira Gomes Viana
15/01/1983 (29 anos)
Naturalidade: Barcelos
Posição: Médio
Camisola nº: 45
Clubes: Sporting, Newcastle, Valência,
Osasuna e Sporting de Braga
Títulos:
1 liga portuguesa
1 Taça de Portugal
(ambas em 2001/02)
Internacional por Portugal
dossier
Incumprimento
salarial
Um flagelo que
atinge o futebol
português
A temporada 2011/2012, no
que ao incumprimento salarial
diz respeito, não pode deixar
ninguém indiferente. Na verdade,
sem esquecer as ocorridas em
anos anteriores, a situação
vivida pelos jogadores do União
Desportiva de Leiria, Futebol
SAD - salários em atraso desde
Novembro, consequente rescisão
colectiva e a realização de um
jogo com 8 jogadores - afecta
irreparavelmente a credibilidade
do futebol português no plano
nacional e internacional.
O SJPF tem vindo, ano
após ano, a tomar posição
inequívoca contra o drama do
incumprimento salarial em
diversos clubes/SAD’s, alertando
para as consequências que, em
várias vertentes, daí resultam.
Na verdade, e em primeiro lugar,
está em causa o direito ao
salário - suporte económico do
trabalhador e da sua família constitucionalmente consagrado.
Releva, por outro lado, o respeito
integral pela verdade desportiva
posto em causa quando uns
16
cumprem e outros não tirando os
últimos vantagens ilegítimas do
incumprimento.
Quanto ao primeiro aspecto,
além da privação do salário, em
si mesma jurídica e eticamente
reprovável, acresce a ofensa
à dignidade do trabalhador,
quer em termos estritamente
profissionais, quer, sobretudo,
no que toca à sua dignidade
e independência sob a óptica
sócio-familiar.
Com efeito, o jogador tem o
dever de trabalhar e fá-lo com
empenho e profissionalismo mas
não lhe é conferido o direito à
correspondente retribuição.
Acresce que esta situação deixou
de ser vista como um episódio
esporádico, conjuntural, para se
tornar permanente, estrutural.
Isto deve-se, não apenas a
uma atitude negligente, mas
sobretudo, à ausência de
um modelo de licenciamento
capaz de fiscalizar e sancionar
adequadamente os actos de má
gestão dos clubes.
Na vertente desportiva não
cumprir implica, como se disse,
tirar proveito.
Na verdade, uma competição
onde impera a concorrência
desleal está intrinsecamente
ferida de credibilidade porque
põe em causa os princípios da
igualdade de participação e da
verdade desportiva.
O Sindicato, está insatisfeito e
17
procuranda colocar o assunto
na agenda desportiva. Para
tanto solicitou uma audiência
na Assembleia da República
com a Comissão Parlamentar
de Educação e Desporto; lançou
a Petição Contra os Ordenados
em Atraso no Futebol Português
e preconizou soluções. Agora é
tempo de agir.
dossier
Glossário da crise
Afinal, o que está em causa?
Ao longo do “processo União
de Leiria SAD”, houve quem
pretendesse justificar os seus
actos lançado ruído e criando
um clima de suspeição. Importa,
por isso, recordar o essencial: os
jogadores privados do seu salário
(4 meses) e com o presidente
demissionário exerceram um
direito: a rescisão do contrato de
trabalho desportivo; o Sindicato
actuou quando foi chamado; e ao
mesmo tempo lançou propostas
para o futuro. A ver:
Incumprimento
Infelizmente o incumprimento
salarial é um problema
recorrente no futebol português.
Neste final de época, cerca
de “80 por cento dos clubes
tinham ordenados em atraso.”
diz Joaquim Evangelista. Em
Portugal a banalização do
incumprimento leva a que muitos
clubes não assumam a situação
ilegal em que vivem. Mas a lei
é clara: o clube tem de pagar o
ordenado até ao dia 5 do mês
seguinte à prestação do trabalho.
Esta temporada, foram públicas
as situações graves da União de
Leiria, Vitória de Setúbal, Vitória
de Guimarães, Leixões, União da
Madeira, etc...
Fundo de garantia salarial
Criado em 1998, com uma
verba inicial de 100 mil euros
disponibilizada pelo Sindicato
dos Jogadores (A Liga e a
Federação entrariam cada um
também com 100 mil euros),
este fundo foi constituído para
fazer face ao problema do
Estrela da Amadora. Hoje, como
é do conhecimento geral, depois
dos problemas verificados em
vários clubes ao longo dos anos
(Belenenses, Setúbal, Estoril,
Rio Maior, Atlético de Valdevez,),
está praticamente esgotado e
necessita de ser reforçado – o
Sindicato dos Jogadores já o
propôs à Liga. O Sindicato propôs
mais: a criação de um Fundo
semelhante ao espanhol, da
responsabilidade da Liga e gerido
pela LPFP e o SJPF.
João Bartolomeu
É o presidente da União
Desportiva de Leiria, Futebol SAD.
Principal acionista, é também um
presidente demissionário. A sua
intervenção pública foi marcada
por declarações polémicas e
contraditórias envolvendo tudo
e todos num clima de suspeição
e intriga surpreendentes. “João
Bartolomeu é um homem só.
João Bartolomeu é o Leiria SAD e
o Leiria SAD é João Bartolomeu.
Leira merecia mais e melhor”, diz
Joaquim Evangelista.
Licenciamento (actual)
Segundo o actual modelo de
licenciamento aplicado pela Liga,
o organismo faz dois controlos
salariais aos clubes, o último em
Novembro. Ao longo do “processo
União de Leiria”, a Liga chegou
a emitir um comunicado a
garantir “que não havia salários
em atraso na I e II Ligas”. Ora, o
contrário é uma evidência. E isto
significa que o actual modelo de
licenciamento é um falhanço.
Licenciamento (futuro)
O Sindicato dos Jogadores
defende um órgão de
licenciamento numa entidade
externa e independente,
composto por elementos da Liga,
Federação e Sindicato. A Liga,
enquanto entidade patronal e,
como tal, parte interessada e não
pode fiscalizar-se a si própria.
Mário Figueiredo
É o presidente da Liga
Portuguesa de Futebol
Profissional. É o homem do
momento. O homem providencial
18
que descobriu as soluções para
o futebol português. Quando se
perspectivava um diálogo social
participado, refém de promessas
eleitorais, o presidente da Liga
consegue de uma assentada
dividir, clubes, Federação e
Sindicato.
Rescisão colectiva
Os salários em atraso ( 3 e 4
meses) foram o fundamento
invocado pelos jogadores para a
rescisão unilateral.
Sindicato
O Sindicato acompanhou,
acompanha e acompanhará
sempre os jogadores de futebol,
quer no plano humano, jurídico
ou material. Politicamente
preconiza as as soluções para
erradicar o problema e na prática
está sempre, em concordância
com os jogadores, onde é
chamado a intervir.
União de Leiria SAD
Infelizmente é um caso recorrente
ao nível dos ordenados em atraso.
Clube afastado da sua cidade,
perdeu quatro treinadores e
perdeu os jogadores. Depois
das rescisões de Jô, Obradovic,
Luís Leal e Hugo Alcantâra, 16
jogadores fizeram a rescisão
colectiva. “Não é a primeira época
que temos ordenados em atraso,
mas é a primeira em que nos
sentimos abandonados; estamos
sozinhos, ninguém aparece, o
presidente está demissionário, já
houve jogadores que enviaram as
famílias para os seus países...”,
19
explicou o capitão Marco Soares.
Verdade desportiva
Na jornada 28 da Liga, a União
de Leiria SAD entrou em campo
apenas com oito jogadores num
jogo de má memória para o
futebol português.
Este episódio colocou em causa
a integridade das competições e
a verdade desportiva.
dossier
Rescisão colectiva
Decisão histórica em Leiria
O plantel da União de Leiria
assumiu uma posição histórica,
no dia 28 de Abril. 16 jogadores
avançaram com um processo de
rescisão colectiva, respondendo
dessa forma ao incumprimento
salarial por parte do clube (a
caminho dos cinco meses de
atraso) e à indiferença do futebol
em geral, nomeadamente da Liga
Portuguesa de Futebol Profissional.
Os futebolistas assumiram os seus
direitos. Perceba todo o processo:
16 de Abril
Depois dos contactos frustrados
nos últimos meses e da ausência
de qualquer acompanhamento por
parte da direcção da SAD, para
resolver o problema dos ordenados
em atraso, nomeadamente
nos casos mais dramáticos, os
jogadores leirienses pedem ajuda
ao Sindicato dos Jogadores
e reúnem-se neste dia com o
presidente Joaquim Evangelista.
“Mandatamos o Sindicato para
negociar uma solução junto da
SAD e da Liga. Se dentro de uma
semana não houver soluções
para resolver a situação de
incumprimento, então tomaremos
novas medidas”. Os jogadores
tinham equacionado avançar para
a greve, mas essa decisão acabou
por ser adiada na expectativa de
uma solução.
23 de Abril
Passada uma semana, e apesar
dos contactos formais entre
Joaquim Evangelista, Mário
Figueiredo e João Bartolomeu, o
incumprimento manteve-se e os
jogadores solicitaram nova reunião,
desta vez na Marinha Grande.
Face ao impasse a vontade dos
jogadores foi soberana: o plantel
decidiu avançar com um pré-aviso
de greve, que se aplicava a cada
um dos três jogos que faltavam
disputar no campeonato, caso
não fossem pagos pelo menos
três meses de ordenados em
falta. Nesta altura, recorde-se,
já havia jogadores a caminho
dos cinco meses em atraso. A
notícia do pré-aviso de greve teve
um forte impacto. Os jogadores
chegaram a ser alvo de pressão e
houve dirigentes da SAD leiriense
que vieram sugerir que estavam
a faltar às suas obrigações.
Mais foram ameaçados de que
só receberiam se evitassem a
despromoção.
27 de Abril
Apesar das reuniões com a Liga e
o Clube não houve resposta para
os problemas dos jogadores que,
desta forma, se viram obrigados a
tomar uma posição definitiva: 16
futebolistas entregaram o pedido
rescisão colectiva.
29 de Abril
O União de Leiria-Feirense
disputa-se com a equipa da casa a
apresentar apenas 8 jogadores e a
perder por 4-0.
20
21
dossier
Hugo Alcântara
O
último
salário
que
recebi
“
recebi foi o de Novembro. Pagaram
o mês de Dezembro a alguns
jogadores, mas eu fiquei entre
aqueles que não o receberam, o
que desde logo demonstra a forma
como actuou a administração da
SAD.
Não sentiu apoio por parte da
administração?
Falei várias vezes com o
presidente, que me prometeu
pagar esse mês de Dezembro,
para conseguir suportar algumas
despesas urgentes, mas depois não
cumpriu a palavra. Depois pedi-lhe
algum dinheiro, só para coisas
como a renda e para a conta da
Luz, disse-me que me ajudava,
mas voltou a não passar-me nada.
Cheguei a pedir-lhe dinheiro para
a comida...
Depois de Jô, Obradovic e Luis
Leal, Hugo Alcântara foi o quarto
jogador a rescindir com a União
de Leiria. Veja a entrevista do
defesa central brasileiro — ainda
antes da recisão colectiva —, um
futebolista que aos 32 anos e após
sete temporadas em Portugal foi
obrigado a abandonar a sua casa
por não ter dinheiro para pagar a
renda.
Qual era a sua situação na
União de Leiria?
Muito difícil. Nos últimos dias tinha
sido obrigado a sair de casa porque
fiquei sem dinheiro para pagar a
renda. Era um amigo meu que me
estava a sustentar, o Elvis, que
também jogava na União de Leiria.
Era ele quem comprava a comida.
Quantos meses de ordenado
tinha em atraso?
Havia casos de três meses mas eu
tinha quatro. O último salário que
“
Houve jogadores que
foram contratados como
reforços em Janeiro
e não receberam
um único salário
”
E aí decidiu pedir a rescisão
com justa causa.
Sim, porque quando uma pessoa
22
não se esforça para cumprir
com os seus deveres, então não
há que fazer mais sacrifícios
por essa pessoa. Devo dizer
que os jogadores da União de
Leiria são grandes profissionais
e têm demonstrado grande
profissionalismo, aguentaram até
um ponto extremo e continuam
a representar o clube, mas no
meu caso concreto fiquei com o
problema de estar sozinho, sem
soluções – tenho a minha família
no Brasil, não tenho mais ninguém
e os sacrifícios que estava a fazer
tornaram-se incomportáveis. O que
me resta é ir embora.
Como é que um plantel se
mantém equilibrado perante
uma situação destas, sabendo
que há casos de tratamento
diferenciados dentro do grupo?
Toda a gente sabe que no futebol
é normal haver um tratamento
especial para um jogador mais
importante, ou por exemplo para
aqueles que podem vir a revelar-se
bons negócios no futuro, dando
dinheiro a ganhar aos clubes, mas
isso não pode chegar ao ponto de
lhes pagar e deixar outros sem
nada. No meu caso, sendo um dos
jogadores mais experientes da
equipa, talvez me vejam como um
foi o de Novembro”
dos principais responsáveis pelo
fracasso desta temporada.
Qual era o ambiente na equipa?
O ambiente no plantel não tem sido
fácil nos últimos dias, nos treinos
chegámos ao ponto de entrar em
algumas picardias, porque muitos
andam com a cabeça cheia.
Psicologicamente não é fácil,
estamos a falar de pais de família,
pessoas com responsabilidades.
Foi por isso que, em Abril, o grupo
parou e reuniu: a situação não
podia continuar! Estamos a falar
de futebol profissional. Houve
jogadores que foram obrigados a
mandar a família de volta para os
seus países, porque não tinham
“
para o treino com uma sandes ou
uma sopa. É lamentável.
Havia jogadores que
íam para o treino
com uma sandes
ou uma sopa
”
dinheiro para mantê-la cá; houve
jogadores que foram contratados
como reforços em Janeiro e não
receberam um único salário; iam
Chegou a Portugal em 2001 e
jogou em vários clubes. Como
é que olha para o futebol
português hoje em dia?
Fico triste, quando cheguei a
Portugal a realidade era bem
diferente. Hoje os clubes não
honram os seus compromissos,
sabemos que existe uma crise
muito grande mas creio que
a razão principal é a falta de
planeamento. Quando se faz um
orçamento, esse orçamento tem
de ser cumprido. Hoje em dia já
se paga pouco, os orçamentos
são pequenos, mas mesmo assim
os dirigentes não são capazes de
cumpri-los.
Qual é o seu futuro imediato?
Vou para junto da minha família no
Brasil e logo se vê o que aparece.
Um regresso a Portugal não está
fora de hipótese, até porque nem
todas as experiências serão como
estas... Mas agora é serenar, para
já só posso agradecer o apoio do
Sindicato, é importante saber que
existe este apoio para os jogadores.
Rescisões
Obradovic
O defesa sérvio Milos Obradovic
foi outro dos jogadores que
avançaram com a rescisão
unilateral do contrato que
o ligava à União de Leiria,
alegando justa causa devido a
salários em atraso. “Recebemos
Luís Leal
muitas promessas mas a verdade
é que continua tudo na mesma.
A minha situação tornou-se
insustentável, fiquei sem dinheiro
para comer e tive de mandar
a minha mulher e filho para a
Sérvia”. afirmou Obradovic.
23
O avançado de 24 anos da
União de Leiria, Luís Leal,
avançou igualmente para a
rescisão unilateral do contrato
que o ligava à União de Leiria,
alegando justa causa devido a
ordenados em atraso. “Tinha
três meses de ordenados em
atraso, um filho e uma casa para
pagar... O meu contrato durava
até 2014 e se no primeiro ano
a situação já era esta, só podia
tomar esta decisão”, disse o
futebolista.
dossier
Caso SC Praiense
O exemplo de como se luta
Gabinete Jurídico
esclarece
Organização Financeira
das Competições Profissionais
Em que consiste?
A Liga Portuguesa de Futebol
Profissional (LPFP) exerce o controlo
financeiro dos clubes que participam
nas suas competições definindo,
no Regulamento de Competições
e nos Pressupostos Financeiros
de Participação nas Competições,
regras que pretendem salvaguardar
o cumprimento dos compromissos
financeiros assumidos com jogadores
e treinadores.
Hélder Monteiro, Mário Vitorino e
Danilson Ribeiro desvincularamse do SC Praiense com os seus
direitos laborais garantidos,
depois das ameaças de que
foram alvo por parte de
dirigentes do emblema açoriano.
O diferendo entre o clube
os jogadores atingiu maior
gravidade quando estes se viram
pressionados a abandonar a
casa que lhes tinha sido cedida
e na qual tinham direito de
residência. Esta ameaça, que
aliás é recorrente a jogadores
que vivem nas ilhas e estão
sozinhos , configura uma atitude
inqualificável.
Garantir a serenidade e
o discernimento nestas
circunstâncias é muito difícil e a
maioria dos jogadores acaba por
abdicar de parte ou a totalidade
dos seus direitos. Neste caso,
os jogadores não desistiram e
não abdicaram dos seus direitos
apesar do clima hostil que lhe foi
criado.
“Quando o clube me confrontou
com a saída sem qualquer
explicação já tinha entrado
em contacto com o Sindicato
e isso fez a diferença. Deu-me
confiança e segurança. Não
tive qualquer medo. Quando o
Sindicato entrou em acção, o
assunto ganhou dimensão pública
e os dirigentes recuaram. Saí da
ilha de cabeça erguida e com os
meus direitos garantidos”, afirma
Hélder Monteiro, realçando a
importância de estar informado
acerca dos seus direitos. “Resolvi
não apenas a minha situação,
mas também a dos meus colegas.
Depois, recebemos muitas
mensagens de apoio, daqueles
que estão mais próximos de nós,
mas também de muitos amigos
que partilhamos no Facebook.
Tudo isso provocou um grande
24
Texto: João Lobão (Jurista)
impacto na ilha. Eu sei que é
difícil mas espero que haja uma
mudança de mentalidade e os
dirigentes respeitem os jogadores
e os compromissos assumidos.”,
concluiu Hélder Monteiro.
João Lobão, jurista do Sindicato
dos Jogadores, destaca a
importância da informação
prévia, que os jogadores nem
sempre procuram. “É bom que
tenham noção que o Sindicato
dos Jogadores não serve apenas
de último recurso, mas que pode
ajudá-los a estar precavidos para
esta e para outras situações”,
explicou.
Como funciona?
O controlo financeiro por parte da
LPFP consubstancia “check points”
em que os clubes têm de demonstrar
o cumprimento das respectivas
obrigações financeiras com jogadores
e treinadores.
Quando é que os clubes
têm de comprovar que
estão com a situação
regularizada?
A Liga Portuguesa de Futebol
Profissional controla os clubes em
dois momentos. O primeiro é em 15
de Dezembro da época em curso,
onde os clubes devem demonstrar
que os salários dos jogadores estão
devidamente pagos de 31 de Maio
até 10 de Novembro (da época em
curso); o segundo é na altura da
candidatura à sua participação na
época seguinte. Aqui, os clubes têm
de demonstrar que, até à data da
candidatura, não se encontram em
dívida quaisquer salários com os
atletas e treinadores.
Como se prova o pagamento
aos jogadores?
No primeiro momento através dos
recibos de vencimento assinados
pelos jogadores ou dos recibos de
vencimento com prova de pagamento
por parte do clube.
No segundo momento, o clube
deve apresentar à Liga Portuguesa
de Futebol Profissional uma
declaração de inexistência de dívidas
a jogadores, subscrita pelos seus
representantes legais.
Quais os jogadores
abrangidos pela declaração
de inexistência de dívidas?
A declaração de inexistência de
situação de dívidas salariais apenas
abrange os jogadores constantes
da listagem entregue na Liga
Portuguesa de Futebol Profissional
que integravam o plantel do clube
na época desportiva anterior e cujo
vínculo se mantém na altura de
apresentação de candidatura.
INFORMA-TE
Gabinete Jurídico
Tel. 213219590
Tlm. 914393320
[email protected]
Passaporte
Clube indonésio tentou reter Moses
O Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol apoiou
Moses Sakyi no processo
desvinculação do Persib Bandung,
da Indonésia.
O futebolista ganês, que em
Portugal jogou no Estoril, Estrela
da Amadora, Olhanense e
Gondomar, enfrentou uma situação
complicada quando o clube
indonésio lhe negou diligências
para conseguir um novo visto e o
impediu de vir a Portugal tratar do
processo, chegando mesmo a reter
o seu passaporte.
A situação do jogador degradouse a partir do momento em que
o treinador que promoveu a sua
contratação, o croata Drago
Mamic, foi despedido. Moses pediu
apoio ao Sindicato dos Jogadores,
o caso foi comunicado à FIFA e
25
“
Só posso agradecer.
Eu telefonava para
Portugal e atendiam-me
o telefone no Sindicato.
Queriam ficar com o meu
passaporte, mas agora
estou livre.
“
os dirigentes do Persib Bandung
recuaram. “Só posso agradecer.
Eu telefonava para Portugal
e atendiam-me o telefone no
Sindicato. Queriam ficar com o
meu passaporte, mas agora estou
livre.
Se voltarei a jogar em Portugal?
Quem sabe! Estou à espera para
ver o que acontece”, disse o
jogador.
notícias
Portugueses campeões
em Espanha e na Rússia
Vítor Damas homenageado
O estádio José Martins Vieira, na Cova
da Piedade, em Almada, foi palco da
mais que merecida homenagem a Vítor
Damas (1947-2003), um dos maiores
guarda-redes da história do futebol
português. Inúmeras personalidades
do futebol e do espectáculo fizeram
questão de estar presentes no evento.
“Vítor Damas confunde-se com a
história do Sporting. Foi um jogador
que marcou várias gerações, com
uma dimensão superior e é muito
provavelmente o maior símbolo do
Sporting. O Damas está para o Sporting
como o Eusébio está para o Benfica”,
explicou Mário Jorge, ex-jogador do
Sporting, ao SJPF.
Também João Barnabé recordou
Damas com saudade. “Ele foi um
irmão que não tive”, disse emocionado,
adiantando: “Ele vivia o jogo como
ninguém. Muitas vezes foi Damas
1, Adversário 0. O próprio Eusébio
reconheceu que Damas foi o adversário
mais difícil que defrontou na sua
carreira. Damas representa um valor
desportivo mas também humano.” O universo sportinguista esteve muito
bem representado na homenagem
com as presenças “in loco” de Manuel
Fernandes, Mário Jorge, João Barnabé,
Lima, Pedro Gomes, António Bessone
Bastos, Fernando Peres e John
Toshack, entre muitos outros.
Relativamente ao futebol jogado dentro
das quatro linhas a equipa convidada
contou nas suas fileiras com estrelas
do quilate de Sérgio, Oceano, Chainho,
Marinho, João Oliveira Pinto, Litos,
Joaquim Evangelista (presidente do
SJPF), Amaral, Cadete, Bruno Caires,
Kapinha (actor) e os irmãos Sérgio e
Nelson Rosado (Anjos), entre outras
figuras. Já os Veteranos do Sporting
não dispensaram os “serviços”, só para
citar alguns, de Melo, Edel, Fernando
Mendes, Virgílio, Freire e Pérides.
O encontro, arbitrado por Pedro
Henriques, acabou com uma igualdade
a quatro golos.
O resultado era o que menos
interessava. Importava sim relembrar
Vítor Damas. “O Damas partiu há nove anos, mas
continua presente. É uma pessoa
que fez parte da nossa comissão e
seguramente não será esquecida.
Temos um enorme carinho por quem
ele foi. É motivo de satisfação poder
contar com toda a gente. O que há
de bom no futebol são os jogadores”,
afirmou Edel, da Comissão de
Veteranos do Sporting.
26
A qualidade do jogador português
é indiscutível. Os clubes
estrangeiros – ao contrário
da maioria dos emblemas em
Portugal – estão cada vez mais
atentos a esta realidade e, de
ano para ano, apostam de modo
crescente no jogador português e
com resultados positivos.
Esta temporada, na Croácia,
Tonel sagrou-se bicampeão
pelo Dínamo de Zagreb. Na
Rússia, o Zenit é igualmente
bicampeão com a ajuda de três
portugueses: Bruno Alves (na
foto), Danny e Fernando Meira
(este último jogou na fase
regular da competição antes de
se transferir para o Saragoça, de
Espanha). Em Espanha, o Real
Madrid finalmente conseguiu
27
quebrar a hegemonia do
Barcelona e voltou a conquistar
o título. Os merengues com o
contributo de Cristiano Ronaldo,
Pepe, Fábio Coentrão, Ricardo
Carvalho e Pedro Mendes
venceram pela 32.ª vez a liga
espanhola. Este triunfo foi
também marcante para José
Mourinho. O técnico português
alcançou o feito de vencer
quatro campeonatos diferentes,
algo que apenas o italiano
Giovanni Trapattoni e o austríaco
Ernst Happel tinham conseguido
até à data.
Por fim, e para já, na Hungria,
Marco Caneira, Gonçalo Brandão
e Filipe Oliveira, orientados por
Paulo Sousa, venceram a Taça da
Liga ao serviço do Videoton.
FIFPro
Acordo histórico em Bruxelas
A FIFPro, a UEFA, a EPFL
(Associação de Ligas Europeias)
e a ECA (Associação de Clubes
Europeus) assinaram em Bruxelas,
na Bélgica, um acordo histórico,
estabelecendo os requisitos
mínimos que vão orientar os
contratos de trabalho dos jogadores
nos países da União Europeia
e nos restantes que integram a
UEFA – Autonomous Agreement on
Minimum Requirements Standard
Players Contracts.
As regras que passam agora a
ser comuns foram alvo de grande
debate ao longo dos últimos anos
e vêm colmatar lacunas graves
diagnosticadas, principalmente, em
campeonatos da Europa de Leste.
Ainda recentemente a FIFPro, no
seu “black Book” denunciou casos
de “terrível falta de respeito” pelos
profissionais do futebol em clubes
da Grécia e da Rússia.
Com o novo acordo, todos
os clubes dos 53 países que
integram a UEFA deverão aplicar
procedimentos a vários níveis – os
contratos devem ser escritos e
devem definir os direitos e deveres
de clubes e de jogadores; devem
prever as formas de remuneração,
seguros e segurança social; as
disposições relativas a rescisões,
resolução de litígios e legislação
aplicável devem ser claras.
Os jogadores, por outro lado,
terão de assumir compromissos
ao nível da participação nos
treinos, estilo de vida e de
resposta aos procedimentos
disciplinares em vigor.
Joaquim Evangelista, presidente
do Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol (SJPF)
e membro do Board da FIFPro
Divisão Europa, assistiu à
assinatura do acordo e realçou a
sua importância. “É um momento
único e histórico, foi dado um
grande passo na defesa dos
jogadores. Isto só foi possível
porque estiveram à mesa os
principais parceiros do futebol,
em busca de um entendimento,
com um resultado que desde logo
prova como é possível dialogar. É
28
um bom exemplo para Portugal
– se houver verdadeiro diálogo
podemos superar vários problemas
urgentesr”, afirmou.
O acordo foi assinado por Michel
Platini (presidente da UEFA),
Frédéric Thiriez (presidente da
EPFL), Karl-Heinz Rummenigge
(presidente da ECA) e Philippe
Piat (presidente da FIFPro Divisão
Europa); e ainda por László
Andor (comissário europeu para
o Emprego, Assuntos Sociais e
Inclusão) e Androulla Vassiliou
(comissária europeia para o
Desporto). A Comissão Europeia
apoia o diálogo social no futebol
profissional e vai monitorizar a
implementação do acordo.
29
opinião
A Ascensão da Insignificância
O livro “A Ascensão da Insignificância”, de
Cornelius Castoriadis, traduzido para português
pela Editorial Bizâncio, parece-me de grande
atualidade. “Qual o exemplo que as sociedades do
capitalismo liberal fornecem ao resto do mundo?
O único valor que existe nelas é o dinheiro, a
notoriedade mediática ou o poder, no sentido mais
vulgar e irrisório do termo” (p. 70).
A sociedade não degenerou, por isso,
biologicamente, a tecnociência progride
diariamente e, diariamente também, a medicina
rasga novos horizontes – a sociedade degenerou,
sim, ética e culturalmente, quando é de bom-tom
entoar ladainhas ao conformismo diante do
consumo, do deus-dinheiro, de um capitalismo
demencial, da crise de sentido e significação.
Não, não recebo o termo “actual”, com grande
carga afetiva, dando-lhe um significado de
mau, de falso, de execrável. Digamos antes
que nunca, como hoje, uma crise económica
e social e política se tornou tão visível (até
nas próprias religiões). Não é por acaso que
vivemos a Sociedade do Conhecimento da Era
da Informação! Nos meus tempos de rapaz
(bem me lembro), havia um sentimento de
firme estabilidade e de radical confiança em
MANUEL SÉRGIO
Filósofo do Desporto
“
O desporto de alta competição
reproduz e multiplica as taras da
sociedade capitalista
”
determinados valores – e valores que eram
uma continuidade do mundo clássico e do
cristianismo. Vivíamos então, em Portugal, um
regime político de ditadura e um clima social
de catolicentrismo? Não o nego, mas quando
se apontavam “os amanhãs que cantam”,
no capitalismo ou no marxismo, uma grande
esperança iluminava as palavras, porque se
descortinavam Absolutos em que se acreditava:
Deus (Senhor e Pai), a Razão, a Liberdade, a
Democracia, a Luta de Classes. E o mundo, se
era um mistério, não era um absurdo. Só que
uma igreja sem cristianismo e um cristianismo
sem igreja; o desmoronamento paulatino de
muitas das ideologias de esquerda; o descrédito
dos caudilhos que se dizem marxistas; o
30
triunfo da sociedade de consumo; o espírito
quantitativista, sem uma réstea de solidariedade,
do neoliberalismo que nos sufoca – tudo isto gerou
um mundo onde os valores vitais de solidariedade
e democracia desaparecem, diante dos valores
numéricos, unicamente numéricos, do capital.
O desenvolvimento supõe tudo para todos e não
só para o Real Madrid, ou o Manchester United,
ou o Manchester City, ou o Bayern de Munique, ou
o Barcelona, ou o Chelsea. Mas não é próprio do
neoliberalismo mundializado que nos governa, dar
tudo a meia dúzia de endinheirados, conluiados
com o poder, e umas migalhas aos outros? Até no
futebol se pode vislumbrar a sociedade em que
vivemos. Não é possível pensar o desporto, sem
um quadro de valores. Ser pessoa e agir como tal
implica a referência a valores, incluindo os valores
morais. Mas não é amoral o mundo empresarial
que preside ao futebol? Verdadeiramente, o que
tem a ver a moral com as vitórias e as derrotas,
nas competições desportivas? Repito o que
venho dizendo, há muitos anos: o desporto de
alta competição reproduz e multiplica as taras
da sociedade capitalista. Esquecer isto é não
compreender o futebol que entusiasma e apaixona
o mundo de hoje.
Para uma Cultura de Competição
Os gregos antigos, como sabiam que, na
sua pequenez perante os deuses, os homens
necessitavam de violência para se sentirem
realizados, a fim de suprirem essa necessidade
sem os custos trágicos da guerra, inventaram
os Jogos e, através do prazer lúdico da violência controlada, quer dizer, através do “agôn”(1)
da competição e da “areté”(2) da excelência,
tornaram a paz gloriosa.
A agonística visava ultrapassar uma visão
pessimista e decadente da vida pela constante
superação das tensões entre os homens com
o objetivo de afirmar a excelência humana na
sua verdadeira glória. No mundo grego, era
impossível separar a palavra “agôn” da tríade
jogo, festa e sagrado. Assim sendo, o sentimento
que devia resultar da disputa entre dois rivais
valorosos não era o ódio ou a vingança, mas a
amizade, na medida em que um antagonista
de brio proporcionava ao outro a possibilidade
de se conhecer e renovar continuamente as
suas forças vitais em busca da excelência. Não
se tratava do ridículo fair play que os ingleses
descobriram para preservarem o seu estatuto de
classe, mas de uma verdadeira ética de conflito
que, hoje, em termos deontológicos, deve ser
o campeonato da economia que se processa à
escala global. Por isso, o País devia olhar melhor
para o futebol a fim de tentar perceber como é
O País devia olhar melhor para o
que uma atividade que, ainda há pouco mais de
futebol a fim de tentar perceber como é
20 anos, vivia de vitórias morais, hoje, passou a
ser uma indústria de grande sucesso internacioque uma atividade que, ainda há pouco
nal. Como disse Ortega y Gasset (1883-1955)
mais de 20 anos, vivia de vitórias morais, o passado não nos dirá o que temos de fazer,
hoje, passou a ser uma indústria de grande mas pode certamente dizer-nos o que temos de
evitar.”(4) A serem verdadeiras as palavras do
sucesso internacional.
filósofo, os políticos de todos os quadrantes, para
preservada por aqueles que fazem do espírito
além de aparecerem nos palanques nos dias de
competitivo o seu modo de vida.
derby, deviam tentar compreender o êxito do
Só através de uma cultura de competição é pos- futebol. Não ficariam a saber como ganhar o
sível renovar, em cada geração, as forças vitais campeonato da política, mas ficariam seguraque garantem a excelência que pode promover o mente a saber como não o haviam de perder.
progresso do País. Repare-se que, enquanto no
1) O protagonista (prot – primeiro; “agôn” – luta; sufixo –
relatório da “Global Competitiveness - 2010ista), era aquele que entrava em competição, por isso, o
2011” Portugal ocupava o 46º lugar entre 139
“agôn” inclui, também, o sentido de combate.
países, no ranking da FIFA a seleção nacional
ocupava o 11.º lugar entre 208 países.(3)
2) A palavra é grega, “areté” significa “excelência, virtude”.
O sucesso ou o fracasso de uma equipa, seja ela “Areté” é um nome feminino, e o seu plural é “aretai”.
de futebol ou um país, em grande medida, de3) World Economic Forum - Geneva, Switzerland 2010.
pende da qualidade do comportamento impoluto
dos seus líderes condição sine qua non de so4) Gasset, Ortega .(1988). El Tema de Nuestro Tempo,
brevivência no ambiente agónico que caracteriza Madrid, Espasa-Calpe, 1ª ed 1938.
Gustavo Pires
“
Presidente do Fórum Olímpico de Portugal
”
3131
glÓRIAs
ANTÓNIO SOUSA
Ganhou notoriedade na década de 80 com as camisolas de FC Porto, Sporting e Seleção
Nacional e notabilizou-se pelo seu “pontapé canhão”. Em 1984, em França, marcou
o primeiro golo de Portugal em fases finais de campeonatos da Europa.
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: Lusa
António Augusto Gomes Sousa
nasceu a 28 de Abril de 1957,
em São João da Madeira.
Começou a dar os primeiros
pontapés na Sanjoanense, o
clube da terra. Aos 16 anos
ascendeu à equipa principal
e em 1975 mudou-se para o
Beira-Mar. No clube aveirense
chegou a alinhar ao lado de
Eusébio.
Quatro épocas depois, em 1979,
com 21 anos, foi contratado
pelo FC Porto, então treinado
por José Maria Pedroto.
Representaria os azuis e brancos
em duas fases da sua carreira:
de 1979 a 1984 e de 1986 a
1989. Pelo meio uma aventura
no Sporting.
Na sua primeira passagem
pelo FC Porto, Sousa realizou
138 jogos e marcou 29 golos.
Participou na primeira final
europeia dos azuis e brancos.
Foi contra a Juventus, a 16
de Maio de 1984, em Basileia,
na Suíça. A Vechia Signora
arrecadou a Taça das Taças ao
vencer por 2-1. Sousa marcou
o golo da formação portuguesa.
Nesse mesmo ano, em 1984,
o médio integrou o lote de
convocados para a fase final do
Campeonato da Europa que se
disputou em França. E Sousa
O médio chegou a
jogar com Eusébio
no Beira-Mar
entrou para a história. Apontou
o primeiro golo de Portugal em
europeus. Foi em Marselha,
contra a Espanha – o encontro
acabou empatado a uma bola.
A Selecção Nacional acabaria
eliminada nas meias-finais aos
pés da França (equipa que
ganhou a competição). Após a
aventura de os “Patrícios” em
terras gaulesas, Sousa regressou
a Portugal e foi protagonista
(juntamente com Jaime
Pacheco) de uma transferência
surpreendente: trocou o FC Porto
pelo Sporting. Alegou salários
em atraso e mudou-se das Antas
para Alvalade. Jogou de leão ao
peito durante duas épocas e após
o Mundial do México, em 1986,
voltou ao FC Porto. Nesta segunda
passagem pelos “dragões” teve
ainda tempo de vencer a Taça
dos Clubes Campeões Europeus,
a Supertaça Europeia e a Taça
Intercontinental.
Em 1989, transferiu-se para
o Beira-Mar. Representou
posteriormente o Gil Vicente, a
Ovarense e terminou a carreira
em 1996, na Sanjoanense,
precisamente o clube onde tudo
tinha começado. Tinha 39 anos.
Na “retina” fica a sua grande
capacidade técnica... o seu
pontapé canhão e o seu grande
pulmão.
Como treinador, uma Taça
de Portugal com o Beira-Mar
António Sousa somou 27
internacionalizações pela Selecção
32
Nacional. Estreou-se a 14 Abril de
1981, no Estádio das Antas, contra
a Bulgária (1-1) e despediu-se no
Estádio da Luz, a 15 de Novembro
de 1989, contra a Checoslováquia
(0-0). Nas fases finais do Euro
84 e do Mundial de 86 foi sempre
titular.
Como jogador conquistou nove
títulos: um Campeonato Nacional,
duas taças de Portugal, três
supertaças Cândido de Oliveira,
uma Taça dos Clubes Campeões
Europeus, uma Supertaça Europeia
e uma Taça Intercontinental.
Após abandonar os relvados
enveredou pela carreira de
treinador. Iniciou essa função
ainda na Sanjoanense, como
jogador-treinador. Seguiram-se o
Beira-Mar, o Rio Ave, o Penafiel,
novamente o Beira-Mar e o
Trofense. Em 1998/99 alcançou
o seu maior feito como técnico.
O Beira-Mar ganhou a Taça
de Portugal ao bater na final
o Campomaiorense por 1-0. O
golo foi marcado pelo seu filho
Ricardo Sousa.
33
À CONQUISTA
DO EURO 2012
GDANSK
POZNAN
VARSÓVIA
WROCLAW
KIEV
Polónia Ucrânia
KHARKIV
LVIV
DONETSK
GRUPO A
GRUPO B
POLÓNIA
RÚSSIA
08 Jun.
08 Jun.
12 Jun.
12 Jun.
16 Jun.
16 Jun.
17h00
19h45
18h00
19h45
19h45
19h45
Varsóvia
Wroclaw
Wroclaw
Varsóvia
Varsóvia
Wroclaw
GRÉCIA
REPÚBLICA CHECA
GRÉCIA
REP. CHECA
REP. CHECA
RÚSSIA
RÚSSIA
POLÓNIA
POLÓNIA
RÚSSIA
GRÉCIA
POLÓNIA
GRÉCIA
REP. CHECA
GRUPO C
10 Jun.
10 Jun.
14 Jun.
14 Jun.
18 Jun.
18 Jun.
09 Jun.
09 Jun.
13 Jun.
13 Jun.
17 Jun.
17 Jun.
QUARTOS-DE-FINAL
HOLANDA
Dinamarca
Jogo 25
Alemanha
Portugal
2.º GRUPO b
17h00
19h45
17h00
19h45
19h45
19h45
Kharkiv
Lviv
Lviv
Kharkiv
Kharkiv
Lviv
Holanda
Alemanha
Dinamarca
Holanda
Portugal
Dinamarca
Dinamarca
Portugal
Portugal
Alemanha
Holanda
Alemanha
GRUPO D
Itália
Ucrânia
Suécia
Croácia
Rep. da Irlanda
França
Inglaterra
17h00
19h45
17h00
19h45
19h45
19h45
Gdansk
Poznan
Poznan
Gdansk
Gdansk
Poznan
Espanha
REP. Irlanda
Itália
Espanha
Croácia
Itália
Itália
Croácia
Croácia
REP. Irlanda
Espanha
REP. Irlanda
11 Jun.
11 Jun.
15 Jun.
15 Jun.
19 Jun.
19 Jun.
17h00
19h45
17h00
19h45
19h45
19h45
1.º GRUPO A
Jogo 26
Donetsk
Kiev
Kiev
Donetsk
Kiev
Donetsk
França
Ucrânia
Suécia
Ucrânia
Suécia
Inglaterra
Inglaterra
Suécia
Inglaterra
França
França
Ucrânia
22 Jun. 19h45 Gdansk
1.º GRUPO B
2.º GRUPO A
Jogo 27
23 Jun. 19h45 Donetsk
FINAL
1.º GRUPO C
Jogo 31
2.º GRUPO D
VENCEDOR jogo 29
Jogo 28
Espanha
21 Jun. 19h45 Varsóvia
24 Jun. 18h45 Kiev
01 Julho 19h45
Kiev
VENCEDOR jogo 30
1.º GRUPO D
2.º GRUPO C
MEIAS-FINAIS
Jogo 29
27 Jun. 19h45 Donetsk
VENCEDOR jogo 25
VENCEDOR jogo 27
Jogo 30
28 Jun. 19h45 Varsóvia
VENCEDOR jogo 26
VENCEDOR jogo 28
34
35
Infografia: Bruno Teixeira
ONZE REMATES
PACHECO
Santa Clara, médio, 27 anos
Destino de férias: Dubai
Um filme: 7 vidas
Bebida: Coca-Cola
Carro: Ferrari
Jogo de PC/consola: Assassin Creed
Marca: Adidas
Se não fosse jogador de futebol o que gostaria de ser: Mergulhador
Música: Chuck Berry
Prato favorito: Polvo guisado
Hobbie: Ler e passear
Ídolo: Zinedine Zidane
NUNO
SANTOS
Sp. Covilhã, guarda-redes, 33 anos
Destino de férias: México
Um filme: Braveheart
Bebida: Sumo de laranja
Carro: Hummer
Jogo de PC/consola: Travian
Marca: Rituals
Se não fosse jogador de futebol o que gostaria de ser: Veterinário
Música: Black, dos Pearl Jam
Prato favorito: Arroz de pato
Hobbie: Sexo
Ídolo: O meu irmão
3636
O reconhecimento dos melhores
Mossoró (Sp. Braga), Hulk (FC Porto), Salvador Agra (Olhanense),
Candeias (Nacional), Pires (Desp. Aves), Wagner e Ricardo Ribeiro
(ambos do Moreirense), Miguel Rosa (Belenenses), Sp. Braga, Gil Vicente,
Atlético e Penafiel são os grandes vencedores de Março e Abril.
37
Liga ZON Sagres
Março
Abril
jogador
jogador
MOSSORÓ
HULK
melhor
melhor
Sp. Braga
FC Porto
Nome:
José Márcio da Costa
Nascimento:
04/07/1983
Naturalidade:
Mossoró
Rio Grande do Norte - Brasil
Posição: Médio
Altura: 1,70 m
Peso: 63 kg
Clubes:
Ferroviário; Santa Catarina;
Paulista; Internacional PA;
Marítimo e Sp. Braga
Nome:
Givanildo Vieira de Souza
Nascimento:
25/07/1986
Naturalidade:
Campina Grande
Pernambuco - Brasil
Posição: Avançado
Altura: 1,80 m
Peso: 80 kg
Clubes: Vilanovense; São Paulo;
Vitória; Kawasaki Frontale;
Consadole Sapporo; Tokyo
Verdi e FC Porto
O médio atacante foi uma peça-chave
na manobra da equipa no decorrer
do mês de Março. Marcou três golos,
curiosamente os primeiros de toda a
presente temporada, ajudando desta
forma a sua equipa a conseguir o recorde
de 13 vitórias consecutivas e um lugar
na luta pelo título.
Mossoró está a concluir a quarta
época com a camisola do Sp. Braga
e neste mês provou que não se sente
acomodado. Por estas razões, o SJPF
atribuiu-lhe o prémio de melhor jogador
da 1.ª Liga no terceiro mês do corrente
ano.
O avançado brasileiro foi a figura dos
azuis e brancos no mês de Março.
Marcou cinco golos que contribuíram de
foram directa para conquista de nove
pontos essenciais para a conquista de
mais um campeonato do FC Porto.
Hulk está a concluir a quarta época de
Dragão ao peito e neste mês provou ser
um dos melhores deste campeonato. Por
isto, o prémio de melhor jogador da 1.ª
Liga no mês de Abril é merecido.
38
39
Liga ZON Sagres
jovem
melhor
jovem
melhor
Abril
Março
CANDEIAS
SALVADOR AGRA
Nacional
Olhanense
Nome:
Salvador José Milhazes Agra
Nacionalidade:
Portuguesa
Nascimento:
11/11/1991
Naturalidade:
Vila do Conde – Portugal
Posição: Extremo
Altura: 1,66 m
Peso: 60 kg
Clubes: Varzim e Olhanense
Nome:
Daniel João Santos Candeias
Nacionalidade: Portuguesa
Nascimento:
25/02/1988
Naturalidade:
Fornos de Algodres - Portugal
Posição: Extremo
Altura: 177 cm
Peso: 76 kg
Clubes: FC Porto (jun.), Varzim, Rio
Ave, Recreativo, Paços de Ferreira,
Portimonense e Nacional da Madeira
A cumprir a estreia no principal escalão
do futebol nacional, o internacional
sub-21 tem mostrado ser um promissor
jogador. E quem notou isso, foi o Bétis
de Sevilha que o contratou já para a
próxima época.
Em Março, para além de cumprir os
90 minutos de todos os jogos, marcou
dois golos e deu outros tantos a marcar
ajudando a sua equipa a conseguir a
manutenção na Primeira Liga.
Salvador Agra é por isso, distinguido
com o prémio de melhor jovem jogador
por parte do Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol.
A cumprir a primeira época no Nacional,
o extremo voltou a conquistar o prémio
de melhor jogador jovem da Primeira
Liga. Em Abril, Candeias revelou-se
bastante importante na manobra
ofensiva da equipa da Ilha da Madeira,
ao realizar várias jogadas de perigo nas
áreas adversários que culminaram em
assistências primorosas para os seus
colegas fazerem golos que contribuíram
para três triunfos neste mês.
Daniel Candeias é por isso, premiado
com o prémio de melhor jovem jogador
na Primeira Liga por parte do SJPF.
40
41
LIGA ORANGINA
Março
Abril
jogador
melhor
jogador
melhor
PIRES
Wagner
Desp. Aves
Moreirense
Nome:
Wagner de Andrade Borges
Nascimento:
03/04/1987
Naturalidade:
São José de Campos - Brasil
Posição: Avançado
Altura: 1,79 m
Peso: 67 kg
Clubes: Rio Claro, Aliados
do Lordelo e Moreirense
Nome:
Jorge Costa Pires
Nascimento:
01/04/1981
Naturalidade:
Braga – Portugal
Posição: Avançado
Altura: 1,76 m
Peso: 73 kg
Clubes: Amares, Sp. Braga B,
Portosantense, Ribeirão, Vizela,
Portimonense e Desportivo das Aves
O atacante brasileiro que se estreia
nos campeonatos profissionais, depois
de uma incursão pela 2.ª B, tem sido
importante no capítulo da finalização da
sua equipa.
Apesar de só ter marcado um golo em
Abril, Wagner provou que não é só de
golos que um avançado vive. Várias
foram as assistências para os seus
colegas que terminaram com remates
certeiros no fundo da baliza contrários.
Por tudo isto, o SJPF premeia o atleta
com o prémio de melhor jogador jovem
na Segunda Liga.
Pires, tem estado em plano de evidência
nesta competitiva Segunda Liga, com vários
golos marcados que têm valido pontos
importantes pela luta da subida de divisão
da sua equipa. O avançado neste mês de
Março, fez o gosto ao pé por três vezes
(frente ao Santa Clara marcou o segundo
“bis” da época).
Por ser um jogador tão influente na
manobra do Desportivo das Aves, esta
atribuição torna-se justa para premiar o
bom momento de forma do camisola “9” da
formação de Vila das Aves.
42
43
LIGA ORANGINA
jovem
melhor
jovem
melhor
Abril
Março
MIGUEL ROSA
Ricardo Ribeiro
Belenenses
Moreirense
Nome:
Miguel Alexandre Jesus Rosa
Nascimento:
13/01/1989
Naturalidade:
Lisboa - Portugal
Posição: Médio
Altura: 1,74 m
Peso: 65 kg
Clubes: Benfica (jun.), Estoril,
Carregado e Belenenses
Nome:
Ricardo Abreu Ribeiro
Nascimento:
27/01/1990
Naturalidade:
Moreira de Cónegos – Portugal
Posição: Guarda-Redes
Altura: 1,83 m
Peso: 73 kg
Clubes: Moreirense
Costuma-se dizer que a defesa também
é o melhor ataque. E prova disso é a
conquista do prémio de melhor jovem
jogador do mês de Março por parte
do guardião da baliza do Moreirense,
Ricardo Ribeiro.
O jovem guarda-redes foi chamado ao
onze inicial para colmatar o afastamento,
por lesão, do então titular, Ricardo
Andrade. Com apenas 22 anos e formado
no emblema de Moreira de Cónegos,
de onde aliás é natural, tem mostrado
qualidades que têm surpreendido pela
positiva não só os adeptos mas também
a crítica desportiva. Com apenas quatro
golos sofridos nos jogos realizados em
Março, Ricardo Ribeiro tem sabido ajudar
o clube a manter-se na luta pelo primeiro
lugar da 2ª Liga.
Miguel Rosa tem provado partida após
partida ser um futebolista de grande
qualidade e o patrão de todo o jogo da
equipa do Restelo.
No mês de Abril, o jovem médio marcou
por duas vezes e ainda esteve na origem
de vários golos do Belenenses, ajudando
assim a formação lisboeta a obter a
tão desejada manutenção. Daí que esta
distinção feita pelo Sindicato torne-se
praticamente obrigatória.
44
45
Prémio Fair Play
Liga ZON SAGRES
Sp. Braga
Os Guerreiros do Minho são a equipa mais disciplinada da 1.ª
Liga. Em Março, o Sp. Braga viu oito cartões amarelos e até
à data continuava a ser a única equipa que não tinha sido
admoestada com cartões vermelhos ou duplo amarelo.
Gil Vicente
Os jogadores da formação da cidade de Barcelos em Abril
levaram quatro amarelos. Um bom exemplo do que é o respeito
pelo adversário e por isso esta distinção do Sindicato encaixa
que nem uma luva nesta equipa.
Liga ORANGINA
Atlético
O emblema da Tapadinha tem conseguido promover dentro de
campo o respeito pelo adversário, um valor que o Sindicato dos
Jogadores aprova e defende e por isso atribuí esta distinção
com o prémio Fair Play.
Penafiel
O Penafiel em Abril foi a equipa mais disciplina do segundo
escalão profissional do futebol nacional. Durante este mês, os
jogadores da equipa nortenha viram oito cartões amarelos e
nenhum vermelho.
46
47
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
Artur Jorge
Quando fui escolhido para presidente fiquei aflito
“
”
Só deveres e praticamente sem direitos. Era
esta a realidade dos jogadores em Portugal até
meados da década de 70 do século passado.
Mas os futebolistas “fartaram-se” e unidos
lutaram por inverter a situação e fundar o
Sindicato dos Jogadores. Eleito pelos colegas,
Artur Jorge teve a difícil missão de ser o
primeiro presidente do SJPF. Uma época que
importa recordar…
Quais os motivos que originaram à criação
do Sindicato de Jogadores?
Naquela altura havia grandes dificuldades. Os
jogadores tinham muito menos coisas do que
têm actualmente. Um jogador ia para um clube
e nunca mais se via livre desse clube. Quando
os jogadores viram que essa situação não
avançava para um cenário diferente, foi preciso
agir. E foi o que fizemos. Sabíamos que era algo
importante para nós jogadores e que existia
uma enorme desigualdade com o que havia no
estrangeiro. Era importante fazermos qualquer
coisa para dizermos que estávamos vivos, que
tinha de haver regras, que os clubes tinham de
olhar para nós de maneira diferente.
Foi o primeiro presidente do Sindicato.
Como é que chegou ao cargo?
Existiram várias reuniões entre os jogadores e
fui escolhido pelos meus colegas. Não sabíamos
muito bem quem seria o presidente ou mesmo
que iria haver um presidente. Escolheram-me a
mim como poderiam ter escolhido outra pessoa.
48
Recebeu esse convite com agrado?
Não fiquei assim tão agradado. Quando fui
escolhido para presidente fiquei aflito, não
estava à espera. Fui eu como poderia ter sido
mais quatro ou cinco pessoas, como o Simões, o
Pedro Gomes, entre outros.
Além da criação do Sindicato, outra das
suas maiores batalhas foi a filiação dos
jogadores. Foi uma tarefa complicada?
É sempre assim. Essas coisas não são fáceis e
demoram o seu tempo.
Durante a sua presidência aconselhou
os jogadores a procurarem trabalhos
paralelos de forma a acautelarem o futuro.
Em situações difíceis todos pensamos em
segunda ou terceira hipóteses. Nós não
sabíamos os resultados do que ia acontecer.
Deixou a presidência no final do seu
mandato. Considerou que o seu trabalho
estava concluído?
Sim. Nessa altura tinha também outras coisas e
achei que estava no momento de sair. Pareceume que era importante chegar alguém novo,
com outras ideias e tentar fazer mais do que
nós. O Sindicato foi sempre uma organização
em que as coisas correram relativamente bem
e estou convencido que as pessoas fizeram um
grande esforço no sentido de melhorarem uma
situação que não estava boa.
49
Passados 40 anos, pensa que o Sindicato
cumpriu e está a cumprir o papel que
levou à sua fundação?
O Sindicato tem feito um bom trabalho. Está em
cima daquilo que me parece mais importante.
Estão a fazer um trabalho bom, sério e isso é
importante para o futebol, para os jogadores,
para o País, para tudo.
Como é que vê o facto de em Portugal
ainda existirem poucos ex-jogadores a
ocuparem cargos de relevo no dirigismo
desportivo?
Era importante que pessoas com qualidade e
com uma grande experiência como os jogadores
de futebol conseguissem dar ao Sindicato
de Jogadores cada vez mais força e para as
pessoas entenderem que o Sindicato pode ser
qualquer coisa mais. Penso que é isso que falta,
no fundo, aos jogadores de futebol. Mas para
mim, são situações normais que acontecem
um pouco por todo o lado. Era importante que
eles não se esquecessem que é importante
estar presente, ajudar a gente mais nova
para estes percebam que há coisas a fazer
no futebol português. O Sindicato tem feito
um óptimo trabalho mas é preciso que o
seja ajudado por outras pessoas a quem o
Sindicato faz. bem. Seria importante com
toda a gente, com as pessoas interessadas
nisso e se calhar com jogadores com maior
nome que as pessoas conheçam.
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: ASF
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
Agostinho Oliveira
Os jogadores eram chamados de gandulos,
“ apenas sabiam jogar futebol
porque
”
Artur Jorge saiu da presidência do Sindicato e
Agostinho Oliveira continuou a luta dos jogadores.
Totobola. Mas lá está, lembro-me que as reuniões
e os entendimentos eram muito difíceis...
O que lembra da sua passagem no Sindicato
dos Jogadores?
Naquela altura os tempos não eram fáceis,
muito menos se estivermos a falar de questões
sindicais. Eu vinha a ser uma espécie de
braço direito do Artur Jorge, estávamos
muito envolvidos no Sindicato e a nossa luta
focava-se muito no problema da Lei de Opção.
Queríamos libertar os jogadores dessa lei. Eu
dei continuidade ao trabalho que vinha a ser
realizado com o Artur Jorge, depois focado
também noutras questões, como os descontos
para a Segurança Social (porque a profissão dos
jogadores tem muitas especificidades que não
eram tidas em conta). Lembro-me que na altura
não era fácil alcançar entendimentos políticos,
nem sequer com a FPF.
Fala em situação degradantes.
A que ponto?
Muitas vezes, no fundo, os jogadores estavam
como desempregados, porque passavam
meses sem receber. Depois, no final do ano
lá apareciam os dirigentes a acenar com uma
verba qualquer, que eles eram abrigados a
aceitar, esquecendo tudo o que estava em
atraso.
Foi nessa altura que se discutiu muito,
também, a questão das receitas do
Totobola?
É verdade, as receitas do Totobola! Queríamos
parte dessas receitas para que depois nos fosse
possível ajudar os jogadores em dificuldades.
Havia situações degradantes, portanto era
importante para nós garantir a existência de
um fundo de maneio através das receitas do
As reivindicações dos jogadores eram bem
atendidas pela sociedade?
A revolução trouxe outra abertura, trouxe
discussão de novas ideias para a sociedade
em geral, mas por outro lado nós também
sofremos. Mas tínhamos o problema da ligação
à CGTP Intersindical, o que depois nos dificultou
a nossa vida. Aquele período pós-revolução
tanto trouxe afirmação como, ao mesmo tempo,
problemas com isso mesmo.
Também mostraram insatisfação quando
a alguns métodos de treino e regras nos
estágios?
Sim, às vezes o tempo de presença nos treinos
e nos estágios era abusado ou mal aplicado.
Os estágios eram muito longos, mas essas
50
reivindicações eram mais querelas no sentido
de afirmarmos a nossa posição. Em algumas
situações os treinadores demonstravam uma
tremenda falta de conhecimento em relação
ao treino – e os jogadores eram obrigados a lá
estar para nada.
De onde vinham exemplos para a vossa
luta?
Lembro-me de estar presente em algumas
reuniões internacionais da FIFPro, onde
nos deslocávamos com o nosso advogado e
conhecíamos o que se fazia em organizações
semelhantes, especialmente às nórdicas, anglosaxónicas ou a italiana.
Que balança faz da evolução do Sindicato?
No início do Sindicato dos Jogadores, mais
do que qualquer reivindicação específica, o
que estava em causa em termos globais era a
afirmação do profissional de futebol, enquanto
portador de uma profissão digna. Na altura os
futebolistas eram conotados com uma certa
ideia de marginalidade, eram os chamados
“gandulos”, aqueles que não respeitavam as
regras e apenas sabiam jogar futebol. Creio que
conseguimos reclamar alguma dignidade para a
profissão, que é hoje é vista de forma diferente,
embora se prossigam algumas lutas com origem
em problemas semelhantes aos dos anos 70.
Fotografia: Bruno Teixeira
51
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
José Eduardo
Foi a primeira vez que uma selecção nacional fez greve
“
”
O mandato de José Eduardo como presidente
do Sindicato dos Jogadores ficou marcado
pelo célebre caso Saltillo, em pleno Mundial
de 1986, no México, que acentuou o braçode-ferro entre os jogadores e a Federação
Portuguesa de Futebol. É ainda com José
Eduardo que o Sindicato confirma a sua
adesão à FIFPro e colhe os benefícios da
internacionalização.
O que recorda do seu mandato enquanto
presidente do Sindicato dos Jogadores?
Os tempos eram complicados, passámos
por muitas dificuldades. Havia duas pessoas
decisivas, o João Arouca e o Dr. Luís Paulo
Relógio... andávamos sempre à míngua de
receitas, não havia a estrutura que há agora,
portanto andávamos sempre com o credo
na boca. A sede ainda era na 5 de Outubro...
lembro-me que tínhamos uma posição
ou presença forte na imprensa, sempre
importante para a pressão que pretendíamos
exercer.
Em 1986, por ocasião do Mundial do
México, rebentou o caso Saltillo.
Sim, é durante o meu mandato e acabou por
ser um marco histórico devido ao impacto
que teve em tudo aquilo que devia ser o
profissionalismo da Selecção Nacional. Antes
tínhamos um grupo de grandes jogadores
liderados por dirigentes amadores... lembro
que em Saltillo os jogadores se equipavam em
52
balneários públicos, entre outras situações no
mínimo caricatas.
internacional, mas não tinham dirigentes nem
condições de trabalho à altura.
A imagem dos jogadores junto da
sociedade levava a que as suas
reivindicações não fossem valorizadas.
Concorda?
Há um grande braço-de-ferro entre o Sindicato
e a Federação Portuguesa de Futebol. Houve
quem tentasse fazer um aproveitamento político
do caso, os jogadores foram muito criticados
pelas suas posições, mas antes de Saltillo já
tínhamos tomado uma decisão estratégica
importante que nos deu vantagem e viria a ser
decisiva para a nossa independência: já nos
tínhamos desvinculado da CGTP.
O caso chegou à Assembleia da
República e os jogadores também tiveram
oportunidade de mostrar ao que iam.
Houve quem quisesse fazer de Saltillo uma
rebelião de esquerda, mas nós já éramos
independentes. Fui à Assembleia da República
e disse que não havia direito de se dizer o
que se dizia. Como sabe, o problema era
essencialmente financeiro e de reconhecimento
dos direitos dos jogadores. Tivemos a sorte
de ter o processo conduzido pelo Dr. Jaime
Cortesão, que teve uma postura sempre muito
isenta e nos deus os parabéns pela forma como
conduzimos a nossa luta. O processo só revelou
todo o amadorismo que existia na selecção,
porque estamos a falar de uma equipa que
já tinha grandes jogadores, mesmo a nível
No final, qual foi o balanço que retirou?
A imprensa internacional montou base
aqui, jornais de vários países enviaram
correspondentes. Lembro que foi a primeira vez
que uma selecção nacional fez greve. Portugal
chegou a fazer dois jogos como uma espécie
de selecção B. O caso acabou por resultar na
demissão do presidente da Federação, Silva
Resende. Tínhamos assinado tréguas, chegámos
a um entendimento, mas aquela demissão veio
a confirmar-se. Foi uma vitória estrondosa.
53
O seu mandato também fica marcado pela
adesão à FIFPro.
Sim. Tínhamos o objectivo de consumar a
adesão e convidámos a FIFPro para fizessem
uma reunião/congresso em Portugal. Foi no
seguimento desse congresso que oficializámos
a adesão.
Foi um passo decisivo?
A internacionalização ajudou-nos muito,
começámos a ter mais contacto com outras
realidades. Na altura criámos muitos dos
fundamentos para objectivos que vieram a
concretizar-se mais tarde. Depois, com a
profissionalização e o talento e o mérito dos
diferentes presidente que o Sindicato teve
até hoje, realizou-se todo este percurso que
conhecemos.
ESPECIAL ANIVERSÁRIO
Pedro Gomes
Os jogadores estavam motivados
“ alterar a sua relação laboral
para
”
Aos 70 anos, Manuel Pedro Gomes é uma das
maiores figuras do futebol português. Alcançou a
glória no Sporting e na Selecção e contribuiu de
forma decisiva para a criação do Sindicato dos
Jogadores Profissionais de Futebol.
Como é que surgiu a ideia de fundar o
Sindicato dos Jogadores?
A situação contratual entre os jogadores e clubes
começava e ser insuportável. A sequência dos
casos (da impossibilidade por proibição das
transferências de Eusébio, Simões e Peres)
despoletou a necessidade de os jogadores
procurarem uma solução que defendesse os seus
legítimos direitos.
Foi difícil avançar? Os jogadores estavam
motivados para criar um sindicato?
As dificuldades eram mais que muitas. Vivíamos
em ditadura, o futebol desse tempo, tal como
hoje, era e é um excelente meio de propaganda
para os governantes e um anestésico social para
as situações políticas. E as vitórias europeias
do Benfica (duas Taças dos Clubes Campeões
Europeus) e a do Sporting (Taça das Taças), tal
como os feitos das selecções – título europeu
de juniores em 1962, terceiro lugar no Europeu
de Inglaterra de 1966 –, valorizaram o futebol
português. Mas os benefícios dos jogadores
continuaram prisioneiros da “Lei da Opção”, opção
só para os clubes! Quanto aos jogadores, eles
estavam motivados para alterar a sua relação
laboral com os clubes e progressivamente
integraram-se na luta pelos direitos!
Houve problemas de liderança (do género
ninguém querer chegar à frente)?
Não houve qualquer problema de liderança. Aliás, a
comissão instaladora votou democraticamente na
distribuição dos corpos gerentes. Aproveitando “a
pergunta chegar à frente”, ela foi mais voltar para
trás. Porque da votação saiu um presidente, o qual
desde logo acedeu a passar a secretário, porque
estava em jogo a imagem, e a divulgação política
do Sindicato. E foi nomeado o Artur Jorge!
Integrou a primeira comissão directiva do
SJPF. Desde então pensa que o Sindicato
caminhou no sentido que esperava?
O Sindicato depois do arranque inicial (já lá vão 40
anos), naturalmente evoluiu, e conquistou todos
os direitos inerentes aos profissionais de futebol.
Hoje é um dos Sindicato mais cotados no mundo
do Futebol, como se comprovou com a eleição do
presidente Joaquim Evangelista para o board da
FIFPro.
Falta sentido de classe aos futebolistas em
Portugal?
O exemplo dado na época passada pelos espanhóis
Casillas, Puyol e Xabi Alonso ao aliarem-se à
greve, mesmo sem estarem afectados, pois
tinham os salários em dia, é uma demonstração
de solidariedade e sentido de classe. Mais
num campeonato, como o espanhol, onde os
profissionais são pagos a peso de ouro. Só os
jogadores mencionados foram a excepção,
ao saírem em defesa dos colegas aos quais
os clubes deviam 50 milhões de euros. E os
54
outros. os milionários? Fico feliz por saber por
todos os jogadores da selecção portuguesa são
sindicalizados. Mas por muito esforço que os
dirigentes sindicais façam penso que é difícil existir
coesão sindical numa profissão onde existe uma
dicotomia salarial de ricos e pobres.
Hoje a maioria dos jogadores da I Liga é de
nacionalidade estrangeira. Fica chocado com
este cenário?
Não. Este fenómeno é global, passa-se o mesmo na
maioria dos países. Quais as razões para esta realidade?
Hoje o futebol é um negócio mercantil, onde
existem vários agentes intermediários que ganham
fortunas nas transferências de jogadores. Os
clubes estão falidos, enquanto os funcionários
(jogadores, treinadores, directores remunerados
das SAD e intermediários) estão ricos. E há ainda
a apatia das federações dos vários países perante
a descaracterização do futebol dos seus países.
Existem clubes que não apresentam um jogador
nacional nas suas equipas. Quando se afirma
que nada se faz para defender os jogadores
portugueses, de quem é a culpa? Dos responsáveis
do desporto e do futebol português! É urgente que
em concertação desportiva que o SJPF proponha
às várias entidades SEDJ, FPF, LPFP, CND, IDP, dois
projectos a apresentar à UEFA e à FIFA. Primeiro:
que nos campeonatos de cada país seja proibido
que constem na ficha de jogo mais de quatro
jogadores estrangeiros. Segundo: Para preservar os
jogadores no seio dos clubes que os formaram.
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: ASF
55
As nossas internacionais
Edite
Fernandes
Vou continuar a jogar
até“as pernas aguentarem
”
Nacionalidade
Portuguesa
Naturalidade
Gouveia (10/10/1979)
Idade
32 anos
Altura
1,54 m
Peso
55 kg
Posição
Avançada
Clubes
Boavista; 1º Dezembro; Beijing Guon (China);
Mérida (Espanha); Huelva (Espanha); Atlético de
Madrid (Espanha); FK Donn (Noruega); Blue Heat
(EUA) e Saragoça (Espanha)
56
Edite Fernandes, capitã da selecção
nacional, conta já com mais de 100
internacionalizações. Começou a
jogar futebol em Vila do Conde – nos
batatais da avó – e hoje é reconhecida e
admirada um pouco por todo o mundo.
Com apenas cinco anos já pedia à sua
mãe chuteiras como prenda de anos.
Começou a jogar “mais a sério” no
Boavista. Entrou no clube axadrezado
pelas mãos dos seus tios que, embora
sabendo que dava uns toques, nunca a
tinham visto jogar. “Um dia levaram-me
a um treino e nunca mais saí”, explica.
Aos 17 anos, e na primeira época com
a camisola do xadrez vestida, Edite foi
chamada à Selecção Nacional. Um dia
“de grande emoção”, adianta.
Por altura da Expo 98, Edite veio
trabalhar para Lisboa para este mesmo
evento juntamente com Adília e Carla
Couto – a embaixadora do SJPF
para o futebol feminino – e surgiu a
oportunidade de jogar no 1º Dezembro.
No entanto, na primeira época não jogou
– o Boavista não a libertou –, ou seja,
treinava mas não jogava. Edite não se
foi abaixo e nas duas épocas seguintes
deu-se tão bem no clube de Sintra
que surgiu a primeira oportunidade
para emigrar. Mais precisamente,
para a China.
“Foi a primeira aventura no verdadeiro
sentido da palavra, pelo país, pela
cultura. Participei num jogo entre
57
estrangeiras e chinesas. Os treinadores
chineses escolheram duas estrangeiras
para cada equipa da Superliga e fiquei
numa das melhores, o Beijing. Fomos
à final, ganhámos e fui eleita a melhor
jogadora”, revela.
Posteriormente, Edite regressou 1º
Dezembro. Ficou no clube de Sintra
durante cinco épocas. Após a conquista
e vários troféus voltou a sair do País,
desta feita para o Mérida, de Espanha.
A aventura além-fronteiras continua
e Edite passou ainda pelo Huelva e
Atlético de Madrid (ambos de Espanha),
pelo FK Donn, da Noruega, e pelo Blue
Heat, dos Estados Unidos da América.
A terminar contrato com o Saragoça
(Espanha), onde é uma das jogadoras
mais acarinhadas pelos adeptos do
clube, Edite vai agora regressar ao Blue
Heat até Agosto deste ano.
Sem hesitar, a internacional portuguesa
conta que não se arrepende das
decisões que tomou, voltaria a fazer o
mesmo, e que tudo o que conseguiu foi
com “dedicação e trabalho”. Mas revela
que se tivesse continuado a estudar
teria optado pela advocacia.
Aos 32 anos, Edite ainda não pensa na
retirada dos relvados. “Vou continuar
a jogar até as pernas aguentarem”,
confessa. Por realizar mantêm-se um
sonho: participar num campeonato
profissional com a integração dos três
grandes e então jogar no seu Benfica.
Texto: Tiago Abreu | Fotografia: ASF
FUTEBOL FEMININO
clipping
Crise na União de Leiria
em destaque na imprensa
internacional
Salvador Agra distinguido
pelo SJPF com o prémio
Holmes Place de melhor
jovem de Março na 1.ª Liga
Capitão da U. Leiria
explica a rescisão colectiva
Contratos de trabalhos
dos Jogadores iguais
em toda a Europa
1.º Dezembro
União de Leiria coage
jogadores estrangeiros
11.º título consecutivo
Ao derrotar o Vilaverdense por 1-5,
o 1.º Dezembro garantiu, a duas
jornadas do final do campeonato,
o título de campeão nacional - 11.º
consecutivo – da Primeira Liga
de futebol feminino. Além deste
notável registo, a equipa de Sintra
não perde há 130 jogos.
Recorde-se que já na fase
regular, o 1º Dezembro ficou no
primeiro lugar com 48 pontos.
Precisamente mais nove do que
o Clube Albergaria, segundo
classificado, formação com quem
o 1.º Dezembro vai disputar a final
da Taça de Portugal, no Estádio
Nacional, no Jamor, a 13 de Maio.
Em declarações ao SJPF, Filipa
Patão, capitã do 1.º Dezembro, diz
que após a conquista do título,
novo objectivo está traçado:
“Queremos chegar ao fim do
campeonato invictas”.
Há seis anos na principal equipa
do 1º Dezembro, a defesa central
de 23 anos que está a concluir
o mestrado em Educação Cívica
e Desporto Escolar realça que
a conquista do campeonato
representou “uma bofetada de luva
branca” naqueles que disseram que
a equipa não conseguiria o título
nacional.
“Pessoalmente, para além do
primeiro que conquistei na
formação principal, este foi muito
58
saboroso, não por ser o mais difícil
mas porque não se deu hipóteses a
ninguém. Não perdemos qualquer
jogo e isso deu uma grande
confiança ao grupo que viu sair
muitas jogadoras. Apesar dessa
condicionante, conseguimos dar
a volta por cima e isso viu-se
dentro de campo. Foi uma bofetada
de luva branca a todos aqueles
que duvidaram do nosso valor”,
explicou Filipa Patão.
Rescisão colectiva na União de Leiria
59
LAZER
carros
Poupar em tempo de crise
Mercedes-Benz SL 65 AMG
Performance excepcional, potência impressionante e uma dinâmica superior simbolizam o
novo Mercedes-Benz SL 65 AMG, um roadster
de sonho. Cerca de 170 quilos mais leve do que
o seu antecessor, esta verdadeiro bólide está
equipado com um V12 de 6.0 litros biturbo que
debita uma potência de 630 cv e um binário
máximo de 1000 Nm. Resultado? Aceleração dos
0 aos 100 km/h em apenas 4 segundos e atinge
os 200 km/h após uns escassos 11,8 segundos
- a velocidade máxima é de 250 km/h (limitada
eletronicamente). o motor AMG de 12 cilindros
biturbo dá nas vistas com o seu funcionamento
suave e com o som inconfundível do motor V12.
Tudo isto com um consumo combinado de 11,6
litros aos 100 quilómetros.
Em qualquer automóvel a segurança é um item
de importância fulcral e então num roadster nem
Cilindrada (cc)
5980
Potência (CV)
630
Binário máximo (N.m)
1000
Velocidade máxima (km/h) 250
0-100 km/h (s) 4
Consumo médio (l/100 km) 11,6
Emissões de CO2 (g/km) 270
Preço (euros) 303 500
Um roadster de bradar aos céus
Volvo C30 Drive R-Design
Além do estilo, da exclusividade e do preço
simpático, o Volvo C30 – que só existe
formato coupé – é o compacto que consegue
consumos mais baixos. O motor responsável
pela boa relação entre potência, prestações
e consumos é o 1.6d, de 115 CV. A caixa
manual de seis velocidades está muito
bem escalonada para tirar o melhor partido
do motor. O trabalho aerodinâmico das
versões Drive consegue baixar a resistência
aerodinâmica, o que ajuda a gastar menos
gasóleo. A carroçaria baixa, como é comum
nos coupés, também ajuda. Mas na cidade,
é o sistema stop&start que brilha. É suave
a ligar e desligar e tem um funcionamento
exemplar.
Uma boa notícia tratando-se de uma versão
ecológica é que as prestações são boas, com
acelerações e recuperações muito razoáveis.
se fala. O SL 65 AMG apresenta uma estrutura em alumínio optimizada para colisões e o
sistema PRE-SAFE está incluído no equipamento
de série - além dos sistemas de assistência
semelhantes aos que equipam o Classe S. Caso
o veículo capote, os pilares A, compostos por
uma mistura de materiais em aço e alumínio e
dois arcos de protecção automáticos, ajudam a
proteger os ocupantes. O Mercedes-Benz SL 65
AMG chega ao mercado em Setembro e o valor
de comercialização será de 303 500 euros.
As linhas, com “ombros largos” e proporções
desportivas, marcam a sua personalidade. Os
lugares traseiros (apenas dois) são espaçosos mas a bagageira oferece apenas 251
litros.
Esta versão R-Design acrescenta alguns
itens de estilo, como o difusor traseiro e os
espelhos retrovisores cromados. O ar mais
desportivo é pouco comum em carros mais
ecológicos e nem o preço é um entrave para
o C30. Já com o pack R-Design custa 28 710
euros (a versão base custa 27 110 euros).
Cilindrada (cc)
1560
Potência (CV)
115
Binário máximo (N.m)
270
Velocidade máxima (km/h) 195
0-100 km/h (s) 11,3
Consumo médio (l/100 km)
3,8
Emissões de CO2 (g/km) 99
Preço (euros) 28 710
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61
LAZER
LAZER
relógios
FIFA STREET
Ao estilo de Messi e Ronaldo
ULYSSE NARDIN Relógio de edição limitada que combina a arte do esmaltado, a tecnologia e a precisão mecânica.
TUDOR O novo Heritage Black Bay, inspirado num modelo de mergulho de 1954, é a perfeita encarnação do espírito vintage da Tudor.
PATEK PHILIPPE A Patek Philippe propõe um calendário perpétuo cuja sofisticação técnica e estética seduzirá as mulheres modernas amantes da bela relojoaria.
As expressões de “muda aos cinco,
acaba aos dez” ou “balizas de um passo
feitas com duas pedras”, em jogos
disputados na rua a qualquer hora,
pertencem à adolescência da maioria de
nós. Os videojogos tentaram recriar esse
passado cada vez mais distante com o
título “FIFA Street”. Esta é a quarta versão
da saga, sendo que a primeira obteve um
considerável sucesso ao contrário das
duas seguintes.
O novo “FIFA Street” quer descolar-se
totalmente dos seus antecessores e
quase o consegue. Ao contrário do
futebol de 11, onde o colectivo dita leis,
em “FIFA Street” reinam os “foções”.
Mais do que marcar um golo o que
interessa é driblar vezes sem conta e
jogos
humilhar o adversário. O jogo proporciona
mais de 50 fintas diferentes – não
falta a célebre “cueca”. E não tenha
problemas em abusar do individualismo.
É que se estiver à espera da ajuda dos
seus companheiros o melhor é esperar
sentado dadas as paragens cerebrais dos
mesmos.
World Tour é o modo onde irá passar
mais tempo – pode ser complementado
com o online. É necessário arranjar
uma equipa, com jogadores criados
pelo próprio jogador ou efectuando
o download de avatares de amigos.
Depois, é ir melhorando os atributos
dos jogadores à medida que se ganham
pontos de experiência nos jogos
disputados.
na prática era como o jogador ter
uma raquete na mão. Ou seja, com
o analógico esquerdo controla-se o
movimento, com o direito o tipo de
pancada e a força. Ao início a coisa
estranha-se, mas ao fim de algum
tempo entranha-se e torna-se intuitivo.
Quem se baralhar com os dois
analógicos, pode substituir o direito
pelos tradicionais botões. A cereja no
topo do bolo está no comando Move,
este si parece que o jogador tem uma
raquete na mão. Por fim, nota para os
comentários de John McEnroe e Pat
Cash, dois antigos campeões.
É sempre bom ouvir os melhores.
Para controlar o
tempo
GRAND SLAM TENNIS 2
Seja o rei do court
BREGUET Modelo em ouro rosa que reúne as últimas inovações da marca e que tem uma frequência de 10Hz.
L. U. CHOPARD Este modelo da Chopard é o primeiro mecanismo mecânico de alta frequência a receber o certificado de cronómetro da história.
H. MOSER & CIE O Meridian - Dual Time apresenta uma interessante novidade: uma indicação AM/PM que troca automaticamente de 12 a 24 horas.
62
Se é jogador ou adepto de ténis, então
“Grand Slam Tennis 2” foi feito à sua
medida. Tem a oportunidade única de
jogar os quatro torneios do Grand Slam
e juntar estrelas actuais do ténis (como
Rafael Nadal ou Roger Federer, por
exemplo) com as do passado (John
McEnroe, Borg, Sampras ou Martina
Navratilova, entre outros). Pode dar uso
à sua raquete de três formas: Escolher
um torneio, iniciar uma carreira ou
desafiar um qualquer tenista em todo
o mundo.
O melhor mesmo de “Grand Slam
Tennis 2” é a jogabilidade. A EA muito
falou no Total Racquet Control que
63
O MEU ESTÁDIO
Estádio DA MATA REAL
Carlos Carneiro
Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Paços de Ferreira
Posição: Avançado
Idade: 36 anos
Clubes: Paços de Ferreira, Sporting da Covilhã, Vitória de Guimarães,
Gil Vicente, Panionios, Walsall, Vizela e Penafiel
Características:
ção: 5.250
Medidas: 105M x 64 M - Lota
bro de 1973
Ano de construção: 7 de Outu
“Mata” por engano
A história do Estádio da Mata Real, em Paços
de Ferreira, reveste-se de alguns equívocos
e comicidades. A 7 de Outubro de 1973 foi
inaugurado o Parque Desportivo da Ponte
Real. Era este o nome inicialmente pensado
para este espaço. Porém, depois de realizado
o jogo inaugural entre o Paços de Ferreira
e o Vianense, a contar para o nacional da II
Divisão (Zona Norte) e que terminou com
nulo no marcador.
Durante a cerimónia de abertura, o então
presidente da autarquia pacense Pinto de
Almeida enganou-se durante o seu discurso
e trocou o nome do lugar onde está situado
o estádio (Ponte Real), por “Mata Real”. O
nome pegou e ficou até aos dias de hoje
associado à equipa.
Nos anos seguintes assistiu-se a constantes
melhoramentos no estádio como a
iluminação artificial (1974), a primeira
bancada coberta (1975), balneários e posto
médico (1977). Em 1992/93, então na I
Divisão, foi inaugurada a sala de imprensa e
o bar. Em 2000 foram introduzidas cadeiras
em todas as bancadas. Foi ainda colocada
a bancada amovível no topo que acabou
por se tornar fixa. Actualmente, o Complexo
Desportivo é constituído pelo relvado principal
e por dois campos de treinos: um de relva
natural e outro de relva sintética.
Carlos Carneiro formou-se no Paços de
Ferreira e jogou na equipa principal durante
dez épocas (com algumas interrupções pelo
64
meio). Hoje, é o director desportivo do clube e
curiosamente o episódio que destaca, não lhe
ficou na memória. “Perdi os sentidos num
jogo com o Gil Vicente. Quando recuperei
vi na televisão que no momento em que
marquei o golo de cabeça também choquei
com o Lemos (defesa gilista). Na altura não
achei muita piada mas hoje em dia já é
diferente”, conta.
A Mata Real é um palco bastante “sui
generis” não só pelo seu tamanho
mas também pelas bancadas muito
próximas do relvado que conferem um
ambiente hostil para os adversários que
ali jogam. “É um estádio quase à inglesa.
As bancadas estão muito próximas do
relvado e há um contacto muito próximo
entre jogadores e adeptos. Cria-se uma
atmosfera muito própria”, confidencia o
antigo avançado.
Carlos Carneiro destaca ainda uma
matreirice que ainda hoje é utilizada pelo
Paços. “Por ser um campo estreito, faz-se
muitos lançamentos rápidos. É uma
espécie de arma secreta que usamos
para enganar as outras equipas.”
“Mas foi um orgulho jogar neste estádio.
Quando era júnior e assistia aos jogos
na bancada, o meu sonho era chegar à
equipa principal e pisar aquela relva e
sentir aquele ambiente. Concretizei esta
ambição e estou muito feliz por isso e
grato pelo que vivi e ganhei”, finaliza.
65
regresso à infância
Quando teve noção de que gostava de futebol?
Nasci na Ribeira do Porto, onde a paixão pelo futebol era
mesmo muito grande. Como o meu pai também era jogador de
futebol desde muito novo que o meu destino estava traçado.
Muitos jogos de bairro?
Sim, muitos.
E onde jogavam?
Na rua. Mas também havia uma casa velha e abandonada que
tinha um terreno à volta. Lá fizemos o campo à nossa maneira
e passávamos lá o tempo.
Jogava em que posição posição?
Não havia, o importante era marcar golos.
Dividiam-se as equipas por clubes?
Havia geralmente equipas de bairro e de ruas. Caso contrário,
dois de nós escolhíamos e fazíamos as equipas.
BOCK
36 anos, avançado, Freamunde
“As redes das balizas eram as sacas das batatas”
Texto: Tiago Abreu | Fotografia: ASF
Alcunha?
Nessa altura era o Bock Júnior porque o meu pai também era
conhecido por Bock.
Assumia que era algum jogador conhecido?
Na altura não.
Para além da bola, o que não podia faltar?
Outra bola (risos).
As balizas eram marcadas com pedras?
As redes das balizas eram as sacas das batatas.
Mudava e terminava aos quantos?
Geralmente mudava aos 6 e terminava aos 12.
Primeiro a bola ou a namorada?
Primeiro a bola.
O gordo é que ia à baliza?
Por acaso não. Havia rotação na baliza, quando se sofresse
golo ia outro à baliza.
Muitos joelhos esfolados?
Muitos mesmo.
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