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Estudos Teatrais Festivais Teatro Julieta Myriam Szabo Folha Caída BAALZINE nº 05 julho 2007 | Baal 17 - Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo | Baal 17 - Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo Foto: Gérard Sarrouy nº 05 julho 2007 Cinco Baalzines e oito Noras Cinco – São já cinco as edições da Baalzine e continuamos a receber mensagens de incentivo e de apoio, de pessoas que nos acham corajosos, teimosos e … Obrigado pelo retorno. Em jeito de retribuição fica o nosso modesto e insistente contributo em afirmar a importância de olhar a cultura e as diferentes formas de arte como um campo fértil, vivo e em crescimento constante. Mas, algumas coisas nos separam ainda de um lugar à sombra, ou ao sol… de uma azinheira cada vez mais palmeira no meio do deserto. Porque queremos mais consciência de quem a lê, de quem critica. Crescer é uma curiosa necessidade de comunicar e mais ainda de ouvir. Queremos crescer e, para isso, necessitamos de vos ouvir, de partilhar convosco, de receber sugestões, opiniões. Colectivo Baal 17: Da esquerda para a direita: Rui Garcia, Telma Saião, Ana Antão, Rui Ramos, Sandra Serra, Paulo Troncão, Marco Ferreira. Oito – Juntámos esta Baalzine número cinco às Noites na Nora número oito. Juntas, procuramos fazer com que cheguem mais longe, aproveitando esta boleia de amigos e de todos aqueles que nos visitam na nossa segunda casa: a Nora. Mais um Festival, mais um sem fim de dificuldades superadas, outras por superar. Com um parco orçamento para programar cinco semanas de espectáculos, tomámos este ano a decisão de encurtá-lo para quatro semanas, apostando num maior investimento na programação oferecida. Aumentamos a qualidade, diminuímos a quantidade. Ainda assim, assumimos, só conseguimos fazê-la através dos laços de amizade criados em edições anteriores do festival, de amigos de amigos, desconhecidos que ainda vamos dando a conhecer e, principalmente, da renovação de intercâmbios e divulgação de actividades com instituições, associações e companhias de teatro do país. É claro, também, e sobretudo, com o apoio da Câmara Municipal de Serpa, do Ministério da Cultura/Instituto das Artes e todas as demais instituições que nos apoiam sem as não conseguiríamos fazer esta festa da cultura. Marco Ferreira Ficha Técnica Propriedade: Baal 17 – Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo Cine-Teatro Municipal de Serpa Apartado 113 7830 Serpa www.baal17.com Telefone: 284 549 488 E-mail: [email protected] ou [email protected] Coordenação: Sandra Serra Colaboram nesta edição: Carlos Pinto, Laureano Carreira, Marco Ferreira, Rui Garcia, Rui Ramos e Sandra Serra. Concepção gráfica: Verónica Guerreiro Bloco d, design & comunicação (www.blocod.com) Impressão: Gráfica Comercial, Loulé Periodicidade: Sai duas vezes ao ano Tiragem: 1000 exemplares COMPANHIA FINANCIADA POR 03 Baal Ensino Estudos Teatrais 04 Baal Auscultação A realidade dos festivais de teatro no Alentejo 06 Baal a dois Julieta Santos por Rui Ramos 08 Baal e se… Centro Artístico e Cultural da Nora?... 09 Baal à nora Oito anos de cultura como uma festa 17 Baal com Myriam Szabo No caminho da guerreira 19 Baal desbocado O Stand Uper 20 Baal em Banho Maria Folha Caída Pão ALTO PATROCÍNIO: Governo Civil de Beja O ENSINO DO TEATRO NA UNIVERSIDADE DE ÉVORA BAAL ENSINO O ensino do teatro na Universidade de Évora começou em Outubro de 1996, abrindo em certo sentido um caminho pioneiro nesta área científico/artística em Portugal. Na realidade, não existiam então estudos de teatro na Universidade Portuguesa ao nível da licenciatura. O teatro era somente objecto de formação profissional nos conservatórios, em particular no Conservatório de Teatro, em Lisboa, hoje chamado Escola Superior de Teatro, tendo transitado para a Amadora. De imediato, o curso de Estudos Teatrais da Universidade de Évora, então com uma duração de cinco anos, como era de norma nas licenciatura na época, distinguiu-se da formação praticada pelo conservatório pelo facto de incidir mais na formação teóricohistórica do que na formação prática. Mais tarde, em 2003, procedeu-se a uma reestruturação que obedeceu a duas características principais: o curso passou de 5 para 4 anos (seguindo, mais uma vez, a evolução do ensino superior em Portugal), e foi introduzida uma dose significativa de formação nas áreas práticas do teatro. É pois este plano de estudos que ainda se encontra em vigor até ao final deste presente ano universitário. Com efeito, é sabido, pois tem sido objecto de um intenso debate na imprensa em Portugal, todo o ensino superior deverá adaptar-se, até 2010, às novas normas para o ensino superior europeu designadas genericamente como “normas de Bolonha”, do nome da cidade italiana onde tal coisa foi decidida entre os ministros europeus do ensino superior. Pretende-se, com estas novas normas, que todo o ensino superior praticado no espaço europeu tenha uma só leitura, qualquer que seja o país. Mas, e ao mesmo tempo, para além deste aspecto, Bolonha veio também permitir algo que era inédito no sistema do ensino em Portugal: o reconhecimento das competências adquiridas no meio profissional. Por princípio, as licenciaturas na Europa passarão a ter doravante uma duração de 3 anos (1º ciclo), os mestrados de 2 (2º ciclo), e os doutoramentos de 3 (3º ciclo). Algumas excepções tendem a agrupar os 5 primeiros anos numa única unidade, são os chamados “mestrados integrados”. Em suma, um aluno que entre hoje na universidade, e que não perca nenhum ano, deverá terminar o seu percurso oito anos mais com o grau de “doutor”. As vantagens deste sistema são inúmeras, a começar pelo facto de os diplomas terem exactamente o mesmo valor em qualquer país da Europa, o que significa que uma formação iniciada em França poderá ser terminada em Portugal, ou vice-versa, obviamente. E sobre isto as Universidades não poderão exercer quaisquer espécies de restrições, pois que o reconhecimento é um direito adquirido. Vem isto a propósito do novo plano de estudos que entrará em vigor em Setembro próximo nos estudos de Teatro na Universidade de Évora. Como não podia deixar de ser, também em Évora a maioria dos cursos já foram adaptados a Bolonha. Todavia, ao abrigo desta necessidade de adaptação, alguns cursos procederam à criação de novos planos curriculares. Assim, a Licenciatura em Estudos Teatrais, doravante intitulada simplesmente Licenciatura em Teatro, terá uma duração de 3 anos, com uma notável inovação na sua filosofia. Na realidade, este plano curricular foi concebido para poder criar formações específicas destinadas a serem aprofundadas ao nível do segundo ciclo, que passará a ter três saídas: Arte do Actor, Dramaturgia e Encenação, e História e Teoria do Teatro. Isto é, ao nível do primeiro ciclo, o aluno é susceptível de descobrir matérias teóricas e práticas dentro de um equilíbrio que se procurou harmonioso, enquanto começará, ao mesmo tempo, a desenhar o percurso formativo que irá aprofundar ao nível do 2º ciclo. Quanto ao 3º ciclo, cujo plano curricular está ainda por concluir, deverá obedecer, também ele, ao espírito de Bolonha. Todavia, e para além deste aspecto, é preocupação do Departamento de Artes Cénicas que este 3º ciclo, à imagem do 2º ciclo, permita também um aprofundar original das opções tomadas anteriormente. Falta somente decidir como chegar lá. Enfim, algumas palavras sobre a nova organização dos Estudos artísticos ao nível da Universidade de Évora. Com efeito, aproveitando a mudança imposta por Bolonha, procedeu a reitoria da universidade à criação de uma Área Departamental das Artes (correspondente noutras universidades à designação de Faculdade), onde se encontram os departamentos de Artes Visuais, Arquitectura, Música e Artes Cénicas. Em suma, o Alentejo possui neste momento, e já não será sem tempo, ensinos artísticos ao nível do que melhor se faz na Europa. Laureano Carreira Departamento de Artes Cénicas Universidade de Évora BAAL DIÁRIO A realidade dos festivais de teatro no Alentejo Existirão sempre os carolas... Começaram a surgir há pouco mais de uma década, dando vida aos palcos de norte a sul do Alentejo. Primeiro com alguma timidez, agora com ilimitadas ambições e expectativas. Os festivais de teatro no Alentejo são hoje uma realidade incontornável no calendário regional de eventos, mas como não há bela sem senão, são muitos os escolhos que cada iniciativa tem de ultrapassar até à sua concretização. O diagnóstico das dificuldades está, aparentemente, traçado. Falta apenas colocar a terapêutica em prática... Por Carlos Pinto * Um pouco por toda a região, os alentejanos habituaram-se há já algum tempo a marcarem na sua agenda lúdica os festivais de teatro. Sejam realizados por amadores ou por profissionais, assentes na articulação de marionetas ou mais vocacionados para um público juvenil, os festivais de teatro são hoje uma realidade incontornável numa região onde factores sócio-económicos ainda limitam o acesso de todos à arte. Ao longo dos anos, os responsáveis pela organização de festivais de teatro têm sabido, à custa de muito suor, levar a sua “carta a Garcia”, que é como quem escreve, têm tido a capacidade de encontrar ferramentas e soluções para os inúmeros problemas e dificuldades que a realização de qualquer evento artístico na região tem de enfrentar. Por isso mesmo, e apesar do Alentejo ser, cada vez mais, um território de oportunidades adiadas que o desenvolvimento teima em abraçar, os festivais de teatro têm-se multplicado um pouco por toda a parte. Mais para norte, no distrito de Portalegre, destaca-se o Festival Internacional de Teatro de Portalegre, promovido pelo Teatro d’O Semeador – Associação de Animação Cultural e Produção Teatral de Portalegre. A par deste, nota de realce na agenda cultural do Norte Alentejano para o Encontro Nacional de Teatro Escolar (promovido, também em Portalegre, pela companhia AMAIA durante o mês de Abril), para o Encontro de Teatro de Campo Maior (uma organização da companhia Blá Blá Blá no mês de Março) e para o Festival de Teatro do Grupo Alterense de Cultura (em Alter do Chão, durante o mês de Maio). Descendo no mapa, no distrito de Évora, o grande destaque vai para as iniciativas da eborense Cendrev. Entre Junho e Setembro com a BIME – Bienal Internacional de Marionetas de Évora e depois, entre Novembro e Dezembro, com o Encontro de Teatro Ibérico. A estes dois eventos juntamse, na região central (geograficamente falando, é óbvio...) do Alentejo, o Festival de Teatro de Amadores de Évora (promovido em Évora entre Setembro e Outubro pela SOIR – Joaquim António de Aguiar), o Encontro Theatron (durante o mês de Outubro em Montemor-o-Novo, numa organização da Associação Theatron) e o Encontr’Arte de Artes Performativas (iniciativa da Opsis em Metamorphose que tem lugar na vila de Cabeção nos meses de Março e Abril). No Baixo Alentejo, os festivais de teatro parecem ter como local de eleição a Margem Esquerda do Guadiana. Na cidade de Serpa, a companhia Baal 17 promove o Festival Noites na Nora (sempre nos meses de Verão, de Julho a Agosto) e a Mostra de Teatro no Outono – Folha Caída (em Outubro), enquanto que na “vizinha” Moura o Centro Recreativo Amadores de Música Os Leões organiza o Festival de Teatro dos Leões (no mês de Maio). Pelo meio, em Pias, o Teatro Experimental de Pias é responsável, em Março, pelo Mês do Teatro. Passando para a outra margem do Guadiana, Beja tem também o seu festival. Trata-se da Bienal Internacional de Teatro para a Infância e Juventude, promovida pelo Grupo de Teatro Jodicus entre a capital de distrito e a freguesia da Cabeça Gorda no mês de Outubro. Finalmente, no Litoral Alentejano, há a sublinhar a Mostra de Teatro de Santo André (da responsabilidade do Gato SA – Grupo Amador de Teatro de Santo André durante o mês de Maio) e a Mostra de Teatro de Alcácer do Sal (promovida pela companhia Teatro do Rio). A Cultura “não vende detergentes ou enchidos..” Disseminados um pouco por toda a região, a organização de um festival de teatro encerra, contudo, muitas dificuldades para qualquer companhia. Apoios estatais à parte, sejam profissionais ou amadores, qualquer grupo de teatro tem de “puxar pela cabecinha” para fazer face as todas as despesas inerentes a um evento do género. E não se pense que se trata apenas de garantir os cachets das companhias convidadas. A estes, há ainda que juntar toda a componente logística dos espectáculos, a alimentação e alojamento dos artistas ou a promoção do próprio evento. “No Alentejo não existem apoios estatais nem privados para este tipo de organizações culturais. As autarquias, que acabam por ser as grandes financiadoras, e demais instituições públicas, tem preocupações culturais mais abrangentes e gerais e não conseguem dar respostas às necessidades financeiras para a realização de festivais artísticos específicos. Os apoios do Estado, nomeadamente do Ministério da Cultura, são muito difíceis de conseguir. Face à escassez de grandes empresas públicas na região e à pouca sensibilização para o mecenato, não existem praticamente apoios privados. Acabam por ser as companhias de teatro, com uma grande ginástica orçamental e iniciativa própria, a organizar festivais ou mostras de teatro no Alentejo”, sublinha Rui Ramos, da direcção da Baal 17 (Serpa). “Quando as autarquias entendem o interesse da iniciativa e se disponibilizam para a apoiar condignamente, quer ao nível financeiro, quer logístico, as coisas ficam simplificadas, de contrário é preciso bater a muitas portas e ter a capacidade para ‘engolir alguns sapos’, porque isto da Cultura ainda não dá para vender detergentes, nem enchidos…”, observa, por seu lado, Mário Primo, da Gato SA (Santo André). Que futuro? Neste panorama de dificuldades, em que são raros os eventos de expressão cultural que não sobrevivem à custa da “arte e engenho”dos seus promotores, subsistem duas “eternas” questões. Por um lado, tentar saber qual é o futuro que têm os festivais de teatro? Por outro lado, tentar descobrir que caminhos têm estes de, inevitavelmente, percorrer por forma a garantirem a sua longevidade temporal e qualitativa? Para José Maria Pereira, do Teatro Experimental de Pias (TEP), aos festivais de teatro resta percorrer “o caminho da exigência permanente por mais e melhores condições” em prol das populações e dos agentes culturais. Um caminho, advoga, que terá também de passar pelos “intercâmbios”, pelas “parcerias” e pela “troca de experiências” entre as diversas companhias teatrais da região e do país. “Havendo apoios e havendo público, estamos em crer que haverão sempre alguns carolas com vontade de levar por diante eventos dessa natureza. Até porque a arte de Talma é ainda uma daquelas que permite ao Homem tomar consciência da sua memória temporal, social e colectiva. Que apesar de se consumir em cada espectáculo, voltará a renascer das suas próprias cinzas no espectáculo seguinte e onde o actor, mais uma vez, irá incomodar, provocar, comover, exaltar, de tal forma que um só actor poderá ele próprio viver sozinho a história de um povo”, complementa Rogério Fialho, do Grupo de Teatro Jódicus. *Jornalista AAL DIÁRIO Pela criação de novos públicos Nos tempos que correm, é “politicamente correcto” falar na “criação de novos públicos” mediante a promoção constante e metódica de eventos de cariz natural. Um propósito que se encaixa na perfeição entre aqueles que devem os grandes objectivos a qualquer festival de teatro, conforme é reconhecido pelos seus próprios dinamizadores. “[As nossas metas são] Promover o teatro e incentivar o gosto pela expressão dramática”, observa José Maria Pereira, do TEP, complementado por Rui Ramos, do Baal 17: “Na província, o público tem pontualmente a oportunidade de assistir a um espectáculo de teatro. Pouca oferta é um factor dissuasivo para a participação e o espectáculo que deveria ser uma oportunidade única, não raro, passa despercebido. Um festival é sempre um momento de festa e ritual, as apresentações enquadram-se num acontecimento e o publico adere com maior facilidade. Acontece muitas vezes serem surpreendidos por espectáculos que à partida não iriam ver se este não estivesse incluído nessa ‘festa’. A nossa experiência leva-nos a concluir que os públicos fidelizam-se aos festivais e assistem cada vez mais a cada nova edição”. A opinião de que cada festival de teatro é uma oportunidade quase única para despertar em muitos o interesse para a arte de Moliére é partilhada pela maioria, mas ainda assim Mário Primo, da Gato SA, lembra que um certame do género “deve surgir de uma necessidade já existente” e não “ser o ponto de partida para o despertar do interesse por estas práticas”, sendo que a sua organização “deve estar a cargo de ‘gente do teatro’, que conheça de perto as problemáticas específicas que lhe estão associadas e que seja capaz de tecer uma rede de contactos e de parcerias que facilitem a produção”. “[Em todos os festivais deve haver] Uma clara preocupação de levar as pessoas ao teatro mas também levar o teatro junto das pessoas e, assim, casar os dois principais objectivos: público e espectáculo”, conclui Rogério Fialho, do Grupo Jódicus. Por Rui Ramos Baal a dois Foto: Carlos Campos P: Julieta Santos, passados 20 anos sobre a fundação do Teatro do Mar é hoje possível encontrar uma vida fora do teatro? R: O teatro tornou-se a minha vida por tudo e tanto que exige. E por tudo e tanto que me dá. É a minha primeiríssima casa. Questiono-me muitas vezes... Se isto acontecerá só a mim, se será uma realidade de todos os que estão nesta profissão e mais particularmente aos que trabalham em pequenas Companhias, com todos os problemas que isso implica. Pergunto-me se não será mesmo uma espécie de sacerdócio partilhado por todos os que viajam neste barco, em qualquer lugar do país ou do mundo. Estar no teatro, a uma determinada altura, é um modo de vida, uma filosofia, uma crença, uma espécie de religião cujo Deus não mostra o rosto e procuramos a toda a hora. Estar no teatro é também uma revelação constante de vida, de beleza e inquietação, uma forma constante de estar acordado e atento, um prazer, um vício, e dor também. Mas ainda não me arrependi um segundo. Queixo-me às vezes, quando vejo os dias Falar do Teatro do Mar é falar também de Julieta Santos, a sua Directora Artística. Segue o perfil de uma das poucas mulheres em Portugal a comandar o destino de uma companhia de teatro. Resistente e perseverante, ainda acredita na humanidade e na arte como forma de transformar e melhorar o mundo… ensolarados e as pessoas a passear, a falar de férias, “pontes” e fins-de-semana… mas depois regresso à “caixa negra” da sala de ensaios, às luzes, às conversas e discussões, à descoberta dos corpos que se movem ali…aos risos e emoções e ao maravilhar constante do quanto esta arte revela da natureza humana. Continuo a assombrar-me com o teatro e enquanto isso acontecer, a vida acontece-me. P: Era assim nessa altura? Como surgiu o Teatro do Mar? R: A história do Teatro do Mar é essencialmente uma história de resistência e perseverança. O seu prelúdio teve lugar em meados dos anos 80. Um grupo de pessoas, onde eu me incluía, tentava montar uma peça de teatro. Juntávamo-nos, inicialmente, numa antiga colectividade sineense, numa sala de baile com um grande espelho dourado. O actor Vladimiro Franklin havia chegado de Lisboa e trazia na bagagem anos de experiência profissional, a par de um talento e de um coração enormes. Transformou-me na Inês Pereira, da Farsa de Gil Vicente, e fez-me contracenar com uma galinha verdadeira. A Miss Fricassé. Ficava na montra do Teatro-Oficina, um armazém fechado há algum tempo, que se veio a tornar a nossa sede por mais de 15 anos, agora o actual Centro de Artes de Sines. Baptizámos o grupo. Teatro do Mar. Apresentámo-nos ao público, pela primeira vez, curiosamente com um trabalho que antecedeu a estreia da dita Farsa. A 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, data que passou a assinalar o nosso aniversário. Ainda me lembro dos projectores. Lâmpadas enfiadas em canudos de cartão, forrados com papel de prata. Estávamos em 1986. Entretanto, já celebrámos 21 anos de existência. Dirijo a Companhia desde o final dos anos 80. O Vladimiro partira nessa altura para Portalegre e veio, malogradamente, a falecer mais tarde, em 1998. Envolver, mais do que mostrar, foi o que mais definiu o nosso trajecto e objectivos primeiros. Mesmo que mantendo a constituição de um núcleo duro, nos anos que se se- baal a dois entrevista Julieta Aurora Santos guiram, centenas de jovens participaram no projecto. Montaram-se produções teatrais, recitais, espectáculos de rua e animações, dinamizaram-se acções de formação e inúmeros trabalhos com as crianças e a comunidade. Mais do que o produto artístico, apenas a ponta do iceberg, foi fundamental todo o processo, de profunda aprendizagem e experiência, não só na arte e ciência do fazer teatro, mas também no conhecimento pessoal, dos outros e do mundo. Um caminho desenhado de deslumbramentos e alegrias mas também de lutas, desilusões e intempéries. Mas, mais do que nos derrotar, contribuíram, em contraposição, para criar anticorpos à desistência e à apatia. A natural evolução ao longo do tempo e a consequente formação profissional e experiência artística dos seus elementos mais efectivos, foi trazendo necessidades, exigências e ambições – artísticas, culturais e sociais – que, num processo natural, conduziram o Teatro do Mar à sua profissionalização, o que veio a consolidar-se em 1997, mantendo um núcleo duro de pessoas desde esses anos até aos dias de hoje. baal a dois P: Os objectivos de então eram os mesmos de hoje? O que é que muda em tanto tempo? R: Os objectivos são basicamente os mesmos, muito embora nos tenhamos tornado numa estrutura profissional. Mudou, essencialmente, a nossa capacidade de os concretizar, sobretudo devido à experiência acumulada ao longo dos anos. Muda, ou vai mudando, a nossa forma de encarar os problemas, continuam a crescer as ambições e os desejos, mas a inquietação é a mesma, a que nos faz mover ainda. Criar, num movimento cultural, artístico e social. Criar para dar, contribuir e participar, para ter um espaço para dizer e para afirmar o que pensamos e o que sentimos. Conferir alguma utilidade às nossas capacidades como indivíduos e artistas, tentando também, dessa forma, encontrar um sentido para esta coisa que é existir. P: O Teatro do Mar sem o teu percurso, seria uma outra companhia de teatro. Achas que os projectos de teatro ganham ou perdem ao seguirem no tempo o mesmo director artístico? R: Ganham em coerência no seu caminho artístico, sobretudo se essa direcção for reflexo do colectivo, mesmo que, naturalmente, com um olhar direccionado por quem cumpre essa função. P: Quando vejo um espectáculo vosso noto claramente uma linha artística coerente assente numa estética muito vossa. Porquê essa estética? R: Sines é um concelho de contrastes, onde ao mesmo nível convivem natureza e indústria, história e tradição e modernidade. O Teatro do Mar tem vindo a definir uma linguagem teatral que, fundindo tradições e contemporaneidade, levante questões sobre a forma como os valores sociais estão organizados e de que modo é que os mesmos se relacionam com o indivíduo. O nosso trabalho assume-se como transdisciplinar, um teatro de fusão, essencialmente físico e visual. Com o objectivo de estabelecer uma maior comunicação com o público alvo, as jovens audiências, temos vindo a desenvolver uma linguagem, onde possamos, sem constrangimentos académicos, usar como contribuição para uma significação comum e global, assente num rigoroso processo dramatúrgico, outras artes como a dança, o circo, a música, as artes plásticas e as novas tecnologias do vídeo. Fazemos teatro itinerante. Criamos num esquema de partilha e participação colectiva. Um trabalho que se afirma, mais particularmente, através das produções de rua e dos espectáculos para a infância, numa preocupação de carácter social, numa filosofia de promoção do gosto e da prática artística do teatro. P: A recentemente aposta na internacionalização é uma experiência ou regra para o futuro? R: Não é uma aposta recente. É um desejo, um objectivo muito antigo, agora concretizado. Não sei se é uma regra, mas é de certeza uma grande vontade de todos nós. E estamos a consegui-lo. Este ano regressamos ao estrangeiro onde vamos passar, de novo, uma boa parte do Verão e parte do Outono também. P: Na tua opinião que mais valias existem para uma companhia sedeada na província apresentar o seu trabalho no estrangeiro. O mercado cultural português é insuficiente? R: Isso de estar “na província” é cada vez mais relativo. Sobretudo para uma Companhia itinerante. Estamos em Sines, mas representamos um pouco por todo o país e agora também no estrangeiro. Sentimos mais a questão do provincianismo na relação com o poder político, com os poderes centrais e com a comunicação social que não se desloca. O público é cada vez mais heterogéneo. E é preciso sair dos nossos “quintais”, ir ver o que se passa lá fora. Lutar contra esta realidade de estarmos num cantinho pequeno, algures numa ponta da Europa. É muito importante sairmos do nosso umbigo e confrontarmo-nos com o que se passa no mundo. Temos aprendido muito com o que vemos nos Festivais Internacionais e temos valorizado ainda mais o nosso trabalho pelos bons resultados que temos obtido. E é importante que Portugal seja representado e Foto: Edgar Cortes se mostre o que se faz por cá. Infelizmente, na maioria dos Festivais onde temos estado, nunca tinha ido uma Companhia portuguesa. O que nos orgulha, também nos entristece. É preciso mudar isso. A internacionalização é também um desafio, sobretudo a um grupo que trabalha “sem rede”, sem cunhas, sem apoios substanciais, residente na “província portuguesa”. E, o tipo de trabalho em que nos especializámos, o teatro de rua, tem uma expressão gigantesca fora de Portugal. Aqui, praticamente não existe e o que existe é sobretudo teatro “na” rua, o que é um conceito muito diferente. Para crescer é preciso trabalhar, ir à luta e confrontar os nossos conhecimentos e experiências com quem já anda nisto há muito tempo. E finalmente, cruzar o fazer teatro com a possibilidade de viajar, mesmo que em trabalho, é maravilhoso. Estafante, mas maravilhoso. P: Quais são as dificuldades que o Teatro do Mar enfrenta no momento? R: Poucos recursos financeiros e humanos e a ausência de uma sede definitiva. P: Com tanto trabalho desenvolvido, como se explica a inexistência de um espaço próprio, do Teatro do Mar, para a persecução dos vossos objectivos? O que mudaria caso esse espaço existisse? R: Explica-se pela falta de dinheiro e pela ineficácia dos agentes políticos, mesmo que manifestando vontades e intenções, sempre teóricas. Pelo menos até hoje. E já lá vão mais de 20 anos de actividade. Mas, apesar de tudo, já estivemos pior. Alugámos recentemente uma casa, por acaso muito bonita, que nos serve de centro de produção e sede oficial, e um antigo armazém na mesma rua – onde chove – para oficina e sala de ensaios. Mas não temos um espaço de apresentação pública dos nossos espectáculos – à excepção dos que fazemos na rua – o que nos colocou sempre numa situação de o fazer em conformidade com a programação e agenda do único auditório municipal existente. Este facto impediu sempre que o Teatro do Mar pudesse estar “em cena” na sua própria cidade, tivesse um espaço permanentemente aberto ao público, com programação própria e de Companhias convidadas, ateliers contínuos de formação para crianças e jovens e um café-teatro, outro dos nossos sonhos e objectivos. Uma sede com estas condições aproximaria, ainda mais, a Companhia da sua comunidade e contribuiria, sem qualquer dúvida, para o enriquecimento da oferta cultural da cidade. P: Que importância tem no panorama cultural de Sines a existência desta companhia de teatro profissional? R: A importância de ter fidelizado audiências, ter formado e sensibilizado centenas, se não mesmo milhares de crianças e jovens, posto a sua cidade no mapa teatral português e europeu e servir como exemplo de perseverança, resistência e luta às novas gerações. P: Tens planos para mais 20 anos de actividade? R: Espero que o Teatro do Mar tenha mais de 20 anos de actividade pela frente. Quanto a mim, vivo um dia de cada vez, ou mais concretamente, um projecto de cada vez. Foi um longo caminho até agora. Mas claro que há ainda muito para fazer. Sou uma idealista compulsiva. Ainda acredito na humanidade e na arte como forma de transformar, melhorar o mundo e o modo como nos relacionamos. Isso mantém-me viva. Mas procuro não fazer mais planos do que aqueles que a regularidade do trabalho me obriga a fazer. Um dia estamos aqui, no outro não sabemos se vamos estar. Procuro viver o presente com toda a seriedade e empenho, procuro não anestesiar e estar atenta. Se um dia sentir que já não tenho nada para dizer, páro. Se um dia sentir que os outros já não estão interessados no que quero dizer, páro. Espero ter o discernimento e a coragem para o fazer. Em tempo útil. Centro Artístico e Cultural da Nora?... Serpa, com tudo o que aí viveu e aprendeu. Com tudo o que de bom esse espaço lhe proporciona. Uma “Casa” onde possa receber toda uma comunidade e se possa mostrar a essa mesma comunidade. Um novo ciclo. O “Centro Cultural e Artístico”. Um Espaço vivo, onde a Associação Baal 17 possa dar largas à sua imaginação e onde possa continuar a crescer de forma sustentada, com a vitalidade que a caracteriza. Não é difícil de imaginar como seria “se” a Baal 17 possuísse já esse Espaço... Espaço Multidisciplinar (Teatro, Dança, Música, Artes Plásticas, etc…), será um local de eleição para a criação e produção artística extremamente dinâmico, com várias funcionalidades para a apresentação de espectáculos, projecção de cinema, programação de exposições, organização de ateliers, etc. Possuirá espaços para ensaios e demais condições para artistas e criadores, em regime de residências e acolhimentos artísticos, criarem e apresentarem os seus trabalhos e espaços onde a equipa da Baal 17 possa realizar condignamente as suas actividades. Um bar de apoio, local de encontro e de partilha entre criadores e população em geral, aberto a tertúlias e trocas de ideias, será outro dos espaços a dinamizar. O “Centro Artístico e Cultural” da Baal 17 representará, inegavelmente, uma tremenda mais valia para a cidade de Serpa e para toda a sub-região onde a Associação está inserida, através do desenvolvimento de uma permanente actividade cultural e artística de referência, 365 dias por ano. Potenciará os projectos da Baal 17, permitirá o reforço das cumplicidades existentes e a constituição de novas parcerias (institucionais e artísticas), corrigirá assimetrias culturais, estimulará a mobilidade cultural, sensibilizará e criará novos públicos para a cultura, promoverá novos artistas. Sonhar é fácil, e realizar os sonhos também. E este é um sonho que está mesmo aqui à mão. Haja para tal vontade e força. O local ideal já está identificado: centro histórico de Serpa, paredes-meias com o iconográfico Espaço da Nora, onde a Baal 17 organiza anualmente, e desde há sete anos, o Festival Noites na Nora, e que só poderá crescer com a aquisição do espaço contíguo. Será que está para breve o “Centro Cultural e Artístico da Nora”? Quem sabe. Uma certeza no entanto – as entidades públicas e privadas a quem será apresentado o projecto devem olhar para ele como uma fantástica oportunidade, a ser concretizada numa pequena e bela cidade do interior, validando a arte e a cultura como factores de crescimento social e económico. Tão simples quanto isso…. Rui Garcia Baal e se Sete anos e meio em Serpa. Uma estrutura humana de desenvolvimento cultural e artístico,que cresceu através dos constantes desafios que se propôs superar: Criar objectos artísticos vivos sustentados por toda uma região e a forma de viver das suas gentes, numa terra que é de todos e que a todos inspira; Realizar e tornar grande um festival [e depois outro] que ofereça, a esta periférica parte do mundo,o contacto vivo com o que os artistas e criadores constroem; Desenvolver um trabalho artístico de base junto dos alunos, fundamento essencial para o seu crescimento; Esta mesma revista onde estas linhas se encrostam; E tantos, tantos outros.... Hoje a Baal 17 é maior de idade. É parte integrante de uma comunidade e região. Possui capital humano de qualidade e em constante processo de captação de conhecimento. Possui uma rede de cumplicidades artísticas e culturais no Alentejo, em Portugal e no estrangeiro. Possui apoios minimamente condignos ao trabalho que desenvolve, ainda que deseje o seu aumento, para que possa melhorar e engrandecer constantemente todos os seus projectos... ir mais além... Atingindo a maioridade, chegou pois o momento de se afirmar como ser autónomo, construindo a sua “Casa”, o seu “Lar”. Chegou o momento de deixar a casa dos pais – neste caso o Cine-Teatro Municipal de AAL OLHARES noites na nora oito anos de cultura como uma festa Há oito anos começámos a idealizar projectos ligados ao teatro, à música, à dança e às artes plásticas, criando amizades e partilhando um espaço estimulante que funciona como uma corrente de ar fresco à criação, espontaneidade e forma de estar. Poesia, surpresa e calma. Desde o primeiro dia um local arrogou essa função: a Nora. É para esse local que transpomos a nossa vontade de assumir uma programação estruturada e especializada. Uma programação que até agora tentou variar e surpreender quem nos visita com um objectivo: partilhar o sentimento de que a cultura pode ser uma festa. Celebrar esse momento, partilhálo com os amigos e, quem sabe, despertar a imaginação para novos projectos, novas paixões. Em oito anos fizemos conquistas, mas não queremos baixar a fasquia, muito pelo contrário. Queremos fazer mais e melhor, mas o facto é que sem um maior incentivo e investimento financeiro tal não será possível. Em 2008, subimos um pouco a barreira e criámos uma ponte ainda mais estreita entre novas criações nacionais e internacionais e o emergir das tradições populares aliadas à pesquisa. É o caso do projecto inspirado pelo fado de nome Deolinda, as guitarras de Dead Combo entre o blues, o fado e western, e a residência/criação artística de dança e movimento “Serpa Serpente Terra de Mulher Gente”, a cargo de Vanda Melo. No teatro procurámos dar um salto ainda que pouco impulsivo. As dificuldades técnicas do espaço obrigam a uma procura de espectáculos vocacionados para a rua o que nem sempre é fácil. Sabemos o que encaixa na perfeição, mas, e novamente as dificuldades orçamentais, fazem-nos encolher a barriga e fazer a ginástica do euro. Procuramos fazer com que o Festival chegue mais longe, aproveitando esta boleia da Baalzine que viaja junto com outros amigos e novos projectos assumindo no nosso papel na criação, edição e programação. A eles, aos amigos que fomos fazendo ao longo de oito edições de Festival Noites na Nora, fica aqui publicamente o nosso agradecimento. Graças a eles, também, conseguimos continuar a ter uma programação rica e fresca. Obrigado também àqueles que ano após ano fazem das Noites na Nora as suas noites e, claro, a todos os que continuam a apoiar a Cultura como uma Festa. dia6 música Ciganos D’Ouro + Myriam Szabo & Salamantras Os Ciganos d’Ouro surgiram em 1994, No Festival Noites na Nora, Myriam Szabo às 22.30 horas por iniciativa dos irmãos José Pato e volta a subir ao palco com os Ciganos Sérgio Silva. Em 1996 lançam o álbum d´Ouro e, com ela, as Salamantras Mónica “La Casa” e passaram então a divulgar Roncon e Carolina Fonseca prometem duração 1h30m o seu trabalho em Portugal, Espanha, encher de alegria, magia e beleza o França, Bélgica, Holanda e muito mais e Espaço da Nora. Todas as idades participando em festivais internacionais de música cigana, ao mesmo tempo que conquistam novas plateias fora desta comunidade. Depois de “Libertad” e Os Ciganos d’Ouro são: José Pato – Voz principal e guitarra Sérgio Silva – 2ª voz e guitarra Francisco Montoya – guitarra solo “Maktoub, palavra árabe que significa Jalma – 2º voz e bateria destino e caracteriza o caminho errante Sebastian Charifie – percussão do povo cigano, os Ciganos d’Ouro editam Gustavo Roriz – baixo pela Newcolors. “SAL” é tema de abertura João Falcato – piano e dá nome ao álbum que junta assim 9 canções e um tema instrumental da autoria do guitarrista Francisco Montoya. dia7 música 10 Vozes do Imaginário Associação do Imaginário às 22.30 horas duração 50 min. dia8 teatro duração 40 min. Até aos 12 anos das Beiras. A música de Zeca Afonso é cal constituído por um conjunto de vozes também elemento integrante do repertório femininas e três instrumentistas que dão deste projecto. corpo ao vasto repertório das polifonias M/12 anos às 22 horas Vozes do Imaginário é um projecto musi- tradicionais portuguesas. O legado de A inclusão de sonoridades de instrumen- Michel Giacometti é o elemento de partida tos como o contrabaixo, percussões e para esta revisita à tradição musical por- sopros, conferem a este grupo caracterís- tuguesa. Engloba um conjunto de temas ticas algo invulgares emprestando às suas que vão desde as polifonias femininas do apresentações um carácter particular, Minho até às modas de trabalho do Alen- estabelecendo uma curiosa ponte entre a tejo passando pelas canções de romaria tradição e o nosso tempo. A Revolta dos Micróbios Teatro Jódicus Autor: Carlos Manuel Pires Correia Encenação: João Góis Concepção e construção do espectáculo: Colectiva Trata-se de um espectáculo que se desen- Num segundo plano, a acção desenrola-se Actores manipuladores: Rogério rola em dois planos de acção, por um lado dentro da boca do nosso amigo João. Aqui, Fialho e João Góis o consultório do dentista, onde podemos vamos assistir ás tropelias e atitudes malé- assistir ao desenrolar de uma consulta que ficas dos micróbios residentes na cavidade se quer pedagógica e elucidativa sobre a bucal do nosso jovem. profilaxia da higiene oral, nomeadamente na boca de um jovem que não se farta de comer guloseimas. Desenho de Luz: José Jorge Anes Canções e Musica: Artur Silva nacional e internacional, foi eleita em 2002 Melhor Travesti Nacional e, em 2006, Rainha da Noite. Realiza interpretações diversas, desde o cómico às duplas de grandes divas, incluindo a grande Amália Rodrigues; Bang Bang Ladesh - Gilberto Costa actor e transformista cómico, conta com várias participações em televisão tais como na novela brasileira Cabôcla/ como Anastácio, no Big Show Sic ou Sítio do Pica-Pau Amarelo; Armani D’Vyne - artista britânica radicada em Portugal há 10 anos, exímia na interpretação de grandes divas como show transformista A 8.ª edição do Festival Noites na Nora recebe o seu primeiro show de transformismo. Em palco: Linda Xennon - com 25 anos de carreira dia12 Linda Xénon, Armani D’Vyne, Bang Bang La Desh às 22 horas duração 50 min. M/16 anos Diana Ross, Shirley Bassey, Whitney Houston, Tina Turner, Cher, primando pelo glamour e beleza de uma artista nova, sendo que tem uma Re-apareceu a Margarida Entretanto Teatro 11 tragicómica que retrata o dia-a-dia de uma sala de aula da severa Professora D. Margarida, que se desloca numa trama de indagações onde é a própria a dar as respostas que os alunos deveriam responder. Texto | Roberto Athayde às 22 horas Versão Portuguesa | Nina Teodoro Encenação | Gabriel Villela Assistência de Encenação | Hugo Sousa Interpretação | Júnior Sampaio duração 1h30m Participação | Hugo Sousa Operação de Luz e Som | Tiago Dâmaso Co-Produção | Cia. Melodramática Brasileira Produção | ENTREtanto TEATRO D. Margarida transforma a plateia em alunos para discutir e A linguagem e as expressões irónicas usadas criticar uma sociedade oprimida, pela personagem, mostram claramente a nossa D. Margarida, na sua condição neurótica e solitária, amedronta, agride, faz-nos rir e metamorfoseando as disciplinas sociedade actual, com os seus encontros e des- leva-nos à condição de esqueleto, com um de Biologia, História e encontros, situações conflituosas e a opressão humor próprio de uma mulher, cujo verbo Matemática, em instrumentos do regime totalitarista, evidenciando a busca de principal é a violência. de práticas terroristas. uma nova escola de formação mais humanista. Dead Combo Tocam Lisboa, a cidade do campo, das que Marc Ribot avistou, do klezmer judaico e chaminés e das cúpulas brancas, cenários de do drama siciliano... Desmontam as paisagens um passado perdido, o fado, o western vadio, sonoras que tinham já dado em “Vol. 1”, o álbum tudo junto num voodoo de emoções, o Tejo, os de estreia manifestamente elogiado pela crítica amantes desencontrados, anjos abandonados em 2004. Dele se disse que era “um dos mais nas encruzilhadas do destino, flores com cores belos e tocantes registos alguma vez paridos trocadas, santos, Câmaras ardentes, guitarras sob o signo da melancolia.”; ou “um projecto que despidas, cuspidas e deitadas à rua, contrabaix- figura de OVNI no panorama musical português os em fogo, cartolas, galinhas à solta e coisas em 2004 – ou em qualquer outro ano(...)”. que rolam na rua. Em “Vol 2: Quando a Alma não é Pequena”, os Dead Combo também nos dão vestígios do tango, flamenco, do Faroeste como manifestado por Ennio Marricone, da Cuba real e daquela Os Dead Combo são: Tó Trips (Lulu Blind) e Pedro Gonçalves. Encarnam duas personagens que poderiam ter saído de uma BD: um gato pingado e um gangster. M/16 anos dia14 música “RE Apareceu D. Margarida” de Roberto Athayde é uma peça dia13 teatro carreira ainda muito recente. às 22.30 horas duração 60 min. M/12 anos dia15 circo Na Cara – Leo Cartouche Atrás do rosto inexorável oculta-se Jens entretenimento, mas onde é proposto ao constante e mútua provocação, o actor se Altheimer, performer, criador e professor público que participe e interaja, onde numa adapte e responda. nas áreas do Novo Circo e do Teatro Físico. às 22 horas duração 50 min. foi visto em muitos países, em Portugal tornou-se num dos dinamizadores do Novo Circo. “Na Cara”- comedy-show interactivo, é uma produção que utiliza técnicas circenses como linha condutora, recorrendo às linguagens de improvisação e de teatro de comédia. Um espectáculo não só de “Piratas! O Mistério de Maria de la Muerte” Teatro das Beiras dia 18 teatro Todas as idades Enquanto como intérprete compulsivo já Venha fazer parte da tripulação de às 22 horas uma grande viagem marítima! O que é um verdadeiro pirata? duração 60 min. Helen Ainsworth Encenação: Graeme Pulleyn, Quem aqui já saboreou o sangue Cenografia e figurinos: Helen da batalha em alto mar? Ainsworth Qual de vocês sabe o que é andar Interpretação: Teresa Baguinho, Filipa a cavalo nas ondas encapeladas? M/12 anos Texto: Graeme Pulleyn e Eu sei. Isto eu sei e muito mais. Teixeira, Sara Silva, João Costa, Paulo Almeida e Rafael Freire Tesouros, aventuras, mulheres de dia19 teatro todo o mundo às 22 horas duração 50 min. M/16 anos AL-MaSRAH Teatro Carne p´ra Cargueiro Carne p´ra Cargueiro é um espectáculo do Brasil, mas acabam por ser raptadas as raparigas são abandonadas no Sul do de Dança /Teatro inspirado numa história e seguem viagem no cargueiro onde Brasil. A partir daí elas terão de enfrentar verídica, que aconteceu em 1995 no permanecem cativas durante 28 dias. Esta a nova realidade das suas vidas. Mas… Brasil. Várias prostitutas brasileiras são viagem está repleta de amores, desafectos, será que lhes será feita justiça ou estas contratadas para passar três noites num violações, violências e outras situações mulheres são apenas pessoas de segunda navio romeno, ancorado no Nordeste trágicas. A aventura tem o seu fim quando categoria, carne p’ra canhão? Criação Colectiva AL-MaSRAH Teatro Direcção: Rita Alves Interpretação: Aline Catarino, Nuno Faísca, Patrícia Vito, Pedro Ramos, Sónia Botelho, Susana Nunes, Verónica Guerreiro 12 até à revolução de 74 um dos cantautores a Frederico Garcia Lorca” e “Camões, mais censurados pela ditadura com dois as Descobertas e Nós”. O Fado, a música LP e vários singles proibidos. tradicional portuguesa e o jazz são outras A sua criatividade, inspiração e ousadia facetas menos conhecidas, mas também como compositor respondem por grandes exploradas pelo autor. Em 2006 produz o êxitos como “Na cabana junto à praia” seu próprio álbum “Vinyl” e edita “Baladas ou “Cai neve em Nova York”. Com uma da minha vida” – disco de platina nos dois atitude mais vanguardista inicia nos anos primeiros meses de venda. Mora numa casa bonita do princípio do século passado, álbum “10.000 anos depois entre Venús e onde vai gravando e produzindo tanto para popular portuguesa no fim dos anos 60 Marte”, e explora nas décadas de 80 e 90 si como para outros artistas. Nos tempos com a “Lenda d´Rei D. Sebastião” e foi o lado da música étnica com os CD´s “Ode livres participa em concursos hípicos. The Campesinos Bluegrass, Country Blues 13 The Campesinos tocam as canções Scruggs, juntaram-se para tocar Bluegrass lisboeta de Bluegrass, Old Time e Old clássicas e originais do bluegrass e old com alguns dos melhores músicos Folk School Country Blues que tocam canções school country de artistas como Johnny portugueses incluindo o tocador de de amor, desgosto, angustia e infortúnio. Cash, Dr. Ralph Stanley, Bill Monroe, Flatt Bandolin Luis Peixoto, a acordionista Celina É Sábado à noite e toda a aldeia está and Scruggs e the Carter Family e também Piedade e o violinista Nuno Flores, todos versões Bluegrass das tuas canções fascinados pelo som do Bluegrass. preferidas, como nunca ouviste antes. Esperamos encontra-los pela estrada, AAL OLHARES presente, a fogueira a crepitar, a luz pálida da lua, canecos de whiskey de contrabando espirrando pela taberna. The Campesinos formaram-se quando batendo o pé e o coração ao ritmo da Arranje um lugar e entre neste espectáculo Pancho Brown, um viajante country trovador música dos The Campesinos. musical que o fará reviver outros tempos. do lado Americano do Atlântico aterrou em Os The Campesinos são tão quentes como Lisboa e cruzou caminho com André Daal, o cobertor de lã que te aconchega ao teu tocador de Banjo Português que poderia amor enquanto escutam a musica da velha também ter nascido em Nashville. grafenola, aparecendo-te como o crack de Desenvolvendo um repertório de clássicos e uma pistola Colt numa fria e irritadiça noite. originais, Brown e Daal, the Lisbon Flatt and nome e foi fonte de inspiração ao brasão Ou de Serpínia, a Princesa? desta cidade. Talvez de Ana, a Encantada Foi nesta atmosfera que me atrevi e entrei Tem Serpa o nome, a Beleza?” para iniciar este trabalho de criação, uma Serpa será mulher? fusão plástica de dança, expressão e canto. A mulher faz parte predominante das lendas Esta peça tenta ligar de forma simbólica o esta terra e é fonte de inspiração neste tra- passado lendário e o presente, sem preten- balho. Todo o universo que povoa as estórias siosismo, mas, e apenas, com a intenção lendárias de Serpa assim o sugere, e são figu- de acender a chama de curiosidade sobre ras femininas: “Ana - a encantada em Ser- as lendas desta terra e homenagear o seu pente alada e Serpínia - a princesa amada”. encanto e beleza. É uma peça que fala Porque são lendas e cantes e contos - de do faz-de-conta, da magia, do simbólico. - estórias não se sabe ao certo a origem Fala-nos de fecundidade, sensualidade, do nome Serpa, mas tudo indica que a solidão, alegria, carácter, e beleza. Ela trata serpente alada esteve na origem deste o universo feminino, de forma intemporal. M/12 anos às 22.30 horas duração 90 min. Todas as idades The Campesinos são: Pancho Brown – Guitarra e voz André Daal - Banjo Nuno Flores - Violinino Miguel Santos - Bandolin Serpa Serpente Terra de Mulher Gente “De Serpe, Serpente Alada? duração 90 min. Realização e coreografia: Vanda Melo Assistente de realização: Kátia Leitão dia22 dança Os The Campesinos são uma banda às 22.30 horas dia21 música 80 o rock sinfónico em Portugal com o José Cid liderou a renovação da música dia20 música José Cid - Ao Piano Bailarinas: Kàtia Leitão, Joana Manaças, Rita Leão, Rita Luz, Cláudia Oliveira, Eduarda Espernega, Cantora: Helena Madeira às 22 horas duração 50 min. M/12 anos dia25 teatro às 22 horas duração 60 min. M/12 anos Smooth Cabaret Baal 17 and “guests” Existe no País a ideia feita de que os por ser desenrascado perante as alentejanos são preguiçosos, mas também adversidades que são muitas, mas também amáveis, acolhedores e prestáveis; de é smooth por ser bonacheirão nos meses que os alentejanos são ignorantes mas de Verão em que o calor e a languidez Eduarda Espernega, Marco Ferreira, também desenrascados. Existe também nos lenhificam os movimentos. E porquê Sandra Serra, Susana Romão, Rui a ideia de que um espectáculo que se o cabaret? Porque nas Noites na Nora, e Garcia, Rui Ramos e Telma Saião, apresenta com um título em inglês tem sobretudo nas noites quentes de verão em mais hipóteses de revelar uma certa Serpa, tudo é mais fácil se for divertido. Criação Colectiva Coordenação geral: Marco Ferreira Interpretação: Ana Cristina Baptista, entre outros “guests”. Operação de Som e Luz: Paulo Troncão profundidade artística. É sobre todas essas ideias feitas e, em nossa opinião, erradas por tão generalistas, que este espectáculo se constrói. Assim, Smooth Cabaret pretende ser um espectáculo que aborda de uma forma mordaz a qualidade intrínseca do povo alentejano em ser Smooth com tudo o que o significado da palavra implica. O povo alentejano é smooth por ser gentil, por possuir a dia 26 teatro suavidade que a paisagem lhe transmite, às 22 horas duração 45 min. dia27 música M/6 anos às 22 horas duração 40 min. M/10 anos Sombras - Marionetas Actores e Objectos Com este espectáculo pretendemos apresentar uma pequena mostra desta arte milenar que se chama Teatro de Sombras. As marionetas de sombra da Texto, cenário e marionetas: Sabahat Passos Manipulação: Alexandre Vorontsov Turquia são figuras bidimensionais, confeccionadas Vozes: António Neiva, Carla Magal- num material transparente (pele de camelo, hães e Sabahat Passos tradicionalmente) e coloridas. As suas sombras num Encenação: Alexandre Vorontsov ecrã branco resultam igualmente coloridas. Assim vamos juntos ver um espectáculo de sombras. Técnica de manipulação: Teatro de sombras tradicional da Turquia Haja luz! Deolinda - Fusão Fado com Urânio Enriquecido “O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente popular portuguesa, inspirado pelo fado e as para saber que a vida não é tão fácil como parece, suas origens tradicionais. Formado em 2006 solteira de amores, casada com desamores, natural por 4 jovens músicos com experiências musicais de Lisboa, habita um rés-do-chão algures nos diversas (jazz, música clássica, música étnica e subúrbios da capital. Compõe as suas canções a tradicional), procuram, através do cruzamento das olhar por entre as cortinas da janela, inspirada pelos diferentes linguagens e pesquisa musical, recriar discos de grafonola da avó e pela vida bizarra dos uma sonoridade de cariz popular que sirva de base vizinhos. Vive com 2 gatos e um peixinho vermelho...” às composições originais do grupo. Deolinda é um projecto lisboeta de música original Encarnam a Deolinda: Ana Bacalhau, na voz Pedro da Silva Martins e Luis José Martins, nas guitarras clássicas Zé Pedro Leitão, no contrabaixo 14 Vinda de uma época esquecida, mas fole do Vítor Cordeiro. A estabelecer jovens músicos oferece ao público um o ritmo das percussões e a ensinar as espectáculo de ritmos europeus dignos coreografias perdidas no tempo, estará o de uma lenda épica. Os participantes Matias, disposto a animar quem acei- poderão dançar valsas lentas e inebriantes tar este desafio. As danças e músicas ou, se preferirem, agitadas coreogra- levam o nosso imaginário a vários países fias de tirar o fôlego. Os quatro músicos desde Portugal, França, Irlanda, Suécia, acompanharão o público nesta aventura Alemanha, Bulgária, Estónia, entre outros, onde uma concertina, tocada por Luísa em que todas as culturas são trazidas à Corte, se deixa embalar por uma guitarra, memória de muitos. Os Mosca Tosca são: Vitor Cordeiro: Flautas, Gaitas-de-Foles Mário Dias: Viola Luísa Corte: Concertina, Flautas Matias: Cajon, Percussão acompanhar pelas flautas e gaitas-de- ainda viva, esta recente formação de dia28 música/baile Mosca Tosca Música Tradicional Europeia às 22.30 horas duração 1.30 horas Todas as idades pela dança. A formação será baseada na dança e da vida assumidas numa profunda Dança Gypsy Duende com uma fusão interdependência consciente. É uma busca entre a dança oriental e improvisações em energética, intelectual e emocional através músicas gypsy techno e decorre no da exploração do corpo, manifesta-se pelo Cine-Teatro Municipal de Serpa, movimento e pela tranquilidade. É uma nos dias 7 e 8 de Julho. Oficina de Danças Tradicionais por Matias “Pr’aprender” a bailar antes do baile à noite com bastante informação, com uma agenda actualizada Matias, um dos grandes dinamizadores de bailes e sobre Bailes, Jam Sessions, Festivais, Fotos jam sessions de danças tradicionais europeias por e Oficinas de Danças Tradicionais que se vão Lisboa, sobretudo no Teatro Ibérico onde também realizando em Portugal e no estrangeiro. realiza trabalho como actor. Faz parte dos Dançarilhos e do Rancho Folclórico Monitor de danças tradicionais europeias na das Salineiras de Lavos. Quinta da Regaleira (Sintra), é ainda responsável Local: Cine-Teatro Municipal de Serpa. oficina das 17 horas às 19.30 oficina busca que versa a arte de viver. A alquimia às17 às 19 horas Residência “Serpa Serpente” por Vanda Melo Durante seis dias, oito mulheres passado lendário e o presente, sem criam em Serpa um trabalho de fusão pretensiosismo, mas e apenas com plástica de dança, expressão e canto, a intenção de acender a chama da tendo como fonte de inspiração a curiosidade sobre as lendas desta terra Mulher nas lendas de Serpa. Uma peça e homenagear o seu encanto e beleza. que tenta ligar de forma simbólica o residência pelo Blogue Trad Balls, onde se pode encontrar dia7e8 15 A Dança Duende, conceito criado por Myriam Szabo, assenta numa visão da dia28 Oficina Dança Gypsy Duende por Myriam Szabo dia7e 8 dedilhada por Mário Dias, que se permite às 22 horas A CULTURA COMO UMA FESTA 6 a 28 de julho | serpa 2007 TEATRO. MÚSICA. DANÇA. OFICINAS. RESIDÊNCIAS noites na nora Ciganos D'Ouro | Deolinda | Myriam Szabo + Salamantras | Dead Combo | José Cid | Mosca Tosca | Teatro das Beiras | Entretanto Teatro | Leo Cartouche e muito mais... Baal 17 Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo | Apt. 113 - 7830 Serpa - Portugal | 284 549 488 | 966 350 511 | 961 363 107 | [email protected] | www.baal17.com APOIO À DIVULGAÇÃO: Agradecimentos Grupo de Teatro de Serpa, Grupo de Teatro Jodicus, Santa Casa da Misericórdia de Serpa, Bloco D – Design & Comunicação, Cocas Produções, funcionários da Câmara Municipal de Serpa, Carla Matadinho, Daniel Veiga, David Tejera, Carlos Arruda, Bernardo Santos, António Guerreiro, Restaurante “A Tradição”, Pronto a Comer “La Salete” e Bombeiros Voluntários de Serpa e a todos os que de alguma forma ajudaram ou contribuíram para a realização do Festival Noites na Nora 2007. Noites na Nora 2007 Direcção Geral: Baal 17 I Programação: Marco Ferreira I Coordenação do espaço: Rui Ramos I Direcção Financeira/Gestão: Telma Saião I Direcção de Produção: Rui Garcia I Produção Executiva: Sandra Serra I Assistência de Produção: Ana Antão e Marla Leitão | Direcção Técnica: Marco Ferreira I Equipa Técnica: Paulo Troncão e João Sofio PATROCÍNIO: COM O APOIO DE: BAAL 17 FINANCIADO POR: Foto: Paulo Escoto a Baal com Myriam Szabo No caminho da guerreira Por Sandra Serra “Logo que consegui segurar-me nas pernas quis dançar. Era uma certeza e também uma obsessão”. Um caminho que começou aos três anos de idade e que prossegue um desígnio: o da coroação da vida, como uma artista autêntica, feliz de partilhar essa simples vivência com o mundo. Hoje, Dança o seu Caminho, assente na Liberdade, no Rigor, e na Virtude, os três pilares da Dança Duende. Contar o caminho de Myriam Szabo é desfolhar um livro de aventuras, um livro no caminho do conhecimento pessoal e do mundo; um caminho altruísta, acreditando, por que não (?) que o mundo pode e deve ser melhor.“ baal COM MYRIAM SZABO 17 Myriam Szabo nasceu em França, Paris, em 1961,nacionalidade a que viria a juntar também a Portuguesa, na década de 80. E, com três anos de idade, inicia os seus estudos em Dança Clássica e “Tap Dance”, nos Estados Unidos da América. De volta a Paris recebe formação em Dança Clássica e Dança de Carácter na École du Ballet Russe Irina Grjebina, escola onde viria a ser solista com 12 anos de idade, realizando digressões pela Europa e pela Coreia do Sul. Com 19 anos Myriam inicia na agência “Mademoiselle” carreira como manequim profissional, posando para revistas como a “Elle” ou a “Vogue” e realizando diversas campanhas publicitárias (Triumph, L’Óreal). Em 1981, torna-se uma das caras mais conhecidas em França, com a célebre e polémica campanha publicitária “Avenir”, que viria a ser tema central da revista “Photo” que lhe dedica a primeira capa a preto e branco da sua história. Pouco depois retira-se da vida profissional: “uma pessoa quando se torna famosa torna-se um produto e eu achei que não tinha estrutura para isso. Por isso retirei-me”, disse “revista 7”, em 1994. Com 21 anos, deixa a ribalta e o estrelato e viaja pela Índia e pelo Nepal, realizando vários retiros tradicionais em solitário, e especializando-se em Filosofia Budista, Hatha Yoga, Karate Shoutuakan e Chi Gong. O seu caminho tornava-se mais espiritual e, com ele, também a visão da dança. Dançar para um mundo melhor, como forma de aperfeiçoamento pessoal e não como ambição profissional. No final da década de 80, Myriam Szabo Foto: José Carballo chega a Portugal apaixonada por um português. Realiza espectáculos de dança no Centro de Yoga e Macrobiótica “Pirâmide” e gere o restaurante do mesmo, no quadro da Escola de Budismo Tibetano Ogyen Kuunzang Choling. A mulher do mundo em busca do conhecimento frequenta workshops intensivos de danças do mundo: Flamenco, Sevilhanas, a Kathakali, Bharata Natyam, Danças Africanas, Danças Judias (já tinha colaborado com a companhia de dança judaica Iahmel), Dança Contemporânea Expressiva, recebe formação em Arte Dramática e descobre a Dança Oriental, impulsionada por um amigo português. Sobre essa descoberta escreve Myriam no seu sítio da Internet: “Quando a Dança Oriental me domesticou finalmente, descobri uma nova sensibilidade, uma doçura, uma feminilidade delicada à flor da pele que se desenvolveu aos poucos no meu coração. O coração terno, profundo e temível da Mãe”. Sobre a Dança Oriental, a que comummente chamamos Dança do Ventre, Myriam continua: “Do Oriente a Dança Oriental só tem a aparência; ela é universalmente feminina. Adquirindo suavidade, um sorriso nos lábios e ondulamos com generosidade, trememos com vigor. Deixamos de ser uma mulher com uma idade, com um rosto, um nome ou uma história. É muito mais do que isso, descobrimos A Mulher. Não falo de se cobrir de fantasia nem de ouro ou seda para deslumbrar o público ou para tentar um competição lamentável com Salomé, nutrindo-se dos suores libidinosos de alguns predadores frustrados, fascinandose até à cegueira com o brilho do nosso próprio umbigo. Aí nos espera a alhada da vaidade, os ciúmes ruins que nos afastam de nós próprias e dos outros, que nos afastam do essencial”. Em Portugal, Myriam Szabo começa a agitar o País pelo Norte. No Porto organiza e produz os 1.º e 2.º Rally Jazz do Porto e é galardoada pela Secretaria de Estado da Cultura, fazendo cair novamente em si os olhos da imprensa estrangeira em busca da menina que tinha protagonizado a campanha “Avenir”, e traçando o seu percurso até então. Dos tempos no Norte, Myriam cria espectáculos, realiza performances a solo, organiza digressões de artistas como Ghalia Benali e Waso, O projecto Dança Duende (termo popular andaluz que designa a presença poética em toda a sua força), explica Myriam, “apareceu espontaneamente à medida que o meu trabalho se tornou mais incansável e se afastou de categorias de danças pré-existentes. Ao tomar consciência das implicações artísticas e pessoais da minha própria experiência como bailarina, como mulher e como ser humano, comecei a procurar meios de partilhar essas vivências com numerosos alunos. A minha profunda admiração pelas Danças Tradicionais, pelas Artes Marciais e pelas Artes Internas, a minha formação clássica e o meu empenhamento numa via espiritual milenar juntam-se numa dança que ainda não tinha nome. Efectivamente esta dança segue sem nome, já que a Dança Duende é um meio e não um fim”. Efectivamente, Dança Duende pretende propor uma abordagem integrada da dança em geral, sensibilizando as pessoas para novas dimensões, que nem sempre se enquadram nas técnicas dos vários estilos de dança, mas que são indispensáveis para transformar um “bom técnico” num artista autêntico, mágico e especial. Não se trata de criar um novo estilo de dança, trata-se de “restaurar uma visão simples e sagrada das artes no âmbito profissional graças a um processo criativo ilimitado, individual e definido”, uma visão que se pretende aplicada a todos os aspectos da vida. Liberdade, Rigor e Virtude, são os três pilares onde assenta o caminho do guerreiro. “Quando a consciência brilha: aqui nasce o duende. Se a Arte é duende por que não a vida?” Aí reside o desígnio da vida de Myriam Szabo. Transmiti-lo aos outros talvez a sua missão. Foto: Gérard Sarrouy Dança Duende: Dançar o seu caminho renunciando à produção de eventos e dedicando-se exclusivamente ao desenvolvimento do projecto Dança Duende e à direcção artística do grupo Salamantras (Myriam Szabo, Carolina Fonseca e Mónica Roncon), projecto criado por Myriam Szabo em 2002 e que, tendo começado como uma formação de dança Zíngaroriental na Península Ibérica, o evoluiu para uma abordagem da dança como um caminho, uma via para a transformação das emoções e para o alcance do bem-estar e da felicidade, unindo técnicas e conhecimentos de disciplinas ancestrais, tais como o KungFu, o Chi Gong ou o Bharata-Natyam. De quando em vez, muito raramente, Myriam regressa a Portugal. Não pára. É difícil saber onde a encontrar hoje e se lá estará ainda amanhã. Ainda há muitas rotas por percorrer, muitos caminhos por explorar. “Acho que tenho um objectivo na vida que é bastante esquisito. Um dia, quando morrer queria estar satisfeita. Estar pronta para isso sem problemas de consciência. Entretanto, gostava de perceber os outros e não ser egoísta”. baal COM MYRIAM SZABO dedica-se ao estudo da etnia cigana em Portugal, protagoniza passagens pelo cinema, dinamiza ateliês de dança, coordena a exposição de arte sagrada do Tibete no Centro Cultural de Belém, é modelo fotográfico de “Do Tamanho do Mundo”, de Carlos Pinto Coelho. E mais uma vez o tamanho do mundo a chama e Myriam parte, em 1996, viajando durante um ano com saltimbancos pela Europa. Depois de várias digressões como solista pela Europa e das aulas regulares em Bruxelas, Myriam chega a Serpa, em 2002, contratada pela autarquia local como assessora cultural e professora de dança. O agito na Vila Branca começou. Aqui dá aulas nas escolas do concelho para cerca de 60 alunas e co-produz com a Baal 17 “A História de Yanarava”. É também em Serpa que concebe e realiza o Festival “Wild Women´s World” que, infelizmente, contou apenas com duas edições. Myriam Szabo acabaria por voar mais para Sul, para o Centro de Retiro Budista Karuna, em Monchique. Novamente o apelo do vento, e o espírito criador livre e Myriam parte para Bruxelas, O Stand Uper Por Desbocado Doidinho Com Up baal DESBOCADO 19 Indeciso Sem Futuro Sem Up Eu queria ser um Stand Uper com piada. Ou mesmo um Stand Uper sem piada. É uma profissão de futuro. Os americanos, esse povo empreendedor, rico em cultura e de longa história, fazem isto há dezenas de anos, e toda a gente sabe que o que é americano é bom. E eu não quero arriscar numa profissão sem futuro. Tenho vindo a estudar esta matéria atentamente: as ditas profissões com saída. E penso que saída quer dizer, no caso da profissão, sucesso, resmas de dinheiro e reconhecimento público, a satisfação pessoal não é para aqui chamada. Se tenho que trabalhar, então que o trabalho, se for árduo, se traduza em capital para o meu bolso e o resto são cantigas. Até porque, pelo que vejo, Stand Uper é uma profissão muito sofredora, sempre de pé, estão sozinhos e desamparados, eles transpiram, eles enganam-se no que dizem, a tensão é óbvia e não raro entaramela-se-lhes a voz, é mesmo um trabalho para verdadeiros homens, facto atestado pela quase inexistência de mulheres a fazê-lo. Há muitos artistas em Portugal, não sei se demais ou se de menos, mas artistas de Stand Up há poucos, pouquinhos. O que é bom, pelo menos para mim que quero enveredar pela profissão. Há algum tempo fui a uma festa, daquelas que duram uma semana com muitos espectáculos e têm preocupações culturais, mas também políticas, muito altas. Fui assistir a alguns desses espectáculos. E qual não é o meu espanto: o público num certo dia esgotou o recinto para ver 1 (um) Stand Uper e não apareceu no outro dia para ver um espectáculo dito de “teatro convencional” com quase 12 (uma dúzia) de actores em cena. Imagino que o cachet daquele Stand Uper seja bem merecido e proporcional ao seu sucesso: um verdadeiro Stand Uper de massas. Para mim, este episódio é um bom indicador, não sei muito bem de quê, mas definitivamente um bom indicador. E depois há todo o resto… Eu sou feio, admito. Mas para Stand Up quanto mais feio melhor. Aliás, no Stand Uper o feio fica bonito. O Stand Uper não precisa de estudar, apenas de tentar e persistir, não precisa de ter talento, apenas descaramento, não precisa de saber falar e se for alarve tanto melhor. Se eu começar agora, já, num qualquer programinha de TV (que não deve ser difícil), aposto que lá para o fim do ano já darei a cara por alguma marca publicitária, farei tournée por todo o país, e para aqueles que não tiverem oportunidade de assistir ao vivo aos meus espectáculos terei uma linha telefónica de valor acrescentado e dois DVD editados onde contarei muitas e boas piadas. Isto do Stand Up não é novo cá por Portugal, quem não se lembra das velhas histórias do Raul Solnado? Mas acho que o homem se esforçava demais, coitado, e aquilo era muito rebuscado. Nem sempre o trabalho e o talento são sinónimos de qualidade. O certo é que não se lhe deu muita importância e a coisa não vingou. Até agora… Porque agora tudo é diferente. Agora somos um país da linha da frente. E há certas preocupações culturais demasiado profundas que não são mais necessárias. Basta de sensaboria e de velhas formas que deveriam estar enterradas há milhares de anos. Viva a simplicidade. Viva a oratória e a capacidade de improviso. Viva o individualismo. Vivam os homens empreendedores que orgulhosamente sós enfrentam as massas. Vou parar por aqui, porque senão ainda acabo no Iraque a lutar pela democracia. Pois é, estou decidido. Este é o momento ideal para começar, o riso está na moda. E há lá coisa mais risível que um Stand Uper português? BAAL EM BANHO MARIA 2ª Edição da Mostra de Teatro no Outono – Folha Caída De 6 a 27 de Outubro. Cine-Teatro Municipal de Serpa Depois de uma primeira edição, em 2006, e em que o balanço foi por demais positivo, a Baal 17 volta a organizar conjuntamente com a Câmara Municipal de Serpa a Mostra de Teatro de Outono – Folha Caída. Temos como objectivo a criação de novos públicos para o Teatro, pelo que na programação apostamos em espectáculos que abranjam o público escolar, desde o pré-escolar ao secundário, com marcações específicas para os estabelecimentos de ensino, onde se pretende, também, fazer do palco um espaço de análise, de aprendizagem e, igualmente, de convívio com a arte, e com os protagonistas do espectáculo. O estabelecimento de pontes artísticas com outras companhias de teatro, é igualmente razão de ser desta mostra de teatro, que, em 2007, conta com as participações do Projecto Ruínas, da Urze Teatro, Companhia de Teatro de Portalegre O Semeador, A Bruxa Teatro, Art’ Imagem, AL-MaSRAH Teatro e Cendrev. Pão Criação colectiva Nenhum outro alimento, antes ou depois da sua descoberta, dominou tanto o mundo como o pão. O Pão que triunfou ao longo dos tempos, que ultrapassou guerras, conquistou povos e dominou o mundo. Que histórias há para contar do pão? O pão, que faz viver o homem, que só pode sobreviver pela mão do homem. O Homem, que sobre o assento de aço do tractor, já não parece um homem. O Homem que já não lavra, faz com essa máquina uma cirurgia à terra que ecoa pelos campos, inseparável do ar e da terra que com eles vibravam em uníssono. O Homem sentado no seu acento metálico, orgulhoso das linhas rectas que não é ele a traçar, orgulhoso do tractor que não lhe pertence, orgulhoso da potência que não controla. E quando a seara cresce e depois é ceifada, ninguém chegou a pegar num torrão húmido com as mãos para o desfazer e deixar escorregar a terra por entre os dedos. Nenhuma mão humana tocou na semente, ninguém chegou a amar a terra. O homem come aquilo que não fez crescer. Já não há ligação entre o Homem e o pão que levava à boca. “Pão” será um espectáculo criado a partir de pesquisas realizadas em torno das histórias e história do pão, e onde se pretende explorar a importância deste alimento dando principal destaque à sua história no Alentejo, à sua evolução tecnológica e cultural, política e social, económica e psicológica, através da exploração dramatrgica do seu ciclo, envolvendo-o como personagem principal numa viagem aos trabalhos da terra, ao homem e ao seu contexto político, religioso, social e místico. Pretende receber informações sobre a actividade da Baal 17? Quer passar a receber a Baalzine comodamente em sua casa ou no seu local de trabalho? Quer fazer parte desta família? Então não hesite, preencha o destacável e envie para: Baal 17 Cine-Teatro Municipal Apartado 113 7830 Serpa, ou envie um e-mail com as palavras Informação e/ou Baalzine para [email protected]. Nome Idade Profissão Morada Localidade Código Postal E-mail Pretendo receber Informação Comentário à Baalzine (opcional) Baalzine