As Ideias Educacionais de Pestalozzi e Froebel no

Transcrição

As Ideias Educacionais de Pestalozzi e Froebel no
Universidade Federal de São Carlos
Centro de Educação e Ciências Humanas
Curso de Licenciatura em Pedagogia
Débora Cássia Candian
As Ideias Educacionais de Pestalozzi e Froebel no
contexto educacional da antiga Escola Normal de
São Carlos: uma análise dos periódicos Excelsior!
(1911-1916) e Revista da Escola Normal de São Carlos
(1916-1923)
SÃO CARLOS - SP
2010
Universidade Federal de São Carlos
Centro de Educação e Ciências Humanas
Curso de Licenciatura em Pedagogia
Débora Cássia Candian
As Ideias Educacionais de Pestalozzi e Froebel no
contexto educacional da antiga Escola Normal de
São Carlos: uma análise dos periódicos Excelsior!
(1911-1916) e Revista da Escola Normal de São Carlos
(1916-1923)
Trabalho apresentado à Universidade Federal de
São Carlos – UFSCar, como Trabalho de
Conclusão de Curso de Licenciatura em
Pedagogia.
Orientadora: Profª. Drª. Alessandra Arce
SÃO CARLOS - SP
2010
Débora Cássia Candian
As Ideias Educacionais de Pestalozzi e Froebel no
contexto educacional da antiga Escola Normal de
São Carlos: uma análise dos periódicos Excelsior!
(1911-1916) e Revista da Escola Normal de São Carlos
(1916-1923)
Trabalho apresentado à Universidade Federal de
São Carlos – UFSCar, como Trabalho de
Conclusão de Curso de Licenciatura em
Pedagogia.
Orientadora: Profª. Drª. Alessandra Arce
Examinadores
__________________________________________________________
Maria Cristina dos Santos Bezerra – Profª Adjunta UFSCar
__________________________________________________________
Manoel Nelito Matheus Nascimento – Profº Adjunto UFSCar
SÃO CARLOS - SP
2010
Agradeço a todas as pessoas que direta ou
indiretamente contribuíram para que eu chegasse
até aqui.
AGRADECIMENTOS
A concretização desse trabalho se deu com muito esforço e dedicação e me
proporcionou experiências e aprendizagens que ficarão marcadas em minha memória e que
muito contribuíram para a minha formação. Por essa razão, não poderia deixar de manifestar
aqui os meus agradecimentos.
Primeiramente, gostaria de agradecer à minha orientadora Profª Dr.ª Alessandra
Arce, pelo suporte e orientação dados ao longo dos últimos anos e pela oportunidade de estar
ao seu lado, podendo usufruir um pouco de seu conhecimento e de sua experiência, me dando
a possibilidade de pesquisar sobre um assunto que era de meu grande interesse.
Também agradecer à Escola Estadual Dr. Álvaro Guião, que abriu suas portas,
permitindo que eu tivesse acesso e pesquisasse obras que fazem parte de seu acervo
documental e bibliográfico.
Às minhas amigas, que ao longo de todo o curso de Pedagogia estiveram ao
meu lado, me apoiando e me incentivando a enfrentar os desafios que encontrava pelo
caminho.
Enfim, quero agradecer a todos aqueles que compartilharam esses momentos
comigo e que de uma forma ou de outra ajudaram a tornar isso possível, como meu namorado
Alessandro, meus amigos e minha família que me deram todo o suporte necessário.
RESUMO
Esse trabalho surge como parte integrante de um conjunto de investigações
realizadas por minha orientadora e o seu grupo de orientandas dentro da linha de pesquisa
História das Ideias Pedagógicas, em que se pretende uma maior compreensão sobre diferentes
correntes do pensamento pedagógico levando-se em consideração os contextos culturais,
sociais, políticos e econômicos do Brasil nas diferentes décadas a serem estudadas. O eixo
norteador dos trabalhos que estão em realização e, por conseguinte desta pesquisa é a busca
por desvelar como as ideias pedagógicas inserem-se e produzem ao mesmo tempo o contexto
educacional das instituições escolares no Brasil em determinado período histórico. Objetivase, com isso, contribuir para a construção da história da educação pública brasileira. Nesta
pesquisa procurou-se compreender e analisar de que forma os ideais educacionais de
Pestalozzi e Froebel foram incorporados e trabalhados no interior de uma instituição escolar
do estado de São Paulo, a antiga Escola Normal de São Carlos pertencente a atual Escola
Estadual Dr. Álvaro Guião, durante as décadas de 10 e 20 do século XX. Para tanto, nos
dedicamos a investigar como as ideias educacionais desses autores expressaram-se em dois
veículos privilegiados de divulgação da produção de discentes e docentes dessa escola: as
revistas Excelsior! e Revista da Escola Normal de São Carlos. Entende-se que esses
periódicos refletiam muito daquilo que era ensinado aos futuros professores, representando
importante meio de comunicação entre professores, alunos e comunidade e de divulgação de
ideais da época. As discussões sobre Pestalozzi e Froebel também aparecem no Livro de Ouro
da antiga Escola Normal, documento em que eram transcritos pelos próprios alunos trabalhos
e provas que obtivessem nota máxima, sendo em seguida autenticado pelo professor
responsável, o que demonstra que esses ideais estavam mesmo presentes na formação dos
alunos. O período estudado marcou-se, portanto, pelo da produção e veiculação desses
periódicos, ou seja, de 1911 a 1923.
Palavras-chave: Ideias Pedagógicas, Pestalozzi, Froebel, Escola Normal, Periódicos
Educacionais.
Lista de Quadros
Quadro 1: Cadeiras e Lentes da Escola Normal de São Carlos (1917)...............29
Quadro 2: Números da Revista Excelsior!..........................................................42
Quadro 3: Números da Revista da Escola Normal de São Carlos......................46
Lista de Ilustrações
Ilustração 1: Vista frontal da antiga Escola Normal de São Carlos.....................30
Ilustração 2: Capa Revista Excelsior! Ano I, n. 1................................................41
Ilustração 3: Capa Revista da Escola Normal de São Carlos, Ano IV, n. 8........46
Ilustração 4: Termo de Abertura do Livro de Ouro..............................................55
SUMÁRIO
Introdução............................................................................................................10
A Educação na Primeira República e a antiga Escola Normal de São Carlos.....15
1.1 A Educação na Primeira República................................................................................18
1.2 A antiga Escola Normal de São Carlos nos primeiros anos da República.....................27
As ideias educacionais de Pestalozzi e Froebel veiculadas no interior da antiga
Escola Normal de São Carlos..............................................................................33
2.1 Quem foram Pestalozzi e Froebel?................................................................................33
2.2 As ideias educacionais de Pestalozzi e Froebel no interior da antiga Escola Normal de
São Carlos............................................................................................................................39
Considerações finais............................................................................................60
Referências..........................................................................................................62
Anexos.................................................................................................................64
Introdução
Esse trabalho surge como parte integrante de um conjunto de investigações
realizadas por minha orientadora e o seu grupo de orientandas dentro da linha de pesquisa
História das Ideias Pedagógicas, em que se pretende uma maior compreensão sobre diferentes
correntes do pensamento pedagógico levando-se em consideração os contextos culturais,
sociais, políticos e econômicos do Brasil nas diferentes décadas a serem estudadas. O eixo
norteador dos trabalhos que estão em realização e, por conseguinte desta pesquisa é a busca
por desvelar como as ideias pedagógicas inserem-se e produzem ao mesmo tempo o contexto
educacional das instituições escolares no Brasil em determinado período histórico. Objetivase, com isso, contribuir para a construção da história da educação pública brasileira.
Nesta pesquisa, procurou-se compreender e analisar de que forma os ideais
educacionais de Pestalozzi e Froebel foram incorporados e trabalhados no interior de uma
instituição escolar do estado de São Paulo, a antiga Escola Normal de São Carlos pertencente
a atual Escola Estadual Dr. Álvaro Guião, durante as décadas de 10 e 20 do século XX. Para
tanto, nos dedicamos a investigar como as ideias educacionais desses autores expressaram-se
em dois veículos privilegiados de divulgação da produção de discentes e docentes dessa
escola: as revistas Excelsior! e Revista da Escola Normal de São Carlos. Entende-se que esses
periódicos refletiam muito daquilo que era ensinado aos futuros professores, representando
importante meio de comunicação entre professores, alunos e comunidade e de divulgação de
ideais da época. As discussões sobre Pestalozzi e Froebel também aparecem no Livro de Ouro
da antiga Escola Normal, documento em que eram transcritos pelos próprios alunos trabalhos
e provas que obtivessem nota máxima, sendo em seguida autenticado pelo professor
responsável, o que demonstra que esses ideais estavam mesmo presentes na formação dos
alunos. O período a ser estudado marcou-se, portanto, pelo da produção e veiculação desses
periódicos, ou seja, de 1911 a 1923.
Entretanto, compreendemos que para que possamos apreender e analisar como
as ideias de Pestalozzi e Froebel se expressaram na produção de docentes e discentes da
escola necessitamos conhecer como esses autores apareceram no contexto brasileiro. Para
tanto, neste estudo, embora delimitemos sua periodização nas duas primeiras décadas do
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século XX, retrocedemos no tempo. Voltamos ao século XIX na busca de reconstituir um
pouco o cenário multifacetado que compõe a divulgação dos ideais dos autores no Brasil e em
especial no estado de São Paulo. Consequentemente nos apropriamos de pesquisas já
realizadas por outros pesquisadores da área de História da Educação.
Como mencionado anteriormente, este trabalho insere-se no campo das
pesquisas da História das Ideias Pedagógicas. Mas como definir este campo de pesquisa na
história da educação? Poderíamos aproximar a “História das Ideias Pedagógicas” das
discussões efetivadas pela Nova História e a Escola dos Annales, poderíamos também
compreendê-la como correspondente a história dos grandes pedagogos. Contudo a definição
que foi tomada neste capítulo e utilizada para a realização de nossas pesquisas fundamenta-se
na definição feita por Dermeval Saviani (2007) em sua obra “História das Idéias Pedagógicas
no Brasil”. Saviani (2007, p. 6-7) diferencia ideias educacionais de ideias pedagógicas. Para o
autor enquanto as ideias educacionais compreendem, por um lado, a (a) análise dos
fenômenos educativos, ou seja, as ideias produzidas no campo das ciências sendo a educação
o objeto de pesquisa e, por outro, (b) a determinação filosóficas das concepções de homem, de
sociedade e de educação; as ideias pedagógicas referem-se à estreita ligação entre as ideias
educacionais inseridas na prática educativa com as ideias pedagógicas que se referem à teoria.
O termo ideias pedagógicas incorpora os dois conceitos apresentados acima, contemplando
assim a prática educativa e a teoria que a embasa. Portanto, quando se pensa o termo
“pedagógico” sua referência é também a forma como este se materializa, ou seja, é
operacionalizado no ato cotidiano de educar. Assim o “pedagógico” forma-se não só dos
discursos e das ideias dos autores, mas também do como fazer, de sua práxis.
Não podemos deixar de ressaltar que o trabalho com história das ideias
pedagógicas ao procurar apreender o teórico-metodológico traduzido na práxis educativa o faz
tendo como ponto de partida a práxis social na qual estas ideias são gestadas. Ou seja, o olhar
do historiador observará todas as nuances e matizes que constituem o fazer pedagógico,
mergulha-se em uma riqueza de detalhes, entrelaces, interfaces que só desvelam-se na
realidade. O todo caótico transforma-se na síntese de múltiplas determinações sem distanciarse da busca pela verdade (tendo-se em mente que nada é absoluto) por intermédio da razão.
Saviani (2007) apresenta categorias para pesquisa e análise que auxiliam na
busca por caminhos para melhor contemplarmos o objeto de pesquisa. Estas categorias
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elencadas pelo autor constituem-se em preocupações já presentes nas discussões de autores da
Escola dos Annales e da História Cultural. Como por exemplo a questão da periodização e o
distanciamento necessário do presente para que o trabalho do historiador possa acontecer, o
que levaria a opção pela longa duração na periodização. Para Certeau (2008), o trabalho com
longa duração demanda distanciamento pessoal, pois o historiador ao escrever encontra a
morte residente nos fatos, nos lugares, nos documentos, nos fenômenos sociais. Este encontro
a faz ressuscitar por intermédio de relações presentes que nos conduzem a ela. Contudo o
historiador trava a batalha que exige o domínio intelectual de seus quereres particulares e
forças atuais para que o passado possa revelar-se como síntese de múltiplas determinações,
apontando as condições e possibilidades de produção nele contidas. Certeau (2008) , então
adverte que ao tratarmos os fatos, reconstruí-los por meio das categorias, devemos
empreender uma vasta revisão da literatura do objeto a fim de reconhecer a distância entre o
fato e a ideologia nele encarnada e por vezes distorcida com sua “morte”. Este movimento de
compreensão histórica deve ser feito no micro e no macro, como garantia da inteligibilidade
da história. Possibilita-se assim abarcar com amplitude o objeto de estudo e o conjunto de
ideias e práticas que o circundam. Quando pensamos em uma pesquisa que se propõem a
desvelar e a reconstruir a trajetória de ideias pedagógicas materializadas em instituições
escolares, não podemos deixar de voltar nosso olhar de pesquisador para além do macro
centrando-o no micro contido nas práticas cotidianas, ou como afirma Faria Filho (2003, p.87)
Por outro lado, não podemos apenas ver a floresta; é preciso calibrar o olhar para
ver, sempre que necessário, cada árvore em particular. Ou seja, não podemos deixar
que a visão macroscópica nos impeça de compreender a sua constituição por meio
de experiências singulares, as quais, necessariamente, exigem um olhar refinado e
categorias de análise adequadas. (FARIA FILHO, 2003, p. 87)
Nesta busca por caminhos que consigam trazer a superfície a relação dialética
que deve ser travada entre o micro e macro na pesquisa faz-se mister não perder de vista
cuidados necessários para não cairmos em reducionismos. Procuramos tomar como diretrizes
teóricas gerais para a realização desse trabalho as apresentadas por Buffa (2007, p. 155):
“considerar a relação entre escola e sociedade, a relação entre o geral e o particular e escrever
uma história não apenas narrativa, mas também interpretativa”. Assim procedendo
acreditamos iniciar uma jornada na direção de repelirmos as constatações feitas por Buffa
(2007, p. 155) a respeito de pesquisas sobre a história de Instituições Escolares:
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“Constatamos que esse tipo de pesquisa apresenta sérios perigos metodológicos,
pois o envolvimento do estudioso com um objeto de pesquisa tão sedutor é fácil.
Difícil é produzir um resultado final crítico e proveitoso. Frequentemente, o
pesquisador resvala em reducionismos teóricos tais como particularismos,
culturalismo ornamental, saudosismo, personalismo, descrição laudatória ou
apologética da instituição escolar. De fato, estudos e pesquisa que retratam aspectos
singulares da instituição escolar, em tempos passados, são fascinantes. Todos gostam
de ver enaltecidos os fundadores de uma escola significativa para a própria cidade.
Todos gostam de ver, consagrados em livros, nomes e fotografias de seus
antepassados. No entanto, por mais sedutoras que sejam essas pesquisas, não se
pode aceitar que a descrição pormenorizada de uma dada instituição escolar deixe de
levar o leitor à compreensão da totalidade histórica. Essa é exatamente a dificuldade
maior: conseguir evidenciar, de forma adequada, o movimento real da sociedade.”
(BUFFA, 2007, p.155)
Atentos a esse perigo e às dificuldades que dele decorrem partimos do
pressuposto, concordando com Saviani (2007, p. 05), de que as Instituições são criadas para a
satisfação
de
necessidades
humanas.
Necessidades, essas, sempre
em mudança,
constantemente manifestando-se em suas criações. Este ponto de partida define as Instituições
como sociais e capazes de revelarem o conjunto de relações travadas pelos atores sociais que
as criaram, modificaram e as mantém. Consequentemente o historiador não pode contentar-se
com visões particularizadas, fragmentadas e superficiais do cotidiano, ele deve sempre inserirse no contexto mais amplo onde o micro e macro se entrelaçam. “O quotidiano só tem valor
histórico e científico no seio de uma análise dos sistemas históricos, que contribuem para
explicar o seu funcionamento.” (LE GOFF, 1994, p. 93). Procuramos, portanto, nessa
pesquisa avançar na “construção da identidade histórica” (NORONHA, 2007, p.167) da
instituição a ser investigada, ou seja, apreendê-la, compreendê-la inserida na história da
educação e na história das ideias pedagógicas brasileiras.
Sendo assim, Saviani (2007) por meio da explicitação de categorias teórico
metodológicas nos fornece pistas para como se pode realizar o trabalho de compreensão,
apreensão e análise das ideias pedagógicas tais como: o princípio de caráter concreto do
conhecimento da História da Educação; a perspectiva de longa duração (movimentos
orgânicos e conjunturais); a investigação analítico sintética das fontes (articulação entre
sincronia e diacronia); articulação entre singular e universal (local, nacional e internacional) e
o princípio da atualidade da pesquisa histórica.
Nesse sentido, a pesquisa foi dividida em três fases distintas de investigação: a
primeira delas que consistiu no levantamento, leitura e análise de obras que nos ajudassem a
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compreender a história da educação brasileira no século XIX e início do século XX,
juntamente com a história do Brasil e em especial do estado de São Paulo, além do estudo da
história de São Carlos e da própria escola tomada como referência. A segunda fase que
marcou-se pela leitura de obras que tratam das ideias educacionais de Pestalozzi e Froebel. E
a terceira e última fase que se caracterizou pelo trabalho de leitura e análise dos periódicos
Excelsior! e Revista da Escola Normal de São Carlos, juntamente com a leitura dos trabalhos
já realizados sobre esses periódicos e sobre a antiga Escola Normal de São Carlos.
Ao término dessa investigação chegamos ao trabalho que aqui se apresenta e
que foi dividido em dois capítulos. O primeiro deles onde procurou-se realizar, a princípio,
uma breve contextualização sobre a Primeira República Brasileira ou República Velha em
busca de oferecer uma maior compreensão sobre o período histórico tomado como referência
durante a elaboração deste trabalho, para logo em seguida, expor quais foram as principais
questões educacionais existentes nesse momento e como se encontravam relacionadas à
política e ao pensamento que se tinha na época, não deixando de evidenciar a importância da
antiga Escola Normal de São Carlos. E o segundo capítulo que teve como objetivo principal
apresentar como as ideias educacionais de Pestalozzi e Froebel foram incorporadas e
veiculadas no interior da antiga Escola Normal de São Carlos, principalmente através da
análise dos periódicos Excelsior! (1911-1916) e Revista da Escola Normal de São Carlos
(1916-1923). Para tanto e para que houvesse um melhor entendimento sobre essa temática,
tornou-se necessário trazer, a princípio nessa parte do trabalho, alguns esclarecimentos sobre
quem foram Pestalozzi e Froebel e quais eram os ideais educacionais pensados por eles. Ao
final, encontram-se a análise dos resultados obtidos e algumas conclusões a que chegamos.
Também tem-se os anexos onde podem ser observados os sumários dos periódicos estudados.
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Capítulo 1
A Educação na Primeira República e a antiga Escola Normal de São Carlos
Neste capítulo faz-se, a princípio, uma breve contextualização sobre a Primeira
República Brasileira ou República Velha em busca de oferecer uma maior compreensão sobre
o período histórico tomado como referência durante a elaboração deste trabalho, para logo em
seguida, expor quais foram as principais questões educacionais existentes nesse momento e
como se encontravam relacionadas à política e ao pensamento que se tinha na época, não
deixando de evidenciar a importância da antiga Escola Normal de São Carlos.
O século XX foi um momento de muita agitação em todo o mundo, advinda,
principalmente, das modificações do capitalismo e da transferência da hegemonia mundial da
Inglaterra para os Estados Unidos. Sendo assim, do período que vai de 1889 a 1930, dentre
outros fatos, tem-se a Primeira Guerra Mundial (1914/1918), a Revolução Russa (1917) e a
Crise Mundial (1929/1930).
A Primeira República ou República Velha período da história do Brasil que se
estende do ano de 1889 com a Proclamação da República até a Revolução de 1930, é um
momento em que o país também vivencia uma série de mudanças que dizem respeito a sua
conjuntura política, social e econômica, provocando também transformações educacionais.
A sociedade brasileira que nesse momento é patriarcal, baseada na grande
propriedade de terra e no cultivo do café, passa em 1888 pela abolição da escravidão,
deixando de ter a mão-de-obra escrava para ter a assalariada vinda, principalmente dos
imigrantes. Apenas um ano depois, essa sociedade abandona a monarquia para se tornar
República. É um momento em que cresce a importância dada ao café, que representava a
força e o poder político no país, principalmente no estado de São Paulo, responsável pela
maior parte da produção de café1. Segundo Basbaum (1975-76, p. 252), “Quando o café
padecia, sofria o Brasil com ele. Em torno dele girou toda a nossa economia e nossa política
até 1930. O café elegia os presidentes da República e mobilizava para ele os recursos do
Tesouro”.
1Durante os primeiros anos da República prevaleceu no Brasil a Política do Café com Leite em que se revezam
na Previdência da República políticos do estado de Minas Gerais, maior produtor de leite e de São Paulo, grande
responsável pela produção de café no país.
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Além disso, em 1891 é promulgada a Primeira Constituição da República,
inspirada na dos Estados Unidos, fundamentada na descentralização do poder que se dividia
entre os estados. Durou até 1930 e Rui Barbosa foi o grande responsável que copiou a
constituição norte-americana sem considerar nossas diferenças. Estabelece-se, então, o
Federalismo, o Estado laico, o voto universal para homens maiores de 21 anos e que saibam
ler e escrever, o governo de três poderes, entre outros, destacando aqui a separação entre
Igreja e Estado.
O novo sistema de governo fica, então, sob o comando dos coronéis e o voto
que antes era direito de quem tinha renda passa a ser direito de quem sabe ler e escrever,
portanto, para votar agora é preciso ser alfabetizado o que exige a expansão do ensino.
Sobre a participação popular para a instauração da República, embora existam
divergências, alguns autores chegam a afirmar que talvez o povo tenha assistido bestializado,
sem nem mesmo entender o que estava acontecendo.
Para compreender melhor essa questão, Basbaum (1975-76) nos mostra que
apesar do Brasil ter uma população, faltava nesse momento a formação do povo. Segundo
esse autor: “População é mera expressão geográfica, mas povo já é uma expressão política e
como tal é o principal agente, aquele que realiza os fatos e em torno do qual os mesmos
evoluem.” p. 137. Quanto a isso, Basbaum explica que a população era muita esparsa, o que
dificultava a formação de uma unidade que tivesse vida e ação política. Para ele, 1930 é um
ano que marca o fim desse período, em que a população aparentemente passiva começa a se
impor.
Esse povo, que aos poucos se ia formando, concentrando-se, criando um mínimo de
idéias políticas comuns, assistiu à proclamação da República, “bestificado”, apático.
Mas, com o correr dos anos ele iria deixar de ser simples espectador: passaria a ser
ator, e dos mais ativos, dentro da História nacional. Podemos, pois, afirmar que a
formação de um povo, elemento novo na nossa história política, ao lado do
empobrecimento da aristocracia rural, da proletarização das classes médias e da
formação do proletariado, foi sem dúvida um dos fenômenos mais significativos e
mais decisivos do período que estudamos. (BASBAUM, 1975-76, p. 177)
É nesse momento que ocorre também grande movimentação no campo das
mentalidades e das ideias, embora na República não se tenham produzido correntes
ideológicas novas. O que houve foi numa maior abertura para a livre circulação de ideias
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como o liberalismo, o positivismo, o socialismo e o anarquismo, importadas de modelos
estrangeiros, sem levar muito em consideração à nossa diversidade cultural, política e
econômica. Carvalho (1987) sob inspiração de Evaristo Moraes e Sérgio Porto chama essa
fase de felicidade de porre ideológico ou de maxixe do republicano doido, pois se
misturavam, sem muita preocupação com a lógica e com a coerência, várias vertentes do
pensamento europeu.
Um destaque deve ser dado ao positivismo que “quando da Proclamação da
República, tornar-se-á uma quase religião do Estado.” (MONARCHA, 1999, p. 134) Tinha
como base a “lei dos três estados” em que se argumenta que o espírito humano percorre três
etapas sucessivas e ascendentes: a teológica ou fictícia, estado em que dominam as forças
sobrenaturais; a metafísica ou abstrata, estado caracterizado pela crítica vazia e desordem
espiritual; e a positiva ou real, estado de superação das críticas insuficientes e substituição das
explicações religiosas ou metafísicas pelas leis científicas, essa última deveria ser o fim da
educação.
A idéia de educação positiva apóia-se na doutrina de aperfeiçoamento da natureza
humana, comportando uma pedagogia da criança e do adolescente presidida pelo
princípio geral da recapitulação da experiência e originando uma concepção de
método didático fundada no binômio natureza e arte. (MONARCHA, 1999, p. 151.)
O país estava, também, imbuído no espírito francês da Belle époque com forte
inspiração em tudo que era americano ou europeu. Segundo Carvalho (1987, p. 39), “o
entusiasmo pelas coisas americanas limitaram-se às fórmulas políticas. O brilho republicano
expressou-se em fórmulas européias, especialmente parisienses”.
Nesse sentido, embora ao se tornar República o Brasil tenha alcançado certa
autonomia, sua organização ainda se apoiava em moldes europeus, sendo a principal
preocupação dos republicanos a de elevar o Brasil ao nível das nações tidas como mais
civilizadas. Para isso, procurou difundir a Instrução Pública e diminuir o analfabetismo
deixado pelo Império, iniciando um processo de reformas educacionais.
É, portanto, diante de tudo isso que surge um aspecto bastante característico
desse período da história brasileira: o entusiasmo pela escolarização e o marcante otimismo
pedagógico, com os quais se passa a ter forte crença na instrução pública vista como um ato
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de espargir a luz, de democratizar a sociedade, capaz de dar a formação cívica e moral para o
cidadão que deveria fazer parte do novo sistema político.
(…) de um lado, existe a crença de que, pela multiplicação das instituições
escolares, da disseminação da educação escolar será possível incorporar grandes
camadas da população na senda do progresso nacional, e colocar o Brasil no
caminho das grandes nações do mundo; de outro lado, existe a crença de que
determinadas formulações doutrinárias sobre a escolarização indicam o caminho
para a verdadeira formação do novo homem brasileiro (escolanovismo) (NAGLE,
1974, p. 99 - 100)
A escola representava, então, no ideário republicano, a instauração da nova
ordem, ferramenta eficaz para o progresso, que deixaria para traz um passado obscuro e traria
um futuro luminoso. Para tanto, os edifícios escolares precisavam ser o espelho da nova
ordem demonstrando através de sua arquitetura a grandiosidade, a força e a vitalidade da
República, um espaço majestoso, amplo e bem iluminado construído para despertar a
devoção.
Nessa direção, faz-se necessário, neste momento, buscar compreender quais
foram as principais decisões tomadas para que de fato se alcançasse as transformações
desejadas na educação durante os primeiros anos da República, algo que será realizado no
tópico seguinte.
1.1 A Educação na Primeira República
A princípio, para melhor compreender como se deu a educação na Primeira
República é preciso retomar brevemente algumas medidas realizadas ainda durante o período
imperial .
Declarada a Independência em 1822, surgia a necessidade de elaborar e
promulgar uma Constituição. Em 1823, Dom Pedro I convoca a Assembleia Nacional
Constituinte e Legislativa, onde é destacada a necessidade de uma legislação especial sobre a
instrução pública. Para tanto, era preciso organizar um sistema nacional de escolas públicas
que tivessem um plano comum em todo o território nacional. Alguns projetos são criados, mas
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a maioria é deixada de lado.
Reaberto o Parlamento em 1826, retoma-se a discussão sobre o problema
nacional da instrução pública, dentre as várias propostas, sobressai o projeto de Januário da
Cunha Barbosa que por ter uma proposta bem ambiciosa também acaba sendo deixado de
lado. A Câmara dos Deputados prefere, então, ater-se a um projeto mais modesto, que se
limitava à escola elementar, o qual resultou na Lei de 15 de outubro de 1827 que determinava
a criação de “Escolas de Primeiras Letras”.
Dentre seus 17 artigos, destaca-se, além do primeiro que determina a criação
das Escolas de Primeira Letras “em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos”, os
artigos 4º e 5º, que se referiam à adoção obrigatória do método e da forma de organização
baseados no “ensino mútuo”, no qual alunos mais adiantados, depois de instruídos pelo seu
mestre, atuavam como monitores, ensinando outros alunos. Essa foi uma tentativa de acelerar
o ensino, o ampliando para um grande número de alunos e de uma forma menos custosa.
Segundo Saviani (2007), se realmente essa lei tivesse viabilizado a instalação
de escolas elementares, como se propunha inicialmente teria dado origem a um sistema
nacional de instrução pública, mas isso não aconteceu.
O Ato Adicional de 1834, ainda do período imperial, “conferiu às Províncias o
direito de legislar sobre a instrução pública e estabelecimentos próprios a promovê-la”,
tirando, assim, do governo central a obrigação de cuidar das escolas primárias e secundárias.
Desse modo, as províncias se tornaram responsáveis pela instrução pública, pela preparação
dos professores e pela construção de escolas, excluindo de suas competências as escolas
superiores. Isso suscitou a criação de sistemas de ensino paralelos, provincial e central.
Por estarem desamparadas financeiramente, essa responsabilidade dada às
províncias não fez com que, de fato, se começasse a construir escolas. Juntavam-se a isso os
problemas decorrentes da descontinuidade administrativa, a falta de pessoal docente
devidamente habilitado, poucas escolas e grande dispersão populacional.
Isso tudo acabou por impossibilitar que as províncias tivessem uma rede
organizada de ensino, condenando o ensino primário ao abandono e delegando o ensino
secundário à iniciativa privada. O fato de muitos colégios do ensino secundário pertencer à
iniciativa privada acentuou ainda mais o caráter classista do ensino, pois somente as famílias
mais abastadas poderiam pagar a educação para seus filhos. Essa tendência foi firmada mais
19
tarde pela Reforma Leôncio de Carvalho que propunha o “ensino livre”, abrindo espaço para
que qualquer um pudesse abrir uma escola.
Sendo assim, pode-se dizer que na primeira metade do século XIX não houve
muitos avanços no que diz respeito à instrução pública, o que tornava cada vez mais urgente a
existência de reformas mais eficazes.
Foi, então, que Couto Ferraz, então ministro do Império, teve como tarefa
baixar o Decreto n. 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854, que aprovou o “Regulamento para a
reforma do ensino primário e secundário do Município da Corte” que ficou conhecido como
“Reforma Couto Ferraz”. Um aspecto importante dessa reforma diz respeito à adoção do
princípio da obrigatoriedade do ensino em que se determinava uma multa para os pais ou
responsáveis pelas crianças que não garantissem o ensino elementar. Quanto à formação de
professores, Couto Ferraz se mostrava descrente em relação às Escolas Normais, que para ele
eram muito custosas e insuficientes, logo, podiam ser dispensadas. Apresenta, então, o que se
pode considerar como a ideia fundamental da Reforma Couto Ferraz, a formação dos
professores pela prática, em que aqueles que se mostrassem mais capazes através de exames
eram admitidos.
Os anos que seguem o Regulamento de 1854 demonstram pouca efetividade
das propostas enunciadas. Segue-se, então, a Reforma Leôncio de Carvalho de 1879 onde em
seu primeiro artigo se faz uma referência à moralidade e a higiene, o que segundo Saviani
(2007, p. 132), “traz à tona um elemento que ocupou lugar central no ideário pedagógico
brasileiro no Segundo Império e ao longo da Primeira República: o higienismo”, através do
qual a educação é vista como “salutar remédio para curar as doenças da sociedade e da
civilização”, “a disseminação das escolas é o único meio para nos livrar da chaga do
analfabetismo”, “o espalhamento das luzes da instrução é um poderoso antídoto para curar as
doenças da ignorância e da pobreza”.
Contrariamente à reforma anterior, essa reforma regulamenta o funcionamento
das Escolas Normais, fixando seu currículo e nomeando docentes. A nova reforma prevê
também:
(...) a criação de jardins de infância para as crianças de 3 a 7 anos (artigo 5º); caixa
escolar (artigo 6º); biblioteca e museus escolares (artigo 7º); subvenção ao ensino
particular, equiparação de Escola Normais particulares às oficinas e de escolas
20
secundárias privadas ao Colégio Pedro II, criação de escola profissionais, de
bibliotecas populares e de bibliotecas e museus pedagógicos onde houver Escola
Normal (artigo 8º); regulamentação do ensino superior abrangendo a associação de
particulares para abrir curso livre em salas dos edifícios das Escolas ou Faculdades
do Estado (artigo 22), faculdades de direito (artigo 23); e faculdades de medicina
(artigo 24). (SAVIANI, 2007, p. 138)
Se na Reforma Couto Ferraz se optava pelo método do ensino mútuo, a
Reforma Leôncio de Carvalho se voltava para o método do ensino intuitivo. Trata-se de um
procedimento pedagógico, também conhecido como lição de coisas, que parte da percepção
sensível, procurando utilizar os mais diversos materiais ilustrativos, estimulando-se a
impressão sensorial.
Mais tarde esse método de ensino também aparece na reforma da instrução
pública paulista realizada por Caetano de Campos no final do século XIX para organizar as
escolas-modelos e os grupos escolares. Esse método se manteve como referência durante a
Primeira República se tornando mais forte na década de 20 com o movimento da Escola
Nova, influenciando várias reformas da instrução pública do final dessa década.
No tópico seguinte pretende-se ampliar ainda mais essas discussões a partir das
reformas no ensino realizadas durante o período republicano e que foram difundidas
principalmente através da Reforma Geral da Instrução Pública Paulista.
A Reforma Republicana do Ensino e a Reforma Geral da Instrução Pública Paulista
Com a Proclamação da República não houve grandes mudanças no sistema
educacional, apenas uma continuação daquilo que se havia iniciado no Império. Logo, ainda
existia uma descentralização do ensino, a ausência de uma política nacional de educação e a
instrução popular continuou sob responsabilidade das antigas províncias. Porém, no que diz
respeito à organização do ensino destinada aos estados não se pode desconsiderar a existência
de alguns progressos.
O Estado de São Paulo foi durante esse período um grande difusor das
reformas no ensino primário e na formação do magistério. Reis Filho (1995) nos fornece
elementos bastante pertinentes através do seu estudo sobre o ensino público paulista durante a
implantação da Reforma Republicana do Ensino nos anos de 1890 a 1896, momento posterior
21
à Proclamação da República, no qual busca compreender o esforço realizado no estado de São
Paulo, nos primeiros anos da República, para criar uma estrutura de ensino público capaz de
atender às aspirações do regime republicano.
É em 1892, através da Lei n. 88 de 8 de setembro, regulamentada pelo Decreto
n. 144B de 30 de dezembro que se coloca em execução a reforma geral do ensino público
paulista em que se abrange toda a instrução pública, tendo como foco a escola primária, cuja
grande inovação reside na criação dos grupos escolares.
Segundo Reis Filho (1995) as influências no processo de reformas em São
Paulo, tanto de Rangel Pestana redator do capítulo sobre a instrução pública do programa de
propaganda republicana, quanto de Caetano de Campos Diretor da Escola Normal tiveram
curta duração.
No entanto, a reforma na Escola Normal de São Paulo durante administração
de Caetano de Campos, pode ser melhor analisada a partir do Decreto de 12 de Março de
1890 que tem servido como base para análise da Reforma Caetano de Campos.
Nesse decreto apresenta-se a necessidade de ter professores bem preparados e
instruídos nos mais modernos processos pedagógicos, para que pudessem atender as
necessidades da vida atual. Daí surge a explicação do por que a reforma geral da instrução
pública ter começado pela Escola Normal. “Trata-se, portanto, antes de qualquer reforma
geral da Instrução Pública, de reformar o programa de estudo da Escola Normal e dar preparo
prático aos seus alunos.” (REIS FILHO, 1995, p. 51).
Caetano de Campos foi diretor da Escola Normal de São Paulo de janeiro de
1890 a setembro de 1891. Foi durante esse período que ele iniciou as reformas nessa escola. O
princípio pedagógico que orientou seu pensamento era o de escola pública, gratuita, universal,
obrigatória e laica, ideias liberais que refletem uma das inúmeras correntes do pensamento
europeu do século XIX que se difundiram no Brasil.
E é a partir do Decreto de 12 de Março que se propõe, então, curso gratuito
para ambos os sexos, com duração de três anos e com duas seções para cada ano: uma
masculina e uma feminina. O curso normal passa a ter dez cadeiras e oito aulas distribuídas de
acordo com o seguinte plano de estudo2:
2 Informações obtidas a partir da leitura do livro A Educação e a Ilusão Liberal: Origens da Escola Pública
Paulista, de Casemiro dos Reis Filho, escrito em 1995.
22
Primeiro ano: português; aritmética; geografia e cosmografia; exercícios
militares (seção masculina); caligrafia e desenho.
Segundo ano: português; álgebra e escrituração mercantil (seção masculina);
geometria; física e química; ginástica; música; desenho; economia doméstica e prendas (seção
feminina).
Terceiro ano: história do Brasil; biologia; educação cívica e economia política;
organização das escolas e sua direção; exercícios práticos.
Para os exercícios práticos de ensino destinados para os alunos do 3º ano da
Escola Normal, é criada a Escola-Modelo anexa, base de toda a reforma da instrução pública
paulista nos primeiros anos da República e que se estruturava em três graus de ensino: 1º grau
para crianças de 7 a 10 anos, 2º grau para os alunos de 10 a 14 anos e 3º grau para as idades
de 14 a 17 anos. No entanto, sua organização só atingiu o 1º grau, tendo o seguinte programa
de ensino:
•
Lições de coisas com observação espontânea.
•
Instrução cívica.
•
Leitura: ensino proporcionado ao desenvolvimento das faculdades do aluno a
ponto de ler corretamente, prestando o professor atenção à prosódia.
•
Exercício de análise sobre pequenos trechos lidos, de modo a poder o aluno
compreender e ficar conhecendo a construção de frases e sentenças, sem decorar
regras gramaticais.
•
Escrita graduada até a aplicação das regras de ortografia.
•
Aritmética elementar, incluindo as quatro operações fundamentais, frações
ordinárias e decimais, regras de três simples com exercícios práticos, problemas
graduados de uso comum.
•
Ensino prático do sistema legal de pesos e medidas.
•
Desenho à mão livre.
•
Exercícios de redação de carta, faturas e contas comerciais.
•
Noções de geografia geral e geografia física, concernente aos fenômenos da
evaporação, formação das nuvens, das chuvas, dos ventos, das serras e
montanhas e de sua influência na formação de rios, guiando os alunos ao
conhecimento do mapa do Estado.
•
Ginástica, compreendendo marchas escolares e exercícios militares.
•
Canto oral.
•
Trabalhos manuais – construções, trabalhos à cola, papel dobrado, recortes,
trabalhos em papelão, em cordas, em vime. Para o sexo feminino acresce:
costura simples
(REIS FILHO, 1995, p. 53-54)
23
Segundo Caetano de Campos era através dessa prática que os alunos obtinham
na escola-modelo que se iria firmar a formação do futuro professor. Nota-se, portanto, a
preocupação com o preparo prático, com pouca ou nenhuma preocupação com a formação
teórica
Quanto
ao
ensino
secundário
que
nesse
momento
encontrava-se
completamente nas mãos de particulares e representava uma pobre preparação para o ensino
superior, o que se focava era a formação do cidadão.
Caetano de Campos propunha um ensino secundário dividido em dois tipos de
escolas, as do 2º grau para alunos de 10 a 15 anos e 3º grau, para alunos de 15 a 18 anos.
Na base de toda estrutura das escolas de 1º, 2º e 3º graus, Caetano de Campos
colocou um curso de três anos para o “Jardim Infantil”, completando assim a estrutura do
ensino público proposto por ele.
Os Jardins de Infância, através do processo de Froebel, objetivavam preparar o
desenvolvimento dos sentidos das crianças de ambos os sexos, maiores de três anos e menores
de sete, antes de ingressarem na Escola-Modelo Preliminar.
(...) a Escola Normal de São Paulo estava agora organizada para atender a criança a
partir dos três anos de idade, no Jardim de Infância; a partir dos sete, na Escola
Preliminar “Caetano de Campos”; a partir dos doze, na Escola Complementar anexa,
a partir dos dezesseis anos, no Curso Normal Secundário. (REIS FILHO, 1995, p.
169)
Quanto ao método e conteúdo de ensino, Caetano de Campos retoma o método
intuitivo de Pestalozzi, já desenvolvido durante a Reforma Leôncio de Carvalho de 1879 e
que surgia de modelos vindos da Europa. No entanto, Caetano de Campos chega a ressaltar:
Eis um primeiro ponto que tive sempre em vista: estudar nesses povos a maneira de
ensinar. Isso, porém, não basta. Por lá se faz muita coisa que não precisamos fazer, e
não se faz muitas outras que são indispensáveis. Daí decorre a necessidade não de
adotar, mas sim adaptar esses métodos à nossa necessidade. É um segundo princípio
que tive de contemplar na nossa reforma. (103)
Surge, então, uma nova discussão sobre o transplante cultural, algo que ficou
muito comum em nosso país, em vez de simplesmente copiar a risca os modelos estrangeiros,
24
observa-se, agora, a importância de adaptá-los as condições brasileiras.
Para Caetano de Campos, a educação revolucionária só era possível graças aos
princípios de Pestalozzi e para orientar a prática do novo método de ensino, considerada,
portanto, base da renovação do ensino paulista, foram contratadas duas professoras que
conheciam bem o método intuitivo, Dona Maria Guilhermina Loureiro de Andrade, que havia
estudado nos Estados Unidos e Miss Márcia Browne, ex-diretora de high school em Malden,
próximo a Boston, que assumiram respectivamente uma classe feminina e uma masculina. No
entanto, essas professoras dominavam a técnica, mas não os princípios teóricos, o que
dificultou a experimentação pedagógica.
Gabriel Prestes, diretor da Escola Normal de 1893 a 1898, deu continuidade ao
pensamento de Caetano de Campos, e Cesário Mota Júnior, Secretário do Interior, iniciou a
fase de execução da reforma. Para eles a educação consistia no mais eficiente instrumento
para a construção de um Estado republicano democrático.
As escolas-modelo serviram, então, como um padrão de ensino e organização.
E em 1892, tem-se, nessa mesma direção, a reforma do ensino primário, cuja principal
inovação foi a criação dos Grupos Escolares que segundo Monarcha (1999, p. 230), foram
designados por um observador da época como “a criação mais feliz da República”, os grupos
escolares constituem um dos elementos do padrão de excelência do ensino paulista durante a
Primeira República, costumeiramente representados como centros de luz radiosa.
Os grupos escolares consistiam de um ensino graduado e dividido em classes
nas quais as crianças eram inseridas de acordo com seu adiantamento, ou seja, crianças com
idades semelhantes eram colocadas numa mesma classe, ingressando na instituição aos 7
anos. Além disso, a criação dos grupos escolares reuniu escolas que antes eram isoladas e nos
locais onde foram criados ocorria uma redução das classes multisseriadas, embora ainda não
fossem classes mistas. Esses grupos deveriam seguir a orientação pedagógica das Escolas
Modelo, para isso, a figura dos Diretores e Inspetores era essencial.
Os grupos Escolares fundaram uma representação de ensino primário que não
apenas regulou o comportamento, reencenado cotidianamente, de professores e
alunos no interior das instituições escolares, como disseminou valores e normas
sociais e educacionais. (VIDAL, 2006, p.9)
25
Esse sistema graduado de ensino tornou mais eficiente a divisão do trabalho
escolar, formando classes com alunos que apresentavam um mesmo nível de aprendizagem,
os quais demonstravam um melhor rendimento escolar, por outro lado aumentou-se a seleção
e os padrões de exigência, o que provocou um grande número de repetências de uma série
para outra.
Sendo assim, uma questão ainda se mostrava. Nessas escolas se objetivava a
seleção e a formação da elite, não englobando, portanto, a educação das massas populares.
Isso vem a ser discutido mais adiante durante a Reforma Sampaio Dória de 1920, a qual
instituiu uma escola primária cuja primeira etapa tinha duração de dois anos e seria gratuita e
obrigatória para todos, procurando, desse modo, garantir a alfabetização de todas as crianças
em idade escolar. No entanto, propunha uma educação aligeirada, que recebeu muitas críticas,
o que fez com que não fosse plenamente implantada.
Os grupos escolares ao introduzir uma série de mudanças na educação pública
e se tornar um marco na história da educação do país tiveram importância fundamental para a
consolidação da República o que possibilitou que a diferenciasse do Império, uma
necessidade existente desde o momento em que foi proclamada.
Com a expansão das Escolas Normais e dos Grupos Escolares houve a
necessidade de se renovar os métodos de ensino. Segundo Silva (2007), as influências teóricas
observadas nos primeiros anos do ensino normal pós-república são:
(...) de um lado, das filosofias cientificistas e, de outro, da introdução dos primeiros
ensaios de renovação pedagógica na instrução pública, ressaltando o valor da
observação, da experiência sensorial, da educação dos sentidos, das lições das
coisas, do método intuitivo de Pestalozzi. (SILVA, 2007, p. 18).
Os republicanos tinham a visão de que a boa escola seria aquela que procurasse
se basear na pedagogia moderna, definida pelo método intuitivo divulgado por Comenius e
Pestalozzi, e que iria compor, por volta dos anos 20, uma das características do Movimento
Escola Nova que chega, nesse momento, ao Brasil influenciando a formação dos professores e
demonstrando a necessidade de modificar os métodos de ensino.
De acordo com Saviani:
26
Tal método, que surgira na Alemanha no final do século XVIII e que fora divulgado
pelos princípios de Pestalozzi no decorrer do século XIX na Europa e nos Estados
Unidos, esteve na pauta das propostas de reforma da instrução pública formuladas
no final do Império. Rui Barbosa foi um grande defensor desse método, cujos
princípios e fundamentos foram por ele sistematicamente apresentados em seus
célebres “Pareceres”, culminando com a tradução do livro de Calkins sobre Lição
das coisas, que é a essência do método intuitivo. Caetano de Campos foi um
entusiasta desse método e por ele guiou-se na organização das escolas-modelo e dos
grupos escolares. (SAVIANI, 2008, p. 173)
E foi para essa direção que se voltou à reforma educacional dos primeiros anos
da República, difundida, principalmente, através das reformas do ensino realizadas no estado
de São Paulo que se tornou referência para outros estados do país.
Expandi-se, então, a importância das escolas normais e nesse período é
construída a Escola Normal de São Carlos tomada como referência para este trabalho e que
será melhor apresentada no tópico seguinte.
1.2 A antiga Escola Normal de São Carlos nos primeiros anos da República
A antiga Escola Normal de São Carlos, do período que vai de 1911 até
aproximadamente 1930, desfrutou de um grande prestígio, se tornando referência para a
cidade e para a região. Prestígio esse que ainda pode ser notado nos dias atuais quando se
observa sua majestosa e imponente arquitetura, semelhante a de muitas outras escolas normais
construídas nesse momento. Sendo assim, faz-se necessário investigar agora: por que essa
escola se tornou tão importante, o que, afinal, representou para a sociedade de sua época.
São Carlos durante os primeiros anos da República era uma cidade que se
destacava dentre as maiores exportadoras de café do estado de São Paulo, produto de grande
representação nacional na época, e “toda a dinâmica da produção cafeeira determinava o
desenvolvimento da cidade, atendendo às exigências sociais dos fazendeiros liderados pela
família Botelho, principalmente pelo Conde do Pinhal, considerado seu fundador”. (SILVA,
2007, p. 21 / NEVES, [19]).
Portanto, o café tornou a cidade de São Carlos uma das mais prósperas e ricas
do Estado e tudo girava em torno desse produto, incluindo a rede de escolas que se destinava
à formação de trabalhadores que direta ou indiretamente estavam envolvidos com a produção
27
de café:
(…) do braço escravo aos técnicos e profissionais mais qualificados. Em que pesem
as grandes diferenças entre o escravo e o técnico, a filosofia educacional é a mesma:
braços e mentes a serviço do trabalho. Tanto a falta absoluta de escola quanto o
exíguo currículo da escola elementar e até mesmo o conteúdo das “boas” escolas
profissionalizantes negavam ao trabalhador uma cultura humanista clássica própria
da formação do dirigente. (BUFFA e NOSELLA, 2002, p. 30-31)
Quanto à formação da elite cafeeira, quando crianças, os filhos dos
cafeicultores geralmente eram educados por preceptores que ensinavam a eles música e
línguas. As meninas aprendiam também trabalhos manuais, noções de economia e medicina.
Quando mais velhos eram mandados para colégios de padres e freiras situados em outras
cidades, onde ficavam, geralmente, sob regime de internato. Nessas escolas os rapazes se
preparavam para ingressar em cursos superiores, no Brasil ou na Europa, principalmente
Direito, Medicina e Engenharia, ressaltando que eram cursos que procuravam formar o
dirigente político. Já as moças, aprimoravam seus hábitos preparando-se para se tornar uma
futura esposa de fazendeiro, sendo capaz de realizar todas as tarefas ligadas à administração
da Casa Grande.
Desse modo e para que não precisassem mais se deslocar para outras cidades,
fazia-se necessário para São Carlos um colégio adequado para atender as exigências de
formação das filhas dos fazendeiros, o que foi conquistado em 1904, quando São Carlos
passou a contar com um colégio de freiras, Colégio das Irmãs Sacramentinas.
No entanto, de acordo com o que pode ser observado após leitura do n. 5 da
Revista da Escola Normal de São Carlos, no artigo Historia da Instrucção e da Educação no
Brasil – II, Carlos da Silveira, autor do texto, demonstra que era preciso para a instrução
muito mais do que os colégios dirigidos por freiras ofereciam.
Penso não existirem, como seria de desejar, collegios femininos dirigidos não por
irmãs de caridade, ou freiras estrangeiras, mas sim por senhoras brasileiras cuja
orientação pedagógica permitisse obter, ao lado de uma cultura superior e moderna
que attendesse ás necessidades do Paiz da época, um elevado civismo e um alto ás
coisas nacionaes.
As meninas brasileiras educadas por estrangeiras teem não só um notável
desinteresse pelo Brasil como ainda manisfestam desprezo pelo que é de sua Pátria.
Demais, os collegios de irmãs francesas mais afamados incutem, no espírito das
alumnas, numerosos preconceitos europeus só prejudiciaes a quem nasceu na livre
América e se prepara para viver num regime republicano democrático. (p-24-25)
28
Portanto, ainda faltava a realização de ter uma Escola Normal, algo que
representava um desejo ambicioso de toda e qualquer cidade do interior de São Paulo. É,
então, que no auge da escola pública e da formação do professor e em plena propagação dos
ideais republicanos foi criada na cidade de São Carlos a Escola Normal Secundária.
Segundo Buffa e Nosella (2002), O Colégio das Irmãs Sacramentinas apresenta
uma profunda organicidade com a Escola Normal Secundária de São Carlos, seja em sua
gênese, pois são os mesmos atores políticos que determinam sua criação; em sua arquitetura e
localização, ambos apresentam prédios majestosos e próximos um do outro; em seus objetivos
e métodos educacionais; e, sobretudo, sua clientela. Além disso, observa-se que a primeira
turma do Colégio de freiras formou-se em 1910 e a Escola Normal iniciou suas atividades em
1911, o primeiro oferecia uma formação moral e religiosa e a segunda enfatizava a formação
intelectual.
É em 3 de fevereiro de 1911 que se faz, então, as primeiras nomeações do
pessoal docente e administrativo para a Escola Normal Secundária de São Carlos, que passou
a fornecer um curso de formação de professores com duração de quatro anos. Em 1912 foi
criada a Escola Modelo Anexa para que as normalistas pudessem passar por um treinamento
prático, e em 1918 começou a funcionar a Escola Complementar Anexa que oferecia um curso
intermediário entre o primário e o normal.
Lentes
Cadeiras
1ª cadeira – Português e Latim
Dr. Atugasmin Médici
2ª cadeira – Português e Latim
Arthur Raggio Nobrega
3ª cadeira – Francês
Juvenal Penteado
4ª cadeira – Inglês
Dr. Teodorico de Camargo
5ª cadeira – Matemática
Dr. Mario Natividade
6ª cadeira – Matemática
Dr. Francisco Z. Penteado
7ª cadeira – Física e Química
Sebastião Paulo de Toledo Pontes
8ª cadeira – História Natural
Dr. Astor Dias de Andrade
9ª cadeira – Geografia
Ezequiel de Moraes Leme
10ª cadeira – História da Civilização
Dr. Dagoberto Salles
11ª cadeira – Psicologia
Dr. Carlos da Silveira
12ª cadeira – Psicologia
João Augusto de Toledo
13ª cadeira - Metodologia
Antonio Firmino de Proença
Quadro 1: Cadeiras e Lentes da Escola Normal de São Carlos (1917)
Fonte: Revista da Escola Normal de São Carlos
29
Com a Lei n. 1.750 de 08 de dezembro de 1920 – Reforma Sampaio Dória –
unificam-se as escolas normais primárias e secundárias e com isso a Escola Secundária de São
Carlos passa a denominar-se Escola Normal de São Carlos.
Ter conseguido implantar na cidade de São Carlos uma Escola Normal
Secundária demonstrava a força dos grupos de poder locais ligados à elite cafeeira e que no
momento estavam fortemente vinculados aos ideais republicanos.
O prédio, onde apenas em 1916 a Escola Normal foi instalada e que ainda se
mostra presente na cidade de São Carlos, espelha como muitos outros prédios da época
construídos pelos barões do café a imponência que a República queria demonstrar. Como se
sabe, as escolas normais deveriam representar os valores e ideais desse novo sistema político
que se implantava no país. Para tanto, não só sua arquitetura foi devidamente pensada, mas
como sua localização que permitia que fosse sempre visível e notada.
Ilustração 1: Fonte: BUFFA, E. & NOSELLA, P. (2002) – Schola Mater. A Antiga Escola
Normal de São Carlos, 1911-1933 - primeira reimpressão. São Carlos: EDUFSCar/FAPESP.
Para Buffa e Nosella (2002, p. 82), a Escola Normal de São Carlos
preocupava-se em formar um profissional competente e imbuído de valores republicanos, por
essa razão, grande parte das disciplinas do currículo voltava-se para a cultura geral, às letras e
30
às ciências modernas. Já para a formação pedagógica existiam disciplinas como Psicologia,
Didática e o estágio na Escola Modelo Anexa.
Sobre a clientela de alunos, os autores a caracterizaram como sendo:
As mulheres, em sua maioria, eram filhas de fazendeiros (...) ou de ricos
negociantes. Os rapazes pertenciam a grupos menos favorecidos, pois os filhos dos
fazendeiros dirigiam-se às Faculdades de Direito, Medicina, Engenharia, no Brasil
ou no exterior. (BUFFA e NOSELLA, 2002, p. 60).
Dentre as conclusões obtidas por Buffa e Nosella durante seus estudos, tem-se
que o grande prestígio da velha Escola Normal não decorria da formação do professor e sim
do rigor nos estudos da cultura geral. Grande parte do currículo dessa Escola era voltada para
a formação do dirigente e tinha como função proporcionar uma distinção entre aqueles que lá
se formavam e os outros grupos sociais que lá não poderiam estar, pois a Escola Normal
apesar de ser pública, não era gratuita.
A Escola Normal, portanto, se afastava do trabalho mecânico e manual, se
distanciando, até mesmo, do trabalho intelectual que correspondia à profissão a qual os
estudantes eram preparados e que ao final acabava por servir apenas como um ornamento para
a elite, pois muitos dos alunos não se engajavam no trabalho para o qual foram formados.
Apesar disso, para esses autores, a Escola Normal da República Velha é
denominada como uma “schola mater”, por ter representado a matriz pedagógica do ensino
fundamental brasileiro. Devido à sua grande importância para o período, tornou-se um marco
na memória do ensino no país, sendo ainda referência nas discussões sobre formação de
professores.
A antiga Escola Normal de São Carlos representou, então, a típica escola da
Primeira República, exercendo importante papel para a formação dos futuros professores,
responsáveis por moldar a nação republicana. E é por essa razão que pode ser considerada
como uma referência pedagógica para a região e para o Estado de São Paulo.
Enfim, levando-se isso em consideração, ao estudar essa instituição nota-se que
ela representou a síntese das múltiplas determinações sociais de sua época histórica, o que
possibilita a compreensão e o olhar sobre aquilo que é local sem desvinculá-lo do âmbito da
totalidade. Desse modo, desvela-se como um lócus privilegiado para olhar a sociedade e suas
31
práticas sociais em um determinado momento histórico, ou seja, desnudam-se como unidades
de ação a revelar os objetivos e finalidades perseguidas pelos homens que as construíram.
Nesse sentido e pensando mais especificamente no nosso objeto de estudo,
pode-se, portanto, apreender em movimento as ideias pedagógicas, compreendendo como os
pensamentos de Froebel e Pestalozzi chegaram ao Brasil e como foram adaptados à nossa
realidade, algo que será melhor desenvolvido mais adiante nesse trabalho.
32
Capítulo 2
As ideias educacionais de Pestalozzi e Froebel veiculadas no interior da
antiga Escola Normal de São Carlos
Este capítulo tem como objetivo principal apresentar como as ideias
educacionais de Pestalozzi e Froebel foram incorporadas e veiculadas no interior da antiga
Escola Normal de São Carlos, principalmente através da análise dos periódicos Excelsior!
(1911-1916) e Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923) que representaram
importantes meios de comunicação entre professores, alunos e comunidade e de divulgação de
ideais da época. Para tanto e para que haja um melhor entendimento sobre essa temática,
torna-se necessário trazer, a princípio, alguns esclarecimentos sobre quem foram Pestalozzi e
Froebel e quais eram os ideais educacionais pensados por eles.
2.1 Quem foram Pestalozzi e Froebel?
Pestalozzi e Froebel viveram num período histórico denominado por Eric
Hobsbawm como “A Era das Revoluções” por compreender um momento marcado por
guerras e revoluções, tais como a Revolução Francesa, a Revolução Industrial, as Guerras
Napoleônicas e as Revoluções de 1848. Também foi um período de “Contra-revoluções”, pois
a burguesia conservadora precisava lutar contra o proletariado e os camponeses que agora
reivindicavam o cumprimento das promessas de liberdade, igualdade e fraternidade.
De acordo com Arce (2002), em seu livro A Pedagogia na “Era das
Revoluções”: uma análise do pensamento de Pestalozzi e Froebel, obra que servirá como
principal base para essa apresentação, ambos os autores contribuíram, através de suas
propostas educacionais, para a disseminação do ideário burguês presente na sociedade de sua
época a qual refletia um conjunto de contradições advindas do capitalismo e na qual se
tornava cada vez mais impossível a efetivação dos ideais iluministas. De um lado existia o
ideal de formação plena e livre do homem e, do outro, intensa alienação presente na lógica da
reprodução das relações entre capital e trabalho.
33
Johann Heinrich Pestalozzi
Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em 12 de janeiro de 1746 em Zurich, uma
cidade situada na parte germânica da Suíça e morreu em fevereiro de 1827. De acordo com
Krüsi (1875, apud in ARCE, 2002) Pestalozzi sempre se preocupou com a miséria e a pobreza
que o cercava e considerava que isso era consequência da ausência da moral cristã. Embora
tivesse essa preocupação, não pensava em uma distribuição igualitária da riqueza e no fim da
exploração entre as classes sociais, mas sim numa espécie de doação vinda dos mais ricos
para os mais pobres para que esses pudessem ter o mínimo para a sua sobrevivência.
Numa tentativa de abrir uma escola para os pobres em uma fazenda de Neuhof,
Pestalozzi decreta falência por não saber lidar com assuntos financeiros e sua família passa a
viver na pobreza. É, então, que decide escrever para mudar essa situação e transformar seus
escritos em um instrumento pedagógico que divulgasse valores que ajudassem as pessoas a ter
uma vida mais digna e moralmente mais elevada. Em 1781 escreve uma de suas mais
importantes obras o romance Leonardo e Gertrudes o qual revela muito sobre sua época e seu
pensamento.
Em 1798, Pestalozzi recomeça seu trabalho com crianças pobres na cidade de
Stanz. Nesta escola a convivência era baseada no amor, no respeito e no bom exemplo, todas
as decisões eram tomadas em conjunto com as crianças e as brincadeiras eram muito
utilizadas para manter a atenção delas. Sobre a educação intelectual, tudo tinha que ter um
significado para as crianças e estar relacionado com o seu cotidiano. Foi com esse trabalho
que Pestalozzi percebeu a importância da intuição na educação.
No entanto, foi numa escola criada em um castelo em Burgdorf que Pestalozzi
fica conhecido em toda Suíça e Alemanha e em 1801 publica sua mais importante obra
educacional Como Gertrudes cria seus filhos. É nesta escola que ele desenvolve o seu método
de alfabetização, o “ABC da Intuição” o qual se baseia no ensino dos sons antes do nome das
letras e demonstra a importância da intuição para a educação.
34
Friedrich Froebel
Friedrich Froebel nasceu em 21 de abril de 1782, na vila de Oberweissbach, do
Principado de Schwarzburg – Rudolstadt, situada na floresta da Turíngia, região sudeste da
Alemanha. Devido a algumas circunstâncias foi uma criança quase que entregue a si mesma o
que fez com que tivesse uma atitude autodidata. Apesar disso, foi com o pai que Froebel
aprendeu a ler, a escrever e a calcular e foi de quem recebeu fortes influências da
religiosidade tomando-a como princípio em sua concepção educacional.
Em Frankfurt tornou-se professor, levando consigo os ideais da auto-educação
e do auto-aperfeiçoamento os quais incorporaria em sua proposta educacional voltada,
principalmente, para uma metodologia de trabalho baseada na prática, era o “aprender
fazendo”.
Através da baronesa Caroline Von Holzhausen conhece as ideias de Pestalozzi
e em 1808 vai para Iverdon conhecê-lo, ficando até 1810 quando atritos constantes com o
grande educador o obrigam a partir. Segundo Froebel, Pestalozzi ao se preocupar com
questões políticas, sociais e econômicas estaria deixando de lado o que era mais importante, a
espiritualidade do homem. Além disso, discordava da metodologia utilizada por Pestalozzi
com a qual as crianças aprendiam a ler e a escrever desde muito cedo. Froebel acreditava que
as crianças deveriam ser deixadas livres para expressar seu interior.
Em 1826 escreve sua mais importante obra com caráter filosófico A educação
do homem e em 1837 funda, em Blankenburg, o Instituto de Educação Intuitiva para a AutoEducação que depois passa a se chamar Instituto Autodidático.
Para a realização do autoconhecimento com liberdade, Froebel se utiliza do
jogo e da brincadeira como instrumentos, proporcionando através deles um exercício de
exteriorização e interiorização da essência divina de cada criança, levando-a a conhecer e a
aceitar a Unidade Vital, isto é, a tríade formada pela Humanidade, Deus e a Natureza. Os
brinquedos criados por Froebel para esse fim foram chamados de “dons” por serem vistos
como “presentes” dados às crianças para que pudessem se descobrir.
Em junho de 1840, Froebel funda o primeiro jardim de infância (kindergarten)
na cidade de Blankenburg o qual constituía os princípios da pedagogia frobeliana aplicados a
35
crianças menores de seis anos.
Em 1851 são proibidos na Alemanha todos os jardins de infância, pois Froebel
é acusado de ateísmo e de ser socialista. Apesar de ter negado as acusações, morre em 1852
sem que seus jardins de infância tenham voltado a funcionar. Arce (2002) ao analisar e
contextualizar esses autores e suas obras se volta para a seguinte pergunta: Como Pestalozzi e
Froebel viam a função da educação dentro da sociedade e que tipo de homem desejavam
formar? Ao estudar essa questão observou que não se podia descartar, em momento algum, a
forte relação com a religião protestante seguida fervorosamente pelos dois autores.
Pestalozzi em sua obra A educação do homem – aforismos demonstra sua
crença de que o homem nasce bom, mas é corrompido pela sociedade, por isso todos eram
vistos como iguais, com o mesmo potencial, se diferenciando apenas em sua dedicação,
transfere-se, assim, para o sujeito, a responsabilidade por seu sucesso ou por seu fracasso.
Além disso, defende que a grande vitória que o homem pode ter é a vitória sobre si mesmo,
pois o conflito do homem está dentro dele próprio, por isso, os desejos devem ser controlados,
apenas o amor, a solidariedade e a humildade podem ser alimentados.
Para Arce (2002), a moral de Pestalozzi reside nesse ponto: “no respeito à
nossa Natureza, no conhecimento, na prática e no desejo de Deus, este leva a desejar o certo
que vale mais do que o simples cultivo do intelecto” (2002, p. 143).
Froebel em seu livro com o mesmo título A educação do homem também
compartilha de ideias semelhantes. Para ele, Deus é o princípio de tudo e o homem deve
procurar se harmonizar com sua divindade e com as criações divinas.
Tanto Pestalozzi quanto Froebel buscavam o princípio a partir do qual os
homens seriam considerados como iguais. Para Froebel esse princípio encontrava-se na
relação entre infância, natureza e Deus. Já para Pestalozzi estava na bondade inata do homem
que deveria ser cultivada. Apesar disso, ambos acreditavam que a igualdade dos homens
residia na sua essência divina.
Por essa razão, era retirada do ser humano toda sua historicidade,
desconsiderando toda a transformação na natureza que vem sendo realizada pelos homens ao
longo da história. Sua vida em sociedade passa a ser notada como algo dado, já determinado e
que não pode mudar, ocorrendo um processo de naturalização. “Naturalização” que não
significa uma busca do que é genuinamente natural, mas do que passa a ser considerado como
36
natural.
Assim naturalização, ao invés de significar uma tentativa de retorno a um primitivo
estágio natural, significa a tentativa de justificação, através da eternização e da
universalização, de uma determinada realidade, apresentando-a como
correspondente à natureza humana (...) (NEWTON DUARTE, ARCE, 2002. p 135)
De acordo com os princípios educativos de Pestalozzi a educação deveria
seguir o desenvolvimento natural do ser humano, por isso era preciso dividi-la em estágios. O
professor deveria seguir e respeitar essa divisão, não se colocando como um obstáculo, seu
ensino deveria se voltar para aquilo que as crianças vivenciavam em seu cotidiano, partindo
dos conhecimentos que elas já possuíam. Portanto, a criança se tornava o centro de todo o
processo educativo.
Além disso, seu método de ensino estava ligado ao trabalho com os sentidos.
Chamado de ABC da intuição era um método que orientava as crianças a se conhecerem e a
descobrirem o mundo que as cercava através dos sentidos. Objetivava-se, com isso, superar o
ensino livresco e a mera transmissão de informações e definições que nunca seriam utilizadas
na vida real dos alunos, propondo até o seu abandono para a aquisição de conhecimentos
diretamente da natureza.
Pestalozzi defendia, também, que o homem além de conhecer e pensar
precisava agir, desenvolvendo atitudes ligadas ao caráter moral e à formação de virtudes
adquiridas através da prática e, principalmente, da relação em família.
Através dessas propostas, Pestalozzi acreditava proporcionar a educação
integral do homem, o objetivo de toda sua metodologia, formar homens que estivessem em
harmonia com Deus, com a natureza e com os outros homens.
Froebel apesar de discordar de Pestalozzi em alguns pontos também
compartilha de ideais parecidos. Para ele a educação deve levar a criança, vista como uma
semente que deve ser cuidada com muita atenção, a descobrir-se enquanto criatura divina
capaz, também, de criar assim como seu Criador. A escola deve promover, para isso, o livre
desenvolvimento da criança, orientando-a para o caminho correto onde suas potencialidades
serão desenvolvidas em harmonia com a natureza, Deus e a Humanidade. Os processos de
exteriorização e interiorização devem nortear toda metodologia educativa que deve estar
37
alicerçada a experiência e a atividade espontânea da criança. O processo de interiorização
consiste no recebimento de conhecimentos do mundo exterior, já com o contrário, a
exteriorização, a criança exterioriza o seu interior através da arte e do jogo. Ao adulto cabe
apenas satisfazer e incentivar a curiosidade natural das crianças. Esse papel de educador era
dirigido, especialmente, para as mulheres, tidas, por Froebel como as únicas capazes de
educar com liberdade e amor, respeitando o desenvolvimento natural das crianças, por terem
naturalmente o sentimento materno.
Após fazer esse levantamento, Arce (2002) observa que as ideias educacionais
de Froebel e Pestalozzi trazem consigo a contradição existente na ideologia burguesa
apresentando
uma
pedagogia
da
resignação,
acrítica
e
antiescolar,
direcionada,
principalmente, para as classes populares.
Segundo a autora, a sedimentação da burguesia foi aos poucos individualizando
a sociedade, depositando no indivíduo toda a responsabilidade por seu fracasso ou sucesso
dentro dessa nova organização social onde é dito que todos têm as mesmas chances, o
indivíduo só não obterá sucesso se não tiver se empenhado o bastante.
Naturalizam-se, então, o papel da escola e do professor e restringe-se a
educação ao mínimo possível de conhecimentos, valorizando-se apenas o que é necessário
para a vida cotidiana. A escola deixa de ser o centro do processo educativo em benefício dos
processos espontaneístas. Não há uma preocupação com a transmissão de conhecimentos, o
que rebaixa o nível do ensino e empobrece os conteúdos. Contudo isso se impossibilita a
compreensão sobre as verdadeiras determinações da ordem social na qual as pessoas estão
envolvidas, transformando-as em seres que aceitam o que está pré-determinado, sem que
discutam e enxerguem de forma crítica o que faz parte de sua realidade.
Arce (2002) acredita que não se pode deixar de considerar que tanto Pestalozzi,
quanto Froebel fizeram descobertas importantes para sua época, tais como a necessidade da
brincadeira para o desenvolvimento infantil, a inutilidade dos castigos físicos, a necessidade
dos professores discutirem sobre o que será realizado em sala de aula e a importância do
desenvolvimento infantil, pensando na criança como um ser diferente do adulto. E muito das
características observadas nos ideias educacionais de ambos os autores viriam a constituir,
mais tarde, o movimento escolanovista.
38
2.2 As ideias educacionais de Pestalozzi e Froebel no interior da antiga Escola
Normal de São Carlos
Após esclarecer quem foram Pestalozzi e Froebel e o que pensavam sobre
educação, parte-se agora para uma descrição de como seus ideais começaram a se inserir no
Brasil e foram incorporados aos discursos veiculados no interior da antiga Escola Normal de
São Carlos, aparecendo, principalmente, nos periódicos Excelsior! e Revista da Escola
Normal de São Carlos.
Como já mencionado no capítulo anterior, foi com a Reforma Leôncio de
Carvalho que se optou pela primeira vez no Brasil pelo método do ensino intuitivo ou lições
de coisas. Método tomado novamente como foco durante a reforma da instrução pública
paulista realizada por Caetano de Campos no final do século XIX e que se manteve como
referência durante a Primeira República, tornando-se mais forte na década de 20 com o
movimento Escola Nova.
O método do ensino intuitivo, cujos principais influenciadores foram Pestalozzi
e Froebel, se expressou no Brasil principalmente através da tradução e adaptação realizada
por Rui Barbosa do livro de Norman Allison Calkins, sob o título Primeiras lições de coisas,
manual destinado aos pais e professores que representou o desejo de se adotar um método que
estivesse de acordo com a renovação pedagógica que se pretendia.
Segundo Valdemarin (2004), esse manual apresentava propostas para a
transformação das práticas pedagógicas, trazendo conteúdos a serem ministrados na instrução
elementar que eram acompanhados de prescrições sobre como deveriam ser transmitidos ao
aluno.
Dentre os princípios fundamentais das lições de coisas apontados por Calkins,
admitiam-se os sentidos como o principal instrumento de aprendizagem, justificando, então, o
ensino pela intuição. Sendo assim, a observação e a experimentação se tornavam algo
essencial. Através da manipulação dos objetos as crianças iriam explorar sua percepção sobre
as semelhanças e as diferenças, “distinguindo formas, tamanho, sons, sabores, cheiros e
contatos, apreendendo sua variedade e quantidade por meio da experiência e não dos
vocábulos que os designam.” (VALDEMARIN, 2004, p. 121), para tanto, torna-se de extrema
importância a utilização dos mais diversos materiais que pudessem auxiliar e estimular a
educação dos sentidos.
39
Além disso, o ensino deveria levar em consideração as etapas do
desenvolvimento humano, portanto deveria ser graduado, seguindo a ordem da natureza e
indo sempre do saber mais simples para o mais complexo. Incentiva-se a educação da mão
que aprimorava a coordenação motora, tão necessária para a aprendizagem da escrita e
consideravam-se os jogos e as brincadeiras como estratégias para a produção do
conhecimento.
Resumindo, o método do ensino intuitivo
(…) tem como princípio filosófico serem os sentidos a origem do conhecimento e
das idéias intuídas a partir da experiência, base geral da reflexão. O método de
ensino, assim como o método de conhecimento, constitui-se nessa proposição como
um recurso auxiliar criado para garantir a eficácia e a validade da aprendizagem,
prescrevendo passos metódicos numa atividade que reproduz, com eficiência, os
mecanismos humanos desencadeados no processo de conhecimento. A escola vai
elaborar experiências para que a percepção dos objetos particulares ali apresentados
gere idéias que vão, posteriormente, ser transformadas em idéias gerais e universais,
garantindo assim uma concepção de mundo coesa e articulada. (VALDEMARIN,
2004, 123)
Sabe-se que a educação está intimamente ligada ao tipo de sociedade e ao ideal
de formação humana que se tem. Durante a Primeira República, como a sociedade passava
por um processo de transformação, começou-se a desejar um novo tipo de cidadão que
estivesse de acordo com os valores culturais e políticos que iriam consolidar e garantir a
continuidade do novo sistema de governo. Para tanto, era preciso criar meios para formar esse
cidadão o que trouxe a necessidade de renovação dos métodos de ensino. O método do ensino
intuitivo surgiu, então, como a solução capaz de formar pessoas que estivessem adequadas às
transformações políticas e econômicas que estavam em curso.
Desse modo, a antiga Escola Normal de São Carlos, representando a típica
escola da Primeira República, não podia ficar de fora das discussões que se travava no
momento. Ao exercer importante papel na formação dos futuros professores, responsáveis por
moldar a nação republicana e por possuir status que a engrandecia como uma formadora de
intelectualidade no interior paulista, produziu inúmeros periódicos3 com o objetivo de debater
com a comunidade os ideais que precisavam ser difundidos.
3 É importante mencionar que, além da Revista Excelsior! e da Revista da Escola Normal de São Carlos, foram
publicadas também outras revistas em datas diferentes. Na ordem cronológica, encontram-se O estudo, em 1916;
O raio Verde, em 1917; O Sorriso, em 1928; O Normalista, em 1929; O Paulista, em 1933; Sociologia, em 1936;
Anuário, em 1939; Suplemento Estudantino, em 1940; Boletim do Clube de Sociologia e História do Brasil,
em1941; O Estudante, em 1963, O Fenômeno, O Atletário e O Pernilongo, em 1972; e O Curioso, em 1973
(Silva, 2007, p. 28).
40
Entre estas publicações destacam-se: a revista Excelsior! (1911 – 1916) e a
Revista da Escola Normal de São Carlos (1916 – 1923), objetos de análise desse estudo,
através das quais objetiva-se compreender de que modo os pensamentos de Pestalozzi e
Froebel foram inseridos no contexto da antiga Escola Normal de São Carlos e estiveram
presentes durante o processo de formação dos futuros professores. Tais publicações são
importantes para a história da educação no Brasil, pois em suas páginas encontra-se gravado o
embate educacional do período em que foram editadas. Estes periódicos já tiveram algumas
temáticas exploradas por outros pesquisadores4 da área, entretanto, a presença do pensamento
de Pestalozzi e Froebel ainda não tinha sido analisada mais profundamente.
Nesse sentido, começo, então, pela revista Excelsior! que foi publicada entre os
anos de 1911 e 1916 pelo Grêmio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal de
São Carlos, tendo um número especial no ano de 1939, pelo Centro Estudantino Sancarlense.
Iniciou sua publicação juntamente com a criação da escola, sendo sua primeira revista
pedagógica escrita antes mesmo da Revista da Escola Normal de São Carlos
Ilustração 2: Capa Revista Excelsior! Ano I, n. 1
4 Um exemplo destas pesquisas são os seguintes trabalhos: SILVA, Emerson Correia da. A CONFIGURAÇÃO
DO HABITUS PROFESSORAL PARA O ALUNO MESTRE: A ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DE SÃO
CARLOS (1911-1923), dissertação de mestrado - Ano de Obtenção: 2009; SILVA, Emerson Correia da; NERY,
Ana Clara Bortoleto. O periódico Excelsior! (1911-1916) como ponto de observação do campo de formação de
professores. Série-Estudos (UCDB), v. 26, p. 173-185, 2008; NERY, Ana Clara Bortoleto; SILVA, Emerson
Correia da. Associativismo Discente nas Escolas Normais do Brasil e de Portugal. Revista Educação e
Cidadania, v. 5, p. 25-37, 2006; SILVA, Emerson Correia da. O professor ideal em Excelsior! (1911-1916): a
revista dos alunos da Escola Normal de São Carlos. 1. ed. São Carlos/SP: Rima, 2007. v. 1. 96 p.; NERY, Ana
Clara Bortoleto ; OZELIN, Jaqueline Rampeloti ; SILVA, Emerson Correia da ; INOUE, Leila Maria .
Divulgando Práticas e Saberes: a produção impressa dos docentes das Escolas Normais do Brasil e Portugal
(1911-1950). Marília/SP: M3T, 2007. v. 1; DIAS, Eneas B. Revista da Escola Normal de São Carlos (19161923): um estudo sobre idéias e práticas educacionais – dissertação de mestrado – 2009.
41
Ano
1
1
2
2
2
3
4
Número
1
2
3
4
5
6
7
Data
15/11/1911
22/03/1912
02/1913
18/10/1913
15/11/1913
09/1914
07/09/1916
Nº de páginas
26 p.
----------16 p.
19 p.
18 p.
------
Quadro 2: Números da Revista Excelsior!
Foi uma revista literária pedagógica que buscava promover uma maior relação
entre alunos e sociedade. Era de responsabilidade discente e consistia em artigos escritos
pelos alunos, professores e alguns convidados, onde eram discutidas questões educacionais e
tendências pedagógicas da época.
Ao ler alguns de seus números5, pois nem todos se encontravam a disposição
para o presente estudo, nota-se que ela transbordava em suas páginas o discurso pedagógico
do período estudado.
Segundo Silva (2007), em sua pesquisa em torno da revista Excelsior! podia-se
descobrir que tipo de professor constituía a comunidade escolar da época e quais as
concepções educacionais esse professor possuiria ou deveria possuir. Seu trabalho nos permite
vislumbrar como os saberes educacionais que circulavam na escola durante o período em que
a revista foi escrita transcreviam-se por meio dos artigos de discentes e docentes.
Embora não fosse o enfoque de seu trabalho, Silva (2007) chega a comentar
brevemente sobre a presença de Pestalozzi e Froebel nas páginas da Excelsior!, pois estes
autores foram referência para muitos colaboradores da revista e não tinha como deixar de dar
destaque a eles.
Para Silva (2007), a revista Excelsior! apresentou-se, então, como divulgadora
de um ideal de formação de professores, sendo o professor ideal aquele que era conhecedor do
método analítico, estudioso da psicologia experimental e que fundamentava seu pensamento
em autores como Pestalozzi e Froebel. Além disso, deveria representar o modelo de civilidade
e patriotismo a ser seguido pela sociedade.
De acordo com esse autor, a revista Excelsior! teve duas fases distintas, a
5 Foram lidos os números: 1 do ano de 1911, número 5 de 1913, número 6 de 1914 e número 7 de 1916.
42
primeira fase, na qual se percebe uma maior ação dos professores e diretores, que se
preocupavam com cada passo dos alunos. E a segunda fase, na qual a atenção não está voltada
para a revista, mas para os exercícios de aula, por isso, os alunos passam a se expressar com
mais liberdade.
É na segunda fase, que se observa a valorização da psicologia experimental,
mantendo-se as influências de Pestalozzi e Froebel, no entanto, para que possamos apreender
o movimento das ideias pedagógicas deste período em sua complexidade nos dedicamos a
trabalhar com os dois períodos.
Sendo assim, é no artigo Fazer para Aprender escrito por João Lourenço
Rodrigues, no número 1 dessa revista, que se pode observar o primeiro texto de ordem
didático-pedagógica, onde é feita uma breve análise dos processos educativos de Pestalozzi.
Nota-se, entre outras, a importância que deve ser dada à intuição durante o processo educativo
e a necessidade de se modificar a forma como o professor deveria agir dentro da sala de aula.
O que pode ser observado com a seguinte citação:
Foi nessas circunstâncias que surgiu Pestalozzi. Elle não quer que a creança aprenda
mais de outiva, mas por intuição, isto é, vendo as coisas ao natural. Era o primeiro
gérmen das lições ee coisas, que tão largo desenvolvimento deviam tomar na obra da
educação.
Aprender vendo: segundo a nova orientação, a creança côr, a sonoridade, o gosto,
aprende-lhes os nomes.
O papel do preceptor se modifica. Seu monólogo de outrora transforma-se num
diálogo vivo, animado com a creança.
Aparece ainda uma outra ideia de Pestalozzi, a de que a criança deveria realizar
por si mesma o processo de descoberta.
Nunca ensineis a uma creança, preceituária Pestalozzi, aquillo que elle puder
descobrir por si mesma; e sob a impulsão da curiosidade, continuamente
estimulada, o espírito da creança torna-se insaciável. Ella fala continuamente, mas já
não é um phonographo, um puro écho da palavra de outrem. O que ella diz é a
repercussão das suas próprias impressões.
No entanto, discute-se que faltava a Pestalozzi a educação da mão, algo que foi
resolvido mais tarde com os estudos de Froebel.
43
Coube a Froebel, contemporaneo e collaborador de Pestalozzi, a gloria de descobrir
aquillo que faltava para integralisar-lhe o plano educativo.
Com meios de conseguir a educação da mão, Froebel inventou um certo número de
trabalhos manuais muitos simples. Esses trabalhos são antes brinquedos de que
propriamente occupações, e ficaram conhecidos com o nome de dons froebelianos.
Ao final desse artigo, João Lourenço conclui chamando a atenção dos futuros
preceptores e atuais estudantes da Escola Normal de São Carlos para a importância que deve
ser dada a função do trabalho manual na escola, como fator essencial para a promoção de uma
educação integral.
Em outro artigo, agora escrito por Jacy Penteado, no nº 6 da revista, com título:
Pedagogia, a aluna discorre sobre a importância da ginástica e do jogo durante o processo
educativo, tendo um ideal de pedagogia fundamentado em Froebel, em que o professor é visto
como um jardineiro, que procura entender a natureza de cada criança, respeitando o seu
desenvolvimento natural.
Froebel compara sua escola a um jardim, em que se cultivam plantas e flores de toda
espécie. O jardineiro não terá bom êxito, senão estudar, observar a natureza de cada
uma de suas plantas. Os professores, como o jardineiro, deverão guiar, auxiliar e
sustentar o menino, não forçando o seu desenvolvimento e não exigindo fructos
prematuros; em suma, é preciso preparal-o a attigir gradualmente a sua maturidade.
Em No dominio da technica – Lições inductivas de A. Proença, escrito no nº 7
da Excelsior!, o autor apresenta alguns modelos ou exemplos, um para o curso secundário e
outro para o curso primário, baseados no método do ensino intuitivo e que deveria se dar por
etapas. Desse modo,
Ao ensino intuitivo, que faz o alumno adquirir factos e idéas, deve-se seguir-se o
ensino que o leva do particular ás generalizações: das percepções às concepções, dos
factos individuaes às leis e princípios, dos processos particulares às regras geraes.
Também em A pedagogia de S. Rocha, o autor discorre sobre uma visita
realizada à Dona Eulalia, esposa do Major Botelho, e diz que em conversa com Dona Eulalia
sobre os métodos modernos, essa comenta que está lecionando seu filho Juquinha através do
método intuitivo e que ele está dando esplendidos resultados.
44
É verdade, porém, que D. Eulalia fala, com conhecimento de causa, dos methodos
antigos e dos hodiernos; critica-os com sensatez. Refere-se com entusiasmo ao
erudito Herbart, ao meigo Fröebel, ao doce Pestalozzi. Conhece de cór os
aphorismos deste último e encontra sempre ocasião para os atar.
E durante a conversa, quando seu filho a questiona sobre determinado assunto,
Dona Eulalia diz: “Não ensino, não ensino: o Pestalozzi manda que não se ensine o que a
creança pode aprender por si só.”
Segundo Silva (2007), a partir da leitura do nº 4 da revista Excelsior!, o qual não
tive acesso, aparecem outros artigos em que também podem ser notadas influências dos
pensamentos de Pestalozzi e Froebel. Um desses artigos intitulado Noção de fração foi escrito
pelo aluno Luiz de Arruda Camargo, nele se discute algumas técnicas do método intuitivo
para o ensino de frações. Já a aluna Philomena Fagnani escreve o artigo Jogos escolares –
Classificação – Psychologia (Exame de Pedagogia), no qual a autora desenvolve sua
argumentação com base em Froebel, mostrando a utilização de jogos na educação das
crianças.
No ano da última publicação da revista Excelsior!, 1916, a Escola Normal de
São Carlos lança uma nova revista agora de responsabilidade dos professores, a Revista da
Escola Normal de São Carlos, que circulou até o ano de 1923, tendo um total de 13 números.
Também se constituiu como uma divulgadora de um ideário pedagógico, apresentando artigos
que expressavam os conhecimentos que precisavam ser privilegiados e o tipo de
comportamento que deveria ter o professor ao ensinar. Esse periódico foi encontrado na
íntegra, no acervo do Museu do Livro da Escola Estadual Dr. Álvaro Guião.
A Revista da Escola Normal de São Carlos pode ser considerada uma das
primeiras revistas de educação e ensino publicadas no interior de São Paulo durante os
primeiros anos da República. Segundo estudo realizado em 2009 por Enéias Borges Dias e
que teve como objeto a análise desse periódico6 a “Revista pretendia intervir significativa e
produtivamente no âmbito das questões de educação e ensino das matérias do currículo da
escola primária, articuladamente à difusão do ideário republicano, objetivando impulsionar o
desenvolvimento cultural do Estado e da Nação.”
6 Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar da Faculdade de
Ciências e Letras – Unesp / Araraquara (2009), intitulada Revista da Escola Normal de São Carlos (19161923): um estudo sobre idéias e práticas educacionais.
45
Em seu primeiro número escrito em 1916, aparece logo de início sobre o que
pretende tratar a revista: “trabalhos sobre pedagogia, crítica de livros, ensaios philosophicos”.
A Revista teria como autoria o corpo docente da Escola Normal e demais membros do
magistério primário, seria publicada duas vezes por ano, apresentando somente trabalhos
inéditos e tendo sua distribuição gratuita.
Ilustração 3: Capa Revista da Escola Normal de São Carlos, Ano IV, n. 8
Ano
1
1
2
3
3
3
4
4
5
6
6
7
8
Número
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Data
12/11/1916
11/06/1917
12/1917
06/1918
12/1918
06/1919
12/1919
06/1920
11/1920
06/1921
12/1921
12/1922
12/1923
Nº de páginas
33 p.
33 p.
158 p.
56 p.
90 p.
54 p.
69 p.
112 p.
55 p.
65 p.
71 p.
79 p.
79 p.
Quadro 3: Números da Revista da Escola Normal de São Carlos
Ao longo da revista, predominam assuntos de caráter nacionalista tais como
civismo, patriotismo, alma nacional, aparecendo também discussões sobre questões de ensino,
história da educação, escolas normais, festas nacionais. E em vários momentos podem ser
observadas citações diretas ou indiretas sobre alguns dos conceitos base contidos nos ideais de
Pestalozzi e Froebel. Ressalto que descreverei aqui apenas alguns desses momentos, os quais
46
julguei mais importante para a análise que aqui se pretende.
Sendo assim, já no primeiro número desse periódico, no artigo O estudo da
natureza nas classes primarias - Ligeiras considerações à cerca do assunto, escrito pelo
professor Antônio Firmino Proença, lente da 13ª cadeira – Metodologia – aparece a seguinte
citação a qual demonstra a necessidade de que a criança esteja em contato com a natureza,
aprendendo diretamente dela, observando todos os seus atributos:
Abandonemos o livro e as gravuras que não falam à alma das crianças a linguagem
que lhes convem, deixemos as classificações scientificas para mais tarde, ponhamos
a criança em contacto direto com a natureza para que a observe por si e lhe descubra
os segredos, e ela aprenderá alguma coisa mais do que meras palavras.
Ainda nesse sentido, aparece no mesmo número da revista, mas em outro
artigo intitulado Linguagem - Apontamentos para meus alumnos, de João Augusto de Toledo,
lente da 12ª cadeira – Psicologia:
A escolha dos qualificativos demanda aptidões que as crianças não possuem. Dahi a
necessidade e a utilidade das lições de cousas. Apresentar-lhes objectos, solicitar
para elles a sua attenção, fazê-las salientar os attributos todos de cada cousa
examinada, a começar pelos mais sensíveis – é dar-lhes os recursos indispensáveis
para se communicarem com o meio em que vivem.
No artigo A escola brasileira, também escrito por João A. Toledo, agora na
revista de nº 3, se demonstra a importância de se utilizar o ensino intuitivo na escola
elementar, sempre seguindo das concepções mais simples para as abstratas e utilizando dos
mais diversos materiais ilustrativos, algo fundamental para a pedagogia de Pestalozzi e
Froebel.
Não nos esqueçamos ainda de que na escola elementar, o ensino a princípio intuitivo
para se ir elevando pouco a pouco a concepções abstractas, deverá ser objectivo
sempre. Dahi decorre a necessidade de um material adaptado ás exigências do
programma a executar. Os museus escolares, que tantos serviços nos prestam,
formar-se-ão de espécimes de todos os productos brasileiros, de modo que os
mestres tenham á mão com que ilustrar suas lições. Cartas do paiz que o representem
sob o ponto de vista dos accidentes do solo; da agricultura, da população, das vias de
comunicação; quadros eschemáticos que demonstrem o poder da indústria, o
desenvolvimento do commercio e da instrucção; retratos dos beneméritos que se
immortalizaram trabalhando por nós; gravuras representativas das maiores bellezas
naturaes que possuímos; e algumas copias, modestíssimas embora, de obras de arte
47
nos contemplarão esse aparelhamento que fará nossa escola verdadeiramente
brazileira.
Em Hereditariedade e Educação, também de João A. Toledo, artigo publicado
na revista de nº 4, em que se faz citações de Darwin, Mendel, Ribot e Montessori, pode-se
notar a importância que deve ser dada ao desenvolvimento natural da criança e da necessidade
de tratá-la de acordo com suas características, pois a aprendizagem evolui em etapas parecidas
com a evolução da sociedade, por isso não se pode contrariar os fatores naturais.
Queremos apenas que cada mestre saiba exigir de seu alumno o que este póde dar; e
saiba adaptar o seu trato com elle, guiando-se, tanto quanto possível, pela índole
que elle revelar. E’ obedecendo ás leis naturaes, que o homem chega a
dominar a natureza – todo o mundo o diz.
A divisão do trabalho distribui as crianças em classes e uma idea superficial de
justiça manda que sejam todas tratadas no mesmo pé de igualdade. Entretanto, um
indivíduo não é o mesmo no decorrer de um anno, de um mez, de uma semana, ás
vezes. Como queremos que todas as crianças sejam iguaes? Desiguaes, como são.
Devem ser tratados desigualmente. Para ellas, não só variam os methodos de
aprendizagem, como deve variar a disciplina.
Ao longo de alguns números da revista aparecem artigos que buscam expor um
pouco da história da instrução e da educação no Brasil. Todos eles foram escritos por Carlos
da Silveira, lente da 11ª cadeira – Psicologia e Pedagogia – que diz ter tomado como
referência os trabalhos realizados por Dr. M. D. Moreira de Azevedo na Revista do Instituto
Histórico e Geographico Brasileiro.
Seus artigos aparecem em números diferentes do periódico e foram
apresentados da seguinte forma:
Parte I, revista de n. 4:
Seculo XVI (1501-1600) onde há a notar o trabalho dos padres da companhia de Jesus;
Seculo XVII (1601-1700) que, por ser o período das invasões, vê nascer o espírito nacionalista;
Seculo XVIII (1701-1800) em que, á influencia pombalina, vem juntar-se a das escolas superiores
europeas, - desenvolvendo se nos nossos intellectuaes a idea de separação;
Seculo XIX (1801-1900), primeiro seculo da nossa vida como povo independente, e em que há fortes
surtos pedagógicos, principalmente em alguns Estados e na ultima decada.
48
Parte II, revista n. 5:
Século XVII (1601-1700)
Século XVII (1701-1800)
Século XIX (1801-1900)
Parte III – Conclusão: o ensino no estado de São Paulo, revista n. 6:
Summario
O ensino em São Paulo desde 1835 – Varias reformas – Decreto n. 27 de 12 de Março de 1890, a lei n.
88 de 8 de Setembro de 1892 e o seu Regulamento (Decreto 218 de 27 de Novembro de 1893) – Outras
reformas – Escolas preliminares, escolas complementares, escolas de artes e officios – Cursos secundários –
Escolas profissionaes – A iniciativa privada – Escolas estrangeiras – Bibliothecas – Material didactico –
Individualidades salientes – Falhas e pessimismo do professorado – Apreciação geral do ensino no
Estado.
Dentro desse trabalho quando o autor discorre sobre o século XIX (18011900), ele apresenta alguns importantes nomes que devem ser levados em consideração para o
período quando se discute educação, o de João Henrique Pestalozzi e Augusto Guilherme
Frederico Froebel.
João Henrique Pestalozzi (1746-1827) por seu turno mostrava, à saciedade, com um
amor e entranhado, que a intuição sensível, intellectual e moral é o verdadeiro
caminho para falar-se á alma da criança e que a volta á natureza é obrigação absoluta
em matéria educativa.
A instrucção publica estava na ordem do dia e, do meio propicio, surgem
individualidades inconfundíveis taes como o padre João Baptista Girard (1775-1850)
suisso, o notável allemão João Frederico Herbart (1776-1841) e o meigo Augusto
Guilherme Frederico Froebel (1782-1852), outra gloria da Allemanha.
Como já dissemos anteriormente nesse trabalho muito do pensamento de
Pestalozzi e Froebel viriam a constituir, mais tarde, os ideais da Escola Nova que tinha com
base os denominados métodos ativos. É principalmente na revista de nº 6 que os métodos
ativos são discutidos e notados como algo fundamental para a educação moderna, capaz de
formar os cidadãos de uma República.
Em Aprendizado activo, de João A. Toledo, se faz uma crítica aos métodos de
ensino utilizados até então, que apresentam superficialismo, valorização da memorização e
não atende ao processo natural de aquisição de conhecimentos. Em contraposição a isso, o
autor diz que:
49
Não falhará, porêm, o aprendizado activo, isto é, aquelle que puzer a criança em
acção, movendo-se no meio dos objectos, tocando-os, examinando-os, manuseandoos e, ao mesmo tempo, pensando, induzindo, apenas guiada pelo mestre e nunca
ensinado por elle. “O trabalho intellectual não será aproveitável á criança dizia
Comenius, si não for uma obra pessoal sua”. Irá ella á escola para aprender,
exercitando suas actividades naturaes, e não para receber silenciosa, immovel,
passiva como um fantoche, as lições do professor. Esta é uma mudança de
methodo que se reclama, uma vez que as condições actuaes da vida collocam em
primeiro plano – a aquisição de experiências, relegando para plano inferior – a
simples assimilação de conhecimentos.
Além disso, o autor apresenta que só se aprende a fazer fazendo, por essa razão
“As coisas antes das palavras” – é como ensinava Pestalozzi. O hábito de fazer pensar a
criança com palavras meramente ou com ideas por estas formadas e pernicioso.”
Sendo assim, os jogos infantis, o movimento se tornam essenciais para o
conhecimento e se mostram como um transformador de energias.
Essas reacções, movimentos feitos pela criança (...), são necessárias, inilludiveis,
fataes; e já a intuição soberba de Pestalozzi as reconhecera, quando o fazia dizer que
“a actividade é uma lei de meninice”. Sem ellas, o crescimento se prejudicaria, pois
que ellas são as condições de desenvolvimento de um núcleo de potencialidades que
lutam pela sua eclosão.
Resumindo os princípios da pedagogia de Froebel, diz elle: “A primeira raiz de
todos os esforços educativos está nas attitudes e actividades impulsivas e instictivas
da criança, e não na apresentação ou aplicação de material externo, atravez de ideas
de outrem ou atravez dos sentidos; e deste modo, suas numerosas actividades
espontâneas, brincos, jogos, esforços mímicos, até os movimentos, apparentemente
insignificativos dos pequenitos (...) são aproveitados na educação, mais que isso, são
os alicerces do methodo educativo.
Com isso, o autor conclui que:
Passou-se a época do aprendizado passivo, que já vae sendo velharia para os museus
pedagógicos. Embora ha muito tempo a orientação mais salutar tenha sido concebida
e exposta, só de há pouco para cá, as escolas começam a praticá-la. Comenius,
Pestalozzi e Froebel já a conheciam muito bem.
Em continuação a esse trabalho na revista nº 7, o autor assume a importância
de que o ensino leve em consideração o interesse e as necessidades da criança, parta de
conhecimentos já adquiridos anteriormente com a família e com os amigos, estabeleça uma
conexão entre os conhecimentos antigos e os novos, possibilitando, assim, a significação, o
50
sentido para o que é ensinado. Lembra, também, que o conhecimento adquirido deve ter
aplicação imediata para que não seja esquecido facilmente. Além disso, o autor apresenta
momentos ou passos de ensino, tais como: intuição – comparação – generalização –
aplicação, e argumenta que o ensino precisa sair sempre: do fácil para o difícil, do concreto
para o abstrato, do próximo para o remoto, do todo para as partes, do particular para o geral,
pois “Os maiores mestres já ensinaram que aos pequeninos, “uma difficuldade em cada vez”
para que elles possam ir 'das intuições simples ás concepções claras', isto é, do que é fácil para
elles ao que lhes é diffícil.”
Esse ideal de educação também é colocado em Desenho e Linguagem, de
Ataliba de Oliveira, publicado no periódico de nº 13. Nesse artigo, o autor se refere ao ensino
realizado com crianças do primeiro ano do primário e que acabaram de ingressar na escola em
“estado de completa analphabetização”. Antes de falar sobre o ensino de desenho
propriamente dito, Ataliba de Oliveira, esclarece que para se compreender melhor o que
propõe para o ensino do desenho é necessário pensar, a principio, na linguagem escrita. Sendo
assim, demonstra alguns passos do programa dessa disciplina e que procuram seguir a lógica
apresentada anteriormente, sempre do mais fácil para o mais difícil:
1º passo: Copiar sentenças (Cópia de sentenças da lição de leitura, cópia da data do
dia ou do próprio nome)
2º passo: Completar sentenças
3º passo: Formar sentenças com palavras conhecidas
4º passo: Dictado de sentenças
5º passo: Modificar sentenças
6º passo; Ampliar sentenças
7º passo: Descripções de objectos e gravuras
É no desenvolvimento da argumentação sobre o 2º passo que se faz mais
diretamente uma referência a Pestalozzi.
E’ um passo um pouco mais difficil, que exige um esforço maior da parte do
alumno, o professor começa por á prova de capacidade infantil. Até aqui a creança
imitou á vista de um modelo; de ora diante, ella terá de escrever de memória uma
parcella da sentença. O professor intelligente que conhece o velho aphorismo de
Pestalozzi (UMA DIFFICULDADE DE CADA VEZ), não exige muito de seu
esforço vacilante.
51
É, então, que o autor parte para a discussão sobre o ensino do desenho.
Segundo ele, o problema principal é falta de métodos, portanto, chega a questionar por que
não se pode seguir no ensino do desenho os mesmos ou quase os mesmos passos que se
seguem no ensino da língua escrita, finalizando seu texto com a apresentação de algumas
opções.
Também em outro artigo, desse mesmo número, se discute o desenho, atividade
essencial ao método intuitivo e importante para a educação da mão. Em O desenho nas
classes infantis de Raphael Falco, professor de Caligrafia e Desenho, a princípio se faz uma
análise de alguns desenhos produzidos pelas crianças, partindo disso, argumenta-se que as
crianças tem ideias pré-concebidas e que o ensino do desenho deve seguir o desenvolvimento
natural da criança, partindo do todo para as partes, do fácil para o difícil. “Como nas demais
disciplinas preliminares, todo o aprendizado será analytico, isto é, do tôdo para as partes e do
fácil para o diffícil. A incapacidade syntetica da criança não permite aliaz outra maneira de
aprendizado.”
Já no artigo em Questões de Ensino Normal, de Carlos da Silveira, publicado
na revista nº 8, outro ponto é colocado, agora com relação ao trabalho manual, tomado por
Froebel como fundamental para o processo educativo.
Nesse texto, Carlos da Silveira analisa alguns programas e conteúdos ensinados
em três Escolas Normais Secundárias: a de São Paulo, a da Praça, a de Itapetininga e a de São
Carlos, tais como:
1ª aula: música
2ª aula: escripturação mercantil
3ª aula e 4ª: calligraphia e desenho
5ª aula e 6ª: gynnastica educativa
7ª aula e 8ª: trabalhos manuaes
Sobre a 7ª e 8ª aula, que se refere mais especificamente aos trabalhos manuais,
o autor se fundamenta naquilo que é desenvolvido pelos norte americanos e toma como
referência o livro “Méthodes Ámericaines d’Education” de Omer Buyse, no qual encontramse quatro sistemas, dentre eles: “o systema pedagógico de origem sueca, conhecido por slojd
ou sloyd. Este systema “repousa sobre o princípio de FROEBEL: a educação pela acção, e
52
tem a sua fonte na obra escolar de COEGNUS, da Finlândia (...)”
Para ampliar a discussão sobre o Slojd, Carlos da Silveira faz uma transcrição
de um artigo também de sua autoria, escrito em 25 de dezembro de 1916, intitulado “O Slojd
no Brasil” e que, segundo ele, teve como base o livro “O Slojd” escrito por Sr. Apregio de
Almeidfa Gonzaga, professor normalista secundário e diretor da Escola Profissional
Masculina de São Paulo.
Dada, porêm, a superior comprehensão que os americanos têm da organização do
ensino, deixando a cada professor a iniciativa para orientar o curso de modo que
intelligente e proveitosa emulação logo surge, duas vias caracterizaram-se depressa
nas escolas da América do Norte, por onde o trabalho manual canalizou por todo o
paiz.
Omer Buyse, de Charleroi, no seu magistral relatório intitulado “Méthodes
Américaines d’ Education” refere com palavras de admiração estes factos dignos de
vulgarização. Foram estas as duas vias:
1ª) A vida froebeliana, que começa no jardim da infância e conduz, alargando-se, á
escola primaria, onde ella attinge ao “sloyd” nas classes superiores
2ª) A via technica de origem russa, conhecida pelo nome de systema Della-Voss;
partida da escola technica superior, ella desceu pelas escolas secundárias para as
classes superiores das escolas primarias, lutando, neste terreno, com o “sloyd” de
origem sueca.
Neste artigo o autor apresenta o Slojd, palavra sueca que significa trabalho
manual, demonstrando algumas opções de ensino que, de acordo com o autor, tem fim
puramente educativo sem intenção de formar profissionais hábeis. Como se pode observar
uma das bases fundamentais do Slojd está extremamente relacionada aos ideais de Froebel.
Em outros momentos da Revista da Escola Normal de São Carlos também se
destaca a importância do entusiasmo na hora de ensinar. Em Como realisar a pratica de
ensino? Trabalho apresentado á reunião dos directores das Escolas Normaes convocada
para julho de 1921, no edificio do Jardim da Infancia de S. Paulo, de Duilio Ramos, lente da
7ª cadeira, são apresentados alguns princípios como:
I – Entusiasmo de seu ensinante
II – O conhecimento da creança como base do estudo
III – O plano e o bosquejo da lição
IV – A Lição Ideal
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V – Aplicação prática
VI – A filosofia dos métodos
VII – Algumas objeções
No primeiro item podemos observar a questão do entusiasmo que comentamos.
Já no segundo, quando se discute sobre o conhecimento da criança e a necessidade de um
estudo sobre o aluno e suas características, pergunta-se em como se deve orientar o ensino e a
resposta é a seguinte: “Seguindo a naturesa”, chave do pensamento de Froebel, pois “Antes de
lançar a semente do ensino é mister se conhecer o terreno onde ella deve germinar. E’ mister
um estudo do local onde ella vae ser lançada, onde deve florescer e dar fructo. Tal qual se faz
na lavoura, segundo a lição da naturesa.”
Ampliando as discussões sobre o entusiasmo, em Discurso Pronunciado na
solennidade de entrega de diplomas ás Professorandas da Escola Normal do Braz, turma de
1922 no Theatro Municipal de São Paulo pelo paranympho Dr. Carlos da Silveira, publicado
por Carlos da Silveira, no nº 13 da revista, ressalta-se a grande influência que as Escolas
Normais exerciam para transformar para melhor a cultura da sociedade, o que procurava
demonstrar a importância da missão dos normalistas e da necessidade de não se perder o
entusiasmo ao ensinar.
Compenetrai-vos da importancia da vossa missão. Lêde a vida dos grandes
educadores, porque, se há leitura propria para os mestres de qualquer grau, é essa,
cheia dos mais ricos ensinamentos. A biographia de João Henrique Pestalozzi,
a de João Baptista Girard, a de Horacio Mann são maravilhosas pelo que deixam de
confôrto a energia em nós. Convivei em espírito, com os grandes educadores e com
os philosophos da educação. Se ao lerdes a vida daquelles tres vultos que acabei de
citar, não sentirdes um frémito de enthusiasmo, alliado a uma sympatia immensa
pela causa que defenderam, então abandonai o magisterio, porque não nascestes
para essa emprêsa; elle será um clima inadequado para as vossas tendências.
Desse modo, destacam-se os compromissos, deveres e responsabilidades dos
normalistas para com o destino da Pátria, procurando evitar ao máximo o pessimismo que
contagia os discípulos.
(...)tantas e tão variadas são as formas do pessimismo na vida e, as vezes no
magistério onde, melhor do que em qualquer outra classe, devêra se religiosamente
respeitado o conceito de óptima pedagogia contido na sátyra (XIV, 47) de Juvenal:
“Máxima debetur puero reventia”.
54
Esta sentença do verso daquelle agudo engenho poético latino parece ter sido a
inspiradora de João Jacques Rousseau, o genial autor do Emílio, incontestavelmente
um dos factores do renovamento pedagógico do século XIX, visto como, nas
páginas roussonianas do livro revolucionário, encontra-se, a cada passo, a idea
fundamental do respeito que deve ser tido pela pureza das crianças, as quaes não é
lícito perverter com ensino maldoso, pessimismo, arremêdo de escola,
contrafacção das ideas – mães prégadas e seguidas pelos delicados espíritos dos
Gerson, Montaigne, Comenius, Fénélon, Froebel e tantos mais, ideas que são o
alicerce da pedagogia clássica.
Com todas essas citações acredito ter demonstrado o quanto às discussões
estavam girando em torno daquilo que propunha Pestalozzi e Froebel, através do método do
ensino intuitivo. Ressalta-se que se prolongou mais aqui com relação à Revista da Escola
Normal de São Carlos por conta da maior quantidade de números disponíveis para a análise e
por se tratar, também, de um periódico mais longo que Excelsior!
No entanto, pode-se ainda demonstrar a presença de Pestalozzi e Froebel em
algumas páginas do Livro de Ouro7 da antiga Escola Normal de São Carlos, documento em
que eram transcritos pelos próprios alunos os trabalhos e as provas que obtivessem nota
máxima, sendo em seguida, autenticados com a assinatura do professor responsável, o que
demonstra que esses ideais estavam mesmo presentes na formação dos futuros docentes e não
apenas nas discussões dos periódicos.
Ilustração 4: Termo de Abertura do Livro de Ouro
Ao se folear o Livro, nota-se que nem todos os conteúdos ensinados aparecem,
7 Para uma leitura mais aprofundada sobre o Livro de Ouro da antiga Escola Normal de São Carlos, ver o
trabalho realizado por Thais Maria Manieri e Alessandra Arce, O Livro de Ouro da antiga Escola Normal de
São Carlos (1911-1945): pistas e rastros para se apreender as idéias pedagógicas presentes na formação das
normalistas.
55
observam-se somente provas de Psicologia; História; História Natural, Agricultura, Zootecnia
e Higiene; Pedagogia e Didática.
Dando um destaque maior para as provas de Pedagogia, temos ao longo de
todo o Livro 8 provas. Abaixo se pode observar algumas delas, respectivamente, com seus
títulos, autores, data e as páginas em que se encontram no Livro. Os comentários são feitos
somente para aquelas onde se notou citações mais explícitas de Froebel e Pestalozzi.
Prova de Pedagogia 1. Título: Froebel e sua obra. Aluna: Alice Brandão – nº 8 – 4º anno.
Data: 30 de outubro de 1914. Páginas: 88, 89, 90, 91
Nessa prova a aluna faz uma descrição da biografia de Froebel, apresentando sua
relação com Pestalozzi e alguns de seus princípios educacionais. Para ela, Froebel é tido como
“o grande pedagogista que tantas inovações introduziu no ensino”.
Elle apresentou para seu ensino, principalmente, a curiosidade infantil, a actividade
e a tendencia que as creanças manifestam de apalpar tudo quanto encontram. Elle
empregou, então, os methodos objectivos, experimental, acha que os conhecimentos
devem ser dados de accordo com o desenvolvimento infantil. Elle acha que Deus
está em tudo, por isto está também nas creanças, que consequentemente são doces,
por isso precisamos arranjar um meio de educal-as de modo que se não pervertam.
Sendo assim, a aluna enumera alguns dos princípios educacionais de Froebel,
tais como: 1. A cultura do jardineiro, 2. Combinação de objetos e suas transformações que
educa a vista, o tato, o gosto artístico e a observação, 3. Palestras, contos e recitativos, que
educam a voz e a linguagem, 4. Trabalhos manuais que educam a mão, 5. Ginástica
acompanhada de canto (inclusão dos jogos), 6. Desenho, importante para a caligrafia.
Além disso, faz algumas pontuações sobre os dons frobelianos, demonstrando a
importância de Froebel para educação, principalmente com a criação dos Jardins de Infância.
Neste sentido, ao final de seu texto comenta que Froebel
É admiradissimo, não só na Allemanha, mas também no mundo todo, sendo que os
paízes civilizados adoptam o seu methodo e imitaram-no principalmente quanto a
creação dos Jardins de Infância, cujo movimento é enorme na Suissa, Japão,
Allemanha, Estados Unidos, etc. O nosso paiz neste ponto não prima pelo progresso,
pois aqui só temos um estabelecimento d'essa natureza, em São Paulo.
56
Prova de Pedagogia 4. Título: Como calcar o ensino sobre o interesse. Aluna: Maria do
Carmo Tenido Monteiro – nº 1 – 3º anno. Data: 18 de outubro de 1918. Páginas: 109, 110,
111
Aqui a aluna procura demonstrar a importância de se promover o interesse do
aluno para aquilo que é ensinado, pois, segundo ela, todo ensino para ser bem feito deve ser
calcado no interesse, assim, se tem conseguido excelentes resultados. É preciso, então, que o
professor saiba relacionar os conteúdos com os conhecimentos anteriores que a criança
possui, visando despertar sempre sua curiosidade para os assuntos que ainda não conheça, (...)
“os trabalhos manuaes são optimos meios de se fazer um ensino interessante e proveitoso para
as creanças”. Para tanto, é preciso transformar a escola num lugar agradável, onde as crianças
possam ser alegres e guardar para sempre boas recordações.
Prova de Pedagogia 5. Título: O jogo como factor da formação mental. Aluna: Celina Maria
dos Santos – nº 1 – 3º anno. Data: 20 de outubro de 1919. Páginas: 127, 128, 129, 130
A aluna começa sua prova dizendo que
O jogo é um elemento precioso que a creança lança mão para se desenvolver e
constitue o aspecto mais saliente da vida infantil. Froebel dizia que o jogo não é uma
cousa frívola para a creança, mas, pelo contrário, é de muita importância e encerra
uma significação tão profunda que elle affirma que o jogo é o mais alto grao do
desenvolvimento infantil. É, com effeito, pelo jogo que a creança manifesta suas
tendências e inclinações. É o primeiro elemento de que a creança lança mão para se
desenvolver; logo que a creança pode agir, joga; pelos sentidos, pelos movimentos
diversos e ... pelos primeiros exercícios vocaes.
Em seguida, a aluna apresenta algumas concepções de diversos autores sobre o
jogo. Dentre essas concepções tem-se que o jogo é apenas algo recreativo; que ajuda a criança
a descansar o corpo; que nos possibilita gastar a energia acumulada; é imitação das ações do
adulto. No entanto, diz que a concepção mais aceita pelos modernos é a de que o jogo é a
preparação para a vida real, é o prelúdio, a iniciação da vida e que, além disso, tem uma
função biológica, pois ajuda a desenvolver o homem física e psicologicamente, melhorando a
percepção, a motricidade, a ideação e o sentimento. Segunda a autora, os jogos podem ser
“sensoriaes, motores, psychicos e de inhibição.”
57
Os sensoriais visam especificamente a cultura dos sentidos, o desenvolvimento da
habilidade manual, a rapidez e a exatidão num golpe de vista. Taes são os brinquedos
a que as creanças se entregam em pequenas, como: provar substancias para ver que
gosto têm; fazer ruídos com cornetas, examinar côres, apalpar objetos, etc.
Já os jogos motores ajudam a desenvolver o organismo e a sustentar os
músculos. Os psíquicos podem ser intelectuais ou afetivos. Os intelectuais, ao promover a
experimentação, ajudam a desenvolver a inteligência, a curiosidade e a observação, e os
afetivos visam à cultura da sensibilidade, da dor, do sentimento e do medo. Por fim, os jogos
inibidores, que objetivam reprimir os movimentos.
Depois de toda sua explanação, conclui, dizendo que o jogo se refere a um
trabalho intelectual e não é apenas algo “frívolo” para a criança. Retomando a citação sobre
Froebel feita inicialmente.
Prova de Pedagogia 6 – Prova da 11ª cadeira. Título: Rabelais e Montaigne. Aluna: Lucilla
Hermani – nº 9 – 4º anno. Data: sem data. Páginas: 145, 146
Nesta prova a autora apresenta um pouco da biografia de Rabelais e Montaigne
e da contraposição feita à Pedagogia Escolástica. Sobre Rabelais, comenta que ele, por ser
padre, seguia e conhecia admiravelmente a Pedagogia Escolástica, no entanto, fazia duras
críticas a ela e apontava todos os seus erros, como o ensino dedutivo e mnemônico, com o
qual se abolia a experimentação e a observação e se menosprezava a língua pátria. Segundo a
aluna, ao escrever Gargântua e Pantagruel, Rabelais influenciou vários pedagogistas e
filósofos da educação em obras como Emílio de Rousseau e Como Gertrudes educava seus
filhos de Pestalozzi.
Prova de Pedagogia 7. Título: Rabelais e Montaigne. Aluna: Celina Maria dos Santos – nº 2
– 4º anno. Data: 10 de maio de 1920. Páginas: 147, 148, 149
A autora também apresenta um pouco da biografia de Rabelais e Montaige e as
críticas desses teóricos com relação à Pedagogia Escolástica. Ao fazer isso, ela diz que
“Segundo a educação moderna, toda creatura é da natureza, e para approximar-se della é
preciso agir e experimentar.” Ao final conclui, que ambos os autores, por viverem numa
mesma época, compartilhavam dos mesmos ideais.
58
Prova de Pedagogia 8. Título: A segunda renascença do séc. XII. Pedagogia escolástica.
Aluno: Paulo de Andrada Fortes – nº 7 – 4º anno. Data: 18 de maio de 1920. Páginas: 156,
157
Aqui se apresenta de forma crítica a Pedagogia Escolástica baseada nos
princípios de Aristóteles, “pae da deducção”. De acordo com o aluno, a educação tem fim
religioso e muito se utiliza da memorização e do raciocínio, sem levar em consideração a
natureza da criança.
Nota-se, então, que nesse momento, procurava-se uma contraposição à
pedagogia tradicional utilizada até então. É nesse sentido que começa-se a adotar os
pensamentos de Pestalozzi e Froebel. As citações feitas com relação a eles nos trabalhos e
provas dos alunos comprovam que esses ideais estavam mesmo inseridos nas práticas
escolares que iriam formar os futuros professores, ficando claro o quanto seus pensamentos se
encontravam mesmo presentes nas discussões levantadas na antiga Escola Normal no período
tomado como referência.
59
Considerações finais
Como diz Saviani (2007) quando se refere ao “Princípio da Atualidade
Histórica” não há pesquisa histórica neutra, sem interesses que a conduzem. Interesses esses
que surgem no tempo presente, nos questionamentos que surgem na atualidade e que buscam
respostas no passado para compreendê - los como construções históricas. “Trata-se, antes de
própria consciência da historicidade humana, isto é, a percepção de que o presente se enraíza
no passado e se projeta no futuro” Saviani (2007, p. 4). No entanto, ressalta-se a importância
de procurar olhar os fenômenos do passado não com os olhos do presente, mas sob uma ótica
que consiga captá-los em seu tempo histórico e em sua prática real.
Foi nesse sentido, então, que procurou-se direcionar esta investigação sobre
como os ideais educacionais de Pestalozzi e Froebel encontravam-se presentes na formação
dos futuros professores da antiga Escola Normal de São Carlos.
Sendo assim, o estudo sobre as obras que tão bem retrataram a história do
período e da instituição tomada como referência, assim como as revistas Excelsior! e Revista
da Escola Normal de São Carlos se tornaram fontes que auxiliaram no processo de descoberta
das múltiplas determinações do objeto de estudo.
E embora a delimitação do período a ser estudado se referisse as duas primeiras
décadas do século XX, foi preciso voltar ao século XIX para que melhor se pudesse captar a
construção do conjunto de ideias pedagógicas que se constituiriam a partir dos ideais
educacionais de Pestalozzi e Froebel, procurando entender como esses ideais foram
interpretados e incorporados em nosso país e como se deram em nosso contexto e mais,
especificamente, dentro da antiga Escola Normal de São Carlos.
Percebeu-se, então, ao final deste trabalho que os ideais educacionais de
Pestalozzi e Froebel estavam mesmo presentes não só nas discussões apresentadas em alguns
dos artigos dos periódicos analisados como também nas avaliações e trabalhos realizados
pelos alunos como pode ser constatado após leitura do Livro de Ouro da antiga Escola Normal
de São Carlos.
Pôde-se perceber que os periódicos tomados como objeto de estudo refletiam
muitas das questões e preocupações que estavam sendo postas no período e muitos dos
debates promovidos diziam respeito às mudanças que se desejava em âmbito nacional. É por
60
isso, que grande parte dos artigos se referem ao nacionalismo, ao civismo, ao patriotismo,
educação moral, etc, temas que poderiam garantir a confirmação do novo sistema político.
Além disso, o novo ideal de formação humana exigia que a escola e seu sistema de ensino se
modificasse e se adequasse às necessidades da nova sociedade. É nesse sentido, que
aparecem, também, as discussões sobre novos métodos e processos de ensino-aprendizagem
capazes de formar o novo cidadão e atenuar os diversos problemas sociais. E é assim que se
assumem os ideais de Pestalozzi e Froebel, únicos capazes de realizar essa renovação.
Embora possa se notar, ao ler e analisar todo o material disponível, que não
havia um estudo muito aprofundado das teorias de Pestalozzi e Froebel, suas ideologias foram
utilizadas para realizar uma contraposição com o modelo tradicional que se tinha até o
momento e que não cabia mais dentro dos interesses do novo sistema político que se
instaurava na sociedade.
Observa-se, portanto, que muitos dos conceitos desse autores aparecem em
vários momentos dos periódicos, tais como o ensino pela intuição, com o qual os sentidos são
o principal instrumento de aprendizagem e a observação e a experimentação se tornam
essenciais; a manipulação de objetos para estimular a percepção; utilização dos mais diversos
materiais ilustrativos; passar a considerar as etapas do desenvolvimento humano, através de
um ensino graduado e que seguisse a ordem da natureza, indo sempre do saber mais simples
para o mais complexo, incentivo a educação da mão que ajudava a aprimorar a coordenação
motora; e a importância dos jogos e das brincadeiras como estratégias para a produção do
conhecimento.
Logo, não há como deixar de considerar que tanto Pestalozzi, quanto Froebel
fizeram descobertas importantes e que muito influenciaram na educação. E algumas das
características observadas nos ideias educacionais de ambos os autores viriam a constituir,
mais tarde, o movimento Escola Nova.
61
Referências
ARCE, A. A Pedagogia na “Era das Revoluções”: uma análise do pensamento de
Pestalozzi e Froebel. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.
BASBAUM, L. História Sincera da República: de 1889 a 1930. 4ª ed. São Paulo: AlfaOmega, 1975-1976.
BUFFA, E. & NOSELLA, P. (2002) – Schola Mater. A antiga Escola Normal de São
Carlos, 1911-1933 - primeira reimpressão. São Carlos: EDUFSCar/FAPESP.
BUFFA, E & NOSELLA, P (2009) – Instituições Escolares – Por que e como pesquisar –
Campinas / SP: Editora Átomo e Alínea
CARVALHO, J. M. de. Os Bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi. 3ª
ed. 17ª reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras. 1987.
CARVALHO, M. M. C. de (1989) – A Escola e a República – São Paulo: Brasiliense.
CERTEAU, M. (2008) – A escrita da história – Rio de Janeiro: Forense.
FARIA FILHO, L. M. (org) (2004) – A Infância e sua Educação – materiais, práticas e
representações (Portugal e Brasil) – Belo Horizonte: Autêntica.
GINSBURG, C. O queijo e os vermes: O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido
pela inquisição. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2006.
LE GOFF, J. (1994) – A História do Cotidiano – in ARIÈS, P.;DUBY, G. & LE GOFF, J.
(orgs) – (1994) – História e Nova História – Lisboa: Editorial Torema
MONARCA, C. Escola Normal da Praça: o lado noturno das luzes. Campinas: Editora da
Unicamp, 1999.
NAGLE, J. (1974) – Educação e Sociedade na Primeira República – São Paulo, EPU; Rio
de Janeiro, Fundação Nacional de Material Escolar.
NORONHA, O. M. (2007) – Historiografia das Instituições Escolares: Contribuição ao debate
metodológico – in SAVIANI, D.; LOMBARDI J. C. & SANDANO, W. (orgs) – (2007) –
Instituições Escolares no Brasil: conceito e reconstrução histórica – Campinas: Editora
Autores Associados: HISTEDBR: Sorocaba: UNISO – p. 165 – 176.
REIS FILHO, C. dos (1981) - A Educação e a Ilusão Liberal - São Paulo: Cortez/ Autores
Associados.
ROMANELLI, O. de O. História da Educação no Brasil (1930/1973). 5ª ed. Petrópolis:
Vozes. 1984.
62
SAVIANI, D. História das Idéias Pedagógicas no Brasil. 2ª. ed. rev. e ampl. – Campinas,
SP: Autores Associados, 2008. (Coleção memória da educação)
SAVIANI, D. Escola e Democracia. 39 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007
(Coleção Polêmicas do Nosso Tempo; vol. 5)
SAVIANI, D. Pedagogia Histórico – Crítica: primeiras aproximações. 10ª ed. rev. Campinas, SP: Autores Associados, 2008 (Coleção educação contemporânea)
SAVIANI, D. et al (2004) – O Legado Educacional do Século XIX – Campinas: Autores
Associados
SILVA, E. C. da. O Professor Ideal em Excelsior! (1911 – 1916): A Revista dos Alunos da
Escola Normal de São Carlos. Coleção Monografias. São Carlos: Rima. 2007
SOUZA, R. F. de (1998) – Templos de Civilização: a implantação da escola primária
graduada no Estado de São Paulo (1890-1910) – São Paulo: Fundação Editora da UNESP.
VAINFAS, R. (2002) – Micro-História: Os Protagonistas anônimos da História – Rio de
Janeiro: Campus.
VALDEMARIN, V. T. Estudando as Lições de Coisas: Análise dos Fundamentos
Filosóficos do Método de Ensino Intuitivo. - Campinas, SP: Autores Associados, 2004 /
FAPESP. - (Coleção Educação Contemporânea)
VIDAL, D (org.) (2006) – Grupos Escolares: cultura escolar primária e escolarização da
infância no Brasil (1893-1971) – Campinas: Mercado das Letras.
Monografias consultadas
DIAS, E. B. Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923): um estudo sobre idéias
e práticas educacionais. Araraquara, SP, 2009.
MANIERI, T. M. e ARCE, A. O Livro de Ouro da antiga Escola Normal da cidade de São
Carlos (1911-1945): pistas e rastros para se apreender as idéias pedagógicas presentes na
formação das normalistas.
OZELIN, J. R. Revista da Escola Normal de São Carlos (1916-1923): a formação do
professor. Marília, SP: 2006.
63
Anexos
Anexo I - Levantamento sobre os periódicos
Revista Excelsior!
Revista do Grêmio Normalista “Vinte e Dois de Março” da Escola Normal de São Carlos
Ano
1
1
2
2
2
3
4
Número
1
2
3
4
5
6
7
Data
15/11/1911
22/03/1912
02/1913
18/10/1913
15/11/1913
09/1914
07/09/1916
Nº de páginas
26 p.
----------16 p.
19 p.
18 p.
------
Revista Excelsior!
Anno I, n. 1, nov. 1911. 26p.
Summario
Acta da fundação do gremio. …............................................................................................. 6-7
Instrucção e imprensa. - Paulo Camargo ….......................................................................... 8-9
Escola Normal de São Carlos – Sua creação e installação - J. Camargo .......................... 10-11
Fazer para Aprender. - J. L. Rodrigues .............................................................................. 12-13
Pelago invesivel. - Raymundo Corrêa ............................................................................... 14-15
Oscillações da taxa cambial. - Argemiro Pacheco ............................................................. 16-17
Estimulando. - A. Santos …..................................................................................................... 18
Um beijo, apenas... - A. O. B. ….............................................................................................. 19
Sonho de abril. - C. N. …......................................................................................................... 20
Amores, amor... - Alceste ....................................................................................................... 20
Cena Jagunça. - J. P. J. …........................................................................................................ 21
Bons auspicios. - Sebastiana Masagão …............................................................................... 22
O mestre. - E. S. ...................................................................................................................... 23
Salve 15 de novembro! - Adalgisa Putti ................................................................................ 24
Justificando … A. …................................................................................................................ 25
Miniaturas - Jenny Maia …..................................................................................................... 25
Aos jovens professores. - Dr. Menezes Vieira …..................................................................... 25
A Instrução em São Paulo - Ruy Barbosa …........................................................................... 25
Noticiario. ............................................................................................................................... 26
Revista Excelsior!
Anno II, n. 2, fev. 1913. Sem números de página.
Summario
Excelsior! Tradução
Excelsior! Poesia
A mulher - Yáyá Braga
Tres paginas.- P. Hocion Pascal
Professor João Lourenço - s.a
O trabalho - Aluizio de Azevedo
Homenagem do Excelsior!
O interesse (discurso) - Professor Roldão Lopes de Barros
Primeiro amor (poesia) - Benedicto S. Rocha
Os meus amigos (poesia) - Castelo Branco
L’Angélus. - W. C. V.
Rosa que se desprende (poesia) - Jacy Penteado
Em meu caminho - Carolina Cezar
O rouxinol - Alcidia A. Silva
Revista Excelsior!
Anno II, n. 4, out. 1913.16p.
Summario
O “Excelsior!” - A redacção …................................................................................................. 1
Paisagem - Dr. Mario Natividade …......................................................................................... 2
Uma questão pedagógica - Hydeá Aracy de Arruda …............................................................. 3
Noção de fracção - Luiz de Arruda Camargo …...................................................................... 4
Teorias da vontade - Isabel Botelho de Camargo …................................................................ 5
Uma aula de psychologia - Maria Amelia Silva ….................................................................... 7
Jogos Escolares. Classificação Psichologica - Maria Amelia Silva …..................................... 8
Aos meus colegas - S. Rocha ….............................................................................................. 10
Mãe - Stella Freire de Lima …................................................................................................ 10
Os inqueritos pedagogicos em São Carlos - Sebastião Pinto …......................................... 10-11
Uma composição de aula - J. Aranha …................................................................................. 11
A instrucção - Suzanna Mattos …............................................................................................ 12
Lançamento da pedra fundamental do novo prédio da Escola Normal - O. Penteado ............13
Édipo - J. Esse …..................................................................................................................... 14
Notas s.a. …............................................................................................................................. 15
Tedio - J. A. …......................................................................................................................... 16
Revista Excelsior!
Anno II, n. 5, nov. 1913. 19p.
Summario
Excelsior! - A. P. ….................................................................................................................... 1
15 de novembro - Romão de Campos Junior …........................................................................ 2
O valor de um symbolo - Euclydes da Cunha …...................................................................... 3
Impressões de aula - Joaquim Siqueira …................................................................................. 4
Soledade - João Aranha …........................................................................................................ 5
Camaradagem e coeducação - Maria Sampaio e Souza …....................................................... 6
Bibliothecas infantis - Argemiro Pacheco …......................................................................... 6-7
Trabalho de methodologia - Architiclino dos Santos …............................................................ 7
A escola moderna - Mario C. Leite ….................................................................................... 7-8
A atenção sensorial e introspectiva, suas variações e suas bases physiologicas
I A attençao sensorial e introspectiva, suas variações e suas bases phisiologicas - Jacy M. de
Oliveira Penteado ….............................................................................................................. 8-9
II Medidas de atenção - Walinda da Cunha Vieira …........................................................ 12-13
Vantagens pedagógicas decorrentes do estudo da attenção - Marina Novaes.................... 14-15
Importancia do habito na educação - José Ferraz de Sampaio ......................................... 15-16
A bandeira nacional - A. Proença ...................................................................................... 16-17
Antes da Luta - s.a ............................................................................................................. 18-19
Concurso literário …................................................................................................................ 19
Revista Excelsior!
Anno III, n. 6, set. 1914.18p.
Summario
Datas nacionaes - R. C. …..................................................................................................... 3-4
28 de Stenbro - R. C. …............................................................................................................. 4
Medidas de intelligencia - Lazaro Camargo …...................................................................... 4-5
Os Lusíadas - M. Leite …....................................................................................................... 5-6
A Escola Normal, o professor, a instrucção em geral - José S. Penteado …......................... 6-7
Um soneto - Machado de Assis ….......................................................................................... 8-9
Qual o vestuario mais conveniente ás creanças? (Uma sabbatina) - Olga Valentie de
Oliveira ... 9-10
Festas na escola - R. C. …....................................................................................................... 10
Excelsior! - A Redacção …...................................................................................................... 10
O medo - Maria Botelho …................................................................................................ 11-12
Visão - N. Sampaio de Souza …......................................................................................... 12-13
Pedagogia - Jacy Penteado …............................................................................................ 13-15
Breve noticia sobre o gabinete de Psychologia - Yáyá Braga …....................................... 15-16
A preguiça - Zuleika Valentie de Oliveira …...................................................................... 16-17
A polemica - Xavier Marques …............................................................................................. 17
A bordo do “Araguaya” - B. Simões da Rocha …................................................................... 18
Revista Excelsior!
Anno IV, n. 7, set. 1916. Sem números de páginas
Summario
Excelsior! - A.
Na escola - M. Natividade
Audição - N. Novaes
Como o professor primário falla a seus alumnos - W. C. Vieira
René Barreto - R. Campos
Despedida - Stella F. Lima
Soneto - O. Penteado
O soldado - A. Barreto
No dominio da technica - A. Proença
Henriquinho - J. Siqueira
Doutrina da evolução (Prova de Exame) – Primeiras idéas – Lamarck – Darwin – O néo
lamarckismo e o néo darwinismo – Conclusões para a educação - N. S. Souza
A pedagogia - S. Rocha
Nossa gente e seu futuro - F. Martins
Educação dos anormaes - Lazaro Camargo
Revista da Escola Normal de São Carlos
Propriedade e redacção do Corpo Docente
Ano
1
1
2
-----3
3
4
4
5
6
6
7
8
Número
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Data
12/11/1916
11/06/1917
12/1917
06/1918
12/1918
06/1919
12/1919
06/1920
11/1920
06/1921
12/1921
12/1922
12/1923
Nº de páginas
33 p.
33 p.
158 p.
56 p.
90 p.
54 p.
69 p.
112 p.
55 p.
65 p.
70 p.
73 p.
79 p.
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 1, n.1, nov., 1916. 33p.
Summario
I – As Escolas Normaes no Estado de S. Paulo - Carlos da Silveira ….............................. 1-13
II – Como deve ser a sala de Desenho - Raphael Falco …................................................ 13-17
III – Orientação do ensino da musica elementar - Lazaro R. Lozano …............................ 17-20
IV – Filologia Portuguesa (Colossal abismo) - A. Raggio Nóbrega ….............................. 21-24
V – O estudo da natureza nas classes primarias Ligeiras considerações à cerca do assunto - A.
Firmino Proença …............................................................................................................ 24-26
VI – A Geometria Sua origem – Seus progressos – Seu ensino - F. Penteado ….............. 26-27
VII – Linguagem Apontamentos para meus alumnos - João de Toledo …........................ 28-30
VIII – Henry Bergson - Waldomiro Caleiro ….................................................................. 31-33
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 1, n.2, jun., 1917. 33p.
Summario
Evolução e Pedagogia - João Toledo ….............................................................................. 1-10
Historia da Pedagogia Um programa - Carlos da Silveira …............................................ 10-13
Pela Pátria Discurso lido por occasião da sessão civica realizada no dia 3 de maio de 1917, no
amphitheatro da Escola Normal de S. Carlos. - Ezequiel de Moraes Leme …................... 13-17
A Geometria Os factores da Geometria - Francisco de Oliveira Penteado ...................... 17-20
Discurso pronunciado na festa inaugural da Sociedade de Estudos e Conferencias, no dia 9 de
setembro de 1916 - Mario Natividade …........................................................................... 20-24
Methodo didactico - A. Proença …..................................................................................... 25-26
Rusticidade - Waldomiro Caleiro …................................................................................... 27-28
Escola Normal Ligeiros apontamentos sobre a sua fundação e funcionamento …............ 28-33
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Numero Especial. Anno 2, n.3, dez., 1917. 158p.
Summario
I- Série de nove palestras cívicas feitas na Escola Normal, de 18 de Setembro a 15 de Outubro
p.findo - 1. Bellezas naturaes do Brasil - Ezequiel de Moraes Leme …............................... 1-11
2.a Desertos e Climas; a devastação das matas - Francisco Penteado ….......................... 12-21
3.a Typos brasileiros; a alma nacional - Waldomiro Caleiro …......................................... 22-29
4.a O problema do urbanismo no Brasil e a volta aos campos – T.de Camargo …............ 30-40
5.a A medicina escolar e o futuro da nossa nacionalidade - Astor Dias de Andrade ......... 41-49
6.a Vida de um brasileiro, que é uma lição de civismo (Campos Salles) - Dagoberto
Salles................................................................................................................................... 50-61
7.a A lingua patria e a unidade nacional - 7ª palestra cívica realizada no amphitheatro da
Escola Normal em 9 de Outubro de 1917 - Carlos da Silveira …..................................... 62-76
8ª. A escola brasileira - João Augusto de Toledo …........................................................... 77-83
9ª. Mestres e soldados - Atugasmin Medici …................................................................... 84-92
II- Instituições Patrióticas Conferencia realizada no amphitheatro da Escola Normal, em 1º de
Novembro de 1917, pelo Sr. Prof. Elisiario Fernandez de Araujo, M. D. Director do Grupo
Escolar “Paulino Carlos” - Elisiario Fernandes de Araújo …......................................... 93-107
III- Pela Pátria Conferencia realizada no amphitheatro da Escola Normal de São Carlos, em
15 de Novembro de 1917 - Sebastião Paulo de Toledo Pontes …................................. 108-122
IV- Professorandos de 1917 (Escola Normal de São Carlos) Discurso de paranynpho - Mario
Natividade ….................................................................................................................. 123-133
V- Culto á Bandeira Conferencia realizada no amphitheatro da Escola Normal de São Carlos,
em 19 de Novembro de 1917 - Mariano de Oliveira …................................................ 134-148
VI- Quadro de medidas tomadas no Gabinete de Psychologia Experimental - Manoel de
Toledo Silva …....................................................................................................................... 149
VII- Pessoal docente, administrativo e relação dos alumnos diplomados em 1914, 1915, 1916
e 1917 - Waldomiro Caleiro …....................................................................................... 150-158
Revista da Escola Normal de São Carlos.
n.4, jun., 1918. 56p.
Summario
Historia da instrucção e da educação, no Brasil Este trabalho, compilação na sua quasi
totalidade, foi lido na sessão de 17 de Setembro de 1916 da “Sociedade de Estudos e
Conferencias”, de São Carlos - Carlos da Silveira ….......................................................... 3-11
Hereditariedade e Educação - João Toledo ….................................................................... 12-24
A Geometria - F. Penteado …........................................................................................... 25-30
Arte e seu objecto - Raphael Falco …............................................................................... 31-38
Transmutação de valores - Waldomiro Caleiro ….............................................................. 39-43
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
Estudo da natureza …......................................................................................................... 47-48
O milho Estudo individual e biographico …...................................................................... 48-56
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 3, n.5, dez., 1918. 90p.
Summario
Historia da Instrucção e da Educação no Brasil - II - Carlos da Silveira …........................ 3-30
Nossa gente Notas pedagogicas para meus alumnos - João Toledo ….............................. 31-42
A Geometria A Geometria Geral - F. Penteado …............................................................. 43-46
Ruy Barbosa - Arthur Raggio Nobrega …......................................................................... 47-68
A Moral Cívica Conferencia realizada, em nome da Liga Nacionalista, em Jahú, a 7 de
Setembro de 1918, pelo Dr. Dagoberto Salles - Dagoberto Salles …................................ 69-79
Campos Salles e o civismo - Ezequiel de Moraes Leme …............................................... 80-88
Media das medidas anthropometricas dos alumnos das Escolas Modelo, Isolada e Grupo
Escolar - Manoel de Toledo da Silva …................................................................................... 89
Professores formados pela Escola Normal de S. Carlos – turma de 1918 ….......................... 90
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 3, n.6, jun., 1919. 54p.
Summario
Juvenal Penteado Elogio fúnebre, lido a 22 de Abril de 1919, 30º dia do seu passamento, em
sessão solenne promovida pelo corpo docente da Escola Normal de São Carlos. - Antônio
Firmino Proença …...............…........................................................................................... 3-12
Historia da Instrucção e da Educação, no Brasil - Carlos da Silveira …........................... 13-32
Povoamento e educação Discurso lido a 3 de Maio de 1916 - Ezequiel de M. Leme ….... 33-36
Aprendizado activo - João Toledo …................................................................................. 37-54
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 4, n.7, dez., 1919. 69p.
Summario
Culto cívico Conferencia realizada no Polytheama de Araraquara, no dia 7 de Setembro de
1918, por incumbencia da Liga Nacionalista - Carlos da Silveira ….................................. 3-21
A Geographia e o seu ensino - Ezequiel de Moraes Leme …............................................. 22-25
O ensino da lingua franceza em nossas escolas - Domingos de Vilhena …........................ 26-29
Aprendizado activo Continuação do trabalho publicado no n.6 desta Revista – Junho de 1919
- João Toledo …................................................................................................................. 30-48
A Republica no Brasil Conferencia realisada a 15 de Novembro de 1919, em Ribeirão Bonito
- Dagoberto Salles …......................................................................................................... 49-60
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
Lições inductivas …........................................................................................................... 63-67
Professores formados pela Escola Normal de São Carlos – 1919 …................................. 68-69
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 4, n.8, jun., 1920. 112p.
Summario
Os ideaes nacionaes e as escolas elementares - João Toledo …........................................... 3-20
Escolas Normais Idéas contidas no relatorio apresentado ao Exmo. Sr. Dr. Secretario do
Interior, em 1º de Fevereiro de 1920 - Mariano de Oliveira …......................................... 21-31
Questões de Ensino Normal - Carlos da Silveira ….......................................................... 32-57
Questões do ensino - Ezequiel de Moraes Leme …........................................................... 58-62
A escola e a caserna Discurso pronunciado na sessão solemne de entrega das cadernetas de
reservistas aos atiradores da Escola, realizada em 11 de abril de 1920 - A. Proença ….... 63-70
Pedagogia Conceitos antigos(medievaes) x Reacção moderna(critico-naturalistica) - J. & C 71
21 de abril Discurso proferido no anphitheatro da Escola Normal – 1920 - Sebastião Paulo de
Toledo Pontes …................................................................................................................. 72-81
Um problema de annuidades - Mario Natividade ….......................................................... 82-85
Fim do desenho nas escolas primarias e normaes - Raphael Falco ….............................. 86-94
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
Linguagem nas classes inferiores – Vocabulário Linguagem nas classes adiantadas –
Composição ..................................................................................................................... 97-107
No Semestre …...................................................................................................................... 108
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 5, n.9, nov., 1920. 55p.
Summario
Questões do Ensino - Ezequiel de Moraes Leme …............................................................... 3-6
Luiz Alves de Lima e Silva (culto civico) - Carlos da Silveira …....................................... 7-32
Bases para a elaboração e execução de um programma de História em nossas escolas
primárias e normaes - João Toledo …................................................................................ 33-49
Desperdicio de energia nas escolas - A. Proença ….......................................................... 50-54
Professores formados pela Escola Normal de São Carlos – 1920 …...................................... 55
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 6, n.10, jun., 1921. 65p.
Summario
D. Pedro II através do sentimento Conferencia lida na Escola Normal de São Carlos, por
occasião de inaugurar-se o retrato do ex-imperador, na galeria daquelle estabellecimento. João Toledo …...................................................................................................................... 3-12
Questões do Ensino - Ezequiel de Moraes Leme …........................................................... 13-17
O escotismo como meio educativo - Domingos de Vilhena ….......................................... 18-24
A letra do Hymno Nacional - Elisiario de Araujo …......................................................... 25-27
Morphologia historica do artigo - Fausto de Sousa …....................................................... 28-33
Assumptos escolares (cultura civica – suggestões) - Carlos da Silveira …....................... 34-46
Quantidades algebricas reaes - F. Penteado ….................................................................. 47-55
ENSINO PRIMARIO
Secção organizada pelo prof. A. Proença
(Director e lente da Escola Normal de Pirassununga)
Suggestões Para o estudo da natureza no 1º anno preliminar …........................................ 59-65
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 6, n.11, dez., 1921. 70p.
Summario
Escolas Complementares - Mariano de Oliveira …............................................................... 3-6
Do papel educativo da escola primaria - Carlos da Silveira …........................................... 7-21
Aprendizado de Physica nas escolas normaes - Sebastião Paulo de T. Pontes …............. 22-25
O Imperador Commemoração popular, no Paço da Municipalidade, em Casa Branca, a 9 de
Janeiro de 1921 - F. Azzi …................................................................................................ 26-41
A Questão Social Discurso proferido pelo Dr. Dagoberto Salles, lente da 10ª cadeira e
paranympho dos professorandos de 1921, na sessão solemne de entrega de diplomas, realisada
na Escola Normal de São Carlos - Dagoberto Salles ….................................................... 42-54
O desenho nas Escolas Normaes - Raphael Falco …........................................................ 55-63
Introdução aos programmas de Psychologia, Pedagogia e Methodologia das Escolas Normaes
Paulistas Trabalho apresentado á Reunião dos Directores do Ensino, realizada em S. Paulo,
em julho de 1921. Professores diplomados pela Escola Normal de São Carlos – turma de
1921- João Toledo …......................................................................................................... 64-70
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 7, n.12, dez., 1922. 73p.
Summario
John Casper Branner - Francisco Z. Penteado …................................................................ 3-22
Suggestões e programma para o ensino de Francez nas escolas complementares e normaes João Toledo ….................................................................................................................... 23-33
Do papel educativo da escola primaria - Carlos da Silveira ….......................................... 34-52
Como realisar a pratica de ensino? Trabalho apresentado á reunião dos directores das Escolas
Normaes convocada para julho de 1921, no edificio do Jardim da Infancia de S. Paulo Duilio Ramos …................................................................................................................. 53-60
O lente de Physica De Maria Ângela - paginas de vida escolar, inéditas – A. de Oliveira 61-64
A mosca - A. Proença ........................................................................................................ 65-71
Methodos de ensino elementar - A. Proença …................................................................ 72-73
Professorandos de 1922 - Escola Normal de São Carlos
Revista da Escola Normal de São Carlos.
Anno 8, n.13, dez., 1923. 79p.
Summario
Discurso Pronunciado na solennidade de entrega de diplomas ás Professorandas da Escola
Normal do Braz, turma de 1922 no Theatro Municipal de São Paulo pelo paranympho Dr.
Carlos da Silveira - Carlos da Silveira …............................................................................ 3-15
O desenho nas classes infantis - Raphael Falco …............................................................ 16-32
O sonho - Mello Ayres ….................................................................................................... 33-42
Desenho e Linguagem - Ataliba de Oliveira …................................................................. 43-53
Lições de Arithmetica - Antonio F. Proença ….................................................................. 54-59
Discurso pronunciado na collação de grao das professorandas de 1922 – J. F. Motta ….. 60-78
Anexo II
Anotações sobre o Livro de Ouro da Escola Normal de São Carlos
Termo de abertura
Servirá este livro para transcrição de provas de exames que obtiverem nota optima – doze
(12), devendo essa transcripção ser feita pelo próprio alumno, cuja prova tiver conseguido
aquella nota. Esta, será authenticada pelo respectivo lente. Para constar, eu, José de
Camargo, official servindo de secretario, lavrei este termo.
São Carlos, 12 de agosto de 1911.
O Director
Assinatura
Termo de encerramento
Contém este livro, trezentas folhas numeradas, que foram rubricadas com o fac símile
__________, de que usa o Snr. Dr. Director e destina-se ao fim indicado no termo de
abertura. Para constar, eu, José de Camargo, official servindo de secretário, lavrei este
termo.
São Carlos, 12 de agosto de 1911.
O Director
Assinatura
Provas de Pedagogia
Prova de Pedagogia 1
Título: Froebel e sua obra
Aluna: Alice Brandão – nº 8 – 4º anno
Data: 30 de outubro de 1914
Páginas: 88, 89, 90, 91
Prova de Pedagogia 2
Título: Doutrina da evolução
Primeiras idéas. Lamarck. Darwin. O néo-lamarchismo e o néo darwinismo: conclusões para a
educação
Aluna: Noemia Sampaio de Souza – nº 1 – 3º anno
Data: 25 de maio de 1916
Páginas: 98, 99, 100
Prova de Pedagogia 3
Título: O feudalismo e a educação dos cavalheiros
Aluna: Maria Lourdes F. de Paula Ramos – nº 3 – 4º anno
Data: 28 de julho de 1917
Páginas: 104, 105, 106, 107, 108
Prova de Pedagogia 4
Título: Como calcar o ensino sobre o interesse
Aluna: Maria do Carmo Tenido Monteiro – nº 1 – 3º anno
Data: 18 de outubro de 1918
Páginas: 109, 110, 111
Prova de Pedagogia 5
Título: O jogo como factor da formação mental
Aluna: Celina Maria dos Santos – nº 1 – 3º anno
Data: 20 de outubro de 1919
Páginas: 127, 128, 129, 130
Prova de Pedagogia 6 – Prova da 11ª cadeira
Título: Rabelais e Montaigne
Aluna: Lucilla Hermani – nº 9 – 4º anno
Data: sem data
Páginas: 145, 146
Prova de Pedagogia 7
Título: Rabelais e Montaigne
Aluna: Celina Maria dos Santos – nº 2 – 4º anno
Data: 10 de maio de 1920
Páginas: 147, 148, 149
Prova de Pedagogia 8
Título: A segunda renascença do séc. XII. Pedagogia escolástica
Aluno: Paulo de Andrada Fortes – nº 7 – 4º anno
Data: 18 de maio de 1920
Páginas: 156, 157