e agora, presidente?

Transcrição

e agora, presidente?
www.cartapolis.com.br
Nº 1042 - OUTUBRO/2014 | CIRCULAÇÃO NACIONAL | R$ 9,90
E AGORA,
PRESIDENTE?
PROMESSAS VAZIAS,
COMPROMISSOS
IMPOSSÍVEIS
Ensaio de Romulo F. Federici
OCASO DO PATRIARCA
Como José Sarney saiu
do palco da política
brasileira para ocupar
lugar obscuro na história .
POR QUE PAROU?
O Brasil parou de
crescer, agora é
recessão técnica, e as
análises são pessimistas.
LOBBY
O clamor por regularizar
uma atividade que
envergonha os
lobistas institucionais.
PÁGINAS AZUIS
Fernando Vasconcelos
traduz em números
e projeções sua crença
na ampliação do
mercado da propaganda
do país em 2015
SAÚDE - O embuste dos planos privados chega á sensação absoluta
de impunidade das operadoras que agem sem fiscalização rigorosa.
10
OS
MAIS INFLUENTES NA POLÍTICA
E PODER EM SETEMBRO
ORANI TEMPESTA
CARMEN LÚCIA
Cardeal-arcebispo da cidade
do Rio de Janeiro foi
assaltado na mesma e não
reagiu, exibindo alta dose de
prudência e agindo como todo
cidadão deve agir diante de
uma situação semelhante.
Subiu à vice-presidência
do STF. Candidata a ser a
segunda mulher presidente da
Corte em futuro próximo
(a primeira foi Ellen Gracie).
Será um algodão entre os
cristais.
MAÍLSON DA NÓBREGA
HENRIQUE MEIRELLES
NIZAN GUANAES
Sempre citado para ministro
da Fazenda, é o preferido do
mercado em voz uníssona pelos
exemplos de energia e equilíbrio que passou enquanto presidência do Banco Central.
O publicitário conhecido por
sua criatividade teve sua agência de propaganda, África, recentemente escolhida entre as
dez melhores do mundo.
Análise pontiaguda na revista
VEJA sobre a economia, tem
sido um farol para o empresariado com seu texto vertido
em clareza, ironia e situações
comparativas com tempos melhores vividos pelo país.
GIL CASTELO BRANCO
RODRIGO JANOT
HUMBERTO COSTA
Diretor do portal Contas Abertas, tem sido uma referência do
acompanhamento do desempenho fiscal do governo, cujas
análises sobre a transparência
representam a sociedade em
matéria de vigilância.
Com responsável independência, o chefe do Ministério Público Federal avançou na pedagogia do entendimento firmado
pela Constituição 98 quanto ao
papel da Procuradoria-Geral da
República.
Líder do PT no Senado se desincumbe da função sempre com
serenidade, como na CMPI da
Petrobras e pontuando suas intervenções com a visão da relatividade entre política e poder.
BENJAMIN STEINBRUCH
Intervenções marcantes para
definir o atual estado de ânimo do setor privado, voltaram
a ser voz predominante de uma
geração empreendedora que só
precisa dos governos que não
atrapalhem.
RICARDO LEWANDOWSKI
Em sua posse na Presidência
do STF, proferiu um verdadeiro discurso de método sobre
o papel do Judiciário face aos
confrontos da judicialização
da política e politização do
Supremo Tribunal Federal. Assumiu a Presidência da República em exercício.
(*) Esse ranking será publicado mensalmente para compor os 10
MAIS INFLUENTES DO PODER DO ANO DE 2014, na edição de dezembro próximo.
NESTA EDIÇÃO
4
8
10
24
SARNEY:
O OCASO DO
PATRIARCA
PROMESSAS VAZIAS
E COMPROMISSOS
IMPOSSÍVEIS
CONSELHOS DE
SHAKESPEARE
AOS RECÉM-ELEITOS
12
20
34
42
50
54
CAPA
COLUNA
LEONARDO
MOTA NETO
OS “BRUXOS”
DE BRASÍLIA VERA BRANT
SONAR ALBERTO
CAEIRO
FÓRUM
POLÍTICO DAS
MULHERES
14
22
36
SAÚDE - O EMBUSTE DOS
PLANOS PRIVADOS
PÁGINAS AZUIS
FERNANDO VASCONCELOS
SWING
POLÍTICO
FRASES
DO MÊS
POLIS
CONFIDENCIAL
44
52
EDITORIAL -TUDO VALE A PENA,
QUANDO A URNA NÃO É PEQUENA
16
32
40
O NOVO SENADO:
QUEM ÉQUEM?
ECONOMIA
POR QUE O BRASIL
PAROU DE CRESCER?
18
33
ÁREA SOCIAL
A FOME DA
VERDADE
MARINA,
REFERÊNCIA
DA ELEIÇÃO
LOBBY –
CLAMOR POR
REGULAMENTAÇÃO
O MELHOR DOS CONTEÚDOS
DO SITE www.cartapolis.com.br
48
O JULGAMENTO
DE CESARE
BATTISTI
ÚLTIMO SONAR
ÁLVARO DE CAMPOS
55
OPINIÃO - ELLEN BARBOSA
OUTUBRO ROSA
EXPEDIENTE
CARTA POLIS revista mensal de bastidores do poder em Brasília.
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DO LEITOR
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gia, sobre
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m emoção”.
Brasília co
orgulho
Silvestre G
POLÍTICA
SARNEY:
O OCASO DO
PATRIARCA
A
TEMPOS DE SARNEY
ssim como foi poucas vezes ao Amapá enquanto ocupou a cadeira de senador pelo Estado, José Sarney
ocupou poucas vezes a tribuna para defender os interesses amapaenses. Ao que se lembra uma única vez.
O governo Sarney, eleito em 65 com 35 anos, foi um deslumbramento.
Antes do pleito, a Justiça Eleitoral fez uma revisão que resultou na eliminação de dois quintos do eleitorado. Era falso.
O vitorinismo (de seu figadal adversário Vitorino Freire) entrou na
disputa dividido: com os candidatos Renato Archer, pela coligação
PTB/PSD, e Costa Rodrigues, prefeito de São Luís, pelo PTN, apoiado governador Newton Bello. A eleição se travou sob a proteção de
tropas federais. José Sarney percorreu o Maranhão de ponta a ponta
e teve uma vitória esmagadora: recebeu 120 mil votos ou mais que a
soma dos votos dados aos dois outros candidatos (103 mil).
O governador exercia uma enorme influência federal, tanto pela mensagem renovadora de sua eleição como por conta
de seus antigos laços com a UDN nacional, após atuar como
deputado federal na famosa “banda de música”, composta por
Carlos Lacerda, Afonso Arinos de Melo Franco, Adauto Lúcio
Cardoso, Olavo Bilac Pinto, José Bonifácio Lafayette de Andrada, Aliomar Baleeiro e Prado Kelly. Era o movimento renovador
de jovens insatisfeitos com o “status quo”.
No governo do general Humberto de Alencar Castello
Branco, Sarney um dia foi chamado ao Palácio do Planalto.
O presidente estava amuado com as repetidas mordacidades
que o governador constantemente disparava em direção a seu
maior adversário, o senador Vitorino Freire, amigo de peito do
general, colaborador da revolução de março de 64. Uma dessas
ironias era a condição de analfabeto do velho demiurgo.
- Presidente, para constatar o que digo, mande chamar o
Vitorino e faça um ditado a ele - lhe teria dito Sarney. Teria, pois
há controvérsias.
Quando o fez, teve uma atuação brilhante na alocução em
que narrou a epopeia da construção do estado como nunca um
político havia feito de tão brilhante e completa eloquência na
sua narrativa histórica da conquista do Amapá.
Assim é José Sarney: o político de 83 anos que chega a seu
ocaso depois de 60 anos de vida pública.
Foi lenta a progressão do banimento do clã Sarney da política do Maranhão. Aconteceu agora depois de uma fermentação
de quase duas décadas de movimentos em oposição ao Sarney.
Começou lá atrás quando Epitácio Cafeteira, um folclórico populista conhecido somente em São Luiz, impôs acachapante
derrota a José Sarney, tornando-se governador.
O que terá feito aquele jovem político que aos em 65 foi
eleito governador, saudado como uma esperança de renovação
de ideias e métodos na política brasileira, cuja posse provocou
as vivas expectativas da intelectualidade nacional de que iria
transformar o chão bruto da província socialmente paupérrima, em nova fronteira de riquezas?
Hoje, 50 anos depois, o Maranhão continua o mesmo.
Não é novo. É uma síndrome repetitiva de adiadas novações.
E até piorado em seus índices sociais como o IDH.
O que fez aquele refinado intelectual, escritor e jornalista,
ótimo orador, decair tanto na escala do conformismo?
Carlos Castelo Branco, o genial cronista político, saudou
seu desembarque no governo destacando o apurado gosto estético de José Sarney por ter levado de Brasília para São Luiz sua
imensa coleção de santos barrocos, como símbolo de uma nova
atmosfera renascentista da sede do governo antes ocupada por
homens rudes como Vitorino Freire.
4
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POLÍTICA
O OCASO DO PATRIARCA
UM PALÁCIO SEM LEÕES:
nhão, que era de 7.500 kW27 , menor que a do edifício Avenida
Central, no Rio de Janeiro, passou para 237 500 kW. As estradas
passaram de 13 km pavimentados para centenas de quilômetros, que incluíam a BR-135, São Luís – Teresina.
Foi aberto o Porto do Itaqui e rompidas as amarras do
crescimento urbano de São Luís, impedido a nordeste e sudoeste pelas rias Anil e Bacanga, com a construção da ponte do São
Francisco, que abria caminho para as praias do norte da ilha, e a
barragem que permitia o acesso à ponta do Itaqui.
Tudo parecia encaixar-se para acertar o passo com o futuro. O governador requisitou uma brilhante equipe de técnicos
para executar a gestão inovadora. Pela primeira vez fincou-se na
bandeira do planejamento estratégico de longo prazo.
Especialmente na educação, o jovem governador - também
jornalista com carreira iniciada nos “Diários Associados”, jornal O
Imparcial, e também escritor, obteve um largo destaque.
O programa de educação “João de Barro” permitiu a criação de uma escola por dia, um ginásio por mês, uma faculdade
por ano. Com a combinação de adaptações do método Paulo
Freire com a introdução de uma TV Educativa — a primeira do
Brasil — foi possível formar rapidamente professores e monitores que estenderam a educação a todo o Estado, que só tinha
um ginásio. Ainda no governo Sarney, foi instalada a Universidade Federal do Maranhão e preparado o caminho para a mesma. Na área da saúde foi construído o Hospital Geral, em São
Luís, e criado um grande número de postos médicos no interior
maranhense.
O jovem governador logo mostrou ao ocupar o Palácio dos
Leões que seu discurso de redenção da miséria do Maranhão
não era uma ideia sem ação. Suas promessas não ficariam encerradas no documentário de Glauber. Suas primeiras conquistas para o Maranhão serviram para demonstrar que o filho do
promotor Sarney de Araújo Costa tinha chegado para mudar.
Para fazer um registro de sua campanha, convidou o jovem cineasta Glauber Rocha, que realizou o filme Maranhão
66. Sarney acabou não usando o filme, por não servir a propósitos de propaganda. Em compensação, Glauber usaria dois
planos de Maranhão 66 em Terra em Transe. As cenas foram
usadas no comício do personagem Filipe Vieira (vivido por José
Lewgoy), governador da província de Alecrim, no fictício país
chamado Eldorado. Vieira era um político demagogo que se elege à custa do voto dos camponeses e operários e, após assumir o
governo, ordena o fuzilamento dos líderes populares.
Aparições brilhantes do governador na cena federal e junto aos órgãos federais, como a SUDENE, batizavam a nova gestão como um marco de mudança.
Por uma favorável conspiração de sua geografia - e que
deixou de ser otimizada por Sarney, uma metade do Maranhão
é de vales úmidos, já na pré-Amazônia, o que tornou o Estado integrante dos SUDAM. Assim, recebe incentivos de duas
autarquias federais, com a SUDENE canalizando os seus, para
outra metade do estrado, a do cerrado e semi-árido.
Durante o Governo Sarney, os investimentos foram aumentados em 2.000%. A oferta de energia elétrica no Mara-
6
POLÍTICA
O OCASO DO
PATRIARCA
FRASES DE SARNEY
“Sou apenas um menino do Maranhão que o destino disse: vai José, ser Presidente.”
PAROU
POR
QUÊ?
“No Maranhão, depois dos 50 (anos) não se pergunta a alguém como está de saúde. Pergunta-se onde
é que dói.”
“Consultei um futurólogo e ele previu que o Brasil só
terá outro presidente nordestino daqui a 1.900 anos.
Então, acho que mereço ficar os seis anos.”
“Durante o meu mandato a história se contorceu,
mas a democracia não murchou na minha mão.”
“Parente em governo sempre cria problema. Para o
governo ou para o parente.”
Apesar de todas essas conquistas, o Maranhão depois de
Sarney, foi uma pobreza humana, política e econômica. A incluir nessa conta de débito todos os representantes por ele indicados para prosseguir sua obra.
O que teria falhado? O relógio do tempo teria parado no
Estado, transformando-o numa brasileira Macondo?
Por que mesmo tendo chegado mais tarde à Presidência
da República e ocupado por 5 anos, o Maranhão não cresceu na
proporção daqueles anos vertiginosos que Sarney foi seu governador - e o pior, evoluiu para um IDH vergonhoso?
Uma tese para os historiadores do futuro, e certamente
para algum “scholar” de qualquer departamento de ciência
política de alguma universidade estrangeira que deseje vir
ao Brasil pesquisar em campo um dos casos estupefacientes
de um Estado jogado literalmente fora, devido ao evanescente atraso mental de suas lideranças pós-governo de José
Sarney.
O Maranhão precisa de um novo Glauber Rocha para dirigir em São Luiz um novo documentário que retrate um “portrait” realista de uma beira de época.
Agora, não mais o épico barroco, mas algo a ver com um
novo tempo de esperanças para o maranhense que deseja ter
seu futuro assegurado em palavras de fogo. Não a visão estática
da miséria em torno do Palácio dos Leões.
“Herdei para administrar a maior crise política da
história brasileira; a maior dívida externa do mundo; a maior dívida interna; a maior inflação que
já tivemos; a maior dívida social e a maior dívida
moral.”
“Não me perdoam por ter chegado ao poder passando por cima do cadáver de Tancredo Neves.”
“Escrever é uma compulsão.”
“Posso conciliar a literatura com a política, porque
hoje a política tem muito de ficção.”
“Meu mandato é um mandato livre que me foi outorgado pela vontade popular. Tenho procurado exercê-lo com absoluta independência, e no dia em que não
puder mais fazê-lo, não poderei prestar serviços ao
Maranhão. Nessa hora, o meu caminho é o caminho
da minha casa, de cabeça erguida, mas respeitado e
sendo digno do nome e do povo desta terra. Não posso
parecer nunca subalterno, omisso ou açodado. Tenho
noção da grandeza do cargo que ocupo e das minhas
responsabilidades com o passado, com o presente e
com o futuro do Maranhão”.
(Pronunciada em 12 de dezembro de 1968, um dia antes
da edição pelo presidente Costa Silva do Ato Institucional nº 5)
7
POLÍTICA
CONSELHOS DE
Shakespeare
AOS RECÉM-ELEITOS
QUEM FOI SHAKESPEARE?
William Shakespeare é um cartão de apresentação à melhor poesia já escrita pelo ser humano. Não se trata apenas de palavras, palavras, palavras. O bardo inglês também é o escritor que melhor entendeu e descreveu os sentimentos humanos em todas as épocas. Está
tudo nas suas peças: ódio, rancor, inveja, ambição, cinismo, capacidade, licença, perfídia, malícia, hipocrisia, blandícia - mas também o
esplendor dos heróis do caráter e da honra.
Convertendo para a política essa força descritiva da beleza e da
torpeza dos homens, Shakespeare nos abre uma porta de imensas possibilidades: entender melhor as ações e reações dos políticos.
Aqui, extrai-se de suas obras conselhos dirigidos a esses profissionais da arte do possível.
São trechos de seus dramas, comédias, tragédias, poesias e escritos que possam significar mensagens diretas e oblíquas à quem se
julga político em nosso tempo e que política é uma maldição pela qual
pagamos o preço de vivermos em democracia..
AMBIÇÃO
AUTORIDADE
“Conquanto possa a autoridade errar como os demais,
encerra em sua natureza o remédio que a ferida logo faz
sarar”.
Medida por medida (1604-1605)
Ato II- Cena: Isabela
“Forçai-o com elogios. Mais água! Mais água! Sua ambição
está seca”.
Troilo e Cressida (1601-1602)
Ato II – Cena III: Nestor
BRIGA
CERIMÔNIA
“Foge de entrar na briga, mas se acaso brigares, faz com que
o competidor te tema sempre”.
Hamlet (1600-1601)
Ato I – Cena III: Polônio
CONCISÃO
“A concisão é a alma do espírito”.
Hamlet (1600-1601)
Ato II – Cena II: Polônio
“A cerimônia foi inventada para dar brilho aos atos
pálidos”.
Timão de Antenas (1607-1608)
Ato I – Cena III: Timão
CONSELHO
“Não me aconselhes. Minhas desgraças gritam mais alto do que o teu fraseado”.
Muito barulho por nada (1598-1599)
Ato V – Cena I: Leonato
DEFEITO
“Felizes dos que ouvem enumerar seus defeitos e assim podem corrigir-se”.
Muito barulho por nada (1598 – 1599)
Ato II – Cena III: Benedito
8
CRUELDADE
“Preciso ser cruel para ser bom”.
Hamlet (1600-1601)
Ato III – Cena IV: Hamlet
POLÍTICA
ENSINAR
“É-me mais fácil ensinar a vinte pessoas como devem
comportar-se do que ser uma das vinte a seguir minha
própria doutrina”.
Mercador de Veneza (1596-1597)
Ato I – Cena II: Pórcia
DEMORA
“Quem consegue manter-se fiel a um senhor vencido,
vence o vencedor”.
Antônio e Cleópatra (1606-1607)
Ato III – Cena XI: Enobardo
“Ninguém poderá jamais aperfeiçoar-se, se não tiver o
mundo como mestre. A experiência se adquire na prática”.
Os dois cavalheiros de Verona (1594-1595)
Ato I – Cena III: Antônio
FRAUDE
FIM
“É sempre boa a fraude para apanhar quem é vezeiro em fraude”.
Henrique VI – 2 Parte (1590-1591)
Ato III – Cena I: Suffolk
“É sempre bom tudo o que acaba bem. O fim coroa a obra”.
Bem está o que bem acaba (1602-1603)
Ato IV – Cena IV: Helena
HABILIDADE
GRITAR
“É sinal certo de grande habilidade pôr a gente defeitos em seus talentos”.
Muito barulho por nada (1598-1599)
Ato II – Cena III: Dom Pedro
“Quem perde tem direito de gritar”.
Henrique VI – 2 Parte (1590-1591)
Ato III – Cena I: Rainha Margarida
“Os homens nunca esperam”.
Troilo e Cressida (1601-1602)
Ato IV – Cena II: Cressida
“Os homens deveriam ser somente
o que parecem”.
Otelo (1604-1605)
Ato III – Cena III: Iago
HONRA
“Que é a honra? Uma palavra. Que há
nessa palavra, honra? Vento apenas”.
Henrique IV – 1 Parte (1597- 1598)
Ato V – Cena I: Falstaff
INTENÇÃO
“É bem frequente não cumprirmos a
jura mais ardente. Da memória a intenção é simples serva”.
Hamlet (1600-1601)
Ato III – Cena II: O rei da peça
IRRITAÇÃO
“É próprio da natureza humana irritar-se por coisas despiciendas, quando se ocupa com razões de peso”.
Otelo (1604-1605)
Ato III – Cena IV: Desdêmona
MUNDO
“O exílio é aqui, e longe, a
liberdade”.
O Rei Lear (1605-1606)
Ato I – Cena I: Kent
FIDELIDADE
EXPERIÊNCIA
HOMEM
EXÍLIO
“Demora não é recusa”.
Antônio e Cleópatra (1606-1607)
Ato II – Cena I: Menécrates
“O mundo é uma palavra, simplesmente”.
Timão de Atenas (1607-1608)
Ato II – Cena II: Flávio
“Poderíeis ter sido inteiramente o homem que sois,
sem tanto empenho em sê-lo”.
Coriolano (1607-1608)
Ato III – Cena II: Volúmnia
IDEIA
“Suas ideias razoáveis são como dois grãos de trigo perdido em dois alqueires de
palha: gastais um dia inteiro para encontrá-los, mas uma vez achado, não compensam o trabalho”.
O mercador de Veneza (1596-1597)
Ato I – Cena I: Bassânio
IMPOSSÍVEL
“Não creias impossível o que apenas
improvável parece”.
Medida por medida (1604-1605)
Ato V – Cena I: Isabela
IMPACIÊNCIA
“A impaciência só fica bem para um
cachorro louco”.
Antônio e Cleópatra (1606-1607)
Ato IV – Cena XIII: Cleópatra
LIMITE
“Não há nada sob a vista do céu que não se mova num limite restrito”.
A comédia dos erros (1592-1593)
Ato II – Cena I: Luciana
MEMÓRIA
“Os defeitos dos homens são gravados no bronze, as boas qualidades escrevemo-las na água”.
A famosa história da vida do Rei Henrique VIII (1612-1613)
Ato IV – Cena II: Griffith
POR QUÊ?
ROUBAR
“O porquê é tão batido como o caminho que vai ter
à igreja”.
Como gostais (1599-1600)
Ato II – Cena VII: Jaques
“O roubado que ri rouba do ladrão, o que chora, a si
rouba outra porção”.
Otelo (1604-1605) - Ato I – Cena III: Doge
9
POLÍTICA
COLUNA
LEONARDO MOTA NETO
TUBOS LIGADOS
A dica para os que apostam no afastamento defintivo entre a
presidenta Dilma e o ex-presidente Lula, estão no ministro Gilberto
Carvalho. Até o dia em que o secretário-geral da Presidência permanecer no Palácio do Planalto os tubos estarão ligados.
PEPINO DISTRITAL
Pepino para o novo governador do DF descascar: atualmente o DF tem um orçamento de R$ 40 bilhões, porém, apenas R$ 300
milhões são para investimentos. O setor produtivo local está impedido de ampliar a economia e gerar emprego, porque a máquina
pública está inchada e ineficaz. Esse foi o diagnóstico de um dos candidatos a governador, antes da eleição. Se ele venceu veremos
se dá consequência ou se cederá à máquina de moer convicções.
VENDA LITERAL
O que se diz no mercado à guisa de
anedota: agora o IBOPE foi mesmo vendido, para a alemã WPP.
PRÉ-PREFEITOS
Dessa eleição, entre ganhadores e perdedores surgem vários pré-candidatos a prefeituras das capitais e megalópoles do interior em 2016. O principal trono almejado é o de Fernando Haddad em São Paulo, uma vez que as
cotações prévias do próprio PT são de que será um fiasco se apresentar-se
para a reeleição.
BARBOSA VAGA
O ex-presidente do STF, Joaquim Barbosa, vaga sem porto seguro, sem projeto
e sem propósito. Acaba sendo uma vaga referência de um passado airoso. E sem vaga
para nada de efetivo.
SKAF DISSOLVIDO
O presidente da FIESP, Paulo Skaf, nunca deveria ter sido candidato a governador de São Paulo, sussurram seus colegas de estabelecimento. Um presidente da
FIESP - não disputa uma eleição a não ser para vencê-la. A FIESP é - ou agora, era um símbolo intocável do empresariado paulista e até nacional, mais importante que
a CNI. Com a candidatura a governador, Skaf tornou-se uma parte e não se manteve
como a parte.
10
POLÍTICA
CIÚME EXTREMADO
O general Golbery do Couto e Silva, do alto de sua proverbial sabedoria, dizia de certa feita que o pior ciúme é o que se
instala entre homens perto do poder É a infinita desgraça que a política preparou para as “vivandeiras” dos poderosos. Nos
derradeiros dias de sua campanha, antes de ser impedido de concorrer pelos tribunais a governador do DF, José Roberto
Arruda mantinha junto a si um séquito de seguidores, cujo principal motivo era o ciúme extremado de quem se aproximava do candidato para lhe transmitir algum tipo der sugestão. Deu no que deu.
“UMA OVA”
A campanha eleitoral para presidente da República foi um
primor para os colecionadores de frases do “febeapá” (o “Festival de Besteiras que Assola o Brasil”, livro de Stanislaw Ponte
Preta, na década de 7O). Porém, nenhuma foi mais hilária que a
da ex-candidata pelo Psol ,Luciana Genro, no debate na CNBB,
respondendo a Aécio Neves, que lhe havia cutucado como “linha
auxiliar do PT”. “Linha auxiliar do PT uma ova” – sacou a “irridescente psolista”, que tem lugar garantido na política brasileira.
SONHADO PIJAMA
Qualquer que seja o novo presidente, os três comandantes das Forças Armadas irão
para casa assim que houver a pose exaurida. Estão nos postos de comando há pelo menos
oito anos, cada um deles. No jargão militar, eles sonham com o dia de vestir o pijama. Deixarão o abacaxi da Comissão da Verdade nas mãos de uma geração de comandantes das
três forças mais, digamos assim, “antenada” com a nova política.
O IMEXÍVEL
Com qualquer presidente da República, há um funcionário público imexível no Palácio do Planalto. Seu
nome, Areolino Moreira de Castro, o funcionário que dá polimento ao Rolls-Royce presidencial que é utilizado somente uma vez ao ano, nas paradas de sete de setembro. De quatro em quatro anos, nas posses do novo presidente.
De agora até janeiro, Areolino trabalhará em dobro para a posse - ou reposse - do próximo presidente.
11
POLÍTICA
OS “BRUXOS” DE BRASÍLIA
Vera Brant
QUIETUDE INTERIOR À SERVIÇO DA ARTE DO ENCONTRO
E
la acolheu a todos os pioneiros de Brasília, arquitetos,
jornalistas, intelectuais,
boêmios, professores e todos quantos se chegassem a ela com
alguma criação de espírito.
Vera Brant foi mais do que
uma co-fundadora da UNB, amiga e
confidente de Juscelino Kubitschek,
Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer. Foi
a animadora de pelo menos 50 anos
da vida de Brasília, como escritora e
promotora da vida cultural da capital.
Nascida em Diamantina, Minas, sua chácara no Lago Sul serviu
de ponto de encontro de grandes
serões de conversas e opiniões de todas as tendências políticas ou ideológicas. Vera era plural, cosmopolita
e nem um pouco preconceituosa em
termos de temas de discussão. Controvertida, porém, como toda mulher adiante de seu tempo.
Morreu sem deixar muitas pistas sobre sua personalidade. Empresária do ramo imobiliário por 36
anos, dirigia seus negócios no escritório do Edifício Oscar Niemeyer
(não poderia ser outro endereço) na
ponta da Quadra 1 do Setor Comercial Sul. Muitos diziam que ela era implacável na direção da sua
imobiliária e estão certos. Não admitia falha na sua organização
que chegou a ser a maior de Brasília.
Como escritora, publicou vários livros, porém nenhum fez
mais sucesso do que “A Ciclotímica”, esgotado nas livrarias. (Fizemos um teste sobre como encontra esse livro pela internet e constatamos que pelo menos dez sebos virtuais o estão vendendo por
diferentes preços). Traduzido para o inglês, na Inglaterra recebeu
o título “A Lump in the Throat”. Em francês, recebeu o batismo de
“La Routine des Jours”. Muitos indicam seu outro livro, “A Solidão
dos Outros”, como candidato a melhor de sua lavra.
Com seu amigo Carlos Drummond de Andrade, manteve
treze anos de correspondência com cartas consideradas hoje em
dia uma notável literatura epistolar. Foram reunidas no livro “Carlos, Meu Amigo Querido”.
Seu mito, JK, ela o conheceu ainda em Belo Horizonte,
onde completou seus estudos, chegada de Diamantina. Com a inauguração de Brasília em 1960 mudou-se para cá. Manteve uma fraterna
amizade e cooperativa amizade com
Juscelino, sintetizada no livro “JK – o
Reencontro com Brasília”.
Era muito meiga com os amigos e convidados aos jantares na sua
chácara do Lago Sul. Como grande
anfitriã, circulava entre as mesas
sempre puxando uma conversa diferente, instigando as ideias e narrativas de historias políticas.
Nesses saraus, imperou Darcy
Ribeiro até morrer. Foi sempre o farol
reluzente de Vera Brant. Os dois trabalharam juntos no esforço de criar a
Universidade de Brasília, e conseguiram. Professora da UNB, foi demitida
pelo golpe militar de 64. Nunca mais
colocou os pés na universidade que
ajudou a criar.
Com Darcy, constituiu uma
dupla de parceiros que se considerava inseparável. Senador pelo Rio
de Janeiro, em vez de apartamento
funcional do Senado, Darcy mantinha uma suíte na chácara de Vera.
Quando morreu, o antropólogo e
político carioca foi saudado por Vera
com um dos artigos mais emotivos já lidos pelo seu circulo de
amigos.
Muitos manterão uma legenda controvérsia em torno
dela, mas o certo é que lidou com poderosos sem abandonar
sua quietude interior de uma menina de Diamantina. (Leonardo Mota Neto).
As veríadas (I)
Vera Brant era uma mulher destemida. Quando Juscelino
Kubitschek voltou do exílio, em 1973, ela o recebeu com festa,
sem nenhum temor aos tentáculos poderosos da ditadura. Era
mais do que colaboradora de JK - era sua confidente. O ajudava
frequentemente.
As veríadas (II)
Vera escreveu em seus “Encontros com Darcy Ribeiro”:
Darcy, exilado em Portugal, vai a Paris fazer exames após passar
12
POLÍTICA
Muitos manterão uma
legenda controvérsia
em torno dela, mas o certo
é que lidou com poderosos
sem abandonar sua quietude
interior de uma menina de
Diamantina.
mal. Descobre um câncer no pulmão. Quis voltar ao Brasil para
ser operado. Os militares não queriam que ele viesse. Vera pede
ajuda ao escritor mineiro Abgar Renault, era amigo do Golbery.
Darcy desembarcou no Rio e foi direto para o hospital num
camburão da polícia. Antes, pediu para dar uma voltinha por
Copacabana a fim de ver o calçadão. Um dia ele disse a Vera:
“- Filha, você não acha uma coisa seríssima a gente tirar um pulmão?” Vera pensou um pouco e se saiu com esta: “Mas, pensando bem, Darcy, para que intelectual precisa de dois pulmões?
Para ler e escrever? Um só dá, perfeitamente”.
As veríadas (III)
Carmen Lúcia, sua amiga mineira, ministra do Supremo Tribunal Federal, eleita vice-presidenta da Corte, tem um depoimento especial sobre Vera. Trechos significativos: 1) “Arrepiava diante
do que lhe parecia covardia ou medo”; 2) “Foram levas de amigos
que ela acalentou. Não temeu brigas para defender os de sua alma
ou até os amigos dos amigos que foi acolhendo como a plantar novas flores em sua chácara”; 3) “Vera falava manso e suave quando
queria festejar”; 4) “Vera falava duro quando queria contestar. Não
tinha cuidado quando era sua a opinião que queria bradar e a ideia
que adulava tendo por ela que batalhar. Mas, distinguia ideias e
gentes”; 5) Vera chegava junto. Na ventura ou na desventura, fazia
parte. Protagonizava com os amigos. “Não lhe caía bem o papel
de coadjuvante”; 6) “Vera tanto aclamava quanto reclamava. Tudo
com igual paixão. Agastou-se até com gente enterrada com um
seu colar emprestado. Pareceu-lhe um desplante: além de morrer,
carregar o seu colar!”; 7) “Farta foi sua mesa, em roda de saberes,
sabores e cantos. Farta foi sua vida, em fatos e atos que lhe valeram enfrentamentos e amores, e na qual soube ter coragem para
entregar-se inteira. Coragem, aliás, é outro nome desta mulher
dos gerais, destas Minas tão plurais”;8) “Há que ter coragem para
amar como Vera soube”.
As veríadas (V)
A propósito de Vera Brant, a grande dama de Brasília, confidente de JK, Oscar Niemeyer e Darcy Ribeiro, e de uma geração inteira de políticos, jornalistas e intelectuais, cuja mansão serviu de
templo para conversas de fundo e forma por 5O anos, morreu em
setembro e deixou inúmeras histórias. Uma delas é de uma passagem com JK, cheia de presságios. Foi sobre a última noite de Juscelino em Brasília antes de viajar a São Paulo e morrer na estrada.
Na segunda-feira que antecedeu o desastre, Juscelino e o colunista Gilberto Amaral foram jantar no Eron, restaurante Panorâmico, com seu dono, o empresário paulista Eron Alves de Oliveira
e seu sobrinho Eraldo Alves da Cruz, então seu diretor-geral.
JK estava feliz. Quis dançar. Eron argumentou que era segunda e a boate estava fechada. O ex-presidente insistiu.
- Faça-me esse favor todo especial, abra a boate. E chame a
Verinha (Vera Brant) Quero dançar com ela.
Vera foi chamada de madrugada, e foi feliz atender o amigo. Mas precisavam de som: Eron mandou o sobrinho Eraldo
buscar em casa o DJ da boate. Mora muito longe, numa cidade-satélite, mas o jovem estudante de Direito no CEUB foi, madrugada adentro.
JK ainda teve tempo de lembrar Eraldo:
- Peça ao rapaz para trazer o disco com o Peixe Vivo, mas
quero a versão em espanhol, que gosto muito.
Tudo foi providenciado.
Juscelino parecia diante de um ato final. Disse-lhes que
teria que viajar na manhã seguinte bem cedo para São Paulo
a um compromisso inadiável. Gilberto pediu-lhe para ficar em
Brasília, pois no sábado seguinte seria a festa de 15 anos de sua
filha Bernadete, e JK era seu padrinho.
Juscelino quase desistiu de viajar por conta da afilhada e
mantendo a viagem pela alegada importância do compromisso.
Mas, no dia seguinte, ao chegar a São Paulo, quase se arrependeu e telefonou a Gilberto dizendo-lhe que estava pensando em
desmarcar tudo e ir para a festa da debutante em Brasília, que
seria no sábado seguinte.
Não deu tempo. Morreu na estrada para atender o tal compromisso inadiável. O Chevrolet Opala em que viajava de São Paulo ao Rio em companhia de seu motorista Geraldo Ribeiro bateu
de frente com uma carreta na Via Dutra em 22 de agosto de 1976.
As veríadas (IV)
José Carlos Mello, amigo de Vera, como era amigo de Carlos Castello Branco, alugara um conjunto de salas no Edifício
Oscar Niemeyer. Vai ao escritório da imobiliária, andares acima.
Queixou-se de que os seus negócios de consultoria empresarial
estavam parados. Vera fitou Mello com aquele olhar esverdeado
de Diamantina. Viu que a solução era mais espiritual que material: - “Melinho, tenho uma solução pra você. Chamarei meu
guru espiritual pra lhe consultar”. Dias depois o guru apareceu
no escritório de Vera. Chamou Mello que lhe contou seu problema. O guru não disse palavra. Levou Mello à janela, abriu-a
e apontou para outro edifício em frente ao Central que abrigava
grandes bancas de advocacia. “Vá para lá”, disse-lhe simplesmente, o guru. Mello, aturdido, procurou sala para comprar lá.
Caríssimas. Um dia, encontra o famoso advogado Hélio Doyle
na rua: “Mello, que bom lhe encontrar, estou me aposentando e
será que você não tem algum conhecido para me comprar meu
conjunto de salas no 13º andar do Central”. Mello não acreditou,
o preço pedido era uma barganha. Adquiriu-as naquele mesmo
dia. Enriqueceu no novo endereço, graças à Vera e o seu guru.
13
SWING POLÍTICO
O DIA EM QUE JÂNIO SENTOU-SE NUM BAR,
BEBEU,DISSE QUE TINHA SIDO PRESIDENTE E NINGUÉM ACREDITOU
Jânio Quadros voltou recentemente ao noticiário na campanha eleitoral como sinônimo de presidente que confrontou o Congresso Nacional e
por isto caiu. Sem forças e apoio teve que renunciar.
Muitas histórias ainda se contarão a respeito de Jânio, meio gênio, meio
louco, mas sem dúvida um dos políticos mais populares que o país já teve.
Acrescente-se a ele uma boa carga de sagacidade e esperteza também.
Hélio Bloch, genial marqueteiro político, jornalista e diretor do departamento político da MPM, Propaganda nos anos 8O, já falecido, era imitador
inveterado de Jânio (como de José Maria Alckmin). Fazia ambas com perfeição.
Sobre Jânio, a quem conhecia intimamente, Helinho Bloch contava
uma historieta que tinha a ver com o gosto do ex-presidente pela bebida – do
malte escocês à pinga.
- Um dia – pressagiava Helinho – um freguês de um botequim da Vila
Maria, subúrbio de São Paulo, daqueles verdadeiros pés-sujos, encontrou
um senhor sentado sozinho numa mesa diante de um copinho de pinga,
com cabelos desgrenhados e vestido com um terno poído, cheio de caspa, e
visivelmente embriagado, dizendo em palavras rotas ao desconhecido:
-“Um dia eu fui presidente da República”.
Ninguém acreditou.
A cena não existiu porque Jânio da Silva Quadros morreu antes.
ARRUDA FOI
DESPACHADO
NA PRIMEIRA AFIRMAÇÃO
DE QUE É UM OUTRO HOMEM
Enquanto não ocorria seu julgamento por uma turma de
cinco ministros do STJ, o ex-candidato a governador
José Roberto Arruda prosseguia sua campanha
como se nada estivesse acontecendo.
É a sua marca. Era seu pescoço que está em jogo.
Ainda em campanha, esteve com um empresário muito conhecido seu para solicitar ajuda à campanha.
Os advogados são caros, cada vez mais caros, a cada recurso e
por cada liminar.Arruda precisava remunerá-los;
Ele entrou naquela manhã no escritório do empresário. Este, chateado com o não cumprimento de promessas do passado pelo próprio Arruda. o então candidato a governador percebe o amuo e vai logo dizendo:
- ” Hoje eu sou um outro homem…”
O empresário, arisco após tanto ouvir promessas de mudanças de comportamento, responde na bucha:
- “Então você mude primeiro, e eu vou ver, se depois eu
lhe ajudo”.
Millôr Fernandes diria:
- “Pano rápido”!
14
SWING POLÍTICO
SIMON DESCOBRIU
QUE NOS FINS DA TARDE
O PODER TUDO PODE
A Medida Provisória, traquitana encontrada pela Constituição de 89 para substituir os decretos-leis da ditadura militar, tem sido usada atualmente com moderação,
mas já foi uma corredeira de abuso pela quantidade e descaracterização de urgência
ou relevância.
O governo tem recaídas. Nada como o poder de editar uma lei e depois deixar
tudo como está. Prometeu refrear o ímpeto das MPs, porém encontrou um novo
truque, após abandonar outro – o dos “contrabandos no teor das medidas com a introdução de assuntos colaterais aio objetivo principal.
Agora o truque é: editar a MP, fazer com que os efeitos entrem imediatamente
em vigência e depois tentar obstruir a votação no Congresso, ou mesmo, deixar
caducar o prazo.
Aconteceu no começo do ano parlamentar, quando o governo editou
uma MP que permitiu o envio à Bolívia de um empréstimo de US$ 60 milhões para financiamento de uma obra elétrica,. Um generoso empréstimo
do Brasil – mais um – o qual não cobrará ressarcimento.
A medida caducou – ou seja – a votação para aprová-la foi obstruída, mas o
rico dinheirinho brasileiro já tinha ido para a Bolívia.
O senador Pedro Simon, num de seus discursos, definiu bem esse recurso
permissivo com as MPs:
- Governo pode tudo. O presidente está num fim de expediente e pronto para
ir embora pra casa quando vem um assessor e lhe diz: “Vamos criar mais uma lei no
Brasil? Vamos editar ainda hoje uma medida provisória e mandar para o Congresso?
Publicamos amanhã de manhã no Diário Oficial e já vira lei”.
A tentação é grande. O governo pode tudo, mas corre um risco danado.
SEM MARCAR AGENDA
COM LULA, SILVIO SANTOS MANDOU TÁXI
ESTACIONAR EM FRENTE À RAMPA
No segundo mandato do presidente Lula, um passageiro sorridente ao extremo e do
tipo de bem com a vida, entra num táxi do aeroporto de Brasília e manda tocar para o Palácio do Planalto.
Senta-se no banco da frente e evidentemente conversa com o motorista durante todo
o trajeto.
Ao chegar pede ao motorista para estacionar na calçada do palácio, bem em frente da
rampa, e para aguardá-lo. O profissional do volante argumenta que não pode, a segurança
não deixa, que é proibido.
- Para mim não é! - responde-lhe o senhor sorriso.
Dirige-se à recepção do Palácio, recebe ordens para passar pelo raios-X, e logo os
atendentes caíram na real. Sílvio Santos é cercado e os fãs começam a gritar ao reconhecê-lo. Silvio veio à Brasília sem marcar agenda com o presidente.
Lá em cima em seu gabinete, Lula despachava com um ministro. Ao ouvir os gritos,
pergunta o que está havendo na portaria. Dizem-lhe logo que é Silvio Santos.
- “Manda subir!” - deu ordens peremptórias, expulsando o ministro. Conversaram
quase uma hora, sem antes Lula mandar chamar repórteres e fotógrafos para documentar.
Na saída, cercado de câmeras, Silvio é indagado sobre o motivo que o levou a Lula.
- Vim convidá-lo para ir à abertura do Teleton.
E o táxi, aguardando na parada proibida. E os “Dragões” lhe pedindo autógrafos. Cena
brasileira perfeita
15
ARTIGO/ÁREA SOCIAL
FOME
DE VERDADE
Denise Paiva
A
chegada da primavera, neste domingo, 21 de setembro, no Rio Janeiro, foi inesperadamente chuvosa,
com o poder de nos deter em casa, nos impelindo a ler
e refletir. Chamou minha atenção o artigo de Flávia
Oliveira, no Globo, “Valeu, Betinho”, e também a informação
da ONU de que o Brasil está excluído do Mapa da Fome. Não
consegui deter a “traição dos meus dedos” e toquei alguns telefones. Sim, precisei compartilhar e constatar o sentimento de
que há de fato, no Brasil, uma grande fome: a fome de verdade.
Não temos mais aquela realidade que o Presidente Itamar
fez questão de divulgar numa histórica reunião ministerial em
fevereiro de 1993, através de uma socióloga de carreira, sua conterrânea de Juiz de Fora, chamada Ana Peliano. Tiramos, até
com certo receio (eu participei deste trabalho), das prateleiras
quase extintas do Ipea um estudo lá existente que passou a se
chamar Mapa da Fome, para efeitos de divulgação, tendo sido,
posteriormente, adotado pela FAO.
Tal estudo revelou a estimativa de que 32 milhões de brasileiros passavam fome. Esta fome foi debelada, nos últimos 20
anos, por esforço conjunto de governo e sociedade, distribuição de
cestas básicas, reforma agrária, Lei Orgânica da Assistência Social,
universalização da alimentação escolar, programas de transferência de renda — como bolsa escola, bolsa alimentação e depois bolsa família —, mas especialmente pelo combate à inflação.
Em particular, merece ser assinalada e reconhecida a grande mobilização social chamada Ação da Cidadania contra a
Fome, a Miséria e pela Vida, liderada pelo Betinho, que teve seu
auge e existência vigorosa apenas no governo Itamar, na medida em que o próprio Presidente ordenava a todo o governo,
ministérios e empresas públicas, a se engajarem na luta contra
a fome e a miséria e assegurava instrumentos e mecanismos necessários para tal.
A expressão maior, política e institucional, da politica de
combate à fome foi, todavia, o Consea, o Conselho Nacional
de Segurança Alimentar, instalado em 13 de maio de 1993 com
a presença e as bênçãos de Dom Helder Câmara. O Conselho
inaugura um modelo inédito de participação, com hegemonia
da sociedade civil: 21 personalidades indicadas pelo Movimento pela Ética na Politica, principal protagonista do afastamento
do ex-Presidente Collor, se organizaram ao lado de oito ministros de estado.
Foi uma época pungente de percepção da realidade, mudança de paradigmas, quebra de preconceitos, realizações em
parcerias, mediação de conflitos. Imaginem o agronegócio, representado por Ney Bittencourt, da Agroceres, ao lado de Plínio
Arruda Sampaio. Imaginem CNA, CNC, CNI conversando e definindo pautas comuns com a Contag, MST, CUT. Construímos
no governo Itamar, especialmente no âmbito do Consea, um espaço de convivência democrática, respeito às diferenças, explicitação e superação de contradições, espaço que elevou, no início dos anos 1990, o padrão civilizatório do Brasil, a autoestima
dos brasileiros, bem como o desejo e a experiência de participar
direta e ativamente da construção da cidadania e do futuro do
Brasil, embalado no sonho real da participação popular.
Tive a honra e o desafio, por decreto presidencial, de acumular minha função de Assessora de Assuntos Sociais da Presidência da República com a de coordenadora do Consea, ao lado
de seu presidente, o incansável e competente bispo católico
Dom Mauro Morelli — um ícone na luta pelos direitos humanos e inclusão social na Baixada Fluminense.
Vivi tão intensamente esta experiência que escrevi um livro, Era outra história, contando com o incentivo e o apoio de Itamar para sua realização e lançamento em 2009, na Universidade
Federal de Juiz de Fora, por ocasião do aniversário de 15 anos do
Plano Real. O livro, editado pela Fundação Astrojildo Pereira, retrata os principais personagens dessa “aventura democrática” e
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ARTIGO/ÁREA SOCIAL
ainda pode ser encontrado na livraria da referida Universidade.
A figura do Betinho foi central e até muito mais do que
simbólica, como alguns preferiam definir. Ele foi, de fato, o que
restou como emblema, embora devamos lembrar que alguns
faleceram em profunda mágoa, como nosso querido Jamil Haddad, um dos personagens influentes no Consea, como ministro e como parlamentar.
O Governo Itamar, breve e integro, foi para o limbo da história, se não para o lixo da história. Seus feitos não foram atribuídos a ele nem aos seus auxiliares mais próximos, chamados
pejorativamente de República do Pão do Queijo ou de “pífios”.
Na verdade, Betinho entra na história, quando a história
já tinha um intenso desenrolar. Este desenrolar teve início com
a Frente Nacional de Prefeitos, liderada pela então Prefeita de
São Paulo, Luiza Erundina, ainda em novembro de 1992, que
traz para o governo propostas concretas e emergenciais de combate à fome e de inclusão social.
Ainda na interinidade, Itamar se contrapôs ao discurso neoliberal da modernidade e indagou: “Que modernidade é esta que
produz tanta fome e tanta miséria?”. Fez uma convocação instigante
e agregadora pelo impeachment da fome e pela ética nas prioridades das politicas públicas, como proposto por Cristovam Buarque.
Cristovam, então reitor da UNB e depois integrante do
Consea, trouxe para nós a experiência do Núcleo de Combate
à Fome na UNB, traduzida num jornal em que, em grandes letras, estava escrito: “Fome, vergonha nacional”.
Entretanto, faz-se importante recordar o fato político
antecedente mais importante, que se deu ainda em janeiro de
1993: o encontro Itamar e Lula. Este encontro, precedido de alguns percalços, só aconteceu pelo empenho e habilidade política de Pedro Simon, que contou com a colaboração de Eduardo
Suplicy. Suplicy, autor da Lei de Renda Mínima, recém-aprovada no Congresso, lutava para que ela se tornasse de fato politica
pública governamental de combate à fome.
LULA MOSTRA A ITAMAR PLANO CONTRA A FOME
Naquela histórica reunião, Lula apresentou a Itamar a
proposta de combate à fome do governo paralelo do PT, coordenada por José Graziano, hoje na FAO. Itamar, por sua vez, apresentou um documento sobre aquilo que já vinha sendo feito, inclusive com a incorporação das propostas da Frente Nacional de
Prefeitos, já em andamento e coordenadas com seu ministério.
Daquela reunião resulta a decisão da elaboração de um Plano
de Ação contra a Fome e a Miséria, a ser formulado por um pequeno grupo com representantes do governo e da sociedade, sob a coordenação da ministra do Planejamento Yeda Crusius. Lula indica
Betinho como representante da sociedade civil, e Itamar indica
minha pessoa. Iniciamos os trabalhos. Betinho indica Dom Mauro
Morelli, e eu indico Ana Peliano, coordenadora de Politica Social
do Ipea, e Josenilda Caldeira Brant, presidente do Inan (Instituto
de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde).
Itamar convida Betinho para presidir o Consea. Betinho alega problemas de saúde e pede apoio para articular e animar a ação
da sociedade civil, que Dom Luciano Mendes de Almeida batiza
de Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida.
Em 24 de junho de 1993, é lançada oficialmente, em rede
nacional de rádio e TV, a Ação da Cidadania. Em horário reservado pela Radiobrás para uma fala do Presidente da Republica,
surgem, inédita e inesperadamente, dois representantes da sociedade, Betinho e Dom Mauro, convocando a cidadania brasileira a se engajar na luta contra a fome e a miséria. Tal quebra
da liturgia do poder gerou muitas tensões internas e solavancos
juntos aos que a defendiam nos próprios desvãos palacianos.
Ações tipicamente de governo; ações em parceria, articuladas e efetivadas pelo Consea; e ações autônomas e suprapartidárias da cidadania, animadas por Betinho com suporte em organizações como Ibase, Fase, Inesc e tantas outras, formaram um tripé,
que mereceu o aplauso e se tornou o modelo de intervenção não só
para a FAO, mas todos, repito, todos os organismos da ONU, em
moção divulgada ao final do mandato de Itamar.
Itamar, o breve, deixa o governo sob um clima de indignação
de muitos que desejavam que ele devesse ter buscado a reeleição
em função dos altos e inesperados índices de aprovação. Itamar,
em pouco tempo, foi reconhecido pelo exemplo de governabilidade sem barganha, lisura, simplicidade, combate à inflação e
politicas sociais que colocaram o ordenamento social previsto na
Constituição de 1988 na ordem do dia para todos os brasileiros.
Até hoje fico a me indagar: a polarização entre PSDB e PT,
que tomou conta do Brasil nos últimos 20 anos, terá jogado a
experiência do governo Itamar no limbo da história? Esta polarização insidiosa é que nos mata dia a dia? Esta pergunta eu
compartilho com alguns ministros e representantes da sociedade civil partícipes daquela experiência, testemunhas e protagonistas daquele tempo que foi, de fato, um tempo de “Nova
Política”. Com eles, a palavra!
Se fomos capazes de enfrentar e debelar a fome de “pão” e
a inflação, podemos e devemos debelar a fome de verdade para
que não sejamos canibais da nossa própria história!
Denise Paiva
Assistente social e
ex-Assessora de Assuntos
Sociais da Presidência
da República no
Governo Itamar Franco.
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POLÍTICA
O NOVO SENADO:
OS 27 QUE CHEGAM
S
Teremos figuras de envergadura, no plenário e nas comissões, para garantir eletrizantes dias à nova legislatura.
Os novos senadores polarizarão os meios de comunicação
Teremos figuras de envergadura, no plenário e nas comissões,
para garantir eletrizantes dias a nova sessão legislativa.
Alguns chegarão ao Senado com legitimidade política e
pessoal, respaldados pelas urnas com impressionantes votações.
Serão seis do PMDB, seis do PSDB, quatro do PT, três do
PSB, dois do DEM, dois do PDT e um do PTB, PR,PP e PSD.
erá uma especial atração acompanhar o novo Senado
que se empossará em fevereiro de 2015, como os recém-eleitos ávidos para mostrar serviço na nova sessão legislativa. Serão personalidades dispares. Serão 27 novas
personalidades díspares, ungidas pelas urnas para atuar o junto
aos demais 54 senadores, motivados a dizer a que vieram.
Haverá quatro categorias:
1) os que se elegeram pela primeira vez;
2) os que obtiveram novo mandato após o intervalo;
3) os que se reelegeram;
4) os que se reelegeram.
ROSE DE FREITAS
DÁRIO BERGER
JOSÉ MARANHÃO
SIMONE TEBET
KÁTIA ABREU
JOSÉ SERRA
A senadora eleita pelo Espírito Santo
tem cinco mandatos como deputada
federal, tendo chegado ao ápice da
carreira quando chegou a primeiro
vice-presidente da Câmara com invulgar prestígio junto a seus pares.
Começou sua atuação parlamentar
como Constituinte.É a primeira mulher eleita senadora por seu estado.
É uma das surpresas dessa eleição,
vencedora em Mato Grosso do Sul.
Filha do falecido senador e presidente
do Senado, Ramez Tebet. De família
árabe-brasileira, professora e advogada, havia sido a primeira mulher eleita
para a prefeitura de Três Lagoas.
Ex-prefeito de Florianópolis, eleito por
Santa Catarina, na reta final ultrapassou Paulo Bornhausen, integrante da
antiga oligarquia política catarinense.
Alinhado com o governador reeleito
Raimundo Colombo, promete dedicar-se no Senado ao setor da Saúde.
Reeleita pelo Tocantins, agora pelo
PMDB, que não era seu partido originalmente (DEM). Vocalizará os
interesses do agronegócio, uma vez
que continuará presidente da Confederação Nacional da Agricultura. Voz
dura, voz áspera.
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O novo senador pela Paraíba é considerado uma “raposa política”. Ex-governador, era dado como aposentado e no
ostracismo, sem apelo para enfrentar o
ex-governador Ricardo Coutinho - PSB
- com ótima imagem como mestre de
obras. Porém, o velho cacique levantou
o interior do Estado e garantiu sua eleição. Será um senador à moda antiga:
fiel ao líder. Ótimo nas articulações.
Ali estará para ser um figurante de primeira grandeza. Não desembarcará à toa
em Brasília para seu segundo mandato
como senador. Dali pulará certamente
para uma eleição a governador de São
Paulo em 2018 ou mesmo para presidente
da República. Não será surpresa se Serra
também pretenda alçar-se na presidente
nacional do PSDB, para substituir seu
triplamente derrotado Aécio Neves na
presidência nacional do PSDB.
POLÍTICA
ANTONIO ANASTASIA
TASSO JEREISSATI
ÁLVARO DIAS
REGUFFE
ACIR GURGACZ
TELMÁRIO MOTA
Completará a fortíssima bancada do
PSDB - que ainda terá Aloyzio Nunes
Ferreira, e embora tenha perdido Cássio
Cunha Lima, eleito governador da Paraíba - o mineiro e ex-governador será sem
dúvida fadado a ter desempenho polarizador no Senado, por sua inegável capacidade de bom gestor.
Uma novidade gerada pelo PDT do Distrito
Federal, fará com Romário uma dupla que
mais parecerá o meio de campo de um time
de craques. Ambos bem votados, acostumados a jogar para a plateia. Será difícil
contê-los quando se formar uma barreira
de repórteres na frente deles. Reguffe formará com Cristovam Buarque uma bancada do DF de poderosa atração de imprensa.
LASIER MARTINS
Outra grande surpresa da eleição, superou o grande favorito Olivio Dutra, do PT,
e venceu-o por dois pontos percentuais de
diferença. Pedro Simon ficou em terceiro.
Jornalista, com mais de 50 anos de carreira
nos mais importantes veículos de comunicação do Sul. Jornalista.
DAVI ALCOLUMBRE
Eleito pelo Ceará, aporta novamente na
casa, onde sempre foi um das figuras
mais destacadas na casa, na legislatura
em que pontuavam outros líderes tucanos como Sergio Guerra e Arthur Virgílio.
Emprestará sua experiência para recuperar o moral partidário abatido com a
derrota presidencial. Articulador de mão
cheia, será uma âncora para coordenar o
debate sobre os novos rumos da legenda
em âmbito nacional.
Reeleito por Rondônia, tem história de
empreendedorismo: paranaense de Cascavel um dos muitos que chegaram ao
Estado para aproveitar as oportunidades
da nova fronteira de desenvolvimento do
país. Iniciou sua carreira política como
prefeito de Ji-Paraná em 2000 e 2 anos depois concorreu ao governo de Rondônia.
Em 2006 conseguiu o segundo lugar na
disputa para o Senado, e em razão da cassação do primeiro colocado foi diplomado senador seis meses depois da eleição.
RONALDO CAIADO
Eleito pelo DEM de Goiás, será o mais
nítido e lídimo representante do agronegócio e da direita empresarial no Senado,
ocupando o flanco do mato-grossense
Blairo Maggi, que não tentou a reeleição,
e nesse papel fará ala com a recém-eleita
Kátia Abreu.
Reeleito pelo Paraná com votação consagradora, continuará exercendo o mandato
como senador com maior empatia com a
mídia, mercê de uma extraordinário número de seguidores nas redes sociais de
seu blog e pelas visualização de postagens
no Facebook e Twitter, as quais chegaram
em semana durante a campanha eleitoral
a cerca de 30 milhões de cliques.
Eleito por Roraima, derrotando os dois favoritos, o deputado federal Luciano Castro
e o ex-governador José de Anchieta. Em sua
carreira política, nunca passou de vereador
em Boa Vista.
MARIA DO CARMO
A sergipana é um fenômeno na arte da
sobrevivência política, para novo mandato de oito anos. Não se esperava que
tivesse fôlego político-eleitoral para tanto, com seu estilo discretíssimo e com
um comparecimento às sessões sempre
ocupando as últimas fileiras do plenário.
Mulher do prefeito de Aracaju, ex-governador e ex-ministro Joao Alves.
FERNANDO BEZERRA COELHO
ROMÁRIO
PAULO ROCHA
FÁTIMA BEZERRA
OTTO ALENCAR
OMAR AZIZ
WELLINGTON FAGUNDES
FERNANDO COLLOR
ELMANO FÉRRER
GLADSON CAMELI
Eleito pelo Amapá, numa aliança inédita
que juntou o DEM ao Psol para derrubar
a influência do senador José Sarney,
que lutava para eleger Gilvan Borges do
PMDB. Alcolumbre teve três mandatos de
deputado federal.
ROBERTO ROCHA
Eleito pelo Maranhão, venceu o candidato do clã Sarney, Gastão Vieira. Com três
mandatos de deputado federal, foi apoiado por ampla coligação oposicionista que
incluiu o PCdo B do governador eleito
Flavio Dino.
Sua eleição na Bahia foi a maior surpresa dessa eleição,pois seu principal
adversário,Geddel Vieira
Lima, do
PMDB, liderava todas as pesquisas até
duas semanas antes.Apoiado por Jaques
Wagner, de quem foi importante secretário de Estado (Infraestrutura).É um braço do carlismo que volta à cena.
Reeleito pelo PTB de Alagoas com certa
dificuldade no enfrentamento nas urnas
com Heloisa Helena, vem para o Senado
com o gosto revanchista após ser citado
na campanha para presidente como símbolo da velha política tanto por Eduardo
Campos-Marina Silva e também por
Dilma Rousseff. Imprevisível o que dirá,
quando reocupar a tribuna pela primeira
vez.
Ex-ministro da Integração, deixou o cargo quando Eduardo Campos exigiu a saída do governo Dilma dos indicados pelo
PSB. Eleito senador por Pernambuco,
venceu o favorito João Paulo, ex-prefeito
de Recife, de larga popularidade na capital e apoiado por Lula e Dilma.
O senador eleito paraense havia sido um
destacado deputado federal, com cinco
mandatos, e um dos mais atuantes na
bancada do PT, quando foi colhido por denúncias de participação no escândalo do
mensalão. Era líder da bancada mas teve
que renunciar à liderança e mais tarde ao
mandato. Foi posteriormente absolvido
das denúncias. Teve o mérito de suplantar
nas urnas o polêmico senador tucano Mário Couto, que tentava a reeleição.
Foi um ótimo governador do Amazonas,
sempre referido nas pesquisas com o de
melhor aprovação por sua população
estadual. No quesito dos mais bem aprovados do país, ombreava-se com Eduardo
Campos, de Pernambuco. O político do
PSD de Gilberto Kassab - presidente do
partido, que não foi eleito como senador
por São Paulo - será a figura mais proeminente de sua legenda na casa.
Eleito pelo Piauí, ex-prefeito de Teresina,
derrotou o ex-governador Wilson Martins (PSB). 72 anos, recebeu o apelido de
“Veín Trabalhador”.
19
Eleito pelo PSB do Rio, bem votado,
acostumado â luz dos refletores. Como é
controvertido, espera-se que produza intensos momentos de um jogo mais individual que coletivo, pois é dotado daquela
chama que atrai a mídia.
A petista potiguar atropelou no reta final a
favorita Wilma de Farias, ex-governadora,
apoiada pelo candidato a governador Henrique Alves, presidente licenciado da Câmara. A política e pedagoga desempenhou três
mandatos na Câmara e na última eleição
para deputada obteve a quinta melhor
votação proporcional do país. No Senado,
será um excelente quadro para os trabalhos
parlamentares na área da educação.
Integrante da coligação que elegeu o senador Pedro Taques governador do Mato
Grosso, o deputado federal Wellington
Fagundes, do PR, é o novo senador, depois
de seis mandatos na Câmara dos Deputados, tendo sido na última o parlamentar
mais votado no Estado. Tentará preencher o espaço deixado por Taques no
Senado, que teve uma brilhante atuação.
Com mandato de deputado federal, Gladson Cameli, do PP, é o novo senador pelo
Acre. Ganhou de sua colega da Câmara,
Perpétua Almeida (PCdoB) que foi um
páreo duro. Com dois mandatos de deputado federal, ficou conhecido como parlamentar que mais recursos conseguiu
aprovar para o Acre, apesar da atuação
dos irmãos Tião e Jorge Viana, do PT, na
política nacional.
S
NAR>>>>>
Alberto Caeiro
PRÍNCIPE AÉCIO I
Umas razões alegadas para o fracasso do ex-candidato Aécio Neves foi a sacralidade com que seus seguidores do PSDB o ungiram. Como um verdadeiro príncipe com direito divino de não ser contestado.
O ex-candidato sempre pairou como a incontestável última palavra, sobretudo: estratégia de campanha, marketing e finanças. Sua irmã Andréia, agiu como uma todo-poderosa coordenadora e repetiu o
isolacionismo do governo de Minas: “uma coisa é governo e outra é campanha”.
PRÍNCIPE AÉCIO II
A vassalagem de Aécio não foi por ele correspondida com capacidade de polarização e liderança
que vem do magnetismo e inventividade. Repetiu na campanha um discurso antigo, com certas características barrocas de um “manierismo” - ou será “mineirismo”? - que vinha de seu
avô Tancredo. Abusou de uma eloquência pomposa que não era entendida por um eleitor
nacional médio e que não costumava ser pronunciada nas ruas.
PRÍNCIPE AÉCIO III
Dentro do partido, Aécio Neves esqueceu o caráter piramidal de uma campanha
presidencial: ele é o topo da construção, mas se apoia numa ase larga de apoio e
sustentação. Aécio jogou tudo para si, no alto. Não cuidou das campanhas estaduais e dos candidatos a governador e senador. No programa de TV só uma vez
deu espaço às lideranças regionais pudessem aparecer junto a ele. vice Aloyzio
Nunes Ferreira, com sua eloquência marcante, pouco protagonizou.
PRÍNCIPE AÉCIO IV
Outra fragilidade de Aécio foi tentar ser vitorioso em duas frentes: uma nacional, outra em Minas - mas por vaidade tendo escolhido para candidato a governador um político bissexto que há pelo menos duas décadas morava, não mais frequentava o estado,
como morador do Distrito Federal onde mantinha uma bem sucedida banca de advocacia. Pimenta da Veiga, um foi tirado de sua
rotina burguesa de fazendeiro urbano e de profissional rico para enfrentar uma eleição dada inicialmente como ganha para ele ou
qualquer outro “poste” “aécista”.
20
PRÍNCIPE AÉCIO V
Na linha das comparações do papel representado por Aécio Neves na campanha, vem a tentação de remetê-lo
à figura do príncipe Charles da Inglaterra: detinha todas as condições para aspirar ao trono, mas deixou-se levar
pelas delícias das bajulações que todo reino sabe ofertar. O reino era o de Minas, perdido.
PRÍNCIPE AÉCIO VI
Aécio terá todas as condições de ambicionar ser candidato a presidente em 2018, mas antes será obrigado a
mudar de partido. O PSDB não saiu esmigalhado das urnas, mas manteve a mesma estrutura nacional de governadores e das bancadas do Congresso. Acresça-se que o governador reeleito Geraldo Alckmin terá preferência para
se apresentar como candidato.
PRÍNCIPE AÉCIO VII
Perdida a eleição federal e mineira, Aécio experimentará o ostracismo. Como não tem idade
para se isolar em São del Rey, preferirá Ipanema, o que agravará a perspectiva de seu distanciamento
do colégio eleitoral mineiro.
PRÍNCIPE AÉCIO IX
Aécio terá mais quatro anos de mandato como senador. Pouco apresentou de
produção legislativa de qualidade e raramente usou da tribuna. Precisará mudar
sua postura no Senado, onde não apresentou propostas relevantes e foi apenas uma
sombra de figuração.
PRÍNCIPE AÉCIO X
Outro erro político contabilizado na campanha de Aécio Neves foi ter empolgado a presidência nacional do PSDB, do que decorre ter colocado a máquina partidária a serviço de sua candidatura e da campanha. O site oficial do PSDB passou
a ser site pessoal de Aécio. Nenhum outro candidato “tucano” ás majoritárias nos
estados teve espaço ali. A vaidade subiu à cabeça do tucano mineiro. Talvez aprenda
para 2018. Terá idade para voltar à cena com as lições aprendidas.
21
FRASES DO MÊS
“Lula já não tem aura de
invencibilidade”.
por
y, em seu blog, publicada
(Do senador José Sarne
lha de São Paulo)
Josias de Sousa, da Fo
“Nem se a gente
quisesse a gente não
tem condições de
perder a eleição”.
(Do vice-presidente Michel
Temer, em
Campinas, segundo a Fol
ha/UOL).
esidência.
“Não tem coitadinho na Pr
a não é
Quem vai para a presidênci
se sente
coitadinho, porque, se caso
ar”.
coitadinho, não pode cheg
(Da presidenta Dilma, em
segundo O Globo).
entrevista coletiva,
(De Henrique Alves, presid
ente da Câmara, enquan
to
candidato ao governo do
Rio Grande do Norte,
segundo a Folha).
“Voltar à classe média é
um baque gigantesco”.
(De Eike Batista, segundo
“A partir de janeiro, se prep
arem
todos eles do Executivo,
Legislativo e do Judiciário.
Quem
vai bater à porta deles sou
eu”.
o UOL).
22
“Se eleita Marina, o
PMDB será oposição no
primeiro momento”.
hel Temer
(Do vice-presidente Mic
).
ulo
Pa
o
Sã
de
à Folha
SETEMBRO 2014
“Ninguém governa sem o
ca
PMDB, mas isso não signifi
que seja preciso entregar
o governo ao PMDB ou a
qualquer partido. Temos um
programa”.
sabatina realizada no
(De Beto Albuquerque, em
lo).
Pau
S.
jornal O Estado de
to
“O que houve não foi aumen
da
da corrupção. Foi aumento
”.
investigação da corrupção
usseff em sua sabatina com
(Da presidenta Dilma Ro
o).
jornalistas do Estadã
os
“Não tinha informação de
malfeito (na Pe
tivesse, teria tomado medtrobras), porque se eu
ida”.
(Da presidenta Dilma, ao
Estadão, ao responder
sobre se havia suspeitas
Petrobras, Graça Foster,
quando, em 2012, a pre
afastou diretores da em
sidente da
presa, segundo o G1).
ova,
“Linha auxiliar do PT, uma
candidato Aécio!”
ata do Psol à presidência
(De Luciana Genro, candid
TV
ate da CNBB, segundo a
da república durante o deb
Aparecida).
23
ENSAIO POLÍTICO
PROMESSAS VAZIAS
E COMPROMISSOS IMPOSSÍVEIS
A
de-rede-de-protecao,1563912), um contingente populacional
equivalente a duas argentinas, uma vez e meia a França ou toda
a Alemanha. É um contingente populacional ainda carente de
proteção que, sem os programas em curso, se constituiriam não
num barril de pólvora, mas numa autêntica bomba atômica social, pronta para explodir a qualquer momento.
2. Temos um déficit ainda inaceitável na educação e saúde
pública que, sim, mereceu avanços, mas ainda insuficientes.
3. Temos um enorme vazio territorial que, mesmo com programas específicos, ainda está a aguardar estradas, energia, água tratada,
esgotos e inúmeros outros requisitos infra estruturais básicos.
Esse é o quadro real sobre o qual deveriam estar debruçados e comprometidos todos os formuladores de políticas públicas e planos de governo.
Não é o que se vê.
s campanhas eleitorais no Brasil (e em quase todo
mundo) têm uma característica patética: raramente
conseguem fugir de um festival de promessas vazias e
compromissos impossíveis.
Desde uma simples eleição para vereador no rincão mais remoto, até eleições para a Presidência da República e Congresso Nacional,
guardando as devidas proporções e com as exceções que justificam a
regra, reproduzem-se os discursos repetitivos e carentes de substância em nível que respeite os eleitores, isto sem falar no trombetear de
profecias macabras para o caso de um adversário ganhar.
No momento estamos assistindo inúmeras análises, críticas e propostas que desconhecem uma realidade básica:
O Brasil é um imenso subcontinente em construção, ainda muito pobre apesar do resgate social feito nas últimas duas
décadas, contaminado, culturalmente, por resquícios do ranço
escravagista em suas relações sociais sustentando um grande
desnível social. Ademais, temos carências ainda enormes na
área da saúde e da educação pública, apesar de algum progresso no período citado e com uma defasagem de infraestrutura
monumental por omissão histórica da maioria dos governos.
Em suma:
1. Temos 87 milhões de pessoas na rede de proteção social (http://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,a-gran-
Romulo F. Federici
Consultor Empresarial, Político e Institucional Direito Político e Administrativo
[email protected]
www.facebook.com/romulo.federici
24
ENSAIO POLÍTICO
E
O CACOETE
HIPER-LIBERAL:
stamos assistindo propostas de cunho hiper
liberal que regatam o
discurso econômico financeiro da ditadura militar:
“Primeiro o bolo tem de crescer
para depois ser dividido” entre
os sobreviventes inevitavelmente. Voltam a preconizar a postergação das políticas sociais para
um futuro incerto e não sabido como que, aboletados num
mundo virtual, brincassem com
o mundo real.
Discurso bom para afagar
grande parte dos banqueiros e
empresários em geral e, paralelamente, colocar em pânico o “povão”, afastando o segmento social
que decide eleições.
Isto porque, para o atendimento de tais propostas, seria
inevitável uma virtual paralisação do país, com o corte profundo de despesas públicas que
atingiriam,
inevitavelmente,
programas sociais, de infraestrutura e demais programas que
fazem o Brasil evoluir (a duras
penas) em vários aspectos.
Mesmo a decantada redução do número de Ministérios é
uma balela, pois os mais recentemente criados são micro entidades apesar de certa projeção
política. São listados como “elimináveis” ministérios como os
da PESCA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, DIREITOS
HUMANOS, IGUALDADE SOCIAL e MULHERES.
Na realidade têm estruturas pequenas e funcionários de carreira transferidos de outras áreas e que,
portanto não seriam demitidos mas, simplesmente, retornariam aos seus lugares de origem. Os cargos de con-
fiança muito poucos não representariam praticamente nada
em termos de economia.
Mas têm certa relevância
política: quem iria indicar as
áreas a serem extintas?
Fácil, portanto, concluir
que, salvo uma temeridade como
a proposta recentemente apresentada por ARMINIO FRAGA,
ninguém terá condições de fazer
cortes dramáticos nas despesas
públicas sob pena de perigoso
estresse social e involução impensável em nossos projetos de
infraestrutura.
Aliás, mesmo tendo apresentado propostas que assustaram, ARMÍNIO diz, em entrevista à SILVIA AMORIM de O
GLOBO (23/9) que ainda nem
chegou a mostrar a sua “LISTA
DE MALDADES”, pois estamos
em um ambiente eleitoral”. Ficamos todos imaginando e padrão
das “maldades” que ele estaria
fermentando.
Do Brasil cobram-se índices registrados, por exemplo, em
Cingapura, uma cidade estado,
uma ficção política, ou do CHILE,
um pequeno país, com população
igual à grande São Paulo. Mesmo
assim, por ter sido submetido à
políticas excessivamente liberais
nos últimos anos, não conseguiu
passar de uma irrelevância geopolítica. Foi atado a um acordo bilateral leonino com os Estados Unidos, onde exporta essencialmente
frutas, cobre, peixes e vinho, e importa simplesmente tudo, por lhe
faltar infraestrutura industrial. Mesmo sendo um país pequeno e com pouca população, ainda sofre com convulsões
sociais periódicas principalmente por problemas na educação pública e distribuição de rendas.
“CORTES
IMPOSSIVEIS”,
DISSE
ARMINIO
FRAGA
25
ENSAIO POLÍTICO
AS AGÊNCIAS
CLASSIFICADORAS
DE RISCO
E NOSSAS
LIMITAÇÕES
O
nosso país, como de resto o mundo, vive sob
pressão de agências internacionais que, no
fundo, são controladas pelas maiores economias, por interesses dos investidores e por
ciúmes de algumas potências que não querem a concorrência de novas potências emergentes.
É um sistema bem articulado e destinado a impor
parâmetros que, em muitos casos, condenariam os países a dar prioridade ao sistema econômico internacional
em detrimento de interesses internos relevantes.
Não dá para confrontar agressivamente essa realidade.
Mas o Brasil, nas últimas décadas, tem adotado
uma postura cautelosa e habilidosa que, sem desafiar
o “establishment” internacional, procura dosar os interesses envolvidos: mantém, por exemplo, índices razoáveis de superávit destinados ao pagamento dos juros da
dívida e/ou parte da própria dívida pública de forma a
não enervar o mercado que, mesmo assim está sempre
pedindo mais.
Na verdade o país faz malabarismos, mas vai levando sem crises internas ou externas.
Afinal, já passamos de devedor a credores do FMI,
algo impensável algum tempo atrás.
O país consegue, às vezes com certa dificuldade, a
manutenção de saldo na balança de pagamentos porque o mundo rico, que movimenta a economia, está em
crise, comprando pouco e querendo vender muito para
salvar o próprio pescoço.
Além do mais a CHINA entra pesado no jogo dos
produtos com valor agregado, impondo preços e condições incomparáveis desde produtos de baixa complexidade até produtos sofisticados.
E a indústria brasileira, com as exceções que confirmam a regra, não se preparou para competir, apesar
de protegida durante décadas e amparada permanentemente pelo governo nos momentos mais complicados.
Sobrou acomodação numa fase de lucros fáceis,
baixa concorrência, sem necessidade de investimentos
e sem necessidade de uma atualização de mentalidade.
Grande número de industriais ainda gere indústrias
obsoletas, com equipamentos defasados, sistemas superados e processos antieconômicos em razão da falta de
investimentos em tempo hábil.
Justificam-se, frequentemente, com meias verdades. Não assumem sua parte do problema e preferem
dizer que não têm encontrado “incentivos”, que os juros
são altos (agora), que a infraestrutura é superada e que a
mão de obra está cara.
No fundo, para esse grupo, tudo isso esconde o desejo
simplista de voltar à época de mão de obra farta, barata e se
possível desregulamentada, financiamentos subsidiados e
benefícios dos quais não conseguem desmamar.
26
ENSAIO POLÍTICO
QUEM
QUER
FAZ
N
Um exemplo: O Brasil foi o mercado em que a
L´Oréal mais cresceu no ano passado, comparado aos
outros 145 países em que o gigante de cosméticos atua.
Por aqui, a companhia de cosméticos faturou 2,2 bilhões de reais, 13,3% mais em relação ao ano de 2012.
No mundo, as vendas do grupo cresceram bem menos, 5%, e somaram 22,98 bilhões de euros em 2013”
(EXAME).
Stefan Ketter, vice-presidente mundial de manufatura da FIAT CHRYSLER veio pessoalmente ao Brasil
para comandar in loco a fase final de construção da fábrica da empresa em GOIANA (PE), a mais moderna do
mundo (VALOR 23/9).
Foram três anos de trabalho e investimentos de,
simplesmente, R$ 7 bilhões numa fábrica na zona da
mata de Pernambuco, com potencial para dobrar a produção e que entra na fase final para inauguração no primeiro trimestre de 2015. O empreendimento é gigantesco e ocupa um terreno de quase 12 milhões de metros
quadrados com uma fábrica de carros ocupando 260 mil
metros quadrados e uma área de 270 mil metros quadrados ocupadas por fornecedores de peças e partes utilizadas na montagem dos veículos.
Enquanto isso, outros choramingam.
a realidade, porém, mesmo com contratempos, quem quer faz!
O CEO de uma grande multinacional em recente entrevista numa dessas páginas amarelas,
anunciou pesados investimentos no país no médio e longo
prazo, mas como sempre ocorre, pediu uma redução no
custo na mão de obra. Não especificou se falavam da remuneração dos trabalhadores do chão de fábrica que chegam
de madrugada em trens superlotados ou da remuneração
fixa e variável, bônus e benefícios dos níveis superiores que
chegam às 10.30h em SUVs chiques.
Pensava, provavelmente, em uma nova CHINA na
América do Sul, no momento em que a CHINA original já
tende a não ser tão barata no médio e longo prazo em face
de declínio na disponibilidade de mão de obra semiescrava.
Os investimentos, na realidade, continuam fluindo
para o país porque, como disse recentemente um grande
empresário estrangeiro, “não existe muitos outros países
melhores que o Brasil para investir. Duzentos milhões
de habitantes, classe média emergindo, pobreza diminuindo com gente entrando no mercado de consumo,
estabilidade política, instituições independentes estáveis e funcionando. Até a Polícia Federal do governo é
independente e investiga o próprio governo”, disse.
27
ENSAIO POLÍTICO
AGRONEGÓCIO
SORRISO, MATO GROSSO:
EXIBERÂNCIA DOS GRÃOS
S
A grande verdade é que está em causa a fórmula
mágica do “país do futuro”, de Stefan Zweig, recordada
recentemente por LEONARDO MOTTA NETO (Editor
da CARTA POLIS) e sustentada nos potenciais de água,
terras, sol, minérios e mão de obra barata.
Os recursos naturais, acrescentando-se o petróleo,
estão aí não mais sendo apenas contemplados, mas em
crescente ritmo de exploração, beneficiamento e exportação. O minério de ferro, por exemplo, é um dos mais
importantes itens de nossa pauta de exportações, tendo
a CHINA como o principal destino, mesmo num momento difícil de sua economia.
Mas, a mão semiescrava daquela época já não mais
existe. Desde Getúlio Vargas, as relações do trabalho
vêm experimentando sucessivas “revoluções” até chegar
aos dias de hoje quando a balança capital – trabalho está
mais razoavelmente equilibrada.
e existem alguns contratempos na indústria,
temos o progresso extraordinário da AGROINDÚSTRIA.
Os empresários do AGRONEGÓCIO, mesmo enfrentando os mesmos problemas, burocracia, fluxo decisório governamental lerdo, falta de mão de obra
especializada, a conhecida corrupção que se combate,
mas resiste, vai muito bem obrigado!
Com vida comedida, às vezes espartana, vivem suas
atividades intensamente. Não estão em outro planeta,
estão aqui mesmo. Só que com mentalidade voltada
para o negócio, metas audaciosas, planejamento profissional, aprimoramento da mão de obra e dos processos
de gestão e, o que é importante, ambição e investimentos no próprio negócio.
Nosso agronegócio é um dos mais modernos do
mundo, competindo com os ESTADOS UNIDOS, servindo-se de equipamentos de ponta, sempre renovados
e tecnologia das mais sofisticadas.
28
ENSAIO POLÍTICO
DEFESA:
UM APARATO
DO
TAMANHO
DO BRASIL
E
agora temos de lidar com essa realidade de forma sábia.
Uma coisa que poucos conhecem e analisam, por distorções históricas na abordagem
do tema, é que tudo isso que temos dependerá cada vez
mais de um aparato de DEFESA condizente com a realidade que enfrentaremos.
Dentro de poucas décadas o BRASIL terá tudo que
faltará no mundo: água doce, petróleo, combustíveis
renováveis como o álcool, minerais, proteína animal e
vegetal, produtos agrícolas, grandes florestas tropicais,
entre outras coisas.
No momento em que a falta desses itens se agravarem, quem precisar, vai buscar onde existir, utilizando
os recursos e métodos que forem necessários. Por muito
menos os ESTADOS UNIDOS e seus aliados ocidentais
invadiram o IRAQUE, o AFEGANISTÃO, a LÍBIA, entre
outros países, espalhando violência e desagregação política e social.
Não vamos ser ingênuos a ponto de pensar que conosco seria diferente.
E, para termos um sistema de defesa minimamente
eficiente, temos de fazer investimentos. Já melhoramos
nos últimos anos, mas o ritmo não pode arrefecer, pelo
contrário, precisa acelerar nos próximos anos. Ainda não
temos uma força aérea de combate capaz de proteger o
nosso espaço aéreo, a marinha precisa de mais submarinos e renovar seus meios flutuantes, incorporando novas
fragatas e corvetas e o exército precisa entre outros itens
de uma artilharia antiaérea para baixa e média altura, e
vários equipamentos mais condizentes com os padrões
internacionais, pelo menos.
Não podemos ficar desprotegidos como estamos
agora.
29
ENSAIO POLÍTICO
CUSTO BRASIL, PIB, Etc.
INIMIGOS INTERNOS
U
ma análise minimamente lúcida revela que a
diminuição do chamado CUSTO BRASIL não
pode ser levada ao nível da insanidade.
Somos um subcontinente em plena faina
de construção, em várias frentes, todas inadiáveis, fruto
de uma história de descasos que só começou a ser revertida nas últimas décadas.
Mais do que isso, em face da combinação dos itens de
toda a conjuntura mundial, estamos no pior ano da década que se iniciou com a crise de 2008 nos ESTADOS UNIDOS e que alastrou pelo mundo. Estamos no ano em que
chegamos ao fundo do poço e que só dará tênues sinais de
recuperação ao final do segundo semestre deste ano e uma
tendência de melhora sustentável no ano que vem.
Promessas de elevação substancial do PIB em curto
prazo é um desdém com a inteligência alheia quando se
sabe que o PIB dos países ricos da zona do euro e o Japão
mal chegarão a 1%, com possibilidades de PIBs negativos
e o dos Estados Unidos boiará em torno dos 2%.
A crise chegou também à CHINA, cuja economia
desaqueceu fortemente e fez desabar o preço não só do
minério de ferro, este para baixo de US$ 80 por tonelada,
como de todos os metais, tais como o níquel, o zinco, o
cobre, etc. O reflexo no Brasil, o maior exportador de
ferro para os chineses será e já está sendo muito grave.
E estes são os países que movimentam os mercados
mundiais.
Com a contração dos mercados compradores, não
há como se falar em grandes melhorias nos mercados
que deles dependem, inclusive o nosso.
Não existe novo presidente, novo partido, novo governo que, por si só, dê um jeito nisso.
Só a combinação dos diversos fatores é que possibilitará uma reversão das tendências. As soluções pontuais
heterodoxas seguraram a situação até agora, mas estão
se esgotando.
Temos de entrar, e entraremos, numa fase de contenções que terão de ser calibradas com sabedoria, sem
fúria e sem a ânsia de gerar resultados estratosféricos em
curtíssimo prazo. Não é hora de radicalismos, mas de
prudência.
30
ENSAIO POLÍTICO
CONCLUSÕES:
NOVO PRESIDENTE,
VELHAS ILUSÕES
O
fim do processo eleitoral é essencial para melhoria das expectativas porque vivemos, lastimavelmente, uma hora de semear o pânico
para se obter votos. Isto, mesmo se sabendo
que, objetivamente falando, existem duas mulheres essencialmente petistas na disputa, um detalhe sem precedentes.
Há, no entanto, diferença entre as duas: uma já
está familiarizada com a gestão pública e está dentro do
partido, outra não tem essa experiência, trabalha com
projetos que imagina viáveis, recentemente se indispôs
com o partido que, agora, lhe faz e lhe fará oposição.
Ambas, no entanto, guardam a essência petista e estão
firmemente empenhadas na luta sem se livrarem de sua
memória política, historicamente consolidada. Não se
apaga um passado tão longo e tão intensamente vivido
de uma hora para outra.
A máquina do estado, que daria certo favoritismo
para uma, é compensada pela emoção que cerca a figura da outra, ajudada também pelo “voto vingança” ou o
“voto pirraça” dado pelos eleitores do terceiro candidato
AÉCIO NEVES que, apesar de certa reação, parece ainda
em situação crítica.
Portanto, em conclusão, o Brasil entrou em fase de
expectativa, munindo-se de paciência franciscana para
ficar ouvindo “catilinárias” despejando promessas e juras de amor ou ódio de candidatos e de partidos em luta
eleitoral.
Não importa quem seja eleito: não haverá mudanças substanciais no país, notadamente em nível econômico-financeiro no curto prazo.
Resta-nos esperar que qualquer uma das duas petistas por natureza que assumir o poder no início do ano
próximo ou o conservador que ainda nutre esperanças,
encontre a dose de sabedoria técnica e sensibilidade política para manter o país no rumo de dias melhores que
certamente virão porque nos estão destinados.
Até lá, pé no chão e sem ilusões, por favor.
A máquina do estado,
que daria certo
favoritismo para uma,
é compensada pela
emoção que cerca a
figura da outra
31
ARTIGO/ECONOMIA
POR QUE
O BRASIL
PAROU DE
CRESCER?
A
gora é oficial: o Brasil parou de crescer. É verdade que a desaceleração não ocorreu de repente. Nos últimos três anos, o PIB teve uma
expansão tímida de 2,7%, 1% e 2,5%, respectivamente, menor do que na década de 2000 e 2010, quando, mesmo com duas crises financeiras internacionais, o
crescimento médio foi de 3,7% ao ano.
Mas foi o anúncio do IBGE de que a economia brasileira teve uma retração de 0,2% no primeiro trimestre
e 0,6% no segundo que parece ter feito até o governo admitir que o país chegou em uma encruzilhada.
“Gostaria que o Brasil estivesse crescendo em um ritmo
mais acelerado”, reconheceu a presidenta Dilma Rousseff.
O dado levou Dilma a prometer mudanças em sua
política e equipe econômica em um eventual segundo
mandato, bem como analistas “do mercado” revisaram
suas expectativas de expansão do PIB para este ano pela
15ª vez consecutiva - para 0,48%.
Segundo o serviço Broadcast, da Agência Estado,
até a estimativa oficial do governo de um crescimento
de 1,8% em 2014, já estaria sendo revista - embora não
esteja claro para quanto, especialmente depois da ligeira
recuperação da economia em julho, registrada no índice
IBC-Br, do Banco Central.
A questão é que se há consenso de que temos um problema, suas causas ainda estão longe de ser unanimidade.
O governo atribuiu a freada ao contexto internacional desfavorável e uma onda de “pessimismo” em parte
motivada por questões políticas.
Ao explicar o caso específico dos números negativos do segundo trimestre, também culpou os feriados da
Copa do Mundo pela queda da atividade de setores como
varejo e indústria.
Já economistas, analistas de mercado e consultorias
apontam erros na condução da política econômica –
também destacados por candidatos da oposição.
Numa tentativa de mapear esse debate, a BBC
Brasil fez uma compilação das “hipóteses” sobre o
que, afinal, teria contribuído para empurrar o país
desse patamar de 3,7% de crescimento para o que internacionalmente se convenciona chamar de “recessão técnica”.
Hipóteses para que a recessão técnica acontecesse:
* Contexto internacional
* Deterioração das Expectativas
* Abandono do “tripé”
Ruth Costas
* Desgaste do modelo
é da BBC Brasil
em São Paulo
* Problemas estruturais.
32
POLÍTICA
MARINA É A REFERÊNCIA
DESSA ELEIÇÃO GOSTEMOS DELA OU NÃO
M
arina Silva é a referência dessa eleição.
Muitos a confundem como candidata, mas
é uma referência, gostemos dela ou não.
Ela é um novo paradigma proposto pelas mudanças de percepção da sociedade do que é política e do que deve ser um político.
Se a maioria do eleitorado derrotá-la, cuidado com a
apologia desta vitória, uma vez que a instalação entre nós
da mensagem de Marina pode estar sendo apenas adiada
por 4 anos.(Lula, que era a referência naquela época, perdeu três eleições sucessivas; porque Marina não poderá
perder duas ou três também?)
Se perder, o êxito do outro lado não deve ser interpretado como vitória do conservadorismo contra a aventura, da tábua de segurança (imagem portada por Dilma
Rousseff ) contra o medo, do equilíbrio mediterrâneo
(confundido com Aécio Neves ) contra a incerteza. Devemos analisar mais profundamente a referência Marina, como, aliás, toda referência merece.
Nesse caso de derrota de Marina, o eleitor pedirá apenas mais tempo para amadurecer o processo que
toma conta do subterrâneo da nação: o desejo de profundas mudanças, não as capilares.
Mesmo porque o eleitorado de 140 milhões de brasileiros se torna cada vez mais renovado. Nessa eleição,
um quociente inédito de jovens comparecerá às urnas
pela primeira vez.
O voto jovem decidirá essa eleição, e não os dos grotões mais pobres, afastados e de menos população do
país – a grande esperança do PT.
Essa será, graças à Internet, a primeira eleição que
grotão – mesmo aquele alimentado somente pela bolsa-família – será um reduto de participação no debate dos
grandes temas nacionais como se fosse um bairro da
maior cidade do país.
Marina não deve ser expelida do processo e execrada porque nos faz cogitar que o novo chegou, mesmo
que não desta vez. O novo está às portas, e esta já é uma
ótima noticia.
33
POLÍTICA
FÓRUM POLÍTIC
DAS MULHERES
Há seis meses, Emma Watson foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, e, nesse fim de semana,
fez um discurso emocionado na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York.
Emma lançou a campanha HeForShe, que pretende divulgar entre os homens a ideia similar do feminismo e da luta
pela igualdade de gêneros, ou seja, que os homens também
tem suas fragilidades que precisam ser respeitadas.
“Já vi homens sofrendo de doenças mentais e incapazes
de pedir ajuda por medo de que isso soe menos ‘macho’. No
Reino Unido o suicídio é a principal causa de mortes entre
os homens entre 20 e 49 anos, superando acidentes de carro,
câncer e doenças do coração”, iniciou.
“Já vi homens serem frágeis e inseguros por terem uma
imagem distorcida do que é o sucesso masculino. Eles não
têm os benefícios da igualdade de gênero assim como nós”,
disse avisando que seu discurso era como um “convite formal”
para que eles se juntem à causa.
Aos 39 anos, ministra do Tribunal
Superior Eleitoral, desempenhou um papel destacado nos preparativos das eleições gerais em todo o país e no julgamento dos recursos. Foi particularmente ética
no caso do ex-candidato a governador do
DG José Roberto Arruda que pleiteava a
manutenção de seu registro de candidato,
mas acabou sendo impugnado pela aplicação da lei da ficha limpa.Luciana, que
havia representado Arruda na época em
que militava como advogada nos tribunais superiores, considerou-se impedida.
Recentemente escreveu para a Folha de
São Paulo um belo libelo em favor da participação ampla das mulheres na vida nacional. Título: Mulheres, onde estamos?
LUCIANA,
ISENÇÃO NA
HORA DE
JULGAR
34
POLÍTICA
IZABELLA,
FRUSTRAÇÃO NA ONU
Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, nascida em
Brasília esteve recentemente em Nova Iorque para a Cúpula
do Clima das Nações Unidas, e se frustrou com a “Declaração
de Nova York sobre Florestas”, uma vez que foi assinada por
apenas 28 dos 130 países participantes. Não representou um
Ministra
Superior Tribunal
de Justiça,afirmou
teve histórica
proacordo oficial
dodoorganismo
internacional,
Izabella,
tagonização
em
julgamento
político
do
ano
naquela
corte:
foi
ao esclarecer os motivos que levaram o Brasil a não ratificar oa
novidade na turma que julgou o futuro político de José Roberto
documento. “Não houve acordo, não houve negociação, mas
Arruda. Esteve em suas mãos o voto de desempate do recurso. Deapenas
umasedeclaração.
MasJosé
nãoRoberto
foi uma
viagem
perdida.
Foi
cidia-se
o ex- candidato
Arruda
era ou
não é uma
maisficha-suja
um round
enfrentado.
Afinal,
estamos
desmatando
bem
nesta eleição de governador. A cidade restou em susmenos
nossas
formou-se
em
Biologia
pela
pense
dianteflorestas.
do voto deIzabella
desempate
da ministra
novata
na turma,
UnB.
É mestre
em Planejamento
Energético
e doutora ela
emvotou
Plapaulista
de nascimento
mas moradora
de Brasília.Afinal,
a favor doAmbiental
aceitação dopela
recurso
de Arruda, mas o ex-candidato pernejamento
COPPE/UFRJ.
deu no cômputo final.
REGINA,
A NOVATA
NA TURMA
Ministra do Superior Tribunal de Justiça,
teve histórica protagonização em julgamento político do ano naquela corte: foi a novidade na turma que julgou o futuro político de
José Roberto Arruda. Esteve em suas mãos o
voto de desempate do recurso. Decidia-se se
o ex- candidato José Roberto Arruda era ou
não é uma ficha-suja nesta eleição de governador. A cidade restou em suspense diante
do voto de desempate da ministra novata na
turma, paulista de nascimento mas moradora
de Brasília.Afinal, ela votou a favor do aceitação do recurso de Arruda, mas o ex-candidato
perdeu no cômputo final.
35
mais
S
NAR>>>>>
Ricardo Reis
“SANTINHA” MARINA I
Quem assacou o termo “santinha” foi José Sarney, no único comício a que compareceu na campanha de seu candidato a governador no Maranhão. “A dona
Marina, com essa cara de santinha, mas [não tem] ninguém mais radical, mais
raivosa, mais com vontade de ódio do que ela. Quando ela fala em diálogo, o
que ela chama de diálogo é converter você”, afirmou o senador pelo PMDB. Mas,
não pegou, uma vez que nasceu de rancor do chefe do clã maranhense pelo
apoio de Marina a Flávio Dino.
“SANTINHA” MARINA II
As contradições começaram na formação da chapa com Eduardo Campos. Era
uma mistura, para muitos, improvável de êxito, menos para Eduardo e Marina.
Um dos dois iria sobrar mais cedo ou mais tarde, porque nas pesquisas de intenções de votos Eduardo jamais passou de um patamar máximo de 1O%. Marina, nas pesquisas espontâneas, mesmo como candidata a vice sempre
apareceu numa faixa de 15% a 2O% para presidente .Deixava Eduardo para trás. Um dia essa contradição iria estourar.
“SANTINHA” MARINA II
A contradição básica entre Eduardo e Marina não era do conhecimento nacional mas de programa. Com sua ascensão, a candidata mostrou dificuldades para justapor suas ideias ao programa
de governo do PSB urdido por Eduardo. Está sendo um trabalho
hercúleo e seus coordenadores temáticos oferecem corpo de
ideias racional com os postulados revisionista da candidatura.
Os recuos de propósitos estão sendo maiores que os avanços.
ARINA II tos na “santinha”
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A essência da
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do uma terceix PSDB, oferecen
PT
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idade gasta.
ra via a essa rotativ
36
“SANTINHA” MARINA V
Na campanha Marinha é a referência dessa eleição. Muitos a confundem como uma mera candidata, mas no caso é uma
referência histórica, gostemos dela ou não. É um novo paradigma proposto pelas mudanças de percepção da sociedade do que é
política e do que deve ser um político.
“SANTINHA” MARINA VI
INA VII te a
HA” MApR
“SANTIN
rofundamen
rência
analisar mais
Se a maioria do eleitorado derrotá-la, cuidado com a apologia
desta vitória uma vez que a instalação entre nós da mensagem
de Marina pode estar sendo apenas adiada por 4 anos. Se
Marina perder, o êxito do (a) adversário (a) não deve ser
interpretado como vitória do conservadorismo contra a
aventura, da tábua de segurança (imagem portada por Dilma
Rousseff) contra o medo, do equilíbrio contra a incerteza.
da refe
Devemos
como, aliás, to
a,
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M
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- derrota de M
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subterr
.
ão as capilares
mudanças, n
“SANTINHA” MARINA VIII
O eleitorado de 140 milhões de brasileiros se
torna cada vez mais renovado. Nessa eleição,
em primeiro turno um quociente inédito de
jovens compareceu às urnas pela primeira vez.
O voto jovem decidiu essa eleição, e não os
dos grotões mais pobres, afastados e de menos
população do país – a grande esperança do PT.
INA X
“SANTINHveAse” rMexApeRlida do processo
Marina não de
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político, mesmo
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tentou a Presidên
seguidas quanto
“SANTINHA” MARINA IX
Foi, graças à Internet, a primeira eleição
em que até mesmo o grotão – mesmo
aquele alimentado somente pela bolsafamília – foi um reduto de participação no
debate dos grandes temas nacionais como
se fosse um bairro da maior cidade do país.
37
POLIS Confidencial
SILVESTRE
REVIVE
OS NATURALISTAS
Silvestre Gorgulho, jornalista, promotor de cultura, ambientalista, secretário de Estado no Distrito Federal por
duas vezes, homem do mundo depois de ter nascido em São
Lourenço, Minas está contando nas páginas de seu jornal
“Folha do Meio Ambiente”, a série “Naturalistas Viajantes”
que vai virar livro. A Expedição Landgsdorff, por exemplo,
é uma das epopeias narradas. Já publicados, até agora, 11
capítulos. Ganharam luz: Marianne North, Peter Lung,
Peter Brandt, Warming, Rugendas, Darwing e o próprio
Langsdorff. Ao todo, a série conterá 16 perfis. Uma gigantesca contribuição de Silvestre Gorgulho à memória
brasílica foi deixada pelos viajantes naturalistas. Interessados podem seguir pelo site da Folha www.folhadomeio.com.br
SEBASTIÃO NERY,
RAÇA DO GÊNIO
Sebastião Nery, sempre lúcido e atento observador da política brasileira,
autor de dezenas de livros (“Folclore Político” - “Pais e Padrastos da Pátria”
- “A eleição da reeleição” - “Grandes pecados da Imprensa” - “A Nuvem”.
E agora, o livro mais recente “Ninguém me contou, eu vi - Brasil de Getúlio a Dilma” - só para citar alguns)
Ele festeja seus merecidos 82 anos pela Europa.
Nery escreve sua coluna diária publicada em 22 jornais por esse Brasil afora.
38
GAYLE FORMAN,
DONA DA FICÇÃO BRASILEIRA
Quem mais vende livro de ficção no Brasil? É Gayle Forman, escritora norte-americano de 44 anos,
autora de livros infantis e adultos jovens, além de novelas (nos Estados Unidos é o nome que se dá a aos
contos). “Se Eu Ficar”, obra de Gayle Forman está no topo dos “best-sellers” da revista Veja, gênero ficção,
editada pela Novo Conceito. Antes de estourar com seu livro, ela era jornalista “free lancer” para publicações como Details Magazine, Revista Jane, Glamour Magazine, The Nation, revista Elle e Cosmopolitan
Magazine .Em 2009, Gale lançou “If I Stay”, sobre uma moça 7 anos, Mia, envolvida em um trágico acidente de carro. O romance segue a experiência de Mia enquanto está em coma mas plenamente consciente do que está acontecia ao seu redor e tudo seus visitantes dizem e fazem. Água com açúcar ? Bem,
“Se Eu Ficar” vende à beça no Brasil. Vende mais que o “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry
(4°. lugar) ou “Felicidade Roubada” de Augusto Cury (7° lugar). Quem quiser entrar no site para conhecê-la mais (mora no Brooklyn, New York): www.gayleforman.com
SEU PEREIRA
100 ANOS, FUNCIONÁRIO,
MORREU TRABALHANDO
Era o funcionário público mais velho do Brasil em atividade. João Pereira da Silva, o Seu Pereira, morreu trabalhando
no Ministério da Justiça em Brasília.
Aos 100 anos, ele dirigia, trabalhava e tinha intimidade
com o computador.
Foi velado no salão negro do Ministério da Justiça e sepultado no Campo da Esperança com honras e glórias merecidas.
Seu Pereira era sergipano, aposentado da Câmara dos Deputados, mas morreu ainda trabalhando na portaria privativa
do Ministério da Justiça, que divulgou nota oficial sobre a importância deste funcionário que era o mais
antigo do Brasil.
Um dos seus segredos para manter a cabeça boa era ler muito e se manter sempre em atividade. Um
exemplo para todos nós!
(*) Apoiado no texto da jornalista Sonia Carneiro no seu perfil do Facebook.
39
POLÍTICA
Lobby
O CLAMOR
PELA REGULARIZAÇÃO
O
que a atividade lobista no Congresso deveria ser regulamentada em resolução interna, e não em um projeto de
lei, como pretendia Marco Maciel. O mandato de Alcântara terminou e o projeto foi arquivado.
A regulamentação do lobby e dos grupos de pressão
junto ao setor público costuma ocupar as páginas de jornal toda vez que há alguma denúncia envolvendo falta
de transparência nas relações entre funcionários públicos e interesses privados. No final do ano passado, técnicos da Casa Civil discutiram o assunto com o deputado
Carlos Zaratini (PT-SP), autor de um amplo projeto (PL
1.202/07) sobre o lobby, o qual regula estas atividades
não apenas no Congresso, mas também nos órgãos do
Executivo. “Até agora, não aconteceu nada”, informou o
deputado nesta sexta-feira (17), por intermédio de sua
assessoria.
O projeto de Zaratini que tramita junto com a proposta do senador Marco Maciel, esteve prestes a ser colocado na pauta de votações do Plenário da Câmara no
final do ano passado, mas acabou deixado de lado por
causa da urgência dos projetos que tratavam da exploração de petróleo na camada pré-sal. A Controladoria Geral da União (CGU) chegou a listar mudanças que considerava importantes para melhorar o projeto de Zaratini,
entre elas a explicitação de que o trabalho de grupos organizados que buscam programar direitos previstos em
lei não pode ser considerado lobby.
Os autores dos projetos que tratam do assunto argumentam que a regulamentação irá estabelecer com
“lobby” não é regulamentado no Brasil, mas
existe. E como existe! Não é ilegal, mas é imoral
e anti-ética.
Enquanto o “lobby” norte-americano pode ser aditado por sua formalidade e registros, o nosso não. Está
mais do que na hora, ou melhor, passou da hora de regulamentar o “lobby” no Brasil. O interessante é que as
pessoas que representam grupos de interesse e empresas nas relações com o Poder Público, de um modo geral,
são favoráveis a regulamentação. Belo assunto para ser
encarado pelo Congresso Nacional que nós, eleitores,
estaremos escolhendo em outubro próximo.
Na verdade, no próximo dia 12 de dezembro serão
completados 24 anos que o Senado aprovou e enviou à
Câmara dos Deputados projeto de lei (PLS 203/89), do
senador Marco Maciel (DEM-PE), que regula a atividade
de lobby no Congresso Nacional. Desde então, ele foi
discutido, recebeu emendas, passou a tramitar com propostas que têm a mesma finalidade, mas nunca chegou
a ser colocado em votação no Plenário daquela Casa.
Neste momento, existem dez propostas sob exame dos
deputados - três projetos de lei e sete propostas de mudanças no Regimento Interno da Câmara.
No Senado, desde a aprovação do PLS 203/89, que
agora tramita na Câmara como PL 6.132/90, houve apenas
uma tentativa do então senador Lúcio Alcântara (1995) de
regular o assunto, por meio de um projeto de resolução.
Ele apresentou sua proposta depois que os deputados da
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara opinaram
40
POLÍTICA
Todas as propostas que estão no Congresso determinam que os lobistas têm de se registrar no órgão público e devem portar crachás de identificação. Ao fazer o
registro, têm de informar quais são os interessados em
seus serviços e as matérias que querem ver aprovadas
ou rejeitadas. As empresas de lobby serão obrigadas a
informar seus gastos ao Congresso, em detalhes, caso a
atividade seja regulamentada.
clareza os limites da atuação de lobistas, prevendo punição para aqueles que extrapolarem. Zaratini argumenta
que o lobby é uma atividade legal e regulada na Europa
e nos Estados Unidos, onde os lobistas são pessoas autorizadas a defender determinadas causas junto ao Legislativo e, em alguns casos, junto a órgãos do Executivo.
Eles devem pertencer a empresas da área e são autorizados a participar de audiências para defender o ponto
de vista de grupos da sociedade ou de empresas. É uma
atividade aberta, que não tem nada a ver com o tráfico
de influência, que é crime.
MESMO IMORAL, ATIVIDADE É LIVRE
Mesmo sem regulamentação, a atividade de lobby é
oferecida por dezenas de empresas no Brasil. A Universidade de Brasília mantém um curso de especialização em “assessoramento parlamentar” - na prática, um treinamento
para a atividade de lobby nos três Poderes. Nos Estados
Unidos e na Europa, existem milhares empresas de lobby.
Na Câmara dos Deputados, o Regimento Interno (artigo 259) autoriza o credenciamento de representantes de
ministérios, do Judiciário e de entidades sindicais de trabalhadores ou patrões, para a defesa de seus interesses. O
Regimento Interno do Senado não trata do assunto.
“Quem pede, tem preferência”
Palmeirense fanático, Berzoini usou uma frase atribuída ao ex-técnico de futebol Gentil Cardoso, considerado um dos melhores na área nas décadas de 1950 e
1960 no país. “Quem se desloca, recebe, quem pede, tem
preferência”, disse o petista, lembrando do treinador,
que passou por vários clubes do futebol
Disse isso depois de avaliar que regulamentar a profissão de lobista parece estar longe da prioridade dos
parlamentares. Fora da pauta da CCJ, a proposta só deverá ser apreciada depois das eleições.
Diz que os responsáveis pelo projeto do lobby não
se empenham por ele: -“Quem se desloca, recebe”
BERZOINI:
“O SOL É O MELHOR DESINFETANTE”
O ministro Ricardo Berzoini, quando
LOBISTAS À VONTADE
estava na Câmara, lutou muito pela reguOs lobistas circulam o tempo todo
lamentação do “lobby”. Diz que gostaria
pelo Congresso Nacional. De vez em
de ver o lobby regulamentado. “Já é mais
quando, alguns aparecem envolvidos em
que hora de disciplinar a atividade. O sol
escândalos que envolvem pagamentos de
é o melhor desinfetante”, disse o peemepropina e entrega de caros presentes. Mesdebista.
mo com a suspeita de que um senador da
Hoje ministro da Articulação Política,
República, Demóstenes Torres (ex-DEMfoi presidente da comissão de Constitui-GO) possa ser lobista de uma organização e Justiça. A prerrogativa de colocar o
ção do crime, continua a patinar no Legisprojeto na pauta da CCJ era exclusiva dele.
lativo a ideia de dar luz e transparência à
Na última reunião os deputados analisaatividade do lobby.
ram 90 de 127 propostas sugeridas para do
O destino do projeto que regulamenprojeto. E foi justamente o alto volume de
ta a atividade remunerada do lobby pare“Já é mais que
proposições a justificativa usada por Bercia ser o arquivamento por conta de uma
zoini para a demora de a regulamentação hora de disciplinar série de vícios de origem e inconstitucioser colocada em votação.
nalidades. Com a apresentação de um
a atividade.
De acordo com o petista, ele despahá quase dois meses, parte
O sol é o melhor substitutivo
chava entre 30 e 40 projetos por semana
dos problemas foi sanada. No entanto, papara integrar a pauta da comissão. Além
desinfetante”
rece que o principal ainda persiste: a falta
daqueles que já entram na sugestão natude vontade política para votar a proposta.
ralmente, Berzoini diz que a inclusão de
Com isso, o mais provável é que o projeto
outros projetos acaba dependendo da disposição dos
só deva ser votado em novembro. Enquanto isso, o lugar
responsáveis por eles em fazer pressão. Coisa que nem
dos lobistas continuará sendo a sombra.
o relator do projeto de regulamentação do lobby, César
Colnago (PSDB-ES), muito menos seu autor Carlos Za(*) Apoiado em textos do Congresso
ratini (PT-SP), segundo Berzoini, fizeram.
Em Foco e da Câmara Hoje.
41
SAÚDE
PLANOS DE SAÚDE
PARTICULARES:
COMEÇO DO EMBUSTE E FIM DA DECÊNCIA
O
Isto acontece nas barbas da agência governamental controladora - a ANS - que tem posturas burocráticas e se limita
a fazer proibições passageiras de novos planos. Uma medida
temporária fraca que não atinge os grandes grupos.
Os consumidores que se sentem lesados pregam uma
proibição geral de vendas enquanto o governo faz uma auditoria desse ramo de atividade e impõe novas exigências com penalidades draconianas.
Além do mais, consumidores pressionam em favor de uma
correlação entre o número de vendas entre planos coletivos e
planos privados.
Os usuários se sentem diante de um caso de calamidade
pública, aguardando providências de uma ANS que não reage
nem toma partido.
sistema de planos de saúde particulares que prometiam um atendimento diferenciado aos que aderiam, virou um inferno para os que necessitam de
atendimento. Suspenderam a venda de planos particulares, cujos reajustes são controlados e só oferecem o plano-empresa, que podem reajustar à vontade.
Quem tem mais de 45 anos não consegue plano para aderir, salvo alguns de pessoa jurídica, a preços astronômicos e com
enormes períodos de carência.
A entrada de empresas financeiras no ramo, principalmente estrangeiras, está destruindo o sistema pela ganância e
desprezo pelos usuários.
No Rio, não se consegue internação salvo em algumas
unidades de terceira linha na periferia, mesmo que se pague os
caríssimos planos de primeira linha.
42
Informe publicitário
Hemocentro em dia
Captar e fidelizar é a meta do Hemocentro.
A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) desenvolve vários projetos para captar e fidelizar
doadores voluntários de sangue, assegurando um atendimento humanizado, eficiente e de
qualidade antes, durante e após a doação de sangue. Para cumprir essa missão, a Gerência do
Ciclo do Doador desenvolve ações educativas voltadas para a conscientização pró doação de
sangue. Uma destas ações consiste em trabalhar com os doadores do futuro, que são as crianças
e adolescentes.
“Com a ampliação da faixa etária para a doação de sangue, os adolescentes a partir dos 16 anos
podem fazer sua primeira doação, sempre com o consentimento dos responsáveis legais. Para
sensibilizarmos esses estudantes oferecemos palestras em escolas, onde repassamos a
importância e as condições para se tornar um doador voluntário e oferecemos visitas ao
Hemocentro (Hemotour) mostrando todas as etapas do nosso trabalho”, diz Rodolfo Firmino,
Gerente do Ciclo do Doador.
Para agendar uma palestra ou um Hemotour favor entrar em contato com o NCRO pelos telefones
3327-4413/4447
Doadores e usuários têm transporte gratuito para o
hemocentro
Desde 2013 a Fundação Hemocentro de Brasília(FHB)
disponibiliza, para os doadores voluntários de sangue e
pacientes do Ambulatório de Hemofilia uma linha de transporte
gratuito que faz o percurso Rodoviária do Plano
Piloto/Hemocentro/Rodoviária do Plano Piloto.
Os ônibus ficam estacionados na plataforma inferior da
Rodoviária do Plano Piloto, do lado Asa Sul e saem de lá a
partir das 8h30, de meia em meia hora.
Campanha interna traz parceiros para a FHB
Este é um outro projeto do Hemocentro voltado para
diversos segmentos da sociedade, com o objetivo de captar e
fidelizar doadores. Podem ser nossos parceiros empresas,
igrejas, órgãos públicos e privados, ONGs, entre outras
instituições. Para isso, basta entrar em contato com a FHB
pelos telefones 3327-4413/4447 e marcar um encontro com
nossos profissionais que repassarão orientações sobre a
doação de sangue, agendarão as coletas e, se necessário,
disponibilizarão um transporte para trazer grupos de 15 a 70
pessoas.
43
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
31 DE AGOSTO
MATRIARCADO À VISTA
FALTAM BIOGRAFIAS
Se Marina Silva emplacar contra Dilma Rousseff
e chegar à Presidência da República poderá instalar-se
nesse país o matriarcado, que, aliás, não será nada mau.
Imediatamente acender-se-á uma luzinha na cabeça de mulheres que se julgarem dotadas de tino e tutano: por que o sexo feminino não continuar disputando a presidência em 2022?
Isso, porque a moça – e aí se explica que deve ter
tino e tutano – assim raciocinará: se Marina chegar ao
Planalto depois de outra mulher, a Dilma com certeza
disputará a reeleição em 2018.
Sobrarão então, 2022, em que se comemorarão os
100 anos da Semana de Arte Moderna de São Paulo, na
qual despontaram Tarsila do Amaral e Anita Malfalti.
Um estímulo a mais para as mulheres.
A palavra mais feia da língua portuguesa é “defecção”. Ontem, a manchete de um portal era: “Em terceiro, Aécio tenta evitar defecções de seus aliados”. Arre!
Falta nas estantes brasileiras uma boa biografia de
algumas personagens da história republicana recente
que estão a reclamar luz nas entrelinhas de suas vidas
públicas.
Uma acurada biografia de Golbery impõe-se. Outra, de Petrônio Portella. De Aureliano Chaves, Leonel
Brizola, creio que não existe a não ser nos níveis de admiradores brizolistas ardorosos (não vale, porque não
lhe apontam os defeitos).
Por falar em defeitos, lembro a história havida com
Antônio Carlos Magalhães, que também merece uma
definitiva investigação biográfica.
Fernando Moraes, nosso biógrafo maior, foi por
ele contratado para pincelar sua vida. Moraes foi a Salvador. Reunião na casa de ACM. O biógrafo leva uma
lista de pessoas que precisa entrevistar antes de fazê-lo
com o próprio biografado.
ACM lê a lista e reclama:
- “Mas Fernando, nesta lista só tem inimigo meu!
Não consinto!”
- “Então não será biografia, será um texto laudatório”!
(Se os diálogos não tiverem sido esses, perdão, pois
como dizem os italianos: “Si non è vero, è ben trovato”)
A biografia de ACM por Fernando Moraes nunca
saiu da intenção e de um fim de semana em Salvador.
WOODY E O RIO
ODEBRECHT DEVE
CALADO CARO
Besteira. André Vargas está sendo pago, e regiamente pago, para ficar calado.
DEFECÇÕES, NÃO
Norberto Odebrecht
Ainda no gênero biografias, a família Odebrecht
deve ao país uma de seu fundador, Norberto, que morreu no mês passado. Não era um empreiteiro clássico,
mas homem de empreendimentos, visionário, que ia
materializando seus projetos sem perder a extrema
simplicidade, quase franciscana, em que sempre viveu.
Woody Allen declarou-se há anos, se não me engano em entrevista ao correspondente de O Globo em
Nova York, seduzido pela obra de Machado Assis, nosso
maior romancista.
Mas nem por isso o gênio neurótico da noiva nervosa de Nova York ainda teve a pachorra de ir ao Rio e
dirigir um roteiro sobre o autor de Dom Casmurro.
Poderia chamar-se: “O Bebê da Mata-Cavalos”.
Explica-se: Woody que filmou o notável “O Bebê de Rosemary”, poderia ter como inspiração o velho Machado,
que descia todos os dias a pé o Morro do Livramento
pela Rua Mata-Cavalos, hoje Rua do Riachuelo, no centro do Rio.
E nessa descida da rua, Machado presenciaria o sequestro de um bebê, tomado dos braços da mãe por um
bandido carioca. Machado então envergaria um boné “à
la Sherlock” e iria investigar.
Bem… ficção é com Woody Allen não comigo…
SOLITÁRIO LUDWIG
A propósito, lembrei-me de Daniel Ludwig o milionário norte-americano que criou o Projeto Jari, no
Pará, nos anos 7o.
Quando vinha ao Brasil para fiscalizar a megalômana traquitana, viajava sozinho em voo comercial na
classe econômica. Em Brasília, que visitava para dar um
abraço em seu amigo, o presidente Geisel, evitava os hotéis caros e hospedava-se no Eron.
Quando morreu, o Jari definhou.
44
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
7 DE SETEMBRO
OS CÚMPLICES
NUNCA CHEGARAM
Em Brasília, “maitres” e garçons de bons restaurantes e motoristas de táxi que servem o aeroporto são
os melhores guardiões de informações e segredos políticos que se conhecem.
Enquanto atendem ou servem seus clientes geralmente ouvem-nos relatar façanhas e contar vantagens.
Narram a uma pessoa que nunca viram – ou viram demais – o estado da arte de suas aventuras.
Com um detalhe: “maitres”, garçons e motoristas
não revelam nada a ninguém do que ouviram.
Seu silêncio profissional é cúmplice daqueles que
veem aqui, realizam um “lobby” do tipo Petrobras e vão
a um ótimo restaurante para comemorar antes de item
embora.
Políticos de extrema sabedoria, ambição e poder
de sedução jamais chegaram à Presidência da República
embora tivessem passado a vida dedicada a esse projeto.
Contam-se aí: Ulysses Guimarães, Magalhães Pinto. Petrônio Portella, Leonel Brizola, Miguel Arraes,
Mário Covas, Carlos Lacerda, Ademar de Barros, Teotônio Vilela e Antônio Carlos Magalhães.
SINA MARANHENSE
O Maranhão é hoje o estado mais freqüentado do
país por agentes da Polícia Federal disfarçados, em buscas de clones de Alberto Youseff.
Preferência das buscas: aeroportos e hotéis.
Agradeça-se à delação do sr. Paulo Roberto Costa,
envolvendo a governadora Roseana Sarney no “esquemão” da Petrobras, a intensificação dessas buscas.
PLANTÃO ILUMINADO
Na primeira fornada de vazamentos da VEJA com
os nomes de Roberto Costa, o Palácio do Planalto e da
Alvorada iluminaram-se na sexta à noite para um plantão.
Um enxame de ministros e assessores da presidente, apressados em analisar a situação, varou a noite.
Antigamente, quando política era política, dissimulavam-se os golpes fazendo-os parecerem sem importância.
TODO BRASILEIRO
Não vai demorar a aparecer um produtor de cinema
com o projeto de filmar a vida e a morte de Eduardo Campos, da ascensão à morte trágica no desastre de jatinho.
O cinema sempre teve fascínio pelas cenas de poderosos envolvendo aviões e tragédias.
Oliver Store filmou JFK e incluiu uma cena de autor, surreal: Richard Nixon que após perder para Kennedy seria mais tarde eleito presidente, estava em Dallas,
Texas, na mesma manhã do assassinato.
Stone foi um gênio detalhista na cena que refletiu presságios, envolvendo atmosfera chuvosa, céu de
chumbo e cantos de bruxas.
Nixon chegou ao aeroporto bem cedo para tomar
seu avião para Washington. Não queria se encontrar
com seu rival das eleições de 59. Kennedy Kennedy e Jackie desceriam do avião presidencial uma hora depois.
Nixon se afasta um pouco, sem guarda-chuvas, envergando pesado, sobretudo. Olha para cima, fita o céu
carregado e inóspito, e quem sabe há de ter murmurado
para si mesmo:
- Não será um dia bom para um presidente…
E não foi. Uma hora e meia mais tarde, JK seria
baleado em frente ao Depósito de Livros de Dallas.
O que teria se passado na cabeça de Eduardo Campos, antes de subir no jatinho rumo a Santos?
Deixemos para o futuro filme sobre sua vida. Se
um dia for filmado.
MUY AMIGOS
Da lista inteira de pessoas citadas por Paulo Roberto Costa, todos sem exceção – foram ou são amigos do
ex-presidente Lula. Alguns mais, como o evanescido ex-governador Sergio Cabral – outros menos. Mas amigos.
MARINA VAZ
Marina Silva carrega o sobrenome Vaz, que por
casamento incorporou de seu marido. Aproxima-se
do tronco familiar do autor da primeira carta em terras
brasileiras, escrita por Pero Vaz de Caminha, escriba da
missão de descobrimento.
Ao chegar em terras brasileiras pediu ao rei de Portugal um emprego para seu sobrinho.
Marina promete resgatar a boa saga dos Vaz, Marina quer banir a entrada ela janela no serviço público.
Claro, se for presidente.
45
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
14 DE SETEMBRO
O QUE MALUF TEM?
tos para governador de São Paulo, no último Datafolha.
A previsão de Lula é que chegará aos 2O% históricos
do PT nas eleições de São Paulo, na véspera da eleição.
Tudo isto sem precisar dos votos de Paulo Maluf, cuja
casa visitou para fechar apoio na coligação e por quem foi mais
tarde foi traído por um punhado de promessas de Paulo Skaf.
E para maior contentamento de Padilha, Skaf está se
“dismilinguindo”.
Somente o gênio de Oliver Stone, cineasta mais paranoico de Hollywood (teoria da conspiração braba em sua mente),
e que havia dirigido o impagável filme-documentário (“histoire verité”) JFK, seguiu o filão com um filme-biográfico Nixon
tão patético quanto magistral na interpretação de Anthony
Hopkins. (Nesta segunda,15, o canal a cabo Cult da Sky o reexibirá às 22hs).
O que Nixon a ver com o Brasil de hoje? Tudo a ver.
Primeiro aquele gesto do V da vitória ao deixar a Casa
Branca quando renunciou na esteira do escândalo Watergate. Alusão aos riscos de se usar do governo para bisbilhotar a vida pessoal de adversários. Nixon fez e caiu por isso.
Modernamente seria: para entrar no Wikipédia e alterar os
perfis de jornalistas…
Segundo: Nixon era comparativamente o que o nosso
Paulo Maluf é para a política brasileira: um renomado cara
de pau provinciano e “outsider” nos salões. Mas que se conservou no topo da onda, como Maluf aqui. Por quê? Cedo
a palavra a Caetano:
“Isto aqui, ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Deste Brasil que canta e é feliz,
Feliz, feliz.”
TARDES AGITADAS
Vai ser interessantíssimo acompanhar pela TV Senado as tardes do Senado Federal na próxima legislatura.
Ali estarão, com toda a probabilidade É gente tão difusa em comportamentos como imprevisíveis em reações,
como Romário (PSB),Tasso Jereissati (PSDB), Reguffe
(PDT),Álvaro Dias (PSDB),José Serra,(PSB).Olívio Dutra
(PT),Paulo Bornhausen, (PSD),João Paulo (PT), Geddel
Vieira Lima (DEM), Antonio Anastasia (PSDB). Não cito
aqui Fernando Collor (PTB) entre os prováveis eleitos porque está pau a pau com Heloisa Helena (Psol).
Como também tenho certa reserva em apostar em Olívio Dutra, pois Pedro Simon (PMDB) vem crescendo depois
de voltar atrás na sua decisão de não mais se candidatar. Simon no Senado é garantia de qualidade da representação.
Gente boa de frases picantes (Geddel, o genial frasista) e ironias pontiagudas. Gosto pelas manobras nos bastidores, outros, sonsos como um vigia de santuário.
NOVO GETÚLIO?
Uma das frases deixadas por José Roberto Arruda no
ato de revelação de que está fora da disputa do governo do
Distrito Federal, é intrigante:
- “Meu último gesto na vida pública…”.
Ora, ora, quantos na política não disseram a mesma
coisa antes? Getúlio Vagas foi um deles. Retirou-se para sua
fazenda em Itu, Rio Grande do Sul. Destronado em 1945,
jurara não mais saber de política. Ademar de Barros então
tomou um DC-3, com o jornalista Samuel Weiner, da “Última Hora” a bordo, e aterrissou na pista de terra batida.
Levou apenas uma manhã e um churrasco de novilha
para convencer Getúlio a voltar.
Voltou e deu no que deu.
Arruda é bom reler a História para não acertar conosco compromissos inócuos.
RENATA ELEGE
Não se deverá a Marina Silva a eventual vitória, que se
desenha, de Paulo Câmara a governador de Pernambuco,
porém a Renata Campos, que terá todo o direito à autoria
de um fenômeno eleitoral, caso materializado.
Em meio ao choque com a tragédia aérea Renata abdicou de uma candidatura a vice-presidência de Marina
Silva para se dedicar a uma prioridade do falecido marido: eleger Câmara, seu mais próximo colaborador, chefe
de sua Casa Civil.
Naquele momento o biliardário candidato a governador e senador Armando Monteiro Neto estava tão distanciado na liderança das pesquisas que se comprazia em não
fazer campanha no interior – que calor!
Resultado: Renata está empurrando Câmara apenas
na emoção. Sem Marina por perto.
Bravo, Renata Campos.
PADILHA SURFA
Contra todos que haviam apostado que não passaria de
seus 5%, Alexandre Padilha chegou a 8% das intenções de vo-
46
JORNAL DE LEONARDO MOTA NETO
21 DE SETEMBRO
LIÇÕES DE WARREN BUFFET
A EIKE BATISTA
tucano, sofre a inclemência solar porque desprovido de
cabelos que amenizariam o atentado cósmico.
Já o Fernando Pimentel, esse tem mais cabelos, e poder ganhar a eleição por isso…
Em tempo: os marqueteiros proíbem os candidatos a
envergarem um boné nas campanhas para se protegerem
do sol. Seria se esconder do eleitor. O que dirá a saúde pública disso?
“Voltar à classe média é um baque gigantesco” professou nessa semana Eike Batista. Tem dó do Eike, gente. Nada
semelhante a um dos maiores biliardários dos Estados Unidos, Warren Buffet, que em 2008, tornou-se o homem mais
rico do mundo, passando na frente de Bill Gates, com uma
fortuna estimada em US$ 60 bilhões. No ano seguinte Buffett
foi o segundo homem mais rico, sendo que Bill Gates voltou
a primeira posição.
Só que – aprenda Eike! – Buffet, que tem seus 84
anos – os mesmos do Sarney – continua trabalhando com
salário anual é de US$ 100 mil, sendo um salário pequeno, comparado aos salários de outros executivos. Ele vive
na mesma casa, desde 1958, que comprou por US$ 31.500
(hoje vale mais de US$ 700 mil).
E mais, meu caro Eike: o ex- presbiteriano Warren
Buffet se auto-descreve como agnóstico, não usa celular,
não tem um computador em sua mesa e dirige seu próprio
automóvel, um Cadillac DTS.
Doeu muito, Eike?
SARNEY DESCE
Para quem mantinha o que os ingleses chamam de
“aplomb” (mais ou menos o tal do “fair play” da FIFA) o
senador José saiu da linha no seu último comício de São
Luiz em favor de Edison Lobão Filho, o “Lobinho”.
Deu uma estocada violenta em Marina Silva, chamando-a de “santinha” e outras tantas baixarias verbais.
Tudo porque Marina apoia o candidato da oposição a governador, Flávio Dino.
Nem parecia o Sarney, tão elegante que beija as mãos
das senhoras – seja a presidente, senadora ou deputada.
O “fala-mansa” e “imortal” da Academia, desta vez,
mostrou-se o verdadeiro o marimbondo de fogo, uma personalidade dissimulada no cotidiano.
RISCO SUPREMO
O ministro José Eduardo Cardozo levou um “chega-prá-lá” da presidenta Dilma, quando houve o vazamento
do que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou em delação premiada. Ela queria ter sabido antes da
publicação nos jornais dos nomes dos políticos denunciados. Cardozo levou um pito que jamais esquecerá. E muito
menos na hora em que reivindicar seu apadrinhamento
para ser ministro do STF.
SHAKESPEARE EXPLICA DR.
ULYSSES
Quem conviveu com o Dr. Ulysses Guimarães (assim
mesmo, Dr. pois ele gostava) lembra que ele tinha predileção por uma palavra arrevesada: despiciendo. Usava-a
bastante em seus discursos.
O que significa? Vamos recorrer ao velho bardo
William Shakespeare (Otelo, Ato IV, Desdêmona):
- “É próprio de a natureza humana irritar-se por coisas despiciendas, quando se ocupa com razões de peso”.
E nem precisei consultar o Aurélio.
FÁCIL, NÃO, CUNHA?
A princípio os “marineiros” não queriam saber de
PMDB. Foi o tom dos clarins de Eduardo Campos: não a
Sarney, não a Collor, não a Renan. Negociar com eles, jamais. Vem agora Beto Albuquerque, do alto de seu lépido amadurecimento político, admitir: “Ninguém governa
sem o PMDB”!
Eduardo Cunha deve estar a considerar lá com seus botões:
-“Jamais pensei que a aproximação fosse tão fácil”.
SUBIRAM NA SEMANA
* Delação premiada
* Dom Orani Tempesta (nem se abalou com o assalto)
* Chegada ao mercado do concorrente do IBOPE
* Sotaque e tiradas da Luciana Genro
DESCERAM NA SEMANA:
* Centro de São Paulo
* Bancada do Jornal Nacional
* Eike Batista (e como desceu!)
* Preço dos imóveis.
ATENTADO SOLAR A PIMENTA
Há meses em campanha sob o inclemente sol de Minas Pimenta da Veiga, candidato a governador pelo lado
47
JUDICIÁRIO
O JULGAMENTO DE
CESARE BATTISTI
(*) Capítulo inédito do livro de Leonardo Mota Neto
CAPÍTULO XIV
O aparelhamento
N
ão houve na história do Judiciário Brasileiro caso algum parecido com o ocorrido no final do governo do Presidente
Luiz Ignácio Lula da Silva.
Ao deixar de obedecer à Constituição, diante de uma insofismável decisão do Supremo Tribunal Federal – extraditar Cesare Battisti para a
Itália – o primeiro magistrado da nação incorreu
em solércia, determinando à Advocacia Geral da
União que providenciasse um parecer que lhe
permitisse manter Battisti no Brasil.
A AGU, dirigida pelo advogado Luiz Adams, pressurosamente acedeu à voz de comando,
e elaborou um parecer camaleônico em que alegou razões humanitárias para manter o prisioneiro no Brasil na condição de refugiado.
E o fez no último dia de seu governo, em
31 de dezembro de 2010, como a deixar claro que
havia permeado todos os recursos extralegais
para satisfazer seu capricho.
Desse mesmo capricho havia compartilhado o Ministro da Justiça, Tarso Genro, na época
do julgamento do refúgio pelo CONARE, quando
adotou uma oposição unilateral na esfera administrativa, ao passar por cima da decisão de seu
próprio Conselho Nacional para os Refugiados.
Lula não só desobedeceu a uma sentença
expressa do STF, contida no Acórdão, lavrado
cuidadosamente sobre os termos do julgamento
do pedido de extradição, como, de fato, e capciosamente, aparelhou a corte suprema de Justiça
do Brasil, com o estilo petista de agir para seus
inconfessáveis desígnios.
A Imprensa Brasileira e internacional, com
a insistência em afirmar nas suas manchetes que
o STF havia decidido por delegar a Lula a decisão
final sobre Battisti (discricionalidade absoluta),
caiu no logro do Presidente, ajudando a dissemi-
48
nar sua facciosa elaboração.
Nada mais equivocado. Ao Poder Executivo – esse é o
espírito correto da interpretação, expresso no Acórdão – cabe
a tarefa executória do processo, para entregar o extraditando
ao Estado requerente, no caso, Itália. Não foi reconhecida a
submissão absoluta ou discricionalidade do Presidente da
República. Essa opinião teve votos vencidos (quatro) contra a
maioria que votou na “obrigação apenas de agir nos termos do
Tratado celebrado com o Estado requerente”
Eis o sumo da decisão, de acordo com a melhor tradição
da Constituição Brasileira, do Direito Internacional, do Tratado de Extradição Brasil-Itália e da Convenção de Bruxelas do
qual o Brasil é signatário.
Não houve discricionalidade absoluta transferida a Lula,
como a imprensa noticiou equivocadamente, porém, nos termos do Tratado que o limitava e o vinculava à decisão do julgamento.
Daí Lula ter optado por aparelhar o Supremo, para garantir que sua decisão de manter Battisti, sustentada num parecer
bem adequado da AGU, fosse mantida pelos Ministros da Corte, agora reforçada pelo décimo primeiro juiz, Luz Fux, nomeado em janeiro de 2011 para a vaga de Eros Grau pela Presidente
Dilma Rousseff.
Para efetivar o aparelhamento – tradução: uma Corte enquadrada pela vontade do então Presidente - Lula valeu-se de
“emissários” que foram a São Bernardo do Campo, São Paulo,
domicílio do ex-presidente, tramar com petistas locais a mudança de voto do Ministro Ricardo Lewandowski, um dos que
havia votado originalmente com a maioria, como narrou o repórter do Estado de São Paulo Felipe Redondo, em matéria não
desmentida até hoje.
Mais fundo ainda foi a correspondente doII Fato Quotidiano, no Rio de Janeiro, Sofia Toscani, que especulou que não
somente Lewandoswy era alvo dos aparelhadores, mas também a Ministra Ellen Gracie.
Nos bastidores, correram suspeitas de que o próprio Luis
Adams, chefe da AGU, havia sido o operador dos “emissários” a
que Redondo se referiu.
Por que Lula assim procedeu? Em confidências trocadas
com pessoas de seu acesso íntimo ele sempre dava pistas de
que suas duas maiores queixas ao longo dos dois mandatos
foram as das derrotas sofridas nos poderes que não o Executivo: no Legislativo/Senado, a derrubada a CMPF (Contribuição
Provisória para Movimentação Financeira), e no Judiciário/
Supremo, o julgamento de Cesare Battisti, que sentenciou a
extradição contra sua decisão sobre o refúgio.
Lula colocara em marcha plano vingativo contra essas
duas ofensas à sua autoconsiderada pessoa. E engendrou maneira de obstruir a decisão do Supremo, valendo-se do parecer
da aparelhada AGU, que lhe deu a chave para fechar a porta
da legalidade e entrar na zona sombria da voluntariedade arbitrária.
Já publicados os seguintes capítulos
:
Dezembro (Nº 1032) – Capítulo I e II - O PRO
TEGIDO DO BRASIL
Janeiro (Nº 1033) – Capítulo III – OS ANT
ECEDENTES
Fevereiro (Nº 1034) – Capítulo IV – OS
ASSASSINATOS
Março (Nº1035) – Capítulo V – A PRISÃO
NO RIO DE JANEIRO
Abril (Nº 1036) – Capítulo VI - O Palc
o e Capítulo VII
OS DEFENSORES DA ITÁLIA
Maio (Nº 1037) – Capítulo IX – OS JULG
ARES e Capítulo X
O TRATADO DE EXTRADIÇÃO
Junho (N° 1038) – Capítulo XI – EROS
RETIFICA SEU VOTO
Julho (Nº 1039) – Capítulo XII - O ACÓ
RDÃO
Agosto (Nº 1040) - Capítulo XIII - Reaç
ões na Itália.
49
PÁGINAS AZUIS
FERNANDO
VASCONCELOS
A
“O BRASILEIRO
GOSTA DA BOA
PROPAGANDA”
uto-considerado “servidor da indústria da propaganda”, Fernando Vasconcelos,
jornalista, publicitário, dirigente sindical e atualmente editor do mais respeitado site de divulgação, análise de tendências e crítica do mercado do Distrito
Federal e quiçá do país, abre o jogo nessa entrevista a CARTA POLIS sobre os
temas em voga neste segmento da economia de serviços que gira uma fábula em faturamento
das agências: cerca de bilhões/ano.
CARTA POLIS - Como o Sr. define o atual momento da propaganda brasileira e do mercado publicitário em ano eleitoral?
Fernando Vasconcelos - O momento não é dos melhores. Além
do ano eleitoral que paralisa as campanhas dos governos Estaduais
e Federais em razão da Lei Eleitoral, o quadro da nossa economia
está complicado. No primeiro semestre deste ano houve um crescimento de apenas 14%, comparado ao mesmo período de 2013,
que foi maior. Falta ânimo para o mercado terminar o ano. Vários
ajustes ocorrerão em nossa economia com a chegada de tarifados,
o que prejudicará os investimentos em Marketing.
FV - Nossa criatividade não deixa nada a desejar à de outros
países. Nossas peças publicitárias são admiradas, elogiadas e
discutidas por grande parte da nossa população. O brasileiro
gosta de boa propaganda. Os termômetros são a grande quantidade de prêmios conquistados, nacional e internacionalmente,
como em Cannes, que no ano passado conquistamos 115 Leões.
Este ano, estivemos presente em 14 das 17 categorias do festival,
conquistando 107 Leões. Mesmo com essa pequena diferença,
a propaganda brasileira teve uma participação importante no
cenário criativo mundial.
CARTA POLIS - O Sr que lida diariamente com o “crème de la
crème” das peças publicitárias, como vê o panorama atual da
criatividade publicitária brasileira?
CARTA POLIS - A agência Africa, de Nizan Guanaes, foi recentemente escolhida entre as 1O melhores do mundo: que estímulos essa conquista trará ao mercado?
50
PÁGINAS AZUIS
FV - Representa muito e tem um impacto muito positivo no
mercado essa classificação. Uma agência como a África, que faz
parte de um importante Grupo de Comunicação – o ABC tem
receita de R$ 1 Bilhão por ano, motiva o mercado a investir, inovar, ousar na visão empresarial e deixar claro que o sucesso é
fruto de muito trabalho.
da população. É uma atividade meio e não uma atividade fim.
E por ser uma atividade meio, não tem capacidade de resolver
os problemas de governo, podendo, sim, agir em busca de soluções, dando ao povo todas as informações necessárias, em
perfeita sintonia com seus ministérios, autarquias, empresas
estatais e administração direta e indireta.
CARTA POLIS - Qual o atual estágio do mercado da propaganda de Brasília: profissionalmente, tende a ocupar que tipo de
nicho no mercado nacional?
FV - Eu diria sem medo de errar que estamos numa posição de destaque no cenário
nacional. Temos as maiores contas públicas
do país. Profissionalmente, nosso mercado
está muito bem preparado para atendê-las.
Isso permite o surgimento de JOBs produzidos e finalizados na cidade, criando, inclusive, para clientes das matrizes das agências
em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Bahia
entre outros. Tenho ouvido muitos elogios
dos empresários da área a respeito das suas
equipes brasilienses.
CARTA POLIS - O que o Sr. faria para aperfeiçoar o mercado
publicitário nacional ?
FV - Às vezes sou taxado de radical com relação a esse tema. Na
minha visão, como líder sindical que fui e fiz
bem feito o dever de casa, o aperfeiçoamento
do mercado passa pelo surgimento de novas
lideranças que tenham dentro de si um ideal
e que sejam comprometidas com a Indústria da Propaganda. Hoje, eu não vejo esse
comprometimento 100% eficaz. Sem medo
de errar afirmo que essa eficácia virá impor
mais respeito ao nosso negócio, fator fundamental para o crescimento da nossa atividade econômica e que tem importante papel no
desenvolvimento do nosso país. Precisamos
impor mais respeito e ter uma convivência
mais politicamente correta em benefício de
toda a classe.
CARTA POLIS - A publicidade governamental melhorou de padrão técnico neste
ano?
FV - Em minha opinião, ainda precisa melhorar. Vejo, hoje, a publicidade governamental mais voltada para a execução de um
bom planejamento de mídia e preocupada
com negociações. Acredito que uma equipe
de Comunicação Social de governo deve ter
em seu quadro profissionais envolvidos em
planejamento, criação, marketing e mídia,
especializados nas principais ferramentas
do Marketing: propaganda, marketing promocional e mídias digitais.
Nossa criatividade
não deixa nada
a desejar à de
outros países.
Nossas peças
publicitárias
são admiradas,
elogiadas e
discutidas por
grande parte da
nossa população
CARTA POLIS - Que ideia o Sr. tem, da
concentração da mídia em veículos eletrônicos: é uma tendência mundial que se
agrava no Brasil?
FV - Sim, é uma tendência mundial e não
afirmaria que agrava. Pelo contrário, essa
concorrência faz gerar novas estratégias
de comercialização dos outros meios. Na verdade tem espaço
para nossos jornais, revistas, rede de rádios, mídia exterior, mídia digital, etc. Cabe às agências adequarem as verbas dos seus
clientes diante das suas necessidades. Um bom relacionamento
comercial entre as partes também ajuda o surgimento de parcerias e de bons resultados.
CARTA POLIS - O Sr. é favorável à regulamentação da mídia?
FV - Sou contra essa ideia e o que está por
trás disso. A liberdade de expressão é importante para a manutenção da criatividade publicitária para cada tipo de mídia adequada. A regulamentação para contenção
de gastos é aceita. O que não pode acontecer é o engessamento de mecanismos que
atrapalhem a liberdade de utilização de mídias corretas. A imposição de um sistema
regulamentar sacrifica sempre o lado criativo em detrimento das regras gerais para
conseguir aplicação ampla. Sistematizando
escolhas, na prática, fica prejudicada uma
decisão acertada que atingiria exatamente
sua proposta em função da generalização.
CARTAPOLIS - Que propostas o Sr. faria
ao novo Governador do Distrito Federal?
FV - Utilizar-se de uma comunicação bem feita em ação integrada (imprensa+publicidade+marketing+redes sociais) para
todos os programas de governo (saúde, educação, trânsito,
segurança). O GDF deve fornecer, através da Publicidade, do
Marketing e das Redes Sociais, meios e mecanismos para motivarem a participação espontânea dos brasilienses e criar uma
política de relacionamento com as comunidades. A comunicação publicitária governamental nada inventa. Ela cria mensagens geradas de um bom briefing que, por sua vez é gerado de
realizações de obras, atitudes e programas governamentais.
CARTA POLIS - Que ideias o Sr. levaria ao (à) novo (a) Presidente da República?
FV - Fazer da Comunicação Publicitária de governo uma atividade empenhada no crescimento político, econômico e social
51
mais
S
NAR>>>>>
Álvaro Campos
DILMA RESOLUTA I
Em francês há um ditado que diz: “Ce chien est très méchant. Quand on
l’attaque il se défend!” Tradução: esse cão é muito malvado, quando se ataca,
ele se defende!” Aplicado ao Brasil de hoje, termos que a candidata Dilma
Rousseff passa seus dias se defendendo de todas as ilações possíveis e
imaginárias. Poder-se-ía dizer dela: que mulher petulante! Quando
se a ataca, ela se defende!
DILMA RESOLUTA II
Afirma a oposição que ela sabia da existência do assalto
programado por uma quadrilha à Petrobras; foi parte na
nomeação do funcionário de carreira Paulo Roberto
Costa a diretor da estatal; foi cúmplice da compra da
refinaria de Pasadena como presidente do Conselho
de Administração da Petrobras E soube de muito
mais. Soube de tudo, participou de tudo, foi
cúmplice de tudo – essa, a visão oposicionista
da coisa.
DILMA RESOLUTA III
DILMA RESOLUTA IV
Ora, diante de todas as denúncias apresentadas pela imprensa
brasileira nos últimos três anos e meio do governo Dilma – as quais
são incontáveis – é improvável de que a presidente tenha sido a
orquestradora de todos os malfeitos que lhe são apontados.
Ou, mesmo que não fosse o cérebro maquinador, sabedora de que
no seu governo, em algum momento, em algum departamento de
alguma estatal ou ministério está sendo aplicado um golpe quadrilheiro contra o erário público.
DILMA RESOLUTA VI
DILMA RESOLUTA V
Seria isso possível - participar de tudo, saber de
tudo, orquestrar tudo? - quando ela ainda tem que
governar o país, viajar para representá-lo em reuniões internacionais, conceder audiências e despachos a ministros, ler e estudar documentos?
Não é crível que à presidente da República seja
imputado todo um conjunto de responsabilidades com o sangradouro ético e moral que é a
corrupção instalada no estado brasileiro-governo
federal, estadual e municipal.
DILMA RESOLUTA V
II
Seria bom para a op
osição que ela fosse
a grande culpada, m
é.Dilma é vitima de
as não
um sistema do qual
procurou excluir-se
dia, quando demitiu
um
sete ministros por co
rrupção (e mais um
por corrupção), mas
nã
o
teve que voltar atrás
no mesmo passo, pr
do pelo estado que nã
emio favorecia exatamen
te a “faxina”.
52
DILMA RESOLUTA VIII
Nem assim, com essa impossibilidade ditada pela lei da física de estar presente em todos os danos cometidos contra o bem público, Dilma
é absolvida. Tem instrumentos para, mesmo premida por forças de dentro, movidas, sobretudo do PT, ou externas, pelo Congresso Nacional dominado pelo PMDB chantageador protagonizar uma revolta interna de costumes e práticas pela qual possa ser enaltecida pela
sociedade como um todo e não apenas pelos grotões do interior por gratidão ao Bolsa Família.
OLUTA IX imeira mulher a se eleger à Presidência da Repúr -a
DILMA RESria
de ter sido a pr
rrotada ao pleitea
te a ser de
Já tendo tido a gló
r a primeira presiden
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aneceria. Daí ter
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blica, Dilma
bém. Sua glória desv
tam
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de FHC e Lula,
e mais
mo porque, diferente
reeleição. FHC obtev
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a derrota, de exercer
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não tem nenhuma ex
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DILMA RESOLUTA X
Os assessores mais próximos da presidente anotam uma mudança visível em se comportamentalismo
durante a campanha eleitoral. Jamais será a mesma Dilma e antes. Aprendeu a ser mais solícita, a ouvir
conselhos e a depender de terceiros, sem dar lições aos especialistas. Quem sabe, tenha aprendido finalmente a ser mais presidente e menos gerente.
53
EDITORIAL
TUDO
VALE
A PENA,
QUANDO A URNA NÃO É PEQUENA
U
ltrapassado o primeiro turno eleitoral o Brasil
cumpriu mais um mandato cívico e fortaleceu sua democracia.
Mais do que números espetaculares embandeirados pela candidata ao governo, ou números depreciados, alardeados pelos candidatos da oposição, temos
agora o primado da cidadania.
Comemoramos a cidadania. Demos um notável
passo para estabelecer o que as ruas pediram - a mudança em movimento.
O que fizemos no dia 5 último foi mudança, foi
avanço, foi a sequência da ocupação das ruas.
Não expulsamos “os fichas sujas” das urnas? Vitória. Não elegemos quem quisemos eleger pelo voto
da maioria? Vitória. Não decidimos adiar para o segundo turno eleições que nos pareciam indefinidas?
Vitória; Não fomos ás cabines eleitorais pacifica e convictamente? Vitória. Milhões não sabiam até o último
momento em quem votar? Vitória. Outros milhões
anularam seu voto, votaram em branco ou deixaram
de votar, arrostando as consequências legais da abstenção? Vitória.
Tudo é vitória quando a urna não é pequena. Somos 12O milhões de eleitores mobilizados para uma
transformação pacífica e esperançosa dos costumes
políticos.
Valeu por uma revolução, porquanto evolução.
Pusemos os candidatos presidenciais, governador, senador e proporcionais sob a mira dos nossos
arbítrios. Pudemos escolher pesar e sobrepesar cada
candidato, como nunca o fez, em eleições passadas.
Não fomos tangidos. E não fomos tungados. A
campanha eleitoral transcorreu absurdamente limpa.
Até mesmo as formas mais usuais da corrupção eleitoral- como a derrama de dinheiro - desapareceram
do mapa.
Somos vitoriosos. Parabéns a nós, os eleitores.
Eleger não é exaltar. Eleger é um ato sublime de distanciamento do benefício. Eleger é o sacrifício de uma
cidadania construtiva
54
OPINIÃO
OUTUBRO ROSA,
COMPROMISSO COM A VIDA
O
movimento já conhecido entre nós, o
Outubro Rosa, toma conta do país.
O Outubro Rosa é um movimento mundial pela prevenção do câncer de mama. O evento
cresce no Brasil a cada nova edição, desde 2008, tanto
em termos de adesão de empresas, entidades, ONGs,
instituições de saúde, órgãos públicos e privados,
quanto como evento em si, com ações que acontecem
em várias localidades brasileiras.
Tem como foco a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama..
Todo câncer se caracteriza por um crescimento rápido e desordenado de células, que adquirem a
capacidade de se multiplicar. Essas células tendem a
ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a
formação de tumores malignos (câncer), que podem
espalhar-se para outras regiões do corpo
Esse câncer afeta as mamas, que são glândulas
formadas por lobos, que se dividem em estruturas menores chamadas lóbulos e ductos mamários. Existem
Ellen Barbosa é diretora da
POLIS.COM e da CARTA POLIS
diferentes tipos de câncer de mama. Nem todos crescem da mesma forma. Por isso, é importante a realização da biópsia que permite uma análise patológica do
tumor, a qual ajuda a identificar qual é o “estágio” ou
“estadiamento” do câncer.
O câncer de mama é uma doença grave, mas que
pode ser curada. Quanto mais cedo ele for detectado,
mais fácil será a sua cura.
Apoiamos está causa, e que não seja somente nos
outubros rosa mas em todo o decorrer do ano. Nós,
editores desta revista, estamos engajados nas campanhas dos cuidadores da vida e dos curadores da saúde.
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Agência de Comunicação Integrada
Comunicação integrada e marketing, serviços a clientes dos âmbitos
público e privado, com assessorias de imprensa,
corporativa e de relacionamento institucional. Prepara seus
clientes para o trato com a mídia. Marketing político
para campanhas e ações institucionais.
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