As cruzes dos times de futebol

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As cruzes dos times de futebol
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As cruzes dos times de futebol
Laércio Becker, de Curitiba-PR
SUMÁRIO
Cruz de Savóia...............................................................................................................2
Cruz de Santo André......................................................................................................4
Cruz de São Jorge..........................................................................................................6
Cruz de Santiago............................................................................................................8
Cruz de Avis.................................................................................................................. 9
Cruz de Malta.............................................................................................................. 14
Cruz templária............................................................................................................. 16
Cruz de Cristo..............................................................................................................18
Cruz pátea....................................................................................................................25
Cruz missioneira..........................................................................................................36
Cruzeiro do Sul............................................................................................................37
Cruzes não identificadas..............................................................................................39
Referências bibliográficas........................................................................................... 40
Originalmente, a cruz, como símbolo heráldico, significava a guarda da espada e
era concedida a todo cavaleiro que tirava sangue do inimigo. Segundo Alejandro de
Armengol y de Pereyra e Pedro Baltasar de Andrade, muitas famílias da nobreza
européia trazem a cruz nos seus escudos como recordação de seus antepassados que
participaram das Cruzadas.
Para Tchakhotine, o uso de insígnias corresponde a uma necessidade que as
pessoas têm de exteriorizar um pouco de sua vida interior, de sua orientação. Numa
época de ritmo tão veloz, a identificação dessa orientação precisa ser imediata. No
futebol, nada identifica mais rápido uma “tribo” da outra do que o escudo do clube que
defendem.
Na perfeita definição de Demond Morris, o escudo de um clube de futebol
constitui um rótulo de identidade, um símbolo onipresente que “contribui para manter
vivo o sentido de ligação ao clube e, ao mesmo tempo, atua como ameaça e
intimidação dirigida aos homens das tribos rivais”. Usado na “guerra das imagens”
(Gruzinski), perfeita para uma sociedade de massa, neotribal (Maffesoli), em verdadeira
disputa totêmica, na excelente síntese de Hilário Franco Jr.:
“O escudo é praticamente a síntese material do clube, sua corporificação, daí a
atenção e tensão de que é cercado. É para demonstrar profunda identificação
(verdadeira ou simulada) com o clã que defende que se tornou comum o jogador beijar
o escudo da camisa após marcar um gol ou conquistar um título. Ou bater a mão no
peito, em cima ou próximo do escudo clubístico, quase a incorporá-lo, introduzi-lo no
próprio corpo. Aliás, não é casual que na maioria das vezes o escudo esteja localizado
no lado esquerdo da camisa, acima do coração do jogador e do torcedor que a veste.”
Aos olhos de um estrangeiro, fica ainda mais evidente esse uso ostensivo e
diário do escudo, pelo torcedor brasileiro. Quem o diz é a socióloga americana Janet
Lever:
“Como uma demonstração de lealdade, os brasileiros carregam símbolos de
sua fidelidade durante toda a semana, não apenas no dia da partida. Quando conversei
com vários homens sobre futebol, descobri com bastante freqüência que tinham um
chaveiro, um alfinete de lapela ou uma correia de relógio com as cores de seu clube.”
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Pois bem, pelo título, parece que vamos falar de alguma “cruz” que os times
carregam. Nada disso. É sobre a cruz que ostentam no peito. Obs.: entre aspas, colocarei
os termos utilizados no jargão da heráldica.
Cruz de Savóia
Savóia era um condado, depois ducado, que ocupava parte do Piemonte
(atualmente na Itália) e da Savóia (atualmente na França). Seus governantes eram de
uma dinastia conhecida pelo mesmo nome: Casa de Savóia. Em 1720, os Savóias
agregaram o título de reis da Sardenha e, com a unificação da Itália, em 1861, passaram
a deter o trono de reis da Itália, até 1946, quando foi proclamada a República.
A Casa de Savóia tinha no escudo uma cruz branca (prata), firmada (i.e., cujas
hastes alcançam as bordas do escudo) sobre fundo vermelho (“goles” ou “gules”).
Quando estava no poder, premiava as pessoas de mérito com medalhas da Ordem Civil
e da Ordem Militar de Savóia. A medalha da Ordem Civil era composta de uma cruz de
ouro e, no centro, um círculo com as iniciais do fundador, Vittorio Emanuelle II –
primeiro rei da Itália unificada. Já a medalha da Ordem Militar continha, no círculo
central, uma cruz branca sobre fundo vermelho. É o que se tem chamado de “Cruz de
Savóia”, embora o Nouveau Larousse Illustré (t. 3, p. 418) afirme que as cruzes
adotadas pelas casas reais – e exemplifica expressamente com a de Savóia – não têm um
nome para cada uma delas.
Os heraldistas costumam divergir sobre o significado das cores. No entanto, em
linhas gerais, a cor prata (branca) costuma significar pureza e inocência. E, para alguns
(Poliano, Moya), o “goles” (vermelho) pode significar, entre outras coisas,
derramamento de sangue em batalha, i.e., vitória sangrenta sobre os inimigos. Daí que
uma das interpretações para essa combinação de cores da chamada Cruz de Savóia é
que, para se chegar à paz (branco), é preciso sangrar (vermelho).
Na realidade, muitas famílias da nobreza européia trazem uma cruz para
recordar a participação nas Cruzadas. Por isso, segundo Pedro Baltasar de Andrade, a
Casa de Savóia tem esse escudo como lembrança por ter socorrido a ilha de Rodes,
quando estava sitiada pelos turcos.
Armas da Casa de Savóia.
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Bandeira da Suíça. Notem que, apesar de ter uma cruz branca sobre fundo
vermelho, as hastes da cruz não alcançam as bordas da bandeira (ou seja, não é
“firmada”, mas “solta” ou “suspensa”, como se diz na heráldica), ao contrário da Cruz
de Savóia.
*
Nos seus primórdios, o Palestra Itália usava na camisa uma Cruz de Savóia.
Consta que, nessa homenagem à Casa real italiana, se inspirou no escudo do Pro
Vercelli, time italiano que havia feito uma excursão pelo Brasil em 1914. Para seu
primeiro jogo, o Palestra buscou outro time de “oriundi”: o Sport Club Savóia (atual
Clube Atlético de Votorantim), de Votorantim, então distrito de Sorocaba.
O Savóia, evidentemente, também homenageava a dinastia que reinava então na
Itália. Mas a cruz grega (i.e., de hastes iguais) que ele carrega no escudo não é a de
Savóia: é branca (prata), mas sobre fundo azul (“blau” ou “azur”), em vez de fundo
vermelho.
A Cruz de Savóia voltou ao uniforme palmeirense numa camisa comemorativa
branca, em 2004, para comemorar os noventa anos do clube. Foi usada no Feriado da
Independência do Brasil, numa derrota por 3x1 para o Cruzeiro. Depois, retornou mais
uma vez em 2009 na camisa 3, alvi-anil – ver nosso artigo “Camisas de clubes de cores
diferentes”.
Escudo do Pro Vercelli.
Antigo escudo do Palestra Italia. Notem que seu formato não é o mesmo do Pro
Vercelli, nem da Medalha, muito menos das Armas da Casa de Savóia. Isso mostra
como a Cruz de Savóia se caracteriza mais pela combinação de cores que pelo formato.
Camisa 3 do Palmeiras em 2009, com o retorno da Cruz de Savóia.
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Escudo do Savóia, de Votorantim (SP). A cruz não é firmada, mas solta
(suspensa), então também não é a Cruz de Savóia.
Cruz de Santo André
Aqui não há muito o que dizer. A Cruz de Santo André ou de Borgonha
(também chamada de “sautor”) é uma cruz “decussata” (i.e., que tem o formato de um
“X” ou “aspa”), tal como na bandeira da Escócia. É assim chamada porque foi numa
cruz dessas que Santo André foi martirizado até a morte. É utilizada em placa de
trânsito, para sinalizar cruzamento ferroviário.
Cruz de Santo André.
Bandeira da Escócia.
Placa A-41 do Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito.
*
Têm ou tinham no escudo a Cruz de Santo André os seguintes clubes, todos da
cidade de Santo André, no ABC paulista: Santo André FC, EC Santo André e
Corinthians FC. Também a Liga Santoandreense de Futebol. Em todos, o motivo da
escolha da cruz é óbvio. O Ipatinga FC (MG) também tem uma Cruz de Santo André
verde, só que atrás de uma cruz grega vermelha, ambas soltas.
Além dessas entidades, o EC Costeira, de São Gonçalo (RJ) também apresenta
uma Cruz de Santo André. O clube foi fundado em 26.05.1960 por funcionários da
Companhia Nacional de Navegação Costeira (conhecida simplesmente como
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“Costeira”), que trabalhavam na Ilha do Viana. Daí que a primeira tendência é de achar
que se baseou em algum símbolo dessa empresa. Mas não é o caso, porque a Costeira
tinha por símbolo uma cruz pátea, como veremos mais adiante.
Outra hipótese poderia ser que o clube teria se inspirado nas bandeiras da
navegação marítima. De fato, no Código Internacional de Sinais, a bandeira que
representa a letra “M” é muito parecida com a do EC Costeira. No entanto, ela também
significa “meu navio está parado” – e acho pouco provável que um significado desses
inspire um clube de futebol. Teria então alguma ligação com a Escócia? Se fosse o
paulistano Scottish Wanderers FC, de 1914...
Talvez o mais provável é que a inspiração tenha sido a bandeira do município de
São Gonçalo.
Escudo da Liga Santoandreense de Futebol.
Escudo do Santo André FC.
Escudo do EC Santo André.
Escudo do Ipatinga FC (MG). A cruz verde é de Santo André.
Escudo do EC Costeira, de São Gonçalo (RJ).
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Letra “M” no Código Internacional de Sinais de navegação marítima: “meu
navio está parado”.
Bandeira do município de São Gonçalo (RJ).
Cruz de São Jorge
A Cruz de São Jorge é uma cruz vermelha (“goles”), firmada (como já vimos,
que vai até as bordas do escudo ou da bandeira), sobre fundo branco (prata).
Era a bandeira da República de Gênova, que tinha São Jorge por padroeiro. Os
navios ingleses, para mostrar que tinham autorização de Gênova para trafegar pelo
Mediterrâneo, usavam essa bandeira. Usaram tanto que acabou virando a bandeira
nacional da própria Inglaterra.
Desde o séc. XII, por influência dos cruzados ingleses, São Jorge era um santo
muito cultuado em Portugal, até virar padroeiro a partir de 1387 (depois de 1640,
passou a ser Nossa Senhora da Conceição). Com tamanha devoção, nos séculos XV e
XVI, a Cruz de São Jorge também foi uma espécie de segunda bandeira de Portugal.
Cruz de São Jorge.
Bandeira da Inglaterra.
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Quem substituiu a Cruz de São Jorge pela Cruz de Cristo, como símbolo
nacional, foi justamente o rei D. Manuel – do tempo do descobrimento do Brasil. Ou
seja, foi por pouco que, em vez da Cruz de Cristo, as caravelas de Cabral e Vasco da
Gama não ostentaram a Cruz de São Jorge. Claro que isso teria ditado outros rumos para
os escudos de vários clubes brasileiros, em especial os da colônia portuguesa.
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Era de se esperar que a Cruz de São Jorge estivesse em escudos de clubes de
ingleses no Brasil, como Paysandu AC (RJ), São Paulo AC (SP), Santos AC (SP), Rio
Cricket AA (RJ), Club Internacional de Cricket (BA) e British Club (PE).
Em vez disso, São Jorge está bastante presente é na cultura corintiana, já que o
clube tem sede no Parque São Jorge. E essa ligação com o santo tem transparecido nos
terceiros uniformes mais recentes. Na camisa 3 de 2011, o santo está estampado no
peito. Já a camisa 3 de 2010, preta, tem uma grande cruz latina (i.e., em que a haste
inferior é maior que as demais, ao contrário da cruz grega), de cor roxa (púrpura), no
peito. Salvo engano, a idéia é dizer que é uma Cruz de São Jorge.
Imagina-se que a cor escolhida para a cruz foi roxa como a camisa 3 de 2009,
em homenagem ao “corintiano roxo”. Mas, como vimos, a Cruz de São Jorge é para ser
vermelha. Então, certamente, não podemos dizer que aquela cruz da camisa 3 é de São
Jorge.
Em compensação, a bandeira e o escudo do CRB (AL) apresentam uma cruz
que, por definição, só pode ser a de São Jorge. Assim também a camisa 2 do CRB em
2010, que lembra a camisa 3 do Vasco no mesmo ano (trataremos dela mais adiante).
Mas é melhor não dizer que a cruz vermelha nessa camisa 3 do Vasco é uma Cruz de
São Jorge, porque esse santo costuma ser associado ao Flamengo (graças ao “Samba
rubronegro”, de Wilson Batista e Jorge de Castro), embora o padroeiro do clube da
Gávea seja São Judas Tadeu.
Bandeira do CRB (AL).
Escudo do CRB.
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Camisa 2 do CRB em 2010.
Camisa 3 do Corinthians em 2010.
Cruz de Santiago
A Ordem Militar de Santiago foi fundada em 1161, no reino de Leão (parte da
atual Espanha), por um grupo de cavaleiros que resolveram defender, de ataques
mouros, os peregrinos cristãos que visitavam o sepulcro de Santiago Maior Apóstolo,
em Compostela, na Galícia (região espanhola).
Em pouco tempo, a Ordem se espalhou, chegando a Portugal em 1172. Em 1440,
esse ramo português da Ordem obteve, do papa, independência da matriz espanhola,
ganhando o nome de Ordem Militar de Santiago da Espada, que existe até hoje como
ordem honorífica portuguesa, de caráter cultural. Durante o período do Brasil colônia,
quem aqui morava e tinha ambições de pertencer à nobreza almejava pertencer às
Ordens de Santiago, de Avis ou de Cristo (a mais cobiçada), pois isso lhes garantia
inúmeros privilégios.
Ambas as Ordens de Santiago – a espanhola e a portuguesa – usavam, no
escudo, a chamada Cruz de Santiago: uma cruz vermelha (“goles”), em forma de espada
(“espatária”), em que a empunhadura é arrematada em forma de coração com a ponta
para fora, as guardas são flordelisadas enquanto o pé é afiado (“lancetado”). As duas
flores-de-lis significam “honra sem mancha”, uma alusão à firmeza moral de Santiago.
Já o pé espatário lembra que ele morreu decapitado com uma espada. Esse formato
permitia que os cavaleiros fincassem a cruz na terra para fazer suas orações diárias.
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Cruz de Santiago.
Medalha da Ordem de Santiago da Espada.
*
Quando, em 01.01.1933, imigrantes espanhóis da Galícia resolveram fundar um
clube em Salvador, natural que escolhessem o nome de Galícia (BA). Que as cores
fossem azul e branco, da bandeira da Galícia. E que, no centro do escudo, colocassem a
Cruz de Santiago.
Por mascote, a escolha recaiu sobre o Granadeiro – um soldado espanhol. E, no
hino de Francisco Icó da Silva, para que ninguém duvide, o Demolidor de Campeões é
corretamente chamado: “Granadeiro da Cruz de Santiago”!
Como vimos, a Ordem de Santiago também existiu em Portugal e no Brasil. Ou
seja, a Cruz de Santiago bem poderia ter sido adotada por outros clubes, fora da colônia
espanhola. No entanto, desconheço.
Escudo do Galícia EC.
Cruz de Avis
Durante a reconquista cristã da Espanha, o rei D. Sancho III ofereceu a Vila de
Calatrava a quem se dispusesse a defendê-la dos mouros, que se preparavam para um
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ataque. Em 1158, um grupo de monges, guerreiros, artesãos e lavradores aceitou a Vila
e a difícil tarefa. Em 1162, esse grupo constituiu, sob aprovação papal, a Ordem Militar
de Calatrava. Seu escudo era composto de uma cruz vermelha (“goles”) e flordelisada
(florente ou florenciada), i.e., com as pontas enfeitadas por flores-de-lis.
Cruz de Calatrava.
A flor-de-lis, flor heráldica por excelência, é considerada pelos heraldistas a
mais nobre das flores. Símbolo de poder (talvez porque lembre a forma do cetro),
nobreza e soberania, mas também de esperança, felicidade e pureza, era muito freqüente
nos brasões portugueses. Diz-se “de pé cortado” (“abultada”, em espanhol) a flor-de-lis
sem as três pétalas inferiores. Chama-se “florenzada” ou “florentina” (i.e., da cidade de
Florença) a flor-de-lis com botões acompanhando a grande pétala superior – não é por
acaso que a flor-de-lis é o símbolo de Florença e do grande time local, a Fiorentina.
Flor-de-lis heráldica.
“Giglio”, a flor-de-lis símbolo de Florença.
Escudo da Fiorentina.
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Tempos depois, a Ordem de Calatrava cedeu Alcântara à Ordem do Pereiro
(aprovada pelo papa em 1177), que no final das contas acabou adotando o nome de
Ordem Militar de Alcântara. Seu escudo tinha uma cruz igual à de Calatrava, porém
verde (“sinople”), que costuma significar vitória, honra, respeito e, é claro, esperança –
porque lembra os campos da primavera, sinal de uma boa colheita.
Cruz de Alcântara.
Em 1317, Jaime II, rei de Aragão, conseguiu autorização papal para criação de
uma nova Ordem, desde que ela fosse regida pelas normas da Ordem de Calatrava. Essa
Ordem se estabeleceu no castelo de Montesa, razão pela qual adotou o nome de Ordem
Militar de Santa Maria de Montesa. Sua primeira cruz foi igual à de Calatrava, só que
preta (“sable”), que costuma significar fortaleza, prudência, honestidade, gravidade e, é
claro, luto; vazada por uma cruz grega vermelha.
Primeira Cruz de Montesa.
Em 1166, membros da Ordem de Calatrava se instalaram em Évora, Portugal, e
a defenderam dos sarracenos. Com o tempo, obtiveram do papa autonomia em relação à
Ordem da qual vieram. Em 1211, o rei D. Afonso II doou à Ordem a vila de Avis, onde
ela se instalou. Em razão disso, acabou adotando o nome de Ordem de São Bento de
Avis. Como descendente da Ordem de Calatrava, natural que adotasse a cruz
flordelisada, só que na cor verde, tal como a da Ordem de Alcântara.
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Cruz de Avis.
A Dinastia de Avis, que reinou em Portugal de 1385 a 1581, tem esse nome
porque seu primeiro rei, D. João I, era Mestre (chefe) da Ordem de Avis. Seu brasão
real tinha uma Cruz de Avis. O Brasil foi governado pelos reis dessa dinastia desde o
descobrimento até 1581, quando a coroa portuguesa passou ao rei da Espanha.
São herdeiras da Ordem de São Bento de Avis: em Portugal, a Ordem Militar de
Avis, ainda existente; no Brasil, a Imperial Ordem de São Bento de Avis, extinta com a
República. Ambas com cruz flordelisada verde.
Medalha da Ordem de Avis (Portugal).
Medalha da Imperial Ordem de São Bento de Avis (Brasil).
*
O primeiro distintivo da Portuguesa de Desportos era o brasão da bandeira
portuguesa sobre um fundo rubro-verde. Somente a partir de 1923 é que passou a
figurar no escudo a Cruz de Avis. A idéia é que fosse uma alusão às grandes cruzadas
da era de ouro portuguesa. Uma diferença notável em relação à Cruz de Avis original é
que a da Lusa tem os braços curvos para baixo – como se estivesse em alto relevo, com
o escudo abaulado para a frente, convexo. Em 2011, a Lusa lançou uma camisa três com
um escudo diferente do seu, com uma Cruz de Avis original, ou seja, de braços retos.
A Cruz de Avis também figura nos escudos da Portuguesa do Crato (também de
braços curvos), da Portuguesa Londrinense e da Portuguesa Serrana (ambas de braços
retos). Mas não nos escudos das paulistanas AA Luzíadas e da AA Cinco de Outubro,
porque nelas a cruz não é flordelisada, mas clavetada (ou chavetada) e trebolada (ou
trilobada), respectivamente.
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Escudo da Portuguesa de Desportos (SP).
Escudo bordado na camisa 3 da Portuguesa de Desportos, em 2011.
Escudo da Portuguesa do Crato (CE).
Escudo da Portuguesa Londrinense (PR).
Escudo da Portuguesa Serrana, de Serra Negra (SP).
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Escudo da AA Luzíadas, de São Paulo. Notar que não é a Cruz de Avis, porque
não é flordelisada, mas clavetada ou chavetada – Grande Enciclopédia Portuguesa e
Brasileira, v. 8, p. 155.
Escudo da AA Cinco de Outubro, de São Paulo. Notar que não é a Cruz de Avis,
porque não é flordelisada, mas trilobada (de três lóbulos) ou trevada, em espanhol
“trebolada” (pontas em formato de folha de trevo, “trebol”); também conhecida como
Cruz de São Lázaro – Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, loc. cit.;
Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana, t. 16, p. 607, 613, 620.
Cruz de Malta
Em 1048, durante as Cruzadas, mercadores italianos estabeleceram em
Jerusalém um monastério beneditino com um hospital para os peregrinos, dedicado a
São João Batista. Em 1099, Godofredo de Bulhões fez tantas doações ao hospital que
seu diretor, o beato Gerardo, criou uma nova organização, com o nome de Ordem
Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta. Existe
até hoje, como uma organização humanitária, soberana (emite moeda, selos e
passaportes, mantém representantes diplomáticos, inclusive no Brasil), mas sem
território próprio.
Os cavaleiros hospitalários se instalaram em Portugal desde o século XII. Em
1232, o rei D. Sancho doou à Ordem grandes territórios que receberam o nome de
Crato. Por essa razão, a partir do reinado de D. Afonso IV, o superior dos hospitalários,
em Portugal, era chamado de prior do Crato. Aliás, o último rei da Dinastia de Avis (de
1580 a 1581), D. António, era prior do Crato.
A Ordem de Malta tem duas cruzes diferentes por emblema. Uma é chamada
pela Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira de “Cruz do Hospital”. É uma cruz
latina (de haste inferior maior que as demais), branca (prata), cheia (ao contrário da cruz
vazia, de que só se vê o contorno), sobre campo vermelho (“goles”). É a cruz utilizada
no escudo da Ordem. Eu achava que foi ela que deu origem à cruz que simboliza
hospitais, embora esta não seja latina, mas grega (de hastes iguais). Todavia, segundo
Luiz Cesar Saraiva Feijó, a Cruz Vermelha se inspirou na bandeira suíça, apenas com as
cores trocadas.
Já a cruz usada pelos cavaleiros hospitalários, do lado esquerdo, chamada Cruz
de Malta ou de São João, é uma cruz branca octógona, i.e., de quatro braços em V,
iguais, que começam em ponta no centro e se alargam, em linha reta, formando duas
pontas em cada (por isso, diz-se que ela é “duplamente aguçada”), como rabos de
andorinha. Dizem que seu desenho se inspirou das cruzes utilizadas desde a Primeira
Cruzada e que as oito pontas representam as máximas do Sermão da Montanha.
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Cruz de Malta.
Beato Gerardo, fundador da Ordem. Notar a Cruz de Malta
Cruz de Malta na fachada da Igreja de San Giovannino dei Cavalieri, em
Florença.
Brasão da Ordem de Malta, com a Cruz do Hospital. Notar que por detrás do
escudo aparecem as oito pontas da Cruz de Malta.
*
“Sobre os peitos leais, vascaínos/ Brilha a Cruz gloriosa de Malta”, canta o
Hino Triunfal Vasco da Gama, de 1918, letra e música de Joaquim Barros Ferreira da
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Silva. “Vamos todos cantar de coração/ A Cruz de Malta é o teu pendão”, são os
primeiros versos da Marcha do Vasco, de 1945, o hino extraoficial feito por Lamartine
Babo. E para que não restem dúvidas, o art. 7º do Estatuto do CR Vasco da Gama (RJ),
de 09.07.1979, estabelece textualmente que sua cruz é a de Malta, nos seguintes termos:
“Art. 7º O pavilhão do Clube é preto, com uma faixa em diagonal partindo do
canto superior do lado da tralha, a Cruz de Malta em vermelho no centro e na parte
superior duas estrelas douradas, uma ao lado da outra; uma delas simbolizando as
conquistas dos Campeonatos Invicto de Mar e Terra no ano de 1945 e a outra do
Campeonato Brasileiro de Futebol do ano de 1974. As cores da bandeira e a Cruz de
Malta serão reproduzidas nos uniformes, emblemas e insígnias usadas pelo Clube.”
Ocorre que, pelo que se pode verificar facilmente na descrição, nos desenhos e
gravuras acima, os hinos e o estatuto podem dizer o que for: é óbvio que a Cruz de
Malta não é a cruz utilizada pelo Vasco. Todo material produzido pelo Vasco está em
desacordo com o Estatuto, ou o Estatuto está errado? Para responder essa pergunta, é
preciso saber qual foi a intenção do clube.
Ora, a cruz do clube também não é a cruz das caravelas portuguesas (ver Cruz de
Cristo, mais adiante). Se o Vasco queria homenagear o ilustre almirante português, e
tudo indica que sim, fez bem em não escolher o desenho da verdadeira Cruz de Malta.
Mas isso não significa que a Cruz de Malta esteja totalmente alheia à nossa história.
Certamente que não há um vínculo tão forte quanto o que temos com a Ordem de Cristo
(que veremos adiante). Todavia, como vimos acima, a Ordem de Malta esteve presente
em Portugal durante todo o período da colonização do Brasil. Aliás, está presente até
hoje, com representação diplomática e ações assistenciais.
Apesar disso, pelo que andei pesquisando, simplesmente não encontrei nem um
escudo de clube brasileiro com uma autêntica Cruz de Malta. Nem sequer a Portuguesa
do Crato (CE), que, como já vimos, ostenta a Cruz de Avis – nitidamente inspirada na
Portuguesa de Desportos. Na minha opinião pessoal, ela bem poderia, em alusão ao
prior do Crato, ter escolhido a verdadeira Cruz de Malta. Seria uma opção bastante
original e plenamente justificável.
Cruz templária
A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão foi uma
organização militar e religiosa fundada em 1118, em Jerusalém, por um grupo de
franceses que tinham participado da Cruzada de Godofredo de Bulhões. Os Templários
tinham esse nome porque se instalaram no palácio vizinho ao Templo de Salomão.
Estabeleceram-se em Portugal a partir de 1125, onde exerceram forte influência
política e possuíam muitas riquezas doadas pela Coroa Portuguesa. Tinham sede na
cidade de Tomar.
Pelo que pesquisei, não havia um só padrão de cruz dos cavaleiros templários.
Segundo heraldistas franceses, ela era uma cruz pátea (característica que analisaremos
em capítulo próprio), firmada (i.e., cujas hastes vão até as bordas do escudo) e
vermelha.
No entanto, os Templários também utilizaram a Cruz de Santo Antão
(equivocadamente chamada de Santo Antônio), assim chamada porque os cônegos de
Santo Antão usavam hábito negro com um T azul, no peito (cf. Matos e Bandeira, p.
106). É uma cruz pátea, i.e., de linhas ligeiramente côncavas (Grande Enciclopédia
Portuguesa e Brasileira, v. 8, p. 154), em forma de T – por isso chamada “comissa”, ou
“cruz de tau” (tau é a letra grega que equivale, em som e forma, ao T do alfabeto latino)
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–, T de Templários. Como no castelo de Ponferrada, na Espanha (cf. Enciclopedia
Universal Ilustrada Europeo-Americana, t. 60, p. 737).
Já em Portugal, os templários usaram uma cruz cujas hastes terminavam
exteriormente com quatro arcos de um círculo cujo centro é o centro da cruz. Garrett
chamou-a de “cruz orbicular”.
Cruz templária, conforme heraldistas franceses.
Cruz de Santo André no castelo de Ponferrada, Espanha.
Cruz orbicular.
*
Entre os clubes brasileiros de futebol, não encontrei nem um que utilizasse a
Cruz de Santo Antão. Os escudos do CR Tietê, de São Paulo, do Transauto AC, de São
Caetano do Sul (SP), e da AA Tiradentes, de Belém (PA), são dominados pela letra T,
não pela Cruz de Santo Antão, que é pátea. O Luiz Correia SC, de Luiz Correia (PI),
possui o que pode ser uma autêntica cruz comissa e firmada (não é a Cruz de Santo
Antão), já que, pelo nome do clube, não se pode confundi-la com uma letra T.
Também não é muito comum o uso da cruz orbicular. Encontrei pelo menos o
EC Monte Mor, da cidade paulista de mesmo nome, e o CA Piranhas, de Jardim das
Piranhas (RN).
Há quem chame de templária a grande cruz vermelha da camisa 3 do Vasco de
2010. No entanto, como veremos a seguir, essa cruz, embora firmada nas bordas da
camisa, não é pátea. Então, não é a templária.
Escudo do EC Monte Mor, de Monte Mor (SP).
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Escudo do CA Piranhas, de Jardim das Piranhas (RN).
Escudo do CR Tietê, de São Paulo (SP). Não é a Cruz de Santo Antão, mas
apenas a inicial do nome do clube.
Escudo do Transauto AC, de São Caetano do Sul (SP). Também não é a Cruz de
Santo Antão, mas a inicial do nome.
Escudo da AA Tiradentes, de Belém (PA). Idem.
Cruz de Cristo
A Ordem do Templo foi extinta pelo papa em 1310, a pedido do rei francês
Felipe, o Belo. O rei português D. Diniz queria que os bens que a Ordem tinha em
Portugal fossem devolvidos à Coroa, que os havia doado. Mas o papa queria que eles
fossem repassados à Ordem de Malta. Para evitar isso, chegaram a um meio termo: sob
a bênção papal, o rei criou Ordem da Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 1319,
que herdou seus bens e sua estrutura. Até a sede foi a mesma: a cidade de Tomar.
Como é sabido, a era das grandes navegações portuguesas teve um de seus
líderes na figura do Infante D. Henrique. Pois ele era mestre da Ordem de Cristo. Nessa
condição, ele tinha em mente expandir as fronteiras do cristianismo. “Portugal, nação
católica e fidelíssima, tinha como principal missão combater os infiéis e dilatar a fé de
Cristo” (Raminelli, p. 246). Isso era considerado, pela própria Igreja, uma autêntica
cruzada contra os infiéis, especialmente nos confins não dominados pelo Islã, cujas
tropas ameaçavam a Europa. Chegou-se ao ponto de o papa conceder à Ordem de Cristo
a jurisdição espiritual sobre todas as terras por ela descobertas. Como a partir de D.
Manuel o grão-mestre da Ordem era o rei de Portugal, na prática, a Ordem tinha
também a jurisdição temporal sobre essas terras. Além disso, a Ordem era muito rica e
poderosa, graças às doações dos reis portugueses. Por essas e outras, ela foi a de maior e
19
mais demorada atuação em Portugal e suas colônias. Inclusive o Brasil, “descoberto”
durante o reinado justamente de D. Manuel.
A colonização das Américas não foi apenas política e econômica. Foi também
do imaginário, como bem explica Serge Gruzinski. Portugueses e espanhóis
empreenderam uma verdadeira “guerra de imagens”. Nessa guerra, o poder da Ordem
de Cristo era também de forte impacto visual: os velames e estandartes das caravelas e
os marcos de posse tinham estampada a Cruz de Cristo – em sua última configuração,
uma variante da cruz potenciada (“potentada”) que, em vez de as hastes terminarem em
“T”, são rematadas por um trapézio isósceles com a base voltada para fora. Essa cruz é
vermelha, vazada uma cruz branca (para simbolizar a inocência dos templários, seus
antecessores), salvo nos remates das hastes.
O desenho da Cruz de Cristo é feito com base num octógono, provavelmente
inspirado na forma octogonal da planta do Santuário da Rocha, onde se encontrava o
Templo de Salomão, vizinho da Ordem dos Templários. Essa estrutura conduz
necessariamente às proporções do octógono, seja no formato das extremidades das
hastes, seja no tamanho delas, que precisa ser igual (cruz grega). Ocorre que muitas
reproduções da Cruz de Cristo não seguem essas proporções, seja nos ângulos dos
arremates das extremidades, seja no fato de que há algumas que adotam a forma da cruz
latina (i.e., em que a haste inferior é maior que as demais).
A Cruz de Cristo esteve muito presente na heráldica do Brasil, desde a viagem
de Cabral. Já na partida de Lisboa, o rei “D. Manuel assistiu à missa cujo sermão foi
feito pelo bispo de Ceuta, D. Diogo Ortiz, o qual benzeu uma bandeira da Ordem de
Cristo que o rei entregou a Pedro Álvares Cabral” (Nova história da expansão
portuguesa, v. 6, p. 52).
Essa bandeira da Ordem inclusive é citada por Pero Vaz de Caminha, pois ela
acompanhava os navegantes nos deslocamentos que faziam, em mar e em terra. Aliás,
segundo Caminha, ela esteve hasteada durante a Primeira Missa celebrada na nova terra:
“Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão de ir ouvir missa
e pregação naquele ilhéu. (...) Ali era com o Capitão a bandeira de Cristo,com que saiu
de Belém, a qual esteve sempre levantada, da parte do Evangelho.”
Naquela época, até 1521, a bandeira real portuguesa (portanto, também
brasileira) era dominada pela Cruz de Cristo. Até os bandeirantes levavam consigo a
bandeira da Ordem de Cristo (cf. Poliano, p. 223). Depois da proclamação da
independência, a bandeira imperial também apresenta, no centro, atrás da esfera armilar
dourada (símbolo adotado por D. Manuel, em cujo reinado foram feitas as grandes
viagens e descobertas ultramarinas; armilar vem de armilas, que são os círculos que
compunham esse instrumento de aprendizado de navegação), uma Cruz de Cristo (para
lembrar os primeiros nomes desta terra: Ilha de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz) – cf.
Poliano, loc. cit. Ou seja, durante 88 anos (descontínuos), a bandeira do Brasil teve uma
Cruz de Cristo. Isso sem contar as moedas emitidas durante o período colonial e a
Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, ordem honorífica brasileira plasmada da
portuguesa Ordem Militar de Cristo, com que o Imperador premiava o mérito.
20
Cruz de Cristo.
O desenho da Cruz de Cristo é feito com base num octógono...
... provavelmente inspirado na forma octogonal da planta do Santuário da Rocha.
Bandeira real portuguesa (e, por conseqüência, também brasileira) até 1521.
Notar que as extremidades das hastes da cruz não obedecem às proporções do octógono.
Ainda assim, é a Cruz de Cristo.
21
Bandeira do Império do Brasil. A Cruz de Cristo está atrás da esfera armilar
dourada, no centro.
Brasão de armas da cidade de Tomar (Portugal), sede da Ordem do Templo em
Portugal e depois da Ordem de Cristo. Notar a presença de duas cruzes, a da esquerda
orbicular (dos templários portugueses) e a da direita de Cristo.
As proporções do octógono exigem que a Cruz de Cristo tenha hastes de
tamanho igual, como na cruz grega deste desenho, no entanto...
... às vezes a Cruz de Cristo é reproduzida com a haste inferior maior, como na
cruz latina deste desenho. E, é claro, das medalhas abaixo.
22
Medalha da Ordem Militar de Cristo (Portugal).
Medalha da Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo (Brasil).
*
O primeiro distintivo da AA Portuguesa santista foi criado por volta de 1922,
quando foi escolhida como símbolo apenas uma cruz – o Guia Oficial do Campeonato
Paulista mostra uma cruz igual à do Vasco, mas a Enciclopédia Lance diz que era uma
Cruz de Cristo. Em 1944 é que surgiu o primeiro escudo completo, nos moldes do atual,
salvo pequenas alterações. Fato indiscutível é que, atualmente, é a Cruz de Cristo, com
um escudeto com as iniciais do clube (AAP).
Também é a Cruz de Cristo que figura nos escudos do Luzitano FC, de São
Paulo (SP), do São Gabriel FC (RS), do Clube de Futebol Os Belenenses (Portugal), do
Vasco Sports Club (Goa) e da Federação Portuguesa de Futebol. Como se vê no livro de
Abrahim Baze, os primeiros times de futebol do Luso SC também ostentavam uma Cruz
de Cristo no peito.
Segundo o próprio site oficial do clube, no Vasco, a Cruz de Cristo figurou na
caravela estampada no primeiro escudo do clube, de formato circular, criado em 1903.
Quanto à camisa 3 do Vasco que foi lançada em 2010, quantas cruzes o leitor vê
nela? A rigor, são quatro. De fora para dentro: 1) uma Cruz de São Jorge, vermelha,
latina, firmada nas bordas da camisa; 2) uma cruz pátea branca, latina, solta (i.e., não
firmada); 3) no centro (ou “abismo”, como se diz na heráldica), uma Cruz de Cristo
(vermelha, solta); e 4) dentro dela, a respectiva cruz grega branca. Notar que a cruz nº 3,
apesar de possuir o perfil de uma Cruz de Cristo, com ela não se confunde, por ser
branca e por não estar vazada por uma cruz latina branca. É o mesmo motivo pelo qual a
cruz no escudo da CBF também não é a Cruz de Cristo, como veremos adiante, quando
falarmos da cruz pátea.
23
Escudo da Portuguesa Santista.
Escudo do Luzitano FC, de São Paulo (SP).
Escudo do São Gabriel FC (RS).
Escudo do Clube de Futebol Os Belenenses, de Portugal.
Escudo do Vasco Sports Club, ex-Clube Desportivo Vasco da Gama, de Goa
(ex-colônia portuguesa na costa da Índia).
24
Escudo da Federação Portuguesa de Futebol – formato de cruz latina.
Primeiro escudo do Vasco, de 1903.
Camisa 3 do Vasco, de 2010, nas mãos de Roberto Dinamite.
Versão preta da camisa.
25
Cruz pátea
Na minha opinião, aqui está o capítulo mais difícil de ser explicado. A cruz
pátea, também chamada de patéia ou patada, vem do francês “pattée”, que significa
“com patas”. Ela é assim chamada porque suas hastes têm as extremidades alargadas em
relação ao centro, como se fossem as patas de um animal (Nouveau Larousse Illustré, t.
3, p. 418; t. 6, p. 726).
Só que há muitas formas diferentes de se alargar as hates de uma cruz. Daí que
há muitas cruzes que podemos chamar de páteas, embora diferentes umas das outras –
salvo no fato de ter extremidades alargadas (“patas”). Por isso, cruz pátea não é um tipo
específico de cruz, mas toda uma categoria de cruzes com “patas”. Apresentaremos a
seguir algumas delas. Vamos numerar os modelos, para facilitar a explicação. Mas
atenção, é uma numeração que adotei apenas para fins didáticos neste texto, não serve
para outros textos.
1) A chamada “cruz orbicular” também tem hastes alargadas em relação ao
centro. Aliás, não é à toa que é descrita como “cruz pátea alesada arredondada”. Já
falamos dela quando tratamos das cruzes templárias, com menção aos escudos do EC
Monte Mor e do CA Piranhas:
2) A mais tradicionalmente identificada com a cruz pátea é “aquela cujos braços
são ligeiramente côncavos e vão alargando para as extremidades” (Grande
Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, v. 20, p. 598):
Tanto este segundo modelo de cruz pátea quanto a cruz orbicular são desenhadas
a partir de uma mesma estrutura, formada por cinco circunferências na seguinte
formação:
26
Basta pintar de vermelho algumas intersecções para obtermos a cruz orbicular:
Mas se a cortarmos a circunferência central com quatro cordas, nos pontos de
intersecção com as demais circunferências, teremos este segundo modelo de cruz pátea:
É a cruz do Barra Mansa FC, de Barra Mansa (RJ):
Também é a cruz do EC Vera Cruz, de Piracicaba (SP):
27
E do Independente AC, de Tucuruí (PA):
Na minha opinião, é a cruz utilizada nos primeiros escudos da CBD. Se
prestarmos atenção na evolução dos escudos da CBD e depois da CBF, podemos notar
que a cruz sofreu uma sensível alteração. Nos primeiros escudos, era nitidamente uma
cruz pátea do segundo modelo:
Escudo da CBD em 1916.
Escudo da CBD, de 1917 a 1929.
Escudo da CBD a partir de 1930.
28
E, finalmente, também é do segundo modelo a cruz que vem sendo utilizada nas
camisas 1 e 2 do uniforme do CR Vasco da Gama (RJ):
Às vezes ela é desenhada com espaços mais estreitos entre as hastes, como na
bandeira abaixo, mas ainda assim é o segundo modelo da cruz pátea:
Também no escudo do Byron FC (RJ):
Muito ainda se discute sobre a cruz do Vasco. Vamos tentar entender a questão.
Em 1898 comemorava-se o quarto centenário da descoberta do caminho para as
Índias, pelo navegador lusitano Vasco da Gama. Natural que o clube da colônia
29
portuguesa no Rio de Janeiro escolhesse o seu nome para o clube de regatas que então
se fundava. Natural, também, que fosse colocada no escudo a cruz que era oferecida aos
navegantes portugueses, em reconhecimento aos seus méritos, e que as naus
portuguesas ostentavam em suas velas. Só que essa cruz não era a pátea (modelo
segundo) da camisa acima, mas, como já vimos no capítulo próprio, a Cruz de Cristo.
Segundo Carlos Jorge, do site www.templarsquadron.com, este modelo de cruz
pátea foi o primeiro adotado pela Ordem de Cristo, a partir de 1352. Ou seja, o erro
cometido na escolha do CR Vasco da Gama não foi tão grande quanto parece. Se a idéia
era pegar uma cruz da Ordem de Cristo, ok, porque essa foi justamente a primeira delas.
Mas se a idéia era pegar a cruz ao tempo da famosa viagem do almirante que deu nome
ao clube, então realmente houve um equívoco pois, como já dissemos, a cruz nos
velames das caravelas era a Cruz de Cristo tal como vimos no capítulo próprio.
3) Um terceiro modelo de cruz pátea é semelhante ao segundo, com hastes
côncavas, só que de curvatura menos acentuada – portanto, composta com o auxílio de
círculos de raio maior:
Foi a cruz utilizada pelos Cavaleiros Teutônicos, que deu origem depois à Cruz
de Ferro, medalha de honra militar alemã:
É a cruz do Vera Cruz EC, de Bom Retiro (SC):
30
Também é a cruz do São Francisco FC, de Santarém (PA):
No livro de Paulo Gini e Rodolfo Rodrigues, podemos ver com clareza o que as
fotografias antigas mostram: que a cruz do Vasco mudou com o tempo. Nesta camisa
retrô do Vasco, vê-se este terceiro modelo de cruz pátea:
Salvo engano, também parece ser a cruz adotada no atual escudo do Vasco:
Por conseqüência, também na SE Vasco da Gama, de Guarulhos (SP):
4) Num quarto modelo de cruz pátea, as partes internas das hastes, em vez de
côncavas, como as até agora vistas, são formadas por linhas retas. Como, pela definição
31
de cruz pátea, são mais largas nas extremidades, isso significa que, neste modelo, as
hastes possuem um formato triangular:
Há quem considere esse modelo uma variante da Cruz de Malta. Realmente, elas
são semelhantes. A diferença é que, como vimos, na Cruz de Malta, as extremidades são
“duplamente aguçadas”, i.e., se dividem em duas pontas. Vejam que ela está presente
neste pálio do papa Bento XVI:
No futebol, este quarto modelo de cruz pátea é o utilizado no escudo da União
Vasco da Gama FC, de São Paulo (SP):
Salvo engano, também é a cruz presente no escudo do Codó FC (MA):
5) Um quinto modelo de cruz pátea é semelhante ao quarto, só que o espaço
entre as hastes triangulares é bem mais estreito:
32
A Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana (t. 16, p. 613 e 620)
chama este quinto modelo de “cruz teutônica”, apesar de outras fontes darem à cruz
teutônica um formato bem diferente.
É o escudo da AD Angatubense, de Angatuba (SP):
Também do Independente AC, de Marambaia (PA):
Também é o escudo do Henrique Lage FC, da cidade de Lauro Müller (SC):
Neste último caso, posso arriscar uma explicação. Segundo Emerson Gasperin e
Zé Dassilva, o clube catarinense foi fundado em 01.01.1924 com o nome do dono da
Companhia Nacional de Mineração de Carvão Barro Branco. O detalhe é que, nessa
época, Henrique Lage também era Diretor-Presidente da já citada Companhia Nacional
de Navegação Costeira, que tinha por emblema uma cruz pátea dourada, que ostentava
nas chaminés pretas dos navios da frota. Na realidade, essa cruz tinha grande
importância para a própria Organização Lage, tanto que, em 1945, essa holding chegou
a lançar uma medalha honorífica que identificou, erroneamente, como uma Cruz de
Malta (cf. Poliano, p. 345-6).
Como vimos, nem toda cruz pátea é parecida uma com a outra, há vários
formatos e variantes possíveis. Pois ao ver fotos antigas de navios da Costeira, constatase que o formato da cruz utilizada em suas chaminés é muito parecido com o da cruz
adotada na bandeira do Vasco, que se parece com a “teutônica”. Então, parece clara a
relação entre o escudo do Henrique Lage FC e o emblema da Costeira, que surgiu
primeiro.
A dúvida que me ocorre é: será que houve alguma influência entre o Vasco e a
Companhia Costeira? Não consegui resposta a essa questão. O Vasco, já dissemos, foi
fundado em 1898. A Costeira, antes: em 1891. Também no Rio de Janeiro. Seria
interessante encontrar alguma foto anterior a 1898. A foto mais antiga e datada
publicada no livro de Gerodetti e Cornejo é de 1905 e o navio já tinha a cruz pátea. Há
outra foto que parece ser anterior e sem a cruz pátea, mas é que o navio já estava
incorporado à Marinha de Guerra, ou seja, não conta.
Tem mais: a Costeira foi fundada pelos irmãos Antonio Martins Lage Filho e
Roberto Lage. Eles eram filhos do Comendador Antonio Martins Lage, sócio do
33
Comendador Joaquim de Mattos Costa, “que transferiu de Portugal para o Brasil a sede
da sua linha de navegação transatlântica, a qual servia portos das Índias Inglesas e da
costa africana” (cf. Gerodetti e Cornejo). Eu poderia apostar que ambos os
Comendadores eram portugueses. Talvez os irmãos Lage não fossem ligados ao Vasco,
mas provavelmente à colônia portuguesa no Rio. E talvez a cruz na chaminé tivesse
origem nessa linha de navegação portuguesa.
Quando o Vasco foi fundado, a Costeira já tinha uma grande frota, composta por
quinze vapores mais quatro navios menores. Considerando que a sede da empresa era no
Rio, era bastante provável que fossem vistos com freqüência pelos remadores do Vasco.
Se os navios da Costeira já usavam a cruz pátea na chaminé, pode ser que tenham
influenciado no desenho adotado pelos vascaínos. O que não se explica é como a
companhia portuguesa e a brasileira foram adotar a cruz pátea, que não era a das
caravelas.
Vamos complicar um pouco? Ao contrário da cruz “teutônica” das chaminés, no
centro do logotipo da Costeira tem uma cruz pátea de desenho mais assemelhado à da
Cruz de Malta mesmo! Como foi a evolução do desenho de uma para outra, bem assim
a inspiração de ambas e a eventual conexão com o Vasco, isso tudo ainda está por
esclarecer.
6) No sexto modelo de cruz pátea, as hastes são formadas por linhas que partem
retas e paralelas do centro, mas próximo às extremidades elas se afastam numa curva
côncava:
É o modelo utilizado no escudo do EC Santa Cruz, de Tietê (SP):
7) Por fim, o sétimo e último modelo de cruz pátea, que escolhemos para
apresentar neste estudo, é semelhante ao sexto, começando com linhas retas paralelas
partindo do centro. Só que, em vez de as linhas das hastes, nas extremidades, se
afastarem em curva, se afastam em linha reta, formando trapézios.
Vejam que ela tem o perímetro da Cruz de Cristo, só que não é vazada por uma
cruz grega branca. Então, a rigor, não é exatamente a Cruz de Cristo.
Alguns clubes usam-na vermelha, como a Cruz de Cristo. Neste caso, só falta
mesmo a cruz grega branca. P.ex., a Tuna Luso Brasileira, de Belém (PA), cuja
evolução dos escudos vemos abaixo (obs.: interessante que, assim como faz o Vasco da
34
Gama, a Tuna Luso também insiste em dizer que sua cruz é a de Malta, para o que
invoca a memória das Cruzadas e das grandes navegações portuguesas):
Outro exemplo é o Luso SC, de Manaus (AM), atrás da esfera armilar:
Esse escudo do Luso, último time da colônia lusitana que citaremos aqui, nos faz
perguntar se o leitor não percebeu a ausência da AA Portuguesa carioca neste nosso
estudo. De fato, como vimos, a grande maioria dos clubes de imigrantes portugueses é
simbolizado por uma cruz. A Portuguesa da Ilha do Governador, em vez disso,
apresenta – bem discretamente – uma esfera armilar, atrás das iniciais AAP (segundo
Adolpho Schermann, é apenas uma bola, representativa do esporte principal do clube):
Outro exemplo do sétimo modelo de cruz pátea é do próprio Vasco. Vejam
abaixo como era na camisa de Paulinho Almeida, em 1960:
35
Um último exemplo de cruz pátea vermelha, do nosso sétimo modelo (falsa Cruz
de Cristo), é do escudo do Tomazinho FC (RJ):
Notar que o espaço entre as hastes, no escudo do Tomazinho, é bem estreito.
Ainda assim, porém, as hastes não são triangulares (como na cruz “teutônica”), nem as
linhas são curvas (como na cruz da bandeira vascaína).
Mas também há exemplos em que essa cruz do sétimo modelo nem sequer tem a
cor vermelha da Cruz de Cristo. P.ex., no escudo do SC São José (RJ):
Como vimos, os primeiros CBD tinham uma cruz pátea do segundo modelo. No
entanto, a partir de 1960, ela passou a ter o formato de uma Cruz de Cristo, porém
branca, não vermelha nem vazada por uma cruz grega. Então, passou a ser uma cruz
pátea do sétimo modelo:
Escudo da CBD a partir de 1960.
Escudo atual da CBF.
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O mesmo juízo é aplicável aos clubes que adotaram escudos visivelmente
inspirados nos da CBD e CBF, p.ex., os seguintes clubes do interior paulista: AA
Uraniense, de Urânia, EC Produtos Cachoeira, de Itu, e CA Lençoense, de Lençóis
Paulista:
Escudo da AA Uraniense, de Urânia (SP).
Escudo do EC Produtos Cachoeira, de Itu (SP).
Escudo do CA Lençoense, de Lençóis Paulista (SP).
Escudo do EC São José (RJ).
Cruz missioneira
Há pelo menos dois times, ambos gaúchos, em cujos escudos se vê uma cruz
bem diferente das que vimos até aqui: a SE São Borja e a SER Santo Ângelo. Por quê?
Porque ambas as cidades têm origem em duas das sete reduções jesuíticas
conhecidas como Sete Povos das Missões: São Francisco de Borja e Santo Ângelo
Custódio. E os jesuítas usavam a cruz missioneira, também chamada de patriarcal,
dupla, de Lorena e de Caravaca, composta por dois travessões, sendo o superior
ligeiramente menor.
37
Ruínas de São Miguel das Missões, com a cruz missioneira em primeiro plano.
Fotografia publicada na Wikipedia.
Escudo da SE São Borja (RS).
Escudo da SER Santo Ângelo (RS).
Cruzeiro do Sul
A constelação do Cruzeiro do Sul, a seu modo, é também uma cruz, digamos,
insinuada pelas linhas invisíveis que imaginamos entre as cinco estrelas que a
compõem.
Assim como as outras cruzes, essa também é símbolo de uma ordem, no caso,
honorífica. Trata-se da Ordem do Cruzeiro do Sul, criada por D. Pedro I e ainda hoje
existente, em alusão à posição geográfica do Brasil, bem como em memória do nome
original desta terra (Poliano, p. 143). Com isso, o imperador consagrou essa cruzconstelação como símbolo da Independência e da Nação (Poliano, p. 230, 279-80),
estando presente até hoje na bandeira nacional.
Entre os clubes do futebol brasileiro, essa cruz “virtual” consta nos escudos de
vários clubes de nome Cruzeiro. Vejamos alguns deles:
38
Cruzeiro EC, de Belo Horizonte (MG).
Cruzeiro EC, de Bom Despacho (MG).
Cruzeiro FC, de Cruzeiro do Sul (AC).
EC Cruzeiro, de Arapiraca (AL).
Cruzeiro FC, de Niterói (RJ).
Cruzeiro FC, de Realengo, Rio de Janeiro (RJ).
39
Cruzeiro EC, de Santiago (RS).
Cruzeiro EC, de Porto Velho (RO).
Cruzes não identificadas
Algumas cruzes de times de futebol não consegui classificar em nenhuma das
categorias anteriores. São as que constam nos seguintes escudos:
Escudo do Nacional Fast Club (AM). Notar que o formato do escudo e a cruz
latina firmada lembram o escudo da CBF, que também possui uma cruz firmada, só que
verde.
Escudo da AS São Domingos (AL). Outra cruz latina firmada em branco.
Escudo da AA São Francisco (BA). Outra cruz latina branca, porém solta.
40
Escudo do Dom Bosco FC (MS).
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