Prova 01 - Vestibular UENP

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Prova 01 - Vestibular UENP
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA
Considere o texto a seguir para responder às questões de 01 a 03.
TENHO QUE TER!
“Comprar, aos 13 anos, é muito mais do que gastar dinheiro”, diz Marcos Calliare, sócio-diretor da
NaMosca, agência de pesquisas focadas no público jovem. Segundo o especialista, nessa idade, as escolhas
de consumo ajudam a construir a identidade do adolescente. A carioca Julia Vidal, 13 anos, tem dificuldade
para lembrar de tudo o que comprou na viagem que fez em julho a Miami, nos Estados Unidos. A mãe dela,
Danieli, 33 anos, contou pelo menos 20 cores diferentes de gloss na mala da filha, que fez a festa na seção de
maquiagem da grife Victoria’s Secret. No Rio de Janeiro, onde mora, Julia sempre acompanha a mãe em
incursões por joalherias e não sai das lojas sem um novo penduricalho. Embora ganhe boa parte das coisas
que tem, a jovem também costuma se mimar com agrados comprados com o próprio dinheiro. “Gasto mais da
metade da minha mesada para me enfeitar”, admite.
Esse hábito não é só das meninas. Enquanto elas concentram as despesas no universo da estética,
os meninos gastam, de maneira equivalente, com tecnologia. E tudo precisa ter grife, mesmo que o produto
seja falsificado. Aliás, o mercado paralelo é um dos canais usados pelos menos abastados para saciar o desejo
de ser como seus pares. Segundo o terapeuta Moisés Groisman, como os estímulos para o consumo do jovem
da classe C são basicamente os mesmos para o jovem da classe A, os gostos são muito semelhantes. “As
marcas dão respostas às aspirações desses meninos e meninas”, reforça Calliare. “Muitas vezes, elas
garantem a aceitação social dentro do grupo ao qual eles desejam pertencer.”
LOES, João, Isto É, 21 out/2009, p.88-89.
01. O autor do texto “Tenho que ter!” pretende influenciar os leitores para que:
a) Estimulem o consumo material, pois ele ajuda a construir a identidade dos adolescentes.
b) Evitem todos os prazeres cuja obtenção depende de dinheiro.
c) Excluam de sua vida todas as atividades incentivadas pela mídia.
d) Sejam mais críticos em relação ao incentivo do consumo ao público jovem.
e) Satisfaçam suas necessidades materiais só com produtos de grife.
02. Loes, ao afirmar no título “Tenho que ter!”, deixa subentendida a seguinte informação:
a) Vivemos numa época em que o essencial é a valorização do exterior e a cultura do “ter”.
b) Somos influenciados pela massificação consumista, que sempre garante nossa inclusão social.
c) Um alerta de que as meninas gastam mais que os meninos.
d) Os gostos da classe A e da classe C são muito semelhantes.
e) Gastar é importante para construir a identidade.
03. Assinale a informação implícita correta sobre o trecho: “Julia sempre acompanha a mãe em incursões por
joalherias e não sai das lojas sem um novo penduricalho”.
a) Desvaloriza-se o ter.
b) Valoriza-se o ser.
c) Combate-se o desperdício.
d) Compra-se atendendo à necessidade material de cada indivíduo.
e) Influencia-se o consumismo das gerações jovens, muitas vezes transmitido por gerações anteriores.
Considere o texto a seguir para responder as questões de 04 a 07.
Inimigos
O apelido de Maria Teresa, para o Noberto, era “Quequinha”. Depois do casamento, sempre que queria
contar para os outros uma de sua mulher, o Noberto pegava sua mão carinhosamente, e começava:
- Pois a Quequinha...
E a Quequinha, dengosa, protestava:
- Ora, Noberto!
Com o passar do tempo, o Noberto deixou de chamar a Maria Teresa de Quequinha. Se ela estivesse
ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:
- A mulher aqui...
Ou, às vezes:
- Esta mulherzinha...
Mas nunca mais Quequinha.
(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca em silêncio. O
tempo usa armas químicas.)
Com o tempo, Noberto passou a tratar a mulher por “Ela”.
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- Ela odeia o Charles Bronson.
- Ah, não gosto mesmo.
Deve-se dizer que o Noberto, a essa altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago gesto de
mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer “Essa aí” e apontar com o queixo.
- Essa aí...
E apontava com o queixo, até curvando a boca com um certo desdém.
(O tempo, o tempo. O tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois
outra...)
Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Noberto, nem olha na sua direção.
Faz um meneio de lado com a cabeça e diz:
- Aquilo...
VERÍSSIMO, Luis Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L & M, 1996.
04. Considerando apenas o emprego dos pronomes demonstrativos na crônica “Inimigos”, é correto afirmar:
a) “Sua” no trecho “...sempre que queria contar para os outros uma de sua mulher...”, faz referência a
Maria Teresa, esposa de Noberto.
b) Com o passar do tempo, para referir-se à esposa, Noberto emprega “esta”, “essa” e “aquilo”
demonstrando o grau de afastamento entre ele e Maria Teresa.
c) O emprego dos pronomes, de acordo com a gramática normativa, está incorreto, uma vez que para
indicar o afastamento entre Noberto e Maria Teresa, a sequência deveria ser: essa, esta, aquilo.
d) O fato de o pronome “ela” se apresentar duas vezes no trecho: “Se ela estivesse ao seu lado e ele
quisesse se referir a ela, dizia”, provoca repetição.
e) “Aqui” e “aí” empregados na crônica servem para indicar o lugar em que Maria Teresa se encontra em
relação a Noberto no momento em que ele fala.
05. Sobre os trechos “Deve-se dizer que o Noberto, a essa altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava
um vago gesto de mão para indicá-la” e “Mas nunca mais Quequinha”, é correto afirmar:
a) Tanto “embora” quanto “mas” estabelecem relação de contrariedade, contudo, apenas o “mas” se
refere a uma adição de argumentos em relação ao fato manifesto no trecho que o precede.
b) A conjunção “mas” estabelece relação de conformidade.
c) Embora”, nesse texto, pode ser classificado sintaticamente como um adjunto adverbial.
d) O conector “mas” pode ser substituído pela conjunção “portanto” sem prejuízo de sentido.
e) O conector “embora” pode ser classificado como uma conjunção que inicia uma oração subordinada
que indica um fato contrário ao expresso na oração principal, mas insuficiente para impedir sua
realização.
06. Na fala final do personagem Noberto, quando ele emprega o pronome “Aquilo...”, é correto afirmar:
a) O emprego do pronome aquilo ocorre porque, com o passar do tempo, Noberto começa a considerar a
esposa não mais como uma pessoa, mas sim como um objeto, uma “coisa”.
b) Tratando-se de referência a uma mulher, o pronome deveria ser aquela. O emprego do pronome
aquilo causou incoerência de sentido ao texto.
c) Ele não está se referindo mais a Maria Teresa, mas a uma outra pessoa.
d) O pronome aquilo poderia ser trocado pelo pronome esta sem prejuízo de sentido ao texto.
e) O emprego do pronome aquilo ocorre porque, com o passar do tempo, Noberto volta a tratar a esposa
com mais intimidade e afetividade.
07. Considerando o emprego do pretérito imperfeito durante toda a narrativa: “pegava”, “começava”,
“protestava”, “dizia”, “usava”, “apontava”, é correto afirmar:
a) Todas as ações se produziram em certo momento do passado e foram completamente concluídas.
b) O emprego desse tempo verbal indica uma ação que ocorreu antes de outra ação já passada.
c) O emprego desse tempo verbal expressa fatos em contínua realização na linha do passado.
d) O emprego desse tempo verbal leva o leitor a imaginar-se no passado diante de fatos não habituais.
e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.
Texto para as questões de 08 a 10.
Apareceu a Margarida
Brasília – Quando é para representar o Brasil na Conferência do Clima em Copenhague, é Dilma
Rousseff quem vai. Quando é para anunciar a descoberta e as regras para o pré-sal, Dilma é a estrela da festa.
Quando é para anunciar programas populares, inaugurar obras, passear pelo São Francisco ou aparecer ao
lado de Lula na TV, Dilma fica no centro do palanque. Quando é para comandar reuniões do PAC, da
Petrobras, do setor elétrico, é sempre ela. E o ministro Edison Lobão não dá um passo sem consultar a “chefa”.
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Mas não é que Dilma foi apagada no mais abrangente apagão da história? Só ontem, mais de 40 horas
depois, bem treinada e na ofensiva, ela reapareceu para dizer que apagão dos outros é apagão, mas apagão
de Lula é só blecaute.
A cara do governo na hora das boas novas é Dilma, mas, para apagões e abacaxis, é Lobão. Ela fica
com o bônus; ele, com o ônus. Mas os dois agora dizem que o problema “está encerrado”. Há controvérsias.
A versão do governo explica, mas não justifica. Explica que três linhas de transmissão caíram
simultaneamente, interrompendo a geração e causando efeitos em cascata. Mas não justifica como e
exatamente por que, elas caíram. Um raio? Dois raios? Três raios? No mesmíssimo momento e lugar?
Estatisticamente, é improvável, quase impossível, e o presidente de Itaipu, Jorge Samek, brincou
comigo: “É por isso que morro de medo de estatística, de maionese e de salsicha.”
O fato é que a história ainda merece muitas respostas, e começando do começo do exato instante em
que o sistema inteiro foi para a cucuia. Tomara que, até lá, a ministra não fique trancada em casa enquanto
Lobão não vem.
O embaixador e então ministro Rubens Ricúpero dizia que “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a
gente esconde”. Só que tem sempre um chato para descobrir.
CANTANHÊDE, Eliane. Folha de S. Paulo, 13 de novembro de 2009- Editorial
08. O texto é predominantemente:
a) narrativo, pois nele predominam fatos que se desenrolam numa temporalidade psicológica e
cronológica.
b) argumentativo, por apresentar a defesa de um ponto de vista, de uma idéia, de maneira crítica.
c) expositivo, porque tem como intenção explicar, de forma clara e objetiva, as causas do apagão.
d) descritivo, pois todos os fatos são relatados simultaneamente.
e) injuntivo, porque orienta os leitores a se prevenirem do apagão.
09. O texto de Eliane Cantanhêde explora recursos de linguagem figurada. A mesma figura de pensamento
que se encontra no enunciado: “Ela fica com o bônus; ele, com o ônus”, está presente também no
enunciado:
a) “Dilma é a estrela da festa”.
b) “Um raio? Dois raios? Três raios?”.
c) “É por isso que morro de medo de estatística, de maionese e de salsicha”.
d) “O que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”.
e) “Tomara que, até lá, a ministra não fique trancada em casa enquanto Lobão não vem”.
10. A respeito dos recursos semântico-argumentativos usados pela autora, pode-se afirmar:
I - No primeiro parágrafo, a repetição da conjunção subordinativa “quando”, no início de quatro períodos
consecutivos, é exemplo de aliteração, figura de linguagem usada para enfatizar uma ideia, um
pensamento.
II - Ainda, no primeiro parágrafo, no enunciado “Dilma é a estrela da festa” tem-se o uso de metáfora.
III - No segmento: “mas não é que Dilma foi “apagada” no mais abrangente “apagão” da história?”,
Apagada e apagão são termos sinônimos e foram usados em sentido literal.
IV - O título “Apareceu a Margarida” e o segmento “Tomara que, até lá, a ministra não fique trancada em
casa enquanto Lobão não vem” são exemplos de intertextualidade, visto que retoma outros textos.
V - O emprego das aspas na palavra “chefa” pode ser entendido como indicação de um neologismo, visto
que “chefa” não se encontra registrado no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP).
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I, II e IV
b) II, III, IV e V
c) II, IV e V
d) I, II, IV e V
e) II, III e IV
Considere os dois textos a seguir para responder às questões 11 e 12.
E agora, José?
E agora, José?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora, José?
E agora, você?
[...]
ANDRADE, Carlos.Drummond. Antologia poética. Rio de Janeiro. São Paulo: Record, 2000
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E agora, José?
A festa acabou? Já não há mais PT? Não, José, de tudo isso fica uma grande lição: não é a direita que
inviabiliza a esquerda. Esta tem sido vítima de sua própria incoerência, inclusive quando se elege por um
programa de mudanças e adota uma política econômica de ajuste fiscal que trava o desenvolvimento,
restringindo investimentos públicos e privados.
A esquerda deu um tiro no pé na União Soviética, esfacelada sem que a Casa Branca lhe atirasse um
único míssil. Faliu por conta da nomenklatura, das mordomias abusivas das autoridades, da arrogância do
partido único, da corrupção. Assim foi na Nicarágua, onde líderes sandinistas se locupletaram com imóveis
expropriados pela revolução e enriqueceram como por milagre. [...].
CHRISTO, Carlos Alberto Libânio, o Frei Betto, Folha de S.Paulo, 25 jul/2005.
11. Assinale a alternativa cujo enunciado pode relacionar as informações do texto de Carlos Drummond de
Andrade às informações implícitas do texto de Carlos Alberto Libânio Christo.
a) A escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao
mesmo gênero.
b) As linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes
ao mesmo gênero.
c) O texto de ANDRADE perde suas características de gênero poético ao ser retomado no gênero artigo
de opinião.
d) O de CHRISTO pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do
texto de ANDRADE.
e) Os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com
finalidades distintas.
12. Assinale a alternativa correta, na qual os pronomes “esta” e “onde” substituem, respectivamente, os
seguintes referentes do texto de Carlos Alberto Libânio Christo.
a) Grande lição; esquerda.
b) Esquerda; Nicarágua.
c) Festa; esquerda.
d) PT; União Soviética
e) Festa; Casa Branca.
As questões 13 e 14 têm como referência o texto abaixo:
O PRETÊ-PEDALINHO
Se a gente escrevesse para a Folhinha, isso poderia ser uma parábola. Era uma vez uma cisne negra,
chamada Petra, que nadava tranquilamente no zoológico de Munique, na Alemanha. Tava lá, tranquilona,
quando os administradores do lugar resolveram botar um pedalinho (na tradicional forma de cisne) no lago,
para os alemães passearem. Foi então que Petra se apaixonou pelo pedalinho!
Sim, a pobre cisne, assim como no “Patinho Feio”, não descolava nenhum pretê cisne. Daí, quando viu
o pedalinho, caiu de amores. Nem percebeu que ele não era real. Assim como a gente faz de vez em quando
na nossa vida amorosa.
Ficamos fantasiando que aquele pretê é muito incrível, que manda bem em várias coisas, quando, na
verdade, ele pode ser quase um "pedalinho". E só existir na nossa imaginação.
Voltando a Petra. Os administradores do parque e o próprio diretor resolveram confiscar o pedalinho,
levá-lo para outro lugar, pra ver se a cisne se esquecia desse amor impossível.
E eis que em um dia de inverno, depois de várias tentativas para separar os cisnes, Petra mudou de
ideia. E resolveu se apaixonar por outro cisne. De carne e osso, só não sabemos a cor da plumagem.
E qual a conclusão da nossa parábola: tem vezes que a gente está apaixonada por um pretê-pedalinho
e de nada adianta nossas amigas falarem, rezarem ou nos arrastarem para baladas. Por mais roubada que ele
seja, continuamos lá, cegas pela imponência das plumas brancas.
Mas daí, um dia, acordamos com um outro humor, e, sim, arranjamos alguém da nossa turma. Por
isso, quando tudo der errado, lembrem-se da cisne Petra.
E que pedalinho só serve pra dar uma voltinha.
HALLACK, Jô; LEMOS,Nina; AFFONSO, Raq. do 02 Neurônio. “Folhateen”, Folha de S. Paulo, 24 de março de 2008.
13. Há vários processos de formação de palavras. Assim, no fragmento ─ “Ficamos fantasiando que aquele
pretê é muito incrível...”. ─ a palavra em destaque foi formada pelo processo de:
a) Derivação sufixal.
b) Derivação regressiva deverbal.
c) Composição por amálgama.
d) Abreviação vocabular.
e) Derivação imprópria.
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14. As preposições são conectivos que também possibilitam a construção coesiva de um texto, pois podem
estabelecer diferentes relações. Observe o trecho: “Daí, quando viu o pedalinho, caiu de amores”.
Encontramos um uso similar à preposição “de”, como utilizada no trecho acima em:
a) A plumagem de Petra é negra.
b) Petra gemia de dor.
c) Petra vive no zoológico de Munique.
d) Aquela garota descende de alemães.
e) Ela andou de pedalinho no zoológico.
Leia o texto abaixo para responder às questões de 15 a 17.
O ano de 2016 começou para os brasileiros às 13h50 da última sexta-feira. A entrada triunfal se deu a
bordo de uma disputa avaliada em 500 milhões de reais, o total investido por Rio, Madri, Chicago e Tóquio
juntas. No profissionalíssimo jogo em que se decide o destino dos Jogos, nada é gratuito. Na reta final, os
estrategistas usaram a influência de políticos e personalidades internacionais no corpo a corpo com os
eleitores do COI. O vale-tudo pelos votos transformou Copenhague num desfile de celebridades. Pelé jogou
bola com crianças. Paulo Coelho ofereceu um almoço para uma plateia feminina. Lula, parafraseando o “Sim,
nós podemos” de Barack Obama, partiu para cima do que parecia ser o maior oponente. Não foi.
[...] Ao anunciar a sede da Olimpíada de 2016, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques
Rogge, deu a largada a uma corrida de obstáculos. Para cruzar a linha de chegada, em 5 de agosto de 2016, o
Rio de Janeiro terá de vencer o desgoverno e o abandono, criados nas últimas décadas por uma elite política
arcaica. Terá de superar a violência, a favelização desenfreada e a poluição de suas lagoas.
[...] Todo esse esforço tem uma recompensa. No mundo altamente simbólico dos Jogos Olímpicos,
persiste a ideia de que o evento é um bem em si para o lugar que o sedia. Todas as exigências feitas pela
organização têm o objetivo de deixar um legado de desenvolvimento à cidade. Essa ideia foi inaugurada nos
Jogos de Barcelona, em 1992. A cidade catalã passou por transformações tão profundas, na fase de
preparação, que seu destino foi alterado. Degradada e decadente até o fim dos anos 80, ela se tornou um dos
principais destinos turísticos da Europa. Desde então, o projeto olímpico ficou irreversivelmente vinculado à
ideia de um projeto de cidade. [...].
A vitória em Copenhaque tem relação com um aprendizado recente, o de que a recuperação do Rio de
Janeiro é uma tarefa nacional, num país que pretende crescer e a ganhar importância no cenário mundial. É
esse o espírito da candidatura vencedora. Ele deverá se materializar na forma de investimentos que somam
quase 29 bilhões de reais - 23 bilhões em infraestrutura -, quantia que, bem administrada, tem força para
mudar a paisagem socioeconômica da cidade mais bonita do Brasil.
Excertos de textos da Revista Veja- 7/10/2009- Especial Rio Olimpíada 2016.
15. Com relação ao texto, é correto afirmar:
a) Apesar de ser considerada a cidade mais bonita do Brasil, o Rio de Janeiro enfrenta problemas como
a criminalidade, grande número de favelas, saneamento básico, engarrafamentos, poluição do ar, das
lagoas e do mar.
b) A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida pelos eleitores do COI só porque Pelé jogou bola com as
crianças, Paulo Coelho ofereceu almoço para muitas mulheres e Lula imitou Barack Obama, seu maior
oponente.
c) O Rio de Janeiro enfrentará muitos obstáculos para cruzar a linha de chegada, em 5 de agosto de
2016. Para vencer, terá que renovar seu governo e abandonar a elite política arcaica que está no
poder há anos.
d) O espírito da candidatura que venceu em Copenhague é o da recuperação do Rio de Janeiro com os
Jogos Olímpicos, uma vez que esse evento tem força para mudar a paisagem socioeconômica da
cidade e fazer com que o Brasil cresça e ganhe importância no cenário mundial.
e) Todos os esforços empreendidos pelos governantes para que a cidade do Rio de Janeiro sediasse os
Jogos Olímpicos em 2016 farão com que ela se torne a mais desenvolvida e importante do País, já
que os investimentos na disputa superaram o total investido pelas cidades de Madri, Chicago e Tóquio
juntas.
16. Assinale a alternativa correta em que todas as palavras ou expressões retiradas do texto remetem ao
mesmo campo semântico de Jogos Olímpicos.
a) Disputa, jogo, reta final, largada, linha de chegada, vitória
b) Jogo, Rio de janeiro, vale-tudo, favelização, violência, vitória
c) Disputa, corrida de obstáculos, reta final, vale-tudo, paisagem, vitória
d) Jogo, largada, corrida de obstáculos, reta final, vereador, vitória
e) Jogo,disputa, largada, desgoverno, linha de chegada, vitória
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17. No texto, há várias palavras e expressões que foram empregadas em sentido conotativo (figurado). A
palavra ou expressão destacada que foi usada em seu sentido próprio, denotativo ocorre em:
a) “Na reta final, os estrategistas usaram a influência de políticos e personalidades internacionais no
corpo a corpo com os eleitores do COI”.
b) “O vale-tudo pelos votos transformou Copenhague num desfile de celebridades”.
c) “Ao anunciar a sede da Olimpíada de 2016, o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques
Rogge, deu a largada a uma corrida de obstáculos”.
d) “Pelé jogou bola com crianças. Paulo Coelho ofereceu um almoço para uma plateia feminina”.
e) “Para cruzar a linha de chegada, em 5 de agosto de 2016, o Rio de Janeiro terá de vencer o
desgoverno e o abandono, criados nas últimas décadas por uma elite política arcaica”.
Considere o trecho a seguir para responder às questões 18 e 19
Microincidentes
Para o ministro da Justiça, Tarso Genro, o apagão que atingiu 18 Estados, mais de 60 milhões de
cidadãos e paralisou o país foi um "microincidente". Para o de Minas e Energia, Edison Lobão, foi um problema
de "tempestade, vento, raios", e não se fala mais nisso. Para o líder do PT, Aloizio Mercadante, "a oposição
está muito nervosa, devia tomar maracujina". E, para Dilma Rousseff, ex-ministra de Minas e Energia e mandachuva do setor e do sucessor, "racionamento é que é barbeiragem".
Nessa profusão de pérolas, ninguém conseguiu superar o insuperável Lula. Vejamos o que o
presidente disse: "Essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo. Se o mundo fosse
quadrado ou retangular...". [...].
Dilma, com aquele jeitão dela, e Lobão, bem ensaiado, já tinham declarado o assunto do apagão, ops!,
do blecaute, como "encerrado". E veio Lula condenar o "achismo" e cobrar uma investigação afinal séria e
respostas definitivas. Se elas virão? Bem, aí é outra história. [...].
CANTANHÊDE, Eliane. Folha de S.Paulo, 15 de novembro de 2009.
18. “Microincidentes” é um texto de opinião. Devido às características particulares desse gênero textual, é
correto afirmar que:
I - A utilização de aspas em diversas palavras e trechos ocorre porque todas elas, nesse texto, referemse às expressões populares, inadequadas à formalidade do gênero.
II - A utilização de aspas em diversas palavras e trechos ocorre porque elas, com exceção de “achismo”,
se referem à transcrição fiel da fala de Tarso Genro, Edison Lobão, Aloizio Mercadante, Dilma Roussef
e do presidente Lula.
III - Veiculado em um jornal, o texto deveria ser imparcial, ou seja, não demonstrar a opinião da autora
sobre o assunto de que ela trata.
IV - A interjeição “ops!” foi empregada no texto adequadamente, uma vez que, neste caso, é um recurso
expressivo que, junto a outros, demonstra a opinião da autora do texto a respeito do tema.
V - O emprego do adjetivo “insuperável”, atribuído a Lula pela autora, sugere que, para ela, a “pérola” dele
foi tão grave quanto a das demais pessoas citadas no texto.
Estão corretas apenas as proposições:
a) II e IV
b) I e II
c) I, IV e V
d) II e III
e) II, IV e V
19. Sobre o trecho "Essa questão do clima é delicada por quê? Porque o mundo é redondo”, é correto
afirmar:
a) Na frase interrogativa, o correto é a grafia: porquê.
b) Na frase interrogativa, o correto é a grafia: porquê, e na afirmativa, o correto é a grafia: por que.
c) Na frase interrogativa, o correto é a grafia: por que.
d) Na frase afirmativa, o correto é a grafia: porquê, uma vez que ele é o sujeito da oração.
e) Está tudo correto com a grafia das palavras no trecho em questão.
Texto para a questão 20.
O apagão mental
Pior que o apagão elétrico da terça-feira é o apagão mental que assola boa parte da elite dirigente
brasileira. Trata-se de um blecaute permanente, sinal de que o subdesenvolvimento não é apenas econômico e
social mas também de cultura política. [...].
Apagão mental, por exemplo, é o do ministro Tarso Genro (Justiça), que classificou o blecaute de
"microincidente", incapaz por isso de turvar o "nunca antes" neste país que se tornou a história oficial. Tarso
não entende nada do assunto, que não é de sua área de atuação.
Clóvis Rossi - Folha de S.Paulo, 15 de novembro de 2009.
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20. Em relação à pontuação empregada no trecho do texto, é correto afirmar:
a) No trecho “Apagão mental, por exemplo, é o do ministro Tarso Genro...”, as vírgulas aqui empregadas
podem ser retiradas sem prejuízo da construção sintática da frase.
b) No trecho “Tarso não entende nada do assunto...”, depois do nome Tarso o autor deveria ter
empregado uma vírgula, uma vez que a palavra seguinte é um advérbio de negação.
c) No trecho “...que o subdesenvolvimento não é apenas econômico e social mas também de cultura
política”, não se empregou a vírgula antes da conjunção “mas” porque, neste caso, o “mas” constitui
uma série de valor aditivo (não só....mas também).
d) No trecho “...que o subdesenvolvimento não é apenas econômico e social mas também de cultura
política”, antes da conjunção “mas também” é preciso o emprego da vírgula, porque essa é uma
conjunção adversativa.
e) O texto tem vários problemas de pontuação considerando-se a sintaxe da língua.
21. Levando-se em conta que Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo, divide-se em três partes, assinale
a alternativa incorreta:
a) Na primeira parte, nota-se um teor extremamente subjetivo, egocêntrico, valorizando sobremaneira os
sonhos e o desejo de fuga da realidade.
b) Na primeira e na terceira partes, surge uma poesia sentimental, mórbida, egocêntrica, em que a
frustração amorosa é sublinhada por sonho e fantasia.
c) Na segunda parte, encontra-se uma poesia ácida, que debocha e ironiza os exageros do ultraromantismo.
d) Na terceira parte, encontra-se uma poesia repleta de imagens grandiosas e de linguagem
grandiloquente, voltando-se, muitas vezes, para temas sensuais e concretos.
e) Na segunda parte, ocupando-se de pequenas coisas cotidianas (quarto, leito, charuto), o poeta
exprime o tédio e a melancolia típicos da poesia de Lord Byron.
22. Leia o excerto abaixo do poema “O Conde de Lopo”, de Álvares de Azevedo, e em seguida, assinale a
alternativa incorreta.
Frouxo o verso talvez, pálida a rima
Por estes meus delírios cambeteia,
Porém odeio o pó que deixa a lima
E o tedioso emendar que gela a veia!
Quanto a mim é fogo que me anima
De uma estância o calor: quando formei-a
Se a estátua não saiu como pretendo
Quebro-a – mas nunca seu metal emendo.
a) Para o poeta, a forma poética só terá importância na medida em que não signifique artificialismo frio e
racional que destrua a liberdade criadora do artista.
b) No excerto em questão, o artista defende uma “literatura de desleixo”, típica do Romantismo, oriunda
dos ideais de liberdade da Revolução Francesa.
c) Álvares de Azevedo defende a liberdade que a figura do gênio, animado pelo “furor artístico”, instaura
na poesia romântica.
d) O autor prefere a liberdade na apresentação de uma realidade disforme à falsa perfeição encoberta
por regramentos poéticos.
e) O poeta faz uma crítica severa à servidão formal que guiou por muito tempo a produção poética,
fazendo com que os literatos usassem basicamente formas fixas como o soneto.
23. O trecho abaixo foi extraído de Memórias de um sargento de Milícias, de Manuel Antonio de Almeida. Os
dados apresentados permitem a identificação de uma das personagens do livro. Indique-a:
Era uma mulher baixa, excessivamente gorda, bonachona, ingênua ou tola até certo ponto, e finória até
outro; vivia do ofício de parteira que adotara por curiosidade, e benzia de quebranto; todos a conheciam
por muito beata e pela mais desabrida papa-missas da cidade. Era a folhinha mais exata de todas as
festas que aqui se faziam; sabia de cor os dias em que se dizia missa em tal ou tal igreja, como a hora e
até o nome do padre.
a) Dona Maria
b) Vidinha
c) Comadre
d) Luisinha
e) Maria da Hortaliça
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24. Dado o excerto abaixo, pertencente ao romance Angústia, de Graciliano Ramos, assinale a alternativa
correta sobre o personagem Luís da Silva:
Lavo as mãos uma infinidade de vezes por dia, lavo as canetas antes de escrever, tenho horror às
apresentações, aos cumprimentos em que é necessário apertar a mão que não sei por onde andou...
Preciso muita água e muito sabão...
I - Trata-se de um homem que se preocupa demasiadamente com o seu próprio bem-estar, em razão do
necessário asseio pessoal.
II - É um homem avesso ao contato social, sendo que o simples ato de cumprimentar uma pessoa pesalhe como uma carga insustentável.
III - Durante toda a obra, Luís analisa a sociedade, considerando-a hipócrita e injusta por não dar
oportunidade aos que possuem sentimentos de justiça e valores morais, daí o nojo sentido por tudo
que vem do espaço social.
IV - Nota-se a existência de um personagem frustrado, desequilibrado, mergulhado numa sujeira íntima e
inexorável, da qual ele tenta inutilmente se livrar.
Em relação às afirmações, assinale a alternativa correta:
a) Todas estão corretas.
b) Apenas I, II, e IV estão corretas.
c) Apenas I e IV estão corretas.
d) Apenas I e II estão corretas.
e) Apenas II, III e IV estão corretas.
25. O dois trechos abaixo pertencem ao romance Uma noite em Curitiba, de Cristóvão Tezza. Com base no
seu conhecimento sobre a obra, assinale a alternativa incorreta:
Eu só quero uma coisa: entender objetivamente o meu pai - o que, aliás, foi a idéia básica que a Fernanda
teve.
Eu sinto: mesmo nos momentos mais inspirados e comoventes, o meu pai mente quando escreve. Nem
nos momentos de paixão mais intensa, diante da mulher que o destruiu, ele é capaz de quebrar o vidro
das conveniências. Um homem que mente com relação ao próprio filho. Um historiador!
a) A ideia de publicar as cartas do pai em forma de livro surge da parceria do narrador com sua
namorada. Ao finalizar a obra, ele considera o projeto bem sucedido, pois iria receber uma boa
quantia em dinheiro.
b) No desfecho da narrativa, o leitor depara-se com uma outra motivação que levou o narrador a
escrever a obra, menos comercial: seu pai havia sido um homem integralmente de seu tempo, o que
justificaria que ele registrasse suas experiências como forma de contribuição social.
c) O filho problemático, visto como um jovem fracassado e irresponsável pela família, encontra na escrita
uma alternativa para escapar aos limites até então estreitos da vida familiar, abalados pela tragédia do
suicídio paterno.
d) A narrativa forma-se a partir da tensão entre os textos de um historiador nem sempre fiel à realidade
(ao menos é assim que o filho o descreve) e os textos de um filho que o denuncia tendo como intuito
superar a condição de filho-problema.
e) A disposição dos textos do pai, cuja alternância é habilmente operada pela narrador, gera uma
interessante independência entre eles. Sendo assim, a ordem em que foram narrados não é a única
que permite organizar a história de vida de Frederico Rennon.
26. Em relação às obras literárias indicadas para leitura, analise as proposições:
I - Morte e vida Severina trata de uma sucessão de frustrações vividas por Severino, o que faz dele um
exemplo típico de herói moderno, cuja tragicidade se expressa na rejeição à cultura a que pertence.
II - O romance Macunaíma pode ser considerado uma rapsódia por apresentar histórias populares, além
de ser marcado por elementos como a paródia, percebida no capítulo Carta pras Icamiabas.
III - A obra Libertinagem apresenta a poesia de Manuel Bandeira, que se caracteriza pela grande
simplicidade, pela linguagem coloquial e abordagem de questões do cotidiano, da efemeridade da
vida, das coisas sagradas e profanas, da velha e antiga ambigüidade que reside na essência dos
seres.
IV - Em A hora da estrela verificamos uma narrativa que apresenta um dos primeiros personagens
malandros da literatura brasileira, Leonardo. Considerado um romance de costumes, a obra narra as
venturas e desventuras pelas quais passa o personagem, desde que foi abandonado pelos pais até
ser nomeado um sargento e conquistar a estrela da coragem.
Estão corretas apenas:
a) I e II
b) I, II e III
c) II e III
d) II, III e IV
e) III e IV
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27. Leia os fragmentos abaixo, pertencentes aos diálogos entre Macabéa e Olímpico, do romance A hora da
estrela e, em seguida, assinale a alternativa incorreta:
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da Vitrine de uma loja
de ferragens onde estavam expostos atrás do vidro cano, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa,
com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado: – Eu gosto tanto de
parafuso e prego, e o senhor?
Ele: Pois é.
Ela: Pois é o quê?
Ele: Eu só disse pois é!
Ela: Mas “pois é” o quê?
Ele: Melhor mudar de conversa porque você não me entende.
Ela: Entender o quê?
– A Rádio Relógio diz que dá a hora certa, cultura e anúncios. Que quer dizer cultura?
– Cultura é cultura – continuou ele emburrado. Você também vive me encostando na parede.
– É que muita coisa eu não entendo muito bem. O que quer dizer “renda per capita”?
– Ora, é fácil, é coisa de médico.
a) Nos diálogos entre Macabéa e Olímpico, as respostas não conseguem se coadunar com as
perguntas, levando cada um para o seu lado, isolando-os progressivamente.
b) Ao questionar o namorado sobre o significado de palavras ouvidas na Rádio Relógio, “cultura” e
“renda per capita”, sem querer, Macabéa desafia o conhecimento linguístico de Olímpico,
enfurecendo-o.
c) Pelos diálogos apresentados, Olímpico e Macabéa revelam um traço comum: são personagens que
não apresentam superioridade discursiva, o que, muitas vezes, inviabiliza a integração na cultura
urbana.
d) A dificuldade de Macabéa em entender e dominar as palavras vai de encontro à experiência fictícia do
narrador Rodrigo S. M. de escrever a história, na medida em que este se apresenta como um escritor
seguro e hábil.
e) Olímpico e a namorada não sabiam elaborar diálogos para passar o tempo. Nas poucas conversas,
curtas e inconsequentes, Macabéa relatava informações esparsas ouvidas na rádio relógio e Olímpico
ou repetia seus sonhos de grandeza ou se enfurecia com ela.
28. Considerando o trecho abaixo, pertencente a A hora da estrela, de Clarice Lispector, é correto afirmar que
nele:
A moça (Macabéa) num aflitivo domingo sem farofa teve uma inesperada felicidade que era inexplicável:
no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro. [...] Ela quis mais
porque é mesmo uma verdade que quando se dá a mão, essa gentinha quer todo o resto, o Zé-povinho
sonha com fome de tudo. E quer mais sem direito algum, pois não é?
a) A narrativa põe em destaque a disposição de Macabéa em lutar pela igualdade e pela ascensão
social, exigindo o que era seu de direito.
b) Fazendo uso de uma frase feita, que expressa preconceito antipopular, o narrador desenvolve-a na
direção da ironia.
c) O narrador assume momentaneamente as convicções elitistas que, no entanto, procura ocultar no
restante da narrativa.
d) A heroína do livro, assim como muitos brasileiros em situação de privação, revolta-se contra as
injustiças e desigualdades sociais.
e) Adotando uma atitude panfletária, o narrador critica diretamente as injustiças sociais e cobra sua
superação.
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29. Faça a leitura atenta do seguinte fragmento:
Não consigo escrever. Dinheiro e propriedades, que me dão sempre desejos violentos de
mortandade e outras destruições, as duas colunas mal impressas, caixilho, dr. Gouveia, Moisés, homem
da luz, negociantes, políticos, diretor e secretário, tudo se move na minha cabeça, como um bando de
vermes, em cima de uma coisa amarela, gorda e mole que é, reparando bem, a cara balofa de Julião
Tavares muito aumentada. Essas sombras se arrastam com lentidão viscosa, misturando-se, formando
um novelo confuso.
Afinal tudo desaparece. E, inteiramente vazio, fico tempo sem fim ocupado em riscar as palavras
e os desenhos. Engrosso as linhas, suprimo as curvas, até que deixo no papel alguns borrões compridos,
umas tarjas muito pretas.
RAMOS, Graciliano. Angústia. 53 ed. Rio, São Paulo: Record, 2001, p. 09.
O fragmento acima, extraído de Angústia, demonstra:
a) Uma narrativa conturbada que reflete o estado psíquico do narrador-personagem Luís da Silva após o
assassinato de Julião Tavares.
b) Um momento de crise criativa do personagem escritor Luís da Silva que busca, a todo custo,
restabelecer seu equilíbrio mental.
c) Um momento conturbado de Julião Tavares ao descobrir que estava sendo traído por Marina.
d) Uma narrativa pós-moderna marcada pela fragmentariedade e pela multiplicidade de vozes que se
intercalam no discurso narrativo.
e) A necessidade do personagem Luís da Silva em atar as duas pontas da vida, a da infância ao
momento em que se torna um funcionário público.
30. Observando a linguagem e as ideias apresentadas, identifique o único fragmento que não pertence à
obra Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto:
a)
b)
c)
d)
e)
E se pela última vez
me permite perguntar:
não existe outro trabalho
para mim neste lugar?
Nasceste pra ser Sevilha.
Sevilha em mapa de mulher.
teu andar faz novas Sevilhas
das Itaperunas que houver.
Pensei que seguindo o rio
eu jamais me perderia:
ele é o caminho mais certo,
de todos o melhor guia.
Essa cova menor em que estás,
com palmos medidas
é a conta menor
que tiraste em vida.
E chegando, aprendo que,
nessa viagem que eu fazia,
sem saber desde o Sertão,
meu próprio enterro eu seguia.
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LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA
Atenção: Responda as questões de língua estrangeira de acordo com a opção feita no ato da inscrição:
Língua Inglesa – páginas 11, 12 e 13 ou Língua Espanhola – páginas 14, 15 e 16.
LÍNGUA INGLESA
TEXTO I – Para as questões de 31 a 35.
It sounds good!
When you listen to your favorite singer or your favorite rock group, this is only possible because you are
inside Earth’s atmosphere. Sound can’t travel in space due to the vacuum that exists there.
But let’s start from the beginning, ok?
What is “sound”?
Sound is a vibration in the air. Anything that can produce vibrations can produce sound. Humans can
listen to a wide range of sounds but there are sounds we can’t listen to. There are the so-called “infra-sound”
that are so low in pitch that we can’t notice them. On the other edge there are the “ultra-sounds” that are so high
that only dogs cats and some other animals can listen to them.
When we say “low” and “high” we are talking about frequency not volume. A low frequency is like the
sounds of a Bass. A high sound is like the sound of a piccolo, a very small flute with a very acute sound.
Remembering the Physics from High School, the sound speed is about 340m/s, that is, in a second a
sound can travel 340 meters in open air. Sound can travel in the water much faster than in the air. If you’ve
already seen a movie about submarines you‘ve probably heard the “pings” of sonar equipment. The submarine
sends a beep under the water and receives an echo from any obstacle even fish. The equipment measures the
time of return and gives a reading about the distance of the obstacle. Very practical, isn’t it?
But all this sound applications have no special meaning in our daily lives, right?
Sound can be a blessing when we listen to our favorite song or a very uncomfortable thing when we are
on the streets.
The noise of heavy traffic is very dangerous and irritating to our ears, not to mention our stress level.
People who work in noisy places are more likely to have health problems like deafness, stress, headaches and
even heart attacks. Workers must wear ear protectors when working on the streets or noisy factories. There are
Laws about that to protect people’s health.
Our civilization is really noisy with all the engines, sound equipment, TV, Public Address loudspeakers
and hundreds of other sound sources.
Sound is the basis of oral communication, and that was the original use of it.
Pay attention to the hundreds of sounds you listen every day. You’ll notice that about 90% of them are
useless.
If the sound level is too high it will damage your hearing. People who are exposed to high sound levels
for more than one hour a day will have hearing loss in near future. Protect your ears and your health.
Enjoy the good 10%, and when you get home close the windows, low down the TV sound, turn off the
radio and enjoy the silence. It’s wonderful!
STEACHER. Disponível em: <http://www.steacher.pro.br/sound.html>. Acesso 24 nov. 2009.
31. Assinale a alternativa incorreta, de acordo com o texto I.
a) Sons viajam na água mais rápido que no ar.
b) Submarinos usam sons para detectar obstáculos.
c) Nível de som e estresse estão relacionados.
d) Pessoas que vivem em locais barulhentos adoecem mais vezes.
e) Todos os sons que você ouve são importantes na sua vida.
32. Assinale a alternativa correta, de acordo com o texto I.
a) O som viaja muito bem no espaço.
b) Os humanos ouvem todos os sons que os cães ouvem.
c) O som viaja mais rápido na água do que no ar.
d) O submarino recebe um eco de qualquer obstáculo menos dos peixes.
e) O barulho do tráfego intenso é muito perigoso e irritante para os nossos ouvidos, mas não influencia
nosso nível de estresse.
33. O verbo “enjoy”, em destaque no texto I, indica:
a) Uma ordem direta
b) Uma ordem indireta
c) Um comando
d) Um convite
e) Um conselho
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34. A alternativa correta que corresponde à voz passiva de “Humans can listen to a wide range of sounds” (em
destaque) é:
a) A wide range of sounds can be listened by humans.
b) A wide range of sounds can listen by humans.
c) A wide range of sounds can be listened of humans.
d) For humans a wide range of sounds can listen.
e) A wide range of sounds can be listen for humans.
35. No texto I, o termo “reading” (em destaque) é gramaticalmente classificado como:
a) Verbo
b) Substantivo
c) Adjetivo
d) Advérbio
e) Pronome
TEXTO II – Para a questão 36.
Nature.com. Disponível em: <http://www.nature.com/news/2009/091021/full/4611048a.html>. Acesso 24 nov. 2009.
36. Estude o contexto e escolha as palavras que o carteiro está dizendo no desenho acima.
a) “Now, now just get your life to normal. There’s no need to panic about your mail.”
b) “Relax man, you don’t even know what you’re laughing at! This isn’t an explosive agent… It’s a free
sample of a new kind of powder soap.”
c) “Stop calling me. You can’t get out of paying your bills just by claiming the envelopes may contain
anthrax.”
d) “Freeze! You’re under arrest! You have the right to remain silent.”
e) “See, I told you they can bomb anything and anywhere.”
TEXTO III – Para as questões 37 e 38.
Save the Planet
Natural News.com. Disponível em: <http://www.naturalnews.com/Index-Cartoons.html>. Acesso 24 nov. 2009.
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37. De acordo com a tira anterior:
a) The aliens want to save both the planet and the humans.
b) The aliens want to take the planet for their own.
c) The aliens came to Earth to save just the planet from being destroyed by humans.
d) The aliens came to Earth to take the humans to another planet.
e) The aliens came to Earth and offer the humans to save the planet.
38. O sufixo “ing” é usado na palavra “removing” porque:
a) It is after a preposition.
b) It is the subject of the sentence.
c) It is expressing the present continuous tense.
d) It is before the noun “you”.
e) It is expressing immediate future.
TEXT IV - Leia a letra da canção "Blowing in the Wind", de Bob Dylan, para responder as questões 39 e 40:
How many roads must a man walk down
Before you call him a man?
How many seas must a white dove sail
Before she sleeps in the sand?
How many times must the cannon ball fly
Before they are forever banned?
The answer my friend is blowing in the wind,
The answer is blowing in the wind…
How many times must a man look up
Before he can see the sky?
How many ears must one man have
Before he can hear people cry?
How many deaths will it take till he knows
That too many people have died?
The answer my friend is blowing in the wind
The answer is blowing in the wind…
How many years can a mountain exist
Before it's washed to the sea?
How many years can some people exist
Before they're allowed to be free?
How many times can a man turn his head
Pretending he just doesn't see?
The answer my friend is blowing in the wind
The answer is blowing in the wind…
Disponível em: <http://kids.niehs.nih.gov/lyrics/blowing.htm>. Acesso 24 nov. 2009.
39. Sobre que assunto é a canção?
a) It is a romantic song
b) It is a song about friendship
c) It is a song of protest
d) It is about environmental damages in the world
e) It is about political corruption in America
40. Na sentença "they are allowed to be free", a palavra "allowed" (em destaque) pode ser substituída por:
a) Prohibited
b) Chosen
c) Fed
d) Permitted
e) Killed
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LÍNGUA ESPANHOLA
Texto I – Para as questões de 31 a 36.
Diciembre de 2012, profecías apocalípticas antes de Navidad
Jackson Hole (Wyoming, EEUU), miércoles 4 de noviembre (Agencia EFE).- El 21 de diciembre de 2012
supondrá la terminación de un ciclo según el antiguo calendario maya, una fecha profética que para los
agoreros del siglo XXI y para Hollywood predice el apocalipsis de la civilización. Grandes terremotos, una
alteración radical del clima, guerras masivas, o el impacto de un asteroide como el que causó la extinción de
los dinosaurios son los desencadenantes más populares que supuestamente acabarán con la sociedad tal y
como la conocemos.
Historias que motivaron a Columbia Pictures a realizar "2012", nueva película de catástrofes del director
Roland Emmerich que se estrenará el 13 de noviembre en EEUU y a buen seguro llevará las premoniciones
tremendistas a las conversaciones cotidianas. En su afán por arrojar luz sobre el tema, y crear expectación, el
estudio reunió a tres expertos en los "misterios" que envuelven los últimos días de 2012 en la presentación del
filme a los medios de EEUU en los alrededores del parque de Yellowstone, uno de los parajes que salen mal
parados en la cinta. ¨Hollywood hace lo que hace Hollywood, una increíble obra maestra visual, pero mis
investigaciones apuntan a que los mayas tenían una idea muy diferente de lo que significa el final del un ciclo",
explicó John Major Jenkins, autor de nueve libros sobre el significado del calendario de esa cultura
precolombina. "En 2012 concluye la llamada larga cuenta de los mayas que completa un período de 5125 años.
Eso es algo real que pertenece a su tradición, es un hecho, y ellos creían en que los finales de ciclos tenían
que ver con transformación y renovación, no predijeron el fin del mundo", afirmó Jenkins. En declaraciones a
Efe, este autor aclaró que "uno de los malentendidos que hay es que el 2012 supone el final del calendario
maya. No es así, se cambia de ciclo pero el calendario continúa". Para Jenkins lo más significativo de la fecha
es la capacidad de los astrónomos mayas para anticipar una extraña alineación galáctica, que según sus datos
ya se está produciendo, y el simbolismo del 21 de diciembre, el solsticio de invierno.
"Cómo se relacione ese acontecimiento con sucesos en la sociedad, lo desconozco, aunque los rituales
mayas siempre tenían una enseñanza espiritual", declaró Jenkins.
De esa misma opinión era Daniel Pinchbeck, periodista experto en chamanismo y autor de "2012: The
Return of Quetzalcoalt" (2007) y productor del cortometraje "2012: Time for Change". "2012 no sabemos cómo
será pero en lugar de mirar hacia el fin del mundo podemos verlo como una oportunidad para evolucionar y ser
más creativos, inteligentes como especie y usar nuestras tecnologías en esa dirección. Es tiempo de
transformación y purificación", comentó.
Más fatalista fue Lawrence E. Joseph, que aseguró que entre finales de 2012 y principios de 2013 se prevé
que ocurra una gran explosión solar que afectará a la Tierra y dejará sin electricidad a parte de la Humanidad
durante años, no obstante, concluyó el autor, "sobreviviremos".
Adaptado de: http://noticias.latino.msn.com/entretenimiento/articulos.aspx?cp-documentid=22505922
31. Qual é o tema central do texto?
a)
b)
c)
d)
e)
Diferentes profecias sobre a evolução da espécie humana.
Um filme que terá estreia em 2.012.
Os 5.125 anos do calendário maia.
Um fenômeno galáctico em 2.012.
O suposto fim do mundo em 2.012.
32. O artigo foi publicado em que dia da semana?
a)
b)
c)
d)
e)
segunda-feira
terça-feira
quarta-feira
quinta-feira
sexta-feira
33. Por extenso, a data 21 de diciembre escreve-se:
a)
b)
c)
d)
e)
veintiún de diciembre
vienteún de diciembre
veinteuno de diciembre
vienteuno de diciembre
veintiuno de diciembre
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34. Um sinônimo de no obstante, em espanhol, é:
a) sin embargo
b) aunque
c) ni siquiera
d) por supuesto
e) todavia
35. Com relação às previsões mencionadas no texto, assinale a opção incorreta:
a) uma grande explosão solar
b) o final do calendário maia
c) mudanças no clima
d) terremotos
e) guerras
36. A forma correta da conjugação predijeron no singular, é:
a) predijo
b) predige
c) predisse
d) predije
e) predigo
Texto II – Para as questões de 37 a 40.
Vivir con un extra de ¨glamour¨: te damos todas las ideas de estilo para las fiestas.
Regina Cruz
Ya estamos en plenas fiestas navideñas y los compromisos familiares y con los amigos se han multiplicado.
Nos volvemos locas pensando en cómo nos vestiremos y en cómo vamos a hacer la decoración cuando
vengan los invitados a comer o a cenar, si somos debutantes en ese aspecto. Saber preparar estas citas con
“glamour” e innovando parece difícil, todo un reto. Vamos a ver si con estos consejitos conseguimos estar a la
altura de las circunstancias.
Colocar la cubertería
Invitar a amigos, conocidos o, incluso, al jefe puede ser una prueba fácil de superar si se siguen algunas
pautas. La colocación de los cubiertos en la mesa marca la diferencia entre una buena cena y una buena cena
con clase. A la izquierda del plato se colocan, de dentro hacia fuera, el tenedor principal seguido del tenedor
para pescado o carne o el del primer plato. A la derecha, al lado del plato, se coloca el cuchillo principal,
después la cuchara de la sopa o el cuchillo del primer plato. En la parte superior se sitúa la cuchara o el
tenedor de los postres y la cucharilla del café. En el caso de que se requiera un cuchillo para comer el postre,
este se llevará a la mesa en el momento en que se sirva.
Flores en la mesa
La mesa, en estos días, se convierte en el centro neurálgico de todas las operaciones. Será el centro de
atención de todas las miradas, por eso es necesario vestirla de gala. Copas altas de cristal y platos sin cenefas
son muy recomendables para hacer presente la elegancia. También son esenciales los centros florales. Como
su propio nombre indica acostumbran a colocarse en el centro y la forma varía según el tamaño y diseño de la
mesa. Si la mesa es rectangular los centros florales son alargados y si la mesa es redonda, éstos también. Si
podemos es mejor conseguir flores naturales, que transmiten frescura y aroma, pese a que tengamos que
comprender su caducidad, lo que no sucede con las artificiales, pero ¡olvidémonos de ellas! Pues queremos
mucho ¨glamour¨.
Adaptado de: http://www.nosotras.com/moda/vivir-extra-glamour-fiestas-navidad-damos-todas-ideas-estilo-cena-nochebuena-7772/
37. O texto II está dando dicas para a decoração de:
a) uma festa de aniversário
b) um jantar de formatura
c) as festas do final de ano
d) uma festa de casamento
e) uma festa de debutantes
38. Na hora de arrumar a mesa, devemos colocar:
a) a faca do lado direito
b) somente uma faca por pessoa
c) a colher de sopa, qualquer que seja o cardápio
d) os talheres da sobremesa apenas no momento final da refeição
e) o garfo do lado direito
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39. É correto afirmar que:
a) o arranjo floral deve ser largo
b) a anfitriã deve estar vestida de gala
c) devem ser colocadas taças de cristal
d) a toalha de mesa pode ser florida
e) é preferível, por sua durabilidade, escolher flores artificiais
40. Assinale a alternativa correta.
a) A palavra hacia é conjugação do verbo ¨hacer¨.
b) A palavra vengan é conjugação do verbo ¨vengar¨.
c) A palavra citas pode ser traduzida como festas.
d) A palavra hacia é uma preposição.
e) A palavra cucharilla significa xicrinha.
REDAÇÃO
Instruções:
1. A sua dissertação deverá ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas.
2. Dê um título à sua redação
3. Apresente-a de forma legível e sem rasuras na folha VERSÃO DEFINITIVA, utilizando caneta
esferográfica com tinta da cor azul ou preta.
4. Para rascunho, use a folha disponível no final deste caderno.
5. Só será considerada para avaliação a versão definitiva da redação.
6. Leia os fragmentos a seguir. Eles servem de apoio para a produção de sua dissertação, ou seja,
os textos não são apresentados para que você os copie integral ou parcialmente. Eles apenas
servem para você selecionar, organizar e relacionar argumentos, fatos e opiniões, com o objetivo
de defender seu ponto de vista.
TEXTO 1:
Meu livro faz uma abordagem dentro da perspectiva da Ética. Existem outros que abordam sob
o aspecto sociológico, mas minha análise é fenomenológica. [...].
Desenvolvo uma hipótese, procurando explicar o ciclo vicioso do jeitinho na relação do poder
público com o cidadão e vice-versa. Existe um diálogo secreto. São quatro estágios. O primeiro é um
descaso generalizado frente ao cidadão. Se você quiser receber saúde, embora pague imposto, ela é
privada. Você paga impostos para a estrada, mas também deve pagar o pedágio. Assim, o cidadão
não se sente motivado a pagar os impostos. O segundo estágio é a sonegação. Não se sentindo
mobilizado, ele sonega. Aí entra a fiscalização. Se o fiscal for corrupto, chega-se no terceiro estágio,
que é a corrupção. Pode-se pagar multas menores. Mas para a corrupção se manter ela é
alimentada pelo quarto estágio deste ciclo: a impunidade. A corrupção não gera recursos para o
Estado. O eixo que gira este ciclo é o jeitinho.
Mas o jeitinho é um fenômeno mundial, ele está presente na natureza humana. Trato o jeito ou
jeitinho como sinônimos, é a busca de uma saída diante de uma situação que não se quer enfrentar.
Ele é internacional. O ser humano quer procurar o caminho mais fácil. Quando você compra uma
mercadoria, quer obter maiores recompensas por menores custos. Nos EUA, as questões ligadas
aos golpes e fraudes econômicas estão muito ligadas à corrupção. Mas lá a punição acontece. Já no
Brasil, impera o ditado “para os amigos, tudo. Para os inimigos, o rigor da lei”.
O jeito negativo envolve a transgressão legal, a busca de uma saída ilícita. O lado positivo do
jeito é a criatividade do brasileiro, especificamente. O jeito é um foco etnográfico no Brasil. Ele faz
parte da cultura e comportamento do Brasil. Na primeira carta escrita no Brasil, Pero Vaz já pede
emprego ao rei para um parente dele. Os negros escravos, quando perseguidos pela Igreja, fizeram
alterações na nomenclatura de suas divindades. São Jorge vira Ogum e assim por diante. Neste
sentido, ele tem um caráter positivo. A busca por combustíveis por fontes renováveis, por exemplo, é
um avanço perceptível mundialmente. O brasileiro encontra saídas quando geralmente não se vê.
[...].
Entrevista realizada pela Revista História: revista da Biblioteca Nacional, n.42, março de 2009 com Lourenço Stelio – teólogo e autor do
livro “Dando um jeito no jeitinho”.
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TEXTO 2:
Centro-Oeste e Norte armam "jeitinho" para completar leitos para Copa
Para conseguir hospedar todos os torcedores que planejam assistir aos jogos da Copa de
2014, cidades do Norte e do Centro-Oeste do país devem adotar o "jeitinho brasileiro" e incluir
acomodações em casas de família, hotéis no meio da selva e navios-cruzeiro na contabilidade de
leitos disponíveis. [...]
Para se adequar ao Mundial, Manaus precisa, fora os já prontos e os em construção, de mais
3.500 leitos. [...]
Em Belém, a candidatura afirma que não haverá problemas com hospedagem. Além dos
atuais 8.360 leitos, serão criados mais. Em 2013, a expectativa é que sejam 12.300. No início do
ano, a cidade teve dificuldade para alojar os mais de 100 mil visitantes do Fórum Social Mundial. A
saída: adotou um sistema de "hospedagem solidária", em que os moradores alugaram quartos ou
camas.
BRASIL, K.; VARGAS, R.; MAGALHÃES, J.C. Agência Folha, Manaus, Cuiabá e Belém. Folha online, 28/05/2009.
TEXTO 3:
Idosos são vaiados em fila no Ibirapuera
O clima na bilheteria do ginásio do Ibirapuera, um dos três pontos onde acontece a venda de
ingressos para o show da cantora Madonna, é de muita confusão. Segundo a Polícia Militar, mais de
mil pessoas esperam atendimento. A venda acontece em seis guichês.
Os fãs da cantora que tentam comprar os ingressos para o show estão irritados com a
quantidade de idosos na fila. Cada um pode comprar seis ingressos. Os cerca de 50 idosos foram
vaiados.
Consumidores denunciam que pessoas pagam gestantes, mulheres com crianças de colo e
idosos para irem à bilheteria, pois eles têm atendimento preferencial. "Às 11h, começaram a chegar
velhinhas sem parar. Muita gente está pedindo para a avó comprar ingresso, e outros estão pagando
para os idosos ficarem na fila", queixa-se Lygia Amorim, 25.
[...] O gerente Flávio Araújo, 25, chegou às 13h de ontem com colchonete e só às 13h15
desta quarta conseguiu comprar as entradas. "É a completa falta de bom senso, o velho jeitinho
brasileiro, que eu considero uma esperteza do mal." [...]
PRADO, M.A. Folha online, 03/09/2008
.
PROPOSTA:
Elabore um texto dissertativo que explicite se a expressão “jeitinho brasileiro” pode ser
entendida como característica positiva ou negativa.
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FOLHA DE RASCUNHO PARA A REDAÇÃO
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