Os 12 Estados do Ser

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Os 12 Estados do Ser
 Os 12 Estados do Ser Vitorino de Sousa Obra, escrita com base nos signos do zodíaco, foi publicada pela Editora Nova Fronteira, Brasil, em 1992 Nas dobras da capa da edição deste livro pela editora Nova Fronteira (Rio de Janeiro), foi impresso um texto, cuja história é interessante: durante os contactos para a publicação, quando a editora se apercebeu de que o autor era português, perguntou-­‐me se não seria possível conseguir um pequeno texto de José Saramago. Nem sequer pus a hipótese de contactar aquele escritor. Mas tive uma ideia: escrever um texto assinado por uma brasileira que designei por ... J. Sara Magos. Propus a ideia à editora, que aceitou sem reservas. Ei-­‐lo aqui: O meu amigo português Vitorino de Sousa acaba de me escrever de Lisboa, solicitando umas linhas de apresentação para seu novo livro, que é este que você tem nas mãos. Inicialmente, e talvez como ele estivesse esperando, fui tentada a dissertar sobre astrologia, matéria com a qual, desde há anos, também eu venho tentando estabelecer laços de familiaridade. Mas, de seguida, cheguei à conclusão de que seria redundante: tal tema é suficientemente tratado ao longe destes “doze estados” que o Ser pode vivenciar basicamente, dependendo da época do ano em que nasceu. Quando reparei que esta obra é a apresentação de Vitorino ao público brasileiro, achei que seria interessante desvendar um pouco sua forma de estar no mundo, já que, como escritor, os leitores terão oportunidade de formar opinião, através das páginas que ele trabalhou e que a seguir se apresentam. Nesse sentido, me ocorreu transcrever o período inicial da carta que me enviou para São Paulo, na qual parece estar presenta sua faceta geminiana (pelos vistos, Vitorino está agora no 3º Estado do Ser!), repartindo-­‐se, como lhe é natural, por atividades bastantes diversificadas: Minha querida Sara Magos: Presentemente, a minha vida decorre entre o trabalho no Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (onde tento fazer com que determinadas bactérias “comam” o cobre, o cádmio e o cromo presentes em afluentes industriais, entre o apuramento de “As quatro triplicidades” (nova obra poética de cariz astrológico), entre o estudo da astrologia, entre a construção de algumas esculturas, entre a prática quase diária da corrida a pé e entre as venturas e desventuras da minha Casa VII, a qual me empenho em restruturar conscienciosa e paulatinamente. Não posso dizer que me aborreço! Espero que o Vitorino não fique desapontado ou surpreendido com a minha decisão de levantar a ponta do véu, revelando sua pessoa. Mas, conhecendo bem sua postura uraniana, tenho certeza que vai adorar. J. Sara Magos 2 Nota introdutória à forma poética “simbiose” A primeira “simbiose” surgiu em 1979. A sua base de concepção assenta no acróstico — forma poética que onde a letra inicial da primeira palavra de cada verso, normalmente maiúscula, compõe uma palavra-­‐chave que se lê na vertical: Sobre a lisura branca do papel, Impressa por mão estranha, vão ficando Mutações transgressoras da Palavra. Bocados soltos de memória ancestral, Incompletos, onde escassamente se baseia O trabalho possível de todo o criador: Sonhar, dia e noite, a criação E reconhecer que afinal não é sua! No entanto, esta característica do acróstico não ocorre na forma “Simbiose”, embora ela contenha em si tal possibilidade. Até à data, esse potencial ainda não foi explorado, pelo que não existe nenhum exemplo que o possa ilustrar. As primeiras quinze experiências escritas sob esta forma concorreram ao Prémio Literário da Secretaria de Estado da Cultura/ Associação Portuguesa de Escritores, de 1979. O Júri desse concurso (Ana Hatherly, Alberto Pimenta e Gastão Cruz achou que aquele pequeno trabalho merecia o Prémio Revelação de Poesia. A forma poética “Simbiose” parte de uma frase — que pode ser considerada como o mote do poema total —, frase essa que depois é “quebrada” (respeitando ou não a divisão silábica de forma a que só algumas letras sejam aproveitadas para iniciar uma nova palavra. Daí a escolhida designação de “Simbiose”, já que as letras/sílabas retiradas de um contexto específico (a frase inicial/mote fundem-­‐se noutro diferente (o verso adquirindo um novo sentido. As letras/sílabas não utilizadas arrumam-­‐se então à esquerda do poema e, após um espaço em branco surge o alinhamento do verso. EM cada um desses alinhamentos destacam-­‐
se as letras/sílabas “escolhidas” para auso, imediatamente de parênteses , que tem a função de indicar o ponto a partir do qual se contacta com a nova palavra. Como exemplo, tomemos a própria palavra “simbiose”: Simbiose S im(porta que o leitor bio se(ja colaborador! 3 Neste caso, improvisado ao sabor da escrita, temos que, na palavra Simbiose, a letra S e a partícula bio são a parte não aproveitada, ao passo que im e se foram escolhidas para formar as novas palavras im(porta e se(ja, respetivamente. A chave de leitura, portanto, consiste em ler somente o bloco de versos à direita... Importa que o leitor Seja colaborador! ... desprezando as letras/Sílabas que se alinham à esquerda, as quais poderão ter, ou não, algum sentido. Neste caso, a letra S, sozinha, não assume grande importância, a menos que sugira a palavra “Sono”! No entanto, na partícula bio já é possível encontrar um significado: o de que poderá ser “saudável” para o leitor participar neste tipo de decifração, assumindo uma postura “acordada” e colaborante! Nos primeiros tempos de tratamento e exploração desta forma poética, nomeadamente no livro 1
publicado com as quinze “Simbioses”, premiadas (Arcádia Editores; Coleção Licorne, não foi utilizada qualquer diferenciação entre o tipo de letra escolhido para o mote e para o poema. Nesses primeiros trabalhos apenas o parênteses funciona como separador. Hoje me dia, graças ao nunca suficientemente louvado processador de texto do computador, foi fácil introduzir esse ”melhoramento” estético, que contribui para facilitar a leitura. Embora a estrutura básica desta forma poética se tenha mantido ao longo dos anos. Algumas variações foram testadas, a fim de explorar a sua maleabilidade. Recorrendo a uma pequena “Simbiose”, apresento alguns exemplos práticos dessas variações. Todavia, e para que sirva de “testemunha”, começo por apresenta-­‐la na forma-­‐padrão geralmente utilizada: Qual o tempo da alegria? Qual(quer maré cheia que dê a medida dos in-­‐ o te(riores; qualquer cavalgada interior, rumo ao poiso mpo da alegria (anuncia uma iniciação... atrasada se principia. ? Vejamos, então, algumas variantes, sem que o conteúdo seja alterado: 1. As letras/Sílabas não aproveitadas, que normalmente, se alinham à esquerda, podem ser omitidas, concentrando a atenção no corpo do poema: Qual o tempo da alegria? Qual(quer maré cheia que dê a medida dos in-­‐ te(riores; qualquer cavalgada interior, rumo ao poiso da alegria (anuncia uma iniciação... atrasada se principia. 2. Essas letras desprezadas podem aparecer entre parênteses, reforçando graficamente a indicação de que, em princípio, não ser integradas na interpretação: Qual o tempo da alegria? Qual(quer maré cheia que dê a medida dos in-­‐ (o) te(riores; qualquer cavalgada interior, rumo ao poiso (mpo) da alegria (anuncia uma iniciação... atrasada se principia. (?) 1
É o que lerá depois desta introdução. 4 3. O mote pode reaparecer no fim do poema Qual o tempo da alegria? Qual(quer maré cheia que dê a medida dos in-­‐ o te(riores; qualquer cavalgada interior, rumo ao poiso mpo da alegria (anuncia uma iniciação... atrasada se principia. ? Qual o tempo da alegria? Estas variantes (e muitas outras sugeridas pela intuição do escritor, podem jogar umas com as outras da forma que mais interessar ou apetecer. No poemas que a seguir se apresentam, a preferência recaiu sobre esta última variante. Esta nova forma, para onde se pode vazar o material poético, foi utilizada num outro tipo de variante possível, escolhendo para mote o primeiro verso de seis dos mais conhecidos sonetos de Camões, partindo daí para um novo poema. Evidentemente, o leitor já apreendeu o mecanismo de leitura que é necessário empregar. Logo, não é preciso muito mais. Boa leitura. Maio 1991 5 O meu reconhecimento a • Guida Fonseca, que me sugeriu a elaboração dos poemas de ligação entre cada “estado”. • Nazaré Abreu, que retirou o Oceano Atlântico entre este texto português e a editora brasileira. • Melina Li, que deu o passo decisivo para tornar possível a publicação. 6 Como um sistema de simbolismo coerente, a astrologia é um estudo intelectual dos mais fascinantes; como um sistema de adivinhação, é uma ferramenta notável para sondar a orla dos futuros acontecimentos; como fenómeno histórico, permite-­‐nos observar a mentalidade das culturas mais ou menos distantes, quer no espaço, quer no tempo. Dane Rudhyar Nascemos num dado momento, num dado lugar e temos como os vinhos célebres, as qualidades do ano que nos viu nascer. Karl G. Jung 7 Se tem conhecimentos básicos de Astrologia, vire a folha e continue a leitura; se não tem, sugiro que comece pelas “Notas finais”. 8 Estado 1 1º Signo Elemento Qualidade Regente Carneiro/Áries Fogo Cardeal (Introduz a primavera; equinócio) Marte O primeiro que aparece e vence O Pr[eza o seu ascendente sobre o Início. Por ser quem encabeça a lista, ime ir[á, isolado, chispando, contra a linha da frente. Quando conquista o que ap[onta os cornos ao Tempo, pois não tem memória. Sua glória suada, are ce[rcada de solidão, constrange. Cantá-­‐la a sós não deve! Nem apetece! e ven Ce[derá se sentir os pés peados, nem assim o ímpeto esmorece. ir[á, isolado, chispando, contra a linha da frente. Reforço da noção de destemor e valentia. O termo “chispando” denota excesso de energia e refere-­‐se à chispa da pederneira: o irromper brusco do tipo de Fogo primordial, associado a este signo. ap[onta os cornos ao Tempo Os cornos do carneiro são um símbolo de investida impetuosa. Convém lembrar que nos aríetes — antiga máquina de guerra, utilizada nos assaltos para ações de arrombamento — a zona de embate era talhada em forma de cabeça de carneiro, armada de poderosos chifres. A zona associada a este primeiro signo que dá início ao zodíaco é, precisamente, a cabeça: o “início” do corpo físico humano. Aríete 9 O primeiro que aparece e vence Eu sou o Guerreiro Obstinado. Orgulho-­‐me principalmente da minha liderança incontestada sobre o Ciclo das Estações. Estou à cabeça dos 12 Estados do Ser e comigo se abre a Grande Roda da Vida, porque o Sol entra em mim no equinócio da primavera — o momento exato em que a Natureza começa um novo ciclo. Assim sendo, creio natural o meu orgulho na relação estreita que mantenho com o início das coisas. Sozinho, sou perfeitamente capaz de afrontar desafios, pois tenho-­‐me na conta de ser a personificação da Coragem. Quando me predisponho a desbravar novos caminhos (agredindo, se preciso for), desencadeando o meu espírito pioneiro, pouco ou nada me importam as consequências dos meus atos, na medida em que me concentro apenas nos resultados que pretendo atingir. Desprezo o Passado, porque sei que não há tempo a perder. Sim, eu sei que o velho Cronos está muito arreigado a esse Passado e também ao Tempo, à Tradição, à Velhice. Mas é precisamente por causa dessas correlações, pela sua tendência para a cautela, o medo e a segurança — por ele ser aquilo a que se costuma chamar um tipo avisado —, é por isso que não lhe concedo grande estima. Reconheço que, quando vou até aos seus domínios ele me recebe sempre de forma exaltada — um gesto que eu sou incapaz de retribuir, quando se dá o caso de ser ele a vir até aos meus. Mas eu sou assim mesmo! As cortesias e as pausas para reflexão comigo não funcionam, pura e simplesmente porque eu não quero que funcionem! Outra coisa interessante é asseverar-­‐se que as minhas vitórias não terão qualquer valor — e passarão até a ser imerecidas —, se não reconhecer que devo reparti-­‐las e que devo perder o hábito de glorificar os objetivos conquistados, esquecendo os apoios oferecidos, desprezando os degraus em que me apoiei. Esquecem-­‐se de que só eu sei quanto custa ser vencedor! Enfim, julgamentos éticos de quem passa a vida a pensar! Eu preferirei sempre a ação! O curioso é que se prevê um futuro limitado de movimentos para este meu temperamento agressivo e impetuoso. Quem tal prevê baseia-­‐se na evidência da minha força e na obstinação de não parar diante de nada, para concluir que acabarei como um balão vazio. O que eu digo, para terminar esta conversa inútil é o seguinte: o meu colaborador habitual — o Deus da Guerra —, é a personificação do espírito de iniciativa, do ímpeto conquistador e do combate individual contra as forças adversárias. Portanto, desprezo solenemente quem tais opiniões expressa. Convém não esquecer que eu sou O primeiro que aparece e vence! 10 Entre o um agressivo e o dois que retém En Tre[meu o novo ciclo, em Março? Foi quando ascendeu a cria o um agress[iva, cheia de coragem, de ação, de silvos e desejos! i Vo[lteou a espada de Fogo; mas, a sós consigo, que ganharia? e o Do[madora, surge, então a Terra: acha, brisa, flores e beijos, is que ret em[bebendo, salvando a centelha que doutro modo se apagaria. Tre[meu o novo ciclo, em Março? A Natureza “treme” com as poderosas energias da terra No equinócio da primavera ascende um novo ciclo que se extinguirá no fim do inverno. Do[madora, surge, então a Terra Se o potente mas instantâneo fogo marciano não tiver a que se “agarrar”, decerto se apagará. Esse é o trabalho retentivo do signo Touro e do elemento Terra a que pertence. Regido por Vénus, acalma os instintos marcianos, canalizando o seu poder de iniciativa, não raro pouco realista, para fins práticos. 11 Estado 2 2º Signo Elemento Qualidade Regente Touro Terra Fixo (consolida a primavera) Vénus O segundo que acalma e sente O Se[mpre calmamente se encara ao espelho. Interroga e nele vê gund o [local exato de onde eclode a volúpia. Fruindo a bela função Amar, que aca[ma refinamentos. É o círculo que, aposto sobre a cruz, revê, lma e [assim retendo, dulcifica e harmoniza. Se seus valores descorar, sen te[m certo o peso da feia canga, apesar de da Beleza estar à mercê. te[m certo o peso da feia canga No corpo humano, a zona associada ao signo Touro é o pescoço e os ombros: o cachaço do animal onde se apoia a canga de trabalho. Cangas 12 O segundo que acalma e sente Eu sou o Pacificador Simpático. Reconheço que a minha colaboradora, por vezes, é vaidosa. Mas, se ela recorre ao espelho, não é para perguntar “Quem é mais bela do que eu”, mas, sim, para, olhando-­‐o pelo outro lado, tentar descobrir onde radica a voluptuosidade. Ela é a personificação da Graça, da Beleza e do Amor terreno, embora reconheça que, em alguns casos, possa ser encarada como o portal de acesso a um outro Amor, maior e mais abrangente. Colocando o círculo do Espírito sobre a cruz da matéria, claramente se visualiza a essência do meu símbolo, tão utilizado pelos movimentos feministas. Pode até ser comparado com a representação gráfica de um espelho de tocador, redondo e com pega, no qual a Beleza se mira e aprova. É certo faltar nesse símbolo a meia-­‐lua da Alma,, mas isso não impede que, serena e persistentemente, eu e ela seguremos os ímpetos do Conquistador Obstinado que nos precede, ao mesmo tempo que preparamos o caminho para a chegada dos graciosos e mutáveis pensamentos do Jovial Conversador. Se preguiçar, se me entregar aos vícios e à autoindulgência, acabando por desistir dos meus valores mais queridos, aqui declaro baixinho que decerto me ficarão a doer os ombros, como se esse ponto do corpo fosse o lugar de assento de um peso antigo, símbolo de submissão e castigo, dor e sacrifício. O meu íntimo é calmo e simples, mas sou teimoso ao ponto de estar constantemente a espalhar à minha volta a recomendação de que se embeleze a Vida. No entanto, acontece-­‐me ficar amuado, quando me acusam de me apaixonar pelo próprio Amor. Mas, que querem? Eu sou O segundo que acalma e sente 13 Entre o dois que retém e o três que pensa Ent Re[sguardada que foi pela Beleza a erupção do Fogo pioneiro, o dois que[m doará agora a noção de estudo, meditação e preferência? re tem [o dom do intelecto este Ar que, em maio/junho, é primeiro. e o Tre[mendo os nervos, agitando as mãos inquietas, é a inteligência s que pensa [e acrescenta nova ideia à formação do ser inteiro. tem [o dom do intelecto este Ar O elemento Ar corresponde à função psicológica Pensamento (C. Jung) e refere-­‐se ap lado racional e mental; á ideia e suas formas de comunicação, à respiração, locomoção, etc. Tre[mendo os nervos, agitando as mãos inquietas No corpo humano, Gémeos relaciona-­‐se com o sistema nervoso, as mãos, os braços e os pulmões. acrescenta nova ideia à formação do ser inteiro. Os 12 signos não são compartimentos estanques de 30 graus, perfazendo o círculo. O zodíaco deveria ser encarado como uma sequência de 12 passos evolutivos, onde cada um acrescenta algo ao passo anterior, pois nada é estático ou absoluto. 14 Estado 3 3º Signo Elemento Qualidade Regente Gémeos ar Mutável (anuncia a estação seguinte: verão) Mercúrio O terceiro que sopra e pensa O t Er[guendo-­‐se bem lá no alto da escala dos Elementos, este jovem herói cei ro[dopia quando lhe falta a raiz; se não comunica descrê do que faz! Que[rido é entre os Deuses. Mas, se por eles voa, é na Terra que doi-­‐ sop ra [quem, apesar do raso plano dela, devagar vai ascendendo à Paz: e pen sá[bio que a dor entende e, por focagem da visão, sua mente reconstrói. se por eles voa Mercúrio (Hermes, na mitologia grega) dispunha de um capacete e de sandálias aladas, para mais facilmente cumprir as tarefas que lhe competiam como Mensageiro dos Deuses. 15 O terceiro que sopra e pensa Eu sou o Jovial Conversador. É reconhecida a minha irrequietude e instabilidade. Movido pela curiosidade intelectual, é comum verem-­‐me a borboletear sem descanso entre temas e conceitos, entre um lugar e outro, depenicando os vários sabores culturais, não raro evidenciando alguma dificuldade em me fixar. Se não posso, ou não me deixam, explicitar o fruto dos meus pensamentos e o resultado das minhas análises, descreio do que penso fazer. Mas se dão azo a que sopre sem referência a uma estrutura, sou capaz de conduzir à demência. Na verdade, dificilmente se pode mudar a realidade, mas pode fazer-­‐se um esforço no sentido de alterar a forma como ela é encarada e percebida. Amiúde, esse ajuste do relacionamento com aquilo que os olhos leem, é feito durante a “convalescença” das provações que levam o indivíduo a confrontar-­‐se consigo mesmo: ao rever o seu comportamento, amadurece e reconstrói, com novos materiais, a base onde assentará a renovada configuração personal. Somos nós, eu e o meu colaborador, Mensageiro dos Deuses, (muito estimado porque dispõe de capacete e sandálias com asas, para cumprir rapidamente a vontade de Zeus), que proporcionamos essa capacidade. Guardo-­‐lhe imensa estima e amizade porque, entre outras façanhas, a sua habilidade manual levou-­‐o a construir a lira de Apolo, cujos acordes são um dos prazeres do Olimpo. Muito me confrange ver quando alguém o subestima, porque o Homem é um ser onde o irracional está escondido, ou, se não está, manifesta-­‐se de uma forma compulsiva, como que à revelia do consciente. No entanto, como entidade espiritual em evolução, esse mesmo Homem trás consigo a capacidade de evoluir e elevar-­‐se. Embora situados em patamares diversos, todos os seres humanos têm pela frente o interminável Futuro, guardião da Harmonia. Portanto, quem, ao percorrer a Espiral Evolutiva, esteja já em condições de almejar a Paz, sabe, por cada dor que integra, de quanto ele é capaz. Eu integro-­‐o e sou O terceiro que sopra e pensa 16 Entre o três que pensa e o quatro que protege En Tr[atámos do intelecto, do Pensamento; sente-­‐se a falta da emoção. e o t Re[tenhamos então o Ar e tomemos, da Água fecunda, o Sentimento. s que Pensa[dor que não integre a chegada desta profunda dimensão e o qu a[rrisca-­‐se a ser os frios labirintos racionais, que a cada momento tro que protege [enquanto rejeita a ternura, o carinho e a compaixão! sente-­‐se a falta da emoção Já abordámos o Fogo (Carneiro), a Terra (Touro) e o Ar (Gémeos). Para a primeira sequência de elementos falta um signo de Água: Caranguejo. tomemos, da Água fecunda, o Sentimento O Sentimento (função psicológica de C Jung), a par com a sensibilidade, a emoção, a dependência, a capacidade de paixão, a dádiva e a proteção são os atributos principais do elemento Água. Bem como a nutrição. De notar que Caranguejo rege os seios e o estômago. 17 Estado 4 4º Signo Elemento Qualidade Regente Caranguejo Água Cardeal (Introduz o verão; solstício) Lua O quarto que protege e sente O Qu[em pode dispensar o lugar de saciedade que costumamos ar to[mar ao peito, como sendo a Mãe que algures se inventa? que p Ro[sto inconsciente da Porta/Fundo por onde entramos... te Ge[ra vida esta prata, que à noite espreita entre os ramos. e sen Te[m mistério e intuição... anda de lado, serve e amamenta! esta prata, que à noite espreita entre os ramos Referência à prata, enquanto metal, e ao luar, enquanto luz da lua, que rege este signo. 18 O quarto que protege e sente Eu sou a Mãe Dedicada. Simbolizo a ancestralidade e as raízes, a “Porta” por onde se entra para esta vida. Ninguém pode nascer sem mim: útero receptivo que alimenta e resguarda. Embora, enquanto astro, seja um satélite “morto”, represento a Maternidade a o Inconsciente, por ser a luz da noite que ilumina o escuro, a face inacessível da psique. Sou quem, feminina, se compreende através do desejo de nutrir e proteger. Sou a necessidade que têm de mim. Por isso gosto de falar pouco; prefiro passar desapercebida, disfarçar-­‐me aqui no masculino e ser apenas O quarto que protege e sente 19 Entre o quarto que protege e o quinto que domina Entre[tanto, sai a primeira Água e volta o Fogo, brilhando, o qua tro[ando continuamente, desde a generosa e rubra origem. que Pro[mete muito este que cria, procria e se recreia, criando tege e o cí[rculo fechado que poderá cair na ambição e na vertigem. nco que Domina[dor comum dos 12, bate em quem se vai reformulando. Domina[dor comum dos 12 O sol astrológico é regente apenas de Leão. Mas, como fonte de vitalidade, está presente em todos aqueles que nascem para evoluir neste planeta. Associados a Leão estão os olhos (através dos quais apercebemos a luz) e o coração (cujos batimentos garantem o elo de ligação à vida). 20 Estado 5 5º Signo Elemento Qualidade Regente Leão Fogo Fixo (consolida o verão) Sol O quinto que domina e quer O Qu[anta revelação, Senhor, se sente e dissemina por sua vontade! into Qu[anto pode a luz interna sempre que este Rei predomina, e do mi[tigando a dura treva em cujo dentro não vibra a claridade! na E[ntronizado, armado de cetro e manto, olha à volta e fascina. qu Er[ra, no entanto, se nasceu aflito, quando escorrega na vaidade. se nasceu aflito Na Astrologia, quando um astro está mal ligado a outro em termos angulares (quando, por exemplo, estão separados por 90 graus), diz-­‐se que está “aflito”. Esta condição favorece a experiência dos seus atributos negativos. No caso do sol um deles é a vaidade. 21 O quinto que domina e quer Eu sou o Criador Ambicioso. Sou quem aviva, anima e, como Estado do Ser, julga que não pára de brilhar. Encarado pelo ângulo do meu real e brilhante colaborador — o sol, símbolo da identidade —, dou sinal dentro de cada um e, por isso, reconhecidamente se apelidam de Centelha Divina. Querem com isto dizer que sou o promotor daquela ideia de que, para conhecer Deus, basta que os mortais se autoconheçam. Uma vez dito aceite, revela-­‐se a evidência de que cada ser humano se constitui numa célula de um organismo mais amplo, que ultrapassa, em grandeza e complexidade, um ser vivo chamado Universo. Mesmo que os seus altos desígnios pareçam insondáveis (porque a humanidade não compreende os ciclos que lhe são inerentes), importa respeitá-­‐los desempenhando o melhor possível o papel que, desta vez, a cada um coube neste teatro cósmico. Não admira que se veja em mim um rei. O meu ardente desejo é fazer luz onde só existam trevas. Contudo, embora essas trevas esperem sempre pelo dia que altere a sua condição, não posso dar-­‐me ao luxo de as eliminar definitivamente, pois são imprescindíveis para que melhor me reconheçam e apreciem. Enfim, sempre a velha questão da polaridade. Tenho orgulho, muito orgulho mesmo, na minha função, pois é evidente que, sem mim, nada existiria. Seria bom que a humanidade pudesse interiorizar o que ficou dito, para que lhe fosse possível subscrever esta breve, mas real, declaração. Estou em crer que a sabedoria fá-­‐lo-­‐ia prudente e avisado como, no melhor dos casos, faz àquele que é O quinto que domina e quer 22 Entre o quinto que domina e o sexto que analisa Entre O [Fogo, embora coroado, cede o lugar à Terra. Esta, segunda, é a areia cinco qu[e procura, porque também é trigo, transformar o trabalho em pão. É domi[cílio de quem, juntamente com os peixes, compôs a Santa Ceia. na É o se[xto passo que, talvez por estar no meio, mergulha em confusão, is que analisa[ndo e refletindo sobre as rugas que, na mente, mais receia. Esta, segunda, é a areia Se a Terra de Touro era a florida de Maio, a de Virgem é a areia: solo miudinho, lavado, bem ao gosto virginiano. transformar o trabalho em pão Estamos no outono. É tempo de colheitas, de vindimas, de ceifas. com os peixes, compôs a Santa Ceia Segundo os registos bíblicos, Jesus multiplicou o pão (trigo/Virgem) e os peixes (Peixes), seu oposto zodiacal: o eixo do Cristianismo. refletindo sobre as rugas que, na mente, mais receia Virgem preocupa-­‐se com a alimentação, o asseio e, no nível psicológico, com a perfeição e coma confissão, como resultado das autoanálise. 23 Estado 6 6º Signo Elemento Qualidade Regente Virgem Terra Mutável (anuncia a estação seguinte: outono) Mercúrio O sexto que analisa e recolhe O sex To[me-­‐se, com a palma em cocha, a areia, 2ª Terra: postura que aná[loga àquela ceifeira que, de pé, na mão segura uma espiga. li Sa[nta, com mar por radical, é tida por imaculada e pura. E[m ordem tenta pôr, este tipo, a mente preocupada. Liga-­‐ reco lhe [como cumpre: a fundo! Mas a si mesmo se censura: ceifeira que, de pé, na mão segura uma espiga Este signo é representado por uma gentil e virginal figura feminina, que, candidamente, segura um molho de espigas de trigo. Sa[nta, com mar por radical A Virgem Mar/ia Liga-­‐lhe [como cumpre: a fundo! Preocupa-­‐se com a sua saúde mental, tal como encara a ajuda a terceiros e o trabalho rotineiro: com eficiência e sentido do dever. 24 O sexto que analisa e recolhe Eu sou o Colecionador Hipocondríaco. Das três Terras escolhi a areia. Esta opção está perfeitamente correta, creio, na medida em que do outro lado está o Oceano. O meu parceiro sempre tem sido o Mensageiro Alado, entidade já apresentada pelo Jovial Conversador. Por isso, é sabida a forma como ele privilegia a mente. Esta, aplicada à matéria básica do corpo, gera em mim uma predileção pela minúcia e uma notável capacidade de atender aos detalhes. Durante dois milénios complementei como pude a Era Pisciana que à humanidade foi dada viver, cuja é a que, neste final de século, se afasta e o vai abandonando lentamente. Não estou triste em face deste declínio, porque ele é aparente: num ciclo que fatalmente acabará por se fechar, todos os passos são igualmente importantes. Com ordem e modéstia, continuarei a minha vocação para cumprir tarefas enfadonhas e aprofundar o conhecimento, demarcando-­‐me, assim, de O Terceiro que Sopra e Pensa, o tal que, querendo saber só por saber, nunca sabe onde se fixar. Humildemente, eu sou O sexto que analisa e recolhe 25 Entre o sexto que analisa e o sétimo que acasala Ent Re[ressa o Ar, desta vez com mitra, após aquela pura Terra o seis que [encerrou, em exame e confissão, o hemiciclo pessoal. a Na [Roda, este Ar equilibra porque se opõe ao Fogo que berra, lisa e o se[meando a ideia de que algures existe um outro, que é igual. te que Acasala[dos, já em parceria, vede como vão, banindo a guerra. Re[ressa o Ar, desta vez com mitra Balança é um signo cardeal. o hemiciclo pessoal Encarando o zodíaco como doze passos evolutivos, os primeiros seis, e Carneiro a Virgem, são considerados de “formação pessoal”. É só a partir de Balança, signo das parcerias, que se começa a repartir. Na [Roda, este Ar equilibra porque se opõe ao Fogo que berra, No zodíaco, Balança e Carneiro são opostos complementares. 26 Estado 7 7º Signo Elemento Qualidade Regente Balança/Libra Ar Cardeal (introduz o outono; equinócio) Vénus O sétimo que julga e acasala O Se [cinco gomos vão daqui à funda câmara abissal do afundamento, timo que [equilíbrios se farão? Casando no ponto onde o Sol se esconde, jul ga[lga, esta dama, os altos muros de quem vive em triste isolamento. e A[r de Outono, ameno, mas onde ao dedo ereto, acusador, responde cas a lâ[mina e o austero olho vendado do grave e soturno julgamento. cinco gomos vão daqui à funda câmara abissal do afundamento Partindo de Balança, faltam cinco signos para chegar a Peixes, símbolo do oceano, “fim” do zodíaco. ga[lga, esta dama, os altos muros de quem vive em triste isolamento. Os relacionamentos põem em causa quem é individualista, ou seja, Carneiro. a lâ[mina e o austero olho vendado do grave e soturno julgamento. Imagem da Justiça (Saturno exaltado em Balança): figura feminina de olhos vendados, segurando uma balança e empunhando uma espada 27 O sétimo que julga e acasala Eu sou o Diplomata Cortês. De onde estou colocado na Roda da Vida conto cinco passos, cinco degraus, cinco gomos, cinco etapas, para atingir o fim aparente, o lugar onde tudo recomeça: o oceano sem barreiras, onde, segundo dizem, o processo se iniciou, onde tudo se dissolve e através do qual continuará a penetrar a luz, para que a matéria se fecunde e o ciclo se renove. Com a ajuda da minha colaboradora (que os mortais ainda hoje apreciam numa estátua mutilada), sou quem introduz o Romance, a Beleza, quem ama, canta e dança, mas também quem julga e impõe a ordem, já que a tendência é para a busca do equilíbrio possível, como acontece, por exemplo, entre o dia e a noite na data em que, durante cerca de 30 dias, os seres terrenos nascem sob os meus auspícios. O sol vai brilhando durante o dia; depois, descendendo, toca no horizonte e afunda-­‐se, “escondendo-­‐se”. Eu represento essa ponto em que se concentra a noção fundamental de cada ser não estar isolado, da existência do seu complemento. Esta ideia básica não só preside ao tópico do relacionamento, como indica que, a partir de mim, a individualidade deve “esconder-­‐se”, para que a evolução seja possível e mais uma passagem pela Terra não se perca. Eu sou O sétimo que julga e acasala 28 Entre o sete que acasala o oito que deseja Entre(mos, sustendo o Ar, nesta funda Água: — antro da Serpente, o Sete que [melhor tenta quem, formando par, se posta frente e frente — Acasala[dos, sim, mas, porque ainda não fundidos, desconfiados! e o Oi[çamos pois a força oculta, poderosa, obsessiva, dura e repelente, to que deseja [e envenena, mas regenera e renasce matando rente. envenena, mas regenera e renasce matando rente. Escorpião representa a ressurreição após a passagem pelo “inferno”, o renascer das próprias cinzas. 29 Estado 8 8º Signo Elemento Qualidade Regente Escorpião Água Fixo (consolida o outono) Plutão O oitavo que deseja e transfigura O [poder é agudo na segunda Água, que nasce entre o mal e o bem! oita Vó[rtice sensitivo, tem um desejo áspero que a vingança mina. que Des[prezado, põe no olhar as velhas agulhas que no fosso retém! eja e Tra[z, na máscara posta, a invisível ameaça da cruel frieza fria: — nsfigu Ra[soira que, quando afiada, dilacera... Mas um ovo sobrevém. O [poder é agudo na segunda Água, que nasce entre o mal e o bem! Escorpião é um signo de extremos, capaz de ser radical, violento e excessivo. Evita o caminho do meio. Vó[rtice sensitivo O seu carácter altamente emotivo, atinge o reino dos desejos compulsivos. Ra[soira que, quando afiada, dilacera... Mas um ovo sobrevém. É preciso extirpar os “podres” para que um “ovo”, como promessa de algo novo, possa surgir. 30 O oitavo que deseja e transfigura Eu sou o Expurgador Oculto. O meu poder, porque agudo, é desintegrador. Represento a segunda água, a qual fixa na memória o breu do fundo do poço, comum à Humanidade. Mas também sou a energia ebuliente, que de lá erradica velhos padrões, transformando a superfície supostamente polida do comportamento, num borbulhar de espuma fétida, que é imperioso reconhecer para que possa ser removida. Para bem lidar comigo imponho que não se resista à mudança: em todos os nascimentos é preciso descontrair, não oferecer resistência. Imponho o abandono dos métodos negativos de relacionamento, baseados no ciúme, na possessividade, na manipulação, na culpa, para que se possa evitar a violência e o retraimento. Imponho a alteração da prática da sexualidade baseada no controlo, e no seu uso como forma de combater o isolamento. Imponho o reconhecimento de que são destrutivos todos os vínculos impeditivos do autodesenvolvimento, pois é possível, e desejável, desenvolver relacionamentos em que cada um deixa espaço para uma plena autoexpressão do outro. Eu sou a energia que permite à humanidade trabalhar a sua estrutura psíquica, tendo em vista o abandono de ultrapassados modelos de comportamento. Eu sou quem diz que, quando algo termina, jamais pode ser recriado como era antes, seja a vida de um indivíduo, um estado de consciência, um sentimento, um relacionamento, uma sociedade. A vida existe e existirá sempre, mas deve renovar-­‐se nas suas formas, pois o que fica velho ou acaba não pode jamais ser repetido, porque mudou a qualidade interior. Há quem veja em mim uma moeda com uma serpente e uma águia, gravadas cada qual em sua face. A serpente significaria, despotismo, morte, destruição e crueldade; a águia (em que posso transformar-­‐se, bastando que se providenciem asas), veicularia ressurreição, vida, renascimento. Sou eu quem preenche a Vida, pois ela é composta por inumeráveis mortes e respetivas regenerações, raramente se considerando que aquela que é tida por derradeira, e que tanto apoquenta os mortais, acaba por ser a que menos importa, já que se trata apenas de uma passagem. Talvez devido ao uso de uma máscara que me torna invisível, fui o último a ser descoberto no sistema solar. Ao representar as trevas, fecho-­‐o, opondo-­‐me ao Princípio Propagador da Luz. É quase desnecessário apresentar-­‐me — quem não conhece os Guardião das Trevas? —, mas sempre fica dito, de uma vez por todas, que, por ser aquele que faz “convites” irrecusáveis, eu sou O oitavo que deseja e transfigura 31 Entre o oito que deseja e o nove que expande Ent Re[cordemos que o 8 é o Infinito que até ao Tudo se estende, o oito que desejá[mos conhecer admirando só o que no céu se via. e o n O [que sabemos afinal? Que só após mudanças se compreende ve qu[anto um ou outro triste encerramento traz consigo a alegria! e exp Ande[mos então agora com quem para o alto aponta e tende. 8 é o Infinito que até ao Tudo se estende A forma do algarismo 8, noutra posição (∞), é o símbolo matemático de “infinito”. Os mistérios insondáveis da sua abordagem associam-­‐se ao silêncio e ao secretismo de Escorpião, 8º signo. que desejá[mos conhecer admirando só o que no céu se via Os nossos antepassados criaram a Astronomia/Astrologia observando o céu e os fenómenos cíclicos que nele ocorriam. um ou outro triste encerramento traz consigo a alegria Uma crise dolorosa poderá revelar-­‐se como um fator de renovação. Sagitário é quem procura e atribui um significado abrangente a tudo o que acontece. Ande[mos então agora com quem para o alto aponta e tende Sagitário, o centauro arqueiro, aponta a seta para o alto, marcando o rumo e religando, simbolicamente, a humanidade às suas origens mais longínquas. 32 Estado 9 9º Signo Elemento Qualidade Regente Sagitário Fogo Mutável (anuncia a estação seguinte: inverno) Júpiter O nono que expande e compreende O No[ves fora, e o nada prevalece! Por ser coluna de Fogo e casa da Fé, no que [bem dá a mão ao Terceiro que Sopra e Pensa! É o atirador exp an[tigo apontando ao subido alvo. Este alegre e generoso gigante é de e com[lexo dilatador da sorte, mas lente frustrante se foca a dor! reend E[nfim, é o farol significante que faz expandir sem que se perca o pé. No[ves fora, e o nada prevalece Sagitário, o 9º signo. Sem o que ele simboliza, nada existe. que [bem dá a mão ao Terceiro que Sopra e Pensa Na roda zodiacal, Sagitário e Gémeos são opostos complementares. Este alegre e generoso gigante Se, na Astronomia, Júpiter é o planeta com maior volume, em Astrologia onde ele toca, expande. é o farol significante Porque “irradia luz sinalizadora” (fé, otimismo, alegria), orienta o humanidade na busca da melhor “rota” para o crescimento. 33 O nono que expande e compreende Eu sou o Arqueiro Viajante. “Noves fora e o nada prevalece”. Sim, é verdade. Qualquer ser inteligente que não se esforce por atribuir um significado ao que vai acontecendo (poderia dizer: a tudo o que para si atrai), mais cedo ou mais tarde concluirá que a sua vida não faz sentido. Eu sou o conhecimento superior, sou quem promove o alargamento das fronteiras — e não escondo a minha preferência por aquelas que limitam os humanos interiormente. Gosto de especular e de me entregar à Filosofia. Nesse sentido, sou quem digere e assimila toda a informação adquirida pelo meu oposto complementar — O Jovial Conversador —, a já citada borboleta que tudo quer saber e armazena... mesmo que seja mentira! Mas eu compreendo porque sou benevolente e tolerante. O meu temperamento é protetor e costumo distribuir abundância e recompensas. Há quem diga que sou uma espécie de lente ampliadora, na medida em que a minha natureza tende a tudo dilatar. Sou bem disposto e há até quem refira que posso comparar-­‐me à cenoura pendurada na ponta da vara, oscilando à frente da cabeça do burro! Bom... Eu sou O nono que expande e compreende 34 Entre o nove que expande e o dez que acautela En Tre[mélica já o Fogo do nono! Pisemos então a Terra principal, o no[tável rede de trabalho e paciência, de castigo e privação, ve que exp[rimindo o Eu como quem cresce justapondo pedra e cal! ande É o de[cano da secura; e se parece que jamais teve coração, z que a cautela [ele aconselha. E quando mete medo não é por mal! Tre[mélica já o Fogo do nono! Pisemos então a Terra principal Sagitário, já abordado, fica para trás, e o seu fogo como que se apaga. Segue-­‐se-­‐lhe Capricórnio, signo cardeal do elemento Terra. justapondo pedra e cal Alusão á rigidez estrutural de Saturno, símbolo da consolidação das linhas mestras da personalidade individual. E quando mete medo não é por mal O medo é um atributo de Saturno. A sua exteriorização é um sintoma de constrangimento. 35 Estado 10 10º Signo Elemento Qualidade Regente Capricórnio Terra Cardeal (introduz o inverno; solstício) Saturno O décimo que organiza e acautela O De[certo ninguém nega o seu domínio desde o pico da montanha! cimo Que[do, mas atento aos risíveis erros do Homem, vai pondo Or[dem na Terra azeite nas candeias e fio na sua foice estranha. gani Za[ngado parece quando, mordendo, se transforma em medo redondo: e acau tela [onde se adivinha o ouro que só com o Tempo se desentranha. o seu domínio desde o pico da montanha A montanha, pesada e estática, é o símbolo de Capricórnio. azeite nas candeias e fio na sua foice estranha Saturno pode ser representado por um velho segurando uma candeia e/ou uma foice. A luz da candeia simboliza a Sabedoria adquirida com a experiência (Saturno positivo); a foice representa limitação, frustração, negação e perda (Saturno negativo). tela [onde se adivinha o ouro que só com o Tempo se desentranha Em alquimia, o material base de trabalho (chumbo) chamava-­‐se Saturno, o qual era suposto ser transformado em ouro, ao mesmo tempo que o próprio alquimista se autotransformava e evoluia. 36 O décimo que organiza e acautela Eu sou o Pai Austero. É muito fácil aperceberem-­‐se de mim, já que pareço pesar como chumbo e dominar sobre todos. Estou quedo porque sou velho como o Tempo. Mas permaneço atento aos ajustes que em vós vão ficando por fazer, porque o meu saber de experiência feito ajuda-­‐me a cumprir a eterna tarefa de vos ensinar. Tenho o poder de impor e ordenar, porque o Caos está em baixo e não em cima. Ou ainda não vos apercebestes de que Cosmos quer dizer Ordem? Cuidais que se alimento uma candeia é porque me falta a luz ou os meus olhos se vão recolhendo? Desiludi-­‐vos, pois sois vós que não a vedes! Se afio a inapelável foice, é porque nenhum erro ficará sem a devida correção... Alguns já disso se aperceberam! E atentai que se me entendem como o arquétipo do medo, não é senão porque, como seres condenados ao Tempo e à Morte, vós renunciais justamente àquilo que poderia colmatar as frustrações que vos atormentam. Tendes medo e, depois, dizem que sou eu que vo-­‐lo faço! Desfazei-­‐vos da Sombra com que obnubilais a Luz e vereis finalmente o meu esplendor... Escuso de dizer quem sou! 37 Entre o dez que acautela e o onze que desperta Ent Re[to é afirmar-­‐se que é aqui que se respira o ar do Aguadeiro, o de[ixando ficar para trás o pétreo osso frio que o Tempo desacelera. z que Aca[so se percebe bem como é livre este que, após o 10º, é primeiro? utela E o on[dear inesperado e curto que propõe? Iluminada pela Nova Era, ze que Desperta [está a mente que, num repente, intuiu já o seu roteiro! o ar do Aguadeiro Aquário, signo de Ar, é representado por um aguadeiro portando um ânfora de onde jorra a “água” que, depois da “secura” de Capricórnio, matará a sede humana de liberdade, renovação e conhecimento. pétreo osso frio que o Tempo desacelera Referência a Saturno, um lento e invernal “osso duro de roer”! Iluminada pela Nova Era Neste fim de século vive-­‐se a transição da Era de Peixes para a de Aquário. 38 Estado 11 11º Signo Elemento Qualidade Regente Aquário Ar Fixo (consolida o inverno) Urano O décimo primeiro que inventa e desperta O De[sde agora vamos vivendo a Era do guardião do Alto Ar rarefeito! cimo Primeiro [é em intuição. Mas, se de roxo a azul não se virar a cor, que [será dos 2000 anos que para nós correm sem esperar? De que jeito inv ent[oaremos, nesta vez, o som evolutivo? Que inusitado ardor a e desperta[rá em mim e em ti? Finalmente, abrir-­‐se-­‐á o nosso peito? se de roxo a azul não se virar a cor O roxo é a cor de Peixes, associado à Era que termina; azul é a cor de Aquário, a Era que começa. que [será dos 2000 anos que para nós correm sem esperar? Cada Era astrológica vigora por cerca de 2.160 39 O décimo primeiro que inventa e desperta Eu sou o Aguadeiro Altruísta. Da minha ânfora se derrama o fluido capaz de matar a sede de Conhecimento. Foi ao meu senhor, Urano, enquanto esposo de Geia, que os Poetas antigos atribuíram a grave tarefa de criar o Universo. É certo que acabou destronado devido a sangrentas questões familiares e, mais tarde, foi subalternizado porque outra concepção, a dos Pescadores, se espalhou. Mas — ó céus! —, ele continua a ser o relâmpado que rasga o horizonte! Àqueles que, corajosamente, forem capazes de olhar esse ponto, será revelado o quanto, afinal, ele é tão mais amplo. Embora a sua relação com os meus domínios dure apenas há pouco mais de 200 anos, creio que já estamos definitivamente ligados. Apesar de poder afirmar que sou o Décimo Primeiro que Inventa e Desperta, ouçamos o que ele tem para dizer: — Eu sou Urano, a Grande Mente, o Guardador do Plano. O meu poder acorda a consciência superior: quem por ela é tocado sofre o divino descontentamento de sentir que a sua vida não presta ou é insuficiente. Deste modo promovo a mudança. Eu sou o poder criativo do Espírito Universal, a força que, em relances de penetração intuitiva, se manifesta em mudanças súbitas do padrão de vida, no rápido florescimento de novas ideias e de concepções originais. Quem comigo sintoniza parte em busca de excitação e novas descobertas, pois faço apelo à liberdade, através da afirmação do indivíduo. Eu sou a “Voz de Deus” que percorre o éter, estendendo o arejamento para além das barreiras do Espaço e do Tempo. Rasgo a consciência e descubro o que virá iluminar as sociedades. Desprezo o que é incómodo e limitador, e inculco um apelo irresistível para que se mude tudo o que seja intransigente ou ultrapassado. Aqueles que aceitam a minha ação, rapidamente cortam com o que não é essencial. Em condições menos favoráveis conduzo a posições extremistas nas atitudes e opiniões, ao fanatismo, ao desprezo pela Tradição e à teimosia inabalável. Eu sou o Grande Libertador, e gosto de me disfarçar de acaso. Posso promover revoluções (no final do século XVIII a humanidade consciencializou essa força) e a minha influência está agora a crescer imparavelmente. Quando o meu neto — o Portador do Tridente —, se afastar de vez, disporei eu da humanidade por dois milénios, para a submeter a experiências inovadoras. Calo-­‐me agora porque prefiro a surpresa ... E se não perceberam, intuam”! O décimo primeiro que inventa e desperta 40 Entre o onze que desperta e o doze que dissolve en Tre[me o Ser perante o chão escorregadio deste oculto Paço o onze que [se aproxima, subindo do reino abissal da última Água. Desp[iremos lá, ficando nus, esta vida — tempo afinal tão escasso. erta e o Do [seu seio emergirá o precioso quociente. E o resto, será mágoa? ze que Dissolve[r o pó e regressar é a lição contida no seguinte passo. o chão escorregadio deste oculto Paço O signo de Peixes e o perigo da sua típica “névoa” à frente dos olhos, que promove a ilusão. Desp[iremos lá, ficando nus Com a morte física, perde-­‐se tudo o que é material. o precioso quociente ... menos a marca espiritual das aquisições definitivas. Dissolve[r o pó e regressar Referência á lei da reencarnação 41 Estado 12 12º Signo Elemento Qualidade Regente Peixes Água Mutável (anuncia a estação seguinte: primavera) Neptuno O décimo segundo que perdoa e dissolve O De[scendo é que se fecha o círculo! Ao do Tridente demos a mão, cimo segu[rando na Memória a paz e a alegria do suspiro conclusivo. ndo Que [pode o Espírito desta cerebral criatura que somos, senão per doa[r a sua rica essência ao Grande Dono da Cadinho Criativo? e dissol Ve[ndamos, pois, os olhos com as pálpebras e passemos o Portão! Ao do Tridente demos a mão Neptuno — o deus dos mares —, usava um tridente como símbolo do seu poder. segu[rando na Memória a paz e a alegria do suspiro conclusivo Seria conveniente e aprazível soltar o último suspiro em paz, sentindo comoção; não de al mas de repouso merecido. doa[r a sua rica essência ao Grande Dono da Cadinho Criativo Voltar ao “local de origem”, não deixando “raízes” neste planeta. Ve[ndamos, pois, os olhos com as pálpebras e passemos o Portão! Fechar os olhos (morrer, ou seja, mudar de estado) e cruzar o portal de acesso a outra dimensão. 42 O décimo segundo que perdoa e dissolve Eu sou o Inspirado Missionário. Sou quem perturba e assusta devido à neblina com que esbato os contornos, à falta de clareza e à sensação de encantamento que promovo. Comigo andam a decepção e a ingenuidade, o autossacrifício, o idealismo, a distorção da realidade e a fantasia. O meu reino é o das profundezas do mar, onde tudo é ambíguo e sem barreiras, onde as formas se misturam e confundem. Perante a fealdade do quotidiano, quem quer que me identifique é tentado a refugiar-­‐se no mundo dos sonhos e das visões. Eu sou o anseio religioso de retornar à Fonte Primordial da Vida. No entanto, infiltro a profunda sabedoria interior de que a alma humana, o divino e todas as formas de vida estão interligadas. Quem me venera anseia por paz e amor, e procura a salvação por meios divinos, destruindo a ênfase consciente no lado material da vida, de modo a que essa sensação possa ser vivenciada. Ao longo destes doze passos, dos quais eu sou o último, é suposto uma criatura nascer e completar-­‐se. Depois de ter passado pelo triplo Fogo (o Breve, o Constante e o Boreal), pelo triplo Ar (o Racional, o Equilibrado e o Intuitivo), a tripla Terra (a Primaveril, a Crítica e a Fria) e por dois tipos de Água dissemelhantes (a Uterina e a Pantanosa), essa entidade chega a mim e mergulha na última Água (a Dissolvente), a do sonho e da compaixão, do sacrifício e do perdão, da inspiração e do Amor Maior. Deverá largar o lastro da discriminação, tudo integrar e amar a Totalidade. Mas como no reverso da minha medalha se inscrevem as atitudes evasivas, a ilusão, a irresponsabilidade e a apetência por paraísos artificiais, é inevitável que esse ciclo individual se tenha fechado de forma inconveniente. Assim, é imperioso recomeçar. Impõe-­‐se abandonar o invólucro material, partir para outras paragens e aguardar por nova vez. Independentemente da época do ano em venha a presidir ao novo nascimento, o ciclo recomeçará do princípio, mas não partindo do zero em termos de evolução. As passagens acumular-­‐se-­‐ão até conclusão satisfatória. Então, já nada haverá para fazer aqui. Para as entidades que chegam, por cá evoluem e, inevitavelmente, partem para de novo regressar, eu sou O décimo segundo que perdoa e dissolve 43 Entre o doze que dissolve e o um agressivo En Tr[ata já a velha criatura de somar e fazer a média derradeira, e o doze que [revela se afinal houve cumprimento ou dissolvência, diss olv[ido ou consciência. Se a vida lhe foi como outra vez não queira — e e o um ag[ora não, mas quando for —, retornará com renovada competência. ressi Vo[ltará ascendendo pelo Fogo. Mas diferente, de outra maneira! Vo[ltará ascendendo pelo Fogo Voltará a nascer no primeiro passo do ciclo zodiacal, entendido como doze passos evolutivos. Ora o primeiro passo desse ciclo está associado a Carneiro, signo de Fogo. 44 Notas finais 45 A Mitologia Entre os Gregos, não vigorava a ideia de que tivessem sido os deuses a criar o Universo; antes pelo contrário, estavam convencidos de que fora o Universo que os criara. Assim, tudo teria começado quando surgiram o Céu (Urano) e a Terra (Geia ou Gaia), as entidades conhecidas como os pais primordiais. A eles se seguiram os seus filhos, os Titãs — dos quais Cronos (Saturno) acabou por ser o mais célebre —, e, finalmente, os seus netos (os deuses) com toda a sua descendência. A mitologia grega é maioritariamente constituída por histórias de deuses e deusas, as quais não devem ser consideradas como fazendo parte da religião grega; todas essas entidades pretendem ser apenas uma mera explicação da forma como tudo foi surgindo no Universo. Por exemplo, o relâmpago e o trovão ocorrem sempre que Zeus (Júpiter), irritado, faz uso do seu raio. Portanto, as histórias mitológicas assemelham-­‐se a uma espécie de ciência primitiva, fruto da primeira tentativa, feita pela humanidade, no sentido de interpretar o mundo que o rodeava. Os escritores e poetas gregos, autores de mitos, empenharam-­‐se em transformar um mundo cheio de medos e receios num outro completamente diferente, onde imperava a Beleza. As entidades a que chamamos deuses foram moldadas à sua imagem e semelhança, o que não acontecera noutras civilizações anteriores à grega. Na verdade, os deuses dessas culturas não se pareciam com os seres humanos. No Egito, por exemplo, lidava-­‐se com o colosso imóvel da Esfinge ou com a figura de uma mulher com cabeça de gato, sugerindo a crueldade. Na Mesopotâmia, baixos-­‐relevos representavam formas animalescas: homens com cabeça de ave, leões com cabeça de touro, alguns alados. Enfim, obras de artistas que se esforçaram por criar a forma de criaturas nunca vistas. Basta colocar qualquer delas ao lado de uma criação grega, para se perceber que os Helenos estavam empenhados numa nova visão do mundo. Este é o grande trabalho da mitologia grega; um mundo humanizado, onde não se encontra o irracional aterrador, habitado por pessoas libertas do medo paralisante perante o desconhecido omnipotente. 46 Correspondência das designações dos deuses na mitologia greco-­‐romana Em Roma Na Grécia Terra Sol Mercúrio Vénus Lua Hélio Hermes Afrodite Selene Marte Júpiter Saturno Ares Zeus Cronos Urano Neptuno Plutão Urano Poseidon Hades 47 Informações básicas sobre os signos e seus respetivos regentes 48 Carneiro Entre 20/21 de Março (Equinócio da Primavera) e 20/21 de Abril. A necessidade de estar sempre a iniciar algo de novo, cumprindo assim uma função de pioneiro, radica no facto de ser o signo cardeal de Fogo onde a energia psíquica está sempre pronta para se pôr em movimento para fora e para a frente. Daí a apetência para combates, rivalidades, aventuras, acidentes, paixões repentinas e devoradoras, para a vida febril, ruidosa e palpitante. Desordeiro e lutador, tende a afirmar a personalidade, a esforçar-­‐se como um percursor, a abrir caminhos novos e a mostrar capacidade para ser um guia, um inovador ou um chefe. Na Natureza, esse impulso criativo está visível na germinação que marca a entrada da Primavera no hemisfério Norte. Psicologicamente, é um ser empenhado no instante que passa, com um comportamento de onde sobressaem reações fortes, imediatas e breves. A impulsividade está presente, assim como a mobilidade e a fugacidade das impressões. Irrita-­‐se, mas passa-­‐lhe depressa. Ama a mudança e a novidade mas sofre de indisciplina e de precipitação. O entusiasmo mal orientado leva-­‐o a distribuir «cabeçadas» ao sabor do improviso, frutos de um fervor extravagante. Todavia, a sua audácia pode degenerar em aspereza, violência e indiscrição. A fase de Carneiro representa o primeiro passo para consciência individual, em direção ao oceano indiferenciado do inconsciente, através de uma atitude infantil e impressionável perante a vida, sempre procurando novas possibilidades. No entanto, quando uma nova ideia se estabelece e desenvolve o suficiente, passa a ser vista como restritiva, porque a prioridade é dada à manifestação e descoberta pessoal. A maior parte da energia disponível é gasta em ações de emancipação, tal como, nessa época, acontece na Natureza, com as plantas saindo da semente, abrindo caminho para conquistarem um lugar ao Sol. Não admira, pois, que Carneiro, o signo do individualismo, exiba características egotistas, demonstrando pouco interesse pelas opiniões e sentimentos alheios. Carneiro em positivo: ação, ambição, audácia, autoafirmação, aventureirismo, combatividade, coragem, dinamismo, entusiasmo, firmeza, fogosidade, franqueza, frontalidade, independência, ousadia, pioneirismo, poder, prontidão, valentia, vigor e virilidade. Carneiro em negativo: agitação, agressividade, antipatia, autoconvencimento, brusquidão, cólera, dogmatismo, egoísmo, embirração, excitação, fúria, grosseria, impetuosidade, improvisação, imprudência, indignação, indiscrição, intolerância, insolência, instinto, paixão, presunção, primarismo, rivalidade e violência. Marte ASTRONOMIA Localização -­‐ É o quarto planeta a contar do Sol e o primeiro exterior à Terra. Para lá de Marte, situam-­‐se a cintura de asteroides e os gigantes gasosos do Sistema Solar exterior. A sua atmosfera é composta por bióxido de carbono. Diâmetro -­‐ 6 800 Km Período de rotação -­‐ 24 horas e 37 minutos. Período de translação -­‐ 687 dias (cerca de dois meses por signo). Satélites -­‐ Fobos e Deimos. 49 Distância média ao Sol -­‐ 149 600 000 Km. Velocidade na órbita -­‐ 86 760 Km/h. MITOLOGIA Corresponde a Ares, na Mitologia grega. Era o deus da Guerra (filho de Júpiter, que o detestava!), cruel e sanguinário, mas também o cobarde que se contorcia com dores e fugia quando era ferido. Na Ilíada, Homero, além de afirmar que os pais não lhe achavam muita graça, refere-­‐se-­‐lhe como sendo a própria encarnação da maldição dos mortais. Marte, marchava sempre para a luta acompanhado pela sua irmã, Éris (deusa da Discórdia que levou à «sentença de Páris» e, consequentemente, à Guerra de Tróia), pela sua filha, Combate e, também, pelo Terror, pelos Estremecimentos e pelo Pânico. Este temeroso grupo, à medida que se movia, levantava atrás de si o som de grunhidos terríficos, enquanto, da terra, escorriam rios de sangue. Embora os Romanos, conquistadores natos, gostassem mais de Marte do que os Gregos gostavam de Ares, esta é uma entidade que raramente surge nos relatos mitológicos por se tratar de uma personalidade imperfeitamente delineada, chegando ao ponto de não ter nenhuma cidade que a venerasse. ASTROLOGIA Regência -­‐ Carneiro. Até à descoberta de Plutão (1930), também regia Escorpião. Palavra-­‐chave -­‐ Impetuosidade. Período de retrogradação -­‐ entre 9 a 11 semanas, em cada 26 meses. DESCRIÇÃO Marte representa a forma agressiva do instinto de autopreservação, o desejo de provar-­‐se, a força muscular, o poder executivo e o espírito de iniciativa. É a força que nos impele a destacarmo-­‐nos dos outros, de realçarmos a nossa individualidade e de provarmos o valor próprio. Representa, portanto, a forma como usamos a energia e nos tornamos notados. Assim, poderá ser a agressividade, a rivalidade e a autoafirmação, a ambição, a combatividade e o desafio. Representa, ainda, os desejos ardentes, o forte envolvimento com a vida, a impetuosidade, a sexualidade na sua vertente física, o espírito de aventura, a independência, a prontidão para assumir riscos, o espírito de pioneirismo e o gosto pela conquista. Quando em aflição, Marte mostra falta de controlo, temeridade, fobia pela vitória, imprudência, egoísmo, cólera, crueldade, impaciência, paixão descontrolada, devassidão, violência, brutalidade, primarismo, estupidez, loucura pelo poder e intolerância. 50 TOURO Entre 20/21 de Abril e 20/21 de Maio. Touro simboliza a condensação do ímpeto do Carneiro, a direção que é estabelecida aos seus impulsos dispersivos. Representa a materialização das forças criativas, concretizadas na abundância de formas, de onde decorre a tendência para construir e introduzir a estabilização. Vivendo a paixão do trabalho e do dinheiro, entrega-­‐se à aquisição e concentração de bens materiais, com vista ao enriquecimento ou ao ganho de segurança, através de um esforço persistente que vence resistências. Pode surgir como grande consumidor e aderir ao lado sombrio da deusa preferindo o prazer, a volúpia e os envolvimentos emocionais presididos pela posse e pelo ciúme. Touro também é fortemente inclinado para a obediência e para o lado formativo da vida. Neste sentido, a sua função é criar uma base segura, a qual, obviamente, não estava presente em Carneiro. Tais atribuições são visíveis na própria Natureza, nesta segunda parte da Primavera: depois da explosão inicial, a vegetação já é maciça, os relvados viçosos, as pastagens verdes e aparecem os primeiros frutos. As impressões recebidas por Touro cavam nele um pesado sulco, levando-­‐o, qual ruminante psíquico, a meditar sobre as suas decepções, ressentindo, repensando e mastigando o passado. Isto tem como consequência o apego, a resistência, a paciência, a fidelidade, a constância, a perseverança, a teimosia, o rancor, a adaptação lenta, a força maciça e concentrada. Os seus instintos, sensuais e essencialmente captativos como as raízes de uma planta, promovem a exaltação da vida através dos cinco sentidos e convidam à adoração dos encantos terrestres, da arte, das cores, da beleza, das grandes volúpias, ao amor à Terra e à Natureza. Por isso, vive o mais intensamente possível o mundo do «ter», dando vazão à sua tendência para adquirir, assimilar, engolir, engordar, possuir e conservar. Através da sua grande tenacidade e da habilidade para agarrar situações proveitosas em termos financeiros, o estável, confiável e sensual Touro pode assegurar a conclusão de muitas tarefas que outros abandonaram. Dado estar orientado para a função psíquica Percepção (Elemento Terra), concentra-­‐se sobretudo nos prazeres materiais. No entanto, como tem qualidade fixa, o impulso deve sempre vir de fora, o que, apesar de ser capaz de trabalhar arduamente, pode dar, por vezes, uma impressão de preguiça e languidez. Touro em positivo: afeição, amor, arte, beleza, colaboração, calma, cordialidade, cultura, deferência, elegância, erotismo, fidelidade, gentileza, mansidão, sedução, sensualidade, serenidade, simpatia, ternura e tranquilidade. Touro em negativo: imoralidade, inveja, languidez, lascívia, negligência, paixão, placidez, possessividade, preguiça, timidez, vaidade e voluptuosidade. Modos descuidados (pessoa desajeitada) e falta de tacto. VÉNUS ASTRONOMIA Localização -­‐ É o planeta mais próximo da Terra, seu semelhante em tamanho e peso. Devido ao efeito de estufa, a sua atmosfera de bióxido de carbono é cerca de 90 vezes mais densa do que a da Terra, pelo que está sempre coberto de nuvens espessas, suportando uma temperatura que ronda os 450° C. Diâmetro -­‐ 12 300 Km. Período de rotação -­‐ 244 dias. 51 Período de translação -­‐ 244 dias. Satélites -­‐ Não tem. Distância média ao Sol -­‐ 108 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 126 000 Km/h. MITOLOGIA Equivale à deusa grega Afrodite. Quando Saturno decepou os órgãos genitais de seu pai (Urano) e os deitou ao mar, da espuma formada nasceu Vénus. Era a deusa da Beleza, do Amor e da Luxúria, que subtraía as faculdades mentais até aos mais sensatos. Seduzia tudo e todos, tanto deuses como mortais, e ria, ora docemente, ora de modo trocista, daqueles que os seus ardis haviam conquistado. Ainda hoje, quando Vénus aparece, surge a própria Beleza envolta num halo de luz radiosa, fazendo desaparecer os sinais de tempestade e ornamentando a terra com belas flores. Sem ela não há alegria em parte alguma. Esta, porém, não é a sua única faceta; por vezes, é descrita como traiçoeira e má, exercendo sobre os homens, através da luxúria, uma influência fatal e destruidora. Se nos lembrarmos que, do seu nome grego, deriva a palavra afrodisíaco e que, hoje em dia, as camisas da dita se tornaram um artefacto indispensável, facilmente concluiremos que os criadores do mito estavam cheios de razão! ASTROLOGIA Regência -­‐ Touro e Balança. Palavra-­‐chave -­‐ Afeto. Período de retrogradação -­‐ Durante seis semanas, a cada 18 meses. Não se afasta mais que 46° do Sol. DESCRIÇÃO Vénus representa a necessidade de conforto e segurança, assim como o apreço pela beleza e harmonia. É a forma passiva do instinto de autopreservação. Indica o nosso sistema de valores sobre a vida e os sentimentos, como reagimos dentro dos relacionamentos, como buscamos a segurança emocional e material. Reflete a colaboração, a sociabilidade, a simpatia, a arte e o gosto pela estética, o amor e a afeição. A sua face obscura mostra negligência, modos descuidados, falta de tato, preguiça, imoralidade, luxúria, ciúmes, rancor e vaidade. Vénus investe na conquista da singeleza e da paz. Ao aceitar compromissos, exprime a criação da harmonia, a formação de relacionamentos, assim como a união dos opostos, esforçando-­‐se por mantê-­‐los em equilíbrio duradouro. 52 GÉMEOS Entre 21/22 de Maio e 21/22 de Junho Segundo A. Barbault, “... após a eclosão do Carneiro e a encarnação do Touro, Gémeos simboliza, na Natureza, a conquista aérea pelas folhagens, sendo esta terceira parte da Primavera a da plenitude da função clorofilina, em correspondência com o aparelho pulmonar, sede da função respiratória e com os membros superiores. É a educação, a dualidade, os ritmos e os movimentos rápidos, as relações estreitas com o meio ambiente, bem como a vida do espírito. Quando o Carneiro é hipermacho e o Touro hiperfêmea, Gémeos é o andrógino, signo da polarização, da diferenciação dos dois princípios opostos e complementares. O seu âmago é adolescente, regido pelo hermafrodita Mercúrio, princípio de ligação, movimento, adaptação, comunicação e cerebralização”. Gémeos tem predisposição para seguir vários caminhos paralelamente ou um itinerário com destinos diferentes. Instável e procurando experiências novas, pode impor-­‐se através do virtuosismo para escrever, falar, adaptar, transmitir, estudar, interpretar, traduzir, trocar ou deslocar-­‐se. Como o Pensamento é a função psicológica associada ao Elemento Ar, as capacidades lógicas são evidentes. Usando esse pensamento de uma forma agitada e volúvel, analisa todos os aspetos de uma questão mas, depois, custa a decidir-­‐se. É inventor de técnicas mas, por vezes, interessa-­‐se pouco pelos fundamentos do que encontra no caminho, o que pode resultar em superficialidade e diletantismo. Além disso, porque quase tudo lhe desperta grande curiosidade, corre o risco de atribuir igual importância a todas as coisas e de saltitar de um interesse para outro. Porém tem uma enorme capacidade de adaptação. Uma vez que o mundo exterior de contactos superficiais, de trocas informativas e de comunicação prosaica recebe muita atenção, o mundo interior pode ficar esquecido ou ser pouco estimulado. Deverá aprender a gerar as próprias opiniões, evitando verbalizar as que derivam da síntese obtida no tratamento de toda a informação coletada no exterior. Gémeos em positivo: análise, astúcia, comunicação, economia, eloquência, esperteza, flexibilidade, habilidade, inteligência, lógica, perspicácia, versatilidade. Gémeos em negativo: capricho, cepticismo, crítica, escrúpulos, indecisão, irresolução, irritabilidade, intranquilidade, mesquinhez, nervosismo, parcimónia, retração, tédio, timidez. MERCÚRIO ASTRONOMIA Localização -­‐ É o planeta mais perto do Sol, portanto, o mais rápido. Tem menos de metade do tamanho da Terra e é um pouco maior do que a Lua. Como não possui atmosfera (é demasiado pequeno para gerar a gravidade necessária para a retenção de gases), a temperatura na sua superfície, crivada de crateras, oscila entre os 425° positivos e os 180° negativos. Diâmetro -­‐ 4 700 Km. Período de rotação -­‐ 58 dias. Período de translação -­‐ 388 dias (pouco mais de um mês em cada signo). Distância média ao Sol -­‐ 59 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 172 440 Km/h. MITOLOGIA 53 Equivalente ao deus grego Hermes. Era filho de Júpiter e seu mensageiro. Para além de um bastão (caduceu), usava um capacete e sandálias aladas para poder voar, tão célere como o pensamento, no cumprimento das ordens de seu pai e Senhor do Olimpo. Considerado o mais astuto de todos os deuses (era o Chefe dos Ladrões!) deu início à sua «carreira» ainda antes de completar um dia de vida, roubando os rebanhos de Apolo. Descoberto pelo pai, foi obrigado a restituir o que furtara, mas conseguiu o perdão do Deus-­‐Sol presenteando-­‐o com uma lira que inventara e fizera com uma concha de tartaruga. Mercúrio também tinha como missão conduzir as almas até à sua última morada. ASTROLOGIA Regência -­‐ Gémeos e Virgem Palavra-­‐chave -­‐ Comunicação. Período de retrogradação -­‐ Entre 20 a 24 dias, três vezes por ano. Não se afasta do Sol além de 28°. DESCRIÇÃO Mercúrio representa a educação primária, o pensamento, a análise, a classificação e a planificação, a contemplação, o intercâmbio e todas as formas de comunicação. A sua vontade inata vai no sentido de classificar os factos e as experiências, organizá-­‐los, estudá-­‐los e analisá-­‐los tendo como objetivo a assimilação. Além disso, gosta de reconhecer e absorver os motivos inconscientes, quer através da meditação e da análise consciente, quer vendo-­‐se refletido nos outros, através de contactos. Tende a unir o que está separado (ligação do consciente com o inconsciente). Simboliza a eloquência, a rapidez mental nos debates e o desejo de conhecimento, o interesse (curiosidade) por novas ideias, conceitos e teorias. Poderá denotar um sistema nervoso muito sensível e atitudes vincadamente críticas, assim como intranquilidade, esquecimento, irritabilidade, irresolução, inveja, astúcia, superficialidade, tendência para a mentira e tagarelice. Uma das características mais desagradáveis de Mercúrio é o cepticismo, principalmente quando aparece como regente de Virgem. Porém, o cepticismo decorre da mente racional e, de facto, nos últimos séculos não temos feito outra coisa senão desenvolver essa parcela do corpo mental. Repare que Virgem faz polaridade com Peixes, o signo da Era da qual estamos a sair, ao longo da qual se encarou a Vida como um mecanismo susceptível de ser compreendido através das leis do plano físico. 54 CARANGUEJO Entre 21/22 de Junho (solstício de Verão) e 22/23 de Julho Em Caranguejo surge a influência do externo no reino interior da intimidade, através das impressões emocionais e dos sentimentos. Deste modo, preferindo o interior ao exterior e o íntimo ao social, tem uma predileção pela mãe, pela família, pelo passado e pelas memórias de infância. Com frequência é um imaginativo e um sonhador, um sentimental sensível, delicado e passivo, tendendo mais a reagir do que a agir. Romântico e elegíaco, sonha a vida sem abandonar o lirismo. A tendência predominante de Caranguejo para a intimidade representa uma reação ao torvelinho de Gémeos, signo antecedente, onde o envolvimento tende para o exterior. Daí o facto de não gostar muito de dar nas vistas e optar por viver, em privado, a sua necessidade de emoção. Embora a vida deva contemplar a ação e a extroversão, é bom haver quem, como Caranguejo, esteja associado ao amor, à ternura, ao mimo e ao carinho, essas grandes sementes que precisam de germinar, para oferecer um pouco de harmonia neste mundo conturbado. É na segurança do seu refúgio que Caranguejo se protege das agressões (reais ou inventadas pelo medo) do mundo que o rodeia, já que a sua forte sensibilidade poderá fazer com que, por má interpretação do que é dito ou feito pelos outros, se sinta magoado e ofendido. Esta insegurança, decorrente da sua vulnerabilidade, tem resposta óbvia no sentido de posse orientado para aqueles que ama, principalmente parentes e filhos, ou nos estados de irritação em que cai se não consegue satisfazer as carências emocionais. No medo de perder os objetos do seu afeto, radica, em grande parte, o seu lado maternal/protetor. Caranguejo em positivo: acessibilidade, adaptabilidade, amabilidade, carinho, compreensão, dedicação, fertilidade, hospitalidade, imaginação, inocência, maternidade, obediência, patriotismo, receptividade, romantismo, sensibilidade e simpatia. Caranguejo em negativo: agitação, apego, carência, comodismo, complacência, dependência, desconfiança, vergonha, fantasia, inconsciência, inconstância, indolência, infantilidade, mimo, ócio, passividade, pieguice, preguiça e submissão. LUA ASTRONOMIA Localização -­‐ É o único satélite da Terra. Não tem atmosfera. Diâmetro -­‐ 3 476 Km. Período de rotação -­‐ 27,3 dias. Período de translação -­‐ 27,3 dias (2,5 dias por signo). Distância média à Terra -­‐ 348 000 Km Velocidade na órbita -­‐ 3 672 Km/h. ASTROLOGIA Regência -­‐ Caranguejo Palavra-­‐chave -­‐ Sensibilidade. 55 DESCRIÇÃO A Lua representa a vida emocional subliminal, os hábitos adquiridos inconscientemente, a reprodução, a família, o público e os bens de raiz. Tem o impulso inato de reproduzir, através de diferentes formas, o princípio criativo do Sol. Indica como manifestamos as reações inconscientes (padrão de reação impensado), quando somos agredidos, contrariados, ofendidos ou estamos inseguros. Indica, ainda, a necessidade de proteção familiar e o que tendemos a fazer para nos sentirmos mais à vontade. Poderá manifestar imaginação, mergulhos no passado e retenção de impressões, amabilidade e carinho, receptividade, apetência reprodutora e proteção maternal e sensibilidade. Sob aflição, denota inconstância e incerteza, nervos irritáveis e agitação, preguiça, desconfiança e dissimulação, comportamento apático, força de vontade fraca, crises de choro e vergonha. Representa a mãe, a esposa e as mulheres em geral. É, portanto, um dos indicadores da ternura. 56 LEÃO Entre 22/23 de Julho e 22/23 de Agosto O leonino é uma força da Natureza. Pode surgir fazendo a afirmação da sua personalidade e dos seus interesses pessoais. Assim, o tema principal é a «teatral» apresentação do seu carácter como meio de ganhar reconhecimento. Vai ao encontro da vida de uma forma natural, feliz e confiante, seguro de que o seu Fogo lhe assegura a criatividade e a energia vital para manifestar a audácia, a sede de domínio e de conquista, enfim, as suas ambições. Enquanto o fogo do Carneiro, como o de artifício, salta e brilha fugazmente, o de Leão, tal como o Sol, não para de brilhar e de aquecer. Na Natureza, o Verão está instalado, as temperaturas são elevadas, é o apogeu da Vida, dominando sobre tudo. Como o calor dilata os corpos, o leonino pode surgir agitando dramaticamente a sua juba. Isto poderá ser um sintoma de sentimentos de grandeza, gosto pela vida opulenta e luxuosa, sobrestimação de si próprio, orgulho, necessidade de prestígio, exibicionismo e outras manifestações da inflação do ego.. Mas nem todos os nativos de Leão são tão irradiantes. Realmente, este modelo pode aparecer, segundo A. Barbault, em duas variantes fundamentais: -­‐ O tipo hercúleo, forte, de bela compleição física, viril, combativo, voltado para a grandeza material; -­‐ O tipo é o apolíneo, no qual o poder se vira mais para o idealismo. Este é, também, uma pessoa de ação, claro. Mas, em vez de contemplar a vertente física, prefere a artística, onde o poder criador reina sobre a beleza ordenada, buscando a grandeza espiritual. A generosidade leonina decorre da sua consciência sobre a própria personalidade. O orgulho resultante do domínio sobre a vida pode dar-­‐lhe o sentimento de que tem muito a oferecer. Contudo, pode compensar querendo ser o centro das atenções. Ao fazer assim, provoca reações de oposição, às quais reage reforçando a sua posição de domínio. Este movimento pode acabar em tirania, arrogância e despotismo. Em leoninos mais evoluídos, porém, decerto sobressairá a cortesia e a compreensão, enfim, a imagem do verdadeiro rei que sabe como reinar respeitando os «súbditos». Leão em positivo: alegria, coragem, dignidade, expressividade, generosidade, magnanimidade, magnetismo, nobreza, retidão e vigor. Leão em negativo: afetação, altivez, arrogância, autocratismo, centralismo, despotismo, exibicionismo, opulência, orgulho, pedantismo, presunção, pretensiosismo, teatralidade, tirania e vaidade. SOL ASTRONOMIA Localização -­‐ É o centro luminoso à volta do qual giram (desde há cerca de 4.600 milhões de anos) todos os planetas do Sistema Solar, bem como asteroides, cometas, etc. O Sol é apenas uma das 300 mil milhões de estrelas da nossa galáxia (a qual é uma das 100 mil milhões existentes no Universo, afastando-­‐se umas das outras à velocidade vertiginosa de 230 000 Km/s). Uma analogia ajudará a dar uma ideia das enormes 57 distâncias que separam os corpos celestes. Imaginando o Sol do tamanho de uma laranja, a Terra será um grão de areia orbitando a uma distância de 9 m.; o planeta gigante, Júpiter, será um caroço de cereja orbitando a 60 m.; Saturno será outro caroço de cereja a 120 m. Plutão, o planeta mais afastado do Sol, girará a 600 metros. Nesta escala do Sol igual a uma laranja, a estrela mais próxima (Alfa, da constelação do Centauro) encontra-­‐se a cerca de 2 000 Km! Diâmetro -­‐ 1 391 000 Km (cerca de 100 vezes maior que o da Terra). Período de rotação -­‐ 24 dias e 16 horas. Período de translação (em torno do centro da galáxia) -­‐ 224 milhões de anos. Velocidade na órbita -­‐ 921 000 Km/h. ASTROLOGIA Regência -­‐ Leão. Palavra-­‐chave -­‐ Criatividade. DESCRIÇÃO O Sol representa o ego consciente, o que deve ser feito para que o desenvolvimento satisfaça os mais legítimos desejos pessoais. Enquanto símbolo da expressão do ser, indica como o indivíduo fará para alcançar os seus objetivos e concretizar os seus ideais. Em princípio, manifestará vitalidade e vontade criativa, dinamismo, calor e energia, autoconfiança, força de vontade, liderança e ambição não impostas. Quando em aflição, denota desejo de poder e egocentrismo, orgulho, vaidade, presunção, ostentação, arrogância e despotismo. Quando fraco, induz timidez, inadequação ou falta de ambição. A nível espiritual, o Sol representa a Centelha Divina, o Núcleo Brilhante recolhido no coração, a presença da Fonte em nós. 58 VIRGEM Entre 22/23 de Agosto e 22/23 de Setembro. O aparecimento de Virgem é uma reação às consequências da expressão confiante e, por vezes, exagerada de Leão. Como as paixões estão agora debaixo de um microscópio crítico, não admira que o virginiano dê a impressão de frieza e prefira a eficiência às manifestações emocionais. O seu refinamento e modéstia são o contraponto da exuberância e da autoconfiança leonina. Sendo um signo negativo, a sua tendência é para introverter-­‐se. Ao passar tudo pelo crivo analítico, reflete antes de agir e chega a ser minucioso em demasia. Tem dificuldade em deixar fluir, em deixar acontecer. Este freio quotidiano gera um comportamento ordeiro, assente numa rotina à qual tenta segurar-­‐se, sob pena de achar que o mundo desaba à sua volta. Mas nem todos são assim. Alguns, perante a dúvida do desconhecido, optam por ouvir o seu juízo sensato. Traçam, então, um plano esquemático baseado no raciocínio e esperam por um resultado perfeito. Buscam, portanto, o aperfeiçoamento moral, esperando viver uma vida realista e segura, recatada e quieta. Para conseguir isto, tomam imensas medidas de defesa contra os mecanismos instintivos, os quais bloqueiam com determinação, o que tem como resultado a retração do Eu. Esta perfeição que procuram em si mesmos é, também, buscada nos outros. Talvez seja essa a razão por que tantas pessoas solteironas pertencem a este signo. De facto, nesta opção virginiana pelo celibato intervêm a timidez e o recato pessoal, bem como o medo de que o relacionamento traga alguém cheio de imperfeições que lhe estragará o esquema rotineiro, montado como base de segurança. Por conseguinte, a inibição vence amiúde o impulso, de onde decorre uma tendência para reter, para a economia e parcimónia, para a criação laboriosa do escrúpulo, a mania da higiene e do pormenor, o apego a princípios, regras e normas. Tudo isto produz criaturas voltadas para as coisas difíceis, laboriosas, ingratas e penosas. Virgem, tal como Gémeos, é regido por Mercúrio. No entanto, o Mensageiro dos Deuses está aqui num signo de Terra tendendo à repressão da vida sensível, preferindo as convenções e as regras do bom senso. Usando distinções, separações, demarcações e classificações, nunca perde de vista a obtenção de resultados, o que não acontece em Gémeos, onde se contenta com a racionalidade pura. Embora reflita um modelo sempre em condições de ser posto ao serviço de grandes empreendimentos, tende a contentar-­‐se com um êxito modesto. Não gosta de salientar-­‐se e, por isso, pode estacionar numa situação abaixo do seu valor real. Vive assente na necessidade de ser útil, no gosto de servir, na paixão do trabalho, mesmo que seja rotineiro e desinteressante. Na Natureza, Virgem simboliza o tempo do trabalho laborioso da colheita e do armazenamento. Virgem em positivo: análise, astúcia, comunicação, economia, eloquência, esperteza, flexibilidade, habilidade, inteligência, lógica, perspicácia, versatilidade. Virgem em negativo: capricho, cepticismo, crítica, escrúpulos, indecisão, irresolução, irritabilidade, intranquilidade, mesquinhez, nervosismo, parcimónia, retração, servilismo, timidez. MERCÚRIO ASTRONOMIA Localização -­‐ É o planeta mais perto do Sol, portanto, o mais rápido. Tem menos de metade do tamanho da Terra e é um pouco maior do que a Lua. Como não possui atmosfera (é demasiado pequeno para gerar a 59 gravidade necessária para a retenção de gases), a temperatura na sua superfície, crivada de crateras, oscila entre os 425° positivos e os 180° negativos. Diâmetro -­‐ 4 700 Km. Período de rotação -­‐ 58 dias. Período de translação -­‐ 388 dias (pouco mais de um mês em cada signo). Distância média ao Sol -­‐ 59 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 172 440 Km/h. MITOLOGIA Equivalente ao deus grego Hermes. Era filho de Júpiter e seu mensageiro. Para além de um bastão (caduceu), usava um capacete e sandálias aladas para poder voar, tão célere como o pensamento, no cumprimento das ordens de seu pai e Senhor do Olimpo. Considerado o mais astuto de todos os deuses (era o Chefe dos Ladrões!) deu início à sua «carreira» ainda antes de completar um dia de vida, roubando os rebanhos de Apolo. Descoberto pelo pai, foi obrigado a restituir o que furtara, mas conseguiu o perdão do Deus-­‐Sol presenteando-­‐o com uma lira que inventara e fizera com uma concha de tartaruga. Mercúrio também tinha como missão conduzir as almas até à sua última morada. ASTROLOGIA Regência -­‐ Gémeos e Virgem Palavra-­‐chave -­‐ Comunicação. Período de retrogradação -­‐ Entre 20 a 24 dias, três vezes por ano. Não se afasta do Sol além de 28°. DESCRIÇÃO Mercúrio representa a educação primária, o pensamento, a análise, a classificação e a planificação, a contemplação, o intercâmbio e todas as formas de comunicação. A sua vontade inata vai no sentido de classificar os factos e as experiências, organizá-­‐los, estudá-­‐los e analisá-­‐los tendo como objetivo a assimilação. Além disso, gosta de reconhecer e absorver os motivos inconscientes, quer através da meditação e da análise consciente, quer vendo-­‐se refletido nos outros, através de contactos. Tende a unir o que está separado (ligação do consciente com o inconsciente). Simboliza a eloquência, a rapidez mental nos debates e o desejo de conhecimento, o interesse (curiosidade) por novas ideias, conceitos e teorias. Poderá denotar um sistema nervoso muito sensível e atitudes vincadamente críticas, assim como intranquilidade, esquecimento, irritabilidade, irresolução, inveja, astúcia, superficialidade, tendência para a mentira e tagarelice. Uma das características mais desagradáveis de Mercúrio é o cepticismo, principalmente quando aparece como regente de Virgem. Porém, o cepticismo decorre da mente racional e, de facto, nos últimos séculos não temos feito outra coisa senão desenvolver essa parcela do corpo mental. Repare que Virgem faz polaridade com Peixes, o signo da Era da qual estamos a sair, ao longo da qual se encarou a Vida como um mecanismo susceptível de ser compreendido através das leis do plano físico. 60 BALANÇA Entre 22/23 de Setembro (Equinócio do Outono) e 22/23 de Outubro A seguir à fase introspetiva de Virgem, chega Balança (equilíbrio) com o seu envolvimento intelectual (Elemento Ar/Pensamento) e harmonioso (Vénus) com o exterior. Na Natureza, simboliza o equilíbrio entre os dias e as noites, o qual se atinge através do crescimento das noites e consequente diminuição do tempo de luz solar. É o tempo das formas exteriores (solares) cederem progressivamente o lugar às formas internas (lunares). As folhas caem e formam o húmus que o período seguinte, Escorpião, irá transformar em nutrientes que recomporão a terra desgastada. Os pratos da Balança tanto poderão significar o equilíbrio entre duas alternativas, como uma tentativa de harmonizar a oposição entre contrários. Portanto, o tipo Balança organiza-­‐se tentando equilibrar os aspetos desarmónicos, trocando e repartindo em pé de igualdade. Equilibra, assim, o seu oposto Carneiro, que tudo centra em si e, arquetipicamente falando, não gosta de repartir. Se Balança acha que no meio é que está a virtude, preferindo os meios termos e aderindo espontaneamente a compromissos e concessões, corre o risco de cair em posições frouxas e atitudes indefinidas. Todavia, é um tipo sensível e requintado, buscando uma existência pacífica, agradável e harmoniosa. Aqui, em Balança, o Ar de Vénus compensa o Fogo do seu oposto Marte, sendo potencialmente desinteressada pelas conquistas. Para ela, «ser» vale mais que «ter», ao invés do que acontece com Touro, (Elemento Terra), o outro signo do qual é regente. Neste jogo entre a afirmação e o equilíbrio, Carneiro impõe e age, devendo aprender a ceder; Balança cede e deve aprender a afirmar-­‐se e a agir. Toda a ação de Carneiro torna-­‐se luta e guerra quando não usa a Balança; toda a procura de harmonia e justiça de Balança torna-­‐se desequilíbrio e aniquilação, quando não há ação. O tipo Balança é bem disposto, tem elevado sentido cooperativo, gosta de associações e de parcerias onde possa sentir-­‐se a compartilhar. Balança em positivo: afeição, amor, arte, beleza, colaboração, calma, cordialidade, cultura, deferência, elegância, erotismo, fidelidade, gentileza, mansidão, sedução, sensualidade, serenidade, simpatia, ternura e tranquilidade. Balança em negativo: cinismo, imoralidade, inveja, languidez, lascívia, negligência, paixão, placidez, possessividade, preguiça, timidez, vaidade, voluptuosidade. VÉNUS ASTRONOMIA Localização -­‐ É o planeta mais próximo da Terra, seu semelhante em tamanho e peso. Devido ao efeito de estufa, a sua atmosfera de bióxido de carbono é cerca de 90 vezes mais densa do que a da Terra, pelo que está sempre coberto de nuvens espessas, suportando uma temperatura que ronda os 450° C. Diâmetro -­‐ 12 300 Km. Período de rotação -­‐ 244 dias. Período de translação -­‐ 244 dias. Satélites -­‐ Não tem. Distância média ao Sol -­‐ 108 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 126 000 Km/h. 61 MITOLOGIA Equivale à deusa grega Afrodite. Quando Saturno decepou os órgãos genitais de seu pai (Urano) e os deitou ao mar, da espuma formada nasceu Vénus. Era a deusa da Beleza, do Amor e da Luxúria, que subtraía as faculdades mentais até aos mais sensatos. Seduzia tudo e todos, tanto deuses como mortais, e ria, ora docemente, ora de modo trocista, daqueles que os seus ardis haviam conquistado. Ainda hoje, quando Vénus aparece, surge a própria Beleza envolta num halo de luz radiosa, fazendo desaparecer os sinais de tempestade e ornamentando a terra com belas flores. Sem ela não há alegria em parte alguma. Esta, porém, não é a sua única faceta; por vezes, é descrita como traiçoeira e má, exercendo sobre os homens, através da luxúria, uma influência fatal e destruidora. Se nos lembrarmos que, do seu nome grego, deriva a palavra afrodisíaco e que, hoje em dia, as camisas da dita se tornaram um artefacto indispensável, facilmente concluiremos que os criadores do mito estavam cheios de razão! ASTROLOGIA Regência -­‐ Touro e Balança. Palavra-­‐chave -­‐ Afeto. Período de retrogradação -­‐ Durante seis semanas, a cada 18 meses. Não se afasta mais que 46° do Sol. DESCRIÇÃO Vénus representa a necessidade de conforto e segurança, assim como o apreço pela beleza e harmonia. É a forma passiva do instinto de autopreservação. Indica o nosso sistema de valores sobre a vida e os sentimentos, como reagimos dentro dos relacionamentos, como buscamos a segurança emocional e material. Reflete a colaboração, a sociabilidade, a simpatia, a arte e o gosto pela estética, o amor e a afeição. A sua face obscura mostra negligência, modos descuidados, falta de tato, preguiça, imoralidade, luxúria, ciúmes, rancor e vaidade. Vénus investe na conquista da singeleza e da paz. Ao aceitar compromissos, exprime a criação da harmonia, a formação de relacionamentos, assim como a união dos opostos, esforçando-­‐se por mantê-­‐los em equilíbrio duradouro. 62 ESCORPIÃO Entre 23/24 de Outubro e 21/22 de Novembro. Olhando a Natureza na época deste signo, reparamos no apogeu do Outono: a vegetação decai e as folhas cobrem o chão formando uma camada que rapidamente entra em decomposição. Esta destruição das formas exteriores simboliza o poderoso trabalho de transformação psíquica deste signo. Depois de Balança, onde se travaram conhecimentos através dos quais duas pessoas se puseram frente a frente, chega Escorpião, que, «fundindo-­‐as», vai eliminar o espaço entre elas para que a relação seja posta à prova no nível emocional mais profundo, procurando, assim, penetrar no misterioso sentido da vida humana. Plutão, o Príncipe das Trevas, que reina sobre os demónios do Inconsciente (mas, também, sobre os Tesouros Escondidos), encarrega-­‐se de apodrecer e purgar os desejos compulsivos (o ferro-­‐velho psíquico), promovendo uma transformação radical. Por vezes violentamente, executa o saneamento indispensável à criação de um espaço «limpo», para que outros padrões possam nascer. Outro momento em que se experimenta uma espécie de morte é durante o orgasmo. O sexo é, aliás, um dos temas preferidos do Escorpião, pois trata-­‐se da arma privilegiada para mergulhar no fundo das emoções ou para manipular os outros. Nesta época de mudança, impõe-­‐se rever a forma como temos vindo a viver a sexualidade e o amor, na medida em que a sida está aí para nos prevenir. Escorpião é, portanto, o signo dos instintos mais fortes. A agressividade concentrada e o erotismo desenfreado poderão encenar uma simbiose entre o sublime e o abjeto, o amor e a morte, o céu e o inferno, o apego ferrenho e o desapego místico. Aqui não há lugar para o meio-­‐termo, mas para um radicalismo intolerante onde não cabe a cedência. Escorpião adora uma boa luta onde possa fazer testes de limite e experimentar a sua força e capacidade de resistência. Por isso, gosta tanto do risco! Encarado pelo lado positivo, o potente poder destruidor de Escorpião visa sempre a transformação, pois sabe só assim ser possível crescer de forma significativa. Na sua vertente negativa, porém, a destruição ocorre com base no prazer de destruir. Então, decerto, reconheceremos neste tipo destruidor uma entidade inquieta e atormentada, que destila veneno, ideias de morte, fanatismo, morbidez, sadomasoquismo e neuroses obsessivas. Escorpião em positivo: ambição, concentração, eficácia, estratégia, investigação, magnetismo, poder, silêncio. Escorpião em negativo: anarquia, arrebatamento, autodestruição, ciúmes, crueldade, despotismo, desumanidade, dureza, exigência, fanatismo, impertinência, intensidade, intransigência, maldade, manipulação, masoquismo, mistério, morbidez, obsessão, obstinação, paixão, perversidade, provocação, radicalismo, rancor, sarcasmo, sadismo, solidão, sordidez, superstição, teimosia, vileza e vingança. PLUTÃO ASTRONOMIA Localização -­‐ É o último planeta do Sistema Solar. Foi descoberto no dia 22 de Janeiro de 1930, às 5:30 tmg em Flagstaff, USA, por C. V. Tombaugh, segundo cálculos de Percival Lowell, numa altura em que a Europa caminhava para a mais devastadora das guerras. A psicanálise, a energia atómica e a proliferação dos arsenais nucleares, assumiam posição de destaque, condizendo perfeitamente com o poder «destruidor» de Plutão. 63 Diâmetro -­‐ 6 300 Km. Período de rotação -­‐ cerca de seis dias. Período de translação -­‐ cerca de 248 anos (entre 12 e 30 anos em cada signo). Satélites -­‐ Caronte. Distância média ao Sol -­‐ 6 084 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 16 920 Km/h. MITOLOGIA Equivalente ao deus grego Hades. Quando o Universo foi repartido, este irmão de Júpiter e Neptuno, adquiriu o governo do Mundo Subterrâneo e o domínio sobre o Reino dos Mortos. Significativamente, era também o Deus da Riqueza e dos metais preciosos, ocultos no interior da Terra. Tinha um elmo que o tornava invisível e raramente abandonava o seu reino de escuridão para visitar o Olimpo ou a Terra. De resto, a sua presença não era bem recebida. Desapiedado e inexorável, mas justo, era um deus terrível, mas não um deus maléfico. O caminho até ao seu reino levava à confluência dos rios da Angústia (Aqueronte) e das Lamentações (Cocito). Aí estava Caronte, que transportava na sua barca as almas para a outra margem (desde que mostrassem uma moeda entre os dentes!), onde se erguiam as portas do Tártaro. Estas, eram guardadas por Cérbero, o cão de três cabeças e cauda de dragão, que permitia a entrada de todas as almas mas não deixava sair nenhuma. No panteão olímpico, Plutão era a única divindade cuja palavra, uma vez dada, não podia ser alterada ou revogada pelos outros deuses (Zeus, incluído) e, muito menos, pelos mortais. ASTROLOGIA Regência -­‐ Escorpião. Palavra-­‐chave -­‐ Transformação. Período de retrogradação -­‐ Cerca de cinco meses por ano. DESCRIÇÃO Diz-­‐se que Plutão é a oitava superior de Marte, ou seja, representa a mesma vibração, mas mais refinada: Marte é como a lâmpada que dispersa a luz, ao passo que Plutão concentra-­‐a num raio laser. Não admira, pois, que represente o uso da força de vontade concentrada, dirigida para o poder e para a transcendência da forma. Porque lida com o ferro-­‐velho psíquico, a sua função é promover a depuração, fazendo a pessoa entrar em «fervura» para que a «espuma» resultante dessa «ebulição» possa aparecer à superfície, ser reconhecida e removida. Portanto, representa a nossa vontade interior de liquidar ou transformar os fatores inconscientes, de modo a sermos capazes de os assimilar e integrar, criando assim um equilíbrio entre o Consciente e o Inconsciente. É o indicador do direcionamento dos desejos compulsivos e de como operam os processos de transformação radical. São típicas de Plutão as tendências neuróticas, as drásticas e vulcânicas explosões profundamente emocionais (ciúme e vingança), bem como o risco da psique ser subjugada por perturbações inconscientes. Faz «convites irrecusáveis» para que perfuremos os mecanismos psíquicos, o que, por vezes, conduz à autodestruição. Num patamar mais apurado, o conceito de «morte» é entendido como passo imprescindível para a ocorrência do renascimento mental para que possamos reconhecer a nossa verdadeira natureza e Origem. 64 SAGITÁRIO Entre 22/23 de Novembro e 20/21 de Dezembro Seguindo a ordem natural dos signos da triplicidade de Fogo, encontramos Carneiro, (1º) onde se dá a manifestação instintiva do indivíduo, Leão (5º), que manifesta a expressão das capacidades criativas, e, finalmente, Sagitário, (9º), onde o indivíduo ganha consciência da sua totalidade através da busca do significado das experiências por que passa. Isto não acontece sem que, antes, tenha ocorrido a fase Escorpião (8º), na qual uma profunda indagação é promovida através de um mergulho nas profundezas do ser, em busca das próprias raízes. Assim, depois de ter conhecido os seus limites, o indivíduo procura expandi-­‐los, aspira superá-­‐los para atingir a transcendência. Essa é a significação da postura do Centauro apontando uma seta para o alto, em busca de alvos elevados, da essência, já não terrena, mas da justiça universal. Falamos em termos arquetípicos, porém, na prática, as coisas são menos lineares, pelo que é frequente encontrar sagitarianos de vária ordem, indo desde o sujeito amante de um conformismo confortável, tolerante para com a conjuntura que o rodeia, adepto da legalidade, da ordem e das convenções, enfim, uma criatura de boa índole, reto e leal, educado, bem disposto e optimista, de riso fácil. No caso de ser um extrovertido, o que é bastante comum, poderá aparecer o desportista ou a pessoa com tendência para a aventura, para partir em viagem ao encontro do mundo, tentando alargar as fronteiras mundanas, rumo a novos horizontes. Este sentido de aventura e viagens pode, num introvertido, efetuar-­‐se dentro das próprias fronteiras interiores, sendo que o entusiasmo e a fogosidade se canalizam para o conhecimento, a cultura, a filosofia e a religião, tendo a sabedoria como objetivo último. Todavia, quando desequilibrado, Sagitário poderá insurgir-­‐se contra lugares-­‐comuns e preconceitos, pois o Fogo que o anima jorra através de paixões imperiosas, onde aflora o ardor dos puro-­‐sangue. Portanto, consoante estiver virado para fora ou para dentro, é um tipo com grande capacidade de movimentação, amante das viagens, um aventureiro épico, ansioso de viver experiências de longo alcance ou, ao invés, um adepto da vida interior, preocupado com a sua educação. O Fogo de Sagitário gera uma postura cheia de esperança e uma despreocupada fé no futuro. Isto permite-­‐lhe, em épocas de crise, permanecer optimista, injetando entusiasmo em quem começa a ceder, jamais demonstrando negatividade. Ele sabe-­‐se parte integrante de um Todo maior e reconhece que os transtornos terrestres apenas criam oportunidades para que a pessoa, atribuindo um propósito e um significado aos acontecimentos, possa ir cada vez mais para cima, seguindo a direção para onde está sempre apontada a seta do seu arco. Sagitário em positivo: abstração, alegria, benevolência, confiança, crença, educação, eloquência, extroversão, felicidade, fortuna, generosidade, idealismo, optimismo, prodigalidade. Sagitário em negativo: abuso, arrogância, credulidade, desorganização, exagero, extravagância, fanatismo, gula, hipocrisia, indulgência, impetuosidade, irresponsabilidade, libertinagem, malícia, presunção, troça, snobismo. JÚPITER ASTRONOMIA Localizado entre Marte e Saturno, marca o início do Sistema Solar exterior. É o maior planeta que gira à volta do Sol, detendo 3/5 da massa total dos planetas. A sua composição é semelhante à do Sol (por isso irradia o dobro do calor que recebe da estrela), e possui uma atmosfera composta de amoníaco, metano, hidrogénio, hélio e vapor de água. Diâmetro -­‐ 142 700 Km (11 vezes maior do que o da Terra). Período de rotação -­‐ 9 horas 50 minutos. 65 Período de translação -­‐ Cerca de 12 anos (um ano em cada signo). Satélites -­‐ 16. Os mais importantes são: Io, Europa, Ganímedes, Calisto. Distância média ao Sol -­‐ 779 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 47 160 Km/h. MITOLOGIA Corresponde ao grego Zeus. De parceria com seus irmãos Poseidon (Neptuno) e Hades (Plutão), destronou seu pai, o titã Saturno. Quando dividiram entre si a regência do Universo, o mar coube a Neptuno, o Inferno (Tártaro) a Plutão; Júpiter ficou com o Céu, tornando-­‐se o Chefe Supremo. Era o Deus da Chuva, Senhor do Céu e das Nuvens, e dispunha do temível raio. O seu poder, apesar de nada valer contra o Destino, era maior do que o das outras divindades juntas. No entanto, não era omnipotente, nem omnisciente. Havia quem se lhe opusesse e o mistificasse. Eram conhecidas as suas constantes paixões, bem como o recurso a toda a espécie de subterfúgios para ocultar, da esposa, Hera (Juno), a sua infidelidade. Este comportamento devia-­‐se a que, quando o seu culto se alargava a uma cidade onde era venerado outra divindade, a mulher desse deus passava para a sua posse! Contudo, Júpiter estava sempre envolto em grandiosidade, protegido pelo seu escudo de aspeto terrível. As sacerdotisas interpretavam o sussurro das folhas do carvalho como sendo a manifestação da sua vontade. ASTROLOGIA Regência -­‐ Sagitário. Até à descoberta de Neptuno (1846) também regia Peixes. Palavra-­‐chave -­‐ Expansão. Período de retrogradação -­‐ Cerca de três meses por ano. DESCRIÇÃO Júpiter simboliza a expansão a todos os níveis, a filosofia, o desejo de atribuir significados a tudo o que acontece, bem como a maneira como expandimos as fronteiras exteriores e interiores. Representa a melhoria da condição individual, o crescimento da Consciência, do conhecimento, da compreensão dos valores espirituais e religiosos, e da educação. Astrologicamente, esta questão da educação tem dois significadores: -­‐ Mercúrio, rege a instrução primária, bem como a recolha e o tratamento de todos os tipos de informação. -­‐ Júpiter, rege educação superior, orientada para os interesses morais, filosóficos e espirituais. É claro que, hoje em dia, devemos rever a forma como alimentamos o nosso corpo mental, na medida em que interessa adquirir conhecimentos que nos ajudem a perceber a verdadeira razão dos desequilíbrios que nos apoquentam, os quais derivam de uma única causa: o esquecimento da nossa condição de Filhos de Deus. Nada é inócuo, muito menos aquilo que armazenamos na memória! Quando uma parte da nossa base de dados (Mercúrio) deixa de servir às exigências do crescimento interno (Júpiter), ocorre um nervoso desagradável, porque os conceitos disponíveis já não satisfazem as necessidades com que nos debatemos. Júpiter também se relaciona com a justiça, a generosidade, a indulgência, a magnanimidade e o amor pela cura. Rege as viagens mentais e as viagens para o exterior em busca do alargamento dos horizontes individuais. Conduz à aprendizagem filosófica e pedagógica, ao bom julgamento, à alegria, ao optimismo... e à obesidade! Em negativo, convida à libertinagem, ao abuso da lei, à gula, à arrogância, à supervalorização de si mesmo, à impetuosidade, extravagância, hipocrisia e fanatismo. 66 CAPRICÓRNIO Entre 20/21 de Dezembro (solstício de Inverno) e 19/20 de Janeiro Tal como os outros seres vivos da Natureza, o ser humano tem de mostrar-­‐se forte e resistente quando chega o Inverno, a altura do ano em que tudo está reduzido à sua expressão mais simples. Assim, o capricorniano típico mostra-­‐se frio e concentrado, vivendo um quotidiano onde impera a austeridade, o retiro e a solidão. Tal como a semente que, enterrada no solo, labora pacientemente e fora do alcance do observador exterior tendo em vista a obtenção de resultados a longo prazo, também ele tenta seguir este modelo, trabalhando com afinco, disciplina e seriedade na construção das formas e das estruturas que lhe servirão de pontos de apoio para subir, lenta mas seguramente, até atingir aquilo a que se propôs. Em Capricórnio deve realizar-­‐se esse sonho! Outra analogia de Capricórnio é a cabra montanhesa (seu símbolo animal) que se move nas vertentes agrestes e escarpadas. Este habitat, que lhe impõe redobrada cautela, aconselha a não mexer um membro sem que, antes, se tenha assegurado de que os outros apoios lhe garantem a segurança necessária para arriscar o movimento. A analogia faz sentido quando reparamos na sua coragem pessoal (para a qual a exaltação de Marte contribui). Porém, sobre esta questão da coragem, tudo depende em que direção ela é canalizada. De facto, usá-­‐la nas arenas de guerra e do conflito já ficou provado dar maus resultados! Por conseguinte, este é um tipo frio, cuja personalidade se edifica num movimento de retiro em si, de concentração que exclui toda a exteriorização, que contempla a paciência, a ponderação, a meditação e a solidão. Se associarmos ao frio saturnino a secura marciana, temos o nervoso duro com a solidez da rocha. Capricórnio beneficia de um sólido equilíbrio através do domínio dos sentimentos, da firmeza de caráter, do aprumo, sangue-­‐frio, robustez, disciplina, obstinação, densidade e fixidez no objetivo a atingir. Para um capricorniano é extremamente importante salvaguardar a sua posição, na medida em que ele escolheu o caminho, decidiu o que fazer e, portanto, tem de ser bem sucedido. Decerto possuirá uma noção muito definida do que é, do que pode fazer e de até onde pode ir no seu movimento ambicioso dentro da sociedade, rumo ao topo da montanha. Capricórnio em positivo: ambição, cautela, confiabilidade, correção, circunspeção, diligência, disciplina, estabilidade, eficiência, fidelidade, honestidade, introspeção, integridade, modéstia, organização, paciência, parcimónia, perseverança, prudência, realismo, respeitabilidade, responsabilidade, sobriedade, tenacidade. Capricórnio em negativo: abandono, angústia, austeridade, avareza, controlo, decadência, demarcação, depressão, desconfiança, falsa moralidade, falta de confiança, fatalismo, frieza, inadequação, inflexibilidade, insegurança, intolerância, limitação, medo, mesquinhez, pessimismo, repressão, reprovação, resistência, rigidez, severidade, sofrimento, solidão, tristeza. SATURNO ASTRONOMIA Localização -­‐ Girando entre as órbitas de Júpiter e Urano, é o último planeta visível do Sistema Solar e o segundo maior em tamanho. É famoso pelos anéis de pedras e poeira que giram à volta do seu corpo gasoso. Porque é menos denso do que a água, flutuaria num lago de água pura. Diâmetro -­‐ 120 000 Km (nove vezes maior do que o da Terra). Período de rotação -­‐ 10 horas 14 minutos. Período de translação -­‐ 29 anos e 167 dias (cerca de 2,5 anos por signo). 67 Satélites -­‐ 18. O mais importante é Titã. Distância média ao Sol -­‐ 1 432 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 34 920 Km/h. MITOLOGIA Os Titãs, a geração anterior aos Deuses, eram seres possuidores de uma estatura descomunal e força inimaginável. O que mais se destacou de entre eles foi Cronos (o romano Saturno), que dominou os outros Titãs até ao momento em que o seu filho Zeus (Júpiter) o destronou e tomou conta do poder, repartindo-­‐o com dois dos seus irmãos, Poseidon (Neptuno) e Hades (Plutão). Saturno começou por ser o Protetor do Semeador e das Sementes. Em honra da Idade do Ouro, correspondente ao tempo em que reinou na Itália, eram comemoradas todos os anos, durante o Inverno, as grandes festividades das Saturnais. A ideia fulcral dessas celebrações era a de que a Idade do Ouro se repetia à superfície da Terra durante o tempo das Solenidades. Nesses dias não podia declarar-­‐se a guerra, os escravos e os senhores comiam à mesma mesa, as execuções eram adiadas, presenteavam-­‐se os amigos e familiares, enfim, era um período onde se tendia para o nivelamento e se mantinha viva a ideia de igualdade no espírito do homens. ASTROLOGIA Regência -­‐ Capricórnio. Até à descoberta de Urano (1781), também regia Aquário. Palavra-­‐chave -­‐ Maturidade. Período de retrogradação -­‐ Cerca de quatro meses por ano. DESCRIÇÃO Saturno está relacionado com as nossas limitações, a formação e cristalização da Consciência, o valor educativo da dor, o saber adquirido pela experiência, com a criação de formas e estruturas. O seu desejo é fortalecer a noção de responsabilidade individual, desenvolver o ego, penetrar no cerne das questões e, através de «testes», estabelecer os limites próprios, suportando condições adversas. Saturno aponta as vulnerabilidades do caráter e sugere as alterações que devemos introduzir-­‐lhe quando somos confrontados com a frustração e o sofrimento. Poderá manifestar desejos de produzir bom trabalho, autorrespeito, ambição e necessidade de funcionar adequadamente. É a energia concentrada, a tenacidade, o desejo de consolidar, a boa orientação, a aprovação de leis, decretos e regulamentos. É, ainda, o gosto de controlar, limitar, restringir e demarcar. Outras palavras-­‐chave são: recusa, seriedade, fidelidade, paciência, diligência, medo, sofrimento, precaução, isolamento, sobriedade, inadequação, abandono, proibição, avareza, misantropia, desconfiança, seriedade, perseverança, fatalismo, pessimismo, mesquinhez, dureza de coração, inflexibilidade e, finalmente, insegurança e solidão. Saturno só se torna negativo e um obstáculo ao desenvolvimento humano quando a sua necessidade de estabilidade se transforma numa obsessão. Perante essa postura desequilibrada, deixa de ser o Portador da Candeia para ser o Homem da Foice! A resistência é uma atitude típica do lado negro de Saturno. Nos nossos dias, recusar o despertar para novos padrões significa acumular uma tensão que, mais tarde, poderá ser libertada dolorosamente. Seria importante se reconhecêssemos que chegou a hora de acordar. 68 AQUÁRIO Entre 20/21 de Janeiro e 18/19 de Fevereiro Aquário costuma ser apresentado através da figura de um aguadeiro que segura uma ânfora de onde jorra a «água» necessária para matar a sede de conhecimento dos seres humanos, projetando-­‐os para o futuro. O seu símbolo são duas linhas quebradas, paralelas, as quais podem ser interpretadas como sendo as ondas aquáticas ou as ondas vibratórias da eletricidade. Tal como no mito onde Prometeu roubou o fogo (conhecimento) dos deuses para o entregar ao Ser humano para que pudesse transformar-­‐se e evoluir, assim também Aquário, através de seu regente Urano, tem como prioridade principal ir mais além da condição humana que já tem, despojando-­‐se do supérfluo com vista a atingir a transparência. Pode dizer-­‐se, portanto, que Aquário pertence mais ao Céu do que à Terra onde vive, tentando libertar-­‐se do peso da matéria e descartar-­‐se dos instintos, os quais são sentidos como um peso para a sua essência aérea, transparente de limpidez espiritual. Na verdade, tudo o que deixou de ser útil, ou não suportou a prova, é posto de lado. Aquário tem o dom de desprender-­‐se de si próprio, de desligar-­‐se das pulsões instintivas, conseguindo encará-­‐las com distanciamento, já que a intensidade das paixões, as contingências materiais e as misérias da vida tocam-­‐no, mas não o perturbam. Isto pode significar, contudo, um certo constrangimento em assuntos emocionais, pelo menos na aparência, pois um poderoso controlo mental está no comando. A sua disposição afetiva poderá estar virada para o esquecimento de si em favor de outrem, o que lhe permite ter uma postura de aconselhamento e um elevado sentido de amizade. A atitude impessoal e rebelde de Aquário pode ser encarada como uma forte reação contra Capricórnio – o signo antecedente, com o seu forte senso de ego e tendência para a preservação das formas. Paralelamente, a tenacidade de Aquário (é um signo fixo) pode prover fidelidade desde que -­‐ e isto é decisivo! -­‐ fique salvaguardada a liberdade de conviver com amigos de ambos os sexos. Enquanto em Capricórnio o indivíduo criou e cimentou o seu lugar na sociedade, em Aquário ele avança e passa a ser uma entidade socializante, que se sente mais à vontade, não quando trabalha, isolada e afincadamente (Capricórnio), mas quando está rodeado de amigos e inserido em associações, clubes, grupos, etc. Este sentido de renovação virado para o coletivo torna o aquariano um cidadão do mundo, que poderá dedicar-­‐se a destruir algumas estruturas, se bem que, na base dessa ação, esteja sempre (ou deveria estar!) o sentido de reconstrução. Por isso, é visto frequentemente como informal, progressista e revolucionário. O perigo reside em recusar as opiniões alheias, apenas por não se encaixarem no sistema de ideias que ele construiu. Aquário em positivo: Abnegação, alegria, amizade, associativismo, desapego, fraternidade, humanitarismo, independência, inovação, inspiração, intuição, inventividade, liberdade, modernismo, oposicionismo, originalidade, reformismo. Aquário em negativo: Anarquia, capricho, desinteresse, destrutividade, esquerdismo, excentricidade, extravagância, impaciência, impessoalidade, impulsividade, insatisfação, libertinagem, rebeldia, violência. URANO ASTRONOMIA É o primeiro planeta não visível a olho nu. A sua descoberta por W. Herschell, no dia 13 de Março de 1781, às 18:00, em Greenwich, Inglaterra, coincide com a Revolução Francesa e a Revolução Americana. Este planeta é 69 notável pelo facto de o seu eixo de rotação se situar quase horizontalmente, próximo do plano da elíptica (é como se rodasse «deitado»), o que não acontece com os outros, cujos eixos são mais ou menos perpendiculares. Em 1977 verificou-­‐se que, tal como Saturno, também tem anéis. Localização -­‐ Entre Saturno e Neptuno. Diâmetro -­‐ 51 000 Km. Período de rotação -­‐ 10 horas 49 minutos. Período de translação -­‐ Cerca de 84 anos (sete anos por signo). Satélites -­‐ 15. Distância média ao Sol -­‐ 2 878 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 24 480 Km/h. MITOLOGIA Universo criou a Mãe Terra (Gaia) e o Pai Céu (Urano) do qual descendem os Titãs, que deram origem aos Deuses. Gaia era o chão sólido; Urano era a abóbada azul das alturas, mas agia como se de um ser humano se tratasse. Todo o Universo era dotado de uma vida semelhante à que os poetas, contadores das histórias mitológicas, reconheciam em si mesmos. Estes artistas eram indivíduos e, portanto, tinham a tendência para personificar tudo o que tivesse marcas evidentes de vida, tudo o que se movia e se modificava: a Terra, ao longo do ano, e o Céu, com as suas luzes mudando constantemente de posição. Tratava-­‐se de uma personificação, mas era algo de vago e imenso. Se, com os seus movimentos, trazia alterações, decerto era provido de vida! ASTROLOGIA Regência -­‐ Aquário Palavra-­‐chave -­‐ Despertar. Período de retrogradação -­‐ Cerca de cinco meses por ano. DESCRIÇÃO É o primeiro dos três planetas transaturninos, chamados do Inconsciente, aos quais Dane Rudhyar chamou «Mensageiros da Galáxia». É a oitava superior de Mercúrio, ou seja, distingue-­‐se deste (que vê, apenas, com os olhos de fora) vendo o mesmo, mas sem olhar, usando os olhos de dentro! Urano tem como tópicos principais a independência e a originalidade, o rompimento da forma e o cruzamento das fronteiras estabelecidas. No entanto, pode denotar uma forte teimosia (afinal, é regente de um signo fixo). No plano básico, representa o desejo de um ser humano ser mais do que já é, desenvolvendo uma identidade original e distinta da dos seus semelhantes. Quando, porém, se desenvolve espiritualmente, empenhar-­‐se-­‐á em transcender a forma física e regressar, de vez, à sua condição de Espírito. Apesar de ser o promotor do processo através do qual uma criatura humana se transforma numa entidade espiritual – afinal aquilo que é essencialmente -­‐ a sua teimosia pode manifestar-­‐se, precisamente, na recusa de despertar para o reconhecimento dessa origem espiritual. Urano simboliza a vontade inconsciente de desencadear mudanças e de renovar os relacionamentos através da ruptura, de saltar os muros que se erguem no caminho e impedem a visão do horizonte. Tal como Neptuno e Plutão (embora usando «métodos» diferentes), ele deita fora o «velho» a fim de criar espaço para que o «novo» possa instalar-­‐se. Manifesta ideias novas e brilhantes, criatividade individual, espírito rebelde, anarquia, capricho, destrutividade, excentricidade e comportamento explosivo virado para o derrube da ordem estabelecida. A sua impulsividade pode conduzir à violência. Trata-­‐se, ao fim e ao cabo, de tudo aquilo que Saturno evita e tanto trabalhou para assegurar! 70 PEIXES Entre 19/20 de Fevereiro e 20/21 de Março. Peixes, corresponde ao período em que a Natureza flutua entre o fim do Inverno e prepara a explosão energética e vivificante da Primavera. O seu Elemento Água representa tanto as cheias invernais como a imensidão das águas marinhas onde tudo se precipita. Como tipo humano é muito sensível, emocional e bastante impressionável. Possui uma receptividade e uma plasticidade psíquica excepcional vocacionada para a participação na Totalidade, através de um misticismo e religiosidade, que mais não são do que os sintomas da sua sintonia com o Universo. O pisciano deseja evadir-­‐se das limitações do mundo, carregando uma consciência que trata uma massa de impressões frequentemente difusas. O símbolo deste signo mostra dois peixes, nadando em direções opostas. Várias significações foram dadas sobre o assunto. Numa delas, um dos peixes nada em direção ao poder de concretização do signo oposto (Virgem -­‐ Elemento Terra), segurando-­‐se assim ao real, ao mesmo tempo que contraria a tendência natural para vogar irrealisticamente em planos pouco relacionados com esta dimensão terrena; o outro peixe nadaria para o reino do subtil, para a reintegração no amor Universal. Esta postura pisciana, embora altamente recomendável, só faz sentido se o nativo conseguir trazer o Espírito para a Terra, materializando-­‐o através do exemplo, como Jesus fez há 2000 anos. Doutra forma, corre o risco de perder o fio que o liga à encarnação e deambular erraticamente, anunciando-­‐se como avatar ou gabando-­‐se de ter uma ligação singular com o Criador. A linha separadora destas duas posições é muito ténue, e é do seu fácil rompimento que nascem os falsos profetas. Portanto, poderemos deparar com uma existência instável, caótica e ingénua, que deve defender-­‐se de sonhos e devaneios, de projetos quiméricos construídos sobre as nuvens. Peixes em positivo: adaptabilidade, altruísmo, bondade, caridade, compadecimento, compaixão, condescendência, dedicação, devoção, empatia, espiritualidade, generosidade, humanitarismo, idealização, imaginação, inspiração, intuição, piedade, prestabilidade, refinamento, reverência, romantismo, santidade. Peixes em negativo: dispersão, evasão, impressionabilidade, indefinição, indolência, indulgência, ingenuidade, instabilidade, martírio, timidez, vulnerabilidade. NEPTUNO ASTRONOMIA Localização -­‐ Penúltimo planeta do Sistema Solar. Foi descoberto a 26 de Setembro de 1846, às 21:06 horas tmg, em Berlim, pelo astrónomo Le Verrier. A sua órbita localiza-­‐se entre as de Urano e Plutão. Porém, entre 1979 e 1999 foi o planeta mais exterior ao Sol, porque Plutão, devido à sua órbita excêntrica, durante esses anos, cruzou a órbita de Neptuno e manteve-­‐se no interior dela. Diâmetro -­‐ 45 000 Km. Período de rotação -­‐ 15 horas 48 minutos. Período de translação -­‐ Cerca de 164 anos (cerca de 14 anos em cada signo). 71 Satélites -­‐ 8. Os mais importantes são Tritão e Nereida. Distância média ao Sol -­‐ 4 505 milhões de Km. Velocidade na órbita -­‐ 19 440 Km/h. MITOLOGIA Equivalente ao grego Poseidon. Irmão de Júpiter e Plutão, era o Senhor do Mar e dos rios subterrâneos. Possuía um palácio esplendoroso no fundo do mar mas, normalmente, estava no Olimpo. Além disso, foi quem deu o primeiro cavalo ao ser humano. A Tempestade e a Bonança estavam sobre o seu comando. Quando passava sobre as águas conduzindo um magnífico carro dourado, a agitação das ondas amainava e instalava-­‐se a tranquilidade na superfície. Era sempre representado com o tridente (lança de três pontas) com o qual agitava e destruía a seu belo prazer, ou quando, a seu ver, a destruição se tornava necessária. ASTROLOGIA Regência -­‐ Peixes Regente esotérico de -­‐ Caranguejo. Palavra-­‐chave -­‐ Intuição. Período de retrogradação -­‐ Cerca de cinco meses por ano. Descrição Este planeta, que simboliza as massas e os meandros intricados na mente, foi descoberto, precisamente, numa altura em que a psicanálise despontava e as massas trabalhadoras tentavam organizar-­‐se em sindicatos. Neptuno é considerado a oitava superior de Vénus (porque Vénus rege o amor e Neptuno rege o Amor). Tem à sua conta a dissolução das formas, o sonho e a fantasia, a ilusão (decepção em relação a si próprio e aos outros), os ideais e o misticismo, o psiquismo, a idealização e a inspiração, os valores espirituais mais elevados e o impulso de regressar à fonte original de vida. Negativamente entendido, induz os paraísos artificiais e a confusão que leva a construir castelos no ar. Veicula obsessões, histeria, distração, medo irracional e instabilidade. Tende aos vícios por drogas e álcool, a olhar para tudo através de lentes enevoadas ou cor-­‐de-­‐
rosa, bem como a distorcer os factos objetivos. No seu melhor, manifesta refinamento, delicadeza, romantismo, ternura, capacidade de perceber profundidades desconhecidas nas experiências do quotidiano, amor, compreensão, dedicação à humanidade e piedade, embora piedade neptuniana pareça ser uma energia demasiado refinada para o comum dos mortais. Neptuno tem grande sensibilidade e, devido ao forte poder de criação de imagens, é fonte de inspiração para a religião e para as artes. Por outro lado, decorrente da sua intensa susceptibilidade, poderá tender a recusar as responsabilidades diárias, sonhar de olhos abertos, ter alucinações e experiências irreais, extasiantes, estranhas e pseudo-­‐religiosas. Portanto, ou transcende a personalidade espiritualizando o plano terrestre, ou aniquila-­‐a através do escapismo e da fuga. 72 

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