Um Harlem Shake “imoral” com barbas, burqa e sexo
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Um Harlem Shake “imoral” com barbas, burqa e sexo
20 | MUNDO | PÚBLICO, TER 26 FEV 2013 DR Chipre mais perto de um plano de resgate Eleições presidenciais Principal prioridade do novo Presidente Nicos Anastasiades é “restaurar a credibilidade” do país, à beira da insolvência Nicos Anastasiades foi eleito este domingo sem surpresas na segunda volta das presidenciais em Chipre com 57,5% dos votos. Um veterano da vida política de Chipre de 66 anos, advogado e europeísta, o candidato da direita e líder da União Democrática (Disy) quer reconquistar a confiança dos parceiros internacionais no país. No seu programa e discurso de vitória, Anastasiades prometeu fechar um acordo com as instituições europeias e Fundo Monetário Internacional (FMI) para um plano de resgate da economia logo que possível. Entre a perspectiva de insolvência de um país em recessão há quase dois anos — no último trimestre de 2012, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu mais de 3% — e a de um programa de austeridade em troca de um plano de ajuda financeira, Anastasiades escolhe o segundo, sem hesitar. O novo Presidente elege como prioridade “restaurar a credibilidade” do país para salvá-lo do abismo. As suas primeiras palavras, depois da vitória, foram para os parceiros internacionais. “Tencionamos discutir e cooperar de maneira fiável com os nossos parceiros europeus para chegarmos o mais depressa possível a um acordo que proteja os nossos grupos vulneráveis, a coesão social e relações pacíficas no mundo do trabalho”, disse Anastasiades. Palavras que logo tiveram eco em Estrasburgo e Bruxelas. “O povo cipriota enviou uma mensagem forte à Europa ao depositar a sua confiança numa pessoa com as qualidades de dirigente e a credibilidade necessárias para tirar o país da crise económica que atravessa”, afirmou em comunicado o líder do grupo parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE) Wilfried Martens. São agora 16 os países dos 27 da UE liderados por um partido de direita, membro do PPE no Parlamento Europeu. A ilha estava suspensa deste resultado para poder fechar um acordo com os parceiros europeus. Com o comunista Dimitris Cristofias na Presidência, as negociações com a UE, o BCE e o FMI arrastavam-se desde Junho. Presidente sul-coreana avisa Pyongyang de que não vai “tolerar” novos ensaios nucleares Ameaça nuclear Rita Siza Milhares prometem dançar o Harlem Shake à frente do ministério Um Harlem Shake “imoral” com barbas, burqa e sexo Tunísia Alunos de um liceu de Tunes arriscam-se a ser castigados por ordem do ministro da Educação. Já está marcada nova dança Na maior parte dos casos, um vídeo com um grupo de pessoas a dançar o Harlem Shake limita-se a ser divertido ou embaraçoso, mas para os alunos de um liceu da capital da Tunísia pode ser um pouco mais complicado do que isso. Depois de terem divulgado a sua versão do mais recente fenómeno da Internet — em que alguém começa a dançar sozinho e depois é acompanhado por uma multidão a dançar freneticamente —, os jovens da escola Menzah 6, em Tunes, arriscam-se a ser castigados por ordem do ministro da Educação. No anúncio que fez ao país, através da rádio Mosaique, Abdellatif Abid classificou o comportamento dos alunos como “imoral”. É que entre os jovens que começam a dançar freneticamente, há alguns com barbas falsas e túnicas, numa referência aos grupos salafistas radicais. No centro da imagem, vê-se um deles a simular um acto sexual com uma aluna (ou com um aluno) vestida (ou vestido) com uma burqa, o longo véu que cobre a maior parte do corpo das mulheres e cujo uso foi imposto pelo regime taliban no Afeganistão entre 1996 e 2001. Em resposta, “o Ministério da Educação ordenou uma investigação e irá tomar as medidas adequadas”, declarou o governante, que admitiu mesmo a expulsão de alunos e a demissão de professores. Segundo o site da revista Tunivisions, Abdellatif Abid disse que a directora do Liceu Menzah 6 deveria ter consultado a direcção regional de educação ou o ministério. Se o vídeo chocou o Governo da Tunísia, a decisão de abrir um inquérito chocou os responsáveis da escola e está a gerar uma onda de protestos nas redes sociais. Hafedh Mosrati, professor no Liceu Menzah 6, pediu ao ministro que deixe a direcção da escola resolver o assunto: “Eles gravaram este vídeo sem a autorização da direcção, o que é contra as regras, mas estes assuntos devem ser resolvidos internamente, pelo conselho de disciplina”, disse Mosrati, citado pela agência AFP. Na próxima sexta-feira, milhares de pessoas vão dançar o Harlem Shake em frente ao edifício do Ministério da Educação, num protesto convocado através do Facebook. A decisão do Ministério da Educação chega num momento particularmente delicado na vida política do país. O primeiro-ministro, Hamadi Jebali, da ala mais moderada do partido islamista Ennahda, demitiu-se na semana passada, depois de não ter conseguido apoios para formar um novo Governo com personalidades sem filiação partidária. A ideia de Jebali era travar os protestos que se seguiram ao assassínio do activista da oposição Chokri Belaid, no dia 6 de Fevereiro. Como o seu plano não vingou, Hamadi Jebali viu-se sozinho, sem o apoio do seu próprio partido, e será substituído por Ali Larayedh, até agora ministro do Interior e conotado com a ala mais radical do Ennahda. Park Geun-Hye tomou posse perante milhares de pessoas em Seul. Primeiras palavras foram alertas para o vizinho do Norte Milhares de pessoas assistiram ontem à tomada de posse de Park Geun-Hye, a filha do antigo ditador Park Chung-He e líder do partido conservador que é a primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da Coreia do Sul. A cerimónia, em frente à Assembleia Nacional de Seul, contou com uma salva de 21 tiros e uma actuação do músico sulcoreano Psy, que se tornou um fenómeno mundial com a sua música Gangnam Style. Mas para além do espectáculo, a ocasião foi marcada pela sua advertência ao líder da vizinha Coreia do Norte, acompanhada por um apelo directo ao regime de Kim Jong-un para “abandonar as suas ambições nucleares sem mais demoras e embarcar no rumo da paz e desenvolvimento”. “O recente teste nuclear da Coreia do Norte representa um claro desafio à sobrevivência e futuro do povo coreano”, advertiu Park Geun-Hye, que durante a campanha eleitoral tinha prometido trabalhar para reatar o diálogo e construir a confiança com Pyongyang, argumentando que o statu quo não servia a nenhum dos países. Mas as manifestações de boa vontade deram lugar a uma linguagem bastante mais dura após o ensaio nu- Park Geun-Hye prometeu um “Governo limpo e competente” clear do passado dia 12 de Fevereiro na Coreia do Norte, o terceiro consecutivo da era de Kim Jong-un. Sublinhando que o seu Governo “não tolerará qualquer acção que possa ameaçar a vida do nosso povo e a segurança da nossa nação”, a Presidente sul-coreana deixou claro que se o regime de não arrepiar caminho, acabará por ser “a principal vítima” das suas próprias iniciativas. “Que não fique nenhuma dúvida sobre isso”, reforçou. “A confiança só pode ser construída através do diálogo e do respeito pelas promessas feitas. A minha esperança é que a Coreia do Norte cumpra as normas internacionais e faça as escolhas certas para que esse processo possa avançar”, disse. Park Geun-Hye, de 61 anos, assume a presidência do país 50 anos depois do seu pai, que ascendeu ao poder num golpe militar e governou durante 18 anos, até ser assassinado (a Presidente também perdeu a mãe num ataque a tiro). Até hoje, o seu legado político é motivo de discórdia entre os sul-coreanos: para muitos, foi o principal responsável por um período de estabilidade e crescimento económico sem paralelo na história; para outros foi um líder autocrático que ignorou os direitos humanos e inviabilizou a oposição democrática. Durante a campanha eleitoral, Park Geun-Hye reconheceu os excessos do regime do pai, e pediu desculpa às vítimas da violência do Estado, num saudado esforço de reconciliação no país. Prometeu um “Governo limpo, transparente e competente”. Os comentadores dizem que a reinterpretação do passado é uma questão arrumada – Park Geun-Hye traçou a sua própria carreira política desde que foi eleita pela primeira vez para a Assembleia Nacional, em 1998 – e que o principal desafio da nova Presidente tem a ver com a reanimação da economia do país, que se encontra num estado de estagnação. A Presidente falou na necessidade de diversificar a economia e tornála mais “criativa”, e repetiu as suas promessas de “democratização económica”, uma referência ao circuito fechado dos chaebols — os poderosos conglomerados dominados por algumas famílias, como a Samsung, a LG ou a Hyundai. “Temos de pôr fim às práticas que promovem injustiças e desequilíbrios [económicos] e rectificar alguns hábitos do passado, para que todos os agentes económicos possam desenvolver o seu máximo potencial.”