Banas Qualidade

Transcrição

Banas Qualidade
Ano XXV | Novembro de 2015 | Edição 281
Qualidade e
Produtividade no
fundo do poço
I
Pesquisa Nacional
sobre Qualidade,
Produtividade e
Normalização
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 1
Os valores-p não me assustam.
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2 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
w w w. m i n i t a b . c o m
Editorial
Hayrton R. do Prado Filho
Revista Banas Qualidade
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A Revista Banas Qualidade - DIGITAL
é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda.
com sede em São Paulo/SP - Brasil.
A publicação não se responsabiliza pelas opiniões
e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e
colunistas.
ISSN - 1676-7845
Ano XV - Edição 281
Competitividade,
qualidade e normalização:
um panorama estarrecedor
C
oordenei todo o projeto da I Pesquisa sobre
Qualidade, Competitividade e Normalização ABQ/
Target. Foram mais de 17.000 respostas de pessoas
relacionadas com o setor técnico. Depois que comecei a
analisar os resultados fiquei assustado e estarrecido.
A melhoria da competitividade da indústria brasileira
vai além dos planos para conter a valorização do real ou
proteger os produtos brasileiros. O grande desafio é a
modificação de fatores estruturais, como a redução do Custo
Brasil, expressão que sintetiza as ineficiências do país.
Entre eles estão a excessiva burocracia, a complexidade
do sistema tributário e o alto custo da mão de obra, que
é resultado dos pesados encargos trabalhistas. Como
consequência, o país tem, por exemplo, um dos maiores
custos de energia do planeta.
Isso para não falar dos problemas causados pelos
gargalos de infraestrutura. Esses são os fatores que
estrangulam a competitividade do país, além de uma
corrupção endêmica que se espalha por todos os setores da
sociedade.
Ou seja, os principais problemas do Brasil continuam. As
principais deficiências em competitividade apresentadas
pela economia brasileira apontadas são velhas conhecidas:
infraestrutura básica insuficiente, educação de pouca
qualidade e baixa eficiência do governo. Além, é claro,
de uma grande diferença entre a competitividade do setor
público e privado.
Soma-se a isso que o Brasil está muito mal posicionado
quando o assunto é regulamentação. Há excesso de
burocracia. É difícil abrir e fechar uma empresa. A
legislação, com excesso de agências, é repressora e injusta.
E o que dizer do desperdício de gasto público.
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 3
Sumário
03 - Editorial
Competitividade, qualidade e
normalização, um panorama
estarrecedor
06 - Pelo Mundo
Os principais fatos internacionais
08 - Eventos
Treinamentos e eventos de dezembro
13 - MASP
Como gerenciar múltiplos projetos de
melhoria
16 - Opinião
A importância e o valor do trabalho
gratuito para elaboração das normas
técnicas
22 - Inside
Por dentro da notícia
10- Seis Sigma:
O papel da alta gestão da empresa para
que o Lean Seis Sigma passe a ser parte
de seu DNA: O principal fator para garantir
a sustentabilidade do Lean Seis Sigma em
uma empresa é o vigoroso patrocínio dos
executivos de sua alta gestãoo
16 - Gestão:
32 - Qualidade
A norma ISO 19600:2014 - Compliance
A ilusória sensação
de dinamismo e a
falsa sabedoria: A
regra é clara: muita
reflexão, resultados
excelentes; pouca
reflexão, resultados
medíocres
40 - Comportamento
As cinco formas de administrar conflitos
74 - Ferramentas
QFD
78 - Conformidade
A diretiva RoHS aplicada a
equipamentos eletromédicos
82 - Normalização
Explosão no Rio de Janeiro: evitando
os riscos com gas de cozinha e de rua
28 - Quality Progress:
A crise de identidade: Entendendo a
conexão entre
os processos
de qualidade e
as pessoas.
92 - Normas e Diretrizes
96 - Cartas
4 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Novembro de 2015 - Edição 281 - Ano XXV
Ano XXV | Novembro de 2015 | Edição 281
Qualidade e
Produtividade no
fundo do poço
I
Pesquisa Nacional
sobre Qualidade,
Produtividade e
Normalização
64 - Meio Ambiente:
Dissecando a nova edição da norma
NBR ISO 14001:2015: A norma especifica
os requisitos para um sistema de gestão
ambiental que uma organização pode usar
para aumentar seu desempenho ambiental
44 - Capa:
I Pesquisa sobre Qualidade,
Competitividade e Normalização:
Um diagnóstico preocupante: a
competitividade brasileira no fundo do
poço, a péssima prestação de serviço
público e a baixa participação da sociedade
no processo de normalização
61 - Sustentabilidade:
Sistema de Gestão para a
Sustentabilidade de Eventos, ISO
12121:2012: Num mundo em constante
e rápida mudança, os desafios para
o desenvolvimento sustentável são
prioridades para qualquer organização.
BQ 281 t
86 - Metrologia:
Termopar: calibração
por comparação
com instrumento
padrão: Os termopares
são dispositivos elétricos
utilizados na medição
de temperatura. Foram
descobertos por acaso
em 1822, quando o
físico Thomas Seebeck
juntou dois metais que
geraram uma tensão
elétrica em função da temperatura. A NBR
13770 de 01/2013 - Termopar - Calibração
por comparação com instrumento padrão
especifica o método de calibração de
termopar, por comparação da força
eletromotriz termoelétrica (fem) gerada pelo
termopar em calibração com a temperatura
estabelecida pelo instrumento padrão.
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 5
Pelo Mundo
Ranking de
Competitividade
Campanha de mídia social
O Brasil caiu 18 posições
no ranking anual do Fórum
Econômico Mundial que
avalia a competitividade de
140 países.
Em 2013 e 2014, o Brasil
esteve entre a posição 56
e 57, mas caiu para o 75º
lugar. O país passou a ser
avaliado no ranking em
1990, e este ano atingiu sua pior posição.
A Suíça é a primeira colocada do ranking.
Da América Latina, o Chile é o país mais
bem colocado ficando na 35º posição.
Nível do mar no litoral de SP
De acordo com uma pesquisa Internacional,
o nível do mar na cidade de Santos irá
aumentar 35cm até 2050. Essa mudança já
acontece na Ponta da Praia, onde é possível
notar a faixa de areia cada vez menor. É
previsto que em 2025, sejam 18cm a mais.
As pesquisas no Brasil iniciaram em 2013
com nome de projeto Metrópole. Com ações
planejadas, os impactos ambientais, sociais e
econômicos poderão ser reduzidos.
Mês Mundial da Qualidade
Os organizadores do Mês Mundial da Qualidade,
que será em Novembro, querem ouvir o que os
profissionais de qualidade acham que o futura nos
reserva. Através do concurso #quality2030 nas mídias
sociais, os participantes são convidados a apresentar
na página do Facebook da ASQ como eles acham que
será o futuro da qualidade. A votação dos finalistas
será realizada durante o evento. Para obter mais
informações sobre o concurso e a celebração, visite
o site: www.worldqualitymonth.org. Você também
pode encontrar um kit de celebração para promover a
Para uma campanha de mídia para
recrutamento de engenheiros, a empresa
OneLogic decidiu colocar a imagem de
uma de suas engenheiras (Isis Wenger) no
anúncio, e assim destacar positivamente
as mulheres na tecnologia. O anúncio foi
colocado em estações de metrô em São
Francisco e gerou uma grande repercussão.
Muitas opiniões
negativas surgiram
sobre o anúncio e
deixou claro que
o sexismo está
vivo na indústria
de tecnologia. Isis,
disse em um post
que a campanha
é direcionada a
engenheiros e não a um gênero específico.
Para mudar essa visão, Isis criou a hashtag
#ILookLikeAnEngineer, e ajudou a aumentar
a consciência da diversidade em tecnologia.
A campanha da hashtag foi lançada em
Agosto e recebeu mais de 75mil tweets de
50 países diferentes. Isso inspirou Isis a
criar um aplicativo onde as pessoas podem
compartilhar suas histórias sobre questões de
diversidade na indústria de tecnologia.
conscientização
e um guia
para planejar
e promover
suas próprias
atividades no
Mês Mundial
da Qualidade.
Também durante o evento, a ASQ irá publicar
dois relatórios que serão gratuitos e irão fornecer
uma visão aprofundada sobre os indicadores de
desempenho da cadeia de suprimentos, qualidade
e inovação. http://www.globalstateofquality.org
6 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Por Jeannette Galbinski
Aquecimento global
Entulho reciclado
O entulho é reciclado em uma a cada
cinco obras no Brasil. O que sobra das
construções, é jogado na rua ou em aterros,
o que daria para construir quase 4 milhões
de casas populares. Se for enviado a uma
usina de reciclagem, vira material adequado
para novos projetos. São 84 milhões
de metros cúbicos de resíduos, e são
aproveitados somente 17 milhões. O Brasil
tem 310 usinas de reciclagem.
Mudanças Climáticas
Uma pesquisa
realizada pela
Consultoria
PwC que
entrevistou
CEOs, apontou
que três quartos
desenvolvem
novos produtos
e serviços para
responder às
alterações climáticas. Dos entrevistados,
53% diz que está motivado para a
possibilidade de melhorar a participação
no mercado e 74% firmaram metas de
reciclagem. A pesquisa mostra uma
conscientização crescente dos líderes
empresariais em relação ao clima.
O aumento da
temperatura poderá
reduzir o crescimento
econômico do planeta
em 23% até 2100.
De acordo com um
estudo, se a temperatura
climática de um país
fica muito distante
de 13° C, para mais
ou para menos, a
produtividade começa a
cair. Marshal Burke da Universidade Stanford
analisou dados econômicos e climáticos de
166 países entre 1960 e 2010. Se a tendência
de aquecimento durante esse período mantiver
a mesma durante outro período igual, 77% dos
países do mundo terão uma perda de PIB.
Prêmio Nacional da
Qualidade
Na 24ª edição do Prêmio
Nacional da Qualidade,
promovido pela Fundação
Nacional da Qualidade
(FNQ), a Volvo Caminhões
foi uma das premiadas e a
única do setor automotivo listada entre as
14 concorrentes das quatro categorias. A
Volvo já foi premiada em 2009 e 2012.
A empresa alcançou notas altas ao atender
todos os critérios da excelência em sua
gestão na fábrica em Curitiba (PR).
A AES Eletropaulo (SP) recebeu o destaque
no Critério Processos e o Senac (RS)
no Critério Clientes. http://www.fnq.
org.br/informe-se/noticias/fnq-anunciareconhecidas-no-pnq-2015
Jeannette Galbinski: Doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Master of Science em Qualidade e Confiabilidade pelo Technion Institute of Technology. Graduada em Estatística
pela USP, com especialização em Administração Industrial pela FundaçãoVanzolini. Master Black Belt e consultora
internacional especialista na implementação de Ferramentas e Sistemas da Qualidade e projetos de Seis Sigma.
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 7
Eventos
Dezembro
Abril - 2016
Feira Internacional de
Máquinas, Veículos, Materiais
e Equipamentos para Obras e
Construções
Em 2013, um impressionante
535,065 visitantes de mais de 200
países participaram bauma. No
total, 3.421 expositores de 57 países
apresentaram os seus mais recentes
produtos e inovações na construção
e máquinas de mineração em um
espaço de exposição recorde de
575.000 metros quadrados.
Data: 11 a 17 de abril
Local: Munique/Alemanha
Informação: http://www.
bauma.de/index-2.html
03/04
07/09
08
08/09
Gestão por Processos,
Melhoria dos Processos
Este curso visa capacitar os
participantes a implantar
com sucesso o Sistema de
Gerenciamento por Processos
(BPM) em sua empresa,
e a analisar e melhorar os
processos que mais impactam
a satisfação dos clientes e dos
acionistas da sua empresa.
Data: 03 a 04 de dezembro
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1921
Curso Básico em
Gestão de Projetos
Baseado no Guia PMBOK® Project Management Body of
Knowledge, o curso abrange
as nove áreas de conhecimento
e os processos de gestão
de projetos. O aluno terá
contato com as técnicas de
planejamento e de estruturação
de um projeto
Data: 07 a 09 de dezembro
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1909
A nova ISO 9001:2015
- Mudanças, Conceitos,
Requisitos, Documentação
Contribuir com a capacitação
dos profissionais em sistemas
de gestão da qualidade com o
objetivo de adequar seus atuais
sistemas e implantar novos
sistemas com foco em atender à
nova versão da norma
Data: 08 de dezembro
Local:São Paulo /SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.
asp?cod_site=0&id_
evento=1799
Ferramentas Analíticas e
Operacionais para Produção
Enxuta (Lean)
Apresentar aos participantes
a abordagem de melhoria de
processos baseada em conceitos e
ferramentas da Produção Enxuta
(Lean Production).
Data: 08 e 09 de dezembro
Local: São Paulo/SP
Informação: http://www.
vanzolini.org.br/eventos.asp?cod_
site=0&id_evento=1812
Construindo um Sistema de Gestão da Qualidade
Um livro especialmente escrito para os profissionais que pretendem IMPLANTAR um Sistema de
Gestão da Qualidade ,VERIFICAR o sistema já implantado na empresa ou TREINAR sua equipe interna. http://qualistore.com.br/produtos/construindo-um-sistema-de-gestao-da-qualidadeisbn-9788589705455/
8 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 9
Seis Sigma
O papel da alta gestão da
empresa para que o Lean
Seis Sigma passe a ser
parte de seu DNA
O principal fator para garantir a sustentabilidade do Lean Seis
Sigma em uma empresa é o vigoroso patrocínio dos executivos de
sua alta gestão.
10 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Por Cristina Werkema
P
ara a garantia da sustentabilidade do
Lean Seis Sigma nas organizações,
o fator primordial é o forte
engajamento da liderança.
A alta gestão é responsável por promover
e definir as diretrizes para a implementação
do Lean Seis Sigma. Para que isso ocorra
é fundamental que os gestores desse nível
considerem o Lean Seis Sigma como um
instrumento facilitador para o alcance
das metas estratégicas da empresa, ou
seja, decidam optar pelo Lean Seis Sigma
com o objetivo de melhorar radicalmente
o desempenho da organização e de saltar
à frente dos concorrentes, obtendo maior
lucratividade e gerando mais valor para os
acionistas. Uma empresa que tem como
meta, por exemplo, dobrar o valor do negócio
em um prazo de três anos, poderá adotar o
Lean Seis Sigma como uma das principais
estratégias para o alcance dessa meta.
Seguem as principais responsabilidades
da alta gestão, para que ela possa cumprir
seu papel de modo adequado e garantir o
sucesso sustentável do Lean Seis Sigma.
1
Participar do lançamento
do Lean Seis Sigma.
A alta gestão deve comunicar à
organização a decisão de se adotar o
programa, informando objetivos, forma
de implementação, expectativas de
participação e definição de papéis.
2
Participar do treinamento
para a alta gestão.
O treinamento deve ter de 4 a 8 horas de
duração, para apresentação dos conceitos
básicos do Lean Seis Sigma, sem tratar
das ferramentas analíticas. A definição
preliminar de projetos, Champions e
candidatos a Belts poderá ocorrer nesse
treinamento ou em um momento posterior.
BQ 281 t
3
Validar projetos, Champions e
candidatos a Belts.
A alta gestão deve garantir que os
projetos estejam alinhados às iniciativas
estratégicas da empresa e que tenham o
escopo adequado para conclusão em um
período de 4 a 6 meses. Esses dois aspectos
são pré-requisitos para que, ao longo do
tempo, continue sendo mantido um forte
envolvimento da alta administração.
4
Criar e manter um vigoroso
patrocínio da média gestão no dia a
dia do Lean Seis Sigma.
Os Champions serão executivos da
média gestão, que deverão monitorar
rotineiramente os projetos desenvolvidos
em sua área de atuação e remover as
barreiras para o sucesso desses projetos.
5
Alocar recursos suficientes para a
consolidação do Lean Seis Sigma.
Um exemplo de alocação de recursos é a
criação, para os profissionais envolvidos
no Lean Seis Sigma, de oportunidades para
realização de treinamentos específicos,
principalmente para o desenvolvimento de
habilidades comportamentais e gerenciais.
6
Criar planos de reconhecimento e
recompensa, atrelados aos resultados
obtidos no âmbito do Lean Seis Sigma.
A empresa deve associar uma parte do
bônus que compõe a remuneração variável
dos gestores (Champions e Sponsors) a
resultados obtidos no âmbito do Lean Seis
Sigma. Além disso, os Black Belts, Green
Belts e demais membros das equipes de
projetos Lean Seis Sigma devem possuir
formas de recompensa e reconhecimento,
atreladas aos resultados e ganhos
(monetários ou não) dos projetos por eles
u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 11
Seis Sigma
desenvolvidos. Devem ser promovidos
eventos de certificação de Belts e de
celebração de resultados, dos quais a alta
gestão deve participar.
7
Destacar os ganhos resultantes do
programa nos relatórios anuais e em
outros instrumentos de divulgação.
Deve ser seguido o exemplo de Jack
Welch, que, durante seu período como
CEO da GE, amplamente divulgava para a
imprensa os ganhos obtidos por intermédio
do Lean Seis Sigma. A propaganda,
tanto interna quanto externa à empresa,
é fundamental para a sustentabilidade do
Lean Seis Sigma e a alta liderança deve
estar à frente dessa propaganda.
8
Promover a expansão do Lean Seis
Sigma – envolver todas as áreas da
empresa, fornecedores e clientes.
Nas palavras de Bob Galvin, ex-CEO da
Motorola, “a falta inicial de ênfase do Lean
Seis Sigma em áreas administrativas foi
um erro que custou à empresa pelo menos
cinco bilhões de dólares em um período
de quatro anos”. Essa frase ilustra que o
Lean Seis Sigma pode e deve ser usado
por qualquer tipo de empresa, e em todos
os seus setores, já que o programa é uma
estratégia gerencial para a melhoria da
performance do negócio, o que representa
uma necessidade de toda organização.
Cristina Werkema é proprietária e diretora do
Grupo Werkema e autora das obras da Série
Seis Sigma Criando a Cultura Lean Seis Sigma,
Design for Lean Six Sigma: Ferramentas
Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV,
Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas
do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas
de Medição, Perguntas e Respostas Sobre o
Lean Seis Sigma, Métodos PDCA e DMAIC
e Suas Ferramentas Analíticas, Inferência
Estatística: Como Estabelecer Conclusões
com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC e
Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis
Sigma Integradas ao PDCA e DMAIC, além de
oito livros sobre estatística aplicada à gestão
empresarial, área na qual atua há mais de vinte
anos. [email protected].
Levando a informação onde ela precisa estar
12 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
MASP
A
Por Claudemir Oribe
Como gerenciar
múltiplos projetos de
melhoria
Gestão da Qualidade Total
é total porque envolve
todas as pessoas. De fato,
as empresas que são referências no
Japão, se orgulham em dizer que
100% das pessoas participam de
Círculos de Controle da Qualidade
para aprender a resolver problemas.
Essa unanimidade não é
comum no Brasil. Nossa cultura
organizacional e os elevados níveis
de rotatividade não favorecem tal
prática. Mesmo assim, algumas
empresas brasileiras possuem
numerosas equipes de melhoria
em ação, seja de forma contínua,
trabalhando um projeto após o
outro, como ad-hoc, em projetos
pontuais e temporários.
Quando muitos grupos
coexistem, há massa crítica para
desenvolvimento de material
customizado e para a realização
de treinamentos internos. Além
disso, o potencial de resultado é
multiplicado e a cultura da melhoria
contínua tem grandes chances de
sedimentar.
No entanto, nem tudo são flores.
Para ter um grande número de
grupos em atividade não basta
apenas treinar as pessoas. É
essencial monitorar os grupos
em alguns aspectos chave.
Esses aspectos podem formar
um conjunto de indicadores de
eficiência e eficácia e refletem
a efetividade de um grupo de
melhoria.
O primeiro aspecto chave
diz respeito a quantidade de
reuniões realizadas e a quantidade
de participantes presentes em
cada reunião. Reuniões servem
para compartilhar informações
e tomar decisões. Não devem
acontecer com muita e nem pouca
frequência, mas devem ocorrer
com regularidade semanal ou pelo
menos quinzenal.
Outro aspecto importante a
monitorar é cumprimento das
etapas previstas no cronograma do
projeto. Se ela foi executada em
100%, o grau de desenvolvimento
condiz como que foi planejado. Se
for acima de 100%, ops! Problema!
O mais comum é que o grupo
esteja com dificuldade de realizar
alguma etapa devido às dúvidas
de ordem metodológica ou
instrumental (ferramenta).
Também pode ser que o grupo
tenha se perdido ou não saiba onde
procurar novas hipóteses causais do
problema. Outra possibilidade é a
existência de posições antagônicas,
disputas de opinião ou debates
vazios e sem rumo, ricos na
quantidade de “causos”, mas pobres
em organizar as ideias, priorizar e
analisar dados. Essas dúvidas, ou
situações indesejáveis, precisam
ser identificadas e sanadas, para
que o grupo não se disperse e o
trabalho avance. Para isso, pode ser
necessário monitoramento do ritmo
e suporte técnico e as intervenções
precisam ser feitas de forma rápida
e efetiva.
Durante e ao final do trabalho,
vários outros indicadores podem
BQ 281 t
ser empregados. O mais importante
deles é, evidentemente, o grau de
alcance da meta ou objetivo do
projeto. Além disso, é fundamental
calcular alguns indicadores
financeiros, como custo e retorno
do investimento (ROI) do projeto,
pois eles são importantes para que
a liderança perceba os benefícios e
continue a investir em programas
de melhoria contínua.
Completando as perspectivas,
podem ser considerados o nível de
cumprimento das tarefas do plano
de ação, a satisfação de pessoas
impactadas com o trabalho e o
índice de reincidência do problema,
fundamental para comprovar a
eficácia da solução implantada.
Finalmente, avaliar o grau de
aprendizado obtido pela equipe no
domínio do MASP, dos conceitos
envolvidos e das ferramentas da
qualidade é relevante para ter
pessoas mais capazes de enfrentar
problemas progressivamente mais
desafiadores. Assim, tal qual um
projeto de melhoria, gerenciar
múltiplos grupos em atividade
também requer planejamento,
observação, controle, avaliação e
ação, ou seja, um PDCA executado
com maestria pelo responsável do
programa, devidamente apoiado
pela liderança estratégica.t
Claudemir Oribe é Mestre em
Administração,
Consultor
e
Instrutor de MASP, Ferramentas da
Qualidade e Gestão de T&D. E-mail
[email protected]
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 13
Gestão
A ilusória
sensação de
dinamismo e a
falsa sabedoria
A regra é clara: muita
reflexão, resultados
excelentes;
pouca reflexão, resultados
medíocres
14 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Por Eduardo Moura
É
muito difícil conseguir a presença de
altos executivos em reuniões de análise e
planejamento que se demorem por mais
de algumas horas; muito mais difícil ainda se for
mais de um dia. O padrão vigente é o seguinte:
reúnem-se executivos e seus subalternos, os
quais rapidamente apresentam os dados sobre
uma dada situação.
Usando o TIRO (a Técnica Intuitiva para
Remover Obstáculos) os executivos (que são
muito rápidos no gatilho) decidem quase que
instantaneamente o que deve ser feito. Os
subalternos saem da reunião impressionados com
a perspicácia e agilidade mental de seus chefes, e
estes deixam a reunião com uma dose adicional de
exaltação ao ego.
Mas, depois, em algum lugar distante no tempo
e no espaço, as consequências daquele TIRO
aparecem na forma de problemas urgentes. A
equipe volta a reunir-se para discutir a situação,
e o ciclo se repete, com um agravante: toda essa
agitação, pressão e respostas imediatas reforçam
na equipe uma ilusória sensação de dinamismo,
agilidade e “controle” da situação.
Pior ainda quando essa ingênua ineficiência
acaba “dando certo”, isto é, quando no frigir dos
ovos o resultado final é bom, depois de muito
sangue, suor e lágrimas. Jim Collins está certo: o
bom é inimigo do excelente. Porque aquele pessoal
acaba se acomodando com o status quo, achando
que o negócio é esse mesmo, e é justamente
assim que se perde a oportunidade de melhorar
continuamente e conquistar resultados excelentes e
sustentáveis.
Em diversas ocasiões tenho observado
que os altos executivos de diferentes
empresas normalmente não estão dispostos
a investir, por exemplo, 3 ou 4 dias de
planejamento estratégico para decidir o
que a empresa vai realizar nos próximos
três anos! Sempre há algo mais urgente
que requer sua atenção imediata. De fato,
as urgências tipicamente roubam cerca de
BQ 281 t
70% da atenção gerencial – um desperdício
brutal de intelecto e recursos valiosos.
Como sair desse buraco?
Acho que a causa raiz é um filho prematuro
chamado ‘faça isto’, concebido pelo “método”
TIRO. E a mãe apressada do ‘faça isto’ é uma
premissa chamada ‘já sei o que deve ser feito’, a
qual é irmã gêmea do Orgulho, marido da Falta de
Reflexão.
É preciso crer e compreender que existe uma
relação inversamente proporcional entre o tempo
investido em análise e reflexão e o tempo de
execução e nível de impacto dos resultados.
Resultados sólidos e duradouros não podem ser
obtidos por “tiros” disparados das alturas do
Olimpo Corporativo.
Foi-se o tempo em que uma mente brilhante
como cabeça de uma organização era suficiente
para assegurar o sucesso. Por isso, segundo
recomenda Collins em “Good to Great”, é preciso
envolver pessoas disciplinadas em um processo
de pensamento disciplinado do qual resulte o
“Conceito Ouriço” (um foco estratégico vital que
represente uma vantagem competitiva decisiva
no mercado) e depois assegurar que se executem
ações disciplinadas e consistentes com tal Conceito
Ouriço.
A regra é clara: muita reflexão, resultados
excelentes; pouca reflexão, resultados medíocres.
Não é à toa que reflexão (“hansei”) e busca de
consenso nas decisões é um dos princípios do
“Toyota Way”. E é também por isso que Goldratt
adverte: “nunca diga ‘Já sei’.”, pois esse é um
dos principais meios de autobloqueio contra o
verdadeiro aprendizado e a inovação que dele
advém. Uma das virtudes do verdadeiro sábio
é a humildade, pois o pré-requisito chave para
aprender é humildemente reconhecer que não
sabemos o suficiente.t
Eduardo Moura é diretor da Qualiplus Excelência
Empresarial ,
[email protected]
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 15
Opinião
A
importância
e o valor do
trabalho
gratuito
para a
elaboração
das normas
técnicas
16 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
O que você acha do preço de uma norma técnica vendida pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT)? Se for feita uma pesquisa com os usuários das normas no Brasil,
mais de 50% vão achar que os seus preços são muito altos. E a ABNT tem esse direito: cobrar
preços inacessíveis para a maioria dos brasileiros? Não tem, porque, além da ABNT ser uma
entidade de utilidade pública, são os setores interessados e a sociedade em geral que arcam
com quase a totalidade dos custos de elaboração da norma técnica. Nesse texto, mostro como
é elaborada uma norma, no caso a NBR 5419-1 de 05/2015 - Proteção contra descargas
atmosféricas - Parte 1: Princípios gerais que estabelece os requisitos para a determinação de
proteção contra descargas atmosféricas, e quais os custos envolvidos
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 17
Opinião
Por Cristiano Ferraz de Paiva
O
processo de elaboração de uma
norma brasileira é iniciado a partir
de uma demanda, que pode ser
apresentada por qualquer pessoa, empresa,
entidade ou organismo regulamentador que
estejam envolvidos com o assunto a ser
normalizado. A demanda é recebida pela
ABNT e o tema (ou o assunto) é levado ao
Comitê Técnico correspondente para inserção
no Programa de Normalização Setorial (PNS)
respectivo. Caso não exista um Comitê
Técnico relacionado ao assunto, o setor
propõe à ABNT, que tem essa prerrogativa
por delegação do Estado brasileiro, a criação
de um novo Comitê Técnico, que pode ser
um Comitê Brasileiro (ABNT/CB), um
Organismo de Normalização Setorial (ABNT/
ONS) ou uma Comissão de Estudo Especial
(ABNT/CEE).
O assunto é discutido amplamente
pelas Comissões de Estudo dos Comitês
Técnicos, com a participação aberta a
qualquer interessado, independentemente
de ser associado da ABNT, até atingir um
consenso, gerando um Projeto de Norma.
Esse é submetido à Consulta Nacional
pela ABNT, com ampla divulgação, dando
assim oportunidade a todas as partes
interessadas para examiná-lo e emitir suas
considerações. A Consulta Nacional é
realizada pela Internet.
Nesta etapa, qualquer pessoa ou entidade
pode enviar comentários e sugestões ou
então recomendar a sua desaprovação.
Todos os comentários são analisados e
respondidos pela Comissão de Estudo
elaboradora, sem a participação da ABNT,
que realiza uma reunião para análise
das considerações recebidas. Todos os
interessados se manifestam durante o
processo de Consulta Nacional, a fim de
deliberarem, por consenso, se este Projeto
de Norma deve ser aprovado como norma
brasileira.
As sugestões aceitas são consolidadas
no Projeto de Norma, que é homologado
e publicado pela ABNT como Norma
Brasileira, recebendo a sigla ABNT NBR
e seu respectivo número. As normas
asseguram as características desejáveis
de produtos e serviços, como qualidade,
segurança, confiabilidade, eficiência,
intercambiabilidade, bem como respeito
ambiental – e tudo isto a um custo
econômico.
Quando os produtos e serviços atendem
às expectativas, existe a tendência a se
tomar isso como uma coisa certa e correta
e a não ter consciência do papel das
normas em todo esse processo. Quando os
produtos, sistemas, máquinas e dispositivos
trabalham bem e com segurança, quase
sempre é porque eles atendem às normas.
Dessa forma, as normas têm uma
contribuição enorme e positiva para a
maioria dos aspectos de nossas vidas.
Quando elas estão ausentes, logo se nota.
São inúmeros os benefícios trazidos pela
18 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
normalização para a sociedade, mesmo que
ela não se dê conta disso.
No projeto de uma norma técnica,
no caso a Proteção contra descargas
atmosféricas – Parte 1: Princípios gerais,
projeto foi elaborado pela Comissão de
Estudo de Proteção contra Descargas
Atmosféricas (CE-03:064.10) do Comitê
Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB03), o que se pode constatar: na lista dos
autores, pessoas físicas que participaram na
elaboração da norma, não há representante
algum da ABNT que, por delegação
do Estado brasileiro é a coordenadora,
orientadora e supervisora do processo
de elaboração de Normas, conforme
Delegado na Resolução nº 07, de 24 de
Agosto de 1992, do Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Conmetro). Ou seja, não houve
custo ou pagamento algum feito pela
ABNT, na qualidade de Foro Nacional
de Normalização, a qualquer membro da
comissão que elaborou a norma.
No rodapé do referido projeto existe a
informação para alertar que, como projeto
de norma, o referido documento ainda
“não tem valor normativo”. Ou seja, só
terá valor normativo quando virar norma
técnica brasileira. Sendo assim, quando se
transformar em norma técnica brasileira,
será um “procedimento normativo” que,
por lei, é expressamente excluído da
proteção autoral.
Nas Atas de reunião (Ata 58 e Ata 62
- clique para ler), o local da reunião não
é da ABNT ou custeado por ela, mas sim
de entidade setorial sobre o assunto, a
qual, geralmente, banca todos os custos
dos Comitê Brasileiro de Normalização
(ABNT/CB) responsável pelo assunto.
Tanto o coordenador, como o secretário e
os membros da comissão que elaboraram a
norma não são da ABNT, não a representam
BQ 281 t
e não recebem remuneração alguma da
ABNT para esse trabalho. Na verdade, tratase de um ônus público.
Eu participei da elaboração do referido
projeto e não recebi da ABNT, como
ninguém da comissão, valor algum para
isso. Além de que eu não repassei ou assinei
qualquer papel transferindo os meus direitos
como autor (se houvessem) à ABNT.
E o que se pode concluir de todo esse
processo? A ABNT, Foro Nacional de
Normalização, tem um custo praticamente
zero para a elaboração das normas técnicas
brasileiras, em relação ao custo dos
setores e da sociedade, já que todas as
Normas seguem esse rito. Nesse ponto,
vale ressaltar, que a quase totalidade dos
Comitês Brasileiros de Normalização
(ABNT/CBs) ou os ONSs não são,
também, custeados pela ABNT, mas sim
pelos setores e pela sociedade.
Os únicos custos da ABNT referemse ao processo de votação nacional e ao
processo de publicação da norma e não
da sua elaboração em que reside 99% de
todo o custo, incluindo-se aí, os custos de
manutenção dos CBs e ONSs bancados
pelos setores interessados e pela sociedade.
Não existe melhor definição da natureza
do documento norma técnica como de
procedimento normativo e as pessoas
físicas elaboradoras das normas técnicas
brasileiras não transferiram seus interesses
e direitos à ABNT. Dessa forma, os atuais
administradores da ABNT (diretoria e
presidente do conselho deliberativo) não
podem alegar que a ABNT é titular de
direito patrimonial de ativo que não lhe foi
transferido.
De duas uma: ou os atuais
administradores da ABNT, atualmente,
estão expondo o Foro Nacional de
Normalização a situação de vender algo
que não é de sua propriedade ou os atuais u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 19
Opinião
administradores da ABNT estão expondo
a ABNT a situação de vender a preços
exorbitantes as normas técnicas brasileiras
(no caso do exemplo a norma custa R$
250,00 somente a parte 1), e o pior, nesse
segundo caso, não estaria repassando valor
algum àqueles que, realmente, elaboram
as normas técnicas. No Brasil, é vedado o
trabalho gratuito para terceiros privados
obterem aproveitamento econômico.
Nesse ponto, vale recordar, que
anteriormente à gestão dos atuais
administradores, há cerca de 13 anos, as
Normas Técnicas Brasileiras NBR eram
vendidas ao preço do reembolso do valor
gasto pela ABNT para a cópia reprográfica
do conteúdo da Norma. Fato que, se
comparado aos valores atuais praticados
pela ABNT, representa um aumento de
mais de 10 vezes ou seja mais de 1.000%
em relação ao passado.
Além disso, no exemplo, os custos da
sociedade e do setor comparados com os
custos da ABNT para publicar essa norma
podem ser discriminados. No Projeto de
Norma 5419-1 que gerou a Norma 54191, conforme consta no próprio projeto,
foram realizadas 60 reuniões, com uma
média, segundo as atas, de 12 pessoas
por reunião com 4 horas de duração: ou
seja 60 X 12 X 4 = 2.880 horas/homem
de especialistas que o setor e a sociedade,
através dos representantes das indústrias,
autônomos e instituições governamentais,
investiram somente nesta parte da norma.
Lembrando, sem participação alguma de
pessoas da ABNT.
Como são todos especialistas, podese colocar, no mínimo, R$ 200,00 a
hora/homem. Sendo assim o setor e a
sociedade investiram R$ 576.000,00
somente nesta parte da norma. E a ABNT:
quanto gastou para formatar e gerar
um PDF? Segundo Janaina Mendonça
– Gerente de Editoração e Acervo da
ABNT, “Quando recebemos o documento
a ser editorado, ele passa por algumas
etapas até a sua publicação, sendo
primeiramente a editoração, onde o texto
passa por uma padronização de forma. E,
em um segundo momento, registramos
em nossa base de dados e divulgamos aos
clientes sobre a publicação das Normas.”
Quanto cobraria um diagramador para
fazer isso? R$ 600,00 (seiscentos reais!).
Ou seja, o investimento da ABNT é de
0,001 vezes ou 0,1% do que o setor e
a sociedade investem para fazer uma
norma.
O pior de tudo: os atuais
administradores da ABNT propagam por
aí que a norma é dela e só ela pode obter
aproveitamento econômico com a venda
delas.
Na verdade, como o desembargador
Coelho Mendes, relator do acórdão
sobre o assunto, decidiu, as normas da
ABNT enquadram-se na exclusão de
proteção dos direitos autorais por serem
procedimentos normativos e/ou por serem
elevadas, atualmente, a atos oficiais, ao
serem exigidas em legislação vigente.
Com a palavra o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), Ministério da Justiça
(MJ) e a sociedade!t
Cristiano Ferraz de Paiva é vice presidente
da Target Engenharia e Consultoria Ltda.,
consultor na área de tecnologia da informação,
especificamente na área de gerenciamento
eletrônico de documentos, desenvolveu
trabalhos para organismos de normalização
e empresas industriais, e teve seis anos de
participação como membro suplente eleito
no Conselho Deliberativo da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) –
[email protected]
20 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
As simulações de
Monte Carlo nunca
foram tão fáceis.
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BQ 281 t
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Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 21
Inside
Inmetro abre consulta pública
para colchões de mola
Tecnologia da Exercício Físico
que Ajuda Cegos
Um drone que orienta corredores cegos em torno
de uma pista é apenas uma das várias novas
tecnologias de exercício destinados a auxiliar os
deficientes Enquanto a NASA está trabalhando
para fazer drones mais silenciosos, um pesquisador
da Universidade de Nevada, em Reno, está usando
seu ruído para beneficiar atletas cegos. Eelke
Folmer, um professor associado de ciência da
computação e líder Human Plus Lab da UNR,
construiu um protótipo de sistema robótico que
orienta os corredores cegos em torno de uma faixa,
permitindo-lhes correr de forma independente,
sem um guia. Equipado com duas câmeras – uma
voltada para baixo que segue as linhas e uma
câmera separada que se concentra em um marcador
na camisa do corredor – o drone de Folmer voa na
altura dos olhos, aproximadamente 10 pés a frente
do corredor, guiando-os pelo som. Se o corredor
acelera ou desacelera, o drone ajusta sua própria
velocidade.
http://www.technologyreview.com.br/read_article.
aspx?id=48458
O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (Inmetro) disponibiliza em consulta
pública, a Portaria Inmetro nº 508/2015 que
estabelece a proposta definitiva de texto, além
do Regulamento Técnico da Qualidade para
Colchões de Molas. O documento visa estabelecer
os requisitos obrigatórios de desempenho para a
comercialização de colchões de molas no mercado
nacional, com objetivo de preservar a saúde dos
usuários, além de prover a harmonização das
relações de consumo e a concorrência justa no setor
colchoeiro. A sociedade pode participar, enviando
ao Inmetro sugestões para a regulamentação, que
serão analisadas antes da publicação da portaria
definitiva. A proposta de regulamento determina
que todo colchão de molas deverá ser fabricado,
importado, distribuído e comercializado com
as informações corretas sobre características e
composição bem como o desempenho adequado do
produto. Já a obtenção do registro é condicionante
para a autorização do uso do Selo de Identificação
da Conformidade nos produtos certificados e para a
disponibilização do mesmo no mercado brasileiro.
As emissões de gases com efeito de estufa da
Europa sofrem enorme queda
Os Estados-Membros relatam uma queda de 23%
desde 1990, mas o ritmo está diminuindo e vários
países não cumpriram suas metas de eficiência
energética com efeito de estufa determinados pela
comunidade européia. O bloco já ultrapassou sua
meta para 2020 de reduzir as emissões em um
quinto -, ao mesmo tempo que a sua economia
cresceu 46%, de acordo com o chefe da divisão
climática da UE, Miguel Arias Canete. "Temos
demonstrado consistentemente que a proteção do
clima e do crescimento econômico caminham lado
a lado", disse ele. http://www.theguardian.com/
environment/2015/oct/20/europes-greenhouse-gasemissions-fall-to-record-low
22 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Por Fernando Banas
PROTESTE aciona na Justiça Apple e
Samsung por memória menor nos celulares
e tablets
Pele Artificial é novo passo em direção a
Mãos Biônicas
Novos sensores feitos de plástico e nanotubos de
carbono poderiam dar origem a pele artificial que
iria dotar mãos protéticas com o tato. As pontas
dos dedos da mão protética são cobertas com uma
nova forma de pele artificial que pode detectar
gradientes suaves de pressão.
Com financiamento do Departamento de Defesa
dos EUA, vários pesquisadores estão fazendo
progressos em direção a próteses de mãos
humanoides – do tipo que dá aos usuários uma
sensação de controle e toque.
Cientistas de Stanford anunciaram um novo tipo
de sensor de pressão na forma de um material
plano e flexível que pode, um dia, servir como pele
artificial que pode passar por cima de próteses,
permitindo que os usuários não só manipulem
objetos, mas também os sintam. Os sensores
enviam impulsos que o cérebro interpreta a fim de
determinar uma certa sensação de toque. "Ele está
imitando diretamente o sistema biológico", diz o
pesquisador-chefe Zhenan Bao. A "pele" é feita de
plástico que é impresso com um padrão sanfonado
para torná-lo compressível. Dentro foram
incorporados nanotubos de carbono - minúsculos
cilindros de carbono puro que conduzem
eletricidade. A compressão do material aproxima
os nanotubos, criando impulsos mais rápidos à
medida que a pressão aumenta.
http://www.technologyreview.com.br/read_article.
aspx?id=48453
BQ 281 t
PROTESTE aciona na Justiça Apple e Samsung
por memória menor nos celulares e tablets . A
entidade quer que as empresas sejam obrigadas a
pagar indenização calculada com base no preço
do produto e no preço de cada GB de memória.
Como a memória interna dos aparelhos celulares
e tablets (iPhone e iPad) da Apple, e da Samsung
são menores do que os anunciados pelas empresas.
A ação civil pública contra elas pede que cessem a
oferta enganosa e paguem indenização por perdas
e danos correspondente ao valor de cada GB de
memória livre não entregue. É pedida liminar para
a alteração urgente das ofertas, apresentações e
anúncios publicitários para que eles sejam feitos
contando a verdadeira capacidade da memória dos
aparelhos produzidos e comercializados. O objetivo
é evitar que mais consumidores sejam prejudicados.
E solicitada contrapropaganda em todos os meios de
comunicação informando aos consumidores o real
tamanho das memórias dos produtos. Embasada em
vários artigos do Código de Defesa do Consumidor,
a ação pede o cumprimento à oferta, e configura o
problema da memória inferior à anunciada como
vício oculto. O próprio sistema operacional do
aparelho e os aplicativos a ele incorporados ocupam
espaço na memória interna, gerando menor espaço
disponível do que o original instalado e que, apesar
disso, é anunciado como existente para uso do
consumidor. E os aplicativos não são removíveis.
http://www.proteste.org.br/tecnologia/celular/
noticia/proteste-aciona-na-justica-apple-esamsung-por-memoria-menor-nos-celulares-tablets
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 23
Inside
Criando o boom da bioenergia de forma
sustentável com a norma ISO 13065
Um novo padrão ISO que ajuda a avaliar
a sustentabilidade de produtos e processos
relacionados à bioenergia tem um enorme
potencial para combater as alterações climáticas,
promover a segurança energética e promover
o desenvolvimento sustentável. Portadores
de bioenergia - produzidos a partir de matéria
orgânica, como madeira subprodutos e culturas
agrícolas - pode ser usado para gerar combustível
para transportes e eletricidade, bem como
para aquecimento ou resfriamento. A Agência
Internacional de Energia (AIE) prevê um
crescimento na demanda por energia primária
a partir da biomassa de até o equivalente a 1
827 milhões de toneladas de petróleo, ou 12%
da demanda mundial de energia primária total
em 2030. Este é o dobro do volume de 1990
(World Energy Outlook Special Report Energy
and Climate Change 2015). A nova ISO 13065:
2015 - Critérios de sustentabilidade para a
bioenergia, dá um quadro prático para considerar
os aspectos ambientais, sociais e econômicos
para facilitar a avaliação e a comparabilidade da
produção de bioenergia e produtos, cadeias de
fornecimento e aplicações. A norma vai servir
como uma ferramenta para ajudar os governos
a cumprir as suas metas. Ela vai beneficiar os
mercados nacionais e internacionais, tornando a
bioenergia mais competitiva, particularmente para
os produtores dos países em desenvolvimento, e
ajudar a evitar as barreiras técnicas ao comércio.
A ISO 13065 fornece uma abordagem harmonizada
em critérios de sustentabilidade em vez de fornecer
valores de limite. Ela pode ser adotada por vários
usuários de diferentes maneiras:
• Empresas - fornecendo uma estrutura padrão
que permite que a empresa fale a mesma língua
quando descreve aspectos da sustentabilidade
• Compradores - comparando informações de
sustentabilidade dos fornecedores para ajudar a
identificar processos de bioenergia e produtos
que satisfaçam as suas necessidades
• Outras normas, iniciativas de certificação e
agências governamentais - por servir como uma
fonte de informação sobre sustentabilidade, e
uma base transparente para todos os agentes do
mercado para cumprir os requisitos legais
A ISO 13065 pode ser aplicada em toda a cadeia
de suprimentos, partes da cadeia de abastecimento
ou um único processo na cadeia de abastecimento.
Também se aplica a todas as formas de bioenergia,
independentemente da matéria-prima, localização
geográfica, tecnologia ou utilização final.
http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_
archive/news.htm?refid=Ref2009
24 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Apps ajudam a monitorar uso de
combustível, velocidade e emissões de carros
Aplicativo CleverDrive promete avaliar motorista e
ajudá-lo a economizar combustível
O ser humano é competitivo por natureza, e o Homo
automobilis passa uma boa parte de seu tempo
disputando corridas com outros membros da espécie –
no mundo real e no mundo virtual.
Agora algumas empresas inovadoras estão fazendo uso
desse instinto para tentar salvar o planeta, incentivando
motoristas a adotar hábitos que lancem menos gás carbônico na atmosfera. Uma nova leva de aplicativos registra
o quanto e como dirigimos diariamente e nos desafia a melhorar nossa pontuação a cada dia.
Uma boa informação é a essência da percepção
da necessidade onde a expectativa foi atingida.
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26 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
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BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 27
Quality Progress
Crise de
identidade
28 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Por Chris Brooks
Entendendo a conexão entre os
processos de qualidade e as pessoas
Q
uanto mais tempo eu fico envolvido
em gestão da qualidade e em
consultoria de crescimento dos
negócios, mais estou convencido de que
uma verdade simples é muitas vezes
esquecida: a qualidade não é algo que
fazemos. É o que somos.
Uma das minhas grandes alegrias no
trabalho com diferentes organizações é ver
quando a luz se acende, quando uma equipe
de liderança executiva percebe a melhor
maneira de alcançar e superar as metas e os
objetivos de qualidade, vendo pessoas da
organização verdadeiramente abraçando a
qualidade. Nos seus 14 pontos, W. Edwards
Deming, direta e indiretamente, teve como
foco as pessoas (1). Ele se concentrou
em questões fundamentais, tais como a
liderança e o gerenciamento sem medo,
com autoaperfeiçoamento, a remoção de
barreiras e o envolvimento de todos no
processo de transformação.
Sempre entendi como um profundo
mistério porque muitas organizações
não entendem isso como uma verdade
tão profunda. Principalmente, quando
trabalhei em organizações como diretor
de qualidade e consultor de gestão,
observei uma desconexão nítida entre
os processos de qualidade e as pessoas.
As organizações gastam tempo e um
esforço significativo para melhorar o
planejamento de qualidade, processos
e desempenho, mas, muitas vezes,
negligenciam o fator mais importante e
fundamental para o sucesso de qualquer
iniciativa de qualidade: as pessoas.
BQ 281 t
Lidar com pessoas é confuso
A triste realidade é que lidar com
pessoas é confuso. Há problemas para lidar
com lutas políticas pelo poder, emoções
elevadas, preferências pessoais e conflitos.
A verdade emocionante, no entanto, é
que as pessoas também são extremamente
apaixonadas, leais, dedicadas e carregam
um potencial aparentemente ilimitado
para alcançar altos níveis de desempenho,
quando devidamente motivadas.
Como é que se pode libertar as
possibilidades que ficam escondidas e
dormentes como um potencial inexplorado?
A resposta é encontrada em mover o foco
da melhoria da qualidade em direção a
uma visão abrangente de qualidade que
incorpora uma estratégia de inclusão e
intencional para a construção das pessoas
que operam o negócio. Costumo dizer:
construir o negócio e as pessoas podem ou
não seguir. Construir as pessoas e o negócio
não terá escolha.
Uma triste realidade
Eu certamente não quero sugerir que
as organizações não estão interessadas
no desenvolvimento de suas pessoas.
Pelo contrário, há muitos programas
de engajamento do pessoal (employee
engagement), estratégias de mudança de
cultura e treinamentos especificamente
dedicados a esse fim.
O desafio é que muitas dessas estratégias
de melhoria de negócios são segmentadas,
visando uma preocupação ou um problema
específico. Infelizmente, muitas vezes só u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 29
Quality Progress
dar um impulso de curto prazo para
o desempenho sem enfrentar a raiz do
problema.
Muitos desses esforços acabam como
um projeto preferido de um líder bem
intencionado que normalmente é passado
para baixo para um gerente de nível
médio que não tem tempo, recursos ou
paixão para mantê-lo no longo prazo,
deixando o processo para voltar às
velhas rotinas até uma próxima coisa
melhor coisa aparecer.
Existem soluções de longo prazo para
sustentar o envolvimento dos funcionários,
para o desenvolvimento e crescimento do
profissional no negócio, mas elas não serão
sustentáveis se estão sendo apenas vistas
como projetos. Em vez disso, elas exigem
uma mudança de paradigma e de cultura
que começa com os executivos seniores e
estende-se através da organização.
Uma solução prática
Ajudar as organizações a realinhar seus
paradigmas de melhoria de negócios é um
dos principais objetivos dos profissionais de
qualidade. Isso exige uma profunda paixão
para ajudar as organizações a alcançar o
sucesso sustentável e para alcançar as suas
metas e os objetivos do negócio. Mas, não
é apenas sobre como melhorar o lucro.
Também é importante fazer a diferença na
vida das pessoas da organização.
As organizações devem ter em mente
quatro princípios básicos para garantir que
sejam reconhecidos que as pessoas são uma
estratégia chave na jornada da melhoria
contínua de uma organização.
1
Pessoas – Abrangem a área de maior
impacto potencial para o sucesso de
uma organização e para alcançar as suas
metas e os objetivos principais. Isso inclui
o desenvolvimento profissional em todos os
níveis da organização. As pessoas definem
os limites superiores de possibilidade
de negócios. Uma organização pode
ter o melhor planejamento, processos e
30 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
métricas de desempenho no setor, mas sem
as melhores pessoas nos lugares certos,
tudo pode desmoronar e, na melhor das
hipóteses, a mediocridade torna-se uma
verdade. As organizações devem ter sempre
a intenção de fazer o melhor para o seu
pessoal, que torna fundamental para a
construção do negócio.
2
Planejamento estratégico – Separa
as organizações de sucesso em duas
categorias: as que conseguem cumprir
os seus objetivos e desfrutam de um
crescimento modesto e organizações
que buscam ultrapassar além dos seus
objetivos e experiência e obtém um
crescimento explosivo. O sucesso pode,
por vezes, acontecer por acaso, mas nunca
é sustentado sem esforço intencional e
consistente. O componente crítico do
planejamento eficaz é a liderança. Bons
líderes motivam e lideram seus seguidores.
Grandes líderes sabem como conduzir
seus liderados e é aí que o crescimento
do negócio sustentável a longo prazo é
realizado.
3
Processo – Pode ser definido
simplesmente como a execução do
plano. A melhor estratégia é desperdiçada
se mal executada e a execução impecável
de uma estratégia pobre é tão inútil. Assim
como o planejamento, o processo deve
ser intencional, claramente comunicado e
aberto para a melhoria contínua. A melhoria
sustentável e contínua é alcançada por
meio do engajamento e na capacitação das
pessoas mais próximas ao processo para
que tenham acesso e entrada direta para
fazer o melhor processo.
4
Performance – Avaliar o desempenho
só é relevante se comparado com
um objetivo claramente definido e
BQ 281 t
comunicado. Em outras palavras, como
você sabe que pode acertar o alvo certo,
se não tiver definido o alvo? Quando as
medições do desempenho são consistentes
com o planejamento estratégico e com a
execução do processo, a saída ou resultado
da avaliação de desempenho torna-se
uma medida da eficácia das etapas. Se o
desempenho ficar aquém das expectativas,
deve-se descobrir o porquê, fazer as
mudanças, treinar e equipar as pessoas, e
modificar o plano estratégico para o futuro.
Vince Lombardi começou uma nova época
no futebol quando ficava à frente de seus
novos jogadores, segurando uma pele de
porco, e dizendo: “Senhores, essa é uma
bola de futebol”. Ela não recebe qualquer
item mais básico do que isso. O mesmo vale
para os conceitos discutidos neste artigo,
eles não são ciência para lançar foguetes.
Não se deve acabar com as iniciativas
de qualidade mais técnicas que você
implementou, como estratégia kanban,
Six Sigma ou projetos Lean. Apenas
se certifique de que tudo o que sua
organização faz incide sobre o ativo mais
importante de que necessita para conduzir a
sua jornada pela qualidade – as pessoas.t
Referência
1. W. Edwards Deming, “The Fourteen Points
for Management,” www.deming.org/theman/
theories/fourteenpoints.
Chris Brooks é presidente da Incorvas Inc.
em Atlanta. Ele tem mestrado em estudos
teológicos e está concluindo seu MBA na
Liberty University em Lynchburg, VA. É
membro da ASQ. Brooks é um gestor com
certificação ASQ em qualidade/excelência
organizacional.
Fonte: Quality Progress/2015 February
Tradução: Hayrton Rodrigues do Prado Filho
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 31
Qualidade
32 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
A Norma ISO
19600:2014 – A
implementação
de um padrão
global para o
Gerenciamento
da Conformidade
(Compliance)
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 33
Qualidade
A ISO é uma das organizações mais confiáveis quando se trata do
estabelecimento de normatizações técnicas em escala global, e a
norma internacional ISO 19600:2014 - Compliance management
systems – Guidelines, fornece orientação para as empresas na criação,
desenvolvimento, implementação, avaliação, manutenção e melhoria
contínua do sistema de Gestão da Conformidade, de maneira efetiva e ágil.
Estas orientações são aplicáveis a todos os tipos de empresas, e o grau de
aplicação destas orientações dependerá do tamanho, estrutura, natureza e
complexidade de cada uma delas.
Por Daniel Gobbi Costa e Francisco P.R. Garcia
A
origem da norma ISO 19600:2014
Em 2012, a Austrália propôs
iniciar o desenvolvimento de
uma norma ISO para Programas de
Conformidade, baseada na norma
australiana AS 8306. Esta proposta foi
aceita pelos membros da ISO e uma
comissão de projeto foi criada para
desenvolver a Norma ISO/PC 271 “Gerenciamento de Conformidade”.
Após duas reuniões, o comitê da ISO
para Projetos Internacionais publicou o
draft da norma ISO 19600 - Standard for
Compliance Management para votação e
comentários de seus membros.
A norma ISO 19600 foi publicada em
dezembro de 2014 e objetiva servir de padrão
internacional para os programas empresariais
de Compliance. Compliance, nos âmbitos
institucional e corporativo, é o conjunto de
disciplinas utilizadas para fazer cumprir as
normas legais e regulamentares, as políticas
e as diretrizes estabelecidas para o negócio
e para as atividades da empresa, bem como
evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou
inconformidade que possa ocorrer. O termo
Compliance tem origem no verbo em inglês
to comply, que significa “agir de acordo
com uma regra, uma instrução interna, um
comando ou um pedido”.
Atualmente, atuar dentro de um processo
Compliant é uma das maiores preocupações
da Administração para a Gestão de Riscos.
A implementação de um programa, baseado
nos valores empresariais de ética e de
conformidade, quando adequada aos riscos
das empresas, tem auxiliado na manutenção
da integridade dos processos, e a evitar
ou minimizar potenciais problemas de
corrupção, fraude e de má conduta, entre
outros. Desta maneira, as empresas estão
cada vez mais buscando validar seus
programas de Compliance conforme um
padrão internacionalmente reconhecido.
Qual a ideia por trás da proposta
da Norma ISO 19600:2014?
A norma ISO 19600:2014 foi
desenvolvida como uma diretriz para
empresas, e não como um sistema de
gestão certificável que possa ser exigida
como requisito de clientes, como são outras
normas, tais como a ABNT NBR ISO
14001 (Gestão Ambiental) ou a OHSAS
18001 (Saúde Ocupacional e Gestão da
Segurança). A ISO 19600:2014 destina-se a
auxiliar as empresas a melhorar e expandir
a abordagem existente para gerenciamento
da conformidade, e pode ser aplicada como
um 'plug-in' adaptável ao Sistema de u
34 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Líder de Mercado na América Latina
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BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 35
Qualidade
Gestão da empresa, e assim gerir as
questões de Compliance.
Outra razão pela qual esta norma foi
elaborada como uma diretriz, ao invés
de um sistema de gestão certificável, é o
fato de que pequenas e médias empresas
também podem ser capazes de avaliar
e implementar soluções adequadas
às suas operações, em vez de serem
sobrecarregadas com a criação de sistemas
potencialmente desfavoráveis. Essas
empresas deverão adotar a Conformidade
ou o Compliance e criar um sistema de
gestão que atenda especificamente suas
necessidades e possibilidades.
A norma ISO 19600:2014 e seu alcance
A norma ISO 19600:2014 é baseada
nos princípios da boa governança,
da proporcionalidade,
da transparência e da
sustentabilidade, e em termos
gerais, as empresas poderão
adotar estar normativa como
orientação independente, ou ainda
combiná-la com outros padrões ou
programas de gestão já existentes
ou implementados pela empresa
– como, por exemplo, a Norma
ABNT NBR ISO 9001:2015 de
Gestão da Qualidade.
Como já apresentado, a ISO
19600:2014 não tem como alvo
uma área de risco específica. A
proposta dessa norma é fornece
uma orientação para que as
empresas possam melhorar a
performance de seus Programas
de Compliance. Esta proposta
é baseada no modelo PDCA
(Plan – Do – Check – Act) para
a construção de uma estrutura de
controle e melhoria contínua de
processos:
• PLAN: Identificar as obrigações
de conformidade que forem
consideradas ou mapeadas como
riscos, a fim de promover uma
estratégia e definir as medidas para
enfrentá-los.
• DO: Definir e implementar
mecanismos de acompanhamento.
• CHECK: Avaliar se os controles
implementados estão em
conformidade com o Programa
estabelecido.
• ACT: Baseado nos resultados
obtidos, o programa deverá ser
continuamente aperfeiçoado, e os
casos de Não-Conformidade devem
ser gerenciados.
36 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Método de quatro fases – Ciclo PDCA
Para ilustração, o quadro acima referente ao processo da norma ISO
19600:2014 - aplica-se à conformidade
como um todo, e está direcionada à gestão
de risco das empresas, focando-se em áreas
que incluem as atividades sob risco de
corrupção, de fraude e de má conduta, entre
outras possíveis.
Qual a essência da abordagem baseada
no risco, para o Gerenciamento da
Conformidade?
A gestão de Compliance vai além do
mero atendimentos aos requisitos legais.
Compliance também está relacionado com
a satisfação das necessidades e expectativas
de um amplo leque de interessados. Portanto
fazer escolhas certas e definir prioridades é
uma parte importante do Gerenciamento da
Conformidade. A norma ISO 19600:2014
segue uma abordagem baseada no risco para
o Gerenciamento da Conformidade e está
alinhada com a norma ABNT NBR ISO
31000:2009 (Gestão de Riscos).
Ao analisar o contexto e o ambiente no
BQ 281 t
qual uma empresa opera, as suas obrigações
de conformidade poderão ser determinadas.
Isto significa que a empresa deverá
decidir quais exigências, necessidades e
expectativas das partes interessadas esta
cumprirá. Essas decisões estão baseadas em
uma avaliação de risco que pergunta:
• Qual é o risco (ameaça ou
oportunidade)?
• Quando eu posso ou não atender
as necessidades de uma das partes
interessadas, como uma obrigação de
Compliance?
• No que diz respeito às exigências
legais, a empresa não tem escolha:
qualquer empresa socialmente
responsável tem de cumprir a
legislação.
No entanto, com base em uma avaliação
de riscos, as prioridades poderão ser
definidas, visando direcionar a maior
parte dos esforços e controles internos de
gestão nas obrigações que têm os maiores
riscos de conformidade (expressas como a
probabilidade de ocorrência e o impacto u
Fonte: International
Standard, ISO
19600. Compliance
Management
Systems –
Guidelines, page VI
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 37
Qualidade
das consequências do descumprimento).
Com base ainda nesta avaliação
de riscos, medidas (sob a forma de
controles de risco) serão concebidas e
implementadas, bem como métodos e
procedimentos para monitorar e avaliar a
conformidade e a eficácia dos controles
internos implementados. Esta abordagem
baseada no risco auxiliará as empresas
a concentrar seus esforços para o
Gerenciamento da Conformidade.
Os potenciais benefícios na
implementação da Norma
ISO 19600:2014
• Abordagem simplificada e já conhecida
para as empresas que possuam
outros Sistemas de Gestão ISO
implementados;
• Incorporação de elementos críticos
de outros padrões, aceitos de forma
flexível;
• Oportunidade da criação de uma nova
maneira de “olhar” para o seu negócio;
• Demonstração, aos órgãos reguladores,
do alinhamento da empresa com outras
normas legais, governamentais e
globais de Compliance;
• Orientações customizáveis para o
beneficiamento e a inclusão de todos
os tipos e tamanhos de empresas,
com uma abordagem baseada no risco
(obrigações de Compliance), para
a elaboração e implementação de
controles internos;
• Adaptação de uma cultura
organizacional, voltada para que
o cumprimento das normas aqui
apresentadas se torne uma regra geral,
aplicada a todos da empresa.
Conclusão
A prática do Compliance Corporativo
é tema de discussão global, e que está
direcionada para auxiliar as empresas
no desenvolvimento de uma plataforma
sólida, que proporcione integridade na
relação das pessoas e dos negócios. A
proposta da norma ISO 19600:2014
é contribuir, de maneira estruturada,
para que as empresas possam constituir
melhores processos organizacionais para
a integridade nas decisões de importância
corporativa e pessoal. O desenvolvimento
e a incorporação deste programa de
prevenção de riscos, e uma adequação
cultural de todos, voltado aos quesitos
de ética, auxiliarão a empresa a manter a
confiabilidade em seu programa local ou
global de Compliance.
É importante ressaltar também,
que cada empresa poderá decidir, de
forma independente, até que ponto a
implementação de um programa desse tipo
pode ser considerada adequada - em relação
aos custos e benefícios envolvidos no
processo - e quanto esta implementação de
um padrão internacional poderá colaborar
para a comparabilidade entre os sistemas de
conformidade em diferentes segmentos ou
regiões. Além disso, a diretriz traz consigo
a garantia de inexistência de conflitos com
qualquer legislação nacional, pois a mesma
determina que esta deva ser cumprida para
se garantir a conformidade dos processos.
No entanto, ainda não está claro como
as empresas deverão comprovar sua
implementação para terceiros. Atualmente,
não existe nenhuma intenção da ISO de
estabelecer uma certificação conforme a
norma ISO 19600:2014, uma vez que não
existem padrões mínimos previstos. Este
é o lado negativo de um guia flexível que
tenta cobrir um amplo espectro.t
Daniel Gobbi Costa - dgobbi@allcompliance.
com.br e Francisco P.R. Garcia - fgarcia@
allcompliance.com.br , consultores da
ALLIANCE Consultoria e Treinamento
Empresarial.
38 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 39
Comportamento
40 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
As cinco
formas de
administrar
conflitos
Quando em situações conflituosas o comportamento
de uma pessoa pode ser enquadrado em duas
dimensões básicas.
Por Ernesto Berg
E
xistem várias maneiras de abordar e
administrar conflitos. Uma das mais
eficazes é denominada de “Estilos
de Administração de Conflitos”, método
criado por Kenneth Thomas e Ralph
Kilmann, os quais propõem cinco formas
de gerenciar conflitos. Afirmam que quando
em situações conflituosas o comportamento
de uma pessoa pode ser enquadrado em
duas dimensões básicas.
A primeira dimensão, assertividade, é a
extensão com que cada indivíduo procura
BQ 281 t
satisfazer seus próprios interesses.
A segunda, cooperação, mede a extensão
com que uma pessoa procura satisfazer os
interesses dos outros. Esse comportamento
bidimensional define os conco métodos de
administrar conflitos, que são: competição,
acomodação, afastamento, acordo,
colaboração.
Não existe estilo certo ou errado em
relação a qualquer um desses métodos.
Cada qual pode ser apropriado e muito
efetivo, dependendo das circunstâncias, dou
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 41
Comportamento
assunto a ser resolvido e das
personalidades envolvidas.
1Competição
É uma atitude assertiva e não
cooperativa, onde prevalece o uso do poder.
Ao competir o indivíduo procura atingir
os seus próprios interesses em detrimento
dos interesses da outra pessoa. É um estilo
agressivo e antagônico onde o indivíduo
faz uso do poder para vencer. A competição
pode significar “proteger seus direitos”,
defender uma posição na qual acredita, ou
simplesmente querer ganhar. Mesmo sendo
um estilo coercitivo, há ocasiões em que o
uso da competição é justificável e pode ter
resultados positivos. Eis alguns exemplos:
• Quando ações rápidas e decisivas
são vitais, como, por exemplo, numa
emergência, e não há tempo para troca
de opiniões.
• Quando estão em jogo princípios
importantes.
• Quando você está num beco sem saída,
numa situação de “ou ele ou eu”.
• Quando nem o diálogo nem o tempo
ajudaram a resolver o conflito que tende
a se deteriorar cada vez mais.
2
Acomodação
É uma atitude inassertiva, cooperativa
e autossacrificante, o oposto de competir.
Ao acomodar a pessoa renuncia aos seus
próprios interesses para satisfazer os
interesses da outra parte. A acomodação
é identificada por um comportamento
generoso, altruísta, dócil à vontade da outra
pessoa ou, então, abrindo mão de seu ponto
de vista a favor do outro. A acomodação,
quando aplicada no momento adequado,
pode trazer bons resultados. Eis alguns
exemplos:
• Quando é especialmente
importante preservar a
harmonia e evitar uma quebra
no relacionamento.
• Para demonstrar
generosidade de sua parte.
• Quando a questão é muito
mais importante para o outro e
você tem pouco a perder, e é útil
para manter um relacionamento
colaborativo.
• Quando você está batido, e
a competição só irá prejudicar
seus interesses.
3
Afastamento
É uma atitude inassertiva e
não cooperativa. Ao afastar-se
a pessoa não se empenha em
satisfazer os seus interesses,
nem tampouco coopera com
a outra pessoa. O indivíduo
coloca-se diplomaticamente
42 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
à margem do conflito, às vezes adiando o
assunto para um momento mais adequado,
ou então simplesmente recuando diante de
uma situação de ameaça (física, emocional
ou intelectual). Eis algumas ocasiões em
que o estilo afastamento pode ser adotado:
• Quando o custo de um confronto
é maior do que o benefício que o
resultado possa trazer.
• Se ambas as partes considerarem a
questão pouco significativa.
• Quando as duas partes precisarem
reduzir as tensões e esfriar a cabeça.
• Para resguardar sua neutralidade ou
reputação.
• Quando há uma real possibilidade do
problema sumir sozinho.
4
Acordo
É uma posição intermediária entre
assertividade e cooperação. O indivíduo
procura soluções mutuamente aceitáveis,
que satisfaçam parcialmente os dois lados.
Ele abre mão de alguma coisa, desde que em
contrapartida receba algo em troca que seja
de seu interesse. O acordo significa trocar
concessões, ou então procurar por uma rápida
solução de meio termo. É uma espécie de
“toma-lá-dá-cá”. Eis alguns casos em que
estilo acordo pode trazer bons resultados:
• Quando todos têm a perder se não
chegarem a um entendimento.
• Quando os dois lados têm a mesma
força.
• Quando você quer chegar a um acordo
temporário para situações complexas.
• Quando, mesmo que os prejuízos sejam
inevitáveis, as perdas puderem ser
reduzidas para os dois lados.
5
Colaboração
É uma atitude tanto assertiva quanto
cooperativa. Ao colaborar o indivíduo
procura trabalhar com a outra pessoa
BQ 281 t
tendo em vista encontrar uma solução que
satisfaça plenamente os interesses das duas
partes. Significa aprofundar o assunto para
identificar as necessidades e interesses
dos dois lados e encontrar uma solução
satisfatória para todos os envolvidos. Ao
colaborar, o indivíduo procura aprender
com os desacordos, olhando o ponto de
vista do outro, bem como resolver situações
que de outra forma poderia descambar para
competição por recursos, ou ainda tentar
encontrar soluções criativas para problemas
de relacionamento interpessoal. Alguns
exemplos do uso apropriado do estilo
colaboração:
• Quando você precisa encontrar uma
solução integrada e as necessidades
e interesses de ambas as partes são
por demais importantes para serem
ignoradas.
• Quando existe um ambiente de mútua
confiança.
• Quando você quer o comprometimento
dos outros através de uma decisão
consensual.
• Quando ambas as partes ganham mais
juntas do que isoladamente.
• Quando as competências e habilidades
dos participantes se complementam.
Não obstante os cinco estilos
mencionados, pessoas diferentes usam
de diferentes estratégias para moderar
conflitos. O importante é conhecer e servirse das várias opções à nossa disposição
para manejar conflitos e aprender a utilizar
essas técnicas.t
Ernesto Berg é consultor de empresas,
professor, palestrante, articulista, autor de
14 livros, especialista em desenvolvimento
organizacional, negociação, gestão do
tempo, criatividade na tomada de decisão,
administração de conflitos [email protected]
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 43
Capa - Pesquisa
I Pesquisa sobre
Qualidade,
Competitividade e
Normalização
Um diagnóstico preocupante: a
competitividade brasileira no fundo do
poço, a péssima prestação de serviço
público e a baixa participação da
sociedade no processo de normalização
A Academia Brasileira da Qualidade e a Target
realizaram essa pesquisa e os seus resultados
são agora apresentados com exclusividade
pela Revista Banas Qualidade
www.target.com.br
44 - Revista
Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281www.abqualidade.org.br
Pesquisa revela problemas muito sérios
em relação à qualidade, competitividade
e normalização no Brasil
A preocupação com a qualidade de bens e
serviços não é recente. Os consumidores,
mesmo na fase da produção artesã, sempre
tiveram o cuidado de inspecionar os objetos
das relações escambo. Essa preocupação
caracterizou a primeira fase da gestão da
qualidade. Da inspeção do produto acabado à
gestão de processos - que tem como finalidade
de atender os requisitos do cliente – decorreu
alguns séculos de história. Seu conhecimento
é de fundamental importância para a
compreensão do estado da arte em qualidade,
.no Brasil e no mundo
A qualidade e a competitividade dependem
diretamente da normalização técnica e da
metrologia. Não há qualidade se não houver
especificação dos insumos, do produto
final, das metodologias de produção e
de medição dos seus atributos chave. A
elevação do nível global de
competitividade da produção
está entre as prioridades
das lideranças mundiais
emergentes o que
implica
no
fortalecimento
da tecnologia
industrial básica
desses países, sendo, portanto,
inquestionável o papel central
das atividades relacionadas à
metrologia, normalização e
.qualidade
A
melhoria
da
competitividade
da
indústria brasileira vai
além dos planos para
BQ 281 t
conter a valorização do real ou proteger os
produtos brasileiros. O grande desafio é a
modificação de fatores estruturais, como
a redução do Custo Brasil, expressão que
sintetiza as ineficiências do país. Entre eles
estão a excessiva burocracia, a complexidade
do sistema tributário e o alto custo da mão de
obra, que é resultado dos pesados encargos
trabalhistas. Como consequência, o país tem,
por exemplo, um dos maiores custos de energia
do planeta. Isso para não falar dos problemas
causados pelos gargalos de infraestrutura.
Esses são os fatores
que estrangulam a
competitividade
do país, além de
uma corrupção
endêmica que
se
espalha
por todos os
setores
da
.sociedade
Utilizando
a ferramenta
de
pesquisa
S u r v e y M o n k e y,
o link da pesquisa foi
disponibilizado para o mundo técnico
de diversas maneiras. Ao se obter 781
respostas, o nível de disponibilizar
o link diminuiu e as respostas e
seus resultados se estabilizaram.
Assim, obteve-se mais de
17.000 respostas, o que
há de convier é bastante
participativo no mundo
técnico.u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 45
Capa - Pesquisa
Qual o nível de empenho das empresas
brasileiras em geral em oferecer produtos
?e serviços de qualidade
Opções de resposta
Baixo
Médio
Alto
Muito Alto
Respostas
22,08%
59,31%
16,94%
1,67%
Mais de 80% dos participantes acham o
nível de empenho das empresas brasileiras
baixo ou médio em oferecer produtos e serviços
de qualidade. Isso pode estar relacionado à
carga tributária brasileira que não é apenas
alta. É complexa, estendendo-se por toda a
cadeia econômica. Os impostos, as taxas e as
contribuições também alcançam a produção,
o investimento, o trabalho, a importação, a
.exportação, a renda e a propriedade
O que acha da qualidade dos produtos e
?serviços das empresas privadas brasileiras
Opções de resposta
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Muito boa
Excelente
Respostas
1,54%
6,66%
38,03%
43,79%
9,60%
0,38%
Mais de 80% consideram os produtos
e serviços brasileiros de qualidade regular
ou boa. Ou seja, a exagerada tributação nos
produtos importados não está mais deixando
ele com seu preço final próximo ao produzido
localmente. A utilização de produtos, ditos
anteriormente como de qualidade mais
baixa, está se comprovando ou ao contrário
são os fabricantes que tiveram de produzir
um diferencial de qualidade para poderem
competir mundialmente e concentraram sua
produção em países de baixa complexidade e
.carga tributária
Hoje, tem-se uma indústria com dificuldade
em colocar produtos duráveis de alta qualidade a
preço competitivo. Esta é a realidade, por mais que
se queira negar. Há um dilema: como ser um país
que produza qualidade a um preço competitivo?
O governo poderá desmantelar a indústria abusiva
da burocracia e resolver simplificar o perverso e
?incompreensível sistema tributário
Por que os brasileiros acham que os
produtos dos países do Primeiro Mundo
são melhores do que os nacionais?
)(assinale todas as aplicáveis
46 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Opções de resposta
Trazem mais inovações
Têm durabilidade maior
Causam menos problemas
durante o uso
Não precisam de manutenção
Respostas
68,12%
45,63%
52,96%
8,87%
Essa questão é muito elucidativa e
será complementada por outra pergunta.
A maioria dos respondentes optou por
três sugestões: trazem mais inovações;
têm durabilidade maior; e causam menos
.problemas durante o seu uso
O que acha da qualidade dos serviços
?públicos no Brasil
Opções de resposta
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Muito boa
Excelente
Respostas
34,66%
34,27%
26,06%
4,36%
0,51%
0,13%
Mais de 94% dos participantes
consideram a qualidade dos serviços
públicos péssima, ruim ou regular, ou
seja, parece ser unanimidade de que
isso está enraizado no poder público do
Brasil. Quando se fala em produtividade e
eficiência, deve-se considerar a avaliação
BQ 281 t
e a fiscalização incansável dos servidores
públicos como fundamentais para se
garantir uma prestação de serviço digna
para a toda a população. Por exemplo, no
caso específico das universidades públicas
federais, é essencial avaliar os professores,
pesquisadores (que recebem bolsas de
pesquisa de instituições de financiamento)
e
servidores
técnico-administrativos,
para extinguir figuras como a do barnabé,
aquele funcionário que passa o horário de
expediente fumando, tomando cafezinho,
em conversas de corredor, ou navegando
nas redes sociais e sites e entretenimento,
.em vez de executar o trabalho devido
Apesar de ainda existir hoje em
dia (em empresas públicas e também
privadas), tal figura está longe se ser a
regra no funcionalismo público. Porém,
há ainda os desvios de conduta, a má
gestão e a improbidade administrativa que,
também, são injustificáveis. A apuração
e investigação de denúncias, por meio de
corregedorias, controladorias, tanto interna
quanto por parte dos respectivos órgãos
governamentais, deveriam ser implacáveis e
não podem ser substituídas por argumentos
tais como a tradição e a excelência de
instituições públicas ou as declaradas
de utilidade pública (organizações não
governamental – ONG) autoproclamadas
inatacáveis. Importante: não se deve
aplicar às instituições públicas a mesma
lógica das empresas privadas. A diferença
elementar entre elas é que, enquanto
estas atendem clientes, aquelas prestam
serviços ao cidadão. O cliente reivindica
seus direitos enquanto consumidor de um
determinado produto e paga por este bem
ou serviço. Já o cidadão tem o direito legal,
constitucionalmente garantido, de receber
um serviço público, gratuito e de qualidade,
tal como garante a Constituição brasileira,
independentemente de sua cor, sexo, origem
ou classe social.
u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 47
Capa - Pesquisa
Um participante fez um comentário
bastante especial: “a cultura que existe
em geral é de que o serviço público
é gratuito e por ser assim o servidor
trata seu cliente como se estivesse
prestando um favor, e o público pensa
ter que aceitar (ou às vezes é obrigado)
esta condição péssima de tratamento
por precisar do mesmo, sob pena de
ser mais mal atendido ainda e ser
prejudicado. Mas, o serviço público
não é gratuito, principalmente agora
está nos custando muito caro e está
longe de ser um favor prestado ou
recebido. Isso precisa mudar. E é meu
ponto de vista senhores, trabalho com
pessoas há 22 anos na região sul do
país e já residi em outras regiões e
as reclamações são desta ordem por
”.onde passei
Na sua opinião, o que é prioritário para
melhorar a qualidade dos produtos e
serviços no Brasil? (assinale 1, 2 ou 3
)respostas
Opções de resposta
Capacitação dos empregados/
servidores
Sistema de gestão da qualidade
Ética
Ouvir o cliente/cidadão
O papel da liderança/
governança da organização
Projeto e/ou engenharia
melhores
Respostas
57,46%
45,89%
39,72%
38,43%
27,63%
26,99%
As opções de respostas mais marcadas
foram: capacitação dos empregados/
servidores, sistema de gestão da qualidade,
ética, ouvir o cliente/cidadão, o papel da
liderança/governança da organização e o
.projeto e/ou engenharia melhores
Alguns comentários dos participantes:
­comprometimento com a sustentabilidade
do negócio nas três esferas: financeira, social
e ambiental; políticas públicas de incentivo;
comprometimento com a qualidade e não utilizar
esse tema apenas como estratégia de marketing
e implantar a Qualidade como princípio da
empresa/negócio; deveria permitir mais de três
itens no questionamento anterior: capacitação
dos funcionários, ética, motivação, seleção
de fornecedores e várias outras intervenções
que poderiam ser apontadas para melhoria no
desempenho; acredito que há uma série de
fatores que possam contribuir para a melhoria
de produtos e serviços, incluindo o trabalhador
que executa e está inserido no processo de
produção, ser visto como gente; pois caso não
seja, pode e interfere diretamente no produto e
serviço final, haja visto o caso dos professores
na educação técnica e demais e uma pergunta
pode ser feita há ou não interferência direta
no produto final na formação, conhecimento,
mudança de atitudes, etc.; não existe formação
de mão de obra adequada no Brasil, as empresas
tentam seguir padrões internacionais, porém
a mão de obra é muito deficiente, e soma-se a
48 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
isto a falta de cultura empresarial forte, o que torna
muito instável os objetivos e metas das empresas e
sua competitividade; e o único objetivo da prestação
de serviço seja público ou privado é gerar lucro ao
máximo, não há nenhum respeito sobre a qualidade
e treinamentos direcionados às atividades, sendo
que o salário de um profissional é proporcional ao
seu grau de escolaridade e não do seu conhecimento
e experiência, sem falar no imposto absurdo para
.mantê-lo registrado em carteira, etc
Na verdade, muitas vezes, o problema
com os produtos ou serviços é acessório,
ou seja, não compromete concretamente a
experiência de consumo dos clientes. Ainda
assim, a percepção que eles têm é a de que
o grau de utilidade do produto ou serviço
poderia ser aprimorado. Como assim? Isso
significa, por exemplo, que um produto ou
serviço cumpre apenas parte dos anseios
que os clientes têm. Ao se pensar em um
restaurante ou lanchonete, por exemplo,
com um cardápio para o dia e outro para
a noite, ambientação propícia para happy
hours e comemorações, mas que não oferece
bebidas alcoólicas. Isso representa uma
redução no grau de utilidade da marca, ou
seja, pode não estar atendendo à demanda
dos consumidores. Todas essas informações
podem ser obtidas por meio de uma pesquisa
.minuciosa de mercado
O que acha do nível da formação da mão
?de obra brasileira
Opções de resposta
Péssima
Ruim
Regular
Boa
Muito boa
Excelente
Respostas
5,14%
24,16%
47,56%
20,69%
2,19%
0,26%
Mais de 80% optaram que a mão de obra
brasileira varia de ruim, regular e boa. Para
alguns especialistas, a escassez de mão de
obra qualificada prejudica a competitividade,
uma vez que, segundo eles, devido à falta
de qualificação a busca de eficiência e a
redução de desperdício acabam sendo as
atividades mais prejudicadas nas empresas,
o que resulta em potenciais problemas de
qualidade, custos mais elevados e lucros
menores. Outros revelam que a falta de
mão de obra qualificada é ainda um grande
obstáculo para o sucesso das empresas e
que o déficit de profissionais se dá tanto
no nível estratégico quanto para funções
.operacionais dentro das organizações
No Brasil, ocorre muito desperdício na
mão de obra, com profissionais talentosos
exercendo atividades que não precisariam
ser feitas, que não agregam valor ao
cliente ou ao negócio. Igualmente, o
direcionamento das pessoas erradas às
atividades certas está ligado à alocação de
profissionais com qualificações acima ou
abaixo das necessárias para as atividades
que realmente devem ser feitas. Elas
poderiam, eventualmente, ser executadas
pelos rotulados erroneamente de sem
qualificação, mas que, na verdade, parte
deles têm alguma qualificação para essas
.atividades
Quais os fatores que influenciam para o
país ter pouca competitividade no cenário
mundial? (assinale todas as aplicáveis)u
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 49
Capa - Pesquisa
Opções de resposta
Falta de investimento em
infraestrutura e em educação
Impostos e juros altos
Falta uma política governamental
coerente
Gastos excessivos do governo
Custos incidentes sobre o salário
dos funcionários
Câmbio supervalorizado
84,52%
82,06%
68,00%
60,77%
41,03%
20,26%
As opções de respostas mais escolhidas
parecem lógicas e representar o que os
gestores e administradores pensam sobre o
mercado brasileiro: falta de investimento
em infraestrutura e em educação,
impostos e juros altos., falta uma política
governamental coerente, gastos excessivos
do governo, custos incidentes sobre o salário
.dos funcionários e câmbio supervalorizado
Alguns acham que a adoção de uma
política industrial de longo prazo na qual a
inovação tenha destaque seria fundamental
para garantir o desenvolvimento econômico
e social. Isso poderia apontar as áreas
estratégicas da economia brasileira e
considerar o adensamento tecnológico da
balança comercial brasileira aliando os
esforços em inovação do Brasil em ciência
.básica e tecnologia
A busca por novos modelos, instrumentos
e arranjos organizacionais é essencial para
se garantir a consolidação do existente e
a evolução para uma liderança brasileira
em inovação. A capacidade de inovar é
determinante para a competitividade das
empresas e das nações em um mundo cada
.vez mais globalizado
Avaliar e discutir, com o conjunto da
sociedade, os caminhos da inovação na
prática, seria o caminho mais correto. É
necessário estimular, alinhar os esforços
e criar sinergia em torno de inovações que
gerem riqueza e competitividade para o país,
incluindo desde investimentos em ciência
básica até o sistema de incubadoras, parques
tecnológicos, agências de transferência
tecnológica das universidades públicas,
institutos de ciência e tecnologia públicos e
privados, agência de propriedade intelectual,
agências públicas de fomento e empresas
inovadoras que, com foco no mercado,
organizem esse conjunto de investimentos
sob a égide de uma visão estratégica
integradora para o desenvolvimento, a
produção e a comercialização de novos bens
.e serviços para a sociedade
Para isso, é necessário contar com
a mobilização de diversos setores da
sociedade para eliminar a corrupção
que se instalou em todo esse processo.
O investimento, público ou privado,
nacional ou internacional, em empresas
que tenham competência em desenvolver
e oferecer produtos e serviços inovadores
e competitivos utilizando seu próprio
conhecimento e experiência interna, e que
também saibam como buscar, recuperar
e valorizar conhecimento acadêmico e
científico transformando-o em tecnologias
com retorno para a sociedade, é o elemento
fundamental desse processo de construção
.de trajetórias sustentáveis para a inovação
Além disso, um investimento maciço
na educação da população poderá garantir
50 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
a perenização desse processo. Somente
assim o país poderá participar do um jogo
dinâmico nesse novo ambiente internacional
extremamente complexo e competitivo, no
qual o Brasil e a grande maioria de suas
.empresas ainda têm pouca penetração
A sociedade brasileira deverá encontrar
respostas para todas essas questões se
quiser algum protagonismo nacional nesse
.contexto mundial
:Comentários dos participantes
Conjunto complexo de fatores.“
Vocação cultural do brasileiro, o lucro
em primeiro lugar ofuscando o ganho
com o aumento da produtividade,
redução dos custos, conquista garantida
e expansão do mercado melhorado a
qualidade do produto e apoio no pôs
venda (atendimento ao cliente), tornando
o produto mais confiável e consequente
manutenção e ampliação do mercado
”.para o produto comercializado
O governo ao invés de ajudar,“
atua contrariamente, estimulando
uma farra com o dinheiro público
que é confortavelmente suportado
pela crescente carga tributária. Por
outro lado, o empresário brasileiro,
assim como muitos brasileiros, são
mal formados e focam muito mais
na ostentação do que na educação e
”.preparação
de nossa indústria, desde que esta fosse
genuinamente nacional. Financiar e
manter nossos pesquisadores de modo
a evitar a evasão dos mesmos para
países que protegem suas indústrias com
voracidade. Voltar aos antigos métodos
de ensino e pesquisa, sem abusar e atolar
no uso exagerado de informática; retornar
aos livros e exercícios de aprendizado
tradicionais, estimulando a criatividade
e não a copiatividade; somos meros
copiadores de tecnologias estrangeiras,
as quais por vezes são desenvolvidas lá
fora, por cientistas oriundos do 3º mundo.
Com respeito ao último fator citado nesta
questão, sou de opinião que benefícios em
folha de pagamento não são valorizados
como tal pelos próprios empregados,
mas acabam sendo encarados como
melhoria salarial; isto posso falar pois
sou empregado de empresa federal. Se
tivéssemos excelente educação pública,
saúde pública, transporte público urbano
e ferrovias de cargas e de passageiros
para longas distâncias, poderíamos ter
menos impactos em salários gerando
menos custos aos empregadores e melhor
proveito dos salários, dentro da iniciativa
”.privada
Quais os fatores você acha que podem
aumentar a competitividade brasileira?
(assinale todas as aplicáveis)
u
Proteção da empresa genuinamente“
brasileira ao criar qualquer produto
inédito, de modo a assegurar a patente
e capacidade de produção no Brasil,
evitando que a indústria seja suplantada
por concorrentes estrangeiros. Assegurar
com financiamentos genuinamente
nacionais, a disponibilidade de pesquisas
científicas visando desenvolvimento
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 51
Capa - Pesquisa
Opções de resposta
Diminuição na carga tributária e
impostos sobre salários
Aumentar o gasto em educação
Aumentar os gastos em Pesquisa &
Desenvolvimento
Aumento da produtividade da
indústria
Aumento no número de patentes
)(residentes
82,77%
80,57%
72,15%
45,21%
22,93%
As opções mais escolhidas incluíram
a diminuição na carga tributária e
impostos sobre salários, aumentar o gasto
em educação, aumentar os gastos em
Pesquisa & Desenvolvimento, aumento da
produtividade da indústria e aumento no
número de patentes (residentes). A melhoria
da competitividade da indústria brasileira
vai além dos planos para conter a valorização
do real ou proteger os produtos brasileiros.
O grande desafio é a modificação de fatores
.estruturais, como a redução do Custo Brasil
De qualquer forma, o país não pode fechar
as portas e dificultar a importação de produtos
essenciais ao desenvolvimento econômico
de seus diversos setores. Ao contrário, há
a necessidade de se aumentar a corrente de
comércio com o restante do mundo. Por
isso, o crescimento brasileiro não deve ser
fundamentado na autossuficiência, mas, sim,
na lógica de importar as especialidades dos
países estrangeiros e exportar o que se tem de
melhor no país. As desastrosas experiências
de reserva de mercado da década de 1980
.falam por si só
:Alguns comentários
Desburocratizar, diminuir o numero de“
registros legais para diversos órgãos. O
governo precisa ser mais inteligente na
Desburocratização de registro de patente,“
mais investimento (grande ampliação)
em educação, tecnologia e capacitação
integrada à sociedade, por parte do
setor privado, que poderia ser utilizada,
”.posteriormente pelo próprio setor
É, são tantas coisas, que acho não“
caberia aqui. Mas acho que deveria
haver a redução da carga tributária e
ela até poderia ser mais impactante para
empresas que não possuem programas
educacionais, de gestão participativa, de
inclusão e diversidade, focados à saúde,
com projetos de melhoria da sociedade.
Quanto mais a empresa teria iniciativas
nestas áreas, menos impostos ela pagaria.
E como descrito acima, o governo tem
que ajudar muito mais e, principalmente,
também ter uma governança, ser focado
em resultado, ter metas, objetivos
”.estratégicos e controlá-los seriamente
A produtividade da indústria poderia
melhorar de início somente com
a efetivação dos fatores acima
assinalados, porém o que mais ocorre
principalmente em indústrias de origem
estrangeiras é a automação excessiva,
com permissividade de nosso Estado
quanto a isso. A produtividade honesta
”.deve ser fator de direito do empregado
Haver uma aproximação maior“
entre escola e alunos, o incentivo ao
desenvolvimento acadêmico no sentido
de um futuro mais promissor, por
exemplo: a dúvida sobre cursar uma
faculdade de engenharia, medicina ou
outros, gerando um gasto absurdo para
o aluno e depois de formado seu salário
raramente passará de R$ 6.000,00 isso
se arranjar emprego. O imposto de renda
sobre salário, “RENDA” é o resultado
de investimentos, salário é outra coisa.
A qualidade de um produto não significa
que ele é bom, significa que ele foi
52 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
fabricado dentro dos padrões adequados
ao seu uso, com vida útil proporcional à
sua necessidade de aplicação, ou seja será
bem projetado e fabricado com baixo custo
e durabilidade preestabelecida se tornando
barato e competitivo. Outro assunto, por
que para se doar sangue eu preciso me
deslocar até um hospital, gerar custo, sair
do meu posto de trabalho (contrariando o
patrão obviamente) e perder o dia todo?
Não seria mais fácil a empresa envolvida ir
até a indústria juntamente com um médico
e colher dezenas de litros de sangue,
gerando baixíssimo custo para a mesma e
dessa forma um funcionário da indústria
”.incentiva o colega a doar também
Acha que a utilização da tecnologia da
informação é um diferencial estratégico
?e gera uma vantagem competitiva
Opções de resposta
Sim
Muito pouco
Não
Respostas
90,98%
8,12%
0,90%
Se respondeu sim à questão anterior, o
uso da tecnologia da informação relacionado
aos objetivos estratégicos permite (assinale
)todas as aplicáveis
BQ 281 t
Opções de resposta
Criar diferenciação no
mercado
Reduzir custos
Criar novos negócios
Respostas
80,42%
76,94%
61,53%
As duas questões se complementam e a
tecnologia da informação cria diferenciação
no mercado, reduz custos e cria novos
negócios. É quase um consenso de que
a principal motivação para se adotar a
tecnologia nas empresas é a necessidade
de uma melhor utilização dos recursos
financeiros, investidos em máquinas e
manutenção dos sistemas computacionais
das empresas. Uma série de tecnologias
amplamente adotadas remodelou a indústria
ao longo dos últimos dois séculos, da
locomotiva e da ferrovia ao telégrafo e ao
telefone, passando pelo gerador elétrico e
.pelo motor de combustão interna
A transição para essa nova época, baseada
no conhecimento exigirá postura que visem
mais a sustentabilidade, a colaboração entre
as pessoas visando à complementaridade
das habilidades e conhecimentos e uma
maior valorização do individuo como parte
de uma coletividade, de uma comunidade
globalizada. Assim, incluíram-se empresas
de serviços de engenharia, administradoras
de bens e imóveis, corretoras de seguros,
bancos, escritórios profissionais, entre outras.
A tecnologia é em si mesma, a essência de
um pacto social de um mundo novo, pela
proteção cogente que deveria ser prestada
aos grupos empresariais mais fragilizados
na
sabidamente
desigual
estrutura
.caracterizadora da sociedade brasileira
Enfim, a competitividade que vem sendo
requerida das empresas tem exigido um
processo de gestão ágil e inteligente, no
qual a gestão da informação é crucial para
a sua sobrevivência. Dentro deste contexto,
a adoção e a implementação da tecnologia u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 53
Capa - Pesquisa
da informação, muitas vezes, têm
levado ao desperdício e à frustração pela
inobservância de determinados empecilhos
.quando da decisão em implantar um sistema
Na sua organização existe alguma seção
ou pessoa responsável pelo acesso a
normas (compra, atualização, guarda e
disponibilização de normas brasileiras,
?)internacionais e estrangeiras
Opções de resposta
Sim
Não
Respostas
75,91%
24,09%
A maioria das empresas (75,91%) tem um
departamento responsável em lidar com as
normas técnicas. Mas, é preocupante o número
que não tem: 24,09%. Os departamentos
especificados foram muitos, mas a grande
maioria se concentra na Qualidade,
.Engenharia, Biblioteca e Tecnologia
Como você e os empresários de seu setor
vêm a norma? Assinalar a(s) resposta(s)
)pertinente(s
Opções de resposta
Como balizamento
(especificações a serem
)atendidas, limites
Como fonte de informação
Como facilitador da atividade
econômica (interconectividade e
)padronização
Como prevenção contra
problemas decorrentes de
responsabilidade civil
Como insumo para inovação
tecnológica
Limitado o seu uso pelo seu alto
preço de aquisição
Como barreira à concorrência
68,79%
63,98%
50,33%
44,99%
24,06%
19,77%
11,05%
A visão dos respondentes foram
dentro da lógica: como balizamento
(especificações a serem atendidas, limites),
como fonte de informação, como facilitador
da atividade econômica (interconectividade
e padronização), como prevenção contra
problemas decorrentes de responsabilidade
civil e como insumo para inovação
tecnológica. As normas técnicas geram
economia: reduzindo a crescente variedade
de produtos e procedimentos; facilitam a
comunicação: proporcionando meios mais
eficientes na troca de informação entre
o fabricante e o cliente e melhorando a
confiabilidade das relações comerciais e de
serviços; proporcionam segurança a partir da
proteção da vida humana e da saúde; protegem
o consumidor, provendo a sociedade de
meios eficazes para aferir a qualidade dos
produtos e serviços; eliminam as barreiras
técnicas e comerciais, evitando a existência
de regulamentos conflitantes sobre produtos
e serviços em diferentes países facilitando,
.portanto, o intercâmbio comercial
As normas podem ser elaboradas em
quatro níveis: internacional, as destinadas
54 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
ao uso internacional, resultantes da ativa
participação das nações com interesses
comuns, como as normas da International
Organization for Standardization (ISO) e
International Eletrotechnical Comission
(IEC); regional, as destinadas ao uso
regional, elaboradas por um limitado grupo
de países de um mesmo continente, como
as do Comitê Europeu de Normalização
(Europa), Comissão Pan-americana de
Normas Técnicas (hemisfério americano),
Associação Mercosul de Normalização
(Mercosul); nacional, as destinadas ao uso
nacional, elaboradas por consenso entre os
interessados em uma organização nacional
reconhecida como autoridade no respectivo
país; e ao nível de empresa, as destinadas ao
uso em empresas, com finalidade de reduzir
..custos, evitar acidentes, etc
Elas existem na sociedade moderna,
marcada pela impessoalidade, para garantir
segurança, qualidade e alcance da finalidade
de cada coisa. Não há sentido jurídico em
norma sem poder de coerção. Norma tem a
ver com civilidade e progresso; tratamento
igualitário. Garantir significa prevenir;
significa preservar. O descumprimento
da norma implica em: sanção; punição;
perda; e gravame. As consequências do
descumprimento vão desde indenização,
no código civil, até processo por homicídio
.culposo ou doloso
Quando se descumpre uma norma,
assume-se, de imediato, um risco. Isso
significa dizer que o risco foi assumido,
ou seja, significa que se está consciente do
resultado lesivo. A consciência do resultado
lesivo implica uma conduta criminosa,
.passível de punição pelo código penal
Todos os brasileiros precisam entender
que os acidentes de consumo, desde que
o produtos ou serviços não cumpram os
princípios de fabricação de acordo com uma
norma técnica, são de responsabilidade dos
BQ 281 t
produtores, bastando o consumidor acionar
os órgãos de defesa do consumidor ou
.diretamente o Ministério Público
Quem não cumpre as normas técnicas está
cometendo um ato ilegal, pode ser implicado
em sanção, punição, perda e gravame. E
as consequências desse descumprimento
vão desde indenização, no Código Civil,
até um processo por homicídio culposo ou
doloso. Ou seja, quando se descumpre uma
norma técnica, assume-se, de imediato,
um risco, o que significa dizer que o risco
foi assumido ou seja se está consciente do
resultado lesivo. A consciência do resultado
lesivo implica em uma conduta criminosa,
.passível de punição pelo Código Penal
Igualmente, a função de normalização, no
quadro institucional brasileiro, foi positivada
no ordenamento jurídico infraconstitucional
pela criação do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Sinmetro), instituído pela Lei nº
5.966, de 11/12/1973. A atividade normativa
da ABNT constitui-se em norma secundária
do Poder Executivo, pois importam as NBR
em regulamentação das atividades por ela
supervisionadas, tornando-se obrigatórias, na
medida em que há a possibilidade de imposição
pelo seu descumprimento, no exercício do
poder de polícia patrocinado pela Inmetro,
ligado ao Ministério do Desenvolvimento, da
.)Indústria e Comércio (MDIC
O ordenamento jurídico brasileiro
considerou necessário, oportuno e certamente
didático, pontualizar em legislação específica
(leis, decretos, regulamentos, portarias,
resoluções, regulamentos técnicos etc.) a
exigência de observância, pelos mais variados
setores da produção, industrialização e de
serviços, das Normas Técnicas Brasileiras,
elaboradas pela via do consenso nas várias
Comissões Setoriais e homologadas e
.editadas pela ABNT
u
Quanto à observância das normas
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 55
Capa - Pesquisa
técnicas, citou o Código Brasileiro de
Defesa do Consumidor, lei de caráter geral e
nacional, editado com fundamento no artigo
5º, inciso XXXII, da Constituição brasileira,
aprovado pela Lei nº 8.078, de 11-9-1990, ao
disciplinar as vedações aos fornecedores de
produtos ou serviços com o intuito de coibir
práticas abusivas estabelece em seu artigo
39, VIII: É vedado ao fornecedor de produtos
ou serviços: VIII – colocar, no mercado de
consumo, qualquer produto ou serviço em
desacordo com as Normas expedidas pelos
órgãos oficiais competentes ou, se Normas
específicas não existirem, pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas ou entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade
.)Industrial (Conmetro
Soma-se a isso o Decreto nº 2.181, de
20 de março de 1997, que “dispõe sobre a
organização do Sistema Nacional de Defesa
do Consumidor (SNDC)”, que “estabelece
as normas gerais de aplicação das sanções
administrativas previstas na Lei nº 8.078, de
11 de setembro de 1990…” regulamentando,
pois, dispositivos do Código de Defesa do
Consumidor, estabelece, na Seção II, “Das
Práticas Infrativas” o artigo 12, e na Seção
III “Das Penalidades Administrativas”, o
:art. 18, que dispõem o seguinte
:Art. 12. São consideradas práticas infrativas
IX – colocar, no mercado de consumo,
:qualquer produto ou serviço
a) em desacordo com as Normas
expedidas pelos órgãos oficiais competentes,
ou se Normas específicas não existirem, pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas
– ABNT ou outra entidade credenciada
pelo Conselho Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial
.)(Conmetro
Art. 18. A inobservância das normas
contidas na Lei nº 8.078, de 1990, e das demais
normas de defesa do consumidor constituirá
prática infrativa e sujeitará o fornecedor
às seguintes penalidades, que podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente,
inclusive de forma cautelar, antecedente ou
incidente no processo administrativo, sem
prejuízo das de natureza cível, penal e das
.definidas em normas específicas
Qual a importância da norma técnica
dentro de sua organização e como você
?classifica seus benefícios
Opções de resposta
Alto
Muito alto
Médio
Baixo
Respostas
45,98%
34,33%
16,45%
3,24%
As respostas seguiram a lógica da
importância das normas, o que é muito
.salutar
Você e/ou sua organização participam
de alguma entidade de normalização
?nacional, regional ou internacional
56 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Opções de resposta
Não
Sim
Respostas
60,82%
39,18%
Sua organização participou da
elaboração/votação de alguma norma
?nos últimos cinco anos
Opções de resposta
Não
Sim
Respostas
71,20%
28,80%
Essas duas questões estão intimamente
ligadas. Somente 60,82% participaram de
alguma entidade de normalização nacional,
regional ou internacional e 39,18%, não.
O pior, 71,20% nunca participaram da
elaboração/votação de alguma norma nos
.últimos cinco anos e somente 28,80%, sim
Isso é um recado para a atuação do
Inmetro, da ABNT e, principalmente, para
o Ministério do Desenvolvimento, Indústria
e Comércio Exterior (MDIC) que coordena
essas instituições. Se a normalização é o
processo de formulação e aplicação de
regras para a solução ou prevenção de
problemas, com a cooperação de todos
os interessados, e, em particular, para a
promoção da economia global, isso não está
.acontecendo no Brasil
Alguma coisa não está funcionando,
pois existe pouca participação por parte da
sociedade interessada. No estabelecimento
dessas regras recorre-se à tecnologia como o
instrumento para estabelecer, de forma objetiva
e neutra, as condições que possibilitem que o
BQ 281 t
produto, projeto, processo, sistema, pessoa,
bem ou serviço atendam às finalidades a que
se destinam, sem se esquecer dos aspectos de
segurança. Norma é o documento estabelecido
por consenso e aprovado por um organismo
reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou
características mínimas para atividades ou para
seus resultados, visando à obtenção de um grau
.ótimo de ordenação em um dado contexto
Fundamental entender que o processo de
elaboração de uma norma brasileira é iniciado
a partir de uma demanda, que pode ser
apresentada por qualquer pessoa, empresa,
entidade ou organismo regulamentador
que estejam envolvidos com o assunto a
ser normalizado. A pertinência da demanda
é analisada pela ABNT e, sendo viável,
o tema (ou o assunto) é levado ao Comitê
Técnico correspondente para inserção no
Programa de Normalização Setorial (PNS)
respectivo. Caso não exista Comitê Técnico
relacionado ao assunto, a ABNT propõe a
criação de um novo Comitê Técnico, que
pode ser um Comitê Brasileiro (ABNT/
CB), um Organismo de Normalização
Setorial (ABNT/ONS) ou uma Comissão de
Estudo Especial (ABNT/CEE). O assunto
é discutido amplamente pelas Comissões
de Estudo dos Comitês Técnicos, com a
participação aberta a qualquer interessado,
independentemente de ser associado à
ABNT, até atingir um consenso, gerando
.um projeto de norma
Ele é submetido à Consulta Nacional pela
ABNT, com ampla divulgação, dando assim
oportunidade a todas as partes interessadas
.para examiná-lo e emitir suas considerações
Nesta etapa, qualquer pessoa ou entidade
pode enviar comentários e sugestões ou então
recomendar a sua desaprovação. Todos os
comentários são analisados e respondidos
pela Comissão de Estudo autora, que realiza
uma reunião para análise das considerações
u
recebidas. Todos os interessados que se
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 57
Capa - Pesquisa
manifestaram durante o processo de
Consulta Nacional, a fim de deliberarem, por
consenso, se este projeto deve ser aprovado
como norma brasileira.As sugestões aceitas são
consolidadas no projeto, que é homologado e
publicado pela ABNT como norma brasileira,
recebendo a sigla ABNT NBR e seu respectivo
número. A pesquisa revelou que fica nítida a
impressão que a participação da sociedade em
todo esse processo ainda é mínima. Alguma
.coisa precisa ser feita
Você conhece os comitês técnicos (CB ou
ONS) da ABNT, encarregados das normas
?de seu interesse ou do interesse do seu setor
Opções de resposta
Sim
Não
Respostas
54,85%
45,15%
Bastante dividido o conhecimento sobre
os CB por parte dos participantes: 54,85%
conhecem enquanto 45,15%, não. Ou seja, mais
uma vez o Inmetro e a ABNT, coordenados
pela MDIC precisam ter um planejamento
estratégico para aumentar a participação da
sociedade. A próxima questão pode revelar que
.o desconhecimento é muito alto
?Você sabe como se participa dos CB/ONS
Opções de resposta
Sim
Não
Respostas
26,59%
73,41%
sabem como participar e 73,41%, 26,59%
não. Ou seja, continua reinando no Brasil a
ideia de que as normas técnicas são sempre
elaboradas por grandes empresas. São
elas que têm condições de contratar uma
consultoria especializada para o trabalho.
Além disso, é delas o maior interesse em
estabelecer condições rígidas de produção,
.como forma de dificultar a concorrência
Isso precisa mudar e urgente. A adoção
de normas técnicas é essencial para todos os
negócios, independentemente do tamanho. As
regras tornam a vida das empresas mais fácil
e segura, criam uma igualdade de condições
para a competição e ajudam a alocação mais
.eficiente dos recursos, entre outros benefícios
Sabe quais são as normas de seu
interesse que estão sendo desenvolvidas
na ABNT, ISO ou outro foro de
?normalização, neste momento
Opções de resposta
Sim
Não
Respostas
54,16%
45,84%
sabem quais as normas que estão 54,16%
sendo desenvolvidas, mas 45,84%, não. Mais um
parâmetro preocupante. Isso pode demonstrar
que muitas micro e pequenas empresas, ou
mesmo empreendedores individuais, têm
dificuldades para identificar como as normas
.técnicas afetam suas atividades
58 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Há, no seu negócio, normas estrangeiras
que, no uso diário, convivem com similares
?brasileiras ou não existem no Brasil
têm um alto nível de detalhamento e abordam
alguns temas de uma maneira diferente,
”.ampliando os horizontes de aplicação
Tubulações de cobre e acessórios para uso“
em condicionadores de ar: não há norma
brasileira adequada. Ou faltam especificações
”.para diâmetros ou espessuras inadequadas
Opções de resposta
Sim
Não
Respostas
50,85%
49,15%
Se 50,85% utilizam normas estrangeiras,
49,15%, não. Alguns comentários explicam
:o uso de normas internacionais
Pela presença de profissionais estrangeiros“
como responsáveis técnicos nos canteiros
”.de obras na região onde nós atuamos
Somos uma empresa prestadora de“
serviços na área de consultoria de elétrica,
com base na NR 10, portanto necessitamos
conhecer e informar aos clientes sobre as
normas internacionais, para os casos onde
”.não há normatização brasileira
Falta norma brasileira para materiais“
compósitos. Em geral utilizamos a
”.ASTM e a ISO
Muitos projetos foram desenvolvidos“
na matriz nos EUA que indicam normas
americanas. Os desenvolvidos no Brasil
utilizam também algumas normas
americanas. Será necessário verificar se
”.existem normas similares na ABNT
As normas ASME para construção de“
caldeiras e vasos de Pressão. Isso ocorre
pois o Brasil ainda não é visto pelo ASME
como um mercado estratégico para ter uma
norma traduzida. A China sim e tem normas
”.ASME traduzidas
Sua empresa utiliza ou já utilizou
serviços para melhorar a uso de normas
?técnicas? Como você os avalia
Utilizamos normas estrangeiras como“
SAE,ISO, DIM, IRAM e etc. Essas
normas utilizamos para adquirir técnicas,
”.métodos de análises, etc
Há normas que não existem no Brasil“
ou são da ABNT e estão com revisão
”.muito antigas
Há normas estrangeiras que diferem do“
Brasil em relação ao combate a incêndio.
Quando importamos materiais para
vedação utilizamos a brasileira, para avaliar,
”.classificar e orçar, por ser mais restritiva
As normas técnicas de engenharia civil“
americanas e europeias são muito boas, pois
BQ 281 t
Opções de resposta
Bons
Razoáveis
Muito bons
Insatisfatórios
Respostas
54,84%
24,12%
16,13%
4,91%
u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 59
Capa - Pesquisa
Quais foram esses serviços usados?
)(assinale todas as aplicáveis
Opções de resposta
Acesso digital e pesquisa via
internet
Treinamento (cursos,
).seminários, palestras, etc
Atualização (substituição de
)norma obsoleta pela nova
Compra de normas, em papel
Publicações impressas ou na
internet
Respostas
71,37%
52,01%
46,47%
44,12%
39,42%
Do ponto de vista de informação e
comunicação com seus públicos, onde
poderia ser melhorado o sistema brasileiro
de normalização? (Assinalar o que
)considere prioritário e todas as aplicáveis
Opções de resposta
Relação com as empresas
Relação com as universidades e
escolas técnicas
Preços mais baixos
Relação com a sociedade em
geral
Relação com organismos
internacionais e estrangeiros
similares
Relação com seus comitês
setoriais
Relação com o governo
Relação com os sindicatos
A loja da Qualidade
www.qualistore.com.br
60 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
71,32%
70,79%
58,95%
54,61%
43,42%
37,37%
30,53%
15,66%
Sustentabilidade
Sistema de Gestão para a
Sustentabilidade de Eventos
ISO 20121:2012
Num mundo em constante e rápida mudança, os desafios
para o desenvolvimento sustentável são prioridades para
qualquer organização.
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 61
Sustentabilidade
Por André Ramos e Maria Segurado
A
s conferências, os concertos,
os eventos desportivos, as
exposições e os festivais podem
gerar uma ampla gama de benefícios
públicos, comunitários e econômicos.
No entanto, a realização de um evento
pode também gerar impactos ambientais,
sociais e econômicos negativos, tais como
o desperdício de materiais, o consumo
excessivo de energia e problemas para as
comunidades locais.
Assim, a ISO – International
Organization for Standardization, publicou
em 2012 a norma ISO 20121:2012 –
Sistemas de Gestão para a Sustentabilidade
de Eventos.
A norma ISO 20121 aborda os desafios
da indústria de eventos nas três dimensões
da sustentabilidade e em todas as fases de
sua cadeia de fornecimento. Esta norma é
aplicável a todos os elementos da cadeia
de valor da indústria de eventos, incluindo
organizadores de eventos, gestores de
eventos e fornecedores de produtos e
serviços (Ex: empresas de segurança
privada, infraestruturas, alimentos e
bebidas, entre outros).
A implementação desta norma internacional
permite evidenciar de forma confiável e
transparente a forma como as organizações
encaram o tema da sustentabilidade.
É relevante ter uma abordagem
organizada, baseada em processos para
a gestão dos impactos econômicos,
ambientais e sociais na gestão de eventos.
Além disso, o controle e medição
requeridos pela norma proporcionam
oportunidades para reduzir o uso dos
recursos e reduzir os custos.
A ISO 20121 permite identificar, reduzir
e eliminar os impactos potencialmente
negativos dos eventos, nas esferas
ambiental, social e econômica, tais como
geração de grandes volumes de resíduos,
o desperdício de materiais, o consumo
excessivo de recursos (água e energia) e
problemas para as comunidades locais, bem
como para maximizar os seus impactos
positivos, tais como geração de uma ampla
gama de benefícios públicos, comunitários
e econômicos, através de um melhor
planejamento e de processos melhorados.
A norma possui uma abordagem de
sistema de gestão que é bastante familiar para
milhares de organizações em todo o mundo
que adotam outras normas certificáveis como
a ISO 9001 (Gestão da Qualidade) e a ISO
14001 (Gestão Ambiental).
Uma vez que a abordagem de sistema
de gestão é flexível, esta responde às
necessidades específicas e à natureza
das diversas organizações do setor de
eventos. Ao mesmo tempo, oferece uma
metodologia baseada num consenso
internacional de especialistas para a
obtenção de resultados positivos na
implementação da sustentabilidade.
A ISO 20121 tem um enfoque especial
na identificação das partes interessadas, que
são relevantes para o sistema de gestão e os
seus requisitos, ou seja, as suas necessidades
e expectativas. A identificação das partes
interessadas deve, quando aplicável,
abranger: o organizador de evento, o
proprietário do evento, a força de trabalho,
a cadeia produtiva, os participantes, o
público do evento, os órgãos reguladores e a
comunidade ao redor.
Os principais benefícios da implementação
e certificação de um sistema de gestão para a
sustentabilidade de eventos são:
• Abordagem sistemática, por parte
da organização, aos princípios da
sustentabilidade;
• Envolvimento das partes interessadas
que garante que os assuntos relevantes são
62 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
• identificados e levados em consideração;
• Monitorização consistente do
desempenho da organização no âmbito
da sustentabilidade;
• Redução dos custos operacionais, de gestão
de resíduos e de emissões carbônicas;
• Aumento da eficiência no uso
dos recursos em toda a cadeia de
fornecimento;
• Aumento da capacidade de
identificação, correção e prevenção de
situações com potencial de risco;
• Melhoria nas decisões de investimento
proporcionadas pelo aumento de
informação robusta;
• Redução do risco de danos na reputação
da organização, através de uma melhor
gestão da cadeia de fornecimento.
A APCER empenha-se em prestar serviços
de valor agregado, contribuindo para a
melhoria dos processos e desempenho das
organizações, tornando-as mais sustentáveis,
produtivas e competitivas.
André Ramos - Diretor Executivo de
Markting da APCER e Maria Segurado Gestora de Comunicação da APCER
Certificação sedimenta notoriedade e
potencia a entrada em mercados exigentes
Entrevista com Roberta
Medina, Vice-Presidente do
Rock in Rio
Como encara os sistemas de
gestão na sua empresa?
No Rock in Rio, encaramos o
Sistema de Gestão como algo
muito valido que nos permite a
perceção de toda a estrutura e
metodologias internas, além de nos auxiliar
na monitorização dos objetivos e definição
de novas metas. É uma ferramenta que
facilita o envolvimento de todas as partes
e, consequentemente, a obtenção dos
objetivos a que nos propomos.
 
Contribuem para a sustentabilidade
da organização e facilitam a entrada
em novos mercados, aumentando a
produtividade?
O Rock in Rio já era conhecido como um
evento que assume a sua responsabilidade
BQ 281 t
pelos seus impactos, pelas suas iniciativas
e projetos nesta área da sustentabilidade, e
a Certificação sedimenta a notoriedade do
evento a este nível o que, por sua vez, potencia
a entrada em novos mercados cada vez
mais exigentes. Além disso, a identificação
e clarificação dos processos aumenta a
produtividade – uma vez que os objetivos
podem ser alcançados em menos tempo.
 
Como parceiro, na área da certificação,
como define a atividade da APCER?
A APCER é um parceiro essencial para a
credibilidade do desempenho sustentável do
Rock in Rio. Com o apoio desta entidade, e
através da implementação do sistema, somos
capazes de medir os resultados do impacto
social, ambiental e econômico, estabelecer
novas metas e traçar o caminho para alcançálas. Além disso, é um parceiro que confere
maior notoriedade ao trabalho desenvolvido
na área da gestão para sustentabilidade, por
toda a organização. t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 63
Meio Ambiente
Dissecando
a nova edição
da NBR ISO
14001:2015
64 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
A norma
especifica os
requisitos para um
sistema de gestão
ambiental que uma
organização pode
usar para aumentar
seu desempenho
ambiental
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 65
Meio Ambiente
Por Hayrton Rodrigues do Prado Filho
A
implantação sistematizada de
processos de gestão ambiental
tem sido uma das respostas
das empresas a muitas pressões pela
melhoria ambiental. Assim, ela no
âmbito das empresas tem significado a
implementação de programas voltados
para o desenvolvimento de tecnologias, a
revisão de processos produtivos, o estudo
de ciclo de vida dos produtos e a busca
por produtos mais sustentáveis, buscando
cumprir imposições legais, aproveitar
oportunidades de negócios e investir na
imagem institucional.
Conforme definido na norma
relacionando com os seus itens, um
sistema de gestão conjunto de elementos
inter-relacionados ou interativos de uma
organização, para estabelecer políticas,
objetivos e processos para alcançar esses
objetivos. Um sistema de gestão pode
abordar uma única disciplina ou várias
disciplinas (por exemplo, gestão da
qualidade, gestão ambiental, gestão da
saúde e segurança ocupacional, gestão da
energia, gestão financeira).
Os elementos do sistema incluem
a estrutura da organização, papéis e
responsabilidades, planejamento e
operação, avaliação de desempenho
e melhoria. O escopo de um sistema
de gestão pode incluir a totalidade da
organização, funções específicas e
identificadas da organização, seções
específicas e identificadas da organização,
ou uma ou mais funções dentro de um
grupo de organizações. Um sistema de
gestão ambiental é parte do sistema de
gestão usado para gerenciar aspectos
ambientais, cumprir requisitos legais
e outros requisitos, e abordar riscos e
oportunidades.
Dessa forma, o sistema de gestão
ambiental deve envolver as seguintes áreas
de atividades das empresas: elaboração
de políticas (estratégia), auditoria de
atividades, administração de mudanças,
e comunicação e aprendizagem dentro e
fora da empresa. A gestão ambiental tornase um importante instrumento gerencial
para capacitação e criação de condições
de competitividade para as organizações,
qualquer que seja o seu segmento
econômico. As ações de empresas em
termos de preservação, conservação
ambiental e competitividade estratégica –
produtos, serviços, imagem institucional
e de responsabilidade social – passaram
a consubstanciar-se na implantação de
sistemas de gestão ambiental para obter
reconhecimento da qualidade ambiental de
seus processos, produtos e condutas obtidos
por meio de certificação voluntária.
Foi publicada a nova versão da NBR ISO
14001 de 10/2015 – Sistemas de gestão
ambiental — Requisitos com orientações
para uso que especifica os requisitos para
um sistema de gestão ambiental que uma
organização pode usar para aumentar seu
desempenho ambiental. Esta norma é
destinada ao uso por uma organização que
busca gerenciar suas responsabilidades
ambientais de uma forma sistemática,
que contribua para o pilar ambiental da
sustentabilidade.
Ela auxilia uma organização a alcançar
os resultados pretendidos de seu sistema
de gestão ambiental, os quais agreguem
valor para o meio ambiente, a organização
em si e suas partes interessadas. Os
resultados pretendidos de um sistema de
gestão ambiental coerente com a política
ambiental da organização incluem: aumento
do desempenho ambiental; atendimento dos
66 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
requisitos legais e outros requisitos; alcance
dos objetivos ambientais.
É aplicável a qualquer organização,
independentemente do seu tamanho,
tipo e natureza, e se aplica aos aspectos
ambientais das suas atividades, produtos e
serviços que a organização determina poder
controlar ou influenciar, considerando uma
perspectiva de ciclo de vida. Contudo,
não determina critérios de desempenho
ambiental específicos.
Pode ser usada na íntegra ou em parte
para sistematicamente melhorar a gestão
ambiental. As declarações de conformidade
com esta norma, entretanto, não são
aceitáveis, a menos que todos os seus
requisitos sejam incorporados ao sistema
de gestão ambiental da organização e
atendidos sem exclusões. Dessa forma,
alcançar um equilíbrio entre o meio
ambiente, a sociedade e a economia é
considerado fundamental para que seja
possível satisfazer as necessidades do
presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras de satisfazer
as suas necessidades. O objetivo do
desenvolvimento sustentável é alcançado
com o equilíbrio dos três pilares da
sustentabilidade.
As expectativas da sociedade em
relação ao desenvolvimento sustentável,
à transparência e à responsabilização
por prestar contas têm evoluído com
a legislação cada vez mais rigorosa,
crescentes pressões sobre o meio ambiente,
decorrentes de poluição, uso ineficiente
de recursos, gerenciamento impróprio de
rejeitos, mudança climática, degradação
dos ecossistemas e perda de biodiversidade.
Importante observar que foi usada a
expressão “responsabilização por prestar
contras” como tradução de “accountability”
para evitar confusão com a tradução do
termo “responsibility”.
BQ 281 t
Com isso, as organizações têm adotado
uma abordagem sistemática na gestão
ambiental, com a implementação de
sistemas de gestão ambiental que visam
contribuir com o pilar ambiental da
sustentabilidade. Observa-se que o objetivo
desta norma é prover às organizações uma
estrutura para a proteção do meio ambiente
e possibilitar uma resposta às mudanças das
condições ambientais em equilíbrio com as
necessidades socioeconômicas.
Ela especifica os requisitos que permitem
que uma organização alcance os resultados
pretendidos e definidos para seu sistema
de gestão ambiental. Uma abordagem
sistemática para a gestão ambiental pode
prover a Alta Direção de uma empresa
com as informações necessárias para
obter sucesso em longo prazo e para criar
alternativas que contribuam para um
desenvolvimento sustentável, por meio de:
proteção do meio ambiente pela prevenção
ou mitigação dos impactos ambientais
adversos; mitigação de potenciais efeitos
adversos das condições ambientais na
organização; auxílio à organização no
atendimento aos requisitos legais e outros
requisitos; aumento do desempenho
ambiental; controle ou influência no
modo em que os produtos e serviços da
organização são projetados, fabricados,
distribuídos, consumidos e descartados,
utilizando uma perspectiva de ciclo de
vida que possa prevenir o deslocamento
involuntário dos impactos ambientais
dentro do ciclo de vida; alcance dos
benefícios financeiros e operacionais
que podem resultar da implementação
de alternativas ambientais que reforçam
a posição da organização no mercado;
comunicação de informações ambientais
para as partes interessadas pertinentes.
Esta norma, assim como outras, não se
destina a aumentar ou alterar os requisitosu
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 67
Meio Ambiente
legais de uma organização. O sucesso de
um sistema de gestão ambiental depende
do comprometimento de todos os níveis e
funções da organização, começando pela
Alta Direção. As organizações podem
alavancar as oportunidades de prevenção
ou mitigação dos impactos ambientais
adversos e intensificar os impactos
ambientais benéficos, particularmente
aqueles com implicações estratégicas e
competitivas.
A Alta Direção pode efetivamente
abordar seus riscos e oportunidades,
integrando a gestão ambiental aos
processos dos negócios da organização,
o direcionamento estratégico e à tomada
de decisão, alinhando-os com outras
prioridades de negócios e incorporando
a governança ambiental em seu sistema
de gestão global. A demonstração de uma
implementação bem-sucedida desta norma
pode ser utilizada para assegurar às partes
interessadas que a organização possui um
sistema de gestão ambiental eficaz em
operação.
No entanto, a adoção desta norma por
si só não garante resultados ambientais
ideais. A sua aplicação pode diferir de uma
organização para outra devido ao contexto
da organização. Duas organizações distintas
podem executar atividades semelhantes
e ao mesmo tempo possuir diferentes
requisitos legais e outros requisitos,
comprometimento em suas políticas
ambientais, tecnologias ambientais e metas
de desempenho ambiental, ainda que ambas
atendam aos seus requisitos.
O nível de detalhe e
complexidade do sistema
de gestão ambiental variará
dependendo do contexto
da organização, do escopo
do seu sistema de gestão
ambiental, de seus requisitos
legais e outros requisitos e da
natureza de suas atividades,
produtos e serviços, incluindo
seus aspectos ambientais
e impactos ambientais
associados. A base para a
abordagem que sustenta um
sistema de gestão ambiental
é fundamentada no conceito
Plan-Do-Check-Act (PDCA).
O ciclo PDCA fornece um
processo iterativo utilizado
pelas organizações para
alcançar a melhoria contínua.
Pode ser aplicado a um
sistema de gestão ambiental e
a cada um dos seus elementos
individuais.
68 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
O ciclo PDCA pode ser brevemente
descrito: Plan (planejar): estabelecer
os objetivos ambientais e os processos
necessários
para entregar
resultados de
acordo com
a política
ambiental da
organização;
Do (fazer):
implementar
os processos
conforme
planejado;
Check (checar):
monitorar e
medir os processos em relação à política
ambiental, incluindo seus compromissos,
objetivos ambientais e critérios
operacionais, e reportar os resultados; e
Act (agir): tomar ações para melhoria
contínua. A Figura 1 mostra como a
estrutura apresentada na norma poderia
ser integrada ao ciclo PDCA, o qual pode
ajudar usuários novos ou existentes a
entender a importância de uma abordagem
de sistemas.
A norma teve várias mudanças em seus
itens: Entendendo a organização e seu
contexto 4.1; Entendendo as necessidades
e expectativas de partes interessadas
4.2; Determinando o escopo do sistema
de gestão ambiental 4.3; Liderança e
comprometimento 5.1; Ações para abordar
riscos e oportunidades (somente título) 6.1;
Generalidades 6.1.1; Planejamento de ações
6.1.4; Objetivos ambientais e planejamento
para alcançá-los (somente título) 6.2;
Objetivos ambientais 6.2.1; Planejamento
de ações para alcançar os objetivos
ambientais 6.2.2; Informação documentada
(somente título) 7.5; Generalidades 7.5.1;
Criando e atualizando 7.5.2; Controle
BQ 281 t
de informação documentada 7.5.3; Não
conformidade e ação corretiva 10.2; e
Melhoria contínua 10.3.
Bastante
consistente é o
item Ações para
abordar riscos e
oportunidades.
A intenção geral
do(s) processo(s)
estabelecido(s)
é assegurar que
a organização
seja capaz
de alcançar
os resultados
pretendidos do
seu sistema de gestão ambiental, prevenir
ou reduzir os efeitos indesejados, e alcançar
a melhoria contínua. A organização pode
assegurar isto determinando seus riscos e
oportunidades que precisam ser abordados
e planejando ação para abordá-los.
Estes riscos e oportunidades podem
ser relacionados aos aspectos ambientais,
requisitos legais e outros requisitos,
outras questões ou outras necessidades e
expectativas das partes interessadas. Os
aspectos ambientais podem criar riscos e
oportunidades associados com impactos
ambientais adversos, impactos ambientais
benéficos e outros efeitos na organização.
Os riscos e oportunidades relacionados
aos aspectos ambientais podem ser
determinados como parte da avaliação
da significância ou determinados
separadamente. Os requisitos legais e
outros requisitos podem criar riscos e
oportunidades, como falha no atendimento
(que pode prejudicar a reputação da
organização ou resultar em ação judicial),
ou ir além de seus requisitos legais e outros
requisitos (que pode aumentar a reputação
da organização).
u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 69
Meio Ambiente
A organização pode também ter riscos
e oportunidades relacionados a outras
questões, incluindo condições ambientais
ou necessidades e expectativas das
partes interessadas, as quais podem
afetar a capacidade da organização em
alcançar os resultados pretendidos de
seu sistema de gestão ambiental, por
exemplo: derramamento ambiental devido
a barreiras de alfabetização ou idioma
entre os trabalhadores que não estão aptos
a entender os procedimentos de trabalho
local; aumento de inundação devido à
mudança climática que poderia afetar
as instalações da organização; escassez
de recursos disponíveis para manter um
sistema de gestão ambiental eficaz devido
a restrições econômicas; introdução de
nova tecnologia, financiada por subsídios
governamentais, a qual poderia melhorar a
qualidade do ar; escassez de água durante
períodos de seca, que poderia afetar a
capacidade da organização de operar seus
equipamentos de controle de emissão.
As situações de emergência são
eventos não planejados ou inesperados
que precisam da aplicação urgente de
competências, recursos ou processos
específicos, para prevenir ou mitigar suas
consequências reais ou potenciais. As
situações de emergência podem resultar em
impactos ambientais adversos ou outros
efeitos na organização.
Convém que, ao determinar as potenciais
situações de emergência (por exemplo,
incêndio, derramamento químico,
condições climáticas severas), considere:
a natureza dos perigos no local (por
exemplo, líquidos inflamáveis, tanques
de armazenamento e gases comprimidos);
o mais provável tipo e a escala de uma
situação de emergência; o potencial para
situações de emergência em instalações
próximas (por exemplo, fábrica, estrada,
linha férrea).
Embora riscos e oportunidades
necessitem ser determinados e abordados,
não há qualquer requisito para gestão de
risco formal ou um processo documentado
de gestão de risco. Cabe à organização
selecionar o método que usará para
determinar seus riscos e oportunidades.
O método pode envolver um processo
qualitativo simples ou uma avaliação
quantitativa completa, dependendo do
contexto no qual a organização opera.
Uma organização determina seus aspectos
ambientais e os impactos ambientais
associados, e determina aqueles que são
significativos e, portanto, precisam ser
abordados pelo seu sistema de gestão
ambiental. As alterações para o meio
ambiente, adversas ou benéficas, que
resultem total ou parcialmente dos aspectos
ambientais, são chamadas de impactos
ambientais.
Eles podem pode ocorrer em escalas local,
regional e global, e também pode ser
direto, indireto ou cumulativo por natureza.
A relação entre os aspectos ambientais e
impactos ambientais é de causa e efeito.
Quando são determinados os aspectos
ambientais, a organização considera a
perspectiva de ciclo de vida.
Isto não requer uma avaliação detalhada
do ciclo de vida; o pensamento cuidadoso
70 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
sobre os estágios do ciclo de vida que
podem ser controlados ou influenciados
pela organização é suficiente. Os estágios
típicos do ciclo de vida de um produto (ou
serviço) incluem aquisição de matériaprima, projeto, produção, transporte/
entrega, uso, tratamento pós-uso e
disposição final.
Os estágios do ciclo de vida que são
aplicáveis irão variar dependendo da
atividade, produto ou serviço. Uma
organização precisa determinar os aspectos
ambientais dentro do escopo do seu sistema
de gestão ambiental.
Ela pode levar em consideração as
entradas e saídas (ambos pretendidos ou
não pretendidos) que estão associados com
as atividades, produtos ou serviços atuais
e passados pertinentes; planejamento ou
novos desenvolvimentos; e atividades,
produtos ou serviços novos ou modificados.
Convém que o método usado considere
condições normais e anormais de operação,
condições de desligamento e inicialização,
BQ 281 t
bem como situações de emergência
razoavelmente previsíveis já identificadas.
Convém que seja prestada atenção às
ocorrências anteriores de situações de
emergência. Uma organização não tem
que considerar cada produto, componente
ou matéria prima individualmente para
determinar e avaliar seus aspectos
ambientais; ela pode agrupar e categorizar
atividades, produtos e serviços quando eles
tiverem características comuns.
Na determinação de seus aspectos
ambientais, a organização pode considerar:
emissões para o ar; lançamentos em água;
lançamentos em terra; uso de matériasprimas e recursos naturais; uso de energia;
emissão de energia (por exemplo, calor,
radiação, vibração (ruído) e luz); geração
de rejeito e/ou subprodutos; e uso do
espaço. Além dos aspectos ambientais
que podem ser controlados diretamente,
uma organização determina se há aspectos
ambientais que ela pode influenciar.
Estes podem ser relacionados com produtos u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 71
Meio Ambiente
e serviços utilizados pela organização,
que são fornecidos por outros, bem como
produtos e serviços que ela fornece a
outros, incluindo aqueles associados com
processo(s) terceirizado(s). Com relação
àqueles que uma organização fornece a
outros, ela pode ter influência limitada no
uso e tratamento pós-uso dos produtos e
serviços.
Em todas as circunstâncias, entretanto,
é a organização que determina a extensão
de controle que ela é capaz de exercer,
os aspectos ambientais que ela pode
influenciar e a extensão para os quais ela
escolhe exercer tal influência. Convém
que sejam considerados os aspectos
ambientais relacionados às atividades,
produtos e serviços da organização,
como: o projeto e desenvolvimento de
suas instalações, processos, produtos
e serviços; a aquisição de matérias
primas, incluindo extração; processos
operacionais ou de fabricação, incluindo o
armazenamento; operação e manutenção
de instalações, recursos organizacionais
e infraestrutura; desempenho ambiental e
práticas de provedores externos; transporte
de produtos e prestação de serviços,
incluindo a embalagem; armazenamento,
uso e tratamento pós-uso dos produtos; e
gestão de rejeitos, incluindo a reutilização,
recuperação, reciclagem e disposição.
Não há um método único para determinar
aspectos ambientais significativos,
entretanto, convém que o método e o
critério utilizados forneçam resultados
coerentes. A organização estabelece o
critério para determinar seus aspectos
ambientais significativos.
Os critérios ambientais são critérios
básicos e mínimos para a avaliação dos
aspectos ambientais. O critério pode estar
relacionado com o aspecto ambiental (por
exemplo, tipo, tamanho, frequência) ou o
impacto ambiental (por exemplo, escala,
severidade, duração, exposição). Outro
critério pode também ser usado.
Um aspecto ambiental pode não ser
significativo quando se considera somente
critério ambiental. Ele pode, entretanto,
alcançar ou exceder o limite determinado
de significância quando outros critérios são
considerados. Estes outros critérios podem
incluir questões organizacionais, bem como
requisitos legais ou preocupações de partes
interessadas.
Estes outros critérios não são
intencionalmente usados para rebaixar
um aspecto que é significativo, com base
no seu impacto ambiental. A significância
do aspecto ambiental pode resultar
em um ou mais impactos ambientais
significativos e pode, portanto, resultar em
riscos e oportunidades que necessitam ser
abordados para assegurar que a organização
possa alcançar os resultados pretendidos de
seu sistema de gestão ambiental.
A organização determina, em um nível
suficiente de detalhe, os requisitos legais,
que são aplicáveis aos seus aspectos
ambientais, e como eles se aplicam à
organização. Os requisitos legais e outros
requisitos incluem requisitos legais que
uma organização tem de cumprir e outros
requisitos que a organização tem de
cumprir ou opta por cumprir.
Os requisitos legais mandatórios
relacionados aos aspectos ambientais
de uma organização podem incluir, se
aplicável: os requisitos de organizações
governamentais ou outras autoridades
pertinentes; as leis e os regulamentos
internacionais, nacionais e locais; os
requisitos especificados em permissões,
licenças ou outras formas de autorização;
ordens, regras ou orientações de agências
regulamentadoras; e sentenças de tribunais
ou órgãos administrativos.t
72 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 73
Tabela B.1 - Correspondência entre ISO 14001: 2015 e ISO 14001: 2004
Ferramentas
QFD
N
esta edição vamos analisar a
ferramenta ´Desdobramento
da Função Qualidade´ , ou
simplesmente, QFD (Quality Function
Deployment).
O QFD, Desdobramento da Função
Qualidade , é uma ferramenta também
conhecida como “voz do cliente” ou como
´casa da qualidade´.
O termo Desdobramento da Função
Qualidade é derivada de seis caracteres
orientais : hin shitsu (qualidades,
características ou atributos), ki no (função) e
tem kai (desdobramento). Embora tenha sido
usada primeiramente pelos japoneses nos
anos de 1972, o QFD está sendo amplamente
utilizado nos Estados Unidos desde meados
de 1980 e lembra as técnicas de Análise
de Valor / Engenharia de Valor (AV / EV)
desenvolvidas nos Estados Unidos.
O QFD pode ser caracterizado como
uma ferramenta preventiva, pois como tem
ênfase no desenvolvimento do produto,
o foco é direcionado para o planejamento
e para a prevenção de problemas, e não
para a sua solução, como a maioria das
ferramentas que conhecemos.
Uma das diversas definições de
QFD caracteriza o QFD como uma
forma sistemática de assegurar que
o desenvolvimento de atributos,
características e especificações do produto,
assim como a seleção e o desenvolvimento
de equipamentos, métodos e controles do
processo sejam dirigidos para as demandas
do cliente ou do mercado.
Resumindo, o QFD é descrito como um
processo que garante que as necessidades
dos clientes sejam ouvidas e traduzidas em
características técnicas.
Estas características técnicas são então
analisadas por uma equipe multifuncional,
a qual é composta de representantes de
vendas, marketing, engenharia de projeto,
engenharia de processo, produção,... .
Esta atividade tem como foco um produto
ou serviço que satisfaça os requisitos dos
clientes.
O QFD é uma ferramenta para ser
utilizada por toda a empresa e pode ser
flexibilizado e customizado para cada caso
e trabalho e se adequa perfeitamente para
industrias de manufatura e de serviço
Alguns dos benefícios do uso do QFD são:
• Criação de um ambiente direcionado
para o cliente
• Redução do tempo de ciclo para novos
produtos
• Utilização de métodos de engenharia
simultânea
• Redução dos custos dos projetos
• Aumento das comunicações através dos
times multifuncionais
• Melhoria da qualidade
• Diminuição dos problemas no início da
produção
74 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Por Roberta Pithon
• Redução da quantidade de alterações no
projeto
• Redução dos ciclos de desenvolvimento
do produto
• Menores custos de garantia
• Aumento da fatia de mercado.
E principalmente,
• Satisfação de clientes
O QFD fornece um método gráfico de
apresentar as relações entre necessidades do
cliente e características do projeto. Ele é uma
matriz que lista as necessidades do cliente e
compara com as características do projeto.
*Lado esquerdo da casa :
necessidades dos clientes.
Os ‘o quês’ desejados ?
*Teto da casa : requisitos e
características técnicas do projeto
Os ‘como’ fazer ?
As correlações entre os ‘o quês’ e
‘como’ são representados por símbolos
para indicar relações fracas, moderadas ou
fortes entre as necessidades dos clientes e
os requisitos técnicos do projeto.
Esta Matriz de Correlações fica na parte
central da casa da qualidade.
*Chão da casa : Benchmarking
valor alvo (meta)
Os ‘quanto’ ?
Na parte inferior da matriz de correlações
constam as medidas para os itens ‘como’ e
fornecem os meios objetivos de assegurar
que os requisitos foram atingidos.
As informações relacionadas com as
necessidades dos clientes podem ser obtidas
através de várias fontes : entrevistas,
discussões, especificações, assistência
técnica, .... O QFD é uma técnica para
organizar estes dados / informações.
O QFD também é chamado de casa da
qualidade, pois a sua representação lembra
a construção de uma casa.
A elaboração da casa da qualidade ou
QFD segue as seguintes etapas :
BQ 281 t
*Telhado da casa : matriz com a relação
entre as características do projeto
Matriz de Correlação Triangular fica
acima e paralelamente ao eixo ‘como’.
Descreve a correlação entre cada
item ‘como’ através de símbolos que
representam a extensão de cada correlação
e o sentido (positivo ou negativo) de cada
correlação. Esta Matriz identifica quais os
itens ‘como’ se apoiam / reforçam e quais
são conflitantes.
As correlações positivas identificam
os itens ‘como’ que estão relacionados
evitando desta forma, a duplicidade
de esforços. As correlações negativas
representam condições que exigirão
substituições.
*Lado direito da casa : comparação com
a concorrência.u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 75
Ferramentas
Necessidades
dos clientes
Requisitos de
Projeto
Características
do componente
Característica
do componente
Requisitos
do Projeto
Operações de
fabricação
Requisitos de
Produção
Operações de
fabricação
Planejamento
do Produto
Desdobramento
de componentes
Planejamento
do Processo
Planejamento
do Produção
Fornece uma comparação entre um
produto da empresa e produtos similares da
concorrência.
A elaboração da Casa da Qualidade
é a fase mais utilizada pelas empresas,
mas fases subsequentes podem ser
desenvolvidas.
- Fase de Desdobramento de
Componentes
Ocorre o desdobramento de alguns dos
requisitos do projeto, identificados na fase
anterior como críticos ou de alto risco, em
nível de subsistema / componente.
Nesta fase ocorre a identificação das
características dos componentes que são
críticos para a execução dos requisitos de
projeto.
Uma nova Matriz de QFD simplificada é
criada, com os requisitos de projeto no lado
esquerdo da casa e as características dos
componentes no teto da casa.
- Fase de Planejamento do Processo
Representa a transição do projeto para as
operações de fabricação.
Nesta fase um diagrama do planejamento
do processo para cada característica crítica
de componente é elaborado : processos,
relações de cada
processo com as
características
críticas dos
componentes,
parâmetros de
controle do
processo.
Uma nova Matriz
de QFD simplificada
é criada, com as
características dos
componentes no
lado esquerdo da
casa e as operações
de fabricação no
teto da casa.
- Fase de Planejamento da Produção
Representa a transferência das
informações das fases anteriores para o
chão de fábrica.
Uma nova Matriz de QFD simplificada é
criada, com as operações de fabricação no
lado esquerdo da casa e os requisitos de
produção no teto da casa
Finalmente, vale ressaltar a necessidade
do QFD estar integrado nas operações
diárias da empresa.
E com paciência e disciplina, os resultados
obtidos serão surpreendentes !!!! t
Roberta Pithon: Pós-Graduada em Qualidade,
em Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão
Empresarial. Mestranda em Engenharia
Mecânica – Unicamp.; CQE, CQA, CMQ/OE,
CSSGB, CSSBB, CSSYB, CQT, CQPA e CQIA
pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, ISO/TS
16949, ISO 14001 e OHSAS 18001; Professora
de Graduação e Pós Graduação de disciplinas
da Qualidade e de Sistemas de Gestão; Sóciadiretora, consultora, instrutora e auditora
da Excelint Gestão Empresarial. roberta@
excelint.com.br
76 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Qualidade para nós é uma arte
Levando a informação onde ela precisa estar
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 77
Conformidade
A Diretiva RoHS aplicada a
equipamentos eletromédicos
78 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
A Diretiva RoHS foi uma das ações da comunidade
europeia com o intuito de redução do impacto ambiental de
produtos eletroeletrônicos
Por José Carlos Boareto e Guilherme Valença da Silva Rodrigues
A
primeira revisão da Diretiva RoHS
(Restrição ao Uso de Substâncias
Perigosas) foi lançada em 2002
e colocada em vigor em 2006. Nesta
versão, os equipamentos eletromédicos
eram deixados de fora das necessidades
de eliminação de substâncias nocivas. No
ano de 2010, foi lançada uma revisão da
Diretiva, chamada RoHS 2 ou RoHS Recast.
Nesta revisão, foram introduzidas
algumas alterações. Entre as mais
fortes está a inclusão dos equipamentos
eletromédicos com um cronograma para
entrada em vigor. Lançaram-se ainda,
após a RoHS 2, uma série de publicações,
incluindo novas exceções que permitem
o uso de substâncias em determinadas
aplicações, e foram adicionadas novas
substâncias.
Este artigo faz uma revisão do status
atual da Diretiva, conforme a última
versão consolidada de junho de 2015,
a fim de atuar em conjunto com nossos
clientes do setor eletromédico nas
adaptações necessárias para, frente ao atual
cenário econômico, explorar mercados
internacionais de exportação.
A Diretiva RoHS foi uma das ações da
comunidade europeia com o intuito de
redução do impacto ambiental de produtos
eletroeletrônicos. Outras ações paralelas
foram: WEEE, EuP, Ecodesign e REACH.
O foco específico da RoHS é eliminar
o uso de substâncias que sabidamente
são perigosas para a saúde humana
BQ 281 t
e que possuem substituto técnica e
economicamente viável. As substâncias
inicialmente proibidas, constantes do anexo
II da Diretiva, foram: chumbo (0,1%),
mercúrio (0,1%), cádmio (0,01%), cromo
hexavalente (0,1%), bifenilos polibromados
(PBB) (0,1%), e éteres difenílicos
polibromados (PBDE) (0,1%).
Em junho de 2015, foi publicada uma
versão consolidada com uma atualização
do anexo II, que inclui quatro novas
substâncias: ftalato de bis (2-etil-hexilo)
(DEHP) (0,1 %), ftalato de benzilo e
butilo (BBP) (0,1 %), ftalato de dibutilo
(DBP) (0,1 %) e ftalato de di-isobutilo
(DIBP) (0,1 %). A restrição é direcionada
a equipamentos eletrônicos das seguintes
categorias: grandes eletrodomésticos;
pequenos eletrodomésticos; equipamentos
de informática e de telecomunicações;
equipamentos de consumo; equipamentos
de iluminação; ferramentas elétricas e
eletrônicas; brinquedos e equipamentos
de esportes e lazer; dispositivos médicos;
instrumentos de monitoração e controle,
incluindo instrumentos industriais de
monitoramento e controle; distribuidores
automáticos; e outros EEE não incluídos
em nenhuma das categorias acima.
Não fazem parte da diretiva: os
equipamentos necessários à defesa dos
interesses essenciais dos estados membros
no domínio da segurança, nomeadamente
armas, munições e material de guerra
destinado a fins especificamente militares; u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 79
Conformidade
os equipamentos concebidos para serem
enviados para o espaço; os equipamentos
concebidos especificamente para serem
instalados como componentes de outros
tipos de equipamentos excluídos ou não
abrangidos pela presente Diretiva, que só
podem desempenhar a sua função quando
integrados nesses outros equipamentos e
que só podem ser substituídos pelo mesmo
equipamento especificamente concebido;
as ferramentas industriais fixas de grandes
dimensões; as instalações fixas de grandes
dimensões; os meios de transporte de
pessoas ou de mercadorias, excluindo
veículos elétricos de duas rodas que não
se encontrem homologados; as máquinas
móveis não rodoviárias destinadas
exclusivamente a utilizadores profissionais;
os dispositivos médicos implantáveis
ativos; os painéis fotovoltaicos a serem
utilizados num sistema concebido, montado
e instalado por profissionais para utilização
permanente num local definido, com o
objetivo de produzir energia a partir de luz
solar, para aplicações públicas, comerciais,
industriais e residenciais; os equipamentos
especificamente concebidos para fins
de investigação e de desenvolvimento
disponível exclusivamente num contexto
entre empresas.
Além das aplicações acima
determinadas, a Diretiva prevê ainda
exceções à proibição de certas substâncias
em aplicações específicas. Estas exceções
estão apresentadas nos anexos III
(Produtos em Geral) e IV (Eletromédicos
e Monitoramento e Controle) e são
atualizadas constantemente.
As exceções possuem um prazo de
expiração e podem ou não ser renovadas.
Outra importante atualização da RoHS 2 foi
o vínculo desta diretiva com a Marca CE, o
que significa que, para que um produto tenha
a marca CE, é necessário que o produto
esteja em conformidade com a Diretiva.
A categoria de equipamentos
eletromédicos, devido em especial ao difícil
processo de certificação, é tratada de forma
especial pela Diretiva.
A aplicação da restrição das substâncias
atende a um cronograma, da seguinte
forma: equipamentos eletromédicos – 22
de julho de 2014; equipamentos médicos
para diagnóstico – 22 de julho de 2016;
proibição das novas substâncias (DEHP,
BBP, DBP e DIBP) – 22 de julho de 2021.
Desta forma, a maioria dos equipamentos
eletromédicos já está em período de
obrigatoriedade frente às seis substâncias
originalmente restritas há mais de um
ano. Várias exceções específicas para
equipamentos eletromédicos foram
lançadas no anexo IV da segunda revisão
da Diretiva RoHS.
Após 2011, foram publicadas
atualizações das exceções em 2012, 2013,
2014 e 2015. Um exemplo destas exceções
é o uso de chumbo para montagem de
placas eletrônicas de equipamentos
eletromédicos portáteis das classes IIa e
IIb da Diretiva 93/42/CEE (exceção esta
prevista para expirar em junho de 2016
para equipamentos da classe Iia). Outras
exceções que têm relação com produtos
médicos são apresentadas na tabela.
A responsabilidade de garantir a
conformidade com a Diretiva é de quem
coloca o produto no mercado europeu.
Entretanto, a Diretiva aceita o repasse
de responsabilidade através da cadeia de
suprimentos. Isto é necessário para garantir não
só que o produto esteja conforme no momento
de seu desenvolvimento, mas que mantenha
este status durante todo o seu ciclo de vida.
Entre as responsabilidades que o
fabricante do produto tem, estão: emitir u
80 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 81
Normalização
Explosão no
Rio de Janeiro:
evitando os riscos
com o gás de
cozinha e de rua
82 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Uma forte explosão no bairro de São Cristóvão, no Rio de
Janeiro, destruiu imóveis comerciais e residenciais no dia
19 de novembro e ao menos oito feridos foram retirados dos
escombros. 40 imóveis foram afetados, 14 foram totalmente
destruídos após a explosão, entre eles estão dois restaurantes
e uma farmácia, que seriam o foco da explosão e as suspeitas
são de vazamento de gás GLP, estocados de forma irregular.
Fogões e aquecedores de água utilizam o gás natural ou gás
encanado ou o gás liquefeito de petróleo (GLP), comercializado
em botijões. Eles oferecem riscos de explosões quando não se
cumpre as normas técnicas relacionadas com esses produtos
Por Mauricio Ferraz de Paiva
A
s avaliações das causas da explosão
ocorrida no Rio de Janeiro apontam
um possível vazamento de gás. A
principal hipótese é que o vazamento tenha
tido origem em um restaurante de comida a
quilo ou na pizzaria. Há suspeita de que um
dos dois estabelecimentos estocassem gás
irregularmente.
Os vazamentos de gás são muito
perigosos, podendo provocar vários
acidentes como explosões, incêndios,
queimaduras ou asfixia, devido ao
manuseio do recipiente, fogão ou dos
aquecedores. Por isso é fundamental
resolver vazamentos desse tipo com grande
agilidade, evitando complicações. Além
de cumprir as normas técnicas, para evitar
problemas esse tipo de vazamento fique
atento as seguintes situações: o cheiro de
gás é o principal alarme de que algo esta
errado; um aumento significativo na conta
de gás é também um indício que pode
existir algum vazamento; e as tubulações
merecem bastante atenção, se houver
ferrugem é preciso manutenção.
BQ 281 t
Para as instalações de gás encanado
existem normas técnicas que
obrigatoriamente devem ser cumpridas.
A NBR 15923 de 02/2011 – Inspeção
de rede de distribuição interna de gases
combustíveis em instalações residenciais
e instalação de aparelhos a gás para uso
residencial – Procedimento estabelece
os requisitos mínimos exigíveis para
a inspeção de redes de distribuição
interna de gases combustíveis em
instalações residenciais, conforme NBR
15526 (em suas partes aparentes), e de
instalação de aparelhos a gás para uso
residencial, conforme a NBR 13103. As
regulamentações legais (leis, decretos,
portarias; nos âmbitos federal, estadual ou
municipal) devem ser observadas.
Esta norma pode ser aplicável, por
exemplo, às seguintes situações: rede
de distribuição interna em uso: na sua
inspeção periódica; na substituição do tipo
ou fornecedor do gás; na sua reforma ou
ampliação; na substituição ou instalação de
aparelhos a gás; rede de distribuição interna u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 83
Normalização
nova: na liberação para comissionamento
do gás combustível; e na instalação de
aparelhos a gás. No desenvolvimento das
atividades de inspeção estabelecidos nesta
norma, deve-se levar em consideração
a necessidade de esclarecimentos com
antecedência à execução do serviço
e a adequada coordenação entre os
inspetores e o consumidor ou seu
preposto (administrador, síndico, outros
representantes legais).
Outra norma a ser obedecida é a NBR
15526 de 12/2012 - Redes de distribuição
interna para gases combustíveis em
instalações residenciais e comerciais Projeto e execução que estabelece os
requisitos mínimos exigíveis para o projeto
e a execução de redes de distribuição interna
para gases combustíveis em instalações
residenciais e comerciais que não excedam
a pressão de operação de 150 kPa (1,53 kgf/
cm²) e que possam ser abastecidas tanto por
canalização de rua (conforme NBR 12712
e NBR 14461) como por uma central de
gás (conforme NBR 13523 ou outra norma
aplicável), sendo o gás conduzido até os
pontos de utilização através de um sistema
de tubulações.
Para o GLP ou gás de cozinha, os
riscos normalmente estão relacionados
com as áreas onde são estocados os
recipientes. A NBR 15514 de 08/2007 Área de armazenamento de recipientes
transportáveis de gás liquefeito de
petróleo (GLP), destinados ou não à
comercialização - Critérios de segurança
estabelece os requisitos mínimos de
segurança das áreas de armazenamento de
recipientes transportáveis de gás liquefeito
de petróleo (GLP) com capacidade nominal
de até 90 kg de GLP (inclusive), destinados
ou não à comercialização. Esta norma
não se aplica às bases de armazenamento
e envasamento para distribuição de GLP,
devendo, para tal, ser observada a NBR
15186, e aos recipientes de GLP quando
novos ou em uso.
Enfim, os vazamentos precisam ser
evitados, pois são as causas da maioria
dos acidentes com gás. Eles ocorrem
por falta do cumprimento das normas
técnicas e por descuidos no manuseio do
recipiente, do fogão ou dos aquecedores
e podem provocar explosões, incêndios,
queimaduras ou asfixia.
Raramente o botijão de gás explode,
porém, geralmente, o que há é uma
explosão ambiental do gás que vazou. Só
com uma temperatura muito alta é possível
o botijão explodir, porque ele tem uma
válvula de segurança.
Há perigo dentro do fogão quando ocorrer
vazamentos de gás, que acabam escapando
pelos botões e levando o perigo para dentro
da casa, mesmo que o botijão esteja do lado
de fora. O gás de cozinha é mais pesado do
que o ar e, quando há vazamentos, vai se
acumulando a partir do chão, expulsando o
oxigênio e preenchendo o ambiente.
Ele não é tóxico, mas tem efeito
anestésico. Dependendo da quantidade e
do local onde ocorrer o vazamento, pode
levar à asfixia. Para evitar acidentes desse
tipo, nunca instale o recipiente de gás ou
aquecedores em locais fechados.
Os fogões e os aquecedores de água
84 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
utilizam gás natural, normalmente chamado
de gás encanado e cada vez mais utilizado
por sua maior segurança e por tratar-se
de fonte de energia limpa, formada nas
camadas de subsolo genuinamente naturais
que em sua combustão gera poucos
subprodutos. Os especialistas dizem que as
diferenças entre o GLP e o gás encanado ou
natural não estão apenas na sua origem.
O gás encanado é mais leve que o ar e em
casos de vazamento, dissipa-se com maior
facilidade na atmosfera e tornando menos
frequentes explosões e acidentes. Já no caso
do GLP, o gás é mais pesado que o ar e se
acumula facilmente em ambientes fechados
e assim podendo formar o efeito bolsão,
responsável por grande parte dos graves
acidentes associados ao vazamento de gás.
Deve-se ficar atento às cores das chamas.
Elas devem apresentar coloração azulada e
caso aparentem estar amareladas é sinal que
os queimadores estão sujos ou entupidos,
o que aumenta o consumo de gás. Lave-os
com água e detergente regularmente e os
coloque de volta apenas quando estiverem
completamente secos.
Tanto o GLP quanto o gás natural
necessitam de cuidados quando utilizados.
Ambos são inodoros e possuem enxofre em
sua composição para identificar possíveis
vazamentos. Assim, em casos de suspeita
de vazamento ou cheiro de gás, não risque
fósforos, fume ou ligue aparelhos elétricos.
Abra portas e janelas para que o ar circule e
o gás se dissipe. Depois, verifique a origem
do problema.
Já existem detectores de gás
comercializados. Os aparelhos são
constituídos por sensores e alarme que são
ativados quando o acumulo que gás passa
dos limites toleráveis.
Em casas que possuírem aquecedores
de água a gás a instalação de chaminés é
indispensável. A queima do gás produz
substâncias que devem ser levadas para
BQ 281 t
fora dos ambientes. Verifique regularmente
se as conexões da chaminé estão reguladas.
Os aquecedores de água consomem
muito oxigênio, logo devem ser instalados
em lugares bem ventilados. Por isso,
nunca feche completamente os basculantes
enquanto o aquecedor estiver ligado.
Os ambientes onde aparelhos movidos
a gás estiverem instalados devem ter
o ar constantemente renovado. Nunca
feche completamente as janelas quando
estes aparelhos estiverem funcionando
e verifique sempre se as ventilações
permanentes não estão obstruídas.
Deve-se fazer vistoria de tempos
em tempos nos aparelhos de gás para
se certificar que estão funcionando
corretamente, pelo menos uma vez por ano.
Checar se os queimadores de fogão não
estão desregulados e se não há acúmulo
de fuligem nas chaminés, o que pode
evitar acidentes e casos de intoxicação.
Como medida de segurança, troque sempre
os registros e os dutos de gás de seus
equipamentos.t
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro
eletricista, especialista em desenvolvimento em
sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de
Estudos para a Normalização e Avaliação de
Conformidade (Itenac) e presidente da Target
Engenharia e Consultoria [email protected]
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 85
Termopares:
calibração por
comparação com
instrumento padrão
Os termopares são dispositivos
elétricos utilizados na medição
de temperatura. Foram
descobertos por acaso em
1822, quando o físico Thomas
Seebeck juntou dois metais que
geraram uma tensão elétrica
em função da temperatura.
A NBR 13770 de 01/2013 Termopar - Calibração por
comparação com instrumento
padrão especifica o método
de calibração de termopar,
por comparação da força
eletromotriz termoelétrica
(fem) gerada pelo termopar
em calibração com a
temperatura estabelecida pelo
instrumento padrão
86 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Da Redação
A
tualmente, são praticadas normas
de combinações de dois metais
que possuem tensões de saídas
previsíveis e suportam altas temperaturas.
Os termopares não são caros em relação
à função que exercem em medir uma
vasta gama de temperaturas, e podem ser
substituídos sem gerar erros relevantes.
No mercado especializado, os termopares
podem ser encontrados em diversos
formatos, desde modelos com a junção
descoberto que proporcionam tempo de
resposta rápido, até os modelos que estão
incorporados em sonda. Encontre os tipos
de termopares que está procurando. Ao
escolher um termopar, o consumidor deve
levar em conta a aplicação que se deseja
dele, em termos da temperatura suportada,
além da exatidão, confiabilidade da leitura,
especificação do tipo de liga e construção
física externa. A maior limitação de um
termopar é a exatidão, uma vez que erros
inferiores a 1°C são difíceis de obter.
Existem tabelas normalizadas que
indicam a tensão produzida por cada tipo
de termopar para todos os valores de
temperatura que suporta, por exemplo, o
termopar tipo K com uma temperatura de
300 ºC irá produzir 12,2 mV. Contudo, não
basta ligar um voltímetro ao termopar e
registar o valor da tensão produzida, uma
vez que ao ligarmos o voltímetro estamos a
criar uma segunda (e indesejada) junção no
termopar. Para se fazerem medições exatas
devemos compensar este efeito, o que é
feito recorrendo a uma técnica conhecida
por compensação por junção fria.
A NBR 13770 de 01/2013 - Termopar
- Calibração por comparação com
instrumento padrão especifica o método de
calibração de termopar, por comparação
da força eletromotriz termoelétrica (fem)
gerada pelo termopar em calibração com a
BQ 281 t
temperatura estabelecida pelo instrumento
padrão. As calibrações prescritas nesta
norma cobrem a faixa de temperatura de 200°C a 1.600°C.
Caso se esteja a interrogar porque é
que ligando um voltímetro a um termopar
não se geram várias junções adicionais
(ligações ao termopar, ligações ao aparelho
de medida, ligações dentro do próprio
aparelho, etc.), a resposta advém da lei
conhecida como lei dos metais intermédios,
que afirma que ao se inserir um terceiro
metal entre os dois metais de uma junção
dum termopar, basta que as duas novas
junções criadas com a inserção do terceiro
metal estejam à mesma temperatura para
que não se manifeste qualquer modificação
na saída do termopar. Esta lei é também
importante na própria construção das
junções do termopar, uma vez que assim
se garante que ao soldar os dois metais a
solda não irá afectar a medição. Contudo,
na prática as junções dos termopares podem
ser construídas soldando os materiais ou
por aperto dos mesmos.
Todas as tabelas normalizadas dão os
valores da tensão de saída do termopar
considerando que a segunda junção do
termopar (a junção fria) é mantida a
exatamente zero graus Celsius.
Antigamente isto se conseguia
conservando a junção em gelo fundente
(daqui o termo compensação por junção
fria). Contudo a manutenção do gelo nas
condições necessárias não era fácil, logo
optou-se por medir a temperatura da junção
fria e compensar a diferença para o zero graus
Celsius. Tipicamente a temperatura da junção
fria é medida por um termístor de precisão.
A leitura desta segunda temperatura, em
conjunto com a leitura do valor da tensão
do próprio termopar é utilizada para o
cálculo da temperatura verificada na u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 87
extremidade do termopar. Em aplicações
menos exigentes, a compensação da
junção fria é feita por um semicondutor
sensor de temperatura, combinando o sinal
do semicondutor com o do termopar. É
importante a compreensão da compensação
por junção fria; qualquer erro na medição
da temperatura da junção fria irá
ocasionar igualmente erros na medição da
temperatura da extremidade do termopar.
O instrumento de medida tem de ter a
capacidade de lidar com a compensação
da junção fria, bem como com o fato de a
saída do termopar não ser linear. A relação
entre a temperatura e a tensão de saída é
uma equação polinomial de 5ª a 9ª ordem
dependendo do tipo do termopar. Alguns
instrumentos de alta precisão guardam
em memória os valores das tabelas dos
termopares para eliminar esta fonte de erro.
Os termopares disponíveis no mercado
têm os mais diversos formatos, desde os
modelos com a junção a descoberto que
têm baixo custo e proporcionam tempos de
resposta rápidos, até aos modelos que estão
incorporados em sondas. Está disponível
uma grande variedade de sondas, adequadas
para diferentes aplicações (industriais,
científicas, investigação médica, etc.).
Quando se procede à escolha de um
termopar deve-se ponderar qual o mais
adequado para a aplicação desejada,
segundo as características de cada
tipo de termopar, tais como a gama de
temperaturas suportada, a exatidão e a
confiabilidade das leituras, etc. O termopar
tipo K é um termopar de uso genérico.
Tem um baixo custo e, devido à sua
popularidade estão disponíveis variadas
sondas. Cobrem temperaturas entre os -200
e os 1.200 ºC, tendo uma sensibilidade de
aproximadamente 41μV/°C.
• O tipo E (Cromel/Constantan) tem
uma elevada sensibilidade (68 μV/°C)
que o torna adequado para baixas
temperaturas.
• O tipo J (ferro/constantan) limita-se
a -40 a 750 °C. Aplica-se sobretudo
com equipamento já velho que não é
compatível com termopares mais atuais.
A utilização do tipo J acima dos 760 ºC
leva a uma transformação magnética
abrupta que estraga a sua calibração.
• O tipo N (nicrosil/nisil) tem boa
estabilidade e resistência à oxidação a
altas temperaturas, torando adequado
para medições a temperaturas elevadas,
sem recorrer aos termopares que
incorporam platina na sua constituição
(tipos B, R e S). Foi desenhado para
ser uma modificação do tipo K. Os
termopares tipo B, R e S apresentam
características semelhantes. São os mais
estáveis, contudo, devido à sua reduzida
sensibilidade (da ordem dos 10
μV/°C), utilizam-se apenas para medir
temperaturas acima dos 300 ºC.
• O tipo B (platina/ródio-platina) é
adequado para medição de temperaturas
até aos 1.800 ºC. Oferece a mesma tensão
na saída a 0 e a 42 ºC, o que impede a sua
utilização abaixo dos 50 ºC.
• O tipo R (platina/ródio-platina) é
adequado para medição de temperaturas
até aos 1.600 ºC. Tem reduzida
sensibilidade (10 μV/°C) e custo
elevado.
• O tipo S (platina/ródio-platina) é
adequado para medição de temperaturas
até 1.600 ºC, tem reduzida sensibilidade
(10 μV/°C), elevada estabilidade e
custo elevado.
• O tipo T (cobre/constantan) pode ser
considerado um dos mais indicados
para medições na gama dos -270°C a
400°C.
Segundo a norma, o meios térmicos
utilizados devem proporcionar
uniformidade e estabilidade térmica na
região onde serão inseridos o termopar
88 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
em calibração e o instrumento padrão,
possibilitar um adequado comprimento
de imersão dos sensores e não gerar
interferências elétricas e térmicas que
afetem a operação dos instrumentos de
medição. Deve-se efetuar a avaliação da
estabilidade e das uniformidades radial
e axial, nas diferentes condições de
utilização, as quais devem ser consideradas
no cálculo da incerteza de medição.
O laboratório deve realizar esta avaliação
periodicamente, em um intervalo máximo
de três anos. O meio térmico também
deve ser escolhido de acordo com a faixa
de temperatura e incerteza requerida na
calibração. Alguns cuidados devem ser
tomados para que o meio térmico não
seja contaminado e, consequentemente,
contamine os sensores nele inseridos.
Os mais comumente utilizados são:
banho de líquido: utilizado na faixa de –
200 °C a 300 °C; banho de leito fluidizado:
utilizado na faixa de – 70 °C a 700 °C;
forno: utilizado na faixa de – 90 °C a 1 600
°C; e banho de sais: utilizado na faixa de
150 °C a 600 °C. A junção de referência
deve ser realizada conforme a NBR 13863.
A escolha do instrumento para medir
o sinal do termopar em calibração e
instrumento padrão, quando pertinente,
depende da incerteza requerida na
calibração. Podem ser utilizados
instrumentos de medição de tensão elétrica
ou aqueles que convertem a fem do
termopar em temperatura.
No primeiro caso podem ser utilizados
potenciômetros, voltímetros, multímetros,
etc. No segundo caso podem ser utilizados
indicadores digitais ou analógicos,
registradores digitais ou analógicos, etc.
Os instrumentos de medição que
convertem a fem do termopar em
temperatura devem ser avaliados quanto
a possíveis influências que afetem o
seu desempenho, particularmente a
BQ 281 t
compensação automática da junção de
referência.
Esses instrumentos devem ser calibrados
periodicamente no Inmetro, em laboratórios
acreditados ou em órgãos de reconhecida
competência para a calibração em questão.
A escolha do instrumento padrão a ser
usado depende da faixa de temperatura
a ser coberta, do tipo de meio térmico
utilizado e da incerteza desejada.
Esse instrumento deve ser calibrado
periodicamente no Inmetro, em laboratórios
acreditados ou em órgãos de reconhecida
competência para a calibração em questão.
Os mais comumente utilizados são:
termopar; termorresistência; termômetro de
líquido em vidro; e termômetro digital.
O termopar com montagem em isolação
mineral, bainha metálica e junção isolada
deve ter sua resistência de isolação medida
antes e após a calibração. A medição deve
ser feita entre cada um dos termoelementos
e a bainha e entre o par de termoelementos
e a bainha.
Os resultados dessa medição devem
atender aos requisitos especificados na
Tabela 1, considerando a tensão aplicada e
com reversão de polaridade. Para o termopar
com cabo/fio de extensão/compensação,
a isolação deve ser medida antes e após a
conexão do cabo/fio, caso aplicável.
O termopar em calibração pode
necessitar de fios/cabos de extensão/
compensação para fins da realização da
junção de referência ou interligação ao u
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 89
instrumento de medição. Os erros e incertezas
desses fios/cabos de extensão/compensação
devem ser conhecidos e levados em
consideração no cálculo dos resultados.
Deve prover espaço físico adequado
à preparação e execução da calibração e
apresentar: tensão elétrica com estabilidade
dentro das especificações requeridas pelos
instrumentos de medição; temperatura
ambiente e umidade relativa do ar
com valores nominais e estabilidades
dentro das especificações requeridas
pelos instrumentos de medição; malha
de aterramento para os instrumentos
de medição e demais equipamentos; e
condições ambientais salutares.
Quanto ao método de calibração, os
termopares de metais não nobres podem
ser calibrados no estado em que são
recebidos ou após tratamento térmico. Caso
o laboratório opte por realizar o tratamento
térmico, o método utilizado é o de imersão
do termopar em meio térmico, conforme
descrito a seguir: inserir o termopar
em meio térmico com imersão igual ou
superior à de uso, em temperatura próxima
da ambiente e o meio térmico pode ter
homogeneidade térmica conhecida; aquecer
até 10 °C ou 5 % (o que for maior) acima
da temperatura de trabalho e manter nessa
temperatura por período sufi ciente para
a estabilização do termopar; resfriar o
termopar no meio térmico até a temperatura
de 100 °C e retirá-lo lentamente.
Os termopares de metais nobres podem
ser calibrados no estado em que são
recebidos ou após tratamento térmico
adicional (recozimento). No caso de
recozimento, dois métodos podem ser
empregados: circulação de corrente elétrica
ou imersão do termopar em meio térmico.
A seguir é apresentado o método de
circulação de corrente elétrica. Desmontar
o termopar a ser calibrado e, de preferência,
separar os termoelementos; conectar as
extremidades dos termoelementos aos
terminais da fonte de corrente elétrica,
deixando-os livremente estendidos ao ar,
evitando que fi quem sujeitos a tensões
mecânicas; submeter os termoelementos
à circulação de corrente elétrica, de modo
que a temperatura dos termoelementos
permaneça a 1.450 °C, por um período
de 45 min. Para um termoelemento com
diâmetro de 0,5 mm, é requerida uma
corrente de cerca de 12 A. Caso seja
utilizado um pirômetro óptico, é necessário
considerar a emissividade da platina (0,33).
Uma indicação de 1.300 °C do pirômetro
correspondente a uma temperatura de 1.450
°C no termoelemento: reduzir lentamente
o valor da corrente, por um período de
aproximadamente 1 min, de modo que a
temperatura nos termoelementos atinja 750
°C e manter nesta temperatura durante 30
min; reduzir lentamente o valor da corrente
até que os termoelementos esfriem até
a temperatura ambiente e este processo
deve ter duração de alguns minutos; as
extremidades dos termoelementos que não
atingirem a temperatura do tratamento
térmico devem ser cortadas; durante o
manuseio dos termoelementos já recozidos
evitar contaminação, dobramento,
amassamento, estiramento ou ações
similares; após o recozimento do termopar
por circulação de corrente elétrica e
subsequente montagem, pode-se proceder o
seu recozimento em forno.
Recomenda-se que o termopar seja
inserido em forno horizontal em temperatura
próxima da ambiente, aquecido lentamente
(de 2 h a 4 h) até 1.100 °C, mantido nessa
temperatura por 1 h e resfriado lentamente
(cerca de 3 h) até a temperatura ambiente.
O instrumento padrão e o termopar em
calibração devem ser inseridos no meio
térmico, e seus terminais devem ser
conectados ao instrumento de medição,
quando necessário.
90 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Caso o instrumento de medição
do termopar em calibração possua
compensação automática da junção de
referência, o termopar deve ser ligado
diretamente ao instrumento. Caso não
possua, o termopar em calibração deve
ser conectado ao dispositivo de junção de
referência, conforme as Figuras 3 e 4.
Cuidados especiais devem ser tomados
durante a calibração, visando minimizar
erros causados por fem espúria, ruídos
eletromagnéticos, correntes de ar, radiações
térmicas e resistências parasitas. A inserção
e a remoção do termopar do meio térmico
devem ser feitas com cuidado, para evitar
danos causados por choque térmico.
Os dados devem ser coletados
obedecendo à seguinte sequência: após a
estabilização térmica do conjunto, registrar
sequencialmente os valores indicados pelo
BQ 281 t
instrumento padrão e termopar em
calibração, compondo assim uma
série de medições; efetuar pelo
menos três séries de medições,
conforme descrito, em intervalos
de no mínimo 1 min; prosseguir
fazendo as medições sempre
obedecendo às sequências já
mencionadas, até que todos
os pontos de calibração sejam
efetuados.
Na avaliação da incerteza dos
resultados da calibração, deve-se
considerar pelo menos o seguinte:
incerteza do instrumento padrão;
incerteza do instrumento de
medição do instrumento padrão,
quando aplicável; resolução
do instrumento de medição do
instrumento padrão; incerteza
do instrumento de medição
do termopar; resolução do
instrumento de medição do
termopar; incerteza do fi o ou
cabo de extensão ou compensação, quando
aplicável; desvio padrão da média das
indicações do instrumento de medição
do instrumento padrão; desvio padrão
da média das indicações do instrumento
de medição do termopar; gradiente de
temperatura do meio térmico (componentes
axial, radial e estabilidade); incerteza
devido aos erros aleatórios introduzidos nas
interligações e conexões elétricas; incerteza
da junção de referência, do banho de gelo
ou outro dispositivo para a temperatura
de referência; não homogeneidade do
termopar; deriva dos instrumentos padrão,
instrumento de medição e do termopar;
e incerteza da curva de ajuste, quando
aplicável.
No Anexo A (informativo) descrevese um método de ajuste de curva para o
termopar..t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 91
Normas e Regulamentos
publicadas pela ABNT
em diversas áreas
Implantes para ortopedia
A ABNT publicou, a norma ABNT
NBR 15743-2:2015 - Implantes
para ortopedia - Orientações para
seleção de ensaios e informações para
comprovação de segurança e eficácia
em projetos de produtos - Parte 2:
Revestimento de produtos, que revisa
a norma ABNT NBR 15743-2:2010,
elaborada pelo Comitê Brasileiro
Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/
CB-26). Esta Parte da ABNT NBR
15743 estabelece diretrizes e identifica
requisitos aplicáveis para auxiliar a
estruturação de informações necessárias à comprovação
da equivalência essencial e/ou da segurança e eficácia de
implantes ortopédicos com superfícies modificadas por
processo de revestimento, destinadas a promover a fixação
biológica (sem cimento) do componente revestido.
Linga de cabo
de aço - Parte
2: Utilização e
inspeção
A ABNT publicou
a norma ABNT
NBR 135412:2015 - Linga
de cabo de
aço - Parte 2: Utilização e inspeção,
que revisa a norma ABNT NBR
13541-2:2012 Ed 2, elaborada pela
Comissão de Estudo Especial de
Cabos de Aço e Acessórios (ABNT/
CEE-113). Esta Norma fornece
orientações para utilização e
inspeção em operação de linga de
cabo de aço para uso geral.
Vermiculita expandida - Análise
granulométrica - Método de ensaio
Tecnologia gráfica - Impressos Avaliação da resistência a vários agentes
A ABNT publicou a norma
ABNT NBR 11355:2015
- Vermiculita expandida
- Análise granulométrica
- Método de ensaio, que
revisa a norma ABNT NBR
11355:1989, elaborada
pela comissão de Estudo
Especial de Materiais Isolantes Térmicos
Acústicos (ABNT/CEE-155). Esta
Norma estabelece um método de análise
granulométrica de vermiculita expandida.
A ABNT publicou, a norma ABNT
NBR 16408:2015 - Tecnologia gráfica
- Impressos - Avaliação da resistência
a vários agentes, elaborada pelo
Organismo de Normalização Setorial
de Tecnologia Gráfica (ABNT/ONS027). Esta Norma especifica o método
de ensaio para avaliação da resistência
de impressos a água, detergentes,
especiarias, sabão, óleos e gordura,
queijo, cera ou parafina, álcalis,
solventes, vernizes e ácidos
92 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
Odontologia - Avaliação da
biocompatibilidade de produtos para a
saúde utilizados em odontologia
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
ISO 7405:2015 - Odontologia - Avaliação da
biocompatibilidade de produtos para a saúde
utilizados em odontologia, elaborada pelo
Comitê BrasileiroOdonto-Médico-Hospitalar
(ABNT/CB-026). Esta Norma especifica
os métodos de ensaios para a avaliação dos
efeitos biológicos de produtos para a saúde
usados na odontologia. Inclui ensaios de
agentes farmacológicos que são parte integral
ou parte do produto sob ensaio.
Gasolina automotiva Determinação do teor de etanol anidro
combustível (EAC)
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
13992:2015 - Gasolina automotiva Determinação do teor de etanol anidro
combustível (EAC), que revisa a norma
ABNT NBR 13992:2008, elaborada pelo
Organismo de Normalização Setorial de
Petróleo (ABNT/ONS-034). Esta Norma
prescreve o método para determinação do
teor de etanol anidro combustível (EAC),
a partir de 1 % em volume, em gasolinas
automotivas. Outros álcoois presentes na
amostra são computados como EAC.
Cabos de controle não halogenados
e com baixa emissão de fumaça para
tensões até 1 kV
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
16442:2015 - Cabos de controle não
halogenados e com baixa emissão de
fumaça para tensões até 1 kV - Requisitos
de desempenho, elaborada pelo Comitê
Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB03). Esta Norma especifica os requisitos
exigíveis para os cabos de controle não
halogenados e com baixa emissão de
fumaça.
BQ 281 t
Instrumentos ópticos - Refrator ocular
Está em Consulta Nacional o Projeto ABNT NBR ISO
10342 - Instrumentos ópticos - Refrator ocular, referente ao
Comitê Brasileiro de Óptica e Instrumentos Ópticos (ABNT/
CB-049). Para conferir, acesse: http://www.abnt.org.br/
consultanacional/ - ABNT/CB-049 Óptica e Instrumentos
Ópticos - Clique em "Visual."
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 93
Isolantes térmicos
de lã de rocha Flocos
A ABNT publicou
a norma ABNT
NBR 11626:2015 Isolantes térmicos
de lã de rocha Flocos, que revisa a
norma ABNT NBR
11626:1989, elaborada pela Comissão de
Estudo Especial de Materiais Isolantes
Térmicos Acústicos (ABNT/CEE-155).
Esta Norma especifica as características de
flocos termoisolantes à base de lã de rocha.
Análise sensorial - Guia geral para o
grupo de trabalho de um laboratório de
avaliação sensorial
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
ISO 13300-1:2015 - Análise sensorial Guia geral para o grupo de trabalho de um
laboratório de avaliação sensorial - Parte
1: Responsabilidades do grupo de trabalho,
elaborada pela Comissão Especial de
Análise Sensorial (ABNT/CEE-174). Esta
parte da ABNT NBR ISO 13300 fornece o
guia para as funções do grupo de trabalho,
a fim de melhorar a organização de um
laboratório de avaliação sensorial, para
otimizar o uso de recursos humanos e a
eficiência em testes sensoriais.
Tubos de aço - Revestimento
anticorrosivo externo - Parte 3: Epóxi em
pó termicamente curado
A ABNT publicou a norma ABNT
NBR 15221-3:2015 - Tubos de aço Revestimento anticorrosivo externo - Parte
3: Epóxi em pó termicamente curado, que
revisa a norma ABNT NBR 15221-3:2007
Versão Corrigida:2008, elaborada pelo
Comitê Brasileiro de Siderurgia(ABNT/
CB-28). Esta parte da ABNT NBR 15221
estabelece os requisitos mínimos a serem
seguidos na aplicação e qualificação de
revestimentos de epóxi em pó termicamente
curado aplicados à superfície externa de
tubos de aço previamente aquecidos, para
proteção anticorrosiva, por meio de pistolas
pulveri­zadoras eletrostáticas.
Ferro-gusa a carvão vegetal Orientações para a produção sustentável
A ABNT publicou a norma ABNT NBR
16409:2015 - Ferro-gusa a carvão vegetal
- Orientações para a produção sustentável,
elaborada pela Comissão de Estudo
Especial de Produção Sustentável de Ferro
Gusa a Carvão Vegetal (ABNT/CEE201). Esta Norma fornece diretrizes para a
produção sustentável de ferro-gusa a carvão
vegetal, contemplando a produção de ferrogusa propriamente dita e a relação com os
fornecedores de carvão vegetal.
94 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
25 ANOS
O tema Qualidade
para toda a nossa equipe
de articulistas, colunistas e
colaboradores é uma missão
que se repete a 25 anos,
todos os meses
Levando a informação onde ela precisa estar
BQ 281 t
Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 95
Cartas
Escreva para o Editor Hayrton do Prado através do Email: [email protected]
A timidez no trabalho
Bibianna Teodori – São Paulo – SP
A timidez no trabalho pode ser um
grande obstáculo para a carreira
e a construção de um verdadeiro
relacionamento com chefe e colegas.
Apesar de não ser um defeito, mas
uma característica pessoal, a timidez
pode atrapalhar em alguns contextos.
Na hora de argumentar, defender
ou expor uma ideia, a pessoa
normalmente apresenta sintomas
de nervosismo, tremor e trava em
sua fala, o que dificulta bastante seu
desempenho.
Porém, às vezes ser extrovertido
demais é que pode prejudicar. A
habilidade está no saber dosar o
próprio lado introvertido. As pessoas
tímidas são mais reflexivas: quando
falam, já pensaram muito e, quase
sempre, têm algo inteligente a dizer.
É preciso demonstrar que, por trás da
timidez, esconde-se uma pessoa capaz
e competente. Ter autoestima elevada
e acreditar nos próprios pontos fortes
também ajudam na construção de um
relacionamento no trabalho.
Manter um relacionamento com
o chefe, mesmo que cordial, é
importante. Deste modo, o chefe
entenderá que, ainda que tímida, a
pessoa é gentil. Nas reuniões e nos
encontros de trabalho, é essencial
sempre procurar falar e enfrentar
os medos de se impor. O medo é
mais normal do que se imagina.
Entretanto, não se pode deixar que
ele domine e te impeça de fazer as
coisas, de ser quem você é. Você é
maior do que ele.
Para não ter a socialização
prejudicada, o primeiro passo é se
conhecer e verificar até que ponto a
timidez está impedindo de conquistar
seus objetivos. E pergunte a si:
“Como eu agiria se não fosse uma
pessoa inibida?”. É fundamental ser
honesto consigo. Não criar desculpas
para tentar se enganar, fingir que está
tudo bem.
Em algumas situações, uma atitude
comum de quem é tímido é assumir
compromissos para não recusar
um pedido. Outras vezes, não pega
uma tarefa para não se destacar.
Passar por um processo de coaching
ajudaria muito para se conhecer
melhor e superar os seus medos,
com o objetivo de ser mais positivo
e otimista. Com o coaching, você
pode aprender técnicas para melhorar
a timidez, através de ferramentas
como o ensaio mental, e valorizar seus
pontos fortes e de conhecimento.
Outras dicas importantes são:
melhorar a postura, cuidar da
aparência, andar sempre com a postura
ereta e nada de olhar para baixo.
Manter a postura firme transmite
credibilidade e autoconfiança. Seja
persistente, não esqueça que você
conviveu anos com a timidez e não
será da noite para o dia que deixará
de ser tímido. Acredite em si e siga
em frente! Você tem plenas condições
de ir adiante e vencer todo e qualquer
obstáculo em sua vida.
Finalizo com uma frase de George
Kinder: “Cada um de nós carrega
dentro de si uma ânsia secreta, que,
com o passar do tempo, ao longo da
vida, torna-se com frequência um
arrependimento secreto. Esta ânsia
será diferente para cada um de nós,
já que é um traço muito pessoal de
autoexpressão. Somente na medida
em que, cada um de nós, for capaz
de trazer à tona as vontades reais do
nosso coração, nossas vidas serão
plenas, verdadeiramente válidas”.
Sucesso em uma negociação
José Ricardo Noronha – São Paulo - SP
Você já parou para pensar que
negociamos o tempo todo? Com
96 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281
nossas esposas, nossos maridos,
filhos, clientes, fornecedores…
Entretanto, muitas vezes fazemos
isso sem técnica.
Para ajudar você a negociar melhor
e ter impacto imediato em todas as
suas negociações, compartilho duas
dicas inspiradas na mais importante
metodologia de negociação do
mundo: a famosa técnica de
negociação “ganha-ganha”, da
prestigiada Harvard Law School.
Primeira dica: separe os problemas
das pessoas. Em boa parte das
nossas negociações, muitas vezes
nos deixamos controlar pelas nossas
emoções. Quando fazemos isso,
colocamos a razão de lado, o que
faz com que sejamos duros com as
pessoas e leves com os problemas,
quando o correto é fazer o contrário.
Lembre-se sempre de que a boa
negociação deve privilegiar o
relacionamento de longo prazo.
Por isso, é fundamental manter o
controle emocional e trabalhar o
tempo todo em conjunto com a
outra parte, para que vocês possam
criar, juntos e da forma mais
racional possível, uma negociação
que verdadeiramente seja boa para
todos. Portanto, a partir de agora,
seja sempre duro com o problema e
leve com as pessoas.
Segunda dica: concentre-se sempre
nos interesses e não nas posições.
Imagine uma situação na qual duas
pessoas brigam pela mesma laranja.
Diante de uma situação assim,
como você reagiria?
Neste caso específico, uma das
pessoas queria a laranja porque
estava com fome. Já a outra queria
a laranja para tirar a casca e usar
em uma cobertura de bolo. Se
as duas partes explorassem os
interesses escondidos por trás das
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BQ 281 t
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Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 97
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98 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281

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