Projeto de elaboração pela Terapia Ocupacional de
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Projeto de elaboração pela Terapia Ocupacional de
PROJETO DE ELABORAÇÃO PELA TERAPIA OCUPACIONAL DE UM MANUAL PARA PROFESSORES DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE LINS, CONTENDO RECURSOS TERAPÊUTICOS PARA ESTIMULAÇÃO SENSORIAL DE CRIANÇAS DE 4 A 5 ANOS. PROJECT PREPARATION BY OCCUPATIONAL THERAPY OF A MANUAL FOR SCHOOL TEACHERS OF LINS, CONTAINING THERAPEUTIC RESOURCES FOR SENSORY STIMULATION FOR CHILDREN 4 TO 5 YEARS. Aline Viana Silva - [email protected] Valkíria Érica Merlín - [email protected] RESUMO Os sentidos fundamentais do corpo humano constituem as funções que permitem a interação com o ambiente através dos cinco sistemas sensoriais. Assim, Ayres iniciou seus estudos examinando a relação entre sensações corporais, mecanismos cerebrais e aprendizagem, surgindo a Integração Sensorial, que mantém seu foco nos mecanismos sensoriais usados para atenção, aprendizagem, conhecimento do ambiente e organização do comportamento. Com a presente pesquisa procurou-se evidenciar a ação de profissionais da saúde na educação infantil das escolas municipais de Lins, aplicando o Perfil Sensorial adaptado a professores, realçando os ítens: auditivo, visual, tátil, gustativo, olfativo, bem como a necessidades de se estimular esses sistemas e a partir daí ter subsídios para se elaborar um manual para estimulação sensorial. Uma vez que o Terapeuta Ocupacional é habilitado a realizar a adaptação de atividades, este, está apto para elaborar o manual. PALAVRAS – CHAVE: Integração Sensorial. Estimulação Sensorial. Terapia Ocupacional. Professores. ABSTRACT The fundamental meanings of the human body are functions that allow interaction with the environment through the five sensory systems. Thus, Ayres began his studies examining the relationship between bodily sensations, brain mechanisms and learning, resulting in the Sensory Integration, which maintains its focus on sensory mechanisms used to attention, learning, knowledge of environment and organization of behavior. With this research we tried to highlight the action of health professionals in early childhood education at local schools Lins, applying the Sensory Profile adapted to professors, highlighting items: auditory, visual, tactile, gustatory, olfactory, and the need to stimulate these systems and from hence it subsidies to produce a manual for sensory stimulation. Once the occupational therapist is able to perform the adaptation of activities, it became responsible for preparing the manual. KEY - WORDS: Sensory Integration. Sensory stimulation. Occupational Therapy. Teachers. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 257 INTRODUÇÃO O tema em estudo foi um projeto de elaboração pela Terapia Ocupacional de um manual para professores das escolas municipais de Lins, contendo recursos terapêuticos para estimulação sensorial de crianças de 4 a 5 anos, podendo este, ser utilizado em sala de aula. Após tal projeto ter sido aprovado pela Secretária Municipal da Educação de Lins, foi possível a abordagem e contribuição do profissional de Terapia Ocupacional demonstrando uma parceria entre educação e saúde para beneficio das crianças atendidas pela rede municipal de ensino. Para isso foi realizado um levantamento estatístico, através da adaptação do protocolo do Perfil Sensorial, para que este pudesse ser aplicado aos professores, visando a compreensão através do olhar deste profissional de como se encontram as condições dos processamentos de cada um dos cinco sistemas sensoriais básicos, sendo eles: tato, visão , audição , gustação e olfação. Também foram entrevistados profissionais como: Pedagogo, Terapeuta Ocupacional, Professor e Neuropediatra. O objetivo principal deste estudo é a elaboração de um manual, contendo recursos terapêuticos para alunos de 4 a 5 anos com a finalidade de facilitar a estimulação dos sentidos através do brincar. Este tema se desenvolve a partir da hipótese de que se houver a aplicabilidade do manual proposto, este pode colaborar com a rede de EMEI de Lins, a fim de favorecer o desenvolvimento sensorial infantil. SISTEMAS SENSORIAIS Os sentidos fundamentais do corpo humano são a visão, a audição, o tato, a gustação e a olfação, são eles quem permitem a interação com o ambiente. E é através deles que o Homem pode perceber muita coisa que o cerca; cooperando para a sobrevivência e integração com o ambiente em que vive. De fato, segundo Carlson (2002) os limites que definem as várias categorias dos sistemas não estão bem claros mesmo para os especialistas. Portanto, para reconhecer se as informações sensoriais recebidas estão adequadas, deve-se antes conhecer as Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 258 capacidades de cada sistema e seu desenvolvimento sensorial de forma isolada. O Sistema Sensorial é a parte do Sistema Nervoso Central (SNC) responsável pela análise dos estímulos oriundos do meio ambiente, sejam eles externos e/ou internos, ao organismo. Já o sistema somático engloba todos os sistemas sensoriais e a sensação somática é a responsável em detectar alterações de pressão, calor e vibração, a posição dos membros no espaço e quaisquer adventos que venham a danificar os tecidos. Segundo Guyton (2002) os sentidos somáticos são os mecanismos nervosos que coletam informações sensoriais do corpo. Se distinguindo dos sentidos especiais, denominadas como visão, audição, gustação e equilíbrio. Todas as informações sensitivas possuem certos elementos em comum. Que segundo Young e Young (1998) começam com um estímulo que atua no receptor sensitivo que por sua vez o converte em potencial elétrico graduado que ao atingir o limiar torna-se um potencial de ação que passa do receptor para o neurônio sensitivo aferente, até o SNC, onde os sinais serão integrados. Os receptores sensitivos, segundo Silverthorn (2003), são células denominadas de sentidos. Tais células são especiais pela sua capacidade de traduzir a linguagem do ambiente para a linguagem do Sistema Nervoso. A maior parte das atividades do Sistema Nervoso, citado por Guyton e Hall (2002), é iniciada pela experiência sensorial, podendo ocorrer pelos receptores sensoriais em todo o corpo. A experiência sensorial pode ter resposta imediata ou serem armazenadas no cérebro para data futura. Silverthorn (2003) afirma que as vias sensoriais carregam informações para os centros integradores do SNC através da medula espinal, essas informações ascendem para o tronco encefálico e cada informação sensitiva tem sua área no cérebro, de tal modo, cada divisão maior do encéfalo processa um tipo particular de informação sensitiva, dando ao organismo subsídios para futuras respostas. INTEGRAÇÃO SENSORIAL NA TERAPIA OCUPACIONAL No Brasil se discute cada vez mais acerca da Integração Sensorial (IS), segundo Baloueff (2002), a teoria de IS começou a ser desenvolvida no ano de 1960, através da doutora Anna Jean Ayres (1920-1988), terapeuta ocupacional e Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 259 PhD em Neurociência. Sua teoria foi redefinida até 1988, ano de sua morte. Conforme afirmativa de Magalhães (2007), Ayres iniciou seus estudos procurando examinar a relação entre sensações corporais, mecanismos cerebrais e aprendizagem, partindo de conceitos neurobiológicos e acrescidos de sua visão prática de terapeuta ocupacional. Relata ainda que para Ayres (1988) a IS é o processamento e a organização de dados sensoriais para uso funcional, nas tarefas e atividades realizadas diariamente. Ou seja, é uma habilidade do SNC em absorver, processar e organizar respostas vindas das informações sensoriais de forma adequada. O mundo que nos rodeia é sensorial, e um dos processos mais básicos de nossa existência é interpretar e responder a estes estímulos sensoriais. Os diversos estímulos vindos do meio nos servem para acalmar, alertar, incitar respostas entre outros. A IS se inicia na vida intra-uterina e se desenvolve devido às várias interações com o ambiente. “A IS foi destinada inicialmente às crianças com distúrbios de aprendizagem, e em conjunto com outros terapeutas ocupacionais, foi ampliada à outras clientelas.” (Antoneli, 2009, p.3). Ela promove organização de conduta às crianças, fornece condições para que as mesmas explorem o ambiente e deve ser introduzida de forma agradável, sempre gerando prazer. A abordagem da IS mantêm seu foco exatamente nos mecanismos sensoriais usados para prestar atenção, aprender sobre o ambiente e manter a organização do comportamento. Após estudos de Ayres, portanto, se tornou possível o desenvolvimento da terapia de IS, logo, o processo chamado IS, incide quando a criança é capaz de enfrentar com sucesso os desafios de seu meio.Assim sendo, integração é definida como o processo para unificar diferentes elementos em um só todo e sensorial diz respeito à sensibilidade, que segundo Garnier (2002) é a propriedade que possuem certas partes do sistema nervoso em receber, transmitir ou perceber as impressões, que serão então recolhidas, na superfície corporal ou na intimidade do organismo.Ayres (1988) define IS como a habilidade inata em organizar, interpretar sensações e responder apropriadamente ao ambiente, de modo a auxiliar o ser humano no uso funcional, nas atividades e ocupações desempenhadas no dia-a-dia. (Ayres apud Oliveira, 2009) Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 260 Portanto a IS permite organizar os estímulos sensoriais recebidos, eleger quais os importantes e gerar uma resposta, ignorando assim os irrelevantes. A IS aplicada á prática clínica tem base na promoção de estímulos sensoriais controlados por meio do brincar e das atividades lúdicas com participação ativa da criança. Segundo Magalhães (2008) os objetivos gerais da terapia são divididos em promoção da auto-regulação e o aumento da habilidade em manter a atenção em atividades condescendentes; melhorar a coordenação e o planejamento dos movimentos para que o cliente obtenha sucesso nas atividades que lhe interessam; melhorar a auto-estima e confiabilidade em si e em suas habilidade e melhorar os aspectos sociais e ambientais a partir da participação nestes contextos. Se tratando dos objetivos específicos, a intervenção se modifica de acordo com as características individuais de cada um e com a disfunção apresentada. ATIVIDADE A Terapia Ocupacional tem como instrumento de suas ações as atividades, na qual estas estão presentes no cotidiano das pessoas e acredita-se que através do fazer, com intermédio das experiências, é que se pode trilhar um caminho com o paciente em direção à construção de um cotidiano (TAKATORI, 2001). Segundo Sabari (2005) os terapeutas ocupacionais são especialistas em atividade. Independentemente do diagnóstico ou do ambiente terapêutico, a melhora no desempenho de atividades é uma meta final na intervenção da terapia ocupacional. Para Pierce (2003) a atividade não é vivenciada por uma pessoa específica, é compartilhada culturalmente como o brincar, que por sua vez pode acomodar todos os tipos de pessoas e contextos, logo brincar é uma atividade. Vale lembrar que “pesquisas revelam que as crianças que não brincam desenvolvem cérebro de 20 a 30% menor do que o compatível com a idade, ou seja, ocorre um menor número de ligações desejáveis” (Battisti, 2001, p.79). Um dos pressupostos da integração sensorial é que as atividades são auto direcionadas, assim a criança tem uma atração natural por atividades que Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 261 promovem a organização de informações sensoriais pelo SNC. Assim, as atividades propostas ao cliente precisam promover o desafio na medida certa, não podendo ser fáceis demais para criança não ficar entediada, tão pouco difícil em demasia para não gerar estresse e ansiedade. Magalhães (2008) relata que nem sempre é possível, mas tanto no ambiente de terapia, como nas situações do dia-a-dia é de extrema relevância estar atento aos estímulos, dentre os procurados pela criança, que lhes acalmem e os que desencadeiem crises de comportamento. Uma vez identificado as atividades que tragam prazer à criança o terapeuta ocupacional é habilitado para que realize a adaptação da atividade, que consiste na modificação das tarefas conhecidas. Para Baz (2008) o desenvolvimento da IS nas crianças de 4 a 5 anos permite o desenvolvimento do esquema corporal, planejamento motor global, melhora da habilidade de discriminação sensorial e planejamento motor fino, enfatizando que esse é o período de Sociabilização da criança. Segundo Knox (2002) as atividades pertencentes às crianças de 4 a 5 anos, são as de motricidade grossa com maior nível de concentração nos objetivos ao invés do movimento, com um aumento significativo no controle motor fino que permite movimentos rápidos e com força. Fase que faz comparações com as atividades de outras crianças e orgulha-se da sua. Para Brazelton; Sparrow (2003), as crianças de 4 anos estão em constante desenvolvimento. Na linguagem são capazes de acompanhar idéias mais complexas e de conduzirem novas idéias, podendo começar a ver as recompensas de crescer, se identificando com os adultos ao redor. Para Ferland (2006), aos 4 anos a criança aceita brincadeiras com mais duas ou três ao mesmo tempo, com capacidade de esperar pela sua vez e emprestar brinquedos. Aos 5 anos o pensamento fantasioso e seu poder de explicar o mundo começam a dar lugar a experiências que abrirão caminhos para a realidade. Nesta idade o brinquedo é de grande valia, pois oferece uma forma de experimentar o pensamento desejoso, sendo uma saída para que ela cresça, se ajuste e se desenvolva. (BRAZELTON; SPARROW, 2003) O impulso pelas experiências sensoriais continua, mas já não direciona Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 262 potencialmente todas as ações que a criança desempenha em uma atividade. Neste estágio do desenvolvimento, segundo Mailloux; Burke (2002) a criança continua a procurar experiências sensoriais básicas, mas passa a incorporar atividades mais complexas. As experiências oferecidas pelas atividades que se relacionam com a integração sensorial, nesse estágio lúdico mais complexo, continuarão fornecendo uma base que será necessária em um estágio posterior da vida. Nesta fase os Sistemas Sensoriais estão “amadurecendo”. Através deles as crianças buscam experiências de várias formas, aperfeiçoando idéias sobre o que fazer e maneiras de planejar sua ação. PESQUISA O método utilizado nesta pesquisa foi o estudo de caso, realizado em todas as 14 Escolas Municipais de Educação Infantil da cidade de Lins no período de março a setembro de 2010, por meio do Protocolo de Perfil Sensorial, adaptado para que pudesse ser aplicado aos professores das crianças de 4 a 5 anos, acerca do desenvolvimento sensorial delas. Buscou-se a aplicação com todos os professores da rede municipal de ensino que atuam com alunos de 4 a 5 anos de ambos os sexos. Nos casos de licença a entrevista foi aplicada ao professor substituto. Foram entrevistados através do Protocolo Adaptado do Perfil Sensorial 43 professores, sendo solicitado a cada um que marcasse a alternativa que melhor descrevesse a freqüência com que seus alunos apresentassem os comportamentos descritos. O Protocolo adaptado utilizado foi o Perfil Sensorial de Winnie Dunn (Sensory Profile – The Psychological Corporation – 1999) cujo original tem como população alvo as crianças entre 3 a 10 anos, sendo avaliados 99 itens subdividas em: auditivo, visual, tátil, gustativo, olfativo, nível de atividade, posição do corpo, movimento e emocional/ social. É um protocolo aplicado aos pais e tem como guia de respostas: sempre, frequentemente, ocasionalmente, raramente e nunca. Por ser de aplicabilidade aos pais, optou-se pela adaptação, para que este Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 263 pudesse ser estendido a professores, uma vez que a criança passa boa parte do seu tempo dentro do ambiente escolar. Um segundo aspecto a se considerar foi o fato da pesquisa enfatizar somente os itens: auditivo, visual, tátil, gustativo, olfativo, levantando as possíveis necessidades de se estimular esses sistemas e a partir daí elaborar um manual contendo recursos terapêuticos. CARACTERÍSTICA DAS EMEI´s Tradicionalmente, as construções escolares seguem um programa de necessidades previamente estabelecidas pela Secretaria de Educação que nos dias de hoje seguem um padrão escolar inclusivo. Pode-se dizer que as escolas participantes da pesquisa seguem os parâmetros básicos de infra-estrutura para instituições de Educação Infantil, segundo Brasil (2006), com instalações adequadas e estado satisfatório de conservação, locais adaptados, amplas salas de aula, segurança necessária para a permanência da criança, sala multiuso, direcionadas ao uso de atividades diferenciadas, tais como, leitura, som, imagem, jogos ou outras propostas pedagógicas, ventilação e iluminação presentes, materiais dispostos em bancadas, armários e prateleira, com alturas acessíveis a criança, pisos lisos, porém não escorregadios, paredes aparentemente de fácil manutenção e limpeza, com cores claras e alegres, parquinho em terreno arenoso com escorregadores, balanços, gangorras, gira- gira, trepa- trepa e outros. As escolas, em sua maioria, ficam situadas na periferia de Lins, sendo algumas delas de difícil acesso. São construções recentes que atendem crianças de 3 a 6 anos, de ambos os sexos, portadores de necessidades especiais ou não. Tem seu funcionamento em dois turnos: matutino e vespertino, sendo que há crianças que permanecem um único período, assim como os que permanecem em período integral.O corpo docente das instituições é composto por Professores de Ensino Básico (PEB), considerados por terem magistério, ou por possuir ou que estejam cursando nível superior, sendo dirigido por um diretor e um vicediretor. Por todas as escolas pesquisadas se tratarem de instituições municipais Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 264 recebem auxílio da prefeitura, de transporte, alimentação, e quadro de funcionários incluindo os responsáveis pela alimentação, manutenção, limpeza, auxiliares de sala, secretário. RESULTADOS DA PESQUISA Através da pesquisa realizada por meio da aplicação do protocolo adaptado, que é dividido em cinco itens – tátil, visual, auditivo, gustativo e olfativo – e dez sub-itens relacionados a cada sistema, na faixa etária de 4 e 5 anos, No processamento auditivo 72,09%, da população pesquisada, responderam que a maioria das crianças distraem-se ou tem dificuldades em interagir se houver muito barulho ao redor, sendo que 27,91% respondem de maneira satisfatória, pois, segundo Jorge (2006) quando há o processamento auditivo significa que há habilidade a atenção seletiva do eventos sonoros. No processamento visual, esperava-se que quando questionado se a maioria de seus alunos preferiam ficar no escuro, a resposta obtida fosse de um escore inferior à 53,49%, pois embora hajam um estímulo considerado de perigo, no que se refere o escuro, Magalhães (2007) espera que não se tenha a recusa da estimulação fornecida. Nota-se que 3 sub-itens se mostraram discrepantes com relação aos demais, as respostas obtidas foram: 69,77% responderam que a maioria de seus alunos procuram sempre os mesmos sabores. Segundo Johnson (2000) quando há predileção por um determinado sabor trata-se de uma resposta gustativa inata, o que não indica que não poderá se modificar durante experimentações. Observa-se que 86,05% mastigam e/ou lambem objetos não comestíveis e 72,09% colocam objetos na boca, provavelmente devido a sensibilidade tátil da boca que Guyton (2002) afirma existir. Relacionado ao olfato 69,76% disseram que a maioria de seus alunos cheiram os alimentos antes de levá-lo a boca; 67,44% cheiram objetos não comestíveis e 69,77% referem-se incomodados com o cheiro do giz. Não houveram valores significativamente baixos no desempenho da criança, com relação ao processamento tátil. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 265 Considerando que as atividades cotidianas da criança são por meio do brincar, deve-se colocar a sua disposição – de maneira lúdica – materiais com diferentes texturas, cores, formas, cheiros ou que produzem diversos ruídos, para que a mesma os registre, e os integre, dando lhes a oportunidade de resposta. CONCLUSÃO Diante dos pressupostos levantados e analisados, associados à literatura pertinente ao assunto enfocado pode-se obter uma melhor compreensão da importância da Integração Sensorial. Por intermédio desta pesquisa realizada em todas as escolas municipais de educação infantil de Lins, a importância e possibilidade de parceria entre docentes e profissionais da saúde, no preparo de crianças em fase pré-escolar com desenvolvimento normal, para que estas possam receber, processar, organizar e responder adequadamente ao ambiente que os cercam. Assim o manual busca a elaboração de algumas atividades que pudessem ser administradas de forma prazerosa e estimulante às crianças, uma vez que a atividade fundamental nesta fase é o brincar, por meio do qual explora o ambiente experimentando novas sensações, que por sua vez permitem a Integração dos Sentidos. Notando assim que a elaboração pela Terapia Ocupacional de um manual de recursos terapêuticos para Estimulação Sensorial pode colaborar com a rede de EMEI de Lins propondo atividades que favoreçam e estimulem o desenvolvimento infantil. O trabalho realizado é considerado de grande valia, sendo que poucas literaturas sobre Integração Sensorial sugerem a parceria entre educação e saúde em Terapia Ocupacional. O tema não se finda com o este trabalho, apenas sugere a utilização da Integração Sensorial em outras áreas e com crianças em desenvolvimento normal. REFERÊNCIAS ANTONELI, R. T. Integração Sensorial. 2009, 24p. 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