A VIDA POLÍTICA DOMINA AGENDA DOS MOÇAMBICANOS
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A VIDA POLÍTICA DOMINA AGENDA DOS MOÇAMBICANOS
l A Politécnica reflecte sobre Educação Profissional dia 9 de Julho o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l oa cadémicode l Ano I Edição N.o 17 www.apolitecnica.ac.mz MAIO - JUNHO - 2015 l Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva 1 Este jornal faz parte da edição do SAVANA do MAIO - JUNHO/2015 2015, pelo que não deve ser vendido separadamente – PÁGINAS 10/12 Periodicidade: BIMESTRAL Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 EM DETRIMENTO DE OUTRAS OCUPAÇÕES A VIDA POLÍTICA DOMINA AGENDA DOS MOÇAMBICANOS _ Professor Doutor Lourenço do Rosário, em entrevista ao “Moz Africa View”, lança um olhar sobre a situação política de Moçambique e ao papel das universidades nacionais – PÁGINAS 8/11 Mestre Augusto Jone dirige ESA – PÁGINA 3 2 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l NESTA EDIÇÃO Editorial 17 A Universidade Politécnica, através da sua Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), realizou em Abril último Jornadas Científicas enquadradas no lema “A Politécnica e a Promoção da Cidadania”. Mestre Augusto Jone dirige Escola Superior Aberta Pág. No evento foram abordados 32 temas relacionados com o lema em apreço, bem como matérias associadas aos diferentes cursos leccionados nos seis departamentos da escola. 3 DOS ASSUNTOS CIENTÍFICO-PEDAGÓGICOS NA VICE-REITORIA Directora visita unidades orgânicas da Universidade Politécnica Págs. 4/5 Novo edifício do ISHT pronto em Dezembro Pág. 5 EM MOÇAMBIQUE Ensino superior privado ajustou oferta formativa Pág. 6 REITOR LOURENÇO DO ROSÁRIO: “Vivemos com 80% de preocupações políticas e 20 de outras” Págs. 8/11 ESAEN abre mestrado no período laboral Pág. 14 BASQUETEBOL FEMININO A Politécnica compete nas Universíadas da Coreia Pág. ACINCET AHCIF FICHA TÉCNICA 15 A Politécnica e a cidadania Mais de meia centena de estudantes participaram no evento, como oradores principais, apresentando as suas pesquisas e relatórios de trabalhos teórico-práticos. Também 70 docentes envolveram-se como oradores e moderadores de sessões paralelas durante as referidas jornadas científicas, ao lado de discentes envolvidos na busca de melhores formas de consolidar os conhecimentos e desenvolver a ciência e a prática científica, num evento que superou de longe as expectativas da instituição. Um dos destaques da edição deste ano das jornadas científicas na ESGCT foi a participação de duas instituições económico-financeiras de peso no panorama nacional, nomeadamente a Autoridade Tributária de Moçambique e o Banco de Moçambique. O Presidente da Autoridade Tributária de Moçambique, Dr. Rosário Fernandes, apresentou um tema intitulado “O Papel da Universidade na Educação Tributária: Aspectos Legais e Comunicação sobre Imposto”, enquanto o Banco de Moçambique colaborou nestas jornadas com três temas, assim intitulados: (i) Regulamentação Cambial – Desenvolvimentos recentes e desafios, (ii) A importância das Centrais de Informação de Crédito e da Reputação Creditícia no Acesso ao Crédito, (iii) A experiência do Banco de Moçambique na formulação da política monetária em Moçambique. Estas jornadas são sempre importantes por serem actividades de âmbito científico, abrindo o horizonte de conhecimento dos estudantes, mas também dos docentes e outros participantes. As jornadas perseguem sempre objectivos claros na área de investigação, visando estimular o espírito de pesquisa na comunidade universitária; proporcionar momentos de apresentação, divulgação e reflexão científica; desenvolver valores e qualidades académicas e no caso deste ano também promover a cidadania e ajudar a reflectir sobre o desempenho académico dos docentes e alunos. Com efeito, foram dois dias de actividade árdua envolvendo não só estudantes da ESGCT, como também parceiros estratégicos, toda a comunidade académica da Universidade Politécnica e convidados que acompanharam a apresentação dos trabalhos de pesquisa científica e os debates daí decorrentes. Foi um momento oportuno de divulgação das pesquisas que estão a ser feitas nos vários cursos ali leccionados, contribuindo desta forma para se estimular a participação massiva da comunidade académica. Bem-haja as jornadas científicas. o académico Textos: Prof. Doutor Lourenço do Rosário [email protected] PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE POLITÉCNICA JORNAL UNIVERSITÁRIO D'A POLITÉCNICA Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013 Endereço físico: Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 1011 Email: [email protected] Prof. Doutor João Mosca [email protected] Telefone: +258 21 352 750 - Fax: +258 21 352 701 Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Cel: +258 82 3285250 +258 82 3133700 +258 82 3126180 Lic. Arcénia Chale [email protected] Site: www.apolitecnica.ac.mz Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected] Assessor: Leandro Paul [email protected] Tiragem: 5.000 exemplares Layout: FDS www.fimdesemana.co.mz MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 3 EM FOCO Mestre Augusto Jone dirige Escola Superior Aberta O antigo ministro da Educação, Mestre Augusto Jone, foi recentemente empossado para o cargo de Director da Escola Superior Aberta (ESA), uma unidade de ensino à distância da primeira instituição de ensino superior privada do país, a Universidade Politécnica. A indicação do Mestre Augusto Jone visa imprimir maior dinâmica à ESA, criada há cinco anos, e posicioná-la como a maior unidade da Universidade Politécnica e principal instituição de ensino superior à distância no País. Intervindo após a cerimónia de tomada de posse, Augusto Jone disse encarar a missão de dirigir a Escola Superior Aberta como um “desafio, na medida em que no país já existem 15 instituições de ensino à distância”. Como tal, o Mestre Augusto Jone referiu que pretende dar “mais visibilidade à ESA e ga- nhar mais espaço no mercado, trazendo maior número de estudantes para justificar a existência da escola, sem descurar do factor qualidade”. “O ensino à distância veio para ficar e os cidadãos acreditam nele. O que temos de fazer é identificar os nossos pontos fortes e as nossas fraquezas para estarmos no mercado. Devemos, acima de tudo, evitar desistências e isso só é possível acarinhando o estudante”, acrescentou. Na mesma ocasião foram empossados a Professora Doutora Irene Mendes, para o cargo de Directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias; o Professor Doutor Carlos Sotomane, para o cargo de Director para os Assuntos Científicos e Pedagógicos da Vice-Reitoria; a Doutora Sawida Machado, para o cargo de Assistente de Direcção da Escola Superior Aberta; Doutora Maria Teresa Moura, para o cargo de Secretária-Geral do Campus; e a Doutora Sara Laísse, para o cargo de Chefe do Gabinete Técnico-Operacional do Vice-Reitor Científico-Pedagógico. Segundo o Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário, estas mudanças têm como objectivo “criar capacidades e competências internas para permitir que o funcionamento da instituição dependa de equipas e não de pessoas. Por isso, primeiro reforçamos a direcção hierárquica da Universidade Politécnica e agora estamos a fazer o mesmo a nível das unidades centrais e das direcções das unidades, o que significa que, faltando um de nós, a instituição não fique parada. A mensagem que pretendemos transmitir é de que não podemos depender de pessoas, mas sim de uma equipa”, explicou o Reitor. 4 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO DOS ASSUNTOS CIENTÍFICO-PEDAGÓGICOS NA VICE-REITORIA Directora visita unidades orgânicas A então directora para os Assuntos Científico-Pedagógicos na ViceReitoria da Universidade Politécnica, Professora Doutora Irene Mendes, visitou no mês de Abril último as cinco unidades orgânicas situadas fora de Maputo, com o objectivo de analisar “in loco” aspectos de natureza científico-pedagógica. S egundo um relatório da instituição a que “O Académico” teve acesso, as unidades visitadas foram: Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), em Quelimane; Instituto Superior Universitário de Tete (ISUTE); Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA); Instituto Superior Politécnico e Universitário de Nacala (ISPUNA); e Pólo de Xai-Xai. As visitas de trabalho foram efectuadas ao abrigo do Plano de Actividades da Vice-Reitora, a Directora para os Assuntos Científico-Pedagógicos na Vice-Reitoria e decorreram de 30 de Março a 17 de Abril. A Directora para os Assun- tos Científico-Pedagógicos na Vice-Reitoria da Universidade Politécnica levava na agenda de trabalhos para as cinco unidades visitadas os seguintes aspectos: a) o conceito de semestral, modular e tutoriais, b) circular n° 3, c) formação do corpo docente, d) assistência às aulas, e) avaliação do corpo docente, f) formas de culminação de cur- sos, g) auto-avaliação e avaliação externa, h) núcleos de disciplina e i) pasta de disciplina. O relatório refere que “em todas as unidades houve encontros com membros da Direcção, docentes e técnicos superiores em tempo integral, trabalhadores de todos os sectores, coordenadores de núcleos ou de áreas científicas e corpo docente. Foram assistidas aulas em algumas unidades e a Directora consultou alguns documentos directamente relacionados com as áreas científica e pedagógica, tais como: preenchimento do livro de sumários, programas analí- ticos, pautas, actas de defesa de trabalhos de fim de curso. No ISHT e no ISUTE, houve um estudo minucioso do documento referente à monografia e ao relatório de estágio. Este estudo tinha como principal finalidade colher subsídios para a melhoria dos documentos em revisão sobre as modalidades de culminação de curso”. De acordo com o relatório, “os encontros com os membros de direcção tinham por objectivo apreciar e aprovar o programa que fora enviado antecipadamente. Em algumas continua na pág. 5 »» A Politécnica promove troca de livros A Direcção das Bibliotecas da Universidade Politécnica promoveu recentemente, na cidade de Maputo, a troca de livros entre pessoas singulares e aquela instituição privada de ensino no país. Trata-se de obras de lazer, cientificas, entre outras. Entretanto, foram igualmente oferecidos livros aos leitores mais assíduos da Biblioteca Central da Universidade. O gesto, designado de barganha, enquadra-se nos vários planos daquela instituição com vista a incentivar, entre os estudantes, como na sociedade em geral, o gosto e o hábito de leitura e estimular a cultura de troca de livros sem dispêndio de dinheiro. Para o efeito, a Universidade Politécnica fez um apelo às várias livrarias sedeadas na cidade de Maputo para a disponibilização de algumas obras, um apelo aceite por duas instituições. Uma parte dos livros que fo- ram adquiridos e que a universidade ainda tem no seu acervo foi vendida a preços simbólicos para quem os precisasse e outros oferecidos. Aliás, grande parte destes livros foi encaminhada às escolas que recebem apoio da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE), pois acredita-se que podem existir professores, funcionários e até alunos que precisem deles. A directora das Bibliotecas da Universidade Politécnica, Doutora Maria João Carrilho, que revelou que a iniciativa foi algo novo na instituição, reconheceu os resultados positivos conseguidos, visto que durante o decurso da mesma apareceram indivíduos que, pela primeira vez, aproveitaram visitar a biblioteca da universidade. “A medida tem consigo vantagens tanto para nós, como para a instituição, assim como para o público. As pessoas que aderiram à iniciativa, para além de obterem uma nova obra, pouparam um valor”, disse. Falando sobre as causas que levaram a instituição a realizar o encontro apenas por um dia, Carrilho disse que não queria arriscar, visto que esta foi a primeira experiência. “Pensamos fazer alguma coisa diferente que não faz parte dos hábitos, mas se calhar que pode incentivar a alegria. Achamos que é melhor pouco e bem feito do que muito com riscos. Aproveitamos em simultâneo abrir as portas da nossa biblioteca para o público. As pessoas vinham para trocar livros, mas tiveram a possibilidade para saber como é que funcionamos”, disse. Entretanto, paralelamente à barganha, a universidade organizou no mesmo dia três encontros, um dos quais visava a troca de experiências entre os estudantes e duas jovens que já ganharam concursos de escrita literária. A reportagem de “O Académico” soube que no âmbito dos 20 anos da Universidade Politécnica durante o mês de Agosto haverá, pelo menos, uma feira do livro e barganha em cada unidade da Universidade Politécnica, nomeadamente em Tete, Nacala, Nampula, Quelimane e Xai-Xai. DESAFIOS A Direcção das Bibliotecas da Universidade Politécnica definiu vários desafios para os próximos tempos, dentre os quais aumentar o acesso às bibliotecas, tendo em conta os cursos específicos que a universidade oferece, ter um número variado de obras, criar e facilitar o acesso a bibliotecas digitais. A Doutora Maria João Carrilho fez saber que brevemente a universidade terá uma biblioteca digital e, para o efeito, a sua direcção está a preparar um plano estratégico. “Estamos a ver se conseguimos estar numa rede de apoio mútuo com outras universidades, como a UEM”. Aliás, segundo a fonte, as direcções das diferentes instituições das bibliotecas do ensino superior, tanto públicas, como privadas, estão a trabalhar de forma a estarem associadas. Neste momento o processo está em andamento e a ser orientado pela Biblioteca Brazão Mazula, da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). “Já temos os estatutos. Isso é um desafio para todas as direcções, mas sentimos que estamos num bom caminho. Internamente, cada biblioteca está a se organizar. Nós já temos a nossa base de dados para ser consultada, mas fica só entre nós porque não temos ainda condições para partilhar com as outras instituições”, referiu a Doutora Maria João Carrilho. MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 5 EM FOCO da Universidade Politécnica unidades houve necessidade de se reajustar o programa, quer alterando a ordem das actividades, por conveniência da unidade, quer alterando o horário de trabalho devido à hora da chegada da Directora Irene Mendes à unidade, onde foi apresentada ao pessoal a tempo inteiro, aos Coordenadores de núcleos ou de áreas científicas e ao corpo docente”. Formação do corpo docente A formação do corpo docente iniciou-se em 2013 em todas as unidades: ESGCT (Maputo), ISHT (Quelimane), ESEUNA (Nampula), ISUTE (Tete), excepto no Pólo de Xai-Xai que só começou a funcionar como extensão da ESGCT, em regime presencial, em 2014. Os docentes do ISPUNA (Nacala) frequentaram os quatro módulos de formação do corpo docente: Psicopedagogia, Metodologia de Investigação Científica, Expressão Oral e Escrita e Informática na Óptica do Utilizador, na ESEUNA (Nampula), antes da desintegração daquela unidade. No entanto, com a autonomia do ISPUNA torna-se necessária a preparação e a organização do curso naquele distrito, tendo, para o efeito, a Directora Científico-Pedagógica apoiado e orientado os gestores do ISPUNA na preparação do referido curso. Procurou saber se o Pólo de Xai-Xai tinha condições para iniciar o 1° ciclo do curso, sabendo-se tratar de uma instituição com apenas 1 ano e que está a enfrentar problemas de “nascimento”. Nas unidades que oferecem o curso de formação do corpo docente a Professora Doutora Irene Mendes quis saber do ponto da situação, ao que foi informada que em Quelimane e Nampula o 2° ciclo já tinha arrancado no início do semestre. Em Tete falta o módulo de Informática na Óptica do Utilizador para concluir o 1° ciclo. A ideia com que ficou, em todas as unidades, é que o curso de formação do corpo docente foi extremamente importante, sobretudo no que diz respeito a aspectos metodológicos e peda- gógicos, pelo que solicitaram a sua continuidade. Recorde-se que depois da frequência dos quatro módulos os participantes têm direito a um certificado “B”, que lhes concede 12 créditos. Para o efeito, a presença deve ser igual ou Novo edifício do ISHT pronto em Dezembro O novo edifício construído de raiz, com quatro pisos, do Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), da Universidade Politécnica, em Quelimane, Zambézia, poderá ser entregue daqui a seis meses, de acordo com as previsões da instituição. Segundo a directora do Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), Mestre Seana Daud, o edifício em construção terá vinte e duas salas de aula, com capacidade para seiscentos estudantes, laboratórios de Engenharia de Construção Civil e Eléctrica e outros serviços que poderão aumentar a qualidade do ensino. As obras de construção do novo edifício recomeçaram em Fevereiro último, depois de um interregno provocado pelo primeiro empreiteiro seleccionado e as previsões para a sua conclusão apontam para o mês de Dezembro próximo. No primeiro piso funcionarão os serviços administrativos, um auditório com capacidade para cem pessoas, um refeitório, entre outros departamentos. As salas de aula estarão situadas no segundo, terceiro e quarto pisos, onde igualmente irão funcionar a sala dos docentes, da direcção e uma sala para defesa de trabalhos de fim do curso. Afirmou igualmente que os investimentos que estão a ser feitos por aquela instituição de Ensino Superior têm por objectivo tornar-se numa referência incontornável quando se fala da qualidade de ensino e atracção de estudantes do país e da região para os cursos ministrados na Universidade Politécnica. É nesta perspectiva que Seana Daud convida a todos os gra- duados do Ensino Médio, e não só, para frequentarem os cursos que estão a ser ministrados naquele estabelecimento de Ensino Superior pelo facto de corresponderem às actuais exigências do mercado de emprego. Aos estudantes serão oferecidas as melhores condições de ensino-aprendizagem e, para além da biblioteca, está igualmente prevista a criação de um avançado centro de tecnologia e comunicação “hi-fi”. “Queremos, a partir dessa altura, ligar Quelimane ao mundo, porque se trata de um sistema moderno; o nosso maior foco serão os estudantes e docentes para consulta e pesquisa”, disse, para depois acrescentar que não serão introduzidos novos cursos, mas a ideia-chave é consolidar os já existentes, nomeadamente a Administração e Gestão de Empresas, Engenharia Civil, Engenharia Eléctrica, Engenharia Informática e Telecomunicações, Contabilidade e Auditoria, Ciências Jurídicas, Ciências de Comunicação, Psicologia e Enfermagem. 16 DE JUNHO, DIA DA CRIANÇA AFRICANA ISHT abre as portas para crianças carentes O Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT) abriu em Junho último as portas para receber crianças acolhidas pelo orfanato Lar Aldeia da Paz. Um dos principais objectivos da visita wfoi apresentar a vida universitária para aquelas 20 crianças. As crianças percorreram diversos sectores que constituem o ISHT, dialogaram com os funcionários, conheceram experiências científicas feitas superior a 70% em todos os módulos, tendo a Professora Irene Mendes aproveitado a ocasião para esclarecer que não há certificado por módulo, respondendo assim a uma pergunta levantada pelos docentes. no Laboratório de Engenharia Civil. Para finalizar, as crianças apresentaram números musicais e deixaram para a Unidade Orgânica dois principais ensinamentos, que vale a pena partilhar: (a) se as pessoas oferecem amor, receberão em troca mais amor, este é o caminho para a felicidade e; (b) que a amizade pode salvar o mundo. De realçar que a Organização da União Africana (OUA) instituiu em Addis-Abeba, Etiópia, em 1991, o Dia da Criança Africana em memória às crianças mortas e dos manifestantes que com elas protestaram no Soweto que, a 16 de Junho de 1976, sairam à rua em protesto contra a falta de qualidade no ensino a que tinham acesso e para reivindicar o direito de aprender a sua própria língua. Centenas de meninas e meninos foram mortos, enquanto mais de mil ficaram feridos. O Instituto Superior de Tecnologias e Humanidades conta, actualmente, com 420 estudantes, distribuídos por aqueles cursos. Para além de cursos presenciais, a instituição lecciona cursos modulares e à distância para pessoas que tenham actividades profissionais que as impedem de estar todos os dias na sala de aula. Um novo curso de mestrado vai arrancar brevemente. Trata-se do curso de Saúde Pública, desenhado com o apoio da Escola de Altos Estudos e Negócios da mesma universidade. Entretanto, para além do investimento nas infra-estruturas, aquela instituição de Ensino Superior está, igualmente, empenhada no treinamento do seu quadro docente, para corresponder aos novos desafios da melhoria de qualidade que se pretende imprimir. Seana Daud disse também que a instituição que dirige vai submeter, dentro de poucos dias, uma proposta ao Conselho da Reitoria para a criação de centros de laboratórios e estudos, uma iniciativa que visa, entre outros objectivos, potenciar a pesquisa. 6 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO EM MOÇAMBIQUE O antigo Ministro da Cultura e escritor moçambicano, Luís Bernardo Honwana, disse que o surgimento do ensino superior privado em Moçambique, com a sua maior capacidade de ajustar a oferta formativa às necessidades do mercado, influenciou positivamente as universidades públicas que, preocupadas com a empregabilidade dos seus graduados, começam também a ir para além dos cursos clássicos. Ensino superior privado ajustou oferta formativa - Luís Bernardo Honwana, na cerimónia de graduação realizada na Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA) O conhecido intelectual moçambicano falava na cerimónia de graduação realizada na Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA), em finais de Abril último e que contou com a presença do Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Professor Doutor Lourenço do Rosário; da Secretária Permanente do Governo da província de Nampula, Doutora Verónica Langa; da Directora da Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula, Mestre Ana Maria Guina; de membros do corpo docente da ESEUNA; dos próprios graduados e suas famílias. Falando da Universidade Politécnica, o orador elogiou a instituição da seguinte forma: “contributo também de assinalar é o maior número de inscrições em programas de mestrado e doutoramento, dada a necessidade de conferir maior qualificação e diferenciação aos docentes, num país que acorda para o imperativo da competitividade”. “Vemos, portanto, amplos motivos para a Universidade Politécnica se sentir orgulhosa pelo movimento que desencadeou e por ter atingido ao fim destes vinte anos, inquestionavelmente, a posição de uma das principais universidades do país”, disse Luís Bernardo Honwana, na sua alocução. “Não há exagero se falarmos em arrojo empresarial e espírito de missão para descrever o que realizou a equipa chefiada pelo Professor Lourenço do Rosário. Não obstante o maior custo que implica a frequência de estabelecimentos de ensino privado com o desenvolvimen- to deste sector, o país ganhou imensamente, em termos de maior acesso ao ensino superior e melhoramento da qualidade do chamado capital humano - como sabemos, o factor decisivo no processo de desenvolvimento”, acrescentou. GRANDES PREOCUPAÇÕES Honwana enumerou aquilo que chamou de “algumas das grandes preocupações e cuidados que nos dias que correm e que ensombram a família continua na pág. 7 »» A Politécnica reflecte sobre Educação Profissional A Universidade Politécnica organizou nos meados de Junho último um seminário interno sobre Educação Profissional. O mesmo tinha como principais objectivos fazer uma breve apresentação sobre o Sistema Nacional de Educação, abordar o Quadro Nacional de Qualificações, apresentar os antecedentes do sistema e debater estratégias sobre os rumos do Ensino Técnico-Profissional. Em relação aos antecedentes da Reforma da Educação Técnico-Profissional foi referido no seminário que tal como em muitas outras nações, Moçambique reconhece que vivemos num ambiente de rápidas mudanças tecnológicas e num mundo onde a globalização da actividade económica questiona o futuro papel do Estado e de como assegurar o crescimento económico e prosperidade partilhados. Moçambique reconhece também que o capital humano nacional é o activo mais valioso para aproveitar as oportunidades oferecidas pela integração regional competir no crescente mercado global. Também se reconhece que o currículo escolar dos Institutos Técnicos não está alinhado com as necessidades do mercado, pois enfatiza o ensino de disciplinas académicas gerais (Geografia, História, etc.), nem sempre relacionando-as com áreas vocacionais e há pouca experiência prática nas escolas. Assim, a escassez de competências essenciais é um constrangimento ao crescimento económico e para a competição num mercado cada vez mais global. Foi desta forma que o Governo reconheceu a necessidade da reforma do sistema de Educação Profissional para um modelo orientado pela procura e baseado nas necessidades do Sector Produtivo, Indústria, Comércio, Agricultura, Serviços, etc., tendo em conta que nos últimos anos há um grande interesse pela Educação Profissional, tendo como desafios responder à demanda do mercado laboral (tanto dos grandes projectos, como dos pequenos e médios empreendimentos). No seminário foi também referido que na Educação Profissional, hoje, faltam escolas técnicas, falta equipamento (onde existe, continua embalado ou exposto sem que ninguém o utilize), faltam professores capacitados técnica e pedagogicamente nas novas metodologias educativas, associadas aos “baixos salários” e pouco preparo para tomarem a dianteira no processo. As taxas de participação são baixas. A Educação Profissional tem taxas inferiores ao Ensino Superior (128.073 vs 32.000). Então, pretende-se um Ensino Profissional orientado pela procura, baseado em competências, flexível, coerente e integrado, orientado pelos stakehol- ders, acessível, credível e financeiramente sustentável. O Ensino Técnico-Profissional estrutura-se por cursos e níveis. Os cursos correspondem às diversas áreas de formação organizadas através dos respectivos programas e curricula baseados em padrões de competências, de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações Profissionais (QNQP). O ETP compreende os níveis básico e médio. As saídas profissionais são estruturadas em função do QNQP. Por fim, foi apresentada a experiência da Universidade Politécnica nesta matéria que intervém na área do Ensino Técnico-Profissional, através do IMEP, Institutos Médios Politécnicos localizados em Maputo, Tete, Quelimane, Nampula e Nacala, nos cursos de Contabilidade, Hotelaria e Turismo, Informática, Construção Civil, Projecto de Formação de Gestores Escolares, Curso Médio de Electrónica e Incubadora de Negócios em Nampula e Mocuba. Criar emprego e autoemprego Entretanto, o Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional (MCTESTP) definiu como prioridade para o presente quinquénio o Ensino Técnico-Profissional. A medida assenta na visão do novo Governo que é investir no Homem, criar emprego, auto-emprego e capacidade de trabalho para as instituições que estão a surgir no país. Para o cumprimento desse desiderato, várias equipas trabalharam recentemente a nível nacional para apurar o número de instituições do Ensino Técnico-Profissional, tipos de cursos leccionados e o número de alunos em formação. Do levantamento efectuado, apurou-se que existem 121 escolas do ensino técnico-profissional em todo o país, onde foram matriculados mais de 59 mil alunos. O Ministro de tutela, Jorge Nhambiu, disse, recentemente, que os dados colhidos pelas equipas vão ajudar a sua direcção na planificação das actividades do seu sector. Nhambiu revelou que durante a visita que efectuou às escolas deparou-se com situações desagradáveis no que tange ao apetrechamento dos respectivos laboratórios. “Por exemplo, encontrámos uma universidade que lecciona o curso de Engenharia Mecânica mas não tem nenhum laboratório. Trabalha com apenas um motor velho e faltam docentes. Já num instituto de formação técnico-profissional equipado com máquinas de última geração, de comando numérico, os professores não sabem usar o equipamento”, contou. Para inverter este cenário, o ministro disse que o Governo vai apostar na formação de professores para o sector, pelo que neste momento decorrem diligências com vista à construção de um Instituto Superior de Formação de Professores. A instituição deverá funcionar em regime de internato devido à intensidade da carga horária. “Para ser professor do ensino técnico o educando deverá ter aulas de pedagogia, psicologia, meios de ensino, organização e higiene escolar, para além das disciplinas relacionadas com o curso que vai leccionar”, sublinhou. De recordar que o Banco Mundial disponibilizou, recentemente, ao MCTESTP um donativo no valor de 45 milhões de dólares norte-americanos, fundos adicionais para projectos ligados ao Ensino Superior, Ciência e Ensino Técnico-Profissional. “É um dinheiro que vamos usar para melhorar a distribuição de conhecimento por todo o país e aumentar o número de investigadores e aquisição de equipamento para diversas instituições”, referiu Nhambiu. MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 7 EM FOCO Lourenço do Rosário preside Instituto de Língua Portuguesa O Ministro da Educação e Desenvolvimento Humano, Jorge Ferrão, nomeou o Magnífico Reitor da Universidade Politécnica, Professor Lourenço Joaquim da Costa Rosário, para o cargo de presidente da Comissão Nacional do Instituto Internacional da Língua Portuguesa para Moçambique. Através de um despacho ministerial foram igualmente «« Continuado da pág. 6 moçambicana - e por isso não podem deixar de ser também consideradas num momento como este”. Afirmou que, por exemplo, a cidade de Nampula, tal como todas as cidades do país, “está hoje a braços com o enorme influxo de populações que os desastres naturais, a insegurança e as fracas perspectivas económicas do campo empurram para as zonas urbanas”. “Dizem os especialistas que a solução dos nossos problemas está na criação e descentralização do emprego e, sobretudo, na viabilização da actividade agrícola a nível da base. Do que ouvimos nos muitos seminários e discussões públicas que se multiplicam pelo país, a transformação dos camponeses em agricultores parece ser realmente o segredo”, acrescentou. Para Honwana “esse é um processo longo que porventura ainda levará décadas de esforço persistente. E enquanto as políticas sectoriais não surtem efeito continuaremos a possuir altos índices de pobreza de que a marca visível, a nível urbano, é a falta de habitação, falta de emprego, a desnutrição, a degradação das condições de vida e do meio ambiente acompanhados pelo colapso dos serviços e do equipamento urbano. E por isso as nossas ruas estão cheias de desocupados, de desempregados, de subempregados e mendigos. São crianças, são jovens, são famílias inteiras para quem o presente é problemático e o futuro é sem esperança”. Segundo ele, “a miragem que nos traz às cidades, à procura de melhores oportunidades, leva-nos também a atravessar fronteiras para tentar encontrar refúgio económico na aparente prosperidade dos nossos vizinhos. E porque o nomeados membros da Comissão Nacional do Instituto Internacional da Língua Portuguesa para Moçambique, as seguintes personalidades: Professor Doutor Raul Alves Calane da Silva, Professora Catedrática Maria Perpétua Morgado Gonçalves, Professora Samaria dos Anjos Filemon Tovela, Professora Doutora Inês Beatriz Fernandes Machungo, Doutora Maria João Carrilho Diniz e Doutor Nelson Saúte para vogais. A Comissão Nacional do Instituto Internacional da Língua Portuguesa para Moçambique tem como objectivos fundamentais a promoção, a difusão e enriquecimento da língua portuguesa, como veículo de cultura, educação, informação e acesso ao conhecimento científico e tecnológico. Dentre as suas atribuições consta a coordenação das ac- problema não é apenas de Moçambique e porque a instabilidade política se soma muitas vezes às causas da crise, eis que milhares e milhares de africanos se lançam mais ao Norte, na aventura da travessia do Mediterrâneo, o mar que separa o mundo dos ricos do mundo dos pobres. As trágicas ocorrências recentes, em que africanos morrem à mão de africanos nas explosões xenófobas na África do Sul e também morrem e aos milhares no Mediterrâneo, quando as frágeis embarcações em que tentam fugir ao seu destino soçobram ao excesso de peso e ao mau tempo - enchem o nosso continente de dor e luto”. ções de promoção e valorização da língua portuguesa e das línguas moçambicanas; assegurar a execução do plano de actividades aprovado pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa para Moçambique (IILP), apresentar programas e projectos a serem submetidos ao IILP, para aprovação, coordenar as acções relacionadas com o Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa. Clínica Universitária abre em Setembro A Clínica Universitária da Universidade Eduardo Mondlane entrará em funcionamento em Setembro do corrente ano. Trata-se de posto de saúde do tipo B, que providenciará triagem de casos primários junto à comunidade universitária, funcionários e seus familiares. O arquitecto Vicente Joaquim disse que actualmente decorre o processo de desalfandegamento do equipamento médico que será montado a partir deste mês de Julho. A construção da clínica universitária está enquadrada em diversas actividades que aquela instituição de ensino está a levar a cabo de forma a responder às necessidades do país. Exortação aos graduados e pelos Ensino superior à distância: 20 anos da Universidade Politécnica mcel disponibiliza 2500 cartões Falando directamente para os recém-graduados, Luís Bernardo Honwana exortou-os “a fazerem bom uso dos graus académicos que lhes foram conferidos e desejar-lhes sucessos nas carreiras profissionais que vão abraçar. Os conhecimentos teóricos e aptidões técnicas que aqui adquiriram deverão ajudar-vos a identificar melhor os problemas com que se vão confrontar nas diversas frentes de trabalho e também a encontrar as soluções mais adequadas e eficazes. Quero acreditar que também levam no vosso bornal a capacidade de abstracção e generalização, a postura científica e a elevação moral que são próprios de uma formação superior. Para além da prestação específica em cada uma das vossas áreas de formação e no âmbito restrito da empresa ou serviço que vão integrar, a sociedade, o país espera de vós a capacidade de entenderem os problemas no quadro mais geral dos grandes desafios que na presente fase histórica se colocam ao nosso país”. O orador lembrou que aquela cerimónia de graduação ocorria em vésperas da celebração do vigésimo aniversário da criação da Universidade Politécnica, “a casa-mãe da Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula”. “Esta é, por isso, uma ocasião especial, a vários títulos, dos quais não será menor a celebração dos vinte anos que já leva o projecto da Universidade Politécnica. Efectivamente, a Universidade Politécnica tem como títulos de glória o de ser pioneira na introdução do ensino superior privado em Moçambique e também o de ser pioneira entre nós na descentralização da universidade. Foi a partir da criação do antigo ISPU que a possibilidade de prosseguir os estudos, depois de concluído o secundário, deixou de estar exclusivamente ao sabor da limitada oferta das universidades públicas e foi também a partir da expansão pelo território nacional do ISPU que os quadros moçambicanos em serviço fora de Maputo ganharam a possibilidade de ingressar na universidade ou a ela retornar para completar a sua formação académica” - referiu. Honwana apontou que “a esta distância e no quadro actual em que o país conta já com 48 instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, e uma população discente de mais de 140 000 indivíduos, é difícil compreender o que em 1995 custou em esforço organizativo, em meios financeiros, mas também em capacidade de desafiar inércias várias o abrir, em Quelimane, a primeira dependência do ISPU”. de dados pré-pagos Um total de 2500 estudantes do Ensino Superior à distância vão beneficiar de cartões de dados pré-pagos, com 500 megabytes cada, a serem disponibilizados pela mcel-Moçambique Celular, no âmbito do acordo celebrado com o ISCED-Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância. Para a materialização desta parceria, que visa facilitar o acesso ao conteúdo programático do instituto, assim como a realização de trabalhos investigativos, o ISCED prevê, até finais do próximo mês, disponibilizar, gratuitamente, “tablets” para os estudantes. A propósito da iniciativa, o Administrador Comercial da mcel, Cláudio Chiche, referiu que quando “se trata de envolvimento em assuntos ligados à educação a nossa operadora se sente mais valorizada, por estar a contribuir directamente na formação do Homem e, consequentemente, na construção de um futuro próspero para o País”. Para a mcel, conforme sustentou Cláudio Chiche, associar-se a movimentos desta natureza “constitui um momento ímpar, uma acção e actividade igualmente ímpares. Creio que não se trata de um projecto muito popularizado, mas pela natureza da proposta e a competência e vontade da equipa que está a implementa-lo, vamos ter bons resultados”, indicou. Por sua vez, Domingos Braz Chidassicua, Director-Geral do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância, considerou que “o grande objectivo desta parceria vai para a implementação de metodologias inovadoras e proactivas que possam conferir qualidade profissional aos nossos formandos”. “Estamos cientes dos desafios e da complexidade do processo de ensino e aprendizagem e em especial do ensino à distância no nosso País e é para melhor atender e responder às preocupações dos estudantes que celebramos este acordo com a mcel”, frisou. Intervindo na ocasião, Sandra Brito, Directora Nacional do Ensino Superior e Técnico-Profissional, no Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional, realçou que “há 30 anos não se podia sonhar num projecto que permitisse estudar em casa ou outro lugar, com um acervo de três mil títulos. Este é o começo, mas acredito que não vamos ficar nos 2500 estudantes, daí que dentro de alguns anos teremos que estender o tempo e o alcance desta parceria”, sublinhou. 8 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l GRANDE ENTREVISTA REITOR LOURENÇO DO ROSÁRIO: “Vivemos com 80% de preocupações O Professor Doutor Lourenço do Rosário, Reitor da Universidade Politécnica e Presidente da Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE), concedeu uma longa entrevista em Março último à publicação “Moz Africa View”, onde lança um olhar sobre a situação política de Moçambique e ao papel das universidades nacionais. A referida entrevista foi feita antes do chumbo no Parlamento do Projecto-Lei sobre as Autarquias Provinciais e do acordo entre o Governo e a Renamo em relação à despartidarização do Estado. Dada a sua pertinência, “O Académico” publica-a aqui com a devida vénia. S egundo o Reitor, o grande problema de Moçambique é o facto de a vida política dominar a agenda dos cidadãos. O Professor Doutor Lourenço do Rosário levanta também questões sobre a utilização das redes sociais em marketing político do Governo, assim como a utilização dos intelectuais pelos políticos para as suas próprias agendas perante a apatia das universidades. O Reitor fala também do chumbado projecto da Renamo sobre as autarquias provinciais e afirma: “temos o direito de discutir o problema de descentralização. O país precisa debater a descentralização”. Para o Reitor, a unidade nacional é um pressuposto inviolável: “todos querem ser moçambicanos, mas a descentralização pode ser debatida” e “foi isso que o Presidente fez”. O Presidente da Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE) e Reitor da Universidade Politécnica afirmou que as pessoas estão expectantes em relação ao que o Presidente da República possa fazer e realçou ainda que o Presidente Nyusi é paradigma de esperança. Destacou igualmente nesta entrevista a importância dos jovens que estão a aparecer na política, como Alberto Nkutumula, Manuel de Araújo e Ivone Soares – de três partidos diferentes e dos quais Lourenço do Rosário afirmou notar-se “neles alguma largura de pensamento”. Siga a entrevista em discurso directo, com realce aos temas principais para contextualizar o discurso do entrevistado. SOBRE AS REDES SOCIAIS As redes sociais são um fenómeno novo e entraram com as novas tecnologias em Moçambique e a adesão imediata foi através do público jovem. Penso que estando o público jovem ligado às academias, estas logo foram induzidas a entrar nas redes sociais. Acho que o Governo chega mais tarde através do seu marketing político e muito mais. Entra de uma forma pesada e muito lenta nas redes sociais. Algumas vezes as redes sociais foram utilizadas de uma forma abusiva por uma sociedade que não estava ainda preparada para enfrentar com alguma ética este meio de comunicação e de interacção entre grupos. Mas penso que com o andar do tempo as coisas estão a regular-se normalmente. Acho interessante que as próprias empresas, o mundo de negócio, etc. estejam a entrar nas redes sociais para fazer marketing dos seus produtos. É algo que está a generalizar-se. O que nos falta talvez aqui em Moçambique são linhas dominantes de pensamento que possam ser transmitidas ou veiculadas através das redes sociais e que possam ter impacto na opinião pública, nas agendas políticas públicas, nas mudanças de comportamento, etc., porque ainda estamos muito no início, estamos a acompanhar a evolução dos meios tecnológicos que estão a chegar. seu equipamento. Terceiro, pelo seu corpo docente. Sabe que o corpo docente em Moçambique é deficitário, portanto, aquela universidade que conseguiu ao longo desses anos da sua história formar um corpo docente universitário, corpo de doutores, quem não é doutor é assistente, tem melhores condições para poder entrar no ranking. Neste caso, em Moçambique, a única universidade que tem essas condições é a Eduardo Mondlane. Tem muitos outros defeitos, mas tem um bom parque infra-estrutural, tem um corpo docente já formado e é a mais antiga universidade do país. Tem equipamentos e tem tido por parte do Estado moçambicano alguma atenção especial. SOBRE O RANKING DAS UNIVERSIDADES POLÍTICA ACIMA DE TODAS AS AGENDAS Não é a quantidade que faz o ranking das universidades. É a história da própria universidade e vários outros factores que constituem elementos de avaliação das universidades. Uma universidade define-se, primeiro, pela existência das suas infra-estruturas, a comodidade infra-estrutural dos seus agentes é importante. Em segundo lugar, define-se pela pujança do O grande problema de Moçambique é o facto de a vida política dominar a agenda dos cidadãos. Nós, praticamente, vivemos com 80 por cento de preocupações políticas e vinte de outras. Há razões que estão por detrás disso. A origem da própria República de Moçambique, que era República Popular Continua na pág. seguinte »» MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l 9 GRANDE ENTREVISTA políticas e 20 de outras” de Moçambique. O partido único revolucionário que colocou de facto a política no topo das preocupações da governação e depois vivemos 16 anos de guerra civil, em que, efectivamente, cortou, digamos assim, a capacidade de as pessoas poderem pensar noutra coisa, senão na sua própria sobrevivência imediata. A guerra tem destes “handicapes” no que diz respeito à libertação do pensamento, à circulação de ideias, etc. E depois disso, essa nossa democracia que se implantou depois do cessar-fogo, em 1992, que é uma democracia mitigada sempre com conflitos, etc. Então, os políticos são neste momento a classe dominante do pensamento em Moçambique e os intelectuais aspiram a ser políticos. PAPEL DAS UNIVERSIDADES Não há uma classe intelectual que mereça o respeito mesmo pela própria classe política. Dizer assim: vamos respeitar o pensamento daquele senhor porque aquele é um intelectual. O que se passa é que os intelectuais são cooptados pelas agendas políticas e neste sentido eles produzem seu pensamento para beneficiar as agendas politicas. Já tive a oportunidade de dizer, em algumas vezes, que falta efectivamente, em Moçambique, uma classe intelectual que pense, que dirija, que crie uma circulação do pensar das ideias e que esta circulação não seja em função da agenda política. Isso falta. Por outro lado, na sequência disto poderia perguntar o que fazem as nossas universidades? As nossas universidades não fazem nada. As universidades não intervêm como universidades, simplesmente pela seguinte razão: as públicas, o seu patrão é o Estado e a Constituição determina que os dirigentes das universidades públicas têm que ter nomeação política do Chefe do Estado. Portanto, é como se os reitores fossem ministros, membros do Governo. De qualquer coisa ele está dependente. Portanto, não há uma liberdade para poder promover alguma coisa dentro da instituição. Não pode morder a mão de quem o está a dar-lhe de comer. As universidades privadas, essas, estão a querer sobreviver. Não produzem espaço para poderem circular, produzir pensamento. Andam à procura de alunos. Tentam sobreviver, pagar renda. Portanto, há uma série de dificuldades. Elas não constituem alternativa de produção de pensamento, porque têm outras preocupações do dia-a-dia e as públicas têm esse problema de serem dependentes do poder político. SOBRE ANALISTAS POLÍTICOS NA COMUNICAÇÃO SOCIAL E INTELECTUAIS Para aquilo que eu entendo por um intelectual, não se considera esta gente como intelectual. São analistas. São profissionais que vendem a sua capacidade de argumentação a favor de uma agenda pré-estabelecida e a maior parte dessa gente que vai fazer esse tipo de debate sobre determinados temas políticos acabam recompensados, recebendo uma tarefa dentro do xadrez da governação e os outros ficam à espera. Estão na linha. São uma espécie de proletário que está a vender a força de trabalho, que é o de pensar, a favor de uma agenda, que depois vai ter essa compensação. Não considero que sejam realmente intelectuais. Infelizmente, isso empobrece o debate de ideias no nosso país, porque sempre que alguém se levanta e põe o dedo na ferida vêm logo mil vozes a perguntar de que lado essa pessoa está. No nosso país temos o preto e o branco. Não há cromatizado. Não há pluralidade de pensamentos. Nós não podemos ser ao mesmo tempo de cores diferentes e podermos trabalhar sobre a mesma agenda. Ainda ontem estava a conversar com jovens que me parecem brilhantes na política. Dei-lhes o seguinte exemplo: tomem peças de um triângulo dos três principais partidos. Jovens que podem acrescentar alguma coisa à própria agenda política. Esse jovem Ministro da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula, ponham-no num vértice do triângulo. Ponham o jovem edil de Quelimane, Manuel Araújo, noutro vértice e ponham a jovem Ivone Soares, noutro vértice. São de partidos diferentes. Os mais velhos digladiam-se entre eles. Mas estes três jovens podem trazer alguma coisa de novo, porque se nota neles alguma largura de pensamento. Pode ser que estes, quando estiverem no topo da governação... SOBRE O PRESIDENTE NYUSI O Presidente Nyusi é um paradigma de esperança. Tudo quanto seja um paradigma de esperança galvaniza as pessoas. Naturalmente, que neste momento está espartilhado por várias forças, mas está por detrás o discurso que ele produziu na investidura que serve de pano de fundo. As pessoas estão muito expectantes em relação ao que ele possa fazer. Ele está no estado de graça, o que significa que tem X tempo em que as pessoas acreditam que possa trazer boas coisas. Naturalmente, é pelo facto dele ser jovem e não estar aparentemente comprometido com os velhos paradigmas de compromissos. Parte do governo que ele formou, não todo, dá-nos esses sinais de que não tem esses compromissos, nomeadamente de equilíbrios regionais, partidários. Ainda há algumas nuances que mostram que teve que seguir isto, mas, por outro lado, há passos que ele dá e que muitas vezes vem uma contra-maré. Posso dar um exemplo concreto: ele encontrou-se com o líder da Renamo e deu sinais de que o assunto pode ser tratado dentro das regras constitucionais e convenceu o líder da Renamo a colocar o assunto na Assembleia da República. Ontem apareceu um líder partidário da Frelimo a dizer que esses que andam a pensar não sei quantos, têm que ser denunciados, porque dividem o nosso país. COMEÇAR A DEBATER AS QUESTÕES DA DESCENTRALIZAÇÃO Penso que temos direito de discutir o problema da descentralização. Como vai ser feito, a gente não sabe. A Unidade Nacional é um pressuposto inviolável. Todos nós queremos ser moçambicanos, mas a questão da desconcentração e Continua na pág. seguinte »» 10 10 MAIO - JUNHO/2015 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l GRANDE ENTREVISTA “Vivemos com 80% de preocupações políticas e 20 de outras” descentralização pode ser debatida. O que o PR fez, foi isso, permitir que se abrisse o debate não só na Assembleia da República, mas em nós próprios, nas universidades, devemos discutir essa questão sem ter medo de quem quer que seja. Não estamos a propor repúblicas autónomas, nem nada disso, mas vamos falar da descentralização, porquê não? A oposição não está só entre o pensamento do PR e o líder da Renamo. Muita gente dentro do próprio partido do PR se opõe a que esse assunto seja discutido. A situação é mais grave e traz essa clivagem. Há questões que são consideradas tabu do ponto de vista ideológico, que não são tabus nenhuns. para Repúblicas Autónomas, naturalmente está a recuar de república autónoma para grandes autarquias. Porque não se pode discutir isso? Essas coisas depois têm que ser decididas dentro da ordem constitucional. Depois vão discutir e tomar decisão. Mas não é proibido debater. Agora, se um líder político diz que o povo tem que denunciar as pessoas que andam a apregoar a divisão deste país, estamos a voltar para o estado policial. Isto é sintomático da lentidão, que as coisas estão a ser discutidas no Centro de Conferências Joaquim Chissano. É uma forma de criar um fórum de poder paralelo em relação aos órgãos do poder existentes. SOBRE TABUS QUE NÃO SÃO CONVERSAÇÕES NO CENTRO DE CONFERÊNCIAS JOAQUIM CHISSANO Quando o líder da Renamo foi para parte incerta começou-se a discutir o problema de paridade dos órgãos eleitorais. Também era um assunto tabu. Como é que acabamos? Criando paridade nos órgãos eleitorais. Também era tabu pensar-se como é que ele poderia recensear-se se estava em parte incerta, recenseou-se. É preciso romper com os tabus, abrir o debate político de tal forma que a gente possa discutir as coisas sem pensar que aquilo que se está a discutir tem que ser assim mesmo como as pessoas estão a discutir. O presidente da Renamo começou por falar em Governo de gestão, o que ele estava a tentar dizer era acomodação. Acomodar os seus homens, não no governo central. Não foi entendido. Passou para a segunda fase que exigiu mais. Agora passou Eu sou completamente contra a lentidão em que se está neste momento a proceder com os assuntos no Centro de Conferências. Não há razões nenhumas para continuar. As coisas fundamentais foram discutidas. A lei eleitoral foi discutida e levou-nos às eleições de 15 de Outubro. A cessação de hostilidades militares levou-nos à assinatura do acordo de 5 de Setembro passado. Neste ano, a questão da despartidarização da administração pública diz respeito a toda sociedade. Não é mentira nenhuma. O relatório do MARP diz que é preciso acabar com a presença dos partidos no Aparelho de Estado. Não é um problema da Renamo, mas sim da sociedade. Assim como as questões económicas devem ser discutidas num fórum mais alargado. Não há nenhuma necessidade de continuar com o diálogo como está. Acredito que o PR deverá encontrar um outro figurino. Deve continuar com o diálogo político que produza ideias que depois possam ser incorporadas nos órgãos de governação e não que produzam ideias que devam ser chanceladas por uma espécie de conservatória que é a Assembleia da República. Isso não. Penso que à Renamo lhe interessa mais este figurino (actual) do que ao próprio governo. À Renamo interessa prolongar o diálogo, porque vão ser protagonistas. Ao passo que se diluir para toda a sociedade, a Renamo perde o peso específico e não lhe interessa. DIÁLOGO E SATISFAÇÃO DE DHLAKAMA COM CHISSANO, GUEBUZA E NYUSI São três tipos de satisfação diferente, pelo menos do ponto de vista de análise. A palavra é a mesma, mas o alcance do significado deve ser considerado de forma diferente. Com o Presidente Chissano, a pessoa sai satisfeita porque o assunto é resolvido naquele momento e a gente não sabe o que vai acontecer depois. É uma satisfação do presente. Estou muito satisfeito com o presente. Talvez possa dar alguns exemplos: o acordo de Roma preconizava a Constituição de 30 mil homens para as Forças Armadas e o PR Chissano e Dhlakama saíram satisfeitos por terem chegado a acordo que eram 30 mil homens. O PR Chissano convenceu Dlhakama que 30 mil homens era o número certo. Não tínhamos dinheiros para isso. Era preciso fazer (o Exército) com menos gente e Dhlakama aceitou. Portanto, já é uma novidade ao longo disso. Depois, mais tarde, quando Dhlakama começou a ficar insatisfeito dessa satisfação começou a queixar-se que o PR Chissano criou a FIR e que a Renamo não estava contemplada na FIR. Portanto, significava uma força que ele criou e que podia ter sido contemplada na criação das Forças de Defesa e Segurança. É preciso compreender a forma de estar na política da figura de Joaquim Chissano. O PR Armando Guebuza é uma pessoa difícil. A primeira vez que me encontrei com o líder da Renamo em Nampula ia tratar do assunto da agenda 20-25, e ele já estava a viver em Nampula. Se não me engano, já no segundo mandato do PR Guebuza, Dhlakama queixava-se de que nunca tinha sido recebido pelo PR Guebuza. Portanto, o líder da Renamo é uma pessoa que o Presidente Guebuza mantinha afastado e todo o diálogo que foi feito, foi feito usando outros canais. De tal forma que as coisas levaram à Santudjira, parte incerta, conflito político-militar, etc. Ele fica satisfeito quando estes todos passos são difíceis. É como um parto difícil, depois nasce a criança. Foi trazer Dlhakama para o processo eleitoral, fazer a campanha eleitoral, recensear-se, candidatar-se. Isso é outro tipo de satisfação. Completamente diferente. Analisando outra satisfação com o Presidente Nyusi, parece-me que é uma satisfação bem diferente. É uma satisfação dum diálogo olho no olho. Sabemos que são muito diferentes. Cada um defende ideias muito diferentes, mas que podem encontrar plataformas para poder criar uma espécie da agenda nacional, em que se alguém não falhar, as coisas vão correr bem. Digamos que é uma satisfação com o olhar no futuro, mas ao mesmo tempo, ele vai avisando, não sei se se lembram: “estou satisfeito. Chegamos a um acordo. Os deputados vão Continua na pág. seguinte »» 11 11 MAIO--JUNHO/2015 JUNHO/2015 MAIO l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l GRANDE ENTREVISTA “Vivemos com 80% de preocupações políticas e 20 de outras” «« Continuado da pág. 10 tomar posse e vamos meter o anteprojecto na Assembleia da República, mas que o partido Frelimo não brinque connosco lá na AR. Se não, quem vai ficar mal é meu irmão aqui”. Então, isso permite ver que ele está muito satisfeito, mas não deixa de ficar avisado que algo pode não correr bem. Mas não é uma relação difícil como com Guebuza e nem uma relação imprevisível como com Chissano. SABER FAZER CONTAS Veja o caso do apagão no centro e norte de Moçambique, durante quase trinta dias, a parte mais substancial da produção de riqueza neste país estava paralisada. Durante esse tempo todo ninguém se lembrou de fazer uma requisição civil aos militares, uma requisição civil aos jovens para fazerem ser- viço cívico, etc., para correr e tentar resolver aquelas infra-estruturas que foram destruídas. Deixaram isso para a ANE (Administração Nacional de Estradas) e para a EDM (Electricidade de Moçambique). Eles que resolvam. Qualquer país que faz contas, a primeira coisa era fazer a mobilização geral. Vamos lá trabalhar, gente. Paravam as universidades. Os engenheiros que estão a sair das universidades vão ajudar. Não. É como se nada estivesse a acontecer. Isso é não fazer contas. Depois veio um romântico qualquer que disse que o prejuízo que isso está a provocar na macroeconomia, na economia nacional, era de 0,5 por cento. Onde é que ele foi buscar esses dados? Isso é não fazer contas. Este país está habituado a não fazer contas. O Tomás Salomão, no ano passado, quando veio dar a aula de sapiência na nossa universidade, dizia que há um “boom” na construção civil, prédios gigantescos, e que a energia que vai ser gasta só no prédio do Banco de Mo- Campanha da Renamo em 2014 A Renamo não fez campanha, quem fez campanha foi Afonso Dhlakama. O homem teve que entrar na campanha 15 dias depois do arranque. Não houve uma pré-campanha. O PR Nyusi fez como pré-candidato. Ele deu-se a conhecer ao país e a Frelimo tem uma máquina impressionante. Quer o partido Frelimo, quer o PR Nyusi estudaram as nossas sondagens (sondagens da Universidade Politécnica). Estudaram profundamente as nossas sondagens, porque vieram aqui buscar os resultados, as análises, aquela parte não publicada que constitui as estatísticas, as amostragens, etc. Estudaram e traçaram as estratégias. A Renamo não. A Renamo deixou-se descansar. Foi a reboque do seu líder e o que aconteceu é que houve a transferência de voto sim e não da Frelimo para a Renamo, mas houve a transferência de voto de MDM para a Renamo. Resultou exactamente isso, com todas as irregularidades que possa ter havido, mas de forma nenhuma seria possível haver uma segunda volta e nem de forma nenhuma seria possível aproximar a percentagem da Renamo dos 47 a 48 por cento, como teve em 1999. É completamente impossível, porque de facto, depois de termos saído dum conflito político-militar, 15 dias depois, Dhlakama fragilizado pela saúde, ainda muito ele fez para rebocar o seu partido atrás de si. Quem ficou prejudicado nisso tudo foi o MDM. Porque na nossa sondagem, as coisas estavam de tal forma equilibra- das que não havia transferência de votos. Isso permitia, se não houvesse alguma transferência de voto, sobretudo urbana para a Renamo, um equilíbrio com o MDM, como foi nas autárquicas. Eventualmente teria havido uma segunda volta. Não houve, porque houve erros crassos na campanha eleitoral, quer da Renamo quer do próprio MDM, considerando o pivot desta nova governação, o paradigma do Presidente Nyusi. çambique é equivalente a toda a energia que é gasta na cidade de Pemba. Onde está o plano estratégico da EDM para poder responder a esse boom de construção e de gasto de energia que de facto daqui a dez anos possa responder a isso? Caíram as torres, não havia alternativa, mas todas as empresas têm que ter o plano “B”. Queixavam-se que faltaram os produtos alimentares, mas temos uma costa que pode perfeitamente ter barcos de cabotagem e temos portos para receber esses barcos de cabotagem. O país não faz contas do país. Esse é que é o grande problema que nós temos em termos de políticas públicas. Não fazemos contas. O que significa dizer que o país está prepara- do para as cheias? Quem disse isso? É o INGC? Se calhar os ministérios, em termos de segurança alimentar. Mas preparar-se para as cheias, calamidades, tem que passar também pelas próprias populações e o que nós estamos a criar neste momento é uma dependência total das comunidades da acção governativa. O que está completamente errado. Porque você não pode criar gerações e gerações que vivam permanentemente de donativos. Porque repare, todos os anos temos cheias. Temos que reassentar as pessoas. Temos que distribuir víveres. Todos os anos temos que declarar calamidades. Quer dizer que não acaba mais isso de reassentamento, de distribuição de víveres. É impossível! Presidente de todos os moçambicanos O Presidente Nyusi é engenheiro, que vem dos Caminhos-de-Ferro. Ele representa, em termos de nova linguagem, expectativas para o nosso país. Acho que foi escolhida uma pessoa que não tem um compromisso muito vinculado à velha guarda do partido Frelimo. Imagine que teria sido Pacheco, membro da Comissão Política, das governações de Joaquim Chissano e de Guebuza, não traria esse discurso novo. O Presidente Nyusi é um membro júnior do partido. É número 133 do Comité Central. Não é membro nem do secretariado nem da comissão política. Não tem nenhuma tradição, dos velhos compromissos dentro do partido. Vem do sector empresarial. Estava nos CFM, apesar de ser filho de antigos combatentes, mas a sua experiência de vida é empresarial. Ele representa de facto um paradigma que pode trazer, para além do seu próprio discurso que representa, que assumiu como sendo seu compromisso, algo que me parece extremamente importante: ser Presidente de todos os moçambicanos. 12 12 MAIO - JUNHO/2015 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l REPORTAGEM “Devíamos saber o paradeiro dos - afirma a nova Directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), Professora Doutora Irene Mendes, quando solicitada a comentar a situação dos graduados desempregados A nova Directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), Professora Doutora Irene Mendes, concedeu uma entrevista ao “O Académico” para falar da sua experiência na direcção da Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA) e dos novos desafios que tem pela frente. Quando lhe pedimos um comentário sobre a situação dos graduados no desemprego respondeu da seguinte forma: (…) “é importante que nós saibamos o paradeiro dos nossos graduados. Só assim podemos dizer com exactidão quais são os cursos que são imediatamente absorvidos pelo mercado”. – Pode-nos falar da sua experiência na direcção da ESEUNA? – Quando solicitei a minha transferência para uma das unidades orgânicas fora de Maputo precisava de mudar radicalmente de espaço geográfico depois de ter defendido o meu Doutoramento e de ter estado à frente da maior unidade orgânica da Universidade Politécnica, a Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias, para onde agora regresso. Encontrava-me completamente exausta e estressada. Maputo não era, na altura, a melhor cidade para me confortar. Então, de entre Tete e Nampula, o Magnífico Reitor aconselhou-me a escolher Nampula. Explicou-me que era uma unidade que, por ter nascido em 2007, portanto, com três anos de vida, estávamos no ano de 2010, com melhores condições para se iniciar um trabalho de investigação. Tete nascera precisamente naquele ano: 2010, estava ainda numa fase embrionária. – E como foi o nascimento da ESEUNA? – No início, quando me desloquei a Nampula, era para ir desenvolver a área de investigação, mas passados dois meses o Magnífico Reitor comunicou-me que eu teria que estar preparada para assumir a direcção daquele Pólo, pois eu era a única doutorada e, por isso, não fazia sentido estar dependente de alguém com o nível de licenciatura. Contrariada, fui obrigada a aceitar. Recordo-me que até aí a unidade era uma extensão que tinha à sua frente uma Comissão Instaladora. Isto quer dizer que a Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA) nasceu nas minhas mãos. Foi uma grande responsabilidade. A minha antecessora, a Presidente da Comissão Instaladora, a Licenciada Teresa Valente, dizia vezes sem conta que “eu construí paredes, a Professora vai construir a Universidade”. No início, não entendia a mensagem, mas depois compreendi que dentro do imponente edifício havia, efectivamente, muito trabalho a fazer a nível de gestão organizacional. – Então, como é que depois foi estruturada a ESEUNA? – O primeiro passo foi a leitura dos documentos reguladores da instituição e da ESEUNA nos órgãos colegiais da unidade. Era importante conhecermos os Estatutos, o Regulamento de avaliação e o Regulamento de Actividades de Graduação. Refizemos os termos de referência para acomodar a nova estrutura orgânica: cada um de nós tinha que saber claramente quais eram as suas competências e responsabilização nos sectores existentes: académico, tesouraria, recursos humanos, cultura e desporto, comunicação e imagem e biblioteca. Na área pedagógica, identificámos e criámos núcleos de áreas científicas. Consideramos que estes núcleos são um embrião de futuros departamentos que, inevitavelmente, se criarão muito em breve. A partir dos núcleos foi possível programar várias actividades, tais como elaborar calendário de assistência às aulas dos mais aos menos experientes; avaliar o desempenho de docentes de uma forma mais sistematizada, através de preenchimento de um inquérito, reflectir sobre aspectos pedagógicos de cada um dos núcleos, participar no processo de actividades de graduação. – E quais foram depois as actividades que se seguiram? – Pela primeira vez, participei na organização e realização de campanhas de divulgação de cursos. Na altura, em Maputo, a ESGCT nunca esteve directamente envolvida numa campanha de divulgação de cursos, pois essa actividade era exclusivamente da responsabilidade da Direcção Executiva. A campanha consistia em idas às escolas secundárias para falar com os alunos sobre os nossos cursos, condições para o ingresso e as saídas profissionais com o objectivo de angariar alunos para o turno diurno. O mesmo exercício era feito nas instituição de maior impacto na cidade de Nampula, com o objectivo de angariar estudantes nocturnos. Infelizmente, até à minha saída da ESEUNA nunca conseguimos abrir turnos diurnos no ensino superior. Realizávamos reuniões com encarregados de educação, organizávamos feiras de cursos, várias feiras de livros, distribuíamos panfletos nos supermercados ou locais de grande afluência do público. Foi realmente uma experiência ímpar. – Nessas actividades quais foram os momentos mais marcantes? – No âmbito da responsabilidade social destacam-se dois momentos que me marcaram: o lançamento da campanha “A Politécnica, sorrindo com as crianças”. Procedemos à recolha de alimentos como sumos, bolachas e leite para oferecermos, no Natal de 2010, às crianças internadas na Pediatria do Hospital Central de Nampula. A nossa animadora de crianças, mesmo com uma barrigona enorme, não quis ficar atrás e vestiu-se a palhaço e foi ten- tar animar a pequenada. Muito esforço ela fez para soltar um sorrisinho àquelas crianças enfermas. Outro momento digno de destacar foi quando decidimos apadrinhar uma escola secundária, de Teacane. Alguns dos meninos desta escola participavam nas nossas festas internas, dançando ou cantando canções tradicionais, como o tufo. No Natal de 2011 oferecemos a uma turma saquinhos feitos de tecido, com material escolar, entre cadernos, lápis, borracha, lápis de cor e afiador. Foi, igualmente, um momento muito especial em que as crianças nos receberam com canções lindíssimas para nos agradecer a oferta. – Pode-nos falar da equipa de trabalho que a Senhora Doutora chefiou… – Encontrei em Nampula uma equipa de trabalho fabulosa: muito competente e dedicada. O importante para aquela equipa era realizar com zelo todas as actividades. Para isso havia uma entrega plena; este espíContinua na pág. 13 »» 13 MAIO - JUNHO/2015 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l REPORTAGEM nossos graduados” rito de entrega era contagiante entre os serventes, os técnicos e os membros da direcção. Graças a esta entrega foi possível realizar uma peça de teatro com os trabalhadores. O nosso jardineiro era uma pessoa muito animada e criativa. Foi ele que escreveu a peça, o meu papel, como docente de Português, foi apenas corrigir uma ou outra coisa. A peça referia-se à actividade diária de um servente no Campus e criticava a actuação de alguns membros da direcção. Porque nos considerávamos membros de uma mesma família achámos que a nossa relação devia ser mais estreita e organizámos vários convívios. Em dias comemorativos, depois de irmos à Praça dos Heróis depositar o nosso raminho de flores, íamos parar ou ao Monte Nairuco ou ao pátio do Campus para uma churrascada. Em aniversários de colegas íamos todos à casa do aniversariante com um prato ou uma bebida e lá fazíamos a festa. Aqui houve revelações surpreendentes: as pessoas despiam-se do ar sério e profissional e tornavam-se elas mesmas. Foram momentos muito ricos e de muita interacção. DESEMPREGO DE GRADUADOS EM MOÇAMBIQUE – Hoje em dia, as instituições de ensino superior começam a formar graduados para o desemprego. Qual é o seu comentário sobre esta situação? – Não sei se falaria de desemprego de graduados em Moçambique. Não tenho dados estatísticos relativamente a esta matéria, uma vez que nós, Universidade Politécnica, ainda não fizemos um estudo sobre o destino dos nossos graduados. A Universidade Pedagógica já o fez. Talvez fosse altura de nos debruçarmos sobre o assunto. O que sei, mesmo sem dados estatísticos, é que grande parte dos graduados não está a trabalhar na sua área de formação. Uns até podem começar na sua área de formação, mas depois, quando a oferta é mais atractiva numa instituição que não seja da sua área, acabam por optar pela instituição que oferece melhores condições de trabalho: salarial, assistência médica e medicamentosa, subsídio de comunicação e de transporte. Neste momento, os bancos têm sido locais preferenciais para os recém-graduados. Outro grupo de graduados, sobretudo os dos cursos de Turismo e Gestão de Empresas Turísticas (TGET) e de Ciências da Comunicação (CC), cria o seu próprio emprego, abrindo casas de pasto ou restaurantes, para os cursados em TGET; ou criando empresas de marketing e publicidade, para o caso dos graduados em Ciências da Comunicação. Tenho-me encontrado com vários ex-estudantes destes dois cursos que confirmam esta tendência. Isto quer dizer que A Politécnica lhes dá ferramentas eficazes para eles andarem por si próprios. Mas não nos esqueçamos do peso do factor financeiro: este pesa bastante para a abertura de qualquer negócio por conta própria, independentemente das competências adquiridas no curso. Por outro lado, temos, cada vez mais empresas de algumas áreas, como marketing, construção civil, gestão e contabilidade à procura de estudantes que estão a terminar os cursos, ou para estagiarem, ou para fazerem parte do elenco das mesmas. Esta procura apraz-nos porque isto significa que o mercado está atento aos nossos cursos, mas, depois não sabemos se esses estudantes permanecem ou não nas empresas que nos bateram à porta. É o estudo que nos falta fazer. Para terminar, só me resta dizer que é importante que nós saibamos o paradeiro dos nossos graduados. Só assim podemos dizer com exactidão quais são os cursos que são imediatamente absorvidos pelo mercado. Mas, por outro lado, não nos esqueçamos que os cursos das áreas de Ciências Sociais e Humanas, apesar de não serem os mais atractivos para o mercado de trabalho, são essenciais porque ajudam a abrir mentes e a criar uma massa crítica, ingredientes necessários para equilibrar qualquer sociedade. Estudantes do sexo feminino A Universidade Eduardo Mondlane continua a registar um ligeiro crescimento de estudantes do sexo feminino. O Reitor da UEM, Professor Doutor Orlando Quilambo, disse, na reunião anual da instituição, que dos matriculados em 2012, cerca de 32 por cento eram mulheres, uma percentagem que subiu para 33, em 2013 e 34 por cento, em 2014. Contudo, os números registam também disparidades assinaláveis em algumas unidades, como na Faculdade de Engenharia, onde apenas 12 por cento do total dos estudantes é constituída por mulheres, na Faculdade de Arquitectura, cerca de 20 por cento e na Faculdade de Ciências com 28 por cento de mulheres. O Reitor referiu que a disparidade de género na admissão e no efectivo de estudantes aponta para a necessidade de se continuar a implementar acções que contribuam para o incremento das percentagens de ingresso de mulheres à UEM, em particular, nos cursos com notável sub-representação feminina. Num outro desenvolvimento, Orlando Quilambo disse que a fraca representação feminina em alguns cursos tem a ver com o facto de os candidatos do sexo masculino estarem a se sair melhor nos exames de admissão do que os do sexo feminino. “Esta situação remete para a necessidade de se definirem mecanismos que permitam, pelo menos, minimizar os desequilíbrios de género na população estudantil. As iniciativas visando este objectivo podem incluir a instituição de programas de preparação a candidatas a exames de admissão, sobretudo nos cursos de ciências matemáticas e tecnológicas e a promoção de campanhas educativas visando a desmistificação do preconceito de que as mulheres não se prestam a estas áreas do saber”, disse o Reitor. De referir que dados da UEM dão conta que em 2014 a instituição inscreveu 26.481 candidatos a cursos de licenciatura para 4.989 vagas que estavam disponíveis. No total de candidatos, 13.770 eram homens, o equivalente a 52 por cento e 12.711 mulheres, o correspondente a 48 por cento. Destes números, foram admitidos três mil e 127 homens e mil e 862 mulheres. Programa de estágios profissionais e de desenvolvimento de graduados O Standard Bank vai relançar, este ano, o seu programa de estágios profissionais e de desenvolvimento de graduados, segundo anunciou o Administrador Delegado desta instituição bancária, Chuma Nwokocha, na cerimónia de abertura da VII edição da Feira Internacional de Educação. Conforme explicou Chuma Nwokocha, que durante a sua intervenção comprometeu-se a dar seguimento ao projecto do banco de apetrechamento de bibliotecas de escolas públicas, “pretendemos, com estas iniciativas, que todos os estudantes tenham, no Standard Bank, uma oportunidade para alinhar a sua bagagem teórica com experiências práticas, que lhes possibilitem entrar no mercado de emprego com bases sólidas, bem como iniciar projectos de auto-emprego”. Através do programa de estágios e desenvolvimento de graduados, cujos requisitos de admissão são a 12ª classe ou bacharelato e conclusão de um curso universitário nas áreas de actuação do banco, respectivamente, 352 jovens fizeram parte do programa em todo o país, dos quais 90% já foram integrados no banco, desde 2006, estando hoje alguns deles a exercer funções de liderança. Por sua vez, o Ministro da Ciência e Teconologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional, Jorge Nhambiu, que dirigiu a cerimónia de abertura, disse que a Feira Internacional de Educação constitui um ponto de encontro entre a procura e a oferta dos principais serviços de educação. “A Feira Internacional de Educação é, simultaneamente, um momento de interacção entre instituições de ensino e uma oportunidade para as empresas apreciarem as áreas de formação cobertas pelos expositores presentes no evento”, considera o Ministro. Por isso, Jorge Nhambiu instou os expositores a interagirem e a estabelecerem parcerias com vista à promoção da complementaridade entre o ensino e os sectores produtivo e industrial. O evento anual contou com a participação de mais de 140 expositores nacionais e estrangeiros. 14 14 MAIO - JUNHO/2015 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l EM FOCO ESAEN abre mestrado no período laboral A Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN) em Maputo introduziu este ano cursos de Mestrado no período laboral para permitir que os que queiram estudar nesse tempo o possam fazer, sem esperar pelo período nocturno. “A grande novidade de 2015 é a introdução dos cursos de Mestrado no período laboral. Estamos a abrir uma oportunidade de os estudantes não esperarem pelo período nocturno para estudarem, mas terem a possibilidade de fazer os seus cursos no período que mais lhes convém”, explicou o Professor Doutor Jamisse Taimo, Director da ESAEN. S egundo o Director da ESAEN, “outra novidade é a abertura no ISHT – Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias, em Quelimane, na província da Zambézia, do Mestrado em Saúde Pública e Medicina Tropical que deverá iniciar já neste mês de Julho e que já conta com 31 inscritos. Mais novidades estão em carteira mas não vamos revelar agora”, referiu o Professor Doutor Jamisse Taimo. Recorde-se que a Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN) da Universidade Politécnica já graduou, de 1999 a 2013, 105 mestres em diversos cursos, nomeadamente, 33 em Gestão de Empresas, 30 em Gestão Estratégica de Recursos Humanos, cinco em Direi- Pública (7ª edição); Mestrado em Formação de Formadores em Gestão e Administração em Saúde (1ª edição - para trabalhadores do MISAU); Mestrado em Gestão Empresarial (13ª edição em parceria com o ISCTE/IUL); Mestrado em Gestão Social e Desenvolvimento Local (2ª edição - sem parcerias); Mestrado em Direito Empresarial (1ª edição em parceria com a FDUC/Portugal). Em Nampula: Mestrado em Vias de Comunicação (1ª edição - sem parcerias). MATRICULAS-2015 – Quantos novos alunos foram matriculados este ano na ESAEN? – No primeiro semestre de 2015 a ESAEN contou com 179 estudantes, “No primeiro semestre de 2015 a ESAEN contou com 179 estudantes sendo, que 21 deles são novos ingressos. Os demais são estudantes dos cursos que transitaram do 2º semestre de 2014” to de Empresas, oito em Administração Pública, oito em Gestão Estratégica de Marketing, um em Contabilidade, um em Gestão Estratégica de Negócios, quatro em Economia Agrária e Sociologia Rural, um em Direito Fiscal e onze em Avaliação e Investigação de Recursos Pesqueiros. Tem também um doutorado em Gestão Empresarial. Siga a entrevista em discurso directo, no estilo pergunta-resposta: – Como estão a decorrer as aulas na Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN) da Universidade Politécnica em 2015? – As aulas na ESAEN no presente ano estão a decorrer dentro do planeado, sem grandes complicações ou problemas relevantes, apesar de termos tido um baixo número de novos ingressos. Entretanto, estamos a trabalhar para que o número de novas entradas para o 2º semestre de 2015 supere as nossas expectativas. – Que actividades foram desenvolvidas nesse efeito? – Durante todo o primeiro semestre de 2015 a ESAEN esteve a desenvolver as actividades habituais de leccionação de cursos de mestrado, nomeadamente: Em Maputo: Mestrado em Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais (2ª edição em parceria com o ISEG/Lisboa); Mestrado em Gestão Estratégica de Recursos Humanos (8ª edição); Mestrado em Administração sendo que 21 deles são novos ingressos. Os demais são estudantes dos cursos que transitaram do 2º semestre de 2014. – Terão em 2015 novas parcerias? Quais? – O nosso maior desafio é aproveitar as parcerias já existentes e que ainda não podemos explorar o suficiente. Estamos a consolidar as parcerias antigas e buscamos cada vez mais um maior diálogo das parcerias. Por outro lado, estamos a trabalhar no sentido de actualizar as nossas parcerias tendo em vista novos desafios que se colocam no país. Isso requer revisitar toda a linha de parcerias, avaliar as valências de cada uma delas. Bem, estamos também a negociar algumas novas parcerias que nos vão permitir dar um salto na nossa intervenção no desenvolvimento do nosso país. – Com quantos professores contam em 2015? – A ESAEN conta com os docentes das instituições parceiras e com docentes locais. Os nossos cursos são modulares, portanto, os docentes estão connosco somente durante um período de 10 a 15 15 docentes locais e 22 docentes estrangeiros. – Quais são as outras novidades que a ESAEN traz para o ano de 2015? – A grande novidade de 2015 é a introdução dos cursos de Mestrado no período laboral. Estamos a abrir uma oportunidade de os estudantes não esperarem o período nocturno para estudar, mas terem a possibilidade de fazer os seus cursos no período que mais lhes convém. Outra novidade é a abertura no ISHT – Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias, em Quelimane, na “Os cursos de Mestrado e Doutoramento precisam de professores altamente qualificados, fazendo com que isso nos leve a ser mais cautelosos na sua introdução” dias. A única excepção é o Mestrado em Gestão Social e Desenvolvimento Local que é um curso semestral. Entretanto, podemos dizer que até ao final do 1º semestre de 2015 a ESAEN terá recebido para os oito cursos leccionados cerca de província da Zambézia, do Mestrado em Saúde Pública e Medicina Tropical que deverá iniciar já no mês de Julho e conta com 31 inscritos. – Tem algo a acrescentar que não tenha sido mencionado nas questões colocadas? – A Escola Superior de Altos Estudos e Negócios – ESAEN é um espaço de construção do conhecimento científico. Cada dia que passa nos sentimos impelidos a oferecer ao público que nos procura o melhor produto. O grande desafio é introduzirmos os cursos Executivos de curta duração que não levem à titulação dos seus estudantes. Este desafio é grande quando olhamos para as exigências do mercado, exigências essas que passam por ser um centro de referência, onde os que frequentam os cursos sintam a satisfação de terem recebido os instrumentos úteis que os ajudem no exercício profissional. “Podemos dizer que até ao final do 1º semestre de 2015 a ESAEN terá recebido para os oito cursos leccionados, cerca de 15 docentes locais e 22 docentes estrangeiros” 15 15 MAIO- -JUNHO/2015 JUNHO/2015 MAIO l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l DESPORTO A equipa de basquetebol feminina da Universidade Politécnica de Moçambique participa desde o dia 4 de Julho na XXVIIª edição dos jogos das universiadas que têm lugar na Coreia do Sul. BASQUETEBOL FEMININO A Politécnica compete nas Universíadas da Coreia O conjunto de estudantes moçambicanos que deixou o país no dia 1 de Julho é composto por 12 jogadoras, para além da equipa técnica e médica, entre outros elementos integrantes da delegação, dos quais membros da associação dos estudantes da universidade. Dados fornecidos à nossa equipa de Reportagem pelo técnico principal da colectividade, Mestre Hélio de Sousa, dão conta que das 12 jogadoras chamadas a representar esta instituição de ensino superior, assim como o país, 10 participam pela primeira vez na competição. Falando durante a cerimónia de despedida da delegação, o Magnífico Reitor da Universidade, Professor Doutor Lourenço do Rosário, considerou que a integração de novas caras no conjunto significa que a equipa está a ficar mais competitiva. Na ocasião, instou as atletas para não se preocuparem com a equipa de arbitragem que for indicada para orientar as suas partidas, mas sim devem trabalhar para conseguir resultados que o conjunto definiu como meta. “Desejamos que façam milagres. Vão encontrar equipas bem constituídas e jogadoras formadas e equipas bem competitivas. Vão encontrar equipas com jogadoras baixinhas mas que correm muito. Nas competições anteriores vence- mos combinados de renome, quero que isso se repita”, disse Lourenço do Rosário. Entretanto, o técnico da equipa, Mestre Hélio de Sousa, disse que o seu grupo vai com o objectivo de conquistar medalhas, não para fazer turismo. Para o efeito, depois de conseguir o apuramento para esta prova, o conjunto realizou várias partidas de preparação de diferentes níveis desde o estado físico, lançamentos livres, entre outros. Aliás, a equipa participou em várias competições internas, entre as quais figuram o campeonato entre universidades da capital do país e o campeonato de basquetebol da cidade de Maputo. “Depois de um ano de preparação notamos que atingimos níveis satisfatórios. Temos agora equipa técnica composta por seis técnicos que fazem trabalhos de aspectos colectivos, assim como individuais. Tínhamos 15 jogadoras e levamos para as universíadas 12, disse Hélio de Sousa. Num outro desenvolvimento, o Mestre Hélio de Sousa revelou que oito jogadoras da equipa principal da Universidade Politécnica subiram no ano passado de escalão de júnior para sénior. As mesmas fazem parte do combinado que se encontra a competir na Coreia do Sul. “Estamos preparados. Houve um trabalho de qualidade. Neste momento falta-nos apenas a componente estratégica de cada equipa adversária”, frisou. De referir que na primeira fase as representantes de Moçambique defrontam a equipa anfitriã, Coreia do Sul, Sérvia e Canada. Os primeiros dois classificados passam para a fase seguinte. PASSAR A PRIMEIRA FASE As jogadoras da equipa feminina de basquetebol que participam nas universíadas disseram ao “O Académico” que o conjunto está determinado a conquistar pontos que lhes ga- rantam a transição para a fase seguinte. Delmira Ivonsso, por exemplo, afirmou que o conjunto está psicologicamente preparado para as competições e espera um bom desempenho de forma a dignificar o nome do país e a instituição que representa. “Queremos melhorar a posição que conquistámos nas competições anteriores. Acredito que somos capazes, pois em 2007 batemos equipas que consideramos grandes, como Brasil, China, entre outras”, disse. Por sua vez, Deonilde Cuamba referiu que está ciente de que será difícil, uma vez que não conhece os adversários, mas acredita que vão fazer boa prestação. “Gostaria de passar a primeira fase para depois lutar para chegar à final. Portanto, queremos melhorar os resultados das anteriores provas”, disse. Outra atleta abordada, Clitan de Sousa, que participa pela primeira vez numa prova do género, afirmou que vai para mostrar o seu melhor e quer que a competição sirva para fazer entender que “temos equipa que merece respeito. Vai servir para ganhar experiência e revelarmos ao mundo aquilo que somos como um conjunto e a prestação individual de cada integrante. Não queremos decepcionar, finalizou. 16 MAIO - JUNHO/2015 l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l UNIVERSIDADE POLITÉCNICA www.apolitecnica.ac.mz MAIO - JUNHO- 2015 A POLITÉCNICA DESDE JULHO DE 2015 Mestre Arnaldo Nhavoto indicado coordenador de programas da FUNDE A Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE), instituição autónoma, sem fins lucrativos, parceira da Universidade Politécnica, conta desde 01 de Julho de 2015 com um Coordenador de Programas. T rata-se do Mestre Arnaldo Nhavoto, que entre os anos 1994 e 2000 ocupou o cargo de ministro da Educação no Governo de Joaquim Chissano, para além de ter sido director do International Institute for Capacity Building in Africa, da UNESCO, de 2010 a 2015. A indicação do Mestre Arnaldo Nhavoto, de acordo com a Professora Doutora Rosânia da Silva, Directora Executiva da FUNDE, visa reforçar os quadros do organismo com vista a conferir maior dinamismo tendo em conta o crescente número de projectos. “A FUNDE já tem três (3) anos e durante esse tempo crescemos significativamente, o que quer dizer que o número l de projectos aumentou, sendo que alguns deles são complexos. Por isso sentimos a necessidade de trazer alguém com perfil e competências para exercer este cargo”, explicou a Professora Doutora Rosânia da Silva. “É necessário garantir que os programas sejam implementados segundo os termos de referência e que sejam prestadas contas aos doadores, financiadores, etc. Igualmente, é necessário que os programas tenham impacto e que sejam cumpridas as metas estabelecidas na sua concepção”, acrescentou. Por seu turno, o Mestre Arnaldo Nhavoto considerou que a sua indicação para o cargo de coordenador de programas representa um desafio. “Há um esforço que tem de ser empreendido para que possa satisfazer as expectativas. Vou procurar realizar com maior eficácia e eficiência os objectivos da FUNDE”. CARTOON DO CRISÓSTOMO o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l