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Lorem Ipsum
Março 2013 - Economia Rio
1
Índice
Conhecimento ................................
09
A marcha da História: Rio de Janeiro, um Estado-nação
Inovação ......................................
APOIO ACADÊMICO
Ibmec
www.ibmec.br
Tel.: +55 (21) 3284-4000
End: Av. Presidente Wilson, 118
Centro - Rio de Janeiro
14
Baía de Guanabara e de inteligência
Horizonte 2030 ..............................
25
Economia e educação: o descompasso do crescimento
Panorama IBMEC ............................
30
O Estado como indutor e a empresa como investidora
Competitividade .............................
34
Indústria, pessoas, infraestrutura: o cluster do sul fluminense
Diretor: Luiz Alberto Bettencourt
Diretora Executiva: Joyce Martins
Editores: João Estrella; Célia Abend
Direção de Arte: VX Comunicação
Administrativo: Eliana Rodrigues e Beth Pinheiro
Atendimento: Thaisa Bianchi
REDAÇÃO, PUBLICIDADE E ADMINISTRAÇÃO
Pensar Comunicação - Rua Miguel Pereira, n. 64
Humaitá - CEP 22261 090 - Rio de Janeiro
www.pensarcomunic.com.br
(F) www.facebook.com/PensarComunicacao
Tel: +55 (21) 3970-1552 / 2507-2451
Mobilidade ...................................
38
Planejar é preciso: um debate sobre o Arco Metropolitano
Artigo IBMEC .................................
41
Economia e política em um só tempo
Projeção Global .............................
46
Todos os caminhos levam ao Rio
Centro de Referências ......................
49
Contatos importantes para quem quer investir no Estado do Rio
The march of History: Rio de Janeiro, a nation state . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Guanabara Bay and intelligence . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Economics and education: an imbalance that hampers growth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
The State as a driver of expansion, and companies as investors . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Industry, people, infrastructure: the cluster in Rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Economics and Politics; concomitantly . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Planning is needed: a debate about the Arco Metropolitano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
All roads lead to Rio. The reasons foreigners are attracted to the city . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
References . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Economia Rio - Abril 2014
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Editorial
O desenvolvimento gerou uma revista
A nós parecia claro que qualquer intenso processo de desenvolvimento merecia uma publicação que, de forma séria, crítica e
independente, o acompanhasse.
Pesquisamos diversos cases ao redor o mundo e constatamos:
todos os processos importantes de transformação econômica
tinham plataformas a retratá-los. Unindo revistas impressas de
alta qualidade a aplicativos e portais de informação. Conteúdos
criativos, bem feitos, jornalísticos.
ECONOMIA RIO já chega assim aos seus leitores no formato
impresso e em todos os formatos digitais, disponíveis na AppStore
e no GooglePlay.
Em breve, disponibilizaremos também conteúdo audiovisual.
The Development that led to a Magazine
Tivemos e teremos, neste esforço de levar ao leitor os fatos do
desenvolvimento econômico, um parceiro acadêmico. Uma instituição prestigiada que nos dá lastro, interlocução crítica e que,
assim, nos ajuda a discutir a economia fluminense – o Ibmec.
It is clear-cut to us that any intensive process of development
deserves reporting and monitoring in a publication that is
serious, critical and independent.
Lá encontramos seriedade, competência, cabeças abertas para
o debate.
We researched several similar cases around the world; and noted
that: all the most important processes of economic transformation have had platforms to publicize them. The information
methods used have included high-quality print magazines,
internet aps and other portals, with well-crafted creative journalistic content and news.
Desse casamento, surgiu ECONOMIA RIO.
Os editores
ECONOMIA RIO is available to readers both in print and digital
form, and is available at AppStore and GooglePlay.
We will also shortly be providing audiovisual content.
Our efforts in this area have been and will continue to be to provide readers with the facts about economic development, as an
academic partner on this front. A renowned institution, Ibmec,
has supported us in terms of the critical content, which was
crucial in helping us openly and honestly discuss the economy in
the state of Rio de Janeiro.
It was here that we found the sincerity, competence, and openmindedness required for such a debate.
And it was out of this partnership that ECONOMIA RIO emerged.
The editors
Abril 2014 - Economia Rio
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Editorial
O ciclo virtuoso do investimento privado
O Estado do Rio tem sido, nos últimos anos, o destino da maioria
dos investimentos no Brasil, provavelmente um dos maiores polos
de captação da América Latina, com investimentos estimados
pela FIRJAN da ordem de US$ 120 bilhões para o próximos anos.
Com isso, o Estado do Rio de Janeiro entra definitivamente num
ciclo virtuoso de produzir mais, gerar mais empregos, consumir
mais, produzir mais, consolidando nossa cadeia produtiva além
do petróleo.
The virtuous cycle of private investment
The State of Rio has been the destination for most of the
investment made in Brazil over the past few years, and it is now
probably one of the largest centers in terms of funding in Latin
America, with investment estimated by FIRJAN of approximately
US$120 billion in the next few years.
As a result, the State of Rio de Janeiro is now definitively in a
virtuous cycle of expanding production, creating jobs, consuming
and producing more, thus consolidating our production chain
beyond the oil industry.
The State’s Industrial Development Company (Codin) has a private project portfolio totaling approximately US$ 19,75 billion
on its books, that is to say including investments already made
and contracted, or in the implementation stage. Global brands;
such as: GE, Jaguar Land Rover, L’Oréal, Nestlé, P & G and Rolls
Royce, are among the investors that have chosen the State of Rio
to install their plants.
A Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado (Codin)
contabiliza, em sua carteira de projetos privados, aproximadamente US$ 19,75 bilhões em investimentos já contratados ou em
fase de implantação. Marcas mundiais, como GE, Jaguar Land
Rover, L’Oréal, Nestlé, P & G e Rolls Royce, estão entre esses
investidores, que escolheram o Estado do Rio para implantar suas
fábricas.
Nesse ambiente não é de se estranhar que também do setor privado surja a iniciativa de, por meio de uma revista, em parceria com
respeitável instituição acadêmica, o Ibmec, retratar o processo de
desenvolvimento.
Com independência, poder de crítica e apoio no olhar agudo da
Academia, nos chega ECONOMIA RIO.
Conceição Ribeiro
Presidente da Codin
Given this scenario it is not surprising that the private sector
launched an initiative, through a magazine, in partnership with
the well-known and respected academic institution, Ibmec, to
portray this process of ongoing development.
By utilizing the complete independence, critical approach and
support provided by the Academy’s dedicated approach, we
arrived at the format for the new magazine; ECONOMIA RIO.
Conceição Ribeiro - President of Codin
7
O RIO DE JANEIRO
SE TRANSFORMA,
O BRASIL CHEGA
MAIS LONGE
A IBRAME (Indústria Brasileira de Metais)
inaugura a primeira laminação de vergalhão
de cobre do Estado do Rio, na cidade de Itatiaia.
Com capacidade de processar mais de 100.000 toneladas de metal, a IBR LAM é 100%
sustentável, pois utiliza cobre de reciclagem e cobre eletrolítico puro. Com isso, o Rio de
Janeiro passará a abastecer 20% do mercado nacional.
A instalação também marca um momento de transformação para o Sul fluminense. Esta
região vive uma fase de forte crescimento industrial, devido à sua localização estratégica,
próximo a dois portos e com fácil acesso às principais rodovias do país.
Este investimento consolida a IBR LAM como uma das maiores fornecedoras de cobre
do Brasil, e confere a IBRAME uma posição de destaque no setor de metais não ferrosos.
Conhecimento
A marcha da História:
Rio de Janeiro, um Estado-nação
Rua Direita, no Rio de Janeiro, Johan Moritz Rugendas 1822 - 1825
9
Conhecimento
Vista panorâmica da Enseada de Botafogo em 1889
O
Entretanto, ainda que sejamos passageiros desse trem, cujo ponto
final desconhecemos, é possível, no espaço do qual dispomos, pensar
historicamente a evolução e os caminhos da economia fluminense.
A concorrência entre Holanda e Portugal pelo domínio internacional do tráfico de escravos como parte do jogo colonial delineou
contornos econômicos e sociais do Brasil, assim como influenciou
diretamente o embate de poder europeu.
Verdade ou não, o papel do Estado, a percepção que tem de si
mesmo, sua relação com o restante do país, tem raízes profundas.
s processos históricos, sejam eles políticos ou
econômicos – áreas tantas vezes sobrepostas –, têm
momentos decisivos. Momentos que se anunciam lentamente e cujas consequências não são imediatas. Momentos que
só viram História anos ou décadas após ocorrerem, tamanha é a
dificuldade que a própria sociedade tem de detectá-los, entendê
-los, explicá-los.
O equilíbrio que se define no século XIX entre França e Alemanha
– pendendo para os germânicos após a derrota de Napoleão
III – tem impacto direto nos eventos que levaram à Primeira e
a Segunda Guerras Mundiais. Eventos dos quais emerge, como
resultante central, a proeminência industrial e política norte-americana.
Se recuarmos no tempo, o século XVI traz a Espanha como potência invencível e destinada a comandar o mundo conhecido, até
que suas escolhas levam à derrota diante da Inglaterra.
Quais os pontos de inflexão para uma nação? Como detectá-los,
antevê-los, geri-los? Trata-se de uma pergunta talvez sem resposta. Ou de uma resposta que, certamente, não conseguiremos
formular nestas poucas páginas.
Como diria o historiador inglês E.P. Thompson, “a História não pode
ser comparada a um túnel por onde um trem expresso corre até levar
sua carga de passageiros em direção a planícies ensolaradas.”
10
Diz-se que um dos grandes problemas do Rio de Janeiro é que
ele se vê como Brasil e pouco defende seus próprios interesses
políticos. Menos “bairrista” que São Paulo, por assim dizer. Mais
dado a mudanças; contudo, também mais dado a ilusões.
O Rio tornou-se o núcleo da
monarquia. Um núcleo que
reproduzia o fascínio, mas também
a opressão da metrópole.
A monarquia brasileira nasce tendo o Rio como epicentro.
Primeiramente, com a vinda da corte portuguesa, que revoluciona
a cidade, os costumes, a própria estrutura colônia-metrópole. Um
rei europeu que governa nesse universo ainda tão distante do dele.
Não era pouco.
Apesar de filmes e séries que, de uma forma ou de outra, buscaram ilustrar o tema – de Carlota Joaquina a Quinto dos Infernos –
é de difícil compreensão, para alguém de nosso tempo, o choque
que a vinda da corte representou.
O Rio tornou-se o núcleo da monarquia. Um núcleo que reproduzia
o fascínio, certamente, mas também a opressão da metrópole.
Conhecimento
Fomos além. Daqui consolida-se a independência brasileira, com Dom Pedro I. A
tão discutida unidade nacional, que diferencia o Brasil das colônias espanholas, é
imposta pela capital.
Claro, inúmeras articulações e mecanismos
estiveram em curso. Entretanto, é do Rio,
símbolo e centro de poder, que parte o jogo
político e militar. Porque é comum repetirmos que somos um povo pacífico, que não
temos guerras, que todos os nossos grandes marcos históricos foram negociados. É
comum, mas inverídico.
superficial, durante toda a extensão do
regime. Até que algo começa a se alterar
no horizonte. Da descoberta das minas à
predominância do ouro negro – o café –, a
economia brasileira caminha em outras direções e diverge de seu núcleo administrativo.
A produção fluminense declina, prende-se
ao atraso, tem dificuldades para se adaptar
às novas técnicas e ao fim da escravidão.
Em São Paulo, pelo contrário, cresce o
dinamismo, a modernização - não sem contradições e violência, tanto em um quanto
em outro. Como resultado, a República
A independência e a unidade brasileira
não foram movimentos de bastidores, tão
somente. A criação da monarquia de Dom
Pedro I não foi indolor nem aclamada. Ela
foi imposta, com diversos casos de resistência, política e armada, por todo o país.
Assim aconteceu, em avaliação, claro,
de partidos e revoluções, romântico cenário para o fim da Segunda Guerra Mundial,
origem da siderurgia e de um projeto de
país, com a CSN. Mas paulatinamente
esvaziado da liderança que tivera.
Dos anos 1950 em diante, esse processo
aprofunda-se. Primeiro com a perda da
capital para Brasília. A interiorização do
desenvolvimento pretendida por Juscelino
tira do Rio a força do governo federal.
Ficam as marcas acadêmicas, administrativas, estruturais, vai-se a importância
estratégica. O Brasil seguirá sem mais
nos consultar. Como não nos consultará o
presidente militar Ernesto Geisel, morador
do Leblon, que dará o golpe final na economia fluminense ao concretizar autoritariamente a fusão da Guanabara.
Só que de dentro do trem e cruzando
túnel aparentemente sem fim, a ironia da
História faz-se presente. Na mesma década de 1970 em que recebemos o golpe
da fusão, vem o horizonte do petróleo.
Conseguiríamos aproveitá-lo? Durante
décadas essa pergunta manteve-se no ar.
Sobreviver? Sim. Voltar a crescer, recuperar o protagonismo? Incerto.
Palácio Tiradentes em 1957
Interiorização de
Juscelino tira do
Rio a força do
governo federal
O início de
um novo século
põe na mesa
o futuro
brasileira surge já destinada à proeminência
paulista, que permanece mesmo quando
seu domínio institucional se rompe com a
Revolução de 30 e Getúlio Vargas.
Enquanto o século XIX formata-se, em
seu início, através do Rio, o século XX
se constitui, já em seus primeiros anos,
através de São Paulo. O dinamismo do
trabalho e da produção abrem passagem
para o dinamismo industrial. A economia
fazendo-se a verdadeira política de poder.
Mesmo com todo o peso que retém, nosso
Estado torna-se mais e mais “oco”. Palco
das principais disputas ideológicas, berço
Agora, talvez em repetição cíclica, o início
de um novo século põe na mesa o futuro.
Como antes, alguns anos podem decidir
as próximas décadas. O Estado do Rio de
Janeiro quebrou um ciclo de estagnação.
Volta a crescer, retoma centralidade econômica, poder político, liderança.
Do petróleo entra em marcha um ciclo
de desenvolvimento que o transcende. A
partir daqui, a análise histórica transforma-se em projeção. As apostas são altas
e promissoras como nunca o foram. As
respostas virão, quer as entendamos ou
não, em pouco tempo.
João Estrella
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Conhecimento
The march of History: Rio de Janeiro, a nation state
It is said that one of Rio de Janeiro’s big problems is that
it is seen as part of Brazil, and does not defend its own
political interests. Less “parochial” than São Paulo, in this
case, although not just given the changes however, but
also the illusions.
True or not, the role of State, the perception of itself, its
relations with the rest of the country, are all deep rooted.
Rua Direita, in Rio de Janeiro, Johan Moritz Rugendas 1822 - 1825
Panoramic view of Enseada de Botafogo in 1889
Historical processes, be they political or economic – areas
so often interlinked –, both have decisive moments.
Moments that happen slowly; with their consequences
not felt immediately, moments that only become history
decades after they have taken place, the size and form
of which make it difficult for society itself to identify,
understand, and explain them.
The competition between Holland and Portugal to dominate the international trafficking of slaves; as part of their
colonial efforts, provided a framework for economic and
social development in Brazil, just as they directly influenced the conflict between European powers.
The balance defined in the XIX century between France
and Germany – losing to the Germans after Napoleon
III was defeated – had a direct impact on the events that
led to the First and Second World Wars. The central events
that emerged from this scenario were the industrial and
political prominence of the USA.
The Brazilian monarchy was born with Rio as its epicenter.
First was the arrival of the Portuguese court, which revolutionized the city, customs, and its colonial-metropolitan
structure. A European king governed in this universe; not
that far from his, which was no mean feat.
Despite the films and series that, in one way or another,
are about the theme –from Carlota Joaquina to Quinto
dos Infernos – it is hard for us to understand nowadays
the impact of the arrival of a foreign court in town.
Rio became the monarchy’s base. A center that would
undoubtedly reproduce the fascination with, but also the
oppression of the metropolis.
We went beyond, from the point an independent Brazil
was consolidated with Dom Pedro I. The much discussed
national unity, which differentiated Brazil from other
Spanish colonies, was imposed by the capital.
Obviously, innumerous negotiations and contrivances
were being hatched. However, it was Rio, symbol and
center of power, which instigated the political and military maneuvers. As is often stated, we are a peaceful
people, who never go to war, as all our historic milestones were negotiated. Although commonly accepted, this
is simply not true.
As the English historian, E.P. Thompson, said: “History
cannot be compared to tunnel through which an express
train runs; taking its passengers and load of cargo
towards sunnier climes.”
However, even if we were passengers on this train, the
final destination of which is unknown, it is possible, in the
space we have available, to think historically about the
development and paths of Rio’s economy.
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While Rio was initially the country’s base in the XIX century, the first years of the XX century saw São Paulo take
over. The dynamics of work and production paved the way
for industrial dynamism, with the economy becoming the
politics of power.
Even with all the weight retained, our State played less
and less of an active role. It was still the stage or the
principle ideological disputes, the cradle of parties and
revolutions, the romantic scenario at the end of the
Second World War, the origin of steel and a related national project, with CSN. But the city clearly slipped in terms
of its position of national leadership.
This process was consolidated from the 1950’s onwards,
first with the capital being moved to Brasília. The internalization of any development was aimed at loosening the
federal government’s grip in Rio by Juscelino. The academic, administrative, and structural apparatus remain
intact, due to the city’s strategic importance. However,
Brazil went on without consulting us. As the military president, Ernesto Geisel, also chose not to consult the state
authorities, and he lived in Leblon, this was the final blow
to Rio’s economy and authoritatively finalizing the Fusion
with Guanabara by presidential decree.
The only thing is that on the train apparently going through an endless tunnel, the irony of history was evident. In
the same decade (1970s) in which the merger failed to
materialize, oil was discovered. Did we manage to take
advantage of this? This question remained unanswered
for decades. Survived? Yes. See a return to growth; recover the state’s role as a protagonist? Uncertain.
If we go back in time, the XVI century saw Spain as the
invincible power apparently destined to rule the known
world, until their decisions led to defeat at the hands of
the English.
What are the inflexion points for a nation? How can one
detect them, predict them, cause them? There is perhaps
no answer to this question, and certainly not one that we
could formulate in this limited space.
Production in Rio declined, stuck in the past, finding it
difficult to adapt to new techniques and the abolishment
of slavery. On the contrary, the dynamism, modernization
of São Paulo grew – although not without contradictions
and violence related to both. As a result, the Brazilian
Republic first appeared and developed based around the
preeminent role of of São Paulo, which was still the case
even when its institutional hegemony ended as a result of
the 1930 Revolution and Getúlio Vargas.
Palácio Tiradentes in 1957
The independence and unity of Brazil were not popularly
supported movements. The creation of Dom Pedro I’s
monarchy was neither painless nor acclaimed. It was
imposed, with several instances of resistance, political and
armed, throughout the country.
This was the case, even in a superficial examination,
throughout the regime, until something began to
change the horizon. From the discovery of mines, to the
predominance of black gold – coffee –, the Brazilian
economy headed in other directions; and its administrative center diverged.
Currently, perhaps in a cyclical phase of repetition, the
future was once again put on the table at the beginning
of a new century. As on previous occasions, maybe just a
few years will decide the outcome in the decades to come.
The State of Rio de Janeiro broke out of the cycle of stagnation, and growth returned, with the city as an economic
center, with political power and leadership.
Oil introduced a new rhythm to the cyclical march of
economic development, and one that transcended it.
From that point on, historical analysis becomes mere
projection. The stakes are undoubtedly high, and the
outlook is as bright as it has ever been. The answers will
be seen shortly, whether we understand them or not is a
different matter.
João Estrella
Lorem Ipsum
Baía de Guanabara
e de inteligência
Ilha de Bom Jesus: nova fronteira do desenvolvimento / Foto: Custódio Coimbra
O
destino se cumpriu. É verdade que os ventos que sopram
do Atlântico conspiraram a favor. A descoberta de reservas gigantes de petróleo e gás na camada do pré-sal,
em águas brasileiras muito profundas, tem ajudado bastante.
Com experiência e reconhecimento internacional acumulados em
exploração e produção, a Petrobras é bússola e âncora. E o Rio de
Janeiro, a terra firme de um negócio imaterial, intangível e ilimitado: o conhecimento. O futuro desembarcou na baía da Guanabara
e a cidade de São Sebastião faz-se laboratório de experimentação
e criação. Empresas globais estão investindo em empreendimentos
de longo prazo. Patrocinam pesquisas de ponta. O que antes era
vocação, agora é profissão. O Rio é o novo endereço mundial de
ciência e tecnologia. Aqui se faz inovação.
Aos dez anos de idade, recém-completados, o Parque Tecnológico
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) reúne em uma
14
área de 350 mil metros quadrados 12 companhias de atuação
global, nove empresas de pequeno e médio portes e ainda 22
empresas nascentes, abrigadas na Incubadora da Coordenação
de Programas e Projetos de Engenharia, a Coppe, sofisticada grife
acadêmica, que mantém no parque quatro laboratórios. Para completar, funciona ali, fora dos limites do parque, mas na mesma Ilha
do Fundão, o festejado Centro de Pesquisas da Petrobras. Não por
acaso, o assédio de empresas nacionais e estrangeiras é crescente.
Todos querem ser vizinhos do Cenpes.
Estar no Parque Tecnológico do Rio de Janeiro é participar de um
efervescente ecossistema de conhecimento e inovação. Tamanha é
essa verdade, que a ampliação dessa rede já começa a acontecer.
A expansão natural encontrou seu lugar em outra área vizinha, a
Ilha de Bom Jesus, um sítio de propriedade do Exército brasileiro,
de 240 mil metros quadrados, incorporado por aterro à Ilha do
Inovação
no fracionamento da Ilha em seis lotes
desiguais. O Exército preservará sob o
controle da União a área do conjunto
histórico formado pela Igreja de Bom Jesus
e um antigo convento da Ordem dos
Franciscanos, de 1705, que vai virar hotel
para cientistas e pesquisadores visitantes.
Dos cinco lotes demarcados para venda, a
Prefeitura do Rio saiu na frente e arrematou o maior de todos, de 47.269 metros
quadrados, cedido à GE por um período
de 50 anos, renovável por mais 50 anos.
O lote contíguo, reservado pela L’Oréal,
mede cerca de 30 mil metros quadrados.
Há, ainda, dois lotes menores, de cerca de
4 mil metros quadrados cada, e um último,
de 37 mil metros quadrados, que pode vir
a ser desmembrado.
Pioneirismo
Fundão. É lá que a GE implanta, neste
primeiro trimestre de 2014, seu Centro de
Pesquisas Global, o quinto da companhia
no mundo. É para lá, também, que segue a
L’Oréal, a gigante francesa do setor de cosméticos, com um novo Centro de Pesquisa
e Inovação, sinalizando que nem só no
petróleo estão as oportunidades que o Rio
de Janeiro oferece ao mercado mundial.
O primeiro passo para essa expansão foi
dado pelo Governo do Estado do Rio de
Janeiro, que no Decreto nº 43.872, de 8
de outubro de 2012, instituiu o Parque
Tecnológico da Ilha de Bom Jesus, declarando a área de interesse estratégico para
a economia fluminense e autorizando a
Companhia de Desenvolvimento Industrial
do Estado do Rio de Janeiro (Codin) a
negociar com a União e o Exército a transferência do terreno, bem como a se movimentar para atrair investimentos públicos e
privados ao empreendimento.
As conversas com o Exército resultaram
Parque Tecnológico
da UFRJ alcançará
R$ 1 bilhão de
investimentos
A ciência e a inovação, assim como a
história, são inimigas da pressa e da
superficialidade. Mesmo quando voltadas a oportunidades de mercado, acontecem em ciclos longos, que não se
subordinam aos cronogramas imediatistas
do tempo presente. Esse entendimento ajuda a perceber o pioneirismo do
Parque Tecnológico da UFRJ, que acaba
de completar dez anos, e, mais ainda, o
inesperado impulso que a descoberta do
pré-sal, em 2007, promoveu no empreendimento. “Esperávamos, depois desses
primeiros dez anos, estar no começo do
caminho. Hoje sabemos que nos próximos
dez haverá um transbordamento de investimentos em pesquisa. Tudo acontece
muito rápido”, observa o diretor executivo
do Parque, Mauricio Guedes.
Quando encerrar o exercício de 2014, o
Parque Tecnológico da UFRJ terá batido a
marca de R$ 1 bilhão de investimentos em
Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) desde
a sua fundação. Mais que expressivos, do
ponto de vista financeiro, esses números
são altamente representativos quando
consideramos o capital intelectual acumulado. Conhecimento que circula entre
mestres, doutores, técnicos, estudantes,
15
Inovação
pesquisadores e profissionais de diferentes países, alocados em empresas de
variados portes, somando experiências,
misturando culturas e disputando mercados. Uma babel do saber contemporâneo.
As grandes não fazem por menos.
Empresas como Schlumberger e FMC
concentram seus esforços de pesquisa no setor de petróleo, de olho nos
muitos negócios que o pré-sal ofere-
Technologies, eleita pela revista Fortune
a “empresa mais admirada do mundo de
2012” e presente no ranking da Forbes
como a “mais inovadora”, é uma gigante
com aproximadamente 19 mil colaboradores e 30 fábricas em 17 países. A empresa
desenvolve tecnologia, engenharia, fabricação e serviços para sistemas submarinos. No Brasil desde 1956, produziu mais
de 40 manifolds (conjunto de válvulas que
regula e monitora a produção dos poços
alemã, que encontrou na Chemtech um
passaporte tecnológico para mergulhos
mais fundos no setor de energia e gás.
Fundada em 1989, por três engenheiros
cariocas formados no IME, com pós na
UFRJ, a Chemtech foi criada para prestar
serviços na área de engenharia química,
mas acabou se destacando como desenvolvedora de software para a indústria de
processos, principalmente óleo e gás. No
início, eram dez funcionários, trabalhan-
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Petrobras (CENPES): fator de atratividade para novos investimentos; / Foto: Custódio Coimbra
ce. Inaugurado em 2010, ocupando uma
área de 10 mil metros quadrados, o
Centro de Pesquisa e Geoengenharia da
Schlumberger/WesternGeco é apresentado pela empresa como o maior do
Brasil operado por um grupo privado. Ali
eles desenvolvem pesquisas no campo
da geofísica marinha, da petrofísica, da
geologia, da geomecânica, da perfuração,
da completação de poços e da engenharia
de reservatórios, entre outras. Todas voltadas para as águas profundas do pré-sal.
Outra estrela de primeira grandeza da constelação petroleira, a FMC
16
de petróleo e gás no fundo do mar) e mais
de 400 árvores de natal e quebrou seis
recordes mundiais de profundidade. Em
1978, fabricou a primeira árvore de natal
submarina no Brasil. O mercado brasileiro
é prioridade da FMC, que investiu R$ 200
milhões no país nos últimos anos.
Apesar de muitas das grandes desembarcarem aqui de malas prontas, trazendo de casa a expertise global, há
aquelas que invertem a estratégia e vêm
buscar no celeiro brasileiro a parceria
que fará a diferença no mercado. É o
caso da Siemens, popular multinacional
do numa sala em Ipanema, zona sul da
cidade. Até que a Siemens adquiriu 51%
da companhia, em 2001. Com 600 funcionários, a empresa acaba de inaugurar sua
base operacional no Parque Tecnológico
da UFRJ, de quatro mil metros quadrados, na qual a Siemens investiu US$ 50
milhões.
“O ambiente é estimulante. Poucos lugares
no mundo reúnem uma concentração de
grandes players do mercado de óleo e gás
como o Rio de Janeiro” comenta Roberto
Leite, gerente da Área de Instrumentação
Offshore e Submarina da Chemtech.
Inovação
Hoje, são três as áreas de negócio da
empresa. Instrumentação Offshore e
Submarina e Software para a Indústria
de Processos respondem por 30% do
faturamento da empresa. Mas é a Área
de Engenharia a menina dos olhos da
Chemtech. O desenvolvimento de projetos
de refinarias e plataformas flutuantes,
do conceito ao detalhamento, assegura
70% da receita. São sistemas complexos,
ensina Leite, que compara as flutuantes
à figura da Medusa, da mitologia grega,
que em lugar de cabelos tinha cobras
vivas na cabeça. No caso, as plataformas
interligam dutos flexíveis e suas conexões
até os poços, sempre em movimento.
Entre as soluções desenvolvidas pela
Chemtech, estão os sistemas de apoio,
como o que monitora a distância os
movimentos da embarcação, corrigindo,
sempre que necessário, o posicionamento
de operação. Ou o que funciona como
uma estação meteorológica, medindo e
registrando dados ambientais, ventos,
temperaturas, ondas, correntes.
“Cada vez mais, o grande desafio técnico
é o controle de equipamentos que se
mexem o tempo todo, em um ambiente
hostil, a três mil metros de profundidade.
Por isso a necessidade de sistemas automatizados de monitoramento remoto”
arremata o engenheiro da Chemtech.
Berçário
O compromisso com a pequena empresa
não vem de hoje. É parte da história e da
convicção da UFRJ, que há 20 anos iniciava a experiência de incubar empresas
nascentes, de base imaterial. Em duas
décadas, mais de 70 passaram por lá. Os
últimos resultados compilados, do exercício de 2012, quantificam o vigor: juntas,
as empresas atendidas na Incubadora da
Coppe, a prestigiosa Coordenação de
Programas e Projetos de Engenharia da
UFRJ, faturaram R$ 222 milhões e geraram 1.148 postos de trabalho, dos quais
218 ocupados por mestres e doutores.
Não são números exatamente expressi-
vos. Mas, ali, o que vale é a velha máxima
do menos é mais. Estar entre as empresas
nascentes apoiadas pela Incubadora da
Coppe é um começo luxuoso para quem
ousa trabalhar com pesquisa e inovação.
Um rito de iniciação.
As poucas vagas para uma temporada que, em média, dura cerca de três
anos e meio são disputadas a mérito.
O processo seletivo é rigoroso, informa
Lucimar Dantas, gerente de operações
da Incubadora. A inovação é critério de
Duas em cada
três empresas
encubadas na
Coppe sobrevivem
corte. Quem não trabalha na fronteira
do conhecimento, está fora. O candidato
precisa demonstrar reunir uma bagagem
tecnológica consistente. Em troca, terá
acesso a um espaço físico adequado ao
seu trabalho e a um cardápio de serviços
que oferece consultoria financeira, consultoria de gestão, apoio ao desenvolvimento de um plano de negócios, captação
de investimentos, assessoria jurídica, de
marketing e de comunicação, de acordo
com o pacote contratado, com preços que
variam de R$ 900 a R$ 2.000 por mês.
Duas em cada três empresas incubadas
na Coppe sobrevivem, informa Lucimar
Dantas. E apenas cinco, das 70 que já
passaram por lá, não operam mais com
inovação. Ela atribui a desprezível taxa
de mortalidade, inferior a 10%, à seleção
competitiva e ao conhecimento desenvolvido na UFRJ. Hoje, a incubadora reúne
22 empresas nascentes, funcionando em
três prédios, um deles recém-inaugurado, mas oferece 30 vagas. O edital para
preenchimento dessas vagas será aberto
ainda este semestre.
17
Inovação
PARQUE TECNOLÓGICO DA ILHA DE BOM JESUS
Inteligência e diversificação
O caminho é tortuoso. Alinhar legislação
e burocracia de três esferas de governo
para viabilizar um empreendimento que,
afinal, envolve a União e os governos do
Estado e do Município, só com muita vontade de fazer. Mas o tempo é paciente.
Pactuados decretos, laudos e protocolos,
o Parque Tecnológico da Ilha de Bom
Jesus saiu do papel. Depois de quase três
anos de gestação, o novo endereço mundial da pesquisa e da inovação acontece
em grande estilo, com dois gigantes que
não entram em campo pra perder – a lendária General Eletric, hoje simplesmente
GE, fundada nos anos 1800 pelo norte-americano Thomas Edison, o inventor da
lâmpada incandescente, entre mais de 2
mil patentes que mudaram o mundo, e a
francesa L’Oréal, um dos mitos da indústria de cosméticos, sinônimo de saúde e
beleza para mulheres do mundo inteiro.
tecnologias avançadas para exploração
de petróleo nas águas profundas do présal, foco de 50% das atividades.
Meio bilhão de reais é o investimento
que a GE anuncia para seu novo Centro
de Pesquisas Global, nos primeiros cinco
anos de funcionamento, montante que
inclui os custos das instalações na Ilha de
Bom Jesus. Na plataforma da companhia,
pesquisas em áreas estratégicas, como
biocombustíveis para aviação, automação
de sistemas de energia elétrica, e, claro,
As pesquisas do centro já estão em andamento antes mesmo da inauguração. Desde
setembro de 2011, os cientistas da GE trabalham em um prédio do Parque Tecnológico
da UFRJ, a partir de uma parceria com a
universidade. O centro, que conta com 100
funcionários, dos quais 80 pesquisadores,
deverá reunir até 400 cientistas em 2019.
O projeto inicial prevê a implantação de
quatro centros de excelência: (1) Sistemas
de Bioenergia, para pesquisas com bagaço
de cana, otimização de processos de produção do etanol, conversão de biomassa
e locomotivas movidas a biocombustível;
(2) Sistemas Inteligentes, voltados para
automação avançada, diagnósticos para
O novo centro da
GE deverá reunir
até 400 cientistas
em 2019
PORTO DO AÇU, SEU NOVO
POLO DE SERVIÇOS PARA O&G
AÇU PORT, YOUR NEW
CLUSTER FOR O&G SERVICES
O Porto do Açu já é realidade, com início da
operação no 1o semestre de 2014. O Porto irá
oferecer suporte às operações de E&P de óleo
e gás, sendo a plataforma ideal para o setor.
The Açu Port is already a reality, with the start
of its operation in the first half of 2014. The
Port will offer services for E&P operations and
it’s the perfect platform for the industry.
Localizado próximo à Bacia de Campos
(RJ) e com investimentos que já somam
R$ 5 bilhões, o Açu conta hoje com 7 mil
trabalhadores e capacidade financeira e
operacional para prestar serviços com
eficiência e segurança aos seus clientes.
Located near the Campos Basin (RJ) and
with investments amounting R$ 5 billion, Açu
now has 7.000 employees and financial and
operational capacity to deliver services with
efficiency and safety for its clients.
www.prumologistica.com.br
18
Inovação
energia elétrica, setor de óleo e gás, transportes aéreos e transportes terrestres; (3)
Integração de Sistemas, para otimização
de transportes, do trajeto mina-porto, e
eficiência logística; e (4) Sistemas Offshore
& Submarinos, com foco em inovações para
exploração de petróleo nas águas ultraprofundas da camada pré-sal.
O Centro de Pesquisas da GE em Bom
Jesus tem no comando o norte-americano
Kenneth Herd, que possui grande bagagem
e expertise em pesquisa e desenvolvimento
de alta tecnologia. O modelo de gestão sob
sua liderança prevê a repatriação de pesquisadores brasileiros altamente qualificados,
que construíram a carreira no exterior e
Tecnologias
desenvolvidas
especificamente
para o Brasil
estão tomando o caminho de casa em
razão das novas oportunidades na área de
pesquisa e desenvolvimento. Hoje, 90% dos
pesquisadores do centro são brasileiros, dos
quais 10% foram repatriados e outros 20%
têm experiência internacional.
O Brasil foi escolhido entre os mais de
160 países onde a GE opera para receber
o quinto Centro de Pesquisas Global da
companhia. Os outros quatro estão nos
Estados Unidos, na Índia, na China e na
Alemanha. Juntos, eles formam uma rede
de colaboração em pesquisa, desenvolvimento e inovação que recebe investimentos anuais da ordem de US$ 6 bilhões. A
escolha do Brasil levou em conta diversos
aspectos, como a estabilidade da economia local, potencial de desenvolvimento,
qualificação da mão de obra, maturidade
dos negócios da GE no país e relacionamento com clientes locais. E por que o
Rio? Quem responde é Ken Herd:
“A cidade do Rio de Janeiro, especificamente, foi escolhida com base em critérios
fundamentais, como logística, mão de
obra especializada e proximidade a uni-
Vista aérea do centro da GE, durante construção / Foto: Custódio Coimbra
versidades e clientes. A parceria com a
UFRJ é fundamental para a construção de
uma base sólida que permita o desenvolvimento local da área de P&D.”
Segundo Herd, o grande diferencial da
unidade brasileira está na localização da
pesquisa de novas tecnologias, desenvolvidas para atender a necessidades específicas de clientes e parceiros brasileiros,
particularmente em segmentos estratégicos, como petróleo e gás, biocombustíveis, mineração, transporte ferroviário,
aviação e saúde.
“Trata-se de uma filosofia única entre
os cinco centros de pesquisas da GE. Os
demais centros desenvolvem tecnologias
voltadas para suprir demandas mundiais
em pesquisa e inovação, seja por meio de
uma nova solução que atenda de maneira
imediata às necessidades dos parceiros globais, seja pensando o que será inovação no
futuro, em dez ou mais anos” acrescenta.
A GE Oil & Gas tem um amplo portfólio
de soluções para atender a demandas “do
poço ao posto”, como cabeças de poço,
árvores de natal, linhas flexíveis, turbogeradores e compressores, bombas e válvulas
e bombas de combustível. Mas a grande
aposta da companhia, segundo Ken Herd,
será o laboratório de Subsea Systems, que
funcionará dentro do Centro de Pesquisas
do Parque de Bom Jesus, desenvolvendo
tecnologias e novos materiais para exploração de óleo e gás nas condições inóspitas
do pré-sal, em águas ultraprofundas, de
altas temperaturas e pressão.
O fruto e as expectativas de todo esse
esforço podem ser medidos pelo registro
de patentes:
“Esse trabalho também envolve a produção local de novas patentes, aproveitando
a experiência global da GE. Em 2012, a
companhia teve 3.500 patentes registradas
ao redor do mundo. Nos últimos dez anos,
foram mais de 20 mil patentes preenchidas.
Temos grande confiança de que o Brasil
responderá por uma parcela cada vez mais
significativa desses registros nas próximas
décadas”, informa o líder do Centro de
Pesquisas Global da GE no Rio de Janeiro.
19
Inovação
Laboratório a céu aberto
Os planos são ambiciosos, avisa logo, sem
rodeios, o diretor de Relações Institucionais
para a L’Oréal Brasil e Zona Hispano
Americana, Patrick Sabatier. Não exagera.
Dona de 28 marcas internacionais e de
um faturamento global que alcançou, em
2013, 22,98 bilhões de euros, a multinacional francesa do setor de cosméticos quer
conquistar, nos próximos anos, 1 bilhão de
novos consumidores. O Brasil tem um papelchave nessa conquista. Não por acaso foi
escolhido para sediar o sexto Centro de
Pesquisa & Inovação de classe mundial da
L’Oréal, nos moldes dos que já existem na
França, no Japão, na China, nos Estados
Unidos e na Índia. Hoje entre a terceira e a
quarta posições no ranking mundial, o Brasil
tem um mercado forte de beleza e com
muito espaço para o crescimento. E para
uma indústria de cosméticos, é o paraíso na
terra, um laboratório a céu aberto:
“O Grupo LÓréal quer usar a grande diversidade étnica brasileira como laboratório.
Para se ter uma ideia, a mistura de raças no
Brasil é tamanha que encontramos e catalogamos aqui oito tipos de cabelo, do mais
liso, que representa 18% da população brasileira, ao mais crespo, de 2%. Essa diversidade, aliada à vaidade da brasileira, faz do
Brasil o maior mercado de produtos para
cabelos no planeta. A brasileira utiliza uma
média de cinco produtos para os cabelos.
O Brasil é o primeiro mercado em hair care,
hair color, desodorante e relaxamento. E é o
segundo no mercado em unhas, sun care e
dody care – celebra o executivo da L’Oréal.
O investimento de R$ 120 milhões no
Centro de Pesquisa & Inovação do Parque
Tecnológico da Ilha de Bom Jesus faz parte
da estratégia do grupo de universalização
da beleza, oferecendo a mulheres e homens
do mundo inteiro o melhor da inovação em
cosmética em termos de qualidade, eficácia
e segurança, e, ao mesmo tempo, atendendo à infinita diversidade de necessidades e
desejos de beleza em cada país. Sabatier
enxerga no Parque de Bom Jesus potencial
para se transformar no “cartão postal da
20 Economia Rio - Abril 2014
P&I no Brasil”. A proximidade com o Parque
Tecnológico da UFRJ é fator de entusiasmo,
que contribuiu para a escolha.
“É também uma forma de nos aproximarmos mais dos jovens pesquisadores”,
comemora Sabatier.
No Centro de P&I, a L’Oréal vai buscar e
avaliar novos ingredientes ativos “oriundos
do Brasil” para a formulação de produtos
inovadores para cabelos, tratamento da
pele, maquiagem, proteção solar e higiene,
adaptados ao mercado brasileiro. As futuras
instalações foram projetadas em conformidade com as normas LEED (Leadership
in Energy and Environmental Design) de
certificação para construções sustentáveis,
diferente, pois todos os nossos produtos
levam por trás ciência, tecnologia, inovação
e criatividade. De um modo geral, os cursos
de Farmácia, Biologia, Física, Química e
Engenharia são os que apresentam estudantes que durante a sua formação têm algum
contato com o ramo de cosméticos – sinaliza o diretor da LÓréal.
Patrick Sabatier chama a atenção para o
fato de a L’Oréal ser a primeira do Parque
Tecnológico que não está voltada diretamente para o setor de petróleo e gás, o
que aponta para a diversificação e pode
ser um fator de atração de outras empresas
de diferentes segmentos. No Brasil há mais
de meio século, o grupo mantém no Rio de
A ilha da inovação dividida em cinco lotes: espaço para crescer
concebida e concedida pela ONG americana
U.S. Green Building Council (USGBC), de
acordo com os critérios de racionalização de
recursos, como energia e água, dos chamados edifícios inteligentes.
Hoje com 100 profissionais de diferentes
especialidades na equipe de pesquisa e
inovação da Ilha de Bom Jesus, a L’Oréal
planeja chegar à marca de 160 pesquisadores por meio de recrutamento local de
profissionais especializados, do acordo de
cooperação científica selado com a UFRJ, e
do repatriamento de cérebros brasileiros que
atuam no exterior.
“Nós precisamos de perfis que consigam
entender e pensar a ciência de uma forma
Janeiro a sede administrativa, uma unidade
fabril e dois centros de distribuição. A instalação do centro da Ilha de Bom Jesus teve o
apoio decisivo do governo do estado:
“Nesse processo de instalação de nosso
laboratório na Ilha de Bom Jesus, processo administrativamente complexo, estamos
contando com o total apoio das maiores
autoridades do Governo do Estado do Rio
de Janeiro e de suas equipes, começando
pela Secretaria do Desenvolvimento e da
Codin, ao lado de várias secretarias do
Estado e do Município, com a coordenação
do Rio – reconhece Sabatier.
Cristina Chacel
Inovação
O futuro centro da L’Oréal: inovação além do petróleo
A L’Oréal no Brasil
• O grupo faturou R$ 2,207 bilhões em 2013.
• Emprega 2.700 colaboradores em todo o país.
• Tem duas fábricas. Na unidade do Rio de Janeiro,
com 30 mil metros quadrados, onde fabrica
produtos de coloração e para tratamento capilar,
para pele, proteção solar, desodorante e styling.
Em São Paulo, em 146 mil m2, funciona a Divisão
de Produtos de Grande Público, especificamente
nas categorias capilares e maquiagem (xampus,
condicionadores, cremes para pentear, cremes de
tratamento, esmaltes, batons e corretores.
• Hoje, 95% dos produtos comercializados no Brasil
são feitos nessas fábricas.
• Um Centro de Desenvolvimento funciona, desde
2008, na fábrica do Rio.
• Duas Centrais de Distribuição, também
no Rio de Janeiro.
• Duas Academias de Formação Técnica em
Cabeleireiros – uma no Rio de Janeiro, outra em
São Paulo.
• Seis unidades de Institutos L’Oréal Professionnel
(escolas para formação profissional de
cabeleireiros e manicures), duas no Rio de Janeiro,
duas em São Paulo, uma em Minas Gerais e uma
no Paraná.
• Em 2013, o Grupo L’Oréal adquiriu, pela The Body
Shop, 51% do Empório Body Store no Brasil. A partir
deste ano, as lojas da marca brasileira Body Store
passarão a oferecer aos consumidores produtos
globais da The Body Shop, complementados com
novos produtos, desenvolvidos localmente com o
Centro de Pesquisa da L’Oréal, no Rio de Janeiro. A
The Body Shop foi fundada em 1976, na Inglaterra,
e conta com mais de 2.800 lojas em 63 países;
o Empório Body Store nasceu em 1997, em Porto
Alegre, e fechou 2013 com 130 lojas no Brasil.
21
Inovação
Guanabara Bay and intelligence
Global Research Center in the first quarter of 2014, the
company’s fifth in the world. L’Oréal is following shortly,
as the French giant in the cosmetics sector is opening a
new Center for Research and Innovation, indicating that it
is not just oil where the opportunities lie in Rio de Janeiro,
and that later go on offer in the global market place.
Ilha de Bom Jesus: a new frontier of development.
Destiny has been fulfilled. It is true to say that the
winds blowing in off the Atlantic Ocean are favorable.
The discovery of gigantic oil & gas reserves in the presalt layer, in deep-waters off the Brazilian coast, has
helped considerably. With accumulated experience and
international recognition in exploration and production,
Petrobras is both a compass and anchor. And Rio de
Janeiro is the dry land in a non-material, intangible
and limitless business: knowledge. The future landed in
Guanabara Bay and the City of São Sebastião, creating
a laboratory for experiments and creative work. Global
majors are investing in long-term undertakings, sponsoring cutting-edge research. What was once a vocation
is now a recognized profession. Rio is the new global
address in terms of science and technology. And it is here
that innovation takes place.
The first step in this expansion was taken by the State
Government of Rio de Janeiro, which in Decree nº
43,872, of October 8, 2012, instituted the Ilha de Bom
Jesus Technology Park, declaring the area of strategic interest to the local economy and authorizing the
(Industrial Development Company in Rio de Janeiro
state - Companhia de Desenvolvimento Industrial do
Estado do Rio de Janeiro (Codin) to negotiate with the
Federal Government and Military to transfer the land,
as well as try to attract public and private investment for
the undertaking.
The talks with the Army led to the Island being divided
up into six lots of different sizes. The Army will preserve
the historic area comprising the Church of Bom Jesus and
an ancient convent of the Franciscan Order (dating back
to 1705) under government control, which will become a
hotel for scientists and visiting researchers. Of the five lots
to be sold, the local council of Rio has already bought the
largest, of 47,269 square meters, and awarded a 50-year
renewable concession to GE to work there. The neighboring lot, reserved by L’Oréal, measures approximately
30,000 square meters. There are also two smaller lots,
of approximately 4,000 square meters each, and the last,
of 37,000 square meters, which could be divided up into
smaller allotments.
Petrobras’ Center for Research and Development (CENPES): a major
factor in attracting new investment
Pioneering Spirit
The Technology Park at the Federal University of Rio
de Janeiro (UFRJ) is the stage where almost everything
happens. At ten years old, and recently completed,
this facility covers an area of 350,000 square meters,
involves 12 global players, nine small and medium-sized
companies, and 22 startups, all under COPPE - Incubadora
da Coordenação de Programas e Projetos de Engenharia,
a sophisticated academic institution, which maintains four
laboratories in the park. In addition, and outside the
park facilities, but on the same Ilha do Fundão, is the
renowned Petrobras Research Center. It is of no surprise
that the interest of national and foreign companies is
growing. Everyone with an interest in this field wants to
live nearby Cenpes.
Science and innovation, just as history, are enemies of
haste and superficiality. Even when targeting Market
opportunities, they work in long cycles, which are in no
way subordinate to any immediate demands being made
in the present. Understanding this helps to see the pioneering aspects of UFRJ’s Technology Park, which has just
completed ten years, and, what is more, the unexpected
momentum that the pre-salt discovery in 2007 gave the
undertaking. “We only expected to be starting out on our
journey after ten years. We now know that there will be
sizeable investment made in research here in the next ten
years. Everything has happened so fast”, says the Park’s
executive director, Mauricio Guedes.
To be involved in the Technology Park in Rio de Janeiro
is to participate in an ecosystem overflowing with knowledge and innovation. Underscoring this fact is that the
size of this venture has already started to grow. The
natural expansion has been in a neighboring area,
Ilha de Bom Jesus, an area of 240,000 square meters
owned by the Brazilian army, linked by reclaimed land
to Ilha do Fundão. And it was here that GE installed its
At the end of 2014, UFRJ’s Technology Park will have
overtaken the R$1 billion milestone in terms of investment in Research & Development (R&D) since it was
founded. Not only significant from a financial point of
view, these figures are also highly representative when we
consider the accumulated intellectual capital. The knowledge that circulates between Masters, Doctors, technicians,
students, researchers and professionals from different
countries, working at companies of various sizes, the accu-
mulated experience, mixture of cultures and the dispute
or markets, create a wealth of contemporary knowledge.
The big players are present for good reason. Companies
such as Schlumberger and FMC concentrate their research efforts on the oil sector, with an eye on the
opportunities that the pre-salt oil discovery will offer.
Inaugurated in 2010, occupying an area of 10,000 square
meters, the Research Center and Geoengineering run by
Schlumberger/WesternGeco is presented by the company
as the biggest in Brazil operated by a private group. It
is here that the company is developing research in the
field of marine geophysics, petro physics, geology, geo
mechanics, drilling, well completion and reservoir engineering, among others. All of this is designed for deep
water pre-salt business.
Another shining star in the oil constellation, FMC
Technologies, named by Fortune magazine as “the most
admired company in the world in 2012” is in the Forbes
ranking as the “most innovating”, and a giant with
approximately 19,000 employees and 30 manufacturing
plants in 17 countries. The company develops technology,
engineering, manufacturing and services for underwater
systems. With a presence in Brazil since 1956, the company has produced more than 40 manifolds (a series of
valves to regulate and monitor production at oil and gas
wells on the seabed), and more than 400 Christmas Trees,
and has broken six world records in deep water exploration. The company built its first subsea Christmas Tree in
Brazil in 1978, and the Brazilian Market is a priority for
FMC, which has invested R$200 million in the country over
the past few years.
Although many large companies arrive here bags in
hand, bringing their global expertise, there are those that
invert this strategy coming to Brazil to seek partners that
will make all the difference in their market. This was the
case for Siemens, a popular German multinational, which
found a technological passport with Chemtech to deeper
dives in the sector of energy and gas. Founded in 1989, by
three engineers from Rio and graduates of IME, with postgraduate degrees from UFRJ, Chemtech was created to
provide services in the area of chemical engineering, but
ended up designing software for the processing industry,
particularly oil and gas. There were tem employees at
the outset, working out of one room in Ipanema, in the
city’s residential south zone, until Siemens acquired 51%
of the company in 2001. With 600 employees, the company has just inaugurated its operational base in UFRJ’s
Technology Park, comprised of 4,000 square meters, in
which Siemens invested US$50 million.
“The environment is stimulating. There are few places in
the world where the big players in the oil and gas sector
are gathered together as they are in Rio de Janeiro”
says Roberto Leite, manager of the Area of Offshore and
Submarine Instrumentation at Chemtech.
Inovação
The company currently operates in three business areas.
Offshore and Submarine Instrumentation and Software
the Processing Industry account for approximately 30%
of annual revenue. But it is the Area of Engineering that
rules the roost at Chemtech. The development of projects
for refineries and floating platforms, from the concept
stage to the final details, accounts for 70% of total revenue. The systems are complex, says Leite, who compares
floating platforms to Medusa, from Greek mythology,
who is generally depicted as having live snakes in place of
➢Aerial view of GE’s center during construction.
the hair on her head. In this case, the platforms interlink
flexible pipes and their connections to the wells, and
never stop moving.
Among the solutions developed by Chemtech are support
systems, such as those designed to monitor the distance
of a ship’s movements, correcting them whenever necessary, to stay in the ideal operating position. The company
also makes meteorological stations, to measure and
register environmental data, such as winds, temperature,
waves, and currents.
“Increasingly more, the biggest technical challenges are
to control equipment that never stops moving in a hostile
environment at three thousand meters underwater. And
for this we need automated systems for remote monitoring” asserts the engineer at Chemtech.
Tower of innovation
The explanation for so many people in one place is
simple. In this new cycle of growth, in which knowledge
and information make the difference, the complementary
nature inherent in this scenario is fundamental – as
nobody rules alone. The market is organized in many
partnerships, forming chains of services and business cooperatives between companies in different segments and
of all sizes. As a result, the proximity of these partners
in an economic complex is strategic, and provides easy
access to laboratories, highly qualified professionals, new
business opportunities and cutting-edge research. It also
encourages an entrepreneurial spirit among students,
the new blood circulating, and increases and renews the
network of knowledge, information and innovation.
It was thinking about these young entrepreneurs and
the smaller more technological companies, both national
and international, that do not have the capacity to buy
land and build their own headquarters, but still have
an interest in being in the Technology Park, that UFRJ
approved the Tower of Innovation project. In an area
of 20,000 square meters inside the park, a building
will be erected with offices for rent and a hotel with 200
apartments, to house professionals, scientists and visiting
researchers. The terms and conditions for the feasibility
study are scheduled to be published this year, as stated
by director; Maurício Guedes. Investment in this project
will be private, and is estimated at R$200 million, with a
concession for a determined period of time. The building
belongs to UFRJ.
The birthplace of development
The commitment to small companies is not new, and
conviction in SMEs is part of UFRJ’s history, as it has
been supporting startups for more than 20 years, from
scratch, and more than 70 companies have been set up
in this way in two decades. The last results compiled, for
the financial year of 2012, underscore the pace of development: as combined, the companies served by Coppe,
the prestigious Coordenação de Programas e Projetos
de Engenharia da UFRJ, generated revenues of R$222
million and created 1,148 jobs, of which 218 are taken
by employees qualified with a Masters or Ph.D. Although
these are not exactly stunning figures, a maxim that
stands in good stead there is ‘less is more’. The companies
that started out there, supported by the Incubator at
Coppe, have a luxurious entrance into the world of who
dares work with research and innovation, in what can be
seen as an initiation rite.
The few places available for a term at Coppe, which lasts
an average of approximately three and a half years, are
hotly disputed and based on merit. The selection process
is rigorous, says Lucimar Dantas, manager of operations
at the Incubator. Innovation provides the cut, as those not
working at the frontiers of knowledge are out. Candidates
need to show they have consistency in terms of technology
and development in their baggage. In exchange, they will
access to a physical space adequate for their work, and
a range of services including financial and management
consulting, support to develop a business plan, fund
raising, legal advice, marketing and communication,
according to the package contracted, at prices that vary
between R$900 and R$2,000 per month.
Two out of three companies starting out at Coppe survive,
says Lucimar Dantas, and only five of the seventy that
began there no longer work with innovation. She attributes the low mortality rate, of less than 10%, to the competitive selection and knowledge accumulated at UFRJ. The
business incubator at Coppe currently has 22 startups,
working in three buildings, one recently inaugurated,
which offers 30 places. The terms and conditions (edital)
to apply for a place will be published this semester.
THE ILHA DE BOM JESUS TECHNOLOGY PARK
Intelligence and diversification
The long and winding road is tortuous. Aligning legislation
and bureaucracy in the three spheres of government
to ensure an undertaking is feasible, which necessarily
involves the federal, state, and municipal governments,
can only be achieved with a great deal of effort, time
and patience. Decrees have to be drawn up, with reports
and protocols, but the Ilha de Bom Jesus Technology Park
got off the drawing board and is up and running. After
a gestation period of almost three years, the new global
address for research and innovation opened in style, with
two giants who did not come to lose – the legendary
General Electric, now known simply as GE, founded in the
1800s by the North American; Thomas Edison, inventor of
the light bulb, among more than 2,000 other patents that
changed the world, and the French company; L’Oréal, one
of the myths in the cosmetics industry, and synonymous
with health and beauty for women throughout the world.
GE announced investment totaling half a billion reais in
its new Global Research Center, to be spent in the first
five years of operations, and a sum that includes the costs
of its installations on Ilha de Bom Jesus. The company’s
platform includes: research in strategic areas, such as biofuels for aviation, the automation of systems for electrical
power, and, of course, advanced technologies for oil and
gas exploration in the deep water pre-salt layer, the focus
of 50% of its activities.
Research at the center is already underway; even before
the facility has been inaugurated. Scientists at GE have
been working at a building in UFRJ’s Technology park
since September, 2011, in partnership with the university.
The center, which currently has 100 employees, of whom
80 are researchers, will likely employ 400 scientists
by 2019. The initial Project is designed around the
installation of four centers of excellence: (1) Bioenergy
Systems, for research using sugar cane waste (bagasse),
optimization of ethanol production processes, the conversion of biomass and locomotives driven by biofuels; (2)
Intelligent Systems, designed for advanced automation,
diagnostics for electrical energy, the oil and gas sector,
air and land transport; (3) the Integration of Systems, to
optimize transport between mines and ports, and logistical efficiency; and (4) Offshore & Submarine Systems,
focused on innovations for oil exploration in ultra-deep
waters in the pre-salt layer.
GE’s research Center in Bom Jesus is headed up by the
North American, Kenneth Herd, who has a great deal of
experience and expertise in high-tech R&D. The management model under his leadership includes the repatriation
of highly-qualified Brazilian researchers, who have built
their careers abroad and are coming home as a result of
the new opportunities in the area of research and development. Currently 90% of the researchers at the center
are Brazilian, and 10% were repatriated and another 20%
have international experience.
Brazil was chosen from the more than 160 countries in
which GE operates to install the company’s fifth Global
Research Center. The other four are in the United States,
India, China and Germany. Together, they form a network
of collaboration in the area of research, development and
innovation with an annual investment of approximately
US$6 billion. The choice of Brazil took several different
aspects into account, such as the stability of the local
economy, potential for development, qualified labor,
the maturity of GE’s business in the country and its relaAbril 2014 - Economia Rio
23
Inovação
tionships with local client. And why Rio? Ken Herd says:
“The city of Rio de Janeiro was specifically chosen based
on fundamental criteria such as: logistics, specialized
labor and the proximity to universities and customers. The
partnership with UFRJ is fundamental to the construction
of a solid base that will allow for local development in the
area of R&D.”
According to Herd, the main differential in terms of the
Brazilian unit is its location in terms of research in new
technologies, developed to meet the specific needs of
Brazilian clients and partners, particularly in the more
strategic segments, such as oil and gas, biofuels, mining,
rail transport, aviation and health.
“We adopt one philosophy for all GE’s five research
centers. The other centers develop technologies to supply
world demand in research and innovation, either by
coming up with a new solution that immediately resolves
the issues and needs of the company’s global partners,
or by thinking about what future innovations will be, ten
years down the road”.
GE Oil & Gas has a wide portfolio of solutions to
meet these demands “from wells to platforms”, such as
wellheads, Christmas Trees, flexible lines, turbo generators and compressors, fuel pumps and valves. But the
company’s big bet, according to Ken Herd, will be on its
Subsea Systems Laboratory, which will operate inside
the Research Center at the Bom Jesus Technology Park,
developing technologies and new materials for oil and gas
exploration in the hostile pre-salt conditions, in ultra-deep
waters, at high temperatures and pressure.
“The LÓréal Group wants to use the ethnic diversity in
Brazil as a laboratory. To get a clearer idea of this in
practical terms, the mixture of races in Brazil and the size
catalogued here has eight types of hair, from the straightest, representing 18% of the population, to the curliest, at
2%. This diversity, together with Brazilian vanity, makes
the country the biggest Market for hair care products on
the planet. Brazilians use an average of five products for
hair, and Brazil is the leading consumer of hair care, hair
color, deodorants and relaxants, and second in nails, sun
care and body care – says the L’Oréal executive.
The investment of R$120 million in the Center for
Research & Innovation at the Ilha de Bom Jesus
Technology Park is part of the Group’s strategy to universalize beauty, offering men and women the world over
the best in innovation of cosmetics in terms of quality,
efficiency and safety, and, at the same time, supplying
the infinite diversity of beauty needs and desires in
different countries. Sabatier sees the Bom Jesus Park as
having the potential to become the “picture postcard of
R&I in Brazil”. The proximity to UFRJ’s Technology Park is
a positive factor, and contributed to the choice.
“It is also a way of getting closer to the younger researchers”, says Sabatier.
“This work also involves local production and new patents,
taking advantage of GE’s global experience. The company
filed 3,500 patents around the world in 2012, and more
than 20,000 in the last ten years. We are confident that
Brazil will account for a growing number of these filings in
the next decades”, says the head of GE’s Global Research
Center in Rio de Janeiro.
L’Oréal’s Center for R&I will seek to find and evaluate
new active ingredients “from Brazil” to include in the
formulas for new hair products, skin treatment, make up,
sun screen and hygiene, adapted for the Brazilian market.
The future installations were designed in compliance with
LEED norms (Leadership in Energy and Environmental
Design) for certification of sustainable constructions,
conceived and awarded by the American NGO; U.S. Green
Building Council (USGBC), in accordance with the criteria
for rationalizing resources, such as energy and water, in
so-called intelligent buildings.
The plans are unequivocally ambitious says Patrick
Sabatier, director for Institutional Relations at L’Oreal
Brazil and the Hispanic American Zone. And this is no
exaggeration. The owner of 27 international brands and a
global revenue of 22.98 billion euros in 2013, the French
multinational in the cosmetics sector aims to attract 1
billion new customers in the next few years. Brazil will
play a key role in achieving this objective. It not by chance
the country was chosen as a base for the company’s sixth
world-class Center for Research & Innovation, along the
lines of those that already exist in France, Japan, China,
the United States and India. Currently ranked between
third and fourth in the world ranking, Brazil has a welldeveloped beauty market with huge potential for growth.
And for the cosmetics industry, it is Paradise on earth, a
laboratory open to the sky:
Patrick Sabatier draws attention to the fact that L’Oréal
will be the first company in the Technology Park not
directly focusing on the oil and gas sector, which shows
that diversification could be a factor in attracting other
companies from different segments. The L’Oreal Group
has had a regional administrative headquarters in Rio
de Janeiro for more than 50 years, a manufacturing unit
and two distribution centers. The installation of the R&I
center on Ilha de Bom Jesus was decisively supported by
the state government:
“During the process of installing our laboratory on Ilha
de Bom Jesus, which is extremely complex in administrative terms, we counted on the total support of most
government authorities in the state of Rio de Janeiro
and their related teams, starting with the Secretariat for
Economic Development and Codin, together with several
other state and municipal secretariats, and coordinated by
Rio – recognizes Sabatier.
The island of innovation divided into six lots: room to grow
The fruits and expectations of all this effort can be measured by the number of patents filed for:
Laboratory open to the sky
thing to do with cosmetics – says the LÓréal director.
Currently with 100 professionals with different specialties
in the research and innovation team at Ilha de Bom Jesus,
L’Oréal plans to have 160 after recruiting specialized
professionals locally, based on the scientific cooperation
agreement signed with UFRJ, and for the repatriation of
Brazilians working abroad.
“We need professional profiles that can understand
and think science in a different way, as all our products are built on and around sciences, technology,
innovation and creativity. In general terms, the
courses of Pharmaceutical Studies, Biology, Physics,
Chemistry and Engineering are those that show students during their studies that these areas have some-
The future center for L’Oréal: innovation in a business other than oil
L’Oréal in Brazil
• The group posted revenues of R$2.207 billion in 2013.
• Has 2,700 employees throughout the country.
• Has two manufacturing plants. At the Rio de Janeiro unit, of
30,000 square meters, the company makes products for coloring and capillary treatment, skin, sun screen, deodorant and
styling. In São Paulo, with an area of 146,000 m2, the company
operates its Product Division for the Mass Public, specifically in
the categories of capillary products and make up (shampoos,
conditioners, creams for combing, treatment, nail varnish,
lipsticks and healthcare).
• Currently 95% of the products sold in Brazil are made in these
manufacturing units.
• A Development Center has been operational since 2008, at
the factory in Rio.
• Two Distribution Centers, also in Rio de Janeiro.
• Two Academies for training hair specialists and stylists – one
in Rio de Janeiro, and one in São Paulo.
• Six L’Oréal Professional institutional units (schools to qualify
professional hair stylists and manicurists), two in Rio de Janeiro,
two in São Paulo, one in Minas Gerais, and one in Paraná.
• In 2013, the L’Oréal Group acquired through the Body Shop,
51% of Empório Body Store in Brazil. From 2014 onwards, the
stores with the Brazilian Body Store name will offer consumers
global products from the Body Shop’s lines, complemented with
new items developed locally at the L’Oréal Research Center in
Rio de Janeiro. The Body Shop was founded in 1976, in the UK,
and has more than 2,800 outlets in 63 countries; and Empório
Body Store started up in 1997, in Porto Alegre, and ended 2013
with 130 stores in Brazil.
Cristina Chacel
Horizonte 2030
Economia e educação:
o descompasso do crescimento
U
adoção de novas tecnologias e formas de organização se tornasse
fator fundamental para aumentar a competitividade da indústria.
Os mecanismos de formação e aperfeiçoamento são muito importantes para essa efetiva implantação.”
Diante desse cenário, a pouca oferta de mão de obra qualificada
se tornou gargalo decisivo. O problema passou a afetar diretamente o setor empresarial, que esbarra em dificuldades para
inovar e aumentar a produção. E com o Rio de Janeiro não foi
diferente.
Segundo ele, existe uma convergência de interesses na educação
profissional, tanto do ponto de vista das empresas, que buscam
qualificação, quanto de pessoas que têm nos mecanismos formais
de educação uma forma de inserção social e produtiva. Ele ressalta ainda que a redução de níveis hierárquicos e a consequente
autonomia do trabalhador vêm exigindo uma base técnico-científica muito mais consolidada, que tende a favorecer os processos
de tomada de decisões e de resolução de imprevistos.
m enorme crescimento da economia brasileira acompanhado de um grande aumento da produção industrial.
O cenário econômico do país na última década passou
a atrair a atenção de muitas companhias estrangeiras que se
instalaram no Brasil. O mercado de trabalho se expandiu, a tecnologia evoluiu e a educação, de um modo geral, não conseguiu
acompanhar.
Coordenador de Projetos Educacionais do SENAI-RJ (instituição
dedicada ao ensino técnico, ligada à Federação das Indústrias do
Estado do Rio de Janeiro), Allain Fonseca explica que, com o forte
aquecimento da atividade econômica, o estado vem ocupando
uma posição de destaque em relação aos indicadores do mercado
de trabalho. “O alto patamar de produtividade fez com que a
Para o presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec),
Cláudio Pansera, responsável pela implementação da Política de
Educação Profissional e Tecnológica no Estado, parte do problema se deve à estagnação do ensino no Brasil, que durante muitos
anos praticamente não inaugurou escolas técnicas.
25
Horizonte 2030
“Quando retomamos o crescimento econômico, descobrimos um gargalo muito
sério, no qual precisávamos trabalhar.”
Ele explica que, hoje, a maior parte dos
profissionais no mercado fluminense tem
formação inicial e continuada - 43% do
total. A atração de profissionais com esse
nível de escolaridade chega a 500 mil
vagas por ano no mercado. “Esse era um
nicho que não existia no Rio. Agora temos
uma rede bem estruturada.”
Já os profissionais com ensino técnico de
nível médio respondem por 8% do mercado de trabalho, enquanto os tecnólogos
representam 5%. O executivo destaca, no
entanto, que ainda há uma forte demanda
reprimida no estado. “Foram muitos anos
sem qualificar. Nos próximos dois ou três
anos, vamos começar a atender a essa
necessidade”, justifica. Em 2007, a Faetec
iniciou a formação de uma rede de capacitação voltada para os projetos e vocações
econômicas do estado do Rio de Janeiro.
Na estimativa da Fundação, os principais
investimentos realizados no Estado entre
2008 e 2014 terão sido responsáveis pela
criação de 280 mil novos empregos. Entre
eles, o Complexo Petroquímico do Estado
do Rio de Janeiro (Comperj), os polos Metal
Mecânico e Gás Químico e toda a cadeia
de exploração de petróleo na chamada
camada do pré-sal. Também estão incluídas
nesse cálculo as oportunidades de trabalho
“Queremos que o
aluno reflita sobre
qual o papel dele
dentro da sociedade“
surgidas com os investimentos das áreas
de transportes e logística, como o Porto do
Açu e o Arco Metropolitano, e dos grandes
eventos, a Copa do Mundo de Futebol de
2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Perspectiva convergente é trazida por
Fernando Schüler, diretor-geral do IbmecRJ, importante centro de ensino no Brasil.
Para ele, uma das soluções está nas par-
26
NATA - Núcleo Avançado em Tecnologia de Alimentos / Foto: SEEDUC
cerias público-privadas, que permitem a
ambas as partes oferecer o que sabem
fazer melhor. “O Estado tem uma capacidade regulatória, de financiamento e de
liderança, sobre grandes processos sociais
e a ele cabe a função coordenadora. A
iniciativa privada oferece mais dinamismo
de gestão e oportunidades de empregabilidade no futuro. Ela aporta mecanismos
para elaboração de currículos que ampliem
a competitividade dos jovens.”
Experiências e resultados
Essa parceria é marca, justamente, de
projeto inovador e muito debatido recentemente: o Dupla Escola. Trata-se de um
modelo de educação em tempo integral,
que visa dar ao estudante uma formação
de alto nível, dentro do currículo estabelecido pela Secretaria Estadual de Educação
(Seeduc), ao mesmo tempo em que o introduz diretamente ao mercado de trabalho. O
modelo, em expansão, conta com o apoio
da Secretaria Estadual de Desenvolvimento
Econômico (Sedeis) e está sendo aplicado
em 24 escolas da rede pública.
Tudo começou em 2008, com a inauguração do Colégio Estadual José Leite Lopes,
uma unidade do Núcleo Avançado em
Educação (Nave), criado a partir de acordo da Seeduc com o Instituto Oi Futuro,
ligado à Oi, uma das maiores empresas de
telecomunicações do país.
Voltado para a pesquisa e o desenvolvimento de soluções educacionais, o Nave
utiliza as tecnologias da informação e da
comunicação no Ensino Médio, capacitando os estudantes para profissões na área
digital. Além de cursarem o ensino médio,
os alunos devem optar entre os cursos técnicos de Multimídia, Roteiros para Mídias
Digitais ou Programação de Jogos Digitais.
O programa é estruturado sobre três pilares: a oferta de ensino profissionalizante
integrado ao ensino médio; o desenvolvimento de atividades de Pesquisa
e Inovação (Centro de Pesquisa); e a
disseminação de metodologias e práticas
(Núcleo de Disseminação).
De acordo com a coordenadora do Dupla
Escola, Maria Aparecida Jacomelli, a iniciativa abriu oportunidades para a realização
de cursos que, antes, eram impensáveis
para a rede estadual. “O programa começou ao contrário do que normalmente
acontece. Primeiro, tivemos a implantação
Horizonte 2030
de algumas unidades, para que depois
começássemos a pensar que talvez esse
fosse um modelo viável de política educacional que gostaríamos de desenvolver no
estado”, disse a coordenadora.
Maria Aparecida destaca que as orientações e a gestão das unidades não diferem
das outras escolas do Rio de Janeiro.
“Apesar da parceria com a iniciativa privada, a unidade continua sendo do estado.
E as equipes que trabalham lá se adaptam
ao sistema proposto pela Seeduc.”
Os estudantes passam por aulas teóricas
e práticas com disciplinas interligadas.
“Independentemente da proposta, temos
a preocupação de contextualizar esse
conhecimento. As informações não são
isoladas. Também nos esforçamos para
capacitar nossos professores e prepará
-los para que integrem esses conhecimentos”, explica Maria Aparecida.
Ampliando essa parceria para o setor acadêmico, o Ibmec-RJ participa do Programa,
na Tijuca (Zona Norte do Rio de Janeiro).
Segundo seu diretor-geral, a expertise do
Ibmec complementa a formação dos profissionais. “As aulas mostram claramente
as aplicações da matemática no mundo da
economia e despertam vocações. Toda pessoa precisa de uma alfabetização financeira
e planejamento pessoal”, comenta Schüler.
Outro vetor do Programa é o Instituto
Grupo Pão de Açúcar (GPA), que atua na
capacitação e formação de jovens profissionais nas áreas de panificação, confeitaria,
leite e derivados. O Núcleo Avançado de
Tecnologia de Alimentos (Nata) é um projeto de ensino médio integrado à formação
profissional. O Instituto GPA é responsável
por toda a parte técnica dos cursos. A entidade oferece desde a construção das usinas
pilotos e laboratórios aos equipamentos,
insumos e professores - 75% de mestres e
doutores nos dois segmentos.
De acordo com o Instituto, o Nata já formou três turmas de técnicos em laticínios
e duas de panificação, o que representa
286 profissionais prontos para ingressar
no mercado de trabalho. Em média, 30%
dos ex-alunos estão cursando as melhores
universidades do Rio de Janeiro e 20%
trabalham nas áreas respectivas.
A coordenadora do Dupla Escola, Maria
Aparecida, destaca que uma das principais premissas do projeto é desenvolver
um aluno consciente, ético e com senso
crítico. “Queremos que o aluno reflita sobre qual o papel dele dentro da
sociedade, dentro do núcleo ao qual ele
pertence e que tipo de ações ele poderia
desenvolver e continuar desenvolvendo
para se transformar e se manter como um
cidadão ativo na sociedade”, explica ela.
Nesse contexto, das unidades do programa,
três escolas interculturais proporcionarão
aos alunos a oportunidade de se formarem
como bilíngues. O projeto prevê que a
proposta curricular seja integrada com o
aprendizado de novas línguas. A intenção é
que, em três anos, o estudante desenvolva a
proficiência em inglês, espanhol ou francês.
O projeto pedagógico do curso Ensino
Médio Intercultural Brasil-Estados Unidos
foi criado em parceria com o Condado
de Prince George, em Maryland, nos
Estados Unidos. Já o projeto curricular
da escola que trabalhará o francês foi
feito em parceria com a Academia de
Créteil, com apoio do Consulado Geral
da França. O espanhol será em parceria
com o Ministério da Educação, Cultura
e Desportos de Espanha e o Instituto
Cervantes e com apoio do Consulado
Geral da Espanha.
Colégio Bilíngue (CIEP 449 - Niterói): Ensino Médio Intercultural Brasil-França. Foto: Marcia Costa / SEEDUC – RJ.
27
Horizonte 2030
Uma tendência a se firmar
Para o presidente da Faetec, as parcerias
público-privadas são uma forte tendência na capacitação de profissionais. “O
empresariado também despertou sobre
essa necessidade e percebeu que tem que
atuar.” O executivo afirma ainda que o
empresariado brasileiro precisa saber quais
são os reais ganhos para as empresas e
devem apostar mais no setor. “Essas parcerias geram mais segurança, estabilidade
e menos despesas. É uma cadeia de vantagens”, destaca Pansera.
O diretor do Ibmec-RJ, Fernando Schüler,
defende que as parcerias público-privadas
na educação se tornem realidade em todo
o país. “Esse aprendizado é muito importante. Em muitos estados brasileiros ainda
há uma restrição quanto a esse modelo, e
quem perde são os alunos. Seria bom se
mais empresas colaborassem, e o primeiro
passo é romper a ideia de que as iniciativas
devem trabalhar separadas. O primeiro
passo foi dado”, disse.
“A educação é
um exercício de
somar forças “
Para Schüler, o Dupla Escola é uma ideia
clássica e evidente, porém pouco utilizada
até agora. “Há muito preconceito em relação à lógica das parcerias. A educação é um
exercício de somar forças. Provavelmente,
esses jovens trabalharão na iniciativa privada, e quanto mais cedo tiverem contato
com as tecnologias e demandas específicas
do mercado, melhor.”
Já o Instituto GPA espera que a experiência
sensibilize o empresariado e crie oportunidades para melhorias no setor técnico no
tocante a uma mão de obra carente no
Brasil. Segundo a entidade, o impacto social
que o projeto oferece aos jovens e suas
famílias é muito positivo, e são vários os
casos de sucesso, não somente no acesso
a universidades públicas, mas também de
jovens que já se destacam nos setores da
indústria e do varejo.
Isabel Correia
28
Economics and education: an imbalance that hampers growth
“When economic growth resumed, we discovered an
extremely serious bottleneck, which we had to deal
with.” He explains that of the professionals in the
market today have had basic and continued education
- 43% of the total. The number of jobs on offer for
professionals with this level of education has reached
500,000 per year. “This was a niche that did not exist
in Rio. We now have a well-structured network.”
The Brazilian economy has grown enormously together with a significant increase in industrial production. The country’s economic scenario over the last
decade has attracted the attention of multifarious
foreign companies that have set up shop in Brazil. The
employment market has also expanded, technology
has evolved; and education, for the most part, has not
kept up with these advancements.
Given this situation, the scarcity of qualified labor has
become a critical bottleneck. The problem has had a
direct impact on the business sector, which is fraught
with difficulties in terms of innovation and increasing
production. And the scenario in Rio de Janeiro has not
been any different.
Coordinator of Educational Projects at SENAI-RJ (the
institution dedicated to technical learning, with ties
to the State Federation of Industry in Rio de Janeiro),
Allain Fonseca, explains that, as a result of the marked
economic expansion, the state has assumed a position
of note in relation to labor market indicators. “The
high level of productivity has led to the adoption
of new technologies and organizational structures
becoming fundamental factors in terms of increasing
industrial competitiveness. The methods of educating
and qualifying personnel are crucial for the effective
implementation of these factors.”
According to Fonseca, there is a convergence of
interest in professional education, both from the point
of view of companies, which seek qualified labor, as
well as the people involved in the formal mechanisms
of education having a productive method of social
insertion. He also highlighted that the reduction in
hierarchical levels, and the consequent autonomy of
workers, which requires a far more consolidated scientific-technical base that tends to favor the processes
of decision making and solving unforeseen problems.
For the president of the Foundation of Support for the
Technical School (Faetec), Cláudio Pansera, responsible
for the implementation of the Politics of Professional
Education and Technology in the state, part of the problem is due to the stagnation in terms of teaching in
Brazil, which for many years has hardly inaugurated
any technical schools.
The professionals with technical qualifications at
high school level account for 8% of the employment
market, while technicians represent 5%. However,
the executive emphasizes that there is still a strong
pent-up demand in the state. “There were many years
with so few qualifying, and this is a situation we intend
to address in the next three years”. In 2007, Faetec
initiated the setting up of a system of specialized
training and qualifications directed at the specific
needs of projects and economic vocations in the state
of Rio de Janeiro.
Based on the Foundation’s estimates, the main investments made in the state between 2008 and 2014
were responsible for creating 280,000 new jobs.
Among these were: the petrochemical complex in the
state of Rio de Janeiro (Comperj), the metalworking
and chemical gas complexes, as well as the entire
oil exploration chain related to the pre-salt layer of
proved reserves. Also included in this calculation are
the work opportunities resulting from investment in
the areas of transport and logistics, such as Porto do
Açu and Arco Metropolitano, and the mega events; the
FIFA 2014 World Cup and the 2016 Summer Olympics.
NATA – Advanced Center for Food Technology
The converging outlook is shared by Fernando Schüler,
director-general of Ibmec-RJ, an important teaching
center in Brazil. For him, one of the solutions lies in
public-private partnerships, which allow both parties
to offer what they know and do best. “The state has
the regulatory capacity, as well as for financing and
leadership of sizeable social projects, and it can also
coordinate. Private initiative offers more dynamism
in terms of management and opportunities to ensure
employment in the future. It also has the mechanisms
required to provide the curriculums that make youngsters more competitive.”
Horizonte 2030
Experiences and results
This partnership is really the trademark of an innovational and recently much-debated project: The Dupla
Escola – which means double school: double period.
This is a full-time education model, which aims to give
students high-level training, within a curriculum established by the State Secretary for Education (Seeduc),
at the same time as introducing them directly to the
employment market. The model, which is being built
out, is supported by the State Secretary for Economic
Development (Sedeis), and is currently being used in
24 state schools.
The Project began in 2008, with the inauguration of
José Leite Lopes state college, a unit of the Advanced
Education Nucleus (Nave), created based on an agreement between Seeduc and the Oi Futuro Instituto, run
by Oi, one of the largest telecommunications operators
in the country.
Aimed at researching and developing educational
solutions, Nave uses information and communications technologies in high-school teaching, qualifying
students for professions in the digital area. As well
as being able to take high-school courses, the students can choose between the technical courses of
Multimedia, Scripts or Digital Media or Programming
for Digital Games.
Public Bilingual Education: CIEP Leonel Brizola, in Niterói, emphasizes
French with the support of the Embassy of France;
The program is structured around three pillars: offering full-time professional high-school courses; developing activities related to Research and Innovation
(Research Center); and disseminating methodologies
and practices (The Center for Dissemination).
According to the coordinator of the Twin School, Maria
Aparecida Jacomelli, the initiative has opened up
opportunities to offer courses that were previously
unthinkable in the state school network. Maria adds
that: “The program was set up contrary to what normally happens. First, we implemented several units,
and only then did we begin to think that this was
perhaps a feasible model for our educational policy,
and one we would like to develop in the state”.
Maria Aparecida notes that the guidelines and mana-
gement of the units are no different to the other
schools in Rio de Janeiro. “Although in partnership
with private initiative, the unit is still run by the
state, and the teams that work there adapt to system
proposed by Seeduc.”
The students have both theoretical and practical
classes in interlinked subjects. “Independent from the
proposal, we are concerned about contextualizing this
knowledge, the information is not, therefore, isolated.
We also make an effort to qualify our teachers, and
prepare them to effectively teach this information and
knowledge”, explains Maria Aparecida.
Expanding this partnership to the academic sector,
Ibmec-RJ participates in the Program, in Tijuca (in the
Residential North Zone of Rio de Janeiro). According
to its director-general, Ibmec’s expertise complements
the qualifications of professionals. “The classes clearly
show the mathematical applications in the world of
economics and awaken vocational interests. Everyone
needs a basic training in personal financial planning”,
says Schüler.
Another vector of the Program is the Institute Grupo
Pão de Açúcar (GPA), which operates in the area to
qualify young in trades such as: baking, making
cake and biscuit products, milk and byproducts. The
Center for Advanced Food Technology (Nata) is a
high-school teaching project that offers formal professional qualifications. The GPS Institute is responsible
for all the technical aspects of the courses, offering
amenities from the construction of the pilot projects or
manufacturing, including laboratories and equipment,
inputs and teachers - 75% with Masters and Ph.D.
qualifications in the last two segments.
According to the Institute, Nata already has graduated
three groups of technicians in dairy products and two
in baking, which represents 286 professionals ready
to enter the employment market. On average, 30% of
former students are studying at the best universities
in Rio de Janeiro, and 20% already work in their
respective areas.
The coordinator of Dupla Escola, Maria Aparecida,
emphasizes that the main premises of the Project is
to develop awareness in students, along with ethics
and a critical point of view. “We want the students
to think about their role in society, at the center they
belong to and what type of actions they can take and
continue developing to ensure they become an active
citizen in society”.
In this context, the program units at three intercultural schools provide the students the opportunity to
graduate with a second language. The project is based
on a curriculum that is designed around learning new
languages. The aim is that, in three years, the student
is proficient in English, Spanish or French.
The pedagogical project for the US-Brazil Intercultural
High-School course was created in partnership with
local authority of Prince George, in Maryland, USA.
The school’s Project curriculum working with French
was set up in partnership with the Créteil Academy,
with the support of the do Consulate General of
France. The Spanish course will be offered in partnership with the Ministry for Education, Culture and
Sports of Spain and the Cervantes Institute, supported
by the Spanish Consulate General.
A developing trend
For the president of Faetec, the public-private partnerships are a growing trend in qualifying professionals.
“The business community is also aware of this need
and that it has to take action.” The executive also says
that the Brazilian business sector really needs to know
what the real gains are for companies, and should
get more involved in this type of project. “These partnerships generate more security, stability and reduce
costs. It is a win-win situation”; says Pansera.
The director of Ibmec-RJ, Fernando Schüler, supports
the idea of public-private partnerships in education
being implemented throughout the county. “This type
of learning is extremely important, although in many
Brazilian states there are still restrictions related
to this model, and the people that lose out are the
students. It would be wonderful if more companies
collaborated, and the first step is to break with the
idea that initiatives should be treated separately. The
first step has already been taken”, he adds.
For Schüler, the Dupla Escola is a classic and obvious
idea, but very underutilized so far. “There is still a lot
of prejudice related to the logic of these partnerships.
Education is an exercise best carried out by joining
forces. These youngsters would probably work in the
private sector, and the sooner they have some contact
with the specific technologies and demands in the
market, the better.”
The GPA Institute hopes that the experience will
increase the awareness of the business community and
it will, in turn, create opportunities to make improvements in the technical sector in terms of dealing with
the scarcity of qualified labor in Brazil. According to
the entity, the social impact that the project has on
young people and their families is extremely positive,
and there have been many cases of success, not just
in access to public universities, but also young people
already proving themselves in industrial sectors and
the world of retail.
Isabel Correia
29
Panorama IBMEC
O Estado como indutor
e a empresa como investidora
E
m período recente, a economia fluminense vivenciou um
grande salto no crescimento do Produto Interno Bruto.
Enquanto entre 1996 e 2003 o PIB do Estado do Rio de
Janeiro cresceu, em média, 1,16% ao ano, entre 2004 e 2011, esse
número passou para 3,3%. Logo, entre esses dois subperíodos de
oito anos, o crescimento médio do PIB da economia fluminense
mais do que dobrou.
Entretanto, mesmo com esse aumento, o Produto Interno Bruto
fluminense ainda é insuficiente para que o PIB per capita do
Estado se aproxime dos padrões dos países mais desenvolvidos
na velocidade que a sociedade deseja. Logo, o que se pode fazer
para avançar ainda mais? O que se pode fazer para que esse
processo seja duradouro e não apenas mais um “voo de galinha”?
Apesar de o debate sobre o crescimento econômico focar em questões nacionais, será que há medidas que o governo do Estado do
Rio e as prefeituras municipais poderiam tomar? Veremos a seguir
que governos locais têm um papel muito importante na promoção
de determinadas políticas públicas que são cruciais para melhorar o
crescimento econômico de uma região.
A literatura macroeconômica cita os seguintes determinantes para o
crescimento do PIB no longo prazo: i) o crescimento populacional e a
melhoria do capital humano; ii) o crescimento do estoque de capital
físico (o investimento); iii) a melhoria da produtividade total dos
fatores de produção. A determinação da evolução dessas variáveis
depende de uma ampla gama de fatores complexos, tais como: a
educação pública e privada, a qualidade do ambiente de negócios, a
eficiência da gestão pública e os tipos de instituições (regras do jogo)
que moldam o comportamento dos agentes econômicos.
Pode haver uma grande interação entre essas características, seja
para promover, seja para desestimular o aumento do PIB. Por exemplo, em uma economia com gestão pública ineficiente, é mais provável haver instituições econômicas ruins (extrativas), gerando baixo
incentivo ao investimento em capital físico e humano. Essa conjunção
de fatores gera pouco estímulo à competição e inovação e baixa
eficiência econômica e, assim, um baixo crescimento.
O contrário ocorre quando se tem uma conjunção benigna de
fatores: uma economia com gestão pública eficiente tem mais
Panorama IBMEC
probabilidade de contar com instituições
econômicas boas (inclusivas), gerando alto
incentivo ao investimento em capital físico
e humano. Essa conjunção de fatores gera
muito estímulo à competição e inovação,
alta eficiência econômica e, assim, um alto
crescimento do PIB. Logo, a chave para se
analisar a questão em termos de prescrição
de políticas públicas é tentar entender
quais são os tipos de políticas mais prováveis de transformar o círculo vicioso em um
círculo virtuoso.
Que tipos de políticas públicas poderiam ser
feitas pelos poderes locais do Rio (Estado
Estado e municípios
podem estimular o
investimento
e municípios) para estimular os fatores que
favorecem o crescimento econômico do
Estado? Neste artigo vou me concentrar nos
dois pontos que mais podem ser afetados
por políticas locais: a melhoria no ambiente
de negócios e a educação.
Algumas alterações em termos de ambiente de negócios dependem do governo
federal, mas outras não. Por exemplo,
poderia haver uma discussão em nível
local para que ocorresse uma simplificação da estrutura tributária do Estado e
dos municípios que compõem o Rio. Isso
potencialmente poderia ajudar a aumentar
a produtividade das empresas, dado que o
Brasil é um dos países que têm a estrutura
tributária mais complexa do mundo. Uma
empresa típica gasta 2.800 homens/hora/
ano na tarefa de efetuar o pagamento
de impostos. Logo, ao poder realocar
parte dessas horas inúteis de trabalho, de
preencher papéis e pagar impostos, para
atividades mais produtivas, as empresas
poderiam aumentar a sua eficiência.
A grande dúvida é: dada a centralização
da estrutura tributária no Brasil, será que
melhorias tributárias locais gerariam economias significativas? Sim, desde que essas
melhorias fossem suficientemente grandes.
Logo, seria necessário que os governos
estadual e municipais fizessem grandes
esforços para descobrir onde simplificar a
estrutura tributária em nível local.
Outro campo no qual o Rio poderia melhorar
seria na questão do tempo que se leva para
abrir ou fechar uma empresa. Nesse quesito,
o Brasil também fica nos últimos lugares nas
pesquisas internacionais de ambiente de
negócios (em média, levam-se seis meses
para abrir uma empresa no Brasil). Porém,
essa variável certamente é sensível a legislações estaduais. Estados têm margem de
criar regras próprias que facilitem a criação
e o fechamento de empresas e, assim, se
estimule o empreendedorismo, a inovação e
a produtividade. Algumas medidas já foram
adotadas no Rio nessas duas dimensões,
mas há a nítida impressão de que muito
mais pode ser feito.
Em relação à educação, o Rio se encontra
em uma situação bem delicada. As crianças e os adolescentes do Estado não têm
se saído bem nos exames que auferem a
qualidade do ensino público no país. Esse
resultado se torna mais preocupante ainda
quando lembramos que a base de comparação nesses testes é fraca, uma vez que
o Brasil tem um dos piores desempenhos
nos exames internacionais. Logo, o que
fazer para melhorar a qualidade do ensino
no Rio? Depois de o país ter passado pelo
desafio de colocar as crianças na escola,
o os exames nacionais e internacionais
mostram que temos agora que mirar na
qualidade do ensino.
A pergunta então é: como atingir esse
objetivo? Existe uma boa quantidade de
trabalhos acadêmicos produzidos no Brasil
e lá fora sobre esse tema. Logo, em primeiro
lugar, é importantíssimo que os gestores
da educação pública estejam a par desses
resultados. Por exemplo, alguns trabalhos
acadêmicos mostram que, na média, as
crianças que estudam em salas com uma
Temos agora que
mirar na qualidade
do ensino
quantidade menor de alunos (entre 20 e 30)
têm desempenho melhor do que crianças
que estudam em salas maiores, assim como
crianças que ficam algumas horas a mais
na escola também têm o seu desempenho
melhorado. O ponto aqui é o gestor de
educação pública fazer o dever de casa e
pesquisar o que deu certo e o que não deu
certo em outros lugares, adaptar soluções
de fora para contextos locais, patrocinar
estudos para saber o que está funcionando
e o que não está funcionando nas escolas
daqui, auferir continuamente a qualidade
do ensino por meio de provas nacionais e
31
Panorama IBMEC
Algumas dessas inciativas já foram tomadas
(como, por exemplo, os exames locais),
mas a sensação de todos os que já tiveram
algum contato mais próximo com a educação pública no Rio é a de que muito mais
precisa ser feito. Por fim, outra dimensão
que precisa ser trabalhada é o sistema de
incentivos que é dado aos professores.
Sabe-se que a melhoria da qualidade dos
professores é um fator crucial para o crescimento da qualidade educacional. Para que
o nível dos professores se desenvolva, é
necessário criar um sistema de incentivos no
qual os melhores sejam premiados e os que
não entregam o mínimo aceitável de qualidade de ensino sejam responsabilizados.
Como os professores têm estabilidade, a
única forma de se criar um mecanismo de
incentivo que funcione é pagando mais aos
mais competentes. Obviamente, implantar
esse tipo de sistema não é uma tarefa fácil,
pois haverá um forte lobby dos sindicatos
da categoria tentando impedir essa política.
Além disso, medir a qualidade do professor
não é uma tarefa fácil. Em relação à última
dificuldade, o advento dos testes padronizados facilitou essa aferição. A métrica correta
a ser utilizada (por exemplo, desempenho
relativo versus melhoria do desempenho
relativo dos alunos) ainda é algo em aberto
e que pode ser discutido, inclusive com a
participação dos próprios professores.
Este artigo fez uma análise qualitativa dos
determinantes do crescimento econômico
do PIB do Estado do Rio. A principal conclusão é a de que para o Estado se desenvolver
é preciso que se façam políticas públicas
voltadas para a melhoria da produtivida-
de. Aqui foram discutidas duas de muitas
áreas ligadas à melhoria da produtividade:
ambiente de negócios e educação. Muitas
outras áreas igualmente importantes não
foram abordadas, mas uma conclusão geral
pode ser tirada da análise anterior. O papel
do Estado como indutor do desenvolvimento, criando um ambiente favorável para as
pessoas e as empresas desenvolverem o seu
potencial, é fundamental. Porém, uma vez
que o Estado garanta esse ambiente propício, quem gera o crescimento da economia é
o setor privado. Essa é uma lição importante
que não pode ser ignorada pelos formuladores de políticas públicas, sejam eles locais
ou nacionais.
Christiano Arrigoni
Professor de Economia do Ibmec
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Panorama IBMEC
The State as a driver of expansion, and companies as investors
The economy of Rio de Janeiro state in recent times has
expanded significantly in terms of GDP. Between 1996
and 2003 the state’s GDP grew by an average of 1.16%
per year, a figure that had risen to 3.3% between 2004
and 2011. That is to say, between these two sub-periods
of eight years, the average annual GDP growth in Rio de
Janeiro state almost doubled.
However, even with this expansion, Gross Domestic
Product in Rio state is still insufficient to ensure GDP per
capita in the region gets anywhere close to the levels of
more developed countries, and/or at the pace that society
would like to see. As such, what can be done to make
further advancements? What can be done to ensure this
growth is consistent and not just a transitional phase?
Although the debate about economic growth is grounded
in questions with a national scope, are there measures
that the state government of Rio and municipal authorities’ could take? We can see below that local governments
do play an extremely important role in promoting specific
public policies that are crucial to improving a region’s
economic growth.
Macroeconomic literature cites the following determinants
for GDP growth over the long term: i) population growth
and an improvement in human capital; ii) a growth in
physical capital stock (investment); iii) an improvement
in the combined productivity of production factors. The
development of these variables depends on a wide range
of complex factors, such as: public and private education,
the quality of the business environment, the efficiency of
public management and the types of institutions (rules of
the game) that mold the behavior of economic players.
There can be a great deal of interaction between these
characteristics, either to stimulate or cool down an increase in GDP. For example, in an economy with inefficient
public management, it is more likely there will be weak
economic institutions (extractive, to the detriment of the
vast majority of citizens), generating little in the way of
incentive to invest in physical and human capital. This
combination of factors generates very limited stimulus to
competition and innovation, and low levels of economic
efficiency and, thus, a low growth rate.
Contrary to what happens when one has a benign combination of factors: an economy with efficient public management is more likely to have strong economic institutions
(inclusive), generating significant incentive to investment
in physical and human capital. This combination of factors
stimulates competition and innovation, high levels of economic efficiency and, as a result, high GDP growth rates.
As can be seen, the key to analyzing the question in terms
of determining public policies is trying to understand what
types of policies are most likely to transform the vicious
circle into a virtuous circle.
What types of public polices can be introduced by the local
authorities in Rio (state and municipal) to stimulate the
factors that favor economic growth in the state? The focus
in this article will be on the two points that can be affected
the most by local policies: an improvement in the business
environment and education.
Some changes in terms of the business environment
depend on the federal government, others not. For example, there may be discussions at local level to simplify
the state and municipal tax structure in Rio. This would
potentially help increase the productivity o companies,
given that Brazil is one of the countries with the most
complex tax structures in the world. A company typically
spends 2,800 (wo)man hours a year to make all its
tax payments. This being the case, if it were possible to
reallocate this downtime at work spent on paperwork and
paying taxes, to more productive activities, companies
could well increase their levels of efficiency.
The main question is: given the recent centralization of
the tax structure in in Brazil, will local tax improvements
generate significant economies? The answer is yes, as long
as these improvements are sufficiently widespread. It is
thus necessary for state and municipal governments to
make every effort to determine where they can simplify
the tax structure at local level.
Another area in which Rio could improve concerns the
issue of how much time it takes to open and close a
company. As far as this question is concerned, Brazil is
also one of the lowest ranked countries in international
business surveys (it takes an average of six months to
open a company in Brazil). And this variable is certainly
sensitive to local legislation, as states have the authority
to create their own rules to make it easier to set up and
close companies and, as such, stimulate businesses,
innovation and productivity. Some measures have already
been adopted in Rio on this front, but it is abundantly
clear that still more could be done.
In terms of education, Rio is in an extremely delicate situation. Neither the younger children nor the adolescents in
the state have done well in exams, which reflects the quality of public teaching in the country as a whole. This result
is of even more concern when we remember that the basis
of comparison for these exams is low, as Brazil posts one
of the poorest performances in international exams. So
what can be done to improve the quality of teaching in
Rio? After the country faced up to the challenge of getting
children in school, the performance of students in national
and international exams shows that we now have to focus
on the quality of teaching.
The question now is: how to achieve this objective? There
is a reasonable amount of academic produced in Brazil
and abroad about this issue. First, it is extremely important that the managers of public education are aware of
the results and how to improve them. For example, some
academic works show that, on average, children that
study in classrooms with fewer students (between 20 and
30) perform better than those that study in larger groups,
just as the children that spend hours after school do. The
point here is that the managers of public education do
their homework and research what works and what does
not in other systems, implement external solutions in a
local context, sponsor studies to discover what is working
and what is not in national schools, continually monitor
the quality of teaching using local and national exams,
and have the tools to correct the system when errors are
identified.
Some of these initiatives have already been taken (as,
for example, with local exams), but the general feeling
of those that have had any close contact with public
education in Rio is that a lot more could be done. Finally,
another question that needs to be addressed is the system
of incentives offered to teachers. It is understood that an
improvement in the quality of teachers is a crucial factor
in terms of better educational results. For the level of
teachers to develop, a system of incentives needs to be
created that rewards the best and identifies those that
fail to achieve the minimum acceptable levels of teaching
quality, so they can be held accountable.
As teachers have job security, the only way of creating
a mechanism of incentives that works is to pay the competent teachers more. It is obviously not an easy task to
implement a system like this, as there is a strong lobby
from the teachers’ unions against this type of approach.
In addition, assessing the quality of a teacher is not easy.
In relation to this last difficulty, the adoption of standardized tests has made this task easier. The correct metric to
be utilized (for example, relative performance versus the
relative improvement in students) is still an issue open to
discussion, including with the teachers themselves.
This article made a qualitative analysis of the determinants of economic GDP growth in the state of Rio.
The main conclusion is that for the state to develop it is
necessary to implement public policies designed to improve productivity. Two specific areas linked to improving
productivity were discussed: the business environment
and education. Many other equally important areas
were not touched on, but a general conclusion can be
arrived at from the analysis made. The role of the state
in stimulating development, creating a favorable business
environment for people and companies to fully develop
their potential, is fundamental. However, as and when
the state provides this, the main generator of economic
growth is the private sector. This is an important lesson
that cannot be ignored by those that draw up public
policies, at either local or national level. Christiano Arrigoni - Professor of Economics at Ibmec
33
Competitividade
Indústria, pessoas, infraestrutura:
o cluster do sul fluminense
Empresas, Governo do Estado, concessionárias e prefeituras se unem
para planejar o crescimento sustentável da região Sul Fluminense
dente de Produção da MAN Latin America, que mantém no município
de Resende moderna fábrica de caminhões e ônibus da Volkswagen.
As previsões são muito otimistas. Até 2015, o Cluster Automotivo
do Sul Fluminense receberá investimentos de mais de R$ 5 bilhões
e, até 2020, terá gerado 45 mil novas vagas de trabalho na região,
sendo que, desse total, 15 mil serão empregos diretos. O crescimento
acelerado do polo, que há quase 15 anos tem atraído importantes
montadoras de veículos e, em torno delas, toda uma cadeia de fornecedores e prestadores de serviços, traz benefícios para toda a população, a começar pela abertura das frentes de trabalho. Mas causa
preocupações, como o crescimento desordenado das cidades locais
e os efeitos ambientais decorrentes da crescente atividade industrial.
As empresas do cluster e seus parceiros vêm trabalhando com
cinco temas considerados fundamentais para o crescimento do
segmento no Sul Fluminense: habitação, energia, transporte, telecomunicações e mão de obra. “O objetivo é desenvolver planos
para ações conjuntas com os governos municipais e estadual,
agências reguladoras e concessionárias, consolidando uma visão
única de planejamento. Assim, as empresas garantem tanto a sustentabilidade dos resultados de seus investimentos como também
qualidade de vida para seus colaboradores. Em última instância,
ganham em produtividade”, diz Dezoto.
Criado em abril de 2013, o Cluster Automotivo do Sul Fluminense
nasceu justamente dessas preocupações, compartilhadas tanto pelas
autoridades públicas quanto pelas empresas que compõem a cadeia
produtiva. “O Cluster tem o objetivo de estimular a competitividade
do setor na região, suportando o crescimento acelerado da indústria
automotiva. Atualmente, o setor automobilístico regional responde
por 15,1% dos investimentos anunciados para a indústria de transformação”, explica o presidente do cluster, Adilson Dezoto, vice-presi-
Eduardo Chaves, diretor industrial da PSA Peugeot Citroën, outra
indústria de veículos que montou uma importante planta na região,
lembra que, além dos processos ambientais, as empresas do cluster
estão interessadas em contribuir para a construção de infraestrutura
que garanta qualidade de vida. Ele acredita que a força da união
de todos os parceiros pode ajudar a população a evitar problemas,
como o aumento abusivo do valor dos aluguéis, e a garantir conforto
no transporte e maiores oportunidades de acesso a educação e
Competitividade
qualificação profissional. “O meio ambiente
também ganha, devido ao desenvolvimento
de competências técnicas voltadas para
a proteção ambiental, reciclagem e tratamento de resíduos”, acrescenta. No caso da
Peugeot, uma experiência anterior e bemsucedida inspirou a participação da empresa
no projeto de sustentabilidade: o cluster de
Vigo, na Espanha, onde os resultados são
considerados animadores.
Projetos coletivos
O Grupo Águas do Brasil, líder no setor
de concessões de saneamento e com forte
atuação no setor industrial, participa do
cluster por meio de uma de suas unidades em
Resende. Prestando serviços de tratamento
de água potável e industrial, esgoto sanitário
Serviços públicos
articulados com a
iniciativa privada
e efluentes para oito empresas do cluster,
tem capacidade de triplicar a vazão atual,
prevendo as próximas demandas surgidas
com os novos negócios. A japonesa Nissan,
por exemplo, que inaugura este ano sua
fábrica de veículos na região e é cliente da
Águas, já anunciou recentemente a ampliação das atividades. A montadora terceiriza
o serviço pela primeira vez em sua história.
O acompanhamento do tratamento de água
e resíduos oferecido pelo grupo é realizado
por meio de um sistema chamado Appius,
no qual o cliente pode obter todos os dados
de vazão de água e efluentes em tempo
real, além de permitir o agendamento para
entrega de efluentes avulsos (recolhidos
em caminhão e levados para tratamento) a
qualquer momento. “Dentro do Appius, o
cliente encontra todas as licenças, relatórios
de qualidade de água e de efluentes bruto
e tratado, assim como o histórico de correspondências entre as partes e os relatórios
encaminhados pelo Grupo Águas do Brasil”,
explica o diretor, Thiago dÓrsi.
Para ele, o trabalho com o conjunto das
empresas do cluster traz vantagens expressivas: ganho de escala em relação aos
custos operacionais e de investimentos
referentes ao tratamento da água e do
efluentes; ponto focal único para fiscalização e cobrança pelo órgão ambiental;
e foco dos empreendedores em seu core
business, deixando para as prestadoras de
serviços a solução das questões comuns.
“As negociações começaram com as maiores (Nissan, MAN e Peugeot Citroën) e,
logo em seguida, vieram os fornecedores,
mas tudo de forma organizada e por meio
da atuação proativa da Companhia de
Desenvolvimento Industrial (Codin), ligada
à Secretaria de Estado de Desenvolvimento
Econômico”, conta ele.
Educação, saúde, transportes
“É importante criar o alinhamento sobre
as necessidades de infraestrutura e capacitação profissional para a região. Nunca
se debateu tanto e de forma tão profunda esse assunto como agora”, comemora o presidente do cluster. Ele lembra
que o desenvolvimento econômico do
Sul Fluminense já trouxe benefícios para
os moradores, como novos hospitais,
incremento do comércio e vários cursos
voltados para qualificação profissional
específica para as atividades das empresas da cadeia produtiva local. “Sem dúvida, esse alinhamento com os governos
municipais e estadual, concessionárias e
agências reguladoras trará muitas possibilidades no curto e médio prazos”, diz
Adilson Dezoto.
Instalações da Águas do Brasil em Resende.
35
Competitividade
O executivo cita exemplos concretos de questões que já estão
sendo tratadas no plano conjunto de crescimento das empresas
do cluster: “O crescimento da atividade industrial deve aumentar
o tráfego na rodovia Presidente Dutra (estrada que liga o Rio de
Janeiro a São Paulo e corta o Sul Fluminense) em mais de 120%,
elevando o fluxo diário de veículos de 4.900 para 11.500. Nesse
caso, temos trabalhado para mostrar ao poder público a importância de agilizar projetos já existentes para a região, como a
avenida do Contorno, em Resende, e a terceira faixa da Dutra,
entre Resende e Porto Real, com extensão para o sentido Itatiaia.
Além disso, achamos necessário construir mais viadutos sobre a
Dutra e asfaltar a estrada que liga Bulhões a Resende.
Também vem sendo desenvolvido trabalho conjunto com as prefeituras, a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, universidades
e outras instituições para suprir as necessidades futuras do ensino
básico ao especializado e superior. Recentemente, foi inaugurada
uma nova unidade do Senai-RJ (Serviço Nacional da Indústria) em
Volta Redonda, que recebeu RS 8,5 milhões em recursos e conta com
equipamentos de alta tecnologia e última geração, como os simuladores de empilhadeira e solda.
Cuidar de tudo isso de maneira articulada não é tarefa fácil. “O
desafio é diário”, revela Dezoto, lembrando que é preciso que os
parceiros se atualizem a todo momento, não só no que interessa
diretamente às suas empresas, mas nas outras que já se encontram
no polo e nas que estão chegando. Além disso, junto aos poderes
públicos municipal, estadual e federal, tem que se criar uma visão
única sobre como manter de forma sustentável, a longo prazo, o
desenvolvimento local. “Esse grupo veio na hora certa, para fazer
com que os investimentos aplicados se revertam em benefício para a
Celia Abend
Inspiração Espanhola
O Cluster Automotivo de Vigo, na Espanha, conhecido
como Ceaga (Cluster de Empresas de Automoción de
Galícia) foi criado em 1997, reunindo 37 empresas que
operavam na produção de veículos e componentes da
cadeia automotiva e que buscavam unir esforços para
melhorar as condições de excelência e competitividade.
Hoje, após 15 anos de atuação, o cluster conta com mais
de 90 empresas associadas, é considerado referência em
toda a Europa e trabalha com plano estratégico para seu
desenvolvimento sustentável até o ano de 2020.
Industry, people, infrastructure:
the cluster in Rio
Companies, the State government, concessionaires, and
local councils have joined forces to plan sustainable
growth in the state of Rio de Janeiro.
The predictions are extremely optimistic. Before 2015, the
automotive cluster in Rio is expected to receive investment
of more than R$5 billion, and to have created 45,000
new Jobs in the region before 2020, of which 15,000
will be direct employment. The accelerated growth of
this complex, which has attracted the largest vehicle
manufacturers for almost 15 years and, to support them,
the entire chain of parts suppliers and associated services,
thus benefiting the entire population, beginning with job
openings. Nevertheless, this is also a cause for concern,
related to issues such as the disorderly growth of satellite
cities, and the environmental effects caused by rising
industrial activity.
Created in April 2013, the automotive cluster in Rio
started up with these concerns in mind, shared by
both the public authorities and the companies in the
production chain. “The aim of the cluster is to stimulate
the sector’s competitiveness in the region, supporting an
accelerated growth in the auto manufacturing industry.
The auto sector currently accounts for 15.1% of the total
investment earmarked for the manufacturing industry”,
explains the president of the cluster, Adilson Dezoto,
vice-president of Production at MAN Latin America, who
runs Volkswagen’s modern manufacturing facilities for
trucks and buses in Resende.
The companies in the cluster and their partners have
been working with five issues considered fundamental
to the growth of the segment in Rio: housing, energy,
transport, telecommunications, and labor. “The aim is
to develop joint action plans with the municipal and
state governments, regulatory agencies and concessionaires, consolidating a single vision in terms of
planning. As a result, the companies guarantee both
the sustainability of their investments, as well as the
quality of life for their employees. Lastly, they win in
terms of productivity”, says Dezoto.
Eduardo Chaves, industrial director at PSA Peugeot
Citroën, another vehicle industry that built a sizeable
Competitividade
plant in the region, remembers that, together with the
environmental processes, the companies in the cluster
are also interested in contributing to the construction of
infrastructure that guarantees a better quality of life. He
believes that the combined strength of all the partners
can help the population avoid problems, such as the
abusive increase in rent, as well as guarantee comfort
on public transport, and improved opportunities in terms
of access to education and professional qualifications.
“The environment also wins, due to the development of
technical skills and techniques designed to protect the
environment, recycling and waste treatment”, he adds. In
the case of Peugeot, previous and successful experience
inspired the company to take part in the sustainability
project: the Vigo Cluster, in Spain, where the results are
considered promising.
Collective Projects
Grupo Águas do Brasil, leader in the country in the sector
of private concessions in the area of water supply, the
collection and sanitation, is also an active member of
the cluster, through one of its units, based in Resende.
Providing water for drinking and industrial use, as well as
sanitary and industrial effluent waste treatment to eight
companies in the cluster, the company has the capacity
to triple the current supply levels, in anticipation of the
demand expected from new business in the region. The
Japanese company; Nissan, for example, which inaugurated its vehicle manufacturing plant this year, is already
an Águas customer, and recently announced plans to
expand its activities. The manufacturer has outsourced
these services for the first time in its history.
Instalations of Águas do Brasil in Resende.
The treatment of water and waste offered by the
group is made using a system called Appius, which
the customer uses to obtain data related to the flow of
water and effluents in real time, as well as allowing
them to order effluent services as and when needed
(collected in trucks and taken away for treatment).
“Within Appius, the customers can find all the licenses,
reports on the quality of water and effluents; both raw
and treated, as well as all the correspondence between
the parties, and the reports sent by Grupo Águas do
Brasil”, explains its director, Thiago DÓrsi.
For him, the combined work of the companies in the
cluster provides significant advantages: gains in scale in
relation to operating costs and investment in the treatment of water and effluents; a single focal point in terms
of monitoring and charging by the environmental agency;
and the ability or companies to focus on their core business, leaving the tasks of providing solutions to everyday
issues to the service providers. “Negotiations began with
the largest auto manufacturers (Nissan, MAN and Peugeot
Citroën), before including suppliers, but everything was
done in an organized way, with proactive oversight by
the Industrial Development Company - Companhia de
Desenvolvimento Industrial (Codin), linked to the State
Secretariat for Economic Development”.
The energy concessionaire in the area, Ampla, a company
part of Grupo Endesa Brasil, also operates in Rio’s Sul
Fluminense region, with the aim of meeting increasing demand levels. “Ampla already provides power
to the auto manufacturing sector in the region and, in
2013, began to work with the companies in the cluster,
having been invited to do so by the State Federation of
Industry - Federação das Indústrias do Estado do Rio de
Janeiro (Firjan), and the State Secretariat for Economic
Development. We believe that the creation of the cluster
will contribute to local development, and it is crucial to
know the expected levels of growth of these industries
so we can predict their demand for energy over the next
few years. In this way, the company will be prepared
to meet this demand with quality”, says the director of
Communications and External Affairs , Janaína Vilella.
Education, health, transport
“It is importante to create some form of alignment
concerning the necessities related to infrastructure and
professional qualification in the region. These issues have
never been debated as much as they are now”, states the
president of the cluster. He remembers just how much
economic development in Rio’s Sul Fluminense region has
benefitted local residents, with new hospitals, an increase
in the number of commercial outlets, and various courses
specifically designed to qualify professionals for activities
carried out by the companies in the local production chain.
“Without a shadow of doubt, this alignment with the
municipal and state governments, concessionaires, and
regulatory agencies will open up a plethora of opportunities in the short and medium terms”, says Adilson Dezoto.
The executive cites concrete examples related to questions
that already being dealt with in the combined plan for
growth by the companies in the cluster: “The growth
in industrial activity should lead to an increase in traffic
flow along Presidente Dutra (the highway that links Rio
de Janeiro with São Paulo and that runs through the
Sul Fluminense region) by more than 120%, increasing
the daily traffic flow of vehicles from 4,900 to 11,500.
In this case, we have worked to show public authorities
the importance of focusing on projects that already exist
in the region, such as the ring road in Resende, and the
construction of a third lane along Dutra, between Resende
and Porto Real, in the direction of Itatiaia. In addition,
we believe that it is necessary to build more overpasses
along Dutra, and tarmac the road that links Bulhões
with Resende.
Other Works are being embarked on with the local
councils, the State Secretariat of Science and Technology,
universities and other institutions is to provide the
necessary facilities for junior, high-school, and specialized
education in the future. A new unit of Senai-RJ (National
Service to Industry - Serviço Nacional da Indústria) was
recently inaugurated in Volta Redonda, which received
RS8.5 million in funding, and high-tech state-of-the-art
equipment, such as stacking and solder simulators.
Dealing with all this in an organized and efficient way
is no easy task. “We face challenges on a daily basis”,
says Dezoto, remembering that the partners in the cluster
need to be up to date constantly, not just in terms of
what interests their companies’ directly, but also for the
others already part of the complex, and those arriving. In
addition, together with the municipal, state and federal
authorities, a single vision has to be created about how
to maintain sustainability and local development over the
long term. “This group came at just the right time to ensure that the investment made benefits society as a whole,
and the conditions in terms of competiveness continue to
be a differential in attracting more investment to Rio’s Sul
Fluminense region”.
Celia Abend
Inspiration from Spain
The Vigo Automotive Cluster, in Spain, known as Ceaga
(Cluster de Empresas de Automoción de Galícia) was
created in 1997, uniting 37 companies that operated
in the manufacture of vehicles and components in the
automotive production chain, and that sought to join
forces to improve the conditions in terms of quality
and competitiveness. Nowadays, after 15 years of
operations, the cluster has more than 90 associated
companies, and is considered a benchmark in Europe,
working with a strategic plan for its sustainable development through to 2020.
37
Artigo IBMEC
Economia e política
em um só tempo
A
ordem econômica brasileira ainda está em formação. A
partir de autores como Raimundo Faoro, que aponta em
Os donos do poder para uma herança patrimonialista
imposta desde sempre por estruturas estatais e estamentais, verifica-se que a organização de um modelo liberal brasileiro, concebido
como base para dar forma, agilidade e eficiência às relações entre
agentes econômicos, ainda se encontra em construção.
Aqueles de formação marxista preferem defender a intervenção
do Estado pelo simples fato de que em terras brasileiras a revolução burguesa ainda não ocorreu e que a fragilidade da nossa
formação capitalista deve ser amparada, ainda, por ações público
-estatais afirmativas e de redistribuição.
Sendo assim, se a base econômica da sociedade brasileira ainda
carece de formalização e estrutura, e considerando que é ela
que processará o perfil e a qualidade das relações políticas, será
por isso que a política no Brasil é percebida como “coisa” não
institucional?
Nessa mesma abordagem, como ficaria o campo da política no
Brasil se, por um largo período de tempo, a economia nacional
se desenvolvesse a contento? Teríamos um processo de anestesia
dos procedimentos políticos em favor da manutenção dos ganhos
(também individuais) econômicos?
Como se cada cidadão “jogasse a toalha” acerca de uma ideal
participação política ou fizesse o cálculo da não participação pela
conquista da satisfação material, nua e crua.
O momento atual pelo qual passa o país talvez possa ser compreendido a partir dessas questões colocadas.
Artigo IBMEC
Um governo central ainda com popularidade; uma oposição partidária sem
discurso uníssono; grupos de pressão participando da decisão política; “urgência
urgentíssima” em se evitar o conflito político-institucional; falta de transparência
dos agentes envolvidos; aparelhamento.
Esses são alguns dos processos em curso
que não seriam estabelecidos da mesma
forma em uma situação de maior “competição” e “inclusão” política, como apontou Robert Dahl no clássico Poliarquia.
Seriam, então, as crises econômicas laboratórios perfeitos para um potencial aprimoramento do sistema político?
Não. Essa comparação quase infantil inviabiliza a própria ideia de “bem comum” e
esgarça a convivência na pólis moderna,
produzindo desigualdade e exclusão.
Busquemos, isto sim, a redefinição urgente de parte do nosso aparato institucional
- vide as reformas política, tributária e do
setor judiciário -, para melhor regularmos
e incentivarmos um processo estratégico
de prosperidade econômica e de desenvolvimento político; e os dois a um só
tempo. É possível e é fundamental para a
Democracia brasileira.
José Niemeyer
Coordenador do curso de graduação em
Relações Internacionais no Ibmec
Economics and Politics; concomitantly
No. This quasi infantile comparison makes it practically unfeasible to define the idea of “common
good” and is to the detriment of any form of
livelihood in a modern city, resulting in inequality
and exclusion.
Economic order in Brazil is still work in progress Based
on work by authors such as Raimundo Faoro, who
indicated in ‘Os donos do poder’, that a patrimonial
inheritance has been held in place for a long time by
state-owned and semi-open structures, it is evident
that the organization of a liberal Brazilian model,
conceived as a base to provide form, agility and efficiency in terms of the relationships between economic
players, is still work in progress.
Marxists prefer to defend state intervention with the
simple fact that the Bourgeois revolution has still
not been experienced in Brazil, and that the fragile
nature of our capitalist state should also be supported
by affirmative public-state actions and redistribution.
What we urgently need is to redefine the country’s
institutional apparatus – such as political, tax, and
judicial reforms, to better regulate and stimulate a
strategic and orderly process of economic prosperity and political development; and concomitantly.
It is possible and fundamental in terms of Brazilian
democracy.
José Niemeyer - Coordinator of the International
Relations departament at Ibmec
Bibliography:
FAORO, Raimundo. The owners of Power, and the
training of Brazilian political leaders. São Paulo:
Globo, 2001.
DAHL, Robert. Poliarchy: participation and opposition. São Paulo: Published by the University of
São Paulo, 1997.
Given this, if the economic base of Brazilian society
still lacks formalization and structure, and considering
that this determines the profile and quality of political
relations, could this be the reason why Brazilian policy
is perceived as something non institutional?
Adopting the same approach, how would Brazilian
politics fare if the national economy continued to grow
expansively over a long period of time? Would we see
a process of anesthetizing political procedures in favor
of maintaining economic (and individual) gains?
What would it be like if every citizen “threw in the
towel” based on an ideal about political participation,
or chose to opt out for material satisfaction, pure and
simple.
The current scenario in Brazil could possibly be understood by addressing these questions.
Bibliografia utilizada:
FAORO, Raimundo. Os donos do poder:
formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Globo, 2001.
DAHL, Robert. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1997.
A central government that is still popular; an opposition party with little in the way of a uniform discourse;
pressure groups taking part in political decisions;
“urgency, real urgency” in avoiding institutional-political conflict; lack of transparency among the players
involved; procedural mechanisms. These are some of
the processes underway that would not be established
in the same way in a scenario with more “competition”
and political “inclusion”, stated Robert Dahl in his
classic; Poliarquia.
Could economic crises be interpreted as good laboratory experiments for perfecting a potential streamlining of the political system?
39
Mobilidade
Planejar é preciso:
um debate sobre o Arco Metropolitano
O
tema da mobilidade urbana tornou-se peça central de
todo debate sobre políticas públicas e hoje se impõe na
discussão sobre crescimento econômico. É consenso entre
analistas, de quaisquer matizes ideológicas e profissionais, que o
planejamento nessa área é condicionante para se criar um processo
de desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
Quando pensamos nas grandes cidades do mundo e, mais, nos enormes núcleos que em torno delas se formam, criando polos que unem
diferentes espaços, estruturas sociais, culturais e produtivas, essa
necessidade é ainda mais premente.
Hoje, de Barcelona a Xangai, de Nova York a São Paulo, a economia só avança de forma eficaz quando se estudam e formulam soluções de mobilidade, em seu sentido mais amplo, mais
múltiplo. Mobilidade de pessoas, de produtos, de vocações, de
complementaridades, de ideias.
Por isso, inauguramos aqui nossa primeira seção sobre o assunto.
A cada edição, ouviremos um especialista da iniciativa privada ou
do terceiro setor e outro do poder público para que nos exponham
suas respectivas visões e comentem um case no Estado do Rio de
Janeiro. Uma análise técnica que vá, assim, do geral ao específico.
Ao mesmo tempo construtiva e crítica. Começamos o debate, então,
com Pedro Henrique Torres, gerente de políticas públicas do Institute
for Transportation and Development Policy (ITDP) e Vicente Loureiro,
subsecretário estadual de Urbanismo Regional e Metropolitano. O
case: Plano Diretor do Arco Metropolitano.
O projeto
Dividido em quatro grandes lotes de obras, os dois primeiros trechos,
ligando a rodovia Washington Luís à Rio-Santos, serão inaugurados
em maio próximo, com 71 quilômetros do total de 150 em seu percurso completo. Até 2016, ano da realização das Olimpíadas, o Arco
vai interligar oito municípios – Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de
Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí – e unir estradas
federais e estaduais que cortam o Rio de Janeiro.
41
Mobilidade
Os novos caminhos para a região metropolitana
Gestão e integração
Para Loureiro, um gargalo essencial nas
últimas décadas foi a falta de planejamento integrado entre Governo do Estado e
municípios. Nesse contexto, os desafios
enfrentados para a construção do Arco
Metropolitano deixam como legado novas
ferramentas de gestão.
Ele ressalta a importância da criação do
Organismo de Gestão Metropolitana.
Apoiado em um corpo técnico capaz de
responsabilizar-se pela produção e administração de projetos de desenvolvimento
regional, com orçamento próprio e tendo
à frente comando de reconhecida liderança local, o órgão dará outro escopo para
futuras tomadas de decisões envolvendo
diferentes esferas de poder.
Torres concorda e cita a Fundação para o
Desenvolvimento da Região Metropolitana
(Fundrem), extinta na década de 1980,
como a última grande iniciativa nessa linha.
De acordo com o especialista em mobilidade
urbana, o Brasil enfrenta hoje um problema
central: perdeu-se a cultura do longo prazo
em função de uma política imediatista, de
obras apenas. Na opinião dele, um dos
maiores méritos do Arco é resgatar essa
cultura, não somente de planejar, como de
fazê-lo buscando a conexão entre diferentes
regiões. Uma concepção intermunicipal hoje
rara no país.
Mobilidade e uso do solo
Um segundo ponto que para ele distingue
o Plano Diretor do Arco Metropolitano, em
termos nacionais, é a formulação conjunta
acerca de mobilidade e uso do solo. Cita
como exemplo dessa convergência a situação de Itaboraí: “De que adianta criar-se um
plano de transportes, isoladamente, para
uma cidade que, em função do Comperj,
tende a um enorme aumento populacional?
Como será orientada essa nova malha?
Como atenderá às demandas econômicas
e às características habitacionais que surgirão? Se ambas as questões não forem avaliadas simultaneamente, qualquer projeto
acabará não cumprindo seus objetivos. Aí
vem o transito, o descontrole urbano.“
O subsecretário estadual detalha como
buscou-se efetivamente uma abordagem
mais completa: “A partir da perspectiva
de que grandes metrópoles visam a cada
dia descentralizar não só o trabalho, mas
também saúde, educação e cultura, o Plano
Diretor do Arco Metropolitano definiu eixos
estratégicos sobre os quais atuar,” A seguir,
alguns deles:
•
Ocupação desordenada do solo,
que gera gargalos de circulação,
drenagem e saneamento;
•
Concentração de postos de
trabalho na cidade do Rio de
Janeiro;
•
Baixo aproveitamento do
potencial econômico de toda
a Região Metropolitana;
•
Malha viária deficiente e sem
estratégia de integração com os
diversos modais de transportes
coletivos;
•
Distribuição e tratamento de
água insuficientes;
•
Precariedade do saneamento
básico.
Mobilidade
Economia e vocação regional
Ao se ligarem regiões antes afastadas, permitindo novas rotas para a
produção e a circulação viária, potencializam-se as vocações de cada
região, gerando novas centralidades econômicas. “Diminuem-se
custos e aumenta-se qualidade de vida“, afirma Torres
Ele enfatiza o salto que tal modelo significará para o porto de Itaguaí
(“a carga passa a chegar competitivamente da cidade ao porto e do
porto à cidade”) bem como a forte diminuição do fluxo de veículos –
logo, dos engarrafamentos e da poluição - na Avenida Brasil.
“O Arco Metropolitano é indutor de crescimento”, corrobora Loureiro.
“A partir dele, geram-se oportunidades para aprimorar diversas
atividades econômicas, como as cadeias siderúrgica, naval, logística,
petroquímica, imobiliária, de bens de consumo e de turismo distribuídas pelo Estado, que serão impactadas com a rápida ampliação da
infraestrutura e de novos acessos.”
O subsecretário acrescenta ainda que a integração de toda a
malha viária (rodovias, ferrovias e hidrovias) viabilizará a implantação de grandes projetos habitacionais autossustentáveis em
pontos estratégicos, fornecendo mão de obra especializada próxima dos locais de trabalho.
Emprego, moradia, sustentabilidade. Na percepção do gerente do
ITDP, são assuntos complementares, cuja articulação é fundamental
para o sucesso da iniciativa: “Discute-se muito a ocupação irregular
de encostas, para mencionar um tema sempre em foco, mas em geral
não se põe na mesa que para evitá-la é imprescindível pensar economia, transporte e habitação como partes de um mesmo cenário.”
Desafios e sociedade em pauta
Diante de tamanhas expectativas, há, claro, variáveis e questionamentos no horizonte. Torres avalia que o Arco tem que privilegiar o
transporte produtivo e público, ou seja, caminhões e ônibus. “Nessa
ótica, os carros de passeio são secundários.” E, embora entenda que
há esforço para aumentar o diálogo com a sociedade, particularmente no que se refere aos setores de engenharia e arquitetura, ele acredita que as fórmulas atuais de participação estão aquém do ideal. “O
que existe é obsoleto, mesmo quando as intenções são boas.”
Segundo Loureiro, a hora é de preparar o Estado para o aumento da
população e o crescimento econômico, desconcentrando o desenvolvimento e ordenando a ocupação de áreas vazias. Maior aproveitamento das bacias hídricas, avanços no tratamento de esgoto, planejamento que leve em conta a singularidade geográfica e ambiental das
diferentes regiões fluminenses. Para pensar o futuro, essas vertentes
precisam estar cada vez mais interligadas.
Cesar Fernandes
43
Mobilidade
Planning is needed: a debate about the Arco Metropolitano
The theme of urban mobility has become a key issue in
the debate about public policies, and has now crossed
over into the discussion about economic growth. The
consensus among analysts of any ideological matrix and
profession is that planning in this area is a prerequisite
in any ongoing process of truly sustainable development.
When we think of the biggest cities in the world and, more
specifically, the enormous centers around which they were
formed, creating complexes uniting different spaces,
social, cultural and productive structures, this need is even
more primary in its importance.
Today, from Barcelona to Shanghai, New York to São
Paulo, the economy only moves forward efficiently
when the solutions for mobility are studied and
formulated, and in the widest most comprehensive
manner. Mobility of people, products, vocations,
complementary tasks, and of ideias.
As such, we are inaugurating here our first section
about this subject. In every future edition we will hear
from a specialist from the private or third sector, and
another in public office, to show their respective visions
and comment on the current case in the State of Rio de
Janeiro, thus providing a technical analysis that runs
from the general to the specific. At the same time the
aim is to be both constructive and critical. We begin the
debate with Pedro Henrique Torres, manager for public
policy at the Institute for Transportation and Development
Policy (ITDP) and Vicente Loureiro, State Undersecretary
for Regional and Metropolitan Urbanism. The case: The
Master Plan for the Arco Metropolitano.
The project
Divided into four work lots, the first two sections, linking
the Washington Luís highway with Rio-Santos, will be
opened next May, and 71 kilometers of the total 150 are
complete. Before 2016, the year the Summer Olympics in
Rio, the Arco will link up eight municipalities – Itaboraí,
Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu,
Japeri, Seropédica and Itaguaí – as well as the federal
and state highways that run through Rio de Janeiro.
spheres of public authority are involved.
and the quality of life improved“, says Torres
Torres agrees and adds that the Foundation for
Regional Metropolitan Development - Fundacao de
Desenvolvimento da Região Metropolitana (Fundrem),
which was closed down in the 1980s, was the last major
initiative based on these same lines. According to the specialist in urban mobility, Brazil now faces a key problem:
as it has lost sight of a long-term approach in relation to
decision making; as a result of adopting a more immediate policy concerning the works alone. In his opinion, one
of the main merits of Arco is that it rescues this lost cultural vision, not just in terms of planning, but also in how
to try and forge a connection between different regions.
This inter-municipal conception is a rarity nowadays in the
country’s development.
He emphasizes that the advancement that this model
represented for the port of Itaguaí (“the cargoes are
now carried competitively between the city and the
port and vice versa”) and the flow of vehicles has been
reduced – and thus there is less traffic and pollution –
along Avenida Brasil.
Mobility and ground use
A second point that for him distinguishes the Master
Plan for Arco Metropolitano, in national terms, is that
it was jointly formulated based on both mobility and
ground use. One example he cites if this convergence
is the situation in Itaboraí: “What good is it to create
an isolated plan for transport, in a city that, due to the
role of Comperj, is likely to see a massive increase in
its population? On what guidelines will the construction
of this new network be based? How will it meet the
economic demands and housing characteristics that will
grow and develop there? If neither of these questions
are included in a simultaneous evaluation, any project
design will fail in terms of its primary objectives. The
result would be traffic and lack of urban control.“
The state undersecretary details how to effectively adopt
a more complete approach: “Based on the approach that
the large metropolitan centers seek more and more to
decentralize work, health, education and culture, the
Master Plan for Arco Metropolitano defined several strategic operational pitfalls,” some of which are listed below:
For Loureiro, a critical bottleneck over the last few decades has been created by a lack of integrated planning
between the state government and municipalities. In this
context, the challenges faced in the construction of the
Arco Metropolitano will leave behind a legacy of new
management tools.
•
•
Lack of order in ground use, which creates bottlenecks for circulation, drainage and basic sewage
facilities;
Concentration of work posts in the city of Rio de
Janeiro;
Little effective use of the economic potential
throughout the Metropolitan region;
Deficient road network with little in the way of a
defined strategy for integration between the several different modes of collective transport;
Insufficient distribution and treatment of water;
He highlights the importance of creating the Unit for
Metropolitan Management. Supported by a technical
team capable of assuming responsibility for the creation
and administration of regional development projects,
with its own budget, and headed up by recognized local
leaders, the entity will provide another way of looking
at how to make decisions in the future when different
•
Precarious basic sanitation systems.
Management and integration
44
•
•
•
Economics and regional vocation
After linking up previously separate regions, opening up
new routes for production and circulation, one unlocks
the potential for vocational development in each of these
areas, creating new economic centers. “Costs are reduced
“The Arco Metropolitano will lead to further growth”,
states Loureiro. “The idea is that opportunities will open
up around this infrastructure to develop a variety of
other economic activities, such as the chains of production
involved in the manufacture of steel, for naval uses,
logistics, petrochemicals, real estate, consumer goods and
tourism throughout the state, which be affected by the
rapid expansion of infrastructure and new access points.”
The undersecretary adds that the integration of the
transport systems (highways, railways and waterways)
will also make it possible to implement sizeable and
sustainable housing projects at strategically important
points, thus providing specialized labor close to the areas
whre work is available.
Employment, housing, and sustainability. In the eyes of
the manager of ITDP, these are complementary subjects
that need to be examined as one for the initiative to
be successful: “There has been a lot of discussion about
the illegal and irregular occupation of embankments/
hillsides/hard shoulders, to cite an issue always in the
news, but in general it is not brought to the table to be
side stepped, as it is just one example of how thinking
about and dealing with economics, transport and housing
are all part of the same scenario.”
Challenges and society on the agenda
Given the level of expectation, there are obviously many
variables and questions on the horizon. Torres believes
that the Arco should prioritize productive and public
transport, that is to say trucks and buses. “From this standpoint, passenger vehicles can be seen as of secondary
importance.” And, although I understand that efforts
are being made to increase the dialogue with society,
particularly in relation to the sectors of engineering and
architecture, he believes that the existing ways of participating are less than ideal. “What exists is obsolete, even
when the intentions are good.”
According to Loureiro, the time has come to prepare the
State for an increase in population and economic growth,
decentralizing development and occupying empty spaces
in an orderly manner. Better use of the water basins,
advances in the treatment of waste and sewage, planning
that takes into account the geographical and environmental singularity of the different regions in Rio de Janeiro
state. When thinking about the future, these vectors
increasingly need to be interlinked.
Cesar Fernandes
Lorem Ipsum
Março 2013 - Economia Rio
45
Projeção Global
Todos os caminhos levam ao Rio
Os motivos que atraem brasileiros e estrangeiros para a cidade
S
ede de megaeventos em diversas áreas, o Rio de Janeiro
entrou definitivamente na agenda internacional e se tornou,
não pelo folclore, mas pelo desenvolvimento e modernização, uma capital do mundo.
Com tamanha projeção, a mensagem repercutiu fortemente nos quatro cantos do globo. Sai a imagem de cartão postal: somente praia,
samba e futebol. Nasce a cidade de braços abertos para o business.
Uma série de fatores influencia o interesse de estrangeiros e brasileiros em busca de oportunidades de negócios. É o que mostram as
histórias de executivos e empreendedores cosmopolitas que escolheram o Rio como lugar para viver e trabalhar.
A demanda
Na avaliação de Alexandre de Botton, sócio-diretor da Korn/Ferry
International, líder mundial em soluções para a gestão de talentos, o
acelerado crescimento econômico e a atração de importantes players
para o mercado decorreram de três principais setores: o polo automobilístico, em alta no estado fluminense, a indústria de mineração
e a força do setor de óleo e gás:
“O aumento dos investimentos, somado ao fato de a Petrobras e os
grandes centros de pesquisa estarem sediados aqui, são fatores que
impulsionaram a demanda por executivos.”
Do ponto de vista da atração, Botton cita a redução da violência
como marco importante: “A cidade era vista com certa preocupação,
porque a decisão de se mudar envolve toda a família”, ressalta.
A escolha
Filha de um diplomata sueco, a carioca Andréa Löfgren passou a
infância toda fora do Brasil. Já adulta, veio para o Rio, onde ficou até
2007, quando voltou para Europa. Em 2010, Andréa recebeu proposta desafiadora: trabalhar na gestão do projeto olímpico. Foi assim
que, após três anos em Londres e Estocolmo, a brasileira retornou
ao seu país. E percebeu grandes transformações: “Pela primeira vez
desde a mudança da capital para Brasília, o Rio crescia. Em 2007 era
um marasmo, e em 2010 já virou um lugar completamente diferente.
Voltei, naturalmente pelo projeto de trabalho, mas também pelo
florescer da cidade.”
Andréa afirma que está satisfeita com a decisão e, hoje, não pretende
se mudar. Para ela, o Rio funciona como uma grande incubadora
de ideias originais e é um lugar que estimula criações. “Estamos
atraindo negócios alternativos. Temos a possibilidade de combinar o
Projeção Global
estilo relaxado do carioca com o empreendedorismo. Deixamos de ser um balneário
para ser uma cidade de peso econômico”,
destaca Andréa.
Foi de olho nessas oportunidades que o norte-americano Sam Flowers veio dos Estados
Unidos. Ele, que cresceu no sul da Califórnia
e adora sol, adaptou-se facilmente. “O ano
todo tem tempo bom. Não preciso de carro
para me locomover e por isso sou mais
ativo. Além disso, tem a natureza, com
floresta, montanha, mar. O que existe aqui
é muito raro de encontrar.”
O californiano apostou todas as suas fichas
na cidade, que frequentava desde 2002.
Formado em hotelaria e business pela prestigiosa Cornell University e com anos de
experiência na área de marketing e finanças, ele enxergou um futuro promissor na
indústria de serviços. Percebeu que poderia
criar um estabelecimento que servisse comida norte-americana, o que à época não
existia, mas esbarrou em duas limitações:
“Não tinha muito dinheiro nem contatos,
então acabei voltando para os EUA.” Era
apenas o começo da história.
Em 2008, o ponto da virada. Sam retornou
ao Brasil decidido a montar seu negócio.
Conseguiu visto, estudou português e em
2010 abriu seu espaço em Ipanema: o
Gringo Café. Com ambiente, comida e serviço inspirados nos famosos diners e delis dos
Estados Unidos, o Gringo tornou-se um dos
lugares mais badalados no expat community
do Rio de Janeiro. Sucesso total.
Para Flowers, entretanto, a escolha vai
além dos negócios. A diversidade do Rio o
encantou: “No Brasil e no Rio vemos uma
enorme miscigenação. Isso foi muito interessante, porque essa é a minha origem
e isso é um pouco raro nos EUA. Eu me
senti à vontade aqui.”
A combinação entre oportunidade e inspiração também foi essencial para o arquiteto
alemão Jan-Christoph Kaiser. Kaiser morou
durante um ano nos Estados Unidos e vivia
há cinco na Espanha, quando recebeu o
convite da Deutsche Bahn International
para se mudar. A empresa alemã, que está
expandindo suas atividades no Brasil, escolheu a cidade como sede da companhia no
país diante da forte expectativa de atração
de investimentos decorrente dos grandes
eventos, assim como pelo forte potencial
turístico. Ele não hesitou e descobriu um
universo que o surpreendeu.
Para Kaiser, a cidade une as vantagens de
uma grande metrópole com a exuberante
paisagem: “É muito especial, algo que
não se consegue em nenhum outro lugar
do mundo.”
Já para o francês Yves-Marie Gayet, amor
e economia combinaram-se perfeitamente.
Gayet trabalhou durante 20 anos no banco
Société Générale, em Paris e Londres, mas
o Brasil era parte de sua vida. “Estava
casado com uma brasileira e sentia que
tinha um pé aqui e um em Londres.
Gostava muito da energia das pessoas, da
qualidade de vida. Apesar dos problemas,
sempre quis morar no Rio.”
Em 2005, antes mesmo de se casar, Gayet
comprou um apartamento na cidade. “Não
sabia quando poderia vir, mas era um
plano.” Em 2012, o francês saiu de seu
emprego no banco e aproveitou a chance
para se mudar de vez. Hoje Gayet ocupa
o cargo de diretor executivo da Câmara de
Comércio França-Brasil.
Ele percebe muitas diferenças de 2005 para
cá. “Naquela época, Londres estava em alta
e o Rio estava em baixa. Tudo estava muito
difícil, em termos de negócios. Quando voltei, em 2012, as perspectivas se inverteram:
o Rio estava no topo.”
Para o diretor executivo da CCFB, a cidade
correspondeu amplamente às expectativas. “Encontramos dificuldades com a
complexidade e a burocracia para fazer
negócios. Mas compensa, porque aqui
tudo fica mais fácil. O brasileiro é muito
otimista, diferente do francês”, brinca o
praticamente carioca Gayet.
Isabel Correia
Andréa L. Löfgren
Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016
Percurso: GIG - ARN - LHR - GIG
“O Rio deixou de ser um balneário para
ser uma cidade de peso econômico.”
Jan-Christoph Kaiser
Arquiteto, Deutsche Bahn International
Percurso: FRA - MIA - MAD - FRA - GIG
“Não é possível encontrar essa mistura
em nenhum outro lugar do mundo.”
Sam Flowers
Proprietário, Gringo Café
Percurso: LAX - SBA - GIG
“Tudo o que tem aqui é muito
raro de encontrar.”
Yves- Marie Gayet
Diretor executivo da Câmara de Comércio
França-Brasil Rio de Janeiro
Percurso: CDG - LHR - CDG - GIG
“Quando voltei, em 2012, as perspectivas
se inverteram: o Rio estava no topo.”
47
Projeção Global
All roads lead to Rio. The reasons foreigners are attracted to the city
Already an established center for holding mega events in
many different areas, Rio de Janeiro has truly earned its
international reputation and become a global capital, not
because of its local culture and tradition, but due to the
city’s development and modernization.
As a result of the scale of the project, the repercussions
have been felt at all four corners of the globe. The picture
postcard images of only beaches, samba and football
have now been superseded, and a city wide open for
business has been born.
A series of factors have influenced the interest of
Brazilians and foreigners seeking business opportunities,
which is underscored by the scores of cosmopolitan executives and entrepreneurs who have already chosen Rio as
a place to live and work.
The demand
In the opinion of Alexandre de Botton, partner-director of
Korn/Ferry International, a global leader in talent management solutions, the acceleration in economic growth;
and the fact Brazil has attracted important players into
the market is the most evident in three sectors: the auto
manufacturing industry, which has a strong presence in
the state of Rio, the mining industry, and the country’s
burgeoning oil and gas sector.
“ The increase in investment, together with the fact that
Petrobras and large research centers are based here, are
factors that drive the demand for qualified executives. “
In terms the attractiveness of Rio, Alexandre cites the
reduction in violence as an important step: “The city has
always been associated with a degree of concern about
crime, because the decision to move here often involves
the whole family.
The choice
Daughter of a Swedish diplomat, Andrea Löfgren was
born in Rio, but spent her childhood living outside Brazil.
She came back to Rio as an adult, where she remained
until 2007, before returning to Europe. Andrea received
a challenging offer in 2010: to work as a member of the
Rio 2016 Olympics project management team. As a result,
after three years in Stockholm and London, the Brazilian
returned to her home country, where she immediately
noticed the massive changes: “Rio had grown significantly
for the first time since the country’s capital moved from
Rio to Brasilia. Rio was in decline in 2007, but by 2010
it had become a completely different place. Obviously
I came back primarily for the work project, but also to
experience life in a city flourishing once again”.
Andrea says she is happy with her decision, and does
not intend to move. For her, Rio works fabulously as an
incubator for original ideas, and is a place that stimulates
creativity, “We are attracting alternative businesses. We
have the opportunity to combine the laid-back Carioca
lifestyle with entrepreneurism. We are no longer living in
a beach resort, as Rio has become a city with considerable
economic power and prestige”.
It was with an eye on these opportunities that the North
American, Sam Flowers, came to Rio from the USA. He
grew up in Southern California, and loved the sun, so
adapted easily. “The weather is good almost all year
round, and you don’t need a car to get around, and that
keeps me more active. Rio also has an amazing natural
environment, with forests, mountains and the sea. The
natural surroundings here are extremely difficult to find
elsewhere”.
The Californian took a chance on the city, where he has
lived since 2002.
A graduate in hotel management and business from
the prestigious Cornell University, and with years of
experience in the areas of marketing and finance, he saw
a promising future in the services industry. He noted that
you could set up an establishment serving American food,
which did not exist at the time, but which for him ran up
against two main obstacles: “I had very little capital and
few contacts, so I ended up returning to the USA”. But this
was just the beginning of his story.
The turning point came in 2008, when Sam returned to
Brazil determined to set up his own business. He managed
to get a visa, studied Portuguese, and in 2010 opened
his first restaurant in Ipanema: Gringo Café. With an
environment, food and service inspired by the infamous
US diners and delis, Gringo Café swiftly became one of
places most frequented by the expat community in Rio de
Janeiro, and a roaring success.
However, the life choice for Sam went beyond just
business. The inherent diversity of Rio won him over completely: “In Brazil, and particularly in Rio, there is such a
vast mixture of races, which was interesting for me, as this
is also my background, and not so common in the United
States. I felt at home here”.
The combination of opportunity and inspiration was also
essential for the German architect, Jan-Christoph Kaiser,
who lived in the US for a year and five in Spain. It was
there that he received an offer from Deutsche Baahn
International to move again, as the German company
is expanding its activities in Brazil. Management chose
to set up its regional main office in Rio, based on the
expectation that investment in the city would be attracted
by the mega events being hosted, as well as its strong tourist industry. He did not hesitate to accept the offer, and
discovered a world that took him by complete surprise.
For Mr. Kaiser, the city offers the advantages of being a
huge metropolitan center set in spectacular natural surroundings: “It is a really special place, with a combination
you cannot find anywhere else in the world”.
For the Frenchman, Yves-Marie Gayet, love and economics
combine perfectly. Gayet worked for 20 years at the bank
Société Générale, both in Paris and London, but Brazil was
already a part of his life. “I was married to a Brazilian,
and felt I lived in both Rio and London. I love the energy
of the people in Rio, the quality of life, and despite all the
problems, I always wanted to live in the city”.
In 2005, even before he got married, Gayet bought an
apartment in the city. “I did not know when I would
be able to come, but was always a plan”. In 2012,
the Frenchman left his job at the bank and took the
opportunity to move once and for all. Gayet is currently
the Executive Director of the France-Brazil Chamber of
Commerce (CCFB).
He has noticed a lot of changes since 2005. “At that
time, London was the place to be, and Rio was in decline.
Everything was extremely difficult in terms of business,
but the outlook had changed by the time I came back in
2012, Rio was on the rise and London depressed.
For the director of the CCFB, the city more than
fulfilled his expectations: “We found it hard to deal
with the bureaucratic idiosyncrasies and complexities
related to doing business in the country, but it was
worth it, as everything is easier over here in the end.
Brazilians are naturally optimistic, unlike the French”,
jokes Gayet, being a bit of both.
Isabel Correia
Andréa L. Löfgren
Rio 2016 Organizing Committee for the Olympic
Games
Journey: GIG - ARN - LHR - GIG
“Rio has changed from being just a beach resort to a
city with considerable economic power and prestige.”
Jan-Christoph Kaiser
Architect Deutsche Bahn International Brazil
Headquarter
Architect, Deutsche Bahn International (Brazilian
Headquarters)
Journey: FRA - MIA - MAD - FRA - GIG
“You cannot find the combination Rio offers anywhere else in the world.”
Yves- Marie Gayet
Executive Director for the France-Brazil Chamber of
Commerce in Rio de Janeiro
Journey: CDG - LHR - CDG - GIG
“When I returned in 2012, the outlook had changed,
and Rio was on the rise.”
Sam Flowers
Owner, Gringo Café
Journey: LAX - SBA - GIG
“The natural surroundings you see here are extremely hard to find elsewhere.”
Centro de Referências
Serviços de referência para o Investidor
Reference services for Investors
Associações, Federações e Setor Público
Associations, Federations and the Public Sector
Federação das Indústrias do Rio (FIRJAN)
Federation of Industries of the State of Rio de Janeiro - www.firjan.org.br
Address: Av. Graça Aranha, 1 - Centro, Rio de Janeiro
Tel.: + 55 (21) 2563-4196
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
The Brazilian Development Bank - www.bndes.gov.br
Address: Avenida República do Chile, 100 - Centro, Rio de Janeiro
Tel.: +55 21 2172-7447
Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (CODIN)
Rio de Janeiro State Industrial Development Company - www.codin.rj.gov.br
Address: Av. Rio Branco, 110/ 19º e 34º andares - Centro - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 2334-1400
Rio Negócios
Investment Promotion Agency of Rio de Janeiro - www.rio-negocios.com
Address: Rua da Candelária, nº 9 - 10º andar - Centro, Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 3031-4001
Agencia Estadual de Fomento (AgeRio)
Development Agency in the State Rio de Janeiro - www.agerio.com.br
Address: End: Av. Rio Branco 245, 3° andar - Centro, Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 2333-1212
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE RJ)
Brazilian Service of Support for Micro and Small Enterprises
www.sebrae.com.br/uf/rio-de-janeiro
Address: Rua Calógeras 23 - Centro, Rio de Janeiro
Tel.: 0 800 570 0800
Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomercio RJ)
Federation of Commerce of the State of Rio de Janeiro - www.fecomercio-rj.org.br/
Address: Rua Marquês de Abrantes, 99 - Flamengo - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 3138-1113
Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil)
Brazilian Trade and Investment Promotion Agency - www.apexbrasil.com.br
Address: SBN Quadra 02, Lote 11, Ed. Apex-Brasil - Brasília, DF
Tel.: +55 61 3426-0202
Câmaras de Comércio Bilaterais no Rio
Bilateral Chambers Of Commerce In Rio
Câmara de Comércio França-Brasil: www.rio.ccfb.com.br
France-Brazil Chamber of Commerce
Address: Av. Presidente Antonio Carlos, 58 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel: +55 (21) 2220-1015
Câmara Brasil Alemanha: www.ahkbrasilien.com.br
German Chamber of Commerce
Address: Av. Graça Aranha, 01 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel: +55 (21) 2224-2123
Câmara de Comércio Americana: www.amchamrio.com.br
US Chamber of Commerce
Address: Praça Pio X, 15 / 5º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel: +55 (21) 3213-9200
Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil: www.britcham.com.br
UK Chamber of Commerce and Industry in Brazil
Address: Av. Graça Aranha, 01 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel: +55 (21) 2262-5926
Câmara Ítalo Brasileira de Comércio e Indústria do RJ: www.camaraitaliana.com.br
Italy-Brazil Chamber of Commerce and Industry
Address: Av. Graça Aranha, 1 / 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: +55 (21) 2563-4100
Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China: www.ccibc.com.br
Address: Rua Senador Dantas, 71 - 12° Andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: +55 (21) 2532-5877 / 2240-8648
Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Rio de Janeiro: www.ccijr.org.br
China-Brazil Chamber of Commerce
Address: Rua Senador Dantas, 80 - Sala 1401 - Centro 20031-201 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: +55 (21) 2524-7361
ICC - Câmara de Comércio Internacional - Brasil
International Chamber of Commerce
Address: Av. General Justo, 307 - 8° Andar - Centro 20021-130 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: +55 (21) 3804-9200 | (21) 2544-9279
Consultorias
Consultancy Firms
Brazilian Global Investment: www.gbrinvest.com
Address: Avenida Roque Petroni Jr, 1089 Cj 213 - Centro Profissional Morumbi Shopping - SP
Tel.: +55 (11) 3624-0505 /3624-0905
Ramo de Atividade: Consultoria, Execução e gestão completa de projetos de investimentos
produtivos. Consultoria em planejamento tributário, societário e relações governamentais.
Business Area: Consultancy, complete range of services related to the execution and management of productive investment projects, tax and corporate planning, and government relations.
JFA Consulting LTDA: www.jfaconsulting.com.br
Address: Rua 7 de setembro, 124 - Centro - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: +55 (21) 3852-7282
Ramo de Atividade: Consultoria na área de comércio internacional para empresas brasileiras
e estrangeiras que querem instalar, desenvolver ou encontrar produtos e serviços no mercado
brasileiro. Especializada na área de Oil & Gas.
Business Area: Consultancy in the area of international trade for Brazilian and foreign companies that want to install, develop or find products and services in the local market, specializing
in the area of Oil & Gas.
Berbat Curio e Oliveira Advogados Associados: www.berbatcurio.com.br
Address: Av. Pastor Martin Luther King Jr., 126, Bloco 2000, Sala 1015 - Del Castilho - RJ
Tel.: +55 (21) 2439-0558 / 7012
Ramo de Atividade: Assessoria Tributária Especializada em Benefícios Fiscais Estaduais e
Federais.
Business Area: Specialized tax advisor related to state and federal benefits.
BRASCA LTD: www.brasca.no
Address: Rua Odilon Duarte Braga, 82 / 202 - Recreio dos Bandeirantes - RJ (Project Office Brasil)
Ramo de Atividade: Empresa estabelecida na Noruega especializada em viabilizar negócios e
acordos entre empresas da Escandinávia e do Brasil, principalmente na área de petróleo e gás.
Oferece transferência de tecnologia, internacionalização da produção, parceiros estratégicos.
Business Area: consulting firm aimed at helping companies find new and innovative ways to
operate to achieve strategic advantage, assisting Scandinavian companies to expand and grow
their businesses towards Brazil and the Mercosur trade block. Abril 2013 - Economia Rio
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Centro de Referências
Fontes Citadas
Sources Cited
Korn/Ferry International - www.kornferry.com
End: Av. Rio Branco, 311/ sala 303 Edificio Brasilia - Centro
- Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 3804-8800
ITDP Brasil (Instituto de Políticas de Transporte e
Desenvolvimento) - www.itdpbrasil.org.br
End: Rua Sete de Setembro, 132 sala 301
Cep: 20050-002 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: +55 (21) 3153-1764
Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia,
Indústria e Serviços (SEDEIS) - www.rj.gov.br/web/sedeis
Endereço: Av. Rio Branco 110 - 20º, 21º e 22º andares /
Centro - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 2332-8413 / 2332-8414
Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC)
www.seeduc.rj.gov.br
End: Rua Professor Pereira Reis, 119 - Santo Cristo
Tel.: +55 (21) 2380-9055
Grupo Pão de Açúcar - www.gpabr.com
End: Av. Brigadeiro Luis Antonio, 3172 – Jardim Paulista - SP
Tel.: + 55 (11) 3886-0533
Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e
Paralímpicos Rio 2016 - www.rio2016.com
End: Rua Ulisses Guimarães, 2016 - Estácio
Tel.: + 55 (21) 2116-5900
Deutsche Bahn International Headquarters
www.dbschenker.com
End: Rua da Quitanda, 191/2º andar
Tel.: +55 (21) 3478-5400
CA4D - www.CA4D.com
End: Av Calógeras 12 - 41 - Centro, Cinelandia, Rio de Janeiro
Tel.: + 55 (21) 25244973
GE - www.ge.com.br
End: Av. das Nações Unidas, 14.171 - Vila Gertrudes - SP
Tel.: + 55 (11) 3067-8379
Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC)
www.faetec.rj.gov.br
End: Rua Clarimundo de Melo, 847 - Quintino Bocaiúva
Tel.: +55 (21) 2332-4085
L’ORÉAL BRASIL -www.loreal.com.br
End: Rua São Bento, 8 - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 2131 6000
OI Telefonica - www.oi.com.br
End: Rua Humberto de Campos, 425 - Leblon - Rio de Janeiro
Tel.: + 55 (21) 4004-0001
Peugeot Citroën do Brasil Automóveis Ltda.
www.psa-peugeot-citroen.com
End: Praia de Botafogo, 501 - 7º andar - Botafogo - Rio de
Janeiro
50
Tel.: + 55 (21) 3506-4900
Secretaria Estadual de Obras
www.rj.gov.br/web/seobras
End: Rua México, 125/9º andar - Centro, Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 2333-0938
Chemtech - www.chemtech.com.br
End: Rua Paulo Emídio Barbosa, 485,Quadra 5 - Lote 2 Cidade Universitária - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 3503-9100
Schlumberger - www.slb.com
End: Avenida Presidente Wilson, 231 - Centro - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 3171-3200
Águas do Brasil - www.grupoaguasdobrasil.com.br
End: Rua Marquês do Paraná, 110 - Centro - Niterói
Tel.: +55 (21) 2729-9900
AMPLA - www.ampla.com
End: Avenida Ernani do Amaral Peixoto, 1 - Centro, Niterói - RJ
Tel.: 0800 280 0120
CEG - www.ceg.com.br
End: Rua São Cristóvão, 1200 - São Cristovão - Rio de Janeiro
Tel.: +55 (21) 2589-7986
Multiterminais - www.multiterminais.com.br
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www.grupoaguasdobrasil.com.br

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