Pumula - Royal Huisman
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Pumula - Royal Huisman
PUMULA Sonho real Eleito o melhor veleiro do mundo no ano passado, o Pumula realmente prova que é possível realizar o sonho de rodar o mundo na medida certa Por Marilyn Mower Fotos Cory Silken 48 www.boatinternational.com.br 49 PUMULA Os donos, agora com tempo e meios, queriam realizar o sonho de velejar ao redor do mundo em seu ritmo, no seu próprio veleiro e em contato com a beleza ao seu redor Há uma genialidade no Pumula que vai muito além do seu casco azul-marinho e de suas linhas clássicas. O sensacional projeto realmente baseou-se em criar um veleiro em estilo clássico, com uma linha d’água curta, e soluções e equipamentos modernos apropriados para explorar o mundo inteiro. Os donos, uma família europeia com laços com a África do Sul, não foram navegadores ou regateiros ao longo da vida, mas agora, com tempo e meios para viajar, eles queriam realizar o sonho de velejar ao redor do mundo em seu ritmo, no seu próprio veleiro e em contato com a beleza ao seu redor. A equipe encarregada para criar este veleiro dos sonhos foi certamente uma das mais experientes: o estaleiro Royal Huisman, o arquiteto naval Gerry Dykstra, os designers Jonathan Rhoades e Dick Young e o gerente de projeto Jens Cornelsen. 50 O briefing do projeto começou com a frase “gentleman’s yacht”. O termo é aberto a interpretações. Na destes proprietários, significa uma paixão que um cavalheiro possa admirar. Dykstra não é nenhum novato em desenhar barcos que remetam ao passado, mas neste iate o objetivo era combinar uma sensação de passado com presente. Entretanto, a determinação de que o veleiro viajaria ao redor do mundo, em vez de ser um regateiro, foi primordial. “Lugares como o porão e a altura do teto na sala das máquinas nos dão certos desafios, mas, como o proprietário diz, algumas coisas têm de ser sacrificadas pela beleza. No entanto, não houve sacrifícios em relação ao seu desempenho à vela. Em doze meses, nós cobrimos doze mil milhas náuticas”, conta o capitão do Pumula, Michael van Bregt. E não foram milhas fáceis, pois a primeira ATEMPORAL O Pumula conseguiu a façanha de misturar materiais nobres e o visual vintage com a mais moderna tecnologia náutica www.boatinternational.com.br 51 PUMULA viagem do Pumula foi para Spitsbergen, na Noruega, onde a tripulação foi aconselhada a alugar armas para repelir ursos polares saqueadores. Quando os proprietários conceberam o projeto, batizaram o veleiro de Bugamena, uma palavra zulu que significa mais ou menos “somos grandes” ou “somos os maiores”. Durante a construção do barco, eles começaram a planejar viagens e descobriram que o iate era apenas uma pequena lasca de madeira em um mar gigante, um minúsculo mundo tranquilo dentro de outro imensamente maior. Daí, eles mudaram o nome para Pumula, que, também em Zulu, significa “paz e descanso”. Esta prova de humildade está em perfeita sintonia com a decoração e a ambientação do iate. O pacote todo é tão harmonioso e fundamentado que os juízes do World Superyacht Awards 2013 escolheram o Pumula não só como o melhor de sua categoria mas como o melhor iate a vela do ano. Em abril, a Royal Huisman disponibilizou o Pumula para a nossa equipe dar uma velejada teste em Palm Beach, Flórida, pela primeira vez desde o seu lançamento. Uma brisa constante de 15 nós forneceu condições perfeitas para este “cortador” navegar a todo pano. O Pumula tem uma reacher, mas o Capitão van Bregt diz que ela é raramente usada. “Somos basicamente um barco de ‘velas brancas’ e a reacher, projetada para navegar em um vento a um ângulo de trinta a sessenta graus, passa a maior parte de seu tempo guardada debaixo do tender”. Uma das razões disso é porque o Pumula navega com apenas quatro tripulantes. “A pedido dos proprietários, o barco foi configurado para ser simples de navegar. Os sistemas são robustos e não existem complexidades desnecessárias. Porém, com apenas quatro tripulantes em um barco de cento e vinte e dois pés, a tripula- ção tem de ser multitarefa “, disse o representante nos EUA da Royal Husiman Michael Koppstein. Na verdade, o único item complicado é a quilha retrátil. Uma quilha deste tipo num barco que não se destina a regatas pode parecer incoerente, mas tornou-se parte essencial do projeto, uma vez que o objetivo é cruzeirar. O veleiro precisaria ter acesso facilitado a certos locais de baixo calado, como os atóis na Polinésia francesa, e destinos que exigem uma quilha com profundidade suficiente para fornecer tração para velejar contra o vento. Totalmente descida, a quilha mergulha a 16 pés e 5 polegadas, enquanto erguida ela trabalha a nove pés e 10 polegadas. Segundo Dykstra, o projeto prima pela simplicidade e por uma percepção de autenticidade. “Para atingir este objetivo, o veleiro só poderia ter uma roda de leme central. Então, para velejar com boa HARMONIA As soluções do projeto do Pumula integraram o conforto, a praticidade, a beleza e os equipamentos necessários para realizar grandes viagens ao redor do mundo O Pumula permite rapidamente que você sinta a direção e saiba se está no curso desejado. É definitivamente para quem gosta de entrar em sintonia física com a sensação de velejar 52 www.boatinternational.com.br 53 PUMULA O Pumula é tão harmonioso e fundamentado que os juízes do World Superyacht Awards 2013 o escolheram não só como o melhor de sua categoria mas como o melhor iate a vela do ano 54 www.boatinternational.com.br 55 PUMULA A mistura entre passado e presente do Pumula foi também a tônica do interior projetado pelo estúdio de design Rhoades Young linha de visão e com menos pessoas trabalhando, os controles da vela tinham de estar ao alcance da mão de quem estivesse no leme. Obviamente, não é tudo assim, mas esta filosofia permeia todos os aspectos do projeto”, diz. Na verdade, os controles e monitores, alguns deles embutidos no piso, não interferiram no estilo clássico do cockpit. Dois monitores grandes, um para o chartplotter e outro para o monitoramento do veleiro, também ficam escondidos quando não estão em uso. A roda do leme, de 48 polegadas de diâmetro, é bem gostosa de manejar. Apesar de eu não conseguir ver dali os telltales nas velas, havia medidores suficientes para me dizer quão perto estava do trim ideal ao entramos na corrente do Golfo. A tripulação também tem a opção de usar uma das câmeras do mastro e checar a imagem das velas em um monitor perto de leme. No entanto, este barco 56 é definitivamente para quem gosta de entrar em sintonia física com a sensação de velejar. O Pumula permite rapidamente que você sinta a direção e saiba se está no curso desejado. No deck, o guarda-mancebo é suficientemente alto para manter as coisas e as pessoas longe do mar e no cockpit a gente se sente muito seguro e seco. Há uma tela para evitar o spray do vento que cobre até a estrutura do bimini rígido. A mistura entre passado e presente do Pumula foi também a tônica do interior projetado pelo estúdio de design Rhoades Young. “Nosso desafio foi integrar as acomodações em uma linha d’água de nove pés em um casco de alta performance com bordas livres baixas. Isto demandou um layout extremamente eficiente com a máxima integração de serviços e de construção”, revelou Rhoades. Parte desse eficiente layout vem da escolha, em vez do PRATICIDADE Os ambientes do Pumula são relativamente simples, para oferecer conforto e acesso fácil para todo o barco www.boatinternational.com.br 57 PUMULA Para facilitar o acesso à água, há uma plataforma escamoteável perto da linha d’água ligada ao deck principal com escadas em fibra de carbono 58 www.boatinternational.com.br 59 PUMULA “Introduzimos muitos detalhes para que os proprietários possam interagir com a tripulação e fazer parte da navegação do iate” RHOADES YOUNG, DESIGNER mogno, de opções mais leves, mais modernas. E do fato de que os proprietários do Pumula se envolveram no projeto. “Introduzimos muitos detalhes que expressam isso, como o salão inferior que se abre para a cozinha, para que os proprietários possam interagir com a tripulação e fazer parte da navegação do iate”, conta Rhoades. Cada canto do iate é único, como um escada em curva que rodeia a estrutura da quilha e desce até uma sala de estar e um paiol que funciona como um freezer. É realmente uma bela sinergia entre o arquiteto naval, os engenheiros de sistemas e os designers de interiores. Até a área da tripulação é otimizada. A cozinha se conecta à confortável e bem iluminada sala de estar da tripulação a estibordo. A cabine do Capitão tem cama de casal e a cabine da tripulação, beliches e escadas levam até um lavabo. 60 O interior do barco tem características próprias, como as paredes brancas suspensas que escondem a estrutura do casco. Rhoades e Young escolheram o carvalho para as peças de carpintaria e mobiliário — que foram feitas pelo estaleiro. O carvalho é uma madeira tradicional em veleiros, mas está passando por um renascimento nos interiores. “Fazer madeira nova ter cara de velha consumiu muita pesquisa e tentativa e erro na prática”, disse Rhoades. Um dos destaques é o piso feito de tábuas largas, irregulares e suaves que parecem que foram talhados com um adze e desgastados suavemente ao longo de décadas de uso. A superfície foi coberta de cera de abelha, um antiderrapante natural, que brilha e é macia para os dedos dos pés. “Não queríamos que a madeira fosse toda da mesma cor. Os pisos são mais escuros, por exemplo. E também que a marcenaria interna não tivesse nenhum re- FÓRMULA No Pumula convivem detalhes antigos e modernos suficientes para conferir ao barco uma identidade sem cair no clichê vestimento. Para parecer que a madeira fosse antiguinha, tentamos todos os tipos de técnicas, de imersão no chá a esfregar no mel. A cera de abelha é apenas a camada top do revestimento”, disse Rhoades. Outros detalhes charmosos do estilo clássico são os compartimentos para bagagens nas mesinhas de cabeceira nos dois camarotes de convidados e na suíte máster na popa. E há detalhes modernos suficientes para conferir ao barco uma identidade sem cair no clichê, como obras de arte coloridas nas paredes e luminárias LED. A suíte máster em dois níveis inclui um acesso aberto à casaria e ao cockpit de popa. O nível superior, com visão de 360 graus, tem um sofá-cama em frente a uma mesa com equipamentos eletrônicos embutidos. No nível inferior fica a enorme cama ao centro, ladeada por armários e dois sofás compridos que podem muito bem servir para uma soneca rápida em noites de trabalho no convés. Não há muito espaço sobrando no banheiro, que tem um chuveiro em vez de uma banheira. Para facilitar o acesso à água, o estaleiro fez uma plataforma escamoteável perto da linha d’água ligada ao deck principal com escadas em fibra de carbono. “No início, pensávamos que o acesso ia ser muito complicado. Mas basta um tripulante abrir a plataforma do casco e acionar o dispositivo. É uma solução pensada para este barco que é muito simples e funciona muito bem,” disse o Capitão van Bregt. Há várias sacadas neste barco, que, sem dúvida foram determinantes para a sua premiação. O Pumula tem tudo o que um veleiro precisa, incluindo abundância de pega-mãos e móveis com os cantos arredondados. Este é um barco para rodar o mundo, não para ficar amarrado em uma marina. www.boatinternational.com.br 61 PUMULA Comprimento: 37,3 m (122’ 6”) Linha d’água: 27,5 m (90’1”) Boca: 7,5 m (24’6”) Calado (quilha erguida/baixada): 3 m (9’10”) / 5 m (16’5”) Peso: 120 ton Mastro: Rondal de fibra de carbono Sail area (upwind): 8,407 square feet Velas: North Sails Ginchos: Rondal e Lewmar Motor: 1 x Scania DI 12 62M de 450 hp Velocidade no motor (máx./cruz.): 12,7 / 9 nós Tanque de combustível: 6.900 L Tanque de água: 4.725 L Bow e stern thrusters: Hundested Geradores: 2 x Kohler 40 EFOZD de 40 kW Passageiros/tripulação: 8/4 Tender: Novurania MX430 Construction: “Alustar” alumínio Arquitetura naval: Dykstra Naval Architects Design interior: Rhoades Young Gerente de projeto: Jens Cornelsen Yacht Consultant Estaleiro: Royal Huisman Shipyard, Vollenhove, Holanda 62