O estado da arte das pesquisas em Relações Internacionais na
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O estado da arte das pesquisas em Relações Internacionais na
8⁰ Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política 01 a 04 de agosto de 2012 Gramado – RS Área Temática: Ensino e Pesquisa em Ciência Política e Relações Internacionais O estado da arte das pesquisas em Relações Internacionais na América Latina Liliana Ramalho Fróio (UFPB) [email protected] O estado da arte das pesquisas em Relações Internacionais na América Latina Liliana Ramalho Fróio1 Universidade Federal da Paraíba Resumo O presente trabalho busca mapear a produção latinoamericana no campo das relações internacionais nos últimos dez anos. O principal intuito é verificar a evolução dos interesses temáticos e das metodologias empregadas pelos pesquisadores das principais instituições acadêmicas da região ao longo desse período. A partir deste levantamento busca-se, portanto, dimensionar a evolução e o desenvolvimento das relações internacionais na América Latina, além de poder identificar se ocorrem convergências temáticas e, como resultado, aproximações institucionais intra-região. Palavras-chave: Produção acadêmica; Relações Internacionais; América Latina. Introdução O campo de estudos das relações internacionais iniciou-se na América Latina já nos anos 1950 e 1960, de forma incipiente e localizada, na Colômbia, Chile e México (Herz, 2008; Muñoz, 1980). No entanto, é a partir da década de 1970 que a disciplina se dissemina pela região em razão do aprofundamento dos estudos sobre dependência e desenvolvimento, os quais estão inseridos em um contexto de discussão sobre a busca de autonomia dos países periféricos perante um núcleo hegemônico economicamente desenvolvido e liderado pelos Estados Unidos. Esta busca de autonomia está, portanto, presente nas discussões acadêmicas do período e caracteriza, em grande medida, parte da disciplina de relações internacionais na América Latina. Como Mônica Herz destaca, “a teoria da Dependência é considerada a maior contribuição teórica da América Latina nos estudos das relações internacionais e da economia política” (2008: 2). Apesar das contribuições dos teóricos da dependência para a análise das relações internacionais, o embasamento teórico mais utilizado pela disciplina na 1 Professora Assistente do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal da Paraíba. Doutoranda em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco. 1 região ainda é de origem europeia e norte-americana2 (Herz, 2008). Além disso, há certa heterogeneidade metodológica entre os cursos de relações internacionais dentro da região ou do mesmo país, o que dificulta a caracterização de uma Escola Latinoamericana de Relações Internacionais: há cursos com um enfoque mais unidisciplinário e outros interdisciplinar; cursos voltados para áreas específicas, como direito internacional ou negócios internacionais, e que não se dedicam ao ensino de teorias, conceitos e temáticas próprias da disciplina; cursos que se limitam ao ensino das teorias e temáticas clássicas e não avançam nas novas discussões da área (Muñoz, 1980; Merke, 2008; Jaramillo, 2008). Esta problemática é explicada, de certa forma, por uma dificultade mais ampla da área que consiste na sua separação de outras disciplinas. Esta separação foi observada na Europa e Estados Unidos, mas não ocorreu na América Latina. Tanto que em diversas instituições de ensino superior existem cursos de graduação em ciência política ou sociologia com opção de especialização em relações internacionais. De acordo com Mônica Herz, isso ocorre porque parte do corpo docente também é composto, em sua maioria, por estudiosos que se graduaram em ciências sociais, ciência política, história, direito. Além do mais, a separação entre questões internacionais e domésticas nunca foi atingido na América Latina (2008: 5). Assim, apesar do aumento significativo no número de cursos de graduação e pós-graduação nas instituições de ensino latinoamericanas ao longo do tempo, tal processo não resultou em uma configuração uniforme da disciplina. Há uma diversidade de enfoques teóricos, metodológicos e temáticos que requerem maior investigação e, neste sentido, é que o presente trabalho se insere. O artigo proposto consistiu em um levantamento da produção bibliográfica latinoamericana3 na área de relações internacionais nos últimos dez anos (20012011) e, por conseguinte, na identificação das áreas temáticas e metodologias de estudo mais empregadas. Um dos principais objetivos deste levantamento é poder auxiliar na compreensão da evolução e configuração da disciplina de 2 Há algumas ressalvas, como o caso do Equador, em que a Teoria da Dependência ocupa lugar central nos cursos de Relações Internacionais do país (Jaramillo, 2008). 3 Exceto o Brasil. 2 relações internacionais na região. O trabalho pode ser caracterizado como um primeiro esforço de análise, pautado neste momento em buscas efetuadas em sítios diversos (universidades, institutos, centros de investigação, redes de informação, associações de pesquisa, periódicos) e também em literatura específica que versa sobre a questão. Neste levantamento foi possível identificar (1) as instituições de ensino superior que possuem cursos de graduação e pós-graduação em relações internacionais e os institutos e centros de investigação que desenvolvem pesquisas na área; e o (2) corpo docente de algumas destas instituições, sua produção e áreas de interesse. Na próxima seção serão discriminados os procedimentos empregados no desenvolvimento da pesquisa e, em seguida, serão analisados os resultados encontrados. Por último serão apresentadas as conclusões gerais do trabalho. Procedimentos metodológicos No levantamento da produção bibliográfica estão incluídos 41 países 4 da América Latina, com exceção do Brasil, e pautou-se em duas etapas: primeiramente o levantamento das universidades e institutos de ensino que possuem cursos de graduação e pós-graduação, assim como dos núcleos e centro de pesquisa dedicados ao estudo das relações internacionais. No segundo momento, a partir desta lista de instituições, buscou-se identificar o corpo docente de cada entidade e, em seguida, a área de investigação destes pesquisadores a partir da sua produção em periódicos diversos (internacionais, regionais e nacionais) e também de livros. A identificação das instituições de ensino e centros de pesquisa existentes nos países ocorreu por meio da base de dados do Latin American Network Information Center 5, que reúne informações sobre a América Latina e está associado ao Instituto Lozano Long de Estudos Latinoamericanos da 4 Antigua e Barbados, Argentina, Aruba, Bahamas, Barbados, Belize, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dominica, El Salvador, Equador, Grenada, Guadalupe, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Ilhas Caimãn, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens, Jamaica, Martinica, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, República Dominicana, San Bartolomé, San Cristobal e Nieves, San Vicente e as Granadinas, Santa Lucia, Suriname, Trinidad e Tobago, Uruguai, Venezuela. 5 http://lanic.utexas.edu/info/about 3 Universidade do Texas, e do General Education Online 6, que consiste em um eproject website sobre educação superior no mundo. Foram consultados os sítios de todas as universidades, institutos e centros de estudo latinoamericanos, encontrados nestas bases de dados, com o intuito de localizar aquelas instituições com cursos ou área de pesquisa em relações internacionais. Neste momento foram definidos alguns parâmetros de identificação, especialmente em relação aos cursos das universidades, para então considerar a instituição inserida na área. O objetivo desses parâmetros foi tentar estabelecer uma diferenciação entre as relações internacionais e as demais disciplinas. Parâmetros de identificação: a) Foram considerados os cursos de graduação e pós-graduação não específicos (como ciência política, sociologia, direito, história, etc) mas que possuíam especialização ou habilitação na área de relações internacionais; b) Foram considerados os cursos de pós-graduação em temáticas da área (como especialização, mestrado ou doutorado em áreas como integração regional, comércio internacional) e que possuíam em seus programas disciplinas específicas das relações internacionais internacionais, teoria (como das introdução relações às relações internacionais, política externa, política internacional, processo de integração regional, história das relações internacionais, economia política internacional) 7; c) Foram considerados os intitutos e centros de pesquisa em temáticas da área (como o Instituto de Ensino do Desenvolvimento Sustentável da Guatemala) e que desenvolvem pesquisas que utilizam teorias, conceitos e discussões específicas das relações internacionais; 6 http://www.findaschool.org Foram consideradas como disciplinas específicas da área aquelas que caracterizam o curso de relações internacionais, referenciadas na literatura e na comunidade acadêmica, em associações do campo (International Studies Association; Associação Brasileira de Relações Internacionais) e em organizações destinadas à avaliação dos cursos das instituições de ensino superior (No caso brasileiro, foram uttilizados os critérios de avaliação da CAPES). 7 4 d) Foram excluídos os cursos de graduação e pós-graduação e os centros de pesquisa que, embora estejam relacionados com temáticas da área, não possuíam em seus programas ou desenvolviam pesquisas específicas das relações internacionais (como negócios internacionais, direito internacional, comércio exterior). Foram cerca de 739 instituições pesquisadas em todos os 41 países, das quais 147 foram identificadas dentro dos parâmetros estabelecidos. Ressalta-se que em 19 países 8, especialmente da região do Caribe, não foram encontradas instituições na área de relações internacionais. Buscou-se então, na segunda etapa, determinar o corpo docente destas instituições. Neste momento foram consultados os sítios das 147 universidades e centros de estudo, os congressos da International Studies Association (ISA) e da Latin American Studies Association (LASA) e a literatura que trata do assunto. A principal fonte da pesquisa foram os sítios das instituições. Nesta etapa, a maior dificuldade foi a falta de informação disponível nos sítios destas entidades sobre os professores e investigadores dos cursos. De qualquer forma, foram encontradas informações sobre o corpo docente em 86 instituições, ou seja, em cerca de 58% das entidades. Na lista de professores e pesquisadores foram incluídos apenas aqueles com produção acadêmica, já que o intuito da pesquisa consiste em mapear as áreas temáticas e metodologias mais empregadas. Ressalta-se que a produção acadêmica foi verificada por meio das publicações, tanto de livros como em periódicos de relevância nacional e internacional. Não foram incluídos, portanto, aqueles docentes cuja produção não foi localizada, ou seja, em que não foi encontrado ao menos 1 artigo em períodico ou livro/capítulo de livro. Seguindo este procedimento foram encontrados 499 profissionais. Na Tabela 1 abaixo constam o número de instituições pesquisadas, as instituições encontradas dentro dos parâmetros elencados, aquelas com informação disponível sobre o corpo docente e o total de pesquisadores encontrados com produção na área. 8 Antigua e Barbados, Aruba, Bahamas, Belize, Dominica, Grenada, Guadalupe, Ilhas Caimãn, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens, Martinica, Porto Rico, San Bartolomé, San Cristóbal e Nieves, San Vicente e Granadinas, Suriname, Santa Lucia, Guiana Francesa, Jamaica. 5 Tabela 1 – Número de instituições por país Argentina Barbados Bolívia Chile Colômbia Costa Rica Cuba El Salvador Equador Guatemala México Nicarágua Paraguai Peru Uruguai Venezuela 92 1 26 63 84 34 13 19 35 10 131 13 9 60 6 38 Instituições encontradas na área de RI 32 1 7 11 17 6 1 2 7 4 33 8 6 5 3 4 Total 634 147 País Instituições pesquisadas Instituições com informação disponível de docentes 23 1 5 9 13 3 1 1 3 1 16 2 1 1 3 3 Total de pesquisadores com produção 149 5 18 50 53 12 26 5 19 2 120 4 1 9 17 9 86 499 *Foram incluídos na tabela apenas os países em que foi possível encontrar instituições com informações sobre o corpo docente. Após o levantamento dos docentes, buscou-se a averiguação da produção acadêmica dos mesmos e, como já ressaltado, foram considerados apenas aqueles em que foi possível verificar produção acadêmica. Foram consultados os sistemas de informação Scielo, Latindex e Periódicos Capes, que possuem acesso às principais revistas nacionais e internacionais de referência na área. Também foram considerados os periódicos acadêmicos das instituições. A produção bibliográfica foi classificada de acordo com as seguintes áreas temáticas: 1) Estudos de Segurança e Defesa: questões de segurança e defesa das relações internacionais; inclui temas como narcotráfico, terrorismo, fronteira, políticas de segurança e defesa; 2) Economia Política Internacional: questões das relações comerciais e financeiras internacionais; inclui temas como desenvolvimento econômico, comércio internacional, sistema financeiro internacional; 3) Política Externa: questões da política externa dos países; 4) Integração Regional: questões do processo de integração regional dos países; inclui temas como Mercosul, ALCA, Nafta, IBSA, União Européia, Unasul, ASEAN; 6 5) História das Relações Internacionais: questões das relações internacionais com enfoque histórico; 6) Teoria das Relações Internacionais: questões teóricas e conceituais das relações internacionais; 7) Organizações Internacionais: questões dos organismos internacionais; inclui temas como ONU, OEA, OMC, OTAN, FMI; 8) Política Internacional: questões gerais da política internacional que não são identificadas em uma área temática específica; 9) Direito Internacional: questões do direito internacional público; inclui temas como tratados internacionais, princípios de direito internacional; 10) Globalização e Atores: questões da globalização e os atores das relações internacionais; inclui temas como impactos da globalização, ONGs, sociedade civil, paradiplomacia; 11) Estudos Regionais: estudos de regiões e países específicos; inclui temas como Ásia, África, América Latina, China, Estados Unidos, Oriente Médio, Rússia; 12) Estudos de Cooperação: questões de cooperação internacional; inclui temas de cooperação entre os atores internacionais; 13) Meio Ambiente: questões do meio ambiente nas relações internacionais; inclui temas como regimes ambientais, cooperação ambiental, tratados ambientais; conferências ambientais; 14) Direitos Humanos e Migrações Internacionais: questões dos direitos humanos e das migrações nas relações internacionais; inclui temas como direito humanitário, tratados de direitos humanos, direitos humanos e os atores internacionais, direitos humanos e os conflitos, migrações internacionais; 15) Outros: questões de poucos estudos e que não aparecem nas demais áreas temáticas; inclui temas como energia e nacionalismo. Ressalta-se que, por se tratar de um período longo de análise (de 2001 até 2011), houve casos em que o pesquisador produziu em mais de uma área temática específica ao longo do tempo. Há também casos em que o pesquisador produz em mais de uma área específica ao mesmo tempo. Para solucionar este problema, utilizou-se o critério “quantidade de produção” e os estudos foram divididos em duas áreas prioritárias: a Área Prioritária 1 corresponde à área temática específica que o pesquisador mais se dedicou e produziu ao longo do 7 tempo. A Área Prioritária 2 corresponde à segunda área específica de maior produção do pesquisador. Análise dos resultados Os dados encontrados refletem, em grande medida, os apontamentos da literatura referenciada neste artigo. Como indicado, foram 41 países analisados, com exceção do Brasil. Em 22 países havia instituições na área de relações internacionais e em 19 países, especialmente da região do Caribe, não foram encontradas instituições dentro dos parâmetros estabelecidos. As universidades da região caribenha estão voltadas, em sua maioria, para cursos na área de saúde e de direito e há países, como Dominica, em que são utilizados os campus universitários de outros países. Em Grenada há o curso de International Business da Universidade de St. George, o qual não se insere nos critérios de seleção das universidades. Dos 22 países encontrados, não foi possível obter informações sobre o corpo docente dos cursos de 6 países: Trinidad e Tobago, República Dominicana, Panamá, Honduras, Haiti e Guiana. Em Trinidad e Tobago foram 3 universidades analisadas das quais apenas a University of West Indies possuía um Instituto de Relações Internacionais com graduação, mestrado e doutorado em relações internacionais. Na República Dominicana foram 18 universidades e institutos pesquisados e duas universidades encontradas: a Universidad Catolica Santo Domingo, com licenciatura em diplomacia e serviços internacionais e mestrado em estudos diplomáticos, e a Universidad del Caribe, com licenciatura em relações internacionais. No Panamá, há o Instituto de Estudos Políticos e Internacionais. Em Honduras há 8 universidades e apenas a UNITEC possui licenciatura em relações internacionais. No Haiti existe a Université Quisqueya também com licenciatura na área. A University of Guiana possui um Departamento de Governo e Assuntos Internacionais com graduação em international relations. Desta forma, os países analisados foram aqueles discriminados na Tabela 1, a saber: Argentina, Barbados, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Guatemala, México, Nicarágua, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela. Os países que concentram o maior número de instituições e 8 pesquisadores são: Argentina, México, Colômbia e Chile. Algo já observado nos estudos acadêmicos sobre o estado da disciplina na região (Muñoz, 1980; Herz, 2008). No caso argentino, como destaca Merke, a produção se encontra concentrada em assuntos de segurança e defesa e de comércio e integração, algo que se contradiz com o ensino da disciplina já que a área de segurança e economia política internacional são quase inexistentes nos cursos de relações internacionais do país (2008). De fato, analisando a Área Prioritária 1 dos 149 pesquisadores encontrados no país, observa-se que as áreas mais estudadas são: segurança e defesa (27), política externa (20), estudos regionais (20), economia política internacional (18), integração regional (17) e história das relações internacionais (10). Entre as instituições de destaque estão: FLACSOArgentina (Diane Tussie e Cintia Quiliconi), Pontificia Universidade Católica da Argentina (Ignacio Labaqui, Paulo Zappia e Andrés Fink), Universidade Aberta Interamericana (Susana Durán Sáenz), Universidade Argentina de La Empresa (Sebastian Vigliero), Universidade Católica de Santa Fé (Anabella Busso, Guillermo Figari, Gladys Lechini, Alejandro Simonoff, Graciela Zubelzú), Universidade del Cema (Carlos Escudé, Sybil Rhodes), Universidade de Buenos Aires (Mario Rapoport), Universidade del Salvador (José Paradiso, Federico Merke), Universidade Nacional de Córdoba (Diego Buffa, Gladys Lechini, Itziar Ruiz Arrieta Juan Vagni, Enrique Shaw, Diane Tussie, Zlata Clement, Carlos Escudé, Edmundo Heredia), Universidade Nacional de La Plata (Norberto Consani, Alejandro Simonoff, Luis Dallanegra Pedraza, Noemi Mellado, Raul Bernal Meza), Universidade Nacional de Rosario (Juan Gabriel Tolkatlián, Miryam Colacrai, Maria Elena Lorenzini, Emilse Calderón), Universidade Nacional del Centro de Buenos Aires (Raul Bernal Meza), Universidade Torcuato di Tella (Roberto Russel). No México são os estudos regionais que se destacam e há alguns vazios temáticos, como nas questões de gênero, cultura e teoria das relações internacionais (Solórzano, 2001; Robinson, 2008). Em relação à Área Prioritária 1, dos 120 pesquisadores foram identificados 24 da área de estudos regionais, 17 de política internacional, 11 de segurança e defesa, 11 de economia polític a internacional, 9 de integração regional e 8 de globalização e atores. As principais 9 instituições são: Centro de Investigação e Docencia Econômicas (Jorge Schiavon, Jorge Chabat, Rafael Velazquez Flores), Instituto Tecnológico Autônomo do México (Duncan W ood, Rafael Fernandez de Castro), El Colégio de México (Blanca Torres, Rodolfo Stavenhagen, Marta Tawil, Lorenzo Meyer), Universidade Iberoamericana (Luis Gonzalez Villanueva, Imtiaz Hussain, Thomas Legler, Javier Reyes), Instituo Tecnológico de Monterrey (Pablo Telmán Sanchez, David Sarquis, Victos Lopez Villafane), Universidade Nacional Autônoma do México (Alfredo Romero Castilla, Maria Cristina Rosas Gonzales, Roberto Pena Guerrero), Universidade de Guadalajara (Arturo Santa Cruz, Dagoberto Amparo Tello, Elizabeth Vargas Garcia). Na Colômbia preponderam os estudos de segurança e defesa e no Chile de economia política internacional. No caso colombiano, o estudos de segurança e defesa prevalecem tanto na Área Prioritária 1 quanto na Área Prioritária 2. Dos 53 pesquisadores colombianos, 17 estudam segurança e defesa e 12 política externa como Área Prioritária 1. Dos 25 pesquisadores encontrados com Área Prioritária 2, sete estudam segurança e defesa e quatro estudam política externa. No Chile, analisando a Área Prioritária 1, dos 50 pesquisadores observa-se a seguinte classificação: economia política internacional (10), política externa (8), política internacional (7), segurança e defesa (6), estudos regionais (5), direito internacional (4). Dentre as principais universidades colombianas estão: Universidade de Bogotá Jorge Tadeo Lozano (Juan Manuel Osorio, José David Moreno), Universidade dos Andes (Sandra Borda, Arlene Tickner), Universidade del Norte (Horacio Godoy, Diego Cardona), Universidade del Rosario (Stephanie Lavoux, Vicente Torrijos Rivera), Pontifícia Universidade Javeriana (Martha Ardila, Consuelo Ahumada Beltrán), Universidade Externato da Colômbia (Elisa Tarnaala), Universidade Nacional da Colômbia (Saúl Maurício Rodríguez Hernandéz). No Chile destaca-se a FLACSO (Ricardo French Davis, Andres Solimano, Francisco Rojas Aravena), Pontifícia Universidade Católica do Chile (Andreas Feldmann, Lorena Oyarzún Serrano, Marisa von Bülow), Universidade do Chile (Gilberto Aranda Bustamante, María José Henríquez Uzal), Universidade Miguel de Cervantes (Boris Yopo). 10 Em Cuba há apenas o Instituto Superior de Relações Internacionais Raul Roa Garcia, da Universidad de La Habana, voltado para a formação de profissionais para as carreiras do Ministérío das Relações Exteriores ou outros órgãos estatais, no entanto, há um grande número de docentes com produção na área (Salazar, 2008). Os dados observados para Cuba apontam a preponderância dos estudos em economia política internacional (10) e em seguida vêm os estudos sobre migração internacional (5) e Estados Unidos (5). O ISRI possui diversos centros de estudo em temáticas específicas (Centro de Estudos de Economia Internacional, Centro de Estudos de Migrações Internacionais, Centro de Estudos sobre EUA). Dentre os países que aparecem com uma produção intermediária estão Equador, Bolívia, Costa Rica, Uruguai, Peru e Venezuela. As relações internacionais no Equador estiveram influenciadas por problemáticas nacionais específicas, como a questão do conflito fronteiriço com o Peru e as questões de pobreza, desenvolvimento e integração. Há ainda uma demanda do setor privado que levou diversas instituições de ensino superior a direcionarem o curso para áreas empresariais e de negócios (Jaramillo, 2008). Entre as instituições de destaque acadêmico estão a FLACSO-Equador e a Universidade Andina Simón Bolivar. Os cursos das universidades de Azuay e Internacional do Equador estão voltados para a área de comércio exterior e negócios internacionais. Neste sentido, dos 19 docentes avaliados, 7 desenvolvem estudos na área de economia política internacional, 3 em segurança e defesa, 2 em integração regional e 2 em história das relações internacionais. Na Bolívia, foram encontrados 18 pesquisadores, 7 da área de economia política e 4 de direito internacional, com destaque para as Universidades Simón Bolivar e Católica Boliviana. Na Costa Rica os estudos de relações internacionais dentro da ciência política têm aumentado (Redondo, 2005). A Universidade Nacional da Costa Rica possui programas de pesquisa em integração regional e estudos regionais e o Observatório de Política Externa da Costa Rica. Os temas de destaque encontrados foram: segurança e defesa (3), integração regional (3) e política internacional (2). No Uruguai existem os programas de relações internacionais da Universidade de La República, Universidade de Montevidéo (com mestrado em 11 comércio internacional e integração) e Universidade ORT (licenciatura em estudos internacionais com ênfase em integração). As áreas mais relevantes encontradas foram de direito internacional (7) e integração regional (6). No Peru foram encontradas cinco instituições: a Universidade Católica do Peru (Instituto de Relações Internacionais), Universidade Inca Garcilaso de la Veja (comércio exterior e relações internacionais), Universidade Ricardo Palma (doutorado em ciência política e relações internacionais), Universidade San Ignacio de Loyola (licenciatura em relações internacionais) e a Universidade Tecnológica do Peru (escola de relações internacionais, mestrado em relações internacionais e direito internacional). Os principais temas são segurança (4) e integração (2). Na Venezuela, similiar ao que vem acontecendo na Costa Rica, tem ocorrido um aumento da área de relações internacionais dentro da ciência política e os principais enfoques têm sido em integração regional (5). Na Universidade de los Andes há um grupo de estudos em integração regional e a maioria dos docentes da Universidade Central da Venezuela também se dedicam à esta temática. Em relação aos países com menor participação na produção, pode-se observar: a University of the West Indies de Barbados cujos estudiosos estão voltados para estudos do Caribe; a Universidade de El Salvador que possui mestrado em relações internacionais e parceria com a Universidade de Brasília; as Universidades Rafael Landivar, Francisco Marroquin e San Carlos de Guatemala, as quais refletem o grande incremento da disciplina no país; as universidades da Nicarágua voltadas para estudos latinoamericanos e de integração regional; e o Paraguai, de forma mais heterogênea, possui cursos voltados para comércio e négocios internacionais, integração e direito internacional. Os dados de todos os países pesquisados, discriminados por área temática, resultou nos Gráficos 1 e 2 indicados abaixo. 12 Gráfico 1 – Áreas de estudo na América Latina (Área prioritária 1 dos docentes) Gráfico 2 – Áreas de estudo na América Latina (Área prioritária 2 dos docentes) 13 No Gráfico 1 constam as áreas temáticas de estudo mais pesquisadas ao longo do período 2001-2011. O Gráfico 2 indica a segunda opção de área temática mais pesquisada (necessário para solucionar o problema dos casos de pesquisadores que publicam sobre assuntos de áreas diferentes). Ou seja, se um docente publicou no período abordado 10 estudos sobre segurança e defesa e 6 estudos sobre integração regional, então a área de segurança e defesa será sua Área Prioritária 1 e a área de integração regional será sua Área Prioritária 2. A partir do Gráfico 1, percebe-se que as cinco áreas temáticas mais pesquisadas na região foram: segurança e defesa, economia política internacional, estudos regionais, política externa e integração regional. Os estudos nestas áreas apresentaram-se bem equilibrados, de maneira que nenhuma preponderou sobre a outra. Já no Gráfico 2, a segunda área mais pesquisada aparece na seguinte ordem: integração regional, estudos regionais, política externa, globalização e atores e estudos de segurança e defesa. No entanto, a área de integração regional se destaca de forma mais veemente das demais áreas. Se as duas áreas prioritárias fossem consolidadas, o resultado seria o Gráfico 3 abaixo. Gráfico 3 – Áreas de estudo na América Latina (áreas consolidadas) 14 No Gráfico 3, a área de integração regional aparece com uma leve preponderância sobre as demais e os estudos de segurança e defesa caem da 1ª para a 5ª posição quando comparada com o Gráfico 1. De certa forma, o que podemos compreender destes dados é que os pesquisadores estão dando uma leve ênfase aos estudos de segurança e defesa como área prioritária, no entanto, o maior volume de produção é na área de integração regional e depois de estudos regionais. De fato, a área de estudos regionais é a que aparece com maior consistência em todos os gráficos e consiste na área de relações internacionais de maior crescimento na América Latina (Muñoz, 1980; Solórzano, 2011; Robinson, 2008; Salazar, 2008; Merke, 2008). A região que concentra o maior número de estudos é a Ásia, seguida da América do Norte, América Latina e África. No Gráfico 4 é possível observar os dados consolidados das produções sobre estudos regionais discriminado por região. Gráfico 4 – Estudos Regionais (dados consolidados) Em relação às metodologias empregadas nas publicações, observa-se de fato um baixo uso de métodos quantitativos de análise (Muñoz, 1980; Herz, 2008). Os pesquisadores que mais utilizam destas ferramentas são aqueles cujos estudos se direcionam para a análise de questões sobre o sistema financeiro 15 internacional ou das negociações e comércio de forma geral. São aqueles pesquisadores inseridos, em grande medida, em cursos com abordagens de âmbito econômico, como por exemplo a Fundación Universitária San Martin da Colômbia, em que no programa do curso constam as disciplinas de estatística, álgebra, econometria, matemática financeira. Conclusão A pesquisa realizada objetivou contribuir nas investigações para a compreensão das características do campo das relações internacionais na América Latina. De fato, como afirmam os estudiosos, há uma heterogeneidade entre os cursos encontrados nas instituições de ensino superior, seja de âmbito programático seja em termos de enfoque temático. De forma geral, as informações sobre os cursos de relações internacionais (como corpo docente) que estão disponíveis nos sítios das instituições são precárias. As instituições com sítios bem estruturados e que disponibilizam informações mais detalhadas são aquelas que também concentram o maior número de publicações e instituições na área. Na maioria delas, o curso não está voltado para a área acadêmica e para a pesquisa mas para o mercado de trabalho, portanto, a intensidade de publicações é baixa e em muitos programas abdica-se de disciplinas referentes à área específica das relações internacionais para inserir disciplinas da área de administração, política, negócios e direito. Em relação às áreas temáticas, observa-se um crescimento dos estudos sobre segurança e defesa. Como destaca Mônica Herz, os estudos sobre segurança internacional têm sido marginais na América Latina em razão da sua condição periférica no sistema internacional, no entanto, em razão da ampliação do conceito de segurança, os estudos nesta área têm se intesificado nos últimos 10 anos (2008, p. 4). As áreas tradicionalmente mais pesquisadas, como estudos regionais e integração, continuam engrossando o maior número das publicações. Já os estudos de teoria das relações internacionais e organizações internacionais persistem como áreas marginais na região. 16 Referências bibliográficas AZPURU, Dinorah (2005). La Ciencia Política en Guatemala: el reto de la consolidación como disciplina independiente. Revista de Ciencia Política, vol 25, n. 1, pp. 171-181. CID, Roberto Peña (2008). La fuga de cerebros en las relaciones internacionales. Revista de Relaciones Internacionales de la UNAM, n. 101-102, maio-dezembro, pp. 99-120. DIAZ, Ángel Álvarez; ANTAR, Said Dahdah (2005). 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