Banas Qualidade
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Ano XXV | Novembro de 2015 | Edição 281 Qualidade e Produtividade no fundo do poço I Pesquisa Nacional sobre Qualidade, Produtividade e Normalização BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 1 Os valores-p não me assustam. Análise de Dados Destemida Analisar dados com o Minitab Statistical Software é fácil e agora Minitab 17 está disponível em Português. Um Assistente integrado guia você durante todo o processo, desde a escolha da ferramenta correta até a realização da sua análise e interpretação dos seus resultados. Você conhece o seu negócio. 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Telefone: +55(11) 3798.6380/3742.0352 [email protected] Assinaturas Telefone: +55(11) 3798.6380 [email protected] Assinatura digital Anual (12 edições) : R$ 140,00 Bianual (24 edições) : R$190,00 A Revista Banas Qualidade - DIGITAL é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda. com sede em São Paulo/SP - Brasil. A publicação não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e colunistas. ISSN - 1676-7845 Ano XV - Edição 281 Competitividade, qualidade e normalização: um panorama estarrecedor C oordenei todo o projeto da I Pesquisa sobre Qualidade, Competitividade e Normalização ABQ/ Target. Foram mais de 17.000 respostas de pessoas relacionadas com o setor técnico. Depois que comecei a analisar os resultados fiquei assustado e estarrecido. A melhoria da competitividade da indústria brasileira vai além dos planos para conter a valorização do real ou proteger os produtos brasileiros. O grande desafio é a modificação de fatores estruturais, como a redução do Custo Brasil, expressão que sintetiza as ineficiências do país. Entre eles estão a excessiva burocracia, a complexidade do sistema tributário e o alto custo da mão de obra, que é resultado dos pesados encargos trabalhistas. Como consequência, o país tem, por exemplo, um dos maiores custos de energia do planeta. Isso para não falar dos problemas causados pelos gargalos de infraestrutura. Esses são os fatores que estrangulam a competitividade do país, além de uma corrupção endêmica que se espalha por todos os setores da sociedade. Ou seja, os principais problemas do Brasil continuam. As principais deficiências em competitividade apresentadas pela economia brasileira apontadas são velhas conhecidas: infraestrutura básica insuficiente, educação de pouca qualidade e baixa eficiência do governo. Além, é claro, de uma grande diferença entre a competitividade do setor público e privado. Soma-se a isso que o Brasil está muito mal posicionado quando o assunto é regulamentação. Há excesso de burocracia. É difícil abrir e fechar uma empresa. A legislação, com excesso de agências, é repressora e injusta. E o que dizer do desperdício de gasto público. BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 3 Sumário 03 - Editorial Competitividade, qualidade e normalização, um panorama estarrecedor 06 - Pelo Mundo Os principais fatos internacionais 08 - Eventos Treinamentos e eventos de dezembro 13 - MASP Como gerenciar múltiplos projetos de melhoria 16 - Opinião A importância e o valor do trabalho gratuito para elaboração das normas técnicas 22 - Inside Por dentro da notícia 10- Seis Sigma: O papel da alta gestão da empresa para que o Lean Seis Sigma passe a ser parte de seu DNA: O principal fator para garantir a sustentabilidade do Lean Seis Sigma em uma empresa é o vigoroso patrocínio dos executivos de sua alta gestãoo 16 - Gestão: 32 - Qualidade A norma ISO 19600:2014 - Compliance A ilusória sensação de dinamismo e a falsa sabedoria: A regra é clara: muita reflexão, resultados excelentes; pouca reflexão, resultados medíocres 40 - Comportamento As cinco formas de administrar conflitos 74 - Ferramentas QFD 78 - Conformidade A diretiva RoHS aplicada a equipamentos eletromédicos 82 - Normalização Explosão no Rio de Janeiro: evitando os riscos com gas de cozinha e de rua 28 - Quality Progress: A crise de identidade: Entendendo a conexão entre os processos de qualidade e as pessoas. 92 - Normas e Diretrizes 96 - Cartas 4 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Novembro de 2015 - Edição 281 - Ano XXV Ano XXV | Novembro de 2015 | Edição 281 Qualidade e Produtividade no fundo do poço I Pesquisa Nacional sobre Qualidade, Produtividade e Normalização 64 - Meio Ambiente: Dissecando a nova edição da norma NBR ISO 14001:2015: A norma especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental 44 - Capa: I Pesquisa sobre Qualidade, Competitividade e Normalização: Um diagnóstico preocupante: a competitividade brasileira no fundo do poço, a péssima prestação de serviço público e a baixa participação da sociedade no processo de normalização 61 - Sustentabilidade: Sistema de Gestão para a Sustentabilidade de Eventos, ISO 12121:2012: Num mundo em constante e rápida mudança, os desafios para o desenvolvimento sustentável são prioridades para qualquer organização. BQ 281 t 86 - Metrologia: Termopar: calibração por comparação com instrumento padrão: Os termopares são dispositivos elétricos utilizados na medição de temperatura. Foram descobertos por acaso em 1822, quando o físico Thomas Seebeck juntou dois metais que geraram uma tensão elétrica em função da temperatura. A NBR 13770 de 01/2013 - Termopar - Calibração por comparação com instrumento padrão especifica o método de calibração de termopar, por comparação da força eletromotriz termoelétrica (fem) gerada pelo termopar em calibração com a temperatura estabelecida pelo instrumento padrão. Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 5 Pelo Mundo Ranking de Competitividade Campanha de mídia social O Brasil caiu 18 posições no ranking anual do Fórum Econômico Mundial que avalia a competitividade de 140 países. Em 2013 e 2014, o Brasil esteve entre a posição 56 e 57, mas caiu para o 75º lugar. O país passou a ser avaliado no ranking em 1990, e este ano atingiu sua pior posição. A Suíça é a primeira colocada do ranking. Da América Latina, o Chile é o país mais bem colocado ficando na 35º posição. Nível do mar no litoral de SP De acordo com uma pesquisa Internacional, o nível do mar na cidade de Santos irá aumentar 35cm até 2050. Essa mudança já acontece na Ponta da Praia, onde é possível notar a faixa de areia cada vez menor. É previsto que em 2025, sejam 18cm a mais. As pesquisas no Brasil iniciaram em 2013 com nome de projeto Metrópole. Com ações planejadas, os impactos ambientais, sociais e econômicos poderão ser reduzidos. Mês Mundial da Qualidade Os organizadores do Mês Mundial da Qualidade, que será em Novembro, querem ouvir o que os profissionais de qualidade acham que o futura nos reserva. Através do concurso #quality2030 nas mídias sociais, os participantes são convidados a apresentar na página do Facebook da ASQ como eles acham que será o futuro da qualidade. A votação dos finalistas será realizada durante o evento. Para obter mais informações sobre o concurso e a celebração, visite o site: www.worldqualitymonth.org. Você também pode encontrar um kit de celebração para promover a Para uma campanha de mídia para recrutamento de engenheiros, a empresa OneLogic decidiu colocar a imagem de uma de suas engenheiras (Isis Wenger) no anúncio, e assim destacar positivamente as mulheres na tecnologia. O anúncio foi colocado em estações de metrô em São Francisco e gerou uma grande repercussão. Muitas opiniões negativas surgiram sobre o anúncio e deixou claro que o sexismo está vivo na indústria de tecnologia. Isis, disse em um post que a campanha é direcionada a engenheiros e não a um gênero específico. Para mudar essa visão, Isis criou a hashtag #ILookLikeAnEngineer, e ajudou a aumentar a consciência da diversidade em tecnologia. A campanha da hashtag foi lançada em Agosto e recebeu mais de 75mil tweets de 50 países diferentes. Isso inspirou Isis a criar um aplicativo onde as pessoas podem compartilhar suas histórias sobre questões de diversidade na indústria de tecnologia. conscientização e um guia para planejar e promover suas próprias atividades no Mês Mundial da Qualidade. Também durante o evento, a ASQ irá publicar dois relatórios que serão gratuitos e irão fornecer uma visão aprofundada sobre os indicadores de desempenho da cadeia de suprimentos, qualidade e inovação. http://www.globalstateofquality.org 6 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Por Jeannette Galbinski Aquecimento global Entulho reciclado O entulho é reciclado em uma a cada cinco obras no Brasil. O que sobra das construções, é jogado na rua ou em aterros, o que daria para construir quase 4 milhões de casas populares. Se for enviado a uma usina de reciclagem, vira material adequado para novos projetos. São 84 milhões de metros cúbicos de resíduos, e são aproveitados somente 17 milhões. O Brasil tem 310 usinas de reciclagem. Mudanças Climáticas Uma pesquisa realizada pela Consultoria PwC que entrevistou CEOs, apontou que três quartos desenvolvem novos produtos e serviços para responder às alterações climáticas. Dos entrevistados, 53% diz que está motivado para a possibilidade de melhorar a participação no mercado e 74% firmaram metas de reciclagem. A pesquisa mostra uma conscientização crescente dos líderes empresariais em relação ao clima. O aumento da temperatura poderá reduzir o crescimento econômico do planeta em 23% até 2100. De acordo com um estudo, se a temperatura climática de um país fica muito distante de 13° C, para mais ou para menos, a produtividade começa a cair. Marshal Burke da Universidade Stanford analisou dados econômicos e climáticos de 166 países entre 1960 e 2010. Se a tendência de aquecimento durante esse período mantiver a mesma durante outro período igual, 77% dos países do mundo terão uma perda de PIB. Prêmio Nacional da Qualidade Na 24ª edição do Prêmio Nacional da Qualidade, promovido pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), a Volvo Caminhões foi uma das premiadas e a única do setor automotivo listada entre as 14 concorrentes das quatro categorias. A Volvo já foi premiada em 2009 e 2012. A empresa alcançou notas altas ao atender todos os critérios da excelência em sua gestão na fábrica em Curitiba (PR). A AES Eletropaulo (SP) recebeu o destaque no Critério Processos e o Senac (RS) no Critério Clientes. http://www.fnq. org.br/informe-se/noticias/fnq-anunciareconhecidas-no-pnq-2015 Jeannette Galbinski: Doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Master of Science em Qualidade e Confiabilidade pelo Technion Institute of Technology. Graduada em Estatística pela USP, com especialização em Administração Industrial pela FundaçãoVanzolini. Master Black Belt e consultora internacional especialista na implementação de Ferramentas e Sistemas da Qualidade e projetos de Seis Sigma. BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 7 Eventos Dezembro Abril - 2016 Feira Internacional de Máquinas, Veículos, Materiais e Equipamentos para Obras e Construções Em 2013, um impressionante 535,065 visitantes de mais de 200 países participaram bauma. No total, 3.421 expositores de 57 países apresentaram os seus mais recentes produtos e inovações na construção e máquinas de mineração em um espaço de exposição recorde de 575.000 metros quadrados. Data: 11 a 17 de abril Local: Munique/Alemanha Informação: http://www. bauma.de/index-2.html 03/04 07/09 08 08/09 Gestão por Processos, Melhoria dos Processos Este curso visa capacitar os participantes a implantar com sucesso o Sistema de Gerenciamento por Processos (BPM) em sua empresa, e a analisar e melhorar os processos que mais impactam a satisfação dos clientes e dos acionistas da sua empresa. Data: 03 a 04 de dezembro Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1921 Curso Básico em Gestão de Projetos Baseado no Guia PMBOK® Project Management Body of Knowledge, o curso abrange as nove áreas de conhecimento e os processos de gestão de projetos. O aluno terá contato com as técnicas de planejamento e de estruturação de um projeto Data: 07 a 09 de dezembro Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1909 A nova ISO 9001:2015 - Mudanças, Conceitos, Requisitos, Documentação Contribuir com a capacitação dos profissionais em sistemas de gestão da qualidade com o objetivo de adequar seus atuais sistemas e implantar novos sistemas com foco em atender à nova versão da norma Data: 08 de dezembro Local:São Paulo /SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos. asp?cod_site=0&id_ evento=1799 Ferramentas Analíticas e Operacionais para Produção Enxuta (Lean) Apresentar aos participantes a abordagem de melhoria de processos baseada em conceitos e ferramentas da Produção Enxuta (Lean Production). Data: 08 e 09 de dezembro Local: São Paulo/SP Informação: http://www. vanzolini.org.br/eventos.asp?cod_ site=0&id_evento=1812 Construindo um Sistema de Gestão da Qualidade Um livro especialmente escrito para os profissionais que pretendem IMPLANTAR um Sistema de Gestão da Qualidade ,VERIFICAR o sistema já implantado na empresa ou TREINAR sua equipe interna. http://qualistore.com.br/produtos/construindo-um-sistema-de-gestao-da-qualidadeisbn-9788589705455/ 8 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 9 Seis Sigma O papel da alta gestão da empresa para que o Lean Seis Sigma passe a ser parte de seu DNA O principal fator para garantir a sustentabilidade do Lean Seis Sigma em uma empresa é o vigoroso patrocínio dos executivos de sua alta gestão. 10 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Por Cristina Werkema P ara a garantia da sustentabilidade do Lean Seis Sigma nas organizações, o fator primordial é o forte engajamento da liderança. A alta gestão é responsável por promover e definir as diretrizes para a implementação do Lean Seis Sigma. Para que isso ocorra é fundamental que os gestores desse nível considerem o Lean Seis Sigma como um instrumento facilitador para o alcance das metas estratégicas da empresa, ou seja, decidam optar pelo Lean Seis Sigma com o objetivo de melhorar radicalmente o desempenho da organização e de saltar à frente dos concorrentes, obtendo maior lucratividade e gerando mais valor para os acionistas. Uma empresa que tem como meta, por exemplo, dobrar o valor do negócio em um prazo de três anos, poderá adotar o Lean Seis Sigma como uma das principais estratégias para o alcance dessa meta. Seguem as principais responsabilidades da alta gestão, para que ela possa cumprir seu papel de modo adequado e garantir o sucesso sustentável do Lean Seis Sigma. 1 Participar do lançamento do Lean Seis Sigma. A alta gestão deve comunicar à organização a decisão de se adotar o programa, informando objetivos, forma de implementação, expectativas de participação e definição de papéis. 2 Participar do treinamento para a alta gestão. O treinamento deve ter de 4 a 8 horas de duração, para apresentação dos conceitos básicos do Lean Seis Sigma, sem tratar das ferramentas analíticas. A definição preliminar de projetos, Champions e candidatos a Belts poderá ocorrer nesse treinamento ou em um momento posterior. BQ 281 t 3 Validar projetos, Champions e candidatos a Belts. A alta gestão deve garantir que os projetos estejam alinhados às iniciativas estratégicas da empresa e que tenham o escopo adequado para conclusão em um período de 4 a 6 meses. Esses dois aspectos são pré-requisitos para que, ao longo do tempo, continue sendo mantido um forte envolvimento da alta administração. 4 Criar e manter um vigoroso patrocínio da média gestão no dia a dia do Lean Seis Sigma. Os Champions serão executivos da média gestão, que deverão monitorar rotineiramente os projetos desenvolvidos em sua área de atuação e remover as barreiras para o sucesso desses projetos. 5 Alocar recursos suficientes para a consolidação do Lean Seis Sigma. Um exemplo de alocação de recursos é a criação, para os profissionais envolvidos no Lean Seis Sigma, de oportunidades para realização de treinamentos específicos, principalmente para o desenvolvimento de habilidades comportamentais e gerenciais. 6 Criar planos de reconhecimento e recompensa, atrelados aos resultados obtidos no âmbito do Lean Seis Sigma. A empresa deve associar uma parte do bônus que compõe a remuneração variável dos gestores (Champions e Sponsors) a resultados obtidos no âmbito do Lean Seis Sigma. Além disso, os Black Belts, Green Belts e demais membros das equipes de projetos Lean Seis Sigma devem possuir formas de recompensa e reconhecimento, atreladas aos resultados e ganhos (monetários ou não) dos projetos por eles u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 11 Seis Sigma desenvolvidos. Devem ser promovidos eventos de certificação de Belts e de celebração de resultados, dos quais a alta gestão deve participar. 7 Destacar os ganhos resultantes do programa nos relatórios anuais e em outros instrumentos de divulgação. Deve ser seguido o exemplo de Jack Welch, que, durante seu período como CEO da GE, amplamente divulgava para a imprensa os ganhos obtidos por intermédio do Lean Seis Sigma. A propaganda, tanto interna quanto externa à empresa, é fundamental para a sustentabilidade do Lean Seis Sigma e a alta liderança deve estar à frente dessa propaganda. 8 Promover a expansão do Lean Seis Sigma – envolver todas as áreas da empresa, fornecedores e clientes. Nas palavras de Bob Galvin, ex-CEO da Motorola, “a falta inicial de ênfase do Lean Seis Sigma em áreas administrativas foi um erro que custou à empresa pelo menos cinco bilhões de dólares em um período de quatro anos”. Essa frase ilustra que o Lean Seis Sigma pode e deve ser usado por qualquer tipo de empresa, e em todos os seus setores, já que o programa é uma estratégia gerencial para a melhoria da performance do negócio, o que representa uma necessidade de toda organização. Cristina Werkema é proprietária e diretora do Grupo Werkema e autora das obras da Série Seis Sigma Criando a Cultura Lean Seis Sigma, Design for Lean Six Sigma: Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas de Medição, Perguntas e Respostas Sobre o Lean Seis Sigma, Métodos PDCA e DMAIC e Suas Ferramentas Analíticas, Inferência Estatística: Como Estabelecer Conclusões com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC e Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis Sigma Integradas ao PDCA e DMAIC, além de oito livros sobre estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual atua há mais de vinte anos. [email protected]. Levando a informação onde ela precisa estar 12 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 MASP A Por Claudemir Oribe Como gerenciar múltiplos projetos de melhoria Gestão da Qualidade Total é total porque envolve todas as pessoas. De fato, as empresas que são referências no Japão, se orgulham em dizer que 100% das pessoas participam de Círculos de Controle da Qualidade para aprender a resolver problemas. Essa unanimidade não é comum no Brasil. Nossa cultura organizacional e os elevados níveis de rotatividade não favorecem tal prática. Mesmo assim, algumas empresas brasileiras possuem numerosas equipes de melhoria em ação, seja de forma contínua, trabalhando um projeto após o outro, como ad-hoc, em projetos pontuais e temporários. Quando muitos grupos coexistem, há massa crítica para desenvolvimento de material customizado e para a realização de treinamentos internos. Além disso, o potencial de resultado é multiplicado e a cultura da melhoria contínua tem grandes chances de sedimentar. No entanto, nem tudo são flores. Para ter um grande número de grupos em atividade não basta apenas treinar as pessoas. É essencial monitorar os grupos em alguns aspectos chave. Esses aspectos podem formar um conjunto de indicadores de eficiência e eficácia e refletem a efetividade de um grupo de melhoria. O primeiro aspecto chave diz respeito a quantidade de reuniões realizadas e a quantidade de participantes presentes em cada reunião. Reuniões servem para compartilhar informações e tomar decisões. Não devem acontecer com muita e nem pouca frequência, mas devem ocorrer com regularidade semanal ou pelo menos quinzenal. Outro aspecto importante a monitorar é cumprimento das etapas previstas no cronograma do projeto. Se ela foi executada em 100%, o grau de desenvolvimento condiz como que foi planejado. Se for acima de 100%, ops! Problema! O mais comum é que o grupo esteja com dificuldade de realizar alguma etapa devido às dúvidas de ordem metodológica ou instrumental (ferramenta). Também pode ser que o grupo tenha se perdido ou não saiba onde procurar novas hipóteses causais do problema. Outra possibilidade é a existência de posições antagônicas, disputas de opinião ou debates vazios e sem rumo, ricos na quantidade de “causos”, mas pobres em organizar as ideias, priorizar e analisar dados. Essas dúvidas, ou situações indesejáveis, precisam ser identificadas e sanadas, para que o grupo não se disperse e o trabalho avance. Para isso, pode ser necessário monitoramento do ritmo e suporte técnico e as intervenções precisam ser feitas de forma rápida e efetiva. Durante e ao final do trabalho, vários outros indicadores podem BQ 281 t ser empregados. O mais importante deles é, evidentemente, o grau de alcance da meta ou objetivo do projeto. Além disso, é fundamental calcular alguns indicadores financeiros, como custo e retorno do investimento (ROI) do projeto, pois eles são importantes para que a liderança perceba os benefícios e continue a investir em programas de melhoria contínua. Completando as perspectivas, podem ser considerados o nível de cumprimento das tarefas do plano de ação, a satisfação de pessoas impactadas com o trabalho e o índice de reincidência do problema, fundamental para comprovar a eficácia da solução implantada. Finalmente, avaliar o grau de aprendizado obtido pela equipe no domínio do MASP, dos conceitos envolvidos e das ferramentas da qualidade é relevante para ter pessoas mais capazes de enfrentar problemas progressivamente mais desafiadores. Assim, tal qual um projeto de melhoria, gerenciar múltiplos grupos em atividade também requer planejamento, observação, controle, avaliação e ação, ou seja, um PDCA executado com maestria pelo responsável do programa, devidamente apoiado pela liderança estratégica.t Claudemir Oribe é Mestre em Administração, Consultor e Instrutor de MASP, Ferramentas da Qualidade e Gestão de T&D. E-mail [email protected] Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 13 Gestão A ilusória sensação de dinamismo e a falsa sabedoria A regra é clara: muita reflexão, resultados excelentes; pouca reflexão, resultados medíocres 14 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Por Eduardo Moura É muito difícil conseguir a presença de altos executivos em reuniões de análise e planejamento que se demorem por mais de algumas horas; muito mais difícil ainda se for mais de um dia. O padrão vigente é o seguinte: reúnem-se executivos e seus subalternos, os quais rapidamente apresentam os dados sobre uma dada situação. Usando o TIRO (a Técnica Intuitiva para Remover Obstáculos) os executivos (que são muito rápidos no gatilho) decidem quase que instantaneamente o que deve ser feito. Os subalternos saem da reunião impressionados com a perspicácia e agilidade mental de seus chefes, e estes deixam a reunião com uma dose adicional de exaltação ao ego. Mas, depois, em algum lugar distante no tempo e no espaço, as consequências daquele TIRO aparecem na forma de problemas urgentes. A equipe volta a reunir-se para discutir a situação, e o ciclo se repete, com um agravante: toda essa agitação, pressão e respostas imediatas reforçam na equipe uma ilusória sensação de dinamismo, agilidade e “controle” da situação. Pior ainda quando essa ingênua ineficiência acaba “dando certo”, isto é, quando no frigir dos ovos o resultado final é bom, depois de muito sangue, suor e lágrimas. Jim Collins está certo: o bom é inimigo do excelente. Porque aquele pessoal acaba se acomodando com o status quo, achando que o negócio é esse mesmo, e é justamente assim que se perde a oportunidade de melhorar continuamente e conquistar resultados excelentes e sustentáveis. Em diversas ocasiões tenho observado que os altos executivos de diferentes empresas normalmente não estão dispostos a investir, por exemplo, 3 ou 4 dias de planejamento estratégico para decidir o que a empresa vai realizar nos próximos três anos! Sempre há algo mais urgente que requer sua atenção imediata. De fato, as urgências tipicamente roubam cerca de BQ 281 t 70% da atenção gerencial – um desperdício brutal de intelecto e recursos valiosos. Como sair desse buraco? Acho que a causa raiz é um filho prematuro chamado ‘faça isto’, concebido pelo “método” TIRO. E a mãe apressada do ‘faça isto’ é uma premissa chamada ‘já sei o que deve ser feito’, a qual é irmã gêmea do Orgulho, marido da Falta de Reflexão. É preciso crer e compreender que existe uma relação inversamente proporcional entre o tempo investido em análise e reflexão e o tempo de execução e nível de impacto dos resultados. Resultados sólidos e duradouros não podem ser obtidos por “tiros” disparados das alturas do Olimpo Corporativo. Foi-se o tempo em que uma mente brilhante como cabeça de uma organização era suficiente para assegurar o sucesso. Por isso, segundo recomenda Collins em “Good to Great”, é preciso envolver pessoas disciplinadas em um processo de pensamento disciplinado do qual resulte o “Conceito Ouriço” (um foco estratégico vital que represente uma vantagem competitiva decisiva no mercado) e depois assegurar que se executem ações disciplinadas e consistentes com tal Conceito Ouriço. A regra é clara: muita reflexão, resultados excelentes; pouca reflexão, resultados medíocres. Não é à toa que reflexão (“hansei”) e busca de consenso nas decisões é um dos princípios do “Toyota Way”. E é também por isso que Goldratt adverte: “nunca diga ‘Já sei’.”, pois esse é um dos principais meios de autobloqueio contra o verdadeiro aprendizado e a inovação que dele advém. Uma das virtudes do verdadeiro sábio é a humildade, pois o pré-requisito chave para aprender é humildemente reconhecer que não sabemos o suficiente.t Eduardo Moura é diretor da Qualiplus Excelência Empresarial , [email protected] Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 15 Opinião A importância e o valor do trabalho gratuito para a elaboração das normas técnicas 16 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 O que você acha do preço de uma norma técnica vendida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)? Se for feita uma pesquisa com os usuários das normas no Brasil, mais de 50% vão achar que os seus preços são muito altos. E a ABNT tem esse direito: cobrar preços inacessíveis para a maioria dos brasileiros? Não tem, porque, além da ABNT ser uma entidade de utilidade pública, são os setores interessados e a sociedade em geral que arcam com quase a totalidade dos custos de elaboração da norma técnica. Nesse texto, mostro como é elaborada uma norma, no caso a NBR 5419-1 de 05/2015 - Proteção contra descargas atmosféricas - Parte 1: Princípios gerais que estabelece os requisitos para a determinação de proteção contra descargas atmosféricas, e quais os custos envolvidos BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 17 Opinião Por Cristiano Ferraz de Paiva O processo de elaboração de uma norma brasileira é iniciado a partir de uma demanda, que pode ser apresentada por qualquer pessoa, empresa, entidade ou organismo regulamentador que estejam envolvidos com o assunto a ser normalizado. A demanda é recebida pela ABNT e o tema (ou o assunto) é levado ao Comitê Técnico correspondente para inserção no Programa de Normalização Setorial (PNS) respectivo. Caso não exista um Comitê Técnico relacionado ao assunto, o setor propõe à ABNT, que tem essa prerrogativa por delegação do Estado brasileiro, a criação de um novo Comitê Técnico, que pode ser um Comitê Brasileiro (ABNT/CB), um Organismo de Normalização Setorial (ABNT/ ONS) ou uma Comissão de Estudo Especial (ABNT/CEE). O assunto é discutido amplamente pelas Comissões de Estudo dos Comitês Técnicos, com a participação aberta a qualquer interessado, independentemente de ser associado da ABNT, até atingir um consenso, gerando um Projeto de Norma. Esse é submetido à Consulta Nacional pela ABNT, com ampla divulgação, dando assim oportunidade a todas as partes interessadas para examiná-lo e emitir suas considerações. A Consulta Nacional é realizada pela Internet. Nesta etapa, qualquer pessoa ou entidade pode enviar comentários e sugestões ou então recomendar a sua desaprovação. Todos os comentários são analisados e respondidos pela Comissão de Estudo elaboradora, sem a participação da ABNT, que realiza uma reunião para análise das considerações recebidas. Todos os interessados se manifestam durante o processo de Consulta Nacional, a fim de deliberarem, por consenso, se este Projeto de Norma deve ser aprovado como norma brasileira. As sugestões aceitas são consolidadas no Projeto de Norma, que é homologado e publicado pela ABNT como Norma Brasileira, recebendo a sigla ABNT NBR e seu respectivo número. As normas asseguram as características desejáveis de produtos e serviços, como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambiabilidade, bem como respeito ambiental – e tudo isto a um custo econômico. Quando os produtos e serviços atendem às expectativas, existe a tendência a se tomar isso como uma coisa certa e correta e a não ter consciência do papel das normas em todo esse processo. Quando os produtos, sistemas, máquinas e dispositivos trabalham bem e com segurança, quase sempre é porque eles atendem às normas. Dessa forma, as normas têm uma contribuição enorme e positiva para a maioria dos aspectos de nossas vidas. Quando elas estão ausentes, logo se nota. São inúmeros os benefícios trazidos pela 18 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 normalização para a sociedade, mesmo que ela não se dê conta disso. No projeto de uma norma técnica, no caso a Proteção contra descargas atmosféricas – Parte 1: Princípios gerais, projeto foi elaborado pela Comissão de Estudo de Proteção contra Descargas Atmosféricas (CE-03:064.10) do Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB03), o que se pode constatar: na lista dos autores, pessoas físicas que participaram na elaboração da norma, não há representante algum da ABNT que, por delegação do Estado brasileiro é a coordenadora, orientadora e supervisora do processo de elaboração de Normas, conforme Delegado na Resolução nº 07, de 24 de Agosto de 1992, do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro). Ou seja, não houve custo ou pagamento algum feito pela ABNT, na qualidade de Foro Nacional de Normalização, a qualquer membro da comissão que elaborou a norma. No rodapé do referido projeto existe a informação para alertar que, como projeto de norma, o referido documento ainda “não tem valor normativo”. Ou seja, só terá valor normativo quando virar norma técnica brasileira. Sendo assim, quando se transformar em norma técnica brasileira, será um “procedimento normativo” que, por lei, é expressamente excluído da proteção autoral. Nas Atas de reunião (Ata 58 e Ata 62 - clique para ler), o local da reunião não é da ABNT ou custeado por ela, mas sim de entidade setorial sobre o assunto, a qual, geralmente, banca todos os custos dos Comitê Brasileiro de Normalização (ABNT/CB) responsável pelo assunto. Tanto o coordenador, como o secretário e os membros da comissão que elaboraram a norma não são da ABNT, não a representam BQ 281 t e não recebem remuneração alguma da ABNT para esse trabalho. Na verdade, tratase de um ônus público. Eu participei da elaboração do referido projeto e não recebi da ABNT, como ninguém da comissão, valor algum para isso. Além de que eu não repassei ou assinei qualquer papel transferindo os meus direitos como autor (se houvessem) à ABNT. E o que se pode concluir de todo esse processo? A ABNT, Foro Nacional de Normalização, tem um custo praticamente zero para a elaboração das normas técnicas brasileiras, em relação ao custo dos setores e da sociedade, já que todas as Normas seguem esse rito. Nesse ponto, vale ressaltar, que a quase totalidade dos Comitês Brasileiros de Normalização (ABNT/CBs) ou os ONSs não são, também, custeados pela ABNT, mas sim pelos setores e pela sociedade. Os únicos custos da ABNT referemse ao processo de votação nacional e ao processo de publicação da norma e não da sua elaboração em que reside 99% de todo o custo, incluindo-se aí, os custos de manutenção dos CBs e ONSs bancados pelos setores interessados e pela sociedade. Não existe melhor definição da natureza do documento norma técnica como de procedimento normativo e as pessoas físicas elaboradoras das normas técnicas brasileiras não transferiram seus interesses e direitos à ABNT. Dessa forma, os atuais administradores da ABNT (diretoria e presidente do conselho deliberativo) não podem alegar que a ABNT é titular de direito patrimonial de ativo que não lhe foi transferido. De duas uma: ou os atuais administradores da ABNT, atualmente, estão expondo o Foro Nacional de Normalização a situação de vender algo que não é de sua propriedade ou os atuais u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 19 Opinião administradores da ABNT estão expondo a ABNT a situação de vender a preços exorbitantes as normas técnicas brasileiras (no caso do exemplo a norma custa R$ 250,00 somente a parte 1), e o pior, nesse segundo caso, não estaria repassando valor algum àqueles que, realmente, elaboram as normas técnicas. No Brasil, é vedado o trabalho gratuito para terceiros privados obterem aproveitamento econômico. Nesse ponto, vale recordar, que anteriormente à gestão dos atuais administradores, há cerca de 13 anos, as Normas Técnicas Brasileiras NBR eram vendidas ao preço do reembolso do valor gasto pela ABNT para a cópia reprográfica do conteúdo da Norma. Fato que, se comparado aos valores atuais praticados pela ABNT, representa um aumento de mais de 10 vezes ou seja mais de 1.000% em relação ao passado. Além disso, no exemplo, os custos da sociedade e do setor comparados com os custos da ABNT para publicar essa norma podem ser discriminados. No Projeto de Norma 5419-1 que gerou a Norma 54191, conforme consta no próprio projeto, foram realizadas 60 reuniões, com uma média, segundo as atas, de 12 pessoas por reunião com 4 horas de duração: ou seja 60 X 12 X 4 = 2.880 horas/homem de especialistas que o setor e a sociedade, através dos representantes das indústrias, autônomos e instituições governamentais, investiram somente nesta parte da norma. Lembrando, sem participação alguma de pessoas da ABNT. Como são todos especialistas, podese colocar, no mínimo, R$ 200,00 a hora/homem. Sendo assim o setor e a sociedade investiram R$ 576.000,00 somente nesta parte da norma. E a ABNT: quanto gastou para formatar e gerar um PDF? Segundo Janaina Mendonça – Gerente de Editoração e Acervo da ABNT, “Quando recebemos o documento a ser editorado, ele passa por algumas etapas até a sua publicação, sendo primeiramente a editoração, onde o texto passa por uma padronização de forma. E, em um segundo momento, registramos em nossa base de dados e divulgamos aos clientes sobre a publicação das Normas.” Quanto cobraria um diagramador para fazer isso? R$ 600,00 (seiscentos reais!). Ou seja, o investimento da ABNT é de 0,001 vezes ou 0,1% do que o setor e a sociedade investem para fazer uma norma. O pior de tudo: os atuais administradores da ABNT propagam por aí que a norma é dela e só ela pode obter aproveitamento econômico com a venda delas. Na verdade, como o desembargador Coelho Mendes, relator do acórdão sobre o assunto, decidiu, as normas da ABNT enquadram-se na exclusão de proteção dos direitos autorais por serem procedimentos normativos e/ou por serem elevadas, atualmente, a atos oficiais, ao serem exigidas em legislação vigente. Com a palavra o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério da Justiça (MJ) e a sociedade!t Cristiano Ferraz de Paiva é vice presidente da Target Engenharia e Consultoria Ltda., consultor na área de tecnologia da informação, especificamente na área de gerenciamento eletrônico de documentos, desenvolveu trabalhos para organismos de normalização e empresas industriais, e teve seis anos de participação como membro suplente eleito no Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) – [email protected] 20 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 As simulações de Monte Carlo nunca foram tão fáceis. Faça login para sua assinatura de avaliação BQ 281 t ww w. d e v ize .co m Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 21 Inside Inmetro abre consulta pública para colchões de mola Tecnologia da Exercício Físico que Ajuda Cegos Um drone que orienta corredores cegos em torno de uma pista é apenas uma das várias novas tecnologias de exercício destinados a auxiliar os deficientes Enquanto a NASA está trabalhando para fazer drones mais silenciosos, um pesquisador da Universidade de Nevada, em Reno, está usando seu ruído para beneficiar atletas cegos. Eelke Folmer, um professor associado de ciência da computação e líder Human Plus Lab da UNR, construiu um protótipo de sistema robótico que orienta os corredores cegos em torno de uma faixa, permitindo-lhes correr de forma independente, sem um guia. Equipado com duas câmeras – uma voltada para baixo que segue as linhas e uma câmera separada que se concentra em um marcador na camisa do corredor – o drone de Folmer voa na altura dos olhos, aproximadamente 10 pés a frente do corredor, guiando-os pelo som. Se o corredor acelera ou desacelera, o drone ajusta sua própria velocidade. http://www.technologyreview.com.br/read_article. aspx?id=48458 O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) disponibiliza em consulta pública, a Portaria Inmetro nº 508/2015 que estabelece a proposta definitiva de texto, além do Regulamento Técnico da Qualidade para Colchões de Molas. O documento visa estabelecer os requisitos obrigatórios de desempenho para a comercialização de colchões de molas no mercado nacional, com objetivo de preservar a saúde dos usuários, além de prover a harmonização das relações de consumo e a concorrência justa no setor colchoeiro. A sociedade pode participar, enviando ao Inmetro sugestões para a regulamentação, que serão analisadas antes da publicação da portaria definitiva. A proposta de regulamento determina que todo colchão de molas deverá ser fabricado, importado, distribuído e comercializado com as informações corretas sobre características e composição bem como o desempenho adequado do produto. Já a obtenção do registro é condicionante para a autorização do uso do Selo de Identificação da Conformidade nos produtos certificados e para a disponibilização do mesmo no mercado brasileiro. As emissões de gases com efeito de estufa da Europa sofrem enorme queda Os Estados-Membros relatam uma queda de 23% desde 1990, mas o ritmo está diminuindo e vários países não cumpriram suas metas de eficiência energética com efeito de estufa determinados pela comunidade européia. O bloco já ultrapassou sua meta para 2020 de reduzir as emissões em um quinto -, ao mesmo tempo que a sua economia cresceu 46%, de acordo com o chefe da divisão climática da UE, Miguel Arias Canete. "Temos demonstrado consistentemente que a proteção do clima e do crescimento econômico caminham lado a lado", disse ele. http://www.theguardian.com/ environment/2015/oct/20/europes-greenhouse-gasemissions-fall-to-record-low 22 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Por Fernando Banas PROTESTE aciona na Justiça Apple e Samsung por memória menor nos celulares e tablets Pele Artificial é novo passo em direção a Mãos Biônicas Novos sensores feitos de plástico e nanotubos de carbono poderiam dar origem a pele artificial que iria dotar mãos protéticas com o tato. As pontas dos dedos da mão protética são cobertas com uma nova forma de pele artificial que pode detectar gradientes suaves de pressão. Com financiamento do Departamento de Defesa dos EUA, vários pesquisadores estão fazendo progressos em direção a próteses de mãos humanoides – do tipo que dá aos usuários uma sensação de controle e toque. Cientistas de Stanford anunciaram um novo tipo de sensor de pressão na forma de um material plano e flexível que pode, um dia, servir como pele artificial que pode passar por cima de próteses, permitindo que os usuários não só manipulem objetos, mas também os sintam. Os sensores enviam impulsos que o cérebro interpreta a fim de determinar uma certa sensação de toque. "Ele está imitando diretamente o sistema biológico", diz o pesquisador-chefe Zhenan Bao. A "pele" é feita de plástico que é impresso com um padrão sanfonado para torná-lo compressível. Dentro foram incorporados nanotubos de carbono - minúsculos cilindros de carbono puro que conduzem eletricidade. A compressão do material aproxima os nanotubos, criando impulsos mais rápidos à medida que a pressão aumenta. http://www.technologyreview.com.br/read_article. aspx?id=48453 BQ 281 t PROTESTE aciona na Justiça Apple e Samsung por memória menor nos celulares e tablets . A entidade quer que as empresas sejam obrigadas a pagar indenização calculada com base no preço do produto e no preço de cada GB de memória. Como a memória interna dos aparelhos celulares e tablets (iPhone e iPad) da Apple, e da Samsung são menores do que os anunciados pelas empresas. A ação civil pública contra elas pede que cessem a oferta enganosa e paguem indenização por perdas e danos correspondente ao valor de cada GB de memória livre não entregue. É pedida liminar para a alteração urgente das ofertas, apresentações e anúncios publicitários para que eles sejam feitos contando a verdadeira capacidade da memória dos aparelhos produzidos e comercializados. O objetivo é evitar que mais consumidores sejam prejudicados. E solicitada contrapropaganda em todos os meios de comunicação informando aos consumidores o real tamanho das memórias dos produtos. Embasada em vários artigos do Código de Defesa do Consumidor, a ação pede o cumprimento à oferta, e configura o problema da memória inferior à anunciada como vício oculto. O próprio sistema operacional do aparelho e os aplicativos a ele incorporados ocupam espaço na memória interna, gerando menor espaço disponível do que o original instalado e que, apesar disso, é anunciado como existente para uso do consumidor. E os aplicativos não são removíveis. http://www.proteste.org.br/tecnologia/celular/ noticia/proteste-aciona-na-justica-apple-esamsung-por-memoria-menor-nos-celulares-tablets Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 23 Inside Criando o boom da bioenergia de forma sustentável com a norma ISO 13065 Um novo padrão ISO que ajuda a avaliar a sustentabilidade de produtos e processos relacionados à bioenergia tem um enorme potencial para combater as alterações climáticas, promover a segurança energética e promover o desenvolvimento sustentável. Portadores de bioenergia - produzidos a partir de matéria orgânica, como madeira subprodutos e culturas agrícolas - pode ser usado para gerar combustível para transportes e eletricidade, bem como para aquecimento ou resfriamento. A Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um crescimento na demanda por energia primária a partir da biomassa de até o equivalente a 1 827 milhões de toneladas de petróleo, ou 12% da demanda mundial de energia primária total em 2030. Este é o dobro do volume de 1990 (World Energy Outlook Special Report Energy and Climate Change 2015). A nova ISO 13065: 2015 - Critérios de sustentabilidade para a bioenergia, dá um quadro prático para considerar os aspectos ambientais, sociais e econômicos para facilitar a avaliação e a comparabilidade da produção de bioenergia e produtos, cadeias de fornecimento e aplicações. A norma vai servir como uma ferramenta para ajudar os governos a cumprir as suas metas. Ela vai beneficiar os mercados nacionais e internacionais, tornando a bioenergia mais competitiva, particularmente para os produtores dos países em desenvolvimento, e ajudar a evitar as barreiras técnicas ao comércio. A ISO 13065 fornece uma abordagem harmonizada em critérios de sustentabilidade em vez de fornecer valores de limite. Ela pode ser adotada por vários usuários de diferentes maneiras: • Empresas - fornecendo uma estrutura padrão que permite que a empresa fale a mesma língua quando descreve aspectos da sustentabilidade • Compradores - comparando informações de sustentabilidade dos fornecedores para ajudar a identificar processos de bioenergia e produtos que satisfaçam as suas necessidades • Outras normas, iniciativas de certificação e agências governamentais - por servir como uma fonte de informação sobre sustentabilidade, e uma base transparente para todos os agentes do mercado para cumprir os requisitos legais A ISO 13065 pode ser aplicada em toda a cadeia de suprimentos, partes da cadeia de abastecimento ou um único processo na cadeia de abastecimento. Também se aplica a todas as formas de bioenergia, independentemente da matéria-prima, localização geográfica, tecnologia ou utilização final. http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_ archive/news.htm?refid=Ref2009 24 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Apps ajudam a monitorar uso de combustível, velocidade e emissões de carros Aplicativo CleverDrive promete avaliar motorista e ajudá-lo a economizar combustível O ser humano é competitivo por natureza, e o Homo automobilis passa uma boa parte de seu tempo disputando corridas com outros membros da espécie – no mundo real e no mundo virtual. Agora algumas empresas inovadoras estão fazendo uso desse instinto para tentar salvar o planeta, incentivando motoristas a adotar hábitos que lancem menos gás carbônico na atmosfera. Uma nova leva de aplicativos registra o quanto e como dirigimos diariamente e nos desafia a melhorar nossa pontuação a cada dia. Uma boa informação é a essência da percepção da necessidade onde a expectativa foi atingida. SISTEMA INTERATIVO PESQUISA DE QUALIDADE REDES TRANSMISSÃO VIA INTERNET WEBCASTING APLICATIVOS TRADUÇÃO SIMULTÂNEA TÉCNICOS CERTIFICADOS INTERNACIONALMENTE 55 11 3959-1199 [email protected] | avsc.com.br BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 25 Conteúdo em todos os lugares. On A forma de leitores, a B ferramentas precisa esta Nossos leito Online, baix articulistas, conteúdo co fazer busca para amigos Total interatividade Ferramentas de busca Rede de sites 26 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 nline | On Mobile consumir conteúdo esta mudando. Usando o feedback de nossos Banas Qualidade tem disponibilizado suas publicações em novas s de leitura, sempre com o objetivo de levar a informação onde ela ar. ores agora podem acessar nossas publicações exclusivamente xar seu conteúdo, e utilizar recursos extras como: falar com fazer Link direto com as matérias originais e com isto ter mais omplementar, fazer link com anunciantes, produtos e serviços, por palavras, distribuir as publicações na rede da empresa, enviar s ou distribuir nas redes sociais. Publicações exclusivas Recursos inéditos www.banasqualidade.com.br BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 27 Quality Progress Crise de identidade 28 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Por Chris Brooks Entendendo a conexão entre os processos de qualidade e as pessoas Q uanto mais tempo eu fico envolvido em gestão da qualidade e em consultoria de crescimento dos negócios, mais estou convencido de que uma verdade simples é muitas vezes esquecida: a qualidade não é algo que fazemos. É o que somos. Uma das minhas grandes alegrias no trabalho com diferentes organizações é ver quando a luz se acende, quando uma equipe de liderança executiva percebe a melhor maneira de alcançar e superar as metas e os objetivos de qualidade, vendo pessoas da organização verdadeiramente abraçando a qualidade. Nos seus 14 pontos, W. Edwards Deming, direta e indiretamente, teve como foco as pessoas (1). Ele se concentrou em questões fundamentais, tais como a liderança e o gerenciamento sem medo, com autoaperfeiçoamento, a remoção de barreiras e o envolvimento de todos no processo de transformação. Sempre entendi como um profundo mistério porque muitas organizações não entendem isso como uma verdade tão profunda. Principalmente, quando trabalhei em organizações como diretor de qualidade e consultor de gestão, observei uma desconexão nítida entre os processos de qualidade e as pessoas. As organizações gastam tempo e um esforço significativo para melhorar o planejamento de qualidade, processos e desempenho, mas, muitas vezes, negligenciam o fator mais importante e fundamental para o sucesso de qualquer iniciativa de qualidade: as pessoas. BQ 281 t Lidar com pessoas é confuso A triste realidade é que lidar com pessoas é confuso. Há problemas para lidar com lutas políticas pelo poder, emoções elevadas, preferências pessoais e conflitos. A verdade emocionante, no entanto, é que as pessoas também são extremamente apaixonadas, leais, dedicadas e carregam um potencial aparentemente ilimitado para alcançar altos níveis de desempenho, quando devidamente motivadas. Como é que se pode libertar as possibilidades que ficam escondidas e dormentes como um potencial inexplorado? A resposta é encontrada em mover o foco da melhoria da qualidade em direção a uma visão abrangente de qualidade que incorpora uma estratégia de inclusão e intencional para a construção das pessoas que operam o negócio. Costumo dizer: construir o negócio e as pessoas podem ou não seguir. Construir as pessoas e o negócio não terá escolha. Uma triste realidade Eu certamente não quero sugerir que as organizações não estão interessadas no desenvolvimento de suas pessoas. Pelo contrário, há muitos programas de engajamento do pessoal (employee engagement), estratégias de mudança de cultura e treinamentos especificamente dedicados a esse fim. O desafio é que muitas dessas estratégias de melhoria de negócios são segmentadas, visando uma preocupação ou um problema específico. Infelizmente, muitas vezes só u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 29 Quality Progress dar um impulso de curto prazo para o desempenho sem enfrentar a raiz do problema. Muitos desses esforços acabam como um projeto preferido de um líder bem intencionado que normalmente é passado para baixo para um gerente de nível médio que não tem tempo, recursos ou paixão para mantê-lo no longo prazo, deixando o processo para voltar às velhas rotinas até uma próxima coisa melhor coisa aparecer. Existem soluções de longo prazo para sustentar o envolvimento dos funcionários, para o desenvolvimento e crescimento do profissional no negócio, mas elas não serão sustentáveis se estão sendo apenas vistas como projetos. Em vez disso, elas exigem uma mudança de paradigma e de cultura que começa com os executivos seniores e estende-se através da organização. Uma solução prática Ajudar as organizações a realinhar seus paradigmas de melhoria de negócios é um dos principais objetivos dos profissionais de qualidade. Isso exige uma profunda paixão para ajudar as organizações a alcançar o sucesso sustentável e para alcançar as suas metas e os objetivos do negócio. Mas, não é apenas sobre como melhorar o lucro. Também é importante fazer a diferença na vida das pessoas da organização. As organizações devem ter em mente quatro princípios básicos para garantir que sejam reconhecidos que as pessoas são uma estratégia chave na jornada da melhoria contínua de uma organização. 1 Pessoas – Abrangem a área de maior impacto potencial para o sucesso de uma organização e para alcançar as suas metas e os objetivos principais. Isso inclui o desenvolvimento profissional em todos os níveis da organização. As pessoas definem os limites superiores de possibilidade de negócios. Uma organização pode ter o melhor planejamento, processos e 30 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 métricas de desempenho no setor, mas sem as melhores pessoas nos lugares certos, tudo pode desmoronar e, na melhor das hipóteses, a mediocridade torna-se uma verdade. As organizações devem ter sempre a intenção de fazer o melhor para o seu pessoal, que torna fundamental para a construção do negócio. 2 Planejamento estratégico – Separa as organizações de sucesso em duas categorias: as que conseguem cumprir os seus objetivos e desfrutam de um crescimento modesto e organizações que buscam ultrapassar além dos seus objetivos e experiência e obtém um crescimento explosivo. O sucesso pode, por vezes, acontecer por acaso, mas nunca é sustentado sem esforço intencional e consistente. O componente crítico do planejamento eficaz é a liderança. Bons líderes motivam e lideram seus seguidores. Grandes líderes sabem como conduzir seus liderados e é aí que o crescimento do negócio sustentável a longo prazo é realizado. 3 Processo – Pode ser definido simplesmente como a execução do plano. A melhor estratégia é desperdiçada se mal executada e a execução impecável de uma estratégia pobre é tão inútil. Assim como o planejamento, o processo deve ser intencional, claramente comunicado e aberto para a melhoria contínua. A melhoria sustentável e contínua é alcançada por meio do engajamento e na capacitação das pessoas mais próximas ao processo para que tenham acesso e entrada direta para fazer o melhor processo. 4 Performance – Avaliar o desempenho só é relevante se comparado com um objetivo claramente definido e BQ 281 t comunicado. Em outras palavras, como você sabe que pode acertar o alvo certo, se não tiver definido o alvo? Quando as medições do desempenho são consistentes com o planejamento estratégico e com a execução do processo, a saída ou resultado da avaliação de desempenho torna-se uma medida da eficácia das etapas. Se o desempenho ficar aquém das expectativas, deve-se descobrir o porquê, fazer as mudanças, treinar e equipar as pessoas, e modificar o plano estratégico para o futuro. Vince Lombardi começou uma nova época no futebol quando ficava à frente de seus novos jogadores, segurando uma pele de porco, e dizendo: “Senhores, essa é uma bola de futebol”. Ela não recebe qualquer item mais básico do que isso. O mesmo vale para os conceitos discutidos neste artigo, eles não são ciência para lançar foguetes. Não se deve acabar com as iniciativas de qualidade mais técnicas que você implementou, como estratégia kanban, Six Sigma ou projetos Lean. Apenas se certifique de que tudo o que sua organização faz incide sobre o ativo mais importante de que necessita para conduzir a sua jornada pela qualidade – as pessoas.t Referência 1. W. Edwards Deming, “The Fourteen Points for Management,” www.deming.org/theman/ theories/fourteenpoints. Chris Brooks é presidente da Incorvas Inc. em Atlanta. Ele tem mestrado em estudos teológicos e está concluindo seu MBA na Liberty University em Lynchburg, VA. É membro da ASQ. Brooks é um gestor com certificação ASQ em qualidade/excelência organizacional. Fonte: Quality Progress/2015 February Tradução: Hayrton Rodrigues do Prado Filho Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 31 Qualidade 32 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 A Norma ISO 19600:2014 – A implementação de um padrão global para o Gerenciamento da Conformidade (Compliance) BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 33 Qualidade A ISO é uma das organizações mais confiáveis quando se trata do estabelecimento de normatizações técnicas em escala global, e a norma internacional ISO 19600:2014 - Compliance management systems – Guidelines, fornece orientação para as empresas na criação, desenvolvimento, implementação, avaliação, manutenção e melhoria contínua do sistema de Gestão da Conformidade, de maneira efetiva e ágil. Estas orientações são aplicáveis a todos os tipos de empresas, e o grau de aplicação destas orientações dependerá do tamanho, estrutura, natureza e complexidade de cada uma delas. Por Daniel Gobbi Costa e Francisco P.R. Garcia A origem da norma ISO 19600:2014 Em 2012, a Austrália propôs iniciar o desenvolvimento de uma norma ISO para Programas de Conformidade, baseada na norma australiana AS 8306. Esta proposta foi aceita pelos membros da ISO e uma comissão de projeto foi criada para desenvolver a Norma ISO/PC 271 “Gerenciamento de Conformidade”. Após duas reuniões, o comitê da ISO para Projetos Internacionais publicou o draft da norma ISO 19600 - Standard for Compliance Management para votação e comentários de seus membros. A norma ISO 19600 foi publicada em dezembro de 2014 e objetiva servir de padrão internacional para os programas empresariais de Compliance. Compliance, nos âmbitos institucional e corporativo, é o conjunto de disciplinas utilizadas para fazer cumprir as normas legais e regulamentares, as políticas e as diretrizes estabelecidas para o negócio e para as atividades da empresa, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer. O termo Compliance tem origem no verbo em inglês to comply, que significa “agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido”. Atualmente, atuar dentro de um processo Compliant é uma das maiores preocupações da Administração para a Gestão de Riscos. A implementação de um programa, baseado nos valores empresariais de ética e de conformidade, quando adequada aos riscos das empresas, tem auxiliado na manutenção da integridade dos processos, e a evitar ou minimizar potenciais problemas de corrupção, fraude e de má conduta, entre outros. Desta maneira, as empresas estão cada vez mais buscando validar seus programas de Compliance conforme um padrão internacionalmente reconhecido. Qual a ideia por trás da proposta da Norma ISO 19600:2014? A norma ISO 19600:2014 foi desenvolvida como uma diretriz para empresas, e não como um sistema de gestão certificável que possa ser exigida como requisito de clientes, como são outras normas, tais como a ABNT NBR ISO 14001 (Gestão Ambiental) ou a OHSAS 18001 (Saúde Ocupacional e Gestão da Segurança). A ISO 19600:2014 destina-se a auxiliar as empresas a melhorar e expandir a abordagem existente para gerenciamento da conformidade, e pode ser aplicada como um 'plug-in' adaptável ao Sistema de u 34 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Líder de Mercado na América Latina Traduções para mais de 30 idiomas Há 37 anos propondo soluções multilíngues para o mundo globalizado [email protected] www.alltasks.com.br Fone: (11) 5908-8300 BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 35 Qualidade Gestão da empresa, e assim gerir as questões de Compliance. Outra razão pela qual esta norma foi elaborada como uma diretriz, ao invés de um sistema de gestão certificável, é o fato de que pequenas e médias empresas também podem ser capazes de avaliar e implementar soluções adequadas às suas operações, em vez de serem sobrecarregadas com a criação de sistemas potencialmente desfavoráveis. Essas empresas deverão adotar a Conformidade ou o Compliance e criar um sistema de gestão que atenda especificamente suas necessidades e possibilidades. A norma ISO 19600:2014 e seu alcance A norma ISO 19600:2014 é baseada nos princípios da boa governança, da proporcionalidade, da transparência e da sustentabilidade, e em termos gerais, as empresas poderão adotar estar normativa como orientação independente, ou ainda combiná-la com outros padrões ou programas de gestão já existentes ou implementados pela empresa – como, por exemplo, a Norma ABNT NBR ISO 9001:2015 de Gestão da Qualidade. Como já apresentado, a ISO 19600:2014 não tem como alvo uma área de risco específica. A proposta dessa norma é fornece uma orientação para que as empresas possam melhorar a performance de seus Programas de Compliance. Esta proposta é baseada no modelo PDCA (Plan – Do – Check – Act) para a construção de uma estrutura de controle e melhoria contínua de processos: • PLAN: Identificar as obrigações de conformidade que forem consideradas ou mapeadas como riscos, a fim de promover uma estratégia e definir as medidas para enfrentá-los. • DO: Definir e implementar mecanismos de acompanhamento. • CHECK: Avaliar se os controles implementados estão em conformidade com o Programa estabelecido. • ACT: Baseado nos resultados obtidos, o programa deverá ser continuamente aperfeiçoado, e os casos de Não-Conformidade devem ser gerenciados. 36 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Método de quatro fases – Ciclo PDCA Para ilustração, o quadro acima referente ao processo da norma ISO 19600:2014 - aplica-se à conformidade como um todo, e está direcionada à gestão de risco das empresas, focando-se em áreas que incluem as atividades sob risco de corrupção, de fraude e de má conduta, entre outras possíveis. Qual a essência da abordagem baseada no risco, para o Gerenciamento da Conformidade? A gestão de Compliance vai além do mero atendimentos aos requisitos legais. Compliance também está relacionado com a satisfação das necessidades e expectativas de um amplo leque de interessados. Portanto fazer escolhas certas e definir prioridades é uma parte importante do Gerenciamento da Conformidade. A norma ISO 19600:2014 segue uma abordagem baseada no risco para o Gerenciamento da Conformidade e está alinhada com a norma ABNT NBR ISO 31000:2009 (Gestão de Riscos). Ao analisar o contexto e o ambiente no BQ 281 t qual uma empresa opera, as suas obrigações de conformidade poderão ser determinadas. Isto significa que a empresa deverá decidir quais exigências, necessidades e expectativas das partes interessadas esta cumprirá. Essas decisões estão baseadas em uma avaliação de risco que pergunta: • Qual é o risco (ameaça ou oportunidade)? • Quando eu posso ou não atender as necessidades de uma das partes interessadas, como uma obrigação de Compliance? • No que diz respeito às exigências legais, a empresa não tem escolha: qualquer empresa socialmente responsável tem de cumprir a legislação. No entanto, com base em uma avaliação de riscos, as prioridades poderão ser definidas, visando direcionar a maior parte dos esforços e controles internos de gestão nas obrigações que têm os maiores riscos de conformidade (expressas como a probabilidade de ocorrência e o impacto u Fonte: International Standard, ISO 19600. Compliance Management Systems – Guidelines, page VI Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 37 Qualidade das consequências do descumprimento). Com base ainda nesta avaliação de riscos, medidas (sob a forma de controles de risco) serão concebidas e implementadas, bem como métodos e procedimentos para monitorar e avaliar a conformidade e a eficácia dos controles internos implementados. Esta abordagem baseada no risco auxiliará as empresas a concentrar seus esforços para o Gerenciamento da Conformidade. Os potenciais benefícios na implementação da Norma ISO 19600:2014 • Abordagem simplificada e já conhecida para as empresas que possuam outros Sistemas de Gestão ISO implementados; • Incorporação de elementos críticos de outros padrões, aceitos de forma flexível; • Oportunidade da criação de uma nova maneira de “olhar” para o seu negócio; • Demonstração, aos órgãos reguladores, do alinhamento da empresa com outras normas legais, governamentais e globais de Compliance; • Orientações customizáveis para o beneficiamento e a inclusão de todos os tipos e tamanhos de empresas, com uma abordagem baseada no risco (obrigações de Compliance), para a elaboração e implementação de controles internos; • Adaptação de uma cultura organizacional, voltada para que o cumprimento das normas aqui apresentadas se torne uma regra geral, aplicada a todos da empresa. Conclusão A prática do Compliance Corporativo é tema de discussão global, e que está direcionada para auxiliar as empresas no desenvolvimento de uma plataforma sólida, que proporcione integridade na relação das pessoas e dos negócios. A proposta da norma ISO 19600:2014 é contribuir, de maneira estruturada, para que as empresas possam constituir melhores processos organizacionais para a integridade nas decisões de importância corporativa e pessoal. O desenvolvimento e a incorporação deste programa de prevenção de riscos, e uma adequação cultural de todos, voltado aos quesitos de ética, auxiliarão a empresa a manter a confiabilidade em seu programa local ou global de Compliance. É importante ressaltar também, que cada empresa poderá decidir, de forma independente, até que ponto a implementação de um programa desse tipo pode ser considerada adequada - em relação aos custos e benefícios envolvidos no processo - e quanto esta implementação de um padrão internacional poderá colaborar para a comparabilidade entre os sistemas de conformidade em diferentes segmentos ou regiões. Além disso, a diretriz traz consigo a garantia de inexistência de conflitos com qualquer legislação nacional, pois a mesma determina que esta deva ser cumprida para se garantir a conformidade dos processos. No entanto, ainda não está claro como as empresas deverão comprovar sua implementação para terceiros. Atualmente, não existe nenhuma intenção da ISO de estabelecer uma certificação conforme a norma ISO 19600:2014, uma vez que não existem padrões mínimos previstos. Este é o lado negativo de um guia flexível que tenta cobrir um amplo espectro.t Daniel Gobbi Costa - dgobbi@allcompliance. com.br e Francisco P.R. Garcia - fgarcia@ allcompliance.com.br , consultores da ALLIANCE Consultoria e Treinamento Empresarial. 38 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 39 Comportamento 40 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 As cinco formas de administrar conflitos Quando em situações conflituosas o comportamento de uma pessoa pode ser enquadrado em duas dimensões básicas. Por Ernesto Berg E xistem várias maneiras de abordar e administrar conflitos. Uma das mais eficazes é denominada de “Estilos de Administração de Conflitos”, método criado por Kenneth Thomas e Ralph Kilmann, os quais propõem cinco formas de gerenciar conflitos. Afirmam que quando em situações conflituosas o comportamento de uma pessoa pode ser enquadrado em duas dimensões básicas. A primeira dimensão, assertividade, é a extensão com que cada indivíduo procura BQ 281 t satisfazer seus próprios interesses. A segunda, cooperação, mede a extensão com que uma pessoa procura satisfazer os interesses dos outros. Esse comportamento bidimensional define os conco métodos de administrar conflitos, que são: competição, acomodação, afastamento, acordo, colaboração. Não existe estilo certo ou errado em relação a qualquer um desses métodos. Cada qual pode ser apropriado e muito efetivo, dependendo das circunstâncias, dou Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 41 Comportamento assunto a ser resolvido e das personalidades envolvidas. 1Competição É uma atitude assertiva e não cooperativa, onde prevalece o uso do poder. Ao competir o indivíduo procura atingir os seus próprios interesses em detrimento dos interesses da outra pessoa. É um estilo agressivo e antagônico onde o indivíduo faz uso do poder para vencer. A competição pode significar “proteger seus direitos”, defender uma posição na qual acredita, ou simplesmente querer ganhar. Mesmo sendo um estilo coercitivo, há ocasiões em que o uso da competição é justificável e pode ter resultados positivos. Eis alguns exemplos: • Quando ações rápidas e decisivas são vitais, como, por exemplo, numa emergência, e não há tempo para troca de opiniões. • Quando estão em jogo princípios importantes. • Quando você está num beco sem saída, numa situação de “ou ele ou eu”. • Quando nem o diálogo nem o tempo ajudaram a resolver o conflito que tende a se deteriorar cada vez mais. 2 Acomodação É uma atitude inassertiva, cooperativa e autossacrificante, o oposto de competir. Ao acomodar a pessoa renuncia aos seus próprios interesses para satisfazer os interesses da outra parte. A acomodação é identificada por um comportamento generoso, altruísta, dócil à vontade da outra pessoa ou, então, abrindo mão de seu ponto de vista a favor do outro. A acomodação, quando aplicada no momento adequado, pode trazer bons resultados. Eis alguns exemplos: • Quando é especialmente importante preservar a harmonia e evitar uma quebra no relacionamento. • Para demonstrar generosidade de sua parte. • Quando a questão é muito mais importante para o outro e você tem pouco a perder, e é útil para manter um relacionamento colaborativo. • Quando você está batido, e a competição só irá prejudicar seus interesses. 3 Afastamento É uma atitude inassertiva e não cooperativa. Ao afastar-se a pessoa não se empenha em satisfazer os seus interesses, nem tampouco coopera com a outra pessoa. O indivíduo coloca-se diplomaticamente 42 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 à margem do conflito, às vezes adiando o assunto para um momento mais adequado, ou então simplesmente recuando diante de uma situação de ameaça (física, emocional ou intelectual). Eis algumas ocasiões em que o estilo afastamento pode ser adotado: • Quando o custo de um confronto é maior do que o benefício que o resultado possa trazer. • Se ambas as partes considerarem a questão pouco significativa. • Quando as duas partes precisarem reduzir as tensões e esfriar a cabeça. • Para resguardar sua neutralidade ou reputação. • Quando há uma real possibilidade do problema sumir sozinho. 4 Acordo É uma posição intermediária entre assertividade e cooperação. O indivíduo procura soluções mutuamente aceitáveis, que satisfaçam parcialmente os dois lados. Ele abre mão de alguma coisa, desde que em contrapartida receba algo em troca que seja de seu interesse. O acordo significa trocar concessões, ou então procurar por uma rápida solução de meio termo. É uma espécie de “toma-lá-dá-cá”. Eis alguns casos em que estilo acordo pode trazer bons resultados: • Quando todos têm a perder se não chegarem a um entendimento. • Quando os dois lados têm a mesma força. • Quando você quer chegar a um acordo temporário para situações complexas. • Quando, mesmo que os prejuízos sejam inevitáveis, as perdas puderem ser reduzidas para os dois lados. 5 Colaboração É uma atitude tanto assertiva quanto cooperativa. Ao colaborar o indivíduo procura trabalhar com a outra pessoa BQ 281 t tendo em vista encontrar uma solução que satisfaça plenamente os interesses das duas partes. Significa aprofundar o assunto para identificar as necessidades e interesses dos dois lados e encontrar uma solução satisfatória para todos os envolvidos. Ao colaborar, o indivíduo procura aprender com os desacordos, olhando o ponto de vista do outro, bem como resolver situações que de outra forma poderia descambar para competição por recursos, ou ainda tentar encontrar soluções criativas para problemas de relacionamento interpessoal. Alguns exemplos do uso apropriado do estilo colaboração: • Quando você precisa encontrar uma solução integrada e as necessidades e interesses de ambas as partes são por demais importantes para serem ignoradas. • Quando existe um ambiente de mútua confiança. • Quando você quer o comprometimento dos outros através de uma decisão consensual. • Quando ambas as partes ganham mais juntas do que isoladamente. • Quando as competências e habilidades dos participantes se complementam. Não obstante os cinco estilos mencionados, pessoas diferentes usam de diferentes estratégias para moderar conflitos. O importante é conhecer e servirse das várias opções à nossa disposição para manejar conflitos e aprender a utilizar essas técnicas.t Ernesto Berg é consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 14 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos [email protected] Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 43 Capa - Pesquisa I Pesquisa sobre Qualidade, Competitividade e Normalização Um diagnóstico preocupante: a competitividade brasileira no fundo do poço, a péssima prestação de serviço público e a baixa participação da sociedade no processo de normalização A Academia Brasileira da Qualidade e a Target realizaram essa pesquisa e os seus resultados são agora apresentados com exclusividade pela Revista Banas Qualidade www.target.com.br 44 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281www.abqualidade.org.br Pesquisa revela problemas muito sérios em relação à qualidade, competitividade e normalização no Brasil A preocupação com a qualidade de bens e serviços não é recente. Os consumidores, mesmo na fase da produção artesã, sempre tiveram o cuidado de inspecionar os objetos das relações escambo. Essa preocupação caracterizou a primeira fase da gestão da qualidade. Da inspeção do produto acabado à gestão de processos - que tem como finalidade de atender os requisitos do cliente – decorreu alguns séculos de história. Seu conhecimento é de fundamental importância para a compreensão do estado da arte em qualidade, .no Brasil e no mundo A qualidade e a competitividade dependem diretamente da normalização técnica e da metrologia. Não há qualidade se não houver especificação dos insumos, do produto final, das metodologias de produção e de medição dos seus atributos chave. A elevação do nível global de competitividade da produção está entre as prioridades das lideranças mundiais emergentes o que implica no fortalecimento da tecnologia industrial básica desses países, sendo, portanto, inquestionável o papel central das atividades relacionadas à metrologia, normalização e .qualidade A melhoria da competitividade da indústria brasileira vai além dos planos para BQ 281 t conter a valorização do real ou proteger os produtos brasileiros. O grande desafio é a modificação de fatores estruturais, como a redução do Custo Brasil, expressão que sintetiza as ineficiências do país. Entre eles estão a excessiva burocracia, a complexidade do sistema tributário e o alto custo da mão de obra, que é resultado dos pesados encargos trabalhistas. Como consequência, o país tem, por exemplo, um dos maiores custos de energia do planeta. Isso para não falar dos problemas causados pelos gargalos de infraestrutura. Esses são os fatores que estrangulam a competitividade do país, além de uma corrupção endêmica que se espalha por todos os setores da .sociedade Utilizando a ferramenta de pesquisa S u r v e y M o n k e y, o link da pesquisa foi disponibilizado para o mundo técnico de diversas maneiras. Ao se obter 781 respostas, o nível de disponibilizar o link diminuiu e as respostas e seus resultados se estabilizaram. Assim, obteve-se mais de 17.000 respostas, o que há de convier é bastante participativo no mundo técnico.u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 45 Capa - Pesquisa Qual o nível de empenho das empresas brasileiras em geral em oferecer produtos ?e serviços de qualidade Opções de resposta Baixo Médio Alto Muito Alto Respostas 22,08% 59,31% 16,94% 1,67% Mais de 80% dos participantes acham o nível de empenho das empresas brasileiras baixo ou médio em oferecer produtos e serviços de qualidade. Isso pode estar relacionado à carga tributária brasileira que não é apenas alta. É complexa, estendendo-se por toda a cadeia econômica. Os impostos, as taxas e as contribuições também alcançam a produção, o investimento, o trabalho, a importação, a .exportação, a renda e a propriedade O que acha da qualidade dos produtos e ?serviços das empresas privadas brasileiras Opções de resposta Péssima Ruim Regular Boa Muito boa Excelente Respostas 1,54% 6,66% 38,03% 43,79% 9,60% 0,38% Mais de 80% consideram os produtos e serviços brasileiros de qualidade regular ou boa. Ou seja, a exagerada tributação nos produtos importados não está mais deixando ele com seu preço final próximo ao produzido localmente. A utilização de produtos, ditos anteriormente como de qualidade mais baixa, está se comprovando ou ao contrário são os fabricantes que tiveram de produzir um diferencial de qualidade para poderem competir mundialmente e concentraram sua produção em países de baixa complexidade e .carga tributária Hoje, tem-se uma indústria com dificuldade em colocar produtos duráveis de alta qualidade a preço competitivo. Esta é a realidade, por mais que se queira negar. Há um dilema: como ser um país que produza qualidade a um preço competitivo? O governo poderá desmantelar a indústria abusiva da burocracia e resolver simplificar o perverso e ?incompreensível sistema tributário Por que os brasileiros acham que os produtos dos países do Primeiro Mundo são melhores do que os nacionais? )(assinale todas as aplicáveis 46 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Opções de resposta Trazem mais inovações Têm durabilidade maior Causam menos problemas durante o uso Não precisam de manutenção Respostas 68,12% 45,63% 52,96% 8,87% Essa questão é muito elucidativa e será complementada por outra pergunta. A maioria dos respondentes optou por três sugestões: trazem mais inovações; têm durabilidade maior; e causam menos .problemas durante o seu uso O que acha da qualidade dos serviços ?públicos no Brasil Opções de resposta Péssima Ruim Regular Boa Muito boa Excelente Respostas 34,66% 34,27% 26,06% 4,36% 0,51% 0,13% Mais de 94% dos participantes consideram a qualidade dos serviços públicos péssima, ruim ou regular, ou seja, parece ser unanimidade de que isso está enraizado no poder público do Brasil. Quando se fala em produtividade e eficiência, deve-se considerar a avaliação BQ 281 t e a fiscalização incansável dos servidores públicos como fundamentais para se garantir uma prestação de serviço digna para a toda a população. Por exemplo, no caso específico das universidades públicas federais, é essencial avaliar os professores, pesquisadores (que recebem bolsas de pesquisa de instituições de financiamento) e servidores técnico-administrativos, para extinguir figuras como a do barnabé, aquele funcionário que passa o horário de expediente fumando, tomando cafezinho, em conversas de corredor, ou navegando nas redes sociais e sites e entretenimento, .em vez de executar o trabalho devido Apesar de ainda existir hoje em dia (em empresas públicas e também privadas), tal figura está longe se ser a regra no funcionalismo público. Porém, há ainda os desvios de conduta, a má gestão e a improbidade administrativa que, também, são injustificáveis. A apuração e investigação de denúncias, por meio de corregedorias, controladorias, tanto interna quanto por parte dos respectivos órgãos governamentais, deveriam ser implacáveis e não podem ser substituídas por argumentos tais como a tradição e a excelência de instituições públicas ou as declaradas de utilidade pública (organizações não governamental – ONG) autoproclamadas inatacáveis. Importante: não se deve aplicar às instituições públicas a mesma lógica das empresas privadas. A diferença elementar entre elas é que, enquanto estas atendem clientes, aquelas prestam serviços ao cidadão. O cliente reivindica seus direitos enquanto consumidor de um determinado produto e paga por este bem ou serviço. Já o cidadão tem o direito legal, constitucionalmente garantido, de receber um serviço público, gratuito e de qualidade, tal como garante a Constituição brasileira, independentemente de sua cor, sexo, origem ou classe social. u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 47 Capa - Pesquisa Um participante fez um comentário bastante especial: “a cultura que existe em geral é de que o serviço público é gratuito e por ser assim o servidor trata seu cliente como se estivesse prestando um favor, e o público pensa ter que aceitar (ou às vezes é obrigado) esta condição péssima de tratamento por precisar do mesmo, sob pena de ser mais mal atendido ainda e ser prejudicado. Mas, o serviço público não é gratuito, principalmente agora está nos custando muito caro e está longe de ser um favor prestado ou recebido. Isso precisa mudar. E é meu ponto de vista senhores, trabalho com pessoas há 22 anos na região sul do país e já residi em outras regiões e as reclamações são desta ordem por ”.onde passei Na sua opinião, o que é prioritário para melhorar a qualidade dos produtos e serviços no Brasil? (assinale 1, 2 ou 3 )respostas Opções de resposta Capacitação dos empregados/ servidores Sistema de gestão da qualidade Ética Ouvir o cliente/cidadão O papel da liderança/ governança da organização Projeto e/ou engenharia melhores Respostas 57,46% 45,89% 39,72% 38,43% 27,63% 26,99% As opções de respostas mais marcadas foram: capacitação dos empregados/ servidores, sistema de gestão da qualidade, ética, ouvir o cliente/cidadão, o papel da liderança/governança da organização e o .projeto e/ou engenharia melhores Alguns comentários dos participantes: comprometimento com a sustentabilidade do negócio nas três esferas: financeira, social e ambiental; políticas públicas de incentivo; comprometimento com a qualidade e não utilizar esse tema apenas como estratégia de marketing e implantar a Qualidade como princípio da empresa/negócio; deveria permitir mais de três itens no questionamento anterior: capacitação dos funcionários, ética, motivação, seleção de fornecedores e várias outras intervenções que poderiam ser apontadas para melhoria no desempenho; acredito que há uma série de fatores que possam contribuir para a melhoria de produtos e serviços, incluindo o trabalhador que executa e está inserido no processo de produção, ser visto como gente; pois caso não seja, pode e interfere diretamente no produto e serviço final, haja visto o caso dos professores na educação técnica e demais e uma pergunta pode ser feita há ou não interferência direta no produto final na formação, conhecimento, mudança de atitudes, etc.; não existe formação de mão de obra adequada no Brasil, as empresas tentam seguir padrões internacionais, porém a mão de obra é muito deficiente, e soma-se a 48 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 isto a falta de cultura empresarial forte, o que torna muito instável os objetivos e metas das empresas e sua competitividade; e o único objetivo da prestação de serviço seja público ou privado é gerar lucro ao máximo, não há nenhum respeito sobre a qualidade e treinamentos direcionados às atividades, sendo que o salário de um profissional é proporcional ao seu grau de escolaridade e não do seu conhecimento e experiência, sem falar no imposto absurdo para .mantê-lo registrado em carteira, etc Na verdade, muitas vezes, o problema com os produtos ou serviços é acessório, ou seja, não compromete concretamente a experiência de consumo dos clientes. Ainda assim, a percepção que eles têm é a de que o grau de utilidade do produto ou serviço poderia ser aprimorado. Como assim? Isso significa, por exemplo, que um produto ou serviço cumpre apenas parte dos anseios que os clientes têm. Ao se pensar em um restaurante ou lanchonete, por exemplo, com um cardápio para o dia e outro para a noite, ambientação propícia para happy hours e comemorações, mas que não oferece bebidas alcoólicas. Isso representa uma redução no grau de utilidade da marca, ou seja, pode não estar atendendo à demanda dos consumidores. Todas essas informações podem ser obtidas por meio de uma pesquisa .minuciosa de mercado O que acha do nível da formação da mão ?de obra brasileira Opções de resposta Péssima Ruim Regular Boa Muito boa Excelente Respostas 5,14% 24,16% 47,56% 20,69% 2,19% 0,26% Mais de 80% optaram que a mão de obra brasileira varia de ruim, regular e boa. Para alguns especialistas, a escassez de mão de obra qualificada prejudica a competitividade, uma vez que, segundo eles, devido à falta de qualificação a busca de eficiência e a redução de desperdício acabam sendo as atividades mais prejudicadas nas empresas, o que resulta em potenciais problemas de qualidade, custos mais elevados e lucros menores. Outros revelam que a falta de mão de obra qualificada é ainda um grande obstáculo para o sucesso das empresas e que o déficit de profissionais se dá tanto no nível estratégico quanto para funções .operacionais dentro das organizações No Brasil, ocorre muito desperdício na mão de obra, com profissionais talentosos exercendo atividades que não precisariam ser feitas, que não agregam valor ao cliente ou ao negócio. Igualmente, o direcionamento das pessoas erradas às atividades certas está ligado à alocação de profissionais com qualificações acima ou abaixo das necessárias para as atividades que realmente devem ser feitas. Elas poderiam, eventualmente, ser executadas pelos rotulados erroneamente de sem qualificação, mas que, na verdade, parte deles têm alguma qualificação para essas .atividades Quais os fatores que influenciam para o país ter pouca competitividade no cenário mundial? (assinale todas as aplicáveis)u BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 49 Capa - Pesquisa Opções de resposta Falta de investimento em infraestrutura e em educação Impostos e juros altos Falta uma política governamental coerente Gastos excessivos do governo Custos incidentes sobre o salário dos funcionários Câmbio supervalorizado 84,52% 82,06% 68,00% 60,77% 41,03% 20,26% As opções de respostas mais escolhidas parecem lógicas e representar o que os gestores e administradores pensam sobre o mercado brasileiro: falta de investimento em infraestrutura e em educação, impostos e juros altos., falta uma política governamental coerente, gastos excessivos do governo, custos incidentes sobre o salário .dos funcionários e câmbio supervalorizado Alguns acham que a adoção de uma política industrial de longo prazo na qual a inovação tenha destaque seria fundamental para garantir o desenvolvimento econômico e social. Isso poderia apontar as áreas estratégicas da economia brasileira e considerar o adensamento tecnológico da balança comercial brasileira aliando os esforços em inovação do Brasil em ciência .básica e tecnologia A busca por novos modelos, instrumentos e arranjos organizacionais é essencial para se garantir a consolidação do existente e a evolução para uma liderança brasileira em inovação. A capacidade de inovar é determinante para a competitividade das empresas e das nações em um mundo cada .vez mais globalizado Avaliar e discutir, com o conjunto da sociedade, os caminhos da inovação na prática, seria o caminho mais correto. É necessário estimular, alinhar os esforços e criar sinergia em torno de inovações que gerem riqueza e competitividade para o país, incluindo desde investimentos em ciência básica até o sistema de incubadoras, parques tecnológicos, agências de transferência tecnológica das universidades públicas, institutos de ciência e tecnologia públicos e privados, agência de propriedade intelectual, agências públicas de fomento e empresas inovadoras que, com foco no mercado, organizem esse conjunto de investimentos sob a égide de uma visão estratégica integradora para o desenvolvimento, a produção e a comercialização de novos bens .e serviços para a sociedade Para isso, é necessário contar com a mobilização de diversos setores da sociedade para eliminar a corrupção que se instalou em todo esse processo. O investimento, público ou privado, nacional ou internacional, em empresas que tenham competência em desenvolver e oferecer produtos e serviços inovadores e competitivos utilizando seu próprio conhecimento e experiência interna, e que também saibam como buscar, recuperar e valorizar conhecimento acadêmico e científico transformando-o em tecnologias com retorno para a sociedade, é o elemento fundamental desse processo de construção .de trajetórias sustentáveis para a inovação Além disso, um investimento maciço na educação da população poderá garantir 50 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 a perenização desse processo. Somente assim o país poderá participar do um jogo dinâmico nesse novo ambiente internacional extremamente complexo e competitivo, no qual o Brasil e a grande maioria de suas .empresas ainda têm pouca penetração A sociedade brasileira deverá encontrar respostas para todas essas questões se quiser algum protagonismo nacional nesse .contexto mundial :Comentários dos participantes Conjunto complexo de fatores.“ Vocação cultural do brasileiro, o lucro em primeiro lugar ofuscando o ganho com o aumento da produtividade, redução dos custos, conquista garantida e expansão do mercado melhorado a qualidade do produto e apoio no pôs venda (atendimento ao cliente), tornando o produto mais confiável e consequente manutenção e ampliação do mercado ”.para o produto comercializado O governo ao invés de ajudar,“ atua contrariamente, estimulando uma farra com o dinheiro público que é confortavelmente suportado pela crescente carga tributária. Por outro lado, o empresário brasileiro, assim como muitos brasileiros, são mal formados e focam muito mais na ostentação do que na educação e ”.preparação de nossa indústria, desde que esta fosse genuinamente nacional. Financiar e manter nossos pesquisadores de modo a evitar a evasão dos mesmos para países que protegem suas indústrias com voracidade. Voltar aos antigos métodos de ensino e pesquisa, sem abusar e atolar no uso exagerado de informática; retornar aos livros e exercícios de aprendizado tradicionais, estimulando a criatividade e não a copiatividade; somos meros copiadores de tecnologias estrangeiras, as quais por vezes são desenvolvidas lá fora, por cientistas oriundos do 3º mundo. Com respeito ao último fator citado nesta questão, sou de opinião que benefícios em folha de pagamento não são valorizados como tal pelos próprios empregados, mas acabam sendo encarados como melhoria salarial; isto posso falar pois sou empregado de empresa federal. Se tivéssemos excelente educação pública, saúde pública, transporte público urbano e ferrovias de cargas e de passageiros para longas distâncias, poderíamos ter menos impactos em salários gerando menos custos aos empregadores e melhor proveito dos salários, dentro da iniciativa ”.privada Quais os fatores você acha que podem aumentar a competitividade brasileira? (assinale todas as aplicáveis) u Proteção da empresa genuinamente“ brasileira ao criar qualquer produto inédito, de modo a assegurar a patente e capacidade de produção no Brasil, evitando que a indústria seja suplantada por concorrentes estrangeiros. Assegurar com financiamentos genuinamente nacionais, a disponibilidade de pesquisas científicas visando desenvolvimento BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 51 Capa - Pesquisa Opções de resposta Diminuição na carga tributária e impostos sobre salários Aumentar o gasto em educação Aumentar os gastos em Pesquisa & Desenvolvimento Aumento da produtividade da indústria Aumento no número de patentes )(residentes 82,77% 80,57% 72,15% 45,21% 22,93% As opções mais escolhidas incluíram a diminuição na carga tributária e impostos sobre salários, aumentar o gasto em educação, aumentar os gastos em Pesquisa & Desenvolvimento, aumento da produtividade da indústria e aumento no número de patentes (residentes). A melhoria da competitividade da indústria brasileira vai além dos planos para conter a valorização do real ou proteger os produtos brasileiros. O grande desafio é a modificação de fatores .estruturais, como a redução do Custo Brasil De qualquer forma, o país não pode fechar as portas e dificultar a importação de produtos essenciais ao desenvolvimento econômico de seus diversos setores. Ao contrário, há a necessidade de se aumentar a corrente de comércio com o restante do mundo. Por isso, o crescimento brasileiro não deve ser fundamentado na autossuficiência, mas, sim, na lógica de importar as especialidades dos países estrangeiros e exportar o que se tem de melhor no país. As desastrosas experiências de reserva de mercado da década de 1980 .falam por si só :Alguns comentários Desburocratizar, diminuir o numero de“ registros legais para diversos órgãos. O governo precisa ser mais inteligente na Desburocratização de registro de patente,“ mais investimento (grande ampliação) em educação, tecnologia e capacitação integrada à sociedade, por parte do setor privado, que poderia ser utilizada, ”.posteriormente pelo próprio setor É, são tantas coisas, que acho não“ caberia aqui. Mas acho que deveria haver a redução da carga tributária e ela até poderia ser mais impactante para empresas que não possuem programas educacionais, de gestão participativa, de inclusão e diversidade, focados à saúde, com projetos de melhoria da sociedade. Quanto mais a empresa teria iniciativas nestas áreas, menos impostos ela pagaria. E como descrito acima, o governo tem que ajudar muito mais e, principalmente, também ter uma governança, ser focado em resultado, ter metas, objetivos ”.estratégicos e controlá-los seriamente A produtividade da indústria poderia melhorar de início somente com a efetivação dos fatores acima assinalados, porém o que mais ocorre principalmente em indústrias de origem estrangeiras é a automação excessiva, com permissividade de nosso Estado quanto a isso. A produtividade honesta ”.deve ser fator de direito do empregado Haver uma aproximação maior“ entre escola e alunos, o incentivo ao desenvolvimento acadêmico no sentido de um futuro mais promissor, por exemplo: a dúvida sobre cursar uma faculdade de engenharia, medicina ou outros, gerando um gasto absurdo para o aluno e depois de formado seu salário raramente passará de R$ 6.000,00 isso se arranjar emprego. O imposto de renda sobre salário, “RENDA” é o resultado de investimentos, salário é outra coisa. A qualidade de um produto não significa que ele é bom, significa que ele foi 52 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 fabricado dentro dos padrões adequados ao seu uso, com vida útil proporcional à sua necessidade de aplicação, ou seja será bem projetado e fabricado com baixo custo e durabilidade preestabelecida se tornando barato e competitivo. Outro assunto, por que para se doar sangue eu preciso me deslocar até um hospital, gerar custo, sair do meu posto de trabalho (contrariando o patrão obviamente) e perder o dia todo? Não seria mais fácil a empresa envolvida ir até a indústria juntamente com um médico e colher dezenas de litros de sangue, gerando baixíssimo custo para a mesma e dessa forma um funcionário da indústria ”.incentiva o colega a doar também Acha que a utilização da tecnologia da informação é um diferencial estratégico ?e gera uma vantagem competitiva Opções de resposta Sim Muito pouco Não Respostas 90,98% 8,12% 0,90% Se respondeu sim à questão anterior, o uso da tecnologia da informação relacionado aos objetivos estratégicos permite (assinale )todas as aplicáveis BQ 281 t Opções de resposta Criar diferenciação no mercado Reduzir custos Criar novos negócios Respostas 80,42% 76,94% 61,53% As duas questões se complementam e a tecnologia da informação cria diferenciação no mercado, reduz custos e cria novos negócios. É quase um consenso de que a principal motivação para se adotar a tecnologia nas empresas é a necessidade de uma melhor utilização dos recursos financeiros, investidos em máquinas e manutenção dos sistemas computacionais das empresas. Uma série de tecnologias amplamente adotadas remodelou a indústria ao longo dos últimos dois séculos, da locomotiva e da ferrovia ao telégrafo e ao telefone, passando pelo gerador elétrico e .pelo motor de combustão interna A transição para essa nova época, baseada no conhecimento exigirá postura que visem mais a sustentabilidade, a colaboração entre as pessoas visando à complementaridade das habilidades e conhecimentos e uma maior valorização do individuo como parte de uma coletividade, de uma comunidade globalizada. Assim, incluíram-se empresas de serviços de engenharia, administradoras de bens e imóveis, corretoras de seguros, bancos, escritórios profissionais, entre outras. A tecnologia é em si mesma, a essência de um pacto social de um mundo novo, pela proteção cogente que deveria ser prestada aos grupos empresariais mais fragilizados na sabidamente desigual estrutura .caracterizadora da sociedade brasileira Enfim, a competitividade que vem sendo requerida das empresas tem exigido um processo de gestão ágil e inteligente, no qual a gestão da informação é crucial para a sua sobrevivência. Dentro deste contexto, a adoção e a implementação da tecnologia u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 53 Capa - Pesquisa da informação, muitas vezes, têm levado ao desperdício e à frustração pela inobservância de determinados empecilhos .quando da decisão em implantar um sistema Na sua organização existe alguma seção ou pessoa responsável pelo acesso a normas (compra, atualização, guarda e disponibilização de normas brasileiras, ?)internacionais e estrangeiras Opções de resposta Sim Não Respostas 75,91% 24,09% A maioria das empresas (75,91%) tem um departamento responsável em lidar com as normas técnicas. Mas, é preocupante o número que não tem: 24,09%. Os departamentos especificados foram muitos, mas a grande maioria se concentra na Qualidade, .Engenharia, Biblioteca e Tecnologia Como você e os empresários de seu setor vêm a norma? Assinalar a(s) resposta(s) )pertinente(s Opções de resposta Como balizamento (especificações a serem )atendidas, limites Como fonte de informação Como facilitador da atividade econômica (interconectividade e )padronização Como prevenção contra problemas decorrentes de responsabilidade civil Como insumo para inovação tecnológica Limitado o seu uso pelo seu alto preço de aquisição Como barreira à concorrência 68,79% 63,98% 50,33% 44,99% 24,06% 19,77% 11,05% A visão dos respondentes foram dentro da lógica: como balizamento (especificações a serem atendidas, limites), como fonte de informação, como facilitador da atividade econômica (interconectividade e padronização), como prevenção contra problemas decorrentes de responsabilidade civil e como insumo para inovação tecnológica. As normas técnicas geram economia: reduzindo a crescente variedade de produtos e procedimentos; facilitam a comunicação: proporcionando meios mais eficientes na troca de informação entre o fabricante e o cliente e melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços; proporcionam segurança a partir da proteção da vida humana e da saúde; protegem o consumidor, provendo a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos produtos e serviços; eliminam as barreiras técnicas e comerciais, evitando a existência de regulamentos conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países facilitando, .portanto, o intercâmbio comercial As normas podem ser elaboradas em quatro níveis: internacional, as destinadas 54 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 ao uso internacional, resultantes da ativa participação das nações com interesses comuns, como as normas da International Organization for Standardization (ISO) e International Eletrotechnical Comission (IEC); regional, as destinadas ao uso regional, elaboradas por um limitado grupo de países de um mesmo continente, como as do Comitê Europeu de Normalização (Europa), Comissão Pan-americana de Normas Técnicas (hemisfério americano), Associação Mercosul de Normalização (Mercosul); nacional, as destinadas ao uso nacional, elaboradas por consenso entre os interessados em uma organização nacional reconhecida como autoridade no respectivo país; e ao nível de empresa, as destinadas ao uso em empresas, com finalidade de reduzir ..custos, evitar acidentes, etc Elas existem na sociedade moderna, marcada pela impessoalidade, para garantir segurança, qualidade e alcance da finalidade de cada coisa. Não há sentido jurídico em norma sem poder de coerção. Norma tem a ver com civilidade e progresso; tratamento igualitário. Garantir significa prevenir; significa preservar. O descumprimento da norma implica em: sanção; punição; perda; e gravame. As consequências do descumprimento vão desde indenização, no código civil, até processo por homicídio .culposo ou doloso Quando se descumpre uma norma, assume-se, de imediato, um risco. Isso significa dizer que o risco foi assumido, ou seja, significa que se está consciente do resultado lesivo. A consciência do resultado lesivo implica uma conduta criminosa, .passível de punição pelo código penal Todos os brasileiros precisam entender que os acidentes de consumo, desde que o produtos ou serviços não cumpram os princípios de fabricação de acordo com uma norma técnica, são de responsabilidade dos BQ 281 t produtores, bastando o consumidor acionar os órgãos de defesa do consumidor ou .diretamente o Ministério Público Quem não cumpre as normas técnicas está cometendo um ato ilegal, pode ser implicado em sanção, punição, perda e gravame. E as consequências desse descumprimento vão desde indenização, no Código Civil, até um processo por homicídio culposo ou doloso. Ou seja, quando se descumpre uma norma técnica, assume-se, de imediato, um risco, o que significa dizer que o risco foi assumido ou seja se está consciente do resultado lesivo. A consciência do resultado lesivo implica em uma conduta criminosa, .passível de punição pelo Código Penal Igualmente, a função de normalização, no quadro institucional brasileiro, foi positivada no ordenamento jurídico infraconstitucional pela criação do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro), instituído pela Lei nº 5.966, de 11/12/1973. A atividade normativa da ABNT constitui-se em norma secundária do Poder Executivo, pois importam as NBR em regulamentação das atividades por ela supervisionadas, tornando-se obrigatórias, na medida em que há a possibilidade de imposição pelo seu descumprimento, no exercício do poder de polícia patrocinado pela Inmetro, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, da .)Indústria e Comércio (MDIC O ordenamento jurídico brasileiro considerou necessário, oportuno e certamente didático, pontualizar em legislação específica (leis, decretos, regulamentos, portarias, resoluções, regulamentos técnicos etc.) a exigência de observância, pelos mais variados setores da produção, industrialização e de serviços, das Normas Técnicas Brasileiras, elaboradas pela via do consenso nas várias Comissões Setoriais e homologadas e .editadas pela ABNT u Quanto à observância das normas Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 55 Capa - Pesquisa técnicas, citou o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, lei de caráter geral e nacional, editado com fundamento no artigo 5º, inciso XXXII, da Constituição brasileira, aprovado pela Lei nº 8.078, de 11-9-1990, ao disciplinar as vedações aos fornecedores de produtos ou serviços com o intuito de coibir práticas abusivas estabelece em seu artigo 39, VIII: É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços: VIII – colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as Normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se Normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade .)Industrial (Conmetro Soma-se a isso o Decreto nº 2.181, de 20 de março de 1997, que “dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC)”, que “estabelece as normas gerais de aplicação das sanções administrativas previstas na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990…” regulamentando, pois, dispositivos do Código de Defesa do Consumidor, estabelece, na Seção II, “Das Práticas Infrativas” o artigo 12, e na Seção III “Das Penalidades Administrativas”, o :art. 18, que dispõem o seguinte :Art. 12. São consideradas práticas infrativas IX – colocar, no mercado de consumo, :qualquer produto ou serviço a) em desacordo com as Normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes, ou se Normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial .)(Conmetro Art. 18. A inobservância das normas contidas na Lei nº 8.078, de 1990, e das demais normas de defesa do consumidor constituirá prática infrativa e sujeitará o fornecedor às seguintes penalidades, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, inclusive de forma cautelar, antecedente ou incidente no processo administrativo, sem prejuízo das de natureza cível, penal e das .definidas em normas específicas Qual a importância da norma técnica dentro de sua organização e como você ?classifica seus benefícios Opções de resposta Alto Muito alto Médio Baixo Respostas 45,98% 34,33% 16,45% 3,24% As respostas seguiram a lógica da importância das normas, o que é muito .salutar Você e/ou sua organização participam de alguma entidade de normalização ?nacional, regional ou internacional 56 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Opções de resposta Não Sim Respostas 60,82% 39,18% Sua organização participou da elaboração/votação de alguma norma ?nos últimos cinco anos Opções de resposta Não Sim Respostas 71,20% 28,80% Essas duas questões estão intimamente ligadas. Somente 60,82% participaram de alguma entidade de normalização nacional, regional ou internacional e 39,18%, não. O pior, 71,20% nunca participaram da elaboração/votação de alguma norma nos .últimos cinco anos e somente 28,80%, sim Isso é um recado para a atuação do Inmetro, da ABNT e, principalmente, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que coordena essas instituições. Se a normalização é o processo de formulação e aplicação de regras para a solução ou prevenção de problemas, com a cooperação de todos os interessados, e, em particular, para a promoção da economia global, isso não está .acontecendo no Brasil Alguma coisa não está funcionando, pois existe pouca participação por parte da sociedade interessada. No estabelecimento dessas regras recorre-se à tecnologia como o instrumento para estabelecer, de forma objetiva e neutra, as condições que possibilitem que o BQ 281 t produto, projeto, processo, sistema, pessoa, bem ou serviço atendam às finalidades a que se destinam, sem se esquecer dos aspectos de segurança. Norma é o documento estabelecido por consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece regras, diretrizes ou características mínimas para atividades ou para seus resultados, visando à obtenção de um grau .ótimo de ordenação em um dado contexto Fundamental entender que o processo de elaboração de uma norma brasileira é iniciado a partir de uma demanda, que pode ser apresentada por qualquer pessoa, empresa, entidade ou organismo regulamentador que estejam envolvidos com o assunto a ser normalizado. A pertinência da demanda é analisada pela ABNT e, sendo viável, o tema (ou o assunto) é levado ao Comitê Técnico correspondente para inserção no Programa de Normalização Setorial (PNS) respectivo. Caso não exista Comitê Técnico relacionado ao assunto, a ABNT propõe a criação de um novo Comitê Técnico, que pode ser um Comitê Brasileiro (ABNT/ CB), um Organismo de Normalização Setorial (ABNT/ONS) ou uma Comissão de Estudo Especial (ABNT/CEE). O assunto é discutido amplamente pelas Comissões de Estudo dos Comitês Técnicos, com a participação aberta a qualquer interessado, independentemente de ser associado à ABNT, até atingir um consenso, gerando .um projeto de norma Ele é submetido à Consulta Nacional pela ABNT, com ampla divulgação, dando assim oportunidade a todas as partes interessadas .para examiná-lo e emitir suas considerações Nesta etapa, qualquer pessoa ou entidade pode enviar comentários e sugestões ou então recomendar a sua desaprovação. Todos os comentários são analisados e respondidos pela Comissão de Estudo autora, que realiza uma reunião para análise das considerações u recebidas. Todos os interessados que se Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 57 Capa - Pesquisa manifestaram durante o processo de Consulta Nacional, a fim de deliberarem, por consenso, se este projeto deve ser aprovado como norma brasileira.As sugestões aceitas são consolidadas no projeto, que é homologado e publicado pela ABNT como norma brasileira, recebendo a sigla ABNT NBR e seu respectivo número. A pesquisa revelou que fica nítida a impressão que a participação da sociedade em todo esse processo ainda é mínima. Alguma .coisa precisa ser feita Você conhece os comitês técnicos (CB ou ONS) da ABNT, encarregados das normas ?de seu interesse ou do interesse do seu setor Opções de resposta Sim Não Respostas 54,85% 45,15% Bastante dividido o conhecimento sobre os CB por parte dos participantes: 54,85% conhecem enquanto 45,15%, não. Ou seja, mais uma vez o Inmetro e a ABNT, coordenados pela MDIC precisam ter um planejamento estratégico para aumentar a participação da sociedade. A próxima questão pode revelar que .o desconhecimento é muito alto ?Você sabe como se participa dos CB/ONS Opções de resposta Sim Não Respostas 26,59% 73,41% sabem como participar e 73,41%, 26,59% não. Ou seja, continua reinando no Brasil a ideia de que as normas técnicas são sempre elaboradas por grandes empresas. São elas que têm condições de contratar uma consultoria especializada para o trabalho. Além disso, é delas o maior interesse em estabelecer condições rígidas de produção, .como forma de dificultar a concorrência Isso precisa mudar e urgente. A adoção de normas técnicas é essencial para todos os negócios, independentemente do tamanho. As regras tornam a vida das empresas mais fácil e segura, criam uma igualdade de condições para a competição e ajudam a alocação mais .eficiente dos recursos, entre outros benefícios Sabe quais são as normas de seu interesse que estão sendo desenvolvidas na ABNT, ISO ou outro foro de ?normalização, neste momento Opções de resposta Sim Não Respostas 54,16% 45,84% sabem quais as normas que estão 54,16% sendo desenvolvidas, mas 45,84%, não. Mais um parâmetro preocupante. Isso pode demonstrar que muitas micro e pequenas empresas, ou mesmo empreendedores individuais, têm dificuldades para identificar como as normas .técnicas afetam suas atividades 58 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Há, no seu negócio, normas estrangeiras que, no uso diário, convivem com similares ?brasileiras ou não existem no Brasil têm um alto nível de detalhamento e abordam alguns temas de uma maneira diferente, ”.ampliando os horizontes de aplicação Tubulações de cobre e acessórios para uso“ em condicionadores de ar: não há norma brasileira adequada. Ou faltam especificações ”.para diâmetros ou espessuras inadequadas Opções de resposta Sim Não Respostas 50,85% 49,15% Se 50,85% utilizam normas estrangeiras, 49,15%, não. Alguns comentários explicam :o uso de normas internacionais Pela presença de profissionais estrangeiros“ como responsáveis técnicos nos canteiros ”.de obras na região onde nós atuamos Somos uma empresa prestadora de“ serviços na área de consultoria de elétrica, com base na NR 10, portanto necessitamos conhecer e informar aos clientes sobre as normas internacionais, para os casos onde ”.não há normatização brasileira Falta norma brasileira para materiais“ compósitos. Em geral utilizamos a ”.ASTM e a ISO Muitos projetos foram desenvolvidos“ na matriz nos EUA que indicam normas americanas. Os desenvolvidos no Brasil utilizam também algumas normas americanas. Será necessário verificar se ”.existem normas similares na ABNT As normas ASME para construção de“ caldeiras e vasos de Pressão. Isso ocorre pois o Brasil ainda não é visto pelo ASME como um mercado estratégico para ter uma norma traduzida. A China sim e tem normas ”.ASME traduzidas Sua empresa utiliza ou já utilizou serviços para melhorar a uso de normas ?técnicas? Como você os avalia Utilizamos normas estrangeiras como“ SAE,ISO, DIM, IRAM e etc. Essas normas utilizamos para adquirir técnicas, ”.métodos de análises, etc Há normas que não existem no Brasil“ ou são da ABNT e estão com revisão ”.muito antigas Há normas estrangeiras que diferem do“ Brasil em relação ao combate a incêndio. Quando importamos materiais para vedação utilizamos a brasileira, para avaliar, ”.classificar e orçar, por ser mais restritiva As normas técnicas de engenharia civil“ americanas e europeias são muito boas, pois BQ 281 t Opções de resposta Bons Razoáveis Muito bons Insatisfatórios Respostas 54,84% 24,12% 16,13% 4,91% u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 59 Capa - Pesquisa Quais foram esses serviços usados? )(assinale todas as aplicáveis Opções de resposta Acesso digital e pesquisa via internet Treinamento (cursos, ).seminários, palestras, etc Atualização (substituição de )norma obsoleta pela nova Compra de normas, em papel Publicações impressas ou na internet Respostas 71,37% 52,01% 46,47% 44,12% 39,42% Do ponto de vista de informação e comunicação com seus públicos, onde poderia ser melhorado o sistema brasileiro de normalização? (Assinalar o que )considere prioritário e todas as aplicáveis Opções de resposta Relação com as empresas Relação com as universidades e escolas técnicas Preços mais baixos Relação com a sociedade em geral Relação com organismos internacionais e estrangeiros similares Relação com seus comitês setoriais Relação com o governo Relação com os sindicatos A loja da Qualidade www.qualistore.com.br 60 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 71,32% 70,79% 58,95% 54,61% 43,42% 37,37% 30,53% 15,66% Sustentabilidade Sistema de Gestão para a Sustentabilidade de Eventos ISO 20121:2012 Num mundo em constante e rápida mudança, os desafios para o desenvolvimento sustentável são prioridades para qualquer organização. BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 61 Sustentabilidade Por André Ramos e Maria Segurado A s conferências, os concertos, os eventos desportivos, as exposições e os festivais podem gerar uma ampla gama de benefícios públicos, comunitários e econômicos. No entanto, a realização de um evento pode também gerar impactos ambientais, sociais e econômicos negativos, tais como o desperdício de materiais, o consumo excessivo de energia e problemas para as comunidades locais. Assim, a ISO – International Organization for Standardization, publicou em 2012 a norma ISO 20121:2012 – Sistemas de Gestão para a Sustentabilidade de Eventos. A norma ISO 20121 aborda os desafios da indústria de eventos nas três dimensões da sustentabilidade e em todas as fases de sua cadeia de fornecimento. Esta norma é aplicável a todos os elementos da cadeia de valor da indústria de eventos, incluindo organizadores de eventos, gestores de eventos e fornecedores de produtos e serviços (Ex: empresas de segurança privada, infraestruturas, alimentos e bebidas, entre outros). A implementação desta norma internacional permite evidenciar de forma confiável e transparente a forma como as organizações encaram o tema da sustentabilidade. É relevante ter uma abordagem organizada, baseada em processos para a gestão dos impactos econômicos, ambientais e sociais na gestão de eventos. Além disso, o controle e medição requeridos pela norma proporcionam oportunidades para reduzir o uso dos recursos e reduzir os custos. A ISO 20121 permite identificar, reduzir e eliminar os impactos potencialmente negativos dos eventos, nas esferas ambiental, social e econômica, tais como geração de grandes volumes de resíduos, o desperdício de materiais, o consumo excessivo de recursos (água e energia) e problemas para as comunidades locais, bem como para maximizar os seus impactos positivos, tais como geração de uma ampla gama de benefícios públicos, comunitários e econômicos, através de um melhor planejamento e de processos melhorados. A norma possui uma abordagem de sistema de gestão que é bastante familiar para milhares de organizações em todo o mundo que adotam outras normas certificáveis como a ISO 9001 (Gestão da Qualidade) e a ISO 14001 (Gestão Ambiental). Uma vez que a abordagem de sistema de gestão é flexível, esta responde às necessidades específicas e à natureza das diversas organizações do setor de eventos. Ao mesmo tempo, oferece uma metodologia baseada num consenso internacional de especialistas para a obtenção de resultados positivos na implementação da sustentabilidade. A ISO 20121 tem um enfoque especial na identificação das partes interessadas, que são relevantes para o sistema de gestão e os seus requisitos, ou seja, as suas necessidades e expectativas. A identificação das partes interessadas deve, quando aplicável, abranger: o organizador de evento, o proprietário do evento, a força de trabalho, a cadeia produtiva, os participantes, o público do evento, os órgãos reguladores e a comunidade ao redor. Os principais benefícios da implementação e certificação de um sistema de gestão para a sustentabilidade de eventos são: • Abordagem sistemática, por parte da organização, aos princípios da sustentabilidade; • Envolvimento das partes interessadas que garante que os assuntos relevantes são 62 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 • identificados e levados em consideração; • Monitorização consistente do desempenho da organização no âmbito da sustentabilidade; • Redução dos custos operacionais, de gestão de resíduos e de emissões carbônicas; • Aumento da eficiência no uso dos recursos em toda a cadeia de fornecimento; • Aumento da capacidade de identificação, correção e prevenção de situações com potencial de risco; • Melhoria nas decisões de investimento proporcionadas pelo aumento de informação robusta; • Redução do risco de danos na reputação da organização, através de uma melhor gestão da cadeia de fornecimento. A APCER empenha-se em prestar serviços de valor agregado, contribuindo para a melhoria dos processos e desempenho das organizações, tornando-as mais sustentáveis, produtivas e competitivas. André Ramos - Diretor Executivo de Markting da APCER e Maria Segurado Gestora de Comunicação da APCER Certificação sedimenta notoriedade e potencia a entrada em mercados exigentes Entrevista com Roberta Medina, Vice-Presidente do Rock in Rio Como encara os sistemas de gestão na sua empresa? No Rock in Rio, encaramos o Sistema de Gestão como algo muito valido que nos permite a perceção de toda a estrutura e metodologias internas, além de nos auxiliar na monitorização dos objetivos e definição de novas metas. É uma ferramenta que facilita o envolvimento de todas as partes e, consequentemente, a obtenção dos objetivos a que nos propomos. Contribuem para a sustentabilidade da organização e facilitam a entrada em novos mercados, aumentando a produtividade? O Rock in Rio já era conhecido como um evento que assume a sua responsabilidade BQ 281 t pelos seus impactos, pelas suas iniciativas e projetos nesta área da sustentabilidade, e a Certificação sedimenta a notoriedade do evento a este nível o que, por sua vez, potencia a entrada em novos mercados cada vez mais exigentes. Além disso, a identificação e clarificação dos processos aumenta a produtividade – uma vez que os objetivos podem ser alcançados em menos tempo. Como parceiro, na área da certificação, como define a atividade da APCER? A APCER é um parceiro essencial para a credibilidade do desempenho sustentável do Rock in Rio. Com o apoio desta entidade, e através da implementação do sistema, somos capazes de medir os resultados do impacto social, ambiental e econômico, estabelecer novas metas e traçar o caminho para alcançálas. Além disso, é um parceiro que confere maior notoriedade ao trabalho desenvolvido na área da gestão para sustentabilidade, por toda a organização. t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 63 Meio Ambiente Dissecando a nova edição da NBR ISO 14001:2015 64 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 A norma especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 65 Meio Ambiente Por Hayrton Rodrigues do Prado Filho A implantação sistematizada de processos de gestão ambiental tem sido uma das respostas das empresas a muitas pressões pela melhoria ambiental. Assim, ela no âmbito das empresas tem significado a implementação de programas voltados para o desenvolvimento de tecnologias, a revisão de processos produtivos, o estudo de ciclo de vida dos produtos e a busca por produtos mais sustentáveis, buscando cumprir imposições legais, aproveitar oportunidades de negócios e investir na imagem institucional. Conforme definido na norma relacionando com os seus itens, um sistema de gestão conjunto de elementos inter-relacionados ou interativos de uma organização, para estabelecer políticas, objetivos e processos para alcançar esses objetivos. Um sistema de gestão pode abordar uma única disciplina ou várias disciplinas (por exemplo, gestão da qualidade, gestão ambiental, gestão da saúde e segurança ocupacional, gestão da energia, gestão financeira). Os elementos do sistema incluem a estrutura da organização, papéis e responsabilidades, planejamento e operação, avaliação de desempenho e melhoria. O escopo de um sistema de gestão pode incluir a totalidade da organização, funções específicas e identificadas da organização, seções específicas e identificadas da organização, ou uma ou mais funções dentro de um grupo de organizações. Um sistema de gestão ambiental é parte do sistema de gestão usado para gerenciar aspectos ambientais, cumprir requisitos legais e outros requisitos, e abordar riscos e oportunidades. Dessa forma, o sistema de gestão ambiental deve envolver as seguintes áreas de atividades das empresas: elaboração de políticas (estratégia), auditoria de atividades, administração de mudanças, e comunicação e aprendizagem dentro e fora da empresa. A gestão ambiental tornase um importante instrumento gerencial para capacitação e criação de condições de competitividade para as organizações, qualquer que seja o seu segmento econômico. As ações de empresas em termos de preservação, conservação ambiental e competitividade estratégica – produtos, serviços, imagem institucional e de responsabilidade social – passaram a consubstanciar-se na implantação de sistemas de gestão ambiental para obter reconhecimento da qualidade ambiental de seus processos, produtos e condutas obtidos por meio de certificação voluntária. Foi publicada a nova versão da NBR ISO 14001 de 10/2015 – Sistemas de gestão ambiental — Requisitos com orientações para uso que especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental. Esta norma é destinada ao uso por uma organização que busca gerenciar suas responsabilidades ambientais de uma forma sistemática, que contribua para o pilar ambiental da sustentabilidade. Ela auxilia uma organização a alcançar os resultados pretendidos de seu sistema de gestão ambiental, os quais agreguem valor para o meio ambiente, a organização em si e suas partes interessadas. Os resultados pretendidos de um sistema de gestão ambiental coerente com a política ambiental da organização incluem: aumento do desempenho ambiental; atendimento dos 66 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 requisitos legais e outros requisitos; alcance dos objetivos ambientais. É aplicável a qualquer organização, independentemente do seu tamanho, tipo e natureza, e se aplica aos aspectos ambientais das suas atividades, produtos e serviços que a organização determina poder controlar ou influenciar, considerando uma perspectiva de ciclo de vida. Contudo, não determina critérios de desempenho ambiental específicos. Pode ser usada na íntegra ou em parte para sistematicamente melhorar a gestão ambiental. As declarações de conformidade com esta norma, entretanto, não são aceitáveis, a menos que todos os seus requisitos sejam incorporados ao sistema de gestão ambiental da organização e atendidos sem exclusões. Dessa forma, alcançar um equilíbrio entre o meio ambiente, a sociedade e a economia é considerado fundamental para que seja possível satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas necessidades. O objetivo do desenvolvimento sustentável é alcançado com o equilíbrio dos três pilares da sustentabilidade. As expectativas da sociedade em relação ao desenvolvimento sustentável, à transparência e à responsabilização por prestar contas têm evoluído com a legislação cada vez mais rigorosa, crescentes pressões sobre o meio ambiente, decorrentes de poluição, uso ineficiente de recursos, gerenciamento impróprio de rejeitos, mudança climática, degradação dos ecossistemas e perda de biodiversidade. Importante observar que foi usada a expressão “responsabilização por prestar contras” como tradução de “accountability” para evitar confusão com a tradução do termo “responsibility”. BQ 281 t Com isso, as organizações têm adotado uma abordagem sistemática na gestão ambiental, com a implementação de sistemas de gestão ambiental que visam contribuir com o pilar ambiental da sustentabilidade. Observa-se que o objetivo desta norma é prover às organizações uma estrutura para a proteção do meio ambiente e possibilitar uma resposta às mudanças das condições ambientais em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas. Ela especifica os requisitos que permitem que uma organização alcance os resultados pretendidos e definidos para seu sistema de gestão ambiental. Uma abordagem sistemática para a gestão ambiental pode prover a Alta Direção de uma empresa com as informações necessárias para obter sucesso em longo prazo e para criar alternativas que contribuam para um desenvolvimento sustentável, por meio de: proteção do meio ambiente pela prevenção ou mitigação dos impactos ambientais adversos; mitigação de potenciais efeitos adversos das condições ambientais na organização; auxílio à organização no atendimento aos requisitos legais e outros requisitos; aumento do desempenho ambiental; controle ou influência no modo em que os produtos e serviços da organização são projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e descartados, utilizando uma perspectiva de ciclo de vida que possa prevenir o deslocamento involuntário dos impactos ambientais dentro do ciclo de vida; alcance dos benefícios financeiros e operacionais que podem resultar da implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição da organização no mercado; comunicação de informações ambientais para as partes interessadas pertinentes. Esta norma, assim como outras, não se destina a aumentar ou alterar os requisitosu Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 67 Meio Ambiente legais de uma organização. O sucesso de um sistema de gestão ambiental depende do comprometimento de todos os níveis e funções da organização, começando pela Alta Direção. As organizações podem alavancar as oportunidades de prevenção ou mitigação dos impactos ambientais adversos e intensificar os impactos ambientais benéficos, particularmente aqueles com implicações estratégicas e competitivas. A Alta Direção pode efetivamente abordar seus riscos e oportunidades, integrando a gestão ambiental aos processos dos negócios da organização, o direcionamento estratégico e à tomada de decisão, alinhando-os com outras prioridades de negócios e incorporando a governança ambiental em seu sistema de gestão global. A demonstração de uma implementação bem-sucedida desta norma pode ser utilizada para assegurar às partes interessadas que a organização possui um sistema de gestão ambiental eficaz em operação. No entanto, a adoção desta norma por si só não garante resultados ambientais ideais. A sua aplicação pode diferir de uma organização para outra devido ao contexto da organização. Duas organizações distintas podem executar atividades semelhantes e ao mesmo tempo possuir diferentes requisitos legais e outros requisitos, comprometimento em suas políticas ambientais, tecnologias ambientais e metas de desempenho ambiental, ainda que ambas atendam aos seus requisitos. O nível de detalhe e complexidade do sistema de gestão ambiental variará dependendo do contexto da organização, do escopo do seu sistema de gestão ambiental, de seus requisitos legais e outros requisitos e da natureza de suas atividades, produtos e serviços, incluindo seus aspectos ambientais e impactos ambientais associados. A base para a abordagem que sustenta um sistema de gestão ambiental é fundamentada no conceito Plan-Do-Check-Act (PDCA). O ciclo PDCA fornece um processo iterativo utilizado pelas organizações para alcançar a melhoria contínua. Pode ser aplicado a um sistema de gestão ambiental e a cada um dos seus elementos individuais. 68 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 O ciclo PDCA pode ser brevemente descrito: Plan (planejar): estabelecer os objetivos ambientais e os processos necessários para entregar resultados de acordo com a política ambiental da organização; Do (fazer): implementar os processos conforme planejado; Check (checar): monitorar e medir os processos em relação à política ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos ambientais e critérios operacionais, e reportar os resultados; e Act (agir): tomar ações para melhoria contínua. A Figura 1 mostra como a estrutura apresentada na norma poderia ser integrada ao ciclo PDCA, o qual pode ajudar usuários novos ou existentes a entender a importância de uma abordagem de sistemas. A norma teve várias mudanças em seus itens: Entendendo a organização e seu contexto 4.1; Entendendo as necessidades e expectativas de partes interessadas 4.2; Determinando o escopo do sistema de gestão ambiental 4.3; Liderança e comprometimento 5.1; Ações para abordar riscos e oportunidades (somente título) 6.1; Generalidades 6.1.1; Planejamento de ações 6.1.4; Objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los (somente título) 6.2; Objetivos ambientais 6.2.1; Planejamento de ações para alcançar os objetivos ambientais 6.2.2; Informação documentada (somente título) 7.5; Generalidades 7.5.1; Criando e atualizando 7.5.2; Controle BQ 281 t de informação documentada 7.5.3; Não conformidade e ação corretiva 10.2; e Melhoria contínua 10.3. Bastante consistente é o item Ações para abordar riscos e oportunidades. A intenção geral do(s) processo(s) estabelecido(s) é assegurar que a organização seja capaz de alcançar os resultados pretendidos do seu sistema de gestão ambiental, prevenir ou reduzir os efeitos indesejados, e alcançar a melhoria contínua. A organização pode assegurar isto determinando seus riscos e oportunidades que precisam ser abordados e planejando ação para abordá-los. Estes riscos e oportunidades podem ser relacionados aos aspectos ambientais, requisitos legais e outros requisitos, outras questões ou outras necessidades e expectativas das partes interessadas. Os aspectos ambientais podem criar riscos e oportunidades associados com impactos ambientais adversos, impactos ambientais benéficos e outros efeitos na organização. Os riscos e oportunidades relacionados aos aspectos ambientais podem ser determinados como parte da avaliação da significância ou determinados separadamente. Os requisitos legais e outros requisitos podem criar riscos e oportunidades, como falha no atendimento (que pode prejudicar a reputação da organização ou resultar em ação judicial), ou ir além de seus requisitos legais e outros requisitos (que pode aumentar a reputação da organização). u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 69 Meio Ambiente A organização pode também ter riscos e oportunidades relacionados a outras questões, incluindo condições ambientais ou necessidades e expectativas das partes interessadas, as quais podem afetar a capacidade da organização em alcançar os resultados pretendidos de seu sistema de gestão ambiental, por exemplo: derramamento ambiental devido a barreiras de alfabetização ou idioma entre os trabalhadores que não estão aptos a entender os procedimentos de trabalho local; aumento de inundação devido à mudança climática que poderia afetar as instalações da organização; escassez de recursos disponíveis para manter um sistema de gestão ambiental eficaz devido a restrições econômicas; introdução de nova tecnologia, financiada por subsídios governamentais, a qual poderia melhorar a qualidade do ar; escassez de água durante períodos de seca, que poderia afetar a capacidade da organização de operar seus equipamentos de controle de emissão. As situações de emergência são eventos não planejados ou inesperados que precisam da aplicação urgente de competências, recursos ou processos específicos, para prevenir ou mitigar suas consequências reais ou potenciais. As situações de emergência podem resultar em impactos ambientais adversos ou outros efeitos na organização. Convém que, ao determinar as potenciais situações de emergência (por exemplo, incêndio, derramamento químico, condições climáticas severas), considere: a natureza dos perigos no local (por exemplo, líquidos inflamáveis, tanques de armazenamento e gases comprimidos); o mais provável tipo e a escala de uma situação de emergência; o potencial para situações de emergência em instalações próximas (por exemplo, fábrica, estrada, linha férrea). Embora riscos e oportunidades necessitem ser determinados e abordados, não há qualquer requisito para gestão de risco formal ou um processo documentado de gestão de risco. Cabe à organização selecionar o método que usará para determinar seus riscos e oportunidades. O método pode envolver um processo qualitativo simples ou uma avaliação quantitativa completa, dependendo do contexto no qual a organização opera. Uma organização determina seus aspectos ambientais e os impactos ambientais associados, e determina aqueles que são significativos e, portanto, precisam ser abordados pelo seu sistema de gestão ambiental. As alterações para o meio ambiente, adversas ou benéficas, que resultem total ou parcialmente dos aspectos ambientais, são chamadas de impactos ambientais. Eles podem pode ocorrer em escalas local, regional e global, e também pode ser direto, indireto ou cumulativo por natureza. A relação entre os aspectos ambientais e impactos ambientais é de causa e efeito. Quando são determinados os aspectos ambientais, a organização considera a perspectiva de ciclo de vida. Isto não requer uma avaliação detalhada do ciclo de vida; o pensamento cuidadoso 70 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 sobre os estágios do ciclo de vida que podem ser controlados ou influenciados pela organização é suficiente. Os estágios típicos do ciclo de vida de um produto (ou serviço) incluem aquisição de matériaprima, projeto, produção, transporte/ entrega, uso, tratamento pós-uso e disposição final. Os estágios do ciclo de vida que são aplicáveis irão variar dependendo da atividade, produto ou serviço. Uma organização precisa determinar os aspectos ambientais dentro do escopo do seu sistema de gestão ambiental. Ela pode levar em consideração as entradas e saídas (ambos pretendidos ou não pretendidos) que estão associados com as atividades, produtos ou serviços atuais e passados pertinentes; planejamento ou novos desenvolvimentos; e atividades, produtos ou serviços novos ou modificados. Convém que o método usado considere condições normais e anormais de operação, condições de desligamento e inicialização, BQ 281 t bem como situações de emergência razoavelmente previsíveis já identificadas. Convém que seja prestada atenção às ocorrências anteriores de situações de emergência. Uma organização não tem que considerar cada produto, componente ou matéria prima individualmente para determinar e avaliar seus aspectos ambientais; ela pode agrupar e categorizar atividades, produtos e serviços quando eles tiverem características comuns. Na determinação de seus aspectos ambientais, a organização pode considerar: emissões para o ar; lançamentos em água; lançamentos em terra; uso de matériasprimas e recursos naturais; uso de energia; emissão de energia (por exemplo, calor, radiação, vibração (ruído) e luz); geração de rejeito e/ou subprodutos; e uso do espaço. Além dos aspectos ambientais que podem ser controlados diretamente, uma organização determina se há aspectos ambientais que ela pode influenciar. Estes podem ser relacionados com produtos u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 71 Meio Ambiente e serviços utilizados pela organização, que são fornecidos por outros, bem como produtos e serviços que ela fornece a outros, incluindo aqueles associados com processo(s) terceirizado(s). Com relação àqueles que uma organização fornece a outros, ela pode ter influência limitada no uso e tratamento pós-uso dos produtos e serviços. Em todas as circunstâncias, entretanto, é a organização que determina a extensão de controle que ela é capaz de exercer, os aspectos ambientais que ela pode influenciar e a extensão para os quais ela escolhe exercer tal influência. Convém que sejam considerados os aspectos ambientais relacionados às atividades, produtos e serviços da organização, como: o projeto e desenvolvimento de suas instalações, processos, produtos e serviços; a aquisição de matérias primas, incluindo extração; processos operacionais ou de fabricação, incluindo o armazenamento; operação e manutenção de instalações, recursos organizacionais e infraestrutura; desempenho ambiental e práticas de provedores externos; transporte de produtos e prestação de serviços, incluindo a embalagem; armazenamento, uso e tratamento pós-uso dos produtos; e gestão de rejeitos, incluindo a reutilização, recuperação, reciclagem e disposição. Não há um método único para determinar aspectos ambientais significativos, entretanto, convém que o método e o critério utilizados forneçam resultados coerentes. A organização estabelece o critério para determinar seus aspectos ambientais significativos. Os critérios ambientais são critérios básicos e mínimos para a avaliação dos aspectos ambientais. O critério pode estar relacionado com o aspecto ambiental (por exemplo, tipo, tamanho, frequência) ou o impacto ambiental (por exemplo, escala, severidade, duração, exposição). Outro critério pode também ser usado. Um aspecto ambiental pode não ser significativo quando se considera somente critério ambiental. Ele pode, entretanto, alcançar ou exceder o limite determinado de significância quando outros critérios são considerados. Estes outros critérios podem incluir questões organizacionais, bem como requisitos legais ou preocupações de partes interessadas. Estes outros critérios não são intencionalmente usados para rebaixar um aspecto que é significativo, com base no seu impacto ambiental. A significância do aspecto ambiental pode resultar em um ou mais impactos ambientais significativos e pode, portanto, resultar em riscos e oportunidades que necessitam ser abordados para assegurar que a organização possa alcançar os resultados pretendidos de seu sistema de gestão ambiental. A organização determina, em um nível suficiente de detalhe, os requisitos legais, que são aplicáveis aos seus aspectos ambientais, e como eles se aplicam à organização. Os requisitos legais e outros requisitos incluem requisitos legais que uma organização tem de cumprir e outros requisitos que a organização tem de cumprir ou opta por cumprir. Os requisitos legais mandatórios relacionados aos aspectos ambientais de uma organização podem incluir, se aplicável: os requisitos de organizações governamentais ou outras autoridades pertinentes; as leis e os regulamentos internacionais, nacionais e locais; os requisitos especificados em permissões, licenças ou outras formas de autorização; ordens, regras ou orientações de agências regulamentadoras; e sentenças de tribunais ou órgãos administrativos.t 72 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 73 Tabela B.1 - Correspondência entre ISO 14001: 2015 e ISO 14001: 2004 Ferramentas QFD N esta edição vamos analisar a ferramenta ´Desdobramento da Função Qualidade´ , ou simplesmente, QFD (Quality Function Deployment). O QFD, Desdobramento da Função Qualidade , é uma ferramenta também conhecida como “voz do cliente” ou como ´casa da qualidade´. O termo Desdobramento da Função Qualidade é derivada de seis caracteres orientais : hin shitsu (qualidades, características ou atributos), ki no (função) e tem kai (desdobramento). Embora tenha sido usada primeiramente pelos japoneses nos anos de 1972, o QFD está sendo amplamente utilizado nos Estados Unidos desde meados de 1980 e lembra as técnicas de Análise de Valor / Engenharia de Valor (AV / EV) desenvolvidas nos Estados Unidos. O QFD pode ser caracterizado como uma ferramenta preventiva, pois como tem ênfase no desenvolvimento do produto, o foco é direcionado para o planejamento e para a prevenção de problemas, e não para a sua solução, como a maioria das ferramentas que conhecemos. Uma das diversas definições de QFD caracteriza o QFD como uma forma sistemática de assegurar que o desenvolvimento de atributos, características e especificações do produto, assim como a seleção e o desenvolvimento de equipamentos, métodos e controles do processo sejam dirigidos para as demandas do cliente ou do mercado. Resumindo, o QFD é descrito como um processo que garante que as necessidades dos clientes sejam ouvidas e traduzidas em características técnicas. Estas características técnicas são então analisadas por uma equipe multifuncional, a qual é composta de representantes de vendas, marketing, engenharia de projeto, engenharia de processo, produção,... . Esta atividade tem como foco um produto ou serviço que satisfaça os requisitos dos clientes. O QFD é uma ferramenta para ser utilizada por toda a empresa e pode ser flexibilizado e customizado para cada caso e trabalho e se adequa perfeitamente para industrias de manufatura e de serviço Alguns dos benefícios do uso do QFD são: • Criação de um ambiente direcionado para o cliente • Redução do tempo de ciclo para novos produtos • Utilização de métodos de engenharia simultânea • Redução dos custos dos projetos • Aumento das comunicações através dos times multifuncionais • Melhoria da qualidade • Diminuição dos problemas no início da produção 74 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Por Roberta Pithon • Redução da quantidade de alterações no projeto • Redução dos ciclos de desenvolvimento do produto • Menores custos de garantia • Aumento da fatia de mercado. E principalmente, • Satisfação de clientes O QFD fornece um método gráfico de apresentar as relações entre necessidades do cliente e características do projeto. Ele é uma matriz que lista as necessidades do cliente e compara com as características do projeto. *Lado esquerdo da casa : necessidades dos clientes. Os ‘o quês’ desejados ? *Teto da casa : requisitos e características técnicas do projeto Os ‘como’ fazer ? As correlações entre os ‘o quês’ e ‘como’ são representados por símbolos para indicar relações fracas, moderadas ou fortes entre as necessidades dos clientes e os requisitos técnicos do projeto. Esta Matriz de Correlações fica na parte central da casa da qualidade. *Chão da casa : Benchmarking valor alvo (meta) Os ‘quanto’ ? Na parte inferior da matriz de correlações constam as medidas para os itens ‘como’ e fornecem os meios objetivos de assegurar que os requisitos foram atingidos. As informações relacionadas com as necessidades dos clientes podem ser obtidas através de várias fontes : entrevistas, discussões, especificações, assistência técnica, .... O QFD é uma técnica para organizar estes dados / informações. O QFD também é chamado de casa da qualidade, pois a sua representação lembra a construção de uma casa. A elaboração da casa da qualidade ou QFD segue as seguintes etapas : BQ 281 t *Telhado da casa : matriz com a relação entre as características do projeto Matriz de Correlação Triangular fica acima e paralelamente ao eixo ‘como’. Descreve a correlação entre cada item ‘como’ através de símbolos que representam a extensão de cada correlação e o sentido (positivo ou negativo) de cada correlação. Esta Matriz identifica quais os itens ‘como’ se apoiam / reforçam e quais são conflitantes. As correlações positivas identificam os itens ‘como’ que estão relacionados evitando desta forma, a duplicidade de esforços. As correlações negativas representam condições que exigirão substituições. *Lado direito da casa : comparação com a concorrência.u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 75 Ferramentas Necessidades dos clientes Requisitos de Projeto Características do componente Característica do componente Requisitos do Projeto Operações de fabricação Requisitos de Produção Operações de fabricação Planejamento do Produto Desdobramento de componentes Planejamento do Processo Planejamento do Produção Fornece uma comparação entre um produto da empresa e produtos similares da concorrência. A elaboração da Casa da Qualidade é a fase mais utilizada pelas empresas, mas fases subsequentes podem ser desenvolvidas. - Fase de Desdobramento de Componentes Ocorre o desdobramento de alguns dos requisitos do projeto, identificados na fase anterior como críticos ou de alto risco, em nível de subsistema / componente. Nesta fase ocorre a identificação das características dos componentes que são críticos para a execução dos requisitos de projeto. Uma nova Matriz de QFD simplificada é criada, com os requisitos de projeto no lado esquerdo da casa e as características dos componentes no teto da casa. - Fase de Planejamento do Processo Representa a transição do projeto para as operações de fabricação. Nesta fase um diagrama do planejamento do processo para cada característica crítica de componente é elaborado : processos, relações de cada processo com as características críticas dos componentes, parâmetros de controle do processo. Uma nova Matriz de QFD simplificada é criada, com as características dos componentes no lado esquerdo da casa e as operações de fabricação no teto da casa. - Fase de Planejamento da Produção Representa a transferência das informações das fases anteriores para o chão de fábrica. Uma nova Matriz de QFD simplificada é criada, com as operações de fabricação no lado esquerdo da casa e os requisitos de produção no teto da casa Finalmente, vale ressaltar a necessidade do QFD estar integrado nas operações diárias da empresa. E com paciência e disciplina, os resultados obtidos serão surpreendentes !!!! t Roberta Pithon: Pós-Graduada em Qualidade, em Sistemas Integrados de Gestão e em Gestão Empresarial. Mestranda em Engenharia Mecânica – Unicamp.; CQE, CQA, CMQ/OE, CSSGB, CSSBB, CSSYB, CQT, CQPA e CQIA pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, ISO/TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 18001; Professora de Graduação e Pós Graduação de disciplinas da Qualidade e de Sistemas de Gestão; Sóciadiretora, consultora, instrutora e auditora da Excelint Gestão Empresarial. roberta@ excelint.com.br 76 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Qualidade para nós é uma arte Levando a informação onde ela precisa estar BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 77 Conformidade A Diretiva RoHS aplicada a equipamentos eletromédicos 78 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 A Diretiva RoHS foi uma das ações da comunidade europeia com o intuito de redução do impacto ambiental de produtos eletroeletrônicos Por José Carlos Boareto e Guilherme Valença da Silva Rodrigues A primeira revisão da Diretiva RoHS (Restrição ao Uso de Substâncias Perigosas) foi lançada em 2002 e colocada em vigor em 2006. Nesta versão, os equipamentos eletromédicos eram deixados de fora das necessidades de eliminação de substâncias nocivas. No ano de 2010, foi lançada uma revisão da Diretiva, chamada RoHS 2 ou RoHS Recast. Nesta revisão, foram introduzidas algumas alterações. Entre as mais fortes está a inclusão dos equipamentos eletromédicos com um cronograma para entrada em vigor. Lançaram-se ainda, após a RoHS 2, uma série de publicações, incluindo novas exceções que permitem o uso de substâncias em determinadas aplicações, e foram adicionadas novas substâncias. Este artigo faz uma revisão do status atual da Diretiva, conforme a última versão consolidada de junho de 2015, a fim de atuar em conjunto com nossos clientes do setor eletromédico nas adaptações necessárias para, frente ao atual cenário econômico, explorar mercados internacionais de exportação. A Diretiva RoHS foi uma das ações da comunidade europeia com o intuito de redução do impacto ambiental de produtos eletroeletrônicos. Outras ações paralelas foram: WEEE, EuP, Ecodesign e REACH. O foco específico da RoHS é eliminar o uso de substâncias que sabidamente são perigosas para a saúde humana BQ 281 t e que possuem substituto técnica e economicamente viável. As substâncias inicialmente proibidas, constantes do anexo II da Diretiva, foram: chumbo (0,1%), mercúrio (0,1%), cádmio (0,01%), cromo hexavalente (0,1%), bifenilos polibromados (PBB) (0,1%), e éteres difenílicos polibromados (PBDE) (0,1%). Em junho de 2015, foi publicada uma versão consolidada com uma atualização do anexo II, que inclui quatro novas substâncias: ftalato de bis (2-etil-hexilo) (DEHP) (0,1 %), ftalato de benzilo e butilo (BBP) (0,1 %), ftalato de dibutilo (DBP) (0,1 %) e ftalato de di-isobutilo (DIBP) (0,1 %). A restrição é direcionada a equipamentos eletrônicos das seguintes categorias: grandes eletrodomésticos; pequenos eletrodomésticos; equipamentos de informática e de telecomunicações; equipamentos de consumo; equipamentos de iluminação; ferramentas elétricas e eletrônicas; brinquedos e equipamentos de esportes e lazer; dispositivos médicos; instrumentos de monitoração e controle, incluindo instrumentos industriais de monitoramento e controle; distribuidores automáticos; e outros EEE não incluídos em nenhuma das categorias acima. Não fazem parte da diretiva: os equipamentos necessários à defesa dos interesses essenciais dos estados membros no domínio da segurança, nomeadamente armas, munições e material de guerra destinado a fins especificamente militares; u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 79 Conformidade os equipamentos concebidos para serem enviados para o espaço; os equipamentos concebidos especificamente para serem instalados como componentes de outros tipos de equipamentos excluídos ou não abrangidos pela presente Diretiva, que só podem desempenhar a sua função quando integrados nesses outros equipamentos e que só podem ser substituídos pelo mesmo equipamento especificamente concebido; as ferramentas industriais fixas de grandes dimensões; as instalações fixas de grandes dimensões; os meios de transporte de pessoas ou de mercadorias, excluindo veículos elétricos de duas rodas que não se encontrem homologados; as máquinas móveis não rodoviárias destinadas exclusivamente a utilizadores profissionais; os dispositivos médicos implantáveis ativos; os painéis fotovoltaicos a serem utilizados num sistema concebido, montado e instalado por profissionais para utilização permanente num local definido, com o objetivo de produzir energia a partir de luz solar, para aplicações públicas, comerciais, industriais e residenciais; os equipamentos especificamente concebidos para fins de investigação e de desenvolvimento disponível exclusivamente num contexto entre empresas. Além das aplicações acima determinadas, a Diretiva prevê ainda exceções à proibição de certas substâncias em aplicações específicas. Estas exceções estão apresentadas nos anexos III (Produtos em Geral) e IV (Eletromédicos e Monitoramento e Controle) e são atualizadas constantemente. As exceções possuem um prazo de expiração e podem ou não ser renovadas. Outra importante atualização da RoHS 2 foi o vínculo desta diretiva com a Marca CE, o que significa que, para que um produto tenha a marca CE, é necessário que o produto esteja em conformidade com a Diretiva. A categoria de equipamentos eletromédicos, devido em especial ao difícil processo de certificação, é tratada de forma especial pela Diretiva. A aplicação da restrição das substâncias atende a um cronograma, da seguinte forma: equipamentos eletromédicos – 22 de julho de 2014; equipamentos médicos para diagnóstico – 22 de julho de 2016; proibição das novas substâncias (DEHP, BBP, DBP e DIBP) – 22 de julho de 2021. Desta forma, a maioria dos equipamentos eletromédicos já está em período de obrigatoriedade frente às seis substâncias originalmente restritas há mais de um ano. Várias exceções específicas para equipamentos eletromédicos foram lançadas no anexo IV da segunda revisão da Diretiva RoHS. Após 2011, foram publicadas atualizações das exceções em 2012, 2013, 2014 e 2015. Um exemplo destas exceções é o uso de chumbo para montagem de placas eletrônicas de equipamentos eletromédicos portáteis das classes IIa e IIb da Diretiva 93/42/CEE (exceção esta prevista para expirar em junho de 2016 para equipamentos da classe Iia). Outras exceções que têm relação com produtos médicos são apresentadas na tabela. A responsabilidade de garantir a conformidade com a Diretiva é de quem coloca o produto no mercado europeu. Entretanto, a Diretiva aceita o repasse de responsabilidade através da cadeia de suprimentos. Isto é necessário para garantir não só que o produto esteja conforme no momento de seu desenvolvimento, mas que mantenha este status durante todo o seu ciclo de vida. Entre as responsabilidades que o fabricante do produto tem, estão: emitir u 80 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 81 Normalização Explosão no Rio de Janeiro: evitando os riscos com o gás de cozinha e de rua 82 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Uma forte explosão no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, destruiu imóveis comerciais e residenciais no dia 19 de novembro e ao menos oito feridos foram retirados dos escombros. 40 imóveis foram afetados, 14 foram totalmente destruídos após a explosão, entre eles estão dois restaurantes e uma farmácia, que seriam o foco da explosão e as suspeitas são de vazamento de gás GLP, estocados de forma irregular. Fogões e aquecedores de água utilizam o gás natural ou gás encanado ou o gás liquefeito de petróleo (GLP), comercializado em botijões. Eles oferecem riscos de explosões quando não se cumpre as normas técnicas relacionadas com esses produtos Por Mauricio Ferraz de Paiva A s avaliações das causas da explosão ocorrida no Rio de Janeiro apontam um possível vazamento de gás. A principal hipótese é que o vazamento tenha tido origem em um restaurante de comida a quilo ou na pizzaria. Há suspeita de que um dos dois estabelecimentos estocassem gás irregularmente. Os vazamentos de gás são muito perigosos, podendo provocar vários acidentes como explosões, incêndios, queimaduras ou asfixia, devido ao manuseio do recipiente, fogão ou dos aquecedores. Por isso é fundamental resolver vazamentos desse tipo com grande agilidade, evitando complicações. Além de cumprir as normas técnicas, para evitar problemas esse tipo de vazamento fique atento as seguintes situações: o cheiro de gás é o principal alarme de que algo esta errado; um aumento significativo na conta de gás é também um indício que pode existir algum vazamento; e as tubulações merecem bastante atenção, se houver ferrugem é preciso manutenção. BQ 281 t Para as instalações de gás encanado existem normas técnicas que obrigatoriamente devem ser cumpridas. A NBR 15923 de 02/2011 – Inspeção de rede de distribuição interna de gases combustíveis em instalações residenciais e instalação de aparelhos a gás para uso residencial – Procedimento estabelece os requisitos mínimos exigíveis para a inspeção de redes de distribuição interna de gases combustíveis em instalações residenciais, conforme NBR 15526 (em suas partes aparentes), e de instalação de aparelhos a gás para uso residencial, conforme a NBR 13103. As regulamentações legais (leis, decretos, portarias; nos âmbitos federal, estadual ou municipal) devem ser observadas. Esta norma pode ser aplicável, por exemplo, às seguintes situações: rede de distribuição interna em uso: na sua inspeção periódica; na substituição do tipo ou fornecedor do gás; na sua reforma ou ampliação; na substituição ou instalação de aparelhos a gás; rede de distribuição interna u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 83 Normalização nova: na liberação para comissionamento do gás combustível; e na instalação de aparelhos a gás. No desenvolvimento das atividades de inspeção estabelecidos nesta norma, deve-se levar em consideração a necessidade de esclarecimentos com antecedência à execução do serviço e a adequada coordenação entre os inspetores e o consumidor ou seu preposto (administrador, síndico, outros representantes legais). Outra norma a ser obedecida é a NBR 15526 de 12/2012 - Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais Projeto e execução que estabelece os requisitos mínimos exigíveis para o projeto e a execução de redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais que não excedam a pressão de operação de 150 kPa (1,53 kgf/ cm²) e que possam ser abastecidas tanto por canalização de rua (conforme NBR 12712 e NBR 14461) como por uma central de gás (conforme NBR 13523 ou outra norma aplicável), sendo o gás conduzido até os pontos de utilização através de um sistema de tubulações. Para o GLP ou gás de cozinha, os riscos normalmente estão relacionados com as áreas onde são estocados os recipientes. A NBR 15514 de 08/2007 Área de armazenamento de recipientes transportáveis de gás liquefeito de petróleo (GLP), destinados ou não à comercialização - Critérios de segurança estabelece os requisitos mínimos de segurança das áreas de armazenamento de recipientes transportáveis de gás liquefeito de petróleo (GLP) com capacidade nominal de até 90 kg de GLP (inclusive), destinados ou não à comercialização. Esta norma não se aplica às bases de armazenamento e envasamento para distribuição de GLP, devendo, para tal, ser observada a NBR 15186, e aos recipientes de GLP quando novos ou em uso. Enfim, os vazamentos precisam ser evitados, pois são as causas da maioria dos acidentes com gás. Eles ocorrem por falta do cumprimento das normas técnicas e por descuidos no manuseio do recipiente, do fogão ou dos aquecedores e podem provocar explosões, incêndios, queimaduras ou asfixia. Raramente o botijão de gás explode, porém, geralmente, o que há é uma explosão ambiental do gás que vazou. Só com uma temperatura muito alta é possível o botijão explodir, porque ele tem uma válvula de segurança. Há perigo dentro do fogão quando ocorrer vazamentos de gás, que acabam escapando pelos botões e levando o perigo para dentro da casa, mesmo que o botijão esteja do lado de fora. O gás de cozinha é mais pesado do que o ar e, quando há vazamentos, vai se acumulando a partir do chão, expulsando o oxigênio e preenchendo o ambiente. Ele não é tóxico, mas tem efeito anestésico. Dependendo da quantidade e do local onde ocorrer o vazamento, pode levar à asfixia. Para evitar acidentes desse tipo, nunca instale o recipiente de gás ou aquecedores em locais fechados. Os fogões e os aquecedores de água 84 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 utilizam gás natural, normalmente chamado de gás encanado e cada vez mais utilizado por sua maior segurança e por tratar-se de fonte de energia limpa, formada nas camadas de subsolo genuinamente naturais que em sua combustão gera poucos subprodutos. Os especialistas dizem que as diferenças entre o GLP e o gás encanado ou natural não estão apenas na sua origem. O gás encanado é mais leve que o ar e em casos de vazamento, dissipa-se com maior facilidade na atmosfera e tornando menos frequentes explosões e acidentes. Já no caso do GLP, o gás é mais pesado que o ar e se acumula facilmente em ambientes fechados e assim podendo formar o efeito bolsão, responsável por grande parte dos graves acidentes associados ao vazamento de gás. Deve-se ficar atento às cores das chamas. Elas devem apresentar coloração azulada e caso aparentem estar amareladas é sinal que os queimadores estão sujos ou entupidos, o que aumenta o consumo de gás. Lave-os com água e detergente regularmente e os coloque de volta apenas quando estiverem completamente secos. Tanto o GLP quanto o gás natural necessitam de cuidados quando utilizados. Ambos são inodoros e possuem enxofre em sua composição para identificar possíveis vazamentos. Assim, em casos de suspeita de vazamento ou cheiro de gás, não risque fósforos, fume ou ligue aparelhos elétricos. Abra portas e janelas para que o ar circule e o gás se dissipe. Depois, verifique a origem do problema. Já existem detectores de gás comercializados. Os aparelhos são constituídos por sensores e alarme que são ativados quando o acumulo que gás passa dos limites toleráveis. Em casas que possuírem aquecedores de água a gás a instalação de chaminés é indispensável. A queima do gás produz substâncias que devem ser levadas para BQ 281 t fora dos ambientes. Verifique regularmente se as conexões da chaminé estão reguladas. Os aquecedores de água consomem muito oxigênio, logo devem ser instalados em lugares bem ventilados. Por isso, nunca feche completamente os basculantes enquanto o aquecedor estiver ligado. Os ambientes onde aparelhos movidos a gás estiverem instalados devem ter o ar constantemente renovado. Nunca feche completamente as janelas quando estes aparelhos estiverem funcionando e verifique sempre se as ventilações permanentes não estão obstruídas. Deve-se fazer vistoria de tempos em tempos nos aparelhos de gás para se certificar que estão funcionando corretamente, pelo menos uma vez por ano. Checar se os queimadores de fogão não estão desregulados e se não há acúmulo de fuligem nas chaminés, o que pode evitar acidentes e casos de intoxicação. Como medida de segurança, troque sempre os registros e os dutos de gás de seus equipamentos.t Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria [email protected] Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 85 Termopares: calibração por comparação com instrumento padrão Os termopares são dispositivos elétricos utilizados na medição de temperatura. Foram descobertos por acaso em 1822, quando o físico Thomas Seebeck juntou dois metais que geraram uma tensão elétrica em função da temperatura. A NBR 13770 de 01/2013 Termopar - Calibração por comparação com instrumento padrão especifica o método de calibração de termopar, por comparação da força eletromotriz termoelétrica (fem) gerada pelo termopar em calibração com a temperatura estabelecida pelo instrumento padrão 86 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Da Redação A tualmente, são praticadas normas de combinações de dois metais que possuem tensões de saídas previsíveis e suportam altas temperaturas. Os termopares não são caros em relação à função que exercem em medir uma vasta gama de temperaturas, e podem ser substituídos sem gerar erros relevantes. No mercado especializado, os termopares podem ser encontrados em diversos formatos, desde modelos com a junção descoberto que proporcionam tempo de resposta rápido, até os modelos que estão incorporados em sonda. Encontre os tipos de termopares que está procurando. Ao escolher um termopar, o consumidor deve levar em conta a aplicação que se deseja dele, em termos da temperatura suportada, além da exatidão, confiabilidade da leitura, especificação do tipo de liga e construção física externa. A maior limitação de um termopar é a exatidão, uma vez que erros inferiores a 1°C são difíceis de obter. Existem tabelas normalizadas que indicam a tensão produzida por cada tipo de termopar para todos os valores de temperatura que suporta, por exemplo, o termopar tipo K com uma temperatura de 300 ºC irá produzir 12,2 mV. Contudo, não basta ligar um voltímetro ao termopar e registar o valor da tensão produzida, uma vez que ao ligarmos o voltímetro estamos a criar uma segunda (e indesejada) junção no termopar. Para se fazerem medições exatas devemos compensar este efeito, o que é feito recorrendo a uma técnica conhecida por compensação por junção fria. A NBR 13770 de 01/2013 - Termopar - Calibração por comparação com instrumento padrão especifica o método de calibração de termopar, por comparação da força eletromotriz termoelétrica (fem) gerada pelo termopar em calibração com a BQ 281 t temperatura estabelecida pelo instrumento padrão. As calibrações prescritas nesta norma cobrem a faixa de temperatura de 200°C a 1.600°C. Caso se esteja a interrogar porque é que ligando um voltímetro a um termopar não se geram várias junções adicionais (ligações ao termopar, ligações ao aparelho de medida, ligações dentro do próprio aparelho, etc.), a resposta advém da lei conhecida como lei dos metais intermédios, que afirma que ao se inserir um terceiro metal entre os dois metais de uma junção dum termopar, basta que as duas novas junções criadas com a inserção do terceiro metal estejam à mesma temperatura para que não se manifeste qualquer modificação na saída do termopar. Esta lei é também importante na própria construção das junções do termopar, uma vez que assim se garante que ao soldar os dois metais a solda não irá afectar a medição. Contudo, na prática as junções dos termopares podem ser construídas soldando os materiais ou por aperto dos mesmos. Todas as tabelas normalizadas dão os valores da tensão de saída do termopar considerando que a segunda junção do termopar (a junção fria) é mantida a exatamente zero graus Celsius. Antigamente isto se conseguia conservando a junção em gelo fundente (daqui o termo compensação por junção fria). Contudo a manutenção do gelo nas condições necessárias não era fácil, logo optou-se por medir a temperatura da junção fria e compensar a diferença para o zero graus Celsius. Tipicamente a temperatura da junção fria é medida por um termístor de precisão. A leitura desta segunda temperatura, em conjunto com a leitura do valor da tensão do próprio termopar é utilizada para o cálculo da temperatura verificada na u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 87 extremidade do termopar. Em aplicações menos exigentes, a compensação da junção fria é feita por um semicondutor sensor de temperatura, combinando o sinal do semicondutor com o do termopar. É importante a compreensão da compensação por junção fria; qualquer erro na medição da temperatura da junção fria irá ocasionar igualmente erros na medição da temperatura da extremidade do termopar. O instrumento de medida tem de ter a capacidade de lidar com a compensação da junção fria, bem como com o fato de a saída do termopar não ser linear. A relação entre a temperatura e a tensão de saída é uma equação polinomial de 5ª a 9ª ordem dependendo do tipo do termopar. Alguns instrumentos de alta precisão guardam em memória os valores das tabelas dos termopares para eliminar esta fonte de erro. Os termopares disponíveis no mercado têm os mais diversos formatos, desde os modelos com a junção a descoberto que têm baixo custo e proporcionam tempos de resposta rápidos, até aos modelos que estão incorporados em sondas. Está disponível uma grande variedade de sondas, adequadas para diferentes aplicações (industriais, científicas, investigação médica, etc.). Quando se procede à escolha de um termopar deve-se ponderar qual o mais adequado para a aplicação desejada, segundo as características de cada tipo de termopar, tais como a gama de temperaturas suportada, a exatidão e a confiabilidade das leituras, etc. O termopar tipo K é um termopar de uso genérico. Tem um baixo custo e, devido à sua popularidade estão disponíveis variadas sondas. Cobrem temperaturas entre os -200 e os 1.200 ºC, tendo uma sensibilidade de aproximadamente 41μV/°C. • O tipo E (Cromel/Constantan) tem uma elevada sensibilidade (68 μV/°C) que o torna adequado para baixas temperaturas. • O tipo J (ferro/constantan) limita-se a -40 a 750 °C. Aplica-se sobretudo com equipamento já velho que não é compatível com termopares mais atuais. A utilização do tipo J acima dos 760 ºC leva a uma transformação magnética abrupta que estraga a sua calibração. • O tipo N (nicrosil/nisil) tem boa estabilidade e resistência à oxidação a altas temperaturas, torando adequado para medições a temperaturas elevadas, sem recorrer aos termopares que incorporam platina na sua constituição (tipos B, R e S). Foi desenhado para ser uma modificação do tipo K. Os termopares tipo B, R e S apresentam características semelhantes. São os mais estáveis, contudo, devido à sua reduzida sensibilidade (da ordem dos 10 μV/°C), utilizam-se apenas para medir temperaturas acima dos 300 ºC. • O tipo B (platina/ródio-platina) é adequado para medição de temperaturas até aos 1.800 ºC. Oferece a mesma tensão na saída a 0 e a 42 ºC, o que impede a sua utilização abaixo dos 50 ºC. • O tipo R (platina/ródio-platina) é adequado para medição de temperaturas até aos 1.600 ºC. Tem reduzida sensibilidade (10 μV/°C) e custo elevado. • O tipo S (platina/ródio-platina) é adequado para medição de temperaturas até 1.600 ºC, tem reduzida sensibilidade (10 μV/°C), elevada estabilidade e custo elevado. • O tipo T (cobre/constantan) pode ser considerado um dos mais indicados para medições na gama dos -270°C a 400°C. Segundo a norma, o meios térmicos utilizados devem proporcionar uniformidade e estabilidade térmica na região onde serão inseridos o termopar 88 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 em calibração e o instrumento padrão, possibilitar um adequado comprimento de imersão dos sensores e não gerar interferências elétricas e térmicas que afetem a operação dos instrumentos de medição. Deve-se efetuar a avaliação da estabilidade e das uniformidades radial e axial, nas diferentes condições de utilização, as quais devem ser consideradas no cálculo da incerteza de medição. O laboratório deve realizar esta avaliação periodicamente, em um intervalo máximo de três anos. O meio térmico também deve ser escolhido de acordo com a faixa de temperatura e incerteza requerida na calibração. Alguns cuidados devem ser tomados para que o meio térmico não seja contaminado e, consequentemente, contamine os sensores nele inseridos. Os mais comumente utilizados são: banho de líquido: utilizado na faixa de – 200 °C a 300 °C; banho de leito fluidizado: utilizado na faixa de – 70 °C a 700 °C; forno: utilizado na faixa de – 90 °C a 1 600 °C; e banho de sais: utilizado na faixa de 150 °C a 600 °C. A junção de referência deve ser realizada conforme a NBR 13863. A escolha do instrumento para medir o sinal do termopar em calibração e instrumento padrão, quando pertinente, depende da incerteza requerida na calibração. Podem ser utilizados instrumentos de medição de tensão elétrica ou aqueles que convertem a fem do termopar em temperatura. No primeiro caso podem ser utilizados potenciômetros, voltímetros, multímetros, etc. No segundo caso podem ser utilizados indicadores digitais ou analógicos, registradores digitais ou analógicos, etc. Os instrumentos de medição que convertem a fem do termopar em temperatura devem ser avaliados quanto a possíveis influências que afetem o seu desempenho, particularmente a BQ 281 t compensação automática da junção de referência. Esses instrumentos devem ser calibrados periodicamente no Inmetro, em laboratórios acreditados ou em órgãos de reconhecida competência para a calibração em questão. A escolha do instrumento padrão a ser usado depende da faixa de temperatura a ser coberta, do tipo de meio térmico utilizado e da incerteza desejada. Esse instrumento deve ser calibrado periodicamente no Inmetro, em laboratórios acreditados ou em órgãos de reconhecida competência para a calibração em questão. Os mais comumente utilizados são: termopar; termorresistência; termômetro de líquido em vidro; e termômetro digital. O termopar com montagem em isolação mineral, bainha metálica e junção isolada deve ter sua resistência de isolação medida antes e após a calibração. A medição deve ser feita entre cada um dos termoelementos e a bainha e entre o par de termoelementos e a bainha. Os resultados dessa medição devem atender aos requisitos especificados na Tabela 1, considerando a tensão aplicada e com reversão de polaridade. Para o termopar com cabo/fio de extensão/compensação, a isolação deve ser medida antes e após a conexão do cabo/fio, caso aplicável. O termopar em calibração pode necessitar de fios/cabos de extensão/ compensação para fins da realização da junção de referência ou interligação ao u Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 89 instrumento de medição. Os erros e incertezas desses fios/cabos de extensão/compensação devem ser conhecidos e levados em consideração no cálculo dos resultados. Deve prover espaço físico adequado à preparação e execução da calibração e apresentar: tensão elétrica com estabilidade dentro das especificações requeridas pelos instrumentos de medição; temperatura ambiente e umidade relativa do ar com valores nominais e estabilidades dentro das especificações requeridas pelos instrumentos de medição; malha de aterramento para os instrumentos de medição e demais equipamentos; e condições ambientais salutares. Quanto ao método de calibração, os termopares de metais não nobres podem ser calibrados no estado em que são recebidos ou após tratamento térmico. Caso o laboratório opte por realizar o tratamento térmico, o método utilizado é o de imersão do termopar em meio térmico, conforme descrito a seguir: inserir o termopar em meio térmico com imersão igual ou superior à de uso, em temperatura próxima da ambiente e o meio térmico pode ter homogeneidade térmica conhecida; aquecer até 10 °C ou 5 % (o que for maior) acima da temperatura de trabalho e manter nessa temperatura por período sufi ciente para a estabilização do termopar; resfriar o termopar no meio térmico até a temperatura de 100 °C e retirá-lo lentamente. Os termopares de metais nobres podem ser calibrados no estado em que são recebidos ou após tratamento térmico adicional (recozimento). No caso de recozimento, dois métodos podem ser empregados: circulação de corrente elétrica ou imersão do termopar em meio térmico. A seguir é apresentado o método de circulação de corrente elétrica. Desmontar o termopar a ser calibrado e, de preferência, separar os termoelementos; conectar as extremidades dos termoelementos aos terminais da fonte de corrente elétrica, deixando-os livremente estendidos ao ar, evitando que fi quem sujeitos a tensões mecânicas; submeter os termoelementos à circulação de corrente elétrica, de modo que a temperatura dos termoelementos permaneça a 1.450 °C, por um período de 45 min. Para um termoelemento com diâmetro de 0,5 mm, é requerida uma corrente de cerca de 12 A. Caso seja utilizado um pirômetro óptico, é necessário considerar a emissividade da platina (0,33). Uma indicação de 1.300 °C do pirômetro correspondente a uma temperatura de 1.450 °C no termoelemento: reduzir lentamente o valor da corrente, por um período de aproximadamente 1 min, de modo que a temperatura nos termoelementos atinja 750 °C e manter nesta temperatura durante 30 min; reduzir lentamente o valor da corrente até que os termoelementos esfriem até a temperatura ambiente e este processo deve ter duração de alguns minutos; as extremidades dos termoelementos que não atingirem a temperatura do tratamento térmico devem ser cortadas; durante o manuseio dos termoelementos já recozidos evitar contaminação, dobramento, amassamento, estiramento ou ações similares; após o recozimento do termopar por circulação de corrente elétrica e subsequente montagem, pode-se proceder o seu recozimento em forno. Recomenda-se que o termopar seja inserido em forno horizontal em temperatura próxima da ambiente, aquecido lentamente (de 2 h a 4 h) até 1.100 °C, mantido nessa temperatura por 1 h e resfriado lentamente (cerca de 3 h) até a temperatura ambiente. O instrumento padrão e o termopar em calibração devem ser inseridos no meio térmico, e seus terminais devem ser conectados ao instrumento de medição, quando necessário. 90 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Caso o instrumento de medição do termopar em calibração possua compensação automática da junção de referência, o termopar deve ser ligado diretamente ao instrumento. Caso não possua, o termopar em calibração deve ser conectado ao dispositivo de junção de referência, conforme as Figuras 3 e 4. Cuidados especiais devem ser tomados durante a calibração, visando minimizar erros causados por fem espúria, ruídos eletromagnéticos, correntes de ar, radiações térmicas e resistências parasitas. A inserção e a remoção do termopar do meio térmico devem ser feitas com cuidado, para evitar danos causados por choque térmico. Os dados devem ser coletados obedecendo à seguinte sequência: após a estabilização térmica do conjunto, registrar sequencialmente os valores indicados pelo BQ 281 t instrumento padrão e termopar em calibração, compondo assim uma série de medições; efetuar pelo menos três séries de medições, conforme descrito, em intervalos de no mínimo 1 min; prosseguir fazendo as medições sempre obedecendo às sequências já mencionadas, até que todos os pontos de calibração sejam efetuados. Na avaliação da incerteza dos resultados da calibração, deve-se considerar pelo menos o seguinte: incerteza do instrumento padrão; incerteza do instrumento de medição do instrumento padrão, quando aplicável; resolução do instrumento de medição do instrumento padrão; incerteza do instrumento de medição do termopar; resolução do instrumento de medição do termopar; incerteza do fi o ou cabo de extensão ou compensação, quando aplicável; desvio padrão da média das indicações do instrumento de medição do instrumento padrão; desvio padrão da média das indicações do instrumento de medição do termopar; gradiente de temperatura do meio térmico (componentes axial, radial e estabilidade); incerteza devido aos erros aleatórios introduzidos nas interligações e conexões elétricas; incerteza da junção de referência, do banho de gelo ou outro dispositivo para a temperatura de referência; não homogeneidade do termopar; deriva dos instrumentos padrão, instrumento de medição e do termopar; e incerteza da curva de ajuste, quando aplicável. No Anexo A (informativo) descrevese um método de ajuste de curva para o termopar..t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 91 Normas e Regulamentos publicadas pela ABNT em diversas áreas Implantes para ortopedia A ABNT publicou, a norma ABNT NBR 15743-2:2015 - Implantes para ortopedia - Orientações para seleção de ensaios e informações para comprovação de segurança e eficácia em projetos de produtos - Parte 2: Revestimento de produtos, que revisa a norma ABNT NBR 15743-2:2010, elaborada pelo Comitê Brasileiro Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/ CB-26). Esta Parte da ABNT NBR 15743 estabelece diretrizes e identifica requisitos aplicáveis para auxiliar a estruturação de informações necessárias à comprovação da equivalência essencial e/ou da segurança e eficácia de implantes ortopédicos com superfícies modificadas por processo de revestimento, destinadas a promover a fixação biológica (sem cimento) do componente revestido. Linga de cabo de aço - Parte 2: Utilização e inspeção A ABNT publicou a norma ABNT NBR 135412:2015 - Linga de cabo de aço - Parte 2: Utilização e inspeção, que revisa a norma ABNT NBR 13541-2:2012 Ed 2, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Cabos de Aço e Acessórios (ABNT/ CEE-113). Esta Norma fornece orientações para utilização e inspeção em operação de linga de cabo de aço para uso geral. Vermiculita expandida - Análise granulométrica - Método de ensaio Tecnologia gráfica - Impressos Avaliação da resistência a vários agentes A ABNT publicou a norma ABNT NBR 11355:2015 - Vermiculita expandida - Análise granulométrica - Método de ensaio, que revisa a norma ABNT NBR 11355:1989, elaborada pela comissão de Estudo Especial de Materiais Isolantes Térmicos Acústicos (ABNT/CEE-155). Esta Norma estabelece um método de análise granulométrica de vermiculita expandida. A ABNT publicou, a norma ABNT NBR 16408:2015 - Tecnologia gráfica - Impressos - Avaliação da resistência a vários agentes, elaborada pelo Organismo de Normalização Setorial de Tecnologia Gráfica (ABNT/ONS027). Esta Norma especifica o método de ensaio para avaliação da resistência de impressos a água, detergentes, especiarias, sabão, óleos e gordura, queijo, cera ou parafina, álcalis, solventes, vernizes e ácidos 92 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 Odontologia - Avaliação da biocompatibilidade de produtos para a saúde utilizados em odontologia A ABNT publicou a norma ABNT NBR ISO 7405:2015 - Odontologia - Avaliação da biocompatibilidade de produtos para a saúde utilizados em odontologia, elaborada pelo Comitê BrasileiroOdonto-Médico-Hospitalar (ABNT/CB-026). Esta Norma especifica os métodos de ensaios para a avaliação dos efeitos biológicos de produtos para a saúde usados na odontologia. Inclui ensaios de agentes farmacológicos que são parte integral ou parte do produto sob ensaio. Gasolina automotiva Determinação do teor de etanol anidro combustível (EAC) A ABNT publicou a norma ABNT NBR 13992:2015 - Gasolina automotiva Determinação do teor de etanol anidro combustível (EAC), que revisa a norma ABNT NBR 13992:2008, elaborada pelo Organismo de Normalização Setorial de Petróleo (ABNT/ONS-034). Esta Norma prescreve o método para determinação do teor de etanol anidro combustível (EAC), a partir de 1 % em volume, em gasolinas automotivas. Outros álcoois presentes na amostra são computados como EAC. Cabos de controle não halogenados e com baixa emissão de fumaça para tensões até 1 kV A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16442:2015 - Cabos de controle não halogenados e com baixa emissão de fumaça para tensões até 1 kV - Requisitos de desempenho, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB03). Esta Norma especifica os requisitos exigíveis para os cabos de controle não halogenados e com baixa emissão de fumaça. BQ 281 t Instrumentos ópticos - Refrator ocular Está em Consulta Nacional o Projeto ABNT NBR ISO 10342 - Instrumentos ópticos - Refrator ocular, referente ao Comitê Brasileiro de Óptica e Instrumentos Ópticos (ABNT/ CB-049). Para conferir, acesse: http://www.abnt.org.br/ consultanacional/ - ABNT/CB-049 Óptica e Instrumentos Ópticos - Clique em "Visual." Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 93 Isolantes térmicos de lã de rocha Flocos A ABNT publicou a norma ABNT NBR 11626:2015 Isolantes térmicos de lã de rocha Flocos, que revisa a norma ABNT NBR 11626:1989, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Materiais Isolantes Térmicos Acústicos (ABNT/CEE-155). Esta Norma especifica as características de flocos termoisolantes à base de lã de rocha. Análise sensorial - Guia geral para o grupo de trabalho de um laboratório de avaliação sensorial A ABNT publicou a norma ABNT NBR ISO 13300-1:2015 - Análise sensorial Guia geral para o grupo de trabalho de um laboratório de avaliação sensorial - Parte 1: Responsabilidades do grupo de trabalho, elaborada pela Comissão Especial de Análise Sensorial (ABNT/CEE-174). Esta parte da ABNT NBR ISO 13300 fornece o guia para as funções do grupo de trabalho, a fim de melhorar a organização de um laboratório de avaliação sensorial, para otimizar o uso de recursos humanos e a eficiência em testes sensoriais. Tubos de aço - Revestimento anticorrosivo externo - Parte 3: Epóxi em pó termicamente curado A ABNT publicou a norma ABNT NBR 15221-3:2015 - Tubos de aço Revestimento anticorrosivo externo - Parte 3: Epóxi em pó termicamente curado, que revisa a norma ABNT NBR 15221-3:2007 Versão Corrigida:2008, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Siderurgia(ABNT/ CB-28). Esta parte da ABNT NBR 15221 estabelece os requisitos mínimos a serem seguidos na aplicação e qualificação de revestimentos de epóxi em pó termicamente curado aplicados à superfície externa de tubos de aço previamente aquecidos, para proteção anticorrosiva, por meio de pistolas pulverizadoras eletrostáticas. Ferro-gusa a carvão vegetal Orientações para a produção sustentável A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16409:2015 - Ferro-gusa a carvão vegetal - Orientações para a produção sustentável, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Produção Sustentável de Ferro Gusa a Carvão Vegetal (ABNT/CEE201). Esta Norma fornece diretrizes para a produção sustentável de ferro-gusa a carvão vegetal, contemplando a produção de ferrogusa propriamente dita e a relação com os fornecedores de carvão vegetal. 94 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 25 ANOS O tema Qualidade para toda a nossa equipe de articulistas, colunistas e colaboradores é uma missão que se repete a 25 anos, todos os meses Levando a informação onde ela precisa estar BQ 281 t Novembro de 2015 t Revista Banas Qualidade - 95 Cartas Escreva para o Editor Hayrton do Prado através do Email: [email protected] A timidez no trabalho Bibianna Teodori – São Paulo – SP A timidez no trabalho pode ser um grande obstáculo para a carreira e a construção de um verdadeiro relacionamento com chefe e colegas. Apesar de não ser um defeito, mas uma característica pessoal, a timidez pode atrapalhar em alguns contextos. Na hora de argumentar, defender ou expor uma ideia, a pessoa normalmente apresenta sintomas de nervosismo, tremor e trava em sua fala, o que dificulta bastante seu desempenho. Porém, às vezes ser extrovertido demais é que pode prejudicar. A habilidade está no saber dosar o próprio lado introvertido. As pessoas tímidas são mais reflexivas: quando falam, já pensaram muito e, quase sempre, têm algo inteligente a dizer. É preciso demonstrar que, por trás da timidez, esconde-se uma pessoa capaz e competente. Ter autoestima elevada e acreditar nos próprios pontos fortes também ajudam na construção de um relacionamento no trabalho. Manter um relacionamento com o chefe, mesmo que cordial, é importante. Deste modo, o chefe entenderá que, ainda que tímida, a pessoa é gentil. Nas reuniões e nos encontros de trabalho, é essencial sempre procurar falar e enfrentar os medos de se impor. O medo é mais normal do que se imagina. Entretanto, não se pode deixar que ele domine e te impeça de fazer as coisas, de ser quem você é. Você é maior do que ele. Para não ter a socialização prejudicada, o primeiro passo é se conhecer e verificar até que ponto a timidez está impedindo de conquistar seus objetivos. E pergunte a si: “Como eu agiria se não fosse uma pessoa inibida?”. É fundamental ser honesto consigo. Não criar desculpas para tentar se enganar, fingir que está tudo bem. Em algumas situações, uma atitude comum de quem é tímido é assumir compromissos para não recusar um pedido. Outras vezes, não pega uma tarefa para não se destacar. Passar por um processo de coaching ajudaria muito para se conhecer melhor e superar os seus medos, com o objetivo de ser mais positivo e otimista. Com o coaching, você pode aprender técnicas para melhorar a timidez, através de ferramentas como o ensaio mental, e valorizar seus pontos fortes e de conhecimento. Outras dicas importantes são: melhorar a postura, cuidar da aparência, andar sempre com a postura ereta e nada de olhar para baixo. Manter a postura firme transmite credibilidade e autoconfiança. Seja persistente, não esqueça que você conviveu anos com a timidez e não será da noite para o dia que deixará de ser tímido. Acredite em si e siga em frente! Você tem plenas condições de ir adiante e vencer todo e qualquer obstáculo em sua vida. Finalizo com uma frase de George Kinder: “Cada um de nós carrega dentro de si uma ânsia secreta, que, com o passar do tempo, ao longo da vida, torna-se com frequência um arrependimento secreto. Esta ânsia será diferente para cada um de nós, já que é um traço muito pessoal de autoexpressão. Somente na medida em que, cada um de nós, for capaz de trazer à tona as vontades reais do nosso coração, nossas vidas serão plenas, verdadeiramente válidas”. Sucesso em uma negociação José Ricardo Noronha – São Paulo - SP Você já parou para pensar que negociamos o tempo todo? Com 96 - Revista Banas Qualidade t Novembro de 2015 t BQ 281 nossas esposas, nossos maridos, filhos, clientes, fornecedores… Entretanto, muitas vezes fazemos isso sem técnica. Para ajudar você a negociar melhor e ter impacto imediato em todas as suas negociações, compartilho duas dicas inspiradas na mais importante metodologia de negociação do mundo: a famosa técnica de negociação “ganha-ganha”, da prestigiada Harvard Law School. Primeira dica: separe os problemas das pessoas. Em boa parte das nossas negociações, muitas vezes nos deixamos controlar pelas nossas emoções. Quando fazemos isso, colocamos a razão de lado, o que faz com que sejamos duros com as pessoas e leves com os problemas, quando o correto é fazer o contrário. Lembre-se sempre de que a boa negociação deve privilegiar o relacionamento de longo prazo. Por isso, é fundamental manter o controle emocional e trabalhar o tempo todo em conjunto com a outra parte, para que vocês possam criar, juntos e da forma mais racional possível, uma negociação que verdadeiramente seja boa para todos. Portanto, a partir de agora, seja sempre duro com o problema e leve com as pessoas. Segunda dica: concentre-se sempre nos interesses e não nas posições. Imagine uma situação na qual duas pessoas brigam pela mesma laranja. Diante de uma situação assim, como você reagiria? Neste caso específico, uma das pessoas queria a laranja porque estava com fome. Já a outra queria a laranja para tirar a casca e usar em uma cobertura de bolo. Se as duas partes explorassem os interesses escondidos por trás das posições iniciais, teriam saído satisfeitas dessa negociação. www.b2p.net.br Tel.: 55 - 11 3742.4838 [email protected] Negócios em Pulicações Customizadas e Eventos de Divulgação É difícil conquistar um minuto do tempo das pessoas. 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