A VIDA POLÍTICA DOMINA AGENDA DOS MOÇAMBICANOS

Transcrição

A VIDA POLÍTICA DOMINA AGENDA DOS MOÇAMBICANOS
l
A Politécnica reflecte sobre
Educação Profissional
dia 9 de
Julho
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico
l oa
cadémicode
l
Ano I
Edição N.o 17
www.apolitecnica.ac.mz
MAIO - JUNHO - 2015
l
Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva
1
Este jornal faz parte da
edição
do SAVANA do
MAIO
- JUNHO/2015
2015,
pelo que não deve ser
vendido separadamente
– PÁGINAS 10/12
Periodicidade: BIMESTRAL
Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013
EM DETRIMENTO DE OUTRAS OCUPAÇÕES
A VIDA POLÍTICA DOMINA
AGENDA DOS
MOÇAMBICANOS
_ Professor Doutor Lourenço do Rosário, em entrevista ao
“Moz Africa View”, lança um olhar sobre a situação política
de Moçambique e ao papel das universidades nacionais
– PÁGINAS 8/11
Mestre
Augusto Jone
dirige ESA
– PÁGINA 3
2
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
NESTA
EDIÇÃO
Editorial
17
A
Universidade Politécnica, através da sua Escola Superior de Gestão,
Ciências e Tecnologias (ESGCT), realizou em Abril último Jornadas
Científicas enquadradas no lema “A Politécnica e a Promoção da
Cidadania”.
Mestre Augusto Jone dirige
Escola Superior Aberta
Pág.
No evento foram abordados 32 temas relacionados com o lema em apreço, bem como matérias associadas aos diferentes cursos leccionados nos
seis departamentos da escola.
3
DOS ASSUNTOS CIENTÍFICO-PEDAGÓGICOS NA VICE-REITORIA
Directora visita unidades
orgânicas da Universidade
Politécnica
Págs.
4/5
Novo edifício do ISHT pronto
em Dezembro
Pág.
5
EM MOÇAMBIQUE
Ensino superior privado
ajustou oferta formativa
Pág.
6
REITOR LOURENÇO DO ROSÁRIO:
“Vivemos com 80%
de preocupações políticas
e 20 de outras”
Págs.
8/11
ESAEN abre mestrado
no período laboral
Pág.
14
BASQUETEBOL FEMININO
A Politécnica compete
nas Universíadas da Coreia
Pág.
ACINCET AHCIF
FICHA TÉCNICA
15
A Politécnica e a cidadania
Mais de meia centena de estudantes participaram no evento, como oradores principais, apresentando as suas pesquisas e relatórios de trabalhos
teórico-práticos. Também 70 docentes envolveram-se como oradores e moderadores de sessões paralelas durante as referidas jornadas científicas, ao
lado de discentes envolvidos na busca de melhores formas de consolidar
os conhecimentos e desenvolver a ciência e a prática científica, num evento
que superou de longe as expectativas da instituição.
Um dos destaques da edição deste ano das jornadas científicas na ESGCT
foi a participação de duas instituições económico-financeiras de peso no
panorama nacional, nomeadamente a Autoridade Tributária de Moçambique e o Banco de Moçambique.
O Presidente da Autoridade Tributária de Moçambique, Dr. Rosário Fernandes, apresentou um tema intitulado “O Papel da Universidade na
Educação Tributária: Aspectos Legais e Comunicação sobre Imposto”,
enquanto o Banco de Moçambique colaborou nestas jornadas com três
temas, assim intitulados: (i) Regulamentação Cambial – Desenvolvimentos
recentes e desafios, (ii) A importância das Centrais de Informação de Crédito
e da Reputação Creditícia no Acesso ao Crédito, (iii) A experiência do Banco
de Moçambique na formulação da política monetária em Moçambique.
Estas jornadas são sempre importantes por serem actividades de âmbito
científico, abrindo o horizonte de conhecimento dos estudantes, mas também dos docentes e outros participantes.
As jornadas perseguem sempre objectivos claros na área de investigação, visando estimular o espírito de pesquisa na comunidade universitária;
proporcionar momentos de apresentação, divulgação e reflexão científica;
desenvolver valores e qualidades académicas e no caso deste ano também
promover a cidadania e ajudar a reflectir sobre o desempenho académico
dos docentes e alunos.
Com efeito, foram dois dias de actividade árdua envolvendo não só estudantes da ESGCT, como também parceiros estratégicos, toda a comunidade
académica da Universidade Politécnica e convidados que acompanharam a
apresentação dos trabalhos de pesquisa científica e os debates daí decorrentes.
Foi um momento oportuno de divulgação das pesquisas que estão a ser
feitas nos vários cursos ali leccionados, contribuindo desta forma para se
estimular a participação massiva da comunidade académica.
Bem-haja as jornadas científicas.
o académico
Textos: Prof. Doutor Lourenço do Rosário [email protected]
PROPRIEDADE: UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
JORNAL UNIVERSITÁRIO D'A POLITÉCNICA
Registo N.° 09/GABINFO-DEC/2013
Endereço físico: Av. Paulo Samuel Kankhomba, nº 1011
Email: [email protected]
Prof. Doutor João Mosca [email protected]
Telefone: +258 21 352 750 - Fax: +258 21 352 701
Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected]
Cel: +258 82 3285250 +258 82 3133700 +258 82 3126180
Lic. Arcénia Chale [email protected]
Site: www.apolitecnica.ac.mz
Directora: Profª. Doutora Rosânia da Silva [email protected]
Assessor: Leandro Paul [email protected]
Tiragem: 5.000 exemplares
Layout: FDS www.fimdesemana.co.mz
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
3
EM FOCO
Mestre Augusto Jone dirige
Escola Superior Aberta
O antigo ministro
da Educação,
Mestre Augusto
Jone, foi
recentemente
empossado para o
cargo de Director
da Escola Superior
Aberta (ESA),
uma unidade de
ensino à distância
da primeira
instituição de
ensino superior
privada do país,
a Universidade
Politécnica.
A indicação do Mestre Augusto Jone visa imprimir maior
dinâmica à ESA, criada há cinco anos, e posicioná-la como a
maior unidade da Universidade
Politécnica e principal instituição de ensino superior à distância no País.
Intervindo após a cerimónia
de tomada de posse, Augusto
Jone disse encarar a missão de
dirigir a Escola Superior Aberta
como um “desafio, na medida
em que no país já existem 15
instituições de ensino à distância”.
Como tal, o Mestre Augusto
Jone referiu que pretende dar
“mais visibilidade à ESA e ga-
nhar mais espaço no mercado,
trazendo maior número de estudantes para justificar a existência da escola, sem descurar
do factor qualidade”.
“O ensino à distância veio
para ficar e os cidadãos acreditam nele. O que temos de fazer
é identificar os nossos pontos
fortes e as nossas fraquezas
para estarmos no mercado.
Devemos, acima de tudo, evitar desistências e isso só é possível acarinhando o estudante”, acrescentou. Na mesma ocasião foram
empossados a Professora Doutora Irene Mendes, para o cargo
de Directora da Escola Superior
de Gestão, Ciências e Tecnologias; o Professor Doutor Carlos
Sotomane, para o cargo de Director para os Assuntos Científicos e Pedagógicos da Vice-Reitoria; a Doutora Sawida
Machado, para o cargo de Assistente de Direcção da Escola
Superior Aberta; Doutora Maria Teresa Moura, para o cargo
de Secretária-Geral do Campus;
e a Doutora Sara Laísse, para
o cargo de Chefe do Gabinete
Técnico-Operacional do Vice-Reitor Científico-Pedagógico.
Segundo o Magnífico Reitor
da Universidade Politécnica,
Professor Doutor Lourenço do
Rosário, estas mudanças têm
como objectivo “criar capacidades e competências internas
para permitir que o funcionamento da instituição dependa
de equipas e não de pessoas.
Por isso, primeiro reforçamos
a direcção hierárquica da Universidade Politécnica e agora
estamos a fazer o mesmo a nível das unidades centrais e das
direcções das unidades, o que
significa que, faltando um de
nós, a instituição não fique parada. A mensagem que pretendemos transmitir é de que não
podemos depender de pessoas,
mas sim de uma equipa”, explicou o Reitor.
4
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
EM FOCO
DOS ASSUNTOS CIENTÍFICO-PEDAGÓGICOS NA VICE-REITORIA
Directora visita unidades orgânicas
A então directora para os Assuntos Científico-Pedagógicos na ViceReitoria da Universidade Politécnica, Professora Doutora Irene
Mendes, visitou no mês de Abril último as cinco unidades orgânicas
situadas fora de Maputo, com o objectivo de analisar “in loco” aspectos
de natureza científico-pedagógica.
S
egundo um relatório
da instituição a que “O
Académico” teve acesso, as unidades visitadas foram:
Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), em
Quelimane; Instituto Superior
Universitário de Tete (ISUTE);
Escola Superior de Estudos
Universitários de Nampula
(ESEUNA); Instituto Superior
Politécnico e Universitário de
Nacala (ISPUNA); e Pólo de
Xai-Xai.
As visitas de trabalho foram
efectuadas ao abrigo do Plano
de Actividades da Vice-Reitora,
a Directora para os Assuntos
Científico-Pedagógicos na Vice-Reitoria e decorreram de 30 de
Março a 17 de Abril.
A Directora para os Assun-
tos Científico-Pedagógicos na
Vice-Reitoria da Universidade
Politécnica levava na agenda de
trabalhos para as cinco unidades visitadas os seguintes aspectos: a) o conceito de semestral,
modular e tutoriais, b) circular
n° 3, c) formação do corpo docente, d) assistência às aulas, e)
avaliação do corpo docente, f)
formas de culminação de cur-
sos, g) auto-avaliação e avaliação externa, h) núcleos de disciplina e i) pasta de disciplina.
O relatório refere que “em
todas as unidades houve encontros com membros da Direcção, docentes e técnicos
superiores em tempo integral,
trabalhadores de todos os sectores, coordenadores de núcleos ou de áreas científicas e
corpo docente. Foram assistidas aulas em algumas unidades
e a Directora consultou alguns
documentos directamente relacionados com as áreas científica e pedagógica, tais como:
preenchimento do livro de
sumários, programas analí-
ticos, pautas, actas de defesa
de trabalhos de fim de curso.
No ISHT e no ISUTE, houve
um estudo minucioso do documento referente à monografia
e ao relatório de estágio. Este
estudo tinha como principal finalidade colher subsídios para
a melhoria dos documentos em
revisão sobre as modalidades
de culminação de curso”.
De acordo com o relatório,
“os encontros com os membros de direcção tinham por
objectivo apreciar e aprovar
o programa que fora enviado
antecipadamente. Em algumas
continua na pág. 5 »»
A Politécnica promove troca de livros
A Direcção das Bibliotecas da Universidade Politécnica promoveu recentemente, na cidade de Maputo, a troca de livros entre pessoas singulares e
aquela instituição privada de ensino no país. Trata-se de obras de lazer, cientificas, entre outras. Entretanto, foram igualmente oferecidos livros aos leitores mais assíduos da Biblioteca Central da Universidade.
O gesto, designado de barganha, enquadra-se nos vários planos daquela instituição com vista
a incentivar, entre os estudantes,
como na sociedade em geral, o
gosto e o hábito de leitura e estimular a cultura de troca de livros
sem dispêndio de dinheiro.
Para o efeito, a Universidade
Politécnica fez um apelo às várias livrarias sedeadas na cidade
de Maputo para a disponibilização de algumas obras, um apelo
aceite por duas instituições.
Uma parte dos livros que fo-
ram adquiridos e que a universidade ainda tem no seu acervo
foi vendida a preços simbólicos
para quem os precisasse e outros oferecidos.
Aliás, grande parte destes livros foi encaminhada às escolas
que recebem apoio da Fundação para o Desenvolvimento
da Educação (FUNDE), pois
acredita-se que podem existir
professores, funcionários e até
alunos que precisem deles.
A directora das Bibliotecas
da Universidade Politécnica,
Doutora Maria João Carrilho,
que revelou que a iniciativa foi
algo novo na instituição, reconheceu os resultados positivos
conseguidos, visto que durante
o decurso da mesma apareceram indivíduos que, pela primeira vez, aproveitaram visitar
a biblioteca da universidade.
“A medida tem consigo vantagens tanto para nós, como
para a instituição, assim como
para o público. As pessoas que
aderiram à iniciativa, para além
de obterem uma nova obra,
pouparam um valor”, disse.
Falando sobre as causas que
levaram a instituição a realizar
o encontro apenas por um dia,
Carrilho disse que não queria
arriscar, visto que esta foi a primeira experiência.
“Pensamos fazer alguma
coisa diferente que não faz
parte dos hábitos, mas se calhar que pode incentivar a alegria. Achamos que é melhor
pouco e bem feito do que muito com riscos. Aproveitamos
em simultâneo abrir as portas
da nossa biblioteca para o público. As pessoas vinham para
trocar livros, mas tiveram a
possibilidade para saber como
é que funcionamos”, disse.
Entretanto, paralelamente à
barganha, a universidade organizou no mesmo dia três encontros,
um dos quais visava a troca de
experiências entre os estudantes
e duas jovens que já ganharam
concursos de escrita literária.
A reportagem de “O Académico” soube que no âmbito dos
20 anos da Universidade Politécnica durante o mês de Agosto haverá, pelo menos, uma
feira do livro e barganha em
cada unidade da Universidade
Politécnica, nomeadamente em
Tete, Nacala, Nampula, Quelimane e Xai-Xai.
DESAFIOS
A Direcção das Bibliotecas
da Universidade Politécnica definiu vários desafios para os próximos tempos, dentre os quais
aumentar o acesso às bibliotecas, tendo em conta os cursos
específicos que a universidade
oferece, ter um número variado
de obras, criar e facilitar o acesso a bibliotecas digitais.
A Doutora Maria João Carrilho fez saber que brevemente a
universidade terá uma biblioteca
digital e, para o efeito, a sua direcção está a preparar um plano
estratégico. “Estamos a ver se
conseguimos estar numa rede
de apoio mútuo com outras universidades, como a UEM”.
Aliás, segundo a fonte, as
direcções das diferentes instituições das bibliotecas do ensino
superior, tanto públicas, como
privadas, estão a trabalhar de
forma a estarem associadas.
Neste momento o processo está em andamento e a ser
orientado pela Biblioteca Brazão Mazula, da Universidade
Eduardo Mondlane (UEM).
“Já temos os estatutos. Isso é
um desafio para todas as direcções, mas sentimos que estamos
num bom caminho. Internamente, cada biblioteca está a se
organizar. Nós já temos a nossa
base de dados para ser consultada, mas fica só entre nós porque
não temos ainda condições para
partilhar com as outras instituições”, referiu a Doutora Maria
João Carrilho.
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
5
EM FOCO
da Universidade Politécnica
unidades houve necessidade de
se reajustar o programa, quer
alterando a ordem das actividades, por conveniência da
unidade, quer alterando o horário de trabalho devido à hora
da chegada da Directora Irene
Mendes à unidade, onde foi
apresentada ao pessoal a tempo inteiro, aos Coordenadores
de núcleos ou de áreas científicas e ao corpo docente”.
Formação do corpo docente
A formação do corpo docente iniciou-se em 2013 em todas
as unidades: ESGCT (Maputo),
ISHT (Quelimane), ESEUNA
(Nampula), ISUTE (Tete), excepto no Pólo de Xai-Xai que
só começou a funcionar como
extensão da ESGCT, em regime
presencial, em 2014.
Os docentes do ISPUNA
(Nacala) frequentaram os quatro módulos de formação do
corpo docente: Psicopedagogia,
Metodologia de Investigação
Científica, Expressão Oral e Escrita e Informática na Óptica do
Utilizador, na ESEUNA (Nampula), antes da desintegração
daquela unidade. No entanto,
com a autonomia do ISPUNA
torna-se necessária a preparação
e a organização do curso naquele distrito, tendo, para o efeito,
a Directora Científico-Pedagógica apoiado e orientado os
gestores do ISPUNA na preparação do referido curso. Procurou saber se o Pólo de Xai-Xai
tinha condições para iniciar o 1°
ciclo do curso, sabendo-se tratar
de uma instituição com apenas
1 ano e que está a enfrentar problemas de “nascimento”.
Nas unidades que oferecem
o curso de formação do corpo
docente a Professora Doutora Irene Mendes quis saber do
ponto da situação, ao que foi
informada que em Quelimane
e Nampula o 2° ciclo já tinha
arrancado no início do semestre. Em Tete falta o módulo de
Informática na Óptica do Utilizador para concluir o 1° ciclo.
A ideia com que ficou, em todas as unidades, é que o curso
de formação do corpo docente
foi extremamente importante,
sobretudo no que diz respeito a
aspectos metodológicos e peda-
gógicos, pelo que solicitaram a
sua continuidade.
Recorde-se que depois da
frequência dos quatro módulos os participantes têm direito
a um certificado “B”, que lhes
concede 12 créditos. Para o efeito, a presença deve ser igual ou
Novo edifício do ISHT pronto em Dezembro
O novo edifício construído
de raiz, com quatro pisos, do
Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias (ISHT), da
Universidade Politécnica, em
Quelimane, Zambézia, poderá
ser entregue daqui a seis meses,
de acordo com as previsões da
instituição.
Segundo a directora do Instituto Superior de Humanidades
e Tecnologias (ISHT), Mestre Seana Daud, o edifício em
construção terá vinte e duas
salas de aula, com capacidade para seiscentos estudantes,
laboratórios de Engenharia de
Construção Civil e Eléctrica e
outros serviços que poderão aumentar a qualidade do ensino.
As obras de construção do
novo edifício recomeçaram em
Fevereiro último, depois de um
interregno provocado pelo primeiro empreiteiro seleccionado
e as previsões para a sua conclusão apontam para o mês de
Dezembro próximo.
No primeiro piso funcionarão os serviços administrativos,
um auditório com capacidade
para cem pessoas, um refeitório, entre outros departamentos. As salas de aula estarão
situadas no segundo, terceiro e
quarto pisos, onde igualmente
irão funcionar a sala dos docentes, da direcção e uma sala
para defesa de trabalhos de fim
do curso.
Afirmou igualmente que os
investimentos que estão a ser
feitos por aquela instituição de
Ensino Superior têm por objectivo tornar-se numa referência
incontornável quando se fala da
qualidade de ensino e atracção
de estudantes do país e da região para os cursos ministrados
na Universidade Politécnica.
É nesta perspectiva que Seana Daud convida a todos os gra-
duados do Ensino Médio, e
não só, para frequentarem
os cursos que estão a ser ministrados naquele estabelecimento de Ensino Superior
pelo facto de corresponderem às actuais exigências do
mercado de emprego.
Aos estudantes serão
oferecidas as melhores condições de ensino-aprendizagem e, para além da biblioteca, está igualmente prevista a criação de um avançado
centro de tecnologia e comunicação “hi-fi”.
“Queremos, a partir dessa altura, ligar Quelimane
ao mundo, porque se trata de
um sistema moderno; o nosso
maior foco serão os estudantes e docentes para consulta e
pesquisa”, disse, para depois
acrescentar que não serão introduzidos novos cursos, mas
a ideia-chave é consolidar os
já existentes, nomeadamente
a Administração e Gestão de
Empresas, Engenharia Civil,
Engenharia Eléctrica, Engenharia Informática e Telecomunicações, Contabilidade e
Auditoria, Ciências Jurídicas,
Ciências de Comunicação, Psicologia e Enfermagem.
16 DE JUNHO, DIA DA CRIANÇA AFRICANA
ISHT abre as portas para crianças carentes
O Instituto Superior de
Humanidades e Tecnologias
(ISHT) abriu em Junho último
as portas para receber crianças
acolhidas pelo orfanato Lar
Aldeia da Paz. Um dos principais objectivos da visita wfoi
apresentar a vida universitária
para aquelas 20 crianças.
As crianças percorreram
diversos sectores que constituem o ISHT, dialogaram com
os funcionários, conheceram
experiências científicas feitas
superior a 70% em todos os
módulos, tendo a Professora
Irene Mendes aproveitado a
ocasião para esclarecer que
não há certificado por módulo, respondendo assim a uma
pergunta levantada pelos docentes.
no Laboratório de Engenharia
Civil.
Para finalizar, as crianças
apresentaram números musicais e deixaram para a Unidade Orgânica dois principais
ensinamentos, que vale a pena
partilhar: (a) se as pessoas oferecem amor, receberão em troca mais amor, este é o caminho
para a felicidade e; (b) que a amizade pode salvar o mundo.
De realçar que a Organização da União Africana (OUA)
instituiu em Addis-Abeba, Etiópia, em 1991, o Dia da Criança
Africana em memória às crianças mortas e dos manifestantes
que com elas protestaram no
Soweto que, a 16 de Junho de
1976, sairam à rua em protesto contra a falta de qualidade
no ensino a que tinham acesso
e para reivindicar o direito de
aprender a sua própria língua.
Centenas de meninas e meninos
foram mortos, enquanto mais
de mil ficaram feridos.
O Instituto Superior de Tecnologias e Humanidades conta,
actualmente, com 420 estudantes, distribuídos por aqueles cursos. Para além de cursos presenciais, a instituição lecciona cursos modulares e à distância para
pessoas que tenham actividades
profissionais que as impedem
de estar todos os dias na sala de
aula.
Um novo curso de mestrado
vai arrancar brevemente. Trata-se do curso de Saúde Pública,
desenhado com o apoio da Escola de Altos Estudos e Negócios da mesma universidade.
Entretanto, para além do investimento nas infra-estruturas,
aquela instituição de Ensino
Superior está, igualmente, empenhada no treinamento do seu
quadro docente, para corresponder aos novos desafios da
melhoria de qualidade que se
pretende imprimir.
Seana Daud disse também
que a instituição que dirige vai
submeter, dentro de poucos
dias, uma proposta ao Conselho
da Reitoria para a criação de
centros de laboratórios e estudos, uma iniciativa que visa, entre outros objectivos, potenciar
a pesquisa.
6
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
EM FOCO
EM MOÇAMBIQUE
O antigo Ministro
da Cultura e escritor
moçambicano,
Luís Bernardo
Honwana, disse que o
surgimento do ensino
superior privado
em Moçambique,
com a sua maior
capacidade de ajustar
a oferta formativa
às necessidades do
mercado, influenciou
positivamente
as universidades
públicas que,
preocupadas com
a empregabilidade
dos seus graduados,
começam também
a ir para além dos
cursos clássicos.
Ensino superior privado
ajustou oferta formativa
- Luís Bernardo Honwana, na cerimónia de graduação realizada na Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA)
O
conhecido
intelectual
moçambicano falava na
cerimónia de graduação
realizada na Escola Superior de
Estudos Universitários de Nampula (ESEUNA), em finais de
Abril último e que contou com
a presença do Magnífico Reitor
da Universidade Politécnica,
Professor Doutor Lourenço do
Rosário; da Secretária Permanente do Governo da província
de Nampula, Doutora Verónica
Langa; da Directora da Escola
Superior de Estudos Universitários de Nampula, Mestre Ana
Maria Guina; de membros do
corpo docente da ESEUNA;
dos próprios graduados e suas
famílias.
Falando da Universidade
Politécnica, o orador elogiou a
instituição da seguinte forma:
“contributo também de assinalar é o maior número de inscrições em programas de mestrado e doutoramento, dada a
necessidade de conferir maior
qualificação e diferenciação
aos docentes, num país que
acorda para o imperativo da
competitividade”.
“Vemos, portanto, amplos
motivos para a Universidade
Politécnica se sentir orgulhosa
pelo movimento que desencadeou e por ter atingido ao fim
destes vinte anos, inquestionavelmente, a posição de uma
das principais universidades
do país”, disse Luís Bernardo
Honwana, na sua alocução.
“Não há exagero se falarmos
em arrojo empresarial e espírito de missão para descrever o
que realizou a equipa chefiada
pelo Professor Lourenço do
Rosário. Não obstante o maior
custo que implica a frequência
de estabelecimentos de ensino
privado com o desenvolvimen-
to deste sector, o país ganhou
imensamente, em termos de
maior acesso ao ensino superior
e melhoramento da qualidade
do chamado capital humano
- como sabemos, o factor decisivo no processo de desenvolvimento”, acrescentou.
GRANDES PREOCUPAÇÕES
Honwana enumerou aquilo
que chamou de “algumas das
grandes preocupações e cuidados que nos dias que correm
e que ensombram a família
continua na pág. 7 »»
A Politécnica reflecte sobre Educação Profissional
A Universidade Politécnica organizou nos meados de
Junho último um seminário
interno sobre Educação Profissional. O mesmo tinha como
principais objectivos fazer uma
breve apresentação sobre o Sistema Nacional de Educação,
abordar o Quadro Nacional de
Qualificações, apresentar os antecedentes do sistema e debater
estratégias sobre os rumos do
Ensino Técnico-Profissional.
Em relação aos antecedentes da Reforma da Educação
Técnico-Profissional foi referido no seminário que tal como
em muitas outras nações, Moçambique reconhece que vivemos num ambiente de rápidas
mudanças tecnológicas e num
mundo onde a globalização da
actividade económica questiona o futuro papel do Estado e
de como assegurar o crescimento económico e prosperidade
partilhados.
Moçambique reconhece também que o capital humano nacional é o activo mais valioso
para aproveitar as oportunidades oferecidas pela integração
regional competir no crescente
mercado global.
Também se reconhece que
o currículo escolar dos Institutos Técnicos não está alinhado
com as necessidades do mercado, pois enfatiza o ensino de
disciplinas académicas gerais
(Geografia, História, etc.), nem
sempre relacionando-as com
áreas vocacionais e há pouca
experiência prática nas escolas.
Assim, a escassez de competências essenciais é um constrangimento ao crescimento económico e para a competição num
mercado cada vez mais global.
Foi desta forma que o Governo reconheceu a necessidade da reforma do sistema de
Educação Profissional para um
modelo orientado pela procura e baseado nas necessidades
do Sector Produtivo, Indústria,
Comércio, Agricultura, Serviços, etc., tendo em conta que
nos últimos anos há um grande
interesse pela Educação Profissional, tendo como desafios
responder à demanda do mercado laboral (tanto dos grandes
projectos, como dos pequenos e
médios empreendimentos).
No seminário foi também referido que na Educação Profissional, hoje, faltam escolas técnicas, falta equipamento (onde
existe, continua embalado ou
exposto sem que ninguém o utilize), faltam professores capacitados técnica e pedagogicamente nas novas metodologias educativas, associadas aos “baixos
salários” e pouco preparo para
tomarem a dianteira no processo. As taxas de participação são
baixas. A Educação Profissional
tem taxas inferiores ao Ensino
Superior (128.073 vs 32.000).
Então, pretende-se um Ensino Profissional orientado pela
procura, baseado em competências, flexível, coerente e integrado, orientado pelos stakehol-
ders, acessível, credível e financeiramente sustentável.
O Ensino Técnico-Profissional estrutura-se por cursos e níveis. Os cursos correspondem às
diversas áreas de formação organizadas através dos respectivos
programas e curricula baseados
em padrões de competências, de
acordo com o Quadro Nacional
de Qualificações Profissionais
(QNQP). O ETP compreende os
níveis básico e médio. As saídas
profissionais são estruturadas
em função do QNQP.
Por fim, foi apresentada a
experiência da Universidade Politécnica nesta matéria que intervém na área do Ensino Técnico-Profissional, através do IMEP,
Institutos Médios Politécnicos
localizados em Maputo, Tete,
Quelimane, Nampula e Nacala, nos cursos de Contabilidade,
Hotelaria e Turismo, Informática, Construção Civil, Projecto
de Formação de Gestores Escolares, Curso Médio de Electrónica e Incubadora de Negócios em
Nampula e Mocuba.
Criar emprego e autoemprego
Entretanto, o Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional (MCTESTP) definiu como prioridade para o presente
quinquénio o Ensino Técnico-Profissional. A
medida assenta na visão do novo Governo que é
investir no Homem, criar emprego, auto-emprego
e capacidade de trabalho para as instituições que
estão a surgir no país.
Para o cumprimento desse desiderato, várias
equipas trabalharam recentemente a nível nacional para apurar o número de instituições do Ensino Técnico-Profissional, tipos de cursos leccionados e o número de alunos em formação.
Do levantamento efectuado, apurou-se que
existem 121 escolas do ensino técnico-profissional
em todo o país, onde foram matriculados mais de
59 mil alunos.
O Ministro de tutela, Jorge Nhambiu, disse, recentemente, que os dados colhidos pelas equipas
vão ajudar a sua direcção na planificação das actividades do seu sector.
Nhambiu revelou que durante a visita que efectuou às escolas deparou-se com situações desagradáveis no que tange ao apetrechamento dos respectivos laboratórios.
“Por exemplo, encontrámos uma universidade que lecciona o curso de Engenharia Mecânica
mas não tem nenhum laboratório. Trabalha com
apenas um motor velho e faltam docentes. Já
num instituto de formação técnico-profissional
equipado com máquinas de última geração, de
comando numérico, os professores não sabem
usar o equipamento”, contou.
Para inverter este cenário, o ministro disse
que o Governo vai apostar na formação de professores para o sector, pelo que neste momento
decorrem diligências com vista à construção de
um Instituto Superior de Formação de Professores. A instituição deverá funcionar em regime de
internato devido à intensidade da carga horária.
“Para ser professor do ensino técnico o educando deverá ter aulas de pedagogia, psicologia, meios de ensino, organização e higiene
escolar, para além das disciplinas relacionadas
com o curso que vai leccionar”, sublinhou.
De recordar que o Banco Mundial disponibilizou, recentemente, ao MCTESTP um donativo
no valor de 45 milhões de dólares norte-americanos, fundos adicionais para projectos ligados
ao Ensino Superior, Ciência e Ensino Técnico-Profissional.
“É um dinheiro que vamos usar para melhorar a distribuição de conhecimento por todo o
país e aumentar o número de investigadores e
aquisição de equipamento para diversas instituições”, referiu Nhambiu.
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
7
EM FOCO
Lourenço do Rosário preside
Instituto de Língua Portuguesa
O
Ministro da Educação
e
Desenvolvimento
Humano, Jorge Ferrão,
nomeou o Magnífico Reitor da
Universidade Politécnica, Professor Lourenço Joaquim da
Costa Rosário, para o cargo de
presidente da Comissão Nacional do Instituto Internacional
da Língua Portuguesa para Moçambique.
Através de um despacho
ministerial foram igualmente
«« Continuado da pág. 6
moçambicana - e por isso não
podem deixar de ser também
consideradas num momento
como este”.
Afirmou que, por exemplo,
a cidade de Nampula, tal como
todas as cidades do país, “está
hoje a braços com o enorme
influxo de populações que os
desastres naturais, a insegurança e as fracas perspectivas
económicas do campo empurram para as zonas urbanas”.
“Dizem os especialistas
que a solução dos nossos problemas está na criação e descentralização do emprego e,
sobretudo, na viabilização
da actividade agrícola a nível
da base. Do que ouvimos nos
muitos seminários e discussões
públicas que se multiplicam
pelo país, a transformação dos
camponeses em agricultores
parece ser realmente o segredo”, acrescentou.
Para Honwana “esse é um
processo longo que porventura
ainda levará décadas de esforço persistente. E enquanto as
políticas sectoriais não surtem
efeito continuaremos a possuir
altos índices de pobreza de que
a marca visível, a nível urbano, é a falta de habitação, falta de emprego, a desnutrição,
a degradação das condições
de vida e do meio ambiente
acompanhados pelo colapso
dos serviços e do equipamento urbano. E por isso as nossas
ruas estão cheias de desocupados, de desempregados, de
subempregados e mendigos.
São crianças, são jovens, são
famílias inteiras para quem o
presente é problemático e o futuro é sem esperança”.
Segundo ele, “a miragem
que nos traz às cidades, à procura de melhores oportunidades, leva-nos também a atravessar fronteiras para tentar
encontrar refúgio económico
na aparente prosperidade dos
nossos vizinhos. E porque o
nomeados membros da Comissão Nacional do Instituto Internacional da Língua Portuguesa
para Moçambique, as seguintes
personalidades: Professor Doutor Raul Alves Calane da Silva,
Professora Catedrática Maria
Perpétua Morgado Gonçalves,
Professora Samaria dos Anjos
Filemon Tovela,
Professora
Doutora Inês Beatriz Fernandes Machungo, Doutora Maria
João Carrilho Diniz e Doutor
Nelson Saúte para vogais.
A Comissão Nacional do
Instituto Internacional da Língua Portuguesa para Moçambique tem como objectivos fundamentais a promoção, a difusão
e enriquecimento da língua
portuguesa, como veículo de
cultura, educação, informação e
acesso ao conhecimento científico e tecnológico.
Dentre as suas atribuições
consta a coordenação das ac-
problema não é apenas de Moçambique e porque a instabilidade política se soma muitas
vezes às causas da crise, eis
que milhares e milhares de
africanos se lançam mais ao
Norte, na aventura da travessia do Mediterrâneo, o mar
que separa o mundo dos ricos
do mundo dos pobres. As trágicas ocorrências recentes, em
que africanos morrem à mão
de africanos nas explosões
xenófobas na África do Sul e
também morrem e aos milhares no Mediterrâneo, quando
as frágeis embarcações em
que tentam fugir ao seu destino soçobram ao excesso de
peso e ao mau tempo - enchem o nosso continente de
dor e luto”.
ções de promoção e valorização da língua portuguesa e das
línguas moçambicanas; assegurar a execução do plano de
actividades aprovado pelo Instituto Internacional da Língua
Portuguesa para Moçambique
(IILP), apresentar programas
e projectos a serem submetidos ao IILP, para aprovação,
coordenar as acções relacionadas com o Acordo Ortográfico
de Língua Portuguesa.
Clínica Universitária abre em Setembro
A Clínica Universitária da Universidade Eduardo Mondlane
entrará em funcionamento em Setembro do corrente ano. Trata-se de posto de saúde do tipo B, que providenciará triagem de
casos primários junto à comunidade universitária, funcionários
e seus familiares.
O arquitecto Vicente Joaquim disse que actualmente decorre
o processo de desalfandegamento do equipamento médico que
será montado a partir deste mês de Julho.
A construção da clínica universitária está enquadrada em diversas actividades que aquela instituição de ensino está a levar a
cabo de forma a responder às necessidades do país.
Exortação aos graduados e pelos
Ensino superior à distância:
20 anos da Universidade Politécnica mcel disponibiliza 2500 cartões
Falando directamente para os recém-graduados, Luís Bernardo Honwana exortou-os “a fazerem bom uso dos graus académicos que lhes foram conferidos e desejar-lhes sucessos nas
carreiras profissionais que vão abraçar. Os conhecimentos
teóricos e aptidões técnicas que aqui adquiriram deverão ajudar-vos a identificar melhor os problemas com que se vão confrontar nas diversas frentes de trabalho e também a encontrar
as soluções mais adequadas e eficazes. Quero acreditar que
também levam no vosso bornal a capacidade de abstracção e
generalização, a postura científica e a elevação moral que são
próprios de uma formação superior. Para além da prestação
específica em cada uma das vossas áreas de formação e no
âmbito restrito da empresa ou serviço que vão integrar, a sociedade, o país espera de vós a capacidade de entenderem os
problemas no quadro mais geral dos grandes desafios que na
presente fase histórica se colocam ao nosso país”.
O orador lembrou que aquela cerimónia de graduação ocorria em vésperas da celebração do vigésimo aniversário da criação da Universidade Politécnica, “a casa-mãe da Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula”.
“Esta é, por isso, uma ocasião especial, a vários títulos,
dos quais não será menor a celebração dos vinte anos que já
leva o projecto da Universidade Politécnica. Efectivamente, a
Universidade Politécnica tem como títulos de glória o de ser
pioneira na introdução do ensino superior privado em Moçambique e também o de ser pioneira entre nós na descentralização da universidade. Foi a partir da criação do antigo ISPU
que a possibilidade de prosseguir os estudos, depois de concluído o secundário, deixou de estar exclusivamente ao sabor
da limitada oferta das universidades públicas e foi também a
partir da expansão pelo território nacional do ISPU que os
quadros moçambicanos em serviço fora de Maputo ganharam
a possibilidade de ingressar na universidade ou a ela retornar
para completar a sua formação académica” - referiu.
Honwana apontou que “a esta distância e no quadro actual
em que o país conta já com 48 instituições de ensino superior,
entre públicas e privadas, e uma população discente de mais
de 140 000 indivíduos, é difícil compreender o que em 1995
custou em esforço organizativo, em meios financeiros, mas
também em capacidade de desafiar inércias várias o abrir, em
Quelimane, a primeira dependência do ISPU”.
de dados pré-pagos
Um total de 2500 estudantes do Ensino Superior à distância vão
beneficiar de cartões de dados pré-pagos, com 500 megabytes cada,
a serem disponibilizados pela mcel-Moçambique Celular, no âmbito do acordo celebrado com o ISCED-Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância.
Para a materialização desta parceria, que visa facilitar o acesso
ao conteúdo programático do instituto, assim como a realização de
trabalhos investigativos, o ISCED prevê, até finais do próximo mês,
disponibilizar, gratuitamente, “tablets” para os estudantes.
A propósito da iniciativa, o Administrador Comercial da mcel,
Cláudio Chiche, referiu que quando “se trata de envolvimento em
assuntos ligados à educação a nossa operadora se sente mais valorizada, por estar a contribuir directamente na formação do Homem e, consequentemente, na construção de um futuro próspero
para o País”.
Para a mcel, conforme sustentou Cláudio Chiche, associar-se a
movimentos desta natureza “constitui um momento ímpar, uma
acção e actividade igualmente ímpares. Creio que não se trata de
um projecto muito popularizado, mas pela natureza da proposta
e a competência e vontade da equipa que está a implementa-lo,
vamos ter bons resultados”, indicou.
Por sua vez, Domingos Braz Chidassicua, Director-Geral do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância, considerou que
“o grande objectivo desta parceria vai para a implementação de
metodologias inovadoras e proactivas que possam conferir qualidade profissional aos nossos formandos”.
“Estamos cientes dos desafios e da complexidade do processo
de ensino e aprendizagem e em especial do ensino à distância no
nosso País e é para melhor atender e responder às preocupações
dos estudantes que celebramos este acordo com a mcel”, frisou.
Intervindo na ocasião, Sandra Brito, Directora Nacional do Ensino Superior e Técnico-Profissional, no Ministério da Ciência e
Tecnologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional, realçou que
“há 30 anos não se podia sonhar num projecto que permitisse
estudar em casa ou outro lugar, com um acervo de três mil títulos. Este é o começo, mas acredito que não vamos ficar nos 2500
estudantes, daí que dentro de alguns anos teremos que estender o
tempo e o alcance desta parceria”, sublinhou.
8
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
GRANDE ENTREVISTA
REITOR LOURENÇO DO ROSÁRIO:
“Vivemos com 80% de preocupações
O Professor Doutor Lourenço do Rosário, Reitor
da Universidade Politécnica e Presidente da
Fundação Universitária para o Desenvolvimento
da Educação (FUNDE), concedeu uma longa
entrevista em Março último à publicação “Moz
Africa View”, onde lança um olhar sobre a
situação política de Moçambique e ao papel das
universidades nacionais. A referida entrevista
foi feita antes do chumbo no Parlamento do
Projecto-Lei sobre as Autarquias Provinciais
e do acordo entre o Governo e a Renamo em
relação à despartidarização do Estado. Dada a sua
pertinência, “O Académico” publica-a aqui com a
devida vénia.
S
egundo o Reitor, o grande problema de Moçambique é o facto de a vida
política dominar a agenda dos
cidadãos. O Professor Doutor
Lourenço do Rosário levanta
também questões sobre a utilização das redes sociais em
marketing político do Governo,
assim como a utilização dos intelectuais pelos políticos para as
suas próprias agendas perante a
apatia das universidades.
O Reitor fala também do
chumbado projecto da Renamo
sobre as autarquias provinciais e
afirma: “temos o direito de discutir o problema de descentralização. O país precisa debater
a descentralização”.
Para o Reitor, a unidade nacional é um pressuposto inviolável: “todos querem ser moçambicanos, mas a descentralização pode ser debatida” e “foi
isso que o Presidente fez”.
O Presidente da Fundação
Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE) e Reitor da Universidade
Politécnica afirmou que as
pessoas estão expectantes em
relação ao que o Presidente da
República possa fazer e realçou
ainda que o Presidente Nyusi é
paradigma de esperança.
Destacou igualmente nesta
entrevista a importância dos
jovens que estão a aparecer na
política, como Alberto Nkutumula, Manuel de Araújo e Ivone Soares – de três partidos diferentes e dos quais Lourenço do
Rosário afirmou notar-se “neles
alguma largura de pensamento”. Siga a entrevista em discurso directo, com realce aos temas
principais para contextualizar o
discurso do entrevistado.
SOBRE AS REDES SOCIAIS
As redes sociais são um fenómeno novo e entraram com as
novas tecnologias em Moçambique e a adesão imediata foi
através do público jovem. Penso que estando o público jovem
ligado às academias, estas logo
foram induzidas a entrar nas redes sociais. Acho que o Governo chega mais tarde através do
seu marketing político e muito
mais. Entra de uma forma pesada e muito lenta nas redes
sociais.
Algumas vezes as redes sociais foram utilizadas de uma
forma abusiva por uma sociedade que não estava ainda preparada para enfrentar com alguma
ética este meio de comunicação
e de interacção entre grupos.
Mas penso que com o andar do
tempo as coisas estão a regular-se normalmente. Acho interessante que as próprias empresas,
o mundo de negócio, etc. estejam a entrar nas redes sociais
para fazer marketing dos seus
produtos. É algo que está a generalizar-se. O que nos falta talvez aqui em Moçambique são
linhas dominantes de pensamento que possam ser transmitidas ou veiculadas através das
redes sociais e que possam ter
impacto na opinião pública, nas
agendas políticas públicas, nas
mudanças de comportamento,
etc., porque ainda estamos muito no início, estamos a acompanhar a evolução dos meios
tecnológicos que estão a chegar.
seu equipamento. Terceiro, pelo
seu corpo docente. Sabe que o
corpo docente em Moçambique
é deficitário, portanto, aquela
universidade que conseguiu ao
longo desses anos da sua história formar um corpo docente
universitário, corpo de doutores, quem não é doutor é assistente, tem melhores condições
para poder entrar no ranking.
Neste caso, em Moçambique, a única universidade que
tem essas condições é a Eduardo Mondlane. Tem muitos outros defeitos, mas tem um bom
parque infra-estrutural, tem um
corpo docente já formado e é
a mais antiga universidade do
país. Tem equipamentos e tem
tido por parte do Estado moçambicano alguma atenção especial.
SOBRE O RANKING
DAS UNIVERSIDADES
POLÍTICA ACIMA
DE TODAS AS AGENDAS
Não é a quantidade que faz
o ranking das universidades. É
a história da própria universidade e vários outros factores que
constituem elementos de avaliação das universidades. Uma
universidade define-se, primeiro, pela existência das suas
infra-estruturas, a comodidade
infra-estrutural dos seus agentes é importante. Em segundo
lugar, define-se pela pujança do
O grande problema de Moçambique é o facto de a vida
política dominar a agenda dos
cidadãos. Nós, praticamente,
vivemos com 80 por cento de
preocupações políticas e vinte
de outras. Há razões que estão
por detrás disso. A origem da
própria República de Moçambique, que era República Popular
Continua na pág. seguinte »»
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
9
GRANDE ENTREVISTA
políticas e 20 de outras”
de Moçambique. O partido único revolucionário que colocou
de facto a política no topo das
preocupações da governação e
depois vivemos 16 anos de guerra civil, em que, efectivamente,
cortou, digamos assim, a capacidade de as pessoas poderem
pensar noutra coisa, senão na
sua própria sobrevivência imediata. A guerra tem destes “handicapes” no que diz respeito à
libertação do pensamento, à circulação de ideias, etc.
E depois disso, essa nossa
democracia que se implantou
depois do cessar-fogo, em 1992,
que é uma democracia mitigada
sempre com conflitos, etc. Então, os políticos são neste momento a classe dominante do
pensamento em Moçambique
e os intelectuais aspiram a ser
políticos.
PAPEL DAS UNIVERSIDADES
Não há uma classe intelectual que mereça o respeito mesmo pela própria classe política.
Dizer assim: vamos respeitar
o pensamento daquele senhor
porque aquele é um intelectual.
O que se passa é que os intelectuais são cooptados pelas agendas políticas e neste sentido eles
produzem seu pensamento para
beneficiar as agendas politicas.
Já tive a oportunidade de dizer, em algumas vezes, que falta
efectivamente, em Moçambique, uma classe intelectual que
pense, que dirija, que crie uma
circulação do pensar das ideias
e que esta circulação não seja
em função da agenda política.
Isso falta. Por outro lado, na sequência disto poderia perguntar
o que fazem as nossas universidades? As nossas universidades
não fazem nada. As universidades não intervêm como universidades, simplesmente pela seguinte razão: as públicas, o seu
patrão é o Estado e a Constituição determina que os dirigentes
das universidades públicas têm
que ter nomeação política do
Chefe do Estado. Portanto, é
como se os reitores fossem ministros, membros do Governo.
De qualquer coisa ele está dependente. Portanto, não há uma
liberdade para poder promover
alguma coisa dentro da instituição. Não pode morder a mão de
quem o está a dar-lhe de comer.
As universidades privadas,
essas, estão a querer sobreviver. Não produzem espaço
para poderem circular, produzir
pensamento. Andam à procura
de alunos. Tentam sobreviver,
pagar renda. Portanto, há uma
série de dificuldades. Elas não
constituem alternativa de produção de pensamento, porque
têm outras preocupações do
dia-a-dia e as públicas têm esse
problema de serem dependentes
do poder político.
SOBRE ANALISTAS POLÍTICOS NA COMUNICAÇÃO
SOCIAL E INTELECTUAIS
Para aquilo que eu entendo
por um intelectual, não se considera esta gente como intelectual.
São analistas. São profissionais
que vendem a sua capacidade
de argumentação a favor de
uma agenda pré-estabelecida e
a maior parte dessa gente que
vai fazer esse tipo de debate
sobre determinados temas políticos acabam recompensados,
recebendo uma tarefa dentro
do xadrez da governação e os
outros ficam à espera. Estão na
linha. São uma espécie de proletário que está a vender a força
de trabalho, que é o de pensar,
a favor de uma agenda, que depois vai ter essa compensação.
Não considero que sejam
realmente intelectuais. Infelizmente, isso empobrece o debate
de ideias no nosso país, porque
sempre que alguém se levanta e
põe o dedo na ferida vêm logo
mil vozes a perguntar de que
lado essa pessoa está. No nosso
país temos o preto e o branco.
Não há cromatizado. Não há
pluralidade de pensamentos.
Nós não podemos ser ao mesmo tempo de cores diferentes
e podermos trabalhar sobre a
mesma agenda.
Ainda ontem estava a conversar com jovens que me parecem brilhantes na política.
Dei-lhes o seguinte exemplo:
tomem peças de um triângulo dos três principais partidos.
Jovens que podem acrescentar
alguma coisa à própria agenda
política. Esse jovem Ministro
da Juventude e Desportos, Alberto Nkutumula, ponham-no
num vértice do triângulo. Ponham o jovem edil de Quelimane, Manuel Araújo, noutro
vértice e ponham a jovem Ivone Soares, noutro vértice. São
de partidos diferentes. Os mais
velhos digladiam-se entre eles.
Mas estes três jovens podem
trazer alguma coisa de novo,
porque se nota neles alguma
largura de pensamento. Pode
ser que estes, quando estiverem
no topo da governação...
SOBRE O PRESIDENTE NYUSI
O Presidente Nyusi é um
paradigma de esperança. Tudo
quanto seja um paradigma de
esperança galvaniza as pessoas.
Naturalmente, que neste momento está espartilhado por várias forças, mas está por detrás
o discurso que ele produziu na
investidura que serve de pano
de fundo. As pessoas estão
muito expectantes em relação
ao que ele possa fazer. Ele está
no estado de graça, o que significa que tem X tempo em que
as pessoas acreditam que possa
trazer boas coisas. Naturalmente, é pelo facto dele ser jovem e
não estar aparentemente comprometido com os velhos paradigmas de compromissos. Parte
do governo que ele formou, não
todo, dá-nos esses sinais de que
não tem esses compromissos,
nomeadamente de equilíbrios
regionais, partidários.
Ainda há algumas nuances
que mostram que teve que seguir isto, mas, por outro lado,
há passos que ele dá e que
muitas vezes vem uma contra-maré. Posso dar um exemplo
concreto: ele encontrou-se com
o líder da Renamo e deu sinais
de que o assunto pode ser tratado dentro das regras constitucionais e convenceu o líder
da Renamo a colocar o assunto
na Assembleia da República.
Ontem apareceu um líder partidário da Frelimo a dizer que
esses que andam a pensar não
sei quantos, têm que ser denunciados, porque dividem o nosso
país.
COMEÇAR A DEBATER
AS QUESTÕES DA
DESCENTRALIZAÇÃO
Penso que temos direito de
discutir o problema da descentralização. Como vai ser feito,
a gente não sabe. A Unidade
Nacional é um pressuposto
inviolável. Todos nós queremos ser moçambicanos, mas a
questão da desconcentração e
Continua na pág. seguinte »»
10
10
MAIO
- JUNHO/2015
MAIO
- JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
GRANDE ENTREVISTA
“Vivemos com 80% de preocupações políticas e 20 de outras”
descentralização pode ser debatida. O que o PR fez, foi isso,
permitir que se abrisse o debate
não só na Assembleia da República, mas em nós próprios, nas
universidades, devemos discutir
essa questão sem ter medo de
quem quer que seja. Não estamos a propor repúblicas autónomas, nem nada disso, mas vamos falar da descentralização,
porquê não?
A oposição não está só entre
o pensamento do PR e o líder da
Renamo. Muita gente dentro do
próprio partido do PR se opõe a
que esse assunto seja discutido.
A situação é mais grave e traz
essa clivagem. Há questões que
são consideradas tabu do ponto
de vista ideológico, que não são
tabus nenhuns.
para Repúblicas Autónomas,
naturalmente está a recuar de
república autónoma para grandes autarquias. Porque não se
pode discutir isso?
Essas coisas depois têm que
ser decididas dentro da ordem
constitucional. Depois vão discutir e tomar decisão. Mas não
é proibido debater. Agora, se
um líder político diz que o povo
tem que denunciar as pessoas
que andam a apregoar a divisão
deste país, estamos a voltar para
o estado policial. Isto é sintomático da lentidão, que as coisas
estão a ser discutidas no Centro
de Conferências Joaquim Chissano. É uma forma de criar um
fórum de poder paralelo em relação aos órgãos do poder existentes.
SOBRE TABUS QUE NÃO SÃO
CONVERSAÇÕES NO CENTRO
DE CONFERÊNCIAS JOAQUIM
CHISSANO
Quando o líder da Renamo
foi para parte incerta começou-se a discutir o problema de
paridade dos órgãos eleitorais.
Também era um assunto tabu.
Como é que acabamos? Criando paridade nos órgãos eleitorais. Também era tabu pensar-se como é que ele poderia
recensear-se se estava em parte
incerta, recenseou-se. É preciso
romper com os tabus, abrir o
debate político de tal forma que
a gente possa discutir as coisas
sem pensar que aquilo que se
está a discutir tem que ser assim
mesmo como as pessoas estão a
discutir.
O presidente da Renamo começou por falar em Governo de
gestão, o que ele estava a tentar
dizer era acomodação. Acomodar os seus homens, não no governo central. Não foi entendido. Passou para a segunda fase
que exigiu mais. Agora passou
Eu sou completamente contra a lentidão em que se está
neste momento a proceder
com os assuntos no Centro de
Conferências. Não há razões
nenhumas para continuar. As
coisas fundamentais foram discutidas. A lei eleitoral foi discutida e levou-nos às eleições de
15 de Outubro. A cessação de
hostilidades militares levou-nos
à assinatura do acordo de 5 de
Setembro passado. Neste ano,
a questão da despartidarização
da administração pública diz
respeito a toda sociedade. Não
é mentira nenhuma. O relatório
do MARP diz que é preciso acabar com a presença dos partidos
no Aparelho de Estado. Não é
um problema da Renamo, mas
sim da sociedade. Assim como
as questões económicas devem
ser discutidas num fórum mais
alargado. Não há nenhuma
necessidade de continuar com
o diálogo como está. Acredito que o PR deverá encontrar
um outro figurino. Deve continuar com o diálogo político
que produza ideias que depois
possam ser incorporadas nos
órgãos de governação e não
que produzam ideias que devam ser chanceladas por uma
espécie de conservatória que
é a Assembleia da República.
Isso não. Penso que à Renamo
lhe interessa mais este figurino
(actual) do que ao próprio governo. À Renamo interessa prolongar o diálogo, porque vão ser
protagonistas. Ao passo que se
diluir para toda a sociedade, a
Renamo perde o peso específico
e não lhe interessa.
DIÁLOGO E SATISFAÇÃO DE
DHLAKAMA COM CHISSANO,
GUEBUZA E NYUSI
São três tipos de satisfação
diferente, pelo menos do ponto
de vista de análise. A palavra é a
mesma, mas o alcance do significado deve ser considerado de
forma diferente.
Com o Presidente Chissano,
a pessoa sai satisfeita porque
o assunto é resolvido naquele
momento e a gente não sabe
o que vai acontecer depois. É
uma satisfação do presente. Estou muito satisfeito com o presente. Talvez possa dar alguns
exemplos: o acordo de Roma
preconizava a Constituição de
30 mil homens para as Forças
Armadas e o PR Chissano e
Dhlakama saíram satisfeitos
por terem chegado a acordo
que eram 30 mil homens. O PR
Chissano convenceu Dlhakama
que 30 mil homens era o número certo. Não tínhamos dinheiros para isso. Era preciso fazer
(o Exército) com menos gente
e Dhlakama aceitou. Portanto, já é uma novidade ao longo
disso. Depois, mais tarde, quando Dhlakama começou a ficar
insatisfeito dessa satisfação começou a queixar-se que o PR
Chissano criou a FIR e que a
Renamo não estava contemplada na FIR.
Portanto, significava uma
força que ele criou e que podia
ter sido contemplada na criação
das Forças de Defesa e Segurança. É preciso compreender
a forma de estar na política da
figura de Joaquim Chissano.
O PR Armando Guebuza é
uma pessoa difícil. A primeira
vez que me encontrei com o
líder da Renamo em Nampula
ia tratar do assunto da agenda
20-25, e ele já estava a viver em
Nampula. Se não me engano,
já no segundo mandato do PR
Guebuza, Dhlakama queixava-se de que nunca tinha sido recebido pelo PR Guebuza.
Portanto, o líder da Renamo
é uma pessoa que o Presidente
Guebuza mantinha afastado e
todo o diálogo que foi feito, foi
feito usando outros canais. De
tal forma que as coisas levaram
à Santudjira, parte incerta, conflito político-militar, etc. Ele
fica satisfeito quando estes todos passos são difíceis. É como
um parto difícil, depois nasce
a criança. Foi trazer Dlhakama para o processo eleitoral,
fazer a campanha eleitoral,
recensear-se, candidatar-se. Isso
é outro tipo de satisfação. Completamente diferente.
Analisando outra satisfação com o Presidente Nyusi,
parece-me que é uma satisfação
bem diferente. É uma satisfação
dum diálogo olho no olho. Sabemos que são muito diferentes.
Cada um defende ideias muito
diferentes, mas que podem encontrar plataformas para poder
criar uma espécie da agenda nacional, em que se alguém não
falhar, as coisas vão correr bem.
Digamos que é uma satisfação com o olhar no futuro, mas
ao mesmo tempo, ele vai avisando, não sei se se lembram:
“estou satisfeito. Chegamos a
um acordo. Os deputados vão
Continua na pág. seguinte »»
11
11
MAIO--JUNHO/2015
JUNHO/2015
MAIO
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
GRANDE ENTREVISTA
“Vivemos com 80% de preocupações políticas e 20 de outras”
«« Continuado da pág. 10
tomar posse e vamos meter o
anteprojecto na Assembleia da
República, mas que o partido
Frelimo não brinque connosco
lá na AR. Se não, quem vai ficar mal é meu irmão aqui”.
Então, isso permite ver que
ele está muito satisfeito, mas
não deixa de ficar avisado que
algo pode não correr bem.
Mas não é uma relação difícil
como com Guebuza e nem uma
relação imprevisível como com
Chissano.
SABER FAZER CONTAS
Veja o caso do apagão no
centro e norte de Moçambique,
durante quase trinta dias, a parte mais substancial da produção
de riqueza neste país estava paralisada. Durante esse tempo
todo ninguém se lembrou de
fazer uma requisição civil aos
militares, uma requisição civil
aos jovens para fazerem ser-
viço cívico, etc., para correr e
tentar resolver aquelas infra-estruturas que foram destruídas. Deixaram isso para a ANE
(Administração Nacional de
Estradas) e para a EDM (Electricidade de Moçambique).
Eles que resolvam.
Qualquer país que faz contas, a primeira coisa era fazer
a mobilização geral. Vamos lá
trabalhar, gente. Paravam as
universidades. Os engenheiros
que estão a sair das universidades vão ajudar. Não. É como se
nada estivesse a acontecer. Isso
é não fazer contas.
Depois veio um romântico
qualquer que disse que o prejuízo que isso está a provocar na
macroeconomia, na economia
nacional, era de 0,5 por cento.
Onde é que ele foi buscar esses
dados? Isso é não fazer contas.
Este país está habituado a
não fazer contas. O Tomás Salomão, no ano passado, quando veio dar a aula de sapiência
na nossa universidade, dizia
que há um “boom” na construção civil, prédios gigantescos, e
que a energia que vai ser gasta
só no prédio do Banco de Mo-
Campanha da Renamo em 2014
A Renamo não fez campanha, quem fez campanha foi
Afonso Dhlakama. O homem
teve que entrar na campanha 15
dias depois do arranque. Não
houve uma pré-campanha. O
PR Nyusi fez como pré-candidato. Ele deu-se a conhecer
ao país e a Frelimo tem uma
máquina impressionante. Quer
o partido Frelimo, quer o PR
Nyusi estudaram as nossas
sondagens (sondagens da Universidade Politécnica). Estudaram profundamente as nossas
sondagens, porque vieram aqui
buscar os resultados, as análises, aquela parte não publicada
que constitui as estatísticas, as
amostragens, etc. Estudaram e
traçaram as estratégias. A Renamo não. A Renamo deixou-se descansar. Foi a reboque
do seu líder e o que aconteceu
é que houve a transferência
de voto sim e não da Frelimo
para a Renamo, mas houve a
transferência de voto de MDM
para a Renamo. Resultou exactamente isso, com todas as
irregularidades que possa ter
havido, mas de forma nenhuma seria possível haver uma
segunda volta e nem de forma
nenhuma seria possível aproximar a percentagem da Renamo
dos 47 a 48 por cento, como
teve em 1999. É completamente impossível, porque de facto,
depois de termos saído dum
conflito político-militar, 15 dias
depois, Dhlakama fragilizado
pela saúde, ainda muito ele fez
para rebocar o seu partido atrás
de si. Quem ficou prejudicado
nisso tudo foi o MDM. Porque
na nossa sondagem, as coisas
estavam de tal forma equilibra-
das que não havia transferência
de votos. Isso permitia, se não
houvesse alguma transferência
de voto, sobretudo urbana para
a Renamo, um equilíbrio com o
MDM, como foi nas autárquicas. Eventualmente teria havido
uma segunda volta. Não houve,
porque houve erros crassos na
campanha eleitoral, quer da Renamo quer do próprio MDM,
considerando o pivot desta nova
governação, o paradigma do
Presidente Nyusi.
çambique é equivalente a toda
a energia que é gasta na cidade
de Pemba. Onde está o plano
estratégico da EDM para poder
responder a esse boom de construção e de gasto de energia
que de facto daqui a dez anos
possa responder a isso? Caíram
as torres, não havia alternativa,
mas todas as empresas têm que
ter o plano “B”. Queixavam-se
que faltaram os produtos alimentares, mas temos uma costa que pode perfeitamente ter
barcos de cabotagem e temos
portos para receber esses barcos
de cabotagem.
O país não faz contas do
país. Esse é que é o grande problema que nós temos em termos de políticas públicas. Não
fazemos contas. O que significa
dizer que o país está prepara-
do para as cheias? Quem disse
isso? É o INGC? Se calhar os
ministérios, em termos de segurança alimentar. Mas preparar-se para as cheias, calamidades,
tem que passar também pelas
próprias populações e o que nós
estamos a criar neste momento
é uma dependência total das
comunidades da acção governativa. O que está completamente
errado. Porque você não pode
criar gerações e gerações que
vivam permanentemente de donativos. Porque repare, todos os
anos temos cheias. Temos que
reassentar as pessoas. Temos que
distribuir víveres. Todos os anos
temos que declarar calamidades.
Quer dizer que não acaba mais
isso de reassentamento, de distribuição de víveres. É impossível!
Presidente de todos os moçambicanos
O Presidente Nyusi é engenheiro, que vem dos
Caminhos-de-Ferro. Ele representa, em termos de
nova linguagem, expectativas para o nosso país.
Acho que foi escolhida uma pessoa que não
tem um compromisso muito vinculado à velha
guarda do partido Frelimo. Imagine que teria
sido Pacheco, membro da Comissão Política, das
governações de Joaquim Chissano e de Guebuza,
não traria esse discurso novo. O Presidente Nyusi
é um membro júnior do partido. É número 133
do Comité Central. Não é membro nem do secretariado nem da comissão política. Não tem nenhuma tradição, dos velhos compromissos dentro
do partido.
Vem do sector empresarial. Estava nos CFM,
apesar de ser filho de antigos combatentes, mas
a sua experiência de vida é empresarial. Ele representa de facto um paradigma que pode trazer,
para além do seu próprio discurso que representa,
que assumiu como sendo seu compromisso, algo
que me parece extremamente importante: ser
Presidente de todos os moçambicanos.
12
12
MAIO
- JUNHO/2015
MAIO
- JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
REPORTAGEM
“Devíamos saber o paradeiro dos
- afirma a nova Directora da Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias (ESGCT), Professora Doutora Irene Mendes, quando solicitada a comentar a situação dos graduados desempregados
A nova Directora da Escola Superior de Gestão,
Ciências e Tecnologias (ESGCT), Professora
Doutora Irene Mendes, concedeu uma entrevista
ao “O Académico” para falar da sua experiência
na direcção da Escola Superior de Estudos
Universitários de Nampula (ESEUNA) e dos
novos desafios que tem pela frente. Quando
lhe pedimos um comentário sobre a situação
dos graduados no desemprego respondeu da
seguinte forma: (…) “é importante que nós
saibamos o paradeiro dos nossos graduados. Só
assim podemos dizer com exactidão quais são os
cursos que são imediatamente absorvidos pelo
mercado”.
– Pode-nos falar da sua
experiência na direcção da
ESEUNA?
– Quando solicitei a minha
transferência para uma das unidades orgânicas fora de Maputo
precisava de mudar radicalmente de espaço geográfico depois
de ter defendido o meu Doutoramento e de ter estado à frente
da maior unidade orgânica da
Universidade Politécnica, a Escola Superior de Gestão, Ciências e Tecnologias, para onde
agora regresso. Encontrava-me
completamente exausta e estressada. Maputo não era, na
altura, a melhor cidade para me
confortar. Então, de entre Tete
e Nampula, o Magnífico Reitor aconselhou-me a escolher
Nampula. Explicou-me que era
uma unidade que, por ter nascido em 2007, portanto, com
três anos de vida, estávamos
no ano de 2010, com melhores
condições para se iniciar um
trabalho de investigação. Tete
nascera precisamente naquele
ano: 2010, estava ainda numa
fase embrionária.
– E como foi o nascimento
da ESEUNA?
– No início, quando me desloquei a Nampula, era para ir
desenvolver a área de investigação, mas passados dois meses o
Magnífico Reitor comunicou-me que eu teria que estar preparada para assumir a direcção
daquele Pólo, pois eu era a única doutorada e, por isso, não fazia sentido estar dependente de
alguém com o nível de licenciatura. Contrariada, fui obrigada
a aceitar. Recordo-me que até aí
a unidade era uma extensão que
tinha à sua frente uma Comissão Instaladora. Isto quer dizer
que a Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula
(ESEUNA) nasceu nas minhas
mãos. Foi uma grande responsabilidade. A minha antecessora, a Presidente da Comissão
Instaladora, a Licenciada Teresa Valente, dizia vezes sem conta que “eu construí paredes, a
Professora vai construir a Universidade”. No início, não entendia a mensagem, mas depois
compreendi que dentro do imponente edifício havia, efectivamente, muito trabalho a fazer a
nível de gestão organizacional.
– Então, como é que depois
foi estruturada a ESEUNA?
– O primeiro passo foi a leitura dos documentos reguladores
da instituição e da ESEUNA
nos órgãos colegiais da unidade.
Era importante conhecermos
os Estatutos, o Regulamento de
avaliação e o Regulamento de
Actividades de Graduação.
Refizemos os termos de referência para acomodar a nova
estrutura orgânica: cada um de
nós tinha que saber claramente
quais eram as suas competências e responsabilização nos
sectores existentes: académico,
tesouraria, recursos humanos,
cultura e desporto, comunicação e imagem e biblioteca.
Na área pedagógica, identificámos e criámos núcleos de
áreas científicas. Consideramos
que estes núcleos são um embrião de futuros departamentos
que, inevitavelmente, se criarão
muito em breve.
A partir dos núcleos foi
possível programar várias actividades, tais como elaborar
calendário de assistência às
aulas dos mais aos menos experientes; avaliar o desempenho de docentes de uma forma
mais sistematizada, através de
preenchimento de um inquérito, reflectir sobre aspectos
pedagógicos de cada um dos
núcleos, participar no processo
de actividades de graduação.
– E quais foram depois as
actividades que se seguiram?
– Pela primeira vez, participei na organização e realização
de campanhas de divulgação
de cursos. Na altura, em Maputo, a ESGCT nunca esteve
directamente envolvida numa
campanha de divulgação de
cursos, pois essa actividade era
exclusivamente da responsabilidade da Direcção Executiva.
A campanha consistia em
idas às escolas secundárias
para falar com os alunos sobre
os nossos cursos, condições
para o ingresso e as saídas profissionais com o objectivo de
angariar alunos para o turno
diurno. O mesmo exercício era
feito nas instituição de maior
impacto na cidade de Nampula,
com o objectivo de angariar estudantes nocturnos. Infelizmente, até à minha saída da ESEUNA nunca conseguimos abrir
turnos diurnos no ensino superior. Realizávamos reuniões
com encarregados de educação,
organizávamos feiras de cursos,
várias feiras de livros, distribuíamos panfletos nos supermercados ou locais de grande afluência do público. Foi realmente
uma experiência ímpar.
– Nessas actividades quais
foram os momentos mais marcantes?
– No âmbito da responsabilidade social destacam-se dois
momentos que me marcaram:
o lançamento da campanha “A
Politécnica, sorrindo com as
crianças”. Procedemos à recolha de alimentos como sumos,
bolachas e leite para oferecermos, no Natal de 2010, às crianças internadas na Pediatria do
Hospital Central de Nampula.
A nossa animadora de crianças, mesmo com uma barrigona enorme, não quis ficar atrás
e vestiu-se a palhaço e foi ten-
tar animar a pequenada. Muito
esforço ela fez para soltar um
sorrisinho àquelas crianças enfermas.
Outro momento digno de
destacar foi quando decidimos
apadrinhar uma escola secundária, de Teacane. Alguns dos
meninos desta escola participavam nas nossas festas internas,
dançando ou cantando canções
tradicionais, como o tufo. No
Natal de 2011 oferecemos a
uma turma saquinhos feitos de
tecido, com material escolar,
entre cadernos, lápis, borracha,
lápis de cor e afiador. Foi, igualmente, um momento muito especial em que as crianças nos
receberam com canções lindíssimas para nos agradecer a oferta.
– Pode-nos falar da equipa de trabalho que a Senhora
Doutora chefiou…
– Encontrei em Nampula
uma equipa de trabalho fabulosa: muito competente e dedicada. O importante para aquela
equipa era realizar com zelo todas as actividades. Para isso havia uma entrega plena; este espíContinua na pág. 13 »»
13
MAIO
- JUNHO/2015
MAIO
- JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
REPORTAGEM
nossos graduados”
rito de entrega era contagiante
entre os serventes, os técnicos e
os membros da direcção.
Graças a esta entrega foi possível realizar uma peça de teatro
com os trabalhadores. O nosso
jardineiro era uma pessoa muito
animada e criativa. Foi ele que
escreveu a peça, o meu papel,
como docente de Português, foi
apenas corrigir uma ou outra
coisa. A peça referia-se à actividade diária de um servente no
Campus e criticava a actuação
de alguns membros da direcção.
Porque nos considerávamos
membros de uma mesma família achámos que a nossa relação devia ser mais estreita e
organizámos vários convívios.
Em dias comemorativos, depois
de irmos à Praça dos Heróis
depositar o nosso raminho de
flores, íamos parar ou ao Monte
Nairuco ou ao pátio do Campus para uma churrascada. Em
aniversários de colegas íamos
todos à casa do aniversariante
com um prato ou uma bebida e
lá fazíamos a festa. Aqui houve
revelações surpreendentes: as
pessoas despiam-se do ar sério
e profissional e tornavam-se
elas mesmas. Foram momentos
muito ricos e de muita interacção.
DESEMPREGO DE GRADUADOS EM MOÇAMBIQUE
– Hoje em dia, as instituições de ensino superior começam a formar graduados para o
desemprego. Qual é o seu comentário sobre esta situação?
– Não sei se falaria de desemprego de graduados em
Moçambique. Não tenho dados estatísticos relativamente
a esta matéria, uma vez que
nós, Universidade Politécnica,
ainda não fizemos um estudo
sobre o destino dos nossos graduados. A Universidade Pedagógica já o fez. Talvez fosse altura de nos debruçarmos sobre
o assunto.
O que sei, mesmo sem dados estatísticos, é que grande
parte dos graduados não está a
trabalhar na sua área de formação. Uns até podem começar
na sua área de formação, mas
depois, quando a oferta é mais
atractiva numa instituição que
não seja da sua área, acabam
por optar pela instituição que
oferece melhores condições
de trabalho: salarial, assistência médica e medicamentosa,
subsídio de comunicação e de
transporte. Neste momento, os
bancos têm sido locais preferenciais para os recém-graduados.
Outro grupo de graduados,
sobretudo os dos cursos de Turismo e Gestão de Empresas
Turísticas (TGET) e de Ciências da Comunicação (CC),
cria o seu próprio emprego,
abrindo casas de pasto ou restaurantes, para os cursados em
TGET; ou criando empresas
de marketing e publicidade,
para o caso dos graduados em
Ciências da Comunicação.
Tenho-me encontrado com vários ex-estudantes destes dois
cursos que confirmam esta tendência. Isto quer dizer que A
Politécnica lhes dá ferramentas
eficazes para eles andarem por
si próprios. Mas não nos esqueçamos do peso do factor financeiro: este pesa bastante para a
abertura de qualquer negócio
por conta própria, independentemente das competências adquiridas no curso.
Por outro lado, temos, cada
vez mais empresas de algumas
áreas, como marketing, construção civil, gestão e contabilidade à procura de estudantes
que estão a terminar os cursos,
ou para estagiarem, ou para
fazerem parte do elenco das
mesmas. Esta procura apraz-nos porque isto significa que o
mercado está atento aos nossos
cursos, mas, depois não sabemos se esses estudantes permanecem ou não nas empresas que
nos bateram à porta. É o estudo
que nos falta fazer.
Para terminar, só me resta
dizer que é importante que nós
saibamos o paradeiro dos nossos graduados. Só assim podemos dizer com exactidão quais
são os cursos que são imediatamente absorvidos pelo mercado. Mas, por outro lado, não
nos esqueçamos que os cursos
das áreas de Ciências Sociais e
Humanas, apesar de não serem
os mais atractivos para o mercado de trabalho, são essenciais
porque ajudam a abrir mentes e
a criar uma massa crítica, ingredientes necessários para equilibrar qualquer sociedade.
Estudantes do sexo feminino
A Universidade Eduardo Mondlane continua a registar um
ligeiro crescimento de estudantes do sexo feminino. O Reitor da
UEM, Professor Doutor Orlando Quilambo, disse, na reunião
anual da instituição, que dos matriculados em 2012, cerca de 32
por cento eram mulheres, uma percentagem que subiu para 33,
em 2013 e 34 por cento, em 2014.
Contudo, os números registam também disparidades assinaláveis em algumas unidades, como na Faculdade de Engenharia, onde apenas 12 por cento do total dos estudantes é constituída por mulheres, na Faculdade de Arquitectura, cerca de
20 por cento e na Faculdade de Ciências com 28 por cento de
mulheres.
O Reitor referiu que a disparidade de género na admissão e
no efectivo de estudantes aponta para a necessidade de se continuar a implementar acções que contribuam para o incremento
das percentagens de ingresso de mulheres à UEM, em particular, nos cursos com notável sub-representação feminina.
Num outro desenvolvimento, Orlando Quilambo disse que a
fraca representação feminina em alguns cursos tem a ver com
o facto de os candidatos do sexo masculino estarem a se sair
melhor nos exames de admissão do que os do sexo feminino.
“Esta situação remete para a necessidade de se definirem
mecanismos que permitam, pelo menos, minimizar os desequilíbrios de género na população estudantil. As iniciativas
visando este objectivo podem incluir a instituição de programas de preparação a candidatas a exames de admissão, sobretudo nos cursos de ciências matemáticas e tecnológicas e
a promoção de campanhas educativas visando a desmistificação do preconceito de que as mulheres não se prestam a estas
áreas do saber”, disse o Reitor.
De referir que dados da UEM dão conta que em 2014 a instituição inscreveu 26.481 candidatos a cursos de licenciatura
para 4.989 vagas que estavam disponíveis. No total de candidatos, 13.770 eram homens, o equivalente a 52 por cento e 12.711
mulheres, o correspondente a 48 por cento. Destes números,
foram admitidos três mil e 127 homens e mil e 862 mulheres.
Programa de estágios profissionais
e de desenvolvimento de graduados
O Standard Bank vai relançar,
este ano, o seu programa de estágios profissionais e de desenvolvimento de graduados, segundo
anunciou o Administrador Delegado desta instituição bancária,
Chuma Nwokocha, na cerimónia
de abertura da VII edição da Feira
Internacional de Educação.
Conforme explicou Chuma
Nwokocha, que durante a sua intervenção comprometeu-se a dar
seguimento ao projecto do banco
de apetrechamento de bibliotecas
de escolas públicas, “pretendemos, com estas iniciativas, que todos os estudantes tenham, no Standard Bank, uma oportunidade
para alinhar a sua bagagem teórica com experiências práticas, que
lhes possibilitem entrar no mercado de emprego com bases sólidas, bem como iniciar projectos de auto-emprego”.
Através do programa de estágios e desenvolvimento de graduados, cujos requisitos de admissão são a 12ª classe ou bacharelato
e conclusão de um curso universitário nas áreas de actuação do
banco, respectivamente, 352 jovens fizeram parte do programa em
todo o país, dos quais 90% já foram integrados no banco, desde
2006, estando hoje alguns deles a exercer funções de liderança.
Por sua vez, o Ministro da Ciência e Teconologia, Ensino Superior e Técnico-Profissional, Jorge Nhambiu, que dirigiu a cerimónia de abertura, disse que a Feira Internacional de Educação constitui um ponto de encontro entre a procura e a oferta dos principais
serviços de educação.
“A Feira Internacional de Educação é, simultaneamente, um
momento de interacção entre instituições de ensino e uma oportunidade para as empresas apreciarem as áreas de formação cobertas pelos expositores presentes no evento”, considera o Ministro.
Por isso, Jorge Nhambiu instou os expositores a interagirem e a
estabelecerem parcerias com vista à promoção da complementaridade entre o ensino e os sectores produtivo e industrial.
O evento anual contou com a participação de mais de 140 expositores nacionais e estrangeiros.
14
14
MAIO
- JUNHO/2015
MAIO
- JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
EM FOCO
ESAEN abre mestrado no período laboral
A Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN) em
Maputo introduziu este ano cursos de Mestrado no período laboral para permitir que os que queiram estudar nesse
tempo o possam fazer, sem esperar pelo período nocturno.
“A grande novidade de 2015 é a introdução dos cursos de
Mestrado no período laboral. Estamos a abrir uma oportunidade de os estudantes não esperarem pelo período nocturno para estudarem, mas terem a possibilidade de fazer
os seus cursos no período que mais lhes convém”, explicou
o Professor Doutor Jamisse Taimo, Director da ESAEN.
S
egundo o Director da ESAEN,
“outra novidade é a abertura
no ISHT – Instituto Superior de
Humanidades e Tecnologias, em Quelimane, na província da Zambézia, do
Mestrado em Saúde Pública e Medicina
Tropical que deverá iniciar já neste mês
de Julho e que já conta com 31 inscritos. Mais novidades estão em carteira
mas não vamos revelar agora”, referiu o
Professor Doutor Jamisse Taimo.
Recorde-se que a Escola Superior de
Altos Estudos e Negócios (ESAEN) da
Universidade Politécnica já graduou, de
1999 a 2013, 105 mestres em diversos
cursos, nomeadamente, 33 em Gestão
de Empresas, 30 em Gestão Estratégica
de Recursos Humanos, cinco em Direi-
Pública (7ª edição); Mestrado em Formação de Formadores em Gestão e Administração em Saúde (1ª edição - para
trabalhadores do MISAU); Mestrado em
Gestão Empresarial (13ª edição em parceria com o ISCTE/IUL); Mestrado em
Gestão Social e Desenvolvimento Local
(2ª edição - sem parcerias); Mestrado em
Direito Empresarial (1ª edição em parceria com a FDUC/Portugal).
Em Nampula: Mestrado em Vias de
Comunicação (1ª edição - sem parcerias).
MATRICULAS-2015
– Quantos novos alunos foram matriculados este ano na ESAEN?
– No primeiro semestre de 2015 a
ESAEN contou com 179 estudantes,
“No primeiro semestre de 2015 a ESAEN contou com 179
estudantes sendo, que 21 deles são novos ingressos. Os demais são estudantes dos cursos que transitaram do 2º semestre de 2014”
to de Empresas, oito em Administração
Pública, oito em Gestão Estratégica de
Marketing, um em Contabilidade, um
em Gestão Estratégica de Negócios, quatro em Economia Agrária e Sociologia
Rural, um em Direito Fiscal e onze em
Avaliação e Investigação de Recursos
Pesqueiros. Tem também um doutorado
em Gestão Empresarial. Siga a entrevista
em discurso directo, no estilo pergunta-resposta:
– Como estão a decorrer as aulas na
Escola Superior de Altos Estudos e Negócios (ESAEN) da Universidade Politécnica em 2015?
– As aulas na ESAEN no presente ano
estão a decorrer dentro do planeado, sem
grandes complicações ou problemas relevantes, apesar de termos tido um baixo
número de novos ingressos. Entretanto,
estamos a trabalhar para que o número
de novas entradas para o 2º semestre de
2015 supere as nossas expectativas.
– Que actividades foram desenvolvidas nesse efeito?
– Durante todo o primeiro semestre de
2015 a ESAEN esteve a desenvolver as
actividades habituais de leccionação de
cursos de mestrado, nomeadamente:
Em Maputo: Mestrado em Contabilidade, Fiscalidade e Finanças Empresariais (2ª edição em parceria com
o ISEG/Lisboa); Mestrado em Gestão
Estratégica de Recursos Humanos (8ª
edição); Mestrado em Administração
sendo que 21 deles são novos ingressos.
Os demais são estudantes dos cursos que
transitaram do 2º semestre de 2014.
– Terão em 2015 novas parcerias?
Quais?
– O nosso maior desafio é aproveitar
as parcerias já existentes e que ainda não
podemos explorar o suficiente. Estamos
a consolidar as parcerias antigas e buscamos cada vez mais um maior diálogo das
parcerias. Por outro lado, estamos a trabalhar no sentido de actualizar as nossas
parcerias tendo em vista novos desafios
que se colocam no país. Isso requer revisitar toda a linha de parcerias, avaliar as
valências de cada uma delas. Bem, estamos também a negociar algumas novas
parcerias que nos vão permitir dar um
salto na nossa intervenção no desenvolvimento do nosso país.
– Com quantos professores contam
em 2015?
– A ESAEN conta com os docentes
das instituições parceiras e com docentes
locais. Os nossos cursos são modulares,
portanto, os docentes estão connosco
somente durante um período de 10 a 15
15 docentes locais e 22 docentes estrangeiros.
– Quais são as outras novidades que
a ESAEN traz para o ano de 2015?
– A grande novidade de 2015 é a introdução dos cursos de Mestrado no
período laboral. Estamos a abrir uma
oportunidade de os estudantes não esperarem o período nocturno para estudar, mas terem a possibilidade de fazer
os seus cursos no período que mais lhes
convém. Outra novidade é a abertura no
ISHT – Instituto Superior de Humanidades e Tecnologias, em Quelimane, na
“Os cursos de Mestrado e Doutoramento precisam de professores altamente qualificados, fazendo com que isso nos
leve a ser mais cautelosos na sua introdução”
dias. A única excepção é o Mestrado em
Gestão Social e Desenvolvimento Local
que é um curso semestral. Entretanto,
podemos dizer que até ao final do 1º semestre de 2015 a ESAEN terá recebido
para os oito cursos leccionados cerca de
província da Zambézia, do Mestrado em
Saúde Pública e Medicina Tropical que
deverá iniciar já no mês de Julho e conta
com 31 inscritos.
– Tem algo a acrescentar que não tenha sido mencionado nas questões colocadas?
– A Escola Superior de Altos Estudos e Negócios – ESAEN é um espaço
de construção do conhecimento científico. Cada dia que passa nos sentimos
impelidos a oferecer ao público que nos
procura o melhor produto. O grande
desafio é introduzirmos os cursos Executivos de curta duração que não levem
à titulação dos seus estudantes. Este desafio é grande quando olhamos para as
exigências do mercado, exigências essas
que passam por ser um centro de referência, onde os que frequentam os cursos sintam a satisfação de terem recebido
os instrumentos úteis que os ajudem no
exercício profissional.
“Podemos dizer que até ao final do 1º semestre de 2015 a ESAEN terá recebido para
os oito cursos leccionados, cerca de 15 docentes locais e 22 docentes estrangeiros”
15
15
MAIO- -JUNHO/2015
JUNHO/2015
MAIO
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
DESPORTO
A equipa de basquetebol feminina da
Universidade Politécnica de Moçambique
participa desde o dia
4 de Julho na XXVIIª
edição dos jogos das
universiadas que têm
lugar na Coreia do
Sul.
BASQUETEBOL FEMININO
A Politécnica compete
nas Universíadas da Coreia
O
conjunto de estudantes moçambicanos que
deixou o país no dia 1
de Julho é composto por 12 jogadoras, para além da equipa
técnica e médica, entre outros
elementos integrantes da delegação, dos quais membros da
associação dos estudantes da
universidade.
Dados fornecidos à nossa
equipa de Reportagem pelo técnico principal da colectividade,
Mestre Hélio de Sousa, dão
conta que das 12 jogadoras chamadas a representar esta instituição de ensino superior, assim
como o país, 10 participam pela
primeira vez na competição.
Falando durante a cerimónia
de despedida da delegação, o
Magnífico Reitor da Universidade, Professor Doutor Lourenço do Rosário, considerou que
a integração de novas caras no
conjunto significa que a equipa
está a ficar mais competitiva.
Na ocasião, instou as atletas
para não se preocuparem com a
equipa de arbitragem que for indicada para orientar as suas partidas, mas sim devem trabalhar
para conseguir resultados que o
conjunto definiu como meta.
“Desejamos que façam milagres. Vão encontrar equipas
bem constituídas e jogadoras
formadas e equipas bem competitivas. Vão encontrar equipas com jogadoras baixinhas
mas que correm muito. Nas
competições anteriores vence-
mos combinados de renome,
quero que isso se repita”, disse
Lourenço do Rosário.
Entretanto, o técnico da equipa, Mestre Hélio de Sousa, disse que o seu grupo vai com o objectivo de conquistar medalhas,
não para fazer turismo. Para o
efeito, depois de conseguir o
apuramento para esta prova, o
conjunto realizou várias partidas de preparação de diferentes
níveis desde o estado físico, lançamentos livres, entre outros.
Aliás, a equipa participou
em várias competições internas, entre as quais figuram
o campeonato entre universidades da capital do país e o
campeonato de basquetebol da
cidade de Maputo.
“Depois de um ano de preparação notamos que atingimos níveis satisfatórios.
Temos agora equipa técnica
composta por seis técnicos que
fazem trabalhos de aspectos
colectivos, assim como individuais. Tínhamos 15 jogadoras
e levamos para as universíadas
12, disse Hélio de Sousa.
Num outro desenvolvimento,
o Mestre Hélio de Sousa revelou que oito jogadoras da equipa principal da Universidade
Politécnica subiram no ano passado de escalão de júnior para
sénior. As mesmas fazem parte
do combinado que se encontra a
competir na Coreia do Sul.
“Estamos preparados. Houve um trabalho de qualidade.
Neste momento falta-nos apenas a componente estratégica
de cada equipa adversária”,
frisou.
De referir que na primeira fase
as representantes de Moçambique defrontam a equipa anfitriã,
Coreia do Sul, Sérvia e Canada.
Os primeiros dois classificados
passam para a fase seguinte.
PASSAR A PRIMEIRA FASE
As jogadoras da equipa feminina de basquetebol que participam nas universíadas disseram ao “O Académico” que o
conjunto está determinado a
conquistar pontos que lhes ga-
rantam a transição para a fase
seguinte.
Delmira Ivonsso, por exemplo, afirmou que o conjunto
está psicologicamente preparado para as competições e espera um bom desempenho de forma a dignificar o nome do país
e a instituição que representa.
“Queremos melhorar a posição que conquistámos nas
competições anteriores. Acredito que somos capazes, pois
em 2007 batemos equipas que
consideramos grandes, como
Brasil, China, entre outras”,
disse.
Por sua vez, Deonilde
Cuamba referiu que está ciente
de que será difícil, uma vez que
não conhece os adversários,
mas acredita que vão fazer boa
prestação. “Gostaria de passar a primeira fase para depois
lutar para chegar à final. Portanto, queremos melhorar os
resultados das anteriores provas”, disse.
Outra atleta abordada, Clitan de Sousa, que participa pela
primeira vez numa prova do
género, afirmou que vai para
mostrar o seu melhor e quer
que a competição sirva para fazer entender que “temos equipa
que merece respeito. Vai servir
para ganhar experiência e revelarmos ao mundo aquilo que
somos como um conjunto e a
prestação individual de cada integrante. Não queremos decepcionar, finalizou.
16
MAIO - JUNHO/2015
l
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l
UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
www.apolitecnica.ac.mz
MAIO - JUNHO- 2015
A POLITÉCNICA
DESDE JULHO DE 2015
Mestre Arnaldo Nhavoto indicado
coordenador de programas da FUNDE
A Fundação Universitária para o Desenvolvimento da Educação (FUNDE), instituição autónoma, sem fins lucrativos, parceira da Universidade Politécnica, conta desde 01 de Julho de 2015 com um Coordenador de Programas.
T
rata-se do Mestre Arnaldo Nhavoto, que entre os
anos 1994 e 2000 ocupou
o cargo de ministro da Educação no Governo de Joaquim
Chissano, para além de ter sido
director do International Institute for Capacity Building in
Africa, da UNESCO, de 2010
a 2015.
A indicação do Mestre Arnaldo Nhavoto, de acordo com
a Professora Doutora Rosânia
da Silva, Directora Executiva
da FUNDE, visa reforçar os
quadros do organismo com vista a conferir maior dinamismo
tendo em conta o crescente número de projectos.
“A FUNDE já tem três (3)
anos e durante esse tempo
crescemos significativamente,
o que quer dizer que o número
l
de projectos aumentou, sendo que alguns deles são complexos. Por isso sentimos a
necessidade de trazer alguém
com perfil e competências
para exercer este cargo”, explicou a Professora Doutora
Rosânia da Silva.
“É necessário garantir que
os programas sejam implementados segundo os termos
de referência e que sejam
prestadas contas aos doadores, financiadores, etc. Igualmente, é necessário que os
programas tenham impacto e
que sejam cumpridas as metas
estabelecidas na sua concepção”, acrescentou.
Por seu turno, o Mestre Arnaldo Nhavoto considerou que
a sua indicação para o cargo
de coordenador de programas
representa um desafio. “Há
um esforço que tem de ser empreendido para que possa satisfazer as expectativas. Vou
procurar realizar com maior
eficácia e eficiência os objectivos da FUNDE”.
CARTOON DO CRISÓSTOMO
o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico l o académico
l