Pumula - Royal Huisman

Transcrição

Pumula - Royal Huisman
PUMULA
Sonho
real
Eleito o melhor veleiro do mundo no ano
passado, o Pumula realmente prova que
é possível realizar o sonho de rodar
o mundo na medida certa
Por Marilyn Mower
Fotos Cory Silken
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PUMULA
Os donos, agora com tempo e meios, queriam
realizar o sonho de velejar ao redor do mundo
em seu ritmo, no seu próprio veleiro e em contato
com a beleza ao seu redor
Há uma genialidade no Pumula que vai
muito além do seu casco azul-marinho e de
suas linhas clássicas. O sensacional projeto realmente baseou-se em criar um veleiro em estilo
clássico, com uma linha d’água curta, e soluções e
equipamentos modernos apropriados para explorar o mundo inteiro. Os donos, uma família europeia com laços com a África do Sul, não foram navegadores ou regateiros ao longo da vida, mas agora, com tempo e meios para viajar, eles queriam
realizar o sonho de velejar ao redor do mundo em
seu ritmo, no seu próprio veleiro e em contato com
a beleza ao seu redor.
A equipe encarregada para criar este veleiro
dos sonhos foi certamente uma das mais experientes: o estaleiro Royal Huisman, o arquiteto naval
Gerry Dykstra, os designers Jonathan Rhoades e
Dick Young e o gerente de projeto Jens Cornelsen.
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O briefing do projeto começou com a frase
“gentleman’s yacht”. O termo é aberto a interpretações. Na destes proprietários, significa uma paixão que um cavalheiro possa admirar. Dykstra
não é nenhum novato em desenhar barcos que remetam ao passado, mas neste iate o objetivo era
combinar uma sensação de passado com presente.
Entretanto, a determinação de que o veleiro
viajaria ao redor do mundo, em vez de ser um regateiro, foi primordial.
“Lugares como o porão e a altura do teto na
sala das máquinas nos dão certos desafios, mas,
como o proprietário diz, algumas coisas têm de ser
sacrificadas pela beleza. No entanto, não houve sacrifícios em relação ao seu desempenho à vela. Em
doze meses, nós cobrimos doze mil milhas náuticas”, conta o capitão do Pumula, Michael van
Bregt. E não foram milhas fáceis, pois a primeira
ATEMPORAL
O Pumula
conseguiu a
façanha de
misturar
materiais
nobres e o
visual vintage
com a mais
moderna
tecnologia
náutica
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PUMULA
viagem do Pumula foi para Spitsbergen, na Noruega, onde a tripulação foi aconselhada a alugar
armas para repelir ursos polares saqueadores.
Quando os proprietários conceberam o projeto, batizaram o veleiro de Bugamena, uma palavra zulu que
significa mais ou menos “somos grandes” ou “somos os
maiores”. Durante a construção do barco, eles começaram a planejar viagens e descobriram que o iate era
apenas uma pequena lasca de madeira em um mar gigante, um minúsculo mundo tranquilo dentro de outro
imensamente maior. Daí, eles mudaram o nome para
Pumula, que, também em Zulu, significa “paz e descanso”. Esta prova de humildade está em perfeita sintonia com a decoração e a ambientação do iate. O pacote todo é tão harmonioso e fundamentado que os
juízes do World Superyacht Awards 2013 escolheram o
Pumula não só como o melhor de sua categoria mas
como o melhor iate a vela do ano.
Em abril, a Royal Huisman disponibilizou o
Pumula para a nossa equipe dar uma velejada teste em Palm Beach, Flórida, pela primeira vez desde o seu lançamento. Uma brisa constante de 15
nós forneceu condições perfeitas para este “cortador” navegar a todo pano. O Pumula tem uma reacher, mas o Capitão van Bregt diz que ela é raramente usada. “Somos basicamente um barco de
‘velas brancas’ e a reacher, projetada para navegar
em um vento a um ângulo de trinta a sessenta
graus, passa a maior parte de seu tempo guardada
debaixo do tender”. Uma das razões disso é porque
o Pumula navega com apenas quatro tripulantes.
“A pedido dos proprietários, o barco foi configurado para ser simples de navegar. Os sistemas
são robustos e não existem complexidades desnecessárias. Porém, com apenas quatro tripulantes
em um barco de cento e vinte e dois pés, a tripula-
ção tem de ser multitarefa “, disse o representante
nos EUA da Royal Husiman Michael Koppstein. Na
verdade, o único item complicado é a quilha retrátil. Uma quilha deste tipo num barco que não se
destina a regatas pode parecer incoerente, mas
tornou-se parte essencial do projeto, uma vez que
o objetivo é cruzeirar. O veleiro precisaria ter
acesso facilitado a certos locais de baixo calado,
como os atóis na Polinésia francesa, e destinos que
exigem uma quilha com profundidade suficiente
para fornecer tração para velejar contra o vento.
Totalmente descida, a quilha mergulha a 16 pés e
5 polegadas, enquanto erguida ela trabalha a nove
pés e 10 polegadas.
Segundo Dykstra, o projeto prima pela simplicidade e por uma percepção de autenticidade. “Para
atingir este objetivo, o veleiro só poderia ter uma
roda de leme central. Então, para velejar com boa
HARMONIA
As soluções do
projeto do
Pumula
integraram o
conforto, a
praticidade, a
beleza e os
equipamentos
necessários para
realizar grandes
viagens ao redor
do mundo
O Pumula permite
rapidamente que você
sinta a direção e saiba se
está no curso desejado. É
definitivamente para quem
gosta de entrar em
sintonia física com a
sensação de velejar
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PUMULA
O Pumula é tão harmonioso
e fundamentado que os
juízes do World Superyacht
Awards 2013 o escolheram
não só como o melhor de
sua categoria mas como o
melhor iate a vela do ano
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PUMULA
A mistura entre passado e
presente do Pumula foi
também a tônica do interior
projetado pelo estúdio de
design Rhoades Young
linha de visão e com menos pessoas trabalhando,
os controles da vela tinham de estar ao alcance da
mão de quem estivesse no leme. Obviamente, não é
tudo assim, mas esta filosofia permeia todos os aspectos do projeto”, diz. Na verdade, os controles e
monitores, alguns deles embutidos no piso, não interferiram no estilo clássico do cockpit. Dois monitores grandes, um para o chartplotter e outro para
o monitoramento do veleiro, também ficam escondidos quando não estão em uso.
A roda do leme, de 48 polegadas de diâmetro, é
bem gostosa de manejar. Apesar de eu não conseguir ver dali os telltales nas velas, havia medidores
suficientes para me dizer quão perto estava do
trim ideal ao entramos na corrente do Golfo. A tripulação também tem a opção de usar uma das câmeras do mastro e checar a imagem das velas em
um monitor perto de leme. No entanto, este barco
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é definitivamente para quem gosta de entrar em
sintonia física com a sensação de velejar. O
Pumula permite rapidamente que você sinta a direção e saiba se está no curso desejado.
No deck, o guarda-mancebo é suficientemente
alto para manter as coisas e as pessoas longe do
mar e no cockpit a gente se sente muito seguro e
seco. Há uma tela para evitar o spray do vento que
cobre até a estrutura do bimini rígido.
A mistura entre passado e presente do
Pumula foi também a tônica do interior projetado
pelo estúdio de design Rhoades Young. “Nosso desafio foi integrar as acomodações em uma linha d’água
de nove pés em um casco de alta performance com
bordas livres baixas. Isto demandou um layout extremamente eficiente com a máxima integração de
serviços e de construção”, revelou Rhoades. Parte
desse eficiente layout vem da escolha, em vez do
PRATICIDADE
Os ambientes do Pumula são
relativamente simples, para
oferecer conforto e acesso
fácil para todo o barco
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PUMULA
Para facilitar o acesso à água, há uma
plataforma escamoteável perto da
linha d’água ligada ao deck principal
com escadas em fibra de carbono
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PUMULA
“Introduzimos muitos
detalhes para que os
proprietários possam
interagir com a tripulação
e fazer parte da
navegação do iate”
RHOADES YOUNG, DESIGNER
mogno, de opções mais leves, mais modernas. E do
fato de que os proprietários do Pumula se envolveram no projeto. “Introduzimos muitos detalhes que
expressam isso, como o salão inferior que se abre
para a cozinha, para que os proprietários possam
interagir com a tripulação e fazer parte da navegação do iate”, conta Rhoades.
Cada canto do iate é único, como um escada
em curva que rodeia a estrutura da quilha e desce até uma sala de estar e um paiol que funciona
como um freezer. É realmente uma bela sinergia
entre o arquiteto naval, os engenheiros de sistemas e os designers de interiores. Até a área da
tripulação é otimizada. A cozinha se conecta à
confortável e bem iluminada sala de estar da tripulação a estibordo. A cabine do Capitão tem
cama de casal e a cabine da tripulação, beliches
e escadas levam até um lavabo.
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O interior do barco tem características próprias,
como as paredes brancas suspensas que escondem a
estrutura do casco. Rhoades e Young escolheram o
carvalho para as peças de carpintaria e mobiliário
— que foram feitas pelo estaleiro. O carvalho é uma
madeira tradicional em veleiros, mas está passando
por um renascimento nos interiores. “Fazer madeira
nova ter cara de velha consumiu muita pesquisa e
tentativa e erro na prática”, disse Rhoades.
Um dos destaques é o piso feito de tábuas largas, irregulares e suaves que parecem que foram
talhados com um adze e desgastados suavemente
ao longo de décadas de uso. A superfície foi coberta de cera de abelha, um antiderrapante natural,
que brilha e é macia para os dedos dos pés. “Não
queríamos que a madeira fosse toda da mesma cor.
Os pisos são mais escuros, por exemplo. E também
que a marcenaria interna não tivesse nenhum re-
FÓRMULA
No Pumula
convivem
detalhes
antigos e
modernos
suficientes
para conferir
ao barco uma
identidade sem
cair no clichê
vestimento. Para parecer que a madeira fosse antiguinha, tentamos todos os tipos de técnicas, de
imersão no chá a esfregar no mel. A cera de abelha
é apenas a camada top do revestimento”, disse
Rhoades. Outros detalhes charmosos do estilo
clássico são os compartimentos para bagagens nas
mesinhas de cabeceira nos dois camarotes de convidados e na suíte máster na popa. E há detalhes
modernos suficientes para conferir ao barco uma
identidade sem cair no clichê, como obras de arte
coloridas nas paredes e luminárias LED.
A suíte máster em dois níveis inclui um acesso
aberto à casaria e ao cockpit de popa. O nível superior, com visão de 360 graus, tem um sofá-cama
em frente a uma mesa com equipamentos eletrônicos embutidos. No nível inferior fica a enorme
cama ao centro, ladeada por armários e dois sofás
compridos que podem muito bem servir para uma
soneca rápida em noites de trabalho no convés.
Não há muito espaço sobrando no banheiro, que
tem um chuveiro em vez de uma banheira.
Para facilitar o acesso à água, o estaleiro fez
uma plataforma escamoteável perto da linha
d’água ligada ao deck principal com escadas em
fibra de carbono. “No início, pensávamos que o
acesso ia ser muito complicado. Mas basta um tripulante abrir a plataforma do casco e acionar o
dispositivo. É uma solução pensada para este barco que é muito simples e funciona muito bem,” disse o Capitão van Bregt.
Há várias sacadas neste barco, que, sem dúvida
foram determinantes para a sua premiação. O Pumula tem tudo o que um veleiro precisa, incluindo
abundância de pega-mãos e móveis com os cantos
arredondados. Este é um barco para rodar o mundo, não para ficar amarrado em uma marina.
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PUMULA
Comprimento: 37,3 m (122’ 6”)
Linha d’água: 27,5 m (90’1”)
Boca: 7,5 m (24’6”)
Calado (quilha erguida/baixada):
3 m (9’10”) / 5 m (16’5”)
Peso: 120 ton
Mastro: Rondal de fibra de carbono
Sail area (upwind): 8,407 square feet
Velas: North Sails
Ginchos: Rondal e Lewmar
Motor: 1 x Scania DI 12 62M de 450 hp
Velocidade no motor (máx./cruz.): 12,7 / 9 nós
Tanque de combustível: 6.900 L
Tanque de água: 4.725 L
Bow e stern thrusters: Hundested
Geradores: 2 x Kohler 40 EFOZD de 40 kW
Passageiros/tripulação: 8/4
Tender: Novurania MX430
Construction: “Alustar” alumínio
Arquitetura naval: Dykstra Naval Architects
Design interior: Rhoades Young
Gerente de projeto:
Jens Cornelsen Yacht Consultant
Estaleiro: Royal Huisman Shipyard,
Vollenhove, Holanda
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