Financeiro 51.indd

Transcrição

Financeiro 51.indd
Financeiro
A revista do crédito
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES
©iStockPhoto.com/Alexandr Tovstenko
ano 6 nº 51 mar-abr/2008
O que o Brasil
precisa saber sobre os rumos
da economia americana?
William Handorf, professor da Universidade George Washington,
apresenta sua avaliação, baseado nos indicadores financeiros
Tendência
Marketing
Projeções e perspectivas,
Ferramenta indispensável
para o sucesso
por Istvan Kasznar
editorial
Quem diria...
Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar
CEP 01009-000 - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br
DIRETORIA
Presidente
Érico Sodré Quirino Ferreira
Vice-Presidentes
Aquiles Leonardo Diniz, Gilberto Caldart, José Arthur
Lemos de Assunção, Marco Ambrógio Crespi Bonomi,
Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola,
Paulo Henrique Pentagna Guimarães e Wilson Masao
Kuzuhara
Secretário
José Dante Zanaga Neto
Tesoureiros
Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Capella
Diretores Regionais
Carlos Alberto Samogim (SP-Interior), Dirceu da
Assumpção Variz (SP-Capital), Elcio Antônio de
Azevedo (MG), Felícitas Renner (RS), Félix Archanjo
Bordin (PR), Marcos André Maia Bonel (DF e GO),
Paulo R. Tabaquim (Montadoras) e Tiziana Dadalto (ES)
Diretores
Adalberto Savioli, Álvaro Augusto Vidigal, Enílson
Espínola de Souza, Ivan Svitek, Marcos Antonio
Waideman, Rubens Bution e Sergio Antônio Cipovicci
Diretores Conselheiros
Jerônimo Varalla Neto, Luiz Antônio Viana, Ricardo
Annes Guimarães e Rodrigo Bacellar
Conselho Consultivo
Membros Natos: Alkindar de Toledo Ramos e
Manoel de Oliveira Franco. Membros: Alencar Burti
(ACSP), Elcio Aníbal de Lucca (SERASA), João
Elísio Ferraz de Campos (FENASEG), Luiz Horácio
da Silva Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira
(ANEFAC), Jackson Schneider (ANFAVEA), Sergio Reze
(FENABRAVE) e Walter Machado de Barros (IBEF SP)
Conselho Fiscal
Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e
Roy Martelanc. Suplentes: Abílio Abreu Neto, Massimo
Tagliavini e Matias Nazari Puga Neto
Presidente Honorário
João Uchôa Borges (In memoriam)
Diretor Superintendente
Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Conselheiro Econômico
Prof. Istvan Kasznar
Financeiro
ISSN 1809-8843
Conselho Editorial : Érico Sodré Quirino Ferreira,
Prof. Istvan Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho)
e Sérgio Tamer; Coordenação Editorial : Tamer
Comunicação Empresarial; Jornalista Responsável:
Eliana Nigro (MTB 15.005); Editoração e Produção
Gráfi ca: EDF (www.edf.com.br); Pré-impressão e
Impressão: Fabracor; Periodicidade: bimestral
Tiragem: 20.000 exemplares
Tiragem e circulação auditadas por
O crescimento da economia brasileira vem sendo puxado, nos últimos
quatro anos, pela forte expansão do
crédito, traduzida por mais recursos,
mais linhas de financiamento e prazos
mais longos em todos os setores e segmentos. Quem diria que, em um período tão curto, o volume total de crédito
no Brasil saltaria de R$ 418,3 bilhões
para R$ 932,3 bilhões no fechamento
de 2007. Quem diria que a participação do crédito no PIB iria de 24% para
34,7% com tendência de crescimento.
O algoritmo que comanda a economia brasileira mudou. Quem diria
que o Brasil seria credor internacional,
que teria US$ 200 bilhões em reservas
internacionais, que sua inflação estaria sob controle. Pasme quem duvidou que a economia cresceria cinco
anos consecutivos em índices crescentes. Sem dúvida o País mudou!
Vamos continuar crescendo e de
forma sustentável, o que, embora viável, não deixa nunca de ser um grande
desafio. O Brasil é hoje um dos mais
importantes pólos mundiais de desenvolvimento e atração de capital, não
apenas devido ao tamanho de seu mercado consumidor, à competência da
indústria e comércio, mas, também,
devido ao bom desempenho do mercado de crédito, que permite que a
roda da economia continue a girar e
ainda num ritmo mais acelerado.
Crescer é, sem dúvida, muito bom,
muito bom mesmo, mas, como tudo na
vida, traz seus desafios. O principal é a
busca do capital humano qualificado.
Onde achar o profissional qualificado?
As empresas abriram a temporada de
caça a bons profissionais, estão à procura de mão-de-obra mais qualificada,
de executivos mais bem preparados. E
não estão encontrando no mercado.
Sem gente qualificada as empresas
perdem competitividade e passam a
buscar profissionais na concorrência,
gerando um perigoso ciclo de aumento de custos. Talvez de todos os gargalos esse seja o mais angustiante. O processo educacional brasileiro que deságua nas faculdades não está dando
conta de atender a essa nova demanda
Quem diria que bateríamos recorde de
contratações com carteira assinada...
É hora de investir pesadamente em
educação em todos os segmentos e
níveis. Temos urgência em formar profi ssionais bem qualifi cados. A educação é a chave para nos tornarmos
competitivos globalmente. Enquanto
o Brasil não considerar a educação
como sua primeira e mais importante
prioridade, teremos que enfrentar a
mais severa das limitações: o capital
intelectual. O que me alegra, e muito,
é ver uma criança de 8 anos ser aprovada no vestibular de uma universidade brasileira. Quem diria...
Nesta edição
4 Evento Acrefi
Marketing como ferramenta de negócios abre o ano
na Acrefi
8 Tendência internacional
Sinais do mercado financeiro, risco de crédito e a
economia dos EUA
14 Crise externa
O Brasil é uma ilha
17 Artigo
A comunicação de alienação do veículo financiado
As opiniões emitidas nos artigos assinados não
refletem necessariamente as posições da ACREFI e
são de exclusiva responsabilidade dos autores. A
reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação
depende de autorização por escrito.
Andrea Felizolla
Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da ACREFI
Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento
18 Projeções
O crescimento brasileiro
20 Artigo
A recessão americana e suas conseqüências
24 Momento econômico
Projeções econômicas, visão das autoridades e
perspectivas na ótica privada – independente.
Porquê da pane norte-americana?
28 Análise econômica
O que esperar do câmbio em 2008?
30 Artigo
Fundos $oberanos: o Estado contra-ataca
32 Legislação contábil
Brasil adota padrões internacionais
34 Banco de dados
42 Variedades
Vinhos brancos, tintos e rosés: tem uma ocasião ótima
para degustar?
evento acrefi
Marketing como ferramenta de
negócios abre o ano na Acrefi
Fotos: Andrea Felizolla
A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e
Investimento (Acrefi ) iniciou a série
de eventos que realiza todos os
anos para seus associados e público
geral. Neste ano, a instituição começou com um tema abrangente:
“Marketing – Uma Ferramenta para
Alavancar Negócios”.
A entidade convidou dois palestrantes com aplicações diferentes
para as ferramentas do marketing.
José Gaspar Brandão, diretor executivo da Associação de Marketing Promocional (Ampro), demonstrou como
essas ferramentas auxiliam na ampliação de negócios de marcas, produtos
e empresas. Hélio Moura, gerente de
prevenção à fraude do Banco Panamericano, descreveu como o marketing pode ser uma grande arma de
promoção pessoal.
Para iniciar a sua palestra, Gaspar
Brandão apresentou a definição de
marketing promocional recomendada
pela Ampro. “É a atividade de marke-
A Ampro destaca o “poder” do
consumidor que muda de figura
devido ao deslocamento da
informação. Antes, a empresa
detinha toda a informação
referente ao produto ou
serviço. Hoje, quem detém a
informação é o canal de
distribuição, em que se dá a
relação com o consumidor
Gaspar Brandão, diretor executivo da
Associação de Marketing Promocional
(Ampro): esforço direcionado para que a
informação chegue ao consumidor
ting aplicada a produtos, serviços ou
marcas que, por meio da interação
com seu público-alvo, visa alcançar os
objetivos estratégicos de construção
de marcas, vendas e fidelização.”
Segundo a entidade, o mercado
vem sofrendo mudanças fundamentais nos últimos 30 anos. O “poder”
4
do consumidor muda de figura com o
passar dos tempos em função do deslocamento da informação. Antes, a
informação estava com o organismo,
ou seja, a empresa detinha toda a
informação referente ao produto ou
serviço e a impunha ao mercado.
Assim, a distância entre o fabricante
e o consumidor era muito grande.
No mercado atual, quem detém
a informação é o canal de distribuição, em que se dá a relação com
o consumidor, utilizando-se a ferramenta de trade market como atividade fundamental para a indústria e empresas que trabalham com
o grande varejo. Neste momento, o
ponto-de-venda é o grande detentor das informações e das negociações com a indústria.
“O mercado do século XXI já está
completamente delineado como o
poder passando para as mãos do consumidor. O esforço da indústria e do
canal tem de ser todo direcionado
para que a informação chegue ao
consumidor e ele tome a decisão de
comprar”, comenta Gaspar Brandão.
Além disso, o consumidor não
quer ser tratado como mais um e,
por isso, as empresas estão utilizando
o que é chamado de marketing de
nicho, em que públicos específicos
são servidos com produtos especiais.
São as chamadas “tribos”. As empresas estão personalizando cada vez
mais as suas ações de marketing promocional. As diretrizes simples, como
sexo, idade, condição social, sozinhas
já não servem mais para atuação em
massa das grandes empresas.
FINANCEIRO
Na prática, o marketing promocional atua na construção e gestão
de marcas – com eventos, envolvendo consumidores atuais e futuros; design e embalagem, para criar
identidade objetiva e subjetiva; merchandising e programas de relacionamento, para poder se destacar na
paisagem do ponto-de-venda.
Além disso, atua no impulso
de vendas, com promoções, com a
finalidade de acelerar o volume e
a freqüência de compra, aumentando, assim, o valor do produto /
serviço; com incentivo, obtendo o
envolvimento e o empenho de funcionários e parceiros e recompensando essa dedicação; com marketing direto, vendendo diretamente
ou levando ao varejo, com a intenção de fidelizar o consumidor; e
com merchandising no ponto-devenda, gerando impulso de compra, prestando informações e facilitando a prestação de serviço.
O mercado de marketing promocional gerou, em 2007, algo em
torno de R$ 23 bilhões de investimentos em ferramentas de utilização por parte de empresas produtoras ou prestadores de serviços, com um crescimento médio de
10% ao ano, desde 2000. Em pesquisa realizada pela Ampro e Ibope
Inteligência, em 2006/07, perceberam-se as ações que deverão predominar nos próximos anos: 86% dos
“O consumidor não quer ser
tratado como mais um e, por
isso, as empresas utilizam o
chamado marketing de nicho,
em que públicos específicos
são servidos com produtos
especiais. As empresas estão
personalizando cada vez mais
suas ações de marketing
promocional”
Gaspar Brandão
ACREFI
Hélio Moura, do Banco Panamericano:
é preciso se conhecer para aplicar
o conceito de marketing pessoal com
resultados positivos
entrevistados relataram que as atividades no ponto-de-venda ainda
deverão prevalecer sobre as outras,
mantendo a sua importância atual.
Com forte tendência ao crescimento, 65% elegeram o marketing de
incentivo como ferramenta a ser
utilizada e 53% elegeram os eventos como as melhores ferramentas.
“Na comparação entre as tendências e aquilo que havia sido contratado, há algumas igualdades: as
atividades de ponto-de-venda e os
eventos estão sendo as principais
ferramentas de marketing promocional utilizadas no período. Surge
uma tendência muito grande para
a utilização de ferramentas digitais,
como SMS, blogs e sites promocionais, o que confere um grau de
5
modernidade e atualidade da atividade e dos profi ssionais da área”,
finaliza Gaspar Brandão.
A segunda palestra do evento
tratou de um produto extremamente importante para o marketing: o
ser humano. Para falar de marketing pessoal, Hélio Moura comentou que é preciso se conhecer para
poder aplicar o conceito com resultados positivos.
“Para que vocês possam entender, tudo aquilo que eu falar, tudo
aquilo que eu realizar, todas as
minhas atitudes fazem parte de
meu marketing pessoal. Eu poderia
ter vindo com uma roupa não adequada, mas preferi escolher bem o
terno, a gravata e a camisa, pois
ninguém compra um produto com
embalagem ruim. Nós somos o produto”, dispara Hélio.
Para o executivo, marketing tem
vários conceitos, entre eles o de
“mercado em ação”, que é a tradução da palavra. Isso, do lado
pessoal, pode ser definido como
“profissional em ação”. Segundo
ele, muitas pessoas fazem confusão entre propaganda e marketing. Pode-se dizer que o marketing é como o clínico geral, que tem
uma visão geral de um produto ou
segmento, e a propaganda é uma
especialidade do marketing.
“Mas por que tudo isso? Porque,
na vida pessoal, no seu marketing
pessoal, a agência de publicidade é
o próprio profissional em 70% do
“Tudo aquilo que eu falar,
tudo aquilo que eu realizar,
todas as minhas atitudes fazem
parte do meu marketing
pessoal. Nós somos o produto.
Na vida pessoal, a agência
de publicidade é o próprio
profissional em 70% do tempo”
Hélio Moura
evento acrefi
A teoria dos quatro Ps do
marketing pessoal é formada
pelo produto, o próprio
profissional; a propaganda,
cartão ou currículo; o preço,
quanto vão pagar pelo
profissional; e o ponto de
distribuição, a acessibilidade
tempo. O comportamento, as atitudes, as embalagens, a forma como
se prepara é que geram a sua divulgação, ou seja, quando falam de
você gratuitamente. Essa questão
envolve muita coisa de caráter e
verdade. Não adianta ter um excelente currículo se ninguém acredita
em você”, esclarece ele.
Dentro de toda a teoria, Hélio comentou uma das mais conhecidas: os
quatros Ps, que são o produto – o
próprio profissional; a propaganda –
o seu cartão ou seu currículo; o preço
– quanto vão pagar pelo profissional;
e o ponto de distribuição – a acessibilidade ou quanto é fácil encontrar.
O marketing pessoal é bem trabalhado quando o profissional utiliza os quatro pontos do conceito
dos Ps. O profissional precisa estar
preparado para todas as situações
que possam acontecer. Esse marketing pessoal bem trabalhado gera
Associados e profissionais de diferentes áreas participaram do primeiro evento de 2008
da Acrefi
uma boa visão das pessoas em
relação ao profissional e, não, um
marketing negativo.
O executivo salientou ainda uma
outra ferramenta, a “AIDA”, que é
muito parecida com a anterior e bastante utilizada em administração:
atenção, interesse, desejo e ação.
“Como o profi ssional deve utilizar essa ferramenta? Melhorando
seu currículo, em busca de aperfeiçoamento, aprendizado vai chamar
a atenção e o interesse de quem o
6
recebe e criar um desejo de tê-lo
trabalhando com ele. Quando chega
a esse ponto, a ação é o ponto final
na utilização da ferramenta”, complementa Hélio Moura.
Mas ele alerta: “Seja um ‘case’ de
marketing, pois é essa a função do
marketing pessoal. Porém, seja um
case verdadeiro, com conteúdo, em
que se percebam o desenvolvimento
e o investimento na carreira. É isso
que vai gerar sua publicidade espontânea”, finaliza.
FINANCEIRO
Aumente a eficácia da gestão de sua carteira.
Gerencie o perfil de risco dos seus clientes após a concessão de crédito.
Tomada de ações preventivas
contra inadimplências
Aviso automático
sobre alterações
Relatório completo dos consumidores
gerenciados, sem custos adicionais
Acompanhamento do risco
global da carteira
Identificação das
concentrações
Evolução da carteira
nos últimos 13 meses
Exposição gráfi ca da
composição da carteira
O Gerencie Carteira Pessoa Física é um
instrumento preventivo estratégico. Permite
vigilância permanente da carteira por meio
do monitoramento diário das alterações nas
ocorrências de inadimplência, nas operações
de crédito, nas transações com cheques
e, ainda, das alterações em endereços e
telefones, e no scoring de crédito. Tudo
isso, antes mesmo da configuração da
inadimplência.
Com o Gerencie Carteira sua empresa conta
com um processo de gerenciamento de
crédito completo e administra melhor os
créditos problemáticos de consumidores.
Ligue agora.
E comece já
a administrar
melhor a sua
carteira.
serasa.com.br
ACREFI
7
tendência internacional
Divulgação
Sinais do mercado financeiro,
risco de crédito e a economia
dos EUA
Empresas brasileiras exportadoras de bens e serviços para os Estados Unidos estão preocupadas em
saber se seus importadores desfrutarão uma expansão na economia
ou necessitarão conviver com uma
recessão ao longo do próximo ano.
Em parte, as futuras condições econômicas dependem do quão agressivamente o Banco Central dos EUA
reduzirá o espectro comercial dos
fundos federais (empréstimos overnight não-assegurados, de reservas
interbancárias) a fim de evitar um
período de mal-estar econômico.
Apesar de divulgar um crescimento econômico mais lento do que
muitos países em desenvolvimento,
os EUA continuam sendo um importante país para os exportadores. Dependendo da medida adotada (ou seja, poder de paridade de
compra da moeda ou pesos cambiais
no mercado), o Produto Nacional
Bruto (PNB) dos EUA abrange 25%
dos resultados globais, tomando-se
como base estimativas recentemente fornecidas pelo Banco Mundial (World Bank – WB).
Bancos e fundos mútuos brasileiros que investiram em títulos denominados em dólar dos EUA têm
demonstrado preocupação quanto
à possibilidade de as obrigações
previamente compradas ganharem
ou perderem valor de acordo com
WILLIAM C. HANDORF, PH.D., PROFESSOR DE FINANÇAS NA ESCOLA DE
NEGÓCIOS DA UNIVERSIDADE GEORGE WASHINGTON, EM WASHINGTON, DC.
ALÉM DE ATUAR COMO PROFESSOR E CONFERENCISTA, ELE DÁ PALESTRAS
COM FREQÜÊNCIA NO BRASIL, DIRETOR DO BANCO DE EMPRÉSTIMOS
FEDERAIS DA HABITAÇÃO (FHLB – FEDERAL HOME LOAN BANK) DE ATLANTA E
EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL DOS EUA (FED – FEDERAL RESERVE BANK) DE
RICHMOND E TITULAR DA AGÊNCIA LOCALIZADA EM BALTIMORE
Apesar de divulgar
crescimento mais lento do
que muitos países em
desenvolvimento, os EUA
continuam um importante
país para os exportadores
as tendências da taxa de juros norte-americana. Em parte, as taxas
de juros reagem à política monetária elaborada pelo Banco Central.
Estas também refletem mudanças
na inflação. Os bancos brasileiros
possuíam ativos externos iguais a
US$ 125 bilhões e dívidas externas
de quase US$ 60 bilhões em 2007,
de acordo com o Banco de Compensações Internacionais (BIS – Bank
for International Settlements). A
República do Brasil, bancos e outras
empresas privadas que tomaram
emprestados fundos denominados
em dólares americanos sem coberturas cambiais estão preocupados
em definir se o dólar irá valorizar
ou desvalorizar durante o ano. A
resposta depende parcialmente da
tendência da taxa de juros e da
inflação. No que tange a 2007, a
dívida internacional emitida pela
República do Brasil e por empresas
e bancos brasileiros abrange quase
8
um terço do passivo internacional de
toda a América Latina.
Especialistas freqüentemente fazem
prognósticos aplicáveis às condições econômicas de muitas regiões
do mundo, prevendo taxas de juros,
índices de inflação, precificação
cambial externa e aumento do PIB.
Evidências empíricas mostram que:
• O grau de acerto desses especialistas é muito alto quando as
condições financeiras ou econômicas permanecem estáveis;
• Os especialistas não identifi cam o ponto de inversão de tendência de uma economia, fato crucial
para um exportador, investidor ou
financista; e
• Os mercados financeiros e mercados futuros fornecem previsões
melhores e mais confiáveis do que
as fornecidas pelos especialistas.¹
O presente artigo avalia as condições econômicas e as tendências
do mercado financeiro norte-americano que possam ser de interesse para os executivos e criadores de políticas monetárias no
Brasil, por meio do enfoque de
indicadores do mercado financeiro prontamente acessíveis. Embora
os mercados possam ser comprovadamente mais confiáveis do que
os especialistas, as mensurações
apresentadas não são, em hipótese alguma, perfeitas.
FINANCEIRO
Dados do mercado
Embora a precifi cação das ações
no mercado domine o noticiário, o
mercado de dívidas é muito maior
nos Estados Unidos. Em relação ao
ano de 2007, a dívida abrangia cerca
de 69% dos ativos financeiros da
América, avaliados em US$ 69 trilhões. Taxas de juros aplicáveis à dívida provaram ser uma fonte especialmente útil de informações no
que diz respeito ao futuro. Alguns
dos sinais do mercado provêm do
mercado à vista, enquanto outros
provêm do mercado futuro. O mercado à vista representa transações
nas quais o dinheiro é trocado por
títulos, e o acordo ocorre num prazo
de 30 dias. O spread entre o rendimento nominal das notas do Tesouro dos EUA e o rendimento real dos
títulos do Tesouro protegidos da
inflação oferece informações úteis
com relação à projeção da inflação
feita pelo mercado. O mercado futuro representa transações nas quais
o comprador e o vendedor entram
em um acordo no que se refere
ao preço de um instrumento no
momento atual, mas a execução
do negócio não ocorrerá antes de
meses ou mesmo anos. Os mercados
futuros para fundos federais fornecem uma medida confiável da política monetária projetada.
Diversos sinais emitidos pelo
mercado podem ser identifi cados
a partir do mercado monetário,
enquanto outros são obtidos a partir do mercado de capitais. Um instrumento do mercado de dinheiro
preserva sua maturidade durante
menos de um ano, e o mercado
de capitais negocia títulos que permanecem maduros por mais de um
ano. O spread entre o rendimento
das notas do Tesouro dos EUA de
longo prazo e as letras do Tesouro
dos EUA de curto prazo tem se mostrado uma boa medida da probabilidade de ocorrer uma recessão ao
longo do ano seguinte.
Vários sinais do mercado emanam das dívidas de papéis do Tesouro livres de default, enquanto
ACREFI
Diversos sinais emitidos
pelo mercado podem ser
identificados a partir do
mercado monetário,
enquanto outros são
obtidos a partir do
mercado de capitais
outros provêm das dívidas corporativas de créditos de variadas qualidades. Países e empresas são avaliados
e recebem um grau alto (Aaa/Aa),
médio (A/Baa) ou baixo (Ba/B/Caa)
de acordo com a Moody’s Investors
Service, Standard and Poors e outras
agências de análise de risco de crédito. A precifi cação de dívidas de
alto grau de risco em relação aos
títulos do Tesouro de baixo grau de
risco fornece uma medida especialmente boa da disposição dos investidores de aceitar risco de crédito.
Os investidores evitam dívidas de
alto grau de risco ou dívidas de alto
rendimento quando estão preocupados com o espectro de uma recessão e a inadimplência conseqüente.
Sinais do mercado
Ações do Banco Central – O
Banco Central dos EUA possui diversas ferramentas na forma de políticas disponíveis para fomentar a
estabilidade de preços e encorajar
o crescimento sustentável. Atualmente, o Banco Central utiliza em
grande escala operações de mercado aberto para garantir que os
fundos federais sejam negociados
dentro do corredor definido pelo
Comitê Federal de Mercado Aberto
(Federal Open Market Committee).
A mesa de operações do Banco Central de Nova York compra títulos
para forçar a queda das taxas de
juros de curto prazo e vende títulos
para permitir que as taxas de juros
aumentem. O Banco Central espera
que taxas de juros baixas estimulem empresas e indivíduos a tomarem mais dinheiro emprestado e
investirem em fábricas, equipamen-
9
tos e outros bens duráveis. O investimento de incremento desejado,
feito pelas empresas e pelos indivíduos, tem como objetivo promover
o crescimento. Da mesma forma, o
Banco Central prevê que altas taxas
de juros desencorajarão a tomada
de empréstimos, retardando a taxa
de crescimento da economia e diminuindo a pressão inflacionária.
O Comitê Federal de Mercado
Aberto realiza encontros oito vezes
por ano e, normalmente, fornece
um sinal no que diz respeito à
política monetária na conclusão de
cada encontro. Ao longo da última
década, o Comitê tem publicado
um comunicado para a imprensa
que enfatiza qual é a percepção do
Banco Central com relação à economia, indicando se os riscos de
crescimento lento ou inflação alta
são dominantes. Os observadores
do FED destacam as mudanças utilizando palavras ou frases-chave
no comunicado de uma página. A
seguir estão exemplos de fraseschave dentro de comunicados selecionados para exemplificar variadas fases econômicas de um ciclo
de negócios.
• Economia Fraca (março de 2004):
“Com a inflação muito baixa e a
má utilização de recursos, o Comitê
acredita que pode ser paciente na
revisão de suas políticas de ajuste.”
• Inflação Acelerada (junho de
2004): “O Comitê se responsabilizará pelo aviso de mudanças nas
perspectivas da economia, a fim de
manter a estabilidade dos preços.”
• Ponto Incerto de Inversão de
Tendência da Economia (dezembro
de 2007): “O Comitê continuará a
agir conforme o necessário, de modo
a fomentar a estabilidade dos preços e o crescimento sustentável.”
Esse informe para a imprensa,
acompanhado de outras estatísticas
e indicadores econômicos, permite
que os participantes do mercado
possam projetar ações monetárias
futuras. O Banco Central reduziu as
taxas de juros em 1% nos últimos
quatro meses de 2007, de 5,25%
tendência internacional
para 4,25%, a fim de sustentar
o crescimento e evitar uma recessão desastrosa. Os mercados futuros captam as expectativas dos traders e reduzem a interpretação de
ambigüidade do informe tanto do
ponto de vista econômico quanto do
ponto de vista da língua inglesa.
Os contratos de fundos federais
são negociados no CBOT, que é
comparável à Bolsa de Mercadorias
e Futuros (BM&F) no Brasil. Esses
contratos são comercializados utilizando-se um algoritmo de índice de
preços. O rendimento decorrente é
igual à base 100, menos o índice.
Recentemente, contratos que maturaram em fevereiro de 2008 foram
precifi cados a 95,95 para renderem
4,05% (100 - 95,95), enquanto os
contratos que irão maturar em
agosto de 2008 foram precifi cados
para renderem 3,51% (100 - 96,49).
Claramente, os operadores de mercado acreditam que o FED continuará a reduzir o espectro comercial
das taxas de juros – outros ¾ de 1%
até meados de 2008. Outrossim, os
analistas podem determinar a probabilidade de o Comitê Federal de
Mercados Abertos mudar as taxas
de juros pela seguinte fórmula:
Probabilidade de uma mudança =
(taxa esperada - taxa existente)/
índice de variação da taxa avaliada
Nesse sentido, pergunta-se qual
é a probabilidade implícita de que o
Banco Central irá reduzir as taxas de
4,25% para 4,00% até fevereiro ou
de 4,25% para 3,50% até agosto?
A resposta pode ser dada conforme segue, a saber:
• ¼% de redução até fevereiro =
(4,05% - 4,25%) / -0,25% = 80,0%
• ¾% de redução até agosto =
(3,51% - 4,25%) / -0,75% = 98,7%
O mercado obviamente acredita
que o Banco Central continuará a
reduzir as taxas de juros em 2008
para promover o crescimento econômico, os investimentos em negócios, os gastos pessoais e o emprego
As notas do Tesouro dos
EUA dão aos investidores
um retorno nominal, que
inclui taxa real de retorno e
inflação projetada
em vez de adiar a inflação. O Comitê
Federal de Mercado Aberto leva em
consideração o que o mercado acredita que irá fazer antes de tomar
uma decisão monetária. Os titulares do Banco Central sinalizam
suas intenções monetárias à medida que os indicadores econômicos
são divulgados em pronunciamentos públicos e artigos técnicos diversos que são publicados. Cabe ao
Banco Central de cada país a responsabilidade de manter a estabilidade dos preços.
Expectativas inflacionárias – Indicadores econômicos, como o
Índice de Preços ao Consumidor
(IPC) ou o Índice de Preços por Atacado (IPA), oferecem evidência de
preços históricos.
Os mercados financeiros fornecem um método de projetar a pressão dos preços, que é de importância decisiva para os tomadores
de decisão. As notas do Tesouro
dos EUA dão aos investidores um
retorno nominal, que inclui uma
taxa real de retorno e a inflação
projetada. Se existe uma projeção
de aceleração dos preços de bens
e serviços, os investidores vendem
as notas do Tesouro, e as ações
resultantes conduzem a rendimentos mais altos para compensar perTabela 1
das no poder aquisitivo. Os títulos
do Tesouro dos EUA protegidos da
inflação (TIPS – Treasury InflationProtected Securities) dão aos investidores um retorno real à medida
que mudanças históricas nos preços
ao consumidor são adicionadas ao
valor ao par dos TIPS a cada seis
meses. Ao subtrair o rendimento
real dos TIPS do rendimento nominal das notas do Tesouro, um analista é capaz de obter uma projeção
da futura mudança nos preços.
A tabela 1 ilustra as projeções de
inflação do mercado durante três
fases recentes, distintas entre si, do
ciclo de negócios. Diversos membros do Comitê Federal de Mercados Abertos preferem que a inflação varie entre 1% e 2%. Se os preços estiverem subindo a uma taxa
inferior a 1% ao ano, os tomadores
de decisão fi carão preocupados com
o fato de que uma deflação debilitante poderá levar a um período
prolongado de crescimento anêmico ou recessão, comparável ao
que foi vivido pelo Japão ao longo
da última década.
Embora o Banco Central tenha
sempre visado aos preços-núcleo,
que removem os custos de energia
volátil e de alimentos, determinados
membros votantes passaram recentemente a direcionar mais atenção
ao desajuste da inflação. Aumentos
de preço persistentes e projetados
de 2% ou mais ao ano são considerados inaceitáveis. Antes da recessão de 2001, o mercado projetava
uma pequena inflação (por exemplo, 1,3%), devido ao alto desemprego e à signifi cativa capacidade
ociosa. Em função das baixas expectativas de inflação, o Banco Central
O spread da inflação e o ciclo de negócios
(Expectativas médias e anuais de preço ao consumidor ao longo da próxima década)
Rendimento no mercado
Recessão
Retomada
Expansão
Corrente
Nota de 10 anos
4,9%
4,1%
5,2%
4,1%
TIPS de 10 anos
-3,6%
-2,5%
-2,6%
-1,8%
Inflação
1,3%
1,6%
2,6%
2,3%
10
FINANCEIRO
foi capaz de reduzir o espectro comercial das taxas de juros em 4,75%
em 2001, de modo a fortalecer
um desempenho econômico que se
mostrava lento. As expectativas de
inflação aumentaram antes da recuperação de 2003, pulando para
uma taxa ainda aceitável de 1,6%
ao ano; o Banco Central manteve as
taxas de juros baixas.
Por outro lado, o Banco Central
elevou as taxas de juros no momento em que as pressões dos preços
ultrapassaram os limites da política
antes da expansão de 2005.
Nesse sentido, é relevante perguntar-se: qual é a percepção atual
da inflação e como ela irá impactar
a economia dos EUA por meio de
ações monetárias?
Atualmente, a projeção do mercado é de uma inflação média anual
de 2,3% ao ano para a próxima
década. Trata-se de uma projeção
bem mais baixa do que a recente
mudança anual nos preços de 4,3%.
O mercado acredita que um crescimento econômico mais lento irá
moderar as pressões dos preços.
Contudo, se os preços continuarem
a subir numa taxa superior a 2% ao
ano – especialmente preços-núcleo
obtidos a partir do Índice de Gastos
de Consumo Pessoal –, o Banco Central enfrentará um dilema: deverá
elevar as taxas de juros sobre fundos federais para conter as expectativas inflacionárias ou continuar
a reduzir as taxas para promover
o crescimento? Conforme indicado
pelo trecho a seguir do último Programa de Políticas Monetárias, “o
Comitê continuará a atuar da forma
necessária para promover a esta-
A projeção é a de que
as taxas de juros baixarão
nos próximos anos, enquanto
a economia luta com os
desajustes e as
inadimplências no mercado
de empréstimos habitacionais
bilidade dos preços e o crescimento sustentável”. O mercado ficará
convencido de que o Banco Central
reduzirá as taxas de juros para estimular o crescimento, mas é crucial
continuar a avaliar as tendências
de preço. Caberá ao Banco Central
manter a estabilidade dos preços,
e o Comitê Federal de Mercados
Abertos acredita ser esta sua principal finalidade.
Crescimento econômico – A curva
de rendimento fornece uma relação
gráfi ca entre o rendimento e o período de tempo remanescente de
um título do Tesouro dos EUA. A
inclinação da curva de rendimento
refl ete parcialmente as expectativas
das taxas de juros no futuro. Uma
curva de rendimento com inclinação ascendente sugere que o mercado espera que as taxas de juros
aumentem no futuro. As taxas de
juros aumentariam se a demanda
privada por fundos aumentasse, se
a inflação disparasse e o Banco
Central implementasse uma política
monetária de ajuste. A curva de
rendimento tem, no presente período, a forma de um disco voador.
Conseqüentemente, a projeção do
mercado é a de que as taxas de
juros baixarão nos próximos anos
Tabela 2
O spread da curva de rendimento e o ciclo de negócios
Rendimento do mercado
Recessão
Retomada
Expansão
Corrente
Nota de 10 anos
4,9%
4,1%
4,3%
4,1%
Letra de 3 meses
-5,8%
-1,2%
-3,1%
-3,0%
Inflação
-0,9%
2,9%
1,2%
1,1%
Probabilidade de recessão
52,4%
0,3%
6,8%
7,8%
ACREFI
11
enquanto a economia luta com os
desajustes e as inadimplências crescentes no mercado de empréstimos
habitacionais e com o acesso restritivo ao crédito.
Nesse sentido, taxas de juros baixas em países desenvolvidos correspondem a uma economia fraca.
E, como forma de antecipação de
movimentos macroeconômicos, um
spread da curva de rendimento
pode ser usado – e efetivamente o é
– para fazer uma estimativa quanto
ao crescimento ou contração econômica nos Estados Unidos.
O spread da curva de rendimento
é definido como a diferença de rendimento entre notas do Tesouro dos
EUA de dez anos e letras do Tesouro dos EUA de três meses. O spread
da curva de rendimentos durante
o ciclo de negócios passado obteve
uma média de 1,6%. Como é mostrado na tabela 2, o spread era de
-0,9% antes da recessão de 2001.
Um spread negativo é consistente
com expectativas de baixas taxas
de juros, comuns a uma recessão.
O spread aumentou para 2,9%,
valor maior do que o normal, antes
da recuperação de 2003 e permaneceu relativamente alto em 1,2% na
expansão de 2005.
Com base em pesquisas realizadas por economistas junto ao
Banco Central de Nova York, os
analistas podem estimar a probabilidade de uma recessão nos EUA
dentro dos próximos 12 meses, fundamentando-se no spread ². A probabilidade de que uma recessão
ocorra no próximo ano é igual
à distribuição cumulativa normal
de: -0,6045 menos 0,7374 vezes o
spread. Os coeficientes foram obtidos estatisticamente para melhor
prever recessões subseqüentes. Por
exemplo, se o spread é de 1,6%,
a probabilidade é igual a NORMSDIST (-0,6045 - 0,7374 x 1,60) ou N
(-1,78). A área coberta pela curva
normal a 1,78 desvio-padrão é de
46,25%; portanto, a probabilidade
típica de uma recessão nos EUA é o
residual à esquerda do referencial
tendência internacional
ou 3,75%. A tabela 2 ilustra a probabilidade resultante de ocorrência de uma recessão no ano subseqüente para cada uma de três
fases históricas do ciclo de negócios. Observe-se a alta probabilidade de uma queda anterior à recessão e a baixa probabilidade anterior a uma retomada.
A tabela 2 sugere que a probabilidade atual de que ocorra uma
recessão nos Estados Unidos até
2009 é menor do que 10%. A
razão de essa probabilidade ser tão
baixa pode ser encontrada nas ações
preventivas realizadas pelo Comitê
Federal de Mercados Abertos em
relação a setembro de 2007, quando
as taxas de juros foram cortadas
na razão de ½ de 1%, valor incomumente alto, além das duas reduções subseqüentes de ¼ de 1%. O
spread se igualou a -0,4% no início
de 2007, quando a probabilidade
implícita de uma recessão era de
aproximadamente 40% já em 2008.
Uma queda irá ocorrer se as empresas forem incapazes de obter crédito para financiar capital de giro
e investimentos de capital e/ou
se houver uma escalada de problemas no mercado de habitação que
afetem desfavoravelmente outras
indústrias, incluindo madeira de
construção, concreto, móveis e utensílios domésticos.
O mercado acredita que o Banco
Central continuará a cortar o espectro comercial dos fundos federais
na mesma razão de ¾ de 1% em
2008, à medida que o Banco Central inclinar-se em direção à ressuscitação da economia, em vez de
prevenir uma disparada de preços.
Embora o Banco Central possa alterar – e de fato altere – a política
monetária em época de eleição presidencial, a projeção do mercado
é de que ele efetue essas mudanças um pouco antes de novembro
de 2008, quando o novo presidente
dos EUA já estará eleito.
Aversão ao risco de crédito – O
spread do crédito reflete a diferença
de rendimento entre títulos de matu-
De acordo com padrões
históricos, o atual
spread do crédito
corporativo, equivalente a
2,8%, permanece
relativamente baixo
ridade comparável, porém de qualidade de ativo diferente. O spread
de obrigações corporativas de grau
baixo fornece uma medida especialmente boa da percepção e tolerância
do mercado com relação ao risco de
crédito. O spread do crédito é definido como a diferença entre obrigações corporativas de grau baixo
(ex. avaliações de crédito Ba/B/Caa)
e obrigações do Tesouro dos EUA de
longo prazo. O spread de obrigações
corporativas de grau baixo aumenta
quando os traders acreditam que a
economia irá enfraquecer e os investidores procuram a segurança das
obrigações default-free do Tesouro
dos EUA. O spread das obrigações
corporativas diminui quando os investidores buscam rendimentos mais
altos e existe menor preocupação no
que diz respeito à inadimplência.
A tabela 3 ilustra a disposição
do mercado em assumir risco de
crédito ao longo de diferentes fases
do ciclo de negócios. Observe que o
spread do crédito se expande antes
de uma recessão e permanece alto
até o começo da retomada, uma
vez que os investidores estão buscando segurança. Em contraste, o
spread se retrai até níveis muito
baixos na expansão, já que os investidores estão buscando rendi-
mentos mais altos em vez de investimentos mais seguros.
Em suma, o spread do crédito
pode ser usado para confirmar
outros indicadores previstos. E este
aumenta quando há uma projeção
de maior inadimplência devido à
fraqueza econômica, e diminui à
medida que a confiança retorna aos
mercados monetário e de capitais.
O spread do crédito baixou para
menos de 2,0% em 2007, no momento anterior ao encolhimento
do crédito que aconteceu após
revelações de crescentes perdas
de empréstimos habitacionais subprime em muitas obrigações de
dívidas colateralizadas. Devido a
perdas volumosas de crédito assumidas subseqüentemente pelo Citibank, Merril Lynch e outras instituições mundo afora, o mercado
está novamente preocupado com
a qualidade do ativo. Ainda assim,
de acordo com padrões históricos,
o atual spread do crédito corporativo, equivalente a 2,8%, permanece relativamente baixo.
Pesquisas conduzidas pelos serviços Moody’s Investors mostram que
1,3% das obrigações corporativas de
qualidade “Ba” entram em default
em um ano ao longo do ciclo de negócios, enquanto a taxa de default
pula para 6,5% no caso das obrigações de qualidade “B”. As taxas de
default são acentuadamente mais
altas durante uma recessão. O pequeno spread do crédito de obrigações corporativas referente a 2008
sugere que o mercado está confiante de que o Banco Central irá
elaborar uma política monetária
que promova o crescimento econômico e evite uma recessão.
Tabela 3
O spread do crédito e o ciclo de negócios
Rendimento do mercado
Recessão
Retomada
Expansão
Corrente
Corporativas de grau baixo
12,8%
11,1%
7,1%
7,4%
Tesouro de longo prazo
-5,7%
-4,7%
-4,6%
-4,6%
Inflação
7,1%
6,4%
2,5%
2,8%
12
FINANCEIRO
Resumo
Os mercados financeiros oferecem informações úteis para que
se possa fazer projeções de uma
economia utilizando-se dados em
tempo real. Tanto os investidores
quanto os tomadores de empréstimos e exportadores estão preocupados com as tendências financeiras
e econômicas de parceiros-chave de
negócios. Os mercados futuros para
fundos federais fornecem projeções
da política monetária esperada. A
projeção do mercado é a de que o
Banco Central dos EUA continuará
a reduzir as taxas de juros em 2008
a fim de diminuir a probabilidade
de uma recessão. O mercado de
capitais para as notas do Tesouro
dos EUA e TIPS fornece informações
quanto à inflação projetada que são
primordiais para a maioria dos banqueiros centrais.
A inflação média anual projetada pelo mercado é de cerca de
2,3%. A taxa de inflação decorrente
é muito menor do que a observada
nos EUA ao longo do ano passado,
mas, ainda assim, é mais alta do que
gostariam muitos membros votantes do Banco Central. Se a inflação
disparar, o Banco Central terá poucas alternativas além da que consiste em abandonar a política monetária de ajuste em vigor e adotar
uma política mais restritiva.
O spread da curva de rendimento obtido a partir da diferença
no rendimento entre notas do Tesouro de 10 anos e letras do Tesouro de três meses revelou-se uma
As mensurações de mercado
fornecem aos criadores de
políticas monetárias e aos
executivos uma fonte
barata e confiável de
descoberta de preço
medida útil para a previsão da probabilidade de uma recessão nos
EUA. A probabilidade de ocorrer
uma recessão nos Estados Unidos
nos dias que correm, a considerar
março de 2008, é menor do que
10%, valor bem mais alto do que a
média de 3,75% que acompanha o
ciclo de negócios.
A probabilidade de uma recessão chegou a quase 40% em 2007,
no período anterior aos cortes de
taxas agressivos conduzidos pelo
Banco Central.
O spread do crédito equivale à
diferença de rendimento entre obrigações corporativas de grau baixo
e obrigações do Tesouro defaultfree. O spread do crédito aumen-
tou signifi cativamente ao longo do
último ano, mas permanece baixo
pelos padrões históricos, uma vez
que a projeção do mercado é a de
que o Banco Central irá seguir um
curso de ação que afaste a economia dos EUA de uma recessão.
A disparada da inflação é o riscochave que poderia alterar as expectativas do mercado e impedir que
o Banco Central fizesse novos cortes nas taxas de juros a fim de resguardar o crescimento, permitindo
que os bancos oferecessem crédito
a custo baixo para a pessoa jurídica
e a pessoa física.
O mercado incorpora novos dados
instantaneamente quando estes são
diferentes do que se esperavam previamente. As mensurações de mercado fornecem aos criadores de políticas monetárias e aos executivos
uma fonte barata, porém confiável,
de descoberta de preço, fonte esta
que é útil para projetar condições fi nanceiras e econômicas.³
Tradução de Fernanda Cruz Perrone
Kasznar – [email protected]
Referências selecionadas
1. Gosnell TF, Kolb RW. “Accuracy of International Interest Rate Forecasts” in: The Financial Review.
Agosto de 1997.
2. Estrella A, Trubin MR. “The Yield Curve as a Leading Indicator: Some Practical Issues” in: Current
Issues in Economics and Finance of the Federal Reserve Bank of New York. Julho /Agosto de 2006.
3. Os leitores interessados podem ler os “Indicadores Globais”, com material comparável ao apresentado
neste artigo, a cada trimestre, da autoria do Professor William C. Handorf, publicados pela Escola de
Negócios da Universidade George Washington.
(http://www.gwu.edu /~business/news/indicators.htm).
Assessoria financeira, assessoria jurídica e cobranças administrativas
• Cobranças amigáveis (CDC, Leasing e cartões)
• Jurídico (Banco autor e Banco réu)
• Reintegração de posse
• Busca e apreensão
Atuação em São Paulo, Grande São Paulo e filiais em Santos (cobrindo todo o litoral),
Bauru e Sorocaba.
www.sotopietra.com.br
ACREFI
13
Rua 15 de Novembro 184, 14º Andar - CEP: 01013-000 - São Paulo - SP - Tel: 11 2101-2500
crise externa
Luciano Zafalon
O Brasil é uma ilha
ANA CARLA ABRÃO COSTA, ECONOMISTA-CHEFE DA
TENDÊNCIAS CONSULTORIA INTEGRADA
A duração dessa situação favorável
depende, principalmente, da capacidade de resposta do governo brasileiro. E, definitivamente, é exatamente
nesse detalhe que está o Diabo.
A crise externa começou a dar
uma vaga idéia das suas proporções
em agosto de 2007 e, agora, está
definitivamente instalada. A economia americana já dá sinais claros de
fraqueza, com indicadores de atividade (figura 1) e de mercado de trabalho (figura 2), mostrando os impactos da retração do crédito que, a
bem da verdade, só começou. Além
disso, os dados de consumo e investimento já apontam para uma economia em processo de correção.
Com isso, a percepção de uma
economia com recuo do produto em
dois trimestres consecutivos – definição teórica de recessão – já é quase
consensual. A dúvida se deslocou para
a intensidade e duração do ajuste,
para a destruição de riqueza que este
irá gerar e, mais, para o tamanho e
o impacto das perdas que as instituições financeiras ainda têm a reconhecer. Tem-se, portanto, uma crise
concreta e, embora inicialmente concentrada no mercado imobiliário dos
Estados Unidos, ela hoje avança as
fronteiras americanas e já resvala
na Europa e no Japão. Certamente,
outros países entrarão em crise pelos
canais financeiro e/ou comercial que
O País coleciona um amplo
conjunto de reformas
institucionais feitas ao longo
de 20 anos
os ligam aos Estados Unidos.
E o Brasil neste cenário? Acostumado a entrar em crise junto com
qualquer soluço da economia internacional, houve quem decretasse o final
do curto círculo virtuoso do último
ano: câmbio em trajetória de apreciação, mercado de crédito ativo e em
processo de aprofundamento e abundantes fluxos financeiros – principalmente de investimento estrangeiro
direto. O preço a pagar? Inflação mais
alta e crescimento mais baixo, interrompendo, assim, a trajetória de convergência dos juros para patamares
historicamente baixos. Não se pode
culpar quem apostou nisso em agosto
de 2007 – quando a crise externa
começou a se delinear – nem tampouco quem revisou seu cenário no
início deste ano, quando as perdas
do mercado acionário pareciam nos
levar para uma devolução de ganhos
de anos juntamente com o resto do
ISM da indústria
Figura 1
65
60
55
50
45
40
35
30
jan
00
jul
00
jan
01
jul
01
jan
02
jul
02
jan
03
jul
03
jan
04
jul
04
jan
05
jul
05
jan
06
jul
06
jan
07
jul
07
jan
08
Fonte: Bloomberg. Elaboração: Tendências.
14
FINANCEIRO
mundo. Afinal de contas, sempre foi
assim na história desse país. Por que
haveria de ser diferente agora?
Pois bem, há motivos de sobra para
que seja diferente. O Brasil de hoje
é muito diferente do Brasil de outros
momentos de crise. Assim como o
mundo de hoje é um mundo muito
diferente daquele de outros momentos de crise (como, por exemplo, nos
anos 70 e na crise do petróleo ou
no início dos anos 20 com a crise das
empresas de tecnologia americanas).
Em se tratando de Brasil, a diferenciação é clara. Hoje, o País coleciona um amplo – e importante – conjunto de reformas institucionais (feitas, deve-se esclarecer, ao longo dos
últimos 20 anos). Esse conjunto tornou
o País estruturalmente mais sólido. Só
para dar alguns exemplos mais importantes, tivemos a adoção de uma política de superávits primários que foi
fundamental para resgatar a crença na
solvência doméstica, e um Banco Central independente – de fato, embora
não de direito – que garantiu a austeridade na condução da política monetária e que hoje completa oito anos
de um regime de metas de inflação
comemorando a conquista da estabilidade de preços. Podemos citar também as taxas de inflação e a volatilidade do nível de preços, que atingiram patamares recordes de baixa
(figura 3), e o câmbio flutuante, que
fez emergir ineficiências e permitiu
ajustes que hoje se traduzem em
ganhos de produtividade e, mesmo
que temporariamente, em ajuda adicional ao cenário de inflação.
O resultado dessa combinação de
fatores é uma trajetória cadente de
juros e o conseqüente destravamento
de uma economia que descobriu
motores domésticos de crescimento
há muito adormecidos. Junte-se a isso
a queda da vulnerabilidade externa
(via combinação de reservas elevadas
com redução da dívida pública externa) e temos uma situação inédita.
Do ponto de vista da economia
mundial, também houve mudanças,
embora os Estados Unidos ainda
sejam, de longe, a economia mais imACREFI
portante do globo – mérito que há
de se dar à China, em particular, e
à Ásia, de maneira geral, quando se
fala em crescimento. E, a par de um
colapso chinês que, diga-se aqui, não
faz parte do nosso cenário com probabilidade relevante, ainda teremos
um mundo crescendo. E crescendo a
taxas muito próximas à média das
últimas 30 décadas de 3,8% ao ano.
Neste contexto, o Brasil continuará como está hoje: uma ilha no que
se refere à saúde do seu sistema fi -
nanceiro – e, portanto, de seu processo de expansão do crédito –, de
seu saldo comercial, de sua taxa de
câmbio e, conseqüentemente, de sua
inflação e crescimento. Uma situação confortável no contexto internacional atual. Mas a duração dessa
situação depende, contudo, menos
da intensidade e duração da crise
e mais da capacidade de resposta
do governo brasileiro. E, definitivamente, é exatamente nesse detalhe
que está o Diabo.
Criação de empregos e taxa de desemprego
Figura 2
300
5,1
250
5
4,9
200
4,8
150
4,7
100
4,6
50
4,5
4,4
0
4,3
- 50
4,2
4,1
- 100
jul - 06 set - 06 nov- 06 jan- 07 mar- 07 mai - 07 jul - 07 set - 07 nov - 07 jan - 08
Criação mensal de vagas
Média de doze meses
Taxa de desemprego
Fonte: Bureau of Labor Statistics. Elaboração: Tendências.
Inflação acumulada e volatilidade em 12 meses
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
dez
96
dez
97
dez
98
dez
99
volatilidade
dez
00
dez
01
dez
02
dez
03
dez
04
dez
05
dez
06
dez
06
IPCA 12 meses
Fonte: IBGE. Elaboração: Tendências.
15
EDF
artigo
Arquivo ACREFI
A comunicação de alienação
do veículo financiado
Conforme notícias divulgadas
pelo Departamento Nacional de
Trânsito (Denatran), mudanças serão
efetuadas no Documento Único de
Transferência (DUT) de veículos para
reforçar a obrigatoriedade de comunicação das vendas de veículos ao
Departamento Estadual de Trânsito
(Detran) e evitar que o antigo proprietário seja responsabilizado por
infrações posteriores à venda.
Nos atuais DUTs, o texto sugere
que a venda ou transferência de
propriedade “poderá” ser comunicada pelo vendedor. Entretanto, o
Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
determina que, em caso de venda do
veículo, o antigo proprietário deverá
encaminhar ao órgão de trânsito de
seu Estado uma cópia autenticada
do comprovante de transferência,
assinado e datado.
O novo documento, que deverá
estar disponível a partir de julho de
HORACIO L. N. CATA PRETA, DIRETOR EXECUTIVO DA CENTRAL DE SERVIÇOS
FENASEG/CNSEG
Alterações deverão
provocar diversas mudanças
nas rotinas operacionais
dos bancos e financeiras
2008, terá um texto mais explícito
quanto ao dever de comunicar a
venda do veículo para que não
tenha que responder por ocorrências após a transferência. Outras
alterações também poderão ser feitas, como a inclusão de mais informações sobre o veículo e as condições da transferência.
Ainda de acordo com o Denatran, as mudanças também têm
o objetivo de evitar que vendedores e compradores de boa-fé
sejam enganados e surpreendidos
por multas. O prazo de seis meses
para a entrada em vigor do novo
DUT é necessário para que as alterações sejam estudadas e submetidas à avaliação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
As alterações acima deverão provocar diversas mudanças nas rotinas
operacionais dos bancos e financeiras que operam com leasing e financiamentos com alienação fiduciária
de veículos, especialmente usados,
uma vez que exigirá maior cuidado
com a documentação e a rápida
comunicação da transferência de
propriedade ao Detran, dentro do
prazo legal de 30 dias.
Instruções aos financiados e um
acompanhamento adequado necessitarão ser implantados para que
não ocorram repercussões negativas para a instituição.
([email protected])
Tudo o que você precisa para se comunicar bonito.
Numa empresa só.
design gráfico/web design
11 3081-3383 www.edf.com.br
ACREFI
17
projeções
Flávio Roberto Guarnieri
O crescimento brasileiro
TEREZA MARIA FERNANDEZ DIAS DA SILVA, SÓCIA DA MB ASSOCIADOS
A crise imobiliária americana,
que abalou o seu mercado de crédito e está levando a uma forte desaceleração na sua economia, parece não estar trazendo conseqüências maiores ao Brasil. O ano de 2007
se encerrou com um crescimento do
Produto Interno superior a 5%, e
2008 começou com dados de indústria (+8,5%) e comércio (+10,7%)
ainda muito fortes. Na verdade, as
vendas de janeiro de 2008 foram
superiores às de dezembro de 2007,
o que nunca tinha ocorrido no Brasil. O setor automobilístico segue
muito aquecido. Nos primeiros dois
meses do ano, foram comercializados perto de 400 mil automóveis
e comerciais leves zero quilômetro,
crescimento de 39,1% quando
comparado com igual período do
ano passado. Esse nível de atividade preocupou nossas autoridades
monetárias, como fi cou claro na ata
do Copom de março, quando explicitou alta probabilidade de elevação na taxa básica de juros (Selic) já
no mês de abril.
O crescimento dos países emergentes, em especial países como
China e Índia, justifica, em parte,
o nosso crescimento. A demanda
desses países por alimentos e matérias-primas, dos quais somos fornecedores, elevou o preço dessas
commodities a recordes históricos,
A estabilidade da economia
e a queda da taxa de juros
tornaram o crédito mais
acessível às camadas de
menor renda
Tabela 1
o que fez com que as empresas
brasileiras desses segmentos investissem de forma acentuada. Setores como mineração, petróleo e
gás, siderurgia e aqueles ligados ao
agrobusiness ampliaram a sua capacidade produtiva com a implantação de novas unidades ou com
ampliação das preexistentes. Esses
investimentos geraram crescimento
nas suas cadeias fornecedoras, ampliando a oferta de emprego e da
Balanço de transações correntes - US$ bilhões
Ano
Transações Correntes
Balança Comercial
2007
2008 P
3,3
-8,7
40,0
28,5
Exportações
160,6
178,5
Importações
-120,6
150,0
-40,8
-41,0
Serviços e Rendas
Juros
-7,2
-5,0
Lucros e Dividendos
-21,4
-23,0
Outros
-12,2
-13,0
Transferências Unilaterais
4,1
3,8
Transações Correntes (% do PIB)
0,3
-0,6
Fonte: BACEN.
(*) MB Associados 1/2/2008. As projeções de 2008 supõem taxa média de câmbio de R$ 1,75/US$ e
que não haja nenhuma turbulência de natureza financeira no mercado internacional.
A previsão de crescimento do volume de comércio mundial pelo FMI é de 6,7% para 2008 (IMF World
Economic Outlook Oct-07).
18
FINANCEIRO
PIB: pelo lado da demanda
Gráfi co 1
Consumo das famílias
Consumo do governo
FBCF
Exportações líquidas
5,0
4,0
4,0
3,3
2,8
3,0
2,4
1,7
1,6
2,0
1,2
1,0
0,6
0,6
Nos dois primeiros meses do
0,0
ano, as exportações evoluíram
-1,0
20%, enquanto as importações
-1,5
-2,0
-1,6
-1,6
2006
cresceram 50%
2008
2007
Fonte: IBGE. Elaboração e Projeções: MB Associados.
Forte crescimento das importações
Gráfi co 2
US$ milhões
6000
5300
4600
3900
3200
2500
Jan-Mar*/08
Jan-Mar*/07
1800
1100
400
-300
Exportações
Importações
Saldo
19,19%
51,1%
-72,99%
(*) Até a 1ª semana
-1000
mar/06
jun/06
set/06
dez/06
mar/07
jun/07
set/07
dez/07
mar/08
Fonte: MDIC. Elaboração: MB Associados. (*) Dado de fevereiro referente a média diária mensalizada.
massa salarial da economia como
um todo. O potencial de demanda
da população brasileira foi ainda
ampliado pelos recursos injetados
na economia pelos programas sociais do governo. Esse aumento de
massa, a estabilidade da economia,
que facilitou a ampliação do prazo
dos financiamentos, e a queda das
taxas de juros tornaram o crédito
mais acessível para as camadas de
menor renda. O conjunto favorável dessas variáveis ajudou o mercado imobiliário, que, depois de
duas décadas estacionado, voltou a
ACREFI
crescer. O resultado está expresso
nos números (gráfico 1).
Por outro lado, esse crescimento implicou uma reversão significativa na nossa balança comercial
(tabela 1). O fato em si não preocupa no curto prazo, porque as
reservas brasileiras encontram-se
em um patamar bastante elevado,
projetando para o final do ano um
valor próximo a US$ 200 bilhões.
Mas as dúvidas sobre a continuidade desse processo e seu impacto
nas nossas contas externas começam a aparecer. Nos dois primeiros
19
meses do ano, as exportações evoluíram 20%, enquanto as importações cresceram 50%, trazendo
o nosso saldo comercial para um
valor negativo no acumulado do
ano (gráfico 2) e projetando uma
redução no seu resultado para o
ano de 2008 significativa. Os analistas começam a rever as suas
projeções e a se preocupar com
a transmissão dessa preocupação
para a cotação do real, gerando
um início de inquietação em relação ao círculo virtuoso que estamos vivendo.
Até o momento, os recursos externos estão chegando a um volume
suficiente para manter o real valorizado, pois a liquidez do sistema
internacional segue bastante elevada.
Contudo, uma crise de crédito mais
acentuada no mercado internacional
poderá implicar, no futuro, diminuição nesse fluxo que se reflita no
nosso mercado cambial.
Temos, portanto, que ficar atentos aos desdobramentos da crise americana e das possíveis conseqüências
para o Brasil.
artigo
Divulgação
A recessão americana e
suas conseqüências
Usando modelos que
consideram situação de
estresse, as simulações
indicariam a
necessidade de uma
resposta mais aguda
Gráfico 1
SERGIO VALE, ECONOMISTA-CHEFE DA MB ASSOCIADOS
Os dois últimos meses foram marcados pela mudança inesperada da
política monetária americana, que
baixou tempestivamente os juros em
0,75 ponto percentual no dia 22 de
janeiro e 0,5 p.p. na reunião do dia
30 de janeiro, o que significa fedfunds de 3%. Historicamente, a primeira decisão foi uma queda fora
dos padrões, tanto pela magnitude
quanto por ter sido feita uma semana
antes da reunião oficial. Há embasamento teórico sugerido por um
dos membros do FOMC, Frederic
Mishkin, para justificar tal queda.
São modelos que incorporam situações de estresse financeiro nas simulações e pressupõem duas hipóteses
básicas para justificar queda tão elevada. Primeiro, a idéia de que os últimos acontecimentos poderiam acelerar as hipóteses com as quais o mercado trabalhava. É mais do que uma
profecia auto-realizável. Na verdade,
é a aceleração da profecia auto-realizável que justificaria a atuação mais
rápida do Banco Central. Em segundo lugar, os modelos tradicionais
EUA - yield curve (spread entre o juro de longo prazo – 10 anos – e o juro de curto
20
FINANCEIRO
usam hipóteses lineares e com muita
inércia, ou seja, em situações de mudança repentina do cenário esses
modelos captam muito lentamente
os novos parâmetros. Usando essa
modelagem, o FED seria instado a
baixar os juros talvez em 0,25 p.p.
apenas. Mas, usando modelos que
consideram situação de estresse, as
simulações indicariam a necessidade
de uma resposta mais aguda em situações de crise. Isso justificaria a magnitude de 0,75 p.p. de queda. Assim,
teoricamente, o BC tinha embasamento suficiente 10 dias antes da
decisão e da piora do mercado para
decidir pelo que fez.
Seguindo essa nova linha de pensamento, desde janeiro o FED tem
aumentado a dose de medidas para
tentar diminuir os efeitos da crise.
No dia 16 de março, diminuiu a primary credit rate de 3,5% para 3,25%,
tentando dar mais liquidez ao mercado e deve continuar fazendo políticas nesse sentido.
A continuar a tendência de tentar resolver rapidamente a crise,
devemos esperar mais quedas nos
fed-funds nas próximas reuniões,
podendo chegar a algo como 2%
no final do ano, ou até menos do
que isso.
prazo – T-bills de três meses)
ACREFI
De qualquer forma, a volatilidade
deve continuar ainda neste primeiro
semestre. Basicamente porque nem
todos os ajustes no subprime foram
feitos ainda. Grande parte das hipotecas foi feita com cláusulas de aumento de juros apenas dois anos
depois do contrato. Como muitas dessas hipotecas foram feitas nos últimos dois anos, é evidente que perdas ainda terão que ser reveladas no
mercado. Isso significa, basicamente,
volatilidade no mercado financeiro,
entendido isto como grandes alterações em ações e câmbio, pelo menos
no primeiro semestre deste ano.
A essa altura, as medidas tomadas não conseguiriam debelar a recessão por conta das defasagens de
política monetária que, no caso americano, são de um ano em média.
Ou seja, apenas no segundo semestre poderíamos ver recuperação por
conta da queda de juros iniciada no
segundo semestre do ano passado.
O modelo da MB de previsão de recessão, que usa um modelo Probit
com base no spread da taxa de juros
dos títulos de 10 anos em relação às
T-bills de três meses (gráfico 1), indicava, desde o ano passado, mais de
60% de chance de os EUA já estarem
em recessão no primeiro trimestre
A continuar a tendência
de tentar resolver
rapidamente a crise,
devemos esperar mais
quedas nos fed-funds
Fonte: Federal Reserve. Elaboração: MB Associados. Nota: áreas marcadas em cinza são períodos de recessão.
21
artigo
Para a economia
brasileira, a demanda
doméstica e seus
impactos inflacionários
deverão ser mais
importantes para o BC
mudar sua política
monetária
deste ano (gráfico 2). O spread conseguiu antecipar as últimas seis recessões nos EUA, com indicações variadas de probabilidade de ocorrência.
O spread entre os títulos de longo
prazo e de curto prazo é um bom indicador de desaceleração da economia. Quando a taxa de curto prazo
está acima da de longo prazo, sinalizaria que a taxa de curto teria que
tender a voltar a um equilíbrio de
longo prazo, ou seja, o mercado indicaria pelos títulos longos que a taxa
curta está acima do equilíbrio. A conseqüência disso é que uma possível
desaceleração da economia poderia
estar a caminho nos meses seguintes
após a inversão do spread. Os números são cada vez menos ambíguos,
indicando, de fato, a ocorrência de
queda no PIB neste primeiro semestre, configurando a classificação clássica de recessão. Com isso, o PIB americano deve crescer próximo de 1%
este ano, com viés de baixa.
Como isso impacta no mundo?
Continuamos com o cenário de decoupling, em que a Ásia e a Europa desaceleram, mas não intensamente. Isso
significa que a China continua crescendo próximo de 10%, talvez 1,5
ponto percentual a menos do que
2007, e a Europa cresça em torno de
1,5%, o que não é desastroso para
Gráfico 2
os padrões europeus, já que fica próximo do crescimento potencial desse
continente. As recentes projeções do
Fundo Monetário Internacional vão
nesse sentido, com previsão de crescimento mundial de 4,1% em 2008,
abaixo dos 4,8% projetados inicialmente pelo Fundo.
E o decoupling vale para o Brasil?
A continuar a percepção de que a crise
é importante, deve durar todo o primeiro semestre e continuar afetando
os movimentos de câmbio e bolsa, o
cenário para o Brasil não deve mudar
no curto prazo, mas pode ter alterações no longo. Em que sentido? Crises financeiras afetam as expectativas. No caso brasileiro, os investimentos ocorridos em 2007 tiveram forte
presença de investimentos estrangeiros que, num momento de incerteza,
tendem a desacelerar gradualmente.
Provavelmente, as decisões para 2008,
na sua maioria, já devem estar dadas,
mas esse cenário pode comprometer
parcialmente o crescimento do PIB em
2009, num momento em que a economia mundial já deverá estar em recuperação. Entretanto, continua valendo
a hipótese de que, para a economia
brasileira, a demanda doméstica e
seus impactos inflacionários deverão
ser mais importantes para o BC mudar
sua política monetária.
Probabilidade de recessão nos EUA
Fonte: MB Associados. Nota: áreas em cinza são períodos de recessão.
22
FINANCEIRO
EDF
Renato Fogal
momento econômico
Para crescerem e se desenvolverem corretamente, evitando-se erros
e minorando-se desvios, os países,
assim como as empresas, utilizam o
planejamento como ferramenta fundamental de suas estruturas de decisão. E entre os instrumentos que são
aproveitados para desenhar o futuro, esboçam-se e criam-se cenários.
Os cenários do futuro são fundamentais para que se trace e imagine
com lógica e coerência o que pode
vir a ocorrer, a acontecer, no futuro.
Afinal de contas, é no futuro que
se vai viver. E os agentes econômicos desejam viver num espaço temporal futuro cada vez melhor. Para
torná-lo uma realidade palpável, é
preciso levantar a situação atual,
projetá-la e verificar se com ou sem
alterações, mudanças ou influências
de decisão de teor político elas serão
benéficas, neutras ou prejudiciais
aos interesses em pauta.
Fazer e montar cenários é uma
tarefa árdua, complexa e efetivamente difícil. Há inúmeras modelagens, projeções e profecias que os
ditos especialistas fazem, também
com graus de acerto e erro dos mais
variados. Desde tempos imemoriais,
é famosa a tradição cigana da “leitura da vida por vir, através da leitura da palma da mão”. Profetas e
previsões pitorescas e sobre catástrofes que impingem a humanidade são
numerosas no Velho e no Novo Testamento. Nostradamus e suas pro-
Projeções econômicas, visão das
autoridades e perspectivas na
ótica privada – independente.
Porquê da pane
norte-americana?
PROF. ISTVAN KASZNAR, Ph.D., CONSELHEIRO ECONÔMICO DA ACREFI
Economistas criam modelos
projetivos baseados em
conhecimentos
econométricos, estatísticos
e matematicamente
dinâmicos
fecias, ainda dando margem a toda
sorte de interpretações e aplicando-se ao que for possível, tornou-se
famoso por suas previsões.
E os economistas esmeraram-se em
criar modelos projetivos baseados em
conhecimentos econométricos, estatísticos e matematicamente dinâmicos. Olhando para trás, para o espelho retrovisor, lançaram futurologias
projetivas com tintas de destino disponível, pela repetição em maior ou
menor grau do passado, e a isso chamaram de modelos adaptativos.
E quando possível, lançaram-se
para frente, com a formação e geração de modelos entulhados de expectativas, muitas tituladas de racionais,
com vistas a prever o futuro pelo
bom comportamento dos homens.
John Muth foi um predecessor desses
estudos, seguido por Lucas, Phelps,
Cagan e Barro entre outros.
Contudo, apesar do bom esforço
e do bom apelo, muitas projeções
furaram e continuarão furando. Não
apenas porque a economia não é
24
uma ciência exata, ou porque projeções de política econômica envolvem variáveis sutis, abstratas e freqüentemente novas, mas porque a
sociedade não é lógica, nem bemcomportada e menos ainda racional
no sentido clássico.
Os indivíduos possuem uma prioridade principal, eles mesmos. Pode
haver e há tendências favoráveis ao
espírito coletivista, à ação humanitária e à formação e construção do
benefício social. Todavia, o que move
os homens são interesses, freqüentemente curto-prazistas, imediatistas, em que a ganância impera e o
bem se faz como fração distributiva
de bens a doar e presentear após o
sucesso alcançado e almejado.
Desse modo, há boas razões para
que projeções dos modelistas racionais, voltados a uma ou mais mudanças em macro e microvariáveis,
tenham dado resultados irracionais,
ilógicos ou não esperados.
O mundo habituou-se em seu
curso vitoriano do século XIX a agir
de forma pudica e beneficente do
bom-mocismo ao estilo dandy nas
projeções macroeconômicas e empresariais. Os exércitos britânicos ceifavam vidas mundo afora para consolidar, sobre o sangue das suas colônias, seu império ultramarino. No
século XX, a evolução conceptual
do convívio em sociedade aprimorou-se, com a geração de estudos
que mostravam o que é e como paFINANCEIRO
rece ser a realidade. Mas as projeções ainda incorporavam um formato medieval, onde céu, purgatório e inferno poderiam ser o futuro
final de cada um. E isso incutiu uma
noção de ameaça, de culpa e de responsabilidade que desemboca em
possíveis punições, que fizeram não
aparecer, não surgir, o lado irracional, mau, inadequado, fora da lei,
logo transgressor, da humanidade.
E essa desconsideração, que é
muito usual em estudos de economia, política e sociologia, que nem
sempre se atrevem a debater o desagradável, o desonesto, o desabonador, o fetichista e algo parecido,
pode criar distorções e com estas,
erros de projeção e interpretação de
fatos passados, presentes e futuros.
Naturalmente, os cientistas precisam entender que, por abordarem
um assunto complicado e delicado
do ponto de vista ético e comportamental, isso não significa que eles o
estejam praticando. Gary Becker, o
ilustre professor octogenário da Universidade de Chicago, entendeu esse
ponto muito bem e tem feito pesquisas bem variadas em campos outrora
pouco analisados, como os do crime
e da violência, do narcotráfico ou da
produção de bens transgênicos.
No Brasil, contudo, perdura nesse
particular um certo provincianismo
associado a prejulgamentos indesejáveis e é comum ouvir-se, por exemplo, que um estudo sobre o mercado
paralelo de divisas torna uma pessoa especialista em mercado paralelo, logo isso ocorre porque trabalha nele, o que pode ser uma conclusão apressada e errada.
Emerge um sentido pejorativo.
Surge um ambiente de reprovação.
O véu da dúvida e da condenação
se alinha sobre quem se atreve a
estudar temas mais bem legalmente
puníveis. E isso inibe a pesquisa, os
acadêmicos e, dessa forma, reduz o
grau de precisão geral de modelos,
ferramentas e processos decisórios
públicos
e privados.
Gunnar
Murillo, diretor comercial
E do
parece
que a sociedade atual,
Banco GMAC
em que vivemos, ainda tem dificuldaACREFI
O véu da dúvida e da
condenação se alinha sobre
quem se atreve a estudar
temas mais bem
legalmente puníveis
des em desaprender, para ver e enxergar às claras que uma parte da sociedade pode agir com pureza, bondade e inocência. Mas outra, regida
pelas leis informais do banditismo, da
especulação gananciosa sem culpas
nem traumas, da usura ao extremo,
do fascismo, da tirania, do ato
mafioso, da matança e da eliminação
dos inimigos, da produção de bens
e serviços proibidos porque nocivos
à saúde humana – tal como o narcotráfico –, pensa e age diferente. E,
ao agir, se manifesta, muda o rumo
presumido das variáveis macros e microeconômicas e altera projeções.
Some-se a isso um outro caldo de
cultura, o da declaração formal de
projeções, idéias, tendências e políticas, divulgadas por quem está e
exerce o poder.
Do ponto de vista macroeconômico, o que se deseja é, antes de
tudo, macroestabilidade combinadas no curto, no médio e no longo
prazo. Isto é, que exista crescimento
positivo e forte do Produto Interno
Bruto (PIB), auto-sustentável; que
haja um bom e crescente superávit
no Balanço de Pagamentos, o qual
venha a gerar altas reservas internacionais; e que a inflação seja baixa,
mínima e evolua sem artifícios. E que,
no tempo, os investimentos cresçam
e se multipliquem, para gerar mais
renda, empregos e impostos, estes
para sustentar o Estado e as políticas públicas necessárias para assegurar o desenvolvimento com bemestar crescente.
Ora, o investimento é um sacrifício que renderá – se render mesmo
algo – frutos no futuro. E para
25
obtê-lo, assim como para criar a
rota de estabilidade macro, é preciso confiar no futuro, acreditar
que o futuro será bom, promissor,
gerador de bonança, enriquecedor,
enfim, alvissareiro.
Como decorrência, a autoridade,
por mais séria e contida, ortodoxa e
honesta que seja, tende a minorar
notícias ruins ou desabonadoras de
uma economia e propugna a altos
brados suas variáveis macro que tendem à melhoria e ao reforço de resultados. Isto é, a autoridade é capaz
de viesar a informação ou de acobertar, dentro de certas faixas, certos dados e informações, para manter, elevar e otimizar o clima empresarial, institucional, organizacional,
administrativo, político, econômico
e sociológico, com vistas a obter
um clima propício aos seus propósitos e interesses, de desenvolvimento
socioeconômico, combinados a um
assentamento e a um status quo de
intra-estabilidade de elevado grau
de segurança.
Assim, se houver um “probleminha emergente”, a autoridade de
público terá a provável tendência
de minimizá-lo e ignorá-lo olimpicamente. Se o problema tomar vulto,
passará a tomar medidas e atacará
as possíveis “fontes externas” do
distúrbio, para não assumir a paternidade da ocorrência, o que implica
responsabilidade, potencial julgamento público e algum tipo de punição e julgamento, com elevação do
grau de punibilidade. E, enquanto
se dirigir ao púbico com serenidade, pondo panos quentes sobre
o assunto, por trás dos corredores
estará – espera-se – acionando para
valer medidas que demovam, reduzam e eliminem o problema.
Esse conjunto de elementos explica em boa medida por que as autoridades tendem a projetar altas e
boas taxas de crescimento do PIB ou,
pelo menos, taxas maiores do que
aquelas que se verificam posteriormente. Também por essa via justifica-se por que as autoridades prometem um permanente combate à
momento econômico
inflação e apontam sua baixa e queda,
com menores pressões, a futuro. E
também sustenta a percepção de por
que recordes superavitários externos
são apresentados como vitórias e troféus macroeconômicos.
Na adição, mostrar investimentos
públicos crescentes, grandes, parrudos, numericamente impressionantes, como os do Plano de Aceleração
do Crescimento (PAC), é o mesmo que
comprovar a capacidade de pagamento e de articulação político-econômico-empresarial presente, com
importantes efeitos positivos sobre
o futuro. E, no processo associativo
dos investimentos, esse investimento
público haveria de ser, então, uma
alavanca promotora do investimento
privado. Este viria, no Brasil, como
sinal de confiança da sinalização propiciada pelo setor público.
E no âmbito internacional, mundial, esses pensamentos se aplicam?
Eles são aderentes?
Certamente que sim.
O comportamento humano é universalmente similar. As culturas e os
processos atitudinais é que podem
apresentar diferenças. E na medida
em que o comércio, os serviços, a
tecnologia e as comunicações integram a humanidade, cada vez mais é
possível perceber que os vasos comunicantes das ações integradas mundiais aumentaram e que o formato
de atuação de pessoas, como indivíduos e de agentes econômicos, como
os anteriores e as empresas mais
o Estado, tendem a convergir para
um corredor de atitudes comportamentais semelhantes. Não necessariamente iguais, mas algo parecidas.
As normas, as portarias, as legislações, os acordos internacionais e
as constituições das nações soberanas e democráticas tendem a convergir em pontos principais e notórios.
E da mesma forma, a base intrínseca
do comportamento humano, do espírito bom que se modifica no tempo
no sentido de Jean Jacques Rousseau, tende a ser similar.
Dessa forma, é compreensível
que a tendência a uma longa e
A modernização industrial,
promovida na era Reagan,
gerou frutos colhidos na
áurea era Clinton e ainda no
governo Bush
mais profunda recessão nos Estados Unidos preocupe os investidores e cidadãos do mundo. Maior
economia mundial, os EUA responderam por aproximadamente 26%
do PIB mundial em 2007. E seus
movimentos se sentem no comércio, logo nas exportações de bens e
serviços, mundialmente.
A modernização industrial promovida na era Reagan gerou frutos
que se colheram na áurea era Clinton e ainda em nossos dias benefi ciam o governo Bush filho. A produtividade norte-americana aumentou
e melhorou as relações comerciais
com o mundo. O setor de serviços
evoluiu primorosamente, criando
pontas de tecnologia yankee em
computação, processamento de
dados, tecnologia da informação,
no domínio espacial e afins, que
não possuem nem sombra de comparação às outras nações.
Como decorrência, em seu afã de
manter a ponta-líder do desenvolvimento e a abundância do consumo
afluente para seus concidadãos, a
América afrouxou as taxas de juros
de longo prazo, historicamente situadas nos 2,6% anuais, para, entre
2001 e 2007, mantê-las perto de
1% a 1,5% ao ano, o que era motivador de consumo, independentemente de classe de renda e capacidade de pagamento.
Entre outros, cresceu o crédito
de segunda classe, de risco bem elevado, dado a quem em circunstâncias
normais não teria condições de receber crédito, especialmente o imobiliário como o do subprime. Com
o seu montante sendo guardado
26
como dado estatístico e operacional
a sete chaves, não divulgado, e agora
conhecido para dezembro de 2007,
no montante de US$ 587 bilhões,
com um índice de inadimplência de
37% crescente, na medida em que
as taxas de juros dos T-Bonds e
dos T-Bills, sobretudo, voltam a ficar
acima dos 2,7% anuais, é natural que
o mundo se preocupe.
E as autoridades norte-americanas não se apressaram em divulgar a
má notícia. Esta é a da existência de
inadimplência, em créditos que promovem a compra e o financiamento
imobiliário. E imóveis são componentes da indústria da construção civil,
que promove o crescimento econômico, a geração de mais empregos
e, com isso, um efeito generalizado
na função agregada de investimentos da nação.
Outra notícia que nos EUA veio
desde sua inicial divulgação truncada
e disforme é a dos gastos públicos e
do seu envolvimento na guerra antiterror após o ataque terrorista bemsucedido ao Pentágono em 2001 e às
torres gêmeas; assim como o envolvimento crescente nas guerras do Afeganistão e, sobretudo, do rico petróleo no Iraque.
Além de prometer-se uma guerra
vitoriosa, acenou-se com uma pacifi cação no Iraque que nem atualmente se verificou, nem com a claque
ocidental lá instalada se verificará
numa década que seja. Ao colocarem
as farpas problemáticas de guerra
embaixo do tapete, acobertando verdades que se revelam facilmente no
mundo cibernético da internet com
filmes no YouTube, que de tudo mostram a todo cidadão do mundo, os
norte-americanos perceberam que o
déficit público veio para ficar e que
quem paga as contas do descalabro
belicista público são eles mesmos.
Esse elemento também retraiu
os investimentos locais, induzindo
a um maior ritmo de desaceleração econômica, logo na direção de
uma recessão.
Portanto, o que explica a pane
americana é em parte o fato de que
FINANCEIRO
as autoridades agiram tardiamente
tanto à necessidade de se elevar a
taxa de juros real, que gera a estabilidade histórica e de longo prazo
da economia, quanto à adoção de
políticas que suavizassem o gasto
público de impreciso retorno empatado na promoção da guerra do Iraque e na operação-limpeza de talebãs e terroristas no Afeganistão.
Sedentos por petróleo, do qual
dependem para movimentar seus
automóveis, caminhões, tratores e
indústrias, os EUA decidiram invadir
o Iraque à custa de vidas militares e
aos benefícios da comunidade acostumada a consumir maciçamente e
a pagar pensionistas e feridos de
guerra desde a Guerra de Secessão
(1861-1865).
Portanto, as informações não divulgadas, mal apresentadas e acobertadas, das autoridades e dos
agentes envolvidos nesses dois episódios, explicam por que se formou
no mundo um clima de prudência,
de temor e de precaução maior. O
que se deseja é manter o consumo
e o crescimento, com a correção de
rotas políticas e macroeconômicas,
assim como setoriais, para que o
capitalismo volte a mostrar o seu
matiz salutar.
E isso obriga as autoridades a
tomarem medidas algo ortodoxas,
que punem o consumo nos EUA, logo
antipáticas, como a continuidade da
elevação – embora mais módica em
2008 – das taxas reais de juros.
Naturalmente, de dizer ao público
que o consumo privado será freado;
que as taxas de juros poderão aumentar; que poderá perdurar a recessão e, com esta, aumentará o desemprego, as autoridades econômicas
não gostam. Complicado é, neste
momento e nestas circunstâncias, o
papel do presidente do FED, o Banco
Central dos EUA, Bernanke.
E a situação se torna especialmente complicada, difícil de interpretar e difusa na leitura de um painel mundial em plena ebulição e
transformação, quando se lê o banco
de dados da China Continental.
ACREFI
Reforçar a posição
empresarial no Brasil e
permanecer vigilante na
cobrança de uma política
interna séria e voltada aos
interesses nacionais faz
pleno sentido
O mundo olha atônito, espantado, de olhos esbugalhados, uma
ditadura comunista assumir uma roupagem econômica capitalista liberal
em vários setores significativos e
crescer, faz uma década, a taxas
médias anuais próximas a 12%.
As autoridades chinesas proclamam sucessos ímpares aos quatro
ventos, num quadro histórico no
qual de fato se notabilizavam na
segunda metade do século XX como
bem vetustos, econômicos, poupadores, controlados e com enorme
aversão ao uso de empréstimos e
capitais de terceiros, que implicam
pagamento de juros. Esta seria uma
execração capitalista.
Guiados pela injeção de capital
e de demanda comercial pelos seus
bens de uma América rica e próspera nos anos 90, que de vez reduziu seus gastos de sustentação das
economias alemã e japonesa do pósSegunda Guerra Mundial, dispondo
como conseqüência de recursos para
penetrar na fechada economia e sociedade chinesa, os chineses podem
tributar grande parte de seu sucesso
ao desenvolvimentismo cosmopolita
norte-americano.
Ora, agora que os EUA e o Tio
Sam manifestam difi culdades internas na gestão das contas públicas
por conta das guerras e consumos
privados elevados movidos a juros
baixos sem capacidade de ressarcimento – o que é sagrado – à banca,
é bem possível que a recessão americana afronte e influencie o bemestar da China. E limpar, purgar e
selecionar para a competitividade
uma carteira de títulos subprime de
27
US$ 585 bilhões demora bem de
dois a três anos.
Seguindo-se essa lógica e como
decorrência, é bem possível que as
autoridades chinesas continuem afirmando que sua economia e sociedade navegam com segurança e sem
turbulências. As autoridades, como
demonstrado, gostam de ser assertivas na divulgação de boas notícias e
são mais reticentes e lentas, entrópicas, na divulgação de ocorrências
e tendências prejudiciais, negativas
ou danosas aos seus interesses e do
público em geral.
Contudo, é de bom alvitre afirmar que, a perdurarem a crise e
a recessão norte-americana, que o
presidente Bush quer também resolver com a redução dos impostos ao
contribuinte e injetar, dessa forma,
renda para consumo presente equivalente a 1,7% aproximadamente
do PIB de 2007, a demanda por
bens externos, logo a importar entre
outros da China, vai cair, e isso desacelerará a economia chinesa.
E, desse modo, por efeito dominó,
é possível que se verifique uma contaminação mundial na contaminação e na dinâmica dos negócios. Um
slowdown é bem capaz de suceder.
E o mundo perceberá uma bolha
de valoração artificial nos ativos
e nos bens intangíveis da China.
Isso implicará a necessidade de se
fazer um ajuste seqüencial. Primeiro EUA, a seguir China, então
Japão e o Mercado Comum Europeu, então América Latina, nesta
pontificando o Brasil.
Afinal de contas, o mundo e as
nações que o constituem estão cada
vez mais interligados.
Como decorrência final desses elementos e eventos previsíveis, reforçar a posição empresarial no Brasil e
permanecer vigilante na cobrança de
uma política interna, doméstica, brasileira, séria e bem voltada aos interesses nacionais, faz pleno sentido no
biênio 2007-2008.
([email protected])
análise econômica
Arquivo Acrefi
O que esperar do câmbio
em 2008?
CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, ECONOMISTA-CHEFE DA CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DO COMÉRCIO
Arquivo Acrefi
MARIANNE LORENA HANSON, ECONOMISTA DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL
DO COMÉRCIO
O dólar fraco tem impulsionado
as exportações americanas e, em
menor grau, reduzido
suas importações
As turbulências externas iniciadas
em agosto de 2007 se estenderam
para o início deste ano, gerando um
ambiente de grandes incertezas para
a economia internacional e seus reflexos na economia brasileira. O longo
ciclo de bonança parece ter atingindo
seu ápice e, com o estouro da bolha
imobiliária nos Estados Unidos e a
subseqüente crise no mercado financeiro, está prevista uma desaceleração da atividade econômica naquele
país ou uma recessão, que ameaça
pôr fim ao cenário externo altamente
favorável com o qual temos convivido
nos últimos anos.
Contudo, grande parte das economias emergentes tem se mostrado resistente à crise externa, enquanto o cenário para economias avançadas, leia-se
Japão, União Européia e os próprios
Estados Unidos, se deteriorou rapidamente. Esse fato inédito na história recente fez surgir uma teoria conhecida
como “decoupling”, que julga haver
um descasamento entre as economias
centrais e emergentes, uma vez que
esse último grupo é o responsável pela
presente dinâmica de crescimento da
economia mundial, notadamente pelo
crescimento acelerado da China. Além
disso, a situação favorável das contas
externas desses países, com superávit
em transações correntes e nível substancial de reservas, reduziu a vulnerabilidade externa de suas economias.
28
Essa teoria ambiciosa ainda tem
que ser testada, pois o efeito de uma
provável recessão nos Estados Unidos já está produzindo grande volatilidade nos mercados. Uma piora
nas expectativas quanto ao cenário
americano deve agravar essa volatilidade. Além disso, o grande peso
da demanda agregada daquele país
se traduz em grande volume de importações. Canadá, México, Japão e
China são seus principais parceiros
comerciais. Como a provável recessão terá suas bases na desaceleração
do consumo, devido às recentes perdas no poder de compra do consumidor americano, o volume de importações deve apresentar queda.
A trajetória do dólar e os recentes resultados da balança comercial
americana confirmam esse cenário.
Aliás, o grande déficit comercial que
os Estado Unidos vinham mantendo
já era, há muito tempo, considerado
insustentável. O dólar fraco tem impulsionado as exportações americanas e, em menor grau, reduzido suas
importações. Por outro lado, o financiamento desse déficit pelo acúmulo
de reservas dos países exportadores
de petróleo, da China e por outros
países superavitários, tem se tornado
mais difícil.
Os impactos diretos e indiretos
desses fatores para o Brasil são diversos e difíceis de analisar. O câmbio,
FINANCEIRO
desde 2005, tem sido a variável-chave
para a economia brasileira. Sua apreciação manteve os preços sob controle
e possibilitou um maior afrouxamento
monetário. Como mencionado anteriormente, o país aproveitou o período de abundância de liquidez externa para aumentar o nível de reservas.
Na verdade, foi criada uma superproteção cambial, nos tornando credores
em divisa estrangeira, o que, apesar
de ter gerado um custo fiscal elevado,
diminui (mas não elimina) a vulnerabilidade a oscilações do câmbio.
Antes da crise, a apreciação cambial estava condicionada a um superávit primário expressivo e um fluxo
de entrada de capitais persistente no
curto e longo prazo. A percepção de
risco era baixa e a liquidez externa,
abundante. As operações de conhecidas como carry trade, que aproveitam o diferencial de juros interno e
externo num ambiente de perspectiva de valorização do real, se intensificaram e passaram a ter peso
importante no mercado cambial. As
perspectivas de um crescimento acelerado determinado por um ciclo duradouro do crédito também haviam
influenciado positivamente as expectativas. Adicionalmente, a queda do
dólar diante de outras moedas também reforçou a tendência diante do
real. O gráfico a seguir ilustra uma
forte entrada de capitais via investimento em renda fixa em 2006 e sua
intensificação em 2007.
Após a crise, algumas dessas variá-
veis mudaram. Em primeiro lugar, o
crescimento rápido das importações,
acompanhado por uma desaceleração das exportações, reduzirá o superávit comercial e certamente resultará em déficit nas transações correntes este ano. Com a permanência dos
preços elevados para as commodities,
a entrada de recursos gerada pela
balança comercial continuará elevada
em 2008. Contudo, o comportamento recente do câmbio mostra que
este tem sido mais influenciado pela
dinâmica da conta de investimentos
de curto prazo e por operações no
mercado de derivativos interno. Essas
operações são diretamente influenciadas pelas expectativas e pela percepção de risco.
Outra grande mudança foi em
relação às políticas monetárias no
Brasil e no exterior, com destaque
para os Estados Unidos. O corte de
juros agressivo promovido pela autoridade monetária norte-americana,
numa tentativa de diminuir os efeitos da crise na atividade econômica,
e a pausa no afrouxamento monetário aqui no Brasil aumentaram o diferencial entre os juros internos e externos, tornando os ativos brasileiros
mais atrativos. A constatação dessa
atratividade, como se observa no gráfico, é o forte fluxo de capitais para
renda fixa em janeiro deste ano.
A crise financeira dos Estados Unidos, desencadeada pelas hipotecas
subprime, afetou o mercado de títulos
corporativos americanos, ocasionando
Investimento de não-residentes em renda fixa (líquido)
Em US$ bilhões
20,48
20,0
15,0
11,04
10,0
5,0
(0,22)
(2,93)
0,27
0,10
0,69
2003
2004
2005
1,68
0,19
0,0
(1,38)
(1,61)
-5,0
ACREFI
1997
1998
1999
(0,20) (0,27)
2000
2001
2002
2006
jan/07
29
2007
jan/08
A trajetória das políticas
monetárias do Banco Central do
Brasil e do Federal Reserve terá
papel de destaque no
comportamento da moeda
brasileira em 2008/2009
perdas substanciais aos seus detentores. Logo, o ciclo de baixas taxas de
juros praticados pela autoridade monetária norte-americana continuará
predominando por algum tempo, até
que a recuperação econômica volte
a ser precificada. Até lá, a globalização financeira fará com que os mercados de capitais pelo mundo todo
apresentem alta volatilidade.
Apesar de a percepção de risco
especificamente com relação ao Brasil não ter se deteriorado expressivamente e a trajetória do câmbio ainda
indicar alguma valorização do real,
os mercados de moedas têm apresentado, desde o início da crise, ampla
volatilidade, principalmente aqueles
vistos como de maior risco. À medida
que essas incertezas diminuírem e o
cenário externo se tornar mais favorável, essa volatilidade tende a diminuir e, com o diferencial de juros elevado, o real deve retornar à sua trajetória de apreciação.
A trajetória das políticas monetárias do Banco Central do Brasil e do Federal Reserve terá papel de destaque
no comportamento da moeda brasileira em 2008/2009. Quanto maior
o período de taxas baixas nos EUA,
maior será a recuperação dos preços
unitários dos títulos securitizáveis,
principalmente dos mais longos. Conseqüentemente, mais valorizado estará o real e, portanto, menores os
benefícios para a dívida interna brasileira da superproteção cambial por
meio de swaps cambiais reversos e
acúmulo substantivo de reservas.
artigo
Divulgação
Fundos $oberanos:
o Estado contra-ataca
A dimensão, a rapidez
de crescimento e a
nacionalidade desses
fundos têm causado
preocupações a alguns
países desenvolvidos
EDUARDO FELIPE P. MATIAS, DOUTOR EM DIREITO INTERNACIONAL PELA USP,
COORDENADOR-GERAL DO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE ANHEMBI
MORUMBI, SÓCIO DE L. O. BAPTISTA ADVOGADOS, AUTOR DO LIVRO A
HUMANIDADE E SUAS FRONTEIRAS – DO ESTADO SOBERANO À SOCIEDADE
GLOBAL, GANHADOR DO PRÊMIO JABUTI
Os fundos soberanos – veículos
de investimento criados pelos Estados
para aplicar parte de suas reservas
internacionais – têm chamado a atenção da comunidade internacional.
Entre as discussões que provocam,
uma das mais polêmicas refere-se à
possibilidade de eles terem efeitos
sobre as regras do jogo das relações
econômicas internacionais.
Esses fundos não são uma novidade. O do Kuwait, por exemplo,
data de 1953. Apesar disso, como
quase tudo que se relaciona à globalização, o que importa não é tanto
a novidade desses fundos, mas a
dimensão que eles alcançaram e a
velocidade de seu crescimento. Hoje
eles detêm por volta de US$ 2,5 trilhões – mais, por exemplo, do que
os fundos de hedge, com US$ 1,5
trilhão. Só o Abu Dhabi Investment
Authority, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, tem cerca de
US$ 900 bilhões. Com ritmo de crescimento anual de 1,2 trilhão, a perspectiva é que esses fundos atinjam
US$ 12 trilhões até 2015.
Outro fator relevante é a nacionalidade desses fundos. Os que têm crescido mais pertencem a alguns países
emergentes que, seja por sua riqueza
em commodities com preços em alta –
como petróleo e gás natural –, seja por
seus superávits comerciais – caso de
30
grandes exportadores como a China
ou Cingapura –, acumulam mais reservas do que o necessário para estabilizar sua economia em caso de crise.
Esse excedente é que compõe os
fundos soberanos, que são aplicados
em ativos de maior risco e menor
liquidez, com rentabilidade potencialmente maior. (O Brasil, com reservas
em torno de US$ 200 bilhões, cogita
criar seu próprio fundo soberano, discussão que parece precoce para um
país que ainda apresenta déficits em
suas contas públicas.)
A dimensão, a rapidez de crescimento e a nacionalidade desses
fundos têm causado preocupações
a alguns países desenvolvidos. Se
outros fundos de investimento visam
apenas ao lucro, existe o temor de
que os fundos soberanos possam ter
uma agenda oculta. Nesse sentido,
nem todos os fundos são iguais. O
da Noruega, por exemplo, é visto
como modelo de transparência, além
de ter como política adquirir apenas
pequenas participações nas empresas em que investe. Outros fundos,
no entanto, não têm essas características. E são esses que preocupam,
por não revelarem seus critérios de
investimento e por nada impedir que
venham a adquirir partes significativas de empresas de outros países.
Essa possibilidade está fazendo com
FINANCEIRO
regras do jogo a seu favor e, curiosamente, são eles que mais têm se destacado na área dos fundos soberanos. O uso geopolítico desses recursos – que ainda não foi constatado
na prática – poderia vir a representar uma nova forma de se exercer o
poder no campo internacional.
Fustigados nos últimos anos pela
globalização, que lhes tira autonomia e poder, alguns Estados, finalmente, contra-atacam. Levados ao
extremo, os investimentos governamentais em empresas privadas de
outros países podem ser vistos como
uma nova forma de nacionalização,
dessa vez transfronteiras. Muitos
analistas vêem na ascensão dos fundos soberanos a volta do “capitalismo de Estado”, após a onda de privatizações que varreu o planeta. Talvez não seja isso. Talvez os Estados
simplesmente estejam aprendendo
que, afinal de contas, no mundo
atual, a soberania é com “$”.
Tradicionais defensores da
liberdade de investimentos, como
os Estados Unidos e a Europa,
agora têm de rezar contra a
própria cartilha
Macroeconomia e Economia de Empresas
De 5 de maio a 16 de junho de 2008
Depois de um ciclo de crescimento vigoroso da economia global, puxado
principalmente pelos Estados Unidos e pela China, a crise do mercado imobiliário
americano insinua que o mundo pode ter entrado em um período de ajustamento.
Nesta conjuntura de grande turbulência, torna-se essencial o entendimento do
ambiente econômico e de sua relação com a rotina profissional.
Dentro deste contexto, a Tendências Consultoria Integrada inova ao oferecer
um curso com o objetivo de explicitar as grandes relações econômicas e a
influência destas no dia-a-dia dos negócios das empresas.
O curso inicia-se com uma discussão sobre as estruturas de uma empresa e
as relações econômicas dentro de um ambiente corporativo. Serão tratadas
as interações entre consumidor, empresa, ambiente de mercado e governo. O
segundo módulo abrangerá o ambiente macroeconômico e as relações entre
as grandes variáveis, como PIB, juros, câmbio, dentre outras.
Cada aula terá uma introdução com embasamento teórico, seguida da inserção
e aplicação destes conhecimentos na conjuntura atual, tanto macroeconômica
como das relações dentro da empresa.
Organizamos cursos in company.
Professores
Mailson da Nóbrega, Gustavo Loyola, José Márcio
Camargo, André Luiz Sacconato, Juan Jensen,
Richard Hochstetler, Bruno Rocha, Denis Blum,
Leonardo Miceli e Marcela Prada.
CARGA HORÁRIA: 36 HORAS
HORÁRIO: das 19h30 às 22h30 (duas vezes por semana)
VAGAS LIMITADAS
Mais informações em www.tendencias.com.br
ou pelo telefone 11 3052-3311.
Patrocínio
Apoio
EDF
que tradicionais defensores da liberdade de investimentos, como os Estados Unidos e a Europa, agora se
vejam na posição de ter de rezar contra a sua própria cartilha. Passam a
pregar a conveniência de se controlar
esse tipo de investimento estrangeiro
direto, preocupados com que setores estratégicos de suas economias,
como os de defesa, tecnologia, energia ou telecomunicações, possam vir
a ser controlados por fundos de países abertamente hostis ou não tão
amigos, como os do Oriente Médio, a
China e a Rússia.
O feitiço virou contra os feiticeiros. Um dos aspectos marcantes da
globalização é que boa parte das
regras do jogo vem dos países desenvolvidos. Além disso, um de seus
efeitos mais significativos é a perda
da autonomia dos Estados, que afeta
principalmente os países emergentes. Pois bem, parece que alguns
desses países passaram a utilizar as
legislação contábil
Divulgação
Brasil adota padrões
internacionais
A nova legislação produzirá
maior transparência das
demonstrações financeiras,
inclusive em relação às
chamadas sociedades de
grande porte
GABRIEL JORGE FERREIRA, DIRETOR PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS (CNF)
Após sete longos anos de tramitação no Congresso Nacional,
finalmente o Brasil adotou os
padrões internacionais de contabilidade, condição fundamental para o
País obter o tão almejado status de
grau de investimento. Sancionada
pelo presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, a Lei nº 11.638/07 atualiza
uma legislação contábil de mais de
três décadas de existência, contribuindo expressivamente para facilitar o acesso das empresas nacionais
aos mercados externos, além de aumentar a atração de capitais estrangeiros para o País.
A convergência das normas contábeis nacionais para o padrão internacional de demonstrações financeiras (International Financial Report
Standards) possibilitará aos investidores estrangeiros, sobretudo os
investidores institucionais, avaliar
corretamente e comparar os balan-
32
ços das empresas de qualquer parte
do mundo. Assim, ao viabilizar essa
convergência internacional, a Lei
nº 11.638 /07 possibilitará o benefício do acesso das empresas brasileiras a capitais externos a uma
taxa de risco menor e, logo, a um
custo também menor.
Além disso, a nova legislação
contábil produzirá maior transparência das demonstrações financeiras em geral, inclusive em relação
às chamadas sociedades de grande
porte não constituídas sob a forma
de sociedade por ações.
O novo regime contábil abre um
novo ciclo: agora, cabe às empresas, aos diversos organismos e profi ssionais de contabilidade, finanças
e auditoria – e, certamente, à própria Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – empenhar-se no processo de regulação, disseminação,
orientação e aprendizado das modi-
FINANCEIRO
fi cações produzidas pela nova lei e
das matérias dela decorrentes que
necessitarão ser normatizadas.
Mas, em vez disso, o que tem
chamado a atenção e que se tem
propalado são conjecturas sobre
supostos efeitos tributários, limitadas a determinados aspectos da legislação e certas operações, como
lançamento de debêntures com prêmios entre outras especifi cidades.
Parece, pois, estar havendo um
debate equivocado com conclusões
precipitadas, sem uma análise mais
cuidadosa dos objetivos da legislação, lançando incerteza e confusão
no mercado.
Fato semelhante ocorreu à
época da edição da Lei nº 6404 /76,
pois, além das inovações de caráter societário e das relações entre
empresas e acionistas, também
foi instituído um regime contábil
muito mais bem estruturado, segundo a moderna técnica contábil, o que exigiu posteriormente
a adaptação da legislação do imposto de renda à nova lei societária e que resultou na edição do DL
1598 /77, cuja ementa diz:
“O PRESIDENTE DA REPÚBLICA ,
no uso das atribuições que lhe confere o artigo 55, item II, da Constituição, e tendo em vista a necessidade de adaptar a legislação do
imposto sobre a renda às inovações
da lei de sociedades por ações” (Lei
nº 6.404, de 15 de dezembro de
1976). DECRETA
Assim, é muito provável que o governo, na esteira da nova legislação,
ACREFI
venha a propor alterações estabelecendo regras e parâmetros de ajuste
da legislação fi scal à 11.638/07. Mas,
enquanto isso não acontece, é preciso interpretar a lei dentro de seus
objetivos estritamente societários e
não fi scais.
Na essência, o objetivo da 11.638
foi o de estabelecer critérios e
parâmetros que assegurem maior
transparência, eficiência e confiabilidade na avaliação dos elementos patrimoniais no balanço, em
nome da qualidade da informação
para o público e investidores.
Tanto que a lei criou nova
rubrica no patrimônio líquido para
registrar os ajustes de avaliação
patrimonial, em que serão debitadas ou creditadas as variações
positivas ou negativas resultantes
da aplicação dos critérios de avaliação dos elementos patrimoniais
(art. 178, “d” e § 3º do art. 182, da
Lei de S.A., com a nova redação).
Para entender essa discussão,
atente-se para as modificações feitas no art. 177 da Lei das S.A. sobre
a forma de compatibilização dos
critérios de contabilização requeridos pela legislação societária com
os previstos para fins fiscais. Nesse
dispositivo, que define o regime
jurídico e contábil a ser observado
pelas companhias na escrituração
mercantil, verifica-se a preocupação do legislador em preservar os
princípios assecuratórios da elaboração das demonstrações contábeis
de acordo com as regras estabelecidas na legislação, sem deixar de
33
Parece estar havendo um
debate equivocado com
conclusões precipitadas,
sem uma análise mais
cuidadosa dos objetivos da
legislação, lançando
incerteza e confusão no
mercado
atender aos propósitos da legislação fiscal ou do ramo de atividade,
deixando implícito que a preocupação de caráter fiscal não está nos
objetivos da lei
A inclusão do § 7º deixa isso
bem claro: “§ 7º Os lançamentos
de ajuste efetuados exclusivamente
para harmonização de normas contábeis, nos termos do § 2º deste artigo, e as demonstrações e apurações
com eles elaboradas não poderão
ser base de incidência de impostos
e contribuições nem ter quaisquer
outros efeitos tributários.”
Parece evidente, portanto, que
a legislação não acarretou nenhuma mudança nas obrigações tributárias das empresas sujeitas à
11.638 / 07, mas é certo que alguma
manifestação da Receita deverá
ocorrer a respeito, a fim de que
as novas regras sobre apuração do
lucro contábil e lucro tributável
possam conviver harmonicamente,
sem conflitos.
banco de dados por INEPAD
TAXAS MÉDIAS
GERAL
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
39,8
39,9
39,3
38,5
38,1
37,4
36,7
35,9
35,7
35,5
35,4
34,7
33,8
-1,2
0,1
-0,6
-0,8
-0,4
-0,7
-0,7
-0,8
-0,2
-0,2
-0,1
-0,7
-0,9
12,6
12,5
12,1
12,0
11,7
11,2
10,9
10,8
11,0
10,9
11,0
11,2
11,5
-0,5
-0,1
-0,4
-0,1
-0,3
-0,5
-0,3
-0,1
0,2
-0,1
0,1
0,2
0,3
27,2
27,4
27,2
26,5
26,4
26,2
25,8
25,1
24,7
24,6
24,4
23,5
22,3
-0,7
0,2
-0,2
-0,7
-0,1
-0,2
-0,4
-0,7
-0,4
-0,1
-0,2
-0,9
-1,2
Variação dez-dez
-6,0
-1,1
-4,9
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA FÍSICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
52,1
52,3
50,8
49,9
49,1
48,6
47,8
47,0
46,6
46,3
45,8
44,8
43,9
-1,5
0,2
-1,5
-0,9
-0,8
-0,5
-0,8
-0,8
-0,4
-0,3
-0,5
-1,0
-0,9
12,5
12,9
12,5
12,3
12,1
11,9
11,5
10,9
10,7
10,7
11,3
11,3
11,3
-0,4
-0,2
-0,2
-0,2
-0,4
-0,6
-0,2
0,0
0,6
0,0
0,0
0,2
0,5
39,6
40,7
39,6
40,0
38,7
38,0
37,6
37,7
37,1
36,3
35,3
35,0
34,5
-1,1
0,4
-1,3
-0,7
-0,4
0,1
-0,6
-0,8
-1,0
-0,3
-0,5
-1,2
-1,4
Variação dez-dez
-8,2
-1,2
-5,1
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA JURÍDICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
26,2
26,2
26,0
25,4
25,3
24,3
23,7
23,0
23,1
23,1
23,4
23,3
22,9
-1,5
0,2
-1,5
-0,9
-0,8
-0,5
-0,8
-0,8
-0,4
-0,3
-0,5
-1,0
-0,9
12,8
12,6
12,2
12,0
12,0
11,5
11,1
10,9
10,7
10,5
10,7
11,0
11,0
-0,4
-0,2
-0,4
-0,2
0,0
-0,5
-0,4
-0,2
-0,2
-0,2
0,2
0,3
0,0
13,4
13,6
13,8
13,4
13,3
12,8
12,6
12,1
12,4
12,6
12,7
12,3
11,9
0,0
0,2
0,2
-0,4
-0,1
-0,5
-0,2
-0,5
0,3
0,2
0,1
-0,4
-0,4
Variação dez-dez
-3,3
-1,8
-1,5
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
34
FINANCEIRO
SPREAD FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
45,0
Volum e
R$ Milhões
40,0
105.000
Taxa de
Juros
58,00
100.000
35,0
56,00
95.000
30,0
25,0
54,00
90.000
SPREAD
FINANCEIRO
20,0
85.000
52,00
80.000
50,00
75.000
Aplicação
48,00
46,00
60.000
dez/07
nov/07
out/07
set/07
ago/07
jul/07
jun/07
mai/07
abr/07
mar/07
fev/07
10,0
65.000
jan/07
70.000
dez/06
15,0
44,00
dez jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
06 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07
Captação
Volum e
Taxa de Juros
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados - Recursos Livres (R$ milhões)
MÊS / ANO
CHEQUE
ESPECIAL
VARIAÇÃO
EM %
CRÉDITO
PESSOAL
VARIAÇÃO
EM %
FINANCIAMENTO
IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO
EM %
CARTÃO DE
CRÉDITO
VARIAÇÃO
EM %
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
11.738
13.287
13.794
13.771
14.218
14.195
13.906
14.155
13.834
13.963
14.580
14.405
12.940
-11,0%
13,2%
3,8%
-0,2%
3,3%
-0,2%
-2,0%
1,8%
-2,3%
0,9%
4,4%
-1,2%
-10,2%
78.950
80.464
82.408
84.783
86.625
89.398
90.516
93.095
94.219
95.506
97.667
99.739
100.004
-0,3%
1,9%
2,4%
2,9%
2,2%
3,2%
1,3%
2,8%
1,2%
1,4%
2,3%
2,1%
0,3%
236
237
244
223
39
262
277
260
279
294
315
330
349
1,3%
0,6%
3,2%
-8,7%
-82,6%
576,9%
5,5%
-5,9%
7,1%
5,4%
7,3%
4,8%
5,6%
13.418
14.135
14.973
14.974
15.627
15.677
15.873
16.140
16.448
16.674
17.016
17.610
17.203
-3,0%
5,3%
5,9%
0,0%
4,4%
0,3%
1,2%
1,7%
1,9%
1,4%
2,0%
3,5%
-2,3%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação Recursos Livres (R$ milhões)
AQUISIÇÃO
MÊS / ANO
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
VEÍCULOS
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
63.472
64.463
65.291
66.977
68.283
69.853
71.052
72.195
74.186
76.125
78.017
79.541
81.606
1,2%
1,6%
1,3%
2,6%
2,0%
2,3%
1,7%
1,6%
2,8%
2,6%
2,5%
2,0%
2,6%
10.752
10.864
10.705
10.648
10.620
10.934
10.994
11.185
11.383
11.434
11.688
11.945
12.520
5,1%
1,0%
-1,5%
-0,5%
-0,3%
3,0%
0,6%
1,7%
1,8%
0,4%
2,2%
2,2%
4,8%
74.225
75.327
75.996
77.624
78.903
80.786
82.045
83.381
85.569
87.559
89.705
91.485
94.126
1,7%
1,5%
0,9%
2,1%
1,6%
2,4%
1,6%
1,6%
2,6%
2,3%
2,5%
2,0%
2,9%
9.646
9.835
9.931
9.893
10.432
11.113
11.121
11.456
11.691
11.459
11.600
11.979
11.936
0,2%
2,0%
1,0%
-0,4%
5,4%
6,5%
0,1%
3,0%
2,1%
-2,0%
1,2%
3,3%
-0,4%
188.213
193.285
197.346
201.269
205.844
211.432
213.737
218.487
222.039
225.455
230.882
235.550
236.558
-0,4%
2,7%
2,1%
2,0%
2,3%
2,7%
1,1%
2,2%
1,6%
1,5%
2,4%
2,0%
0,4%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
35
banco de dados por INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO
CRÉDITO
PESSOAL*
MÊS / ANO
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
Var. dez-dez
88.709
90.417
92.665
95.204
97.339
100.829
101.876
104.311
106.154
107.540
109.847
112.181
112.398
26,70%
CONSIGNADO
Públicos
Privados
Total
Amostra**
42.069
43.595
44.923
46.206
47.629
48.964
49.730
51.080
52.144
52.967
54.522
55.826
56.081
6.016
5.982
6.283
6.638
6.869
7.100
7.300
7.501
7.779
7.868
8.106
8.233
8.357
48.086
49.578
51.206
52.845
54.498
56.064
57.030
58.581
59.924
60.835
62.628
64.059
64.438
34,01%
32.318
33.216
34.106
35.186
36.316
37.495
38.248
39.184
40.693
41.305
42.370
43.435
43.655
35,08%
% Consignado***
(R$ milhões)
Concentração
Taxa de Juros %aa
do Consignado
Estimativa INEPAD Consignado
Pessoal
Diferença
54,2%
54,8%
55,3%
55,5%
56,0%
55,6%
56,0%
56,2%
56,5%
56,6%
57,0%
57,1%
57,3%
67,2%
67,0%
66,6%
66,6%
66,6%
66,9%
67,1%
66,9%
67,9%
67,9%
67,7%
67,8%
67,7%
0,80%
33,3%
33,0%
32,4%
32,3%
32,2%
32,1%
31,5%
30,9%
30,9%
30,6%
30,2%
29,0%
28,4%
57,2%
57,2%
54,5%
53,4%
52,5%
51,7%
51,1%
50,6%
49,9%
49,4%
48,9%
46,8%
45,8%
23,9%
24,2%
22,1%
21,1%
20,3%
19,6%
19,6%
19,7%
19,0%
18,8%
18,7%
17,8%
17,4%
FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)
Mês/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
70.448.643
71.854.490
73.570.737
75.724.397
77.477.719
80.753.893
81.617.798
83.998.607
85.025.566
86.121.220
87.990.401
89.883.995
90.818.716
1.555.472
1.924.553
1.947.444
1.965.245
2.104.310
1.799.396
1.753.380
2.069.028
2.085.416
2.025.750
2.282.817
2.177.904
1.652.692
1,97%
2,39%
2,36%
2,32%
2,43%
2,01%
1,94%
2,22%
2,21%
2,12%
2,34%
2,18%
1,65%
1.997.449
2.025.346
2.178.932
2.224.387
2.349.275
2.057.019
2.134.484
2.088.671
2.055.724
2.161.980
2.274.612
2.392.134
2.242.362
2,53%
2,52%
2,64%
2,62%
2,71%
2,30%
2,36%
2,24%
2,18%
2,26%
2,33%
2,40%
2,24%
4.948.546
4.659.338
4.711.130
4.869.072
4.693.467
4.787.649
5.009.886
4.938.496
5.052.267
5.197.355
5.118.794
5.285.358
5.290.132
6,27%
5,79%
5,72%
5,74%
5,42%
5,36%
5,53%
5,30%
5,36%
5,44%
5,24%
5,30%
5,29%
78.950.110
80.463.727
82.408.243
84.783.100
86.624.771
89.397.957
90.515.548
93.094.802
94.218.973
95.506.305
97.666.624
99.739.391
100.003.902
-0,25%
1,92%
2,42%
2,88%
2,17%
3,20%
1,25%
2,85%
1,21%
1,37%
2,26%
2,12%
0,27%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)
Mês/Ano
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
57.051.982
57.821.270
58.321.834
59.775.228
60.950.697
62.462.921
63.765.089
64.702.492
66.872.373
68.580.587
70.253.132
71.794.658
73.655.237
2.083.888
2.155.433
2.186.406
2.411.754
2.297.945
2.389.587
2.283.022
2.467.511
2.398.659
2.373.528
2.571.251
2.422.298
2.642.962
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
3,28%
3,34%
3,35%
3,60%
3,37%
3,42%
3,21%
3,42%
3,23%
3,12%
3,30%
3,05%
3,24%
2.257.921
2.397.753
2.638.787
2.586.281
2.818.775
2.680.328
2.705.644
2.701.213
2.563.719
2.690.668
2.804.002
2.881.636
2.851.126
3,56%
3,72%
4,04%
3,86%
4,13%
3,84%
3,81%
3,74%
3,46%
3,53%
3,59%
3,62%
3,49%
2.078.322
2.088.318
2.143.955
2.203.488
2.215.581
2.319.711
2.297.783
2.324.273
2.350.787
2.479.760
2.388.452
2.442.005
2.456.872
3,27%
3,24%
3,28%
3,29%
3,24%
3,32%
3,23%
3,22%
3,17%
3,26%
3,06%
3,07%
3,01%
63.472.113
64.462.774
65.290.982
66.976.751
68.282.998
69.852.547
71.051.538
72.195.489
74.185.538
76.124.543
78.016.837
79.540.597
81.606.197
1,19%
1,56%
1,28%
2,58%
1,95%
2,30%
1,72%
1,61%
2,76%
2,61%
2,49%
1,95%
2,60%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
36
FINANCEIRO
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
8.687.035
8.694.031
8.397.077
8.235.034
8.143.789
8.460.771
8.507.756
8.638.250
8.835.707
8.871.453
9.041.106
9.320.039
9.896.245
403.893
489.754
510.540
548.495
529.358
511.452
501.282
511.622
509.350
513.139
530.363
547.612
511.429
3,76%
4,51%
4,77%
5,15%
4,98%
4,68%
4,56%
4,57%
4,47%
4,49%
4,54%
4,58%
4,09%
447.832
480.312
606.859
665.478
663.180
604.950
603.150
592.191
576.446
599.807
620.679
608.934
566.059
4,16%
4,42%
5,67%
6,25%
6,24%
5,53%
5,49%
5,29%
5,06%
5,25%
5,31%
5,10%
4,52%
1.213.636
1.199.728
1.190.552
1.198.493
1.284.037
1.356.536
1.381.682
1.443.056
1.461.461
1.449.584
1.495.576
1.468.106
1.545.908
11,29%
11,04%
11,12%
11,26%
12,09%
12,41%
12,57%
12,90%
12,84%
12,68%
12,80%
12,29%
12,35%
10.752.396
10.863.825
10.705.028
10.647.500
10.620.364
10.933.709
10.993.870
11.185.119
11.382.964
11.433.983
11.687.724
11.944.691
12.519.641
5,10%
1,04%
-1,46%
-0,54%
-0,25%
2,95%
0,55%
1,74%
1,77%
0,45%
2,22%
2,20%
4,81%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO
Dezembro/2007 (em R$ mil)
18%
Atraso de mais
de 90 dias
5.290.132
58%
24%
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO
Dezembro/2007 (em R$ mil)
Atraso de
15 a 30 dias
1.652.692
Atraso de
31 a 90 dias
2.851.126
Atraso de
31 a 90 dias
2.242.362
19%
59%
22%
31%
33%
Atraso de
15 a 30 dias
2.642.962
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO
Dezembro/2007 (em R$ mil)
Atraso de
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO
Dezembro/2007 (em R$ mil)
Atraso de mais
de 90 dias
1.545.908
36%
Atraso de mais
de 90 dias
2.456.872
15 a 30 dias
352.465
Atraso de
15 a 30 dias
511.429
13%
Atraso de mais
de 90 dias
1.703.543
60%
27%
Atraso de
31 a 90 dias
566.059
Atraso de
31 a 90 dias
745.427
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
6.942.319
7.011.923
7.056.329
7.295.110
7.623.602
8.067.248
8.246.036
8.423.342
8.527.240
8.421.625
8.535.033
8.793.582
9.134.113
343.725
413.678
389.162
393.142
403.470
420.605
428.272
437.103
419.638
406.144
436.743
391.648
352.465
3,56%
4,21%
3,92%
3,97%
3,87%
3,78%
3,85%
3,82%
3,59%
3,54%
3,77%
3,27%
2,95%
719.019
687.315
698.976
743.079
750.283
740.604
773.675
778.089
769.093
773.997
744.062
766.712
745.427
7,45%
6,99%
7,04%
7,51%
7,19%
6,66%
6,96%
6,79%
6,58%
6,75%
6,41%
6,40%
6,25%
1.640.746
1.722.427
1.786.746
1.462.019
1.654.375
1.884.705
1.672.696
1.817.103
1.975.135
1.857.110
1.884.056
2.027.204
1.703.543
17,01%
17,51%
17,99%
14,78%
15,86%
16,96%
15,04%
15,86%
16,89%
16,21%
16,24%
16,92%
14,27%
9.645.809
9.835.343
9.931.213
9.893.350
10.431.730
11.113.162
11.120.679
11.455.638
11.691.106
11.458.876
11.599.894
11.979.146
11.935.549
0,22%
1,96%
0,97%
-0,38%
5,44%
6,53%
0,07%
3,01%
2,06%
-1,99%
1,23%
3,27%
-0,36%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
37
banco de dados por INEPAD
DESEMPREGO
TAXA DE DESEMPREGO (%)
DATA
Brasil
Var. p.p.
SP
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
8,40
9,30
9,90
10,10
10,10
10,10
9,70
9,50
9,50
9,00
8,70
8,20
7,40
-1,10
0,90
0,60
0,20
0,00
0,00
-0,40
-0,20
0,00
-0,50
-0,30
-0,50
-0,80
9,00
10,10
10,60
11,50
11,60
11,20
10,20
10,30
10,10
9,40
9,50
8,80
8,00
TAXA DE DESEMPREGO
Taxa (%)
Var. p.p.
-1,30
1,10
0,50
0,90
0,10
-0,40
-1,00
0,10
-0,20
-0,70
0,10
-0,70
-0,80
Fonte: IBGE/INEPAD
Variação (p.p.)
1,00
12,0
11,5
0,50
11,0
10,5
0,00
10,0
9,5
-0,50
9,0
8,5
-1,00
8,0
7,5
-1,50
7,0
dez
06
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
Brasil
mai
07
jun
07
SP
jul
07
ago
07
set
07
out
07
nov
07
dez
07
Var. p.p. mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
RENDIMENTO MÉDIO REAL
HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
DATA
Brasil
Var. %
SP
Var. %
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
1.138,19
1.126,08
1.147,72
1.147,33
1.150,31
1.153,70
1.148,07
1.134,34
1.129,01
1.132,17
1.138,32
1.153,67
1.164,00
1,1%
-1,1%
1,9%
0,0%
0,3%
0,3%
-0,5%
-1,2%
-0,5%
0,3%
0,5%
1,3%
0,9%
1.291,62
1.264,01
1.317,88
1.299,24
1.290,74
1.294,67
1.271,90
1.243,88
1.245,69
1.246,69
1.264,62
1.277,16
1.314,10
1,3%
-2,1%
4,3%
-1,4%
-0,7%
0,3%
-1,8%
-2,2%
0,1%
0,1%
1,4%
1,0%
2,9%
Fonte: IBGE/INEPAD
2,5%
1.350
1.300
1.250
1.200
1.150
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800
750
700
2,0%
1,5%
1,0%
0,5%
0,0%
-0,5%
-1,0%
-1,5%
dez
06
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
Brasil
SP
mai
07
jun
07
jul
07
ago
07
set
07
out
07
nov
07
dez
07
Var. % mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
COMÉRCIO VAREJISTA
VOLUME DE VENDAS
VOLUME DE VENDAS
Data
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
Variação
dez-dez
Hipermercados e
Veículos,Motos,
Índice
Var. %
Var. %
Var. %
Geral
Supermercados
Partes e Peças
171,78
121,49
112,06
127,93
124,62
133,33
127,48
128,08
133,30
130,40
135,47
138,31
187,17
9,0%
37,1%
-29,3%
-7,8%
14,2%
-2,6%
7,0%
-4,4%
0,5%
4,1%
-2,2%
3,9%
2,1%
35,3%
154,43
115,91
112,46
127,14
125,21
122,27
121,80
121,92
124,64
126,35
126,79
127,35
162,97
5,5%
29,0%
-24,9%
-3,0%
13,1%
-1,5%
-2,3%
-0,4%
0,1%
2,2%
1,4%
0,3%
0,4%
28,0%
149,82
135,15
119,95
153,96
144,42
156,83
149,63
160,25
178,38
156,60
183,46
177,36
170,06
200,00
3,0%
-9,8%
-11,2%
28,4%
-6,2%
8,6%
-4,6%
7,1%
11,3%
-12,2%
17,2%
-3,3%
-4,1%
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
dez
06
jan
07
fev mar abr mai jun
07
07
07
07
07
Índice Geral
13,5%
jul
07
Hipermercados e
Supermercados
ago
07
set
07
out nov dez
07
07
07
Veículos, Motos,
Partes e Peças
Fonte: IBGE/INEPAD
38
FINANCEIRO
PREVISÕES ECONÔMICAS
Ano de 2008
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
4,50
4,51
4,51
4,48
4,85
4,88
4,83
4,82
4,64
4,62
4,62
4,60
4,29
4,27
4,20
4,22
5,82
5,86
5,89
-
Selic
Taxa anual
IGP-DI
% a.a.
IPCA
% a.a.
Taxa de Câmbio
R$/US$
Saldo Comercial
US$ bilhões
11,10
11,17
11,38
11,38
4,51
4,82
4,94
5,12
4,28
4,30
4,45
4,38
1,80
1,79
1,78
1,78
31,89
31,44
29,79
29,32
Previsão 02/01/2008
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 15/02/2008
Ano de 2008
Previsão 02/01/2008
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 15/02/2008
Fonte: BC-Focus/INEPAD
ATIVIDADE ECONÔMICA
DATA
Taxa da Utilização da
Capacidade Instalada
Var. p.p.
DATA
Índice de Produção Física
Média Móvel Trimestral
dez/06
80,08
-2,60
dez/06
116,36
0,66%
jan/07
79,90
-0,18
jan/07
116,89
0,46%
fev/07
80,30
0,40
fev/07
117,35
0,39%
mar/07
82,30
2,00
mar/07
118,06
0,61%
abr/07
81,60
-0,70
abr/07
118,88
0,69%
mai/07
83,30
1,70
mai/07
119,98
0,93%
jun/07
82,50
-0,80
jun/07
120,89
0,76%
jul/07
82,40
-0,10
jul/07
121,79
0,74%
ago/07
83,40
1,00
ago/07
122,64
0,70%
0,26%
Var. %
set/07
83,1
-0,30
set/07
122,96
out/07
84,30
1,20
out/07
124,65
1,37%
nov/07
84,30
0,00
nov/07
124,96
0,25%
dez/07
81,30
-3,00
dez/07
125,25
0,23%
Variação dez-dez
1,52%
Variação dez-dez
Fonte: CNI/INEPAD
7,64%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
Capacidade (%)
Produção - Índice
85,0
124
84,0
122
120
83,0
118
82,0
116
81,0
114
Fonte: INEPAD
ACREFI
Taxa da Ut ilização
da Capac idade Inst alada
Índice de P ro dução Físic a
M édia M óvel Trimest ral
39
dez/07
nov/07
out/07
set/07
ago/07
jul/07
jun/07
mai/07
abr/07
mar/07
110
fev/07
79,0
jan/07
112
dez/06
80,0
banco de dados por INEPAD
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
(em unidades)
Data
Produção
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
203.703
203.450
246.475
223.304
258.911
246.404
266.044
279.008
252.911
299.251
271.201
220.772
254.913
Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)
203.678
197.494
217.876
224.410
242.897
242.873
257.120
263.819
265.988
277.057
274.454
263.741
248.962
18.373
-253
43.025
-23.171
35.607
-12.507
19.640
12.964
-26.097
46.340
-28.050
-50.429
34.141
Variação jan-jan
9,9%
-0,1%
21,1%
-9,4%
15,9%
-4,8%
8,0%
4,9%
-9,4%
18,3%
-9,4%
-18,6%
15,5%
(em unidades)
320.000
300.000
280.000
260.000
240.000
220.000
200.000
180.000
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
jun
07
Produção
25,1%
jul
07
ago
07
set
07
out
07
nov
07
dez
07
jan
08
out
07
nov
07
dez
07
nov
07
dez
07
jan
08
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
(em unidades)
Data
Vendas
Média Trim.
Variação
Variação(%)
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
176.202
149.362
150.640
200.478
186.643
208.710
207.636
217.405
239.648
222.868
252.823
242.612
207.322
175.971
168.788
158.735
166.827
179.254
198.610
200.996
211.250
221.563
226.640
238.446
239.434
234.252
-4.598
-26.840
1.278
49.838
-13.835
22.067
-1.074
9.769
22.243
-16.780
29.955
-10.211
-35.290
-2,5%
-15,2%
0,9%
33,1%
-6,9%
11,8%
-0,5%
4,7%
10,2%
-7,0%
13,4%
-4,0%
-14,5%
Variação dez-dez
(em unidades)
260.000
245.000
230.000
215.000
200.000
185.000
170.000
155.000
140.000
dez
06
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
Vendas
17,7%
jun
07
jul
07
ago
07
set
07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO TOTAL
EXPORTAÇÃO TOTAL
(em unidades)
(em unidades)
Data
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
Exportações Média Trim.
47.751
64.233
68.239
59.128
70.979
63.740
83.161
67.911
64.575
78.993
59.586
56.005
53.054
Variação jan-jan
58.401
59.381
60.074
63.867
66.115
64.616
72.627
71.604
71.882
70.493
67.718
64.861
56.215
Variação
Variação(%)
-18.408
16.482
4.006
-9.111
11.851
-7.239
19.421
-15.250
-3.336
14.418
-19.407
-3.581
-2.951
-27,8%
34,5%
6,2%
-13,4%
20,0%
-10,2%
30,5%
-18,3%
-4,9%
22,3%
-24,6%
-6,0%
-5,3%
85.000
80.000
75.000
70.000
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
Exportações
11,1%
mai
07
jun
07
jul
07
ago
07
set
07
out
07
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
40
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades)
Data
Vendas
1000cc
% no Total
1000cc a 2000cc
% no total
>2000cc
% no total
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
123.269
118.693
155.536
143.987
171.096
161.076
175.349
187.803
180.301
194.585
188.575
192.436
169.530
70.208
66.981
86.989
80.228
95.241
88.985
98.055
102.133
84.823
97.879
96.074
98.920
86.754
57,0%
56,4%
55,9%
55,7%
55,7%
55,2%
55,9%
54,4%
47,0%
50,3%
50,9%
51,4%
51,2%
51.103
50.145
66.340
61.459
73.373
69.776
75.162
83.617
93.689
93.690
89.677
90.728
80.554
41,5%
42,2%
42,7%
42,7%
42,9%
43,3%
42,9%
44,5%
52,0%
48,1%
47,6%
47,1%
47,5%
1.958
1.567
2.207
2.300
2.482
2.315
2.132
2.053
1.789
3.016
2.824
2.788
2.222
1,6%
1,3%
1,4%
1,6%
1,5%
1,4%
1,2%
1,1%
1,0%
1,5%
1,5%
1,4%
1,3%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS
100.000
90.000
80.000
70.000
60.000
50.000
40.000
30.000
jan
07
fev
07
mar
07
abr
07
mai
07
jun
07
jul
07
1000 cc
ago
07
SALDO TOTAL
TAXAS DE JUROS
SALDO TOTAL
78.950
80.464
82.408
84.783
86.625
89.398
90.516
93.095
94.219
95.506
97.667
99.739
100.004
3,84
3,84
3,69
3,63
3,58
3,53
3,50
3,47
3,43
3,40
3,37
3,25
3,19
-0,08
0,00
-0,15
-0,06
-0,05
-0,05
-0,03
-0,03
-0,04
-0,03
-0,03
-0,12
-0,06
57,20
57,20
54,50
53,40
52,50
51,70
51,10
50,60
49,90
49,40
48,90
46,80
45,80
-1,40
0,00
-2,70
-1,10
-0,90
-0,80
-0,60
-0,50
-0,70
-0,50
-0,50
-2,10
-1,00
R$ milhões
63.472
64.463
65.291
66.977
68.283
69.853
71.052
72.195
74.186
76.125
78.017
79.541
81.606
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
2,36
2,39
2,34
2,29
2,24
2,20
2,17
2,12
2,12
2,12
2,11
2,11
2,13
-0,05
0,03
-0,05
-0,05
-0,05
-0,05
-0,03
-0,05
0,00
-0,01
-0,01
0,01
0,02
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
nov
07
dez
07
jan
08
(R$ milhões)
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
% Variação % Variação
MÊS/ANO R$ milhões
a.m.
p.p
a.a.
p.p
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
out
07
1000 cc a 2000 cc
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
set
07
41
SALDO TOTAL
% Variação
a.a.
p.p
32,30
32,70
32,00
31,20
30,50
29,80
29,40
28,70
28,70
28,60
28,40
28,50
28,80
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
-0,80
0,40
-0,70
-0,80
-0,70
-0,70
-0,40
-0,70
0,00
-0,10
-0,20
0,10
0,30
R$ milhões
10.752
10.864
10.705
10.648
10.620
10.934
10.994
11.185
11.383
11.434
11.688
11.945
12.520
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
4,05
3,96
3,88
3,74
3,76
3,76
3,74
3,70
3,73
3,73
3,70
3,69
3,80
0,11
-0,09
-0,07
-0,14
0,02
-0,01
-0,02
-0,03
0,03
0,00
-0,03
-0,01
0,11
%
a.a.
Variação
p.p
61,00
59,30
57,94
55,40
55,80
55,64
55,30
54,70
55,20
55,20
54,70
54,50
56,50
2,00
-1,70
-1,36
-2,54
0,40
-0,16
-0,34
-0,60
0,50
0,00
-0,50
-0,20
2,00
variedades
Vinhos brancos, tintos e rosés: tem uma ocasião
ótima para degustar?
OPIMIANO - PH.D. - PROMOTOR DE HOMÉRICAS DEGUSTAÇÕES
Há algum lugar ou
momento ideal no qual se
deva experimentar e beber
este ou aquele vinho?
método de vinifi cação e filtragem.
Os tintos caem bem na estreita faixa
de temperatura dos 12 aos 19 graus.
Tem quem goste um pouco mais
para os 21 ou 22 graus, pois o calor
da boca estimula o aparecimento
de outros aromas.
Em festas de empresas, em casamentos, em bodas de prata e ouro e
em atividades formais, os tintos têm
o seu lugar, pois são distintos. Verter
num copo bolhudo, grande, do tipo
bordeaux ou Borgonha, um Cabernet Sauvignon, um Syrah, uma Ancelotta, um Merlot ou o complicado e
exigente, mas aveludado, Pinot Noir,
©iStockPhoto.com/Chiya Li
Vai e volta, me perguntam se há
algum lugar ou momento ideal no
qual se deva experimentar e beber
este ou aquele vinho.
A resposta é: não tem regra fixa,
sinta-se à vontade e, sobretudo, beba
com moderação.
Os vinhos brancos são leves, mas
bem ácidos e devem ser preferencialmente sorvidos quando jovens,
bem novos. Então, escolha alimentos
que combinam bem com eles. Pense
num coquetel, um branco cai bem
com uns acepipes e umas boquinhas
bem saborosas, à base de pão de
forma com ovos cozidos; atum pintado com um pimentão vermelho
fatiado; sardinha ao vinagrete com
cebolinha e, quem sabe, um patê de
truta defumada.
Se houver um jantar, o vinho
branco abrirá o apetite dos convivas acompanhando carnes brancas.
Ele é formidável com frango, peixe,
rã sauté e lula a doré. E leva jeitos
diferentes, como o vinho verde português, que é frisante, borbulhante
e salpica a língua de borbulinhas
que coçam e provocam a gente por
dentro. Ui!
Vinhos brancos chardonnay, sauvignon blanc, riesling itálico, chenin
blanc, prosecco e champagnes –
espumantes em geral são uma boa
pedida na praia. Faça o seu cantinho,
ponha a sua barraquinha e chame o
moço das ostras frescas e dos camarões fritos, para bebericar e comiscar, ao mesmo tempo em que fala
com os amigos, é uma delícia.
Quando o assunto é vinhos tintos, a situação muda. Eles podem
ser mais encorpados, mais alcoólicos, e seu gosto varia segundo o
tipo de videira, o ano da safra e o
42
é um apelo à excitação. Como ele
precisa de acompanhamento, num
coquetel vai esplendidamente num
sanduichinho de rosbife. Mas a lista
é infinita, combine com tiras finas
de queijo parmesão, um brie, um
camembert e que tal um provolone?
E tintos convidam a carnes, portanto
um delicioso churrasco é opção clássica e certa; filé mignon com batatinhas salpicadas por pimenta do
reino aceboladas; caldeirada de músculo com batatas baroas e samambaias da vovó, com sabor de chuchu
da serra; ou carne assada, com cogumelos e arroz à piemontesa, são tantas as opções.
Tem quem goste de, após mais
um extenuante dia de trabalho, que
levou a adrenalina a mil, chegar em
casa, desatar o nó da gravata, botar
aquela camisa larga e uma calça confortável, surrada, e ficar namorando
um belo tinto. A namorada vai ficar
com ciúme. Aí, põe os pés sobre
a mesa, sobre uma almofada bem
gorda, melhorando a circulação sanguínea do corpo e de copo na mão,
se permite dar golinhos em seu tinto,
cor rubi, ao som de uma musiquinha
calmante. Traguinhos lentos, com
amêndoas salgadas, nozes macadâmias ou amendoins japoneses de
casca dura. Depois, um chocolate
amargo. Céus!
Os rosés ou claretes são deliciosos quando frios e acompanhando
pratos leves. O português Mateus
Rosé é um primor, e combina com
paellas espanholas; zarzuelas, que
são peixadas catalãs; patos e marrecos no forno a lenha e um frango
assado de padaria.
Faça a sua cabeça, faça o seu bom
momento e saúde e alegria!
FINANCEIRO
Notícias e informações
exclusivas do mundo
do crédito
www.acrefi.org.br
Seu evento
no coração de São Paulo
Lgo São Bento
Vi
ad
o
le
Va
do
Ch
á
a
Ru
o
er
íL b
ão
Jo
ão
ó
ar
d
Ba
Pça Antonio Prado
Rua B o a V
ut
do
ú
ba
a
g
an
h
An
Av
.S
ista
Pça do Patriarca
Recepção
Auditório para 90 pessoas
Lounge
Salão Coffee Break/Refeições
• Conference Room • Sistema audiovisual completo • Plasma TV
Informações e reservas – Tel.: (11) 3107-7177
Centro de
Eventos
ACREFI
No coração de São Paulo

Documentos relacionados