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Ano XV Nº 144 ABRIL 2007 R$ 2,00 www.uruatapera.com 5 mil quelônios devolvidos ao rio MINERAÇÃO RIO DO NORTE/DIVULGAÇÃO Projeto Pé de Pincha mostra que educação ambiental contagia comunidades do interior. Regional-5 Aprendendo a amar a natureza: criança participa da soltura de quelônios no lago Piraroacá, na comunidade Desengano, município de Terra Santa INCLUSÃO Escola abre espaço para os especiais A meta é atender 90 crianças de Terra Santa, além da alfabetização de jovens e adultos - EJA. Variedades - 8 EDUCAÇÃO Professores ganham um salário maior Crianças especiais ganham espaço na escola nova, com o que se promove a inclusão social MINERAÇÃO RIO DO NORTE/DIVULGAÇÃO Em Oriximiná, a educação se reflete nos vencimentos dos professores, os maiores do Pará. Serviço - 2 ALTERNATIVA Tecnologia gera renda na floresta Atualidades - 7 TRADIÇÃO Laboratório é referência regional Ritual se mantém há séculos Agentes de saúde fazem visitas diárias e entregam hipoclorito à população oriximinaense. A Encomendação de Almas é costume protuguês celebrado há 200 anos na região. Cidades- 3 Política - 4 Combate à Evasão Serviço -2 Comunitários transportam mudas e conciliam as espécies florestais MEIO AMBIENTE CURUÁ Mutirão limpa o igarapé do Melgaço Guerreiro quer viabilizar ponte A Prefeitura realiza há 2 anos educação ambiental junto às comunidades. Superposição da BR-163 com a PA-254 pode ajudar no asfaltamento e construção da ponte entre Óbidos e Alenquer. Regional - 5 Cidades - 3 Muito lixo retirado das águas SAÚDE ESCOLAS A proposta é reproduzir na área plantada a dinâmica de crescimento das espécies nativas. Encomendadores de Almas em ação SERVIÇO 2 ABRIL - 2007 Professores de Oriximiná ganham os melhores salários do Pará “Investir na educação é a melhor forma de promover o desenvolvimento do município. Hoje os professores de Oriximiná têm o melhor salário do Estado, aliado a cursos de formação para a garantia da qualidade de ensino. Isso se evidencia com nossos alunos sendo destaque nacionalmente” afirma o prefeito Argemiro Diniz, que acaba de realizar mais um curso de Formação Continuada. Promovido pela Secretaria Municipal de Educação, o curso, direcionado a professores da zona urbana, serviu para avaliar o processo ensino-aprendizagem em Oriximiná e traçar o planejamento educacional a ser executado em 2007, além de oferecer subsídios para a formação dos professores e contribuir para melhorar a qualidade de ensino no município. Subdividido em dois níveis, o curso foi ministrado na Escola Lameira Bitencourtt para professores de 1ª a 4ª série, e na Escola Santa Maria Goretti para os professores de 5ª a 8ª série. De acordo com informações da Secretária de Educação, Iza Fernandes, a Prefeitura de Oriximiná investe hoje em Educação 38% do Produto Interno Argemiro: educação é a mais importante política pública Bruto do município. “Esse investimento coloca Oriximiná com o status de uma das melhores merendas escolares do Brasil, além de oferecer aos seus professores o melhor salário do Pará. Os estudantes também se destacam obtendo boas médias no Enem e nas Olimpíadas de Matemática, Astronomia e Astronáutica, entre outros”, festeja a educadora. Pescadores voltam à ativa mas ainda há restrições Com a liberação da pesca de dez espécies de peixes nos rios e lagos do Oeste paraense, a pesca artesanal recomeçou. As espécies liberadas são acari, tambaqui, curimatá, jatuarana, pirapitinga, pacu, fura-calça, aracu, branquinha e mapará. 12 tipos de peixes ain- da continuam com a pesca proibida, como, por exemplo, acari e o tambaqui. Pela instrução normativa nº. 43/2005, a proibição da pesca, comer- cialização e transporte desses peixes que estavam em seu período de reprodução iniciou desde 15 de novembro do ano passado. Pirarucu só poderá ser pescado a partir de 1º de junho. Já é intenso o movimento dos pescadores se preparando para a pesca, de- pois de 4 meses de proibição. A expectativa geral é de que este ano a safra e a venda de pescados será melhor que a do ano passado. Estudantes fazem caminhada em defesa das águas Para chamar a atenção da sociedade para a poluição dos rios e igarapés da região, a direção da Escola de Ensino Fundamental Professor Assunção realizou caminhada, na manhã do último dia 24. Às 7 horas estudantes e professores saíram de frente da escola e percorreram as ruas do centro da cidade. Ao chegar à rua 24 de Dezembro, alunos ergueram faixas e cartazes apelando às pessoas para que não poluam mais o rio Trombetas, fonte de vida da população oriximinaense. Para Edvaldo de Souza, chefe do Ibama na região, a atitude da direção da escola é elogiável, porque num momento em que a sociedade mundial está preocupada com o efeito estufa, aquecimento global, é preciso que, de todas as formas, a população seja alertada para o quanto isso tudo pode comprometer a existência do homem na Terra. “A Amazônia está sen- do destruída sem pudor pelo homem, que joga lixo no rio, portanto o que está acontecendo hoje aqui é louvável, haja vista que tudo que é feito em defesa do meio ambiente deve ser aceito”, disse. O chefe do Ibama informou que foi criada a UNIDA- União Integrada em Defesa Ambiental, que busca envolver principalmente as autoridades de Oriximiná, para que tomem consciência de sua importância e respon- sabilidade em relação à proteção do meio ambiente. Para a diretora da Escola Professor Assunção, Heldra Carvalho, o objetivo é mobilizar a sociedade e chamar a atenção de todos na preservação das águas. “O nosso rio Trombetas está sendo degradado a cada dia pela a insensatez dos homens. Toda a história de nossa cidade é vivida através do rio Trombetas, que precisa urgentemente ser tratado, antes que desapare- ça”, alertou a educadora. Segundo Heldra, apesar de haver pessoas que lutam para a preservação de nossas águas, ainda é necessário se fazer o trabalho de conscientização. “É dever de todos lutar em prol desse objetivo. Se nós não cuidarmos da água, isso tudo pode acabar, inclusive nossas vidas”, advertiu. Heldra aproveitou a oportunidade para esclarecer que a caminhada é apenas uma parte do ‘Projeto de Bem Com a Água’, que acontece na escola no decorrer do ano. Nesse projeto, há alunos que são monitores e que orientam seus colegas a não desperdiçar água do bebedouro e não jogar lixo fora dos lixeiros, por exemplo. Há atividades específicas para a questão ambiental, que serão implementadas ao longo de 2007. Participaram da caminhada o Corpo de Bombeiros, o Grupo AIGA -Alunos do Iracema Givone em Ação, Ibama e imprensa. Prefeitura combate à evasão escolar no ensino infantil As turmas de educação infantil este ano aumentaram o número de alunos de modo surpreendente em Oriximiná. Há 14 unidades de atendimento no município. Com as novas regras do setor, não existem mais creches ou casulos, todas são denominadas escolas de educação infantil. Das 7 escolas municipais, 6 são conveniadas com APMIO – Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Oriximiná, to- talizando o atendimento de 2.272 crianças matriculadas. Animado com os avanços, o diretor de educação infantil no município, Adélcio Corrêa Júnior, prevê o que a demanda aumente ainda mais, à medida em que as famílias estão mais conscientes de seu dever e da importância da inserção de suas crianças na escola. Mas a Secretaria Municipal de Educação está preocupada com o índice considerado altíssimo de evasão escolar na educação infantil. No ano passado, a evasão foi na ordem de 20%, e a esperança é de que fique entre 10 a 8 % em 2007. “É um enorme desafio, mas nós estamos nos esforçando muito”, diz Adélcio. Para mudar essa realidade, a Prefeitura investe na qualificação profissional e em projetos específicos para combater a evasão escolar na educação infantil. “Fazemos diagnósticos para saber quais são as crianças e o porquê do seu afastamento da escola. Imediatamente os próprios professores que atuam nessas escolas em que há faltas injustificadas e evasão fazem visitas às famílias. É nesse momento os professores incentivam para que as crianças retornem às salas de aulas, e os pais têm atendido”, afirma Adélcio. O corpo docente da educação infantil municipal é composto por 154 professores. 90% deles têm o ensino médio completo em nível de magistério. Cada escola tem uma coordenação em permanente contato com a diretoria, que define a programação letiva, os cursos de educação continuada para os professores e o acompanhamento administrativo e técnico-pedagógico de todas as escolas. Os técnicos visitam cada estabelecimento de ensino. A educação infantil também atua com bons resultados no interior do mu- nicípio, onde há em torno de 40 classes infantis, nas escolas pólos e diversas localidades, sem contar as escolas multisseriadas, onde a demanda de crianças de 5 e 6 anos é muito grande. A meta é de atender este ano 3.100 crianças, nas zonas rural e urbana. O Programa Bolsa Família, que exige que a criança estude, ajuda. Em contrapartida, um dos fatores prejudiciais é a mudança de bairros ou do município. Intensificadas ações de prevenção ao câncer A V Semana de Combate ao Câncer foi trabalhada de modo a esclarecer a população de Oriximiná quanto aos cuidados para evitar a doença. A secretária de saúde, Wagna Lúcia, desenvolveu atividades nas unidades de saúde referentes à prevenção do câncer. Segundo a enfermeira Regina Selma Guerreiro, é de responsabi- Diretora-Editora responsável Franssinete Florenzano Colaborador especial Emanuel Nassar Editoração eletrônica Calazans Fotolito e impressão Rua Gaspar Viana, 778 Tel. 0xx91.32300777 lidade dos enfermeiros a coordenação dessas unidades, juntamente com os agentes de saúde. Durante toda a semana houve programação alusiva. A Secretaria de Saúde também aumentou a coleta de preventivos, destaca Regina Selma. A enfermeira ressalta que essas atividades já são rotineiras nas unidades de saúde de Oriximiná e que a secretaria está apenas intensificando, durante a campanha educativa. Lembrando que o câncer é a segunda maior causa de morte no Estado, no Brasil e no mundo, Regina Selma explica que o exame preventivo é indolor, rápido e não deixa nenhum tipo de trauma, possibilitando a oportunidade de descobrir a doença antes que ela se instale. A secretaria tem à disposição da população três ginecologistas e também os clínicos que atendem essas pessoas com os resultados obtidos nos exames. Todos os resultados alterados são analisados pelos médicos; em seguida, são encaminhados à secretaria para exames especializados como colposcopia, biópsia e outros que estão disponíveis para garantir o tratamento. Regina Selma Guerreiro, depois de trabalhar já algum tempo no Posto de Saúde Dr. Lauro, assumiu recentemente a Diretoria da Atenção Básica, que está voltada para reorganizar as ações Básicas de saúde do município. A meta é melhorar serviços e ampliar o acesso da população, para que a secretaria de Saúde preste realmente serviços de melhor qualidade. Seu raio de ação inclui as demandas nos postos de saúde, os programas de PACS e PSF, vigilância e saúde e vigilância sanitária. PREFEITURA MUNICIPAL DE ORIXIMINÁ ÀS SUAS ORDENS TELEFONES ÚTEIS Gabinete do Prefeito – (93) 3544 1319 Secretaria Municipal de Educação – (93) 3544 1224 Secretaria Municipal de Cultura – (93) 3544 2681 Secretaria Municipal de Turismo –(93) 3544 2072 Hospital - Maternidade São Domingos Sávio – (93) 3544 1371 Hospital Municipal – (93) 3544 1370 www.uruatapera.com [email protected] Secretaria Municipal de Bem-Estar e Assistência Social – (93) 3544 1169 Av. Independência, 1857 Oriximiná-PA. CEP 68270-000 Tel/Fax. 0xx91.32221440 CNPJ 23.060.825/0001-05 Secretaria Municipal de Saúde – (93) 3544 1587 Fórum – (93) 3544 1299 Secretaria Municipal de Infra-Estrutura – (93) 3544 1119 Polícia Civil – (93) 3544 1219 Defensoria Pública – (93) 3544 4000 CIDADES ABRIL - 2007 Mutirão para limpar o informes Igarapé do Melgaço P Cerca de setenta sacos de lixo foram retirados do leito do igarapé do Melgaço por servidores da Prefeitura Municipal de Oriximiná, auxiliados pelos moradores dos bairros Nossa Senhora Perpétuo Socorro e Cidade Nova, que não mediram esforços para realizar o trabalho. O mutirão foi coordenado pela Secretaria de Turismo e Meio Ambiente. Há dois anos a Prefeitura trabalha mutirões com as comunidades, para ensinar a importância da limpeza pública e suas conseqüências ambientais e na saúde pública. O primeiro bairro que recebeu esse tipo de trabalho foi o São José Operário. “Hoje estamos realizando esse trabalho em parceria com as escolas de ensino fundamental para que se tenham os dois paralelos em ação”, explica o prefeito Argemiro Diniz. Nos próximos meses serão realizadas oficinas e as escolas receberão material didático, inclusive uma cartilha intitulada ‘Lixo: este problema tem solução’, produzida pela Prefeitura. Sobre a despoluição no Igarapé do Melgaço, a secretária Fátima Guerreiro Prestes disse que os moradores que residem próximo ao local é que solicitaram a operação. “Fizemos uma ação em parceria com a comunidade, a Prefeitura cedeu todo o material e conseguimos com a iniciativa privada o suporte necessário para que obtivéssemos êxito nessa empreitada difícil”, destacou. Outro fator positivo, segundo a secretária, foi o interesse da população para que a ação de sucesso como a que foi feita acontecesse na cabeceira do Melgaço que, devido ao avanço urbano, estava sendo destruído. “Esperamos que, depois desse trabalho, os moradores de Oriximiná tenham mais responsabilidade com o lixo, é importante que se saiba que lixo tem solução”. A técnico-pedagoga Benedita Lobato esclareceu que a ação foi de muita responsabilidade, principalmente da população que esteve presente, e que essa contribuição da população tende a aumentar. Para Benedita, existe uma grande perspectiva em relação a esse projeto. “Para que houvesse esse mutirão foram realizados vários encontros com moradores que residem próximos da área afetada, quando esclarecemos que o Igarapé do Melgaço está sendo poluído constantemente por moradores dos próprios bairros”, alertou. Waldirene Almeida, também técnico-pedagoga, enfatizou que espera depois desse mutirão que os próprios moradores tomem atitudes e não fiquem esperando ações da Prefeitura. “Estamos conscientizando as pessoas para que se reeduquem e preservem o meio em que vivemos”, declarou. Universidade Fluminense quer ampliar atuação em Oriximiná Há oito anos com campus avançado no município, a Universidade Federal Fluminense pretende ampliar suas ações em Oriximiná, atuando em várias áreas, em convênio com a Prefeitura. O reitor da UFF, Roberto Sales, diz que vai procurar a governadora Ana Júlia e pedir ajuda para manter e ampliar as atividades da Universidade em Oriximiná. “Eu assegurei ao prefeito Argemiro Diniz que nosso interesse é técnico, queremos ajudar a população de Oriximiná”, enfatiza. Roberto Sales planeja, para maio, a chegada ao município de várias equipes da UFF, integradas por médicos residenciais, enfermagem e técnicos de meio ambiente e também em saneamento básico. E conta com o apoio da Prefeitura. A UFF é uma das cinco maiores universidades do País. Roberto Salles também conversou com o prefeito Ar- gemiro Diniz sobre a importância estratégica do crédito de carbono - retirada do gás carbônico na atmosfera, em troca de recursos financeiros em Euros. Ele informou que o grupo que a UFF dispõe de profissionais na área ambiental pode ajudar a desenvolver esse projeto. A idéia é discutir sobre o lixo, os resíduos da Mineração Rio do Norte, quanto tempo a empresa vai ficar e os planos da mineradora para depois que a lavra de bauxita acabar. “O município tem que planejar o que vai fazer depois que esse minério acabar, alguém precisa pensar nisso”, disse o reitor, completando que “é aí que nós entramos, a Universidade é que tem gabarito pra isso”. A própria UFF vai bancar o salário dos estagiários que a universidade enviará a Oriximiná, são bolsistas e não trarão ônus à Prefeitura, a não ser que façam plantão médico no hospital do município. Coleta seletiva de lixo envolve escolas A Prefeitura Municipal de Oriximiná, através da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, desenvolve o Projeto Coleta Seletiva do Lixo, uma iniciativa ambiciosa que trabalha todas as facetas do lixo, envolvendo educação, saúde e preservação ambiental. Durante o processo de tratamento, é feita a separação dos resíduos sólidos pela população. O material reciclável (papéis, vidros, plásticos, metais e outros) é recuperado e o restante do lixo orgânico vai para a usina de compostagem, onde é transformado em adubo. Segundo o prefeito Argemiro Diniz, o projeto prevê em sua primeira fase a capacitação dos moradores dos bairros, e se efetiva nas 14 Escolas de Ensino Fundamental da cidade, assim como em quatro grandes comunidades pólos da zona rural: comunidade do Lago do Salgado, comunidade do Curupira, comunidade do Rapa-Pau e comunidade do Ajarazal e suas respectivas escolas. Para isso, a Prefeitura conta com o apoio dos servidores da Secretaria de Meio Ambiente e Turismo, uma equipe técnica e de professoras pedagogas, remanejadas da Secretaria Municipal de Educação. Para a Secretária Fátima Guerreiro Prestes, é um megaprojeto de alto custo e representa um desafio para a administração municipal e para a própria população, que tem a oportunidade de trabalhar uma nova idéia. “É um investimento do prefeito Argemiro Diniz no Meio Ambiente e na qualidade de vida. Com o devido trabalho também da reciclagem, não cabe, portanto, uma avaliação baseada unicamente na equação financeira dos gastos da Prefeitura com o lixo, que despreze futuros ganhos ambientais, sociais, econômicos e políticos”, realça Fátima, enfatizando que a intenção não é gerar recursos, mas reduzir o volume do lixo. “Sua principal vantagem é estimular a consciência ambiental, que promove ainda o surgimento da educação da população em relação à manutenção da limpeza dos espaços públicos da cidade e do interior”, comemora. A primeira etapa do projeto começou com a capacitação das lideranças das associações de bairros, que adquirem as primeiras informações, conhecimentos e habilidades sobre o tratamento do lixo, com o objetivo de atuar posteriormente como agentes ambientais nos bairros. O projeto é uma iniciativa da Prefeitura Municipal como estratégia para o desenvolvimento da educação ambiental, conta com a participação da coletividade e tem apoio especial da Mineração Rio do Norte, da Sectam e do Ibama de Porto Trombetas. Laboratório de hipoclorito é referência regional Cem agentes de saúde visitam diariamente as residências, nas áreas urbana e rural de Oriximiná, e fazem a distribuição de hipoclorito à população. A substância é produzida pelo Laboratório de Controle de Qualidade de Água, fundado em maio de 2003, no âmbito da Secretaria de Saúde. O município é um dos poucos que cumpre o Programa Pactuado Integrado – Epidemiologia e Controle de Doenças no Estado do Pará. O preço do hipoclorito custa em torno de um real e cinqüenta, enquanto que o produzido no laboratório de Oriximiná sai por menos de um centavo o frasco com 50 ml. A embalagem é reciclada pelo laboratório, dentro de rigoroso padrão de quali- dade, exigido pelo prefeito Argemiro Diniz. Ele destaca a importância da devolução dos frascos para o reaproveitamento: “Os cidadãos se beneficiam duplamente - o hipoclorito é manipulado constantemente pelo laboratório e a poluição do meio ambiente é controlada”, justifica. A reciclagem dos frascos é de qualidade e Stela destaca o apoio que recebe do Prefeito, que sempre preza a qualidade do material. As equipes de profissionais de saúde monitoram e cadastram os sistemas de abastecimento da Cosanpa, o micro-sistema implantado pela prefeitura na zona rural, além do sistema de abastecimento alternativo na zona rural. Também fazem coleta e análise de pontos extras, além das coletas so- licitadas pelos diversos órgãos, como Ibama. Já foram realizadas pelo laboratório, inclusive, análises de água nos municípios de Óbidos, Santarém e Juruti. Em Oriximiná, a equipe controla as águas de entrada, chamadas de água bruta, que chegam até a estação da Cosanpa, e são tratadas, para o consumo pela população. “Seguimos o padrão da Portaria 518, que nos dá os parâmetros mínimos da água com qualidade”, salienta a coordenadora. Sobre a necessidade do hipoclorito manipulado no próprio laboratório, a diretora esclarece que “na realidade a água que chega até às residências deveria estar tratada, haja vista que temos a água de micro-sistema, a água de po- ços artesianos, etc, então para o tratamento dela é necessária a inserção de hipoclorito a 2,5%”, enfatiza, revelando que, além da manipulação, o laboratório também envaza, rotula e entrega o hipoclorito à população, dentro das boas práticas de manipulação. O equipamento foi cedido pela Funasa. A diretora faz um apelo para que as pessoas que utilizam o hipoclorito devolvam os frascos, que são comprados pela Prefeitura, através da Secretaria de Saúde. Stela enfatiza que tratar água é um trabalho demorado, porém se não tratá-la as conseqüências são maiores e mais caras do que um frasco de hipoclorito. “Vale ressaltar que a prevenção ainda é muito mais cômoda do que remediar”, finaliza. residida por Júnior Ferrari e integrada por Alexandre Von, Carlos Martins, Antônio Rocha e Junior Hage, a Comissão de Representação de Deputados para análise sobre o terminal graneleiro da Cargill foi a Santarém conversar com representantes da Cargill, Ministério Público Federal, Justiça Federal, Prefeitura, Câmara Municipal, sindicatos de trabalhadores e produtores rurais e Ibama. Em todos os órgãos visitados foram protocolados ofícios solicitando posicionamento sobre o assunto. Nesta semana, em Belém, a Comissão reúne com representante da Companhia Docas do Pará e analisa as respostas obtidas. O clima é favorável à elaboração da EIA-Rima e normalização do funcionamento do terminal. Garcinha Chupa-Osso Este ano os obidenses que residem em Belém vão apresentar o cordão folclórico A Garcinha. A idéia é divulgar e mobilizar a colônia chupa-osso para um encontro cultural no mês de junho. Coordenando o cordão, Eduardo Dias, Ary Ferreira e Eládio Canto, que já têm o local de ensaio, na casa do José Raimundo Canto. Contatos: indiocurumu@ hotmail.com . Peixe apreendido Cerca de 30 toneladas de peixe foram apreendidas no oeste do Pará. Seis embarcações pescavam irregularmente no Lago Grande de Curuai, que fica no braço direto do rio Amazonas, entre Santarém, Óbidos e Juruti. Inscrições abertas O 7º Festival da Canção será realizado nos dias 09 e 10 de agosto de 2007. As 12 músicas finalistas serão incluídas no DVD e no CD gravados ao vivo durante o festival. A premiação inclui ainda troféus e dinheiro para os 3 primeiros colocados e na categoria Aclamação Popular, além de troféus para as categorias Melhor Letra, Melhor Intérprete e Melhor Arranjo. Inscrições, pessoalmente ou pelos Correios, até 31 de maio de 2007. O endereço: rua Rio Tapajós, s/nº – Porto Trombetas – Oriximiná – PA - CEP 68275-000 - Fone: (93) 3549-7598 e 3549-7767 – Fax: (93) 3549-1494. Regulamento completo no site www.festivaisdobrasil.com.br/ fecan.trombetas . Chance profissional O Programa Jovem Aprendiz, parceria da MRN e SENAI, atende 41 alunos matriculados para o período de 2007/2008, nos cursos de Mecânica Geral, Mecânica de Automóveis e Marcenaria/ Carpintaria. Os estudantes com melhor desempenho serão selecionados para estagiar na Mineração Rio do Norte, em Porto Trombetas. Todos os participantes do Programa receberão bolsa conforme legislação, além de participarem do Plano de Assistência Médica da MRN. Os selecionados contarão também com passagem de ida e volta para Santarém, alojamento, lavanderia e alimentação durante o tempo de duração do estágio. Wilson Florenzano Calderaro, diretor do Centro de Formação Profissional do SENAI de Santarém, destaca que o curso é uma oportunidade para os jovens. Dá o primeiro empurrão para iniciar uma carreira. Fora da aula A Escola Raimundo de Sousa Coelho, em Juruti, está com 800 alunos e tem só 4 salas de aula. Para atender a demanda, funciona em quatro turnos - matutino, intermediário, vespertino e noturno. Este ano quase 400 novos alunos, de fora do município, efetuaram matrícula na rede pública. Todos filhos de trabalhadores da Alcoa. Na escola Zelinda Guimarães, para amenizar o problema foram improvisadas salas de aula no refeitório e até no barracão. A maior demanda é do projeto de Educação de Jovens e Adultos (EJA), pessoas que pararam de estudar e agora querem concluir o ensino médio. Inclusão digital Uma parceria de R$ 15 milhões entre a Eletronorte e Governo do Estado vai permitir o acesso on-line em alta velocidade a municípios do interior paraense. Na primeira fase, a empresa compartilhará sua capacidade de transmissão de dados e, num segundo momento, o governo estadual ampliará a capacidade de transmissão ao longo do tronco principal de propriedade da Eletronorte, com a aquisição de equipamentos para acesso à rede. O governo negocia a ligação de antenas nas escolas e o lançamento de sinais de rádio para iniciar o processo de inclusão digital. Serão instalados telecentros, infocentros, cyber cafés comunitários, TVs e rádios comunitárias sobre a estrutura da rede da Eletronorte. A meta é de que em quatro anos todos os 143 municípios paraenses estejam integrados. 3 POLÍTICA 4 ABRIL - 2007 Argemiro incentiva Escola de Música Mais de duzentos alunos, divididos em sete turmas, estão matriculados para estudar música em Oriximiná. A Escola de Música integra as ações do Plano Plurianual da Secretaria de Cultura, Desporto e Lazer, que está sendo implantado pelo prefeito Argemiro Diniz. Seis dos alunos são bolsistas, o que reflete os avanços, já que no ano passado apenas um aluno era atendido com bolsa de estudos. As aulas são ministradas de segunda a sexta, nos turnos matutino e vespertino. Os monitores e os bolsistas são todos componentes da Banda de Música da Casa da Cultura, que é integrada por vinte e três membros. A secretária de Cultura, Desportos e Lazer, Hilda Viana, conta que as turmas são dividas em Básico I, Básico II, Avançado e Avançado II, e que uma das maiores preocupações da secretaria é diminuir o grande número de desistência que vinha acontecendo nos últimos anos. “Este ano eu vou acompanhar de perto o desempenho na escola, para que não haja displicência dos professores e principalmente dos alunos”, diz Hilda Viana. O prefeito Argemiro Diniz deslanchou o cronograma cultural de 2007 em Argemiro Diniz e Roberto Souza: prioridade para a educação cidadã dá bons resultados Oriximiná com a realização do Orixifolia. A Escola de Música veio na seqüência. Depois da Semana Santa Cultural, com o ritual da Encomendação de Almas e a encenação da Paixão de Cristo, virá a Mostra de Teatro e o Festival da Castanha em junho, enfatiza Antônio Lima, chefe de Divisão Técnica da Secretaria. O prefeito Argemiro Diniz fez um apelo especial aos pais dos alunos, no sentido de que colaborem com a iniciativa da Prefeitura Municipal, acompanhando e incentivando seus filhos e não permitindo que eles desistam das aulas. Banda de música municipal traça diretrizes para 2007 A secretária de Cultura, Desportos e Lazer, Hilda Viana, reuniu os integrantes da Banda de Música Municipal de Oriximiná para traçar as metas para este ano. A idéia é estreitar os laços de afinidade do grupo e, com isso, aproximar mais a Banda e os professores, explica Hilda Viana. A Prefeitura está contratando professores de Santarém para ministrar cursos aos músicos da Banda, sobre leitura de partitura e a limpeza de instrumentos. “Esses cursos são muito importan- tes para os componentes. É muito importante a reciclagem da Banda”, explica a secretária. Sobre os bolsistas, Hilda Viana deixou claro que só será beneficiado quem realmente estiver interessado. Será feita uma avaliação pelas pessoas que vão ministrar o curso, dando oportunidade para o aluno que sobressair, enfatizou. Hilda disse que este ano fiscalizará pessoalmente todas as ações, tanto da Banda quanto da Escola de Música e que a meta é reduzir a evasão. A secretária declarou que os erros do passado não serão repetidos, que sua intenção é proporcionar nova roupagem à Banda de Música, e que está à disposição de qualquer aluno ou componente para prestar esclare- cimentos. “Nós queremos que vocês sejam grandes profissionais”, disse Hilda Viana, destacando, ainda, o desempenho de Elis, exaluna da Banda que passou na Universidade Estadual do Pará e que agora fará parte da Banda. 4 horas de encenação da Paixão de Cristo em Oriximiná A Pastoral da Juventude mobilizou milhares de pessoas para assistir ao espetáculo ‘Paixão, Morte e Ressureição de Cristo’, encenado pelas ruas de Oriximiná, por sessenta atores amadores, na Quinta-feira Santa. O evento, que faz parte do calendário cultural anual do município, contou com a participação ativa de catorze grupos de jovens de todos os bairros de Oriximiná, que se empenharam durante três meses em ensaios, para que tudo saísse perfeito. O coordenador da Pastoral da Juventude, Alexandre Pantoja, considera que o resultado é muito gratificante para todos os envolvidos no espetáculo. “Representar o sofrimento que Jesus Cristo passou representa um alívio para nós, que levamos uma mensagem de paz à população. É muito bom para a cultura do nosso município e para o grupo como um todo”, enfatiza. Durante quatro horas, mais de duas mil pessoas acompanharam a montagem da peça, percorrendo as ruas da cidade. A cada passo, a emoção tomava conta da multidão, que lembrava o percurso feito por Jesus Cristo, em Jerusalém, numa impressionante manifestação de fé católica. A encenação começou ainda na capela de Santa Luzia, quando Pôncio Pilatos, então governador da Judéia, representado pelo ator Silas da Silva, entregou Jesus aos soldados romanos. Em seguida, os atores saíram pelas ruas da cidade, seguidos pela multidão de populares, que aumentava em cada rua percorrida. A cada estação, o ator Madson Gomes, que há sete anos trabalha no espetáculo e pela primeira vez representou Jesus, arrebatava a assistência, com sua forte interpretação, comovendo principalmente as pessoas mais idosas. Após quase quatro horas de caminhada, o espetáculo chegou à Capela de São Francisco, no conjunto habitacional Casas Populares. A cena de crucificação de Jesus Cristo fez com que toda a assistência fosse tomada de forte emoção. Muitas pessoas choravam copiosamente. O jovem ator Madson Gomes também ficou muito emocionado, vivendo com autenticidade o papel de Jesus Cristo. Ele pregou a necessidade de buscar a paz e a verdadeira felicidade através da fé. Madson aproveitou para aconselhar os jovens para que não se envolvam com drogas, e sugeriu que façam teatro, que considera, além de terapia, uma eterna aprendizagem, e afasta todos dos vícios. O grupo Pastoral da Juventude se apresentou também à noite do dia 06, no Cliper Santo Antônio. Lideranças comunitárias reivindicam e são atendidas Na ausência do prefeito Argemiro Diniz, que estava viajando, o vice-prefeito Roberto Souza, que estava em exercício, recebeu cerca de oitocentos comunitários para debater os problemas enfrentados em suas localidades. Representantes da Pastoral da Terra pediram apoio logístico da Prefeitura para a desapropriação de terras improdutivas a serem repassadas a várias famílias que não têm onde morar. Outra reivindicação foi de moradores da invasão do Penta, que pedem a legalização urgente do terreno, que só assim ganhará luz elétrica, água encanada, escolas e um posto de saúde. O Prefeito interino, acompanhado dos vereadores Toninho Picanço e Neto Andrade, se prontificou a atender todas as lideranças que foram até a prefeitura para negociar. Venilson Taveira, presidente do Cefetban – Centro de Estudos e Pesquisas dos Trabalhadores do BaixoAmazonas, que participou da reunião, disse estar satisfeito e que todas as decisões tomadas estavam dentro do esperado. “Fomos recebidos pelo Dr. Roberto, as pautas que discutimos foram atendidas e um dos pontos principais que discutimos foi a reativação do Conselho de Desenvolvimento Sustentável, e já ficou marcada a primeira reunião para o dia 19 de abril. A intenção é fazer com o que conselho possa realmente funcionar, nossa avaliação é altamente positiva”, elogiou. Outra liderança que participou da mesa de ne- gociações foi Irmã Fátima, coordenadora da Pastoral Social. Ela também considerou as discussões positivas. Foram debatidas as necessidades, tanto pelo lado governo como do lado de quem fez as reivindicações. Irmã Fátima disse que tudo isso faz parte da democracia. Prefeitura está asfaltando a estrada estadual A prefeitura de Oriximiná iniciou o asfaltamento da PA-439, que vai até o aeroporto da cidade. As obras estão sendo realizadas com recursos próprios do município. “Com os 4.400 Km de asfalto que nós já executamos Oriximiná ganha desenvolvimento em infra-estrutura e os moradores dos ramais no entorno da rodovia ganham qualidade de vida, pois terão melho- res condições de escoar sua produção”, ressalta o prefeito Argemiro Diniz, informando que as obras estão avançando dentro do cronograma previsto. Homens e máquinas trabalham em sintonia para garantir a conclusão dos serviços dentro do prazo de, no máximo 30 dias, diz o secretário municipal de Infra-Estrutura, Francisco Florenzano. O asfaltamento da PA- Enquanto o dinheiro estadual não vem, Argemiro adianta o serviço 439 é a realização de um antigo sonho dos oriximinaenses. O Governo do Estado já havia prometido mandar recursos para a realização da obra, mas até hoje não chegou. Para atender a necessidade da população que trafega dia e noite nesse perímetro, a Prefeitura de Oriximiná liberou os recursos para a conclusão do trecho.“O asfaltamento é mais um compromisso cumprido pela Prefeitura, que traz o melhoramento no tráfego na PA-439. É um sonho que se realiza” festejou Argemiro Diniz. Os oriximinaenses também vão receber da Prefeitura Municipal nos próximos dias duas importantes obras, a construção do Terminal Hidroviário e o asfaltamento da rodovia até o aeroporto, melhorando em muito o acesso à cidade. Ritual da Encomendação de Almas é atração turística Empenhados em preservar uma tradição tão marcante quanto o Círio fluvial noturno, os oriximinaenses mais uma vez celebraram o ritual da Encomendação de Almas, durante a Semana Santa. A população tem consciência do valor histórico e turístico da manifestação, e a idéia é reforçar esse evento no calendário cultural do município. Os encomendadores de almas são homens amortalhados de branco que cantam tarde da noite, com o acompanhamento de matracas, de casa em casa, orações aos santos e às almas do purgatório. A cerimônia de ‘encomendação das almas’ é um costume de origem européia medieval muito comum em diversas zonas rurais do Brasil no séc. XIX. As cerimônias se realiza- Passados de pai para filho, os cânticos e rezas amedrontam vam nas sextas-feiras durante a Quaresma ou durante o mês de novembro, quando um grupo composto só de homens cobertos de branco rezava e cantava pelas ruas de- sertas depois da meia-noite. Os rezadores percorrem as ruas da cidade e param em frente às residências para orar pelos mortos. Os moradores não abrem as portas durante a reza, porque senão “enxergarão as almas dos mortos, e receiam vê-las”. Com as cantigas para as almas realizam a “recomenda” ou “encomenda”. As orações são declama- das musicalmente em coro, no cemitério e em frente às casas com mortos recentes. A Encomendação é uma antiga devoção quaresmal de Portugal. “Encomendar”, “lembrar”, “apregoar” as almas ou “cantar às almas” era uma tradição religiosa macabra. Altas horas da noite, os encomendadores, com xales nas cabeças, cantavam num tom cavo e lúgubre. REGIONAL ABRIL - 2007 5 Guerreiro aponta fonte de recursos para a ponte sobre o rio Curuá OZÉAS SANTOS - ALEPA O deputado Gabriel Guerreiro, líder do PV na Assembléia Legislativa, está empenhado em obter recursos para a recuperação da rodovia PA-254 e construção da ponte sobre o rio Curuá, ligando Alenquer a Óbidos. A ponte é uma das principais reivindicações dos municípios da Calha Norte, e há anos vem sendo prometida. Guerreiro despachou com o secretário executivo de Transportes, Valdir Ganzer, mostrou um mapa da área, explicou a importância da obra e apontou caminhos para a viabilidade do projeto. Como a PA-254, que integra os municípios localizados na margem esquerda do rio Amazonas, se superpõe à BR-163 (Santarém-Cuiabá), no trecho que vai do acesso a Alenquer até a estrada do BEC, entre Oriximiná e Gabriel Guerreiro mostrou a Ganzer a viabilidade e importância da PA-254 e da ponte do Curuá Óbidos, Gabriel Guerreiro sugeriu a Ganzer a solicitação de recursos federais, que podem ser inclusive do PAC – Programa de Aceleração do Desenvolvimento. O deputado também convidou Ganzer a percorrer a região oeste do Pará, a fim de constatar a necessidade de atendimento de vários pleitos na área de transportes como, por exemplo, a construção de terminais hidroviários adequados a passageiros e cargas e a pavimentação das estradas intermunicipais. O secretário de Transportes gostou da iniciativa de Gabriel Guerreiro. “Assim fica mais fácil trabalhar. O deputado veio me trazer a solicitação e já me apontou o ‘caminho das pedras’ para conseguir o dinheiro necessário”, elogiou Ganzer. Gabriel Guerreiro esclareceu que a pavimentação da PA-254 e a construção da ponte sobre o rio Curuá são estratégicas para o desenvolvimento de todos os municípios da Calha Norte. “É um sonho e também uma luta muito grande da nossa região. É preciso pensar em soluções práticas a fim de que essas obras finalmente sejam concretizadas e os municípios localizados na margem esquerda do rio Amazonas tenham a oportunidade de cumprir sua vocação. O traçado da Santarém-Cuiabá coincide com o da PA-254 e não há por que o governo federal deixar de nos atender. Tenho confiança de que, juntando esforços, podemos fazer desse sonho a realidade”, enfatizou o parlamentar. 5 mil quelônios devolvidos aos rios em Terra Santa MINERAÇÃO RIO DO NORTE/DIVULGAÇÃO Cerca de 5 mil quelônios foram devolvidos aos rios pelo Projeto Pé-de-Pincha, em cinco comunidades ribeirinhas - Desengano, Conceição, Aliança, Tucunaré e Pintado – do município de Terra Santa. Os moradores atuam como voluntários e crianças de 1ª à 4ª série ganham bolsas de estudos no valor de R$ 80,00. “As crianças são filhos de voluntários que participam do Projeto e a bolsa é um incentivo do Projeto Jovem Cientista, do Fundo de Amparo à Pesquisa do Amazonas”, explica Paulo César Andrade, coordenador do projeto e professor da Faculdade de Ciências Agrárias da UFAM. “As escolas são grandes parceiras na preservação das espécies ameaçadas de extinção”. O Pé-de-Pincha conta com o apoio da Mineração Rio do Norte, do Projeto Pró -Várzea e das Prefeituras. Pincha, na região, significa Estudantes na soltura de quelônios no lago Piraroacá tampinha de garrafa. A analogia se deve à semelhança das pegadas deixadas por estes quelônios na areia com a marca da tampa das garrafas de refrigerante. “Ações como essa demonstram o quanto os voluntários gostam da sua terra e estão conscientes de que o caminho para preservar o meio-ambiente é o trabalho em parceria”, afirma José Haroldo de Paula, assessor de relações comunitárias da MRN. Todos os voluntários recebem treinamento para fazer o manejo dos ovos e criar os filhotes de tracajás, tartarugas, pitiús, peremas e calalumãs. Os filhotes são soltos com 3 meses de vida, quando já estão fortes o suficiente para sobreviverem sozinhos. Desde a captura dos ovos até a soltura, o processo leva 6 meses. “No seu habitat natural, apenas 1% dos filhotes sobrevive. Com o projeto, esse número sobe para 20%, OPINIÃO 6 ABRIL - 2007 Festa pelos 124 anos de Juruti O município de Juruti comemora no dia 9 de abril 124 anos de fundação. Para marcar o aniversário, uma extensa programação foi montada, encerrando com festa popular no Tribódromo. A origem do município remonta a uma aldeia dos “- Eu era aluna do Colégio Santo Antônio, onde estudei no período de 1942 a 1949/50. Foi nesta época que ouvi uma interessante história que vou lhe contar pelo interesse que tem e porque escreve sobre este assunto de aparições, visagens e assombrações.” Quem assim falava era a senhora Maria de Nazaré Boulhosa Nassar, esposa do amigo jornalista, escritor e membro da Academia Paraense de Letras, Rafael Costa. D.Nazaré nasceu em Belém, mas era filha de fazendeiros no Município de Cachoeira do Arari, no Marajó, onde sempre passava as férias. De pais religiosos, muito católicos, na idade escolar foi estudar no Colégio Santo Antônio, das Irmãs Dorotéias, Ordem fundada pela Irmã Paula Francineti, e que fica localizado na Praça Dom Macedo Costa, 521, em Belém. Mas deixemos D. Nazaré contar a história que ouviu na década de quarenta. “- Naquele tempo tudo era muito diferente. Os meios de transportes do Sul para o Norte e vice-versa eram apenas por via marítima ou aérea. Não havia estradas, nem se falava em Belém-Brasília. Aliás, Brasília nem existia. Então qualquer encomenda comercial utilizava o frete marítimo, até porque o frete aéreo era caríssimo. Era costume as irmãs encomendarem os tecidos de São Paulo para a confecção de hábitos das reli- N ascida em 1874, minha avó paterna tinha 25 anos no ano em que o padre João Braz faleceu. Na realidade, os únicos fatos seguros da incerta biografia desse sacerdote é que ele foi o primeiro vigário de Juruti e que faleceu em 1899. Minha avó sequer chegou a conhecê-lo pessoalmente, considerando que, na época, ele já havia sido banido para sempre da cidade. Ao longo do tempo, muitas histórias e boatos foram se espalhando sobre ele pelo Baixo-Amazonas, sendo a mais marcante e talvez a mais comentada, a história que minha avó não cansava de repetir na velhice: que esse frade foi expulso de Juruti por seu envolvimento amoroso com diversas jovens da paróquia, tendo deixado alguns descendentes por lá. Por causa das peraltices do cura, a população teria se rebelado contra ele e, para o bem da moral e dos bons costumes, achou por dever expulsá-lo da comunidade. Em seguida, ao que se conta, cheio de indignação ao se ver escorraçado impiedosamente por seu rebanho, e num gesto de extremo desencanto, ele raspou das sandálias franciscanas qualquer resquício de solo jurutiense, amaldiçoando o lugar e seus habitantes por um período de cem anos. Histórias reais ou lendas sobre padres que amaldiçoaram cidades não chegam a ser tão incomuns na Amazônia. índios Mundurucus que, em 1818, ficou sob a direção de um missionário, com poderes paroquiais. Com a construção de uma igreja pelos índios, foi logo transformada em Freguesia, sob a proteção de Nossa Senhora da Saúde. Pela Lei nº 930, de 15 de julho de 1879, Juruti passou a ser ponto de escala da navegação a vapor subvencionada pelo governo. Foi assim que a então Freguesia de Juruti ganhou elevação à categoria de Vila, de acordo com a Lei nº 1.152, de 9 de abril de 1883. Em Juruti, a principal manifestação religiosa é o Círio de Nossa Senhora da Saúde, padroeira da cidade, realizado no dia 23 de junho com o Círio Fluvial, que sai do Lago das Piranhas com destino à sede do Município. No dia 02 de julho, as festividades são encerradas com um leilão de animais. O Festival das Tribos, que acontece desde 1986, é o ponto alto do folclore e turismo locais. O Tribódromo, palco dessa festa, tem uma arena de três mil metros quadrados, com capacidade para abrigar 7 mil pessoas. É lá que se apresentam grupos folclóricos, danças e cantos típicos e, na apoteose, no último dia, as tribos Mundurukus e Muirapinimas disputam o título. seriam descobertos, a menos que fossem mostrados, como de fato ocorreu...! Nós já tínhamos dado por perdidos... As irmãs estavam incrédulas. Quem poderia ser? Olharam o diretor sem acreditar muito no que dizia. O diretor, por sua vez, se sentia um tanto desconfortável diante da situação, pois sentia o olhar de incredulidade das irmãs. De repente, olhando as medalhas que as irmãs levavam penduradas no peito, exclamou: - Olha aí, foi essa que veio...! As irmãs se entreolharam. Na medalha estava gravada a efígie de Paula Francineti... Então disseram: - Olhe, meu senhor! Esta é Paula Francineti, a fundadora de nossa Ordem. Só que ela não vive mais... O diretor ficou espantado. Então disse que ela chegou dizendo que ia mostrar onde estavam os fardos, foi acompanhando um encarregado e, após localizá-los, disse: - O senhor já pode avisar ao colégio que os fardos foram encontrados...! As irmãs Dorotéias ouviram tudo muito emocionadas e atribuíram a um milagre de Paula Francineti, que, ouvindo os pedidos desesperados das irmãs da Ordem que havia fundado, foi pessoalmente mostrar onde estavam os fardos...” mais idosos e sábios moradores de Juruti, a resposta que está na ponta da língua é que esse é o definitivo sinal de que a maldição dos cem anos acabou, e que, lá da eternidade, o padre faz florir seu túmulo em sinal de perdão pela velhacaria que fizeram com ele e como benção pelos bons tempos que estão chegando a reboque da bauxita. Mas ainda há dúvidas e muita controvérsia sobre o que realmente teria acontecido há mais de um século e que culminou com o banimento do pároco do município. Na verdade, ouvindo a voz do povo, a gente fica sabendo que há outra história(ou será lenda?), muito mais interessante e pouco divulgada sobre o malfadado acontecimento. Diz essa outra versão, que o real motivo da desordem não passou de um belo e tumultuado caso de amor correspondido. Jovem, bonito e comprimido pela fervura dos hormônios, o padre chega a Juruti e logo começa a ser assediado pelas moçoilas do lugar. Resistiu o quanto pôde, mas um dia foi vencido pela beleza selvagem e pelo olhar suplicante da filha de um poderoso coronel do cacau, por quem logo se apaixonou perdidamente. O caso já ia longe quando o pai da moça descobriu a tórrida paixão, fazendo espalhar o boato maldoso que o vigário era um devorador de donzelas e que deveria sair da paróquia. Rico e influente, o fazendeiro conseguiu arrebanhar a população e a situação ficou tão insustentável que a igreja se viu obrigada a transferir o Padre João Braz para o vilarejo de Terra Santa Tempos depois, para lavar a honra, o fazendeiro arranjou, a seu gosto, um pretendente rico com quem obrigou a filha a se casar. A notícia do enlace não demorou chegar a Terra Santa e muito menos ao conhecimento do padre, levando-o ao desespero e mais tarde ao suicídio. Outros também contam uma história de amor, mas trocam a donzela por uma senhora casada, o que teria resultado no assassinato do sacerdote, pelo marido traído, na mesma rua que hoje leva o seu nome. Bom, junto com duas fotos do túmulo florido, isso foi tudo o que eu consegui apurar sobre o triste destino do Padre João Braz. Não é muita coisa, apenas folhas esparsas de um tesouro perdido da história de Juruti. Deixo para o leitor a opção de decidir entre o personagem do padre devorador de donzelas - que dizem ser verídica - e o da lenda que fala de uma grande paixão. Da minha parte, eu prefiro mil vezes ficar com a lenda. Ainda que trágicas, essas narrativas envolvendo amores impossíveis e paixões avassaladoras, são muito mais bonitas e melhores de sonhar. WALCYR MONTEIRO [email protected] Aparição no cais do porto giosas e uniformes das alunas, porque o preço em Belém era muito caro. A história foi contada para mim e minhas colegas por uma irmã Dorotéia, de quem não lembro o nome. Ela disse que, em certa ocasião, na década de trinta, a direção do estabelecimento fez uma encomenda que, conforme já dito, vinha por transporte marítimo, e nada da encomenda ser entregue. Após muito procurarem, receberam a informação do diretor do Cais do Porto: - A encomenda das senhoras foi extraviada! - Mas, extraviada, como? São vários fardos de fazenda e tecidos! Como pode ter se extraviado um lote de fardos? - Não sabemos lhe dizer. Só que já fizemos procuração por toda parte e nada... Não conseguimos de forma nenhuma encontrar! As irmãs ficaram desesperadas. A encomenda não O caso mais clássico que se tem notícia aconteceu na cidade de Maués, terra da minha outra avó, de onde um padre também foi expulso no século XIX, fazendo o mesmo gesto de raspar o solo das suas sandálias enquanto rogava sua célebre praga sobre a cidade, com palavras que acabaram entrando para o folclore da terra do guaraná: “Maués, mau sois e mau serás”, ele teria proclamado com a força inabalável da fé. Mas voltando ao caso do padre João Braz, o que mais me soou estranho e atiçou minha curiosidade, foi saber que ele estava sepultado na mesma Juruti de onde havia saído enxotado pela população há mais de cem anos. Após confirmar com um velho morador a veracidade dessa informação, aproveitei uma ida recente àquela cidade para visitar o túmulo desse controvertido religioso. O cemitério fica na primeira rua de Juruti, no lado ocidental de quem chega no porto, e se debruça, alheio às enchentes, sobre uma grande ribanceira de terra firme. Entrei naquele lugar cheio de silêncio em torno de onze da manhã e com um calor de rachar, mas privilegiado pela bela vista do grande Amazonas correndo vivo lá embaixo. O acesso foi fácil porque o gradil da entrada estava entreaberto e não havia nenhum vigia, ninguém para indagar o que eu estava fazendo ali e muito me- estava no seguro e elas iam perder dinheiro, que no caso era muito preciso, pois elas não tinham de onde tirar para uma nova encomenda, sem falar no atraso que acarretaria começar tudo de novo. Então começaram a fazer uma novena à Paula Francineti. Todas as noites elas se reuniam e rezavam, fazendo o pedido para que os fardos fossem localizados. Logo depois, numa certa manhã, foi feita uma ligação telefônica para o Colégio de alguém que se identificou como um dos diretores do Cais do Porto, falando que tinha ido uma irmã lá no armazém, dizendo saber onde os fardos se encontravam. Imediatamente um grupo de irmãs se dirigiu para lá, para saber o que tinha ocorrido. É preciso que se diga que, naquela época, nenhuma irmã andava sozinha. Elas sempre saíam em grupo de três, quatro ou mais, daí estranharem a informação de que apenas uma irmã, sozinha, tivesse se dirigido ao Cais do Porto. Lá chegando, procuraram o diretor e perguntaram o que tinha acontecido. O diretor tranqüilamente respondeu: - Foi, sim! Veio uma irmã aqui e foi mostrar os fardos num lugar em que jamais ADEMAR AYRES DO AMARAL [email protected] Cem anos de maldição nos para me fornecer qualquer tipo de orientação. A sorte é que o túmulo do padre João Braz não é difícil de distinguir, pois de uns tempos para cá é a única sepultura daquele campo-santo que vive coberta de plantas e flores. Ela fica a uns dez metros à esquerda de uma grande cruz de madeira que chamam de cruzeiro, a qual se acha fincada sobre uma base circular de cimento, que está sempre enlameada por restos de velas derretidas, como um vestígio dos muitos promesseiros que lá vão cumprir suas obrigações com as almas. O cruzeiro está bem no centro do cemitério e chegase a ele seguindo o único e acanhado calçamento que vai do portão de entrada até a base da cruz. O lugar onde repousa o padre João Braz é um jazigo simples, aparentando completo abandono e marcado por uma única carreira retangular de tijolos que quase desaparece por baixo da abundante vegetação. Apenas na cabeceira ainda permanece de pé a parte que sobrou de uma decorada estrutura de ferro, já carcomida pelos anos, onde foi fixada uma tosca placa de latão pintada de preto, com a seguinte inscrição em letras brancas: “eu sou a ressurreição e a vida” Jo.11.25, 1º Vigário de Juruti, Pe. João Braz, † 1899. A histórica e descuidada sepultura do Padre João Braz, no cemitério de Juruti, é um retrato fiel do total desamparo e desleixo com a memória da cidade. Porém, o incrível da história, o mais inacreditável, foi constatar que naquele sítio dos mortos jogados ao desmazelo, a campa onde descansa o sacerdote esteja sempre plena de um verde exuberante e entremeado por cachos vermelhos de jasmins de S. Benedito, sem que ninguém sequer tenha tido algum interesse ou piedade de lhe conceder um mísero regador de água. Muitas pessoas na cidade andam se perguntando a causa desse mistério e o porquê do túmulo do padre se preservar assim tão florido nos últimos tempos. Para alguns ATUALIDADES ABRIL - 2007 7 Frente Pró-Hidrovias começa a agir Com 37 deputados membros, de todas as bancadas partidárias, a Frente Parlamentar Pró-Hidrovias do Pará foi oficialmente instalada, tendo como convidado especial o secretário executivo de Transportes, Valdir Ganzer. Foi eleito à unanimidade como presidente o deputado Luis Cunha, líder do PDT, idealizador da Frente. O vicepresidente é o deputado Alexandre Von (PSDB) e relator o deputado Gabriel Guerreiro, líder do PV. O secretário Valdir Ganzer, deputado estadual licenciado (PT), aderiu como membro colaborador e disse que, com a criação da Frente, o parlamento paraense ganha nova dimensão. Elogiando a iniciativa de Luis Cunha, ele revelou que era um antigo sonho seu promover o debate sobre questões estratégicas para o Estado na Assembléia Legislativa. O deputado Arnaldo Jordy (PPS) realçou a importância das hidrovias e propôs que o tema seja abordado em conjunto com a Comissão de Meio-Ambiente da Alepa, já que os projetos hidroviários no Pará estão todos paralisados em função de uma guerra jurídica sob o argumento de impactos ambientais negativos. Gabriel Guerreiro lembrou que a utilização dos rios como meios naturais e econômicos de transporte é feita na Europa desde o século XVII. Em 1648, começaram a ser construídos os canais de interligação dos principais rios do continente, visando o desenvolvimento da economia e a defesa territorial. A mais importante ligação foi entre os rios Reno e Danúbio, promovendo a interligação leste-oeste até chegar ao porto de Rotterdã, um dos maiores do mundo. Enfatizando que todas as hidrovias são importantes, OZÉAS SANTOS - ALEPA Alexandre Von, Luis Cunha e Gabriel Guerreiro: agenda positiva e relatório para ajudar hidrovias Guerreiro disse que Europa e Estados Unidos já têm, há séculos, consciência da importância do transporte aquaviário. Mas, no Pará, a construção de um canal de apenas 20 quilômetros no Marajó foi embargada. Alexandre Von lembrou que há mais de dez anos vem participando da luta em prol das hidrovias e propôs a realização de seminários regionais no oeste, sul, sudeste e nordeste do Pará, e em especial no arquipélago marajoara, para esclarecer a população acerca dos projetos de hidrovias. Luis Cunha já definiu a agenda inicial da Frente, que inclui visitas de cortesia à governadora, aos veículos de comunicação; à Federação das Indústrias do Estado do Pará – Fiepa; e ao presidente da Companhia Docas do Pará, para convidá-los a integrar a Frente, na condição de colaboradores. Também serão s convidados o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial e Lacustre do Estado do Pará – Sindarpa, Associação Comercial do Pará – ACP; Federação Nacional de Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário -Fenavega, Prefeituras e Câmaras Municipais. A Frente Parlamentar Pró-Hidrovias do Pará foi criada para reforçar a luta por um grande corredor de desenvolvimento interligando as hidrovias do Marajó, Capim, Tocantins/Araguaia/Rio das Mortes, Tapajós/Teles Pires/Juruena e Xingu com as rodovias e ferrovias, num sistema multimodal, de modo a aproveitar todas as suas potencialidades naturais. Sistemas agro-florestais viram alternativas de renda Conciliar a cultura de diferentes espécies vegetais em um mesmo espaço, dando ao agricultor a oportunidade de plantar e colher os resultados ao longo de todo o ano. Esta é a proposta dos Sistemas Agro-Florestais, iniciativa realizada através de parceria entre a Mineração Rio do Norte (MRN), Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa) e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/ PA). A proposta é reproduzir, na área plantada, a dinâmica de crescimento na floresta. Como explica José Haroldo de Paula, assessor de Relações Comunitárias da MRN, “a implantação dos Sistemas nas comunidades Saracá e Boa Nova, em Oriximiná, é parte de acordo assumido pela MRN com estas comunidades durante o processo de licenciamento das minas de bauxita Almeidas e Aviso, conduzido pelo Inpa desde o final do ano de 2004.” A partir deste ano, a Emater assume a coordenação Conversa com comunitários para esclarecer o projeto técnica do projeto. “Juntamos na mesma área culturas de ciclo curto, médio e longo, como acontece na natureza. Assim, o agricultor terá sempre produtos para consumo e venda, sem depender do ciclo de crescimento de uma única cultura”, explica Aluísio Ribeiro Santos, agrônomo da Emater. Membros das duas comunidades receberam a visita dos técnicos no barracão da comunidade Boa Nova. A visita incluiu palestra sobre plantio e arranjos, entrega de cerca de 12.000 mudas de espécies frutíferas, como limão taiti, mamão, laranja enxertada, abacate, maracujá e pupunha, além de espécies nativas de madeira de lei, como cedro, pau d’arco e andiroba. A MRN doou também ma- teriais e ferramentas. Este ano o projeto também será implantado nas comunidades do Saracá e Lago Sapucuá, em Oriximiná. Outras atividades estão previstas, envolvendo preparação de horta escolar e palestras sobre saúde e educação ambiental. “Os Sistemas representam alternativa de renda. Além de atender as necessidades da geração atual, melhorando sua qualidade de vida, garantem o atendimento das necessidades futuras”, diz José Haroldo. O projeto beneficiará 70 famílias. VARIEDADES 8 ABRIL - 2007 Escola dá exemplo de inclusão social Numa homenagem à professora que foi precursora no ensino para crianças especiais no município, a Escola Simone das Neves Pinheiro, em Terra Santa, é destinada a alunos de 1ª à 4ª série do ensino fundamental. Cerca de 60 alunos com deficiência física e mental e dificuldade de aprendizado já estão sendo atendidos na nova escola, junto aos outros alunos da rede pública. Totalmente adaptado às necessidades físicas dos alunos especiais, o prédio foi construído com recursos da MRN e mobiliado com recursos do FIA (Fundo da Infância e Adolescência), através de doações da BHP Billiton, acionista da MRN. A proposta é estender o atendimento para 90 alunos, N o mês passado, recebi um telefonema do jornalista Edson Salame propondo-me um desafio idealizado pelo conterrâneo José Sales, da Polícia Federal: a composição do Hino do Estado do Tapajós. Ponderei que a idéia de criação do novo Estado, além de polêmica, ainda tramita no Congresso Nacional. Mas, enfim, topei a parada. Em menos de uma semana, o hino estava pronto, com letra e música de minha autoria. Em contato com o Odair Corrêa, santareno, vice-governador do Estado do Pará, entreguei-lhe a partitura da composição para canto e piano. Agora, estou concluindo o arranjo para orquestra. E brevemente elaborarei o arranjo para coro a 4 vozes mistas. A música do Hino de Santarém, composta por meu pai (Wilson Fonseca, Isoca) em 1941, somente recebeu letra, de autoria de Paulo Rodrigues dos Santos, em 1948, quando se comemorava o primeiro centenário de elevação da “Pérola do Tapajós” à categoria de cidade. O hino só foi oficializado em 1971, pela Lei Municipal nº 245. Em 1996, Wilson Fonseca compôs a peça “Amazônia” (suíte em 3 movimentos: samba estilizado, fox-slow e frevo), que dedicou à Amazônia Jazz Band, a pedido do Maestro Andi Pereira. Mas a sua estréia mundial apenas ocorreu em 27.03.2007, no Theatro da Paz (Belém), na abertura da temporada da A lô, Franssi, Estava eu em São Paulo, mais precisamente na Praça da Sé, quando de mim se aproximou uma cigana. Era uma mulher bonita, de vestes espalhafatosas, pulseiras, colares, anéis. Segurava um baralho nos dedos de unhas pintadas com esmalte extravagante. Ela veio sorrindo: “Meu bonito, quer saber a sua sorte, quer?” Respondi com outro sorriso, agradeci e fui andando. Naquele instante me lembrei da música do Lindomar Castilho: “vem, ó cigana bonita... ler o meu destino”... A minha memória também me trouxe, naquele momento, uma ciganinha que chegou a morar na esquina de casa, em Santarém. Eram diversas famílias, que alugaram parte do imóvel que existia bem no cruza- A população de Terra Santa prestigiou a inauguração da escola Kaio Maciel Cavalcanti, de três anos, será beneficiado além de manter a alfabetização de adultos. Para Júlio Sanna, diretor-presidente da MRN, a empresa não pode se limitar ao que normalmente se oferece para a comunidade, ou seja, emprego e impostos. “Temos a visão de que nossas também contribui para a melhoria das condições de vida da população ao nosso redor”, comenta Júlio Sanna. Kaio Maciel Cavalcanti, de três anos, será uma das crianças beneficiadas. A partir do próximo ano ele já ações podem ser ampliadas para áreas como, saúde, educação, meio ambiente e geração de renda. O importante é alocarmos os recursos de forma inteligente para mostrar que somos uma empresa que, além de gerar empregos, VICENTE MALHEIROS DA FONSECA [email protected] Hino do Estado do Tapajós AJB, sob regência do Maestro Ricardo Aquino, que prestou bela homenagem ao compositor paraense. Foi a última realização da Associação Amigos do Theatro da Paz, sob a minha Presidência, pois tive que renunciar a esse cargo, em virtude de recente orientação estabelecida pelo Conselho Nacional de Justiça, que disciplina as vedações impostas aos magistrados de exercerem outras funções. Permaneço na ATP na condição de simples associado. Outra música inédita de Isoca, composta em 1992 – o poema sinfônico “América 500 Anos” – somente teve a sua primeira audição em 17.11.2006, pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, sob regência do Maestro Mateus Araújo, na Casa da Cultura, em Santarém (PA), onde foi realizado um concerto inédito da OSTP, com a apresentação de composições de três gerações da família Fonseca, durante a solenidade mento da Francisco Corrêa com a rua Floriano Peixoto, que na época pertencia ao Seu Vicente, um cearense que vendia carvão. Ele vivia de eterno mau humor e por qualquer deslize dava surras e mais surras no Ariel e no João, os filhos. A vizinhança toda escutava a peia. Era a mochinga cantando no lombo e os gritos dos pobres moleques, meus parceiros de papagaio e peteca. Mas eu falava na ciganinha bonita. Até o início da década de sessenta, faltava muita água em Santarém. Em algumas esquinas do centro da cidade existiam torneiras públicas onde o pessoal fazia fila, para encher a lata vazia de “querosene Jacaré” e existiam também os chamados “aguadeiros”, que carregavam da beira do rio e vendiam pela cidade. Pois é. Era na torneira de lançamento da obra “Meu Baú Mocorongo” (Wilson Fonseca). Do Rio de Janeiro, recebi um precioso presente da amiga Maria Helena de Andrade, pianista paraense, a quem dediquei a minha “Valsa Santarena nº 45”, que ela promete estrear, em breve, em palco paraense. Refiro-me à revista “Projeto Chico Bororó” (Francisco Mignone) com o registro de partituras musicais do festejado compositor paulista – que adotou, na juventude, aquele heterônimo –, além de um CD gravado pelo Trio D’Ambrosio (Maria Helena de Andrade, piano; Aizik Geller, violino; e Maria Célia Machado, harpa), resultado dos seminários de música Pro Arte, patrocinados pela Eletrobrás. São canções, maxixes, cateretês, valsas, tangos, fox-trot e onestep, que me fizeram lembrar da obra musical de meu avô (José Agostinho da Fonseca) e de meu pai (Wilson Fonseca), praticamente contemporâneos de Mignone. Meu avô nasceu em 1886, mas não conheceu o mestre paulista. Eu e meu pai o conhecemos em Belém, quando Mignone vinha ao Pará, em companhia da pianista paraense Maria Josephina, sua esposa, e ficavam hospedados na casa do médico Maurício Coelho de Souza. “Chico Bororó” (revista e CD) é uma realização magnífica, exemplo extraordinário de valorização da nossa cultura musical. Nunca é tarde... Antes da edição oficial de parte da obra musical de meu pai (cujo 1º volume foi publicado em 1976, com peças para coral), eu mantive contato com Francisco Mignone, que esteve em Belém e ministrou um curso de harmonia no Conservatório “Carlos Gomes”, que eu freqüentei, enquanto estudante universitário, por volta de 1969. Após examinar algumas composições de meu pai - que eu lhe mostrei -, Mignone afirmou, com convicção: “seu pai é um grande melodista...”. E depois de receber os primeiros volumes publicados da obra musical de Isoca, Mignone escreveu uma carta a Wilson Fonseca e declarou o seguinte: “... cheguei à conclusão que V. S. sabe ‘onde tem o nariz’ e estudou música de verdade. A tudo isso agregou boa fantasia inventiva cheia de gostosos acordes melódicos e harmônicos” (cf. manifestação transcrita ao final do Volume III da Obra Musical de W.F.). Eis, então, a letra do “Hino do Estado do Tapajós”, ainda inédito: JOSÉ WILSON MALHEIROS [email protected] Zíngara da esquina de casa que as ciganas se reuniam para aparar água, para conversar. E eu ficava olhando, admirado, aquela gente, digamos assim, diferente. Homens, mulheres, crianças, que muitas vezes se comunicavam em uma língua que eu não entendia. No meio deles a zíngara adolescente, com sua saia rodada vermelha, berloques, batom, turbante ficava me olhando exatamente como diz o poeta (“... esse seu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas que eu não posso explicar...”), sorria e cantava a bonita música do Luiz Gonzaga, “Qui nem Jiló”: “Saudade assim faz roer E amarga que nem jiló Mas ninguém pode dizer Que me viu triste a chorar Saudade, o meu remédio é cantar...” Todo dia lá pelas cinco da tarde lá estava eu na porta de casa para ver a ciganinha cantora. será matriculado na Escola e passará a contar com toda a atenção dos monitores e professores. “A cada quinze dias vamos para Santarém para as sessões de fisioterapia do Kaio, que têm por objetivo ajudar no desenvolvimento de sua coordenação motora. Acredito que, a partir do momento em que ele começar a freqüentar as aulas na Escola, ele terá uma evolução ainda maior no seu tratamento”, diz Deusilana Santos Maciel, mãe de Kaio. Outra que também está comemorando é a professora Ozanira Alves dos Santos. Após trabalhar 13 anos com educação especial para crianças, ela concluiu recentemente um treinamento de 120 horas para melhorar sua qualificação. “O maior prazer que sinto ao lidar com as crianças especiais é saber que podemos mostrar para a sociedade que eles são capazes de vencer suas barreiras e nós, de ajudá-los a vencê-las”, realça. HINO DO ESTADO DO TAPAJÓS Letra e Música: Vicente José Malheiros da Fonseca Belém (PA), 18 de março de 2007 I Azul é a cor das tuas águas Tapajós meu lindo rio E o Xingu, que beleza sem par, Dois irmãos que me fazem feliz. Do Amazonas varonil Ao Trombetas faz vibrar Nossa luta que busca a vitória Faz livre teu povo que a história bem diz. Estribilho Tapajós – agora sim És o Estado que sonhei Na Amazônia colossal No Brasil que sempre amei. Nossos rios têm lindas praias E eu mergulho o coração Solto forte a minha voz Pra te exaltar meu Tapajós. II Teu hino é mais que poesia Tantas águas de emoção A bandeira tremula no céu Tapajós, eu te quero tão bem. O Brasil de norte a sul Reconhece a nossa voz Conquistada ao longo da história Tua gente, tua glória, faz coro também. Estribilho Tapajós – agora sim És o Estado que sonhei Na Amazônia colossal No Brasil que sempre amei Nossos rios têm lindas praias E eu mergulho o coração Solto forte a minha voz Pra te exaltar meu Tapajós. Vicente Malheiros da Fonseca – Magistrado, Professor e Compositor Ela cantava sempre a mesma música, me olhava e sorria convidativa. E se eu fugisse com ela? Ia ser cigano também. Um cigano apaixonado. Se uma moça da sociedade santarena chegou a fugir com um trapezista de circo, eu também poderia fugir com uma cigana, ora bolas. Tudo vale a pena se a alma não é pequena, diria o Pessoa. Confesso que aquele olhar cigano me fazia sonhar. Nele existiam segredos, céus e mares navegados pelos ancestrais de sua raça e eu ficava torcendo para o tempo não passar, como o Roberto Carlos de “ Amor Perfeito”. Quando escrevo esta crônica coloco o CD para tocar: “Cigana Nuvem Zizi Possi Se eu não te conhecesse bem Me entregava assim Todo, de corpo e alma pra você Mas a luz que brilha em meus olhos Detém o meu coração (Não deixe ele se perder) As armadilhas que tu tens Pra ganhar o jogo E me tornar cativo seu Faz a luz que guia os meus olhos Deter o meu coração És cigana nuvem que passa Aqui no meu céu E amanhã, eu sei Deixa as chuvas caindo em mim Soberana estrela que enfeita O cetim do céu Ou me queres rei Ou me terás Igualzinho a ti.” Por onde andará a ciganinha, uma das flores mais bonitas da minha adolescência? Hoje ela é “qui nem jiló”...
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