a atuação do assistente social em âmbito hospitalar

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A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM ÂMBITO HOSPITALAR
Talita Souza Silva
Cristiani Aparecida Brito Silva
RESUMO: O artigo objetiva demonstrar a importância da atuação do assistente social em âmbito hospitalar,
pontuando o perfil das ações desenvolvidas pelo profissional, e seu diferencial, visando à humanização e totalidade do
paciente. O processo de trabalho do Serviço Social ampliou-se após as transformações da sociedade. O assistente
social trabalha na mediação das relações sociais, de acordo com as particularidades existentes, desenvolvendo
estratégias de ações cabíveis para cada situação, embasado no projeto ético-político do Serviço Social, nos Parâmetros
para atuação do Assistente Social na Saúde, e legislação pertinente que direcionam as ações a serem desenvolvidas em
meio hospitalar.
Palavras chave: Serviço Social, Paciente, Humanização, Saúde.
ABSTRACT: The paper aims to demonstrate the importance of the role of social worker in the hospital, punctuating
the profile of actions developed by professional, and its differential, and all aimed at humanizing the patient. The work
process of Social widened after the transformations of society. The social worker works in mediating social relations,
according to the particularities, developing action strategies applicable to each situation, based on ethical-political
project of Social Work, the performance parameters for the Social Worker Health and legislation that direct the actions
to be developed in a hospital.
Keywords: Social Work, Patient, Humanization, Health.
1
Acadêmica do 4° ano do curso de Serviço Social. Email: [email protected]
Bacharelado em Serviço Social, Especialista em Saúde Pública, Docente nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia
- UNIVAR. Email: [email protected]
2
1. INTRODUÇÃO
Com a Revolução Industrial na Europa em
1870, e os novos moldes de produção determinados
pelo sistema capitalista instituído na sociedade, tiveram
por consequência as relações sociais envolvendo os
cidadãos assumindo um novo modelo (GAYOTTO e
GIL, 2005).
Sob a conjuntura das expressões da "questão
social" que envolvem a sociedade nas suas diversas
esferas, o profissional de Serviço Social atua em
variados campos de atuação, desempenhando funções
em âmbitos públicos, privados e Organização não
Governamental (ONG). A atuação do assistente social
na saúde justifica-se, e amplia-se pelas novas
expressões da questão social que abrangem cada vez
mais esta esfera (GAYOTTO e GIL, 2005).
A Reforma Sanitária, que se iniciou na década
de 1970 e que
[...] desembocou na 8ª Conferência Nacional
de Saúde (1986), e permitiu que a afirmativa
contida em seu relatório final assegurando a
saúde como direito de todos e dever do
Estado fosse incorporada pela constituinte
na Constituição Federal Brasileira de
1988(SILVA e ARIZONO, 2008, p. 02).
Os assistentes sociais compartilham com a
base da Reforma Sanitária seu princípio ético-político e
anseios, pelo compromisso da busca constante por uma
sociedade expressiva em sua democracia. A partir deste
momento é reforçada a necessidade, e notória a
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importância do assistente social na área da saúde
(SOUZA, 2009).
Em hospitais o assistente social faz
"atendimento direto aos usuários" tendo como público
alvo de suas intervenções pessoas que se encontram em
momento de fragilidade, e necessitam de atendimento
humanizado, auxiliando e oferecendo palavras que
direcionem suas ações para possíveis soluções de
problemas, um olhar que se atente para a situação em
que se encontra o usuário, uma atenção redobrada a
escuta, isto para que possam restabelecer-se
emocionalmente
e
socialmente
e
serem
estrategicamente orientados (MARTINELLI, 2011).
O Hospital Municipal de Barra do Garças foi
fundado no mês de dezembro do ano 2004 na cidade de
Barra do Garças1, sendo inicialmente o FUNRURAL,
posteriormente nomeado Hospital Municipal de Barra
do Garças, Dr. Kleide Coelho de Lima, e no ano de
2012 adquiriu o novo nome, Hospital Municipal de
Barra do Garças Milton Pessoa Morbeck.
Na elaboração do presente artigo utilizou-se
como método, pesquisa qualitativa e quantitativa, com
referências bibliográficas baseadas em artigos,
legislações, e normativas pertinentes à atuação do
assistente social na saúde. Foram entrevistados doze
(12) pacientes, do Hospital Municipal Milton Pessoa
Morbeck de Barra do Garças/MT, nos meses de março
a abril de 2012, internados na área clínica ortopédica,
1
Barra do Garças/MT, situado a 516 Km de Cuiabá, e
com população de 56.560 segundo o censo 2012
(BRASIL- IBGE, 2010).
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com cinco (5) enfermarias ocupadas por pacientes
acometidos de variadas disfunções ortopédicas.
Todos estes aspectos expressam-se com mais
intensidade nos pacientes internados no setor
ortopédico, por afetar diretamente o modo de vida da
pessoa fazendo-se tão necessária a intervenção do
assistente social. Diante do exposto, busca-se
demonstrar o perfil e a importância do papel do
assistente social em âmbito de internação no setor
ortopédico no Hospital Municipal de Barra do
Garças/MT.
2. HISTORICIDADE DO SERVIÇO SOCIAL
No sistema capitalista emergiram de modo
consistente, problemáticas sociais, viu-se a necessidade
de alguém para lidar com estas pessoas que eram
considerados desajustados por não se adequarem ao
sistema capitalista. As senhoras da alta sociedade, as
chamadas "damas de caridade", vinculadas a Igreja
Católica, começaram a lidar com estes problemas com
um caráter assistencialista e caritativo, desenvolvendo
a função de auxiliar, ajudar e cuidar dessas pessoas
(GAYOTTO e GIL, 2005).
Dava-se início ao processo de legitimação da
"questão social" e suas expressões, (miséria, condições
precárias da saúde, falta de infraestrutura, etc.)
ocasionadas pela condição financeira, pessoal e social,
isto por ser expressão das contradições que permeiam a
relação Capital x Trabalho. A partir disso deu-se início
a construção e legitimação da categoria de Serviço
Social como profissão, institucionalização de sua
prática e legitimação da sua atuação (NETTO, 2006).
Em território latino-americano o Serviço
Social surgiu primeiramente no Chile em 1925. Logo
após é implantada a primeira escola de Serviço Social
no Brasil em São Paulo (1936), e consequentemente
foram sendo implantadas novas escolas de Serviço
Social no território brasileiro (GAYOTTO e GIL,
2005).
O Brasil transitava em período de processo de
desenvolvimento, o qual o contexto social era de
emersão de diversas problemáticas sociais causadas
pelo êxodo rural, como desemprego, pobreza, doenças
entre outros. O que gerou uma aproximação e
compromisso ainda maior, do profissional de Serviço
Social com a sociedade e seus problemas sociais
(GAYOTTO e GIL, 2005).
Na década de 1960 o profissional de Serviço
Social começou a questionar sua prática que era
totalmente assistencialista, o que culminou no
Movimento de Reconceituação do Serviço Social,
conseguindo força maior na década de 1980, levando a
uma reflexão crítica das limitações teóricometodológica, técnico-operacional e ético-político da
profissão, rompendo então com o Serviço Social
Tradicional assistencialista (GAYOTTO e GIL, 2005).
Com todo o embasamento teóricometodológico necessário, projeto ético-político, e
aparato legalizador da profissão na saúde, o Serviço
Social tem como fator conseguinte desta trajetória,
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função indispensável em âmbitos hospitalares
desempenhando ações “[...] pautadas sempre em
valores éticos que fundamentam a prática do Serviço
Social, com base no projeto ético-político profissional
[...]” (MARTINELLI, 2011, p.498).
2.2. Serviço Social E Saúde
Não há como se falar da atuação do
assistente social na saúde e não mencionar o fator
essencial que o Serviço Social tem na
[...] Resolução n° 218 de 6/03/1997 do
Conselho Nacional de Saúde, que reconhece
a categoria de assistentes sociais como
profissionais de saúde, além da Resolução
CFESS n° 383, de 29/03/1999, que
caracteriza o assistente social como
profissional de saúde [...] (SOUZA, 2009, p.
5,6).
Sendo assim atribui-se a categoria do
Serviço Social, todo aparato legalizador necessário
para a atuação profissional do assistente social na área
da saúde, com todo embasamento ético-político,
teórico-metodológico e técnico-operacional específicos
da saúde.
Para Sodré (2010), o assistente social deve
se atentar as novas dimensões das lutas sociais que se
colocam como desafios na produção de conhecimento e
pelo direito à informação, que por sua vez trás consigo
uma sociedade nas suas diversas esferas mais
expressividade democrática e transparência.
É neste sentido que os assistentes sociais
contribuem com o processo de trabalho da categoria
com a “[...] produção de informação qualificada na era
da produção do acesso. Proporcionar o ter direitos aos
direitos e, assim, concretizar a democracia [...]”
(SODRÉ, 2010, p. 475).
Segundo Vasconcelos (2008), a partir de
pressupostos ideopolíticos, é necessário destacar o
compromisso na busca pela garantia dos direitos
sociais, civis e políticos nos aspectos populares, para os
cidadãos. O assistente social na sua prática profissional
constantemente se atenta para a análise do processo de
disponibilização dos serviços na saúde, tendo sempre
como foco, a efetivação dos direitos sociais, e
principalmente o direito à saúde, a contribuição para
um serviço de qualidade e humanizado nos âmbitos
públicos e privados, sendo este um direito determinado
na Carta Magna do Brasil.
Na Constituição Federal do Brasil,
homologada em 05 de outubro de 1988 dispõe no art.
196, que “A saúde é direito de todos e dever do Estado,
garantindo mediante políticas sociais e econômicas que
visem à redução do risco de doença e de outros agravos
e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços
para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL,
1988, p.55).
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A Lei n° 8.080 de 19 de setembro de 1990, a
Lei Orgânica de Saúde (LOS) visa estruturar a política
de saúde pública brasileira, “dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes
e
dá
outras
providências”
(FERREIRA, 2009, p. 485).
A LOS no art. 2º define que a “saúde é um
direito fundamental do ser humano, devendo o Estado
prover as condições indispensáveis ao seu pleno
exercício” (FERREIRA, 2009. p. 485). A saúde antes
de ser um “direito fundamental do ser humano” é uma
necessidade básica e indispensável do ser humano, o
qual depende desta garantia por parte do Estado, para
obter qualidade de vida durante sua existência.
No art. 3° dispõe que “A saúde tem como
fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte,
o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais [...]”
(FERREIRA, 2009, p.485). A efetivação do direito a
saúde se torna existente, e real no cotidiano do ser
humano quando existe a junção de todos os fatores
determinantes, que quando garantidos na sua íntegra
alcança-se e disponibiliza-se de fato, qualidade de vida
para a população que tem neste aspecto uma
necessidade natural e que precisa ser uma busca
contínua.
Em âmbito estatal, o Serviço Social tem como
principal inserção a área da saúde “[...] com o maior
número de assistentes sociais [...]” (ALMEIDA e
ALENCAR, 2001, p. 105). Os assistentes sociais
desde o principio da institucionalização do Serviço
Social como profissão se firmou com função trabalhista
na área da saúde, justificando este grande número de
assistentes sociais inseridos na saúde pública.
Com a ascensão do capitalismo monopolista
neoliberal ampliou a precarização do sistema de saúde,
indo na contra mão proposto pela Reforma Sanitária,
em decorrência de privatizações, prestadores de
serviços e terceiro setor na saúde que privilegia o
mercado.
Sendo assim houve “[...] novas requisições ao
assistente social que atua mais diretamente na gestão
ou na assessoria do SUS, cujo sentido não deixa de
estar relacionado aos interesses de mercantilização e
privatização dos serviços de saúde” (ALMEIDA e
ALENCAR, 2001, p. 108).
Neste sentido os “[...] assistentes sociais que
objetivam romper com práticas conservadoras, não
cabe reproduzir o processo de trabalho capitalista,
alienante [...]” (VASCONCELOS, 2008, p. 243)
cabendo somente uma atuação sob a ótica críticaanalítica das ações desenvolvidas, visando à
integridade e promoção do ser humano, sujeito
integrante de um todo social.
A prática do assistente social de forma críticaanalítica é um diferencial da identidade da categoria,
sendo que este é um constante desafio para a categoria
do Serviço Social, estarem inseridos em campos de
trabalho compromissados com o acúmulo de capital
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que determina de forma articulada condicionalidades
operacionais do serviço desempenhado pelo assistente
social.
Tanto nos setores públicos, privados, terceiro
setor, consultoria entre outros, o assistente social se
depara cotidianamente com condicionalidades no seu
processo de trabalho que são previamente articuladas
de modo estratégico para de certo modo, dificultar e
impossibilitar resultados efetivos e eficazes da busca
do assistente social pela garantia dos direitos dos
usuários.
Ao passo que, vivencia-se atualmente um
Estado mínimo no qual a realidade conjuntural da
sociedade atual busca suprir apenas os mínimos
sociais, para desenvolver as políticas sociais que por
sua vez são uma estratégia ideológica utilizada pelo
Estado para se obter uma sociedade hegemônica,
alienada, não possuindo nenhuma expressividade
crítica propositiva para uma sociedade que de fato se
caracterize em suas particularidades e totalidades uma
sociedade democrática.
Para lidar com esta realidade o Serviço Social
se encontra em um processo de construção e
desconstrução, inserido em uma sociedade que se
mantém em constante transformação, sendo da mesma
forma na área da saúde, justificando a atuação e
[...] inserção dos assistentes sociais no
conjunto dos processos de trabalho
destinados a produzir serviços para a
população
é
mediatizada
pelo
reconhecimento social da profissão e por um
conjunto de necessidades que se definem e
redefinem a partir das condições históricas
[...] (COSTA, 2008, p.310).
E por consequência culminam-se desafios
múltiplos na prática do profissional de Serviço Social
necessitando de capacitação constante, e o pleno
exercício da capacidade teleológica que o assistente
social possui, de antecipar e projetar as ações
necessárias por meio de análises crítica-analítica da
realidade que está posta. A atuação do assistente social
tem como princípio básico e constante
[...] a busca criativa e incessante da
incorporação dos conhecimentos e das novas
requisições à profissão, articulados aos
princípios dos projetos de reforma sanitária e
ético-político do Serviço Social. É sempre
na referência a estes dois projetos que se
poderá ter a compreensão se o profissional
está de fato dando respostas qualificadas ás
necessidades
apresentadas
pelos
usuários.[...] (BRAVO e MATOS, 2008, p.
213).
Faz-se necessário a ruptura, por meio do
processo de trabalho e das relações sociais existentes
com as variadas configurações capitalistas, refletir e
agir para compreender as ações desenvolvidas em toda
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a estrutura social, almejando possibilitar o acesso aos
bens e serviços aos indivíduos, resultando em um
processo educativo, sendo um bem e não um produto
valorativo a ser consumido (VASCONCELOS, 2008).
Na área da saúde, principalmente em âmbito
hospitalar é evidente a vulnerabilidade dos usuários de
serviços específicos da saúde, é uma área na quais as
emoções estão constantemente instáveis. As diversas
manifestações geradas pelas relações sociais vinculadas
a vida social em que o ser humano vive, e toda a sua
trajetória, na qual passam por fases que dão sentido a
vida, elas vão do nascimento até fim da vida
(MARTINELLI, 2011).
O serviço humanizado em âmbitos
hospitalares é um fator essencial e decisivo. Assim
sendo, o Serviço Social que é comprometido com a
emancipação igualitária da sociedade, e baseia suas
ações na efetivação dos direitos sociais de cada
cidadão, que é determinado no projeto Ético Político do
Serviço Social, a “defesa intransigente dos direitos
humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo”
(FERREIRA, 2009. p. 32). Tem como princípio
fundamental de suas ações, a busca pela garantia dos
direitos dos cidadãos na sua forma íntegra e igualitária
na
[...] defesa do aprofundamento da
democracia, enquanto socialização da
participação política e da riqueza
socialmente produzida [...] Posicionamento
em favor da equidade e justiça social, que
assegure universalidade de acesso aos bens e
serviços realtivos aos programas e políticas
sociais, bem como sua gestão democrática
(FERREIRA, 2009, p. 32).
Segundo Martinelli (2011), o assistente social
é um profissional que trabalha diretamente com o
usuário, quando exerce suas funções no atendimento
com pessoas que estão internadas em hospitais, a
fragilidade e vulnerabilidade é ainda maior, e precisam
não somente de diagnósticos médicos ou
medicamentos, necessitam também de uma palavra,
uma escuta de modo atento, um olhar, de um gesto
acolhedor. Oferecer atenção completa ao paciente, e se
humanizar, e tornar humano o atendimento que está
sendo oferecido.
O assistente social deve ser um referencial
para os pacientes e familiares durante os atendimentos
hospitalares, isso porque o quadro de saúde quando se
torna instável por alguma patologia, pode modificar a
perspectiva e capacidade de enfrentar dificuldades por
parte do usuário no serviço de saúde, como também de
seus familiares em orientar e auxiliar suas ações.
É com este compromisso que o assistente
social é inserido na área da saúde, exercendo de fato
seu papel de mediador nas relações sociais existentes
na sociedade. E para de fato garantir este direito, o
assistente social possui papel de desenvolver
estratégias cabíveis para cada caso de acordo com suas
peculiaridades, independente de raça, crença, gênero e
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classe social, o profissional de Serviço Social trabalha
com a contínua busca por atendimento humanizado e
igualitário em hospitais, sendo este um diferencial na
identidade do Serviço Social.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Apley (2002, p. 3), uma disfunção
ortopédica é parte integrante de um todo do ser
humano, que está vivenciando um quadro clínico,
porém, este paciente “[...] tem uma personalidade, uma
mente e um corpo, um emprego e hobbies, uma família
e um lar [...]”. Todos estes aspectos sociais influenciam
de forma direta no tratamento do paciente, bem como
também, o período de recuperação afetando todo o
ritmo de vida social do paciente e de seus familiares.
É necessário ser analisado de modo particular
a realidade e o perfil de cada paciente de acordo com o
momento vivenciado: modificação da rotina social que
é afetada por se encontrar em condições que o
impossibilita de desenvolver diversas atividades, e
imprescindíveis para os diversos e peculiares modos de
vida de cada indivíduo social, e que por sua vez fazem
parte de uma coletividade social.
Os pacientes do setor ortopédico têm como
forte característica a fragilidade emocional que acaba
por afetar a vida social. Para que o assistente social
possa trabalhar na busca pela garantia dos direitos,
viabilização de informações e orientações para os
usuários faz-se necessário conhecer o perfil e
consequentemente a necessidade de cada usuário.
Gráfico 1 – Relação entre faixa etária, gênero e
número de pacientes entrevistados.
O Gráfico 1 retrata as características dos
pacientes atendidos pelo (a) assistente social no
Hospital Municipal de Barra do Garças, que foram
entrevistados, totalizando doze (12) pacientes, sendo
classificado como maior número de pacientes
atendidos, do gênero masculino, no qual dez (10) são
homens e duas (02) mulheres, com idade entre treze
(13) e cinquenta e quatro (54) anos.
Com este diagnóstico o assistente social
adquire um direcionamento baseado em um estudo para
suas ações, obtendo maior representatividade na
transformação da realidade social do indivíduo que
vivencia um quadro ortopédico. É de suma importância
para a atuação do assistente social em âmbito
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hospitalar conhecer os motivos dos pacientes serem
acometidos por uma disfunção ortopédica.
Gráfico 2 – Causas das disfunções ortopédicas e
relação com faixa etária.
O Gráfico 2 é composto por fatores que
demonstram dois (02) pacientes que tiveram outros
motivos como causa do quadro ortopédico, e que maior
número de pacientes são aqueles que sofreram
acidentes de trânsito, sendo eles dez (10). O que exige
a reflexão de quais os direicionamentos para este
público alvo específico, se tratando de garantia dos
seus direitos. Ter o pleno conhecimento das causas, de
modo que direcione o desenvolvimento das estratégias
de soluções, sendo de fato articuladas de acordo com as
necessidades existentes de cada paciente, levando em
consideração aspectos como idade e causas da situação
em que o paciente se encontra. Estabelecendo de fato
uma relação de mediação entre o paciente e a
viabilização dos seus direitos.
Gráfico 3 – Importância da atuação do assistente social
no ambiente hospitalar.
No Gráfico 3 é evidenciada a importância da
atuação do (a) assistente social no ambiente hospitalar
no qual 91,6 % dos pacientes da área clínica
ortopédica definiram que é importante um (a) assistente
social atuar no Hospital Municipal de Barra do Garças,
e 8,4 % acham não ser importante esta atuação em
âmbito hospitalar.
Quando questionados em um universo de doze
(12) entrevistados, um (01) diz não achar importante à
atuação do assistente social em ambiente hospitalar,
tendo a seguinte fala: “Não sei qual a função dele, não
sei dizer se é importante (ENTREVISTADO 1)”. Onze
(11) dos entrevistados, por sua vez acham importante à
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atuação do assistente social no hospital, citando como
características de suas ações o compromisso (a) com a
busca pela garantia dos direitos dos usuários tendo
como objetivo, orientar, informar, dialogar com
linguajar claro, explicar, facilitar e viabilizar o acesso a
informações, direitos e deveres dos usuários.
A importância da atuação do assistente social
em hospitais fica bem explícita na fala do entrevistado
“Pra mim é muito importante, têm sempre resposta
para minhas perguntas, e se não tiver na hora ela vai
em busca (ENTREVISTADO 2).”
O entrevistado três (03) relata que o papel do
assistente social é fundamental “Porque tem uma
conversa diferenciada, você pode falar o que está
sentindo e pensando, e não é como as outras pessoas
que falam o que eu estou sentindo (ENTREVISTADO
3).”
O assistente social tem no diálogo com seu
usuário, uma ferramenta de execução do seu trabalho, é
um profissional que desenvolve cotidianamente a
análise e estudo da realidade vivenciada pelo usuário, e
este processo acontece somente quando há esta relação
de troca do assistente social com o paciente.
O assistente social tem um diferencial, uma
particularidade, no olhar o problema do usuário de
modo diferenciado dos outros profissionais inseridos
no meio hospitalar, essa importância do atendimento
do assistente social se evidencia, e é ressaltada na fala
do entrevistado quatro (04), “Com certeza. É mais
espontâneo, humano, mais social (ENTREVISTADO
4).”
Este fator é percebido pelos usuários, ao modo
que os profissionais do Serviço Social têm na sua
essência contemporânea a particularidade da ótica
crítica – analítica, de analisar a realidade do usuário em
um prisma total, avaliando e trabalhando a
particularidade de cada usuário.
O que reafirma a importância e diferencial na
atuação do (a) assistente social em âmbito hospitalar,
sendo observada e referenciada pelos pacientes e
demais integrantes da equipe multidisciplinar existente
no Hospital Municipal de Barra do Garças Milton
Pessoa Morbeck.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intervenção propositiva do assistente social
no âmbito hospitalar com os pacientes da clínica
ortopédica desenvolve mediações cabíveis na busca
pela resolução das transcorrências vivenciadas pelos
pacientes de forma satisfatória.
A atuação do (a) assistente social em âmbito
hospitalar se torna indispensável por ser um
profissional que prioriza a disponibilização de serviços
e atendimentos humanizados e com qualidade. Neste
momento em que o paciente se encontra com
problemas de saúde, o que afeta o todo do ser humano,
sendo necessária, e de suma importância e intervenção
e acompanhamento de um (a) assistente social que tem
como conduta básica de sua atuação, a atenção
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redobrada as situações e condições em que se
encontram o ser humano.
Em ambiente hospitalar, especialmente com os
pacientes da área ortopédica existe uma considerável
aproximação do (a) assistente social com seu objeto de
trabalho, o que o faz ser consequentemente referência
para o usuário das suas mediações sociais, sendo então
parte integrante do processo de transformação da
realidade de sujeitos, cidadãos munidos de direitos e
ávidos de anseios pessoais e sociais.
Sendo assim de fato, evidenciada a função do
profissional de Serviço Social em hospitais e sua
respectiva importância social inserido em um campo
que suas ações e estratégias são direcionadas para um
público que necessita de suas intervenções de forma
imediata com reflexos a médio e longo prazo.
Com conhecimento necessário a partir de
estudo realizado, propõe-se uma efetiva confecção e
divulgação necessária de trabalhos científicos sobre a
importância da atuação do assistente social em âmbito
hospitalar.
Estas ações se fazem necessárias, tanto para o
crescimento teórico daqueles profissionais que também
estão inseridos em hospitais, como para aqueles que
simplesmente vão ter acesso a este conhecimento
indiretamente, alimentando e fortificando a importância
da inserção deste profissional em âmbito hospitalar por
meio da influência dos demais integrantes da sociedade
tendo uma clara e plena concepção da função
importância do (a) assistente social em hospitais.
Ter por consequência a exigência dos
próprios usuários cidadãos integrantes da sociedade,
aos serviços prestados pelos profissionais de Serviço
Social, alcançando-se assim maior credibilidade e
autonomia no desenvolvimento e busca do processo
trabalho do Serviço Social na garantia e viabilização
dos direitos de cada cidadão, de acordo com suas
necessidades e peculiaridades.
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