Lição 1: “Adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em

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Lição 1: “Adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em
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Lição 1: “Adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade”.
Texto base: Mateus 3.16-17
Vivemos em um país que respira religião. Mas quem é, ou o que é, a divindade que as pessoas acreditam? No
ensino trinitário encontramos uma das distintivas do cristianismo ortodoxo e reformado. A doutrina da
Trindade é fundamental para o cristianismo. A partir da doutrina bíblica sobre Deus podemos encontrar um
ensino claro para algumas questões: A quem devemos prestar o culto? A quem devemos orar? Será que devemos
ter a mesma honra pelo Pai, o Filho e o Espírito Santo? Vejamos, pois os aspectos históricos e bíblicos da
doutrina da Trindade.
I.
Um debate antigo e atual.
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“Gerado pelo amor do Pai” é nome de um hino cristão que foi escrito Prudêncio. Este homem aos 57 anos de
idade deixou um cargo importante no Estado e dedicou a vida para servir a Deus. Prudêncio faleceu em 413.
Prudêncio compôs um hino onde uma grande convicção da igreja estava sendo expressa:
Gerado pelo amor do Pai
Antes de os mundos começarem a existir,
Ele é o alfa e o Ômega,
Ele é a fonte, Ele é o fim
Das coisas que existem, que existiram,
E que os anos futuros conhecerão.
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Para todo o sempre.
A convicção expressa no hino acima não era a mesma para todos. Anos antes um presbítero chamado Ário
(250-336) passou ensinar que Jesus foi uma criatura de Deus. Ário argumentava da seguinte maneira: “Se Deus
Pai gerou o Filho – dizia [Ário] – o que foi gerado teve um começo de existência, pois é evidente que houve [um
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tempo] quando o Filho não era. Daí concluí-se necessariamente que teve a existência a partir do não existente” .
Além de Ário outros estudiosos da época tentaram explicar a relação de Jesus com o Pai, um deles se chamava
Sabélio que ensinava, dentre outras coisas que só existe uma pessoa divina que se manifesta historicamente em
formas, a saber: o Pai, o Filho e depois o Espírito. Orígenes ensinou um subordinacionsimo de essência, o que
em outras palavras seria o mesmo que dizer que a essência do Filho dependia da essência do Pai. Todas essas
questões, sobretudo a controvérsia ariana, exigiu a convocação do concílio ecumênico de Niceia – o conteúdo do
credo niceno será um assunto da nossa próxima aula. Curiosamente o debate sobre a natureza do Filho retornou
no século 16 com Fausto Socino que negava veementemente a divindade de Jesus até o dia de sua ressurreição
quando efetivamente se tornou divino.
Atualmente esses ensinos ainda ecoam dentro de seitas e movimentos heréticos. As Testemunhas de Jeová
batem de porta em porta para divulgar a ideia de que Jesus foi um deus criado. Os mórmons ensinam que
existem três deuses distintos quando se fala do Pai, do Filho e do Espírito. Algumas seitas unicistas tentam
atualizar o esquema modalista. Ao mesmo tempo o liberalismo teológico abraçou o desafio socianino. Diante
dessas questões é necessário devolver para a igreja cristã em nossos dias o ensino bíblico sobre o Deus que se
revela nas Escrituras.
II.
A ideia da Trindade nas Escrituras.
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O nome Trindade não se encontra na Bíblia, mas a ideia representada na palavra é ensinada em muitos
trechos; Trindade quer dizer: tri-unidade ou três-em-unidade e resume o testemunho bíblico de que Deus é três
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Corde natus ex Parentis.
NOLL, Mark A. Momentos decisivos na história do cristianismo. São Paulo: Cultura Cristã, 2000. p. 71
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BETTENSON, H. Documentos da igreja cristã. São Paulo: ASTE, 1998. p. 84
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Trindade não é um termo da bíblia. Tertuliano, o grande teólogo latino foi quem introduziu o conceito
trinitatis ou trinitas (Trindade) na teologia. Em sua busca por termos paralelos no grego para o latim, ele criou,
mas de quinhentos termos teológicos. Um exemplo disso é o termo “persona” em latim que encontrou seu
equivalente no termo grego “hipóstase”.
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FALANDO COM ENTENDIMENTO SOBRE O QUE CREMOS:
Uma série de estudos doutrinários com o objetivo de demonstrar o entendimento cristão em assuntos específicos.
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pessoas, porém um Deus. A doutrina da Trindade existe em toda Bíblia demonstrando que Deus existe como
mais de uma pessoa. Devemos examinar alguns pontos:
1.
Os pronomes no plural usado para se referir a Deus: Gn 1.26; 3.22; 11.7 e Is 6.8
2.
Passagens em que mais de uma pessoa é reconhecida como Deus: Sl 45.6-7 (ver: Hb 1.8); Sl 110.1
(ver: Mt 22.41-46); Is 61.1; 63.10;
3.
O Anjo do Senhor: Gn 16.13; Êx 3.2-6; 23.20-22; Nm 22.35,38; Jz 2.1-2; 6.11,14.
4.
No batismo de Jesus: Mt 3.16-17
5.
Na grande comissão: Mt 28.19
6.
Passagens que usam os nomes Deus e Senhor: 1Co 12.4-6
7.
Passagens que mencionam as três pessoas juntas: 1Pe 1.2; Jd 20-21;
8.
A passagem de 1Jo 5.7
A doutrina da Trindade é um mistério que Jamais iremos entender plenamente. Com base na totalidade das
Escrituras afirmamos que: Deus é três pessoas, cada pessoa é Deus e que há um só Deus.
Deus é três pessoas.
O Pai, O Filho e o Espírito são
pessoas distintas.
Jo 1.1-2; 17.24
1Jo 2.1
Hb 7.25
Jo 14.26
Mt 28.19
Jo 15.26
Jo 16.7, 13-14
1Co 12.4-6; 2Co 13.14; Ef
4.4-6; 1Pe 1.2 – texto que
falam da personalidade do
Espírito.
Cada pessoa é Deus.
O Pai é Deus, o Filho é Deus e
o Espírito Santo é Deus.
Jo 1.1-4
Jo 20.28
Hb 1.8
Tt 2.13
2Pe 1.1
Is 9.6
Is 40.3 (ver: Mt 3.3)
Cl 2.9
Mt 28.19;
At 5.3-4;
1Co 3.16
Sl 139.7-8
1Co 2.10-11
Jo 3.5-7 (ver: 1Jo 3.9)
Há um só Deus.
Não existem três deuses. Só
existe um Deus.
Dt 6.4-5
Ex 15.11
1Rs 8.60
Is 45.5-6, 21-22; 44.6-8
1Tm 2.5
Rm 3.30
1Co 8.6
Tg 2.19
Conclusão:
Em termos conclusivos é importante lembrar a importante reflexão de Bavinck sobre a doutrina da Trindade:
“A doutrina da Trindade torna Deus conhecido a nós como o Deus verdadeiramente vivo, em
contraste com as frias abstrações do deísmo e as confusões do panteísmo. Uma doutrina da
criação – Deus relacionado, mas não idêntico ao cosmos – só pode ser sustentada sobre uma
base trinitária. De fato, todo o sistema de crenças cristãs fica de pé ou cai com a confissão da
Trindade de Deus. Ela é o centro da fé cristã, a raiz de todos os dogmas, o conteúdo básico da
nova aliança. O desenvolvimento do dogma trinitário nunca foi primariamente uma questão
metafisica, mas uma questão religiosa. É da doutrina da Trindade que sentimos o pulsar de
todas as revelações de Deus para a redenção da humanidade. Somos batizados no nome do
Deus trino, e nesse nome encontramos descanso para nossa alma e paz para a nossa
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consciência. Nosso Deus está acima de nós, diante de nós, e dentro de nós.”
Rev. Francisco Macena da Costa.
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BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada – quatro volumes. São Paulo: Cultura Cristã, 2012. p. 268.
FALANDO COM ENTENDIMENTO SOBRE O QUE CREMOS:
Uma série de estudos doutrinários com o objetivo de demonstrar o entendimento cristão em assuntos específicos.

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