IX – OPERAÇÕES RELACIONADAS COM O PATRIMÓNIO
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IX – OPERAÇÕES RELACIONADAS COM O PATRIMÓNIO
Novembro de 2013 IX – OPERAÇÕES RELACIONADAS COM O PATRIMÓNIO FINANCEIRO DO ESTADO 9.1 – Enquadramento Legal As operações patrimoniais dizem respeito ao património físico e financeiro do Estado. As receitas e despesas patrimoniais provêm da administração desse património mobiliário e imobiliário. As operações financeiras abrangem as transacções que conduzem à variação de activos e passivos mobiliários ou financeiros do Estado. Estes devem constar da Conta Geral do Estado, com referência às datas do início e fim do exercício económico, nos termos do disposto na alínea g) do n.º 1 do artigo 48 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro. Neste capítulo é analisado o património financeiro activo do Estado, sendo as operações inerentes à Dívida Pública tratadas no capítulo seguinte. O património financeiro do Estado é, também, composto pelo capital das empresas públicas e das sociedades de capitais públicos, bem como pelas participações do Estado no capital de empresas privadas, quer sejam sociedades anónimas, quer sejam sociedades por quotas, ou outras. O regime jurídico das empresas públicas é estabelecido pela Lei n.º 6/2012, de 8 de Fevereiro, que revoga a Lei n.º 17/91, de 3 de Agosto, e prevê mecanismos de acompanhamento e intervenção governamentais mais alargados na actividade das empresas públicas. As competências a nível governamental são exercidas pelo Ministro responsável pela tutela sectorial e pelo Ministro que superintende a área das Finanças, aos quais são atribuídos os poderes de acompanhamento, fiscalização e intervenção na actividade das empresas públicas, nos termos do preceituado nos artigos 4, 5 e 10 da citada lei. Pelo disposto no artigo 37 da mesma lei, na apresentação da Conta Geral do Estado à Assembleia da República, o Governo deve incluir uma informação sobre a situação económico-financeira de todas as Empresas Públicas. A Lei das Empresas Públicas que se encontra em vigor desde 8 de Fevereiro de 2012, dispõe, no artigo 53, o prazo de noventa dias para a sua regulamentação, e o n.º 1 do artigo 54 refere que os estatutos da empresa pública que contrariarem a lei acima mencionada devem ser revistos e adaptados em conformidade, também num prazo máximo de noventa dias, o que ainda não aconteceu, até à presente data. A Lei n.º 1/2012, de 13 de Janeiro, que aprovou o Orçamento do Estado de 2012, no seu Mapa A, especifica o montante de 13.055.617 mil Meticais para as Operações Financeiras Activas e Passivas. 9.2 – Considerações Gerais O IGEPE continua a não deter o controlo da totalidade das parcelas do Estado no capital social de empresas, estando parte destas sob gestão dos ministérios sectoriais e outros entes públicos, o que contraria o disposto no n.º 2 do artigo 1 do Estatuto Orgânico do IGEPE, segundo o qual este instituto tem por finalidade o exercício, nos termos legais e regulamentares, da gestão, coordenação e controlo de participações do Estado nos diferentes tipos de sociedade. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-1 Novembro de 2013 Na CGE de 2012, não é dada informação sobre as participações do IGEPE no Capital Social das empresas, encontrando-se a zero a coluna em que deveria ter sido registada esta informação. Da auditoria realizada, verificou-se que na carteira do IGEPE, constam, ainda, sociedades que já não têm existência jurídica, nem de facto. Na discriminação do montante de 19,8 milhões de Meticais das alienações de participações do Estado, informado pelo Governo, são mencionadas empresas em que o Estado não detinha participações, segundo foi apurado na auditoria realizada ao IGEPE. Do mesmo modo, há uma discrepância relativamente ao montante de 6,7 milhões de Meticais, na rubrica Capital Social de Empresas, que o Governo refere, na Conta Geral do Estado (Quadro 19, da página 54), como tendo sido aplicado na participação do Estado no capital social da Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, quando a auditoria realizada ao IGEPE apurou que, naquela unidade, não se registou qualquer variação no capital social. Nestas circunstâncias, não se obedeceu ao estabelecido no n.º 1 do artigo 46 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o qual a CGE deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira. Não foi devolvido ao Estado, pelo IGEPE, o saldo de 14.964 mil Meticais, da verba disponibilizada pelo Orçamento do Estado para o saneamento financeiro, em preterição do estatuído no n.º 1 do artigo 7 da Circular n.º 02/GAB-MF/2012, de 18 de Outubro, do Ministro das Finanças, atinente ao encerramento do exercício económico de 2012. Relativamente a uma amostra seleccionada de adjudicatários à aquisição de participações do Estado, através da DNPE e do IGEPE, com pagamentos em atraso, verificou-se que há um incumprimento generalizado, com registo de taxas de 81,5%, na relação entre as prestações vencidas, e a dívida a pagar até ao ano de 2012. 9.3 – Operações Financeiras Activas As Operações Financeiras cobrem as transacções que conduzem à variação de activos e passivos do Estado, englobando, assim, os empréstimos contraídos ou concedidos, as respectivas amortizações, os adiantamentos e as regularizações, bem como as participações do Estado no capital social de empresas. As Operações Financeiras Activas compreendem a concessão de empréstimos e adiantamentos, aquisição de títulos de crédito, incluindo obrigações, acções, quotas e outras formas de participação do Estado. No quadro a seguir, apresentam-se as Operações Financeiras Activas inscritas no Orçamento Inicial (Mapa A da Lei n.º 1/2012, de 13 de Janeiro), as dotações actualizadas e a respectiva execução, conforme indicado na CGE de 2012. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-2 Novembro de 2013 Quadro n.º IX.1 – Execução das Operações Activas (Em mil Meticais) Dotações Código Designação Lei n.º CGE/2012 1/2012 241 Operações Activas 10.239.469 10.239.470 241001 Capital Social das Empresas 64.100 241002 Empréstimos com Acordos de Retrocessão 9.838.681 241099 Outras Operações Activas 336.689 Fonte: Mapa A anexo à Lei n.º 1/2012, de 13 de Janeiro, e Mapa V da CGE de 2012. Execução Valor % 5.168.523 6.673 4.851.551 310.299 50,5 10,4 49,3 92,2 Peso 100,0 0,1 93,9 6,0 A execução foi de 50,5%, com realizações muito abaixo do estimado nas rubricas Capital Social das Empresas e Empréstimos com Acordos de Retrocessão, que registaram taxas de 10,4% e 49,3%, respectivamente. As Operações Activas centraram-se, praticamente todas, nos Empréstimos com Acordos de Retrocessão, que representaram 93,9% da despesa executada. 9.3.1 - Sociedades com Participações do Estado No âmbito das suas atribuições e competências, consagradas nos artigos 4 e 5 do Estatuto Orgânico do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), aprovado pelo Decreto n.º 46/2001, de 21 de Dezembro, incumbe ao IGEPE gerir as participações que o Estado tem nas empresas, com vista a garantir a efectivação da sua reestruturação patrimonial. Com efeito, estabelece o n.º 2 do artigo 1 do Estatuto acima referido que o IGEPE “...tem por finalidade o exercício, nos termos legais e regulamentares, da gestão, coordenação e controlo de participações do Estado nos diferentes tipos de sociedade”, competindo-lhe, em conformidade com o disposto na alínea a) do n.º 2 do artigo 5 do mesmo diploma, acompanhar ou participar na gestão de todas as empresas participadas pelo Estado. Da auditoria efectuada ao IGEPE, constatou-se que este, ainda, não detém o controlo da totalidade das parcelas do Estado no capital social das empresas. Segundo o Instituto, parte daquelas está sob gestão dos ministérios sectoriais e outros entes públicos, contrariando-se, expressamente, o estabelecido no seu Estatuto Orgânico que, como referido, confere-lhe o mandato de ser ele a gerir as participações do Estado nas empresas. A este respeito, o Tribunal Administrativo, no seu Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado relativa ao exercício económico de 2007, emitiu uma recomendação no sentido de que fossem desenvolvidos esforços para que o IGEPE, na qualidade de gestor das participações do Estado, conhecesse as empresas em que este detém participações. Esta recomendação foi acolhida pela Assembleia da República, através da Resolução n.º 11/2009, de 27 de Agosto, que aprova a Conta Geral do Estado referente àquele ano, a qual dispõe, no artigo 2, que “Na elaboração da Conta Geral do Estado, o Governo deve observar as recomendações do Tribunal Administrativo, constantes do seu Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado”. Em sede do contraditório, o Governo afirmou que “o processo de cadastro das participações do Estado ainda está em curso, em virtude de até à data existirem sociedades que não têm arquivo e outras que existiram fisicamente mas não chegaram a ser constituídas juridicamente”. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-3 Novembro de 2013 Sobre o assunto, é entendimento deste Tribunal que o IGEPE deve imprimir uma maior dinâmica ao processo, de modo a acelerar a conclusão do mesmo, possibilitando, deste modo, o controlo de todas as participações do Estado. Na CGE de 2012, concretamente no Anexo Informativo 4-a, em que é feita a desagregação das empresas, quer as participadas pelo Estado, quer pelo IGEPE, verifica-se que a coluna das participações do IGEPE tem o valor zero, não se conhecendo, assim, neste documento, as participações do Instituto no capital social das empresas indicadas. A falta do detalhe das participações nas referidas empresas constitui uma inobservância do disposto no n.º 1 do artigo 46 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, de acordo com o qual a CGE deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira. O Governo, no exercício do contraditório do Relatório sobre a CGE de 2012, afirmou que “na elaboração do Anexo Informativo 4-a da CGE, por lapso, as participações do IGEPE foram consideradas como sendo participações do Estado”. Para efeitos de correcção, remeteu o Anexo Informativo 4-a, rectificado. Em seguida, efectua-se a análise das participações do Estado nas Sociedades por Quotas e Anónimas. 9.3.1.1- Sociedades por Quotas Nos termos do n.º 1 do artigo 283 do Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro, as sociedades por quotas são aquelas em que o capital está dividido em parcelas e os sócios são solidariamente responsáveis pela realização do capital social. O resumo das participações do Estado nas Sociedades por Quotas, no quinquénio, é apresentado no quadro que se segue. Quadro n.º IX.2 - Participações do Estado nas Sociedades por Quotas Var. (%) (Em mil Meticais) Capital Var. Participação Var. Peso Social (%) do Estado (%) (%) 158.597 58.403 36,8 Anos Sociedades 2008 30 - 2009 27 -10,0 139.184 -12,2 54.268 -7,1 39,0 2010 26 -3,7 128.281 -7,8 52.088 -4,0 40,6 2011 24 -7,7 125.134 -2,5 51.459 -1,2 41,1 2012 20 Fonte: IGEPE. -16,7 123.303 -1,5 51.028 -0,8 41,4 Como se pode observar no Quadro n.º IX.2, o peso da participação do Estado no capital social registou um ligeiro aumento de 0,3 pontos percentuais, ao passar de 41,1%, em 2011, para 41,4%, em 2012. Da mesma forma, o peso das participações do Estado no capital social tem crescido de forma contínua, ao longo do quinquénio 2008-2012, tendo passado de 36,8%, em 2008, para 41,4%, no ano em consideração. O número de sociedades por quotas em que o Estado detém participações passou de 24, em 2011, para 20, em 2012. Essa variação resultou da retirada, da carteira do Estado, das TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-4 Novembro de 2013 sociedades Motel do Mar, Lda., Sociedade de Gestão Ponta Malongane, Lda., Fábrica de Roscados de Moçambique, Lda. e da Frigo Services, Lda. Em sede de auditoria, o IGEPE informou que as sociedades Motel do Mar, Lda. e Sociedade de Gestão Ponta Malongane, Lda. foram transferidas para a gestão da Sociedade Mosaico do Índigo, SA. As sociedades Fábrica de Roscados de Moçambique, Lda. e Frigo Services, Lda., foram retiradas, administrativamente, pelo IGEPE, da carteira das sociedades por si geridas, uma vez que as mesmas não foram localizadas fisicamente, nem foram encontrados seus registos. Esta última situação indicia a ausência de um controlo apropriado e sistemático das sociedades participadas pelo Estado, pois aquelas entidades vêm fazendo parte da lista das que estão sob gestão, coordenação e controlo do IGEPE, só se tendo detectado a sua inexistência física por terem sido arroladas para avaliação, por uma empresa de consultoria, com vista à sua posterior alienação. No Gráfico n.º IX.1, apresenta-se a evolução do capital social e das participações detidas pelo Estado nas sociedades por quotas, no decurso do quinquénio 2008-2012, em que se pode verificar que as participações do Estado têm vindo a decrescer, registando uma diminuição de 12,6%1, no período. O decréscimo nas participações do Estado resulta das acções que têm vindo a ser desenvolvidas pelo IGEPE, no saneamento da carteira de participações, com vista à liquidação e/ou alienação da parte do capital social em empresas consideradas não estratégicas, no âmbito da reestruturação do sector empresarial, ao mesmo tempo que não têm vindo a ser identificadas oportunidades de investimento com novas parcerias, para a carteira deste tipo de sociedades. Gráfico n.º IX.1 – Evolução das Participações do Estado nas Sociedades por Quotas 180.000 2008 160.000 (Em mil Meticais) Participação140.000 do58.403 Estado 120.000 Capital Social 158.597 2009 54.268 139.184 2010 52.088 128.281 2011 51.459 125.134 2012 51.028 123.303 100.000 Participação do Estado 80.000 60.000 Capital Social 40.000 20.000 0 2008 2009 2010 2011 2012 9.3.1.2- Sociedades Anónimas De acordo com o estipulado no artigo 331.º do Código Comercial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 2/2005, de 27 de Dezembro, as Sociedades Anónimas (SA) são aquelas em que o capital é dividido em acções e cada sócio limita a sua responsabilidade ao valor das acções que detém. 1 (58.403-51.028)/58.403*100 TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-5 Novembro de 2013 Seguidamente, apresenta-se o quadro-resumo das participações do Estado geridas pelo IGEPE, distribuídas pelas participações directas do Instituto e as participadas por outras entidades do Estado, a partir da conta de 2009, ano em que o mesmo Instituto passou a facultar, de maneira detalhada, a informação sobre as Sociedades Anónimas participadas pelo Estado, dados que antes eram fornecidos de maneira agregada. Quadro n.º IX.3 - Participações do Estado nas Sociedades Anónimas N.º de Sociedades Outras Anos Peso Peso Total IGEPE Instituições do (%) (%) Estado 2009 15 14,6 88 85,4 103 2010 17 16,0 89 84,0 106 2011 15 14,7 87 85,3 102 2012 18 17,6 84 82,4 102 Fonte: IGEPE. Capital Social IGEPE 52.866.822 69.987.822 71.260.816 74.097.026 984.011 984.011 658.753 658.753 (Em mil Meticais) Participação Outras Peso Total Instituições do (%) Estado 27.018.823 28.002.834 53,0 35.485.826 36.469.837 52,1 35.782.324 36.441.077 51,1 44.911.903 45.570.655 61,5 Gráfico n.º IX.2 – Evolução das participações do Estado e do Capital Social 140.000.000 120.000.000 45.570.655 36.469.837 36.441.077 Em mil Meticaise 100.000.000 80.000.000 69.987.822 28.002.834 74.097.026 71.260.816 Participação do Estado Capital Social 60.000.000 52.866.822 40.000.000 20.000.000 0 2009 2010 2011 2012 Constata-se, no Quadro n.º IX.3, que o Estado detinha, em 2012, participações em 102 sociedades, sendo que em 18 delas a participação é detida pelo IGEPE e nas restantes 84, através de outras entidades. Nas 102 sociedades participadas, o Estado detém 45.570.655 mil Meticais de capital social, o que significou um aumento de 9.129.578 mil Meticais, comparativamente ao ano de 2011, em que se registou, também em 102 sociedades, uma participação de 36.441.077 mil Meticais. No ano em apreço, o peso da participação do Estado no Capital Social das empresas participadas representa 61,5%, quando, no ano transacto, essa percentagem era de 51,1%. No Quadro n.º IX.4, a seguir, são apresentadas as variações ocorridas na carteira do IGEPE, relativamente às sociedades anónimas, no exercício de 2012. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-6 Novembro de 2013 Quadro n.º IX.4 – Variação na Carteira do IGEPE em 2012 - Sociedades Anónimas (Em mil Meticais) 2011 N.º Ordem Empresas 1. Retiradas 1.1. Venda 1 2 3 Afrisal do Mar (ex-Extrasal), SA Riopele Têxteis de Moçambique, SA ( ex-Cometal, E.E ) Fasorel, SA ( ex-Fasorel/Saborel) 1.2. Exclusão Capital Social 163.790 71.890 2012 Participação Capital Social do Estado 18.768 163.790 9.166 71.890 Variação Participação do Estado Capital Social 0 0 Participação do Estado 0 -18.768 0 -9.166 18.750 3.750 18.750 0 0 -3.750 18.140 4.716 18.140 0 0 -4.716 35.000 700 35.000 0 0 -700 91.900 9.602 91.900 0 0 -9.602 4 Centra-Empresa Moçambicana de Serviços, SA 150 26 150 0 0 -26 5 Sociedade Aldeamento Turístico de Macuti, SA 76.750 8.826 76.750 0 0 -8.826 6 Sometal-Soc.Ind.de Equipamento e MetaloMecânico, SA 15.000 750 15.000 0 0 -750 2. Alteração no Capital Social/Participação 18.645.000 8.744.151 21.645.000 17.915.400 3.000.000 9.171.249 1.500.000 257.376 4.500.000 770.400 3.000.000 513.024 17.145.000 8.486.775 17.145.000 17.145.000 0 8.658.225 18.808.790 8.762.919 21.808.790 17.915.400 3.000.000 9.152.481 1 Millennium Bim, SA 2 Banco Nacional de Investimentos, SA Total Fonte: IGEPE. A venda das empresas Afrisal do Mar, SA, Riopele Têxteis de Moçambique, SA e Fasorel, SA (ex-Fasorel/Saborel), que constavam da carteira do IGEPE, resultou numa variação para menos, de 9.166 mil Meticais, nas participações do Estado. A participação do Estado de 20% na Afrisal do Mar, SA, no montante de 3.750 mil Meticais, foi cedida aos Gestores, Técnicos e Trabalhadores (GTT´s) da empresa. Relativamente à Riopele Têxteis de Moçambique, SA, cuja participação do Estado, representando 26%, (4.716 mil Meticais), foi alienada ao consórcio Mundo Têxtil, Mundifios e Crispim Abreu. No que toca à Fasorel, SA Fasorel, SA (ex-Fasorel/Saborel) a participação de 700 mil Meticais, que representam 2%, foi alienada aos GTT´s da empresa. Na auditoria realizada ao IGEPE, apurou-se que as sociedades que se indicam, a seguir, deveriam ser excluídas da carteira do IGEPE, pelas razões igualmente apontadas. a) Centra – Empresa Moçambicana de Serviços, SA - O Estado já não detém participação na mesma, desde 1991, ano em que, pela privatização da COTOP, SA, a sua participação foi alienada a privados (80%), tendo sido reservados 20% para os GTT’s; b) Sociedade de Aldeamento Turístico de Macuti, SA – Foi transferida para a empresa Mosaico do Índigo, SA, em 2012; c) Sometal, Sociedade Ind. de Equipamento e Metalo-Mecânica, SA - Nunca foi participada pelo Estado. O Governo, em resposta ao Pedido de Esclarecimentos sobre a CGE 2012, discriminou o montante das alienações de participações do Estado, no valor de 19,8 milhões de Meticais, conforme o quadro que se segue, incluindo as empresas Centra – Empresa Moçambicana de Serviços, SA, Sociedade Aldeamento de Macuti e Sometal, SA. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-7 Novembro de 2013 (Em mil Meticais) N.º O rde m 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empre sa Afrisal do Mar (ex Extrasal) Centra - Empresa Moçambicana de Serviços Fasorel (ex Fasorel/Saborel) Riopele T êxteis Sociedade Aldeamento de Macuti Sometal Mirco Holdings Fábrica de Roscados de Moçambique Frigo Service Sociedade de Gestão Ponta Malongana Total Valor 3.750,00 25,50 700,00 4.716,40 8.826,30 750,00 675,00 151,16 40,00 239,03 19.873,39 A Centra – Empresa Moçambicana de Serviços, SA, em que o Estado já não detém participação desde 1991, a Sociedade Aldeamento de Macúti, que foi transferida para a empresa Mosaico do Índigo, SA e a Sometal, SA, que nunca teve participação do Estado, foram incluídas na lista das unidades em que o Estado alienou suas participações pelos valores de 25,50 mil Meticais, 8.826,30 mil Meticais e 750,00 mil Meticais, respectivamente. O Governo, nas suas considerações em relação ao Relatório, reconheceu que “o montante de 19,8 milhões de Meticais refere-se, de facto, a empresas que foram saneadas ou retiradas da carteira, quer devido ao processo de alienação, de transferência da participação a outras instituições, ou mesmo por inexistência jurídica”, mas não esclareceu em que condições foi incluída a Sometal, empresa em que o Estado nunca teve participação. Esta incoerência entre os dados reportados na CGE e os apurados durante a auditoria constitui uma inobservância do estatuído no n.º 1 do artigo 46 da Lei n.º 9/2002, de 12 de Fevereiro, segundo o qual a CGE deve ser elaborada com clareza, exactidão e simplicidade, de modo a possibilitar a sua análise económica e financeira. As restantes variações na carteira do IGEPE dizem respeito ao Millennium bim, SA, que registou um aumento da participação do Estado de 257.376 mil Meticais para 770.400 mil Meticais, do capital social de 4.500.000 mil Meticais, e ao Banco Nacional de Investimentos, SA, em que o Estado passou a deter a totalidade do capital social, no montante de 17.145.000 mil Meticais, conforme se observa no Quadro IX.4, atrás. Por último e relativamente às sociedades anónimas na carteira do IGEPE, o Governo, em resposta ao Pedido de Esclarecimentos sobre a CGE 2012, informou que o montante constante do Quadro 19, na rubrica Capital Social de Empresas, do Relatório do Governo sobre os Resultados da Execução Orçamental, no valor de 6,7 milhões de Meticais, foi aplicado na participação do Estado no Capital social da Empresa Moçambicana de Exploração Mineira. Contudo, da auditoria realizada ao IGEPE, apurou-se que a Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, SA não teve nenhuma variação no capital social, em 2012. 9.3.2 – Saneamento Financeiro Nas auditorias realizadas ao Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) e Direcção Nacional do Património do Estado (DNPE), foi apurado que os gastos do Estado no saneamento financeiro, através destas duas entidades, foram de 799.637 mil Meticais, dos quais 782.130 mil Meticais, através do IGEPE e 17.507 mil Meticais, pela DNPE, como se dará conta a seguir. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-8 Novembro de 2013 9.3.2.1 - Saneamento Financeiro através do IGEPE No exercício económico de 2012, através do IGEPE, foram gastos 782.130 mil Meticais no saneamento financeiro de empresas e de aumento de capital, conforme se observa no Quadro IX.6, adiante. Destes, foram despendidos, pelo IGEPE, 15.424 mil Meticais, com a utilização de receitas de alienação arrecadadas no mesmo ano, e 21.571 mil Meticais, de receitas próprias. Observa-se, no mesmo quadro, que foram disponibilizados pelo Orçamento do Estado 310.099 mil Meticais, tendo sido utilizados, desse montante, 295.135 mil Meticais, resultando um saldo de 14.964 mil Meticais. Este saldo não foi devolvido ao Estado, em violação do preconizado no n.º 1 do artigo 7 da Circular n.º 02/GAB-MF/2012, de 18 de Outubro, do Ministro das Finanças, relativo ao encerramento do exercício económico de 2012, segundo o qual os saldos de AFU's não utilizados em 2012 devem ser anulados e os seus recursos financeiros recolhidos à conta bancária de Receita de Terceiros (CBRT) da UI do STP-D correspondente, para posterior transferência à Conta Única do Tesouro (CUT). Quadro n.º IX.6 - Despesas do Estado no Saneamento Financeiro de Empresas e aumento de capital, através do IGEPE (Em mil Meticais) 2012 Empresas 2008 2009 2010 2011 39.410 6.357 0 5.753 2.000 4.000 4.049 6.332 0 2.366 7.179 1.375 0 0 0 62.337 0 6.500 0 4.000 5.500 0 0 6.000 3.337 0 0 37.000 0 0 28.100 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 28.100 0 148.653 0 0 0 0 3.151 0 0 0 0 0 0 470 69.837 37.562 310.559 2.360 10.000 355 32.148 Peso (%) 39,7 0,3 0,0 0,0 0,0 0,4 3,1 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0 1,3 0,0 4,1 0 0 0 24.660 219.716 0 0 0 12.973 Valor I. Saneamento financeiro 1. Texmoque 2. Texlom, SARL 3. Contex 4. Riopele 5. Mabor 6. Companhia do Búzi, SA 7. Loumar 8. Vidreira e Cristalaria de Moçambique, SA 9. SCANMO 10. Sociedade de Regadios e Construções 11. Companhia de Desenvolvimento Mineiro, SA 12. Magma 13. ADENA 14. Sociedade Moçambicana de Medicamentos 15. Empresa de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes-ECMEP´s 16. ALC - African Leasing Company, SA* 17. Riopelle, Têxteis Moçambique, SA II. Operações financeiras activas II.1-Constituição de Capital 1. Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, SA II.2-Aumento de Capital 1. mCel- Moçambique Celular, SA 2. SEMOC 3. Auto Gás, SA. 4. Banco Nacional de Investimentos II.3-Empréstimos 1. CMG- Companhia Moçambicana de Gasodutos, SA II.4-Suprimentos 1. Sociedade Moçambicana de Medicamentos Total Geral I+II Disponibilizado Pelo OE (1) 0 0 0 0 0 0 0 100.000 1.000 1.000 35.749 35.749 0 0 29.650 0 0 29.650 0 17.850 11.800 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 39.410 32.964 32.964 30.287 30.287 162.337 0 0 0 0 57.750 0 0 0 0 148.653 3.400 24.500 4.145 13.935 471.571 471.571 471.571 782.130 Total 2008/12 Peso (%) 589.059 8.716 6.500 5.753 6.000 16.051 28.549 6.332 10.145 5.703 7.179 1.375 47.470 98.292 69.710 49,5 0,7 0,5 0,5 0,5 1,3 2,4 0,5 0,9 0,5 0,6 0,1 4,0 8,3 5,9 28,1 244.376 20,5 0,0 1,8 60,3 0,0 0,0 60,3 0,0 0,0 0,0 60,3 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 12.973 13.935 601.221 1.000 1.000 536.970 35.749 17.850 11.800 471.571 32.964 32.964 30.287 30.287 1.190.280 1,1 1,2 50,5 0,1 0,1 45,1 3,0 1,5 1,0 39,6 2,8 2,8 2,5 2,5 100,0 310.099 Utilizado OE (2) 295.135 Empréstimo bancário 450.000 Saldo do OE (1-2) 14.964 Outros recursos ** 36.995 Fonte: IGEPE. * Antiga ULC Moçambique, Lda. ** Receitas de alienação (15.424 mil Metcais) e receitas próprias do IGEPE (21.571 mil Meticais). TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-9 Novembro de 2013 No exercício de 2012, destaca-se a despesa no aumento de capital do Banco Nacional de Investimentos, no valor de 471.571 mil Meticais, que representou 60,3% da despesa do ano, seguida do saneamento financeiro na Empresa, de Construção e Manutenção de Estradas (ECMEP), com 219.716 mil Meticais (28,1%), Sociedade Moçambicana de Medicamentos, com 32.148 mil Meticais (4,1%), Companhia do Búzi, SA, com 24.500 mil Meticais (3,1%) e Riopele Têxteis Moçambique, SA, com 13.935 mil Meticais (1,8%). No quinquénio, o Estado desembolsou 1.190.280 mil Meticais, sendo 589.059 mil Meticais e 601.221 mil Meticais, respectivamente, em saneamento financeiro e operações financeiras activas (que incluíram operações de constituição e aumento de capital, empréstimos e suprimentos). Da auditoria realizada ao IGEPE, verificou-se que o aumento das participações do Estado no Banco Nacional de Investimentos (BNI) foi feito através do recurso a crédito assumido pelo Estado, através do IGEPE, no valor de 450.000 mil Meticais, tendo sido, o restante, provido através de receitas próprias do IGEPE (21.571 mil Meticais). Na execução do corrente ano, a intervenção do IGEPE consistiu numa aplicação de 782.130 mil Meticais, com a seguinte distribuição: a) 355 mil Meticais, para o pagamento do 13.º vencimento do ano de 2011 e salários do 1.º trimestre de 2012, a 14 trabalhadores da ADENA, E.E.; b) 4.145 mil Meticais, para o pagamento do passivo laboral de 16 ex-trabalhadores da Vidreira de Moçambique, SA; c) 10.000 mil Meticais, para o pagamento de compensações aos ex-trabalhadores da Magma; d) 32.148 mil Meticais, para o pagamento da 1.ª e 3.ª tranches de fundos para a Sociedade Moçambicana de Medicamentos, SA; e) 219.716 mil Meticais, para o pagamento de salários em atraso aos trabalhadores e adiantamento de fundos para fazer face às despesas correntes da Empresa de Construção e Manutenção de Estradas e Pontes (ECMEP) Centro, Sul e Norte; f) 13.935 mil Meticais, para a realização do pagamento de dívidas da Riopele Têxteis de Moçambique, SA, referentes às contribuições, multas e juros de mora do capital subscrito; g) 24.500 mil Meticais, para o pagamento de salários e pré-aviso a trabalhadores da Companhia de Búzi, SA; h) 2.360 mil Meticais, para o pagamento de salários em atraso do ex-Administrador da Texmoque, referente ao período de 1 de Dezembro de 1996 a Abril de 2004. i) 3.400 mil Meticais, para o pagamento do passivo laboral de ex-trabalhadores da Mabor; j) 471.571 mil Meticais, para aumento da participação do Estado no Banco Nacional de Investimentos (BNI). TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-10 Novembro de 2013 9.3.2.2 – Saneamento Financeiro através da DNPE No exercício económico de 2012, foram gastos, através da DNPE, 17.507 Meticais no saneamento financeiro de empresas, com recurso a receitas de alienação do património e participações do Estado, ao abrigo do n.º 1 do artigo 25 da Lei n.º 15/91, de 3 de Agosto. Esta direcção é titular de duas contas bancárias de privatizações, uma em Dólares Americanos e outra em Meticais. As mesmas são debitadas pelos pagamentos de passivos, salários em atraso e indemnizações aos trabalhadores, comissões aos intervenientes no processo de privatização, anúncios publicitários e aquisição de material diverso, e creditadas pelos pagamentos efectuados pelos adjudicatários das empresas privatizadas, sendo, os mesmos, na sua maioria, realizados em prestações. Quadro n.º IX.7 – Saneamento Financeiro de Empresas através da DNPE (Em mil Meticais) 2012 N.º Ordem Designação 2008 2009 2010 2011 Valor 1 Intermecano 2 Lomaco - Montepuez 3 Ex-Fábrica de Refrigerantes de Tete 4 Pescom Internacional - Delegação de Maputo 5 Peso (%) Total 2008/12 Peso (%) 528 2.488 394 174 3.584 2,6 0 200 0 0 200 0,1 2,8 0 0 3.832 0 3.832 1.586 0 164 0 1.750 1,3 Pescom Internacional - Beira 0 1.541 0 24 1.565 1,1 6 Mecanagro e Auto Diesel da Maxixe 0 2.164 0 0 2.164 1,6 7 Ex-Construtora Integral de Sofala 0 17.687 0 0 17.687 12,7 8 ROMOS Inharrime 0 0 0 256 256 0,2 9 ROMON, E.E. - Delegação de Lichinga 0 2.058 0 0 2.058 1,5 10 ROMOC - Delegação da Beira 17.737 0 0 0 17.737 12,8 11 Serração e Carpintaria Beirense 3.760 458 0 0 12 CETA, Construções e Serviços 7.484 70 0 13 Ex-Fábrica de Tabacos de Nampula 31.401 0 14 Rádio de Telecomunicações 535 0 15 Fábrica de Leite e Lactícios de Quelimane 2.163 16 Porto de Pescas de Quelimane 17 Romoza, E.E. - Delegação de Quelimane 18 Cerâmica e Carpintaria Monteiro e Giro - Deleg. da Zambézia 5.962 4,3 0 7.554 5,4 0 0 31.401 22,6 0 0 535 0,4 0 0 0 2.163 1,6 0 5.652 0 0 5.652 4,1 0 4.030 0 0 4.030 2,9 0 2.173 0 0 2.173 1,6 1.744 10,0 19 Unidade Técnica de Reestruturação de Empresas (UTRE) 0 615 680 883 138 0,8 2.316 1,7 20 Cinemas (Victória, 25 de Setembro e Nacional) 0 163 207 188 710 4,1 1.268 0,9 21 Pensão Tomás 0 0 0 95 95 0,1 22 Joaquim Miquicene 0 42 0 0 42 0,0 23 Vilmar, Manica 0 849 618 0 1.467 1,1 24 Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) 0 73 186 0 259 0,2 25 Pedreira de Movene 0 71 0 0 71 0,1 26 Bartolomeu Manuel Banze 0 29 0 0 29 0,0 27 Vulcanizadora de Moçambique 0 157 0 0 157 0,1 28 João Chipela 0 203 0 0 29 Armando Fernando Milú 0 0 5.800 0 92 0,5 0,2 4,2 30 Costa Alberto Landane- CNAA-MOPH 678 0,5 31 Arvindcumar Jamnadás 0 0 687 0 687 0,5 32 Romão Domingos Pinto Romão 0 0 777 0 777 0,6 33 Ex-Romoc, E.E. - Delegação de Tete 0 0 383 0 383 0,3 34 Ex-Agro Pecuária de Quelimane 0 133 0 0 133 0,1 35 Fábrica de Descasque de Arroz de Conhane 4.530 25,9 4.530 3,3 36 Fábrica de Refrigerantes de Tete 61 0,4 61 0,0 37 Construtora Integral de Manica 9.553 54,6 9.553 6,9 17.507 100 138.904 100,0 Total 678 65.195 40.854 13.728 1.620 3,9 295 5.800 Fonte: DNPE. No Quadro n.º IX.7, acima, elaborado com base na informação recolhida nas auditorias realizadas na DNPE, verifica-se que, em 2012, as despesas de saneamento financeiro tiveram um aumento significativo, passando de 1.620 mil Meticais, em 2011, para 17.507 mil Meticais, no exercício em análise. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-11 Novembro de 2013 A maior contribuição no aumento verificado foi dos pagamentos feitos à Construtora Integral de Manica, no montante de 9.553 mil Meticais, com um peso de 54,6%, do valor total despendido no ano, e à Fábrica de Descasque de Arroz de Conhane, com 4.530 mil Meticais, representando 25,9% do valor total. Ao longo do quinquénio, as empresas que mais recursos absorveram no seu saneamento financeiro foram a ex-Fábrica de Tabacos de Nampula (22,6%), a ROMOC-Delegação da Beira (12,8%) e a ex-Construtora Integral de Sofala (12,7%). 9.3.3. – Empréstimos com Acordos de Retrocessão 9.3.3.1 – Desembolsos e Reembolsos dos Créditos Concedidos com Acordos de Retrocessão De seguida, são apresentados os dados relativos aos desembolsos e reembolsos de 2012, dos créditos outorgados e financiados pelos diferentes parceiros, nos quais o Estado é co-garante da sua devolução. Quadro n.º IX.8 -Saldos dos Empréstimos com Acordos de Retrocessão (Em mil Meticais) N.º Ordem 1 2 3 4 5 6 7 8 Designação Saldo a 31/12/11 (de Abertura) Desembolsos Reembolsos (1) (2) (3) Saldo a 31/12/12 Var. (%) 2011/12 (4)=(1)+(2)-(3) (5) 4.295.542 8.069.425 4.300.625 636.091 1.226.459 3.384.045 910.704 124.915 0 788.625 914.715 0 72.222 258.793 162.256 14.084 40.752 100.000 89.213 94.278 16.755 0 0 250 4.254.790 8.758.050 5.126.127 541.813 1.281.926 3.642.838 1.072.960 138.749 -0,9 8,5 19,2 -14,8 4,5 7,6 17,8 11,1 1.321.581 416.740 0 1.738.321 31,5 10 250.643 11 0 12 44 Total 24.520.074 Fonte: Anexo Informativo 5 da CGE de 2012. 0 2.224.116 0 4.851.551 0 0 44 341.292 250.643 2.224.116 0 29.030.333 0,0 -100,0 18,4 9 CFM EDM FIPAG HCB TDM ADM FARE FFPI ANE - Fundo de Estradas FAPI/GAPI Maputo-Sul Outros Reembolsos 2012 No quadro, verifica-se que foram desembolsados, em 2012, 4.851.551 mil Meticais e reembolsados 341.292 mil Meticais, de que resultou um saldo de 29.030.333 mil Meticais, em 31/12/2012. Beneficiaram de desembolsos, a EDM, FIPAG, TDM, ADM, FARE, FFPI, ANE – Fundo de Estradas e Maputo-Sul. Quanto aos reembolsos, no exercício em apreço, as empresas EDM, HCB e FIPAG foram as que, em relação ao total reembolsado, efectuaram os pagamentos mais representativos, sendo de 100.000 mil Meticais, 94.278 mil Meticais e 89.213 mil Meticais, respectivamente. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-12 Novembro de 2013 9.3.3.2 – Evolução dos Reembolsos dos Créditos com Acordos de Retrocessão (20082012)2 No Quadro n.º IX.9 e no respectivo gráfico, apresenta-se a Evolução dos Reembolsos de Empréstimos Concedidos por Acordos de Retrocessão, no período de 2008-2012, relativamente à amostra seleccionada, respeitante às empresas EDM, TDM, HCB e FIPAG. Quadro n.º IX.9 – Evolução dos Reembolsos de Empréstimos Concedidos por Acordos de Retrocessão (2008-2012) (Em mil Meticais) Entidade Anos 2008 % 2009 % 2010 % 2011 % 2012 % Total % EDM 42.000 33,0 90.500 42,9 62.500 13,4 150.000 39,9 100.000 33,3 445.000 30,0 TDM 0 0,0 0 0,0 235.448 50,3 5.000 1,3 16.755,0 5,6 257.203 17,4 HCB 85.104 67,0 120.594 57,1 134.743 28,8 116.655 31,0 94.278 31,4 551.374 37,2 0 0,0 0 0,0 35.000 7,5 104.400 27,8 89.213 29,7 228.613 15,4 Total 127.104 100,0 211.094 100,0 Fonte: Anexo Informativo 5 da CGE (2008-2012). 467.691 100,0 376.055 100,0 300.246 100,0 1.482.190 100,0 FIPAG Conforme se apresenta no quadro, ao longo do quinquénio, os reembolsos das 4 empresas totalizaram 1.482.190 mil Meticais. Analisando os reembolsos efectuados em 2012, verifica-se que estas empresas reembolsaram o valor de 300.246 mil Meticais. Em mil Meticais Gráfico n.º IX.3 - Evolução dos Reembolsos de Empréstimos Concedidos por Acordos de Retrocessão (2008-2012) 467 691 432 691 500 000 450 000 400 000 350 000 300 000 376 055 300 246 271 655 250 000 200 000 150 000 100 000 50 000 0 211 094 211 033 127 104 2008 2009 2010 2011 2012 Nas quatro empresas seleccionadas, regista-se uma tendência crescente nos reembolsos, até 2010, tendo alcançado, nesse ano, o valor mais significativo do período (467.691 mil Meticais), observando-se, a partir daí, uma queda acentuada, com registo, em 2012, do valor de 300.246 mil Meticais, em consequência do fraco reembolso efectuado pela TDM, em 2011, e pela EDM e HCB, em 2012. 2 Foram consideradas as quatro empresas com maior peso, em termos de montantes reembolsados, ao longo do período. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-13 Novembro de 2013 9.3.4 – Receitas de Alienação da Participação do Estado em Empresas No prosseguimento do programa de reestruturação do sector empresarial do Estado, em 2012, foram arrecadadas receitas da venda das participações do Estado em empresas alienadas através da DNPE e do IGEPE. A seguir, apresentam-se os resultados da verificação dos processos relativos à alienação das participações do Estado, por cada um destes organismos. 9.3.4.1 - Receitas de Alienação da Participação do Estado em Empresas através da Direcção Nacional do Património do Estado Conforme se apresenta no quadro a seguir, a DNPE tinha em carteira, até ao fim do exercício económico de 2012, 119 processos de alienação de empresas da propriedade do Estado, com pagamentos pendentes. Quadro n.º IX.10- Adjudicatários em Dívida por Província Província Maputo Gaza Inhambane Manica Sofala Tete Zambézia Nampula Cabo Delgado Niassa Total Fonte: DNPE. N.º de adjudicatários devedores 56 8 7 5 19 3 7 8 3 3 119 Na sequência dos atrasos no pagamento das prestações vencidas, da dívida pela compra de empresas, o Estado notificou 70 adjudicatários, em 2009, para a liquidação das suas dívidas. Daqueles, o Tribunal extraiu uma amostra constituída por 11, para aferir o grau de cumprimento dos termos contratuais. Procede-se, por outro lado, neste relatório, à análise da situação de 28 empresas cuja evolução o Tribunal tem estado a acompanhar. 9.3.4.1.1 - Empresas Seleccionadas no Exercício Económico de 2012 Conforme ilustra o Quadro n.º IX.11, o valor da alienação das 11 empresas seleccionadas totaliza 82.493 mil Meticais, dos quais encontram-se pagos 14.042 mil Meticais (17,0%), estando por liquidar 68.451 mil Meticais (83,0%). Tendo em conta as prestações que venceram a 31/12/2012, esperava-se receber, até esta data, 75.938 mil Meticais (92,1%). No entanto, apenas foi recebido o valor de 14.042 mil Meticais, o correspondente a 18,5% do que efectivamente deveria ter sido amortizado, resultando num montante de dívida vencida de 61.896 mil Meticais, ou seja 81,5% do valor que deveria ter sido pago até ao final de 2012. Está-se, assim, em presença de um incumprimento generalizado, por parte dos adjudicatários das empresas a quem o Estado alienou suas participações. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-14 Novembro de 2013 Quadro n.º IX.11 - Empresas Seleccionadas no Exercício Económico de 2012- Situação em 31/12/2012 (Em mil Meticais) N.º de Ordem Empresa 1 Fábrica de Cajú de Moçambique Majancaze 2 Empresa Moderna Adjudicatário Valor da Alienação (1) Sara Ibraimo Daúde e José Carlos Viegas Mavimbi, Lda. H. Gamito. J. Associados Advogados e Consultores, Lda. 3 51% da CEGRAF-Centro de Formação e Produção Gráfica 4 UNICUM-União de Cortumes de Moçambique 5 Fábrica de Cajú de Moçambique-Inhambane 6 Citrinos de Manica 7 UFA - União Fabril de Moçambique 8 Carpintaria Álvaro Martins 9 Emocat, Lda.- Nampula 10 Empresa Mobilarte Industrial Sociedade de Investimento e Gestão Industrial, Lda. 11 Fábrica de Refrigerantes de Mac-Mahon Chamanculo Mopac, Lda. Agi Commodity Traders Moçambique Sara Ibraimo Daúde e José Carlos Viegas Companhia João Ferreira dos Santos Agostinho Salvador Mondlane Aly Eduardo Chagane Barrote Jassat Internacional e Associados Total Em relação ao valor da alienação (%) Em relação ao valor a pagar até 2012 (%) Ano Valor a Pagar até 31/12/2012 (2) Valor Pago (3) Saldo em Dívida (4)=(1)(3) Dívida em Atraso Valor (5)=(2)-(3) 6.675 1995 6.675 668 6.007 6.007 90,0 15.116 1999 12.901 1.825 13.291 11.076 85,9 5.061 1999 3.642 1.042 4.019 2.600 71,4 7.329 1998 7.329 1.403 5.926 5.926 80,9 4.468 1995 4.468 1.234 3.234 3.234 72,4 10.988 1996 10.988 2.835 8.153 8.153 74,2 11.360 2000 8.437 1.129 10.231 7.308 86,6 1.793 1997 1.793 196 1.596 1.597 89,0 10.759 1998 10.759 1.907 8.852 8.852 82,3 1.350 1993 1.350 375 975 975 72,2 7.595 1995 81,2 82.493 7.596 1.429 6.167 6.167 75.938 14.042 68.451 61.896 92,1 17,0 83,0 75,0 18,5 81,5 Fonte: DNPE. Como se dá conta no quadro, os adjudicatários da Fábrica de Cajú de Moçambique Manjacaze têm 90% da dívida vencida não paga, os da Carpintaria Álvaro Martins, 89,0%, e os da União Fabril de Moçambique-UFA, 86,6%. A menor taxa de incumprimento é de 71,4%, dos adjudicatários da CEGRAF-Centro de Formação e Produção Gráfica. Os gestores da DNPE, a respeito das medidas tomadas para recuperar os valores em dívida, informaram que estão em curso notificações dos adjudicatários para o cumprimento das suas obrigações e que estão a ser realizadas visitas individualizadas, para, conjuntamente, se encontrarem soluções para o problema, o que, em alguns casos, passa pela reprogramação das prestações. Da análise dos respectivos processos, verificou-se, no decorrer da auditoria, que os adjudicatários foram todos notificados, efectivamente, pela DNPE, em 2009, para o pagamento das suas dívidas na totalidade, ao abrigo do Decreto n.º 23/2006, de 10 de Julho, ou reprogramarem-nas, para a liquidação dentro dos 15 anos seguintes. No exercício do direito do contraditório, o Governo informou que “de facto, no âmbito da recuperação dos valores devidos ao Estado pelos adjudicatários, estão em curso visitas às empresas visadas de modo a persuadi-las para a regularização das respectivas dívidas”. Quanto à Fábrica Cajú de Moçambique – Manjacaze, o Governo, no exercício do direito do contraditório, informou que “está em curso o processo de anulação de adjudicação junto ao IGEPE, devido à falta de pagamento da dívida contraída ao Estado”. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 % IX-15 Novembro de 2013 O Tribunal Administrativo reitera que se accionem mecanismos legais para que os adjudicatários das empresas alienadas pelo Estado cumpram, rigorosamente, as cláusulas contratuais e as respectivas tabelas de amortização. 9.3.4.1.2 - Empresas analisadas em anos anteriores Como se depreende do Quadro n.º IX.12, o valor total da alienação das 28 empresas analisadas totaliza 305.369 mil Meticais, dos quais encontram-se pagos 102.803 mil Meticais (33,7%), estando por liquidar 202.836 mil Meticais. Tendo em conta as prestações vincendas até 31/12/2012, esperava-se receber, até final de 2012, 160.321 mil Meticais (52,5%) do valor total. Deste, recebeu-se o valor de 102.803 mil Meticais, o correspondente a 64,1% do valor que deveria ter sido liquidado até ao final de 2012, representando uma taxa de incumprimento de 37,2%. Quadro n.º IX.12 – Empresas Anualmente Verificadas N.º Ordem Empresa Adjudicatário Valor da Alienação (1) Ano Valor a Pagar até 2012 (2) (Em mil Meticais) Divida em Atraso Saldo em Dívida (4)=(1)-(3) Valor Pago (3) Valor (5)=(2)-(3) % 1 Edifício John Orr´s SPAR - Soc. De Refrig, Lda. 69.576 2000 14.960 13.960 55.616 1.000 6,7 2 Lomaco - Chilembene Gregório Tiago Januário 3.052 2008 1.160 830 2.222 330 28,4 3 Fábrica de Descasque de Arroz Xai-Xai SORGAZA 5.972 1997 5.972 1.194 4.778 4.778 80,0 4 CATEM- Fáb. Moinhos Est. Met. 2009 957 876 324 81 8,5 Boror Agrícola, SARL - Zambézia 8.475 1997 8.475 0 8.475 8.475 100,0 6 Mecanagro da Zambézia 3.064 2001 3.064 3.334 0 0 0,0 7 Hotel Tamariz ERMOTO Gestores Técnicos e Trabalhadores (GTT´S) CAME - Casas Melhoradas Sociedades de Empreend. Turísticos, Lda. 1.200 5 20.095 2001 14.710 14.710 5.385 0 0,0 8 Vulmoc -Vulcanizadora de Moç. REMA-Recauchutagem de Maputo 8.424 1996 8.424 6.318 2.106 2.106 25,0 9 10 Carpintaria Beirense Emochá G4 e G6 - Milange Abílio Manuel Dias Costa Armazéns Al-Owais 2.701 30.508 2006 1997 1.345 30.598 506 3.018 2.195 27.490 839 27.580 62,4 90,1 11 Const.Integral de Sofala(Sede e Estaleiro) Wing Koon, Lda. 3.642 2011 1.394 1.394 2.248 0 0,0 12 U.P. Gado C. Changalane (ex-Lomaco) 5.738 2004 2.919 1.687 4.051 1.232 42,2 Sociedade Pecuária de Umbelúzi 13 Interquímica 14 15 Protal, Lda. Restaurante Sheik 16 Dimac-Sede 17 18 Pedreira Monte Siluvo Romoza, E.E. - Quelimane Gestores Técnicos e Trabalhadores (GTT´S) Protal, Lda. Sociedade de Gestão Sheik Enacomo - Empresa Nacional de Comércio GTT´S PROMAC MIROFER, Lda. 19 Geomoc Final, GTT,MTcs, Lda e STC, Ld 20 Cinema Madjedje Cinema de Teatro Gungu 21 Boror Comercial- Delegação de Tete SCI, SARL 1.777 1999 22 Cinema Tofo Empresa de Abastecimento da Cidade da Matola Citrinos de Timanguene Empresa Agrícola de Marracuene Hotel Quatro Estações, SARL Cinema Scala UNIFAR- União Fabril de Refriger. Nampula Epsilon Investimento, SA 2.003 1999 Epsilon Investimento, SA 884 1998 Epsilon Investimento, SA Epsilon Investimento, SA Sotur, Lda. e IMOBCI Promarte, Lda. 12.232 1.727 40.880 3.055 Jamu Selemane e Outros 6.598 23 24 25 26 27 28 Total 1.007 2007 1.007 775 232 232 23,0 11.989 6.778 1999 2001 8.920 3.745 5.498 2.987 6.491 3.791 3.422 758 38,4 20,2 8.200 1994 5.248 3.772 4.428 1.476 28,1 15.995 921 2002 1999 9.875 921 5.054 921 10.941 0 4.821 0 48,8 0,0 25.104 1998 11.107 11.707 13.397 0 0,0 3.772 2001 2.545 1.360 2.412 1.185 46,6 640 535 1.242 105 16,4 854 674 1.329 180 21,1 779 674 210 105 13,5 2000 1999 2004 2000 3.693 1.081 7.447 1.883 3.488 831 7.047 3.055 8.744 896 33.833 0 205 250 400 0 5,6 23,1 5,4 0,0 1996 6.598 6.598 0 0 0,0 160.321 102.803 202.836 59.560 52,5 33,7 66,4 305.369 Em relação ao valor da alienação (%) Em relação ao valor a pagar até 2012 (%) 64,1 19,5 37,2 Fonte: DNPE. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-16 Novembro de 2013 Observa-se, no mesmo quadro, que, neste grupo, os adjudicatários que mais contribuíram para o elevado atraso dos pagamentos acordados são os que adquiriram as empresas Boror Agrícola, SARL- Zambézia, que desde a data da alienação, em 1997, não efectuaram qualquer pagamento, Emochá G4 e G6-Milange, com uma percentagem de incumprimento, relativamente à dívida já vencida de 90,1%, Fábrica de Descasque de Arroz Xai-Xai, com 80,0%, e Carpintaria Beirense, com 62,4%. Os restantes apresentam taxas de endividamento inferiores a 50,0%. Salienta-se, positivamente, o caso dos adjudicatários das empresas Mecanagro da Zambézia, Hotel Tamariz, Construtora Integral de Sofala (Sede e Estaleiro), Romoza, E.E.- Quelimane, Geomoc, Cinema Scala e UNIFAR- União Fabril de Refrigerantes Nampula, que, até ao final do exercício em análise, encontravam-se com as prestações em dia ou totalmente liquidadas. Verifica-se que as empresas seleccionadas, constantes do quadro em consideração, têm vindo a merecer o acompanhamento anual do Tribunal Administrativo. Estas apresentam um incumprimento muito inferior (dívida em atraso de 37,2%) ao das seleccionadas para análise no corrente ano, que, como vimos no quadro IX.11, têm uma taxa de incumprimento de 81,5%. Ainda assim, o Tribunal Administrativo reitera a necessidade de se continuar a accionar mecanismos no sentido de se aumentar o grau de recuperação dos valores em dívida. 9.3.4.2 - Receitas de Alienação da Participação do Estado em Empresas através do Instituto de Gestão das Participações do Estado Da receita arrecadada pelo IGEPE, no processo de alienação das participações do Estado nas empresas, cabe a este 90,0% e àquele instituto, os restantes 10,0%. A alienação das participações do Estado nas empresas é realizada por duas vias: ou a alienação ao público ou a cedência onerosa aos Gestores, Técnicos e Trabalhadores (GTT’s) da empresa. As receitas do Estado resultantes da alienação das participações, através do IGEPE, no quinquénio 2008-2012, são apresentadas no quadro que se segue. Quadro n.º IX.13 - Receitas de Alienação de Empresas pelo IGEPE no Quinquénio (2008-2012) Descrição Var. (%) 2010 Var. (%) 2011 (Em mil Meticais) Var. Var. (%) 2012 (%) 2008 2009 Venda das Participações 10.478 45.811 337,2 30.580 -33,2 6.191 -79,8 62.748 913,6 Alienações aos GTT's Total Fonte: IGEPE. 33.578 44.056 19.110 64.921 -43,1 47,4 2.200 32.780 -88,5 -49,5 52.286 58.477 2.276,7 78,4 2.500 65.248 -95,2 11,6 Em 2012, as receitas cifraram-se em 65.248 mil Meticais, das quais, 62.748 mil Meticais (96,2%), pela venda das participações e 2.500 mil Meticais (3,8%), pela alienação aos GTT’s. Neste ano, as receitas resultantes da venda das participações do Estado são superiores às das participações cedidas aos GTT´s. No quadro seguinte são apresentadas as receitas da alienação das participações do Estado, em 2012. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-17 Novembro de 2013 Quadro n.º IX.14 - Receitas de Alienação das Participações do Estado em 2012 (Em mil Meticais) Valor Descrição Estado (90%) Venda das Participações Vidreira e Cristalaria de Moçambique, SA Somec Riopele Têxteis de Moçambique, SA Papelaria e Tipografia Nacional, Lda. Companhia do Búzi Alienações aos GTT's Emose, SA Receita Total Peso em relação à receita total (%) Fonte: IGEPE IGEPE (10%) Total Peso (%) 57.900 4.848 62.748 96,2 11.925 1.325 13.250 20,3 250 38.467 1.456 5.803 2.250 2.250 60.150 92,2 28 2.713 162 621 250 250 5.098 7,8 277 41.180 1.617 6.423 2.500 2.500 65.248 100,0 0,4 63,1 2,5 9,8 3,8 3,8 100,0 Apenas as receitas da alienação da Riopele Têxteis de Moçambique, SA e da Vidreira e Cristalaria de Moçambique, SA representaram 83,4% do total da receita arrecadada. Em 2012, apenas na Emose, SA se registou cedência de participação por parte do Estado aos GTT’s, num total de 2.500 mil Meticais. 9.3.4.2.1 – Ponto de Situação dos Pagamentos das Empresas Alienadas pelo IGEPE Com o objectivo de aferir o grau de cumprimento das condições dos contratos de alienação, designadamente, as obrigações dos outorgantes, preço e modalidades de pagamento, bem como o prazo de contratação, foram seleccionados 10 processos, sendo dois respeitantes a 2012, e os restantes, de anos anteriores, de cuja informação resultou o Quadro n.º IX.15, a seguir. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-18 Novembro de 2013 Quadro n.º IX.15- Amostra de Empresas Alienadas pelo IGEPE Valor da alienação N.º Ordem Valor Pago Valor a Pagar até 2012 Dívida em Atraso Saldo em Dívida (4)=(1)-(3) Peso % Empresa Venda das participações Do exercicio em análise Riopele, Têxteis 1 Moçambique, SA Papelaria e Tipografia 2 Nacional, Lda. De anos anteriores Vidreira e Cristalaria de 3 Moçambique SOMEC- Sociedade Mineira 4 de Cuamba Adjudicatário mil Meticais USD 1.407.253 6.408.662 Consórcio a) Minerva Central SONIL MOZ, Lda USD mil Meticais USD mil Meticais USD mil Meticais USD mil Meticais USD 1.320.886 5.441.003 86.759 3.354.320 1.320.493 3.054.342 1.234.126 2.086.682 93,4% 38,4% 1.500.000 2012 1.500.000 1.500.000 0 0 0 0 56.661 2012 56.661 56.661 0 0 0 0 2010 2.316.786 783.214 0 2.316.786 0 1.533.571 2005 317.556 184.445 0 317.556 0 133.111 3.100.000 Sociedade Vision 2000, Lda. Ano mil Meticais 502.001 0,0% 0,0% 66,2% 41,9% 5 Sociedade Tempográfica, SARL Zekab Investimentos, Lda 855.125 2006 768.758 86.363 768.762 0 682.395 0 88,8% 6 Metalúrgica de Tete, Lda. GTT´s, 551.162 2008 551.162 0 551.162 0 551.162 0 100,0% 966 2004 966 396 570 0 570 0 59,0% 830.000 0 420.000 0 420.000 0 9.899 0 1.066 0 0 1.066 1.235.192 86,1 92,3 0 0 2.086.682 32,6 38,4 7 Agro Alfa (b\) 8 Sociedade MaragraMarracuene Agrícola Açucareira, SARL Companhia do Búzi 1.250.000 2004 Alienações aos GTT´s a) 26.900 0 18.068 De anos anteriores 9 Emose 21.980 2005 16.100 10 GAPI 4.920 2011 1.968 Total 1.434.153 6.408.662 1.338.953 Em relação ao valor da alienação (%) 93,4 Em relação ao valor a pagar até 2012 (%) (a) Mundo Têxtil - Indústrias Têxteis, SA; Mundifios - Comércio de Fios, SA; Crispim Abreu & Companhia, Lda. (b) Apesar das diligências durante a auditoria, o IGEPE não identificou a empresa objecto de alienação. 1.250.000 0 5.441.003 84,9 17.002 16.100 902 103.761 7,2 7,7 3.354.320 52,3 61,6 5.881 4.018 1.330.392 92,8 3.054.342 47,7 Da amostra seleccionada, verifica-se que, também aqui, se está em presença de um incumprimento generalizado por parte das empresas a quem o Estado adjudicou suas participações, nas unidades económicas, através do IGEPE. Observa-se que a taxa de incumprimento, relativamente ao valor das prestações já vencidas em 2012, atinge 92,3%, nas alienações em moeda nacional, e 38,4%, nas efectuadas em Dólares Americanos. Verifica-se, no mesmo quadro, que, no grupo das alienações em moeda nacional, os adjudicatários que mais contribuíram para o elevado atraso são os que adquiriram a empresa Metalúrgica de Tete, Lda., sem registo de qualquer pagamento, desde o ano da adjudicação (2008), tendo as prestações acordadas já sido vencidas na totalidade, a Zekab Investimentos, Lda., com um incumprimento de 88,8%, a Agro Alfa, com 59,0%, e a GAPI, com 54,2%. Nas adjudicações em moeda estrangeira, são os adjudicatários das empresas Vidreira e Cristalaria de Moçambique, SOMEC- Sociedade Mineira de Cuamba e Companhia do Búzi, que têm dívidas em atraso, de 66,2%, 41,9% e 33,6%, respectivamente. O IGEPE informou, em sede de contraditório do relatório de auditoria, que decorrem acções, por parte do Instituto, com vista à cobrança dos valores em dívida, as quais podem culminar com a anulação dos respectivos termos de adjudicação. TRIBUNAL ADMINISTRATIVO RELATÓRIO SOBRE A CONTA GERAL DO ESTADO DE 2012 IX-19 33,6% 5,9% 54,2%
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