clique aqui para ver a versão em PDF para impressão

Transcrição

clique aqui para ver a versão em PDF para impressão
www.guanabara.org.br
Bauzinho visto da Pedra do Baú - São José dos Campos (foto: Carla Vieira)
Edição de Março de 2003 - 300 exemplares
Artigos
Reforma do Estatuto do CEG
Aconcágua - O Desafio da América
CEG - 44 Anos
Stop - Uma Expectativa Alcançada
Notícias
I Concurso de Fotografia - 2003
Novidades na Biblioteca
Projeto Planágua
Março de 2003
PROGRAMAÇÃO DE MARÇO
1234
562728389
34
123
45675812345672483
13
9819
875
45773993
13
13
1*3
-3
-3
-13
223
223
223
23
23
23
2*3
2*3
24
96
3363
186393
96
333
1863923
96
333
96
3363
96
333
96
32363
96
3363
www.guanabara.org.br
ANIVERSARIANTES DO MÊS
23
9794
3
3
7 !3"#$8648845
4578245
%57353&'53
22353"7('8648845
4577743
)53533
'3+'8)''33%( , 3
&'53
.8648845
758373
) 3
+'5$34 53/5''0819
8754275
3
+5'3%'
8178957
755
! 235353
4. 3
7519
87587373
+ 33/ 5
815
! 235353
) 3
2! 43677 8145
953785
96
333
3
35757' 8648845
7572275
96
3363
%57353&'53
'8 33986488458 4569485
96
333
)53
533433: 384!2 5
5353
25 '3
&3 23
+' 63"
5; 6878875
95
! 2353533
+ 23
"787275
!3' 3
<78145
953785
96
3363
) 3
& 66'33=>68648845
95#45$443
96
333
3
Os locais e horários de encontro são combinados nas quintas-feiras anteriores às excursões.
Procure o guia responsável nas reuniões sociais, ou ligue para o clube quinta-feira à noite: Tel.: 2232-0569
12 34567892
447624672
2 567267962822
4762892679294762
222
76892!9"2#$2829622
8462#67462&$28926'922
%2 "749279562
)*76892 7747628926'922
(2 #4'92!65+2 774762#942
-42#976286262
,2 #67462.62$28276/092
142542374762968622
5672&956*24'22
42 17629545692144692
#749248622
112
34567892 76892&6762
5237572#82!7$22
12 )867892)8492#4'642
12 #67592#67+286*482
#67462#6'48276297'2
192 36'928624*62*22
9'492+4762$2
447622
1%2 #6792#9'4792#656892
:67234479287982
7'92&9872
1(2 399234572
667623462$24*47622
1,2 84752#67462824*4762
3987426'792
142 846214476282382
1;2 -728296234'92
)4628276092
9772
2 "462677'92"672
36'9234728926'922
2 &462)<7482&462
"462#67462892$23447922
92
!9"24282*8929'62
%2 946254''2
(2 749242
447622962
,2 '94923747628624*62
42 #67492397'9282#$236692
86*62&9234'92
;2 7729'6282#2
62&722
=2 9'>4928624*629545692
12 524629'6292#965772
Toda última quinta-feira do mês
haverá festa de comemoração
para os aniversariantes.
Compareçam!
2
Diretoria do CEG
Presidenta
Vice Presidente
Tesoureira
1º Secretário
2º Secretário
Dir. Técnico
Dir. Social
Dir. Divulgação
Dir. de Meio Ambiente
Bibliotecário
Juliana Fell
José Ivan
Fernanda Reis
André Stellmann
Luiz Bandeira
Frederico Noritomi
Eliete Marostica
Marcus Soares
Alexandre Souza
Elisa Goldman
Colaboraram nesta edição:
Textos: Eliete Marostica,
Elisa Goldman, Francisco Saraiva,
Luiz Alberto e Rodolfo Campos
Arte: Carla Vieira
Reuniões Sociais do CEG
Todas as quintas-feiras, a partir das 19:00.
Caso queira contribuir com esse boletim,
envie seus artigos, notícias, comentários e sugestões
para Rua Washington Luiz, 9 - cobertura Rio de Janeiro - RJ - Cep 20230-020 ou
por e-mail: [email protected]
As matérias aqui publicadas não representam
necessariamente a posição oficial do Centro
Excursionista Guanabara. Ressaltamos
que o boletim é um espaço aberto àqueles
que queiram contribuir.
Tabela de Preços
Mensalidade:
Matrícula ou Descongelamento:
Curso Básico de Montanhismo:
Curso Avançado de Escalada:
R$ 10,00
R$ 30,00
R$ 300,00
R$ 180,00
11
Março de 2003
www.guanabara.org.br
Reforma do Estatuto do Centro Excursionista
Guanabara e demais medidas
Na festa dos 44 anos do CEG...
Xakal: “Pink, deixa eu dar uma mordidinha no
seu salcichão?”
Pink: “Ih, fala sério Xakal!”
Xakal: “Só uma mordidinha, vai!”
Pink: “Tudo bem, mas vai logo. Vai, vai,vai...”
Na volta de Ilha Grande
Fernanda: “Qual o nome daquela praia onde tem
uma igrejinha e um cemitério?
Bianca (amiga do Altair): Aquele que tem alguns
túmulos?
Fernanda: “Bem, pelo menos é isso que se costuma
ter em cemitérios, não é?!!!...”
A Descoberta
Samara aprendendo a utilizar máscara de
mergulho:
- Gente, acho que na minha cabeça tem mais ar
do que nos pulmões. Eu esvaziei todo o meu
pulmão mas minha cabeça não consegue
afundar!!!
E
BR
A Confissão
Luciano, amigo do Altair, confessando não gostar
de comer frango com farofa na praia: “O maior
problema não é pagar mico, mas distinguir o
que é areia e o que é farofa!”
10
VE
Concurso de Fotografia
Amigos montanhistas amantes da arte de
fotografar, preparem suas câmeras e soltem
sua imaginação.
Em breve, estaremos divulgando
o regulamento do
I Concurso de Fotografia de 2003.
Boas escaladas, boas caminhadas e...
bons clicks.
O Guanabara este ano comemora 44
anos e junto com ele o Estatuto do clube, que
mantém-se inalterado desde 1958. Tendo
sido redigido dentro de uma outra realidade,
uma reforma do seu texto torna-se bastante
importante.
Com a posse da nova diretoria, uma das
primeiras preocupações foi a reforma do
Estatuto para adaptá-lo aos nossos tempos.
Uma primeira versão foi discutida entre a
Diretoria e agora é apresentada aos demais
associados. A idéia é de que o texto do
documento seja amplamente debatido entre
todos, para que possamos chegar a um
resultado que seja condizente com nossa
realidade e consiga representar os anseios
de todos os associados.
Após esse processo, o Estatuto reformado
será votado em Assembléia Geral
Extraordinária e passará a vigorar desse dia
em diante.
Na sugestão apresentada para debate, o
texto original encontra-se escrito em preto e
a alteração do artigo ou parágrafo está logo
abaixo em vermelho.
Uma das principais mudanças no texto é
o tempo de duração da gestão da diretoria,
que passará a ser de um ano como já vinha
sendo feito na prática. Outra importante
alteração é uma definição mais clara das
regras para criação do Conselho
Deliberativo. Segundo o Estatuto atual o
Conselho Deliberativo seria criado quando
houvessem 200 (duzentos) sócios, sem
especificar se seriam sócios ativos ou não e
isso criava um impasse, pois o clube tem em
seu cadastro mais de 800 (oitocentos) sócios,
embora apenas cerca de 60 (sessenta) estão
ativos. O novo texto especifica a necessidade
de 200 (duzentos) sócios em dia com as
mensalidades. Com essa pequena mudança,
será aberto o caminho para a criação do
Conselho Fiscal que é eleito pelo Conselho
Deliberativo mas na sua ausência é eleito em
Assembléia Geral Extraordinária. Por último, o
Estatuto passa a prever a existência de um
Manual de Identificação da Marca do CEG
que conterá todas as informações e diretrizes
sobre a aplicação da mesma. Este manual
também deve ser aprovado em Assembléia
Geral Extraordinária.
Diante dessas questões é inegável a
importância da próxima Assembléia que será
realizada em 8 de maio, sendo um momento
muito importante para a história do clube. Para
isso, é fundamental a participação de todos.
Essa participação, porém, não se dará somente
na data da Assembléia, mas começa hoje
mesmo. O primeiro passo é uma leitura
criteriosa das sugestões de texto do novo
Estatuto e do Manual da Marca CEG. A idéia
é que esses documentos sejam estudados por
todos os associados para que juntos cheguemos
a um resultado satisfatório. As sugestões serão
aceitas até 17 de abril e após essa data o texto
final será elaborado para apresentação e
votação. Além disso é necessária a imediata
mobilização para definição dos candidatos a
membros do Conselho Fiscal (serão três os
eleitos). Por fim não podemos esquecer de que
só poderão participar da votação os
associados em dia com as obrigações do
clube.
3
Março de 2003
O texto do novo Estatuto e o Manual da
Marca do CEG encontram-se disponíveis no
nosso site (www.guanabara.org.br) e na
secretaria do Clube. As sugestões deverão ser
encaminhadas ao Rodolfo Campos
([email protected]) responsável pelo
trabalho de reunir as sugestões e atualizar o
estatuto, até a versão final.
A Diretoria do CEG encontra-se à
disposição para o esclarecimento de
quaisquer dúvidas e conta com a participação
de todos os associados nesse processo.
Juliana Fell
Fique por Dentro
Novidades na Biblioteca
Coordenada pela nossa querida Elisa
Goldman (“Show de Vida”), sempre em busca de
novidades no mundo do montanhismo, nossa
biblioteca conta com mais três fitas de video:
Terra de Gigantes - um vídeo de 30
minutos sobre a conquista de um Big Wall na
Pedra do Sino;
Lobotomia 3 - diversas escaladas no Brasil:
boulders, big walls, vias no interior de Minas, Rio,
São Paulo e Rio Grande do Sul;
Escalada Brasil - um vídeo sobre as diversas
modalidades de escaladas existentes no Brasil.
As fitas de vídeo, livros, croquis e revistas estão
à disposição dos associados. Basta estar em dia
com as mensalidades para se ter acesso ao nosso
acervo.
Aceitamos doações de materiais sobre
montanhismo. Os interessados devem procurar
Elisa Goldman.
4
www.guanabara.org.br
inglês e espanhol são suficientes para você se
sentir em “casa”.
A vida em alta montanha é um pouco dura,
principalmente na fase de adaptação, que
dura, em média 4 dias. A rotina consiste em
comer, beber água (muita) e caminhar, até
que o controle médico te libere para subir.
Faz parte dessa rotina passar de manhã pela
barraca da equipe médica para medir a
pressão e o nível de oxigenação no sangue.
Esses parâmetros mostram em que fase do
condicionamento à altitude seu organismo se
encontra.
Fui liberado para subir no dia 18/01.
Nesse dia levei o resto do equipo para Plaza
Canadá (5050 m) e passei a noite lá. A idéia
era subir um acampamento por dia e atacar
o cume por volta do dia 23/01.
O cronograma de ataque foi frustrado
logo no primeiro dia, pois a noite de 18 para
19/01 foi terrível, com vento constante de 100
km/h e rajadas de até 160 km/h. Os guardasparques em Plaza de Mulas já haviam avisado
que uma frente fria estava entrando naquela
área, vinda do Pacífico. Eu só posso dizer que
uma tempestade a 5000 m é a coisa mais
apavorante que passei até agora na minha
vida. No acampamento superior de Nido de
Condores, quase todas as barracas foram
derrubadas, fazendo com que os montanhistas
acampados lá tivessem que voltar de
madrugada para Plaza de Mulas sob
temperatura negativa de até - 30 ºC.
Continua na próxima edição do boletim.
O texto completo e todas as informações e
críticas desta expedição serão disponibilizados
pela internet, no site do CEG, em breve.
Luiz Alberto Correia
CEG - 44 Anos
No dia treze de fevereiro iniciamos as
comemorações do quadragésimo quarto
aniversário do CEG em grande estilo.
Manuel e Joaquin, registraram sua passagem
em um dos maiores símbolos do montanhismo
carioca, o Dedo de Deus, deixando lá uma
mensagem comemorativa. As comemorações
estenderam-se à noite onde cerca de sessenta
pessoas participaram da festa realizada na própria
sede do clube, com a presença ilustre da mais
antiga sócia do CEG, Suelly da Silva Ribeiro
contando aos presentes, principalmente aos
iniciantes, divertidas histórias da criação do
Guanabara em 1959. Mas não parou por aí.
No sábado, dia 15, foram realizadas seis
excursões, entre caminhadas e escaladas.
Houve um grande número de participantes,
quase trinta pessoas, que se encontraram há 1021
metros de altura com direito a fotos no cume. Só
para registrar, fizeram a via Vereda Tropical:
Joaquim e Bernardo, Eliel e Clézio;
Caipirríssima: Rodolfo e Manuel; Magia
Vertical: Alex e Elisa; P3: Fred e Francisco
(PlayBoy), Rogéria e Dolly. Nas caminhas, pela
via normal, comandada pelo Mollica,
participaram: Ana Carolina, Arthur e Malena e
pelo Costão, guiados por Beto, Samara,
Bomtempo e Trindade, participaram: Ligeirinho,
Marcelo Braga, Paulo, Guto, Celina, Passalogo,
Gislaine, Juliana e Eliete. Todos se encontraram
no ponto mais alto da cidade do Rio de Janeiro,
o Pico da Tijuca. E como não poderia ser
diferente,tudo acabou em Chopp, no melhor estilo
Guanabarino.
Mais uma vez o CEG merece os nossos
parabéns....
Eliete Maróstica
9
Março de 2003
www.guanabara.org.br
Aconcágua - O Desafio da América
STOP - uma expectativa alcançada
Estive recentemente no Parque Provincial Aconcágua,
que fica na Argentina, bem próximo da fronteira com o
Chile. Entre os dia 11/01 e 22/01/2003, passei pelas
três primeiras etapas da ascensão, todavia não logrando
alcançar o cume por questões variadas.
Normalmente, qualquer pessoa do nosso meio,
razoavelmente preparada e equipada, consegue fazer o
cume passando pelas seis etapas de aclimatação, quais
sejam: (1) Confluência (3300 m); (2) Plaza de Mulas
(4300 m); (3) Plaza Canadá (5050 m); (4) Nido de
Condores ( 5560 m); (5) Refugio Berlin (5920 m); (6)
Refugio Independência (6550 m) e (7) Cume Norte (6959
m). Normalmente o ataque final parte de Berlin, numa
caminhada que, dependendo das condições climáticas e
físicas do montanhista, pode durar de 7 a 12 horas.
A administração do P. P.Aconcágua divide, para efeitos
de logística e cobrança de taxas de entrada, as
temporadas de ascensão em três categorias.(1) Baixa
temporada – 21/02 a 15/03 (USD 80.00); (2) Média
temporada – 01/02 a 20/02 (USD 120.00) e (3) Alta
temporada – 15/12 a 31/01 ( USD 200.00). Nem todas
as pessoas que entram no Parque vão tentar o cume, pois
existem varias trilhas e caminhadas para todo tipo de
gente. Por exemplo, uma caminhada até Plaza Francia
(Face Sul), com permiso para ficar até 3 dias custa USD
30.00. Em tempo, o “permiso” é o passaporte de entrada
e permanência no Parque e deve ser apresentado aos
guardaparques na entrada e saída do mesmo, na
chegada em Confluência e na chegada e saída de Plaza
de Mulas. Esse controle se justifica para a manutenção
das condições sanitárias do parque, dentro do plano
macro de manejo ambiental, que, diga-se de passagem,
vem funcionando muito bem.
Plaza de Mulas bem se poderia dizer que é um posto
avançado da ONU em alta montanha, pois nesse tempo
que lá estive pude contar representantes de 25 países.
Dias depois de retornar, numa reportagem que li no jornal,
a contagem estava em 63. Normalmente rudimentos de
Quinta-feira, 6 de fevereiro, pouco depois das
20h, na sede do clube, o Mollica me pergunta: “Vamos fazer a Stop no sábado?” Sem nem
raciocinar, respondo: Sim!
Deixa-me esclarecer: Dentre as minhas
pretensões de escalada, uma é o Dedo de Deus.
É uma das metas que eu fiz para um futuro próximo
e, todos que fizeram o “Dedo” falam da técnica
de escalada em chaminé como um pré-requisito.
Portanto a “Stop” para mim, além de ser uma
escalada que eu queria fazer há muito tempo, era
uma chance de aplicar uma técnica que tive
poucas oportunidades de usar.
Todos que me falaram da “Stop” disseram que
é uma escalada longa, cansativa, “detonadora”
de “baudriers” e cordas. Que você sai muito sujo
e, é claro, tem o “buraco da galinha”. Tudo isso
é verdade, mas é preciso subir a “Stop” para ter
as próprias impressões. Nada do que eu disser
vai descrever com a necessária ênfase os
sentimentos que se tem dessa escalada, mas vou
tentar dar uma idéia.
Encontrei o Mollica às 7h30 do sábado, em
frente ao seu prédio e conseguimos chegar à base
da escalada às 9h. Não porque seja longe, mas
é que até chegar à base fizemos algumas paradas
e tivemos alguns encontros, ainda na praça
General Tibúrcio e no Laguna: o Ivan e o Fred,
que estavam fazendo o curso de geologia da
AGUIPERJ, o “Pink” e a Marcinha, que iam fazer
alguma via do Babilônia com o Beto.
Chegando à base, num pequeno platô,
colocamos nosso equipamento. Normalmente o
recomendado é ser minimalista. O ideal é que
existam poucas mochilas para que elas sejam
içadas durante a maior parte da escalada. Mas
depois de fazer a “Stop”, eu acho que isso é uma
das alternativas. Acredito que levar pouco
8
equipamento é melhor, como em qualquer
escalada, mas se houver poucas pessoas
escalando (no caso era eu e o Mollica) não é
condenável levar uma mochila por escalador. No
entanto, isso também depende da forma que se
for escalar: com mais rapidez, sem parar muito
para apreciar o lugar, ou mais devagar, chegando
até a 9h até o fim, que foi o nosso caso.
No início, a escalada não apresentou grandes
dificuldades, com uma diagonal para a esquerda,
feita de frestas e agarras de bom tamanho.
Tivemos, apenas, que tomar cuidado com os
marimbondos. Depois começaram as chaminés.
A técnica era aparentemente fácil, pois só
precisamos pôr as costas na parede de ângulo
mais positivo e os pés contra a parede oposta.
Mas a facilidade era só impressão pois, depois
de algumas horas escalando, descobrimos que o
“controle motor”, necessário aos movimentos de
subida, não era fácil de ser mantido. Seria mais
fácil se houvesse agarras em ambas as paredes,
mas elas nem sempre existiam. O que existia era
uma camada de fuligem escorregadia.
Às 11h50 chegamos ao “Salão Azul”. Este era
um lugar realmente bonito. Como uma caverna
muito alta, com uma árvore em frente, tivemos
uma vista para fora como se estivéssemos em uma
grande varanda, profunda e ventilada. Passamos
quase uma hora ali, descansando e conversando.
Eu diria, também, que pode ser o fim da “Stop”,
na modalidade “light”, porque, acima disso é que
começam as dificuldades. Só não consigo
imaginar o rapel em uma chaminé, deve ser algo
muito desagradável.
A saída do “Salão Azul” é, como quase todo
o percurso, em chaminé. Mas tivemos a
oportunidade de aplicar algumas oposições e
alçadas de corpo. Pouco tempo depois vinha a
5
Março de 2003
passagem por algumas frestas, cuja mais famosa,
o “Buraco da Galinha”, era um exemplo de que:
se para escalar não precisamos ser esbeltos, para
passar através de frestas, é obrigatório. Eu acredito
que existe uma certa tolerância, visto que eu e o
Mollica passamos, mas não sei dizer quem mais
poderia passar, pois é muito estreito. Como em
alguns outros trechos, nem pensar em mochila,.o
ideal é que só estivéssemos de “Baudrier”. Depois
deste marco, como um prenúncio, as dificuldades
nos são apresentadas em seqüência. Temos uma
chaminé horizontal (chaminé do “L”) e um trecho
que nos parece mais adequado a escalar seguindo
uma fenda que está na parede de ângulo mais
positivo. Houve trechos em que para tentar
abreviar a escalada, subi com as mochilas
penduradas. Tudo bem que estava com corda de
cima, mas é um pouco cansativo.
Outro platô com visual muito bonito (tiramos
algumas fotos) e a sede apertando, nos sentimos
como se estivéssemos no “Everest”. Explico:
levamos apenas 2,5 l de água mais uma garrafa
de isotônico, mas a água acabou e restava cerca
de 300 ml de gelo. Precisávamos de um fogareiro
para descongelar o gelo. Na falta deste,
recorremos ao canivete para abrir a garrafa “Pet”
de 1,5l e quebrar o gelo, literalmente.
Conseguimos um pouco mais de água, mas a
sede nos acompanhou até o fim da escalada.
Depois do “Passo do Gigante”, quase no fim,
temos uma fenda que não consegui escalar em
chaminé. Fiquei entalado e, como estava um
pouco desidratado, não tive forças para fazer
oposição ou escalada em agarra, que são outras
alternativas para o lance. No fim, escalada em
agarras, que seriam relativamente tranqüilas, se
estivesse mais inteiro, mas, com sede e cansaço,
foi difícil. Quando cheguei, agora só caminhando,
ao platô da “Gruta da Santinha” (18h), estava
no bagaço, com muita sede não conseguia quase
andar. Enrolamos a corda e calcei o tênis. Depois
subimos um pouco (mais 5 min.) e saímos na
6
www.guanabara.org.br
cerca que normalmente atingimos depois do
“Costão”, só que mais à esquerda, do lado do
bondinho. Procuramos a lanchonete e bebemos
algumas latas de Coca-Cola e água. Refeitos,
eu pude reavaliar a escalada.
Se o objetivo é escalar toda a “Stop”, pense
nos seguintes pontos:
- O “Baudrier” será raspado contra a pedra,
se tiver alternativa, use um “Baudrier” velho, mas
confortável e seguro. Como isso nem sempre é
possível, procure usar uma camiseta (sempre de
mangas) por cima da parte detrás do “Baudrier”.
É claro que sua camiseta será jogada no lixo
depois, mas vai sair mais barato.
- Não tenha nada que não seja necessário
pendurado em você. Para a água e máquina
fotográfica, use a sua mochila que, também, será
detonada. Eu tenho uma mochila de lona,
pequena, do tipo das do exército. O ideal é que
seja uma de 25 l. Pense em levar uma “retinida”
(corda pequena e resistente) de uns 10m para
rebocar as mochilas. Eu levei e perdi um saco de
magnésio, mas não senti necessidade dele em
nenhum momento, na verdade ele me atrapalhou
um bocado. A lanterna é obrigatória, como em
qualquer excursão longa, mas ela deve ficar na
mochila para ser usada apenas no caso de
necessidade. Use joelheiras e calças confortáveis,
nada que dificulte os movimentos.
- Nunca é demais lembrar, leve bastante água:
2,5 l de água mais uma garrafa de isotônico ou
água de coco, por escalador.
- Se for participar, peça ao seu guia que não
se distancie muito. Se for guiar, lembre-se de que:
como em qualquer chaminé, a grampeação é
longa. Aqui vale agradecer a paciência e
segurança que o Mollica proporcionou à escalada.
Se eu pretendo fazer a “Stop” novamente?
... Acho que sim!!! Mas não tão cedo. Poderia,
na próxima vez, fazê-la no inverno.
Francisco Saraiva
Projeto Planágua
O CEG agradece ao IEF - Instituto Estadual de
Floresta - pela doação do CD Rom do Projeto
PLANÁGUA da SEMADS - Secretaria de Estado
do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável. O Projeto Planágua SEMADS/
GTZ, de Cooperação Técnica Brasil Alemanha, vem apoiando o Estado do Rio
de Janeiro no gerenciamento de recursos
hídricos com enfoque na proteção de
ecossistemas aquáticos.
Vale a pena conferir!
7

Documentos relacionados

Pedra Lisa (e escorregadia) Editorial da Presidência Deus

Pedra Lisa (e escorregadia) Editorial da Presidência Deus Mario Senna e Frederico Noritomi Fotografias: Altair Trindade e Carla Vieira Revisão: Fernanda Reis Arte: Carla Vieira

Leia mais

Guia é para guiar! O CEG e a Montcamp estarão sorteando vários

Guia é para guiar! O CEG e a Montcamp estarão sorteando vários Frederico Noritomi e Elisa Fotografia: Francisco Saraiva Revisão: Fernanda Reis Arte: Carla Vieira

Leia mais