bibliotecas digitais e virtuais no contexto da ead

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bibliotecas digitais e virtuais no contexto da ead
BIBLIOTECAS DIGITAIS E VIRTUAIS NO CONTEXTO DA EAD:
SERVIÇOS ON-LINE PARA USUÁRIOS REMOTOS
Fabiana Andrade-Pereira1, Ana Luiza Araez Requena Sanches2
1e2
i
Bibliotecária, FAPESP , São Paulo, SP
RESUMO
Aponta-se as bibliotecas digitais e virtuais como contribuintes à educação a distância (EaD),
especialmente na oferta de serviços aos utilizadores desta modalidade educacional e como
forma de suprir necessidades informacionais dos usuários remotos. Verificamos quais os
serviços essas bibliotecas podem oferecer e destacamos o serviço de referência virtual
(SRV) como principal meio de proporcionar subsídio às questões de referência que abarcam
o processo de ensino e aprendizagem, além de oferecer suporte para as questões de
disseminação da informação em meio virtual, visando um relacionamento com os usuários
baseado em conceitos que envolvem interatividade, colaboração e cooperação.
Palavras-Chave: Bibliotecas Virtuais; Bibliotecas Digitais; Educação a Distância; Internet;
Serviço de Referência Virtual
ABSTRACT
It points out the digital and virtual libraries as contributors to the Distance Education (DE),
especially in providing services to users of this educational modality and as a way to meet
information needs of remote users. We verified the services those libraries can offer and
highlight the virtual reference service (VRS) as the primary means of providing subsidy to
reference questions that cover the process of teaching and learning, besides providing
support for the issues of dissemination of information virtually, seeking a relationship with
users based on concepts that involve interactivity, collaboration and cooperation.
Keywords: Virtual Libraries, Digital Libraries, Distance education, Internet, Virtual Reference
Service
1 Introdução
Em diversas áreas do conhecimento existem atividades onde os avanços
proporcionados pela inserção das tecnologias de informação e comunicação (TICs)
são notáveis. Na área da Educação se aprimorou o modelo da Educação a Distância
(EaD), que de acordo com Valente (2008, p. 105), embora existam inúmeras
definições para a EaD, a que prevalece é o fato de existir a distância temporal e
física entre professor e aprendiz mediada por algum meio técnico. A comunicação
mediada por computador (CMC) modificou qualitativamente as formas existentes de
representação, organização e compartilhamento de informações entre as partes
envolvidas no processo educativo abrindo outras possibilidades de comunicações
entre alunos e professores. (WARSCHAUER, 2006, p. 46).
Maia e Mattar (2008, p. 6) declaram que existem pontos em comum em
praticamente todas as abordagens de EaD, como: separação no espaço, separação
no tempo, planejamento, público, uso de TICs, além de autonomia e interação. Notase que algumas características da EaD se potencializaram com a CMC: a separação
no tempo e espaço: que dependerá da escolha da forma de comunicação mais
adequada a propiciar interação (síncrona ou assíncrona); a autonomia: para
flexibilizar o espaço e o tempo, conferindo ao aluno condições compatíveis com as
suas necessidades para seguir seu ritmo de estudo no local e no tempo que ele
julgar adequado; a interação: que dependerá dos recursos oferecidos pelas
plataformas dos cursos que poderão enfatizar uma comunicação bidirecional entre
professor e aluno, além de permitir interação entre alunos, alunos-professores,
alunos-conteúdo, professores-conteúdos, professores-professores e até conteúdoconteúdo. (MATTAR; VALENTE, 2007, p. 25).
As TICs para a EaD conferem uma nova dinâmica na relação professor-aluno,
pois ampliam as redes de relacionamento e de colaboração entre alunos do mesmo
curso, permitem a incorporação de novas mídias e facilitam o acesso a diversos
conteúdos. Além do material impresso utilizado em sala de aula, os alunos podem
acessar o material didático em meio digital disponibilizado na internet. Diante disso,
a convergência dos recursos em diferentes meios (impressos, digitais, entre outros),
proporciona a criação
de
ambientes
de
aprendizagem
ricos, flexíveis
e
estimuladores do trabalho autônomo do aluno. Os recursos pedagógicos podem
incluir diversificadas mídias, com opções de navegação linear ou não linear e podem
oferecer a interação entre professores, tutores, alunos, convidados, além de
possibilitar acesso às bibliotecas digitais e virtuais garantindo a autonomia e
facilidade na busca por informações. (VOGT et al., 2009, p. 68).
Como consequência dos esforços da EaD, os usuários necessitam ter acesso
às bibliotecas que necessitam estar disponíveis via internet ou outras redes,
apresentar bons acervos cujas informações apresentem conteúdos em diversas
linguagens e com qualidade.
A maioria dos estudos que reportam à EaD apontam as bibliotecas
universitárias e híbridas como as principais fornecedoras de produtos e serviços de
informação para suprir as necessidades informacionais dos indivíduos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem a distância. Porém, o atual modelo de EaD
disponibilizado em meio virtual, com uso recursos e ferramentas da web,
encontramos motivações e justificativas necessárias para inserir as bibliotecas
digitais e virtuais nesse contexto. Elas ofertam produtos e serviços on-line por meio
de eficientes instrumentos de pesquisa que possibilitam o acesso à informação de
modo rápido e imediato, criando oportunidades iguais de acesso às fontes
informacionais como são oferecidas aos estudantes do ensino presencial. Com isso,
pretende-se apresentar a bibliografia que compreenda a reflexão de diversos
profissionais sobre o engajamento dessas bibliotecas perante o contexto da EaD e
verificar os serviços que poderão ser disponibilizados aos utilizadores.
Diante dos serviços que as bibliotecas digitais e virtuais têm a oferecer como
suporte à EaD on-line, é maiormente explicitada a importância dos serviços de
referência virtual (SRV) para atendimento aos usuários remotos. Os serviços
cooperativos de referência virtual também surgem como uma via para o
estabelecimento de serviços mais ágeis, tendo como vantagem o poder de
compartilhar informações com outras bibliotecas, fazendo com que o usuário possa
ter acesso aos mais diversos documentos digitais, desde a forma mais simples,
como a referência de uma publicação, até a mais complexa, como acesso ao
documento com texto completo.
2 Revisão de Literatura: a importância das bibliotecas digitais e virtuais
para o usuário remoto da EaD
Uma vez que adotamos as bibliotecas digitais e virtuais para este contexto, é
necessário ressaltar que na literatura cientifica, não somente no Brasil como
internacionalmente, a terminologia utilizada para definir os dois termos têm sido alvo
de discussão, ocasionando divergências devido a rápida e constante atualização das
TICs. Logo, neste trabalho adotaremos os termos "biblioteca digital" e "biblioteca
virtual" como similares, pois consideramos o fato de ambas apresentarem
características que se interrelacionam devido ao fato de ambas focarem um
elemento essencial em comum: o usuário remoto. Muitas vezes os produtos e
serviços oferecidos por ambas serão os mesmos e por isso, a linha de divergências
entre elas é muito tênue e difícil de ser estabelecida.
Diante dessas considerações, destacaremos as principais semelhanças entre
as bibliotecas virtuais e bibliotecas digitais:
•
Utilizam amplamente as TICs para proporcionar acesso aos recursos de
informação;
•
Ambas estão em espaço virtual, oferecem informação em formato digital que
podem ser acessadas através da internet;
•
Os conteúdos armazenados podem ser rapidamente acessados em todo o
mundo, independente da barreira física e temporal;
•
Permite autonomia do usuário na busca de informações em diversas fontes;
•
Atendem às novas demandas informacionais dos usuários, que buscam por
recursos
informacionais
on-line
e
de
qualidade.
(ANDRADE-PEREIRA;
SANCHES, 2009, p. 127).
Essas bibliotecas, quando bem estruturadas, permitem apoiar cursos a
distância online, pois ambos usufruem de características em comum, nas quais
destacamos: a) possibilidade de acesso remoto; b) autonomia dos usurários –
liberdade de estudo e pesquisa; c) acesso independente de barreiras geográficas e
temporais; d) interação proporcionada por meios tecnológicos; e) oferecimento de
serviços on-line; e f) necessidade de mediação profissional.
Qualquer iniciativa de EaD, principalmente em instituições de ensino superior,
deve incluir a participação efetiva da biblioteca desde a sua concepção. Isto é
evidenciado por dois Referenciais de Qualidade promovidos pelo Ministério da
Educação (MEC), através da Secretaria de Educação a Distância (SEED). O
primeiro Referencial para Cursos a Distância, publicado no ano de 2003, alerta
prontamente sobre esse fato:
Fique-se atento ao fato de que um curso a distância não exime a
instituição de dispor de centros de documentação e informação ou
mediatecas (que articulam bibliotecas, videotecas, audiotecas,
hemerotecas e infotecas etc.), inclusive virtuais, para prover suporte a
alunos e professores. (BRASIL, 2003).
O mesmo documento reforça que as instituições que disponibilizam essa
forma de curso devem oferecer, sempre que possível, bibliotecas e museus virtuais.
Posteriormente, no ano de 2007, a SEED publica outro referencial de qualidade
focando a educação superior à distância (BRASIL, 2007) que evidencia a existência
de bibliotecas nos polos, exigindo a oferta de uma infraestrutura para consulta
bibliográfica e ao material didático. Porém, não se enfatiza a utilização de recursos
mais virtualizados, e apenas ressalta o quanto é importante que o material oferecido
por bibliotecas seja disponibilizado em diferentes mídias.
Entretanto, enfatizamos o fato do aluno de EaD não necessitar de
deslocamento físico para ter acesso às informações bibliográficas, pois além de
comprometer seus estudos, não são consideradas as características essenciais da
EaD, como: a flexibilidade de tempo e espaço e, principalmente, a comodidade.
Outra vantagem das dessas bibliotecas é que elas não se restringem apenas
atendimento dos alunos matriculados nos cursos de EaD, mas atende a toda equipe
e até a comunidade em geral. Valente et al. (apud BLATTMANN; BELLI, 2000)
ressaltam que “estas bibliotecas permitem uma gama de vantagens tanto para os
professores como para os estudantes sobre os materiais para a comunicação com
pessoas fora do meio de aprendizagem tradicional.” Dessa maneira, a importância
das bibliotecas não se resume ao seu acervo, mas à sua capacidade de fornecer
acesso. Documentos que antes possuíam acesso restrito devido às dificuldades de
armazenagem, distribuição e necessitavam de infraestrutura física, hoje podem ser
adquiridos e distribuídos facilmente em meio digital, fator de muita importância para
divulgação do conhecimento no contexto da EaD on-line. (KONDO; LIRANI; TRAINA
JR, 2009, p. 63).
A utilização destas bibliotecas expande os horizontes do ensino e da
pesquisa, tornando praticamente ilimitada a liberdade dos educadores para indicar
material bibliográfico, sem se preocuparem com questões de tempo, espaço e
quantidade de material disponível. Dessa forma, as bibliotecas transcendem os
conceitos tradicionais, deixando de ser depósitos de livros ou repositórios para se
tornarem um ponto focal de pesquisa variada, com serviços e/ou produtos
amplamente oferecidos na internet, acessada a qualquer hora, por usuários de
lugares distintos do mundo.
Serviços de Bibliotecas Digitais e Virtuais para EaD: o Serviço de
Referência Virtual (SRV)
Os serviços de referência virtual vêm atender aos mesmos objetivos dos
serviços de referência tradicional, ou seja, basicamente partem para a virtualização
de produtos e serviços. (ANDRADE-PEREIRA; SANCHES, 2009, p. 161). Eles
devem estar disponibilizados nas bibliotecas digitais e virtuais de maneira que
ofereçam os serviços com capacidade de satisfazer as necessidades e expectativas
informacionais dos alunos dos cursos de EaD, oferecendo suporte às questões de
aprendizagem individuais e as colaborativas.
Desde as formas tradicionais até as versões on-line, conforme Carvalho e
Lucas (2005, p. 4), as atividades propostas pelo serviço de referência variam de
acordo com o tipo de biblioteca e o perfil dos usuários. Os autores apontam os
principais quesitos que o tripé "bibliotecários > usuários > tecnologia" precisa ter,
para que o serviço de referência on-line seja bem sucedido, sendo eles:
•
Postura criativa e pró-ativa do bibliotecário, ao exigir ofertas de atividades que
antecipem a demanda de informações;
•
Planejamento para o atendimento virtual, sob pena de comprometer a
credibilidade do sistema, caso o cliente não seja atendido prontamente;
•
Interface amigável das bibliotecas digitais e virtuais como forma de garantir a boa
navegação e atrair o usuário para sua utilização.
Outro fator importante é a intermediação humana, considerada imprescindível
para um bom desempenho na prestação de serviços no meio virtual, tanto para
promover o uso de recursos e sistemas, desenvolver atividades de treinamento,
quanto para a interatividade entre os usuários e bibliotecários durante a experiência
do processo de ensino/aprendizagem. Esse processo demonstra que o processo de
referência é um constante diálogo entre o bibliotecário e o usuário. (LITTO, 2006, p.
312; MENDONÇA, 2006, p. 230).
Em seu estudo, Márdero-Arellano (2001, p. 9) compilou os tipos de suportes
que diversas bibliotecas do exterior estão comumente utilizando para atender os
usuários remotos pelos serviços de referência virtual, nos quais destacamos o email,
o
telefone
e
os
chats.
Contudo,
devido
ao
surgimento
da
Web 2.0, emergem novas ferramentas capazes de estabelecer um maior
relacionamento com o usuário. Essas ferramentas ainda são de uso raro por
iniciativas brasileiras e, quando são utilizadas, frequentemente apoiam os serviços
de marketing da biblioteca, sendo pouco empregados para reforçar o relacionamento
usuário-biblioteca. Contudo, essas ferramentas podem auxiliar e ampliar os serviços
de referência que, agora, podem apresentar atendimento em tempo real aos
usuários remotos. (ANDRADE-PEREIRA; SANCHES, 2009, p. 167).
Os consórcios de bibliotecas também têm se afirmado como uma via para o
estabelecimento de serviços mais ágeis, entre eles o SRV. Conforme afirmam
Ferrari, Vicentini e Fujita (2002) esse conceito implica, acima de tudo, no
compartilhamento de recursos de diversas bibliotecas e na disponibilização de seus
produtos e serviços, permitindo que esse esforço coletivo seja satisfatório para toda
comunidade envolvida.
3 Materiais e Métodos
O método de pesquisa utilizado foi a análise documental em base
bibliográfica, selecionando da literatura especializada registros de experiências,
sites, projetos e iniciativas, artigos impressos e eletrônicos, relatórios, manuais,
blogs, conferências, listas de discussão, revistas, livros e outras fontes que tratavam
do assunto. Geralmente, essas fontes relacionavam-se às áreas de Biblioteconomia,
Ciência da Informação, Documentação, Educação, Comunicação, Tecnologia da
Informação, Ciência da Computação, Filosofia, Ciências Sociais, entre outros.
A seleção desses documentos foi baseada em critérios, tais como:
a) a forma de acesso, dando preferência a documentos digitais;
b) a abordagem temática das fontes de informação: busca por documentos
relacionados à Educação a distância, tecnologias da informação e comunicação,
Bibliotecas Virtuais e Digitais, serviços de referência virtual e outros;
c) a propriedade intelectual da publicação, garantindo idoneidade à pesquisa.
Quanto à forma de acesso utilizada priorizamos fontes disponíveis na internet,
cujos autores e documentos estivessem ligados às universidades e instituições
reconhecidamente atuantes. A consulta a livros foi utilizada, embora de forma
singular, uma vez que o acesso à internet nos possibilitou um maior alcance a
documentos recentes sobre as questões do objeto de pesquisa.
Quanto à propriedade intelectual das publicações consultadas, a maior parte
dos autores pesquisados advém de universidades, instituições e iniciativas cujas
experiências com a EaD, bibliotecas virtuais e bibliotecas digitais os fizeram
responsáveis pela divulgação dos casos de êxito. Procurou-se, na medida do
possível, enfatizar trabalho de autores brasileiros. As fontes de informação mais
utilizadas para adquirir a literatura pertinente e que influenciaram a construção
teórica da pesquisa foram:
• Consultas às bases de teses/dissertações, catálogos e bases de dados
disponíveis na internet de diversas instituições de ensino superior, entre elas,
o DEDALUS da Universidade de São Paulo, o Acervus da Universidade
Estadual de Campinas, o Athenas da Universidade Estadual Paulista, o BDTD
(Base de dados brasileira de teses e dissertações) do IBICT, entre outras na
busca de teses e dissertações com textos completos disponíveis on-line;
• Bases de dados referenciais e sites de coleções de revistas e artigos
científicos de textos completos como o LISA, Scopus, Portal CAPES, SciELO,
entre outros.
• Buscas de artigos sobre os temas EaD, bibliotecas virtuais e digitais, serviço
de referência virtual (ou digital, eletrônico, on-line), usuários remotos e outros
termos. Para isso, investigamos as publicações eletrônicas de livre acesso na
área
da Biblioteconomia,
Educação,
Comunicação
e Tecnologia
da
Informação entre outros, em busca de artigos que abordavam os assuntos da
pesquisa, tais como “Ciência da Informação”, “Perspectivas em Ciência da
Informação”, “Comunicação & Sociedade”, "Conecta – Revista on-line de
Educação a Distância”, “TE@D - Revista Digital de Tecnologia Educacional e
Educação a Distância”, entre outras.
• Trabalhos apresentados em eventos nas mesmas áreas designadas
anteriormente, nos quais se buscou perceber a discussão referente ao nosso
tema de pesquisa.
Esse levantamento esclareceu dúvidas e norteou o trabalho, permitindo
sistematizar e descrever as principais peculiaridades dos serviços e/ou produtos que
as bibliotecas digitais e virtuais podem oferecer em meio virtual, principalmente aos
usuários (alunos e professores) da EaD.
4 Resultados finais
Consideramos a importância do mapeamento e identificação dos fluxos
informacionais e comunicacionais existentes na EaD, pois eles são oriundos de
todas as relações interacionais estabelecidas entre: pessoas ↔ pessoas, pessoas ↔
meios de aprendizagem, durante o processo de educacional. Diante disso, é
possível estabelecer o conjunto de estratégias que designará quais recursos,
produtos e serviços as bibliotecas digitais e virtuais podem oferecer, de forma a
suprir
as
necessidades
informacionais
desses
usuários,
atendendo
diversificadamente suas diferentes categorias. Esse fato se torna mais relevante
quando se sugerem projetos que envolvam a inserção de bibliotecas digitais e
virtuais diretamente nos ambiente virtuais de aprendizagem (AVAs).
Compreendemos a importância da equipe profissional dessas bibliotecas
perceberem e se anteciparem diante das necessidades informacionais dos usuários,
visto que o fator “remoto”, tanto pode potencializar a difusão dos serviços de
bibliotecas e agregar outras formas de relacionamento com os usuários, como pode
dificultar o monitoramento das suas necessidades informacionais. Por isso,
consideramos essencial a aplicação regular de testes de usabilidade nos web sites
das bibliotecas digitais e virtuais e estudos de usuários, para identificação do perfil
do público-alvo e monitoramento de suas necessidades. Essa rotina também é de
serventia para detectar as dificuldades de acesso aos conteúdos do acervo e
aprimorar a interface, como maneira de facilitar a autonomia do usuário em suas
buscas por informações em meio virtual.
Diante dos produtos e serviços oferecidos por bibliotecas digitais e virtuais,
destacamos o serviço de referência virtual (SRV) como a oferta mais adequada para
responder a atual demanda da sociedade. Com isso, percebemos que a coligação
dos serviços de referência às TICs torna-se um forte aliado e pode gerar uma série
de subsídios aos usuários na busca de fontes de informação on-line fidedignas.
Observamos que o atendimento síncrono, possibilitado por diversas
ferramentas como chat, telefone, televideoconferências e outros, surge como forma
de assistência aos usuários em tempo real, possibilitando uma efetivação dos
serviços e maior interpretação das questões dos usuários. Porém, a aplicação
adequada de ferramentas da Web 2.0 podem oferecer recursos necessários para
essas bibliotecas estabelecerem constantes diálogos com seus usuários.
5 Considerações Parciais/Finais
Ao pensar em desenvolvimento e manutenção de bibliotecas para atender a
demanda informacional dos utilizadores da EaD on-line, consideramos primordial a
busca de soluções com caráter similar, quando se deve propiciar acesso à
informação em formato digital através da rede de computadores. Como forma de
atender o público remoto da EaD, as bibliotecas digitais e virtuais surgem como
elementos essenciais para essa modalidade educacional, atendendo às demandas
informacionais desse tipo de usuário, que busca recursos e fontes informacionais
on-line e de qualidade. Essas bibliotecas, quando bem estruturadas, podem oferecer
recursos, produtos e serviços remotamente, com eficácia e qualidade. Esse fato é
importante, já que salienta uma característica significativa para a EaD de hoje: a
autonomia; com isso, o usuário não necessita recorrer e nem se deslocar
constantemente às bibliotecas dos polos de apoio.
Diante de tudo o que foi abordado no trabalho, concluímos que as bibliotecas
virtuais e digitais que desejam atender às reais necessidades de seus usuários –
principalmente àqueles que estão inseridos no processo educacional a distância –
devem buscar ferramentas eficazes de comunicação e uma equipe capacitada para
o manuseio e gestão de mídias eletrônicas, que busquem constantes atualizações
mediante suas capacitações. Essas bibliotecas garantem a expertise das técnicas
bibliotecárias para o armazenamento e recuperação de todas as informações e
materiais produzidos no âmbito dos cursos de EaD e podem prover informação aos
usuários a qualquer hora, em qualquer lugar, colaborando, assim, com o processo
educacional. Surge como desafio para as bibliotecas digitais e virtuais a escolha,
diante do conjunto de ferramentas tecnológicas disponíveis, daquelas que melhor
possibilitem o desenvolvimento de instrumentos para o tratamento e disseminação
da informação.
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Agradecimentos especiais a nossa equipe de trabalho do Projeto Biblioteca Virtual do
Centro de Informação de Documentação da FAPESP (http://www.bv.fapesp.br).