efeitos da cinesioterapia associada à hidroterapia na artrogripose

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efeitos da cinesioterapia associada à hidroterapia na artrogripose
EFEITOS DA CINESIOTERAPIA ASSOCIADA À HIDROTERAPIA
NA ARTROGRIPOSE MÚLTIPLA CONGÊNITA: REVISÃO DE
LITERATURA
SILVA, F. V.; DUARTE, H. F.
RESUMO
A artrogripose múltipla congênita é uma doença não progressiva caracterizada
por múltiplas contraturas articulares, levando a uma limitação do arco de
movimento e fraqueza ou desequilíbrio muscular desde o nascimento. O
tratamento fisioterapêutico utilizando a cinesioterapia associado à hidroterapia
visa à melhora das amplitudes de movimento e consequentemente da
funcionalidade da criança. Esta pesquisa é uma revisão sistemática da literatura
sobre o tema.
Palavras-chave: Artrogripose, Cinesioterapia, Imersão.
ABSTRACT
Arthrogryposis multiplex congenita is a non-progressive disease characterized by
multiple joint contractures, leading to a limitation of the motion arc and weakness
or muscle imbalance since the birth. The physical therapy using kinesio associated
with hydrotherapy aims the improvement range of motion and consenquently the
functionality of the child. This research is a systematic literature review about the
topic.
Keywords: Arthrogryposis, Kinesis, Immersion.
INTRODUÇÃO
A artrogripose é um termo derivado do grego, que vem da combinação de
duas palavras, arthroque é articulação e gryp, que significa encurvada (SANTILI,
2004). A artrogripose múltipla congênita é uma síndrome incomum do sistema
musculoesquelético, que constitui um grupo heterogêneo de malformações
congênitas de caráter não progressivo (SHEPHERD, 1996).
Também chamada de contratura congênita múltipla, a artrogripose é
caracterizada
por
rigidez
articular
de
origem
extra-articular
devido
ao
encurtamento dos músculos e à contratura das cápsulas articulares, múltiplas
deformidades que são atribuídas à falta de desenvolvimento dos músculos sendo
substituídos por tecido fibroso e ao desequilíbrio muscular intrauterino, fraqueza
muscular e várias contraturas de tecidos moles (SHEPHERD, 1996).
A etiologia exata não é conhecida, mas provavelmente é multifatorial
(TECKLIN, 2002). Um dos fatores que podem ocasionar as múltiplas contraturas
congênitas é a falta ou limitação do movimento, chamada também de acinesia ou
discinesia, do movimento fetal. Essa limitação persistente de movimentação
intrauterina leva ao aparecimento de contraturas articulares e consequentemente
ao desenvolvimento anormal dessas articulações, além da fibrose muscular e das
estruturas periarticulares. Um fator comum, que é importante destacar é que as
neuropatias são responsáveis por 90% dos casos de artrogripose múltipla
congênita, como defeito na formação de células do corno anterior da medula
espinhal ou degeneração das mesmas (TECKLIN, 2002). Outros fatores como a
exposição materna as drogas, hipertermia, infecções virais, predisposição
hereditária e anormalidades no útero que podem levar a imobilidade fetal, podem
influenciar no desenvolvimento da patologia (CARVALHO; SANTOS, 2008).
A incidência da AMC é de 1 em 3000 a 1 em 4000 nascidos vivos, sendo
o sexo masculino cinco vezes mais afetado, não existindo uma prevalência racial
(COUTINHO et al, 2008).
As características clínicas principais da AMC são atrofia muscular, rigidez
e deformidades articulares, contraturas nos tecidos periarticulares, escassez ou
ausência de tecido subcutâneo nos membros que apresentam forma cilíndrica ou
fusiforme, sensibilidade intacta, embora os reflexos tendíneos profundos possam
estar diminuídos ou ausentes, alta incidência de luxação em articulações como
quadril e joelho. As contraturas do bebê normalmente são simétricas e incluem
rotação interna de ombros, flexão ou extensão de cotovelo, flexão de punho com
desvio ulnar, flexão de quadril com rotação interna de ambas as pernas ou
postura de sapo, flexão ou extensão de joelhos e deformidades em equinovaro
dos pés (TECKLIN, 2002).
O
diagnóstico
pré-natal
da
patologia
é
realizado
através
de
ultrassonografia, porém é difícil e existem poucos relatos na literatura. Ele é
baseado na combinação de acinesia fetal, posição anormal dos membros, retardo
de crescimento intrauterino e polidrâmnio (C. JÚNIOR et al,1998).
O diagnóstico realizado após o nascimento é feito através de avaliação
neurológica, eletromiografia e estudos de condução nervosa, dosagens de
enzimas séricas e biópsia muscular que é um método de diagnóstico muito
importante, a fim de distinguir os casos neurogênicos dos processos miopáticos
(CARVALHO; SANTOS, 2008; SHEPHERD, 1996).
A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que utiliza a água como forma
terapêutica, que vem demonstrando resultados positivos na prevenção e no
tratamento de diversas patologias. Os efeitos fisiológicos dos exercícios de
cinesioterapia combinados com aqueles que são causados pelo calor da água são
uma das vantagens da atividade nesse meio. Ao ser inserido na água o
organismo é submetido a diferentes forças físicas e, em consequência, realiza
uma série de adaptações fisiológicas que têm apresentado efeitos benéficos na
dor, rigidez e função articular, devido à imersão e a temperatura da água (32-35
graus C) que favorece esses benefícios (RUOTI et al, 2000).
O tratamento através da água torna o ambiente agradável e divertido
sendo um fator importante em patologias que requerem grande período de
reabilitação como a AMC. Além disto, o caráter lúdico estimula o envolvimento da
criança com a terapia otimizando os resultados (RUOTI et al, 2000).
Portanto, pelo fato da artrogripose compor um grupo de desordens
músculo- esqueléticas caracterizadas por múltiplas contraturas articulares e
fraqueza ou desequilíbrio muscular em diferentes áreas do corpo, e essas
malformações congênitas de caráter estacionário levam esse paciente a ter
limitações em suas atividades funcionais, comprometendo sua independência e
qualidade de vida, parece adequado utilizar no tratamento da artrogripose a
hidroterapia,
para
proporcionar
benefícios
no
desenvolvimento
motor,
fortalecimento muscular e na amplitude de movimento do portador.
Com
isso
o
presente
trabalho
tem
como
objetivo
ampliar
os
conhecimentos teóricos, sobre os benefícios da hidroterapia na artrogripose.
REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Este é um estudo de revisão bibliográfica que, segundo Gil (2010) e
Severino (2007), é realizado a partir de materiais já publicados, como livros,
revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos, tornando-se
fonte dos temas a serem pesquisados, onde o pesquisador irá trabalhar a partir
das contribuições literárias dos autores.
O presente trabalho está baseado em uma extensa pesquisa sobre o
tema nas seguintes bases de dados: scielo, medline e em livros consagrados
sobre o tema, no período de 1996 a 2010, sendo que a busca realizada foi
limitada aos artigos publicados em português.
CONCLUSÃO
A partir deste estudo de revisão bibliográfica, foi possível constatar que
exercícios terapêuticos realizados em meio aquático, de forma progressiva e
respeitando o limite de cada paciente, pode ser um recurso terapêutico de grande
importância para a melhora da funcionalidade e qualidade de vida de crianças
com artrogripose.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Regiane; SANTOS, Christiane. Efeito da Imersão associada
à Cinesioterapia na Artrogripose. Revista Científica do UNIFAE, São João da
Boa Vista, v.2, n.1, abr./jun., 2008.
COUTINHO, Érica et al. A Intervenção Fisioterapêutica na Reabilitação da
Criança Portadora de Artrogripose Múltipla Congênita. 7° Encontro Latino
Americano de Indicação Científica e 8° Encontro Latino Americano de PósGraduação da Universidade do Vale do Paraíba, Paraíba,1998.
GIL, Antônio. Metodologia do Ensino Superior. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
JÚNIOR, Carlos et al. Diagnóstico Pré-Natal da Artrogripose Múltipla CongênitaRelato de Caso. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Fortaleza,
v.20, n.8, 1998.
ROUTI, Richard et al. Reabilitação Aquática. 4.ed. São Paulo: Manole, 2000.
SANTILI, Cláudio. Ortopedia Pediátrica. 3.ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.
SEVERINO, Antônio. Metodologia do Trabalho Científico. 23.ed. São Paulo:
Cortez, 2007.
SHEPHERD, Roberta. Fisioterapia em Pediatria. 3.ed. São Paulo: Santos, 1996.
TECKLIN, Jan Stephen. Fisioterapia Pediátrica. 3.ed. Porto Alegre: Artmed,
2002.

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