música e canto na liturgia

Transcrição

música e canto na liturgia
MÚSICA E CANTO
NA LITURGIA
CANTAR NA LITURGIA OU CANTAR A
LITURGIA?
PARA INÍCIO DE CONVERSA,
UMA HISTÓRIA

O PADRE E O ATOR

Pe. Joãozinho, CSJ - livro: “Curso de Liturgia”
Havia dois irmãos. Um resolveu ser padre e foi para
o seminário. O outro preferiu seguir carreira como
ator.
Muitos anos se passaram sem que se vissem.
Alguns anos mais tarde, finalmente os dois se
encontraram na casa dos pais.

Nessa ocasião, os dois irmãos combinaram que um
visitaria o outro quando estivesse exercendo a sua
“profissão”.
Algum tempo depois, sentado no meio da platéia,
diante do palco onde dentro de instantes seu irmão
ator entraria em cena, o padre esperava. Quando as
cortinas se abriram, o padre ficou de “boca aberta”.
Cenário bem montado, palmas vibrantes, atenção e
silêncio, o som harmonioso da orquestra, tudo
perfeito.
O apresentador começou a falar (sem papel na mão).
Explicou o sentido da peça para os dias de hoje. Falou
sobre o autor, os atores e os detalhes do cenário. A
apresentação foi um sucesso. Quando as cortinas se
fecharam, todos, de pé, não paravam de aplaudir.
Muitos foram ao camarim do irmão ator para
parabenizá-lo. Comentavam trechos da peça... tiravam
lições para suas vidas.
Chegou o dia em que o ator visitaria o irmão padre.
Encontrou-se, então, sentado na igreja, cercado por uma
fria assembléia, num auditório não muito confortável.
Olhava para o altar, onde um cenário sem muita
criatividade parecia não ser trocado há muitos anos.
De repente, alguém tomou um desafinado violão e pôs-se
a exigir que todos o acompanhassem em uma melodia
que não era possível escutar devido ao barulho de uma
estridente bateria.
Foi então que surgiu seu irmão. Lá na frente, o
comentarista leu alguma coisa. Mas não se pôde
entender muito bem o que iria acontecer, nem a
importância disso para os dias de hoje. Não havia
palmas. Por outro lado, em nenhum momento
houve
silêncio
completo.
No final da missa, o padre voltou para a sacristia.
Só o irmão ator foi cumprimentálo.
O padre perguntou-lhe:
- Por que as coisas são assim? Lá
no teatro as pessoas eram tão
atenciosas. Aqui tudo parece ser
diferente. Que acontece?
E o irmão disse:
Você quer minha opinião sincera?
- Claro... diga o que você pensa! - respondeu o
padre.
E o ator disse:
- É que lá nós representamos mentiras como se
fossem verdades, e aqui vocês representam
verdades como se fossem mentiras!!!
I PARTE
O QUE É
CANTO
LITÚRGICO?
1º LUGAR:
O QUE É
LITURGIA?
2.1. ETIMOLOGIA E USO NO MUNDO GREGO

Vem do grego clássico, leitourgia, raiz léos, laos,
que significa povo, popular e ergón, que significa
obra. Conceito usado em sentido absoluto, para
indicar a origem ou o destino popular de uma ação
ou de uma iniciativa, independentemente do modo
como era assumido.
CONCEITO DE LITURGIA NO VATICANO II

Com razão se considera a Liturgia como o exercício
da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais
sensíveis significam e, cada um à sua maneira,
realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo
Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a
Deus o culto público integral. Portanto, qualquer
celebração litúrgica é, por ser obra de Cristo
sacerdote e do seu Corpo que é a Igreja, ação
sagrada por excelência, cuja eficácia, com o mesmo
título e no mesmo grau, não é igualada por nenhuma
outra ação da Igreja. (SC 7).
DESTACAM-SE OS SEGUINTES ASPECTOS:
A liturgia é obra de Cristo total. Cristo primeiro,
depois a Igreja por associação.
 Santificação da humanidade e culto ao Pai, de
modo que o sacerdócio de Cristo se realiza nos
dois aspectos.
 A liturgia pertence a todo o povo de Deus.

A liturgia, constituída por gestos e palavras, é ela
mesmo um acontecimento no qual se manifesta a
Igreja, sacramento do Verbo encarnado.
 A liturgia determina o tempo da Igreja.
 Por tudo isso é fonte e ápice da vida da Igreja. (SC
10).

2º LUGAR:
O QUE É
MÚSICA?
MÚSICA
Do
grego musiké = arte das
musas
É a arte de combinar sons e
silêncios. Originalmente, surge
como forma de expressar
sentimentos.
arte.
combinação de sons e de silêncio.
uma forma de nos distrairmos e de nos divertirmos.
uma arte de representação de espetáculo.
é uma linguagem universal que todos entendem,
independentemente da língua em que é expressa a música.
está extremamente ligada à sua vida.
Está presente em atividades coletivas, como os rituais
religiosas, festas e funerais.
 é conhecida e praticada desde a pré-história.
O QUE É A MÚSICA?
•
•
A música é uma forma de arte que se constitui
basicamente em combinar sons e silêncio
seguindo, ou não, uma pré-organização ao longo
do tempo.
É considerada por diversos autores como
uma prática cultural e humana. Actualmente não se
conhece nenhuma civilização ou agrupamento que
não possua manifestações musicais próprias.
Embora nem sempre seja feita com esse objectivo,
a música pode ser considerada como uma forma
de arte, considerada por muitos como sua principal
função.
 Há
evidências de que a música é
conhecida e praticada desde a idade préhistórica. Provavelmente a observação dos
sons da natureza tenha despertado no
homem, através do sentido auditivo, a
necessidade ou vontade de uma
actividade
que
se
baseasse
na
organização de sons.
A
música se fez presente na
vida dos seres humanos
desde muito tempo. Hoje é
praticamente
impossível
encontrar alguém que não
tenha algum tipo de contato
com ela.
MÚSICA E CANTO
MÚSICA: A música é uma forma de arte que se
constitui basicamente em combinar sons e silêncio
seguindo, ou não, uma pré-organização ao longo
do tempo.
 CANTO: Do ponto de vista da expressão humana,
o canto constitui algo a mais - é uma valorização
da linguagem. Ele procura "dizer", desabrochando;
quando a palavra é pronunciada, o canto dá aos
sentimentos humanos toda a sua verdadeira
expressão. "Quem canta bem, reza duas vezes"
disse Santo Agostinho. Cantar juntos manifesta e
estimula a unidade dos corações.

AGORA SIM:
O QUE É
CANTO
LITÚRGICO?
Memorial: faz memória dos mistérios celebrados,
canta os mistérios de Cristo.
 Orante: constitui uma oração ou experiência de
comunicação com Deus de forma ritual e
comemorativa que torna presente a obra da salvação
da Santíssima Trindade, por Cristo e em Cristo.
 Contemplativo: o canto é litúrgico quando contempla
a obra da Trindade na História da Salvação.


Trinitário: é dirigido ao Pai pelo Filho no Espírito Santo.

Crístico ou centrado em Cristo: está centrado em Jesus
Cristo no Mistério Pascal. O Cristo engloba os seus
membros, a Igreja, e toda a humanidade.
Pascal: pelo canto a igreja anuncia e testemunha o
cerne do Evangelho: O mistério Pascal. No fundo,
são cantos pascais do Cordeiro Imolado e vitorioso.
 Eclesial: em dois sentidos:
 a) é a Igreja que celebra e faz memória. A assembléia
que canta;
 b) ele canta a Igreja, pois o Mistério de Cristo, o
Mistério Pascal cantado, compreende os membros de
Cristo, seu corpo todo que é a Igreja.

Eucarístico: no sentido de ter o caráter de ação de
graças. A Igreja dá graças ao Pai, por Cristo, no Espírito.
 Narrativo: A Igreja canta, narrando os fatos, os
benefícios de Deus, as maravilhas de Deus. Pelo canto,
a Igreja narra,proclama as páscoas dos cristãos,
iluminadas pela palavra de Deus.


Proclamativo: pode ser eucarístico e narrativo,
proclama as maravilhas de Deus na História da
Salvação.

Histórico-salvífico: proclamando a História da
salvação, o canto litúrgico é atualização dessa
salvação.

Profético: por dois motivos:
a) cantando o plano de Deus da Salvação, denuncia
o que se opõe a esse plano.
b) é profético por que o que ele comemora prefigura o
Reino definitivo.

CONCLUSÃO

NÃO
HÁ
LUGAR
PARA
SENTIMENTALISMO RELIGIOSO, OU
ARTISTICO OU DE EXIBIÇÃO.

É CELEBRAÇÃO DO MISTÉRIO PASCAL DE
CRISTO, É ORAÇÃO, COMUNICAÇÃO COM
DEUS, COMUNICAÇÃO COM O PAI, POR
CRISTO, NO ESPÍRITO SANTO.
MERO
SHOW
II PARTE
OS CANTOS
NA
CELEBRAÇÃO
Canto de entrada
 Não
é qualquer canto que se pode utilizar
para a abertura de uma celebração. Sua
função é “[...] de criar comunhão. Seu mérito
é de convocar a assembléia e, pela fusão das
vozes, juntar os corações no encontro com o
Ressuscitado.” (CNBB, nº 79, p. 135-6).
Canto de entrada
 Dicas:
Procurar com que o canto esteja de
acordo com o Tempo Litúrgico (Comum, Pascal,
Quaresma, Natal ou Advento) e demonstre isso
em sua letra e melodia.
 Exemplos: Em dias de festas ou solenidades
dos padroeiros, usar hinos (se houver); em dias
de mártires, usar cantos que falem de
seguimento, entrega, etc.; Páscoa, cantos
alegres, festivos, jubilosos; Quaresma, cantos
que falem de conversão, penitência.
Ato penitencial ou Kyrie

O Ato Penitencial não é um simples canto,
mas sim um rito, portanto, precisa-se ser
bastante criterioso em sua escolha. Deve-se dar
preferência àqueles cantos que tenham em sua
letra a expressão “Senhor, tende piedade de nós;
Cristo, tende piedade de nós; Senhor, tende
piedade de nós” (Kyrie eleison; Christe eleison;
Kyrie eleison), pois trata-se de uma das partes que
compõe esse rito, ou que seja composto a partir
dos textos que se encontram no missal.
 O Ato Penitencial é composto de: Monição
(contrição); Absolvição e o Kyrie.

Ato penitencial ou Kyrie

Objetivo: Evocar a misericórdia do Senhor (e
reconhece-la também expressando isso através do
louvor, por isso, o Kyrie não é somente pedido de
perdão, mas também louvor à misericórdia).
 Dicas: Sempre selecionar cantos que, se não
expressam literalmente “Senhor, tende piedade
(...)”, pelo menos demonstrem essa intenção. Dêse preferência à melodias e ritmos mais recolhidos
(sem cair em sentimento de culpismo exacerbado).
Trata-se de um momento de conversão.

Hino de Louvor (Glória)

O Hino de Louvor segue quase as mesmas
orientações. Também não é uma aclamação
trinitária, mas “um hino doxológico (de
louvor/glorificação) que canta a glória do
Pai e do Filho. Porém o Filho se mantém no
centro do louvor da aclamação e da
súplica.” (FONSECA, 2007, p. 19).
Hino de Louvor (Glória)
Objetivo: É também um rito, e é um hino de
louvor e glorificação, pela Salvação trazida por
Cristo. Não é um hino trinitário (referido à
Trindade), mas cristológico (o centro é Cristo).
Quer dar a Boa nova do anjo: “Glória a Deus nas
alturas e paz na terra aos homens por Ele
amados”.
 Dicas:
Procurar cantos que contenham a
expressão bíblica do anjo e, onde não se pôde
ainda utilizar o rito do Glória, procure-se, pelo
menos, cantos de glorificação que se aproximem
da letra original ou, em último caso (e não é
litúrgico), canto de glorificação da Trindade.

Hino de Louvor (Glória)
Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens
por Ele amados.
Senhor Deus, Rei dos céus, Deus Pai todo-poderoso:
nós vos louvamos,
nós bendizemos, nós vos adoramos, nós vos
glorificamos, nós vos damos graças
por vossa imensa glória; Senhor Jesus Cristo, Filho
Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro de Deus, Filho de
Deus Pai: Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós, vós que tirais o pecado do
mundo, acolhei a nossa súplica,
vós que estais à direita do Pai, tende piedade de nós.
Só vós sois o santo,
só vós o Senhor, só vós o Altíssimo Jesus Cristo, com o
Espírito Santo na
glória de Deus Pai. Amém.

Salmo Responsorial
O
Salmo é uma resposta da comunidade a
Palavra ouvida, ou seja, à primeira leitura.
“[...] por dois motivos: porque é cantado em
forma dialogal entre salmista e assembléia
e porque é escolhido para responder à
Palavra de Deus proclamada, prolongando
assim seu sentido teológico-lirtúrgico e
espiritual. (FONSECA, 2007, p. 26).
Salmo Responsorial


Objetivo: O Salmo é parte integrante da Liturgia da
Palavra e constitui-se na resposta de nós, homens,
assembleia ouvinte, à Palavra da leitura anterior, por
isso, os salmos estão sempre ligados ao sentido
teológico da leitura proclamada. Não se deve, portanto,
substituir o salmo por qualquer canto meditativo, mas
sim por um canto que corresponda ao salmo do dia. É
resposta a Palavra de Deus e é Palavra de Deus.
Dicas:
Se não cantar o salmo e sim substituí-lo
por um canto, que se tome um canto com o mesmo
sentido teológico do salmo substituído. Existem formas
de se cantar os salmos de maneira simples e digna
enquanto Palavra de Deus, basta criar melodias
recitativas que podem ser aplicadas em todos os
salmos.
Aclamação ao Evangelho
É
uma
introdução,
preparando
a
assembléia para o que será proclamado.
“Em outras palavras, o canto que precede a
Proclamação do Evangelho nada mais é do
que um “viva” pascal ao verbo de Deus, que
nos tirou das trevas da morte, introduzindonos no reino da vida.” (FONSECA, 2007, p.
32).
Aclamação ao Evangelho
Objetivo: “Aclamar” significa aplaudir, reconhecer
solenemente; saudar caloro-samente algo; neste
caso, o Evangelho, a Palavra viva do próprio
Cristo. A palavra Aleluia é de origem judaica e
significa Hallelu-Jah: “Todo louvor a Javé”.
 Dicas:
Deve ser um canto alegre, de júbilo, de
expectativa e que contenha preferencialmente, a
palavra “Aleluia” (a exceção do Tempo da
Quaresma, onde não se canta Aleluia). Como a
aclamação é acompanhada de um versículo que se
refere ao Evangelho, deve-se procurar cantá-lo ou
procurar cantos com sentido parecido ao
Evangelho que será proclamado.

Preparação das Oferendas
É
um canto que acompanha a procissão dos
dons e “[...] o texto do canto [...] não precisa
falar [...] de pão e de vinho e muito menos de
oferecimento ou oblação.” (FONSECA, 2007, p.
34). Outro dado importante: tudo o que for
apresentado como oferta não poderá voltar ao
dono. Precisa ser partilhado ou doado. Caso
retorne, não tem sentido ser ofertado. Exemplo
disso é a sandália como símbolo da missão.
Preparação das Oferendas
Objetivo: Este canto apenas acompanha a
preparação e a apresentação das oferendas do
pão e do vinho, e acompanhar a procissão das
ofertas, se houver. Não é canto de ofertório, porque
este não é o momento do verdadeiro ofertório da
missa (que acontece após a consagração do pão e
do vinho). O real sentido deste canto é motivar
gratidão, generosidade, partilha e gratuidade em
nós e entre nós.
 Dicas:
Utilizar cantos que falem de pão e
vinho, trabalho, partilha, generosidade, gratidão;
que falem da vida do povo, no sentido de
apresentar aquilo que somos e reconhecermos a
bondade de Deus, pois trazemos a Ele os dons que
dele próprio recebemos e a Ele devolvemos.

Santo
A
letra do Santo é constituída de duas partes:
“a primeira parte Santo, Santo,Santo, Senhor
Deus do universo, o céu e terra proclamam
vossa glória..., reproduz o louvor celeste dos
Serafins conforme o relato de Isaías 6, 3 [...]. a
segunda parte: Bendito o que vem em nome do
Senhor..., expressa o brado de triunfo do povo
de Deus que acolhe e aclama o Messias, o
Salvador. (FONSECA, 2007, p. 41).
Santo


Objetivo: É o louvor da Igreja unida a todo o coro
celeste, dos anjos e dos santos para aclamar, no
mesmo sentimento, a salvação trazida por Cristo.
Dicas: O texto do Santo é de origem bíblica, dividido
em duas partes: “Santo, santo, santo, Senhor Deus do
Universo, o céu e a terra proclamam a vossa glória...”
(Is 6, 3) e é utilizado na liturgia desde o século V; a
segunda parte “Bendito o que vem em nome do Senhor”
expressa a aclamação ao Messias Salvador (cf. Sl 118
(117), 26 e Mt 21, 9). Portanto, para um adequado
momento do Santo, deveria se utilizar cantos que
contenham as exatas palavras (ou que pelo menos
façam a referencia ao Santo - I parte - e ao Bendito - II
parte - e ao “hosana”).
Cordeiro de Deus
O
Cordeiro tem uma particularidade
especial. O bom seria que tivesse um
solista que cantasse a primeira parte e a
assembleia respondesse a segunda. “O
“Cordeiro de Deus” é uma prece litânica.
Após cada invocação entoada pelo(a)
cantor(a), a assembleia responde com o
“tende piedade de nós” e no final com o
“daí-nos a paz” (FONSECA, 2007, p. 58).
Canto de Comunhão
 Uma
grande dificuldade encontrada no canto de
comunhão é no sentido que muitas composições
falam de um subjetivismo excessivo. Deve-se tomar
cuidado a esse respeito. Equivocadamente entoamos
canto individual – e, pior ainda, sem sentido teológico
– para expressar um ato comunitário. O Missal
Romano é muito claro quanto a isso. No nº 56, letra i,
reza: “enquanto o sacerdote e os fiéis recebem o
Sacramento, entoa-se o canto da comunhão que
exprime, pela unidade das vozes, a união espiritual
dos comungantes demonstra a alegria dos corações e
torna mais fraternal a procissão dos que vão receber
o corpo de Cristo.” (IGMR, 1992, p. 45). O bom seria
que estivesse de acordo com o Evangelho
proclamado.
Canto de Comunhão
 Objetivo:
Quer expressar a união espiritual, a
alegria e ao aspecto comunitário dos fiéis ao
encontro do Pão da Vida. Não é um momento de
adoração, mas um momento de encontro místico
com Cristo e com os irmãos.
 Dicas:
Escolher
cantos
que
possam,
preferencialmente, ligar-se em sentido com o
Evangelho para se unir o Pão da Palavra com o
Pão da Vida.
III PARTE
O CANTO NO
ANO
LITÚRGICO
Advento

“A Igreja entoa um canto de esperança, àquele que
está por chegar, o Príncipe da Paz, o Emanuel, Deusconosco.” (FONSECA, LM, 2007, p. 201) É um tempo
de espera e esperança, que vai preparando nosso
espírito para celebrar o Nascimento do Verbo de
Deus. As leituras da Sagrada Escritura e os textos
das orações já tratam disso. Cabe ao Ministério de
Música escolher os cantos apropriados para ajudar
na integridade da oração.
Natal
 “Cantemos
o nascimento do Príncipe da Paz,
com a euforia dos profetas e evangelistas de
todos os tempos”. (FONSECA, LM, 2007, p. 201)
A grande revelação do nascimento do Verbo de
Deus se dá, primeiramente aos pobres, pois
quem acolhe o Filho de Deus no mundo são
humildes e simples, pois ele nasce na morado
dos animais, e seu primeiro berço é a uma
manjedoura, local de colocar alimento aos
animais. É tempo de grande alegria. O canto tem
de expressar essa dimensão.
Quaresma
Cantemos “a dor que se sente pelo pecado do
mundo, que, em todos os tempos e de tantas
maneiras, crucifica os filhos de Deus e prolonga,
assim, a Paixão de Cristo...”. (FONSECA, LM,
2007, p. 201). A quaresma é um tempo
penitencial. A oração convida a reflexão e a
perceber os sinais de pecado no mundo e em
cada ser humano, ou seja, aquilo que rompe com
a graça de Deus na vida. O canto, melodias
suaves, deve levar a reflexão.
Páscoa do Senhor
“Ressuscitados com Cristo, cantemos sua glória,
sua vitória sobre a morte.” (FONSECA, LM, 2007,
p. 202). A experiência humana de Jesus na
morte, causada pelos poderes opressores e por
sua experiência de abandono, não é para
sempre, mas para remeter a humanidade à graça
de também experimentar a Ressurreição. Nesse
tempo o canto expressa a alegria da
Ressurreição do Senhor, que também é
ressurreição da humanidade.
Tempo Comum
A comunidade de fé “disfruta de outros
aspectos da vida e da missão de Jesus e
seus discípulos que não contemplados nos
ciclos do Natal e da Páscoa.” (FONSECA,
LM, 2007, p. 202). Os domingos do Tempo
Comum dão sabor de uma Páscoa Semanal.
É a pregação de Jesus sobre o Reino de
Deus. Cada domingo o tema difere. As
equipes que pensam a celebração precisam
estar atentas para os cantos estarem em
sintonia com o tema e o mistério celebrado.
IV PARTE
CRITÉRIO
PARA A
ESCOLHA DOS
CANTOS

O ser humano é constitutivamente um ser
celebrante, e o ritmo da semana é um dado cultural
de inúmeros povos. Todo domingo chega, assim,
com sabor de novidade, com apelo ao reencontro
da família, da comunidade, na fé, na alegria da
esperança, desabrochando no louvor, num "cântico
novo".

Novo porque brota da vida que é sempre inédita e
inspiradora... Porque estamos sempre em processo
de morte-ressurreição, em comunhão com Aquele,
que, pelo seu Espírito, faz novas todas as coisas,
convertendo-nos cada semana.

O Guia Litúrgico Pastoral da CNBB nos aponta
algumas dicas importantes para a escolha dos
cantos, porém ressaltando a importância do uso
dos cantos do Hinário Litúrgico da CNBB, pois
esses foram pensados cuidadosamente para que
música e ação ritual caminhem juntas formando
uma unidade celebrativa.
Os textos dos cantos sejam tirados da Sagrada
Escritura ou inspirados nela e das fontes litúrgicas
(d. SC 121); sejam poéticos, evitando explicitações
desnecessárias, moralismos, intimismos, chavões;
 As melodias sejam acessíveis à grande maioria da
assembléia, porém, belas e inspiradas;

Sejam evitados melodias e textos adaptados de
canções populares, trilhas sonoras de filmes e de
novelas;
 Seja levado em conta o tipo de celebração, o
momento ritual em que o canto será executado (d.
SC 112) e as características da assembléia;

Sejam respeitados os tempos do ano litúrgico e suas festas
(d. SC 107);
 Seja considerada a cultura do povo do lugar ( d. SC 3840)'
 Sejam levadas em conta as dimensões comunitária, dialogal
e orante nos textos e nas melodias.

Texto extraído do Guia Litúrgico-Pastoral da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil) Brasília, Edições CNBB, p. 78-79, 2ª Ed,

Não tem sentido, por exemplo, escolher os cantos
de uma celebração em função de alguns que se
apegam a um repertório tradicional, ou ainda de
outros que cantam somente as músicas próprias de
seu grupo ou movimento, nem de outros que
querem cantar exclusivamente cantos ligados à
realidade sócio-política, se isto vai provocar
rejeição de parte da assembléia.

Pois todos têm o direito de compreender e
participar com gosto, sobretudo os mais
desprovidos. É preciso que se pense em todos, e
em cada um na comunhão com os demais. Por
isso a utilização dos cantos do Hinário Litúrgico
onde sua função primeira é a estrita ligação à
Palavra anunciada e celebrada em cada Domingo.
V PARTE
MINISTÉRIO
DO SALMISTA

É importante valorizar a função do Salmista, com
seu ministério específico. O Salmista canta o texto
principal, cabendo à assembléia responder com o
refrão.

Algumas normas que o salmista deve observar:
Uma formação bíblico-litúrgica: aprofundar o sentido literal e
cristológico dos salmos; estudar cada salmo em sua relação
com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus.
 Uma formação espiritual: saber orar com o salmo, saboreálo como Palavra de Deus para nossa vida atual; saber
cantar de forma orante


Uma formação musical: saber usar a voz de forma
adequada, com boa dicção; se for o caso, até
saber ler uma partitura simples; aprender as
melodias dos salmos de resposta; saber entrosarse
com
os
instrumentos
musicais
que
eventualmente acompanham o canto do salmo.

Uma formação prática: saber manusear o
Lecionário e o "Hinário Litúrgico"; saber em que
momento subir à estante; como comunicar-se com
a assembléia; como usar o microfone; conhecer os
vários modos de se cantar o salmo.
VI PARTE
INSTRUMETISTAS

Assim como a voz, o instrumento musical, como
prolongamento da ação humana, não pode ser
classificado como sacro ou profano. Os
documentos da Igreja abriram espaço para urna
inculturação dos instrumentos musicais, levando-se
em conta o gênio, a tradição e a cultura de cada
povo, integrando-se à liturgia e ao contexto no qual
se insere a comunidade celebrante.

O recurso de "fundo musical" é inoportuno
durante a proclamação das leituras e durante a
oração eucarística. Quando acompanha o canto,
não deve abafar as vozes. As introduções soladas
são adequadas para facilitar a entrada uniforme
dos cantores e da assembléia.
Muitas vezes participamos de celebrações que
mais parecem shows porque o grupo de cantos
não está nem aí com a assembléia. Para eles o
povo nada mais é de que mero espectador que
vem para assistir seu show.
 As vozes são estridentes que doe o ouvido. Os
instrumentos, nem falar! E o pior, quando tem
bateria, como diz o dito popular: é um Deus nos
acuda.


Os instrumentos são ótimos para ajudar na
sacramentalidade do canto, porém jamais devem
se sobressair a voz humana, pois “a
sacramentalidade da voz humana está acima de
qualquer aparato externo[...].”(FONSECA, 2008, p.
29)
VII PARTE
DICAS GERAIS
A POSTURA DO MINISTRO DO CANTO
LITÚRGICO


Vida de oração: no início deste capítulo, foi falado da
Espiritualidade Litúrgica, que é a espiritualidade que
deve servir de fonte para a vida da Igreja e, por
consequência, do Ministro do Canto Litúrgico. A partir
desta espiritualidade o Ministro deve ter uma vida de
oração,
no
seguimento
dos
passos
dados
anteriormente, buscando também o sacramento da
reconciliação e a devoção Mariana. Martín Valverde nos
diz que “a oração nos manterá no nível que nos é
exigido para seguir e servir o Mestre.” A oração nos dá
suporte para a nossa vida cristã e para a nossa missão,
pois nos ajuda a não desanimarmos diante das
dificuldades e entrarmos mais em sintonia com o nosso
Deus, para assim melhor desenvolvermos o ministério.
VALVERDE, M. As tentações do músico, p. 82
A POSTURA DO MINISTRO DO CANTO
LITÚRGICO
Vivência da caridade: o Ministro do Canto
Litúrgico, que tem a sua vida moldada em Jesus
Cristo, deve viver a caridade. Ser uma pessoa
fraterna e amiga, que busque viver na justiça e em
paz com as pessoas, enfim, inserida na
transformação social a partir do Evangelho.
 Humildade: ser uma pessoa humilde é algo
essencial para o Ministro do Canto Litúrgico. Estar
sempre disposta a atender as dificuldades dos
outros, claro que isto em sintonia com a sua vida e
seus afazeres e sem deixar se dominar pelos
outros, saber ouvir críticas e acolher as sugestões
que lhe dão para um melhor desempenho de seu
ministério é algo fundamental para a sua vida.

A POSTURA DO MINISTRO DO CANTO
LITÚRGICO

Sintonia com a celebração: a partir do momento
que nos encontramos à postos para a celebração,
procuremos entrar no clima do que será celebrado,
para assim podermos também fazer com que os
demais integrantes da Assembléia Litúrgica entrem
nesta sintonia. Quando falamos em sintonia,
também devemos observar a sintonia com o padre
celebrante e com os demais ministros que atuam
na celebração.
A POSTURA DO MINISTRO DO CANTO
LITÚRGICO



Cuidado com os “estrelismos”: Martín Valverde nos
alerta que “seria algo muito perigoso se você se
sentisse superior aos demais pelos simples fato de ser
músico. ” No exercício do ministério, é uma tentação
eminente a impressão de superioridade. Mesmo sendo
bem preparado para o exercício desta função, na
condição de servo o ministro deve agir com humildade e
evitar fazer de sua atuação na Igreja o palco para a
realização de seu “show”. Ênio José Rigo diz que “os
instrumentistas não se servem da liturgia para
demonstrar as suas aptidões por meio de formas e
comportamentos que não entoam mas destoam, que
não fomentam, mas impedem a participação dos fiéis”.
Idem, p. 22
RIGO, E. Ministérios na liturgia, p. 50
A POSTURA DO MINISTRO DO CANTO
LITÚRGICO

Rezar antes das celebrações: é próprio dos
atletas se aquecerem antes das competições. Isto
os faz entrar em sintonia com o momento que vão
viver e correr atrás do objetivo. Antes das
celebrações que vamos ajudar, o ideal é que
rezemos para preparar os nossos corações para o
momento a ser vivido. Se entregue a Deus em um
momento de oração diante do Sacrário, você
sozinho ou com aqueles que estarão junto contigo,
para que seja(m) guiado(s) pela vontade de Deus
na atuação ministerial.
A POSTURA DO MINISTRO DO CANTO
LITÚRGICO
Silêncio: parece estranho falarmos nisto, mas
silenciar nos momentos em que a celebração
solicita também é algo que deve ser observado.
Martin Valverde recomenda o seguinte aos músicos
cristãos: “Guarde Silêncio, busque-o, conquiste-o.
Não tenha medo do silêncio, pois ele é a chave de
um mundo que você jamais imaginou conhecer”.
Silenciar é uma das posturas importantes dentro da
celebração, pois ajuda a criar sintonia com o que é
celebrado e, assim, permite ao ministro adentrar ao
Mistério e fazer com que a assembléia também
faça isto.
 VALVERDE, M. O silêncio do músico, p. 11

QUESTÕES TÉCNICAS

Instrumentos: um cuidado que deve os
instrumentistas ter é o de afinar os seus
instrumentos antes do início das celebrações.
Preferencialmente estes sejam afinados fora do
templo ou local celebrativo. No caso de
instrumentos de corda, no incidente de terem uma
das cordas rebentadas ou desafinar uma das
cordas durante a celebração, tenha a cortesia de
se retirar do ambiente, afiná-lo em um lugar que
não atrapalhe a celebração para continuar o seu
trabalho.
QUESTÕES TÉCNICAS

Instrumentistas: ressaltamos mais uma vez que
você não é o astro e que, portanto, o seu ministério
deve ser exercido com humildade. Procure estar
sintonizado com a celebração e não se dispersar.
Quando cantar, fazer com que a comunidade cante
contigo. Para tanto, critério ao escolher as músicas,
para que sejam conhecidas ou ensaiadas antes da
celebração, e cuidar do tom para que a
comunidade cante harmonicamente e você não
desafine durante a execução. Ao tocar com outros
instrumentistas, procure ser moderado nos acordes
a serem utilizados, para que os outros consigam
também acompanhar, salvo quando ensaiados com
eles.
QUESTÕES TÉCNICAS

Som: a aparelhagem de som é um dos grandes
“dodói” de nossas celebrações. Som desregulado,
microfonia e vozes baixas são alguns dos
problemas mais comuns. Neste caso, busque
interação com o padre para dar qualidade ao som,
buscando treinamento com ele ou o incentivando
para contratar um técnico responsável que regulem
vossos aparelhos e deem formação para que a
comunidade tenha autonomia na manipulação do
som. Cuidado também para que não seja qualquer
um a mexer no aparelho, para que se evitem mais
problemas, mas só pessoas treinadas para tanto.
SALMO 150
1
Louvai o Senhor Deus no santuário, *
louvai-o no alto céu de seu poder!
–2 Louvai-o por seus feitos grandiosos, *
louvai-o em sua grandeza majestosa!
–3 Louvai-o com o toque da trombeta, *
louvai-o com a harpa e com a cítara!
–4 Louvai-o com a dança e o tambor, *
louvai-o com as cordas e as flautas!
–5 Louvai-o com os címbalos sonoros, *
louvai-o com os címbalos de júbilo!
– Louve a Deus tudo o que vive e que respira, *
tudo cante os louvores do Senhor!.

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